Upload
others
View
5
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
BRUNA HOLTRUP BIANCHINI
ASSOCIAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE CAFEÍNA E GRAVIDADE DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
Palhoça, 21 de junho de 2018
_______________________________________________
Prof. Daniel Medeiros Moreira, PhDUniversidade do Sul de Santa Catarina
Instituto de Cardiologia de Santa Catarina
_______________________________________________
Prof. Jamil Cherem Schneider, MDUniversidade do Sul de Santa Catarina
Instituto de Cardiologia de Santa Catarina
_______________________________________________
Prof. Rafael Cegielka, MDUniversidade do Sul de Santa Catarina
Instituto de Cardiologia de Santa Catarina
Trabalho de Conclusão de Curso julgado
adequado como requisito parcial ao grau de
médico e aprovado em sua forma final pelo
Curso de Medicina da Universidade do Sul
de Santa Catarina.
Associação entre o Consumo de Cafeína e Gravidade do Infarto Agudo do Miocárdio
Association between Caffeine Consumption and Severity of Acute Myocardial
Infarction
Associação entre Cafeína e Gravidade do Infarto
Seção para Publicação: Artigo Original
Autor principal: Bruna Holtrup Bianchini,
Rua São Cristóvão n°94, apto 607 bloco E – Barreiros, São José- SC. CEP 88.117-
420
Telefone: (48)99102-3563
Email: [email protected]
Bruna Holtrup Bianchini¹; Luan Silva Gonçalves¹; Roberto Léo da Silva², MD;
Tammuz Fatah², MD, Daniel MedeirosMoreira¹,² MSc, PhD.
¹- Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) - Unidade Pedra Branca,Palhoça-
SC
²- Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC) - São José-SC
RESUMOFundamentos: A cafeína é uma das substâncias farmacologicamente ativas
mais consumidas no mundo e estudos recentes demonstram seus efeitos na saúde
cardiovascular. Objetivo: Avaliar a associação entre consumo de cafeína com os
fatores de risco cardiovasculares, gravidade e complicações do infarto agudo do
miocárdio (IAM). Métodos: Estudo de coorte, sub-análise do Estudo Catarina, coorte
realizada com pacientes diagnosticados com primeiro IAM submetidos a
questionário envolvendo variáveis clínicas, laboratoriais, eletrocardiográficas,
ecocardiográficas e angiográficas. Resultados: Participaram 274 pacientes, 65,0%
homens. Consomem café 256 (93,4%), chimarrão 38 (14,8%), chá preto 10 (3,9%) e
chá verde 17 (6,7%). Houve correlação positiva e fraca entre consumo de chá verde
em gramas de cafeína por dia com o Syntax Score (p=0,034, r=0,135) e correlação
negativa e fraca entre chá preto e a fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE)
pós-IAM (p=0,024, r= -0,165). Associação entre consumo de chá preto com Diabetes
(DM) (60,0% consomem x 18,8% não consomem, p=0,002) e também consumo de
chimarrão com DM (7,9% consomem x 22% não consomem, p=0,04). No
seguimento de 30 dias houve associação entre consumo de chá verde e trombose (p
=0,006) e entre consumo de chimarrão e IAM (p= 0,029). Conclusão: Efeito protetor
do chimarrão sobre a prevalência de DM, porém maior prevalência de DM em quem
consome chá preto. Correlação entre chá preto e pior função ventricular pós-IAM,
correlação de chá verde e maior complexidade de lesões coronarianas, associação
de chá verde e trombose em 30 dias e consumo de chimarrão e novo IAM em 30
dias.
Palavras chave: Infarto do Miocárdio, cafeína, Chá, Ilex paraguariensis, Estilo de
Vida
ABSTRACT
Background: Caffeine is one of the most widely used pharmacologically active
substances in the world and recent studies are demonstrating its effects on
cardiovascular health. Objective: Evaluate the association between caffeine
consumption and cardiovascular risk factors, severity and complications of acute
myocardial infarction (AMI). Methods: Cohort study, subanalysis of the Catarina
Study, cohort performed with patients diagnosed with first AMI infarction submitted to
questionnaire involving clinical, laboratory, electrocardiographic, echocardiographic
and angiographic variables. Results: Participated 274 patients, 65.0% of men. Total
of 256 (93.4%) consume coffee, Ilex paraguasiensis 38 (14.8%), black tea 10 (3.9%)
and green tea 17 (6.7%). There was a positive and weak correlation between green
tea consumption in grams of caffeine per day with Syntax Score (p = 0.034, r =
0.135) and negative and weak correlation between black tea and left ventricular
ejection fraction (LVEF) (p = 0.024, r = -0.165). Association between black tea
consumption with Diabetes (DM) (60.0% consume x 18.8% do not consume, p =
0.002) and also consumption of Ilex paraguasiensis with DM (7.9% consume x 22%
do not consume, p = 0.04). After 30 days, there were correlation between green tea
consumption and thrombosis (p = 0.006) and consumption of Ilex paraguasiensis and
AMI (p = 0.029). Conclusion: Protective effect of the Ilex paraguasiensis on the
prevalence of DM, but higher prevalence of DM in those consuming black tea.
