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As histórias dos Noéis de verdade As histórias dos Noéis de verdade Docinhos e memórias de Natal Docinhos e memórias de Natal Dicas de presentes para todos Dicas de presentes para todos CADERNO ESPECIAL BRUSQUE | QUINTA-FEIRA, 15 DE DEZEMBRO DE 2011 Não pode ser vendido separadamente.

Caderno de Natal 2011 #2 - Município Dia a Dia

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2a edição de 2011 do Caderno de Natal do jornal Município Dia a Dia (15/12/2011)

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As histórias dos Noéis de verdadeAs histórias dos Noéis de verdade

Docinhos e memórias de NatalDocinhos e memórias de Natal

Dicas de presentes para todosDicas de presentes para todos

CADERNO ESPECIAL

BRUSQUE | QUINTA-FEIRA, 15 DE DEZEMBRO DE 2011

Não pode ser vendido separadamente.

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EXPEDIENTE

Projeto Gráfi co e DiagramaçãoPaulo Morelli | P1 Design

RedaçãoSarita Gianesini

Editora-ChefeLetícia Schlindwein

[email protected]

Jornal Município Dia a Dia Rua Felipe Schmidt, 31 - sl. 01Centro - Brusque - SCFone: (47) 3351-1980www.municipiodiaadia.com.br

Faltam apenas dez dias para o Natal. Quando os gingle bells enchem o ar de de-zembro que já vai pela metade é que paramos a pensar: como passou rápido! 2011 está quase fechando as portas e, é nessa época que nos questionamos: ‘o que fi z do tempo que se foi assim, num piscar de olhos?’. Não sei em você (vou usar a primeira pessoa no editorial), mas em mim sempre fi ca além da nostalgia, a sensação de que poderia ter feito melhor várias coisas. O que me consola, é saber que em cada linha escrita nesse jornal (que me deu a primeira chance de ser repórter) coloquei toda minha paixão por ouvir, contar histórias e informar da melhor maneira possível.

Ainda que me sinta repetindo, não há como não dizer mais uma vez que este é um caderno feito de sentimentos. E como quem escreve também é gente que sente, um pouco do que vivi e não contei nos textos. Agora imagine você, estar no meio de um dia de trabalho comum, quando o telefone toca e do outro lado da linha alguém diz: “Oi fulano, tudo bem? É o Papai Noel”. Você acreditaria que aquela voz suave é a do bom velhinho? Não havia como não voltar a ser criança e fazer uma lista mental do meu comportamento em 2011.

Nunca pensei que fosse possível acreditar em Papai Noel depois dos dez anos. Mas como não acreditar, com a história de seu Martins? Ele é o bom velhinho e há trinta anos movimenta muita gente para fazer Natal não só no presente ou no doce que distribui a quem não tem. Seu Martins faz questão de dizer que só chega a tantas pessoas, porque

outras tantas ajudam. E, a mensagem que vi ele deixar diante de dezenas olhinhos arre-galados: o mais importante, é preparar o coração com amor para receber Jesus.

Ainda teve um pouquinho da história de dona Irene, 86 anos, um pouco de difi culda-des para ouvir, muitas coisas a contar. Às vezes me dizem que sempre procuro gente velha, que rejeito os jovens. Sei que quem viveu pouco também tem a dizer. Mas prefi ro os velhos, porque nem sempre têm quem os ouça, quando só querem dizer que ainda sentem.

E teve também o trabalho de quem fez do que não queríamos mais beleza. Nem todas as pessoas que ouvi no Nupet ganharam linhas, mas penso que o importante é que se valorize esse trabalho tão nobre, a arte feita por gente anônima para deixar Brusque mais bonita.

Para fi nalizar, preciso falar de dona Araci, que ouvi há um mês exato. E com toda a ge-nerosidade, foi me contando que fazer doce é simples. E na hora, o cuidado de dona Araci me levou para uma lembrança que mal lembrava que tinha: os doces pintados que ajudava minha nonna a fazer. Como ouvir aquele ‘querrrida’ carregado de sotaque italiano me faz falta.

