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Importação de embarcações marítimo às atividades de petróleo em uma empresa de Macaé
Karen Luiza Batista da Costa (UFF/Macaé)
Denise Cristina de Oliveira Nascimento (UFF/Macaé)
Ailton da Silva Ferreira (UFF/Macaé)
Resumo:
O presente trabalho tem como objetivo avaliar o procedimento de importação de uma
embarcação de bandeira estrangeira de apoio marítimo para atender um contrato de
afretamento em uma empresa norueguesa com base na cidade de Macaé atuante no mercado
de petróleo e gás. Desta forma pretende-se, primeiramente, abordar o tema logística e
importação e suas definições e normas de acordo com a legislação vigente, modais de
transporte, aprofundar em transporte marítimo, tipos de embarcação de apoio marítimo e tipos
de contrato de afretamento para que o estudo de caso da empresa tenha base para sua análise
crítica. Em seguida, apresenta-se a empresa, seu histórico de fundação e atividades atuais, e o
processo de importação de uma embarcação estrangeira passo-a-passo. A metodologia
utilizada neste estudo consistiu em uma pesquisa qualitativa, compreensiva e naturalística
feita através de livros, artigos científicos, teses de mestrado e websites. Foram abordados
também dados secundários obtidos junto à empresa estudada. Assim, ao analisar os aspectos
teóricos e práticos, é percebida a importância de tal procedimento ser conhecido e dominado
pelas empresas da área, visto que caso o mesmo não seja realizado com exatidão ou caso haja
algum contratempo, a empresa fretadora poderá perder contratos, ter sua embarcação
exportada e levar multas, o que acarretaria em perda financeira, muitas vezes irreparável.
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1. Introdução
As embarcações que apóiam as atividades de exploração e produção de petróleo –
apoio marítimo – são recursos estratégicos e indispensáveis para que o Brasil consiga
aumentar sua capacidade de produção no mar. De acordo com o plano de negócios 2014-2018
da Petrobras a meta de aumento de produção é 66% até 2018 e 117% até 2020 com
investimento de US$ 220,6 bilhões até 2020 em exploração e produção. Essa projeção
impacta significantemente a infraestrutura logística devido ao aumento de número de poços
de petróleo, sondas e plataformas e, por isso, aumenta a demanda de embarcações para apoiar
essas atividades (PETROBRAS 2014).
O afretamento de embarcações de apoio marítimo no Brasil, conforme informa,
representa 70% do afretamento de embarcações na modalidade por tempo e por isso, as
empresas interessadas em fretar ou afretar embarcações, seja de bandeira nacional ou
estrangeira, devem ficar atentas as normas e legislação nacional, pois para a navegação de
apoio marítimo, os contratos de afretamento são baseados na lei brasileira, não utilizando
formulários padrão, conforme são amplamente utilizados em outros tipos de navegação, como
na navegação de longo curso ou cabotagem. Estes formulários padrão são baseados no direito
internacional e, teoricamente, oferecem mais segurança e equilíbrio jurídico para as partes
envolvidas (SARACENI, 2006).
Apesar das inúmeras barreiras administrativas impostas pelo Governo Federal para
equilibrar a Balança Comercial e proteger o mercado interno, a nacionalização de
embarcações de faz necessária para atender esse mesmo mercado. Em contrapartida, o
Governo dispõe alguns benefícios que proporcionam ao importador a suspensão ou isenção de
impostos facilitando a entrada de bens para a modernização da indústria de petróleo e gás,
como por exemplo, a Instrução Normativa da Receita Federal nº 1.415/14 que dispõe sobre o
REPETRO (regime especial de importação e exportação de bens destinados à pesquisa e lavra
de petróleo e gás) (SILVA, 2007).
A metodologia seguiu parâmetros de uma pesquisa que foi realizada, sua conceituação
e justificativa à luz da investigação específica de analise do objeto do estudo, o processo de
importação de embarcações de uma empresa em macaé. Para a classificação da pesquisa, dois
aspectos foram levados em conta, sendo eles: elaboração quanto aos fins e a elaboração
quanto aos meios. (VERGARA, 2009)
Quanto aos fins, a pesquisa foi exploratória, explicativa, e descritiva. Exploratória
porque, apesar de se tratar de uma prática bastante praticada no mercado nacional há poucos
trabalhos acadêmicos dissertando sobre o tema no Brasil. No contexto do estudo de caso, a
coleta de dados foi realizada com base em um processo específico o qual ocorreu entre os
meses de novembro de 2013 à fevereiro de 2014. O instrumento de pesquisa escolhido
consiste na compilação de todos os procedimentos realizados durante o processo de uma
embarcação.