Correlation between black tea and worse post-AMI ventricular function, correlation of
green tea and greater complexity of coronary lesions, association of green tea and
thrombosis in 30 days, and consumption of Ilex paraguasiensis and new AMI in 30
days.
Keywords: Myocardial Infartcion, Caffeine, Tea, Ilex paraguariensis, Life Style
INTRODUÇÃOSegundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a doença isquêmica do
coração é a 1ª causa de morte mundialmente nos últimos 15 anos1, com taxa de
mortalidade específica de 53,8 para 100 mil habitantes em 2011 no Brasil2.
O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) consiste em morte de células miocárdicas
devido à isquemia3, com diagnóstico baseado em sintomas, alterações
eletrocardiográficas, aumento de biomarcadores sensíveis3,4 e exames de imagem3.
Contudo, além de diagnosticar, é importante caracterizar fatores como disfunção
ventricular pós-IAM, avaliada pela Fração de Ejeção Ventricular Esquerda (FEVE)
residual, a extensão e o tipo do IAM, a complexidade das lesões arteriais
coronarianas3 e fatores de risco como tabagismo, hipertensão, hipercolesterolemia,
diabetes, estresse5,6,dieta inadequada, sedentarismo e obesidade abdominal5.
Relacionado aos hábitos de vida, a cafeína é uma das substâncias
farmacologicamente ativas mais consumidas no mundo e possui diversas fontes,
dentre elas o café, chás7 e o chimarrão (Ilex paraguasiensis)8,9. Parcela significativa
do consumo dessa substância está associada ao café, consumido diariamente nos
Estados Unidos por 57% da população adulta10, enquanto no Brasil em 2016 49%
dos indivíduos de 16 a 20 anos o consumiram diariamente, taxa que aumenta
progressivamente atingindo 89% de consumo diário entre a população com 66 anos
ou mais11.
Apesar de estudos mais antigos sugerirem uma ação controversa da
cafeína7,12, estudos recentes demonstram que sua relação do consumo com a saúde
cardiovascular e metabólica é neutra ou mesmo benéfica. Dentre as evidências
favoráveis estão a diminuição de marcadores inflamatórios13, menor prevalência de
aterosclerose14,15 associação inversa com mortalidade geral16,17-19 e mortalidade por
causas cardiovasculares15-20.
Visto o extenso consumo e os potenciais efeitos exercidos pela cafeína, fica
clara a importância do seu consumo na saúde da população mundial e local.
Portanto, o presente estudo tem por objetivo avaliar a associação entre consumo de
cafeína com os fatores de risco cardiovasculares, gravidade e complicações do
infarto agudo do miocárdio.
MÉTODOTrata-se de uma análise do Catarina Heart Study, estudo de Coorte
prospectivo que pretende avaliar 1426 pacientes até o ano 2020. Os pacientes
selecionados, em amostra consecutiva por conveniência, foram atendidos em
hospitais da rede pública de Santa Catarina, com diagnóstico de primeiro infarto
agudo do miocárdio e foram submetidos a questionário que engloba diferentes
variáveis clínicas, laboratoriais, eletrocardiográficas, ecocardiográficas e
angiográficas no período de julho de 2016 a março de 2018.
Foram considerados critérios de inclusão: Idade superior a 18 anos; presença
de dor precordial sugestiva de infarto agudo do miocárdio associada a
eletrocardiograma com nova elevação do segmento ST no ponto J em duas
derivações contíguas com os limites: ≥ 0,1 mv em todas as derivações além das
derivações V2-V3. Para essas, aplicaram-se os seguintes limites: ≥ 0,2 mv nos
homens ≥ 40 anos; ≥ 0,25 mv nos homens < 40 anos e ≥ 0,15 mV nas mulheres; ou
presença de dor precordial sugestiva de infarto agudo do miocárdio associada à
elevação de troponina I ou CK-MB acima do percentil 99 do limite superior de
referência. Foram considerados critérios de exclusão: infarto agudo do miocárdio
prévio e discordância dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido.
