8
Outubro 2010 | Recife PE AMPE|CREMEPE|SIMEPE BOLETIM ESPECIAL O dia 18 de outubro é uma data muito especial para as entidades médicas de Pernambuco. É o Dia do Médico. Para comemorá-lo, organizamos uma série de eventos. Durante todo o dia vamos de- senvolver ações em benefício da população pernambucana. Das 8h às 18h, uma equi- pe de colegas médicos estará em frente ao Mercado de São José, no Centro do Recife, para fazer gratuitamente exames de glicose, colesterol e aferição de pressão. Serão dadas orientações também a respeito da hanse- níase. Nesse mesmo horário, no Parque da Jaqueira, outra equipe de médicos estará fa- zendo essa mesma prestação de serviço. Es- tamos enviando também para cada um dos mais de 12 mil médicos de Pernambuco este Boletim Especial. Nele, os presiden- tes André Longo, do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Sílvio Rodrigues, do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), e Jane Lemos, da Associação Médica de Pernambuco (Ampe), dirigem uma mensagem de para- béns e de incentivo a toda a categoria médi- ca pernambucana. EDITORIAL DIRETORIA DO CREMEPE Presidente: André Longo | Vice-Presidente: Helena Maria Carneiro Leão 1º Secretário: Luiz Antonio Wanderley Domingues 2º Secretário: José Carlos Barbosa de Alencar Tesoureiro: Ricardo Albuquerque Paiva 2º Tesoureiro: Valdecira Liloso de Lucena Corregedora: Silvia da Costa Carvalho Rodrigues Corregedor Adjunto: Roberto Tenório de Carvalho EXPEDIENTE Assessoria de Comunicação Cremepe/Jornalista responsável: Mayra Rossiter(DRT/PE 4081) Projeto gráfico: Luiz Arrais(DRT 3054) Diagramação/ Impressão: MXM Gráfica Fotos: Secom Cremepe | Tiragem: 5.000 Contatos: [email protected] Fone: 81 2123.5755 | www.cremepe.org.br Rua Conselheiro Portela, Espinheiro - Recife/PE

Boletim Especial Dia do Médico

  • Upload
    cremepe

  • View
    217

  • Download
    1

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Boletim Especial Dia do Médico

Citation preview

Outubro 2010 | Recife PEAMPE|CREMEPE|SIMEPE

BOLETIMESPECIAL

O dia 18 de outubro é uma data muito especial para as entidades médicas de Pernambuco. É o Dia do Médico.

Para comemorá-lo, organizamos uma série de eventos. Durante todo o dia vamos de-senvolver ações em benefício da população pernambucana. Das 8h às 18h, uma equi-pe de colegas médicos estará em frente ao Mercado de São José, no Centro do Recife, para fazer gratuitamente exames de glicose, colesterol e aferição de pressão. Serão dadas orientações também a respeito da hanse-níase. Nesse mesmo horário, no Parque da Jaqueira, outra equipe de médicos estará fa-zendo essa mesma prestação de serviço. Es-tamos enviando também para cada um dos mais de 12 mil médicos de Pernambuco este Boletim Especial. Nele, os presiden-tes André Longo, do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Sílvio Rodrigues, do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), e Jane Lemos, da Associação Médica de Pernambuco (Ampe), dirigem uma mensagem de para-béns e de incentivo a toda a categoria médi-ca pernambucana.

EDITORIAL

DIRETORIA DO CREMEPEPresidente: André Longo | Vice-Presidente:

Helena Maria Carneiro Leão1º Secretário: Luiz Antonio Wanderley Domingues 2º Secretário: José Carlos Barbosa de Alencar

Tesoureiro: Ricardo Albuquerque Paiva2º Tesoureiro: Valdecira Liloso de Lucena

Corregedora: Silvia da Costa Carvalho Rodrigues Corregedor Adjunto: Roberto Tenório de

Carvalho

EXPEDIENTE Assessoria de Comunicação Cremepe/Jornalista

responsável: Mayra Rossiter(DRT/PE 4081)Projeto gráfico: Luiz Arrais(DRT 3054)Diagramação/ Impressão: MXM Gráfica

