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ANO IX NÚMERO 31 AGOSTO DE 2006 E DITORIAL E DITORIAL Equipe de Vigilância das Doenças Transmissíveis Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre Para nós da Equipe de Vigilância das Doenças Transmissíveis, (EVDT) a publicação do boletim Epidemiológico é sempre motivo de grande satisfação. Acreditamos que, ao divulgar artigos sobre as doenças de notificação compulsória e o número de notificações de doenças recebidas pela equipe, estamos interagindo com as fontes notificadoras e retro-alimentando o sistema de notificação destes agravos. No artigo que trata da vacinação contra hepatite B focalizamos a questão da vacina para jovens até 19 anos que está disponível na rede pública desde 2002, porém alcançando coberturas muito aquém das esperadas. Buscando melhorar a cobertura vacinal nesta faixa etária e também divulgar formas de prevenção das hepatites virais, nossa equipe entre os meses de abril e dezembro de 2006 realizou vacinações em 12 escolas municipais, bem como efetuou palestras para os alunos e professores sobre a importância das medidas preventivas em relação as hepatites virais. Ainda neste boletim trazemos um artigo sobre influenza. É de conhecimento geral que o mundo se encontra em alerta pela ameaça de uma nova pandemia de gripe. Frente a esta perspectiva a EVDT, em parceria com o Centro de Vigilância em Saúde (CEVS), tomou uma série de medidas para estabelecer o fluxo de notificações de casos suspeitos, bem como estabeleceu uma parceria com o hospitais para a conduta frente aos casos suspeitos da doença. O artigo que trata do LIRAa (Levantamento do Índice Rápido para o Aedes Aegypti) tem como objetivo manter- nos atualizados sobre a densidade populacional do vetor da dengue e sua distribuição na cidade. Esta informação serve de base para o direcionamento das ações de controle do vetor em nossa cidade. A possibilidade do surgimento de casos autóctones da doença é um desafio constante. As Equipes de Zoonoses e a EVDT, ambas da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde tem trabalhado com afinco para manter nossa cidade sem dengue. Apresentamos um artigo sobre a doença meningoccócica que nos trás um panorama da doença em nosso meio, analisando o período de 2000 a 2005. A letalidade da doença oscila entre 16,66% a 7,7 % e apresenta um baixo número de casos, sendo que em 2005 não ocorreu nenhum óbito associado à doença meningocócica em Porto Alegre. Finalmente, apresentamos a tabela dos agravos notificados até a semana epidemiológica nº 35 a qual é de grande importância para conhecermos os agravos que mais ocorrem em nosso meio. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DE INFLUENZA AVIÁRIA: UMA BREVE ATUALIZAÇÃO DE CASOS E DO FLUXO Adelaide Kreutz Pustai Enfermeira da EVDT/CGVS/SMS Já é de pleno conhecimento dos profissionais de saúde a situação de gravidade e de alerta em que o mundo se encontra pela ameaça de ocorrência de uma nova pandemia de gripe. Diante desta preocupação, a EVDT (Equipe de Vigilância das Doenças Transmissíveis), em parceria com o CEVS (Centro Estadual de Vigilância em Saúde), realizou, nos meses de junho e julho/2006, rodada de reuniões com as emergências dos grandes hospitais de Porto Alegre, a fim de repassar informações sobre Influenza Aviária causada pela cepa H5N1, (uma vez que esta cepa poderia ser precursora de uma nova Pandemia de Influenza). Nessa rodada de reuniões realizadas nos hospitais de Porto Alegre, houve a participação de 198 profissionais. A parceria estreita entre a Equipe de Vigilância das Doenças Transmissíveis (EVDT) da CGVS/ SMS e os Hospitais será fundamental para o enfrentamento de uma possível pandemia, bem como da EVDT com as outras esferas de governo (estadual e federal). O trabalho desta equipe fundamenta-se no "Plano de Contingência do Brasil para o Enfrentamento de uma Pandemia de Influenza", editado pelo Ministério da Saúde em 2005 e no Plano Estadual para Enfrentamento da Pandemia de Influenza" publicado pela Secretaria de Estado da Saúde em setembro do corrente ano. Transcrevemos, a seguir, o fluxo de notificação de casos suspeitos bem como a definição de caso suspeito. A Organização Mundial da Saúde vem sendo notificada desde dezembro de 2003 da ocorrência de surtos de Influenza Aviária pela cepa H5N1 (altamente patogênica). Os primeiros casos ocorreram na Ásia e, recentemente também na África, Oriente Médio e Europa. Veja resumo do número acumulado de casos humanos e mapa da localização dos casos. Estas informações podem ser conferidas no site da OMS: www .who .int.

