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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO Blue Ocean – Desenvolvimento de um Sistema SCADA para Pipelines Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a aprovação da disciplina: DAS 5511 Projeto de Fim de Curso Thiago de Freitas Santos Florianópolis, Março de 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO

Blue Ocean – Desenvolvimento de um

Sistema SCADA para Pipelines

Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a aprovação da disciplina:

DAS 5511 Projeto de Fim de Curso

Thiago de Freitas Santos

Florianópolis, Março de 2007

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Blue Ocean – Desenvolvimento de um Sistema SCADA para Pipelines

Thiago de Freitas Santos

Esta monografia foi julgada no contexto da disciplina DAS 5511: Projeto de Fim de Curso

e aprovada na sua forma final pelo Curso de Engenharia de Controle e Automação

Banca Examinadora:

Fábio Dias Fagundez Paulo Armando Rêgo

Orientadores da Empresa

Prof. Agustinho Plucênio Orientador do Curso

Prof. Augusto Humberto Bruciapaglia Responsável pela disciplina

Prof. Nestor Roqueiro, Avaliador

Guilherme Castro Royer, Debatedor

Marcelo de Saulnier Fuchs, Debatedor

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Agradecimentos

Foram cinco anos excelentes, sobre todos os aspectos. Tenho muito a agradecer

a todos que me ensinaram, sobre vida e Engenharia, e me apoiaram para chegar até

aqui.

Primeiramente, agradeço à Deus, Senhor desse mundo, pela vida, saúde e paz.

Agradeço à minha família, minha inspiração, meu exemplo, pelo amor e apoio

incondicional. Sem minha mãe, meu pai e meu irmão, certamente não chegaria tão longe.

Não foi fácil suportar a distância, mas ela nos uniu e nos fortaleceu.

Agradeço à Marianna, meu amor, leitora e revisora oficial, pela motivação, ajuda e

carinho. Nossos planos tornam mais saborosas todas as conquistas, ainda teremos

muitas.

Ao Fábio, meu grande incentivador no projeto, pelo entusiasmo, orientação e

amizade. Ao Paulinho e toda a equipe de desenvolvedores da Chemtech: Ricardo, André,

Ramon, Loriato, Alexandre, Schirmer e Britto, pelo companheirismo, pela dedicação,

pelos ensinamentos.

Agradeço ao Agustinho, pela paciência, pelo comprometimento, pela ajuda. Aos

professores do DAS, que ensinaram, cobraram e formaram uma base sólida.

Aos amigos de faculdade, pela amizade verdadeira, pelos bons momentos, pela

parceria. Vocês serão sempre especiais para mim.

Agradeço ainda o apoio financeiro da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustiveis-ANP e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) por meio do

Programa de Recursos Humanos da ANP para o Setor do Petróleo e Gás PRH-34

ANP/MCT.

A Todos, muito obrigado!

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Resumo

Sistemas SCADA (Supervisory Control And Data Acquisition) são de

fundamental importância para indústria nos mais diversos setores. Esses sistemas

concentram informações da planta, fornecendo status em tempo real de milhares de

equipamentos e instrumentos. Áreas de operação e manutenção lidam diariamente

com sistemas SCADA.

SCADA’s modernos têm expandido sua fronteira de atuação. Além de

exibirem o panorama atual de operação eles têm armazenado dados históricos e

distribuído informações através de interfaces padrão, como OPC. Eles têm também

permitido o acoplamento de sistemas externos voltados para o ramo de atuação da

indústria.

Pipelines são componentes essenciais na distribuição de óleo e gás em todo

o mundo. Sistemas SCADA são fundamentais no controle e manutenção dos dutos,

estações de bombeamento e compressão e nas unidades de medição. Os SCADA’s

aplicados à pipelines possuem peculiaridades, principalmente devido à separação

espacial dos equipamentos e a existência de sistemas externos, como os sistemas

de controle de materiais transportados, detecção de vazamento e medição de

órgãos de fiscalização.

Esse trabalho propõe-se a mostrar as fases iniciais de desenvolvimento de

um sistema SCADA moderno para pipelines, em um projeto chamado Blue Ocean,

desenvolvido pela empresa Chemtech. O projeto Blue Ocean foi contratado pela

Siemens, que visava, inicialmente, empregar o SCADA desenvolvido em pipelines

de um cliente da África do Sul.

O SCADA desenvolvido será empregado em pipelines novos e também

substituirá sistemas já implantados. Será apresentada a arquitetura, a plataforma de

desenvolvimento e as primeiras etapas de construção desse novo sistema, com

ênfase na atuação do autor.

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Abstract

SCADA (Supervisory Control And Data Acquisition) Systems are of great

importance for industry in all areas. These systems concentrate information of the

plant, providing real time status of thousand of equipments and instruments.

Operation and maintenance staff deal daily with SCADA systems.

Modern SCADAs have expanded its applicability. Beyond showing the current

state of operation process, these systems have stored historical data and distributed

information through standard interfaces, such as OPC. They have also allowed the

coupling of external systems.

Pipelines are the main way to transport oil and gas in the world. SCADA

Systems are essential for controlling and maintenance of ducts, pumping and

compressing stations, and in the units of measurement. SCADAs employed in

pipelines has peculiarities, mainly due to space distribution of the equipment and the

presence of external systems, such as batch tracking systems, leak detection and

regulatory measurements.

This document intents to show the initial phases of development of a modern

SCADA system for pipelines, in a project called Blue Ocean, which were developed

by Chemtech company. Blue Ocean project was contracted by Siemens, who aimed

to use the SCADA in pipelines of a customer in South Africa.

The built SCADA will be employed in brand new pipelines and also in

operational ones. This document will present the architecture, platform and the first

stages of development of this new system. It will be emphasized the tasks performed

by the author.

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Sumário

Agradecimentos................................................................................................. i

Resumo ............................................................................................................ ii

Abstract ........................................................................................................... iii

Sumário ........................................................................................................... iv

Simbologia...................................................................................................... vii

Capítulo 1: Introdução ......................................................................................1

1.1: A Empresa .............................................................................................1

1.2: SCADA...................................................................................................3

1.3: Pipelines ................................................................................................4

1.3.1: Histórico ..........................................................................................5

1.3.2: Organizacional.................................................................................6

1.3.3: SCADA para pipelines.....................................................................7

1.4: Projeto Blue Ocean................................................................................9

1.4.1: SiSchedX.......................................................................................11

1.4.2: Contexto de Engenharia de Controle e Automação .....................11

1.5: Estrutura do Documento ......................................................................13

Capítulo 2: Estrutura do Sistema SCADA ......................................................14

2.1: Arquitetura ...........................................................................................14

2.1.1: Requisitos do sistema ...................................................................14

2.1.2: Atores do sistema SCADA ............................................................15

2.1.3: Modelos de arquitetura e subsistemas..........................................18

2.2: Plataforma de Desenvolvimento ..........................................................21

2.2.1: Linguagem de programação - JAVA .............................................21

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2.2.2: Plataforma Eclipse RCP................................................................21

2.2.3: J-Integra para COM.......................................................................24

2.2.4: JGo................................................................................................25

2.2.5: Gerenciador de Scripts BeanShell ................................................25

2.2.6: Open Splice DDS middleware .......................................................26

2.2.7: MySQL ..........................................................................................26

2.3: Cronograma .........................................................................................27

2.3.1: Fase Zero ......................................................................................27

2.3.2: Fase de Elaboração ......................................................................28

Capítulo 3: Atividades Desenvolvidas ............................................................30

3.1: Preparação – Treinamentos ................................................................30

3.1.1: Curso de PCS7 .............................................................................30

3.1.2: Curso de P&ID ..............................................................................30

3.1.3: Curso de Java ...............................................................................31

3.1.4: Seminários em Eclipse RCP .........................................................32

3.2: Conhecer o sistema SCADA atualmente implantado ..........................32

3.2.1: LSX................................................................................................32

3.2.2: CS7 ...............................................................................................35

3.3: Análise de mercado .............................................................................36

3.4: Bancada de testes para a Prova de Conceito......................................37

3.4.1: Experimento do desafio de controle..............................................37

3.4.2: Configuração de um servidor OPC................................................39

3.4.3: Estrutura completa da bancada de testes.....................................39

3.5: Elaboração do Plano de testes ............................................................41

3.5.1: Testes de comunicação ................................................................41

3.5.2: MySQL ..........................................................................................45

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3.5.3: Interface Gráfica............................................................................47

3.5.4: Modularidade.................................................................................49

3.5.5: Portabilidade .................................................................................49

3.6: Testes ..................................................................................................50

3.7: Apresentação.......................................................................................51

3.8: Ferramenta de Configuração de Engenharia.......................................52

3.8.1: Importância....................................................................................52

3.8.2: Estrutura do Aplicativo...................................................................53

3.8.3: Detalhamento do Aplicativo...........................................................54

3.9: Testes para Finalização da versão ......................................................57

3.10: Revisão da arquitetura .......................................................................57

3.11: Definição da bancada final de testes .................................................58

3.11.1: CLP S7-400.................................................................................58

3.11.2: Módulo TIM .................................................................................58

3.11.3: Arranjo dos equipamentos ..........................................................59

3.12: Detalhamento da bancada.................................................................61

3.13: Reformulação do Plano de testes......................................................61

3.14: Teste versão para apresentação .......................................................63

Capítulo 4: Conclusões e Perspectivas ..........................................................64

Bibliografia:.....................................................................................................65

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Simbologia

AOPL - Association of Oil Pipe Line

CLP – Controlador Lógico Programável

COM – Component Object Model

DCOM – Distributed Component Object Model

DCS - Distributed Control System

ISA - Instrument Society of America

ODBC – Open Database Connectivity

OLE – Object Linking and Embedding

OPC – OLE for Process Control

OPC AE - Alarm and Event

OPC DA - Data Access

OPC DX - Data Exchange

OPC HDA - OPC Historical Data Access

P&ID - Piping and Instrumentation Diagram

QoS – Quality of Service

RTRDB – Real-time Relational Database

RTU – Remote Telemetry (or Terminal) Unit

SCADA - Supervisory Control And Data Acquisition

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Capítulo 1: Introdução

1.1: A Empresa

A Chemtech foi criada em 1989 por três engenheiros químicos recém-

formados do Instituto Militar de Engenharia (IME) do Rio de Janeiro. Inicialmente, os

projetos eram voltados para sistemas na área de processos, sendo o maior cliente,

na época, o centro de Pesquisas da Petrobras (CENPES).

Os primeiros projetos, como o simulador de processos Petrox - ainda hoje

utilizado na Petrobras, tiveram grande sucesso e abriram caminho para outros

trabalhos.

A qualidade dos produtos gerados e a gestão dos projetos permitiram que a

Chemtech conquistasse gradativamente seu mercado, crescendo e expandindo sua

carteira de clientes.

O reconhecimento dos clientes, o padrão mundial de qualidade e a linha de

soluções da Chemtech foram fatores decisivos de sua escolha pela Siemens, em

2001, para ser a responsável pela área de Tecnologia de Informação para plantas

de processo nos países do Mercosul e México. Desde então, a Chemtech, aliada a

uma das mais respeitadas corporações mundiais de engenharia, cresceu

consideravelmente.

