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BOLETIM CLG Nº3 JULHO/2015 Docentes da UFS rejeitam proposta do governo e greve continua P. 03 Sindicato Relato e avaliação da reunião com a SESu/MEC de 23 de junho de 2015 P. 06 e 07 Negociação 132ª Plenária Nacional aprova deflagração da greve do SINASEFE para 13/07 P. 08 Classe trabalhadora Docentes e reitoria negociam pauta de reivindicações P.04

Boletim CLG 03

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Bletim do Comando Local de Greve da Universidade Federal de Sergipe. Publicado em julho de 2015.

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BOLETIM CLGNº3 JULHO/2015

Docentes da UFS rejeitam proposta do governo e greve continua

P. 03

SindicatoRelato e avaliação da reunião

com a SESu/MEC de 23 de junho de 2015 P. 06 e 07

Negociação

132ª Plenária Nacional aprova deflagraçãoda greve do SINASEFE para 13/07

P. 08

Classe trabalhadora

Docentes e reitoria negociam pauta de reivindicações

P.04

A g reve da Educação Federal está se fortalecendo, principalmente com a decisão das bases do SINASEFE de também i n g r e s s a r e m n o m o v i m e n t o paredista de 2015, que busca garantir não só a Universidade Pública, gratuita e de qualidade, mas sim uma Educação Pública, gratuita e de qualidade em todos os seus níveis. As Universidades passam, talvez, pela pior crise desde a redemocratização do país, uma vez que já não conseguem pagar em dia sequer as contas dos serviços mais básicos para seu funcionamento, como a conta de energia elétrica. Isso ocorreu na nossa Universidade Federa l de Serg ipe e , ma is recentemente, na Universidade F e d e r a l d e A l a g o a s . N a Universidade Federal da Bahia, o p r ó p r i o R e i t o r s i n a l i z o u a necessidade de uma greve, em uma mostra do descontentamento que vem se alastrando pelo Brasil, até mesmo entre aqueles que sempre defenderam (e ainda defendem) as políticas impositivas e sucateantes do MEC/MPO/Governo Federal. Isso tudo ocorre em um momento em que o governo, claramente, favorece os interesses dos grandes conglomerados que transformaram a educação em um negócio altamente lucrativo, à custa do dinheiro do contribuinte, sem o "caro" compromisso com pesquisa, extensão e o desenvolvimento do país. E a presidente? Só viaja. Aqui ficam os encarregados de fazerem propostas descabidas em um cenário de inflação acumulada do passado e incerteza de seus valores futuros, com o reajuste, que d e v e r i a c o r r i g i r p e r d a s inflacionárias, dividido em quatro parcelas com valores ínfimos e uma delas já fora do atual governo.

Q u e s t i o n a d o s o b r e i s s o , o r e p r e s e n t a n t e d o g o v e r n o cinicamente colocou que o governo atual espera contar com o apoio dos(as) servidores(as) públicos(as) para eleger o(a) sucessor(a) por ele (o governo) indicado. Os(as) servidores(as) federais rejeitaram a tal proposta. Os(as) professores(as) d a s u n i v e r s i d a d e s f e d e r a i s rejeitaram a tal da proposta. Os(as) professores(a) da UFS rejeitaram a tal proposta. Não se pode deixar de me n c io n a r a f a l t a de r ubo r envergonhado de um governo que pretende tratar os trabalhadores da m e s m a f o r m a q u e t r a t a o s congressistas brasileiros, ao decidir usar o nosso direito a correção salarial anual como arma de barganha política. Também é de sentir falta desse mesmo rubor na cara de "sindical istas", como Paulinho da Força, que vem a públ ico defender redução de salários e carga horária trabalhada com a desculpa de se manter o emprego. Nesse ínterim, enquanto a presidente viaja, está ameaçada a formação de professores(as) via programas como PIBID e PARFOR. Na Pátria Educadora, corta-se 9,5 bilhões da educação, sendo que, deste valor, 785 milhões saíram do orçamento da CAPES. Tudo para não formar professores(as) e con t inua r pagando os ju ros extorsivos da dívida pública de trilhões que este mesmo governo c r i ou . O g ove rno da Pá t r i a Educadora parece querer acabar com a educação na raiz, não formando mais professores(as). Nesse contexto, a pós-graduação, importante que é, mas que foi alçada ao Olimpo em boa parte das universidades federais brasileiras e que, muitas vezes, passa incólume por períodos de