Estes dados obtidos foram ser analisados à luz das fontes bibliográficas estudadas
nesse trabalho, e quando, necessário, será feito uma comparação entre a teoria e a prática a
fim de se alcançar uma análise mais detalhada e conclusiva.
O objetivo deste trabalho é realizar uma análise dos principais aspectos relacionados à
importação de embarcações de apoio marítimo para a exploração e produção de petróleo de
uma empresa com base em Macaé.
Nos próximos topicos serão analisados a introdução da logistica,transporte
maritimos,logistica internacional, importação, repetro, a empresa a ser analisada, bem como a
analise do processo de importação de embarcações de bandeira estrangeira, assim como a
metodologia e considerações finais.
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2. Introdução à logistica
Devido aos avanços tecnológicos conquistados nas últimas décadas e com a abertura
econômica do mercado mundial, a logística se tornou importante para a redução de custo e
para a conquista da competitividade.
Existem diversas definições e conceitos para o termo logística. De acordo com o
Councilof Supply Chain Management Professionals (CSCMP, 2014), “logística é o processo
de planejar, implementar e controlar, de forma eficaz e eficiente, os processos de transporte e
armazenagem de mercadorias, incluindo serviços e informações relacionados a esse, do ponto
de origem até o ponto de consumo em conformidade aos requisitos do cliente” (COSTA;
DIAS; GODINHO,2010).
De acordo com BALLOU (2006), a logística trata de todas as atividades de
distribuição e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da
matéria prima até o ponto de consumo final.
A logística é vista no mundo offshore como uma ferramenta imprescindível e uma
oportunidade de redução dos custos operacionais assim como na mitigação de punições
contratuais devido à ausência ou demora no atendimento dos contratos (KEEDI, 2011).
3. Logística Internacional
Como logística internacional pode-se definir todas as atividades básicas e de suporte à
importação de matérias-primas ou equipamentos, bem como a exportação dos mesmos.
A atividade de exportação pode ser definida como a venda de bens para uma empresa
em outro país, isto é, pode ser considera como o escoamento da parcela excedente da
produção interna. É considera a principal forma de entrada de divisas extremamente
necessárias às importações das mercadorias, para suprir as necessidades do país. Também se
faz necessária para o pagamento de compromissos externos (FONSECA, 2009).
A importação, por sua vez, visa permitir ao país a obtenção de mercadorias que ele
não tem condições ou não tem interesse em produzir, a fim de suprir algumas falhas em sua
estrutura econômica (KEEDI, 2011).
De acordo com SILVA (2007) a logística internacional é uma ferramenta
imprescindível para a expansão do comércio exterior mundial, uma vez que pode ser utilizada
estrategicamente como um diferencial competitivo nas negociações internacionais, e não
somente como um mero instrumento operacional.
4. Transportes Marítimos
Na cadeia do Petróleo, nas fases de exploração e produção, o transporte tem
mais relevância em função da viabilidade operacional do negócio de que da sua
representatividade no custo total da atividade. Devido à característica dessa atividade no
Brasil, onde aproximadamente 90% do petróleo é extraído do mar, o transporte aquaviário é
o principal meio utilizado para viabilização das operações.
A seguir, uma conceituação dos tipos de transporte aquaviário, de acordo com a rota,
segundo a lei 9.432/97 (SOBENA, 2014):
Navegação de Longo Curso: a realizada entre portos brasileiros e estrangeiros.
Navegação de Cabotagem: a realizada entre portos ou pontos do território brasileiro,
utilizando a via marítima ou esta e as vias navegáveis interiores;
Navegação Interior: a realizada em hidrovias interiores, em percurso nacional ou
internacional;
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Navegação de Apoio Portuário: a realizada exclusivamente nos portos e terminais
aquaviários, para atendimento a embarcações e instalações portuárias;
Navegação de Apoio Marítimo: a realizada para o apoio logístico a embarcações e instalações
em águas territoriais nacionais e na zona econômica, que atuem nas atividades de pesquisa e
lavra de minerais e hidrocarbonetos.
