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Aula 1 – Apresentação do Programa Aula 2 03/03/15 – Montesquieu “O espirito das leis” Parte 1 Bibliografia Complementar: ALTHUSSER, Louis. Montesquieu: A política e a história ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico Link exercícios: http://goo.gl/forms/y3ymE47DEz Roteiro: - Contexto intelectual e político de Montesquieu; - Do Espírito das leis: Concepção de lei de Montesquieu (principal instrumento analítico) e Distinção entre natureza e princípio do governo Charles Louis de Secondat: Barão de La Brèye e Montesquieu (1689-1755): o Familia de Montesquieu vem da nobreza togada (burguês que receberam títulos de nobreza. Nobreza mais recente). Nobreza que exercia funções judiciaria e administrativa. o Estuda Direito em Paris, se tornando conselheiro do parlamento de Bordeaux o Parlamento → instituição desde a idade media e também exercia funções judiciarias. o 1721: Escreve o livro Cartas Persas. Livro que trata de questões que ainda são importantes, questiona o etnocentrismo o Eleito membro da academia francesa o Realiza diferentes viagens, uma em especial é para a Inglaterra. o Escreve “Considerações sobre a grandeza e a decadência dos Romanos” → Romam tem um grande peso em Montesquieu o 1748: Escreve, finalmente, O Espírito das Leis” o Dois principais aspectos para compreender o pensamento do Montesquieu: 1. Montesquieu passa a vida dele durante o reinado de Luis XIV (absolutismo) e morre durante o reinado de Luis XV → Absolutismo é o momento que o poder central se reforça a custa da nobreza. Montesquieu tem participação direta nisso, como presidente do parlamento vive esse conflito. 2. Lado científico do Montesquieu é a vinculação dele com o Ilustração (iluminismo) → Crença muito forte na razão.

Caderno Política III

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Page 1: Caderno Política III

Aula 1 – Apresentação do Programa

Aula 2 03/03/15 – Montesquieu “O espirito das leis” Parte 1

● Bibliografia Complementar: ALTHUSSER, Louis. Montesquieu: A política e a história● ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico● Link exercícios: http://goo.gl/forms/y3ymE47DEz ● Roteiro: - Contexto intelectual e político de Montesquieu; - Do Espírito das leis:

Concepção de lei de Montesquieu (principal instrumento analítico) e Distinção entre natureza e princípio do governo

● Charles Louis de Secondat: Barão de La Brèye e Montesquieu (1689-1755):o Familia de Montesquieu vem da nobreza togada (burguês que receberam

títulos de nobreza. Nobreza mais recente). Nobreza que exercia funções judiciaria e administrativa.

o Estuda Direito em Paris, se tornando conselheiro do parlamento de Bordeauxo Parlamento → instituição desde a idade media e também exercia funções

judiciarias. o 1721: Escreve o livro Cartas Persas. Livro que trata de questões que ainda são

importantes, questiona o etnocentrismoo Eleito membro da academia francesao Realiza diferentes viagens, uma em especial é para a Inglaterra.o Escreve “Considerações sobre a grandeza e a decadência dos Romanos” →

Romam tem um grande peso em Montesquieuo 1748: Escreve, finalmente, “O Espírito das Leis” o Dois principais aspectos para compreender o pensamento do Montesquieu: 1.

Montesquieu passa a vida dele durante o reinado de Luis XIV (absolutismo) e morre durante o reinado de Luis XV → Absolutismo é o momento que o poder central se reforça a custa da nobreza. Montesquieu tem participação direta nisso, como presidente do parlamento vive esse conflito. 2. Lado científico do Montesquieu é a vinculação dele com o Ilustração (iluminismo) → Crença muito forte na razão.

● Pretensão de criar uma ciência da política, ciência política● Jusnaturalistas → grande diferença de Montesquieu com os jusnaturalistas esta no

objeto. Objeto que os jusnaturalistas estão preocupados com o que poderíamos chamar de essência da sociedade e da política. Essencia que se reflete no fato que vão discutir os fundamentos, as bases, da sociedade e da política. (Por que se aceita dominação? Como os homens se mantem juntos vivendo sem se matarem?). Sociedade e política em geral

● Objeto de Montesquieu é de um outro caráter → Não é responder fundamentos e base da sociedade, e sim as Leis, costumes e usos que se pode encontrar em todos os povos da terra. Ou seja, a preocupação do Montesquieu vai muito mais em uma linha que esta anunciando uma preocupação que vai ser forte no século 19. (preocupações com sociologia. Explica motivo pelo qual Aron vai entender Montesquieu como sociólogo). Como entender todas as sociedades em um tempo e um espaço , todas as sociedades e formas políticas.

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● Diversidade de leis e costumes diferente de capricho → há alguma ordem nas leis e costumes tão variados que encontramos pela Terra. Problema: Como lidar com essa enorme diversidade de leis e costumes? Como fazer sentido? Como não se perder no caos de informação?

● Essa enorma diversidade não seguia simplesmente um capricho → encontra um certo principio para explicar a enorme diversidade de leis e costumes ➔ Lei: “Relações necessárias que derivam da natureza das coisas” → concepção de leis da ciências experimentais, sentindo de pensar relações constantes entre variáveis fenomenais (lei da termodinâmica).

● Dominio da Natureza - Corpos - Leis (são constantes, explicada pela ciência)● Domínio do Homem - Costumes e Leis – Acaso (muito mais comum explicações

metafisicas, a ciência ainda não tinha entrado para explicar essas leis● Montesquieu trabalho com o sentido de leis da ciências instrumentais, mas isso não

ignora o outro sentido de lei (leis criadas pelos os homens, leis positivas)● Leis Ciências experimentais → Leis Positivas (interpretar as leis criadas pelos homens a

partir das leis da ciências experimentais)● Abre caminho para uma ciência do homem ➔ conhecendo os princípios você pode

saber melhor como governar esses homens● O que Montesquieu sugere é que as melhores leis são as leis que correspondem ao

tamanho da nação, terreno, nação de comerciantes, agricultores e etc. As leis de uma nação são diferentes de leis de outra nação, cada nação reflete em suas particularidades. Rousseau encontra uma problemática nessa linha de raciocínio

● Rousseau está dizendo “o que é” precisa ser referido o que “deve ser” ● Isso não faz com que Montesquieu condene certas instituições: Escravidão,

despotismo● Objeto é diferente do resultado de investigação que chega → O espírito das leis (uma

certa estrutura do espirito das leis)● Estrutura do Espirito das Leis:

o Livro I ao XII – Tipologia dos governoso Livro XIV ao XIX – Influencia das causas materiais e físicaso Livro XX ao XXVI – Influencia das causas sociais e religião o Livros XXVII, XXXVIII, XXX e XXXI – Históricoso XXIX – Como compor as leiso XIX – Espírito geral de uma nação

● Primeira preocupação vai em uma linha que é justamente buscar certas regularidades ao objeto que podem ser vistas como uma espécie de tipologia, certas regularidades maiores.

● Segunda preocupação → causas dos fenômenos sociais e políticos. ● Natureza e princípio do governo = “como é” “o faz agir” – Quem e como se governa● Republica – Povo – 2 tipos de quem governa: 1. Parte governa – Aristocracia. 2. Todo

governa – democracia● Monarquia – Um governa, leis fixas e estabelecidas● Despotismo – um governa – Capricho● Aristoteles: 3 formas de governos ideais e 3 formas de governo deturpados:

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Poder exercido por

Um só Alguns A massa

Para todos Realeza Aristocracia Regime constitucional (politeia)

Para si mesmo Tirania Oligarquia Democracia

● Maquiavel (O príncipe): 2 tipos de governo ➔ Principado e Republica. 7● Montesquieu: República; Monarquia; Despotismo. É possível dizer que o que é

diferente com outros autores é o Despotismo, não encontra essa classificação em outros autores. Por que essa preocupação tão grande com despotismo e não uma preocupação com a degeneração com a república? → Contexto do Montesquieu é a monarquia absolutista, questão central dele é esse momento. Ao falar sobre o perigo do despotismo, de alguma medida está alertando para próprio perigo que se incorre em uma monarquia e, no caso, uma monarquia absolutista como da França.

● República e Monarquia são governos moderados, são governados por leis. Já o Despotismo não, o Despotismo é seguido da verdade de seu capricho.

● Há uma preocupação grande para o Montesquieu com o Despotismo que se relaciona pelo o que o próprio Montesquieu vive, por isso Despotismo merece atenção.

● Despotismo está no limite da política. ● Princípio dos governos:

▪ República: Virtude (não deve ser entendido no sentido moral, religioso. Virtude basicamente como paixão que faz com que o cidadão coloque o interesse coletivo acima do seu próprio bem. Sentido político, não o sentido moral. Não quer dizer que virtude só exista em governos republicanos, mas sem virtude a república não funciona)

▪ Monarquia: Honra (Honra funciona como uma espécie de amor à desigualdade. Uma sociedade estamental, cada membro do estamento sabe bem o lugar e sabe as obrigações que tem nesses lugares. No fundo vai se comportar, agir, a partir das obrigações. Isso tem uma honra)

▪ Despotismo: Medo (Igualdade. Na igualdade democrática o povo é tudo, na igualdade despótica o povo é nada, todos são iguais diante de um, os outros estão nessa condição de escravo, escravo do capricho do déspota. Possível proximidade entre despotismo e democracia → esse é um grande tema do século 19, o problema não é o rei absolutista, perigo no século 19 é justamente o despotismo popular, tirania da maioria)

● Grande novidade do Montesquieu está no princípio, não na natureza. ● Natureza = Forma Jurídica. Se pensa especificamente nos governantes. ● Princípio = Dimensão da organização da sociedade ➔ Pensa nos governados.

Por que os governados aceitam os governos?

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● Na república há diferença de Democracia e aristocracia.● Democracia seria a forma mais pura, a Aristocracia, quando poucos tem o

lugar no governo, vai se afastando da republica, podendo se aproximar mais da monarquia.

● Natureza e princípio do governo → no fundo o que Montesquieu está sugerindo é que a forma política tem relação, afinidade, com as próprias relações sociais.

● República: ▪ Passado▪ Territórios pequenos▪ Povo tanto soberano como súdito. Ele faz as leis que obedece.

Individuo ← Estado (Estado contido no indivíduo. Situação que o povo faz as leis que ele obedece, Estado tem que estar dentro do indivíduo, há essa identificação). Republica é um governo muito difícil, educação tem um papel decisivo. Há situação em que os homens tem que se colocar abaixo da cidade, bem comum acima de si mesmo.

● Monarquia ▪ Presente Europeu▪ Territórios medianos▪ Precisa de poderes intermediários. Monarca X Poderes

intermediários → garante que a monarquia seja o governo de um com leis fixas e estabelecidas. Os poderes intermediários diante do monarca funciona como uma espécie de anteparo, evita que o rei cometa abusos. Se retira os poderes intermediários você vai para o Despotismo. Tema fundamental da reflexão política, particularmente forte para o Tocqueville.

Aula 03 – 09/03/15 – Montesquieu O espírito das leis - Parte 2

● Sobre próxima aula → Texto complementar para os federalistas: KRAMNICK, Isaac “Apresentação” in Os Artigos Federalistas, Nova Fronteira.

● Roteiro da Aula:o Despotismoo Corrupção dos princípios do governoo Relação dos poderes (constituição da Inglaterra)o Espírito Geral

● 1. Despotismo: Apresenta para ele o que ele vê como os próprios limites da política. Princípio do despotismo é o medo, terror

● Princípio = Temor → Não é um princípio político, sim psicológico. Garantir desejos praticamente sem limites do déspota.

● Monarquia → precisa de mínimo de virtude, pois cada um “sabe seu lugar” (estamentos) e isso faz a sociedade funcionar

● Despotismo→ religião → possível limite, mas aumenta o temor

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● Religião como algo que poderia limitar a ação do déspota. Mesmo que tenha religião em governos como esse, na verdade, a religião não é de uma natureza diferente do medo. É como se ela fosse mais temor

● Virtude e honra vão ter resultados na sociedade. Virtude visa a grandeza da cidade, honra visa o amor a desigualdade, cada um sabe o que deve saber. Está no fundo a ideia de manter o próprio funcionamento do governo. Agora no caso do temor, o fim que se busca, não propriamente político, é algo que visa apenas o déspota, o bem dele.

● Hobbes: Medo → fundamento da política, garantir a própria sobrevivência. ● Montesquieu: Medo → fundamental para ele, mas fundamental apenas para um

governo especial, o Despotismo● Despotismo tal como ele está caracterizando corresponde como uma espécie como

limite da política. É o espaço em que está praticamente fora da política. Política no sentido de que ela funciona como algo controlável, que os homens podem determinar como vão viver.

● Espaço privilegiado do despotismo: Harém → Situação em que tudo e todos estão submetidos a vontade sem limite do déspota. Algo que está indo além da política e, por ser além da política, é algo que o Montesquieu acha perigoso. Central, decisivo na análise do Montesquieu → fantasma que tem um papel político, aquilo que deve evitar.

● Ao tratar do despotismo ele quer dizer até onde se pode e não se pode na política. ● República: Passado; Pequenos Territórios● Monarquia: Presente, Territórios Medianos● Despotismo: Ásia, território extenso● Há uma questão decisiva → Por que discutir só o despotismo e não governo do povo

sem leis? Claramente esta discutindo o perigo da monarquia se tornar despótica. → Para evitar que isso aconteça vem a necessidade dos poderes intermediários (nobreza)

● Despotismo puro pode ser considerado algo que não existe, mas que é um horizonte de onde não se quer chegar; seria uma indicação do limite; esse poder ilimitado de déspota que se comporta sem limite e sem controle é muito raro se encontrar de fato, mas no imaginário relaciona-se ao despotismo oriental.

● Com despotismo está dizendo até onde a política pode ir.● 2. CORRUPÇÃO● Natureza governo (forma jurídica) + Princípio governo (vida social) = Unidade ( pode

entender a historia, história inteligível).● Não está tratando dos governos puros → Quer tratar dos governos específicos. ● Tipologia dos governos → “entender os casos históricos” história ● Relação Natureza governo + Principio governo = adequação – lei ● Natureza governo – Princípio governo = Contradição - variação● Governo começa se perder pelo seu principio, quando se perde o principio (principio é

o combustível, paixão) governo não pode se manter. Corrupção do governo está sua verdade. Sentido de corrupção é mais profundo, tem relação direta com o princípio do governo com aquilo que faz com que o governo aja.

● Principio > natureza → principio mais importante● República federativa → combina elementos da república e da monarquia. Questão de

como manter a República e não se tornar um império. ● Aponta algo que é dinâmico, não é puramente estático. Não são governos fixos, são

governos dinâmicos que apontam a variação com a mudança histórica.

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● Corrupção do Princípio do governo → Perda dos diferentes governos.● Democracia Desigualdade (impossibilita colocar o bem comum acima dos

interesses particulares, impossibilitaria a virtude)

Igualdade Extrema → pode levar ao despotismo

● Monarquia → Desaparecimento dos poderes intermediários faz com que não tenha mais lei → despotismo

● Despotismo → Limite é a paixão do déspota. Corrupção permanente, é da própria natureza do princípio do governo. Fica mais claro o despotismo como uma espécie de limite da política, no fundo aquilo que se quer evitar.

● Corrupção está relacionada com natureza e princípio de governo funcionando como uma unidade. Isso faz com que analise dele ganha legitimidade, casos concretos não de uma maneira fixa. Decisivo é o princípio do governo. Corrupção tem um ponto mais profundo, diretamente ligado ao princípio do governo. Havendo corrupção o governo não vai se manter; pior é o despotismo, que é corrupto por definição.

● Se há um mal feito em um governo, é porque o princípio dele já foi corrompido. ● Corrupção → abre caminho para a mudança do governo. O corpo vai decaindo, ficando

doente → República doente vai virar outra coisa (pode virar uma monarquia, ou despotismo)

● 3) Relação dos poderes → Viagem à Inglaterra → Livro XI ● Fim da Inglaterra → Liberdade (passa uma discussão sobre a própria liberdade)● Define liberdade → direito de fazer tudo que as leis permitem● Objetivo do Estado: Se manter (Maquiavel e Montesquieu). Montesquieu acrescenta

que cada Estado possui um que lhe é particular● Objetivo de Roma: Se expandir. ● “ “ Israel: Religião ● “ “ Marselha: Comércio● “ “ Inglaterra: Liberdade● Organização do Estado :

● Poder Legislativo (poder que faz leis)● Poder Executivo● Poder de julgar

● Poderes não podem se concentrar nas mesmas mãos → Concentração nas mãos DIFERENTE de liberdade.

● Constituição Executivoo Poder Executivo – Monarca → Precisa ser um poder rápido, tomar decisão

rápida. o Poder Legislativo, se divide em dois:

o Câmara alta – Nobreso Câmara Baixa – Representante dos povos (Pág 171.

Noção fundamental para os artigos federalistas)

Page 7: Caderno Política III

o Poder Judiciário → Poder invisível, nulo. Se deve temer as leis (pág 169)● Montesquieu está defendendo a separação dos poderes? Um poder sem tocar o

outro?● Poder executivo : Poder de veto A resoluções do Poder Legislativo● Poder executivo limita o legislativo● Poder Legislativo : Controla a execução das leis e responsabilidade ministerial . Limita

o poder executivo● Poder Legislativo : Poder de julgar – Crimes políticos, Anistis, - Legislativo afetando

atribuição do poder judiciárioo Nobreza deve ser julgada na câmara alta → Nobreza protegida dos

preconceitos do povo● O que está tratando é muito mais complexo do que somente uma separação do poder. ● Montesquieu está destacando é que um poder toque o outro e, justamente à partir dai

gere uma relação de controles múltiplos ● Não é a separação de poderes, sim o equilíbrio de poderes.

Executivo →← Legislativo

➔ Poder de Julgar● Controle de forças sociais, diferentes forças sociais ➔ governo misto → Aristoteles,

Polibio, Maquiavel● Maquiavel → sociedade de ordens → Um (monarca), poucos (nobreza) e muitos (povo)● 4). Espírito Geral● Influencia das causas (físicas e sociais) como Indiretas → Posição dele não é

determinista. É sugerido que há possibilidade de interferência humana além da influencia da natureza

● Espírito Geral é diferente das causas parciais, mas por outro lado é resultado das causas parciais.

● Espírito Geral = Que dá unidade e originalidade para sociedade. Sociedade é produto dessas diferentes causas.

● Espirito geral não é simplesmente esses fatores ou a soma desses fatores, é mais um conjunto de fatores que acaba tendo características próprias, particulares.

● Causas (físicas e sociais) → Espírito Geral → Tipologia dos governos● Como o princípio do governo se mantem ou se perde. ● Espírito geral como uma espécie de mediação sobre as causas (físicas e sociais) com

tipologia dos governos.

