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Bole Tim 9

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EDITORIAL:

Índice e Editorial pág 2 KILLI-NOTÍCIAS pág 3 Cynolebias gilbertoi pág 4S.trilineatus e S.auratus pág 10KILLI-DICAS pág 13 KILLI-FOTOS pág 14De Volta ao Cerrado Mineiro pág 15 Alimentação: Tubifex pág 18 KILLI-HUMOR pág 21Nothobranchius Egggersi pág 22 KILLI-ENCONTROS pág 27 Agradecimentos e Links pág 28

ÍNDICE:

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ITINERÁRIOS - Na presente edição, destaque especial para o artigo de Rogério Suzart, “Notas sobre Cynolebias gilbertoi Costa 2001”, onde nos oferece uma visão panorâmica sobre descrição, habitat e status de conservação desta, que como não nos deixam mentir as fotografias que ilustram a matéria, é um dos mais belos representantes do gênero Cynolebias da bacia do rio São Francisco.

As espécies do gênero Nothobranchius são tema recorrente nos textos do aquarista italiano Stefano Valdesalici. Dessa vez, vamos ao encontro da descoberta original e a prospecção em anos recentes das populações de N. eggersi (Seegers,1982) na Tanzânia. O artigo traz também algumas breves, mas importantes, considerações sobre a reprodução e a ecologia dessa espécie.

Da Tanzânia ao cerrado mineiro, com Francisco Falcon, que nos leva para um périplo entre Brasilândia e Pirapora, em busca de algumas das mais belas espécies de Simpsonichthys. Nessa segunda viagem, Falcon, desta vez acompanhado do intrépido hobbysta francês Didier Pillet, alerta para a paulatina destruição de um biótopo aonde duas espécies vivem em simpatria.

O gênero Simpsonichthys também é o tema de Dalton Nielsen, que nos traz um artigo sobre duas das espécies - S.trilineatus e S. auratus . Trata-se de uma fonte acurada de informações sobre reprodução e histórico de ambas as espécies.

Como era de se esperar ... todos os itinerários levam aos killifishes.

TUBIFICIDAE, TURFA E OVOS - Gustavo Grandjean, por sua vez, nos brinda com uma excelente crônica sobre as agruras relativas a coleta e tentativas de criação de tubifex em cativeiro. Um texto bem humorado, esclarecedor e, portanto, indispensável para aqueles que pretendem se aventurar em tal empreendimento!.

Enquanto isso, o renomado criador de killifihses Gilson Gil, nos coloca a par de uma técnica de coleta de ovos do substrato que promete máxima praticidade. É ler e testar!

LEPTOLEBIAS FRACTIFASCIATUS (Costa,1988) – Por último, cabe mencionar a crescente descaracterização do biótopo onde foi coletada pela primeira vez a Leptolebias fractfasciatus. Localizado no distrito de Inoã, município de Maricá no estado do Rio de Janeiro, foi decepcionante verificar que parte significativa do mesmo já foi aterrado e, o pouco que resta, vem sendo sistematicamente drenado....

por Fabiano Leal

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Colaboraram nesta edição: Rogério Suzart - [email protected] Gilson Gil - [email protected] Nielsen - [email protected] Gustavo Grandjean - [email protected] Leal - [email protected] Francisco Falcon - [email protected] Stefano Valdesalici - [email protected] Rodrigues (revisão) - [email protected] Mendes (revisão) - [email protected] Froes (revisão final) - [email protected]

Membro da equipe do Boletim Killifish Brasil faz descoberta científica:

O biólogo, e um de nossos editores, André C. De Luca, em trabalho de campo pela ONG transnacional Birdlife, conseguiu registrar a presença da ave Conothraupis mesoleuca no Parque Nacional da Emas, no estado de Goiás. A ave é hoje uma das mais raras da fauna brasileira e em grave ameaça de exinção. Esse registro é uma nova esperança para a preservação da espécie, por ter sido feito numa importante área de proteção do país. Ornitólogos e pessoas conscientes de todo o país agradecem o empenho de pessoas como ele, que lutam pela conservação da natureza apesar de todas as dificuldades.

Publicação Científica: Recentemente, em novo trabalho (Costa, Wilson J.E.M - Neotropical Ichthyology, 4(1): 1-26, 2006 - Sociedade Brasileira de Ictiologia) o Dr. Wilson Costa eleva Nematolebias à categoria de Gênero (N.whitei e N.papilliferus) e subdivide o gênero Simpsonichthys em cinco subgêneros: (Simpsonichthys, Hypsolebias, Ophthalmolebias, Xenurolebias e Spectrolebias)

Equipe KILLIFISH BRASIL:

Administradores do Fórum Killifish Brasil Francisco FalconRogério Suzart

Moderadores do Forum Killifish Brasil:Adriano FélixFábio Origuela Francisco FalconGilson GilGustavo GrandjeanMárcio Alexandre Nilo MendesRogério Suzart

Biólogos consultores:André Carletto André De LucaBruno Graffino Dalton Nielsen

Colaboradores dos Boletins:

Adriano FélixAlex RibeiroBruno GraffinoDalton NielsenEdson Marques Lopes Fabiano LealFábio OriguelaFrancisco FalconGilson Gil Gustavo GrandjeanMárcio AlexandreNilo Mendes Ricardo Fachin Rogério Suzart

Layout do Site e Boletim Francisco Falcon

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KILLI-NOTÍCIAS

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Família: RivulidaeSubfamília: CynolebiatinaeGênero e espécie: Cynolebias gilbertoi

Histórico:

Cynolebias gilbertoi (figura 1) foi descoberta nas proximidades do Município de Bom Jesus da Lapa - Bahia, em 1994, numa das inúmeras expedições realizadas por Gilberto Campello Brasil à região da Bacia do Rio São Francisco. No entanto, a publicação da descrição da espécie ocorreu somente em 1998 pelo Dr. Wilson Costa, que nomeou a espécie em homenagem ao seu descobridor.

Notas sobre Cynolebias gilbertoi (Costa, 2001)Texto e Fotos por Rogério Suzart

Macho de Cynolebias gilbertoi de 6,8 cm.

Fig. 1: macho de Cynolebias gilbertoi com cerca de 6,8 cm.

Origem / Habitat:

Poças temporárias na bacia do Rio São Francisco, às margens de uma estrada próxima ao município de Bom Jesus da Lapa - BA.

As Cynolebias gilbertoi foram encontradas em algumas poças ao longo algumas centenas de metros, porém, em apenas uma poça, já em estado avançado de secagem provocada pela estiagem na região, foram encontrados peixes em grande quantidade.

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Fig. 2: Macho adulto de Cynolebias leptocephalus encontrado na poça das Cynolebias gilbertoi.

Uma coisa chamou bastante a atenção quando do encontro da Cynolebias gilbertoi foi o fato de que pela primeira vez na bacia do Rio São Francisco serem encontrados simpatricamente quatro espécies Rivulideos, todos anuais, sendo: a própria Cybolebias gilbertoi, uma espécie também do gênero Cynolebias (figura 2), porém, de porte muito maior, provavelmente Cynolebias leptocephalus e mais duas espécies do gênero Simpsonichthys: fulminantis, população que achei particularmente mais bonita que a da localidade típica em Guanambi-Bahia (figura 3), e outra espécie que também não conseguimos identificar, uma vez que somente encontramos fêmeas, mas que provavelmente era Simponichthys flagelatus ou ghisolfi.

