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[ENTRE]MEIOS URBANOS intervenção na cidade de Santos

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[ENTRE]MEIOS URBANOSintervenção na cidade de Santos

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“A cidade, a partir do momento em que é apropriada, vivenciada, praticada, não apenas deixa de ser cenário mas, mais do que isso, ela ganha corpo, torna-se “outro” corpo.”

Paola Berenstein JacquesCorpografias Urbanas - relações entre corpo e cidade

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[ENTRE]MEIOS urbanos_intervenção na cidade de SantosTrabalho de Graduação Integrado – TGI 2012

Paula Garcia MonteiroUniversidade de São Paulo

Instituto de Arquitetura e Urbanismo

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A intervenção urbana na região dos armazéns 7 e 8 no porto do Paquetá na cidade de San-tos busca a conexão entre porto e cidade, buscando sobrepor a perimetral - vista aqui como uma cica-triz que aparta os dois lados. Suas camadas temporais, fluxos e ruínas são encarados aqui como a preexistência para o projeto, na qual um elemento intermediário é inserido nesse percurso urbano e con-tínuo, como uma pele, facilitando essa transposição de interfaces entre porto e urbano, renovando o de-gradado, qualificando o espaço e não determinando o que ali acontece. A experimentação da cidade como forma de dar-lhe corpo e reativar uma vivência já esquecida pelo tempo e por sua degradação.

introdução_

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Universo Projetual_

O universo projetual, a partir de inquietações e dúvidas, procura referenciais a fim de se construir um conceito, busca um problema para ser resolvido, a ser solucionado no projeto, auxiliando assim no seu desen-volvimento, de forma a retirar de cada exemplo o seu melhor, sua resolução mais apropriada a determinado problema. As referencias são muitas, a insistência em algumas resumem as intenções projetuais e o desejo por encontrar um resultado parecido – tão eficiente, belo e funcional quanto - ao final do desenvolvimento de TGI. A cidade como propulsora de percursos, palco de vivências e experimentações aparece em meio às inquietações de como se dão as intervenções que buscam solucionar problemas do seu abandono, da sua de-gradação, dos seus fluxos e passagens e de como fortalecer os links entre suas preexistências e a localidade em si. A configuração atual das cidades provêm das mudanças de suas dinâmicas que se alteram com o tempo, fator aqui de extrema importância a se considerar. Assim, considerando a temporalidade como um processo da ordem do tempo o qual se foi reconfigurando o urbano, a cidade em si, suas alterações, seus usos, os entre-mei-os, espaços residuais e seus contrastes, a copresença de diversas forças e tensões distintas, gera uma área de conflito onde um passado áureo, de crescimento, memória e desenvolvimento é representado hoje por abando-no e decadência. Tal conflito é inerente da cidade “metropolitana”, fazendo-se uma união positiva entre ambos.

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Projetos como do High Line Park, na cidade de Nova York, aparece aqui como um dos primeiros a despertar certa inquietação sobre sua aplicabilidade. A positiva revitalização se dá em uma área até então to-talmente degradada e que funcionava como um divisor em meio ao urbano e foi transformada hoje em um per-curso que rasga parte da cidade e ali se dão acontecimentos distintos e desprogramados. Do mesmo modo se dá o Le Fresnoy, de Bernard Tschumi que, mesmo sendo um edifício, o projeto se destaca pelo que acontece em seus “entres” – a circulação, os encontros, os vetores de movimento e atividades, assim como as ocorrên-cias imprevistas e a disjunção entre a forma do espaço e a atividade desempenhada no mesmo - seus espaços desprogramados. Também relacionado à revitalizações de áreas urbanas, o Tate Modern Museum trouxe à região das docas em Londres uma vivência totalmente extraordinária e nova, local onde as pessoas participam, vivenciam a cidade, muito além de passagens cotidianas,fazendo com que a cidade deixe de ser somente uma cenografia no momento em que é vivida, como disse Paola Berenstein em seu texto Corpografias Urbanas. Outra referência que aparece diversas vezes no processo projetual é Carlo Scarpa, principalmente com seu o Castel Vecchio Museum, em Verona. Ele usa o enquadramento da visão do usuário para fo-calizar aspectos importantes do edifício já existente; pontos onde o edifício em si era parte da exposição do museu. A ideia também da Caixa Fórum Madrid, de Herzog et de Meuron, a qual se eleva o edifí-cio do solo deixando uma “praça” de livre passagem, ao mesmo tempo que se mantém conectado com o histórico do local e com a cidade, dando diversas texturas às paredes – o tijolo, o aço cortain e a parede verde, estabelecendo uma conexão relacionada ao jardim botânico e à paisagem do Paseo del Prado.

