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Rev. Psicopedagogia 2005; 22(68): 162-70 162 162 162 162 162 UM OLHAR OLHAR OLHAR OLHAR OLHAR PSICOPED PSICOPED PSICOPED PSICOPED PSICOPEDAGÓGICO GÓGICO GÓGICO GÓGICO GÓGICO SOBRE SOBRE SOBRE SOBRE SOBRE A VELHICE VELHICE VELHICE VELHICE VELHICE Maria Lourdes Bortolanza – Mestre em Psicopedagogia, Professora da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e Missões (URI) – Erechim, RS. Simone Krahl – Mestre em Psicologia, Professora da URI- Erechim, RS. Felipe Biasus – Aluno de Psicologia, Bolsista da URI – Erechim, RS. ARTIGO DE REVISÃO ARTIGO DE REVISÃO ARTIGO DE REVISÃO ARTIGO DE REVISÃO ARTIGO DE REVISÃO RESUMO – Este artigo apresenta uma reflexão sobre a ação psicopedagógica junto à velhice, a partir de experiências com grupos de idosos e de um diagnóstico sobre a estrutura e funcionamento dos mesmos. Este diagnóstico partiu de uma pesquisa exploratória, da qual participaram 17 coordenadores de grupos de idosos. Os resultados apontaram para alternativas de ações educativas mais adequadas. Nesse sentido, o presente artigo destaca o papel do psicopedagogo na mediação do processo permanente de aprendizagem do ser humano. Procura mostrar que a velhice é uma etapa para viver, conviver, apropriar-se de outras razões, reinvestindo, assim, em novas situações de ação e de aprendizagem. Para tanto, busca dimensionar a ação do psicopedagogo, articulado com profissionais de áreas afins, no sentido de aceitar, respeitar e legitimar a história do idoso, reconhecendo sua experiência, sua sabedoria e suas perspectivas existenciais, investindo na produção de conhecimentos e na ação gerontológica. UNITERMOS: Psicopedagogia. Aprendizagem. Velhice. Idosos. Correspondência Maria Lourdes Bortolanza Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e Missões – Av. Sete de Setembro, 1.621– Erechim RS – Brasil – 99700-000 – Fone: (54) 520-9000 Fax: (54) 520-9090 E-mail: [email protected] Maria Lourdes Bortolanza; Simone Krahl; Felipe Biasus INTRODUÇÃO A Educação é permanente na razão, de um lado, pela finitude do ser humano, de outro, a consciência que ele tem de sua finitude. Mas, ainda, pelo fato de, ao longo da história, ter incorporado à sua natureza não apenas saber que vivia, mas saber que ele sabia e, assim, saber que poderia saber mais 1 . O desafio de pensar hoje, sobre a educação como um processo permanente, demanda um questionamento acerca do papel da psicope- dagogia na área da gerontologia. Sabemos que, historicamente, o psicopedagogo se organizou como profissional que lida com o processo de aprendizagem humana, seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio (familiar, escolar e social) para a compreensão do ato de aprender, trabalhando, em princípio, com crianças e adolescentes. Atualmente, a psicopedagogia está voltada para a compreensão do ser humano, no seu processo de aprendizagem, nas diferentes etapas de sua vida, direcio- nando o seu olhar também para o idoso.

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UUUUUMMMMM OLHAROLHAROLHAROLHAROLHAR PSICOPEDPSICOPEDPSICOPEDPSICOPEDPSICOPEDAAAAAGÓGICOGÓGICOGÓGICOGÓGICOGÓGICOSOBRESOBRESOBRESOBRESOBRE AAAAA VELHICEVELHICEVELHICEVELHICEVELHICE

Maria Lourdes Bortolanza – Mestre em Psicopedagogia,Professora da Universidade Regional Integrada do AltoUruguai e Missões (URI) – Erechim, RS.Simone Krahl – Mestre em Psicologia, Professora daURI- Erechim, RS.Felipe Biasus – Aluno de Psicologia, Bolsista da URI –Erechim, RS.