Aula 04 – Os Artigos Federalistas – 16/03/15

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Roteiro de Aula:

● Contexto intelectual e politico de Os Artigos Federalistas; Revolução Americana● Tema dos Artigos Federalistas:

1. Segurança externa;2. Paz Interna3. Relação entre os poderes

● Convenção da Fidadéfila → constituição dos EUA● Alexandre Hamilton + John Jay + James Madison → Publicam 85 artigos → Estado de

Nova York ratifique a constituição● Artigos da confederação → Defesa de uma União Frouxa● Relação com a situação anterior a própria independência:

o Colônias tinham poucas relações entre si → desconforto politico de convencer que tem marcas de união

o Antes da independência: Ausência da consciência nacionalo Única instituição era o congresso nacional (único órgão unitário que abre

caminho para os artigos federalistas)o Congresso Continental: Um corpo legislativo; unicameral; não tem poder

executivo; ausência de poder judiciário → congresso abre caminho em que os 13 Estados (13 colônias) são independentes entre si; cada colônia é soberana

● Como era cada Estado: Concentração de poder no legislativo (sem quadro de equilíbrio entre poderes); Igualitarismo muito forte (sugrafio quase universal: 70% à 90% de eleitores)

● Insatisfação das 13 colônias (Estados) devido sua situação:o Segurança externa (não garantida)o Paz interna (não garantida)o Liberdade individual (ameaçada)

● Segurança externa: França; Espanha; Inglaterra → Rivais● Paz interna: Relação entre os Estados eram conflituosas ( conflitos entre fronteiras que

não estavam claramente delimitadas; rivalidades comerciais; própria relação dos diferentes Estados com o congresso continental)

● Liberdade individual: Agitação Social → Pequenos fazendeiros e artesões endividados X Grandes fazendeiros e comerciantes credores

● Esse quadro, em geral, é que abre caminho para convenção da Filadélfia● Convenção da Filadélfia → Devia apenas reformar os artigos da confederação, mas vai

além e elabora constituição● Artigos da confederação → fala em nome apenas daqueles que estavam

representando (Apenas os Estados)X

● Constituição → fala em nome do povo (“nós, o povo”). Artigos federalistas: Convencer que pode falar em nome do povo X Artigos confederalistas: Não se pode falar em nome do povo

Artigos confederação X Artigos federalistas → Um jogo politico, marketing. Os artigos tem como função convencer a população, é uma espécie de marketing politico

● Por que Nova York era tão importante para ratificar a constituição?1. Tamanho do Estado → Se NY não ratificasse os EUA ficaria quebrado ao meio

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2. Oposição de NY era muito forte (até o próprio governado se opunha à constituição)

● Alexandre Hamilton (1755 ou 57 – 1804) → 51 artigos1. Nasceu em uma ilha do caribe;2. Filho ilegítimo;3. Estudou direito em Kings College;4. Casa com uma filha da Aristocracia comercial de Nova York;5. Ajudante de ordens do general Washington;6. Secretario do tesouro dos EUA → defende uma politica imperialista ( que já

aparece nos Artigos Federalistas)● John Jay (1745 – 1824) → 5 artigos (estava doente)

1. Nasce na aristocracia de Nova York;2. Direito: Kings college;3. Teme possibilidade das massas populares tomarem conta durante a

independência;4. Presidente do Congresso Continental;5. Diplomata;6. Governandor de Nova York;7. Membro da corte suprema

● James Madison (1751 – 1835) → 29 artigos1. Aristocracia rural da virgínia;2. Direito: New Jersey College;3. Delegado do Congresso continental;4. Considerado o autor da constituição;5. Secretario de Estado;6. Chega a ser eleito Presidente;

● Nação americana tem 2 simbolos principais: 1. Constituição; 2. Bandeira● Os Artigos Federalistas:

1. 1 ao 37: Problemas dos artigos da confederação;2. 38 ao 51: Principio da constituição;3. 52 ao 61: Camara dos deputados;4. 62 ao 66: Senado;5. 67 ao 77: Presidência;6. 76 ao 83: Judiciário;7. 84 e 85: Conclusão

● Hamilton: o Primeiro artigo → questão do bom Governo : AGENCIA HUMANA X

Circunstancia externas (interesse que vai além do contexto imediato) → bom governo é um produto da ação humana ou homens tem que aceitar que vão viver mal? → Política: Possivel dar uma certa direção para as circunstancias

● Jay (Artigo 2): o Governo são benéficos para os homens → Prova disso: homens estão

dispostos a renunciar seus direitos naturais para criar o governoo Segurança e Felicidade do homens: 1 governo; alguns governos ou 13

governos → o que iria garantir mais a segurança e felicidade? 1 governoo Segurança externa: Força, União X Fraqueza, Desunião

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o Um governo seria capaz de garantir essa força e União muito melhor do que 13 governos ou alguns governos → com garantir a segurança externa? Relação com as outras nações

o 1 governo é mais capaz, porque há menos uma rivalidade comercial do que 13 governos fracos

● Madison: o Principio federal – Senado + Principio Nacional – Camara dos Representantes

➔ Equilibrio, não é so o principio federal nem o principio nacionalo Colegio eleitoral → Presidente (composto)o Necessidade da política deriva da natureza humana → visão negativa

(hobbesiana) da natureza humana ➔ “Ambiciosos, vingativos, rapaces” (Hamilton) e “Se os homens fossem anjos nenhum governo seria necessário” (Madison)

o Controles ao governo é diferente de abusos → é preciso colocar limites aos homens e colocar limite ao governo

o Controle ao governo para evitar abusos o Principio da maioria (eleição popular) → perigo da tirania da maioria sobre a

minoriao Relação entre os poderes para não ocorrer abuso de poder o Perigo da tirania da Maioria X Divisão dos podereso Divisão dos poderes → Poder X Poder → deve evitar a tiraniao Tirania: Concentração de podereso Monarquia: Perigo está no poder executivoo República: Perigo está no poder legislativo → Senado e Câmara de

representante ➔ essa divisão deve quebrar o perigo, gera equilíbrioo Para evitar o perigo do poder do legislativo há necessidade em dividir o

legislativo em duas camaras → Senado e Câmara de representanteso Garantir o equilíbrio dos 3 poderes de modo que eles se contrabalancem o Poder executivo: tratados com outros poderes executivos (outras nações) →

poder legislativo – poder de veto (2/3 do legislativo podem derrubar o veto) → equilíbrio

o Poder legislativo → poder de “Impeachment” → poder judiciário pode revisar o legislativo (equilíbrio)

o Poder Judiciário: - Pode revisar a legislação – Poder legislativo ● Poder abusivo por natureza, portanto os 3 poderes não deveriam ser separados, mas

deveriam se contrabalancear, de modo a estarem em equilíbrio

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Aula 05 – Os artigos federalistas – 24/03/15

● Bibliografia complementar Burke: MANNHEIM, Karl “O pensamento conservador”● Roteiro de aula:

o Novidade de os artigos federalistas o Faccção e república

● Constituição de 1787o Nação Euo Democracia representativa

● Tem ideia de criar uma nova ordem → realizar uma revolução ● Questão de ausência de uma nobreza e aristocracia nas 13 colônias → cria novos

problemas pensando em consideração Montesquieu : pensar nova relação de poder● Montesquieu: poder intermediário → não existe para os federalistas e nos EUA● Povos antes das revoluções antlanticas → povo = estamentos ou corpos com funções

hierárquicas diferentes● Agora → povo = indivíduos iguais (em uma questão jurídica)● Maquiavel → conflito● Montesquieu:

o poder executivo → um monarcao poder legislativo → :2 câmara alta – nobres/ câmara baixa – representante

povoo Poder judiciário → neutro, invisível

● Federalistaso Todo poder deriva do povo

1. Poder executivo2. Poder legislativo → :2 senado e câmara de representantes ( medo dos

federalistas é legislativo ter poder ao extremo, dividir em dois é uma maneira de evitar. Senado e câmara de representantes seguem princípios diferentes. Senado está representado os Estados (federal), enquanto na câmara estaria para nacional

3. Poder judiciário● Hamilton:

o Visão negativao Facções – governos populares da antiguidade → resultavam em Anarquia ou

tirania → Servia de argumento p/ seus criticoso Hamilton → autor federalista é um só → o povoo Argumento de Hamilton perante a facção é sugestivo

● Madison o Facção: Cidadão (maioria ou minoria) → movidos por algum impulso comum.

Impulso comum = Paixão, interesse → efeito adverso aos direitos dos demais cidadãos; ao bem comum → essa é a maneira de entender facção

o Pensar as causas das facções, quais são os motivos que fazem que existam facções → 2 motivos: Motivo Latente – Natureza humana (visão pessimista) / Motivo imediato – distribuição de propriedade (contexto americano onde a distribuição não estava claro)

o Facções aparecem: Proprietários X Não proprietários / Devedores X Credores

Page 12: Caderno Política III

o Legislação → ligado com a distribuição da propriedade; é uma questão central (não é a única questão)

o Pôr fim causas das facções1. Suprimir liberdade – liberdade para as facções é comparável o ar com

o fogo → conclui o Madison que o remédio é pior que a doença. Se tirarmos o “ar” retiramos o fogo, mas também a vida animal. Tira liberdade, não vai ter mais facções, mas ao mesmo tempo não terá vida política

2. Homogeneizar interesses, opiniões e paixões (relação com a distribuição da propriedade) → Conclui Madison que é impraticável. Diferentes interesses, opiniões e paixões nascem das capacidades → não da para fazer com que todos tenham as mesmas capacidades, seria uma tirania. Função da política é lidar com as diferentes capacidades

o Se não da para acabar com as causas das facções, o que nos resta? O que se pode fazer é controlar os efeitos, única opção que resta para os homens

o Controlar efeitos das facções → Facção pode ser tanto de uma minoria como uma facção majoritária

1. Facção minoria → o que faz em um governo popular? Como controla efeitos de uma facção minoritária? → principio do governo popular é a maioria estabelecer → questão principal é quando a facção é uma maioria, não minoria (pois sendo minoria é fácil de lidar)

2. Facção da maioria → tem mecanismo diferentes de lidar com facção da maioria, dependendo do tipo de governo. Tanto Governo popular (democracia) como o governo popular (república) tem em comum um fato do poder derivar do povo. democracia funciona em territórios pequenos e é democracia direta. República → território extenso e representantes → representante poderia minimizar a questão da facção

o Representação = filtro → vai poder clarear, refinar, a própria compreensão dos problemas políticos. → representantes podem entender melhor o bem comum do que os próprios cidadãos. Talvez possa ser um mecanismo que funciona melhor do que a própria democracia direta

o Qual o perigo que existem em relação a própria representação? → perigo de eleger uma facção de representantes desonestos.

o Pequenos territórios tem poucas facções → muito mais fácil a opressão por parte da facção majoritária

o Territorio extenso (como EUA) → vai haver uma espécie de proliferação de facções que torna a representação da facção majoritária mais difícil

o Sociedade quebra em inúmeros interesses de classes (partes) → mais difícil de uma facção dominar → ter diversas seitas (competições entre sim) garante a liberdade (por exemplo, diversas seitas garantiram a liberdade religiosa)

o Interesses X Interesses X Interesses → Garante a liberdade civil o Representação pode ter vantagens em relação o governo direto (diferente da

visão de Rousseau)o Não acabar com as facções → conviver com ela e quebrar em numero tão

grande de facção, fazendo com que uma facção anule a outra

Page 13: Caderno Política III

o Política americana funciona hoje por grupos de interesses → é esse modelo que Madison pensava se realiza

o Madison está sendo extremamente original em sua analise● “Um remédio republicano p/ males republicanos”● Montesquieu → REPUBLICA – Virtude● Madison → República – Interesse ● Facções

o Algo quase neutro → são inevitáveis, temos que saber lidar com a consequências

● Territorio extensoo 1- Faz com que seja necessário recorrer à representaçãoo 2- Proliferação de facções

● Condições pós – revoluções atlânticas → vão estabelecer uma fonte de poder (autoridade) que antes não existia no mesmo

● Republica não tirânica → mecanismos institucionais (instituições como elas estão montadas – relação entre poderes). Mecanismos sociais (choque entre facções) ➔ condições modernas: fonte do poder vem do povo

● O povo aparece como fonte dos poderes em que vão estar dividido e o povo também é divido em pequenas facções. Fonte da relação entre poderes e a fonte da disseminação de facções vem do fato da sociedade ser formada por indivíduos iguais (povo)

● Montesquieu: Um, monarca – poder executivo; Poucos – câmara alta da Inglaterra; Muitos, representante do povo – câmara baixa ( poucos + muitos = legislativo); judiciário – poder invisível ➔ sociedade de ordem

● Tem de diferente não é so a extensão do território, tem uma sociedade como uma ase diferente → vai alimentar a própria forma de atuar politicamente

● Ausência de poder intermediário como algo que poderia garantir a liberdade → como garantir a liberdade?

● Fundo os federalistas estão pensando de também garantir bases para manter a liberdade → choque entre as facções pode garantir a liberdade

● Estão imaginando um mecanismo diferente para se ter um governo livre, mas que mantenha a preocupação da liberdade

● Outro ponto interessante para pensar os federalistas é sucesso dos federalistas pensando como a própria politica dos EUA passou a funcionar → boa medida os mecanismo que eles estão defendendo ainda estão presente na politica norte americana

● Mecanismo de interesse → É um mecanismo que o próprio Madison está pensando como sendo um mecanismo mais eficaz para evitar a facção da maioria

● Arranjo dos EUA ainda é, em vários pontos, do pensamento federalista● Aristoteles:

o Oligarquias (ricos) X Democracia (pobres) → No meio está a Politéia (governo mistos – camadas medias)

Aula 06 – Reflexoes sobre a Revolução em França – Burke parte 1

Page 14: Caderno Política III

Roteiro de aula:

1- Contexto intelectual e político de Burke2- Caráter do livro e contraste forte entre revolução francesa e inglesa3- Contrato: entre os vivos, os mortos e os que irão nascer

● Edmund Burke (1724-1797): Nasceu em Dublin, Irlanda. Irlanda é um dos primeiros países que passou por uma colonização → vão vir para Irlanda inúmeros colonos protestantes. A minoria protestante oprime a maioria católica do país (Protestante X Maioria católica)

● Pai do Burke, para ser advogado, se converte ao Protestantismo. Porém, mesmo com esse fato, Burke se manteve suspeito em relação ao catolicismo por um bom tempo. Boatos de que havia se casado em uma cerimonia católica

● A defesa dos Irlandeses sempre foi um ponto importante para vida do Burke, além disso a religião sempre foi um aspecto importante para seu pensamento

● 1750: Burke é enviado à Londres para continuar seus estudos. Começou estudar direito, mas larga para fazer letras

● Sabemos muito pouco sobre os primeiros anos de Burke em Londres, mas, aparentemente, leva uma vida boemia

● 1756: Burke se torna mais conhecido. Publica 2 livroso Philosophycal inquiry o four Ideias of the sublime and beautiful → Burke

como literário Inglêso A vindication of natural society → Sátira perante as teorias contratualistas

● Burke se liga a Facção do Lord Rockingham → Partido Whig – liberal ● Ligado ao Reinado de Jorge III: Tenta fazer com que a coroa passe a ter controle do

parlamento (reverter a Revolução Gloriosa)● Membro do parlamento por Wendouer → Como Burke, um aventureiro, torna-se

membro do Parlamento? Cadeira foi assegurada pelo Lorde. Nessa época ainda era uma “democracia” restrita, era comum que certos notáveis controlassem os distritos

● Burke é eleito, novamente, mas, dessa vez, em Bristol ● Para Burke representantes não deveriam seguir os que os eleitores determinam,

mas deveriam defender o bem da nação → Burke irá defender causas não populares

● Defesa dos colonos Ingleses na América é um exemplo de causa não popular que Burke irá defender

● Novamente Burke é eleito membro do parlamento, mas dessa vez em Malton → Nesse período Burke é contrario Campanha da índia Oriental

● Quando explode a Revolução Francesa, Burke tem credenciais de sobra como defensor da liberdade (simpático aos Colonos Ingleses e contrário a uma opressão na India). Todavia, durante a Revolução Francesa Burke assume uma posição oposta, mesmo acontecimentos que uma grande maioria possuía simpática (como, por exemplo, a queda da bastilha), Burke irá criticar

● Por ser contra a Revolução Francesa, Burke rompe contra amigos do WHIG (liberais) e se torna ídolo dos TOREIS (Conservadores)

● Há coerência ou não na posição que Burke assume? Posições liberais ou posições conservadoras?

Page 15: Caderno Política III

● Reflexões possui um caráter de desconfiança das pretensões dos filósofos durante a revolução francesa. Além de ter tido um grande impacto (primeiro ano já havia 11 edições), também foram escritos mais de 100 panfletos para responder Burke

● Pq a obra de Burke teve grande impacto? É uma obra contra a revolução francesa (incomum para o momento), além de ser uma obra que também oferece uma teoria da história contrária a RF (Revolução Francesa)

● Momento que Burke escreve é o momento da Assembleia Nacional → momento moderado, uma monarquia constitucional

● ASSEMBLEIA NACIONAL: Monarquia Constitucional → Longe da fase do terror, momento em que muitos liberais se identificavam com a RF

● Fator interessante é a violência do Burke ao falar da RF. Burke percebe a novidade radical que foi a RF e isso é motivo de preocupação

● Para Burke a RF é fora do comum, defende que realizem uma espécie de “quarentena” para que a RF não se espalhe

● Burke é capaz de entender a dinâmica da RF (FATOR IMPORTANTE)● Para ele o individuo abstrato defendido pelos filósofos da RF é incapaz de criar

vínculos sociais. Pode levar a tirania ou ditadura de um general popular● Burke está preocupado com o impacto da RF na Inglaterra. Tem medo que a RF

possa repercutir entre os protestantes dissidentes (aqueles fora da Inglaterra e organizados da Revolução). Tem uma preocupação também por causa do passado da Inglaterra, já existiram séculos “agitados” (revoluções) por causa dos protestantes dissidentes

● Desse modo, argumento do Burke contrário a sociedade da Revolução é procurar apontar como a revolução gloriosa é muito diferente da RF → revolução gloriosa foi um pequeno desvio para que a Inglaterra retornasse seu curso normal (pág 58)

● Admite que a Revolução Gloriosa (RG) teve um lado excepcional, pois as próprias condições eram excepcionais → Rei Jame III contra a constituição Inglesa, era justificável a remoção do Rei

● A RG foi feita para se conservar, para manter as leis e liberdades tradicionais (pág 67) → há um sentido de revolução como restauração (conceito da astrofísica), Revolução que se faz retornar

● Rei que fez a historia desviar de caminho, por conta disso o parlamento remove o Rei para restaurar liberdades antigas. Além disso, para Burke mantiveram o mais importante, mantiveram depois o principio hereditário do trono

● Ingleses são diferentes dos franceses, a RG foi diferente da RF● Para os Ingleses Liberdades é visto como herança, liberdades como deixar para as

gerações futuras. Tal noção tem relação com a própria Constituição Inglesa ● A Constituição Inglesa é baseada nos direitos costumeiros, mais do que um mero

pedaço de papel é uma espécie de resumo da historia Inglesa. Resumo das instituições e costumes Ingleses

● Constituição Inglessa : Mudar para conservar● Passado – Presente – Futuro = Natureza ● Resgatar a noção de: Contrato → sociedade ● Jusnaturalista: Num determinado momento os indivíduos tiveram entrada em um

acordo e dado os contornos fundamentais para sociedade. Estado à partir do contrato, o que manter e o que garantir não estava garantido

● Revolução Francesa: Momento fundamental que se estabelece ser o Estado (A sociedade e a política

Page 16: Caderno Política III

● Burke: Contrato não é APENAS da p)olítica, mas de outras relações como, por exemplo, o comércio.

● Burke: Contrato → Sociedade; Estado → toda ciência; arte; virtude; perfeição (são esses os princípios do contrato

● Burke: Um contrato que estabelece algo tão importante não é algo que pode surgir entre alguns homens. Contrato que faz com que o Estado seja uma associação entre os vivos, os mortos e os que irão nascer. O peso do contrato, em sua teoria, é muito maior. É uma espécie de cadeia que liga os vivos, mortos e os que irão nascer; tal cadeia não pode ser quebrada tão facilmente (RF não levou isso em conta)

● Cadeia = Vontade do próprio criador (por isso não tem o direito de romper) ➔ Estado = Religão

● Estado e religião NÃO podem estar separados. Proposito do Estado e não Igreja não são ≠

● Outra questão importante no Burke é a questão da fundação. Para os teóricos políticos da época o momento da fundação era uma questão importante para a teoria política

● Fundação → Nova ordem Política → momento que é um encontro entre teoria e pratica política. Política é realizável (documento de como os homens devem viver)

● Para Burke a fundação é um verdadeiro não evento, tem um resultado oposto do que considera o mais desejado. A fundação é uma espécie de desvio da historia

● Burke faz uma denuncia rigorosa algo que é fundamental para o pensamento político moderno: A questão da fundação. Para ele a fundação deve ser evitada, é uma violência

● Constituição → produto de um longo aprendizado. RF vai na linha oposta disso, torna uma tabula rasa do passado. RF preferiu apagar o passado (página 71)

● Borracha na história → poderiam ter seguido suas tradições e, partindo dessa questão, dar base para liberdade, mas preferiram não realizar isso

● Pq isso não aconteceu? Pq preferiram apagar a historia do que dar continuidade? A resposta esta no fato de quem fez a RF: Os homens de letras. Tais homens tem compromisso com questões abstratas, metafísicas. Essas questões tendem a destruir a sociedade

● Direito do homem é um exemplo de concepção, ideia, abstrata → é uma visão abstrata de homem, o que existe são Ingleses; frances; português e por assim vai (não um homem em geral)

● Direitos do Homem (abstrato) X Direito do homem Ingles, Frances, Prussiano...● Homem é algo na cabeça dos filósofos, tem relação com o homem natural,

jusnaturalista● Burke considera que é preciso pensar em um homem concreto, social

(proximidade entre Burk e Marx)● Burke percebe um aspecto da RF que só vai ser revelado no momento Jacobino:

Universalismo na RF, falar para todos os homens. RF se aproxima das grandes religiões universais (Página 155)

● Aproximação da RF com a tirania ➔ Aristoteles : Democracia e Tirania como governos próximos → Despotismo aparece no pensamento de Burke não nos termos de Montesquieu, mas pensando em um despotismo popular (própria ideia da falta de uma câmara alta, que poderia evitar abusos da câmera popular, é um exemplo

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Aula 07 – Reflexoes sobre a Revolução em França – Burke parte 2

Roteiro de aula:

● Contradições da revolução francesa● Burke conservador?● Burke: “Tese da perversidade” x Mudança

● Produto da revolução francesa teria sido gerar tirania● Liberdade → tirania (produz opressão)● Argumento do Burke vai mundo na linha, no fundo, de uma visão de efeitos não

intencionais da ações (pensamento bem presente na ciência social, por exemplo: Mão Invisivel → individuo busca lucro, mas o resultado é produzir riqueza)

● Mandeville: Vícios privados → virtudes públicas● Argumento do Burke é comparável com de Mandeville, mas no sentido oposto.