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De acordo com Manuel de Solà-Morales, tanto como sistema de fluxos ou código de memória, a cidade é a questão das coisas, que possui uma lógica abstrata e seus lugares urbanos uma riqueza latente. Seu modo de intervir na cidade presta demasiada atenção tanto nas riquezas existentes quanto nas possíveis: sentir seu peso, suas sensações. É ali em sua própria epiderme urbana que aprendemos suas características, formas, diferenças e texturas, olhando com atenção e insistência para nos revelar suas “repostas escondidas”. A ideia do tempo como um percurso, em que o presente também é passado e é futuro, se faz presente no modo desejado que esse TGI se desenvolva. A inserção da preexistência na nova dinâmi-ca da cidade é essencial, abraçando esse fluxo contínuo que encontramos em um trajeto. Deu-se a ne-cessidade de localizar o projeto em um centro histórico onde a todo momento o transeunte é remeti-do ao passado, mas também criando-se percursos onde a visão seja dirigida a objetos do presente colocados ali – mostrando essa transição, e também coexistência, entre o passado e o presente; explo-rando-as, apaziguando-as e destacando-as até certo ponto, colocando juntos momentos de tensão e re-laxamento. Fazendo assim com que existam áreas de estares, onde se possa sentar, diminuir o ritmo do presente e observar aquela dinâmica, a dinâmica da cidade; seus momentos mais e menos intensos. As camadas da cidade que fazem parte dessa “pele”, desse involucro – camadas tempo-rais, culturais, sociais e econômicas que compõem o tecido urbano – se juntam em uma rede, uma membrana cheia de diferentes usos, interpretações, qualidades a qual cabem diversas interven-ções e estratégias, na qual se busca destacar e também resgatar suas melhores características.

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O desenvolvimento do projeto se deu desde o início envolvendo as intenções de intervir na cidade, nos seus “entres” abandonados e sem uso, nos espaços considerados improdutivos, espaços livres, estabelecen-do assim, em determinados pontos dessa malha urbana, amarrações que fizessem disso um percurso com um programa cultural, conectando edifícios já existentes, com programas relacionados. Isso foi se alterando pouco a pouco e a partir dessa vontade inicial se deu a busca por um local onde pudesse ser realizado um projeto assim; um centro com preexistências de certo valor, um local com uma necessidade de revitalização e também necessidade de se estabelecer novos usos. A cidade de Santos se enquadrou nesse perfil especial-mente pela existência do porto tão próximo do centro histórico e ao mesmo tempo tão apartado e abandonado.

