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t u am ch t vu ão te r m o
s n i en en e lc r e ot
at u a cê i po i o
assasin o g err in nd o lu çã
o ço o i ên a
d en a marem to assalt v ol ci
m s r a eso d e f r cã
i é i fome d nesti ad u a o
a a o r p a c f o
ch cin c r u ção av lan he tu ã
es td nu rição u ench n
ts namie te
v lc e o t g r
u ão terr m to assasina o ue ra
n d o p o l u i ç ã o o
i n c ê i d e n ç a
e o a io n isér a
mar m to ass lto v lê cia m i
f mn d e u a ha
o e deso esti ad f r cão c cina
o rua l c u
c r pção va an he t fão
s i ão unnchen
de nutr ç ts ami ete
v c emot a i t g r
ul ão terr o ass s na o ue ra
np o l u ç ã o o e ç
i n c ê d i o i
d n a
e o a o io n isér a
mar m to ass lt v lê cia m i
f m s n d e o h n
o e de o esti ad furacã c aci a
o r rupa l c
u ã
cção va an he t f o
nutriç
e
desão
enchent
v c e o a i t g r
ul ão terr m to ass s na o ue ra
p oã o d o e ç
i n c ê n d i o l u i çn a
o a o io n a i é ia
marem to ass lt v lê ci m s r
f m s n d eo h n
o e de o esti ad furacã c aci a
v l n h a a a c e tufão
ição unchent
desnutr ts ami ene
v cã t em t a a i to g r a
ul o err o o ss s na ue r
n d o p o l u i ç ã o o
i n c ê i d e n ç a
e o a io n isér a
mar m to ass lto v lê cia m i
f m s n d e u a ha
o e de o esti ad f r cão c cina
o rua l c u
c r pção va an he t fão
s i ão unnchen
de nutr ç ts ami ete
v c emot a i t g r
ul ão terr o ass s na o ue ra
np o u ç ã o o e ç
i n c ê d i o l id n a
a o m sér a
ass lto vi lência i i
f m s n d eo h n
o e de o esti ad furacã c aci a
o r rupa l c
u ã
cção va an he t f o
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enchen
d nutrição ts namite
v c e o a i t g r
ul ão terr m to ass s na o ue ra
ê n d i o p o l u i ç ã o
i n c
d o e n ç a
e o a sa o m sér a
mar m to s lto vi lência i i
s ne t e fur
de o s idad acão
c a r çal ch
cha in co rup ão av an e tufão
ição unchent
desnutr ts ami ene
v cã t em t a i to g r a
ul o err o o ass s na ue r
n d p o l u i ç ã o o
i n c ê i o d e n ç a
a sal o c m s r a
s to vi lên ia i é i
f m s n d e u ha
o e de o esti ad f racão c cina
o rup o a l c u ã
c r çã va an he t f o
s i ão unenchen
de nutr ç ts ami te
v c emot a i t g r
ul ão terr o ass s na o ue ra
np o u ã o o e ç
i n c ê d i o l i ç d n a
e o a o io n isé a
mar m to ass lt v lê cia m ri
f m s n d e o h n
o e de o esti ad furacã c aci a
o u ãa l nc u ã
c r r pç o av a he t f o
ição un mhente
desnutr ts a i enc
v cã eo
at
ul o t rremot assasin o
ê n d i o p o l u i ç ã o
i n c
d o e n ç a
e o a sa o misér a
mar m to s lto vi lênciai
f mn d u a a a
o e deso esti ade f r cão ch cin
o ru ãol c u ã
c r pç ava an he t f o
ição unchent
desnutr ts ami ene
u its nam
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r t ma emo o
fome
r tma emo o
rrgue a
as i g r ncên po ção
sas nato uer a i dio lui
ença ar o as o ol
do m em to salt vi ência
i ér odad f r
m s ia f me desonesti e u acão
ch c r ção lan t ão
acina or up ava che uf
n ição ts nam en
des utr u i chente
ul t r ot aso uer a
v cão er em o sasinat g r
pç ã o o e n
o l u i d ç a
to alt io c a s i
maremo ass o v lên i mi ér a
ome de on ti
ã
f s es dade furac o
r u ave
co r pção alanch tufão
n ição ts nam en
des utr u i chente
ur ot as
uer a
v lcão ter em o sasinato g r
i n d i o l u ã o e n
n c ê o p i ç d o ç a
r to al io ia i
ma emo ass to v lênc misér a
odad f
a
f me desonesti e uracão chacin
corr ã
uf o
upç o
t ã
n i ts nam en
des utr ção u i chente
l r m as i
vu cão te re oto sas nato
i n n d i o l u on
c ê o p i ç ã d o e ç a
r to ali ér
ma emo ass to m s ia
os dad f
na
f me desone ti e uracão chaci
c r ru a a a c e fã
o pção v l n h tu o
snut onc nt
de riçã e he e
l t r ot as i er a
vu cão er em o sas nato gu r
i ni o l u
c ê n d p o i ç ã o
a t al vi cia s
m remo o ass to olên mi éria
s dad f r
na
fome desone ti e u acão chaci
c r ru ç oc e u o
o p ã ava lan h t f ã
s r ãde nut iç o tsunami
ul t r ot as i er a
v cão er em o sas nato gu r
i n d i p oã
e
n c ê o l u i ç o d o n ç a
r ot al i cia s
ma em o ass to v olên mi éria
e es ida f ra
fom deson t de u acão chacin
c r ru ç o a a c e u
o p ã av l n h t f ão
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des utr un i ente
ul t r ot aso er a
v cão er em o sasinat gu r
u ãpo l i ç o
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maremo ass o v lênci mi ér a
de e d e ra
son sti ad fu cão
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n ição ts nam en
des utr u i chente
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pç ã o o e n
o l u i d ç a
to alt ioa i
maremo ass o v lênci misér a
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fome
r ão
chco
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n içã ts nam en
des utr o u i chente
ul tto as i er a
v cão erremo sas nato gu r
i n d i o l u ã o e n
n c ê o p i ç d o ç a
r toên i ér
ma emo viol cia m s ia
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f me desonesti e uracão chacin
r ru ç o v a e u o
co p ã a a l nch t f ã
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des utr ção u i chente
l t ot as i er a
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maremo ass to olênc mi ér a
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f me desone ti e uracão chaci
c r r ç o vc e u o
o up ã a a lan h t f ã
s ut i onc nt
de n r çã e he e
r o as i a
ter em to sas nato guerr
id
n c ê n i o
ch naci a
a lanc eav
h
gu erra
vi ciolên a
a i tsun m
d ç ao e n
e c en hent
i
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ncênd iod nç
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as a sasin to
idn c ê n i o
d n s deso e ti ade
f o tu ã
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o lo
p u i ç ã
u a i ts n m
vulcão
tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição
BenjaminBlech
tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente
assasinato guerra incêndio poluição doença maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina corrupção avalanche tufão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra i n c ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a maremoto assalto violência miséria fome desonestidade furacão chacina co r rupção ava lanche tu fão desnutrição tsunami enchente vulcão terremoto assasinato guerra
t unami ch nt vu cão te rem to
sen e e l
r o
s at guer a ncê di po ui ão
a sasin o r i n o l ç
do nç m r o o s to vi lên ia
e a a em t a sal o c
miséria f m eso estidade furacã
o e d n
o
ha na co rup o ava nc e ufão
c ci r çãla h t