O mercado de Óleo e Gás é, e sempre foi, o maior cliente da Chemtech,

dividido entre empresas representativas como Petrobras, Exxon Mobil, Chevron e

Shell. Os trabalhos nessa área permitiram a atuação em projetos em diversos

países do mundo: Alemanha, Estados Unidos, Rússia, Japão, Cingapura, Tailândia,

Arábia Saudita, França, África do Sul, Canadá e Espanha.

Gradualmente, a Chemtech abriu as portas para as mais diversas áreas de

atuação, como representado na Figura 1. Seus clientes se distribuem nos seguintes

mercados: Software, Água e Energia Elétrica, Metais e Mineração, Papel e Celulose,

Petróleo e Gás, Petroquímica e Química.

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Figura 1 - Áreas de atuação Chemtech

Dezoito anos depois de sua criação, a Chemtech tornou-se uma empresa

líder de mercado, ocupando um nicho específico e aliando diversas áreas de

engenharia, sempre combinando conhecimento de processo ao domínio das mais

modernas soluções em Tecnologia da Informação.

Como parte da Siemens, a Chemtech oferece basicamente três grandes

grupos de soluções:

� Conceituar e projetar

No projeto conceitual e na engenharia básica é feito um uso intensivo da

simulação de processos e da fluidodinâmica computacional. O objetivo é chegar aos

melhores arranjos e dimensões de equipamentos e às melhores condições

operacionais para os processos de transformação e agregação de valor que

ocorrem nas indústrias.

� Negócios e processos

Fluxo de informação entre o chão de fábrica e o nível corporativo do cliente.

Inclui desde os serviço de automação industrial até a integração com os sistemas

ERP, envolvendo a implantação dos sistemas de informação e de sistemas LIMS e

MES. O objetivo é desenvolver a integração entre as diversas áreas da empresa a

fim de maximizar seu desempenho como um todo.

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� Operação e produção

Otimização do processo e da produção. Inclui a sintonia de malhas de

controle, o controle avançado do processo, a otimização e o planejamento e a

programação avançada de produção. O objetivo é elaborar e executar estratégias

para o melhor aproveitamento das oportunidades da empresa em relação aos

recursos e às restrições existentes.

1.2: SCADA

Um sistema SCADA (Supervisory Control And Data Acquisition) é formado

por terminais remotos que coletam dados de campo e transmitem esses dados a

uma estação principal através de um sistema de comunicação. A estação principal

exibe os dados adquiridos e também permite que o operador execute tarefas de

controle remoto [ 1 ].

De forma simplificada, SCADA é um sistema que troca sinais codificados

através de canais de comunicação com o intuito de prover controle sobre os

equipamentos das Unidades Terminais Remotas (RTU) [ 6 ].

Sistemas SCADA surgiram da necessidade de um frontend (interface) para

sistemas de controle com CLP’s (Controladores Lógicos Programáveis). Os CLP’s,

embora executem tarefas de medição e controle, não disponibilizam uma interface

para monitoramento e atuação dos operadores.

Os sistemas SCADA podem adquirir dados dos CLP’s através de diversos

métodos e protocolos de comunicação. Eles, então, agrupam e formatam a

informação de maneira adequada para a interpretação do usuário.

A partir da década de 90, o papel dos sistemas incorporou maiores

funcionalidades automáticas, como a conexão a bancos de dados para o

fornecimento de gráficos em tempo-real, as informações de diagnóstico e logística,

os procedimentos agendados de manutenção, os esquemas detalhados para

máquinas e equipamentos, entre outros.

Em questão de poucos anos, a maioria dos fabricantes de CLP’s já ofereciam

sistemas SCADA integrados, muitos desses já com protocolos de comunicação

abertos e não-proprietários.

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Os três componentes principais de um sistema SCADA são:

� Unidades Terminais Remotas (RTU’s): Majoritariamente, são os CLP’s

distribuídos no nível de campo. Conectam-se aos equipamentos, lêem informações

de status como o sinal aberto/fechado de uma válvula e realizam medições como

pressão, fluxo, tensão e corrente. Tais equipamentos também podem ser

controlados através do envio de sinais com comandos, tais como abrir/fechar ou

definir o set point de uma bomba hidráulica;

� Estação Servidora e MMI’s: As Estações Servidoras são responsáveis

pela comunicação com os equipamentos de campo (RTU’s, CLP’s). MMI’s (Man

Machine Interface) são os elementos de visualização (clientes) das informações

geradas pela Estação Servidora. As MMI’s também permitem aos usuários o envio

de comandos a Estação Servidora, as quais os repassam aos equipamentos de

controle em campo.

� Infra-estrutura de Comunicação: Sistemas SCADA utilizam,

tradicionalmente, combinações de rádio e conexões diretas seriais ou por modem,

para realizarem a troca de dados. No entanto, a partir do ano 2000, ampliou-se o

uso de Ethernet (IEEE 802.3) e IP sobre SONET (GR-253-CORE), especialmente

em grandes plantas com grande número de pontos, como geradoras de energia.

Padrões como IEC 60870-5-101 ou 104, Profibus e DNP3 - atualmente com

extensões para TCP/IP, são reconhecidos pela maioria dos fabricantes de sistemas

SCADA.

1.3: Pipelines1

Pipelines (dutos) são usados predominante no transporte de petróleo e gás

entre as unidades produtoras, de tratamento e distribuidoras em todo o mundo. A

1 O conjunto de dutos e demais componentes que viabilizam o transporte de óleo e gás

recebe a denominação pipeline na língua inglesa. No português é feita a diferenciação entre gasoduto

e oleoduto conforme o transporte seja de gás ou óleo. Para maior simplicidade utiliza-se neste

documento o termo pipeline para referir-se a um duto que transporte óleo ou gás.

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sua aplicação é a forma mais rápida, confiável e de baixo custo para o transporte de

óleo e gás.

Mais do que isso, os pipelines representam a única forma viável de atender a

enorme demanda global. Por exemplo, para substituir um oleoduto de pequena

dimensão que transporta 150 mil barris de petróleo por dia, é necessário carregar e

descarregar 750 caminhões. Em escala mundial, são consumidos diariamente cerca

de 80 milhões de barris de petróleo.

Figura 2 - Etapas de produção do petróleo

Além de eficiente, o transporte por pipelines também é seguro. Em 1998,

uma pesquisa comparou a tecnologia com outras formas de transporte e apontou

que apenas %10027,0 3−x dos acidentes fatais nos Estados Unidos foram causados

pelo sistema .

1.3.1: Histórico

Os primeiros pipelines construídos no mundo eram feitos de madeira ou ferro

e atendiam predominantemente o transporte de gás natural na Europa e nos

Estados Unidos. Após a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento da metalurgia,

das tecnologias de soldagem e de enrolamento de dutos provocou um grande

crescimento da utilização deste sistema de transporte. Em 1998, havia mais de 857

mil quilômetros de pipelines voltados unicamente para o transporte de gás natural

em todo o mundo.

No Brasil, o bombeamento de petróleo por pipelines começou em 1940. Nos

anos 60, foi construído o primeiro oleoduto de longa distância brasileiro, ligando

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Terminal da Guanabara (TORGUÁ) e a Refinaria Duque de Caxias (REDUC), no Rio

de Janeiro.

Atualmente, a Transpetro (Petrobras Transportes S.A.), maior transportadora

brasileira, é responsável por 10 mil quilômetros de rede dutoviária, transportando

petróleo e derivados, gás natural e álcool. Em 2005, a carga transportada pela

Transpetro registrou 640 milhões de metros cúbicos.

1.3.2: Organizacional

Os sistemas de pipelines são formados por três unidades básicas: os próprios

dutos, as estações de bombeamento ou compressão e as estações de medição.

Essas unidades se encaixam em uma estrutura organizacional que pode ser

subdividida em Suporte Corporativo, Manutenção, Operação e Suporte ao

Consumidor, [ 2 ]. Detalhes dessa divisão são mostrados na Figura 3.

O sistema de automação implantado nos pipelines integra e agiliza a

execução da maioria das funções da estrutura organizacional. Manutenção e

Operação são diretamente impactadas e as outras esferas sofrem influência

indireta, mas também significativa. O grau de automação dos pipelines é item

determinante em sua performance e competitividade no mercado.

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Figura 3 - Distribuição organizacional de um pipeline

1.3.3: SCADA para pipelines

O centro de operações de qualquer pipeline, chamado Centro de Controle,

monitora e controla os dutos, bombas, estações de compressão e unidades de

medição. O sistema que usualmente realiza essa operação de controle e

monitoramento é um sistema SCADA.

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A tecnologia usada nos sistemas computacionais e de telecomunicações

determinam a funcionalidade, escopo e capacidade dos sistemas SCADA utilizados

em pipelines.

Figura 4- Exemplo de tela de um sistema SCADA para pipelines

Além das funções de monitoramento e controle, os sistemas SCADA

concentram dados de outros sistemas de informação nas aplicações para pipelines.

Alguns softwares usualmente associados aos sistemas SCADAS, têm as seguintes

funções [ 2 ]:

• Simulação de pipelines;

• Gerenciamento de tanques;

• Detecção de vazamentos;

• Monitoramento de carregamentos (batch tracking);

• Totalização de vazão;

• Cobrança e rateio de taxas (billing);

• Geração de relatórios para clientes.

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Atualmente, é possível apontar diversas melhorias e retrofits para os pipelines

instalados em todo o mundo. Muitos sistemas são complexos para operar sem

automação. Outros sistemas exigem mais recursos de automação com a ampliação

da linha. Em alguns casos, a transição de sistema de operação manual para outro

automático exige atualização completa desde a unidade de controle até o SCADA.

As modificações nas unidades locais de produção e nos sistemas SCADA,

com o intuito de torná-los mais automatizados, normalmente têm três objetivos

principais: custo, confiabilidade e eficiência.

1.4: Projeto Blue Ocean

O projeto Blue Ocean visa desenvolver um sistema SCADA voltado para o

mercado de pipelines.

O projeto foi contratado pela Siemens AG (Alemanha) para atender,

inicialmente, a maior transportadora de Petróleo da África do Sul, que tem seus

pipelines controlados por CLP's e SCADA da empresa alemã.

No entanto, o sistema supervisório instalado pela Siemens, chamado LSX, se

encontra ultrapassado, não atendendo a todas as necessidades da empresa. A falta

de flexibilidade e custo de configuração do sistema atual exigiram que a operadora

de pipelines pedisse ao seu fornecedor (Siemens) uma solução mais moderna e

adequada aos padrões internacionais de monitoramento e controle.

A Siemens dispunha no mercado de outros produtos que poderiam atender o

cliente. Em particular, uma suíte de aplicações para SCADA e DCS (Distributed

Control System) para plantas de processo.

Entretanto, uma análise mais detalhada mostrou que a simples substituição

do sistema SCADA, como ocorria em outras indústrias, era uma solução mais cara e

menos eficiente que a construção de um sistema totalmente novo e voltado para

essa área especificamente.

Geralmente tal solução não é empregada na indústria, a qual prefere utilizar

softwares convencionais configurados para suas aplicações. Contudo, os pipelines

apresentam uma série de peculiaridades que fazem com que a adaptação de

produtos convencionais seja bastante difícil e por vezes não atenda completamente

as necessidades do sistema.

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As principais características limitantes do pipeline até então instalado são:

• O SCADA (LSX) opera em um sistema operacional UNIX (Solaris) e o

cliente não gostaria de migrar para outro sistema operacional, tal como

Windows;

• As telas do sistema supervisório atual e sua estrutura de banco de

dados dificilmente seriam adaptadas a um SCADA comercial;

• O hardware atualmente usado no pipeline limita consideravelmente a

troca de dados a longa distância. Um protocolo especificamente

desenvolvido para a aplicação sul-africana contorna essa limitação.