greve, como se "não tivesse nada com isso", também deve ser duramente a t ing ida, po is há p r e v i s ã o d e r e d u ç ã o s i g n i fi c a t i v a m e n t e ( m a i s significativa do que já era) dos valores do PROAP. Ainda não houve qualquer manifestação do CNPq, mas certamente os editais não serão mais tão universais assim. Muita mais gente vai receber o email dizendo que seu projeto tem mérito, mas não foi classificado. Mu i tos Re i to res j á se pronunciaram publicamente sobre os cortes, inclusive informando onde estes se darão, o que ainda não se ocorreu na UFS. A instalação da mesa de negociação docente e as manifestações em conjunto da comunidade acadêmica exigem essa informação por parte da administração da universidade, principalmente em virtude do recente anúncio de um novo campus, isto é, da criação de mais um espaço precarizado, sem que os problemas dos demais campi tenham sido resolvidos. Isso se houver espaço. Com um orçamento de custeio 10% menor para atender não mais cinco, mas seis campi, e sem a previsão de botar um único prego novo de pé, que dirá erguer um campus, a lógica diz que o funcionamento desse campus deveria ser suspenso. Mas a lógica não faz parte da equação da submissão às absurdas decisões do MEC. No máximo, os reitores darão uns pitacos sobre onde eles próprios vão cortar os orçamento para satisfazer o governo. O governo? Este segue com seus quase 40 ministérios. A presidente? Esta só viaja.

E você, colega professor(a)?Participe da luta!

Editorial

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Boletim CLG

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Docentes da UFS rejeitam proposta do governo e greve continua

Sindicato

Durante a Assembleia Geral que ocorreu na tarde do dia 01/07, os docentes da UFS colocaram em votação a proposta do governo para as reivindicações da categoria. Por unanimidade, os docentes rejeitaram essa proposta e a greve continua na UFS por tempo indeterminado. Após a assemble ia , os docentes se dirigiram para a reitoria a fim de en t regar ao re i to r um documento solicitando a abertura da mesa de negociação sobre as reivindicações locais. O reitor, prof. Angelo Anton io l l i , recebeu os professores e agendou a primeira reunião para o dia 03/07. A pauta local foi aprovada em assembleia no dia 03.06 e reivindica: retomada da discussão da Estatuite da universidade; revogação da EBSERH; garantia de segurança e infraestrutura dos campi do interior e do campus de São Cristóvão; revisão do regimento do CESAD. As falas durante a assembleia demonstravam a indignação com os cortes previstos pelo governo para 2015, que podem inviabilizar o funcionamento das universidades ainda neste ano. "A gente precisa fazer um debate mais aprofundado, entender porque é 47% do orçamento para pagar a dívida pública e apenas 3% pra Educação. A categorias dos juízes conseguiu 78% de aumento, e a gente não vê um alarde na sociedade. Por que se dá um aumento desses pra uma categoria e se oferece menos do que a inflação pra classe educadora de um país?”, questionou a professora Rosângela Machado. Os cortes vão impactar diretamente a UFS não apenas na graduação, mas também na pós-graduação, que se transformou no alvo principal do governo. Está

havendo corte de verba do programa Ciência sem Fronteiras e a Capes perdeu sozinha 750 milhões de reais, o que implica no corte de bolsas de fomento à pesquisa. A previsão de corte na UFS é de 47% no capital e 10% no custeio. Apesar desse cenário, a reitoria insiste em fazer o vestibular para o campus do sertão. “Vai ser um campus a mais para dividir o que já não tem para manter a universidade nos moldes atuais em que ela funciona”, afirmou a secretária da ADUFS, prof. Brancilene Araújo. A g r e v e n a c i o n a l d o s docentes completou um mês no dia 28/06 e atualmente já conta com a adesão de 38 seções sindicais, segundo o último quadro divulgado pelo Comando Nacional de Greve (CNG). Na pauta nacional está a de fesa do cará ter púb l ico da universidade, melhores condições de trabalho e ensino, garantia da a u t o n o m i a u n i v e r s i t á r i a ,

reestruturação da carreira docente e valorização salarial de ativos e aposentados.

