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1 Um projeto do ciclo de vida da embalagem Ariana Testtzlaffe Alpoim

Caixa de bombons sortidos Garoto: um projeto do ciclo de vida da embalagem

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Projeto de conclusão do curso de Desenho Industrial da UFES.

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Um projeto do ciclo de vida da embalagem

Ariana Testtzlaffe Alpoim

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Apresentação

Durante os anos em que me dediquei ao curso de Desenho Industrial da UFES - Universidade Federal do Espírito Santo - várias vertentes do design foram-me apre-sentadas e, cada uma com sua essencialidade, fez-me compreender a importância do designer como exímio mediador da relação entre o homem e o mundo que o cerca. O setor de embalagens, no entanto, foi o que mais me chamou a atenção por sua forma excepcional de instigar o designer a aplicar toda sua criatividade, conteúdo e responsabilidade social.

A embalagem é, sem dúvida, um dos principais elementos de conexão e co-municação entre o consumidor, um produto e sua marca. Sua concepção, todavia, deve envolver uma série de requisitos que busquem atender não só as necessidades do fabricante e do consumidor, mas também do que mais inspira cuidados nos últimos tempos: o meio ambiente.

A presença da embalagem no cotidiano dos seres humanos é muita antiga. Com o advento da sociedade moderna e de sua cultura consumista, contudo, as embalagens evo-luíram e tornaram-se itens básicos de produção e consumo, exercendo até os dias de hoje um papel fundamental na economia dos países industrializados (MESTRINER, 2002).

Com o aumento excessivo do consumo de embalagens, entretanto, a sociedade passou a gerar um volume cada vez maior de lixo e, mediada pelo desperdício e pelo descarte inconsciente, fornece hoje ao meio ambiente o custoso desafio de renaturali-zar1 os resíduos que ela produz.

1 Fazer voltar às substâncias originais (MANZINI; VEZZOLI, 2008).

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Frente a esta situação, existe uma opinião equívoca de que as embalagens são as principais causadoras desse caos ambiental que envolve o acúmulo de resíduos e o surgimento de lixões não gerenciados. Na realidade, os resíduos orgânicos compõem a maior parte do volume de lixo produzido pela população2, mas são os resíduos de embalagens que se tornam mais visíveis, o que certamente gera este tipo de posiciona-mento preconceituoso em relação às embalagens (POÇAS; FREITAS, 2003).

A solução, portanto, não está em acabar com as embalagens, e sim em repensar sua produção e consumo. É importante que reconheçamos que o setor de embalagens existe não só para atender nossos anseios, mas acima de tudo nossas necessidades, acom-panhando sempre nossa evolução e provendo soluções compatíveis com nosso estágio de desenvolvimento. E é justamente na concepção de novas soluções que entra o papel do designer, que deve buscar desde a etapa de retirada de matérias-primas para a produção até o descarte final de um produto ou embalagem as melhores alternativas existentes, visando sempre o equilíbrio entre as necessidades do fabricante e do consumidor e o que a natureza é capaz de oferecer.

Para melhor compreendermos a importância da embalagem e de seu projeto de ciclo de vida, o trabalho traz uma embalagem real como objeto de análise e de reformu-lação: a caixa de bombons sortidos da Chocolates Garoto3. Tal escolha partiu de duas ne-cessidades: a facilidade de acesso às informações do produto por parte de sua empresa e o posicionamento deste produto no mercado. A proximidade de uma empresa conterrânea

2 Em média, o lixo urbano é composto por 65% de matéria orgânica, 25% de papel, 4% de metal, 3% de vidro e 3% de plástico (MUCELIN; BELLINI, 2008).

3 Chocolates Garoto S.A.

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como a capixaba Garoto, portanto, colaborou para que minhas dúvidas fossem facilmente esclarecidas e que informações imprescindíveis para a realização do projeto fossem conce-didas. O outro motivo, como já mencionado, foi o posicionamento da caixa de bombons no mercado alimentício, tanto em âmbito nacional como internacional.

A caixa de bombom sortidos Garoto é um produto de aceitação mundial e dire-cionado para todas as classes sociais. Para termos uma noção de sua demanda no mer-cado, são produzidas cerca de 300.000 caixas por dia4, o que nos faz constatar o quão corrente é o seu consumo e, consequentemente, a porção considerável que representa nos lixos urbanos após seu descarte.

Embora estas premissas básicas nas quais fundamentei minha escolha auxiliem na compreensão do que este projeto se propõe, é importante que, acima de tudo, con-sideremos a dimensão holística da sustentabilidade para compreender este e qualquer outro projeto que visa desenvolver um produto sustentável. A noção sistêmica da sus-tentabilidade considera todos nossos projetos e ações como parte integrante de um todo, ou seja, de um sistema em que a comunidade humana é marcada por uma intrín-seca relação entre os seus membros e as comunidades ecológicas. Em outras palavras, uma ação individual simples e correta somada a todas outras ações simples e corretas de cada indivíduo no mundo gera um grupo de ações favorável ao meio ambiente e ao nosso desenvolvimento.

