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Técnico em Biblioteca Vildeane Borba 2014 Representação Descritiva

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Técnico em Biblioteca

Vildeane Borba

2014

Representação Descritiva

Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Vice-presidente da República Michel Temer Ministro da Educação José Henrique Paim Fernandes Secretário de Educação Profissional e Tecnológica Aléssio Trindade de Barros Diretor de Integração das Redes Marcelo Machado Feres Coordenação Geral de Fortalecimento Carlos Artur de Carvalho Arêas

Governador do Estado de Pernambuco Eduardo Henrique Accioly Campos

Vice-governador do Estado de Pernambuco

João Soares Lyra Neto

Secretário de Educação José Ricardo Wanderley Dantas de Oliveira

Secretário Executivo de Educação Profissional

Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

Gerente Geral de Educação Profissional Luciane Alves Santos Pulça

Gestor de Educação a Distância

George Bento Catunda

Coordenação do Curso Hugo Carlos Cavalcanti

Coordenação de Design Instrucional

Diogo Galvão

Revisão de Língua Portuguesa Letícia Garcia

Diagramação

Izabela Cavalcanti

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3

1.COMPETÊNCIA 01 | ESTUDAR OS CONCEITOS E FINALIDADES DO CONTROLE

BIBLIOGRÁFICO UNIVERSAL ..................................................................................................... 5

1.1 Organização da Informação ................................................................................... 5

1.2 Controle Bibliográfico ........................................................................................... 13

1.2.1 Agência Bibliográfica Nacional (ABN) ................................................................ 15

1.2.2 Depósito Legal ................................................................................................... 16

1.2.3 International Standard Book Number (ISBN) .................................................... 18

1.2.4 International Standard Serial Number (ISSN) ................................................... 22

1.2.5 Digital Object Identifier (DOl) ............................................................................ 25

1.2.6 Normalização ..................................................................................................... 27

2.COMPETÊNCIA 02 | IDENTIFICAR AS FUNÇÕES DA CATALOGAÇÃO / REPRESENTAÇÃO

DESCRITIVA ............................................................................................................................. 31

2.1 O que é Catalogação? ........................................................................................... 31

2.1.1 Funções da Catalogação .................................................................................... 32

2.1.2 Breve Histórico da Catalogação ........................................................................ 33

2.1.3 Catalogação na Fonte ........................................................................................ 37

2.1.4 Catalogação Cooperativa .................................................................................. 38

2.2 Catalogação: Pontos de Acesso e Dados de Localização...................................... 39

2.2.1 Dados de Localização ........................................................................................ 43

2.2.2 Ponto de Acesso ................................................................................................ 46

3.COMPETÊNCIA 03 | APRESENTAR AS ÁREAS E ELEMENTOS DA DESCRIÇÃO BIBLIOGRÁFICA

DE ACORDO COM NORMAS DO CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO AMERICANO-AACR2.. 56

3.1 Código de Catalogação Anglo Americano (AACR) ................................................ 56

3.2 Descrição Bibliográfica ......................................................................................... 59

3.3 Áreas de Descrição ............................................................................................... 62

3.3.1 Área 1: Titulo e Indicação de Responsabilidade ............................................... 62

3.3.2 Área 2: Edição .................................................................................................... 66

3.3.3 Área 3: Detalhes Específicos do Material .......................................................... 67

3.3.4 Área 4: Publicação ............................................................................................. 67

3.3.5 Área 5: Descrição Física ..................................................................................... 69

3.3.6 Área 6: Série ...................................................................................................... 70

Sumário

3.3.7 Área 7: Notas ..................................................................................................... 71

3.3.8 Área 8: Número Internacional Normalizado ..................................................... 72

4.COMPETÊNCIA 04 | COOPERAÇÃO E INTEROPERABILIDADE NA DESCRIÇÃO DA

INFORMAÇÃO: PADRÕES DE METADADOS ............................................................................ 73

4.1 Metadados ........................................................................................................... 73

4.2 Padrões de Metadados ........................................................................................ 78

4.2.1 Metadados Dublin Core .................................................................................... 78

4.2.2 Metadados para Teses e Dissertações Brasileiras (MTD-BR) ............................ 85

5.COMPETÊNCIA 05 | INTRODUZIR AOS CONCEITOS E ESTRUTURA DOS REGISTROS

AUTOMATIZADOS DE ACORDO COM O FORMATO MARC BIBLIOGRÁFICO .......................... 88

5.1 Formato de Registro Bibliográfico MARC ............................................................. 88

5.2 Histórico ............................................................................................................... 89

5.3 Registro Bibliográfico ........................................................................................... 89

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 101

MINICURRÍCULO DO PROFESSOR ......................................................................................... 104

3

Representação Descritiva

INTRODUÇÃO

Com o desenvolvimento acelerado das tecnologias de informação, o sistema

de comunicação foi se transformando. Cada vez mais, sente-se a necessidade

do acesso à informação de forma rápida e segura. Para isso, é necessária a

presença do profissional de informação neste processo de coleta,

organização, preservação e disseminação de informações.

A organização da informação é uma das atividades chaves da Biblioteconomia,

visando facilitar a recuperação da informação para o usuário e, neste

contexto, o profissional da informação é a figura principal. Ela está inserida

nos processos de descrição física e de conteúdo de objetos informacionais nos

seus mais variados suportes.

A Representação Descritiva abrange especificamente as descrições físicas que

dizem respeito à representação de todas as características dos objetos

informacionais, visando facilitar a sua recuperação e disseminação. Esta

disciplina visa trabalhar os aspectos conceituais, históricos, estruturais e

práticos da catalogação, como é comumente conhecida.

De extrema importância para a área de Biblioteconomia, a disciplina

Representação Descritiva traz a importância da descrição da informação com

o propósito principal de facilitar a recuperação da informação para os

usuários.

Estaremos apresentando a disciplina contextualizada a partir de cinco

competências, em que iremos expor os princípios básicos da organização da

informação e o modelo do Controle Bibliográfico Universal. Discutiremos,

ainda, o conceito de catalogação ou representação descritiva e os conceitos

de catalogação na fonte e catalogação cooperativa. Conheceremos como se

estruturam os pontos de acesso e os dados de localização, conhecendo as

áreas e elementos da descrição bibliográfica de acordo com as normas do

Código de Catalogação Anglo Americano-AACR2, revisão de 2002.

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Técnico em Biblioteca

Estudaremos ainda, a questão da cooperação e interoperabilidade na

descrição da informação, apresentando os padrões de metadados Dublin Core

e MTD-BR e, finalmente, os conceitos e a estrutura dos registros

automatizados de acordo com o Formato MARC bibliográfico.

Este livro texto está organizado a partir de cinco capítulos que englobam cinco

competências. A competência 1 visa estudar os conceitos e finalidades do

Controle Bibliográfico Universal; a competência 2 pretende identificar as

funções da catalogação/representação descritiva; na competência 3

apresentaremos as áreas e elementos da descrição bibliográfica, de acordo

com normas do Código de Catalogação Anglo Americano-AACR2; na

competência 4 abordaremos a cooperação e interoperabilidade na descrição

da informação, apresentando padrões de metadados. Concluiremos com a

competência 5, introduzindo os conceitos e a estrutura dos registros

automatizados, conforme formato MARC bibliográfico.

Bom estudo para todos!

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Representação Descritiva

Competência 01

1.COMPETÊNCIA 01 | ESTUDAR OS CONCEITOS E FINALIDADES DO

CONTROLE BIBLIOGRÁFICO UNIVERSAL

Nesta competência, vamos conhecer os princípios básicos da organização da

informação, sua estrutura e principalmente o modelo do Controle

Bibliográfico Universal, que engloba objetivos, finalidades, perspectivas

históricas, padrões e normas de informação, desenvolvidos e gerados a partir

do controle bibliográfico. Lembre-se de que estamos iniciando as disciplinas

técnicas do curso de Biblioteconomia, que envolvem os processos de

organização da informação e contribuem diretamente para sua recuperação,

atendendo às necessidades de informação do nosso usuário. Bom proveito

para todos!

1.1 Organização da Informação

A organização da informação trata-se de um processo, atividade, técnica,

operação, que remonta os primórdios da antiguidade e tem o objetivo

principal de subsidiar a recuperação da informação, a partir da descrição das

características físicas e de conteúdo de objetos informacionais. Considere

objeto informacional como qualquer informação disponibilizada nos seus mais

variados suportes. (BRASCHER;CAFÉ, 2008)

Organização da Informação compreende as atividades e

operações do tratamento da informação envolvendo,

para isso, o conhecimento teórico e metodológico

disponível quanto ao tratamento descritivo do suporte

material da informação e ao tratamento temático de

conteúdo da Informação. (FUJITA, 2003, p.3)

Mas o que é descrição física e descrição de conteúdo de objetos

informacionais? E o que é recuperação da informação? Para entender melhor

a organização da informação, vamos visualizar a figura 1?

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Técnico em Biblioteca

Competência 01

Figura 1 – Estrutura da Organização da Informação Fonte: O autor, 2012.

Como mostra a Figura 1, a organização da informação envolve os processos de

descrição física e descrição de conteúdo de qualquer objeto informacional

para fins de recuperação da informação. A descrição física diz respeito à

representação descritiva ou, como é mais conhecida, catalogação. A descrição

de conteúdo diz respeito aos processos de representação temática ou, mais

comumente chamada de classificação e, finalmente, a indexação.

Que tal colocar em prática a teoria descrita acima? Vamos pensar em uma

biblioteca e todos os objetos informacionais que nela podem existir (livros,

revistas, filmes, entre outros). Tomamos como exemplo que vocês precisam

se aprofundar nesta disciplina, e especificamente, nesta competência. Nesse

sentido, vocês vão para uma biblioteca procurar um livro sobre controle

bibliográfico.

Possivelmente vocês devem ir a uma biblioteca especializada ou universitária,

levando em consideração que o assunto é específico para a área do

conhecimento de Biblioteconomia. Chegando à biblioteca, se a mesma for

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Representação Descritiva

Competência 01

automatizada, vocês vão realizar uma pesquisa no próprio sistema de busca.

Mas o que é um sistema de busca? Um exemplo clássico que podemos citar é

o Google.

Figura 2 - Imagem do Google Brasil Fonte: GOOGLE, 2012.

Assim como o Google, um sistema de busca em uma biblioteca automatizada

pode ser realizado a partir de uma palavra, autor, título ou qualquer outro

termo de busca. Levando em consideração que vocês só possuem o tema que

é “controle bibliográfico”, a pesquisa possivelmente poderia ser realizada pela

junção dessas palavras.

O sistema irá retornar para vocês tudo o que na base de dados tiver as

palavras controle bibliográfico. Agora, pergunto a vocês: como esse sistema

foi organizado? De onde vieram os resultados de busca? Por que o sistema

recuperou informações? Vamos à resposta.

Nós não poderíamos colocar dentro de um sistema ou computador os livros

impressos ou em formato de papel, propriamente ditos, sobre controle

bibliográfico, o que vocês definitivamente recuperam são as representações

(descritiva e de conteúdo) desses livros. Mas o que é isso?

Todo livro possui informações, isso também acontece com qualquer outro

objeto informacional que não esteja no suporte papel. Podemos encontrar um

autor ou autora, um título, o local onde o livro foi publicado, a editora, o ano

de publicação, número de páginas, tamanho, se ele é ilustrado, se possui

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Técnico em Biblioteca

Competência 01

material adicional como um CD-ROM, por exemplo, e ainda a área do

conhecimento dele, palavras-chave, entre outras informações.

Essas informações “representam” aquele objeto informacional. Podemos

explicar como um conjunto de elementos que definem e retratam o objeto

informacional propriamente dito. Mas qual é a diferença entre representação

física e de conteúdo? Ou catalogação, classificação e indexação?

Tomaremos como exemplo neste momento um possível livro que vocês

recuperaram na busca da base de dados da fictícia biblioteca. Segue logo

abaixo o Anverso e Verso da Folha de Rosto do possível livro recuperado,

intitulado “Introdução ao Controle Bibliográfico”, de autoria de Bernardete

Campello, para que possamos entender um pouco melhor, como mostra a

Figura 3:

Figura 3- Anverso e Verso da Folha de Rosto do Livro Introdução ao Controle Bibliográfico. Fonte: Campello, 2006.

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Representação Descritiva

Competência 01

A Folha de Rosto, segundo a Norma ABNT NBR 6029:2006 - Livros e folhetos –

Apresentação, é a folha que contém os elementos essenciais à identificação

do trabalho, também chamada de rosto. Ela contém elementos que

normalmente descrevem as propriedades físicas de um objeto informacional,

ou seja, a representação descritiva ou catalogação. Tais elementos retratam

as propriedades físicas do documento, partes descritivas de um todo, que

identificam o objeto informacional.

Para a descrição de conteúdo são necessários, além da folha de rosto, outros

elementos do objeto informacional, visto que, precisamos de informações

mais apuradas para representar o conteúdo do objeto informacional. Essa

etapa pode ser definida como análise de conteúdo, em que devemos

desenvolver técnicas específicas de análise do objeto informacional para

determinar do que trata a obra, qual é a área do conhecimento da mesma, e,

só assim, definir, por exemplo, a classificação e quais palavras chaves ou

termos indexadores poderiam representar aquele conteúdo.

Visualizando a Figura 4, podemos definir que possuímos tanto as descrições

físicas quanto de conteúdo do livro recuperado. O título, autor, edição, editor,

ano de publicação, quantidade de páginas, entre outros, são os elementos

descritivos deste objeto logo, são as representações descritivas, físicas. O

número de classificação 025.3 é a área de conhecimento em que a obra está

relacionada, portanto sua representação temática diante da grande área de

conhecimento, descrição de conteúdo. As palavras Bibliografia Nacional e

Controle Bibliográfico são os termos indexadores ou palavras-chave que

representam o conteúdo do documento.

É importante enfatizar que nesta disciplina, estudaremos a descrição física de

objetos informacionais, isto é, a representação descritiva ou catalogação. Para

a descrição de conteúdo, vocês entenderão melhor nas disciplinas de

Representação Temática, Indexação, Resumo e Linguagem Documentária.

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Técnico em Biblioteca

Competência 01

Figura 4 - Anverso e Verso da Folha de Rosto do livro Introdução ao Controle Bibliográfico. Fonte: Campello, 2006, reformulado.

Entendemos a diferença entre descrição física e de conteúdo de objetos

informacionais, que se configura nos processos clássicos da organização da

informação. Retomando os princípios da organização da informação e

inserindo este processo nas bibliotecas, a literatura nos mostra o registro de

algumas iniciativas de organização dessas instituições.

Segundo Pinho (2010), “As Bibliotecas foram sendo constituídas através da

posse do livro por indivíduos que podiam adquiri-los e que o deixavam

guardados em suas próprias residências”. Assim, foram constituídas as

primeiras bibliotecas pessoais, como também alguns princípios de

organização desses acervos.

Percebe-se também que as grandes bibliotecas da antiguidade “... eram

divididas por armários e que esses armários eram numerados [...], tais

armários eram, ainda, fechados por vidros de maneira que os compartimentos

11

Representação Descritiva

Competência 01

destinados no interior a guardar os rolos [...] podiam ser vistos do lado de

fora”. (DUPONT, 1465 apud MARTINS, 1996).

