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boletim empresarial 7 deve relevar, na aplicação da norma em causa, outro requisito que a lei não exija, como seja o de que o imóvel alienado seja propriedade de ambos os sujeitos passivos (e não apenas de um deles). Prova por cópias do registo predial Através do Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, proferido no processo n.º 3228/06.6TVLSB.L2.S1, de 30 de maio de 2013, o Supremo Tribunal de Justiça decidiu que quando o tribunal aceite a junção ao processo de cópias não certificadas do registo predial, insuficientes para a prova dos factos registados, deve convidar a parte a juntar certidão antes de proferir uma decisão sobre o litígio. Atualmente, o registo só pode ser provado por meio de certidões, sendo que estas podem ser disponibilizadas em suporte electrónico. Quando em vez de certidão do registo predial a parte apenas junta cópias não certificadas do mesmo, deve o tribunal determinar a realização das diligências necessárias ao apuramento da verdade e justa composição do litígio, designadamente através do convite à parte para apresentar a respectiva certidão. Ao admitir a junção de um documento não autenticado, com fundamento no interesse do mesmo para a apreciação do mérito da causa, sem convidar a parte a juntar a respetiva certidão, o tribunal cria nesta uma expectativa de que esse documento será, pelo menos, tido em conta e apreciado. Não sendo essa apreciação feita, uma vez que o registo só se prova por certidão, verifica-se uma violação da confiança que as partes devem depositar no tribunal e que justifica o regresso do processo à instância anterior, para que a parte seja finalmente convidada para juntar a certidão. O caso Uma cooperativa de habitação levou a cabo a construção de um empreendimento composto por sete edifícios. Depois de concluído o empreendimento, foram os diversos apartamentos sendo entregues aos seus proprietários. No entanto, estes detetaram a presença de vários defeitos de construção, tendo a Administração do Condomínio, em maio de 2005, enviado uma carta à cooperativa na qual denunciava esses mesmos defeitos, exigindo a sua reparação. Em causa estava a incapacidade do sistema de ventilação para evacuar convenientemente os gases provenientes da caldeira e dos exaustores e a presença de fissuras nas paredes do prédio e na laje de cobertura da garagem. Os defeitos não foram corrigidos e o condomínio do prédio avançou para tribunal. A cooperativa contestou a ação invocando a ilegitimidade da administração do condomínio e a caducidade do direito invocado. O tribunal entendeu que, de facto, o direito a exigir a reparação dos defeitos já tinha caducado e absolveu a cooperativa. O condomínio recorreu para a Relação que ordenou o prosseguimento do processo. Depois de realizado o julgamento, foi a ação julgada improcedente por não estar em causa uma compra e venda mas sim uma mera relação entre cooperativa e cooperantes que afastava a aplicação das regras relativas à venda de coisas defeituosas. O condomínio recorreu novamente para a Relação que anulou a decisão anterior ordenando que fossem recolhidas provas que permitissem demonstrar que alguns dos cooperantes já tinham vendido os seus apartamentos a terceiros que, assim, poderiam exigir a reparação dos defeitos. Para o fazer, o condomínio juntou cópias não certificadas do registo predial que não foram consideradas pelo tribunal, resultando numa nova decisão favorável à cooperativa. Depois de novo recurso para a Relação, no qual não obteve sucesso, o condomínio recorreu para o Supremo. Fê-lo defendendo que o tribunal devia ter considerado as cópias não certificadas do registo predial uma vez que a sua exatidão não tinha sido impugnada. O Supremo confirmou que as cópias não eram suficientes para provar as vendas entretanto efetuadas mas entendeu que o tribunal, depois de ter aceite a sua junção ao processo, deveria ter convidado o condomínio a corrigir a situação apresentando certidão do registo predial. Razão pela qual, ordenou que o processo regressasse à Relação para que esta procedesse a esse convite e, só depois de junta a certidão, proferisse nova decisão final. Renovação extraordinária de contratos de trabalho

Boletim Empresarial 2013-45

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    deve relevar, na aplicao da norma em causa, outro requisito que a lei no exija, como seja o de que o imvel alienado seja propriedade de ambos os sujeitos passivos (e no apenas de um deles).

