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Curitiba recebe delegados do 35º Congresso do ANDES-SN Hospital Regional de Lagarto foi entregue à EBSERH P. 3 2015, um ano de Luta! P. 4 O ano dos ataques aos servidores e serviços públicos P. 9 Artigo Retrospectiva ADUFS UFS Ano 5 Número 16 Jan/Fev 2016

Boletim ADUFS 16

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Boletim da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe - ADUFS

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Curitiba recebe delegados do

35º Congresso do ANDES-SN

Hospital Regional de Lagarto foi entregue à EBSERH

P. 3

2015, um ano de Luta!P. 4

O ano dos ataques aos servidores e serviços públicos

P. 9

ArtigoRetrospectiva ADUFSUFS

Ano 5Número 16

Jan/Fev 2016

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2015 em fotosN°16

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DIRETORIA 2014-2016 - GESTÃO ADUFS DE LUTA E PELA BASEPresidente: Jailton de Jesus Costa (CODAP); Vice-presidente: Acácia Maria dos SantosMelo (DQI-CCET); Secretária geral: Brancilene Santos de Araujo (DFS-CCBS); Diretor Administrativo e financeiro: Júlio Cézar Gandarela Resende (DMA - CCET); Diretor Acadêmico e Cultural: Otávio Luiz cabral Ferreira (DAVD - CECH); Suplentes: Marcos Antônio da Silva Pedroso (CODAP), Marcos Santana de Souza (DDA - Campus Laranjeiras), Dênio Santos Azevedo (NTU - CCSA).

Boletim produzido pela ADUFS - Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe do Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior.

Endereço: Av. Marechal Rondon, s/n,bairro Rosa Elze, São Cristovão - SE

Jornalismo e fotografia: Raquel Brabec (DRT - 1517) / Design: Fernando de Jesus Caldas

O conteúdo dos artigos assinados é responsabilidade dos autores e não corresponde necessariamente à opinião da diretoria da ADUFS.

Contato ADUFS: Tel.: (79) 3259-2021 / E-mail: [email protected] / Site: www.adufs.org.brNº de tiragem: 1300 exemplares.

EXPEDIENTE

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Hospital Regional de Lagarto foi entregue à EBSERH

UFS

A par�r de 2016, o Hospital Regional João Ba�sta de Carvalho Daltro, localizado em Lagarto, será gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospi-talares (EBSERH). O acordo foi assinado no final de 2015, porém, a decisão não passou por votação no Conselho Universitário (CONSU), assim como aconteceu com a implantação da empresa no Hospital Universitário. In ic ia lmente v inculado ao Estado, o hospital foi cedido à UFS e passa

por um processo de federalização desde 2014. “O reitor mais uma vez ignora o debate com a comunidade e con�nua entregando o patrimônio para a inicia�va privada”, afirmou a secretária da ADUFS, prof. Brancilene Araújo. A EBSERH é uma empresa de direito privado, ligada ao Ministério da Educação e criada em dezembro de 2011 para gerir os hospitais universitários. O contrato entre a UFS e a EBSERH foi assinado em outubro de 2013 e transferiu

para a empresa a oferta de serviços médicos e também o apoio ao ensino, pesquisa e extensão dos cursos da área de saúde oferecidos pela UFS. Em relação aos funcionários, o termo assinado pela UFS permite que a EBSERH, uma empresa de direito privado, contrate profissionais através do regime cele�sta (regido pela Consolidação das Leis Trabalhistas).

Boletim ADUFS

ADUFS volta a cobrar da Reitoria da UFS a instalação da estatuinte No dia 20 de janeiro de 2016, a ADUFS voltou a cobrar da reitoria o início do processo Estatuinte, através do o�cio o�cio n° 55/2016, conforme o compro-misso estabelecido na reunião da mesa de negociação da greve de 2015, ocorrida na tarde do dia 14 de agosto de 2015. Na ocasião, o reitor afirmou que iniciaria o processo 30 dias após o fim da greve dos docentes, que terminou no dia 13 de outubro de 2015. Desde então, os trabalhos ainda não começaram. Essa foi a segunda vez que a s ind icato env iou um documento solicitando a instalação da Estatuinte. A primeira ocorreu em 21 de novembro de 2015, quando a ADUFS encaminhou o o�cio n° 46/2015, cobrando da Reitoria da UFS que tomasse as providências para a instalação da Estatuinte na UFS, para que a comunidade acadêmica possa de fato discu�r democra�camente os des�nos da UFS e os serviços que ela deve prestar a sociedade. Entretanto, apesar do pedido do sindicato, reforçado pela atuação dos professores conselheiros David Soares e Elyson Carvalho, que no dia 24 de novembro entregaram um documento d u ra n t e a r e u n i ã o d o C o n s e l h o Universitário (CONSU) enfa�zando a necessidade de que o reitor conclame as

três classes da UFS e suas representações sindicais para compor a Estatuinte. “O Estatuto da UFS foi aprovado em 26 de novembro de 1999, ele é arcaico e não tem representa�vidade dos novos ideais da universidade”, afirmou o prof. David, que teve a inicia�va de escrever o documento. A reitoria da UFS até então ainda �nha se manifestado sobre a efe�va instalação do processo Estatuinte, porém, no início de dezembro de 2015, em

resposta às manifestações da ADUFS, a reitoria encaminhou o o�cio n° 023/2015 para informar que o CONSU deverá discu�r o processo e que uma minuta de Resolução foi encaminhada ao referido Conselho com vistas a cons�tuir uma "Comissão Especial de Preparação da Estatuinte Universitária". Até o momento, não há data agendada para discussão do tema, apesar de o calendário de reuniões do CONSU ter sido divulgado.