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ANO IX NÚMERO 31 AGOSTO DE 2006

EDITORIALEDITORIAL

Equipe de Vigilância das Doenças TransmissíveisCoordenadoria Geral de Vigilância em Saúde

Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre

Para nós da Equipe de Vigilância das DoençasTransmissíveis, (EVDT) a publicação do boletimEpidemiológico é sempre motivo de grande satisfação.Acreditamos que, ao divulgar artigos sobre as doenças denotificação compulsória e o número de notificações dedoenças recebidas pela equipe, estamos interagindo comas fontes notificadoras e retro-alimentando o sistema denotificação destes agravos.

No artigo que trata da vacinação contra hepatite Bfocalizamos a questão da vacina para jovens até 19 anosque está disponível na rede pública desde 2002, porémalcançando coberturas muito aquém das esperadas.Buscando melhorar a cobertura vacinal nesta faixa etáriae também divulgar formas de prevenção das hepatitesvirais, nossa equipe entre os meses de abril e dezembrode 2006 realizou vacinações em 12 escolas municipais,bem como efetuou palestras para os alunos e professoressobre a importância das medidas preventivas em relaçãoas hepatites virais.

Ainda neste boletim trazemos um artigo sobre influenza.É de conhecimento geral que o mundo se encontra emalerta pela ameaça de uma nova pandemia de gripe. Frentea esta perspectiva a EVDT, em parceria com o Centro deVigilância em Saúde (CEVS), tomou uma série de medidaspara estabelecer o fluxo de notificações de casos suspeitos,bem como estabeleceu uma parceria com o hospitais paraa conduta frente aos casos suspeitos da doença.

O artigo que trata do LIRAa (Levantamento do ÍndiceRápido para o Aedes Aegypti) tem como objetivo manter-nos atualizados sobre a densidade populacional do vetorda dengue e sua distribuição na cidade. Esta informaçãoserve de base para o direcionamento das ações de controledo vetor em nossa cidade. A possibilidade do surgimentode casos autóctones da doença é um desafio constante.As Equipes de Zoonoses e a EVDT, ambas daCoordenadoria Geral de Vigilância em Saúde tem trabalhadocom afinco para manter nossa cidade sem dengue.

Apresentamos um artigo sobre a doençameningoccócica que nos trás um panorama da doença emnosso meio, analisando o período de 2000 a 2005. Aletalidade da doença oscila entre 16,66% a 7,7 % eapresenta um baixo número de casos, sendo que em 2005não ocorreu nenhum óbito associado à doençameningocócica em Porto Alegre.

Finalmente, apresentamos a tabela dos agravosnotificados até a semana epidemiológica nº 35 a qual é degrande importância para conhecermos os agravos que maisocorrem em nosso meio.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DEINFLUENZA AVIÁRIA: UMA BREVE

ATUALIZAÇÃO DE CASOS E DO FLUXO

Adelaide Kreutz PustaiEnfermeira da EVDT/CGVS/SMS

Já é de pleno conhecimento dos profissionaisde saúde a situação de gravidade e de alerta emque o mundo se encontra pela ameaça deocorrência de uma nova pandemia de gripe.

Diante desta preocupação, a EVDT (Equipe deVigilância das Doenças Transmissíveis), emparceria com o CEVS (Centro Estadual deVigilância em Saúde), realizou, nos meses dejunho e julho/2006, rodada de reuniões com asemergências dos grandes hospitais de PortoAlegre, a fim de repassar informações sobreInfluenza Aviária causada pela cepa H5N1, (umavez que esta cepa poderia ser precursora de umanova Pandemia de Influenza). Nessa rodada dereuniões realizadas nos hospitais de Porto Alegre,houve a participação de 198 profissionais.

A parceria estreita entre a Equipe de Vigilânciadas Doenças Transmissíveis (EVDT) da CGVS/SMS e os Hospitais será fundamental para oenfrentamento de uma possível pandemia, bemcomo da EVDT com as outras esferas de governo(estadual e federal). O trabalho desta equipefundamenta-se no "Plano de Contingência doBrasil para o Enfrentamento de uma Pandemia deInfluenza", editado pelo Ministério da Saúde em2005 e no Plano Estadual para Enfrentamento daPandemia de Influenza" publicado pela Secretariade Estado da Saúde em setembro do corrente ano.

Transcrevemos, a seguir, o fluxo de notificaçãode casos suspeitos bem como a definição de casosuspeito.

A Organização Mundial da Saúde vem sendonotificada desde dezembro de 2003 da ocorrênciade surtos de Influenza Aviária pela cepa H5N1(altamente patogênica). Os primeiros casosocorreram na Ásia e, recentemente também naÁfrica, Oriente Médio e Europa. Veja resumo donúmero acumulado de casos humanos e mapa dalocalização dos casos. Estas informações podemser conferidas no site da OMS: www.who.int.