O foco desta pesquisa é a importação das embarcações de apoio marítimo e por este
motivo, o tipo de navegação abordada daqui pra frente será a navegação de apoio marítimo.
Com a construção da primeira plataforma de exploração no país, em 19 de novembro de
1968, houve o esforço em desenvolver a primeira frota nacional de embarcações de apoio
marítimo, utilizando rebocadores brasileiros. Nesta primeira fase, as empresas de apoio
marítimo estrangeiras tiveram papel fundamental para a geração de mão-de-obra e na
transferência de tecnologia para o desenvolvimento do apoio marítimo nacional (ABEAM,
2014). A evolução da quantidade de embarcações ao longo dos anos pode ser verificada a na
figura a seguir:
Figura 01 - Evolução do Número de Embarcações
FONTE: ABEAM, 2014.
O panorama atual do apoio marítimo pode ser verificado abaixo, segundo dados da
Associação Brasileira de Empresas de Apoio Marítimo (ABEAM, 2014):
139 empresas brasileiras autorizadas pela ANTAQ (Agência Nacional de Transporte
Aquaviário);
Cerca de 50 empresas operando ativamente no apoio marítimo;
39 empresas (78%) associadas à ABEAM;
Frota de 469 embarcações (224 de bandeira brasileira e 245 estrangeiras);
Cerca de US$ 4,5 bilhões gastos com afretamentos em 2013 (ABEAM).
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5. Importação
No Guia de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior define-se importação como:
“O ingresso seguido de internalização de mercadoria estrangeira no território
aduaneiro. Em termos legais, a mercadoria só é considerada importada após sua internalização
no país, por meio da etapa de desembaraço aduaneiro e do recolhimento dos tributos exigidos
em lei. O processo de importação pode ser dividido em três fases: administrativa, fiscal e
cambial (MDIC, 2014)”.
No processo de despacho aduaneiro, existem duas modalidades, que são o de
importação e exportação. Será tratado neste trabalho, apenas o despacho aduaneiro de
importação.
O início do despacho aduaneiro de importação é determinado pelo registro da
Declaração de importação (DI) no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX),
conforme anexo único da IN nº 680. Portanto, no momento deste registro, o importador deve
efetuar o pagamento de todos os tributos federais exigidos(RECEITA FEDERAL
BRASILEIRA, 2006).
É importante registrar que o início do despacho aduaneiro de importação deve
respeitar os prazos estabelecidos pelo Decreto nº 8.266 de 2014, ou seja, 90 dias contados a
partir do momento da chegada do bem no Brasil (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2014)
Conforme menciona BIZELLI (1997), a importação em caráter definitivo ocorre
quando a mercadoria estrangeira importada, nacionalizada, independente da existência de
cobertura cambial, o que significa integrá-la à massa de riquezas do país com a transferência
de propriedade do bem, para qualquer pessoa aqui estabelecida.
O Siscomex foi instituído pela edição do Decreto nº 660 de 1992 e implantado em
1993, para agilizar e desburocratizar as operações de exportação. Somente em 1997 começou
a funcionar também para as operações de importação (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA,
2014).O Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) consiste em:
Um software que interliga os importadores ou agentes credenciados, exportadores,
despachantes, transportadores, agências bancárias, dentre outros, à Secretaria de Comércio
Exterior (Secex), Banco Central e à Secretaria da Receita Federal que permite processar os
registros dos documentos eletrônicos das operações de importação e exportação (VIEIRA,
2010, p. 32).
De acordo com a Portaria nº 23 de 2011 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior, o sistema administrativo das importações consiste em três modalidades:
importações dispensadas de licenciamento, importações sujeitas a licenciamento automático e
importações sujeitas a licenciamento não automático (MDIC, 2014).