Fotos: Secom Cremepe | Tiragem: 5.000

Contatos: [email protected] Fone: 81 2123.5755 | www.cremepe.org.br

Rua Conselheiro Portela, Espinheiro - Recife/PE

2

ANDRÉ LONGO*

Anualmente, neste dia, sauda-mos a nossa profissão e busca-mos exaltar a importância do

trabalho do médico. O CREMEPE, assim como as demais entidades mé-dicas, desenvolve um esforço maior para reafirmar o júbilo e o orgulho de ser médico e ressaltar também os desafios para o exercício ético da medicina. Comemoração sem dúvi-da merecida, mas também momento oportuno para reflexão, para pensar sobre nosso destino. A medicina é uma das profissões mais respeitadas e admiradas pela população em su-cessivas pesquisas de opinião públi-ca. Todo ano o nosso curso de me-dicina é um dos mais concorridos e almejados por milhares de jovens. Novos métodos de diagnóstico, tera-pêutica e tecnologia de ponta aplica-da à área ganham destaque e reno-vam a esperança de sobrevida e cura de enfermidades. Nosso cotidiano de médicos em Pernambuco, embora gratificante, tem sido marcado pela batalha diária. As adversidades para o exercício correto de nosso labor, seja na esfera da medicina pública, seja na esfera da medicina privada, são grandes desafios. Em vez do jus-to reconhecimento pela nossa de-dicação, algumas vezes temos sido incompreendidos por estarmos atu-ando dentro da precariedade e na ló-gica dos que nos aviltam a profissão. Erros institucionais e do sistema de saúde passam para as manchetes dos jornais como se fossem erros médi-cos. A saúde de quem cuida é muitas vezes esquecida e o desgaste profis-sional com a alcunha de Síndrome de Burnout é uma realidade preo-cupante que precisa ser discutida e enfrentada pelos empregadores dos profissionais de saúde. Estamos dis-tantes da garantia de uma medicina de qualidade para todos os brasilei-ros. Faltam financiamento e planeja-mento adequado às políticas públi-cas do SUS, resultando em exclusão

de direitos fundamentais como vida e saúde. Abandono da atenção pri-mária, filas e superlotação nas emer-gências. Doenças que deviam estar controladas e mortes evitáveis pre-valecem. Abrem-se escolas médicas pelo interesse pecuniário sem uma maior reflexão sobre a quantidade necessária e a qualidade que se es-pera dos médicos brasileiros. No campo da administração, assistimos a entrega cada vez maior do patri-mônio publico para gerenciamen-to pelo setor privado, sem garantia de oportunidades de melhora para a gestão pública direta. Fecham-se PSFs e Policlínicas, abrem-se UPAS. O Estado abre e o município fecha. Desarticulação e desarmonia. Irres-ponsabilidade sanitária com os re-cursos públicos advindos de nossos impostos. Na saúde suplementar, os Planos e Seguros de Saúde com suas “regras” afrontam nossa autonomia e nos colocam contra o código de ética médica, como em casos de exposição de diagnósticos. Constrangem e ex-põem os pacientes, seus usuários, criando um quadro de desassistência com infundadas restrições e negati-vas indevidas. A tudo isso, assiste inerte quem deveria regular o setor, uma permissiva e insensível Agência de Saúde Suplementar (ANS). Inse-ridos neste cenário adverso, precisa-mos reconhecer e canalizar a nossa força para transformá-la em desejo de mudanças no âmbito da saúde em nosso Estado e no País. Os anos dedicados à formação nas escolas médicas, à especialização e aos pro-gramas de residência médica, além da atualização constante e o desen-volvimento de nossas atividades di-árias, voltadas para o bem estar da comunidade na qual atuamos, nos tornam profissionais conscientes de nossa relevância indiscutível para a saúde. A despeito dos avanços tec-nológicos, a relação profissional com o paciente precisa ser intensifi-

cada, pois é o melhor caminho para atingirmos nossos objetivos. Pre-cisamos interagir mais com nossos pacientes e torná-los parceiros deste esforço transformador. As entidades médicas, entre elas o CREMEPE, es-tão unidas e têm buscado trabalhar ao longo desses últimos anos para transformar esta realidade. Mostra-mos as mazelas da saúde e exigimos melhorias em várias áreas. Como consequência das lutas recentes, me-lhoramos em alguns aspectos, reto-mamos nossa autoestima, mas ainda temos muito a conquistar em termos de reconhecimento e condições de trabalhar pelos nossos pacientes. Re-afirmamos nosso compromisso com o médico e a medicina. Desejamos construir em parceria com os gesto-res dias melhores para a saúde públi-ca pernambucana. Pela relevância de nosso trabalho, não podemos parar, cientes da responsabilidade que nos impõem os dias atuais. A medicina e a saúde de qualidade devem prevale-cer. Nossos pacientes agradecem.

Um forte abraço a todos os colegas em seu dia!

