17
Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios Órgão 1ª Turma Cível Processo N. Apelação Cível 20100110901256APC Apelante(s) M. S. A. C. E OUTROS Apelado(s) OS MESMOS Relator Desembargador TEÓFILO CAETANO Revisor Desembargador GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA Acórdão Nº 711.316 E M E N T A DIREITO DE FAMÍLIA. DIVÓRCIO. DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL. DECRETAÇÃO. PEDIDO. FORMATO LITIGIOSO. CONVERSÃO EM CONSENSUAL. CONDIÇÕES PARA DISSOLUÇÃO DO VÍNCULO. IMÓVEL. PARTILHA. RECONHECIMENTO. ARREPENDIMENTO UNILATERAL DO VARÃO. INEFICÁCIA. ALCANCE DA LIDE MODULADO. DIREITO DISPONÍVEL. NEMO POTEST VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM. 1. Convencionando o casal a convolação do pedido de divórcio litigioso em consensual, estabelecendo as condições que devem pautar a dissolução do vínculo e rateio do patrimônio amealhado durante sua constância, o convencionado, conquanto ainda não homologado o transacionado, implicando, contudo, nova modulação à causa, pois, aliada à convolação do pedido em consensual, houvera a fixação das bases que devem nortear a dissolução da vida conjugal dos litigantes, deve pautar a solução do dissenso estabelecido acerca da destinação do patrimônio comum, não sendo apto a ensejar a desconsideração do convencionado manifestação unilateral subsequente materializada por um dos cônjuges, inclusive quando volvida à desconsideração somente de parte do acordado (CPC, art. 264). 2. Convolado o pedido em divórcio consensual, as cláusulas que devem pautar a extinção do vínculo devem ser observadas em observância justamente aos limites e contornos impostos ao pedido pelos litigantes, inclusive porque a ação de divórcio encerra direito indisponível quanto ao seu conteúdo principal, ou seja, o status familiae dos cônjuges, mas disponível no Código de Verificação:

Boa-fé - Direito de Família - TJDFT - Divorcio(Otimo Texto) - Www.augustopassamanibufulin.com.Br

Embed Size (px)

DESCRIPTION

bbb

Citation preview

  • Poder Judicirio da UnioTribunal de Justia do Distrito Federal e dos Territrios

    rgo 1 Turma CvelProcesso N. Apelao Cvel 20100110901256APCApelante(s) M. S. A. C. E OUTROSApelado(s) OS MESMOSRelator Desembargador TEFILO CAETANORevisor Desembargador GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRAAcrdo N 711.316

    E M E N T A

    DIREITO DE FAMLIA. DIVRCIO. DISSOLUO DA SOCIEDADECONJUGAL. DECRETAO. PEDIDO. FORMATO LITIGIOSO.CONVERSO EM CONSENSUAL. CONDIES PARA DISSOLUO DOVNCULO. IMVEL. PARTILHA. RECONHECIMENTO. ARREPENDIMENTOUNILATERAL DO VARO. INEFICCIA. ALCANCE DA LIDE MODULADO.DIREITO DISPONVEL. NEMO POTEST VENIRE CONTRA FACTUMPROPRIUM. 1. Convencionando o casal a convolao do pedido de divrcio litigioso em

    consensual, estabelecendo as condies que devem pautar a dissoluo do

    vnculo e rateio do patrimnio amealhado durante sua constncia, o

    convencionado, conquanto ainda no homologado o transacionado,

    implicando, contudo, nova modulao causa, pois, aliada convolao do

    pedido em consensual, houvera a fixao das bases que devem nortear a

    dissoluo da vida conjugal dos litigantes, deve pautar a soluo do dissenso

    estabelecido acerca da destinao do patrimnio comum, no sendo apto a

    ensejar a desconsiderao do convencionado manifestao unilateral

    subsequente materializada por um dos cnjuges, inclusive quando volvida

    desconsiderao somente de parte do acordado (CPC, art. 264).

    2. Convolado o pedido em divrcio consensual, as clusulas que devem

    pautar a extino do vnculo devem ser observadas em observncia

    justamente aos limites e contornos impostos ao pedido pelos litigantes,

    inclusive porque a ao de divrcio encerra direito indisponvel quanto ao seu

    contedo principal, ou seja, o status familiae dos cnjuges, mas disponvel no

    Cdigo de Verificao:

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    que tange partilha dos bens adquiridos na constncia do casamento, por se

    tratar de direito patrimonial, no decorrente da personalidade, sendo facultado

    ao titular dele abdicar, devendo prevalecer, portanto, o convencionado acerca

    da partilha do patrimnio amealhado ao ser pautada ao.