Franceses poderiam ter melhor motivação, mas o resultado é, no fundo, massacre; tortura; enforcamento e etc

● Essa visão abstrata sem relação com a sociedade, com a historia, é uma verdadeira violência contra os homens

● Contradições presente na organização da Assembleia Nacional (poder legislativo)● Assembleia Nacional

1. Territorio2. População 3. Contribuição financeira

● Contradição fundamental presente na revolução é a contradição entre teoria e realidade

1. Primeira contradição: Mapa da França foi dividido em 38 departamentos quase iguais → isso contradiz o mapa antigo e regular, que refletia a própria geografia e história da França. Mesmo que se possa encontra inconvenientes presente no mapa antigo, no fundo era possível corrigir. Com a revolução francesa, com essa maneira de pensar (geométrica e abstrata) você não se interessa pela realidade dos homens, pela história.

2. Direitos civis X Direitos Políticos → há uma contradição entre esses elementos. Se há uma igualdade de direitos civis, em termos da própria justiça, a mesma coisa não acontece em termos de direitos políticos. O que se estabelece são eleições indiretas com diferentes graus → Voto por renda. Dois elementos não estão de acordo (direito civis e políticos).

3. Contribuição financeira vai ter o resultado de fazer com que os números de representantes dos departamentos seja diferente, variado de acordo com a contribuição financeira de cada departamento. O resultado disso tudo,

Page 18: Caderno Política III

pensando a própria organização da assembleia nacional, é criar e estabelecer confusão

● Distribuição geométrica (ou arranjo aritmético) → comportamento revela ideia de que a França está sendo governada como se fosse um país conquistado. Ânsia de passar por cima de todo passado, esquecer o passado e impor princípios abstratos e racionais. Quem se comporta dessa maneira, ao longo da historia, são os conquistadores de diferentes povos que querem apagar todo o passado anterior. Revolução francesa, nesse desrespeito a historia, se comporta quase como o exército conquistador que não respeita as tradições, costumes, daqueles que estão governando

● Diante desse quadro, o que poderia ser criado para gerar uma ordem (para o burke)? Indivíduo abstrato X Corpos constituídos (esses corpos que criariam uma ordem)

● Corpos Constituídos → Entre o Estado e o homem particular. Proteção contra uma inovação arbitrária → fazer com que os homens possam se sentir ligados algo que é maior que eles. Em alguma medida, o exercício que o Burke está pensando é contra uma tendência de uniformização (que ve muito presente na revolução francesa) → diversidade poderia garantir liberdade, tem o efeito de evitar abusos (que o Estado se imponha sobre os corpos constituídos)

● Homem de letra durante a história foram muito ligados a príncipes. Antes da Rev Francesa é interessante que esses homens de letras vão se ligar a um interesse monetário (Burguesia) → essa ligação explica com a hostilidade que tem em relação a igreja católica, porque, no fundo, a burguesia vai ver a Igreja católica como possuidora de bens e propriedades que estão interessados.

● Pensar a relação entre a propriedade monetária (burguesia) – propriedade mais instável que passa de mão e mão – X A propriedade fundiária (nobres) – propriedade estável que se mantem em geração à geração → isso é uma das causas da própria revolução francesa

● Na Inglaterra, desde a revolução gloriosa, passa a ver o que podemos pensar em uma espécie de combinação entre burguesia e aristocracia (propriedade monetária e propriedade fundiária) → isso abre caminho para uma situação muito menos instável para o que é da França

● Gênio de Burke esteve em compreender que a sociedade capitalista do século 18 ainda dependia da combinação com o Estado → relação direta com o próprio argumento pensando que em contraste com a frança que deseja passar a borracha na historia (recomeçar o calendário), tabula rasa do passado, estaria o exemplo da Inglaterra pela própria constituição Inglesa e a própria revolução gloriosa → Rev Fr (constituição francesa) X Ver Gloriosa (constituição inglesa)

● Mesmo para conservar é preciso saber mudar. Diante de uma orientação de manter é necessário (ou se pode) algumas mudanças que não mudem os rumos centrais, rumos decisivos → é no fundo, essa própria combinação entre propriedade monetária e propriedade fundiária (antigo e moderno; aristocracia e burguesia) vai na linha do Burke. Tem uma situação que muda, mas não perde a orientação básica, o norte.

● Perigo entre os confiscos dos bens eclesiásticos → perigo para propriedade em geral (mesmo para os burgueses) e o perigo, em termos mais amplos, para a própria ordem social → está aceitando em mexer em certas coisas, à partir dai é quase inimaginável saber o que pode vir, o que pode resultar desse tipo de combinações

● Conservadorismo: 1. Manutenção de princípios morais e instituições 2. Valorização positiva do passado e da tradição

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● Repetição e padrões de comportamento : tradicionalismo, não é necessariamente conservador → tradicionalismo é uma ordem Psicologica

● Conservadorismo é um fenômeno político → como fenômeno político → conservadorismo está relacionado com condições sociais e históricas (diferente de tradicionalismo que é uma maneira mais amplas, universal)

● Conservadorismo temos que pensar com que está falando, em relação ao que → palavra conservador passa ter uma acepção política? Quando Chateaubriand cria um seminario Le Conservateur (1816) → concepção dele era defender o rei, religião e liberdade (tem maior relação com o conservadorismo que conhecemos)

● Em torno da Revolução Industrial Inglesa e Revolução Política Francesa é que vai surgir o conservadorismo (mesmo momento que surge liberalismo e socialismo) → posições conservadoras, liberais e socialista que dão coordenadas políticas até hoje em dia

● Revolução passa ter o sentido de mudança radical (ruptura ) - diferente da antiga ideia de restauração – passa ter o sentido de racional, universal

● Momento que revolução passa ter esses significados é o mesmo momento que vai surgir a noção de conservadorismo

● Conservadorismo é reativo, coloca contra as transformações que revolução expressa, indica. Mas ao mesmo que é reativo é relativamente inarticulado → Burke, talvez, elabore uma verdadeira teoria da historia, mas é especialmente contra a revolução francesa. À partir dai aqueles que estão contra a revolução francesa podem encontrar, no fundo, uma racionalidade para defender algo

● Conservadores vão se voltar especialmente para o passado → conservadores são como profetas do passado → garantir o mínimo de ordem, estabilidade, que o mundo anterior, aos olhos dos conservadores, tinham

● Corpos constituídos, família, igreja aparecem como elementos de proteção a inovadora → contra a própria ideia de individualismo

● Volta para o passado que o conservadorismo tava, no fundo, querendo mesmo que não seja retomar

● Revolução francesa = oposta da Revolução ● Critica de boa parte dos conservadores acerca da revolução industrial é mais forte do

que a critica a revolução dos socialistas● Boas partes do conservadores não tem uma crença perante o desenvolvimento

tecnológico, muitos vão falar mais forte sobre os efeitos negativos da Revolução industrial do que os marxistas

Aula 08 – A liberdade dos antigos comparado à dos modernos – Benjamin Constant

● Roteiro de aula:

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o Contexto intelectual e politica de Benjamin Constant (situar os grandes problemas da época e a questões que Constant decidiu enfrentar)

o “A liberdade dos antigos comparado dos modernos” → entender o tipo de sociedade que Constant → relação do Constant com outros autores

o Isaiah Berlin → “dois conceitos de liberdade”● Em alguma medida, o trabalho do Constant apresenta de maneira muito claro

discussões que tratamos durante o curso, principalmente o contraste entre modernos e antigos

● A liberdade dos antigos comparado dos modernos → Constant pronunciou em uma conferencia de 1819 (pleno período da restauração francesa)

● Volta os bourbons ao poder → período de restauração ● Interesse que o constant é o líder da oposição liberal aos bourbons → dá essa

conferencia em um ateneu real● Se então o Constant é um politico e autor liberal, podemos dizer que as credenciais

liberais do Constant estavam em alguma medida abalada. No fato de que, num intervalo de tempo entre a derrubada do napoleão e a instalação da monarquia, o Napoleão volta ao poder (100 dias). Nesse período o Constant serviu ao Napoleão

● Interesse, que neste caso, o que o Constant poderia justificar, ate no sentido de apesar das tendências autoritárias de Napoleão, é que alguma medida o Napoleão, diante de toda agitação, teria oferecido a possibilidade de ter um governo constitucional (Napoleão encomenda o projeto de constituição de Constant)

● Projeto de constituição de Constant → poder moderador● Em um sentimento mais amplo, este não é o primeiro momento de Constant que ele

enfrenta situações “poucos claras”● Constant nasce na Suiça em uma família de calvinistas franceses (refugiados

religiosos). Mae de constant morre pouco depois de dar luz a ele e pai de Constant era um coronel na Suiça → deixa a educação do Constant a cargo de diferentes tutores

● Mais importante: já na época de universidade, Constant vai fazer os estudos na Bavária e depois Universidade de Edimburgo

● No fundo o que é mais importante da Escócia é que ele entra em contato com o iluminismo escocês e nascente disciplina da economia politica (Adam Smith) → percebe que essas correntes vão ser centrais na formação do Constant

● Por dividas de jogos Constant teve que sair da Escócia → volta para suíça e conhece a Madame de Stael (filha do Ministro da finança de Luis 16) → é uma escritora consagrada → Leva ele para Paris, onde participa do salão literário

● Quando vão para França acabam se ligando ao Abade Sièses (escreve um dos texto detonadores da revolução francesa → o que é o terceiro estado?) → neste momento o Abade é o grande arquiteto por trás da formula do diretório da Revolução francesa (terceiro momento da Revolução Francesa, tentativa de por fim a revolução.)

● Na situação de diretório há um problema: Um dos membros do diretório, Napoelão Bonaparte, dá um golpe e se torna consul.

● Constant serve no Tribuntte → opõem-se às tendências autoritárias do Napoleão ● Entre 1802 e 1815, Constant vai se dedicar aos estudos → afastado da vida pública:

Castelo Coppet : internacional inteligência ● Escreve: Do espirito de conquista e usurpação e Principios da politica → Se torna líder

da oposição liberal na restauração (também é contra o Napoleão, mas também contra os Bourbons. Napoleão abria possibilidade da frança ter um governo constitucional)

Page 21: Caderno Política III

● Confusão entre a liberdade dos Antigos e liberdade dos modernos → Constant trata essa questão em dois textos:

o Manuscritos princípios políticos o Liberdade dos antigos comparado à dos modernos

● De acordo com Constant, essa confusão – não distinguir entre essas duas liberdades – é causa de muitos dos males da revolução francesa

● Há no próprio texto, que no fundo o problema do Constant não é um problema só com os Jacobinos. No fundo também acha que os bourbons e o próprio Napoleão teriam concepções anacrônicas

● Sugere que, de alguma maneira, a Revolução Francesa tenho uma espécie de mérito de mostrar como os modelos políticos dominantes não se combinam com as condições de uma moderna sociedade comercial → Alvo do Constant é principalmente a obra da Revolução à partir de 1789, especialmente depois de 1793 (jacobinos no poder). Tentando criticar os jacobinos, mas mostrando que não é um problema SÓ dos Jacobinos

● Em relação aos Jacobinos, no fundo o que sugere é a responsabilidade que teriam com a infelicidade da revolução, já que tentaram reviver uma liberdade antiga. De acordo com Constant os Jacobinos se perderam em uma miopia anterior. Miopia dos filósofos do século 18

● Dois filósofos: Rousseau e Abade Mably → teriam responsabilidades na busca de uma espécie de miragem de uma liberdade dos antigos

● Por outro lado, o que é interessante que mesmo lendo as paginas da Antiguidade, é difícil não ser tomado por admiração → questão disso é que tudo é mais grandioso durante a antiguidade clássica. Época de heroísmo. Mas por outro lado, isso claramente vai se chocar quando pensamos nas instituições que existiam na época (como a censura que buscava manter a moral cívica ou o ostracismo)

● Modernos acreditam a felicidade no domínio privado, ou seja, no fundo ele sugere que a vida moderna é muito mais medíocre (pequeno burguesa). Querer mudar isso é, no fundo, ilusório

● Podemos pensar, por exemplo, uma instituição claramente moderna → o governo representativo (que, ironicamente, foi introduzido pela revolução francesa)

● Governo representativo não poderia ser entendido pelo antigos, até pelo sentido que o Constant entende por governo representativo

● Governo representativo (pág 23, terceiro paragrafo): nas condições modernas, as pessoas não possuem condição, tempo e mesmo interesse para participar da política como participavam na antiguidade (o que, por um lado, pode ser um perigo)

● Fato de que a representação, no fundo, é algo que os modernos governos livres teriam estabelecidos → nesse sentido a representação não seria algo presente nos governos livres da antiguidade (discussão que os Federalistas fazem)

● Modernos governos livres X Modernos governos antigos● Certa ambiguidade que podemos ver na discussão do Constant sobre a liberdade dos

antigos comparada à dos modernos. Por um lado, de alguma maneira, Constant não deixa de denunciar as falsas luzes da civilização, por outro lado ele sugere que o caminho que leva a isso é meio que reversível. No fundo, é interessante que o Constant não tem uma posição triunfalista diante a liberdade dos modernos (não esta simplesmente dizendo que é melhor. Realiza criticas)

● De qualquer maneira, o forte do texto é que Constant na verdade esta diferenciando fortemente a liberdade dos modernos com a liberdade dos antigos → fica claro na

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página 10 do texto: liberdade esta voltado para o individuo (liberdade dos modernos) é uma liberdade do individuo que não quer a opressão da coletividade (sociedade) → isso é claramente o sentido da liberdade dos modernos. Muito diferente da liberdade dos antigos, a liberdade nas antigas repúblicas da grecia e Roma, teria sentido muito diferente → elas é o exercício coletivo e direto da soberania → no fundo, essa liberdade tal como entendida pelos os antigos, podia dizer respeito a todos da vida. Neste sentido, seria muito possível, natural, que o individuo fosse submetido ao todo ou mais ainda, talvez ate para usar os próprios termos do autor, no plano publico o individuo se comporta como soberano (esta decidindo o que deve fazer a cidade e etc), já no plano privado o individuo é praticamente um escravo (vida privada é submetida ao todo, aquilo que vem como regra anterior da sociedade). No fundo, o que está dizendo é que na liberdade dos antigos o poder da coletividade, praticamente, não possuía limites; já na liberdade dos modernos, diz o Constant, o sentido dela pensa em termos de proteção do individuo (particular) e não da sociedade

● Nesses termos é interessante pensar como essas liberdades são entendidas por referencias variadas. A liberdade dos antigos tem como referencia a sociedade enquanto a liberdade dos modernos tem preocupação central o individuo

● Liberdade dos antigos pode ser traduzida como liberdade política, liberdade com participação da vida política

● Liberdade dos modernos pode ser traduzida como liberdade civil, direitos humanos ( protege o individuo)

● A liberdade política é algo mais antigo, vem com a preocupação dos gregos e os romanos, enquanto a preocupação com o individuo é muito mais uma preocupação das sociedades comerciais, dos modernos

● De qualquer maneira, o que Constant aponta é que de alguma forma a liberdade, até pensando a liberdade em suas duas dimensões ( entendida pelos antigos e modernos), se manifesta de maneira variável na esfera pública e na esfera privada

● Nos manuscritos dos princípios de política é interessante que o Constant, ao falar dos modernos, vai chegar a definir a liberdade dos modernos de uma maneira interessante: uma espécie de formula. Liberdade dos modernos é, no fundo, espaço que fica entre aquilo que a sociedade pode ou não pode exigir dos indivíduos. Aquilo que a sociedade não pode impor ao individuo é a liberdade dos modernos

● Liberdades correspondem a situações bastante diversas. Constant vai dizer como funcionava as duas liberdades

o Condições dos antigos: território reduzidos → isso tem efeito na soberania, tendo território pequeno o efeito é que se tem menos pessoas (menos cidadãos) isso faz com que o peso do cidadão particular é muito maior (efeito na soberania). Outra questão interessante é em relação ao trabalho, boa parte do trabalho produtivo nas republicas antigas é realizado por escravos (discussão em aristoteles); isso deixava os cidadãos livres para tratar o que quiserem (ócio).

o Condições dos modernos: territórios extensos → individuo tem uma soberania menor, o individuo desaparece na multidão → perde a importância em relação ao conjunto. Nos modernos os indivíduos não possuem tempo de se envolver com a politica, estão o tempo todos ocupados com os negócios.

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● Além disso, a própria natureza das sociedades são diferentes → sociedades antigas estavam voltadas para guerra: sociedades guerreiras. Já as sociedades modernas são sociedades comerciais, estão preocupadas em fazerem trocas entre si

● Constant fala que na sociedade antiga tem uma excessão: Athenas era uma sociedade comercial, por isso a liberdade individual era maior. Mas não havia condições para ter comércios como existe em 1819

● Interessante é que, no fundo, mesmo dessa condição de sociedade guerreira tem relação com a própria mediocridades existente nas sociedades antigas → mediocridades fazia com que sociedades antigas entrassem em conflito o tempo todo

● Progressos comerciais, no fundo, fazem as divisões presentes na europa ilusórias → tem toda essa rivalidade, mas é ilusória, no fundo querem comercia

● Naturezas diferentes remete a ideia de espirito de Montesquieu → o espirito dos antigos é diferente do espirito dos modernos

● Constant pensa nesse contraste entre guerra e comercio → Guerra e comercio são ações de natureza muito diferente → comercio seria um calculo, guerra seria impulso

● Para fazer o calculo precisa ter uma certa tranquilidade. ● Critica a Montesquieu: governos funcionariam por paixões (princípios) diferentes● Constant: questão é mais profunda, na verdade, mais que uma diferença entre o

governos, a diferença é entre épocas históricas. No fundo sugere que, independentemente de se ter republica ou monarquia, nessas modernas sociedades comerciais algo como a virtude e o principio do governo republicano não poderia mais existir. Ele, em boa medida, vai na linha do próprio Montesquieu, pensando uma ideia de espirito (natureza) de sociedades, mas aprofunda e critica o próprio Montesquieu → Montesquieu ainda tem uma preocupação voltada para certas formas de governo.

● Condições diferentes de sociedade ● Moral antigos X Moral dos modernos → no fundo, os antigos eram cheios convicção,

os modernos tem apenas a hipocrisia (encenação) ● perceber como o argumento do Constant é construído na base do contraste das duas

liberdades → Liberdades dos antigos X Liberdade dos modernos● Liberdade do moderno → protege contra o poder social ● Liberdade dos antigos → participação, poder social ● Grande perigo da liberdade dos antigos: opressão do individuo, não possui espaço

para o individuo. ● Grande perigo da liberdade dos modernos: desinteresse pela vida política, não

participação política → é algo que o governante desejaria, tornar sua vida e situação mais confortável.

● Combinação da liberdade dos antigos com a liberdade dos modernos → sugerindo que a participação é importante, porque caso contrario deixaria, no fundo, nas mãos dos governantes todo o poder e, mais do que isso, relação com os fins do homem

● Fins do homem → não podemos pensar só como um bem estar individual (liberdade dos modernos), só o bem estar individual não basta. Outro aspecto importante que o homem precisa buscar é o autodesenvolvimento. O mecanismo para o autodesenvolvimento é justamente a participação política, entender o homem como além dele mesmo. Homem se ver como parte de um todo maior. Questão que vai, de alguma maneira, no Tocqueville

● Propõem uma espécie de combinação da liberdade dos antigos com a liberdade dos modernos → melhor é tentar juntar.

