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  • Boletim Tcnico da Escola Politcnica da USP Departamento de Engenharia de Construo Civil

    ISSN 0103-9830

    BT/PCC/316

    Carlus Fabricio Librais Ubiraci Espinelli Lemes de Souza

    So Paulo 2002

    PRODUTIVIDADE DA MO-DE-OBRA NO ASSENTAMENTO DE REVESTIMENTO

    CERMICO INTERNO DE PAREDE

  • Escola Politcnica da Universidade de So Paulo Departamento de Engenharia de Construo Civil Boletim Tcnico Srie BT/PCC Diretor: Prof. Dr. Vahan Agopyan Vice-Diretor: Prof. Dr. Ivan Gilberto Sandoval Falleiros Chefe do Departamento: Prof. Dr. Francisco Romeu Landi Suplente do Chefe do Departamento: Prof. Dr. Alex Kenya Abiko Conselho Editorial Prof. Dr. Alex Abiko Prof. Dr. Silvio Melhado Prof. Dr. Joo da Rocha Lima Jr. Prof. Dr. Orestes Marraccini Gonalves Prof. Dr. Paulo Helene Prof. Dr. Cheng Liang Yee Coordenador Tcnico Prof. Dr. Alex Abiko O Boletim Tcnico uma publicao da Escola Politcnica da USP/ Departamento de Engenharia de Construo Civil, fruto de pesquisas realizadas por docentes e pesquisadores desta Universidade. Este texto faz parte da dissertao de mestrado de ttulo Mtodo Prtico para Estudo da Produtividade da Mo-de-Obra no Servio de Revestimento Interno de Paredes e Pisos com Placas Cermicas, que se encontra disposio com os autores ou na biblioteca da Engenharia Civil.

    FICHA CATALOGRFICA

    Librais, Carlus Fabricio Produtividade da mo-de-obra no assentamento de revesti- mento cermico interno de parede / C.F. Librais, U.E.L. de Sou- za. So Paulo : EPUSP, 2002. 23 p. (Boletim Tcnico da Escola Politcnica da USP, Departamento de Engenharia de Construo Civil, BT/PCC/316)

    1. Produtividade 2. Mo de obra 3. Revestimentos 4. Placa cermica I. Souza, Ubiraci Espinelli Lemes de II. Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento de Engenharia de Construo Civil III. Ttulo IV. Srie ISSN 0103-9830 CDU 65.011.4 331.522.4 693.6 691.4

  • PRODUTIVIDADE DA MO-DE-OBRA NO ASSENTAMENTO DE

    REVESTIMENTO CERMICO INTERNO DE PAREDE1

    RESUMO

    Este trabalho estuda a produtividade da mo-de-obra no assentamento de revestimento cermico interno de parede com base na teoria preconizada pelo Modelo dos Fatores. Estudaram-se cinco canteiros de obras de edifcios de mltiplos pavimentos, sendo que, em alguns deles, houve divises de servio, chegando-se, ento, a 11 situaes diferentes de assentamento. A quantificao padronizada do consumo de mo-de-obra e do trabalho por ela realizado possibilita a deteco de diferentes valores de produtividade para que se possa ser feita uma comparao entre obras. A observao dos dados determina uma faixa de variao da produtividade, podendo se utilizar deste conhecimento, como um parmetro, durante na fase de planejamento do servio. Palavras-chave: Produtividade. Mo-de-obra. Revestimento. Placa Cermica.

    LABOR PRODUCTIVITY IN CERAMIC TILING JOB

    ABSTRACT

    Based in Factor Model theory, this paper discusses the labor productivity in internal wall finishing using ceramic tile. Five building sites had been studied. Through the standardized quantification of labor consumption and service realized it makes possible to detect productivity indexes and so that to compare them. Observing the productivity band, determined by indexes obtained, its possible used it, as a parameter, for define crews job during the planning fase. Key words: Productivity. Labor. Finishing. Ceramic Tile.

    1 Este texto baseado na dissertao de mestrado intitulada Mtodo Prtico para Estudo da

    Produtividade da Mo-de-Obra na Execuo de Revestimento Interno de Paredes e Pisos com

    Placas Cermicas.

  • 1

    1 INTRODUO

    Estimulado pela carncia de estudos sobre a produtividade, comparativamente

    queles relacionados ao Controle de Qualidade e ao Desenvolvimento de Inovaes Tecnolgicas, este trabalho contribui para o aumento das

    discusses direcionadas anlise da produtividade da mo-de-obra.

    O presente trabalho insere-se no mbito das pesquisas realizadas no

    Departamento de Engenharia de Construo Civil da Escola Politcnica da

    Universidade de So Paulo (PCC-USP). Soma-se a outros que tambm esto preocupados com a questo do entendimento da produtividade na Indstria da

    Construo Civil, que constitui uma linha de pesquisa sobre a produtividade da mo-de-obra.

    Este grupo de estudo, sobre produtividade, nasceu de um trabalho conjunto

    entre seu coordenador, Prof. Dr. Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, e a Pennsylvania State University, na pessoa do Prof. Dr. H. Randolph Thomas.

    As pesquisas sobre produtividade visam gerao de um Modelo Geral para o entendimento da produtividade no Brasil, tendo como referncia o Modelo dos

    Fatores desenvolvido por THOMAS; YAKUOMIS (1987).

    1.1 Importncia do estudo da produtividade da mo-de-obra

    ANDRADE (1999) comenta que o incremento de novas tecnologias sejam

    relacionadas aos equipamentos ou aos materiais, na construo de edifcios, no sinnimo de melhoria de produtividade.

    Desta forma, h a necessidade de se compreender, detalhadamente, as caractersticas destas novas tecnologias, para que, por conseguinte, sejam

    realizadas verdadeiras inovaes no setor, possibilitando, obter resultados

    positivos quanto produtividade.