    Prova por cpias do registo predial

    Atravs do Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, proferido no processo n. 3228/06.6TVLSB.L2.S1, de 30 de maio de 2013, o Supremo Tribunal de Justia decidiu que quando o tribunal aceite a juno ao processo de cpias no certificadas do registo predial, insuficientes para a prova dos factos registados, deve convidar a parte a juntar certido antes de proferir uma deciso sobre o litgio. Atualmente, o registo s pode ser provado por meio de certides, sendo que estas podem ser disponibilizadas em suporte electrnico. Quando em vez de certido do registo predial a parte apenas junta cpias no certificadas do mesmo, deve o tribunal determinar a realizao das diligncias necessrias ao apuramento da verdade e justa composio do litgio, designadamente atravs do convite parte para apresentar a respectiva certido.

    Ao admitir a juno de um documento no autenticado, com fundamento no interesse do mesmo para a apreciao do mrito da causa, sem convidar a parte a juntar a respetiva certido, o tribunal cria nesta uma expectativa de que esse documento ser, pelo menos, tido em conta e apreciado. No sendo essa apreciao feita, uma vez que o registo s se prova por certido, verifica-se uma violao da confiana que as partes devem depositar no tribunal e que justifica o regresso do processo instncia anterior, para que a parte seja finalmente convidada para juntar a certido. O caso Uma cooperativa de habitao levou a cabo a construo de um empreendimento composto por sete edifcios. Depois de concludo o empreendimento, foram os diversos apartamentos sendo entregues aos seus proprietrios. No entanto, estes detetaram a presena de vrios defeitos de construo, tendo a Administrao do Condomnio, em maio de 2005, enviado uma carta cooperativa na qual denunciava esses mesmos defeitos, exigindo a sua reparao. Em causa estava a incapacidade do sistema de ventilao para evacuar convenientemente os gases provenientes da caldeira e dos exaustores e a presena de fissuras nas paredes do prdio e na laje de cobertura da garagem. Os defeitos no foram corrigidos e o condomnio do prdio avanou para tribunal. A cooperativa contestou a ao invocando a ilegitimidade da administrao do condomnio e a caducidade do direito invocado. O tribunal entendeu que, de facto, o direito a exigir a reparao dos defeitos j tinha caducado e absolveu a cooperativa. O condomnio recorreu para a Relao que ordenou o prosseguimento do processo. Depois de realizado o julgamento, foi a ao julgada improcedente por no estar em causa uma compra e venda mas sim uma mera relao entre cooperativa e cooperantes que afastava a aplicao das regras relativas venda de coisas defeituosas. O condomnio recorreu novamente para a Relao que anulou a deciso anterior ordenando que fossem recolhidas provas que permitissem demonstrar que alguns dos cooperantes j tinham vendido os seus apartamentos a terceiros que, assim, poderiam exigir a reparao dos defeitos. Para o fazer, o condomnio juntou cpias no certificadas do registo predial que no foram consideradas pelo tribunal, resultando numa nova deciso favorvel cooperativa. Depois de novo recurso para a Relao, no qual no obteve sucesso, o condomnio recorreu para o Supremo. F-lo defendendo que o tribunal devia ter considerado as cpias no certificadas do registo predial uma vez que a sua exatido no tinha sido impugnada. O Supremo confirmou que as cpias no eram suficientes para provar as vendas entretanto efetuadas mas entendeu que o tribunal, depois de ter aceite a sua juno ao processo, deveria ter convidado o condomnio a corrigir a situao apresentando certido do registo predial. Razo pela qual, ordenou que o processo regressasse Relao para que esta procedesse a esse convite e, s depois de junta a certido, proferisse nova deciso final.

    Renovao extraordinria de contratos de trabalho

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    Atravs da Lei n. 76/2013, de 7 de novembro, foi publicado o novo regime de renovao extraordinria dos contratos de trabalho a termo certo, e o regime e o modo de clculo da compensao aplicvel aos contratos objeto dessa renovao. A lei entra em vigor a 8 de novembro. Esta a data a ter em conta ao fazer as contas relativas eventual renovao de um contrato. Em qualquer caso, fixado como limite de vigncia dos contratos renovados o dia 31 de dezembro de 2016. Dentro de um ano os parceiros sociais iro elaborar um relatrio intercalar sobre o resultado da aplicao desta medida, em sede de Comisso Permanente de Concertao Social. Contratos