    3. O princpio nemo potest venire contra factum proprium encerra proibio ao

    comportamento contraditrio e a no aceitabilidade do venire no se firma

    apenas no comportamento conflitante, mas, sobretudo, na quebra da

    confiana que fora gerada em terceiros, conduta que no pode ser acobertada

    pelo Judicirio, que, diante de tais situaes, deve comprometer-se com o

    caso e aplicar o direito de forma sistmica, como um todo que , e no em de

    forma fragmentada, resultando que, pautadas as condies que nortear a

    dissoluo do vnculo conjugal, devem prevalecer, no se afigurando possvel

    que o varo, aps convencionar o rateio do patrimnio amealhado na

    constncia do vnculo, almeje desconsiderar parcialmente o acordado e na

    parte em que lhe reputara prejudicial.

    4. Recursos conhecidos. Apelaes da autora e do Ministrio Pblico

    providas. Apelo adesivo do ru prejudicado. Unnime.

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 2

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    A C R D O

    Acordam os Senhores Desembargadores da 1 Turma Cvel do Tribunal deJustia do Distrito Federal e dos Territrios, TEFILO CAETANO - Relator,GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA - Revisor, LEILA ARLANCH - Vogal, sob aPresidncia do Senhor Desembargador TEFILO CAETANO, em proferir aseguinte deciso: CONHECER DOS APELOS, DAR PROVIMENTO AOSRECURSOS DO AUTOR E DO MINISTRIO PBLICO E JULGARPREJUDICADO O APELO ADESIVO DO RU, UNNIME, de acordo com a atado julgamento e notas taquigrficas.

    Braslia (DF), 4 de setembro de 2013

    Certificado n: 6D6119FB00070000149312/09/2013 - 18:43

    Desembargador TEFILO CAETANORelator

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 3

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    R E L A T R I O

    Cuida-se de ao de divrcio direto litigioso ajuizada por M. S.C. em desfavor de A. da C. C. objetivando, em sede de antecipao de tutela,que lhe fosse deferida a posse do imvel situado na Quadra 02, Bloco N, Tipo B,

    Casa 50, Cruzeiro Velho/DF, garantindo-se acesso ao ru to somente para

    retirar seus pertences pessoais, e, alfim, confirmadas essas medidas, a

    concesso da guarda definitiva do filho autista do casal, G. A. S. C., em seu

    favor, a condenao do ru ao pagamento de alimentos ao aludido descendente

    no importe de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais), por padecer de incapacidade,

    a decretao do divrcio do casal, com a consequente efetivao das anotaes

    derivadas da extino do vnculo conjugal, e a partilha dos bens comuns

    adquiridos na constncia do vnculo proporo de 50% (cinquenta por cento)

    para cada um dos consortes.

    Como estofo das pretenses, argumentara, em suma, que os

    litigantes passaram a conviver maritalmente no dia 13/09/1985, vindo a se casar

    no dia 05 de agosto de 1994, sob o regime da comunho parcial de bens,

    advindo da unio 02 (dois) filhos, um j maior e outro portador de incapacidade

    permanente. Informara que o casal encontra-se separado de fato desde o dia 09

    de agosto de 2008, data em que fora posta para fora de casa. Comunicara que,

    nos ltimos 3 (trs) anos do relacionamento, vinha sendo agredida fisicamente

    pelo ru, tendo registrado ocorrncias que geraram processo que transita no 2

    Juizado Especial Criminal de Taguatinga/DF.

    Esclarecera que, durante a convivncia em comum, o casal

    adquirira o imvel identificado como casa n 50, tipo B, bloco N, quadra 02, do

    SER/SUL, Cruzeiro Velho, Braslia/DF e que, durante o casamento, o cnjuge

    varo dera entrada no inventrio de seus pais, resultando da herana dois

    imveis situados, respectivamente, SHCES, quadra 1205, bloco K, loja 24 e 48

    (valor venal: R$ 52.700,00) e QND 36, lote 27, Taguatinga/DF (valor venal: R$

    350.000,00). Postulara a partilha de todos os bens adquiridos na constncia do

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 4

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    vnculo, reclamando que lhe seja destinado o imvel localizado no Cruzeiro

    Velho/DF, que ao ru seja assegurado o imvel situado em Taguatinga/DF e que

    os demais bens fossem repartidos na proporo de 50% para cada um.