    Com o intuito de se conseguir uma gesto eficiente dos recursos que compem

    o processo de produo em canteiros de obras, necessrio que se conhea, primeiramente, os nveis de desempenho possveis de serem atingidos, pois,

    somente assim, a gerncia da obra discernir os problemas e aplicar, em

    curto espao de tempo, as medidas corretivas necessrias (ARAJO, 2000).

  • 2

    O empenho por tentar entender a variao da produtividade da mo-de-obra

    justificado por SOUZA (1996) ao citar que: a mo-de-obra o recurso onde as

    maiores perdas so verificadas; vrias atividades em construo civil so ditadas pelo seu ritmo; e, ainda, a mo-de-obra o recurso de mais difcil

    controle.

    CARRARO (1998) ressalta que a construo civil ser fortemente beneficiada a

    partir do momento em que se obtenha exatido quanto informao referente

    ao estudo da produtividade da mo-de-obra. Alguns dos benefcios, citados por este autor, so: previso do consumo de mo-de-obra; previso da

    durao do servio; avaliao e comparao dos resultados; e desenvolvimento ou aperfeioamento de mtodos construtivos.

    Evidencia-se a real importncia do entendimento e discusso da produtividade

    da mo-de-obra, pela criao, em dezembro de 1998, do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Construo Habitacional (PBQP-H) pelo,

    ento, Ministrio de Oramento e Planejamento, tendo como objetivo geral apoiar o esforo brasileiro de modernidade pela promoo da qualidade e

    produtividade do setor da construo habitacional, com vistas a aumentar a competitividade de bens e servios por ele produzidos, estimulando projetos

    que melhorem a qualidade do setor".

    1.2 A escolha do servio de revestimento

    Ao se utilizar os ndices de produtividade como instrumento de comparao

    entre empresas, cria-se, assim, uma forma justa de se verificar a utilizao efetiva dos recursos fsicos disponveis. H, desta forma, uma coerncia de

    informaes ao se confrontar mtodos executivos, tecnologias empregadas e

    eficincia da mo-de-obra utilizada.

    Quanto aos revestimentos em geral, CONSTRUO (2001) estima que o custo

    desta etapa construo em edifcios habitacionais e comerciais com elevador para a cidade de So Paulo apresenta uma variao de 12% a 17,5% do custo

    total da obra tendo o metro quadrado como referncia. Este servio atinge o

    segundo lugar de destaque nos custos da construo, sendo superado

  • 3

    somente pela superestrutura que tem uma representatividade variando entre

    25% a 32% para o mesmo padro de edificao utilizado para o revestimento.

    Dos Custos Unitrios de Edificaes para a cidade de So Paulo, (CONSTRUO, 2001), sendo o ms de referncia julho de 2001, obtm-se

    que os revestimentos representam 15,91% do custo total da obra (estando dentro da faixa de valores da estimativa de custos comentada anteriormente).

    Os ndices de Custo de Servios de Edificaes, da revista CONSTRUO

    MERCADO (2001), indicam que a mo-de-obra representa 51,97% do custo do revestimento. Conjugando esta informao com a anteriormente citada, chega-

    se concluso de que a mo-de-obra demandada pelo revestimento responde por 8,27% do custo da obra.

    Alm da relevante posio quanto aos custos da edificao, h que se destacar

    as importantes funes cumpridas pelos revestimentos (esttica, conforto trmico, facilidade de limpeza entre outras), contribuindo significativamente

    para o desempenho final do produto edifcio.

    Portanto, devido s caractersticas funcionais e de custos, justifica-se a

    proposio deste estudo da produtividade da mo-de-obra para o servio de revestimento.

    Em especial, no que se refere escolha dos revestimentos cermicos, pode-se

    dizer que, dentre os poucos trabalhos sobre produtividade dos revestimentos, a grande maioria enfatiza os revestimentos com argamassa, o que implica em

    uma carncia quanto abordagem dos revestimentos com placas cermicas.

    As produtividades encontradas para o servio de revestimento com placas

    cermicas chegam a variar de 0,39Hh/m (PVOAS, 1997) a 1,16Hh/m

    (TIBRIO et al., 2000), revelando assim, a importncia de se entender as razes para tal variao, para melhor subsidiar as decises quanto ao servio.

    Mais que isto, os valores de produtividade citados mostram que a demanda por mo-de-obra por unidade de servio no desprezvel para o caso dos

    revestimentos cermicos, justificando adicionalmente, a realizao deste

    trabalho.

  • 4

    1.3 Objetivos

    O objetivo deste trabalho apresentar, de uma forma padronizada, os valores

    de produtividade da mo-de-obra de assentamento de placas cermicas para em um conjunto de obras da cidade de So Paulo.

    2 A PRODUTIVIDADE DA MO-DE-OBRA

    2.1 Conceituando produtividade da mo-de-obra

    Os indicadores de produtividade so utilizados com o objetivo de permitir a

    comparao entre empresas do mesmo setor na busca pela melhoria da produtividade ou de verificar a melhoria de desempenho da empresa, em

    determinado setor, quanto meta almejada pelo setor ou pela prpria empresa. Portanto, o termo produtividade pode apresentar interpretaes diversas,

    dependendo de qual o objeto pretendido. Dentro deste contexto, o estudo da

    produtividade tem estado associado s ferramentas gerenciais comumente utilizadas pela Engenharia de Produo [(ISHIWARA, 1996); (SUMANTH,

    1984); (COSTA, 1983); (SMITH, 1993)].

    Este trabalho tem como foco o recurso fsico mo-de-obra, relacionado aos

    processos produtivos de construo, estudando a produtividade da mo-de-obra, que caracterizada pela eficincia com que um processo produtivo

    transforma os recursos em produtos (Figura 2.1)

    ENTRADASENTRADAS SADASSADAS

    EFICINCIA

    mo-de-obra partes do edifcio

    Figura 2.1 - Processo de transformao dos recursos em produtos

    Adota-se, aqui, a conceituao de produtividade definida por SOUZA (1996), que , a medida da eficincia do processo produtivo na transformao de

    recursos fsicos (entradas) em quantidade de servio executado (sadas).