des utrn ição t u i ench ns nam
e te
vulc er e o o at g err
ão t r m t assasin o u a
n d o p o l u i ç ã o d o e n ç a
i n c ê i
e o o a o io ên a iséria
mar m t ass lt v l ci m
fome eson s id de ura ão cha in
d e t a f cc a
o r rup o a l a ch u fão
cçã va n e t
des tri ão un i enchen
nu ç ts amte
v lc er emot a i at g err
u ão t r o ass s n o u a
np o l u ç ã o d o e n ç a
i n c ê d i o i
m e o o a o iolên a iséria
ar m t ass lt vci m
fome eson s id de r ão ch in
d e t a fu ac ac a
o r rupç o av la che ufão
cã
a n t
desnutrição e c e
n hent
v lc er e o o a i at g err
u ão t r m t ass s n o u a
p oã o d o e n ç a
i n c ê n d i o l u i ç
mo o a to iolên ia i é ia
arem t ass l vc m s r
fome eson s id de f r ão ch cin
d e t a u ac a a
av l nche u o
a at fã
es trição un i enchent
d nu ts am
e
v lcã t r emot a a i ato g erra
u o e r o ss s n u
n d o p o l u i ç ã o d o e n ç a
i n c ê i
e o o a o io ên a iséria
mar m t ass lt v l ci m
fome eson s id de ura ão cha in
d e t a f cc a
o r rup o a l a ch u fão
cçã va n e t
des tri ão un i enchen
nu ç ts amte
v lc er emot a i at g err
u ão t r o ass s n o u a
np o u ç ã o d o e n ç a
i n c ê d i o l i
m e o o a to iolên a isé ia
ar m t ass l vci m r
fo
fu cã
me
ra o
hac na co rup o va nc e ufão
c i r çã a la h t
des utru i enchen
n ição ts namte
v lc er e o o a i at g err
u ão t r m t ass s n o u a
ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a
i n c
m e o o a sa o io ên a miséria
ar m t s lt v l ci
s s dade
de one ti
ac a corr pç val nche uf o
ch inu ão a a
t ã
des trição un i enchent
nu ts am
e
v lcã t r emot a i ato g erra
u o e r o ass s n u
n d p o l u i ç ã o d o e n ç a
i n c ê i o a s lto
s a
miséria f m esonestid de furacã
o e da
o
hac a corrup o va nc e ufão
c inçã a la h t
des tri ão un i enchen
nu ç ts amte
v lc ass nat uerr
u ãoasi o g a
np o u ã o d o e n ç a
i n c ê d i o l i ç
m e o o a to iolên a isé ia
ar m t ass l vci m r
fome eson s id de r ão ch in
d e t a fu ac ac a
o r rup ão a a lanc u fã
cç v
he t o
des trição un mi enchente
nu ts a
v lcã te r m to s at
u o r e o a sasin o
ê n d i o p o l u i ç ã o d o e n ç a
i n c
m e o o a sa o io ên a miséria
ar m t s lt v l ci
fom eson s id e ura ão cha ina
e d e t ad f cc
o r rup ão a l a ch u fão
cç
va n e t
des trição un i enchent
nu ts am
e
su mit na
o rupçãoc r
d so e d de e n sti a
fome
ra o
fu cã
m moto
n ia
are
violê c
ter motore
g err u a
ass i ato g ra incên io po ição
as n uer d lu
oença maremo ass lto iol cia
d
to a v ên
mi ér a o e s estidad fur
s i f m de one acão
ch a c r pção avalan t ão
acin or u che uf
n ição tsunam en te
des utr i chen
vul t r ot ass s ato uerra
cão er em o a in g
p u i ç ã o d o e no l
ç a
ar oto s alt vio cia is ri
m em a s o lên m é a
fome desone tid
ão
s ade furac
cor u av nche f
r pção alatu ão
n rição tsunam ene
des ut i chent
vu r ot assa ato guerra
lcão ter em o sin
i n c n d i o o l u i ã o e n ç
êp
ç d o a
ar oto s al vio ncia iséri
m em a s to lê m a
fo e s estidad f r na
m de one u acão chaci
co r rup ão a a a che t f ã
çv l n
u o
n i tsunam ene
des utr ção i chent
vul er em to ass i o
cão t r oas nat
i n c n d i o o l u i o n ç
êp
ç ã d o e a
ar oto a al mi ér a
m em ss tos i
fo e es nes idad f r ina
m d o t e u acão chac
c r rup ã a a a c e t f ã
oç o v l n h u o
sn i tsunam en te
de utr ção i chen
vul t r ot ass i a o uer a
cão er em o as n t g r
i ni o o l u ç o
c ê n d p i ã
ar ot s al vi ência is r
m em o a s to ol m é ia
f e es es idad f r cina
om d on t e u acão cha
c r ru ção a a a c e tu fão
o pv l n h
s r ão una
de nut iç ts mi
vul t r ot ass i o guer a
cão er em o as natr
i n c n d i o p o l u ã o e n ç
ê
i ç d o a
ar otiolên a mi éria
m em o v ci s
f e es estida fur cina
om d onde acão cha
c r rupção a a a c e ufã
ov l n h t o
n ição tsunam ench
des utr i
ente
vul t r ot ass to uer a
cão er em o asina g r
po u i ãol ç
ar oto alt vio cia is i
m em ass o lên m ér a
de e t da e rac o
son s i d fu ã
ch a corr ção tu ão
acinup
f
n ição tsunam en te
des utr i chen
ulc er em o g ra
v ão t r otuer
p u i ç ã o d o e no l
ç a
ar oto s alt vio cia is ri
m em a s o lên m é a
m
fu ac o
fo e
r ã
ch na co r ção av nche
aci r upala
n riçã tsunam ene
des ut o i chent
ul t r oto ass i to er a
v cão er em as na gu r
i n c n d i o o l u ã o e n ç
êp i ç d o a
ar oto s al vio ncia iséri
m em a s to lê m a
fo e s nes idad fur na
m de o t e acão chaci
c r ru ç o ava a c e ufão
o p ãl n h t
t u am e hen e
s n i nc t
vul t r ot ass i o uer a
cão er em o as nat g r
i n d i o
o e n
c ê n d ç a
ar oto a al vi ência isé i
m em ss to ol m r a
fome de one ti de f cão
s s daura
c r up aval che t ão
o r ção an uf
s utriç o nch nte
de n ãe e
vul t r ot ass i o uer a
cão er em o as nat g r
i ê n d n c i o
ch cina a
gu ra er
vi ênciol a
d e n ç ao
enche ten
as a os lt
inc nd i oe a
ê od nç
fo em a lan e va ch
assas na o i t
i c ê n dni o
d sonest d de
i a e ufão t
esnu çãod
tri
o l ç ã op u i
ch naaci sunami
t
SeDeusé bom,porqueo mundoé tãoruim?
t unami nchent vulcão terremoto
se
e
ass nat guer a ncê dio poluição
asi o r i n
doenç m r moto s to vi lência
a a ea sal o
miséria fome deso estidade furacã
no
cha ina co rup ão ava anc e ufão
c r çl h t
desnutrição tsu i ench n e
name t
vulc o erre o o ss s nat guerra
ã t m t a a i o
n d o p o l u i ç ã o d o e n ç a
i n c ê i
m e o o a to iolên ia iséria
ar m t ass l v c m
fome eson s id de fura ão chacin
d e t ac
a
o r rupç o av la che u fão
cã
a nt
des utri ão t un i enchen
n ç s amte
vulc er emoto a i at g err
ão t rass s n o u a
np o l u ç ã o d o e n ç a
i n c ê d i o i
mare o o s a to violên ia iséria
m t a s l c m
fome esonestid de f r cão ch cin
da u a a a
co r rupç o av la che tu fão
ãa n
desnutrição ench e ent
vulc o er e o o s a inat guerr
ã t r m t a s s oa
i np o
ã o d o e n ç a
c ê n d i o l u i ç
mar mo o s alto violên ia i é ia
e t a s c m s r
fome desonestidade f r cão ch cina u a a
avalanche uf o
t ã
des utrição un i enchent
n ts am
e
v lcã ter emoto a a i ato g erra
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E-bookVol. 1
Conteúdo extraído do livro:
Se Deus é bom, por que o mundo é tão ruim?
Rabino Benjamin Blech Editora e Livraria Sêfer
2006
Este livro é dedicado a todos aqueles que me inspiraram e me ensinaram, por meio dos seus exemplos, que o sofrimento pode nos aproximar de Deus, da bondade, da compaixão e de uma maior compreensão de nós mesmos e de nossas vidas.
B.B.
Copyright © 2003 by Benjamin Blech
Direitos reservados àEDITORA E LIVRARIA SÊFER LTDA.