Proposta do governo No dia 25/06, em reunião com o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fórum dos SPF) e outras entidades sindicais, o secretário de relações de trabalho no serviço público do MPOG, Sérgio Mendonça, apresentou a proposta de reajuste parcelado, pago anualmente nos meses de janeiro de 2016 a 2019. No primeiro ano, de acordo com a proposta do governo, o reajuste seria de 5,5% - nos demais seria, em ordem, de 5%, 4,75% e 4,5%. Sérgio Mendonça ressaltou que trataria apenas desse item da pauta de reivindicações, estando, do ponto de vista do governo, a negociação dos demais pontos e as reuniões setoriais dependentes do acordo em relação ao reajuste proposto. Todas as entidades presentes na reunião rechaçaram a proposta apresentada pelo MPOG. O presidente do sindicato nacional, Paulo Rizzo, criticou a proposta apresentada. “Como vamos nos comprometer com um acordo que estabelece quatro anos de reajuste sem saber qual será a inflação dos próximos anos? Nossa posição é que os acordos salariais devem ter apenas um ano de duração. Queremos que o governo reavalie a proposta, e também que debata os demais pontos da pauta de reivindicações dos SPF”, disse.

N°03UFS

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Docentes e reitoria negociam pauta de reivindicações

Resultado da mobilização da categoria pela concretização de seus direitos, aconteceu na tarde do dia 03, às 16h, a primeira reunião de negociação entre os docentes do Comando Local de Greve (CLG) e o reitor da UFS, prof. Ângelo Antoniolli, sobre a pauta de reivindicações locais aprovada em assembleia. Como método de trabalho, estabeleceu-se que cada reunião com a reitoria abordará um dos 4 eixos da pauta, na seguinte ordem: 1. Suspensão do calendário acadêmico; 2. Estatuinte; 3. Infraestrutura; e 4. Cesad e EBSERH. A reunião sobre a suspensão do calendário acadêmico aconteceu no dia 10/07, às 16h Também se acordou que o reitor deve participar de todas as reuniões. O comando sugeriu que a mesa de negociação seja aberta, no formato de audiência pública, mas o Reitor não aceitou e respondeu que

irá negociar com os docentes através de grupos de trabalho. Em sua fala, o professor Airton relatou suas impressões sobre sua permanência no CNG em Brasília e sua participação na reunião da ANDIFES (Associação Nacional dos Dirigentes das Ifes) e na reunião entre o Sesu/MEC e os docentes. Nas reuniões, os cortes que serão realizados nas universidades, na ordem de 47% de capital e 10% de custeio, foram o foco principal. Com base na lei que garante a transparência e o acesso à informação, os integrantes do CLG solicitaram que a reitoria expusesse onde ocorrerão os cortes na UFS. O reitor afirmou que está aberto ao diálogo e que irá prestar contas de como os recursos da universidade têm sido gastos, onde poderá contingenciar ou não. Segundo o prof. Ângelo,

quase todos os recursos estão empenhados no término das obras da UFS. Há cerca de 30 obras em andamento, sendo que a prioridade é o término da Didática 7, que comportará a demanda das aulas da Pós-graduação. O professor Jailton Costa, p res iden te da ADUFS, ava l i a positivamente a primeira audiência da mesa de negociação com a reitoria, pois esta era uma demanda deliberada em assembleia e que tinha como objetivo discutir a metodologia que será usada nos demais encontros. “Já estamos em greve há mais de 30 dias e não havia ainda uma mesa para tratar das questões locais de nossa pauta. É preciso lutar em defesa da Educação Pública e da qualidade do ensino, pesquisa e extensão na UFS, que é a única universidade pública do nosso Estado”.

Situação dos professores substitutos e em estágio probatório com a greve

Uma dúvida frequente é a situação dos professores em estágio probatório, substitutos e visitantes durante o período de greve. A informação é que alguns professores são pressionados pela administração a continuar as atividades de ensino, sob pena de quebra de contrato caso não o façam. A assessoria jurídica do sindicato nacional enviou para a ADUFS um documento que aborda a possibilidade de esses professores exercerem o direito de greve. Sobre o

professor em estágio probatório, o documento afirma: “Inexiste previsão legal para punição dos servidores federais docentes em estágio probatório no que se refere a sua participação em movimento grevista, assim como não pode haver a sua exoneração sem i n s t a u r a ç ã o d e p r o c e s s o administrativo disciplinar. Caso haja alguma medida punitiva em relação ao docente, poderá haver ajuizamento de medida judic ia l para afastar a ilegalidade”.