  • 5

    2.2 Histrico quanto ao estudo da produtividade da mo-de-obra na construo civil

    Pode-se dizer que a construo civil tem caractersticas que so peculiares atividade industrial; no necessariamente nos moldes da Indstria Seriada,

    pois, por exemplo, na Indstria da Construo Civil a planta industrial fica agregada ao produto acabado. Embora se possam detectar alguns exemplos

    de produo em srie, a Indstria de Construo tem uma caracterstica

    posicional de produo e apresenta processos construtivos diferentes para distintas etapas de confeco do produto final. [(BRUNA, 1976); (TAYLOR,

    1990); (VARGAS, 1983)].

    Pode-se dizer, ainda, que a preocupao por entender e melhorar a

    produtividade na construo civil tem razes nos conceitos elaborados por

    TAYLOR (1990) e pelo casal Gilbreth (BARNES, 1980), no final do sculo XIX.

    Conforme as idias apresentadas por BRUNA (1976), a defasagem entre a

    Indstria da Construo Civil e a Indstria Seriada proveniente do carter artesanal de execuo dos servios apresentado pela primeira.

    Pode-se dizer, ento, que a Construo Civil tem caractersticas industriais ao se estudar os nveis gerenciais e de planejamento do empreendimento; porm,

    os servios que compem o processo construtivo ainda apresentam uma

    organizao bastante primitiva. H, portanto, uma carncia de aprimoramento quanto ao planejamento no nvel de produo de servio, quanto organizao

    de cada um deles, que possibilite, entre outros benefcios, a melhoria da produtividade.

    Na dcada de 80, diversos estudos foram realizados para o entendimento da

    produtividade da mo-de-obra e dos fatores que a influenciam [(KELLOGG et al., 1981); (ADRIAN, 1987); (SANDERS; THOMAS, 1991)]. Apresentaram-se,

    tambm, propostas para sua mensurao [(THOMAS; DAILY, 1983); THOMAS; MATHEWS; WARD (1986)].

    Recentemente no Brasil, o estudo da produtividade da mo-de-obra na

    construo civil tem sido incentivado e utilizado de modo crescente, servindo

  • 6

    de referncia para planejamento e programao dos servios em obra

    [(MUSCAT, 1993); (SOUZA, 1996); (INTITUTO MACKINSEY ;1998)].

    Com o objetivo de se criar uma linguagem nica sobre produtividade entre os diversos pases, criou-se, recentemente, um grupo de estudo internacional,

    com o apoio dos grupos de trabalho W55 e W65 do CIB International Council for Research and Innovation in Building and Construction , tendo, como

    membros, pesquisadores de renome internacional no assunto referente

    produtividade na Indstria da Construo Civil.

    Este grupo elaborou, como trabalho inicial, um manual para padronizar a coleta

    e documentao dos dados em obra, intitulado Procedures Manual for Collecting Productivity and Related Data of Labor-Intensive Activities on

    Commercial Construction Projects: Concrete Formwork, Steel Reinforcement,

    Masonry and, Structural S tell (THOMAS; HORNER; ZAVRSKI; SOUZA, 2000).

    Recentemente, criou-se o Frum de Competitividade, sob a coordenao do

    Ministrio do Desenvolvimento Indstria e Comrcio Exterior (MDIC), que visa o desenvolvimento de atividades que aumentem a capacidade competitiva do

    setor produtivo brasileiro no mercado mundial, alm da gerao de empregos, aumento das exportaes e competio com as importaes entre outros. O

    dilogo entre empresas, trabalhadores e governo, referente cadeia produtiva

    da Indstria da Construo Civil, preconizado pelo Frum, foi iniciado e apresenta, como um dos seus frutos, um seminrio realizado pelo Grupo de

    Trabalho Indicadores (Seminrio Sobre Indicadores da Construo Civil, 2001). Este seminrio discutiu a necessidade de ampliao da quantidade de

    indicadores para promover melhor avaliao da referida cadeia. Dentre eles,

    ressaltou-se a atuao de indicadores que meam a produtividade para a Construo Civil.

    Quanto aos estudos sobre a produtividade da mo-de-obra para os revestimentos cermicos, tem-se que, os trabalhos que abordam a influncia

    de tal produtividade nesta fase da obra, no possuem uma quantidade de

    dados suficientes para se analisar, de maneira mais detalhada, alguns fatores que possam influenci-la. Assim, um estudo mais aprofundado abordando este

  • 7

    tema, certamente trar contribuies significativas para o melhor entendimento

    da produtividade da mo-de-obra nesta etapa de revestimentos.

    2.3 O entendimento da variao da produtividade

    Para facilitar o entendimento da variao da produtividade, torna-se necessria

    a criao de modelos que, simplificando a realidade que se deseja estudar, permitam tecer-se consideraes sobre o estabelecimento de produtividade.

    Discute-se, a seguir, o modelo que ser adotado como referncia para este

    trabalho.

    2.3.1 Modelo dos Fatores

    O Modelo dos Fatores, idealizado por THOMAS; YIAKOUMIS (1987) foi proposto visando sua utilizao na Indstria da Construo Civil.

    Este modelo apresenta como caracterstica, o fato de analisar a produtividade

    da mo-de-obra quanto s equipes de trabalho, sendo que o trabalho desta equipe afetado por uma quantidade de fatores que pode levar a perturbaes

    de carter aleatrio ou sistmico ao desempenho.

