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Bloodlines 05 - Sombras Prateadas - Richelle Med

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Sinopse

Em The Fiery Heart, Sydney arriscou tudo para seguir seus instintos,

caminhando por uma linha perigosa para manter seus sentimentos escondidos dos alquimistas. Agora com as consequências do evento que virou seu mundo, Sydney e Adrian lutam para recolher os pedaços e encontrar o caminho de volta um para o outro. Mas primeiros, eles precisam sobreviver.

Para Sydney, presa e rodeada por adversários, a vida se converte em uma luta diária para ser fiel a quem é e aqueles que ama. Enquanto isso, Adrian se apega a esperança no rosto das pessoas que dizem que Sydney é uma causa perdida, mas a batalha mostra-se cada vez mais difícil enquanto velhos demônios e novas tentações começam a se apoderar dele.

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Capítulo 01 Sidney

Eu acordei para a escuridão.

Isso não era nenhuma novidade, visto que venho acordando para a escuridão

nos últimos… bem, não sabia quantos dias. Poderia ser semanas ou até meses.

Eu perdi a noção do tempo nesta pequena e gelada cela, com apenas um duro

chão de pedra como cama. Meus captores me mantiveram acordada ou

dormindo, a seu critério, com a ajuda de alguma droga que deixou impossível a

contagem dos dias. Por um tempo, eu tive certeza de que estavam deslizando-

o para mim pela água ou comida, então entrei em greve de fome. A única coisa

que consegui foi uma alimentação forçada – algo que nunca, nunca quero

experimentar novamente – e nenhuma escapatória da droga. Eu finalmente

compreendi que estavam colocando-a através do sistema de ventilação, e

diferentemente da comida, eu não poderia entrar em greve de ar.

Por um tempo, tive a ideia fantástica de que eu poderia acompanhar o tempo

através do meu ciclo menstrual, a maneira como as mulheres das sociedades

primitivas se sincronizavam pela lua. Meus captores, proponentes de limpeza e

eficiência, tinham até provido produtos de higiene feminina para quando a hora

chegasse. O plano falhou também, entretanto. Sendo abruptamente afastada

das pílulas de controle de natalidade na hora da minha captura resetou todos os

meus hormônios e jogou meu corpo em ciclos irregulares que tornou impossível

medir qualquer coisa, especialmente quando combinado com minha falta de

sono. A única coisa da qual poderia ter certeza era de que não estava grávida,

o que foi um grande alívio. Se eu tivesse o filho de Adrian para me preocupar,

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os Alquimistas teriam poder ilimitado sobre mim. Mas era apenas eu neste corpo

e eu poderia aguentar o que quer que me jogassem. Fome, frio. Não importava.

Eu me recusava a deixá-los me quebrar.

—Você pensou sobre os seus pecados, Sydney?—

A voz metálica e feminina reverberou pela pequena cela, parecendo vir de todas

as direções de uma vez. Eu me puxei até uma posição sentada, puxando minha

áspero túnica para os joelhos. Mais um hábito que qualquer coisa. A peça sem

mangas era fina como um papel e não oferecia calor algum. A única coisa que

provia era um senso de modéstia psicológico. Eles o haviam me entregado a

meio caminho do meu cativeiro, dizendo ser um gesto de benevolência. Na

realidade, eu acho que os Alquimistas apenas não conseguiriam lidar comigo lá

nua, especialmente quando eles viram que não conseguiriam o que esperavam

comigo.

—Eu dormi— eu disse, sufocando um bocejo —Sem tempo para pensar—. A

droga no ar parecia me deixar sempre sonolenta, mas eles também me

mandavam algum estimulante que desse certeza de que eu ficaria acordada

quando eles queriam, não importava o quão cansada eu estivesse. O resultado

era que eu nunca estava completamente descansada – já que essa era sua

intenção. Guerra psicológica funcionava melhor quando a mente estava

cansada.

—Você sonhou?— perguntou a voz. —Você sonhou com redenção? Você

sonhou com como seria ver a luz novamente?—

—Você sabe que não.— Eu estava estranhamente falante hoje. Eles me faziam

essas perguntas todo o tempo, e algumas vezes eu apenas ficava em silêncio.

—Mas se você quiser para de me alimentar com aquele sedativo por um tempo,

talvez eu durma realmente e tenha sonhos para que possamos conversar sobre.

Mais importante, tendo uma noite de verdade que fosse livre das drogas

significava que Adrian seria capaz de me contatar nos meus sonhos e me ajudar

a sair desse buraco do inferno.

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Adrian.

Ele era a razão de eu ser capaz de sobreviver nesta prisão.

E ele também era a razão de eu estar aqui em primeiro lugar.

—Você não precisa do seu subconsciente para lhe dizer o que seu consciente já

sabe.— A voz me disse. —Você está contaminada e impura. Sua alma está

envolta em trevas e você pecou contra o seu próprio tipo.—

Eu suspirei para esta velha retórica, e mudei de posição tentando ficar mais

confortável, embora fosse uma batalha perdida. Meus músculos estavam em um

estado eterno de rigidez há anos já. Não havia nenhum conforto em ser

encontrada nesta situação.

—Deve te entristecer— a voz continuou —saber que você quebrou o coração de

seu pai.—

Essa era uma nova abordagem, uma que me pegou de baixa guarda o suficiente

para responder sem pensar —Meu pai não tem coração.—

—Ele tem, Sydney. Ele tem.— A não ser que estivesse errada, a voz soou um

pouco satisfeita por ter me atingido. —Ele lamenta muito a sua queda.

Especialmente quando você se mostrava uma promessa para nós e nossa luta

contra o mal.—

Eu deslizei mais para que pudesse me encostar à parede rudemente cortada. —

Bem, ele tem uma outra filha que é muito mais promissora agora, então tenho

certeza de que ele irá superar.—

—Você quebrou o coração dela também. Ambos estão mais aflitos do que você

possa imaginar. Não seria bom se você se reconciliasse com eles?—

—Você está me oferecendo esta chance?— Perguntei cautelosamente.

—Nós temos lhe oferecido esta chance desde o começo, Sydney. Apenas diga

as palavras, e iremos começar alegremente seu caminho para a redenção.—

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—Você está dizendo que isto não foi parte?—

—Isto foi parte do esforço para te ajudar a limpar sua alma.—

—Certo— eu disse. —Ajudando-me através de fome e humilhação.—

—Você quer ver sua família ou não? Não seria legal sentar e conversar com

eles?—

Eu não respondi e ao invés tentei entender que jogo estava sendo jogado. A voz

havia me oferecido muitas coisas ao meu cativeiro, a maioria deles objetos de

conforto – calor, cama macia, roupas de verdade. Havia sido oferecida outras

recompensas também, como o colar de cruz que Adrian havia feito para mim e

comida de longe mais substancial e apetitosa que a sopa de aveia com a qual

me deixavam viva. Eles até tentaram me deixar tentada com o último canalizando

aroma de café. Alguém – possivelmente da família que se importa tanto comigo

– deve tê-los dado pistas de minhas preferências.

Mas isso… a chance de ver e falar com as pessoas era algo totalmente novo

junto. Admitidamente, Zoe e meu pai não eram exatamente o topo da minha lista

de quem gostaria de ver agora, mas era o alcance maior daquilo que os

Alquimistas estavam me oferecendo que me interessava: uma vida fora desta

cela.

—O que eu teria que fazer?— Eu perguntei.

—O que você sempre soube que teria que fazer,— respondeu a voz. —Admitir

sua culpa. Confessar seus pecados e admitir que você está pronta para se

redimir.—

Eu quase disse, Eu não tenho o que confessar. Foi o que eu disse a eles

centenas de vezes antes disso. Talvez até milhares de vezes. Mas eu ainda

estava intrigada. Encontrar outras pessoas significava que eles teriam que parar

de envenenar o ar… certo? E se eu pudesse escapar disso, poderia sonhar…

—Eu digo essas palavras, e eu posso ver minha família?—

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A voz estava irritantemente condescendente —Não imediatamente, é claro. Terá

que ser merecido. Mas você estará apta a seguir para o próximo estado de sua

recuperação.—

—Reeducação,— eu disse.

—Seu tom faz parecer algo ruim,— disse a voz —Nós fazemos isso para ajudar

você.—

—Não, obrigada.— Eu disse. —Estou começando a me acostumar com esse

lugar. Uma pena deixa-lo.—

Isso, e eu sabia que reeducação era onde a verdadeira tortura começaria. Claro,

talvez não seja um desafio físico como este, mas era onde eles são mais afiados

no controle da mente. Essas condições difíceis foram configurações, para que

eu me sinta fraca e indefesa, então eu seria suscetível quando eles tentarem

alterar minha mente na reeducação. Para que eu ficasse grata e agradecesse a

eles por isso.

E, no entanto, eu não conseguia afastar esse pensamento mais uma vez, que

se eu saísse daqui, eu poderia estar em uma posição para dormir e sonhar

normalmente de novo. Se eu pudesse fazer contato com Adrian, tudo poderia

mudar. No mínimo, eu saberia que ele estava bem… se eu sobrevivesse a

reeducação em si. Eu poderia fazer suposições para o tipo de manipulação

psicológica que eles tentariam em mim, mas não tinha certeza. Será que eu o

suportaria? Eu poderia manter minha mente intacta, ou se eles me voltariam

contra todos os meus princípios e entes queridos? Esse era o risco de deixar

esta cela. Eu também sabia que os Alquimistas tinham drogas e truques para

fazer seus comandos —grudarem—, por assim dizer, e embora

eu provavelmente estivesse protegida contra eles, graças ao uso habitual de

magia antes eu ter sido presa, o medo de que eu ainda poderia ser vulnerável

me assustava. A única forma certeira que eu conhecia para se proteger contra a

compulsão deles foi através de uma poção que eu tinha feito uma vez e utilizada

com sucesso em um amigo, mas não em mim mesma.

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Outras reflexões foram colocados em espera enquanto eu sentia fadiga me

inundar. Aparentemente, essa conversa tinha acabado. Eu sabia o suficiente

agora para não lutar e me estiquei no chão, deixando o sono grosso, sem sonhos

me inundar, enterrando pensamentos de liberdade. Mas antes que a droga me

derrubasse, eu disse o nome dele na minha mente, usando-o como uma

referência para me manter forte.

Adrian…

Acordei em um tempo indeterminado depois e encontrei comida na minha cela.

Foi o mingau de costume, algum tipo de cereal quente de caixa que

provavelmente foi fortificado com vitaminas e minerais para manter a minha

saúde elevada, tal como era. Chamá-lo de —cereal quente— pode ter sido

generoso, no entanto. —Morna— era mais adequado. Eles tiveram que fazê-lo

tão não apetitosa quanto possível. Sem gosto ou não, eu comia

automaticamente, sabendo que eu precisava manter a minha força para quando

eu saísse daqui.

Se eu sair daqui.

O pensamento traidor surgiu antes que eu pudesse impedi-lo. Era um medo

antigo que incomodava nas beiradas, a possibilidade aterrorizante que eles

poderiam me manter aqui para sempre, que eu nunca iria ver qualquer uma das

pessoas que eu amava de novo – sem Adrian, sem Eddie, sem Jill, sem qualquer

um deles. Eu nunca iria praticar magia novamente. Eu nunca leria um livro de

novo. Esse último pensamento particularmente me atingiu forte hoje, porque

tanto quanto sonhar acordada com Adrian me carregava através dessas horas

escuras, eu teria matado para ter algo tão banal quanto um romance qualquer

para ler. Eu teria me contentado com uma revista ou panfleto. Qualquer coisa

que não fosse escuridão e aquela voz.

Seja forte, eu disse a mim mesma. Seja forte para si mesma. Seja forte para

Adrian. Ele faria menos para você?

Não, ele não faria. Onde quer que estivesse, se ele ainda estava em Palm

Springs ou tinha se mudado, eu sabia que Adrian nunca desistiria de mim, e eu

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tinha que corresponder. Eu tinha que estar pronta para quando estivermos

juntos. Eu tinha que estar pronta para quando estivermos reunidos.

Centrum permanebit. As palavras latinas brincaram na minha mente,

fortalecendo-me. Traduzido, elas significava, —O centro vai permanecer— e

eram um verso de um poema que Adrian e eu tínhamos lido. Nós somos o centro

agora, pensei. E eu e ele iremos permanecer, não importa o quê.

Eu terminei minha refeição escassa e em seguida tentei fazer uma lavagem

rápida na pequena pia no canto da cela, sentindo o meu caminho no escuro para

onde existia um pequeno banheiro. Um verdadeiro banho ou ducha estava fora

de questão (embora eles tivessem usado isso como isca antes também), e eu

tive que me limpar diariamente (ou o que eu achava que era diariamente) com

uma toalha áspera e água fria que cheirava a ferrugem. Era humilhante, sabendo

que eles estavam assistindo com suas câmeras de visão noturna, mas ainda era

mais digno do que ficar sujo. Eu não lhes daria essa satisfação. Eu permaneceria

humana, mesmo que isso fosse a própria questão sobre o que eles estavam me

questionando.

Quando eu estava limpa o suficiente, eu me enrolei de volta contra a parede, os

meus dentes batendo enquanto a minha pele molhada tremia no ar frio. Será que

eu nunca ficaria quente de novo?

—Falamos com seu pai e sua irmã, Sydney—, disse a voz. —Eles ficaram tão

tristes em saber que você não queria vê-los. Zoe chorou.—

Internamente, eu estremeci, lamentando que eu tinha participado da última vez.

A voz agora pensava que esta tática familiar teve alguma influência sobre mim.

Como eles poderiam pensar que eu gostaria de me relacionar com as pessoas

que tinham me prendido aqui? A única família que eu talvez poderia querer ver

– minha mãe e minha irmã mais velha – provavelmente não estavam na lista de

visitantes, especialmente se o meu pai tinha começado o seu caminho em seus

processos de divórcio. Esse resultado na verdade era algo que eu teria gostado

de ouvir falar, mas de jeito nenhum eu deixaria escapar isso.

—Você não se arrepende da dor que causou a eles?—, perguntou a voz.

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—Eu acho que Zoe e papai devem lamentar a dor que me causaram, — eu rebati.

—Eles não queriam causar-lhe dor.— A voz estava tentando ser calmante, mas

principalmente eu queria dar um soco em quem estava por trás disso – e eu não

era o tipo de pessoa geralmente dada à violência. —Eles fizeram o que fizeram

para ajudá-la. Isso é tudo o que estamos tentando fazer. Eles adorariam a

chance de falar com você e explicar por si mesmos—.

—Tenho certeza de que sim—, eu murmurei. —Se você falou com eles

mesmo.— Eu me odiava por me envolver com meus captores. Este foi o máximo

que eu tinha falado com eles há algum tempo. Eles tinham que estar adorando.

—Zoe nos perguntou se estaria tudo bem se ela lhe trouxesse um vanilla latte

sem gordura quando ela visitasse. Dissemos a ela que estaria. Estamos todos

dentro para uma visita civilizada, para que você possa se sentar e realmente

falar, para que sua família e especialmente a sua alma possam se curar.—

Meu coração batia rápido, e não tinha nada a ver com a atração de café. A voz

estava confirmando mais uma vez o que tinha sido sugerido antes. Uma visita

real, sentada, tomando café… que tinha que acontecer fora desta cela. Se

qualquer coisa dessa fantasia fosse mesmo verdade, não havia nenhuma

maneira de que iriam trazer o meu pai e Zoe aqui – não que vê-los fosse o meu

objetivo. Sair daqui era. Eu ainda afirmava que eu poderia ficar aqui para sempre,

que eu poderia aguentar o que lançassem em mim. E eu podia. Mas o que eu

estava realizando? Tudo o que se mostrou foi a minha própria resistência e

rebeldia, e enquanto eu estava orgulhosa dessas coisas, eles não estavam me

deixando mais perto de Adrian. Para chegar ao Adrian, para ter o resto dos meus

amigos… Eu precisava sonhar. Para sonhar, eu precisava ficar longe desta

existência drogada.

E não apenas isso. Se eu fosse a algum lugar que não fosse uma pequena cela

escura, eu talvez poderia ser capaz de trabalhar em magia novamente. Eu

poderia ter uma pista sobre onde no mundo eles tinham me levado. Eu poderia

ser capaz de me libertar.

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Mas primeiro eu tinha que sair desta cela. Eu pensei que eu era corajosa em

ficar aqui, mas, de repente, eu me perguntava se sair era o que realmente

testaria minha coragem.

—Você gostaria disso, Sydney?— A menos que eu estivesse enganada, havia

uma ponta de animação na voz – quase uma ânsia – que contrastava com o tom

altivo e arrogante que eu tinha aprendido a me acostumar. Eles nunca

despertaram tanto interesse de mim. —Gostaria de começar os primeiros passos

para purgar sua alma – e ver a sua família?—

Há quanto tempo eu definhava nesta cela, entrando e saindo de uma consciência

agitada? Quando eu senti o meu torso e braços, eu poderia dizer que eu tinha

perdido uma quantidade considerável de peso, o tipo de perda de peso que

levava semanas. Semanas, meses… Eu não tinha idéia. E enquanto eu estava

aqui, o mundo se estava girando sem mim – um mundo cheio de pessoas que

precisavam de mim.

— Sydney?—

Não querendo parecer ansiosa demais, eu tentei enrolar. —Como é que eu sei

que posso confiar em você? Que você vai me deixar ver a minha família se eu…

começar esta viagem?—

—Maldade e trapaça não são os nossos caminhos—, disse a voz. —Nós

confiamos na luz e na honestidade.—

Mentirosos, mentirosos, pensei. Eles haviam mentido para mim durante anos,

dizendo-me que boas pessoas eram monstros e tentando ditar a maneira que eu

vivia a minha vida. Mas isso não importava. Eles poderiam manter sua palavra

ou não sobre a minha família.

—Eu teria… uma cama de verdade?— Eu consegui fazer a minha voz engasgar

um pouco. Os Alquimistas tinham me ensinado a ser uma excelente atriz, e agora

eles veriam seu treinamento colocados em ação.

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—Sim, Sydney. A cama de verdade, roupas de verdade, comida de verdade. E

as pessoas com quem falar – as pessoas que vão ajudá-la se você só vai ouvir—

.

Essa última parte selou o acordo. Se eu fosse para ser colocada regularmente

em torno de outros, com certeza eles não poderiam continuar drogando no ar.

Como era, eu podia sentir-me ficar especialmente alerta e agitada agora. Eles

estavam injetando aquele estimulante, algo que me faria ansiosa e querer agir

precipitadamente. Foi um bom truque em uma mente gasta e frágil, e ele estava

funcionando – apenas não como eles tinham esperado.

Por força do hábito, eu coloquei minha mão sobre minha clavícula, tocando uma

cruz que não estava mais lá. Não deixe que eles me mudem, eu orei em

silêncio. Deixe-me manter minha mente. Deixe-me suportar tudo o que há para

vir.

—Sydney?—

—O que eu tenho que fazer?—, perguntei.

—Você sabe o que tem que fazer—, disse a voz. —Você sabe o que você tem

de dizer.—

Movi minhas mãos para o meu coração e minhas próximas palavras internas não

eram uma oração, mas uma mensagem silenciosa para Adrian: Espere por mim.

Seja forte, e eu vou ser forte também. Eu vou lutar para escapar de tudo o que

eles têm reservado. Eu não vou esquecê-lo. Eu nunca vou virar as costas para

você, não importa quais mentiras eu terei de dizer a eles. Nosso centro irá

permanecer.

— Você sabe o que você tem de dizer—, a voz repetiu. Estava praticamente

salivando.

Limpei a garganta. —Pequei contra a minha própria espécie e deixei minha alma

se tornar corrompida. Estou pronta para ter a escuridão purgada—.

—E quais são os seus pecados?— A voz exigia. —Confesse o que você fez.—

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Isso foi mais difícil, mas eu ainda consegui manejar as palavras. Se isso me

levasse para mais perto de Adrian e da liberdade, eu puderia dizer qualquer

coisa.

Eu respirei fundo e disse: —Eu me apaixonei por um vampiro.—

E assim, eu fui cegada pela luz.

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Capítulo 02 Adrian

—Não leve isso a mal, mas você está horrível—.

Eu levantei minha cabeça da mesa e abri levemente um olho. Mesmo com os

óculos escuros – do lado de dentro – a luz ainda era demais para o martelar na

minha cabeça. —Sério?— Eu disse. —Existe um jeito certo de ouvir isso?—

Rowena Clark me encarou um olhar imperioso que era tão parecido como

Sydney talvez tivesse dado. Isso me causou um solavanco no meu peito. —Você

pode ouvir isso construtivamente—. O nariz de Rowena se enrugou. —

Issoé uma ressaca, certo? Porque, quero dizer, isso implica que você esteve

sóbrio em algum ponto. E pela fábrica de gin que eu consigo cheirar, eu não

tenho tanta certeza—.

—Estou sóbrio. No geral—. Eu me atrevi a retirar os óculos escuros para dar

uma olhada melhor nela. —Seu cabelo está azul—.

—Azul petróleo—, ela corrigiu, tocando nele conscientemente. —E você o viu

dois dias atrás—.

—Eu vi?— Dois dias atrás deve ter sido nossa última aula de mídia mixada em

Carlton College. Eu mal conseguia me lembrar de duas horas atrás. —Bem. É

possível que eu não estivesse sóbrio nessa ocasião. Mas ficou legal—,

acrescentei, esperando que me poupasse de alguma desaprovação. Não

poupou.

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Na verdade, meus dias sóbrios na faculdade eram meio cinquenta por cento

ultimamente. Considerando que apesar de eu estar indo às aulas de todo modo,

eu achava que merecia algum crédito. Quando Sydney partiu – não, foi levada –

eu não queria vir aqui. Eu não queria ir a lugar algum ou fazer qualquer coisa

que não fosse achá-la. Eu me encolhi na minha cama por dias, esperando e

chegando até ela pelo mundo dos sonhos pelo espírito. Só que eu não conectei.

Não importava qual hora do dias eu tentava, eu nunca parecia encontrá-la em

seu sono. Não fazia sentido algum. Ninguém conseguia ficar acordado tanto

tempo. Pessoas bêbadas eram mais difíceis de se conectarem já que o álcool

diminuíam os efeitos do espírito e bloqueava sua mente, mas de algum modo eu

duvidava que ela e seus captores Alquimistas estavam tendo festas de coquetel

sem parar.

Eu talvez tenha duvidado de mim mesmo e das minhas habilidades,

especialmente depois de ter usado medicação para desligar o espírito por um

tempo. Mas minha magica eventualmente voltou com força total, e eu não tive

dificuldade alguma em alcançar outros em seus sonhos. Talvez eu fosse inepto

em várias outras coisas da vida, mas eu ainda era sem sombras de dúvida o

melhor especialista visitador de sonhos usuário de espírito que conhecia. O

problema era, eu só conhecia poucos outros usuários de espírito, ponto, então

não havia muitos conselhos que eu poderia obter do porquê eu não estava

alcançando Sydney. Todos os vampiros Moroi usam algum tipo de magia

elementar. A maioria se especializa em um dos quatro elementos físicos: terra,

ar, água ou fogo. Pouquíssimos de nós usa espírito, e não há uma boa história

documentada sobre isso como há dos outros elementos. Havia muitas teorias,

mas ninguém sabia com certeza por que eu não alcançava Sydney.

O assistente do meu professou deixou cair uma pilha de papéis grampeados na

minha frente e uma idêntica na frente de Rowena, arrancando-me de meus

pensamentos. —O que é isto?—

—Hm, sua prova final—, disse Rowena, rolando seus olhos. —Deixe-me

adivinhar. Você não se lembra disso também? Ou eu me oferecendo para

estudar com você?—

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—Deve ter sido um dia em branco para mim—, eu murmurei, virando

desconfortavelmente as páginas.

A expressão de repreensão de Rowena se transformou para uma de compaixão,

mas qualquer coisa que ela poderia ter tido foi engolida pela ordem do nosso

professor de ficar quieto e trabalhar. Eu encarei a prova e me perguntei se eu

poderia trapacear através disso. Parte do que me arrancou da cama e levou de

volta à faculdade era saber o quanto educação significava para Sydney. Ela

sempre teve inveja da oportunidade que eu tinha, uma oportunidade que seu pai

controlador babaca negou a ela. Quando eu percebi que eu não conseguiria

achá-la de imediato – e acredite em mim, eu tentei de vários jeitos mundanos,

junto com os mágicos – eu resolvi consigo mesmo que eu seguiria em frente e

fazer o que ela gostaria: terminar esse semestre de faculdade.

Admito, eu não tenho sido o aluno mais dedicado. Já que a maioria das minhas

aulas era do tipo de arte introdutória, meus professores normalmente ficavam

tranquilos sobre dar créditos desde que você entregasse algo. Isso era sorte

minha porque —algo— era provavelmente a descrição mais legal para algumas

peças horríveis que criei recentemente. Eu sustentei uma nota passável –

raspando – mas essa prova talvez me derrube. Essas questões eram tudo ou

nada, certo ou errado. Eu não poderia apenas enrolar um desenho ou pintura e

esperar por pontos por esforço.

Enquanto eu começava a fazer minhas melhores tentativas em responder as

perguntas sobre desenho de contorno e paisagens desconstruídas, eu senti as

beiradas sombrias da depressão me puxando para baixo. E não era apenas

porque eu iria provavelmente reprovar nessa matéria. Eu também iria falhar com

Sydney e suas altas expectativas para comigo. Mas sério, o que era uma matéria

quando eu já tinha falhado com ela em tantas outras maneiras? Se nossas

posições estivessem trocadas, ela provavelmente já teria me encontrado por

agora. Ela era mais esperta e engenhosa. Ela poderia fazer de forma

extraordinária. Eu não podia nem cuidar do ordinário.

Entreguei a prova uma hora depois e esperei que eu não tivesse desperdiçado

um semestre inteiro no processo. Rowena tinh terminado cedo e estava me

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esperando do lado de fora da sala. —Você quer comer alguma coisa?— ela

perguntou. —Por minha conta—.

—Não obrigado. Eu tenho que encontrar meu primo—.

Rowena me fitou com cautela. —Você não está dirigindo, não é?—

—Estou sóbrio agora, muito obrigado—, eu disse a ela. —Mas se lhe faz sentir

melhor, não, eu vou pegar o ônibus—.

—Então acho que é isso, hein? Último dia de aula—.

Eu acho que era, eu me dei conta. Eu tinha outras duas matérias, mas esta era

a única com ela. —Tenho certeza que iremos nos ver de novo—, eu disse

valentemente.

—Espero que sim—, ela disse, olhos cheios de preocupação. —Você tem o meu

número. Ou pelo menos costumava ter. Estarei por aqui este verão. Ligue para

mim ou Cassie se você quiser sair… ou se tiver alguma coisa que você queria

conversar… eu sei que você teve algumas coisas duras para lidar

ultimamente…—

—Já lidei com coisas mais duras—, menti. Ela não sabia metade, e não tinha

como ela saber, não como uma humana comum. Eu sabia que ela imaginava

que Sydney havia terminado comido, e que tinha me matava ver a pena de

Rowena. Eu mal poderia corrigi-la no entanto. —E eu definitivamente vou entrar

em contato, então é melhor você ficar do lado do seu telefone. Vejo você por aí,

Ro—.

Ela me deu um aceno vago enquanto eu andava em direção à parada de ônibus

mais próxima do campus. Não era assim tão distante, mas eu me encontrei

suando no momento em que eu chegava. Era maio em Palm Springs, e nossa

primavera fugaz estava sendo pisoteada no solo pelo quente e sufocante verão

se aproximando. Pus os óculos de sol de volta enquanto esperava e tentei

ignorar o casal de hipsters fumando ao meu lado. Cigarros, pelo menos, era um

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vício que eu não tinha retornado desde que Sydney partiu, mas era difícil às

vezes. Muito difícil.

Para me distrair, abri minha mochila e espiei dentro para uma pequena estátua

de um dragão dourado. Pousei minha mão nas suas costas, sentindo suas

escalas minúsculas. Nenhum artista poderia ter criado um trabalho de arte tão

perfeito porque ele na verdade não era uma escultura. Ele era um dragão de

verdade – bem, uma callistana, para ser preciso, que era um tipo de demônio do

bem – que Sydney tinha invocado. Ele tinha se conectado a ela e a mim, mas

apenas ela tinha a habilidade de transformá-lo entre suas formas vivas e

petrificadas. Infelizmente para Hopper aqui, ele tinha sido preso neste estado

quando ela foi sequestrada, significando que ele estava aprisionado nisso. De

acordo com a mentora mágica de Sydney, Jackie Terwilliger, Hopper

tecnicamente ainda estava vivo, mas vivendo em uma existência bem miserável

sem comida e atividade. Eu o levava para todos os lugares a que ia e não sabia

se ter contato comigo significava alguma coisa para ele. O que ele realmente

precisava era de Sydney, e eu não poderia culpá-lo. Eu precisava dela também.

Eu estava dizendo a verdade para Rowena: eu estava sóbrio agora. E isso era

de propósito. A longa viagem de ônibus pela frente me dava a oportunidade

perfeita para procurar Sydney. Mesmo que eu não tentasse mais alcançá-la em

seus sonhos com tanta voracidade como uma vez tinha, eu ainda tentava ficar

sóbrio algumas vezes por dia para procurar. Assim que o ônibus estava se

movendo e eu estava confortável no meu assento, eu convoquei a mágica do

espírito dentro de mim, exaltando brevemente na forma gloriosa que ela me fazia

sentir. Era uma emoção de dois gumes no entanto, uma que estava temperada

com o conhecimento que o espírito devagar iria me levar à insanidade.

Insanidade é uma palavra tão feia, uma voz na minha cabeça disse. Pense nisso

como obter uma nova visão da realidade.

Eu estremeci. A voz na minha cabeça não era minha consciência ou nada

parecido. Era minha Tia Tatiana morta, antiga rainha dos Moroi. Ou, bem, era o

espírito me fazendo alucinar sua voz. Eu costumava ouvi-la quando meu humor

caía para lugares baixos específicos. Agora, desde que Sydney foi embora, essa

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aparição da Tia Tatiana se tornou uma companhia recorrente. O lado positivo –

se você puder olhar para isso dessa forma – era que alguns dos efeitos colaterais

do espírito se tornaram menos frequentes. Era como se a loucura do espírito

tivesse mudado de forma. Era melhor ter conversas mentais com uma parente

morta imaginária do que estar sujeito à mudanças de humor descontroladamente

dramáticas? Eu honestamente não tinha certeza.

Vá embora, eu falei para ela. Você não é real. Além do mais, está na hora de

procurar por Sydney.

Uma vez que eu tinha me ligado à magia, eu alonguei meus sentidos, procurando

por Sydney – a pessoa que eu conhecia melhor que qualquer um nesse planeta.

Achar alguém dormindo que eu conhecia pouco seria fácil. Achá-la – se ela

estivesse dormindo – não teria sido esforço algum. Mas eu fiz contato nenhum e

eventualmente deixei a mágica ir. Ou ela não estava dormindo ou ainda estava

bloqueada de mim. Derrotado mais uma vez, encontrei um frasco de vodka na

minha mochila e me joguei nela enquanto eu esperava minha viagem para Vista

Azul.

Eu estava satisfeitamente tonto, cortado da minha mágica mas não do meu

coração partido, quando eu cheguei na Escola Preparatória de Amberwood. As

aulas tinham acabado de terminar pela tarde, e alunos em uniformes elegantes

estava se movendo de um lado para o outro entre os prédios, para estudar ou

dar amassos ou qualquer coisa que alunos de ensino médio faziam perto do final

do período. Eu caminhei para o dormitório das garotas e esperei do lado de fora

por Jill Mastrano Dragomir me achar.

Enquanto Rowena apenas supôs o que estava me incomodando, Jill sabia

exatamente quais eram meus problemas. Isto era porque Jill de quinze anos

tinha o —benefício— de ser capaz de ver na minha mente. Ano passado, ela

tinha sido alvo de assassinos querendo destronar sua irmã, quem por acaso era

a rainha dos Moroi e uma grande amiga minha. Tecnicamente, aqueles

assassinos tivera êxito, mas eu trouxe Jill de volta através de mais habilidades

extraordinárias de espírito. Essa façanha de cura me deu uma enorme baqueada

em mim e também forçou um laço psíquico que deixava Jill saber meus

Page 20: Bloodlines 05 - Sombras Prateadas - Richelle Med

pensamentos e sentimentos. Eu sabia que minha recente crise de depressão e

bebedeira tinham sido duros com ela – apesar que pelo menos a bebida

adormecia a conexão alguns dias. Se Sydney estivesse por perto, ela teria me

repreendido por ter sido egoísta e não pensado nos sentimentos de Jill. Mas

Sydney não estava por perto. O peso da responsabilidade pesava somente em

mim, e eu não era forte o suficiente para suportá-lo, parece.

Três ônibus de transporte do campus vieram e foram, e Jill não estava em

nenhum deles. Este era nosso usual dia da semana para ficar juntos, e eu fiz

questão para continuar com isso, mesmo que eu não conseguisse continuar com

mais nada. Eu peguei meu telefone e mandei uma mensagem para ela: Ei, estou

aqui. Está tudo bem?

Nenhuma resposta veio, e uma ponta de preocupação começou a percorrer em

mim. Depois da tentativa de assassinato, Jill foi mandada para cá para se

esconder entre humanos em Palm Springs porque o deserto não era um lugar

que nem nosso povo nem os Strigoi – maus, vampiros morto-vivos – gostariam

de estar. Os Alquimistas – uma sociedade secreta de humanos obcecados em

deixar humanos e vampiros longes um do outro – mandaram Sydney como uma

conexão para terem certeza que as coisas ocorressem com suavidade. Os

Alquimistas queriam ter certeza que os Moroi não mergulhassem em uma guerra

civil, e Sydney fez um bom trabalho em ajudar Jill através de todos os tipos de

altos e baixos. Onde Sydney tinha falhado, todavia, era ter se envolvido

romanticamente com um vampiro. Isso meio que foi contra os procedimentos

operacionais dos Alquimistas de humanos e vampiros ficarem longe um dos

outros, e os Alquimistas responderam brutal e eficientemente.

Mesmo depois de Sydney ter ido embora e sua substituta caradura, Maura, ter

chegado, as coisas continuaram relativamente calmas para Jill. Não tem tido

sinal algum de perigo de tipo algum, e nós até tínhamos indícios que ela poderia

retornar à banal sociedade Moroi uma vez que seu período escolar terminasse

no próximo mês. Esse tipo de desaparecimento era fora de sua personalidade,

e quando eu não recebi uma resposta de texto dela, eu mandei uma para Eddie

Castile.

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Enquanto Jull e eu éramos Moroi, ele era um dhampir – uma raça nasica da

mistura de sangue humano e vampiro. Sua espécie treinava para serem nossos

defensores, e ele era um dos melhores. Infelizmente, suas formidáveis

habilidades de batalha não foram suficientes quando Sydney o enganou para se

separarem quando os Alquimistas vieram atrás dela. Ela o tinha feito para salvá-

lo, sacrificando a si mesma, e ele não queria superar isso. Essa humilhação tinha

matado a ignição de romance entre ele e Jill porque ele não se sentia mais

merecedor de uma princesa Moroi. Ele ainda obedientemente servia como seu

guarda-costas, no entanto, e eu sabia que se alguma coisa tivesse acontecido

com ela, ele seria o primeiro a saber.

Mas Eddie não respondeu minha mensagem também, e nem os outros dois

dhampirs que trabalhavam à paisana como seus protetores. Isso era estranho,

mas eu tentei me assegurar que o silêncio de rádio de todos eles provavelmente

significava que eles se distraíram juntos e estavam bem. Jill aparecia logo.

O sol estava me incomodando de novo, então eu caminhei em volta do prédio e

encontrei outro banco que estava fora do caminho e encoberto pelas palmeiras.

Eu me fiz confortável nele e logo adormeci, ajudado por ter ficado fora até tarde

no bar ontem à noite e por ter terminado meu frasco de vodka. Um murmúrio de

vozes me acordoi mais tarde, e eu vi que o sol tinha se movido

consideravelmente no céu acima de mim. Também acima de mim estavam os

rostos de Jill e Eddie, assim como dos nossos amigos Angeline, Trey, e Neil.

—Hey—, eu resmunguei, tentando me levantar. —Onde vocês estavam?—

—Onde você estava?— Eddie perguntou severamente.

Os olhos verdes da Jill suavizaram quando ela olhou para mim. —Está tudo bem.

Ele esteve aqui o tempo todo. Ele esqueceu. Compreensível já que… bem, ele

está passando por um período duro—.

—Esqueci o quê?— perguntei, olhando desconfortavelmente de rosto a rosto.

—Não importa—, Jill disse evasivamente.

Page 22: Bloodlines 05 - Sombras Prateadas - Richelle Med

—O que eu esqueci?— eu exclamei.

Angeline Dawes, uma das protetoras dhampir de Jill, provou ser como sempre a

voz sem rédeas. —A exposição de final de período da Jill—.

Eu encarei em branco, e depois tudo voltou para mim. Uma das atividades

extracurriculares de Jill era projeto de moda e clube de costura. Ela começou

como modelo, mas quando isso provou ser muito público e perigoso para sua

posição, ela recentemente tentou colocar sua mão em projetar atrás das telas –

e descobriu que era muito boa nisso. Ele esteve falando no último mês sobre um

grande show e exibição que seu grupo estava fazendo como seu projeto final, e

era bom vê-la toda animada sobre algo de novo. Eu sabia que ela estava

machucada sobre Sydney também, e com minha depressão transferida e seu

romance arruinado com Eddie, ela vivia sob uma nuvem tão negra quanto a

minha. Este show e a chance de mostrar seu trabalho têm sido um ponto

brilhante para ela – pequeno no grande esquema de coisas, mas

monumentalmente importante na vida de uma garota adolescente que precisava

de alguma normalidade.

E eu estraguei tudo.

Pedaços de conversas voltavam para mim agora, ela me dizendo o dia e a hora,

e eu prometendo que eu viria e a apoiaria. Ela até fez um ponto de me lembrar

na última vez que eu a vi essa semana. Eu anotei o que ela disse e então saí

para celebrar a Terça-feira da Tequila em um bar perto do meu apartamento.

Dizer que seu show escapuliu da minha mente era pouco.

—Droga, desculpe-me, Jailbait. Eu tentei mandar mensagem…— eu levantei

meu telefone para mostrar para eles, exceto que foi meu frasco de vodka que eu

peguei ao invés. Eu rapidamente enfiei de volta na mochila.

—Nós tivemos de desligar nossos telefones durante o show—, Neil explicou. Ele

era o terceiro dhampir no grupo, uma recente adição para Palm Springs. Ele

subiu no meu conceito com o tempo, talvez porque ele estava sofrendo com seu

próprio coração partido. Ele estava de pernas pro ar por uma garota dhampir que

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sumiu da face da terra, mas ao contrário de Sydney, o silêncio de Olive Sinclair

era mais capaz de ser de bagagem pessoal e não sequestro Alquimista.

—Bem… então como foi?— Eu tentei. —Aposto que suas coisas foram incríveis,

certo?—

Eu me senti incrivelmente estúpido, eu mal conseguia aguentar. Talvez eu não

poderia lugar contra o que os Alquimistas fizeram com Sydney. Talvez eu não

pudesse me preparar para uma prova. Mas pelo amor de deus, eu poderia no

mínimo ter sido capaz de aparecer em um show de moda de uma garota! Tudo

que eu tinha de fazer era aparecer, sentar lá, e aplaudir. Eu falhei até nisso, e o

peso disso estava de repente pesando. Uma névoa negra encheu minha mente,

me puxando para baixo, me fazendo odiar tudo e todos – eu próprio acima de

tudo. Não era mistério que eu não conseguiria salvar Sydney. Eu nem conseguia

cuidar de mim mesmo.

Você não precisa, Tia Tatiana sussurrou na minha mente. Eu vou cuidar de você.

Uma fagulha de compaixão apareceu nos olhos de Jill quando ela sentiu o humor

negro aparecendo. —Foi ótimo. Não se preocupe – nós vamos lhe mostrar as

fotos. Eles tinham um fotógrafo profissional fazendo tudo, e vai aparecer online—

.

Eu tentei engolir a escuridão e consegui dar um sorriso tenso. —Satisfeito por

ouvir isso. Bem, que tal nós todos sairmos e celebrar então? Jantar por minha

conta—.

O rosto de Jill despencou. —Angeline e eu vamos comer com um grupo de

estudo. Quer dizer, talvez eu possa cancelar. As provas estão a um mês de

distância, então eu sempre posso–—

—Esqueça—, eu disse, ficando de pé. —Alguém nesse laço precisa estar

preparado para provas. Vá se divertir. Eu encontro você depois—.

Ninguém tentou me impedir, mas Trey Juarez logo acompanhou seu passo com

o meu. Ele era talvez o membro mais estranho do nosso ciclo: um humano que

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uma vez tinha sido parte de um grupo de caçadores de vampiros. Ele quebrou

laços com eles, tanto por causa que eles eram maníacos e porque ele se

apaixonou – contra toda a razão – por Angeline. Esses dois eram os únicos no

nosso pequeno grupo com alguma semelhança de vida amorosa feliz, e eu sabia

que eles tentavam amenizar para o resto de almas miseráveis nossas.

—E como exatamente você vai chegar em casa?— perguntou Trey.

—Quem disse que estou indo para casa?— repliquei.

—Eu. Você não tem motivo nenhum para sair e festejar. Você está horrível—.

—Você é a segunda pessoa a me dizer isso hoje—.

—Bem, então, talvez você deveria começar a escutar—, ele disse, me

conduzindo em direção ao estacionamento de estudantes. —Vamos lá, eu

dirijo—.

Era uma oferta fácil para ele fazer porque ele era meu colega de casa.

As coisas não começaram desse jeito. Ele era um interno em Amberwood,

vivendo na escola com os outros. Seu ex-grupo, os Guerreiros da Luz, tinha as

mesmas manias que os Alquimistas tinham sobre humanos e vampiros

interagindo. Enquanto os Alquimistas lidavam com isto cobrindo a existência de

vampiros de humanos comuns, os Guerreiros tinham uma abordagem mais

selvagem e caçavam vampiros. Eles alegavam que iam apenas atrás de Strigoi,

mas eles não eram amigos de Moroi ou dhampirs também.

Quando o pai de Trey descobriu sobre Angeline, ele tomou uma abordagem

diferente do pai da Sydney. Ao invés de sequestrar seu filho e fazê-lo

desaparecer sem um rastro, Sr. Juarez simplesmente deserdou Trey e cortou

todos seus financiamentos. Felizmente para Trey, as mensalidades escolares já

estavam pagas até o final do ano escolar. Alojamento e alimentação não estava,

e então o alojamento de Amberwood despejou Trey há alguns meses. Ele

apareceu na entrada da minha porta, oferecendo para pagar aluguel com seu

salário escasso da cafeteria para que ele pudesse terminar o ensino médio em

Page 25: Bloodlines 05 - Sombras Prateadas - Richelle Med

Amberwood. Eu o recebi e recusei o dinheiro, sabendo que era o que Sydney

teria desejado. A minha única condição tinha sido que eu nunca, nunca chegasse

em casa e o encontrasse se agarrando com Angelina em meu sofá.

—Sou podre—, eu disse, após vários minutos de silêncio desconfortável no

nosso trajeto.

—Isso é algum tipo de piada de vampiro?— perguntou Trey.

Eu lhe lancei um olhar. —Você sabe o que eu quero dizer. Eu estraguei tudo.

Ninguém pede muito de mim. Não mais. Tudo que eu precisava fazer era me

lembrar de ter ido ao show de moda dela, e eu estraguei.

—Você tem um monte de porcaria acontecendo—, ele disse diplomaticamente.

—Assim como totó mundo. Diabos, olhe para você. Toda a sua família nega sua

existência e fizeram o que podiam para expulsá-lo da escola. Você achou uma

solução alternativa, manteve suas notas e esportes, e conseguiu pegar uma

bolsa de estudos no processo—, eu suspirei. —Enquanto isso, eu talvez tenha

reprovado na matéria de arte introdutória. Em algumas delas, na verdade, se eu

tiver mais provas aparecendo essa semana – o que parece provável. Eu nem ao

menos sei—.

—Sim, mas eu ainda tenho Angeline. E isso compensa aguentar todas as outras

porcarias. Enquanto você…— Trey não conseguiu terminar, e eu vi o flash de

dor em seus traços bronzeados.

Meus amigos aqui em Palm Springs sabiam sobre Sydney e eu. Eles eram os

únicos no mundo Moroi (ou no mundo humano que encobriam o Moroi) que

sabiam sobre nosso relacionamento. Eles se sentiram mal pelo o que aconteceu

pelo meu bem e pelo dela. Eles amavam Sydney também. Não como eu amava,

claro, mas ela era o tipo de pessoa que era leal ao extremo e inspirava laços

profundos em seus amigos.

—Eu sinto falta dela também—, Trey disse suavemente.

—Eu deveria ter feito mais—, eu disse, me remexendo em meu assento.

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—Você fez demais. Mais do que eu poderia ter pensado em fazer. E não apenas

entrar em sonhos. Quero dizer, você incomodou o pai dela, pressionou os Moroi,

fez a vida um inferno para aquela garota Maura… você esgotou tudo—.

—Eu sou muito bom em ser irritante—, admiti.

—Você apenas foi de encontro a uma parede, só isso. Eles são apenas muito

bons em manter sua prisão secreta. Mas eles irão falhar, e você estará lá para

encontrar essa falar. E eu estarei bem ao seu lado. Assim como o resto de nós—

.

A conversa de animação era incomum para ele, mas não me alegrou em nada.

—Eu não sei como eu irei encontrar essa falha—.

Os olhos de Trey se arregalaram. —Marcus—.

Balancei minha cabeça. —Ele esgotou suas pistas também. Eu não tenho o visto

há um mês—.

—Não—. Trey apontou enquanto ele estacionava o carro no meu prédio. —Ali.

Marcus—.

Com certeza. Ali, sentado nas escadas da frente do meu prédio, estava Marcus

Finch, o ex-Alquimista rebelde que tinha encorajado Sydney a pensar por si

própria e que esteve tentando – futilmente – localizá-la para mim. Eu tinha a

porta aberta antes mesmo de Trey parar o carro.

—Ele não estaria aqui pessoalmente se não tivesse novidades—, eu disse

animado. Pulei do carro e corri através da grama, minha letargia anterior

substituída por um novo senso de propósito. Era isso. Marcus tinha conseguido.

Marcus tinha achado respostas.

—O que foi?— eu demandei. —Você a encontrou?—

—Não exatamente—. Marcus ficou de pé e alisou seu cabelo loiro. —Vamos

entrar e conversar—.

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Trey estava quase não ansioso quanto eu quando enfiamos Marcus para dentro

da sala de estar. Nós o encaramos com posturas espelhadas, braços cruzadas

sobre nossos peitorais. —Então?— perguntei.

—Consegui uma lista de locais que podem estar sendo usadas como instalações

base de reeducação—, Marcus começou, não parecendo nada entusiasmado

quanto deveria para notícias como essa. Eu apertei seu braço.

—Isso é maravilhoso! Nós vamos começar a checa-las e–—

—Existem trinta delas—, ele interrompeu brucamente.

Deixei cair minha mão. —Trinta?—

—Trinta—, ele repetiu. —E nós não sabemos exatamente onde elas estão—.

—Mas você disse–—

Marcus levantou uma mão. —Deixe-me explicar tudo primeiro. Então aí você

poderá falar. Essa lista que minhas fontes conseguiram é de cidades nos

Estados Unidos que os Alquimistas estavam patrulhando para reeducação e

alguns outros centros de operação. É de vários anos atrás, e enquanto minhas

fontes confirmam que eles construíram de fato seu centro de reeducação atual

em uma cidade da lista, nós não sabemos com certeza em qual delas eles

acabaram escolhendo – ou mesmo onde nessas localidades eles escolheram.

Há maneiras de descobrir? Claro, e eu conheço pessoas que podem começar a

vasculhar. Mas nós teremos que fazer de uma forma cidade-por-cidade, e cada

uma vai levar um tempo—.

Toda esperança e entusiasmo que eu tinha sentido ao ver Marcus foram

aniquilados e sumiram. —E deixe-me adivinhar: ‘Um tempo’ é alguns dias?—

Ele fez uma careta. —Será caso por caso, dependendo das dificuldades da

procura em cada cidade. Talvez demore alguns dias para riscar uma da lista.

Talvez demore algumas semanas—.

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Eu não imaginava que eu poderia me sentir pior do que eu sentia sobre a prova

e Jill, mas aparentemente eu estava errado. Eu me joguei no sofá, derrotado. —

Algumas semanas vezes trinta. Isso poderia ser mais de um ano—.

—A não ser que tenhamos sorte e ela esteja em uma das primeiras cidades em

que procurarmos—. Eu poderia dizer que nem ele achava que isso era possível,

no entanto.

—Sim, bem, ‘sorte’ não tem sido bem a maneira que eu descreveria como as

coisas têm sido para nós—, eu mencionei. —Não vejo por que isso deveria

mudar agora—.

—É melhor do que nada—, disse Trey. —É a primeira pista real que nós

tivemos—.

—Eu preciso encontrar o pai dela—, eu murmurei. —Eu preciso encontrá-lo e

compelir o inferno para fora dele para que ele me diga onde ela está—. Todas

as tentativas de localizar Jared Sage se provaram infrutíferas.

Eu tinhaconseguido uma ligação de telefone e fui imediatamente desligado na

cara. Compulsão não funcionava muito bem pelo telefone.

—Mesmo que você conseguisse, ele provavelmente não saberia—, disse

Marcus. —Eles guardam segredos uns dos outros, exatamente pelo propósito

de se proteger contra confissões forçadas—.

—Então aqui estamos—. Eu me levantei e fui em direção à cozinha, pronto para

fazer um drinque. —Presos como estávamos antes. Busque-me daqui a um ano

quando vocês forem capazes de verificar que sua lista era um beco sem saída—

.

—Adrian–— Marcus começou, parecendo mais perdido do que jamais o tinha

visto. Ele normalmente era o garoto propaganda para convencido confiante.

A resposta de Trey era mais pragmática. —Sem mais drinques. Você já teve

muitas hoje, cara—.

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—Eu serei o juiz disso—, retruquei. Ao invés de realmente fazer um drinque, eu

acabei apenas pegando duas garrafas de licor aleatórias. Ninguém tentou me

impedir enquanto eu ia para meu quarto e batia a porta.

Antes de eu começar minha festa de um homem só, eu fiz outra tentativa de

alcançar Sydney. Não era fácil já que um pouco da vodka vespertina ainda

estava fazendo efeito, mas eu consegui uma tentativa de alcançar o espírito.

Como sempre, não tinha nada, mas a certeza de Marcus que ela estava nos

Estados Unidos me fez querer tentar. Era início de noite na Costa Leste, e eu

precisava conferir, somente no caso de ela ter decidido dormir cedo.

Aparentemente não.

Assim quando eu me perdi nas garrafas, desesperadamente precisando arrancar

tudo. Faculdade. Jill. Sydney. Eu não achava que era possível se sentir tão para

baixo, ter minhas emoções tão negras e tão profundas que não houvesse

maneira de elevá-las para qualquer tipo de sentimento construtivo. Quando as

coisas terminaram com Rose, eu imaginei que nenhuma perda pudesse ser tão

terrível. Eu estive enganado. Ela e eu nunca tivemos nada substancial. O que eu

tinha perdido com ela era possibilidade.

Mas com Sydney… com Sydney, eu tinha tudo – e perdi tudo. Amor,

compreensão, respeito. O sentimento que nós dois nos tornamos pessoas

melhores por causa um do outro e que poderíamos aguentar qualquer coisa

desde que estivéssemos juntos. Só que não estávamos mais juntos. Eles nos

arrancaram um do outro, e eu não sabia o que iria acontecer agora.

O centro vai permanecer. Essa era a linha que Sydney tinha pescado de —A

Segunda Vinda—, um poema de William Butler Yeats, para nós. De vez em

quando, no meus momentos mais sombrios, eu me preocupava que as palavras

originais do poema fossem mais adequadas: As coisas irão cair; o centro não vai

permanecer.

Eu bebi até o esquecimento, apenas para acordar no meio da noite com uma dor

de cabeça terrível. Eu me sentia nauseado também, mas quando cambaleei ao

banheiro, nada veio. Eu apenas me sentia miserável. Talvez fosse por causa da

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escova de cabelo da Sydney que ainda estava lá, me relembrando dela. Ou

talvez fosse por causa de eu ter pulado o jantar e não conseguir lembrar a última

vez que eu tinha tido sangue também. Sem mistério de eu estar em condições

tão ruins. Minha tolerância a álcool tinha fortalecido ao longo dos anos que eu

raramente me sentia doente por causa disso, então eu devia ter me ferrado

dessa vez. O mais espero teria sido começar a hidratar e tomar galões de água,

mas ao invés, eu dei boas-vindas o comportamento autodestrutivo. Voltei para o

meu quarto para outra bebida e consegui apenas me fazer sentir pior.

Minha cabeça e meu estômago se acalmaram perto do amanhecer, e eu

consegui algum tipo de sono irregular de volta a minha própria cama. Isso foi

interrompido algumas horas depois por uma batida na porta. Acho que foi até

suave, mas com os restos remanescentes da minha dor de cabeça, pareceu

mais uma marreta.

—Vá embora—, eu disse, espreitando com os olhos turvos a porta.

Trey meteu sua cabeça para dentro. —Adrian, tem uma pessoa aqui que você

precisa conversar—.

—Eu já ouvi o que Marcus Jovial tinha para falar—, e retruquei. —Eu já cansei

dele—.

A porta se abriu mais, e alguém passou Trey. Mesmo apesar do movimento fazer

minha cabeça girar, eu fui capaz de sentar e dar uma olhada melhor. Eu senti

meu queixo cair e me perguntei se eu estava alucinando. Não teria sido a

primeira vez. Normalmente, eu somente imaginava Tia Tatiana, mas esta pessoa

estava muito viva, bonita enquanto a luz do sol da manhã iluminava suas

esculpidas maçãs do rosto e cabelos loiros. Mas não tinha chance de ela estar

aqui.

—Mãe?— eu murmurei.

—Adrian—. Ela deslizou e se sentou ao meu lado na cama, tocando gentilmente

meu rosto. Sua mão parecia fria contra a milha pele febril. —Adrian, está na hora

de ir para casa—.

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Capítulo 03 Sydney

EU PODERIA PERDOAR OS ALQUIMISTAS com suas táticas de ajustar a visão

à luz porque uma vez que eu estava apta a ver razoavelmente bem novamente,

eles me ofereceram um banho.

A parede de minha cela abriu e uma jovem mulher me cumprimentou, parecia

ter 5 anos a mais que eu. Ela estava vestida com o tipo de terno inteligente que

os Alquimistas amam, com seus cabelos negros presos de forma firme em uma

elegante trança francesa. Sua maquiagem era impecável, e ela cheirava a

lavanda.

O lírio dourado em sua bochecha brilhou. Minha visão ainda não estava com sua

total capacidade, mas estando perto dela, fiquei totalmente ciente de meu atual

estado; não tinha tomado um banho de verdade há tempos e que minha troca de

roupa era para pouco mais que um trapo que você usaria para esfregar o chão.

—Meu nome é Sheridan,— ela disse friamente, não elaborando mais do que

isso, se esse era seu prenome ou sobrenome. Eu me perguntei se talvez ela

fosse uma das pessoas por trás da voz em minha cela. Eu tinha quase certeza

de que eles trabalhavam de forma rotatória, usando algum tipo de programa de

computador para sintetizar a voz e assim, ela soaria sempre como a mesma. —

Eu sou a atual diretora por aqui. Siga-me, por favor.—

Ela se voltou para o corredor em seus saltos de couro e eu a segui sem palavras,

não confiando em mim mesma para dizer algo, ainda. Apesar de que eu tivesse

certa liberdade de me movimentar em minha cela, eu também possuía certas

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limitações e não havia feito muitas caminhadas. Meus músculos rígidos

protestaram por conta das mudanças e eu me movimentei lentamente atrás dela,

um agonizante pé descalço por vez. Nós passamos por inúmeras portas sem

marcas pelo caminho e eu me questionei sobre o que elas possuíam. Mais celas

escuras e vozes metálicas? Nada parecia estar marcado como uma saída, o que

era a minha preocupação imediata. Não haviam também janelas ou alguma

indicação de como sair desse lugar.

Sheridan chegou ao elevador bem mais rápido que eu e esperou pacientemente

por mim. Quando nós duas estávamos dentro, nós subimos um andar e

emergimos em uma parede estéril similar as outras. Uma porta dava para o que

parecia com um banheiro de academia, com azulejos pelo chão e chuveiros

comunitários. Sheridan apontou para uma tenda que fornecia sabão e shampoo.

—A água ficará ligada durante cinco minutos, assim que você a abrir,— ela

avisou. —Então, use-a sabiamente. Haverá roupas esperando por você quando

terminar. Eu estarei no corredor.—

Ela saiu do vestiário, de forma a demonstrar uma oferta de privacidade, mas eu

sabia sem dúvidas que eu ainda estava sendo assistida. Eu perdi todas as

ilusões de modéstia a partir do momento em que entrei aqui. Eu comecei a me

despir do trapo quando eu notei um espelho na parede ao meu lado, e mais

importante, quem estava olhando de volta nele.

Eu sabia que eu estava em um estado ruim, mas vendo a realidade disso cara a

cara era uma experiência completamente diferente. A primeira coisa que me

prendeu foi o quanto de peso que eu havia perdido – irônico, considerando minha

obsessão de longa data com permanecer magra. Eu certamente atingi a meta,

atingi e passei totalmente dela. Eu passei de magra a desnutrida e, parecia mais

destacada não somente por conta do jeito que o trapo se pendurava em meu

corpo magro, mas também pela magreza de meu rosto. Aquele olhar vazio era

intensificado pelas sombras escuras embaixo de meus olhos e pela palidez no

resto de mim por conta da falta de sol. Parecia que eu havia acabado de me

recuperar de uma doença com risco de morte.

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Meu cabelo estava em um péssimo estado também. Qualquer tipo de trabalho

decente que eu pensei que estava fazendo ao lavar o cabelo no escuro se

comprovou uma piada. Os fios estavam fracos e oleosos, suspensos em tristes

e bagunçados aglomerados. Não havia dúvidas de que eu continuava loira, mas

a cor de meu cabelo estava bruta, em um estado bem mais escuro, por conta do

suor e da sujeira e, esfregar com uma toalhinha não faria isso tudo sair. Adrian

sempre disse que meu cabelo era como ouro e implicava comigo dizendo que

eu tinha uma auréola. O que ele diria agora?

Adrian não me ama pelo meu cabelo, eu pensei, observando meus olhos. Eles

estavam regulados e castanhos. Ainda os mesmos. Isso é tudo exterior. Minha

alma, minha aura, minha pessoa… essas são imutáveis.

Resolvida, eu comecei a me virar do reflexo quando eu percebi algo mais. Meu

cabelo estava mais longo que a última que eu o vi, pouco maior que 3cm. Apesar

de eu estar ciente de que minhas pernas precisavam ser raspadas, eu não tinha

senso nenhum de como meu cabelo estava, na cela. Agora, eu tentei lembrar do

quão rápido ele crescia. Mais ou menos 1,5cm por mês? Aquilo sugeria no

mínimo dois meses, talvez três se eu colocar na conta a pobre dieta que tive. O

choque foi mais horrível que minha aparência.

Três meses! Faz três meses que eles me pegaram, me drogando no escuro.

O que aconteceu com Adrian? Jill? Eddie? Uma vida poderia ter passado para

eles nestes três meses. Estariam eles seguros e bem? Será que eles ainda estão

em Palm Springs? Um novo pânico cresceu em mim e eu, ferrenhamente, tentei

acalmá-lo. Sim, muito tempo passou, mas eu não poderia deixar a realidade me

afetar. Os alquimistas estavam já estavam fazendo jogos mentais comigo o

suficiente sem que eu os ajude.

Mas ainda sim… Três meses.

Eu me livrei de minhas desculpas esfarrapadas por roupa e entrei na tenda,

fechando a cortina atrás de mim. Quando eu liguei a água e veio água quente,

era tudo o que eu não poderia fazer, abaixar no chão em êxtase. Eu me senti tão

fria pelos últimos três meses e agora aqui estava, todo calor que eu queria. Bem,

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não todo calor. Conforme eu ligava a temperatura em uma explosão total, eu

secretamente desejei que eu tivesse uma banheira e assim eu mergulharia

nesse calor. Ainda, esse chuveiro sozinho era glorioso, e eu fechei meus olhos,

suspirando com meu primeiro contentamento experimentado em tanto tempo.

Então, lembrando-me do aviso de Sheridan, eu abri meus olhos e encontrei o

shampoo. Eu o apliquei três vezes, esperando que fosse o suficiente para tirar o

pior da sujeira. Provavelmente levaria mais alguns banhos para ficar totalmente

limpo novamente. Após isso, eu ensaboei meu corpo com o sabonete até estar

esfoliada e rosada e cheirando vagamente a antisséptico, então fiquei parada

embaixo da água fumegante até que ela desligasse.

Quando saí, eu encontrei roupas dobradas ordenadamente em um banco. Elas

eram uniformes básicos, calças soltas e uma camisa que você veria pessoas

que trabalham hospitais – ou melhor encaixando -, prisioneiros estariam

vestindo. Marrons, claro, já que os alquimistas ainda possuíam seus níveis de

gostos para manter. Eles também me deram meias e um par de sapatos

marrons, eles estavam entre algo como sapatos de viagem e chinelos e eu não

estava surpresa de ver que eles eram exatamente do meu tamanho. Um pente

completava o conjunto de presente, nada extravagante, mas o suficiente para ter

uma aparência limpa. O reflexo que me foi revelado ainda não parecia bom,

exatamente, mas definitivamente tinha melhorado.

—Sentindo-se melhor?— perguntou Sheridan, com um sorriso que não atingia

seus olhos. Qualquer tipo de avanço que eu consegui com minha aparência

pareciam nada perto de sua aparência estilosa, mas me consolei com o

pensamento de que eu ainda tinha respeito próprio e a habilidade de pensar por

mim mesma.

—Sim—, Eu disse. —Obrigada.—

—Você irá querer isso também,— ela disse, me dando um pequeno cartão de

plástico. Tinha meu nome, um código de barras e uma foto de meus dias

melhores. Um pequeno clipe de plástico na parte de trás permitia que eu o

prendesse em meu colarinho.

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—Nós estamos tão felizes que você escolheu o caminho da redenção.

Verdadeiramente. Eu espero mais a frente lhe ajudar em sua jornada de volta

para a luz.—

O elevador nos levou para outro piso e uma nova sala, essa com um tatuador e

uma mesa. Todo e qualquer conforto que eu consegui com o banho quente se

esvaiu. Eles irão me re-tatuar? Claro que iriam. Por que ficar só na tortura física

e psicológica quando você pode adicionar o controle mágico?

—Nós só queremos retocar,— Sheridan explicou, animada. —Já que já faz

tempo.—

Fazia menos de um ano, na verdade, mas eu sabia o que ela e os outros queriam

fazer. As tatuagens dos alquimistas continham uma tinta com sangue de vampiro

encantado tecidos com feitiços de compulsão para reforçar a lealdade. Claro, a

minha não havia funcionado. Mágico ou não, compulsão era basicamente uma

sugestão muito forte, uma que poderia ser anulada se o desejo fosse forte o

suficiente. Eles provavelmente iriam redobrar a dose usual esperando me tornar

mais complacente, assim eu aceitaria qualquer retórica que eles iriam me

submeter.

O que eles não sabiam era que eu me preparei em alguns passos para me

proteger contra essa coisa. Antes de ter sido presa, eu criei uma tinta por mim

mesma – uma feita de magia humana, algo igualmente apavorante para os

alquimistas. De todas as informações que eu peguei, aquela mágica anulava

qualquer compulsão que se encontrasse nessa tinta derivada de vampiros. A

parte ruim era a que eu não tive a chance de injetar aquela tinta em minha

tatuagem, para assim eu ter uma camada de proteção extra. O que eu estava

contando agora era a reivindicação de uma bruxa que eu conheci, o fato de eu

praticar mágica poderia me proteger. De acordo com ela, dominar mágica

humana preenchia meu sangue e aquilo poderia reagir contra o sangue vampiro

na tatuagem alquimista. Claro, eu não tive a chance de praticar muitos feitiços

em um confinamento solitário e poderia agora esperar que o que eu já fiz tenha

deixado suas marcas permanentes em mim.

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—Seja uma de nós novamente—, Sheridan disse, assim que o tatuador picou a

agulha ao lado de meu rosto. —Renuncie todos os seus pecados e busque a

expiação. Junte-se a nossa batalha para manter os humanos livres da mácula

que são os vampiros e os dhampirs. Eles são criaturas malignas e não possuem

lugar na ordem natural.—

Eu fiquei tensa e não tinha nada a ver com a perfuração da agulha em minha

pele. E se o que me disseram estivesse errado? E se o uso da mágica não me

protegesse? E se, até agora, aquela tinta estivesse trabalhando em seu curso

pelo meu corpo, usando seu traiçoeiro poder para alterar meus pensamentos?

Esse era um dos meus maiores medos, ter minha mente adulterada. Eu de

repente tive dificuldade de respirar assim que a ideia me incapacitou com o

terror, fazendo com que o tatuador pausasse e me questionasse se eu estava

sentindo dor. Engolindo nada, eu sacudi minha cabeça e deixei que ele

continuasse, tentando esconder meu pânico.

Quando ele terminou, eu não achei que eu estava diferente. Eu ainda amava

Adrian e todos os meus amigos Morois e dhampirs. Aquilo era tudo? Ou será

que a tinta demorava para ter efeito? E se meu treino com mágica não me

protegesse, será que minha força de vontade seria o suficiente para me salvar?

Claro, eu ultrapassei a prévia rodada para retocar, mas será que eu faria

novamente?

Sheridan me escoltou para fora quando o tatuador me liberou, conversando

como se eu estivesse em um SPA e não sujeita a uma tentativa de controle

mental. —Eu sempre me sinto revigorada depois disso, você não?—

Era meio que inacreditável para mim, o fato de ela poder agir tão casualmente,

como se fossemos amigas que saíram para caminhar, quando ela e os outros

haviam me deixado passando fome e quase nua em uma cela escura por meses.

Ela esperava que eu estivesse tão grata pelo banho e pelas roupas quentes a

ponto de perdoar todo o resto? Sim, eu percebi momentos depois, ela claramente

gostaria. Havia uma razoável quantidade de gente que emergiram daquela

escuridão e estavam implorando por tudo e qualquer coisa para retornar ao seu

conforto ordinário.

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Conforme nós íamos para outro piso acima, eu percebi que minha cabeça se

sentia mais clara e meus sentidos mais aguçados do que estavam em meses.

Provavelmente por uma boa razão. Eles não estavam me sujeitando ao gás, não

com Sheridan por perto, então esse era como o primeiro ar puro que eu respirava

nesse tempo todo. Até agora, eu não havia percebido a absurda diferença que

tinha. Adrian poderia provavelmente me encontrar nos sonhos, mas isso teria

que esperar. No mínimo, eu poderia praticar mágica novamente, agora que meu

sistema não estava mais poluído e, esperançosamente, lutar contra qualquer

efeito da tatuagem. Achar um momento sem atenção para fazer isso parece ser

mais fácil de se dizer do que de se fazer, aliás.

O próximo corredor abriu, revelando estreitas camas dentro. Eu continuei

rastreando tudo que passávamos cada piso e sala, procurando por uma forma

de sair que parecia não existir. Sheridan me deixou dentro de um quarto com o

número 8 escrito do lado de fora.

—Eu sempre achei que o número oito era um número de sorte,— ela me disse.

—Rima com ótimo— (eight – great) ela apontou uma das duas camas na sala

para mim. —Essa é a sua—.

Por um momento, eu estava tão inerte com a ideia de ter uma cama para

observar maiores implicações. Não que ela parecesse muito confortável – mas

ainda sim. Estava longe do que era o chão de minha cela, mesmo com o colchão

duro e chapas finas feita de um material igual ao meu antigo trapo. Eu poderia

dormir nessa cama, sem questionamentos. Eu poderia dormir e sonhar com

Adrian…

—Eu tenho uma colega de quarto?— Eu perguntei, finalmente notando a outra

cama. Era difícil de dizer se o quarto já estava ocupado, já que não havia sinais

de utensílios pessoais.

—Sim, seu nome é Emma. Você poderá aprender muito com ela. Nós estamos

muito orgulhosos de seu progresso.— Sheridan saiu da sala, então

aparentemente nós não iríamos nos prolongar. —Vamos lá – você pode

conhecê-la agora. E os outros.—

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Um corredor ramificado a partir deste nos levou para o que pareciam salas de

aula vazias. Conforme nós nos avançávamos para o final do corredor, eu fiquei

ciente de algo que meus sentidos entorpecidos não experimentavam já há algum

tempo: o cheiro de comida. Comida verdadeira. Sheridan estava nos levando à

cafeteria. Uma fome que eu nunca imaginaria que eu tivesse possuiu meu

estômago apertado com uma quase dolorosa pontada. Eu havia me adaptado

tão bem a pobre dieta da prisão que eu levei meu corpo a se privar do estado

considerado normal. Só agora que eu percebi o quanto ansiava por algo que não

fosse cereal morno.

A cafeteria, tal como era, era só uma fração do tamanho da Amberwood. Possuía

cinco mesas, três estavam ocupadas com pessoas vestidas com largos

uniformes iguais ao meu. Essas, pelo que pareciam, eram minhas colegas

prisioneiras, todas com o lírio dourado. Havia doze pessoas, e pelo que parecia

eu era a décima terceira sortuda. Eu me questionei sobre o que Sheridan poderia

pensar disso. Os outros detentos eram de diferentes idades, sexos e etnias,

apesar de achar que todos eram americanos. Em algumas prisões, fazer com

que você se sentisse um forasteiro era parte do processo. Já que aqui o objetivo

era de nos trazer de volta ao campo, eles iriam preferir nos colocar com aqueles

possuíam a mesma cultura e língua – aqueles que aspiravam ser iguais, se nós

assim tentássemos o suficiente. Observando-os, me perguntei sobre suas

histórias, se algum deles poderiam se tornar aliados.

—Essa é Baxter,— disse Sheridan, assentindo em direção a um homem de rosto

severo em branco. Ele estava de pé em frente à uma janela que dava a visão de

cima da área de jantar e presumidamente era dali que a comida vinha. —Sua

comida é deliciosa. Eu sei que você vai amar, E essa é Addison. Ela supervisiona

o almoço e sua aula de artes.—

Não teria ficado claro para mim se Adisson era —ela—, se não fosse pela

introdução. Ela estava na casa de seus quarenta, ou no início dos cinquenta,

vestindo um terno mais formalista e menos estiloso do que o de Sheridan, e

estava parada contra a parede com olhos afiados. Ela mantinha seus cabelos

presos perto de sua cabeça e possuía um rosto fortemente angular, o que

parecia estar em desacordo com o fato dela estar mascando chiclete. O lírio

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dourado era seu único ornamento. Ela era de longe a última pessoa que eu

esperaria ter como professora de artes, o que me levou a outra compreensão.

—Eu tenho uma aula de artes?—

—Sim, é claro,— disse Sheridan. —Criatividade é muito terapêutica para reparar

uma alma.—

Havia um murmúrio leve quando entramos, um que parou completamente

quando os outros nos notaram. Todos os olhares, dos detentos e dos

supervisores, giraram em minha direção. E nenhum deles pareciam amigáveis.

Sheridan limpou a garganta, como se já não fossemos o centro das atenções. —

Pessoal? Nós temos um novo convidado que eu gostaria de apresentar a vocês.

Esta é Sydney. Sydney acabou de sair de seu tempo de reflexão e está ansiosa

para se juntar ao resto vocês em suas jornadas à purificação.—

Demorou um segundo para eu perceber que —tempo de reflexão— deveria ser

o que eles chamam meu solitário confinamento no escuro.

—Eu sei que será difícil para vocês aceita-la,— continuou Sheridan docemente.

—E eu não os culpo. Ela não apenas está muito, muito imersa em escuridão,

mas como também foi tentada da maneira mais profana: através do contato

íntimo e romântico com vampiros. Eu entendo se vocês não quiserem interagir

com ela e arriscarem se macular, mas eu espero que pelo menos a mantenham

em suas preces.— Sheridan virou aquele sorriso mecânico para mim —Eu a

verei mais tarde na hora da comunicação.—

Eu estava nervosa e difícil desde que saíra da cela, mas assim que ela se virou

para sair, pânico e medo de um novo tipo me atingiram. —Espera. O que eu

devo fazer?—

—Como, é claro.— Ela me olhou da cabeça aos pés. —A não ser que esteja

preocupada com o peso. É com você.—

Ela me deixou ali na silenciosa cafeteria, com todos aqueles olhos me

encarando. Eu havia saído de um inferno para outro. Eu nunca havia me sentindo

tão autoconsciente em minha vida, sendo exposta a esses estranhos e tendo

Page 40: Bloodlines 05 - Sombras Prateadas - Richelle Med

meus segredos revelados. Freneticamente, comecei a pensar em um curso de

ação. Qualquer coisa para me afastar dos olhares e um passo mais próximo de

sair daqui e voltar para Adrian. Coma, Sheridan disse. Como eu faria isso? Não

era como Amberwood, onde a secretaria atribuía aos alunos veteranos que

ajudassem os novos. Na verdade, Sheridan havia saído de seu caminho para

todos exceto desencoraja-los a me ajudar. Era uma tática brilhante, eu supus,

uma feita para que tentasse desesperadamente pela aprovação dos outros e

talvez ver em alguém como Sheridan como meu único —amigo—.

Pensar pela lógica dos Alquimistas me acalmou. Lógica e adivinhar quebra-

cabeças era algo com as quais eu poderia lidar. Okay. Se eles queriam eu me

provesse, então que seja. Olhei para longe dos outros detentos e me dirigi

diretamente para a janela, onde o chefe Baxter ainda usava uma careta. Parei a

sua frente com expectativa, esperando ser o suficiente. Não foi.

—Hm, com licença,— eu disse suavemente. —Eu posso…— qual refeição

Sheridan disse que era? Havia perdido a noção do tempo na solitária. —

…almoçar?—

Ele grunhiu em resposta e se virou, fazendo algo longe das minhas vistas.

Quando ele voltou para mim, segurava uma bandeja modestamente cheia.

—Obrigada— disse tirando-a dele. Conforme eu fiz, minha mão roço uma de

suas enluvadas. Ele exclamou em surpresa e um olhar de desgosto cruzou suas

feições. Cautelosamente, ele retirou a luva que eu tocara, jogou fora, e colocou

uma nova.

Eu fiquei boquiaberta por um momento, e então me virei com minha bandeja. Eu

nem ao menos tentei me relacionar com os outros e ao invés me sentei em uma

das mesas vazias. Muitos deles continuaram me encarando, mas alguns

voltaram as suas refeições e sussurros. Tentei não pensar no que eles falavam

de mim ao invés me foquei na minha comida. Havia uma pequena porção de

espaguete com molho vermelho parecendo ter vindo de uma lata, uma banana

e um litro de leite de 2 por cento. Antes de vir para cá, nunca teria tocado isso

em minha vida cotidiana. Eu faria um discurso sobre a gordura contida no leite e

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sobre como as bananas eram uma das frutas com as maiores taxas de açúcar.

Eu teria questionado a qualidade da carne e os conservantes no molho vermelho.

Todas essas manias haviam se esvaído, agora. Isso era comida. Comida

verdadeira. Não aqueles cereais sem sabor e sem consistência. Eu comi a

banana primeiro, quase sem parar para respirar, então tive que me segurar para

não acabar com o leite com um gole. Alguma coisa me dizia que Baxter não

deixava repetir. Eu estava mais cautelosa com o espaguete, apenas porque a

lógica me avisou de que meu estômago não poderia reagir muito bem à mudança

abrupta de dieta. Meu estômago discordou e quis que eu me empanturrasse e

lambesse a bandeja. Após o que eu estive comendo esses últimos meses, este

espaguete parecia ter vindo de algum restaurante gourmet da Itália. Eu fui salva

da tentação de comer tudo quando suaves badaladas soaram cinco minutos

depois. Como se fossem uma pessoa, todos os outros detentos se levantaram e

carregaram suas bandejas para uma grande caixa monitorada por Addison. Eles

limparam os restos de comida da bandeja e as empilharam ordenadamente em

um carrinho perto. Eu corri para fazer o mesmo e então os segui para fora da

cafeteria.

Após a reação de Baxter ao tocar minha mão, eu tentei poupar os detentos o

trabalho de estar próximos de mim e mantive uma distância respeitosa. Nós nos

apertamos no corredor estreito, entretanto, e as manobras de alguns deles para

evitarem se esbarrar em mim não seria cômico em nenhuma circunstância. Os

que não estavam próximos a mim saíram de seus caminhos para evitar contato

visual e fingir que eu não existo. Esses forçados a evitar contato fixaram olhares

frios em mim, e eu fiquei chocada em ouvir um sussurrar —Vadia—.

Eu me preparei para muitas coisas e eu esperava ser chamada de vários nomes,

mas este me pegou de guarda baixa. Eu estava surpresa o quanto incomodou.

Eu segui a multidão até uma sala e esperei até que todos estivessem sentados

nas carteiras, para que eu não escolhesse a errada. Quando eu finalmente

escolhi um assento vazio, as duas pessoas mais próximas de mim moveram

suas carteiras para longe. Eles provavelmente eram duas vezes a minha idade,

novamente dando aquela torcida ainda que triste, qualidade cômica. O

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Alquimista de terno liderando a aula ergue os olhos rapidamente de sua mesa

ao ouvir o movimento.

—Elsa, Stuart. Suas carteiras não são ai.—

Mortificados, os dois arrastaram suas carteiras de volta para suas fileiras como

se o amor dos Alquimistas pela ordem superasse o medo do mal. Pelos olhares

que Elsa e Stuart me lançaram, entretanto, era claro que eles estavam agora

adicionando a reprimenda à lista de pecados a qual eu era culpada.

O nome do instrutor era Harrison, novamente me fazendo indagar se era o

primeiro ou o último. Ele era um velho Alquimista com cabelos ralos brancos e

voz anasalada que eu logo aprendi estar aqui para nos ensinar sobre assuntos

correntes. Por um momento, eu me animei, achando que teria algum vislumbre

do mundo lá fora. Logo ficou claro para mim que isso era um olhar altamente

especializado em assuntos correntes.

—O que estamos vendo?— ele perguntou quando uma imagem macabra de

duas garotas com suas gargantas rasgadas apareceu numa tela gigante na

frente da sala. Muitas mãos ergueram-se, e ele escolheu aquele que subiu

primeiro. —Emma?—

—Ataque Strigoi, senhor.—

Eu sabia disso e estava mais interessada em Emma, minha colega de quarto.

Ela tinha a idade próxima da minha e sentou tão anormalmente reta em sua

carteira que eu tinha certeza de que ela teria problemas nas costas mais tarde.

—Duas garotas mortas do lado de fora de uma boate em São Petersburgo,—

Harrison confirmou. —Nenhuma delas tinha vinte ainda.— A imagem mudou

para outra ainda mais macabra, essa de um homem mais velho que obviamente

tivera seu sangue drenado. —Budapest.— Então outra imagem. —Caracas.—

Outra imagem. —Nova Scotia.— Ele desligou o projetor e passou a andar em

frente a sala. —Eu gostaria de dizer essas são do ano passado. Ou até mesmo

do mês passado. Mas temo não ser essa a verdade. Alguém quer arriscar um

palpite de quando elas foram tiradas?—

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A mão de Emma se ergueu. —Semana passada, senhor?—

—Correto, Emma. Estudos mostram que ataques de Strigois não tem diminuído

desde esta época ano passado. Há algumas evidências que podem estar

aumentando. Porque vocês acham isso?—

—Por que os Guardiões não estão caçando-os como deveriam estar?— Essa,

novamente, era Emma. Ai meu Deus, eu pensei, eu divido o quarto com a

Sydney Sage da reeducação.

—Essa é certamente uma teoria,— disse Harrison. —Guardiões estão mais

interessados em proteger os Moroi passivamente a perseguir os Strigois para o

bem de todos nós. Na verdade, quando sugestões foram feitas para aumentarem

seus números recrutando-os mais novos, os Moroi egoisticamente recusaram.

Eles aparentemente têm o suficiente para se considerarem salvos e não sentem

a necessidade de ajudar aos outros.—

Eu tive que morder minha língua. Eu sabia de um fato que não era verdadeiro.

Os Moroi estavam sofrendo baixo números de guardiões porque havia poucos

dhampirs. Dhampirs não podiam se reproduzir com outros dhampirs. Eles

haviam nascido numa época que Moroi e humanos se misturavam livremente, e

agora sua ração continuava através da mistura de Moroi e dhampirs, que sempre

resultava em crianças dhampir. Era um mistério genético até mesmo para os

Alquimistas. Eu sabia pelos meus amigos que a idade dos Guardiões era um

assunto quente no momento, um que a rainha Moroi Vasilisa, era dedicada a.

Ela estava lutando para que os dhampirs mantivessem seu pleno direito de se

tornarem guardiões até que tivesse dezoito anos, não por egoísmo, mas porque

ela achava que eles mereciam a chance de ter sua adolescência antes de saírem

e arriscarem suas vidas.

Eu sabia que agora não era a hora de compartilhar meu pensamento, entretanto.

Mesmo que eles soubessem, ninguém queria ouvir, e eu não poderia arriscar

contar. Eu precisava andar na linha e atuar como se estivesse a caminho da

redenção a fim de conseguir o máximo de privilégios que eu pudesse, por mais

doloroso que fosse ouvir Harrison seguir seu discurso.

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—Outro fator pode ser que os próprios Moroi estão auxiliando a aumentar a

população de Strigoi. Se você perguntar a eles, a maioria irá alegar que eles não

querem nada com os Strigoi. Mas podemos mesmo confiar nisso, quando eles

podem facilmente se transformar nesses monstros vis? É praticamente um

estado de evolução para os Moroi. Eles vivem ‘normalmente’ com crianças e

trabalhos, então quando a idade começa a se aproximar… bem, que conveniente

tomar um pouco mais das vítimas dispostas, ‘alegando’ ter sido um acidente… e

puf!— O número de aspas no ar que Harrison usou enquanto falava era

realmente surpreendente para acompanhar. —Eles se transformam em Strigoi,

imortais e intocáveis. Como não? Morois não são criaturas com força de vontade,

não como os humanos. Como essas criaturas podem resistir ao desejo de vida

eterna?— Harrison balançou a cabeça em uma tristeza simulada. —Por isso, eu

temo, é que a população de Strigoi não tem caído. Nossos tão chamados aliados

não estão exatamente ajudando.—

—Onde está a sua prova?—

A voz dissidente foi um choque para todos no ambiente – especialmente quando

eles viram que havia vindo de mim. Eu queria me bater e retirar as palavras de

volta. Eu mal havia saído da prisão por duas horas! Mas era tarde demais, e as

palavras haviam saído. Meu próprio interesse nos Moroi de lado, eu não

conseguia aguentar quando as pessoas postulavam especulação e

sensacionalismo como fatos. Os Alquimistas deveria saber, tendo me treinado

na arte da lógica.

Todos os olhares caíram em mim novamente, e Harrison veio até a frente da

minha carteira. —É Sydney, correto? Encantador tê-la em sala tão pouco após

sair de seu tempo de reflexão. É especialmente encantador ouvi-la falar tão cedo

a se juntar a nós. A maioria dos novatos espera seu tempo. Agora… você poderia

ter a gentileza de repetir o que acabou de dizer?—

Eu engoli, novamente me odiando por ter falado, mas era tarde demais para

mudar as coisas. —Eu perguntei onde estavam as suas provas, senhor. Seus

pontos são constrangedores e até soam razoáveis, mas se não temos provas

para sustenta-los, mas não somos mais do que monstros nós mesmos,

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espalhando mentiras e propaganda.—

Houve uma inspiração coletiva do restante dos detentos, e Harrison apertou os

olhos. —Eu vejo. Bem, então, vocêtem alguma explicação sustentada por

‘provas’?— Mais aspas no ar.

Porque, porque, porque eu não podia simplesmente ficar quieta?

—Bem, senhor,— eu comecei suavemente. —Mesmo se houvesse o tanto de

dhampiros guardiões quanto há de Strigois, eles não seriam equilibrados. Strigoi

são quase sempre mais fortes e mais rápidos, e enquanto alguns dhampirs

façam mesmo algumas mortes sozinhas, frequentemente eles precisam caçar

Strigoi em grupos. Quando você olha para a real população dhampir, você vê

que não há comparação a população Strigoi. Dhampiros excedem em números.

Eles não são capazes de se reproduzirem facilmente como os Moroi e humanos

– e Strigoi, se você quiser chamar dessa forma.—

—Bem, do que eu entendo,— disse Harrison, —você é uma expert em

reprodução Moroi. Talvez você pessoalmente esteja interessada em aumentar o

número dos dhampirs você mesma, sim?—

Risadinhas soaram pela sala, e eu me vi corando apesar de mim mesma. —Essa

não era a minha intenção aqui, senhor, de maneira alguma. Só estou dizendo,

se nós vamos analisar criticamente as razões –—

—Sydney,— ele interrompeu, —temo que nós não iremos analisar nada, já que

está óbvio de que você não está totalmente pronto para participar com o resto

de nós.—

Meu coração parou. Não. Não, não, não. Eles não podiam me mandar de volta

para a escuridão, não quando eu havia acabado de sair.

—Senhor –—

—Eu acho,— ele continuou, —que um pouco de purificação pode deixa-la melhor

para participar com o resto de nós.—

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Eu não tinha ideia do que isso significava, mas dois homens corpulentos em

ternos subitamente entraram na sala, que deveria estar sob vigilância. Tentei

outro protesto para Harrison, mas os homens rapidamente me escoltaram para

fora da sala antes que eu pudesse fazer um apelo ao meu instrutor. Então eu

tentei argumentar com os escudeiros ao invés, falando sobre como claramente

ouve um mal entendido e como se eles apenas me dessem uma segunda

chance, resolveríamos isso. Eles se mantiveram quietos e inexpressivos,

entretanto, e meu estômago caiu ao prospecto de ser trancada novamente. Eu

havia sido tão condescendente sobre o que eu via ser jogos mentais com

conforto dos Alquimistas que eu não havia percebido o quanto havia me tornado

dependente deles. O pensamento de ser despida da minha dignidade e

necessidades básicas novamente era quase demais para suportar.