O presente estudo tem como desfecho primário avaliar a associação entre
consumo de cafeína e a complexidade das lesões coronárias avaliada pelo Syntax
Score em pacientes com primeiro IAM. Os desfechos secundários corresponderam à
associação entre consumo de cafeína e FEVE pós-infarto; associação entre
consumo de cafeína e Thrombolysis in myocardial infarction (TIMI) frame count em
pacientes com IAM com supradesnível do segmento ST; associação entre consumo
de cafeína e desfechos em 30 dias (Reestenose, IAM, Angina Estável, Acidente
Vascular Encefálico, Reinternação, Morte por Causa Cardiovascular, Morte por
todas as causas); associação de variáveis sociodemográficas, clínicas e hábitos de
vida com o consumo de cafeína e à descrição das características
sociodemográficas, clínicas e hábitos de vida da população em estudo.
Em conformidade com a resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de
Saúde, todos os pacientes incluídos no estudo assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Instituo de Cardiologia sob parecer
consubstanciado número 1.519.838.
Uma amostra mínima de 63 pacientes foi calculada para encontrar uma
correlação de 0,4 com poder de 90% e alfa de 0,05 para consumo de café em
gramas e Syntax Score. Os dados obtidos foram tabulados e analisados pelo
software SPSS 13.0 for Windows.
Inicialmente, foi realizada análise descritiva (frequência relativa e absoluta) e
após análise bivariada entre as variáveis independentes e a FEVE, o Syntax Score e
o TIMI Frame. Na análise bivariada, o teste do qui-quadrado (X²) ou exato de Fisher
foram aplicados para as variáveis qualitativas. Testou-se a normalidade das
variáveis quantitativas e foi aplicado o teste “t” de Student ou Mann Whitney quando
apropriado. Foram analisadas correlações entre variáveis contínuas através da
correlação de Sperman. O nível de significância estabelecido foi de valor de p<0,05.
RESULTADOSEntre julho de 2016 a abril de 2018 participaram do estudo 274 pacientes,
com média de idade de 58,8± 11,2 anos. Prevalência do sexo masculino com 178
(65,0%) participantes, 188 (68,6%) casados, 144 (52,6%) com ensino fundamental
incompleto, 58 (21,2 %) têm diabetes, 256 (93,4%) consumiam café. Estas e outras
informações são descritas na tabela 1. A mediana e amplitude interquartil (AIQ) do
consumo de cafeína foi 424,2857 (244,5000-815,0000). A média da FEVE foi 50,7 ±
13,5 e a mediana e AIQ do TIMI 22,0 (14,0-34,0) e Syntax Score 12,0 (6,0-19,0).
Tabela 1 – Características sociodemográficas, clínicas e hábitos de vida da
população em estudo
VariávelSexo masculinoTabagismoEx-tabagistaEtilismo Ex-etilista DrogasEx-usuário de drogasSedentarismoCafé
n (%)178 (65,0%)
98 (35,8%)
80 (29,5%)
80 (29,2%)
39 (14,9%)
10 (3,6%)
16 (6,4%)
168 (61,5%)
256 (93,4%)
ChimarrãoChá PretoChá Verde
38 (14,8%)
10 (3,9%)
17 (6,7%)
No seguimento de 30 dias verificou-se 5 pacientes com trombose (2,2%), 5
novos casos de IAM (2,1%) e 12 reinternações (5,1%). Demais dados relacionados
ao seguimento em 30 dias encontram-se na tabela 2.
Na análise dos dados houve associação entre consumo de chá preto com
Diabetes com prevalência de DM em 60,0% dos pacientes que bebem tal chá versus
prevalência de 18,8% nos pacientes que não realizam seu consumo (p=0,002). Foi
encontrada também associação entre consumo de chimarrão e uma menor
prevalência de Diabetes, com DM em 7,9% dos pacientes que consomem chimarrão
versus prevalência de 22% nos que não bebem chimarrão (p=0,04).Houve também
associação entre o consumo total de cafeína por dia com História Familiar de IAM,
com mediana e AIQ de 489,00 (326,00-815,00) para os que consomem cafeína
versus 339,14 (187,67-673,10) para os que não consomem (p=0,018), assim como
associação entre consumo total de cafeína com tabagismo com mediana e AIQ de
788,50 (394,00-92,53) para os que consomem cafeína versus 326,00 (187,57-
618,00) para os que não consomem (p<0,001). Dados relacionados estão presentes
na tabela 3 e 4.
