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BRASILEIRASEMPREENDEDORAS EM MASSACHUSETTS – EUA
Relatório de Pesquisa
Perfil de Associadas à AME – Associação de Mulheres Empreendedoras
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BRASILEIRASEMPREENDEDORAS EM MASSACHUSETTS – EUA
Relatório de Pesquisa
Perfil de Associadas à AME – Associação de Mulheres Empreendedoras
http://bit.ly/Sebrae2017relatorio065
Acesse o link abaixo para informações do SEBRAE selecio-
nadas para empreendedores brasileiros no mundo:
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FICHA TÉCNICA
© 2017. Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais – SEBRAE
TODOS OS DIREITOS RESERVADOSÉ permitida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio, desde que divulgada a fonte.
INFORMAÇÕES E CONTATOSServiço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais – SEBRAE Unidade de Inteligência EmpresarialAv. Barão Homem de Melo, 329, Nova Granada – CEP 30.431-285 - Belo Horizonte - MG.Telefone 0800 570 0800 Home: www.sebrae.com.br/minasgerais
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Unidade de Inteligência EmpresarialGerente| FELIPE BRANDÃO DE MELOEquipe Técnica | PAOLA LA GUARDIA ZORZIN | VENÚSSIA ELIANE SANTOS CARRARO – Autoras |VINÍCIUS OLIVEIRA DIAS
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ASSOCIAÇÃO DE MULHERES EMPREENDEDORAS -AMEPresidente | LILIAN MAGESKI
CONSULADO-GERAL DO BRASIL EM BOSTONCônsul-Geral | GLIVÂNIA MARIA DE OLIVEIRA
PREFEITURA DE BOSTONPrefeito | MARTY WALSHChefe de Desenvolvimento Econômico | JOHN BARROS
Boston Planning & Development Agency –BPDADiretor de Pesquisa | ALVARO LIMA
Projeto Gráfico | JEFFERSON SOARES FERREIRA
Z88b Zorzin, Paola La Guardia
Brasileiras empreendedoras em Massachusetts - EUA: relatório de pesquisa. / Paola La Guardia Zorzin, Alanni de Lacerda Barbosa de Castro, Venússia Eliane Santos Carraro. Belo Horizonte: SEBRAE Minas, 2017.
22p.: il.
1. Empreendedorismo feminino. 2. Mulher empreendedora. I. Castro, Alanni de Lacerda Barbosa de.II. Carraro, Venússia Eliane Santos. III. Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de MinasGerais. IV. Associação de Mulheres Empreendedoras. V. Consulado-Geral do Brasil em Boston. VI. Prefeitura de Boston. VII. Título.
CDU: 005.342-055.2
4
Sumário
1. História da AME 5
2. Análise dos dados e resultados da pesquisa 6
3. Perfil da empreendedora 8
4. Perfil do negócio 11
5. Fatores de sucesso e barreiras para empreender 17
6. Principais perspectivas a partir da análise e do contexto 20
5
(doações para crianças carentes); e apoio para mulheres grávidas que necessitam de suporte financeiro, com eventos como os denomina-dos “Chás de bebê”.
A AME já realizou mais de 35 eventos, com pú-blico de 50 a 300 mulheres e diferentes temas, como por exemplo: Homenagem do Dia das Mães, Outubro Rosa, Dia Internacional da Mu-lher, Mulheres em Excelência, Palestra de Edu-cação Financeira, Palestra de Autoestima, Ex-cursões, entre outros.
O apoio e articulação da AME tem proporcio-nado às associadas acesso e divulgação de suas empresas em importantes emissoras de televi-são. Esse benefício traz vantagens e contribui na promoção dos negócios das empreende-doras. A AME também registra importantes re-sultados qualitativos nas vidas das associadas. Muitas mulheres tiveram suas vidas impactadas profissionalmente e emocionalmente. Segun-do depoimentos, participar da AME contribuiu para se profissionalizarem e formalizarem suas empresas e, também, para a melhoria da vida social e da saúde psíquica.