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● Montesquieu + Rousseau = Constant → Constant tem em comum com o Rousseau é a crença que o poder deve ter como base a vontade popular, poder vem do povo. Por outro lado, com o Montesquieu o Constant pensa em termos de limitação do poder (limitação de qualquer poder), inclusive do poder que vem do povo

● Pensar em termos de liberdade dos antigos e liberdade dos modernos, podemos identificar a vontade geral com a liberdade dos antigos (identificação do poder com o coletivo); enquanto que a ideia do governo moderado (controle e limitações do poder) podemos identificar com a liberdade dos modernos

● Constant defenderia algo semelhante à uma vontade geral moderada ● Constant não queria, para alguns autores, um liberalismo puro, mas uma democracia

liberal ● Dimensão que pensa em termos de limitação do poder● Deixar a política apenas para o governo é, no fundo, abrir mao da sua liberdade →

participação representa um ganho para os homens e a vida humana ● Livro do Bobbio: Liberalismo e democracia● Isaiah Berlin: 2 conceitos de liberdade → 1958 - 140 anos depois da conferência de

Constanto Contexto de 1958 é muito diferente → contexto é a guerra fria → Berlin não

deixa de ser influenciado pelo Constant → argumento de berlin se dá pelo contraste das duas liberdades

o Isaiah Berlin : Liberdade negativa = “liberdade de”, vista como uma espécie de ausência de constrangimento. Tem liberdade quando não encontra barreiras pela frente. Liberdade negativa pode ser vista como uma espécie de espaço, ou melhor, área em que se pode agir sem sofrer obstrução → tem ligação com liberdade dos modernos, mas também liberdade de hobbes. Homem livre é aquele que pode fazer o que se tem vontade. Ponto importante dessa liberdade é o próprio sentido de coerção → coerção (constrangimento) tem que ser entendido como o impedimento de alguém. Alguem impede de realizar alguma ação. O que esta determinando a não existência da liberdade negativa é a ação de outros homens. Outro ponto interessante é que se pensa, basicamente, que corresponderia a fronteira entre a área da vida privada e autoridade pública (parecido com o que Constant diz que a liberdade dos modernos é o espaço em que a sociedade não pode interferir perante o individuo)

o Hobbes também tem uma noção de liberdade negativa → existe um espaço que o poder publico não pode ultaprassar = a vida

o Locke também possui esse espaço → autoridade publica não pode ultrapassar é a propriedade (direitos civis

o Liberdade positiva: se a liberdade negativa é pensada como “liberdade de”, a liberdade positiva é “liberdade para”. Preocupação não é com a área, preocupação é muito mais com o agente. O agente deve ser sujeito não objeto, deve, no fundo, ser senhor de si (definição de liberdade civil para Rousseau = liberdade civil para Rousseau é a liberdade que o próprio homem se deu)

o De acordo com Berlin, nessa concepção de liberdade positiva, vem claramente um desejo de como dar forma ao individuo ou mesmo a sociedade. No fundo, diz que se quer é que a vida do individuo, da sociedade, deve corresponder a razão. Nesses termos, se combate algo como ideologia (coisas que estão

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limitadas da razão). Como consequência, por conta dessa visão de que razão deveria governar os indivíduos, faz com que haja muito mais em comum com uma propina ética da individualidade e um Estado autoritário consciente → liberdade não seria QUALQUER liberdade, não teria liberdade para realizar ações irracionais. A própria liberdade se identificaria com autoridade, não é incompatível com autoridade. Já que no fundo haveria a ideia da forma, da ideia de educação que iria no sentido de imaginar o individuo como uma matéria bruta → um governante, pedagogo, poderia dar forma ao individuo. Governante como uma espécie de escultor, não haveria porque não forçar o homem a ser livre.

o A boa vida seria apenas um: a vida racionalo Liberdade positiva seria tendenciosamente totalitáriao De qualquer maneira, de acordo com Berlin, não existe compatibilidade entre

liberdade positiva e liberdade negativa. Não há duas diferentes interpretações de conceitos, mas duas atitudes divergentes e irreconciliáveis. As duas liberdades fariam exigências absolutas que teriam que ir até o fim. Duas liberdades são dignas, mas caberia o próprio homem escolher entre uma

o Liberdade negativa → escolhas o No fundo aquilo que o Berlin defende é uma perspectiva pluralista. Acredita

que o maior valor está na liberdade negativa, mas não necessariamente todos vão acreditar nisso

o O mais complicado é a relação do liberalismo com a liberdade negativa → autores liberais vão querer a combinação entre liberdade negativa e positiva, mas Berlin nega essa combinação. Mas é possível que, no fundo, o argumento vai nos termos mais amplos que se deve buscar o autodesenvolvimento humano.

Aula 09 12/05/2015 – Tocqueville – Democracia na américa parte I

● O problema de Tocqueville (1805 – 1859)● Democracia ainda não esta implantada de uma maneira tão forte, tão irreversível

durante a época de Tocqueville (mas era uma tendência)● Ligações familiares de Tocqueville fazia com que estivesse mais próximo da

aristocracia do que a democracia● Lado paterno → importante linhagem da nobreza ● Lado materno → descendente da nobreza de toga – quem compra o titulo

(Montesquieu)● Sempre acreditou em valores aristocrático → pertence a nobreza é um bem público ● Tocqueville tem crença na aristocracia enquanto valor● Grande tema do Tocqueville é o fato democrático

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● Democracia : 11 Significados ● Quando tocqueville fala em democracia faz dois usos principais da palavra democracia

o Democracia como regime político → democracia políticao Democracia como Estado Social

● Democracia como regime político: governo de todos; soberania popular ● Democracia como Estado Social: igualdade de condições ● Aristocracia X Soberania Popular ● Uso mais comum de democracia no tocqueville é justamente democracia como Estado

social● O que podemos entender por Estado social que é caracterizado por igualdade de

condições?● Igualdade que Tocqueville esta pensando é uma igualdade, principalmente, social.

Nesses termos não é uma igualdade econômica e nem intelectual → No fundo está dizendo que a sociedade não tem como base a hierarquia. Interessante que a igualdade social acaba implicando, em um certo nível, de maior aproximação de riquezas → circulação de riquezas nos EUA é muito maior do que circulação de riquezas na Europa. No fundo a igualdade social acaba implicando, não totalmente, em uma igualdade econômica

● Democracia como estado social: todas carreiras, ocupações, estão abertas ao talento.● Igualdade jurídica é algo bastante próximo da igualdade de condições, mas não é um

sinônimo● Igualdade de condições é algo que aparece em um nível mais amplo, mais difuso na

questão social → entender os homens como iguais (isso vai pralém das leis. Igualdade de condições não resume a igualdade de leis)

● Democracia → uniformização dos costumes (isso favorece para igualdade de condições). No fundo, nessa sociedade que Tocqueville está discutindo, não há mais espaços para grandeza, heroísmo e por assim vai

● Diria até que há uma ambiguidade básica de Tocqueville ao falar da democracia: por um lado, quando fala que analisa a democracia, enfatiza o lado de mediocridade que caracteriza a democracia (o que predomina é o médio, não é o excepcional); por outro lado, ao mesmo tempo que chama atenção para mediocridade, não deixa de dizer que tem um lado essencialmente positivo presente na democracia, que deve se valorizar, que é no fundo o fato dela favorecer o grande número

● Outro aspecto interessante, pensando na discussão de Tocqueville sobre a democracia (como compreende a democracia) é que, na verdade, mesmo que possamos dizer que a democracia como estado social e a democracia como regime político sejam duas coisas distintas, por outro lado não deixam de estar relacionadas. No fundo não é casual que falam de democracia para se referir a essas duas dimensões (estado social caracterizado pela igualdade de condições e soberania popular). No fundo, me parece, que o Tocqueville diz que é justamente a democracia como estado social, ou seja essa condição de igualdade de condições, que acaba favorecendo a soberania popular. Nesse sentido, até diria que é uma espécie de precedência. A situação da igualdade de condições prepara o caminho para democracia como regime político.

● Questão da representação: aparece desde Montesquieu (câmara do povo), federalistas (filtro), Burke (representante deve pensar de acordo com a sua cabeça). Mas, para tocqueville, a questão da representação é secundaria. Representantes vão refletir algo que é anterior, vão refletir o estado social democrático. Representantes vão muito mais de acordo com o estado social democrático

Page 27: Caderno Política III

● Liberdade – Proteção individual “dos modernos” + “dos antigos” exercício político (fusão entre igualdade)

● Igualdade é ruim para a liberdade, segundo autores anteriores● Liberdade X igualdade = Contribuição a filosofia sociais e política, cria uma filosofia

social e política a partir da tensão entre liberdade e igualdade● Problema: Como pode juntar a igualdade e liberdade (Igualdade + Liberdade)● Liberdade para o Montesquieu: desigualdade garante a liberdade para o Montesquieu

(ideia de monarquia) – arranjo dos poderes é uma sociedade com potencias sociais variáveis (rei, nobreza e povo). Garantir o equilíbrio, mais do que isso, talvez em um sentido abstrato, o que impede que a monarquia se torne despótica são os poderes intermediários (a nobreza, ou seja, a desigualdade entre a população). Tocqueville não pode ver na desigualdade como garantia da liberdade, está em outro contexto comparado com Montesquieu

● Tocqueville está escrevendo depois da revolução francesa → Pós-revolução francesa: no fundo não há como ir contra a igualdade. Questão pra ele é como, a partir da igualdade, garantir que se tenha liberdade. Por conta desse problema é que os EUA surge na vida do Tocqueville

● França é o país da revolução e tem tendências autoritárias (para Tocqueville)● O que aconteceu nos EUA? Acontece que os EUA se tem igualdade de condições – até

no sentido mais forte que as Europeias – mas também tem liberdade → por isso escolhe ir para os EUA

● Outro ponto interessante é que, na verdade, você pode tirar diferentes implicações políticas do estado social

● Democracia como estado social pode levar tanto para o despotismo, como pode levar também para um regime político liberal (isso faz com que vá para os EUA)

● EUA como um laboratório privilegiado ● Democracia na américa → a revolução de 1830: revolução liberal → Tocqueville tinha

projeto de estudar sistema penitenciário ● Democracia na América é um livro sobre a democracia, não apenas uma democracia

da América ● A Inglaterra era o exemplo liberal no mundo, então, pq Tocqueville vai estudar os

EUA?● EUA seria uma democracia com quase Estado puro → elementos aristocráticos estão

muito menos presentes do que na Inglaterra. Na Inglaterra a aristocracia ainda é muito forte, muito presente.

● Inverte sentido de viagens à America → quando estudioso europeus vão para América estão procurando um passado remoto da Europa; Tocqueville indo para a America está procurando o futuro

● Viagem aos EUA: 9 meses● Democracia na américa é dividido em duas partes: primeira parte trata das instituições

enquanto a segunda parte trata de formas de ação popular● Tarefa do tocqueville de analisar e explicar os EUA é facilitado pelo fato de quase todas

instituições dos eua nascem de uma “ideia mãe” → estado social ● Estado social é produto, algumas vezes, de um fato e outras vezes de leis. Estado social

vai ser a maior parte das leis, costumes e ideias● Tudo, de alguma maneira, vai estar relacionado com o estado social ● O estado social é justamente a democracia, no fundo o Tocqueville esta dizendo que a

democracia repercute em praticamente todos os aspectos da vida dos Americanos

Page 28: Caderno Política III

● Tem um sentido sociológico → tocqueville como um cientista social ● Tocqueville é fundamentalmente moralista ● Estado social (democracia)➔ as instituições dos EUA formam uma cadeia

perfeitamente lógica. Está dizendo que partindo da comuna se vai para o condado e do condado para o Estado e, por fim, do Estado para União → tudo veio do estado social, da democracia

● Além do estado social democrático podemos dizer, na perspectiva do Tocqueville, que uma característica diferente dos EUA é o seu ponto de partido

● Estado social democrático + ponto de partida = o que faz os EUA ser o que é● Ponto de partida → colonização por puritanos● O estado social é aquilo que é o fundamental (básico) dos EUA. Mais fundamental do

que o ponto de partida → Estado Social (democracia) > Ponto de partida● Estado social da as características principais, gerais, dos EUA● Ponto de partida mostra as características particulares● Sul: colonização – grandes proprietários rurais – tendência aristocrática (confuso, não

copiei direito)● Ponto de partida tem incidência nos costumes dos EUA● Explicação causal do que fez com que os EUA se tornasse uma democracia liberal ➔

costumes, leis, condições físicas (momento que se revela um discípulo do Montesquieu)

● Há uma espécie de hierarquia causal no Tocqueville: Condições físicas < leis < costumes

● Mais importantes são os costumes, os costumes são decisivos para o estado social democrático

● Nos EUA os costumes fazem as leis livres ● Na frança os costumes são muito mais favoráveis ao autoritarismo (desde o antigo

regime há uma tendência de centralização) → como se pode mudar esses costumes? Em boa parte pelas leis

● Pelas leis ele quer mudar os costumes ● Qual é o argumento do Burke? Só os costumes são decisivos. Tocqueville não,

tocqueville fala que os costumes podem ser modificados com as leis ● Quais condições físicas, costumes e leis teriam aberto caminho para os EUA ser uma

democracia liberal?● Condições físicas: Deserto riquíssimo sem vizinhos poderosos. Ou seja, a situação dos

EUA é mais tranquila que a situação da Europa ● Leis: Leis sobre a herança → na europa tem o direito de primogenitura (mais velho

herda tudo); isso contribui para o espirito de família e peso da terra. Nos EUA tem uma divisão equanica da herança; o efeito disso é que a riqueza circula muito mais. Leis de herança diferentes levam a circulação de riquezas de maneiras diferentes

● Costumes: colonização por puritanos → abre caminho para costumes livres e cria uma situação particularmente diferente em contraste com a França. Na frança a democracia se opõem com a religião, já nos EUA esses dois elementos se combinam

o Fr: democracia X Religiãoo EUA: Democracia + Religião

● Distinção que realiza entre centralização política (governamental) em relação centralização administrativa. Enquanto a centralização política diz respeito a toda nação, a centralização administrativa diz respeito a partes da nação

Page 29: Caderno Política III

● Centralização política pode aparecer nas relações entre nações. Já a centralização administrativa vai interferir no governo local

● É interessante que possui avaliações diferentes nesses dois tipos de centralização. Centralização política como algo positivo, necessário. Enquanto a centralização administrativa tem um efeito negativo ruim → centralização administrativa leva um afastamento dos cidadãos nos negócios públicos (já vem tudo de cima, cidadão não tem influencia na política)

● Homens vão deixar de participar da política por causa da centralização administrativa ● Outro aspecto que Tocqueville vai destacar que favorece a liberdade nos EUA é o

papel que o juristas (legistas) tem na sociedade. Os juristas de acordo com o conhecimento que eles tem vão acabar funcionando como um corpo. Vai aproximar os juristas com a aristocracia

● Maneira do tocqueville caracterizar os juristas é entre o povo e a aristocracia ( POVO – JURISTAS – ARISTOCRACIA). São próximos do povo por causa das suas origens, de seus interesses; mas são próximos da aristocracia devido seus hábitos e gostos

● Nos EUA teria um mecanismo capaz de fazer com que o espirito jurista passasse para o povo → esse mecanismo é o júri

● Juristas → Juri → povo● Júri é uma instituição que é tanto jurídica como política. Em boa medida o júri está

relacionado com a soberania popular (cidadão deve decidir questões da comunidade, do seu cotidiano).

● O papel fundamental do júri é educativo ( indivíduo → comunidade . individuo educa a sociedade)

● Qual é o grande Perigo à democracia liberal nos EUA? As relações entre raças. ● Mesmo com igualde jurídica, o perigo é que os costumes separassem as raças. ● Há duas soluções: Separação completa e mistura ● A separação bota em perigo a democracia liberal

Aula de Política 3 – Alexis de Tocqueville – 12/05/2015 (Caderno da Natalia)

Leituras Complementares

- ARON, R. – “Alexis de Tocqueville” em As Etapas do Pensamento Sociológico.

- QUIRINO, Célia Galvão – Dos infortúnios da igualdade ao gozo da liberdade

Conjunto da obra de Tocqueville = fato democrático.

Democracia: irreversível, inevitável, providencial - controvérsia: determinismo ou observação histórica?

A obsessão de Tocqueville ao longo da vida pela democracia foi explicitada por ele mesmo numa carta ao seu tradutor na qual ele diz que ele nasce numa época em que a aristocracia já havia morrido, mas a democracia ainda não tinha nascido.

Aléxis de Tocqueville (1805-1859)

As ligações familiares de Tocqueville o levariam a estar mais próximo da aristocracia do que da democracia. Pelo lado paterno, ele descendia de uma importante família da

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“nobreza de espada” normanda. Além disso, pelo lado materno, descende da nobreza togada (mais recente, ligada a funções administrativas e jurídicas).

O significado de “democracia” na obra de Tocqueville não é claro. É possível encontrar até 11 significados. Mesmo assim, é possível dizer que ele faz dois usos principais dessa palavra:

1) Democracia = regime político = soberania popular (em contraposição à aristocracia)

2) Democracia = estado social = igualdade de condições

Tocqueville alarga o conceito de democracia para além do regime político, como uma forma de vida em sociedade, o estado social de igualdade de condições. Esse é o uso mais comum do termo pelo autor.

A igualdade de condições é social. Não é econômica e nem intelectual. O que ele está dizendo é que a sociedade não está mais organizada na hierarquia. Os homens, em tese, partem de uma situação igual, que não está definida de antemão. Nada irrita mais o americano do que pensar que a distribuição de riquezas será igual, porque a circulação de riquezas existente nos Estados Unidos nessa época é muito superior à Europa (?). Da mesma forma, do ponto de vista intelectual, nos EUA não haviam grandes sábios, nem ignorantes absolutos. Era uma mediocridade média. Ao mesmo tempo, todas as carreiras e ocupações estão abertas ao talento.

Democracia = uniformização dos costumes. Nessa sociedade não há mais espaço para grandeza, o heroísmo, para grandes feitos (típicos da sociedade aristocrática).

Existe uma ambiguidade na forma como Tocqueville fala da democracia. Nela, há uma espécie de mediocridade (no sentido, de nível médio – posição aristocrática) e, ao mesmo tempo, há um lado essencialmente positivo que é o fato de que ela favorece o grande número (a maioria).

Democracia como regime político e estado social não deixam de estar relacionadas. No fundo, é a democracia como estado social, como igualdade de condições, que promove a soberania popular e, de uma forma, lança as bases para a democracia como regime político. A representação parece ser uma questão secundária, porque os representantes, por meio da igualdade de condições, seguiriam a soberania popular.

Se o grande tema de Tocqueville é a igualdade, o grande valor é a liberdade. Mas podemos encontrar vários significados de liberdade na obra deste autor. Sobressaem-se dois deles:

1) “Dos moderados”

2) “Dos antigos”

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A grande tensão do pensamento de Tocqueville se dá entre a igualdade e a liberdade. Diz ??? que esta é a maior contribuição ao pensamento filosófico, político e social.

Chegamos, então, ao problema do Tocqueville: como, sabendo que o mundo caminha para a igualdade, será possível ter liberdade? Para Montesquieu, por exemplo, é a desigualdade que garante a liberdade (a existência da nobreza, por exemplo). Mas Tocqueville está escrevendo após a Revolução Francesa.

Ele é francês, mas acha que a França, o país da revolução, tem tendências autoritárias. Tocqueville viaja para os Estados Unidos, o “país da democracia” e da liberdade. Portanto, a democracia como estado social pode levar tanto ao despotismo como a um regime político liberal.

A Democracia na América (1855)

Viagem aos Estados Unidos que durou 9 meses. Pretexto: livro sobre o sistema penitenciário dos EUA.

Por que não viajaram para Inglaterra? Porque nos EUA havia muito menos elementos aristocráticos do que na monarquia inglesa. Lá a democracia estaria quase em “estado puro”. Os dois (Tocqueville e Marie Beaumont) praticamente invertem o sentido de viagens à América: ao invés de procurar o “passado remoto”, os indígenas em estado de natureza, eles buscam o futuro.

“Novos tempos exigem uma nova ciência política” – isso tem a ver com uma dimensão fundamental de Tocqueville que é a questão de como se deve agir para garantir a liberdade.

Entretanto, os Estados Unidos não eram um país homogêneo. No Sul existia uma colonização fundamentada em grandes propriedades rurais com escravidão. Isso abriria precedentes para aparecerem características aristocráticas.

A Democracia na América (1855):

1) Instituições

2) Formas de ação popular

“Ideia mãe” = estado social.

Ideias

Estado Social Leis

Costumes

As instituições dos Estados Unidos formam uma cadeia perfeitamente lógica. Por exemplo: comuna → condado → Estado → União

Estado social democrático + o “ponto de partida” (dissidências religiosas que vieram da Inglaterra para o novo continente; especialmente puritanos).

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Estado social democrático é aquilo que é fundamental, base dos Estados Unidos. Desse ponto de vista, podemos dizer que esta categoria é mais importante, determinante, do que o ponto de partida. (Estado social • ponto de partida)

GERAL PARTICULAR

O ponto de partida (colonização puritana) age diretamente sobre os costumes.