*Cardiologista e presidente do Cre-mepe

18 DE OUTUBRO, DIA DO MÉDICO!

3

JANE LEMOS*

H oje, 18 de outubro, Dia do Médico, é o dia de São Lucas – “Médico de Ho-mens e de Almas”- como diz uma de

suas biógrafas, patrono que tanto engrandece a categoria médica. Em comemoração a este dia, as três entidades médicas de Pernam-buco: Associação Médica de Pernambuco, Conselho Regional de Medicina de Pernam-buco e Sindicato dos Médicos de Pernambu-co – outorga a Medalha de Honra ao Mérito São Lucas a três médicos que se destacaram pela sua atuação na medicina, pautada nos preceitos técnicos e éticos. São médicos que enobrecem a nossa classe e a homenagem, muito significativa, é extensiva a todos os médicos. Neste dia, valem algumas conside-rações para reflexão. A medicina – em seus primórdios – era uma ciência essencialmen-te humanística, com raízes assentadas na filosofia e num sistema teórico com visão holística, compreendendo o homem como corpo e mente. Os médicos clássicos foram, antes de tudo, filósofos, conhecedores de leis da natureza e da alma humana. Esta concep-ção do médico e da medicina se perpetuou historicamente e mesmo com o desenvolvi-mento do “método cientifico” no século XIX a visão humanística permaneceu dominan-do gerações de médicos. Os conhecimentos científicos mais avançados aliavam-se aos saberes humanísticos para formulação dos

diagnósticos, da terapêutica e do prognós-tico. Na atualidade, vive-se o grande avanço científico e técnico no campo das ciências experimentais aplicadas à medicina e às ci-ências da saúde, em geral, trazendo enormes transformações, com surgimento de novos recursos diagnósticos e terapêuticos. Para-lelamente, vivencia-se um processo de desu-manização da medicina – com dissociação entre o desenvolvimento tecnológico e a visão globalística do homem entre corpo e alma. Portanto, grandes são os avanços, mas inúmeros são os desafios às limitações hu-manas, exigindo sólida formação aliada à se-riedade, equilíbrio, sabedoria e fidelidade ao juramento médico e aos preceitos do Códi-go de Ética Médica recentemente atualizado para contemplar as transformações da socie-dade. Sabe-se que muitos são os fatores que interagem de forma complexa e contribuem para este processo. Desta forma, é imperioso compreender este processo histórico, acom-panhar, compartilhar, se entusiasmar com os avanços conquistados e resgatar o papel das ciências humanísticas. Lutar pela re – humanização da medicina, pela valorização do médico e da relação médico-paciente deve ser o caminho trilhado por cada um e por todos nós. Que não se perca de vista o aspecto humanístico da medicina, olhando cada pessoa com visão de pluralidade, em

que pese todas as dificuldades do cotidiano com tantos contrastes e tanta exclusão social. Finalizando, reiteramos, no DIA DO MÉDI-CO, o compromisso da Associação Médica de Pernambuco integrada às demais entida-des médicas, estaduais e nacionais, na luta por uma assistência à saúde abrangente e de qualidade, que envolva desde a atenção pri-mária até a alta complexidade com respeito pela autonomia do paciente e do médico.

* Psiquiatra e presidente da Associação Médi-ca de Pernambuco

MENSAGEM - DIA DO MÉDICO

SÍLVIO RODRIGUES*

Após a aprovação da Constituição Bra-sileira, tivemos grandes conquistas sociais. O SUS, que mudou de forma

radical a configuração da atenção à saúde no Brasil, teve, através da reforma sanitária, com a participação efetiva do movimen-to médico, a consolidação da cidadania no nosso país. Sabemos que o SUS ainda é um projeto inconcluso e enfrenta grandes pro-blemas. A classe médica no Brasil vive uma realidade adversa. A sobrecarga de trabalho é o reflexo da falta de investimento do po-der público que, se ausentando da sua res-ponsabilidade, deixa o profissional médico atuando além dos seus limites físicos e emo-cionais. A baixa remuneração, a defasagem dos honorários médicos e a interferência de planos de saúde na relação médico-paciente, na medicina suplementar, obrigam – nos a

escalas exaustivas de trabalho. O profissio-nal médico de hoje possui de três a quatro empregos, interferindo diretamente na sua qualidade de vida. As doenças profissionais fazem parte do nosso dia-a dia. O dia do mé-dico (18/10) é dia festejar a nossa profissão, o papel fundamental que ela tem na sociedade e na saúde pública. Somos médicos no país, somos necessários e imprescindíveis. Nossa luta se confunde com a luta do povo por me-lhores condições de saúde, reduzindo através do acesso universal a saúde, as desigualda-des sociais. Temos que atuar conjuntamente com nossas entidades representativas, mas também temos que agir nos nossos locais de trabalho exigindo, uma outra realidade no modelo e nas condições estruturais. A regu-lamentação da Emenda Constitucional 29, a desprecarização do trabalho médico, criação

da carreira de Estado e a luta por um salário mínimo justo são as nossas bandeiras e da população brasileira.