Entretanto, esse protocolo não é suportado por nenhum outro SCADA;

• O procedimento de configuração do sistema SCADA demanda muito

tempo e é feito apenas por engenheiros da Siemens na Alemanha.

Nesse contexto, a Chemtech pertencente ao grupo Siemens e já atuante em

outros projetos de sucesso - se mostrou como a empresa ideal para esse novo

desenvolvimento.

Apesar de inicialmente estruturado como solução para o pipeline do cliente

sul-africano, o SCADA desenvolvido no projeto Blue Ocean tem um objetivo maior.

O SCADA deve ser uma solução ampla voltada para o mercado, não apenas para o

cliente inicial. Mais do que atender às necessidades do sistema da África do Sul, ele

deve se basear em padrões modernos e largamente aceitos, atendendo os

requisitos críticos dos sistemas de pipelines.

Durante a fase de planejamento e análise, os pontos de enfoque do novo

sistema foram enumerados:

• Integridade dos dados;

• Redundância e disponibilidade do sistema;

• Redução dos custos de configuração e engenharia;

• Facilidade de operação;

• Escalabilidade;

• Uso de modernas técnicas de software;

• Redução dos custos de operação dos pipelines;

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• Prover mecanismo de integração com aplicações externas e típicas do

mercado de pipelines;

• Prover integração com sistemas e dispositivos legados;

• Modularidade;

• Segurança;

• Portabilidade;

1.4.1: SiSchedX

Mesmo fazendo parte do grupo Siemens, a conquista do projeto Blue Ocean

é fruto da qualidade de trabalhos anteriores realizados pela Chemtech. O

reconhecimento da capacidade da empresa deu-se, principalmente, pela confiança

adquirida em um outro projeto, liderado pela mesma equipe que assumiu o

desenvolvimento do Blue Ocean. Esse outro projeto gerou o produto SiSchedX da

Siemens.

SischedX (Siemens Scheduling eXpert) é um produto para planejamento e

programação de produção em refinarias de petróleo. Ele permite que a programação

diária da produção em uma refinaria seja feita com auxílio de simulação e análise de

cenários. Assim, ele oferece um desenho de toda a planta e acessa sistemas ERP,

LIMS, PIMS ou quaisquer outros com informações relevantes. Utilizando dados

reais, simula diferentes seqüências de produção.

Atualmente, o SischedX é utilizado com sucesso numa das maiores refinarias

brasileiras, a REPLAN. O conhecimento adquirido com esse projeto relaciona-se

diretamente com os principais objetivos do Blue Ocean.

1.4.2: Contexto de Engenharia de Controle e Automação

O projeto de um sistema SCADA é um projeto de automação. O SCADA

desempenha papel fundamental na automação industrial, ele reúne as informações

de chão de fábrica e permite o controle sobre toda a planta.

Um grande conjunto de disciplinas vistas durante o curso são abordadas no

desenvolvimento de um sistema SCADA, dentre elas: Informática Industrial, Redes

de Computadores para Automação, Sistemas de Banco de Dados, Sistemas

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Distribuídos, Instrumentação, Integração de Sistemas Corporativos e Metodologia

para Desenvolvimento de sistemas.

Primeiramente, é necessário conhecimento de redes industriais, uma vez que

serão desenvolvidos protocolos para comunicação com os CLP’s. Fazem parte do

escopo do projeto, a adequação tanto a protocolos padrões da indústria, como IEC

60870-5-101, DNP3 e ModBus, quanto a um protocolo específico para o sistema de

pipelines da África do Sul, o Siemens EDC (Event Driven Communication).

Dentro do âmbito da disciplina de Integração de Sistemas Corporativos, o

SCADA deverá prover servidor e cliente OPC, aderindo, novamente, aos padrões

industriais de automação.

A programação do sistema SCADA será feita em linguagem orientada a

objetos, Java, utilizando-se técnicas de modelagem.

O banco de dados relacional tem enorme importância em um sistema SCADA

e no projeto Blue Ocean, especificamente. O banco de dados existente no pipeline

deverá ser incorporado, o acesso a ele será feito utilizando-se interface

JDBC/ODBC.

A instrumentação de campo e estações SCADA são distribuídas pelos vários

quilômetros de um pipeline. É fundamental conhecer a forma de comunicação e

atuação dos instrumentos de campo e a integração entre as instâncias do SCADA

nesse projeto, da mesma forma que a estrutura de armazenamento de dados do

CLP e a sua forma de comunicação são importantes para o desenvolvimento de um

SCADA eficiente. Desta forma, os conhecimentos adquiridos em informática

industrial são imprescindíveis.

Por fim, a integração entre várias tecnologias e disciplinas é um ambiente

onde o Engenheiro de Controle e Automação sente-se confortável e pode

desempenhar sua função da melhor forma.

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1.5: Estrutura do Documento

Este documento visa mostrar as etapas de desenvolvimento do projeto Blue

Ocean, enfatizando as minhas atividades em seu contexto. A organização dos

capítulos foi feita de seguinte forma:

• Capítulo 2 - Será dada uma visão geral do projeto, apresentando a

arquitetura proposta, a metodologia de desenvolvimento e o cronograma de

atividades.

• Capítulo 3 - Serão detalhadas as etapas do projeto em que tive uma

participação efetiva. Os resultados de cada etapa são mostrados

paralelamente.

• Capítulo 4 – As conclusões e resultados são o foco desse capítulo.

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Capítulo 2: Estrutura do Sistema SCADA

2.1: Arquitetura

2.1.1: Requisitos do sistema

O sistema tem como objetivo se adequar a pipelines em diferentes etapas de

desenvolvimento. Dessa forma, três distintos tipos de projetos de pipelines foram

considerados:

• Green field – Um novo pipeline está sendo instalado e tanto os

instrumentos de campo quanto o software são projetados para trabalhar em

conjunto;

• Retrofit Total – Infra-estrutura, instrumentos de campo e o sistema SCADA

é modernizado em um pipeline já em funcionamento;

• Retrofit do SCADA – Apenas o sistema SCADA em funcionamento é

modernizado.

O sistema SCADA deve, assim, ter uma base sólida que o torne um produto

aplicável nas três situações listadas, além de ser um produto competitivo

comercialmente, reunindo todas as características que um moderno SCADA deve

possuir. Os elementos centrais buscados para a arquitetura do projeto Blue Ocean

são:

• Adequação a protocolos padrões (OPC e ODBC, por exemplo);

• Confiabilidade;

• Independência de sistema operacional;

• Troca de componentes durante a execução sem perda de

desempenho;

• Integração com sistemas de banco de dados em tempo real;

• Escalabilidade da interface do usuário;

• Configuração de perfis de usuário;

• Permissões específicas para cada perfil de usuário;

• Cerne do sistema acessível através de múltiplas interfaces;

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• Ferramentas de configuração (também denominadas “ferramentas de

engenharia”) rápidas e fáceis de manusear;

• Mecanismo flexível para integração dos sistemas e dispositivos

legados.

2.1.2: Atores do sistema SCADA

O ponto de partida para a construção do software foi o levantamento dos

atores que deverão interagir com o sistema SCADA. Atores são usuários e/ou outros

meios externos que desenvolvem algum papel em relação ao sistema. Os meios

externos são hardwares e/ou softwares que, assim como os usuários, geram

informações para o sistema ou necessitam de informações geradas a partir do

sistema.

Os possíveis atores para o Blue Ocean são:

• Operadores dos pipelines;

• Engenheiros de configuração;

• Gerentes de produção;

• Softwares externos (geram e consome informações do SCADA).

A seguir, é feito um detalhamento do comportamento de cada ator perante o

sistema.

Operadores de pipelines

Os operadores de pipelines são os responsáveis por verificar o

funcionamento da planta. Eles geralmente atuam monitorando as variáveis de

processo ou guiando as máquinas em caso de quebra ou erro na lógica que as

comanda.

Os operadores estão interessados em valores de variáveis restritos a um

curto espaço de tempo, geralmente o próprio turno em que ele está operando, uma

vez que sua função é garantir o funcionamento correto da planta, com máxima

produtividade e risco mínimo.

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Assim, o SCADA deve prover informações em tempo real (dados de processo

e alarmes), além de uma forma de disponibilizar histórico recente, procurar itens e

alterar valores de variáveis.

Os interesses dos operadores podem ser resumidos em:

• Visualizar dados em tempo real e obter com facilidade (de preferência

com um único clique) o histórico recente daquele dado se possível na forma de um

gráfico;

• Controlar o sistema de múltiplas estações, e possivelmente de estações

remotas;

• Modificar, comparar e procurar por itens e valores de forma rápida e fácil;

• Exportar dados em diferentes formatos, para confecção de relatórios de

operação.

Engenheiros

Os engenheiros configuram a aplicação com o intuito de adequá-la ao

processo e eles também desenvolvem conectores que permitem ao sistema SCADA

comunicar com outras aplicações como sistemas legados e aplicações de pipelines.

Engenheiros normalmente estão interessados em:

• Facilidade de extensão e customização;

• Criação de uma aplicação adequada ao processo;

• Facilidade de integração com outros sistemas e dispositivos;

• Escrita de aplicação baseada em plataforma moderna e difundida;

• Suporte remoto ao sistema através de redes públicas;

• Minimização do esforço de configuração através do reuso de aplicação e

componentes de software;

Gerentes

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Em geral, os gerentes de produção são usuários de aplicações adjacentes ao

SCADA, mas não do cerne do sistema.

Os gerentes devem ter acesso a relatórios e gráficos informando estado e

operação do pipeline. Os relatórios devem destacar os eventos mais relevantes

como acionamento de alarmes de prioridade alta, paradas na produção, índices de

produtividade.

Possivelmente, os gerentes desejarão ter acesso ao sistema a partir de

diferentes localidades através da rede mundial de computadores (World Wide Web).

Outros Sistemas

Tradicionalmente, sistemas SCADA estão completamente isolados de

informações gerenciais e sistemas de decisão. Entretanto, ao passo que novas

tecnologias de integração surgem, alguns dados adquiridos dos sistemas SCADA

precisam ser disponibilizados para sistemas em um patamar superior. Essas

informações permitem a tomada de decisões estratégicas em relação à operação e

utilização dos pipelines.

O mercado de pipelines tem sofrido alterações dramáticas e nos dias atuais

os operadores devem ser capazes de planejar e reagir em curtos horizontes de

tempo. Esse fator, em adição com o crescente nível de complexidade das

operações, tem transformado informações anteriormente operacionais (leitura dos

medidores, resultados do SCADA) em informações chave para os negócios.

A Tabela 1 apresenta os sistemas comumente integrados ao sistema SCADA

para pipelines e sua classificação por prioridade desde 1 (menor prioridade) a 5

(maior prioridade).

Observe que as aplicações classificadas como 5 são extremamente

recomendadas para serem incluídas na base de um sistema SCADA, de forma que

esse se torne um produto comercialmente viável.

Também é importante ressaltar que essas prioridades variam de segmento a

segmento; para pipelines maiores e mais complexos as prioridades podem ser

diferentes. A Tabela 1 apenas indica as prioridades de forma geral.