O princípio dos sistemas de organização da informação pode ser reconhecido,

para Calímaco 250 a. C., na elaboração dos PINAKES em que se registrava o

número de linhas de cada obra, juntamente com as palavras iniciais e os

dados bibliográficos dos autores, uma das primeiras iniciativas de organização

da informação que se tem memória. (PINHO, 2010).

Além dos Pinakes, podemos visualizar os primeiros catálogos desenvolvidos

pelas bibliotecas. Mas o que são catálogos? Segundo o Código de Catalogação

Anglo Americano, na sua segunda edição (AACR2), catálogo é uma lista de

materiais de biblioteca que fazem parte de uma coleção, biblioteca ou grupo

de bibliotecas, ordenado de acordo com um plano definido. Em sentido mais

amplo, lista de materiais preparada para uma finalidade específica (um

catálogo de exposição, um catálogo comercial, por exemplo).

Segundo Mey; Silveira (2009), Cutter foi o primeiro a elaborar os objetivos do

catálogo, que são:

Figura 5 - Objetivos do Catálogo Fonte: Mey; Silveira, 2009.

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Técnico em Biblioteca

Competência 01

E ainda de acordo com a Declaração dos Princípios Internacionais de

Catalogação (2009), citado por Mey e Silveira (2009):

Figura 6-Características do Catálogo Fonte: Mey; Silveira, 2009.

Pode-se afirmar que os catálogos desenvolvidos nas bibliotecas foram os

principais instrumentos de controle e registro das publicações dos acervos ou

coleções. Nesse sentido, após a invenção da imprensa, começaram a ser

desenvolvidas as tentativas de registrar a totalidade dos documentos

publicados no mundo, a partir de bibliografias universais. (CAMPELLO, 2006).

Sendo assim, as primeiras tentativas de controle bibliográfico começaram a

ser desenvolvidas por organizações a partir da década de 70. Eram programas

que visavam à consecução do controle da produção intelectual em âmbito

Importante

enfatizar que os CATÁLOGOS tinham o objetivo de reunir

e representar o acervo de uma determinada biblioteca, as

BIBLIOGRAFIAS incluem a reunião

de materiais de qualquer origem institucional ou

geográfica. (CAMPELLO, 2006)

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Representação Descritiva

Competência 01

nacional, aprimorando as atividades de organização bibliográfica. (CAMPELLO,

2006)

1.2 Controle Bibliográfico

Em 1974, define-se controle bibliográfico como um sistema mundial de

controle e permuta de informações bibliográficas, de modo a tornar

disponíveis, rapidamente, e em forma internacionalmente aceitável, os dados

bibliográficos sobre todas as publicações, editados em todos os países.

Especificamente em 1977, foram propostas as diretrizes para o programa

denominado Controle Bibliográfico Universal (CBU), desenvolvido pela

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

(UNESCO) e Federação Internacional das Associações e Instituições

Bibliotecárias (IFLA) com o objetivo de reunir e tornar disponíveis os registros

da produção bibliográfica de todos os países. (CAMPELLO, 2006)

Complementando as atividades do programa então criado e difundido, um

modelo foi desenvolvido em que se apoiava um conjunto de mecanismos ou

instrumentos que, postos em prática pelos países, resultariam na organização

bibliográfica nacional que constituiria a base para sustentação do CBU.

(CAMPELLO, 2006)

E complementa:

Assim, cada país seria responsável pela descrição

bibliográfica padronizada e pela divulgação, por meio da

bibliografia nacional, das publicações ali editadas. Ao

estabelecê-lo, UNESCO e IFLA previam que seria um

projeto de longo prazo, no qual cada país buscaria

progressivamente fazer uso das novas tecnologias de

informação para aperfeiçoar o controle bibliográfico no

seu âmbito de ação. (Campello, 2006)

Vários encontros foram realizados, permitindo o aperfeiçoamento das

recomendações para o controle bibliográfico universal, avaliando e

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Técnico em Biblioteca

Competência 01

atualizando as recomendações. Atualmente, o programa fundiu-se com

outros projetos.

Em 1990, o programa CBU, já então sob a

responsabilidade da IFLA, fundiu-se com o projeto

International MARC e recebeu o nome de Universal

Bibliographic Controland International MARC (UBCIM),

refletindo a importância fundamental da padronização

da descrição bibliográfica para os objetivos do CBU. Em

2003, esse programa foi substituído pelo IFLA-CDNL

Alliance for Bibliographic Standards (ICABS). Seis

bibliotecas nacionais formam atualmente a aliança,

cujos objetivos são a coordenação e o fomento de

atividades nas áreas de controle bibliográfico de todos

os tipos de recursos e formatos relacionados e de

protocolos padronizados. Constitui uma ação

estratégica que busca, de maneira prática, estabelecer e

coordenar atividades nessas áreas. (CAMPELLO, 2006)

O CBU tem o objetivo, portanto, de criar um sistema/programa mundial para

controlar e permutar informações a longo alcance cujas atividades levarão à

formação de uma rede universal de controle e intercâmbio de informações

bibliográficas.

E sua finalidade se pauta em dar condições aos pesquisadores de conhecer o

que foi publicado, na sua área de interesse, a nível nacional e internacional,

num determinado período, local, em sua forma (suporte) e a maneira como

pode ser obtido.

Diante de suas diretrizes, o controle Bibliográfico propôs:

• Estabelecer agência bibliográfica nacional, responsável pelo controle e

divulgação dos dados bibliográficos de cada publicação editada no país;

• Depósito legal;

• Catalogação na publicação, seguindo regras aceitas internacionalmente;

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Representação Descritiva

Competência 01

• ISBN, ISSN;

• Padronização da descrição bibliográfica, adotando padrões internacionais e

promovendo a criação de registros bibliográficos que possam ser objeto de

intercâmbio automatizado, cuja interpretação dê-se independentemente do

idioma do registro.

Vamos falar um pouco sobre algumas diretrizes a que o controle bibliográfico

se propôs?

1.2.1 Agência Bibliográfica Nacional (ABN)

As bibliotecas nacionais são as responsáveis por reunir e desenvolver o

controle bibliográfico de cada país por meio do depósito legal, produzindo a

bibliografia nacional. Nessa concepção, a biblioteca nacional desempenharia o

papel de ABN, desenvolvendo diversas atividades que garantissem o

gerenciamento eficaz do controle bibliográfico nacional. (CAMPELLO, 2006).

Mas que atividades seriam essas?

Preparar os registros oficiais e completos de cada nova publicação

editada, de acordo com normas catalográficas internacionais;

Divulgar esses registros, com maior rapidez possível, na bibliografia

nacional;

Controlar o depósito legal e o cumprimento da respectiva lei;

Manter catálogos coletivos nacionais;

Atuar como agência central de catalogação;

Manter o programa de catalogação na publicação;

Manter os centros de atribuição de números padronizados para

documentos: ISBN, ISSN, etc;

Coordenar o intercâmbio de registros bibliográficos com ABNs de outros

países.

No Brasil, a Biblioteca Nacional é a responsável pelo Controle Bibliográfico

Universal, juntamente com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e

16

Técnico em Biblioteca

Competência 01

Tecnologia (IBICT), que é o responsável pelo Catálogo Coletivo Nacional de

Publicações Seriadas (CCN), além de sediar a Agência Brasileira do ISSN e a

Câmara Brasileira do Livro (CBL), que opera juntamente com o Sindicato

Nacional dos Editores de Livros (SNEL), o programa de catalogação na

publicação mais antigo do país. (CAMPELLO, 2006).

Acabamos de ver a importância de adquirir, preservar e difundir os registros

da memória bibliográfica e documental de um país; e isso só foi possível pelo

modelo proposto do Controle Bibliográfico Universal. Ficou claro também que

cada país deve ter sua Agência Bibliográfica Nacional, que normalmente é

coordenada pela própria Biblioteca Nacional, como também pode ser

coordenada por diversas outras organizações (órgãos públicos ou da iniciativa

privada).

Uma das atividades da ABN é controlar o depósito legal e o cumprimento da

respectiva lei, mas o que é depósito legal? Vamos entender?

1.2.2 Depósito Legal

Depósito legal é a exigência, definida por lei, de se efetuar a entrega a um

órgão público (geralmente a biblioteca nacional) de um ou mais exemplares

de toda publicação editada em um país, considerando seus limites

geográficos. Constitui uma das formas mais utilizadas para captar material

para a elaboração da bibliografia nacional e formar a coleção que propiciará a

preservação da herança cultural do país. (CAMPELLO, 2006).

Em termos gerais, o depósito legal deve constituir-se em instrumento para

políticas nacionais de livre expressão e acesso à informação, pois, ao se reunir

e preservar toda a produção intelectual do país garantir-se-á o acesso ao

patrimônio cultural, sem qualquer julgamento, seja de ordem moral, política,

artística ou literária, sobre o valor intrínseco dos materiais. (CAMPELLO,

2006).

17

Representação Descritiva

Competência 01

Ainda de acordo com Campello (2006), o depósito legal deve ter como

objetivos:

• Assegurar a formação de uma coleção de materiais produzidos em vários

formatos;

• Permitir a compilação da bibliografia nacional, assegurando o controle

bibliográfico da coleção;

• Proporcionar aos cidadãos, do país e do exterior, acesso às publicações

nacionais.

No Brasil, temos a Lei Nº 10.994, de 14 de dezembro de 2004, que dispõe

sobre o depósito legal de publicações, na Biblioteca Nacional, e dá outras

providências. Para maiores informações, vamos acessar o site da Biblioteca

Nacional, na área específica sobre Depósito Legal?

Figura 7- Depósito Legal Fonte: BRASIL, c2006a.

Além do depósito legal, os números normalizados foram propostos para

facilitar o controle bibliográfico universal, mas o que são esses números?

18

Técnico em Biblioteca

Competência 01

1.2.3 International Standard Book Number (ISBN)

O ISBN foi o sistema pioneiro de identificação numérica de documentos. Sua

origem está ligada à necessidade sentida pelas grandes livrarias de ter um

esquema eficaz para gerenciar os estoques de livros. Em 1967, a empresa

W.H. Smith, a maior cadeia de livrarias do Reino Unido, que estava

informatizando seus processos gerenciais, começou a utilizar o Standard Book

Numbering, desenvolvido sob a supervisão da British Publishers Association

para permitir a identificação precisa de cada edição de um livro. (CAMPELLO,

2006).

Percebendo o potencial desse sistema, a ISO, por meio de seu comitê de

documentação (ISO/TC/46), estabeleceu um grupo de trabalho para estudar a

possibilidade de adaptar o sistema para uso internacional. Como resultado

dos estudos, foi proposto o sistema denominado International Standard Book

Number (ISBN), aprovado, em 1970, como norma ISO 2108/ 1972. Essa norma

tem sido revista periodicamente para permitir a aplicação a materiais não

bibliográficos, mas a estrutura original não se modificou. (CAMPELLO, 2006).

Criado em 1967 e oficializado como norma internacional em 1972, o ISBN é

um sistema que identifica numericamente os livros segundo o título, o autor,

o país e a editora, individualizando-os inclusive por edição. No Brasil, a

Fundação Biblioteca Nacional representa a Agência Brasileira do ISBN desde

1978, com a função de atribuir o número de identificação aos livros editados

no país. (BRASIL, c2006b)

Mas, pergunto para vocês, o que pode levar ISBN e o que não pode levar

ISBN? Qualquer tipo de publicação pode ter número de ISBN? Segundo a

Agência Brasileira do ISBN, existe uma listagem das publicações que recebem

e que não recebem, vamos conhecer?

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Representação Descritiva

Competência 01

Figura 8- Publicações que Recebem ISBN Fonte: (BRASIL, c2006b)

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Técnico em Biblioteca

Competência 01

Quadro1- Publicações que NÃO Recebem ISBN Fonte: (BRASIL, c2006b)

Tomando como referência mais uma vez o livro de autoria de Bernadete

Campello, Introdução ao Controle Bibliográfico, podemos visualizar nas

21

Representação Descritiva

Competência 01

Figuras 9 e 10 que o número de ISBN deve vir descrito na ficha catalográfica,

como também na capa da obra.

Figura 9-ISBN na Ficha Catalográfica Fonte: Campello, 2006, reformulado.

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Técnico em Biblioteca

Competência 01

Figura 10 – ISBN na Capa Fonte: Campello, 2006, reformulado.

Se o ISBN foi desenvolvido com o propósito de identificar numericamente os

livros, facilitando o modelo de controle bibliográfico universal, a mesma

proposta foi idealizada para atender às necessidades de publicações seriadas.

Então, vamos conhecer o ISSN?

1.2.4 International Standard Serial Number (ISSN)

A ideia de um sistema de numeração padronizada para identificação de

periódicos surgiu em 1967. Sendo o periódico a forma de publicação mais

utilizada na comunicação científica, a preocupação foi encontrar meios para

um esquema que possibilitasse o cadastramento uniforme dos periódicos,

permitindo a identificação em âmbito mundial. (CAMPELLO, 2006)

Em 1972, mediante acordo da UNESCO com o governo francês, foi criado o

International Seriais Data System (ISDS), em que a função principal do sistema

era o cadastramento dos periódicos e a atribuição de número padronizado a

cada título, que passaria a ter código de identificação único, sendo distinguido

de modo inequívoco de outras publicações. (CAMPELLO, 2006)

23

Representação Descritiva

Competência 01

Na década de 1990, o ISDS organizou-se em rede, com o nome de ISSN

Network, que reúne atualmente 76 centros nacionais. Esses centros têm a

responsabilidade de atribuir o ISSN aos periódicos publicados no país e

manter os registros correspondentes. (CAMPELLO, 2006)

A ISO decidiu considerar o ISSN uma norma, ao aprovar, pelo seu comitê de

documentação, a ISO 3297-1975, que fixa diretrizes para o uso padronizado

do ISSN. Essa norma define periódico como publicação editada em partes

sucessivas, numeradas em sequência cronológica, e previsto para continuar

indefinidamente. (CAMPELLO, 2006)

Ainda segundo a autora (2006), a atribuição do ISSN é feita com base nos

seguintes pontos:

• A cada publicação seriada se atribui um único ISSN, que está ligado à forma

padronizada do título-chave;

• Um ISSN só pode ser alocado uma única vez; se um periódico encerrar sua

publicação, seu ISSN se manterá vinculado a ele, sem ser reutilizado;

• No caso de mudança de título, um novo ISSN será atribuído ao periódico;

• O ISSN pode ser atribuído a livros publicados em coleções. Nesse caso, os

livros receberão o ISSN que identifica a coleção como um todo, além do ISBN

que identificaria cada volume individualmente;

• Suplementos, seções, subséries, edições em outros idiomas podem receber

ISSN próprios;

• Mudanças de editora, lugar de publicação, periodicidade e política editorial

não requerem a atribuição de novo ISSN, mas devem ser comunicadas ao

centro nacional para atualização do cadastro do periódico.

O controle bibliográfico de periódicos no Brasil tem sido há muito tempo uma

das funções do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

(IBICT) que, a partir da década de 1950, produziu listas de periódicos, a última

das quais foi o Guia de publicações seriadas brasileiras, em 1987. Outra

atribuição do IBICT é a organização e manutenção do Catálogo Coletivo

Como vocês podem verificar a Agência Brasileira do ISBN

na Biblioteca Nacional é a

responsável pelo ISBN e o Instituto

Brasileiro de Informação em

Ciência e Tecnologia (IBICT) é o responsável pelo

ISSN.