*Pediatra e presidente do Simepe

DIA DO MÉDICO É DIA DE LUTA

4

J á faz algum tempo que a rotina dos médicos passou a ser destaque em séries televisivas de sucesso. A pio-

neira E.R foi seguida por outras mais recentes, tais como House, Grey’s Ana-tomy, Scrubs e as nacionais SOS Emer-gência e A Cura. Contudo, a prática profissional diária apresentada nesses programas está muito distante de refle-tir a rotina dos médicos que vivem fora da tela. O contraste entre o ambiente hospitalar apresentado na ficção e a realidade brasileira, os super diag-nósticos, feitos de forma simplista e rápida, o excesso de estereótipos e a ideia do médico-herói transformam o cotidiano exibido nas telas em algo muito diferente da realidade vivida pelos profissionais da medicina. En-tão, qual seria o perfil dos médicos e como eles realmente vivem?Em 2005, o Conselho Federal de Me-dicina realizou uma pesquisa sobre Qualificação, Trabalho e Qualidade de Vida do Médico, compondo um perfil desses profissionais. Em linhas gerais, o estudo constatou que, apesar da medicina ser uma ciência aplicada, boa parte dos médicos continua, ao longo de sua trajetória profissional, dedicando-se ao aperfeiçoamento e à qualificação profissional para encon-trar uma maior inserção no merca-do de trabalho. A maioria (99,1%) é graduada no país, principalmente em instituições públicas (70,6%). Cerca de 48% têm 15 anos de formados e 78,1% têm pós-graduação. Em Pernambuco, estão registrados no Cremepe 18613 médicos, dos quais pouco mais de 12 mil são ativos, 10704 são homens e 7909 são mulhe-res. Entre os profissionais em ativida-de, mais de cinco mil têm mais de 50 anos, enquanto, o restante divide-se em duas faixas: 35 a 50 anos (3831) e menos de 35 (3156). As especiali-dades que reúnem o maior número de médicos em atividade são: cirur-gia geral, anestesiologia, cardiologia, clínica médica, medicina do trabalho,

pediatria, ginecologia e obstetrícia. Pouco mais de oito mil médicos atu-am na capital, enquanto 2669 exer-cem a profissão no interior. Em 2007, o Sindicato dos Médicos de Pernambuco realizou uma pesquisa para traçar aquele que seria o perfil do médico pernambucano. Os re-sultados apontaram que a maioria deles tem mais de um vínculo empregatício (67%). A insatisfação dos profissionais com as horas de trabalho e a remunera-ção é grande, 70%. Ape-nas 10% estão plenamen-te satisfeitos, enquanto o restante não soube ou não quis responder. A pesquisa aponta que, na opinião des-ses profissionais, a jornada de trabalho ideal para uma semana seria de 40 horas (55%) e a remuneração de-veria variar entre R$ 4 mil e R$ 12 mil (75%). Para atingir esses rendi-mentos, o médico, muitas vezes, tem que trabalhar bem mais do que as sonha-das 40 horas em atividades diversas. Eles dão plantões, atendem nas emergências, trabalham em ambulató-rios e consultórios, atu-am no Programa de Saúde da Família, dedicam-se a pesquisas, compõem quadros acadêmicos nas universidades, são peritos de institui-ções... ROTINA

É assim com a Dra. Bárbara Gomes, que chega a dedicar 70 horas semanal-mente à prática da medicina. Ela traba-lha como médica da UTI no Hospital das Clínicas e no Ambulatório de En-docrinologia Pediátrica, onde é pre-ceptora da residência médica na área. Ainda dentro do serviço público, é fun-

cionária da Prefeitura do Recife no ser-viço de pronto atendimento (SPA) da Policlínica Agamenon Magalhães. Para complementar, é médica pediátrica da Clínica Santa Helena e atende em um consultório particular. Até bem pouco tempo, Dra. Bárbara dividia todas essas atividades com o mestrado na UFPE.