Mas eles apenas me levaram um andar abaixo desta vez, não de volta ao nível

das celas. E a sala a qual eles me levaram era dolorosamente iluminada, com

um grande monitor na frente da sala e uma grande poltrona com algemas.

Sheridan estava perto, parecendo serena como sempre… e ela brandia uma

agulha.

Não era uma agulha de tatuador também. Era uma coisa grande e de aparência

perversa, o tipo que você usa para injeções médicas. —Sydney,— ela disse

docemente, enquanto os homens me prendiam à poltrona. —Que vergonha eu

ter que vê-la tão cedo.—

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Capítulo 04 Adrian

EU TINHA TANTAS PERGUNTAS para fazer a minha mãe que ficava difícil de

saber por onde começar. Provavelmente a mais importante seria o que ela

estava fazendo aqui, pois pelo que sabia, ela estava cumprindo pena em uma

prisão Moroi por falso testemunho e dificultar a investigação de assassinato.

- Nós teremos mais tempo para falar depois, – ela insistiu. – Agora nós temos

um voo para embarcar. Garoto humano, você pode achar para nós uma mala?

- Seu nome é Trey, – eu disse. – E ele é meu colega de quarto, não meu criado

particular. – Eu cambaleei para meu armário e puxei a mala. Eu havia trazido

quando estive pela primeira vez em Palm Springs. Minha mãe tomou de mim e

começou a guardar meus pertences no quarto, como se eu tivesse oito anos

novamente.

- Você está indo embora? – Trey perguntou, parecendo mais confuso do que eu.

- Acho que sim. – Eu pensei um pouco mais, e de repente, parecia realmente

uma ótima ideia. Por que eu continuava aqui, me torturando em um deserto?

Sydney havia ido embora. Jill estava progredindo rapidamente, aprendendo a

me bloquear pelo laço, graças às minhas recentes atitudes extremas. Além

disso, ela estaria partindo no próximo mês também. – Sim, – eu disse mais

confiante. – Eu definitivamente estou indo. Já está pré-pago para o período do

outono. Você pode ficar.

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Eu precisava ficar longe desse lugar e das memórias de Sydney. Ela estava em

todos os lugares que olhava, não somente neste apartamento, mas também em

Amberwood e até em Palm Springs de forma geral. Todo lugar me trazia uma

imagem dela, e apesar de não ter desistido de encontrá-la, eu continuaria a

buscar em um lugar que não me causasse tanta dor. Talvez esse fosse o novo

início que eu precisava.

Isso… e minha mãe estava de volta! Eu sentia profundamente sua falta, era

diferente da forma que eu sentia a falta de Sydney, e tive quase nenhum contato.

Minha mãe não queria que eu a procurasse em seus sonhos, e meu pai não

entregaria minhas cartas. Eu estava preocupado sobre como Daniella Ivashkov

sobrevivera em uma prisão, mas vendo-a agora, ela não parecia ter sido afetada

por isso. Ela parecia elegante como sempre, bem vestida e bem feita, se

movendo pela minha sala com aquela autoridade única e confiança que a definia

– e ter interpretado um papel em sua prisão.

- Aqui, – ela disse, me dando algo da cômoda. – Mantenha estes com você. Você

não quer vê-los em sua bagagem.

Eu olhei para eles e fui saudado por um brilhoso arranjo de diamantes e rubis

organizados em platina. Elas foram um presente de minha tia Tatiana. Ela havia

me dado para —ocasiões especiais—, como se eu tivesse todas as razões para

usar milhares de dólares em minhas mangas. Talvez eu tivesse usado se eu

tivesse ficado na Corte. Sobretudo em Palm Springs, elas foram uma tentação,

tanto que eu as quase penhorei em desespero para conseguir algum dinheiro.

Eu as apertei com força por alguns momentos, deixando as pontas afiadas

entrarem nas minhas palmas, e então as escorreguei para dentro dos meus

bolsos.

Minha mãe terminou minha mala em menos de dez minutos. Quando eu alertei

que ela tinha apenas guardado uma fração dos meus pertences, ela minimizou

minhas preocupações. – Sem tempo. Nós compraremos novas coisas na Corte.

Então. Nós estávamos indo para Corte. Eu não estava completamente surpreso.

Minha família tinha algumas outras residências ao redor do mundo, mas a Corte

Moroi em Pocono Mountains de Pensilvânia era sua morada principal.

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Honestamente, eu não me importava aonde estávamos indo desde que fosse

longe daqui.

Na sala de estar, eu encontrei um alerta guardião nos esperando. Minha mãe o

apresentou como Dale e disse que ele também seria nosso motorista. Eu fiz uma

despedida estranha com Trey, que ainda parecia admirado pelos abruptos

eventos ocorridos. Ele perguntou se eu gostaria de enviar uma mensagem

através dele para Jill e os outros, o que me fez pausar. No fim, balancei minha

cabeça.

- Não precisa.

Jill entenderia por que eu precisava partir, por que eu precisava escapar das

minhas memórias e fracassos. Qualquer coisa que eu dissesse a ela em palavras

pareceria mínimo ao que ela aprendeu com o laço, e ela poderia contar aos

outros ou criar uma ótima história para mim. Eddie pensaria que eu estava

fugindo, mas ficar aqui por três meses me fez ficar mais próximo apenas da

miséria, não da Sydney. Talvez essa mudança de localidade era o que eu

precisava.

Minha mãe nos reservou assentos de primeira classe para Pensilvânia, com Dale

sentando logo após o corredor. Depois de viver uma vida simples de estudante

por tanto tempo, esse tipo de gasto fez minha mente girar um pouco, porém

quanto mais eu sentava com a minha mãe, mais natural ficava. Uma aeromoça

apareceu oferecendo drinques, mas minha cabeça martelando me fez abster e

ficar com a água. Isso, e eu queria meu juízo comigo para ouvir o que minha mãe

tinha para dizer.

- Eu estou em casa há uma semana -, ela disse, como se ela tivesse ficado fora

em um feriado. – Naturalmente, eu estive ocupada colocando as coisas em

ordem lá, mas você era o primeiro e o mais importante na minha cabeça.

- Como você sabia onde me encontrar? – Perguntei. Minha localização, sendo

ligada a de Jill, era um segredo altamente guardado. Ninguém iria arriscá-la para

me revelar.

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Sua testa enrugou. – Eu recebi uma mensagem enigmática. Anônima. Dizia que

você estava —passando por um momento difícil— e precisava de mim. Tinha

seu endereço e instruções rigorosas para não compartilhá-lo, como se você

estivesse conduzindo negócios importantes para a rainha. Um pouco disso

vazou por aí – sobre o trabalho que você esteve fazendo para nos proteger dos

Strigoi. É muito impressionante.

Passando por um momento difícil. Essas eram as palavras que Jill tinha usado

para me defender na última noite sobre eu ter esquecido seu show de moda. Eu

quase grunhi. Ninguém iria arriscar a segurança de Jill para dizer a minha mãe

onde eu estava – exceto a própria Jill.

- Alguém sabe que você está aqui? – Perguntei.

- Claro que não – disse minha mãe, parecendo ofendida. Eu nunca revelaria

segredos tão importantes do futuro dos Moroi. Se existir uma forma de erradicar

os Strigoi, eu farei a minha parte e ajudarei você em seu… apesar, eu preciso

admitir, querido, você parece sim um pouco fora de si.

Se minha mãe achava que nós estávamos apenas fazendo pesquisas sobre

Strigoi em Palm Springs, então assim será. Ela com esperança não terá razão

alguma para pensar uma segunda vez agora que ela me recuperou.

- —Fora de si— é colocar panos quentes – eu disse a ela.

Ela pousou sua mão sobre a minha. – O que está errado? Você estava lidando

tão bem. Eu soube que você esteve assistindo aulas de novo? E fazendo esse

trabalho para a rainha?

Com isso, eu percebi que eu nunca chequei minhas duas outras matérias. Eu

tive provas finais nelas? Projetos finais? Droga. Eu fiquei tão surpreso com a

chegada da minha mãe e com a chance de escapar que eu me esqueci

completamente de continuar em Carlton. Eu talvez tenha estragado minha última

tentativa de me dar bem na faculdade. O orgulho de sua voz me tocou no

entanto, e eu não suportei dizer a ela essa parte da verdade.

- Sim, eu estive ocupado – eu disse vagamente.

Page 51: Bloodlines 05 - Sombras Prateadas - Richelle Med

- Então o que está errado? – Ela repetiu.

Eu encontrei seus olhos, vendo a rara compaixão que poucos viam. Antes de

sua prisão, a maioria a via como uma empertigada, aristocrata Daniella Ivashkov,

fria e despreocupada com imagem. Eu a conhecia desse jeito também, mas

nesses raros, brilhantes momentos, eu também a conhecia como minha mãe. E

de repente, eu me encontrei dizendo a verdade… ou pelo menos uma versão

dela.

- Havia… bem, havia uma garota, mãe.

Ela suspirou – Oh, Adrian. Apenas isso?

- Não apenas isso! – Eu exclamei irritado. – Ela era a garota. Aquela que mudou

tudo. Aquela que me mudou.

- Certo, certo – ela disse, tentando me acalmar. – Desculpe. O que aconteceu

com ela?

Eu tentei arranjar uma maneira de dizer a verdade. – A família dela não me

aprovou.

Agora minha mãe estava brava, assumindo, naturalmente, que eu estava falando

sobre uma garota Moroi. – Isso é ridículo! Você veio de uma das melhores

linhagens Moroi, tanto do lado Tarus quanto Ivashkov. Mesmo a rainha não

poderia pedir uma genealogia. Se a família desta garota tem problemas com

você, então eles são claramente insanos.

Eu quase sorri – bem, nisso nós podemos concordar.

- Então qual é o problema? Se ela é uma adulta – oh, Adrian, por favor me diga

que ela é uma adulta e não uma menor.

- Ela é uma adulta.

Alívio inundou as feições da minha mãe. – Então ela é capaz de fazer suas

próprias decisões e vir até você, independente do que a família dela pensa. E se

ela ficar com eles, então ela não merece seu tempo, e você está melhor sem ela.

Page 52: Bloodlines 05 - Sombras Prateadas - Richelle Med

Eu gostaria de dizer a ela que não era assim tão simples, mas ela não reagiu tão

bem quando eu estava envolvido com Rose. Uma dhampir era imperdoável. Uma

humana era inconcebível.

- Eu acho que tem tanto a ver comigo pessoalmente como minha linhagem – eu

disse ao invés.

Minha mãe reclamou em desaprovação. – Bem, veremos se ela aparece. Quem

não gostaria do meu garoto? Enquanto isso, eu gostaria que você não deixasse

essas coisas lhe atingirem tão forte. O que há entre você e garotas, querido? Por

que ou elas significam nada para você ou tudo? É sempre um extremo?

- Porque eu não faço coisas pelas metades, mãe. Especialmente quando envolve

amor.

Quando nós pousamos e eu fui capaz de ligar meu celular, eu encontrei uma

mensagem de texto de Jill esperando:Sim, fui eu. Eu sei que você veio para Palm

Spring por minha causa, mas eu imaginei que estava na hora para você mudar

as coisas. Quando eu ouvi de Lissa que sua mãe estava de volta, imaginei que

seria bom para você vê-la, então eu ajudei vocês dois se acharem. Espero que

esteja tudo bem.

Você é a melhor, Jailbait, escrevi de volta.

Sua resposta me fez sorrir: Você não sabe metade. Suas duas outras matérias

requeriam projetos finais, não provas. Trey e eu vasculhamos o apartamento e

encontramos alguns de seus projetos rejeitados para entregar. Não tenho

certeza se você irá passar, mas alguma nota é melhor do que nota alguma.

Vai entender. Jill ficou atrás do que precisava ser feito nas minhas aulas quando

eu não o fiz. Eu comecei e parei vários projetos, então não tinha como dizer o

que ela tinha entregado, mas no meu recente estado, era provavelmente melhor

do que qualquer coisa que eu tivesse tentado de propósito para essas notas

finais. Estava nas mãos do destino agora.

Page 53: Bloodlines 05 - Sombras Prateadas - Richelle Med

Uma coisa me confundiu, no entanto, enquanto Dale guiava minha mãe e eu

para Corte. Minha mãe mesma disse que ela estava de volta há uma semana.

Jill tinha dado meu endereço para minha mãe, o que certamente criou um

impacto maior com uma visita pessoal, mas tinha sido necessário? Apesar da

localização de Jill ser um segredo, Lissa teria dado certeza de minha mãe ter

uma maneira segura de me ligar assim que ela estivesse livre, se minha mãe

questionasse. Por que ela não o fez? Era como se quase minha mãe estivesse

protelando me contactar, e não foi até Jill chamar sua atenção para os problemas

que eu estava tendo que minha mãe agiu. Com certeza, mesmo se tudo

estivesse bem comigo, minha mãe gostaria de entrar em contato tão logo…

certo?

Ou talvez eu estava pensando demais nas coisas. Eu não poderia duvidar do

amor da minha mãe. Quaisquer que fossem suas falhas, ela ainda se importava

comigo, e vê-la viva e bem me fez perceber como eu estava preocupado com

ela enquanto ela estava presa. Sempre que eu tava falar sobre seu tempo fora,

no entanto, ela desviava do assunto.

- Está feito – ela disse simplesmente enquanto dirigíamos para os portões de

segurança da frente da Corte. – Eu cumpri minha sentença, e isso é tudo que há

sobre isso. A única coisa que você precisa saber é que isso me fez reavaliar

minhas prioridades na vida e o que realmente importa. – Ela tocou minha

bochecha gentilmente. – E você está no topo dessas prioridades, meu querido.

A Corte Real Moroi estava arranjada como uma universidade, com vários antigos

prédios góticos situados em vários terrenos. Na verdade, no mundo humano, sua

história de fachada era que era uma instituição acadêmica, uma privada e de

elite que era geralmente deixada quieta. Oficiais do governo e certos Morois da

realeza tinham residências oficiais lá, e também havia acomodações para

visitantes e todos os tipos de serviços para fazer a vida suportável. Era, de uma

forma, sua própria cidade fechada.

Eu esperei que minha mãe nos levasse para o condomínio da nossa família, mas

ao invés, nós acabamos em uma das instalações de alojamento para hóspedes.

– Após viver por conta própria, eu não consegui imaginar que você gostaria de

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ficar enfurnado com seu pai e eu – ela explicou. – Nós podemos trabalhar em

algo mais permanente depois, mas enquanto isso, a rainha autorizou esses

arranjos para você.

Eu estava surpreso, mas ela estava certa sobre uma coisa – eu não queria

mesmo meu pai rastreando minhas idas e vindas. Ou ela, da mesma forma. Não

que eu estivesse pretendendo em entrar em várias loucas e doidas situações.

Eu estava aqui para um novo começo, determinado a usar quaisquer recursos

que pudesse para ajudar Sydney. Depois de ela ter saída de sua rota para me

achar, no entanto, eu assumi que minha mãe gostaria de me manter debaixo de

sua chave e fechadura.

Uma atendente da mesa de recepção do prédio me arranjou um quanto, e minha

mãe me abraçou em despedida. – Eu tenho um compromisso para ir, mas vamos

nos encontrar amanhã, certo? Nós temos convidados vindo para o jantar. Tenho

certeza que seu pai amaria vê-lo. Apareça, e nós nos atualizaremos.

Você vai ficar bem agora, não vai?

- Com certeza – eu disse. Nós perdemos grande parte do dia devido à viagem e

a diferença de horário. – Não há muitos problemas deixados para eu me meter.

Eu provavelmente vou dormir cedo.

Ela me abraçou de novo, e então eu tomei meu caminho para meu quarto, o que

era meio uma suíte de um quarto que você encontraria em qualquer hotel cinco

estrelas. Uma vez que eu depositei minha mala no quarto, eu imediatamente fiz

algumas ligações e comecei a traçar meus planos. Com esses arranjados, tomei

uma ducha rápida (minha primeira do dia) e prontamente saí mais uma vez. Não

era para nenhum tempo selvagem no entanto.

Claro, alguns poderiam vir a considerar qualquer saída com Rose Hathaway e

Lissa Dragomir um tempo selvagem.

Ambas viviam dentro do que era apelidado de palácio real por aqui, apesar de

que, por fora, mantinha a mesma fachada de universidade. Uma vez dentro, todo

aquele peso da história Moroi caía, pressionando com toda aquela grandeza do

Velho Mundo: candelabros de cristal, cortinas de veludo, pinturas a óleo de

Page 55: Bloodlines 05 - Sombras Prateadas - Richelle Med

antigos monarcas. Os cômodos da rainha estavam bem atualizadas, porém,

sendo atualizadas mais com o seu próprio gosto do que para seu trabalho. Eu

estava simplesmente grato que ela escolhera cômodos diferentes daqueles que

minha tia viveu – e morreu. Já era surreal o suficiente vir aqui de vez em quando

sem aquelas memórias me perseguindo.

As meninas estavam na sala de estar de Lissa quando cheguei. Lissa estava

sentada de pernas cruzadas, em um sofá rodeado de livros, enquanto Rose

tentava se arrumar de cabeça para baixo em uma poltrona, seus longos e negros

cabelos pendendo e se dispersando pelo chão. Ela saltou ficando em pé com

suas habilidades de dhampir e me recebeu graciosamente em minha chegada.

– Você realmente está aqui. De primeira, pensei que fosse brincadeira. Achei

que você ficaria com Jill.

- Ela não precisa de mim agora -, eu disse, seguindo para dar um abraço em

Lissa já que ela havia se levantado dos livros. – A escola está acabando e têm

todas aquelas coisas para mantê-la ocupada por agora.

- Conte-me mais, – disse Rose, revirando os olhos para Lissa. – Senhorita Só-

Estudos-Sem-Diversão aqui tem tirado a diversão de tudo.

Lissa sorriu complacentemente para sua melhor amiga. – As provas começam

amanhã.

- As minhas acabaram ainda pouco. – eu disse.

- Como você foi? – Lissa perguntou, recuando.

Eu dei uma olhada em seus livros. – Vamos dizer que eu não me esforcei tanto

quanto você.

- Vê? – grunhiu Rose. Ela se jogou de novo em sua cadeira, braços cruzados.

Eu encontrei minha própria cadeira entre elas e refleti sobre minhas chances

imprecisas de passar nesse semestre. – Eu acho que Lissa está fazendo da

forma certa.

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Aos dezoito, Lissa era a rainha mais nova da história dos Moroi, eleita no meio

do caos seguido da morte de minha tia. Ninguém teria duvidado dela por não ir

à universidade ou por simplesmente fazê-la à distância. Lissa, porém, se

manteve fiel aos seus sonhos vitalícios de ir para uma grande universidade e

sentiu aquilo como monarca, agora era duas vezes mais importante para ela ter

uma educação perfeita. Ela estava matriculada em Lehigh University, algumas

horas daqui, e manteve sua média alta enquanto governava uma nação agitada.

Sydney e ela se dariam lindamente bem.

Lissa colocou seus pés em cima da mesa de café e eu usei o espírito para dar

uma breve olhada em sua aura. Estava calorosa e contente, como deve ser, com

linhas de dourado, o que marcava outro usuário de espírito.

- Então, você irá entender se eu tiver que manter isso curto. Eu tenho que

memorizar algumas datas e lugares antes de ir para cama hoje à noite e depois,

estaremos indo para a escola de manhã cedo. Nós iremos ficar no campus pelo

resto da semana de provas.

- Eu não vou te prender – eu disse – eu só queria te perguntar sobre uma coisa.

Lissa olhou levemente surpresa, e eu percebi que ela achou que era só uma

chamada social.

- Você não buscou mais informações sobre o que aconteceu com Sydney Sage?

A leve surpresa se tornou uma surpresa extrema. – Aquilo de novo? – perguntou

Lissa. Soou mais rude do eu sabia que ela pretendia soar. Ninguém fora do

círculo de Palm Springs sabia o que Sydney significava para mim, e Lissa não

tinha nem conexão de amizade com Sydney como alguém como Rose tinha.

Na verdade, a menção de Sydney trouxe uma carranca para o rosto de Rose. –

Ela ainda está sumida?

Lissa lançou um olhar entre mim e Rose. – Eu não soube de mais nada desde o

dia em que você me perguntou, há alguns meses atrás. Eu fiz investigações.

Eles disseram que ela foi realocada e que a informação era secreta.

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- Isso é uma mentira, – eu disse emanando um pouco de raiva. – Eles a

sequestraram e a mandaram para um de seus malditos centros de reeducação!

- Você me disse isso antes, e a não ser que as coisas tenham mudado, você me

disse não ter nenhuma prova disso, – Lissa disse, calmamente. – Sem isso, eu

dificilmente poderia acusá-los de mentirem… e sério, por que eu deveria

questionar o que eles fazem com suas próprias pessoas?

- Você tem o direito porque o que eles estão fazendo vai contra as regras mais

básicas de decência e de respeito pelos outros. Eles estão a prendendo e a

torturando.

Lissa inclinou sua cabeça. – Novamente, não é algo que eu possa interferir.

Guardiões frequentemente capturam dhampirs que fogem dos treinos e os

punem. E se os alquimistas tentasse ditar como nós fazemos isso? Nós iríamos

dizer o que eu estou dizendo agora: Não está sob nossa jurisdição. Eles têm

suas pessoas, nós temos as nossas. Agora se uma de nossas pessoas estivesse

em perigo por conta deles, então sim eu teria todo o direito de jogar meu ao redor

dos alquimistas.

- Mas você não vai fazer – porque ela é uma humana, – eu disse, sem graça.

Todas as mais altas esperanças que eu teria mantido até chegar aqui estavam

começando a vacilar.

Rose, pelo menos, parecia mais compreensiva. – Eles realmente estão

torturando ela?

- Sim, – eu disse. – Bem, quero dizer, eu não estive em contato com ela ou com

qualquer outra pessoa que falou com ela para dizer exatamente o que eles têm

feito, mas eu conheço alguém que sabe sobre as situações como a dela.

Tristeza – para mim – brilhou nos olhos verde-claros de Lissa, tão similares ao

de Jill. – Adrian, você percebe o quão destorcido isso soa?

Ultraje e raiva queimaram em mim, ambos por conta de meu desamparo e

porque os Alquimistas encheram Lissa com suas mentiras. – Mas é a verdade!

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Sydney virou nossa amiga. Ela parou de agir como um alquimista que achava

que nós éramos criaturas do mal. Ela se tornou nossa amiga. Inferno, ela tratava

Jill como se fosse sua irmã – ironicamente, porque a irmã de Sydney foi a que a

traiu. Pergunte ao Eddie. Ele estava lá quando ela foi levada.

- Mas não pelo que aconteceu depois. – terminou Lissa. – Ele não viu se ela foi

levada para ser torturada como você disse. Ele não viu se talvez ela estava

sendo só realocado para outro lugar, um lugar longe de vocês. Talvez esse seja

o único —tratamento— que os alquimistas estão dando a ela, se eles acham que

você interferiu em suas ideologias.

- Eles fizeram muito mais que isso – eu rosnei. – eu sinto em minhas vísceras.

- Liss, – Rose começou, incerta. – Deve haver algo que você possa fazer…

A esperança se restaurou em mim. Se Rose estava de acordo, talvez nós

poderíamos juntar os outros para nos ajudar por trás das cenas. – Olhe, – eu

disse. – E se tentássemos uma abordagem diferente? Ao invés de questionar

diretamente os alquimistas novamente, você poderia mandar… eu não sei…

uma equipe de ataque para investigar possíveis localizações de onde ela poderia

estar presa? – Parecia uma ideia brilhante para mim. Marcus tinha procurado por

informações para investigar sua lista, mas talvez nós poderíamos recrutar os

Morois e outros dhampirs.

Rose se iluminou. – Eu ajudaria totalmente com isso. Sydney é minha amiga, e

eu tenho experiência com –

- Não! – Lissa exclamou, se levantando. – Não, vocês dois! Vocês estão

escutando o que estão dizendo? Me pedindo para mandar um —grupo de

ataque— para entrar nas instalações dos Alquimistas? Isso é como se fosse um

ato de guerra! Vocês podem chegar a imaginar como isso soaria se fosse ao

contrário? Se eles mandassem grupos de humanos para nos investigar?

- Considerando suas éticas, – eu disse – eu não me surpreenderia se eles já

tivessem tentado.

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- Não, – Lissa repetiu. – Eu não posso fazer mais do que isso, não se isso não

afetar diretamente meu próprio povo. Eu desejaria poder ajudar todos no mundo

– sim, incluindo Sydney. Mas agora, minhas responsabilidades são com meu

próprio povo. Se eu for arriscar, deverá ser por eles.

Eu levantei, cheio de raiva, desapontamento e um monte de outras emoções que

eu não poderia ainda definir. – Eu pensei que você fosse uma líder diferente.

Uma lutadora pelo que era certo.

- Sim, eu sou, – ela disse, forçando sua calma com uma grande quantidade de

esforço. – E eu estou atualmente lutando mais pela liberdade dos dhampirs,

apoiando os Morois que querem se autodefender e modificando a lei da idade

para que minha própria irmã possa parar de se esconder! Entretanto, eu estou

fazendo isso tudo enquanto vou para a escola e tentando ignorar a facção

irritante que continua demandando minha retirada do poder. E não me pergunte

que tempo eu tenho livre para minha vida pessoal. Isso é o suficiente para te

satisfazer, Adrian?

- Pelo menos você ainda tem uma vida pessoal, – eu murmurei. Eu me direcionei

à porta. – Desculpe interromper seus estudos. Boa sorte com as provas.

Rose tentou me chamar de volta e acho que ela teria até tentado me seguir, mas

então Lissa chamou seu nome. Ninguém veio atrás de mim, e eu me deixei sair

dos apartamentos reais e voltei pelos corredores sinuosos do palácio. Fúria e

frustração ferviam dentro de mim. Eu estava tão certo que se eu apelasse à Lissa

cara a cara – sóbrio, até! – e explicasse meu caso, ele iria fazer algo pela Sydney.

Eu entenderia se os alquimistas estivessem bloqueando as tentativas oficiais de

Lissa, mas certamente ela poderia ter feito um grupo de Rose Hathaways para

dar umas bisbilhotadas por aí! Lissa me deixou para baixo, afirmando ser uma

templária, mas em última análise, provando ser tão burocrática quanto qualquer

outro político.

Desespero começou a fazer seu caminho por mim, negro e traiçoeiro, me

dizendo que eu era um idiota por ter vindo aqui. Como poderia eu realmente

acreditar que algo iria mudar? Rose parecia que queria ajudar, mas poderia eu

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convencê-la de ir por trás de sua melhor amiga? Provavelmente não. Rose

estava presa ao sistema. Eu estava preso em minha incapacidade de ajudar a

Sydney. Eu era tão inútil para ela, inútil para tudo e todos—

- Adrian?

Eu estava prestes a ir par afora das portas frontais do palácio, quando ouvi uma

voz por trás de mim. Virei-me e vi uma bela garota Moroi com olhos cinza e

enrolados cabelos escuros, vindo até mim.

- Nina?

Seu rosto se transformou em um sorriso assim que se jogou em mim, em um

abraço inesperado. – É mesmo você, – ela disse, feliz. – eu estava preocupada

que você tinha desaparecido. Você não respondeu nenhuma das minhas

mensagens ou chamadas.

- Não leve para o lado pessoal. – eu assegurei, segurando a porta aberta. – eu

andei ignorando todo mundo. – Era verdade. Eu sumi da face da Terra quando

Sydney foi levada.

Aqueles notáveis olhos cinza, me observavam com preocupação. – Está tudo

bem?

- Sim, sim. Quero dizer, não. É complicado.

- Bem, eu tenho tempo, – ela disse conforme entrávamos em uma calorosa noite

de verão. – nós poderíamos pegar um pouco de comida e conversar.

Eu hesitei, incerto se eu queria desabafar. Eu havia conhecido Nina no início do

ano, logo depois que ela havia ajudado sua irmã a se transformar de volta de ser

um Strigoi – poder que nós achávamos que poderia ser uma vacina para parar

os outros de serem transformados a força, sem consentimento. Sua irmã, Olive,

era também o objeto de amor de Neil, se você puder chegar neste tanto. Os dois

haviam se visto algumas vezes e talvez tiveram uma breve tentativa, contudo

quando ela ficou fora de comunicação, ele ansiou por ela, achando que eles

ficariam juntos por anos.

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- Eu sou uma boa ouvinte, – disse Nina quando eu não respondi.

Eu dei um sorriso. – Tenho certeza que você é. Eu só não quero te colocar para

baixo.

- Me botar para baixo? – ela deu uma risada áspera. – Boa sorte. Primeiramente,

o espírito já está fazendo um bom trabalho com isso, então você tem um

competidor a altura. Desde quando eu restaurei Olive, aquilo… eu não sei… você

entende? Aquele tipo de escuridão, neblina pavorosa?

- Yup, – eu disse. – Com certeza.

- Bem, parece que isso é um visitante diário agora, o que torna minha vida super

deleitosa, do jeito que você já conhece. Enquanto isso, após passar por tudo isso

por Olive, ela está passando por um tipo de questionamento de visões sobre

tudo o que aconteceu! Ela de alguma forma, manipula e acaba terminando os

nossos sonhos antes mesmo de eu conseguir falar com ela. Eu tentaria achá-la,

mas Sonya continua insistindo para eu ficar aqui e ajudar na pesquisa do espírito.

Eles me colocaram aqui, em uma acomodação luxuosa, mas eu não tenho

nenhum outro jeito de viver, então eu tenho que trabalhar meio período em um

trabalho de secretariado no palácio. Deixe-me dizer, fazer —serviço-

customizado— para um bando de nobres egoístas? Bem, é como se fosse o

novo círculo do inferno. – ela pausou, lembrando com quem ela estava falando.

– sem ofensas.

Eu ri, talvez seja a primeira vez que eu faço algo tão genuíno nesses tempos. –

Sem problemas, porque eu sei exatamente de quais tipos você está falando. Se

você falar com sua irmã, aliás, você deveria dizer a ela que ela está quebrando

o pobre coração de Neil.

- Anotado, – disse Nina. – Eu acho que ele é uma das coisas que ela está a

contemplar.

- Isso é bom ou ruim? – Perguntei.

- Não tenho ideia, – ela riu.

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Eu comecei a rir também, e de repente, eu decidi aceitar a sua oferta. – Okay,

vamos pegar algo para comer… embora honestamente, nas últimas vinte e

quatro horas… eu preferiria beber um drink. Eu suponho que você não aceitaria?

– era provavelmente uma ideia terrível, mas isso não havia me parado antes.

Nina pegou minha mão e começou a me puxar pela construção através da

grama. – Graças a deus, – ela disse. – Eu pensei que você nunca iria perguntar.

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Capítulo 05 Sidney

POR UM MOMENTO, QUANDO EU VI a seringa de Sheridan, eu pensei que ela

estava optando por uma forma extrema de retocar tatuagem. Como, ao invés de

injetar em minha pele pequenas porções de tinta encantada, ela iria enfiar em

mim uma dose monstruosa para me fazer andar na linha.

Não vai importar, tentei dizer a mim mesma. Uso de mágica me protege, não

importa quão forte a porção que eles usem. As palavras soavam razoáveis, mas

eu apenas não tinha certeza se elas eram verdadeiras.

Como se viu, no entanto, Sheridan tinha algo totalmente diferente na cabeça.

— As coisas pareciam tão promissoras para você depois que nos falamos a

última vez — ela me disse após mergulhar a agulha em meu braço. — Não

consigo acreditar que você não durou uma hora por conta própria.

Eu quase disse — Velhos hábitos são difíceis de morrer —, mas lembrei que eu

precisava agir arrependida se eu quisesse algum tipo de avanço. — Desculpe—

me — eu disse. — Eu apenas escorreguei. Eu irei me desculpar com Harrison

se isso irá…

Um sentimento estranho começou a subir na minha barriga, começando a

princípio como um pequeno desconforto e então aumentando e aumentando até

que era uma completa náusea, daquele tipo que se apoderava de todo seu

corpo. Meu estômago parecia que tinha ondas marítimas nele, e minha cabeça

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começou a pulsar. Eu podia sentir minha temperatura subindo também e suor

irrompeu por todos os lugares.

— Eu vou passar mal — eu disse. Eu queria colocar minha cabeça para baixo,

mas a cadeira me deixou presa no lugar.

— Não — disse Sheridan. — Você não irá. Ainda não. Aproveite o show.

Junto com as restrições de braço, o apoio de cabeça da cadeira também fazia

certeza que eu não pudesse virar minha cabeça, me forçando assim a olhar

estritamente para frente no monitor. Ele ligou, e eu me preparei para imagens

horríveis. O que eu vi ao invés era… Moroi. Alegres Morois. Amigáveis Morois.

Crianças Morois. Morois fazendo coisas comuns, como esportes e comendo em

restaurantes.

Eu estava miserável demais para decifrar essas imagens desorientadoras, no

entanto. Tudo que eu conseguia pensar era sobre como eu gostaria de poder

vomitar. Era aquele tipo de enjoo — do tipo em que você sabe que você se

sentiria melhor se você apenas conseguisse expelir o veneno. Mas de alguma

forma, Sheridan estava certa, eu não conseguia fazer meu corpo vomitar, não

importa o tanto que eu talvez desejasse, e ao invés eu tive de sentar lá passando

tão mal, com a retorcida náusea estragando minhas entranhas. Ondas de agonia

me varreram. Não parecia possível que eu conseguir conter tanta miséria dentro

de mim. Eu grunhi e fechei meus olhos, principalmente para fazer minha cabeça

sentir melhor, mas Sheridan leu outro motivo nisso.

— Não — ela disse. — Esta é uma dica de profissional: Será muito mais fácil

para você se você assistir de espontânea vontade. Nós temos maneiras de

deixar seus olhos abertos. Você não gostará deles.

Eu pisquei de volta lágrimas e foquei de volta para a tela. Apesar do meu

sofrimento, meu cérebro tentou entender por que ela se importava se eu estava

assistindo a figuras de Moroi felizes ou não. O que importava quando meu corpo

sentia como se estivesse virando do avesso?

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— Você está tentando… — eu engasguei, e por um momento, eu pensei que

talvez eu tivesse aquele alívio no fim das contas. Não tive. — … criar algum tipo

de resposta Pavloviana.

Era uma técnica clássica de condicionamento. Mostrar—me uma imagem e me

fazer sentir terrível enquanto eu a olhava, com o objetivo sendo que eu

eventualmente viesse a associar os Moroi — Moroi inofensivos, felizes — com

extremo desconforto e sofrimento.

Havia apenas um problema.

— Vo—você precisa repetir sessões para isto fazer efeito — eu percebi em voz

alta. Uma vez não iria me fazer sentir revulsão instantaneamente para imagens

de Moroi.

O olhar que Sheridan me deu disse bastante sobre o que eu poderia esperar no

futuro.

Meu coração se afundou. Ou talvez fosse meu estômago. Honestamente, com a

forma que minhas entranhas se sentiam no momento, eu não conseguia

distinguir uma parte da outra. Eu não sei por quanto tempo eles me manteram

naquele estado. Talvez uma hora. Eu não conseguia realmente focar em contar

o tempo quando meu objetivo era apenas sobreviver cada onda esmagadora de

vertigem. Depois do que pareceu ser uma eternidade, Sheridan me deu outra

injeção, e a tela ficou preta. Seus capangas desfizeram as amarras, e alguém

me entregou um balde.

Por alguns segundos, eu não tinha entendido. Então, o que quer que estivesse

restringindo meu corpo de encontrar alívio não mais se segurou. Tudo daquele

almoço escasso voltou, e mesmo depois, meu estômago ainda continuava

tentando. Eu fui reduzida a vômitos secos e finalmente apenas engasgando até

eu parar completamente. Foi um longo, doloroso processo, e eu estava além do

ponto de importar que eu tinha vomitado — excessivamente — na frente de

outros. Ainda assim, por mais horrível que tivesse sido, eu ainda me sentia

melhor, agora que eu tinha finalmente conseguido me livrar do que quer que

tivesse causado aquela náusea se remexer e remexer dentro de mim. Um dos

capangas discretamente pegou o balde de mim, e Sheridan me deu a cortesia

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de um copo de água, assim como a chance de escovar meus dentes dentro em

uma pequena pia no lado do cômodo. Era ao lado de um armário cheio de

suprimentos médicos, assim como um espelho que me permitiu ver quão

miserável eu parecia.

— Bem então — Sheridan disse alegremente. — Parece que você está

preparada para a aula de artes.

Aula de artes? Eu estava pronta para me enrolar que nem uma bola e cair no

sono. Todo o meu corpo estava fraco e tremendo, e meu estômago parecia como

se tivesse sido revirado do avesso. Ninguém parecia notar ou importar com meu

estado debilitado, no entanto, e o capanga me acompanhou para fora da sala.

Sheridan deu tchau com a mão e disse que ela me veria em breve.

Minha escolta me levou escada acima para o andar de salas de aula, para o que

servia como estúdio de arte de detentos. Addison, a severo e andrógena matrona

do refeitório, estava iniciando a aula, dando instruções das tarefas de hoje, o que

parecia ser a continuação de uma pintura de vasilha de frutas. Ao que parecia

uma aula de arte Alquimista teria o projeto mais chato de todos. Apesar de sua

fala, todos os olhos giraram em minha direção quando eu entrei. A maioria das

expressões que eu encontrei era frias. Algumas eram um pouco presunçosas.

Todos sabiam o que tinha acontecido comigo.

Uma coisa legal que eu tinha pescado nesta aula e na anterior foi que na

reeducação, os lugares valorizados eram os mais perto dos professores,

diferente de Amberwood. Isso me permitia escorregar a um cavalete no fundo da

sala. A maioria dos olhos nao conseguiam me seguir até lá a não ser que eles

descaradamente virassem e ignorassem Addison. Ninguém estava disposto a

fazer isso. A maior parte do meu esforço estava focado em permanecer em pé,

e eu apenas a ouvi falar com metade do meu ouvido.

— Alguns de vocês fez um bom progresso ontem. Emma, o seu em particular

está se tornando bonito. Lacey, Stuart, vocês vão precisar recomeçar.

Eu espiei em volta, tentando combinar as pessoas com seus cavaletes, os quais

eu tinha uma visão total de trás. Pensei que talvez minha recente expurgação

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tivesse apodrecido meu cérebro, porque os comentários de Addison não faziam

sentido. Mas não, eu tinha certeza que eu tinha acertado as pessoas. Aquela era

Emma, minha alegada colega de quarto, uma garota que parecia ser da linhagem

americana asiática e que vestia seu cabelo preto em um coque muito preso, eu

jurava que esticava sua pele. Sua pintura parecia nada especial para mim e era

mal dicernível como fruta. Stuart era uma das pessoas que tinha empurrado suas

carteiras para longe de mim na aula de Harrison. Ele na verdade parecia possuir

algum talento artístico, e eu pensei que sua pintura era uma das melhores.

Demorou um momento para eu aprender quem era Lacey, e eu descobri quando

ela trocou sua tela por uma nova. Sua pintura não era tão boa quanto a de Stuart,

mas era muito melhor do que a de Emma.

Não é questão de habilidade, eu finalmente compreendi. É sobre precisão. As

pêras de Stuart eram perfeitas, mas ele tinha adicionado algumas a mais do que

tinham na vida real. Ele também tinha alterado a posição das frutas e pintado

uma vasilha azul — o que parecia muito melhor do que a atual marrom que

estava sendo usada. Emma, enquanto criou um trabalho muito mais rudimentar,

tinha o número correto de frutas, tinha as posicionados perfeitamente, e tinha

combinado cada cor exatamente. Os Alquimistas não queriam criatividade ou

embelezamento. Isso era sobre copiar o que você tinha sido dito para fazer, sem

questionamento e sem desvio.

Ninguém fez esforço algum para me ajudar ou aconselhar, então eu fiquei lá

estupidamente por um tempo e tentei entender o que os outros estavam fazendo.

Eu sabia os básicos da pintura com acrílico por estar perto de Adrian mas não

tinha experiência prática própria. Havia um suprimento comunitário de pincéis e

tubos de tinta perto das frutas, então eu fiz meu caminho até lá com alguns dos

outros estudantes e tentei pegar minha cor inicial. Todos me deram um amplo

espaço, e quando eu selecionei e rejeitei uma cor de tinta por não ser próximo o

bastante da combinação, a próxima pessoa que a pegou fez questão de limpar

o tubo antes de levá—la para sua estação. Eu finalmente retornei para a minha

com vários tubos, e enquanto eu não podia falar sobre minha habilidade de

copiar a fruta, eu senti bastante confidente que minhas cores estava corretas.

Eu pelo menos podia jogar essa parte do jogo Alquimista.

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Começar era um trabalho demorado, no entanto. Eu ainda me sentia terrível e

fraca e tive trabalho em até mesmo em espremer um pouco da tinta. Esperava

que não estivéssemos sendo avaliados em rapidez. Tão logo quando eu estava

finalmente pensando em talvez tentar em colocar o pincel na tela, a porta da sala

se abriu, e Sheridan entrou com um de seus capangas. Cada um estava

segurando uma bandeja cheia de copos, e eu não precisava que ela dissesse

uma palavra porque eu conseguia identificar os conteúdos apenas pelo cheiro.

Café.

— Desculpe pela interrupção — disse Sheridan, usando seu grande sorriso falso.

— Todo mundo tem trabalhado tão duro ultimamente que nós pensamos em

oferecer um pequeno agrado: lattes de baunilha.

Eu engoli e encarei em descrença enquanto os meus companheiros

encarcerados se abundavam em direção a ela e cada um pegou um copo. Lattes

de baunilha. Quantas vezes eu sonhei com eles no cativeiro, quando eu estive

semi—faminta com aquela sopa de aveia morna? Nem mesmo importava se eles

fossem magros ou cheios de açúcar. Eu estive privada de qualquer coisa como

essa por muito tempo, e meu instinto natural era correr com os outros e pegar

um copo.

Mas eu não conseguia. Não após os vômitos que eu acabei de passar. Tanto

meu estômago quanto minha garganta estavam feridos, e eu sabia que se eu

comesse ou bebesse alguma coisa que não fosse água, iria voltar na hora. O

canto de sereia do café era tortura para a minha mente, mas meu pobre, sensível

estômago sabia melhor. Eu não conseguiria lidar nem com a sopa de aveia

agora, muito menos com algo tão ácido como este latte.

— Sydney? — Perguntou Sheridan, fixando aquele sorriso para mim. Ela

levantou sua bandeja. — Há um copo sobrando. — Eu balancei minha cabeça

em silêncio, e ela colocou o copo na mesa de Addison. — Eu vou apenas deixar

aqui no caso de você mudar sua ideia, tudo bem?

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Eu não conseguia tirar meus olhos daquele copo e me perguntei o que Sheridan

gostaria mais: me ver sofrendo e privada, ou me ter arriscando tudo e vomitando

na frente dos meus colegas de classe.

— Favorito seu? — Uma voz baixa perguntou.

Eu tinha tanta certeza que ninguém poderia me perguntar tão diretamente que

eu nem mesmo olhei para o falante de imediato. Com grande esforço, eu arrastei

meu olhar do almejado latte e descobri que era meu vizinho que tinha falado, um

alto, bonito cara que talvez era cinco anos mais velho do que eu. Ele tinha um

corpo magro e usava óculos com armações de arame que davam um ar

intelectual, não que Alquimistas precisassem.

— O que faz você dizer isso? — Perguntei silenciosamente.

Ele sorriu sabiamente. — Porque é isso como sempre é. Quando alguém vai

para sua primeira sessão de vômitos, o resto de nós ganha —recompensas—

com alguma das comidas predileta da pessoa. Desculpe por isto, por sinal. —

Ele pausou para tomar um pouco do latte. — Mas eu não bebia café há séculos.

Eu me encolhi e olhei para longe. — Esbalde—se.

— Pelo menos você resistiu — ele adicionou. — Nem todo mundo resiste.

Addison não gosta do risco de nós derramarmos bebidas quentes aqui, mas ela

gostaria menos se alguém passasse mal em seu estúdio.

Eu olhei para nossa professora, que estava dando avisos para um detento com

cabelos grisalhos. — Ela não parece gostar de várias coisas. Exceto chiclete.

O aroma do café era mais forte do que nunca na sala, ambos sedutor e

repugnante. Tentando desesperadamente bloqueá—lo, eu levantei meu pincel e

estava prestes a tentar algumas uvas quando ouvi um som de desaprovação ao

meu lado. Olhei de volta para o cara, que balançou a cabeça para mim.

— Você vai mesmo começar assim? Vamos lá, talvez você não tenha os valores

de uma boa Alquimista, mas você ainda deveria ter a lógica de uma. Aqui. — Ele

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me ofereceu um lápis. — Esboce. Pelo menos comece com quadrantes para lhe

guiar.

— Você não está com receio que eu contamine seu lápis? — As palavras saíram

antes que eu pudesse pará—las.

Ele riu.

— Você pode ficar com ele.

Eu voltei para a tela branca e a encarei por vários momentos. Cautelosamente,

eu dividi minha tela em quatro partes e depois fiz o meu melhor para fazer um

grosseiro esboço da vasilha de frutas, prestando cuidadosa atenção em onde

cada peça estava em relação às outras. No meio, eu notei que o cavalete era

muito alto para mim, complicando ainda mais as coisas, mas eu não conseguia

descobrir como ajustá—lo. Percebendo minhas dificuldades, o cara ao meu lado

se debruçou e habilmente abaixou meu cavalete para um altura mais adequada

antes de prosseguir seu próprio trabalho.

— Obrigada — eu disse. A esperançosa tela na minha frente diminuiu qualquer

prazer que eu meio que tinha sentido pelo gesto amigável. Eu tentei esboçar

novamente. — Eu vi meu namorado fazer isso centenas de vezes. Nunca pensei

que eu estaria fazendo isso em um tipo de —terapia— retorcida.

— Seu namorado é um artista?

— Sim — eu disse com cautela, incerta se eu queria engajar neste assunto.

Graças a Sheridan, não era segredo que meu namorado era um Moroi.

O cara deu uma pequena risada de divertimento. — Artístico, hein? Nunca tinha

ouvido essa antes. Normalmente quando eu encontro garotas como você — que

se apaixonaram por caras como eles — tudo que eu sempre ouço é sobre como

eles eram bonitinhos.

— Ele é muito bonito — admiti, curiosa em quantas garotas como eu este cara

encontrou.

Ele balançou sua cabeça em divertimento enquanto ele trabalhava em sua

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pintura. — Com certeza. Acho que ele precisaria ser para você arriscar tanto,

hein? Alquimistas nunca se apaixonam por Moroi que não sejam bonitos e

filósofos.

— Eu nunca disse que ele era filósofo.

— Ele é um vampiro —muito bonito— que pinta. Você está dizendo que ele não

filosofa?

Senti minhas bochechas corarem um pouco.

— Ele filosofa um pouco. Tudo bem… muito.

Meu vizinho riu de novo, e nós dois pintamos em silêncio por um tempo. Depois,

do nada, ele disse — sou Duncan.

Eu fiquei tão assustada, que minha mão sacudiu, causando minha banana já

muito ruim parecer bem pior. Em mais de três meses, estas foram as primeiras

palavras genuinamente civilizadas que alguém tinha falado para mim. — Eu…

Eu sou Sydney. — Eu disse automaticamente.

— Eu sei — ele falou. — E prazer em conhecê—la, Sydney.

Minha mão começou a tremer, me forçando a assentar meu pincel. Eu tinha

conseguido passar por meses de privação no escuro, suportei as encaradas e

xingamentos dos meus colegas, e de alguma forma sobrevivi a passar mal por

medicamentos sem uma lágrima. Mas este pequeno ato de gentileza, este

bacana e comum gesto entre duas pessoas… bem, quase me quebrou quando

nada mais tinha. Fez cair a ficha como quão longe eu estava de tudo — de

Adrian, meus amigos, segurança, sanidade… tudo tinha partido. Eu estava aqui

nesta prisão fortemente regulamentada de um mundo, onde cada movimento

meu era governado pelas pessoas que queriam modificar a maneira como eu

pensava. E não havia qualquer sinal de quando eu sairia daqui.

— Vamos, vamos — falou Duncan bruscamente. — Sem nada disso. Eles amam

quando você chora.

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Eu lutei contra as lágrimas e acenei apressadamente, conforme recuperava meu

pincel. Eu coloquei—o de volta na tela, mal prestando atenção no que eu fazia.

Duncan também continuou a pintar, seus olhos em seu trabalho, conforme falava

mais.

— Você provavelmente terá melhorado e poderá comer quando der a hora de

jantar. Mas não se empanturre. Seja inteligente sobre o que você come – e não

se surpreenda se achar outra comida favorita sua no cardápio.

— Eles realmente sabem como insistir em algo, não sabem? – Eu resmunguei.

— Sim. Sim, eles sabem. – Mesmo sem olhá—lo, eu poderia dizer que ele estava

sorrindo, porém sua voz logo se tornou séria novamente. – Você me lembra de

uma pessoa que eu conheci aqui. Ela era minha amiga. Quando os poderosos

chefões perceberam que éramos amigos, ela foi mandada para longe. Amigos

são armaduras, e eles não gostam disso aqui. Você entende o que eu estou

querendo te dizer?

— E—Eu acho que sim, — eu disse.

— Ótimo. Porque eu gostaria que fôssemos amigos.

O badalar sinalizava o som do fim da aula e Duncan começou a coletar suas

coisas. Ele começou a ir para longe e eu me peguei pensando, —qual era o

nome dela? Da sua amiga que foi levada?—

Ele pausou, e um olhar de dor cruzou seu rosto o que e imediatamente eu me

arrependi de perguntar. – Chantal, — ele disse pelo menos, sua voz meramente

um sussurro. – Eu não a vejo faz quase um ano.

Algo em seu tom de voz me fez pensar que ela deveria ser mais que uma amiga.

Mas eu poderia pensar muito sobre quando eu processei o resto do que ele havia

dito.

— Um ano…—Eu olhei novamente. – O que você fez para estar aqui?

Ele simplesmente me deu um sorriso triste. – Não esqueça sobre o que eu te

falei Sydney. Sobre amizades.

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Eu não esqueci. Quando ele não falou mais comigo pelo resto do dia e ao invés

disso, comeu junto com os outros brilhantes e risonhos detentos, eu entendi. Ele

não poderia demonstrar nenhum tratamento especial, não quando nossos rivais

e os olhos invisíveis dos alquimistas estavam sempre nos observando. Mas suas

palavras queimavam dentro de mim, dando—me forças. Amigos são armaduras.

Eu gostaria que fôssemos amigos. Eu estava presa neste lugar horrível, cheio

de tortura e controle mental… mas eu tinha um amigo – um amigo – mesmo que

ninguém mais soubesse. Era revigorante, e esse conhecimento me ajudou a

seguir para outra aula cheia de propaganda Moroi e me sustentou quando uma

garota tropeçou em mim no corredor com um sussuro – meretriz de vampiros.

Nossa última aula não era uma aula de modo geral. Era uma sessão chamada

—hora da comunicação,— e acontecia em um lugar que eles chamavam de o

santuário, onde aparentemente cultos de domingo também aconteciam. Eu

tomei nota disso porque eu teria uma forma de marcar o tempo. Era uma bela

sala, com tetos altos e bancos de madeira. Sem janelas, porém. Aparentemente

eles estavam realmente engajados em cortar todo tipo de forma de fuga – ou

talvez isso fosse para simplesmente nos privar de ver o Sol e o céu de vez em

quando.

Uma parede do santuário estava cheia de escrituras, e eu demorei em frente

dela conforme meus companheiros detentos entravam na sala. Aqui, em tijolos

pintados de branco, havia uma gravação, de todos aqueles que passaram por

aqui antes de mim, escrita por suas próprias mãos. Alguns eram pequenas e iam

direto ao ponto: Perdoe—me, eu pequei. Outras, cheias de parágrafos,

detalhando crimes conscientes e como seus autores clamavam por redenção.

Umas estavam assinadas outras, anônimas.

— Nos chamamos aqui de Parede da Verdade, — disse Sheridan, andando até

mim com uma prancheta. – Algumas vezes, as pessoas se sentem melhor após

confessarem seus pecados nela. Talvez você gostaria de tentar?

— Mais tarde, talvez. – Eu disse.

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Eu a segui para um círculo de cadeiras, colocados longe dos bancos. Todos

estavam sentados e ela não comentou nada quando meus vizinhos arrastaram

suas cadeiras para alguns centímetros mais longe. Hora da Comunicação,

parecia um tipo de terapia grupal, e Sheridan se engajou em fazer com que o

círculo falasse sobre o que todo mundo havia aprendido hoje. Emma foi a

primeira a falar.

— Eu aprendi que apesar de ter progredido em restaurar minha alma, eu ainda

tenho um longo caminho a seguir antes de atingir a perfeição. O pior pecado é

desistir, eu irei seguir até que eu esteja completamente imersa na luz.

Duncan sentado ao lado dela, falou, — eu progredi na arte. Quando nós

começamos a aula hoje, eu não achei que algo bom poderia sair dali. Eu, porém,

estava errado.

Qualquer tentação que poderia ter me dado de sorrir foi cortada rapidamente

quando a garota ao meu lado falou, — eu aprendi hoje o quão grata eu sou em

não ser tão ruim quando alguém como Sydney. Questionar minhas ordens foi

errado, mas pelo menos eu nunca deixei um deles colocar suas mãos profanas

em mim.

Eu estremeci e esperei que Sheridan elogiasse a menina por sua virtude, mas

ao invés disso, Sheridan fixou seus olhos frios na menina. – Você acha que isso

é verdade, Hope? Você acha que tem razão em declarar quem é melhor e quem

é pior entre vocês? Vocês estão todos aqui porque cometeram crimes graves,

não tenham dúvidas disso. Sua insubordinação pode não ter resultado no

mesmo resultado depravado de Sydney, mas se encontra em um lugar tão

escuro quanto. Falhar em obedecer, falhar em atender àqueles que sabem

mais… isso é um pecado em questão e você é tão culpada quanto ela.

Hope estava tão branca, era um questionamento do porquê alguém ainda não a

acusou de ser um Strigoi. – E—Eu não quis—isso é—eu—

— Está bem claro que você não aprendeu o tanto que você pensa que aprendeu

hoje, — disse Sheridan. – Acho que você precisa fazer alguns aprendizados

posteriores. – e através de outro comando invisível, seus capangas apareceram

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e transportaram para fora uma protestante Hope. Eu me senti doente por dentro,

e não tinha nada a ver com minha expiação de mais cedo. Eu me perguntei se

ela iria passar pelo mesmo destino, apesar de sua culpa aqui ser por conta do

orgulho, não a defesa de um Moroi.

Sheridan se voltou para mim agora. – E você Sydney? O que você aprendeu

hoje?

Todos aqueles olhos se voltaram para mim. – Eu aprendi que eu tenho ainda

muito que aprender.

— De fato você tem, — ela replicou solenemente. – Admitir isso é um grande

passo para a redenção. Você gostaria de compartilhar sua história com os

outros? Você acharia libertador.

Eu hesitei sob o peso daqueles olhares, incerta do que responder e me colocar

em mais problemas. – eu… eu gostaria, — eu comecei, devagar. – mas eu ainda

não acho que esteja preparada. Eu ainda estou muito sobrecarregada disso tudo.

— Isso é entendível. – ela disse, me fazendo cair em alívio. – Mas uma vez que

você perceber o quanto todos cresceram aqui eu acho que você irá querer

compartilhar. Você não pode superar seus pecados se você os mantiver

trancados em si.

Havia um tom de aviso em sua voz que era impossível de não perceber, e eu

respondi com um solene acenar. Misericordiosamente, após isso, ela se voltou

para outra pessoa, e eu fui poupada. Eu passei o resto da hora escutando eles

tagarelando sobre o quão incrível era o progresso que eles haviam conseguido

comparado à escuridão em suas almas. Eu me perguntei quantos deles diziam

o que queriam dizer e quantos estavam só tentando se livrar dali como eu, e

também pensei: se eles fizeram realmente tamanho progresso, então por que

eles ainda estão aqui?

Após a hora da comunicação, nós fomos dispensados para a janta. Esperando

em linha, eu escutei os outros falando sobre como o frango à parmegiana fora

trocado por fettuccine Alfredo. Eu também escutei alguém falar que fettuccine

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Alfredo era a comida preferida de Hope. Quando ela se juntou ao final da fila,

pálida e trêmula – e sendo evitada pelos outros – eu percebi o que havia

acontecido.

Frango à parmegiana era minha comida de infância preferida – o que

provavelmente as autoridades souberam pela minha família – e estava

originalmente no cardápio para me punir e punir meu estômago enjoado. O ato

de insubordinação de Hope superou o meu, porém, resultando em uma troca de

jantar de último minuto. Os alquimistas estavam realmente sérios em reforçar

suas questões.

O rosto miserável de Hope confirmava—se conforme ela se sentava sozinha em

uma das mesas vazias e observava sua comida sem tocá—la. Apesar de estar

com muito sal para mim, eu estava pelo menos no ponto onde eu podia comer

alguns dos lados mais suaves e o leite. Assistindo ela então, esquecida como

eu, me abateu profundamente. Mais cedo naquele dia eu havia visto ela no meio

da vida social com os outros. Não ela foi afastada, simplesmente assim. Vendo

uma oportunidade, eu comecei a levantar, pretendendo me unir a ela. Do outro

lado da sala, Duncan, que estava sentado e conversando prazerosamente com

um outro grupo, chamou minha atenção e me deu uma forte negação com a

cabeça. Eu vacilei por alguns instantes e sentei novamente, me sentindo

envergonhada e covarde por não ficar junto com outra pária.

— Ela não teria te agradecido por isso, — ele murmurou para mim após o jantar.

Nós estávamos na instalação da pequena livraria, com permissão para escolher

um livro para levar para a leitura de cabeceira. Todos os livros eram de não—

ficção, reforçando os princípios dos Alquimistas. – Essas coisas acontecem, e

ela estará junta aos outros amanhã. Você indo até ela poderia ter chamado a

atenção e talvez demorado essa reintegração. Pior, se ela tivesse agradecido a

você, os poderosos chefões poderiam ter percebido e pensado que as

problemáticas estavam se agrupando.

Ele selecionou um livro de forma meio aleatória e saiu antes que eu pudesse

responder. Eu queria perguntá—lo a que ponto eu seria aceita pelos outros – ou

se eu seria algum dia aceita. Claramente todos passaram pelo que passei em

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algum momento. E claramente eles se engajaram e entraram no mundo social

dos detentos.

De volta ao meu quarto, Emma deixou claro que não haveria avanços com ela.

– Eu estou progredindo bem, — ela disse afetadamente. – Eu não preciso que

você arruíne tudo isso com suas perversões. Não interaja comigo. Nem mesmo

me olhe se você puder fazer isso.

Com isso, ela pegou seu livro e deitou na cama de costas para mim

propositalmente. Eu não ligava, contudo. Não era diferente de nenhuma outra

atitude que eu recebi hoje, e agora eu tenho uma preocupação muito maior em

minha mente. Eu quase não havia me permitido pensar sobre isso até agora.

Tiveram provações e sofrimentos demais para eu superar, mas agora nós

estamos aqui. O final do dia. Uma vez que eu estava de pijamas (idêntico ao dia

da purificação) e já tinha escovado os dentes, eu fui para cama com uma quase

animação constrangida.

Eu iria dormir logo. E eu iria sonhar com Adrian.

A compreensão esteve rodando no fundo da minha mente, me sustentando a

superar meus piores momentos. Foi para isso que eu lutei, o motivo de eu ter

aturado as indignidades de dia. Eu estava fora da cela e livre do gás. Agora eu

poderia dormir normalmente e sonhar com ele, fornecida pela minha ansiedade

que não me manteria acordada.

Conforme percebi, isso não seria um problema. Após de uma hora de leitura, o

badalar soou e as luzes se desligaram automaticamente. Porta do quarto era

uma pequena porta de correr, que não chegava totalmente à parede, permitindo

que um fio de luz em frente que eu estava feliz em ver após meses de ficar no

total escuro. Eu escutei um click, como um parafuso que caiu, que mantinha a

porta trancada no lugar. Eu me aconcheguei nas cobertas, cheia de animação…

e de repente comecei a me sentir cansada. Muito cansada. Um minuto, eu estava

imaginando o que dizer ao Adrian; no outro, eu mal poderia manter meus olhos

abertos.

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Eu lutei contra, forçando minha mente a se manter focada, mas era uma pesada

e forte neblina que estava descendo em mim, pesando em mim e tomando minha

mente. Era uma sensação que eu estava já muito familiarizada.

— Não… – eu tentei dizer. Eu não estava livre do gás. Eles ainda estavam

regulando nosso sono, provavelmente para garantirem que não haja conivências

após a hora. Eu estava exausta demais para pensar sobre. Um denso sono logo

se apossou de mim, me puxando para a escuridão que não possuía sonhos.

E não havia chances de escapar.

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Capítulo 06 NINA ERA UMA BOA PARCEIRA PARA BEBER e não era só porque ela

conseguia manter seu licor.

Mesmo quando não estava utilizando ativamente o espírito, ela possuía a mesma

intuição que os usuários de espírito naturalmente possuíam. Ela rapidamente

entendia quando eu queria falar sobre algo e, mais importante que isso, quando

eu não queria. Nós começamos em um bar quieto, e eu estava feliz de deixá-la

fazer o trabalho de falar. Não parecia que ela havia feito amigos nestes últimos

meses na Corte, e com a saída de Olive, Nina teve poucas chances para

desabafar.

- Eu simplesmente não compreendo, – ela disse. – As pessoas quase parecem

ter medo de mim. Quero dizer, elas dizem que não têm, mas eu posso dizer que

sim. Elas me evitam.

- O espírito ainda assusta muita gente, é só isso. E eu posso te dizer isso, após

viver ao redor de Moroi, dhampirs, e humanos, é um fato que as pessoas têm

medo do que elas não podem entender.

Eu enfatizei meu ponto agitando minha bebida. – e a maioria é muito preguiçosa

ou ignorante para procurar sobre.

Nina sorriu, mas ainda parecia melancólica. – Sim, mas todo mundo parece

aceitar Dimitri e Sonya. E eles na verdade, eram Strigoi. Parece que é muito mais

difícil de lidar com a garota que só auxiliou na restauração.

- Oh, aconteceram muitas coisas loucas quando aqueles dois foram inicialmente

restaurados, acredite em mim. Mas a reputação galante de Dimitri e seus atos

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heroicos logo se sobrepuseram a isso. Então Sonya conseguiu sua própria fama

com toda aquela história de —Vacina de Strigoi’.

- É isso que precisamos fazer? – Nina perguntou. – Será que eu – e Olive –

teremos que fazer boas ações para que assim as pessoas esqueçam nosso

passado?

- Você não deve fazer nada que você não queira fazer, – eu disse ferrenhamente.

– Foi por isso que Olive se foi? Será que era tão difícil de estar ao redor dos

outros?

Nina franziu o cenho e olhou pela parte inferior de seus óculos. Ela estava

bebendo cosmos, bebida com fruta demais para o meu gosto. Eu tomei um

tempo à toa para me perguntar sobre que tipo de bebida Sydney iria beber, isso

se ela alguma vez se permitiu se satisfazer. Algum tipo de coquetel como esse?

Não, eu instantaneamente soube que se Sydney fosse beber alguma vez, seria

vinho, e ela seria uma daquelas pessoas que poderia dizer a você o ano, a região

e os componentes da terra onde as uvas cresceram, baseado em um pequeno

gole. Eu? Teria sorte se conseguisse dizer a diferença entre um vinho em caixa

e um vinho em garrafa. Pensar nela me fez começar a sorrir, e eu rapidamente

escondi, para que Nina não visse e achasse que eu estava rindo dela.

- EU não sei o porquê Olive se foi, – ela disse por último. – E isso é tão ruim

quanto sua primeira ida. Eu sou sua irmã, eu a trouxe de volta! – Nina

arremessou sua cabeça para cima e lágrimas brilhavam em seus olhos cinza. –

Se tem algo a incomodando, ela deveria vir a mim primeiro. Após tudo o que eu

passei por ela… ela acha que eu não a escutaria? Será que ela não sabe o

quanto eu a amo? Nós compartilhamos do mesmo sangue; essa é uma ligação

que nada, nem ninguém pode quebrar. Eu faria tudo por ela – tudo – se ela só

me pedisse, se ela só confiasse o suficiente em mim para pedir…

Ela tremeu, e havia um pequeno desequilíbrio na qualidade de sua voz, um que

eu conhecia. Acontecia comigo quando o espírito começava a me fazer sentir

instável.

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– Talvez ela sinta que você já tenha feito muito por ela, – eu disse, colocando

gentilmente minha mão sobre a sua. – Você já a alcançou em seus sonhos?

Nina concordou, se acalmando um pouco. – Ela sempre me diz que ela está bem

e que ela só precisa de mais tempo.

- Bem, aqui está. Minha mãe me disse a mesma coisa quando ela estava presa.

Às vezes, as pessoas precisam trabalhar nas coisas por elas mesmas.

-Eu acho que sim,- ela disse. – Mas eu ainda odeio o fato dela estar sozinha. Eu

gostaria que tivesse ido para Neil ou outra pessoa.

- Acho que ele deseja isso também. Mas ele ficará feliz em saber que ela só está

clareando a mente. Ele provavelmente respeita toda aquela coisa de jornada

solidária. – eu terminei minha bebida e vi que a dela estava acabando também.

- Outra rodada? – ela perguntou.

-Nah. – eu levantei e deixei um pouco de dinheiro sobre a mesa. – Vamos achar

um cenário diferente. Você disse que queria conhecer mais gente, certo?

- Sim… – sua voz ficou cautelosa, conforme ela se levantava junto comigo. –

Você sabe onde encontrar alguma festa ou algo assim?

- Eu sou Adrian Ivashkov, – eu declarei. – As festas me acham.

Isso era um pequeno exagero, já que na verdade eu deveria buscar uma… mas

eu estava certo da minha primeira tentativa. Uma nobre que esteve em minha

sala em Alder, Vanessa Szelsky, costumava sempre dar festas aos finais de

semana, nas acomodações de seus pais na Corte, e eu não tinha motivos para

achar que as coisas haviam mudado em menos de um ano, especialmente desde

que eu havia escutado que seu pais continuavam viajando excessivamente.

Vanessa e eu nos pegamos algumas vezes durante esses anos, o suficiente

tanto que ela me respeitava de forma bem favorável, mas não no nível de poder

me evitar ou ficar chateada por invadir sua festa com outra garota.

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- Adrian? – ela exclamou, empurrando-se pelo embalado pátio, atrás da casa de

seus pais. – É realmente você?

- Em carne. – Eu beijei a bochecha de Vanessa. – Vanessa, essa é Nina. Nina,

Vanessa.

Vanessa deu a Nina uma rápida inspeção e levantou uma sobrancelha em

surpresa. Vanessa era uma garota da alta sociedade se em algum lugar houver

uma, e apesar dela provavelmente chamar isso de festa —casual—, seu vestido

indubitavelmente veio da coleção de primavera de algum famoso designer. Ter

seus cabelos e maquiagem prontos para esta noite custou provavelmente mais

do que toda a roupa de Nina, que era apropriado para o trabalho de secretariado,

mas era, na melhor das hipóteses, da prateleira de uma loja de departamento de

médio porte. Não me incomodava, no mínimo, mas eu via que Vanessa estava

deliberando. Nina percebeu isso também e apertou suas mãos nervosamente.

Pelo menos, Vanessa deu de ombros e deu a Nina um genuíno sorriso amigável.

- Prazer em conhecê-la. Qualquer amigo de Adrian é bem vindo aqui –

especialmente a partir do momento que você organizou para que ele saísse. –

Vanessa fez beicinho, coisa que indubitavelmente ela praticara centenas de

vezes em frente ao espelho para fazê-la parecer ainda mais adorável. – Onde

esteve? Você sumiu da face da Terra.

- Negócio ultra secreto do governo, – disse, tentando fazer minha voz soar

sinistra, mas ainda audível, acima da música. – eu gostaria de poder falar para

vocês, senhoritas, um pouco mais, mas quanto menos se sabe, melhor. Para

sua própria proteção.

Ambas zombaram com isso, mas eu ganhei minhas boas-vindas, e Vanessa nos

acenou para prosseguirmos. – Venham e peguem uma bebida. Sei de várias

pessoas que ficarão felizes em ver você.

Nina inclinou-se na minha direção enquanto caminhávamos através da multidão

– acho que eu talvez fique fora do meu alcance aqui.

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Coloquei um braço ao redor dela para conduzi-la depois de um rapaz balançando

seus braços descuidadosamente ao contar uma história maluca. – Você ficará

bem. E sério, estas pessoas são como qualquer outra que você conhece.

- As pessoas que conheço não comem normalmente camarão nas suas

melhores porcelanas em uma mão enquanto tomam champanhe na outra.

- Tecnicamente – eu disse -, esses são camarões pequenos, não camarões, e

eu tenho certeza que este na verdade é a segunda melhor porcelana da mãe

dela.

Nina rolou seus olhos para mim mas eu não tive a chance de dizer muito mais à

medida que a notícia espalhou que Adrian Ivashkov estava de volta. Nina e eu

encontramos bebidas e arranjamos cadeiras perto de um largo de carpas, onde

pessoas reuniram-se para virem conversar conosco. Alguns eram amigos que

eu tinha festejado regularmente antes de partir para Palm Springs. Muitos outros

eram aqueles atraídos pela fascinação e sigilo do meu longo desaparecimento.

Eu nunca tive muita dificuldade em atrair amigos, mas um passado misterioso

de repente elevou meu estoque mais do que qualquer coisa que eu poderia ter

inventado.

Deixei escapar que Nina era uma usuária de espírito também e não interrompi

os outros de chegarem à conclusão que ela era parte de qualquer negócio

clandestino que eu estivesse envolvido. Eu fiz questão de aprensentá-la

particularmente para alguns das menos enfadonhas crianças da realeza que eu

conhecia, na esperança que ela talvez saísse daqui hoje à noite com alguns

conhecidos sólidos. Enquanto para mim, eu assumi o papel que eu não fazia há

eras e praticamente senti como um rei em meu próprio reino. Uma coisa que eu

tinha aprendido ao longo dos anos era que confiança tinha um efeito poderoso

nos outros, e se você agisse como se você merecesse atenção deles, eles

acreditariam. Brinquei e flertei de uma forma que não fazia há meses e fiquei

surpreso como facilmente tudo voltou para mim. O ápice dessa atenção foi

inebriante, mas, como qualquer outra coisa, parecia vazio sem Sydney na minha

vida. Logo eu me encontrei cortando o álcool enquanto a noite prosseguia. Por

mais que eu amasse a fuga que as bebidas me traziam, eu estava determinado

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a procurar por Sydney de novo antes de ir para cama. E precisava de sobriedade

para isso.

- Olha, olha, vejam quem voltou – uma voz desagradável de repente disse. – Eu

não teria imaginado que você teria coragem para mostrar seu rosto em público

depois da última vez.

Wesley Drozdov, babaca extraordinário, parou diante de mim, flanqueado por

seus lacaios, Lars Zeklos e Brent Badica. E permaneci sentado e fiz um grande

show ao olhar em volta e atrás de mim. – Você está falando com si mesmo? Eu

não vejo um espelho em lugar algum. E sério, sua atuação não foi tão ruim. Você

não deveria ficar tão para baixo por causa de um pequeno constrangimento

como esse.

- Pequeno? – Perguntou Wesley. Ele deu um passo a frente e cerrou seus

punhos, mas eu me recusei a me mover de onde eu estava. Ele deixou sua voz

baixa. – Você sabe o quanto de problema eu me meti? Meu pai teve de contratar

um bando de advogados para tirar daquilo! Ele estava furioso.

Eu botei um olhar de simpatia fingida e falei alto, fazendo-o se retrair. – Eu

também ficaria, se uma garota humana chutasse o traseiro do meu filho. Oh,

espere. Eu quem foi que chutou seu traseiro.

Nós tínhamos atraído um grande público, como estas coisas sempre faziam, e

Vanessa logo veio correndo para perto. – Ei, ei – ela requereu. – O que está

acontecendo?

- Oh, o de sempre – eu disse, dando a ela um sorriso preguiçoso. – Recuperando

o tempo perdido, rindo de tempos passados. E se eu tiver aprendido uma coisa,

é que Wesley me faz rir e rir.

- Você sabe o que me faz rir? – Wesley retrucou. Ele acenou em direção à Nina.

– Sua acompanhante barata aqui. Eu já a vi antes. Ela é a recepcionista no

escritório de meu pai. Você prometeu que daria a ela um emprego melhor se ela

dormisse com você?

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Senti Nina se endurecendo ao meu lado, mas eu não me atrevi deslocar meu

olhar dos caras parados na minha frente. Eles começaram como um incômodo,

mas agora eles estavam acendendo uma raiva sombria, não característica em

mim. Olhar nos olhos de Wesley trouxe de volta todas as memória daquela noiva

com Sydney quando ele e seus capangas planejaram em ganhar vantagem em

cima dela. Pensamentos dos danos que eles pretendiam para ela misturaram

com os medos de todos os perigos desconhecidos que ela talvez estivesse

enfrentando agora.

Tornaram-se um e o mesmo, fazendo meu peito se apertar em raiva e medo.

Destrua-os, Tia Tatiana sussurrou na minha mente. Faça-os pagar.

Tentei ignorá-la e ocultar minhas emoções o melhor que podia. Ainda usando

um sorriso idiota, eu disse

- Por isso, não. Ela está aqui comigo por escolha. Eu sei que isso é

provavelmente um conceito estranho para você, considerando eu histórico com

garotas. Vanessa, acho que Wes estava prestes a contar aquela história quando

você apareceu – sobre o —bando— de advogados que seu pai teve de contratar

para encobrir como ele e sua comitiva aqui tentaram salpicar com uma humana

que era uma convidada da rainha? – Eu fiz um gesto grandioso. – Por favor,

continue. Conte-nos como tudo se resolveu. E se eles deixaram você ficar com

as drogas que você iria usar nela. Talvez venha a calhar com algumas das

moças por aqui, hein?

Quebrei contato visual com Wesley tempo o suficiente para dar uma piscada

exagerada para um grupo de garotas horrorizadas paradas perto. Eu tinha

certeza que o quê Wesley tinha tentado fazer não era de conhecimento comum,

nem tinha a intenção de ser quando chegou a mim falando sobre seu passado e

advogados de seu pai. Humanos talvez fossem menos nos olhos de muitos

Morois, mas salpicar – o ato de drogar um humano não alimentador e beber

deles contra sua vontade – era um pecado bem feio entre nossa espécie.

Humanos atraentes eram especialmente desejáveis para os cafajestes que

tentavam isso, e Sydney tinha atraído o olhar de Wesley na última visita dela.

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Ele e os outros tentaram atacá-la, pensando que eu ajudaria. Eu acabei

atacando-os com um gralho de árvore até os guardas aparecerem no local.

Eu não precisava das arfadas em volta de nós para confirmar que a história não

tinha chegado às notícias locais. O rosto zangado de Wesley me disse tanto. –

Seu filho da mãe…

Ele investiu em mim, mas eu estava esperando isto e tinha o espírito pronto.

Telecinese não era uma habilidade de espírito que eu usava tanto assim, mas

estava bem dentro do meu alcance.

Destrua-o! Destrua-o! Tia Tatiana insistiu.

Optei por algo um pouco menos selvagem. Com um pensamento, e mandei um

daqueles chiques pratos de porcelana que Nina havia comentado voar na

direção do rosto de Wesley. Ele o cortou com força ao lado da cabeça,

despejando nele camarões e alcançando meus dois objetivos de dor e

humilhação.

- Isso é um truque barato de usuário de ar! – Ele rosnou, tentando se mover em

minha direção de novo. O ataque perdeu um pouco de seu impacto já que ele

ainda estava tirando os camarões.

- Que tal isso? – Perguntei. Com um gesto da minha mão, o avanço de Wesley

se interrompeu. Os músculos de seu corpo e rosto esticaram enquanto ele

ordenava seus membros se moverem, mas a energia do espírito os bloquearam.

Teria sido difícil para um usuário de ar dar conta deste tipo de completa

imobilidade, e com certeza para diabo não era fácil para mim também, já que eu

estava apenas um pouco sóbrio e estava usando uma habilidade desconhecida

para mim. O efeito que ela gerava valia o esforço, julgando pelos olhares de

admiração nos rostos de todos. Juntei o que consegui do que restou do espírito

para me fazer parecer extra carismático para aqueles em volta. Era impossível

compelir uma multidão, mas o espírito usado corretamente poderia fazer você

muito mais cativante para os outros.

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- Da última vez, vocês perguntaram se eu era um grande, mau usuário de espírito

– eu comentei. – A resposta? Sim. E eu realmente não gosto quando babacas

como vocês humilham qualquer garota – humana ou Moroi. Então, se você

quiser se mexer de novo, você primeiro irá se desculpar com a minha linda amiga

aqui. Depois você irá se desculpar com Vanessa por arruinar sua festa, que

estava bastante incrível até vocês aparecerem suas caras nojentas e

desperdiçarem seus camarões.

Era um blefe. Usar telecinece para prender uma pessoa inteira gastava um

montante ridículo de espírito, e eu estava me esgotando. Wesley não sabia

disso, no entanto, e ele estava apavorado em ficar imobilizado.

Por que parar aí? Tia Tatiana exigiu. Pense no que ele fez com Sydney!

Ele não teve sucesso. Eu a lembrei.

Não importa! Ele tentou machucá-la. Ele tem que pagar! Não o congele com

espírito! Use-o para esmagar seu crânio! Ele precisa sofrer! Ele tentou machucá-

la!

Por um momento, suas palavras e aquela tempestade de emoções cresceram

em meu peito ameaçando me sobrepor. Ele tinha tentado machucar Sydney, e

talvez eu não pudesse parar seus sequestradores atuais, mas eu poderia parar

Wesley. Eu poderia fazê-lo pagar, fazê-lo sofrer por apenas pensar em machucá-

la, ter certeza que ele nunca mais fosse capaz…

- Desculpe-me – Wesley disse rápido para Nina. – E para você também,

Vanessa.

Eu hesitei por um momento, dividido entre o olhar desesperado em seu rosto e

as insistências de Tia Tatiana – insistências que eu parte sombria de mim

secretamente queria ceder. Logo, a decisão foi feita por mim. Eu não conseguiria

segurar por mais tempo se eu quisesse. Meu domínio do espírito desapareceu,

e ele desabou no chão em um monte deselegante. Ele apressou-se para ficar de

pé e rapidamente se afastou, com Brent e Lars o sombreando como os

bajuladores que eles eram. – Isto não acabou – Wesley avisou, se sentindo

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corajoso uma vez que ele tinha colocado mais distância entre nós. – Você se

acha intocável, mas você não é.

Você mostrou fraqueza a ele, Tia Tatiana me disse.

- Saia – ordenou Vanessa. Ele deu um aceno em direção a dois de seus maiores

amigos homens, que estavam mais do que felizes em ajudar Wesley em direção

à porta. – E não pensem nunca mais em voltar para qualquer uma de minhas

festas de novo.

Pelo murmúrio dos outros, Wesley e seus comparsas não iriam ser bem-vindos

em festa alguma por um longo, longo tempo. Mas eu? De repente, eu era ainda

mais uma estrela do que já era. Não apenas eu estava envolto de segredos, mas

eu também tinha usado o ainda pouco compreendo poder do espírito para

colocar um aspirante a mulherengo em seu lugar. As garotas na festa amaram

isso. Até mesmo os rapazes gostaram. E ganhei mais convites e amigos do que

jamais tive em minha vida – e isso queria dizer algo.

Mas eu também estava exausto. O sol estava ameaçando surgir no horizonte, e

eu ainda estava no horário humano. Recebi os bons desejos com a muita

humildade que consegui e tentei fazer meu caminho para a porta, prometendo a

cada pessoa que eu faria questão de sair com eles depois. Aqui, Nina se

intrometeu para me ajudar, me conduzindo através da multidão, assim como eu

a guiei mais cedo, e dando dicas sobre negócios oficiais que eu supostamente

tinha que lidar.

- O único negócio que eu quero ter agora é com o meu travesseiro – eu disse a

ela com um bocejo, uma vez que tínhamos nos livrado da casa de Szelsky. –

Estou quase morto em meus pés.

- Aquela foi uma mágica da pesada que você fez – ela me contou. – Eu quase

nem notei que você havia parado de beber. Restrição bastante impressionante.

- Se eu tivesse como, eu viveria em um constante estado de alcoolismo – eu

admiti. – Mas eu tento ficar sóbrio algumas vezes por dia. É… É difícil explicar,

e eu não posso na verdade, mas tem algo que eu preciso fazer que necessita do

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meu juízo e espírito. Coincidiu de dar sorte hoje à noite que Wesley fez sua

aparição naquela hora. Eu não teria sido tão impressionante se eu tivesse que

dar conta de uma luta de braço.

Nina sorriu. – Eu tenho fé em você. Aposto que você teria sido incrível.

- Obrigado. Desculpe pelo o que ele disse a você.

- Tudo bem – ela disse encolhendo os ombros. – Estou acostumada.

- Mas isso não quer dizer que você precisa gostar – falei.

Alguma coisa vulnerável em seus olhos me disseram que eu tinha acertado algo,

que aqueles comentários a marcaram profundamente. – Sim… Quer dizer,

normalmente não dizem coisas assim tão explicitamente, mas eu tenho visto

essa atitude em pessoas que eu tenho que lidar no trabalho. Entretanto você

estava certo sobre a festa. Alguns deles não eram tão ruins quanto eu imaginava.

– Sua voz de repente se tornou tímida. – E obrigada… obrigada por me defender.

Suas palavras e minha pequena vitória sobre Wesley me deram mais auto-

determinação do que tive em semanas. Meu humor, que esteve se afundando

em escuridão e auto-aversão por tanto tempo, levantou dramaticamente. Eu não

era imprestável no fim das contas. Talvez eu não estive sendo capaz de

encontrar Sydney ainda, mas eu ainda era capaz de pequenas coisas. Eu não

poderia desistir da luta ainda. Quem sabe? Talvez hoje minha sorte iria mudar.

Eu mal poderia esperar em acompanhar Nina de volta a sua casa para que eu

pudesse voltar para a minha e procurar por Sydney.

Quando voltei, no entanto, estava claro que minha sorte continuaria a mesma

nesse quesito. Sem Sydney. Aquele inebriante humor desabou, mas ao menos

eu estava tão exausto que eu tive pouco tempo para me repreender por causa

do fracasso. Caí no sono prontamente logo em seguida e dormi até quase à

metade do outro dia vampiresco enquanto meu corpo continuava descobrindo

em qual programação eu estava.

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Quando eu acordei, meu telefone tinha uma mensagem de minha mãe, me

lembrando do jantar mais tarde. Quando eu chequei a caixa de voz no telefone

da minha suíte, eu descobri cerca de um milhão de mensagens dos meus novos

—amigos—. O número do meu telefone celular não era amplamente conhecido,

mas um monte de festeiros tinha dado um jeito de descobrir em qual prédio de

visitantes eu estava e mandou mensagens por esse meio. Eu tinha

oportunidades sociais por meses.

Mas hoje, eu tinha apenas uma que importava. Do meus pais. Eu não me

importava muito com o meu pai, mas minha mãe tinha saído de seu caminho

para me resgatar. Minha mãe tinha saído de seu caminho por mim em tantas

coisas, sério, e eu devia isso a ela para ser respeitável na frente de seus amigos

hoje à noite. Permaneci sóbrio por todo o dia e fiz coisas monótonas como lavar

roupa ao invés de ir atrás de qualquer convite que eu tinha – incluindo um que

tinha vindo da Nina. Por mais que eu gostasse dela, e por mais que eu me

divertisse com ela, uma voz interior me disse que era mais sábio manter minha

distância.

Apareci no condomínio dos meus pais dez minutos antes do jantar começar,

usando um terno recém-passado e as abotoaduras da Tia Tatiana, e fui recebido

pelo meu pai na sua grosseria habitual. – Bem, Adrian, eu assumo que qualquer

negócio a rainha tenha lhe trazido para cá, deve ser importante.

O comentário me pegou de surpresa até que minha mãe entrou apressada na

sala, parecendo elegante em uma seda verde esmeralda. – Agora, Nathan,

querido, não tente arrancar segredos de estado dele. – Ele descansou uma mão

em meu braço e deu uma pequena, controlada risada. – Ele esteve em cima de

mim sobre isso desde que a rainha me permitiu acompanhá-lo de volta a seus

negócio aqui. Eu disse a ele que eu queria apenas me atualizar, mas ele tem

certeza que eu sei de coisas que ele não sabe.

Eu finalmente me toquei e lancei a ela um olhar agradecido quando sua atenção

estava em outro lugar. Minha mãe não havia contado a ele que ela tinha me

encontrado em um estupor alcoólico na Califórnia e me salvou de mim mesmo e

de uma espiral descendente. Ela o tinha deixado pensar que era apenas um

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gesto materno impulsivo viajar comigo e ainda tinha usado isso como uma

oportunidade para melhorar minha reputação. Eu não tinha necessariamente a

necessidade de esconder meus comportamentos vergonhosos do meu pai, mas

eu tinha de admitir, a vida era certamente mais fácil quando ele não os tinha

esfregando na minha cara. Dizer que ele estava orgulhoso de mim talvez fosse

forçar demais, mas ele certamente parecia satisfeito por enquanto, e isso foi o

suficiente para fazer a noite ser passavel.