ARTIGO DE REVISÃOARTIGO DE REVISÃOARTIGO DE REVISÃOARTIGO DE REVISÃOARTIGO DE REVISÃO

RESUMO – Este artigo apresenta uma reflexão sobre a açãopsicopedagógica junto à velhice, a partir de experiências com grupos deidosos e de um diagnóstico sobre a estrutura e funcionamento dos mesmos.Este diagnóstico partiu de uma pesquisa exploratória, da qual participaram17 coordenadores de grupos de idosos. Os resultados apontaram paraalternativas de ações educativas mais adequadas. Nesse sentido, o presenteartigo destaca o papel do psicopedagogo na mediação do processopermanente de aprendizagem do ser humano. Procura mostrar que a velhiceé uma etapa para viver, conviver, apropriar-se de outras razões, reinvestindo,assim, em novas situações de ação e de aprendizagem. Para tanto, buscadimensionar a ação do psicopedagogo, articulado com profissionais de áreasafins, no sentido de aceitar, respeitar e legitimar a história do idoso,reconhecendo sua experiência, sua sabedoria e suas perspectivas existenciais,investindo na produção de conhecimentos e na ação gerontológica.

UNITERMOS: Psicopedagogia. Aprendizagem. Velhice. Idosos.

CorrespondênciaMaria Lourdes BortolanzaUniversidade Regional Integrada do Alto Uruguaie Missões – Av. Sete de Setembro, 1.621– ErechimRS – Brasil – 99700-000 – Fone: (54) 520-9000Fax: (54) 520-9090E-mail: [email protected]

Maria Lourdes Bortolanza; Simone Krahl; Felipe Biasus

INTRODUÇÃOA Educação é permanente na razão, de um

lado, pela finitude do ser humano, de outro, aconsciência que ele tem de sua finitude. Mas,ainda, pelo fato de, ao longo da história, terincorporado à sua natureza não apenas saberque vivia, mas saber que ele sabia e, assim, saberque poderia saber mais1.

O desafio de pensar hoje, sobre a educaçãocomo um processo permanente, demanda umquestionamento acerca do papel da psicope-dagogia na área da gerontologia. Sabemos

que, historicamente, o psicopedagogo seorganizou como profissional que lida com oprocesso de aprendizagem humana, seuspadrões normais e patológicos, considerandoa influência do meio (familiar, escolar e social)para a compreensão do ato de aprender,trabalhando, em princípio, com crianças eadolescentes. Atualmente, a psicopedagogiaestá voltada para a compreensão do serhumano, no seu processo de aprendizagem,nas diferentes etapas de sua vida, direcio-nando o seu olhar também para o idoso.

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UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE A VELHICE

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Como profissional ligado à aprendizagem naidade madura, qual o papel do psicopedagogojunto aos idosos e aos seus grupos? Sua atuaçãocomo mediador não será a de aceitar, respeitar elegitimar a história de cada um, num movimentodinâmico de trocas e de possibilidades de inserçãona realidade, de superação de contradições e deresponsabilidade na transformação social? Queestímulos e que ações poderão ser desenvolvidaspara auxiliar o idoso a manter ativa sua memória,sua função intelectual, sua capacidade de resolverproblemas e criar produtos culturais? Pararesponder a essas questões há que se retomaralgumas reflexões, partindo da percepção dospróprios idosos e de profissionais que interagemcom eles nos grupos de convivência.

As experiências realizadas em atividadesde extensão e de pesquisa junto aos gruposde 3ª Idade – Universidade Sem Limites, daUniversidade Regional Integrada do AltoUruguai e das Missões – Campus de Erechim/RS, junto aos Grupos da Associação de Apoio aoIdoso Erechinense, bem como aos Grupos deConvivência ligados às Secretarias de Ação Socialdos municípios da Região da Associação deMunicípios do Alto Uruguai (AMAU/RS),incentivaram a produção do presente artigo queenfatiza um olhar psicopedagógico sobre avelhice.

SITUANDO A VELHICEO processo de saber envelhecer é tão

importante como o processo de crescimento.Ninguém traz como hereditário e intrínseco emsi mesmo um destino de vida longa ou de morteprecoce. O ser humano é chamado para aplenitude da vida e para isso há de se programarum jeito de viver, conviver e aprender contínuos.

A velhice é uma etapa da vida adulta, a maislonga da existência humana. O crescimentosignificativo da população idosa é resultado daalta fecundidade ocorrida no passado, da reduçãoda mortalidade, principalmente a infantil, dosavanços científicos da medicina e de ganhos naspráticas de saúde biopsicossocial, bem como dodeclínio continuado de nascimentos, em função

do crescente acesso das mulheres aos métodoscontraceptivos2. As pessoas estão morrendo maisidosas e com melhor qualidade de vida, portantoo aumento da longevidade é uma conquista dahumanidade.