Quando chega o Natal, é inevitável não lembrar que mais um ano acabou. 2011 está indo embora e, o que este ano fez nascer em você? Fazer Natal é deixar nascer um pouco de amor, aí no seu peito. Não só em dezembro. Viver não é tão complicado quanto dizem, quanto nos fazem acreditar que é. Só é preciso lembrar que somos humanos e, como tais, somos feitos de sentimentos. Este é um caderno feito para fazer você sentir. Sinta! E tenha um Natal muito feliz!

Tempo de sentirEDITORIAL

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Verdade na barbaPapai Noel existe. E tem andado por aí, pelas ruas e

escolinhas da cidade. Barba branquinha e roupa verme-lha, chega fazendo um barulhinho peculiar, o tilintar sua-ve que vem dos sininhos pendurados no cajado. Foi assim que o Papai Noel chegou a uma semana no Centro de Educação Infantil Tia Laura, bairro Águas Claras. A cada soar metálico, surgiam nas portas das salas de aula pares de olhinhos curiosos.

Em cada turma que o Papai Noel entrava, a criança-da fi cava quietinha, como que hipnotizada, mal podendo acreditar que era ele mesmo, ali, tão perto! E assim, ao redor do bom velhinho, os pequeninos iam enchendo o ar com aquele encantamento sincero, de quem vê um sonho impossível ali, diante dos olhos, de verdade.

Olhos azuis atrás das lentes dos óculos de aro arre-dondado, a voz suave vinda do meio da profusão branca feita barba, ele começava dizendo que aquele dia, era só de visita, que o presente daquele dia era uma pequena lem-brança que a ‘prô’ ia entregar antes do sinal bater.

- E vocês já começaram a enfeitar a casa para o Na-tal? Se não pode enfeitar a casa, enfeita o coração para Jesus. Como deixar o coração bonito para receber Jesus?

Se a resposta não vinha em coro ou de quem erguia o braço agoniado para falar ao Papai Noel, ele mesmo res-pondia:

- Tem que enfeitar o coração com amor, alegria, es-perança.

Os pequenos assentiam sem piscar. E depois vinham as balinhas e mais a lição adequada ao nosso tempo:

- Vou dar uma balinha agora para vocês, mas onde tem que jogar o papel?

- No lixooo!

Vida de NoelAinda que há mais de três décadas a maioria das pes-

soas o chame de Papai Noel, seu nome é Martins José dos Santos, 58 anos. A ideia de virar bom velhinho surgiu nos tempos em que liderava o Grupo de Jovens do bairro Steff en. Deixou a barba e o cabelo crescerem de pirraça e, às vésperas do dia 24 de dezembro, descoloriu tudo, para fi car como o Papai Noel.

- O pessoal do grupo de jovens arrumou um candan-go, um Jipe, e saímos pelo bairro. Três horas depois, o Jipe estava cheio de presentes. Fui de casa em casa, entregar.

Mas entregar o presente nas mãos da criançada não era o sufi ciente. O Noel queria ver a reação dos pequenos. Em uma época em que os brinquedos eram caros demais, a maioria ganhava roupa e se decepcionava com aquele Papai Noel. Ainda assim, a comitiva natalina seguiu em frente.

No dia seguinte, 25 de dezembro, o Jipe estava cheio de doces. Então, foi a vez do Papai Noel fazer en-tregas para os idosos.

- Foi um tapa de sentimentos. Já esperávamos a re-ação dos velhinhos, das crianças, mas não esperava que fosse tanto. Hoje já entrego presentes para as crianças que são fi lhas das crianças que entreguei brinquedos pela primeira vez. Já está na terceira geração. O que mais me gratifi ca é isso.

Foi assim, de ver que era possível fazer encantamen-to sincero perto do 25 de dezembro, que seu Martins re-solveu que ia fazer Natal o ano inteiro.