N o c a s o d e d o c e n t e s substitutos e visitantes, a leitura dos dispositivos jurídicos aponta que inexiste qualquer referência à punição desses docentes no que se refere à greve. “Não se olvidando que o STF já consolidou o entendimento, por intermédio da Súmula no 316, de que a simples adesão à greve não constitui falta grave”, descreve o documento. Da mesma forma que o exemplo anterior, em caso de medida punitiva, pode haver medida judicial para afastar a ilegalidade.

Boletim CLGCategoria Docente

O programa de ajuste fiscal do governo federal, que atingirá todas as áreas, inclusive o Ministério da Educação (MEC) e o de Ciência e Tecnologia (MCTI), implicará em duros cortes na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível S u p e r i o r ( C a p e s ) . C o n f o r m e informação, esse corte imposto à agência financiadora de importantes projetos vai alcançar um montante de R$ 785 milhões. A i n f o r m a ç ã o q u e é o Programa Institucional de Bolsa de In ic iação à Docênc ia (P ib id ) , responsável pela concessão de auxílio financeiro para estudantes de licenciatura que atuam em escolas públicas — o que fortalece tanto as instituições quanto a formação de futuros docentes —, está sob ameaça de receber uma tesourada de até 90%. Todos os programas serão

bastante afetados, inclusive na concessão de bolsas que estão em vigência, já a partir de julho deste ano. Nas últimas semanas, tem havido um processo de negociação entre a Capes e a cúpula do MEC, cujo objetivo é não somente ter uma percepção do tamanho do corte que será imposto à DEB, mas também evitar que as restrições de recursos inviabilizem o funcionamento de programas importantes. No entanto, na Capes, especialmente junto à Diretoria de Formação de Professores da Educação Básica, já se admite que os cortes vão ocorrer e serão " a g r e s s i v o s " , i m p l i c a n d o n a interrupção imediata - parcial ou total - de programas estruturantes como o Pibid, o Pibid Diversidade e o Parfor. A Capes ressalta, no e-mail q u e c i r c u l a j u n t o à l i s t a d e professores/pesquisadores, que todos devem "colaborar" com o ajuste fiscal, e para isso, a sugestão é que planos de trabalho sejam revistos, r e c u r s o s s e j a m o t i m i z a d o s , convênios sejam repactuados, que seja avaliado o desenho estratégico de projetos, avaliados os resultados das ações para a formação de professores no país, redimensionada a apl icação orçamentár ia dos

projetos, entre outras iniciativas. No caso de as negociações sobre os cortes não serem favoráveis, a Coordenação deverá fazer, nos próximos dias, um comunicado oficial aos participantes dos programas de como ficará o redesenho das ações e dos projetos em andamento, como também, da nova configuração da concessão de bolsas aos programas q u e e s t ã o e m v i g ê n c i a n a DEB/Capes.

Cortes na UFBA A C a p e s t a m b é m j á encaminhou ofício à Pró-Reitoria de Ensino de Pós-Graduação da UFBA informando a redução do valor de PROAP para os programas de Pós-graduação da instituição. A UFBA teve s e u v a l o r r e d u z i d o p a r a R$1.068.925,00. Isto significa uma redução de 75% nos va lo res a t r i b u í d o s i n i c i a l m e n t e . A implementação desta medida levará à paralisação, de fato, da atividade de pós-graduação na Universidade Federal da Bahia.

Fonte: ANDES-SNCom informações: Correio

Brasiliense e UFBA

Capes sofrerá cortes na ordem de R$ 785 milhões

Reunião do CONSU é cancelada e suspensão do calendário acadêmico não é pautada

Programada para acontecer na manhã do dia, a reunião do Conselho Universitário (CONSU) foi cancelada pelo Reitor da UFS. Os comandos de greve da ADUFS, SINTUFS, representação do DCE e organizações estudantis estiveram presentes para cobrar a suspensão do ca lendár io acadêmico e o p a g a m e n t o d a s b o l s a s d o s estudantes. Logo após o anúncio da suspensão pelo reitor da UFS, a sala de reuniões foi tomada pelo som de apitos e palmas, como forma de protestar contra a at i tude dos conselheiros em não comparecer à reunião do CONSU do mês de junho. A reunião anterior do CONSU, que deveria ter ocorrido no dia 29 de maio, foi cancelada pelo Reitor. Durante essa reunião, docentes fariam uma intervenção para inserir na pauta do dia as reivindicações da categoria.