MÊSDIA

CONSU

HORÁRIOMÊS

DIA HORÁRIO

CONEPE

JANEIRO

FEVEREIRO

MARÇO

ABRIL

MAIO

JUNHO

JULHO

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

DEZEMBRO

JANEIRO

FEVEREIRO

MARÇO

ABRIL

MAIO

JUNHO

JULHO

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

DEZEMBRO

RECESSORECESSO RECESSORECESSO RECESSORECESSO RECESSORECESSO

26 (Sexta) 8h30min

28 (Segunda) 14h30min

29 (Sexta) 8h30min

30 (Segunda) 14h30min

23 (Quinta) 8h30min

25 (Segunda) 14h30min

26 (Sexta) 8h30min

26 (Segunda) 14h30min

27 (Quinta) 8h30min

21 (Segunda) 14h30min

22 (Quinta) 8h30min

22 (Segunda) 14h30min

31 (Quinta) 8h30min

25 (Segunda) 14h30min

24 (Terça) 8h30min

20 (Segunda) 14h30min

29 (Sexta) 8h30min

22 (Segunda) 14h30min

30 (Sexta) 8h30min

24 (Segunda) 14h30min

25 (Sexta) 8h30min

19 (Segunda) 14h30min

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Retrospectiva ADUFS

2015, um ano de Luta! O ano de 2015 ficou marcado pelo aprofundamento da crise polí�ca e econômica no país, que repercu�u em cortes de recursos, re�rada de direitos da c lasse trabalhadora, desmonte e priva�zação da educação pública. Para combater as ações governamentais, as categorias foram à luta, realizando manifestações que receberam forte repressão da polícia e construindo a mais longa greve da história dos docentes. Os ataques ao longo do ano foram diversos: mais de 10 bilhões de reais cortados da área da Educação, redução nas universidades de 10% da verba de custeio e 49% de capital, cortes em inves�mentos sociais e programas de bolsa, além do desenvolvimento e aprovação de propostas que re�ram direitos históricos e aprofundam a precarização, como a contratação de professor via Organização Social, a quebra da gratuidade de cursos públicos de especialização, o fim do abono-permanência dos servidores públicos e suspensão de concurso público para 2016. O movimento de redução do orçamento para a educação pública veio acompanhado da crescente priva�zação das universidades, através de medidas que forçam as ins�tuições a captar

recursos próprios por meio da inicia�va privada a fim de se manterem, re�rando a responsabilidade do poder público. A fim de barrar o avanço desses ataques à classe trabalhadora, as categorias paralisaram suas a�vidades. A greve dos docentes federais começou em 28 de maio de 2015, conjuntamente com os técnicos administra�vos, e contou com a adesão de 50 ins�tuições públicas do ensino superior. A ar�culação dos Servidores Públicos Federais em torno de uma pauta comum foi essencial para fortalecer a luta, visando impedir a perda de direitos dos trabalhadores. A greve dos docentes seguiu durante 139 dias com dificuldades para conquistar ao menos uma negociação efe�va tanto localmente quanto em nível federal. Em resposta à pauta nacional de reivindicação docente, o governo federal apresentou uma proposta final em 18 de novembro de 2015, que segue a mesma linha de desestruturação da carreira, que teve início em 2012, e, por isso, não recebeu assinatura por parte do sindicato nacional. A contraproposta do ANDES-SN, construída após consulta à base, foi ignorada pelo governo sob a jus�fica�va de que o prazo para envio de proposições ligadas a aumento de despesa com pessoal já havia passado.

Localmente, intensas a�vidades de mobilização ocorreram para pressionar o r e i t o r a a t e n d e r a p a u t a d e reivindicações. Em 3 de julho, houve a abertura da mesa de negociação e a par�r dai os docentes e a equipe gestora da universidade passaram a discu�r os eixos da pauta . Uma conqu ista para a universidade ocorreu no dia 7 de agosto, ocasião em que o reitor assumiu o compromisso de iniciar o processo da Estatuinte em até 30 dias após o término da greve. Porém, passado esse prazo do fim da greve, a reitoria não se manifestou à respe i to . AADUFS desde então encaminhou dois o�cio (n° 46/2015 no dia 21 de novembro de 2015 e n° 55/2016 no dia 20 de janeiro de 2016) cobrando da reitoria que tomasse as providências para a instalação da Estatuinte na UFS.

Processo Jurídicos O ano de 2015 trouxe conquistas para o sindicato, através do trabalho da base e dos representantes eleitos para gerir a ADUFS. Uma delas foi o fim do processo dos 3,17%, luta histórica dos professores, que finalmente receberam o que lhes era devido. Foram 17 anos de tramitação na Jus�ça para que se a l c a n ç a s s e e s s a c o n q u i s t a , q u e

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infelizmente alguns professores não poderão usufruir, pois faleceram antes que o processo finalizasse. O processo atravessou diversas diretorias da ADUFS, que atuaram com afinco nessa longa e árdua luta para o reco n h ec imento d e d i re i to s d o s professores. No final de 2013, o processo da ação dos 3,17% foi concluído, porém, o pagamento dos valores devidos (RPVs) e do precatório (professores que deveriam receber mais de 60 salários mínimos) ocorreu em junho de 2015. Outra causa ganha foi o PSS de Férias, cujos pagamentos saíram em setembro de 2015. A ADUFS entrou com uma ação em 2011 contra a UFS ques�onando a existência da contribui-ção previdenciária no adicional de férias de 1/3. A informação é que a UFS calculou os valores indevidamente cobrados sobre o terço cons�tucional de férias e proce-deu a devolução da contribuição somente dos servidores que ingressaram na jus�-ça, e não de todos os servidores. A decisão do Juiz declarou a ilegalidade da cobrança previdenciária sobre os valores pagos no adicional de 1/3 de férias, condenando a União a pagar os créditos do valor descontado. Também determinou que a UFS está impedida de realizar a exigência desse �po de cobrança.

Reajuste da Unimed Após seis meses de negociação, a ADUFS conseguiu no mês de agosto de 2015 uma redução no reajuste anual do plano de saúde dos professores. A Unimed propôs inicialmente 37% de reajuste; ao final, após reuniões da Comissão de Saúde com os represen-tantes do plano e assembleia com os

professores, a taxa caiu para 14%. Par�cipar da carteira cole�va do plano de saúde da ADUFS tem vantagens em vários pontos. A faixa etária a par�r dos 59 anos é a que mais se beneficia, pois o professor paga menos de 50% do valor do plano caso fosse adquirido individualmente. Nas primeiras faixas etárias, o valor é muito próximo do valor cobrado no balcão da Unimed, mas, para o professor com filho, é mais vantajoso fazer parte do plano cole�vo.

Curso de formação sindical Após mais de uma década, a ADUFS promoveu um novo curso de formação sindical, in�tulado “Movimen-tos Sociais, Universidade e Crise Sistê-mica". O evento aconteceu nos dias 19 e 20 de setembro e contou com par�ci-pação de palestrantes com reconhecido conhecimento sobre o tema: os profes-sores Milton Pinheiro (Uneb/USP), Sofia Manzano (UESB/ICP), Giovanni Frizzo (UFPel) e Mauro Iasi (UFRJ). A ideia de realizar o curso de formação sindical é an�ga. Desde 2010, já se sen�a a necessidade desse �po de formação, até mesmo devido à mudança do momento polí�co. Com a greve de 2015, a proposta se fortaleceu e a diretoria da ADUFS realizou o curso. Par�ciparam professores do Rio de Janeiro, do Ceará, do interior de São Paulo, do interior da Bahia, do Rio Grande do Sul, de Pelotas, entre outras, além dos docentes da UFS.