    THOMAS; YIAKOUMIS (1987) mostram que o efeito cumulativo das

    perturbaes pode gerar uma irregularidade quanto forma da curva de produtividade real que dificultaria sua interpretao. Caso as perturbaes

    sejam matematicamente descontadas, obter-se- uma curva de produtividade

    de referncia para o servio estudado. Esta curva representa o desempenho bsico (definido por uma condio de referncia) para a realizao do servio,

    podendo ser acrescida de componentes resultantes de melhorias quanto repetitividade intrnseca ao servio. A Figura 2.2 ilustra as variaes citadas por

    estes autores e discutidas tambm por SOUZA (1996).

  • 8

    0

    0,5

    1,0

    1,5

    2,0

    2,5

    prod

    utiv

    idad

    e10 2 3 4 5 6 7 8 9

    dias de trabalho

    D = f(perturbaes)

    real

    referncia

    Figura 2.2 - Modelo dos Fatores para produtividade na construo. (Adaptado de

    SOUZA, 1996)

    ARAJO (2000) comenta a possibilidade de existncia de fatores influenciadores que possam incidir positiva ou negativamente sobre a

    produtividade, resultando em curvas de produtividades reais localizadas abaixo da curva de referncia.

    So muitos os fatores que podem influenciar a produtividade da mo-de-obra.

    THOMAS; SMITH (1990) classificam-nos em dois grandes grupos, que so: os relacionados ao contedo do trabalho e os relacionados ao contexto do trabalho. Existem tambm, segundo SOUZA (1996), as anormalidades, geradas por causas que podem ou no ser controladas pela gerncia,

    provocando influncias extremamente danosas sobre o ritmo de trabalho.

    SOUZA (1996) define que para ser considerado uma anormalidade, o evento deve ser bastante significativo, durando ou tendo seus efeitos sentidos durante

    vrias horas e representando condies bastante distantes da normalidade.

    A Tabela 2.1 rene exemplos de fatores que podem influenciar a produtividade.

    Note-se que alguns deles tm carter quantitativo (por exemplo, comprimento

    das paredes), enquanto outros so do tipo qualitativo (por exemplo, ferramentas para assentamento).

    Tabela 2.1 - Fatores influenciadores da produtividade da mo-de-obra. FATORES

    Contedo do Trabalho Contexto do Trabalho Anormalidades Peso dos blocos;

    Comprimento de paredes; Espessura do revestimento;

    Acabamento superficial.

    Ferramenta para assentamento;

    Ferramenta para desempenamento;

    Temperatura; Umidade relativa do ar.

    Chuva torrencial; Falta de material; Quebra da grua.

  • 9

    Conforme SOUZA (1996), o modelo pode ser expresso matematicamente,

    levando em considerao o efeito dos fatores citados, conforme indica a

    seguinte equao genrica:

    )(...)(...)( *11*

    11 mmnnt XfXfxFkxFktfP ++++++= Equao 2.1

    onde:

    Pt = produtividade relativa ao dia t;

    f(t) = curva de aprendizado sob as condies de referncia;

    ki = parcelas aditivas dos fatores qualitativos F i;

    F1, F2, ..., Fn = fatores qualitativos (ausncia = 0; presena = 1);

    f*j(Xj) = funo tendo como varivel o fator quantitativo X j;

    X1, X2, ..., Xm = fatores quantitativos (carecem de medio).

    Observando a Figura 2.2 e a Equao 2.1, que representam o Modelo dos

    Fatores, SOUZA (1996) cita que se torna possvel detectar as principais

    idias contidas no mesmo, quais sejam:

    se as condies de trabalho se mantivessem constantemente iguais a uma

    situao de referncia, a produtividade somente variaria se houvesse aprendizado.

    duas categorias de fatores qualitativos e quantitativos podem, quando diferentes da situao de referncia, fazer com que a produtividade

    estabelecida seja diferente da de referncia.

    Pode-se dizer ainda que, caso no houvesse a influncia do aprendizado, a situao de referncia seria caracterizada por valores constantes de

    produtividade ao longo do tempo.

    Os fatores qualitativos coeficientes ki na Equao 2.1 devem ser verificados

    somente quanto sua presena, obtendo-se resposta do tipo sim ou no no

    momento de seu questionamento. Caso a resposta seja afirmativa, isto implica num acrscimo (ou decrscimo) da produtividade igual a ki (SOUZA, 1996).

    Para os fatores quantitativos, necessita-se que estes sejam medidos

  • 10

    diariamente, corrigindo-se a RUP diria em funo destas medies e da

    equao que as transformam em variao de produtividade.

    Este Modelo enfatiza a necessidade de se ter uma coleta de dados padronizada para que se possa garantir a consistncia durante a anlise dos

    mesmos (THOMAS; YIAKOUMIS, 1987).

    No tocante ao assentamento de placas cermicas, os seguintes fatores foram

    considerados potencialmente influenciadores:

    relao de ajudantes por oficial (aj/of): Imagina-se que uma maior disponibilidade de ajudantes possa melhorar a produtividade do oficial por eles

    servido.

    permetro por rea (per/a) - razo entre o permetro da superfcie

    revestida e sua rea: Imagina-se que maiores valores deste indicador levem a

    maiores dificuldades, uma vez que representam um aumento da quantidade de bordas para uma mesma rea revestida.

    O exemplo abaixo ilustra o clculo deste fator:

    Tabela 2.2 Clculo do per/a para o exemplo dado.

    Parede Permetro (m) rea lquida do revestimento (m2)

    1 (7*2) + (2,5*2) + (1,2*2) + (1,5*2) =24,4 (7*2,5) (1,5*1,2) = 15,7 2 3 + (3 0,6) + (2,5*2)+ 0,6 + (2,1*2) = 15,2 (3*2,5) (0,6*2,1) = 6,24

    3 (3,5*2) + (2,5*2) = 12,0 (3,5*2,5) = 8,75

    4 (7,5*2) + (2,5*2) = 20,0 (7,5*2,5) = 18,75

    ( )( )

    1,4518,758,756,2415,7

    2012,015,224,4/ =++++++

    =aper

  • 11

    tamanho das placas (taman) - refere-se aos valores de largura e

    comprimento da placa cermica, expressos em centmetros: Imagina-se

    que o uso de placas maiores implique em menores RUP na medida em que se tem uma rea maior assente por placa.

    padro de assentamento (padro): Imagina-se que o assentamento das placas em diagonal induza maiores dificuldades na execuo do revestimento.