Os convidados do jantar eram outros da realeza que eu havia encontrado

algumas vezes através dos anos, pessoas sobre as quais eu conhecia pouco,

exceto que meus pais estavam preocupados em impressioná-los. Minha mãe,

que eu tinha certeza que nunca havia cozinhado ela mesma uma refeição em

sua vida, inspecionou cada detalhe na atuação do chefe deles, garantindo que

cada prato fosse perfeito, seja que estivesse de acordo com o vinho servido ou

simplesmente como fosse posicionado no prato. Depois de um dia de bom

comportamento (e tendo procurado pela Sydney logo antes de vir para cá), eu

me permiti uma amostra de um pouco do vinho, e mesmo que eu pudesse

identificar corretamente a região ou o tipo de solo, eu podia dizer que meus pais

não estavam economizando.

Logo eu aprendi por quê: Este era a primeira tentativa real dos meus pais de

voltar à sociedade desde o retorno da minha mãe da prisão. Ninguém os tinha

convidado para lugar algum desde que ela tinha voltado, então meus pais

estavam fazendo o gesto de abertura, pretendendo mostrar para o mundo da

realiza real Moroi que Nathan e Daniella Ivashkov eram companhias dignas. Isso

estendia a mim da mesma forma, já que meus pais saíram de seus caminhos

para sempre trazerem à tona o —negócio importante— que eu alegadamente

estava. Meu relacionamento com Jill e seu isolamento eram segredos – nem

mesmo meus pais sabiam destes detalhes – mas o trabalho de Sonya com a

vacina era conhecido, e todo mundo estava curioso para aprender mais.

Eu expliquei o melhor que podia, usando termos leigos e evitando segredos de

estado. Todos pareciam impressionados, principalmente meus pais, mas fiquei

agradecido quando a atenção saiu de mim. O jantar ocorreu com algumas

conversas políticas, que eu achei levemente interessante, e conversas de

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sociedade, que eu não achei nada interessante. Isso nunca tinha sido coisa

minha, mesmo antes dos eventos que mudam a vida em Palm Springs. Eu não

me importava com pontos de golfe ou promoções de trabalho ou futuros

encontros formais. Ainda consciente de meu papel, eu sorri educadamente por

todo o momento e me contentei a apenas tomar mais do excelente vinho. Pela

hora que o último convidado partiu, eu podia dizer que nós ganhamos eles com

sucesso e que Daniella Ivashkov seria bem-vinda de volta à sociedade da

realeza que ela almejava.

- Bem – ela disse com um suspiro, se afundando em uma das formais

namoradeiras recém-estofadas da sala de estar. – Eu me atrevo a falar que foi

um sucesso.

- Você fez bem, Adrian – me pai adicionou. Isso era um grande elogio, vindo

dele. – Nós temos um pouco menos de problemas para nos preocupar por agora.

Eu terminei o vinho do porto que havia sido servido com a sobremesa. – Eu não

diria que não ser convidado para o chá anual de verão de Charlene Badica

constitui um —problema—, mas se eu puder ajudar, fico satisfeito.

- Ambos ajudaram a consertar o dano que você causou para esta família. Vamos

esperar que isso continue. – Ele se levantou e espreguiçou. – Estou indo para

meu quarto. Verei vocês dois pela manhã.

Ele já havia ido por uns trinta segundos quando o impacto total de suas palavras

penetraram em meu cérebro encharcado de vinho. – Quarto dele? Não é seu

quarto também?

Minha mãe, ainda parecendo linda depois dessa longa noite, elegantemente

cruzou suas mãos em seu colo. – Na verdade, querido, eu estou dormindo em

seu antigo quarto agora.

- Meu…- e lutei para juntar algum sentido. – Espere. É por isso que você me

mandou para a casa de hóspedes? Pensei que você disse que precisava do meu

próprio espaço.

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- Ambos, de verdade. Você precisava de seu próprio espaço. E quanto ao

outro… bem, desde o meu retorno, seu pai e eu decidimos que as coisas corriam

muito mais suave se cada um de nós vivesse sua própria vida aqui… debaixo de

um mesmo teto.

Seu tom era tão fácil e agradável que quase fez ser difícil pegar a gravidade da

situação. – O que isso significa? Vocês vão estão se divorciando? Vocês estão

separados?

Ela juntou as sobrancelhas – oh, Adrian, essas são palavras tão feias. Além do

mais, pessoas como nós não se divorciam.

- E pessoas casadas não dormem em quartos separados – eu argumentei. – De

quem foi essa ideia?

- Foi mútua – disse. – Seu pai desaprova o que eu fiz, e o constrangimento que

causou para todos nós. Ele decidiu que ele não pode perdoar isso, e

honestamente, eu não me importo em dormir por conta própria.

Eu estava boquiaberto – então se divorcie, e fique por conta própria de verdade!

Porque se ele não pode perdoá-la por agir impulsivamente para salvar seu

próprio filho… bem, eu nunca fui casado, mas isso não parece ser o protocolo

de um bom marido. Assim não é a forma que você trata alguém que você ame.

E eu não sei como você consegue amar alguém que a trate assim.

- Querido, – ela disse com uma pequena risada – amor não tem nada a ver com

isso.

- Tem tudo a ver com isso! – Eu exclamei. Eu prontamente baixei minha voz,

temendo que eu sem querer trouxesse meu pai de volta, e eu não estava

totalmente pronto para isso. – Por que outro motivo se casar, ou permanecer

casado, se não por amor?

- É muito complicado – ela disse naquele tipo de tom que ela usava comigo

quando criança. – Há o status para considerar. Não pareceria certo se nós

separássemos. Isso, e… bem, todas as minhas finanças então entrelaçadas com

a de seu pai. Tivemos papéis elaborados quando casamos, e vamos colocar

dessa maneira: se ele e eu nos divorciarmos, eu não teria como me sustentar.

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Eu pulei de pé – eu irei sustentá-la então.

Ela encontrou meu olhar ao mesmo nível – com o quê, querido? Com suas aulas

de arte? Eu sei que a rainha não lhe paga por sua ajuda… embora Deus sabe

que ela deveria.

- Eu vou arranjar algum trabalho. Qualquer trabalho. Nós talvez não tenhamos

muito com o que começar, mas você teria pelo menos seu respeito próprio! Você

não precisa ficar aqui, amarrada com o dinheiro e julgamento dele, fingindo que

isto é amor!

- Não há fingimento. Isto é o mais próximo de amor que você pode conseguir no

casamento.

- Não acredito nisso – eu disse a ela. – Eu sei o que é o amor, mãe. Eu tive amor

que queima em cada fibra do meu ser, que me puxa a ser uma pessoa melhor e

me fortalece em cada momento do dia. Se você tivesse tido algo assim, você se

seguraria nele em cada pedaço da força que você possui.

- Você só pensa isso porque você é jovem, e você não conhece nada melhor –

ela estava tão odiosamente calma, que quase me fez mais chateado. – Você

acha que amor é um relacionamento imprudente com uma dhampir, só porque é

excitante. Ou você está se referindo à garota que você estava se lamentando no

avião? Onde ela está? Se o seu amor é tão consumidor e pode triunfar sobre

qualquer coisa, por que vocês não estão juntos?

Boa pergunta, disse Tia Tatiana.

- Porque… não é assim tão fácil – eu disse a minha mãe com os dentes cerrados.

- Não é assim tão fácil porque não é real – ela respondeu. – Pessoas jovens

confundem paixão com —verdadeiro amor— quando não existe tal coisa. Amor

entre uma mãe e seu filho? Sim, isso é real. Mas alguma ilusão romântica que

conquista tudo? Não se engane. Seus amigos, que tiveram romances tão

grandes, eventualmente irão ver a verdade. Esta garota sua, onde quer que

esteja, não vai voltar. Pare de perseguir um sonho e foque em alguém que você

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possa construir uma vida estável junto. Isso o que o seu pai e eu fizemos. Isso o

que nós sempre fizemos… e me atrevo a dizer que deu certo para nós.

- Sempre? – Perguntei em voz baixa – você sempre viveu esta fraude?

- Bem – ela admitiu -, algumas partes do nosso casamento foram mais…

amigáveis que outras. Mas nós sempre fomos pragmáticos quanto a isso.

- Você tem sido fria e superficial quanto a isso – eu disse. – Você me disse

quando saiu da prisão, que compreendia as coisas que importavam.

Aparentemente não, se você está desejando continuar com essa farsa, com um

homem que não a respeita, por imagem e dinheiro! Nenhuma segurança

recompensa isso. E eu me recuso a acreditar que isto é o melhor que qualquer

um pode esperar de amor. Há mais sobre isto do que isso. Eu terei mais do que

isso.

Os olhos de minha mãe quase pareceram tristes quando me encontraram –

então onde está está, querido? Cadê sua garota?

Eu não tinha uma boa resposta para ela. Tudo que eu sabia era que eu não

poderia mais suportar ficar ali. Eu disparei para fora do condomínio, surpreso por

sentir as pontadas de lágrimas em meus olhos. Eu nunca imaginei meus pais

como tipos carinhosos, românticos, mas eu acreditava que haveria ainda algum

tipo de forte afeição ao invés de, ou talvez por causa de, suas personalidades

fortes. Ser contado que era uma farsa, que todo amor era uma farsa, não poderia

ter vindo em hora pior. Eu não acreditava nisso, claro. Eu sabia que havia amor

verdadeiro lá fora. Eu havia vivido isso em primeira mão… mas as palavras da

minha mãe penetraram porque eu estava vulnerável no momento, porque não

importava o quão popular eu fosse na Côrte ou quão boas minhas intenções

fossem, eu ainda não estava perto em encontrar Sydney. Minha cérebro não

acreditou na minha mãe, mas meu coração, tão cheio de medo e dúvidas,

preocupou que houvesse verdade nas palavras dela, e aquele sombrio,

melancólico puxão do espírito fez as coisas piores. Fez eu duvidar de mim

mesmo. Talvez eu nunca fosse encontrar Sydney. Talvez eu nunca fosse

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encontrar amor. Talvez desejar muito algo não fosse o bastante para fazê-lo

acontecer.

O tempo havia esfriado do lado de fora, e um vento prometeu chuva. Eu pausei

na minha caminhada e tentei alcançar Sydney, mas o vinho do jantar encobriu

meus poderes. Eu desisti e peguei meu celular ao invés, optando por maneiras

mais simples de comunicação. Nina atendeu no segundo toque.

- Ei – ela disse. – Quando eu não ouvi sobre você, pensei… Bem, deixa para lá.

Como está tudo?

- Está melhor. Você quer fazer algo hoje à noite?

- Claro. O que você tem em mente?

- Não importa – eu disse. – Você pode escolher. Eu tenho um milhão de convites.

Nós podemos ir a festas a noite toda.

- Você não precisa de um descanso em algum ponto? – Ela provocou, não

sabendo o quão perto estava em atingir um nervo. – Pensei que você tivesse

dito que tentaria ficar sóbrio de vez em quando.

- Pensei em minha mãe, presa em um casamento sem amor. Pensei em mim,

preso sem opções. E pensei em Sydney, que estava simplesmente presa. Era

tudo excessivo, muito para mim para fazer qualquer coisa a respeito.

- Não hoje à noite – eu disse a Nina. – Não hoje à noite.

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Capítulo 07 DEMOROU QUASE UMA SEMANA para os outros detentos pararem de mover

suas mesas para longe de mim ou se encolherem se acontecesse de tocarmos.

Eles ainda não estavam nada perto de serem amigáveis comigo, mas Duncan

jurou que eu estava fazendo progressos extraordinários.

- Eu já vi levar semanas ou mesmo meses para chegar a esse ponto – ele me

disse na aula de artes um dia. – Em breve, você será convidada para sentar com

os garotos legais no almoço.

- Você poderia me convidar – eu apontei.

Ele sorriu enquanto retocava uma folha no projeto ainda-vivo de hoje: replicar a

samambaia que vivia na mesa de Addison.

- Você conhece as regras, criança. Outra pessoa além de mim tem que chegar

a você. Aguente firme. Alguém irá entrar em problemas em breve, e então sua

hora vai chegar. Jonah se complica bastante. Assim como Hope. Você verá.

Desde aquele primeiro dia, Duncan tinha restringindo basicamente nossas

interações sociais para esta aula, além de ocasionais piadinhas nos corredores

se ninguém estava perto o bastante para escutar. Consequentemente, eu me

encontrei ansiando pela hora da arte. Era o único tempo que alguém falava

comigo como se eu fosse uma pessoa de verdade. Os outros detentos me

ignoravam ao longo do dia, e meus instrutores, quer fosse na sala ou nas

sessões de vômito, nunca falhavam em me relembrar da pecadora que eu era.

A amizade de Duncan me centralizava, me relembrando que havia esperança

além deste lugar. Ele ainda era cauteloso, mesmo nesta aula, com sua conversa.

Apesar de ele raramente mencionar Chantal, a amiga, que eu secretamente

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acreditava que tinha sido mais que uma amiga, que os Alquimistas haviam

levado embora, eu poderia dizer que sua perda o assombrava. Ele papeava e

sorria com os outros durante as refeições mas fazia questão de não conversar

com uma pessoa excessivamente lá ou nas aulas. Acho que ele estava com

medo de arriscar qualquer um para a cólera dos Alquimistas, mesmo um

conhecido casual.

- Você é muito bom nisto – eu disse, notando os detalhes de suas folhas. – Isso

veio de estar aqui há muito tempo?

- Nada, eu costumava pintar como hobby antes de vir para cá. Eu odeio essa

porcaria ainda-vivo, no entanto – ele pausou para encarar sua samambaia. – Eu

mataria para apenas pintar livremente algo abstrato. Eu amaria pintar o céu.

Quem eu estou enganando? Eu amaria ver o céu. Eu nunca pintei muitas cenas

de ao ar-livre quando eu estava atribuído em Manhattan. Achava que era bom

demais para isso e deveria me guardar para algum pôr-do-sol do Arizona.

- Manhattan? Uau. Isso é muito intenso.

- Intenso – ele concordou. – E cheio e alto e barulhento. Eu odiava… e agora eu

faria qualquer coisa para voltar para lá. Lá onde você e seu namorado filósofo

devem acabar.

- Nós sempre conversamos sobre ir a algum lugar como Roma – eu falei.

Duncan zombou – Roma. Por que lidar com a barreira linguística quando você

pode ter tudo que você quiser nos EUA? Vocês podem ter um apartamento

incompleto que você trabalhará em dois empregos para pagar e você assiste a

aulas em qualquer coisa imaginável e ele sai com os amigos artistas

desempregados dele em Bushwick. Voltam para casa à noite para comer comida

coreana com seus vizinhos excêntricos, então fazem amor no colchão puído de

vocês no chão. No outro dia, tudo começa de novo – ele voltou a pintar.

- Não é uma forma ruim de viver.

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- Não é ruim mesmo – eu disse, sorrindo apesar de tudo. Eu poderia sentir esse

sorriso desaparecer quando uma dor emboscou em meu coração ao pensar em

qualquer futuro com Adrian.

O que Duncan havia descrito era tão bom quanto qualquer —plano de fuga—

que Adrian e eu costumávamos imaginar… e, neste momento, tão impossível

quanto. – Duncan… o que você quis dizer quando falou que você faria qualquer

coisa para voltar para lá?

- Não – ele alertou.

- Não o quê?

- Você sabe o quê. Eu estava apenas usando uma expressão.

- Sim – comecei -, mas se existisse uma maneira que você pudesse sair daqui

e…

- Não há – ele falou bruscamente.

- Você não é a primeira a sugerir isto. Você não será a última. E se eu puder

ajudar, você não será jogada de volta à solitária por fazer algo estúpido. Eu já

disse a você, não há saída.

Eu pensei muito cuidadosamente em como proceder. No último ano, ele

provavelmente tinha visto outros tentarem fugir daqui e, julgando pela sua

reação, assistiu a eles todos falharem. Eu tinha perguntado a ele sobre saídas

diversas vezes, e como eu, ele nunca descobriu onde eles estavam. E precisava

encontrar uma abordagem diferente e angariar informações que talvez no

encaminhasse à liberdade.

- Você poderia responder apenas duas coisas para mim? – Perguntei enfim –

sem ser sobre saídas?

- Se eu puder – ele falou com cuidado, ainda não fazendo contato visual.

- Você sabe onde nós estamos?

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- Não – ele disse prontamente. – Ninguém sabe, o que é parte do plano deles. A

única coisa que eu tenho certeza é que cada andar que sempre vamos é

subterrâneo. Isso é o porquê de não haver janelas ou saídas óbvias.

- Você sabe como eles injetam o gás aqui? Não aja como se você não soubesse

o que eu quero dizer – adicionei, vendo-o começar a fazer careta. – Você deve

ter notado quando você estava preso na solitária. E eles estão usando agora

para nos derrubar à noite e nos manter agitados e paranoicos quando estamos

acordados.

- Eles não precisam de qualquer droga para isto – ele mencionou. – Nós mesmos

fazemos um bom trabalho em espalhar essa paranoia por conta própria.

- Não se esquive. Você sabe ou não de onde o gás vem?

- Vamos lá, só porque uma samambaia é uma planta vascular não significa que

esteja produzindo dióxido de carbono de maneira diferente – ele interrompeu. –

Eu fiquei surpresa, tanto pela estranha mudança de assunto quanto pelo leve

aumento de sua voz. – Todas as reações químicas na fotossíntese básica ainda

estão lá. É apenas uma questão de usar esporos ao invés de sementes.

Eu estava muito perdida para responder de prontidão, e então eu vi o que ele já

tinha visto: Emma estava parada perto de nós, procurando uma gaveta de lápis

coloridos. E estava claro que ela estava escutando.

Eu engoli e tentei juntar algum sentido de palavras juntar – eu não estava

discutindo isso. E estava apenas mencionando o registro fóssil diz sobre

megafilos e microfilos. Você é quem começou a ficar encucado com fotossíntese.

Emma achou o que ele precisava e saiu de perto, fazendo meus joelhos quase

cederem de baixo de mim. – Oh meu deus – eu disse, uma vez que ela estava

longe de escutar.

- Isso – disse Duncan, – é por que você precisa ser mais cuidadosa.

A aula acabou, e eu passei o resto do dia esperando nervosamente Emma me

entregar para alguma autoridade, que iria me arrastar para a sessão de vômito

Page 101: Bloodlines 05 - Sombras Prateadas - Richelle Med

ou, pior, voltar para a escuridão. De todas as pessoas para nos escutar! Os

outros detentos poderiam não estar sociáveis comigo ainda, mas eu já tinha sido

capaz de observar que eram os melhores ou piores candidatos como aliados. E

Emma? Ela era a pior. Alguma dos outros poderiam ocasionalmente escorregar,

meio como Hope naquele primeiro dia, fazendo um comentário caprichoso que

os levavam a problema. Mas minha sempre-boa colega de quarto nunca, jamais

desviava de sua retórica Alquimista perfeita. Na verdade, ela saía de seu

caminho para delatar outros que não seguiam a linha. Eu honestamente não

conseguia compreender por que ela ainda estava aqui.

Mas ninguém veio por mim. Emma não fez mais do que olhar meu caminho, e

eu ousei ter a esperança de que a única coisa que ela ouviu foi a desculpa

apressada de fotossíntese do Duncan.

A hora da comunhão se aproximou e todos entramos em fila na capela. Alguns

sentaram nas cadeiras dobradiças enquanto outros vagavam pelo cômodo como

eu. Ontem tinha sido domingo, e no lugar de fazer comunhão, nós nos

juntávamos aqui nos bancos da igreja, juntos com todos nossos instrutores,

enquanto um hierofante vinha e nos dava um serviço de igreja genuíno e rezava

por nossas almas. Era a única parte de nossa rotina que mudava. Caso ao

contrário, nós tínhamos as mesmas aulas nos fins de semana como tínhamos

no meio de semana. Mas aquele único serviço fortificador, não por causa de sua

mensagem, mas porque era outra maneira de marcar o tempo. Cada pedaço de

informação que eu poderia ter neste lugar poderia apenas ser usado para me

ajudar… eu esperava.

Era por isso que eu lia a Parede da Verdade cada dia antes de nossa reunião.

Havia uma história aqui de detidos que vieram antes de mim, e eu ansiava

aprender algo. Na maioria, tudo que eu encontrava era o mesmo tipo de

mensagens, e hoje não era exceção. Eu pequei contra meu povo e me arrependo

imensamente. Por favor me leve de volta ao rebanho. A única salvação é a

salvação humana. Outra mensagem se lia: Por favor deixe-me sair. Vendo

Sheridan entrar na sala, eu estava prestes a me juntar aos outros quando eu

notei algo no canto do meu olho. Era em uma reigão da parede que eu ainda não

havia chegado, em letra rabiscada:

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Carly, desculpe-me. – K. D.

Eu senti meu queixo cair. Era possível… poderia realmente ser… enquanto mais

eu encarava aquilo, mais eu tinha certeza do que eu estava vendo: uma desculpa

para minha irmã Carly, de Keith Darnell, o cara que a estuprou. Eu imagino que

poderia ser uma Carly diferente e outro alguém com as mesmas iniciais… mas

meu instino me disse o contrário. E sabia que Keith havia estado na reeducação.

Seus crimes tinham sido de uma natureza bem diferente dos meus, e ele também

havia sido liberado recentemente – recentemente sendo mais de cinco meses

atrás. Ele também tinha quase ficado como um zumbi no tempo que ele tinha

saído daqui. Era surreal pensar que ele havia andado por esses mesmos

corredores, ido às mesmas aulas, suportado as mesmas sessões de vômito. Era

até mesmo mais perturbador imaginar se eu ficaria como ele quando saísse

daqui.

- Sydney? – Perguntou Sheridan agradavelmente. – Você não vai se juntar a

nós?

Corando, eu percebi que eu era a única não sentada e corri para me juntar aos

outros. – Desculpe – murmurei.

- A Parede da Verdade pode ser um lugar muito inspirador – disse Sheridan. –

Você encontrou algo que falou com sua alma?

Pensei com muito cuidado antes de responder e então decidi que a verdade não

me machucaria. Também talvez poderia ajudar, já que Sheridan estava sempre

tentando me fazer falar. – Na maioria eu fiquei surpresa – eu disse. – Reconheci

o nome de alguém que eu conhecia… alguém que estava aqui antes de mim.

- Esta pessoa ajudou a corrompê-la? – Lacey perguntou em curiosidade

inocente. Era uma das poucas vezes que alguém demonstrou interesse semi-

pessoal em mim.

- Não exatamente – disse. – Eu fui na verdade a pessoa que o reportou, que o

mandou para cá. – Todo mundo pareceu interessado, então eu continuei. – Ele

estava em negócios com um Moroi, um velho, senil Moroi, e tirando seu sangue.

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Ele disse ao Moroi que estava sendo usado para propósitos curativos, mas ele,

o cara que eu conhecia, estava na verdade vendendo o sangue para um tatuador

local que por sua vez estava usando-o para vender tatuagens que melhoram o

desempenho para alunos humanos de ensino médio. O sangue na tinta os faria

melhor em coisas, especialmente esportes, mas havia efeitos colaterais

perigosos.

- Seu amigo sabia? – Perguntou Hope. – Que estava machucando humanos?

- Ele não era meu amigo – eu disse afiada. – Mesmo antes de isto começar. E

sim, ele sabia. Ele não se importante no entanto. Tudo que ele estava focado era

nos lucros que ele estava fazendo.

Os outros detidos estavam arrebatados, talvez porque eles nunca haviam me

ouvido falar tanto ou talvez porque eles nunca haviam escutado de um escândalo

como este. – Aposto que o Moroi sabia – disse Stuart sombriamente. – Aposto

que ele sabia de tudo, em que as tatuagens estavam sendo usadas e o quanto

eram perigosas. Ele provavelmente estava apenas fingindo em ser senil.

A velha Sydney, quer dizer, a Sydney que esteve aqui no seu primeiro dia, teria

sido rápida em defender Clarence e sua inocência no esquema de Keith. Esta

Sydney, que tinha visto detidos serem punidos por comentários menores e tinha

suportado duas sessões de vômito esta semana, sabia melhor. – Não era meu

trabalho julgar o comportamento do Moroi – eu disse. – Eles farão o que suas

naturezas os mandarem fazer. Mas eu sabia que nenhum humano deveria

sujeitar outros humanos para os perigos que meu associado estava. Era por isso

que eu tinha que entregá-lo.

Para meu espanto, uma rodada de acenos me encontrou, e até Sheridan me

olhou com aprovação. Então, ela falou. – Esta é uma visão muito sábia, Sydney.

E ainda algo deve ter dado terrivelmente errado se você não aprendeu lição

alguma desse incidente e acabou aqui você mesma.

Todos aqueles olhos giraram dela para mim, e por um momento, eu não

conseguia respirar. Eu discutia sobre Adrian ocasionalmente com Duncan, mas

isto era diferente. Duncan não julgava ou despedaçava meu romance. Como eu

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poderia trazer à tona algo tão precioso e poderoso para mim na frente deste

grupo, que iriam insultar e fazê-lo parecer sujo? O que eu tive com Adrian foi

lindo. Eu não queria expô-lo para ser pisoteado aqui.

E ainda, como eu não poderia? Se eu não desse algo a eles, se eu não jogasse

seus jogos… então quanto tempo eu ficaria aqui? Um ano, ou mais, como

Duncan? Eu havia dito a mim mesma, de volta naquela cela escura, que eu diria

qualquer coisa para me tirar daqui. Eu tinha que fazer isso valer. Mentiras ditas

aqui não iriam importar se elas me levassem de volta a Adrian.

- Eu deixei minha guarda baixar – eu disse simplesmente. – Minha tarefa me

tinha trabalhando entre vários Moroi, e eu parei de pensar neles como as

criaturas que são. Acho que depois do meu associado, as linhas de bem e mal

ficaram borradas para mim.

Eu me preparei para Sheridan começar a me atormentar por mais detalhes

íntimos do que aconteceu, mas foi outra garota, uma chamada Amelia, que falou

algo totalmente inesperado.

- Isso quase faz sentido – ela disse. – Digo, eu não teria levado para, hm,

extremos que você fez, mas se você esteve por perto de um humano corrupto,

poderia talvez fazer você perder sua fé no nosso povo e erroneamente se virar

para os Moroi.

Outro rapaz que eu raramente conversava, Devin, acenou em concordância. –

Alguns deles podem quase parecer enganosamente legais.

Sheridan franziu as sobrancelhas levemente, e eu pensei que esses dois talvez

entrassem em problema por comentários semi-favoráveis aos Morois. Ela

aparentemente decidiu deixar passar ao favor do progresso que eu fiz hoje. – É

muito fácil ficar confuso, especialmente quando você está fora em uma tarefa

por si mesmo e coisas tomam um rumo inesperado. O importante é lembrar é

que nós temos uma infraestrutura inteira pronta para ajudá-lo. Se você têm

questões sobre o certo e errado, não se vire para um Moroi. Vire-se para nós, e

nós lhe diremos o que é certo.

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Porque o céu nos perdoe se um de nós pensar por nós mesmos, eu pensei

amargamente. Fui poupada de mais questionamentos românticos quando

Sheridan voltou sua atenção aos outros para ouvir qual tipo de esclarecimento

eles tiveram esse dia. Não apenas eu estava fora da reta, eu aparentemente

ganhei pontos com Sheridan e, como eu vi quando o chegou o horário de jantar,

com alguns dos meus colegas detidos.

Quando eu peguei minha bandeja com Baxter e iniciei minha caminhada em

direção a uma mesa vazia, Amelia me acenou para a dela com um curto sinal de

cabeça. E sentei ao lado dela, e apesar de ninguém ter realmente conversado

comigo durante a refeição, ninguém me mandou embora ou me censurou. Eu

comi em silêncio, e captei tudo que eu ouvia ao meu redor. A maioria de suas

conversas era as típicas que eu ouvia no refeitório de Amberwood, comentários

sobre o dia de escola ou colegas de quarto que roncavam. Mas me deu mais e

mais compreensão de suas personalidades, e eu de novo comecei a calcular

quem poderia ser um aliado.

Duncan esteve sentado com outros em outra mesa, mas quando nós passamos

ao lado de outro saindo do refeitório, ele murmurou – viu? Eu disse a você que

você estava fazendo progresso. Agora não estrague tudo.

Eu quase sorri, mas aprendi minha lissão mais cedo hoje sobre ficar muito

confortável. Então eu continuei o que eu esperava ser uma aparência solene e

diligente no meu rosto enquanto íamos em desordem para a biblioteca para

encolher nossas escolhas chatas de leitura para a noite. Eu acabei na sessão de

história, esperando por algo um pouco mais interessante do que eu tinha visto

recentemente. Histórias Alquimistas ainda eram cheias de lições sobre moral e

bons comportamentos, mas pelo menos essas lições não eram diretamente

explícitas para os leitores, como a maioria dos outros livros de auto-ajuda era.

Eu estava em dúvida entre dois contos medievais diferentes quando alguém se

ajoelhou ao meu lado.

- Por que você quis saber sobre o gás? – Perguntou uma voz quieta. Eu me virei.

Era Emma.

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- Eu não sei sobre o que você está falando – falei levemente.Você quis dizer em

artes hoje? Duncan e eu estávamos discutindo samambaias.

- Uh-huh – ela puxou um livro da era renascentista e folheou as páginas. – Eu

não direito uma palavra a você no nosso quarto, você sabe. Está sob vigilância.

Mas se você quer minha ajuda agora, você tem cerca de sessenta segundos.

- Por que você me ajudaria? – Eu questionei – assumindo que eu mesmo queira?

Você está tentando armando para mim em algo para que você consiga ser vista

melhor?

Ela bufou. – Se eu quisesse —armar para você em algo—, eu teria feito eras

atrás no nosso quarto, gravado em vídeo. Quarenta e cinco segundos. Por que

você quer saber sobre o gás?

Ansiedade me inundou enquanto eu desesperava sobre o que fazer. Nas minhas

avaliações sobre quem poderia ser um aliado, Emma nunca tinha aparecido. E

ainda, aqui estava ela, oferecendo o mais perto de insubordinação que alguém,

até mesmo meu amigo Duncan, tinha mostrado até agora. Isso fez tudo parecer

mais provável que eu estava sendo armada, ainda parte de mim não conseguia

resistir a oportunidade.

- O gás nos prende aqui tanto quanto os guardas e paredes – eu disse por fim.

– E apenas quero entender. – Com esperança isso não era tão incriminador.

Emma escorregou o livro de volta e selecionou outro diário, este com enfeites

extravagantes. – Os controle estão em uma oficina que está no mesmo andar da

sessão de vômito. Cada quarto também tem um pequeno cano sendo alimentado

por esse sistema. E logoatrás do painel de ventilação perto do teto.

- Como você sabe? – Perguntei.

- Eu cruzei com alguns rapazes do conserto fazendo manutenção em um quarto

vazio uma vez.

- Então seria masi fácil bloquear quarto-por-quarto do que no nível de controle –

murmurei.

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Ela balançou sua cabeça – não quando está bem na linha com as câmeras nos

quartos. Os guardas estariam sobre você antes mesmo de você retirar o painel.

No qual você precisaria de uma chave de fenda.

Ela começou a colocar seu livro de volta, e eu o peguei dela. Tintas cintilantes

decoravam a capa, e o canto de cada capítulo estava coberto com um pedaço

de metal achatado. Eu percorri meus dedos sobre um. – Chave de fenda plana?

– Perguntei, medindo a grossura do canto metálico. Se eu conseguisse arrancar,

seria uma boa ferramenta para retirar um parafuso.

Um lento sorriso espalhou sobre o rosto de Emma. – Na realidade, sim. Você

ganha pontos de criatividade, eu lhe darei isso. – Ela me estudou por mais uns

momentos. – Por que você quer bloquear o gás? Parece que você tem vários

outros problemas maiores, você sabe, o maior deles que você esteja presa aqui.

- Você me diga algo primeiro – eu disse, ainda sem certeza se Emma era parte

de uma grande operação que iria me colocar em um problema ainda maior. –

Você era como a criança propaganda para o comportamento modelo Alquimista.

O que você fez para vir para cá?

Ela hesitou antes de responder – eu mandei para longe alguns guardiões que

tinha sido atribuídos para ajudar meu grupo Alquimista em Kiev. Havia alguns

Moroi que eu conhecia que eu achava que precisavam de mais proteção do que

nós.

- Eu vejo onde isso iria chatear os poderes-constituídos – admiti. – Mas parece

que há coisas priores, especialmente como quão boa você tem sido. Por que

você ainda está aqui?

Seu sorriso convencido mudou para algo mais amargo – porque minha irmã não

está. Ela passou por tudo isso também, recebeu alta, e depois foi mais desonesta

do que antes. Ninguém sabe onde ela está, e agora, não importa quantos

avanços eu dê, eles estão garantindo que não façam o mesmo erro duas vezes

em me deixar ir embora tão cedo. Mau sangue na nossa família, eu acho.

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Isso com certeza explicaria as coisas. Ela parecia sincera também, mas ela

também era uma Alquimista, e nós éramos bons em enganar os outros. Outra

pergunta surgiu na minha cabeça enquanto meus olhos cruzaram a sala onde

Duncan e alguns outros vasculhavam a sessão de sociologia. – Porque Duncan

está aqui tanto tempo? Ele parece estar em bom comportamento. Sangue ruim

na família também?

Emma seguiu meu olhar – meu chute? Comportamento bom demais.

- Isso é mesmo possível? – Perguntei, chocada.

Ela deu de ombros – ele é tão dócil, acho que eles estão preocupados que ele

não seja capaz em se impor a influência de vampiros, mesmo que ele quisesse.

Então eles estão com medo de deixá-lo sair ainda. Mas eles não querem que ele

tenha muita coragem porque esse tipo vai contra o procedimento de operação

aqui. Eu acho que ele quer ser mais corajoso… mas algo o impede, digo, mais

do que as coisas normais nos impedindo.

Chantal, pensei. Isso era o que o segurava. Ele tinha coragem o bastante para

ser meu amigo, mas as palavras de Emma explicaram por que ele era tão

cuidados mesmo nisso. Perder Chantal deixou sua marca e o fez temeroso a

fazer qualquer outra coisa. Esperando que eu não estivesse fazendo um terrível

erro, respirei fundo e volta para Emma.

- Se o gás estiver desligado, eu posso mandar uma mensagem para fora. Isso é

tudo que eu posso contar a você.

Suas sobrancelhas subiram com isso – você tem certeza? Hoje?

- Absoluta – eu disse. Adrian estaria procurando por mim nos sonhos. Ele apenas

precisava de uma janela de sono natural.

- Espere um minuto – Emma disse após um pouco mais de pensamento.

Ela se levantou e caminhou para o outro lado da sala, para onde Amelia estava

pesquisando. Elas conversaram até a melodia de sinos tocar, sinalizando que

era hora de retornarmos para nossos quartos. Emma apressou-se de volta para

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mim. – Confira este livro – ela disse, acenando para o diário enfeitado. – E não

direito outra palavra para você uma vez que saiamos por aquela porta. Volte para

nosso quarto, conte até sessenta, e depois mergulhe de cabeça em qualquer

coisa que você precisar fazer com aquela ventilação.

- Mas e sobre a câmera…

- Você está por conta própria agora – ela disse, e partiu sem uma palavra a mais.

Fiquei boquiaberta por um tempo e depois me apressei para me juntar aos outros

que estavam assinando os livros para o bibliotecário. Enquanto eu saía com eles,

tentei parecer natural e não como meu coração estivesse martelando meu peito.

Emma estava falando sério? Ou isso era a última armação? O que ela poderia

ter feito em uma conversa que de repente faria ficar tudo bem bloquear o sistema

de ventilação? Porque quando voltamos para nosso quarto, eu podia ver a

pequena câmera preta que nos vigiava estava apontada diretamente para o rumo

da ventilação em questão. Qualquer um o abrindo seria facilmente visto.

Teria de ser uma armação, mas Emma tinha sido clara em sua linguagem

corporal que ela não teria nenhuma interação a mais comigo enquanto nos

preparámos para deitar. Contei silenciosamente e sabia que ela também tinha

contado porque quando eu cheguei a sessenta, ela me jogou um olhar afiado,

cheio de significado.

Há maneiras mais fáceis de armar para mim, pensei. Maneiras mais fácil com

consequências piores.

Engoli seco, e empurrei minha cama para a parede e a usei para subir, então eu

teria acesso mais fácil para o painel de ventilação. E arranquei um canto de

página de metal do livro, e a avaliação de Emma esava correta. Sua espessura

era certa como uma chave de fenda plana. Claro, não era nem perto

ergonomicamente fácil de usá-lo como uma chave de fenda, mas após um pouco

de tempo, e finalmente consegui afrouxar os quatros cantos do painel o

suficiente retirá-lo. Meus nervos e mãos tremendo não estavam ajudando a

acelerar o processo, e eu não tinha menor ideia quanto tempo eu ainda tinha

para fazer isso, ou se Emma iria me alertar quando o tempo acabasse.

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Dentro, encontrei um poço de ventilação comum. Era pequeno demais para

engatinhar, então não haveria nenhum fuga digna de filme desse jeito. Como ela

havia me dito, um pequeno cano estava anexado ao lado da ventilação, abrindo

logo atrás das grelhas do painel para alimentar o ar para dentro do nosso quarto

quando a luz se apagasse. Agora eu precisava bloquear o cano. E alcancei

debaixo da cama, onde eu tinha colocado uma velha meia recuperada do nosso

cesto de roupa suja mais cedo. Eu não deixei de lado que os Alquimistas

fizessem um inventório de nossas roupas regularmente, mas eu também sabia

que quando isto era apanhado, era prontamente jogado em um cesto de roupas

maior. Se eles notassem uma meia perdida, eles não saberiam do quarto de

quem teria vindo. E com certeza até mesmo secadoras Alquimistas comiam

meias de vez em quando.

Eu enfiei a meia no cano o melhor que eu pude, esperando que fosse suficiente

para manter o pior do gás longe. Atrás de mim, baixinho, escutei Emma

murmurar – rápido. – Minhas mãos escorregavam com suor, e parafusei o painel

de volta no lugar e mal lembrei de mover minha cama antes de afundar nela com

meu livro. Toda a tentativa durou menos do que cinco minutos, mas foi o

suficiente?

Emma estava fixada em seu livro e nem mesmo olhou em minha direção, mas

eu percebi o vislumbre de um sorriso em seus lábios. Isso era um triunfo em em

ajudar a alcançar meu objetivo? Ou ela estava se vangloriando em ter me

enganado em cometer sérias insubordinações na câmera?

Se eu tinha sido pega, ninguém veio até mim naquela noite. Nossa hora de leitura

acabou, e logo depois, as luzes se apagaram e eu ouvi o clique familiar das

portas automaticamente se trancando. Eu me aconcheguei na minha esparsa

cama feita e esperei por outra coisa que tinha sido se tornado familiar nessa

última semana: a sonolência induzida artificialmente trazida pelo gás. Não tinha

chegado.

Não tinha chegado.

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Eu mal poderia acreditar. Nós tínhamos conseguido! Eu consegui parar o gás de

entrar no meu quarto. A parte irônia era, eu poderia usar um pouco de ajuda para

conseguir dormir porque eu estava tão animada para falar com Adrian que eu

não conseguir me acalmar. Era como Noite de Natal. E deitei no escuro pelo o

que parecia ser duas horas antes da exaustão natural ganhar e me colocar para

dormir. Meu corpo estava em um estado perpétuo de fadiga por aqui, tanto por

estresse mental e pelo fato que o sono que nos era dado era pouco adequado.

Dormi profundamente até a melodia de sinos para acordar, e foi então quando

eu me dei conta da horrível verdade.

Não houve sonho algum. Adrian não tinha vindo.

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Capítulo 08 Adrian

Eu não queria que as coisas ficassem tão fora de mão.

Minhas intenções eram boas quando eu vim para a Corte, mas depois de falhar

com Lissa e descobrir sobre os meus pais, algo rompeu dentro de mim. Eu me

joguei de volta em minha vida antiga como vingança, perdendo toda a aparência

de responsabilidade. Eu tentei dizer a mim mesmo que eu estava apenas tendo

um pouco de diversão e achando um jeito de descontrair enquanto eu estava na

Corte. Algumas vezes eu até dizia que era pela Nina. Talvez essa desculpa tenha

funcionado nos primeiros dias em que eu estive de volta, mas depois de uma

semana de folia e festa sem quase parar, até ela timidamente ofereceu um

protesto quando eu a apanhei uma noite.

—Vamos ficar,— ela disse. —Vamos dar um tempo e assistir um filme. Ou jogar

cartas. Qualquer coisa que você queira.—

Apesar de suas palavras, ela ainda estava vestida para sair e curtir, parecendo

muito bonita em um vestido azul*(periwink- é uma flor de um tom de azul quase

lilás) que faziam seus olhos cinzas luminosos. Eu fiz um gesto para ele. —E

desperdiçar isso? Vamos lá, eu achei que você queria conhecer novas

pessoas.—

—Eu quero,— ela disse. —Eu tenho. De fato, nós estamos começando a ver os

mesmos de novo e de novo. Todos eles já me viram nesse vestido.—

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—Isso é um problema?— Perguntei. —Eu vou te emprestar dinheiro para um

novo.—

Ela balançou a cabeça. —Eu não posso nem te pagar de volta por esse.—

Depois de descobrir a mentira que meus pais estavam vivendo, eu fiquei tentado

a fazer uma declaração e recusar a ampla mesada que meu pai vinha

regularmente depositando em minha conta. Eu não tinha as mesmas contas aqui

que eu tinha em Palm Spings, e eu gostava da ideia de mostrar a Natan Ivashkov

que ele não podia comprar todos nessa família. Mas quando Nina casualmente

comentou que se sentia mal vestida em alguma das festas da realeza em que

nós fomos, eu decidi que usar o dinheiro do meu pai para financiar o guarda-

roupa de uma secretaria seria tão irritante quanto. Nina apenas concordou com

o combinado se fosse tratado como um empréstimo, não um presente, mas até

ela foi pega de surpresa quando viu os valores que eu estava desperdiçando por

ai. Uma pequena voz de razão me alertou que eu corria perigo de cair em alguns

mal hábitos de gastar que eu tive em um dos meus momentos baixos em Palm

Springs, mas eu a calei. Afinal, eu pegaria mais dinheiro do meu pai em breve,

e quase todo mundo estava servindo minhas bebidas de graça esses dias de

qualquer forma.

—Bem, ele parece ótimo,— eu disse. —Seria uma vergonha esconder tal coisa.

A menos que tenha outro problema?—

—Não,— ela disse, corando com as minhas palavras. Ela me olhou, e eu tive a

sensação de que ela estava lendo minha aura, o que teria revelado – se outros

sinais ainda não – que eu já tinha tido uma bebedeira pré-festa. Ela suspirou. —

Vamos.—

Ela não pode te acompanhar, disse Tia Tatiana enquanto nós percorríamos o

terreno da Corte. O pôr do sol causava sombras que se estendiam ao nosso

redor. Mas então, que garota pode?

Sydney poderia me acompanhar, eu pensei. Não no sentido de festejar. Quero

dizer… na vida.

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As palavras dela trouxeram aquela terrível dor que nunca nenhuma quantidade

de folia poderia afugentar. Sydney. Sem ela, eu simplesmente sentia como se

eu estivesse passando pelos movimentos da vida, criando uma existência

melancólica piorada por minha inabilidade de encontra-la. Tudo que eu podia

fazer era a infrutífera e cada vez mais esporádica busca por sonho. Eu ainda não

havia procurado por ela hoje essa noite e me perguntei se eu deveria dar atenção

à sugestão de Nina, se apenas para adquirir uma breve sobriedade.

É muito cedo, alertou Tia Tatiana. Verifique mais tarde. Nenhum humano estaria

dormindo nos Estados Unidos. Além disso, você quer que volte?

Ela tinha um ponto sobre a hora. A coisa era, eu perdi bons horários para

procurar por Sydney a semana inteira, e isso estava começando a me

incomodar. Mas ela estava certa sobre voltar: aquela terrível, escuridão imersa

que ameaçava consumir todo o meu mundo. Minha depressão tinha sido ruim

em Palm Springs depois do desaparecimento de Sydney e só tinha piorado aqui

depois do meu fracasso em conseguir a ajuda de Lissa. Eu sabia que meu ex-

psiquiatra e até Sydney iriam provavelmente me dizer que era um sinal para

voltar com a medicação, mas como eu poderia, quando eu podia ser capaz de

usar espirito para ajuda-la? Admitidamente, eu não era de muito uso agora, mas

ainda me recusava deixar a magica ir. E então, um aumento das maravilhas

álcool auto-calmante ajudava a calar um pouco, como fazia com a dependência

dos conselhos e presença do fantasma de Tia Tatiana – uma presença que se

tornou desconcertantemente mais frequente na ultima semana. Eu sabia que ela

não era real e que meu psiquiatra teria muito o que falar sobre ela também, mas

sua alucinação parecia estar criando um muro entre o pior da depressão e mim.

Pelo menos ela me tira da cama a cada manhã.

A festa daquela noite estava sendo oferecia por um cara Conta que eu não

conhecia muito bem, mas ele parecia satisfeito por nós termos aparecido e nos

recebeu com um aceno amigável através do cômodo. Nina tinha se tornado

minha reconhecida sombra nesses eventos, e várias pessoas que queriam se

dar bem comigo pensava que se aproximar dela era o jeito de conseguir. Eu

podia dizer que isso a frustrava, mas preferia aproveitar o show da realeza que

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normalmente tratava ela como mobília nos escritórios do castelo agora puxando

o saco enquanto eles tentam cair nas graças dela.

Quase todas as festas nessa época do ano eram ao ar livre, o tempo permitindo.

Nos fomos ensinados com tão pouco idade a ficar do lado de dentro e se

esconder de Strigoi que se uma oportunidade ao ar livre se apresenta em um

local seguro – como a Corte – nós dificilmente poderíamos recusar a oferta. O

jovem Lorde Conta saiu do seu caminho para fazer essa festa memorável, com

todos os tipos de inovações para divertir e entreter. Uma das minhas favoritas

era uma fonte aninhada em uma mesa, disparando champanhe em arcos altos.

Dentro das profundezas da base de vidro, uma variedade de luzes coloridas

brilhou através do espumante liquido.

Eu enchi copos para Nina e para mim, admirando as luzes enquanto elas

passavam por uma mudança de cores. —Adrian,— ela disse suavemente. —

olha ali, do outro lado da piscina.—

Segui seu olhar e vi Wesley Drozdov bebericando de um copo de Martini e dando

um olhar fuzilante para mim. Eu estava meio que surpreso de ver ele. Ele se fez

notavelmente ausente desde o nosso ultimo enfrentamento, e eu me perguntei

se ele apareceu hoje à noite pensando que eu não estaria em uma festa onde

eu não conhecia o anfitrião bem. Lixo, Tia Tatiana murmurou em minha cabeça.

Ele não merece um nome real.

—Que aura,— adicionou Nina. —Ele te odeia.—

Eu já havia aceitado uma dose de um servente passando no nosso caminho e

não estava na melhor posição para ler auras. Eu não tinha razão para duvidar

de Nina e ri da preocupação em sua voz. —Não se preocupe. Ele não vai

começar nada. Vê?—

Com certeza, Wesley devolveu seu copo vazio e saiu furtivamente pelas

sombras, para meu alivio. Eu não queria que Tia Tatyana começasse a reclamar

sobre ele de novo. Nina ainda parecia inquieta. —Nunca deixe ele pega-lo

sozinho.—

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Eu entreguei um copo a ela. —Quando isso aconteceria, com você do meu

lado?— Perguntei galantemente. —Eu sempre tenho você para me cobrir.—

Seu rosto se iluminou, bem mais do que eu esperava por um comentário tão

exagerado. Mas se isso a fazia feliz, me fazia feliz. Talvez eu não pudesse

concertar tudo em minha própria vida, mas Nina era uma garota legal que

merecia coisas boas depois de tudo pelo que ela passou. Isso, e ter ela por perto

nessas festas me faziam sentir um pouco menos patético. Beber sozinho era

triste. Beber com uma companhia poderia ser tecnicamente justificado como

interação social.

Passamos pela nossa rotina habitual de beber e se misturar. Eu cheguei com

ideias de me impor limites, mas logo perdi a noção. Eu só posso assumir que foi

isso que me levou a atender o celular quando tocou. Normalmente, eu checo o

display antes de se quer considerar atender, mas hoje à noite hoje isso nem me

ocorreu.

—Alô?—

—Adrian?—

Eu estremeci. —Oi, Mãe.—

Nina se afastou discretamente, e eu tentei me mover para um lugar mais

silencioso. Minha mãe era um dos principais motivos de eu fazer questão de

checar o display esses dias, desde que ela esta me ligando quase sem parar

desde a nossa discussão pós-jantar. Agora não havia escapatória fácil.

—onde você esta, querido? Mal consigo te escutar.—

—Estou em uma festa,— Eu disse a ela. —Não posso falar muito.— Não era

exatamente verdade, desde que poucos na multidão estavam prestando atenção

em mim naquele momento, e Nina havia encontrado um grupo para conversar

perto da piscina.

—Não vai demorar muito.— A menos que eu tenha me enganado, havia uma

margem de nervosismo em sua voz. —Eu não sei se você recebeu minhas

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mensagens. …— Ela diminuiu significativamente, talvez esperando que eu

provesse uma razão tranquilizadora por ignorá-la a semana toda. Eu não dei.

—Eu recebi,— eu disse.

—Ah,— ela disse. —Bem, então, como você sabe, eu não estou feliz com como

nós deixamos as coisas. Eu sinto sua falta, Adrian. Eu passei muito tempo

pensando em você enquanto eu estive longe, e uma das coisas que eu mais

planejei foi ficar com você quando eu estivesse de volta.—

Eu senti uma centelha de raiva com isso, recordando como ela não quis falar

comigo na prisão quando eu a visitei nos sonhos. Guardei esse sentimento para

mim e a deixei continuar.

—Gostaria que nós tentássemos de novo, apenas eu e você. Talvez um lanche

tranquilo, então posso explicar as coisas melhor. Gostaria que você entendesse

- —

—Você continua vivendo com ele?— Eu interrompi. —Você continua aceitando

seu dinheiro?—

—Adrian…—

—continua?— Pressionei.

—Sim, mas como eu disse –—

—Então eu entendo perfeitamente. Você não precisa explicar nada.—

Eu esperava desculpas ou bajulação, o que eu vinha recebendo em boa

quantidade em suas muitas mensagens de voz e podia quase me recitar. Então

foi um pouco surpreendente quando ela atirou de volta mais afiada que o usual.

—Você esta Adrian? Eu vi as contas. Eu vi que ele ainda continua te mandando

dinheiro.—

Ela esta te chamando de hipócrita, Tia Tatiana sussurrou para mim, veneno em

sua voz. Você vai deixar ela se safar com essa?

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—Não é a mesma coisa,— eu disse, me sentido ambos com raiva e embaraçado.

—Eu estou desistindo do meu.—

—Esta mesmo?— O tom de minha mãe implicava que ela não acreditava nisso

nem por um segundo.

—Sim, eu –—

Minha replica raivosa foi interrompida por um grito e um splash. Eu olhei para

onde eu vi Nina pela ultima vez. Algum zoeiro irrompeu no grupo com o qual ela

estava, e ela e mais alguns outros estavam agora emergindo da piscina, tossindo

e limpando água dos olhos.

—Eu tenho que ir, Mãe,— eu disse. —Obrigado por ligar, mas até você conseguir

algum respeito próprio, eu não estou interessado.— Eu sabia que era maldoso,

e eu não dei a chance de ela responder antes de desligar e correr para a piscina.

Eu estendi uma mão para Nina enquanto ela se esquivava de uma trilha de copos

e tentava sair. —Você esta bem?—

—Yeah, Yeah, bem.— Os cachos que estiveram tão lindos e elásticos mais cedo

agora se penduravam em volta de seu rosto em negros, aglomerados pingando.

—Gostaria de poder dizer o mesmo sobre esse vestido.—

Garçons correram adiante com toalhas, e eu peguei uma para Nina. —Vai

secar.—

Ela me deu um sorriso torto enquanto enrolava a toalha ao redor de si mesma.

—Você não vai muito à lavanderia, vai? Isso é seda. Não vai combinar muito

com o cloro e sabe se Deus mais o que tinha nessa piscina.—

As palavras de minha mãe continuavam frescas em minha mente. —Então eu

vou reforçar o que eu disse mais cedo: Nós vamos arrumar algumas roupas

novas para você.—

—Adrian, eu não posso continuar aceitando seu dinheiro. É gentil, e eu estou

grata, mesmo. Mas eu tenho que conquistar meu próprio caminho.—

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Uma mistura de sentimentos transbordou através de mim. O primeiro foi orgulho.

Aqui estava ela, incorporando exatamente o que eu acabei de castigar minha

mãe sobre. Por outro lado, não havia como negar que enquanto Nina

admiradamente tentava fazer as coisas por conta própria, eu era o hipócrita que

minha mãe havia insinuado. Aquela humilhação queimou através de mim,

combinada com a frustração que eu já sentia por não ser capaz de ajudar

Sydney.

—Você vai conquistar seu próprio caminho,— eu disse decididamente. —Nós

dois vamos. Vamos.—

Eu peguei a mão de Nina e a guiei para fora do jardim abarrotado, economizando

pensamentos para as consequências da minha decisão impulsiva. Nós

caminhamos para quase o lado oposto da Corte, distante das residências reais

as quais nós passamos tanto tempo. Aqui, entre os bem mais modestos

condôminos, eu marchei para os degraus para um endereço que eu estava

orgulhoso de ter lembrado e bati ruidosamente na porta. Nina, ainda envolta em

sua toalha, mudava de posição desconfortavelmente ao meu lado.

—Adrian, onde nós estamos?— ela perguntou. —Você não percebeu –—

Suas palavras foram cortadas quando a porta foi aberta, revelando uma muito

surpresa Sonya Karp. Ela uma vez foi professora de biologia de ensino médio e

uma Strigoi (embora não ao mesmo tempo). Agora, ela era Moroi mais uma vez

e usuária de espirito como Nina e eu. Seus cabelos vermelhos estavam

abarrotados do sono, e não foi até eu notar seu pijama que eu tive um momento

de hesitação. O sol não havia nascido completamente ainda, mas o céu ao leste

estava definitivamente mais roxo do que preto. Continuava o horário nobre Moroi.

—Adrian, Nina,— disse Sonya, em forma de saudação. Ela estava notavelmente

calma, considerando as circunstancias incomuns. —Vocês dois estão bem?—

—Eu… yeah.— De repente me senti estupido, mas então afastei tais

sentimentos de lado. Nós já estávamos aqui. Eu poderia muito bem me manter

firme. —Nós precisamos falar com você sobre algo. Mas se for muito tarde…—

Eu fiz uma careta, tentando analisar o tempo através do meu cérebro apodrecido

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de bebida. Não havia motivo para ela estar na cama. —Você esta em horário

humano?—

—Eu estou no horário de Mikhail,— ela respondeu, se referindo a seu marido

dhampir. —Ele tem trabalho em turnos estranhos, então eu ajustei meus horários

de acordo.— Ela pegou na toalha de Nina e deu um passo para o lado e se

afastou da porta. —Não há ponto em se estressar sobre isso agora. Entre, vocês

dois.—

Embora o apartamento tivesse uma cozinha e minha suíte não, o espaço de

vivencia geral era muito menor do que o que eu atualmente aproveitava na

habitação de convidados. Sonya e Mikhail tinham decorado as coisas

agradavelmente e certamente deram para o lugar um ar aconchegante, mas

ainda me atingiu o quão errado um visitante Moroi como eu receber

acomodações mais luxuosas do que um guardião que trabalhava duro e estava

constantemente arriscando sua vida. Ainda pior, eu sabia que essa era uma das

maiores casas de guardiões já que Mikhail era casado. Guardiões solteiros

viviam em um pouco mais que dormitórios.

—Vocês querem alguma coisa para beber?— perguntou Sonya, gesticulando

para nós para sentarmos a mesa da cozinha.

—Água,— disse Nina rapidamente.

Sonya trouxe dois copos e então sentou diante de nós. —Agora, ela disse. —O

que é tão importante?—

Eu apontei para Nina. —Ela. Ela tem te ajudado com alguns dos seus trabalhos

para a vacina, certo? Ela aplica tempo, mas não é paga. Isso não é certo.—

Nina corou, agora que ela percebeu sobre o que isso era. —Adrian, tudo bem –

—Não esta,— eu insisti. —Nina e eu ambos fizemos muito por você com sua

pesquisa de espirito, mas não vimos nenhuma recompensa.—

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Sonya ergueu uma sobrancelha. —Eu não percebi que essa era uma parte de

seus requerimentos. Eu pensei que vocês estavam felizes de estarem

trabalhando contra os Strigou pelo amor de fazer o bem.—

—Nós estamos,— disse Nina, ainda parecendo mortificada.

—Mas,— eu adicionei. —Você não pode pedir para nós arrumarmos tempo em

nossas agendas e vidas enquanto ainda espera que encontremos um jeito de

sobreviver e pagar as contas. Você quer nossa ajuda com isso? Não faça algo

meia-boca. Contrate um batalhão de espirito em tempo integral.— Fiz uma

careta, não gostando do jeito que isso saiu. —Ou um time dos sonhos de espirito.

Eu não sei. Só estou dizendo, se você quer fazer isso direito, nos de a

compensação que merecemos enquanto também se certifica de que esta

recebendo a melhor ajuda disponível. Nina tem de equilibrar seu trabalho no

escritório enquanto ainda ajuda você.—

O olhar de Sonya descansou em Nina, que se contorceu e parecia ainda mais

desconfortável. —Eu sei que você trabalha um monte de horas, e eu sinto muito

por estar pedindo um extra de você.— Sonya virou para mim e pareceu

distintamente menos simpática. —Mas lembre-me de novo o que exatamente

você tem feito esses dias, Adrian?—

Que irritante, disse Tia Tatiana.

—Bem,— eu disse obstinadamente, —eu poderia estar te ajudando a produzir

em massa sua vacina, se você me contratar em tempo integral.—

Sonya deu uma pequena, risada seca. —Eu adoraria isso, exceto que há dois

pequenos problemas. Um é que eu não estou produzindo nada em massa.—

—Não esta?— eu perguntei. Eu olhei brevemente para Nina, que parecia muito

embaraçada por esse encontro inteiro para notar. —Mas eu achei que essa fosse

sua prioridade top.—

—E é,— disse Sonya. —Mas infelizmente, replicar o espirito no sangue de Neil

esta se provando muito difícil. O espirito não parece estar ligado com o sangue

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de uma forma estável, e me preocupa que vá desaparecer sem deixar tempo

suficiente para que antes possamos desvendar seus segredos. Ter usuários de

espirito a mão para me aconselhar é bastante útil, sem duvida. Mas resolver isso

também requer conhecimento em biologia e entendimento do sangue em nível

celular, e infelizmente, há apenas uma pessoa que eu conheço que atende essa

exigência. E esse usuário de espirito não foi capaz de solucionar isso ainda.—

Me levou um momento para perceber que Sonya estava falando de si mesma.

Eu sabia que Nina vinha ajudando Sonya, mas isso era novidade para mim – e

para Nina também, pela sua cara – que o projeto estava parado. Nós fizemos

enormes avanços em criar uma vacina contra Strigoi para Neil que era

enlouquecedor pensar que estávamos agora em uma posição em que não

podíamos tomar total vantagem disso. Eu apenas assumi que depois de todo

nosso trabalho duro que Sonya agora estava criando seu elixir magico em um

laboratório em algum lugar, pronta para compartilha-lo com o mundo.

—Qual é o segundo problema?— eu perguntei, recordando a sua declaração

anterior.

—O segundo problema,— disse Sonya, —é que eu não estou em posição de

pagar vocês. Acredite em mim, eu amaria ter um ‘time dos sonhos de espirito’

dedicado a essa tarefa, mas eu nem sou paga para isso. A Rainha e o conselho

tem dinheiro e subsídios reservados para pesquisas cientificam, e eu faço

pedidos para cobrir despesas para suplementos e viagens. Mas quanto a

qualquer outra compensação? Eu não vejo nada mais que você. Embora…

possa ser uma via de reflexão a considerar. Se o conselho realmente quer que

esse trabalho vá adiante, eles deveriam assegurar que os mais adequados

sejam capazes de dedicar completamente seu tempo e recursos.—

Sonya soava sincera sobre isso, mas eu me sentia idiota mais uma vez. Eu vim

aqui exigindo dinheiro como se ela fosse algum mestre tesoureiro quando na

verdade ela estava colocando ainda mais trabalho que nós – também por nada.

Mesmo no auge do álcool, eu podia reconhecer que babaca eu estava sendo.

—Sonya, eu sinto muito,— eu disse.

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Ivashkovs não se desculpam! Estourou Tia Tatiana

—Não sinta,— disse Sonya. —não é um pedido irracional.—

—Eu fui irracional no jeito que eu pedi,— eu disse rispidamente.

Você vai parar de fazer isso? Exigiu Tia Tatiana.

Nina, embora ainda nervosa pela atenção trazida para ela, sem saber tomou o

lado de minha tia e descansou uma mão gentilmente em meu braço. —Você não

sabia. E Você estava fazendo isso por mim.—

—Eu realmente vou perguntar,— Sonya adicionou, olhando entre nós. —Quem

sabe? Talvez uma ‘equipe do sonho’ vá ajudar a manter as coisas em

andamento. Sobretudo eu estava esperando a escola acabar em Amberwood,

assim poderíamos ter Neil aqui de volta com Jill. Esperava que tendo ele

pessoalmente eliminasse a situação.—

—Talvez se Neil voltar, Olive também volte,— disse Nina. Todo esse encontro

com Sonya claramente a aborreceu, mas o pensamento sobre Olive a animou

um pouco.

—Talvez,— eu disse, não me sentindo tão confiante baseado em tudo que ouvi

recentemente de Nina. —Parece que você seria chamariz maior do que um cara

que ela mal conhece.—

—Ela se apaixonou muito por ele, no entanto.— Nina brincou com a borda de

sua toalha por um momento e então olhou para cima para encontrar meus olhos.

—Se apaixonar por alguém pode fazer você fazer coisas que o amor de um

parente não pode.—

Eu fiz uma careca enquanto eu a estudava mais de perto e percebi que ela

estava tremendo. —Bom Deus,— eu disse, envergonhado do meu próprio

esquecimento. —Você deve estar congelando,— A temperatura do lado de fora,

ao mesmo tempo agradável, não estava tão sufocante como estava no começo

da semana, e fazer a longa caminhada em um vestido de festa encharcado não

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poderia ter sido divertido. Eu olhei para Sonya. —Você tem algo que ela possa

usar?—

Nina ficou vermelha. —Estou bem. Não se de ao trabalho –—

—Claro,— interpôs Sonya, se levantando. Ela acenou para Nina levantar

também. —Eu tenho algumas coisas que você pode tentar.—

Nina a seguiu relutantemente para fora do cômodo. Sonya retornou um minuto

depois e se juntou a mim na mesa. —Ela esta se trocando agora.—

Eu assenti, minha mente ainda em nossa conversa de mais cedo. —Eu espero

que ela não fique muito decepcionada se Olive não voltar para a Corte. Eu acho

que Olive tem um longo processo depois de – bem, você entende.—

—Eu entendo,— disse Sonya solenemente. —Mas para ser honesta, eu não

estou preocupada sobre Olive decepcionar Nina.—

Eu estava um pouco sóbrio, só o suficiente para me dar uma dor de cabeça e

não, aparentemente, o suficiente para clarear minha mente. —O que você quer

dizer?—

Sonya suspirou. —Isso é o que eu temia. Você não tem ideia de que essa garota

é louca por você tem?—

—Quem… Você quer dizer Nina?— eu balancei minha cabeça. —Não, ela não

é. Nós somos só amigos.—

—Vocês passam muito tempo juntos. E seja lá quando eu e ela nos encontramos

para trabalhar, você é tudo sobre o que ela fala.—

—Eu não tenho interesse nela,— eu disse firmemente. —Não desse jeito, pelo

menos.—

Sonya me deu um desses olhares de sabedoria em que ela era excelente. —Eu

nunca disse que você tinha. De fato, é perfeitamente claro para mim que você

não tem. Mas ela não esta ciente disso. E é cruel da sua parte enganá-la.—

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—Eu não estou!— eu protestei. —Nós só saímos.—

—Ela me disse que você a comprou roupas.—

—É um empréstimo,— eu disse ferrenhamente. —Porque ela não faz o suficiente

para viver.—

—Ela estava indo muito bem até você começar a empurrá-la nesse turbilhão da

vida social da realeza.— Sonya me encontrou diretamente nos olhos. —Olha,

você quer meu conselho? Se você se importa com ela, se afaste. Sem perceber,

você esta mandando mensagens contraditórias, e eventualmente vai ficar ruim

quando o que ela finalmente receber não ser o que ela realmente estiver

esperando. Isso seria difícil para qualquer um – mas você de todas as pessoas

sabe o quão frágil nós usuários de espíritos podemos ser.—

—Bem, na verdade, eu não quero seu conselho, e eu não estou me afastando

de coisa nenhuma porque eu não estou fazendo nada de errado. Nina é uma

garota esperta. Ela sabe que nós somos apenas amigos e gosta do que temos.

Me dizer que eu devo desistir dela é meio que prematuro.—

—Desistir dela?— Sonya riu. —Isso é um termo de viciado. Para o que

exatamente você esta usando ela? Ou mais importante, devo perguntar, o que –

ou quem – ela esta substituindo?—

—Nada. Ninguém. Para de me dar um ultimato! Qual o problema de eu ter uma

amiga?—

Nina voltou, usando os moletom de Sonya emprestado e uma camiseta, e

terminou a conversa. Alheia a tensão a qual ela entrou, Nina foi efusiva aos

agradecimentos a Sonya e fez mais alguns inquéritos sobre o status da vacina.

Enquanto elas falavam, minha mente vagou, e me perguntei se eu estive

inadvertidamente mentindo para Sonya.

Não tinha qualquer coisa romântica entre Nina e eu. Não havia ninguém que eu

pudesse se quer imaginar em estar além de Sydney. Mas quando nós deixamos

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Sonya e eu acompanhei Nina de volta para sua casa, me peguei pensando sobre

a outra parte do comentário de Sonya.

O que – ou quem – ela esta substituindo?

Não havia nenhuma substituição para Sydney, claro. Não havia ninguém no

mundo como ela, ninguém que pudesse se quer se comparar a ela em meu

coração. Ainda, quando Sonya sugeriu que eu me afastasse de Nina, o primeiro

pensamento de pânico que correu através da minha mente foi de que eu estaria

sozinho de novo. Porque enquanto pesar e medo e raiva tinha dominado minhas

emoções na sequência do desaparecimento de Sydney, eu não podia negar que

solidão havia estado lá também. Meu relacionamento com Sydney havia curado

uma parte perdida de mim, um pedaço da minha alma que parecia a deriva no

mundo. Quando ela desapareceu, eu perdi aquela corrente e flutuei a deriva mais

uma vez.

Nina, embora não substituindo Sydney romanticamente, certamente tinha feito

muito para colocar me manter no chão. Não que nos últimos tempos eu estivesse

exatamente exibindo um comportamento exemplar. Mas Nina me deu alguém

com quem conversar – cujo não vivia dentro da minha cabeça – e pelo menos

proveu alguma regularidade ao meu estilo de vida festeiro. Apanhando-a e a

levando para casa todas as noites em tempo assegurava que eu não estivesse

completamente sem controle. E fora o prazer de punir secretamente meu pai

gastando o dinheiro dele com ela, eu também tinha a satisfação em cuidar de

alguém. Fazia eu me sentir menos inútil. Eu não podia encontrar Sydney, mas

por Deus, eu podia ter certeza de que Nina estava vestida para a vida noturna

da realeza.

Mas Sonya estava certa sobre eu estar me aproveitando de Nina no processo?

Eu ponderei enquanto alcançávamos a soleira de Nina, em outra seção de casas

que eram apenas levemente menos básicas que a de Sonya. Nina destrancou a

porta e então virou para me encarar. O sol estava definitivamente no alto agora,

iluminando seu rosto com as cores do amanhecer.

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—Bem, obrigada como sempre pelo tempo interessante,— ela disse com uma

risadinha. —E obrigada pelo o que você tentou fazer com Sonya. Você realmente

não precisava. Mas obrigada.— Ela estava torcendo suas mãos juntas, um

habito nervoso dela que eu já havia notado antes.

Dei de ombros. —Você ouviu o que ela disse. Talvez agora aconteça

independentemente.—

—Talvez.— Um momento de silencio pairou entre nós antes dela perguntar, —

Bem… mesma hora amanhã?—

Eu hesitei, me perguntando se eu estava criando uma situação não saudável

para mim mesmo. Me perguntando se eu estava criando um para ela.

Você vai deixar Sonya ditar sua vida? Exigiu Tia Tatiana. O que ela sabe?

Eu senti um surto de raiva dentro de mim. Sonya estava exagerando. Qual era o

problema de eu ter um amigo? Qual era o problema de eu ter alguém com quem

conversar? Esperavam que eu vivesse em isolamento, só porque Sydney se foi?

E, além disso, Nina era muito intuitiva para abrigar sentimentos por mim. Ela

tinha seus próprios problemas e não ia ter nenhuma ideia louca sobre nós.

—Mesma hora,— A assegurei.

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Capítulo 09 Sydney

Como Adrian pode não ter vindo por mim? Era possível ter entrado gás o

suficiente para bagunçar com meu sistema afinal? Eu sabia que não tinha

chances de ele ter desistido de mim. Ele tinha que estar procurando. Se ele não

apareceu nos meus sonhos àquela noite, havia uma boa razão.

O problema era, ele não apareceu na noite depois daquela. Ou na seguinte.

As coisas ficaram ainda piores quando Emma me interrogou na manhã depois

de eu ter desabilitado o gás, querendo saber se eu tive alguma sorte em

conseguir a ajuda de fora que prometi. Ela estava acompanha de Amelia, que eu

soube, tinha sido minha distração. Nossos quartos eram monitorados por um

centro de controle com varias telas. Sob as instruções de Emma, Amelia tinha

encenado uma discussão com sua colega de quarto, dizendo coisas

incriminadoras que haviam sido notadas pelo time de vigilância. Amelinha tinha

sido especialmente indisciplinada, e, eles me disseram, tinha ocupado toda a

atenção daqueles monitorando os quartos pelas câmeras então assim eles

perderam minha pequena performance.—

—Eu precisava de um grande bloco de sono para o meu plano funcionar,— eu

havia dito a elas, depois de explicar que eu não tinha sido bem sucedida. —Me

levou um tempo para cochilar noite passada, então talvez tenha sido muito curto.

Vai funcionar melhor hoje à noite.—

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Ambas Amelia e Emma tinha parecido decepcionadas, mas também

esperançosas. Elas acreditavam em mim. Elas mal me conheciam, mas ambas

estavam convencidas de que eu podia as ajudar.

Isso tinha sido há cinco dias.

Agora a aparência de esperança havia sumido – e substituída por uma de

animosidade.

Eu não sabia o que estava errado. Eu não sabia por que Adrian não estava vindo.

Pânico cresceu em mim, por algo que tenha acontecido com ele e o fez incapaz

de andar em sonhos. Talvez ele ainda estivesse tomando remédio… mas não,

eu estava certa de que ele teria parado sem esforço para tentar me encontrar.

Era possível que as pílulas tenham causado dano permanente em sua habilidade

de usar espirito? Eu não podia ponderar por muito tempo porque minha vida na

reeducação tinha virado definitivamente para pior.

Emma e especialmente Amelia, que havia sido mandada para a purificação pela

sua distração, se sentiram enganadas. Elas não disseram para mais ninguém o

que aconteceu, para não se incriminarem, mas deixaram subtendido através de

sutis sinais de grupo de que eu estava fora. Elas ignoraram meu argumento de

que a ajuda viria, e eu logo me vi comendo sozinha na cafeteria. Outros que

começaram a parar com seu comportamento distante voltaram aos velhos

hábitos com fúria, e tudo que eu fazia era examinado e reportado para os nossos

superiores – que me mandaram duas vezes mais para a purificação essa

semana.

Apenas Duncan permaneceu meu amigo, do seu jeito, mas até aquilo estava um

pouco contaminado. —Eu te avisei,— ele disse na aula de artes um dia. —Eu te

avisei para não estragar as coisas. Eu não sei o que você fez, mas você

definitivamente desfez todo seu progresso.—

—Eu tive,— eu disse. —Eu tinha que arriscar alguma coisa, alguma coisa que

vai valer a pena.—

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—Tinha?— ele perguntou tristemente, em uma voz que dizia que ele já tinha

visto tentativas similares muitas, muitas vezes.

—Sim,— eu disse ferozmente. —Vai valer a pena.—

Ele me deu um sorriso amável e voltou para sua pintura, mas eu podia dizer que

ele acreditava que eu estava mentindo. A coisa terrível era, eu não sabia se ele

estava certo.

Durante todo o tempo, eu mantive esperança de que me conectaria com Adrian

no mundo dos sonhos. Eu não entendia por que ainda não tinha acontecido, mas

nunca duvidei por um segundo de que ele estava lá fora ainda me amando e

procurando por mim. Se algo estava realmente interferindo com os nossos

sonhos, eu estava certa de que ele iria encontrar outro jeito de chegar até mim.

Uma semana depois de eu ter desabilitado o gás, o status quo*(situação atual)

da reeducação foi abalado quando um recém chegado se juntou a nós. —Essa

é uma boa noticia para você,— Duncan me disse no corredor. —A atenção vai

mudar para ela por um tempo, então fique muito amigável.—

Era um conselho difícil de ser seguido, especialmente quando eu a vi sentada

sozinha na mesa da cafeteria para o café da manhã. Um olhar de aviso vindo de

Duncan me mandou relutantemente para a minha própria mesa, onde eu me

senti tola e covarde por deixar tanto a garota nova quanto eu sofrermos sendo

isoladas. Seu nome era Renee, e aparentava ter minha idade, se não um ano

mais ou menos mais nova. Ela também parecia com alguém que eu poderia me

ligar muito facilmente desde que, como eu, ela foi mandada para a purificação

durante nossa primeira classe por responder o professor.

Diferente de mim, no entanto, Renee volto mais tarde parecendo pálida e doente

– mas não intimidada. Em alguns aspectos, eu admirava aquilo. Ela ainda estava

quente do seu tempo na solitária, mas carregava uma faísca rebelde em seus

olhos que mostrava força promissora e coragem. Aqui esta alguém cujo eu possa

me aliar, pensei. Quando eu mencionei isso para Duncan na aula de artes, ele

foi rápido em me castigar.

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—Ainda não,— ele murmurou. —Ela é muito nova, muito conspícua. E ela não

esta fazendo as coisas fáceis para si.—

Ele tinha um ponto. Embora aparentemente tenha aprendido o bastante para não

responder mais abertamente, ela não fez tentativa nenhuma de parecer

arrependida ou agir como se tivesse alguma intenção de comprar o que os

Alquimistas estavam vendendo. Ela parecia exaltar sua exclusão dos outros, me

ignorando quando ofereci ousadamente um sorriso amigável nos corredores. Ela

sentava carrancuda em nossas aulas, olhando com raiva e desafio tanto para os

alunos quanto para os instrutores igualmente.

—Eu estou meio que surpreso por ela já ter saído do tempo na solitária,—

adicionou Duncan. —Alguém errou.—

—Esse é o por que de ela precisar de um amigo mais do que nunca,— insisti. —

Ela precisa de alguém para dizê-la ‘Olha, esta tudo bem se sentir assim, mas

você tem que se aquietar por um tempo. ’ De outra forma, eles vão mandar ela

de volta.—

Ele balançou sua cabeça advertidamente. —Não faça isso, não se envolva nisso,

especialmente desde que a chegada dela fará com que você seja promovida

logo. Além do mais, eles não vão mandar ela de volta para sua cela.—

Havia um tom ameaçador em sua voz que ele não explicaria, e contra meu

melhor julgamento, eu mantive a decisão de sentar com Renee e não desistir

pela pressão dos outros. O plano foi adiado quando um dos companheiros

regulares de Duncan me convidou para juntar-me a eles. Eu permaneci lá

incerta, segurando minha bandeja enquanto olhava entre a mesa de Renee e

Duncan. Ir até ela parecia a coisa certa a se fazer, mas como eu poderia recusar

a primeira chance em um tempo de me ligar com os outros? Resistindo aos meus

melhores instintos, me dirigi para a mesa de Duncan, prometendo redimir as

coisas com Renee depois.

Depois nunca veio.

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Aparentemente, depois de um dia deixando seu ressentimento ferver dentro

dela, Renee não pode mais segurar e estourou no terceiro período, disparando

em um discurso ainda mais longo que o de ontem sobre a propaganda de mente-

fechada do nosso instrutor. A segurança a arrastou para fora, e eu senti uma

onda de simpatia por ela ter que suportar dois dias seguidos da purificação tão

cedo fora da solitária. Duncan encontrou meus olhos enquanto ela era levada da

sala, um olhar de eu te disse no rosto.

Quando a hora do lanche chegou, eu esperava uma mudança de ultima hora no

cardápio para refletir um dos pratos preferidos de Renee e adicionar insulto à

injúria de sua punição. O cardápio colocado mostrou a mesma coisa que estava

listada essa manhã, no entrando, e eu me perguntei se ela escapou do

sofrimento ou simplesmente tinha o azar de já ter tiras de frango como uma de

suas comidas preferidas. Mas quando Renee entrou na cafeteria, muito tempo

depois de o resto de nós estarmos sentados e comendo, eu esqueci tudo sobre

o cardápio.

Havia sumido aquele brilho de desafio de seu olhar. Não havia faísca nenhuma

neles enquanto ela olhava em volta em confusão, olhando como se nunca

tivesse visto este cômodo, muito menos uma cafeteria, antes. Sua expressão

facial estava igualmente branda, quase que de boca aberta. Ela permaneceu

bem na entrada, sem fazer nenhuma tentativa de entrar ou pegar comida, e

ninguém se incomodou em ajuda-la.

Além de mim, uma detenta chamada Elsa segurou o fôlego. —Eu pensei que

isso poderia acontecer.—

—O que?— perguntei, totalmente perdida. —Foi uma purificação ruim?—

—Pior,— disse Elsa. —Retoque.—

Eu refleti sobre minhas próprias experiências anteriores, me perguntando como

poderia ser pior, desde que éramos todos retocados aqui em algum momento.

—Ela já não foi retocada com saiu da solitária?—

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—Um retoque de padrão,— disse outro dos meus companheiros de mesa, um

cara chamado Jonah. —Obviamente, não é o suficiente, então eles super-

aumentam – talvez um pouco de mais. Acontece às vezes. Recebemos a

mensagem através deles, mas os deixa meio atordoados e esquecidos sobre a

vida ordinária por um tempo.—

Um sentimento de terror rastejou por mim. Isso era o que eu temia, o porque eu

trabalhei para criar uma tinta mágica que combateria os efeitos da compulsão

dos Alquimistas. Eu vi aquele olhar sem vida antes – Keith. Quando acabará de

sair da reeducação, ele também havia agido como um zumbi, incapaz de fazer

qualquer coisa exceto papaguear a retórica que os Alquimistas perfuraram nele.

Pelo menos naquele ponto, no entanto, Keith era capaz de lidar com as funções

diárias da vida. Ele inicialmente emergiu assim tão enxuto? Era horrível de

observar. Ainda pior era o fato de ninguém mostrar nenhum sinal de que ia ajuda-

la.

Eu estava fora do meu acento em um piscar, ignorando a ingestão aguda de

fôlego de Duncan atrás de mim.

Eu corri até Renee e segurei seu braço, a guiando para dentro do cômodo. —

Venha,— eu disse, focando nela assim não precisaria ver que eu tinha toda a

atenção de cada uma das pessoas no lugar. —Você não quer comida?—

O olhar de Renee encarou inexpressivamente a frente por vários segundos e

então lentamente virou para mim. —Eu não sei. Você acha que eu deveria?—

—Você esta com fome?— eu perguntei.

Uma pequena carranca apareceu entre suas sobrancelhas. —Você acha que eu

estou? Se você não acha…—

Eu a conduzi em direção a janela de Bexter. —Eu acho que você deve estar seja

lá o que você quer estar,— eu disse firmemente. Ela não disse nada para o chefe

quando o alcançamos, e como sempre, ele não foi acessível, então ficou por

minha conta. —Renee precisa de algum lanche.—

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Baxter não respondeu imediatamente, e eu quase me perguntei se ele poderia

não agir a menos que ela pedisse especificamente por comida. Se sim, nós

ficaríamos paradas aqui por um tempo. Mas depois de mais alguns momentos

de indecisão, ele se virou e começou a fazer uma bandeja com tiras de frango.

Eu carreguei para uma mesa vazia para ela e puxei uma cadeira, gesticulando

para ela sentar. Ela parecia responder bem um comando assim, mesmo não dito,

mas não fez nenhuma tentativa de fazer nada por si só uma vez que eu sentei

de frente pra ela.

—Você pode comer se você quiser,— eu disse. Quando isso não provou nada,

eu mudei minhas palavras. —Coma seu frango, Renee.—

Ela obedientemente pegou uma tira de frango e começou a fazer seu caminho

pela bandeja enquanto eu olhava com um senso crescente de pavor. Pavor – e

raiva. Os Alquimistas realmente pensavam que essa era uma alternativa melhor

do que alguém questionando autoridade? Mesmo que o efeito mais severo

passasse com o tempo, ainda era doentio que eles pudessem fazer isso com

outro ser humano. Quando eu descobri que estava protegida do retoque, pensei

que estava segura e livre a esse respeito. E era verdade – eu estava. Mas todos

a minha volta, quer sejam amigos ou inimigos, corriam o risco se os Alquimistas

entrassem abordo com o retoque. Não importava se esse feito extremo fosse

uma raridade. Mesmo que tenha acontecido uma vez, uma fez foi muito.

—Beba seu leite,— eu ordenei quando percebi que ela terminou o frango e

estava apenas encarando o prato de novo. Ela estava na metade da caixinha

quando o sinal tocou. —Hora de ir, Renee. Esse som significa que temos que ir

para algum outro lugar.—

Ela se levantou quando eu levantei, e olhei para cima para ver dois dos capangas

de Sheridan se aproximando. —Você precisa vir com a gente,— um deles me

disse.

Eu comecei a consentir e então vi a expressão desamparada de Renee.

Ignorando a insistência da minha escolta, eu virei para ela e disse. —Siga

adiante e faça o que os outros fazem. Vê como eles estão devolvendo suas

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bandejas? Faça isso, e então vá com eles para a próxima aula.— Um dos

guardas puxou meu braço para me mexer, e eu resisti até ver Renee acenar e

se juntar aos outros com sua bandeja. Só assim eu deixei a dupla me guiar para

fora, e eles não pareciam nada contentes pelo meu pequeno ato de desafio.

Eles me guiaram para o elevador depois desceram um nível, para o andar onde

fica a purificação. Me perguntei se não terminar meu lanche faria essa

experiência mais ou menos desagradável. Para minha surpresa, contudo, nós

passamos pela porta costumeira e continuamos indo para o final do corredor,

onde eu nunca estive. Passamos por armários rotulados respectivamente como

cozinha, e suplementos de escritório e então continuamos pelas portas que

estavam ameaçadoramente sem marcação. Foi em uma dessas para qual eles

me levaram.

Essa nova sala parecia como as habituais de purificação, tirando que havia

braços estranhos na cadeira. Eles eram maiores do que os que eu estava

acostumada, mas ainda tinham amarras, o que era tudo que importava. Talvez

esse fosse o novo modelo atualizado de seja lá onde for que eles conseguem

seus dispositivos de tortura. Sheridan estava esperando por nós na sala,

segurando um pequeno controle remoto. Os guardas me amarraram na cadeira

e então, com um aceno dela, nos deixaram sozinhas.

—Bem, olá, Sydney,— ela disse. —Devo dizer, estou desapontada em vê-la em

encrenca.—

—Esta, Madame? Eu estive na purificação algumas vezes essa semana,—

respondi, pensando em como os outros haviam me incriminado recentemente.

Sheridan fez um gesto de desprezo com a mão. —Isso? Vamos lá, nós duas

sabemos que é só os outros jogando seus jogos. Você estava realmente indo

notavelmente bem – até agora.—

Uma centelha da minha raiva anterior voltou. Sheridan e as outras autoridades

estavam bem cientes de quando alguém legitimamente saia linha comparado

com quando uma pessoa estava simplesmente sendo encurralada. E ela não se

importava.

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Engoli minha raiva e fiz uma cara educada. —O que exatamente eu fiz,

senhora?—

—Você entende o que aconteceu com Renee hoje, Sydney?—

—Eu ouvi que ela foi retocada,— eu disse cuidadosamente.

—Os outros te disseram isso.—

—Sim.—

—E eles também te disseram para não ajudar quando ela voltasse?—

Eu hesitei. —Não explicitamente. Mas eles deixaram claro nos seus atos que

não iriam.—

—E você não acha que deveria ter seguido a liderança deles?— ela insistiu.

—Imploro pelo seu perdão, madame,— eu disse, —mas achei que meu dever

fosse seguir suas instruções, não aquelas dos meus colegas residentes. Desde

que nem você nem nenhum outro instrutor disse para eu não ajudar Renee, não

achei que estivesse fazendo nada de errado. De fato, pensei que agir

compassivamente para com outro humano fosse algo certo. Eu me desculpo se

confundi.—

Ela me examinou por um longo tempo, e eu encontrei seu olhar sem piscar. —

Você diz todas as coisas certas, mas me pergunto se você quer mesmo dizê-las.

Bem, então. Vamos começar.—

Com um aberto no botão, a tela ligou, mostrando uma típica foto de um Moroi

feliz.

—O que você vê, Sydney?—

Eu franzi, percebendo que ela se esqueceu de aplicar a droga induzidora de

náuseas. Eu certamente não iria chamar sua atenção para isso, contudo. —

Moroi, senhora.—

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—Errado. Você vê criaturas malignas.—

Eu não sabia como responder para aquilo, então não disse nada.

—Você vê criaturas malignas,— ela repetiu.

Esta nova virada dos eventos me deixou incerta de como proceder. —Eu não

sei. Talvez eles sejam. Eu teria que saber mais sobre esses Moroi em

particular.—

—Você não precisa saber nada exceto o que eu te disse. Eles são criaturas

malignas.—

—Se você diz, senhora,— eu disse cautelosamente.