Natal o ano inteiroTodos os anos, dos últimos trinta, ele trabalha com

uma meta: conseguir cinco mil brinquedos. Só que mais do que juntar uma quantidade X de coisas para doar, ele quer mesmo é fazer com que as pessoas se sintam parte da doação. Quando novembro acaba, ele dá férias aos funcio-nários e para as atividades da sua estofaria em Balneário Camboriú. Vira Papai Noel em tempo integral e vai para onde o chamarem, desde que agendado com antecedência.

- Meu trabalho é esse e o meu preço é brinquedo. E todo mundo colabora, porque se fosse colocar um preço, o que eu iria cobrar? Um sorriso tem preço? Assim não, todo mundo ajuda: fi ca uma coisa mais comunitária, mais gostosa de fazer porque todo mundo ajudou, numa corrente. Não tem aquele negócio do ‘eu fi z’. Todos fi zeram, todos colaboraram.

E todo mundo que o conhece, no bairro Steff en, que onde mora, ou em Balneário Camboriú, contribui. Nos dias 23, 24, 25 e 26 de dezembro ele sai para distribuir o que arreca-dou: caminhão e comitiva de mais de trinta pessoas, a rua inteira em movimento por Brusque. Da ceia de Natal da família, ele faz só a abertura. Os fi lhos, Daiana (30), David(29) e Deise (28), cresceram vendo o pai ser Noel e já se acos-tumaram a não tê-lo por perto no Natal. A esposa, dona Alice aju-da na separação e embalagem dos brinquedos, mas não gosta que a chamem de Mamãe Noel.

No dia 26, vai sem o aparato noelístico de roupa vermelha e é nesse dia que encontra as crianças que realmente não ganharam um presente. Mais do que tradição, seu Martins instituiu um compro-misso com as pessoas, que esperam que ele passe. E ele nem pensa em deixar de passar: leva adiante tudo o que recebe: alimentos, roupas, calçados, brinquedos e sorrisos.

- Nem tenho a intenção de parar. Meu sonho é esse aí mes-mo: dar continuidade a esse tra-balho. Meus sonhos se realizam,

Há mais de trinta anos, seu Martins é Papai Noel. E para ser bom velhinho, só pede em troca o que ele pode passar adiante: mais do que brinquedos, sorrisos

PERSONAGEM

No Centro de Educação Infantil Tia Laura, os pequeninos fi caram encantados com o Papai Noel

Seu Martins em casa, onde adaptou o depósito do Papai Noel. Todas as doações são separadas

e embaladas para o grande dia com a ajuda de toda a família

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Os maiores elaboravam a resposta: porque papel no lugar errado deixa o meio ambiente sujo, feio, provoca enchente. Antes da despedida, na hora do recreio, os que não tinham medo, vinham cochichar um pedido ao Noel, entregar sua cartinha, ou apenas dar um abraço. E ainda

apareciam os mais corajosos, que faziam questão de puxar a barba do bom velhinho, para ter certeza de que era ele, mesmo!

- Vou contar para minha mãe que o Papai Noel que veio aqui na escola é de verdade!

graças a Deus, sou super feliz nesse ponto. Que as pessoas não façam do Natal só bem material. Natal seria a harmo-nia, a família, o lar.

Papai Noel existe. Mora aqui pertinho, em Brusque mesmo. Usa roupa de cetim vermelho e as luvas branqui-nhas que ele mesmo fez. E a barba dele, é branquinha e de verdade! Vou ali contar para a minha mãe.

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Árvores especiais

Luz d lixo

Numa curva da rua São Pedro uma casinha se escon-de atrás do verde. Ali, outros verdes se camufl am. A árvore típica desta época, quase passa sem ser vista entre os tons da mesma cor. Os pinheiros que se camufl am na volta do caminho, chegaram naquele terreno há mais de cinquenta anos. Quem ajuda a lembrar, é dona Irene Haus, 86 anos.

Pausando a fala para ter a certeza de que quem ouve está entendendo, a senhorinha conta foi seu Arnoldo Rau quem trouxe as mudas das árvores para serem plantadas por ali. E era o marido, seu Ondino, quem cuidava dos pinheiros para que eles vingassem e crescessem fortes.