Prêmio na Educação A ADUFS recebeu premiação no dia 16 de julho, pela XII Edição do Prêmio VIP de Educação Superior, Personalidades e Empresas mais lembradas de Sergipe,

promovido pelo Jornal Coerente, por se destacar na área de Educação. O evento de premiação aconteceu no auditório da Clínica Santa Anna. A eleição foi resultado de uma pesquisa realizada com personalidades das mais diversas áreas no Estado de Sergipe. O prof. Jailton Costa, presidente da ADUFS, e a secretaria geral Profa. Brancilene Araújo, também receberam premiação na categoria “Personalidades”.

Mudança no regimento A mudança regimental da ADUFS é um dos pontos da proposta de trabalho da atual gestão da seção sindical e já está em processo de andamento. O regimento foi criado em 1981, e por conta das novas necessidades da seção sindical e de determinações do governo, será preciso atualizá-lo. A comissão que fará a discussão das mudanças foi formada em 2015, e é composta por membros da base, da diretoria e do Conselho de Represen-tantes. Uma assembleia será posterior-mente convocada a fim de aprovar as propostas de alteração do regimento. O Estatuto não prevê a�vidades que hoje fazem parte da ro�na da ADUFS, como novas funções internas, a mul�-campia e os novos centros criados. O regimento é, inclusive, anterior ao CNPJ da ADUFS. Outro ponto importante é que a ADUFS conseguiu seu cer�ficado digital, d e m o d o a o p e ra r o s i s te m a d e consignatários do SIAPE e melhorar a gestão financeira de descontos referentes a planos de saúde e a contribuição sindical. Na ocasião, os técnicos da receita ressaltaram a necessidade de atualizar o regimento para incluir informações como endereço e CNPJ da ADUFS no mesmo.

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Curitiba recebe delegados do 35º Congresso do ANDES-SNCongresso

Na segunda-feira do dia 25/01, teve início o 35º Congresso Nacional do ANDES-SN, sediado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Curi�ba. O evento seguiu até o dia 30 sob o tema central Em defesa da Educação Pública e Gratuita e do direito dos trabalhadores. Foram registrados 469 par�cipantes de 74 seções sindicais de todo país, o que tornou o congresso um dos maiores já realizados. Instância máxima delibera�va do sindicato, o Congresso Nacional é uma ocasião para os docentes discu�rem a conjuntura nacional e definirem as lutas centrais da categoria. Para 2016, as perspec�vas são de aprofundamento da c r i s e e n o v o s d e s a fi o s p a r a o s trabalhadores. “O que se anuncia para e s t e a n o é q u e n ó s t e r e m o s o agravamento da situação, portanto, pode ficar pior”, disse o presidente Paulo Rizzo. Amanda Coelho, a�vista da Anel, trouxe a perspec�va estudan�l para o ano que c o m e ç a . “ V a i a c o n t e c e r u m aprofundamento da crise polí�ca, econômica, a gente já tem sen�do isso de algumas maneiras, a exemplo do aumento do desemprego, da inflação”, citou, trazendo também alguns dados: existe um índice de 17% da juventude desempregada atualmente no Brasil, número maior do que o percentual mundial de desemprego. “O ano de 2016 já começa fervilhando: o movimento não feche minha escola em São Paulo, os atos contra o aumento da tarifa que se espalharam pelo Brasil. Vai ser um ano de desafios e nós não vamos ficar parados em 2016. Pra juventude, o que está colocado é muito mais do que o corte de mais de 12 bilhões na educação, é uma ameaça ao nosso futuro”, declarou. O agravamento da crise polí�ca e econômica no país foi ressaltado durante as fa las de abertura do

congresso, a exemplo do representante da CSP-Conlutas, Paulo Barela. “No Brasil, a crise se aplica através de uma série de ajustes fiscais que re�ram nossos direitos e atacam os inves�mentos que deveriam ser aplicados na educação e saúde nesse país. É preciso que tenhamos uma saída pra enfrentar os ataques profundos que o g o v e r n o d e s e n v o l v e c o n t r a o s trabalhadores”.

Lançamento revista O Congresso também foi ocasião do lançamento da 57ª edição da Revista Universidade e Sociedade, periódico construído através de colaboração dos docentes federais, cujo �tulo é As lutas sociais ante a agenda do capital. Esse número traz uma homenagem ao ar�sta pernambucano Ariano Suassuna, além de u m e n s a i o fo t o g rá fi c o s o b r e o s momentos da greve de 2015. “Diante de todas as questões em relação aos ataques à universidade pública, temos a possibilidade de ler textos que discutam a universidade, os c a m i n h o s p e r c o r r i d o s e o s enfrentamentos. Tudo isso está colocado na revista de uma forma muito intensa”, explicou a professora Viviane Queiroz,

que organizou o periódico.

Deliberações Os delegados aprovaram uma agenda temá�ca de mobilização. O mês de fevereiro será marcado pela defesa do caráter público das IFE e combate à Funpresp. Já março terá como pauta “Orçamento das IFE e a luta contra as OS”. O tema de abril será “Carreira docente, precarização e condições de trabalho” e de maio “Autonomia e Democracia”. No setor das Iees/Imes, os delegados aprovaram a realização da semana de luta do setor, entre os dias 23 e 27, em defesa de mais recursos para as ins�tuições estaduais e municipais, bem como a realização, no segundo semestre de 2016, do XIV Encontro Nacional do Setor, na cidade de Salvador (BA). Na tarde do sábado (30), foi registrada uma chapa para o processo que elegerá a diretoria nacional do ANDES-SN para o biênio 2106/2018. As eleições serão realizadas nas seções sindicais do ANDES-SN em todo o país, nos dias 10 e 11 de maio deste ano. A chapa “Unidade na Luta” tem como candidata a presidente Eblin Farage (UFF), candidato a secretário-geral Alexandre Galvão (Uesb), e a tesoureiro Amauri Fragoso de Medeiros (UFCG). A posse da nova diretoria acontecerá durante o 61º Conad, que será realizado no final de junho em Boa Vista (RR). O Prof. Jailton Costa, presidente da ADUFS, também está compondo a chapa nacional, tendo sido indicado como 2° vice-presidente da Regional Nordeste III. Durante o congresso, cinco n o v a s s e ç õ e s s i n d i c a i s f o r a m homologadas pelos delegados. Segundo o professor Marcos Pedroso, do Colégio