Explicação causal: costumes, leis e condições físicas. Entretanto, há um peso diferente entre esses fatores, uma espécie de hierarquia entre eles. Portanto,

Condições físicas • Leis • Costumes

Ou seja, costumes livres abriram caminho para leis livres nos Estados Unidos. Se pensarmos na França, as leis podem mudar os costumes. Isso se assemelha à posição de Burke de que os costumes seriam determinantes para a liberdade (Ricupero vê Tocqueville como liberal conservador), mesmo que Tocqueville não limite essa como única opção.

Condições Físicas: os Estados Unidos seriam uma espécie de “deserto riquíssimo” sem vizinhos poderosos.

Leis: é a lei sobre a herança, que é diferente da existente na Europa. Nesta, temos o direito da primogenitura (o homem mais velho herda todas as posses da família), o qual contribui para o “espírito de família” e para o peso dado à terra. Nos EUA, a divisão da herança é equânime, o que é favorável à circulação de riquezas.

Costumes: a colonização por puritanos abre caminho para costumes livres e cria uma situação diferente em contraste com a França. Nesta, a democracia se opôs à religião (principalmente católica).

Democracia na América – 2ª Parte

Centralização política (governamental) X Centralização Administrativa toda a nação Partes da nação relações entre as nações governo local

afasta os cidadãos da política e dos negócios públicos

JURISTAS – por conta do conhecimento vão acabar funcionando como corpo. Aproxima-os da aristocracia. (citação capítulo 8, subitem “O espírito jurista/legista”, 5§) – “amor natural das formas”.

POVO – JURISTAS – ARISTOCRACIA – Estão próximos ao povo pelas origens e interesses, mas se assemelham à aristocracia por seus hábitos e gostos.

JURISTAS – Júri – Povo – Instituição tanto jurídica como política. Está relacionado com a soberania popular. O papel fundamental, de acordo com Tocqueville, é educativo porque o indivíduo pensaria não só nele mesmo, mas na comunidade.

Qual é o grande perigo à democracia liberal nos Estados Unidos? É a relação entre raças. Tocqueville, que escreve antes da Guerra da Secessão inclusive,

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acredita que, mesmo com a igualdade jurídica, os costumes diferentes poderiam separar as raças. Esta poderia se dar de dois modos: separação completa ou mistura.

Aula 10 – Segundo livro A DEMOCRACIA NA AMERICA – 19/05/2015

● Roteiro:o A democracia na américa II (1840)o Sociedade aristocrática X Sociedade democráticao Perigo de um novo despotismo e seus remédios

● Impacto do primeiro livro é bem maior do que o segundo● EUA → Ponto de partida p/ tratar da democracia em sociedade moderna● No segundo livro os EUA é quase um pretexto para Tocqueville fazer uma discussão

mais ampla perante democracia● No próprio primeiro livro os EUA é apenas uma base● Primeiro capitulo do segundo livro: vai de alguma maneira a filosofia que os

americanos realizam como uma espécie de filosofia da época democrática, uma filosofia democrática. Em grande medida esta relacionada especialmente com a própria ideia do auto exame, própria reforma. No fundo esta falando é justamente da questão da democracia, é possível perceber como no fundo o tom do livro se torna bem mais abstrato do que a primeira democracia na américa

● Outro ponto que possa se diferenciar entre os dois livros seria o tom mais pessimista do segundo livro. Na verdade, se formos pensar, o primeiro livro percebemos como o tocqueville esta tratando com diverso fatores (costumes, leis e condições físicas) e a possibilidade de combinação entre liberdade e igualdade. No segundo livro ele é mais sombrio com a combinação entre os dois elementos (igualdade e liberdade), ele compreende a democracia como não favorável a liberdade

● A estrutura do livro II é interesse perceber que esse livro é divido em 4 partes: 1- da vida intelectual; 2- sentimentos e paixões; 3- costumes; 4- ideias e sentimentos democráticos

● É possível explicar uma relação entre a segunda e terceira parte do livro.● A segunda democracia na américa é construída em base do Homem democrático →

como esse homem democrático teria que lidar com certas variáveis politicas (HOMEM DEMOCRATICO X VARIAVEIS POLITICAS)

● De alguma maneira o que é sugerido é algo comparável com a própria discussão quando Tocqueville vai, por exemplo, usar o estado social como algo central do livro para estudar os EUA. Nesse caso, o que esta sugerindo, que o homem democrático pode ser usado como base (homem que tem certas tendências)

● Homem que tem certas tendências: atraído pela igualdade e liberdade (atraído a sacrificar a liberdade à favor da igualdade – igualdade é mais importante), também individualista

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● Mas o homem democrático vai ter que enfrentar certas variações como, por exemplo, maior centralização ou menor centralização, direitos ou liberdades políticas (tudo isso afetaria atitudes do homem democrático)

● Sociedade aristocrática X Sociedade Democratica → entender como o tocqueville pensa e imagina (ou ate mesmo cria) a noção dessas duas sociedades

● Muita gente vai sugerir que Tocqueville pensaria essas duas sociedades quase em termo de tipo ideal → essa é uma discussão que pode provocar muita controvérsia (Gabriel Kohn tem um artigo interessante que refuta esse argumento que esta presente no texto do Aroon que diz que no fundo a maneira de Tocqueville trabalhar essas duas sociedades seria similar ou comparável aos tipos ideias do weber)

● O que é necessário destacar é que não só o Tocqueville, mas muito cientistas sociais quando discutem os fenômenos sociais acabam realizando uma espécie de exercício que não é simplesmente descrever a realidade em sua riqueza de detalhe, mas o objetivo que eles querem destacar (no fenômeno que estudam) é uma espécie de exageração da realidade, que no fundo busca captar aquilo que é mais particular de um determinado fenômeno que se estuda. (por exemplo marx, ele não estuda TODAS as classes sociais, mas faz uma simplificação. Sabe que a realidade historia e social não é essa, mas poder tratar é necessário realizar essa abstração. Caso não fizesse iria se perder nos detalhes)

● Essa atitude é algo bastante próprio do cientista social → realizar um trabalho de abstração

● Essa logica esta bastante presente em Tocqueville quando ele diz que vê na américa uma imagem de democracia

● O que esta fazendo não é descrever perfeitamente as sociedades, mas muito mais captar suas características essenciais

● Um exemplo disso é o fato dos EUA ter elementos aristocráticos (por exemplo no sul) → escravidão não é condizente com a ideia de igualdade de condição necessária para democracia

● O que você tem no sul são elementos aristocráticos mais fortes. ● Mesmo elementos aristocráticos serem presentes no sul, os EUA não deixa de ser uma

democracia● Sociedade aristocrática → amor à desigualdade, hierárquica e orgânica (pensar como

um corpo em que diferentes órgãos se complementam). Terras; grandes homens e estabilidade de ideias e sentimentos

● Sociedade de democrática → caracterizada pela igualdade, ódio à hierarquia e inorgânica (não existem órgãos que desempenham diferentes funções). Peso para o que tocqueville chama de individualismo; mediocridade e mobilidade

● Interessante pensar essa sociedade aristocrática no sentido que os homens, no interior dela, se organizam em “pequenas pátrias” → homens que nascem em um lugar nessa sociedade não irão mudar de lugar, já sabem o que esta destinado (seja como nobre, seja como camponês ou burguês. Isso já esta estabelecido pelo próprio nascimento). Sociedade fechada, pessoas estão fechadas onde eles nascem e naquilo que irão exercer

● O que também tem uma implicação bastante interessante → pensar essa situação de imobilidade, fechamento, mas por outro lado é que havia uma relação entre os diferentes homens. Cada homem deve, ao mesmo tempo, obrigações a quem esta situado acima dele na escala social (de quem ele é vassalo) e por outro lado também deve proteção a quem esta situado abaixo dele. O efeito disso, pensando nas

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sociedades aristocráticas tal como esta caracterizada, é que se forma uma cadeia. Todo mundo tem lugar nessa sociedade

● Sociedade democrática: esta chamando atenção com o fato de que não há lugar fixo na sociedade (“tudo que é solido se desmancha no ar”). Muito de difícil saber como se portar, onde colocar e o que fazer. É nesse ambiente de isolamento que vai surgir o que o tocqueville chama de individualismo. O primeiro ponto interessante para discutir esse fenômeno é a escolha do termo individualismo; termo individualismo é um termo recente para época de tocqueville

● Se fossemos ver no dicionário da academia francesa, chegaria a conclusão que o termo individualismo foi incorporado em 1835 → interessante pensar quem foram os primeiros a usar o termo individualismo: são justamente autores contrarrevolucionários (reacionários) → doutrina do direito dos homens está ligado com a ideia de individualismo, quebrar o homem em átomos

● Estão associando individualismo com revolução francesa (autores reacionários). Já no caso tocqueville ele sugere algo diferente, sugere individualismo ligado à democracia

● A sociedade democrática criaria o individualismo● De alguma a estrutura inorgânica da sociedade democrática que abre caminho para o

individualismo. No fundo o que diz tocqueville é que nesse tipo de sociedade os homens não se enxergam como parte um do outro e tendem a ser entender como átomos isolados

● Agora, ao falar de individualismo, que é uma questão central e decisiva para o Tocqueville, é interesse que ele faz questão de diferenciar o individualismo do egoísmo. Pq diz que o individualismo não é a mesma coisa que o egoísmo? Na verdade, o egoísmo é algo muito mais amplo (sempre existiu e sempre vai existir). O egoísmo, nesse sentido, é uma categoria moral e como categoria moral, no fundo, é algo que está relacionado em termos de vicio. Já o individualismo é uma categoria social, sociológica, que no fundo está ligada ao que podemos chamar, caracterizar, como uma espécie de ausência de civismo, ausência de virtude. Individualismo tem mais do que uma outra característica, tem uma outra natureza

● Individuo: sociedade → pequeno circulo da família e amigos (é isso que interessa ao homem nessa sociedade democrática)

● Podemos dizer que o homem deixa de ser um cidadão (cidade, coletivo), no sentido grego ou romano, para se tornar um burguês (o que vale é a dimensão privada, particular). Ate interesse se for pensar a caracterização do Tocqueville como liberal, que normalmente tem um visão positiva sobre o individualismo, ele tem uma grande critica perante o individualismo

● Perigo x revolução● Cada vez se torna menos como uma possibilidade revolução devido a tranquilidade

pública● O que tocqueville esta falando é que revolução não continue acontecendo como

aconteceu na França → tocqueville teve bastante perspicácia nesse sentido. As características não favorecem a revolução, revolução se torna menos comum porque os homens comum são individualista (não tenho certeza se individualismo é a palavra)

● Perigo: despotismo democrático (um despotismo de novo tipo). ● De onde veio despotismo? Montesquieu. Segundo ele, qual é a característica em

comum entre despotismo e democracia? Igualdade

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● Montesquieu vai dizer que a democracia e o despotismo tem em comum a igualdade, mas na democracia o povo é tudo e no despotismo o povo é nada (extremos quase absolutos).

● No fundo Montesquieu sugere que, de alguma maneira, democracia e despotismo podem se encontrar (mas para Montesquieu era muito mais provável uma monarquia ser despótica do que uma democracia)

● Medo de tocqueville coloca é de aparecer um novo despotismo (não como Montesquieu pensou, mas tem pontos em comum). Caracterização do despotismo como uma espécie de governo não moderado, um governo sem limite. O que o tocqueville vai sugerir, no fundo, é que muitas das condições da sociedade democrática (especialmente ligadas ao individualismo) em alguma medida pode contribuir para que se estabeleça um novo despotismo

● Primeiro ponto interessante para pensar é em relação as opiniões. Nessas sociedades democráticas vai ser comum ninguém querer saber as opiniões de alguém que é visto como um grande sábio, o que é mais forte na sociedade democrática são as opiniões majoritárias (onipotência da opinião majoritária)

● Sociedade democrática: Opiniões do sábios X Onipotencia da opinião majoritária● Existe liberdade de pensamento, mas o que vai prevalecer é justamente essa opinião

majoritária (o que hoje em dia chamamos de opinião publica)● Vai ser muito pouco comum se colocar, se pensar, contra aquilo que é visto como a

opinião majoritária● Agora sendo mais concreto, voltando a pontos que já discutimos antes, um dos pontos

centrais que tocqueville chama atenção é como os homens não estão muitos interessados nos negócios públicos. Estão preocupados é justamente com os negócios privados (isso que preocupa o homem democrático)

● Ai, justamente, o que se passa a acontecer é que se os indivíduos não estão preocupados com os negócios públicos, quem então irá tratar disso? O governo.

● Quem vai passar a se preocupar com os negócios públicos é o governo e, justamente, o governo quando passa a se ocupar dos negócios públicos, de acordo com o tocqueville, abre caminho para o que Tocqueville caracteriza como novo despotismo leve e até benigno

● É preciso, portanto, dar um novo nome para o fenômeno que o tocqueville esta tratando (despotismo não é exato)

● Negócios públicos → governo tutor paternalista● Democracia X Poderes secundários● Democracia ama ideias simples e é hostil a privilégios (privilégios que associamos a

poderes intermediários ou poderes secundários)● Se formos pensar mesmo no sentido que tinha de liberdade na sociedade aristocrática,

mais do que simplesmente liberdade como falamos no singular (algo abstrato), se pensava em liberdades como algo concreto e ligado a privilégios

● Gosto democrático, espirito democrático tem horror a isso, acredita que todos os homens tem que ser tratado de maneira igual → aproximar o raciocínio do tocqueville com o Montesquieu

● Montesquieu: poderes intermediários serviam como uma espécie de proteção contra o despotismo

● Liberdade é o aspecto de aproximação do tocqueville com o Burke. Burke analisava liberdades

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● Tocqueville vai, no fundo, pensar a liberdade diretamente relacionada a variedades. O que garantiria a liberdade seria as variedades, mas a democracia tem uma tendência de uniformização

● Raciocínio de como a sociedade democrática favorece o individualismo e como o individualismo favorece o despotismo . Mas, por outro lado, nos EUA ele encontra o que podemos chamar de remédios para enfrentar esse despotismo de novo tipo.

● O que eu diria, ate em um sentido mais geral, sobre esses remédios é que eles tem em comum é justamente se a tendência desse novo despotismo vai no sentido de uma espécie de tutela do individuo; esse mecanismo que o tocqueville pensa ter em encontrado nos eua vão no sentido oposto, promovendo a participação política.

● Um desses mecanismo é o próprio peso que a religião tem nos EUA, ou o fato dos EUA ter sido colonizados por puritanos (inovadores em termos de politica e religião)

● revolução na frança vai eleger a religião como seu grande alvo, mas nos eua não. → Podemos entender isso como costumes equilibrados

● além da religião, um dos elementos central, é o próprio governo local. Governo local é pratica de vc tratar das coisas que dizem respeito a você → isso faz, de alguma maneira, com que os indivíduos ganhem gostos pelas coisas publicas

● passam a exercer e perceber melhor a importância de interagirem com os outros homens. Não de só se ver como indivíduos isolados (individualismo)

● entre os mecanismo de destaques que teria alguma maneira favorecido essa combinação de igualdade e liberdade, pudesse ser uma sociedade democrática com regime politico liberal, é justamente um habito bem americano: de fazer associações

● associação para não beber, por exemplo● associativismo tem relação com as iniciativas que aparecem no interior da sociedade● Setores da população que possuem, para tocqueville, iniciativa no negócios públicos

de acordo com os países o França – governoo Inglaterra – grandes senhores (espíritos aristocráticos)o EUA – associação

● Associação cria mecanismo que vão além da própria ação ● Associação → Associação civis (associação de moradores e etc) e Associação políticas

(partidos)● Para tocqueville esses dois tipos de associações são não divorciáveis → uma alimenta a

outra ● Não pode limitar só em associações civis● Interessante pensar na motivação que Tocqueville encontra para própria participação

desse homem democrático? Própria participação vai em uma linha diferente do que vimos até agora, ou seja, se fossemos pensar em termos como Montesquieu que pensa a republica (irá dizer que o que leva os homens agirem na republica é a virtude – publico ser maior do que o privado, amor a Pátria). No fundo tocqueville esta dizendo que não é a virtude que faz com que o cidadão participe da vida publica é a doutrina do interesse próprio bem (empreendimento, quando a vida publica se faz necessário para os interesses privados)

● O que o tocqueville esta sugerindo é que como as próprias sociedades democráticas, caracterizadas pelo individualismo, não é possível imaginar que essa sociedade vai agir de acordo com princípios que Montesquieu imagina e associava a republica (virtude, colocar o bem comum acima do privado). Para Tocqueville os homens estão pensando em seu próprio interesse

Page 38: Caderno Política III

● Se sugere, se imagina, que ao buscar meu interesse comum acabo beneficiando o interesse próprio

● Tocqueville esta argumentando que é possível encontrar, apesar dos problemas da sociedade democrática, motivações para que seja acha participação do bem comum.

● Resultado é estimular participação do negocio publico● O que ele esta argumentando é que no fundo a motivação para agir em comum, para

participar da política, não é o bem comum que podemos chamar no sentido abstrato e sim o próprio interesse particular do individuo (argumento liberal)

● No fundo a motivação é individual, não está contra um raciocínio liberal, mas além disso, o que realmente vale é destacar o que que essa motivação vai resultar (vai resultar na saída do isoladamento dos indivíduos)

● o papel que Montesquieu chamava de poderes secundários exercia em relação o governo todo poderoso e o individuo isolado(Governo todo podero – poderes secundários – individuo isolados), em boa medida vai ser realizado pelas associações

● associações vão ser correspondentes ao papel da nobreza em uma sociedade aristocrática

● as vantagens das associações é que não teria as injustiças presentes na aristocracia. ● tem nas associações um resultado que impede que o governo tenha um poder

excessivo e que por outro lado os indivíduos quase que somem diante o quadro maior em que estão isolados, não tem como responder a própria presença.

● Mundo caminha pela igualização das condições → o que os eua tem como instrumento que vai evitar um poder excessivo do governo? Justamente esse habito forte de formar associações

● Além do mais, associações são mais um mecanismo decisivo para, ele individuo, se ver como parte de algo maior, de um todo maior (no sentido coletivo que o individualismo tende a quebrar)

● No fundo, voltando algo que vimos desde a aula do constant, é interessante pensarmos como tocqueville esta imaginando com a própria questão de liberdade negativa e liberdade positiva. No fundo a maneira que Tocqueville imagina que pode garantir a proteção individual, em boa medida, vai ser em termos de liberdade positiva

● Liberdade + → Liberdade – ● Associações é um mecanismo que tocqueville enfatiza que justamente favorece a

combinação de igualdade e liberdade. ● Interessante pensar no Isaiah Berlin: Berlin pensa na situação em que tem que se fazer

uma escolha entre a liberdade positiva e liberdade negativa● Um autor como tocqueville, assim como constant, vai em uma linha de pensar uma

espécie de combinação entre as liberdades.

Aula 11- O Antigo Regime e a Revolução - Tocqueville - 02/06

● Roteiro da aula:○ Aparente paradoxo: Ruptura: revolução X Continuidade: Antigo Regime ○ Tocqueville, um liberal de novo tipo

Page 39: Caderno Política III

● Golpes de 02/12/1851 (golpe de Bonaparte) → restitui o Tocqueville para os estudos● Antes: Tocqueville é eleito deputado → deputado bastante isolado● Revolução de 1848, em alguma medida, é o melhor momento da atuação política do

Tocqueville → ministro dos negocios estrangeiros ● Tocqueville reage indignado ao golpe ● Em boa medida, o golpe que leva o Tocqueville escrever O Antigo Regime e a

Revolução ● Tocqueville tinha se conhecido que as Franças ia segui um caminho parecido com os

EUA → Direção de ter igualdade e, tambem, liberdade (regime político liberal)● A questão que o golpe coloca é: Se a França é uma sociedade democratica, então pq

tem tanta dificuldade de ser politicamente livre? → essa é a questão basica que o Tocqueville está tentando escrever no livro

● Mostra a propria ligação entre o Antigo Regime e a Revolução com o Livros sobre a democracia na america → saber as potencialidades e limites da propria democracia (democracia entendida como estado social que se caracteriza pela igualdade de condições)

● saber avaliar se junto com a igualdade pode ter liberdade● Viagem no espaço e no tempo → ver a historia para entender a dificuldade da França,

que é uma democracia, mas tem grande dificuldade de juntar democracia com ser politicamente liberal (juntar igualdade e liberdade)

● Artigo de Tocqueville: O estado social da França antes e depois da revolução → elo entre antigo regime… e democracia na america

● relação entre continuidade e ruptura → pralém da continuidade (aquilo que ele enfatiza), como tambem existe uma ruptura (será que a ruptura é necessária?)