Caracterizada pelo declínio de certascapacidades e mudanças nos aspectosbiopsicossociais, é exigida da velhice uma sériede ajustamentos pessoais e sociais. Encaradacomo um período dramático, mesmo quando nãoassociada à pobreza ou à invalidez, torna-serestrita, cada vez mais, a participação dos idososem uma série de atividades, mesmo para os quesão considerados aptos, física e mentalmente. Issoimplica num recuo de um mundo amplo e público,para um mundo restrito e privado, ou seja,marginalizado. A perda dos papéis sociais e daatividade produtiva cria uma série de conflitosno processo de envelhecimento saudável.

O Brasil é um país de jovens, mas dia-a-diavive o fenômeno do envelhecimento humano. Amédia de vida, hoje, gira em torno de 66 anos(média mundial) e passará a ser de 73 anos, em20253. Segundo esses autores, no Brasil, asperspectivas para o ano de 2030 estão em tornode 25 milhões de idosos. Os dados preliminaresdo Censo Demográfico4 referem que há cerca de10 milhões de pessoas da população brasileiracom idade superior a 60 anos, destes, 161 milestão no Rio Grande do Sul.

Segundo Gouvêa5, a terceira idade estávivendo um momento de responsabilidade, umavez que as conquistas atuais, duramente obtidas,se refletirão nas próximas gerações de idosos. Aautora informou que os idosos de hoje, em relaçãoa gerações anteriores, convivem com um maiornúmero de transformações sociais, onde ocorremmudanças dos mais variados tipos. Tais mudançastrazem “a necessidade de aprendizados novos eadaptações que atingiram os setores, moral,psicológico, científico, religioso e mesmodoméstico”.

Na velhice (fase iniciada aos 60 anos,conforme a Organização Mundial da Saúde), osujeito depara-se com inúmeras perdas, tantobiológicas como sociais. Dentre as perdas

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biológicas estão: a perda da elasticidade da pele;a perda dos dentes; a modificação do esqueleto,implicando em problemas musculares; encur-vamento postural devido a modificaçõesna coluna vertebral; problemas de circulação(incluindo aterosclerose); a insônia aumenta,assim como a fadiga durante o dia; o meta-bolismo fica mais lento e há uma diminuição davelocidade dos impulsos nervosos, o que alteraos sentidos do velho6,7.

Claudel (citado em Beauvoir6) parecesintetizar uma perspectiva otimista da velhice,embora a partir das perdas biológicas: “[...]oitentaanos! Foram-se os olhos, os ouvidos, os dentes,as pernas e o fôlego! E é impressionante, apesarde tudo, como se consegue passar sem tudo isso!”.Assim, por um lado, passam a existir limitaçõesdas funções biológicas, por outro lado, as funçõesafetivas e sociais podem ser preservadas eaperfeiçoadas8.

Além das perdas biológicas, físicas, algumasquestões sociais e psicológicas aparecem tambémcomo cruciais nesta fase do ciclo vital. O velhoacaba por passar por uma crise de identidadedevido à falta de papel social, levando-o à perdade auto-estima; experimenta mudanças de papéisna família, no trabalho e na sociedade; vivenciaperdas diversas, desde a condição econômica aopoder de decisão, até a perda de parentes eamigos. Assim, criam-se idéias “universais” deque os velhos são inúteis, que são “assexuados”ou que estão “fora do jogo” 6,7,9.

Essas transformações pelas quais o velhopassa estão presentes também nos aspectospsicológicos, que podem apresentar: dificuldadede adaptação a novos papéis; falta de motivaçãoe dificuldade de planejar o futuro; depressão;hipocondria; somatização; paranóia; suicídios;baixas auto-estima e auto-imagem7. Apesar docenário sombrio da velhice, existe uma riquezade vida, de experiência, de fascinação, deatividades, de interações socioafetivas e deexpectativas existenciais.

Portanto, apesar de seu enfraquecer, suamente pode conservar-se lúcida, a medida emque exercita a memória, busca o conhecimento

e a cultura, convive em grupo, repassando aexperiência, a sabedoria e o afeto. Para JoãoPaulo II10, os anciãos observam os aconte-cimentos com mais sabedoria, porque os conflitosde sua vida, os tornam mais experimentados eamadurecidos. Em sua carta aos anciãos, afirmaque eles são os guardiões da memória coletivae, por isso, intérpretes privilegiados daqueleconjunto de ideais e valores humanos quemantêm e guiam a convivência social. Excluí-los é rejeitar o passado, onde penetram as raízesdo presente, em nome de uma modernidadesem memória.

