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  ISSN 1679-1355 BOLETIM INFOPETRO PE T R Ó L EO & G Á S B R A S IL Análise de Conjuntura das Indústrias de Petróleo e Gás  J ulho/ Ag osto de 2005 – Ano 6 – n.4 G r upo de Economia da E ner gia - Insti tu to de Economia – UF R J www .ie.ufr j.br/ inf opetr o Editorial ..................................................................................................... 2  Petróleo Uma B r eve Análise do Alinhamento de Preç os no Me rcado Doméstico ............... ........ ....................................................................... 4  Ener gy Polic y A c t d e 2005: Uma Breve Anális e .......................... 7  Ensaio do Mês Potenc ial de Difus ão do GNC e G NL no B r a sil ........................... 9  F atos Marcantes do Mês ..................................................................... 12  Anexo Es tatí stico ................................................................................. 14 Apoio ONIP / FINEP / FNDCT / CTPETRO NES T A EDÃ O EQUIPE S ec r etári a Executiva: Mariana Iootty Conselh o E dit orial Edmar Luiz F. de Almeida Helder Que ir oz Pinto J r . Ronaldo Bicalho Edição Mariana Iootty Akio Nakamura Michel Lapip Cont ato  T el: (21) 3873-5270 Fax: (21) 2541 -8148 e-mail: [email protected]    A pres ent açã o  O Editorial do Mês discute a necessidade de coerência da política energética brasileira em relação à indústria de gás natural. No primeiro artigo do mês, Carla de Souza e Silva compara e discute as trajetórias dos preços da gasolina e diesel, praticados no Brasil e no mercado internacional, em 2005. No segundo artigo, Carla de Souza e Silva apresenta um resumo das medidas que formam o Energy Policy Act (2005). No ensaio do mês, Fabio Marques Perrut avalia o potencial de difusão das tecnologias de GNC e GNL no mercado brasileiro  As opiniões expressas neste boletim refletem tão somente os pontos de vista dos autores dos artigos, e não representam o posicionamento das instituições envolvidas neste projeto.

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Petroleo e gas natural

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  • ISSN 1679-1355

    BOLETIM INFOPETRO PETRLEO & GS BRASIL Anlise de Conjuntura das Indstrias de Petrleo e Gs

    Julho/Agosto de 2005 Ano 6 n.4 Grupo de Economia da Energia - Instituto de Economia UFRJ

    www.ie.ufrj.br/infopetro

    Editorial.....................................................................................................2 Petrleo Uma Breve Anlise do Alinhamento de Preos no Mercado Domstico ..............................................................................................4 Energy Policy Act de 2005: Uma Breve Anlise ..........................7 Ensaio do Ms Potencial de Difuso do GNC e GNL no Brasil ...........................9 Fatos Marcantes do Ms.....................................................................12 Anexo Estatstico .................................................................................14 Apoio

    ONIP / FINEP / FNDCT / CTPETRO

    NESTA EDIO EQUIPE Secretria Executiva: Mariana Iootty Conselho Editorial Edmar Luiz F. de Almeida Helder Queiroz Pinto Jr. Ronaldo Bicalho Edio Mariana Iootty Akio Nakamura Michel Lapip Contato Tel: (21) 3873-5270 Fax: (21) 2541-8148 e-mail: [email protected]

    Apresentao O Editorial do Ms discute a necessidade de coerncia da poltica energtica brasileira em relao indstria de gs natural.

    No primeiro artigo do ms, Carla de Souza e Silva compara e discute as trajetrias dos preos da gasolina e diesel, praticados no Brasil e no mercado internacional, em 2005.

    No segundo artigo, Carla de Souza e Silva apresenta um resumo das medidas que formam o Energy Policy Act (2005).

    No ensaio do ms, Fabio Marques Perrut avalia o potencial de difuso das tecnologias de GNC e GNL no mercado brasileiro

    As opinies expressas neste boletim refletem to somente os pontos de vista dos autores dos artigos, e no representam o posicionamento das instituies envolvidas neste projeto.

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    Nas indstrias de energia, a discusso sobre o livre acesso nos segmentos de monoplio natural (transporte e distribuio) nasceu da necessidade de viabilizar a introduo da competio nos segmentos concorrenciais destas indstrias (produo e comercializao). Assim, a discusso sobre o livre acesso est intrinsecamente associada questo da introduo da concorrncia. Neste caso, a interveno do Estado, atravs da atividade regulatria, se concentra nas regras de acesso aos segmentos monopolistas, que iro viabilizar a competio nos segmentos concorrenciais.

    Em outras palavras, a importncia do livre acesso est associada estrutura de mercado que a Poltica Energtica decidiu implantar em uma determinada indstria, em um determinado momento do tempo.

    No que tange coordenao dos investimentos nas indstrias de energia de rede, sua relao com a discusso sobre o livre acesso deve respeitar certas mediaes bsicas. Uma caracterstica importante dessas indstrias a forte interdependncia estratgica entre os agentes e, por conseqncia, a necessidade de coordenao das suas decises, visando reduzir a complexidade e os riscos nelas envolvidos. A princpio, independentemente da estrutura de mercado, existe a necessidade de coordenao. Esta coordenao pode variar desde aquela realizada no interior de uma firma verticalizada e monopolista, at aquela realizada entre um conjunto de firmas desverticalizadas e em uma estrutura de mercado competitiva. Portanto, coordenao no sinnimo de monoplio, nem antnimo de concorrncia.