    Destacara a necessidade do deferimento da guarda do filho incapaz em seu

    favor, j que fora diagnosticado autista, necessitando, portanto, de cuidados

    especiais e acompanhamento psiquitrico, que no podem ser administrados

    pelo pai, que, em contrapartida, deve ser compelido a lhe fomentar alimentos.

    O pedido de antecipao de tutela fora indeferido1. Aperfeioada

    a relao processual, o ru veiculara defesa tempestiva, anuindo com o pedido

    de divrcio, ante a dissoluo da vida em comum, contestando, contudo, a

    proposta de partilha, sustentando que bens arrolados pela autora no se

    comunicam, vez que todos seriam fruto de herana, sendo da sua exclusiva

    titularidade, pois no adquiridos a ttulo oneroso na constncia do casamento.

    Consignara que a autora j esteve internada diversas vezes em clnicas para

    recuperao, mas que, infelizmente, tem recebido notcias de que estaria

    envolvida com a utilizao de pesadas drogas ilcitas. Postulara, assim, a

    realizao de estudo multidisciplinar, com psiclogo, psiquiatra e assistente social

    para anlise e opinio acerca da guarda do filho deficiente do casal. Anotara que,

    se a guarda do filho for deferida me, compromete-se, desde j, a pagar-lhe

    penso no valor de R$ 510,00.2

    Oficiando no processo, observara o Parquet que o segundo filho

    do casal (G. A. S. C) maior3, e ao que consta incapaz para os atos da vida civil,

    sendo assim, incabvel o disciplinamento da guarda, devendo ser excluda a

    anlise do pedido de guarda, alimentos e convivncia familiar, vez que os

    cuidados com o incapaz devem ser remetidos para procedimento especfico de

    interdio e nomeao de curador ao mesmo.

    Designada audincia de conciliao, instruo e julgamento, a

    ela compareceram as partes, acompanhadas de seus patronos, tendo transigido,

    1 - Fl. 90. 2 - Contestao, fls. 124/137. 3 - Documento, fl. 17.

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 5

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    transformando o presente divrcio direto litigioso em divrcio direto consensual,

    expondo as seguintes clusulas4: 1) o filho G. A. S. C incapaz e as partes

    providenciaro sua interdio; 2) os cnjuges, de maneira recproca, dispensam

    os alimentos; 3) aps a decretao do divrcio, o cnjuge virago voltar a assinar

    o nome de solteira; 4) quanto ao patrimnio: 4.1) o imvel comercial do Cruzeiro,

    o imvel de Taguatinga e as lojas na Asa Norte ficaro integralmente para o ru,

    j que se tratam de bens incomunicveis, advindos de herana; 4.2) quanto ao

    imvel do Cruzeiro Velho, as partes apresentaram duas propostas: a) ser doado

    para os filhos, metade para cada um, tendo o casal usufruto compartilhado,

    sendo o usufruto inalienvel. A autora residir no imvel juntamente com o filho

    G. A. S. C. Em caso de o filho G. A. S. C no residir com a genitora, se ela

    permanecer residindo no imvel, dever depositar mensalmente na conta

    bancria do ru metade do valor de mercado do aluguel. Se ela sair do imvel,

    este ser alugado e o valor ser gerido pelo ru, que repassar metade do valor

    de mercado do aluguel para a autora. Ser requerida a desocupao do imvel

    para uso prprio da famlia. Enquanto isso, metade do valor do aluguel ser

    repassado pelo ru para a autora; b) o imvel ser vendido e caber 40% do

    valor apurado para a autora e 60% para o ru. Da cota da autora, ser adquirido

    um imvel a escolha dela, que ser colocado em nome dos filhos, metade para

    cada um, e usufruto vitalcio dela. O imvel do Cruzeiro Velho ser avaliado pelas

    partes e no prazo de at 30 dias as partes devero se pronunciar nos autos e

    trazer o resultado das avaliaes. Devero ainda, no mesmo prazo indicar qual

    das duas propostas ser firmada pelas partes para fim de extino do processo.

    Em caso de ausncia de manifestao quanto s duas propostas ou divergncia

    na escolha delas, caber deciso ao Juzo quanto melhor proposta.

    Passados sete dias da audincia conciliatria, protocolizara o ru

    petio5 comunicando a impossibilidade de dilogo com a autora e que, portanto,

    seria invivel a escolha de qualquer das duas propostas, requerendo, ento, o

    prosseguimento do processo. A autora, por sua vez, protocolara petio6

    4 Termo de Audincia, fl. 257.5 - Fls. 259/261.6 - Fl. 266.

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 6

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    informando que entrara em contato com a imobiliria responsvel pela

    administrao do imvel que deveria ser partilhado, que impedira a corretora

    contratada pela autora de proceder a avaliao do imvel, em total desrespeito

    aos termos do acordo assinado. O ru, mais uma vez peticionara7 aduzindo a

    falta de dilogo com a autora e asseverara que no teria interesse em nenhuma

    das propostas ajustadas em audincia, pois os bens imveis so todos frutos de

    herana e por isso, incomunicveis.