Para Zimerman7, “o segredo do bem-viver éaprender a conviver com as limitações”. Debert11

destaca diversas experiências de envelhe-cimento bem sucedidas como, por exemplo, asuniversidades da terceira idade e os grupos deconvivência. Para Bortolanza12, o tempo fazhistória e constrói saber. Esse tempo não éhomogêneo, mas ritmado pela individualidade,compassado por momentos significativos,cadenciados por ocasiões e desligado porrupturas.

HISTORIANDO – GRUPOS DE IDOSOSNos últimos anos, cada vez mais os idosos

estão se reunindo não apenas para participarde confraternizações, mas também para debaterproblemas da velhice e lutar por seus direitos13.

Os primeiros trabalhos datam de 1963,quando o Serviço Social do Comércio (SESC)de São Paulo lança o programa inédito destinadoaos comerciários aposentados, ainda quando oidoso era uma minoria. Este foi o primeirotrabalho de intervenção em gerontologia social,o qual se expandiu para diferentes setoresgovernamentais e não governamentais.

A partir de 1980, houve um grande cres-cimento que provocou o verdadeiro desenvol-vimento da área, não só no atendimento, comona organização de grupos. A partir dessa data éque o trabalho com idosos se efetivou realmenteno Rio Grande do Sul, quando surge o TrabalhoSocial com Idosos, que se baseava na realizaçãode atividades de integração como: bailes,

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passeios, reuniões de confraternização, oficinas,palestras, entre outras.

Em Erechim/RS e demais municípios daRegião da AMAU, a organização de grupos deidosos também teve início nos anos 80,multiplicando-se a cada ano, sendo que, hoje, onúmero de congregações ultrapassa umacentena.

Na Universidade Regional Integrada do AltoUruguai e das Missões – Campus de Erechim/RS, o trabalho na área da gerontologia vem sendodesenvolvido desde o ano de 1991, com a criaçãodo Centro Regional de Estudos da Terceira Idade(CRETI), sob a coordenação do Departamento deCiências Humanas – área da Psicopedagogia. OCRETI se caracteriza como um grupo de estudo,pesquisa e formação gerontológica, desenvol-vendo uma ação integrada com diversasentidades de apoio ao idoso, da região.

A partir do CRETI, foram desencadeadas váriasações na Universidade como: - Cursos deFormação de Recursos Humanos em Geronto-geriatria; - Cursos de Formação de Liderançasde Grupos de 3ª Idade; - Cursos de FormaçãoPermanente para Idosos (Universidade semLimites); - Oficinas Psicopedagógicas (Arte,Literatura, Poesia, Educação Física, Música,Dança Expressão Corporal, Teatro, Desenho); -Fóruns e Seminários Regionais de 3ª Idade; -Comemoração de Semanas do Idoso; - Edição deCadernos de 3ª Idade e do Jornal “Privilégio”; -Visitas, Passeios e Viagens; - Ações Filantrópicas.

A importância do trabalho, segundo Lafin11,está no fato de proporcionar ao velho, espaço departicipação, relacionamentos sociais e afetivos.Segundo ele, há quem participa de grupos paraconversar, outros para fazer artesanato, aumentara renda ou prestar serviços para outros segmentosda comunidade. Ainda, segundo Lafin11, osvelhos são uma mão-de-obra voluntária einestimável que ainda não está sendo bemaproveitada no Brasil.

Afinal, como se caracteriza um grupo deconvivência ou grupo de idosos? Antes deresponder a esta questão é importante que sedefina grupo.

Para Hartfort15, grupo é definido como umareunião de duas ou mais pessoas, com objetivose interesses comuns, num intercâmbio social,cognitivo e afetivo. O intercâmbio social queocorre nos encontros é suficiente para que osparticipantes: - tenham impressões recíprocas; -criem um conjunto de normas para seufuncionamento; - desenvolvam metas e açõescoletivas; - encontrem sentido de coesão para quecada um se sinta responsável pelo que constituio grupo. Para o autor, as pessoas necessitampensar em si próprias e serem pensadas pelosoutros, como entidade distinta de todas as outrascoletividades.

Esta definição indica o que se entende, aqui,por grupos de idosos. Entretanto, Zimerman7, aofalar sobre grupo socioterápico, informa que omesmo tem a finalidade de resgatar prazero-samente as atividades sociais, possibilitandouma conversa não só em torno das atividadesdesenvolvidas, mas também uma discussão sobreproblemas das mais diversas áreas, inclusiveconteúdos angustiantes, bem como sentimentoscomuns, traçando uma nova definição do que seentende por grupo de idosos.