A poça onde encontramos as Cynolebias gilbertoi com mais facilidade tinha cerca de 15 metros de comprimento e 3 de largura e já apresentava um estado avançado de secagem, com no máximo 20 cm de profundidade, o que favorecia a captura dos peixes pelas garças brancas que já circulavam freneticamente a poça quando chegamos ao local. Nas margens havia alguma vegetação composta de Echinodorus sp. e árvores de médio porte comuns na zona de transição da catinga para o cerrado que proporcionavam uma pequena zona sombreada numa das margens (figura 4). Havia ainda uma grande quantidade de algas filamentosas e a água, levemente dura, apresentava um tom barrento e um pH tendendo à neutralidade.

Essas poças são densamente habitadas por uma infinidade de organismos aquáticos tais como

Fig. 3: Casal de Simpsonichthys fulminantis encontrados em simpatria com as Cynolebias gilbertoi.

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insetos dos mais diversos, girinos e Pomacea sp. (figura 5) que já se encontravam secos e em grande quantidade ao redor da poça, onde anteriormente havia água.

Passados alguns metros, outra poça foi localizada (Figura 6), por sua vez com maior tamanho (cerca de 50 metros de comprimento e 10 de largura) e profundidade de aproximadamente 1 metro. Esta se encontrava em estado menos avançado em termos de secagem devido a sua maior capacidade de retenção de água, o que permitia a dispersão dos peixes, e por conseqüência, dificultava bastante sua coleta. Por outro lado, confirmamos que estavam presentes também nesta poça, o que corrobora a adaptabilidade desses peixes em termos de tempo de embrionamento e diapausa, visto que, sabidamente, as duas poças receberam a água das chuvas na mesma época, porém, secaram em tempos diferentes e os peixes estarão alí, em ambas as poças, no ano subseqüente.

Fig. 4: Rogério Suzart (agachado) e Dalton Nielsen na poça onde ocorrem: Cynolebias gilbertoi, Cynolebias leptocephalus,Simpsonichthys fulminantis e Simpsonichthys sp. nas proximidades de Bom Jesus da Lapa-BA.

Fig. 5: Exemplares de Pomacea sp. encontrado comumente nas poças de Rivulideos do R. São Francisco.

Fig. 6: segunda poça aonde foram encontrados, a poucos metros da primeira poça.

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Descrição / Dimorfismo sexual:

Cynolebias gilbertoi são as menores dentre todas as espécies do gênero Cynolebias, chegando somente a cerca de 7 a 8 centímetros. São ainda os mais belos peixes deste gênero, motivo pelo qual, ao encontrarmos os primeiros machos, chegamos a achar que se tratava de uma nova espécie de Simpsonichthys, uma vez que os machos apresentam as belas cores além do tamanho característico de algumas espécies do gênero Simpsonichthys. Os machos (figura 7), de corpo robusto e compacto, normalmente com cerca de 6,5 a 7,0 cm, tem um padrão esverdeado brilhante com reflexo amarelado que se estende por todo o corpo e nadadeiras, sendo o dorso e as nadadeiras de um tom mais escuro. A porção abdominal se destaca do restante do corpo, apresentando uma coloração meio amarelada, meio alaranjada. Algumas escamas apresentam um brilho dourado criando um barramento vertical irregular, formado por 11 ou 12 barras, mais presentes em alguns exemplares do que em outros. As nadadeiras apresentam a mesma coloração que o corpo, mantendo, inclusive, o padrão de barras

Fig. 7: Esquerda: 1 macho jovem e 2 fêmeas / Direita: 2 machos jovens de Cynolebias gilbertoi .

Fig. 8: Detalhes dos neuromastos cefálicos e região ventral dos machos de Cynolebias gilbertoi.

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verticais anteriormente descrito. A nadadeira anal se destaca das demais, pois, além de apresentar na sua base o mesmo padrão pontilhado formado por barras verticais que ocorrem no corpo e nas outras nadadeiras, apresenta, ainda, em todos os seus raios, faixas azuis que se estendem desde a porção mediana desta nadadeira até suas bordas. A borda desta nadadeira é negra e os últimos raios formam longos filamentos, como ocorre na maioria dos peixes do gênero Cynolebias. Como em todos os exemplares desta família e especialmente neste gênero, a mandíbula de todos, machos e fêmeas, é projetada para a frente. Entretanto, nesta espécie a sua ocorrência é bem mais sutil, o que torna a visualização menos evidente. Na cabeça são ainda visíveis algumas manchas escurecidas que margeando os neuromastos cefálicos (Figura 8) formam linhas pontilhadas evidentes desde a porção superior da mandíbula, passando por cima e atrás dos olhos e se estendendo, irregularmente, até a porção do opérculo. Os olhos são vermelhos e cortados por uma barra negra, transversalmente, de cima para

baixo. As fêmeas desta espécie (figura 9) são um pouco menores que os machos (chegando a cerca 90% do tamanho destes). A coloração de todo o corpo é parda coberta por manchas pálidas e irregulares, formando um padrão parecido com o das fêmeas de Simpsonichthys costai. Algumas fêmeas ainda apresentam o mesmo padrão de barramento vertical encontrado nos machos, inclusive com as escamas iridescentes formando o barramento vertical, porém, com coloração esmaecida e discreta. Eventualmente alguns ocelos são observados na porção mediana e central do corpo. As nadadeiras são transparentes com um leve tom amarelado nas bases e os olhos, como nos machos, são vermelhos e cortados verticalmente por uma barra negra, porém, com tons muito sutis. Mesmo nas fêmeas, os neuromastos cefálicos são evidentes e o ovopositor - canal por onde os ovos são liberados - é também muito mais evidente do que o canal por onde os machos liberam o sêmem para fertilização dos ovos (região localizada entre as nadadeiras pélvicas e a anal). Estado de conservação:

A maioria dos Rivulideos da porção do médio São Francisco, na Bahia, não sofre perigo imediato de extinção, pois estão localizados em áreas distantes do grandes centros urbanos ou de acesso muito limitado e difícil. As Cynolebias gilbertoi estão particularmente em segurança, por estarem numa das áreas de pior acesso em termos de rodovias e de pouquíssimo fluxo de pessoas. No entanto, este bonito animal somente

Fig. 9: Fêmeas de Cynolebias gilbertoi com 5,2 e 5,5 cm da esquerda para a direita.

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foi encontrado numa área muito pequena até o momento, portanto, a limitação da sua distribuição deve ser encarada como um sinal de fragilidade da conservação da espécie.

Desde 2003, visito a região e, até o momento, pouco ou nada se alterou em escala considerável, com exceção das plantações de soja que crescem pouco a pouco e das mudanças no fluxo das chuvas, ora abundantes, ou com longos de períodos de estiagem, evidenciados pela grande inundação em 2004 e com a estiagem massacrante de 2005/2006. Como para todos os Rivulideos da região, as alterações climáticas observadas em todo o mundo podem afetar consideravelmente as populações conhecidas de Cynolebias gilbertoi, uma vez que as mudanças das épocas e das freqüências das chuvas na região podem gerar grandes impactos no ciclo de vida destes peixes, contrariando o ciclo de vida para o qual estas espécies evoluíram ao longo de milhões de anos. Tais mudanças foram acentuadas somente nos últimos 50 anos, tempo insuficiente para a adaptação desta e de todas as espécies da região.

Outro fator de risco para estes animais é a transposição do São Francisco, caso seja efetivada, pois poderá gerar problemas irreversíveis como a baixa do nível deste rio e de toda a sua bacia, fazendo com que as poças sequem ou acumulem água insuficiente para que os Rivuliedos anuais possam completar seu ciclo de vida. Essa redução do nível do Rio já esta acontecendo de forma paulatina através da coleta de água sem o controle dos órgãos competentes para irrigação das grandes fazendas de soja e culturas diversas nas margens do Rio São Francisco. O Rio São Francisco ainda sofre com a poluição gerada pelo lançamento de efluentes líquidos e, às vezes, até sólidos por parte das cidades ribeirinhas, que ainda contribuem para a degradação das margens do rio e seu conseqüente assoreamento.