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Tabela 1 - Sistemas externos ao SCADA

�������� ������ ��

Otimização do pipeline 1

Requisições para entrega de carregamento

(para gases seria alterada para 4)

2

Previsões e modelagem (Estudo hidráulicos off-line,

provisão de carregamento, modelos preditivos)

3

Simuladores para treinamento de operadores 2

Detecção de vazamentos 4

Sistemas de informação geográfica 3

Gerenciamento de ativos e contabilidade 3

Relatórios: consumidores, internos e de regulação 5

Monitoramento de Pig / Batelada 5

2.1.3: Modelos de arquitetura e subsistemas

O SCADA proposto está dividido em 5 módulos principais:

• Módulo de configuração e engenharia (EC)

• Modulo de gerenciamento de dados e eventos (DEM)

• Módulo de comunicação de campo (FC)

• Interface homem-máquina (MMI)

• API para aplicações externas (API)

Os módulos acima listados foram projetados para possuir baixo nível de

dependência, o que permite a criação de dois diferentes versões de servidores

SCADA: uma versão com todas as ferramentas, denominada de SCADA Server e

uma versão compacta denominada SCADA de campo.

• Servidor SCADA

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Esta constitui a versão global do servidor SCADA, executando todas as

funções de supervisão e gerenciamento providas pelos módulos EC, DEM, FC e

MMI. Ela provê ainda uma API bem definida para conexão de aplicações

relacionadas ao pipeline.

Versão que suporta os clientes empregados por engenheiros e operadores e

que serve a todos os atores do sistema SCADA.

• SCADA de Campo

Esta versão compacta do SCADA contém apenas os módulos DEM e FC e,

consequentemente, suportam apenas as funcionalidades relacionadas a esses. Ele

pode ser usado somente por arquivos de configuração e para permitir a

disponibilidade de informações em toda a rede de pipeline.

Como conseqüência de tal aproximação modular, algumas vantagens podem

ser listadas:

• Estações servidoras e de campo podem ser facilmente trocadas, sempre

observando a adição e redução de funcionalidades em cada unidade;

• Estações servidoras e de campo podem compor ou deixar a topologia sem

quebrar a redundância de dados através da rede;

• Consumidores podem escolher quantas licenças de cada tipo de servidor eles

desejam e adquiri-los de forma a compor sua topologia SCADA.

Uma configuração típica teria um Servidor SCADA na estação principal,

Servidor SCADA de backup nas estações de backup e algumas instâncias do

SCADA de campo na rede de pipeline, no caso dessa rede ser muito grande ou

complexa.

A Figura 5 apresenta um esquemático dos referidos servidores e os módulos

que os compõem.

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Figura 5 - Visão geral da arquitetura

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2.2: Plataforma de Desenvolvimento

Com a finalidade de preencher todos os requisitos expostos anteriormente,

tais como: alta confiabilidade, acesso a dados em tempo real, facilidade de

integração como aplicações externas, modularidade, compatibilidade com diferentes

sistemas operacionais, aparência e usabilidade semelhantes às do Windows, foi

escolhida uma plataforma de desenvolvimento e alguns componentes de terceiros.

O detalhamento desses componentes é feito a seguir.

2.2.1: Linguagem de programação - JAVA

A escolha de Java deve-se a uma série de motivos. Primeiramente,

pretendia-se usar uma linguagem completamente orientada a objetos, com uma

grande variedade de ferramentas e componentes.

Além disso, a máquina virtual de Java permite que as aplicações construídas

nessa linguagem sejam executadas na maioria dos sistemas operacionais.

Existe ainda diversas bibliotecas livres, amplamente difundidas e confiáveis

disponíveis nessa linguagem.

Outro motivo, não menos importante, é que a equipe da Chemtech estava

habituada com desenvolvimento em Java.

2.2.2: Plataforma Eclipse RCP

Eclipse é uma comunidade de código aberto cujos projetos focam-se na

construção de uma plataforma aberta de desenvolvimento. Essa plataforma permite

a construção, implementação e gerenciamento de software durante seu ciclo de vida

[ 4 ].

A mais conhecida e utilizada funcionalidade do Eclipse é o kit de

desenvolvimento de software (SDK) que reúne tanto o ambiente integrado de

desenvolvimento (IDE) para Java, quanto uma ferramenta para implementação de

produtos baseados na Plataforma Eclipse.

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O kit de desenvolvimento de software do Eclipse (SDK) combina várias

frentes de desenvolvimento do projeto Eclipse: Plataforma, Ferramenta de

desenvolvimento Java (JDT) e o ambiente de Desenvolvimento de Plug-ins (PDE).

A plataforma Eclipse contém todas as funcionalidades necessárias para a

construção de uma IDE. No entanto, a plataforma Eclipse nada mais é do que um

conjunto de componentes. Assim, é possível usar um subconjunto dos componentes

Eclipse para construir aplicações.

Eclipse Rich Client Platform (RCP) é um subconjunto dos componentes da

biblioteca Eclipse que podem ser facilmente aproveitadas para a implementação de

outras aplicações.

A Figura 6 representa alguns componentes que formam a plataforma Eclipse

e ressalta os principais componentes que formam o Eclipse RCP.

Figura 6 - Componentes Eclipse RCP

O uso de Eclipse RCP tem se consagrado por construir aplicações diversas,

especialmente aquelas que operam em conjunto com aplicações servidoras, banco

de dados e outras fontes de dados. Aplicações para bancos, indústria de

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automóveis, medicina já foram desenvolvidas utilizando-se as ferramentas dessa

plataforma.

Um grande diferencial do RCP é que ele está de acordo com padrão OSGi

(Open Services Gateway initiative), permitindo o desenvolvimento de sistemas

altamente modulares e desacoplados.

Os programas construídos sobre essa plataforma aumentam a usabilidade do

código, facilitam a manutenção, atualização e adição de novos componentes e plug-

ins. Um exemplo de interface de usuário da Plataforma Eclipse pode ser visto na

Figura 7.

Figura 7 - Interface de usuário da Plataforma Eclipse

Todas essas características são a razão da escolha de Eclipse RCP como a

plataforma de desenvolvimento do SCADA no Projeto Blue Ocean.

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2.2.3: J-Integra para COM

OPC (OLE for Process Control) é uma base tecnológica para integração entre

os componentes de automação , hardwares de controle e dispositivos de campo

[ 3 ].

OPC permite ainda a integração de produtos do MS Office e sistemas de

informação da indústria, como ERP (Enterprise Resource Planning) e MES

(Manufacturing Execution Systems).

O padrão OPC surgiu de uma iniciativa dos próprios fabricantes de

componentes para automação, com o suporte da Microsoft, detentora do protocolo

OLE-DB.

No ano de 1995, grandes companhias de automação, Fisher-Rosemount,

Intellution, Intuitive Technology, Opto22, Rockwell e Siemens AG, formaram uma

força tarefa em busca de uma forma padronizada para acessar dados em tempo

real no sistema operacional Windows.

Assim, no ano seguinte, nasceu a especificação do OPC versão 1.0 e, no

mesmo ano, a OPC Foundation foi estabelecida. Desde então, a lista de

especificações para diferentes aplicações usando OPC tem crescido. Atualmente,

as especificações OPC (já estabelecidas ou em construção) estão organizadas

como representado na Figura 8. Cada especificação destina-se a uma área

específica de aplicação.

A tecnologia OPC é baseada na distribuição de dados utilizando a interface

DCOM (Distributed Component Object Model) do Windows NT. Contudo, uma

interface acoplada ao sistema operacional é limitante para o desenvolvimento de um

sistema SCADA portável para várias arquiteturas.

J-Integra é um pacote de software que faz a ponte entre Java puro e COM.

Isso permite que as funcionalidades de OPC sejam disponibilizadas para qualquer

sistema operacional.

Utilizando-se o J-Integra o sistema SCADA poderá facilmente atuar como um

cliente OPC. Além disso, é possível construir servidor OPC para aplicações

externas.

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Figura 8 - Especificações disponíveis para OPC

2.2.4: JGo

JGo é um componente Java utilizado para construir gráficos. Os gráficos

construídos são formados por nós e conexões interligando esses nós.

Essa ferramenta suporta vários formatos de imagem e é bastante flexível.

Sua utilização é de grande importância para a elaboração de telas no sistema de

SCADA.

2.2.5: Gerenciador de Scripts Bean Shell

Bean Shell é uma ferramenta que permite ao usuário escrever e executar

scripts Java em tempo de execução.

A utilização desse tipo de script permite a construção de sinóticos em um

sistema SCADA. O comportamento dinâmico dos objetos pode ser configurado

através dessa ferramenta de forma fácil e flexível.

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2.2.6: Open Splice DDS middleware

DDS (Data Distribution Service) é um middleware que permite o

particionamento de uma rede com diferente níveis de qualidade do serviço (QoS) e

transmissão confiável sobre o protocolo UDP.

A aplicação que implementa o middleware é desenvolvida pela Open Splice e

compilada para cada sistema operacional.

O módulo DDS é responsável pelas seguintes funcionalidades ao sistema

SCADA:

• Mecanismo de sincronização em tempo-real;

• Mecanismo de redundância local;

• Mecanismo de redundância remoto;

• Classificação do status dos dados coletados: válidos, inválidos e

antigos;

• Camada de produção de dados;

• Camada de Consumo de dados.

2.2.7: MySQL

MySQL foi escolhido como sistema de Banco de Dados Relacional a ser

empregado no SCADA do projeto Blue Ocean. MySQL é um sistema de código

aberto amplamente difundido no mercado. Para a aceitação desse sistema de

banco de dados foram feitos os seguintes testes:

• Conectividade JDBC (Java Database Connectivity);

• Redundância / Hot standby;

• Triggers;

• Gerenciamento de tabelas;.

• Replicação de dados auto-adaptativa usando configuração mestre-escravo.

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Todos os testes realizados foram aprovados. A principal funcionalidade que

levou à utilização desse software foi a capacidade de replicar dados

automaticamente entre instâncias do banco de dados. Para isso, os servidores são

configurados como mestres e escravos entre si. No caso de parada de um dos

servidores, o sistema se adapta automaticamente e mantém a replicação de dados

entre as instâncias ativas.

2.3: Cronograma

As atividades do projeto Blue Ocean foram divididas em fases. Cada uma

dessas fases contendo uma ou mais iterações. A Tabela 2 mostra as fases e

iterações desde a fase de Concepção até a fase de Transição do sistema SCADA

nos pipelines na África do Sul.

Tabela 2 - Fases e iterações projeto Blue Ocean

Fase Iteração 0 Concepção 1

2 1 Elaboração 3

4 5 6 7 8 9

2 Construção 10 3 Transição …

As fases são finalizadas com uma apresentação do que foi desenvolvido e

uma avaliação do cliente.

2.3.1: Fase Zero

A fase de Concepção foi finalizada em junho de 2006 e seu produto principal

foi o documento de arquitetura do novo SCADA, cujas características já foram

apresentadas anteriormente.

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Nessa fase inicial também foram escolhidos componentes da plataforma de

desenvolvimento como DDS, Eclipse RCP, J-Integra e JGo.

A arquitetura proposta teve grande aceitação por parte do cliente e permitiu o

início imediato da fase de Elaboração, a qual será o foco principal desse

documento.

2.3.2: Fase de Elaboração

A fase de Elaboração possui dois objetivos principais:

� Levantar informações detalhadas do sistema de pipelines implantado

na África do Sul;

� Preparar uma Prova de Conceito.