De acordo com a Lei 9.432 de 1997, a navegação de apoio marítimo é exclusiva de
Empresa Brasileira de Navegação (EBN), e apenas esta poderá afretar embarcações de
bandeira brasileira e, exclusivamente, estrangeiras nas seguintes situações (PRESIDÊNCIA
DA REPÚBLICA, 2014):
Quando constatada a inexistência ou indisponibilidade de embarcações de bandeira brasileira,
nas características necessárias às operações as serem desenvolvidas;
Quando as embarcações de bandeira brasileira não atenderem aos prazos para afretamento;
Quando as embarcações de bandeira brasileira, nas características requisitadas, estiverem em
construção, sendo o afretamento limitado ao prazo de entrega da embarcação de bandeira
brasileira pelo estaleiro.
Autorização de Afretamento
De acordo com a Resolução nº 1498 de 2009 (ANTAQ, 2009), dependem de
autorização de afretamento, todas as embarcações de bandeira estrangeira, operadas por EBN,
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quando atendidas às exigências requeridas, limitadas ao prazo de disponibilidade da
embarcação brasileira pelo estaleiro, ou pelo prazo máximo de 36 meses. A autorização
deverá ser renovada a cada 12 meses.
Para a obtenção do CAA (Certificado de Autorização de Afretamento), a EBN terá
que seguir o fluxo (ANTAQ, 2009):
Figura 2 – Maplolfuxograma de obtenção do CAA.
Fonte: Adaptada pelo autor com base na Resolução nº 1.498 de 2009 (ANTAQ,2009)
Na etapa da circularização, a EBN interessada em afretar a embarcação de bandeira
estrangeira, deverá realizar consulta à ANTAQ, via Sistema de Gerenciamento de
Afretamento de Navegação Marítimo e de Apoio (SAMA) e na indisponibilidade deste, à
todas as empresas de navegação de apoio marítimo disponível na lista da ANTAQ, de forma
clara e objetiva, sendo passível de multa de até R$ 100.000,00 em caso de não atendimento
(ANTAQ, 2009).
6. A Repetro
O Regime Aduaneiro Especial de Importação e Exportação de Bens destinados às
Atividades de Pesquisa e Lavra das Jazidas de Petróleo e Gás Natural (REPETRO) foi
instituído pelo Decreto nº 3.161 de 1999, com previsão de vigência até 31/12/2020.
Atualmente, ele se encontra previsto na IN nº 1.415 de 2014 (RECEITA FEDERAL DO
BRASIL, 2014).
O REPETRO foi criado para reduzir os custos das atividades típicas do Setor de
Petróleo e Gás brasileiro, de modo a atrair investimentos e fomentar o seu desenvolvimento,
pois as importações sujeitas a esse regime tem suspensão total dos impostos devidos
(BNDES, 2011).
De acordo com o anexo 1 da IN nº1.415 os bens que podem ser admitidos no
REPETRO são (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2014):
Embarcações destinadas às atividades de pesquisa e produção das jazidas de petróleo ou gás
natural e as destinadas ao apoio e estocagem nas referidas atividades;
Máquinas, aparelhos, instrumentos, ferramentas e equipamentos destinados às atividades de
pesquisa e produção das jazidas de petróleo e gás natural;
Plataformas de perfuração e produção de petróleo ou gás natural, bem como as destinadas ao
apoio nas referidas atividades;
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Veículos automóveis montados como máquinas, aparelhos, instrumentos, ferramentas e
equipamentos destinados às atividades de pesquisa e produção das jazidas de petróleo e gás
natural;
Estruturas para suportar plataformas.
7. A empresa
A empresa surgiu com a aquisição de navios para atender o mercado pesqueiro
norueguês. Devido a crescente demanda por navios de apoio à exploração e produção de
petróleo no Mar do Norte, houve a necessidade de expandir as atividades da empresa para o
mercado offshore, por isso, em 1981 em Austevoll na Noruega, a empresa, aqui denominada
Empresa Matriz, foi fundada.
Devido a sua eficiência e tecnologia de ponta, a Empresa Matriz se tornou um grupo
internacional de empresas com uma moderna frota de navios de abastecimento e submarinos
combinando com uma forte capacidade de engenharia com o objetivo de atender o mercado
de energia offshore.
Após 19 anos operando em diversos países, em 2001 a Empresa Matriz chega ao
Brasil sob o nome de Empresa N.
