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BRASIL: Uma nova potência regional na economia - Mundo Berta K. Becker Cláudio A. G. Egler Unidade 3 A Economia- Mundo e as regiões brasileiras. O objetivo do capítulo é descrever a dinâmica espaço-temporal do processo de diferenciação/incorporação das regiões brasileiras na economia-mundo. A existência do controle dos empreendimentos mercantis pelos portugueses, em locais priveligiados na costa brasileira, situação esta que ao longo tempo, por interesses comerciais domésticos, deu origem às cidades mercantis que gradualmente adquiriram autonomia, contribuindo para a quebra do pacto colonial e para formação do pacto mercantil. Havendo uma nítida separação entre zona rural e a zona urbana, cada região acabou por se especializar em um dois produtos de exportação, o que fazia a divisão territorial do trabalho assemelhar-se ao padrão das exportações brasileiras. Embora dependente das flutuações do comércio mundial, as regiões mercantis manisfestavam os interesses das classes dominantes do território, o bloco cafeeiro. Com a intensificação do processo industrial a partir de 1930, houve uma incorporação do Brasil na economia mundo, através da articulação das regiões brasileiras capitaneadas por São Paulo. Já no início da década de sessenta as desigualdades intra regionais eram evidentes, representada principalmente pela região sudeste, onde estavam concentradas as industrias, principalmente em São Paulo, nessa conjuntura as demais regiões do país eram caracterizadas como periféricas. O espaço de produção colonial A divisão social e territorial do trabalho em três grandes setores, gerados pela pela inserção do território brasileiro na economia-mundo são assim divididos: A marinha – O litoral foi o primeiro espaço brasileiro a ser ocupado pelos colonizadores, com muitas expedições, buscando informações sobre as riquezas disponíveis, assim como novas passagens para a Ásia e busca de novos portos para os navios das

Brasil - Uma nova potência (Berta Becker)

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BRASIL: Uma nova potência regional na economia - MundoBerta K. BeckerCláudio A. G. Egler

Unidade 3

A Economia- Mundo e as regiões brasileiras.

O objetivo do capítulo é descrever a dinâmica espaço-temporal do processo de diferenciação/incorporação das regiões brasileiras na economia-mundo.

A existência do controle dos empreendimentos mercantis pelos portugueses, em locais priveligiados na costa brasileira, situação esta que ao longo tempo, por interesses comerciais domésticos, deu origem às cidades mercantis que gradualmente adquiriram autonomia, contribuindo para a quebra do pacto colonial e para formação do pacto mercantil. Havendo uma nítida separação entre zona rural e a zona urbana, cada região acabou por se especializar em um dois produtos de exportação, o que fazia a divisão territorial do trabalho assemelhar-se ao padrão das exportações brasileiras. Embora dependente das flutuações do comércio mundial, as regiões mercantis manisfestavam os interesses das classes dominantes do território, o bloco cafeeiro.

Com a intensificação do processo industrial a partir de 1930, houve uma incorporação do Brasil na economia mundo, através da articulação das regiões brasileiras capitaneadas por São Paulo. Já no início da década de sessenta as desigualdades intra regionais eram evidentes, representada principalmente pela região sudeste, onde estavam concentradas as industrias, principalmente em São Paulo, nessa conjuntura as demais regiões do país eram caracterizadas como periféricas.

O espaço de produção colonial

A divisão social e territorial do trabalho em três grandes setores, gerados pela pela inserção do território brasileiro na economia-mundo são assim divididos:

A marinha – O litoral foi o primeiro espaço brasileiro a ser ocupado pelos colonizadores, com muitas expedições, buscando informações sobre as riquezas disponíveis, assim como novas passagens para a Ásia e busca de novos portos para os navios das Carreiras das Índias.

As caraterísticas naturais, a Mata tropical atlântica, privilegiaram o litoral oriental para exploração, tornando-se a floresta e as atividades indígenas as primeiras atividades econômicas da colônia: a extração de madeiras corantes, em especial o “pau-brasil”.

O litoral brasileiro beneficiava as grandes lavouras escravistas, oferecendo solos férteis, diminuição dos custos com transportes até os portos exportadores, porém, influenciados por diversos fatores, que iam além dos aspectos geográficos, mas também políticos e econômicos, atingiu seu apogeu em quatro áreas do litoral brasileiro:

A Zona da Mata, nordestina, com centro em Olinda e, posteriormente em Recife. Olinda foi o centro mais importante, pela proximidade com os centros europeus, uma das mais prósperas da colônia. Havia rivalidade entre grandes proprietários de Olinda e comerciantes de Recife, ensejando na primeira guerra nativista da colônia, a “Guerra dos Mascates”;

O Recôncavo Baiano, no entorno de Salvador, era um dos ancoradouros mais protegidos do litoral, e circundando por terras férteis, onde estabeleceu-se o empreendimento mercantil açucareiro. Foi sede da colônia, grande centro de tráfico de escravos, responsável também pelo cultivo do fumo (primeira atividade oriunda da própria colônia)

O Recôncavo da Guanabara, com centro do Rio de Janeiro, onde desenvolveu-se um dos mais importantes núcleos de produção de açúcar da economia colonial.

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Golfão Maranhense, São Luiz do Maranhão, teve desenvolvimento mais lento quando comparado aos demais núcleosO início da economia açucareira utilizou as bases das madeiras corantes