Alameda Barros, 735 CEP 01232-001 São Paulo SP BrasilTel. 3826-1366 [email protected] www.sefer.com.br
IntroDução
A jovem mulher com o rosto transtornado estava no fim da fila daqueles
que aguardavam para conversar comigo. Parecia que ela queria ser a última. Com
toda a certeza, quando chegasse a sua vez, a sala estaria praticamente vazia.
“Rabino”, ela começou com um suspiro, “eu preciso falar com você.” Todo
o modo de ela se comportar denotava dor, e eu a convidei para se sentar; então
ela descarregou sua história.
Após muitas tentativas para engravidar e depois de muitos fracassos,
ela finalmente dera à luz uma menina. Seus olhos se encheram de lágrimas
enquanto ela descrevia a sua alegria e a dor subsequente ao se dar conta
de que a criança tinha vários defeitos congênitos. Ela veio me falar sobre as
desesperadas tentativas para salvar a vida da criança, que no final das contas
fracassaram. Seu bebê morreu.
“Na ocasião, alguém me deu este livro.” Ela exibiu um exemplar de
Quando Coisas Ruins Acontecem às Pessoas Boas (Editora Nobel), o best-seller de
Harold S. Kushner. “Ele me trouxe muito conforto. Ele me deu a certeza de que
o que aconteceu não foi por minha culpa – que Deus não castigou a mim ou
ao meu bebê.”
Ela fez uma pausa. “Mas agora isso me dá pesadelos.”
Enquanto ela respirava profundamente, antecipei o que estava por vir. Eu
já tinha ouvido isso antes.
“Hoje eu tenho dois filhos saudáveis. Estamos muito contentes. Mas
agora, a cada instante, eu fico esperando que algo terrível aconteça. Se Deus
não dirige o mundo como este livro diz...”, a voz dela embargou e ela sentiu
dificuldade em se recompor. “Rabino, eu não sei no que acreditar. Por favor, me
ajude a entender o sentido de tudo isso!”
Quantas vezes haviam me feito exatamente aquele mesmo pedido! Em
minhas quase 4 décadas como rabino, com certeza nenhum outro problema foi
levado a mim com tanta frequência quanto este: Por que sofremos? Por que
morremos? Por que o meu filho? Por que a minha mãe? Por que eu?
Desde o aparecimento do agora mundialmente famoso livro Quando
Coisas Ruins Acontecem às Pessoas Boas’ um incontável número de pessoas me
pediu para explicar: Deus dirige o mundo ou não? Coisas ruins acontecem
fortuitamente, como sustenta Kushner, ou há um plano e um desígnio para os
eventos de nossas vidas?
Kushner, um rabino do Movimento Conservador, escrevera o livro como
resultado da morte trágica do seu jovem filho. Nele, tentou compreender o
sentido da terrível doença do pequeno menino e do seu próprio sofrimento. Em
sua autorreflexão, ele concluiu que havia sido uma pessoa boa, e nem ele nem
seu filho haviam merecido aquela dor. Isto fez com que ele se confrontasse com
um dilema terrível – se Deus desejara que isto acontecesse, Deus poderia ser
bom? Kushner decidiu que Deus tinha que ser bom. Portanto, argumentou, uma
coisa assim tão terrível só poderia ter acontecido a uma pessoa boa se o bom
Deus tivesse sido impotente para evitá-la. Coisas ruins acontecem às pessoas boas
porque Deus não está no controle do mundo.
Em sua conclusão, Kushner se afastou de uns 3.000 anos de ensinamentos
judaicos. Além disso, ele deixou claro que intitulou intencionalmente o seu livro
de Quando Coisas Ruins Acontecem às Pessoas Boas e não de Por Que Coisas Ruins
Acontecem às Pessoas Boas? Ele tem afirmado frequentemente – em seu livro e
em suas conferências públicas – que somente está interessado no resultado:
Quando acontece, o que você faz? Como você se recupera disto? O porquê é
irrelevante e impossível de responder.
Sem dúvida, muitas pessoas encontraram consolo no livro de Kushner.
Todavia, ao longo dos anos desde a sua publicação – ele ainda é impresso e
largamente lido –, eu conheci um sem-número de indivíduos para quem esta
abordagem está longe de ser satisfatória. Inicialmente, a sua ideia – de que
Deus não dirige o mundo e que as coisas ruins não fazem parte do Seu plano –
pode parecer atraente. Afinal de contas, isto nos permite acreditar que nós não
somos responsáveis por aquilo que nos acontece; não carregamos qualquer
fardo de culpa. Nós certamente não podemos nos culpar por nosso sofrimento,
se até mesmo Deus é incapaz de tornar nossas vidas um pouco melhor.
Mas, no fim, o sentimento de que o mundo está girando descontrolado
nos deixa mais amedrontados do que antes. Nada importa. Não há um plano. O
afortunado vence; o azarado perece. Trata-se de uma visão obscura e anárquica
na qual a maioria das pessoas reconhece intuitivamente que não podem aceitar.
Suas almas lhes falam que isso simplesmente não é verdade.
Não importa o quão cruel a vida possa parecer, as pessoas ainda sabem
de alguma maneira que Deus tem poder ilimitado – caso contrário Ele não
seria Deus. Ele está no controle do mundo. “Então, por quê?” – as pessoas se
questionam legitimamente. Por que o mundo parece tão terrível? Se Deus é
bom, por que a vida é tão ruim?
Felizmente, os antigos ensinamentos judaicos oferecem respostas. Afinal
de contas, parece razoável que o povo mais perseguido do mundo deva ter os
maiores especialistas em lidar com o problema do sofrimento. Os judeus têm
sido afligidos, brutalizados, torturados e insultados ao longo dos tempos. Eles
têm motivos para fazer esta pergunta mais do que qualquer outro povo. E foi
o próprio Deus que ouviu o seu clamor e lhes deu a resposta por meio dos
ensinamentos da Torá, bem como pelos escritos dos profetas e sábios.
Não, as respostas não são simples. Nada tão desconcertante assim pode
ser solucionado com uma explicação superficial. De fato, há muitas respostas,
não apenas uma, e muitas podem se aplicar a diferentes situações. As variáveis
são infinitas; a combinação de possibilidades é quase ilimitada.
Todavia, eu acredito que o que você vai ler fará sentido para qualquer
coração receptivo. Este livro emergiu de uma série de conferências que foram
excepcionalmente bem recebidas. Em uma delas, um homem resumiu seus
sentimentos ao dizer: “O que você fez por mim foi mais do que me fazer
entender minhas dificuldades com maior clareza; você também me deu um
remédio poderoso para minha alma.”
Com toda honestidade, falar deste assunto não foi fácil. Certamente
posso dizer que este foi o mais difícil de todos os temas com o qual eu já lidei
em minhas conferências. Então, quando me sentei para escrever sobre isto,
tive que fazer uma extensa reflexão de alma antes de enfrentar a tarefa. Eu
percebo que, felizmente, fui poupado de maiores tragédias durante a minha
vida. Embora eu tenha tido que lidar com as mortes do meu pai e da minha
mãe, ambos faleceram com idades relativamente avançadas. O resto da minha
família, minha esposa e filhos, são felizes e saudáveis. Algumas pessoas
poderiam dizer: “Você não vivenciou sofrimento de fato. Você realmente não
sabe o que é isso.”
Há um pouco de verdade nisso. Entretanto, não tive a intenção de fazer
deste um livro de autoajuda escrito por um sobrevivente, para aqueles que
sofrem devido à perda de um ente querido ou que estejam enfrentando alguma
doença grave. Em vez disso, escrevi este livro como uma compilação da sabedoria
judaica sobre este assunto. Ao absorver as perspicácias dos grandes sábios do
nosso passado – entre eles incontáveis vítimas de sofrimento incomparável, que
foram, não obstante, capazes de sobrepujar suas provações ao mesmo tempo
que mantiveram sua fé –, eu sinto uma necessidade enorme de transmitir o
que eles têm para nos ensinar. O entendimento deles pode transformar nossas
vidas. Suas observações podem tornar nossa dor suportável. Porque a coisa
mais difícil de aceitar quando somos colocados para baixo por uma tragédia
é que a vida, quando tudo foi dito e feito, não faz sentido. E o que os sábios
de tempos antigos alcançaram com seu brilhantismo foi restabelecer nossa
capacidade de acreditar em um mundo racional, mesmo quando este parece
dolorosamente irracional.