● Particularmente, o Antigo Regime e a Revolução, o projeto original do Tocqueville era escrever um livro sobre consulado e imperio (momento em que napoleão é decisivo, central)

● Mas antes de escrever isso, Tocqueville achou necessario fazer uma espécie de introdução. Essa introdução é o Antigo Regime e a Revolução

● Tocqueville usa fontes tradicionais, mas usa tambem fontes não originais (como, por exemplo, os cadernos de reclamação)

● Cadernos de reclamação = revolução francesa é gerada pela propria crise economia que a França vive, pois ajudou os EUA na independencia; isso provoca bastante descontentamento e, justamente, os estados gerais vão ser convocados (nobreza; clero e povo). Se perde para cada ordem produzir cadernos de reclamação (queixas que tem) → tocqueville utiliza essas reclamações como fonte

● Tocqueville vai enfatizar a ligação entre o Antigo Regime (antes da Rev Fr, ordem feudal - sociedade aristocratica) e a Revolução

● isso abre caminho para o que podemos chamar de aparente paradoxo → paradoxo, no sentido, que em alguma medida, a revolução é um evento unico (sem similar)- comparavel as rev religiosas. Mas, por outro lado, insiste que a Revolução é apenas um acontecimento em um desenvolvimento maior (mais amplo). Desenvolvimento maior que podemos entender no sentido que é o caminhar a centralização (que já era presente no Antigo Regime)

● Estrutura do Antigo regime e a Rev:○ Primeira parte trata do caráter da Revolução (destancado o que esta

preocupado): características sócio-políticas por trás da revolução → questão

Page 40: Caderno Política III

central, aquilo que é destacado, é justamente a passagem da ordem feudal pra igualdade de condições (democracia)

○ segunda parte: recua até a Idade Média → uma espécie de história de longa duração: nessa historia, aquilo que Tocqueville mais dá atenção é a centralização administrativa

○ Terceira parte: trata de eventos mais proximos, eventos já do século 18 → ajudam dar a feição da revolução, como ela se manifesta. Uma das questões centrais é o protagonismo que os Homens de letras adquirem no Antigo regime Frances

● Essa estrutura tem uma relação causal ● tese central do livro: revolução, no fundo, não é tanto uma transformação radical da

França, mas muito mais uma consequencia do Antigo Regime ● Tocqueville está sugerindo algo novo, algo que talvez provocasse choque● Rev Fr: desnecessária ● o que é próprio da Revolução é seu carater abrupto ● tocqueville esta dizendo que revolução tem esse carater extraordinario, no sentido da

aparencia que acaba assumindo (comparável as revoluções religiosas), mas, na verdade, aquilo que a Rev faz é, no fundo, algo que ja havia antes dela e vai continuar depois dela (caminho em direção a democracia)

● Albert Hirschman: tocqueville visto como criador da tese da futilidade ● problema do tocqueville é dizer: se o antigo Regime está em decadencia em toda parte

da Europa, porque ele foi especificamente ruim na França?● Pq se o Antigo Regime (AR) está em decadência por toda parte, pq rui especificamente

na FR? → Caracteristicas particulares do AR Francês ● Caminho particula, que não é pacifico ou progressivo, para democracia → encontrar

resposta para isso pensando na história francesa ● AR : Estado social bastardo → proprios traços do AR vão vir por ai● Como estado social, o AR é justamente o momento que não é mais uma sociedade

aristocrática, mas ainda não plenamente democrática ● Ordem Feudal: Laços de dependencia hierarquica → todos homens vão dever

vassalagem, mas ao mesmo tempo devem proteger o que estão situados abaixo dele (cadeia)

● Liberdade aristocrática X Concentração de poder nas mãos do rei● Rei Povo● Nobreza● Nobreza como evitar abuso = poderes intermediarios● Sec XVI: Parlamentos x Rei → parlamentos, tais como defendido nessa época,

resistiram ao Rei quando o Rei passa procurar concentrar o poder● Historia francesa é muito diferente e tornar muito mais dificil ter junto com a

liberdade e igualdade → livro pessimista● no fundo, há essa visão forte do peso da democracia, da força da democracia.● mesmo que seja uma obra de história, Tocqueville não está preocupado com eventos,

com detalhes → preocupado com as tendencias, sentido estrutural● Revolução Francesa tem duas fases:

Page 41: Caderno Política III

○ Primeira fase da Rev. Fr vai combater o AR → primeira fase é o momento em que se tentaria combinar a igualdade com a liberdade, nesse momento, diz o Tocqueville, que se combateria os privilegios e, tambem, se criaria direitos.

○ Segunda fase: tendencias do AR reapareceriam → o que se vai querer é muito mais garantir a igualdade, vai deixar de lado a liberdade (homem democrático é alguem que sente atraido mais pela igualdade do que a liberdade) → por conta disso apareceria um goberno mais poderoso do que o governo anterior do AR

● Contrária a posição do Burke (que a orientação da RF já esta presente desde o inicio) → Para Tocqueville as orientações iniciais da RF se perdem

● Tocqueville: Revolução Francesa semelhança com as revoluções religiosas (Burke tambem fala isso).

● Religiões pagãs são religiões, justamente, de um grupo social → Rev Francesa ● Revolução francesas são parecidas com as religiões universalistas, apelam todos os

homens → direito dos homens, para todos os homens ● Própria revolução é uma religião ● maneira que acontece na frança é muito particular● Revolução francesa: ordem feudal → democracia (igualdade de condições)● Centralização administrativa X Liberdade aristocratica, diversidade● Centralização Adm vai por fim a liberdade aristocrática● Centralização Política governamental → respeito a toda nação, relação entre nações (é

positivo)● Centralização Adm → parte da nação, diz respeito a dimensão local (governo local) →

isso é muito negativa ● centralização adm corta essa experiencia de tratar dos negocios publicos (Democracia

na America)● quem estabelece a Centralização Adm na França? O Antigo Regime → revolução

francesa continua com a Centralização Administrativa (AD)● AD vai contra a igualdade de condições? Não, AD tende a combinar com a democracia,

principalmente no sentido de igualdade de condições ● Centralização Adm → aparece, junto, um poderoso corpo administrativo ● o que Tocqueville está procurando entender é que esses são personagens decisivos →

quem forma o corpo administrativo são personagens mediocre ● Interessante, na maneira do Tocqueville entender e interpretar esse Corpo Adm, chega

dizer que pode ser entendida, nos termos de Tocqueville, como uma verdadeira classe → sentido de classe (capítulo 6, livro II): ter seu espirito particular, uma verdadeira identidade (sinais distintivos que marcam eles em relação aos outros homens)

● Corpo Adm X Ocupam negocios públicos X Poderes intermediarios = imenso espaço vazio

● efeito do corpo adm é criar um imenso espaço vazio → Cap 6 (livro II) Agente unico e indispensavel da vida publica (esse é o corpo adm)

● Centralização Administrativa passa a estar presente nos costumes das pessoas● Quando vemos uma iniciativa nos EUA quem está por trás são as assoiações. Na

frança, quem está por trás é o governo (tocqueville não tem nenhuma simpatia). Na inglaterra é o grande senhor

● Outro efeito, pensando na centralização, é tornar as classes mais semelhantes → passam a pensar e agir cada vez mais de maneira parecida e, mais que isso, todas as classes vão hostis entre si → cada classe pensa em só si mesmo

Page 42: Caderno Política III

● Governo ← Classes classes pensam em privilegios , que faz com que essas classes se ⇒comportem como grupos hostis e rivais

● A centralização tambem torna as classes mais semelhantes, porque todas elas desejam priveligios do governo e se comportam como grupos hostis e rivais

● No Ar, há uma situação de individualismo coletivo, que é patologicamente aristocraticas (cada classe pensando nos seus proprios privilegios) e potencialmente demcratica

● anobreza era uma aristocracia na idade media (no sentido de ser “a melhor”), mas passa a se comportar cada vez mais como casta na frança.

● Nossos pais não conheciam a palavra individualismo → no AR tem uma situação que vai caracterizar como uma espécie de individualismo coletivo: AR esta entre patologização aristocraticas e potencialmente a democratica

● Democracia na França → desconhecimento mútuo● Nobreza na ordem feudal pensava em obrigaçoes (Cadeia)● Nobreza no AR não quer mais saber de obrigações e sim de privilegios ● Isso é muito diferente do que na situação da Inglaterra → Inglaterra tem uma nobreza

mais aberta● Cavalheiro: Inglaterra → mais do que nobres

○ Eua → todos os homens ○ França → só os nobres

● As palavras, os conceitos, servem para um bom indicio para as transformações mais amplas, sociais

● Rev Fr não destroi o poder absoluto → o que faz é conventer o poder absoluto em base novas. Se antes o poder absoluto estava associado na religião, na tradição; agora com a Rev Fr, o poder absoluto passa a ser muito mais impessoal

● Por conta dessa impessoalidade os limites dele são muito menores, não tem, praticamente, limites

● Democracia → individuos semelhantes e isolados. Esses individuos estão dispostos a submeterem a uma autoridade central → o proprio termo que vimos de despotismo de novo tipo, ele é bastante favoravel em uma situação como essa

● diferença dos EUA com a França → é que os EUA tem mecanismo para tentar evitar essa tendencia (mecanismo como associações para as participaçoes políticas). Agora, na França, tem uma historia oposta

● corpo administrativo poderoso cria um imenso espaço vazio entre o rei e os individuos (relação impessoal) → quem ocupa esse imenso espaço vazio? quem tem o papel da nobreza? Resposta: os homens de letras

● homens de letras ocupam um espaço que era da nobreza → o que é interessante é que os homens de letras, na França, esta fechado as participação política (ocuparem dos negocios publicos)

● nao podendo participarem dos negocio publicos, eles vão criar um outro mundo: um mundo das ideias → teorias gerais e abstratas ( Parecido com a analise de Burke)

● Tocqueville pensando na situação desses homens de letras, mais uma vez, realiza um contraste (comparação) → homens de letras são assim na frança, mas na Inglaterra eles podem ocupar os negocios públicos → por conta disso não vão assumir essa postura de questionar as bases, os fundamentos, da sociedade

● situação que é ainda pior do que da frança é a da alemanha → na alemanha os homens de letras não possuem possibilidade alguma de se ocuparem dos negocios

Page 43: Caderno Política III

publicos e, ao mesmo tempo, não tem influencia que os homens de letras franceses possuem → vivem totalmente no mundo das ideias

● Uma espécie de sociologia dos intelectuais presente nessa analise do Tocqueville● Por outro lado, praticamente todas as liberdades desaparecem durante o antigo

regime, menos uma: liberdade intelectual → filosofos pensam, analisam● Liberdade intelectual conduz uma espécie de política literária → esses homens de

letras transferem a literatura para a esfera da política ● por sua vez os homens comuns tambem não podem participar nos negocios públicos

→ da origem quase uma espécie de substituismo ● O que tocqueville faz é, como cientista social, comparar diferentes culturas políticas :

EUA (Referencia) e França (preocupação)● parte da ideia de democracia, interpretação dele sobre o que é democracia (estado

social de igualdade de condições), e, partir dai, ver como a democracia vai se comportar em diferentes situações

● em termos, entender se essa igualdade pode se combinar com a liberdade ou não● Também é interessante analisar a propria causalidade → pensar fenomenos socio-

políticos tendo em vista os costumes, leis e questões fisicas● Mas ele não é só um cientista, há, no pensamento de Tocqueville, uma espécie de

moralismo → querer que junto com a igualdade se tenha liberdade ● Tocqueville é um liberal bastante particular

Aula 12 - A questão judaica - Karl Marx 09/06/2015

● Roteiro de aula da Questão Judaica ○ Crítica a Bruno Bauer ○ Estado x Sociedade civil (burguesa)○ crítica aos direitos humanos

● A questão judaica → Marx publicou nos Anais Franco-Prussianos (1884) → marx tinha 25 anos

● marx ainda não é socialista, é um democrata radical● Momento em que o que Marx está fazendo é um ajuste de contas com a consciencia

filosofica interior, ou seja, essa consciencia filosofica tem dois elementos centrais que ele procura superar (no sentido hegeliano, dialetico)

○ O próprio Hegel (Antes marx escreve a crítica a filosofia do direito do Hegel)○ ajuste com os jovens hegelianos (ala esquerda do Hegelianismo)

● Vale a pena ressaltar é que esse é o momento de elaboração do pensamento do marx (momento decisivo e fundamental) → antes como jovem hegeliano estava muito preocupado com a alienação religiosa; aqui vai fazer uma critica a alienação política

● Ainda é um momento de elaboração, não é o Marx do Capital → corte epistemológico entre o jovem marx e marx adulto

● Portanto: questão judaica é o momento central decisivo● Questão judaica não é um texto direto sobre a propria questão judaica → o ensaio esta

pensando sobre dois artigos do Bruno Bauer perante a questão judaica ● 2 artigos do Bauer estão tratando da reivindicação dos judeus prussianos de passarem

a terem direitos civis → desde de 1886 os judeus prussianos não tinham direitos civis

Page 44: Caderno Política III

● própria questão da emancipação política do Judeu é uma questão que ja aparecia em outros autores da filosofia clássica Alemã

● A questão judaica é um texto dividido em duas partes praticamente independentes ● Primeira parte é que faz a critica a Bruno Bauer (questão da crítica é essencial em

Marx)● Segunda parte da questão judaica reflete um momento que marx está elaborando

uma concepção materialista da historia → isso aparece diretamente, no sentido que marx diz que ao tratar do Judeu não vai tomar, como Bruno Bauer, o Judeu religioso, mas sim o judeu de todos os dias. Não é a religião que vale, mas as concepções.

● o homem judeu que a partir de como ele vive, trabalha e etc que vai formular uma certa visão sobre o que seria Deus e relação dele com deus. Pensar as condições materiais do judeu, não pensar em um judeu irreal

● Marx faz um caminho que é uma inversão. Fazer a critica da terra, não a critica do céu. ● Isso tem relação com uma propria superação dos jovens Hegelianos● Problema do Bruno Bauer, para Marx, é que ele não faz isso. Bauer ainda esta preso

em uma concepçao religiosa sobre a emancipação política do Judeu→ acha que a emancipação está na religião

● De acordo com o Bauer, para que houvesse essa emancipação política o judeus teriam que abrir mão da sua religião. A conclusão do Marx é que, no fundo, o que o Bruno Bauer faz é transformar um problema secular em uma questão religiosa

● Bruno Bauer Esta pensando que toda discussão se dá em termos da religião● O que marx faz? Marx vai, justamente, pensar e ver o que é realmente emancipação

política● Marx → emancipação política (do judeu, do protestante e etc) vai justamente no

sentido oposto → emancipação política se dá, em termos, que o judeu possa professar a religião que ele quiser.

● Emancipação política: liberdade religiosa● Como Marx vai constatar a liberdade religiosa? Marx utiliza como exemplo os EUA● EUA é um país que não tem religião oficial (tantas as seitas que não havia como impor

uma como superior perante a outra - Tocqueville)● Não ter religião oficial nos EUA faz com que os Americanos deixem de ser religiosos?

Não, na verdade acontece o contrário. Mesmo não tendo religião oficial os americanos são o povo mais religioso do mundo

● Religião oficial, desse modo, não é uma garantia que vai abrir mão da religião ● à partir dai fica mais claro, no Marx, justamnete o que quer dizer a emancipação

política do judeu ou do homem religioso em geral● Na verdade o que ele diz é que essa emancipação política do homem religioso em

geral equivale a emancipação do Estado da religião ● Ou seja, o Estado passa a dizer que a religião não é um assunto da sua esfera. A

religião passa ser algo da esfera privada● Partir dai, o que o proprio Marx destaca é que o Estado que ainda tem uma religião

não é plenamente Estado, pois, no fundo, só são seus cidadãos (só faz parte do dominio do Estado) aqueles que comungam da mesma religião7

● A consumação do Estado se dá no sentido quando o Estado passa abstrair a religião dos seus membros → religião não interessa ao Estado, não é algo que diz respeito a ele, mas sim algo que diz respeito aos individuos

● A conclusão é que a emancipação política, que se esta tratando, é diferente da emancipação humana

Page 45: Caderno Política III

● Não é porque o Estado se liberta da religiao que os homens deixam de ter religião → esse é o grande equivoco do argumento do Bruno

● Bruno não percebeu como Estado funciona● Emancipação política é um avança, mas a emancipação política, diferente do que

imaginado por Bauer, não é algo que leva a libertação dos homens perante a religião. Na verdade o que acontece é o contrário, a religião é um problema dos individuos particulares, então pode professar o que quiser.

● EUA: Direitos políticos (votar e ser votado) difundidos é diferente da europa que é censo (rever, confuso)

● Supressão política da propriedade é diferente da supressão da propriedade● Democracia americana vai ao sentido oposto → democracia dos EUA a propriedade é

tomada como um pressuposto, ou seja, se imagina que os cidadãos que participam da política vão se comportar como proprietário

● A supressão política da propriedade implica essa visão de que os homens agem e pensam como proprietários

● Direitos civis (religião) direitos políticos (propriedade) → dimensão da existencia humana em que não há lugar para as particularidades

● Estado é identificado como universal, mas o que está subentendido é que existe uma outra esfera da existência humana que é a esfera das particularidades. A esfera das particularidades éa esfera da sociedade civil

● o que está subjacente vc tem uma situação em que aparece uma cisão no homem → o homem vai aparecer tanto como o ser genérico que justamente pensa como referencia o universal (sua grande referencia é o Estado e o homem é visto como cidadão) como tambem vai ter uma outra dimensão da existencia humana que é justamente como ser privado, particular (que tem como referencia a sociedade civil e o homem é visto como burgues)

● essas duas dimensões, política e particular do homem, é muito semelhante com o que Rousseau analisa

● Dicotomia do pensamento político para o Hegel: Estado X Sociedade civil● Antes do Hegel não é essa dicotomia do pensamento político → de Hobbes a Hegel:

Estado de Natureza x Estado ou sociedade civil (Essa é a dicotomia para o locke e hobbes)

● Hegel : relações sociais de natureza conflitiva → Estado ● contraposição sociedade civil X eSTADO, em boa medida está relacionada com o

processo de automização do político (ou da esfera política) → formação do Estado moderno (que é a propria revolução francesa)

● Oposição não faz nenhum sentido na antiguidade classica e nem na idade média. Não faz sentido pensar em uma sociedade civil contraposta a um Estado

● aNTIGUIDADE: Aristoteles a cidade são cidadãos → não há uma separação entre aquilo que seria uma dimensão dos individuos que participam da sociedade civil e os individuos que participam do Estado → para aristoteles a vida social e política não está separada

● Como Hegel vai entender a propria concepção sociedade civil X Estado:: Sociedade civil e Estado fazem parte do que vai chamar de vida ética

● Vida ética é o momento que aparece depois do direito abstrato e depois do momento da pura moralidade

● dIREITO ABSTRATO → Pura moralidade → vida ética ● Direito abstrato: puramente objetivo

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● Pura moralidade: momento puramente subjetivo● Vida ética: momento em que sujeito e objeto se encontram, momento em que

subjetividade e objetividade se encontra● Vida ética começa na dimensão da familia, depois para sociedade civil e, de alguma

forma, sociedade civil ira culminar no Estado● A unidade da familia é uma unidade imediata (por amor). Mas os membros não podem

ficar restritos, precisam ir alem da familia → justamente isso que faz com que haja sociedade civil

● Sociedade civil para existir pressupoem a existencia do estado● O que está pensando em sociedade civil? membros da sociedade civil, para realizarem

seus fins egoistas, vão se relacionar entre si ● sociedade civil = foins egoistas → depende da relação deles com outros membros da

sociedade civil● Nesse sentido teria uma civilização em que o particular encontraria o universal, mas

ainda como necessidade● Economia política tem o papel de estudar o sistema de necessidades → já no Hegel,

antes do proprio Marx, está ai uma percepção que a economia política pode ser central para entender a propria sociedade civil

● Hegel está sugerindo que, no fundo, a economia política vai ter em relação a sociedade civil quase um caminho comparavel com que a astronomia tem em relação o universo

● sociedade civil é marcada, ainda, por essa dimensão de que o que prevalece são as particularidades, as necessidades

● Hegel vai indicar que não será possivel ficar restrito a sociedade civil ● Pralém da sociedade civil, nela mesma, irão aparecer as corporações ● no interior das corporações homens sairiam da particularidade para terem acesso a

dimensão do Estado● dimensão do Estado: Universal é o fim e o Particular o meio● situação que se tem razão de si e para si (liberdade)● O espirito objetivo se realiza no Estado ● Hegel relação critica aos jusnaturalistas, pois os jusnaturalistas dizem que o fim do