a escolha do local_

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CORPO

tatovisão

sensações

experiência

memória

práticapele

significação

fluxo

temporalidadecontínuo

identidade

trajeto

amarrações

histórico

urbanidade

riquezas

tempo

percurso

referênciaculturalentranhas

da cidade

código

Prótesis

Uso

ruasespaços

livres

rasgosambiente

continuidade

das diferenças

conexões

surpresarelações

multiplicidade

fluidezcomponentes

rígidosmovimento

vazios

variedade

integradoracomplexidadeentre

terrenos vagos

indefinidosmeios

transparência

cicatriz

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CORPO

tatovisão

sensações

experiência

memória

práticapele

significação

fluxo

temporalidadecontínuo

identidade

trajeto

amarrações

histórico

urbanidade

riquezas

tempo

percurso

referênciaculturalentranhas

da cidade

código

Prótesis

Uso

ruasespaços

livres

rasgosambiente

continuidade

das diferenças

conexões

surpresarelações

multiplicidade

fluidezcomponentes

rígidosmovimento

vazios

variedade

integradoracomplexidadeentre

terrenos vagos

indefinidosmeios

transparência

cicatriz

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a cidade_

Santos é umas das cidades mais antigas do Brasil, onde podemos encontrar um pedaço conservado desse seu passado histórico. Seu povoamento começou por volta de 1540 e como legados deixados dessa época se encontram preciosos casarões, museus e igrejas como marco da riqueza da cidade. A cidade abriga o maior complexo portuário da América Latina, construído no início do século XX, fase de grande crescimento devido ao café. Santos tem sua origem relacionada com a chegada dos primeiros colonizadores portugueses ao Bra-sil na expedição de Martim Afonso de Souza, que veio distribuir entre os fidalgos que o acompanhavam as terras ao redor da Ilha de São Vicente, sendo que entre eles estava Brás Cubas, fundador oficial de Santos. A partir desta cidade partiram muitas bandeiras que desbravaram o interior do território brasileiro buscando riquezas, também como os imigrantes de diversas partes do mundo que desembarcaram no mesmo porto e que acabaram por colonizar o país no início do século XIX. Em Santos também foi construída a primeira Santa Casa de Misericórdia da América, além de ser berço de muitas figuras de renome como os irmãos Andradas, como José Bonifácio de Andrada e Silva per-sonagem importante da Proclamação da Independência. Santos possui inúmeros monumentos históricos que fazem de seu centro histórico um local digno de preservação: edifícios compostos por azulejos, mármores, estátuas, pinturas em tela, afrescos, gradis de ferro e até mesmo os postes de iluminação que valorizam mais ainda a região.

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Apesar de toda essa riqueza, nos dias de hoje ainda é uma região extremamente deteriorada, com muita pobreza e prostituição nos arredores. A prefeitura possui um projeto de revitalização desse importante centro o qual oferece diversos incentivos para restauração desses edifícios e colocação de novos usos para a região. O programa se chama “Alegra Centro” e oferece isenções fiscais para quem se interessa em investir e renovar a região, buscando assim a retomada do desenvolvimento socioeconômico do centro. Tais iniciativas resgataram um pouco o charme do local e já se vê claramente as alterações causadas por essa renovação de usos e reuti-lização desses espaços antes deteriorados e agora transformados em museus e até mesmo percursos históricos com centro comercial, bares, restaurantes e até mesmo um centro turístico. Ao lado se encontra um mapa feito por essa iniciativa onde foram localizados os edfícios que possuem valor histórico e também arquitetônico, con-siderados patrimônio. Estão classificados pelos níveis de proteção, onde muitos de alto valor se encontarm nas piores condições possíveis. Ainda sim, um projeto maior do que das iniciativas privadas é necessário para que essa renovação tome forma e também para que possam existir percursos que funcionem dentro desse tão rico centro.

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região do porto do Paquetá atualmente

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Santos sempre se destacou na história nacional, tanto em momentos como na libertação dos escravos ou lutando pela independência do país, e por isso mesmo percebe-se em suas ruas esses fatos marcados e como foram modificados com a evolução da cidade. Ainda é possível encontrar no centro trabalhos do pintor e historiador Benedito Calixto, como os pai-néis do Salão dos Pregões da Bolsa Oficial de Café, de 1922. A arte Sacra está presente nas igrejas coloniais, barrocas, neogóticas e no museu instalado no mosteiro de São Bento. O Outeiro de Santa Catarina é o local do marco inicial da fundação de Santos; um pequeno morro onde Brás Cubas passou a possuir terras e onde mais adiante Luiz de Goés e sua esposa construíram em sua base a capela de Santa Catarina. Esta, por sua vez, passou para seu topo e depois foi demolida, pois era de onde se tiravam as pedras para construir a cidade e o porto ao longo dos séculos XVIII e XIX. Assim, entre 1880 e 1884 o médico João Éboli, abolicionista, construiu uma casa incrustrada no bloco de pedra restante do outeiro local onde escondia escravos fugitivos. Com o tempo foi abandonada e após ser tombada foi reconstruída pela prefeitura em 1992, abrigando atualmente a sede da Fundação Arquivo e Memória de Santos. Também edifícios como o Pantheon dos Andradas, a prefei-tura e a casa do Trem Bélico fazem parte desse percurso histórico ainda existente- e restaurado nos dias de hoje. Foi no centro histórico de Santos, entre as ruas São Bento, São Francisco, Constituição e o cais do Porto que surgiu inicialmente uma cidade – próspera e vanguardista – local onde atualmente quase tudo que aí se encontra forma um conjunto arquitetônico de inestimável valor, sendo um dos mais importantes remanes-centes no Brasil.