O que pretendo dizer ao basear-me neste conceito de desenvolvimento sustentável - que conheceremos melhor no decorrer da pesquisa - é que nem sempre faz-se neces-sária a elaboração de alternativas complexas e a pretensão de sofisticações tecnológicas

4 Informações concedidas durante entrevista disponível no Anexo 1, na página 132.

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para chegarmos a resultados favoráveis no que tange o objetivo da sustentabilidade. Com pesquisas e análises bem resolvidas podemos chegar a soluções simples que, em um pa-norama mundial, representam uma notável diferença.

Estrutura do trabalho

A seguir, apresento de forma simplificada a estrutura deste trabalho através de um breve resumo dos cinco capítulos que o compõe.

O primeiro capítulo trata a importância da embalagem como elemento de va-lorização e diferenciação de uma empresa no mercado, apresentando a história da caixa de bombons sortidos Garoto e sua importância para a fábrica de chocolates. Neste capítulo, conheceremos também a história das embalagens em um contexto geral traçando uma breve descrição de seu desenvolvimento, desde a pré-história até os dias atuais.

Utilizando a caixa de bombons como referencial, o primeiro capítulo ainda apresenta os tipos de embalagens classificadas de acordo com suas funções, os re-quisitos necessários para a escolha de um material e a implicância desta escolha na produção da embalagem.

O segundo capítulo aborda a relação da produção e consumo de embalagens com o meio ambiente, apresentando as principais medidas existentes para a gestão dos resíduos de embalagens. O capítulo aborda ainda a noção do pensamento consumista e sua liga-ção com o conceito de sustentabilidade e o consequente papel do design no planejamento de embalagens sustentáveis.

O terceiro capítulo apresenta a noção de ciclo de vida de uma embalagem através de uma análise crítica de todas as etapas referentes ao ciclo de vida da caixa de bombons

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sortidos Garoto, identificando seus pontos positivos e negativos e apontando possíveis melhorias, as quais se inclui o redesign5 da embalagem.

O quarto capítulo traz o projeto da nova caixa de bombons apresentado após o levantamento de hipóteses, a realização de testes, a escolha da melhor alternativa e a construção do protótipo6 final da embalagem.

O quinto e último capítulo traz as considerações finais da pesquisa e do projeto, com os resultados obtidos e a reflexão sobre o papel do designer nesta constante e ne-cessária busca pelo desenvolvimento sustentável.

Objetivos

Para o desenvolvimento de toda pesquisa ou projeto é necessário que, primeira-mente, sejam traçados todos os objetivos. Somente definindo uma meta torna-se possível alcançá-la e, por isso, são apresentados a seguir os objetivos traçados no início desta pes-quisa para auxiliar a compreensão da estrutura deste trabalho e o que ele busca.

Objetivo Geral

O projeto visa compreender o papel do design na concepção de embalagens sustentáveis e demonstrá-lo através de uma proposta de novo ciclo de vida de uma

5 Reformulação de um projeto.

6 Exemplar único feito para ser experimental antes da produção de outros exemplares.

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embalagem conhecida e muito comercializada no mercado nacional e internacional, buscando a redução dos impactos ambientais gerados durante sua produção e consu-mo e de seus problemas funcionais.

Objetivos Específicos

- Compreender a importância da embalagem como elemento de valorização e diferen-ciação de uma empresa e seu produto;

- Entender os aspectos funcionais das embalagens;

- Compreender a relação entre as embalagens e o meio ambiente, apontando os cami-nhos possíveis de gestão de seus resíduos;

- Compreender a relação entre a cultura do consumo e a consciência ambiental emergida no século XX, bem como a dimensão da sustentabilidade e o papel do design na concep-ção de embalagens sustentáveis;

- Entender a noção de ciclo de vida de uma embalagem através de uma análise crítica das etapas do ciclo de vida da embalagem escolhida;

- Com base no estudo do ciclo de vida da embalagem escolhida, apontar os aspectos po-sitivos e negativos do seu ciclo e, se necessário, desenvolver uma nova proposta de emba-lagem buscando minimizar seus impactos ambientais e possíveis problemas funcionais.

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Metodologia

Depois de traçados os objetivos, fez-se necessário pensar nos caminhos para al-cançá-los. Para chegar a todos os objetivos descritos anteriormente, portanto, foram adotados diferentes e complementares métodos de pesquisa, a começar pela revisão bi-bliográfica, ou seja, a busca pelo conteúdo contido em materiais já publicados e sua respectiva análise.

A consulta de livros, artigos e materiais disponibilizados na internet permitiu a extração e combinação de conceitos e citações de diferentes autores sobre o universo das embalagens, a problemática do meio ambiente, o pensamento da sociedade moderna e os aspectos relacionados ao desenvolvimento sustentável e ao trabalho do designer de embalagens, estruturando assim a base teórica da pesquisa.

Ao escolher o objeto de estudo, foi necessário efetuar uma pesquisa de campo, fase realizada após o estudo bibliográfico como forma de melhor compreender o assunto proposto. Neste caso, a pesquisa de campo auxiliou a compreensão das etapas do ciclo de vida da caixa de bombons sortidos Garoto através da busca pela informação contida em suas principais fontes: o fabricante e o consumidor.