- Já vendi muito pinheiro nessa vida, mas não fi quei rica. Hoje em dia, os pinheiros estão tudo feios. Quando ele (marido) era vivo, tratava bem os pinheiros, colocava esterco, capinava em volta, para vir bonito.

Até havia disputa para ver quem levava a árvore mais vistosa. As encomendas para corte eram feitas com ante-cedência, cordas marcando a árvore iria virar enfeite de Natal. Em tempos de árvores desmontáveis de plástico parceladas em dez vezes, pouca gente vem atrás dos pi-nheiros de folhas espinhentas. Tão poucas, que este ano só três pinheiros amarrados no quintal de dona Irene, todos para a mesma pessoa.

Ainda assim, dona Irene explica como deve ser feito o corte:

- Quando vem tirar, tem que ser umas duas semanas antes do Natal. Tem que pegar areia do rio, colocar den-tro de uma lata e todo dia colocar um pouquinho de água, que ele fi ca verdinho.

Nas idas e vindas da memória, dona Irene vai con-tando que a única fi lha já tem 65 anos, mora em Blu-menau. E já tem problemas com os seus próprios fi lhos para resolver. Se chegar a maio, a senhorinha conta que

Faltavam poucas horas para a inauguração da Casa do Papai Noel e a correria era certa no galpão do Núcleo de PET da Fundação Cultural de Brusque. Recorta, pinta, instala, encaixa, monta, carrega. A matéria-prima foi salva do aterro sanitário para virar guirlandas, fl ores do espírito santo, luminárias, árvores de Natal.

A coordenadora do Nupet, Lurdete Comandolli Floriani, conta que o projeto deveria dar nova função a cerca de 300 mil garrafas PET. No entanto, a enchente de setembro fez com que boa parte do material que já es-tava pronto fosse danifi cado. “Foram utilizadas cerca de 65 mil garrafas PET. Todo o material que foi sujo com a enchente, vai ser reaproveitado”, explica.

Lurdete ainda detalha que na reta fi nal da decoração de Natal de Brusque, funcionários de outras secretarias são deslocados para ajudar. Esse é o caso do pintor Valdir Roslindo, 63 anos, quase vinte de Secretaria de Obras. “É legal quando a gente vê as coisas prontas. A cidade fi ca bonita, mas dá uma mão de obra, não é fácil”.

As irmãs Susana, 26 anos, e Janete, 30 anos, traba-lhavam apressadas no corte do tecido dourado. A dupla faz artesanato há cerca de cinco anos, mas no Nupet tra-balham há apenas cinco meses. “É muito bom ajudar na decoração da cidade. É gratifi cante quando vejo na rua alguma coisa que fi z aqui”, conta Susana.

Já o eletricista Edson Luiz Dona, 51 anos, veio de Santarém, no Pará, trabalhar pela primeira vez no

Há mais de meio século, pinheiros nativos da Austrália crescem na propriedade de dona Irene. Mas hoje em dia, poucas pessoas montam árvores de Natal naturais

Os últimos preparativos de quem trabalha para fazer do lixo belezas de Natal

Dona Irene: “Tem que pegar areia do rio, colocar dentro de uma lata e todo dia colocar um pouquinho de água, que ele fi ca verdinho”.

No detalhe, os pinheiros à beira do caminho, marcados para o Natal

Reta fi nal para a decoração de PET: para quem faz a alegria de ver o trabalho deixando

a rua mais bonita

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completa 87. E vai se virando, apesar das dores nas juntas.- Gosto do Natal, mas não consigo mais ir à missa.

Este ano, acho que não vou fazer meu pinheiro, porque tem que pegar a areia do rio, ajeitar as coisas e sozinha, não posso carregar.

Sozinho, é mais difícil ir adiante. Mesmo que os

joelhos neguem agilidade à dona Irene, ela vai seguin-do. Se precisar de um pinheiro natural, basta procurar a curva certa da rua São Pedro, que ela vai fazer uma troca de bom gosto: uma linda árvore de origem aus-traliana que vai embelezar alguma casa por aí, por al-guns minutos de conversa.