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1532 chegada de Martim Afonso de Souza

1540 início da povoação de Santos

1543 construção da capela em homenagem a Santa Catarina no outeiro por Brás Cubas _ local do nascimento da cidade Santa Casa de Misericórdia de todos os Santos _1º hospital das Américas

POVOADO de Todos os Santos

1545 auge do açúcar

1546 VILA de Santos

1550 criação da Alfândega de Santos _chegada dos padres jesuítas

1552 arsenal de defesa

1589 chegada da Ordem das Carmelitas

1591 ataque do pirata Thomas Cavendish _Destruição da capela de Santa Catarina

1603 Reconstrução da capela de Santa Catarina no topo do Outeiro

1631 Porto de Sal

1693 ciclo de ouro

1792 calçada do Lorena _1ºcaminho pavimentado ligando São Paulo a Santos

1808 chegada da família Real abertura dos portos brasileiros

1839 CIDADE de Santos

1640 construção da casa do Trem Bélico

1734 reforma da Casa do Trem Bélico

1892 Porto Organizado pronto

1851 café

1867 São Paulo Railway _ligação de Santos às lavouras cafeeiras

1869 desmanche de um pedaço do Outeiro para demarcação de ruas e quadras _grandes epidemias

1870 principal entrada no país dos imigrantes italianos e japoneses

1883 estabeleceu-se uma escola municipal na Casa do Trem Bélico

1889 febre amarela “Porto da Morte”

1884 construída a casa de João Éboli em cima do Outeiro de Santa Catarina

1890 autorização da construção de mais 1130m de cais até o Paquetá _projeto “Porto Organizado” e sua concessão pelos próximos 90 anos

1871 inauguração do Bonde

1900 Canais de drenagem de Saturnino de Brito

1908 Casa do Trem Bélico foi cedida para que funcionasse a sede de Tiro de Guerra de Santos número 11

1922 Inauguração da Bolsa Oficial de Café _reconhecimento do Outeiro de Santa Catarina como marco inicial do povoamento de Santos

1935 jardins da orla de Santos_se torna cidade turística

1937 Casa do Trem

1945 saída do Tiro de Guerra da casa do Trem Bélico

1964 Regime militar_ Área de Segurança Nacional perda da sua autonomia

1980 fim da concessão do Porto – CODESP

1983 recuperação da sua autonomia

1985 tombamento do Outeiro

1990 crise no turismo

1991 volta da Bienal de Artes Plásticas de Santos

1993 programas da prefeitura para alavancar o turismo [ciclovias, revitalizações paisagísticas]

1995 Fundação Arquivo e Memória de Santos_fundação da Associação Poiesis

1999 revitalização do centro histórico_ prefeitura oferecendo incentivos fiscais às empresas em troca de restaurações de prédios depredados e históricos, o que passou a atrair programações culturais e artísticas restaurantes e clubes e até mesmo a reativação do teatro coliseu santista.

_projeto Alegra Centro em atividade.