A empresa N se tornou uma das principais prestadoras de serviços complexos em alto
mar para o setor de petróleo e gás. Rapidamente expandiu-se a frota e tamanho e sofisticação
dos navios e se consolidou com uma das mais conceituadas empresas no mercado de
prestação de serviços para as atividades de exploração e produção de petróleo e gás offshore
no Brasil e, desde 2006, é a primeira colocada no Peotram, programa coordenado pela
Petrobras com o objetivo de elevar o nível de segurança operacional no transporte.
Todas as empresas e pessoas do Grupo se esforçam para fazer melhorias contínuas nas
operações, empregando medidas técnicas e organizacionais otimizadas para controlar e
gerenciar riscos. A visão e missão da empresa inclui integridade, respeito, trabalho em equipe,
excelência no atendimento ao cliente e realização de um trabalho sustentável.
A empresa possui certificado global ISO 9001:2008 que demonstra os padrões
rigorosos aplicados em seus sistemas.
O compromisso com o Meio Ambiente Externo Global é demonstrado através da
certificação global ISO 14001:2004 e os Padrões de Segurança e Saúde Ocupacional são
certificados através do OHSAS 18001:2007. Todos esses certificados são emitidos pela
empresa de certificação DNV.
Os principais clientes do Grupo ND são as empresas Petrobras, Statoil, Chevron,
Shell, Karoon e BG Group e seus principais parceiros são as empresas Vard, Technip e
AkerSolutions.
Atualmente, o Grupo ND possui cerca de 500 colaboradores no Brasil, a sua grande
maioria lotados em Macaé, e possui uma frota conforme abaixo:
8 navios do tipo ATHS;
6 navios do tipo RSV;
4 navios do tipo CSV;
4 navios do tipo PSV;
20 ROVs.
8. O processo de importação de uma embarcação de bandeira estrangeira
Durante o processo de circularização emitido pela Afretadora Petrobras, o
Grupo ND apresentou sua proposta de afretamento da embarcação de bandeira estrangeira G,
que no momento estava operando na Noruega. Como não havia nenhuma embarcação de
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Embarcação no país de origem Embarcação no Brasil
De
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Novo Contrato
Requisita ADE
Requisita inventário e demais informações
técnicas para emissão
da Licença de Importação
Providencia todas as informações técnicas
Providencia CAAProvidencia DI junto
ao despachanteEmbarcação
desembaraçada
bandeira brasileira disponível para atender a esse contrato não houve bloqueio e, devido às
boas condições da oferta, a empresa ND ganhou a negociação.
O processo de importação da embarcação envolve alguns setores da empresa,
conforme fluxograma visto na figura 3:
Figura 3 – Fluxograma de Afretamento da embarcação
Fonte: Própria
Com a assinatura do contrato de afretamento entre a afretadora e o fretador, foi dado
início ao processo de importação da embarcação com emissão do AA (Autorização de
Afretamento) pela ANTAQ, bem como teve que ser providenciado o CAA (Certificado de
Autorização de Afretamento) e o Ato Declaratório (ADE), conforme pode ser analisado na fig
acima.O primeiro passo foi a solicitação do inventário da embarcação no qual devem constar
todos os itens que compõem a embarcação inclusive a mesma e deve ser traduzido,
classificado e valorado por um despachante aduaneiro capacitado, conforme pode ser visto na
figura 4.
Figura 4 – Modelo de Inventário
Fonte: Própria
Por se tratar de uma embarcação usada, essa importação esteve sujeita ao
licenciamento não automático. Com inventário devidamente preenchido foi solicitada a LI
(Licença de Importação) junto à Receita Federal e emitida a Proforma Invoice.
NÚMERO
DE SÉRIENCM ITEM
DESCRICAO ITEM
PORTUGUES
UNIDADE
COMERCIAL
TABELA
SISCOMEX
QUANTIDADE
COMERCIAL
MOEDA
ORIGEM
TABELA
SISCOMEX
VALOR
UNITÁRIO
ITEM NA
MOEDA
LOCALIZAÇÃO
ITEM NA
EMBARCACAO
FABRICANTEMARCA/
MODELO
CODIGO
INTERNO DO
ITEM
DESCRICAO DO
ITEM INGLES
SERIAL
NUMBERNCM ITEM
PORTUGUESE
DESCRIPTION OF
ITEM
COMMERCIAL
UNIT
SISCOMEX
SCHEDULE
COMMERCIA
L QUANTITY
SOURCE
CURRENCY
SISCOMEX
SCHEDULE
ITEM TOTAL
AMOUNT IN
CURRENCY
ITEM
LOCATION ON
VESSEL
MAKERMAKE/M
ODEL
COMPANY
ITEM CODE
ENGLISH
DESCRIPTION
OF ITEM
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Com o deferimento da LI, conforme figura 5, a embarcação pode começar a navegar
para o Brasil.