    O padro de assentamento pode ser do tipo:

    prumo;

    diagonal (diago).

    razo de peas cortadas por inteiras (cort/int): Se imagina que, quanto maior a razo entre o nmero de peas cortadas com relao ao de inteiras,

    maior a dificuldade para revestir uma rea unitria, j que o corte das peas

    implica em uma dificuldade adicional no assentamento.

    presena de faixa (faixa): A presena de uma faixa cermica, meia altura da

    face revestida, pode aumentar o esforo demandado para assentar o revestimento.

    Dentre tais fatores, os que demonstraram mais forte correlaes estatsticas com as RUP foram: padro de assentamento (padro), relao de

    ajudantes por oficial (aj/of), razo de peas cortadas por inteiras (cort/int).

    2.4 Mensurao da Produtividade

    A discusso sobre produtividade causa sempre muitas dvidas em relao ao

    modo como foram calculados os indicadores em uso, seja entre profissionais atuantes no meio tcnico ou acadmico. Logo, para que se tenha uma base

    slida sobre a produtividade da mo-de-obra, h a necessidade de se

    padronizar o modo de mensur-la (SOUZA, 2000).

    SOUZA (1996) desenvolveu uma forma de mensurao da produtividade, que

    tem sido utilizada nas pesquisas desenvolvidas no PCC-USP e ser usada, tambm, neste trabalho. O indicador obtido nessa mensurao a Razo

    Unitria de Produo (RUP), que relaciona as entradas e sadas e expresso

    em homens-hora despendidos por quantidade de servio executado.

  • 12

    Conforme a anlise que se deseja fazer do servio, as RUP podem ser

    classificadas em:

    RUP diria: possui uma base diria de coleta, sendo calculada pelo quociente entre a quantidade de horas diria gastas e a quantidade de servio

    executado pela equipe em estudo. Consegue-se, atravs de sua anlise, perceber, rapidamente, alteraes bruscas de produtividade e, com isso, pode-

    se tentar solucionar eventuais problemas existentes.

    RUP cumulativa: obtida atravs da razo entre os valores acumulados de homens-hora e quantidade de servio, relativos ao perodo estudado, ou seja,

    do primeiro ao ltimo dia de estudo.

    RUP potencial: para a obteno deste valor de RUP, utiliza-se de recursos

    estatsticos, pois a RUP potencial obtida atravs da mediana dos valores de

    RUP diria que esto abaixo do valor da RUP cumulativa. Este valor indica a produtividade passvel de ser obtida pela equipe, nas condies de trabalho em

    que foi feito o servio, ou seja, aquela considerada representativa de um bom desempenho e passvel de ser repetida muitas vezes na obra avaliada

    (SOUZA, 1998).

    Tem-se, na seqncia (Figura 2.3), a representao grfica dos tipos de RUP

    que sero abordados neste trabalho.

    0,000,200,400,600,801,001,20

    1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25Dias

    RU

    P (H

    h/m

    ) Diria

    Cumulativa

    Potencial

    0,000,200,400,600,801,001,20

    1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25Dias

    RU

    P (H

    h/m

    ) Diria

    Cumulativa

    Potencial

    Figura 2.3 - Tipos de RUP.

    Atravs da padronizao dos indicadores e da avaliao dos fatores

    influenciadores da produtividade da mo-de-obra, pode-se fazer comparaes

    entre resultados obtidos em diversas obras, como uma maneira de se ganhar subsdios para a previso da produtividade em situaes futuras.

  • 13

    2.4.1 Padronizao das ENTRADAS

    A entrada necessria para obteno da produtividade da mo-de-obra expressa em funo da quantidade de homens-hora (Hh) que est presente no dia de trabalho.

    A obteno do valor de homens (H) advm da quantificao dos operrios segundo suas funes no servio, ou seja, observa-se a quantidade de oficiais e ajudantes responsveis pela execuo do servio.

    A quantidade de horas (h) obtida em funo do tempo disponvel dos oficiais e ajudantes para a execuo do servio a cada dia. Estes valores so,

    basicamente, os especificados nas leis trabalhistas brasileiras, atentando, porm, para eventuais horas-extras e jornada de trabalho dirio mais curta,

    devendo estas ser informadas durante a quantificao.

    Logo, os homens-hora (Hh) representam a quantidade de horas trabalhadas pelos operrios na execuo de um determinado servio.

    Apresenta-se, na Figura 2.4, uma esquematizao quanto diviso das equipes de trabalho.

    Apoio

    DIRETA

    OFICIAIS

    Ajudante

    Ajudantes

    GLOBAL

    Figura 2.4 Esquema genrico de diviso de trabalho

  • 14

    Portanto, as informaes de entrada podem ser padronizadas conforme a diviso: mo-de-obra de oficial, que considera apenas as horas despendidas pelos oficiais na execuo do servio; mo-de-obra direta, compreendendo as horas utilizadas pelos oficiais e ajudantes diretamente envolvidos na execuo do servio; e, finalmente, mo-de-obra global, que inclui as horas gastas por todos os operrios de produo envolvidos com o servio estudado, agregando o apoio mo-de-obra direta.

    As entradas, para o servio de revestimento com placas cermicas, so representadas pelas horas correspondentes aos oficiais assentadores (ou

    azulejistas) e seus ajudantes, quando houver. Pode-se, ento, encontrar a mo-de-obra de oficiais, a mo-de-obra direta e a mo-de-obra global,

    conforme a composio de equipe adotada, sendo que, neste estudo, esto

    mostradas as produtividades para os dois primeiros tipos de mo-de-obra.

