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Página 04 Página 02 Conheça os participantes do projeto Pecuária Integrada de Baixo Carbono Associação reunirá produtores com base em boas práticas no bioma Ama- zônico informativo PECUÁRIA INTEGRADA INSTITUTO CENTRO DE VIDA (ICV) - ALTA FLORESTA/MT, ANO 01, NÚMERO 04, NOVEMBRO DE 2014 - WWW.ICV.ORG.BR Página 03 Produtores e técnicos participam de curso sobre produção de carcaça de alta qualidade em Colina-SP e da renda dos produtores. Inicialmente o Programa será implan- tado na região de Alta Floresta, incluindo os municípios de Carlinda, Paranaíta, Nova Monte Verde, Nova Bandeirantes e Apiacás, além de Cotriguaçu, na região noroeste do estado. Para participar os produtores precisam estar em dia com as questões ambientais e trabalhistas, e contratar assistência técnica credenciada pelo Programa. O trabalho co- meça com a realização de um diagnóstico de cada propriedade, depois é elaborado e im- plementado um projeto técnico-econômico, que passa a ter um acompanhamento contí- nuo do técnico credenciado. Para incentivar a realização desses in- vestimentos, os produtores participantes te- rão acesso a uma bonificação de preço, ba- seada em critérios de qualidade da carcaça. Além disso, estão sendo desenvolvidos me- canismos para facilitar o acesso ao crédito e ferramentas que vão ajudar na gestão da fazenda, no dia a dia. O Programa Novo Campo tem a parceria da Embrapa, dos Sindicatos Rurais de Alta Floresta e de Cotriguaçu, do Instituto In- ternacional para Sustentabilidade (IIS), do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), da Fundação Solidaridad e da empresa multinacional de carnes JBS S.A. Conta também com o apoio do Fundo Vale, da Fundação Moore, do Grupo de Tra- balho da Pecuária Sustentável (GTPS) e da Cooperação da Noruega (Norad). Um grupo de organizações, coordenado pelo Instituto Centro de Vida (ICV), lançou em outubro o Programa Novo Campo, que visa promover práticas sustentáveis em fa- zendas de pecuária na Amazônia, melho- rando seu desempenho econômico, social e ambiental. O Programa promove a gestão integrada da propriedade rural, com a adoção progres- siva das Boas Práticas Agropecuárias (BPA) Organizações lançam programa de pecuária sustentável na Amazônia para Gado de Corte, da Embrapa. O Novo Campo é resultado do projeto piloto Pecuá- ria Integrada de Baixo Carbono (PIBC), ini- ciado em 2012, que apresentou resultados bastante positivos, como a redução da idade de abate dos animais, de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fêmeas, o aumento da produtividade, de 4,7 para mais de 10 arrobas por hectares ao ano, bem como a melhoria da qualidade da carne Evento de lançamento do Programa contou com a presença dos parceiros e apoiadores.

Boletim Pecuária Integrada nº4

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Page 1: Boletim Pecuária Integrada nº4

Página 04Página 02Conheça os participantes do projeto Pecuária Integrada de Baixo Carbono

Associação reunirá produtores com base em boas práticas no bioma Ama-zônico

i n f o r m a t i v o

PECUÁRIA INTEGRADAI N S T I T U T O C E N T R O D E V I D A ( I C V ) - A L T A F L O R E S T A / M T, A N O 0 1 , N Ú M E R O 0 4 , N O V E M B R O D E 2 0 1 4 - W W W . I C V . O R G . B R

Página 03Produtores e técnicos participam de curso sobre produção de carcaça de alta qualidade em Colina-SP

e da renda dos produtores. Inicialmente o Programa será implan-

tado na região de Alta Floresta, incluindo os municípios de Carlinda, Paranaíta, Nova Monte Verde, Nova Bandeirantes e Apiacás, além de Cotriguaçu, na região noroeste do estado.

Para participar os produtores precisam estar em dia com as questões ambientais e trabalhistas, e contratar assistência técnica credenciada pelo Programa. O trabalho co-meça com a realização de um diagnóstico de cada propriedade, depois é elaborado e im-plementado um projeto técnico-econômico, que passa a ter um acompanhamento contí-nuo do técnico credenciado.

Para incentivar a realização desses in-vestimentos, os produtores participantes te-rão acesso a uma bonificação de preço, ba-seada em critérios de qualidade da carcaça. Além disso, estão sendo desenvolvidos me-canismos para facilitar o acesso ao crédito e ferramentas que vão ajudar na gestão da fazenda, no dia a dia.