    Oficiando novamente nos autos, registrara o Ministrio Pblico

    que as propostas foram apresentadas pelas partes, o termo claro, fora subscrito

    por ambos e seus respectivos advogados, e no houvera impugnao oportuna,

    pugnando pela intimao da parte autora para pronunciamento e cumprimento

    das providncias determinadas na ata da audincia8. Cancelada audincia

    designada, j que encerrada a instruo processual e intimada a parte autora9,

    protocolara o ru agravo retido aduzindo cerceamento do direito de defesa10.

    Cumprido o itinerrio procedimental, sobreviera sentena, que,

    julgando parcialmente procedente o pedido, decretara o divrcio do casal,

    voltando a autora a utilizar o nome de solteira, determinando a partilha do imvel

    comum imvel situado no SER/Sul, quadra 2, bloco N, casa 50, Cruzeiro Velho

    -, na proporo de 6,82 % para cada um, pois reconhecera que 86,16% do imvel

    seria impartilhvel por ter derivado de produto proveniente de herana recebida

    pelo ru, tornando o quinho adquirido com o auferido impassvel de diviso,

    restando debitado autora o pagamento das custas processuais e honorrios

    advocatcios, que foram fixados em R$ 400,00, com a ressalva de que litiga sob o

    plio da justia gratuita11.

    Inconformada, a autora apelara almejando a nulidade da

    sentena, sustentando, em suma, que, o decisum nulo, pois contrrio prova

    dos autos. Sustentara que fora firmado e homologado acordo em audincia e

    7 - Fl. 269/274.8 - Fls. 290/290-verso.9 - Deciso, fl. 292.10 - Fls. 297/322.11 - Sentena, fls. 400/401.

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 7

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    que, quanto ao ajuste, pretende a venda e partilha do valor arrecadado com o

    imvel comum - SER/Sul, quadra 2, bloco N, casa 50, Cruzeiro Velho - na

    proporo de 40% para a si e 60% para o ru, ressalvando que, com a cota parte

    que lhe cabvel, adquirir um imvel a sua escolha, que ser colocado em

    nome dos filhos, metade para cada um, resguardando-lhe o usufruto vitalcio,

    conforme avenado12.

    O ru contrariara o apelo, defendendo, em suma, seu

    desprovimento13 e, outrossim, recorrera adesivamente, sem reiterar o agravo

    retido que interpusera no fluxo processual. Persegue, em suma, a reforma parcial

    da sentena a fim de ser declarado que a ex-esposa no tem direito partilha,

    ainda que no percentual de 6,82%, vez que o imvel in comento fora adquirido

    com valores provenientes de herana legada por sua av paterna, tornando-se

    impassvel de diviso14.

    A autora contrariara o recurso adesivo, postulando a sua

    improcedncia, tendo em vista a existncia de acordo entre as partes

    homologado em juzo15.

    O d. magistrado sentenciante abrira vista dos autos ao Ministrio

    Pblico, oportunidade em que apresentara o Parquet recurso de apelao,

    requerendo a reforma da sentena a fim de se julgar o mrito nos limites da

    vontade das partes, disciplinando a questo patrimonial especfica com a escolha

    de uma das propostas apresentadas no item 4.2 alneas a e b do acordo

    entabulado em audincia16. Os litigantes deixaram fluir em branco o prazo para

    contrariarem o recurso interposto pelo Ministrio Pblico17.

    A douta Procuradoria de Justia opinara pelo conhecimento dos

    recursos e, no mrito, pelo provimento dos recursos da autora e do Ministrio

    Pblico, e pelo desprovimento do recurso adesivo manejado pelo ru18.12 - Apelao da autora, fls. 408/417. 13 - Contrarrazes, fls. 425/438. 14 - Recurso Adesivo, fls. 439/452.15 - Contrarrazes ao Recurso Adesivo, fls. 460/462.16 - Recurso Ministerial, fls. 464/468-verso. 17 - Fls. 470/472.

    18 - Parecer de fls. 476/480.