    Assim, a necessidade de coordenao ser to maior quanto maior for a interdependncia estratgica entre as decises econmicas dos agentes que interagem fisicamente atravs da rede. E isto vale tanto para as decises de curto-prazo (produo) quanto para as de longo-prazo (investimento). Por outro lado, o impacto desta

    interdependncia estar associado ao poder que cada agente tem de restringir as decises dos outros agentes. Por sua vez, este poder maior quanto menor for o nmero de agentes e maior for a assimetria entre eles, seja de porte ou de posicionamento na indstria.

    Considerando que a deciso econmica crucial a do investimento, o fundamental reduzir os riscos associados interdependncia estratgica, de forma a garantir a evoluo sustentada da indstria. Num contexto de competio com grande assimetria de poder de mercado, os riscos para os agentes mais fracos podem inviabilizar as suas decises de investimento. Assim, regras transparentes de mercado, como as do livre acesso, configuram-se como importantes instrumentos de coordenao e mitigao de riscos para os investimentos em um contexto de assimetria entre os diversos agentes. Estimular o investimento em um quadro como esse implica na preservao das condies de competio, o que, por seu turno, implica na preservao da prpria diversidade de agentes.

    Neste contexto, o papel do Estado o de zelar pela preservao dessas condies, realizando a coordenao institucional atravs de regras e normas claras e estveis.

    Por outro lado, a cooperao entre empresas representa uma forma de coordenao de estratgias empresariais que se desenvolve nos espaos delimitados pela regulamentao institucional. evidente que o carter dessa cooperao depende, tambm, das assimetrias existentes entre os agentes nela envolvidos. Quanto maior a assimetria, maior o carter impositivo dessas relaes empresariais e, portanto, maiores os riscos para as partes mais frgeis. Em contrapartida, quanto maior o equilbrio de poder entre as partes, maior o carter de barganha e negociao dessas cooperaes e, por conseguinte, menores os riscos para as partes comprometidas com o acordo.

    Editorial

    Concorrncia e Livre Acesso nas Indstrias de Energia

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    Desse modo, em um quadro de fortes assimetrias, a regulamentao institucional crucial na configurao de espaos de cooperao que sejam capazes de fornecer mecanismos de mitigao dos riscos associados s assimetrias entre os agentes. Com isso, as relaes de cooperao podem ser efetivamente relaes bilaterais de barganha e no imposies unilaterais.

    A partir dessas consideraes, inescapvel uma constatao sobre a Poltica Energtica brasileira. O Estado brasileiro, desde a ltima dcada, fez uma opo pela pluralizao dos agentes e pela introduo da competio nas indstrias de energia. No caso das indstrias de petrleo e gs, essa opo foi exercida em um contexto de forte assimetria, definido a partir da opo estratgica desse mesmo Estado de preservar ntegra a sua grande empresa energtica: a Petrobras. Esta uma escolha de Poltica Energtica legtima, desde que acompanhada de procedimentos institucionais que reduzam os riscos e garantam a entrada, a sobrevivncia e a expanso de novos agentes nesses mercados.

    Esta questo fundamental na discusso sobre a nova lei do gs, e no se deve temer

    enfrent-la. Nesse sentido, as regras de livre acesso permanecem no centro do debate, e no h como retir-las dessa posio, mediante o recurso tese da imaturidade da nossa indstria gasfera. Imaturidade maior seria desconhecer a realidade plural, ainda que assimtrica, dessa nossa indstria. Sem dvida, o grande desafio da Poltica Energtica brasileira encontrar mecanismos institucionais que viabilizem uma coordenao institucional e que garantam a expanso da indstria de gs no Brasil, atravs de uma cooperao efetiva e saudvel entre as empresas neste ambiente. Para que isto seja alcanado, no h como fugir da criao de instrumentos institucionais que mitiguem essas assimetrias e tornem possvel a existncia dessa pluralidade. Esta uma tarefa que cabe ao Governo e ao Congresso brasileiro, e no grande empresa energtica brasileira, que sempre desenvolveu muito bem as funes a ela destinadas no desenvolvimento da indstria de petrleo no pas e, por isso, foi, corretamente, preservada.

    Conselho Editorial

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    PETRLEO

    Mercado

    Carla de Souza e Silva

    A poltica de preos da Petrobras um tema recorrente no debate econmico desde a abertura do setor em 2002. Nos ltimos meses, o tema ganhou maior destaque por conta das dificuldades enfrentadas pela Refinaria Manguinhos no mercado domstico. Este artigo procura analisar o comportamento dos preos da gasolina e do diesel nos primeiros 8 meses de 2005.

    Para isso, observou-se o comportamento do ndice de Alinhamento (IA), calculado pela razo entre o preo do combustvel no mercado domstico, divulgado pela ANP (mdia semanal do preo ex-refinaria) e o preo spot em reais (mdia semanal da cotao spot na regio do golfo americano, convertido pela mdia semanal da taxa de cmbio). Com base no princpio da arbitragemi e nos custos de transporte e internalizao envolvidos nas transaes internacionais de combustveis, supe-se que

    este ndice deveria variar entre um piso, chamado de paridade de exportao, e um teto, dado pela paridade de importao. O piso representa o ganho conseguido pela venda do combustvel no mercado internacional, descontados os custos de transporteii. O teto representa o custo de venda de um possvel importador no mercado domstico, isto , o preo spot adicionado dos custos de transporte.