O que eu vou compartilhar com vocês são os frutos de milhares de anos
de debate, reflexão e conflito espiritual.
Dito isto, deixem-me esclarecer as fontes que usei.
Basicamente, o material que eu examino aqui vem do Talmud. O Talmud
é uma grande obra de mais de 60 volumes que expõe o comentário judaico a
respeito do texto principal, a Torá (os Cinco Livros de Moisés), que se acredita
ser a palavra de Deus. Além disso, o Talmud apresenta as lições do Midrash,
uma forma de ensinar profundas lições por meio de histórias, ilustrações e
parábolas.
É muito fácil contar uma história; é uma maneira divertida e atraente
de ensinar. Os estudantes de então podiam compreender verdades de difícil
entendimento por meio da moral das histórias que ouviam. Mais tarde, depois
que a arte de contar histórias caiu em desuso, filósofos judeus – tais como
o famoso Maimônides – passaram a falar em condições mais abstratas. Qual
modo de ensinar está mais correto? – Aquele que transmitir melhor a essência
para o estudante, e cada estudante é diferente. Neste livro faremos uso de
ambos, porque cada um tem seu lugar.
Finalmente, gostaria de destacar que, embora o tema da morte e do
sofrimento possam parecer depressivos, ao longo dos séculos os judeus – por
mais estranho que isso possa parecer – têm considerado isto algo louvável
e inspirador. O judaísmo é uma religião cuja principal oração de luto é um
poema – não de lamento ou de tristeza, mas de louvor a Deus. Os judeus
enlutados recitam uma oração conhecida como Cadish depois da morte de um
ente querido. Ela começa assim: “Que o Seu grande Nome seja exaltado e
santificado no mundo que Ele criou conforme Sua vontade.”
Ao ouvir essa oração em um funeral, um participante não-judeu certa
vez me fez uma relevante observação: “Se os judeus podem louvar a Deus até
mesmo na presença da morte, eles devem saber algo que o resto do mundo
não sabe.”
É verdade. O judaísmo antigo nos ensina como reconhecer o grande
nome de Deus e o Seu amor por nós até mesmo nos momentos mais terríveis.
Este afirma que há respostas ricas e inspiradoras à derradeira questão: Se Deus
é bom, por que a vida é tão ruim?
Junte-se a mim ao iniciarmos a mais importante jornada espiritual que
existe – a busca pela serenidade em face da adversidade. E saiba que na
sabedoria acumulada ao longo das épocas há uma solução, testada pelo tempo,
para transformar desespero em esperança e pesar em fé em um mundo melhor.
PARTE 1
POR QUE COISAS RUINS ACONTECEM ÀS PESSOAS BOAS?
CAPÍtuLo 1o DILEMA DE JÓ
“Na terra de Uts viveu um homem chamado Jó ...” 1
Assim começa um dos mais famosos relatos bíblicos, a história de um
homem bom e piedoso que, até mesmo quando acometido pela calamidade e
pela tragédia, jamais hesita na sua submissão a Deus.
Quando começa a narrativa, Satã duvida da fé de Jó e diz a Deus que
a devoção deste se deve unicamente às suas bênçãos: Jó é saudável, rico e
feliz, mas se sua fortuna fosse revertida, Satã sugere astutamente, sua fé não
resistiria ao teste. Em resposta, Deus permite que Satã teste Jó, e ele o faz da
forma mais cruel. Jó fica sem dinheiro. Seus filhos morrem. Ele é acometido por
uma doença terrivelmente dolorosa. E ainda assim se recusa a amaldiçoar Deus.
Em vez disso, ele declara: “O Eterno deu e o Eterno tomou. Seja abençoado o
Nome do Eterno.”2
Os amigos advertem Jó para se arrepender dos seus pecados, insistindo
que suas tragédias devem ser um castigo Divino pelos erros por ele cometidos.
Por que outro motivo, eles declaram, poderia ele estar sofrendo deste modo?
“Quem teria perecido sendo inocente?” – eles lhe perguntam. “Ou quando foi
o justo abatido?”3 – mas Jó sabe que nada fez de errado e recusa-se a se
arrepender. Ele suplica a Deus para explicar por que este mal o acometeu.
No fim, Deus recompensa Jó por sua firmeza e restaura sua riqueza em
dobro, sua família e sua saúde. Os amigos de Jó são castigados por terem
aumentado a sua aflição, e a história tem um final feliz com Jó vivendo em
contentamento até os 140 anos.
Mas Jó nunca obtém uma resposta. A única explicação de Deus para o
seu sofrimento foi lhe dirigir uma série de perguntas: “Onde estavas quando
construí as fundações da terra?... Quem pode, com sabedoria, contar as nuvens
do céu, e quem pode fazer verter as botijas do céu?... Queres caçar a presa
para a leoa ou satisfazer o apetite de seus filhotes?... É por tua sabedoria que
se eleva o falcão e abre suas asas, voando para o sul?”4 Em outras palavras,
Deus parece estar dizendo a Jó: “Eu dirijo este mundo vasto e complexo, e você
possivelmente não consegue entender as inúmeras razões pelas quais Eu faço
o que faço.”
E nós ainda continuamos tentando. E é inevitável que surja o nome de
Jó quando lutamos para entender por que Deus permite o mal no mundo, ao
perguntarmos a antiga questão: Por que coisas ruins acontecem às pessoas boas?
Surpreendentemente, esse relato pode muito bem ser uma ficção. Jó
nunca existiu, de acordo com muitos dos Sábios do Talmud.5 Então, por que ele
está na Bíblia?
Embora Jó seja talvez o único herói imaginário entre as personalidades
bíblicas, ele é ao mesmo tempo o mais universal de todos eles. Ele é o pai que,
inexplicavelmente, perde seu trabalho e não tem meios de manter sua família.
Ele é a mãe que acabou de saber que seu filho tem câncer terminal. Ele é o
sobrevivente do Holocausto que ainda acorda gritando no meio da noite. Ele
sou eu, ele é você.
É por isso que o livro de Jó não é de fato a história de uma figura trágica
do passado. O livro de Jó trata de homens e mulheres do século 21 que tentam
compreender as circunstâncias injustas de suas vidas ao mesmo tempo que
lutam para se segurar em suas convicções. Acima de tudo, o livro de Jó lida com
um dilema que, cedo ou tarde, cada um de nós tem que resolver em nossas
vidas. Este dilema é a aparente contradição entre três suposições básicas:
* Deus é justo. Ele julga a todos nós com correção e imparcialidade. Ele
recompensa os bons e pune os maus.
* Deus é Todo-Poderoso. Ele pode fazer qualquer coisa. Nada ocorre no
mundo que não seja pela Sua vontade. De fato, tudo o que acontece faz parte
do Seu plano.
* Jó é um homem bom.
Agora, visto que tudo vai bem para Jó – ele é saudável e rico –, podemos
acreditar simultaneamente nessas três afirmações sem dificuldade. Mas quando
o sofrimento de Jó começa, quando ele perde suas posses, sua família e sua
saúde, passamos a ter um problema: não podemos mais compreender o sentido
das três proposições simultaneamente; agora podemos afirmar quaisquer duas
delas somente se negarmos a terceira.
Se Deus é, ao mesmo tempo, justo e Todo-Poderoso, então a terceira
declaração deve estar errada – Jó não é um homem bom; ele é um pecador
e merece o que está lhe acontecendo. Mas se Jó é bom e, apesar disso, Deus
provoca o seu sofrimento, então Deus não pode ser justo. Ou se Jó é bom e
Deus não é responsável pelo seu sofrimento, então Deus não pode ser Todo-
Poderoso.