1. História da AME
Fundada em novembro de 2014, tendo se tornado uma organização não governamen-tal (ONG) em julho de 2016, a Associação de Mulheres Empreendedoras (AME) atua nos Estados Unidos, na região da grande Boston, Massachusetts. Buscando contribuir para o empoderamento das empreendedoras brasi-leiras nos Estados Unidos, a AME tem como missão proporcionar oportunidades de cresci-mento para mulheres, através de suporte pro-fissional, emocional e ferramentas necessárias para iniciarem, divulgarem e expandirem seus negócios.
A associação realiza encontros periódicos que favoreçam o networking entre suas associa-das, para que elas possam trocar experiências, compartilhar talentos, fazer parcerias, amiza-des, divulgar e expandir seus negócios.
Além dos eventos de networking, a AME tam-bém promove workshops, palestras e diversas exposições de diferentes temas. Ações sociais também são uma importante área de atuação da AME. Dentre essas ações, destacam-se o Projeto Bolsa de Mulher (doações para abrigos de mulheres); o Projeto Faça uma Criança Feliz
6
2. Análise dos dadose resultados da pesquisa
Para a economia do estado de Massachusetts, a contribuição dos imigrantes é também rele-vante. Nesse estado, a parte da mão-de-obra nascida no exterior aumentou de 10,2% em 1990, para 17,9% em 2010, ou seja, quase do-brou no período. Analisando por sexo, a força de trabalho masculina ainda se mantém na maioria, com 53,9%3 .
Tanto nos países de origem quanto naqueles onde os imigrantes se instalam, é inegável que, de alguma forma, as realidades econômicas e sociais são por eles influenciadas. Apesar da di-ficuldade da obtenção de números precisos a respeito de remessas de dinheiro enviadas ao Brasil, sabe-se que esses recursos, também ge-rados por empresas de brasileiros em solo nor-te americano, impactam suas regiões4.
Outro fator que concede relevância à essa pes-quisa é o apoio desempenhado pela AME, que extrapola o papel de estímulo ao empreende-dorismo. A atuação dessa associação envol-ve também o desenvolvimento da vida social, motivação e suporte emocional de suas as-sociadas (Gráfico 1), permitindo sua inserção em um contexto sociocultural muito diferente de seu país de origem. A AME tem como foco consolidar-se e contribuir ainda mais para os negócios, conhecendo melhor as dificuldades, necessidades, interesses e características das empresárias e empresas que a compõem.
As mulheres associadas à AME foram convida-das a responder uma pesquisa no período de 22 de setembro a 7 de novembro de 2016, de forma a se fazer uma avaliação do perfil e ne-cessidades dessas empreendedoras. O número de respostas obtidas foi 731 e trazem uma visão geral sobre o perfil das empreendedoras que participaram da pesquisa, de seus negócios e dos fatores de sucesso e barreiras para empre-ender.
A pesquisa foi um esforço conjunto da AME, do Consulado-Geral do Brasil em Boston, da Pre-feitura de Boston e do Sebrae Minas para en-tender melhor as necessidades de apoio que essas empreendedoras têm. O sucesso desses negócios implica em geração de renda e em-prego, dinamizando a economia em que estão inseridas. Portanto, identificar e estimular boas atitudes e percepções empreendedoras po-dem impactar diretamente a geração de ino-vação, empregos e o progresso econômico da região analisada.
Segundo estudos da Boston Planning & Deve-lopment Agency (BPDA), os imigrantes contri-buem de diferentes formas para a economia americana. Além de contribuírem como traba-lhadores (17% da força de trabalho dos EUA), como consumidores e investidores, também participam como empreendedores, gerando impostos ao país e postos de emprego2.
1 Sendo 200 o número total de associadas à AME no Estado de Massachusetts, os resultados descritos neste relatório não representam o total de associadas da AME, mas sim as características do conjunto das mulheres (e de seus negócios), associadas da AME, que participaram da pesquisa.