    Por conta das diferenas temporais, seria impossvel que IA de um combustvel fosse sempre igual a 1. Assim, esta banda que no caso em questo de 0,93 (paridade de exportao) e 1,08 (paridade de importao) seria uma margem aceitvel de variao. A suposio a de que se o IA dos combustveis varia no interior desta faixa, os preos estariam alinhados ao mercado internacional. O Grfico 1 apresenta o comportamento deste ndice no primeiro semestre de 2005.

    Grfico 1 Comportamento do IA da Gasolina e Diesel entre Janeiro e Agosto de 2005

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    IA Diesel IA GasolinaParidade Exportao Paridade Importao

    Fonte: Elaborao prpria

    Uma Breve Anlise do Alinhamento de Preos no

    Mercado Domstico

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    PETRLEO

    Mercado

    Pode-se perceber do Grfico 1 que o IA da gasolina inferior ao do diesel em praticamente todo o perodo de 34 semanas considerado. Vale ainda ressaltar que o IA da gasolina permaneceu 10 semanas no interior da faixa de paridades, enquanto para o IA de diesel este tempo de permanncia foi de 19 semanas. Nas semanas em que esteve fora da faixa, o IA da gasolina esteve quase sempre abaixo da paridade de exportao, enquanto o IA do diesel esteve tanto semanas acima da paridade de importao quanto abaixo da paridade.

    A partir desta anlise, pode-se dizer que os preos do diesel ficaram relativamente alinhados aos preos internacionais, no primeiro semestre de 2005, mesmo tendo ficado com seus preos estveis no mercado domstico. Este resultado , em parte, devido valorizao da taxa de cmbio no perodo, que serviu para amortecer o aumento do preo internacional. No caso da gasolina, a variao do cmbio no foi suficiente para compensar o diferencial em relao aos preos internacionais.

    Desta breve anlise surgem duas questes. A primeira: por que h diferena no alinhamento dos combustveis? A segunda: houve alguma mudana na poltica de preos da Petrobras que tenha piorado a situao dos concorrentes neste ano?

    Com relao primeira pergunta, a explicao recorrente a interveno poltica sobre a poltica de preos da Petrobras, com o fim de segurar a inflao, meta principal do atual governo. De fato, ao analisar a formao do IPCA pelo IBGE, nota-se que a gasolina teria maior peso direto sobre o comportamento do ndice de preos. O diesel, embora tenha baixa participao direta, tem uma contribuio indireta importante sobre os custos

    de transporte. Se levarmos em considerao que so pesquisados cerca de 500 itens para a composio do ndice, a participao dos dois combustveis, que chega a quase 10%, realmente expressiva. Alm disso, dois outros componentes econmicos devem ser considerados nesta explicao.

    Um deles a posio do pas de importador lquido de diesel. Como parte da oferta do diesel importada, esse custo se reflete no preo domstico e resulta em um maior alinhamento em comparao com a gasolina. Na verdade, por conta desta posio de importador lquido, o IA do diesel deveria se aproximar da paridade de importao; isso que faz com que, segundo esta anlise, os preos do diesel estejam mais alinhados do que os da gasolina. O outro componente se refere a presena de substitutos aos combustveis. No caso do diesel, a ausncia de substitutos prximos e seu grau de essencialidade, dado pelo peso na matriz de transporte, permitem a cobrana de um maior preo sem o risco de perda de parcela de mercado para outros bens. J no caso da gasolina, o desenvolvimento de motores flexveis, o amplo uso de GNV no Brasil e mesmo a possibilidade de outras formas de transporte (o transporte coletivo) restringem a elevao do preo no mercado domstico sob pena de perda de participao de mercado. Em outras palavras, o consumidor de gasolina seria mais sensvel ao preo e isto contribui para um IA da gasolina mais baixo no mercado brasileiro.

    Com relao segunda pergunta, o Grfico 2 mostra o comportamento do IA da gasolina e do diesel em 2004.

  • Boletim Infopetro Julho/Agosto 2005

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    PETRLEO

    Mercado

    Grfico 2 Comportamento do IA da Gasolina e Diesel entre Janeiro e Dezembro de 2004

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    IA Gasolina IA DieselParidade Exportao Paridade Importao

    Fonte: Elaborao prpria

    O que se percebe dos Grficos 1 e 2 que no ano passado, os preos, sobretudo da gasolina, ficaram bem mais desalinhados com relao ao mercado internacional do que em 2005. No caso do diesel, houve um perodo de defasagem no segundo semestre, entre setembro e outubro de 2004, compensada em novembro pelo reajuste de ambos. Cabe ressaltar que os reajustes dos combustveis de maio e setembro coincidem com os perodos em que o IA do diesel fica abaixo da paridade de exportao. O perodo que foge a esta regra o ms de outubro.

    Este comportamento indica que a Petrobras tem maior disposio para segurar defasagens de preos da gasolina com relao ao mercado internacional, do que defasagens de preo do diesel. Quando o preo do diesel tambm fica defasado ocorrem os reajustes de preos de ambos os combustveis. Este tem sido o padro que parece ser confirmado pelo recente reajuste dos combustveis, ocorrido na segunda semana de setembro deste ano.