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Técnico em Biblioteca

Competência 01

Nacional de Publicações Seriadas. Essa instituição apresentava-se, portanto,

como o espaço natural para abrigar o centro brasileiro do ISSN, criado em

1975. (CAMPELLO, 2006)

Já que estamos falando sobre ISSN, que é a identificação internacional para

periódicos, é importante se perguntar quais são os periódicos que existem em

nossa área? Aproveitando que vocês acabaram de conhecer o IBICT, vamos

visitar sua página (Ver Figura 11) e conhecer um pouco sobre suas atividades e

áreas de atuação, como também conhecer a Revista Ciência da Informação,

que é uma publicação de grande importância para nossa área com temas

relacionados à ciência da informação ou que apresentam resultados de

estudos e pesquisas sobre as atividades do setor de informação em ciência e

tecnologia.

Figura 11 – Site IBICT Fonte: IBICT(www.ibict.br/), 2012.

Na figura 12, verifiquem o site da Revista Ciência da Informação, mantida pelo

IBICT, o número de ISSN da mesma, e realizem pesquisas em nossa área sobre

Biblioteconomia ou Ciência da Informação.

25

Representação Descritiva

Competência 01

Figura 12-Revista Ciência da Informação Fonte: IBICT(http://revista.ibict.br/cienciadainformacao/index.php/ciinf), c2012

Com a difusão das tecnologias de informação e comunicação, cada vez mais

estão sendo publicados livros, revistas e artigos em meio digital. Por isso, foi

desenvolvido o que chamamos de Digital Object Identifier (DOI), identificador

de objetos digitais, Vamos conhecer?

1.2.5 Digital Object Identifier (DOl)

Atualmente, começam a surgir sistemas destinados a identificar publicações

da internet. O Digital Object Identifier (DOl) é um sistema numérico que

permite a identificação única e precisa de informação veiculada na internet,

facilitando as transações entre usuários e produtores. (CAMPELLO, 2006)

Administrado pela International DOI Foundation, o sistema foi lançado em

1997, na Feira Internacional do Livro, em Frankfurt, e, até o momento,

milhões de números foram fornecidos pelas DOI Registration Agencies nos

Estados Unidos, Europa, Ásia e Austrália. Tendo surgido no mundo editorial, o

sistema atualmente é mais utilizado por editoras tradicionais que trabalhavam

26

Técnico em Biblioteca

Competência 01

com materiais impressos e hoje oferecem paralelamente seus produtos na

internet. (CAMPELLO, 2006)

O DOI pode ser atribuído a artigos de periódicos, verbetes de enciclopédias,

imagens, livros eletrônicos, enfim, qualquer conteúdo intelectual que precise

ter seus direitos de propriedade protegidos. Essa é, portanto, a função original

do DOI que, ao lado da função identificadora, permite aos produtores de

documentos digitais gerenciarem as transações com maior eficácia.

(CAMPELLO, 2006)

A indústria editorial vem percebendo a importância de manter a internet

como plataforma de informação organizada e de qualidade, além da

necessidade de garantir transações mais eficazes. Códigos de identificação

numérica podem ser instrumentos úteis para tal fim. Desenvolvidos

inicialmente no mundo da publicação impressa, os identificadores numéricos,

quando aplicados ao mundo digital, cumprem a função original de

identificação e ampliam suas possibilidades, ao permitirem também o

controle de direitos autorais. (CAMPELLO, 2006)

Como Exemplo de um DOI em um Artigo de Revista, podemos visualizar na

Figura 13, no periódico D Lib Magazine.

27

Representação Descritiva

Competência 01

Figura 13 – DOI Revista D Lib Magazine Fonte: D Lib Magazine(www.dlib.org/), 2012

Falamos sobre a atribuição de números padronizados para documentos

impressos e digitais, como o ISBN, ISSN, DOI e mostramos a importância de

cada um deles. Além dessa atribuição, temos o que chamamos de

normalização de documentos, que também foi um fator de grande

importância para o controle bibliográfico universal no que diz respeito ao

entendimento comum da produção técnica e bibliográfica. Para tal fim, foram

criados organismos de normalização que elaboram e desenvolvem normas.

Importante enfatizar que as normas que iremos tratar nesses organismos são

especificamente as de documentação.

1.2.6 Normalização

A normalização pode ser definida como uma atividade coletiva que tem por

objetivo o desenvolvimento de normas. Ela tem valor de regra, em geral

indicativo e algumas vezes imperativo. Uma norma tem o objetivo de definir

as características que deve ter um objeto e as suas características de uso,

como também as características de um procedimento e/ou de um método.

(GUINCHAT, MENOU, 1994).

28

Técnico em Biblioteca

Competência 01

Para elaboração e desenvolvimento dessas normas, existem os organismos de

normalização, de acordo com a especialidade dos assuntos a que se referem.

A nível internacional, a International Standardization Organization (ISO) é o

organismo principal da organização mundial. E a Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT) é a responsável pela definição de normas para a área

de documentação no Brasil. (GUINCHAT, MENOU, 1994).

A ISO tem por objetivo favorecer o desenvolvimento da normalização no

mundo e realizar um entendimento mundial nos campos intelectual,

científico, técnico e econômico; como também a elaboração de normas novas,

de recomendações ou revisões de normas antigas; a troca de informações

entre os organismos membros; a difusão de documentos de normalização e a

cooperação com os organismos internacionais interessados (GUINCHAT,

MENOU, 1994).

Figura 14 – Site ISO Fonte: ISO, 2012.

A ABNT (Ver Figura 15) é o órgão responsável pela normalização técnica no

país. Fundada em 1940, fornece a base necessária ao desenvolvimento

29

Representação Descritiva

Competência 01

tecnológico brasileiro. A ABNT é uma entidade privada, sem fins lucrativos,

reconhecida como Fórum Nacional de Normalização. É membro fundador da

ISO (International Organization for Standardization), da COPANT (Comissão

Pan-americana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de

Normalização).

Figura 15 – Site ABNT Fonte: ABNT(www.abnt.org.br/), c2006.

Tem como missão prover a sociedade brasileira de conhecimento

sistematizado, por meio de documentos normativos, que permitam a

produção, a comercialização e uso de bens e serviços de forma competitiva e

sustentável nos mercados interno e externo, contribuindo para o

desenvolvimento científico e tecnológico, proteção do meio ambiente e

defesa do consumidor.

A ABNT é a responsável em desenvolver as normas de documentação

utilizadas em nossa área. As Normas Brasileiras (NBR) possuem entendimento

comum em nível nacional, contribuindo para as descrições e padronização da

documentação.

30

Técnico em Biblioteca

Competência 01

Existem variadas normas de documentação comumente utilizadas em nossa

área. Podemos exemplificar as de referência, citação, trabalho acadêmico,

sumário, numeração progressiva, livros, resumo, publicação periódica, artigo

de publicação periódica, projeto de pesquisa, entre outras. Segue o quadro 2,

com a listagem de algumas normas relativas à documentação.

CÓDIGO TÍTULO

NBR 6021 Informação e documentação - Publicação periódica científica impressão - Apresentação

NBR 6022 Informação e documentação - Artigo em publicação periódica científica impressa - Apresentação

NBR 6023 Informação e documentação - Referências - Elaboração

NBR 6024 Informação e documentação - Numeração progressiva das seções de um documento escrito - Apresentação

NBR 6025 Informação e documentação - Revisão de originais e provas

NBR 6027 Informação e documentação - Sumário - Apresentação

NBR 6028 Informação e documentação - Resumo - Apresentação

NBR 6029 Informação e documentação - Livros e folhetos - Apresentação

NBR 6034 Informação e documentação - Índice - Apresentação

NBR 10518 Informação e documentação - Guias de unidades informacionais - Elaboração

NBR 10520 Informação e documentação - Citações em documentos - Apresentação

NBR 10525 Informação e documentação - Número Padrão Internacional para Publicações Seriadas - ISSN

NBR 12225 Informação e documentação - Lombada -Apresentação

NBR 14724 Informação e documentação - Trabalhos acadêmicos - Apresentação

NBR 15287 Informação e documentação - Projeto de pesquisa - Apresentação

NBR 15437 Informação e documentação - Pôsteres técnicos e científicos - Apresentação

Quadro 2 – Listagem Normas ABNT Documentação Fonte: ABNT, c2006

31

Representação Descritiva

Competência 02

2.COMPETÊNCIA 02 | IDENTIFICAR AS FUNÇÕES DA CATALOGAÇÃO

/ REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA

Nesta competência, vamos apresentar o conceito de catalogação ou

representação descritiva, fazendo um breve histórico da catalogação e sua

relação com o desenvolvimento de catálogos, assim como mostrando suas

funções de integridade, clareza, precisão, lógica e consistência na descrição de

qualquer objeto informacional. Apresentaremos também a definição de

catalogação na fonte e catalogação cooperativa, apresentando como se

estruturam os pontos de acesso e os dados de localização. É importante

enfatizar que a representação descritiva ou catalogação é apenas uma parte

do processo da organização da informação cuja finalidade principal é atender

as necessidades de busca e recuperação de informação dos usuários. Bom

proveito para todos!

2.1 O que é Catalogação?

A catalogação, ou representação descritiva, pode ser definida como um

conjunto de informações que simbolizam um registro do conhecimento.

Tecnicamente é denominada na representação do item. (MEY; SILVEIRA,

2009; MEY, 1995).

Podemos enfatizar que são as representações descritivas de qualquer objeto

informacional, independente do seu suporte, contribuindo com o processo de

organização da informação, facilitando a recuperação da informação por parte

dos usuários.

Nesse sentido, a atividade de catalogação visa atender a cinco leis da

Biblioteconomia de Ranganathan (1963) como mostra a Figura 16. O processo

de descrição da informação tem o objetivo de colaborar e facilitar com o uso

do material, o tempo de procura e principalmente com as necessidades

informacionais do usuário.

É importante

enfatizar que a

representação

descritiva ou

catalogação é uma

parte do processo

de organização da

informação.

32

Técnico em Biblioteca

Competência 02

Figura 16 – Leis de Ranganathan Fonte: Ranganathan, 1963.

Entendendo a definição de catalogação ou representação descritiva, é

importante se pautar principalmente nas funções. A catalogação deve possuir,

então, algumas características por parte dos catalogadores, profissionais de

informação que desenvolvem a atividade de catalogar materiais. As

características são integridade, clareza, precisão, lógica e consistência. (MEY;

SILVEIRA, 2009; MEY, 1995).

2.1.1 Funções da Catalogação

Integridade: Significa fidelidade, honestidade na representação,

transmitindo informações passíveis de verificação. Por exemplo, se não há

certeza da data de publicação, o catalogador acrescenta um ponto de

interrogação [?], indicando a dúvida.

Rio de Janeiro: Editora X, [1975?]

Clareza: Significa que o código utilizado deve ser compreensível aos

usuários. Por exemplo, se estivermos em uma biblioteca infanto-juvenil, os

termos representativos dos assuntos deverão adequar-se a seu público.

PÁSSAROS (e não ORNITOLOGIA)

SELOS (e não FILATELIA)

Precisão: Significa que, no código utilizado, cada informação só pode

representar um único dado ou conceito, sem dar margem à confusão entre as

33

Representação Descritiva

Competência 02

informações. Por exemplo, 1984 como data de publicação só pode identificar

a data de publicação.

Rio de Janeiro: Editora X, 1984.

Lógica: Significa que as informações devem ser organizadas de modo

lógico. Por exemplo, na descrição do item, vai-se do mais importante (título e

autor) para o mais detalhado (dados de publicação e paginação, entre outros).

Consistência: Significa que a mesma solução deve ser sempre usada para

informações semelhantes. Por exemplo, se a biblioteca decidir que a

recuperação dos nomes pessoais se fará pelo prenome, e não pelo

sobrenome, como usualmente, todos os itens deverão ter seus autores assim

representados.

Pedro José da Cunha Bastos (e não Bastos, Pedro José da Cunha)

Entendemos as características e funções da catalogação, mas para

compreender as regras propriamente ditas de catalogação e descrição de

material é importante traçar um breve histórico da catalogação, antes de

trabalharmos no principal código de catalogação: o AACR2. Vamos conhecer a

história da catalogação?

2.1.2 Breve Histórico da Catalogação

A história da catalogação está diretamente ligada ao desenvolvimento de

catálogos de bibliotecas e às práticas de descrições bibliográficas utilizadas.

Para entender melhor essa afirmação, vamos recordar a definição de catálogo

que pode ser definido de acordo com o AACR2 como uma lista de material de

biblioteca que faz parte de uma coleção.

Os catálogos têm o objetivo principal de identificar todas as obras existentes

em determinado local que possui acervo, independente de seu suporte,

visando atender as necessidades de recuperação de informações de seus

34

Técnico em Biblioteca

Competência 02

usuários. Sendo assim, os catálogos foram desenvolvidos a partir das

necessidades individuais de cada localidade, bem como sua estrutura de

organização, padronização ou normalização.

Segundo Mey e Silveira (2009), em 1697 foram solicitadas aos funcionários da

biblioteca da Universidade de Oxford sugestões para melhoria da biblioteca. A

maioria dos questionamentos foi sobre os problemas de catalogação,

levantando observações sobre se os títulos e os dados dos livros deveriam ser

registrados na língua do livro; se o tamanho do livro deveria ser registrado; se

o nome do editor deveria ser registrado nos dados de publicação; se deveria

ser mencionado o fato de um livro não trazer local e data de publicação, entre

outros.

Várias outras iniciativas particulares de padronização na descrição dos

catálogos podem ser visualizadas, como para o British Museum, com as

famosas 91 regras de Anthony Panizzi em 1839; O Catálogo da Smithsonian

Intitution, nos Estados Unidos com Charles C. Jewett em 1850; O Código de

Munique em 1850; As Instruções para os catálogos alfabéticos das bibliotecas

prussianas em 1899; As Regras para um Catálogo Dicionário de Charles Ami

Cutter em 1876; entre outras. (MEY; SILVEIRA, 2009)

A partir do século XX, existiam vários códigos nacionais de catalogação na

Alemanha, França, Espanha, Bélgica, Holanda, Itália, Vaticano, Suíça, Áustria e

países Escandinavos. Em 1901, a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos

(Library of Congress - LC), começou a impressão e a venda de fichas

catalográficas para quaisquer bibliotecas que solicitassem esse serviço.

Verifica-se uma tentativa substancial de padronização de descrição de

informação no que diz respeito à catalogação de objetos informacionais.

(MEY; SILVEIRA, 2009; MEY, 1995).

A ficha Catalográfica foi desenvolvida para se constituir nos catálogos manuais

das bibliotecas e também em todos os livros publicados no Brasil, geralmente

O que é uma ficha

catalográfica?

Ficha catalográfica é uma ficha que

contém as informações bibliográficas

necessárias para identificar e

localizar um livro ou outro documento no acervo de uma biblioteca. Ela é de papel resistente,

medindo 7,5 cm de altura por 12,5 cm

de largura - dimensões

padronizadas internacionalmente

- e apresenta um orifício no centro da

margem inferior, por onde é presa na gaveta do fichário quando arquivada.

35

Representação Descritiva

Competência 02

no verso da página de rosto, em que possuam os dados pertinentes à obra,

como nome do autor, editora, ano de publicação, ISBN e assunto.