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à Escola Florestan Fernandes e o apoio financeiro ao Casarão da Luta e ao S istema de Formação Pol í�ca do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Impressões sobre o evento A ADUFS enviou os docentes para par�cipar do evento e trazer experiências para a seção sindical. Entre novatos e veteranos na militância, a delegação sergipana contou com 9 par�cipantes. Esta foi a primeira vez que o professor Alexandre Luna Cândido, do Departamento de Morfologia, par�cipou de um congresso do sindicato nacional. O que o mo�vou a inscrever seu nome para par�cipar do evento foi a situação do país, com um cenário de crise nas esferas da educação, polí�ca, jus�ça e economia, além da falta de respeito do poder público com a carreira docente. “Estamos

chegando ao auge do desrespeito com o direito dos trabalhadores”, afirmou. Para Alexandre, o congresso proporcionou debates de alto nível, dos quais aprendeu bastante e que levará este conhecimento para seus colegas na universidade. “Vou mostrar para os meus colegas a importância de eles aderirem ao sindicato, par�ciparem mais da ação poli�ca, principalmente os novos, que t ê m s e u s d i r e i t o s m u i t o m e n o s resguardados que os an�gos, isso é uma p r i m e i ra l i çã o . O u t ro p o nto é a necessidade de reflexões sobre respeito ao próximo, cidadania, solidariedade, preservar os direitos do homem, não só os direitos do trabalhador. Eu ainda acho que precisamos fazer analises nesse sen�do”. A professora Noêmia Lima, do Departamento de Serv iço Socia l , par�cipou de outro congresso do ANDES-SN, realizado em 2013, em São Luís, e trouxe informações compara�vas. “O congresso melhorou muito em termos de sua organização, metodologia, na cadeia dos assuntos deba�dos. Ele é de uma grandeza muito especial, porque os assuntos que estão sendo discu�dos a cada dia diz respeito a todo professor”, explicou. Diante da situação do país, Noêmia conclama os colegas a agir. “Precisamos nos arregimentar de conhecimento pra saber como enfrentar essa situação. É o que chamamos de empoderamento: se você não começa a se empoderar de conhecimento da situação como um todo, a par�r de uma análise de conjuntura mais profunda, você fica só seguindo o que a maré está levando. O trabalhador da educação tem o dever de se dedicar a ampl iar conhecimento de tudo isso que está acontecendo”. O professor Ailton Souza, que é militante há quase 20 anos, faz uma crí�ca ao congresso que marcou os 35 anos do sindicato. “O fundamental no momento são as polí�cas neoliberais, não só no Brasil como no mundo. É o caso da Grécia, de Portugal, da Espanha, do Brasil, só pra citar alguns. Acredito que �nha que ter um enfrentamento direto a todas essas as polí�cas neoliberais, principalmente as de austeridade fiscal, que é o centro da conjuntura hoje. Se você não bota isso na sua centralidade da luta, você vai lutar contra o quê?”, ques�onou.

Com informações do ANDES-SN.

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de Aplicação da UFS (Codap), esse movimento tem paralelo com a greve de 2015. “A criação de novas seções sindicais demonstra que a greve do ano passado movimentou os professores em prol dos seus direitos, contra a precarização do trabalho. O grito dos professores repercu�u. Isso chama atenção, a universidade está viva”, afirmou. A cidade de Cuiabá, no Mato Grosso, foi aprovada por aclamação como sede do 36º Congresso do ANDES-SN, que acontecerá em 2017. A capital mato-grossense foi proposta pela delegação da A s s o c i a ç ã o d o s D o c e n t e s d a Universidade Federal do Mato Grosso (Adufmat Seção Sindical) para sediar o evento nacional. O s d e l e g a d o s t a m b é m aprovaram a prestação de contas do 60º Conad, a manutenção das contribuições financeiras à Auditoria Cidadã da Dívida e

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Entrevista com prof. Paulo Rizzo, presidente do ANDES-SN

Entrevista

O impeachment da presidente D i l m a , a c r i s e n o p a í s e o con�ngenciamento de verba nas universidades foram alguns temas abordados durante entrevista com o presidente do ANDES-SN, prof. Paulo Rizzo, durante o 35º Congresso Nacional do ANDES-SN, sediado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Curi�ba. Confiram a entrevista completa:

ADUFS – O senhor comentou que a situação dos trabalhadores no país poderá ficar pior neste ano. Quais são as perspec�vas para 2016?Prof. Paulo Rizzo – A saída da crise do Brasil, a retomada do crescimento econômico, não há perspec�va de acontecer logo. O Brasil está em recessão e a tendência para esse ano é manter uma estagnação econômica com inflação, com ampliação da perda de postos de trabalho. Estamos em uma situação em que o ajuste fiscal não cessa e que é cada vez mais intenso, como recentemente foi no�ciado que pretendem fazer mais uma reforma na previdência. Os orçamentos da União, dos Estados e dos Municípios apresentam vários problemas. Vemos servidores com atraso de salário, como no caso do Rio de Janeiro. Nas universidades federais, há um con�ngenciamento de verba muito grande, orçamento extremamente reduzido e ampliação de polí�cas que a p ro f u n d a m a d e p e n d ê n c i a d a s universidades e as jogam ao sabor do mercado. Em 2016, estamos vivendo situações semelhantes às que vivemos

e m 2 0 1 5 , m a s d e u m a f o r m a aprofundada. Por outro lado, no final do ano passado e no começo desse ano a população mostrou que não está disposta a aceitar passivamente a perda de direitos, e têm acontecido movimentos importantes, como a mobilização dos estudantes contra o fechamento das escolas de São Paulo; em Goiás, contra a entrega das escolas para Organizações Sociais; manifestações e lutas contra o aumento das tarifas de transporte e outros tantos movimentos que indicam que há uma resistência. Isso anima os par�cipantes do congresso do ANDES-SN a aprovar um plano de lutas que organize os professores para manter o combate contra o ataque aos seus direitos.

ADUFS – A atual gestão do ANDES-SN finaliza seus trabalhos em junho deste ano. Quais serão as ações desenvolvidas pela diretoria do sindicato até lá?Prof. Paulo Rizzo - Em maio nós vamos ter eleições pra próxima diretoria. As chapas se inscrevem aqui no congresso nesse momento e a próxima gestão toma posse no final de junho, então nós vamos estar na direção do sindicato durante o p r i m e i r o s e m e s t r e , c o m a responsabilidade de implantar as ações mais imediatas do plano de lutas que for aprovado aqui no congresso. É nossa responsabilidade organizar as eleições, colocar em prá�ca o que for definido aqui no congresso e fazer a transição com a próxima diretoria, que significa ajudá-la a assumir o sindicato a par�r do próximo Conad.