    Como este tem sido o padro de comportamento, no houve nenhuma mudana significativa da poltica de preos da empresa que tenha colocado em pior situao seus competidores domsticos este ano. O problema que com a elevao brutal dos preos do petrleo, ocorrida neste ano, esta poltica

    provocou um maior estreitamento de margens para as refinarias mais simples, que dependem de petrleo importado. Conforme pode ser visto no demonstrativo de resultados da Petrobras, ela aumentou o percentual do petrleo nacional em suas refinarias, o que a possibilitou realizar tal poltica de preos sem perdas. Os investimentos no aumento da complexidade do parque de refino, aliado s perspectivas de aumento quantitativo e qualitativo (descobertas de leo leve) para empresa, indicam que esta flexibilidade s tende a aumentar. Isto uma vantagem do ponto de vista do perfil da oferta nacional, mas que coloca em outra perspectiva a sobrevivncia de outras empresas no mercado domstico, no pelo alinhamento de preos stricto sensu, mas pela sua melhor capacidade de combinar alinhamento de preos com reduo de custo e manuteno de margens pelo uso de seu prprio leo.

    Doutoranda IE-UFRJ/Pesquisadora GEE i Possibilidade de compra e venda de um bem entre diferentes mercados com vistas a ganhos financeiros decorrentes do diferencial de preos. ii Assumidos como sendo 7,5% do valor do combustvel.

    A Guerra.Guerra.

  • Boletim Infopetro Julho/Agosto 2005

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    PETRLEO

    Mercado

    Carla de Souza e Silva

    Aps anos de debate e elaborao, o Energy Policy Act (EPA, 2005) foi aprovado pelo Congresso americano e assinado em agosto pelo Presidente George W. Bush. O EPA uma lei que consubstancia todas as diretrizes de poltica energtica norte-americana para os prximos 10 anos. Apesar dos grandes problemas energticos enfrentados pelo pas nos ltimos anos, em particular no que concerne a energia eltrica, com a crise da Califrnia em 2001 e o blackout de 2003, desde 1992, no se consegue um acordo entre os divergentes grupos de interesse presentes na Cmara dos Deputados (House of Representatives) e no Senado sobre diretrizes de poltica energtica. Ao que tudo indica, a elevao continuada do preo do petrleo e o aumento na dependncia externa do pas foram os elementos conjunturais que catalisaram a convergncia entre as diferentes vises sobre a questo energtica nos EUA e culminaram na aprovao final da referida lei.

    O objetivo claro e principal do EPA garantir o suprimento energtico compatvel com o padro de prosperidade e desenvolvimento norte-americanos. A nova lei inclui: medidas voltadas ao aumento da produo domstica de petrleo gs natural e carvo; fortalecimento da rede de distribuio de energia eltrica; promoo da eficincia energtica; questes ambientais; e, estmulo ao uso de energias renovveis, em particular, veculos a clula de hidrognio e a maior participao do etanol na gasolina consumida.

    O documento conta com 1,7 mil pginas de diretrizes e abrange medidas que totalizam US$ 85 bilhes em gastos autorizados e incentivos tarifrios, dentre as quais destacam-se os tpicos apresentados a seguir.

    Eficincia Energtica

    Estabelecimento de meta de 20% de reduo do consumo energtico em edifcios federais, em 10 anos, com a proviso de fundos para programa de eficincia energtica em prdios pblicos e requerimentos de maior eficincia para veculos federais.

    Liberao de US$ 3,4 bilhes anuais para o programa de assistncia a residncias de baixa renda, direcionados, particularmente, para programas de climatizao e programas estaduais de eficincia energtica.

    Expanso do Programa Energy Star, uma parceria governo/indstria para a promoo de produtos energo-eficientes e o estabelecimento de novos padres de eficincia energtica para uma ampla gama de produtos energo-intensivos.

    Energia Renovvel

    Relanamento do Programa de Incentivo Energia Renovvel, com incentivo produo de energia solar, elica, geotrmica e biomassa.

    Autorizao do gasto de US$ 100 milhes para melhoria da eficincia na produo de energia hidreltrica e na busca por modernizao da lei que possibilite aumentar a produo.

    Fixao de meta de uso de, no mnimo, 7,5% de energia renovvel pelo governo federal.

    Petrleo e Gs

    Autorizao da expanso das reservas estratgicas dos atuais 700 milhes para 1 bilho de barris, que sero preenchidas em momentos de estabilidade.

    Acesso para produo e desenvolvimento em reas federais, sob a jurisdio do Ministrio do Interior e da Agricultura (National Forest System), que devero atuar de forma coordenada no estabelecimento de procedimentos para o licenciamento de reas de explorao.

    Definio do papel do governo federal na localizao de terminais de GNL.

    Definio de reas de revitalizao de refinarias, para as quais a aprovao para implantao de infra-estrutura de refino mais rpida.

    Nuclear

    Estmulo ao programa de energia nuclear atravs da renovao do Price Anderson Act, uma lei assinada em 1957 como emenda Lei

    Energy Policy Act de 2005: Uma Breve Anlise

  • Boletim Infopetro Julho/Agosto 2005 8

    PETRLEO

    Mercado

    Atmica de 1955, a qual, dentre outros, reduz o custo financeiro em termos de compensao a vtimas em caso de acidentes nucleares. A renovao da lei, que expirou em 2003, por mais 20 anos, aumenta o estmulo para produo nuclear.

    Provises para desenvolvimento de reatores modulares e reforo da segurana de infra-estrutura nuclear.