“É um dia a dia puxado pela quanti-dade e pela diversidade dos cargos que ocupo. Tenho que estar sempre estu-dando várias coisas diferentes. O corre corre é muito ruim. Se eu pudesse tra-balhar em um só serviço, ficaria mais satisfeita”.O caso da Dra. Raquel Florio não é mui-to diferente. A médica atua como perita médica no INSS, como dermatologista ambulatorial na prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, além de manter um consultório particular e trabalhar numa clínica de estética. “A principal dificul-dade é o numero de empregos que te-

ENTRE A SATISFAÇÃO E AS DIFICULDADESMédicos pernambucanos relatam as experiências vividas no seu cotidiano, numa homenagem às comemorações do dia 18 de outubroPor Mariana Oliveira

5

ENTRE A SATISFAÇÃO E AS DIFICULDADESMédicos pernambucanos relatam as experiências vividas no seu cotidiano, numa homenagem às comemorações do dia 18 de outubro

mos que ter para garantir uma remune-ração adequada. Eu trabalho em cinco locais diferentes, mesmo gostando do que faço, acho cansativo ter que me lo-comover entre diversos locais da cidade no mesmo dia para cumprir a agenda. Gostaria de trabalhar até o mesmo nú-mero de horas no dia, mas num local

só”, detalha. Segundo ela, a sua rotina é aquela que ela esperava nos tempos de faculdade. Mas destaca: “Quando dei-xei de dar plantão senti uma felicidade indescritível, pois poderia dormir em casa todas as noites”, diz, lembrando que sua aspiração para o futuro, assim como a de tantos outros médicos, é aliar o cresci-mento profissional, sem precisar abdicar da família e dos momentos de lazer.

FORMAÇÃO

Trilhando um caminho também dentro da dermatologia, a residente Deborah

Castro vive o momento dos plantões. Ela atua em ambulatórios, faz pequenos pro-cedimentos cirúrgicos no IMIP e dá plan-tão na UTI do Hospital da Restauração. Entre as suas pretensões, está o desejo de deixar os plantões, fazer mestrado e dou-torado e trabalhar em uma instituição de ensino. “A oferta de empregos é muito

grande. Acho que o salário é bom para o médico que investe na sua formação”, afirma.A prova de que o investi-mento no estudo é funda-mental é defendida tam-bém pela neurologista Sílvia Laurentino. “Con-segui criar caminhos e construí-los de forma a ser o que sou hoje. É preciso entender que o que espera-mos e desejamos na juven-tude precisa ser lapidado e construído com determi-nação. Quando estudante, nunca dei plantão fora do currículo acadêmico, tive paciência para estudar, fa-zer residência, morar fora do Brasil, e somente depois começar a colher os frutos que foram plantados”, lem-bra. Hoje, ela atua priorita-riamente num consultório particular, mas nem por isso têm um cotidiano mui-

to diferente ou menos estressante. Sua rotina diária começa às 9h no consul-tório e só termina por volta das 22h. Nos intervalos entre uma consulta e outra, a médica faz visitas hospitala-res e acompanhamentos domiciliares. “Além disso, preciso responder inú-meros emails (atualmente é comum os familiares ou pacientes, entrarem em contato via email). O acesso via internet agiliza e torna mais claro as orientações, pois são escritas”, ressal-ta. Para o cardiologista Carlos Melo, pre-sidente da Sociedade Brasileira de

Cardiologia - Pernambuco, os pro-fissionais que têm algum tempo de experiência na área assistencial po-deriam trazer para as universidades um ganho acadêmico significativo para os alunos da graduação. “A ex-periência de trabalho com a saúde das pessoas traz um amadurecimento individual e profissional muito gran-de e isso pode ser revertido para o ensino”, pontua. E, mesmo depois da conclusão do curso e da residência médica, segundo ele, para se manter em sintonia com a profissão, além do trabalho cotidiano, é necessária uma atualização científica constante atra-vés da leitura diária e da participação em congressos e eventos.

ENSINO

Atuando como pesquisadora da CPqAM/Fiocruz e professora da UPE, a médica Ana Brito tem uma es-pecial dedicação e preocupação com a formação dos novos profissionais. Durante muitos anos, ela trabalhou na assistência direta ao paciente, mas a partir da epidemia de Aids foi se afastando da atividade clínica e pas-sando a atuar fortemente na área de epidemiologia, com ênfase na promo-ção da saúde e prevenção e controle de doenças transmissíveis. Uma das suas maiores preocupações é fazer com que os estudantes entendam que o exercício da medicina deve ser pautado na bus-ca do humanismo e no entendimento dos determinantes sociais na situação da saúde, que potencialmente podem ser alterados por ações baseadas numa atenção primária de saúde. “Cada vez mais o jovem médico é exposto à alta tecnologia e menos ao lado humanísti-co e filosófico da medicina”, explica.A endocrinologista Eliane Moura, pro-fessora adjunta da UFPE, onde dá aulas tanto para a graduação quanto para a pós-graduação e comanda o ambulató-rio de doenças tireoidianas, junto com internos e residentes, acredita que é