A maioria dos catálogos desenvolvidos foi estruturada a partir de catálogos de

autor, título e assunto. Caso o usuário soubesse o nome do autor ou título, ele

iria para o catálogo de autor ou título e faria sua pesquisa. Caso contrário, ele

iria para o catálogo de assunto e encontraria uma obra a respeito do assunto

ao qual tinha sido realizada a pesquisa. Um exemplo de um catálogo, com um

conjunto de fichas catalográficas, pode ser visualizado na Figura 17.

Figura 17 – Catálogo Manual Fonte: FICHA., 2012.

A American Library Association (ALA) nomeou uma comissão para estudar as

regras de catalogação adotadas pela então Biblioteca do Congresso

Americana e, assim, surgiram regras de catalogação: entradas de autores e

títulos. Porém, a grande e tão desejada padronização internacional só se

firmou um pouco mais tarde. Podemos considerar também importante

mencionar sobre as normas da Vaticana, que foram baseadas no código da

ALA. (MEY; SILVEIRA, 2009; MEY, 1995).

Um importante marco na história da Biblioteconomia e na da catalogação é a

criação do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD) em

1954. Entre os seus produtos, a segunda edição do Código de Catalogação da

Biblioteca Vaticana. O IBBD transformou-se em 1975 no Instituto Brasileiro de

Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), o qual já conhecemos na

competência 1. (MEY; SILVEIRA, 2009; MEY, 1995).

36

Técnico em Biblioteca

Competência 02

Com o advento da tecnologia e dos serviços computacionais na década de 60,

podemos visualizar nesse período a inicialização de processos de catalogação

utilizando recursos tecnológicos, não sua automação propriamente dita. É o

caso dos projetos MARC (Machine Readable Cataloging) e MARC II. Sobre a

catalogação em sistemas automatizados e metadados, veremos na

competência 4 e 5. (MEY; SILVEIRA, 2009; MEY, 1995).

O primeiro evento no sentido da normalização e padronização a nível

internacional na catalogação foi visualizado na Conferência de Paris ou

Conferência Internacional sobre Princípios de Catalogação em 1961. Após

esse evento, foram incorporadas as modificações em vários códigos

recomendadas pela conferência. (MEY; SILVEIRA, 2009; MEY, 1995).

Finalmente, em 1967, publicou-se a primeira edição das Anglo-American

Cataloging Rules (AACR), Regras de Catalogação Anglo-Americanas, e, apenas

em 1969, que essa edição foi traduzida para o português do Brasil com o titulo

Código de Catalogação Anglo-Americano ou AACR, em que foi adotado em

todas as escolas de biblioteconomia brasileiras como o código internacional

para descrição de objetos informacionais. (MEY; SILVEIRA, 2009; MEY, 1995).

A segunda edição do AACR aconteceu em 1978 e foi traduzida para o Brasil

entre 1983-1985, conhecida como AACR2. Foram realizadas algumas revisões

que aconteceram entre 1983 e 1985 e, dentre elas, foram traduzidas para o

Brasil a de 2002, que foi publicado em 2004, conforme mostra o quadro 3

abaixo. (MEY; SILVEIRA, 2009; MEY, 1995).

AACR ANO DE PUBLICAÇÃO

AACR 1967

AACR – BRASIL 1969

AACR 2 1978

AACR2 – BRASIL 1983-1985

AACR2R 1988-2005

AACR2R – BRASIL 2002 p2004

Quadro 3 – Evolução do AACR Fonte: O Autor, 2012

37

Representação Descritiva

Competência 02

Antes de trabalharmos com a descrição propriamente dita, vamos conhecer

algumas informações importantes para a prática da catalogação. As áreas de

descrição segundo o AACR2, veremos em nossa competência 3.

2.1.3 Catalogação na Fonte

A catalogação na fonte, também chamadas de catalogação pré-natal

(denominação de Ranganathan) e catalogação na publicação, é aquela em que

a ficha catalográfica acompanha o respectivo livro, impressa no verso da folha

de rosto, feita quando a publicação ainda está em fase de impressão.

A Câmara Brasileira do Livro recomenda que todos os livros publicados no

Brasil devem conter a catalogação na publicação, de acordo com o padrão

internacional estabelecido em 1976 (Cataloging-in-Publication – CIP) e com o

artigo 6 do Capítulo 3 da Lei do Livro. A catalogação na publicação reúne, num

único lugar, geralmente no verso da página de rosto, dados pertinentes à

obra, como nome do autor, editora, ano de publicação, ISBN e assunto.

Os esforços do Sindicato Nacional de Editores e Livreiros (SNEL) e da Câmara

Brasileira de Livros (CBL) e, ainda, o trabalho conjunto de editoras

universitárias e bibliotecas centrais de universidades na obrigatoriedade da

catalogação na fonte auxilia na difusão da produção bibliográfica e é um

instrumento bastante difundido e vantajoso.

A Câmara Brasileira do Livro é um site bastante rico e importante de conhecer

e navegar, não deixe de visitar!!!

38

Técnico em Biblioteca

Competência 02

Figura 18 – Câmara Brasileira do Livro Fonte: CBL(www.cbl.org.br/), 2012.

2.1.4 Catalogação Cooperativa

É o trabalho realizado por várias bibliotecas e enviado a uma central que se

encarrega de normalizar e reproduzir suas fichas e distribui-las a uma

coletividade. A definição de Catalogação Cooperativa anterior à aplicação das

tecnologias de automação é exemplarmente representada através de

iniciativas como a do Serviço de Intercâmbio de Catalogação (SIC) do Brasil.

Atualmente, a Catalogação Cooperativa é aquela realizada através do

processamento de dados informacionais em sistemas automatizados, com o

uso dos computadores. Tem sido bastante difundida pela facilidade da

tecnologia em permitir a comunicação entre os sistemas que utilizam os

mesmos padrões e protocolos de interoperabilidade.

O que isso significa? Significa que se você adquirir um sistema em sua

biblioteca que está ligado em rede com outras instituições que já possuem o

acervo automatizado, você não precisará fazer toda a catalogação do zero.

Caso uma biblioteca já possua a descrição de obras, você poderá fazer a

importação de dados para o seu sistema e realizar a conferência, organizando

os dados para atender as necessidades de busca do seu usuário.

39

Representação Descritiva

Competência 02

A catalogação cooperativa é possibilitada quando se utiliza os mesmos

padrões e protocolos, minimizando esforços e contribuindo para diminuição

de erros.

2.2 Catalogação: Pontos de Acesso e Dados de Localização

Para a prática da catalogação, vamos tomar como base as três partes básicas

que compreendem a representação descritiva segundo Mey e Silveira (2009):

descrição bibliográfica, pontos de acesso e dados de localização. A descrição

bibliográfica será vista a partir de cada área de descrição na próxima

competência, então vamos apresentar sua definição e algumas informações

importantes de serem levadas em consideração.

Tomaremos como referência a exemplificação na catalogação de livros. Então,

uma pergunta para vocês: de onde as informações devem ser extraídas para

uso na representação? Eis a resposta: no próprio objeto informacional que,

neste caso, é o livro. Mas existe algum local específico em que eu possa

encontrar mais rapidamente essas informações? Sim, é o que chamamos de

fonte principal de informação, que é a parte mais importante do item para o

levantamento de informações.

É importante fazer o que se chama de análise preliminar e leitura técnica do

objeto informacional. A análise preliminar pretende verificar se o objeto

informacional já existe na biblioteca, se é um segundo exemplar, uma nova

edição, etc., evitando a duplicidade de esforços e de registros. A leitura

técnica consiste em analisar o objeto informacional, levantando todas as

informações necessárias para a sua representação, levando em consideração

a fonte principal de informação. Devem ser examinadas cuidadosamente

algumas partes identificadas nas figuras a seguir.

Folha de Rosto é a fonte principal de informação para

livros e a base para a descrição. (MEY,

1995).

40

Técnico em Biblioteca

Competência 02

Figura 19 – Levantamento de informações para descrição em livro Fonte: Mey, (1995).

Figura 20 – Levantamento de informações sobre autor e assunto que servem aos pontos de acesso e numero de chamada Fonte: Mey, (1995).

Identificadas todas essas partes do objeto informacional, vamos entender

como está estruturada uma ficha catalográfica nas Figuras 21 e 22. Em uma

ficha catalográfica, podemos verificar as três partes comentadas acima:

pontos de acesso, dados de localização e áreas de descrição. É importante

enfatizar que as figuras mostram o modelo de uma ficha catalográfica com

entrada ou ponto de acesso por autor pessoal ou entidade. O tamanho

específico e normalizado desta ficha é 7,5 cm de altura por 12,5 cm de

largura. Os pontos de acesso começam e encerram a descrição, os dados de

localização se encontram na parte superior esquerda da ficha, isto é, são os

dados de identificação do livro, o número de chamada.

41

Representação Descritiva

Competência 02

Figura 21 – Modelo de Ficha Catalográfica Fonte: O Autor, 2012.

Figura 22 – Modelo de Ficha Catalográfica comentada Fonte: O Autor, 2012.

O número de chamada deve começar no espaço 1 e ir até ao espaço 8 da

Ficha, como mostra a Figura 23, e normalmente é definido pelo código de

classificação utilizado para classificar o conteúdo da obra de acordo com área

do conhecimento ao qual a mesma está inserida, juntamente com os dados

relativos à notação do autor. Sobre classificação, vocês verão a disciplina

Representação Temática. A respeito da notação de autor, veremos logo

adiante quando estivermos falando sobre dados de localização.

42

Técnico em Biblioteca

Competência 02

Figura 23 – Detalhes dos Dados de Localização Fonte: O Autor, 2012.

O ponto de acesso primário deve começar no espaço 9 como mostra a figura

24, devendo, caso sua extensão seja grande, ser continuada no espaço 15. O

ponto de acesso secundário deve começar no espaço 12 e sua volta deve ser

no espaço 9, a entrada do ponto de acesso primário.

Figura 24 – Detalhes do Ponto de Acesso Fonte: O Autor, 2012.

A primeira área de descrição, como mostra a Figura 24, começa no espaço 12

até a quarta área, que é a área de publicação, todas tendo como volta o

espaço 9, e as mesmas estão separadas por um ponto espaço travessão. A

área 5 recomeça em outra linha no espaço 12, retornando no espaço 9,

juntamente com a área 6. As áreas 7 e 8 recomeçam em outra linha no espaço

12 e a sua volta permanece na 9.

43

Representação Descritiva

Competência 02

2.2.1 Dados de Localização

Os dados de localização servem para identificar um item específico em um

determinado acervo. Esses dados compreendem o número de chamada, que é

formado pela notação de assunto ou número de classificação, notação de

autor e outros números distintivos. (MEY; SILVEIRA, 2009; MEY, 1995).

Número de chamada (notação de assunto e notação de autor);

Outros números distintivos.

A notação de assunto ou número de classificação é realizada a partir de um

código relativo ao assunto do objeto informacional, de forma a reunir na

estante todos os itens de um mesmo conteúdo. (MEY; SILVEIRA, 2009; MEY,

1995).

A notação de autor é realizada através de um código relativo ao nome do

autor (ou ao título, em itens com ponto de acesso principal pelo título),

visando distinguir entre vários itens com a mesma notação de assunto. Os

outros elementos distintivos são usados para indicação de acervos ou

distinção entre códigos idênticos de assuntos e autor, simultaneamente.

(MEY; SILVEIRA, 2009; MEY, 1995).

Exemplo:

A notação de autor se constitui de um código representativo do sobrenome

do autor utilizado como ponto de acesso principal. Cutter criou uma tabela de

A notação de assunto será mais bem entendida na disciplina Representação Temática,

em que serão estudados os códigos de classificação.

44

Técnico em Biblioteca

Competência 02

códigos de nomes pessoais, amplamente empregada no Brasil. Ela representa

cada sobrenome pela letra inicial, seguida de três dígitos. Quando um

sobrenome não se enquadrar exatamente no sobrenome previsto, deve-se

usar o código imediatamente anterior.

Podemos visualizar a notação de autor de Cutter disponibilizada em um site

online (www.davignon.qc.ca/cutter1.html). Como exemplo:

Figura 25 – Site Cutter Sanborn Fonte: www.davignon.qc.ca/cutter1.html

Caso eu queira saber qual é a numeração de Cutter do meu sobrenome que é

BORBA, entrarei na tabela na letra específica que é B, e procurarei qual é a

numeração correspondente ao meu sobrenome, e então será B726, conforme

mostra a figura 26.

45

Representação Descritiva

Competência 02

Figura 26 – Cutter Sanborn BORBA Fonte: www.davignon.qc.ca/cutter1.html

Em caso de obras com acesso principal pelo título, o código de Cutter

corresponderá à primeira palavra do título que não seja artigo.

Exemplo:

Segundo Mey (1995), existem coincidências de número de classificação e

notação de autor para duas obras distintas ou para edições diferentes de um

mesmo item. Por outro lado, a biblioteca pode conter diferentes acervos no

mesmo espaço físico: acervo de referência, acervo de obras raras, acervo de

audiovisuais, entre outros, o que significa armazenamento diferenciado dos

itens, devido a seu suporte e/ou uso. Cabe ao número de chamada, mediante

46

Técnico em Biblioteca

Competência 02

outros elementos distintivos, fazer com que cada item tenha seu número de

chamada próprio, de modo a torná-lo único. Geralmente se utilizam:

Figura 27 – Outros elementos distintivos Fonte: Mey, (1995).

2.2.2 Ponto de Acesso

Ponto de acesso é um nome, termo, título ou expressão pelo qual o usuário

47

Representação Descritiva

Competência 02

pode procurar e encontrar, ou acessar, a representação bibliográfica de um

recurso, ou o próprio recurso eletrônico. Os pontos de acesso se dividem em

principais e secundários. O ponto de acesso principal é também chamado de

entrada ou cabeçalho.

O ponto de acesso principal é aquele que encabeça a entrada principal, isto é,

a primeira informação registrada na ficha, acima da descrição bibliográfica. Os

pontos de acesso secundários são todos os demais pontos de acesso além do

principal, indicados no último bloco de informação, na denominada pista.

Em termos simples e resumidos, o ponto de acesso principal de uma obra

será:

O nome de seu autor, sempre, quando há apenas um autor responsável

por ela;

O nome do primeiro autor citado quando há até três autores (a "regra dos

três”);

O nome do autor indicado como principal, quando há quatro ou mais

autores;

O título da obra, quando há quatro ou mais autores e nenhum destes são

indicados como principal;

O título da obra, quando esta for anônima (caso extremamente raro, para

não dizer inexistente, hoje em dia);

O título da obra, quando esta contiver várias obras independentes, de

vários autores, reunidas sob um título geral, ou coletivo (isto é, quando se

tratar de uma coletânea com título comum).

Devem-se criar pontos de acesso secundários:

Para o título, sempre, exceto quando o título for ponto de acesso

principal;

Para os outros autores ou criadores, se houver até três;

48

Técnico em Biblioteca

Competência 02

Para o primeiro autor citado, havendo quatro ou mais autores e nenhum

indicado como principal;

Para os coordenadores, organizadores ou editores responsáveis por uma

coletânea de obras com título coletivo, se forem até três;

Para a série, se o livro pertencer a uma série;

De assuntos. Não há limites para o número de pontos de acesso de

assunto.