O Programa Novo Campo tem a parceria da Embrapa, dos Sindicatos Rurais de Alta Floresta e de Cotriguaçu, do Instituto In-ternacional para Sustentabilidade (IIS), do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), da Fundação Solidaridad e da empresa multinacional de carnes JBS S.A. Conta também com o apoio do Fundo Vale, da Fundação Moore, do Grupo de Tra-balho da Pecuária Sustentável (GTPS) e da Cooperação da Noruega (Norad).

Um grupo de organizações, coordenado pelo Instituto Centro de Vida (ICV), lançou em outubro o Programa Novo Campo, que visa promover práticas sustentáveis em fa-zendas de pecuária na Amazônia, melho-rando seu desempenho econômico, social e ambiental.

O Programa promove a gestão integrada da propriedade rural, com a adoção progres-siva das Boas Práticas Agropecuárias (BPA)

Organizações lançam programa de pecuária sustentável na Amazônia

para Gado de Corte, da Embrapa. O Novo Campo é resultado do projeto piloto Pecuá-ria Integrada de Baixo Carbono (PIBC), ini-ciado em 2012, que apresentou resultados bastante positivos, como a redução da idade de abate dos animais, de 44 para 30 meses para machos e de 34 para 24 meses para fêmeas, o aumento da produtividade, de 4,7 para mais de 10 arrobas por hectares ao ano, bem como a melhoria da qualidade da carne

Evento de lançamento do Programa contou com a presença dos parceiros e apoiadores.

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ano 01 • novembro 2014 • nº 04 ano 01 • novembro 2014 • nº 04

informativo pecuária integrada informativo pecuária integrada

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“a pecuária moderna tem como foco produzir um animal jovem, pesado e com acabamento. Para isso, é necessário que o pecuarista mude a forma de pensar, onde ao invés de se produzir apenas boi, é preciso produzir carcaças de alta qualidade dentro de sistemas produtivos sustentáveis.”

Associação reunirá produtores de gado de corte com base em boas práticas no bioma Amazônico

Produtores e técnicos participam de curso sobre produção de carcaça de alta qualidade em Colina-SP

Produzir um animal de qualidade dentro de um padrão de sustentabilidade. Este é o objetivo da As-sociação de produtores que está sendo constituída por um grupo de pecuaristas que serão os mobili-zadores do Programa Novo Campo. A fase atual é de estruturação, com estatuto e diretoria já definida. Para embasar a fundação da entidade, atendendo aos padrões legais, quatro pecuaristas de Alta Floresta e técnicos do ICV estiveram reunidos com a diretoria e produtores da Associação Sul mato-grossense de produtores de Novilho Precoce (ASPNP), em Campo Grande, no mês de setembro. A ASPNP existe des-de 1998 e tem conquistado o reconhecimento pelos bons resultados.

A visita permitiu ao grupo ter um melhor emba-samento técnico-operacional e reforçou a força do as-

sociativismo, ainda pouco visto na pecuária, mas im-portante no aspecto comercial tanto para aquisição de insumos quanto para comercialização da produção de maneira coletiva. “O modelo adotado lá com sucesso, pode ser adaptado aqui para produção pecuária res-ponsável e economicamente viável”, analisou Eduardo Florence, coordenador do projeto pecuária integrada de baixo carbono, do ICV. Outro aspecto que Florence considera que pode ser interessante do associativismo é a difusão do conhecimento e tecnologia.

O encontro incentivou os produtores, que estão realizando reuniões para discutir o tema. Além disso, já é consenso de que a pecuária precisa adotar medi-das de sustentabilidade. A qualidade da carne produ-zida será a bandeira dessa associação, mas pautada nas boas práticas agropecuárias.

Visita à Campo Grande teve como objetivo conhecer a estrutura da Associação Novilho PrecoceAssociação reunirá produtores de gado de corte com base em boas práticas no bioma Amazônico

“O modelo adotado lá com sucesso, pode ser adaptado aqui para produção pecuária responsável e economicamente viável”

Um grupo de 17 pro-dutores e técnicos liga-dos aos projetos Pecuá-ria Integrada de Baixo Carbono (PIBC) e Núcleo de Assistência Técnica Integrada (NATI), esti-veram em Colina, São Paulo, na Agência Pau-lista de Tecnologias dos Agronegócios (APTA), no final de outubro, para um treinamento sobre produção de carcaças de alta qualidade com adoção de tecnologias. O curso “Pecuária do Conhecimento” minis-trado por Gustavo de Resende Siqueira e Flá-vio Dutra de Resende, pesquisadores da APTA e professores da Unesp Jaboticabal, permitiu

aos participantes conhe-cerem os resultados de pesquisas e aplicações práticas, fortalecendo a visão de que ainda é pre-ciso fazer muito “da por-teira para dentro” para garantir a alta qualidade das carcaças.