Tabela 2 – Variáveis analisadas no seguimento de 30 dias após primeiro IAM
TromboseReestenoseInfarto Agudo do MiocárdioAngina Instável Acidente Vascular CerebralReinternaçãoMorte por causa CardiovascularMorte por qualquer causa
n (%)5 (2,2%)
0 (0,0%)
5 (2,1%)
3 (1,3%)
1 (0,4%)
12 (5,1%)
2 (0,8%)
3 (1,3%)
Tabela 3: Associação entre Consumo de cafeína e variáveis clínicas Variáveis Presença da variável Valor p
Simn (%)
Nãon (%)
CaféHAS 147 (57,4%) 9(50,0%) 0,539DM 55 (21,5%) 3 (16,7%) 0,629Dislipidemia 88 (34,4%) 4 (22,2%) 0,291História Familiar de IAM 116(45,3%) 6(33,3%) 0,323Tabagismo 91 (35,5%) 7 (38,9%) 0,775ChimarrãoHAS 22(57,9%) 124(56,9%) 0,907DM 3 (7,9%) 48(22,0%) 0,04Dislipidemia 10 (26,3%) 78 (35,8%) 0,257História Familiar de IAM 17 (44,7%) 94 (43,1%) 0,853Tabagismo 15 (39,5%) 78 (35,8%) 0,662Chá PretoHAS 7(70,0%) 140(57,1%) 0,420DM 6 (60,0%) 46 (18,8%) 0,002 Dislipidemia 3 (30,0%) 86 (35,1%) 0,740História Familiar de IAM 5 (50,0%) 107 (43,7%) 0,693Tabagismo 2 (20,0%) 91 (37,1%) 0,270Chá VerdeHAS 10(58,8%) 137(57,6%) 0,919DM 6 (35,3%) 46 (19,3%) 0,114Dislipidemia 6 (35,3%) 83 (34,9%) 0,972História Familiar de IAM 9 (52,9%) 103 (43,3%) 0,438Tabagismo 5 (29,4%) 88 (37,0%) 0,531
*Valores apresentados em mediana (Amplitude interquartil)
Foi também encontrada correlação positiva e fraca com o consumo de chá
verde em gramas de cafeína por dia com o Syntax Score (p=0,034, r=0,135) e
correlação negativa e fraca entre consumo de chá preto em gramas de cafeína por
dia com a FEVE (p=0,024, r= -0,165). Não houve, contudo, correlação entre o
consumo de cafeína total e Syntax Score, FEVE ou TIMI frame count. Tais
informações são demonstradas na tabela 5.
Tabela 4: Associação entre consumo total de cafeína em gramas por dia com variáveis clínicas Variáveis Sim* Não* pHAS 356,92 (244,50-673,10) 489,00 (320,42-815,00) 0,068
DM 326,00 (308,25-652,00) 489,00 (199,35-815,00) 0,177
Dislipidemia 417,64 (326,00-739,25) 456,64 (206,89-815,00) 0,745
História Familiar de IAM
489,00 (326,00-815,00) 339,14 (187,67-673,10) 0,018
Tabagismo 788,50 (394,00-92,53) 326,00 (187,57-618,00) <0,001
Tabela 5: Correlação das Variáveis Dependentes e Consumo de Cafeína
VariáveisChá Verde Chá Preto Café Chimarrão Cafeína Totalr† P r p r p r p r p
Syntax Score
0,135 0,034 0,106 0,098 0,070 0,275 -0,087 0,172 0,580 0,366
FEVE -0,100 0,171 -0,165 0,024 -0,006 0,934 0,075 0,306 -0,015 0,837
†=Coeficiente de correlação
Na análise do seguimento de 30 dias foi encontrada associação entre o
consumo de chá verde e trombose, com prevalência de 12,5% em quem bebe chá
verde enquanto a prevalência nos pacientes que não o consomem foi de 1,5%
(p=0,006). Também houve associação entre consumo de chimarrão e maior
incidência de IAM em 30 dias, com presença de 6,9% e 1,1% para quem bebe
chimarrão e para quem não bebe, respectivamente (p=0,029). Dados descritos na
tabela 6.
TIMI Frame
-0,020 0,842 0,019 0,846 -0,162 0,104 0,114 0,255 -0,142 0,153
Tabela 6: Associação entre consumo de cafeína e variáveis analisadas no seguimento de 30 dias após primeiro IAM
Chá Verde Chá Preto Café Chimarrão
SimN(%)
NãoN(%)
P SimN (%)
NãoN(%)
p SimN (%)
NãoN(%)
p SimN (%)
NãoN(%)
p
Evento Combinado 2 (12,5%) 17 (8,4%) 0,572 0 (0,0%) 19(9,0%) 0,374 19(8,8%) 1(6,7%) 0,780 2 (6,9%) 17(8,9%) 0,715
Trombose 2 (12,5%) 3(1,5%) 0,006 0 (0,0%) 5(2,5%) 0,653 5(2,3%) 0(0,0%) 0,565 0(0,0%) 5(2,7%) 0,377
IAM 0(0,0%) 4(2,0%) 0,570 0(0,0%) 4(1,9%) 0,694 5(2,3%) 0(0,0%) 0,557 2(6,9%) 2(1,1%) 0,029
Angina Instável 0(0,0%) 3(1,5%) 0,624 0(0,0%) 3(1,4%) 0,734 3(1,4%) 0(0,0%) 0,650 0(0,0%) 3(1,6%) 0,496
AVC 0(0,0%) 1(0,5%) 0,778 0(0,0%) 1(0,5%) 0,845 1(0,5%) 0(0,0%) 0,794 0(0,0%) 1(0,5%) 0,695
Reinternação 1(6,3%) 10(5,0%) 0,819 0(0,0%) 11(5,2%) 0,506 11(5,0%) 1(6,7%) 0,770 1(3,4%) 10(5,3%) 0,677
Morte causa CV 0(0,0%) 2(1,0%) 0,689 0(0,0%) 2(1,0%) 0,782 2(0,9%) 0(0,0%) 0,712 0 (0,0%) 2(1,1%) 0,579
Morte qualquer causa 0(0,0%) 3(1,5%) 0,624 0(0,0%) 3(1,4%) 0,734 3(1,4%) 0(0,0%) 0,650 0(0,0%) 3(1,6%) 0,496
‡ Nenhum paciente apresentou reestenose.