A ideia de que as três suposições sejam verdadeiras parece ser impossível.
Então qual delas está errada? Qual das três teremos que sacrificar no altar da
realidade? Eis a questão.
DEuS É JuSto?Para muitos, a conclusão mais lógica é que Deus não é justo. Ele é caprichoso,
talvez até mesmo mau. De fato, esta era a visão de mundo que prevalecia nos
tempos antigos, quando os povos adoravam deuses como Chacmool, o deus maia
da fertilidade, ou o deus Nergal, da Mesopotâmia, precursor do nosso Satã. Para
esses deuses eram sacrificados escravos, virgens e, até mesmo, seus filhos –
tudo o que fosse necessário para apaziguar os deuses.
Para alguns, questionar a justiça de Deus assume uma forma um pouco
diferente: embora Deus seja bom, Ele deve ter um oponente que não o é, e
que muitas vezes prevalece. Esta visão conduz inevitavelmente ao dualismo, à
convicção de que há dois deuses – um deus da bondade e outro do mal.
Esta é uma das mais antigas maneiras de entender o Divino e encontrar
uma resposta racional à dificuldade teológica do mal. O zoroastrismo – a religião
predominante em boa parte do Oriente Médio desde a época do Império Persa
até o advento do Islã – aceitava esta visão. Nós ainda vemos vestígios disto
naquelas formas de cristianismo que designam poderes sobrenaturais e quase
Divinos a Satã, o inimigo de Deus. (Em contrapartida, o judaísmo vê Satã como
um servo de Deus cuja função é criar escolhas entre o bem e o mal, de modo
que possamos exercitar o nosso livre-arbítrio.)
o VErDADEIro SIGnIFICADo Do MonotEÍSMo
Abrahão, o primeiro monoteísta, ensinou-nos que há um só Deus. Ao
final da sua história em Gênesis, a Bíblia nos diz: “E Abrahão era velho, entrado
em dias, e o Eterno o abençoara em tudo.”6
Será mesmo que Deus o abençoara em todas as coisas? Ele não o colocara
em meio a dez testes difíceis, dos quais o mais desafiador fora o pedido para
sacrificar o seu próprio filho? Será que Abrahão não teve que vagar por todo
o Crescente Fértil, suportar a fome e defender os membros da sua família de
agressores? Ele não acabara de enterrar sua amada esposa Sara, justamente
nos versículos que precedem esta declaração de que fora abençoado “em tudo”?
Mas Abrahão fora abençoado em todas as coisas porque ele entendeu
que um Deus bom só faria coisas para o seu benefício. Ele viu todo teste,
toda dificuldade, como uma oportunidade para seu autodesenvolvimento –
um veículo para a construção do caráter, para o fortalecimento da fé, para se
aproximar de Deus. E foi por isso que ele considerou tudo o que lhe aconteceu
como uma bênção.
Da época de Abrahão em diante, os descendentes e seguidores do
grande patriarca proclamaram a unicidade de Deus. A oração fundamental do
judaísmo declara: Shemá Israel, Adonai Elohênu, Adonai Echad – “Escuta Israel! O
Eterno é nosso Deus, o Eterno é um só!” Um judeu praticante deve repetir essa
oração duas vezes por dia, em todos os dias da sua vida. E estas são as últimas
palavras que ele deve pronunciar, se for possível, no seu leito de morte.
A pergunta é óbvia: Não será este um modo estranho de expressar a
unicidade de Deus? Se Deus é um só, por que Ele tem dois nomes? Por que
ele é chamado de “Eterno” e de “Deus” – Adonai e Elohênu (a forma possessiva
de Elohim)?
Nesta expressão mais básica do monoteísmo é colocada e respondida a
própria luta do homem para entender a aparente contradição entre o bem e o
mal. Deus é um só, mas Ele tem dois atributos diferentes. Da mesma maneira
que eu sou uma só pessoa, embora seja conhecido em momentos diferentes
como rabino Benjamin ou papai, dependendo do papel que eu esteja exercendo
– do mesmo modo, Deus é alternadamente conhecido como Adonai e Elohim,
dependendo da Sua função e da natureza do Seu relacionamento naquele
momento em particular.
Há momentos em que Ele se apresenta para nós como um pai amoroso
e nos transmite bondade e misericórdia; o nome Dele é então Adonai, que
carrega em si o Seu atributo de bondade. Em hebraico, costumamos dizer:
Baruch Hashem! – “Graças ao Nome (do Eterno)”, porque este é o nome que dá
ênfase à Sua misericórdia.
Mas há outros momentos em que Ele Se apresenta para nós como um rígido
juiz, determinando a sentença de acordo com a Sua lei e nos punindo por nossas
infrações. Então o Seu nome é Elohim, disciplinador rígido e legislador implacável
do universo. É por isso que, com toda razão, quando estamos angustiados e
fazemos nossas preces, nós as endereçamos a Adonai, e não a Elohim.
No entanto, embora nós O descrevamos por Seus dois atributos, sabemos
que, na verdade, ambos são aspectos de um mesmo Criador amoroso. Aquele
que aparece como um rígido disciplinador está agindo somente com a motivação
de um pai amável e atencioso. Em outras palavras (parafraseando): “Escuta
Israel: Adonai e Elohênu é, de fato, Adonai Echad, um único Deus!”
Portanto, a doutrina mais básica do judaísmo determina que, dentre as
nossas três suposições, não podemos rejeitar a primeira. Deus é justo, ético e
bom. A sua própria essência é Adonai, inclusive quando Ele parece ser Elohim;
a aspereza aparente é apenas uma camuflagem para o amor e a preocupação
de Deus.
DEuS É toDo-PoDEroSo?Sigamos, então, para a segunda suposição; talvez seja esta que esteja
errada. Talvez Deus não seja Todo-Poderoso. Em Quando Coisas Ruins Acontecem
às Pessoas Boas, Harold Kushner assume esta posição. Ele discute que preferiria
“diminuir” Deus ao dizer que Ele é impotente para evitar que coisas ruins
aconteçam em vez de pensar mal de Deus por Ele causar sofrimento. Este seria,
então, o menor dos males. Inundações, incêndios e furacões não são “atos de
Deus”, como as companhias de seguros costumam chamá-los, mas eventos
fortuitos. Deus está chorando conosco porque Ele é incapaz de aliviar a nossa
dor. Não há nada que Ele possa fazer! O mundo como Ele criou funciona por
si mesmo. A natureza é fortuita e cega. Bactérias e vírus não fazem qualquer
escolha moral sobre quem eles infectarão. Os cromossomos se transformam ao
acaso, levando ao nascimento de uma criança deformada. Máquinas falham e
aviões caem sem motivo nem razão. Deus foi a “Primeira Causa”; mas, após
a Criação, Ele não opta mais – ou nem mesmo tem capacidade para interferir.
O judaísmo tradicional rejeita vigorosamente essa visão. Às vezes Deus
pode limitar deliberadamente o Seu poder de ação para nos conceder o livre-
arbítrio, mas Ele nunca é fraco ou impotente. O poder de Deus e o envolvimento
pessoal e direto Dele no mundo estão expressos já no primeiro dos Dez
Mandamentos: “Eu sou o Eterno, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da
casa dos escravos” (Êxodo 20:2). Deus não Se identifica como o Criador dos
céus e da terra, que colocou o mundo em movimento e então o deixou para
desenvolver-se aleatoriamente. Deus Se anuncia como o planejador das Dez
Pragas que destruíram a resolução egípcia de escravizar os israelitas. A fim de
libertar o Seu povo, Ele derrotou o mais poderoso império da Terra.
Mas Deus Se comunica ainda mais claramente do que nas palavras
explícitas do Decálogo. Em primeiro lugar, nos 19 capítulos que precedem os
Dez Mandamentos, a Bíblia relaciona com riqueza de detalhes o sofrimento dos
israelitas no Egito e a sua milagrosa salvação. Essa lembrança adicional de que
Deus foi o redentor deles parece desnecessária. Além disso, parece redundante
dizer “da terra do Egito” e, em seguida, “da casa dos escravos”, como se
precisássemos de maior esclarecimento. Os Dez Mandamentos são considerados
o resumo mais conciso do judaísmo; então por que “terra” e “casa”?