Na sua organização e funcionamento, osgrupos têm buscado a assessoria de profissionaisde diversas áreas, principalmente de psico-pedagogos e psicólogos, pois sua atenção estáhoje mais voltada para a interação, a descobertade novos saberes, criando uma outra cultura sobreo envelhecimento humano.

GRUPOS DE IDOSOS – SUA ESTRUTURAE FUNCIONAMENTODiante do contexto descrito acima, a URI –

Campus de Erechim, através de ações deextensão, desenvolvidas no Departamento deCiências Humanas pela área da psicopeda-gogia e da psicologia, realizou, em 2003 e 2004,um diagnóstico da realidade dos grupos deidosos a fim de conhecer sua organização efuncionamento, buscando investir na formaçãode recursos humanos em gerontologia social.

Participaram do estudo 17 coordenadoras degrupos de idosos, representando nove municípios

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da AMAU, 47 grupos e 2.200 idosos, sendo 694homens e 1506 mulheres. Trata-se de umapesquisa exploratória, cuja principal finalidadefoi desenvolver, esclarecer e modificar conceitose idéias sobre a organização e o funcionamentodos grupos de idosos da AMAU, tendo em vistaa formulação de problemas mais precisos ou abusca de alternativas para ações mais adequadas.

A partir do levantamento dos dados, pode-seperceber que o surgimento dos grupos esteveligado a uma necessidade de atendimento aosidosos que dia-a-dia crescia em número. Aliadoa essa demanda, estava o aparecimento deresultados positivos frente aos trabalhos comidosos de outras localidades ou Estados.

Na região da AMAU, o surgimento dos gruposesteve ligado às Prefeituras Municipais,diretamente relacionados às SecretariasMunicipais de Assistência Social e/ou à LegiãoBrasileira de Assistência Social (LBA). Outro fatorque influenciou a criação de alguns grupos foi onúmero de idosos que não participavam daquelesexistentes devido à falta de vagas. Universidades,igrejas, entidades assistenciais, escolas, clubesde serviço, clubes esportivos e recreativos,academias de ginástica também congregamgrupos.

Em geral, tais grupos são abertos, ou seja, osidosos podem ser convidados ou dirigirem-sevoluntariamente para participar destes, nos quaissão inscritos gratuitamente. Existe, na maioria dosgrupos, uma diretoria, eleita a cada dois anos, euma coordenação. Essa coordenação, em algunsgrupos de cidades menores, é composta pelaprimeira dama do município, assistentes sociaise voluntárias. Em outros, essa coordenação écomposta por voluntárias, em geral, pessoas de40 a 50 anos. E, ainda, existem grupos que sãocoordenados por pessoas do grupo, ou seja,pessoas de 60 anos a mais. Na URI – Campus deErechim/RS, existe um Projeto de Integração daUniversidade com a Terceira Idade (Universidadesem Limites), ligado ao Departamento de CiênciasHumanas e ao Centro de Extensão.

Uma das questões que se inventariourelaciona-se às atividades desenvolvidas nos

grupos. Percebeu-se a existência de uma espéciede “currículo” organizado por cada um dosgrupos, os quais os seguem intuitivamente, ouseja, não há uma estrutura rígida e prede-terminada para o funcionamento ou para asatividades que o grupo irá desenvolver.Entretanto, existem objetivos claros para asatividades desenvolvidas, ou seja, cultura,interação, lazer, busca de alternativas pararesolução de problemas socioafetivos. Osgrupos, em geral, desenvolvem atividadessemelhantes, tais como: exercícios físicos,espiritualidade, roda-de-chimarrão, lazer,trabalhos manuais, conversas, canto e os famososbailes. Pequenas variações foram observadas,como: viagens, palestras, oficinas psicope-dagógicas, exercícios de dinâmica de grupo ealgumas atividades filantrópicas. Estas variaçõesestariam ligadas às possibilidades de espaçofísico, de cultura, nível econômico, liderança efilosofia de cada grupo.

Cada grupo possui uma dinâmica defuncionamento dos encontros. Alguns sempreiniciam com um momento de espiritualidade.Outros partem da ginástica, da conversa solta eda música. Os grupos buscam criar um ambientede descontração e de alegria, proporcionando aosidosos uma interação sadia e harmoniosa naconvivência. Os trabalhos desenvolvidos por essapopulação refletem um exercício pleno dacidadania.

