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Caderno São João

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Caderno São Joao

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A Prefeitura Municipal de Betim, nos últimos anos, vem desenvolvendo ações que estimulam a participação po-pular e colocam a cidade como centro de discussão e atuação, buscando criar novos comportamentos e valo-res urbanos para os seus moradores. O projeto “Meu Lu-gar é Aqui” desenvolvido pela Secretaria de Finanças, Planejamento e Gestão (com a reforma administrativa ocorrida no segundo semestre de 2010 o projeto passa a ter como responsável o IPPUB—Instituto de Pesquisa e Política Urbana de Betim). A parceria entre o Projeto Meu Lugar é Aqui com o Programa de Educação Integral “Escola da Gente”, procura através de oficinas educati-vas diversificadas disponibilizar aos alunos das escolas públicas municipais informações sobre a cidade e a regi-ão onde moram, com o objetivo de melhorar a identifica-ção dos jovens com estes espaços.

O projeto: “Meu Lugar é Aqui” surgiu da ne-cessidade de se estabelecer um diálogo en-tre a produção de conhecimento técnico da Secretaria de Finanças, Planejamento e Ge-Gestão/Divisão de Planejamento e Geopro-cessamento das Informações com o progra-

ma de Educação Integral: Escola da Gente im-plementado a partir de junho/2009 em 10 esco-las da Rede Municipal de Ensino.

Objetivos do Projeto:

• Estimular os alunos a acessar, produzir e resignificar o cohecimento sobre seu bairro e sua cidade; • Resgatar e difundir a história do bairro, es-paços/lugares, pessoas e fatos; • Conhecer e compreender a organização do espaço geográfico do bairro e sua inserção no espaço da cidade; • Criar um ambiente digital para registro e interação de todos os participantes do proje-to; • Sistematizar e disponibilizar o conheci-

mento produzido de forma impressa e digital; • Contribuir para o fortalecimento do senti-mento de pertencimento à cidade e de valoriza-ção do bairro. Oficinas Propostas:

• Percepção Ambiental • História do Bairro

• Vídeo e Fotografia • Mapas Digitais GPS

Na oficina de percepção ambiental foram desen-volvidas as seguintes atividades:

Desenho frontal

Cada aluno escolheu o lugar que mais gosta de ficar quando não está na sala de aula, definiu um ângulo e retratou no pa-pel.

Croqui e planta baixa da escola

Em dupla os alunos passearam pela es-cola fazendo observações do prédio e dos demais espaços da escola, anotando informações e rascunhando no caderno. O desafio era representar tudo que está den-tro dos muros da escola como se estives-sem vendo de cima para baixo.

Caminho de Casa até a escola

Escrever no caderno o caminho percorrido todos os dias de casa para a escola, levan-do em consideração nomes de ruas e pon-tos de referência. Em seguida fazer o dese-nho do caminho percorrido.

Conhecendo o Bairro

Caminhada transversal no bairro, priorizando as proximidades da escola, conversando com mo-radores, divulgando o projeto, fotografando, i-dentificando como é o entorno da escola (ruas, construções, comércios, circulação de pessoas, aspectos ambientais e sociais).

História do Bairro São João O bairro São João surgiu em 1953, a partir do parcela-mento ou loteamento da antiga Fazenda São João, como aconteceu com diversos outros bairros de Betim. A Com-panhia Mineira de Terrenos e Construções (COMITECO), que atua em Belo Horizonte e região desde 1935, foi res-ponsável por este e diversos outros loteamentos em Be-tim. O bairro recebeu a denominação “Granja São João”, co-mo acontece freqüentemente quando uma fazenda é urba-nizada. Betim, por exemplo, tem vários bairros com a de-nominação “Granja”: Granja das Candeias, Granja Santa Helena, Granjas Jardim Recreio Alvorada, Granjas Reuni-das Califórnia, Granja Verde, Granjas Bandeirantes, etc. Entretanto, a população do São João entendia a denomi-nação “Granja” como pejorativa e se mobilizou para obter a modificação deste nome, o que foi alcançado na década de 2000

Inicialmente, apesar de o loteamento ter sido regular, não houve urbanização da região, isto é, criação de uma infra-estrutura adequada ao adensamento populacional. São lembrados como primeiros moradores Raimundo Teixeira de Andrade, Idalino de Souza Almeida e o Tenente José Silva. Alguns desses pioneiros compravam diversos lotes contíguos e estabeleciam sítios. A ocupação do bairro aconteceu lentamente, ao longo das décadas de 50, 60 e 70, e os primeiros moradores obtive-ram energia elétrica através da intervenção de lideranças políticas junto à companhia energética. Um mesmo pa-drão de energia chegava a atender quase uma dezena de famílias, como relata D. Maria José Batista; ela dividia a energia e a conta com seus vizinhos. A captação de água se dava nos mananciais da região e os novos moradores adquiriam tijolos para a construção de suas moradias nu-ma olaria local. A atividade oleira acontece nas adjacên-cias do bairro até a atualidade.