Seu rosto permanecia tranquilo. —Eu preciso que você diga. Repita depois de

mim: Eu vejo criaturas malignas.—

Eu olhei para os Moroi na foto. Mostrava duas garotas, perto da minha idade,

que parecia que poderiam ser irmãs. Elas estavam sorrindo e segurando cones

de sorvete. Completamente nada sobre elas parecia maligno, a menos que

fossem forçar aquele sorvete em uma criança diabética. Enquanto refletia sobre

isso, o apoio de braço a minha direita clicou de repente. O topo dele deslizou

para trás, revelando um compartimento oco abaixo que estava preenchido com

algum tipo de liquido claro.

—O que é isso?— Perguntei.

—Você vê criaturas malignas?— Sheridan disse como resposta.

Eu devo ter demorado muito para responder, e Sheridan apertou um botão no

controle remoto. As amarras que seguravam meu braço no lugar de repente

começaram a se mover, abaixando meu braço. Parou bem quando a parte de

baixo do meu braço roçou aquele líquido e então começou a erguer meu braço

de volta.

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Roçar foi tudo que era preciso, no entanto. Eu gritei com dor e surpresa enquanto

uma sensação de queimação se espalhou onde minha pele havia tocado a

superfície do líquido. Seja qual for a química que tinha naquilo fez parecer como

se eu tivesse tocado em uma panela de água fervendo, queimando minha pele

exposta. Uma vez que meu braço estava longe do líquido, a dor começou a

lentamente desvanecer.

—Agora então,— disse Sheridan, muito docemente depois do que ela acabou

de fazer. —Diga ‘eu vejo criaturas malignas. ’—

Ela nem me deu a chance de responder antes de repetir o mesmo procedimento,

deixando meu braço abaixado um pouco mais do que antes. Apesar daquilo, eu

estava mais preparada e consegui morder o lábio para não gritar. A dor era a

mesma, e eu exalei de alivio quando depois de alguns momentos, ela ergueu

meu braço e me permitiu uma pequena recuperação.

Foi de curta duração, e ela logo disse, —Agora diga –—

Eu não lhe dei chance de terminar. —Eu vejo criaturas malignas,— respondi

rapidamente.

Triunfo levantou seu rosto. —Excelente. Agora vamos tentar um diferente.—

Uma nova imagem surgiu, esse mostrando um grupo de crianças de escola

Moroi. —O que você vê?—

Eu aprendia rápido. —Eu vejo criaturas malignas,— eu disse prontamente. Era

ridículo, claro. Não tinha nada de maligno sobre aqueles Moroi ou as fotos

subsequentes que ela então começou a me mostrar. Eu jurei a mim mesma na

solitária que jogaria qualquer que fosse os jogos precisos para me tirar daqui, e

se ela precisava que eu papagueasse essa mentira a fim de compensar eu ter

ajudado Renee, eu ficaria feliz em fazê-lo.

Um casal Moroi, mais crianças, um homem velho… seguidas. Sheridan passou

de rosto depois de rosto, e eu respondia em conformidade. —Eu vejo criaturas

malignas. Eu vejo criaturas malignas. Eu vejo–—

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Minhas palavras ficaram presas quando eu olhei para mais dois Moroi – dois

Moroi que eu conhecia.

Adrian e Jill.

Eu não fazia ideia de ela tinha conseguido a foto, e não me importava. Meu

coração saltou quando olhei para seus rostos sorridentes, rostos que eu amava

e sentia a falta tão terrivelmente. Imaginei seus rostos incontáveis vezes, mas

não substituía a imagem real. Absorvi cada detalhe: o jeito que a luz brincava no

cabelo de Adrian, o jeito que os lábios de Jill curvavam em um sorriso tímido. Eu

tive que engolir uma onda de emoção brotando dentro de mim. Talvez a intenção

de Sheridan fosse me punir os mostrando, mas isso acabou sendo mais como

uma recompensa – até ela falar de novo.

—O que você vê, Sydney?—

Abri minha boca, pronta para recitar aquela fala vazia, mas eu não podia.

Olhando naqueles rostos amados, seus olhos brilhando com felicidade… eu não

podia. Mesmo dizendo a mim mesma que era uma mentira, eu não poderia me

fazer condenar Adrian e Jill.

Sheridan não desperdiçou tempo em agir. O dispositivo da cadeira baixou meu

braço no líquido, mais do que tinha antes, assim meu braço ficou imerso quase

pela metade. O choque disso me pegou fora de guarda, e foi ainda pior por ela

ter deixado meu braço lá por ainda mais tempo do que antes. Qualquer que fosse

o acido que tinha naquela mistura queimou minha pele, ateando fogo em cada

nervo. Eu gritei em dor, e mesmo depois de ela erguer meu braço, eu ainda me

encontrei choramingando enquanto os efeitos se demoravam.

—O que você vê, Sydney?—

Eu pisquei de volta lágrimas de dor e foquei em Adrian e Jill. Apenas diga, eu

disse a mim mesma. Você precisa sair daqui. Você precisa voltar para eles. Ao

mesmo tempo, eu de repente ponderei, É assim que começa? Como eu me torno

como Keith? Será que eu começaria em dizer a mim mesma que o que eu

dissesse estaria tudo bem, contanto que eu soubesse que era uma mentira

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usada para evitar a dor? Será que essa mentira eventualmente se tornaria

verdade?

Com o meu silencio, Sheridan baixou meu braço de novo, afundando ainda mais

do que antes. —Diga,— ela disse, sua voz desprovida de qualquer emoção

humana. —Me diga o que você vê.—

Um gemido baixo de dor escapou dos meus lábios, mas foi isso. Internamente,

eu tentava me dar uma conversa estimulante: Eu não direi isso. Eu não trairei

Adrian e Jill, mesmo com palavras vazias. Pensei que se eu pudesse aguentar

a dor um pouco mais, ela me daria uma trégua como antes, mas no lugar, ela

baixou meu braço ainda mais assim ficou completamente submerso no liquido.

Eu gritei quando senti queimar minha pele. Olhando para baixo, eu esperava ver

minha carne descascando, mas meu braço e mão estavam apenas rosa. O que

quer que fosse esse composto, foi designado para parecer estar causando mais

dano do que estava.

—Me diga o que você vê, Sydney. Me diga o que você vê, e eu acabarei com

isso.—

Eu tentei lugar contra a dor, mas foi impossível quando senti como se

estivesse sendo queimada viva.

—Me diga o que você vê, Sydney.—

A dor crescia e crescia quanto mais meu braço ficava submerso, e finalmente,

me sentindo como uma traidora quando encontrei os olhos daqueles que eu

amava, deixei escapar, —eu vejo criaturas malignas.—

—Eu não ouvi,— ela respondeu calmamente. —Diga mais alto.—

—Eu vejo criaturas malignas!— Gritei.

Ela tocou o controle remoto, e meu braço foi erguido e liberto daquela tortura

liquida. Eu comecei a respirar de alivio, e então de repente, sem uma palavra de

aviso, ela afundou meu braço de novo. Eu gritei de dor, o que durou mais dez

segundos até ela levar meu braço para cima de novo.

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—O que você esta fazendo?— Eu exclamei. —Eu pensei que você tinha dito–—

—Esse é o problema,— ela interrompeu. Através de algum comando silencioso,

seus capangas voltaram e começaram a desprender minhas amarras. —Você

pensou. Bem como você pensou que estava tudo bem em ajudar Renee. A única

coisa que você precisa fazer é o que te mandaram. Você entendeu?—

Eu olhei para meu braço, o que estava um escuro, rosa nervoso, mas de jeito

nenhum mostrava a verdadeira extensão do que eu acabei de sofrer. Então olhei

de volta para Adrian e Jill, me sentindo culpada pela minha fraqueza. —Sim,

senhora.—

—Excelente,— disse Sheridan, baixando o controle remoto. —Então vamos para

a sua próxima aula, devemos?—

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Capítulo 10 Adrian

—Adrian?—

Abri meus olhos e olhei vesgamente para o rosto de uma garota que eu não

conhecia. Ela estava completamente vestida, e eu estava completamente

vestido, de modo que pelo menos aquele era um sinal promissor. Vendo a

expressão confusa no meu rosto, ela me deu um sorriso torto.

—Sou Ada. Você capotou aqui noite passada. Mas agora você tem que ir antes

que meus pais cheguem em casa.—

Eu consegui sentar e vi que eu estive deitado em um piso de madeira, o que

explicava a dor nas minhas costas e cabeça. Olhando em volta, vi alguns outros

foliões de forma similar, se arrastando de pé e se dirigindo para porta. Satisfeita

de estar no meu caminho, Ada se ergueu de sua posição ajoelhada e foi chutar

para fora o próximo convidado noturno indesejado.

—Obrigado por me deixar ficar,— eu chamei atrás dela. —Ótima festa.—

Pelo menos, eu assumi que tinha sido, se eu capotei no chão. Uma garrafa vazia

de Martini repousava perto de onde eu tinha dormido, mas eu não sabia se era

minha ou não. Esperava que não. Ficar bêbado com Martini era simplesmente

triste. As últimas duas semanas haviam sido um borrão de decadência e

libertinagem, mas essa foi a primeira vez que eu realmente fiquei em algum

lugar. Normalmente, Nina conseguia se certificar de que eu estava de volta em

minha casa. Por um momento, me senti ferido por ela não estar aqui para olhar

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por mim de novo. Então, me lembrei vagamente de que agora era segunda-feira,

e ela não queria ficar fora até tarde antes de sua semana de trabalho ter

começado.

Parecia ser cerca de seis horas da manhã quando eu pisei do lado de fora, e o

sol nascendo era impiedoso com a minha ressaca. Algumas pessoas estavam

do lado de fora ainda. No horário vampiro, era bem tarde da noite. As pessoas

estariam indo para a cama nas próximas horas. Até os guardiões tinham

patrulhas leves essa hora do dia, e eu passei apenas por uns dois enquanto me

arrastava de volta para a pensão. Um olhou duas vezes quando ele me viu.

—Adrian?—

Eu pensei que talvez minha reputação tivesse me precedido, e então eu vi que

era Dimitri. —Oh, hey,— eu disse. —Bom dia. Ou algo assim.—

—Parece que você já teve melhores,— ele observou. —Eu estou terminando

meu turno. Quer ir tomar algum café da manhã?—

Eu considerei, incerto sobre minha última refeição solida. —Meu estômago está

bem vazio. Eu não sei como ele vai reagir a isso.—

—O fato de você estar incerto provavelmente significa que você precisa muito

mais de comida,— ele disse, o que soou como a lógica mais estranha que eu já

ouvi. —Pelo menos com minhas experiências.—

Ponderei quanta —experiência— ele tinha nessas questões. Eu realmente não

sabia o que ele fazia em seu tempo livre. Talvez houvesse mais vodca Russa

sendo consumida do que eu soubesse. Sempre imaginei que quando não estava

trabalhando, ele e Rose se atacavam em esteiras de treino, ou seja lá o que for

o que esses dois tinham como preliminares.

—Você tem certeza que não quer ir para casa e se aninhar com Rose?— Eu

perguntei. —Espere… ela se quer está de volta? Elas não estavam em

Lehigh?—

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—Elas estão de volta à uma semana,— disse Dimitri pacientemente. —Vamos,

por minha conta.—

Eu segui junto porque sério, era difícil dizer não para Dimitri Belikov para

qualquer coisa. Plus, eu ainda estava processando as novidades de que perdi

tempo o suficiente para Rose e Lissa estar de volta por todo esse tempo. —Eu

posso pagar. Ou, bem,— adicionei amargamente. —Meu pai pode, desde que

esse é o único modo em que aparentemente eu e minha mãe conseguimos

viver.—

A expressão de Dimitri permaneceu neutra enquanto andávamos em um prédio

que havia uma série de restaurantes, a maioria aos quais não estavam abertos

ainda. —Esse é o porquê de você estar vivendo em um poço de desespero

desde que voltou para cá?—

—Eu gosto de pensar nisso como uma escolha de estilo de vida,— eu disse a

ele. —E como você sabe o que eu estive fazendo?—

—Conversas correm,— ele disse misteriosamente.

O restaurante para qual ele nos levou estava lotado de guardiões que deviam ter

acabado de ter saído de seus turnos. Esse provavelmente era também o lugar

mais seguro da Corte, julgando pela quantidade deles.

—O que eu faço é assunto meu,— eu disse hostilmente.

—Claro que é,— ele concordou. —Esse apenas não tem sido o seu tipo de

assunto há um tempo. Estou surpreso por isso estar voltado.—

O restaurante servia café da manhã self-service, e embora minha mãe

desmaiasse só de pensar em servir a si mesma, eu amavelmente peguei um

prato e segui Dimitri na fila. Uma vez que tínhamos nossas bandejas, sentamos

em uma mesa pequena no canto. Ele não tocou sua comida, no lugar se inclinou

para mim com um olhar que significava apenas negócios.

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—Você é melhor que isso, Adrian,— ele disse. —Qualquer que seja a razão,

você é melhor do que isso. Não se engane em pensar que você é mais fraco do

que você é.—

Isso foi tão parecido com o que Sydney me disse no passado que

momentaneamente me levou de volta. Então, minha raiva retornou. —Foi por

isso que você me convidou para cá? Não aja como se você soubesse qualquer

coisa sobre mim! Nós não somos tão bons amigos assim.—

Aquele comentário pareceu surpreendê-lo. —É uma pena. Eu esperava que

fôssemos. Eu esperava conhecer o verdadeiro você.—

—Você não conhece,— eu disse, empurrando minha bandeja de lado. —

Ninguém conhece.— Só Sydney, pensei. E ela estaria envergonhada de mim.

—Há um monte de gente que se importa com você.— Dimitri continuava a

imagem da calma. —Não se afaste deles.—

—Como eles se afastaram de mim?— Exigi, pensando na recusa de Lissa em

ajudar. —Eu tentei pedir ajuda, e fui rejeitado! Ninguém pode me ajudar.—

Levantei abruptamente. —Não estou mais com fome. Obrigado pela ‘conversa

encorajadora’.—

Eu deixei minha bandeja intocada e sai violentamente. Ele não me seguiu, pelo

o que fiquei grato, desde que ele provavelmente poderia ter me arrastado

literalmente de volta sem esforço. Eu parti por raiva – e também por humilhação.

Suas palavras machucaram, não apenas por que elas apontavam julgamento

para mim – julgamento que eu já estava dando a mim mesmo – mas porque elas

me lembravam de novo de Sydney. Sydney, que sempre disse que eu era muito

mais. Bem, fiz um trabalho muito bem feito em provar que ela estava errada. Eu

falhei com ela. As palavras de Dimitri levaram aquilo para casa, mesmo que ele

não tenha percebido.

Voltei para meu quarto e bebi algumas doses de vodca antes de cair na minha

cama e caindo quase imediatamente no sono. Eu sonhei com Sydney, não do

jeito mágico do espirito eu esperava, mas do jeito normal. Eu sonhei com sua

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risada e com o jeito exasperado – e ainda divertido – em ela diz —Oh, Adrian,—

quando eu fazia alguma coisa ridícula. Sonhei com a luz do sol transformando

seu cabelo em ouro derretido e trazendo o brilho âmbar em seus olhos. E o mais

doce de tudo, sonhei com os braços dela ao meu redor, seus lábios pressionados

aos meus e o jeito que eles podiam preencher meu corpo com desejo e meu

coração com mais amor do que eu jamais pensei ser capaz de aguentar.

Meu mundo sonhando e acordado mudaram de lugar, e de repente, haviam

braços envoltos ternamente ao redor da minha cintura e lábios macios me

beijando. Eu respondi igualmente, aumentando o fervor naquele beijo. Eu estive

tão sozinho por tanto tempo, tão perdido e a deriva não apenas no mundo, mas

na minha própria cabeça. Tendo Sydney aqui na cama colocou meus pés no

chão e me trouxe de volta a mim mesmo de uma forma que eu não sabia que

era possível. Eu poderia enfrentar as tempestades em meu mundo, a loucura em

minha família… tudo isso poderia ser tolerado agora que Sydney estava aqui.

Exceto que ela não estava aqui.

Sydney se foi, mantida bem, bem longe de mim… O que significa que não eram

seus braços ao meu redor ou seus lábios que eu havia provado. Lutando com a

neblina sonolenta, abri meus olhos e tentei dar sentido ao meu redor. As

persianas filtravam a maior parte do sol da manhã, mas eu ainda podia ver o

suficiente para perceber que a garota na cama comigo tinha cabelos pretos, não

dourados. Seus olhos eram cinza, não castanhos.

—Nina?—

Eu a afastei gentilmente e fugi para o mais longe dela que eu pude ainda

conseguindo ficar na cama. Divertimento brilhou em seus olhos, e ela riu da

minha surpresa. —Estava esperando outra pessoa? Espera, não responda.—

—Não… mas o que você esta fazendo aqui?— pisquei para o quarto escuro. —

Como você entrou aqui?—

—Você me deu uma chave para emergências, não se lembra?— Eu não

lembrava, mas isso também não me surpreendia. Ela pareceu meio

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decepcionada de isso ter sido apenas algo que eu fiz por impulso quando estava

bêbado. —Fiquei preocupada quando não soube de você está manhã, então eu

corri para te checar quando sai de pausa para o lanche. Peguei um turno tarde

estranho.—

—Assédio não é o mesmo que me checar,— eu disse.

—Assédio é meio que exagero,— ela me repreendeu. —Especialmente desde

que você foi aquele que procurou por mim quando sentei do seu lado na cama.—

—Procurei?— De novo, não poderia dizer que estava inteiramente surpreso. —

Bem… Sinto muito. Eu estava meio dormindo e não sabia o que eu estava

fazendo. Eu estava… sonhando.—

—Pra mim pareceu que você sabia o que estava fazendo,— disse Nina

roucamente. Ela se estendeu em minha direção. —Você estava sonhando com

ela?—

—Quem?—

—Você sabe quem. A garota que te atormenta. Não negue,— ela ordenou, me

vendo prestes a protestar. —Você não acha que eu possa dizer? Oh, adrian.—

Foi chocante ouvi-la dizer isso, depois de eu ter acabado de sonhar com Sydney

enunciando essas exatas palavras. Nina acariciou gentilmente meu pescoço. —

Eu pude dizer tão logo quanto você voltou para Corte que alguém havia partido

seu coração. Eu odiei vê-lo seguindo o caminho que você está. Isso me

consome.—

Balancei minha cabeça, mas não removi sua mão. —Você não entende. Há mais

nisso do que você sabe.—

—Eu sei que ela não está aqui. E que você está miserável. Por favor…— ela

correu de volta através da cama e se inclinou sobre mim, seu cabelo formando

uma cortina de cachos negros ao redor de nós. —Eu estive atraída por você

desde o momento em que nos conhecemos. Me deixe te fazer se sentir melhor.

…—

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Ela se inclinou para baixo para me beijar, e eu ergui uma mão para pará-la. —

Não… Não posso.—

—Por que? Ela vai voltar?—

A voz de Nina não era cruel, mas havia certamente um desafio nela, e eu me

encontrei desviando o olhar. —Eu… Eu não sei. …—

—Então por que lutar contra isso?— ela perguntou implorando. —Eu sei que

você gosta de mim. Mais importante, eu sei que você me entende. Mais ninguém

entende como é, ser lançada de um lado para o outro nas ondas do espirito e

suportar o que suportamos. Isso não vale alguma coisa? Só ter alguém por perto

assim você não fica sozinho?—

Ela tentou me beijar de novo, e eu não a parei, em maior parte porque era difícil

de argumentar contra seu ponto, eu certamente não a amava como amava

Sydney, mas nós entendíamos pelo que o outro estava passando. Ela não julgou

o que eu fiz ou tentou me fazer encontrar formas melhores de lidar com meu

desespero. E sim, ela estava certa: era bom não estar sozinho.

Assim, as palavras de minha mãe de repente me atingiram como um tapa na

cara: Pare de buscar um sonho e foque em alguém com quem você possa

construir uma vida estável. Isso foi o que seu pai e eu fizemos.

Era isso que eu estava fazendo com Nina? Construindo uma relação estável com

alguém que compartilhava dos meus vícios e necessidade de escaparatória –

mas quem no fim das contas eu não amava? Seria certamente fácil. Nina se

certificou disso. Nós poderíamos passar uma vida juntos, solidarizando sobre o

quão difícil era ser um usuário de espirito, indo de uma festa para outra na

esperança de afastar a escuridão por um tempo maior. Seria uma vida

prazerosa. Estável, como minha mãe havia dito. Mas eu nunca tentaria melhorar.

Eu não alcançaria a grandeza, do jeito que Sydney sempre fezia eu sentir como

se eu pudesse. E eu nunca, jamais teria o amor eufórico, que consome

totalmente, que se envolvia ao meu redor a todo o momento em que eu estava

com Sydney, aquele sentimento de amor que constantemente me fazia pensar,

Sim, isso que significa estar vivo.

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Seria fácil, sussurrou tia Tatyana, inconstante como sempre. Ela está aqui. Use-

a. Faça a dor desaparecer. Sua outra garota está muito longe, mas esta está

bem na sua frente. Se entregue. Apenas diga sim. Sim, sim, sim …

—Não,— eu disse.

Eu quebrei o beijo com Nina e efetivamente me levantando dessa vez, me

certificando de que ela estava fora de alcance. Eu fui um tolo. Um fraco, tolo

preguiçoso. Eu deixei minha depressão sobre meus pais e não ter nenhuma pista

de Sydney tirar o melhor de mim. Eu não estava apenas desistindo de Sydney.

Eu estava desistindo de mim mesmo, me perdendo na vida decadente das festas

da Corte e prazer porque era fácil – muito mais fácil do que encontrar Sydney e

permanecer forte quando as opções pareceram sem esperança.

—Nina, me desculpe, mas eu não posso fazer isso,— eu disse, colocando tanta

força em minhas palavras quanto eu pude. —Me desculpe se eu te guiei a isso,

mas não vai acontecer. Eu gosto de sair com você, mas eu não vou sentir nada

mais por você do que eu já sinto agora. E se eu não vou, então não é aceitável

para nenhum de nós. Me desculpe. Nós nunca, jamais teremos um futuro

juntos.—

Foi um pouco excessivo, em maioria porque eu estava censurando a mim

mesmo tanto quanto a ela. Ela estremeceu, e eu percebi tarde demais de que

talvez eu devesse ter encontrado um jeito mais gentil de expressar meus

sentimentos – especialmente, sabendo como eu sei, quão sensíveis usuários de

espirito são. Seu sorriso de mais cedo desapareceu, e ela realmente recuou

como se eu tivesse a golpeado. Piscando de volta lágrimas, ela se levantou da

cama com o tanto de dignidade que ela conseguiu reunir.

—Eu vejo,— ela disse. Havia um tremor em sua voz, e ela estava fazendo aquela

coisa de espremer a mão, ao alcance de suas próprias unhas estarem cavando

sua pele. —Bem, me desculpe por desperdiçar seu tempo essas últimas duas

semanas. Eu deveria saber que ajuda clerical não era boa o suficiente pra Lorde

Adrian Ivashkov.—

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Agora eu estremeci. —Nina, não é de nenhuma forma assim. E eu realmente

gosto de te ter como amiga. Se você apenas me deixar explicar–—

—Não se incomode.— Ela virou suas costas para mim e foi em direção à porta

do quarto. —Eu não quero desperdiçar mais nada do seu tempo, e além disso,

eu preciso encontrar algo para comer antes que minha pausa para o lanche

acabe. Desculpe por tê-lo acordado. Estou feliz que esteja bem.—

—Nina–— tentei. Mas ela se fora antes que eu pudesse dizer mais qualquer

coisa, sua saída pontuada com uma batida forte na porta.

Afundei na cama, me sentindo como merda ambos física e mentalmente. Eu não

queria terminar as coisas assim com ela. Eu não queria que um monte de coisas

tivesse acontecido. E enquanto o estado esmagador da minha vida ameaçava

me engolir, eu tinha de lutar contra o impulso de preparar um drink.

—Não,— eu disse em voz alta. —Eu parei com isso.—

Aqui e agora, eu estava parando com meus vícios de uma vez. Eu estive me

iludindo (ainda mais do que o normal) pensando que eu poderia beber

esporadicamente ao decorrer do dia se eu procurasse por Sydney de vez em

quando. Falando nisso… quando foi a última vez que eu procurei por ela de noite

– a noite humana? Logo quando ela foi levada, eu procurei por ela sem parar.

Mas recentemente… bem, era comum uma tentativa vaga depois de eu ter

acordar de ressaca. Na hora em que a escuridão já havia caído – o horário mais

provável para ela estar dormindo, se ela realmente continuasse nos Estados

Unidos – eu normalmente já teria bebido alguns drinks em minha primeira festa.

Eu me deixei ficar desleixado, desmotivado por minha falha mais recente e

decisões da vida real. Eu não cometeria aquele erro de novo, no entanto. Eu

precisava me manter sóbrio e cheio de espirito, assim eu poderia checar

regularmente ao decorrer do dia. Não importava quantas vezes eu falhasse. Um

dia, uma hora, eu a pegaria.

Apesar da minha dor de cabeça pulsante, eu mudei para o transe necessário

para abraçar o espirito e alcança-la. Nada. Estava tudo bem, no entanto. Eu

deslizei de volta para mim mesmo, jurando procurar mais tarde de novo. Pulei

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para o chuveiro e lavei para longe a festa de ontem à noite. Quando sai, achei

que podia digerir comida um pouco melhor do que mais cedo e comi a sobra de

um donut que eu trouxe para casa no dia anterior. Ou talvez no dia antes

daquele. Era velho, mas deu pra enganar.

Enquanto eu mastigava, eu fiz uma lista mental de coisas para fazer que não

incluía ir para festas de noite. Desculpas estavam em primeiro em minha lista.

Além de Nina, eu precisava concertar as coisas com Dimitri, depois do jeito

babaca que eu fui quando sai. Eu também precisava conversar com minha mãe.

Só porque ela desistiu de si mesma não era razão para eu também desistir. Eu

começaria com ela primeiro, tendo em vista que era com ela que eu não falava

a mais tempo. Antes de eu fazer, no entanto, eu deveria provavelmente parar

em um alimentador desde que eu não conseguia recordar minha ultima refeição

de sangue. Isso ajudaria a clarear minha mente.

Eu estava quase na porta da frente quando decidi procurar por Sydney. Talvez

procurar de hora em hora fosse exagero, mas isso me manteria em prática e

sóbrio. Era importante que eu pegasse o habito dos meus novos padrões se eu

estava mudando minha vida. Fechei meus olhos e respirei fundo.

Aspirais de espirito dispararam de mim cruzando o mundo dos sonhos, buscando

por Sydney como tantas vezes fizera…

… e dessa vez, eles se conectaram.

Eu estava pasmo. Já fazia tanto tempo desde que eu formara uma conexão por

sonho bem sucedida que eu quase não soube o que fazer. Eu nem tinha vindo

com uma determinação pré-planejada porque eu estava funcionando no piloto

automático, fazendo o esforço sem esperar resultados. Enquanto o mundo

brilhava ao nosso redor e eu sentia ela se materializando no sonho, eu

rapidamente invoquei nosso velho lugar de encontro: o Getty Villa em Malibu.

Colunas e jardins apareceram a nossa volta, rodeando o ponto focal do museu:

uma enorme piscina e fonte. Sydney apareceu do outro lado. Por vários minutos,

eu pude apenas encarar através da água para ela, certo de que eu estava

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imaginando. Poderia eu alucinar em um sonho que eu criei? Com certeza era

muito cedo para qualquer sintoma louco da abstinência de álcool.

—Adrian?—

Sua voz era pequena, quase perdida no gotejamento da fonte. Mas o poder que

carregava – e o efeito que tinha em mim – era monumental. Eu ouvi a expressão

—pernas moles— antes, mas nunca a vivi até agora. Meus músculos não

pareciam como se pudessem me sustentar, e havia um grande inchaço em meu

peito, o resultado de um emaranhado de emoções que eu não poderia nem

começar a descrever. Amor. Alegria. Alivio. Incredulidade. E misturado com

todas elas estava igualmente as emoções que eu suportei esses últimos meses:

desespero, medo, tristeza. Elas se espalharam para fora do meu coração, e eu

senti lágrimas se formarem em meus olhos. Não era possível que uma pessoa

pudesse fazer você sentir tantas emoções de uma vez, que uma pessoa pudesse

engatilhar um universo de sentimentos, simplesmente com o som do seu nome.

Eu também soube que eles estavam errados – todos eles. Minha mãe. Meu pai.

Nina. Qualquer um que pensava que amor poderia simplesmente ser construído

sobre objetivos compartilhados, sozinho, jamais experimentou nada como que

eu tinha com Sydney. Eu não podia acreditar que eu quase perdi isso através da

minha própria ignorância. Até eu olhar em seus olhos agora, eu não tinha

realmente percebido que vida vazia eu estive vivendo.

—Sydney…—

Demoraria muito para dar a volta na fonte. Eu pulei na margem e depois dentro

da piscina, avançando através da água em direção a ela. Eu teria feito isso

mesmo que eu não estivesse usando roubas de sonho. Nenhum desconforto

físico importava. Apenas chegar a ela. Meu mundo inteiro, minha existência

inteira, se focou ao seu redor. A jornada levou segundos, mas pareceu que eu

estive viajando em direção a ela por anos. Alcancei o outro lado e sai, pingando

água nas pedras iluminadas pelo sol. Hesitei apenas um momento e então

envolvi meus braços ao seu redor, meio esperando ela desvanecer no ar fino.

Mas ela era real. Real e solida (no jeito do sonho de ser), e seu corpo inteiro

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estremeceu com um soluço reprimido enquanto ela enterrava o rosto contra o

meu peito.

—Oh, Adrian. Onde você esteve?—

Não foi um castigo, simplesmente uma expressão de sua própria saudade e

medo. Ela não tinha como saber sobre os demônios que eu enfrentei essas

últimas semanas ou o quão perto eu cheguei de perder essa oportunidade.

Coloquei minhas mãos em seu rosto e olhei aqueles olhos castanhos que eu

amava tanto, olhos que agora brilhavam com lágrimas não derramadas.

—Eu sinto muito,— eu sussurrei. —Eu sinto tanto. Eu procurei por um longo

tempo… mas não consegui chegar até você. E então eu – eu reduzi a velocidade.

Eu sei que não deveria. Você não teria. Deus, Sydney, Eu sinto tanto. Se eu

tivesse tentando com mais afinco e mais cedo–—

—Não, não,— ela disse gentilmente, correndo sua mão pelo meu cabelo. —Não

havia nada que você pudesse fazer – não até recentemente. Eles regulam nosso

sono aqui com algum tipo de gás. Eu estive muito drogada para o espirito

conseguir me alcançar.— Ela começou a tremer. —Eu estava com tanto medo

de nunca conseguir chegar até você – tanto medo de nunca conseguir um

caminho para fora–—

—Shh. Você me encontrou agora. Vai ficar tudo bem. Onde está você?—

Uma transformação notável tomou lugar. Parecia como se não tivesse nada que

ela quisesse mais do que me segurar e chorar para fora todo o medo e frustração

que ela experimentou nos últimos meses. Eu sabia por que eu meio que me

sentia da mesma forma. Mas não importava seus próprios desejos, não

importava o que diabos ela havia suportado, ela ainda continuava a mais forte,

incrível mulher que eu conhecia. Diante dos meus olhos, ela colocou de lado

todos aqueles medos e inseguranças de lado, ignorando a parte dela que só

queria conforto em meus braços. Ela se tornou a Sydney Sage de quando a

conheci pela primeira vez: eficiente, forte, competente. Pronta para fazer as

decisões difíceis em ordem de concluir o que precisava ser feito.

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—Certo,— ela disse. Ela parou para secar as lágrimas de seus olhos. —Nós não

devemos ter muito tempo para conversar. Eu não tenho certeza de quanto tempo

eu estive dormindo. E… não sei onde estou. Eu não vejo uma janela desde que

fui levada. Nós somos mantidos no subsolo.—

—Nós quem?— perguntei.

—Há doze outros – er, treze agora, acabamos de receber alguém novo – todos

são Alquimistas formados que entraram em confusão. Eles foram

reprogramados em diferentes níveis. Alguns estão apenas jogando, estou certa

disso, mas é difícil de dizer. Nós entramos em grandes encrencas por sair da

linha.—

—Que tipo de problemas?— perguntei. Embora eu estivesse embebedando-me

com todas suas feições desde que ela apareceu, apenas agora parei

verdadeiramente para estuda-la. Ela estava em roupas caqui horríveis, e seu

cabelo dourado parecia maior que antes. Ambos seu rosto e corpo pareciam

mais magros, mas eu estava incerto o quão preciso isso era. A menos que o

usuário de espirito especificamente alterasse a aparência da outra pessoa, a

pessoa normalmente aparecia no sonho como uma mistura do que ele ou ela

parecia na realidade e como a pessoa se via. Frequentemente, os dois não eram

o mesmo. Fiz uma nota mental de perguntar sobre sua condição física mais

tarde.

—Não importa,— ela disse bruscamente. —Estou bem, e eu tenho certeza de

que há outros como eu, eles estão apenas com muito medo para agir–— seus

olhos se arregalaram. —Keith. É isso.—

—Keith?— repeti estupidamente. Eu ainda estava pendurado em sua evasiva

sobre entrar em —grandes encrencas— e não vi onde seu antigo colega babaca

se encaixava nisso.

—Ele estava lá. Bem antes de mim. Na mesma base.— Ela agarrou minhas

mangas em sua empolgação. —Eles tem essa parede onde as pessoas

escrevem confissões, e ele escreveu uma – bem, uma desculpa na verdade,

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para a minha irmã Carly. O ponto é, ele estava lá, e nós sabemos que ele partiu.

Talvez ele saiba onde a base é. Ele teve de sair quando partiu, certo?—

—Você não disse que ele estava muito fora do ar, no entanto?— perguntei. —

Ele vai ter pelo menos o senso de falar com a gente?—

Sua expressão escureceu. —Sim… ele estava mais do que fora do ar. Isso é o

que acontece quando você é recém-retocado. Mas na maioria dos casos, a maior

parte disso desaparece com o tempo, e mesmo que a pessoa ainda esteja

condescendente, eventualmente eles devem perder um pouco da morticidade do

cérebro. Ele pode ter algumas respostas se você puder encontrá-lo.—

—Encontrá-lo deve ser mais fácil de dizer do que fazer,— eu murmurei,

pensando nas dificuldades que eu tive localizando o pai de Sydney e Zoe. —Os

Alquimistas não são muito acessíveis quanto às atribuições de seus agentes.—

—Marcus pode te ajudar,— ela disse decisivamente. —E não olhe assim. Ele

pode. Ele tem recursos. Eu seu que vocês podem colocar suas diferenças de

lado e trabalharem juntos.—

Fiz uma careca para o nome dele, e ela interpretou mau, não percebendo que

Marcus e eu estivemos em contato extensivamente desde o desaparecimento

dela. Em grande parte porque eu fui lembrado de que ele era também uma

pessoa que eu não combinava muito, mas isso não era problema dela.

—Nós daremos um jeito,— a assegurei. —Bônus, ele conseguiu essa lista que–

Sua imagem começou a desvanecer diante dos meus olhos enquanto o mundo

real a convocava de volta. —Hora de acordar,— ela disse tristemente.

Agarrei-me a ela, mas ela estava perdendo substancia. Pânico me inundou.

Havia tantas coisas que eu ainda queria a perguntar, mas eu tinha apenas alguns

segundos para usar. —Vou falar com Marcus, e vou vir te encontrar de novo.

Esse é o seu horário de dormir habitual?—

—Sim. Eu te amo.—

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—Eu também te amo.—

Eu não sei se ela me ouviu porque eu estava de repente parado sozinho no

jardim, com a fonte espirrando atrás de mim e o sol de Malibu brilhando em todo

arredor. Encarei onde ela esteve a alguns segundos antes por mais um tempo e

então deixei o sonho se dissolver, voltando para minha suíte na pensão. Eu ainda

estava na porta da frente, onde eu estava prestar a ir ver minha mãe. Mas agora,

tudo tinha mudado. Fiz contato com Sydney! Eu vi seu rosto, e ela estava bem…

Relativamente falando, claro.

Pensar em minha mãe trouxe aflição para meu coração, mas eu não podia ir até

ela. Eu não queria deixar as coisas ruins com ela – ou com Nina, Dimitri, Rose,

Lissa. Mas nenhum deles poderia me ajudar neste instante. Eles teriam de

esperar. Era hora de eu voltar para as pessoas que poderiam me ajudar a

encontrar Sydney.

Eu peguei meu celular e comecei a procurar preços de passagens para Palm

Sping.

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Capítulo 11 Sydney

Ser arrancada de Adrian foi agonizante, mas eu ainda acordei com um senso

renovado de esperança, me sentindo ainda mais otimista do que quando

desativei o gás. Vi que Emma olhou duas vezes enquanto nos aprontávamos

para o dia, então meus pensamentos internos deviam estar aparecendo no meu

rosto. Eu rapidamente tentei corrigir aquilo e parecer vencida. Ela não se atreveu

dizer nada para mim enquanto nós estávamos sob a vigilância do nosso quarto,

mas eu podia ver a curiosidade queimando em seus olhos. Quando estávamos

no corredor cheio com os outros, no caminho para o café da manhã, diminui o

passo ao lado dela.

—Eu consegui,— murmurei. —Eu tenho uma mensagem de fora.—

Foi um sinal das coisas sobrenaturais aos quais tratamos não ter pedido

especificações. Ela acreditou em mim e focou em preocupações mais urgentes.

—Então, o que, ajuda está a caminho? Algum cavaleiro em armadura brilhante

vai vir para resgatar todos nós?—

—Não exatamente,— admiti. —Especialmente desde que eu não sei onde

estamos… você sabe?—

Ela deu um suspiro frustrado e rolou os olhos. —O que você acha? Nós dividimos

um quarto. Eu tenho minha própria janela privada?— Com isso, ela se apressou

para se juntar a Amelia e alguns outros.

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Eu não estava completamente surpresa por Emma não saber onde a base era.

Ducan também não sabia. Esse era um segredo que nenhum detento parecia

ser capaz de desvendar, mas um que eu precisaria descobrir se eu fizesse

contato com Adrian – não, quando eu fizesse contato com Adrian.

A atitude brusca de Emma não era mais tão afiada, porque alguma atenção foi

tirada de mim, graças a um abalo nos detentos veteranos. Um cara chamado

Jonah, que tinha por volta da idade de Duncan, teve um deslize em nossa aula

de história e falou demais sobre suas opiniões recentemente – muito mais do

que eu no meu primeiro dia. Isso lhe rendeu uma viagem à purificação e

obviamente desaprovação dos nossos supervisores. Alguns dos outros detentos

também começaram a se afastar dele, mas Duncan e aqueles de sua mesa ainda

estavam o incluindo. Eu recentemente fui autorizada a sentar-me com eles e

estava conhecendo toda historia.

—Eu arruinei tudo,— Jonah murmurou, para que nenhum dos supervisores da

cafeteria ouvisse. —Eu estava indo tão bem. Eu poderia ter saído daqui! Mas

Harrison me irritou tanto quando começou seus tão aclamados fatos históricos

sobre dhampirs e –—

—Rapido,— disse Duncan. Ele tinha um sorriso fácil em seu rosto, sem duvida

para o beneficio daqueles nos observando. —Não se fixe nisso. Eles podem

dizer. Você fará as coisas piores. Sorria.—

—Como eu posso sorrir?— Jonah exigiu. —Eu sei o que está por vir. Vou ficar

como Renee. Eles vão retocar minha tatuagem com compulsão mais forte! Eles

vão tentar me forçar a mudar minhas ideias desse jeito.—

—Você não sabe disso,— disse Duncan. Sua expressão, no entendo, o traiu.

—E isso nem sempre domina,— adicionou Elsa. Ela era aquela que afastou seu

assento de mim no primeiro dia, mas desde lá aprendi que ela não era tão ruim

assim – apenas com medo, como todos eles estavam. —Nenhum de nós

estaríamos aqui se dominasse. Você pode passar por cima disso.—

Jonah parecia cético. —Depende de quão pesado eles me dosem.—

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Pensei em Keith e em suas respostas automáticas quando o vi pela última vez.

Pelo que coletei, aquilo poderia apenas ter sido alcançado por alguma condição

muito severa aqui, bem como uma tinta, com compulsão muito forte, como a de

Renee. Silêncio caiu na mesa, e eu lutei contra uma decisão. Duncan tinha me

dito que minha aceitação pelo grupo precisaria ser em passos de bebê e que

embora estivesse tudo bem eu me sentar com eles agora, seria melhor se eu

permanecesse quieta por um tempo e não agir como se eu tivesse muitas

opiniões ou atitude sobrando. Aquele era provavelmente um bom conselho, e

ainda eu de repente me vi falando de qualquer forma.

—Eu poderia ser capaz de te ajudar,— eu disse. O olhar de Jonah se fixou em

mim.

—Como?— ele perguntou.

—Ela está brincando,— disse Duncan, uma nota de aviso em sua voz. —Não

está, Sydney?—

Eu apreciava sua ajuda, mas o medo no rosto de Jonah era muito forte. Se eu

pudesse impedir que ele se tornasse outro Keith, eu iria. Você tem certeza? Uma

voz interna me perguntou. Você na verdade fez progresso em alcançar Adrian.

Você precisa ficar nas sombras agora até ele falar com Marcus. Porque arriscar

tudo ajudando outra pessoa?

Era uma questão válida, mas eu soube a resposta imediatamente: porque era

coisa certa a se fazer.

—Não estou brincando,— eu disse firmemente. Duncan suspirou com desanimo,

mas me deixou continuar. —Eu posso fazer um composto que irá combater os

efeitos da compulsão.—

O rosto de Jonah caiu um pouco. —Eu quase acreditei em você. O que eu não

acredito, nem por um instante, é que eles te darão acesso ao banco padrão

Alquimistas de químicas.—

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—Eu não preciso delas. Eu só preciso— – meus olhos caíram no centro da mesa

– —Desse saleiro. Especificamente, do sal. Você acha que eu conseguiria

contrabandeá-lo para fora daqui sem eles notarem?—

Os outros pareciam incrédulos, mas Elsa jogou junto. —Sim… mas acho que

eles notariam que está faltando no final das contas e viriam fazer perguntas.—

Ela provavelmente estava certa. Com a eficiência dos Alquimistas, eles

provavelmente contavam cada peça de talher depois que nós partíamos. Um

saleiro faltando poderia os fazer pensar que estávamos fazendo armas com seu

plástico ou algo assim. Eu casualmente deslizei meu guardanapo em direção ao

centro da mesa e então alcancei o saleiro. Enquanto eu o erguia para salgar

meus ovos mexidos, consegui desrosquear a tampa com uma mão. Quando eu

fui o devolvê-lo para o lugar, o saleiro escorregou da minha mão e caiu na mesa,

derramando sal no meu guardanapo.

—Oops,— eu disse, rapidamente juntando o saleiro. —A tampa estava aberta.—

Movi o guardanapo em volta como se eu estivesse limpando a mesa, mas na

verdade, sobrei o guardanapo enquanto trabalhava, fazendo uma bolsinha limpa

de sal. Então o deslizei de volta para o lado da minha bandeja. Ninguém iria

conta-los.

—Habilmente feito,— disse Duncan, que ainda parecia como se não aprovasse.

—Isso é tudo que precisa?—

—Em grande parte,— eu disse. Eu não era próxima o suficiente de nenhum deles

para revelar que usaria mágica para o resto dos componentes chave. —Seria

melhor se eu tivesse alguns dos componentes que vão na tinta, mas injetar você

com uma solução salina – uma vez que eu tratar o sal – deverá funcionar tão

bem quanto.— Tão logo que as palavras saíram da minha boca, avistei outro

problema e grunhi. —Eu não tenho nada com que injetar você.— Sal podia ser

uma mercadoria comum, mas agulhas geralmente não eram deixas jogadas por

ai dentro do nosso alcance.

—Você precisa de uma pistola de tatuagem?— perguntou Jonah.

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Eu especulei, baseada no que eu sabia do processo de tatuagem dos

Alquimistas e os meus próprios experimentos. —Idealmente, isso seria ótimo.

Uma tatuagem plenamente desenvolvida com tinta solida iria provir proteção

permanente. Mas nós deveríamos ser capazes de conseguir uma boa proteção

de curta duração com uma seringa médica básica – como eles fazem para

retoques ordinários.—

Duncan ergueu uma sobrancelha. —Curta duração?—

—Irá anular o que quer que eles façam com você no futuro próximo,— eu disse,

sentindo confiança mesmo com uma solução improvisada. —Como, meses no

mínimo. Mas para proteção para vida toda, você eventualmente precisa disso

tatuado para valer.—

—Eu vou ficar com meses,— disse Jonah.

Era difícil manter o desanimo fora do meu rosto. —Yeah, mas eu não posso te

dar isso sem uma agulha apropriada. Essa é a única coisa que eu não posso

improvisar aqui. Eu… eu sinto muito. Eu fui muito precipitada com esse plano.—

—Pro inferno,— ele devolveu. —Há várias agulhas como essas na sala de

purificação. Elas estão no gabinete da pia. Eu vou me fazer ser mandado pra lá

e roubar uma.—

Do lado dele, Lacey zombou. —Se você sair da linha tão cedo, eles não irão te

mandar para a purificação. Você vai para o retoque – ou pior.— Essa ameaça

se estendeu pesadamente sobre nós por um momento. —Eu faço,— ela

declarou. —Vou fazer alguma coisa na nossa próxima aula.—

—Não,— eu disse rapidamente, —Eu faço. Terei a agulha diretamente desse

jeito. Vai poupar tempo em fazer chegar até mim, no caso de eles mandarem

Jonah para o retoque mais cedo do que mais tarde.— Havia verdade no meu

ponto, mas uma grande parte da minha motivação era que eu não deixaria mais

ninguém ser mandado para a purificação por um dos meus planos. Amelia ainda

olhava para mim quando fizemos contato visual. Eu não arriscaria mais nenhum

inimigo. A purificação era miserável, mas eventualmente acabava, e até agora,

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não estava tendo o efeito desejado, considerando que meu primeiro impulso ao

ver Adrian noite passada foi beijar ele, não vomitar.

O resto dos meus companheiros de mesa pensava que era um ato heroico,

particularmente Jonah. Outros, como Duncan, pensava que eu estava prestes a

cometer um grande erro, mas nenhum deles iria intervir.

—Obrigado,— disse Jonah. —De verdade. Te devo uma.—

—Estamos nisso juntos.— Eu disse simplesmente.

Esse sentimento pegou algum deles de surpresa, mas o sino sinalizando o fim

do café da manhã preveniu qualquer outra conversa. Eu contrabandeei meu sal

com sucesso e o deslizei para meu sapato quando alcancei minha próxima aula,

com o pretexto de estar arrumando a meia. Enquanto os outros se sentavam em

seus lugares, decidi que era melhor manter o plano andando o mais cedo

possível. Eu não deixaria Lacey fazer meu trabalho por mim, mas a usei como

cumplice enquanto ela se sentava em uma mesa próxima.

—Olha, Lacey,— eu disse, como se estivéssemos continuando uma conversa

da cafeteria. —Eu não estou dizendo que você está errada… apenas

equivocada. Até os Stigoi serem erradicados, não tem nada de errado ser

civilizado com os Moroi.—

Para seu crédito, ela sacou rapidamente e entrou no jogo. —Você não estava

falando em ser civilizado. Você estava falando em ser amigável. E todos nós

sabemos que essa é uma área perigosa com você e sua história.—

Coloquei uma cara ofendida. —Então você está dizendo que não está tudo bem

ter uma refeição casual com um deles?—

—Se não for para negócios, então não.—

—Você está sendo completamente irracional!— exclamei.

Kennedy, nosso instrutor, olhou de sua mesa em direção as vozes altas. —

Ladies, algum problema?—

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Lacey apontou acusadoramente. —Sydney está tentando me convencer de que

está tudo bem andar com Moroi de forma pessoal fora do trabalho.—

—Eu nunca disse pessoal! Só estou dizendo, se você estiver em uma

incumbência e tem um contato, qual é o mal em jantar ou ver um filme?—

—Isso leva a problemas, esse é o mal. Você precisa riscar uma linha e manter

as coisas em preto e branco.—

—Só se você for estupido o suficiente para achar que eles são tão perigosos

quanto Strigoi. Eu sei como andar nessa área cinza,— devolvi.

Aquele era um ponto particularmente satisfatório para compelir que Lacey

levantou porque justamente ontem, Kennedy tinha usado as metáforas das áreas

preto-e-branco e cinza. Ela tentou interpor, mas eu não iria deixar e continuei

discutindo com Lacey. Dez minutos depois, me encontrei dentro da sala de

purificação. Sheridan parecia parcialmente surpresa em me ver.

—Um pouco cedo, não é?— ela perguntou. —Isso, e você estava indo tão bem

essa semana.—

—Eles sempre retrocedem,— comentou um de seus assistentes.

Ela acenou em concordância e gesticulou de mim para a cadeira. —Você sabe

o que fazer.—

Eu sabia. Foi horrível como sempre era – talvez um pouco mais desde que o

café da manhã estava tão fresco em meu estômago. Quando fui capaz de

vomitar tudo depois do show de slide, eles me mandaram para a pia para escovar

os dentes. As escovas descartáveis estavam bem do lado do gabinete contendo

seringas. Liguei a água e fingi cuspir de novo, depois de olhar para trás. Os

outros não estavam me observando diretamente, presumivelmente porque eles

não achavam que houvesse muito que eu pudesse fazer nessa sala pequena.

Comecei a avançar para a escova de dente, planejando abrir o gabinete no

mesmo movimento.

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Havia apenas um problema, e eu só tinha meio segundo para solucioná-lo. Como

eu iria sair com a seringa? Meus farrapos não tinham bolsos. A seringa estava

em um pacote e tinha uma capa sobre a agulha, então eu poderia teoricamente

deslizar para a minha meia ou mesmo para o sutiã sem me machucar. Todo esse

movimento chamaria poderia chamar a atenção.

Uma comoção na porta assustou a mim e aos outros, e nós viramos para ver

dois outros caras da segurança escoltando alguém para dentro: Duncan.

Ele fez o mais breve contato visual comigo e então começou a se contorcer. —

Vamos lá, eu estava só brincando! Foi uma piada, pelo amor de Deus.— Eles

tentaram o arrastar para a cadeira com amarras, e ele cravou seus pés. —Me

desculpe, eu nunca mais vou fazer isso! Por favor não me faça fazer isso. Já faz

séculos.—

Eu percebi então que não era coincidência ele estar lá bem quando eu estava

terminando. Ducan premeditou seja lá qual for a —piada— que ele fez, assim

ele seria levado e poderia fazer uma comoção aqui – uma comoção que eu

estava desperdiçando encarando estupidamente. Rapidamente, eu apanhei

ambos a escova de dentes e a seringa, deslizando a última para de baixo da

minha meia enquanto os outros estavam ocupados com Duncan. Eu então segui

escovando os dentes e não agindo como se um amigo estivesse prestes a

encarar algo terrível para me ajudar.

Duncan estava amarrado na cadeira quando eu fui escoltado para fora. Sheridan

balançava sua cabeça com exasperação. —Que manhã.—

Quando me juntei ao resto dos detentos na nossa próxima aula, eu vi Jonah e

alguns dos outros do café da manhã atirando furtivos, olhares curiosos. Eu dei

um aceno curto, indicando sucesso, e então falei com ele mais tarde quando

estávamos nos enfileirando para fora da sala. —Não está pronto ainda, mas eu

tenho o que preciso.—

—Eu não quero te apressar,— ele suspirou de volta, mantendo seus olhos

diretamente para frente. —Mas eu ouvi Addison contando para Harrison que com

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toda a ação ultimamente, eles deveriam talvez considerar tomar ‘ações drásticas’

logo.—

—Anotado,— eu disse.

Duncan apareceu para a nossa próxima aula, Consciente e incorruptível,

vestindo os sinais que denunciavam uma recente purificação. Ele parecia

propriamente arrependido, mas eu consegui a história completa dele no caminho

para o almoço mais tarde.

—O que aconteceu com não fazer nada estúpido?— perguntei.

—Hey, eu não fiz nada estúpido. Eu parei você de fazer algo estúpido. Sem

chances de você conseguir pegar aquela seringa sem ser notada. Eu salvei você.

Agora eu ouvi que eles estão servindo Mannicotti* (N/T: tudo de macarrão

rechado) para o almoço – meu favorito.— Ele me deu um suspiro lamentável. —

De nada.—

—O que você disse a Lacey que te colocou em encrenca?— Perguntei.

Ele quase sorriu então se lembrou de que sempre tem olhos em volta. —Bem,

você acabou de ter sua pequena discussão, então eu segui isso e disse que

talvez ela não devesse ser tão contra a ideia de ficar pessoal com Moroi. Que

talvez um pouco de ‘tempo pessoal’ a faria menos nervosa.—

Eu tive que tentar não rir. —Ela sabia que você estava atuando, certo?—

—É melhor que saiba. Eu e você mantemos ela fora da purificação hoje. Hey,

onde você está indo?—

Nós quase alcançávamos a cafeteria, mas eu comecei a me virar. —Para o único

lugar onde uma garota pode conseguir alguma privacidade. Me junto a vocês

logo.—

Eu entrei em uma sala vizinha que continha banheiros. Eu tinha o direito de

visita-los na pausa pra o almoço, desde que eu não me demorasse e chamasse

a atenção de ninguém. Enquanto havia câmeras na área principal dos banheiros

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(Acho que eles tinham medo que alguém pudesse quebrar um espelho e usar

como arma), as cabines individuais ofereciam uma das poucas áreas privadas

na base. Fechei a porta de um e trabalhei rápido, sabendo que eu tinha tempo

limitado.

Fazia meses desde que usei mágica pela ultima vez, mas eu estava surpresa

como o quão naturalmente e rápido ela voltou para mim. Eu peguei meu precioso

pacote de sal e derramei cuidadosamente no compartimento principal da

seringa, me dando um recipiente de armazenamento muito melhor quando

comecei o processo de encantamento. Primeiro foi terra. Eu propositalmente

toquei o vaso de plantas do professor na nossa ultima aula, pegando poeira nos

dedos. Dali, eu fui capaz de invocar a essência da terra, murmurando as palavras

que extraia seu poder e enviando-o para o sal. Uma onda de alegria tomou conta

de mim enquanto a magia dominava, e eu quase engasguei. Eu não percebi o

quanto eu sentia falta ou o quão viva me sentia a usando. Era especialmente

notável depois de viver em um lugar infernal como esse.

Invocar o ar foi o próximo, o que também era fácil, tento em vista que tinha em

todo lugar. Água também foi fácil, desde que tinha um toalete bem a minha

frente, e eu não tinha nenhuma preocupação sanitária desde que estava apenas

convocando propriedades mágicas e não usando realmente nenhuma água no

composto – ainda. Fogo provou ser o mais difícil, tendo em vista que os

Alquimistas não deixavam exatamente fósforos dentro do nosso alcance. Não

fora surpresa desde que, tão logo eu posso dizer, esse lugar era um enorme

risco de incêndio. Não havia fonte facilmente acessível para o elemento fogo,

então eu tive que criar o meu próprio.

Srta. Terwilling me treinou arduamente para lançar feitiços de bolas de fogo, e

eu tinha controle excelente sobre eles. Com algumas palavras sussurradas, eu

convoquei esse feitiço agora, invocando apenas uma centelha de chama em

minha palma, apenas o suficiente para ser vista. Sua essência era forte o

suficiente, no entanto, para eu colocar o poder do seu elemento no resto do sal

do composto. Uma vez feito, fiz mina-bola-de-fogo desaparecer.

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Ocultando cuidadosamente a seringa em uma mão, dei descarga no banheiro e

sai da cabine.

Enquanto lavava minhas mãos, fiquei surpresa de estar um pouco tonta. Ficar

sem praticar teve o seu preço, especialmente ter que invocar fogo do que extraí-

lo ambiente. Ainda, esse cansaço foi justaposto com aquela sensação de mais

cedo inebriante que o uso da magia trouxe. Melhorar nisso me deu o

conhecimento de que eu não era impotente, que eu tinha habilidade de ajudar

outro alguém e frustrar a agente Alquimista. Esse foi uma alta em seu próprio

direito* (N/T: no original —That was a high in its own right— não consegui

entender, desculpem).

Quando alcancei a cafeteria e me aproximei da mesa Duncan com minha

bandeja, todo mundo parecia estar em uma conversa leve e fácil. Uma vez que

me sentei, pude sentir a tensão não falada entre eles. Eles continuaram a

conversar sobre algum tópico anterior de história, embora eu pudesse dizer que

nenhum deles estava realmente interessado naquilo. Por fim, sorrindo como se

nós fossemos apenas crianças de uma escola de ensino médio regular com

preocupações ordinárias, Jonah disse, —Addison me disse enquanto eu vinha

para cá para pular a aula de artes. Ela disse que Sheridan ia me encontrar do

lado de fora da sala.—

Uma nuvem caiu sobre nós com o subtexto. —Eles não perdem nenhum

tempo,— murmurou Lacey. Seus olhos pousaram em mim. —As falcatruas

dessa manhã valeram a pena?—

—Tipo isso,— eu disse, baixando minha voz enquanto mexia no meu manicotti.

Meu estômago não estava tão ruim quanto o de Duncan, mas eu ainda decidi

ficar com os acompanhamentos mais leves. —Consegui a seringa. O sal está

nela, pronto para aplicar. Eu só não tenho uma fonte de água purificada para

misturar a solução. Também seria melhor se pudéssemos ferver o sal junto,—

adicionei, —mas uma agitação rápida deve funcionar se conseguirmos a água.

Os professores sempre têm garrafas de água. Talvez possamos roubar alguma

deles.—

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—Sem tempo,— disse Jonah. —Me dê a seringa. Vou encher com a torneira no

banheiro se alguém for me bloquear da câmera.—

Estremeci. —Você tem que injetar na sua pele. Você não quer água da

torneira.—

—A coisa é potável,— ele contrapôs. —E não pode ser pior do que o que eles

estão planejando injetar em mim. Eu vou arriscar.—

Minha sensibilidade sanitária ainda resistia. —Gostaria que tivéssemos mais

tempo.—

—Não temos,— ele disse sem rodeios. —Você fez muito, e estou grato. Agora é

minha vez de arriscar. Deslize a seringa para mim quando estivermos saindo

daqui. Tem algo especial que eu precise fazer com isso? Além do obvio?—

Balancei minha cabeça, ainda frustrada, mas sabendo que ele estava certo. —

Injete pequenas quantidades em sua tatuagem, bem como eles fazem no

retoque. Você não precisa ser preciso. Haverá o suficiente no seu sistema para

anular o que tem na tinta com compulsão.—

—O que tem na sua solução?— perguntou Elsa.

—Não pergunte isso,— avisou Duncan. —Quanto menos soubermos, melhor

para todos nós – especialmente Sydney.—

Quando a refeição acabou, nossos colegas de mesa propositalmente se

amontoaram em volta de Jonah e eu enquanto esperávamos para devolvermos

nossas bandejas, me permitindo passar a seringa. Depois disso, estava

literalmente fora das minhas mãos. Eu tinha de confiar que jonah encontraria um

jeito de misturar a solução com água por conta própria e injetar em si mesmo

antes que eles viessem por ele.

O resto do dia se arrastou, especialmente a aula de arte. Ele não apareceu, e

preocupação me preencheu enquanto eu ponderava que tipo de lavagem

cerebral ele estava enfrentando. Duncan, que tratava isso como uma piada e me

disse várias vezes o quão tola eu era, compartilhava da minha tensão.

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—Jonah é um cara legal,— ele disse. —Eu realmente espero que o seu plano

funcione. Eu já vi o que eles podem fazer com as pessoas. Alguns voltam bem

ruins.—

Relembrando da longa detenção de Duncan, fui atingida por uma revelação

surpreendente. —Você alguma vez conheceu um cara chamado Keith aqui?

Com um olho?—

A expressão de Duncan escureceu. —Sim, eu conheço ele. Nós não éramos tão

próximos quando ele estava aqui. Ele foi um daqueles… um daqueles que

voltaram bem ruins.—

A hora da reflexão seguiu, e Jonah retornou. Ele parecia intimidado e não disse

nada enquanto nossa sessão usual seguia seu curso. Sheridan deixou ele em

paz e no lugar chamou o resto de nós, que éramos quase tão subjugados quanto,

nossos humores escureceram pelo conhecimento do que aconteceu com ele. Eu

quase desejei que ela o forçasse a falar então assim eu poderia ter um senso de

onde ele estava, mas ela deve ter decidido que ele mais do que cumpriu seu

horário hoje. Ele simplesmente sentou e ouviu com olhos vidrados, sua

expressão mudando pouco. Meu coração afundou.

Quando a sessão terminou, e nós fomos dispensados para jantar, sua atitude

não mudou. Duncan ordenou que ele sentasse em nossa mesa, bem como eu

tinha feito quando Renee retornou. Jonah não disse nada enquanto o resto de

nós conversava sobre coisas que não nos importava, todos nós muito nervosos

para perguntar o que realmente estava em nossas mentes. Esse comportamento

estava bem de acordo com o que acontecia depois de um retoque com uma dose

hardcore de compulsão.

O jantar seguiu tranquilamente em nossa mesa, e Duncan terminou o fim de sua

sobremesa, uma torta de cereja que parecia como se tivesse sido feita no

microondas. —O gosto disso é melhor do que eu esperava,— ele comentou,

mais para ele do que para nós.

—Você sabem o que mais foi melhor do que eu esperava?—

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Todos nós olhamos, surpresos de ouvir Jonah pela primeira vez desde seu

retoque. Os sinos soaram, sinalizando o fim do jantar e induzindo o levantar

coletivo de todo mundo no cômodo. Jonah se levantou também, bandeja em

mãos.

—Eu,— ele disse em uma voz suave. —Me sinto ótimo. Nenhum pouco

diferente.— Ele me lançou um sorriso que se foi tão rápido quanto veio. —Você

salvou minha vida, Sydney. Obrigado.— Ele passou por mim para se juntar a fila

perto das latas de lixo, me deixando de boca aberta.

Eu segui alguns momentos depois, ainda atordoada. Ele não disse nada para

mim pelo resto da noite, mas eu vi aquele brilho em seus olhos quando ele sorriu.

Ele ainda estava lá. Sua personalidade e mente ainda estavam intactos. Eles

não chegaram a ele – e minha fórmula tinha ajudado a protegê-lo. Essa

realização permaneceu comigo pelo resto da noite, me capacitando. Por meses,

meus captores marcaram vitória atrás de vitória sobre mim, fazendo me sentir

como se eu nunca pudesse lutar de volta. Hoje à noite, eu tinha. Foi uma

pequena vitória, mas foi real, e eu coloquei para fora.

Eu estava tão orgulhosa da minha própria astucia que eu não estava prestando

atenção em mais nada quando me aprontava para cama mais tarde. Eu estava

no banheiro das garotas, com um punhado de outras, ainda me dando tapinhas

nas costas. Eu estava muito absorta para ver Emma vindo ou fazer tentar

qualquer defesa quando ela me encurralou no canto da parede. Por um

momento, eu não pude acreditar que ela fez isso sob vigilância. Então, percebi

que ela me posicionou em baixo da câmera, fora de vista. Amelia e algumas de

suas outras amigas começaram a falar alto, abafando a voz baixa e ameaçadora

de Emma enquanto ela me mantinha presa no canto e inclinava-se para frente.

—Jonah foi retocado hoje,— ela disse. —Um grande – do tipo que pode fazer a

pessoa esquecer seu próprio nome. E, ainda, as pessoas estão dizendo que isso

não o afetou. E eles estão dizendo que foi por alguma coisa que você fez com

ele.—

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—Eu não sei do que você está falando,— retruquei. —Ele parecia fora de si para

mim.—

Ela me empurrou mais forte do que eu esperava ela ser capaz desde que era

menor do que eu. —Você fez ou não fez alguma coisa com ele?—

Eu encarei. —Por que? Assim você pode me reportar e sair mais cedo por bom

comportamento?

—Não,— ela disse. —Porque eu quero que você faça comigo também.—

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Capítulo 12 Adrian

Fora apenas algumas semanas, mas eu sentia como se estivesse longe de Palm

Spring a meses. Eu não tinha ideia do que esperar quando entrasse em meu

apartamento e ponderei se encontraria Angeline coabitando com Trey. Eu

deveria saber melhor, no entanto. Por toda sua arrogância, Trey se reprimiu

quando a situação ficou critica, e eu o encontrei sentado na sala com livros

espalhados ao seu redor. Isso era tão Sydney que por um momento, emoção

ameaçou me dominar. Então, minha nova decisão tomou as rédeas, e eu

empurrei qualquer sentimento que me distraísse de lado.

Trey olhou para cima, inspecionando a mim e minha mala. —Você voltou, huh?

Como foram as férias?—

—Esclarecedoras,— eu disse. —Eu tenho uma pista de Sydney. Todo mundo

está a caminho.—

Seus olhos se arregalaram. —Você o que?—

Não tive a chance de responder, porque eu já estava na metade do corredor, em

direção ao meu antigo quarto. Quando entrei, vi que Trey o pegou, o que, eu

supunha, era seu direito de acordo com minha saída abrupta. Com um dar de

ombros, carreguei minha mala de volta à sala e a joguei no canto. Eu estava feliz

por ficar com um lugar no sofá por agora – se é que eu acabaria ficando aqui.

Eu não sabia realmente onde a procura por Sydney me levaria ou quanto tempo

eu permaneceria por aqui.

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Dez minutos depois, uma batida na porta anunciou a chegada de Jill, Eddie,

Angeline, e Neil. Eles me encheram de me abraços – até o estoico Neil – embora

Jill tivesse dado o mais demorado. —Eu estive tão preocupada com você,— ela

disse, olhando para mim como olhos brilhando. —Tudo na Corte foi tão louco –

eu pude seguir apenas a metade de tudo–—

—E agora acabou,— eu disse firmemente. —E nós temos uma pista de

Sydney.—

—Isso você disse,— Trey comentou. —Mas não elaborou realmente.—

—Isso é porque eu–— antes que eu pudesse dizer mais, outra batida soou. Abri

a porta e deixei Marcus entrar. Eu estava tão feliz de vê-lo que o surpreendi com

um abraço também. —Bem em tempo,— eu disse.

Ele tinha sido o mais duvidoso de se conseguir contatar. O liguei para assim que

reservei minha passagem de volta para cá e fiquei aliviado em descobrir que ele

ainda estava na California, em seus lugares favoritos de Santa Barbra. Quando

o contei para o que fiquei sabendo, ele prometeu dirigir de volta e me encontrar

depois que meu avião posasse. Isso foi no inicio da noite, e a longa viagem foi

feita em um desgastante dia, mas eu estranhamente me encontrava energizado.

Era isso. Estávamos todos juntos, as pessoas que amavam Sydney, e nós

iriamos fazer acontecer.

—Você pode nos atualizar agora?— Trey pediu, uma vez que estávamos todos

sentados em circulo na sala. —Onde está Sydney? Ela está bem?—

—Eu não sei, e eu não sei,— Admiti. —Quero dizer. Ela estava bem o suficiente

para falar comigo em um sonho, mas não estava muito receptiva sobre o que

esta acontecendo naquele lugar. Ela continua parecendo como ela mesma, no

entanto.—

Marcus acenou em aprovação. —Ela tem força de vontade. Isso vai ajuda-la a

passar por muita coisa. O negócio é, se ficar muito notável, eles tentarão fazer

algo sobre isso. Ela tem uma linha perigosa a traçar.—

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—Ela tem tido por um longo tempo agora,— eu disse, pensando em seu tempo

aqui em Palm Spring quando lutava com sua amizade com a gente e a doutrina

com a qual os outros a alimentavam. Ela finalmente escolheu um lado da linha

para ficar – e agora ela estava pagando por isso. —Ela também não sabe onde

está, mas ela sabe que Keith estava no mesmo lugar, então agora mesmo, ele

se torna nossa maior pista.—

—Uma bem difícil de encontrar,— disse Marcus. Ele encostou-se ao sofá e

suspirou. —Admitidamente, só fui capaz de fazer algumas ligações, mas ele está

ainda melhor escondido do que o normal para os Alquimistas. Eles assistem seus

agentes ‘reformados’ bem de perto e ainda não o querem muito exporto. Ele

provavelmente está preso atrás de uma mesa.—

Uma nuvem negra de desanimo começou a se abater sobre mim, e eu a empurrei

de lado. —Mas você pode continuar procurando.—

Marcos concordou. —Claro. Eu também perguntei para alguns dos meus outros

contatos que estiveram na reeducação se eles se lembravam de algum detalhe

sobre quando saíram, mas até agora, sem pistas. A maioria deles esteve lá há

muito tempo atrás. Keith é o mais recente que sabemos, então

esperançosamente sua memória é a melhor. Estou pedindo para minhas fontes

procura-lo. Alguma coisa deve aparecer em alguns dias. Mas… nesse meio

tempo, eu tenho um pista improvável que pode nos dar resultado antes, Eu sei

onde Carly Sabe está.—

Eddie franziu o cenho. —Você acha que ela sabe onde Sydney Está? Quero

dizer, eu não sei muito sobre ela, mas pensei que tivesse removida das relações

Alquimistas.—

—Ela está,— eu disse, adivinhando o que Marcus estava pensando. —Mas Keith

tem uma, uh, conexão com ela.— Eu contei para Marcus sobre o bilhete que

Sydney tinha visto, sobre Keith dizendo a Carly que sentia muito. Eu não elaborei

os detalhes sórdidos do passado deles, apenas que ele fez algo muito terrível

com ela. —Você acha que ele pode ter entrado em contato com ela?—

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—Eu não sei, honestamente,— disse Marcus. —Nunca encontrei nenhum deles.

Mas eu sei que aquele lugar brinca com a culpa e a autoestima. Se Keith sente

que errou com ela, talvez ele tenha se aproximado quando ficou livre.—

—Seria a primeira coisa descente que ela já fez,— murmurou Jill obscuramente.

Por seu laço comigo, ela sabia o que ele tinha feito a Carly.

—Achei que não machucaria checar,— disse Marcus, —Especialmente desde

que temos de esperar qualquer pista sobre Keith. Ela está bem perto. Ela é uma

estudante da Universidade do Estado do Arizona.— Ele me atirou um sorriso

irônico. —A fim de uma viagem?—

—Absolutamente. Podemos partir agora mesmo.— Eu quase levantei de

prontidão, mas ele me segurou para baixo.

—Eu preferia que fôssemos pela manhã – ambos pela luz do dia e também você

pode falar com Sydney de novo hoje à noite. Veja se você consegue algo dela

que possamos usar para Carly confiar na gente. Tenho de imaginar se uma dupla

de caras estranhos aparecesse perguntando sobre sua irmã e a organização que

sua família te fez jurar segredo, se você seria assim tão receptivo.—

Relaxei um pouco. —Esse é um bom plano. E desde que não tem mais nenhum

gás a drogando, nós devemos estar em sincronia agora. Baseado em quando

ela estava acordando, eu acho que ela está nesse fuso horário. Posso estar

errado, no entanto. Quem sabe em que cronograma esses esquisitos a tem.—

Neil se esticou para frente. —Volte um momento. Você disse gás?—

Agora que havia um plano para encontrar Carly Sage, fui capaz de me acalmar

um pouco e contar aos outros exatamente o que eu sabia. Meu sonho com

Sydney tinha sido curto, mas dei os detalhes que podia, incluindo como ela

esteve sendo drogada e suas vagas referências a punições.

Angeline descansava sua cabeça no ombro de Trey. —É melhor que eles não

estejam a machucando. Ao contrário, eu vou machucar eles quando todos nós

entrarmos e a libertarmos.—

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—Nós todos?— perguntou Marcus com diversão.

Eddie tinha sua mais feroz expressão de mini-Dimitri. —Você não acha que nós

vamos deixar vocês dois fazerem tudo sozinhos, acha?—

Tentei não sorrir. —Eu acho que a escola ainda está em sessão e sua primeira

prioridade é com a Jailbait.—

—Apenas por mais uma semana mais ou menos,— disse Jill. —E nós estamos

nas provas finais agora. Você deveria levar um dos Dhampir. Dois deles, na

verdade. Angeline pode ficar comigo.—

—Hey,— Angeline exclamou. —Como eu não vou chutar traseiros

Alquimistas?—

—Porque você é a única de nós que não terminou de fato o ensino médio,—

Eddie disse a ela.

—Mas todos vocês estão designados para proteger Jill,— alertei. —E vocês vão

ficar com ela, pelo menos por agora. Marcus e eu não precisamos de guarda-

costas para visitar algumas crianças festeiras na UEA.—

Conflitos guerreavam nas feições de Eddie. —Mas o que acontece depois disso?

E quando vocês descobrirem onde Sydney está?— Eu podia adivinhar suas

preocupações. Ele estava dividido. Sua designação – e seu coração – o ligava a

Jill. Mas Sydney era sua amiga também, e ele ainda se sentia culpado pela sua

perda em primeiro lugar.

Eddie não parecia feliz sobre isso, mas sério, não havia solução que o faria ficar

satisfeito. Se ele fosse com a gente amanhã, ele estaria se corroendo de culpa

por deixar Jill. Nenhuma parte dessa situação seria fácil para ele.

Marcus foi embora cedo, uma vez que eu e ele tínhamos nossos arranjos protos

para a viagem a Tempe. Os outros se demoraram, querendo se atualizar e

compartilhar o que aconteceu nas últimas semanas. Eu omiti os detalhes do meu

decline a decadência na Corte, muito envergonhado para deixa-los saber que eu

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quase perdi Sydney. Apenas Jill sabia a verdade, e ela nunca me deduraria. Ela,

no entanto, dedurou outra coisa.

—Hey, Trey,— ela disse, olhos cheios de travessura. —Talvez você devesse dar

a Adrian aquele pedaço de carta muito importante.—

Um sorriso correspondente iluminou o rosto de Trey enquanto ele pulava e se

apressava para a cozinha. Quando voltou, ele segurava um envelope de

tamanho comercial que tinha sido aberto. Era do Colégio Carlon, endereçado a

mim.

—Você abriu minha correspondência?— eu exclamei.

—Eu disse pra ele abrir,— Jill disse, como se ela tivesse algum tipo de

autorização. —Olhe.—

Intrigado, ergui um único pedaço de papel e me encontrei olhando para o meu

primeiro boletim da faculdade. Ainda mais incrível que isso, vi que passei em

todas as minhas matérias. C, C-, e B-. Essa última me fez erguer uma

sobrancelha.

—Como diabos eu consegui um B- em óleo? O que vocês entregaram para o

meu projeto final?— perguntei a eles incrédulo.

—Eu escolhi,— Trey disse orgulhoso. —Foi aquele alto que você encostou no

canto, a coisa tipo nuvem-amarela-e-lilás estranha.—

Um caroço se formou em minha garganta. —A Aura de Sydney,— murmurei.

Guardei o boletim e abracei Jill e Trey. —Vocês me salvaram. Eu não teria

passado sem vocês.—

—Você salvou você,— Jill murmurou em meu ouvido. —E agora você vai salvar

ela.—

Ela e os outros partiram logo depois, quando o toque de recolher de Amberwood

se aproximava. Neil se demorou depois de o resto ter passado pela porta e se

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voltou para mim —Adrian,— ele disse, incapaz de encontrar meus olhos. —

Suponho que Olive não estivesse na Corte, estava?—

Eu simpatizava com todos os apaixonados, e meu coração afundou por ele. —

Não, mas Nina estava. Olive está sem contatar ela também, mas Nina a checa

nos sonhos, e Olive está bem. Ela só quer algum tempo sozinha para pensar

sobre as coisas. Não deve ser fácil voltar depois de ser um Strigoi.—

Alivio inundou as feições angulares de Neil. —Sério? Isso é ótimo. Quero dizer…

não é ótimo que ela esteja atormentada, mas pensei que tivesse alguma coisa a

ver comigo. Nós estávamos nos dando tão bem, mantendo contato… então

nada.—

—Nope,— o assegurei. —Nina diz que Olive cortou todo mundo. De tempo a ela.

Ela vai voltar. Pelo que eu vi brevemente, ela estava bem louca por você.—

Neil ficou vermelho com isso, e eu rindo o mandei para se juntar aos outros. Trey

voltou para sua lição de casa, e eu comecei as checagens regulares para tentar

encontrar Sydney dormindo. Em algum momento, Trey ofereceu me dar o quarto

de volta, mas eu disse a ele que estaria pra lá e pra cá de qualquer forma. Melhor

para ele ficar descansado para os exames e suas perspectivas de bolça de

estudos.

Isso eventualmente me deixou sozinho na sala, e por volta da meia-noite, eu

finalmente me conectei com Sydney. Encontramo-nos no Getty Villa, e eu a puxei

para os meus braços, não percebendo completamente até aquele momento o

quão com medo eu estive de que o encontro por sonho da noite passada tivesse

sido um acaso. —Antes que eu comece a beijá-la e perca toda a coerência, me

diga por quanto tempo você esteve dormindo.—

Ela descansou sua cabeça dourada contra meu peito. —Eu não sei. Menos de

uma hora.—

—Hmm.— Escovei aqueles cabelos lindos para trás enquanto mastigava

números. —Eu pensei que você estivesse no horário do Pacifico, baseado em

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quando você acordou. Isso seria por volta das, oh, cinco aqui. Mas não é muito

sono. Seis horas. Talvez sete.—

—Na verdade, isso é quase perfeito para eles,— ela disse. —É uma das coisas

que eles fazem para nos manter no limite. Nós dormimos o suficiente para

funcionar, mas nunca estamos nem perto de nos sentir descansados o suficiente.

Isso nos deixa agitados, mais suscetíveis ao que eles fazem e dizem a gente.—

Eu quase deixei esse comentário passar, mas a escolha de palavras prendeu

minha atenção. —O que você quer dizer com ‘uma das coisas?’— perguntei a

ela. —O que mais eles fazem?—

—Não importa,— ela disse. —Nós temos outras–—

—Importa sim,— insisti, me inclinando para mais perto dela. Eu tentei trazer isso

a tona antes, e ela continuou fugindo do assunto. —Você mesma disse que

aquele lugar deixou Keith no limite, e eu vejo como Marcus fica sempre que fala

da reeducação.—

—Uma pequena privação de sono não é nada,— ela disse, ainda não abordando

diretamente o que eu queria.

—O que mais eles estão fazendo?— exigi.

Fogo acendeu brevemente em seus olhos. —O que você faria se eu contasse?

Faria você trabalhar mais duro para me encontrar?—

—Eu já–—

—Exatamente,— ela interrompeu. —Então não crie mais preocupações –

especialmente quando já temos pouco tempo.—

Ela e eu permanecemos lá em um impasse por vários segundos tensos. Nós

raramente nos enfrentávamos antes de ela ser levada, e parecia particularmente

estranho fazer isso agora, com tudo que aconteceu. Eu discordava de que o que

ela estava experimentado na reeducação —Não importava,— mas odiava a ver

tão chateada agora. Ela também estava certa sobre a nossa falta de tempo,

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então por fim eu dei um aceno relutante e mudei de assunto, contando a ela em

vez sobre o plano de visitar Carly com Marcus.

—Não é uma má ideia. Mesmo que Keith não tenha a procurado, Carly está em

uma família de Alquimistas e pode ser capaz de descobrir alguma coisa para

você.— Sydney ainda se segurava a mim enquanto falava, e enquanto eu

certamente não tinha nenhum problema com isso, não podia afastar o

sentimento de ansiedade que irradiava a sua volta, como se ela estivesse

literalmente com medo de se soltar de mim. Ela estava colocando uma cara

valente, mas aqueles bastardos tinham feito alguma coisa com ela, e eu os

odiava por isso. Intensifiquei meu aperto.

—Tem alguma coisa que nós podemos dizer para ela saber que estivemos

falando com você?— perguntei.

Sydney considerou por alguns segundos e então sorriu. —Pergunte pra ela se a

faculdade ainda a incita a adotar a filosofia de vida de Cicero.—

—Certo,— eu disse. Aquilo não fazia sentido para mim, mas então, esse era o

ponto.

—E pergunte pra ela…— O sorriso de Sydney murchou. —Pergunte para ela se

ela sabe como Zoe está. Se ela está bem.—

—Eu vou,— prometi, maravilhado por Sydney poder se importar tanto com uma

irmã que a traiu. —Mas agora, e você? Não tem nada que você possa me contar

da sua vida naquele lugar? Me preocupo com você.—

Sua ansiedade aumentou, e me preocupei que se chateasse de novo, mas ela

aparentemente decidiu me dar algo. —Estou bem… mesmo. E eu posso até ter

ajudado alguém. Eu meio que juntei ilegalmente alguma daquela magica de tinta

com sal e a usei para proteger uma pessoa do controle de mente dos

Alquimistas.

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Eu me afastei um pouco assim eu podia encontrar seus olhar. —Você usou

mágica na reeducação dos Alquimistas? Você não acabou de dizer que se

encrencava por pisar fora da linha?—

—Eu não fui pega,— ela disse ferozmente. —E isso realmente ajudou alguém.—

A puxei para mim de novo. —Se preocupe em ajudar a si mesma.—

—Você soa como Duncan.—

—Duncan?— perguntei com ciúmes.

Ela sorriu. —Não precisa se preocupar. Ele é só um amigo, mas está sempre me

alertando sobre me manter fora de encrenca. Mas eu não posso evitar, no

entanto. Se eu puder ajudar essa gente, você sabe que eu vou.—

Eu estava prestes a lembra-la das muitas conversas que tivemos sobre mim e o

uso de espirito, como eu sempre insisti que o risco para mim mesmo valia a pena

se eu pudesse fazer o bem para os outros. Sydney constantemente argumentava

que eu tinha que olhar por mim porque se eu não fosse cuidadoso, eu não seria

capaz de ajudar ninguém.

Mas não tive a chance de dar um sermão agora porque ela inesperadamente me

puxou para mais perto, intensificando seu aperto e trazendo nossos lábios juntos.

Calor me inundou, junto com um desejo tão real e tão forte quanto o que

eu sentia no mundo real. Ela trilhou seus lábios para minha bochecha e então

para meu pescoço, me dando um breve momento para falar.

—Não é justo me distrair,— murmurei.

—Você quer que eu pare?— ela perguntou.

Como se eu precisasse pensar sobre isso. —Claro que não.—

Nossos lábios se encontraram de novo em outro beijo faminto, e eu mal tive

presença de espirito suficiente para mudar nosso cenário do pátio ensolarado

para um quarto em uma pousada na montanha. Sydney parou de novo, rindo

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suavemente quando reconheceu a cena. —Vale das memórias,— provocou.

—De volta para a primeira vez. Você até fez nevar lá fora.—

Eu a deitei gentilmente na cama sumptuosa. —Ei, Adrian Ivashkov oferece

serviço completo.—

—E garantia de seu dinheiro de volta?—

—Eu não saberia,— disse a ela. —Ninguém nunca se desapontou.—

Sua risada se dissolveu em mais beijos, e com um último toque da transformação

dos sonhos, eu transformei seus trapos beges, feios em um vestido colocado

preto e marrom que uma vez a vi vestindo. Sua beleza me surpreendeu tanto

agora quanto havia antes, e eu corri uma mão por sua cintura, descansando na

curva de seu quadril. Suas próprias mãos, que estavam envoltas ao redor do

meu pescoço, agora viajavam para baixo e tiravam minha camiseta com uma

ousadia que eu nunca imaginara quando nos conhecemos. O toque de seus

dedos no meu peito era delicado e ainda capaz de transmitir um poder e urgência

que mandava ondas de choque através de mim. Algo me dizia que a paixão que

queimava nela agora era impulsionada por mais do que nossa atração usual –

havia uma necessidade nela, uma necessidade nascida de meses de desespero

e isolamento. Ela deu um pequeno suspiro de prazer e surpresa quando rocei

sua pele com meus dentes, embora eu fosse cuidadoso para não fazer nada

além dessa provocação.

Lentamente, provocativamente, deslizei a mão de seu quadril por seu corpo,

amando o jeito que eu a sentia e ela reagia ao meu toque. Eu finalmente tracei

meu caminho para o zíper em suas costas e tentei o puxar para baixo – algo que

era mais difícil com uma mão do que eu esperava.

Ela abriu seus olhos para me olhar tanto com divertimento quanto desejo. —

Você poderia apenas sonhar com o vestido fora do caminho.—

—Onde fica a diversão nisso?— devolvi, me sentindo triunfante quando o zíper

cedeu. O deslizei todo o caminho para baixo e comecei a tirar seu vestido.

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—Oh, Adrian,— ela respirou. —Você não tem ideia do quanto–—

Eu não precisei perguntar o que a interrompeu. Eu podia sentir pelo jeito que ela

perdia substância sob minhas mãos: Ela estava sendo acordada.

—Não vá,— eu disse a ela futilmente. Era mais sobre um medo profundo que eu

não podia dar voz do que a realização física: Eu tenho medo de que se você

partir, eu nunca te verei de novo. Eu podia dizer pelo seu rosto, no entanto, que

ela sabia meus temores.

—Ficaremos juntos logo. Na vida real. O centro irá permanecer.— Ela estava

ficando translucida diante dos meus olhos. —Durma um pouco. Vá encontrar

Carly e Keith.—

—Eu vou. E então eu vou encontrar você, eu prometo.—

Ela já havia quase partido, e eu mal pude decifrar lágrimas brilhando em seus

olhos. —Eu sei que vai. Acredito em você. Sempre acreditei.—

—Eu te amo.—

—Eu também te amo.—

Ela se foi.

Acordei no sofá, sentindo um vazio e insatisfação que ia além do desejo físico.

Eu precisava de seu coração e mente tanto quanto de seu corpo. Eu precisava

dela, e sua falta causava dor em meu peito enquanto eu adormecia. Enquanto

fazia, eu envolvei meus braços apertadamente em volta de mim, fingindo ser

Sydney que eu segurava.

Marcus apareceu bem cedo na manhã seguinte, começando nossa viagem bem

– com uma exceção. Nós tivemos um pequeno desacordo sobre o carro de quem

pegar.