Buscou-se identificar através das coorde-nadoras (participantes da pesquisa) qual osignificado do grupo para os idosos. Em todas asrespostas, as pessoas atribuíram um significadopositivo ao grupo, pois o mesmo proporciona: a)troca de experiências, de conhecimentos e deajuda; b) valorização pessoal; c) alegria eentretenimento; d) recursos para vencer adepressão e a solidão; e) melhor qualidade devida; f) oportunidade de encontros semanais,estabelecendo ótimas relações sociais e afetivas;g) integração com idosos de outros municípios;h) desenvolvimento de projetos: oficinas deaprendizagem e de trabalho, viagens, assistênciasocial e integração com a sociedade.

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Tais colocações comprovam as palavras deHartfort15, quando refere que o grupo exerceforças sobre o velho no sentido da sociabilização/ressociabilização; conceito de aquisição oumudança do eu; identidade; motivação; formaçãoe modificação de valores e crenças; mudançacomportamental; alcance de um senso depertencimento, apoio e educação.

O diagnóstico levantou algumas dificuldadesenfrentadas pelos grupos. A maior parte delasestá relacionada à falta de recursos financeiros.Detectou, ainda, alguns limites, como: a) espaçofísico inadequado para os encontros; b) falta detransporte para os idosos participarem dosencontros, tanto municipais quanto regionais,onde não há ônibus coletivo/urbano; c) problemasde ordem grupal, ou seja, que fazem parte dadinâmica grupal, tais como dificuldades norelacionamento interpessoal, individualismo,disputa, falta de entrosamento, união do grupo;d) alguns limites quanto à formação e à capa-cidade de liderança de alguns coordenadores;e) perdas, pela morte de um membro do grupo;f) resistência, principalmente dos homens, àparticipação em grupos de idosos; g) questõespolítico-partidárias interferindo em grupos;h) reconhecimento da sociedade, pelo trabalhodesenvolvido com idosos; i) falta de tempo deprofissionais da área da saúde, da educação, daarte, da música, da educação física, habilitadosna ação gerontológica, para atender sistema-ticamente aos grupos.

Os grupos estão em permanente evolução,demonstrando que o velho continua muito vivo,interativo, participante, com capacidade deautonomia, iniciativa e poder decisório, paranão aceitar tudo que lhe é proposto, ou seja,evidenciam que o mesmo tem poder de desejare de rejeitar, fazendo escolhas adequadas.

Por tratar-se de uma pesquisa-diagnóstico,nascida de um projeto de extensão, buscou-selevantar formas pelas quais a universidade,através do serviço de psicopedagogia e psicologia,pudesse estar auxiliando os grupos. Segundo asparticipantes, a melhor maneira seria através decursos, oficinas, formação para coordenadores de

grupos, atendimento especializado e através deprojetos de estágios, desenvolvidos por alunosdas diversas áreas do conhecimento, trabalhandodiretamente com os grupos de idosos.

O objetivo desse estudo foi verificar comofuncionam e organizam-se os grupos de idosos.Em grande parte foi atingido, entretanto,questiona-se sobre o que poderia ser realizadopara que esse diagnóstico não se torne um simpleslevantamento de dados, sem benefício social.

Muitos questionamentos levantados aindabuscam resposta, tais como: Conversar, tomarmate, dançar são as atividades mais comuns nosgrupos, mas serão elas as mais importantes? Qualo verdadeiro motivo que leva o idoso ao grupo?Qual a influência real que o grupo traz para oidoso? Será que a Universidade, dentro de seucaráter comunitário, está realmente atendendo aessa população? Qual o papel do psicopedagogojunto aos idosos, quer em sua individualidade(Psicopedagogia Clínica), quer no grupo (Psico-pedagogia Institucional)?

AÇÃO PSICOPEDAGÓGICA JUNTO AIDOSOSA experiência ora relatada envolveu a

participação conjunta de profissionais do campoda psicopedagogia, da psicologia, da pedagogiae da saúde, voltados para o estudo e a formaçãocontinuada do ser humano adulto.

A condução do trabalho junto aos grupos deidosos foi eminentemente educativa, organizadaem espaços transdisciplinares, tanto mais quese trata de uma área emergente, complexa e derelevância social.

Através da ação-reflexiva de profissionais daárea da psicologia e da psicopedagogia, buscou-se compreender o fenômeno gerontológico noenfoque psicopedagógico, resultando naelaboração do presente artigo. O tema exige umaprofundamento de estudos, bem como, um olharmais científico sobre a velhice e sobre a naturezado trabalho psicopedagógico nesse contexto.