    O regime de renovao extraordinria dos contratos de trabalho a termo certo aplica-se aos contratos celebrados ao abrigo do disposto no Cdigo do Trabalho, que atinjam o limite mximo da sua durao at 8 de novembro de 2015. Assim, os contratos que atinjam os limites mximos de durao at 8 de novembro de 2015 podem ser objeto de duas renovaes extraordinrias, sendo que a durao total das renovaes no pode exceder 12 meses. Esto nestas condies os contratos de trabalho a termo certo: 1) Previstos no Cdigo do Trabalho, que podem ser renovados at trs vezes e a sua durao no possam exceder: - 18 meses (quando se tratar de pessoa procura de primeiro emprego); - dois anos (casos de lanamento de nova atividade de durao incerta, incio de laborao de empresa ou de estabelecimento pertencente a empresa com menos de 750 trabalhadores, contratao de trabalhador em situao de desemprego de longa durao ou noutra prevista em legislao especial de poltica de emprego); - trs anos (nos restantes casos). 2) Previstos na medida de renovao extraordinria aplicada em 2012, tambm celebrados ao abrigo do Cdigo do Trabalho, que terminassem a 30 de junho de 2013 e tenham sido prolongados. Esta renovao no poderia exceder o dia 31 de dezembro de 2014, mas passa a ser permitida a sua prorrogao para l dessa data. A durao de cada renovao extraordinria no pode ser inferior a um sexto da durao mxima do contrato de trabalho a termo certo ou da sua durao efetiva, consoante a que for inferior. Caso os limites legais de durao e renovao sejam excedidos, o contrato de trabalho com termo converte-se em contrato de trabalho sem termo Em tudo o que no se encontre previsto deve aplicar-se subsidiariamente o Cdigo do Trabalho. Compensao O regime e o modo de clculo da compensao aplicvel aos contratos de trabalho que sejam objeto de renovao extraordinria : - o regime de direito transitrio previsto na quinta alterao ao Cdigo do Trabalho; ou - o regime do Cdigo do Trabalho aplicvel caducidade de contrato de trabalho a termo incerto e compensao calculada nos termos das regras aplicveis compensao por despedimento coletivo, devidamente adaptadas. Nos contratos de trabalho a termo ou nos contratos de trabalho temporrio celebrados desde 1 de outubro de 2013 (inclusive), em caso de caducidade que decorra de declarao do empregador, o trabalhador passar a ter direito a uma compensao cuja frmula de clculo prev: - 18 dias de retribuio base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade (contratos com termo certo); - 18 dias de retribuio base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, nos trs primeiros anos, e 12 dias de retribuio base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, nos restantes anos de vigncia (contratos com termo incerto). Quanto aos contratos a termo e contratos de trabalho temporrio celebrados antes daquela data, o clculo das compensaes a pagar pela cessao deste tipo de contratos de trabalho ir variar, como j acontece atualmente, consoante a data da celebrao, sendo que o valor final da compensao resultar da soma das diferentes frmulas aplicveis aos diferentes perodos temporais atravessados pela durao do contrato. A compensao nos contratos anteriores a 1 de novembro de 2011 resulta da soma dos seguintes perodos: - desde a celebrao do contrato at 31 de outubro de 2012 - o montante parcial da compensao corresponder a 3 ou 2 dias de retribuio base e diuturnidades por cada ano completo de durao do contrato ou