ADUFS – Um dos pontos de debate durante o congresso foi o processo de impeachment da presidente Dilma. Fale um pouco sobre qual a visão do sindicato nacional sobre esse tema:Prof. Paulo Rizzo – A compreensão do sindicato é que o movimento contra o impeachment é na verdade de defesa da presidente Dilma, e o sindicato defende a luta em defesa dos interesses dos trabalhadores, contra o ajuste fiscal, contra as reformas. Para garan�r sua autonomia, o sindicato não pode assumir ou par�cipar de movimentos que tem por obje�vo a defesa do governo, o que não quer dizer que não estejamos na luta em defesa da democracia, para aprofundar os mecanismos democrá�cos que não

estão presentes no nosso país. As disputas que estão ocorrendo na ins�tucionalidade em relação ao poder, na verdade são disputas que mantêm e aprofundam os ataques à classe trabalhadora, porque não há divergência entre o atual governo e a oposição, portanto, o sindicato tem que manter sua autonomia.

ADUFS – A temá�ca do congresso é “Em defesa da Educação Pública e Gratuita e do direito dos trabalhadores”. Estamos em um momento de ataques ferozes ao direito dos trabalhadores. Quais são as estratégias da categoria para combatê-los?Prof. Paulo Rizzo – A própria defesa da educação é um processo que tem que ser construído não apenas pelos professores, pelos setores de educação, mas tem que ser uma ação de luta e uma bandeira de toda a classe, pois os direitos que estão sendo �rados são da educação pública, gratuita e de qualidade. Nós vamos realizar em junho deste ano junto com o conjunto de movimentos e en�dades o II Encontro Nacional de Educação, que é o espaço onde a gente pretende aprovar uma agenda de lutas em defesa da educação pública que tenha repercussão em a mp lo s s eto res p o p u la res . A expecta�va é que a gente possa contar com as experiências novas de luta que estão ocorrendo, como a dos estudantes que relatei em relação à ocupação das escolas. Esse Encontro Nacional em junho vai ser extremamente importante.

ADUFS – Como o senhor avalia o Congresso, sendo ele considerado um d o s m a i o r e s j á r e a l i za d o s , c o m par�cipação de 469 docentes, e com o marco dos 35 anos do ANDES-SN?Prof. Paulo Rizzo – O ANDES-SN é um sindicato consol idado, forte e ao completar 35 anos realiza um congresso grande, com uma par�cipação ampla da base, um conjunto de contribuições p o l ê m i c a s , t o d a s a s v i s õ e s s e apresentaram no congresso, posições contraditórias foram deba�das. Isso pra nós é extremamente importante, porque mostra que as forças vivas que atuam no movimento docente estão presentes e vieram ao congresso para defender suas teses, suas posições, porque acreditam que o sindicato possui papel importante na defesa dos interesses dos professores e na luta geral dos trabalhadores.

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2015: O Ano dos ataques aos servidores e serviços públicos

Artigo

O ano de 2015 foi marcado por um severo ataque aos servidores e serviços públicos. Apesar da defasagem salarial de 27,3% acumulada desde agosto de 2010 e previsão de inflação já encostando em 10%, só este ano, o governo oferece ao servidor público aumento de 10,8% em duas parcelas, com a primeira delas apenas em agosto de 2016 e a segunda em janeiro de 2017. Vale ressaltar que inciso X do Ar�go 37 da Cons�tuição Federal brasileira assegura a revisão geral anual, sempre na mesma data e sem dis�nção de índices, do salário dos servidores públicos, mas na prá�ca, isso não ocorre. A estratégia dos sucessivos governos federais brasileiros tem sido a de não negociar estas correções anuais, esperar pelas greves e então oferecer índices muito inferiores ao de fato devido, como descrito no parágrafo acima para o ano de 2016. Além disso, avançou o projeto governamental que tem clara pretensão de acabar com os concursos públicos, u�lizando a chamada terceirização e, mais recentemente, com a possibilidade de contratação via Organizações Sociais ( O S ) . E s t e s s e r v i d o r e s p ú b l i c o s terceirizados não tem estabilidade, são contratados pela CLT (a boa e velha carteira assinada) e podem ser mandados embora, isto é, podem ser demi�dos ao sabor das crises financeiras, quando o governo precisar pagar os juros da dívida e pra isso se propor a “economizar no social”. Assim, o cenário é de que o g o v e r n o a l m e j a s u b s � t u i r grada�vamente os servidores públicos por terceirizados e/ou concursados via OS, ambos com carteira assinada. Este quadro não é obra de ficção cien�fica, mas uma realidade na própria UFS, que já perdeu servidores(as) terceirizados(as) da área de segurança e, para implantar os cortes criminosos propostos pelo governo em seu pacote fiscal , deverá demi�r outros 100 terceirizados(as) da área administra�va. Assim, sem pessoal administra�vo, as a�vidades antes realizadas por eles(as) serão transferidas para os(as) servidores terceirizados(as) e efe�vos(as) restantes, incluindo aí, obviamente, o próprio docente. Chefes de departamento e coordenadores(as) de pós-graduação poderão realizar ainda mais trabalho administra�vo por falta de um(a) simples

secretário(a), o que só aumenta a precarização do trabalho docente. A l iad o a esse q u ad ro, o s sucessivos governos vem negando o direito a uma aposentadoria digna aos servidores públicos, ex�nguindo, por exemplo, o direito a integralidade, quando o servidor se aposentava com o seu salário integral, e a paridade, quando o servidor aposentado man�nha seus rendimentos iguais aos servidores da a�va. Não sa�sfe i to, o governo implementou o FUNPRESP, um fundo público de aposentadoria privada, onde o dinheiro do servidor é inves�do na c o m p ra d e a ç õ e s d e e m p r e s a s , inves�mento em outros fundos e toda sorte de negociatas econômicas. E m 3 0 a n o s , s e e s t e s i n v e s � m e n t o s n ã o f o r e m “ b e m administrados”, o servidor pode não ter um centavo de aposentadoria para além do teto do INSS, os fundos podem ser ex�ntos, entrar em falência, perder a�vos, entre outros, como ocorreu com o Postalis1 (5,6 bilhões), Petros2 (6,2 bilhões) e o Funcef3 (5,5 bilhões), os fundos da aposentadoria privada das estatais Correios, Petrobras e Caixa Econômica Federal, respec�vamente, que acumulam rombos bilionários (entre parênteses). Diga-se de passagem que, no fim das contas, a União, portanto, o c o n t r i b u i n t e , a i n d a p o d e s e r responsabilizada pela solvência destes fundos, como ocorreu recentemente com o Postalis, quando se pautou que a União cobrisse o rombo financeiro do referido fundo. No caso do Funcef, a própria administração do fundo informa que as perdas não se devem a má gestão dos recursos, mas aos impactos da crise econômica³. No caso de rombos, os aposentados do fundo repartem o prejuízo, tendo que pagar a mais em seus inves�mentos ou receber salários menores. Assim como os outros fundos de estatais, o FUNPRESP sofre do agravante de ser administrado pelo governo. Isto significa que os valores aplicados no fundo e sua administração estão sujeitos às joga�nas do mercado financeiro e também ao uso polí�co dos mesmos, quando completos incompetentes podem ser escolhidos pelo governo para administrar este fundo como parte da estratégia de compra de favores no