Figura 5 – Modelo de LI
Fonte: Receita Federal do Brasil, 2014
Concomitante à solicitação de LI, o analista de importação entrou com processo de
solicitação do Ato Declaratório (ADE), que é o documento oficial emitido pela Receita
Federal do Brasil habilitando e empresa requerente à utilizar o REPETRO. Esse documento é
publicado no Diário Oficial da União. Com o ADE publicado, foi solicitado o RAT –
Requerimento de Admissão Temporária., conforme pode ser visto na fig 6:
Figura 06 – Formulário de RAT
Fonte: Receita Federal do Brasil, 2014
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Com a chegada da embarcação no Brasil, foi solicitado o CAA (Certificado de
Autorização de Afretamento) à ANTAQ e o AIT (Atestado de Inscrição Temporária) à
Marinha do Brasil.
Devido ao alto valor e complexidade do processo, todas as DIs de embarcações caem
em canal vermelho. Após a parametrização, a embarcação foi vistoriada pela Receita Federal
que emitiu o Comprovante de Importação (CI) e o Termo de Responsabilidade (TR), com o
prazo que a embarcação poderia operar em águas brasileiras. Abaixo segue a cronologia dos
fatos:
Quadro 1 – Cronologia do processo de importação da embarcação estrangeira
Fonte: Própria
Com a chegada da embarcação no Brasil, foi solicitado o CAA (Certificado de
Autorização de Afretamento) à ANTAQ e o AIT (Atestado de Inscrição Temporária) à
Marinha do Brasil.
9. Considerações finais
A perspectiva de evolução da economia brasileira é grande. Prevê-se que o mercado
de apoio marítimo cresça em até 70%. Este crescimento atrairá novas empresas para oferecem
embarcações estrangeiras ou construírem embarcações em estaleiros nacionais, aproveitando
os incentivos oferecidos pelo Fundo da Marinha Mercante para alavancar a frota nacional.
Através de todos os conceitos aqui abordados e, principalmente, diante do estudo de
caso, conclui-se é imprescindível para qualquer empresa do ramo o conhecimento dos
procedimentos, leis e normas que envolvem a autorização de afretamento, a importação de
embarcações e o desembaraço aduaneiro, pois se caso um dos passos não for seguido todo o
projeto é comprometido, implicando em atraso na entrega da embarcação, penalizações, perda
do próprio contrato e, ainda, perda da credibilidade no mercado.
Nesse estudo de caso, devido à exatidão todos os procedimentos e ao fato do prazo
pré-estabelecido ter sido respeitado, a embarcação foi entregue ao cliente em tempo hábil de
iniciar o contrato sendo importante salientar que não houve perda de receita. Com isso a
Data Fatos
07/11/2013 Solicitação de LI (Licença de Importação)
19/12/2013 Data de saída da embarcação da Noruega
03/01/2014 Emissão do AA (Autorização de Afretamento)
07/01/2014 Data de chegada da embarcação no Brasil
09/01/2014 Solicitação de CAA (Certificado de Autorização de Afretamento)
13/01/2014 Emissão do CAA
14/01/2014 Emissão do ADE (Ato Declaratório)
15/01/2014 Apresentação da documentação pertinente à Receita Federal e início do
processo de desembaraço
16/01/2014 Emissão da LI (Licença de Importação)
24/01/2014 Emissão do AIT (Atestado de Inscrição Temporária)
31/01/2014 Desembaraço Aduaneiro
01/02/2014 Emissão do TR ( Requerimento de Admissão Temporária)
05/02/2014 Início do contrato
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empresa conseguiu manter sua credibilidade e eficiência e posicionando-se entre as melhores
prestadoras de serviço do ranking do cliente.
Referências
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http://www.abeam.org.br/Estudo2005Port/HistoriaDoApoioMaritimoNoBrasil.pdf. Acesso
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