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - Ano IX, nº 31, Agosto 200602

DOENÇA MENINGOCÓCICA NO MUNICÍPIODE PORTO ALEGRE NO PERÍODO

2000 A 2006

Maria de Fátima de BemRosana Iung

EVDT/CGVS/SMS

Ainda que seja uma doença endêmica de baixamagnitude, a possibilidade da ocorrência de casosgravíssimos com alta letalidade aliada ao seupotencial epidêmico, a Doença Meningocócicatem alto poder de causar pânico entre a população.

A doença meningocócica na populaçãoresidente no município de Porto alegre teve umaincidência média de 2,8 casos/100000 habitantesno período 2000 a 2006. A tendência de queda nonúmero de casos observada neste períodoprovavelmente será mantida em 2006, visto queaté a semana epidemiológica 45, (04/11/2006),foram confirmados 17 casos da doença. Por outrolado, a letalidade, que foi zero em 2005, até asemana 45 de 2006, foi de 17,6%.

Gráfico 1 - Doença Meningocócica: freqüência de casos eletalidade, Porto Alegre, 2000 a 2005

Tabela 1 - Distribuição da incidência de DoençaMeningocócica por faixa etária e ano do diagnóstico*,

Porto Alegre, 2000 a 2006

FAIXA ETÁRIA ANOem anos 2000 2001 2002 2003 2004 200500 a 04 27,86 25,70 15,12 23,44 13,40 11,9005 a 09 7,82 5,81 12,50 1,91 5,68 5,5910 a 19 3,01 4,26 1,69 2,94 0,42 1,2320 a 39 0,91 0,09 0,90 0,45 0,66 0,4340 a 59 1,24 0,92 0,03 0,06 0,60 0,8860 e + 1,25 0,62 0,00 0,61 0,00 0,00POPULAÇÃO 3,97 4,00 2,75 2,80 1,85 1,96

Fonte: SINAN/EVDT* incidência /100.000 habitantes

Tabela 2 - Doença Meningocócica: Distribuição por ano dodiagnóstico da freqüência de casos e letalidade

A N O 2000 2001 2002 2003 2004 2005Número de casos 54 51 38 39 26 28Letalidade (%) 16,66 13,72 10,52 7,7 11,53 0

Fonte: SINAN/EVDT

FLUXO DE NOTIFICAÇÃO E MANEJO CLÍNICO - PORTO ALEGREPACIENTE COM SUSPEITA DE INFLUENZA POR NOVO SUBTIPO

VIRAL - FASE DE ALERTA PANDÊMICO

Fonte: SINAN/EVDT/CGVS/SMS/POA

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - Ano IX, nº 31, Agosto 2006 03

Fonte: SINAN/EVDT/CGVS/SMS/POA

No período de 2000 até a semana epidemio-lógica 45 de 2006 foram confirmados 253 casos deDM. As faixas etárias mais atingidas são tambémaquelas que concentram as maiores incidências:69% dos casos estão entre as crianças com até 9anos de idade. Esta concentração na populaçãocom até 9 anos chega a 94% nos casos da doençaconfirmados até 4 de novembro de 2006.

Gráfico 2 - Doença Meningocócica: Distribuição daIncidência por 100.000 hab segundo faixa etária (em anos)

e ano do diagnóstico, Porto Alegre, 2000 a 2006

No período de 2000 a 2006 foi possível aidentificação de sorogrupo em 46% dos casosdiagnosticados. Dos 118 casos onde foiidentificado o sorogrupo, 82% foram do SorogrupoB, 7,6% correspondem ao sorogrupo C e 10,2%ao sorogrupo Y ou W1135.

Gráfico 3 - Doença Meningocócica: Distribuição porsorogrupo identificado e ano do diagnóstico, Porto Alegre,

1999 a 2006

3

A confirmação do diagnóstico segue asdefinições do Sistema de Informação de Agravosde Notificação/SVS/MS e pode ser observada nográfico 4.

Dos 253 casos, 68,4% foram diagnosticadospor critério laboratorial. Das culturas de LCR ousangue, positivas para N. Meningitidis obtidas em48% dos casos, 7,4% foram confirmados atravésde CIEF; 5,9% por prova de Látex e 5,9% comclínica compatível com DM associada a

Bacterioscopia com presença de Diplococos Gramnegativos.

Gráfico 4 - Doença Meningocócica: Distribuição dos casospor critério e ano do diagnóstico,Porto Alegre, 1999 a 2006

Segundo Ministério da Saúde* "o Sistema deVigilância das Meningites (SVE/Meningites)compreende todas as atividades e atoresenvolvidos desde a identificação de um casosuspeito até a adoção das medidas de prevençãoe controle da doença na comunidade. O SVE/Meningites teve sua implantação em 1975, quandotinha como objetivo principal o controle da doençameningocócica, em virtude dos surtos entãoverificados no país. Ao longo dos anos, foiincorporada a este Sistema a vigilância de outrasmeningites de interesse para a saúde pública,como a meningite tuberculosa, a meningite porHaemophilus influenzae, a meningite porStreptococcus pneumoniae e as meningitesvirais.O sistema de vigilância das meningites tempor objetivos gerais: monitorar a situaçãoepidemiológica das meningites no país; orientar autilização das medidas de prevenção e controledisponíveis e avaliar a efetividade do uso dessastecnologias, bem como produzir e disseminarinformações epidemiológicas".