O CLG se reuniu depois para discutir a repercussão dos últimos acontecimentos e as ações de greve. Na visão dos docentes, a suspensão indica a postura contrária à greve por parte da reitoria, ao dificultar a resolução de questões urgentes, como o calendário acadêmico. Outro ponto abordado foi a informação de que a Resolução que t r a t a d o a f a s t a m e n t o p a r a

capacitação do servidor está sofrendo a l t e r a ç õ e s , m e s m o q u e o s conselheiros tenham aprovado em novembro de 2014 a minuta debatida durante várias assembleias na ADUFS. Segundo a professora Brancilene, secretária da ADUFS, que teve acesso ao documento, é preciso que haja um novo debate entre os professores sobre essas mudanças.

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N°03

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RELATO E AVALIAÇÃO DA REUNIÃO COM A SESu/MEC DE 23 DE JUNHO DE 2015

Negociação

Como resultado da greve, foi realizada, no dia 23 de junho de 2015, reunião entre o Comando Nacional de Greve do ANDES-SN (representado por Paulo Rizzo, Luciana Collier, Airton Paula Souza, Arturo Gouveia, Claudia March e Francisco Jacob Paiva) e o Secretário de Ensino Superior – Professor Jesualdo Pereira Farias. A reunião contou também com a presença, pela bancada do governo, de Dulce Maria Tristão, Diretora de Desenvolv imento da Rede de Instituições Federais de Ensino Super ior. O Secretár io in ic iou resgatando a reunião realizada em 22 de maio deste ano, quando o MEC se comprometeu a dar respostas à pauta protocolada pelo ANDES-SN em 5 de março de 2015, e destacou que, conforme exposto na reunião anterior, o MEC estava disposto a iniciar o diálogo sem, contudo, reconhecer o documento assinado em abril de 2014. Na sequência apresentou o conteúdo do ofício no qual são apresentados “os encaminhamentos do MEC referentes à pauta da categoria”. A concepção do caráter público da universidade, que se expressa no documento a partir da reafirmação do Regime Jurídico Único como forma de contratação, é acompanhada, contraditoriamente, da apresentação e defesa do Projeto de Lei 2177 de 2011, em tramitação no Cong resso Nac iona l , que r e g u l a m e n t a a E m e n d a Constitucional no 85 de 2015, avançando na consolidação das Parcerias Público-Privadas (PPP) na área de Ciência e Tecnologia. A definição de “autonomia”, feita pelo governo a partir da defesa do referido projeto, na verdade evidencia a ressignificação do público expressa pela consolidação dos mecanismos de privatização, via consolidação das PPPs no âmbito das instituições públicas. Soma-se ainda o fato de não terem sido excluídas do horizonte as contratações por outras formas, como a permitida pela lei das Organizações Sociais. O ato político do Supremo Tribunal Federal (STF), que afirmou a constitucionalidade das OS, se soma à defesa das medidas que consolidam as fo rmas de remuneração e contratação via adoção das PPP nas Instituições Federais de Ensino.