    2.4.2 Padronizao das SADAS

    As sadas so representadas pela quantidade de servio executado (QS), e pelas caractersticas do servio.

    2.4.2.a) Quantificao do servio

    A quantidade de servio executado (QS) depende muito do tipo de servio que

    se est estudando. Existem servios em que as tarefas constituintes podem ser

    medidas por unidades completas ao final do dia de trabalho, caracterizando uma quantidade de servio bem definida como, por exemplo, uma certa rea

    de alvenaria assente.

    Outros servios, porm, como o caso da execuo de revestimento de

    fachada em argamassa, apresentam um ciclo completo, para a tarefa relativa

    ao revestimento, que pode envolver vrias subtarefas, quais sejam, preparo da base, aplicao do chapisco, mapeamento, aplicao da primeira cheia,

    aplicao da segunda cheia (ou mais cheias, quando necessrio) e acabamento. A mensurao deste tipo de servio, que pode levar vrios dias

    para ser concludo na mesma regio, pode ser realizada utilizando-se do

    conceito de regras de crdito [(THOMAS; KRAMER, 1987); (SOUZA, 1996)].

  • 15

    Medem-se as sadas, para o estudo da produtividade da mo-de-obra para o

    revestimento cermico, atravs da quantificao da rea liquida revestida, ou

    seja, quando houver uma abertura nas paredes, seja referente porta, janela ou outra abertura qualquer, deve-se descontar estas aberturas da rea de

    parede para que se possa realizar tal quantificao.

    2.4.2.b) Caracterizao do servio

    As caractersticas dos servios correspondem s anotaes, referentes ao dia-

    a-dia do servio relativas aos aspectos que os distinguem de outros dias na mesma obra a outras obras no mesmo dia, formando-se um banco de dados

    para se obter os fatores influenciadores da produtividade da mo-de-obra. Estes fatores esto inseridos nos grandes grupos, apresentados anteriormente,

    como: fatores de contedo e contexto do trabalho e anormalidades.

    Realizam-se, por exemplo, medies quanto s dimenses das paredes, anotando, entre outras coisas, seu permetro e rea. Anota-se, tambm, o

    permetro de vo de janelas e portas, caso houver. Tais informaes so necessrias para que se permita, de posse de um conjunto amplo de

    informaes, realizar uma avaliao dos fatores influenciadores da produtividade da mo-de-obra.

    2.4.3 Relaes entre os diferentes tipos de RUP

    Mostra-se aqui, a relao entre as diversas RUP iniciando-se pela RUP com menos informaes e, chegando-se RUP com mais informaes agregadas.

    Partindo-se do fato de se conhecer os fatores que fazem a produtividade variar, pode-se encontrar os valores de RUP potencial de oficiais (RUPpotof). Esta, ao

    sofrer a influncia das anormalidades possveis de ocorrerem durante o servio

    e, com isso, influenci-lo ao longo de sua execuo, poder sofrer um acrscimo ao seu valor, que resultar, por conseguinte, na RUP cumulativa dos

    oficiais (RUPcumof).

    Porm, pode ainda existir operrios que ajudam a mo-de-obra direta,

    definindo-se uma relao entre os ajudantes diretos e os oficiais, que

    acarretar em um acrscimo do contingente de operrios, resultando, assim, um acrscimo da RUP. Este novo tipo conhecido como RUP cumulativa da

  • 16

    mo-de-obra direta (RUPcumdir), ou seja, aquela que contabiliza a mo-de-obra

    de oficiais e dos ajudantes que esto diretamente relacionados ao servio em

    execuo.

    Mas no existe s a ajuda correspondente mo-de-obra direta, tem-se,

    tambm, aqueles operrios que so alocados em servios de apoio, ou seja, responsveis pelo transporte interno de materiais ou, por exemplo, no caso de

    revestimento em argamassa, aqueles operrios responsveis pela preparao

    de argamassa em central de produo. Estes so caracterizados com mo-de-obra de apoio e provocam uma piora na produtividade (acrscimo da RUP)

    quando da sua m quantificao. Deste modo, a RUP cumulativa global (RUPcumglob) corresponde ao acrscimo na RUPcumdir quanto mo-de-obra

    de apoio. A RUPcumglob representa o servio como um todo, contemplando a

    influncia de todas as classes de mo-de-obra utilizada na realizao de um determinado servio.

    3 ESTUDO DE CASO E RESULTADOS

    3.1 Obras estudadas

    3.1.1 Obra SP15

    A obra em questo constitui-se de um edifcio residencial com estrutura

    reticulada de concreto e alvenaria de vedao em blocos cermicos. Os

    pavimentos so divididos em 1 subsolo, trreo, 13 pavimentos tipo, com 4 apartamentos, e 2 duplex.

    A construtora possui a filosofia de subcontratao de mo-de-obra para realizao dos servios de construo, exceto para os cargos de mestre e

    engenharia. Dessa forma, o revestimento com placas cermicas foi executado

    por empresas que subempreitam este tipo de servio.

    Revestiu-se com placas cermicas os ambientes da cozinha, rea de servio e

    banheiros, havendo variao dimensional das placas conforme o ambiente revestido.

  • 17

    O material recebido era depositado no subsolo, havendo a distribuio para

    todos os ambientes antes de se iniciar o servio. O transporte vertical era

    auxiliado pelo elevador definitivo do edifcio, pois o elevador de obras j havia sido retirado do canteiro.

    Para o assentamento das placas cermicas utilizou-se de argamassa colante.

    3.1.2 Obra SP16

    A obra estudada constituda por 2 subsolos, 22 pavimentos tipo e cobertura,

    sendo que cada pavimento tipo possui 4 apartamentos com duas tipologias arquitetnicas diferentes por pavimento. Sua estrutura reticulada de concreto,

    com vedaes em alvenaria de blocos cermicos.