Estado é garantir a perservação do homem. Para o Hegel é ao contrário: a maneira de superar as particularidades que são constitutivas da sociedade civil se daria pelo Estado

● Sociedade civil (particularidades) → Estado (Universal) ● Qual é mais um ponto do argumento do Bruno Bauer (como isso se relaciona com o

livro)? De acordo com Bauer, os judeus para terem acessos ao direitos humanos precisariam se libertar da religião

● O que Marx faz é examinar isso: seria verdade? Marx pode saber se é verdade ou nao vendo as declarações dos direitos humanos

● Direitos humanos aparece na Rev Francesa e Americana ● Rev Americana e Rev Fr: diversas declarações dos direitos humanos ● Declarações dos direitos humanos falam que os judeus, protestantes e etc precisam

abrir mão da sua religião para poderem usufruir dos direitos humanos? Não, ao contrário → elas protegem a liberdade religiosa

● Para o Marx é interessante ver as declarações da revolução francesa → Pq rev francesa é particularmente interessante? No caso da Rev Francesa tem tanto declaração do direito do homem e do cidadão → isso indica a discussão anterior: está pensando em

Page 47: Caderno Política III

duas dimensões: Homem é o membro da sociedade civil ---- Cidadão é homem em sua existencia genérica

● quais são so direitos do homem proclamados na rev francesa? Igualdade; liberdade; segurança e propriedade (muito proximo em política II, jusnaturalistas → direitos naturais)

● Liberdade para direito dos homens: “direito de faz tudo que não cause dano aos outros” (liberdade negativa do Isaiah Berlin, ausencia de constrangimento)

● Ideia de liberdade é relação dos homens, direito a separaçlão, mônadas auto-suficientes

● Igualdades: Igual tratamento → como monadas auto-suficientes● Liberdade, igualdade → propriedade = base da sociedade civil ● propriedade é a base da sociedade civil● Mas a segurança é o proprio fim da sociedade civil → existe para garantir a

manutenção desses direitos identificados como direito do homem ● entender a relação não só dos direitos humanos, mas do direito do homem com os

direitos do cidadão ● homem que esta se proclamando homem é o burgues → membro da propriedade civil

→ homem natural● direitos do cidadão = homem abstrato; artificial; pessoa alegórica e moral. ● Existencia real, existencia verdade é justamente do homem membro da sociedade civil

(homem burgues)● pensando a relação entre direito do homem e direito do cidadão, o que argumento o

Marx é que o direito do cidadão estão subordinados ao direito do homem● Dimensão que o cidadão existe (dimensão do Estado) existe para garantir a dimensão

da sociedade civil ● questão por marx não se dá, como pensava o rousseau, em que o burgues se

subordinava ao cidadão (esfera política teria primacia perante a esfera não política) → hegel e rousseau consideravam que as contradições da sociedade civil seriam superadas no Estado (universal)

● marx está dizendo que o Estado é expressão dessas particularidades, expressão da sociedade civil → está pensando em termos opostos ao hegel (esse também é o erro do Bruno Bauer)

● cidadão (Estado) existe para garantir a manutenção da propria forma como a sociedade civil é organizada

● sociedade civil e estado não se dão nos termos imaginados pelo Hegel● Estado ser expressão das contradições da sociedade civil é essencial para o

pensamento do Marx● Alienação religiosa: Homem potencialidades → Deus● o que está dizendo na questão judaica se dá como uma espécie de alienação política:

Particularidades constitutivas da sociedade civil poderiam ser superadas na dimensão do universal do Estado (ideia que imaginavam) → marx diz que não é isso que aconteceu, é o contrário → entender uma relação oposta para tratar o mundo da maneira que ele funciona

● Até o feudalismo a relação dos individuos com o Estado se davam em termos de, antes de poderem fazer parte do Estado passavam pela mediação de corporações

● Feudalismo: Individuos (soc, civil) → corporações (sociedades dentro da propria sociedade) → Estados

Page 48: Caderno Política III

● essas corporações teriam papel político → já o Estado era uma dimensão que aparecia quase como algo privado

● Estado era assunto quase privado de reis e funcionários ● A revolução francesa poem fim a essa mediação ● Com a revolução francesa a relação que se passa a ter é diretamente entre individuos

e Estado● Individuos → Estado● Partir dai o Estado deixa de ser negocio privado e, por outro lado, a sociedade civil é

despolitizada ● crítica do Marx aos direitos humanos é uma critica muito incesiva e muito profunda

especialmente o que podemos chamar de aspectos ideologicos desses humanos → o que marx chama atenção é o lado de falsa aparencia desses direitos humanos

● direitos humanos aparecem apenas como uma medida● o que essa critica do Marx leva em conta é um certo potencial emancipatório dos

direitos humanos ● direitos humanos alem do lado ideologico, de enconbrir o que é a exploração da

sociedae civil, tambem podem entrar em contradições com as condições materiais● outra questão talvez interessante quando pensamos em direito: relação ao proprio

caráter do direito → tradição liberal que está preocupada na questão de “como” se governa

● já o socialismo se preocupa com a questão de quem governa (se é a maioria ou minoria)

● nesse sentido, a não preocupação especial com o problema de como se governa, pode criar problemas em termos de não estar preparado para evitar abusos por parte da autoridade política

● pensando no próprio marx e marxismo, principalmente a sociedade civil e estado → discussão que vai em termos de pensar o Estado que é, basicamente, como reflexo do momento anterior (momento que ocorre na sociedade civil)

● interessante é que não necessariamente isso ocorre em todas as situações ● por exemplo, manifesto comunista há uma definição de Estado de como uma espécie

de comite executivo de uma classe dominante● já do 18 é que à partir das lutas de classes leva uma situação de equilibrio entre as

classes fundamentais (bonapartismo_ → nesse equilibrio há como uma situação de uma autonomia relativa de Estado

● Mais do que a relação direta do Estado refletindo a sociedade civil, por conta mesmo da propria manutenção do capitalismo, o Estado ganha uma certa autonomia (a força, a coerção se torna especialmente importante)

● No fundo, em termos de marxismo, mais interessante foi aquilo que foi pensado como justamente em situações dessa relação mais complexa entre sociedade civil e Estado (Gramsci)

● Gramsci: situação do ocidente em que um nivel da sociedade civil se criou um complexo sistema de trincheira

Aula 13 - 18 Do Brumário - 16/06

Page 49: Caderno Política III

Bibliografia complementar : Introdução do livro As lutas de classe em França - Engels

● Roteiro da aula: ○ Revolução de 1848 (importância e abrangência que teve as primaveras dos

povos)○ Revolução de 1848 na França (grandes dificuldades do analista é pressão dos

acontecimentos - dificuldade de fazer sentido desses acontecimentos. Vai tentar indicar os sentidos gerais do acontecimento e como Marx está interpretando esses acontecimentos)

○ discussão mais detalhada acerca 18 do Brumário → falando do inicio do 18B ○ Análise do Marx de certos fenômenos políticos (indicar como Marx entende o

partido social democrata, por exemplo)● Ciencia Política e Marxismo → falta de uma teoria do Marx acerca do Estado ● melhores indicações para interpretar o Estado do ponto de vista marxista estão nas

obras históricas (guerra civil na frança; lutas de classes em França e 18B)● como entender o Estado não de uma maneira abstrata● França como espécie de laboratório político → luta de classes vão mais longes e os

conflitos se tornam mais claras ● Manifesto comunistA: Estado como comite executivo da classe dominante● 18B: Apontar como as proprias condições da luta de classe na França, naquele

momento preciso, abrem caminho para uma certa autonomia relativa do Estado. ● Burguesia, para manter seu poder social, precisa, de alguma medida, abrir mão de seu

poder político (18B)● Esses comentários abrem caminho para uma discussão ampla no proprio marxismo.

Além disso é interessante como essas obras históricas podem ser consideradas como um exemplo concreto de tentar usar o materialismo histórico para interpretação de fenomenos sociais e políticos;

● No fundo, muito do esforço do Marx no 18B é tentar interpretar o que está por trás dos fenomenos políticos

● Materialismo histórico → Forças sociais → fenomenos políticos● forças sociais estão ligadas, de alguma maneira, naquilo que aparece como fenomenos

políticos● Se o Hegel imaginava que as contradições seriam superadas no Estado -

particularidades irão se resolver no Estado -; marx defende ao contrário: como Estado reflete essas contradições (Questão judaica)

● Um dos pontos interessantes é o esforço do Marx de tentar fazer sentido. Tentar explicar coisas concretas: partido social democrata; partido da ordem; camponeses e etc

● Um dos pontos dificeis está no fato de que há uma dimensão forte de ideologia → ideologia no sentido de falsa aparencias, de ilusões que os homens precisam mobilizar para poderem atuar politicamente

● Isso torna mais complexo a propria interpretação da política e, no fundo, isso explica a linguagem teatral que há nesse livro (frasa; tragédia; atores; mascaras e etc)

● Apresentação mais ampla acerca da Revolução de 1848 na Europa:

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○ De alguma maneira a revolução de 1848 foi anunciada (alguns analistas perceberam que tinha alguma coisa errada). Pensar no próprio Tocqueville que em janeiro de 1848, como deputado, chega advertir que os deputados estavam dormindo sob o vulcão (percebe o perigo de alguma erupção)

○ Podemos pensar no proprio manifesto comunista que é publicado em 48 e, justamente, vão começar o manifesto com a famosa advertência (um espectro ronda a europa)

○ Isso não quer dizer que eles (tocqueville e marx) percebem que a revolução de 48 vai estourar, mas, de alguma maneira, notam que algo não está funcionados.

○ Tocqueville, marx e Engels realizam uma espécie de advertência○ No sentido mais imediato é interessante que antes da revolução de 48 houve,

na Europa, uma crise econômica (1845-47) → o que é mais chamativo nessa crise econômica é a grande fome da Irlanda, o que faz com que boa parte morra de fome e imigra para os EUA

○ Mas em um sentido menos direto, mais profundo, podemos dizer que a propria Revolução Industrial já estava em ação em algum tempo e, junto com a revolução, apareceram alguns anseios por justiça; democracia; nacionalismo

○ De qualquer maneira, é interessante (está ligado) que não por acaso a Revolução de 48 tem uma abrangência muito grande → revolução se espalha por, praticamente, toda a Europa (conhecida como primavera dos povos)

○ Em termos europeus, a revolução de 48 vai da França até a Polônia (repercussões até mesmo no brasil - Revolução praieira)

○ O que fica de fora da rev de 48 é a periferia mais afastada que é a Russia e a peninsula ibérica (Portugal e Espanha) → esses não participam da Revolução de 48

○ Tambem não participam os paises “mais desenvolvidos” (que é interessante ver que ja tem um sistema parlamentar); Inglaterra e Bélgica

○ tirando essas exceções, toda a Europa é levada pela revolução de 48○ Agora tambem é interessante que pouco depois da Revolução (1 ano e meio)

que se iniciou a revolução, todos os governos já haviam sidos derrotados menos a republica francesa

○ Republica Francesa vai ter um final não muito animador ○ 1,5 ano → derrota precoce da Revolução○ é interessante que, no fundo, é que o proprio Marx deica claro, ao falar das

Jornadas de Junho, deixa claro que do lado do proletariado não ira ficar ninguem (só o proletariado)

○ O proletariado vai aparecer como aquele que desafia a ordem social existente (aparece como partido da anarquia)

○ Todos os outros grupos vão se unir contra eles em um espécie de partido da ordem ampliado

○ Combate fica claro: Partido da Anarquia + Partido da ordem → o que vive é uma situação que é diferente da de 1789 (primeira revolução francesa)

○ Rev Fr apareceu como combate do Antigo Regime contra forças do progresso (terceiro estado)

○ interessante que o Engels ao interpretar a derrota de 48 vai analisar nessas linhas e, inclusive, o Hobbsbwan vai analisar assim

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○ Hob: no fundo, nesse momento, fica claro que a ordem social existente está em perigo e, por conta disso, há união para manter

○ Mesmo com a derrota de 48, podemos dizer as bases de legitimidade política se modificam

○ Depois de 1789 a sociedade não foi mais a mesma ○ Bases da legitimidade política alterada → sufrágio universal, liberdade de

expressão, nacionalismo cada vez mais importante para política○ No fundo, mesmo com a derrota, há uma mudança definidora ○ Tudo isso foi introdução a 1848 no sentido europeu

● 1848 na França:○ Em sentido geral, pensando em analises do Marx, o primeiro ponto

interessante é o contraste que é apontado entre a Rev Fr (1789) X Rev de 48○ Contraste em que sentido? diz que, se o sentido da rev de 1789 é um sentido

ascendente (rev está indo para frente, cada vez mais se radicaliza), de acordo com marx, ao pensar rev de 48, o que se percebe é um sentido descendente

○ O que Marx ta pensando é que a rev de 89 vai para radicalização, cada partido leva para frente

○ pra pensar a rev de 48 tem um caminho oposto → o que se tem é uma situação que o que seria o Partido mais radical ( o proletariado) age, durante a maior parte desse periodo revolucionario, como um simples apendice do partido pequenos burgues

○ Se fomos pensar os pequenos burgueses democratas vamos perceber que vão ser muito dependentes do grupo “burgueses de ideia republica”

○ Por suas vez, os burgueses de ideia republica agem tendo um relação direta de submissão ao Partido da Ordem

○ E o partido da ordem, o que está por tras dele? como ele atua? → exército (forças armadas)

○ Essa relação que vai explicar no proprio desenlace da revolução → revolução vai no caminho oposto → sentido descendente

○ Interessante que o Marx vai apontar para diferentes fases da revolução de 48■ Primeira fase é o prólogo inicio curto que vai entre fevereiro de 48 ⇒

até maio de 48 (inicio, quando estoura a revolução)■ Segundo momento é o momento de Constituição da República

Burguesa → momento se inicia com a propria eleição da Assembleia constituinte. Esse segundo momento vai de maio de 48 até maio de 49

■ Último momento: Assembleia se elege 05/1849 até dezembro de 1851 (quando Luis Bonaparte dá o golpe)

○ São essas as tres grandes fases: Fevereiro de 1848 até dezembro de 51○ A partir disso pode analisar os diferentes evento que tem durante a revolução

de 48○ Prólogo: Momento de indefinição, nada está determinado

■ como nada está definido, cada partido enxerga a revolução como quer■ Nesse momento é interessante que o operariado de Paris vai poder

enxergar a republica social (socialista) → operario imagina que vai caminhar para isso

■ O que abre caminho para revolução de 48? Abre caminho a chamada Campanha dos Banquetes

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■ Campanhas dos Banquetes é uma campanha favoravel ao sufrágio universal → pq Banquetes??

■ Tocqueville: associações políticas estavam proibidas e a maneira que se encontra para escapar disso é justamente com banquetes. Na hora especial do brinde, o orador pode fazer um discurso → é uma maneira de ter uma campanha e escapar as proibições

■ é interessante que, justamente, no desgaste da monarquia de Julho essa campanha dos banquetes tem muito sucesso

■ Campanha dos banquetes vai unir forças variadas: Oposição dinástica (que não aceitam os bourbons como reis, os legitimistas) + republicados + dissidentes orleanistas + socialistas

■ Estudantes vão estar banqueteando (reunindo) quando irão sofrer repressão do exército (guarda nacional, criada na revolução francesa, é chamada para reprimir a manifestação, mas ela acaba se unindo aos revoltosos)

■ Partir dai perde o controle da situação: ministro é demitido e Luis Filipe renuncia

■ Novo governo é proclamado → novo governo é uma espécie de compromisso entre gente que está ligada ao jornal mais a esquerda (La reforme) e outro jornal (le national) que sao os burgueses de ideia republicana

■ O que são burgueses de ideia republicana? São, no fundo, escritores; advogados; altos funcionários → papel que tem é de ideólogos. tem um certo lugar na propria disputa política

■ Diversas medidas são tomadas no prológo da rev de 48: se institui sufrágio universal; oficinas nacionais (momentos de desemprego seria essas oficinas que dariam empregos); abolição da escravidão nas colônias; proibição da guerra de conquista e da pena de morte por motivos políticos.

■ Esse é o primeiro momento → nada está definido e cada partido enxerga a revolução como quer

■ O que acontece? se convoca eleições → eleições para assembleia constituinte

○ Segundo Fase: Momento da constituição da Republica Burguesa■ Marcada pelas eleições das assembleias ■ antes quem governou eram os Bourbons que estavam ligados ao

latifundios ■ Monarquia dos Bourbons = latifundio ■ Enquanto que a monarquia de Julho (orleans) = alta burguesia

financeira ■ Com a instauração de uma republica burguesa, o que voce vai ter a

solução desse dilema de quem vai governar (solução do dilema: latifundio ou burguesia financeira?)

■ A republica burguesa é o governo anonimo da Burguesia → se pode juntar essas duas frações

■ Eleições de maio de 48 → quem ganha? ganham, principalmente, os monarquistas (setores mais conservadores) → isso é importante, pois a vitória dos conservadores vai dar sentido no fato de que, se em

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fevereiro de 48 Paris surpreendeu o resto da Fr (apareceu a rev do nada), já nas eleições de maio de 48 a França profunda (a frança real) passa a dar o tom

■ 02/1848: Paris surpreendeu o resto da França■ 05/1848: França Real passa a dar o tom → ideia de descendencia da

Revolução ■ Proprio governo vai passar a ter um comite executivo de 5 ministro,

em que o socialista Blanqui não faz parte■ Novo governo vai tomar medidas que vão na orientação conservadora■ Uma das principais medidas é o fechamento das oficinas nacionais ■ Oficinas nacionais davam emprego para os operários de Paris, com o

fechamento das oficinas nacionais o que acontece é que os operários de Paris vão para ruas → MOMENTO DEFINIDOR DA PROPRIA REVOLUÇÃO: Jornadas de junho

■ Quem fica contra o operariado de Paris são: a Aristocracia financeira; a burguesia industrial; a classe média; a pequena burguesia; exercito; lumpemmproletariado; intelectuais de pestígio; clero e população rural → todos vão se unir nessa espécie de Partido da Ordem alargado contra o proletariado (que é visto como partido da anarquia)

■ isso gera uma repressão brutal as jornadas de junho → general cavagnac

■ é interessante ver os efeitos disso: por um lado, todo esse partido da ordem, em alguma medida, vai se congregar dizendo que estão protegendo a Propriedade; familia; religião e ordem enquanto o partido do proletariado (anarquia) vai apontando para o socialismo.

■ A derrota do proletariado faz com que o operario tenha que refluir para o fundo da cena política

■ Se, desde de fevereiro o proletariado tinha um papel político, agora ele vai para o fundo da cena

■ Operario vai se comportar como uma espécie de fantasma → resultado final dessa historia toda, que é o proprio golpe do Bonaparte, é no fundo o momento entre equilibrio das classes fundamentais (equilibrio entre burguesia e proletariado)

■ Não aparece com o peso protagonico que tinha, mas de alguma maneira é determinante para o todo resultado

■ Assembleia constituinte convoca eleições presidenciais de dezembro de 48 → diversos personagens tratados até aqui vão se candidatar

● Lamartine → grande figura da revolução - 8.000 votos● Ledru-Rolliw → democrata radical - 400.000 votos● Cavagnac → grupo de ideias republicanas - 1.400.00 votos● Raspall → Candidato comunista - 37.000 votos● Luis Bonaparte → VENCEDOR -- 5.400.000 votos

■ Luis Bonaparte recebe votos de, praticamente, todo mundo: camponeses; exercitos; alta burguesia; proletariado

■ primeiro cabinete que Bonaparte nomeia é justamente o Odile Barrot (antigo monarquista) → todo mundo acha que pode controlar o Luis Bonaparte, fazendo com que ele seja beneficiado dessa situação.

○ Terceira fase: Republica burguesa

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■ 05/1849: Eleições para Assembleia nacional: Partido da Ordem elege 500 deputados; Partido Montanha (junta pequenos burgueses e proletariados socialista) elege 200 deputados; Burgueses de ideias republicanas elege 50 deputados

■ Pegar o mapa eleitoral dessa época, lembra o mapa da revolução francesa

■ unidade republicana estaria rompida, ou seja, no fundo fica que o Partido da Ordem vão ter poucas relação com os sociais democratas (montanha) e com os burgueses de ideias republicanas

■ Expedição à Roma: é justamente uma iniciativa para recolocar o papa no poder em Roma. Expidação à Roma se choca contra a constituição que foi estabelecida (questão de não conquista) → todos aceitam esse choque, menos a Montanha

■ Montanha tenta impeachment no parlamento → sem sucesso ■ depois de não ter sucesso Montanha vai à rua → nisso ela é facilmente

derrotada ■ Terreno do proletariado é a rua, enquanto da pequena burguesia é o

parlamento■ Isso é uma espécie de armadilha → eles são facilmente derrotados■ Luis Bonaparte e Partido da Ordem se unem contra o Partido

Montanha na rua■ ainda ligada a esses eventos, é interessante que por conta deles 21

Deputados da Montanha são cassados → eleições complementares vão ser marcadas para Março de 1850

■ Resultados das eleições complementares: 11 deputados da Montanha são eleitos (indica que a esquerda ainda tem bastante força).