REGRA GERAL, a entrada deve ser dada pelo último sobrenome com exceções:

Sobrenomes unidos por hífen

Ex.: Villa-Lobos, Heitor

Sobrenomes com duas ou mais palavras formando uma expressão

Ex.: Boa Morte, Laís

Contiver elementos como Santos, São, etc.

Ex.: Espírito Santo, Ênio do Santo Angelo, Estevão de

Sobrenomes com apóstrofo

Ex.: D'Amorim, Maria da Conceição

Designativos de parentesco como Filho, Neto, Sobrinho, Irmão, Júnior, não

são sobrenomes.

Ex.: Nunes Neto, João

Regras Especiais para Nomes Estrangeiros

A entrada é dada pelo último sobrenome e seguindo as regras de uso dos

países.

Espanha - os nomes espanhóis funcionam aparentemente como

49

Representação Descritiva

Competência 02

sobrenomes compostos, pois sua constituição é diferente. O nome próprio é

seguido do sobrenome do pai, para depois vir o sobrenome da mãe.

Ex.: Garcia Lorca. Frederico

Alemanha - os sobrenomes alemães possuem partículas (preposições) que

são entradas, com exceção de Von.

Ex.: VomEnde, Erick

Zur Linde, Otto

Goethe, Johann Woffgang von.

Irlanda e Escócia - as partículas são entradas (: Mac, Mc, M, O', Fitz, A, Ab).

Ex.: Mac Gregor, William

O'Neill, Dennis

Itália - nos nomes modernos as partículas são entradas (De, Degli. Del, Lo.

Di e Dei).

Ex.: De Sicca, Vittorio

DelBene, S.

LoSanti, António.

França - a partícula e os artigos são entradas, exceto ‘de’ e ‘d’.

Ex.: Musset, Alfred de.

Alembert, Jean LêRond d'.

LaFontaine, Jean de.

Holanda - (nomes flamengos), as partículas não são entradas, com

exceção de Ver.

Ex.: Nilsen, Andrew G. M. van.

50

Técnico em Biblioteca

Competência 02

Ver Boren, Daisy.

China - os nomes chineses possuem três elementos e o prenome vem

ligado por hífen ao nome do clã (o nome do clã é grafado em minúscula), e já

são invertidos (colocar a vírgula após o primeiro nome).

Ex.: Mao, Tsé-t'ung.

Japão - para os nomes modernos, segue-se a regra geral.

Ex.: Yanamoto, Shinishi.

Grécia e Roma Antigas, entradas em latim.

Ex.: Eurípedes, 484-407 a.C

Caesar, C Júlio.

Nomes de Santos, de Religiosos e Títulos Honoríficos e Nobiliárquicos

Nomes de Santos

Ex.: Francisco de Assis, santo

Tomás de Aquino, santo

Para nomes de santos que foram papas, monarcas, entrar pelo prenome.

Ex.: Isabel, Rainha de Portugal

PioX, Papa

Religiosos - com nome adotado na ordenação, usar o nome como entrada.

Conservando o nome de batismo, usar a regra geral.

Ex.: Vicente do Salvador, Frei.

51

Representação Descritiva

Competência 02

Barbosa, Marcos.

Autores com títulos honoríficos e nobiliárquicos

Ex.: Marie Antoinette, rainha de França, 17...- 1789

Pedro I, imperador do Brasil, (data de nascimento e morte)

Ouro Preto, Afonso de Assis Figueiredo, Visconde de

Bacon, Francis, Viscont of Saint Alban.

Churchill, Sir Winston.

Espíritos - acrescentar ao nome estabelecido para uma comunicação

mediúnica a palavra espírito entre parênteses.

Ex.; Meimei (Espírito).

Entradas de Entidades, Sociedades

Entidades, instituições, sociedade, pessoa jurídica estabelecida para fins

específicos. Os atos das pessoas, do grupo são do todo, da entidade, da

corporação. Nos trabalhos de entidades, como, por exemplo, os relatórios, a

pessoa é esquecida mesmo que nele tenha o seu nome, a entidade é a

responsável, detém a autoria. As entidades são compostas de pessoas

jurídicas seja no campo privado, seja no campo público ou governamental.

São entidades:

Associações

Firmas comerciais

Empresa

Sociedades assistenciais

Clubes

Colégios

52

Técnico em Biblioteca

Competência 02

Repartições governamentais

REGRA GERAL - As entradas podem ser diretas (pelo nome da entidade ou

sociedade) e indiretas (como subcabeçalho de outra entidade, caso

constituam unidade de serviço daquela instituição).

Consulados / Embaixadas / Legação - representação permanente do

governo de um país em outro. É feita como subcabeçalho do cabeçalho usado

para o país representado. O subcabeçalho é registrado na língua do país

representado.

Ex.: França. Consulat (Rio de Janeiro)

Canadá. Embassy (Bélgica)

Forças Armadas (a nível nacional):

Ex.: Brasil. Exército

Brasil. Aeronáutica

Brasil. Marinha

Denominação genérica deve ser precedida pelo órgão superior:

Ex.: Brasil. Ministério das Minas e Energia. Departamento de Administração

Itamaracá. Prefeitura

Rio de Janeiro (Estado). Secretaria de Saúde

Em caso de ambiguidade, coloca-se entre parênteses no final o nome da

Unidade Geográfica.

Ex.: Instituto Médico Legal (RJ)

Instituto Médico Legal (SP)

53

Representação Descritiva

Competência 02

Regras Especiais para Entidades/Sociedades

ENTRADAS DE EVENTOS (conferências, jornadas, seminários, encontros,

painéis, etc.).

Ao cabeçalho da conferência, acrescente o número da conferência, o lugar e a

data (o ano no qual a conferência foi realizada, se o cabeçalho for para uma

única reunião).

Acrescente datas específicas se for necessário distinguir duas ou mais

reuniões. Ex.: Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias (8. : 1984 :

Campinas)

Bem, vamos entender como encontrar o ponto de acesso primário e

secundário de uma ficha catalográfica? Vamos manter o nosso livro

Introdução ao Controle Bibliográfico. Retomando a fonte principal de

informação da obra, podemos visualizar a Figura 28. Quem é a entrada, ponto

de acesso principal ou cabeçalho desta obra?

Figura 28 - Folha de Rosto do Livro Introdução ao Controle Bibliográfico Fonte: Campello, 2006.

54

Técnico em Biblioteca

Competência 02

O ponto de acesso principal é a autora da obra que neste caso é Bernadete

Campello. Mas qual é a regra para autoria em uma descrição? Ela deve ser

realizada pelo sobrenome do autor, salvo algumas exceções na qual a autora

não se enquadra. Então, o ponto de acesso principal é Campello, Bernadete. E

quais seriam as entradas secundárias?

As entradas secundárias dizem respeito a todas as outras entradas que devem

ser realizadas em um catálogo manual onde o usuário possivelmente poderia

buscar a informação. Vamos supor que o usuário não sabe o nome da autora

desse livro, mas ele sabe o nome do título do livro. Se eu não informasse que

deveriam ser feitas entradas secundárias pelo título, o usuário possivelmente

não encontraria a obra.

Caso o usuário chegue à biblioteca e não saiba o nome nem do autor, nem do

título da obra, como ele encontraria o livro? Possivelmente procuraria pelo

assunto principal ao qual ele tem interesse que, nesse caso, é o controle

bibliográfico. Assim, os pontos de acesso secundários também devem ser

realizados pelos assuntos que dizem respeito ao conteúdo das obras.

Os pontos de acesso secundários são indicados na pista na seguinte ordem:

De assunto;

De nomes pessoais de autores;

De nomes pessoais de outros responsáveis;

De nome-título para nomes pessoais;

De nomes de entidades coletivas;

De nome-título para entidades coletivas;

De títulos;

De séries.

55

Representação Descritiva

Competência 02

Ficaria assim:

Os pontos de acesso de assunto são numerados com algarismos arábicos.

Todos os demais, com algarismos romanos.

Não se repetem na pista os títulos e os nomes das séries.

Campello, Bernadete – Ponto de Acesso Primário

1. Controle Bibliográfico. I. Título – Ponto de Acesso Secundário

56

Técnico em Biblioteca

Competência 03

3.COMPETÊNCIA 03 | APRESENTAR AS ÁREAS E ELEMENTOS DA

DESCRIÇÃO BIBLIOGRÁFICA DE ACORDO COM NORMAS DO

CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO AMERICANO-AACR2

Nesta competência, apresentaremos as oito áreas da descrição bibliográfica

de acordo com as normas do Código de Catalogação Anglo Americano AACR2,

revisão de 2002. O AACR2 está organizado a partir de dois volumes, a parte 1

se refere às instruções relativas às informações para descrição do item que

está sendo catalogado e a parte 2 trata da determinação e do

estabelecimento de cabeçalhos (pontos de acesso) sob os quais a informação

descritiva será apresentada aos usuários. Vamos conhecer cada área da

descrição?

3.1 Código de Catalogação Anglo Americano (AACR)

Importante enfatizar mais uma vez que trabalharemos com o AACR2, revisão

de 2002, edição mais atualizada no código de catalogação vigente no Brasil. O

AACR2 é um código de descrição bibliográfica internacional, aceito e

desenvolvido com o objetivo de padronizar as descrições mundiais.

Retomando a filosofia do Controle Bibliográfico Universal, apesar do nome

“Controle”, a proposta não era controlar nada que se produzia ou que se

publicava a nível mundial, o objetivo principal era levantar, conhecer o que

estava sendo produzido, levando em consideração que cada país estava

desenvolvendo seus instrumentos de organização da informação, como

vimos, por exemplo, as iniciativas particulares com os catálogos de

bibliotecas, museus.

Os padrões adotados e recomendados pela filosofia do CBU tinham o objetivo

de cooperar para o entendimento comum mundial. O que isso significa? Que

independente de onde eu estou, e em que língua eu escrevo, se eu utilizo um

padrão de descrição bibliográfica, o entendimento universal se torna comum.

57

Representação Descritiva

Competência 03

Por esse motivo, a adoção do AACR como código padrão para descrição de

conteúdos facilitou o entendimento comum e semântico das informações

produzidas em escala mundial.

Como foi apresentado, o AACR2 está organizado a partir de dois volumes e

sua estrutura das regras na parte 1 refere-se às instruções relativas às

informações para descrição do item que está sendo catalogado e na parte 2

trata da determinação e do estabelecimento de cabeçalhos (pontos de

acesso) sob os quais a informação descritiva será apresentada aos usuários e,

também, da elaboração de remissivas para esses cabeçalhos.

A parte 1, conforme mostra a figura 29, trata da descrição de objetos

informacionais e está organizada a partir de 13 capítulos. As regras básicas

para a descrição de todos os materiais se encontram no capítulo 1 que

estabelece todas as regras de aplicabilidade geral.

A primeira medida a tomar quando queremos fazer uma descrição é ir para o

capítulo 1, que estabelece as regras gerais.

As regras para tipos específicos de material podem ser visualizadas nos

capítulos de 2 a 10. As regras de generalidades parciais, nos capítulos de 11 a

13. Não há capítulos numerados de 14 a 20. Depois de termos estabelecidas

as regras gerais no capítulo 1, podemos ir diretamente para o capítulo do

material que estamos trabalhando, por exemplo, se eu tenho um livro e um

mapa para descrever, quais capítulos eu devo utilizar? Os capítulos 2 e 3

respectivamente.

58

Técnico em Biblioteca

Competência 03

Figura 29 – Parte 1 AACR2, Revisão 2002 Fonte: CÓDIGO, 2004.

A parte 2 apresenta principalmente os pontos de acesso que são

especialmente do nome interesse, assim como os apêndices que são de

grande utilidade para a descrição, em especial o de abreviaturas. Notem que

não há capítulos numerados de 14 a 20 e a parte II começa com o capitulo 21.

Por quê? Alguém sabe responder por que existe este espaço entre capítulos e

não existem capítulos?

O espaço foi deixado especificamente para a inclusão de novos materiais que

possam vir a surgir e não estejam inseridos na divisão de capítulos que já

existe no AACR, principalmente com o desenvolvimento cada vez maior de

tecnologias de comunicação e informação.

Figura 30 – Parte 2 AACR2, Revisão 2002 Fonte: CÓDIGO, 2004.

59

Representação Descritiva

Competência 03

Outra informação bastante importante de enfatizar é que dentro de cada

capítulo a numeração das regras tem uma estrutura mnemônica, mas o que é

mnemônica? Mnemônica vem de memória, vamos entender melhor dando

um exemplo:

Por exemplo, a regra 1.4C trata do lugar de publicação etc., de qualquer

material; a regra 2.4C trata do lugar de publicação etc. para monografias

impressas; a regra 3.4C trata do lugar de publicação etc., para materiais

cartográficos e assim por diante.

O que é importante enfatizar é que a primeira numeração diz respeito ao

capítulo ao qual se está trabalhando, capítulo 1: regras gerais; capítulo 2:

livros; monografias; capítulo 3: cartografia. A segunda numeração depois do

ponto diz respeito à área de descrição. Retomando a estrutura da ficha

catalográfica e relembrando a ordem das áreas, a área 4 sempre será a área

de publicação.

Outro exemplo que podemos visualizar com a regra 1.5 é a indicação do tipo

de informação encontrada na área da descrição física; orientação detalhada

sobre a descrição física de gravações de som será encontrada na regra 6.5;

sobre descrição física de filmes cinematográficos e gravações de vídeo, na

regra 7.5, e assim por diante.

3.2 Descrição Bibliográfica

A descrição bibliográfica tornou-se padrão a partir de 1969. Denominada ISBD

(International Standard Bibliographic Description) ou Descrição Bibliográfica

Internacional Normalizada, todos os códigos de catalogação, inclusive o AACR,

incorporaram as regras recomendadas por esse padrão. (MEY; SILVEIRA, 2009;

MEY, 1995).

A ISBD dividiu as informações denominadas descritivas em oito áreas, que

correspondem aos tipos de informação e que abarcam os elementos, isto é,

60

Técnico em Biblioteca

Competência 03

cada uma das unidades de informação dentro de uma área. Tais áreas são as

mesmas para todos os tipos de recursos. Havia uma ISBD (g), ou seja, geral,

para todos os suportes, e outras ISBDs, muito semelhantes, para os diferentes

materiais: ISBD (a) obras raras; ISBD (cm) materiais cartográficos; ISBD (cr)

recursos contínuos; ISBD (er) recursos eletrônicos; ISBD (m) monografias; ISBD

(nbm) materiais não livros; e ISBD (pm) música impressa. As oito áreas são:

(MEY; SILVEIRA, 2009; MEY, 1995).

Figura 31 – Áreas de Descrição Fonte: (MEY; SILVEIRA, 2009; MEY, 1995).

Na ISBD, as áreas e os elementos são indicados pela pontuação e pela posição.

Esta determinação se deve à crença de que os sistemas automatizados

reconheceriam as áreas e os elementos através da pontuação que os precede

e da posição que ocupam no registro bibliográfico. A crença revelou-se

demasiado otimista, mas a pontuação clarifica o entendimento do registro e a

posição é a mesma das práticas usuais para catálogos em fichas. (MEY;

SILVEIRA, 2009; MEY, 1995).