Por tratar-se de uma pesquisa exploratória7, foram elaboradas entrevistas e um questionário para auxiliar a coleta de dados. Todas realizadas virtualmente - através de endereçamento eletrônico - as entrevistas com a Garoto e a Gráfica Romiti8 - gráfica res-

7 Pesquisa que tem como finalidade aprofundar o conhecimento do pesquisador sobre o assunto estu-dado (CARNEVALLI; MIGUEL. http://www.abepro.org.br).

8 Entrevistas disponíveis no Anexo 1 e 2, na página 132 e 139, respectivamente.

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ponsável pela impressão das caixas - foram substanciais para a compreensão das etapas de produção e distribuição da caixa de bombons. Fora isto, foi preparado um questioná-rio virtual com perguntas referentes ao consumo e descarte da embalagem, questionário este realizado com os consumidores da caixa de bombons com o intuito de identificar possíveis problemas no manuseio da embalagem, tanto no momento de abrí-la quanto no momento de descartá-la.

Além dos dados coletados através das entrevistas e do questionário, a análise vi-sual e palpável da caixa de bombons Garoto permitiu a identificação das características gráficas da embalagem, como o tipo de material utilizado e suas particularidades - for-mato, textura, gramatura e acabamentos9-. A compreensão destas características norteou a busca pelas informações sobre as matérias-primas da embalagem e os processos que envolvem sua produção.

Com toda a base teórica fundamentada, o trabalho partiu então para a etapa de desenvolvimento da nova embalagem da Garoto, uma das necessidades identificadas du-rante a pesquisa e análise crítica do ciclo de vida da embalagem. Para isto, foram elabo-radas algumas alternativas que seguiram diretrizes específicas, diretrizes estas que servi-ram para fins de comparação entre as hipóteses levantadas com o objetivo de escolher a mais condizente com a proposta do projeto.

Para cada alternativa foram realizados testes e, após a escolha da melhor proposta, foi montado o protótipo final da embalagem, tanto o físico quanto o virtual.

9 Formato: tamanho ou dimensões de um impresso. Gramatura: peso do papel. Acabamentos: (1) carac-terística da superfície do papel. (2) Todas as operações realizadas após a impressão.

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Valorizando o produto e a empresa

A embalagem é considerada um importante componente da atividade eco-nômica dos países industrializados, exercendo diferentes funções e benefícios como a proteção, conservação e distribuição de produtos, além da possibilidade do consumo de produtos provenientes de outros países ou localidades distantes (POÇAS; FREITAS, 2003).

A embalagem pode ainda ser um fator decisivo de venda de um produto. Como afirma um dos maiores especialistas em design de embalagens do Brasil, Fábio Mestri-ner, presidente da ABRE - Associação Brasileira de Embalagens - a embalagem torna-se um diferencial competitivo para as empresas na medida em que a vinculam a grandes meios de comunicação para apoiar seus produtos na competição de mercado. Muitas marcas brasileiras usam desse artifício para consolidar seus produtos no mercado in-vestindo em constantes e criativas aparições na mídia televisiva (fig.1).

Além de apoiar-se em veículos de comunicação, é imprescindível que a empresa saiba investir na qualidade visual de uma embalagem, afinal, do ponto de vista do marke-ting, uma de suas principais funções é a de posicionamento de seu produto no mercado, isto é, a maneira como apresenta um produto ao consumidor através de sua linguagem visual. Além dos aspectos logísticos e técnicos, o designer de embalagens deve, portan-to, considerar a relação que ocorre entre o consumidor e o produto nas gôndolas dos supermercados, nos balcões e nas vitrines das lojas, já que muitas vezes os consumi-dores “adquirem produtos com base em uma complexa hierarquia de critérios pessoais em que a imagem transmitida pela embalagem pode confirmar ou causar a rejeição do produto” (INSTITUTO DE EMBALAGENS, 2009, p. 54).

Fig. 1. Campanha publicitária da Sadia: muitas em-presas brasileiras investem em poderosos meios de comunicação para promoverem seus produtos.Fonte: www.propmark.com.br

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O planejamento da apresentação visual de uma embalagem também deve buscar a valorização da identidade da empresa e sua diferenciação no mercado, tal como o projeto da caixa de bombons sortidos da Garoto, a famosa caixa amarela, sinônimo de inovação para empresa e para o mercado de chocolates no Brasil (fig. 2). A caixa amarela foi a pri-meira a conter um sortimento de bombons e, por muito tempo, manteve-se como a única deste tipo no mercado brasileiro (CHOCOLATES GAROTO, 2009).

Mais adiante, o trabalho apresenta a história desta embalagem e sua notável impor-tância para a Garoto. Antes, porém, descreve um pouco da história deste indispensável componente econômico e social que é a embalagem.

Um breve histórico

Como visto anteriormente, a embalagem é considerada um importante veículo de propaganda de um produto e sua respectiva empresa. Suas raízes, entretanto, remontam de uma época em que sequer o consumo pautava as atividades humanas.

O uso das primeiras embalagens data da pré-história, quando surgia a necessi-dade do homem de transportar e conservar seus alimentos e água. Vale lembrar que a maioria dos primeiros grupos humanos era constituída de nômades, coletores/caça-dores que não possuíam habitação fixa e criavam diversos equipamentos e utensílios para enfrentar as dificuldades que o meio ambiente apresentava (MACHADO, 2009). Da necessidade de transporte e conservação de seus alimentos surgiram os primeiros recipientes, como conchas, chifres, crânios de animais e, um pouco mais sofisticados, os cantis feitos a partir de pele de animais.