Os objetivos específicos da vigilância dasmeningites são detectar sur tos de doençameningocócica e de meningite viral e monitorar aprevalência dos sorogrupos e sorotipos deNeisseria meningitidis, dos sorotipos deHaemophilus influenzae e Streptococcuspneumoniae circulantes. Assim, a participaçãoefetiva dos serviços de assistência à saúde nanotificação imediata dos casos e no provimentode amostras de LCR e soro para análiselaboratorial são essenciais para o êxito davigilância.

* Guia de Vigilância Epidemiológica Ministério da Saúde,Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento devigilância Epidemiológica, 6ª edição , Série A. Normase Manuais Técnicos, Brasília - DF, 2005.

Fonte: SINAN/EVDT/CGVS/SMS/POA

Fonte: SINAN/EVDT/CGVS/SMS/POA

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - Ano IX, nº 31, Agosto 200604

VACINAÇÃO EM ESCOLARES CONTRAHEPATITE B - CAMPANHA VERÃO GAÚCHO

Augusto Badin Crippa, Rosane Gralhae Silvana Boeira Zanella

Enfermeiros(a)Daiane de Rosso Maciel, Eva de Oliveira,

Fernanda Batista Cruz, Janie Pires dosSantos e Lourdes Teresinha Serafim Alves

Técnicos de enfermagem

A hepatite B é uma doença transmissível e acontaminação ocorre por via parenteral, através derelações sexuais sem proteção e transmissãovertical. Em Porto Alegre foram notificados 133novos casos em 2005.

A contaminação com o vírus causador dahepatite B pode ser prevenida evitando-se aexposição aos meios de contágio e através doesquema vacinal. Desde o ano de 1998 a vacinacontra hepatite B está disponível na rede básicapara menores de um ano de idade. A partir de2002, ela foi disponibilizada na rede de saúde atéos 19 anos.

A adolescência é o período em que a maioria dosjovens inicia a atividade sexual, muitas vezes deforma desprotegida.Também se submete a colocaçãode piercings e tatuagens que são procedimentosinvasivos com riscos de contaminação.

Considerando os riscos e a baixa adesão destepúblico ao esquema vacinal, a VigilânciaEpidemiológica (CGVS - SMS - EVDT) através deseus núcleos, o Núcleo das DoençasTransmissíveis Agudas e do Núcleo deImunizações, efetivaram um projeto chamadoCampanha Verão Gaúcho com a proposta devacinação de escolares contra hepatite B na faixaetária de 15 a 19 anos.

A seleção da equipe técnica para este projetoocorreu em fevereiro e a contratação em março de2006. As atividades de capacitação e organizaçãoda Campanha foram iniciadas no mês de abril.

Devido ao período de contratação da equipeforam definidas como elegíveis 12 escolasmunicipais. E, para atingir o maior número dealunos ampliou-se a faixa etária para 10 a 19 anos.

Foram elaboradas diversas estratégias paraauxiliar na execução da campanha, tais como:Ofício para as Gerências Distritais informandosobre a campanha nas escolas de suas regiõesde atuação, listagem de materiais necessários paravacinação (impressos e insumos), roteiro da 1ªvisita nas escolas, relação das escolasselecionadas com dados pertinentes, termo deconsentimento dos pais, entre outras. O Programa

de Informatização das Escolas (PIE) forneceu umalistagem com o nome, idade e número total dealunos dentro da faixa etária de cada escola.

No momento seguinte, foram agendadas asprimeiras visitas às escolas para elucidar osmotivos e objetivos da campanha, reconhecer oespaço físico para atuação da equipe, e definir asdatas da palestra com os professores, e davacinação.No encontro com os professores, foramrealizadas palestras educativas sobre hepatites,abordando os diferentes tipos de hepatites, asintomatologia, os modos de transmissão, os meiosde prevenção e as vacinas indicadas, visando umcomprometimento destes com a campanha devacinação e também com a multiplicação destasinformações junto aos alunos. Foram utilizadoscartazes e folders informativos do Ministério daSaúde sobre hepatites e elaborados materiaisdidáticos.

A tabela 1 (página 5) apresenta as escolasalvos da campanha com a 1ª e 2ª doses aplicadae a tabela 2 apresenta a totalização das atividadesrealizadas durante a campanha.

Tabela 2 - População atingida pela Campanha VerãoGaúcho, Porto Alegre, 2006.