Por meio dessa dupla expressão, o primeiro dos Dez Mandamentos nos
ensina, na realidade, uma ideia absolutamente importante sobre o modo pelo
qual Deus está envolvido no mundo. Há aqueles que poderiam estar dispostos
a admitir que Deus tem um papel na história, mas consideram impossível
acreditar que a Sua preocupação se estende além das nações, a fim de incluir
cada indivíduo. Na opinião deles, Deus está disposto a se ocupar das “grandes
tarefas”, como o destino de um povo inteiro, mas certamente não com o que
acontece a cada família em particular. Teologicamente, eles não têm problema
em aceitar Deus como Aquele que levaria todos os judeus para fora da “terra
do Egito”; o que eles têm dificuldade em acreditar é que Deus estivesse tão
envolvido em detalhes a ponto de se preocupar também com cada “casa dos
escravos”. Terra, sim; mas casa, não. O Êxodo demonstrou que Deus não
apenas salvou o povo judeu, mas também cada judeu e judia. É por isso que,
depois de deixarem o Egito juntos, como uma nação, os judeus receberam a
ordem para marcar os batentes das portas de suas casas. Foi dito a eles para
sacrificar um cordeiro – um deus egípcio – a fim de provar a rejeição deles pela
idolatria. Eles tiveram que levar o sangue daquele cordeiro e espalhá-lo nos
batentes das suas portas a fim de reconhecer publicamente o seu compromisso
e a sua confiança em Deus. Se eles fizessem isso, Deus prometera que cuidaria
de cada moradia e faria com que o anjo da morte “passasse por cima” das casas
daqueles que escolhessem se identificar com Ele.
Sim, Deus conhecia cada endereço, cada residente. Naquela imensa
demonstração do Seu poder para mudar a história, Ele também demonstrou a
forma mais íntima de Sua preocupação. Deus não apenas interveio para salvar
um povo, mas para salvar 600.000 indivíduos – todos, e cada um deles, um
precioso microcosmo do mundo inteiro e um filho amado do Seu Criador.
Para comemorar esse fato incrível, até hoje em dia os judeus celebram
a festa de Pêssach (a Páscoa judaica). Em um jantar denominado de Sêder
(“Ordem”), a história da libertação dos israelitas é lida e revivida. O que os pais
tentam ensinar aos seus filhos é que, para todo evento da vida, seja grande ou
pequeno, há uma razão, porque o “princípio da ordem Divina” governa tudo o
que acontece.
Portanto, nós também não podemos rejeitar a segunda das três
suposições: Deus é Todo-Poderoso. Ele é o autor da história – e a Sua máxima
Divina não é “que cada um cuide dos seus problemas”.
JÓ É BoM?Como você pode ver, resta apenas uma suposição para explicar o enigma
da aflição de Jó: afinal de contas, ele devia ser uma pessoa ruim. Você deve se
lembrar que os amigos de Jó também chegaram a essa mesma conclusão. É o
mesmo tipo de lógica que, notadamente, encontrou eco depois do Holocausto
por aqueles que assinam embaixo do que eu denomino “revisionismo teológico
do Holocausto”. Francamente, essa é uma abordagem considerada, por mim,
até mais perigosa e desprezível do que a visão que afirma que o Holocausto não
aconteceu. Esta última é facilmente refutável; a primeira condena aqueles que
não tiveram qualquer oportunidade para responder por si mesmos.
Afirmar que as vítimas mereceram o seu destino me deixa constrangido.
Aquelas 6 milhões de pessoas não só foram torturadas e assassinadas, e não
só tiveram tudo o que lhes era precioso destruído e profanado como, agora,
após suas mortes, suas memórias são profanadas por aqueles que dizem:
“Eles devem ter merecido isto.” É possível que 6 milhões de homens, mulheres
e crianças tenham merecido um destino assim? Eles eram assim tão ruins?
Inclusive as crianças?
uMA EXPLICAção ALtErnAtIVA Será possível que todas as três suposições estejam corretas, e que exista
um outro modo de resolver o dilema que Jó nos apresenta?
A resposta é... sim.
CAPÍtuLo 2rEPrEEnSão E CuLPA
A fim de encontrarmos a solução para o dilema de Jó, devemos nos voltar
para a antiga sabedoria do Talmud.
Ao colocarmos a questão “se uma pessoa sofre, isso significa que ela
merece sofrer?”, nós obtemos imediatamente duas respostas aparentemente
contraditórias.
No Tratado Baba-Metsia,7 ao fazer uma exposição a respeito do dano
que pode ser infligido com palavras, o Talmud explica o que a Bíblia quer dizer
quando condena o pecado de “oprimir um estrangeiro”, e oferece este exemplo:
“Se alguém é visitado pelo sofrimento, afligido por uma doença ou enterrou
seus filhos, não se deve falar com ele do modo como os companheiros de Jó
falaram com ele: ‘... Lembra, eu te peço. Quem teria perecido sendo inocente?’”
O Talmud condena claramente os amigos de Jó que lhe disseram que
ele devia ter cometido algum crime para merecer seu sofrimento. Os rabinos
classificaram o comportamento deles na categoria daqueles que oprimem os
outros com palavras.
Mas, no Tratado Berachot,8 o Talmud ensina: “Se alguém vê que um
sofrimento doloroso o acomete, deve examinar a sua conduta, pois está dito:
‘Porque Eu te dou uma boa instrução; não abandones Meu ensinamento’.” Em
outras palavras, Deus nos dá “ensinamentos” na vida cuja mensagem devemos
interpretar. Nosso sofrimento pode bem ser uma consequência das nossas
transgressões.
Portanto, o que devemos fazer com essas duas passagens talmúdicas
aparentemente contraditórias? Será que o sofrimento é uma consequência
merecida da transgressão, ou as duas coisas não têm qualquer conexão entre si?
Na primeira fonte somos advertidos a não chegar à mesma conclusão dos
amigos de Jó, de que alguém que sofre está sendo punido por algo que fez de
errado. Por outro lado, na segunda passagem é dito a nós que, se um indivíduo
é visitado por uma tragédia, ele mesmo deve tentar entender o que fez de
errado. Como podemos reconciliar essas declarações diametralmente opostas?
Na verdade, não há aqui uma contradição de fato. Em ambos os exemplos,
o sofrimento pode ou não ser em consequência das ações da pessoa. Mas há
uma diferença básica entre usar a tragédia para encontrar o erro dos outros e
fazer com que a tragédia nos ilumine com respeito às nossas próprias falhas.
O Talmud diz claramente que nenhum indivíduo pode julgar qualquer
outro e deduzir, diante da mera presença do sofrimento, que isto é o castigo de
Deus pela transgressão; isso pode ou não ser verdade. Alguém pode sofrer e,
ainda assim, ser uma boa pessoa. Até mesmo um indivíduo piedoso conhece
a dor, e até o devoto sofre uma enfermidade. Há toda uma série de razões
que poderiam explicar isto, como iremos descobrir, e nenhuma delas reflete a
respeito da virtude da pessoa que está sofrendo. Não devemos ousar condenar
e difamar um ser humano decente.
Mas se você é aquele indivíduo que está sofrendo, você tem a obrigação
de se perguntar: O que eu posso ter feito para merecer isto? O que eu poderia
ter feito para evitar isto? É possível que o meu sofrimento seja um castigo de
Deus? Ou é possível que o meu sofrimento seja talvez uma mensagem, um
alerta diante do qual eu tenha que reagir?
Dito de maneira simples, o Talmud nos ensina a reagir ao sofrimento
de duas maneiras diferentes, dependendo se estamos olhando para os outros
ou para nós mesmos. A resposta adequada para o sofrimento dos outros é
a compaixão; somos proibidos de condenar. A reação correta para o nosso
próprio sofrimento é a introspecção; talvez Deus esteja simplesmente usando
um método doloroso para nos transmitir uma importante verdade.