Fig. 2. Caixa de bombons sortidos Garoto.Fonte: CHOCOLATES GAROTO, 2009.

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Com o passar do tempo, o homem passou a dominar a arte de fabricação de cestos vegetais e de jarros e ânforas de argila para o acondicionamento de seus alimentos e água. Posteriormente, a partir de 1000 a.C, o tonel de madeira começou a ser utilizado para facilitar o comércio por meios de trocas e o deslocamento por via marítima, tornando-se a principal embalagem para transporte e conservação de alimentos até o fim do século XIX. Já a fabricação de recipientes de vidro - primeiramente realizada pelos egípcios por volta de 1500 a.C. - começou a ganhar impulso a partir do século XVII na Europa, quando a invenção dos fornos de carvão na Inglaterra tornava possível a preparação de garrafas mais resistentes (PELTIER; SAPORTA, 2009).

A característica comum entre todas essas primeiras formas de embalagem é o fato de não serem destinadas a um único uso. Depois de esvaziados, esses objetos eram lim-pos e preenchidos novamente, sendo descartados apenas quando eram definitivamente gastos ou quebrados. Em outras palavras, possuíam caráter reutilizável (fig. 3).

Com a evolução da humanidade e de suas atividades econômicas, as embala-gens foram incorporando novos materiais, formas e funções, passando de um mé-todo puramente artesanal para um processo de produção industrial. O crescimento populacional e a expansão geográfica criaram a necessidade de aprimoramento das embalagens, que por sua vez tornaram-se mais resistentes, duráveis e esteticamente mais elaboradas1.

No século XX, a abertura de grandes superfícies comerciais - supermercados e hi-permercados - foi determinante para a vinculação da função comunicativa às embalagens (MACHADO, 2009). Com o modelo de auto-atendimento proposto pelos supermerca-

1 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMBALAGEM. http://www.abre.org.br/

Fig. 3: Ânforas de argila e tonéis de madeira: embala-gens reutilizáveisFonte: www.gettyimages.com

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dos, as embalagens tiveram que se tornar auto-explicativas, comunicando-se diretamen-te com o consumidor sem a necessidade de intervenção de funcionários.

Ao oferecer uma enorme gama de mercadorias expostas nas prateleiras (fig. 4), os supermercados contribuíram também para o aumento da concorrência entre as mar-cas, que se esforçavam cada vez mais para aprimorar a qualidade de seus produtos e ao mesmo tempo reduzir os preços. Além de trazer informações básicas sobre o produto, a embalagem começou então a tornar-se um veículo de marketing, possuindo um poder de influência muitas vezes determinante na decisão do consumidor.

“Muitos bens que não eram previamente embalados, cada vez mais passavam a ser, de modo a obter o seu “espaço de prateleira”, já que não havia mais alguém para pesá-los ou medí-los. Eles também tiveram de ser embala-dos por razões de higiene, uma vez que agora, os consumidores manipulavam diretamente as mercadorias enquanto faziam suas escolhas” (MACHADO, apud BARRET; BICKERTAFFE, 2000, p.51. livre tradução do autor)

De lá para cá, as embalagens evoluíram e ainda vem evoluindo em ritmo contí-nuo, consideradas a nível global um setor de inovação e tecnologia por excelência. Isto acontece porque as empresas estão sempre investindo em novos materiais, tecnologias, processos e, nesse contexto, muitas indústrias brasileiras já conquistaram o seu merecido reconhecimento mundial, tal como a Chocolates Garoto, que já exporta seus chocolates para mais de 40 países e ostenta o título de maior exportadora de chocolates acabados do Brasil (CHOCOLATES GAROTO, 2009).

Nessa liderança, contudo, prevalece um símbolo: a caixa amarela, que no exterior repre-senta a identidade da empresa e uma das imagens que figuram o nosso país.

Fig. 4: Gôndolas de supermercado: a variedade de produtos abriu espaço para a concorrência das marcas.Fonte: www.sxc.hu

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A seguir, apresenta-se a história desta mundialmente conhecida embalagem e os per-cursos que fizeram da Garoto a marca de chocolate brasileira mais renomada no exterior.

A Chocolates Garoto

1ª Geração: um grande investimento

Um patrimônio simbólico e econômico para o estado do Espírito Santo, a Chocolates Garoto possui hoje a posição de uma das maiores fabricantes de choco-lates do Hemisfério Sul, mérito conquistado por suas modernas instalações e alta capacidade produtiva2.

A história da Garoto inaugurou-se no início do século XX, mais precisamente no dia 1 de outubro de 1928, quando o imigrante alemão Henrique Meyerfreund fundava sua fábrica de balas H. Meyerfreund & Cia, começando suas atividades em um galpão locali-zado na Prainha, no município de Vila Velha. Em menos de um ano, no dia 16 de agosto de 1929, Meyerfreund já colocava no mercado seus primeiros lotes de balas, as balas Ga-roto, assim chamadas por remeterem os meninos que vendiam doces de vários tipos nos pontos de bonde de Vila Velha. Em pouco tempo, as balas passaram a ser distribuídas para várias casas comerciais, tanto na capital como nas cidades interioranas do Espírito Santo3.