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    proporcionalmente, em caso de frao de ano, consoante a durao total do contrato seja superior a 6 meses ou no exceda esse perodo, respetivamente [NOTA: se com a aplicao desta frmula o valor obtido for igual ou superior a 12 vezes a retribuio base mensal e diuturnidades do trabalhador ou a 240 vezes a retribuio mnima mensal garantida (RMMG) (o que atualmente representa um valor de 116.400 euros), a compensao a pagar ser apenas desse valor; se da aplicao desta frmula resultar um valor inferior a 12 vezes a retribuio base mensal e diuturnidades do trabalhador ou a 240 vezes a RMMG, o montante global da compensao no pode ser superior a estes valores]; - entre 1 de novembro de 2012 e at 30 de setembro de 2013 - o montante parcial da compensao corresponder a 20 dias de retribuio base e diuturnidades (valor dirio de retribuio base e diuturnidades o resultado da diviso por 30 da retribuio base mensal e diuturnidades) calculado proporcionalmente ao perodo efetivo de trabalho prestado [NOTA: o valor da retribuio base e diuturnidades do trabalhador a considerar no pode ser superior a 20 vezes a RMMG (o que atualmente representa um valor de 9.700 euros); se com a aplicao desta frmula e da formula do perodo at 31 de outubro de 2012 o valor obtido for Igual ou superior a 12 vezes a retribuio base mensal e diuturnidades do trabalhador ou a 240 vezes a RMMG, o montante global da compensao a pagar ser apenas desse valor; se da aplicao desta frmula resultar um valor inferior a 12 vezes a retribuio base mensal e diuturnidades do trabalhador ou a 240 vezes a RMMG, o montante global da compensao no pode ser superior a estes valores] - a partir de 1 de outubro de 2013 - o montante parcial da compensao corresponder 18 dias de retribuio base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade nos trs anos primeiros anos de durao do contrato (apenas quando o contrato de trabalho, a 1 de outubro de 2013, no tenha atingido a durao de 3 anos) acrescido de 12 dias de retribuio base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade nos anos seguintes (NOTA: o valor da retribuio base e diuturnidades do trabalhador a considerar no pode ser superior a 20 vezes a RMMG - atualmente 9.700 euros). A compensao nos contratos celebrados depois de 1 de novembro de 2011 at 30 de setembro de 2013 (inclusive), calcula-se com base na soma dos seguintes perodos: - desde a celebrao do contrato at 30 de setembro de 2013 - o montante parcial da compensao corresponder a 20 dias de retribuio base e diuturnidades (valor dirio de retribuio base e diuturnidades o resultado da diviso por 30 da retribuio base mensal e diuturnidades) calculado proporcionalmente [NOTA: o valor da retribuio base e diuturnidades do trabalhador a considerar no pode ser superior a 20 vezes a RMMG - atualmente 9.700 euros; se o valor obtido for igual ou superior a 12 vezes a retribuio base mensal e diuturnidades do trabalhador ou a 240 vezes a RMMG, o montante global da compensao a pagar ser apenas desse valor; se da aplicao desta frmula resultar um valor inferior a 12 vezes, a retribuio base mensal e diuturnidades do trabalhador ou a 240 vezes a RMMG, o montante global da compensao no pode ser superior a estes valores]; - a partir de 1 de outubro de 2013 - o montante parcial da compensao corresponder 18 dias de retribuio base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade nos trs anos primeiros anos de durao do contrato (apenas quando o contrato de trabalho, a 1 de outubro de 2013, no tenha atingido a durao de 3 anos) acrescido de 12 dias de retribuio base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade nos anos seguintes (NOTA: o valor da retribuio base e diuturnidades do trabalhador a considerar no pode ser superior a 20 vezes a RMMG - atualmente 9.700 euros). A compensao nos contratos de trabalho a termo e nos contratos de trabalho temporrio celebrados a partir de 1 de outubro de 2013 faz-se da seguinte forma: - o valor da compensao por cessao corresponder a 18 dias de retribuio base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, no caso de contrato a termo certo, e de 18 dias de retribuio base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, nos trs primeiros anos de durao do contrato, e 12 dias de retribuio base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, nos restantes anos de durao, no caso de contrato a termo incerto; - o valor da retribuio base mensal e diuturnidades do trabalhador a considerar para efeitos de clculo da compensao no pode ser superior a 20 vezes a RMMG - atualmente 9.700 euros; - o valor da compensao a pagar pelo empregador nunca poder ser superior a 12 vezes a retribuio base mensal e diuturnidades do trabalhador ou, quando seja aplicvel o limite valor da retribuio base mensal e diuturnidades do trabalhador a considerar, a 240 vezes a RMMG. O no cumprimento destas regras relativas compensao constitui contraordenao grave.

    IVA em despesas com veculos ligeiros de mercadorias Atravs do Ofcio-Circulado n- 30152/2013, de 16 de outubro, o Fisco veio divulgar o seu entendimento quanto ao mbito da excluso do direito deduo do IVA suportado nas despesas respeitantes a viaturas ligeiras de mercadorias. Regra geral, s possvel deduzir o IVA que tenha incidido sobre bens adquiridos, importados ou utilizados pelo sujeito passivo para a realizao de transmisso de bens e prestaes de servios sujeitas a imposto e dele no isentas. Existem, no entanto, algumas excees a esse direito, relativas a aquisies de determinados bens ou servios cujas caractersticas os torna no essenciais atividade produtiva ou facilmente desviveis para consumos particulares.