A velhice é uma etapa para viver, conviver,apropriar-se de outras razões éticas e estéticas,compreendendo que nem todos os pretextos são

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equivalentes, privilegiando ações sustentadorasda alegria e do sonho, reinvestindo em novassituações de ação e de aprendizagem. Ospsicopedagogos em equipe multidisciplinarpoderão transformar essa virtualidade em prática.Desta forma, poderão mobilizar suas compe-tências profissionais, assim como uma relação comos saberes, reconhecendo que a aprendizagemna terceira idade tem um sentido que vem demais longe, que se enraíza na cultura familiar,na história de vida, na ancoragem social e naperspectiva existencial de cada idoso.

Quanto à atuação do psicopedagogo na áreada gerontologia, pouco se tem pesquisado ouescrito sobre esse tema. Cabe ao psicopedagogocongregar conhecimentos e profissionais dediversas áreas, com o objetivo de compreender,discernir e empreender um trabalho de mediaçãoe de assessoria aos idosos e aos seus grupos. Paraisso, também há de mobilizar a sociedade noestabelecimento de políticas mais justas de atençãoà terceira idade.

Para Visca16, na escola e na comunidade sefaz psicopedagogia, no sentido de perceber eaceitar como o sujeito é, descobrindo como eleaprende e interage. O objetivo do psicopedagogoé pesquisar e trabalhar nas manifestaçõescognitivo-afetivas do sujeito em situação deaprendizagem. Para Bortolanza12, a relação como saber é uma relação do indivíduo consigomesmo, com os outros e com o mundo. A relaçãocom o mundo se estabelece num universo designificados e símbolos, de espaços e tempospartilhados entre os homens. O homem tomaposse do mundo através do que ele percebe,imagina, sente, pensa e deseja. Desta forma, arelação com o saber é uma relação com sistemassimbólicos, como a linguagem, e implica numaatividade do sujeito num tempo que jamais acaba.

O psicopedagogo faz o papel de mediadorentre o idoso e a construção ou reconstrução doconhecimento, interagindo para superação dasdificuldades apresentadas, como também napsicodinâmica do grupo de convivência. É muitodifícil para o idoso quebrar paradigmas, pois suahistória de vida moldou seu comportamento e sua

história escolar de obediência e rigidez, tornaram-no, muitas vezes, conformado e razoável, em lugarde curioso, questionador e criativo.

Atuando junto a grupos de convivência ou dauniversidade, percebe-se que o idoso apresentaalguma resistência em aceitar todo conhecimentoque se encontre em contradição com a suaconcepção de mundo e de vida. Tem dificuldade,também, em aceitar certos conhecimentos novos,por medo de arriscar e de perder. Além disso,cada sujeito possui uma estrutura cognitivo-perceptiva e um nível de conhecimento colocadoà prova no momento que se encontra no grupo.

Maturana17, ao questionar a educação,pergunta a si próprio: “Como posso aceitar-me erespeitar-me se não aprendi a respeitar meuserros e a tratá-los como oportunidades legítimasde mudança, por que fui castigado por equivocar-me?” Portanto, segundo o autor, a educação queleva a pessoa a viver seus limites e seus erroscomo negação de sua identidade, que estimula acompetição e a negação de suas possibilidades,não serve para nenhum país. Para ele, a emoçãofundamental que define o humano é o amor, acoexistência na aceitação do outro e nacolaboração com o mesmo. O autor afirma, ainda,que o progresso não está na contínua complicaçãoou mudança tecnológica, mas na compreensãodo mundo natural, que permite recuperar aharmonia e a beleza da existência nele, com baseno seu conhecimento e respeito por ele.

As idéias de Maturana17 são essenciais nacompreensão da velhice, na sua interação com oconhecimento e com as pessoas. Muitos idososvivem com medo de errar, por não se sentiremcapazes de agir com a mesma fortaleza que lhesera familiar, por terem sido repreendidos oumarginalizados. Por isso, estar no grupo com seusiguais, sentir-se par, é tão importante para eles.

O ser humano, segundo Hartfort15, é um sergregário, pois desde seu nascimento vive emgrupo. Visto isso, na velhice percebe-se umanecessidade ainda maior por grupos, pois o velhoencontra neles apoio pessoal e autogratificaçãopara facilitar a nova definição de papéis eramificações sociais. Tanto forças pessoais como

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UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE A VELHICE

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sociais influenciam na capacidade do velho emparticipar de um grupo, o qual exerce forçassobre ele, no sentido de: a) sociabilização/ressociabilização; b) conceito de aquisição oumudança do eu; c) afirmação da identidade; d)motivação e ação; e) formação e modificação devalores e crenças; f) mudança comportamental;g) alcance de um senso de pertencimento, apoioe educação.