Todos esses pontos combinados geram um risco imensurável para as espécies animais e vegetais (aquáticas ou não) do São Francisco, algumas das quais sequer conhecidas pelo homem, por estarem adaptadas e viverem em função daquilo que o Rio São Francisco proporciona. Assim, a degradação do Rio São Francisco poderá gerar a extinção de centenas de espécies em poucos anos, alterando substancialmente o clima e afetando diretamente todo o ecossistema da caatinga que depende deste grande abastecedor para se manter. Assim, é imprescindível lutarmos pela preservação deste grande rio, mantendo o seu curso como hoje é conhecido, para que nossos filhos e netos possam vir a conhecer e desfrutar das pérolas que temos tido o privilégio de ver e preservar.

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Bibliografia:

Costa, W. J. E. M.; 2001. The neotropical annual fish genus Cynolebias (Cyprinodontiformes: Rivulidae): phylogenetic relationships,taxonomic revison and biogeography. Ichthyol. Explor. Freshwaters, Vol. 12, No. 4, pp 333-383.

Costa, W.J.E.M.. Peixes anuais Brasileiros – Diversidade e conservação. Curitiba: editora da UFPR, 2002.

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Simpsonichthys trilineatus (Costa e Brasil, 1994) Simpsonichthys auratus (Costa & Nielsen, 2000) Por Dalton Nielsen

Simpsonichthys trilineatus foi classificada em 1994 por Gilberto C. Brasil e Wilson Costa baseado em peixes coletados por Gilberto C. Brasil em junho de 1994. Juntamente com S. trilineatus foi encontrada S. alternatus em poças de água temporárias entre João Pinheiro e Brasilândia de Minas, Estado de Minas Gerais. Simpsonichthys auratus foi descrita em Março de 2000 pela revista alemã Ichthyol. Explor Freshwater, vol11, nº 1,pp.7-12, Simpsonichthys auratus, a new annual fish from the rio Paracatu drainage, São Francisco basin, Brazil (Cyprinodontiformes,Rivulidae) W. J. E. M. Costa e D. Nielsen. Peixes descobertos por Dalton Nielsen e André Carletto em 1996, distante 110km da localidade original da S. trilineatus. Não havia outra espécie de peixe anual neste biótipo. As duas espécies são estreitamente relacionadas filogeneticamente, pois apresentam coloração amarelada na porção anterior do corpo e uma mancha ventro-lateral escura nos machos. A S. auratus possui um número maior de raios na nadadeira pélvica, presença de barras transversais na parte central do corpo e pela ausência de linhas horizontais no corpo dos machos.

Etimologia: Do latim trilineatus (3 linhas) - em referência ao padrão dos machos. Do latim auratus (dourado) – em referência ao colorido dos machos.

Histórico: Em Março de 1996, entrei em contato com André Carletto, para irmos até a bacia do rio Paracatu no estado de Minas Gerais. Tínhamos como objetivo principal encontrar S. trilineatus e S. alternatus, para introduzir estas espécies no hobby e talvez encontrar outras espécies de Simpsonichthys ou Cynolebias. Marcamos a viajem para o começo do mês de Abril, minha preocupação era com o tempo, pois 1996 foi um ano de poucas chuvas, além disso, o Dr. Wilson J. E. M. Costa esteve na região no mês de fevereiro e havia encontrado o biótipo seco, algo incomum, pois o mês de Fevereiro é um dos meses mais chuvosos na região.

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Como a distância entre minha residência em São Paulo e a região do rio Paracatu não é muito grande - cerca de 1.000 km - aproveitamos um feriado prolongado e partimos bem cedo. No mesmo dia, por volta das 15hs, já estávamos perto da bacia do rio Paracatu. Primeiro fizemos várias tentativas perto do rio da Prata (afluente do rio Paracatu), mas a região estava realmente muito seca e não havia muitos ambientes propícios para Simpsonichthys. Resolvemos nos afastar um pouco e irmos em direção de um vilarejo chamado de Lagoa Grande. Já estava escurecendo quando passamos por uma pequena ponte sobre o rio Taboca e logo em seguida havia uma pequena poça d’água. Paramos o carro, pegamos os puçás e iniciamos os trabalhos. Estava meio descrente de encontrarmos algum Rivulidae naquele local, pois era muito próximo ao rio, mas logo na primeira tentativa, pegamos um belo exemplar de uma Simpsonichthys que jamais havia visto, com um colorido amarelo ouro indescritível, sendo a espécie de Simpsonichthys mais bela que já coletei até hoje, superando em beleza e intensidade de cor a S. magníficus. Havia uma quantidade muito grande de peixes na poça que possuía profundidade máxima de 1,20 m. de largura aproximada de uns 6 a 10m de comprimento, a água tinha PH neutro e coloração cristalina/escura, a vegetação era muito densa e predominante de Utricularia sp. Naquela altura, eu tinha certeza de ter encontrado uma nova espécie, que posteriormente se confirmou sendo S. auratus. Dormimos na cidade de João Pinheiro e, no dia seguinte, fomos em direção ao holótipo da S. trilineatus. A localidade estava quase totalmente seca, apenas algumas pequenas e muito rasas poças haviam se mantido. Mesmo assim, tivemos sorte encontrando dois casais de S. alternatus e um casal de S. trilineatus, que haviam sobrevivido em um local que não secava. Eram peixes bem velhos e grandes - o macho de S. trilineatus possuía aproximadamente 70 mm, o que nos deixou surpresos, pois os paratypes tinham apenas 25,5 mm. Acreditava-se até então que estas espécies eram de pequeno porte. Ao compararmos os peixes das duas populações, chegamos à conclusão que os peixes da primeira população (Taboca) era provavelmente S. trilineatus só que com um colorido muito mais intenso, o que foi desfeito em 2000 com a descrição desta população como S. auratus. Após a coleta, entramos em uma estrada de terra em sentido leste, mas o clima estava tão seco que quando cruzávamos outro veículo, tínhamos que parar o carro por cerca de 5 minutos, esperando a poeira dissipar, o que tornou nossa viagem bastante perigosa. Por esse motivo, decidimos antecipar nossa volta a São Paulo. No aquário, os peixes apresentaram uma adaptação rápida e mostraram-se muito resistentes a doenças sendo que nenhum peixe morreu durante a volta. Como possuía uma boa quantidade de peixes, obtive uma grande quantidade de ovos colocando cerca de cinco casais de S. auratus em um aquário de 50 litros com turfa no fundo. Sequei a turfa por aproximadamente 60 dias. Após esse período de encubação,