2000 conclusão da recuperação do Outeiro _restauro do Bonde elétrico

2009 a casa do trem bélico passa a ser parte do Circuito Turístico dos Fortes

1998 criação do Museu do Café

2013 previsão do início da revitalização dos armazéns 7 e 8 para alojar o Instituto de Oceanografia da USP

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1ºS COLONIZADORES

CENTRO HISTÓRICO

EXPANSÃO DEVIDO À CONSTRUÇÃO DA SÃO PAULO RAILWAY_ano de 1867

GRANDE CRESCIMENTO POPULACIONAL_séc XX

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Tudo se concentrava nesse centro até que, com a construção da ferrovia - São Paulo Railway - se iniciou um processo de urbanização mais acelerado, sendo então necessário sanear o resto da ilha, o que fez com que a população se deslocasse para a praia. Após o início do século XX a cidade cresceu mais ainda atraindo grandes contingentes de trabalhadores, devido principalmente ao desenvolvimento de infraestruturas como estradas rodoviárias.

1ºS COLONIZADORES

CENTRO HISTÓRICO

EXPANSÃO DEVIDO À CONSTRUÇÃO DA SÃO PAULO RAILWAY_ano de 1867

GRANDE CRESCIMENTO POPULACIONAL_séc XX

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Assim, os maiores fluxos da cidade se determinaram no seu entorno conforme se deu o seu crescimento e acabou por se intensificar e se definir após a conclusão de tais infraestruturas urba-nas – São Paulo Railway, Rodovia Anchieta e Rodovia dos Imigrantes - conectando mais facilmente Santos à cidade de São Paulo e também às cidades vizinhas Isso também trouxe intensificação do transporte de produtos e o movimento do porto, que acabou por crescer bastante, tendo que se ex-pandir para outros locais – o que levou a sua desativação na região do centro histórico e, por sua dete-rioração e tamanho, passou a não suportar mais a grande movimentação requerida ao porto santista.

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Assim, mapeando-se o centro histórico é possível encontrar uma gama enorme de possíveis percur-sos culturais – existem diversos museus, igrejas e edifícios históricos restaurados e abertos ao público, além de outras diversas atividades. Estabelecer um percurso cultural, amarrações com um programa semelhante poderia se dar de muitas maneiras. Após intenso estudo sobre as possibilidades de se implantar um projeto abrangendo todas essas características encontradas na cidade de Santos, juntamente com as encontradas nas ações projetuais, o lo-cal a implantar o projeto foi de fácil definição. A proximidade do porto, da balsa, de dois museus importantes, de duas organizações não governamentais e de fazer parte do trajeto do Bonde elétrico, levou o foco do pro-jeto à região dos armazéns 7 e 8, na região do Paquetá, onde os quarteirões entre as ruas Constituição, Gen. Câmara, Brás Cubas e a Rua Xavier da Silveira – a Perimetral – circulam a área escolhida.

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museu/patrimônio

igreja

outeiro de Santa Catarina

praça

balsa

projeto reciclar

estação

monte serrat

teatro coliseu

prefeitura

porto

rodovia

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museu/patrimônio

igreja

outeiro de Santa Catarina

praça

balsa

projeto reciclar

estação

monte serrat

teatro coliseu

prefeitura

porto

rodovia

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área de intervenção

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outeiro de Santa Catarina

Alfândega

museu Casa do Trem Bélico

projeto Reciclar_ong sem fronteira

outeiro de Santa Catarina_fundação Arquivo e Memória de Santos

Associação Poiesis

balsaporto

salão de autoestima_abrigo provisório

armazéns 7 e 8

teatro Coliseu

poupa-tempo

bonde turístico

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outeiro de Santa Catarina

Alfândega

museu Casa do Trem Bélico

projeto Reciclar_ong sem fronteira

outeiro de Santa Catarina_fundação Arquivo e Memória de Santos

Associação Poiesis

balsaporto

salão de autoestima_abrigo provisório

armazéns 7 e 8

teatro Coliseu

poupa-tempo

Os pontos de interesse da região escolhida denominam o fluxo de pedestres de maior intensidade, de forma a identificar os eixos de que virão a estruturar o projeto.