As duas principais vias públicas do bairro, a Rua Sagres e a Rua Atalaia, se formaram nos primórdios do bairro. Ha-via grandes espaços entre as habitações e, segundo D. Olara Bueno dos Santos Gaspar, uma pioneira moradora do bairro, nos anos 1970 ainda se convivia com elementos tipicamente rurais, como a grande proximidade dos ani-mais e das culturas agrícolas. Geraldo Teixeira de Andra-de e sua esposa, Janir Torres Andrade, que se mudaram para o São João nas primeiras décadas de ocupação, lembram que era comum nadar e pescar nos córregos da região.

Nos anos 1980, a população do bairro cresceu rapida-mente. A ausência de infra-estrutura, principalmente em relação ao saneamento básico, gerava graves problemas. O escoamento dos resíduos líquidos a céu aberto, lança-dos em um córrego hoje canalizado, chegou a gerar aci-dentes graves, tornou-se um problema coletivo e uma das principais motivações para a organização dos moradores em associação comunitária.

A Associação Comunitária São João Batista foi fundada em 30 de agosto de 1981, tendo como Presidente João Martins de Almeida, como Vice-presidente Sidney Ferreira dos Santos e como Secretário Mateus Moreira. A entidade foi criada a partir de estímulo de líderes políticos locais, como José Ezequiel Martins e Raimundo Salomão. Sua se-de foi construída com recursos levantados nas festas reli-giosas comunitárias. Um dos primeiros desafios da Associação devia-se ao ca-ráter ainda semi-rural do bairro: vários criadores de gado mantinham seus rebanhos muito próximos do conjunto de moradias, gerando riscos à saúde. A Associação interme-diou um acordo entre moradores e criadores. Os primei-ros metros da rede de abastecimento de água e os primei-ros 79 postes que trouxeram a iluminação pública ao bair-ro foram conquistados pela atuação da Associação em seus primeiros anos. “Alguns postes de madeira daquela época ainda se encontram nas ruas Sodré, São Julião, Ba-talha e Sagres”, conta Sidney Ferreira dos Santos, um dos pioneiros líderes da Associação.

Uma das soluções políticas encontradas pela po-pulação local para a resolução desses problemas foi a eleição de representantes para o Poder Le-gislativo Municipal, que pudessem atuar na apre-sentação de demandas à Prefeitura e ao Governo do Estado. Essa foi a expectativa da população, por exemplo, em relação a Joaquim Gino de Sou-za, que teve dois mandatos consecutivos entre 1988 e 1996. Gino assumiu a Associação Comunitá-ria São João Batista em meados dos anos 80 e, a partir daí, projetou-se como liderança política no cenário municipal.

A Escola Municipal Gino José de Souza O primeiro equipamento público da região foi uma peque-na escola, precariamente instalada à Rua Atalaia. Esta es-cola foi inicialmente denominada Escola Municipal de Granja São João, criada pelo Decreto Municipal nº 1.153/1976, cujos efeitos retroagiram a 01/01/1968, quan-do a escola começou efetivamente a funcionar. Em 1977, a denominação da escola foi alterada para Escola Munici-pal Anastácio Franco do Amaral, em homenagem a este familiar do ex-prefeito de Betim Newton Amaral Franco, através do Decreto Municipal nº 1.458.

A denominação Escola Municipal Gino José de Souza foi adotada em 1991, através da Lei Municipal nº 2.127, ho-menageando o pai do ex-vereador Joaquim Gino de Sou-za. A alteração do nome da escola deu-se no mesmo mo-mento em que a atual sede da instituição foi construída e inaugurada (UEMG, 2003, p. 20-21). Após a inauguração da atual sede da Escola, a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) instalou-se na sede anterior, e aí funciona até a atualidade.

Embora a religiosidade certamente fizesse parte da vida cotidiana dos primeiros habitantes do bairro São João, a construção de templos na região é tardia. D. Sebastiana dos Anjos Moreira é uma das lideranças da igreja católica na região. Ela informa que, inicialmente, não havia templo católico, sendo feitas as celebrações nas ruas, na escola e na associação. Ela guarda registros fotográficos das primeiras celebrações e da folia de reis que atuava no bairro, hoje inativa. O templo católico do bairro foi inaugu-rado em 1988, à Rua Cachopa, nº 100, onde se encontra até a atualidade. O templo passou por sucessivas refor-mas e ampliações. A primeira celebração no local aconte-ceu entre fevereiro e maio de 1988, e D. Sebastiana guar-da registro fotográfico da mesma.