2 Contributions of immigrant labor to the american economy – A Differente Take, Boston Redevelopment Authority, Alvaro Lima, Director of Research, April, 2014.
3 High-skilled Immigrants in the Massachusetts Civilian Labor Force, Boston Redevelopment Authority, Alvaro Lima, Director of Research, April, 2014.
4 Segundo estimativas do BID, as remessas enviadas ao Brasil em 2015 foram de US$ 2,46 bilhões, valor somente não maior do que o de 2008, considerando a série desde 2000. Números para el Desarrollo: portal de datos abiertos del BID. Banco Interamericano de Desarrollo (2015).
7
Fonte: Pesquisa direta, 2016. Nota: Resposta admitiu múltipla escolha.
Gráfico 1:
Contribuição prestada pela AME às empreendedoras associadas
83,6%74%
2,7%
Não recebeu apoio/não é ativa na
associação
61,6%
4,1%
Vida social/novas amizades
Suporte profissionalMotivação/suporte
emocionalNetworking
8
3. Perfil da empreendedora
superior7 no Brasil. Segundo a GEM Brasil 2015, os empreendedores com mais anos de estudo tendem a empreender mais por oportunidade do que por necessidade e, por isso, buscam in-formações e serviços mais qualificados.
As associadas da AME que participaram desta pesquisa estão, em média, há 15 anos nos Es-tados Unidos, possuindo já um conhecimento maior das regras, da cultura e da língua do país, facilitando, também, a atuação empreendedo-ra. A maior parte das empreendedoras tem o inglês bom e/ou razoavelmente desenvolvidos, tanto na escrita quanto na leitura, audição e fala.
Quanto à proficiência em inglês, os imigran-tes de todas as nacionalidades se dividem em dois grupos. O primeiro são os trabalhadores altamente qualificados, em que 96% deles têm domínio do idioma, sendo nele proficientes. O segundo grupo são os imigrantes que ocupam postos de trabalho com qualificação mais bai-xa. Para estes, 70% apresentam limitações na proficiência da língua inglesa, segundo o re-latório “High-skilled Immigrants in the Massa-chusetts Civilian Labor Force”, da Boston Rede-velopment Authority .
A maior parte das empreendedoras da AME (60,2%) que participaram da pesquisa está na faixa etária de 35 a 54 anos, sendo a idade mé-dia de 46 anos. Essa é a faixa padrão de idade para os empreendedores no mundo5 e incluem pessoas na metade de suas carreiras. Portan-to, essas pessoas têm maior experiência, rede de contato e outros recursos úteis para iniciar e gerir um negócio, quando comparadas aos mais jovens.
A idade média das empreendedoras que par-ticiparam da pesquisa também está próxima à média etária de todos os imigrantes dos EUA. Segundo o American Community Survey - ACS (2014) PUMS, a idade média de todos os imi-grantes no país é de 43 anos, um pouco acima da média da idade dos imigrantes brasileiros, considerando ambos os sexos (39 anos)6.
Quanto à escolaridade, os imigrantes de todas as nacionalidades apresentam nível mais baixo do que o das participantes da pesquisa. Enquan-to somente 23% daqueles possuem curso su-perior (entre bacharelado e cursos tecnólogos), 49% das respondentes desta pesquisa têm, pelo menos, o ensino superior. Em comparação, so-mente 6% dos empreendedores têm ensino
5 GEM - Global Entrepreneurship Monitor, 2015/2016.6 American Community Survey - ACS (2014) PUMS.7 GEM - Global Entrepreneurship Monitor, 2015/2016.