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 8

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    Os apelos principais e o adesivo so tempestivos, esto

    subscritos por advogados devidamente constitudos e por presentante do

    Parquet, foram corretamente processados, preparado o recurso da autora,

    apesar de beneficiria da gratuidade de justia, devidamente preparado o recurso

    do ru e isento de preparo o recurso ministerial19.

    o relatrio.

    V O T O S

    O Senhor Desembargador TEFILO CAETANO - Relator

    Cabveis, tempestivos, preparados o da autora e o do ru e

    dispensado de preparo o do parquet, e subscritos por patronos devidamente

    habilitados e municiados de capacidade postulatria e por presentante do

    Ministrio Pblico, satisfazendo, pois, os pressupostos objetivos e subjetivos de

    recorribilidade que lhes so prprios, conheo dos apelos principais e do adesivo.

    Cuida-se de ao de divrcio direto litigioso ajuizada pela esposaem desfavor do marido objetivando, em sede de antecipao de tutela, que lhe

    fosse deferida a posse do imvel situado na Quadra 02, Bloco N, Tipo B, Casa

    50, Cruzeiro Velho/DF, garantindo-se acesso ao ru to somente para retirar

    seus pertences pessoais, e, alfim, confirmadas essas medidas, a concesso da

    guarda definitiva do filho autista do casal, G. A. S. C., em seu favor, a

    condenao do ru ao pagamento de alimentos ao aludido descendente no

    importe de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais), por padecer de incapacidade, a

    decretao do divrcio do casal, com a consequente efetivao das anotaes

    derivadas da extino do vnculo conjugal, e a partilha dos bens comuns

    adquiridos na constncia do vnculo proporo de 50% (cinquenta por cento)

    para cada um dos consortes.

    19 - Instrumentos de mandatos de fls. 10 e 121, deciso de fl. 90 e guias de preparo de fls. 418/419 e454/455.

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 9

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    Cumprido o itinerrio procedimental, durante o qual houvera a

    realizao de audincia na qual fora entabulo acordo destinado transformao

    do pedido em consensual com o alinhamento de diretrizes para a partilha do

    patrimnio comum, sobreviera sentena, que, julgando parcialmente procedente

    o pedido, decretara o divrcio do casal, voltando a autora a utilizar o nome de

    solteira, determinando a partilha do imvel comum imvel situado no SER/Sul,

    quadra 2, bloco N, casa 50, Cruzeiro Velho -, na proporo de 6,82 % para cada

    um, pois reconhecera que 86,16% do imvel seria impartilhvel por ter derivado

    de produto proveniente de herana recebida pelo ru, tornando o quinho

    adquirido com o auferido impassvel de diviso, restando debitado autora o

    pagamento das custas processuais e honorrios advocatcios, que foram fixados

    em R$ 400,00, com a ressalva de que litiga sob o plio da justia gratuita.

    Inconformada com a partilha do imvel comum, a autora apelara

    almejando a cassao ou reforma da sentena nessa parte, defendendo a

    observncia dos limites do acordo entabulado entre as partes em audincia, onde

    restara ajustada a venda e partilha do imvel e do valor arrecadado, proporo

    de 40% para a ex-esposa e 60% para o ex-marido. O ru, por sua vez, recorrera

    adesivamente requerendo a reforma parcial da sentena a fim de ser declarado

    que a ex-esposa no tem direito partilha do imvel indicado na sentena, ainda

    que no percentual de 6,82%, vez que teria sido adquirido com valores oriundos

    de sentena. De sua parte, almeja o Ministrio Pblico a reforma da sentena a

    fim de que o mrito da lide seja julgado nos limites da vontade das partes,

    disciplinando a questo patrimonial especfica com a escolha de uma das

    propostas engendradas no acordo entabulado em audincia.

    Antes do exame dos apelos deve ser assinalado que o ru no

    reclamara expressamente o conhecimento do agravo retido que interpusera em

    face da deciso que negara a produo de provas, porquanto tal postulao no

    est assinalada na pea recursal. Essa omisso obsta, portanto, o conhecimento

    do inconformismo, pois, na forma do artigo 523, 1, do CPC, o conhecimento do

    agravo aviado sob a forma retida tem como pressuposto a formulao de

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 10

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    requerimento expresso destinado sua apreciao pelo rgo revisor.

    Alinhados esses argumentos, como no houve pedido expresso volvido aoseu conhecimento, no conheo do agravo retido interposto pelo ru.