A importância de metas e de planejamen-to de produção, além de uma visão integrada do sistema, como ferramen-tas para atingir os objeti-vos do negócio, também foram itens destacados durante o curso que re-forçou a mensagem de que há espaço para au-mento da produtividade sem a necessidade de novos desmatamentos.

Segundo Vando Tel-

les coordenador da ini-ciativa de pecuária do ICV, “a pecuária moder-na tem como foco produ-zir um animal jovem, pe-sado e com acabamento. Para isso, é necessário que o pecuarista mude a forma de pensar, onde ao invés de se produzir apenas boi, é preciso produzir carcaças de alta qualidade dentro de sistemas produtivos sustentáveis.”A APTA é ligada a Secretaria de Agricultura do estado de São Paulo e trabalha para difundir, ao setor produtivo rural, pesqui-sas e tecnologia em suas diversas cadeias produ-tivas.

Treinamento abordou a produção de carcaças de alta qualidade

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O engenheiro ambiental Francisco Mili-tão sempre teve como objetivo atuar fora dos grandes centros urbanos. Escolha fruto da família composta por agricultores e pecua-ristas. Formado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), do Paraná, a vinda ao Mato Grosso foi motivada pelo Pró Álcool e, mais tarde, em 1985, a opção pelo interior o trouxe a Alta Floresta para trabalhar em uma empresa de venda de gases industriais. Pa-ralelamente, cuidava de uma propriedade da família comprada ainda na década de 80, que iniciou com café e mudou depois para pecuá-

ria de corte. Tem três filhos mato-grossenses. Jéssica é zootecnista e está fazendo o curso de pós-graduação em pecuária de corte, pro-movido pelo ICV, e vai aplicar o aprendizado na propriedade do pai.

Militão conta que entrou no projeto de pe-cuária do ICV pela necessidade de encontrar uma solução para a baixa produtividade e a morte súbita do capim. O diferencial, conta, foi a assistência técnica qualificada, que pro-vocou uma mudança na mentalidade por par-te dos pecuaristas, mostrando novos horizon-tes. Sua propriedade, a fazenda São Matheus

trabalha com recria e engorda. “Percebemos que a pecuária é rentável tanto quanto a agri-cultura e que é necessário investir em tec-nologia para ter um produto de qualidade”, reconhece. Nas discussões da associação de produtores ele entende que o fundamental é tratar do que está ao alcance dos pecuaris-tas, trabalhando com a qualidade da “porteira para dentro”. Para o futuro o produtor vê que um maior acesso ao crédito vai permitir a re-cuperação das áreas já abertas e consequen-temente a multiplicação do rebanho frente ao sistema tradicional.

Robson Gomes Junqueira vê como prin-cipal aliado do pecuarista a necessidade de pensar no futuro. Gerente da Fazenda Cateto, que realiza ciclo completo (cria, recria e engor-da), de propriedade do seu pai, Juraci Gomes Costa, o mineiro de Cruzilha veio ainda criança para Mato Grosso. Retornou a Viçosa, em Mi-nas, para se formar em veterinária e, hoje, em Alta Floresta, divide-se entre a propriedade da família, a assistência a outros pecuaristas, a esposa e as duas filhas. A entrada no projeto de pecuária do ICV, há sete meses, acelerou a

implantação de novas práticas, que já haviam sido iniciadas pelo veterinário, tendo em vista um aumento da produtividade em longo pra-zo, resultado conseguido graças à assistência técnica. No componente ambiental a fazenda Cateto está adiantada. As áreas de preservação permanente já estão cercadas onde serão re-plantadas árvores para sua recuperação.

Robson conta que o pai, de 77 anos, era um pouco resistente às mudanças, mas após ver os primeiros resultados ficou convencido de que valeu a pena. “As introduções dessas

tecnologias estão mais relacionadas a mu-danças de atitude do que com a capacidade financeira”, avalia Robson. Ele acredita que, dessa forma, é possível aliar produtividade e preservação, questão fundamental para ga-rantir o futuro do próprio negócio.

Robson está compondo a diretoria da Associação de produtores que está sendo criada, e vê a união como uma possibilida-de para vender uma marca de carne rela-cionada a preservação dos recursos naturais num futuro bem próximo.

Francisco Militão

Robson Junqueira

Conheça os participantes do projeto Pecuária Integrada de Baixo Carbono

Textos de Daniela Torezzan, Eduardo Florence e Raíssa Genro. Revisão e edição: Daniela Torezzan Diagramação: Robson MacedoExpediente

Realização Apoio Parceiros

“Percebemos que a pecuária é rentável tanto quanto a agricultura e que é necessário investir em tecnologia para ter um produto de qualidade”

Robson vê a união como uma possibilidade para vender uma marca de carne relacionada a preservação dos recursos naturais num futuro bem próximo.