2 A fábrica possui capacidade para a produção de cerca de 140 mil toneladas anuais de chocolate em um regime de trabalho de três turnos (RAMOS, 2002).

3 Todas os dados históricos referentes à Chocolates Garoto foram retirados do livro publicado em comemoração aos 80 anos da empresa e da visita ao seu Centro de Documentação e Memória.

Fig. 5: Antiga fachada da fábrica de chocolates no bairro Glória, em Vila Velha.Fonte: CHOCOLATES GAROTO, 2009

Fig. 6: Refinadeira de três rolos: máquinas produtoras de chocolate otimizaram a produção da fábrica.Fonte: CHOCOLATES GAROTO, 2009

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Alguns anos depois, Meyerfreund adquiriu máquinas produtoras de chocolate (fig. 6) com a herança que recebeu dos seus pais e, com a ajuda de um financiamento, conseguiu montar uma fábrica mais moderna no bairro da Glória, também no mu-nicípio de Vila Velha, local onde até hoje permanece o parque industrial da empresa (Fig. 5). Com uma melhor estrutura e novos produtos - à base de chocolate - a Garoto entrou em uma importante fase de desenvolvimento, começando a realizar parte de suas vendas para outros estados.

Em 1938, os negócios foram impulsionados com a entrada de um novo sócio na empresa, o também alemão Günther Zennig, que por formação e vocação possuía uma habilidade comercial mais apurada que a de Meyerfreund, cuja afinidade maior era o setor produtivo.

Atento às novas condições do mercado, Zennig empenhou-se primeiramente na renovação do sistema de vendas, preocupando-se com a logística de distribuição dos produtos ao constatar a necessidade de uma política de vendas capaz de atender o vo-lume de produção, que aumentava a cada avanço tecnológico implantado. Para tanto, a empresa nomeou representantes de vendas em vários estados do Brasil e adquiriu uma frota de pequenos caminhões para atender o comércio local, além de terceirizar presta-doras de serviços de transporte para realizarem os trajetos mais longos (fig 8). Zennig ainda preocupou-se em aperfeiçoar as técnicas de transporte para minimizar os danos causados nos produtos durante a distribuição.

A perspicácia e o prumo para os negócios de Günther Zennig foram fundamentais para o crescimento da empresa. Porém, este grande ciclo de prosperidade infelizmente

Fig. 7: Algumas das primeiras embalagens de choco-lates da Garoto.Fonte: CHOCOLATES GAROTO, 2009.

Fig. 8: Pequenos caminhões eram utilizados para atender o comércio local.Fonte: CHOCOLATES GAROTO, 2009.

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teve que ser interrompido durante o período da Segunda Guerra Mundial4. Por ser de origem alemã, Henrique Meyerfreund foi detido em uma unidade penitenciária em Ju-cutuquara, bairro localizado em Vitória, no Espírito Santo. Neste período, a fábrica pas-sou a ser gerida por interventores federais e, só após o término do conflito, Meyerfreund finalmente conseguiu retomar sua empresa e dar continuidade a seu crescimento.

2ª Geração: a hora de crescer

A década de 1960 na Garoto foi marcada pela entrada de Helmut e Ferdinnand Meyerfreund, filhos de Henrique, como os novos administradores da fábrica. Alguns anos antes, Helmut e Ferdinnand já participavam como acionistas da empresa. Porém, após se formarem em engenharia mecânica e química, respectivamente, seu pai já os considera-va devidamente preparados para começarem a colaborar com o crescimento da empresa atuando em sua administração. Ferdinnand permaneceu por um tempo no comando da produção, ao passo que seu irmão, Helmut, ficou encarregado da diretoria industrial.

Este novo período de transição, no entanto, foi lamentavelmente marcado pelo trágico falecimento de Zennig, vítima de um acidente aéreo enquanto voltava de uma viagem de negócios. Antes de seu falecimento, porém, Zennig havia sido o principal idealizador de outra importante mudança para a H. Meyerfreund & Cia: a alteração de sua razão social, que em 1962 passou a se chamar Chocolates Garoto S/A. Dessa forma, “o nome que, desde o início, identificava os seus produtos, passava agora a representar a própria empresa” (CHOCOLATES GAROTO, 2009, p.87).

4 Conflito militar global ocorrido entre os anos de 1939 e 1945.

Fig. 9: Fachada da fábrica na década de 1960.Fonte: CHOCOLATES GAROTO, 2009.

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Nos anos seguintes a lastimável perda de Zennig, Henrique Meyerfreund conti-nuou como diretor-presidente da empresa, porém, abrindo cada vez mais espaço para seus filhos no comando dos negócios. Com o falecimento de Henrique em 1973, Helmut Meyerfreund tornou-se o novo presidente da Chocolates Garoto, inaugurando a segun-da geração presidencial da empresa.