    Do alinhado afere-se que, diante do objeto da ao e dos apelos,

    o cerne do conflito de interesses estabelecido entre os litigantes e o Parquet

    cinge-se aferio do acerto do provimento singular por ter desconsiderado o

    acordo firmado entre as partes em audincia de instruo e julgamento acerca da

    partilha de bem que, sob o prisma do ru, seria incomunicvel. Emoldurado os

    objetos dos apelos, deve ser assinalado que, conquanto a autora tenha

    reclamado a anulao da sentena, a verdade que persegue a reforma do

    decidido de forma a ser observado o que teria acordado entre as partes em

    audincia no tocante converso do pedido de divrcio consensual e acerca da

    partilha do patrimnio partilhvel, que cinge-se ao imvel situado no SER/Sul,

    quadra 2, bloco N, casa 50, Cruzeiro Velho, inclusive porque alinhara

    argumentao apta a aparelhar a ventilada nulidade.

    Alinhadas essas ressalvas e pontuado o objeto dos recurso, o

    recurso do Ministrio Pblico e da autora devem ser resolvido primeiramente por

    serem de maior amplitude, pois almejam a observncia da composio de

    vontades estabelecida entre partes em sua extenso exata. Alinhados esses

    registros, passo, portanto, ao exame do mrito dos apelos, iniciando o exame

    pelo recurso ministerial.

    Resplandece do cotejo dos autos a inexorvel evidncia de que,

    no dia 20 de junho de 2011, as partes compareceram audincia de instruo e

    julgamento aprazada, devidamente acompanhadas de seus patronos, ocasio em

    que transigiram e, transmudando o divrcio direto litigioso em divrcio direto

    consensual, defenderam a decretao da extino do casamento, ressalvando

    que a cnjuge virago voltar a usar o nome de solteira, que ambos dispensavam

    alimentos, que a questo do filho incapaz do casal ser tratada na sede

    apropriada, que os demais imveis arrolados, por serem incomunicveis, seriam

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 11

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    destinados exclusivamente ao varo e, quanto ao imvel situado no SER/Sul,

    quadra 2, bloco N, casa 50, Cruzeiro Velho, acordaram o seguinte20:

    4.2) quanto ao imvel do Cruzeiro Velho, as partesapresentaram duas propostas: a) ser doado para os filhos, metade paracada um, tendo o casal usufruto compartilhado, sendo o usufrutoinalienvel. A autora residir no imvel juntamente com o filho G. A. S. C.Em caso de o filho G. A. S. C no residir com a genitora, se ela permanecerresidindo no imvel, dever depositar mensalmente na conta bancria doru metade do valor de mercado do aluguel. Se ela sair do imvel, este seralugado e o valor ser gerido pelo ru, que repassar metade do valor demercado do aluguel para a autora. Ser requerida a desocupao do imvelpara uso prprio da famlia. Enquanto isso, metade do valor do aluguel serrepassado pelo ru para a autora; b) o imvel ser vendido e caber 40% dovalor apurado para a autora e 60% para o ru. Da cota da autora, seradquirido um imvel a escolha dela, que ser colocado em nome dos filhos,metade para cada um, e usufruto vitalcio dela. O imvel do Cruzeiro Velhoser avaliado pelas partes e no prazo de at 30 dias as partes devero sepronunciar nos autos e trazer o resultado das avaliaes. Devero ainda, nomesmo prazo indicar qual das duas propostas ser firmada pelas partespara fim de extino do processo. Em caso de ausncia de manifestaoquanto s duas propostas ou divergncia na escolha delas, caber decisoao Juzo quanto melhor proposta.

    Ante o convencionado, o curso processual fora suspenso pelo

    prazo de 30 dias, com a ressalva de que, em caso de ausncia de manifestao

    quanto s duas propostas ou divergncia na escolha delas, caberia a deciso ao

    juzo quanto a que melhor atendesse aos interesses das partes. Ocorre que dias

    aps o ajuste, as partes se desentenderam e o cnjuge varo desistira do

    20 Termo de Audincia, fl. 257.

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 12

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    acordo, alegando basicamente a incomunicabilidade do imvel que seria

    partilhado, por se tratar de imvel adquirido com valor proveniente da herana de

    sua av paterna e o regime de casamento adotado fora o da comunho parcial

    de bens, ilidindo a partilha de bens advindos de herana. Juntamente s suas

    alegaes, acostara documentos com o intuito de provar a origem do dinheiro

    para a compra do imvel situado no Cruzeiro Velho.