    Veculos e Combustveis

    Liberao de US$ 200 milhes para um programa avanado destinado a veculos alternativos no mbito do programa Clean Cities, para compra de veculos por parte de estados e municpios, abrangendo veculos hbridos, clula combustvel e ultra low sulphur diesel.

    Autorizao para programas de nibus escolares limpos, que, ao todo, destinam US$ 300 milhes para re-equipamento de nibus existentes com motores mais limpos e reposio de nibus antigos por veculos alternativos e ultra low sulphur diesel.

    Programas de uso de nibus (urbano e escolar) movidos a clula de hidrognio para teste e demonstrao da tecnologia.

    Estabelecimento de um programa de testes de motores a biodiesel.

    Eliminao do uso do MTBE em 2015, e autorizao de um programa de auxlio para produo de novos aditivos de combustveis.

    Proviso de US$ 6 bilhes, entre 2006 e 2010, para a continuidade do programa de padres de eficincia de veculos.

    Hidrognio

    Liberao de US$ 2,15 bilhes nos prximos 5 anos para um programa que visa o uso comercial de veculos a hidrognio em 2020.

    Requisio junto ao Departamento de Energia de um plano completo de requerimentos para a viabilizao do programa de hidrognio, o que inclui fontes alternativas para produo de hidrognio, construo de infra-estrutura de abastecimento, transporte, e definio de cdigos e padres.

    Eletricidade

    Promoo de investimento em capacidade de transmisso pelo redirecionamento da atuao do FERC, atravs de uma taxa incentivada.

    Promoo de investimento pela transferncia de autoridade das tradicionais PUCs (Public Utilities Comissions) para agncias regulatrias estaduais e para o FERC.

    Expanso da autoridade do FERC sobre questes de fuses e aquisies de empresas.

    A partir deste breve resumo, cabe ressaltar alguns elementos interessantes. O primeiro refere-se retomada da opo nuclear e da gerao hidreltrica como formas de ampliar a produo eltrica, a despeito da grande polmica em torno destas duas opes. O segundo o papel de destaque que o hidrognio assume como a opo americana de combustvel alternativo veicular em termos de futuro, em possvel substituio ao petrleo.

    Nesse sentido, ainda que se tenham estmulos a outros combustveis alternativos, como o biodiesel e etanol, h um claro objetivo de uso comercial do hidrognio no mdio prazo. O terceiro elemento de destaque o fortalecimento do rgo regulatrio federal do setor eltrico, o FERC. Aps os problemas ocorridos nos ltimos anos, o EPA ratifica a posio que tem sido adotada desde ento, que a de maior centralizao das decises e regras regulatrias no mbito do rgo federal. Essa interveno federal nas questes estaduais, sejam elas de que natureza for, extremamente peculiar na tradio federalista norte-americana.

    Evidentemente, existem inmeras crticas ao documento, em especial no que diz respeito ao grande valor dos gastos e renncias fiscais abrangidos pelo Act, e com relao a contemplao dos mltiplos lobbies para a aprovao da Lei. Contudo, do ponto de vista brasileiro, diante do nosso vazio de poltica, a existncia de um documento oficial que organizasse as diretrizes de poltica energtica brasileira de maneira integrada, como a realizada no EPA, j seria um consolo: ao menos se teria o que criticar.

    Doutoranda IE-UFRJ/Pesquisadora GEE

  • Boletim Infopetro Julho/Agosto 2005 9

    Ensaio do Ms

    Fabio Marques Perrut1

    Ao longo das ltimas dcadas, o gs natural vem ganhando importncia tanto no cenrio mundial quanto internamente.

    Atualmente, o setor automotivo tem apresentado as maiores taxas de crescimento de consumo de gs natural do pas. Entre 2000 e 2004 o GNV cresceu a uma taxa de 42% ao ano, o que mostra a importncia deste setor como impulsionador do combustvel em nossa matriz energtica. Vrios estados brasileiros, em parceria com as distribuidoras locais, vm incentivando a converso de automveis para o GNV, atravs de medidas que vo desde a reduo do IPVAi at a concesso de bnus em dinheiro para reabastecimento dos carros convertidos.

    A expanso ainda maior do uso de GNV encontra, todavia um obstculo relevante: a falta de infra-estrutura de dutos/tubulao. Neste mbito, surge ento um espao que pode vir a ser ocupado por tecnologias alternativas ao transporte tradicional de gs natural, conhecidas com GNC (Gs Natural Comprimido) e GNL (Gs Natural Liquefeito).

    Atravs destas tecnologias, o gs natural seria armazenado em cilindros e transportado atravs de carretas, da estao de compresso/liquefao at o mercado consumidor, dispensando assim a utilizao de dutos. Este transporte de gs natural atravs de carretas, conhecido como Gasoduto Virtual, se caracteriza como a maneira mais rpida e econmica para suprir cidades com pequenas e mdias demandas, as quais no justificariam a construo de tubulaes de gs.

    Enquanto as obras de construo de um gasoduto so muito demoradas e demandam elevados investimentos, no caso do Gasoduto Virtual, o tempo de construo das estaes de compresso/liquefao e os investimentos em equipamentos se reduzem significativamente.

    Este trabalho procura estimar o potencial de difuso das tecnologias GNC e GNL como forma de transpor os problemas de transporte e distribuio do gs natural.