Mesmo antes de assumir formalmente o cargo de presidente, Helmut já come-çou a implantar importantes mudanças na Garoto. No início da década de 1970, a empresa vendeu pela primeira vez para o exterior a manteiga e a torta de cacau - pro-dutos semi-acabados - que no primeiro ano de exportações seguiram para os Estados Unidos e para alguns países da América do Sul. Desde então, as vendas para o exterior não pararam de crescer. A partir de 1978, a Garoto já exportava produtos acabados para vários países do mundo.

Durante o milagre econômico brasileiro5, as vendas de chocolates e de outros diversos tipos de produtos no mercado superaram todas as expectativas. Essa explosão no consumo pode ser explicada não só pelo acelerado enriquecimento da classe média, como também pelo advento nas grandes cidades de um novo modelo de vendas a va-rejo: os supermercados.

Como já visto, os supermercados alteraram a forma como o consumidor rela-cionava-se com os produtos, já que com o auto-serviço o consumidor podia escolher o produto de sua preferência sem a intervenção de comerciantes, que antes podiam

5 O Milagre Econômico foi o resultado de um conjunto de medidas governamentais que elevaram o crescimento do Brasil durante o período da Ditadura Militar, mais precisamente durante os anos 1969 e 1973, no mandato do general Emílio Médici.

Fig. 10: Campanha promocional da Garoto: a partir da década de 1970 a empresa passou a investir em campanhas publicitárias.Fonte: CHOCOLATES GAROTO, 2009.

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deixar determinado produto em maior evidência nas prateleiras e nos balcões. Nos supermercados, ao contrário, todos os produtos tinham a mesma visibilidade e esta-vam ao alcance do consumidor. Para se destacar, portanto, as empresas começaram a investir na promoção de vendas, no marketing direto e em outros recursos de divul-gação de seus produtos.

Para fazer frente a essas mudanças estruturais e culturais, a Garoto montou no final da década de 1970 uma grande equipe de profissionais de marketing, que em sua maioria eram recrutados fora do Espírito Santo, como São Paulo e Rio de Janeiro, estados considerados mais tradicionais no âmbito industrial. Essa nova equipe trouxe diferentes ideias e criou uma estrutura responsável desde o planejamento mercadoló-gico até o design das embalagens.

3ª Geração: é tempo de modernizar

Entre os anos de 1970 e 1980, a Garoto ampliou e modernizou suas instalações industriais e seus processos produtivos. Com estas e outras iniciativas, a empresa teve um crescimento ainda mais acentuado na passagem para a década de 1990, investindo em novas tecnologias e no lançamento de novos produtos no mercado.

Ao completar 70 anos, foi promovida uma reformulação no quadro adminis-trativo da empresa, abrindo espaço para a terceira geração de administradores re-presentada por Paulo Meyerfreund, filho de Ferdinand, como novo presidente da Chocolates Garoto.

Em 2002, depois de longas e polêmicas especulações, o grupo suíço Nestlé S/A anunciou a compra da Chocolates Garoto. Felizmente, para a Garoto, a multinacional

Fig. 11: Fachada atual da Lojinha da Garoto, em Vila Velha, ES.Fonte: CHOCOLATES GAROTO, 2009.

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não deixou de investir em seu crescimento, expandindo sua produção, os pontos de venda, o contingente de funcionários e, consequentemente, o faturamento da empresa.

São mais de 80 anos de história, desenvolvimento, modernização e, dentre os inúmeros produtos que conquistaram o mercado nacional e mundial, sobressai um protagonista: a caixa de bombons sortidos ou, como popularmente é chamada, a caixa amarela. Para Inácio Niero, superintendente da área de pesquisa e desenvolvimento de produtos da Garoto6, a caixa amarela é a imagem da empresa, tanto no Brasil como no exterior e, em termos mercadológicos, suas vendas representam hoje valores significa-tivos para os lucros da fábrica7.

Apresenta-se a seguir a história deste renomado produto e seu diferencial para a Garoto e o mercado de chocolates no Brasil.

Caixa de bombons sortidos Garoto: a inovação amarela

O lançamento da caixa amarela ocorreu em 1959, ano em que Garoto completava três décadas de existência. Seu desenho original foi desenvolvido por Günther Zennig, mas a idéia de criar uma nova embalagem de bombons partiu de Stefan Gracza, consultor responsável pelo setor produtivo da fábrica até a década de 1970.

6 Entrevista disponível no Anexo 1, na página 132.

7 A caixa amarela representa de 30 a 35% das vendas da empresa. Informação concedida durante entre-vista disponível na página

Fig. 12: Primeira versão da caixa de bombons sortidos da Garoto criada por Stefan Gracza e aperfeiçoada por Günther Zennig.Fonte: CHOCOLATES GAROTO, 2009.

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O propósito inicial de Gracza era criar uma embalagem mais segura que as até então utilizadas na venda dos bombons, que se tratavam de caixas simples e pardas, con-tendo um único tipo de bombom e amarradas apenas com um barbante. Além de acres-centar pouco à imagem da marca, este rudimentar sistema de fechamento das caixas acabou acarretando prejuízos durante a distribuição, já que tornava os bombons alvos fáceis de violação e furtos.

Observando o trabalho das próprias funcionárias da fábrica, Gracza notou que muitas delas misturavam os bombons dentro de uma mesma caixa. As funcionárias, por sua vez, justificavam que a mescla de cores tornava o produto mais bonito e alegre.