Além do catolicismo, várias denominações evangélicas também instalaram templos no Bairro São João a partir da década de 80. A igreja evangélica mais antiga é a Deus é Amor, segundo D. Sebastiana dos Anjos Moreira. Porém, esta igreja não permaneceu no mesmo templo, tendo sido abertos diversos locais de culto desta denominação no bairro ao longo dos anos. As igrejas Assembléia de Deus e Batista também são pioneiras no bairro, estando localiza-das à Rua Sagres.

Na oficina de Mapas Digitais, os alunos foram à Unidade Betim da PUC (Pontifícia Universidade Católica), onde pu-deram, por meio do laboratório de informática da institui-ção, acessar mapas de Betim e, mais especificamente, do Bairro São João.

Os Mapas são acessados através da página do Geopro-cessamento no site da prefeitura de Betim e também atra-

vés do Google Maps.

Os alunos diante das novas tecnologias reagem de forma muito positiva, o que nos permite dizer que as mesmas são ferramentas de a-tração deste projeto.O Smartphone é um telefone inteli-gente. Por possuir um sistema aberto possibilita que qualquer pessoa desenvolva programas que podem fun-cionar no seu aparelho. A integração das funções no dispositivo também é de grande importância nestes celulares. Alguns aplicativos podem utilizar o GPS, o player de música e a conexão de dados simultâneamente -, com este software, durante as oficinas é possível delimitar o percusso da caminhada, o usuário poderá demarcar os principais equipamentos, as-p e c t o s r e l e v a n -tes da ge-ografia do território, distância percorri-das, etc..

A utilização do Smartphone/GPS como ferramenta de tra-balho completa permite ao aluno fotografar, filmar, gra-var entrevistas e navegar na internet (Google Maps), se localizar usando o GPS. E depois descarregar no compu-tador para formatar e organizar o material produzido nas oficinas.

Assim os alunos passam a ter aces-so as novas tecnolo-gias e aprendem a dominar sua utiliza-ção nas descober-tas que vão desde sua localização geo-gráfica até sobre como fazer regis-tros de aspectos im-

portantes da historia e da organização social de sua co-munidade. O projeto possibilita também uma aproximação através de encontros previamente agendados de especia-listas de diversas áreas do conhecimento.

Referências Fontes Orais Sebastiana dos Anjos Moreira (entrevista concedida em 13/11/09) Olara Bueno dos Santos Gaspar (entrevista concedida em 11/11/09) Maria José Batista (entrevista concedida em 11/11/09) Geraldo Teixeira de Andrade (entrevista concedida em 02/03/10) Janir Torres Pereira Andrade (entrevista concedida em 02/03/10) Joaquim Gino de Souza (entrevista concedida em 04/03/10) Creuza Lemos Gino (entrevista concedida em 04/03/10) Sidney Ferreira dos Santos (entrevista concedida em 02/03/10) Eva José Ferreira dos Santos (entrevista concedida em 02/03/10) Bibliografia UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais). Faculdade de Edu-cação. Curso Normal Superior de Betim. Desvelando regiões de Be-tim. Organização: Cátia de Oliveira Andrade. Betim: UEMG e Prefeitu-ra Municipal, 2003. Ficha Técnica Pesquisa em história Adriana Araújo Lisboa Ana Claudia Gomes Luiz Otávio Milagres de Assis Elaboração Ana Claudia Gomes Fotografia Adriana Araújo Lisboa Luiz Otávio Milagres de Assis Fundação Artístico Cultural de Betim - FUNARBE

Prefeitura Municipal de Betim Prefeita Municipal Maria do Carmo Lara Perpétuo Vice Prefeito Alex Amaral IPPUB Presidente Lessandro Lessa Rodrigues Diretoria de Pesquisa e Informação – DPI Simone Maria Caixeta Equipe Educação Urbana—”Meu Lugar é Aqui” Instrutores Cleunice Xavier Formigli Alves Sílvia Cilene de Oliveira José Ronaldo Oliveira Consultora Valéria de Cássia Gonçalves Gomes Reis Estagiários Alessandro Alves Miranda Érica Cristina da Silva Gomes Walisson Rodrigo de Oliveira Alves

O Projeto Meu Lugar é Aqui é uma parceria entre o IPPUB (Instituto de Pesquisa e Política Urbana de Be-tim) e o Programa Escola da Gente. Desde o segundo semestre de 2009 o projeto vem desenvolvendo ofici-nas em escolas das regionais da cidade de Betim. As oficinas oferecem aos alunos noções básicas de in-formática, aulas de percepção ambiental, fotografia, filmagem, oferecendo uma oportunidade para que possam conhecer e se identificarem ainda mais o lu-gar onde moram.

www.betim.mg.gov.br/meulugareaqui