C o n g r e s s o , c o m o a s s i s � m o s r e c e n t e m e n t e c o m a “ r e f o r m a ministerial” do atual governo em favor do PMDB. Cumpre salientar que a adesão ao FUNPRESP era faculta�va, e graças à atuação de vários sindicatos no país, essa adesão se mostrou baixa, o que ameaçava a ex i s tê n c i a d o p ró p r i o f u n d o e futuramente poderia obrigar o governo a rever sua estratégia com relação à aposentadoria dos servidores públicos. Ass im, fazendo valer sua maior ia comprada, o governo fez aprovar na Câmara dos Deputados medida que obriga a a d e s ã o a u t o m á � c a d e n o v o s concursados ao FUNPRESP, ferindo as liberdades individuais das pessoas e seu direito de escolha tanto entre os diferentes fundos existentes no mercado (infelizmente) ou até mesmo o de não contribuir. De acordo com o texto da MP 676/2015, o novo servidor terá o trabalho extra de se desfiliar desse fundo. O FUNPRESP foi criado sobre a alegação de que há um rombo na aposentadoria pública dos servidores, que ainda existe. Quem sabe o governo, usando sua base comprada, não consiga aprovar, na canetada, a mudança obrigatória de todos os servidores públicos do an�go sistema previdenciário do func iona l i smo públ i co para a FUNPRESP? Vale salientar que o alegado rombo é uma grande falácia. O que ocorre é que os recursos da aposentadoria pública são hoje desviados para atender saúde, educação, entre outros, como se os impostos recolhidos dos contribuintes não fossem suficientes. Dado o nível de corrupção observado no Brasil, e somos o

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único país do mundo onde corrupção é medida na casa dos bilhões, sabemos que isso passa longe de ser verdade. Dinheiro t e m . Te m t a m b é m e x c e s s o d e compromisso com sua aplicação na corrupção. Com relação aos serv iços p ú b l i co s , e sta m o s a s s i s� n d o a o desmonte da educação e saúde no país, em níveis nunca vistos antes, para permi�r sua total mercan�lização, como já aconteceu com a infraestrutura do país, que foi priva�zada, como é o caso das estradas com pedágio espalhadas pelo p a í s e o a b a n d o n o d e p o r t o s e a e r o p o r t o s . C u r i o s a m e n t e , recentemente, graças à “generosidade” do BNDES, um porto foi construído em outro país, enquanto os portos brasileiros con�nuam abandonados. Registra-se que entre 2007 e 2014, todos os portos brasileiros receberam inves�mentos da ordem de 2,13 bilhões, um valor próximo do inves�do pelo BNDES no Porto de Mariel 4 . Enquanto isso, o senado brasileiro pretende votar o PL 555/2015, que abre caminho para a priva�zação das estatais5. A presença direta do governo federal no atendimento à saúde se dava por meio do conjunto de hospitais universitários, que, gerenciados pelas universidades federais, ofereciam atendimento humanizado e de qualidade aos pacientes em tratamento nos mesmos, enquanto serviam como polo de treinamento dos estudantes de cursos de várias áreas do saber. Se a população enxerga estes hospitais como local de um melhor atendimento, o governo enxergou-os como fonte de dinheiro e, por isso, entregou os mesmos à EBSERH, uma “empresa pública de direito privado” cuja legislação que a criou prevê que ela dê lucro. Obviamente, os grandes grupos nacionais da saúde privada já estão de olho em uma rede de hospitais pron�nha. Tanto é assim que, recentemente, os hospitais universitários do país vêm recebendo a visita de um grupo de consultores do Hospital Sírio Libanês para ajudar as superintendências destes hospitais a “melhorar a gestão”. Como o modelo de gestão de um hospital privado, que não tem tradição de atendimento aos “pobres mortais”, pode ser aplicado a um hospital que atende (por enquanto) integralmente pelo SUS? O que ganha o Sírio Libanês com isso? É possível dizer que o integralmente está com os dias contados? Como diz o poeta, tem caroço nesse angu! Por outro lado, o governo tenta

aprovar a recriação da CPMF sob os mesmos argumentos de 15 anos atrás de falta de dinheiro, o que resta provado que é falso, além da ameaça de cobrar por procedimentos realizados no SUS6. É de perguntar o que há por trás dessas tenta�vas de cobrar ainda mais da população. Uma explicação pode estar no colapso do setor de saúde privada, com planos sendo impedidos de comercializar produtos e/ou falindo, além de um movimento de fusões/aquisições que concentram mercado. As gigantes do setor passaram a se dar ao luxo de escolher quem querem atender, o que hoje significa oferecer os chamados planos empresariais (para os empregados de uma empresa) em detrimento dos planos individuais/familiares/adesão, que estão sumindo do mercado. A impossibilidade do cidadão comum de contratar um plano de saúde, mesmo que o cidadão possa pagar (e não deveria porque temos o SUS), fará inevitavelmente com que uma grande quan�dade de pessoas retorne ao SUS, além de aumentar o uso de serviços par�culares . Com o aumento da demanda, o SUS ficará ainda mais sobrecarregado e, como o governo considera que inves�mento em saúde é gasto desnecessário, este se antecipa, criando mais impostos e querendo cobrar pelo atendimento na saúde pública. N a o u t ra p o nta , te m o s a educação. No úl�mo ano, a educação no país inteiro vem sofrendo ataques em duas frentes bem definidas. Uma é o corte direto de recursos da educação nos ministérios e secretárias da área. A outra frente envolve o corte de salários de docentes, como ocorreu em Lagarto (SE), o u o c o n g e l a m e n t o c o m o n a s universidades (aí acompanhados pelo resto dos servidores públicos). No início do ano, a mídia criou um grande carnaval em torno da indisponibilidade de recursos para o FIES para além dos 2,5 bilhões inicialmente e m p e n h a d o s 7 . N o p r o g r a m a d e endividamento dos estudantes que deveriam estar nas universidades p ú b l i c a s f e d e r a i s , s e h o u v e s s e inves�mento, mas são transferidos para universidades privadas, estes contratam emprés�mos para cursar a universidade privada e ficam com a dívida para o fim do curso. Curiosamente (retórica), as universidades federais em vias de fechar as portas não �veram tanto espaço na mídia. Eis que no final de julho de 2015, surgem 5 bilhões adicionais para o FIES8,