9
3. Perfil da empreendedora
Fonte: 2007 - 2011 ACS, Public Use Microdata Sample (PUMS), BRA Research Division Analysis
Gráfico 2:
Faixa etária
Gráfico 3:
Escolaridade
15,1%
25-34 35-44 45-54 55-64 65+ NS/NR
34,2%
26%
19,2%
2,7% 2,7%
EnsinoFundamental
Completo
EnsinoMédio
Incompleto
GraduaçãoIncompleto
Pós-GraduaçãoIncompleto
Pós-GraduaçãoCompleto
EnsinoMédio
Completo
GraduaçãoCompleto
5% 4%
18%23%
30%
3%
16%
Fonte: Dados da pesquisa.
10
Gráfico 4:
Tempo que vive nos Estados Unidos
Gráfico 5:
Desenvoltura na língua inglesa
43,8%
60,3%
63%
30,1%
6,8%
30,1%
9,6%
42,5%
13,7%
Escreve bem Escuta bem
Lê bem
Escreve razoavelmente Escuta razoavelmente
Lê razoavelmente
Escreve mal Escuta mal
Lê mal
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
8,2%1,4%
15,1% 15,1%
43,8%
<=2 3 -5 6 - 10 11 - 16 17 - 20
11
4. Perfil do negócio
desafios apresentados ao negócio, o apoio de instituições, grupos de empreendedores, fun-cionários, amigos e familiares pode ser crucial. Por exemplo, as soluções inovadoras para o negócio surgem mais provavelmente a partir de trocas de informações e experiências do que de uma criação individual do empreende-dor. Mas, fundamental é também a preparação técnica para o desempenho da função de ges-tor de uma empresa, de modo que o fato de a maioria ter feito cursos on line ou presenciais (65,6%) e/ou buscado informações sobre o se-tor de atuação (62,5%) é muito significativo.
As associadas, em sua maioria, empreenderam para buscar melhores condições de trabalho: buscaram não apenas aproveitar uma opor-tunidade de negócio, mas também empreen-deram por não ter melhor opção de trabalho (26,0%) ou, ainda, que trabalham, mas queriam uma atividade com melhor remuneração, fle-xibilidade, maior identificação e que se sinta mais realizado (30,1%) (Gráfico 8).
Há um consenso entre essas empreendedoras de que os principais objetivos para empreender são a busca por maior independência/autono-mia (47,9%) e por melhor renda pessoal (28,8%).
As empresas criadas pelas empreendedoras as-sociadas à AME são, em sua maioria, dos se-tores de Serviços (65,8%) ou Comércio (30,1%) (Gráfico 9).
A maioria das associadas entrevistadas (60%) disse já ter tido contato com o empreendedo-rismo antes de iniciar seu negócio nos Estados Unidos. É relevante considerar também aquelas que nunca tiveram uma experiência empreen-dedora anterior (40%), ou que tiveram experi-ência anterior, porém em outro ramo de ativi-dade (41%) (Gráfico 6). Essa experiência anterior ajuda o empreendedor a se inserir no ecossis-tema de negócios, manter contato com outros empreendedores, apresentar maior chance de empreender por oportunidade e ter maior su-cesso no negócio.
Acrescenta-se, ainda, que as empreendedo-ras que não tiveram experiência anterior com o empreendedorismo foram as que propor-cionalmente se prepararam menos (buscando informações ou apoio) para a abertura da em-presa nos Estados Unidos (Tabela 1). Muitas ve-zes, isso se deve à falta de conhecimento sobre onde e como procurar apoio. O desenvolvi-mento de estratégias de comunicação e aces-so para atingir esse público deve estar no foco das instituições que atendem esses negócios.