Simpsonichthys auratus

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coloquei os ovos na água. Nasceram muitos filhotes de aproximadamente 3 mm. Tudo indicava que esta parecia ser uma espécie fácil de ser mantida em aquário , mas a relação do número de machos para o número de fêmeas nascidos era desproporcional: dos 86 filhotes nascidos, apenas dois eram fêmeas, sendo que isso ocorreu com todos os criadores a quem distribui o peixe. Os filhotes, em princípio, parecem ser todos fêmeas, pois apresentam manchas escuras no corpo, mas à medida que vão crescendo, apresentam as características de macho. Em Março de 2000, voltei à localidade e tive uma triste surpresa, haviam feito um desvio na estrada que passava em cima da poça, alterando as condições normais da água, da vegetação e do fundo da poça. Para construir o desvio foi feito um aterramento com terra vermelha, o qual deixou a água com uma coloração turva/avermelhada, além de alterar todo o fundo da poça e a vegetação desaparecer quase que por completo. Durante todo o dia de coleta, só pegamos 01 macho e 02 fêmeas. Havia pensado que o desvio havia destruído o biótopo. Em Fevereiro de 2005 (vide matéria “Viagem ao Cerrado Mineiro” – Boletim 7), juntamente com Francisco Falcon e Bruno Graffino, retornei à localidade da S. auratus. Para se chegar à localidade é preciso percorrer cerca de 25 km de estrada de terra muito mal conservada e como o sol estava se pondo, resolvi acelerar o carro para chegarmos ainda de dia na localidade. Perto de chegarmos ao nosso destino, o pneu do carro furou e o carro rodou na estrada dando um grande susto em todos. Ao chegarmos à poça, enquanto trocava o pneu do carro, Falcon e o Bruno foram coletar, e para minha surpresa, havia uma grande abundância de peixes na poça e esta havia recuperado os aspectos normais de uma poça de peixe anual, com vegetação abundante, água cristalina de coloração escura e fundo arenoso. O Biótopo se recompôs da agressão sofrida e apresentou boas condições de gerar uma grande quantidade de peixes. Até a presente data, apenas é conhecido uma localidade para S. auratus e duas localidades para S. trilineatus. Portanto, trata-se de duas espécies altamente vulneráveis à extinção. Para quem gosta dos killifish do grupo das Cynolebias, não pode deixar de ter esta espécie, pois é realmente uma das mais belas de todas as espécies conhecidas e com o padrão de colorido diferente dos demais Simpsonichthys.

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Sempre considerei a criação de killis igual a digitais dos dedos, cada um cria diferente dos outros, mas algumas características são sempre iguais. Estamos sempre tentando facilitar as formas de criação, porém alguns procedimentos eu não consigo e não vou mudar. O iniciante na criação de peixes anuais sempre tem a maior dificuldade em saber se um substrato tem ou não ovos. E quando é a hora certa de rehidratá-los. Acredito que o criador de killies anuais e semi-anuais tem que ter muita paciência e vontade. A maioria dos criadores não conhecem o método que descreverei abaixo e, conseqüentemente, muitas espécies são perdidas porque os ovos não estavam prontos para a eclosão. Peixes que deveriam estar prontos para nascer em 4 meses, por algum motivo que não sei explicar, somente embrionam em 12 meses, como aconteceu recentemente com minhas maratecoara. Se eu tivesse colocado a turfa para hidratar com 4 meses, e mesmo secando-a e rehidratando-a após 30 dias, nada nasceria, por achar que alí não havia ovos. O sistema é rápido e com segurança de 100%, diminuindo o substrato utilizado no aquário em 60 ou 70% do volume, ficando assim mais fácil de ver os ovos e manuseá-los. Afirmo que 100%, porque qualquer falha no manuseio do sistema, os ovos voltam para o aquário e na próxima coleta nós poderemos resgatá-los. Para isso, precisamos apenas de 2 equipamentos que talvez alguns criadores não tenham, o resto é o normal de qualquer criador de killis: -1 pote de mais ou menos 35 a 40cm (fino); -1 bandeja de 25x15cm;

Separamos o substrato do aquário da forma normal que qualquer criador faria, podendo ser com caninho ou redinha ou apenas tirando a água e os peixes. Colocamos este substrato no pote de 35cm e adicionamos água até a parte superior deste pote. O substrato vai se movimentar em círculos da parte inferior para a superior até que possamos ver o substrato de maior peso começar a se depositar ao fundo. Neste momento, retiramos a água com o substrato ainda em suspensão. Deveremos repetir esta operação por 2, 3 ou mais vezes conforme a necessidade. Os ovos mais pesados que a maioria das fibras do substrato tendem a se alojar no fundo rapidamente. O substrato que vamos tirando deverá ser devolvido ao aquário e sempre devemos utilizar a mesma água em todas as operações.

KILLI-DICAS - Separação de ovos por gravidade.por Gilson Gil

Os 30% do substrato restante deve ser colocado na bandeja com pouca água, em pequenas porções, e com a ajuda de uma lupa poderemos verificar os ovos ali contdos.

O criador com maior paciência pode separar todos os ovos e colocá-los na menor quantidade de substrato possível para secar ou deixar nos 30% restantes que já é um bom resultado!!

Foto: Substrato com ovos embriona-dos de Pterolebias bokermanni.

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KILLI-FOTOS

Leptolebias aureogutattus

Austrolebias nigripinnis “Ibicuisito” Albino

Maratecoara lacorteiFoto: FFALCON

Fundulopanchax nigerianus “Jos Plateau”

Nothobranchius eggersi “Rufiji River” TAN 95/7Foto: FFALCON

Aphyosemion ogoense GHP 80/24 Simpsonichthys zonatusFoto: FFALCON

by Grandjean e Falcon

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DE VOLTA AO CERRADO MINEIROTexto e fotos: Francisco Falcon

Foto 1 - vala escavada nas margens da estrada

Foto 2: Terra sendo preparada para cultivo

Foto 3: O único exemplar encontrado no biótopo

Fotos 4,5 e 6 situação do biótopo de S.alternatus / S.trilineatus e um pequeno Sarapó

Cerca de um ano após a nossa viagem ao cerrado mineiro (vide matéria do boletim nº7 ), planejei um retorno àquela região acompanhado do meu amigo e aquarista francês Didier Pillet, com o intuito de checar o estado dos biótopos, buscar novas poças e visitar alguns locais diferentes dos visitados na nossa viagem anterior.

Diário de Campo:

Partimos na segunda feira, 20/02 rumo à Brasilândia de Minas, aonde após 925km e 10 horas dirigindo chegamos ao hotel já tarde da noite e nos acomodamos, nos preparando para o início dos trabalhos na manhã seguinte. Acordamos às 6 da manhã do dia 21/2 e após um rápido café da manhã partimos para o biótopo das S.trilineatus / S.alternatus, aonde me deparei com o cenário bastante diferente do encontrado em fevereiro de 2005: primeiramente na poça aonde ano passado encontramos diversos exemplares destas duas espécies, havia sido escavada uma vala de drenagem (eliminando a grande área alagada que havia), e uma parte do terreno (toda essa área pertence a uma fazenda) havia sido arado, provavelmente sendo preparado para algum plantio. Restou apenas esta vala profunda (veja fotos) aonde depois de muita dificuldade consegui encontrar um macho de S.alternatus, em meio a diversos outros peixes, como caracídeos e um sarapó (Gymnotus carapo). Do outro lado da estrada, aonde ano passado também encontramos exemplares de Simpsonichthys, não havia vala de drenagem, mas havia pouca água, parecendo nitidamente estar sem chover há um bom tempo, o que vim a confirmar após perguntar a moradores sobre as chuvas na região, pelo que parece coisa bem rara nos últimos dois meses!