Natal de Brusque. Com 35 anos de profi ssão, Dona já ajudou a prepa-rar Cuiabá, Mato Grosso e Itaipu, no Paraná, para o Natal. “Brusque me surpreendeu pelo material que está disponível. E a vantagem é que trabalhamos junto com os artesãos, o que ajuda muito. A maior alegria é ver a admiração do povo, quando está tudo aceso”, gratifi ca-se.

Lurdete Floriani conta que a equipe do Nupet poderia trabalhar ainda dois meses decorando a cidade. Até o dia 17 de dezembro, a cidade ainda deve receber decorações feitas de reciclados. “Queremos tentar chegar ao maior número de locais possíveis, em todas as praças, nem que seja um papai noelzinho, ou um pinheiro, vamos tentar fazer”.

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Lembranças de doceDELÍCIAS DE NATAL

Fazer os biscoitos cobertos de açúcar e confeitos é tarefa para braços fortes e mãos delicadas. Conheça um pouco da história de dona Araci, que há mais de 20 anos faz os doces pintados que além do paladar, despertam muitas memórias

Estrelas cadentes amarelinhas entram no forno de dona Araci. São pequenas, delicadas, talvez caibam até três de cada na palma da mão. Com o calor do forno industrial, as estrelas cadentes lançam no ar um cheiro de doçura. E no meio da chuva que caía quietinha no feriado de novembro, o cheiro abaunilhado ia se aconchegando, encostando nas memórias da infância. Manhãs de dezembro debruçada na mesa de fórmica azul clarinha polvilhada de trigo, olhos arregalados esperando a autorização da nonna para jogar as bolinhas coloridas na cobertura branca.

Ainda que o cheiro das estrelas assando traga as me-mórias de um tempo em que não havia preocupações, a história a ser contada é a das habilidades de dona Maria Araci da Silva, 70 anos.

A receita das estrelas fi ninhas, cobertas de glacê e confeitos, foi ela que criou: fazendo e acertando:

- Essa receita não era de ninguém. Quando meu marido era vivo, fazíamos no forninho pequeno, da Fis-cher, eu e ele. Quando ele faleceu, comecei a fazer sozi-nha: mas só para particular, sob encomenda, para merca-dos, não faço. Já tenho as minhas freguesas todas, todo mundo gosta do meu doce.

Da mão boa para as doçuras, dona Araci fez incre-mento para a aposentadoria. Além dos biscoitos de Natal, durante o ano ela faz de outros tipos: araruta, amanteigado, coco... O talento para a cozinha sempre foi tamanho que ela quem fez os doces do próprio casamento, até o bolo.

- Era lindo, lindo, lindo! Pena que naquela época não tinha o costume de fotografar...

Do casamento com seu José, nasceram seis fi lhos Dos fi lhos, vieram oito netos. Como quando dona Araci começou com os doces, os fi lhos já tinham seus próprios trabalhos, a receita ainda não foi adiante.

- Penso em passar a receita para algum fi lho, se eles quiserem. Digo para a minha netinha: ‘ a vó vai dar a re-ceita para ti’. Pode ser que quando eu morrer, alguém se interesse. Aí eu deixo escrita.

ReceitaApesar da delicadeza de cada pequeno doce, dar for-

ma a cada um deles é trabalho que exige a combinação de força e paciência. Hoje, dona Araci começa às seis, sete da manhã. Mas já houve um tempo em que madrugava para dar conta das encomendas: três ou quatro horas, já estava na lida da sua massa. Para cada remessa, o cálculo é em dúzias de ovos:

- Ai minha fi lha, faço uma base de uma dúzia, uma dúzia e meia de ovos. Então dá uns cinco quilos por dia. Se for fazer o dia inteiro, dá mais.