Nem a rotina pesada de trabalho tira o bom humorda Dra. Bárbara Gomes

6necessário mostrar aos estudantes que eles precisam ser ativos e buscar, mes-mo num universo cheio de dificulda-des, soluções para os problemas dos pacientes. “Trabalhando num hospital de referência, de alta complexidade, acho muito importante fazer com que os alunos entendam que é preciso ter resolubilidade. É recompensador ver os novos médicos entenderem as necessi-dades do serviço público, ter uma per-cepção real desse processo. Entender os vários níveis de complexidade dos atendimentos”, detalha.Aparentemente, os alunos do curso médico já têm ideia, durante os anos de estudo, das dificuldades que vão encon-trar ao longo da sua carreira. “Como futuros médicos, temos que saber das deficiências do nosso sistema de saúde, das infinitas horas de trabalho semanais e da remuneração nem sempre ade-quada. Espero que no futuro eu possa contribuir não apenas para melhorar a qualidade fisiológica do meu paciente. Entrar na faculdade de medicina não significa apenas adquirir conhecimento em anatomia, por exemplo, mas apren-der a lidar com pessoas e tentar, da melhor forma possível, ajudar a me-lhorar a vida do paciente”, contextu-aliza a estudante do segundo período da Faculdade Pernambucana de Saú-de (FPS-IMIP), Luiza Mendonça.

DOIS LADOS DA MOEDA

Para grande parte dos médicos, a maior satisfação profissional vem da consciência de saber que pode modi-ficar para melhor a vida das pessoas. “Interferir de forma positiva na vida das pessoas, ou, pelo menos, poder aliviar o sofrimento, dar conforto. Conseguir desvendar um diagnóstico difícil é algo que também me satisfaz, desde que isso seja feito em prol do paciente (respeitando sempre o Prin-cípio da Não-Maleficência – ‘Primum non nocere’)”, diz o Dr. Carlos Bote-lho Filho, cuja formação é em clíni-ca médica e endocrinologia. “O de-ver cumprido para um médico, para mim, significa contribuir para dar al-gum alívio ao paciente, quando a cura não for possível”, complementa a Dra.

Nair Cristina, que atua no Hospital Universitário Oswaldo Cruz.Os médicos, em sua maioria, acredi-tam que as dificuldades encontradas no Sistema Único de Saúde (SUS), a má remuneração e a falta de compro-misso de alguns profissionais preju-dicam o resultado e a satisfação deles com seu trabalho. A baixa remune-ração, seja na rede pública ou via seguradoras de saúde, obriga o pro-fissional a instituir mais de um vín-culo, prejudicando o atendimento ao paciente e os resultados. “Minha qua-lidade de vida não é a desejada. Te-nho mais empregos do que gostaria, e ganho menos do que acho justo. E não consigo exercer minha profissão adequadamente”, afirma Dr. Carlos Botelho Filho. Para ele, mesmo com o PCCV (plano de cargos, carreiras e vencimentos) é difícil manter-se estimulado a estudar. “Ao terminar o mestrado, meu salário no Estado aumentará menos de R$ 200. Se fizer o doutorado, menos de R$ 300. Tem que gostar do que faz”, diz. Entre as suas aspirações para o futuro, está o desejo de poder, um dia, viver dos dois vínculos públicos que tem. Segundo o cardiologista Wilson de Oliveira Jr., é muito complicado para um médico estabelecer uma boa re-

lação médico-paciente, no contexto atual, quando um profissional termi-na atendendo mais de 30 pacientes num dia em um consultório ou tem que prestar assistência a dezenas de internados em um grande hospital. “É preciso que os governos invistam mais na prevenção das doenças. O médico não pode apenas apagar in-cêndios, ele deve trabalhar ao lado do paciente na prevenção. Se isso acon-tecer, se houver mais investimentos na saúde, seguramente, a qualidade de vida e a satisfação dos médicos será muito maior”, afirma.Para que os médicos pernambuca-nos possam ter melhores condições de exercer dignamente seu trabalho, é preciso que haja mais investimen-tos e que o pensamento político para a área mude, entendendo a saúde como algo mais amplo, feito por uma equipe multiprofissional. Apesar da necessidade de avançar, há um cer-to otimismo. “Estamos vivendo uma época de valorização da categoria e as entidades estão atentas às nossas necessidades”, conclui Dr. Carlos Bo-telho Filho.

*Mariana Oliveira é jornalista

7

Como é sua atuação na prática da medicina?

Já fiz consultório de pediatria e atuei em ambulatório, enfermaria, plantões de emergência e em terapia intensiva, tanto em hospitais públicos quanto privados. Porém, desde que voltei de um período de afastamento para doutorado no exterior, concentro minhas atividades no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Fi-gueira – IMIP e na Faculdade de Ciências Médicas da UPE. No ano passado, me tor-nei bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Assim, hoje man-tenho atividades de assistência, mas tam-bém atuo em outras dimensões da medici-na, sendo professor, pesquisador e gestor.