    A construtora possui mo-de-obra prpria em sua maioria, inclusive a

    responsvel pelo revestimento cermico. Estes operrios no recebem

    treinamento por parte da construtora, ou seja, o conhecimento que possuem advm da experincia em obras.

    O revestimento com placas cermicas foi aplicado nas paredes da cozinha, rea de servio, banheiro social e banheiro da sute.

    O material recebido era estocado no subsolo, coberto com lona plstica e seguia todas as condies de armazenagem especificadas pelo fabricante.

    Utilizou-se, nesta obra, argamassa colante. Estes materiais tambm foram

    estocados no subsolo, conforme recomendaes descritas por SOUZA; MEKBEKIAN (1996).

    As equipes de trabalho eram abastecidas de material por um funcionrio que o transportava at o ambiente onde o servio seria iniciado, ou seja, o material j

    estava no posto de trabalho dos oficiais no momento do incio da execuo do

    assentamento.

    O transporte vertical do material ocorria atravs do elevador de obras ou pelo

    elevador definitivo do edifcio, sendo que a utilizao destes equipamentos de transporte dependia da quantidade de servios ocorrendo concomitantemente

    na obra.

  • 18

    3.1.3 Obra SP19

    Trata-se de uma obra para habitao popular com 7 pavimentos, incluindo o

    trreo, que fica no quarto nvel da edificao devido ao acentuado desnvel existente no terreno.

    A estrutura constitui-se de blocos de concreto estrutural, sendo o revestimento aplicado diretamente sobre estes com argamassa colante industrializada.

    A mo-de-obra utilizada na realizao do servio foi subcontratada e realizava

    tambm o transporte vertical do material, do trreo para o local onde o servio foi executado. O elevador de obras era uti lizado somente quando da chegada

    dos materiais na obra, transportando-os at o pavimento trreo.

    3.1.4 Obra SP20

    Esta obra constituda por 2 subsolos, trreo elevado, 13 pavimentos tipo

    constitudos com alvenaria estrutural armada.

    A empresa possui mo-de-obra prpria, exceto para servios mais

    especializados e alguns servios de acabamento. Para esta obra, em especial, utilizou-se mo-de-obra subempreitada na realizao dos servios de

    revestimentos com placas cermicas.

    O servio de revestimento com placas cermicas ocorreu nos banheiros,

    cozinhas e terraos de servio. As placas cermicas foram assentes com

    argamassa colante industrializada.

    O transporte de materiais foi realizado com o auxlio do elevador de obras,

    sendo que os funcionrios da prpria construtora abasteciam previamente os posto de trabalho dos oficiais azulejistas subcontratados para a realizao do

    servio de revestimento com placas cermicas.

    3.1.5 Obra SP66

    Esta obra constitui-se de um edifcio residencial com estrutura reticulada de

    concreto e alvenaria de vedao em blocos cermicos. Os pavimentos so divididos em 2 subsolo, trreo, 1 mezanino, 17 pavimentos tipo, com 1

    apartamento por andar, duplex e cobertura. A construtora subcontrata a mo-

  • 19

    de-obra para realizao dos servios em obra, exceto para os cargos de

    mestre e engenharia; dessa forma, o revestimento com placas cermicas foi

    executado por empresas que subempreitam este tipo de servio.

    Revestiu-se com placas cermicas os ambientes da cozinha, rea de servio e

    banheiro, havendo variao dimensional das placas conforme o ambiente revestido e tambm entre apartamentos.

    O material recebido era depositado no subsolo, sendo que a distribuio

    ocorria no incio do dia de trabalho. O transporte vertical era auxiliado pelo elevador definitivo do edifcio.

    Para o assentamento das placas cermicas utilizou-se de argamassa colante e rejunte industrializados.

    3.2 Resultados obtidos

    A criao de um banco de dados importante para que se possa existir um referencial inicial de auxlio para o oramento e programao de novos

    empreendimentos.

    A Tabela 3.1 apresenta valores de RUP para o assentamento de placas

    cermicas, para cada uma das obras estudadas. As RUP, expressas em Hh/m2, que representam cada obra so: a potencial do oficial, a cumulativa do

    oficial e a cumulativa da mo-de-obra direta.

    Tabela 3.1 RUP representativas das obras estudadas, para o assentamento de placas cermicas em paredes.

    Obra RUPpotof (Hh/m2) RUPcumof

    (Hh/m2) RUPcumdir

    (Hh/m2) SP20a 0,33 0,35 0,44 SP20b 0,30 0,31 0,39 SP19 0,55 1,12 1,16

    SP16a 0,25 0,33 0,60 SP16b 0,25 0,27 0,43 SP15a 0,34 -- -- SP15b 0,55 -- -- SP15c 0,45 -- -- SP15d 0,46 -- -- SP15e 0,57 0,57 0,57 SP66 0,19 0,24 0,41

  • 20

    A observao da Tabela 3.1 permite algumas consideraes, tais como:

    h uma grande variao entre os valores mnimo e mximo da RUPcumdir

    detectados nas obras (341%), o que demonstra desempenhos bastante distintos no uso da mo-de-obra e, portanto, custos unitrios de mo-de-obra

    bastante variveis;

    as diferenas entre RUPcumof e RUPpotof para as vrias obras tambm

    bastante varivel, demonstrando haver diferentes intensidades de situaes

    anormais, o que pode ser indicativo de diferentes qualidades de gesto de servio;

    as diferenas entre RUPcumdir e RUPcumof so indicativas do nus associado presena de ajudantes diretos, havendo novamente diferentes

    valores, o que sugere a existncia de diversidades quanto proporo de

    ajudantes, em relao aos oficiais, na equipe direta.

    4 CONSIDERAES FINAIS

    Atualmente, a necessidade de mensurao de desempenho dos processos produtivos das empresas construtoras, est se tornando mais evidente, devido

    a sua relevncia mediante ao significativo aumento de competitividade.