só que o programa chega com várias modificações, sendo a principal delas o aumento de juros de 3,4% ao ano para juros de Minha Casa Minha Vida (6,5%). Assim, o governo decretou que dinheiro adicional �nha para os estudantes, mas este sairia bem mais caro. É o governo ampliando seu lucro, afinal o FIES é de responsabilidade da CEF, banco estatal. Considerando que dinheiro não é capim, logo veio a explicação da origem do recurso adicional para o FIES na forma de um violento corte de 10,5 bilhões no orçamento do MEC (exatamente o dobro do orçamento adicional ao FIES), com um nove corte adic ional de 1 b i lhão posteriormente. Parte do dinheiro que já não dava para manter as universidades federais foi transferido para o FIES, v isando por trás cr iar vagas para estudantes universitários(as), manter o sistema privado de ensino superior, cuja expansão nos úl�mos anos foi galgada não em inves�mentos próprios, mas na certeza do recebimento dos impostos dos contribuinte via FIES (e PROUNI). Assim, a despeito do que diz o ar�go 6° da Cons�tuição Federal, que ironicamente recebeu inclusive uma emenda cons�tucional este ano (n° 90) para reafirmar os direitos sociais dos cidadãos(as) brasi leiros(as), resta caracterizado o principal interesse de um governo, que acha que é mais negócio gastar quase 50% do orçamento da União com pagamento de juros de uma dívida que, de acordo com a Auditoria Cidadã, já está paga, em detrimento de oferecer serviços públicos gratuitos de qualidade nas áreas de saúde, educação, segurança, moradia e cuidar da infraestrutura do país, como manda a referida Carta Magna brasileira.

1h�p://economia.estadao.com.br/no�cias/geral,rombo-do-postalis-chega-aos-empregados-imp-,16558422h�p://oglobo.globo.com/brasil/uso-poli�co-agrava-rombo-na-petros-que-teve-prejuizo-de-62-bilhoes-em-2014-159021033h�ps://www.funcef.com.br/no�cias/funcef-responde-ao-correio-braziliense.htm4h�p://www.atribuna.com.br/no�cias/no�cias-detalhe/porto%26mar/portos-brasileiros-recebem-p o u c o - m a i s - d o - q u e - m a r i e l - e m -cuba/?cHash=358123abb9722d937a4ccc3943a9d5125h�p://www.andes.org.br/andes/print-ul�mas-no�cias.andes?id=77776h�p://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/08/1667660-cobranaca-no-sus-e-desastre-e-lembra-a-ditadura-diz-ex-ministro-da-saude.shtml7h�p://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/no�cia/2015-05/mec-esta-sem-dinheiro-para-novos-contratos-do-fies8h�p://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/no�cia/2015-05/mec-esta-sem-dinheiro-para-novos-contratos-do-fies

*Por Diretoria ADUFS

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Em mais um ataque aos trabalhadores, Governo anuncia nova Reforma da Previdência

Previdência

A presidente Dilma Rousseff discursou do dia 02/02 no Congresso Nacional, durante a sessão de abertura dos trabalhos legisla�vos, e destacou, entre outras propostas, uma nova Reforma da Previdência. Dilma defendeu o a u m e nto d a i d a d e m í n i m a d e aposentadoria, afirmando que a crise é um “momento doloroso para ser desperdiçado”, e alegando que é nesses períodos que surgem “oportunidades para discu�r soluções duradouras”. Segundo a presidente, no primeiro semestre deste ano, o governo pretende enviar várias propostas de reforma para análise dos parlamentares, dentre elas a Reforma da Previdência. Ao explicar a necessidade desse �po de reforma, ela ressaltou que a Previdência precisa novamente ter sustentabilidade, "em um contexto de envelhecimento da população". De acordo com a presidente, o intuito é enviar um projeto que "aprimore a aposentadoria por idade e tempo de contribuição". "Um dado ajuda a explicitar nosso desafio: em 2050, teremos população em idade a�va similar à atual. Já a população acima de 65, será três vezes maior", citou. Sara Granemann, docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora de assuntos relacionados à aposentadoria, cri�cou o discurso de Dilma e classificou proposta de nova Reforma da Previdência como mais uma medida de re�rada de direitos dos trabalhadores. “O que me espanta é que um governo que não consegue operar no tempo presente, com soluções que combatam o desemprego e façam a economia crescer, ousa levantar argumentos que falam de 2050. É quase risível falar em 2050 para jus�ficar o arrocho no tempo presente. É brutal e inconsequente falar em 2050 quando não conseguem prever o próximo mês, o próximo ano, o controle da inflação, o valor do dólar. Não passa de um discurso vazio para tentar legi�mar mais uma reforma da previdência”, afirmou. “ F a l a m e m 2 0 5 0 e e m envelhecimento como se fosse um crime, uma tragédia. Em lugar algum do mundo se pode pensar que envelhecimento é cas�go. Envelhecimento é uma das primeiras conquistas civilizatórias da humanidade. A Reforma da Previdência é imoral”, completa Sara. Para a docente da UFRJ, o argumento da necessidade de uma nova

Reforma da Previdência demonstra, mais uma vez, que, na perspec�va do governo federal, são os trabalhadores que devem pagar pela crise. Granemann cita, por exemplo, o fato de que o agronegócio paga apenas 2,6% de contribuição p re v i d e n c i á r i a – e , e m c a s o d e exportação, mesmo que seja de um dólar, está isento de recolher a contribuição previdenciária – algo ignorado pelo governo quando afirma que é necessário ajustar a Previdência. Sara Granemann também cita o peso maior que recairá sobre as trabalhadoras por conta da fórmula 85/95, que já foi aprovada no pacote de ajustes ficais promovidos em 2015. A fórmula significa que o trabalhador pode se aposentar, com 100% do bene�cio, quando a soma da idade e tempo de contr ibuição for 85, no caso das mulheres, e 95, no caso dos homens. A par�r de 31 de dezembro de 2018, essa fórmula sofrerá o acréscimo de um ponto a cada dois anos. A lei limita esse escalonamento até 31 de dezembro de 2026 quando a soma para as mulheres passará a ser de 90 pontos e para os homens, de 100 pontos. “Segundo o discurso desse governo, as mulheres se aposentam mais cedo e vivem mais, e por isso seria injusta essa situação. É um retrocesso tremendo. Recairá sobre as mulheres um peso maior dessa reforma, desconsiderando as jornadas duplas ou triplas de trabalho pelas quais nós passamos”, comentou a docente da UFRJ. “Com a Reforma da Previdência, o governo está levando a possibilidade da aposentadoria para muito perto da morte dos trabalhadores. Com a reforma, os trabalhadores são empurrados para a morte, talvez antes da aposentadoria”, cri�ca.