DISCUSSÃO
O presente estudo é um dos pioneiros na literatura ao analisar diversas
formas de consumo de cafeína em pacientes com primeiro IAM e relacioná-las a
dados como Syntax Score, FEVE e variáveis de seguimento após 30 dias. Os
resultados encontrados demonstram um efeito protetor do chimarrão sobre a
prevalência de DM, porém uma maior prevalência de DM entre os que consomem
chá preto, além de correlação entre chá preto e pior função ventricular pós-infarto,
correlação de chá verde e maior complexidade de lesões coronarianas, associação
de chá verde e trombose em 30 dias e consumo de chimarrão e novo IAM em 30
dias.
Quanto ao perfil sociodemográfico, dados clínicos e hábitos da população os
achados corroboram com a maior parte da literatura apresentando prevalência do
sexo masculino21,22, diabetes em aproximadamente 20,0% e consumo de café em
mais de 90,0% dos pacientes com IAM23. Em relação ao consumo de chá, estudo
realizado na China também com pacientes com primeiro IAM traz um percentual de
consumo de chá verde aproximadamente 5 vezes maior que a encontrada no
presente estudo e afirma que 62,1% dos casos de IAM realizam consumo de ao
menos 1 xícara de algum tipo de chá por dia21, percentual bastante acima do
encontrado neste estudo, fato que pode ser justificado pela grande divergência
cultural entre as populações estudadas. Já quanto a frequência do consumo de
chimarrão entre pacientes com primeiro IAM, existem poucos dados na literatura.
Houve uma associação significativa entre o consumo total de cafeína e HF de
IAM, o que poderia ser explicado pela presença de mutações genéticas relacionadas
à metabolização de tal substância24 ou mesmo por fatores culturais, em que o hábito
de consumo de cafeína é repassado de geração em geração. Outra associação
encontrada é a entre tabagismo e consumo total de cafeína diária. Estudo realizado
a partir de dados de 3 populações europeias encontrou que a cada cigarro
excedente consumido por um paciente tabagista, há aumento da sua ingesta de
café, mas não de chá25, sugerindo que a relação seria válida para o café, mas não
para outras formas de cafeína.
Este estudo demonstrou uma correlação negativa entre consumo de chá preto
e FEVE bem como correlação positiva entre o consumo de chá verde e Syntax
Score. Estudos experimentais que avaliam o impacto da cafeína na gravidade do
infarto demonstram que o uso da substância reduziu significativamente o tamanho
do IAM quando comparado ao uso de placebo26 ou ainda que o uso de chá verde
reduziu a hipertrofia cardíaca, melhorou a função sistólica e disfunção diastólica em
ratos pós IAM27.Os dados encontrados no presente estudo podem ser fruto do
acaso, porém cabe mencionar a ação da cafeína bloqueando ou reduzindo a ação
da adenosina28, substância com efeito antiinflamatório, a qual aumenta no isquemia
mas auxilia no processo de reperfusão29. Ensaios clínicos sobre o tema se fazem
necessários pois além de os dados relacionados a este assunto permanecerem
divergentes existe achado na literatura indicando de que a FEVE e o Syntax Score,
são fatores independentes para ocorrência de reinternação não eletiva em pacientes
com 1º IAM30.
Quanto ao chá verde, houve associação entre o seu consumo e trombose no
seguimento de 30 dias. Contudo, estudos sugerem que as substâncias presentes no
chá verde poderiam ter um efeito contrário, já que são capazes de agir sobre
diversos mecanismos da ativação plaquetária, inibindo ou reduzindo os mesmos31,32. Tal hipótese é reforçada por estudo experimental que demonstra que o extrato de
chá verde tem grande efeito inibitório sobre a formação de tromboxano33. Acredita-
se, todavia, que os dados encontrados são apenas fruto do acaso.