Nº Alunos Percentual

Número de Alunos Matriculados nas EscolasSelecionadas - Faixa Etária dos 10 aos 19 anos 7.860 100 %

Total de alunos vacinados com 1ª dose da vacina 2.978 37,88 %

Total de alunos vacinados com a 2ª dose da vacina 2.139 27,21 %

Total de alunos esperados p/ serem vacinadoscom 3ª dose 2.139 27,21 %

Total de alunos com Imunização Completa 282 3,58 %

Total de alunos que completaram Esquema Vacinal 84 1,068 %

Total de alunos esperados que completarão o esquemavacinal após a aplicação da 3ª dose (Imunização Completa) 2.505 31,87 %Fonte:PMPA-SMS-CGVS-EVDT-NI

De acordo com a tabela acima, verifica-se obaixo índice de adolescentes que haviam recebidoas três doses da vacina antes da campanha,apenas 3,58% dos adolescentes matriculados nasescolas visitadas.

O total de adolescentes vacinados com aprimeira dose foi de 37,88%, um número menordo que o esperado, mas que se explica pelaresistência dos jovens à vacina, pois alguns nãocompareciam no dia em que a equipe encontrava-se na escola ou não freqüentavam mais as aulas.Já na comparação da primeira com a segundadose percebe-se uma redução de 839 alunos. Estaqueda explica-se pela ausência destes alunos nodia da vacinação, resistência em prosseguir como esquema vacinal e o mau tempo em alguns dias,

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - Ano IX, nº 31, Agosto 2006 05

pois há alunos que não têm condições de sair decasa em dias de chuva.Outra dificuldadeencontrada foi a liberação dos alunos pelosprofessores devido ao agendamento do conselhode classe nas datas previstas para vacinação -destacamos que os dias de vacinação foramdefinidas conjuntamente com a direção da escolade acordo com o seu calendário de atividades.

Alguns alunos apresentaram a carteira devacinação com duas doses da vacina aplicada,mas sem a terceira, o que não garante aimunização. Isto revela a necessidade de enfatizara importância da terceira dose e manter um registroque possibilite a busca ativa aos faltosos.

Estima-se que a população imunizada ao finalda campanha, isto é, com as três doses da vacinacontra hepatite B, atinja 31,87% do total de alunosmatriculados nas escolas municipaisselecionadas.

Considerações Finais

A vacina contra a hepatite B está disponível narede básica de saúde desde 2002 paraadolescentes até 19 anos, porém a procura tem sidobaixa. Diversos motivos contribuem para isto, comoa pouca divulgação do calendário vacinal doadolescente, resistência dos jovens à injeção,esquema vacinal incompleto devido ao grande

intervalo entre as doses. Nestes aspectos cabe aosprofissionais de saúde e da educação trabalhar emparceria para levar a informação para essapopulação suscetível, pois a contaminação muitasvezes se dá pelo desconhecimento dos meios decontágio e medidas de prevenção. A CampanhaVerão Gaúcho além de proporcionar a imunizaçãocontra a Hepatite B oportunizou a socialização dasinformações sobre as Hepatites Virais atingindonão somente o público da campanha, mas tambémas pessoas próximas a elas, como familiares,vizinhos, colegas, etc.

O trabalho realizado foi o início de uma meta aser atingida em longo prazo, buscando aumentar aadesão da vacina contra hepatite B e, posteriormente,eliminar esta doença do município. Para isto énecessária a colaboração de todos que cercam opúblico alvo da campanha, como profissionais dasaúde, da educação e dos familiares. Um exemplodesta iniciativa foi a Unidade de Saúde Centro deExtensão Universitária da Vila Fátima que organizoua vacinação contra a Hepatite B em duas escolaspróximas a sua área de abrangência (Escola MarianoBecker e Escola Nª Sª de Fátima).A equipe deenfermagem durante a vacinação nas escolas emquestão verificou as carteiras de vacinação dosalunos aumentando com isso a cobertura vacinal desua região.

Tabela 1 - Doses aplicadas contra Hepatite B-1ª e 2ª doses por escolas, Porto Alegre, 2006.

Escola Nº Alunos Matriculados Dose/ 10 a 14 anos 15 a 19 anos Total de VacinadosTotal de Vacinados10 aos 19 anos Faixa etária 1ª Dose 2ª Dose

E.M.E.B. Dr. Liberato 609 1ª dose - 213 213 146Salzano Vieira da Cunha 2ª dose - 146