Como você definiria seu dia a dia como médico?

Faço o possível para equilibrar as dimen-sões de médico assistente-pesquisador--professor-gestor. Uma das mais fortes lições do Professor Fernando Figueira era a de que “um médico nunca se forma”. Assim, vejo o dia a dia como um constan-te desafio, intelectual e humano, de estar sempre em formação.

Descreva, passo a passo, como seria um dia típico na sua semana como médico.

Uma ótima consequência de atuar em frentes diferentes é que os dias raramente são típicos! Posso até achar a rotina inten-sa, mas não tenho como me queixar de tédio! Toda semana dou aulas na gradua-ção e faço visita na enfermaria com os re-sidentes. Com muita frequência dou aulas em curso de pós-graduação e participo de bancas de dissertação e defesas de tese. No dia a dia, tenho várias tarefas administra-tivas, tanto na Diretoria de Pesquisa como na gestão de projetos que coordeno. Par-ticipo de várias comissões e comitês – e passo boa parte da semana em reuniões de trabalho. Muito da atividade colabo-rativa com pessoas de outras instituições, no Brasil e no exterior, é feito através dos meios de comunicação. Assim, uso muito e-mails e videoconferências pelo Skype. Passo menos tempo do que gostaria à beira do leito ou na bancada do Labora-tório de Pesquisa Translacional, mas isso é compensado pelo trabalho em equipe e pela interação com colegas médicos e bió-logos, assim como estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado. Procuro me manter em dia com a literatura médi-

ca nos principais temas de interesse e leio diariamente notícias sobre financiamento e políticas de ciência e tecnologia em saú-de. Reservo várias horas por semana para o trabalho de criação, que inclui a redação de artigos, projetos de pesquisa e/ou ad-ministrativos, pareceres para revistas das quais sou consultor ou ainda para o CNPq e FACEPE. Os almoços são aproveitados para reunião com orientandos ou colegas de trabalho. Não raro, com professores vi-sitantes. Tento ir uma vez por semana le-var meus filhos na escola.

O que dá mais satisfação para um médico?

Como médico-assistente, a capacidade de consolar, aliviar a dor (física ou não), às vezes ajuda a curar. Como médico-profes-sor, despertar vocações e ver seus alunos avançarem. Como médico gestor, ver que contribuí para o avanço das instituições a que pertenço. Como médico-pesquisador, ver que seu trabalho, por mais singelo, quando publicado em periódico indexa-do, fica registrado, em definitivo, como uma contribuição ao Conhecimento.

Conte um caso que marcou sua vida como médico?

A gente aprende muito com nossos pacien-tes. Coisas como esperança, resiliência. Muitos casos me marcaram, mas alguns deixaram de ser caso para se tornarem “causa”. Acho que foram determinantes de minhas escolhas como médico. Por exem-plo, a pequena paciente com leucemia que chorou no dia em que lhe dei alta por que não tinha o que comer em casa. A crian-ça com cardiopatia reumática gravíssima que mutilava a si mesmo. A que morreu de sífilis congênita porque o resultado do exame do pré-natal não tinha sido resgata-do. O bebê que em minhas mãos morreu de desidratação por diarreia. O que mor-reu de calazar, tendo perdido a chance de um diagnóstico precoce: ninguém antes lhe palpara o abdome. O sofrimento cer-tamente comove, mas o sofrimento evitá-vel... causa uma indignação abissal...

Quais são as dificuldades e quais são os benefícios? Qual o retorno que você tem dessa profissão?

As dificuldades são muitas, como disse, o ambiente pode ser inóspito. Mas há líderes que nos inspiram e nos fazem pensar, atra-vés de seus feitos, que as dificuldades estão lá para serem transpostas. Estes líderes

nos fazem lembrar que a ambição genero-sa é um instrumento das pequenas e gran-des realizações. Que a realização pessoal está no topo da pirâmide de Maslow, das necessidades humanas.

O seu dia a dia hoje é aquele que você esperava quando era um estudante de medicina?

De certa forma, sim. Acho que um dia so-nhei em fazer o que faço hoje e por isso o faço com entusiasmo. Hoje, leciono nas escolas em que me formei. Dirijo o De-partamento no qual dei meus primeiros passos na iniciação científica. Publico nas mesmas revistas internacionais que lia com admiração e acabo de ser convida-do para ser membro do corpo editorial de uma delas! No entanto, há uma descon-fortável e constante sensação de insufici-ência, de que algo mais é preciso; mas é a inquietude que nos move.

Por que a medicina, o que o levou a esco-lher essa profissão?