Foi encontrada associação entre consumo de chá preto e diabetes, porém na
literatura existem dados que sugerem uma ação benéfica de tal chá no metabolismo
da glicose, como em ensaio clínico que comparou as glicemias de participantes sem
diabetes e com pré-diabetes após consumo de sacarose concomitante ao uso de
placebo ou extrato de chá preto, demonstrando redução significativa dos níveis
glicêmicos para ambos os grupos a partir de 60 minutos quando consumido chá34.
Tal dado é reforçado por estudo de coorte que encontrou que o consumo regular de
1 xícara ou mais de chá preto por dia reduz os fatores de risco para diabetes tipo 2
em determinada população asiática35. A partir disto, não se encontra plausibilidade
no presente achado, podendo o mesmo também ser fruto do acaso.
Em relação ao consumo de chimarrão, houve associação significativa entre
seu consumo com menor prevalência de diabetes. Na literatura estudo experimental
com ratos diabéticos e não diabéticos submetidos ao extrato de erva mate ou
placebo encontrou que não houve diferença entre casos e controles em relação à
glicemia, insulinemia e outros parâmetros, contudo, houve diminuição da expressão
de transportadores de glicose SGLT1, sendo sugerido pelos autores que a erva
mate possuiria efeito semelhante aos anti hiperglicemiantes, reduzindo os picos de
glicemia36. Tal evidência condiz com o presente achado, sugerindo que o chimarrão
tenha ação protetora na patogênese do diabetes.
Estudos experimentais demonstraram que a infusão da Ilex paraguasiensis no
processo de reperfusão pós-IAM promove uma redução do tamanho do IAM e
melhora a função miocárdica37. Estudo com humanos demonstra ainda uma redução
na incidência de doença arterial coronariana quando realizado consumo diário de
chimarrão38. Este estudo, porém, demonstrou um aumento na incidência de reinfarto
após 30 dias. Apesar de a população deste estudo ser diferente de outros, com
reavaliação de pacientes no pós-IAM, os dados são diferentes da literatura.
Portanto, além da possibilidade de um erro tipo I, deve-se ressaltar a possibilidade
da cafeína agir bloqueando a ação antiiflamatória da adenosina no pós-IAM28 ou
ainda bloqueando a ação de medicamentos classicamente utilizados no tratamento
pós IAM, como a rosuvastatina, através de outros mecanismos não relacionados
apenas à adenosina39. Diante destes dados, se faz necessária a avaliação cautelosa
de um ensaio clínico randomizado para comprovar ou refutar esta hipótese.
Deve-se ainda considerar limitações presentes no estudo, como a
característica subjetiva dos dados coletados através de entrevista com pacientes, a
não realização de análise de outras fontes de cafeína como bebidas energéticas e
analgésicos com associação de cafeína, assim como a pequena amostra analisada,
o que poderia gerar erro tipo II, principalmente nas avaliações dos desfechos de 30
dias, já que o estudo não possui poder para tal. Ainda deve-se ressaltar que muitos
dos dados encontrados não têm plausibilidade e podem ser apenas fruto de erro tipo
I. Estas limitações, contudo, não invalidam os dados encontrados, que trouxeram
importantes associações entre o consumo de cafeína e as diversas variáveis
estudadas.
CONCLUSÃO
O presente estudo encontrou correlação negativa entre consumo de chá preto
e FEVE, correlação positiva entre o consumo de chá verde e Syntax Score e
também associação entre o consumo de chá verde e trombose no seguimento de 30
dias assim como entre consumo de chimarrão e novo IAM neste período. Ressalta-
se que todos estes achados foram inéditos. Novas investigações sobre as
associações entre o consumo de diferentes formas de cafeína e variáveis
relacionadas à gravidade do infarto, diabetes e desfechos no seguimento após 30
dias do primeiro IAM são necessários.
REFERÊNCIA
1.World Health Organization - The top 10 causes ofdeath.[acessoem 2017 Abr 4].
Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs310/en
2.Departamento de Informática do Serviço Único de Saúde (DATASUS – TABNET).
Taxa de mortalidade específica por doenças do aparelho circulatório. [ acesso em
2017 Abr 4]. Disponível em:
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?idb2012/c08.def
3.The EuropeanSocietyofCardiology; American CollegeofCardiology Foundation;
American Heart Association; World Heart Federation. Third Universal
DefinitionofMyocardialInfarction. Circulation.2012;126(16):202035.
4.American CollegeofCardiology; American Heart Association. 2013 ACC/AHA
GuidelineontheTreatmentofBloodCholesteroltoReduceAtherosclerotic Cardiovascular
Risk in Adults. J. Am. Coll. Cardiol.. 2014;63(25): 2889-93
5.Yusuf S, Hawken S, Ôunpuu S, Dans T, Avezum A, Lanas F, et al.
Effectofpotentiallymodifiable risk factorsassociatedwithmyocardialinfarction in 52
countries (the INTERHEART study): case-controlstudy. The Lancet. 2004 Set
11;364(9438):937–52.