E.M.E.F. Gov. Il do Meneghetti 1.046 1ª dose 355 103 458 3832ª dose 317 66

E.M.E.F. Grande Oriente do RGS 886 1ª dose 276 94 370 2792ª dose 219 60

E.M.E.F. Dolores Alcaraz Caldas 1.037 1ª dose 326 70 396 3162ª dose 272 44

E.M.E.F. Ver. Carlos Pessoa de Brum 801 1ª dose 272 78 350 2812ª dose 228 53

E.M.E.F. Sen. Alberto Pasqualini 414 1ª dose 42 159 201 1302ª dose 27 103

E.M.E.M. Emílio Meyer 396 1ª dose - 68 68 412ª dose - 41

E. Estadual Costa e Silva 700 1ª dose - 137 137 1202ª dose - 120

E.M.E.F. José Loureiro da Silva 869 1ª dose 281 84 365 1812ª dose 135 46

E.M.E.F. Ver. Martim Aranha 642 1ª dose 158 93 251 1732ª dose 113 60

E.M.E.F. Dep. Marcírio Goulart Loureiro 166 1ª dose 04 70 74 332ª dose 02 31

CMET Paulo Freire 294 1ª dose - 95 95 562ª dose - 56

TOTAL ALUNOS 7.860 - - - 2.978 2.139Fonte:PMPA-SMS-CGVS-EVDT-NI

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - Ano IX, nº 31, Agosto 200606

A SITUAÇÃO DO VETOR DA DENGUE EMPORTO ALEGRE - RESULTADOS DO

LEVANTAMENTO DE ÍNDICE RÁPIDO PARAAEDES AEGYPTI - LIRA- MAIO/2006

Maria Angélica WeberBióloga do Núcleo de Vigilância

de Roedores e Vetores

O levantamento de Índice Rápido para Aedesaegypti (LIRAa) é um método de investigação poramostragem que tem por objetivo determinar aocorrência do vetor da dengue, bem como a suadensidade populacional e distribuição na cidade.Esta atividade é preconizada pelo Ministério daSaúde, no Programa Nacional de Controle daDengue (PNCD).

O município é dividido em estratos contendo entre8000 e 12000 imóveis, dentro dos quais são sorteadosos quarteirões a serem inspecionados. Nestesquarteirões, os imóveis são visitados alternadamente.Nos imóveis nos quais se verifica a presença de larvasde mosquitos, essas são coletadas para identificaçãoda espécie. Com estes dados, obtemos os índices deinfestação predial do município. Isso é, a proporçãode imóveis com a presença do vetor da dengue, emrelação aos pesquisados.

Essa informação servirá de base para odirecionamento das ações de controle do vetor ede educação em saúde.

Este LIRAa teve a participação de 91 agentesde saúde municipais e 20 supervisores estaduais.A coordenação desta atividade foi da CGVS/SMS/PMPA.

Durante este período, foram vistoriados 13.973imóveis, durante 17 dias úteis.

A figura mostra os locais da cidade onde foramregistradas as presenças do vetor.

O quadro apresenta os depósitos, por tipo, ondeforam coletas as larvas do vetor.

O PNCD tem como um dos objetivos reduzir oíndice de infestação predial a menos de 1%.

A prevenção da dengue em Porto Alegrepermanece sendo um grande desafio para a SaúdePública. A presença do vetor em uma grande áreada cidade nos coloca numa situação de risco paraaparecimento de casos autóctones da doença.

As medidas de enfrentamento desta situaçãodevem englobar a implementação de açõesintersetoriais em saúde, ambiente e educação; omanejo ambiental e atenção aos serviços desaneamento básico como a gestão de resíduossólidos. É importante a integração das vigilânciasambiental, entomológica e epidemiológica paraações sobre os condicionantes da Dengue.

O conhecimento de quais níveis deinfestação de A aegypti, que devem ser trazidos aníveis mais baixos, podem ser obtidos a partir deuma rede social e descentralizada de açõesvisando assegurar mudanças de comportamentosindividuais e coletivos. Dentro dessa rede, acomunidade, os serviços de saúde e o trabalhodos agentes dos programas de saúde da famíliapodem desempenhar, assim, papel estratégico.

É muito importante, também, manter o sistemamunicipal de vigilância epidemiológica ágil eatuante através de notificação e investigação decasos suspeitos de dengue, para, na descobertados primeiros casos, termos o conhecimentoprecoce da circulação viral e assim, fazermosrápidas intervenções.

Quadro 1: Tipo de depósito onde foram coletadass asamostras de A aegypti - LIRAa - maio 2006

Número de Recipitentes positivos para Aedes aegypti por tipoDescrição Código %

Caixa de água ligada à rede (depósitos elevados) A1 1,2Depósitos ao nível do solo (barril, tina tambor, tanque, poço) A2 4,4Dep. Móveis: vasos/frascos, pratos, pingadeiras, bebedouros, etc. B 66,7Depósitos fixos: Tques obras e borracharias, calhas, lajes etc. C 10,5Pneus D1 4,9Lixo (recip. Plast, garrafas, latas),.sucatas em ferro velhos D2 9,6Depositos naturais E 2,8