As que se prepararam para abertura do negócio buscaram mais informações por si próprias do que por amigos, familiares e ou junto à AME (Gráfico 7). No ecossistema empreendedor, ter pessoas para compartilhar experiências é im-portante para transmitir valores, ideias, atitudes e ajudar na tomada de decisão. Para vencer os
12
Gráfico 6:
Experiência anterior com empreendedorismo e ramo de atividade em que empreendeu
Tabela 1:
Experiência anterior com o empreendedorismo versus preparação para criação do negócio nos Estados Unidos
41%
Não teve experiência anteriorNão teve
experiência anterior
NR
A experiência foi em outro ramo
Teveexperiência
anterior
19%
40%
38%
1%
60%
100%
100%
Não teve experiência anterior com empreendedorismo
Teve experiência anterior com empreendedorismo
Não se preparou para a criaçãoda empresa nos Estados Unidos
61%
52%
39%
48%
Preparou-se para a criação daempresa nosEstados Unidos
Total
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
A empresa é do mesmo ramo de experiência
anterior
13
Gráfico 7:
Como se preparou para criar a empresa
Gráfico 8:
Motivação para empreender
Gráfico 9:
Setor econômico
65,6%
25%
62,5%
12,5%
46,9%
9,4%
6,3%
6,3%
3,1%
3,1%
3,1%
34,4%
Fez cursos on line ou presenciais
Fez um Plano de Negócios
Buscou informações sobre o setor de atuação
Buscou apoio junto aos amigos nos EUA
Buscou informações sobre o mercado alvo
Buscou apoio junto aos familiares no Brasil
Buscou apoio junto aos familiares nos EUA
Buscou apoio junto à AME - Associação das Mulheres Empreendedoras
Buscou apoio junto aos amigos no Brasil
Não buscou apoio
Experiência como advogada no Brasil
Experiência com o negócio no Brasil
65,8%
30,1%
4,1%
Serviços Comércio Indústria
39,7%
2,7%
26% 30,1%
1,4%
Paraaproveitar umaoportunidadede negócio
Por não teropção melhor
de trabalho
Combinaçãodos doisacima
Tem trabalho, mas busca melhores oportundiades
NR
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
14
cios mais jovens. Talvez, em função disso, 49,3% não possuem nenhum empregado. Em média, cada empresa emprega 1 funcionário e se ca-racterizam, quase todas, como microempresas. Porém, elas têm expectativa de crescimento, já que 91,8% afirmam que pretendem ampliar o negócio nos próximos 3 anos (Gráficos 11, 12 e 13).
As empresas não são a única atividade remu-nerada da família, ou seja, as empreendedoras dividem a dedicação à empresa com um outro trabalho ou atividade (Gráfico 14). Esse dado indica que o negócio é muitas vezes utilizado apenas para complementar a renda, ou que a renda obtida com a empresa, até então, não consegue suprir as necessidades de recursos financeiros da empreendedora. Isso remete à limitação do direcionamento do empreende-dor para um negócio diferenciado no mercado.
Outra questão importante é que muitas das empreendedoras entrevistadas enfrentam os desafios de empreender sozinhas, já que 80,8% não têm sócios. Dentre as que possuem sócios, 71,4% dividem a sociedade com apenas uma outra pessoa, em especial, um membro da pró-pria família (57,1%). A vantagem da sociedade é ter com quem compartilhar desafios, discu-tir decisões e estratégias e complementar as competências necessárias para a gestão do ne-gócio, desde que esses sócios de fato tenham um diferencial a agregar e de fato dividam e se responsabilizem pelas atividades das empresas. Como a maioria atua sozinha, mais uma vez destaca-se o papel orientador e de troca que as instituições, empresas e grupos de empre-endedores podem oferecer.
Em termos de atividades, elas se concentram naquelas mais tradicionais, como beleza, ali-mentação, limpeza, entre outras, com viés de prestação de serviços a clientes (Gráfico 10). Tanto é, que 89% do público atendido é pessoa física. Acrescenta-se ainda o fato de que 45% dos clientes são brasileiros, ou seja, boa parte de seus produtos e serviços não precisa ser adaptada a uma nova cultura ou a necessida-des de clientes distintas das observadas quan-do estavam no Brasil.
Mas, a despeito do ramo de atuação, é impor-tante que o empresário adote uma posição diferenciada para o negócio, em termos de diferencial competitivo, potencial inovador e qualidade dos bens e serviços. Isso porque o ato de empreender, além de questões de di-namismo dos mercados, depende intrinsica-mente do perfil do empreendedor, em termos de competências técnicas, comercial, visão de negócio, disposição ao risco, disponibilidade e capacidade de buscar recursos para investi-mento, dentre outros .