Eu tinha 16 anos quando entrei na Facul-dade e acho que não tinha muita certe-za do que queria. Havia uma motivação altruísta, como Berlinguer descreve na maioria dos estudantes de medicina. Mas eu não tinha parentes médicos, nem muita noção do que requeria a profissão. Na ver-dade, na minha lista de opções para o ves-tibular fiquei algum tempo me decidindo entre física, ciência política e medicina. Uma vez na Faculdade, me encantei pelo curso. No internato e residência, abracei de vez a profissão. Mas nunca abandonei a vontade de fazer pesquisa, assim fiz um mestrado e depois um PhD.

ENTREVISTA – DR. JAILSON CORREIA

8

E ste mês, as entidades médicas do Estado promovem várias ações em comemoração ao Dia do Mé-

dico. Abrindo a programação, no pró-prio dia 18 de outubro, vai acontecer uma ação social no Parque da Jaquei-ra, promovida pelo Conselho Regional de Medicina (Cremepe), e outra no Mercado de São José, realizada pelo Sindicato dos Médicos (Simepe). Du-rante todo o dia, serão realizados exa-mes de glicose, colesterol e aferição de pressão, gratuitamente. A população também será orientada sobre a Han-seníase.

No dia 19, será o momento da espera-da entrega da Medalha São Lucas, pa-trono dos médicos desde o século 15, na sede da Associação Médica de Per-nambuco. Criada em 1969 pelos presi-dentes em exercício das três entidades médicas (Cremepe, Simepe e Associa-ção Médica de Pernambuco - Ampe), a condecoração é entregue anualmente, desde então, a médicos que têm sua trajetória profissional reconhecida, servindo como exemplo para os de-mais profissionais. Este ano, a Medalha será entregue a três médicos que desenvolveram um trabalho reconhecidamente impor-

ENTIDADES COMEMORAM A DATA

São Lucas, patrono dos médicos desde o séc. XV

Idoso passa por exame para detectar catarata

Capa do novo CD de Chico César

tante para a medicina pernambucana ao longo de sua trajetória profissional. São eles: o Dr. José Nivaldo (indicado pelo Cremepe), a Dra. Ângela Rocha (indicada pelo Simepe) e o Dr. Gusta-vo Trindade Henriques (indicado pela Ampe). “É uma grande honra. A Me-dalha de São Lucas é a mais tradicional do Estado”, afirma Dr. Gustavo Trin-dade Henriques, que dedicou mais de 50 anos à Medicina. Os três, a partir de agora, farão parte do grupo de 116 mé-dicos agraciados com a homenagem.

Ainda no dia 19, a Defensoria Pública do Estado de Pernambuco (DPPE) em parceria com a Fundação Altino Ven-tura promovem uma ação social em defesa da cidadania da pessoa idosa, no Colégio Santos Dumont, em Boa Viagem, no Recife. A iniciativa está in-serida dentro do projeto de prevenção à cegueira por catarata, desenvolvido pela Fundação, e faz parte das come-morações alusivas ao Dia do Idoso, festejado no último dia 1º de outubro. O objetivo da ação é prestar atendi-mento oftalmológico aos idosos para identificar aqueles que possuem ca-tarata. Serão atendidas pessoas acima de 60 anos que ainda não tenham se submetido à cirurgia da patologia em algum dos olhos. Para o atendimento, que começa às 9h e se estende até às 16h, serão distribuídas 300 fichas por triagem. Quando identificado, o pa-ciente será encaminhado à Fundação para programação cirúrgica. Na quarta-feira, 27 de outubro, have-rá outra condecoração. O Simepe fará a entrega da Medalha do Mérito Sin-

dical, em cerimônia na sua sede, aos médicos Marcelo Falcão, Luiz Vilar e Mário Fernando Lins, que organiza, no dia 21, a Assembleia do Dia do Mé-dico. Segundo o organizador, o encon-tro vai discutir a Classificação Brasi-leira Hierarquizada de Procedimento Médico (CBHPM), além de debater a relação dos médicos com os planos de saúde. “Já houve outras assembleias, mas não com esse objetivo. Estamos retomando a luta pela CBHPM”, afir-ma Dr. Mário Fernando Lins. Concluindo o ciclo de comemorações, no dia 29, haverá a grande festa para os médicos - realizada pelo Simepe com o apoio do Cremepe e da Ampe - no Clube Português, às 20h, com show Francisco, Frevo y Forró do cantor Chi-co César.Os ingressos são limitados e podem ser adquiridos no Simepe.

As entidades médicas de Pernambuco agradecem o apoio do Banco do Brasil nas ações realizadas no Dia do Médico (18 de outubro).