O argumento do governo em defesa da constitucionalidade do R e g i m e J u r í d i c o Ú n i c o e d a autonomia universitária é insuficiente para atender nossa pauta sobre a garantia de instituições públicas e autônomas, considerando a defesa dos representantes do governo das recentes Propostas de Emenda à Consti tuição, que tramitam no Congresso Nacional, abrem espaço para esvaziamento do conceito de público e de autonomia, permitindo que as universidades se atrelem à lógica do mercado. Como exemplo disso, estão as al terações da Constituição que permitem PPP no âmbito da ciência e tecnologia, cobrança de mensalidade em cursos de aperfeiçoamento e especialização e contratação de profissionais para as universidades via OS. Desse modo, para legitimar o avanço de suas políticas neoliberais no âmbito das IFE, o governo e o Congresso alteram a Constituição. U m e l e m e n t o a m a i s , apresentado nas argumentações do Secretário da SESu, no que diz respeito à concepção de caráter público da Universidade defendida pelo governo, se refere à menção da manutenção dos recursos do FIES e PROUNI como pontos positivos da expansão do ensino superior. A avaliação do CNG é de que a posição apresentada pelo governo, seja no documento, seja no debate durante a reunião, expressa de fato o aprofundamento da contrarreforma universitária como resposta às medidas de ajuste. A privatização e a mercant i l ização do ensino, da pesquisa e da extensão, já em curso nas IFE, são retomadas com novos c o n t o r n o s q u e l h e d ã o m a i s institucionalidade. A PEC 395/2014, cujo objetivo é tornar constitucional o fim da gratuidade para os cursos de aperfeiçoamento e especialização, foi defendida pelo Secretário da SESu, assim como o PL 2177/2011. O ajuste fiscal foi tratado pelo governo como uma rea l idade inexorável. A apresentação das verbas destinadas à expansão no per íodo de 2008 a 2014 veio combinada com a reafirmação verbal dos cortes no orçamento, na ordem de 10% nas verbas de custeio e 47% nas verbas de capital, implicando a desaceleração progressiva das obras

em curso, sem previsão de término do conjunto das obras em aberto e ausência de novas obras que permitam avançar na infraestrutura, assim como a manutenção das atividades nas Instituições Federais de Ensino, necessárias às condições de trabalho e estudo adequadas. Curiosamente, o montante de 9 b i lhões de invest imento na expansão no período de sete anos, apresentado no documento, se coloca no mesmo patamar, próximo aos valores dos cortes no orçamento da União para a educação no ano de 2015. Sobre as vagas docentes, foram apresentados os quantitativos de contratações no período de 2008 a 2014. Sabemos que a avaliação da e x p a n s ã o , s e m a d e v i d a consideração do aumento das matrículas no mesmo período, distorce a análise concreta da realidade. Os dados de contratação de docentes e liberação de verbas apresentados pelo governo, sem a c o n s i d e r a ç ã o d a d e s p r o p o r -cionalidade em relação à ampliação do número de matrículas nas IFE, ocultam elementos da análise sobre a expansão precarizada, retratada no cotidiano do trabalho docente em turmas superlotadas, ausência de docentes para assumir as turmas de graduação, dentre outros problemas. Desta forma, o documento apenas t a n g e n c i a q u e s t õ e s c e n t r a i s referentes às condições de trabalho. O secretário afirmou que há cerca de 9 mil vagas de docentes já liberadas para as IFE e não utilizadas pelos reitores. Mediante solicitação por representantes do CNG do de ta lhamento das vagas não preenchidas por IFE, com o objetivo de pautarmos junto às reitorias, o secretário respondeu negativamente à demanda, indicando que tais informações deveriam ser solicitadas junto às administrações das IFE. Afirma ainda a possibilidade de l iberação de mais 2 mil vagas docentes e 3 mil de técnicos-administrativos, que depende da autorização do MPOG, assim como a criação de cerca de 5 mil vagas docentes vinculadas à aprovação do PL 6244/2013, que tramita no Congresso Nacional. É importante salientar que