A previdência é deficitária? Um dos argumentos mais repe�dos por aqueles que querem

modificar o sistema de Previdência Social no Brasil é o fato de ela dar prejuízo, ser deficitária. A jus�fica�va é reba�da por diversas en�dades dos movimentos sindical e social, que ressaltam que, seguindo preceitos cons�tucionais, a alegação do déficit é inverídica. A Cons�tuição prevê um sistema de Seguridade Social , composto pela Previdência Social, Saúde e da Assistência Social, que não é colocado em prá�ca, orçamentária e financeiramente. Mesmo analisando a Previdência fora do sistema de Seguridade Social, é possível perceber a fragilidade do discurso de déficit. A Desvinculação de Receitas da União (DRU), instrumento criado em 1994 para facilitar o uso do orçamento das diversas áreas na geração de superávit primário (cuja manutenção foi defendida por Di lma no mesmo discurso ao Congresso) , a�nge diretamente a previdência e a seguridade social. A DRU prevê a desvinculação de 20% das receitas de impostos e contribuições não sejam des�nadas às despesas originalmente previstas. Com isso, parte do dinheiro arrecado para a Previdência é u�lizado para o pagamento de juros e amor�zação da dívida pública, e não para sua fi n a l i d a d e , q u a l s e j a p a g a r a a p o s e n t a d o r i a e p e n s ã o d o s trabalhadores contribuintes.

Pela anulação da Reforma da Previdência Durante o 35º Congresso do ANDES-SN, realizado em Curi�ba entre os dias 25 e 30 de janeiro, os docentes deliberaram por intensificar a luta contra o Funpresp – fundo de previdência complementar para os servidores públicos, pela anulação da reforma da previdência e também contra a nova proposta de mudança nos direitos de aposentadoria dos trabalhadores.

*Fonte: ANDES-SN

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Sindicalize-se

Há mais de três décadas,

professores de todo Brasil que vinham se

organ izando em Assoc iações de

Docentes (tanto em ins�tuições públicas

como par�culares) fundaram a ANDES –

Associação Nacional dos Docentes das

Ins�tuições de Ensino Superior. Em 1988,

logo após a promulgação da nova

Cons�tuição, a ANDES tornou-se o

ANDES – SINDICATO NACIONAL, por

decisão do II Congresso Extraordinário

do Rio de Janeiro. Com a criação do

S indicato Nac ional , os docentes

passaram a se filiar a uma única en�dade.

Ficou estabelecido que a Seção Sindical é

i n d i s s o c i á v e l d o A N D E S - S N ,

cons�tuindo-se na sua menor instância

organiza�va e de l ibera�va, com

regimento próprio aprovado pela

assembleia geral e com autonomia

polí�ca, administra�va, patrimonial e

financeira dentro dos limites do Estatuto.

O ANDES-SN é mais forte com a

participação de todos!

O Sindicato mantém-se aberto

ao diálogo com todos os setores do

campo classista, buscando a unidade na

luta pela transformação social e para

alcançar um novo patamar de sociedade.

Esta luta não tem limites geográficos e

p o r i s s o i r m a n a a q u e l e s q u e

compar�lham desta mesma natureza de

propósitos, e aprofunda a solidariedade

com outros trabalhadores de diversos

povos e culturas do mundo.

Queremos melhores condições

de trabalho para os docentes, sem

precarização, sem abusos e cerceamento

de direitos, sem prejuízos para a saúde.

Queremos salários dignos na lógica do

crescimento e desenvolvimento pessoal e

profissional, por meio de uma carreira

parte de uma polí�ca integradora.

Criação da ADUFS

A Associação dos Docentes da

Universidade Federal de Sergipe (ADUFS-

SSIND) foi criada em 10 de novembro de

1979. Lutando pelos interesses dos

docentes da UFS ao longo de mais de 30

anos de existência, a ADUFS consolidou-

se como uma en�dade autên�ca de

harmonia entre seus associados. Mesmo

após tantas mudanças, seja na carreira

docente ou na própria vida acadêmica, a

en�dade con�nua desempenhando seu

papel, mas necessita da atenção e ajuda

de todos os seus membros, sejam os

an�gos ou os novos, para a melhoria e

manutenção da Universidade Pública,

Gratuita e de Qualidade.

O maior compromisso da ADUFS é lutar

pela qualidade da educação pública e

pela valorização do trabalho docentes.

A ADUFS oferece aos professores

associados vários serviços, entre eles o

convênio de saúde com a Unimed e

assessoria jurídica para defender os

direitos dos docentes, disponibilizada

todas as quartas-feiras no período da

tarde. Há ainda os Grupos de Trabalho,

abertos a todos os docentes, que

c u m p r e m i m p o r t a n t e p a p e l n a

formulação das polí�cas da ADUFS.

Pe n s a r c o n j u n t a m e n t e e

interferir ar�culadamente nas questões

que dizem respeito à educação pública e

à defesa dos direitos dos professores é

um dos fundamentos do ANDES-SN. E

essa é, também, uma das maiores

vantagens de se sindicalizar, pois agir em

grupo é sempre muito mais eficaz e

producente que agir individualmente.

Mas, apesar de estarmos unidos pelas

mesmas ideias, as individualidades

devem ser respeitadas. É o respeito às

individualidades que faz um cole�vo

forte. Por isso, a democracia e a

liberdade de pensamento e expressão

são a base do ANDES-SN, que rompeu

com a estrutura sindical autoritária

implantada no Brasil na década de 30 e se

consolidou pela organização de base nos

locais de trabalho

Esses são os principais direitos dos

nossos sindicalizados:

• Votar e ser votado para os cargos de

representação.

• Apresentar propostas, sugestões ou

representações.

• P a r � c i p a r d i r e t a m e n t e d a s

deliberações.

• Par�cipar de Grupos de Trabalho.

• Recorrer das decisões da Diretoria.

• Permanecer sindicalizado do ANDES-

S N e m c a s o d e r e v o g a ç ã o d a

homologação da Seção Sindical ao qual

estava vinculado.

Por que se sindicalizar? Mais de 30 anos de força conjunta

Para fazer parte da ADUFS, basta comparecer à sede da associação

com seu contracheque. Nosso endereço é o:

Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos, Casa do

Professor, bairro Rosa Elze - São Cristóvão/SE CEP: 49.100-000

Contato

(79) 3259-2021 / (79) 3259-2541

E-mail: [email protected] / site: www.adufs.org.br

h�ps://www.facebook.com/Adufs-se-Seção-Sindical-Andes-

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Filie-se!