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Após cerca de uma hora de “insistência” no biótopo, partimos, rumo ao norte, indo direto para Urucuia aonde visitamos o biótopo da S.delucai. Chegamos lá por volta do meio dia. Aparentemente o biótopo estava em boas condições, com menos água do que ano passado (vide foto comparativa), embora não tenhamos conseguido encontrar sequer um exemplar de S.delucai, mas em compensação, encontramos cerca de oito espécies diferentes de caracídeos, ciclídeos, traíras, sarapós e poecilideos! (vale lembrar que ano passado encontramos boa quantidade de S.delucai em meio a alguns caracideos, ciclídeos, trairas e sarapós), mas não essa variedade toda de espécies. Tiramos então

Fotos 7, 8 e 9: Biótopo da S.delucai em Urucuia

Fotos 10 e 11: comparando o biótopo em Fev 2006 e em Jan 2005

algumas fotografias e com o sol a pino não insistimos muito tempo e partimos rumo à Pintópólis, em direção ao Velho Chico, aonde chegamos por volta das 16 horas, indo em direção as margens do Velho Chico, entrando em uma Fazenda (após pedir autorização ao proprietário) aonde encontramos uma poça cheia de caracídeos, ciclídeos (provavelmente Laetacara), e uma espécie de Simpsonichthys, aparentemente S.stellatus, ainda jovens. Depois de cerca de uma hora naquele biótopo, com os mosquitos nos atacando impiedosamente, tomamos o carro rumo á balsa que nos levaria a cidade de São Francisco, cerca de 80km adiante, com direito a bela aparição de um casal de Araras Canindé (Ara ararauna) em meio à infinita vegetação do cerrado.Chegamos em São Francisco por volta das oito da noite e rumamos para um hotel para descansarmos e nos preparamos para o longo dia seguinte.

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Deixamos o hotel às 7 horas do dia 22/2, rumando para o norte seguindo a margem do Velho Chico, rumo ao biótopo da S.hellneri, encontrando-o em boas condições, com bela vegetação, me chamando a atenção as belas Echinodorus saindo para fora da água. Encontramos exemplares grandes de S.hellneri, e nenhuma outra espécie de peixe, e após uma hora seguimos viagem rumo ao sul, visitando algumas poças

Fotos 12: Biótopo da S.hellneri (no detalhe foto de um exemplar macho recém capturado)

ao sul de São Francisco em busca de killis, mas infelizmente sem encontrá-los, inclusive tendo visitado poças aonde anteriormente haviam sido encontradas S.stellatus, o que me leva a crer que estávamos “fora de época” pois havia água, e não havia killis, e em várias poças havia muitos peixes “não-killis”. Após um longo trecho bastante difícil para o carro, muita areia, mata-burros, falta de indicações (se não fosse o GPS.....), lama e a sensação de que nunca se chegava a lugar algum, finalmente voltamos ao asfalto em Ibiaí, de onde rumamos, para Pirapora, parando em algumas poças no caminho em busca da S.rufus, mas sem sucesso. Chegamos em Pirapora às 18 horas, o sol baixo no horizonte e entramos no biótopo da S.nielseni apressados com o crepúsculo aproximando-se, e encontrando-o em boas condições e com boa quantidade de peixes, encerrando nosso segundo e último dia de trabalho, nos restando dormir e nos preparar para a volta no dia seguinte rumo ao RJ, quando então encerramos nossa viagem com exatos 2620km rodados e a esperança de retornarmos ao Cerrado Mineiro em tempos menos áridos...

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É um paradoxo. Ruim com eles, pior sem. Os tubifex, anelídeos de água doce amplamente utilizados no hobby aquarista como alimento vivo, levam ao desespero os criadores quando estão em falta no mercado, trazendo à tona um problema antigo enfrentado por todos nós: a manutenção de peixes que dependem de alimentos vivos. Anelídeos oligoquetas da família TUBIFICIDAE, os tubifex que encontramos em lojas de aquário no país pertencem, quase sempre, ao gênero Tubifex, que engloba diversas espécies. As mais comumente encontradas nas localidades-tipo são Tubifex tubifex, Tubifex rivolorum e outros Tubifex sp., além de minhocas e sanguessugas que se misturam aos tubifex nos riachos em que são coletados. A falta de literatura científica somada ao desconhecimento geral impede, muitas vezes, a identificação de gêneros e espécies de anelídeos dulcícolas. Outros fatores dificultantes são os clitelos (órgãos reprodutores) diminutos desses vermes que, usados para identificação, são retraídos pelo organismo após a cópula, além do fato de as características fenotípicas dos anelídeos se alterarem de acordo com o meio. A classe Oligochaeta engloba umas 3.000 espécies descritas, onde as formas menores e aquáticas, denominadas microdiles, são minoria. Entre elas, há pouco mais de cem espécies de TUBIFICIDAE descritas. A sistemática é bastante complexa e instável, devido às muitas descrições superficiais das espécies e gêneros. No Brasil há poucos trabalhos sobre o tema e a maioria trata de oligoquetas marinhos. Os tubifex habitam o meio aquático em todos os continentes, quando não, outras poucas espécies ocupam seu nicho. São encontrados em estuários, lagunas, rios, riachos e esgotos, preferindo ambientes de fundo lodoso e poluído, onde poucas espécies oferecem risco de predação. Por suportar ambientes poluídos e com baixo nível de oxigenação, encontram nos desaguadouros de abatedouros, frigoríficos e granjas o habitat ideal, com água corrente e matéria orgânica abundante, constituída de sangue e restos de animais abatidos despejados. Devido a essas características, os tubifex são bastante utilizados como indicadores das condições de meios aquáticos poluídos e anaeróbicos. Quando se encontram em um meio ideal, os tubifex são muito prolíficos e vivem em colônias de milhares de indivíduos, que se fixam ao meio turbulento de águas correntes se enterrando no meio lodoso e

ALIMENTAÇÃO - Tubifex, um mal necessário“Tudo o que você queria saber sobre tubifex mas teve nojo de perguntar”

por Gustavo Grandjean

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se entrelaçando uns aos outros, formando imensas bolas que resistem à correnteza. São hermafroditas com fecundação cruzada e desenvolvimento direto e, para se reproduzir, precisam trocar cápsulas de esperma que são introduzidos no orifício genital feminino onde, juntamente com os óvulos, são envolvidas num casulo onde há a fecundação e de onde saem os filhotes, depois de algumas semanas. Após a enumeração de diversas particularidades desses anelídeos, fica mais evidente que a manutenção de culturas de tubifex em cativeiro deve encontrar muitas dificuldades e carece de muita observação e cuidados. Em geral, acaba se revelando uma tarefa infrutífera e muito trabalhosa, se comparada à captura em seu ambiente, que também não é uma demanda das mais fáceis. As poucas pessoas que se prestam a esse trabalho são atraídas pelo mercado crescente de aquaristas que, dia-a-dia, tornam-se dependentes de alimentos vivos para os peixes. E se tratando de um trabalho informal e desprovido de estrutura e organização, está sempre à mercê das agruras de nosso clima tropical, onde uma tempestade de minutos acaba por tornar impossível a coleta nos locais conhecidos, que ficam completamente inundados.Há figuras lendárias que realizam a tarefa de coletar e distribuir nas lojas, como o Sr. Takesi e o ilustre Anacleto, conhecidos de muitos hobbistas e lojistas de São Paulo. São os responsáveis por quase todo o tubifex vendido na capital paulista, coletados nas cercanias de Jundiaí e, por vezes, próximo ao rio Tietê, na região do Tatuapé. A coleta é trabalhosa, os coletores têm que enfiar as mãos – quando não mergulhar o corpo inteiro – nas águas sujas e fétidas dos desaguadouros, com fundo lodoso e instável, fervilhante de bactérias e organismos causadores de doenças em peixes e humanos. Tão trabalhosa quanto a coleta é a tarefa de limpeza e separação das bolas de tubifex do resto de lama, sujeira e detritos que vêm com o montante. Há também outros personagens interessantes como alguns criadores que se empenham em conservar da melhor maneira as porções de tubifex adquiridas nas lojas, para que possam durar o maior tempo possível para alimentar seus peixes. Um deles é o Roberto Zucchini, conhecido criador de killis “dos tempos da UPK”, que gasta um bom tempo do seu dia cuidando dos tubifex, que são acondicionados por ele em aquários grandes com coluna d’água baixa e aeração. “Precisa trocar a água pelo menos duas vezes por dia”, garante. Essa fórmula de acondicionamento ele criou após inúmeras experiências e frustrações, mas admite que existem outras maneiras quase tão eficientes. “Há quem deixe em bandejas grandes com pouca água, como nas lojas, fazendo trocas várias vezes por dia. Eu prefiro do meu jeito”, conclui. Roberto é outra enciclopédia ambulante do mundo dos killis e muitos garantem que ele cuida melhor dos tubifex. Pura maldade. Para auxiliar na limpeza da “cultura”, Roberto chegou a oferecer cascas de batata e cenoura aos anelídeos. “A ingestão desses alimentos auxilia na desintoxicação do sistema digestivo do tubifex, que eliminam a sujeira e microorganismos nas fezes. Por isso as trocas de água são importantes”. Ele também ensina que muitas minhocas vêm misturadas ao tubifex, as quais devem ser separadas e oferecidas a peixes maiores, enquanto os tubifex vermelhos, menores, devem ser oferecidos a peixes pequenos e em crescimento. “Apenas tome o cuidado de que o tubifex caiba na boca do peixe, senão pode sufocar”, adverte. “Ah, os “tubis” preferem água fria, às vezes acabam morrendo quando a água esquenta, dizimando a cultura”. Bem lembrado! Paulo Ferreira Canaes, outro aficcionado por killis e detentor de invejável conhecimento acerca de nomenclaturas e sistemática de inúmeras espécies de organismos (inclusive killis) faz uma distinção: “São duas espécies principais que ocorrem no Brasil. São T. tubifex e T. rivolorum, muito provavelmente a primeira se refere aos tubifex vermelhos - conhecidos em outros países como bloodworms, enquanto a segunda se trata do blackworm, os tubifex mais escuros. Além deles