Trabalhar na área da gerontologia exige dosprofissionais muita clareza teórica e um projetoeducativo que ajude o idoso a buscar um saberrelacionado com seu viver cotidiano, de modo queele possa refletir sobre seus afazeres e mudar demundo sem deixar de respeitar a si mesmo e aosoutros. Para Bortolanza12, “compreender asdimensões constitutivas da relação com o saber éconfrontar-se com um sujeito singular em situaçãode aprendizagem, em um mundo que ele partilhacom outros e consigo mesmo”.

CONSIDERAÇÕES FINAISA idéia não foi apenas realizar um diagnóstico

sobre a organização e funcionamento de gruposde idosos, mas efetuar uma séria reflexão e, apartir disso, elaborar projetos de ações efetivas,de forma multidisciplinar, que atendam àsnecessidades da população idosa. Transpor osconceitos que são ainda vigentes sobre a velhice,reconhecendo sua experiência, sua sabedoria eo poder do seu afeto, é investir no seu potencialinfluente na transformação educativa dasociedade, cultivando os segredos mais simples,preciosos e indispensáveis da vida humana.

Deu-se início a uma ação-reflexão e razão,sobre o saber-fazer psicopedagógico junto aoidoso, evidenciou-se a relevância da açãopsicopedagógica na mediação entre o idoso e aconstrução e reconstrução do conhecimento. Alémdisso, o psicopedagogo tem papel importantena inclusão do idoso nos grupos de convivência,

facilitando a interação do mesmo com o conhe-cimento e com seus pares, estendendo essashabilidades desenvolvidas no grupo para aconvivência social ampla, contribuindo para aredefinição do papel do idoso na sociedade.

Inserido na universidade, o psicopedagogoe especialistas de áreas afins podem sugerir:a) inclusão de disciplinas e conteúdos relacio-nados às áreas de gerontologia, psicologia dodesenvolvimento, pedagogia e psicopedago-gia, nos cursos oferecidos pelas instituições;b) promoção de pesquisa, produção científica,atividades de extensão, estágios e monitorias,envolvendo docentes e discentes nos programasde integração da universidade com os gruposde idosos; c) coordenação de ações no estabe-lecimento de políticas públicas de atenção à3ª idade.

Nada vai deter a organização e funcionamentode grupos de idosos, por ser uma iniciativa queparte da necessidade de pessoas com idade eobjetivos comuns. O psicopedagogo, em equipemultiprofissional, pode contribuir diretamentecom o aprofundamento de estudos e pesquisaspermanentes, viabilizando um trabalho sólido,construtivo e de criatividade no fortalecimentodos grupos, revertendo num quadro de velhicemais saudável.

A Psicopedagogia, portanto, assume umespaço abrangente e significativo junto aosidosos, em que o processo de aprender e deensinar faz parte da responsabilidade e da exis-tência de cada um. Com profissionais de áreasafins, o psicopedagogo continua atendendo àcriança que cresce, respeitando o adolescenteque se transforma, estimulando os jovens, dialo-gando com os adultos, ouvindo os mais velhos,potencializando mudanças, redefinindo papéis,no interjogo entre o conhecimento e a vida, entreo objetivo e a subjetividade, na busca de novasexpectativas para o idoso do século XXI.

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BORTOLANZA ML ET AL.

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Artigo recebido: 20/09/2004Aprovado: 20/05/2005

Trabalho coordenado pelo Projeto Integração daUniversidade com a 3ª idade.

SUMMARYPsychopedagogical view on the old age

This article brings a reflection about the psychopedagogical action with theelderly, from experiences with elderly groups and a diagnosis of their structureand functioning. This diagnosis is from an exploratory research with 17 coordinatorsof elderly groups. The results point to alternatives of more suitable educative actions.In this sense, the article highlights the role of psychopedagogues in the mediationof the human being permanent process of learning. It tries to show that old age isa stage to live, to coexist, to seize on other reasons, reinvesting in new situationsof action and learning. Thus, it tries to seize up the psychopedagogues’ action,articulating with professionals from other related areas in order to accept, to payrespect and to legitimize the elderly history, recognizing their experience, theirwisdom and their existential perspectives, investing on knowledge productionand on the gerontology action.

KEY WORDS: Psychopedagogy. Learning. Old age. Aged.

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