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outeiro de Santa Catarina

Alfândega

museu Casa do Trem Bélico

projeto Reciclar_ong sem fronteira

outeiro de Santa Catarina_fundação Arquivo e Memória de Santos

Associação Poiesis

balsaporto

salão de autoestima_abrigo provisório

armazéns 7 e 8

teatro Coliseu

poupa-tempo

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A necessidade da transposição da Rua Xavier de Silveira para pegar a balsa – e, futuramente, para chegar no Instituto de Oceanografia da USP localizado nos armazéns 7 e 8 (que será explicado mais adiante como faz parte da intervençcão) determina os dois eixos que estruturam o projeto. Eles aparecem de modo a definir a intervenção em si como pontos chave, visando “abrir” a região a um uso público mais amplo.

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outeiro de Santa Catarina

Alfândega

museu Casa do Trem Bélico

projeto Reciclar_ong sem fronteira

outeiro de Santa Catarina_fundação Arquivo e Memória de Santos

Associação Poiesis

balsaporto

salão de autoestima_abrigo provisório

armazéns 7 e 8

teatro Coliseu

poupa-tempo

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Disposição atual dos lotes do quarteirão.

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Buscando certa transparência através dessa massa urbana, mantendo-se os componentes rígidos dessa fluidez- como já disse Manuel de Solà-Morales- abre-se o quarteirão de forma a estabelecer os eixos já existentes e assim reforçá-los, liberando a quadra, adicionando e compondo os percursos e dinâmicas já existentes na cidade.

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escala: 1:2500

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Com a abertura da quadra é possível ver todas as possibilidades de cruzamentos e como os eixos determinados do projeto passam a executar sua função. Os lotes retirados dos quarteirões eram, em sua maioria, edifícios muito degradados, de baixo gabarito e abandonados. Preservou-se os que estavam em boas condições e possuíam usos que acrescentariam algo à região. Assim, pode-se ver quais as possíveis alterna-tivas para a localização de passarelas e cruzamentos como solução à transposição da perimetral. Nas próxi-mas páginas podemos ver pelo modelo 3d a clara diferença da volumetria do quarteirão com e sem os lotes .

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escala: 1:2500

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Aqui, podemos ver as possibilidades das paisagens encontradas, o enquadramento da visão, a de-terminação de um foco na paisagem, como a existência de eixos e também molduras que conduzem o olhar do usuário pela paisagem.

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escala: 1:2500

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Assim, foram determinados os usos da região e a escolha do que permaneceria ali. Os pontos importantes definidos no projeto são o Museu a Casa do Trem Bélico, o Outeiro de Santa Catarina e seu anexo da Fundação Arquivo e Memória de Santos, dois edifícios considerados de interesse histórico, mas que se encontram em um estado deteriorado e que se conectarão apara abrigar as duas ONGs existentes no local – ONG Sem Fronteira com seu projeto reciclar e a Associação Poiesis – também o Salão de Autoestima e Abrigo Provisório, projeto da prefeitura em que se pretende abrir o fundo do seu lote para dentro do quarteirão. Outros dois pontos já existentes na região são a localização do ponto da balsa e a consideração de que os armazéns 7 e 8 – de acordo com projeto da prefeitura e a Codesp – se tornará o Insituto de Oceanografia da USP , processo já em andamento, tavez com inicio das construções em 2013.

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escala: 1:2500

instituto de oceanografia da USP

museu casa do Trem Bélico

outeiro de Santa Catarina

fundação Arquivo e Memória de Santos

ponto da balsa

ong sem fronteira _projeto reciclar+

associação Poiesis

salão de autoestima_abrigo provisório

bar_lanchonete

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os usos_

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Outeiro de Santa Catarina

É o marco da fundação da vila de San-tos. Ficou abandonado por muito tempo, mesmo após ser considerado patrimônio pela prefeitu-ra municipal. Após ser tombado, foi recuperado em 1992 e inserido no projeto de revitalização do Centro Histórico. Abriga atualmente um museu e também encontra-se ali a Fundação Arquivo e Memória de Santos, que guarda acervo fotográ-fico, de documentos, biblioteca e algumas ex-posições. Seu grande pátio também foi restaurado com o piso característico e marcante do edifício.