E como podemos saber se o nosso próprio sofrimento é um castigo
Divino ou uma advertência Divina? Quando Deus intervier, quando Ele estiver
lhe enviando uma mensagem, você saberá. Como? Há um modo seguro de
saber – Deus é muito específico e não deixa dúvidas sobre o Seu significado se
você simplesmente pensar um pouco.
ALto E CLAroDarei alguns exemplos muito simples de mensagens inconfundíveis de
Deus que envolvem pessoas que conheço.
Uma jovem mulher queria estudar em Israel, mas o custo da viagem –
1.450 dólares – estava além das possibilidades dos seus pais. O pai rezou pela
ajuda de Deus, porque pensava que esta era uma coisa importante para a sua
filha. Então ele teve a ideia de retirar algumas tranqueiras que estavam atrás
de uma loja de sua propriedade e vendê-las. Talvez, ele esperava, isto pudesse
levantar uma parte do dinheiro necessário. Ao final da venda, ele totalizou o
valor que havia obtido – exatamente 1.450 dólares! Era impressionante demais
para ser uma coincidência. Obviamente, Deus aprovou a sua decisão e fez com
que isso pudesse ser percebido.
Na família de um amigo meu, o avô tinha por tradição financiar todos os
bar-mitsvás dos seus netos. Quando o filho do meu amigo estava se preparando
para celebrar a sua entrada no mundo adulto, o avô, é claro, quis cobrir os
custos, como era seu costume. Meu amigo discutiu com ele, mas o avô não
renunciou a isso. Infelizmente, alguns poucos meses antes de o bar-mitsvá se
realizar, o avô morreu. Meu amigo estava com dificuldades para pagar pelo bar-
mitsvá do seu filho, mas, ao se aproximar a data, comprou um bilhete de loteria
e ganhou. O impressionante é que, quando recebeu a conta do serviço de bufê
no valor total de 2.365 dólares, ele verificou que os seus ganhos com a loteria,
deduzidos os impostos, eram exatamente também de 2.365 dólares. “Afinal de
contas, as orações do avô foram atendidas”, ele disse. “Ele pagou as despesas
do bar-mitsvá!”
Mais uma vez, a correlação era muito exata para ser simplesmente
aleatória. Como você pode ver, há momentos em que Deus deseja que
reconheçamos claramente que Ele está intervindo em nossas vidas. Para isso,
Ele utiliza o que eu chamaria de “a precisão da impossibilidade estatística”.
Aquilo que é muito forçado para ser coincidência não deve ser outra coisa senão
a intervenção Divina. Como diz esta profunda observação, “a coincidência é
simplesmente o modo que Deus escolheu para permanecer anônimo”.
Embora eu estivesse atento a esse conceito, não estava preparado para
o momento em que isso aconteceria de forma tão clara comigo.
Em uma viagem para a Europa Oriental, a fim de visitar os lugares onde
viveram meus antepassados e os campos de concentração onde muitos da minha
família pereceram, eu passei uma manhã de Shabat em uma sinagoga de Varsóvia.
O costume é conceder a algumas pessoas da congregação a grande honra de
subir para ler a Torá e recitar as bênçãos apropriadas. Eu não me identifiquei
como rabino, mas por alguma razão, dentre todos os turistas e residentes locais,
eles me selecionaram como um dos sete que receberiam essa honra.
Também é um costume das pessoas a quem é concedida essa honra
fazer publicamente uma doação para a sinagoga. Assim que concluí minhas
bênçãos e estava bastante emocionado pela percepção do lugar onde eu
estava e de quantos grandes líderes judeus devem ter me precedido nesse
mesmo local, senti a necessidade de fazer uma contribuição muito generosa.
Entretanto, eu hesitei, porque não queria passar a imagem de um rico turista
americano, envergonhando todas as demais pessoas que haviam sido honradas
e cujas contribuições estavam limitadas por suas condições financeiras menos
privilegiadas. Em meio ao meu conflito interno entre esses desejos contraditórios,
decidi que uma doação de 36 dólares seria o mais correto a fazer – o suficiente
para ser significativa como uma doação e sem ser exorbitante como uma
expressão do meu próprio ego. Pouco tempo depois de anunciada a doação,
ouviu-se um sonoro suspiro dos congregantes. Parecia que 36 dólares eram
uma verdadeira fortuna, se convertidos ao valor corrente dos zlotis poloneses.
O presidente se aproximou rapidamente de mim, perguntou-me onde eu estava
hospedado e, se eu concordasse, um comitê viria ao meu hotel imediatamente
após o final do Shabat para receber a tão generosa doação. É claro que
concordei, e cinco minutos após o término do Shabat, com o aparecimento
de três estrelas no céu, o comitê surgiu no saguão do hotel e me pediu para
efetivar minha doação. Eu lhes dei o dinheiro com alegria e me senti muito
gratificado pelo mérito de ser capaz de realizar uma boa ação, uma mitsvá.
Minha esposa e eu quisemos então saber o que havia para se fazer por
algumas horas de um sábado à noite em Varsóvia. O gerente do hotel nos disse
que havia um cassino nas redondezas e que essa era a única atividade que
estava à nossa disposição.
Inexperiente para jogar, parei logo na primeira máquina caça-níqueis
e, num impulso, depositei uma moeda. O que aconteceu em seguida foi
inacreditável. Luzes piscaram, sinos tocaram, as pessoas ao redor da sala
pararam o que estavam fazendo para ver o que havia acontecido. Levantei-me
surpreso ao ver o tanto de fichas que saía de dentro da máquina. Parece que eu
ganhara o prêmio principal, e tive que ser ágil em encher baldes e baldes com
meus ganhos. Concluí imediatamente que devia ter usado toda a minha cota de
sorte para aquela noite; então fui trocar as fichas por dinheiro.
O caixa colocou todas as fichas na máquina de contar e finalmente
retornou com o total. O valor total da soma que me foi passado pela mulher
do caixa era estarrecedor, e por um momento pensei que eu me tornara quase
um milionário. O que eu tinha esquecido era que o montante que ela contara
estava em moeda corrente polonesa, em zlotis. Ansiosamente, eu lhe perguntei:
“Quanto é isso em dólares americanos?”
Após um rápido cálculo, ela respondeu: “Ah, algo em torno de 36 dólares.”
Durante anos eu havia rezado para que tudo o que doássemos finalmente
retornasse a nós. Mas, desta vez, Deus fez isso de maneira tão exageradamente
clara que minha contribuição foi recompensada por seu equivalente exato.
Eu tinha ouvido relatos semelhantes de outras pessoas e sempre os tinha
considerado difíceis de acreditar. Agora eu soube em primeira mão que Deus
pode ser encontrado não apenas em sinagogas e templos religiosos, mas até
mesmo em Las Vegas, Atlantic City e num cassino de Varsóvia!
o PrInCÍPIo DA MEDIDA Por MEDIDAVamos supor agora que não se trate de um evento feliz como nos exemplos
anteriores. Há ocasiões em que, em vez da sorte, prevalece o infortúnio, e a
mão de Deus está claramente por trás disto. Quando é que uma mensagem
dolorosa de Deus é uma punição direta por erros cometidos?
O princípio é o mesmo: a correlação será precisa. Você será facilmente
capaz de relacionar o “castigo” com o “crime”; eles estarão claramente unidos
por conteúdo e contexto.
A Torá nos dá vários destes exemplos. Talvez o mais famoso ocorra no
livro do Êxodo. Como você deve se lembrar, os egípcios, em sua perseguição
aos israelitas, afogaram milhares de bebês judeus. Então, quando os israelitas
fugiram e o Mar Vermelho se abriu para lhes conceder uma passagem segura,
foram os perseguidores egípcios que se afogaram. Não há como negar a
conexão. Esta foi uma mensagem específica de Deus de que essa punição e
o crime que a provocou foram, sem dúvida, identificados pelo modo como os
egípcios foram destruídos.