1.Arquipélago2.Farrapos3.Humaitá4.Anchieta5.Área não cadastrada6.Marcílio Dias7.Navegantes8.São João9.Sarandi10.Rubem Berta11.São Geraldo12.Santa Maria Goretti13.Jardim São Pedro14.Jardim Floresta15.Jardim Lindóia16.São Sebastião17.Floresta18.Higienópolis19.Passo D'Areia20.Cristo Redentor21.Vila Ipiranga

22.Jardim Itu-Sabará23.Passo das Pedras24.Protásio Alves25.Centro26.Independência27.Moinhos de Vento28.Auxiliadora29.Boa Vista30.Praia de Belas31.Cidade Baixa32.Farroupilha33.Bom Fim34.Rio Branco35.Mont' Serrat36.Bela Vista37.Três Figueiras38.Chácara das Pedras39.Vila Jardim40.Menino Deus41.Azenha42.Santana

43.Santa Cecília44.Petrópolis45.Bom Jesus46.Jardim Carvalho47.Cristal48.Santa Teresa49.Medianeira50.Santo Antonio51.Partenon52.Jardim Botânico53.Jardim do Salso54.Vila Assunção55.Tristeza56.Camaquã57.Cavalhada58.Nonoai59.Teresópolis60.Glória61.Cel. Aparício Borges62.Vila João Pessoa63.São José

64.Agronomia65.Vila Conceição66.Pedra Redonda67.Ipanema68.Vila Nova69.Cascata70.Lomba do Pinheiro71.Espírito Santo72.Aberta dos Morros73.Belém Velho74.Guarujá75.Hípica76.Restinga77.Serraria78.Ponta Grossa79.Chapéu do Sol80.Belém Novo81.Lajeado82.Área não cadastrada83.Lami

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - Ano IX, nº 31, Agosto 2006 07

TABELA DO TOTAL DE CASOS NOTIFICADOS E INVESTIGADOS PELA EQUIPEDE VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO ANO DE 2006, SE 1 À 35*

NA: Não se aplica (considerado caso pela notificação)* dados sujeitos a revisão** casos confirmados importados

Agravos Total de Casos Casos Residentes em POAInvestigados Confirmados Investigados Confirmados

Acidentes com animais peçonhentos 69 69 35 35Aids 1063 1063 802 802

>13 anos 1034 787< 13 anos 29 15

Atendimento anti-rábico 2606 2605 2524 2524Botulismo 0 0 0 0Carbunculo ou Antraz 0 0 0 0Caxumba 60 NA 59 NACólera 0 0 0 0Coqueluche 57 25 30 11Dengue** 44 22 38 19Difteria 1 0 1 0Doença de Creutzfeld-Jakob 1 1 1 1Doença Chagas (casos agudos) 0 0 0 0Doença exantemática 50 0 50 0

Rubéola 49 0 46 0 Sarampo 4 0 4 0

Esquistossomose 0 0 0 0Eventos Adversos Pós-Vacinação 255 255 255 255Febre Amarela 0 0 0 0Febre do Nilo Ocidental 0 0 0 0Febre Maculosa 0 0 0 0Febre Tifóide 0 0 0 0Gestantes HIV + e criança exposta 427 427 297 297Hanseníase 26 26 9 9Hantavirose 1 0 1 0Hepatite viral 1101 1032 1005 943

Hepatite A 109 97Hepatite B 54 47Hepatite C 855 786

Hepatite B+C 11 10Hepatite A/B ou A/C 3 3

Leishmaniose Tegumentar Americana 0 0 0 0Leishmaniose visceral ** 0 0 0 0Leptospirose 173 57 101 24Malaria** 12 7 3 2Meningites 825 704 452 384

Doença meningocócica 37 15 M. bacteriana 67 33

M. outras etiologias 35 24M. Haemophilus 1 1

M. não especificada 57 30M. pneumococo 22 14M. tuberculosa 8 5

M. viral 477 262Peste 0 0 0 0Poliomielite/Paralisia Flácida Aguda 9 0 3 0Raiva Humana 0 0 0 0Sífilis Congênita 79 73 53 50Sífilis em gestante 35 35 35 35Síndrome da Rubéola Congênita 0 0 0 0Tétano acidental 7 6 0 0Tétano neonatal 0 0 0 0Tuberculose 1326 1326 1070 1070

Casos Novos 1015 862Tularemia 0 0 0 0Varicela 1127 NA 1097 NAVaríola 0 0 0 0Total 9407 7985

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - Ano IX, nº 31, Agosto 200608

SECRETÁRIO MUNICIPAL DA SAÚDE:Pedro Gus

COORDENADORA DA COORDENADORIA GERAL DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE:Denise Aerts

CHEFE DA EQUIPE DE VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS:Maristela Fiorini

MEMBROS DA EQUIPE DE VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS:Adelaide Kreutz Pustai / Ana S. de G. Munhoz / Ana Sir C. Gonçalves