Pode-se dizer que a pontuação e a posição correspondem à sintaxe e à

semântica da representação descritiva. A sintaxe (pontuação) demonstra o

uso que se faz de determinado elemento, ou marca sua precisão; a semântica

(posição) indica o conceito do elemento empregado. (MEY; SILVEIRA, 2009;

MEY, 1995).

Em estreita consonância com as ISBDs, o AACR2, parte I, voltadas à descrição

bibliográfica, dividiram-se em 13 capítulos, como mostrado no tópico acima,

61

Representação Descritiva

Competência 03

na estrutura de seus capítulos. O quadro a seguir mostra as regras e as fontes

de informação correspondentes. (MEY; SILVEIRA, 2009; MEY, 1995).

Figura 32 – Fontes de informação para Descrição Fonte: (MEY; SILVEIRA, 2009).

Os símbolos de pontuação no ISBD(M) têm como finalidade indicar a espécie

do elemento que se segue em cada área, por isso, além dos sinais de

62

Técnico em Biblioteca

Competência 03

pontuação de uso normal, outros símbolos foram empregados como sinais de

pontuação:

( . ) ponto;

( , ) vírgula;

( : ) dois pontos;

( ; ) ponto e vírgula;

( . — ) ponto, espaço, traço, espaço, separam as áreas umas das outras, a não

ser no término dos parágrafos, onde é usado o ponto final;

( [ ] ) colchetes, indicam uma informação obtida de outra fonte diferente das

estabelecidas como principais de cada área;

( ... ) três pontos, indicam a omissão de alguma parte de um dos elementos de

cada área;

( = ) igualdade, precede um título equivalente;

( / ) barra oblíqua, precede o primeiro dado referente ao autor;

( & ) comercial, precede uma indicação de material adicional.

3.3 Áreas de Descrição

Os elementos da descrição bibliográfica apresentados abaixo, podem ou não

figurar em todas as situações de catalogação, pois dependem da natureza do

item informacional e seu enquadramento nas regras do AACR2. Vamos

conhecer os principais?

3.3.1 Área 1: Titulo e Indicação de Responsabilidade

Onde se registram o(s) título(s) do item e todos os responsáveis por seu

conteúdo intelectual.

Título, ou título principal: O nome do recurso bibliográfico. Como o título é o

primeiro elemento da descrição, não vem precedido de pontuação. Registra-

se o título na forma em que aparece na fonte principal de informação.

63

Representação Descritiva

Competência 03

Exemplo:

Cozinheiros demais

Título alternativo: outro nome do livro, parte do título principal,

acompanhado da conjunção "ou" ou equivalentes em outras línguas. O título

alternativo é precedido de vírgula, espaço, da conjunção "ou" grafada na

língua do título, vírgula e espaço [, ou, ].

Exemplo:

Guy Mannering, ou, O astrólogo

Designação geral do material, ou [DGM]:Acréscimo opcional após o título

principal ou alternativo, ou após a última parte do título principal e antes do

título equivalente, indica o tipo de suporte.

Exemplo:

Umas palavras [gravação de vídeo]

Título equivalente: Trata-se do título principal em outro idioma. Embora não

muito frequente em livros, é muito utilizado em filmes e gravações de vídeo,

assim como nas gravações de som. O título equivalente é precedido de

espaço, sinal de igualdade, espaço [ = ].

Exemplo:

Ladies in lavender = O violinista que veio do mar

Subtítulo, ou outras informações sobre o título: outro título que acompanha

o título principal, geralmente explicando-o.

Reconhece-se o subtítulo porque este é grafado quase sempre em letras

menores ou diferentes das do título na página de rosto. O subtítulo é

precedido de espaço, dois pontos e espaço [ : ].

64

Técnico em Biblioteca

Competência 03

Exemplo:

Profissional da Informação: o espaço de trabalho

Figura 33 – Exemplo de Título e Subtítulo Fonte: Ribeiro (2004), reformulado

Autor: o responsável intelectual pelo conteúdo de uma obra. As informações

de responsabilidade são registradas na forma como aparecem na fonte

principal de informação. A indicação de responsabilidade é precedida de

espaço, barra diagonal e espaço [ / ].

Exemplo:

Cozinheiros demais / RexStout

Coautores: Os responsáveis intelectuais pelo conteúdo de uma obra,

produzida em conjunto por mais de um autor. Eles são registrados se forem

até três ('regra dos três'), na forma como aparecem na fonte principal de

informação e, não havendo nenhuma palavra de ligação entre eles, separados

por vírgula e espaço. Havendo quatro ou mais coautores, registra-se o

primeiro citado, seguidos de espaço, reticências, espaço e da expressão latina

et al. entre colchetes (... [et al.]).

Exemplo:

A longa viagem da biblioteca dos reis / Lilia Moritz Schwarcz com Paulo César

de Azevedo e Angela Marques da Costa

65

Representação Descritiva

Competência 03

Da jardinagem ao paisagismo : evolução histórica / Bruno Luiz Domingos

DeAngelis ... [et al.]

Tradutor: O responsável intelectual pela versão da obra em outro idioma. A

indicação de tradutor, após o (s) autor (es), vem precedida de espaço, ponto e

vírgula e espaço [; ]. Se houver mais de um tradutor, segue-se pontuação igual

à de coautores e sempre a 'regra dos três'. Caso o tradutor não apareça na

fonte principal de informação, deve-se retirar a informação de outra fonte e

registrá-la entre colchetes.

Exemplo:

Cozinheiros demais / RexStout; tradução: Celso Nogueira

(os dois pontos aparecem na página de rosto)

Outros responsáveis: Frequentemente, outras pessoas ou instituições

contribuem para a realização do conteúdo de uma obra. Por exemplo,

ilustrador, revisor, prefaciador (no caso de livros); maestro, orquestra,

intérprete (no caso de gravações de som); roteirista, compositor de trilha

sonora, ator (no caso de filmes e vídeos) e assim por diante. Essas indicações

só devem ser registradas na área de título e responsabilidade se aparecerem

na fonte principal de informação; caso contrário, podem ser incluídas em

notas próprias, ou ignoradas. A forma de transcrição e a pontuação são

idênticas às de tradutor. As informações sobre a responsabilidade são

registradas na ordem em que aparecem na fonte principal de informação.

Exemplo:

Introdução à biblioteconomia / Edson Nery da Fonseca ; prefácio de Antônio

Houaiss.

66

Técnico em Biblioteca

Competência 03

Figura 34 – Exemplo de Autor e Tradutor Fonte: Ribeiro (2004), reformulado

3.3.2 Área 2: Edição

Onde se registram o número e outras informações sobre a edição e os

responsáveis por ela.

Edição: Todas as cópias de um recurso (ou de manifestação) produzidas pela

mesma matriz e publicadas pela mesma instituição ou pessoa. A edição,

embora importante em qualquer tipo de recurso, é fundamental para música

impressa. Faz-se a indicação de edição com um número seguido da palavra

edição ou seu correspondente em outras línguas. A área de edição é

precedida de ponto, espaço, travessão e espaço [. — ]. Para o código

brasileiro, substitui-se o número ordinal ou o número por extenso pelo

algarismo, seguido de ponto e espaço, abreviando-se a palavra edição [2. ed.].

Exemplo:

É um campo de batalha / Graham Greene ; tradução de Ruth Leão. — 2. ed.

Responsabilidade pela edição: O responsável pelas modificações ocorridas na

edição específica de uma obra que tem seu próprio autor. A indicação de

responsabilidade pela edição é precedida de espaço, barra diagonal e espaço.

Exemplo:

Dicionário contemporâneo da língua portuguesa Caldas Aulete. - 3. ed.

brasileira / novamente revista, atualizada e aumentada por Hamílcar de

67

Representação Descritiva

Competência 03

Garcia.

Figura 35 – Exemplo de Edição Fonte: Ribeiro (2004), reformulado

3.3.3 Área 3: Detalhes Específicos do Material

A fonte dependerá do tipo de recurso ou de conteúdo. Incluem-se os

elementos apenas quando se tratar de materiais cartográficos (escala), música

impressa (tipos de partitura e parte), periódicos (designação numérica e

cronológica) e os recursos eletrônicos (tipo de recurso e tamanho do arquivo).

Exemplo:

Revista digital de biblioteconomia e ciência da informação / Sistema de

Bibliotecas da Unicamp - Vol. 1, n. 1 (2003)- . - Campinas, SP : Unicamp,

Sistema de Bibliotecas, 2003- . - Semestral. - ISSN 1678-765X

3.3.4 Área 4: Publicação

Onde se registram o local de publicação, a editora e a data de publicação.

Local de publicação: Nome da cidade onde se localiza o editor, ou seja, o

responsável pela publicação ou produção do recurso. Registra-se, sempre, o

primeiro local, embora haja exceções. No caso de inexistência de cidade,

pode-se registrar o nome do estado ou do país do recurso. O local de

publicação é precedido de ponto, espaço, travessão e espaço [. — ].

68

Técnico em Biblioteca

Competência 03

Editor: Nome do editor ou produtor responsável pela publicação ou produção

do recurso. Registra-se, sempre, o primeiro, embora haja exceções. O nome

do editor ou produtor deve ser transcrito na forma mais breve pela qual possa

ser reconhecido. Como ajuda aos catalogadores, a BN publicou a obra

Catálogo dos Editores Brasileiros, que indica a forma de transcrição adotada.

Atualmente, encontra-se em linha seu catálogo de editores, mais completo do

que a obra anterior, disponível na seção de depósito legal. O nome do editor é

precedido de espaço, dois pontos e espaço [: ].

Data de produção, publicação, distribuição ou manufatura: Data em que o

recurso foi produzido, publicado, distribuído ou manufaturado. A data sempre

é a data da edição do recurso. Quando não há data de publicação, registra-se

a data de copyright, precedida da letra c (minúscula). A data de gravações de

som é sempre a data de copyright indicada no recurso pelo símbolo ®

(phonorecording copyright) e registrada precedida da letra p (minúscula).

Precede-se a data por vírgula e espaço [, ]. A data é absolutamente

indispensável, em quaisquer tipos de recursos, editados ou manuscritos,

originais de arte, entre outros, seja ela comprovável, provável ou presumida.

Exemplos:

Cozinheiros demais / Rex Sout; tradução: Celso Nogueira. - São Paulo :

Companhia das Letras, 1991.

Figura 36 – Exemplo de Local, Editora, Ano Fonte: Ribeiro (2004), reformulado

69

Representação Descritiva

Competência 03

3.3.5 Área 5: Descrição Física

Onde se registram a extensão do item (número de páginas ou volumes) e

outras informações de caráter físico (ilustrações por exemplo).

Extensão do recurso: O número de unidades físicas e a designação específica

do material, como páginas, volumes, peças componentes, partes, entre

outras. Registra-se a extensão do recurso precedida de ponto, espaço,

travessão e espaço [. — ] ou inicia-se um novo parágrafo. Para monografias

publicadas, registra-se o número de unidades físicas seguido de espaço, a

abreviatura p e ponto [n p.]; no caso de livro em mais de um volume, o

número de volumes, seguido de espaço, a abreviatura v e ponto [n v.].

Exemplo:

Cozinheiros demais / RexStout; tradução: Celso Nogueira. — São Paulo :

Companhia das Letras, 1991. — 223 p.

Outros detalhes físicos: Os detalhes físicos variam de acordo com o suporte e

a necessidade de indicá-los no registro. Essa subárea abarca detalhes físicos

como material ilustrativo, tipo de material, cor, tipo de gravação, velocidade

da projeção, entre outros complementares. Para monografias publicadas ou

manuscritas, a indicação mais comum nesta subárea é a de ilustração, se as

ilustrações presentes não se configuram como o foco principal do recurso.

Não são consideradas ilustrações da página de rosto, vinhetas ou decorações.

A indicação de outros detalhes físicos é precedida de espaço, dois pontos e

espaço [: ]. Para ilustrações, usa-se a abreviatura il. [ : il.]. Caso necessário,

acrescentam-se outros detalhes físicos, como: colorido [color.], preto e

branco, entre outros.

Exemplo: Aldo Manuzio: editor, tipógrafo, livreiro: o design do livro do

passado, do presente e, talvez, do futuro / Enric Satué; prólogo de

OriolBohigas; tradução de Cláudio Giordano. - Cotia, SP : Ateliê, 2004. - 253 p.

: il.

70

Técnico em Biblioteca

Competência 03

Dimensões: As dimensões variam de acordo com o suporte físico. Podem ser

a altura do livro, medida pela página de rosto nas brochuras e pela capa em

obras encadernadas; o diâmetro de um disco ou de um globo terrestre; a

altura, a largura e a profundidade de um conteiner; as dimensões de um

quebra-cabeça montado, ou em sua caixa, entre outras. A altura é expressa

em centímetros; quando há decimais, arredonda-se para o número inteiro

imediatamente superior: 21,1 cm = 22 cm. O registro das dimensões

dependerá da utilidade desta informação. Inúmeras bibliotecas não mais

registram a dimensão do livro, por ser de nenhuma utilidade prática, exceto

para acervos organizados por tamanho. A dimensão é precedida de espaço,

ponto e vírgula e espaço [; ].

Exemplo:

Cozinheiros demais / RexStout; tradução: Celso Nogueira. - São Paulo :

Companhia das Letras, 1991. - 223 p. ; 18 cm

Figura 37 – Exemplo de Descrição Física Fonte: Ribeiro (2004), reformulado

3.3.6 Área 6: Série

Onde se registram o título da série e o número do livro da série.

Título da série: A série é, na verdade, um título comum a muitos recursos. Por

exemplo, um editor pode reunir seus títulos de romances policiais sob o título

genérico 'Horas em suspense', como fez a editora Francisco Alves. Assim,

71

Representação Descritiva

Competência 03

trata-se o título da série do mesmo modo como se tratam os títulos principais

de um recurso, utilizando-se a mesma pontuação. A série não tem previsão de

término, nem de periodicidade. É registrada entre parênteses, precedida de

ponto, espaço, travessão e espaço, após a descrição física [. — (Título)].

Número na série: Com frequência, o recurso recebe um número dentro da

série. Quando este número vem precedido da palavra 'número' ou 'volume', o

termo permanece, mas de forma abreviada (n. ou v.). Quando não há palavra,

registra-se apenas o número, sempre em algarismos arábicos. O número vem

precedido de espaço, ponto e vírgula e espaço [ ; ].

Figura 38 – Exemplo de Série Fonte: Ribeiro (2004), reformulado

3.3.7 Área 7: Notas

Onde se registram todas as informações de interesse que não têm lugar

específico nas demais áreas, inclusive as relações da obra com outros itens.

As notas são informações adicionadas pelo catalogador, que interessem ao

usuário e não tenham lugar no corpo da descrição. O catalogador deve ter

sempre o cuidado de redigir notas concisas e de importância, não

sobrecarregando o usuário com excesso de informações. O AACR2 prevê um

grande número de notas, algumas indispensáveis ou mesmo obrigatórias e

com forma de apresentação consagrada; outras, menos importantes; outras,

72

Técnico em Biblioteca

Competência 03

ainda, importantes, porém não utilizadas. As notas seguem a mesma ordem

dos elementos na descrição.

Figura 39 – Exemplo de Notas Fonte: Ribeiro (2004), reformulado

3.3.8 Área 8: Número Internacional Normalizado

Pode-se utilizar qualquer número internacional normalizado como o ISBN,

ISSN, DOI entre outros.