há um outro gênero muito utilizado no hobby em outros países, é o gênero Limnodrilus, que ocorre no México, se não me engano”. E, como o Paulo dificilmente se engana, é sim um gênero nativo do México, ocorre mais precisamente em águas salobras nas proximidades dos lagos Alchichica e Atexcac. São muito usados em países da América-Latina, central e até nos EUA. Alguns alertam para os cuidados com a higiene quando lidamos com tubifex. Bruno Silveira, que trabalha com peixes há nove anos, dá alguma dicas: “Os tubifex chegam esgotados às lojas após a coleta, é necessário um trabalho exaustivo de trocas de água para se recuperarem. As trocas são essenciais para

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diminuir os riscos de doenças como endoparasitas, já que a maior parte dos clientes que consomem tubifex são criadores de espécies relativamente frágeis, como discos e killis.” Bruno, que trabalha atualmente na CPOR, loja do bairro do Morumbi, em São Paulo, garante que a utilização de tubifex compensa os riscos de doenças. “Não dá para comparar peixes tratados à base de tubifex com aqueles que só recebem artêmia ou rações. Os peixes crescem mais depressa e nunca recusam o alimento.”A criação de tubifex em cativeiro é extremamente difícil, mas não impossível. Muitas tentativas são feitas no sentido de se oferecer condições do meio onde vivem para que consigam se reproduzir. Alguns sistemas como riachos artificiais com tanques em desnível ou mesmo caixas d’água com circulação podem até funcionar, mas precisam de manutenção constante e cuidados com a água – que deve ser livre de cloro, sal e resíduos industriais como detergentes. Sem falar que se deve oferecer alimentação apropriada à base de restos orgânicos, principalmente de origem animal. Há relatos de pessoas que tiveram sucesso com pequenas culturas criadas à base de leite, fermento ou vegetais, mas provavelmente não foram culturas renováveis ou tratava-se de outras espécies. Outros tentaram imitar ao máximo a natureza, como é o caso do Oswaldo Ricardo Silva, da Aquapeixes, loja do bairro Sumaré, em São Paulo, conhecida por oferecer uma gama de alimentos vivos. “Até tinhamos facilidade de obter restos orgânicos de uma granja próxima ao sítio para alimentar a cultura, mas não valia à pena. Cheirava muito mal”. Ele usou um sistema de caixas d’água de 250 litros em desnível com água corrente, mas logo desistiu da criação. “Não compensava, os tubifex procriavam muito pouco. Mal dava para alimentar os peixes”. Mesmo após uma segunda tentativa, com tanques escavados na terra, garante que a experiência não foi satisfatória. O tubifex apresenta uma boa quantidade de proteínas e aminoácidos, mas é constituído, principalmente, de grande quantidade de gordura. Isso faz dele a principal escolha quando o objetivo é obter boas e numerosas desovas em killis, ainda mais com espécies anuais ou selvagens. Outros alimentos como enquitréia e grindall worms podem até suprir a carência de gordura na dieta dos peixes, mas não têm o apelo e aceitação do tubifex, que eles atacam com voracidade incomparável. A “entressafra” de tubifex nas lojas deixa muitos criadores de mãos atadas, que acabam por apelar para receitas de patês, náuplios e artêmia salina, dáfnias, bicho-do-amendoim e até ração, quando aceita. Mas é notório que há uma boa queda na produção de ovos e a falta de tubifex no mercado deixa todos de cabelos em pé, esperançosos que a época de chuvas passe logo. Engraçado esse pensamento para pessoas que criam peixes anuais, que regulam seu ciclo reprodutivo com as chuvas. São os tempos não dos killis, mas dos criadores anuais. Coitados dos peixes...

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Minha paixão pelos peixes, mais especificamente pelos killies, levou-me a visitar, nos últimos anos, a América do Sul e a África. Em maio de 2001, eu estava na Tanzânia e durante esta viagem de 4400km, eu, junto com Marc Bellemans – um biólogo belga, apaixonado por Nothobranchius – tivemos a oportunidade de coletar diversas espécies de Nothobranchius junto com uma espécie que parecia ser uma nova população “Amarela” de Nothobranchius korthause, no continente - curiosamente peixes eram conhecidos anteriormente apenas na Ilha de Máfia. Mas vamos em ordem: Neste artigo, abordarei sobre as populações de Nothobranchius eggersi conhecidas até agora, as últimas descobertas e algumas notas sobre sua Ecologia e Reprodução. Nothobranchius eggersi (Seegers, 1982) foi introduzido no hobby no início dos anos oitenta por Schulz, Classen, Seegers, Kasselmann and Eggers que acabou por batizar a espécie. A área onde eles foram encontrados pela primeira vez situa-se na parte norte da Selous Game Reserve, dentro do sistema hidrológico do rio Rufiji, nas proximidades do Rufiji River Camp. Lá foram coletadas três populações diferentes: uma vermelha, uma azul e uma intermediária, com cabeça vermelha. Apenas a variedade azul e o macho da variedade vermelha sobreviveram durante o retorno para a Europa. Uma quarta população foi coletada na parte baixa do rio Ruhoi. Essa população era azul. Sucessivamente, o macho da variedade vermelha foi sendo cruzado com a população azul e esse peixe circulou no hobby. Essa espécie foi cientificamente descrita por Seegers em 1982. Desde 1995, a população azul do rio Ruhoi e a vermelha proveniente de cruzamentos circulam no hobby. Durante uma coleta em Junho de 1995, efetuada por R. Wildekamp, B. Watters, I. Sainthouse, três populações de N. eggersi, ainda na zona dos rios Rufiji e Ruhoi foram coletadas: uma população vermelha, encontrada próxima ao Acampamento do Rio Rufiji (TAN95/7), uma população azul que mostrou possuir variações de cor, especialmente no que se refere à extensão das marcas vermelhas na caudal (TAN95/8) e uma outra população azul originária de uma zona próxima à localidade tipo, nas proximidades do rio Ruhoi (TAN95/11); neste último caso, também se encontraram variações no colorido dos machos. Outra população azul foi coletada próximo a Kikonkono, mas não chegou a ser introduzida no hobby (TAN95/9). Ainda durante esta mesma jornada, outras populações com características intermediárias foram encontradas, mas não chegaram a ser coletadas, no caminho que liga o Acampamento do Rio Rufiji a Kikonkono, no lado norte do rio Rufiji. No verão de 1997, L. Seegers, durante uma viagem de coleta, encontrou uma nova população azul de N. eggersi (TZ97/4) na bacia hidrográfica do rio Ruvu, mais precisamente num pequeno córrego situado