Ângela M. L. Echevarria / Cláudio R. de J. Rodrigues / Débora B. G. Leal / Edi de SouzaEliane C. Elias / Eliane N. Siqueira / Isete Maria Stella / Liane Oliveira Fetzer

Lisiane M. W. Acosta / Mara B. S. Ourives / Márcia C. Calixto / Márcia C. SantanaMaria Alice P. de Graña Calvete / Maria Aparecida M. Vilarino / Maria da G. S. de Bastos

Maria de Fátima de Bem Rigatti / Maria R. V. Brito / Mariloy T. ViegasMaristela Fiorini / Maristela A. Moresco / Naiar S. Marques / Neiva Isabel R. Wachholz

Niraci P. Perin / Patricia C. Wiederkehr / Patrícia Z. Lopes / Paulina B. CruzRosana I. Ouriques / Rosane Simas Gralha / Rosane T. da C. LinckRute da S. Lopes / Sônia Eloisa O. de Freitas / Sônia V. Thiesen

Vera L. J. Ricaldi / Vera R. da S Carvalho

DOENÇAS TRANSMITIDAS PORALIMENTOS: NOVOS FLUXOS NA

INVESTIGAÇÃO DE SURTOS

Carla Rosane Bacêdo de VargasMédica Veterinária EVDT

As Doenças de Transmissão Alimentar (DTAs)ocorrem mundialmente e estão ligadas a uma grandevariedade de agentes causais.

O crescimento populacional urbano, a distânciaentre os locais de produção e consumo, aindustrialização/comércio em grande escala(globalização) e a desinformação dos consumidores eprodutores de alimentos são alguns dos fatores quecontribuem para a ocorrência destas doenças.

No Rio Grande do Sul, no período de 1980 a 1996foram registrados 1242 Surtos de DTA . Estes eventosenvolveram 76.115 pessoas das quais estima-se que60.525 tenham adoecido.

Desde 1995, após a municipalização da saúde, aSecretaria Municipal de Saúde investiga a ocorrênciados surtos de doenças de transmissão alimentar (DTA)através da EVA - Equipe de Vigilância de Alimentos/CGVS.

Com o objetivo de otimizar recursos e qualificarserviços, esta investigação passa a ser compartilhadadentro da CGVS entre as diversas Equipes deVigilância Sanitária (Alimentos, Águas, Serviços deInteresse à Saúde) e Epidemiológica (DoençasTransmissíveis), sob a coordenação desta última,conforme orientação do Ministério da Saúde.

Desta nova forma, após a notificação, as Equipesde Vigilância Sanitária, conforme suas especificidades,investigarão a produção/comercialização dosalimentos, a qualidade da água de uso/consumo etodas as áreas do comércio de alimentos, residências,escolinhas infantis, geriatrias, assim comoencaminharão as amostras de alimentos, água e/ouamostras biológicas dos manipuladores de alimentospara análise laboratorial. Por sua vez, a EVDT fará ainvestigação junto aos comensais, doentes e não

doentes e procederá ao encaminhamento da coleta deamostra dos mesmos.

Ao final do processo, após análise das Equipesenvolvidas, as conclusões serão enviadas aosenvolvidos e aos órgãos competentes (SES/MS).

A tabela a seguir apresenta o histórico de surtosde DTA em Porto Alegre até 2002.

Tabela 1: Distribuição anual dos surtos notificados einvestigados de Doenças Transmitidas por Alimentos nomunicípio de Porto Alegre no período de 1995 a 2002.

Surtos Notificados Surtos Investigados Surtos com Alimento/Agente identificados

Ano N N % N %ª %b

1995 81 39 48 27 33 69

1996 60 12 53 19 32 59

1997 49 21 43 17 35 81

1998 23 4 17 2 9 50

1999 32 13 41 8 25 62

2000 32 27 84 11 34 41

2001 12 11 92 9 75 82

2002 14 12 86 6 43 50

Total 303 159 52 99 33 62a percentual em relação ao número de surtos notificadosb percentual em relação ao número de surtos investigadosFonte: Gottardi, C. P. T., 2003, Trabalho de Conclusão do Curso de Medicina Veterinária, UFRGS.

Lembramos que a notificação de surtos de DTAé obrigatória, desde 1999 (Portaria GM/MS nº 1461de 22/12/99), devendo ser encaminhada, portelefone, a qualquer uma das Equipes citadas. Suaimportância já foi destacada em artigo publicadoem edição anterior (nº 16).

Referências

SECRETARIA DA SAÚDE E MEIO AMBIENTE, 1997. Açõesem Saúde: Vigilância Sanitária - Normas Técnicas eOperacionais.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001. Manual integrado deprevenção e controle de doenças transmitidas por alimentos.(Provisório) 140 p.