—O seu é provavelmente roubado,— eu disse.

Ele rolou seus olhos. —Não é roubado. E é um Pirus.—

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—Mais uma razão para não levar ele.—

—Podemos chegar a Tempe sem nem parar para abastecer, diferente do seu.—

—Vale as paradas extras para ir com estilo,— argumentei de volta.

—Vale o atraso extra em conseguir as respostas que podem ajudar Sydney?—

Esse era seu trunfo, e ele sabia.

—Certo,— resmunguei. —Vamos levar seu carro manco mas ainda altamente

eficiente em termos de combustível.—

Apesar do nosso passado pedregoso – como quando eu tentei socar ele na

primeira vez que nos encontramos – Marcus e eu tivemos uma viagem muito boa

para UEA. Ele não esperava muito de conversa, o que estava tudo bem por mim.

A maioria dos meus pensamentos estava com Sydney. De vez em quando,

Marcus recebia ligações de um de seus contatos, perseguindo alguma pista que

fazia parte de seus negócios clandestinos. Algumas eram sobre Sydney e Keith;

algumas eram sobre outras pessoas e missões que pareciam todas muito

importantes quando você estava apenas ouvindo um lado da conversa.

—Você tem todos os tipos de coisas acontecendo,— comentei quando cruzamos

a fronteira para o Arizona. —Significa muito que você tenha tirado tempo para

ajudar Sydney. Soa como se ela não fosse a única contando com você.—

Ele sorriu com isso. —Sydney é especial. Eu não acho que ela saiba quantas

pessoas ajudou com aquela tinta que ela fez. É grandioso para eles saber que

os Alquimistas não podem corromper suas mentes – pelo menos através da

tatuagem. Eu devo isso a ela, ajuda-la, e …—

—E o que?— perguntei, vendo sua expressão escurecer.

—Quando alguém faz algo incrível, como ela fez, e é pego, como ela foi, eu

sempre penso que poderia ter sido eu. Em me ajudar, eu os vejo como se

recebendo o tempo que eu provavelmente mereço.—

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—Sydney não veria isso dessa forma,— disse a ele, relembrando do seu plano

louco de ajudar seus companheiros de prisão. —Ela está feliz em fazer – pensa

que é seu próprio risco.—

—Eu sei,— ele disse. —E isso me faz ainda mais feliz em ajudar.—

Nós alcançamos a faculdade pelo meio da tarde. Foi no meio do dia acadêmico,

mas eles também estavam funcionando no período de verão, então a multidão

do campus era menor do que estaria caso contrário. A inteligência de Marcus

havia dito a ele que Carly participava o ano todo e era uma Residente Assistente*

(RA, é responsável pelos alunos no andar em que mora) em um dormitório misto.

Ninguém nos contestou durante luz do dia, e nós fomos capazes de ir direto até

sua porta, a qual estava coberta por posters de várias bandas e comícios. Depois

de conhecer Zoe, eu não poderia nem começar a dizer como a terceira irmã

Sage era, embora eu tivesse formado vagas ideias de alguém quieta e pacífica,

sabendo o que eu sabia sobre como Carly não denunciou Keith ou deixou

Sydney fazer tampouco.

A garota que atendeu não era o que eu esperava. Ela era alta e atlética, com um

corte de cabelo pixie* (curtinho estilo Joãozinho) e um pequeno piercing

vermelho no nariz. Mas ela tinha a cor do cabelo e dos olhos de Sydney, a

semelhança de família era mais do que o suficiente para me deixar saber que

encontramos a pessoa certa. Ela vestia um sorriso de despedida que esmaeceu

quando deu uma segunda olhada em mim. Ela podia não ser a família Alquimista,

mas reconhecia um Moroi quando via um.

—Seja lá o que for isso, eu não quero estar envolvida,— ela disse.

—É sobre Sydney,— disse Marcus.

—E ela disse para perguntar a você se a faculdade ainda a faz querer a adotar

a filosofia de vida de Cicero,— eu adicionei prestativo.

As sobrancelhas de Carly se ergueram com isso, e depois de um momento, ela

suspirou e abriu a porta para nos deixar entrar. Duas outras garotas,

aparentando a idade de calouras, sentavam no chão, e ela as deu um olhar de

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desculpas. —Ei, eu tenho que cuidar de uma coisa com muita pressa. Podemos

terminar de planejar hoje à noite?—

Enquanto as meninas se levantavam e faziam comentários de despedida,

Marcus se inclinou em minha direção e sussurrou, —Tem certeza que passou a

frase de Sydney certo? Cicero era mais um estadista do que filosofo. Não que

ele não tenha tido alguns bons momentos.—

Eu dei de ombros. —Foi o que ela disse. E Carly nos deixou entrar, não

deixou?—

Uma vez que as garotas mais novas se foram, Carly sentou na beirada de sua

cama e acenou para que encontrássemos lugares no chão. —Certo. Então, a

que devo o prazer da visita de um Moroi e um cara que não é um Alquimista,

mas tem uma tatuagem muito suspeita bem colocada?—

—Precisamos da sua ajuda para localizar Sydney,— eu disse, sem necessidade

de perder tempo.

Carly inclinou sua cabeça surpresa com aquilo. —Ela está desaparecida?—

Marcus e eu trocamos olhares. —Não ouviu dela recentemente?— ele

perguntou.

—Não… há muito tempo que não ouço, na verdade. Mas isso não é incomum.

Papai costumava desaparecer por um tempo também. Faz parte do trabalho. Ele

nos disse que ela estava envolvida em algo super secreto.— Quando nem eu ou

Marcus respondeu, ela olhou entre nós dois. —Não é verdade? Ela está bem?—

—Ela está bem,— disse Marcus lentamente, e eu poderia dizer que ele estava

escolhendo suas palavras cuidadosamente. —Mas ela não está em uma

atribuição. Ela entrou em encrenca por algo, e nós estamos tentando chegar até

ela antes que essa encrenca fique pior.—

Carly atirou a ele um olhar feroz. —Não amenize as coisas. Eu sei o que entrar

em encrenca significa com os Alquimistas. Eles a trancaram em algum lugar, não

trancaram? Como fizeram com Keith?—

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—Você falou com ele?— eu exclamei. —Pessoalmente?—

Seu rosto se encheu de nojo. —Pessoalmente e por e-mail. Ele apareceu do

nada como vocês, de volta em Março, com aquela grande história trágica sobre

o quão arrependido ele estava e o quanto ele precisava do meu perdão para

continuar e como eu deveria entregar ele para as autoridades.—

—Volte,— eu disse. —Keith disse pra você o entregar? Você entregou?—

—Não.— Ela cruzou os braços e colocou uma expressão satisfeita que parecia

estar em desacordo com o tema. —E ele não me disse muito mais além de

implorar. Ele estava apavorado de ser mandado de volta a custodia dos

Alquimistas um dia e parecia pensar que estaria mais seguro em uma prisão

regular. Então eu disse não. Agora ele pode viver com medo constante, bem

como eu costumava.—

Era uma distorção tão bizarra da lógica, que eu não sabia como responder

realmente. Marcus parecia perplexo, e eu lembrei que ele não sabia a história

toda. —Ela e Keith tiveram um, uh, rompimento,— eu disse, esperando amenizar

as coisas.

Carly olhou Marcus diretamente nos olhos. —Keith me estuprou enquanto nós

estávamos em um encontro e me fez pensar que eu o levei a isso e que se eu

contasse para alguém, eles pensariam que foi minha culpa. Eu me convenci

disso também e deixei que me corroesse por dentro. A única pessoa que para

quem eu contei foi Sydney, e foi nas condições de segredo. Levou anos para eu

perceber a idiota que eu estava sendo. Agora eu me certifico que outras garotas

não passem por isso.— Ela acenou em direção a mais posters em suas paredes,

que só agora eu percebi que eram todos contra a cultura do estupro. —Se eu

puder salvar ao menos uma pessoa de passar por essa vergonha e auto-

questionamento… bem, sentirei que vive o propósito da minha vida.—

Marcus, que não era facilmente surpreendido, parecia completamente

boquiaberto enquanto olhava para ela. Já vi varias garotas caindo a seus pés,

mas essa era a primeira vez que eu o via babar por uma. —É incrível você ter

sido capaz de fazer isso,— ele disse. —E muito corajoso.—

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Tão divertido quanto vê-lo apaixonado, era que nós tínhamos que nos manter

nos trilhos. Estalei meus dedos na frente de seu rosto. —Foco.— Me virei para

Carly. —Mas você ainda não entregou Keith?—

Ela balançou sua cabeça. —Isso parece maluco, eu sei, mas ele sofre mais

desse jeito. Ele quer que eu faça isso. Estava quase em lágrimas quando eu não

o entreguei. Não me importo com ele. Me importo com Sydney. Me diga o que

posso fazer para ajuda-la e parar seja lá o que for que esses bastardos estão

fazendo.—

—Você conhece uma maneira de nos ajudar a encontrar Keith?— perguntei.

—Posso fazer mais do que isso,— Ela disse. Pescando um celular de seu bolso,

andou em volta, e o estendeu. —Isso serve?—

Peguei e vi o nome de Keith, junto com um número de telefone e um endereço

de Boise, Idaho, de todos os lugares.

—Boise?— perguntei. —Ele não sofreu o suficiente?—

Marcus olhou sobre meu ombro e sorriu. —Tem um centro de pesquisa dos

Alquimistas lá. É exatamente o tipo de lugar que eu esperava para ele – mesa

de trabalho, sem trabalho de campo real ou situações perigosas. Tem certeza

que ele ainda está lá?—

Carly rolou seus olhos. —Positivo. Ele me manda e-mail todo mês, me pedindo

perdão e pedindo para entrar em contato se eu mudar de ideia. Se ele mudasse,

tenho certeza que me deixaria saber milhares de vezes.—

Marcus copiou a informação em seu próprio celular e estendeu o dela de volta.

—Eu não acho que devemos lhe dar o beneficio de um aviso antes de falarmos

com ele. Está afim de outra viagem?—

Minha geografia não era ótima, mas até eu sabia que era um compromisso ainda

maior do que o que acabamos de fazer. —Desde que possamos comprar lanche

antes de ir.—

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—Encontrar ele realmente vai ajudar Sydney?— Carly perguntou, rosto grave.

A expressão de Marcus suavizou enquanto ele a assegurava, mas eu não sabia

se era por seu afeto ou porque tinha noticias ruins. —Não sabemos com certeza,

mas esperamos que sim. Achamos que Keith foi mantido no mesmo lugar que

Sydney está. Se nós pudéssemos descobrir onde é, podemos ir busca-la.—

Carly empalideceu. —O mesmo lugar… você quer dizer o lugar que é tão ruim,

que Keith preferia ser mandado para prisão a arriscar voltar?—

—Nós iremos resgata-la,— disse Marcus galantemente. —Eu prometo.—

—Eu quero ajudar,— ela insistiu.

—Você já ajudou.— Ele ergueu o celular. —Esse endereço pode ter feito isso.

Você não precisa mais se arriscar.—

Carly pulou para seus pés, pulsos cerrados em desafio. A semelhança entre ela

e Sydney era particularmente notável assim. —Ela é minha irmã! Claro que eu

preciso me arriscar. Você acha que ela faria menos por mim?—

Senti um nó em minha garganta. —Você está certa. Ela não faria. Mas no

momento, nós estamos apenas coletando informações. Se conseguirmos uma

pista clara e você puder ajudar, deixaremos você saber.—

—É melhor que deixem,— ela rosnou. —Aqui, vou dar meu número de telefone

para vocês.—

—Eu pego,— disse Marcus rapidamente.

Enquanto ele pegava a informação, eu disse a ela. —Nesse meio tempo, a maior

coisa que você poder fazer é não contar a ninguém – especialmente nenhum

parente – que nós estivemos aqui.—

Ela zombou. —Eu assumo que você queira dizer meu pai e Zoey? Sem

problema. Eles dificilmente me checam, especialmente desde o divórcio.—

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—Então acabou?— perguntei. Estive me perguntando, mas eu e Sydney não

tivemos tempo exatamente para conversa fiada no nosso sonho.

—Acabou.— O rosto de Carly ficou severo. —Fiz o meu melhor para ajudar

mamãe no caso da custódia, mas no final, a ‘evidência’ do papai era muito

substancial. Eu me perguntei por que Sydney não testemunhou para nenhum

dos lados… agora eu sei. Se ela se encrencou com essas pessoas,

provavelmente nem papai poderia livra-la.—

Obviamente, Carly não estava ciente o quão substancial o papel de seu pai tinha

sido em colocar Sydney em encrenca, e eu não estava prestes a incitar mais

revolta familiar dizendo-lhe a verdade. —Sydney estaria lá se pudesse.— A

assegurei. —Eu sei que ela realmente queria apoiar sua mãe.—

Carly acenou. —Queria que ela pudesse. Quero dizer, entendo porque os

Alquimistas fazem o que eles fazem, mas às vezes… eu não sei. É como se eles

se perdessem e perdessem de vista o quadro maior. Agora que Zoey está com

o papai o tempo todo, me preocupo que fique pior para ela. Pelo menos com

Sydney – as ultimas poucas vezes que eu falei com ela – ela parecia estar

ganhando mais perspectiva na vida. Eu não sei o que estava acontecendo, mas

ela parecia mais balanceada. Mais feliz. Eu esperava que ela pudesse fazer o

mesmo por Zoey, mas acho que não será possível tão cedo.—

Eu não sei o que estava acontecendo, mas ela parecia mais balanceada. Mais

feliz. As palavras de Carly engatilharam uma mistura de emoções, e eu não pude

dar uma resposta. Essa mudança que ela tinha observado havia sido minha

culpa. Carly achava que tinha sido para melhor, e eu gostava de pensar que

tinha também – mas não havia como negar que era também o que colocou

Sydney em encrenca.

Enquanto nos movíamos para porta, prontos para a próxima etapa da nossa

viagem, Marcus parou e olhou de volta para ela. Eu pensei que ele fosse a

chamar para sair, mas em vez ele disse, —E aquele Quote sobre Cicero? Eu

estudei muito sobre história Romana e nunca ouvi nada sobre sua filosofia de

vida.—

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Carly sorriu. —Cicero é o gato da nossa família. Sydney e eu costumávamos

brincar que ele descobriu sobre o que a vida realmente era: comer, dormir, e

tomar banho. Ela estava tão triste de não ir para a faculdade também, e eu tentei

minimizar, dizendo que eu provavelmente não aprenderia nada melhor do que

Cicero me ensinou. Quando você mencionou isso, eu sabia que vocês eram

legítimos.—

Talvez fosse a semelhança de família aparecendo no sorriso de Carly de novo

ou apenas a menção de desejo de Sydney pela faculdade, mas eu senti uma dor

em mim começando a imergir que eu não sentia há um tempo. Vá embora, eu

disse para aquilo. Lamente por Sydney mais tarde. Foque agora em tê-la de

volta.

Marcus sacudiu a mãe de Carly, segurando um pouco mais do que

provavelmente precisava. —Obrigado de novo pela sua ajuda,— ele disse. —

Não a decepcionaremos.—

—Esqueça sobre mim,— ela disse. —Não decepcione Sydney.—

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Capítulo 13 Sydney

Encantar sal durante a reeducação era mais complicado do que teria sido como

uma mulher livre, mas não era impossível. Era apenas um processo lento e

demorado, surrupiar pequenas quantidades de sal e então conseguir momentos

privados no banheiro para infundi-los com os elementos. O que se provou ser

bem mais difícil foi conseguir as seringas.

—Alguém vai para a purificação quase todo dia, ou porque é rotina ou porque

fizeram algo,— disse Emma, quando eu contei a ela que essa seria a parte mais

difícil colocar em pratica. —Nós só temos de espalhar a noticia de quem quer

que esteja lá precisa contrabandear uma seringa para você.—

—Mesmo que eles sejam capazes de fazer isso, os supervisores irão notar

eventualmente que várias seringas estão faltando,— apontei. —E eu não tenho

certeza se quero ‘espalhar a notícia’ para todo mundo.—

Ela balançou a cabeça. —Não sou estúpida. Só vou deixar saber pessoas

selecionadas que eu sei que podemos confiar, outros que valorizam suas mentes

mais do que entregá-la. Todos eles sabem que alguma coisa deu errada com

Jonah. Eles vão manter seu segredo pela chance de conseguir essa mesma

proteção para si mesmos.—

—Isso na verdade não me faz sentir melhor,— resmunguei. Meu último encontro

com Adrian me deixou sentindo otimista sobre o futuro, mas não significava que

o presente não estava carregado de complicações. —E isso não resolve o

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problema das seringas.— Estávamos quase em nossa próxima aula,

significando que essa conversa estava prestes a acabar.

—Que pena que não podemos reutilizá-las,— meditou.

Fiz uma careta. —Ugh. Isso já não sanitário o suficiente, não ter acesso a água

purificada.—

—O que precisamos é acesso livre para aqueles armários de suplementos no

nível da purificação. Você sabe onde eles estão.—

—Yeah,— eu disse, em concordância. —Tem apenas o pequeno problema de

eu nunca ser capaz de chegar até eles de novo, com a segurança enorme que

tem por aqui.—

Ela deu de ombros e sorriu, —Eu não disse que era um plano perfeito.—

—Isso não é nenhum plano,—

Mas a sugestão remexeu em minha mente enquanto eu passava pela

escolarização Alquimista aquele dia. Falar com Adrian tinha levantado meu

espirito, como saber que ele falaria com Carly em breve. Eu esperava

desesperadamente que Keith os desse uma pista de onde eu estava. A partir

dai, eu não sabia exatamente como eles me tirariam, mas eu já estava

visionando liberar os outros daqui comigo. Se eu pudesse libertá-los no mundo

livre do controle de mente, seria um trabalho bem feito.

Eu desliguei as palavras de Emma em minha cabeça, tentando resolver a

confusão de problemas diante de mim. O que eu realmente precisava era de

acesso sem restrições ao andar com os armários de suprimentos, aqueles que

Sheridan me fez organizar. Para chegar até eles, eu precisava me mover sem

ser vista, o que não era fácil, mas era na verdade mais fácil do que escapar do

meu quarto em primeiro lugar. Aquelas travas noturnas eram um grande

problema.

Embora Emma – e alguns outros – me assistissem com olhos de águia durante

todo o dia e eram os mais ansiosos por resultados, foi com Duncan que e

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finalmente abordei o tópico na aula de artes. Ele nunca falou extensivamente

sobre seu passado, mas eu pesquei algumas coisas que eram importantes para

ele. A misteriosa Chantal era uma, claro, e ele ocasionalmente se expôs em

atividades artísticas antes de vir para cá. Uma coisa que ele não falava muito

sobre, mas eu capturei era seu talento por dispositivos mecânicos. Quando

alguém tinha problemas com o cavalete no dia-a-dia, Duncan estava sempre era

a pessoa que ia ajustá-los. Eu até o observei ajudando nossos instrutores,

quando na vez que o projetor de Harrison parou de funcionar.

—Você sabe como as trancas dos nossos dormitórios funcionam?— perguntei

aquele dia. Natureza morta estava acabada por agora, embora Duncan tivesse

me assegurado de que era uma atribuição popular e voltaria. Agora nós

estávamos na tarefa tediosa de moldar tigelas de barro a mão.

—Elas trancam,— ele disse sem rodeios. —Eles param as portas de abrirem.—

Eu tentei não rolar meus olhos. —Eu sei disso. Quero dizer, você sabe como–—

—Sim, sim, eu sei o que você quer dizer,— ele interrompeu. —E não é algo com

o que você devesse se preocupar. Você já está jogando um jogo perigoso o

suficiente.—

Olhei ao redor, mas ninguém estava nos ouvindo enquanto trabalhávamos em

nossa mesa. —Não é um jogo!— assobiei. —Isso é sério. Eu posso impedir

outros de sofrerem lavagem cerebral. Como eu fiz por Jonah.—

—E você consegue ser mandada para a reflexão no processo.— Uma pequena

carranca entre suas sobrancelhas era o único sinal exterior de seu desconforto.

—Eu não posso suportar outro amigos desaparecendo, Sydney.—

Eu precisei de um momento para piscar as lágrimas de volta enquanto lembrava

que ele tinha sido meu primeiro aliado aqui, me oferecendo amizade por causa

do que ele gostou sobre mim e não por causa do que eu poderia potencialmente

fazer por ele.

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—Não vou desaparecer,— eu disse, assumindo um tom suave. —Mas eu preciso

sair do meu quarto alguma noite. Hoje à noite, idealmente. É importante. Eu

posso ajudar um monte de gente.—

Sua tigela, bem como sua pintura, era quase perfeita. Eu estava começando a

me perguntar se aquela era uma habilidade inerente ou simplesmente o

resultado de estar aqui por tanto tempo. —As trancas são ligadas por uma central

de sistemas toda noite,— ele disse por fim. —É na verdade apenas um simples

piro disparado da porta na parede. É frágil. Se tiver um obstáculo, não

funciona.—

—Isso vai alertar a central de sistemas de que há um problema?— perguntei.

—Não a menos que eles tenham mudado no ultimo ano. A cerca de, oh, oito

meses atrás, a porta de alguém deu defeito, e os chefões nunca souberam. Eles

descobriram quando um dos caras no quarto viu a oportunidade e tentou

encontrar uma saída.—

Aquilo foi útil – mas também perigoso. —Eles concertaram?—

—Aquela porta em particular? Sim. Mas até onde eu sei, o pino continua frágil.

Não importa muito desde que mesmo se a segurança não pegasse ninguém

tentando bloquear, as câmeras na parede detectariam–— Duncan de repente

me lançou um olhar aflito. —Por favor, me diga que você não vai realmente tentar

escapar.—

—Vou por continuar aqui… por agora.— Olhei para baixo e toquei levemente o

crachá de identificação grampeado a minha camisa. Era um pouco menor que

um cartão de crédito. —Algo como isso poderia funcionar bem para bloquear o

pino.—

—Muito bem,— ele concordou. —Mas lembre-se tem aquela pequena fenda

entre a porta e a parede, mesmo quando a porta é fechada. Você não pode

simplesmente enfiar esse cartão lá.—

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—Eu preciso de algum tipo de adesivo para segurá-lo lá.— Quebrei minha

cabeça, tentando lembrar quando vi pela última vez cola por aqui. Eu não tinha

visto. Mas quando meus olhos repousaram na mesa de Addison, encontrei algo

ainda melhor. —Chiclete funcionaria. Eu nem iria precisar usar meu cartão… eu

poderia apenas enfiar um amontoado na saída do pino, não poderia?—

Duncan riu apensar de si mesmo. —Infantil, mas sim, poderia.—

—Vá pedir ela para ajudar com alguma coisa,— eu disse, inspirada. —Eu vou

roubar o chiclete enquanto você fala com ela.—

—Sydney.— Ele apontou para minha tigela então para a dele. —Qual de nós

você acha que legitimamente precisa pedir ajuda.—

Olhei entre elas, não que a dele pudesse ir direto para o forno agora e a metade

da minha estava desabando sobre si mesma. —Você não é a favor do meu

plano. Eu não posso pedir que roube o chiclete.—

—Eu não sou a favor de planos sem lógica,— ele disse. —E é muito mais lógico

você ir pedir ajuda. Além disso, eu preciso de outra agulha de oleiro. Essa é

lenta.—

—Todas são lentas,— lembrei a ele. Mesmo pelo amor a arte terapêutica, os

Alquimistas não deixavam nada por perto que pudesse ser usado como arma.

—Mas eu vou pedir.—

Addison sempre parecia irritada quando feito perguntas a ela, mas ao mesmo

tempo, eu podia dizer que ela mantinha o olho em quem vinha e pedia ajuda. Eu

era uma dos poucos que em geral que sofria grandes dores antes de procurar a

ajuda dos nossos supervisores, e eu sabia que alguns deles nos viam cedendo

e confiando neles como um sinal de nós desfazendo nossa resistência. Então,

embora ela ainda vestisse aquela expressão perpetuamente desagradável

enquanto mastigava seu chiclete, não hesitou em me avisar o por que da minha

tigela continuar desmoronando, e eu tinha a sensação de que teria novas

anotações adicionadas a minha ficha mais tarde. Enquanto eu falava com ela, vi

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Duncan se movendo em direção a mesa dela com o canto dos meus olhos. Eu

quase parei de respirar, apavorada de que ela se virasse e visse ele.

Mas ela não virou, e cinco minutos depois, quando ele e eu voltamos a nossa

mesa, ele discretamente me deslizou dois chicletes. —Use sabiamente,—

avisou. —Ou pelo menos não faça completamente nada estupido hoje à noite.

Por favor, me diz que tem um plano para não ser pega uma vez que tenha

escapado do quarto. Você sabe que tem câmeras nos corredores.—

—Eu não um plano,— eu disse hesitantemente. —Mas eu não posso te contar.—

Fora a ansiedade pela minha tarefa intimidadora, eu ainda me sentia triunfante

por essa pequena vitória. Eu voava alto e estava completamente despreparada

por ser derrubada quando Sheridan se virou para mim na hora comunicação e

disse, —Sydney, não tem algo que queria nos contar?—

Eu congelei e podia jurar que meu coração pulou algumas batidas. Meus olhos

percorreram em volta do circulo de rostos observando enquanto eu me

perguntava qual deles tinha me traído. —Eu imploro por seu perdão, Senhora?—

—Você tem estado com a gente por algum tempo agora,— ela explicou. —E

ainda assim falou muito pouco sobre seu passado. Todo dia, os outros se abrem,

mas você mantem para si mesma. Isso não é realmente justo, é?—

Eu queria dizer a ela que não era de sua conta, mas eu sabia que eu deveria

estar grata por não estar na berlinda aqui pelos crimes mais imediatos. —O que

você gostaria de saber, Senhora?—

—Você não nos conta por que está aqui?—

—Eu…— minha arrogância anterior secou. Fazer planos para escapar do meu

quarto sabotando a fechadura para que eu pudesse então criar proteção mágica

para meus colegas detentos não me perturbou tanto quanto o exame minucioso

de todos aqueles olhos. Não importava o quão amigável eu tenha ficado com

alguns deles. Eu não queria compartilhar minha história.

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Mas você tem que jogar o jogo, Sdyney, lembrei a mim mesma. Não importa o

que você faça, com tanto que ganhe no final.

Foquei de volta em Sheridan. —Quebrei uma das regras fundamentais dos

Alquimistas. Fui contra as nossas crenças mais básicas.—

—Como?— ela solicitou.

Eu respirei fundo. —Porque eu me envolvi romanticamente com um Moroi.—

Meu olhar permaneceu em Sheridan. Eu estava com medo de olhar para os

outros porque embora fossemos todos rebeldes, havia diferentes graus de

pecado por aqui – e o meu era bastante extremo.

—Por que?— Sheridan perguntou.

Fiz uma careta. —Senhora?—

—Por que você se envolveu romanticamente com tal criatura imunda? Isso não

vai apenas contra as crenças Alquimistas. Vai contra as regras da natureza. Por

que você faria isso?—

Meu coração tinha uma resposta pronta, mas eu não a deixei cruzar meus lábios.

Porque ele é incrível e sensível e engraçado. Porque nós trazemos o melhor um

no outro e somos pessoas melhores por causa do nosso amor. Porque quando

estamos juntos, eu sinto como se entendesse meu lugar no mundo.

—Eu não sei exatamente,— eu disse, tentando encontrar uma resposta

acreditável que ela gostaria de ouvir. —Porque eu pensei que estava

apaixonada.—

—Por um deles?— ela perguntou. O tom em sua voz quando disse deles me fez

querer estapeá-la.

—Ele não parecia como um deles,— eu disse no lugar. —Ele parecia muito gentil

e muito charmoso. Ele era… é muito bom com compulsão. Eu não sei se é parte

do que aconteceu comigo. Talvez eu fosse apenas fraca.—

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—Você não se sente envergonhada?— ela incitou. —Não se sente suja e usada?

Mesmo se você se graduar daqui, você acha que algum dos nossos iria algum

dia querer te tocar depois de ter deixado ser usada assim?—

Isso me pegou de surpresa por um momento porque ecoava tão próximo dos

temores que Carly teve um dia quando justificava o por que não podia contar

para ninguém sobre o que Keith tinha feito com ela. Eu deveria ter dado alguma

resposta penitente, mas no lugar respondi Sheridan com uma variação do que

eu tinha dito a Carly. —Eu espero que com quem quer que eu fique em seguida

me ver e me valorize pela pessoa que eu sou por dentro. Nada do resto irá

importar.—

A expressão de Sherian mudou para uma de pena. —Eu não acho que vá

encontrar ninguém assim.—

Eu já encontrei, pensei. E ele está vindo me tirar daqui e para longe de você.

Em voz alta, eu disse simplesmente, —Não sei, Senhora.— Admitir a própria

ignorância era sempre uma aposta segura por aqui.

—Bem,— ela disse. —Vamos esperar que esteja menos desiludida sobre

vampiros do que está sobre como você se maculou. Como você se sente sobre

ele agora?—

Eu sabia melhor do que até mesmo respirar a verdade sobre isso. —Ele me

traiu,— eu disse simplesmente. —Era supostamente para ele ter me encontrado

na noite em que fui trazida para cá, e ele nunca apareceu. Eu fui enganada.—

Era uma mentira que nenhum deles podia contestar. De fato, nenhum Alquimista

sabia inteiramente o que eu estava fazendo na noite em que fui pega. Vamos

deixá-los pensar que frustraram uma reunião entre Adrian e eu, deste modo me

ajudando a me virar contra ele.

—Isso é o que eles fazem, Sydney,— Sheridan disse, parecendo bastante

satisfeita. —Eles enganam,—

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Quando nos debandamos, eu notei algum dos meus colegas detentos – alguns

os quais eu achei que tivesse feito avanços – me evitando fisicamente como

tinham nos primeiros dias. —Sobre o que foi isso?— Murmurei para Emma, que

estava andando perto de mim.

—Sheridan ajudou a lembra-los o quão contaminado você é,— ela explicou.

Meu coração afundou um pouco enquanto eu olhava além deles. —Eles

realmente acreditam nisso? Eu acho que alguns deles…—

Eu não pude terminar, mas Emma sabia meus pensamentos. —Estão apenas

remando com a maré para sobreviver aqui? Alguns estão, mas mesmo que eles

não foram reprogramados, eles aprenderam o suficiente para sobreviver aqui. E

parte da sobrevivência é ficar longe de pessoas que vão coloca-lo em encrenca.

Você cruzou uma linha – não, você a esmagou, e mesmo que eles achem que o

que você fez está ok, eles sabem que não podem deixar Sheridan e os outros

saberem.—

—O que você acha?— perguntei.

Ela me deu um sorriso apertado. —Eu acho que você e sua tinta são uma boa

precaução caso eles tentem bagunçar com minha cabeça. Mas eu também vou

manter minha distância. Vejo você mais tarde.—

Ela se apressou, e eu passei o resto do dia formulando meu plano, desejando

que fosse mais solido do que era. Quando eu estava no banheiro aquela noite,

eu atirei um dos chicletes de Addison em minha boca, mastigando até, eu

esperava, ter conseguido um resultado grudento o suficiente. Eu o menti em

minha mão até sair e então a rocei contra a porta enquanto eu entrava no meu

quarto, bem no lugar em que o pino entrava. Eu esperava que o sistema fosse

tão delicado quanto Duncan afirmou e que um pedaço tenha sido o suficiente.

Eu quase usei os dois, mas pensei que um segundo poderia ser útil no futuro. O

escorreguei para minha meia.

Mais tarde, quando as luzes se apagaram, ouvi um clique na porta, mas não

sabia se tinha sido bem sucedida. Me arrastei para fora da cama e timidamente

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me aproximei do feixe de luz, esperando e ouvindo para ter certeza de que

ninguém estava do lado de fora. Não estavam. Cautelosamente, tentei deslizar

a porta aberta em uma fenda… e consegui. O pino não funcionou! Eu exalei

profundamente e abracei a mim mesma para a próxima fase da tarefa: sair sem

ser vista.

Usei feitiços de invisibilidade no passado, uma vez até mesmo para invadir uma

base Alquimista, o que parecia irônico na minha situação atual. Eles não eram

fáceis, caso contrario – Srta. Terwilliger notara – todo mundo os usaria. Para

melhor cobertura era necessário um monte de componentes de feitiços e um

amuleto idealmente. Mesmo assim, o feitiço muitas vezes era revelado se

alguém sabia que estava procurando por você. Eu não tinha nada para me ajudar

aqui, apenas o conhecimento de um pequeno feitiço e meu próprio poder para

lança-lo. Duraria no máximo trinta minutos e estaria suscetível a qualquer um

procurando por mim ou quem me olhasse direto nos olhos. Me protegeria das

câmeras, no entanto, e minha grande aposta era que os corredores estariam

desertos essa hora da noite, quando nossos mestres pensavam que estávamos

trancados e drogados.

Eu não sabia que tipo de turnos os Alquimistas tinham, mas eu tinha que assumir

que os funcionários diminuiriam cedo ou tarde. Então eu sentei de volta em

minha cama por meia hora, esperando que a aquela altura o pessoal tivesse se

estabelecido para uma noite tranquila. Antes de retornar para a porta, eu

coloquei meu travesseiro debaixo dos cobertores. Entre aquilo e a escuridão

próxima, eu esperava que não fosse obvio que a cama estava vazia para alguém

olhando para as telas de monitoramento. Na porta, eu murmurei o encantamento

tão rápido quanto pude. Não querendo indicar a Emma minha verdadeira

natureza. Significado e foco eram mais importantes do que volume, e eu senti

outro surgimento de poder estimulante percorrer através de mim quando terminei

de falar. O feitiço, tremendo como era, tinha funcionado, e agora o relógio estava

correndo. Depois de me certificar de novo de que ninguém estava no corredor,

eu deslizei lentamente a porta aberta, apenas o suficiente para deslizar por ela,

e então fecha-la de novo. Aquela era uma das outras partes difíceis do feitiço de

invisibilidade: só porque você está invisível, não significa que suas ações estão.

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Alguém vendo uma porta abrindo sozinha me entregaria tanto quanto esbarrar

em uma pessoa, então eu tinha que ter certeza de que todos os meus

movimentos eram pequenos e cautelosos, atraindo tão pouca atenção quanto

possível.

O corredor dos dormitórios estava vazio, apenas com as câmeras de sentinela,

e eu me apressei em direção ao anexo onde outros corredores intercediam. Lá,

eu encontrei meu primeiro Alquimista no posto de guarda, um homem de cara

fechada que eu nunca tinha visto antes que estava mandando mensagem em

seu celular enquanto permanecia estacionado em um lugar que o deixava

supervisionar todos os corredores. Ele não olhou para cima nenhuma vez

enquanto eu me movia silenciosa e lentamente por ele, virando no corredor que

me guiava para os elevadores. Ainda era incrível para mim que a única saída do

andar nem se quer levava para fora em uma emergência, mas eu supunha que

os Alquimistas sentiam que era melhor arriscar nossas vidas do que nos dar mais

pontos para escapar.

Quando alcancei os elevadores, percebi que eles tinham tomado precauções ali

também – precauções que eu deixei escapar completamente da minha cabeça.

Você não podia nem apertar o botão do elevador sem primeiro scanear seu

cartão de identificação. Eu vi nossos carcereiros Alquimistas fazerem isso várias

vezes, mas deixei de fora do meu plano. O elevador era inacessível para mim,

como era a escadaria com controle de acesso similar ao lado. De outra forma,

nós detentos constantemente tentaríamos usa-las. Enquanto eu permanecia

olhando, tentando encontrar uma solução alternativa, um soar indicou a chegada

do elevador e que as portas estavam prestes a abrir. Eu apressadamente dei um

passo para o lado e para fora do olhar direto. Um momento depois, o elevador

abriu e Sheridan saiu.

Sem hesitar, eu deslizei atrás dela enquanto as portas ainda estavam abertas,

rezando para que o elevador ainda estivesse funcionando da ultima leitura do

seu cartão de identificação. Se não, eu poderia ficar presa ali por um longo

tempo. A sorte estava comigo, e o botão para o andar da sala de operações e

purificação acendeu quando eu apertei. Eu desci um andar, e as portas abriram

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para um corredor vazio. Me apressei e tentei não pensar em como eu seria capaz

de usar o elevador de novo.

Eu lembrava onde os armários de suprimentos eram, mas quando os alcancei,

notei algo que não tinha notado antes: eles também requeriam um cartão para

serem abertos. Sheridan deve ter os destrancado primeiro na nossa visita

anterior. Infelizmente, eu aceitei que eu teria que voltar para o meu quarto e

tentar de novo com um plano melhor amanhã. Pelo menos eu ainda tinha o

segundo chiclete.

Risada tirou minha atenção do armário de suprimentos, e eu vi dois Alquimistas

virando na esquina e andando pelo corredor – em minha direção. Em pânico, me

achatei contra a parede. Não havia nenhum canto próximo ou recantos para eu

me encaixar. Se a sorte estivesse do meu lado, a dupla não passaria por mim de

forma alguma. Se passassem, eu esperava que olhar para baixo me salvasse do

contato visual e detecção. Até onde eu sabia, poderia ser o suficiente.

Os dois pararam na frente da sala de operações, e eu comecei a dar um suspiro

de alivio até que uma ideia veio a mim e eu percebi que eu podia estar perdendo

uma oportunidade de ouro. Corri em direção à sala que eles entraram e consegui

entrar antes que a porta – uma pequena e automática – fechasse. Eu congelei e

prendi o fôlego, apavorada de que alguém me notasse, mas os dois Alquimistas

que eu segui nunca nem se viraram. A única outra pessoa lá era um cara com

cara de tédio e fones de ouvido, que estava comendo iogurte perto de uma

parede de monitores. A maioria dos monitores estavam escuros, e eu percebi

que eram os monitores dos nossos quartos. Os outros monitores mostravam

salas de aula e corredores, a maioria aos quais estavam vazios.

Mesas e computadores enxiam a sala, e eu vaguei ao redor, de novo atingida

por um senso de déjà vu pelo tempo em que eu conduzi atividades similares em

uma base Alquimista. Só que antes eu tinha um feitiço de invisibilidade muito

mais confiável ao qual recorrer. Ainda me sentindo determinada, procurei ao

redor até eu achar o que eu esperava. O cara comendo iogurte tinha tirado seu

paletó e o envolveu em volta de uma cadeira. Grudado ao bolço do casaco

estava seu crachá de identificação. Eu não fazia ideia se alguns crachás tinham

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mais acesso do que outros, mas pelo menos, aquele me colocaria de volta no

elevador antes que meu feitiço se desfizesse. Eu pensei primeiro quando vi seus

fones de ouvido que ele estava monitorando os sons da vigilância, mas estando

assim tão próxima a ele, eu percebi que ele estava ouvindo algum tipo de banda

de metal. Me perguntei como isso cairia com seus superiores.

Independentemente, eram boas noticias para mim, como era o fato de que as

duas pessoas que eu segui estavam amontoados sobre alguns computadores e

conversando alto. Eu tinha bastante certeza de que eu podia escapar, e ninguém

realmente notaria a porta abrindo. Antes que eu pudesse fazer meu caminho de

volta, no entanto, eu vi algo novo que me fez hesitar e então andar na direção

oposto. Era um painel touchscreen na parede rotulado controle de sedativo.

Leituras atuais indicavam que o sistema estava em ambiente noturno, e cada

região dos aposentos dos detentos estava listada: quartos, corredores, cafeteria,

e classes de aula. Todos os quartos estavam rotulados com 27 por cento, com

o resto dos quartos com 0 por cento.

Os níveis de gás, percebi. Quando eu estava no isolamento, tive a impressão de

que eles estavam controlando minha cela manualmente, o que fazia sentido

desde que eles podiam me apagar instantaneamente se a conversa não estava

indo do jeito deles. Desse monitor, contudo, estava claro que os detentos

regulares eram modulados por uma central, um sistema automático que

canalizava o nível correto para nos deixar dormindo pesadamente cada noite.

Três opções na parte de baixo do touchscreen sugeria que havia ocasionalmente

a necessidade de intervenção manual: OVERRIDE – PARAR TODO O

SISTEMA, RESET, E PROTOCOLO DE EMERGÊNCIA – TODAS AS REGIÕES

A 42 POR CENTO.

Por um momento, era apenas o numero que estava surpreendendo. Se a

concentração de sedativo a 27 por cento nos colocava em um sono pesado, o

que fazia 42 por cento? Eu soube quase instantaneamente. Esse tanto de

sedativo canalizado nos apagaria em um piscar de olhos. Não haveria cair no

sono em uma sonolência pesada. Nós capotaríamos onde estávamos e

praticamente entraríamos em coma – o que seria muito útil se houvesse algum

dia algum tipo de fuga em massa.

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Eu não sabia o que o que Adrian e Marcus poderiam fazer quando me

encontrassem, mas eu sabia que isso podia causar algumas sérias reviravoltas

no plano. Desabilitar o gás no meu próprio quarto não fora bom o suficiente. Eu

precisava elimina-lo no andar inteiro, o que não seria pouca coisa. Desligar aqui

era inútil quando o toque de um dedo poderia trazer de volta. Em algum lugar,

tinha que ter um sistema mais mecânico que eu pudesse interferir.

Esse não era um problema ao qual eu pudesse focar hoje à noite, no entanto.

Com um ultimo olhar demorado no painel, eu me apressei e sai pela porta, sem

ser percebida como eu esperava. Dali, era uma viagem rápida até o armário de

suprimentos. Como todas as outras portas que eu encontrei, eu as abri tão pouco

quanto pude, me permitindo deslizar para dentro de cada uma e pegar o que eu

precisava onde não havia nenhuma vigilância. Eu logo tinha duas garrafas de

água purificada enfiadas na minha cintura e uma dúzia de seringas embrulhadas

e lacradas escondidas variadamente em minhas meias e sutiã. Não era

exatamente confortável, mas eu precisava que tudo permanecesse sob minhas

roupas para serem encobertas pelo feitiço. Minha surpresa da noite foi descobrir

que os condimentos extras eram também mantidos no armário de suprimentos

de comida: Ketchup, mostarda, e – sal. Eu planejava contrabandear pequenas

quantidades durante a semana, mas um saleiro roubado do armário resolveria

esse problema.

Carregada com meus bens roubados, fiz meu caminho de volta para o elevador.

Tendo visto como era relaxada a vigilância noturna na sala de controle, eu não

estava mais tão preocupada sobre eles notarem portas abrindo um pouco

sozinhas nas telas como eu estava antes. Quando alcancei o andar que os

detentos viviam, no entanto, o guarda das mensagens veio andando pelo

corredor quando ele viu o elevador e não viu ninguém saindo. Eu me pressionei

contra a parede de novo, congelada e olhando para baixo enquanto ele passava

por mim. Ele parou alguns passos distantes de mim e encarou o elevador com

uma carranca enquanto eu prendia o folego. Mesmo que ele não fizesse contato

visual, meu feitiço tinha que estar em seus últimos minutos.

Depois de vários segundos agonizantes, ele finalmente deu de ombros e voltou

ao seu posto. Eu passei por ele, misericordiosamente sem ser notada, e

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finalmente voltei para meu quarto, onde eu quase desmaiei de alivio. Ali,

cuidadosamente escondi todo meu contrabando no bolso formado entre o

colchão e o lençol. Eles nos fazem trocar nossa própria cama uma vez por

semana, e fizemos isso há dois dias. O que significava que eu tinha cinco dias

para usar todo meu suprimento antes de correr o risco de alguém notar as

seringas caindo do lençol do meu colchão no dia de lavanderia.

Fraca com alivio, eu finalmente rastejei em meus cobertores. Apesar de sentir

cansaço no corpo, minha mente estava funcionando e agitada da investigação

dessa noite. Levou um tempo para eu conseguir dormir, e eu sabia que Adrian

se preocuparia.

Com certeza, quando materializei no jardim do Getty Vila, eu o vi andando para

lá e para cá. Ele se virou abruptamente para mim quando disse seu nome.

—Graças a Deus, Sydney.— Ele se apressou e me puxou para seus braços. —

Você não tem ideia de como eu fiquei preocupado quando você não estava aqui

no horário normal.—

—Desculpa,— eu disse, o segurando forte. —Eu tinha algumas coisas pra

fazer.—

Ele se afastou e me deu um olhar de conhecimento. —Que tipo de coisas?—

—Oh, você sabe, o tipo que envolve invadir e vasculhar e uso de magia.—

—Sydney,— ele grunhiu. —Nós estamos próximos de te encontrar. Você precisa

apenas esperar. Você percebe como é perigoso ficar perambulando fazendo

essas ‘coisas’ suas?—

—Eu sei,— eu disse, pensando de volta no painel de controle de gás. —E então

você não vai ficar feliz quando eu te contar que eu vou ter que fazer isso de novo

em breve.—

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Capítulo 14 Adrian

Eu queria acreditar em Sydney quando ela dizia que estava tudo sob controle,

mas era difícil, especialmente quando ela ainda continuava vaga nos detalhes

do que exatamente estava fazendo na reeducação. Em vez de me preocupar, eu

tentei focar nas positividades, como, como eu era capaz de conversar com ela

completamente e quão ostensivamente, fora seus segredos sobre a reeducação,

ela parecia saudável e feliz.

Tia Tatiana, às vezes minha ajudante às vezes advogada do diabo, não facilitou.

Quem sabe o que eles estão fazendo com ela? Ela disse em minha mente. Ela

pode estar sofrendo agora, gritando para você ajuda-la, e aqui está você.

Sydney está bem, repliquei com firmeza. Obviamente não em condições ideais,

mas ela é durona.

Tia Tatiana foi implacável. Assim ela quer que você pense, quando

secretamente, ela deseja que você venha para ela.

Raiva ascendeu em mim – e culpa. Estou tentando! Eu estaria lá agora se eu

pudesse. Não faça eu me sentir pior do que já estou.

—Adrian?—

Foi Marcus, falando em voz alta. Ele me olhava através da mesa de jantar, me

tirando da conversa imaginaria.

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—Onde você está?— ele perguntou. —Eu disse seu nome três vezes.—

—Desculpa, só cansado,— menti.

Ele acenou, acreditando em minha palavra. —Você está pronto pra ir então?—

Nós fizemos um rápido jantar depois de falar com Carly e agora estávamos

prontos retomar a viagem para Boise. Era uma viagem mais longa do que

poderíamos fazer aquele dia, então terminamos passando a noite nos arredores

de Las Vegas, em um hotel simples nada próximo da animação da Strip* (onde

se localiza a maioria dos hotéis e casinos da área de Las Vegas) que eu

normalmente frequentava quando estava na área. Eu dificilmente me importava,

no entanto. Minha preocupação agora era fazer um bom tempo e encontrar um

lugar decente para dormir onde eu poderia fazer contato com Sydney. A manhã

seguinte, após as metas cumpridas, Marcus e eu estávamos de volta na estrada,

fora do Estado da Batata.

—Estado das Pedras Preciosas,— Marcus corrigiu quando me ouviu chamar o

lugar assim.

—O que?—

—Idaho é o Estado das Pedras Preciosas, não o Estado da Batata.—

—Tem certeza?— perguntei, não fazendo nenhuma tentativa de esconder meu

ceticismo. —Eu ouço sobre as batatas de Idaho o tempo todo. Ninguém nunca

tipo, ‘Wow, meu anel de noivado tem um diamante raro de Idaho.—

Um sorriso brincou em seus lábios enquanto mantinha os olhos na estrada. —

Bastante certeza,— ele disse.

Eu não era masoquista o suficiente para argumentar trivialidades aleatórias com

um Alquimista formado, mas quando cruzamos a fronteira em Idaho e

começamos a ver placas que diziam FAMOSAS BATATAS, me senti bastante

confiante sobre quem estava certo nesse tópico.

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Falar sobre pedras preciosas me lembrou de que eu ainda estava carregando as

abotoaduras de Tia Tatiana – no bolço do meu jeans, nada menos. Eu

originalmente fiz isso para que não as perdesse no avião, mas agora eu estava

cortejando outro tipo de perigo, carregar uma fortuna que poderia facilmente cair

se eu fosse descuidado. Eu erguia uma agora, as tendo comigo fazia eu me

sentir com sorte, como se eu tivesse Tia Tatiana por si mesma me ajudando – a

Tia Tatiana real, que era. Não meu tormento fantasma.

Marcus e eu alcançamos Boise por volta do horário do jantar, indo para o

endereço que Carly nos deu. Era um complexo de apartamentos modernos, e o

de Keith era um no primeiro andar com sua própria varanda pequenina que

fizemos uso quando ninguém atendeu a porta. Escuridão e falta de movimento

dentro sugeria que ele estava mesmo fora – e não apenas se escondendo da

gente. Era uma boa noite de verão, agradável tanto para Moroi quando para

humanos, mas eu estava preocupado por quanto tempo ficaríamos lá.

—Como sabemos que ele não está trabalhando em um turno noturno?—

perguntei a Marcus.

Marcus apoiou o pé no parapeito da varanda. —Porque ele é um Alquimista que

se encrencou por quebrar as regras e sair da linha. Se ele fosse um Alquimista

que tornou tão fascinado por vampiros que estivesse em perigo de colaborar com

Strigoi, eles o dariam um turno noturno para manter um olho nele. Mas por

insubordinação geral? Ele provavelmente esta em um horário oito por cinco, só

para lembra-lo de como a vida humana normal é – e para salvar esses turnos

noturnos para riscos reais.—

Marcus se provou certo dez minutos depois quando um Kia Sorrento parou no

estacionamento e Keith veio caminhando em direção ao apartamento. Quando

uma olhada na gente – especificamente em mim – ele paralisou e ficou

visivelmente pálido.

—Não. Não,— ele disse. —Vocês não podem estar aqui. Ah meu Deus. E se for

tarde de mais? E se alguém os viu?— ele olhou em volta freneticamente, como

se esperando um time Alquimista da SWAT saltar sobre ele.

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—Relaxa, Keith,— eu disse, me levantando. —só queremos conversar.—

Ele balançou a cabeça veementemente. —Não posso. Não posso falar com a

sua espécie, a menos que seja negócios. E eu não estou autorizado em fazer

negócios com a sua espécie até–—

—É sobre Carly Sage.— Interrompi.

Ele parou abruptamente. Nos encarou por vários longos momentos, deliberação

escrita por toda sua feição. —Ok,— ele disse. —Podem entrar.—

Nervosamente, Keith foi adiante e destrancou a porta, continuando a lançar

olhares ansiosos para nós dois e o resto do estacionamento. Uma vez que

estávamos dentro, ele fechou todas as cortinas e se afastou de nós o tão longe

quanto possível, braços cruzados defensivamente sobre seu peito.

—O que está acontecendo?— exigiu. —Quem é esse cara? Carly está bem?—

—Esse é meu amigo, uh, John,— eu disse, percebendo que provavelmente não

deveria citar o primeiro nome de um dos renegados mais procurados dos

Alquimistas. Assim, ele aplicou algum tipo de maquiagem para cobrir sua

Tatuagem índigo. —E Carly está completamente bem. Nós acabamos de vê-la

ontem.—

O comportamento de Keith suavizou um pouco. —Você… você viu ela? Como

estão as coisas com ela?—

—Muito bem,— disse Marcus. —Ela quem nos deu seu endereço. Ela queria que

a gente viesse falar com você.—

—E-ela queria?— Os olhos de Keith se arregalaram com duvida, o era na

verdade meio bizarro, desde que um de seus olhos era feito de vidro.

—Sydney está desaparecida,— eu contei a ele. —Carly quer que nos ajude a

encontra-la.—

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Keith parecia genuinamente surpreso em ouvir isso, então sua expressão mudou

para uma de cautela. —Desaparecia onde?—

—Ela está na reeducação,— eu disse sem rodeios.

—Não,— ele grunhiu. —Não. Eu sabia que não deveria ter deixados vocês

entrar. Eu não posso ter nada a ver com isso. Eu não posso ter nada a ver com

ela, não se ela está lá.— Ele fechou os olhos e afundou no chão. —Oh, Deus.

Eles vão descobrir que estiveram aqui e me mandar de volta.—

—Ninguém vai saber,— eu disse, esperando que fosse verdade. Até esse

momento, nunca pensei que teria pena de Keith. —Nós só precisamos saber

onde Sydney está. Ela está no mesmo lugar que você estava. Qual é a

localização?—

Ele abriu seus olhos e deu algum tipo de risada engasgada. —Você acha que

eles nos diziam? Eles nem deixavam a gente ver o sol! Nós tínhamos sorte de

ter luz de qualquer tipo.—

Congelei. —O que você quer dizer?—

Um olhar assombrado cruzou as feições de Keith. —É o que acontece quando

está no isolamento.—

—Sydney não está no isolamento,— eu disse, não seguindo inteiramente. —Ela

está com outras pessoas.—

—Esse é o próprio tipo de tortura,— ele disse amargamente. —Você aprende

bem rápido o que fazer e não fazer para tornar sua vida mais fácil.—

Eu estava meio que me coçando para conseguir mais detalhes, mas Marcus nos

colocou de volta nos trilhos. —Ok, eu entendo que eles não diriam onde você

estava, mas você partiu eventualmente. Você teve que ir para fora daquele lugar

para chegar aqui.—

—Sim. Vendado,— Keith disse. —Não me foi permitido ver nada até que eu

estivesse distante de lá. E não me peça para estimar distancias porque eu não

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faço ideia. Eu estive em diferentes carros e aviões… perdi a noção depois de um

tempo. E honestamente, voltar para aquele lugar era a ultima coisa na minha

cabeça, então eu não estava realmente prestando atenção.—

—Mas você estava consciente,— Marcus o lembrou. —Você não podia ver, mas

você tinha seus outros sentidos. Se lembra de mais alguma coisa? Sons?

Cheiros?—

Keith começou a balançar sua cabeça, mas então eu vi uma fagulha de

lembrança ascender em seus olhos. Ele manteve sua boca fechada, a cautela

anterior voltando.

—Eu não sei se Carly algum dia vai te perdoar, mesmo que você nos ajude.—

Eu disse quietamente. —Mas eu sei por fato que ela não vai se você estiver

escondendo informações que podem ajudar sua irmã.—

Keith parecia como se eu tivesse batido nele. —Eu tentei de tudo,— ele

murmurou. —Implorei. Apelei. Eu até me ajoelhei.—

Percebi que ele estava falando de Carly agora, não sobre a reeducação. —Por

que?— eu perguntei, apesar de mim mesmo. —Por que você se importa agora

com o perdão dela? Onde esteve sua consciência há todos aqueles anos atrás?

Ou em qualquer ano desde então?—

—A reeducação faz isso,— ele disse, olhando para seus pés. —Eu nunca me

senti tão perdido – tão sem esperança – em minha vida como me senti lá. Estar

completamente sob o poder de alguém, sem ninguém para pedir ajuda, fazer

alguém se sentir culpado por você estar machucando ela… percebi que isso foi

exatamente o que eu fiz com Carly. Isso paira sobre mim todos os dias.—

De novo, me senti mal por ele de certa forma, embora ele não tivesse minha

simpatia sobre o que tinha feito com ela. Até eu já fui rejeitado por garotas, e

quando acontecia, eu lustrava meu ego e seguia em frente. Eu nunca considerei

fazer o que ele fez. Ele deveria saber que foi errado antes que os Alquimistas o

jogassem em algum tipo de campo de controle de mente. Era tudo entre ele e

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Carly agora, e embora ele parecesse legitimamente arrependido, ela estaria

muito bem dentro dos seus direitos se o deixasse sofrer pelo resto da vida.

Falar isso pra ele provavelmente não iria me ajudar com a minha tarefa aqui,

então eu disse mais gentilmente, —Cabe a ela agora. Mas eu sei que ela ficará

grata se você puder nos oferecer qualquer coisa que possa nos ajudar com

Sydney. Qualquer detalhe que você se lembre de quando deixou a

reeducação.—

Um longo silêncio caiu, e parecia pesar sobre Keith tanto quando nossa

persuasão. Finalmente, ele respirou fundo. —Estava quente do lado de fora,—

ele disse. —Mais quente do que eu esperava. Mesmo no meio do dia. Eu sai no

fim de Novembro e achei que estaria frio. Mas não estava. Foi quase como se

eu ainda estivesse em Palm Spring.

Eu engasguei, e Marcus me deu um olhar afiado antes que eu pudesse pular

para alguma terrível conclusão. —Ela não está lá. Palm Spring não está na

lista.— Ele se voltou para Keith. —Quando você diz que era assim, quer dizer

que era um calor seco? Tipo deserto? Não tropical ou húmido?—

A testa de Keith franziu. —Seco. Com certeza.—

—O quão quente é quente?— pressionou Marcus. —Qual era a temperatura?—

—Eu não tinha um termômetro para olhar!— exclamou Keith, ficando frustrado.

Marcus estava igualmente impaciente. —Então de um palpite. Trinta graus?—

—Não… não assim. Mas quente pra Novembro – pelo menos para mim. Eu

cresci em Boston. Mais como… eu não sei uns vinte, eu acho.—

Minha atenção estava em Marcus agora. Eu secretamente esperava que ele

dissesse —Aha!— e tivesse todas as respostas. Ele não tinha, mas ele pelo

menos parecia como se essa informação fosse útil.

—Mais alguma coisa que você se lembre?— ele perguntou.

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—É isso,— disse Keith sombriamente. —Vocês podem, por favor, ir embora? Eu

estou tentando esquecer aquele lugar. Não quero voltar por ajudar alguém

tentando achar.—

Encontrei os olhos de Marcus, e ele acenou. —Esperamos que seja o

suficiente,— ele disse.

Nós agradecemos Keith e fomos em direção a porta. Considerando sua

insistência pra partirmos, eu estava meio surpreso quando foi ele quem de

repente disse, —Espere. Mais uma coisa.—

—Yeah?— perguntei, esperando que significasse que ele tinha mais algum fato

útil sobre a reeducação para compartilhar.

—Se vocês virem Carly de novo… diga a ela que eu realmente sinto muito.—

—Você ainda quer que ela te entregue para a polícia?— perguntei.

Keith tinha aquele olhar distante em seu rosto de novo. —Seria melhor.

Certamente melhor do que voltar para lá. Talvez até melhor que isso.— Ele

gesticulou ao seu redor. —Tecnicamente, estou livre, mas eles estão sempre

assistindo, sempre esperando para eu ferrar tudo. Não foi assim que eu imaginei

minha vida.—

Quando Marcus e eu chegamos em seu carro, eu não pude deixar de observar.

—Dois meses. Ele só esteve lá por dois meses. E olha para ele.—

—Isso é o que aquele lugar faz com você,— disse Marcus sombriamente.

—Yeah, mas Sydney está lá mais de duas vezes esse tempo.—

Essas palavras se abateram entre nós por alguns momentos, e eu tive a

sensação de que Marcus estava tentando proteger meus sentimentos. —Ela

parece derrotada assim?— ele perguntou.

——Não.—

—Ela é mais forte que Keith é.—

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Meu coração afundou um pouco. —E isso também é o motivo de ela ainda estar

lá provavelmente.— Quando ele não respondeu, tentei encontrar um tópico mais

otimista. —Alguma coisa foi útil pra você? A coisa do calor seco?—

—Acho que sim. Aqui. Vamos negociar.— Ele abriu a porta do lado do motorista.

—Você dirige, para que possamos ganhar algumas horas. Tenho ligações a

fazer.—

Eu troquei de lugar com ele, mas ainda não pode deixar de perguntar. —Você

tem certeza que é uma boa ideia? Talvez nós devêssemos ficar parados até a

gente capazes de descobrir onde ela está. Nós poderíamos estar indo para

direção errada.—

—Não se o que Keith disse for verdade. Ela pode não estar em Palm Spring,

mas ela definitivamente está a sul de nós.— Ele pegou seu telefone enquanto

eu nos dirigia em direção a I-84. —Eu estudei tanto essa lista de possíveis

localizações da reeducação, que praticamente memorizei. Não tem muitos

lugares nos Estados Unidos que estaria 20 graus em novembro.—

—Há vários,— argumentei, sentindo como se tivéssemos tendo a conversa do

Estado da Batata de novo. —Hawaii, Califórnia, Florida, Texas. Nós estávamos

em Las vegas, e estava um forno.—

Ele balançou a cabeça. —A maioria desses não tem calor seco. Eles têm

temperaturas quentes e chove no inverno. E um monte de lugares secos de alta

altitude com climas desérticos – como Las Vegas – não são quentes assim em

Novembro. O que eu posso dizer com base nessa lista, as informações de Keith,

e você estando certo de que ela está nesse fuso horário… bem, eu acho que

temos apenas duas paradas. Uma em Death Valley. A outra fora de Tucson.—

Eu quase dirigi para fora da estrada com a surpresa. —Califórnia e Arizona? Os

dois estados estão dentro de menos de vinte e quatro horas?—

—Eles são estados grandes,— ele disse ironicamente. —Mas, sim, são esses.—

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Minha mente girava. Quaisquer desses lugares estavam a menos de um dia de

viagem de Palm Spring. Não era possível que ela estivesse tão perto o tempo

todo, que eu sofri como se tivesse a perdendo, e só havia horas entre a gente!

Marcus começou a discar em seu telefone, mas então pareceu notar minha

expressão aflita.

—Hey, tudo bem,— ele disse. —Você não poderia saber.—

Isso é verdade? Exigiu Tia Tatiana em minha mente. Ela estava tão perto! Todo

esse tempo. Você poderia praticamente ter se esticado e a tocado.

Eu não precisava de sua reprovação. Eu já estava fazendo isso por mim mesmo.

Um enjoativo, sentimento pesado de culpa e desespero se enraizou dentro de

mim. Tão perto! Sydney estava tão perto, e eu falhei com ela… bem como eu

falhava em tudo…

—Eu deveria saber,— sussurrei. —De alguma forma, eu deveria ter sentido

aqui.— Bati em meu peito. —Eu deveria saber que ela estava próxima.—

Marcus suspirou. —Primeiro de tudo, coloque as duas mãos de volta no volante.

Segundo, eu vou te dar crédito por ser um vampiro triste com poderes mágicos

fenomenais, mas nem mesmo você tem esse tipo de sexto sentido.—

Suas palavras não fizeram nenhuma fissura na nuvem de desespero agarrada a

mim. —Não é sobre mágica. É sobre ela e eu. Se os Alquimistas são distorcidos

o suficiente para manter ela próximo assim como algum tipo de tortura extra, eu

deveria ter sentido. Você não consegue entender.— Marcus, como Jackie

Terwilliger, era uma dessas pessoas a quem nunca foi dito explicitamente o que

estava acontecendo entre Sydney e eu, mas tinha entendido muito bem.

—Isso não foi nenhuma tortura extra,— ele insistiu. —É uma triste, coincidência

irônica. Os Alquimistas tem um centro de reeducação nesse país, e acontece de

ser a algumas horas de onde ela foi levada. Nós vamos ter nosso trabalho

encurtado para nós, mesmo que restringirmos a localização. Agora, você pode

focar na estrada, ou eu preciso assumir o volante?—

Page 217: Bloodlines 05 - Sombras Prateadas - Richelle Med

—Faça o que tem que fazer,— eu disse-lhe friamente.

Eu fiquei calado enquanto ele fazia ligações para seus olheiros, pedindo para

que parassem no que quer que estivessem trabalhando em ordem de determinar

onde a base era em Tucson ou Death Valley. Ele também arregaçou as mangas

para descobrir tudo possível sobre a base em si, para nos ajudar com o resgate,

e ele até fez alguns pedidos desconcertantes por armas tranquilizantes e —

outros suprimentos relacionados.— Todo o tempo, aquela depressão sombria

debilitante rodava dentro de mim, como fazia a reprovação de Tia Tatiana.

Quando Marcus finalmente terminou sua ultima ligação, ele me explicou que a

maioria das informações da logística dos lugares não viria até depois de ele ter

uma pista da localização.

—Uma vez que tivermos um lugar concreto, nós podemos desenterrar arquivos

antigos. Nem os Alquimistas podem construir um lugar invisível. Eles o tem

disfarçado, mas deve haver uma trilha de papel publico se nós soubermos pelo

que procurar. Eu tenho algumas pessoas do lado de dentro também que serão

capazes de ajudar uma vez que tivermos parâmetros melhores de pesquisa.—

Eu balancei minha cabeça em concordância e finalmente conseguindo me livrar

do meu desespero o substituindo com outra coisa: raiva. Não apenas raiva. Irá.

Fúria por aqueles que fizeram isso com Sydney. Esse tipo de verificação era

coisa de Marcus. A minha seria explodir a porta e tirar Sydney para fora daquele

buraco do inferno. Isso seria como eu faria aquilo certo.

Sim, assobiou Tia Tatiana. Vamos fazê-los pagar pelo que fizeram.

—Quanto tempo até eles descobrirem que lugar é?— perguntei. —Antes você

disse que poderia levar uma semana ou duas.—

—Isso foi quando estávamos palpitando as cegas. Saber que é definitivamente

um desses ajuda muito. Se for Deth Valley, nós devemos descobrir bem rápido.

Não há muito por lá. Tucson demoraria um pouco mais desde que tem uma área

metropolitana maior – e o deserto afastado – para esconder coisas. Eu tenho

pessoas trabalhando nos dois lugares. Talvez tenhamos sorte.—

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Nós paramos para passar a noite no norte de Nevada, tomando um quarto em

um hotel anexado a um dos muitos cassinos tão presentes naquele estado. Era

dificilmente um lugar luxuoso, mas se provou descente o suficiente,

especialmente por estar em uma cidadezinha sem sono. Nós tínhamos TV a

cabo e internet, assim como um minibar que eu ansiava invadir. Parar como eu

tinha depois da Corte havia sido brutal, mas minha determinação para

permanecer em controle tanto do meu juízo quanto do meu poder por Sydney

era forte.

Uma vez que estávamos acomodados, mandei mensagem para Jill, e em pouco

tempo, tivemos uma chamava de vídeo com a gangue de Palm Spring no laptop

de Marcus. —Vocês encontraram Sydney?— Eddie perguntou imediatamente.

Jill sabia todos os detalhes do dia por causa do laço, mas ainda não tinha tido a

chance de informar os outros.

—Nós estamos prestes a conseguir sua localização,— disse Marcus. —E não

vai ser longe de vocês garotos. Death Valley ou Tucson. Estamos esperando

confirmação.—

Nossos amigos compartilharam da minha surpresa com a realização de que

Sydney estava tão perto o tempo todo. —Nos deixe saber tão logo vocês

descubram, e nós estaremos ai,— exclamou Angeline.

Por um momento, eu não quis nada mais do que ter todos eles me cobrindo

minhas costas. Mas algumas realidades me atingiram – como saber que Sydney

nunca me perdoaria se sua missão original falhasse. Na tela do Laptop, Jill fez

uma careta quando sentiu meus pensamentos.

—Não,— eu disse. —Vocês ainda estão em semana de prova. E Jill não vai

participar de nenhuma escapatória maluca. Sua vida ainda está em perigo.—

—Tem só mais dois dias de provas,— ela protestou. —E eu estou praticamente

fora de perigo. Você não ouviu quando estava na Corte? Lissa espera pela

votação dentro desse mês para reescrever a lei sobre como um monarca precisa

de um membro da família vivo. Uma vez que isso esteja mudado e eu não

Page 219: Bloodlines 05 - Sombras Prateadas - Richelle Med

importar, ela vai me levar de volta. Eu só vou permanecer no programa de verão

de Amberwood até que isso seja resolvido.—

Eu não tinha ouvido aquilo, possivelmente porque meu tempo na Corte foi gasto

em uma neblina da bebedeira. —Você sempre importa Jillbait. E você mesma

disse – a lei ainda não foi aprovada. Você ainda é a chave para o trono, e você

não vai deixar o paraíso seguro que todo mundo trabalhou tão duro para criar. E

não peça para os Dhampirs deixarem,— adicionei, lembrando como ela usou

esse argumento no nosso ultimo encontro. —Você precisa da proteção deles.—

—Eu não sou um Dhampir,— disse Trey, —E eu não estou sob ordens. Me diga

onde ir, e eu estarei lá.—

Eu hesitei, mas então balancei a cabeça lentamente. Ele estava certo. Ele não

tinha as mesmas obrigações que os outros, e ele era bom em uma luta. Angeline

deu um sono em seu ombro que pareceu doloroso, mas provavelmente o

encantou por ela ainda mais.

—Injusto,— ela disse. —Eu quero ajudar.—

—Todos nós queremos,— disse Neil.

—Você pode levar um Dhampir,— disse Jill calmamente. —Eu vou ficar bem

com dois, especialmente se eu ficar no campus o tempo todo. Leve Eddie.—

Ele se virou para ela surpreso. —Você não… quer que eu seja seu guarda?—

O sorriso que ela deu para ele foi muito majestoso, quase um espelho de algo

que eu vi Lissa fazer. —Claro que eu quero. Não tem ninguém que eu confie

mais do que em você. Mas você precisa fazer isso. E você sabe que ele é um

dos melhores, Adrian.—

Eu duvido que qualquer um deles, nem mesmo Eddie, percebia a magnitude do

que Jill oferecia. Eu não podia ler sua mente, mas eu a conhecia bem o suficiente

para entender que ela queria muito ser parte de qualquer missão para resgatar

Sydney. Eu também sabia que ela percebeu que ninguém deixaria isso

acontecer. Melhor do que protestar, ela estava colocando sua energia em me

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fazer aceitar Eddie… não só porque ele era habilidoso, mas porque suas

palavras eram absolutamente verdade: ele precisava fazer isso. Eu o observei

desde que Sydney foi capturada e vi o quão isso o corroeu de um jeito diferente

do qual eu sofri. Meus sentimentos pela sua perda eram todos sobre solidão e

me sentir impotente para encontra-la. Os dele eram sobre culpa – ele ainda se

sentia culpado por ela ter sido levada em primeiro lugar. Ela o enganou, se

sacrificando para salva-lo, e ele não conseguia superar. Jill, sempre mais esperta

do que a davam crédito, entendia aquilo – e entendia que salvar Sydney podia

muito bem ser a única coisa que deixaria Eddie se sentir redimido. Jill entendia

isso porque ela era observadora e esperta.

Também porque ela o amava.

Eddie não percebia isso, no entanto, e principalmente se sentia em conflito. —

Eu estaria quebrando minhas ordens… minha promessa de te proteger.—

—Eu estou te liberando delas,— ela disse. —E eu tenho esse direito, tanto

porque essas promessas foram para mim e porque eu sou parte da família

governante. Como princesa coroada, eu estou pedindo que vá e resgate Sydney.

E então volte para mim.—

Eu nunca ouvi Jill invocar seu status real, muito menos seu titulo como princesa

coroada. Esse era todo o ponto da lei da família. Se alguma coisa acontecer com

a monarca governante e uma emergência acontecer que o Conselho Moroi não

puder lidar, um dos membros da família do ex-monarca seria feito governante

interino até um novo ser eleito. Essa lei não foi invocada quando Tia Tatiana

morreu. O Concelho tinha tomado conta das coisas, mas para manter o governo

funcionando sem problemas, as velhas leis ainda eram requeridas como o

membro da família vivo, apenas no caso.

Eddie olhou a olhou com adoração enquanto ela falava, não entendendo

completamente de que ela estava falando com ele como alguém que o amava e

não como uma princesa dando ordens. Mas funcionou. —Eu vou,— ele disse a

ela. —Eu vou trazer ela de volta. E então vou voltar para te proteger, eu juro.—

Page 221: Bloodlines 05 - Sombras Prateadas - Richelle Med

Marcus, não seguindo completamente o drama dentro do drama, concordou. —

Eu estou bem com isso. Eu nunca dispenso um Dhampir ou dois lutando ao meu

lado.—

O —ou dois— fez Angeline e Neil parecerem esperançosos, e eu rapidamente

frustrei seus sonhos. —Vocês ficam com Jill. Não baixem a guarda, e não tenha

nenhuma ideia louca sobre trazer ela junto assim podem ajudar. O fato de que

essa lei pode acabar pode também significar que seus inimigos estão

redobrando os esforços para chegar a ela enquanto ainda importa.—

Isso acalmou a todos, e Neil e Angeline acenaram em aceitação de má vontade.

O telefone de Marcus tocou, e ele foi para o lado para atender. Enquanto ele

deliberava com um de seus contatos, Trey disse, —Oh, hey. Eu tinha que te

dizer. Uma garota parou ontem procurando por você e por Sydney.—

—Por nós dois?— perguntei surpreso. Não tinha muitas pessoas que nos

tratavam como uma dupla.

—Ela parecia principalmente interessada em Sydney, mas aceitava você

também. Ela era humana,— ele adicionou, adivinhando minha próxima pergunta.

—Loira. Óculos. Ninguém que eu já tenha visto.—

Não era ninguém que eu pudesse lembrar também. A única humana que poderia

ter interesse em ambos Sydney e eu era Rowena, e ela tinha cabelo azul (da

ultima vez que eu vi), nem mencionar o numero do meu telefone se ela realmente

precisava entrar em contato. —Ela não disse mais nada?— perguntei. —Por que

ela queria nos ver? Quem ela era?—

—Nope. Ela só disse que era uma velha amiga que queria conversar. Quando

eu disse a ela que não sabia onde você estava, ela pareceu tão desapontada

que eu ofereci passar uma mensagem se eu ouvisse de você. Ela disse não,

usou o banheiro, e partiu com dificilmente outra palavra.—

—Sem tatuagem de lírio?— perguntei incisivamente.

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Trey zombou. —Você acha que eu não olhei? Eu teria notado com certeza. Se

ela tivesse uma, estava coberta.—

Eu não tinha nenhuma resposta sobre a visitante misteriosa, e o retornou de

Marcus logo mandou minha mente para outro lugar. Animação praticamente

irradiava dele. —Lembra quando eu disse que poderíamos ter sorte?— ele

perguntou. —Nós tivemos. Death Valley. Eu tenho isso confirmado. Quero dizer,

a atual localização dentro dessa área ainda tem de ser verificada, mas parece

que sabemos para que direção estamos indo amanhã.—

—Trey e eu encontraremos vocês lá,— disse Eddie rapidamente.

—Vocês podem terminar as provas,— Marcus disse a ele. —Eu vou tirar alguns

dias para planejar e obter toda nossa informação. Como eu disse, nós temos que

encontrar o lugar, pelo menos descobrir como chegar.—

Death Valley. Menos de cinco horas de Palm Spring. Eu sabia que Marcus estava

certo - que realmente não havia como eu saber que Sydney estava lá – mas

ainda era algo difícil de aceitar. Tão perto, eu pensei. Tão perto esse tempo todo.

Era igualmente enlouquecedor que embora aquele fosse um grande salto de

informação para nós, ainda estávamos sem poder para agir. O melhor que

podíamos fazer era terminar de coordenar com Eddie e Trey antes que o toque

de recolher de Amberwood separasse os garotos e as garotas para noite.

Quando finalmente nos desconectamos, Marcus fez mais algumas ligações e

então reprimiu um bocejo.

—Eu tenho que descansar,— ele disse, rumo a uma das camas duplas no

quarto. —Deixe a TV ligada se quiser. Eu posso dormir com qualquer coisa.

Aprendi a tirar vantagem das condições solidas de sono quando as consigo.—

Eu não duvidei depois de seus anos fugindo, mas eu ainda baixei o volume e

apenas assisti a imagem enquanto me esparramava na minha cama e tentava

fazer contato com Sydney. Já tinha passado a hora que ela normalmente ia

dormir, mas eu não a alcancei, presumidamente porque ela estava fora em qual

quer que fosse a outra tarefa secreta que ela queria cuidar hoje a noite. TV sem

som aconteceu de ser bem entediante, e eu quase adormeci duas vezes antes

Page 223: Bloodlines 05 - Sombras Prateadas - Richelle Med

de encontrar um canal com legenda que eu pudesse ler. Eu assisti por uma boa

parte da noite, combatendo o sono enquanto eu fazia checagens periódicas por

Sydney. A última coisa que lembro era de um talk show por volta das quatro da

manhã…

… e então eu estava acordando para a luz do dia fluindo no quarto enquanto

Marcus emergia do banheiro.

—Bom dia,— ele disse. —Pronto pra pegar a estrada?—

—Eu…— olhei em volta estupidamente, tentando juntar o que aconteceu. —Eu

caí no sono.—

Ele ergueu uma sobrancelha. —Depois de falar com Sydney?—

—Sim, mas eu quero dizer, não foi por falta de tentativas… eu tentei uma dúzia

de vezes me conectar com ela. Não funcionou.—

—Talvez ela tenha ido para cama tarde,— ele disse.

—Depois das quatro?— mesmo com a missão secreta da noite anterior, eu

finalmente me conectei com ela depois da uma. —Estou preocupado que ela não

tenha ido dormir.—

—Isso é um problema?—

—Na verdade, não,— eu disse. —Pelo menos se foi por escolha porque ela

estava fazendo suas tarefas. Seria um problema é se ela estivesse dormindo…

e bloqueada de mim de novo.—

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Capítulo 15 Sydney

O tempo não me permitiu encantar todas as seringas de uma vez, tendo em vista

que eu só podia fazer isso em meus raros momentos de privacidade. Eu

consegui fazer em cinco primeiro e as distribui para Emma e alguns selecionados

que Emma achava que podíamos confiar.

Eu me senti encorajada depois de Adrian ter dito que conseguiria o endereço de

Keith com Carly, e eu mal podia esperar para falar com ele hoje à noite sobre

maiores progressos. Saber que ele e Marcus estavam avançando em seus

objetivos enfatizou a importância de lidar com a situação do —protocolo de

emergência— tão logo quanto possível. Ainda mais urgente era saber que eu

faria maior progresso se o cartão de identificação roubado ainda estivesse

funcionando. Até onde eu sabia, uma vez que o cara reportasse que o perdeu,

os Alquimistas o desabilitariam, e sabotar um sistema inteiro ia ser difícil se eu

não conseguia nem usar o elevador. Eu precisava agir rápido.

Emma ficou impressionada em saber que eu estive na sala de operações, mas

não tinha muito com que ajudar com o problema maior. —Os controles de gás

não estavam lá?—

—Os controles estavam,— eu disse. —Incluindo o botão power para deixar todos

nós inconscientes de só uma vez, a qualquer hora e em qualquer lugar. Mas eu

preciso de acesso para as partes mais básicas – como de onde o gás vem em

primeiro lugar. Como entra naqueles tubos do sistema de ventilação.—

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Ela balançou a cabeça, parecendo legitimamente sentindo muito porque não

podia ajudar. —Eu não faço ideia. Eu não conheço ninguém que faça.—

Eu conhecia, e eu trouxe isso a tona com Duncan mais tarde na aula de artes.

Enquanto Emma tinha ficado perplexa com as minhas perguntas, Duncan ficou

chocado. —Não, Sydney, pare. Isso é loucura. Já é ruim o suficiente você ter

desativado no seu quarto! O andar inteiro? Isso é insano.—

Nós ainda estávamos trabalhando em tigelas de barro, nossa tarefa agora era

fazer um par idêntico, o que estava bem de acordo com a ideologia Alquimista

de conformidade. —O que é insano é que com um aperto em um botão, eles

podem apagar todos nós dentro de segundos.—

—E dai?— ele perguntou. —Eles só fazem isso se tiver uma revolta ou algo

assim. Ninguém é tão estupido.— Quando eu não disse nada, seus olhos

arregalaram. —Sydney!—

—O que, você está dizendo que quer ficar aqui para sempre?— exigi.

Ele balançou a cabeça. —Apenas jogue o jogo, e você pode sair. É muito mais

fácil e muito menos problemático do que encenar uma brincadeira mal

sucedida.—

—Sair como você saiu?— minha réplica o fez recuar, mas só me senti um

pouquinho mal.

—Eu teria se eu pudesse,— ele murmurou.

—Eu não acredito nisso,— eu disse. —Você está aqui há tanto tempo, você

deveria conhecer o jogo melhor do que ninguém. Você deveria ser capaz de

dizer e fazer exatamente o que for preciso para conseguir sua carta de liberdade,

mas no lugar, você faz exatamente o que é preciso para permanecer! Você está

com medo de agir.—

O primeiro brilho de raiva que eu já vi nele lampejou em seus olhos. —Agir com

o que? O que você exatamente espera que eu faça, Sydney? O que tem lá fora

para mim? Não haveria segurança. Eles rastreiam Alquimistas reeducados para

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sempre. Para não ser mandado de volta para cá, eu teeria que colocar de lado

toda a minha moral sobre Moroi ou constantemente me policiar para esconder

meus sentimentos verdadeiros. Não a vitória para nós. Estamos ferrados. Nós

nascemos em um sistema ao qual não concordamos, e fomos pegos. Aqui, lá

fora, não importa. Não resta nada para nós.—

—E Chantal?— perguntei calmamente. —Ela não está lá fora?—

Suas mãos, que trabalhavam tão habilmente no barro, vacilaram e caíram para

o lado. —Eu não sei onde ela está. Talvez tenha sido mandada para a

reeducação em algum outro país. Talvez ela se matou em vez de viver uma

mentira. Talvez ela tenha sido mandada para alguma punição pior. Você acha

que confinamento na solitária e projetos de arte monótonos são as únicas armas

que eles têm? Tem coisas piores que eles podem fazer com a gente. Pior do que

a purificação e ridícularização publica. Ser ousado soa ótimo em teoria, mas vem

com um preço.—

—Chantal era ousada, não era? E é por isso que você está com medo.— O pesar

em seu rosto era tão intenso, que eu queria abraça-lo… ainda ao mesmo tempo,

eu também queria sacudi-lo por sua covardia. —Você está com tanto medo de

agir! De terminar como ela!—

Engolindo, ele voltou a trabalhar em sua tigela. —Você não entende.—

—Então me ajude a entender.—

Ele permaneceu em silencio.

—Certo,— eu atirei. —Eu vou desvendar o sistema de gás sozinha e não vou

mais te incomodar. Eu suponho que você possa muito bem ir em frente e jogar

isso fora também.—

Ajoelhei como se eu tivesse derrubado alguma coisa e rapidamente transferi uma

seringa embalada da minha meia para a dele, cobrindo-a habilmente com a sua

calça antes que alguém visse. —O que é isso?— ele assobiou.

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—A ultima do meu estoque atual de seringas com a solução de tinta repelente

nela. Eu guardei essa pra você, mas você provavelmente vai ficar mais feliz não

a usando. De fato, talvez você devesse ir pedir para eles um retoque extra-forte

assim você não precisa mais pensar por si mesmo.—

O sinal sinalizou o final da aula, e eu me virei para ir, deixando-o boquiaberto.

Aquela noite, enquanto me preparava para a cama no banheiro, fui capaz de

encantar mais algumas seringas que eu contrabandeei de volta para o meu

quarto. Eu também fiz o truque do chiclete de novo, o colocando no lugar na

porta para desabilitar a tranca depois das luzes se apagarem. Eu podia não

saber exatamente onde o controle de gás principal era, mas baseada na

exploração que eu tinha feito, eu podia fazer algumas suposições. Emma notou

quando eu coloquei o chiclete no lado da porta e disse, sua voz dificilmente

audível. —Você fala sério sobre isso?—

Eu dei a ela um aceno afiado e sentei em minha cama com um livro para a nossa

hora de leitura prescrita. Quando as luzes se apagaram mais tarde, eu de novo

esperei tempo o suficiente para que os Alquimistas em guardam caíssem em

seus turnos antes de eu entrar em ação. Eu rearrumei minha cama e travesseiro,

murmurando o encantamento de invisibilidade, e então coloquei o cartão de

identificação roubado na minha camisa antes de silenciosamente deslizar pela

porta destrancada. Do lado de fora no corredor, fiquei diante de um senário

similar ao de ontem: pouca atividade e o mesmo guarda estacionado nos

corredores anexos.

Eu me arrastei para o elevador e as escadas, passando a identificação na porta

do ultimo. Seu painel de segurança ficou verde, e eu dei um suspiro de alivio por

ainda ter acesso. Embora a porta da escadaria não fosse perfeitamente

silenciosa, fui capaz de abri-la cuidadosamente e deslizar por ela muito mais

silenciosamente do que quando usei o elevador com o seu ding que denunciava.

Eu só tinha que ser cautelosa em abrir o mínimo suficiente que precisava para

eu caber. Uma vez na escadaria, notei algo que também observara no elevador.

Não havia caminho para cima. O único caminho para ir era para baixo.

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Como nós saímos daqui? Me perguntei pela centésima vez. Essa era a questão

que eu vinha ponderando desde que cheguei aqui. Nós tínhamos que ter entrado

de alguma forma, e obviamente, os Alquimistas que trabalhavam aqui saiam e

entravam. Duncan tinha me explicado que eles tinham seus próprios quartéis em

outro lugar e viviam lá por meses enquanto durava seus turnos até a rotação de

funcionários os substituírem. Como isso aconteceu? Esse era um quebra-cabeça

para mais tarde, no entanto, e por agora eu focaria em me dirigir aos andares de

operação e purificação. Eu chequei cada porta que eu sensatamente podia e não

encontrei nada que combinava bom o tipo de sala de mecanismos que eu estava

esperando. Ciente do tempo, voltei para a escadaria e reforcei o feitiço de

invisibilidade, conseguindo meia hora extra. Eu não seria capaz de fazer isso a

noite toda, não com a energia que requeria, mas pelo menos me permitiria

checar o próximo andar abaixo.

Eu não estive nesse andar a quase três semanas, e por um momento, fiquei

congelada quando pisei no corredor. Esse era o andar que minha cela ficava,

onde eles me mantiveram na escuridão por três meses. Eu não tinha pensado

muito sobre isso desde que me juntei aos outros, mas agora, enquanto eu

permanecia e encarava as portas idênticas, tudo voltou para mim. Eu estremeci

com a memória de como eu estive, o quão espasmódico meus músculos ficaram

por dormir no chão duro. A lembrança daquela escuridão era arrepiante, e eu

estava meio que impressionada com a diferença que a fresta de luz no final da

porta do meu quarto atual fazia. Foi preciso um aumento de força de vontade

para afastar essas antigas memórias e andar pelo corredor, relembrando meu

objetivo.