    A despeito do arrependimento do ru, sua manifestao no

    pode ser acolhida. que, conquanto o acordo no tivesse sido homologado,

    inexoravelmente implicara, com a anuncia de ambos os litigantes, nova

    modulao causa, pois, aliada convolao do pedido em consensual, houvera

    a fixao das bases que devem nortear a dissoluo da vida conjugal dos

    litigantes. Ou seja, a ao fora modulada quanto ao seu objeto e os prprios

    litigantes traaram os limites do pedido, que, a seu turno, devem nortear a

    resoluo da controvrsia (CPC, art. 264). que, convolado o pedido em divrcio

    consensual, as demais clusulas que devem pautar a extino do vnculo foram

    estabelecidas, devendo ser observadas em observncia justamente aos limites e

    contornos do pedido. Assim que a manifestao subsequente do ru j restara

    desprovida de eficcia, pois, de forma unilateral, no podia alterar os limites

    agregados ao pedido, tornando invivel que a partilha do imvel situado no

    SER/Sul, quadra 2, bloco N, casa 50, Cruzeiro Velho, fora resolvida de forma

    diversa da convencionada.

    Ora, conforme anotara o parquet, as partes livremente

    dispuseram sobre o aspecto patrimonial do casamento, com excluso de bens

    incomunicveis que devero ser revertidos exclusivamente ao cnjuge-varo, por

    serem provenientes de herana, e a melhor forma de partilhamento do imvel

    comum, que assim restara reconhecido. O convencionado, pautando o objeto da

    controvrsia, ilidira, pois, a discusso sobre a participao das partes na

    aquisio do imvel situado no Cruzeiro Velho, que, como expresso e

    autoridade do avenado, deve ser observado e pautar a resoluo da

    controvrsia remanescente. Logo, os limites da lide foram estipulados por ato de

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 13

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    vontade das partes, maiores e capazes, devidamente representadas por

    advogados particulares que subscreveram o termo sem qualquer impugnao.

    Em suma, o acordo que ensejara a converso do pedido de

    divrcio litigioso em consensual, com as respectivas clusulas, revestira-se de

    eficcia e validade jurdica, pois implicara a modulao do pedido, mediante

    aditamento, no molde do convencionado, que, portanto, deve nortear a resoluo

    do dissenso que sobejara o convencionado, que, ademais, previra essa

    ocorrncia, conferindo poderes ao juiz da causa para optar por um das propostas

    formuladas para a destinao do imvel situado no SER/Sul, quadra 2, bloco N,

    casa 50, Cruzeiro Velho. Na verdade, o que se verificara que restara

    caracterizado arrependimento do cnjuge-varo, situao que no autoriza a

    desconsiderao do convencionado, pois, frise-se, determinara a modulao da

    ao e do objeto do dissenso. De mais a mais, a ao de divrcio traz direito

    indisponvel quanto ao seu contedo principal, ou seja, o status familiae dos

    indivduos, e disponvel no que tange partilha dos bens adquiridos na

    constncia do casamento, por se tratar de direito patrimonial, no decorrente da

    personalidade, sendo facultado ao titular dele abdicar. Ou seja, o convencionado

    alcanara direito disponvel, no estando permeado por nenhum vcio.

    Ademais, constata-se claramente a violao boa-f objetiva

    praticada pelo ru em detrimento da autora, j que criara nesta expectativa falsa

    de acordo, quando na verdade, pretendia, desde o princpio, nada partilhar. A

    expresso nemo potest venire contra factum proprium denota a proibio ao

    comportamento contraditrio. Na conceituao trazida por Menezes Cordeiro, o

    venire contra factum proprium consubstancia o exerccio de posio jurdica

    contrria a uma atuao anteriormente assumida. H dois comportamentos lcitos

    e diferidos no tempo que so ligados por um liame; a segunda conduta segue

    direo oposta primeira. Em verdade, a vedao ao comportamento

    contraditrio no probe qualquer comportamento incoerente. O que no se

    admite, que o sujeito atue frustrando as expectativas que criou em outrem, em

    razo daquele comportamento anterior. A no aceitabilidade do venire no se

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 14

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    firma apenas no comportamento conflitante, mas, sobretudo, na quebra da

    confiana que foi gerada em terceiros.

    Importa destacar que, mesmo residindo a expectativa em um

    mpeto subjetivo, a proibio ao comportamento contraditrio no decorre da

    anlise da inteno do agente, tampouco do animus daquele que se prejudicou

    em decorrncia do venire. A anlise se houve ou no o rompimento da confiana

    perpassa pela compreenso da probabilidade de que aquele antigo ato

    perdurasse. A expectativa, portanto, seria analisada pela possibilidade dela ser

    razovel dentro dos padres de condutas existentes. No qualquer expectativa

    que ser abarcada pela proibio ao comportamento incoerente, mas somente

    aquela que for fundada em uma convico razovel.