O levantamento de informações do pipeline sul-africano será de fundamental

importância para a adequação do projeto e para o plano de migração a ser

desenvolvido.

A Prova de Conceito tem como objetivo mostrar que a arquitetura proposta é

viável e que o desenvolvimento atende aos critérios exigidos. Para tanto, uma

apresentação reunindo todas as frentes de desenvolvimento será cuidadosamente

preparada e um ambiente de testes construído. A Prova de Conceito dará

segurança aos clientes para financiar a continuidade do projeto.

As atividades desenvolvidas durante o Projeto de Fim de Curso tomaram

parte nas duas iterações da fase de elaboração. Essas atividades estão organizadas

na Figura 9.

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Figura 9 - Cronograma da Fase de Elaboração

A equipe com participação na fase de Elaboração está representada na Tabela 3.

Tabela 3 - Equipe do projeto Blue Ocean durante a Fase de Elaboração

����� ������ �� ���� ��

Gerente de Projeto Chemtech 1

Líder de Projeto Chemtech 1 Engenheiro de Software Chemtech 3 Engenheiro eletrônico Chemtech 2 Designer de Interface Chemtech 1

Engenheiro de Automação Chemtech 2 Engenheiro Químico Chemtech 1 Infra-estrutura – TI Chemtech 2

Consultores Software Chemtech 3 Consultor de Automação Chemtech 1

Consultor em projetos Siemens Corporate Research 3 Consultor pipeline BCT Consulting (CAN) 1 Consultor SCADA Black Bird Consulting (CAN) 1

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Capítulo 3: Atividades Desenvolvidas

3.1: Preparação – Treinamentos

Durante o Projeto Blue Ocean, vários cursos de qualificação foram

oferecidos. Essas atividades foram ministradas tanto por empregados da Chemtech

quanto por empresas especializadas.

3.1.1: Curso de PCS7

PCS7 é uma suíte de aplicações para a automação da indústria de

processos. Esse sistema amplamente utilizado em todo o mundo foi cotado pela

Siemens como uma solução para os projetos da África do Sul. O curso realizado na

Chemtech teve o objetivo de mostrar as formas de programação de CLP,

semelhante à empregada em nosso cliente, e ambientar a equipe com um SCADA

comercial de sucesso.

3.1.2: Curso de P&ID

P&ID (Piping and Instrumentation Diagram) é uma forma padrão de

documentação na indústria de processos. Nesses diagramas são representadas as

diversas etapas do processo de produção, assim como a instrumentação e

estratégias de controle, exemplo na Figura 10. A documentação detalhada dos

pipelines da África do Sul, em sua maioria, foi feita utilizando-se P&ID’s.

No curso, foram apresentadas as regras normalizadas de representar os

sinais de campo, estratégias de controle, dados a serem apresentados no

supervisório, tags dos instrumentos e equipamentos de campo e tipos de diagramas

existentes.

O material do curso foi compilado e foi preparado um seminário interno para

os integrantes do projeto Blue Ocean. A equipe de desenvolvedores decidiu, após o

seminário, usar a norma ISA (Instrument Society of America) para a nomenclatura

das variáveis internas do sistema SCADA.

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Figura 10 - Exemplo de P&ID

3.1.3: Curso de Java

O curso de Java foi ministrado para um grupo de desenvolvedores da

Chemtech, especialmente àqueles provenientes da engenharia sem uma base

sólida em programação utilizando essa linguagem de alto nível.

Nesse curso, foram apresentados conceitos básicos como orientação a

objetos em Java, mas também tópicos mais avançados, tais como: acesso a banco

de dados via ODBC e JDBC, e ferramentas de desenvolvimento web, como Struts e

JSP.

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3.1.4: Seminários em Eclipse RCP

Eclipse RCP é uma plataforma de recente desenvolvimento e rápida

evolução. Todo o grupo do projeto Blue Ocean participou de seminários web sobre

essa plataforma, onde foram apresentadas e discutidas suas principais

funcionalidades, formas adequadas de desenvolvimento e exemplos de utilização.

A participação nesses seminários tinha a finalidade de aprimorar a utilização

da plataforma, extraindo o máximo de seu potencial. Dessa maneira, o

desenvolvimento do SCADA seria mais rápido e geraria um produto mais modular e

robusto.

3.2: Conhecer o sistema SCADA atualmente implantado

3.2.1: LSX

O SCADA implantado nos pipelines da África do Sul é o LSX da Siemens.

LSX é um sistema SCADA de propósito geral, que roda sobre Solaris, sistema

operacional UNIX da Sun Microsystems.

Esse sistema SCADA apresenta uma série de funcionalidades para garantir

aos operadores o monitoramento e controle dos processos:

- Visualização da planta: os estados do processo podem ser mostrados através de telas totalmente gráficas.

- Visualização de curvas: podem ser mostradas curvas em tempo real ou carregadas de arquivos.

- Relatórios on-line: Para pegar informações acerca de um objeto desejado e para monitorar esse objeto.

- Canais de mensagem: mensagens de objetos do processo são mostradas em uma tela específica de mensagem. O sistema de canais pode ser conectado diretamente a uma impressora.

- Analisadores de mensagem: são usados para procura de mensagens arquivadas.

LSX é caracterizado por suas três unidades principais: computador principal,

computador de banco de dados e computador de operação. Essas unidades se

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comunicam e trocam dados com os sistemas subordinados, tipicamente CLP’s

Siemens da linha S5 e S7, como mostrado na Figura 11.

Dependendo do tamanho ou da estrutura do sistema, o computador principal

pode ser instalado uma ou muitas vezes. Ele constitui o kernel do sistema com as

funcionalidades conhecidas de um sistema SCADA para controle de processos.

Entre o computador principal e os CLP’s são trocados dados de valores medidos,

contadores, sinais, comandos e set points.

Figura 11 - Distribuição de componentes LSX

A estrutura de dados do LSX tem sua parametrização definida nos

computadores de operação. Todas as variáveis de campo com seu endereçamento,

variáveis de engenharia, protocolos de comunicação são definidas nessa unidade.

O computador de banco de dados com banco de dados da Oracle, armazena

a estrutura parametrizada no computador de operação. Além disso, essa unidade

realiza o arquivamento de longo prazo dos dados coletados.

Os dados parametrizados aparecem, geralmente, na forma de típicos. Típicos

são formados por um conjunto de objetos com a finalidade de representar um

objeto complexo como um todo. A estrutura de típico permite que válvulas, motores,

bombas, dentre outros equipamentos, sejam caracterizados de uma forma mais

intuitiva.

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Durante a criação do típico, são definidas os relacionamentos entre as

variáveis lidas do CLP até sua representação no sistema supervisório, isso é melhor

ilustrado pela Figura 12.

Figura 12 - Elementos de um típico

Apenas por uma simples referência a um objeto típico é possível mapear

todas as variáveis associadas a ele. Isso reduz consideravelmente o tempo de

configuração do sistema SCADA e organiza de forma mais intuitiva os dados.

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A configuração do LSX para as aplicações da África do Sul foi realizada por

engenheiros da Siemens que estudaram pontualmente o problema. Uma solução

totalmente customizada foi desenvolvida desde o CLP até o sistema supervisório.

A customização envolveu alguns pontos principais:

• Criação de blocos típicos para os modelos de equipamentos existentes

no pipelines e configuração destes tanto nos CLP’s quanto nas telas

do supervisório;

• Construção de sinóticos atendendo as prioridades dos clientes;

• Criação de um protocolo específico, baseado em eventos, para

contornar o problema de pouca banda.

O sistema construído se mostrou robusto e confiável em seus anos de

utilização. Contudo, a configuração de novos pontos e a manutenção do sistema era

bastante onerosa, tanto por questões financeiras, já que os engenheiros da Siemens

deveriam ser novamente contratados, quanto por questões de tempo.

3.2.2: CS7

Para melhor estudar e entender as funcionalidades do LSX decidiu-se instalar

o software e testá-lo. Como não havia uma estação Solaris a disposição optou-se

por instalar o CS7, a versão do LSX para Windows.

A instalação do CS7 envolve a configuração de um servidor que torna o LSX

portável para Windows. O servidor adotado pela Siemens foi o Exceed da

Hummingbird.

A instalação do CS7 envolve vários passos e sua instalação foi feita com

auxílio de uma equipe da Siemens Alemanha. Além da utilização do Exceed, um

banco de dados da Oracle e outros softwares externos foram instalados.

Ao final da instalação e configuração do CS7, foi possível recuperar as

tabelas e relacionamentos do banco de dados configurado no Oracle. A

identificação da estrutura de armazenamento será de fundamental importância para

o plano de migração da estrutura existente.

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3.3: Análise de mercado

Avaliar os sistemas SCADA disponíveis no mercado é quesito fundamental no

desenvolvimento de uma nova solução. Assim, foi preparada uma planilha para

avaliação de sistemas SCADA modernos.

O objetivo de tal planilha é auxiliar no levantamento de funcionalidades mais

comuns e documentar tendências dos sistemas SCADA. Os principais pontos a

serem observados são mostrados na Tabela 4.

Tabela 4 - Planilha para avaliação dos sistemas SCADA

Protocolos disponíveis Definição do protocolo para cada CLP Identificação da definição de tags para cada CLP Forma de renomear as tags definidas para uso interno no sistema SCADA

Dispositivos de comunicação

Redundância Editor SQL para buscar dados históricos de processo Armazenamento de queries e triggers Banco de dados relacional Importar e Exportar dados Desfazer/Refazer Recortar/Copiar/Colar Importar telas de supervisório e modelos CAD Biblioteca de objetos gráficos Associação de objetos a tags Nível de configuração dos objetos gráficos Conexão entre os objetos Associar alarmes e eventos aos objetos Alteração de propriedades dos objetos Importar imagens Adicionar objetos a biblioteca gráfica Agrupar e desagrupar objetos Derivação de propriedades dos objetos aos objetos filhos Zoom Grid Rotação e inversão da posição Habilitar/Desabilitar/Definir muitas layers

Edição de projetos

Executar projeto Associar tags aos gráficos Propriedades editáveis dos gráficos Definir limites Adicionar marcação de tempo aos gráficos Exportar gráficos gerados

Configuração de gráficos

Opção para PID Tipos de alarmes Forma de definir limites para variáveis Configuração de Alarmes Adição de eventos

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Associação de dinâmica aos objetos do sinótico Customização Compilador para scripts gerados Associação de valores de tags/médias e indicações de tempo Configurar Impressão Relatórios Salvar periodicamente de forma automática Inspecionar/Alterar valores de tags Mostrar gráficos em tempo de execução Mostrar e reconhecer alarmes Propriedades editáveis

Sinóticos em tempo de execução

Links automáticos para outras telas �

3.4: Bancada de testes para a Prova de Conceito

A Prova de Conceito, como apresentado na Seção 2.3.2:,tem por objetivo

mostrar que a arquitetura definida no Projeto Blue Ocean consegue atender os

principais requisitos a que ela se propôs. A principal parte da validação da

arquitetura proposta consistia da apresentação de casos de teste cobrindo as

principais áreas de desenvolvimento.

A construção de uma bancada de testes adequada era fundamental para a

execução satisfatória dos testes na Prova de Conceito. A bancada deveria prover

mecanismos para testar os protocolos desenvolvidos, as interfaces de comunicação,

o mecanismo de edição de telas, a estrutura de banco de dados, o middleware de

comunicação, a portabilidade e modularidade do sistema.