■ Isso abre caminho pra, justamente, se estabelecer limitações para o sufrágio universal

■ Caminho descendente: revolução começa com sufrágio universal, mas agora vai se estabelecer coisas que vão contra o sufrágio universal → diminui consideravelmente o eleitorado frances (9,8 milhoes para 3,8 milhoes)

■ no fundo, se pensarmos a trajetória da revolução é praticamente um circulo. Começa com sufragio universal e acaba estabelecendo limitações ao sufrágio

■ Interessante que o Luis Filipe morre no exílio em Londres → morte do Luis Filipe deveria, em tese, abrir caminho para unificação dos dois ramos dinásticos → porque o Bourbon não possui descendente

■ mas isso não acontece → pq a união dos dois ramos dinásticos não acontecem?

■ Em um sentido mais amplo, é que é ai que o Luis Bonaparte passa a se movimentar → passa ser bastante ativo, intensificar visitas ao interios; recebe no eliseu; participa de banquetes com o exercito

■ Nesse deslocamento Luis Bonaparte está acompanhado da chamada Sociedade 10 de dezembro → lumpemproletariado (setores proletariados sem um lugar bem definido no processo produtivo, setores marginais)

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■ proprio Luis Bonaparte, como uma espécie de aventureiro, não deixaria de ser um membro do Lumpem

■ alem disso, pensando esse final melancolico da Rev de 48, muito que se tem é justamente uma situação de conflito entre o Poder Executivo (Luis Bonaparte) e o poder legislativo

■ Poder executivo tenta tomar medidas como restaurar o sufrágio universal (apelo popular); garantir a reeleição → tudo isso o poder legislativo resiste

■ Por sua vez, o poder legislativo vai tentar controlar as forças armadas → isso entra em uma espécie de impasse até o golpe de 02/12/1851 que resolve o impasse

○ Dois interpretes interessantes acerca do golpe: Proudhon e Vitor Hugo○ Tanto Proudhon como Vitor Hugo, para Marx, interpretam o golpe como obra

de um homem: obra de Luis Bonaparte○ Interessante que esses autores acabam engrandecendo o Luis Bonaparte →

parece que é o Bonaparte que é capaz de controlar a história → uma espécie de estatuto heroico

○ Marx analisa como um personagem mediocre → o que Marx quer fazer com o 18B é diferente, quer fazer como a luta de classes na França abriram caminho de assumir esse aparente papel heróico

○ Não é o Luis Bonaparte que faz as coisas acontecerem (não é personalista) → Marx está falando que são as lutas de classes na Fr que fazem com que esse personagem mediocre assuma uma aparencia de heroi

○ Fr: Laboratório político da Europa → lutas de classes vão mais longe e, por conta disso, se torna os conflitos mais nitidos. (perceber melhor os enfrentamentos)

○ 18B: Marx → hegel a história acontece 2 vezes. Marx acrescenta que a primeira é como tragédia e outro como farsa

○ Tragédia 1789○ Farsa 1848 (encenação de 89)○ Duas ideias no segundo paragráfo:

■ “Os homens fazem sua propria história, mas não a fazem como querem” → quando diz que os homens fazem suas proprias historia o que se está apontando é o papel que a agencia humana. Por outro lado, está, tambem, apontando e indicando limitações dessa agencia (as estruturas limitam o agente humano)

■ essas limitações são identificadas com a historia (“a tradição de todas as gerações passadas é como um pesadelo que comprime o cérebro dos vivos”)

■ Há, nessa duas frases, duas correntes marxistas:● Marxismo analítico → procura a analisar o papel da agencia

humana● Marxismo estruturalista → procurar analisar estruturas que

condicionam os homens○ Conjunração de mortos: vai pensar na revolução francesa que se vestiu a

romana (tanto no omomento mais republicano quanto no momento do imperior) → lembra constant, falando que a liberdade dos antigos como algo que alguma maneira cria empecilhos para criar uma situação nova.

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○ O que diz o Marx sobre as revoluções burguesas? Revoluções Burguesas → tomaram emprestado as vestes do passado pra fazer a tarefa da sua época que é a instauração da moderna sociedade burguesa

○ No fundo, a Rev Fr em especial, teve como se iludir (iludir seu conteudo, o que quer fazer) pra poder agir. Agora, depois que agiu, depois que se instaurou a sociedade burguesa, deixou isso de lado.

○ qual o problema da revolução de 1848, de acordo com Marx? Segundo Marx, a Rev de 48 acaba sendo uma parodia de 1789 → encena a revolução francesa e não realiza a tarefa da sua época no sentido de avançar na historia.

○ Interessante que, no fundo, Marx sugere uma visão do que chama de revolução social do 19 muito diferente → revolução social do século 19 não pode tirar sua poesia do passado, tem que tirar sua poesia do futuro

○ Revoluções burguesas, com os aspecto ideologico, estavam idealizando as tarefas da sua época. Agora o que ele chama de revolução social do século 19 ( a revolução proletaria), tem que pensar para frente

○ Revoluções proletarias são revoluções que se criticam constantemente → até agora as revoluções burguesas tiveram que iludir sobre seu caráter, agora a revolução social ( a revolução proletaria) não deve ter ilusoes

○ E não é isso que ocorreu ao longo da revolução de 1848. É interessante que o final, o golpe de 02/12/1851 que faz Bonaparte imperador (o que resolve essa farsa), não deve ser entendido como um raio que caiu do céu azul. Está tudo explicado no desenrolar da história

○ Raio caido do céu azul liga o comentario aonde Marx inicia sua propria analise de que os homens fazem suas proprias historias, mas não como querem → o que está dizendo é que há um minimo de controle se fosse, no minimo, sabe o funcionamento dos conhecimentos

○ Tensão entre estrutura e agencia que está presente no proprio pensamento do Marx aparece nisso

○ O golpe não é algo inexplicavel, é possivel entender se voce analisar o que está em jogo, o que está articulando.

○ Partido Social Democrata → Esse partido é uma coalizão: Social vem dos socialistas, os proletarios. Democrata vem da pequena burguesia

○ Interessante, pela analise que vimos sobre os eventos e acontecimentos de 48, o que vimos sobre o proletariado? Desde de junho de 48 o proletariado estava no fundo da cena política, estava fora de cena. Portanto, quem dá o tom é a pequena burguesia → a ação desse partido social democrata tem muita relaçao com as proprias caracteristica da pequena burguesia

○ Marx: Pequena burguesia é uma classe que não quer acabar com os conflitos de classes, mas quer atenuar → está indicando que a ação política da pequena burguesia seria marcada por essa logica de atenuar → isso ta ligado à propria situação da pequena burguesia como classe

○ o que é a pequena burguesia como classe? pequeno burgueses são pequenos comerciantes, artesão, pequenos empresários → são uma classe de transição, uma classe colocada entre a burguesia e o proletariado.

○ A pequena burguesia por ser uma classe de transição vê seus interesses como universais (como se estivesse acima dos antagonismos de classe)

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○ percebemos melhor como analise do Marx ta tentando entender o que está por trás das disputas políticas → entender as forças sociais que explicariam esses conflitos.

Aula 14 - continuação do 18 de Brumário - 23/06

● Roteiro de aula 18 B○ Analise de fenomenos políticos:

■ Partido da ordem■ Campesinato■ Poder executivo X Poder Legislativo■ Poder Social X Poder Político ■ Bonapartismo■ Outros fenomenos políticos: Fascismo; populismo e lulismo■ Tratar do prefácio do Engels As lutas de classe em França (1895):

Barricada → Luta eleitoral● Partido da Ordem → aparentemente, no partido da Ordem, o que opoem os dois

ramos do partido são questões de principios: Legitimistas (bourbons) X Orleanistas● No certo momento, havia a possibilidade fácil de unificação dos dois ramos, pois o Luis

Filipe morre no exílio em londres → situação bastante favorável a junção → bourbon, Henrique Quinto, não tem descendente, portanto basta que os orleans abram mão da coroa francesa → entretanto isso não acontece, mas pq? De acordo com o Marx o que isso indica, o que realmente opoem esses dois ramos do partido da Ordem? é simplesmente uma questão de principio? Os bourbons, na verdade, representam os grande proprietários de terra. No caso dos orleans, no fundo, eles representam a alta burguesia financeira e, em alguma medida, industrial

● O que deixa bastante claro que, justamente, nessa analise política o Marx, de alguma maneira, está colocando em prática o materialismo histórico para entender, por exemplo, as disputas políticas → são as proprias condições materiais de existencia que opoem esses dois grupos, que separa

● é interessante como o proprio marx vai apontar que isso é algo que não deixa de ter implicação na propria consciencia → maneira que esses legitimistas e esses orleanistas se enxergam → o que está por trás, o que leva oposição entre Legitimistas X Orleanistas, são as condições materiais de existencia, no sentido de que um lado representa o Latifúndio e, do outro lado, a alta burguesia financeira industrial

● é bastante interessante que, no fundo, mesmo que os orleans, por acaso, decidissem abrir mão a sua reivindicação ao trono frances isso não adiantaria → a questão não está ai

● não é pq o partido diz que é partidário aos bourbons, por questões de direito legitimo, que é isso que explica a posição que eles assumem

● nessa situação de oposição qual é a solução, o que pode unificar? A república parlamentarista

● a solução desse conflito é justamente a república, pois a república aparece como governo anonimo da burguesia → mais do que propriamente representar esses diferentes grupos, representam frações variadas da propria burguesia

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● republica parlamentarista → condição incortável da dominação da burguesia → unica forma de Estado em que o interesse geral das suas classe podia submeter a si, ao mesmo tempo, as demandas das suas facções em particular e todas as demais classes da sociedade (página 114)

● poder social ainda mantido → bonapartismo (resposta de uma pergunta minha feita em classe)

● quem os bonapartes representam? Quem votou em bonaparte? Todo mundo votou em Luis Bonaparte, mas quem principalmente votou foram os camponeses (que era a maior classe da nação)

● campesinato tal como marx entende deve ser entendido como uma classe ou não? em primeiro lugar, de forma objetiva, o proprio marxismo vai entender uma classe pelo lugar que ocupam no processo produtivo, ou seja, se um conjunto de homens, mulheres e criança se encontram em uma situação de condições semelhantes em um processo produtivo, podem ser entendido como classe → alem disso, tambem é interessante, que marx vai dizer que uma dimensão fundamental de uma classe, da ação política da classe, é a consciencia

● no caso dos camponeses, se fomos pensar no sentido objetivo (condições de produção semelhante) eles tem condições semelhantes de produção → familias que se organizam de uma determinada maneira e vão produzir em termos semelhantes

● agora a questão é quais são essas condições de produção que os camponeses possuem → os camponeses para produzirem os produtos agrícolas, as relações que eles tem não é uma relação que integra os camponeses entre si. Na verdade, cada familia camponesa produz isoladamente; no fundo, cada familia vai ser autossuficiente, depois disso eles podem mesmo pensar em vender pralém da propria família → mas, no fundo, em contraste com o proletariado, que produz na base de uma cooperação mútua (linha de montagem), mas a produção camponesa é uma relação direta do campones com a terra

● no ponto de vista objetivo, sem duvida nenhuma, existe na França, e nas mais diferentes sociedades, homens e mulheres que vão se comportar, organizar, na produção de maneira semelhante e, nesse sentido, podem ser entendido como uma classe,. Mas, por outro lado, condições de produção dos camponeses são, como é ilustrado por Marx, uma fazendo ao lado da outra fazeda; cada familia camponesa isolada, autossuficiente. Nesse sentido, o Marx vai ate dizer que, de alguma maneira, os camponeses como batatas em um saco de batatas → todas batatas estão juntas e separadas → separadas pois não se dissolvem em um todo maior (não se dissolvem como liquido ou como a terra)

● Nesse sentido é interessante voltar algo visto no manifesto comunista; quando manifesto fala em classe, fala em termos de comportamento de classe em um duas situações : 1 - classe em si (ou seja, a gente localiza isso no interior da sociedade, no processo produtivo); 2- classe para si (questão da consciencia → forma uma comunidade maior capaz de agir no conjunto da sociedade. agir em relação as outras classes)

● campesinato é uma classe em si, tem condições objetivas semelhantes, por outro lado, essas condições de produção vão fazer com que os camponeses se isolem para os outros (pág 143)

● o campesinato, tal como marx caracteriza, não é uma classe para si, portanto, é incapaz de se representar políticamente → se ele não se representa políticamente, a

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sua alternativa é se fazer representar e, justamente, é dai que vem essa posição privilegiado que os Bonapartes acabam assumindo a representação do campesinatos

● existencia cotidianos dos camponeses eles dependem de chuva, sal, sol e etc → seu representante tem que aparecer como senhor (página 143)

● incapacidade dos camponeses de agir politicamente, de se representar, faz com que dependa do Poder Executivo (poder como uma força de vida e de morte) → Bonapartes vão se identificar com o poder Executivo

● A falta de ação política dos campesinatos está relacionado com suas proprias condição de produção → isola cada um. torna mais dificil uma ação comum entre os camponeses, dependem de uma força maior (força que pode dar o sol e a chuva)

● a ligação do campesinato, privilegiada, com o Bonaparte● Os bonapartes não representam todos os camponeses franceses; apenas representam

uma parte dos camponeses franceses → bonpartes não representam camponeses que estão assumindo posição política avançada, apenas representam os camponeses conservadores → conservadores são, se formos pensar no ponto de vista da produção, aqueles que estão satisfeitos com suas condições de produção, estão satisfeitos com essas limitações das condições de produção

● camponeses conservadores são aqueles que querem consolidar as condições de pequeno proprietário. Ao mesmo tempo, quando marx percebe que há camponeses revolucionários, de acordo com Marx, esses camponeses são justamente aqueles que percebem e vão contra as limitações da sua existência social, ou seja, não estão satisfeito com a pequena propriedade

● de qualquer maneira, é central, decisivo, o fato que o campesinato, de acordo com Marx, vão dar o grande apoio ao Luis Bonaporte, pois, no fundo, vem das proprias condições de produção do camponeses (campesinato muito mais uma classe em si - Objetivo - do que uma classe para si - subjetivo.)

● Grande conflito que se dá é, justamente, entre o poder executivo e o poder legislativo (grande questão do nosso curso, mas a analise de Marx é mais proxima dos federalistas) → poder executivo e legislativo tiram sua autoridade do povo

● Poder legislativo são 750 deputados, enquanto o poder executivo é apenas UM presidente → relação do poder legislativo com o povo é uma relação metafísica (pagina 45), pessoas nem se lembram em quem votaram. Já no executivo é uma relação pessoal, personifica uma posição

● nisso quem tem vantagem é o executivo; executivo pode apelar ao povo → esse poder executivo, na frança, já é uma imensa organização burocratica que possui um exército e funcionarios - ministros, prefeitos, orgãos executivos e etc → executivo tem um poder, uma força, que não desprezivel. Presença é muito grande (pag 140)

● Isso é um processo de centralização que começa no absolutismo → rev. fr → napoleão → monarquia legitimista → monarquia de julho (processo de centralização. semelhante a analise tocqueville. Tocqueville vai pensando na relação do antigo regime como continuidade dado centralização iniciada antes)

● Estado como reflexo das contradições da sociedade civil → até mesmo manter ● todas as revoluções aperfeicoaram essa maquina (estado), ao inves de destroçá-la → o

que estamos vendo é que, alem do proprio campesinato que tem essa dificuldade de agir politicamente, tem o proprio processo de fortalecimento do Estado que é um processo longo da história francesa

● principal ponto da discussão: história marcada pela instabilidade→ situação longe de ser clara e segura → decisivo se for pensar o ponto de vista da burguesia: se a

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burguesia está em uma situação segura ou não? EX: Depois das manifestações de junho, terem proibido o sufrágio universal

● coisas como o sufrágio universal, liberdade de imprensa, liberdade de associação está aparecendo como periogoso, nesse momento → burguesia tem consciencia de que as armas que forjou contra o feudalismo podem se voltar contra ela → situação potencialmente perigosa, então decidem manter o poder social (poder social é manter o capitalismo, isso é o mais importante para burguesia) → medo do proletariado faz com que a burguesia abra mão do poder político para manter o seu poder social → abre mão da coroa (político) para manter a bolsa (social)

● Bonaparte não é o homem da burguesia, Bonaparte é, nessa situação, já que a burguesia ve se perigo ela prefere entregar o poder político para ele → faz isso pois, mesmo bonaparte não sendo homem da burguesia, ele não vai entregar o poder social (não irá realizar uma revolução) → página 150

● o que está indicando é uma espécie de autonomia relativa do Estado e da política ● vai caracterizar o bonapartismo: época onde burguesia perdeu e o operariado ainda

não ganhou a faculdade governar a nação → corresponde uma situação de equilibrio entre as classes fundamentais

● esse equilibrio que abre periodo de autonomia relativa do Estado ● Bonapartismo →equilibrio entre classes fundamentais e Fascismo → populismo ● Populismo→ Interpretação de Francisco Weffort sobre populismo: Estado de

compromisso (sugere equilibrio entre as classes fundamentais e abri autonomia do aparelho de Estado) → livro O populismo na política brasileira

● Lulismo → Lula como uma certa independencia entre as classes fundamentais (coalizão com o capital financeiro e sem terras) → Como o lulismo, de acordo com ele, se o PT antes estava ligado a classe trabalhadora, agora ele passa representa o subproletariado → ação ou falta de ação política do subproletariado lembra a analise do Marx perante o campones

● Analise concreta de contextos concretos → entender as forças que estão se enfrentando

● prefácio do Engels: 43 anos depois Engels vai estar explicando novas condições de lutas → revoluçõe 1789 rev de minoria

● Burguesia → Estado = interesses gerais (nação)● primeira revolução francesa foi uma revolução entendida na reação com o povo● revolução de 1848 (comuna de paris) → muito diferente → basicamente o que

aconteceu foi o combate que colocou de um lado o operariado de paris (partido da anarquia) contra outros setores que se unificaram no partido da ordem alargado

● outro ponto central que Engels vai pensar é que houve uma grande mudança de condiçoes de lutas desde 1848: Desenvolvimento da técnica militar; mudança das cidades (avenidas enormes para impedir barricadas)

● Barricadas (frança) → sufrágio universal (alemanha) passa ser o grande decisivo na luta de classes 1875: fundação do partido social democrata alemão (SPD)⇒

● SPD → Apesar do ambiente desfavoravel (leis anti-socialistas do Bismarck) que limitam a capacidade de ação, o partido, mesmo assim, tem um crescimento eleitoral que é exponencial

○ 1877: votos 9,1% e elege 12 parlamentares○ 1890: 19,7% e elege 35○ 1903: 31,7% e elege 81○ 1912: 34,8% e elege 110

Page 61: Caderno Política III

● agora, para engels, a luta é diferente → ao inves de ataque surpresa, é necessário fazer uma lenta propaganda

● “Parece corresponder um processo da natureza” → interessante a questão que se coloca: momento claramente favorável, mas se pergunta: se a social democracia chega ao poder por meio das urnas, a burguesia aceitará o resultado?

● cientista político polonês: Adam Przworski Capitalismo e social democracia → sugere que ocorreu uma espécie de compromisso: social democracia começou a ganhar as eleições, mas o que que a burguesia passou a fazer? Passou aceitar o resultado, já os partidos social democracia abriram mão do socialismo

● compromisso entre burguesia e proletariado ● essa discussão que Engels está colocando são questões de boa parte da esquerda, da

reflexão da esquerda no século 20 → Gramsci: Oriente X Ocidente oriente o Estado ⇒é tudo e a sociedade civil é débil e gelatinosa, já o ocidente há o que se pode dizer uma relação adequada entre Estado e Sociedade Civil → partir dai vai pensar em estratégias diferentes

○ Oriente a estratégia que se usa é a estratégia da guerra de movimento: ataque frontal (estratégia da revolução francesa)

○ Ocidente é a estratégia guerra de posição (ganhar terreno aos poucos)● Metáfora histórica de Gramsci: Oriente como até 1848 e ocidente como depois de

1848●