    Desta forma, a utilizao de indicadores que retratem eventuais problemas de

    gesto em obras, tais como, indicadores de perdas de materiais, avaliao da

    quantidade de entulho gerado, indicadores de qualidade de servios acabados e, tambm, indicadores para verificao da produtividade, tem sido cada

    vez mais incentivada. O uso desses indicadores possibilita o conhecimento da situao presente das obras, montar um histrico com os dados obtidos, e,

    conseqentemente, buscar melhorias em obras futuras.

    Nota-se, pelos resultados apresentados neste trabalho, que os valores de produtividade da mo-de-obra apresentam variao de valores de obra para

    obra. Esta variao mostra que no existe um valor nico que reflita de produtividade da mo-de-obra para o servio de assentamento de revestimento

    interno de parede com placas cermicas, conforme preconizam alguns

    manuais de oramentao, ou seja, que a produtividade est sujeita a variaes conforme caractersticas da obra em que o servio ser realizado.

  • 21

    Tm-se, desta forma, valores de referncia que podem ser utilizados como

    auxiliar, tanto no oramento quanto na programao de obras.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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  • BOLETINS TCNICOS PUBLICADOS

    BT/PCC/296 Classificao dos Sistemas de Formas Para Estruturas de Concreto Armado. TOMS MESQUITA FREIRE, UBIRACI ESPINELLI LEMES DE SOUZA. 20p.

    BT/PCC/297 Os Impactos do Sistema Individualizado de Medio de gua. EDUARDO S. YAMADA, RACINE T. A. PRADO, EDUARDO IOSHIMOTO. 13p.

    BT/PCC/298 Avaliao das Habitaes de Interesse Social na Regio Metropolitana do Recife. ANTONIO FLVIO VIEIRA ANDRADA, LUIZ SRGIO FRANCO. 19p.

    BT/PCC/299 Um Sistema Para Planejamento Operacional de Obras de Rodovias. ANDRS ANTONIO LARROSA INSFRN, JOS FRANCISCO PONTES ASSUMPO. 22p.

    BT/PCC/300 Retrao e desenvolvimento de propriedades mecnicas de argamassas mistas de revestimento. PEDRO KOPSCHITZ XAVIER BASTOS, MARIA ALBA CINCOTTO, 12p.

    BT/PCC/301 Metodologia de Diagnstico, Recuperao e Preveno de Manifestaes Patolgicas em Revestimentos Cermicos de Fachada. EDMILSON FREITAS CAMPANTE, FERNANDO HENRIQUE SABBATINI. 12p.

    BT/PCC/302 Estudo Experimental Comparativo Entre Resfriamento Evaporativo e Radiativo em Ambiente Cobertos Com Telhas de Fibrocimento em Regio de Clima Quente e mido. JOS ROBERTO DE SOUZA CAVALCANTI, RACINE TADEU ARAJO PRADO. 31p.

    BT/PCC/303 Qualidade do Projeto de Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social: Proposta Utilizando o Conceito de Desempenho. MAURCIO KENJI HINO, SILVIO BURRATINO MELHADO. 20p.

    BT/PCC/304 Recomendaes Prticas Para Implementao da Preparao e Coordenao da Execuo de Obras. ANA LUCIA ROCHA DE SOUZA, FERNANDO HENRIQUE SABBATINI, ERIC HENRY, SILVIO MELHADO. 12p.

    BT/PCC/305 Metodologia de Posicionamento dos Elementos do Canteiro de Obras Utilizando a Teoria de Sistema Nebuloso. ANDR WAKAMATSU, LIANG-YEE CHENG. 26p.

    BT/PCC/306 Estruturas Organizacionais de Empresas Construtoras de Edifcios. ADRIANO GAMEIRO VIVANCOS, FRANCISCO FERREIRA CARDOSO. 14p.

    BT/PCC/307 Fluxo de Informao no Processo de Projeto em Alvenaria Estrutural. EDUARDO AUGUSTO M. OHASHI, LUIZ SRGIO FRANCO. 22p.

    BT/PCC/308 Arbitragem de Valor: Conceitos Para Empreendimentos de Base Imobiliria. FERNANDO BONTORIM AMATO, ELIANE MONETTI. 12p.

    BT/PCC/309 Projeto Singapura da Prefeitura Municipal de So Paulo: O Conjunto Habitacional Zaki Narchi. PRISCILA MARIA SANTIAGO PEREIRA, ALEX KENYA ABIKO. 22p.

    BT/PCC/310 Propriedades e Especificaes de Argamassas Industrializadas de Mltiplo Uso. SILVIA M. S. SELMO. 27p.

    BT/PCC/311 Subcontratao: Uma Opo Estratgica para a Produo. AMANDA GEIZA D. BARROS AGUIAR, ELIANE MONETTI. 12p.

    BT/PCC/312 Recomendaes para Projeto e Execuo de Alvenaria Estrutural Protendida. GUILHERME ARIS PARSEKIAN, LUIZ SRGIO FRANCO. 20p.

    BT/PCC/313 Evoluo do Uso do Solo Residencial no Centro Expandido do Municpio de So Paulo. EUNICE BARBOSA, WITOLD ZMITROWICZ. 12p.

    BT/PCC/314 Aplicao de Autmatos Celulares na Propagao de Ondas. RICARDO ALVES DE JESUS, ALEXANDRE KAWANO. 16p.

    BT/PCC/315 Construes Temporrias para o Canteiro de Obras. ALLAN BIRBOJM, UBIRACI ESPINELLI LEMES DE SOUZA. 20p.

    BT/PCC/316 Produtividade da Mo-de-Obra no Assentamento de Revestimento Cermico Interno de Parede. CARLUS FABRICIO LIBRAIS, UBIRACI ESPINELLI LEMES DE SOUZA. 23p.

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