3.4.1: Experimento do desafio de controle

A Chemtech promoveu no ano de 2006 um evento para as universidades de

Controle e Automação do estado do Rio de Janeiro, o Desafio de Controle. Nesse

episódio, os representantes de cada universidade deveriam sintonizar seis malhas

de controle PID utilizando um software específico.

O esquemático do experimento do Desafio de Controle é mostrado na Figura

13. O experimento é formado por um aquário de acrílico com duas entradas de ar

quente, setas na parte inferior, e uma saída de ar frio, seta na parte superior.

Existem dois ventiladores na parte inferior que circulam o calor gerado por

resistências elétricas. Na parte superior, uma abertura permite a saída do ar. Foram

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colocados seis termopares dentro do aquário e outro registrando a temperatura

ambiente.

O objetivo do Desafio de Controle era controlar individualmente as

temperaturas TT001 a TT006 (TT007 é a temperatura ambiente) através da

alteração das potência fornecida em TY002 e TY001.

As malhas de controle de TT001, TT003 e TT006 tinham como variável

manipulada TY001. Já as malhas de controle de TT002, TT004 e TT005 tinham

como variável manipulada TY002.

Figura 13 - Esquemático do experimento do Desafio de Controle

O controle do experimento realizado é feito por um CLP S7-300 da Siemens.

Nele existem dois cartões analógicos, um de entrada e outro de saída, um cartão de

comunicação Ethernet (CP-343-1), uma CPU e uma fonte de alimentação.

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3.4.2: Configuração de um servidor OPC

Aproveitando a estrutura existente para o Desafio de Controle, planejou-se

conectar um servidor OPC ao CLP de forma que o experimento pudesse ser

monitorado e controlado remotamente durante a Prova de Conceito do Projeto Blue

Ocean.

Foi feito o mapeamento das variáveis de interesse no CLP. Os set points das

seis malhas de controle de temperatura, a leitura dos seis termopares, a potência de

saída da resistência e uma variável que permitia habilitar e desabilitar o controle

sobre as duas resistências foram selecionadas. Não havia interesse em alterar os

parâmetros do controlador, apenas observar a resposta do sistema para diferentes

set points de temperatura.

Escolheu-se o OPC Server da Softing, que possui suporte para comunicação

com CLP da Siemens. Assim, uma versão do OPC Server foi instalado em um

computador e esse foi conectado diretamente ao CLP através de seu cartão

Ethernet (CP-343-1) utilizando um cabo cross-over.

Em seguida, foi escrito um arquivo de configuração determinando quais

variáveis correspondiam a cada posição de memória de interesse no CLP. Dessa

forma, o software Softing conseguiu localizar cada um dos pontos de interesse e

disponibilizá-la em um servidor OPC.

De forma a certificar a correta publicação do servidor utilizou-se o cliente

OPC da Matrikon para ler e escrever (quando possível) valores no CLP. O resultado

foi positivo, foi possível alterar os set points e observar a variação das variáveis de

processo.

A primeira parte da bancada de testes estava terminada. Era possível

conectar-se a um cliente OPC e alterar a dinâmica do processo controlado por um

CLP.

3.4.3: Estrutura completa da bancada de testes

Partindo do experimento do Desafio de Controle, foi montada a bancada de

testes completa para a Prova de Conceitos, representada na Figura 14. A

montagem da bancada teve como base o levantamento das necessidades das

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várias frentes de desenvolvimento: Comunicação (OPC, Drivers e DDS), Banco de

Dados, Interface gráfica e Distribuição de Dados via DDS.

Figura 14 - Configuração da bancada de testes para a Prova de Conceito

Foram usados quatro computadores na bancada de testes. A função de cada

um desses na Prova de Conceito é mostrada a seguir:

SCADA Local – Comunica-se com o CLP e distribui os dados para duas

outras redes, tanto via DDS quanto via OPC.

SCADA #1 – Recebe dados via DDS e OPC. Armazena os dados lidos em

uma instância do banco de dados MySQL. Possui também um servidor de dados

que simula o protocolo IEC 60870-5-101.

SCADA #2 – Recebe dados via DDS e OPC. Armazena os dados lidos em

uma instância do banco de dados MySQL. Possui um driver de comunicação IEC

60870-5-101, que lê os dados gerados pelo simulador configurado no SCADA #1.

SCADA #3 – Sistema operacional Linux. Recebe dados via OPC. Armazena

os dados lidos em uma instância do banco de dados MySQL. Possui um driver de

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comunicação IEC 60870-5-101, que lê os dados gerados pelo simulador configurado

no SCADA #1.

As instâncias Local, #1 e #2 do SCADA estão conectadas a duas redes

através de duas interfaces de rede. Essa duplicidade permitirá o teste de

chaveamento entre conexões durante a distribuição de dados.

Apenas um dos Servidores OPC (Softing) do Local SCADA e o Servidor IEC

do SCADA #1 não foram desenvolvidos pela Chemtech durante a Prova de

Conceito.

3.5: Elaboração do Plano de testes

Conjuntamente com a definição da bancada foram arquitetados os testes a

serem realizados na Prova de Conceito. O plano de testes foi concebido com base

no status de desenvolvimento de cada uma das frentes. Esse status foi cruzado com

a prioridade de desenvolvimento para a Prova de Conceito, gerando, ao final, um

esboço do teste a ser realizado.

Os esboços dos testes, juntamente com o objetivo de cada um deles serão

mostrados a seguir.

3.5.1: Testes de comunicação

3.5.1.1: Cliente OPC

As funcionalidades do cliente OPC-DA serão disponibilizados através da

interface do usuário. O cliente OPC permitirá que o usuário visualize todas as tags

disponíveis no CLP. Será possível organizar essas tags em grupos arbitrariamente.

O cliente OPC-DA será usado para ler e escrever dados de e para o CLP

seguindo uma freqüência arbitrária. O cliente OPC-DA é um plug-in do software Blue

Ocean e irá comunicar com o servidor OPC-DA do SCADA Local.

Os clientes OPC serão executados no SCADA #1 e no SCADA #3 (Linux).

Objetivos do teste: adequação ao padrão OPC, portabilidade e modularidade

do software.

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3.5.1.2: Servidor OPC

O servidor OPC transmitirá dados do CLP para clientes OPC em todas as

instância do SCADA na rede local.

No SCADA Local está instalado o Servidor OPC da Softing. O Cliente OPC

desenvolvido no projeto Blue Ocean lerá os dados provenientes do Servidor OPC da

Softing e a interface de usuário proverá uma maneira de organizar esses dados em

um servidor OPC confeccionado para o Blue Ocean.

Embora ainda não haja um servidor OPC desenvolvido para Linux, um teste

simples com um servidor COM nesse sistema operacional será mostrado. Uma

aplicação Windows lerá os dados disponibilizados via COM no Linux. Esse é o ponto

de partida para a construção de um servidor OPC.

Objetivos do teste: adequação ao padrão OPC e portabilidade.

3.5.1.3: Conectividade Excel - OPC

De forma a exemplificar a utilização de uma aplicação externa, o Excel será

usado para acessar dados do servidor OPC do Blue Ocean.

O programa desenvolvido em Excel permitirá a leitura de valores de tags, os

dados coletados serão mostrados em células e atualizados automaticamente.

Objetivos do teste: usabilidade e conectividade com aplicativos externos.

3.5.1.4: Driver IEC 60870-5-104

O servidor IEC gerará tags e dados que serão transmitidos através do

protocolo IEC 60870-5-104 para os clientes da rede local. A aplicação cliente será

adicionada como plug-in e fará parte da interface de usuário.

As instâncias #3 e #4 do SCADA lerão dados gerados na instância #1. Um

log dos comandos trocados pelo protocolo de comunicação será mostrado durante a

aquisição dos dados.

Objetivos do teste: adequação ao protocolo IEC 60870-5-104, portabilidade e

modularidade.

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3.5.1.5: Middleware DDS

Os dados adquiridos do CLP pelo SCADA Local serão transmitidos às demais

instâncias dos SCADA tanto via Servidor OPC quanto via o middleware DDS.

A licença disponível para o software DDS permite apenas a comunicação

usando computadores com sistema operacional Windows. Assim, apenas o SCADA

Local e as instâncias #1 e #2 serão capazes de trocar dados.

Uma série de testes específicos foram preparados para mostrar a capacidade

do DDS. Todos esses testes serão facilmente executados uma vez que foram

criados plug-ins específicos para isso

3.5.1.5.1: Largura de banda utilizada

Os pipelines da África do Sul possuem grande limitação quanto a banda

disponível para a troca de dados. O middleware de comunicação deverá, portanto,

garantir a entrega dos pacotes em tempo satisfatório, sem ultrapassar os limites

físicos da instalação dos pipelines.

Para mostrar que a ocupação da rede está dentro da faixa esperada,

levantou-se o número de pontos em uma estação de grande tráfego. Assim, durante

o teste, será simulada a transmissão do volume de dados calculado pelos canais

DDS.

A largura de banda utilizada será, então, medida utilizando um indicador de

desempenho do próprio, Perfmon. O resultado será comparado com os valores

esperados para o pipeline.

Objetivo do teste: Desempenho da rede.

3.5.1.5.2: Uso do CPU

Paralelamente à medição da largura de banda, será executada também

medição do uso do CPU pelos componentes do DDS. Os componentes do DDS não

podem ultrapassar 80% da utilização total.

Objetivo do teste: Desempenho de processamento.

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3.5.1.5.3: Distribuição de dados

Um plug-in RCP foi criado para mostrar a distribuição de dados sobre o

middleware DDS. Esse plug-in permite tanto a configuração de um publicador

quanto de um consumidor de dados.

Os dados adquiridos do CLP no SCADA Local serão transmitidos em

broadcast para todas as estações remotas partindo-se do SCADA Local. Os clientes

no SCADA #1 e #2 serão atualizados automaticamente com os dados coletados do

CLP.

Objetivo do teste: distribuição de dados sobre DDS.

3.5.1.5.4: Heartbeat

Uma aplicação também será criada para exibir todos os nós ativos em uma

rede local. Tal funcionalidade é alcançada pelo mecanismo de heartbeat

implementado no middleware DDS. Todos os nós mandam em tempos definidos

uma mensagem informando que estão ativos (heartbeat), o que permite que todos

sejam mapeados na rede.

Objetivo do teste: facilidade para a configuração de redes.

3.5.1.5.5: Disponibilidade

O middleware DDS tem a capacidade de rotear dados em tempo real através

de um canal redundante em caso de falha do meio de comunicação principal.

Usando a bancada de testes para a Prova de Conceito foi proposto um cenário em

que a instância SCADA #2 recebe dados simultaneamente do SCADA Local e do

SCADA #1, conforme representado na Figura 15.

A troca de dados será feita, inicialmente, através da Rede 1. A seguir, o hub

correspondente à Rede 1 será desconectado, e os dados devem ser

automaticamente roteados através da Rede 2.

Objetivo do teste: redundância, estabilidade, disponibilidade.

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Figura 15 - DDS e comunicação redundante

3.5.2: MySQL

3.5.2.1: Replicação de dados

As funcionalidades do servidor MySQL também serão disponibilizadas

através de interface com o usuário. Será possível armazenar no banco valores de

tags com suas respectivas marcações de tempo. Esses dados armazenados

poderão ser recuperados em qualquer momento e visualizados em gráficos.