A adoção dessa postura por parte do empre-endedor pode ser desenvolvida ao longo do tempo e é um campo de oportunidades para a atuação das instituições de apoio. Assim sen-do, iniciativas como proporcionar espaços de criatividade e geração de conhecimento e dis-seminar a cultura da inovação podem ser po-sitivos.
A idade média das empresas constituídas pelas associadas à AME é de 5 anos. Porém, a maior parcela delas (54,8%) encontra-se na faixa de até 2 anos de existência. Portanto, são negó-
15
Gráfico 10:
Principal atividade da empresa
Gráfico 11:
Tempo de existência do negócio
Gráfico 12:
Número de funcionários
Diretóriode serviços
on line
1,4%Beleza, Saúde e Cosméticos
26%
Limpeza
9,6%
Bijoterias, joias e semijoias
5,5%
Eventos
5,5%Artesanato
4,1%
Decoração de eventos
4,1%
Serviçosfinanceirose seguros
4,1%
Roupas eacessórios
2,7%
Fotografia
2,7%Decoração
2,7%
Coach
4,1%Gastronomia e alimentação
8,2%
Expor-
tação
1,4%
Serviços de casa e jardim
1,4%
Entreteni-
mento
1,4%
Terceiro
setor
1,4%
Turismo
1,4%
54,8%
13,7%21,9%
0% 6,8% 2,7%
Até 2 anos De 2 a 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 15 anos De 16 a 20 anos Mais de 20 anos
49,3%
15,1% 11% 12,3% 8,2%1,4% 1,4% 1,4%
0 1 2 3 4 6 9 10
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
16
Gráfico 13:
Perspectiva de ampliação do negócio nos próximos 3 anos
Gráfico 14:
Remuneração da empresa é a única da família
Gráfico 15:
Existência de sócios
21,9% 20,5%
57,5%
Sim Não, mas representa a maior parte da renda da família (acima de
50% da renda)
Não, representa pe-quena parcela da ren-da da família (abaixo
de 50% da renda)
Sim
Não
91,8%
8,2%
Não Sim 1 sócio
2 sócios
3 sócios80,8% 19,2% 71,4%
21,4%
7,3%
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
17
5. Fatores de sucessoe barreiras para empreender
Diante dos desafios que enfrentam, quando questionadas sobre a necessidade de alguma capacitação ou apoio para melhorar os seus negócios, as participantes da pesquisa tiveram uma resposta afirmativa (82,2%) (Gráfico 18) e grande parte delas prefere o treinamento ou apoio presencial do que à distância.
As maiores necessidades de capacitação ci-tadas foram: administração/gestão financeira (39,7%), estratégia da empresa (38,4%), vendas/área comercial (35,6%), informática (30,1%) e atendimento ao cliente (28,8%) (Gráfico 19). Interessante observar que um menor percen-tual de empreendedoras citou que precisa de capacitação em idioma (20,5%) e em normas/certificações (16,4%).
Apesar de se observar alguma diversidade em termos das necessidades de capacitações, po-de-se afirmar que cerca de 1/3 das empreen-dedoras possuem as mesmas necessidades. Isso permite que o conjunto de empreendedo-ras com expectativas afins e organizações de apoio possam focar suas ações nessas maiores demandas.
No que se refere à gestão financeira, desta-que merece ser dado a uma característica do pequeno negócio em geral e, em especial, no Brasil. É comum a mistura entre as finanças pessoais e da empresa . Para as empreendedo-ras respondentes não é muito diferente. Cerca de 38% possuem a gestão das finanças pessoais e empresariais separada, enquanto 62% infor-mam que não há clara distinção. Essa simples questão reforça que a capacitação em admi-nistração e gestão financeira é importante.