Eu não notei quando fui liberada, mas cada porta estava marcada com a letra R

e um número. O R era de reflexão? Havia vinte deles no total, mas não tinha

indicação se estavam todas ocupadas. Eu não me atrevi a scanear oo cartão de

identificação e tentar abrir uma. Algum instinto me dizia que só alguém com um

cargo alto poderia abri-las para começar, e além disso, se eles estavam

monitorados, qualquer fresta de luz iria instantaneamente aparecer na tela de

vigilância. Então, eu simplesmente passei por todas elas, apesar de me sentir

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doente por dentro por outros poderem estar a apenas alguns metros de mim,

sofrendo como eu tinha.

Uma vez que me livrei dos quartos, fui parar em frente a portas duplas rotuladas

CONTROLE DE REFLEXÃO. Muitas portas administrativas e operacionais

tinham janelas de vidro, mas essas não ofereciam nenhuma indicação do que

poderia ter atrás. Eu hesitei pensando se deveria tentar scanear o cartão e entrar

quando a porta de repente balançou aberta, e dois Alquimistas emergiram de

dentro. Eu rapidamente me movi para fora de suas linhas de visão, e

agradecidamente, eles foram para uma direção diferente da minha em um ritmo

acelerado. As portas pesadas se fecharam rapidamente para eu conseguir

entrar, mas consegui dar uma boa olhada dentro antes de se fecharem com um

clang.

Vários Alquimistas sentavam em pequenas cabines com suas costas para mim,

olhando para monitores escuros e usando fones de ouvido. Microfones grandes

foram embutidos em suas mesas junto com um painel de controle que eu não

podia ler. Era onde os prisioneiros da solitária eram monitoras, percebi. Cada

prisioneiro devia sempre ter um observador, com um microfone mascarando

suas vozes e o painel permitindo controlar o gás e as luzes. Eu suspeitava que

eles revezavam o pessoal, e aqui estava minha prova. Eu não tive tempo de

obter uma contagem completa, especialmente com parte da sala bloqueada da

minha vista, mas eu vi pelo menos cinco observadores.

O que eu também vi, com absoluta clareza, foi uma placa de saída. Estava no

lado mais distante da sala, além dos observadores e monitores, mas não havia

duvidas sobre aquelas luzes vermelhas brilhantes. Era isso, o caminho para

dentro e fora! Por alguns segundos, eu ponderei o quão fácil seria entrar e sair

desse lugar. Não tão fácil, eu logo admiti. Por um lado, essa não era uma sala

simples de se infiltrar. Aquelas portas não permitiam entrada e saída, e elas

faziam barulho o suficiente quando abertas que alguém provavelmente as

notaria abrindo sozinhas. Mesmo com nenhum Alquimista as monitorando

diretamente, algum pessoal estava sentado muito perto para eu ficar confortável.

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Também havia o fato provável de que ninguém poderia apenas —sair— por

aquela saída. Eu não ficaria surpresa se houvesse guardas de verdade, mais

leitores de cartão, e provavelmente códigos numéricos para saída e entrada. Os

Alquimistas já tinham criado um considerável risco de incêndio tendo tão poucas

saídas para começar. Se eles se sentiam tão poderosos sobre os prisioneiros

que estavam dispostos a correr esse risco, eles certamente não iriam deixar

aquela saída exposta.

Ainda, foi difícil me afastar daquela porta, sabendo o que havia além dela. Em

breve, eu disse a mim mesma. Em breve. Outra varredura no corredor não

revelou mais nada digno de nota, e eu me dirigi de volta às escadas. Enquanto

eu ia, a porta de lá se abriu, e Sheridan saiu. Eu imediatamente me achatei contra

a parede, desviando meus olhos para baixo. Com minha visão periférica, pude a

ver parando como se estivesse procurando por algo, e então ela começou a

andar de novo. Depois de ela ter passado por mim, eu levantei a cabeça e

observei enquanto ela continuava pelo corredor, quase em um ritmo calmo. Por

fim, alcançando o final, ela permaneceu lá por alguns momentos, e então dobrou

de volta para as portas da sala de controle, pelas quais ela logo desapareceu.

Eu me apressei para as escadas antes que ela voltasse, escolhendo a ultima

opção que me restava: descer para o ultimo nível.

Os elevadores não iam mais longe do que esse nível, e as escadas terminavam

aqui também. Esse era o único nível que eu nunca estive, e eu não podia

imaginar o que acontecia aqui em baixo. O que mais tinha ali para eles fazerem?

As portas que eu achei não ofereceram nenhuma resposta. Eles pareciam

idênticas as do tempo de reflexão, e eu quase me perguntei se tinha encontrado

outro conjunto de celas de solitária. Essas estavam rotuladas com a letra P e

números, no entanto, e eu não encontrei nenhuma sala de controle

correspondente para iluminar sobre o que aquela letra era. O que eu achei foi

três portas rotuladas MECANISMO 1, MECANISMO 2 e MECANISMO 3. Atrás

delas, eu pude ouvir o zumbido de geradores e outros equipamentos. Elas não

tinham nenhum leitor de cartão, mas requeriam uma chave mecânica a moda

antiga.

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Vasculhando meu cérebro, me lembrei de um feitiço que tinha copiado para Srta.

Terwilliger, um que abriria uma fechadura comum. Eu murmurei as palavras em

Latim, invocando a magica dentro de mim, esperando que não tivesse nada de

muito incomum nessa fechadura. Poder surgiu através de mim, e um momento

depois, ouvi um clique. Uma tontura brevemente passou por mim, que eu ignorei

enquanto começava minha exploração, destrancando as outras escadas quando

necessário.

A primeira porta revelou uma sala com uma fornalha e outros equipamentos de

climatização, mas nada do que eu esperava ser os controladores de gás. A

segunda sala foi onde encontrei ouro. Junto com um gerador e alguns sistemas

de canalização, eu descobri um tanque enorme rotulado com uma formula

química que se lia muito como um sedativo pra mim. Quatro canos alimentavam

para fora dele, cada um rotulado com o número de um andar. Cada um também

tinha uma válvula manual que poderia ser ajustada. Todos eles estavam

atualmente na posição —ligado—.

Não vi nenhum sinal de que havia qualquer sensor de alerta da alteração nesse

nível. Arriscando, eu virei a válvula para o andar dos detentos para —desligado—

. Nenhum alarme ou luzes dispararam. Encorajada, eu quase considerei desligar

as outras, mas então eu percebi que estaria expondo o que eu fiz. Talvez não

houvesse sensores aqui, mas os Alquimistas notariam imediatamente se o gás

fosse interrompido no nível com as celas solitárias. Eles controlavam o gás lá

manualmente e eram capazes de obter resultados instantâneos. Desligar o gás

no nível dos detentos afetaria o sono agora mesmo, mas não seria facilmente

obvio para os Alquimistas. Não seria nem notável para os detentos. Eles não nos

deixam ter oito horas de sono de qualquer forma; era improvável que alguém

tivesse problemas em pegar no sono de noite.

Essa era um decisão difícil de tomar, abandonar os prisioneiros no tempo de

reflexão, mas não tinha nada que eu pudesse fazer por eles agora. O status quo*

(situação atual) teria que continuar para eles, e eu precisava do gás desligado

no meu andar tanto quanto eu conseguisse. Julgando pelo tamanho do taque,

provavelmente levava um tempo entre as recargas, mas eventualmente alguém

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viria para manutenção e iria descobrir a válvula. Esse era o período de tempo

que eu tinha que me preocupar.

Na mesma sala, descobri outro tanque com uma formula química que eu não

estava inteiramente certa, mas apostava que era uma substância diferente, uma

que eu ocasionalmente senti em minha cela que me deixou agitada e paranoica.

Eles não a empregavam com a mesma regularidade que o sedativo, mas

desliguei também essa válvula no meu andar, apenas no caso. Nós não

precisávamos de nenhum incentivo extra para suspeitar um do outro.

Com esse trabalho feito, eu me apressei e ignorei a curiosidade sobre a terceira

sala de mecanismo e as portas marcadas com P. Alcancei meu objetivo essa

noite e precisava voltar para o meu quarto antes que o feitiço acabasse. Isso, e

eu sabia que Adrian se preocuparia se eu me atrasasse muito. Fui pelas escadas

para o nível de vivencia dos detentos e espiei pela janela da porta antes de abri-

la. Não tinha ninguém visível. Eu abri uma fresta, de modo a não chamar atenção

das câmeras, e me apertei para fora…

… e dei bem de cara com Sheridan.

Ela estava propositalmente escondida no recuo da parede feito pelas portas do

elevador, fora do alcance visual quando olhei pela janela. Eu estava procurando

por pessoas se movimentando com proposito em seus turnos – não por alguém

procurando por mim. E ela estava claramente procurando por mim – ou por

alguém como eu. Nós fizemos contato visual, e não havia duvida do

reconhecimento em seu rosto. O feitiço tinha acabado.

—Sydney,— ela exclamou. Essa foi a ultima coisa que eu escutei entes de eu

ver o que parecia ser um teaser* (arma de choque) em sua mão. Então, eu senti

um choque de dor, e tudo ficou preto.

Quando acordei, tudo ainda estava preto. Pela duração de uma batida do

coração, eu pensei que estava de volta na minha cela da solitária. Mas não, era

diferente. Não havia chão rustico de pedra aqui, e eu ainda tinha minhas roupas.

Em vez disso, eu estava deitada eu uma mesa gelada de metal, com meus

braços, pernas, e cabeça amarrados.

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—Bem, Sydney,— uma voz familiar disse. —Lamento vê-la aqui.—

—Eu sei que é você, Sheridan,— eu disse através de dentes cerrados. Eu dei

as minhas amarras um puxão experimental. Sem sorte. —Você não tem que se

esconder no escuro.—

Uma pequena luz embutida no teto ascendeu, brilhando apenas o suficiente para

iluminar seu rosto adorável, mas cruel. —Não é para isso que a escuridão é.

Você está na escuridão porque sua alma também está envolta em escuridão.

Você não merece a luz.—

—Então por que eu estou aqui e não de volta na minha cela?—

—A cela é para refletir sobre seus pecados e os erros do seu caminho,— ela

disse. —Você encenou um ótimo show, mas com certeza não aprendeu nada.

Sua chance de refletir e se redimir passou. Isso, e nós precisamos de algumas

respostas sobre suas atividades recentes.— Ela segurava meu cartão de

identificação furtado. —Quando e como você conseguiu isso?—

—Encontrei no chão,— eu disse prontamente. —Vocês deveriam ser mais

cuidadosos.—

Sheridan deu um suspiro dramático. —Não minta para mim, Sydney. Eu não

gosto disso. Agora vamos tentar de novo. Onde você conseguiu o cartão?—

—Eu já te disse.—

Dor de repente disparou através de cada parte do meu corpo. Era uma estranha

mistura de coisas, rastejando por toda a minha pele e incendiado minhas

terminações nervosas. Se você pudesse de alguma forma combinar o

desconforto de choques elétricos, picadas de abelhas, e cortes de papel, seria

mais ou menos a sensação do que eu estava experimentando. Durou apenas

alguns segundos, mas eu me encontrei gritando de dor no entanto.

A luz em Sheridan se apagou, nos mergulhando na escuridão, mas quando ela

falou de novo, estava claro que não tinha se movido. —Essa foi a configuração

mais baixa e apenas um gostinho dela. Por favor, não me faça fazer isso de

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novo. Eu quero saber como você conseguiu o cartão de identificação e o que

você estava procurando.—

Dessa vez, eu não menti para ela. eu simplesmente fiquei em silencio.

A dor voltou com a mesma intensidade, mas durou muito mais dessa vez. Eu

não conseguia formar nenhum pensamento coerente enquanto acontecia. Cada

partícula do meu ser estava muito fixada naquela terrível, excruciante agonia.

Uma das coisas que eu amava sobre ficar intima de Andrian – além do obvio,

como o quão ele era insanamente sexy e bom no que fazia – era que muitas

vezes comprovava ser um raro momento em que meu cérebro sempre pensante

dava uma pausa, me permitindo vivenciar apenas a experiência física do

momento. Isso era meio o que estava acontecendo agora, exceto que a

experiência física em questão era o mais distante do que eu tinha com Adrian do

que poderia ser. Meu cérebro não conseguia pensar em nada. Tudo que havia

naquele momento era meu corpo e sua dor.

Eu tinha lágrimas nos meus olhos quando a dor parou, e mal ouvi Sheridan

despejar suas perguntas de novo. Ela também adicionou mais algumas, como,

—Como você evitou ser detectada?— e —Como você saiu do seu quarto?— eu

mal tinha tempo para responder, mesmo se eu quisesse, antes de a dor retornar.

Quando acabava uma eternidade depois, ela voltava para mim com as

perguntas. Então o ciclo se repetia.

Durante uma das breves pausas, eu consegui pensar coerente o suficiente para

entender seu processo. Ela estava atirando diferentes perguntas na esperança

de eu ser tão forçada a um ponto de ruptura por causa da dor e deixar escapar

uma resposta para alguma coisa – qualquer coisa. Provavelmente não importava

para eles em primeiro lugar. Me fazer começar a falar era o objetivo deles, e eu

tinha a sensação que os prisioneiros na minha situação não paravam de falar

uma vez que as porteiras se abriam. Havia uma grande urgência em cortar tudo

para fazer a dor ir embora. Eu certamente estava sentindo essa urgência agora,

e tive que morder fisicamente meus lábios para me impedir de dizer a ela o que

quer que ela quisesse. Eu também tentei focar no rosto daqueles que eu amava,

Adrian e meus amigos. Funcionou um pouco durante a calmaria, mas uma vez

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que a tortura começava de novo, nenhum pensamento ou imagem conseguia

ficar em minha mente.

—Eu vou vomitar,— eu disse em um ponto. Eu não sabia quanto tempo tinha

passado. Segundos, horas, dias. Sheridan pareceu não acreditar em mim até eu

realmente começar a tossir e dar ânsia. Era um tipo diferente de enjoo do que o

da purificação, que era medicamente induzido. Era a resposta do meu corpo para

mais do que ele poderia aguentar. Alguém veio até mim e do lado oposto da sala

e dela e desfez o suficiente das amarras para me virar de lado, onde eu vomitei

o pouco que tinha no meu estomago. Eu não sabia se eles eram rápidos o

suficiente para colocar um recipiente e eu realmente não me importava. Era

problema deles.

Quando o pior do vomito passou, mal pude decifrar Sheridan falando

quietamente com mais alguém pela sala.

—Vá pegar um ‘assiste’ para nos ajudar,— ela disse.

Uma voz masculina soou cética. —Não a amor entre nenhum deles.—

—Eu já vi o tipo dela. O que ela não desistiria por si mesma, ela faria por outro.—

O som de uma porta indicava que seu colega tinha partido, e enquanto eu era

reamarrada e limpa. As palavras dela desencadearam uma horrível realização.

Alguém me traiu! Sheridan esteve especificamente procurando por mim, que foi

como o feitiço tinha sido desvendado. Eu fui tola de pensar que fazer a tinta com

sal criaria algum tipo de laço entre os outros e eu. A única vantagem nisso era

que eu tinha desabilitado o gás, como planejado, mas agora qual seria o custo?

Esse foi o mais longe que eu pude especular porque a tortura tinha recomeçado

– e inacreditavelmente, piorou. Eu não vomitei, talvez porque o meu corpo não

podia reunir o esforço, mas não pude impedir meus gritos de preencher a sala.

Eu me odiei por mostrar a eles essa fraqueza, por admitir que eles estavam

chegando a mim … mas era tudo que eu podia fazer para não lhes contar todos

os segredos que eu tinha durante aquelas pausas. Eu não vou falar, jurei. Se eu

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vou cair por isso, então eu vou com eles sabendo que não são tão poderosos

quanto pensam.

—Por que você nos faz continuar fazendo isso, Sydney?— Sheridan me

perguntou naquele triste tom de zombaria dela. —Eu não gosto disso tanto

quanto você.—

—Eu sinceramente duvido disso,— eu disse ofegante.

—E eu aqui pensando que você estava fazendo grande progresso. Eu estava

quase pronta para recompensa-la pelo seu bom comportamento. Talvez a visita

de sua família. Talvez isso.—

O pequeno holofote apareceu nela de novo, e algo em sua mão brilhou. Era

minha cruz, a pequena de madeira que Adrian tinha feito para mim, pintada com

glórias-da-manhã. Eles tentaram me subornar com ela quando eu cheguei, como

se um objeto material fosse todo o necessário para me quebrar. Vê-la agora fez

meu peito doer – embora pudesse ser possivelmente um pós efeito da tortura –

e meu olhos embaçaram com lagrimas de tristeza agora, não de dor.

—Você poderia tê-la agora,— ela disse agradavelmente. —Você poderia tê-la, e

nós poderíamos parar a dor. Tudo que você precisa fazer é nos dizer o que

queremos saber. É realmente uma peça adorável.— Ela segurou

admiradoramente e então, para meu completo e absoluto horror, a colocou ao

redor de seu próprio pescoço. —Se você não quer, eu posso muito bem ficar

com ela.—

Eu quase contei que foi feita por um vampiro, mas me preocupei que ela pudesse

destruir. Então fiquei em silencio, deixando a raiva fervilhar dentro de mim – pelo

menos até a tortura começar de novo, e apenas agonia fervilhar dentro de mim.

Perdi a noção do tempo de novo até seu colega retornar. Isso trouxe um alivio

da dor, e alguns novos holofotes de ascenderam, incluindo um brilhando

desconfortavelmente no meu rosto. A luz também revelou que o homem não

tinha voltado sozinho.

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—Olha, Sydney,— Sheridan disse. —Nós te trouxemos uma amiga.—

O homem arrastou alguém até minha mesa. Emma. Eu quase a acusei de traição

bem ali. Afinal, ela era a candidata perfeita. Ela tinha os crimes da irmã para

compensar tanto quanto seus próprios. Ela já havia conseguido de mim a tinta

de sal e não tinha nada a perder me entregando, especialmente se pudesse

convencer eles da própria inocência. Ela também era a única pessoa que sabia

com certeza que eu estava percorrendo a base noite passada.

E ainda… havia um terror em seus olhos que me impediu de fazer qualquer

acusação. Talvez ela fosse a mais provável traidora, mas pela chance de não

ser, eu não pude insinuar que ela estava a par de qualquer dos meus planos. —

Quem disse que ela é minha amiga?— perguntei em vez.

—Bem, ela está prestes a partilhar da sua experiência,— disse Sheridan. —Se

não é uma base para amizade, eu não sei o que é.— Ela deu um aceno curto, e

Emma foi arrastada para fora da minha linha de visão. Outro assiste veio adiante,

me ajudando a sentar para assim eu ter uma visão melhor do que estava

acontecendo: Eles estavam amarrando Emma em uma mesa bem como a

minha.

—P-por favor,— ela balbuciou, tão desamparada na sua luta como eu tinha sido.

—Eu não sei de nada. Eu não sei sobre o que é isso.

—Ela está certa,— eu disse. —Ela não sabe de nada. Vocês estão perdendo

tempo.—

—Não nos importa o que ela sabe,— disse Sheridan alegremente. —Nós ainda

queremos saber o que você sabe. E se os métodos de persuasão que usamos

em você não funcionaram, talvez você fique mais receptiva os vendo em

outros.—

—Persuasão,— eu disse com nojo. —O P na porta é disso. Nós estamos no nível

mais baixo.—

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—De fato,— disse Sheridan. —Você passeou bastante no pequeno tour de

ontem a noite, julgando por todas as portas que você usou aquele cartão. Diga-

nos por que fez isso e como não apareceu em nenhuma das câmeras, ou

então…—

Ela deu outro aceno, e meio segundo depois Emma começou a gritar, eu entendi

o que aconteceu. Ela não me traiu. Ninguém traiu. Eu estraguei tudo sozinha. Eu

me preocupei que o cara que eu tinha o cartão reportaria a perda e o

desabilitariam. Sem duvidas ele reportou, mas melhor do que desativar, eles

esperaram pra ver se alguém o usaria. Seu sistema deve ter registrado cada

lugar em que foi scaneado. Eu fui uma idiota, deixando a trilha perfeita para eles

seguirem, com apenas o feitiço de invisibilidade me salvando da captura

imediata. Esperançosamente chequei lugares o suficiente para obscurecer

minhas intenções, especialmente desde que as salas de mecanismo não

requeriam acesso com cartão. As chances de ninguém saber o que eu fiz eram

boas.

Mas isso não salvou Emma de ser submetida à mesma tortura que eu fui. Minha

pele formigou, assistindo aquela dor afundar seu corpo, e me senti doente em

um jeito inteiramente novo.

—Ela é inocente nisso!— exclamei quando deram seu tempo. —O quão doente

vocês têm de ser para fazer isso?—

Sheridan riu. —Ninguém é verdadeiramente inocente – pelo menos não por aqui.

Mas se acredita que ela é, é ainda mais triste você a deixar sofrer assim.—

Eu olhei para Emma e me senti rasgada com a indecisão. Como eu poderia

desistir de todos os meus planos? E ainda, como eu poderia deixar isso

acontecendo? Minha deliberação foi lida como desafio, e eles recomeçaram o

procedimento. Eu não podia suportar assistir, e quando a próxima pausa veio,

deixei escapar, —O que você acha que eu estava fazendo? Eu estava

procurando pela saída.—

Sheridan ergueu sua mão para parar seja lá quem era o torturador não visível

manejando os controles. —Você obteve sucesso?—

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—Você acha que eu estaria aqui se tivesse?— rebati. —A única coisa que eu vi

foi na sala de controle da reflexão, e você a tem muito bem guardada.—

—Como você se moveu sem ser vista?— ela exigiu.

—Evitei suas câmeras,— eu disse.

Ao aceno de Sheridan, Ema foi submetida a mais dor, seu corpo se debatendo

como uma boneca de pano enquanto tentava lidar com as ondas de agonia

correndo através dela.

—Eu respondi!— exclamei.

—Você mentiu,— Sheridan devolveu friamente. —Não tem jeito de você ter

evitado todas elas. Ninguém notou nada nas câmeras, mas depois de extensa

revisão, nós encontramos um pequeno clip que mostra o que parece ser uma

porta de escadaria abrindo – bem pouco – sozinha. Nós quase perdemos isso e

só notamos em replays posteriores. —Explique.—

Eu permaneci em silêncio, pensando que poderia suportar assistir Emma ser

torturada de novo. Mas eu não podia. Não quando era por causa das minhas

ações. Seus gritos pareciam preencher cada parte da sala, e ela se contraia

contra as amarras em um esforço desesperado para aliviar a dor. Tentei

raciocinar comigo mesma enquanto aqueles gritos continuavam e continuavam,

aquele era apenas um desconforto temporário, e Emma sabia no que estava se

metendo quando começou a me ajudar. Certamente o bem maior valia o

sofrimento de uma pessoa?

Essa logica fria quase me convenceu até que eu finalmente vi lagrimas escorrer

de seus olhos. Eu cedi.

—Mágica!— gritei, tentando me fazer ser ouvida acima de seus gritos. —Eu usei

Mágica.— Sheridan sinalizou para a tortura parar e olhou para mim com

expectativa. —Eu me movi com mágica. Mágica humana. E se você acha que a

torturando vai conseguir que eu diga mais sobre isso, você está errada. Você

pode torturar ela e todo mundo desse lugar, e eu não vou dizer outra palavra.

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Falar sobre isso envolve pessoas do lado de fora, e perto delas, as pessoas

daqui não significam nada.—

Foi uma espécie de blefe. Eu não sabia se eu podia verdadeiramente aguentar

tortura em massa contra os outros detentos, mas ou Sheridan acreditou em mim

ou tinha preocupações maiores.

—Eu não acho que isso fosse acontecer de novo,— ela murmurou.

—Isso sempre acontece. Eventualmente,— disse seu colega. Ele gesticulou

para um dos assistentes na escuridão em direção a Emma. —A levante e a leve

de volta para seu andar. Não há como dizer que tipo de propagando prejudicial

foi espalhada. Nós vamos ter que fazer um retoque em massa.—

Meu coração afundou. Eu só cheguei a metade dos detentos! O resto da tinta

ainda estava escondida na minha cama.

—Eu não converti ninguém se é isso que te preocupa,— eu disse.

—Eu te disse, não há inocentes aqui,— disse Sheridan. —Leve Emma de volta

para seu nível, e coloque Sydney de volta na mesa.—

—Eu já te disse tudo que eu tenho pra te dizer,— protestei enquanto os

assistentes iam adiante. Emma foi arrastada para fora. —Sua tortura não

funcionou em mim antes.—

Sheridan deu uma risada baixa e gutural, e todas as luzes de apagaram de novo.

—Oh, Sydney. Agora que eu sei o que você é, eu não me sinto nenhum pouco

mal em aumentar a intensidade. Nós não sabemos tudo sobre usuários de

mágica humanos, mas se tem uma coisa que aprendemos com o tempo: Eles

são notavelmente adaptáveis. Então vamos começar.—

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Capítulo 16 Adrian

Quando a segunda noite sem contato com Sydney passou, eu soube que algo

definitivamente deu errado. Eu podia dizer que Marcus estava preocupado

também, mas ele deu seu melhor para tentar me relaxar.

—Olha, ela disse que tinha algum gás em seus quarto para apagá-los, certo?

Talvez os Alquimistas descobriram que estava desligado e consertaram de novo.

Ela viveu assim por três meses e não estava encrencada – quero dizer, não mais

que as encrencas habituais da reeducação.—

—Talvez,— eu admiti. —Mas mesmo que isso seja verdade, você não acha que

eles ponderam sobre quebrou em primeiro lugar? Ela poderia ser punida por

associação.—

O telefone de Marcus tocou antes que ele pudesse me responder, e eu gesticulei

para ele atender. Ele esteve no telefone quase sem parar desde que começamos

a nos aproximar de Death Valley, o que meio que fazia sentido. Nossa base de

operação havia, portanto, virado um hotel em uma cidade decadente quinze

milhas distante do parque estadual. Não havia restaurantes, então nós

conseguíamos toda nossa comida de uma loja de conveniência do outro lado da

rua dirigida por uma gentil mulher chamada Marvis, que constantemente se

preocupava comigo por causa do meu complexo. —Você precisa de mais sol,

querido.— Ela continuava dizendo.

O que você precisa é de sangue, Tia Tatiana havia comentado no momento. Não

dela, claro. Nós temos padrões. Ela estava certa sobre a primeira parte. Fazia

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alguns dias desde que eu tive sangue na Corte, e embora eu pudesse aguentar

mais um pouco antes de notar qualquer desconforto físico maior, esse era um

problema que eu precisaria solucionar eventualmente.

Enquanto Marcus falava no telefone agora, eu vaguei para a janela do nosso

quarto, que dava para a Rua Principal e para a loja de conveniência, assim como

para o posto de gasolina. Pelos padrões do hotel, aquela era a melhor paisagem

do lugar. Para minha surpresa, um carro familiar de repente entrou no

estacionamento do hotel, sua cor ensolarada era um contraste brilhante nessa,

diferente dele, cidade sombria. Sem dizer uma palavra a Marcus, eu me dirigi

para fora do quarto e desci as escadas.

Eddie e Trey estavam saindo do meu Mustang quando pisei do lado de fora.

Mesmo a essa hora cedo do dia, o calor consideravelmente aumentando, criando

miragens cintilantes no asfalto. —Sobreviveram as provas?— perguntei.

—Pela segunda vez na minha vida, sim,— disse Eddie.

—Elas ainda continuam hoje,— disse Trey. —Mas a Srta. T mexeu alguns

pauzinhos com os outros professores assim pudemos terminar ontem. Ela

mandou isso – para quando tivermos Sydney de volta.—

Eu aceitei uma pequena sacola que estava cheia com todos os tipos de

apetrechos de bruxa – ervas, amuletos, e um livro que não significava nada para

mim, mas provavelmente entusiasmaria Sydney. Quando tivermos Sydney de

volta. Trey tinha falado com tanta confiança, e eu esperava que fosse garantido.

Essas duas últimas noites tinham sido duras para mim.

—E eu trouxe isso,— disse Eddie, com um sorriso irônico. Ele u Hopper, que eu

tinha deixado no apartamento, ainda imortalizado em ouro. Eu toquei as finas

escalas esculpidas e então escorreguei o pequeno dragão para a sacola com os

outros itens mágicos. —Alguma atualização sobre Sydney?—

Eu acenei para eles irem adiante. —Vemos subir para o quartel general e para

fora desse calor.—

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Marcus estava fora do telefone quando voltamos para o quarto, e ele

cumprimentou os recém-chegados com acenos amigáveis. —Acabei de

confirmar que teremos três caras – bem, um é uma garota – vindo para nos

ajudar amanhã. Dois deles estiveram na reeducação. Eles não faziam ideia que

ficava aqui, claro, mas como pode imaginar, são do tipo que guardam rancor.

Eles tem alguma informação de como é o lugar por dentro, embora nem perto o

quanto eu gostaria. No entanto, nós finalmente conseguimos dados concretos

do exterior. Vocês não acreditariam, eles realmente se disfarçam como um

centro de pesquisa do deserto. Eles estão fora da propriedade do parque

também, provavelmente cerca de doze milhas de distancia de nós agora. Essa

é atualmente a cidade mais perto deles. Eu não ficaria surpreso se Alquimistas

parassem aqui para abastecer no caminho para o trabalho.—

Foram tudos bons dados, mas de repente pareceu defeituoso quando Eddie

perguntou, —Tiveram noticias de Sydney?—

O rosto de Marcus, que momentaneamente pareceu otimista, caiu de novo. —

Não. Estamos sem contato a duas noites.—

—Nós não precisamos fazer contato para invadir o lugar, certo?— perguntou

Trey. —Nós podemos apenas aparecer e libertá-la.—

—Claro,— concordou Marcus, —mas seria bom ter um contato do lado de dentro

enquanto acontece.—

Eu caí em uma das camas de canto do quarto, que rangeu sob meu peso. —E

seria bom apenas saber que ela está bem.—

—Uma pena não ter mais ninguém que possamos entrar em contato,— disse

Eddie. —Você não tem nenhum pista sobre os outros prisioneiros de lá?—

Marcus balançou a cabeça enquanto explicava o que eles sabiam, e o velho

desespero familiar começou se instalar sobre mim. Ficar sóbrio e usar espirito

diariamente era uma combinação mortal para minhas oscilações de humor, e eu

vinha lutando contra elas constantemente. O desaparecimento mais recente de

Sydney havia quebrado qualquer controle frágil ao qual eu vinha me agarrando

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até esse ponto. Seria maravilhoso se minha sanidade durasse até termos ela de

volta.

Sanidade é superestimada, meu querido, ouvi Tia Tatiana dizer.

Apertei meus olhos fechados. Vá embora, eu disse silenciosamente a ela. Eu

preciso escutar eles.

Pra que? Ela perguntou.

Preciso me focar. Eu preciso entrar em contato com Sydney para me certificar

de que ela está bem e conseguir informações do que está acontecendo lá dentro.

Sua garota humana já te deu informações. O espectro de Tia Tatiana disse. Você

só não deu ouvido.

Abri meus olhos subitamente. —Duncan,— eu disse em voz alta. Meus três

amigos olharam para mim atônitos.

—Você está bem?— perguntou Eddie, que ocasionalmente havia visto meu pior

lado.

—Duncan,— repeti. —Uma das vezes que conversei com Sydney, ela

mencionou um amigo que fez lá chamado Duncan, alguém que está lá por um

tempo. Se nós pudermos descobrir seu nome, conseguir uma foto… seria o

suficiente para eu formar uma ligação por sonho. Assumindo que o gás está

desligado para ele também.— Eu não estava certo sobre a logística do que

Sydney tinha desativado. —Além do mais, não é um nome comum. Você pode

descobrir alguma coisa?—

Marcus fez uma careta. —Talvez… dependendo do quando ‘um tempo’ é, um

dos ex-prisioneiros se juntando a nós amanhã podem até conhecer ele.—

—Então ligue para eles,— eu disse com firmeza. —Agora.—

—Se Sydney não entrou em contato porque o gás está ligado de novo, você não

será capaz de chegar a ele também.— Alertou Marcus.

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Levantei minhas mãos em exasperação. —Que outra escolha nós temos?—

Eu podia dizer que ele achava que era um tiro no escuro, mas algumas ligações

logo renderam resultados de um de seus caras – aquele que era uma garota. —

Ela disse que quando estava sendo mantida presa ano passado, havia um cara

chamado Duncan Mortimer lá,— Marcus nos disse um pouco depois. Ele já

estava em seu laptop, digitando enquanto falava. —Sem garantia de que seja o

mesmo cara, mas as chances parecem boas. Mortimer é um nome bem

conhecido. Me pergunto…—

Ele não elaborou sobre o que estava se perguntando e logo achou uma ficha de

Duncan, incluindo uma foto e algumas estatísticas breves. A maioria dos

usuários de espíritos não era capaz de formar uma ligação por sonho com

alguém que eles não conheciam, e eu senti de novo aquele lampejo ocasional

de orgulho por ser capaz de fazer algo que valia a pena. Quando fiquei satisfeito

com todas as informações que eu precisava dele, nós mudamos a marcha e

passamos o resto do dia debruçados nas informações de Marcus sobre a base

em si. Eu não tinha a mente tática que os outros tinham, mas tinha presença de

espirito considerável do meu lado e fui capaz de dar conselhos onde eu achava

ser útil.

Quando a noite – e o que eu denominava ‘hora de dormir da reeducação’ –

chegou, eu primeiro tentei alcançar Sydney e de novo não tive sorte. Isso nos

colocou no plano B, e eu coloquei Marcus no sonho. Ele foi dormir cedo por está

mesma razão. Como o cérebro da nossa invasão, era essencial que falasse com

Duncan. Marcus materializou perto da fonte do Getty Villa, examinando seus

braços e mãos como se nunca tivesse os visto.

—Isso nunca fica velho,— ele observou. —Você tem certeza que consegue

colocar esse cara aqui?—

Eu passei o dia memorizando a foto de Duncan e agora invocava aquela imagem

em minha mente enquanto usava espirito para tentar alcança-lo pelo mundo dos

sonhos, junto com o pouco que eu sabia sobre ele. Duncan Mortimer, idade 26,

originalmente de Akron, dormindo a doze milhas daqui. De novo e de novo, repeti

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esse mantra improvisado e me concentrei em seu rosto. Nada aconteceu

imediatamente, e primeiro, eu duvidei das minhas próprias habilidades antes de

aceitar que ele podia estar bloqueado como Sydney esteve. Então, momentos

depois, uma terceira pessoa se materializou com a gente.

Alto e magro, seu rosto definitivamente combina com o da foto que eu tinha visto.

Isso, e ele estava usando aquele mesmo uniforme bege horrendo em que

Sydney continuava aparecendo. Ele olhou ao redor com aquele tipo de

expressão interrogativa que a maioria das pessoas tinha quando eu as invocava

pela primeira vez, quando eles entendiam completamente que não era um sonho

ordinário.

—Huh,— ele disse. —Faz um tempo que não sonhava.—

—Isso não é um sonho,— eu disse, caminhando em direção a ele. —Pelo

menos, não o tipo que você está pensando. Eu criei com espirito. Adrian

Ivashkov.— Estendi minha mão para ele. —Estou aqui para falar com você sobre

Sydney Sage.—

A expressão de Duncan ainda parecia um pouco entretida, como se tudo

pudesse ser algum truque estranho do seu subconsciente, quando minhas

palavras finalmente foram absorvidas. —Ah, Cara. Você é ele. Você é o

namorado vampiro bonito e filosofo.—

—Ela disse que eu era bonito e filosofo?— perguntei. —Deixa pra lá. Por que eu

não consigo alcança-la? Onde ela está?—

—Em algum lugar que eu nunca soube de ninguém que volto,— ele disse

sombriamente. —Um lugar que eu nunca soube que existia até Emma ver.—

—Quem é Emma?— perguntou Marcus, se juntando a nós.

Duncan pareceu um pouco surpreso de ver outra pessoa aqui, mas então

pareceu aceitar como parte dessa experiência estranha. —Colega de quarto de

Sydney. Ex-colega de quarto desde que Sydney ganhou novas acomodações.—

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Eu estava à beira de mais um milhão de perguntas e então decidi ir direto a fonte.

—Você pode imagina-la? Essa garota Emma? Tipo, visualiza-la em sua cabeça

e pensar em tudo que sabe sobre ela.—

—Okay…— ele disse, uma pequena carranca aparecendo entre suas

sobrancelhas.

Se alguém que eu trouxe para o sonho pudesse imaginar alguém que eu nunca

conheci, eu poderia usar espirito para alcançar e usar a visualização como a

ancora para trazer a nova pessoa. Não era mais difícil do que trazer alguém que

nunca conheci, desde que meu foco mental estivesse no lugar. O de Duncan

devia estar porque alguns momentos depois, uma garota magra naquele mesmo

caqui apareceu ao lado dele. Nós rapidamente a atualizamos, explicando em

que tipo de sonho ela estava. O que pareceu a enervar mais do que fez a ele.

Mesmo Alquimistas liberais tinham problema com magica vampírica. Mas logo,

sua curiosidade ganhou.

—Foi assim que Sydney fez,— Emma disse. —Ela esteve em contato com você

via espirito. Por isso ela precisava do gás desligado.—

—Deve estar desligado para todos nós, se eu estou aqui,— disse Duncan. —

Não achei que ela conseguiria.—

Emma assentiu tristemente. —Era onde ela estava na noite em que foi pega.

Quero dizer, eu não acho que ela estava lá. Quando eu a vi, eles não pareciam

saber o que ela estava fazendo.—

—Okey, crianças,— eu disse. —Vocês precisam retroceder agora mesmo e

preencher com muito mais detalhes.—

Entre os dois deles, eles juntaram uma historia sobre como Sydney vinha

fazendo tinta anti-Alquimista às escondidas e então expandiu suas operações

para fechar um sistema de emergência que poderia render o lugar inteiro

inconsciente. Eu podia dizer que Marcus aprovava aquela estratégia, mas até

ele pareceu horrorizado quando Emma nos contou que o custo foi Sydney ser

pega.

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—Foi horrível,— Emma disse estremecendo, pálida. —Eu não sei como eles

fizeram. Deve ter sido construído na mesa. Eu também não sei como Sydney

não confessou quando eles fizeram com ela. Eu teria despejado tudo, mas ela

permaneceu de boca fechada… pelo menos até ela os ver fazerem comigo. Ela

disse a eles que usou magica. Me salvou… e a colocou problemas maiores.—

Meu coração afundou. —Porque ela é assim. Você não sabe onde ela está

agora?—

—Continua no quarto andar, eu suponho.— Disse Emma. —A menos que

tenham a movido de volta para a solitária.—

Marcus suspirou. —Bem, pelo menos isso responde para que esses andares são

usados.— Ele mediu ambos os prisioneiros, os avaliando antes de deixar cair a

bomba. —Nós estamos indo para libertá-la em breve. Todos vocês, na

verdade.—

A diferença de reações foi notável. Emma se iluminou. Duncan jogou suas mãos

com desgosto e se afastou. —Duncan,— ela exclamou. —Volte.—

Ele parou e se virou. —Por que? Eu não quero ouvir isso. É fútil.—

—Você nem ouviu o plano,— disse Marcus, quase soando magoado.

—Não importa,— disse Duncan. —Vocês não podem chegar lá. Vocês não

podem nos soltar. Mesmo que possam, então o que? Para onde nós vamos?

Vocês não acham que eles vão procurar pela gente?—

—Eu sei que vão,— devolveu Marcus uniformemente. —E eu me certificarei que

estejam escondidos,—

Duncan ainda parecia cético, mas ema estava claramente a bordo. —O que você

precisa da gente?—

—O tanto de detalhes do lado de dentro que vocês possam nos contar,— disse

Marcus. —Idealmente onde é a porta principal para nos deixar entrar. Ninguém

que esteve lá alguma vez viu a saída.—

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—Sydney viu,— disse Emma. —Eu ouvi. Fica no andar com as celas de solitária,

na sala de controle deles. Ela fez soar como se tivesse um monte de gente lá,

no entanto.—

—Eu imaginei,— disse Marcus. —Se for o único caminho de saída e entrada

deles. Esse lugar soa como um perigo de incêndio esperando para acontecer.—

—Na verdade alguma vez houve um incêndio?— perguntei. Eu queria participar

do plano, mas estava tendo um tempo difícil superando a ideia de Sydney

trancada e torturada em algum lugar. —Alguma razão para evacuar vocês?—

Emma olhou para Duncan para uma resposta. Ele balançou a cabeça. —Não.

Acho que teve um incêndio na cozinha uma vez, uns dois anos atrás, mas eles

agiram bem rápido para por fim naquilo. Teria que ser muito sério para tirarem

todos nós de lá.—

Eu podia ver as engrenagens na cabeça de Marcus girando. —Alguma chance

de vocês puderem começar um incêndio? Conseguir acesso a algo

inflamável?— ele perguntou.

—Sydney poderia incendiar todo o lugar se estivesse livre,— murmurei.

—Eles fazem de tudo para minimizar nossa exposição para coisas inflamáveis,—

disse Emma. Alguma coisa pequena mudou na expressão de Duncan, e ela

também notou. —O que, você sabe algo que eu não sei?—

Ele deu de ombros. —Não importa.—

—Sim, importa!— ela marchou até ele e bateu em seu peito com os punhos. —

Se você sabe algo que pode os ajudar, nos diga! Pare de ser um covarde. Atreva-

se a ter esperança de que possa haver um meio de sairmos disso! Se você não

estivesse com tanto medo de ajudar Sydney a encontrar aqueles controles de

gás, talvez ela não tivesse sido pega.—

Duncan se encolheu como se tivesse sido atingido na cara. —Não tinha nada

que eu pudesse fazer! Eles já estavam em cima dela.—

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—Então faça o que ela fez ter valido a pena,— gritou Emma. —Você quer

realmente viver o resto da sua vida assim? Por que eu não quero. Eu quero sair.

Eu não me importo se tiver que ficar fugindo. É melhor do que viver nessa

existência presa. Você deveria se sentir da mesma forma.—

—Você acha que eu não sinto?— ele respondeu com raiva.

Ela jogou suas mãos. —Honestamente? Não. Tudo que eu vejo é que você é

muito covarde, mesmo para nossos captores.—

Ele deu uma risada áspera. —Você acha que é por isso que eu estou lá?—

—Você nunca saiu da linha. Porque mais eles o manteriam lá por tanto tempo?—

ela exigiu.

Ele não respondeu, mas Marcus sim. —Porque ele é filho de Gordon e Sheila

Mortimer.—

Os olhos de Emma se arregalaram levemente. —Sério?—

—Quem?— perguntei, me sentindo perdido.

—Eu descobri quando soube seu nome completo,— continuou Marcus. —Eles

são Alquimistas muito poderosos, Adrian.—

—Aqueles que não podem arriscar que o resto do mundo saiba como seu filho

quebrou as regras para ajudar algum Moroi enquanto estava em uma

atribuição.— Adicionou Duncan amargamente. Ele se voltou para Emma. —Por

isso eu estou sendo segurado por tanto tempo – e o porquê eles vão continuar

me segurando. Mesmo que eu seja o detendo mais bem comportado de lá, meus

pais não podem arriscar a vergonha do passado de seu filho voltar para

assombra-los.—

—Então não os deixe ganhar!— exclamou Emma. —Lute de volta. Não os deixe

te jogar de lado assim. Nos ajude com isso. Por si mesmo. Por Chantal, quando

você a encontrar.—

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O nome não significava nada para mim, mas atingiu Duncan em cheio. —Não há

como encontra-la.— Ele disse melancolicamente.

—Eu posso encontra-la,— interrompeu Marcus. —Seja quem for, eu tenho

contatos ao redor do mundo todo – muitos deles ligados aos Alquimistas. Pode

levar um tempo, mas nós vamos encontra-la. Nós encontramos Sydney, não

encontramos?—

Duncan ainda parecia incerto, e Emma apertou sua mão. —Por favor, Duncan.

Faça isso. Arrisque. Comece a viver. Não deixe eles tirar tudo de você.—

Duncan fechou seus olhos e deu algumas respiradas firmes. Embora o quão

ansioso eu estivesse para salvar Sydney, não pude evitar me sentir um pouco

mal por ele. Alquimistas, mesmo imbecis como Keith, eram pessoas geralmente

brilhantes e competentes. Duncan sem duvida era igualmente capaz – e

provavelmente ainda era. Era terrível que pessoas como ele pudessem ser

desgastadas assim, e rezei para que pudéssemos chegar a Sydney antes que

fosse tarde de mais.

—Sim,— ele disse por fim, abrindo seus olhos. —Sim, eu sei como começar um

incêndio.—

Nós passamos o resto da noite fazendo planos com eles. Marcus e os

prisioneiros estavam dormindo o tempo inteiro, mas eu estava exausto quando

o sonho acabou, logo antes do nascer do sol. Meu corpo esteve acordado a noite

toda, e meus olhos, quando os vi no espelho, estavam injetados com sangue o

suficiente para ser de Strigoi. Eddie e Trey estiveram dormindo e estavam

ansiosos para ouvir o que havia acontecido durante a noite.

—Durma um pouco,— Marcus me disse. —Vou informa-los durante o café e

fazer arranjos com os outros. Vai acontecer hoje.—

Eu deitei na cama barata depois dos três partirem, certo de que eu nunca

dormiria estando tão perto de libertar Sydney. Era tudo em que minha mente

conseguia pensar. Meu corpo sabia melhor, no entanto, e pareceu apenas que

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minutos tinham passado quando mais tarde eu encontrei Marcus me acordando.

—Levante e brilhe,— ele disse. —A cavalaria está aqui.—

Eu semicerrei contra a luz da tarde e acenei meu caminho através das

apresentações ao apoio de Marcus, um trio chamado Sheila, Grif, e Wayne.

Todos eles fizeram consideráveis planos enquanto eu dormia, me deixando

descansar o máximo possível. Marcus me acordou para me deixar a par com os

recém-chagados, me deixando explicar melhor meu papel para eles enquanto

eu, por minha vez, ficava sabendo dos pequenos ajustes que foram feitos

durante o dia. Não foram muitos, embora mais detalhes tivessem certamente

sido finalizados, e a equipe de Marcus tinha feito um bom reconhecimento ao

redor do lugar de fato. Depois de tudo decidido. Nos vimos na estrada, e eu tive

que aceitar a realidade impossível de que eu estava finalmente indo atrás de

Sydney.

Entre meus amigos e os recrutas de Marcus, nós tínhamos uma verdadeira

caravana. Ele conseguiu que um de seus caras trouxesse uma van, com o plano

de que ela seria utilizada para levar os detentos. Depois de ver a reticencia de

Duncan, eu questionei se sequer conseguiríamos que viessem com a gente, mas

Emma nos garantiu que conseguiríamos. Quando Sydney foi levada, Emma

tinha encontrou o resto da tinta de sal no quarto delas e a usou para comprar a

lealdade de alguns dos outros detentos. —Eles vão fazer o que nós dissermos,—

ela me disse com um sorriso. —E se certificarão que todo mundo faça também.—

A uma milha da base, nossa caravana se dividiu em duas. Marcus, além de tudo

no meu carro, e seus associados na van foram para um local onde pudessem

estacionar fora do perímetro da base, a qual eles iriam se aproximar a pé. Eddie,

Trey, e eu iriamos direto pela porta da frente dos Alquimistas, com lírios dourados

em nossas bochechas que Sheila havia pintado meticulosamente em nós para

parecermos indistinguíveis do real. Essa parte do plano tinha sido um pouco

controversa, já que Marcus teria sido a escolha ideal para ir e bancar ser o

Alquimista. Seu rosto era muitíssimo conhecido, no entanto, e eu não tinha a

habilidade magica pra alterar ambas minha aparência e a dele. Talvez se eu

precisasse apenas parecer com um Moroi que não se assemelhasse com Adrian

Ivashkov, eu pudesse obscurecer nós dois, mas eu tinha que mudar

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completamente minha raça. Sob nenhuma condição normal nenhum Moroi iria a

um prédio de reeducação.

Nós estávamos no Pirus do Marcus (—É totalmente uma coisa Alquimista de se

dirigir,— ele nos assegurou) e dirigimos direto para garagem e um posto de

controle dirigido por um cara em uma cabine. Ele checou as Identidades

Alquimistas falsas que Marcus tinha feito para gente e então acenou para irmos

adiante. Isso correu de acordo com o plano. Marcus tinha explicado que um

guarda no portão iria eletronicamente combinar nossas identidades com

qualquer coisa no banco de dados deles. Isso tinha acontecido de fato quando

entramos no prédio.

—Sério, vocês não imaginam o déjà vu que eu estou sentindo agora,— Eddie

comentou, uma vez que estacionamos. E tinha vários outros veículos de uso

consciente de combustível sustentável. —Isso é estranhamente familiar a

quando Rose, Lissa, e eu soltamos Victor Dashkov. É meio perturbador.—

—Exceto que ele era um criminoso barra pesada que merecia seu destino,— eu

disse. —O que estamos fazendo agora é do lado da justiça, resgatando aqueles

que precisam.—

—Oh, eu sei,— ele disse. —Eu só estava pensando em como aquela fuga não

foi sem contratempos, e nós só soltamos uma pessoa – não uma dúzia.—

—Isso quase torna mais fácil,— disse Trey otimista. —Quero dizer, é tudo ou

nada. Você não tem que contar com a sutileza que teria soltando apenas uma

pessoa. Nós estamos abrindo as portas desse lugar.—

—Com isso que eu estou preocupado,— disse Eddie.

A entrada da suposta base de pesquisa do deserto certamente parecia

impressionante e cientifica. Toda a arquitetura era de vidro e metal, com

paisagens emolduradas que eram supostamente a chave para o funcionamento

do lugar. Uma porta de vidro levava para a esquerda, para uma ala onde o

contato interno de Marcus tinha nos dito ser onde os Alquimistas que

trabalhavam no local viviam. Uma mulher jovem sentava na recepção, com uma

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porta mais sinistra e sem identificação atrás dela que foi nos dito que deveria

uma entrada para o covil da reeducação. Ela olhou para cima com a nossa

entrada, assustada.

—Meu Deus,— ela disse. —Eu nem vi vocês entrarem nas câmeras de

segurança.—

—Desculpe por isso,— eu disse, enviando carisma induzindo com espirito. —

Espero que não tenhamos te assustado,— Um dos homens alegres* (referência

a Robin Hood) entrou em campo mais cedo e encontro uma forma de deixar as

câmeras externas em loop, isso esconderia a aproximação de todos. Isso era

bom para mim, desde que meu disfarce com o espirito não funcionaria nas

câmeras, e bom para Marcus, cuja forma não estava nem tentando ser

subterfugiada.

—Não, nem um pouco.— A garota sorriu para nós, mostrando que minha ilusão

estava funcionando. —O que posso fazer por vocês?—

—Estamos aqui para ver Grace Sheridan,— eu disse, mostrando rapidamente

minha identificação. Eddie e Trey fizeram o mesmo. Conseguir o primeiro nome

dessa Sheridan tinha sido outra joia adquirida por Duncan.

As sobrancelhas da recepcionista se juntaram enquanto pegava nossas

identificações para scanear. —Eu não fui avisada de nenhum compromisso. Me

deixe ligar para ela.—

Sua conversa no telefone murmurada foi sobre o que esperávamos, como sua

surpresa quando scaneou nossas Identidades e seu computador disse que não

existíamos.

—Nossa departamento é um pouco – como eu devo dizer – clandestino,—

explicou Trey. —Não há registro de nós porque geralmente não gostamos de

anunciar o que investigamos. No entanto, nós estendemos que houve um

ressurgimento sobre isso aqui, e que a Senhorita Sheridan está no centro do

caso.—

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A recepcionista transmitiu aquela mensagem enigmática pelo telefone e desligou

alguns minutos depois. —Ela verá vocês. Direto por essa porta, por favor.—

Eu fui adiante, incerto do que esperar. Pelas histórias, arames farpados e

correntes nas paredes não teriam me surpreendido. Os alquimistas ainda

estavam bancando o —Negócios casuais— no térreo, no entanto, enquanto

entravamos na sala que parecia bem de acordo com o estilo do lobby – com uma

exceção.

Seis homens permaneciam de guarda na sala, alinhados estrategicamente ao

redor de duas portas: um elevador e uma escadaria. Os homens vestiam ternos

e tinham lírios dourados nas bochechas e estavam entre os maiores e mais

bombados que eu já tinha visto entre os Alquimistas. O departamento de RH

deles deve ter procurado muito extensivamente para encontrar os espécimes

mais musculosos em seus bancos de genes. O mais intimidante de tudo, no

entanto, era que cada homem tinha visivelmente uma arma – uma arma real que

podia matar, não do tipo tranquilizante pequena e elegante ao qual Marcus havia

dissimuladamente armado Trey e Eddie. Marcus tinha dito que as consequências

já seriam grandes o suficiente sem nós deixando fatalidades para trás e também

se preocupava com inocentes sendo feridos na briga (é preciso dizer que

ninguém sugeriu me dar uma arma).

Eu mantive um sorriso tranquilo no rosto, como se fosse totalmente normal ver

um bando de caras armados lá para impedir um grupo indefeso de prisioneiros

de escapar e ter um pensamento livre. O elevador apitou, e uma mulher jovem e

bem vestida saiu. Ela era bonita no jeito que dizia que podia enfiar uma adaga

através do seu coração e ainda continuaria sorrindo o tempo inteiro. Ela manteve

aquele sorriso enquanto fazíamos as apresentações.

—Temo que tenham me pego fora de guarda aqui,— ela disse. Ela se inclinou

um pouco para frente para ler minha etiqueta de identificação. —Eu não estava

esperando por vocês. Eu não estava nem ciente que havia um Departamento de

Transgressões Ocultas e Secretas.—

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—A TOS não faz muitas aparições – certamente não muitas públicas,— eu disse

com firmeza. —Mas quando um desastre dessa magnitude chega a minha mesa,

não temos outra escolha se não intervir.—

—Desastre?— Sheridan perguntou. —Isso é meio que um exagero. As coisas

estão sob controle.—

—Você está dizendo que um dos seus detentos não usou recursos mágicos

ilegais para escapar do seu controle e conduzir assuntos que você continua sem

entender completamente?— exigi. —Eu dificilmente chamaria isso de sob

controle.—

Ela corou. Sério, eu merecia um Oscar. —Como você sabe sobre isso?—

—Nós temos olhos e ouvidos que você nem sonha,— eu disse a ela. —Agora.

Vai cooperar com a nossa investigação, ou eu preciso ligar para ambos nossos

supervisores?—

Sheridan vacilou e então lançou um olhar constrangido aos guardas estoicos. —

Vamos conversar aqui,— ela disse, gesticulando para irmos para o que parecia

um pequeno escritório adjacente a sala. Nós seguimos, e ela fechou a porta tão

logo quanto todos nós entramos. —Olha, eu não sei quem vem lhes contando

histórias, mas nós realmente temos tudo bem em –—

O grito de um alarme de incêndio no canto do cômodo a interrompeu. Foi seguido

de um som de estalo, e uma voz de repente veio de um pequeno walkie-talkie

anexado a seu cinto. —Sheridan? É a Kendall. Nós temos uma situação.—

Sheridan ergueu o walkie-talkie. —Sim, posso ouvir o alarme. Onde é isso?—

—Múltiplas localizações no nível dois.—

Sheridan estremeceu com a palavra —múltiplas.— —O quão grande eles são?—

Ela gritou de volta. —Os irrigadores devem ser capazes de conter.— Ela olhou

para o teto e pareceu surpresa. —Os seus estão ligados? Eles deveriam disparar

universalmente em incêndios múltiplos. O lugar todo deveria estar em baixo

d’agua.—

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—Não, nada aconteceu ainda,— a voz respondeu. —Devemos esperar? Ou quer

que evacuemos?—

Sheridan olhou para o walkie-talkie em descrença e então de volta para os

irrigadores no teto. Duncan tinha dito que havia poucas situações que de fato

causariam a evacuação de toda a base, então saímos do nosso caminho para

criar uma. Aparentemente, a professora de arte deles estava lutando contra o

habito de fumar, e junto com um estoque enorme de chiclete, ela mantinha

cigarros e fósforos em sua mesa. Entre aquilo e um suprimento de removedor

de tinta, ele fez arranjos com outros detentos de começar incêndios

simultaneamente no andar de vivencia deles. Era perigoso o suficiente naquelas

condições, mas um dos camaradas de Marcus tinha encontrado um controle

exterior do sistema de água da base e tinha sabotado para impedir os irrigadores

de dispararem.

O walkie-talkie estalou de novo. —Sheridan, copia? Você quer que

evacuemos?—

Estava claro pela cara de Sheridan que ela nunca, jamais esperava tomar uma

decisão como aquela. Depois de alguns segundos, ela finalmente respondeu. —

Sim – você tem minha autorização. Evacuem.— Ela nos deu um breve olhar

enquanto se lançava para porta. —Com licença, temos uma emergência.—

Na outra sala, os guardas estavam em alerta total pelo grito dos alarmes de

incêndio. —Nós temos um código laranja.— Ela gritou para eles. —Estejam

prontos. Vocês dois organizem os detentos ali. O resto de vocês, mantenham

suas armas em punho, e preste atenção em–—

O walkie-talkie estalou de novo, dessa vez com uma voz de homem. —Sheridan,

você está ai?—

Ela franziu. —Kendall?—

—Não, é Bexter. Algo está errado. Os detentos – eles estão tomando controle –

resistindo as nossas ordens.—

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Sheridan empalideceu. —Faça com que o centro de controle comece a disparar

o gás. Apague todo mundo. Nós vamos conseguir mascaras e mandar gente

para tirar vocês e–—

—Já tentamos! O sistema parece estar desativado.—

—Desativado?— Exclamou Sheridan. —Isso–—

A porta que conduz vinda do lobby de repente arremessou aberta, e Marcus e

seus associados apressaram-se para dentro, empunhando aquelas pequenas

armas de dardos. Elas podiam não ser tão letais quanto às armas reais, mas

ainda eram efetivas, especialmente quando juntadas ao elemento surpresa.

Eddie e Trey tinham as suas sacadas em um piscar, e dentro de segundos, a

quantidade de Alquimistas diminuiu. Apenas dois deles conseguiram atirar – tiros

que foram selvagens – antes de colapsarem com os tranquilizadores. Marcus

empurrou uma recepcionista apavorada para a sala e avaliou a situação. Ele

ordenou que Grif e Wayne empilhassem os corpos inconscientes no escritório

enquanto Sheila ficava de guarda em Sheridan e a recepcionista. Eu deixei meu

disfarce de espirito cair, e ambas as Alquimistas engasgaram quando

perceberam que tinham socializado com um Moroi. O choque aumentou quando

Sheridan olhou duas vezes e percebeu quem Marcus era.

—Você!— ela cuspiu.

Ela não teve chance de elaborar. Momentos depois, a porta para as escadas

abriu, e foi quando o caos real começou. Uma mistura de detentos vestidos de

caqui vinha derramando-se ao lado de funcionários Alquimistas vestidos mais

formalmente. Alguns dos detentos pareciam com medo e sem vontade de estar

lá e estavam sendo literalmente arrastados por seus colegas, me lembrando de

como Emma disse que se certificariam de que todos sairiam. Marcus

rapidamente começou um sistema que era o oposto do que Sheridan tinha

intencionado na evacuação: Detentos e Alquimistas eram divididos quando

emergiam, com o ultimo – e muito chocado – grupo sendo posto sob guarda

pesada. Eu assisti a tudo ansiosamente, minha mandíbula apertada tão forte que

estava começando a machucar. Ninguém que eu conhecia estava com o grupo

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saindo inicialmente, mas era de se esperar Quando eles começaram a diminuir,

meu nervosismo realmente aumentou.

É isso, eu pensei. A qualquer minuto agora, Sydney vai sair com Emma e

Duncan.

E então, Emma e Duncan emergiram – sem Sydney.

—Que diabos?— exclamei. —Cadê ela? Vocês disseram que iriam pegá-la!—

—Nós tentamos,— Emma chorou. Ela jogou quatro cartões de Identificação no

chão. —Nenhum desses abriu as portas do quarto andar. Eles não devem ter

acesso… mesmo embora eu tenha visto alguns deles indo para aquele andar no

passado.—

Me virei para Sheridan em fúria. —Por que as portas do quarto andar não

abririam?— Gritei. —Quem tem acesso?—

Sheridan deu um passo se afastando de mim. —Aqueles são os nossos

prisioneiros mais perigosos,— ela disse, reunindo a dignidade que pôde. —O

sistema os trancam automaticamente em um evento como esse. Acesso de

cartão normal é desativado. Eles são muito perigosos para escapar.—

A implicação completa de suas palavras me atingiu. —Então você apenas deixa

eles lá para morrer? Que tipo de bastardos doentes vocês são?—

Seus olhos estavam arregalados de medo, mas se era por causa da minha

indignação ou sua própria consciência, eu não podia dizer. —É um risco que

corremos – é um risco que meu próprio povo corre. Dois deles estão trancados

lá em baixo também, um com cada prisioneiro.—

—Vocês são ainda mais problemáticos do que eu imaginei,— rosnou Marcus. —

A identidade de alguém deve funcionar. A sua funciona?— quando ela

concordou relutantemente, ele arrancou de sua jaqueta. —Os irrigadores devem

ligar. Uma vez que fizerem, nós descemos e os pegamos. É improvável que o

fogo se espalhe para aquele andar, mas as escadas vão estar–—

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—Uh, Marcus,— disse Grif inquieto. —Os irrigadores já deveriam ter ligado. Eu

não ajustei o atrasado por tanto tempo.—

Marcus ficou boquiaberto. —O que diabos você está dizendo? Você os sabotou

permanentemente?—

—Não intencionalmente! Era supostamente apenas para durar o suficiente para

instigar a investigação.—

—Então vá lá e de outra olhada!— gritou Marcus. —E traga o guarda do portão

de volta com você.—

Ouvi o suficiente. Mais do que o suficiente. Sydney estava lá em baixo, trancada

em um quarto enquanto um incêndio deflagrava três andares acima dela e

poderia estar a caminho. Eu caminhei até Marcus e tomei a Identificação de

Sheridan dele antes de voltar a ela. —Quantos estão lá em baixo? Você disse

dois prisioneiros e dois funcionários. Mais alguém?—

Ela fez uma contagem rápida dos Alquimistas encurralados. —Todo o m-meu

pessoal está aqui,— ela gaguejou.

—Estamos todos aqui também,— disse Emma. —Seis extras que pegamos do

andar da solitária. Nós invadimos cada cela.—

—Certo,— eu disse. Marchei até para a porta das escadas e a atirei aberta.

Enquanto não estava exatamente enfumaçada, havia uma leve névoa no ar que

não era um bom pressagio para o progresso do fogo. —Eu estou indo pelos

outros quatro. Alguém vem comigo?—

Eu imediatamente senti Eddie do meu lado. —Precisa perguntar?—

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Capítulo 17 Sydney

Levou um tempo para eu perceber que o alarme de incêndio tinha disparado.

Primeiro, eu achei que fosse algum tipo de reviravolta nova na tortura.

Diferente do tempo de reflexão, quando os Alquimistas exibiam seu poder nos

colocando para dormir a força, aqueles liderando o assim chamado andar da

persuasão tinha uma grande ênfase em nos manter acordados. A estudiosa em

mim, que vagamente lembrava-se de ter lido artigos sobre técnicas de

interrogação e tortura, entendia isso. Quanto mais privada de sono você está, é

mais provável de escorregar e dizer algo que não tinha intenção. Na reflexão, e

mesmo enquanto vivendo com os outros detentos, nunca me senti inteiramente

descansada, mas o que eu experimentava agora estava em um nível

completamente diferente.

Quando eu não estava sendo torturada e recebendo as mesmas perguntas de

novo e de novo, eu era submetida a luzes cegante e barulhos irritantes para

terem certeza que eu não cairia em nenhum tipo de descanso real. Não havia

necessidade de gás para me impedir de sonhar; nunca cheguei nem perto o

suficiente do sono REM para isso ser um problema. Eu logo perdi a noção do

tempo de novo, e mesmo as refeições irregulares (mais mingau morno) e pausas

para o banheiro me ajudaram com isso.

Eu permaneci resistente, apesar do quão excruciante a experiência era. Eu

continuei com minha história de que eu estava procurando por um jeito de sair

na noite em que fui pega, e me recusei dizer a eles qualquer detalhe sobre a

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quanto tempo eu vinha praticando magia e quem havia me ensinado. Não

parecia provável que eles fossem fazer alguma coisa para a Srtª Terwilliger, mas

sem chances eu arriscaria. Eu deixaria eles me dilacerarem antes de eu proferir

seu nome para eles.

Quando o alarme gritando e a luz estroboscópia no canto da sala pararam, me

despertou do estado de cochilo frágil que eu estava curtindo. Aqueles momentos

eram raros, e fiquei triste de o ver terminar, especialmente desde que eu sabia

o que estava por vir. Fora a luz do alarme, o quarto estava na escuridão, então

eu não fazia ideia de quantas pessoas estavam lá até eu ouvir um homem

falando em um telefone ou radio. Seu nome era Grayson, e ele vinha sendo uma

companhia constante na execução das minhas sessões de tortura e

interrogatório – quando Sheridan não fazia pessoalmente.

“Alô?” ele disse. “Aqui é Grayson em P2. Tem alguém ai? É uma simulação?”

Se houve alguma resposta, eu não ouvi. Depois de mais algumas tentativas, eu

o ouvi na porta, como se estivesse tentando abri-la.

“Algo não está de acordo com os planos dos Alquimistas?” eu perguntei. Eu não

tinha certeza se ele tinha me ouvido acima do barulho, especialmente desde que

eu não era capaz de colocar muito volume na minha voz. Mas quando ele falou

de novo, ele estava bem ao meu lado.

“Quieta,” ele mandou. “E reze para que nós realmente saiamos daqui. Não que

eu espere que as suas orações funcionem.”

A tensão em sua voz me disse mais que suas palavras, e eu me esforcei para

colocar meu cérebro apodrecido em foco e avaliar o que estava acontecendo.

Seja lá o que estivesse acontecendo, definitivamente não era parte de nenhum

plano, e Alquimistas odiavam quando seus planos davam errado. A pergunta era:

isso era uma vantagem para mim ou não? As coisas eram tão regimentadas na

reeducação que seria preciso algo extraordinário para realmente bagunça-los…

e Adrian era a pessoa mais extraordinária que eu conhecia.

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Depois de Grayson falhar em se comunicar com o lado de fora mais algumas

vezes, eu me atrevi a falar de novo. “Realmente tem um incêndio?”

Alguns daqueles holofotes irritantes ascenderam, um iluminando ele, o outro

brilhando bem nos meus olhos. “Muito provável. E se tiver, nós também muito

provavelmente vamos morrer,” ele disse. Eu podia ver suor em sua testa, e tinha

uma margem de incerteza em sua voz, apesar da recepção fria. Notando minha

leitura minuciosa – e que eu observava suas fraquezas – ele fez uma careta.

“Quem sabe? Talvez no fogo, sua alma finalmente seja purificada de seus –“

Um clique na porta precedeu sua abertura, e Grayson se virou surpreso,

misericordiosamente terminando seu discurso. Eu não podia ver seu rosto, mas

eu meio que desejava poder quando ouvi uma voz familiar dizer, “Sydney?”

Meu coração saltou, e uma esperança que eu não sentia a anos me encheu de

novo. “Adrian?”

Imediatamente, minha esperança esmaeceu. Suspeita nascida de semanas

vivendo em paranoia tomou lugar. Isso era um truque! Tinha de ser um truque.

Eu perdi contato com Adrian. Ele não poderia já ter me encontrado. Ele não

poderia ter invadido aqui. Esse provavelmente era o mais recente em uma longa

lista de truques dos Alquimistas para tentar bagunçar com a minha cabeça… e

ainda, quando eu ouvi sua voz de novo, eu estava certa de que era ele.

“O que diabos você fez com ela?”

Eu queria vê-lo, mas as amarras não permitiam. O que vi foi Grayson puxar o

que parecia uma arma de seu lado e mirar. Isso foi o mais longe que ele

conseguiu antes de a arma literalmente voar de sua mão e desmoronar do outro

lado da sala. Ele ficou boquiaberto com descrença. “Que coisa maligna é –“

Alguém que parecia muito com Eddie entrou atropeladamente na sala escura,

derrubando Grayson de seus pés. Eles caíram fora da minha linha de visão, e

de repente, minha visão estava preenchida com a imagem mais bonita que eu

poderia esperar: Adrian.

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Por alguns segundos, aquela duvida me atormentou de novo, de que era apenas

mais uma decepção por parte dos Alquimistas. Mas não, ele estava diante de

mim. Adrian. Meu Adrian, olhando para baixo com aqueles olhos verdes

penetrantes. Eu senti uma aflição no meu peito enquanto emoção

momentaneamente me dominava. Adrian. Adrian estava aqui, e eu me atrapalhei

em encontrar algo para dizer, alguma forma de transmitir todo o amor e

esperança e medo que tinha construído dentro de mim nesses últimos meses.

“Você está de terno?” eu consegui por fim, minha voz sufocando. “Você não tinha

que se produzir para mim.”

“Quieta, Sage,” ele disse. “Eu farei as piadinhas hilárias durante esse resgate

arriscado.” Seus olhos, quentes e cheios de amor, seguraram os meus por um

momento, e eu pensei que derreteria. Então se estreitaram com determinação

enquanto ele se focava nas varias amarras me segurando. “O que em nome de

Deus é isso? Algo da idade média? É preciso de uma chave?” Enquanto isso, no

fundo, Eddie e Grayson continuava jogando um ao outro pela sala.

“Eu nunca vi eles usando uma,” eu disse a Adrian.

Levou algumas tentativas, mas ele finalmente descobriu como desfazer uma

amarra. Uma vez que tinha pegado o jeito, o restante logo se seguiu, e eu estava

livre. Adrian cuidadosamente me ajudou a sentar, bem a tempo de eu ver Eddie

prender Grayson em um dos holofotes. Eddie apontou uma arma atrás da cabeça

dele, o que me surpreendeu de primeira, mas mesmo na luz fraca, eu podia dizer

que havia algo incomum sobre aquela arma.

“Levante,” disse Eddie, erguendo sua vitima. “Lentamente. E coloque as mãos

na cabeça.”

“Eu prefiro morrer queimado a ser prisioneiro de alguma criatura maligna do

inferno!” devolveu Grayson, embora ainda estivesse dominado.

“Fique tranquilo, nós não vamos manter você prisioneiro,” disse Adrian. “Nós

estamos salvando seu traseiro idiota assim você pode se juntar ao resto dos

seus colegas estúpidos.”

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Eddie olhou ao redor. “Acha que tem algum tipo de amarra para ele por aqui?”

“Tenho certeza,” eu disse. Comecei a sair da mesa, mas uma onda de tontura

me atingiu. Me virei para Adrian. “Cheque os lados da sala. É onde os

suprimentos estarão.”

Adrian se apressou para olhar e primeiro encontrou algo igualmente útil: um

interruptor mestre de controle que ascendeu as luzes através do quarto. Isso me

fez semicerrar os olhos depois de tanto tempo no escuro, mas a visibilidade

adicional logo o permitiu encontrar prateleiras cheias de suprimentos, incluindo

algumas abraçadeiras de nylon que ele usou em Grayson. Varias químicas e

controles também estavam nas prateleiras, junto com cadeiras e óculos de visão

noturna para que os outros Alquimistas pudessem assistir ao show de tortura

quando as luzes estivessem apagadas. Isso me enjoou, e tive que desviar meus

olhos.

“Você consegue andar?” Adrian me perguntou.

“Eventualmente,” eu disse.

Ele deslizou um braço ao redor de mim, e minhas pernas ameaçaram ceder. Sua

força, me fortaleceu, tanto física quanto mentalmente e fui capaz de fazer um

lento progresso para fora da sala com a ajuda dele. Eddie se movia a nossa

frente, guiando Grayson em um ritmo acelerado. Quando alcançamos os

corredores, onde também tinha alarmes, mas sem sinal de fogo, Eddie virou para

seu prisioneiro.

“Qual é o outro quarto ocupado?” Quando Grayson não respondeu, ele olhou em

seu rosto. “Vamos lá! Estamos tentando salvar o seu colega aqui.”

“Eu prefiro morrer a abandonar meu dever ou pedir sua ajuda.” Rosnou Grayson.

Eddie suspirou e estendeu sua arma para Adrian. “Mantenha nele enquanto eu

checo os quartos.”

Eu tinha bastante certeza de que Adrian nunca tinha usado nenhum tipo de arma

em sua vida, mas ele conseguiu parecer bem convincente enquanto a mantinha

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apontada para Grayson. Me encostei contra a parede e assisti enquanto Eddie

scaneava um crachá de identificação em cada porta, a abria, e olhava dentro.

Em sua terceira tentativa, eu o vi precipitar-se em uma sala. Eu não podia ver o

que aconteceu, mas podia ouvir os sons de discussão.

Adrian olhou para mim, uma carranca vincando a testa enquanto ele avaliava

minha aparência desgastada mais de perto. Qualquer avanço que eu tinha feito

depois de deixar o confinamento na solitária tinha provavelmente diminuído com

minha recente captura. “Você não contou a verdade. Todas aquelas vezes que

eu perguntei o que mais eles estavam fazendo com você–“

“Eu não estava mentindo,” eu disse, afastando os olhos.

“Você apenas não me contou,” ele disse. “Quando foi a ultima vez que comeu?”

Fui poupada de uma resposta quando Eddie saiu com outro Alquimista na mira

de uma arma. Dessa vez, Eddie definitivamente tinha uma arma de verdade,

então assumi que ele desarmou o cara na sala.

“Amarra esse cara com a abraçadeira,” Eddie disse a Adrian, “E vá soltar a

garota lá desde que você tem habilidade com essas mesas. Eu não poderia fazer

cara ou coroa nessas mesas.”

Eu dei um aceno encorajando Adrian, que parecia relutante em me deixar.

Depois de atar o segundo Alquimista, Adrian desapareceu na sala. Eu olhei para

Eddie. “Tem certeza que não tem um incêndio? O alarme ainda está disparando.”

“Oh, yeah,” disse Eddie, “Definitivamente tem um incêndio. Nós estamos

contando que não alcance a gente desde que está alguns andares a cima. Pelo

menos, estava.”

Girei suas palavras em minha cabeça, me certificando que tinha as entendido e

não estava apenas confundindo as coisas em meu estado esfarrapado. Eu na

verdade estava bem certa que eu podia cheirar fumaça, mas não estava certa

se era apenas minha imaginação. Mais ou menos um minuto depois, Adrian saiu

do quarto ajudando uma garota um pouco mais velha que eu, vestida nas

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mesmas roupas bege que eu. Meu primeiro pensando quando a vi foi: Eu pareço

mal assim? Não, decidi, sem chance. Eu parecia bem mal, eu sabia, mas algo

sobre ela me dizia que ela estava a muito, muito mais tempo que eu. Seu rosto

estava esquelético e pálido abaixo do que parecia pele normalmente bronzeada.

Sua roupa era um número maior, sugerindo que ela perdeu peso considerável

desde quando a pegaram, e seu cabelo preto estava sem vida e com muita

necessidade de uma lavagem e um corte. Ela me lembrou de como eu me

parecia quando sai da solitária, só que dez vezes pior. Eu não estive nesse nível

por tanto tempo e tinha desfrutado do beneficio da comida e do sono pelas

ultimas semanas.

Compaixão brilhou no rosto de Eddie, mas então sua natureza endurecida tomou

lugar. “Vamos. Você consegue ajudar as duas?”

Me desencostei da parede e acenei para afastar Adrian. “Ajude ela. Eu posso

andar, só que lentamente.”

Adrian pareceu incerto, mas estava claro que essa outra garota precisava dele

mais que eu. Eu andei do lado dela enquanto nossa festa estranha se movia pelo

corredor e me encontrei tentando a assegurar sobre uma situação que eu não

sabia nada sobre. “Está tudo bem,” eu disse. “Vai ficar tudo bem. Nós vamos tirar

você daqui. Qual o seu nome?”

Seus olhos escuros olharam fixamente para frente, e me perguntei se ela sequer

tinha me ouvido. Talvez ela tenha sobrevivido a tortura por tanto tempo

desligando as vozes humanas. “Ch-chantal,” ela disse. Sua voz mal era um

sussurro, e eu não teria sido capaz de ouvir acima do alarme se eu não tivesse

inclinada perto dela.

“Chantal…” engasguei. “Eu acho que conheço você. Quero dizer, eu sei sobre

você. Eu conheço Duncan. Ele é meu amigo.”

Uma fagulha pequena, mal perceptível de vida apareceu em seus olhos.

“Duncan? Duncan está aqui?”

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“Yeah, ele está esperando por nós.” Eu olhei questionando para Adrian enquanto

falava, e ele acenou confirmando, me encorajando. “Você logo o verá. Ele vai

ficar feliz em te ver. Ele sente muitas saudades sua. Ele não fazia ideia de que

você estava aqui esse tempo todo.”

Um arrepio me percorreu com as minhas próprias palavras. Esse tempo todo.

Duncan tinha dito que os Alquimistas a levaram há um ano. Ela estava na área

de “persuasão” por todo esse tempo? Isso era aterrorizante. Por isso ela parecia

do jeito que estava. E ainda, o fato de ela ter sobrevivido aquilo e aparentemente

ainda ser ameaça o suficiente para ainda ser mantida presa falava muito sobre

seu personagem. Talvez eu e ela devêssemos ficar lisonjeadas por estar nesse

clube exclusivo.

Eddie nos guiou para as escadas, e tudo pareceu limpo até abrirmos a porta e

sair no andar das solitárias. Uma parede de fumaça nos atingiu, pesada e nociva,

bloqueando o caminho entre nós e o centro de controle onde ficava a saída. Ele

fez uma careta. “Eu não esperava que se espalhasse aqui para baixo tão rápido

– especialmente se não está nas escadas.”

Nenhum de nós falou imediatamente, incerto sobre o que fazer. Foi uma

surpresa quando Chantal foi a primeira a comentar.

“É a forma que a ventilação foi criada,” ela murmurou. “Onde é o fogo?”

“No andar de vivencia,” disse Adrian.

Ela franziu a testa pensando e parecia estar vindo mais e mais a vida com cada

segundo passado. “Então é provavelmente só fumaça. Claro… Eu não devia

dizer ‘só.’ Pessoas com frequência pensam erroneamente que apenas o fogo em

si é perigoso, quando fumaça se prova tão letal quanto.”

“Você é realmente uma Alquimista,” disse Adrian, com um sorriso torto. O que

foi interrompido com a fumaça que se aproximava e ele começou a tossir.

Eu fui para frente, ainda instável sobre meus pés, mas relutante em fazer menos

do que meus amigos fizeram por mim hoje. Não muito tempo atrás, eu trabalhei

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em feitiços de invisibilidade e encantos elementares… mas isso tinha sido depois

de algumas semanas de descanso moderado uma dieta aceitável. Poderia eu

fazer o que eu queria fazer agora, depois de ficar em um estado físico tão

danificado? Mais uma vez, eu não tinha componentes para o feitiço para me

ajudar com a mágica. Era tudo minha vontade e palavras. Pensando de volta em

meu trabalho conjurando ar para a tinta de sal, eu chamei por aquele elemento

agora e ergui minha mão. Uma brisa muito, muito fraca foi adiante e lentamente

começou a empurrar a fumaça para longe de nós. Foi um processo meticuloso

desde que eu não me atrevi a conjurar nada mais forte, correndo o risco de

alimentar um incêndio não visto nesse andar. Foi muito mais exaustivo do que

eu esperava. Mesmo depois de eu estar na metade, minhas pernas começaram

a tremer, e eu tive que usar minha outra mão para me apoiar contra a parede.

Os dois Alquimistas me assistiram com nojo e provavelmente teriam feito o sinal

contra o mal se suas mãos não estivessem amarradas.

Pelo menos, a fumaça foi afastada, abrindo nosso caminho para a sala de

controle. Adrian ignorou meu argumento de que eu estava bem e me agarrou

com um braço, enquanto continuava apoiando Chantal com o outro. Eddie

parecia que queria ajudar, mas não se atreveu baixar a guarda com Alquimistas

amarrados. Ele os mandou para a sala e então para a misteriosa porta que eu

vislumbrei em minha investigação noturna. Outra escada nos levou para cima…

… e eu vi a luz do sol pela primeira vez em quatro meses.

Eu estava tão atordoada que parei de andar, fazendo Adrian tropeçar. Do outro

lado dele, os olhos de Chantal estavam igualmente arregalados enquanto ela

também olhava para a luz do sol passando pela única janela pequena da sala.

Nuances de dourado e laranja sugeria que estava próximo do pôr do sol.

“Lindo,” eu murmurei.

“Eu concordo,” Adrian disse, e eu vi que seus olhos estavam em mim.

Dei a ele um sorriso, desejando que eu pudesse dizer mais, mas a sala estava

muito cheia de outras preocupações. Como a equipe inteira de Alquimistas da

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reeducação escolhida em um canto, com Marcus, Trey, e outro cara em pé acima

deles.

“Onde está todo mundo?” perguntou Eddie.

“Onde está Duncan?” perguntou Chantal.

“Eu pedi a Sheila para leva-los para a casa segura,” disse Marcus. “Achei melhor

tira-los daqui.” Ele me mostrou seu sorriso de estrela de cinema. “Bom te ver na

vida real, Sydney.” Apesar de seu sorriso ensolarado, eu tinha pego um brilho

fugaz de raiva em seus olhos. Como Adrian, ele também havia notado minha

aparência suja.

“Casa segura?” assobiou Sheridan. Eu não havia a notado imediatamente. “Você

realmente acha que tenha algum lugar seguro que possam ir onde nós não–“

Suas ameaças foram interrompidas quando uma Chantal tremendo de repente

se soltou de Adrian e tentou atacar Sheridan. “Você!” Gritou Chantal. “Você fez

isso comigo! Sempre foi você, não importa quem estivesse fazendo. Você dava

as ordens.” Havia uma desesperada, natureza animalesca nela, e eu senti uma

angustia em meu peito enquanto eu ponderava se eu teria ficado do mesmo jeito

se eu tivesse sido presa por tanto tempo.

Seu ataque não foi muito longe, já que os outros Alquimistas fecharam o cerco

ao redor de Sheridan. Eu me apressei adiante, ainda fraca, e tentei puxar Chantal

de volta o mais gentilmente que pude. “Acabou,” eu disse. “Deixa pra lá.”

“Você sabe o que ela fez!” O odio e a dor no rosto de Chantal eram um espelho

para algumas das minhas próprias emoções obscuras que eu também tinha

trancadas dentro de mim, mas que ainda tinham que ser liberadas. “Você sabe

que monstro ela é!”

“Nós não somos os monstros nesse mundo,” assobiou Sheridan. “Nós

combatemos eles, e você traiu seu próprio povo.”

Chantal se lançou novamente, e dessa vez, Adrian me ajudou. “Acabou,” insisti.

“Ela não pode mais machucar você.”

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“É isso que você acha, Sydney?” Um sorriso de escarnio marcava as feições

amáveis de Sheridan. “Você realmente acha que pode escapar de tudo isso?

Não há lugar que você possa ir. Não há lugar que nenhum de vocês possa ir,

mas você especialmente, Sydney. Isso é sua culpa, e nenhum Alquimista vai

descansar até nós a caçarmos e–“

Mais uma vez, seu momento dramático foi interrompido, desse vez pelo silencio

do alarme de incêndio e o sistema de irrigadores disparando. “Ora, ora,” disse

Marcus, enquanto todos nós nos encharcávamos de água. “Acho que Grief os

colocou para funcionar.”

“Nós devíamos dar o fora daqui,” disse o ex-Alquimista que eu não conhecia.

“Mesmo que os reforços deles estejam à milhas de distancia, as chances são

boas de alguém conseguir um telefone e ligar.”

Marcus acenou em concordância. “Vamos apenas garantir que este lote esteja

contido.”

“Aqui,” disse Adrian. Ele esvaziou o bolso do paletó com algumas dúzias de

abraçadeiras de nylon. “Eu achei que algumas extras pudessem ser uteis.”

Trey e o sócio de Marcus amarraram todos os Alquimistas, e o próprio Marcus

coletou todas as armas que pode encontrar. “Sem chance de eu deixar isso aqui.

Nós vamos levá-las e destruí-las.” Ele inspecionou o trabalho de sua equipe e

acenou satisfeito. “Vamos pegar a estrada.”

Me virei para seguir, mas a voz de Sheridan me fez parar. “Não há lugar que

você possa ir!” ela gritou. “Você não pode apenas sair disso.”

Eu olhei de volta, mas antes que eu pudesse responder, algo pequeno chamou

minha atenção. Na briga com Chantal, os dois botões de cima da camisa de

Sheridan desabotoaram. Eu dei passos largos a diante e estiquei minha mão em

direção a ela, fazendo-a se encolher. Sem duvida ela pensou que eu igual lançar

um feitiço nela. No lugar, eu arranquei o colar de Adrian de seu pescoço.

“Isso,” eu disse, “é meu.”

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“Você não merece isso,” ela sibilou. “Não pense que acabou. Você só substituiu

Marcus Finch como o Alquimista mais procurado.”

Eu não respondi e simplesmente prendi a cruz ao redor do meu próprio pescoço.

Com isso, me virei e segui meus amigos para fora sem olhar para trás.

Pôr do sol ou não, estava escaldante do lado de fora, e nossas roupas molhadas

de repente se tornaram uma benção. “Onde estamos?” perguntei.

“Death Valley,” disse Marcus. “Você não pode dizer que os Alquimistas não têm

gosto pelo dramático.”

“Isso, ou a terra era barata,” eu disse.

Trey me surpreendeu me engolfando em um abraço gigante. “Você não tem ideia

do quanto eu senti sua falta, Melbourne.”

Senti meus olhos marejarem com lagrimas. “Senti sua falta também… obrigada

por isso. Eu não sei como retribuir.”

“Sem retribuição necessária,” uma pequena careca cruzou suas feições

enquanto ele me examinava. “Exceto talvez descansar e comer algo.”

Outro abraço me engoliu quando Marcus tomou sua vez. “Supercampeã,” ele

disse, sorrindo para mim. “Me substituindo na lista deles.”