Os ingredientes, ela sabe de cor: ovos, margarina, manteiga, trigo, sal amoníaco, açúcar baunilha e um pouquinho de leite, que é para dar liga à mistura. Tudo é pesado. Os ovos, além de separados em gema e cla-ra, são quebrados com cuidado, para a casquinha ser aproveitada na Páscoa. A mistura desses ingredientes simples é no braço, sem batedeira ou qualquer outro eletrodoméstico para ajudar. É assim que dona Araci sente ‘o ponto’ da massa.

Depois, dividir a massa e esticar. O rolinho de ma-deira que usa para essa tarefa é o mesmo desde que come-çou a fazer seus docinhos.

- Esse pauzinho era de uma senhora que morava numa casinha ali, a dona Libana, ela que me deu. Cuida-va dela, fazia doce e ela me deu esse rolinho aqui, nunca troquei por nenhum.

Dona Araci abre a massa até que ela fi que bem fi ni-nha, menos de meio centímetro. Então, é hora dos recor-tes. Com forminhas de metal, vai fazendo estrelas (cadentes ou fi xas), círculos, fl ores... Nessa tarefa, a irmã, Arani, aju-da. E ajuda também na hora desempilhar os docinhos re-cortados e ajeitar cada um deles na assadeira. Então, forno!

- Depois que meu marido faleceu, meus fi lhos me

compraram esse forno aqui, vai fazer 15 anos. Nesse aqui, cabem mais formas.

Quando a massa vira biscoito cheiroso e crocante, vem a parte das delicadezas: cobrir cada um deles com gla-cê de claras. As irmãs passam várias tardes de novembro nesta tarefa. Quando a irmã não pode ajudar, dona Arani faz sozinha. Ou pede a ajuda de outra irmã, para ocupar o posto de ajudante que já foi da mãe delas. Sobre a cobertura nevada, o que encanta as crianças: os minúsculos confeitos coloridos. Então, as formas voltam ao forno, em tempera-tura bem baixa, sufi ciente para secar o glacê.

Segredos da doçuraDona Araci começa a fazer seus doces de Natal lá pelo

fi nal de outubro. Teve anos, que já fez mais de 150 quilos. São tantos anos fazendo, que até conhece o gosto de cada cliente: tem a que pede para separar os doces mais queima-dinhos, aquela que gosta do glacê amarelinho, também tem

daqueles que preferem sem a cobertura de açúcar. - E a senhora já pensou em parar e fazer?- Digo todo ano que não faço mais. Mas as clientes

dizem ‘tu não vai nunca parar, vai fazer sempre docinho para nós’. E vou fazendo.

E vai passando a receita adiante, ainda que nem to-dos acertem no resultado. Nem o irmão, coneieiro por profi ssão, faz um docinho de Natal como o dela. Ela ainda lembra, que quando era jovem, ajudava a ‘pintar’ os doces na confeitaria Wegner quando chegava essa época.

- E qual é o pulo do gato?- Não tem segredo nenhum, eu acho. Eu adoro, é

bom quando a gente gosta de fazer as coisas, aí fi ca tudo diferente. Às vezes enjoa, mas a gente esquece e começa tudo de volta.

E dona Araci revela o que esquecemos de lembrar: o melhor, em qualquer coisa que se faça, é fazer com gosto e se deixar gostar daquilo que faz. Existe segredo melhor do que esse?

As irmãs Araci e Arani na parte mais trabalhosa: pintar os docinhos um a um com glacê de claras é tarefa que exige paciência

Dona Araci e os docinhos depois de esticados e recortados. A receita, ela foi testando até acertar. Hoje para elas, fazer doce de Natal é como tomar água.

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Ideias de presentesOs apelos nas vitrines se

acendem nessa época. E ainda que a parte mais importante do Natal não seja o conteúdo em-brulhado em papel colorido e fi tas, o presente representa uma lembrança. O presente pode ser uma forma de dizer que quem dá, parou algum tempo para

escolher algo para quem rece-be. Um presente é um cuidado, pode ser um mimo ou algo vul-toso, mas materializa uma lem-brança. Separamos alguns ob-jetos que podem ser o presente que você procurava para aquela pessoa ou servir de inspiração para você presentear. Confi ra!

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