Entender os aspectos positivos dos negócios, ou seja, seus pontos fortes e também seus obs-táculos (ameaças) é importante para compre-ender os fatores que precisam ser melhorados no negócio.
Dentre os pontos positivos das empresas pes-quisadas, as empreendedoras citaram, princi-palmente, fatores comportamentais, tais como persistência (49,3%) e iniciativa para buscar no-vas oportunidades (38,4%) (Gráfico 16). O co-nhecimento do mercado em que atuam, boa administração e gestão são citados em segui-da. Cerca de 29% das empreendedoras men-cionaram como ponto forte de seu negócio a rede de contatos, quesito em que a AME exer-ce um papel relevante.
Saber quais são as maiores necessidades das empresas serve de orientação para a oferta de capacitação adequada. Isso é essencial, dado que as empresárias, em geral, possuem pouco tempo disponível, por possuírem outro traba-lho e gerenciarem o negócio sozinhas. Dentre os principais gargalos mencionados pelas res-pondentes associadas à AME, a concorrência é o ponto mais compartilhado pelas empreen-dedoras, abrangendo 46,6% delas (Gráfico 17).
Embora com citações em quarto e décimo se-gundo lugares, os problemas financeiros e ge-renciais são os mais básicos de um negócio. Os empreendedores que já cuidam bem desse quesito tendem a ter obstáculos mais desafia-dores como conhecimentos sobre franquias, acesso a novos mercados, maior diversificação de clientes, inovação e maior eficiência dos processos, por exemplo.
18
Gráfico 16:
Fatores positivos da empresa
Gráfico 17:
Fatores que são obstáculos/entraves para a sua empresa
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
49,3%
28,8%
38,4%
23,3%
34,2%
23,3%
20,5%
17,8%
15,1%
4,1%
2,7%
1,4%
1,4%
1,4%
1,4%
30,1%
Persistência/perseverança
Boa administração/gestão
Criatividade/iniciativa para buscar novas
Rede de contatos
Bom conhecimento do mercado onde atua
Capacidade de liderança
Uso de tecnologias
Boa estratégia de venda
Bom conhecimento técnico sobre a atividade
Produtos e serviços modernos e inovadores
Capacidade do empresário para assumir riscos
NR
Vontade
Qualidade
Compartilhar informação e se relacionar
Experiência de 27 anos
46,6%
23,3%
30,1%
19,2%
26%
19,2%
17,8%
17,8%
17,8%
16,4%
15,1%
12,3%
23,3%
Concorrência muito forte
Problemas financeiros
Ponto/local inadequado e/ou instalações inadequadas
Falta de serviços de apoio especializados (contador, conslutor, advogado, etc)
Falta de mão-de-obra qualificada
Logística deficiente
Falta de crédito bancário
Baixo conhecimento do mercado consumidor
Desconhecimento do mercado
Inadimplência dos clientes
Falta de conhecimento de aspectos legais
Falta de conhecimentos gerenciais
Outros
19
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
Gráfico 18:
Necessidade de capacitação e meio preferencial para se capacitar
Gráfico 19:
Áreas em que sua empresa precisa de assessoria ou capacitação
Gráfico 20:
Separação entre as finanças pessoais e da empresa
SimNãoPresencial-mente
À distância
82,2%17,8% 60,3%21,9%
39,7%
28,8%
38,4%
21,9%
35,6%
20,5%
17,8%
30,1%
Administração/Gestão financeira
Informática
Estratégia da empresa
Atendimento ao cliente
Vendas/área comercial
Logística
Não precisa de capacitação
Idioma
9,6%
16,4%
13,7%
11%
11%
Normas/certificações
Produção
Gestão de estoques
Área de qualidade
Recursos Humanos
5,5%Outros
38,4%
28,8% 31,5%
As finançassão separadas
claramente
Existe uma separação básica, mas algumas contas da família são
pagas pela empresa
As finanças da empras e as pessoais da família são
uma só
20
6. Principais perspectivas a partir da análise e do contexto.
dor brasileiro em território nacional, sendo que 49% destes têm pelo menos o ensino superior completo. O tempo médio de permanência nos Estados Unidos – 15 anos – lhes é favorá-vel para o conhecimento das regras, da cultura e do idioma.