Por CNG/ANDES-SN

Boletim CLG

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d e s d e 2 0 1 2 o g o v e r n o s e comprometeu com a criação de vagas docentes vinculadas à expansão implementada desde o REUNI e, até agora, o que temos é apenas o a t e n d i m e n t o p a r c i a l d e s s e compromisso. Diante disso, cabe-nos perguntar: Até quando o governo vai apresentar respostas vazias aos docentes? Quando assumirá a responsabilidade de garantir os recursos humanos necessários para que a expansão do ensino superior ocorra de modo responsável e com qualidade? Cabe lembrar que o governo assumiu uma política de redução do percentual da folha de pagamentos em relação ao PIB, com o objetivo de alcançar o percentual de 4%. Considerando o crescimento da folha de pagamento referente ao aumento dos va lo res deco r ren tes das progressões e promoções, a política do governo será implementada, em nossa ava l i ação , a pa r t i r da combinação do arrocho salarial com contratações distintas do RJU, como é o exemplo das OS. Por isso, reivindicamos a criação e a liberação imediatas das vagas para professores e técnicos nas universidades via concurso público pelo RJU e a não adoção de outras formas de contratação para o serviço público federal. E m r e l a ç ã o à c a r r e i r a docente, o governo assumiu a alteração feita pela Lei 12.772/2012 como uma “reestruturação” que representa um avanço em relação ao modelo anterior. O “empenho em manter vias de diálogo sobre os aspectos conceituais da Carreira”, expresso no documento entregue pela SESu, não se consolidou em uma proposta de negociação efetiva. O secretário propôs um grupo de trabalho de conteúdo e prazo indefinidos, posto que na sua avaliação não se trata de uma questão prioritária. Os representantes do CNG argumentaram na reunião que a Lei 12 .772 /2012 rep resen tou um retrocesso na carreira ao apresentar uma “grade” de classes e níveis, combinada com uma tabela salarial, em separado, que consolida a d e s e s t r u t u r a ç ã o a p a r t i r d a inexistência de relação entre valores atribuídos aos diferentes regimes de trabalho, à retribuição por titulação e sua relação com vencimento básico e aos steps entre classes e níveis. O impacto negativo da carreira imposta, sem nenhuma sinalização de futuro

após o término da vigência das tabelas da Lei 12772 em 2015, somado ao não reconhecimento do acordo assinado em abril de 2014, coloca a reestruturação da carreira como uma questão prioritária a ser tratada na negociação em curto prazo. A d i r e t o r a D u l c e , q u e acompanhou as negociações de carreira até 2012, afirmou que a possibilidade de acesso ao último nível da carreira (titular) e a estrutura num total de 13 níveis, ainda que distribuídos em classes, são itens que o governo acatou da proposta de carreira do ANDES-SN. Ainda admitiu que, de fato, a estrutura a que se chegou em 2012, e em vigor, guarda falta de critérios na relação entre regimes de trabalho, degraus e titulação, questões que precisam ser ainda resolvidas. Sobre a valorização salarial de ativos e aposentados, o governo apresentou dados que distorcem a realidade das condições salariais da categoria, afirmando ter havido um reajuste médio de 30% a 35%. A utilização da média oculta a aplicação de diferentes percentuais de reajuste para cada classe, nível e regime de trabalho, o que implicou na não reposição das perdas inflacionárias para grande parte dos docentes. A s d e m a n d a s d e reestruturação da carreira que permitirão resgatar os direitos dos a p o s e n t a d o s a t a c a d o s p e l a desestruturação decorrente da Lei 12772 e por medidas anteriores, como a introdução da classe de assoc iado sem a necessá r i a transposição, foram apresentadas p e l o s r e p r e s e n t a n t e s d o CNG/ANDES-SN, sem nenhuma c o n s i d e r a ç ã o p o r p a r t e d o s representantes do governo. A permanência de uma tabela salar ia l que expressa valores nominais, sem nenhuma relação dos mesmos com os conceitos que sustentam a defesa de nosso projeto – degraus constantes entre níveis, percentuais definidos para cada t i tu lação e relação percentual constante entre regimes de trabalho com valorização da Dedicação Exclusiva -, permitirá ao governo a manipulação dos valores salariais. Nossa luta pela reestruturação com base nesses conceitos ordenadores tem como objetivo impedir que a negociação salarial, assim como aconteceu em 2012, resulte em concessão de reajustes distintos na remuneração, sem considerar a