A partir desta observação, Gracza teve a pioneira ideia de criar uma caixa de bombons sortidos e, para isto, projetou uma embalagem com dimensões e ca-racterísticas diferentes da caixa até então existente. Simpatizando-se com a ideia, Zennig encarregou-se de desenvolver o layout8 da embalagem, utilizando o amarelo e o vermelho, cores que considerava fortes e atrativas e que posteriormente foram adotadas no logotipo9 da empresa.

Pioneira no mercado nacional, a tradicional caixa de bombons sortidos da Garoto representou grande inovação para o mercado de chocolates e para a própria empresa. Na realidade, a grande inovação encontrava-se não na embalagem propriamente dita, mas no produto em si, ou seja, o sortimento de bombons dentro de uma única embalagem. As inovações gráficas ficaram a cargo do uso do papel como material utilizado na caixa e da aplicação de novas cores na embalagem, mais vibrantes e alegres.

8 Modo de distribuição e arranjo dos elementos gráficos num determinado espaço ou superfície.

9 Representação gráfica de uma marca.

Fig. 13: Caixa atual dos bombons sortidos Garoto.Fonte: da autora.

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Ao longo do tempo, a caixa amarela foi e continua sendo submetida a cons-tantes atualizações gráficas e renovação do mix de bombons. Entretanto, o visual idealizado há mais de cinquenta anos permanece vivo até hoje.

Uma embalagem de consumo

Normalmente, quando se imagina uma embalagem, a primeira que vem à mente é aquela que contém um produto de uso habitual e corriqueiro, como por exemplo, uma caixa de leite, uma lata de refrigerante ou um frasco de xampu. Estas embalagens são, geralmente, embalagens unitárias, assim chamadas por acondicionarem o produto que será diretamente consumido, seja contendo um grande volume ou uma pequena porção do mesmo (MACHADO, 2009).

Estas embalagens, as quais os consumidores estão mais frequentemente relaciona-dos, são também conhecidas como embalagens de consumo primárias, aquelas que man-têm contato direto com o produto, como as embalagens dos bombons que mantêm conta-to direto com o chocolate (fig. 14). As embalagens de consumo primárias são responsáveis pela contenção e, na maioria das vezes, também pela conservação dos produtos.

As embalagens de consumo secundárias, por sua vez, são as que contêm uma ou mais embalagens primárias, normalmente responsáveis pela proteção físico-mecânica do produto durante sua distribuição10.

A caixa amarela, portanto, é uma embalagem de consumo secundária, contendo os bombons sortidos embalados e protegendo-os contra possíveis violações ou danos

10 Conceitos Gerais sobre embalagem. http://www.esb.ucp.pt/

Fig. 14: Bombom serenata de amor: as embalagens dos bombons são embalagens primárias. Fonte: www.facebook.com/capixabadagema

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durante o transporte e estocagem. Muitas vezes, as embalagens de consumo secundárias são também um veículo de

comunicação do produto, seja oferecendo informações relevantes para o consumidor, como conteúdo, validade e composição, seja utilizando elementos estéticos para atrair sua atenção, já que são as primeiras embalagens vistas nos pontos de venda.

A caixa amarela possui a imagem de cada bombom na base da embalagem, com o nome, ingredientes e a informação nutricional de cada um (01). Nas faces laterais da caixa encontramos as informações da empresa e do serviço de atendimento ao consumidor, prazo de validade, dicas de conservação, símbolos referentes ao descarte correto e à reciclabilidade da embalagem, o código de barras e algumas imagens e tex-tos promocionais (02). A área de maior destaque é o topo da caixa (03), que contém o logotipo na lateral esquerda ocupando quase metade da área impressa e a imagem de alguns bombons (fig 15). Dependendo da versão da caixa, a face superior pode ainda conter outros tipos de informações.

Apesar de suas diferenças funcionais, vale generalizar estes dois tipos de embala-gens adotando apenas a nomenclatura “embalagens de consumo”, visto que as termino-logias “primárias” e “secundárias” podem variar de acordo com as funções de cada em-balagem, gerando confusão no momento de classificá-las. Por exemplo, considerando a folha de papel alumínio que envolve alguns bombons contidos na caixa como parte não integrante da embalagem plástica, podemos afirmar que o papel alumínio é a em-balagem primária do bombom, mantendo contato direto com o produto e auxiliando em sua conservação. Outros bombons, entretanto, possuem apenas uma embalagem11

11 Nestas embalagens a face interior do papel já é laminada.

Fig. 15: Faces da caixa de bombons Garoto.Fonte: da autora.

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Fig. 17. Pallet de madeira. Fonte: www.forex-brasil.net

Fig. 16. Caixa de papelão utilizada pela Garoto para estocagem e transporte da caixa amarela. Fonte: da autora.

- de papel - que envolve o chocolate, como o Opereta, o Nougat, o Alô Doçura, etc. A mesma caixa que abriga tais bombons, portanto, pode funcionar como embalagem secundária para um bombom e terciária para outro, por isso torna-se mais apropriado referir-se a tais invólucros apenas como embalagens de consumo, aquelas que mantêm contato direto com o consumidor.