Outros fatores positivos para o empreendedo-rismo são o fato da maioria (60%) já ter tido experiência empresarial anterior e ter buscado preparação para criar a empresa, fazendo cur-sos on line ou presenciais (66%) e/ou buscan-do informações sobre o setor de atuação (63%) antes de iniciar o negócio.
Entretanto, o grupo de empresárias da AME que respondeu à pesquisa enfrenta algumas difi-culdades para a condução de seus negócios. A maioria delas empreendeu para buscar melho-res condições de trabalho, não têm sócio e a empresa não é a única fonte de renda da famí-lia, o que pode significar que precisa se ocupar, também, em outro trabalho. Assim como ou-tros imigrantes, o seu tempo é escasso e têm
Os desafios para empreender existem, indepen-dentemente do país de instalação no negócio. Estar pronto para assumir riscos é necessário, pois eles fazem parte do processo empreende-dor. Porém, é possível buscar conhecimentos e se capacitar para administrá-los melhor. As ins-tituições de apoio a negócios, como a AME, são primordiais nesse processo. O reconhecimento de que outros enfrentam desafios semelhan-tes pode estimular a troca de boas práticas e provocar iniciativas de resolução conjunta de problemas. A partir dos resultados dessa pes-quisa, foram obtidas informações para subsidiar ações de apoio por parte da AME às mulheres participantes e, dessa forma, ter um maior im-pacto sobre a sustentabilidade de seus negó-cios.
Os resultados demonstram que as empresárias estão na faixa etária padrão para o empreen-dedorismo no Brasil, concentrando-se na faixa dos 35 a 54 anos, o que já contribui para uma determinada experiência. Sua escolaridade, porém, é bastante superior à do empreende-
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dificuldades de se organizar para investirem em aspectos fundamentais para a gestão do negó-cio, como em preparação gerencial ou rede de contatos. A rede de contatos, inclusive, foi ci-tada apenas por 29% como um ponto forte do negócio, o que indica que há espaço para que a AME realize novas ações para incrementar sua atuação nesse quesito.
Apesar da falta de conhecimentos gerenciais ter sido pouco apontada como um entrave, outras respostas levam a crer que contribuir para o aprimoramento da formação gerencial dessas empreendedoras, oferecendo capacita-ções diversas, é uma ação importante. O maior obstáculo citado foi a concorrência muito forte, o que, em parte, se deve às poucas barreiras de entrada dos segmentos econômicos nos quais empreendem, mas também pode ser um sinal de deficiências na gestão. Além disso, quando questionadas sobre a necessidade de alguma capacitação, 82% delas deram uma resposta positiva. Quanto à modalidade, a maioria pre-fere cursos presenciais (62%).
Da mesma forma, apesar de problemas finan-ceiros terem sido apresentados como um en-trave por apenas 23% das mulheres, 62% delas não fazem separação, de forma clara, entre as finanças pessoais e as da empresa. Isso indica que essas empreendedoras têm necessidade de aprimorarem a sua gestão financeira. Desse modo, a AME poderia potencializar sua atuação com articulações com organizações provedo-ras de assistência técnica, educação financeira e gerencial, micro empréstimos, entre outros serviços e produtos.
Ter realizado essa pesquisa e tomado conheci-mento dessas características dos negócios das empreendedoras participantes foi um passo importante tomado pela AME. O conhecimen-to gerado contribui para que essa instituição e seus parceiros sejam capazes de serem ainda mais úteis na vida das empreendedoras brasi-leiras nos EUA, oferecendo novas atividades e serviços mais aderentes às suas necessidades.
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BRASILEIRASEMPREENDEDORAS EMMASSACHUSETTS – EUA