6.Lanas F, Avezum A, Bautista LE, Diaz R, Luna M, Islam S, et al. RiskFactors for
AcuteMyocardialInfarction in LatinAmerica: The INTERHEART Latin American Study.
Circulation. 2007;115(9):1067–74
7.Zulli A, Smith RM, Kubatka P, Novak J, Uehara Y, Loftus H, et al. Caffeineand
cardiovascular diseases: criticalreviewofcurrentresearch. Eur. J. Nutr.
2016Jan;55(4):1331–43.
8.Braghini F, De Carli CG, Bonsaglia B, Junior FSS, Oiveira DF, Tramujas J.
Composição físico-química de erva-mate, antes e após simulação do chimarrão.
Pesq. Agrop. Gaúcha. 2014; 20(1/2):7-15
9.Mazzafera P. Matédrinking: caffeineandphenolicacidintake. FoodChem.
1997;60(1):67–71
10.The NationalCoffeeAssociationof U.S.A. – NationalCoffeeDrinkingTrends2016 .[
acesso em 2017 Abr 4]. Disponível em:
http://michmerch.com/data/documents/National-Coffee-Drinking-Trends2016-Market-
Research-Reports.pdf
11.Associação Brasileira da Industria de Café (ABIC) - Tendências do mercado de
café. 2016 .[ acesso em 2017 Abr 4]. Disponível em:
http://consorciopesquisacafe.com.br/arquivos/consorcio/consumo/EMI_Cof
fe_Market_Trends_in_Brazil_April_26_2016.pptx
12.Jick H, Miettinen OS, Neff RK, Shapiro S, Heinonen OP, Slone D.
CoffeeandMyocardialInfarction. N Engl J Med. 1973; 289(2):63-7.
13.Loftfield E, Shiels MS, Graubard BI, Katki HA, Chaturvedi AK, Trabert B, etal.
AssociationsofCoffeeDrinkingwithSystemicImmuneandInflammatoryMarkers.
Cancerepidemiol. biomark. prev. 2015;24(7):1052–60.
14.Choi Y, Chang Y, Ryu S, Cho J, Rampal S, Zhang Y, et al.
Coffeeconsumptionandcoronaryarterycalcium in youngandmiddle-
agedasymptomaticadults. Heart. 2015;101(9):686–91
15.Mineharu Y, Koizumi A, Wada Y, Iso H, Watanabe Y, Date C, et al. Coffee,
greentea, blackteaandoolongteaconsumptionandriskofmortalityfrom cardiovascular
disease in Japanesemenandwomen. J. Epidemiol. Community Health.
2009;65(3):230–40.
16.O'keefe JH, Bhatti SK, Patil HR, Dinicolantonio JJ, Lucan SC, Lavie CJ. Effectsof
Habitual CoffeeConsumptiononCardiometabolicDisease, Cardiovascular Health,
andAll-Cause Mortality. J. Am. Coll. Cardiol. 2013;62(12):1043–51.
17.Freedman ND, Park Y, Abnet CC, Hollenbeck AR,
SinhaR.AssociationofCoffeeDrinkingwith Total and Cause-SpecificMortality. N Engl J
Med. 2012;366(20):1891–904
18.Malerba S, Turati F, Galeone C, Pelucchi C, Verga F, Vecchia CL, et al. A meta-
analysisofprospectivestudiesofcoffeeconsumptionandmortality for all causes,
cancersand cardiovascular diseases. Eur J Epidemiol. 2013;28(7):527–39.
19.Ding M, Satija A, Bhupathiraju SN, Hu Y, Sun Q, Han J, et al.
AssociationofCoffeeConsumptionWith Total and Cause-SpecificMortality in 3
LargeProspectiveCohortsClinical Perspective. Circulation. 2015;132(24):2305–15
20.Gyoneva S, Shapiro L, Lazo C, Garnier-Amblard E, Smith Y, Miller GW, et al.
Adenosine A2A receptor antagonism reverses inflammation-
inducedimpairmentofmicroglialprocessextension in a modelofParkinson'sdisease.
Neurobiol. Dis. 2014;67:191–202.
21. Hao G, Li W, Teo K, Wang X, Yang J, Wang Y, et al. Influence of Tea
Consumption on Acute Myocardial Infarction in China Population. Angiology.
2014;66(3):265–70
22. Nazzal C, Alonso F, Cerecera F, Ojeda JM. Tendencia en la sobrevida de
pacientes hospitalizados por infarto agudo de miocardio según nivel
socioeconómico: Chile, 2002-2012. Rev Med Chile. 2017;145(7):827–36.