paridade e a isonomia. Em relação ao processo de negociação, o Secretário foi enfático ao afirmar que, somente após o Ministério do Planejamento anunciar a disponibilidade orçamentária, será possível ter-se alguma discussão sobre a pauta salarial, o que será tratado em âmbito do MPOG com a presença da SESu. A posição dos representantes do CNG, expressa na reunião, é de que o MEC participe das reuniões, posto que defendemos que a pauta salarial seja tratada de forma combinada com a reestruturação da carreira. Decor r ido um ano sem repostas do MEC sobre nossa pauta de reivindicações, a deflagração da greve resultou na apresentação por parte do governo de um documento que expressa algumas considerações a respeito de nossas reivindicações. O CNG avalia que o documento e demais elementos apresentados na reunião com a SESu/MEC não respondem à nossa pauta. Indicamos, assim, uma rodada de assembleias nas IFE em greve, entre os dias 25 de junho a 1 de julho, para avaliação da r e u n i ã o c o m o M E C e encaminhamentos. Por todo o exposto, verifica-se a insistência, por parte do governo, em dar curso à implementação de um modelo de educação baseado na mercanti l ização, nas parcerias público-privadas, nos cursos pagos, nas terceirizações e contratações de técnicos e docentes sob condições precárias, na transferência de volumosos recursos públicos para o capital privado através do FIES e PROUNI, e em uma falsa autonomia, como o que está contido no PL 2177/2011. Nosso mov imento continua firme na defesa do caráter p ú b l i c o d a e d u c a ç ã o e d a universidade, como espaço de produção de uma ciência plural, realmente pública e socialmente referenciada, que vá além dos limites do cap i ta l . Por es ta razão, é importante o esforço no sentido de consolidar a unidade entre docentes, técnicos e estudantes na luta para b a r r a r a m e r c a n t i l i z a ç ã o e privatização nas IFE. Quando do fechamento deste texto, chegou ao CNG a convocação, a todas as entidades dos servidores federais, para uma reunião no MPOG, no dia 25/06/2015, às 14 horas, quando o governo deverá fazer a “apresentação de contraproposta do governo federal” à pauta dos SPF.

Técnicos da UFS rejeitam proposta de reajuste do Governo

Classe trabalhadora

P o r u n a n i m i d a d e , o s T r a b a l h a d o r e s T é c n i c o -administrativos em Educação (TAEs) da UFS rejei taram a proposta encaminhada pelo Governo Federal de reajuste salarial para os Servidores Públicos Federais (SPF) parcelado em quatro anos. Reunida em Assembleia na manhã de quinta, dia 2, a categoria foi e n f á t i c a e m a fi r m a r q u e o s percentuais apresentados não recompõem as perdas salariais dos últimos anos, uma vez que a política econômica neoliberal adotada pelo

governo do PT tem se apresentado de forma nefasta na retirada de direitos e a inflação do período (com projeção futura completamente incerta) aumenta ainda mais essa perda histórica dos trabalhadores. "Causa estranheza essa proposta, que tem o papel muito claro de desmobilizar os trabalhadores em greve. A recomposição deve ser feita em uma única vez, mas o governo cria esse mecanismo e, se aceitarmos, es ta remos amar rados e sem possibilidade de nos articularmos em novas greves quando nossos direitos

forem ameaçados", enfatiza Elayne Cristina, vice-presidente do SINTUFS. Essa negativa dos TAEs, e n t r e t a n t o , n ã o s e a t é m exclusivamente no debate de ganhos e p e r d a s s a l a r i a i s . " A m a i o r insatisfação da categoria diante dessa proposta está no fato de que ela se limita a discutir - precariamente - o salário, desconsiderando os demais p o n t o s d a e x t e n s a p a u t a d e reivindicações nacional", explica Lucas Gama, presidente do Sindicato.

Fonte: SINTUFS

A 16ª greve da história do SINASEFE está aprovada: delegados presentes à 132ª Plenária Nacional do Sindicato deliberaram, na noite do dia 04/07, favoravelmente à deflagração do movimento paredista na Educação Básica Federal. A paralisação está prevista para começar no dia 13 de julho - data proposta na 131ª PLENA e reafirmada na Plenária deste fim de semana. Com as greves do ANDES-SN, Fasubra, Fenajufe e Fenasps já em andamento e/ou aprovadas por suas bases, esta também passa a ser a 22ª greve da história do Serviço Público Federal. Foram 46 votos em favor da greve, 16 contrários e 7 abstenções (com uma declaração de voto). A vitória da opção pela paralisação dos trabalhadores da base do SINASEFE foi muito comemorada, inclusive com um pequeno intervalo entre os pontos de pauta da PLENA - que teve suas atividades continuadas logo em seguida. No domingo (05/07), a pauta de reivindicações específica do SINASEFE, assim como a chamada "pauta mínima" para negociação das prioridades com o governo, foram debatidas e aprovadas no fórum. O movimento paredista também reivindicará os pontos aprovados pela Campanha Salarial 2015 dos SPF.

Fonte: SINASEFE

132ª Plenária Nacional aprova deflagração da greve do SINASEFE para 13/07