Figura 40 – Exemplo de Número Normalizado Fonte: Ribeiro (2004), reformulado

73

Representação Descritiva

Competência 04

4.COMPETÊNCIA 04 | COOPERAÇÃO E INTEROPERABILIDADE NA

DESCRIÇÃO DA INFORMAÇÃO: PADRÕES DE METADADOS

Nesta competência, apresentaremos a importância da tecnologia como

ferramenta de apoio no desenvolvimento para construção de sistemas de

gerenciamento de bibliotecas e principalmente na adoção de padrões de

metadados, contribuindo para a padronização na descrição da informação de

registros de objetos informacionais, facilitando a interoperabilidade entre

sistemas. Mostraremos dois padrões de metadados, o Dublin Core, que é um

padrão capaz de descrever diversificadas coleções documentais e o MTD-BR

que foi desenvolvido para atender as necessidades de descrição de teses e

dissertações brasileiras. Bons estudos!

4.1 Metadados

O ambiente global reconfigurou-se no pós-guerra centrando as preocupações

no ambiente da informação, da comunicação e do conhecimento. Uma das

marcas desse período é o fenômeno da explosão documentária que teve

como efeito mais evidente a expansão da produção científica e tecnológica, e

consequentemente, da elevação do volume dos registros dessa produção.

Surge, então, uma nova ordem mundial centrada nos processos de produção,

controle, organização, transformação, disseminação, preservação e uso da

informação.

Nesse contexto, a tecnologia cumpriu um papel de grande envergadura. A

capacidade viabilizada pela informática – de se representar os produtos do

conhecimento em meio digital – e ainda, as possibilidades de transmissão e

recepção de dados, voz, imagens e uma variedade dos novos conteúdos como

livros, imagens em movimento, música, neste novo ambiente, são talvez a

marca mais forte deixada pela tecnologia do século XX.

As inovações acarretaram profundas mudanças que condicionam desde a

forma de se produzir bens e recursos intelectuais, até o modo como os

74

Técnico em Biblioteca

Competência 04

indivíduos e a sociedade se relacionam. É visível o crescimento de bibliotecas

e acervos em meio digital com o propósito de facilitar o acesso, gestão e

disseminação de informações.

O desenvolvimento de bancos e bases de dados, bibliotecas digitais ou virtuais

e repositórios possibilita maior agilidade de comunicação, reduzindo esforços,

acarretando a precisão dos resultados obtidos e, sobretudo, ampliando

fronteiras nas possibilidades de acesso e disseminação de informação em

todo o mundo. Os avanços tecnológicos trazem benefícios incalculáveis para o

acesso, a disseminação e a preservação da informação, com o propósito de

atender às exigências atuais de acesso e intercâmbio da informação.

É nessa direção que surgem inicialmente os catálogos online conhecidos como

OPAC`s (Online Public Access Catalog) e posteriormente as bibliotecas e

repositórios digitais. Como na antiguidade, o processo de organização e

desenvolvimento desses instrumentos de organização, agora em meio digital,

aconteceram de forma individualista e particularizada, gerando consequências

para as divergências de sistemas de informação que não se comunicavam

entre si.

Mais uma vez se percebe a importância da filosofia do controle bibliográfico

universal, no sentido e importância de se determinar padrões e protocolos de

uso e descrição de informação, com o intuito de permitir a comunicação entre

os grandes sistemas de informação então desenvolvidos.

Se o AACR2 veio para padronizar a descrição de informações a partir da

construção das fichas catalográficas, era necessário também se determinar

alguns padrões e protocolos para os sistemas de informações que estavam

sendo desenvolvidos na automação das bibliotecas.

A interoperabilidade entre sistemas de informações, isto é, a comunicação

entre as bibliotecas agora então automatizadas, só era possível, se ambas

75

Representação Descritiva

Competência 04

utilizassem o mesmo padrão de descrição e protocolos de interoperabilidade

que permitissem sua comunicação e assim a cooperação entre elas.

O protocolo Z39.50 é o numero de série do protocolo desenvolvido na

segunda metade da década de 80, a fim de ajudar na recuperação e

transferência de dados em formato bibliográfico entre processadores ligados

em rede, voltado para a recuperação de informação. (TAMMARO; SALARELLI,

2008).

Além do desenvolvimento de protocolos, foram desenvolvidos padrões de

metadados, para normalizar e padronizar as descrições bibliográficas

organizadas nos bancos e bases de dados de bibliotecas e repositórios digitais,

disponibilizados na web. Mas o que são metadados?

A origem do termo ‘metadado’, prefixo grego meta e origem latina dato/s, foi

dada por Jack E. Myers com a intenção inicialmente de utilização de um termo

para designar sua empresa Metadata Information Partners. Esta marca

METADATA® foi registrada em 1986 na Oficina de Patentes e Marcas dos

Estados Unidos. Com o passar dos anos e com o desenvolvimento da teoria de

metadados, o seu uso convencional ficou vinculado à descrição de recursos na

internet.

Os metadados se aplicam em diversos contextos, em diversas áreas que

requeiram enfoques diferentes, (RODRÍGUEZ, 2002):

• Recursos de informação local, estatal ou federal, tais como publicações

governamentais, ou em uma página web de uma agência federal ou de uma

administração pública;

• Informações de museus como exposições de patrimônio cultural compostas

de um catálogo da exposição, imagens, murais de textos e arte folclórica;

• Livros, revistas, periódicos ou coleções de materiais relacionados com

bibliotecas e repositórios digitais.

76

Técnico em Biblioteca

Competência 04

O foco principal para nosso propósito se concentra no terceiro contexto

apresentado por Rodríguez, que aborda especificamente um estudo profundo

sobre a evolução do papel dos metadados na gestão da informação digital,

apresentando o papel tradicional e emergente dos metadados. As

informações mostradas no quadro abaixo não estão classificadas por ordem

de prioridade ou importância.

PAPÉIS TRADICIONAIS PAPÉIS EMERGENTES

1. Identificação e descrição da informação 4. Autoria e propriedade intelectual

2. Busca e recuperação 5. Formas de acesso

3. Localização de documentos 6. Atualização da informação

7. Preservação e conservação

8. Limitação do uso

9. Valorização do conteúdo

10. Visibilidade da informação

11. Acessibilidade dos conteúdos Quadro 4 - Evolução do papel dos metadados Fonte: Rodríguez, 2002.

Sua definição clássica é definida como dados sobre outros dados.

Comparando ao que vimos até o momento na catalogação, são as

representações descritivas de qualquer objeto informacional, com uma

simples diferença, em vez de descrever em fichas catalográficas, iremos

descrever para as grandes e robustas bases de dados.

Os tipos de metadados são bem definidos por GILLILAND-SWETLAND, (2002)

em que o autor divide em cinco categorias, que podem ser visualizadas na

figura abaixo.

77

Representação Descritiva

Competência 04

Figura 41 – Tipos de Metadados Fonte: Rodríguez, 2002.

Dentre as vantagens obtidas com os metadados, que resultaram em seu

desenvolvimento e aplicação, estão: (MEY; SILVEIRA, 2009).

a) a rapidez do registro bibliográfico, concomitante à rapidez da própria mídia

do conhecimento;

b) a normalização requerida a um registro bibliográfico — não encontrada nos

grandes e populares serviços de busca, que demonstram excessiva revocação

e baixíssima relevância — e esta normalização possibilita um alto índice de

relevância;

c) a possibilidade de busca por campo, como nos catálogos, o que também

influi na relevância dos recursos de acesso remoto recuperados.

Como foi visto na história da catalogação, vários códigos de catalogação

foram desenvolvidos para atender as necessidades de organização de

informação, em que finalmente foi recomendada a utilização internacional de

78

Técnico em Biblioteca

Competência 04

um único código para colaborar na padronização internacional que foi o

AACR.

Com a era da tecnologia, também foram desenvolvidos diversos padrões de

metadados para atender as necessidades de descrição dos diversos objetos

informacionais existentes. Vamos conhecer três padrões de metadados,

desenvolvidos em nível nacional e internacional, entendendo um pouco sua

utilização e suas especificidades.

Os padrões estudados serão o Dublin Core, o BDTD e o Marc 21. Estudaremos

nesta competência a estrutura dos dois primeiros e trabalharemos o Marc na

Competência 3 visto que é atualmente o mais difundido para atender as

necessidades e funcionalidades de uma biblioteca.

4.2 Padrões de Metadados

4.2.1 Metadados Dublin Core

O padrão de metadados Dublin Core é um padrão capaz de descrever

diversificadas coleções documentais que vão de acervos arquivísticos e

bibliográficos até objetos tridimensionais e eventos. O Dublin Core é um

padrão de metadados mantido pela Dublin Core Metadata Initiative e suas

especificações são autorizadas pelos padrões ISO 15836-2003 e NISO Z39.85-

2001, que autorizam a descrição documental com qualidade.

O nome "Dublin" se refere a Dublin, Ohio, U.S., onde o trabalho se originou de

um workshop sediado em 1995 pela Online Computer Library Center (OCLC).

O "Core" se refere ao fato de que o conjunto de elementos de metadados é

uma lista básica, mas expansível.

Suas características são:

Simplicidade na descrição dos recursos, permitindo seu uso por não

79

Representação Descritiva

Competência 04

especialistas;

Entendimento semântico universal dos elementos;

Escopo internacional e extensível, com o intuito de atender às

especificidades de diferentes contextos, permitindo a adição de elementos.

O padrão Dublin Core inclui dois níveis:

Básico / simples (inclui 15 elementos)

Refinamento (inclui 40 elementos)

Os elementos básicos são as informações mais comumente encontradas nos

diversos tipos de objetos de informação, como por exemplo, o autor, título,

assunto, editor, entre outras informações, conforme mostra a figura abaixo.

Figura 42 – Elementos Básicos do Padrão Dublin Core Fonte: O autor, 2012.

O título pode ser definido como um nome dado a um recurso, em que ele é

formalmente reconhecido. O criador é o autor propriamente dito do objeto

informacional que pode ser de autoria física ou entidade. O assunto diz

respeito às palavras- chave que representam o conteúdo da obra. E a

descrição inclui qualquer informação adicional ao documento como, por

exemplo, as notas. O quadro abaixo define e explica o que acabamos de

comentar.

80

Técnico em Biblioteca

Competência 04

Figura 43 – Elementos Básicos: Título, Criador, Assunto e Descrição Fonte: O Autor, 2012.

Publicador ou editor são as pessoas ou entidades responsáveis pela

publicação da obra. Contribuidores são todas as pessoas que contribuíram

diretamente para a produção e publicação do objeto informacional. A data no

Dublin Core tem relação direta a um evento como, por exemplo, a data de

digitalização do recurso e o tipo é a sua natureza.

81

Representação Descritiva

Competência 04

Figura 44 – Elementos Básicos: Publicador, Contribuidor, Data e Tipo. Fonte: O Autor, 2012.

Formato diz respeito à formatação do conteúdo do documento. O

identificador são os seus dados de localização que podem ser trabalhados a

partir do úmero de classificação, notação de autor etc. A fonte normalmente é

utilizada quando se descreve a parte de um todo, por exemplo, um artigo de

um periódico e finalmente a língua do recurso ou objeto informacional.

82

Técnico em Biblioteca

Competência 04

Figura 45 – Elementos Básicos: Formato, Identificador, Fonte e Língua. Fonte: O Autor, 2012

Os três últimos elementos básicos são relação, cobertura e direitos, conforme

mostra o quadro abaixo.

Figura 46 – Elementos Básicos: Relação, Lugar e Direitos. Fonte: O Autor, 2012.

83

Representação Descritiva

Competência 04

Os elementos básicos devem ser descritos de acordo com a política de

descrição adotada na instituição, e não existem elementos obrigatórios que

devam ser descritos. Apenas se descrevem os metadados que possuírem

informação a serem descritas.

Os elementos de refinamentos, como o próprio nome diz, são aqueles que

possuem especificidades e não são elementos comumente encontrados em

todo tipo de material. Podemos citar, por exemplo, uma data de defesa. Esse

elemento é específico para trabalhos de teses e dissertações; o volume e o

número de um documento normalmente são encontrados em publicações

periódicas; entre outros. Significam uma especificação mais precisa dos

elementos. Um elemento refinado compartilha o significado de um elemento

não qualificado, mais com um escopo mais restrito. Temos atualmente uma

lista de 40 elementos de refinamento que abrangem o padrão de metadados

Dublin Core. Alguns deles podem ser visualizados na figura abaixo.

84

Técnico em Biblioteca

Competência 04

Figura 47 – Elementos de Refinamento. Fonte: O Autor, 2012.

85

Representação Descritiva

Competência 04

4.2.2 Metadados para Teses e Dissertações Brasileiras (MTD-BR)

É um padrão brasileiro de metadados para descrição de teses e dissertações,

adotado pela Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD).

O MTD-BR foi desenvolvido no âmbito do projeto BDTD, visando atender aos

objetivos de geração de produtos e serviços de informação, com vistas à

identificação e localização das teses e dissertações eletrônicas (TDEs), bem

como permitir a coleta de informação para geração de indicadores e

integração com outros repositórios nacionais de informação de ensino e

pesquisa no país. (BDTD, @2010).

A BDTD, para garantir a interoperabilidade entre os sistemas, desenvolveu o

MTD-BR compatível com os padrões Dublin Core e Metadata Standard for

Electronic Theses and Dissertations (ETD-MS), adotado pela Networked Digital

Library of Theses and Dissertation (NDLTD), e implementou o Protocolo OAI-

PMH para coleta automática de metadados (harvesting). (BDTD, @2010).

A versão inicial do MTD-BR, utilizada para testes, foi implantada em 2001. A

primeira versão oficial, a 1.0, foi lançada em novembro de 2002. A versão

atual, a 2.0, foi aprovada e homologada, pelo Conselho Técnico Consultivo

(CTC) da BDTD em março de 2005. (BDTD, @2010).

O padrão MTD-BR possui um conjunto de 19 elementos básicos. Além dos

elementos básicos, o padrão MTD-BR possui também elementos vinculados

aos mesmos e seus atributos. (BDTD, @2010).

Seus elementos básicos são: controle, biblioteca digital, biblioteca depositária,

título, arquivo, idioma, grau, titulação, resumo, cobertura, assunto, local de

defesa, data de defesa, autor, contribuidor, instituição de defesa, agência de

fomento, direitos e extensão. Cada definição pode ser mais bem expressa e

entendida na figura abaixo:

86

Técnico em Biblioteca

Competência 04

Figura 48 – Elementos Básicos do MTD-BR. Fonte: (BDTD, c2010).

Os elementos vinculados dizem respeito a informações vinculadas aos

elementos básicos, especificando melhor os dados descritivos do objeto

informacional, nesse caso, especificamente teses e dissertações.

Alguns elementos básicos possuem elementos de vinculação como: controle,

biblioteca digital, biblioteca depositária, arquivo, local de defesa, autor,

contribuidor, instituição de defesa e agência de fomento.

Figura 49 – Elementos Vinculados – Agência de Fomento Fonte: (BDTD, c2010).

87

Representação Descritiva

Competência 04

Para melhor entendimento, vamos tomar como ilustração a figura abaixo com

o elemento básico biblioteca digital, visualizando seus elementos vinculados.