    Analisando os possveis nichos de mercado, o abastecimento de postos GNV em cidades sem cobertura de infra-estrutura de dutos vem apresentando um grande potencial de mercado para o uso do GNC e GNL. De acordo com os resultados encontrados neste estudo, foi estimada uma demanda adicional de quase 3 milhes m3 de GNV ao dia.

    No Gasoduto Virtual, o GNC ou GNL seria transportado at as regies desprovidas de infra-estrutura dutoviria, em um raio de 200 Km (no caso do GNC) e at 500 Km (no caso do GNL). A razo desta limitao decorre do fato de um caminho conseguir rodar em mdia 500 Km por dia. Caso o mercado consumidor se situe a uma distncia acima de 250 Km do gasoduto, a carreta utilizada no transporte do gs no conseguir completar uma viagem inteira por dia (ida e volta). Desta maneira, o transportador dever utilizar mais caminhes para fazer o transporte do gs natural, aumentando assim os custos do projeto.

    A escolha do mtodo de transporte depende da comparao econmica das duas possibilidades e da disponibilidade de capital. No caso do GNC, dever ser construda uma estao de compresso no local de origem, enquanto no caso do GNL ser necessria uma unidade de liquefao. O processo de liquefao do gs mais custoso que o de compresso, no entanto, este possibilita o transporte do gs natural a um custo menor. Portanto, para se optar entre uma ou outra tecnologia, alm da disponibilidade de recursos financeiros, devero ser levados em conta a distncia e o volume a ser transportado. A maior densidade energtica do GNL, comparada ao GNC, uma vantagem para o seu transporte em projetos do tipo Gasoduto Virtual, dado que, uma carreta de GNL pode transportar at 6 vezes a quantidade de gs de uma carreta

    Potencial de Difuso do GNC e GNL no Brasil*

  • Boletim Infopetro Julho/Agosto 2005 10

    Ensaio do Ms

    GNC. Com a tecnologia disponvel atualmente, um caminho de 40 toneladas de GNC pode transportar cerca de 4.500 m3, enquanto que um caminho similar de GNL pode transportar em torno de 24.000 m3.

    Como as carretas de GNC no possuem a capacidade de transportar um grande volume de gs natural, em comparao com as de GNL, estas so obrigadas a fazer um maior nmero de viagensii. No entanto, essa opo tecnolgica ainda seria justificvel enquanto a distncia entre a unidade de compresso e o mercado

    consumidor no ultrapassasse um raio em torno de 200 Km. A partir dessa distncia, o caminho de GNC dificilmente consegue fazer mais de uma viagem ao dia e, portanto, necessitaria de mais um veculo para efetuar o transporte dirio do combustvel. Com isso, os investimentos em novas carretas, assim como a duplicao de seus custos operacionais, tornam o transporte via GNC mais caro que o realizado via GNL, para longas distncias (ver Grfico 1).

    Grfico 1 - Custo x Distncia via GNC e GNL*

    0,40,450,5

    0,550,6

    0,650,7

    0,750,8

    0,85

    50 100 200 300 400 500Distncia (Km)

    Cus

    to e

    m R

    $/m

    GNC GNL

    *Supondo demanda de 100.000 m3. Fonte: Elaborao Prpria

    Grfico 2 - Demanda de Carretas X Distncia*

    05

    101520253035404550

    50 100 200 300 400 500Distncia (Km)

    N C

    arre

    tas

    Carreta GNL Carreta GNC

    *Supondo demanda de 100.000 m3. Fonte: Elaborao Prpria.

  • Boletim Infopetro Julho/Agosto 2005 11

    Ensaio do Ms

    Como pode ser percebido atravs do Grfico 2, a demanda por carretas GNC aumenta rapidamente com a distncia percorrida, enquanto que o crescimento das carretas de GNL se d de forma mais lenta. Desta forma, podemos perceber que a utilizao da tecnologia GNL nos Gasodutos Virtuais seria mais atrativa para o transporte do gs a distncias superiores a 200 km. Para o transporte num raio menor, este tipo de transporte talvez no justificasse o grande aporte de investimentos feito nas plantas de liquefao.

    Como forma de comprovar a melhor opo tecnolgica de transporte, dada a distncia ao mercado consumidor, foi realizado um estudo de caso em duas regies brasileiras localizadas a distncias distintas da rede de gasodutos. Na Regio 1, localizada no interior paulista, estudou-se a viabilidade de suprir os mercados de GNV das cidades de Ribeiro Preto, Sertozinho e Jaboticabal. Esses mercados seriam abastecidos a partir do gasoduto de Araraquara, localizado a uma distncia de, aproximadamente, 80 Km destas cidades. Na Regio 2, localizada no oeste paranaense, estudou-se a viabilidade de suprir os mercados de GNV das cidades de Londrina e Maring. Nesses mercados, o abastecimento seria feito a partir do gasoduto de Ponta Grossa, localizado a uma distncia de cerca de 290 Km destas cidades. Nas duas regies foram utilizadas as tecnologias GNC e GNL para o transporte estimado de 80.000 m3/dia, em cada regio.

    No projeto GNC da Regio 1, seriam gastos cerca de R$ 8 milhes no investimento em 5 carretas, na planta de compresso, alm das obras civis necessrias para uma produo de 80.000 m3 ao dia. Os custos de operao e manuteno, que envolvem os custos da estao de compresso e dos caminhes, foram estimados em R$ 0,16 por m3 de gs vendido. Estes custos, somados ao custo de compra do gs natural a R$ 0,40 por m3, resultam num custo operacional anual total de R$ 16 milhes, enquanto que a venda do gs a um preo de R$ 0,70 resulta numa receita operacional de R$ 20 milhes.