23. Dongen LHV, Mölenberg FJ, Soedamah-Muthu SS, Kromhout D, Geleijnse JM.
Coffee consumption after myocardial infarction and risk of cardiovascular mortality: a
prospective analysis in the Alpha Omega Cohort. Am J Clin Nutr. 2017;106(4):1113–
20.
24. Happonen P, Voutilainen S, Tuomainen T-P, Salonen JT. Catechol-O
Methyltransferase Gene Polymorphism Modifies the Effect of Coffee Intake on
Incidence of Acute Coronary Events. PLoS ONE. 2006;1(1).
25.Bjorngaard J, Nordestgaard A, Taylor A, Treur J, Gabrielsen M, Munafo MR, et al.
Cigarette smoking increases coffee consumption: findings from a Mendelian
randomisation analysis. Int J Epidemiol. 2017Aug;:1958–67.
26. Li X-Y, Xu L, Lin G-S, Li X-Y, Jiang X-J, Wang T, et al. Protective Effect of
Caffeine Administration on Myocardial Ischemia/Reperfusion Injury in Rats. Shock.
2011;36(3):289–94.
27. Lustosa BB, Polegato B, Minicucci M, Rafacho B, Santos PP, Fernandes AA, et
al. Green tea ( Cammellia sinensis ) attenuates ventricular remodeling after
experimental myocardial infarction. Int J Cardiol. 2016;225:147–53.
28. Bijlstra P, van Ginneken EEM, Huls M, van Dijk R, Smits P, Rongen GA.
Glyburide inhibits dipyridamole-induced forearm vasodilation but not adenosine-
induced forearm vasodilation. Clinical Pharmacology & Therapeutics.
2004;75(3):147–56. Clin Pharmacol Ther. 2004;75: 147–156.
29. Marzilli M, Orsini E, Marraccini P, Testa R. Beneficial Effects of Intracoronary
Adenosine as an Adjunct to Primary Angioplasty in Acute Myocardial Infarction.
Circulation. 2000Sep;101(18):2154–9.
30. Spitzer E, Frei M, Zaugg S, Hadorn S, Kelbaek H, Ostojic M et al.
Rehospitalizations Following Primary Percutaneous Coronary Intervention in Patients
With ST-Elevation Myocardial Infarction: Results From a Multi-Center Randomized
Trial. J Am Heart Assoc. 2017;6:e005926
31. Iida Y, Doi T, Matsushima-Nishiwaki R, et al. (-)-Epigallocatechin gallate
selectively inhibits adenosine diphosphate-stimulated human platelet activation:
suppression of heat shock protein 27 phosphorylation via p38 mitogen-activated
protein kinase. Mol Med Rep 2014;10(3):1383–8.
32. Son DJ, Cho MR, Jin YR, et al. Antiplatelet effect of green tea catechins: a
possible mechanism through arachidonic acid pathway. Prostaglandins Leukot
Essent Fatty Acids 2004;71(1):25–31.
33. Ali M, Afzal M, Gubler C, Burka J. A potent thromboxane formation inhibitor in
green tea leaves. Prostaglandins Leukot Essent Fatty Acids. 1990;40(4):281–3.
34. Butacnum A, Chongsuwat R, Bumrungpert A. Black tea consumption improves
postprandial glycemic control in normal and pre-diabetic subjects: a randomized,
double-blind, placebo-controlled crossover study. Asia Pac J Clin Nutr. 2017;59–64.
35.Odegaard AO, Pereira MA, Koh WP, Arakawa K, Lee HP, Yu MC. Coffee,tea, and
incident type 2 diabetes: the Singapore Chinese Health StudyAm J Clin Nutr. 2008
Oct; 88(4): 979–985.
36. Oliveira DMD. Influência da ingestão de erva mate (Ilex paraguariensis) sobre
parâmetros relacionados ao diabetes mellitus e metabolismo de glicose em ratos
Wistar [dissertação de mestrado]. São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade
de Saúde Pública. Programa de Pós Graduação em Saúde Pública; 2008.
37. Arbeláez LFG, Fantinelli JC, Pardo AC, Caldiz CI, Ríos JL, Schinella GR, et al.
Effect of an Ilex paraguariensis (yerba mate) extract on infarct size in isolated rat
hearts: the mechanisms involved. Food Funct. 2016;7(2):816–24.
38. Veiga DD, Bringhenti R, Copes R, Tatsch E, Moresco R, Comim F, et al.
Protective effect of yerba mate intake on the cardiovascular system: a post hoc
analysis study in postmenopausal women. Braz J Med Biol Res. 2018;51(6).
39. Meijer P, Oyen WJ, Dekker D, Broek PHVD, Wouters CW, Boerman OC, et al.
Rosuvastatin Increases Extracellular Adenosine Formation in Humans In Vivo: A
New Perspective on Cardiovascular Protection. Arterioscler Thromb Vasc Biol.
2009Sep;29(6):963–8