Os elementos vinculados à biblioteca digital são: nome, sigla, endereço

eletrônico e a instituição que abriga a biblioteca digital. E inseridos no

contexto da instituição que abriga a biblioteca digital temos outros

subelementos vinculados que complementam as informações para descrição.

Figura 50 – Elementos Vinculados – Biblioteca Digital Fonte: (BDTD, c2010).

É importante destacar que todos os elementos dos atributos adotados pelo

padrão MTD-BR são facultativos, conforme mostra a figura abaixo.

Figura 51 – Atributos Fonte: (BDTD, c2010).

88

Técnico em Biblioteca

Competência 05

5.COMPETÊNCIA 05 | INTRODUZIR AOS CONCEITOS E ESTRUTURA

DOS REGISTROS AUTOMATIZADOS DE ACORDO COM O FORMATO

MARC BIBLIOGRÁFICO

Nesta competência, iremos apresentar os conceitos e estrutura dos registros

automatizados de acordo com o Formato Marc bibliográfico, mostrando a

importância da racionalização de procedimentos na automação de serviços e

produtos de informação. Apresentaremos a evolução do formato para o Marc

21 visualizados a partir do sistema Pergamum, sistema de gerenciamento de

bibliotecas bastante difundido no Brasil. Bom proveito!

5.1 Formato de Registro Bibliográfico MARC

O Marc (Machine Readable Cataloging) significa que um computador pode ler

e interpretar a informação em um registro bibliográfico. Esse formato foi

criado para promover a comunicação da informação e permitir que bibliotecas

compartilhem recursos bibliográficos reduzindo a duplicação de esforços.

O uso e expansão do formato MARC deveu-se, sobretudo, à necessidade de se

intensificar o Controle Bibliográfico Universal (CBU). O formato bibliográfico,

que é um instrumento de racionalização de procedimentos na automação dos

serviços e produtos de informação, assume essa função de linguagem comum,

disciplinando o fluxo documental, como também viabilizando e melhorando o

intercâmbio institucional e internacional de informações bibliográficas.

Como atua um formato bibliográfico?

O formato bibliográfico registra, segundo determinado padrão, as

características bibliográficas, gerando um registro que substitui o item físico

em um sistema de registro/recuperação das informações. Nesse sentido, o

formato MARC é um exemplo de formato bibliográfico, sobretudo porque tem

sido amplamente utilizado por bibliotecas em todo o mundo.

89

Representação Descritiva

Competência 05

Como expusemos inicialmente, MARC significa Machine Readable Cataloging,

cuja tradução pode ser representada por Catalogação Legível por Máquina, ou

seja, os registros bibliográficos, tradicionalmente mostrados em catálogos que

incluem elementos tais como, a descrição do item, as entradas principais e

secundárias, cabeçalhos de assunto e a classificação ou número de chamada,

são convertidos em metadados através de uma linguagem pré-estabelecida

de forma a serem interpretados por uma máquina específica, nesse caso, um

computador.

Para a descrição do documento são utilizadas as regras contidas no código de

catalogação anglo-americano, assim como para a definição das entradas

principais e secundárias.

5.2 Histórico

O MARC surgiu inicialmente em 1966, criado por bibliotecários da Library of

Congress, com a finalidade de automatizar os procedimentos. Foi definido

inicialmente como MARC I, tendo evoluído para MARC II ou LC MARC após

apresentar a separação entre diretório, códigos de subcampos e parágrafos.

Ao passar a utilizar números, letras e sinais gráficos para marcar os campos e

as informações no registro, o LC MARC evoluiu para o MARC 21. O padrão

proposto pelo LC MARC deu origem também a outros padrões, tais como

UKMARC (Reino Unido), CANMARK (Canadá) e formatos CALCO e IBICT

(Brasil). Atualmente, o utilizado é o MARC 21.

5.3 Registro Bibliográfico

De uma maneira geral, os termos que compõe o formato MARC são

campo/TAG, subcampos, indicadores, códigos de subcampo e delimitadores.

Campo: uma unidade de informação dentro de um registro bibliográfico.

90

Técnico em Biblioteca

Competência 05

Subcampo: um campo pode incluir um ou mais elementos de informação

relacionados.

Ex: a entrada principal pode incluir o nome do autor e sua data de

nascimento.

Etiqueta [tag]: A etiqueta de três dígitos identifica o tipo de informação

presente no campo.

Indicador: duas posições que seguem a etiqueta e podem ser usadas para dar

instruções ao sistema sobre como processar os dados presentes nos campos.

Códigos de subcampo e delimitadores: São usados para identificar os

diferentes elementos dentro do campo. O código e um caractere ou numero

precedido pelo delimitador.

Figura 52 – Termos MARC Fonte: PERGAMUM, c2008.

91

Representação Descritiva

Competência 05

Esses termos estão estruturados a partir das áreas de descrição baseados no

AACR2 e a organização geral dos campos segue a estrutura como a mostrada

no quadro 5 abaixo:

ETIQUETA DESCRIÇÃO

0XX Números e códigos de controle

1XX Entrada (s) principal (ais)

2XX Título, Edição, Publicação, etc.

3XX Descrição Física

4XX Série

5XX Notas

6XX Assuntos

7XX Entradas Secundárias

8XX Entradas Secundárias de Séries

9XX Para definição local Quadro 5 – Estrutura dos campos MARC Fonte: O Autor, 2012

A estrutura mostrada no quadro acima é interna do sistema para o processo

de organização da informação, isto é, descrição física e de conteúdo dos

objetos informacionais. Visualizaremos como exemplo o sistema de

gerenciamento de bibliotecas Pergamum, a partir do módulo consulta –web. É

importante enfatizar que todo o processo de descrição física e de conteúdo

do sistema já foi preparado previamente. A Figura 53 apresenta a Tela da

internet que permite a pesquisa ao catálogo do acervo da instituição. Como

exemplo, utilizaremos o Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de

Pernambuco.

92

Técnico em Biblioteca

Competência 05

Figura 53 – Pesquisa ao Catálogo do Pergamum UFPE Fonte: SISTEMA de Bibliotecas UFPE, 2012.

A barra de ferramentas superior está disposta a partir dos seguintes ícones:

pesquisa geral, acesso ao usuário, início, voltar, login.

A pesquisa geral pode ser realizada como seu próprio nome define de uma

maneira geral ou disponibilizada a partir de outras formas de pesquisa, como

a pesquisa avançada, pesquisa por autoridades e outras formas de pesquisa.

O ícone de acesso ao usuário possibilita ao mesmo acessar as informações

referentes à renovação, reserva, material pendente, débito, áreas de

interesse, histórico, levantamento bibliográfico, comutação e outras

informações. Essa opção não permite a visualização do histórico das pesquisas

realizadas. É importante enfatizar que é necessário ter o cadastro na

biblioteca em questão, colocando o seu login e senha como mostra a figura

54. (PERGAMUM, c2008).

93

Representação Descritiva

Competência 05

Figura 54 – Ícone Acesso ao Usuário Fonte: SISTEMA de Bibliotecas UFPE, 2012.

O ícone “início” retorna à tela inicial da pesquisa geral e o ícone “voltar”

retorna à tela anterior sem perder a consulta realizada. Sugere-se usar esse

botão em vez da seta de voltar do navegador. O Ícone “login” permite ao

usuário entrar com seu código e senha na tela de consulta. Ao efetuar o

“login”, o usuário fará pesquisas personalizadas, isto é, tudo o que ele

pesquisar será gravado em seu histórico, possibilitando uma futura

recuperação. (PERGAMUM, c2008).

Na barra de ferramentas inferior visualizamos os ícones autores, assuntos,

cesta, histórico, comentários gerais, sugestões aquisição e ajuda.

O ícone “autores” mostra os mesmos relacionados ao resultado da consulta

realizada e o número de ocorrências, “assuntos” mostra os assuntos

relacionados ao resultado da consulta realizada e o número de ocorrências e a

“cesta” é a seleção das pesquisas realizadas pelo usuário. (PERGAMUM,

c2008).

O ícone “histórico” permite mostrar o histórico das pesquisas efetuadas pelo

usuário. Os “comentários gerais” e “sugestões de aquisição” permitem

94

Técnico em Biblioteca

Competência 05

realizar comentários sobre a biblioteca e seus serviços, assim como sugerir

aquisição de novas obras. O campo “ajuda” disponibilizado encaminha para

um manual online, com todas as informações de como utilizar e de como

realizar pesquisas no Pergamum. (PERGAMUM, c2008).

Uma das partes mais importantes para você futuro técnico em

Biblioteconomia é acompanhar o usuário nesse processo de busca e

recuperação de informações. O sistema Pergamum está estruturado da

seguinte forma, conforme mostra a figura 55.

Figura 55 – Pesquisa Fonte: SISTEMA de Bibliotecas UFPE, 2012.

A pesquisa pode ser realizada por uma palavra livre, como mostra a figura 55,

como também por palavras do título, autor ou assunto, conforme mostra a

aba buscar por:

Figura 56 – Termos de Busca Fonte: SISTEMA de Bibliotecas UFPE, 2012.

Você também pode selecionar a ordenação dos registros recuperados

conforme mostra o ícone “ordenação”, como também selecionar a

quantidade de registros recuperados que você quiser que apareça. Além

disso, a pesquisa também poderá ser realizada pelo ano de publicação da

obra.

95

Representação Descritiva

Competência 05

Figura 57 – Ordenação, Registros, Ano Fonte: SISTEMA de Bibliotecas UFPE, 2012.

Utilizaremos como exemplo, nossa obra Introdução ao Controle Bibliográfico

Universal, de Bernadete Campello. Faremos primeiro a pesquisa por título,

autor e assunto e veremos os resultados obtidos.

A pesquisa por título nos trouxe o resultado mostrado na figura 58. Duas

obras de autoria da mesma autora que estávamos procurando, com duas

edições diferentes, uma de 1997 e uma mais atualizada de 2006.

Figura 58 – Pesquisa Título Fonte: SISTEMA de Bibliotecas UFPE, 2012.

A pesquisa realizada por autor nos mostra como resultado 25 registros

encontrados em nome da autora Bernadete Santos Campello, dentre livros,

artigos de periódicos, não apenas sobre controle bibliográfico, como também

sobre várias outras temáticas relativas à Biblioteconomia.

96

Técnico em Biblioteca

Competência 05

Figura 59 – Pesquisa Autor Fonte: SISTEMA de Bibliotecas UFPE, 2012.

Na pesquisa de assunto sobre controle bibliográfico realizada, 15 registros

foram recuperados, com a apresentação de obras relativas ao assunto

principal pesquisado e outros assuntos relacionados com o tema como

documentação, bibliografias, recuperação da informação, biblioteconomia,

entre outros.

97

Representação Descritiva

Competência 05

Figura 60 – Pesquisa Assunto Fonte: SISTEMA de Bibliotecas UFPE, 2012.

Visualizando os detalhes descritivos da edição mais atualizada do livro

Introdução ao Controle Bibliográfico, podemos perceber as nossas áreas de

descrição de acordo com o ISBD e AACR2: autor, título, edição, publicação,

descrição física, notas e ISBN. O número de chamada diz respeito aos dados

de localização física da obra, e o assunto a sua descrição de conteúdo, que

complementam o processo de organização de informação, facilitando e

contribuindo para a recuperação da informação pelo usuário.

98

Técnico em Biblioteca

Competência 05

Figura 61 – Detalhamento da Descrição Fonte: SISTEMA de Bibliotecas UFPE, 2012.

Podemos visualizar como seria descrita utilizando o formato MARC 21 na

figura 62 esses mesmos dados de descrição.

Figura 62 – Detalhamento da Descrição – MARC 21 Fonte: SISTEMA de Bibliotecas UFPE, 2012.

É importante enfatizar que os sistemas de gerenciamento de bibliotecas

surgiram com o propósito de tornar ágeis as rotinas básicas de uma biblioteca

e principalmente em contribuir para a recuperação da informação. O papel

dos profissionais de informação como mediadores, nesse processo de busca e

99

Representação Descritiva

Competência 05

recuperação da informação é de grande importância para satisfazer as

necessidades informacionais dos usuários.

Desta visão de processo comunicativo, a informação bibliográfica ou qualquer

tipo de mensagem real ou ciberespacial, simboliza um registro de

conhecimento único que individualiza-se através da catalogação,

desdobrando-se em seus recursos de descrição. É graças a Representação

Descritiva que podemos agrupar diversos registros por semelhanças,

facilitando sua recuperação entre as bibliotecas, bibliotecários e usuários

(MEY, 2009).

Caro aluno, com base nas informações passadas a você e a indicação da

extensa literatura disponível em nossa bibliografia, é importante que você

sempre tenha em mente a qualidade na precisão e eficácia em representar

um objeto ou item bibliográfico, até mesmo com a utilização dos modernos

metadados em ambientes digitais, uma vez que todo registro, independente

de sua natureza, pode se transformar em um potencial recurso de informação

e conhecimento.

A catalogação, tradicionalmente reconhecida na Biblioteconomia como um

dos fundamentos básicos da nossa área, tem sido impactada pelo aumento

das publicações e metadados descritores, especialmente aqueles registrados

em meio digital com a força da internet e da Websemântica. Novos

paradigmas de representação trazem desafios para os profissionais da área de

informação. É muito importante, caro aluno, que você se conscientize da

necessidade de democratização do conhecimento, refletindo a melhor forma

de representar a informação para recuperá-la, poupando o tempo do leitor

como preconizou Ranganathan.

Este é o desafio que o modelo pós-moderno, tecnológico e informacional nos

trouxe como nova condição de cultura, sobre a qual repensamos nossa

atuação profissional!

100

Técnico em Biblioteca

Competência 05

“O bibliotecário do futuro terá que orientar o leitor não

especializado na selva selvaggia dos livros, e ser o

médico, o higienista de suas leituras. Também neste

ponto defrontamos uma situação com sinal invertido

em relação à de 1800. Hoje em dia, lê-se demais: a

comodidade de poder receber com pouco ou nenhum

esforço inumeráveis ideias armazenadas nos livros e

periódicos vai habituando o homem, já acostumou o

homem comum, a não pensar por sua conta e a não

repensar o que lê, única maneira de se apropriar

verdadeiramente do que leu” (ORTEGA Y GASSET, p.45,

2006).

101

Representação Descritiva

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). c2006. Disponível

em: < www.abnt.com.br/>. Acesso em: 18 mar. 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Informação e

documentação - Livros e folhetos - Apresentação. NBR 6029:2006. Rio de

Janeiro: ABNT, 2006.

BARBOSA, A. P. Novos Rumos da Catalogação. Rio de Janeiro: BNG, 1978.

245p. BDTD. c2010. Disponível em: < http://bdtd.ibict.br/pt/a-

bdtd.html?showall=1>. Acesso em: 10 jan. 2012.

BRASCHER, Marisa; CAFÉ, Lígia. Organização da Informação ou Organização do

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Técnico em Biblioteca

MINICURRÍCULO DO PROFESSOR

Vildeane da Rocha Borba é professora do Departamento de Ciência da

Informação da Universidade Federal de Pernambuco, possui Graduação em

Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco (2006) e Mestrado

em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba (2009). É

pesquisadora do Laboratório de Tecnologia do Conhecimento (LIBER/UFPE),

atuando em pesquisas nos seguintes temas: Organização da Informação,

Preservação da Informação, Preservação Digital e Gestão Documental.