Casa do Trem Bélico

Construída entre 1640 e 1656 para ser-vir de depósito de armas e munições, a Casa do Trem Bélico hoje abriga exposições de armas e é parte do Circuito dos Fortes. Foi tombada pelo IPHAN em 1940 e possui estilo típico da arquite-tura militar portuguesa: estrutura interna conhe-cida como falsa tesoura (método de sustentação do telhado) e paredes feitas com uma mistura de pedra, cal de sambaqui e óleo de baleia, com cerca de 90 centímetros de espessura. Em 1734, de acordo com historiadores, pode ter ocorrido uma importante reforma ou restauração no local.

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ONG Sem Fronteira - projeto reciclar

A ONG Sem Fronteira atua em Santos e na região tendo como principal projeto o Projeto Reciclar, que atende uma par-cela da população carente, principalmente moradores de rua, ensinando o ofício e todo o processo desde o recolhimento do lixo até sua reutilização, proporcionando às famílias um comple-mento na sua renda. Dispõe atualmente de um pequeno galpão, onde são armazenados os materiais recolhidos ou recebidos dia-riamente por doação de empresas e condomínios. Pretende-se manter o projeto social na região e oferecer instalações apropria-das, juntando-o com a Associação Poiesis que também atua de modo a melhorar as condições da população carente da reigião.

Associação Poiesis

A Associação Poiesis é uma instituição independente, sem fins lucrativos, iniciada em 1995. Atua na região central de Santos, no Paquetá, tendo como foco central do seu tra-balho reestabelecer a convivência familiar e comunitária de cri-anças e adolescentes, ajudando para que esse público também tenha acesso aos seus direitos fundamentais, A associação será mantida na região em parceria com a ONG Sem Fronteira.

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O local proposto para a implantação da ONG Sem Fronteira e a Associação Poie-sis são dois edifícios localizados na esquina, logo ao lado do local onde se encontram hoje tais instituições.Os dois edifícios são consid-erados patrimônio e estão necessitando de uma revitalização. Se encontram abandonados atualmente e sem uso, e em uma localização estratégica em relação ao eixo reto que leva direto ao armazém. O edificio mais deterio-rado, o da esquerda, possui três pavimentos, tendo assim um gabarito um pouco mais alto do que o restante da região. Assim se faz pos-sível transformá-lo em um mirante abrangendo quase todo o percurso e principalmente o porto.

O Salão de Autoestima funciona junto com o abrigo provisório da área central da ci-dade. Essa iniciativa da cidade de Santos pro-move sistematicamente cursos e oficinas gra-tuitos de beleza à população carente dessa área, capacitando assim profissionais da área de beleza com possibilidades de desempenhar a nova profissão aprendida como meio de vida.

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Os armazéns 7 e 8 do porto do Paquetá se tornarão futuramente o Instituto de Oceano-grafia da USP. O Edifício, considerado nível 2 de patrimônio, está em péssimas condições, totalmente abandonado, com apenas duas sub-estações de energia que ali funcionam. Os guin-dastes do antigo porto se encontram ali ainda, in-utilizados. Sua conexão direta com a balsa hoje está interrompida e está totalmente cercado. A CODESP é a responsável pelo edifício atual-mente. O processo para sua renovação e trans-formação no Instituto já está em andamento. Buscando a transparência em meio à massa, principalmente com relação ao eixo que dá diretamente em seu centro propõe-se uma passagem, a fim de que se possa alcançar a outra margem do porto diretamente, sem bar-reiras visuais, sem obstáculos, enquadrando-se exatamente essa transição para o porto.

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as alterações propostas_

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A produção de um espaço narrativo em meio ao urbano, tentando estabelecer um percurso a fim de transpor essa “cicatriz” que rasga o local de fora a fora, realmente, que separa duas margens bem definidas - a do porto e a da cidade – separadas por fluxos intensos de caminhões, carros e especialmente pela linha do trem, ao mesmo tempo que sendo conectada pelo intenso fluxo de pedestres tentando alcançar ambas as margens. Busca-se fazer pela manipulação das sensações, da sua forma, estabelecendo as relações entre os elementos fixos dessa fluidez – como já dito anteriormente. Percorrendo o local descobrem-se seus potenci-ais, incentivando o espectador a passar a ser usuário do lugar.