Eu sorri de volta, escondendo o quanto as palavras de Sheridan estavam

verdadeiramente sendo levadas para casa comigo. “Obrigada, Marcus. Me

desculpa pela vez em que eu falei que você só falava e não agia.” Eu gesticulei

ao nosso redor. “Isso… isso é uma ação bem grande.”

“Yeah, bem, você foi mais do que um pouco de inspiração para mim e os outros,”

ele disse. “E provavelmente para muitos dos que tiramos daquele lugar também.”

Eddie ficou por ultimo, e enquanto mediamos um ao outro, as lagrimas pairando

em meus olhos finalmente se derramaram.

“Eddie, me desculpe por ter mentido para você naquela noite.”

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Ele balançou a cabeça e me puxou para ele. Eu ouvi lagrimas engasgarem sua

voz. “Me desculpe por não ter conseguido para-los. Me desculpe por não ter sido

proteção o suficiente.”

“Oh, Eddie.” Eu disse, fungando. “Você é a melhor proteção. Ninguém poderia

ter um guardião melhor que você. Ou um amigo melhor.”

Até Marcus pareceu tocado. “Pessoal, eu odeio interromper, mas nós

precisamos sair daqui. Nós podemos rir e chorar no ponto de encontro.”

Enxuguei meus olhos e dei em Eddie um ultimo, rápido abraço. “Me faça um

favor,” eu disse a ele. “Volte para Jill.”

“Claro,” ele disse. “Eu vou tão logo todos estiverem a salvo. Ela é meu dever.”

“Eu não quero dizer voltar para ela porque ela é sua tarefa. Volte para ela porque

você a ama.”

Seu queixo quase caiu. Eu acho que ninguém nunca o intimou dessa forma, mas

depois do que passei, sutilezas e rodeios com a verdade de repente parecia

como desperdício de um tempo valioso. Eu voltei para me juntar a Adrian, e o

cara chamado Grief segurava um maço de chaves.

“Eu trouxe o Mustang enquanto estava fora. Quem vai dirigir?”

“Nós vamos,” eu disse, surpreendendo a todos. Peguei as chaves dele. “Isso é…

vocês têm outro carro?”

“Um Pirus,” disse Adrian tristemente.

Eu fiz uma contagem mental, verificando se todos caberiam, e então coloquei o

que eu esperava ser um sorriso apaixonado. “Está tudo bem se Adrian e eu

dirigirmos separadamente e encontrarmos o resto de vocês lá? Eu… gostaria de

algum tempo sozinhos.”

“Não vai ter lugar para as pernas naquela coisa,” exclamou Trey. Mas então ele

olhou para mim, e sua expressão suavizou. “Mas longe de mim entrar no

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caminho do amor verdadeiro. Sofrerei por sua felicidade, Melbourne. Como

sempre.”

Adrian pegou uma bolsa do Prius e então deu as chaves para Marcus. Em troca,

Marcus me presenteou com algo inesperado. “Eu tinha feito essas pra você há

um tempo,” ele explicou. “Leve-as agora, apenas no caso. Vou conseguir

algumas para os outros detentos também.”

Ele me estendeu duas licenças de motorista. Uma era minha original de Utah, a

qual eu mal usei em Palm Spring enquanto vivia como Sydney Melrose. Fiquei

maravilhada de ele ter conseguido uma copia do DMV *(Departament of Motor

Vehicles: Departamento de Veículos motorizados). Mas isso não foi nem de perto

tão chocante quanto à segunda licença, uma falsa de Maryland com o

pseudônimo mais inesperado.

“Sério?” Perguntei. “Misty Steele?”

Marcus deu de ombros. “Foi sugestão de Adrian.”

Eu dei um rápido abraço de agradecimento em Marcus. Uma coisa que

aprendemos junto aos Alquimistas era que quando tentamos nos misturar com

o mundo moderno, identificações eram criticas. Boas Identidades falsas eram

difíceis de achar, mas o trabalho na de Misty Steele era incrível. Ele e os outros

entraram no carro, e Eddie me lançou um ultimo sorriso de despedida que quase

me fez chorar de novo.

“Eu nunca pensei que veria Castile ser levado às lágrimas,” disse Adrian

enquanto ligava o Mustang. “Isso realmente o atingiu com tudo. Infernos, isso

atingiu a todos nós com tudo. Mas ele realmente se castigou por isso. Ele nunca

se perdoou por você ter o enganado.”

“Vamos esperar que ele possa,” eu disse, colocando meu sinto de segurança.

“Porque está prestes a acontecer de novo. Nós não vamos encontrar eles na

casa segura.”

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Capítulo 18 Adrian

Por um momento, havia uma parte de mim que estava um pouco mais

apaixonado por ela do que nunca. Você tem de admirar uma mulher que sai

andando de condições, incrivelmente terríveis e executa mágica sem perder o

ritmo, sem mencionar ter se mantido forte encarando seus torturadores. Outra

pessoa teria desmoronado ou imediatamente começado contar sua terrível

experiência. Mas, não. Sydney não estava apenas pronta para ação, ela também

estava pronta para desafiar com cuidado, bom senso, e planos seguros.

Era admirável. E também, fora de questão.

“Sydney, não. Marcus tem tudo sob controle. O que nós fizemos lá? O plano que

se desenrolou? Inferno, Eddie e eu fomos bons substitutos, mas a maior parte

do plano… foi tudo Marcus, toda sua perspicácia. Ele procurou por esse lugar

que vamos nos encontrar. É seguro até ele encontrar um jeito de esconder todos

nós pelo mundo.” Quando ela ainda pareceu teimosa, eu adicionei. “Isso é o que

ele faz. Ele esconde outros. Ele se esconde! Ele sabe o que está fazendo.”

“Ele esconde algumas pessoas por vez, Adrian,” ela disse calmamente. “Nunca

mais de uma dúzia. Não vai ser fácil, e vai levar um tempo antes que ele consiga

os distribuir. Essas pessoas recém-saídas da solitária não podem ficar por conta

própria! Elas precisam de orientação, não apenas um lugar para se esconder.

Ele terá um trabalho bem difícil com eles, eu sou uma suscetibilidade.”

Do outro lado do estacionamento, eu vi o Pirus saindo. Eu sabia onde o local de

encontro era, mas nós precisaríamos seguir logo. “Sydney você não é uma

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suscetibilidade. Você é razão principal dele ter colocado em pratica toda essa

operação e os resgatar.”

“E agora eu estou os colocando em perigo,” Ela olhou para mim, seus olhos

castanhos tão sérios enquanto o pôr do sol os iluminava. “Adrian, você ouviu

Sheridan. Se eles conseguirem sequer uma pista do meu paradeiro, os

Alquimistas vão usar tudo o que eles têm em mim – e isso colocará os outros em

risco se eu tiver com eles. É mais seguro para eles se você e eu seguirmos

sozinhos. Nós teremos mais facilidade desaparecendo se for só você e eu de

qualquer forma.”

Agora aquele era um argumento convincente, muito além da segurança dos

outros. Não dizendo que eu seja um bastardo com coração de pedra que não

me importava com eles – porque eu me importava. Eu odiava o que eles haviam

passado. Mas minha primeira e maior prioridade sempre foi Sydney, e era de se

levar em conta duas pessoas desaparecendo em vez de vinte. A pergunta era,

ter um plano sólido compensava os números? Porque agora mesmo, um plano

era a única coisa que estávamos deixando passar.

“Para onde você propõe irmos?” eu perguntei por fim.

“Eu não sei,” ela admitiu. “Primeiro nós precisamos colocar alguma distancia

entre nós e esse buraco do inferno. Eu terei que pensar onde o lugar mais seguro

seria – dentro ou fora dos Estados Unidos. E eu não estou dizendo que nós

nunca vamos ter a ajuda de Marcus de novo. Nós podemos muito bem precisar.

Mas nos separando pode significar que os Alquimistas nos persigam em vez de

perseguir ele.”

“Você quer isso?” eu perguntei incrédulo.

“Não, claro que não. Eu não quero que eles sigam nenhum de nós. Mas se eles

fizerem, eu tenho fé de que você e eu possamos despista-los com mais facilidade

do que os outros.” Ela franziu a testa pensando. “Okay, você nos coloca na

estrada, e me deixa ver seu telefone.” Eu o estendi e fui para a estrada, mais do

que feliz de estar indo para longe desse lugar. “Para onde ele está os levando?”

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“Sul. Em direção ao México, embora planejamos nos encontrar de novo a cerca

de uma hora de Death Valley. Ele não sabe se vai cruzar a fronteira ou não, mas

tem um lugar perto onde ele vai se esconder.”

Ela acenou e scaneou algumas coisas no meu telefone antes de abaixa-lo. “Ok,

então vamos para o Norte. Nordeste, na verdade.” Eu não conseguia vê-la com

meus olhos na estrada, mas eu podia ouvir um sorriso em sua voz. “Você

continua bom no pôquer?”

“Por que? Você finalmente vai jogar estripe pôquer comigo? Eu só pedi umas

cem vezes.”

“Sem tal sorte. Ainda. Mas nós vamos precisar de algum dinheiro, e Nevada é

logo além da esquina. Aposto que tem casinos assim que cruzarmos a fronteira.”

“Eu sei que tem,” eu disse a ela. “Eu dirigi por aqui duas vezes essa semana. Eu

não tenho muito a oferecer como aposta, então se você está esperando por uma

fortuna durante a noite, não posso ajudar.”

“Eu fico com um quarto de hotel, jantar, e mudança de roupas.”

“Isso eu posso fazer. Embora…” eu dei um olhar de esguelha a ela. “Pensei que

você não aprovasse eu usar espirito para jogar cartas?” eu não podia ler a mente

das pessoas, claro, mas ver auras era quase tão bom quanto. Eu sempre podia

dizer quem estava blefando e quem estava falando a verdade.

Ela suspirou e se encostou de volta no banco. “Não aprovo. Ou você usar espirito

para qualquer coisa. Mas essas são meio que circunstâncias incomuns que

estamos encarando. Talvez uma vez que tudo isso tenha acabado, e nós

estivermos estabelecidos, você possa voltar para as pílulas.”

“Você não estaria comigo agora se eu tivesse continuado com aquelas pílulas,”

eu disse quietamente.

“Eu sei… e você sabe que eu sou grata. O problema com o espirito é um que

teremos que lidar de novo alguma hora, mas…”

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“Agora nós temos problemas maiores?” terminei.

“Nada é maior para mim do que você,” ela disse firmemente. “Como vem se

sentindo? Você disse que parou com as pílulas logo quando eu fui levada. Como

foi isso? Você parece que está indo bem, como se tivesse as oscilações de

humor sob controle.”

Havia uma nota de esperança em sua voz, e eu não poderia suportar dizer a ela

que a razão de eu ter as oscilações de humor sob controle era porque foram

substituídas pela alucinação da minha tia morta.

“Eu estou vivo e bem aqui, não estou?” eu disse levianamente. “Não tente mudar

de assunto. Você passou por um inferno de coisas muito mais do que eu.”

“Nós não precisamos falar sobre isso agora,” ela disse.

Nós caímos em silencio, ambos guardando nossos segredos sobre o que

sofremos na ausência do outro. Eu ponderei se estávamos tentando proteger um

ao outro ou simplesmente não queríamos admitir nossos próprios medos e

fraquezas. Não que eu pensasse que Sydney fosse minimamente fraca. Mas eu

vi sua aura quando estávamos no centro de reeducação, ao redor dos outros

Alquimistas, e definitivamente havia uma borda de medo rodeando ela e os

outros detentos. Eu sabia que ela provavelmente pensava que aquilo era uma

falha.

“Bem,” eu disse, tentando anima-la. “Pelo menos abra seus presentes.”

“Você me comprou um presente de ‘parabéns por ter saído da reeducação’?” ela

perguntou.

“Não exatamente. Veja a sacola que está ali.”

Ela viu, exclamando de surpresa quando abriu. “Meu Deus! Se eu tivesse esses

amuletos na reeducação, teria feito as coisas muito mais – Hopper!”

Com o canto do meu olho, eu a vi erguer o pequeno dragão dourado. Quando

falou de novo, eu pensei que ela começaria a chorar.

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“Oh, Hopper. Eu pensei nele, você sabe. Me perguntei o que teria acontecido

com ele o que ele devia e estar passando…” Ela começou a dizer palavras de

um feitiço e então parou. “Ele vai estar com fome. Vamos esperar até

conseguirmos comida. Eu não me importaria com uma refeição real.”

“Isso eu posso fornecer mesmo sem bater algumas mesas de pôquer,” eu disse

a ela. “Você está no humor para que? Bife? Sushi? Diga, e é seu.”

Ela riu. “Nada tão chique para mim. Eu não acho que meu estomago possa

aceitar bem depois –“ sua risada esvaneceu.

“Depois de que?” perguntei tranquilamente.

“Depois,” ela disse. “Vamos falar sobre isso depois.”

Suspirei. “Assim continuamos dizendo. Quando vai ser depois?”

“Quando estivermos a mais do que alguns minutos da base Alquimista,” ela

devolveu. “Nós precisamos focar nessa Fuga.”

Ela tinha um ponto. Mas não significa que eu gostava. De fato, me incomodou

mais e mais enquanto a viagem continuava, não saber a extensão completa do

que ela passou. Ela foi rápida em dizer que me amava e que sentiu minha falta

e que nada a fazia mais feliz do que estar comigo de novo. Eu acreditava em

tudo aquilo, mas não significava que eu podia deixar o passado para lá.

Tia Tatyana sussurrou: Tem certeza que isso é verdade? Talvez você não queira

de verdade saber o que aconteceu com ela. Você viu um vislumbre de como era

lá. Você quer confirmação das atrocidades que ela sofreu?

Se Sydney foi capaz de suportar, então o mínimo que eu posso fazer é ser capaz

de escutar. Silenciosamente devolvi. E ainda… me perguntei se a assombração

da minha tia tinha razão.

Atravessamos para Nevada a cerca de uma hora e meia mais tarde, sem sinal

de perseguição. Nós, no entanto, recebemos uma ligação de Marcus bem

quando estávamos entrando em um pequeno hotel com um casino anexo.

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“Vocês se perderam?” Ele não soou exatamente com raiva, mas algo em seu

tom me disse que ele sabia perfeitamente bem que nós, de fato, não nos

perdemos.

“Mais como pegamos um desvio,” eu disse alegremente.

Ele grunhiu. “Adrian! Nós discutimos isso! Tudo correu perfeitamente até agora.

Por que você se quer pensaria em desviar do plano?”

“Um, porque é assim que fazemos?”

Sydney pegou o telefone de mim antes que eu pudesse oferecer mais alguma

explicação convincente. Ela usou os mesmos argumentos que usou comigo,

embora Marcus não fosse seduzido por seus lindos olhos como eu fui. Era claro

que ele não tinha ganhado no fim da ligação, e Sydney finalmente terminou com

um vago, “Manteremos contato.”

Eu me ofereci para lava-la para um jantar agradável, mas ela não queria ir nem

até a mesa da frente do hotel em suas roupas caqui, muito menos em uma

refeição publica. Fiz o check in e descobri que eu tinha dinheiro o suficiente para

uma pequena suíte. Não era nada glamoroso – certamente nem de perto tão

elegante quanto o lugar que ela e eu ficamos quando nevou na Pensilvânia –

mas tinha um quarto separado e banheiros maiores do que os quartos de hotel

normais. Talvez eu não soubesse de todos os detalhes sobre o que ela passou,

mas eu sabia o suficiente para dizer que ela precisava de algo aprimorado.

O olhar em seu rosto quando ela sentou na cama confirmou tanto quanto. Aquilo

era apenas médio para mim, mas pelo seu suspiro de prazer, você pensaria que

era feita de penas de asas de anjos. Ela se esticou e fechou os olhos.

“Isso. É. Glorioso.” Ela declarou. Me estendi ao seu lado e senti meu peito inchar

de alegria. Uma vez, pensei que se eu estivesse na cama com ela, haveria

apenas uma atividade que eu iria querer, mas honestamente, agora? Eu tinha

muita certeza que não havia contentamento maior do que vê-la segura e feliz

dentro do alcance dos meus braços. Depois de tanto tempo separados, só sua

presença era um milagre.

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“Tem um shopping center do outro lado da rua,” eu disse. “Você pegar alguns

coisas para gente… a menos que você queira vir comigo? Me preocupo em te

deixar sozinha. …”

Ela balançou a cabeça. “Vou ficar bem. Além disso, tem um amuleto da sacola

da Srta. Terwilliger que poderia explodir um buraco naquela parece. Apenas de

apresse de volta.”

Eu tinha toda a intenção. Corri para o outro lado da rua, só percebendo na

metade do caminho que eu estava violando regras básicas da segurança Moroi

ficando do lado de fora de noite em uma área estranha. Inferno, nós erámos

ensinados desde jovens de que sair sozinho de noite em uma área conhecida

era perigoso. Eu nunca imaginei que chegaria a um ponto em minha vida onde

Strigoi não era mais minha primeira prioridade quando se tratava de segurança

pessoal.

Eu despi Sydney vezes o suficiente para saber seu tamanho e comprei a ela

algumas roupas básicas e produtos de higiene pessoal. Em uma loja de comida

vizinha, eu optei por sanduiches de peru e uma variedade de pequenos

aperitivos, esperando que fosse leve o suficiente depois de seja lá o que for que

seu estomago tinha passado. Eu me retirei de lá, desde que ainda precisava de

dinheiro para o jogo de pôquer. Toda a viagem de ida e volto durou cerca de

vinte minutos, mas quando voltei para o hotel, Sydney não estava na sala da

suíte ou no quarto. Meu coração parou. Me senti como alguém em um conto de

fadas, que acabou de acordar para perceber que tudo que pensou ter ganhado

era apenas um sonho, caindo aos pedaços para poeira estelar diante de seus

olhos.

Eu notei então que a porta do banheiro não estava fechada completamente e

que a luz estava acesa. Eu hesitei do lado de fora. “Sydney?”

“Entre,” ela disse.

Eu abri a porta e quase fui derrubado com o cheiro excessivo de essência de

jasmim. Sydney estava na banheira, coberta quase até o pescoço com bolhas,

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e o cômodo parecia uma sauna. “O quão quente está esse banho?” perguntei,

de olho no vapor pairando no ar.

Ela riu. “Tão quente quanto consegui deixar. Você não sabe quanto tempo faz

desde que estive verdadeiramente, aquecida.” Um braço se estendeu e pegou

um pote de plástico com o logo do hotel. “Ou cheirei como algo… bonito. Tudo

era tão estéreo na reeducação, quase com cheiro medicinal. Eu meio que

enlouqueci com essa coisa e usei o pote todo.”

“Vamos pedir que mandem mais se você gostou tanto assim.” Eu ergui o pote e

li rótulo. Era apenas um gel de banho barato. “Ou conseguir para você um

perfume real de jasmim quando eu tiver meus ganhos com o pôquer em mãos.”

“Você não entende,” ela disse, afundando um pouco mais na espuma. “Depois

do que eu passei… Essa coisa está no nível mais alto do luxo. Eu não preciso

de nada mais chique.”

“Talvez pudéssemos conversar sobre o que você passou,” sugeri. “Você pode

me ajudar a entender.”

“Outra hora,” ela disse evasivamente. “Se você trouxe comida, eu prefiro isso

agora.”

“E deixar seu caldeirão fervendo para trás?”

“Haverá mais banhos,” ela disse simplesmente. “E eu já consegui depilar minhas

pernas, o que era a metade do meu objetivo. Quatro meses. Ugh.”

Ela então se levantou sem aviso, me presenteando com a visão de seu corpo,

nu exceto por algumas espumas agarradas e punhados de vapor. Isso aqueceu

meu coração – e meu sangue – de que as coisas tinham ficado as mesmas o

suficiente para ela não se sentir autoconsciente perto de mim. Eu tive de

trabalhar para deixar o choque fora do meu rosto, no entanto. Tinha notado que

ela perdeu peso quando a tiramos da base, mas eu não tinha percebido a

extensão disso até agora. Eu podia praticamente contar suas costelas, e até ela,

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com seu histórico de controle obsessivo de peso, tinha de saber que excedeu de

longe limites saudáveis.

“Não é o que esperava, huh?” ela perguntou em uma voz triste.

Eu enrolei uma toalha em volta dela e a puxei para perto de mim. “Eu esperava

ver a mulher mais linda do mundo, sentir meu coração pular uma batida em sua

presença, e querer carrega-la para a cama para uma noite que nenhum de nós

esquecerá. Então para responder sua pergunta, eu consegui exatamente o que

eu esperava.”

Um sorriso separou seu rosto, e ela se inclinou para mim. “Oh, Adrian.”

No outro quarto, eu mostrei para ela minhas compras, e ela riu enquanto as

examinava, pausando para levantar uma camiseta fúcsia. “Você já me viu

usando essa cor?”

“Não,” eu disse. “E já passou da hora, especialmente depois daquilo.” Apontei

para a pilha das roubas caqui no chão. “As quais vamos queimar.”

Ela riu de novo, e foi o som mais esquisito que eu já ouvi. Ela ficou com a

camiseta fúcsia e um par de shorts brancos. “Você é o melhor,” ela me disse.

Eu logo descobri que não era o único em seu coração, no entanto, quando

sentamos para comer nosso jantar. Ela conjurou Hopper de seu estado inerte, e

lagrimas derramaram de seus olhos quando ele se transformou de uma estatua

rígida brilhante para uma criaturinha, amorfa com escamas que estava quase tão

magra quanto ela. Ela o embalou contra o peito e o balançou, dizendo a ele o

tipo de coisas sem sentido que pessoas usam para confortar animais de

estimação e crianças pequenas. Ela disse para ele de novo e de novo que tudo

ficaria bem agora, e eu quase me perguntei se estava confortando a si mesma

tanto quanto a ele. Ela continuava tirando pequenos pedaços de seu sanduiche

de peru e estava na metade quando eu finalmente percebi o que estava

acontecendo.

“Hey,hey,” eu disse. “Guarde um pouco pra você.”

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“Ele está com tanta fome,” ela disse. “Ele não consegue nem fazer aquele som

de choramingo que normalmente faz quando quer comida.”

“E essa camiseta extra pequena continua muito grande em você. Termine o seu

sanduiche, e ele pode ficar com as minhas cascas.”

Ela relutantemente o entregou, e eu jurava que Hopper me olhava por ter privado

ele da atenção dela. Eu amava o carinha também, mas sem chance de ele

receberia tratamento preferencial de Sydney. Ela comeu o resto do sanduiche

sob meu olho vigilante, mas não tocou em nenhuma das barras de chocolate

sortidas que eu trouxe, não valia minha insistência. Eu honestamente teria

gostado de vê-la comer todas, mas eu sabia melhor do que apontar o quanto ela

precisava de açúcar e gordura.

Hopper adormeceu depois disso, e eu pensei que Sydney iria também. Em vez

disso, ela me convidou para o quarto e me puxou para a cama com ela. “Tem

certeza que não precisa descansar?” perguntei.

Ela envolveu os braços ao redor do meu pescoço. “Eu preciso de você.”

Nossos lábios se encontraram no primeiro beijo de verdade desde quando ela

foi levada. Isso me incendiou, me lembrando do quão agonizantemente eu sentia

falta dela. Eu queria mesmo dizer o que eu disse a ela: Não importava o quão

magra ela tinha ficado. Ela ainda era a mulher mais linda do mundo para mim, e

não havia ninguém que eu quisesse mais. Não apenas isso, não tinha mais

ninguém que eu sentia que a presença fosse mais certa. Mesmo no meio da

nossa fuga de Death Valley e nos situarmos nessas condições incertas, havia

uma certeza confortável só de estar com ela, não havia nada que não pudesse

ser feito.

Eu trilhei beijos por seu pescoço e mentalmente retirei o que eu disse sobre o

gel de banho ser barato. A mistura do Jasmim com seu perfume natural era

intoxicante, muito melhor do que qualquer perfume que eu tenha dado a ela.

Suas pernas pareciam seda sob meu toque, e eu estava surpreso com o quão

rápido meu desejo por ela cresceu – ainda mais surpreso com o quanto o dela

cresceu também. Eu me preocupei que pudesse ser muita coisa, muito rápido,

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mas quando eu tentei dissuadir ela de novo, ela apenas me puxou mais para

perto.

“Você não entende,” ela murmurou, correndo uma de suas mãos pelo meu

cabelo. “Você não entende o quanto eu preciso disso, o quanto eu preciso de

você e me lembrar de que estou viva e apaixonada. Eles tentam tirar isso de

você naquele lugar, mas eu nunca esqueci. Eu nunca esqueci você, Adrian, e

agora que você está aqui, eu…”

Ela não conseguiu terminar, e não precisava. Eu sabia exatamente o que ela

queria dizer. Nos beijamos de novo, o tipo de beijo que nos ligava em um jeito

que era muito mais do que físico. Eu estava tentando tirar sua camiseta quando

ela de repente parou e perguntou sem fôlego. “Você pegou alguma coisa na loja,

certo?”

Meu cérebro estava muito desorientado com luxuria e pensamentos sobre ela

para processar completamente o que ela estava dizendo. “Huh? Eu peguei um

monte de coisas.”

“Proteção,” ela disse significativamente. “Não tem uma farmácia do outro lado da

rua? Maiores chances lá do que em outro lugar.”

“Eu – oh. Esse tipo de coisa. Uh, não, não peguei. Acho que esqueci.”

Antes de Sydney ser levada, ela tomava pílula, e eu nunca tinha que pensar em

controle de gravidez. Acho que ela preferia desse jeito, não confiando realmente

em ninguém além de si mesma para lidar com um assunto de tal importância.

Suspirei.

“Eu não ganho pontos por estar mais preocupado em te alimentar e te vestir em

cores vibrantes do que te levar para cama?”

Ela deu um beijo leve em meus lábios e sorriu. “Você ganha vários pontos. Mas

infelizmente, você não ganha isso.”

Me inclinei sobre ela e afastei fios dourados de seu rosto. “Você sabe o quão

despedaçado eu estou agora? Quero dizer, estou desapontado, obviamente…

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mas ao mesmo tempo, eu estou apaixonado por você ainda mais por continuar

cuidando de si meticulosamente, apesar de tudo que aconteceu.”

“Mesmo?” Ela mudou de posição, então eu pude descansar minha cabeça em

seu peito. “Minha natureza meticulosa e cuidadosa é o que você ama?”

“Tem tanta coisa para amar, Sage. Quem pode acompanhar?”

Mesmo frustrante ser inesperadamente barrado da consumação física, eu ainda

me encontrava naquela sensação de mais cedo de alegria que vinha só de estar

perto dela. Eu queria sexo? Claro, mas eu a queria mais – sua presença, sua

risada, seu espirito. Os hormônios agitados em meu corpo logo se aquietaram,

e eu encontrei êxtase mais que o suficiente apenas deitando em seus braços. E

quando ela adormeceu logo depois, e eu tive a sensação de que meu descuido

de não passar na farmácia podia ter sido para o melhor, não importa o que ela

dissesse. A deixar completamente saudável era mais importante agora, e eu

estava bem certo de que descanso e chocolate era a melhor forma de ajudar.

Quanto a mim, eu estava muito inquieto. Parte era apenas pela emoção do dia

e estar com ela. Outra parte era por ser mais cedo do que eu costumava ir dormir.

Eu amava ficar entrelaçado com ela, mas depois de um tempo, eu

cautelosamente deslizei para fora da cama e prendi a coberta ao redor dela. Eu

a estudei carinhosamente por alguns momentos antes de apagar as luzes e

rastejar para sala, fechando cuidadosamente a porta atrás de mim para, assim,

não a perturbar.

Sentei no sofá com uma barra de chocolate e assisti TV em um volume baixo,

precisando acalmar minha mente girando. Eu sabia que Sydney teria sem

dúvidas todos os tipos de planos e deduções que eram melhores que as minhas,

mas era difícil não pensar sobre o futuro. Para onde poderíamos ir? Tinha um

lugar seguro? E ou fosse com Marcus ou por nossa conta, o que exatamente nós

iriamos fazer com a nossa vida? Tanta energia acabou de ser gasta apenas

ficando juntos – por si só uma tarefa difícil – que nós dificilmente já paramos para

discutir o que nós realmente fizemos. Um dos nossos planos de fuga remoto?

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Faculdade para ela? Uma vida obscura no meio do nada? Lutar pela liberdade

de Moroi e ex-Alquimistas?”

Não haverá paz para vocês, sussurrou Tia Tatiana, em um dos seus humores

mais antagonistas. Nenhuma paz para você e sua garota. Isso foi um erro.

Não, eu disse a ela. Nós vamos fazer funcionar. Nós temos que fazer.

Como então? Ela exigiu.

Eu não tinha respostas depois de olhar para a TV por mais de uma hora e estava

considerando ir dormir quando ouvi gritos vindos do quarto. Num piscar de olhos,

eu estava fora do sofá, voando em direção ao quarto. Eu arremessei a porta

aberta e ascendi a luz, puxando poder de espirito para atacar o bando furioso de

Alquimistas que eu esperava ver vindo pela janela. Mas não havia nenhum –

apenas Sydney, sentada na cama, seus gritos perfurando a noite. Eu me soltei

do espirito e me apressei para cama, puxando-a para mim. Para minha surpresa,

ela bateu contra mim.

“Não! Não! Não me toque!”

“Sydney, sou eu,” eu disse, tentando segurar suas mãos antes de ela causar

danos reais. Mesmo meio dormindo, ela aparentemente tinha guardado lições

do nosso antigo instrutor de autodefesa, Malachi Wolf. “Está tudo bem. Você está

bem. Tudo está bem.”

Ela lutou contra mim um pouco mais, e na luz fraca, eu pude ver olhar frenético,

apavorado em seus olhos. Por fim, sua luta acalmou, e reconhecimento

ascendeu suas feições. Ela enterrou seu rosto em meu peito e começou a chorar

– não as lágrimas saudosas de amor de sua reunião com Eddie ou as pesarosas

pelo estado triste de Hopper. Esses eram soluços completos que quebrava seu

corpo e a deixava incoerente, não importava o quanto eu tentava conforta-la ou

perguntar o que estava errado. Eu não podia fazer nada além de segurá-la e

acariciar seu cabelo, esperando ela se acalmar. Quando se acalmou, soluços

intermitentes continuavam ocasionalmente interrompendo seu discurso.

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“Eu… eu pensei que eu estava lá de volta, Adrian. Na reeducação. Quando eu

acordei. Estava tão escuro lá – quero dizer, até eu me juntar aos outros. Mas

quando eu estava na cela, não havia luz. Eles literalmente me mantinham no

escuro. Machucou quando eu sai – olhar para a luz. Três meses, Adrian. Três

meses eu fiquei em uma cela menos que nosso quarto aqui, no escuro. Eu

pensei que podia suportar… eu pensei que era mais forte do que isso… mas

quando eu acordei, e você não estava, e eu não pude ver nada.”

Ela desmoronou em lágrimas de novo, e era tudo que eu podia fazer para ter

controle sobre minhas próprias emoções. Eu estava triste por ela, claro. Triste e

machucado por ela ter sofrido como sofreu. Mas ao mesmo tempo eu estava

com raiva, com tanta raiva que se eu soubesse qualquer coisa sobre isso de

volta ao centro de reeducação, eu estaria bem ao lado de Chantal – para ajuda-

la, não para segura-la. Eu não era dado a violência ou tanta raiva, mas uma fúria

queimava em mim pelos Alquimistas terem feito isso com alguém tão espero e

brilhante, que serviu a eles tão fielmente e teria continuado a servir se tivesse

pelo menos uma forma de servir enquanto era verdadeira com seu coração. Eles

tentarem quebra-la – não apenas seus pensamentos, mas seu ser. Igualmente

apelativo era a realização de que poderia não ter acabado ainda, que tira-la

daquele lugar não foi o suficiente. Que tipo de dano mental eles fizeram? Isso

vai nos seguir para o resto de nossas vidas, mesmo se ela estiver livre? As

implicações eram atordoantes, e naquele momento, eu odiei os Alquimistas

como eu nunca odiei outro alguém.

Destrua-os! Tia Tatiana disse. Nós vamos encontrá-los e arrancar membro por

membro!

“Você não está mais lá,” eu disse a Sydney, apertando ela mais. “Você está

comigo, e eu não vou deixar nada acontecer com você de novo.”

Ela agarrou-se a mim e balbuciou, “Eu não quero dormir com as luzes

apagadas.”

“Você nunca mais terá que dormir no escuro de novo,” eu prometi a ela.

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Eu permaneci na cama com ela dessa vez, luzes acesas como eu prometi. Levou

um pouco mais de tempo para ela se acalmar e adormecer do que antes, mas

quando fez, eu podia dizer que era um sono profundo e muito necessário. Meu

próprio sono não era nem de perto tão sólido, ambos por causa da luz e porque

eu continuava acordando para verifica-la. Valia meu próprio desconforto, no

entanto, saber que ela estava a salvo e segura.

Ela acordou brilhante e renovada, não dando nenhum sinal de que o colapso de

ontem a noite aconteceu. O melhor de tudo, ela estava com apetite. “Eu não sei

o que pedir,” ela disse, scaneando o cardápio de serviço de quarto com Hopper

em seu colo. “Obviamente, eu vou querer café – você não tem ideia do quanto

eu quero isso – mas eu estou dividida entre a omelete do fazendeiro e panquecas

de mirtilo.”

Me inclinei para baixo e beijei o topo da sua cabeça. “Peça os dois.”

“Como está nosso dinheiro?” ela perguntou ironicamente.

“Prestes a ficar melhor. Eu vou descer para o casino hoje. Você quer vir e ser

meu amuleto da sorte?”

Ela balançou a cabeça. “Prefiro ficar aqui e comer. Você não quer nada?”

“Eles vão me dar café lá embaixo. É tudo que eu preciso por agora.”

Isso, e eu poderia fazer bom uso de algum sangue, o que era outro problema

que não levamos em consideração quando começamos esse plano. Como

muitas coisas, em bora, isso era para mais tarde. Eu não estava em apuros

ainda, mas teria que lidar com aquilo.

Depois de ontem a noite, pensei que Sydney teria um problema comigo partindo,

mas ela era corajosa com a luz do diz e a sacola de truques de Jackie por perto.

Ela tomou banho comigo – o que foi tanto um prazer quanto uma tormenta – e

me mandou para fora quando seu café da manhã gigante apareceu. “Não dê

tudo para Hopper,” eu avisei. Ela sorriu e acenou um adeus.

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No casino, as coisas estavam mais quietas do que estaria de noite, mas

continuava bem ativo. Essa era a beleza de Nevada. Não importava a hora do

dia, as pessoas sempre queriam tentar a sorte. Eu encontrei uma mesa com

quatro outros jogadores com auras fáceis-de-ler e estabelecidos para negócios.

Mesmo, embora, eu tivesse uma vantagem considerável, eu não poderia

ostentá-la, para não atrair a atenção daqueles dirigindo o casino. Então,

enquanto eu ganhava a maioria das vezes, me certifiquei em perder algumas

também, para afastar suspeitas. Ofereci também comprar um ronde Blood Marys

da manhã, o que caiu bem para promover a boa vontade e piorar o jogo dos

outros.

Eu não estava nem perto de me retirar, mas depois de umas duas horas, eu fiz

uma quantidade decente o suficiente para levar de volta para Sydney. Eu

planejava fazer mais um par de mãos primeiro, e enquanto eu fazia uma rápida

verificação de aura quando a aposta surgiu, algo chamou minha atenção. Na

verdade tinha chamado minha atenção mais cedo, mas eu não dei muita

atenção. Quando usei espirito para checar a aura dos meus competidores, eu

inadvertidamente vi a aura de todo mundo ao meu redor. O que foi estranho hoje

era que tinha um monte de gente com amarelo em sua aura. Amarelo – e

ocasionalmente laranja, o que eu também estava vendo bastante – era uma aura

de uma pessoa pensadora, a aura de um acadêmico. A aura de Sydney tinha

um monte de amarelo. Não era algo que você geralmente via muito em jogadores

crônicos, certamente não nessa hora do dia. Aqueles que jogavam apenas por

diversão casual e inovadora vinham à noite, não cedo na manhã. Essa era uma

quantidade hardcore, uma quantidade desesperada… e suas auras deveriam

refletir muito.

Eu ponderei enquanto fazia minha aposta e jogava minha mão. Acabei por dividir

o pote com o cara perto de mim, muito para seu prazer. Enquanto a próxima mão

era distribuída, eu chequei as auras ao redor de mim de novo e fui mais uma vez

atingido pela abundancia de amarelo. Eu também notei algo mais. Ninguém com

a aura amarela estava olhando diretamente para mim, mas eles estavam

posicionados ao meu redor muito simetricamente no cômodo. Apenas eu.

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Quando eu olhei além deles, a cor dos outros clientes mudou de volta para o que

eu teria esperado em um casino.

Amarelo. A cor de uma pessoa pensadora.

A cor de um Alquimista.

Quando a próxima mão começou, eu acenei para sair e peguei meu celular,

desejando ter pensado em conseguir um pré-pago para Sydney. Essa teria de

ser nossa próxima prioridade com certeza. Tentando não parecer em pânico, eu

digitei um texto para Marcus.

Ligue para o Hotel Silver Spring em West Side, NV, e peça para falar no quarto

301. Diga a Sydney para pegar as coisas agora mesmo e me encontrar no carro.

Eu estava prestes a apertar “enviar” quando uma explosão em algum lugar do

lado de fora abalou o casino. As pessoas engasgaram, e copos sacudiram.

“Deixa pra lá,” eu murmurei, deletando a mensagem e me dirigindo para porta.

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Capítulo 19 Sydney

Eu comi e comi, e foi maravilhoso. Não pensei que seria capaz tão cedo, mas

depois de uma noite real de um bom descanso, meu corpo parecia pronto para

começar a aceitar o que precisava. Hopper dividiu comigo meu café da manhã

gigante, claro, e eu estava contente em ver que ele também parecia muito

melhor.

Eu coloquei outra camiseta colorida brilhante escolhida por Adrian (turquesa

dessa vez) e considerei descer para o casino para torcer por ele. Eu sabia que

ele iria gostar de ver por aí, mas cada vez que eu pensava em encarar a multidão

lá embaixo, algo ficava tenso dentro de mim. Eu ansiava reentrar no mundo real,

mas eu ainda não estava muito pronta para algumas coisas. Era esmagador o

suficiente ligar nas notícias e ouvir referências a grandes eventos que

aconteceram enquanto eu estava na reeducação. Jornalistas falavam sobre eles

como se fossem de conhecimento comum para todo mundo – o que

provavelmente era, se você não teve quatro meses da sua vida tirados de você.

Eu fiz me atualizar com o mundo moderno meu novo objetivo, e depois de

empacotar tudo, eu sentei no sofá com Hopper enquanto eu também ponderava

nosso próximo passo. Depois disso, nós tínhamos que continuar nos movendo,

e tanto quanto eu odiava admitir, nossa próxima tarefa teria de ser trocar o

Mustang por algo menos notável. Dali, teríamos de fazer a mesma escolha que

Moroi sempre fazem em estratégias para, da melhor forma, ficarem longe de

Strigoi: Ir para algum lugar densamente povoado ou totalmente deserto? Cada

um tinha seus prós e contras.

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Uma batida na porta me fez pular. Imediatamente, meus olhos dispararam para

a maçaneta, verificando se o aviso de “Não perturbe” tinha desaparecido. Nós

penduramos ontem de noite. Eu permaneci congelada e esperei para ver se a

pessoa que bateu iria reconhecer seu erro e ir embora. Alguns momentos depois,

outra batida veio, dessa vez com, “Serviço de Limpeza.” Aquilo selou. Serviço de

quarto teria batido, apesar do aviso, se você fizesse um pedido, mas servido de

limpeza quase nunca fazia. Nervosamente, me arrastei para a porta e arrisquei

dar uma olhada pelo buraco da fechadura. Uma mulher jovem permanecia lá,

sorrindo agradavelmente e usando o uniforme do hotel. Ela certamente parecia

inofensiva, e eu me perguntei se talvez nosso aviso tivesse caído.

Só então, algo em minha visão periférica chamou minha atenção. Uma sombra

ao seu lado – que não pertencia a ela. Aquilo mudou ligeiramente, e eu percebi

que tinha outra pessoa parada perto dela, fora do alcance de visão do buraco da

fechadura. Talvez mais de uma pessoa. Quietamente, eu me afastei e murmurei

o feitiço que transformava Hopper em uma estátua antes de coloca-lo na sacola

de shopping que continha nossas roupas. Eu a pendurei e a sacola de Srta.

Terwilliger no ombro e comecei avaliar minhas rotas de fuga. A janela do

banheiro não era grande o suficiente para escapar por ali. A sala de estar tinha

uma pequena porta de vidro deslizante e abria para um balcão de Julieta… no

terceiro andar.

Eu saí e analisei minhas opções. Não havia muitas. Nosso quarto tinha vista para

o estacionamento, e não tinha nada no chão para amenizar minha queda.

Diretamente abaixo do meu balcão tinha outro, e eu ponderei se eu era

fisicamente capaz de conseguir fazer aquela escalada. Seis meses atrás, eu teria

dito sim. Agora, eu não tinha certeza. Antes que eu pudesse decidir, uma SUV

preta grande estacionou, e dois homens com óculos de sol saíram, se colocando

de modo que pudessem me observar. Eu mal podia distinguir um fone de ouvido

em um deles, e ele parecia estar falando suavemente.

Devia ser para o grupo do lado de fora do meu quarto, porque a batida de repente

ganhou uma intensidade muito maior. Eles também desistiram de qualquer

fingimento de Serviço de limpeza: “Sydney, nós sabemos que você está aí. Não

faça isso mais difícil do que já é.” O que foi seguido pelo som de um cartão chave

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do hotel deslizando na fechadura, mas quando eles tentaram abrir a porta, a

corrente o prendeu. Eu entrei de volta e vi um olho aparecer na fresta formada

pela corrente. “Você não tem para onde ir, Sydney.”

“Diga para os caras do lado de fora que eles vão querer ir para longe do carro

deles bem rápido!” Gritei para ela.

Eu saí de novo para o balcão e peguei um dos amuletos que Srta. Terwilliger

tinha me dado. Com a maior parte do trabalho tinha sido com a criação do

amuleto, requeria apenas um pequeno feitiço para ativa-lo. Eu falei as palavras

e o arremessei em direção a SUV, seguido de um feitiço secundário de ar

impulsionando o amuleto mais longe do que eu podia sozinha. Ou eles

perceberam o perigo eminente ou tiveram um aviso de seus colegas, os homens

com óculos de sol correram, mergulhando para o chão quando a SUV explodiu.

Eu afundei também, encolhendo-me com o calor e contente por não haver mais

ninguém por lá que pudesse se machucar.

Uma vez que a explosão inicial tinha passado, eu não perdi tempo em me

levantar e me pendurar sobre a borda do balcão. As barras e arabescos proviam

vários lugares de apoio para as mãos e pés, e eu não tive dificuldade em me

segurar do lado de fora. Foi quando eu tentei me pendurar e balançar para o

balcão vizinho que os resultados de quatro meses de atividades físicas mínimas

apareceram. Minha força na parte superior do corpo não estava nem perto de

ser como costumava, e de repente se tornou esmagador me pendurar lá, muito

menos me balançar para o outro balcão. Eu tentei escalar para baixo o mais

rápido que pude, até minhas mãos segurarem as partes inferiores do balcão e

meus pés penderem a apenas alguns centímetros do outro corrimão. Tocando-

o seria fácil se eu soltasse. Cair para dentro – em vez de para fora – não seria.

Os músculos dos meus braços gritavam, e meu aperto começou a escorregar.

“Sydney!”

Reconheci a voz de Adrian, mas não podia vê-lo. Eu só podia dizer que ele

estava em algum lugar atrás de mim, possivelmente perto da SUV.

“Solte!” ele gritou.

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“Eu vou cair,” gritei de volta.

“Não, não vai!”

Eu soltei, e em metade de uma batida de coração, não havia nada para impedir

que eu caísse no chão. Então, uma força invisível me puxou forte pelas costas,

e eu fui tombando sobre a borda do balcão, aterrissando desajeitadamente –

mas em segurança – nele. Eu estava confusa sobre o que tinha me salvado até

eu me virar em direção a Adrian, onde ele permanecia no estacionamento a uma

distancia saudável da SUV queimando. Os Alquimistas em óculos de sol

estavam indo em direção a ele, e ele fixou seu olhar neles, os derrubando com

uma parede invisível de poder, bem como ele usou em mim. Eu estremeci com

aquele tipo de trabalho telecinético, sabendo que aquilo precisava de uma

quantidade incrível de espirito e não poderia durar o dia todo.

“A porta está aberta?” ele gritou.

Eu tentei e acenei.

“Me encontre no lugar que eu esqueci de ir ontem à noite. Vai!”

Os Alquimistas estavam começando a se levantar, e ele disparou pelo

estacionamento, correndo para trás do carro em chamas. Sirenes soavam a

distância, e curiosos estavam começando a sair. Eu me apressei para o quarto

do hotel e parei, aliviada de ver que estava desocupado. Eu corri por ele e emergi

no corredor do segundo andar e ponderei meu próximo passo. Me encontre no

lugar que eu esqueci de ir noite passada.

Fazia sentido não irmos para o carro. Os Alquimistas sem dúvida tinham o

demarcado. Mas, para onde ele quis dizer? Um momento depois, eu soube. De

um lado, o corredor levava para uma saída de emergência. Do outro, as escadas

e o elevador levavam para o lobby e o casino. Eu tentei pensar como uma

Alquimista e decidir ir pelas escadas para o lobby. Uma saída obscura para os

fundos estaria sendo monitorada com certeza.

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Lá embaixo, no piso principal, encontrei caos, o que era bem o que eu precisava.

Todo mundo tinha ouvido o carro do lado de fora, mas ninguém sabia

exatamente o que tinha acontecido. Algumas pessoas estavam tentando

evacuar, enquanto outras, ouvindo que o fogo era do lado de fora, queria ficar

dentro. A segurança do hotel parecia estar discutindo o que fazer, até um guarda

finalmente decidir que seria seguro deixar as pessoas saírem por uma porta de

saída do lado oposto ao SUV pegando fogo. Eu rapidamente me juntei às

pessoas se aglomerando lá e tentei determinar se tinha algum Alquimista para

eu vigiar. Eu não fazia ideia de quem eles eram, se estavam com o uniforme do

hotel ou mesmo em roupas normais. Minha maior pista de que alguém era

seguro era se eles estivessem passando por mim empurrando, muito mais

preocupados com si mesmos do que comigo.

Eu estava quase alcançando a porta quando fiz contato visual com um homem

em uma camisa de estampa tropical que estava definitivamente mais interessado

em mim. Ele começou a empurrar seu caminho em direção a mim. E eu tive a

sorte de um guarda da segurança estar parado por perto, supervisionando a

evacuação. “Meu quarto da para a SUV que explodiu,” eu contei ao guarda. “E

eu vi aquele homem por lá bem antes de acontecer!”

Uma afirmação como aquela teria normalmente sido desconsiderada, exceto,

acho eu, que os detalhes do que aconteceu ainda estavam tão frescos que

especificamente mencionar a SUV dava credibilidade. Plus, o guarda era jovem

e tinha o olhar ardente de alguém que queria se destacar. Ele passou por mim,

bloqueando o homem na camisa havaiana, que estava a apenas um par de

pessoas distante agora.

“Senhor,” disse o guarda. “Posso falar com você?”

O homem, impaciente e fixado em mim, cometeu o erro de tentar passar pelo

guarda, que o empurrou de volta e começou a chamar por reforços.

“Me solte!” gritou o Alquimista. “Eu preciso passar!”

Não fiquei por perto para saber o que aconteceu. Eu os deixei brigando e

finalmente escapei pela porta. Ali, outro guarda bem intencionado tentava manter

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todos os evacuados em um grupo ordenado. Eu o ignorei e imediatamente me

separei dos outros, tentando me orientar. Nós na verdade saímos perto da frente

do hotel, e através de uma avenida movimentada, eu pude ver o shopping center

que Adrian esteve noite passada. Eu comecei correr na direção dele, desejando

que estivéssemos em uma cidade mais movimentada – como Las Vegas – onde

eu teria uma multidão para me perder. Assim como era, eu estava muito visível,

e logo ouvi tiros. Olhando para trás, vi mais duas pessoas em óculos de sol

marchando em minha direção. Eu estava mais cansada da escalada de mais

cedo do que eu esperava, e aquele tipo de exaustão física era transferiu

dificultando o usa de mágica.

Eu estava chegando a uma faixa de pedestres que me atravessaria para o

shopping center, e eu comecei a desacelerar. Freneticamente, eu me perguntei

o que na Terra eles realmente esperavam fazer. Nós estávamos em público, em

plena luz do dia. Eles achavam que podiam apenas me arrancar para fora da

rua? Sim, eu percebi, era exatamente o que eles fariam, e encontrariam uma

forma de justificar depois e descrever para qualquer testemunha. Eles faziam

isso o tempo todo com fenômenos supernaturais. O quão difícil seria com uma

abdução humana?

O semáforo mudou, e eu corri para o outro lado da rua, me movendo o mais

rápido que os meus músculos fora de forma podiam me carregar. Não era o

suficiente, no entanto. Os Alquimistas estavam ganhando. Alcancei o

estacionamento do complexo comercial e fui direto para a loja de departamento

de onde minhas roupas tinham saído. Sem olhar para trás para ver o quão perto

meus perseguidores estavam, eu corri direto para um corredor de artigos de

papelaria e murmurei o fraco feitiço de invisibilidade. Eu senti a mágica se

instalar ao meu redor, e então me apressei para outro corredor no caso de eles

terem visto meu destino original. Ninguém veio imediatamente atrás de mim, e

peguei um desvio através de alguns outros corredores para finalmente circular

de volta e conseguir uma vantagem na entrada da loja. Um dos Alquimistas

estava parado na porta, e eu tive de assumir que o outro estava vasculhando a

loja. Com eles ocupados procurando por mim e esperando me ver, o feitiço não

permaneceria se nossos caminhos se cruzassem. Havia um amuleto muito mais

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poderoso na minha bolça, mas eu odiava ter de desperdiça-lo quando eu estava

tão perto de me encontrar com Adrian. Ou eu tinha de achar outra forma de sair

dali – sem esbarrar nos Alquimistas perambulando – ou distrair aquele perto da

porta.

Continuamente me abaixando e olhando a toda minha volta, ziguezagueei em

direção a uma vitrine de roupas de banho que pareciam terem sido feitas de

material bem inflamável. Começar fogo não era um problema para mim. Eu

poderia fazer uma bola de fogo dormindo. O problema era, eu não queria chamar

atenção imediatamente. Tão logo o fogo fosse notado, toda a atenção – incluindo

dos Alquimistas – iria para aquela direção, o que era o que eu queria. Mas eu

precisava estar bem longe dali quando acontecesse.

Eu fechei meus olhos e conjurei a menor das faíscas na minha mão. Era difícil

impedir que crescesse porque meu trabalho com Srta. Terwilliger era focado em

fazer a pior e maior bola de fogo imaginável. Essa, no entanto, precisava ser

apenas mínima, como eu fiz na reeducação. Uma vez que eu tinha a

estabilizado, ateei-a em uma sunga caqui –por princípios – e então me afastei o

mais rápido possível, agachando perto de alguns carrinhos. Embora eu pudesse

ver espirais de fumaça, a sunga não pegou fogo tão rapidamente quanto eu

esperava, e um longo momento, agonizante passou enquanto eu esperava as

pessoas notarem. O Alquimista da porta manteve sua posição, e então para meu

horror, eu vi o segundo se aproximando, obviamente inconsciente sobre estar

vindo direto em minha direção. Eu estava tentando descobrir como sair de sua

linha de visão quando alguém gritou perto da vitrine, e finalmente, chamas

verdadeiras irromperam do material barato.

O Alquimista vindo em minha direção parou e olhou para o fogo enquanto o da

porta ficou boquiaberto também. Com a atenção desviada, eu fui capaz de

passar sorrateiramente por eles e correr para a farmácia a três lojas do

Shopping. Do lado de fora, um ônibus de turismo parado marcando LAS VEGAS

estava sendo preenchido por cidadãos idosos, e com a minha pressa, esbarrei

em um deles. Ele piscou surpreso quando fizemos contato visual. Eu devo ter

aparecido do nada para ele, mas como tantas vezes acontecia quando humanos

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se deparavam com o inexplicável, ele balançou sua cabeça e se virou de volta

para o ônibus.

Eu me dirigi direto para os fundos da loja, em direção à farmácia, e encontrei

Adrian no setor de contraceptivos, como eu sabia que iria.

“Espero que tenha pegado algo bom,” eu disse.

“Graças a Deus,” ele respirou, me envolvendo em um abraço enorme, “Eu odiei

te deixar, mas pensei que nossas chances seriam melhores se nos

separássemos primeiro. Eu sabia que você era inteligente o suficiente para

chegar aqui.”

“Para o lugar que você esqueceu de ir ontem a noite?” perguntei com um sorriso.

“É, eu consegui, mas tive um par de companhias indesejadas. Eles estão na loja

de departamento … que está também prestes a receber a visita de um caminhão

de bombeiros, eu acho. Queria ter encontrado algo menos evidente.”

“Não pode ser pior do que eu,” ele disse. “Quando eu ouvi a explosão no casino,

usei espirito para jogar um bando inteiro de Alquimistas pelos ares para sair de

lá. Eu não acho que foi obvio que eu fui o responsável, mas esses lugares são

cheios de câmeras que agora provavelmente vão ter algumas imagens muito

questionáveis.”

“Na verdade,” eu disse. “os Alquimistas provavelmente desativaram todas as

câmeras ou as colocaram em um loop antes de se infiltrarem no lugar. Eles não

iriam querer suas atividades gravadas mais do que você.”

Adrian pareceu aliviado. “Bem, isso já é algo. Mas agora qual é o plano?

Devemos ligar para Marcus pedindo ajuda?”

“Não,” eu disse. “Eu não quero que ele voltando aqui e se arriscando enquanto

essa cidade está lotada de Alquimistas.”

“Como você acha que eles nos rastrearam? O carro?”

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Suspirei, me sentindo tola sobre algo que o ocorreu a mim mais cedo.

“Honestamente, eu acho que eles têm olhos e ouvidos em todas as cidades

próximas ao centro de reeducação, no caso de um evento assim acontecer. Eles

provavelmente divulgaram nossa descrição, e alguém reportou. Talvez um

funcionário do hotel. Eu deveria ter considerado isso e ter ido muito mais longe

antes de parar e passarmos a noite. É minha culpa.”

“Os únicos culpados são aquelas aberrações que trancam pessoas em celas

escuras em Death Valley,” disse Adrian. “Então para de se punir, Sage, e use

esse lindo cérebro que eu conheço e amo.”

Engoli e concordei, me preparando. “Certo. Nós precisamos sair rápido dessa

cidade, e eu acho que sei como.”

“Isso envolve ligação direta em um carro?” ele perguntou esperançosamente.

“Eu desaprovo em níveis morais, mas Rose e Dimitri fizeram muito isso, e é meio

foda.”

Agarrei sua mão e o guiei para fora da loja. “Meu plano é muito menos foda.”

Saímos, e com certeza, havia um caminhão de bombeiros e uma multidão

crescente mais abaixo no shopping. Sem esperar para ver se havia Alquimistas

na multidão, eu me apressei adiante e entrei em um dos ônibus de excursão que

tinha acabado de embarcar todos. O motorista nos mediu cautelosamente.

“Vocês não estão nesse grupo,” ele disse.

Adrian olhou para os assentos do ônibus, notando todo o cabelo branco e cinza.

“Muito observador,” ele murmurou.

O cutuquei. “Tivemos sorte no casino mais cedo?”

Adrian pegou a dica e apanhou sua carteira. “Nós gostaríamos de nos juntar a

esse grupo,” ele declarou.

O motorista balançou a cabeça. “Não funciona desse jeito. É tudo arranjado por

uma empresa de excursão, que faz contrato com meu chefe para –“ Seus olhos

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saltaram quando Adrian estendeu algumas notas de cem dólares. Após um

momento de hesitação, o motorista as pegou e as enfiou no casaco. “Entrem.

Acho que ainda há alguns lugares no fundo.”

Os clientes regulares do ônibus olharam para gente com assombro enquanto

passávamos por eles e sentávamos no último acento. Momentos depois, a porta

fechou, e o motorista saiu do estacionamento. Adrian passou um braço ao meu

redor e suspirou alegremente.

“Ah, mal posso esperar para contar isso aos nossos filhos. ‘Ei, querida, lembra

da vez em que fizemos suborno para embarcar em um ônibus de excursão com

cidadãos idosos indo para Las Vegas?’”

Eu ri apesar de mim mesma. “Grande Romance. Tenho certeza que eles ficarão

impressionados.”

A diversão permaneceu em seu rosto, mas estava manchada com tristeza. “Na

verdade, depois do que eu venho observado em casamentos recentemente, isso

é um grande romance.”

“Sobre o que você está falando?”

O resto do seu sorriso desapareceu. “Nada que valha a pena se meter. Vamos

apenas dizer que o casamento dos meus pais é uma farsa, e minha mãe está

bem vivendo com um homem que pensa pouco dela, desde que ele continue

pagando suas contas.”

“Adrian,” exclamei, descansando minha mão na dele. “Por que não me contou

nada sobre isso?”

Seu sorriso voltou, embora dessa vez irônico. “Bem, eu meio que tinha algumas

outras coisas para me preocupar.”

Ele se inclinou e me beijou na testa, mas suas palavras trouxeram algo que eu

mantinha no fundo da minha mente: meus próprios pais. “Você viu Carly,”

comecei. “Você sabe o que aconteceu com a minha família?”

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A viagem para Las Vegas levava mais uma hora e meia, e Adrian recapitulou o

que ele soube sobre minha família e o divórcio. Meu coração afundou. Eu não

estava inteiramente surpresa de ouvir que meu pai ganhou a custódia de Zoe,

mesmo embora eu ainda tivesse esperança que minha mãe pudesse triunfar.

“Não significa que ela seja uma causa perdida,” disse para Adrian, tentando

convencer a mim tanto quanto a ele. “Zoe pode se livrar de tudo isso.”

“Ela pode,” ele concordou, mas eu podia dizer que ele não acreditava naquilo.

Quando alcançamos Las Vegas, descobrimos que o ônibus estava levando os

ocupantes para Tropicana. Nós desembarcamos na frente daquele hotel, onde

a guia da empresa de turismo esperava por sua gorjeta e a próxima parte da

jornada deles. Ela pareceu assustada quando saímos, e Adrian acenou para ela

amavelmente enquanto passávamos por ela, como se fosse totalmente normal

estarmos ali. Ela estava muito atordoada para dizer ou fazer qualquer coisa para

nos parar.

Infelizmente, nós descobrimos então que tinha alguém esperando por nós

também.

“Adrian,” eu disse advertindo.

Ele seguiu meu olhar para onde um homem e uma mulher parados perto da porta

do hotel estavam olhando direto para nós. “Filho da puta,” disse Adrian,

chagando a um impasse.

Eu quase esperava uma repetição do que deixamos para trás, com aqueles

Alquimistas olhando desconfiados direto em nossa direção. Em vez, a mulher

tocou o braço de outro homem cujas costas estava para nós. Ele virou, revelando

ser um guarda de segurança. Ela disse algo para ele e apontou para nós.

Imediatamente, ele deu passou largos, com os dois Alquimistas a tiracolo. Eu

olhei ao redor, tentando ver se podíamos correr para algum lugar ou pelo menos

pegar um taxi.

“São eles,” a mulher estava dizendo. “Eu disse a você.”

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“Com licença,” disse o guarda. “Eu preciso leva-los para dentro e fazer algumas

perguntas. Eu entendo que vocês possam estar envolvidos em algo que

interesse as autoridades.”

“Adrian,” eu disse através de dentes serrados. “Não podemos ir com eles.” Eu

sabia como essas coisas funcionavam. Se acabássemos na custodia da policia

ou mesmo do hotel, os Alquimistas iriam simplesmente manejar um pequeno

trabalho magico de papelada para nos ter entregues a eles.

Adrian olhou o guarda diretamente nos olhos. “Deve haver algum engano,” disse

Adrian amigavelmente. Havia um qualidade acolhedora, adocicada em sua voz

que atraiu até a mim. “Nós estamos aqui para nos divertirmos, gastar montes de

dinheiro no casino. Esses dois são os únicos causando problema. Eles estão

tentando te distrair do que realmente estão tramando.”

A testa do guarda franziu enquanto a compulsão se derramava sobre ele. Eu

estremeci, ambos impressionada e um pouco inquieta com o quão poderoso

Adrian era. Os Alquimistas perceberam o que estava acontecendo também. “Ele

está mentindo,” o homem disparou. “Capture-os, e os traga para dentro. Vamos

ajudar a conte-los.”

“Capture-os, sério?” perguntou Adrian. “Eu sabia que vocês eram da idade

média. Eu só não tinha percebido que ainda tentavam viver nela.” Ele focou sua

energia de volta no guarda. “Deixe a gente ir. É o nosso taxi que acabou de

estacionar. E não deixe eles no parar.”

“Claro,” disse o guarda.

Adrian me conduziu em direção a um taxi que tinha, de fato, estacionado. Os

dois Alquimistas tentaram vir atrás de nós, mas o guarda, ainda sob a influência

de Adrian, bloqueou o caminho. O cara realmente chegou ao ponto de dar um

soco no guarda, permitindo sua colega correr para o taxi. Nessa hora, Adrian e

eu já estávamos dentro, e ele bateu a porta e trancou enquanto ela socava a

janela.

“Dirija,” ele disse para o motorista. “Agora.”

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O motorista parecia mais que um pouco alarmado com a mulher batendo em seu

taxi, especialmente quando o Alquimista homem se juntou a ela. “Vai!” eu insisti.

O motorista entrou no gás. “Para onde?”

Por um momento, nenhum de nós falou. “Então, eu disse. “The Witching Hour.”

Adrian me deu um olhar afiado. “Tem certeza de que é uma boa ideia?” ele

perguntou em voz baixa, quando o motorista entrava no tráfico. “Moroi coopera

com Alquimistas.”

“Tenho uma intuição.” Vendo seu olhar surpreso, eu disse. “Bem, é Las Vegas.”

O taxi nos deixou na metade da Strip, e enquanto desembarcávamos, alertei

Adrian. “É provável que tenha um Alquimista ou dois aqui esperando por nós.

Não procure por eles ou aja como se tivesse notado um se você os vir. Apenas

ande direto para dentro e se dirija para o banheiro. Vou fazer o mesmo. Quando

você sair, não espere por mim. Vai jogar cartas ou alguma coisa. Eu vou te

encontro.”

Isso trouxe uma carranca para seu rosto, mas ele não argumento enquanto

pagava e saia do taxi. The Witching Hour não era um lugar em que eu já estive,

mas era bem conhecido no circulo Alquimista. Era um hotel e casino dirigido por

Moroi, e enquanto vários humanos o frequentavam, seus donos se certificavam

que estivesse repleto de montes de coisas que serviam as necessidades Moroi.

Nós andamos direto para dentro, e um carregador Moroi educadamente segurou

a porta aberta para nós. Do lado de dentro, era como qualquer outro

estabelecimento de Las Vegas: um conjunto de luzes e barulho e emoções de

longo alcance. Adrian seguiu as ordens perfeitamente, indo direto para o

banheiro do lado do lobby. Eu entrei no banheiro das mulheres e em uma cabine.

Lá, eu peguei o amuleto de invisibilidade da Srta. Terwilliger e coloquei ao redor

do meu pescoço, lançando o feitiço que o ativava. Mesmo com o amuleto para

ajudar, ainda requeria muito poder, mas os resultados eram igualmente

poderosos. Esse duraria muito mais tempo do que o que lancei na reeducação,

e agora eu poderia olhar as pessoas nos olhos. Apenas aqueles que sabiam que

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Sydney Sage estava parada lá, invisível, bem na frente deles, seriam capazes

de ver através da mágica do feitiço. Com a minha camuflagem no lugar, eu sai

do banheiro, esperando por outro cliente abrir a porta primeiro.

Do lado de fora, Adrian acabava de sair do banheiro dos homens. Eu emparelhei

atrás dele enquanto ele pedia uma bebida no bar e procurava uma mesa de

pôquer. A bebida era sem álcool, mas continha sangue, o que era um bônus

adicional dessa parada desde que eu sabia que ele não tinha nenhum há um

tempo. Uma vez que ele estava sentado e negociando, eu fui para trás dele e

sussurrei em seu ouvido. “Não se vire. Eu estou aqui com você, invisível. Se

você olhar para mim, vai provavelmente quebrar o feitiço. Acene se você

entendeu.”

Ele acenou.

Varri ao redor e me inclinando de volta para ele. “Eu acho que avistei um

Alquimista no cômodo até agora, observando você. Continue jogando algumas

rodadas. Ninguém vai te apanhar ainda. Não seria surpresa se mais um ou dois

aparecessem logo.”

Eu dei uma rápida andada ao redor, tomando nota de que o escritório principal

da segurança e gerencial era no primeiro andar, e então voltei para Adrian.

Continuei monitorando o cômodo, enquanto continuava parando ocasionalmente

para apreciar como ele jogava. Ele era muito bom naquilo, me deixando feliz por

eu nunca ter cedido aos seus pedidos de estripe pôquer. Eu era na verdade boa

naquilo também, mas minhas jogadas vinham de análises estatísticas. Isso não

se sobressairia a habilidade de ler a verdade nos outros jogadores.

Um segundo Alquimista logo apareceu no andar dos jogos. “Tudo bem,”

murmurei para Adrian. “Termine essa mão, e então consiga um quarto. Se

hospede com seu próprio nome, está tudo bem, e se certifique de repetir o

número do quarto alto. Então vá para ele. Eles vão te seguir. Quando eles

fizerem, não hesite em ser barulhento, lute chamativamente com eles – mas se

certifique que te ataquem primeiro. Eu cuido de todo o resto. E quando as

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autoridades te questionarem, se certifique de fazer grande coisa sobre quem

você é e o quão injustiçado você está sendo.”

Ele obedeceu sem perder nenhuma parte, e eu cuidadosamente o segui para a

mesa da frente, ficando fora da sua linha de visão. Os Alquimistas também

seguiram, pairando ao alcance da voz. Quando ele pegou a chave do quarto, ele

disse, “Quarto 707, huh? Soa como um número da sorte.” Os dois Alquimistas

trocaram olhares e se dirigiram para o elevador. Adrian pegou o próximo para

cima. Quanto a mim, eu me dirigi para um corredor fora de mão no primeiro andar

e peguei um telefone interno, me certificando de que ninguém estivesse por perto

para ver o telefone pairando no ar. Disquei para segurança.

“Por favor ajude!” Exclamei. “Tem um homem sendo atacado no corredor do

decido sétimo andar!”

Depois disso, e tive esperar que essa aposta funcionasse. Eu voltei para onde o

escritório principal da segurança e esperei ali perto. Dez minutos depois, quatro

seguranças do hotel desceram as escadas com Adrian e os dois Alquimistas. O

grupo entrou no escritório da segurança, e eu escorreguei atrás deles, com

cuidado para ficar fora da linha de visão de Adrian. Nós fomos logo reunidos com

o gerente do dia.

“O que está acontecendo?” ele exigiu.

Um guarda começou a falar, mas Adrian o cortou. “Vou te dizer o que aconteceu!

Eu estava cuidando da minha vida, quando esses dois,” – ele apontou para cada

Alquimista por vez – “pularam em mim sem nenhuma razão! Você tem alguma

ideia de quem eu sou? Eu sou Adrian Ivashkov. Talvez você tenha ouvido falar

da minha falecida tia, sua majestade real Rainha Tatiana Ivashkov? E talvez você

conheça uma das minhas melhores amigas, a rainha atual?”

Isso chamou a atenção do gerente, e ele mediu os Alquimistas. Estava claro que

ele sabia quem e o que eles eram. “Nós não vemos muito de vocês por aqui.”

“Esse homem é um criminoso,” protestou um dos Alquimistas. “Ele e uma garota

humana destruíram uma das nossas bases! É nosso direito levar eles.”

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“Eles?” perguntou o gerente. “Eu vejo apenas um.”

“Ela está aqui em algum lugar,” insistiu o outro Alquimista.

Um dos guardas gesticulou para um monitor grande. “Nós temos gravações do

casino, senhor. Lorde Ivashkov estava sozinho.” Ele passou um vídeo de Adrian

na mesa de pôquer, e eu rezei para que ninguém checasse o vídeo de nós

entrando. “E aqui está o ataque.”

Um novo vídeo mostrava os dois Alquimistas a espreita esperando no decimo

sétimo andar quando Adrian saiu do elevador. Eles claramente fizeram o primeiro

movimento, tentando agarrar e subjuga-lo com uma arma tranquilizadora deles

próprios. Adrian revidou elegantemente, não apenas com espirito – o que eu

esperava – mas de fato dando um soco em um deles. Wolf ficaria tão satisfeito.

Outros clientes emergiram de seus quartos, e logo os guardas chegaram,

separando tudo.

“Isso é inaceitável,” disse o gerente com raiva. “Vocês não podem entrar no meu

hotel e tentar atacar um Moroi! Eu não me importo com quem vocês são. Vocês

não têm direito de fazer isso com a gente.”

“Ele é culpado de todos os tipos de crime,” o primeiro Alquimista disse. “Você

não tem nenhum direito de nos impedir de leva-lo para interrogatório.”

“Onde estão suas provas?” perguntou o gerente. “E onde está sua garota

misteriosa? Você claramente cometeu um erro.” Ele se virou para outro guarda.

“Escolte-os para fora.”

“Eles tem me seguido o dia todo,” disse Adrian. “Como vamos saber que não vão

voltar?”

“Ninguém vai intimidar nossos cidadãos,” rosnou o gerente. “Alerte o resto do

seu pessoal. Vasculhe esse lugar por qualquer sinal de Alquimistas, bem como

os arredores e os tuneis. Remova qualquer um deles da nossa propriedade e

faça uma ligação para Corte. Você está seguro enquanto estiver aqui, Lorde

Ivashkov.”

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“Obrigado,” disse Adrian solenemente. Ele se levantou. “Se isso terminou, eu

vou para meu quarto e fazer algumas ligações para Corte eu mesmo.”

Os Alquimistas protestando foram levados para fora, e o gerente acompanhou

Adrian para fora, oferecendo todos os tipos de desculpas e compensações pelo

que tinha acontecido. Quando Adrian estava finalmente sozinho no elevador, me

movi para trás dele e falei.

“Não se vire de novo. Nós precisamos de mim fora das câmeras.”

“Tudo foi de acordo com o plano?” ele perguntou.

“E além.”

Ele segurou a porta do seu quarto de hotel aberta um tempo extra para que assim

eu pudesse entrar. Uma vez fechada, eu fui para frente dele e disse, “Aqui estou

eu.” O feitiço se desfez, e ele me agarrou em um abraço gigante que me tirou

dos meus pés.

“Isso,” ele disse, “foi brilhante. Como você sabia o que iria acontecer?”

“Eu não sabia,” eu disse. “Não com certeza.” Ele me colocou no chão e sentou

no sofá. “Mas eu me senti muito confiante que o gerente Moroi não fosse deixar

um dos seus ser arrastado sem provas – o que não tinha chance deles terem.

Marcus desativou as câmeras em Death Valley. Os alquimistas poderiam apenas

acusa-lo baseado em testemunhas oculares, e eu sabia que isso não seria aceito

aqui. Oficiais Alquimistas teriam que apresentar queixas formais a rainha. Eu…

bem, essa é uma história diferente. Eles teriam me entregado. Os Moroi não têm

motivo para me proteger – dai a invisibilidade.

Adrian sentou do meu lado e beijou minha bochecha. “Eu disse isso antes, e eu

vou dizer de novo: você é um gênio, Sage. Eu continuo achando novas razões

para te amar, e eu não achava que isso fosse possível.”

“Não sou nenhum gênio,” eu disse, caindo no acento. Lagrimas se formaram em

meus olhos, e eu odiava aquilo. Eu odiava o que os Alquimistas tinham feito

comigo. Eu nunca fui tão emocional antes! Pra mim era tudo sobre logica quando

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problemas surgiam, não lagrimas, e ainda agora, eu só queria me curvar em uma

bola e chorar. O estresse da reeducação e agora esse ataque estavam me

desgastando. “Eu deveria ter nos deixado ir com Marcus. Eu não sei se podemos

ultrapassar os Alquimistas! Você acha que eu sou esperta, mas onde acha que

aprendi? Você vê a extensão do que eles podem fazer? Eles têm agentes

esperando em cidades vizinhas de Death Valley. Então eles devem ter nos visto

entrando naquele ônibus de excursão, descobriram para onde estava indo, e nos

encontraram no Tropicana. Os Alquimistas lá ou pegaram a placa e nos

rastrearam até aqui, ou lá também já havia agentes esperando, desde que

aquele era um lugar provável para irmos.” Encontrei o olhar de Adrian

firmemente. “Como podemos fugir disso? Como fugimos de um grupo que tem

olhos e ouvidos em todo lugar? Quem pode nos proteger? Nós não podemos

usar invisibilidade e espirito para o resto de nossas vidas! Não podemos no

esconder nesse hotel para sempre!”

Eu sabia que devia soar histérica, e a calma de Adrian enfatizava aquilo. “Eu

acho que tenho uma ideia,” ele disse. “Uma ideia que vai nos render uma

proteção hardcore… mas eu não sei como você vai se sentir sobre isso.”

“Estou aberta a qualquer coisa,” o assegurei.

Ele hesitou por um momento e deu um aceno decisivo. Então, para minha

surpresa total e absoluta, ele se ajoelhou diante de mim e apertou minhas mãos

nas suas. “Sydney Katherine Sage,” ele disse, seus olhos verdes cheios de amor

e seriedade. “Você daria a um Moroi filosofo, que não paga as próprias contas,

a honra de ser sua esposa?”

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Capítulo 20 Adrian

Eu esperava muitas reações diferentes à minha proposta. Chorar não era um

delas.

— Ok — Eu disse cautelosamente. — Provavelmente isso teria sido melhor com

um anel, certo?

Ela balançou a cabeça, furiosamente enxugando as lágrimas dos seus olhos. —

Não, não... foi ótimo. Quer dizer, eu apenas não sei. Eu não sei por que estou

chorando. Eu não sei o que há de errado comigo.

Eu sabia o que estava errado. Ela estava trancada por quatro meses, a maioria

deles havia sido no escuro, submetida à tortura psicológica e fisíca, e teve que

dizer que tudo o que ela acreditava era errado e distorcido — que ela estava

errada e distorcida. Acrescente a isso ao estresse da fuga — de várias fugas —

que nós tivemos que passar, e não era de admirar que ela estava quebrando.

Mesmo a mais forte pessoa teria dificuldade em se recuperar. Ela precisava de

um tempo, tempo para se curar mentalmente e fisicamente, e aqueles malditos

Alquimistas não dariam isso a ela.

— Tudo bem, vá em frente. — Disse ela, poucos momentos depois. Eu podia vê-

la endurecer, trabalhando duro para deixar de lado todas essas emoções, porque

ela achava que isso era o que significava ser forte. Eu queria dizer a ela que a

força não se tratava de esconder seus sentimentos, que estava tudo bem por ela

se sentir assim depois do que ela tinha passado. — Me explique como ser uma

noiva de dezenove anos de idade vai resolver nossos problemas.

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Eu fiquei de joelhos. — Eu sei que não era parte de seu plano — eu disse. —

Ainda não, pelo menos. Eu sei. Idealmente, você estaria indo para a faculdade

agora, com o casamento na estrada.

Ela assentiu com a cabeça. — Você está certo. E não é por falta de amor por

você, acredite. Eu não posso nem imaginar se casar com ninguém. Mas ainda

somos tão jovens.

— Eu sei. — Eu apertei as mãos dela com mais força. — Aqui está o que eu

penso, no entanto. Pensei nisso quando você disse que sabia que o Moroi iriam

me proteger como um dos seus próprios. Se nos casarmos, se você for minha

esposa, os Morois terão que protegê-la também.

As palavras anteriores de Sydney me lembraram de algo que Lissa tinha dito,

quando eu lhe pedira para ajudar a Sydney: Se alguém do meu próprio povo

estiver em perigo por causa deles, então sim, eu tenho todo o direito de ir contra

os Alquimistas. Eu não tinha dúvida de que eu estaria seguro se eu fosse

correndo de volta para a Corte. Lissa iria me proteger, mesmo que eu não fosse

um bom amigo. Sydney estava certa de que ela não poderia esperar tais

garantias, e até mesmo o gerente do hotel havia insinuado isso. Mas se ela fosse

a Sra. Ivashkov...

Sydney franziu as sobrancelhas. — Você está pensando em como uma pessoa

recebe a cidadania quando se casa com alguém de um país diferente. Eu não

acho que funciona dessa maneira com os Moroi e os seres humanos. Eu não me

torno automaticamente uma Moroi me casando com você. O seu povo não vai

me aceitar como um deles. Seu povo vai pirar.

— É verdade — Eu admiti. — Mas isso não significa que vou deixar a minha

esposa ser punida. Vamos para a Corte e casamos. — Ela não respondeu de

imediato, e o silêncio me enervou. Comecei a me preocupar e encontrar outros

problemas, aqueles que não tinham nada a ver com a lógica questionável do

meu plano. — Mas, se você não tem certeza sobre nós...

Ela se concentrou de novo em mim. — Oh, Adrian, não. Não é isso. Quero dizer,

é como eu disse, eu nunca esperei me casar tão jovem, mas eu não consigo

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imaginar passar a minha vida com alguém além de você, imaginei que isso iria

acontecer um dia. Isso é apenas uma espécie de choque. E também pense em

como seria a nossa vida se nós pedíssemos refúgio aos Moroi, isso significa que

teremos que ficar na Corte para sempre? Eu nunca vou poder ver minha família

de novo?

Isso me pegou de surpresa. As maiores complicações que eu tinha previsto eram

as reações dos meus familiares e outros, digo, como Nina. Isso seria um

problema sim, mas o que eu e Sydney estávamos enfrentando agora era muito

importante. Eu estava preparado para lidar com qualquer reação que meu povo

pudesse apresentar, mas eu sinceramente não tinha pensado o suficiente para

considerar o lado de Sydney. Eu não tinha respostas fáceis para essa pergunta,

mas respondi com confiança, como achei que eu fiz:

— Por um curto prazo. Quer dizer, eu não sei quanto tempo é esse 'curto

prazo', mas, eventualmente isso vai passar, e nós vamos ser livres para irmos

onde quisermos e ver quem a gente quiser ver.

Sua expressão irônica me dizia que ela não acreditava. — Como você sabe

disso?

— Eu apenas sei. E eu acredito que não importa as condições em que

estamos, nós estaremos bem enquanto estivermos juntos.

— Tudo bem — disse ela depois de deliberar mais um pouco. — Só

casamento não é apenas um pedaço de papel.

Levantei-me e sentei-me ao lado dela. — Eu sei que não é. — Eu disse.

— E eu sei que seria difícil, por todos os tipos de razões. Mas eu acho que

nós podemos lidar com o que vier no nosso caminho, contanto que continuemos

amando um ao outro como nos amamos. — Pensei nos meus pais e no

casamento de fachada deles. Isso parecia ser mais uma piada do que algo

precipitado Sydney e eu poderíamos fazer.

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— Como é que você propõe que vamos sair daqui, então? — Ela perguntou.

—Tenho certeza que este hotel tem uma capela para casamentos, mas de

nenhum jeito nós poderíamos casar aqui.

— Não — eu concordei. Nenhum ministro Moroi iria abençoar esta união. —

Agora, nenhum alquimista está próximo a esse local, temos uma pequena janela

para sair. Nós podemos apenas ir até a Corte e... O que tem de errado?

Ela estava começando a chorar novamente.

— Nada, nada — disse ela. — É só que ... não. Deixa pra lá.

— Me fala — insisti.

— É só que... — Ela suspirou. — Qualquer outro plano que eu tinha saiu pela

janela. Faculdade, minha família... E agora adiantando meu casamento por

vários anos. E com isso, até mesmo o casamento mudou. Sempre pensei que

quando isso acontecesse, nós teríamos nossos amigos lá, um vestido, o negócio

inteiro. Sei que nada disso importa, e eu quero dizer isso: eu com prazer me

casaria com você em uma camisa azul-petróleo. É só que é tudo tão diferente.

Eu só preciso de um minuto para me adaptar a todas essas mudanças.

Eu acariciei o rosto dela. — Não, você não precisa. Não sobre isso, pelo menos.

Dê-me um segundo.

Eu me levantei e peguei meu celular, olhando para algumas coisas, enquanto

ela me olhava com curiosidade. Em poucos minutos, eu tinha um plano. Eu só

esperava que não causasse mais problemas do que resolvesse.

— Ok, vamos sair agora, enquanto os Alquimistas estão bloqueados deste

hotel. Eles vão eventualmente encontrar um jeito de voltar, apenas com as

tatuagens cobertas de maquiagem. Você tem mais amuletos de invisibilidade?

Ela balançou a cabeça. — Eu posso lançar um feitiço de invisibilidade menos

potente... mas não vai funcionar bem em um lugar lotado como este. Muitas

pessoas para se esbarrar.

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— Eu vou nos cobrir, então. Vamos. — Eu estendi minha mão. — Temos que

sair daqui agora.

Quando descemos as escadas, eu coloquei uma onda de espírito ao nosso redor

que nos fazia esquecíveis e distorcia as nossas feições para qualquer um que

chegasse perto demais. Eu sabia que estava funcionando quando passamos por

um dos guardas que tinha me trazido mais cedo e ele não me deu uma segunda

olhada. Não funcionaria em ninguém que estivesse à distância, apesar de tudo.

Eu não poderia afetar mentes tão longe, e foi por isso que estávamos agindo

agora, antes que os Alquimistas conseguissem colocar espiões ao redor. Levei

Sydney para baixo através dos túneis subterrâneos que existiam debaixo do

Witching Hour que chegavam até determinados pontos do Strip. Havia um

número de saídas, e eu não duvido que os alquimistas logo teriam todas elas

monitoradas. Eu só esperava que estivéssemos à frente deles e que a saída que

eu escolhi ainda não havia sido monitorada.

Quando saímos, estávamos em um grande hotel na Strip. Nenhum de nós viu

qualquer sinal de que estávamos sendo seguidos, então eu relaxei o espírito

enquanto nós caminhávamos através do estabelecimento. Passei pouco tempo

lá e simplesmente fui direto para o ponto de táxi. Pegamos um carro e logo

estávamos em nosso caminho para o cartório mais próximo que nos daria uma

licença de casamento. Tivemos sorte pelo tempo estar ao nosso lado, e nós

chegamos a encontrar uma fila pequena, provavelmente graças ao fato de ser

uma tarde de semana. Nós oferecemos as nossas identidades quando chegou

a nossa vez, e eu dei um sorriso a Sydney enquanto o funcionário processava

nossa papelada.

— Vai se casar como você mesma, hein? Não como senhorita Steele?

— Isso seria mais seguro, absolutamente — Disse ela com um sorriso

irônico. — Mas se nós vamos tentar pedir asilo aos Morois, precisamos que isso

seja tão legal quanto possível. Você vai se casar com Sydney Sage, você

querendo ou não.

Eu beijei sua testa.

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— É a única coisa que eu quero.

Nenhum Alquimista nos interrompeu durante esta missão, o que eu tomei como

um bom sinal. Uma vez com nossa licença, nós pegamos um táxi de volta para

a Strip, para outro hotel, desta vez ao lado de um enorme complexo subterrâneo

comercial. Eu verifiquei novamente o endereço no meu telefone e, em seguida,

guiei Sydney para o lugar que eu olhei mais cedo: um negócio cujo único

propósito era para preparar as pessoas para casamentos rápidos em Vegas. A

parte em que entramos estava cheio de vestidos de noiva, e além dele, eu podia

ver uma área de salão. A consultora saiu assim que entramos.

— Vocês parecem um casal feliz — disse ela.

Eu me perguntei se isso era verdade, pois nós dois estávamos muito tensos por

estarmos sendo seguidos. — Como posso ajudá-los?

— Nós vamos nos casar — declarei. — E você tem duas horas para dar a

ela tudo o que ela quer e o que ela precisa para se preparar.

Até mesmo Sydney pareceu assustada com isso. — Adrian... — Ela começou,

nervosa.

— Vocês fazem cabelo e maquiagem aqui? — Eu perguntei, apontando para

o salão de beleza. — Leve-a lá e também ajude-a a encontrar um vestido. Um

bom vestido, e não apenas qualquer um deles. — Eu balancei a cabeça em

direção a um cabide próximo a onde estávamos, que estava escrito PECHINCHA

DE VESTIDOS.

— Adrian... — disse Sydney novamente.

— Vou precisar de um smoking também — Eu disse. Peguei um pedaço de

papel do bolso e tirei a caneta que a consultora de vendas estava segurando. —

Aqui estão as minhas medidas. Pegue um que combine com ela. Eu confio em

seu julgamento. E então qualquer outra coisa que ela quiser.

— Você está indo embora? — Perguntou Sydney em uma súbita percepção.

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— Eu tenho algumas coisas para fazer. Mas eu vou estar de volta em duas

horas. — Ela e a consultora ainda pareciam pasmas. — Ah — disse eu.

— Eu acho que nós precisamos conversar sobre dinheiro. Que bobagem a

minha.

Eu peguei a caneta novamente e escrevi um montante — um montante muito

grande — próximo às minhas medidas.

— Será que isso cobre tudo?

Sydney engasgou quando ela viu. A consultora simplesmente levantou uma

sobrancelha.

— Sim, senhor. Consideravelmente. Eu não suponho que você realmente

tem algum desse dinheiro em mãos?

— Não — eu disse. — Mas eu não preciso disso. Eu tenho uma cara honesta,

e você confia que eu vou pagar minhas contas.

Eu usei o máximo da minha compulsão, e depois de um momento de hesitação,

a consultora concordou em aceitação. O irônico é que eu poderia ter o compelido

o suficiente para ela nos dar tudo de graça. Eu sabia que Sydney nunca me

perdoaria por começar o nosso casamento com esse tipo de decepção, sem

mencionar que seria provável que a pobre mulher fosse demitida. Beijei Sydney

na bochecha. — Divirta-se. Eu estarei de volta em breve.