    Para o projeto GNL na Regio 1, foi estimado um investimento em torno de R$ 23 milhes na construo de uma planta de liquefao, duas carretas de transporte e mais as obras civis necessrias para a produo de 80.000 m3. O

    elevado investimento em capital no evita que os menores custos operacionais (R$ 0,10 por m3) viabilizem este projeto. De acordo com os valores obtidos, o projeto de transporte de gs natural via GNC para o abastecimento da Regio 1 apresentou rentabilidade muito superior ao transporte via GNL

    J na Regio 2 a situao se inverte. A grande distncia entre a estao de compresso e o mercado consumidor implica em um grande crescimento dos custos operacionais no transporte de GNC. Para o projeto de abastecimento via GNC, o nmero de carretas aumenta para 21, elevando o custo de operao e manuteno para R$ 0,19 por m3 de gs vendido. Por outro lado, no transporte de GNL, o aumento da distncia implica em um investimento adicional de apenas 3 carretas. Por conta disso, os custos de operao e manuteno apresentaram uma pequena elevao, passando para R$ 0,11 por m. Sendo assim, a rentabilidade do projeto GNL pouco se alterou, enquanto que no transporte via GNC a rentabilidade se reduziu drasticamente.

    Este artigo procurou avaliar o emprego de tecnologias alternativas de transporte de gs natural (GNC e GNL) para o abastecimento de mercados no contemplados com infra-estrutura dutoviria. Observou-se que o aumento da distncia percorrida at o mercado consumidor apresentou grande impacto nos custos de operao e equipamentos (caminhes e carretas) no projeto GNC. No entanto, esse aumento de custos no foi to sentido no projeto de transporte via GNL em virtude da maior intensidade energtica. Desta forma, buscou-se confirmar a premissa de que o transporte de GNL deve ser utilizado em mercados localizados a mais de 200 Km do gasoduto, pois nesse caso a sua rentabilidade maior que a do GNC.

    Assistente de Pesquisa GEE * Este artigo se baseia na monografia intitulada Potencial de Difuso do GNC e GNL no Brasil, sob orientao do Prof. Edmar de Almeida, apresentada em 2005 no IE-UFRJ. i No Rio de Janeiro, a reduo do IPVA de 75%. Em So Paulo, o desconto de 25%. Em Santa Catarina e em outros estados, o incentivo tambm vem sendo pleiteado. ii Supondo que este cliente consuma mais de 4.500 normais metros cbicos (m3).

  • Boletim Infopetro Julho/Agosto 2005 12

    Refinarias de Manguinhos e Ipiranga no tero Ajuda do Governo

    O governo decidiu no intervir na crise financeira que aflige as refinarias Manguinhos e Ipiranga. As duas refinarias comearam a amargar prejuzos seguidos aps a deciso da Petrobras de no reajustar os preos dos combustveis em funo dos preos do petrleo no mercado internacional. Como tais unidades processam apenas leo leve, cuja produo interna incipiente, boa parte do leo cru deve ser importado. Na prtica, essas refinarias esto comprando boa parte do leo cru no mercado internacional e vendendo combustveis aos preos definidos pela Petrobras.

    Diante das dificuldades, a refinaria da Ipiranga, no Rio Grande do Sul, chegou a parar a produo em abril, voltando a operar aps firmar acordo com a Petrobras no que a estatal arca com as perdas provocadas por uma alta excessiva do petrleo. J Manguinhos interrompeu as atividades h trs semanas e, caso no haja uma soluo, a unidade ameaa encerrar definitivamente a produo e demitir os 500 funcionrios.

    Segundo a assessoria de imprensa do Ministrio das Minas e Energia, o governo no buscar mais uma proposta e espera que a soluo venha das refinarias. Elas so as duas nicas do setor privado no Brasil e respondem por cerca de 3% da produo de combustveis no pas.

    Gs Venezuelano pode ser Opo ao Brasil

    O departamento de gs e energia da Petrobras apresentou ao Ministrio de Minas e Energia um plano que visa aproveitar as fartas reservas venezuelanas de gs para desenvolver o mercado do Cone Sul. O projeto viria a conjugar o interesse dos venezuelanos em buscar alternativas ao mercado norte-americano, ao do Brasil em diminuir a sua dependncia em relao ao gs boliviano.

    O estudo aponta que o combustvel venezuelano chegaria ao Pas com preos competitivos, em virtude do baixo custo da

    commodity e da otimizao dos custos de transporte, reflexo do grande volume transportado na tubulao. Segundo clculos preliminares, o gs venezuelano pode custar US$ 2,60 por milho de BTU, ante US$ 3,60 do boliviano.

    O projeto se divide em trs etapas. Na primeira, de 4,3 mil km, o gs venezuelano passaria pelo Amazonas e Par e se conectaria rede de gasodutos do Nordeste em Fortaleza. Na segunda, uma tubulao de 1,97 mil km sairia de Marab, no Par, rumo a Penpolis, em So Paulo, cortando Tocantins, Gois e parte de Minas Gerais. Em Penpolis, encontraria com o Gasoduto Bolvia-Brasil (Gasbol), fechando um anel entre as reservas da Venezuela, Bolvia e Brasil. A terceira etapa prev um traado paralelo perna Sul do Gasbol, cortando a poro oeste dos trs Estados da regio Sul at Durazno, no Uruguai. De l, dois ramais sairiam para Montevidu e Buenos Aires.