Os servidores MySQL serão distribuídos em uma rede redundante. Os dados

serão replicados entre as múltiplas instâncias dos servidores MySQL, como

mostrado na Figura 16. Para tanto, será necessário que se configure

individualmente cada estação, indicando o mestre e o escravo correspondente. Será

possível ler e escrever em qualquer um dos servidores.

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Figura 16 - Replicação de dados nos nós do SCADA

Em caso de falha de uma estação específica, os servidores MySQL devem

alterar seu mestre automaticamente, de forma a não interromper leitura e escrita,

segundo quadro da Figura 16. Essa alteração de mestre deve ser transparente ao

usuário, mas ele deve ter ciência de qual unidade apresentou defeito.

Quando uma estação servidora MySQL que estava em falha voltar a operar, o

sistema deverá restabelecer a condição de funcionamento original, isso, também, de

forma transparente ao usuário.

Os dados serão transmitidos ao banco de dados apenas quando o valor da

tag for alterado. A configuração dos Servidores e tags serão apresentadas em uma

árvore. Haverá a opção de inserir grupos de leitura do banco de dados, segundo

uma freqüência arbitrária.

Objetivos do teste: historiar dados, redundância ativa.

3.5.2.2: Conexão entre Excel e banco de dados

Novamente, o Excel será usado como uma aplicação externa. Nesse caso, o

software será usado para acessar dados diretamente do banco de dados relacional

construído para o projeto Blue Ocean.

Os valores de tag serão coletados do banco de dados e mostrados em

células do Excel.

Objetivos do teste: Conectividade com Excel e usabilidade.

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3.5.3: Interface Gráfica

3.5.3.1: Disposição de janelas

As janelas do SCADA no projeto Blue Ocean são orientadas à perspectiva,

seguindo a forma padrão adotada em Eclipse RCP. Cada uma das perspectivas é

composta por um número de vistas disponíveis. Assim, o usuário pode dividir as

perspectivas de acordo com suas funções, por exemplo: Desenho de telas,

Recursos, Alarmes.

As vistas poderão ser movidas arbitrariamente dentro da perspectiva,

formando arranjos propícios aos usuários. As janelas podem ser desacopladas da

perspectiva e realocadas livremente, permitindo o uso de muitas telas para a

configuração.

Todas as vezes que o programa é encerrado, a disposição das janelas e

salva. Assim, da próxima vez que o programa for reaberto, a tela configurada será

restaurada.

Objetivo do teste: usabilidade.

3.5.3.2: Editor de telas

O Editor de telas contém os mecanismos necessários para a criação de

sinóticos. Existe uma palheta com padrões gráficos que serão adicionados às telas

e podem ser mapeados para os dispositivos de campo.

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Figura 17 - Editor de telas Blue Ocean

Os objetos imagem padrão são carregados de bibliotecas disponibilizadas

pelos plug-ins, esses plug-ins são acessados por todas as instâncias do SCADA.

O usuário pode arrastar e alocar objetos gráficos para uma tela em edição e

conectá-los entre si. As telas construídas podem ser publicadas na rede, todas as

instâncias do SCADA executando o Editor receberão a tela publicada

imediatamente.

Dentre outras funcionalidades para facilitar a construção de telas estão: caixa

de diálogo para alterar propriedades dos objetos, zoom in/ou, visualização dos

componentes em estrutura de árvore, e janela de visulização global para navegação.

Objetivo do teste: Facilidade de configuração e geração de padrão

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3.5.3.3: Objetos Animados

Objetos animados são aqueles que possuem comportamento dinâmico de

acordo com o estado da variável a que estão associados. Exemplos típicos são

medidores de nível e indicadores de estado.

O comportamento desses objetos no Blue Ocean será definido por um script

BeanShell, configurado pelo usuário. Essa forma de configuração é apenas um

embrião para o desenvolvimento de um mecanismo flexível.

Objetivo do teste: comportamento dinâmico e performance em tempo real.

3.5.3.4: Gráficos de processo

Através da interface o usuário poderá buscar tanto variáveis em tempo real

quanto do banco de dados e exibir os resultados da procura através de gráficos.

Os gráficos têm parâmetros totalmente editáveis: escala, cor, títulos dos

eixos, zoom.

Objetivo do teste: geração de gráficos, aquisição do banco de dados,

performance em tempo real e usabilidade.

3.5.4: Modularidade

A modularidade do SCADA do projeto Blue Ocean está diretamente

relacionada com a plataforma de desenvolvimento orientada a plug-ins. Os

componentes centrais, por exemplo DDS, são adicionados como plug-ins.

Afim de mostrar a estrutura modular do software desenvolvido, será mostrado

a adição e atualização de um plug-in em tempo de execução. O plug-in então será

usado sem que a aplicação seja reiniciada.

Objetivo do teste: modularidade.

3.5.5: Portabilidade

A plataforma escolhida permite que o SCADA seja executado em diferentes

sistemas operacionais sem perda de funcionalidade. Como mostrado na bancada de

testes, haverá uma estação Linux comunicando-se e executando as mesmas tarefas

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das demais estações. Exceção feita à comunicação DDS, uma vez que a licença

para Linux ainda não foi adquirida.

Objetivo do teste: Portabilidade.

3.6: Testes

Paralelamente à definição dos itens a serem mostrados e dos objetivos dos

testes, foi iniciado o detalhamento do formato da apresentação.

Foram montados casos de teste organizados passo a passo de forma que os

clientes pudessem acompanhar e avaliar de forma mais precisa.

O detalhamento passo a passo foi preenchido durante a execução dos testes

preliminares e tem a estrutura mostrada na Tabela 5.

Tabela 5 - Detalhamento passo a passo dos testes

Teste 001 – Cliente OPC

�����

Adicionar tags, ler e escrever dados de e para o CLP

� ���������

�� ��������� �������������������������������������

�� ��������� ��������� ������������� !�����"�� ���#�

$� ����������������%����������������

&� %����������������������������

'� �������� ��������������� �����������%��

(� %����������� ���)������

������ ������ ��� ��� ���������� ���������������� ��! � �� ��� �����" ������������� ���� ��������#

�� ��������������������������*��������� ��������

�� ��������������������� �� �������������+������

$� �������������������� ��� ��� �� �������������������������������+�������

&� ��������������� ��������������+��������"��������,������������������

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'� ��������������������������-���� ���������%��

'��� .��������+������������������

(� ������������������ ��������������� ������������ !�����)����

������ ���� �

Aprovado Aprovado com comentários Não aprovado

���������

Ao final, foram gerados 26 casos de teste para o sistema SCADA. Desses,

sete testes cobriam a parte de comunicação, cinco a troca de dados via DDS, nove

a construção de telas e interface de usuário, quatro a estrutura de banco de dados,

e um o teste de modularidade. Os testes de portabilidade ficaram distribuídos dentre

os vários testes propostos, uma vez que a estação Linux é usada na bancada.

Após a definição de todos os casos de teste, o guia passo a passo foi

exaustivamente testado na bancada de testes configurada. Todos os testes foram,

ao final, aprovados.

3.7: Apresentação

A apresentação da Prova de Conceito foi realizada no Rio de Janeiro. Dentre

os participantes estavam três especialistas em desenvolvimento e projetos de

Automação da Siemens AG, o gerente do projeto Blue Ocean na Siemens e toda a

equipe da Chemtech.

Primeiramente, os objetivos do desenvolvimento durante essa fase do projeto

foram apresentados de forma global, assim como revisada a arquitetura proposta.

Em um segundo momento, a equipe de desenvolvimento apresentou os 26

casos de teste aos clientes. Todos os testes foram aprovados com sucesso. Os

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clientes mostraram clara satisfação com a arquitetura e a linha de implementação

adotada.

3.8: Ferramenta de Configuração de Engenharia

3.8.1: Importância

Durante a apresentação da Prova de Conceito, foi levantada a necessidade

do desenvolvimento de uma ferramenta flexível para a configuração e customização

de objetos do sistema SCADA, chamada Ferramenta de Configuração de

Engenharia. Os clientes propuseram a implementação de um protótipo desse

sistema para complementar os tópicos mostrados na Prova de Conceito, dada sua

importância para a aceitação de um sistema SCADA.

Através da Ferramenta de Configuração de Engenharia é possível construir

sinóticos padrão associados a um determinado objeto, de forma a monitorar e

controlar seu funcionamento. Assim, através do sinótico associado a uma válvula,

por exemplo, seria possível mostrar seu estado atual (percentagem de abertura, em

manutenção, em operação local ou remota), seu histórico de funcionamento recente

(gráfico indicando sua abertura no tempo), os alarmes ativados, além de permitir

que o operador altere seu set point.

Durante a etapa de configuração e customização, o usuário deve inserir uma

série de parâmetros mapeando as variáveis de interesse de um determinado

equipamento e a forma como essas variáveis serão apresentadas. O objetivo

principal da Ferramenta de Configuração de Engenharia é reduzir o esforço de

configuração de centenas ou milhares de equipamentos.

A Ferramenta de Engenharia deve possuir atributos como previsibilidade,

consistência e ser de fácil utilização. Esse aplicativo deve também permitir a

definição de templates, macros e bibliotecas.

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3.8.2: Estrutura do Aplicativo

Tendo em vista as características desejáveis para a Ferramenta de

Configuração de Engenharia, foi iniciado o desenvolvimento de um plug-in para o

software do projeto Blue Ocean.

A estrutura de configuração construída é mostrada na Figura 18. Um

aplicativo gráfico acoplado ao SCADA do projeto Blue Ocean (Plug-in de

Configuração) permitirá que o usuário defina um layout e conteúdo de um sinótico

específico.

Figura 18 - Ferramenta de Configuração de Engenharia

A seguir, a estrutura criada é armazenada na forma de um arquivo XML

(Extensible Markup Language). XML é um padrão W3C (World Wide Web

Consortium) largamente utilizando para padronização de estrutura de dados.

Existem no mercado muitas ferramentas para visualizar, validar e construir arquivos

nesse formato.

O arquivo XML garante a flexibilidade e facilidade de replicação dos sinóticos

criados. Pode-se facilmente construir uma rotina para gerar arquivos construídos

nesse padrão através da leitura de dados de um banco de dados. Os arquivos XML

podem também ser distribuídos para as várias instâncias do SCADA através do

middleware DDS.

Os arquivos XML configurados e replicados podem então ser carregados pelo

Software Blue Ocean através de um componente que realiza a conversão do arquivo

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XML em objetos Swing. Swing é o kit gráfico para Java mais utilizado no mundo. Os

objetos Swing são, então, mostrados como sinóticos na tela do supervisório.

3.8.3: Detalhamento do Aplicativo

O plug-in de configuração dos sinóticos foi desenvolvido utilizando-se

componentes gráficos da plataforma Eclipse RCP. O componente utilizado foi o

Eclipse Form. A seguir, será mostrado como é criado um novo sinótico (faceplate)

utilizando essa interface.

Não existe uma seqüência definida para a criação do sinótico, o usuário pode

navegar livremente pelas telas de configuração. Inicialmente, pode-se criar adicionar

todas os tags de interesse, como mostrado na Figura 19.

Figura 19 - Adição de tags

Além de tags, podem ser adicionados gráficos ao sinótico, como

representado na Figura 20. Cada gráfico possui propriedades editáveis, como título,

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subtítulo, cores de fundo e cor do grid. Além disso, podem ser inseridas curvas

relativas a dados históricos (banco de dados) ou de tempo real.