Nothobranchius eggersi Texto e fotos de Stefano Valdesalici

Tradução: Francisco Falcon

TAN 95/7

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TZ 97/55

residual na região baixa do rio Rufiji (TZ97/55) situada ao sul deste rio, entre a balsa de Ndundu e o acampamento do rio Rufiji (a localidade chama-se Utete). Durante o ano de 1998, duas populações de N. eggersi “azul” foram coletadas por Agnew, Larsen, Rosenstock e Watters na bacia fluvial do rio Ruhoi, em poças localizadas distantes apenas alguns quilômetros entre uma e outra (TAN 98/11, na mesma localidade de TAN 95/11 e TAN 98/12). Mas as surpresas não terminam aqui, porque entre 1998 e 1999, Seegers encontrou, por acaso, uma nova e bela população de eggersi “vermelho”. A coloração era diferente da outra já conhecida, e o ponto onde ele encontrou estava cerca de 200km distante e ao Sul de outras localidades onde se encontrou

TZ 97/4

a 20km ao norte do rio Ruvu. Essa localidade (Kanga) estava à cerca de 170km ao norte da bacia hidrográfica do rio Rufiji, onde se acreditava ser a única zona de ocorrência de N. eggersi. Durante essa mesma jornada, também foi coletada uma população vermelha com um leve colorido acobreado numa poça

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até então este peixe! Esta nova população foi coletada num pequeno lago coberto por Nimphea sp. Com águas amareladas e semitransparentes. Esta poça localizava-se ao norte do rio Wami, mais precisamente na Reserva Saadani. Após uma pesquisa mais minuciosa, muitas outras poças foram encontradas ao sul e ao norte do rio Mligasi, mas os peixes não foram encontrados ali, e sim, em pequenos cursos de água que corriam paralelos em direção ao mar, sempre em simpatria com N. melanospilus. No ano seguinte, Cooper, Shimidt e Watters coletaram numa localidade a oeste do rio Ruvu, uma população azul, que provavelmente seria a mesma coletada por Seegers três anos antes (TAN00/20). Mas vamos finalmente ao ano de 2001 e a nossa história! Cheguamos a Dar es Saalam no início de Maio, e até então eu não imaginava que realizaria uma aventura tão incrível! Durante os primeiros 10 dias, nós havíamos viajado 4000km! Partindo de Dar es Saalam, nós viajamos pelos mais diferentes tipos de estradas asfaltadas, semi-asfaltadas, estradas de terra, areia, etc... Chegando a Dodoma, a esquálida capital, fomos em direção ao norte, em direção ao meio do planalto central e depois descemos em direção ao lago Vitória, passando por Ngorngoro e pelo Parque Nacional do Serengueti e dali fomos para Shinyanga, Singida, Morogoro (com pequenas paragens em Kisaki e Ifakara) até o oceano Índico, mais precisamente Bagamoyo. Durante o caminho, tivemos a oportunidade de coletar muitas espécies de Nothobranchius, Ctenopoma e alguns Barbus também. Nossa jornada estava incialmente planejada para ter início na manhã do dia 20 de Maio, quando então viajamos entre Bagamoyo e Dar es Saalam, por volta de 75km de estradas não tão ruins, em parte asfaltadas, em parte de solo compactado. Decidimos investigar todos os cursos de água em que passávamos. Os últimos dias haviam sido bastante chuvosos, estávamos na estação das chuvas e que parecia ter dado uma trégua por algumas semanas, felizmente naquela manhã o céu estava apenas encoberto. Passando pela cidade ainda inundada, com as pequenas vielas que caracterizam o centro histórico ainda inundadas por grandes e profundas poças. Podíamos apreciar as construções coloniais alemãs e pequenos mosteiros, e a impressão geral que tínhamos era que aquele lugar conheceu tempos melhores do que os atuais e, no geral, tudo nos dava uma idéia de extremo declínio Voltando à nossa coleta, estávamos com sorte, pois o primeiro biótopo que visitamos foi o único que nos proporcionou uma descoberta bastante interessante. Nesta poça, capturamos Clarias sp., pequenos Aphyobranchius janpapi, enormes Nothobranchius melanospilus e uma nova população azul de N. eggersi; e tal como no mesmo caso da população de Saadani, os peixes não estavam conectados às zonas de enchente do rio Ruvu. Esta região estava bem separada fisicamente, distante do rio Ruvu e separada

Bagamoyo

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transparente, provavelmente por causa das chuvas recentes, com ausência de substância orgânicas ou poluentes, dureza muito baixa, e o pH como na maioria dos biótopos de Nothobranchius era levemente alcalino. O fundo, ao invés de lamacento, apresentava uma grande porcentagem de areia. Durante o período de quinze minutos, coletamos aproximadamente vinte casais que foram imediatamente divididos em pequenos grupos e colocados numa caixa de isopor para serem levados ao hotel, onde terminaríamos de dividí-los e adicionar apenas um pouco de água nova. Os peixes então não seriam alimentados por cinco dias, e antes de iniciar a viagem de retorno, eles seriam colocados em sacos individuais. Depois de 16 horas de viagem, eu finalmente cheguei em casa, bem tarde, por volta das duas da madrugada e adiei a liberação dos peixes para a manhã seguinte. Bem cedo, por volta das 6 da manhã, iniciei os trabalhos, separando os peixes em pequenos grupos de três casais cada, sendo que todos sobreviveram à viagem! Os grupos foram sendo colocados em aquários de 12litros, com pH7,6, condutividade 450microS/cm e dureza total 10º - características não tão extremas e não tão relevantes para este peixe - no fundo, coloquei 5mm de turfa e um tufo de musgo de java. A temperatura mantinha-se na faixa dos 23º a 28ºC. Os peixes foram então sendo introduzidos lentamente, e à medida que iam sendo liberados, iam para o substrato cortejando as fêmeas e desovando! Algumas horas depois, lhes fornecí náuplios de artêmia e mais algumas horas, comeram artêmia congelada e bloodworm (chironomus) congelado, assim como tubifex vivo. Após uma semana aproximadamente, junto com uma troca parcial da água, removi a turfa e após espremer gentilmente em uma rede de malha fina, verifiquei a presença de ovos, que mediam cerca de 0.8mm. Coloquei-os em sacos plásticos para incubar, deixando-os semi-abertos alguns dias para perder o excesso de umidade até ficarem semelhante a fumo de cachimbo. Os Nothobranchius eggersi pertencem ao grupo dos peixes anuais, pois estão adaptados à ausência periódica de água através dos seus ovos que permanecem enterrados em diapausa durante longos períodos de seca, que podem variar de alguns meses até mais de um ano! Depois de aproximadamente 10 semanas de incubação no escuro, com temperatura aproximada de 24ºC, os ovos estavam perfeitamente desenvolvidos, sendo visível a íris dourada dos embriões nos ovos, e agora então era só colocá-los na água para termos novos peixes! Coloquei as turfas em aquários de 5 litros e adicionei apenas 1 litro de água com valores medianos (pH 7,4, condutividade 225microS/cm e dureza total de 7ºDHG) e temperatura de 19ºC, sendo que depois de algumas horas, podiam-se ver pequenos alevinos nadando e, à medida que eles iam aparecendo, eu os alimentava com infusórios e náuplios de artêmia recém eclodidos. Efetuando trocas de água diárias e alimentando-os diversas vezes ao dia, em breve estavam comendo “Grindall Worms”, e à medida que as semanas passavam, fui aumentando