Sydney correu atrás de mim e pegou meu braço. — Adrian, o que você vai fazer?

Mesmo você não pode ganhar esse tanto de dinheiro em duas horas.

Beijei-a novamente. — Eu vou fazer o seu sonho se tornar realidade, Sage.

Tenha fé. E se os Alquimistas aparecerem... — Seria um infortúnio, e parecia

pouco provável, mas nós tínhamos que estar preparados. — Faça o

que tiver que fazer para escapar. Nos Encontraremos em um sonho ou através

de Marcus.

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— Tenha cuidado — Disse ela, ainda parecendo compreensivelmente

preocupada.

— Sempre — menti.

Eu fui para fora, de volta ao complexo comercial, tentando esconder o quão

desconfortável eu me sentia. A coisa mais segura e inteligente teria sido usar

esta janela para escapar de Vegas e se casar em algum outro lugar, mas, além

do fato desta cidade ter sido construída em torno de casamentos rápidos, eu

realmente me importava e queria realizar um de seus sonhos. Eu só esperava

que não nos colocasse em problemas no final. Meu telefone soou com uma

mensagem de texto, e eu olhei para baixo, esperando algum aviso de sinistro de

Marcus. Em vez disso, eu vi uma mensagem de Jill:

“Esta é a coisa mais romântica que eu já vi. Eu me sinto como se eu estivesse

assistindo a um filme feito para a TV.”

“Obrigado” Eu escrevi de volta. “Alguma dica?”

“Não, você está indo muito bem. Eddie está furioso que vocês partiram.

Talvez isso faça ele se sentir melhor.”

Foi um alívio saber que ele estava de volta ao lado dela, e nenhum dano tinha

sido feito por pedir-lhe para ir ao salvamento. Eu escrevi:

“Mantenha isso em segredo por enquanto. Então esteja pronta para as

consequências. Logo que eu possa nos tirar daqui.”

“Eu poderia ser capaz de ajudar com essa parte” ela respondeu.

Eu não via como ela podia, mas ela não enviou nenhuma mensagem, e eu logo

eu me perdi em minhas outras tarefas. Não demorou muito tempo para chegar

ao meu destino: uma loja de jóias que tanto comprava quanto vendia itens. Ela

não era exatamente decadente nem era uma casa de penhores decente, mas

seu princípio de funcionamento era semelhante. Essa era Las

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Vegas, depois de tudo. Um velho de cabelos brancos me cumprimentou quando

entrei, perguntando como ele poderia ajudar. Com uma respiração profunda, eu

fiz o impensável e tirei uma das abotoaduras da tia Tatiana.

— O que você pode me dar por isso?

Ele prendeu a respiração quando ele pegou e olhou-a com um óculos de

joalheiro.

Como você pôde fazer isso comigo? gritou a tia Tatiana. Como você pode jogar

fora as minhas jóias? futuro.

Eu não vou jogá-los fora, eu disse a ela. Isto é importante. Isso é para o

Um futuro com uma humana!

Um futuro com a mulher que eu amo, eu respondi. Eu te amo, tia Tatiana, mas

você se foi. Sydney está aqui, e meu lugar é com ela. Estas abotoaduras não

fazem bem a ninguém apenas ficando por aí.

O Fantasma da tia Tatiana ainda estava indignada. Você está me traindo!

Eu me senti um pouco mal por dentro, mas ainda estava decidido. Uma vez, eu

tinha tomado um rubi destas abotoaduras e dei para uma casa de penhores com

a intenção de comprá-lo de volta. Eu tinha pego de volta — por pouco — e aquela

experiência tinha sido mais do que um pouco traumática. Agora, não havia como

voltar atrás. Eu não só estava desistindo das abotoaduras, eu estava as

renunciando por completo. Com as nossas limitações de tempo, eu não seria

capaz de ganhar o suficiente e voltar aqui para comprá-lo de volta. Este foi o

meu sacrifício pelo sonho da Sydney.

O preço que ele deu foi baixo, é claro, e nós discutimos várias quantias.

Tínhamos quase chegado a um preço (embora fosse ainda menor do que o preço

de uma abotoadura) quando eu fiz o meu próximo movimento e tirei a segunda

abotoadura.

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— Dê-me essa quantia — eu disse. — E eu vou te oferecer este negócio. Eu

quero essas pedras colocadas em uma aliança fina de ouro branco. Então eu

preciso de duas simples alianças. Você mantém a platina como pagamento. Vale

muito mais a pena do que aquilo que você estará me dando em troca. Oh, e eu

preciso dele feito em uma hora.

Nós discutimos mais alguns detalhes, mas ele sabia que estava fazendo um bom

negócio e queria muito fechá-lo. Nós finalmente resolvemos, e ele me mostrou

uma variedade de alianças. Eu não tinha muito tempo e escolhi um engajamento

com estilo simples que iria segurar um diamante retangular com rubis

retangulares menores em cada lado. Eu tinha planejado apenas alianças

simples, mas ele me mostrou um conjunto de alianças que combinavam, de ouro

branco com pequenos rubis espalhados em todo o anel, que me atraiu. Eles

pareciam como uma homenagem às abotoaduras que haviam sido sacrificadas

em nome deste esquema louco. Eu assinei tudo, levei meu dinheiro, e lembrei-

lhe que ele tinha uma hora.

A partir daí, eu fui para um cassino mais próximo — com salas de pôquer

milionária — com uma ligação muito importante feita ao longo do caminho. Jogar

com esse tipo de dinheiro foi um pouco difícil, especialmente sabendo que eu

tinha tão pouco tempo e que tanto estava dependendo nele. Se eu perdesse,

não haveria tempo para ganhá-lo de volta, e um monte de planos iria por água a

baixo. Mantive a calma e me recusei a entrar em pânico, eu tratei isso como um

jogo casual e contei com o meu truque habitual de leitura de auras. Os jogadores

aqui não eram diferentes dos outros que eu tinha jogado contra, eu disse a mim

mesmo. Eles estavam apenas fazendo apostas muito maiores.

Uma hora mais tarde, eu deixei a mesa com o suficiente para cobrir todas as

despesas do casamento, e também uma viagem de saída de Las Vegas. Voltei

até o joalheiro, que cumpriu o que ele prometeu. Eu embolsei os anéis e fiz outro

telefonema enquanto eu fazia duas paradas: uma na farmácia e uma na Loja de

vinhos. Com um suspiro de alívio, eu percebi que tinha concluído a última das

minhas tarefas, além do casamento em si. Eu voltei para a loja de noivas,

espantado ao descobrir que eu estava bem no horário.

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As últimas duas horas tinham sido tão frenéticas, produzindo tanta ansiedade,

que eu senti como se meu mundo tivesse sido colocado em avanço rápido, com

tudo tendo a necessidade de ser feito agora agora agora. E assim, era mais do

que um pouco surreal quando entrei na loja e vi Sydney...

... E tempo que eu conhecia de repente congelou.

Eu tinha dito sério quando falei a ela para conseguir tudo o que queria. Eu não

me importava. Ela realmente poderia ter aparecido no altar em uma camiseta

azul-petróleo, e eu teria casado com ela, com o coração cheio de amor. Dito isto,

eu tinha algumas ideias de que tipo de vestido que ela iria usar. Algo modesto,

com mangas longas de renda, foi o meu maior palpite. Ou talvez um daqueles

tipos simples, com uma de manga curta que não tivesse nenhum enfeite extra.

Ela era Sydney, depois de tudo. Eu esperava o pragmatismo dela.

O que eu não esperava era o velho glamour de Hollywood. O vestido estava em

volta dela confortavelmente, mostrando um corpo que em nada parecia muito

magro, com dobras de organza e com enfeites de cristal frisado. Apenas abaixo

de seus quadris, ele se alargava em um estilo sereia numa explosão de tule, que

também foi decorado com enfeites dispersos. Apenas uma alça de renda e cristal

delicado descansava em seu ombro; o outro ombro estava nu. Seu cabelo, com

o seu novo comprimento extra, tinha sido preso em um coque simples, com um

pente de cristal segurando-o no lugar na parte de trás de sua cabeça, com um

enorme véu longo, arrastando com ele. Vibrantes brincos pendentes eram sua

única jóia, e algum maquiador magistral tinha coberto todos os sinais de sua

recente fadiga e de seu lírio dourado sem fazer com que parecesse excessivo.

Estava perfeito. Ela era perfeita. Radiante. Gloriosa. Uma visão.

— Eu sinto que eu deveria ficar de joelhos de novo — Eu disse em voz baixa

Ela me deu um sorriso nervoso e passou a mão sobre o brilhante vestido.

— Apenas me diga que você pode pagar tudo isso, porque eu poderia voltar

atrás no que eu disse sobre casar com a camiseta.

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— Eu posso pagá-lo — Eu disse, ainda impressionado com sua beleza. Ela

me deu um pequeno empurrão. — Então é melhor você se vestir.

A consultora estava feliz em me mostrar a um quarto para me vestir, e ficou mais

feliz ainda quando viu o meu dinheiro. O smoking que tinham escolhido era

clássico e elegante, trespassado e preto. A consultora se certificou que eu queria

comprá-lo, em vez de alugá-lo, e eu a tranquilizei que eu queria. Alugar teria

exigido um cartão de crédito, e eu queria usar o meu tão pouco quanto possível,

uma vez que isso fornecia uma pista. Quanto mais eu pudesse pagar em

dinheiro, melhor.

Os olhos de Sydney brilharam quando eu saí do vestiário. Senti-me insignificante

ao lado de seu brilhantismo, mas ela me assegurou que eu parecia incrível. A

consultora me ajudou a fixar uma peônia branca no meu paletó, e notei que

Sydney estava carregando um pequeno buquê de rosas em uma das mãos. Na

outra mão, ela segurava os dois sacos que estávamos carregando desde que

chegamos à Nevada, e agora eu tinham mais a acrescentar à coleção. Nós

conseguimos colocar tudo em um saco só antes de sair da loja, e ela deu ao

saco da loja de vinhos um olhar intrigado.

— O que é isso?

— Para nossa lua de mel — Eu disse.

— Eu percebi que o saco de farmácia era para isso — Ela comentou.

— Isso também — Eu prometi.

Nós terminamos o último do nosso pagamento e, em seguida, saímos de mãos

dadas, completando o último pedaço da nossa jornada a pé. Nosso destino era

o Firenze, um novo hotel com um tema italiano que era ligado a um complexo

comercial. Eu poderia dizer que Sydney fez uma pequena caminhada

autoconsciente através das multidões em sua elegância de casamento, mas

não era de forma alguma uma visão incomum em Las Vegas. As pessoas

sorriram quando passamos e muitos nos felicitaram. Isso, talvez, atraiu mais

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atenção do que nós queríamos, mas eu meio que gostava de fingir que todas as

pessoas que passaram foram convidados presentes no nosso casamento. Isso,

e eu tinha um pouco de orgulho em mostrar a noiva linda ao meu lado.

Assim que chegamos à entrada da Firenze, uma nova mensagem de Jill chegou.

Eu a li e encontrei um grande sorriso se espalhando pelo meu rosto.

— O que é isso? — Perguntou Sydney

— Espere para ver — eu disse. — Acabamos de receber um grande presente

de casamento.

O Firenze, como a maioria dos grandes resorts de Las Vegas, tinha uma seção

de capelas de casamento, e eu levei Sydney através do casino. Um homem de

aparência nervosa em um uniforme hotel passava pelo corredor e parou quando

nos viu.

— Você é Adrian? — Perguntou.

— Tenho certeza que sou.

Ele pareceu aliviado. — Ok, você tem 10 minutos para entrar e sair antes que eu

esteja em grandes problemas. Há uma grande festa que tem essa sala

reservada, e eles vão começar a aparecer em breve.

— Esse é todo o tempo que precisamos — eu disse a ele, entregando uma

pilha de dinheiro.

— Por aqui — disse ele, nos acenando uma porta escrita CAPELA

TOSCANO. Ele a abriu para nós.

Sydney me deu um olhar espantado. — Você subornou nossa entrada em um

casamento?

— Os bons lugares precisam ser reservados com antecedência, mesmo em

Las Vegas. — Fiz um gesto para dentro. — Esta foi a única maneira que eu

poderia levá-la para a Itália.

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Ela entrou e riu, olhando em volta com prazer. A capela era pequena, projetada

para armazenar cerca de cinquenta pessoas, e foi pintada com uma ideia

americana de grandeza italiana. Murais nas paredes representavam campos de

uvas, enquanto o teto abobadado estava coberto de anjos. Uma abundância de

detalhes dourados por toda a sala questionava bom gosto, mas eu poderia dizer

pelos seus olhos brilhantes que não importava.

Na parte da frente da sala havia um pódio enfeitado com flores. Um ministro

estava atrás dele, com um dos fotógrafos do hotel pairando nas proximidades.

Eu lhes devia dinheiro. O cara que ia nos deixar entrar trabalhou para reservar a

recepção de casamento, e eu basicamente tive que fazer uma rápida ligação

hoje cedo, prometendo fazer com que este caso ilícito valesse a pena se ele

pudesse obter um quarto e o pessoal adequado. Deixamos nossas malas em um

banco vazio e começamos a nos aproximar do ministro quando eu lembrei de

algo.

— Oh, espere. Você precisa disso primeiro.

Eu peguei a mão dela e coloquei o anel de noivado feito recentemente. Sydney

prendeu a respiração com a peça brilhante, e então ela olhou para mim,

alarmada, finalmente percebendo de onde o financiamento para esta aventura

tinha vindo.

— Adrian, estas pedras eram da sua tia. Levei-a para frente. — E agora elas

são suas.

O ministro sabia sobre as nossas limitações de tempo e manteve o serviço

bastante básico, principalmente falando sobre o que era legalmente exigido, no

estado de Nevada. Ele adicionou uma parte que era de sua própria autoria,

palavras que ardiam em mim se repetiram no meu cérebro mais tarde, quando

eu coloquei o pequeno círculo brilhante de rubis no dedo da Sydney:

— Até agora, vocês sempre viveram sua vida sozinhos. Toda decisão que

vocês tomaram foram para vocês, como seres individuais. Agora, e para o resto

de seus dias, suas vidas estarão ligadas uma a outra. Toda decisão que vocês

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fizerem vai ser para ambos. O que um faz afeta o outro. Vocês são uma família,

uma equipe... inseparáveis e inquebráveis.

Eram palavras poderosas para alguém como eu escutar, alguém que havia vivido

uma muito egoísta existência. Mas quando eu encontrei os olhos brilhando de

Sydney e vi a esperança e a alegria que irradiava deles, eu as senti em mim. Eu

estava pronto para dar esse passo altruísta com ela, saber que tudo o que

faremos daqui para frente era sobre nós dois e, eventualmente, à nossa família.

Esta foi a decisão mais importante que eu tinha feito na minha vida e... a que me

fez mais feliz.

Quando os votos foram ditos e os anéis estavam colocados, o ministro nos

declarou marido e mulher. Eu puxei Sydney para mim e a beijei, cheio de amor

e de vida e a felicidade que nos preparava o futuro. Quando finalmente nos

separamos, o ministro acrescentou:

— Estou muito satisfeito em apresentar ao mundo Adrian e Sydney Ivashkov.

O sorriso de Sydney ficou um pouco irônico para isso, e eu não pude deixar de

gemer. — Oh, não. O quê?

Ela riu. — Nada, nada. Eu sempre pensei que eu iria manter o meu próprio nome.

Ou, pelo menos, que juntaria com um hífen.

— Realmente, mulher? — Eu disse. — Você me diz isso agora? Me deve

outro beijo por isso.

Eu a puxei de volta para mim e na verdade ganhei dois beijos. Nós assinamos a

papelada com o ministro, e então eu paguei pelos bônus do fotógrafo. Eu

também comprei o cartão de memória da câmera do fotógrafo ali mesmo, apesar

de seus protestos sobre como ele normalmente carregava as fotos e nos enviava

para visualização online.

— Não temos tempo — eu disse, agitando o mágico maço de dinheiro.

Era quase tão bom quanto compulsão.

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Com tudo feito, reunimos nossas coisas e dissemos adeus a nossa pequena fatia

da Itália.

— O que vamos fazer agora? — Perguntou Sydney, enquanto nos movíamos

em direção à porta, de mãos dadas.

— Agora nós sairemos daqui, e acredite em mim, nós vamos sair em grande

estilo.

O cara das reservas segurou a porta aberta para nós, mais do que aliviado que

sua pequena aventura tinha acabado. Eu agradeci-lhe de novo e saí para o

corredor principal...

... Onde um grupo de alquimistas estava esperando por nós.

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Capítulo 21 Sydney

Uma força invisível de repente fez os Alquimistas voarem contra as paredes, e

eu não tive que perguntar para saber que foi obra de Adrian. Senti sua mão nas

minhas costas, me empurrando para frente.

— Venha.

Nós corremos pelo corredor, sem olhar para trás, ambos sabendo que os

Alquimistas não iriam ficar para trás por muito tempo.

— Nós apenas temos que chegar à Lagoa Azul — ele me disse.

— É uma piscina aqui, ou algo assim? — Perguntei. Meu vestido e meus

sapatos tornavam mais difícil de manter o passo, e ele pegou na minha mão para

me levar junto.

— É um novo hotel. Na extremidade sul da Strip.

— Extremo sul... — Eu visualizei o meu mapa mental de Las Vegas

Boulevard. — Isso fica a pelo menos um quilômetro e meio ou mais longe!

— Desculpe — disse ele. — Não havia nada a ser feito. Seguimos

Eu não pedi uma elaboração enquanto saíamos para o salão de jogos.

Normalmente, eu agradeceria por entrar em uma área congestionada em que

pudéssemos nos camuflar, mas Adrian e eu não nos misturávamos vestindo

nossos elegantes trajes de casamento. O fato de que estávamos correndo

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furiosamente entre a multidão e esbarrando nas pessoas meio que nos fez se

destacar muito.

— Desculpe — Eu disse, quando Adrian acidentalmente esbarrou em uma

garçonete que levava uma bandeja de bebidas. Elas derramaram em algumas

pessoas muito surpreendidas em uma mesa de blackjack, mas não havia tempo

para mais desculpas ou reparações. Um rápido olhar para trás não revelou os

Alquimistas, mas eu podia ver sinais de comoção na multidão, fazendo-me

pensar que nossos perseguidores estavam quase ao nosso encalço.

Esse andar do cassino era como um labirinto para mim, mas Adrian parecia ter

um senso de orientação. Pouco tempo depois, saímos pela porta da frente, na

unidade circular da Firenze, que estava repleta de todos os tipos diferentes de

caos. A noite tinha caído, e o número de pessoas que se deslocavam para dentro

e em torno de nós tinha aumentado significativamente, enquanto os caçadores

de prazer saíam para jogar, para shows, e outras diversões. Os alquimistas não

estavam nos seguindo ainda, e nós dois olhamos ao redor para o nosso próximo

passo.

— Onde estão os táxis? — Exclamou Adrian.

Um grande grupo de mulheres jovens, vestidas para impressionar, estava perto

de nós. Uma delas usava uma faixa de "futura noiva" e uma tiara de Strass, e a

vibração em torno delas sugeriu que já tinham tomado mais de uma bebida em

sua honra esta noite. Elas fizeram “Ohhh” e “Ahhh” quando nos viram.

— Estamos à espera de um táxi também — Disse a menina mais

próxima de mim. Ela deu uma risadinha. — Alguns deles, na verdade.

— Vocês estão em algum tipo de problema? — Perguntou a outra.

— Sim — eu disse, pensando rapidamente. — Nós fugimos, e meu pai não

aprova. Ele e algumas pessoas da minha família estão bem atrás de nós,

tentando nos alcançar para conseguir uma anulação.

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Isso não estava tão longe da verdade, e elas engasgaram e exclamaram em

desespero. Adrian varreu seu olhar sobre todas elas e disse com uma voz doce:

— Seria ótimo se vocês pudessem nos deixar pegar esse próximo táxi.

— Eu olhei para cima e vi um táxi amarelo se aproximando de onde

estávamos.

Compulsão em massa era difícil, mas beber tinha feito este grupo ter uma fraca

força de vontade. E, honestamente, elas poderiam ter ajudado de qualquer forma

em nome do romance. Elas começaram a tagarelar sobre o amor verdadeiro, e

a futura noiva acenou em direção ao táxi.

— Pegue esse, pegue esse!

Enquanto Adrian e eu entrávamos, os Alquimistas apareceram de portas de vidro

e as abriram.

— Hey! — Eu disse para as meninas, acenando com o meu buquê. — Vão

praticando mais cedo! — Eu atirei o buquê na direção a elas, com o objetivo de

que o buquê fosse em direção a porta, indo direto para os Alquimistas. As

meninas gritavam em delírio, se transformando em um pacote raivoso enquanto

todas elas foram atrás do buquê e colidiram direto com nossos perseguidores

assustados. Eu não vi como isso acabou, porque nessa hora eu estava no carro,

e Adrian estava dando ordens para irmos ao Lagoa Azul. O táxi começou a

andar.

— Vamos esperar que isso seja tão simples quanto conseguir uma carona

pela rua — disse Adrian severamente. — Como é que eles nos encontraram?

— É difícil dizer. Pode ter sido tão simples quanto seus olhos e ouvidos nos

avistando em algum lugar. — Eu suspirei em desânimo. — A culpa é minha. Se

eu não tivesse sido tão boba sobre um casamento "de verdade", estaríamos fora

da cidade há muito tempo.

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Ele passou o braço em volta de mim. — De jeito nenhum — disse ele. — Eu

estou feliz que fizemos isso. Eles levaram muito de nós já. Eles não podem tirar

o dia de hoje de nós também.

— No mínimo — eu disse com ironia — Eu deveria ter esperado algo como

isso acontecer e ter escolhido um vestido que fosse mais fácil para me mover.

Este estilo sereia não tem muita mobilidade na perna, mas aquela senhora

garantiu-me que se o entrelaçasse corretamente na parte de trás, poderia fazer

parecer que eu tenho mais silhueta do que eu tenho.

— Sua silhueta parece muito boa de onde estou sentado — disse ele,

correndo os dedos ao longo das contas na minha alça de ombro.

Eu sorri para ele e, em seguida, olhei em volta, quando eu notei algo.

— Por que não estamos em movimento?

O motorista fez um gesto irritado em seu parabrisa.

— Típico esta hora da noite. Todo mundo vai à algum lugar. Vocês crianças

não estão tentando chegar a um compromisso na capela, estão?

— Já fomos — disse Adrian.

— Isso é bom — disse o motorista, que avançou para a frente. Eu vi seus

olhos olharem para o espelho retrovisor. — Porque vocês podem ter que esperar

aqui mais um pouco. A única maneira de contornar tudo isso é em uma

motocicleta, como aqueles loucos.

Adrian e eu olhávamos para trás. Tudo o que eu podia ver no início era um mar

de faróis na estrada lotada, mas, em seguida, um pouco mais atrás, vi quatro

faróis individuais em movimento e tecendo dentro e ao redor dos carros que

estavam parados ou em marcha lenta. Adrian, com sua visão superior à minha

à noite, fez uma careta.

— Sydney, eu tenho um mau pressentimento sobre isso.

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— Precisamos sair — Eu disse de forma decisiva. — Agora.

Adrian não me questionou e simplesmente entregou o dinheiro para cobrir a

nossa tarifa atual, para o espanto do motorista.

— Você está louco? Você está no meio de um milhão de carros!

Isso ficou evidente quando saímos e tentamos atravessar para o lado mais

próximo da estrada. Buzinas soaram para nós enquanto nós corríamos por toda

Las Vegas Boulevard, mas pelo menos a maioria dos carros estava parada, por

isso, não estávamos correndo muito risco. Na verdade, os únicos veículos que

pareciam estar chegando a algum lugar eram as quatro motocicletas.

Mantiveram-se em movimento em sua trajetória mais cedo, simplesmente

tentando ir mais abaixo na estrada, e eu pensei que talvez nós tínhamos os

enganado. Mas então, quando chegamos ao meio-fio e nos aproximamos da

calçada, eu vi uma das motocicletas virar bruscamente em nossa direção. Os

outros logo o seguiriam.

A calçada estava cheia de gente, e como a estrada, ninguém parecia estar se

movendo.

— Eles não vão massacrar um grupo de pedestres com suas bicicletas, vão?

— perguntou Adrian enquanto corríamos no meio da multidão o mais rápido que

podíamos.

— Provavelmente não — eu disse — mas eles provavelmente vão nos

alcançar bem rápido uma vez que ficarem a pé. E eles não terão escrúpulos

quando abandonarem as motocicletas. — Paramos enquanto um grupo de

turistas com câmeras se recusavam a se separar, obrigando-nos a fazer um

grande círculo em torno deles. — Por que todo mundo está ao redor?

— Porque nós estamos na frente do Bellagio — disse Adrian, olhando para

um amplo hotel. — Provavelmente está quase na hora de suas fontes se

iluminarem. Tenho certeza de que há um bonde ou monotrilho aqui que nos

levará ao Strip se pudermos alcançá-lo.

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— Melhor que correr — eu disse. Eu estava plenamente consciente de que

não só o meu vestido, mas também meus sapatos estavam retardando nosso

ritmo. Pelo menos eu tive o bom senso de recusar os sapatos de salto alto “de

morrer” de treze centímetros que inicialmente tinha recomendado a consultora,

mas mesmo estes pequenos saltos estavam beliscando e começando a cobrar

seu preço.

Adrian e eu fizemos o nosso caminho até a porta principal do Bellagio, uma

jornada complicada por causa das multidões entusiasmadas, que cresciam à

medida que nos aproximávamos das fontes. Tivemos que consideravelmente dar

a volta por eles estavam para fazer qualquer tipo de progresso, o que também

nos tirava do caminho mais rápido para a porta. Nós tínhamos acabado de

chegar do lado mais afastado das fontes quando eu olhei para trás e vi o quarteto

correndo em nossa direção, muito mais insensíveis com quem eles estavam

esbarrando do que nós.

— Eu não sabia que os Alquimistas tinham esses tipos de recrutas —

comentou Adrian.

— Às vezes eles terceirizam as forças extras de segurança para...

Minhas palavras foram cortadas por exclamações de prazer enquanto as fontes

de repente saltaram para a vida. Riachos de água dispararam centenas de

centímetros no ar, e as barras de "Viva Las Vegas" de abertura soaram. Adrian

começou a correr novamente, mas eu segurei-o de volta.

— Espere aí — eu disse.

Os alquimistas tinham feito seu caminho o mais próximo possível das fontes, o

que escandalizou quem estava esperando por um tempo. O quarteto olhou em

volta, usando o lugar com claridade para procurarem por nós. Fiz contato visual

com um, e ele gesticulou para seus colegas na minha direção. Chamei minha

magia, com base em longas horas de prática canalizando os elementos, invoquei

a essência da água perto de nós. Os Alquimistas só conseguiram dar alguns

passos em nossa direção, quando eu fiz uma das correntes da fonte de curvar-

se, quase como um braço, na direção deles.

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Minha extensa prática elementar me fez chegar a um elemento puro mais fácil

do que poderia ter sido, mas eu não era usuária de água Moroi. Meu controle da

corrente de água era desleixado, inadvertidamente espirrando água nas pessoas

que estavam em um raio de seis metros dos alquimistas. Eu cerrei os dentes e

usei toda a minha magia e energia para dar à corrente de água o máximo de

solidez que eu poderia dar, enquanto a corrente se arrastava na direção dos

Alquimistas. Ela se envolveu em torno dos quatro e os levantou no ar,

provocando gritos de espanto e um monte de flashes de câmera. Neste ponto, o

feito tinha sido demais para as minhas forças, mas já tinha feito o que eu

precisava. Eu tinha os alquimistas sobre a fonte do lago neste ponto, e eu liberei

a magia que por sua vez, os tirou de sua suspensão. Eles caíram na água com

um esguicho.

— Wow — disse alguém perto de mim. — Eles não tinham isso no show da

última vez que estive aqui!

Enquanto Adrian e eu continuávamos nossa corrida para o hotel, a ex- Alquimista

em mim não poderia deixar de estremecer com a exibição pública do

sobrenatural que eu tinha acabado de fazer, especialmente com tantos

dispositivos de gravação em mão. Isso ia contra todos os princípios que eu tinha

sido ensinada sobre esconder o mundo paranormal das pessoas comuns, e eu

tentei me consolar com o conhecimento de que pelo menos ninguém seria

confiável para identificar exatamente como a fonte fez o que tinha feito. E se os

alquimistas estavam realmente preocupados com a reação do público, não tinha

dúvida de que iriam encontrar um jeito para distorcê-la no noticiário.

Chegamos ao Bellagio sem complicações, e eu só tive um momento para

admirar o bonito vidro de flores do salão, enquanto Adrian pedia a um trabalhador

informações de como chegar à estação de bonde. A estrada era simples, mas

era necessário sair do hotel novamente. Não nos atrevemos a andar devagar e

fizemos a viagem em um trote médio, o que em si foi notável. Tudo que os

Alquimistas tinham que fazer quando finalmente saíssem da água, era perguntar

se alguém tinha visto uma noiva e um noivo correndo por aí. Eu só podia esperar

que a segurança iria detê-los e que já tivesse um bonde na estação quando

chegássemos.

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Não tinha, mas só tivemos que esperar cinco minutos, e ninguém apareceu

nesse tempo. Subimos a bordo e desabamos em um par de lugares, nós

estávamos exaustos.

— Recupere o fôlego — disse Adrian. — Estamos indo para o fim da linha.

Eu balancei a cabeça, cansada tanto por causa da corrida quanto pelo intenso

uso de magia. Eu cruzei as pernas e tirei um dos meus sapatos para que eu

pudesse massagear meus pés doloridos. Uma mulher sentada à minha frente

com tênis azuis vibrantes, estudou meus sapatos admiração.

— Eles são maravilhosos — disse ela.

— Qual é o tamanho que você usa? — Eu perguntei.

— Trinta e cinco.

— Eu também. Você quer trocar?

Os olhos dela se arregalaram. — Você está falando sério?

— Eu preciso de algo azul para completar o look. — Eu levantei um sapato

branco, brilhante com os enfeites de cristal. — Eles são Kate Spade.

Sua amiga deu uma cotovelada nela. — Faça isso! — disse ela em um sussurro.

Um pouco mais tarde, eu estava calçando sapatos novos. Eles não podiam me

salvar das bolhas que eu já tinha feito, mas quando chegamos a nossa parada

e eu fiquei em pé, meus pés certamente me agradeceram pela mudança de

apoio. O tule na parte inferior do vestido caiu sobre eles, e ninguém sabia sobre

o que estava por baixo. Nenhum perseguidor nos esperava quando saímos

do bonde, e andamos vagarosamente quase um quarteirão até o Lagoa Azul. Eu

me diverti com uma fantasia de cinco minutos que estávamos aqui para a nossa

lua de mel, para apreciar a vista, como qualquer outro casal normal. Esse

devaneio agradável foi quebrado quando entramos no lobby do Lagoa Azul e vi

uma mulher uniformizada contra uma parede. Quando ela nos viu, ela

imediatamente se endireitou e falou em um fone de ouvido.

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— Ela está pedindo reforços — Eu disse, notando que ela só nos observava,

mas não se movia. — Eles tiveram toda a tarde para colocar espiões em cada

grande hotel aqui enquanto eu fazia compras.

Adrian não se intimidou. — Ignore. Estamos livres agora. Eles nunca vão

conseguir número suficiente de pessoas aqui a tempo para conseguirem nos

parar. — Ele foi direto para a recepção e perguntou:

— Desculpe-me, você poderia nos orientar para o seu heliporto?

Eu estava quase tão surpresa quanto o recepcionista ao ouvir essas palavras.

— Você tem autorização para acessá-lo? É em uma área muito segura,

geralmente não abre para os hóspedes do hotel. — Ele nos olhou mais em

dúvida. — Vocês estão pelo menos hospedados?

— Não — disse Adrian. — Mas estamos esperando, huh, uma carona lá em

cima. Deve haver um helicóptero vindo da Academia Olga de Dobrova, a

qualquer momento. — Essa foi outra surpresa. Olga Dobrova era uma pequena

e recente uma escola Moroi da fronteira ao norte da Califórnia e Nevada.

O recepcionista digitou algo em seu computador.

— Quais são os seus nomes? — Dissemos a ele, e negou com a cabeça. —

Desculpe. Vocês não estão na lista autorizada a ir até lá.

— Você pode pelo menos dizer-nos se ele está chegando? — Exclamou

Adrian. —Somos a razão por ele estar aqui!

O homem sacudiu a cabeça. — Sinto muito, não posso ajudá-lo a menos que

você obtenha autorização. Agora, vocês podem ir...

Adrian olhou fixamente para ele. — Não, você vai...

— Ele disse que não pode ajudar vocês.

Um homem com uma camisa do Elvis estava diante Adrian, seguido por uma

mulher vestida do mesmo jeito e um grupo de crianças. Eles começaram a falar

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imediatamente, correndo para contar uma história de aflição sobre como o ar

condicionado não funcionava. Saímos do caminho com desânimo, e notei que a

Alquimista que estava nos vigiando não estava lá.

— O que está acontecendo? — Perguntei.

— O melhor plano de fuga está dando errado — Adrian murmurou. — Este

foi o presente de casamento de Jill: o nosso plano de fuga para fora de Vegas.

Ela convenceu Lissa de que eu estava em grande perigo e conseguiu que ela

enviasse um helicóptero aqui para nos levar de volta para Dobrova e depois

pegaríamos um de seus aviões particulares para voltar a Corte. Uma viagem

longa por causa de todo o reabastecimento, mas gostaria de evitar lugares

públicos e não haveria possibilidade de esbarrarmos com os Alquimistas. Jill

disse que o helicóptero estava para vir aqui, mas eu acho que ninguém percebeu

que para a gente chegar até ele, era preciso resolver algumas papeladas por

aqui.

Embora ele continuasse usando o "nós", eu me perguntava se Lissa sabia que

eu estava com ele ou se Jill tinha simplesmente convencido Lissa a utilizar os

recursos reais baseado em uma história-ainda que verdadeira, sobre a

segurança de Adrian.

Adrian logo se recuperou. — Ok. Sem problemas. Temos dinheiro e compulsão.

Assim que o Elvis e sua família forem embora, nós vamos voltar para aquele

cara e... — Seus olhos percorreram o lobby, após vários funcionários cumprindo

suas funções. — Risque isso. Nós não precisamos dele. Alguém por aqui vai

rachar e nos dizer o caminho para o heliporto. Não importa se o hotel não acha

que nós deveríamos estar lá. Se nós estivermos lá e o helicóptero nos levar, isso

é tudo que importa.

Dois funcionários ficaram completamente perdidos quando ele perguntou, mas

um porteiro de folga hesitou tempo suficiente para Adrian entrar e aproveitar a

oportunidade.

— Você não tem que fazer nada — Adrian assegurou. — Só nos dizer onde

ele está, e há uma centena de dólares em dinheiro para você.

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O homem hesitou e depois abanou a cabeça.

— Você nunca vai chegar ao heliponto. Sem o cartão correto de acesso, o

elevador não vai até aquele nível na Torre Starlight, e quase ninguém tem. Mas...

— Sim? — Perguntou Adrian. Ele não estava exatamente usando

compulsão, mas ele certamente parecia muito atraente. Ou talvez eu só estava

sendo tendenciosa.

— Com uma chave comum de hóspede, vocês poderão ir para o topo da

Torre Aurora. De lá, desçam e vão pelo corredor oeste, e há uma porta que vai

para o telhado. Nesse ponto, vocês teoricamente poderiam atravessar pela

ponte de manutenção e subir a escada até o heliporto. — Ele olhou para o meu

vestido com ceticismo. — Teoricamente.

— Teoricamente é bom o suficiente para nós. — disse Adrian. — Mas nós

não somos hóspedes. Vou te dar mais cem se você puder nos dar a chave de

acesso.

— Fácil — disse o rapaz. — Mas eu não consigo um que desbloqueie a porta

de acesso ao telhado.

— Nós vamos lidar com isso — eu disse, esperando que isso fosse verdade.

O porteiro se manteve fiel à sua palavra, e poucos minutos depois, ele nos

forneceu um cartão de acesso de hóspede. Adrian deu-lhe o dinheiro, e fomos

para o elevador da Torre Aurora.

— Quanto dinheiro que nos resta? — Perguntei.

— Não muito — Adrian admitiu. — Duzentos. Mas uma vez que estivermos

no vôo de volta a Corte, isso não importa.

As orientações e o cartão funcionaram bem, e em pouco tempo, nós nos

encontramos na porta que dava para o telhado. Era uma pesada porta de vidro,

dividida verticalmente com dois painéis de vidro, e que tinha um cartaz que dizia

que um alarme soaria, se ela for aberta sem aviso.

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— Se é aberta — eu murmurei. — Eu me pergunto o que vai acontecer se

nós removermos um painel de vidro? Deveríamos ser capazes de passar.

— Você está pensando em quebrá-lo? — Perguntou Adrian. — Hopper está

na forma de estátua, certo? Talvez pudéssemos esmagá-lo no vidro.

— Eu tinha uma solução mais elegante em mente.

Entre as fontes de Ms. Terwilliger, eu encontrei uma pequena bolsa de ervas

amargas com cheiro. Eu as polvilhei no painel inferior de vidro e, em seguida,

verifiquei um feitiço no livro que ela forneceu. Depois de ter sido forçada a

exercer tanta magia improvisada, um feitiço padrão com componentes

parecia quase luxuoso. Acenei minhas mãos sobre o vidro e gritei palavras

gregas. Momentos depois, o vidro no painel começou a derreter como gelo,

escorrendo até formar uma poça no chão. A poça logo se solidificou, mas a

metade inferior da porta estava agora aberta e exposta ao ar exterior. O melhor

de tudo, nenhum alarme disparou.

— Não há dúvida — disse Adrian. — Eu definitivamente me casei com

alguém superior.

Cada um de nós passou pela abertura e atravessamos o telhado, que estava

cheio de aberturas de ventilação e vários sinais de manutenção. A passarela que

ligava esta torre para a Starlight, felizmente, era sólida e estável, mas a escada

na lateral do prédio era uma questão muito mais intimidante. Ela exigia subir três

andares, o que não era uma enorme distância em um hotel que tinha vinte

andares, mas estar em um vestido, certamente complicava tudo, não importa o

quão seguros eram os meus sapatos.

Qualquer medo que eu pudesse ter sentido foi embora assim que reconhecemos

o barulho revelador de um helicóptero nas proximidades. Trocamos olhares

excitados.

— Você primeiro — disse Adrian enquanto estávamos na parte inferior da

escada e ele pegou a bolsa de mim. — Se algo acontecer, eu vou usar o espírito

para te manter lá em cima.

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Eu neguei com a cabeça.

— Não, você primeiro. Haverá guardas no helicóptero. Será melhor se eles

virem um Moroi primeiro. Eu devo ser capaz de chamar a mágica do ar o

suficiente para me ajudar se eu escorregar.

— Deve? — Ele perguntou incisivamente.

— Não planejo escorregar.

Adrian me beijou e começou a subir. O vento se agitava em torno de mim

enquanto eu observava com a respiração pesada, cada parte de mim estava

tensa, enquanto ele fazia a minuciosa jornada um passo de cada vez. Mas ele

não escorregou ou pareceu vacilar nem um pouco. Depois do que pareceu uma

eternidade, ele chegou no topo e manteve-se firme no telhado superior. Ele

acenou para mim e, em seguida, deu alguns passos, e isso o deixou fora da

minha vista. O barulho do helicóptero tinha ficado mais alto, e eu esperei que

ele estivesse lá esclarecendo as coisas com os guardiões Dobrova.

Depois foi a minha vez. Meus sapatos novos tinham boa aderência, e as

limitações do vestido não importavam tanto, desde que os degraus da escada

fossem próximos e fossem fácil de se sustentar. A escada não foi feita para ser

um empecilho. Ela estava lá para trabalhadores de manutenção, projetada para

ser tão fácil para eles quanto possível. Minhas dificuldades vieram de outras

coisas, como a forma como o meu vestido e véu foram jogados ao vento e à

desorientação que eu tive quando cometi o erro de olhar para o lado. Las Vegas

se estendia abaixo de mim, em uma exibição noturna de luzes brilhante que era

tão deslumbrante quanto aterrorizante quando eu percebi o quão longe ela

estava abaixo de mim.

Mas eu também não escorreguei, e depois do que pareceu três horas, eu estava

fazendo meu caminho para o telhado também, e consegui meu primeiro

vislumbre do heliporto e a pista de aterrissagem.

E foi aí que as coisas deram errado.

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Tinha um helicóptero, sim, mas ele não poderia pousar porque dois alquimistas

ou subcontratados dos Alquimistas, estavam bloqueando o heliporto. Mais dois

alquimistas estavam mais perto de mim, com armas apontadas na minha

direção. Isso realmente não foi o que fez meu sangue congelar, no entanto. O

que fez o meu coração querer saltar do meu peito foi a visão de Adrian - no lado

oposto do telhado de onde o Alquimistas estavam apontando as armas para mim

- de joelhos. Tinha uma arma apontada para ele também, tão perto que quase

tocava sua cabeça...

...e era Sheridan que estava segurando.

— Estou decepcionada — ela disse, tendo que gritar para ser ouvida sobre o

barulho do helicóptero. O vento gerado pela rotação das lâminas incomodava a

todos. — Se eu fosse você, eu já estaria há dez estados de distância. Em vez

disso, acho que apenas algumas horas de onde eu vi pela última vez tempo. Em

vez disso, eu te encontrei a apenas algumas horas de onde eu a vi pela última

vez.

Eu não conseguia formular uma resposta, ou mesmo qualquer pensamento

coerente de imediato. Tudo que em que eu podia me fixar era a vista de Adrian,

com a arma ao lado de sua cabeça. Nenhuma tortura que eu tinha enfrentado

nestes últimos meses estava perto do terror que eu sentia ao pensar em perdê-

lo. Tudo pelo que eu tinha lutado, cada desafio, cada vitória... tudo isso seria em

vão, se algo acontecesse com ele. Sem ele, eu não teria tido a coragem de me

tornar a pessoa que eu era. Sem ele, eu não teria percebido o que realmente era

viver e amar a vida. Centrum permanebit. Ele era o meu centro, e não existe

nada que eu não faria, nada que eu não desistisse, para mantê-lo seguro.

Quando encontrei seus olhos, eu sabia que ele sentia exatamente a mesma

coisa.

Em meu silêncio, Sheridan continuou seus insultos. — Eu admito, a coisa toda

do casamento em Vegas ganha pontos pelo romance. Temo que você também

ganhe pontos por estupidez, especialmente por colocar em sua licença seus

nomes reais. Foram monitorados os escritórios do governo local como medida

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de precaução, mas eu realmente não achei que você fosse se entregar assim.

Reservar uma capela fora dos registros foi muito inteligente, apesar de tudo. Nós

tínhamos que ligar para quase todos eles na cidade, alegando ter um "presente

de casamento surpresa para vocês”. Eles quase disseram que não sabiam de

nada no Firenze, em seguida, um de seus coordenadores se lembrou que um

colega de trabalho falou com o seu "marido" lá.

— Deixe-o ir! — Eu gritei. — Você veio aqui por mim, não por ele.

— Claro — respondeu ela. Seu rosto parecia mais medonho do que bonito

no estranho jogo de iluminação e sombras daqui, provocada por uma mistura

dos holofotes do helicóptero e das luzes menores incorporadas no telhado.

— Ande e se renda à um dos meus agentes, e eu vou deixá-lo ir.

— A aura dela está cheia de mentiras, Sydney — Adrian gritou. Sheridan

pressionou mais a arma contra ele e ordenou-lhe que se calasse.

Eu sabia que mentir era parte de sua natureza, mas era difícil dizer se ela estava

mentindo sobre machucá-lo. Havia sérias consequências por matar qualquer

Moroi desse jeito, ainda mais um da realeza, especialmente quando tinha

testemunhas. Na porta do helicóptero pairando, eu podia ver uma escura e

musculosa figura, sem dúvida era algum guardião da Academia Olga Dobrova.

Devia ser difícil para ele para saber o que estava acontecendo aqui embaixo,

mas eu não tinha dúvida de que se ele fizesse, estaria lutando ao meu lado para

salvar Adrian.

Eu não me importaria em ter um recurso assim, mas o guardião não estava em

condições de ajudar de uma maneira que eu pudesse ter certeza que não

acabaria machucando Adrian se Sheridan fosse rápida no gatilho. Havia muitas

incógnitas agora, e eu precisava tomar o controle da situação rapidamente.

Mais magia elementar irrompeu em mim, e eu misturei o que eu sabia da magia

bola de fogo com alguma improvisação própria. A parede de fogo irrompeu a

partir do solo, espalhando-se até se formar um retângulo enorme e em torno dos

dois Alquimistas que estavam impedindo a aterrissagem. A quantidade de magia

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necessária para invocá-la, ainda mais para sustentá-la, era impressionante, e eu

lutei para manter meu rosto frio e esconder toda a tensão.

— O que você está fazendo? — Exclamou Sheridan.

— Oferecendo-lhe um acordo — Eu disse. — Me dê Adrian, e você pode ter

de volta seus quatro agentes. Vivos.

Sheridan não se moveu - nem moveu sua arma - mas havia um medo definitivo

em seu rosto enquanto seus olhos disparavam para os Alquimistas presos no

fogo. Eles ficaram ainda mais apavorados e já não apontavam suas armas. Na

verdade, eles tinham se aproximado um do outro tentando se manter longe do

fogo. Os da pista de aterrissagem se perderam em seu medo movendo-se até

que estivessem quase encostando nas costas um do outro. Isso me permitiu

estreitar o cerco e liberar a pista, embora o helicóptero não tentaria uma

aterrissagem com as chamas ainda relativamente próximas.

— Eles conhecem os riscos — Sheridan falou de volta. — Eles preferem

morrer a deixar a escuridão triunfar. Eles estão preparados.

— E você? — Eu exigi. — Você está preparada para assistir a isto?

Com um movimento rápido da minha mão, o círculo de fogo ficou cada vez

menor, forçando os Alquimistas a se amontoarem. O círculo menor me ajudava,

mas ainda era dolorosamente difícil manter o fogo no seu nível atual, mantendo-

o perto o suficiente para que os Alquimistas sentissem o calor, mas que não

fossem prejudicados de verdade. Seus gritos de horror fizeram meu estômago

revirar. Isso trouxe de volta muitas memórias do que eu tinha suportado na

reeducação. Durante quatro meses, a minha vida estava cheia de medo e

intimidação. Eu estava tão, tão cansada disso. Eu queria que acabasse. Eu

queria estar em paz. Eu não queria machucar essas pessoas. Eu nem sequer

queria assustá-los. Sheridan tinha me empurrado para este ponto, e eu a odiava

por isso, a odiava por me fazer agir como esse tipo de pessoa violenta.

E, possivelmente, por me tornar essa pessoa violenta.

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— Mate eles, e eu vou matá-lo — ela me disse.

— E então não haverá nada para me impedir de dirigir o fogo na sua direção

— Eu retruquei. — Em todos os cenários, eu saio daqui livre. Você está disposta

a escolher o que resulta em você e seus colegas queimados vivos?

— Você não faria isso — disse ela, mas mesmo com todo o barulho e caos

ao nosso redor, eu podia sentir a sua incerteza.

— Não faria? — Eu não poderia levar as chamas para mais perto dos

Alquimistas presos sem lhes causar ferimentos, mas eu era capaz de fazer as

paredes de chamas se elevarem mais. Os olhos de Sheridan se arregalaram, e

me custou muito agir como se eu não ouvisse ou me importasse com os gritos

lamentáveis dos que estavam presos lá dentro.

— Teste-me, Sheridan! Teste-me e veja do que eu sou capaz! Veja o que eu

não faria por ele!

Com outro movimento de minha mão, as paredes de fogo se elevaram uma vez

mais provocando novos gritos. O esforço deste tipo de magia me deixava tonta,

mas eu mantive meu olhar fixo e duro enquanto eu olhava para Sheridan. Ela

acreditava que eu era uma vilã de coração escuro que tinha virado as costas

para humanidade. Ela também acreditava que eu estava profundamente,

loucamente apaixonada por um vampiro e que eu faria qualquer coisa por ele.

Só um desses era verdade, mas eu precisava convencê-la de ambos.

— Teste-me! — Eu gritei novamente.

— Tudo bem, acalme-se, Sydney. — Sheridan olhou entre mim e os outros

Alquimistas, dos quais apenas sua prisão de fogo era visível. — O que você quer

que eu faça? — Ela gritou por fim.

— Dê a arma para Adrian — disse eu.

A tensão ficou incrivelmente espessa ao nosso redor enquanto ela considerava

isso. Eu estava prestes a perder o meu controle na magia e estava preocupada

que a sua indecisão revelaria meu blefe. Mas, finalmente, ela abaixou a arma de

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sua cabeça e entregou a ele. Ele pegou a arma e não perdeu tempo correndo ao

meu lado, com o rosto pálido e preocupado.

— Mantenha a arma apontada para ela — eu disse a ele. Para ela, eu disse: —

Quando eu acabar com o fogo, ordene que coloquem suas armas no chão e que

coloquem as mãos sobre suas cabeças.

Com um alívio que quase me fez desmaiar, eu liberei a magia. As paredes de

fogo desapareceram, e Sheridan gritou imediatamente os comandos que eu

tinha dado a ela. Os Alquimistas obedeceram, e uma vez que eles estavam

desarmados, eu pedi para que fossem para o outro lado do telhado onde ela

estava. Longe de todos nós, o helicóptero finalmente estava tentando pousar,

agora que o fogo tinha acabado.

— Todos vocês, deitem-se no chão — eu disse à Sheridan e aos outros

alquimistas. — E ninguém sequer pense em se mover até que o helicóptero

esteja muito longe. Vamos, Adrian.

Eu e ele lentamente fizemos nosso caminho através do telhado para o

helicóptero, inclinando-nos de uma forma que conseguíamos observar os

Alquimistas. Adrian admiravelmente manteve a arma apontada em sua direção,

mesmo que eu estava certa de que não havia nenhuma chance que ele pudesse

realmente atingir alguém com precisão, mesmo se ele quisesse. Um guardião

que eu não conhecia estava ao lado de porta do helicóptero, olhando

compreensivelmente confuso.

— Estou contente de ver você — Adrian disse a ele.

— Ainda bem que pude ajudar — disse o outro homem inquieto. Ele olhou para

os Alquimistas no terreno. — Ainda que eu sinta que eu deveria ter feito mais. O

que está acontecendo?

— Não se preocupe, você está fazendo muito — disse Adrian. — Podemos ir

agora?

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O guardião apontou para o helicóptero. — Depois de você, Senhor Ivashkov. —

Ele hesitou. — Você é Adrian Ivashkov, certo?

— Claro que sou — disse Adrian. Ele chamou-me para a frente. — E esta é a

minha esposa.

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Capítulo 22 Adrian

EU NÃO ACHO QUE Sydney ou eu realmente relaxamos até que

estávamos no jato particular de Olga Dobrova horas mais tarde, já no ar e a

caminho para a Corte, do outro lado do país. Nós fomos avisados que teríamos

que parar para reabastecer, afinal era um avião pequeno, mas eu não estava

preocupado. Eles o fazem em lugares discretos, e, além disso, os alquimistas

não ousariam atacar um avião Moroi sob ordens da realeza. Dois guardiões

estavam voando de volta conosco, mas, além disso, tínhamos o jato para

nós mesmos.

Os guardiões se sentaram na parte mais a frente do avião, enquanto eu ocupei

um assento confortável na parte de trás, com meus pés escorados em uma mesa

larga. Sydney tinha desaparecido dentro do banheiro logo após a decolagem,

com o objetivo de arrumar seu cabelo após o helicóptero e o vento terem o

desgrenhado. É o dia do meu casamento – ela tinha me explicado. – eu preciso

de alguma dignidade.

Quando ela ressurgiu, eu vi que ela tinha conseguido arrumar o penteado de um

modo bem próximo ao que os estilistas tinham feito não que eu me importasse.

Eu achei que ela estava linda com o cabelo selvagem e varrido pelo vento. Os

guardiões acenaram educadamente enquanto ela passava ambos claramente

tensos e incertos sobre a presença dela. Ninguém tinha os informado que eu

estava trazendo uma noiva humana de volta comigo, e estava claro que mesmo

que seu treinamento os tinha preparado para varias situações medonhas, essa

não era algo no qual eles tinham experiência.

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Eu afaguei meu colo enquanto ela se aproximava.

- Venha aqui, Srª Ivashkov.

Ela revirou os olhos.

- Você sabe como eu me sinto sobre isso. – avisou.

Mas para o meu prazer, ela realmente sentou no meu colo, talvez apenas porque

um recém-desperto Hopper tinha se enrolado e caído no sono na cadeira oposta

a minha na mesa. Eu pus um braço ao redor de sua fina cintura e ergui minha

aquisição da loja de vinhos com a outra mão.

-Olhe o que eu abri para celebrarmos – eu disse - Champagne. Sydney espiou

o rótulo.

-Aqui diz um espumante a base de uva da Califórnia.

- Quase isso – eu disse

ele estalou quando eu abri a cortiça.

- E o cara da loja me deu essas taças para champagne de plástico de graça. Ele

também falou algo sobre um bouquet cítrico e uma colheita tardia. Eu não

entendi tudo, mas pareceu comemorativo para mim.

- Álcool entorpece mágica Moroi e humana – Ela avisou.

- E este ainda é o dia do nosso casamento - rebati – Sem contar que esse é

provavelmente o único momento que teremos para fazer isso, uma vez que ao

chegarmos na Corte, devemos estar alerta… Não que eu espere nada como o

que acabamos de passar. Comparado aquilo, a vida na Corte será uma brisa.

Eu previ outro protesto, mas para a minha surpresa, ela aceitou e deixou que eu

servisse duas taças para nós, o que eu habilmente fiz enquanto a

mantinha em meu colo. Eu ofereci um pouco aos guardiões, o que apenas fez

com que eles parecessem mais desconfortáveis do que antes.

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- Sabe – Sydney disse após um pequeno gole – Eu meio que consigo sentir o

cítrico aqui. Bem fraco. Como um toque de laranja. E é mais doce do que eu

esperava, mas faz sentido já que é de uma colheita tardia. Uvas retém mais

açúcar quando ficam mais tempo na videira.

-Eu sabia. – Eu disse triunfante – Eu sabia que seria isso que isso aconteceria

se algum dia eu te fizesse beber.

Ela pendeu a cabeça, intrigada.

-Como assim?

-Não importa.

Eu rocei um beijo sobre seus lábios, finalmente ousando acreditar que essa linda

e corajosa mulher realmente era a minha esposa. Seu rosto estava adorável no

brilho do interior do jato, e eu esperei que eu pudesse lembrar exatamente como

ela parecia, nesse momento, para o resto da minha vida.

-Huh. Veja isso.

-Veja o que? – ela perguntou.

Eu toquei a bochecha dela. A maior parte de sua maquiagem tinha se mantido

intacta, mas um pouco da cobertura na sua tatuagem tinha saído, mostrando

partes do lírio.

-Está ficando prateada. – eu disse.

-Está? - Ela parecia espantada. – A do Marcus mudou, mas levou anos após ele

a ter selado.

-Não mudou completamente – eu disse – Ainda é predominantemente dourada.

Mas definitivamente a prata está começando a parecer aqui e ali. Pequenas

sombras sobre o dourado.

Eu tracei meus dedos descendo por seu pescoço, em direção ao seu requintado

ombro nu.

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-É lindo. Não se preocupe.

-Não estou preocupada, só surpresa.

-Talvez tudo que você tenha feito recentemente tenha acelerado o processo.

-Talvez. Concordou.

Ela tomou outro sorvo e se deitou sobre mim com um suspiro satisfeito.

– Eu não suponho que quando chegarmos na Corte, eles nos deixarão a sós e

nos deixarão ter nossa noite de núpcias em alguma suíte de lua de mel bem

cara?

Eu encolhi os ombros, sem querer preocupá-la.

-Nós provavelmente teremos que responder algumas perguntas entediantes, e

será tudo. Mais um motivo para aproveitar a vida agora.

-Eu estou bem com entediante – Ela disse com seus olhos castanhos perdidos

– Eu gostaria de paz por um tempo. Sem drama. Sem situações de vida ou morte.

Eu estou tão cansada disso tudo, Adrian. Talvez eles não me tenham destruído,

mas os alquimistas definitivamente me exauriram com a reeducação. Estou

cansada de dor e violência. Eu quero ajudar a parar isso com os outros… Mas

primeiro eu preciso de uma pausa para mim mesma.

-Teremos isso.

Meu coração doeu por ela enquanto eu pensava sobre todos aqueles momentos

horríveis no topo do hotel, quando ela enfrentou Sheridan, para lá nesse vestido

brilhante dominando as chamas como algum tipo de deusa da vingança. Ela

tinha sido linda e terrível de se ver, exatamente o que ela precisava para fazer

Sheridan se curvar. Apenas eu entendi o que aquilo tinha custado para Sydney

ter se colocado naquela posição, e se eu pudesse evitar, ela nunca mais teria

que enfrentar algo como aquilo.

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-Estou orgulhosa de você – Ela adicionou inesperadamente. – Você usou tanto

espirito durante isso tudo e ainda conseguiu se manter no controle. Isso não

significa que eu aprovo isso virando um hábito, mas você realmente mostrou que

você pode controlar isso sem nenhum dos efeitos colaterais terríveis.

Sim, concordou Tia Tatiana. Com certeza conseguimos.

Indecisão queimou dentro de mim. Eu pretendia contar tudo para Sydney ela era

minha esposa, afinal – mas admitir que eu estava sendo atormentado por uma

criação da minha imaginação era demais. Além do mais, uma vez que tudo isso

estivesse resolvido, eu encontraria uma maneira de me livrar da Tia Tatiana, e

nada disso iria importar.

Boa sorte com isso. – ela sussurrou na minha mente. Para Sydney eu disse:

– Apenas parte da nossa nova vida. Como eu disse, tudo vai ser bem mais fácil

daqui para frente.

Eu recolhi nossas taças, mas ao invés de causar uma comemoração selvagem,

a bebida extra apenas se adicionou aquele cansaço severo para nós dois. Nós

tínhamos nos drenado mentalmente, fisicamente e magicamente hoje e

ambos, eventualmente, cochilamos com ela ainda curvada em meu colo e sua

cabeça descansando em meu ombro. Suas ultimas palavras antes de dormir

foram:

- Eu queria ainda ter meu bouquet.

-Você fez a noite de alguma garota, - Eu disse à ela, abafando um bocejo. - E eu

te comprarei Peônias em cada aniversário, pelo resto das nossas vidas.

A próxima coisa que eu me lembro, foi um dos desconfortáveis guardiões nos

acordando e o jato estava em terra firme. Espiando pela janela eu vi que

tínhamos pousado na Corte, um privilégio de poucos. A maioria dos visitantes

pousava em algum aeroporto nas proximidades ou alugava um carro em um dos

maiores, como em Philadelphia. Era o preço de ser assunto da rainha, eu supus.

Eu também notei que parecia ser por volta do meio-dia, que era a hora que

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maioria dos Morois em horário vampiro estavam adormecidos. Eu esperava que

isso significasse que nós realmente iriamos para algum quarto por um tempo

até todos estiverem acordados. Estávamos sem sorte.

Nós fomos escoltados imediatamente, direto do avião para o palácio, onde nos

falaram que Lissa “e outros” queriam falar conosco imediatamente. Nós nem

mesmo tivemos chance de trocar de roupa, e mesmo que eu nunca me cansasse

de Sydney naquele vestido maravilhoso, eu sabia que ambos estávamos abertos

à ideia de vestir jeans e camisetas a qualquer momento. Se isso não seria uma

opção, então, eu decidi que iria com o que eu poderia. Eu tirei minha gravata

borboleta e coloquei de volta meu terno.

-Vamos fazer isso, - Eu disse para os guardiões esperando.

Nós fomos levados para um cômodo do palácio que eu não ia comumente, já

que a maioria dos meus encontros com Lissa – e, no passado, minha tia

– Foram de modo casual. A sala que íamos agora era usada para ocasiões muito

mais formais, quando Lissa de fato tinha que ter reuniões de estado e tratar de

assuntos da realeza. Tinha até mesmo um trono para ela se sentar – Embora

um bem modesto e feito de carvalho com nenhum detalhe extra.

Suas roupas eram boas, mas não glamorosas, e a única indicação de seu titulo

era uma pequena tiara posicionada no seu cabelo solto. Guardiões silenciosos

cercavam as paredes do salão, mas eu não prestei mais atenção neles do que

na decoração. Eu estava muito mais interessado naqueles com que Lissa estava

falando: uma diversidade de pessoas ambas sentadas ou em pé, todos

parecendo irritadas, como se estivessem esperando por algo. Por nós, eu

percebi. Rose, Dimitri e Christian estavam lá, o que não era nenhuma surpresa.

Lissa não estaria sem seus confidentes, especialmente quando o assunto era

eu.

Marie Conta, uma Moroi antiga que era uma conselheira de natureza mais oficial,

também estava por perto. Ela ficou com Lissa e a ajudava em meio a sua função

controversa, então fazia sentido Marie vir para algo como isso. Não era nem tão

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inesperado ver meus pais em algo como isso. O que me fez hesitar – e Sydney

também, julgando pelo aperto da mão dela na minha

–Era que já havia alquimistas lá. Não apenas quaisquer alquimistas: Eram o pai

de Sydney sua irmã Zoe, e um cara que me levou um momento para reconhecer.

Era Ian. Um cara que tinha tido uma queda daquelas pela Sydney.

Essa era a bagunça para a qual caminhávamos, inteiramente embonecados com

as elegantes roupas do nosso casamento. Eu fui responsável por todo tipo de

travessuras na minha vida, mas essa era primeira vez que eu rendi uma sala

inteira sem falar. Olhos se arregalaram. Mandíbulas caíram. Até mesmo alguns

dos inexpressivos guardiões estendidos pelas paredes pareciam chocados.

-Não falem todos de um vez - eu disse.

O pai de Sydney ficou de pé, o rosto vermelho de raiva.

-O que no mundo é essa abominação?

Lissa, apenas um pouco mais delicada, perguntou.

-Adrian, isso é algum tipo de brincadeira?

-O que é uma brincadeira é acordar todos por isso – eu disse levianamente

– Eu digo eu sei que vocês estão todos animados em nos ver, mas não era

necessário…

-Eu exijo que você a entregue em nossa custódia imediatamente – exclamou o

pai de Sydney – Para que possamos parar essa farsa antes que vá longe demais.

Nós assumiremos daqui.

-O Sr. Sage diz que Sydney cometeu crimes terríveis entre os Alquimistas – disse

Lissa – Eles alegam que você também o fez, Adrian, mas eles estavam dispostos

a ignorar isso se nós entregarmos ela, já que você é um dos meus súditos.

Eu mantive minha posição.

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-O único crime que cometemos foi tirar ela e um punhado de outros pobres

miseráveis daquele show de horrores em versão de Centro de Reabilitação.

– Um que eles estavam para abandoná-la para queimar. E você sabe por quais

crimes ela e os outros tinham cometido? Tratado Dhampirs e Moroi como

pessoas. Imagine só.

-De acordo com eles – Lissa falou calmamente – Sydney tentou queimar alguns

de seu próprio povo na noite passada.

-Era um blefe. – afirmei – Eles ainda estão vivos, não estão?

-Isso é irrelevante – contra argumentou Ian. Ele ficou sentado, e ao julgar pela

sua proximidade com Zoe, parecia que ele mudou sua atenção de uma irmã

Sage para outra. – Não cabe a vocês julgar nosso povo. Nós lidaremos com isso.

Era isso, o momento em que eu iria detonar a bomba neles.

-Bem, ai que está, Vossa Majestade. Sydney é um de seus súditos, agora que

ela é minha esposa. Você disse que não me entregaria a eles porque eu estou

sob a sua proteção, certo? Você está dizendo que abandonaria minha esposa

por menos que isso?

Aquilo levou a sala de volta para o silêncio de novo até Lissa encontrar sua voz.

-Adrian … Então esse é o motivo para isso?

Ela apontou de Sydney para mim em nossas roupas formais quando disse

isso mas não conseguiu articular nada mais preciso.

-Porque você fez, um, isso? Você acha que isso fará dela uma cidadã Moroi ou

algo assim? Não é assim que isso funciona. Não mesmo. Eu sei que você se

importa com ela…

-Me importo com ela? – eu exclamei.

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Então eu percebi que nenhum deles tinha realmente entendido. Todo esse tempo

que eu tinha irritado Lissa para ajudar Sydney pelo últimos meses, Mas Lissa

tinha assumido que tinham sido pela minha amizade para com Sydney. E agora,

ela e os outros da Corte pensaram que era apenas alguma tentativa maluca que

eu tentei para ter o que eu queria. Apenas os Alquimistas tinha uma dica da

sinceridade dos meus sentimentos, mas eles eram retorcidos e errados aos seus

olhos.

-Lissa, eu amo ela. Eu não casei com ela como algum tipo de jogo! Eu casei com

ela porque eu a amo e quero passar o resto da minha vida com ela. E eu

esperava que, como minha soberana, você me apoiasse para proteger a mim e

os meus amados – especialmente desde que eu acho que eles não tenham

nenhuma prova real dos crimes que estamos sendo acusados. Você me disse

no ultimo mês que você não poderia se arriscar por ninguém além de seus

súditos, eu sei que ela não é tecnicamente sua súdita ou Moroi, mas eu sou, e

se as promessas que você fez para mim, como um de seu povo, realmente

significa algo, elas iram se estender a ela. Nós somos casados. Ela é minha

família agora. Nós estamos ligados pelo resto das nossas vidas, e se você está

para deixar eles a levarem, você pode me dar o mesmo tratamento a partir de

agora.

Lissa pareceu pega de surpresa, mas Jared Sage – Meu sogro agora, eu me dei

conta – demonstrou nada além de desprezo.

- Isso é ridículo. Humanos e Moroi não podem se casar. Esse é o nosso modo,

assim como é o de vocês. Isso nem é um casamento verdadeiro.

-É de acordo com o estado de Nevada – eu disse alegremente – Nós temos a

papelada para provar. Nos dê um laptop, e poderemos todos ver as fotos do

casamento juntos.

A expressão de Rose era difícil de se ler. Eu tinha certeza que ela estava

chocada por esses novos acontecimentos como todos os outros, mas algo me

disse que ela tinha tomado uma atitude similar ao dos nossos amigos de Palm

Springs: aceitação e suporte.

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- Liss – ela disse – Deixe-os ficar. Não entregue Sydney.

Marie Conta, em pé perto do trono de Lissa, se curvou e murou algo no ouvido

da Rainha. Ao julgar pela expressão de Marie, eu achava que era exatamente o

oposto do que Rose tinha defendido. Dessa vez, Ian se pôs em seus pés.

-Essa não é uma decisão que você deve fazer! – Ele disse incredulamente

– O destino de Sydney Sage não esta em suas mãos. Você não tem nenhum

direito de…

-Ivashkov – Sydney o interrompeu. Era a primeira vez que ela tinha falado desde

que entramos na sala.

Ian virou sua expressão ultrajada do trono para ela.

-Perdão?

-Ivashkov – ela repetiu, seu rosto a imagem da serenidade. Apenas eu poderia

falar, pelo suor de sua mão, que ela estava ansiosa. Os Alquimistas tinham

jogado baixo com ela ao mandar esses três.

-Meu nome é Sydney Ivashkov agora, Ian.

-O inferno que é! – Exclamou o pai dela, o rosto repleto de fúria. – EU estou

cansado dessa maluquice. Eu a tirarei para fora daqui eu mesmo, se isso for o

necessário para salvar a alma dela dessa imundice.

Lançou-se em direção a Sydney e eu, e num piscar de olhos, Dimitri voou e

colocou-se entre nós.

-Sr. Sage – ele disse calmamente – Ninguém vai retirar ninguém para fora daqui,

a não ser que a sua majestade, a rainha, comande.

Todos os olhos foram em direção a Lissa. Seu rosto estava imponente e

composto. Nós tínhamos a colocado em uma posição que nenhum outro

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monarca Moroi provavelmente nunca esteve. Eu me senti um pouco mal sobre

isso, vendo isso como seu amigo, mas eu mantive a minha posição.

-Eu quis dizer cada palavra dos meus votos matrimoniais e farei de tudo para

manter Sydney segura.

- Adrian Ivashkov é meu súdito – Lissa finalmente falou – E como tal, ele é

beneficiado com todos os direitos e privilégios dessa posição. Sua esposa vem

aqui em busca de refúgio – e eu estou garantindo isso a ela. Eles estão ambos

sob a minha proteção agora, e enquanto eles estiverem na Corte, você não tem

jurisdição nenhuma sobre eles. Eu não irei os liberar em sua custódia,

especialmente levando em conta que eu não vi nenhum evidência real de seus

crimes alegados.

-O crime deles é este em pé bem na sua frente, sem nenhuma vergonha –

exclamou Ian.

O pai de Sydney claramente concordava.

-Isso é um ultraje. Se você fizer isso, terá que lidar com a irá da organização

Alquimista! Você acha que pode se livrar de metade das coisas que se livram

agora? Nós encobrimos tudo por vocês! Sem nós vocês não são nada. Como

vocês acham que iriam existir nessa sociedade sem nós para ajudar? Se você

não tiverem a nós…

-Então o mundo inteiro iria saber que vampiros existem – Sydney falou friamente

– Você deixaria isso acontecer, pai? Você não está preocupado com outros

humanos fracos que podem vir a cair em seus truques se os Alquimistas não os

ajudarem a se esconderem?

A expressão do pai dela ficou ainda mais escura, e ele parecia querer falar

inúmeras coisas para ela. Ao invés disso, ele tomou uma respiração profunda e

se virou para Lissa. Os Alquimistas têm sido aliados muito poderosos para você.

Não queira saber que tipo de inimigos nós podemos ser.

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-Obrigada por seu conselho – Lissa parecia destemida, mas eu vi sua aura

vacilar. – Glen? – ela preguntou, direcionando sua atenção para um dos

guardiões na porta. – Você e seu pessoal poderia garantir que o Sr. Sage e os

outros fossem escoltados para fora da Corte apropriadamente?

O guardião fez-lhe uma reverência e, em seguida, caminhou para frente,

acenando cinco outros guardiões para se juntarem a ele.

-Claro, Vossa Majestade.

Os guardiões guiaram os contrariados Alquimistas para fora da sala, e mesmo

assim nós continuamos a ouvir eles fazendo ameaças até que estivessem bem

longe no corredor. Pelo menos dois deles. Zoe não disse uma só palavra o tempo

todo e tinha simplesmente observado a irmã com seus amplos e inquietos olhos.

Se Zoe se sentia culpada pelo seu papel na ida de Sydney para a reeducação

ou era apenas o choque para com esses novos acontecimentos, eu não saberia

dizer. Do meu lado, Sydney estava tremendo. Não poderia ter sido fácil para ela

ver a família ser arrastada para fora de lá daquele jeito. Ainda segurando sua

mão, eu dei um passo à frente antes que o silêncio ficasse ainda mais

desagradável.

-Obrigada, Lissa. Você não sabe o quanto…

Lissa levantou sua mão para me parar, mão que ela também usou para

massagear sua testa, como se ela estivesse com dor de cabeça.

-Não, Adrian. Você não tem ideia do tamanho do problema que isso pode me

gerar. Eu estou feliz, de verdade. Mas por hoje, eu estou cansada de conversas.

Eu preciso dormir para refletir sobre isso e as consequências. Nós iremos te

arrumar um lugar para ficar e…

-Espere um momento – Alguém me ajude, meu próprio pai se pronunciou agora,

e pela sua expressão, é um feito que ele não estivesse apoiando Jared Sage há

alguns minutos atrás. – Você está dizendo que vai deixar esse… esse… suposto

casamento passar assim? Que você o considera real?

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Lissa, que parecia realmente exausta, acenou.

-Parece muito real para eles, Lord Ivashkov, e isso é o suficiente para mim.

-Eu achei que você estava apenas atuando para levar aqueles alquimistas para

fora daqui! Não há condição de que você possa considerar isso um casamento

legítimo. Nenhum Moroi civilizado chegou tão baixo quanto…

Meu pai conteve suas próprias palavras enquanto olhava rapidamente para

Sydney e eu. Ele correu em direção a nós com uma velocidade que os guardiões

devem ter admirado e teve a audácia de agarrar a mão esquerda de Sydney.

-Eu conheço isso! Era da sua tia! Como se atreve! Você teve a coragem – a

audácia – de colocar relíquias de uma rainha na mão dessa… dessa…

Alimentadora!

Eu retirei Sydney de perto dele.

-Pai, - eu disse calmamente, - Eu sempre tive como regra de vida não me meter

em brigas com crianças, animais fofos, ou velhos ignorantes. Eu irei, entretanto,

fazer uma exceção por você caso toque ou insulte minha esposa outra vez.

- Nathan, - Minha mãe disse, indo para o seu lado. – Ela é nossa nora agora.

Mostre algum respeito.

Agora meu pai virou sua fúria para ela.

-Eu não farei isso! Isso é absurdo, para não falar ultrajante. Isso é…

-O que o nosso filho quer - minha mãe disse – e eu o apoiarei.

Eu olhei nos olhos dela e senti um inchaço no peito. Eu nunca tinha consertado

as coisas com ela após nossa discussão. Eu nem mesmo tentei ligar ou mandar

mensagens. Não foi por desleixo, foi minha preocupação com Sydney, mas

olhando para ela agora, eu estava surpreso de ver algo que não tinha visto antes:

desafio.

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-Por Deus, Daniella – meu pai grunhiu – não acrescente mais um erro para a sua

já grande lista. Agora se quer voltar comigo para casa essa noite, fique quieta

e…

Não – ela disse, interrompendo ele de novo. – Eu, na verdade, não quero ir para

casa com você, essa noite ou nenhuma outra.

-Você não tem ideia do que está dizendo – ele chiou – ou quais serão as

consequências.

-Na verdade, Nathan, eu as entendo perfeitamente.

Eu me virei para Lissa, que parecia mais do que um pouco surpresa com o novo

drama que se formava.

- Vossa majestade – eu disse. – você mencionou um lugar para ficar para mim e

minha noiva. Algum modo que arrumar um para a minha mãe também?

Lissa pode ter se preocupado com as consequências das suas atitudes com os

Alquimistas, mas ela não tinha os mesmos medos com meu pai.

-Sim, - ela disse. – Eu tenho certeza que isso pode ser providenciado.

Quando nós finalmente saímos, uma pequena multidão tinha se juntado do lado

de fora do palácio. As fofocas tinham se espalhado no curto tempo que

estivemos lá, e curiosos tinham aparecido, apesar da hora avançada. As roupas

do casamento atingiram multidões, e eu podia ver o choque e a descrença em

seus rostos – em Nina inclusive. Eu não esperava que ela estivesse lá. Como

com a minha mãe, eu não tinha falado com ela desde que tinha deixado a Corte,

era óbvio que nada poderia ter preparando-a para a visão da minha noiva

humana. Ela parecia tão arrasada, que eu me preocupei se ela não desmaiaria.

Suas mãos estavam apertadas firmemente juntas, e enquanto passávamos, eu

tive a impressão de ter visto sangue nelas aonde ela tinha arranhado.

Não muito longe dela estava Wesley Drozdov, e ele, diferente de todos os outros,

não parecia chocado. Ele parecia preocupantemente malicioso na verdade.

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Dificilmente, eu me lembrei o que eu tinha dito a Sydney no avião, como as

coisas seriam mais fáceis a partir de agora.

A vida na Corte será uma brisa, Eu disse.Com angustia, eu me perguntei se eu

não teria mentido sem saber para Sydney, e estava feliz quando ela, minha mãe,

e eu ultrapassamos os curiosos.

Rose e Dimitri escoltaram a nós três até a casa de hospedes e tiveram tato o

suficiente para não nos encherem de perguntas – Mas eu podia ver Rose se

corroendo para faze-las. Ela admiravelmente manteve seu autocontrole até

Sydney se sentar no lobby da ala de hóspedes enquanto eu fazia o cheking. O

dedo do pé de um dos sapatos azuis espiou debaixo de seu vestido, e Rose não

se conteve.

-Esses sapatos são de arrasar, - Ela declarou – Tem alguma história por trás?

Sydney sorriu para ela.

- Há várias histórias.

Amanhã Rose – eu disse – Nos dê o resto da noite de descanso, e lhe daremos

a versão completa amanhã. E de extra te dou a chance de nos dar um presente

de casamento. Não temos nenhuma lista, mas realmente poderíamos achar um

uso para chá chinês e um liquidificador.

-Lorde Ivashkov? – a atendente ao balcão perguntou, parecendo embaraçada

por ter nos interrompido. – Receio que temos poucos quartos disponíveis, entre

as renovações e um grupo turístico da Bulgária. Não temos dois quarto

separados, mas nós temos uma suíte família que abrigaria seu grupo inteiro.

Eu olhei entre Sydney e minha mãe, ambas pareciam estar mantendo seus

rostos extremamente neutros.

- Bem, nós somos família agora.

Rose e Dimitri se despediram de nós uma vez que tudo estava organizado, e nós

três fizemos nosso caminho para a suíte que nos fora designada. Eu destranquei

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a porta e, em um impulso, peguei Sydney nos meus braços e a carreguei para

dentro.

Eu sei que ainda não é tecnicamente nossa casa de verdade – eu disse – mas

com tantas irregularidades que tivemos no nosso casamento, eu sinto como se

precisassem manter algumas tradições.

-Certamente. – Sydney riu.

Eu a abaixei cuidadosamente, e minha mãe sorriu educadamente. Ela pode ter

ficado do meu lado e apostado em nós, mas eu a conhecia o suficiente pra

entender que levaria algum tempo para acolher uma nora humana.

-Obrigada, Mãe – eu disse, puxando-a para um abraço.

-Eu achei que tinha aprendido minhas lições na prisão, - ela disse – Mas só após

você ter partido que eu realmente e verdadeiramente absorvi isso. Não posso

falar que essa é minha situação ideal, mas eu prefiro ter esse tipo de vida com

você do que não o ter de modo algum – ou ao meu amor próprio.

Eu a soltei do abraço.

-Eu estou orgulhoso de você. Nós faremos isso funcionar. Você vai ver. Isso será

ótimo e nós seremos uma grande família feliz.

As duas mulheres da minha vida pareciam incertas daquilo, mas ambas

pareciam convictas do seu amor por mim, e por agora, isso teria que ser o

suficiente. Minha mãe logo percebeu que podia esconder seu desconforto

encontrando coisas para criticar sobre nossas acomodações, que eram tão

luxuosas quanto as minhas últimas, só que maiores. Deixei-a fazendo isso e

estava mais do que aliviado por finalmente conseguir um pouco de privacidade

com Sydney.

Ela sentou na nossa cama e chutou os sapatos azuis para longe.

-Não sei que parte desse dia parece mais irreal. Eu sentei ao seu lado.

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-Esse é o ponto. É tudo real, especialmente a parte mais importante: você e eu,

juntos para sempre, nosso casamento reconhecido aos olhos humanos e Morois.

-Mas não alegremente. – o sorriso dela desapareceu – Metade da minha família

não quer me ver nunca mais. E a outra metade que quer… bem, eu posso não

ser capaz de vê-las novamente.

-Você irá – eu disse – Eu me assegurarei disso.

Eu estava agindo com mais confiança do que eu sentia, e eu sabia que ela sabia

disso. Ela tinha se separado de sua família – de sua espécie – por mim, e mesmo

que eu ainda não pudesse dizer o que ela iria enfrentar, eu orei silenciosamente

para que eu fosse capaz de ajuda-la em tudo o que fosse possível.

-Você estava certo, - ela me puxou para mais perto – Sobre termos proteção.

Mesmo com todas as complicações, você fez tudo funcionar.

-Nós fizemos funcionar, e todas as complicações não iram durar. Por enquanto,

nós podemos sentar e aproveitar as recompensas. – Eu falei galantemente, sem

dar voz a alguns medos que eu tinha. Depois de ter visto as reações do pai dela,

do meu pai, e até de Wesley, eu tinha um sentimento inquietante que nós não

iríamos ter a paz que ela tanto queria tão cedo. Eu me recusei a demonstrar isso,

entretanto. Pelo menos não hoje à noite.

-E eu tenho todo o tipo de recompensa em mente. A não ser que você queira

dormir.

Ela laçou seus braços em volta do meu pescoço e roçou seus lábios contra os

meus.

-Depende. Você parou na farmácia, durante a sua ida a adega?

-Parei lá? Inferno, eu comprei o lugar todo, Sydney. Eu não terei repetições da

última vez.

Ela riu e deixou-me colocá-la de costas na cama, onde eu comecei o

emocionante, embora um pouco frustrante, processo de tentar descobrir como

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tirar aquele vestido elaborado. E o esforço acabou por valer a pena, no entanto,

e quando adormecemos nos braços um do outro muito mais tarde, nus, exceto

para os nossas alianças, eu sabia que tinha valido a pena todo o esforço. Todas

as provas e provações que tinha experimentado levaram a este momento, este

momento perfeito. Nós estávamos exatamente onde nós fomos feitos para estar.

Eu fui acordado horas mais tarde por uma batida na porta e a gentil voz da minha

mãe:

-Adrian? Vocês tem visita.

Sydney se agitou em meus braços, parecendo linda e feliz enquanto a luz no fim

de tarde entrava pelas persianas, iluminando suas feições. Ela estava tão

maravilhosa e sexy que eu estava tentado a fingir não ter escutado minha mãe,

quando uma segunda batida, mais forte, soou.

-Adrian? Sydney? É Rose. Nós temos que conversar.

Aquilo acordou Sydney e eliminou qualquer manhã romântica que eu poderia ter

imaginado. Nós nos vestimos e eventualmente fomos para a sala de estar da

suíte. Lá minha mãe estava sentada com ambos, Rose e Dimitri. Eu quase zoei

Rose por não ter sido capaz de esperar para ouvir histórias sobre nossas

excitantes… Então eu vi seu rosto.

-O que houve? – eu perguntei. Ela e Dimitri trocaram olhares.

-Jill desapareceu.

-O que você quer dizer com Jill desapareceu? – eu exigi – Ela está na escola.

Eu recebi uma mensagem dela ontem. Ela quem organizou nossa viagem.

-E ela tinha todos os seus guardiões. – Sydney adicionou. – Eddie voltou, certo?

Rose confirmou.

Todos os três Dhampir estavam no campus. Angeline estava até mesmo no

quarto quando ela foi levada.

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-Espera… A Angeline viu acontecer? – Perguntei.

-Não. – Disse Dimitri. – Isso é o mais estranho. Angeline foi para cama com Jill

no quarto… e quando acordou ela tinha sumido.

-Ela não ouviu ou viu nada. Jill apenas desapareceu como mágica. - Rose

estalou os dedos para dar efeito. – Angeline se sente péssima.

Senti um aperto no meu peito, e o quarto cambaleou. Jill… desaparecida? Isso

não era possível. Não depois de tudo que eu fiz por ela. Eu a trouxe de volta a

vida! Isso não poderia estar acontecendo. Houve algum erro. Eddie não teria

deixado isso acontecer.

Viu? Perguntou Tia Tatiana. Eu disse que não haveria paz para você. De um

jeito ou de outro, sempre terá algo para te atormentar. Bom que você tem a mim

para te ajudar.

Sydney desmoronou sobre uma cadeira, mãos entrelaçadas em seu colo.

-Angeline se sente péssima? Eu me sinto péssima! Jill era minha principal

responsabilidade, toda a razão para eu estar lá! Se eu não tivesse…

-Nem começe - Eu me adiantei, colocando meu braço sobre seus ombros. Isso

era tanto para me confortar quanto à ela. – Você não a abandonou. Você foi

levada. Isso não é culpa sua de maneira nenhuma.

Eu me virei de costas para os outros, tentando desesperadamente achar um

sentido para isso. Se eu pensasse logicamente, eu não entraria em pânico.

-Nós temos que encontra-la. Vocês tem alguma pista?

Ainda não, mas temos pessoal revirando cada canto daquele lugar como loucos,

a procura de algo.

Rose suspirou de desânimo.

-Ela estava à um mês de voltar para casa.

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-Bem, nós iremos ajudar. – Eu disse. – Nos arrume um vôo para lá. Sydney

acenou ansiosa.

-Vocês estão malucos? – Perguntou Rose. – Não respondam. Olha, vocês não

vão a lugar nenhum. Não há nada que vocês possam fazer lá por agora.

-Além de que, a proteção pela qual vocês lutaram tanto na noite passada não se

estende para fora da Corte – Dimitri nos lembrou. – Vocês precisam ficar aqui –

para a sua própria proteção – Até estarmos mais preparados. Isso, e nós não

precisamos de nenhuma atenção desnecessária indo atrás de Jill.

Ele olhou para minha mão.

-Isso significa, Lady Ivashkov, que o que você acabou de ouvir não pode sair

desse quarto. Ninguém pode saber que Jill desapareceu, porque enquanto ela

estiver desaparecida não podemos provar se ela está viva ou morta. E não

podemos provar isso…

-Então vocês não podem provar que a Rainha tem um parente vivo. – Sydney

terminou.

Eu não tinha sido rápido o suficiente para pensar tão à frente. Eu ainda estava

parado em Jill – Jill, minha doce e generosa Jill – ter desaparecido sem rastros.

Agora, eu repentinamente compreendi as outras consequências.

-A votação ainda não aconteceu – eu murmurei. – A votação para mudar a lei.

Exato. – Disse Rose, sua expressão sombria. – E se a noticia do

desaparecimento de Jill se espalhar, Lissa pode perder o trono.

Continua….

Bloodlines 06 - The Ruby Circle

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Richelle Mead

Richelle Mead é uma leitora voraz, fascinada por mitologia e folclore. Autora reconhecida tanto pelo público como pela crítica na área da fantasia urbana para adultos. Autora da série bestseller, Vampire Academy, com fãs pelo mundo todo, e que ja ganhou honras da American Library Association.