Figura 20 - Adição de Gráficos

As curvas inseridas (trends) também podem ser editadas pelo usuário. Cor do

eixo, posição da escala, título e limites são as variáveis disponíveis.

Assim que concluir a edição do sinótico o usuário pode gerar o arquivo de

configuração XML, Figura 21. O arquivo XML convertido em objeto Swing é

mostrado na Figura 22. Esse objeto pode, então, ser associado a um equipamento

representado em uma tela do sistema SCADA.

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Figura 21 - Geração do Arquivo XML

Figura 22 - Sinótico gerado

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3.9: Testes para Finalização da versão

A Ferramenta de Configuração de Engenharia encerrou a última etapa do

desenvolvimento de software na fase de Elaboração. Como nas próximas etapas

seriam realizadas alterações profundas na estrutura do produto devido a

continuidade do desenvolvimento, achou-se conveniente finalizar uma versão com

tudo que havia sido construído até o momento.

Foram, assim, feitos testes completos com todos os módulos produzidos.

Esses testes geraram uma lista de bugs que foram resolvidos ou arquivados para

resolução posterior.

Ao final dos testes e correção dos bugs, foi gerada uma versão do SCADA

para a fase de Elaboração. Essa versão, além de representar o produto final da fase

de projeto, também seria utilizada em futuras apresentações, tanto para os clientes

diretos (Siemens), quanto para os indiretos na África do Sul.

3.10: Revisão da arquitetura

Durante as primeiras etapas de desenvolvimento, o contato com a plataforma

Eclipse RCP e demais componentes de software e a troca de informações com os

clientes e os cursos realizados geraram muito conhecimento em todas as frentes de

trabalho.

Esse conhecimento deveria então ser distribuído e discutido pelo grupo a fim

de tornar mais dinâmica e qualificada a construção do SCADA nas próximas etapas

do projeto.

Assim, foi organizada uma reunião de três dias com todos os

desenvolvedores do projeto. Essa reunião com tema livre gerou importantes

definições quanto a estruturação de código, controle de versões, testes de

acompanhamento e ambiente de testes.

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3.11: Definição da bancada final de testes

A reunião de Revisão da Arquitetura gerou uma série de atividades para a

equipe. Uma das importantes atividades era definir uma bancada de testes completa

de forma a simular as condições de troca de dados existentes na África do Sul.

Durante as fases anteriores do projeto, foram levantadas junto a Siemens e a

operadora de pipelines sul-africana informações sobre as instalações em

funcionamento e a serem implantadas nos pipelines em que o SCADA do projeto

Blue Ocean seria utilizado.

Essas informações apontaram dois itens essenciais para a composição da

bancada de testes definitiva do projeto: CLP S7-400 e módulos TIM.

3.11.1: CLP S7-400

A linha de CLP’s Siemens S7-400 é utilizada em todos os pipelines em que o

SCADA do projeto Blue Ocean será instalado. Esses CLP’s permitem variadas

formas de codificação e comunicação.

Um CLP S7-400 pode ser codificado usando as linguagens padrão definidas

pela IEC 61131-3: Diagrama de Blocos Funcionais (FBD), Lista de instruções (IL),

Texto Estruturado (ST) e Ladder (LD).

Cartões para comunicação Profibus, Industrial Ethernet, dentre outros são

disponibilizados para essa linha de CLP’s.

3.11.2: Módulo TIM

Os módulos TIM são componentes Siemens que realizam a comunicação em

redes industriais de longa distância. Esses módulos estão sendo gradativamente

adotados nos pipelines sul-africanos.

Os módulos TIM se interpõem entre os CLP’s e os computadores da rede

trocando dados de forma confiável em uma rede de longa distância (WAN – Wide

Area Network), como mostrado na Figura 23. A comunicação entre TIM e CLP e

entre TIM e sistema supervisório é feita segundo uma interface padrão da Siemens,

chamada MPI.

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Figura 23 - Utilização Módulo TIM

Dependendo do modelo, os módulos TIM utilizam formas distintas para

trocar dados na rede WAN. Os modelos TIM 42 utilizam uma rede dedicada, os TIM

43 uma rede discada analógica, e os TIM 44 uma rede ISDN (Integrated Services

Digital Network).

Eles possuem grande importância para a bancada de testes, uma vez que o

SCADA deverá se comunicar diretamente com ele, usando um protocolo proprietário

Siemens, o ST-7.

3.11.3: Arranjo dos equipamentos

Tendo em vista esses dois equipamentos principais, foi elaborada uma

bancada com dispositivos de hardware e software que permitissem os testes

durante as próximas fases do projeto Blue Ocean. O foco principal da bancada é

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garantir que dados sejam trocados entre CLP e sistema SCADA utilizando todos os

meios disponíveis nas plantas da África do Sul.

Dessa forma, foi elaborada a estrutura mostrada na Figura 24.

Figura 24 - Bancada de testes definitiva

Os módulos TIM escolhidos (TIM 42 V) implementam comunicação através

de uma rede dedicada a dois fios. Existe ainda uma conexão para testes usando o

protocolo RS-232.

A placa CP 5611 acoplada ao SCADA #1 realiza a troca de dados sobre a

interface proprietária MPI da Siemens. A instalação e configuração dessa placa é

necessária para testes do driver ST-7 a ser construído.

A comunicação Ethernet entre o SCADA Local e o CLP S7-400 servirá para

transferência de programas e realização de testes simples com servidor OPC, como

na Prova de Conceito.

Os softwares ST7cc e WinCC são softwares da Siemens. O ST7cc converte

os dados adquiridos via ST-7 e disponibiliza-os para o sistema SCADA WinCC.

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Esses dois softwares serão úteis durante a configuração da bancada e

posteriormente no estudo para implementação do driver ST-7.

O arranjo proposto foi apresentado para engenheiros da Siemens Alemanha

e para um consultor de automação da Chemtech, todos aprovaram.

3.12: Detalhamento da bancada

Após a definição da disposição geral da bancada, partiu-se para o

detalhamento da montagem da bancada. Foram estudados os esquemas de ligação

dos componentes e proposta a estrutura mostrada na Figura 25.

Figura 25 - Bancada de testes definitiva

3.13: Reformulação do Plano de testes

Foi agendada uma visita à África do Sul para a apresentação do SCADA em

desenvolvimento. Nessa visita, seriam mostrados o plano de migração do sistema

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SCADA atualmente utilizado e alguns cenários de teste, semelhantes aos da Prova

de Conceito.

Assim, usando a versão do software finalizada após a Prova de Conceito, já

com a Ferramenta de Configuração de Engenharia e algumas outras

funcionalidades, foram revisados os casos de teste.

Aspectos como relevância do teste, equipamentos utilizados e tempo para

execução foram considerados na reformulação do Plano de Testes.

Ao final, foram identificados 20 cenários a serem apresentados, distribuídos

conforme Tabela 6.

Tabela 6 - Testes a serem realizados na África do Sul

Tipo de teste Quantidade Comunicação (OPC, IEC) 4 Middleware DDS 3 Funcionalidades de interface 6 MySQL 3 Ferramenta de Configuração de Engenharia 2 Alarmes 2

Um problema crítico da apresentação na África do Sul era a indisponibilidade

de um CLP para teste. Foi pesquisada uma alternativa e chegou-se ao OPC Data

Calculator.

OPC Data Calculator é um produto da Matrikon, desenvolvedor mundial de

produtos para OPC. Esse software permite que variáveis OPC sejam manipuladas

em um diagrama de blocos semelhante ao Simulink do MatLab.

O Data Calculator foi usado, então, para simular o comportamento de um

sistema de segunda ordem. O sistema de segunda ordem foi concebido com

variáveis discretas com a seguinte estrutura:

)(*)1())1(*)(*)1(()1( nunynyny αββα −+−+−=+

Os parâmetros livres eram α e β , variando de zero a um. Quanto mais

próximos de zero mais rápido o sistema. Não foi desenvolvido um controlador, os

resultados serão vistos apenas em um sistema de malha aberta.

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De forma a relacionar o novo teste com o realizado na Prova de Conceito, a

variável de atuação (u) foi chamada de set point do aquecedor e a variável de saída

(y) de temperatura, como pode ser visto na Figura 26.

Figura 26 - Diagrama de Blocos do Data Calculator

Através do acesso OPC os usuários do Blue Ocean podem alterar o set point

do aquecedor e verificar a dinâmica de temperatura. Também pode-se alterar os

parâmetros α e β , mudando o tipo de resposta do sistema. Assim, mesmo sem o

acesso a um CLP é possível simular um processo e tornar mais agradável a

apresentação.

3.14: Teste versão para apresentação

Uma vez definido o plano de testes, foram instalados e testados todos os

componentes de software necessários para a apresentação do Projeto Blue Ocean

na África do Sul. Três laptops foram integrados em rede e os testes descritos

anteriormente exaustivamente testados.

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Capítulo 4: Conclusões e Perspectivas

Os resultados obtidos no Projeto Blue Ocean atenderam completamente às

expectativas da equipe de desenvolvimento e dos clientes. O conhecimento e

empenho de todos, aliado ao suporte da empresa, permitiram que um trabalho de

qualidade fosse realizado.

A Prova de Conceito foi o principal marco do projeto. A completa aprovação

de uma equipe de avaliadores multi-qualificados representou o reconhecimento da

qualidade e aplicabilidade da solução desenvolvida.

Do ponto de vista pessoal, o trabalho permitiu que os conhecimentos

adquiridos no curso de Engenharia de Controle e Automação fossem explorados e

aprofundados intensamente. Áreas como instrumentação, desenvolvimento de

software, redes e CLP’s fizeram parte do cotidiano de trabalho. O contato com uma

empresa e grupo de trabalho que valorizam e incentivam a pesquisa e a inovação foi

enriquecedor.

Infelizmente, antes da viagem de apresentação do projeto aos clientes da

África do Sul, a Siemens AG (Alemanha) optou por suspender o projeto Blue Ocean.

A suspensão não estava ligada ao desenvolvimento realizado, ela atendia anseios

gerenciais e estratégicos da empresa alemã.

Entretanto, o protótipo e arquitetura desenvolvidos e, principalmente, o

conhecimento adquirido continuam como propriedade da Chemtech. Pesquisas de

mercado estão sendo feitas com a intenção de vender o projeto para uma outra

operadora de pipeline. Essa alternativa pode-se tornar realidade em breve.

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Bibliografia:

[ 1 ] BAILEY D., WRIGHT E., “Practical SCADA for Industry”, Elsevier, 2005.

[ 2 ] MOHITPOUR M., SZABO J. e HARDEVELD T.V. “Pipeline Operation &

Maintenance – A Practical Approach”, ASME Press New York, 2005.

[ 3 ] IWANITZ F., LANGE J., “OPC – Fundamentals, Implementation and

Application”, Hüthig Verlag Heidelberg, 3rd rev. Ed., Alemanha, 2006.

[ 4 ] BURNETTE E., “Rich Client Tutorial”, http://www.eclipse.org/articles/Article-

RCP-1/tutorial1.html, 2006.

[ 5 ] KRUTZ R., “Securing SCADA Systems”, Wiley Publishing, 2006.

[ 6 ] IEEE STANDARD C37.1-1994, “Definition, Specification, and Analysis of

Systems Used for Supervisory Control, Data Acquisition, and Automatic Control”,

Institute of Electrical and Electronics Engineers, 1994.