Outro exemplo da Torá vem de uma história de Jacob, o último dos
Patriarcas. A fim de obter a bênção da primogenitura de seu pai Isaac – uma
bênção que ele sentia merecer e que já comprara anteriormente de seu irmão
Esaú –, Jacob enganou seu pai, que estava cego. Algum tempo depois, após
trabalhar para o seu tio Labão durante sete anos para ganhar a mão da sua
amada prima Rachel, ele se tornou vítima de um ato de enganação. Labão
trocou a noiva à última hora e substituiu Rachel por sua filha mais velha, Lea.
Aquele que enganara outros agora foi enganado. O destino – ou melhor, “o
dedo de Deus” – assegurou a retribuição por um erro, ainda que cometido por
uma pessoa, em outros casos, inocente.
No Talmud, esse princípio é conhecido como “medida por medida”,
significando que, de acordo com a justiça de Deus, a punição sempre
corresponde ao crime cometido.
É este o conceito que se faz presente com muita frequência em nossas
próprias vidas; basta que sejamos sábios o bastante para reconhecê-lo e
escutar sua mensagem. Há pouco tempo, um homem veio até mim com um
olhar constrangido em seu rosto. Duas semanas antes, eu abordara esse rico
homem de negócios para lhe pedir uma contribuição de 460 dólares a fim
de ajudar em uma situação que era literalmente uma emergência de vida ou
morte, mas ele me negou auxílio. Agora ele me confidenciou: “Rabino, quando
eu lhe disse não, eu sabia que estava errado. Um dia depois, alguns inspetores
vieram ao meu local de trabalho – algo que nunca me acontecera antes – e
me cobraram um total de 460 dólares por infrações que, depois, mostraram-se
equivocadamente atribuídas a mim. Imagino que Deus só quis me mostrar que
eu não merecia mais aquele dinheiro. Eu só queria tê-lo entregado a você.”
Portanto, podemos confiar no princípio de “medida por medida” sempre
que este nos for transmitido por meio de um sinal claro. Quando sofremos, isto
pode, ou não, ser consequência de um erro cometido, mas ninguém mais tem
o direito de fazer esse julgamento. Todavia, o próprio sofredor deve fazer uma
reflexão e verificar se há alguma correlação. Será que Deus está lhe enviando
uma mensagem específica, inconfundível? Se o castigo corresponde ao crime, a
dor é um chamado para o arrependimento!
ADVErtÊnCIA: tEnHA CuIDADo! Preciso aqui acrescentar algumas palavras de precaução. Não reaja
exageradamente na sua autoavaliação. A culpa judaica é o tema central de
muitas piadas, mas não há nada de engraçado quando a culpa irracional
provoca danos irreparáveis. A culpa fora de proporção em relação ao “crime”
não faz parte dos ensinamentos judaicos. No entanto, algumas pessoas – por
terem sido mal instruídas; por terem adquirido, de alguma maneira, uma ideia
confusa de Deus; por acreditarem que Deus, não importa como, fere-os “na
própria carne” – assumem equivocadamente um nível de culpa que é ilógico
e seriamente prejudicial. Ao confundirem suas pequenas falhas com crimes
capitais, elas se condenam a uma tortura autoimposta que vai muito além de
qualquer coisa que fosse decretada por um Deus compassivo.
Uma mulher que conheço, quando estudante universitária, era
sexualmente promíscua, mas não sentia qualquer culpa por isso na época.
Entre seus pares, durante a cultura hippie do “amor livre”, o sexo casual era
um comportamento normal. Após amadurecer, ela deixou aquele estilo de
vida para trás e tornou-se religiosamente comprometida. Quando, em uma
reunião social na sinagoga, ela conheceu o homem dos seus sonhos, não sentiu
necessidade de confessar a ele suas indiscrições da juventude. Após dois anos
de um casamento feliz, seu marido morreu num acidente de automóvel. O seu
pesar não teve limites. Ao procurar uma razão para a tragédia que a atingiu, ela
se convenceu de que Deus “matou” o marido dela a fim de castigá-la por seu
passado ilícito. Por fim, ela sofreu um colapso nervoso.
Obviamente, o modo como ela assumiu a sua culpa foi completamente
irracional. Como isso poderia, por mais que se possa imaginar, ser considerado
“medida por medida”? Infelizmente, reações extremas de culpa como esta são
comuns. Por isso, quero ser muito enfático: pessoas como essa mulher não
podem estar mais erradas! Se a sua perda foi de fato um castigo, esta, com
toda certeza, não correspondeu ao crime. Todavia, as pessoas que pensam
como ela se destroem, destroem suas famílias, seus companheiros e seus filhos
por causa de um nível de culpa que assumem sem qualquer fundamento. Já é
suficientemente ruim sofrer a tragédia inicial. Muito pior é criar outra tragédia
para si mesmo ao pensar que “eu devo ter merecido isso”, quando isto claramente
pode não ser verdade. Culpar-se a esse nível faz com que uma pessoa se sinta
totalmente não merecedora – não merecedora da vida, de ajudar o próximo,
de fazer qualquer coisa, de existir. Uma pessoa assim decidiu que, das nossas
três suposições, a terceira é a que está errada. “Eu não sou uma boa pessoa.
Um Deus justo e Todo-Poderoso me puniu por meus pecados.” No entanto,
já demonstramos que isto não era verdade no caso de Jó; e isto, com muita
certeza, nem sempre é verdadeiro no caso do sofrimento das pessoas.
Defender o contrário disso é ser culpado de acusar falsamente a si mesmo,
e esse ato de sustentar falso testemunho, seja contra si mesmo ou contra o seu
próximo, é expressamente proibido pelo nono dos Dez Mandamentos. Além do
mais, isto também envolve sustentar falso testemunho contra Deus, porque um
Deus justo estabelece a Sua punição – quando Ele faz isso – com justiça, de
acordo com o princípio de “medida por medida”.
rESuMoVejamos como estamos longe de responder à pergunta “Por que as
pessoas boas sofrem?”:
Devemos acreditar que Deus é bom e justo, e que Ele é Todo-Poderoso.
Acreditar no contrário é não ter mais um Deus para quem possamos rezar. Por
que rezar para um Deus que é impotente para responder? Poucos de nós, que
acreditamos em Deus, aceitaríamos essa visão.
Ao vermos outras pessoas sofrendo, devemos conter nosso julgamento.
Temos que lhes dar o benefício da dúvida, porque não sabemos por que isto
está lhes acontecendo. Mas se somos nós que estamos sofrendo, estamos
obrigados a nos ocupar de uma sincera introspecção: será que essa dor pode
ser uma mensagem de Deus?
Às vezes Deus nos envia uma mensagem dolorosa para o nosso próprio
bem, de forma que possamos viver nossas vidas de um modo melhor. Se você
encosta numa chama, o que acontece? Você sente uma dolorosa sensação de
queimado e afasta a sua mão antes que algum dano sério ocorra. Sofrer pode
ser esse tipo de mensagem. Mas você deve confiar que, se isto é assim, haverá
uma pista na mensagem. Você será capaz de perceber alguma ligação entre o
que lhe aconteceu e algo que fez de errado e que lhe faz sentir-se muito mal.
Por exemplo, se há alguns anos você enganou um cliente ou sócio nos negócios
e amanhã alguma pessoa lhe enganar, você terá uma correlação clara. Essa é
uma pista.
Porém, se não houver essa conexão, ou se o sofrimento parecer
completamente fora de proporção em relação a qualquer coisa que você possa
ter feito na vida, então não – eu repito, não – jogue a culpa sobre si mesmo.
Há muitas outras razões pelas quais você pode estar sofrendo, como veremos
nos próximos capítulos.
notAS
1. Jó 1:1 – 2. Jó 1:21 – 3. Jó 4:7 – 4. Jó 38–40 – 5. Baba Batra 15a – 6. Gênesis 24:1 – 7. Baba
Metsia 58b – 8. Berachot 5a.
no próximo volume da série de e-books Se Deus é Bom Por Que o Mundo é tão Ruim?
Capítulo 3: O Princípio da Maior Prioridade
Capítulo 4. A Resposta de Deus
não perca!BAIXE AGORA!