    Brasil pode Despontar no Mercado de Crdito de Carbono

    A entrada em vigor do Protocolo de Kioto, em fevereiro de 2004, criou um mercado promissor, no qual o Brasil apresenta enorme potencial: o crdito de carbono.

    O pas j ocupa a segunda posio entre os que mais venderam crditos de carbono, atrs apenas da ndia. A estimativa do Ncleo de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica (NAE) de que o mercado de carbono movimentar, at 2012, cerca de US$ 30 bilhes por ano. O Brasil poder abocanhar pelo menos 10% desses recursos.

    O princpio de funcionamento deste mercado simples: empresas de pases em desenvolvimento que reduzem a emisso de gases do efeito estufa vendem esses crditos a firmas ou governos de naes ricas, obrigadas pelo protocolo a se tornar menos poluentes at 2012.

    Para as naes ricas tambm vantajoso o comrcio de crditos de carbono. Na Holanda, por exemplo, o custo mdio para reduzir as emisses nocivas de US$ 25 a US$ 50 por

    Fatos Marcantes

  • Boletim Infopetro Julho/Agosto 2005 13

    tonelada de dixido de carbono. mais barato, portanto, comprar crditos dos pases em desenvolvimento, a partir de US$ 3.

    Petrobras pode Inaugurar nova Poltica de Explorao

    Uma nova poltica de explorao para a indstria petrolfera no Brasil pode estar sendo inaugurada pela Petrobras. Segundo informaes do mercado, so grandes as chances de a estatal ter encontrado indcios de gs natural a 6,4 mil metros de profundidade, na Bacia de Santos. Este fato deve encorajar novas buscas por reservatrios abaixo da camada de sal que separa a rocha geradora do petrleo das reservas conhecidas atualmente. "Na maioria das bacias brasileiras existem objetivos mais profundos que s no foram atingidos at hoje por questes econmicas", afirma o gelogo Giuseppe Bacoccoli.

    A mudana de estratgia, caso se confirme, teria duas explicaes, especulam os especialistas. A primeira o alto preo do petrleo, que incentiva a busca por reservas antes consideradas inviveis do ponto de vista econmico. A segunda a necessidade por descobertas de mais reservas de gs natural. "A Petrobras se comprometeu a suprir as trmicas, mas no tem gs para isso", destaca o gelogo.

    Petrobras vai Justia contra Pagamento de Tributos Federais

    Numa iniciativa surpreendente, a Petrobras resolveu contestar na Justia o pagamento do Programa de Integrao Social (PIS) e da Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre receitas financeiras, inclusive de variao cambial.

    Instituda em 1998, a tributao existiu at 2004, quando um decreto do presidente Lula eliminou a exigncia das duas contribuies sobre receitas financeiras. A Petrobras alega que a cobrana foi indevida e pede compensao do que foi pago entre fevereiro de 1999 e dezembro de 2002. A disputa vale R$ 1,4 bilho para a empresa.

    A iniciativa da Petrobras muda, ao menos publicamente, o papel da companhia em relao s disputas tributrias. At agora as contingncias declaradas pela empresa eram passivas, ou seja, a companhia se limitava a contestar autuaes fiscais, inclusive da Receita Federal.

    Oferta de Gs dever Crescer Menos nos Prximos Anos

    De acordo com o presidente da Petrobras, Jos Sergio Gabrielli, a oferta de gs no Brasil crescer nos prximos anos num ritmo inferior ao registrado entre 2004 e 2005, o que exigir um "contingenciamento" do consumo. Segundo Gabrielli, a utilizao de gs dever crescer 11% ao ano entre 2006 e 2010, quase metade dos 20% de expanso, registrados nos ltimos dois anos.

    O objetivo desta medida garantir suprimento de gs para as usinas termeltricas a partir de 2009, quando o pas poder viver um novo apago, na avaliao de muitos analistas. "Se o governo no tiver uma poltica de reduzir esse mercado, correr o risco de no ter gs suficiente para as usinas trmicas se elas tiverem que entrar no sistema em 2009 ou 2010", avalia o consultor Adriano Pires.

    Incertezas no Mercado de GNV

    O impasse poltico na Bolvia e o anncio de que o governo pretende retirar parte dos subsdios ao setor de gs acabaram reduzindo metade a procura por converso de veculos para o gs natural.

    Segundo dados do Instituto Brasileiro do Petrleo (IBP), foram convertidos, em julho, 11.611 veculos, contra 22.941 em abril. A trajetria de queda comeou em maio, ms em que o governo anunciou pela primeira vez a inteno de retirar alguns subsdios. O acumulado do ano, no entanto, registra alta de 26,8% na comparao com os sete primeiros meses de 2004. O Rio de Janeiro segue na liderana, com 56% do total de automveis alterados em julho, no pas.

  • Boletim Infopetro Julho/Agosto 2005 14

    ANEXO ESTATSTICO

    Grfico 1

    Fonte: EIA

    Grfico 2

    Fonte: ANP

  • Boletim Infopetro Julho/Agosto 2005 15

    ANEXO ESTATSTICO

    Grfico 3

    Fonte: ANP

    Grfico 4

    Fonte: Brasil Energia