    De clareza solar, pois, o comportamento contraditrio do ru,

    pois, aps convencionar a modulao do pedido e a partilha do imvel admitido

    como comum, pretender elidido o convencionado nessa parte, o que no pode

    ser admitido. Sua postura se revela ainda mais inadmissvel quando deseja a

    eliso do acordado to somente no tocante ao imvel comum, pretendendo que,

    quanto ao mais, o acordado sobeje vigendo, notadamente no que se refere

    excluso da partilha dos demais imveis arrolados pela autoral. Sua postura, por

    bvio, no pode ser acobertada pelo Poder Judicirio que, diante de tais

    situaes, deve comprometer-se com o caso e aplicar o direito de forma

    sistmica, como um todo que , e no em tiras, isoladamente, analisando nica e

    exclusivamente dispositivo inserto no subttulo do regime de bens entre os

    cnjuges.

    Alis, no pode deixar de ser consignado que o ordenamento

    jurdico veda a reserva mental, situao subsumida hiptese dos autos. O ru,

    em verdade, jamais pretendera partilhar o imvel situado no Cruzeiro Velho,

    entretanto fizera a autora acreditar na falsa proposta composta por duas

    alternativas que, a dele depender, no se concretizariam. A reserva mental fora

    regulada e repugnada pelo novo Cdigo Civil nos seguintes termos:

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 15

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    Art. 110. A manifestao de vontade subsiste ainda que oseu autor haja feito a reserva mental de no querer o que manifestou, salvose dela o destinatrio tinha conhecimento.

    Alinhados esses argumentos afere-se que, diante do

    convencionado, que implicara nova modulao ao dissenso estabelecido entre as

    partes que deveria ser resolvido, o convencionado acerca da partilha do imvel

    situado no SER/Sul, quadra 2, bloco N, casa 50, Cruzeiro Velho, que restara

    assimilado como comum, deve ser observado. Assim sendo, sobejando duas

    alternativas para a destinao, a que se afigura mais plausvel, de fcil

    implemento e de eficcia material, a derradeira opo convencionada, que

    previra o seguinte: o imvel ser vendido e caber 40% do valor apurado para a

    autora e 60% para o ru. Da cota da autora, ser adquirido um imvel a escolha

    dela, que ser colocado em nome dos filhos, metade para cada um, e usufruto

    vitalcio dela. que essa soluo permite que cada litigante, dissolvida a vida

    em comum, assuma vida independente, o que no se afigura vivel com a

    derradeira proposio. O apelo do parquet e da autora devem, portanto, ser

    providos e o do ru, de sua parte, resta prejudicado, pois almejava a

    desconsiderao do convencionado.

    Diante do exposto, provejo os recursos da autora e doMinistrio Pblico e, reformando a ilustrada sentena guerreada quanto aoponto, ratifico a composio entabulada entre as partes em audincia,estabelecendo que o imvel situado no SER/Sul, quadra 2, bloco N, casa 50,Cruzeiro Velho, dever ser alienado, cabendo do produto arrecadado 40%(quarenta por cento) autora e 60% (sessenta por cento) ao ru, com aressalva de que o destinado autora dever ser de imediato revertido aquisio de um imvel da sua escolha, o qual dever ser colocado emnome dos filhos, metade para cada um, resguardando-lhe o usufrutovitalcio. Ressalvado que, enquanto no ultimada a alienao, encontrando-se o imvel locado, os locativos devero ser revertidos aos litigantes na

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 16

  • APELAO CVEL 2010 01 1 090125-6 APC

    mesma proporo da partilha. Reputo, outrossim, prejudicado, o recursoadesivo do ru. Alfim, ante a resoluo empreendida, reputo elidida asucumbncia, pois pautada a soluo pelo convencionado, devendo cadaparte arcar com os honorrios dos respectivos patronos e as custas finaissero custeadas pelo ru. Quanto ao mais, mantenho intacta a sentena.

    como voto.

    O Senhor Desembargador GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA - Revisor

    Com o Relator

    A Senhora Desembargadora LEILA ARLANCH - Vogal

    Com o Relator.

    D E C I S O

    CONHECER DOS APELOS, DAR PROVIMENTO AOSRECURSOS DO AUTOR E DO MINISTRIO PBLICO E JULGARPREJUDICADO O APELO ADESIVO DO RU, UNNIME.

    Cdigo de Verificao:LYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PLYWD.2013.UI8H.WVNW.1K3O.AX8PGABINETE DO DESEMBARGADOR TEFILO CAETANO 17