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Ao mesmo tempo que se propõe uma liberação do solo por dentro da quadra também é neutral-izado ao se esculpir o solo na paisagem elevando seus volumes que atuam como os elementos construídos e parte da narrativa – manipulação das sensações. Assim, elementos surpresas que revelam a paisagem também podem ser encontrados em meio ao percurso. Adicionando algumas curvas de nível ao longo do porto, tratando-o como uma ação escultórica do solo, ali, com a inexistência de movimentações interessantes naturais com relação a elevação do relevo, em forma de fitas “incrustadas” no relevo que acabam por dar forma a este, sendo o solo aparecendo aí como agente envoltório, que molda o percurso e seus elementos – como o ponto da balsa, os estares e as passarelas para cruzar a perimetral. Essa membrana de mesma materialidade no porto se altera quando atinge o “urbano”. Ali encontramos outras necessidades, por mais que a narrativa do relevo tenha ainda relações, a abordagem quando se atinge a cidade em si deve ser diferente; a memória e o tempo existente ali muda, essa transição que nos permite uma alteração da sua materialidade e experimentação de texturas em meio às empenas, que acabam por influenciar o sensorial. Propõe-se duas conexões físicas entre o porto e quarteirão escolhido, duas passarelas que visam facilitar o acesso à balsa e à USP e também ao porto. Uma delas está mais próxima da balsa e a outra sai dentro do edifício da USP, na passagem aberta ao porto. Os guindastes existentes ali possuem um peso histórico e imponente, lembrando momentos áureos da história local. Estes são aqui mantidos como marcos a fim de demarcar o percurso.

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O mapa programático define como tudo se engloba nesse espaço onde seus usos se mesclam ao mesmo tempo em que ocorre uma interdependência das atividades ali desempenhadas e da paisagem. Toda a percepção espacial, os campos de visão, os momentos de estranhamento e descoberta, os de revelação, os lugares de importância, os locais mais procurados, tudo se engloba e se relaciona dentro desse espaço urbano. A proposição de um espaço desprogramado leva a uma junção entre surpresa e intuição, encontrada em meio ao percurso do transeunte, como uma empena onde é possível a exibição de filmes ao ar livre para a população, que pode vir a ser parte de um festival artístico de projeções, parte educativa para os abrigos ou para as ongs da região, ou um espaço aberto onde se possa realizar encontros, jogos ou que possa se tornar um espaço para refeições, piquiniques; elevações no terreno que se façam palcos ou escadarias e bancos; espaços de estar onde podem ocorrer exposições, apresentações, etc. Assim, o urbano por si só passa a classificar esses respiros em meio ao quarteirão com suas passagens diretas, vistas desempedidas e alterações do dia a dia. Seus encontros desprogramados acabam sendo programados por seus diversos usuários, que passam a vivenciar a cidade e não apenas passar por ela despercebida.

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“Eradicating the ruins can function as an urban lobotomy, erasing memory and dream.”Rebecca Solnit

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ponto de embracação da balsa

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passagem em meio à USP - chegada da passarela e acesso às docas

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lateral externa à USP

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vista do ponto da balsa e da passarela

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vista de dentro da quadra

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SOLÀ-MORALES, Manuel de. De Cosas Urbanas. Barcelona: Editora Gili, 2008.

BERENSTEIN,Paola. Corpografias Urbanas

BORTOLUZZI, Camila. Arquitetura como Paisagem: o Redesenho do Sítio na Produção Paisagística Contemporânea (relatório final Ensinar com Pesquisa 2010, USP- São Carlos).

TSHCUMI, Bernand. The Manhattan Transcripts. Great Britain: Architectural Design, 1981

referências bibliográficas_

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