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por montanhas. Para este N. eggersi colocamos o código TZL 510-01 Bagamoyo. O código TZ significa Tanzânia, e L significa “legalmente” – nós coletamos e exportamos todos os peixes com todas as autorizações necessárias! Conforme mencionado acima, a área não era nada além de um prado inundado que apresentava uma pequena depressão longitudinal até o meio, uma espécie de canal onde a água cobria uma ampla zona, medindo algo em torno de 30 metros quadrados com profundidade variando entre 20 e 60cms, sendo mais profunda na zona central do canal; a água era estranhamente quase

“Saadani”

Bagamoyo TZL 510-01

a quantidade de comida e o volume da água, sendo que o ideal deve ser aproximadamente dois ou três litros por peixe. Em quatro semanas, eles sexaram e, com dois meses, estavam perfeitamente formados e prontos para reproduzirem. Uma das inúmeras questões que esta espécie traz às nossas mentes é: como esta população pode estar tão distante - dois sistemas fluviais - uma da outra conhecida anteriormente? Uma explicação plausível seria durante a Era Glacial, quando os rios Ruvu, Rufiji e talvez o Wami teriam estado conectados.

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Outra prova disso é que outras espécies de Nothobranchius estão também difundidas nos dois sistemas fluviais e ocasionalmente são encontradas no mesmo biótopo: primeiramente N. annectens, N. janpapi, N. lourensi e também N. melanospilus. Provavelmente, no futuro, ainda encontraremos novas populações de N. eggersi, inclusive na bacia hidrográfica do rio Wami, e talvez estes peixes maravilhosos ainda nos reservem outras surpresas.

Últimas descobertas depois de 2001:

2002 - Watters, Cooper e Schmidt:Ruhoi River TAN 02-12 (Azul); Kilimani TAN 02-15 (Azul); Rufiji River Camp TAN 02-16 (Vermelha); Rufiji River Camp TAN 02-17 (Azul); Rufiji River Camp TAN 02-20 (Vermelha); Bagamoyo TAN 02-28 (Azul); Bagamoyo TAN 02-29 (Azul)

2005- Kiril Kardashev, Konstantin Shidlovskiy and Sergey Torgashev: N. eggersi “Bagamoyo to Kigongo jail” TAN RB 05-43 (Azul)

N. eggersi “Bagamoyo to Kigongo jail” TAN RB 05-44 (Azul)

2005- Holger Hengstler :

N. eggersi Bagamoyo TZH-2005-03 (Azul) N. eggersi Ruvu River TZH-2005-05 (Azul) N. eggersi Ruhoi River TZH-2005-06 (azul muito forte, e muito semelhante ao das importações originais de 1981).

Agradecimentos:

Obrigado a Marc Bellemans, à Laura Pedrazzini pelas correções em inglês, Richard Cox pela correção final e à Francesca Fontana pelo seu amor e paciência.

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Referências Bibliográficas :

Bellemans, M. 2000. Observation on «mud-hatching» of N. virgatus and N. aff. rubroreticulatus. B.K.A. Killi-News 416:63-72.Huber, H.J. 2000. Killi-Data 2000. Liste actualisée des noms taxonomiques, des localités de peche et des références bibliographiques des Poissons Cyprinodontes ovipaes (ANTHERINOMORPHA,PISCES). Société Francaise d’Ichtyologie, Paris. Jubb, R.A. 1981. Nothobranchius. T.F.H. Publication, Inc., Neptune City, N.J..Sainthouse I. 1996. Tanzania 1995. B.K.A. Killi-News N.369 N.370 N.371.Scheel J.J.. 1990. Atlas of Killifishes of Old Word. T.F.H. Publication, Inc., Neptune City, N.J.Seegers L. 1997. Killifishes of the World. Old World Killis 2. A.C.S. Verlag, Morfelden-Walldorf.Seegers L. 1999. Nuovo arrivo dalla Tanzania, Nothobranchius eggersi “rosso” di Saadani. Aquarium Oggi 4:26-30Valdesalici, S. 1999. Seguendo il ciclo vitale di Nothobranchius , Allevamento e riproduzone. Aquarium 3:30-37.Valdesalici, S. 2001. L’Africa della Pozze, Hydra 8:44-52.Wildekamp R.H. 1996. A world of Killies. Atlas of the oviparus cypriodontiform Fishes of the World. Volume 3. Mishawaka, IndianaWildekamp, R.H. 2004. A world of killies. Atlas of the oviparous cyprinodontiform fishes of the world. Volume

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De Paula, Falcon, Gleidson, Fabiano e Carlos reunidos na Killi-Room do Falcon

Fábio Origuela, Bruno Graffino e Falcon

KILLI-ENCONTROS

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Da esq. para dir.: Ricardo Moreira, Gustavo Grandjean, Márcio Santos, Ricardo Fachin e Roberto Zuchinni, no Killi Encontro no Guarujá, com direito a visita a biótopo de Rivulus santensis (foto à direita).

Fotos: Ricardo Moreira

Fotos: Francisco Falcon

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Dúvidas? Críticas? Sugestões?

Pedidos de reprodução deste material ou se quiser participar.

Escreva para: [email protected]

LINKS:http://myfishroom.agcarletto.com/ Site do André Carletto

http://www.cynolebias.orgSouth American Annuals, informações detalhadas e centenas de fotos sobre anuais sul-americanos, em Inglês.

http://www.killi.com

http://www.killi-data.org/ Como o próprio nome indica, um banco de dados sobre killis, em Inglês, administrado pelo Dr.Jean Huber

http://www.killifish.f9.co.uk/Killifish/Killifish%20Website/Index.htm Killifishes from West Africa (muito boa página)

http://www.apk.pt/Site da Associação Portuguesa de Killifilia

http://www.vascogomes.net/ Página do aquarista Vasco Gomes

http://www.cynolebias.org/public/links/index.html Links interessantes relacionados

http://tgenade.freeshell.org/myfish/klinks.htm Outra boa seleção de links

A Killifish Brasil está à disposição, caso deseje entrar em contato conosco, acesse o link http://www.killifishbrasil.com.br ou escreva para: [email protected] ou diretamente para um de nossos colaboradores

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AGRADECIMENTOS:

Adriano Félix, Alex Ribeiro, André Carletto, Bruno Graffino, Dalton Nielsen, Edson Lopes, Fabiano Leal, Fábio

Origuela, Francisco Falcon, Gilson Gil, Gustavo Grandjean, Márcio Alexandre, Nilo Mendes, Ricardo Fachin

e Rogério Suzart que mais uma vez tornaram possível a realização deste trabalho. MUITO OBRIGADO!

Nossos agradecimentos também a todos os demais hobbistas que direta ou indiretamente estão

contribuindo para o avanço da killifilia no Brasil.