Depois de finalizadas, estas embalagens de consumo - antes e depois de conter seus respectivos produtos - são dispostas dentro de outras embalagens, as embalagens de transporte, onde permanecem para fins de distribuição e estocagem. Tais embalagens são responsáveis pela proteção e conservação dos produtos - e das próprias embalagens de consumo - durante as viagens e às entregas, já que são constantemente submetidos às más condições das estradas e à instabilidade do tempo12

A Garoto utiliza como embalagens de transporte as caixas de papelão (fig. 16) para cargas fracionadas destinadas ao mercado de varejo. Para cargas maiores - enca-minhadas a supermercados e hipermercados - essas caixas são dispostas sobre pal-lets13 de madeira (fig. 17).

Uma embalagem de papel

Uma série de aspectos pode envolver a escolha de um material que será utilizado em uma embalagem, como as características físico-químicas do produto que será emba-

12 Conceitos Gerais sobre embalagem. http://www.esb.ucp.pt/

13 Estrado, geralmente de madeira ou plástico, usado para empilhar e transportar materiais, que pode ser movimentado por uma empilhadeira.

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lado, os processos produtivos, o tipo de tecnologia utilizada no enchimento da embala-gem, a maneira como ela será disposta e agrupada para distribuição, o modo como será exposta nos pontos de venda e como o consumidor final irá manuseá-la durante o uso.

Tais aspectos podem ter sido decisivos para a escolha do papel cartão como mate-rial utilizado na produção das caixas de bombons sortidos da Garoto. A leveza do papel, por exemplo, torna mais fácil o manuseio das embalagens durante a estocagem, o carre-gamento dos veículos de transporte e o próprio uso dos consumidores. Já a sua maleabili-dade permite que o consumidor dobre a embalagem ou desmembre mais facilmente suas partes a fim de ocupar menos espaço nos lixos e, além disto, o fato de adaptar-se a várias etapas de tratamento pós-descarte como a compostagem, incineração e reciclagem14 tor-na o índice de valorização15 do papel muito elevado.

A escolha de um material para uma embalagem pode ainda ser pautada por ques-tões mercadológicas, como por exemplo, seu público alvo. As caixas amarelas são vol-tadas para um público mais amplo e para um consumo mais corrente, por isso um re-finamento na embalagem utilizando outros tipos de materiais não seria compatível à proposta de venda da caixa amarela. Na realidade, o papel é o material utilizado até nas caixas mais luxuosas de bombons da Garoto, que opta por requintar as embalagens atra-vés de diferentes acabamentos e formatos das caixas (fig. 18).

Os custos são, sem dúvida, pontos importantes a serem analisados durante a esco-lha de um material para a produção de um produto ou embalagem. A relação do material com o meio ambiente, por sua vez, é um aspecto fundamental de análise para que tal es-

14 Mais informações sobre os tipos de tratamento pós-descarte na página 54.

15 Requalificação de um resíduo através de métodos de tratamento pós-descarte.

Fig. 18: Caixa de bombons Talento da Garoto: na produção de embalagens mais luxuosas de chocolates a Garoto também utiliza o papel.Fonte: www.folhavitoria.com.br

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colha seja a mais coerente. Em outras palavras, é importante sempre prever os impactos ambientais gerados durante a produção de um material, a sua transformação em emba-lagem e seu consumo e descarte.

Como já mencionado anteriormente, o papel tem um índice elevado de valori-zação por adaptar-se facilmente a tratamentos pós-descarte, como por exemplo, a reci-clagem. É possível que tal característica possa ter influenciado a permanência do papel como material da caixa de bombons sortidos da Garoto, já que se pode ignorar a hipótese de que sua reciclabilidade influenciou ainda na década de 1950 sua adoção como suporte para a embalagem de chocolates. Naquela época, os assuntos relacionados à produção e consumo consciente ainda eram muito recentes e não atingiam todos os setores produ-tivos, muito menos a consciência da população. Compreender os aspectos positivos e negativos da caixa amarela no âmbito ambiental e social, por sua vez, só será possível através de uma análise ampla e minuciosa de suas características. Daqui em diante, portanto, o projeto trata diretamente a embalagem e sua relação com o meio ambiente, focando as implicações ambientais vinculadas a produção e ao consumo da caixa de bombons sortidos da Garoto.

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O peso de um resíduo

Acondicionar, conservar, proteger, informar, identificar, dosar, promover, vender, entregar: as embalagens, como já vimos, possuem diferentes funções e benefícios que variam de acordo com o tipo de produto que elas contêm.

Apesar de todos os seus benefícios, os impactos ambientais e a gestão dos resíduos são fatores preocupantes nas indústrias de embalagens e nas entidades ambientalistas, pois o peso dos resíduos está crescendo progressivamente ao passo que o consumo de embalagens, principalmente as unitárias, aumenta em um ritmo desproporcional a capa-cidade do meio ambiente de renaturalizar seus refugos (POÇAS; FREITAS, 2003).

Com o aumento constante do número de pessoas que moram sozinhas e de fa-mílias constituídas por poucos indivíduos, os produtos estão cada vez mais propensos a redução das porções por embalagens (MACHADO, 2009). Dessa forma, um maior número de embalagens é inserido no mercado e em um espaço de tempo cada vez mais reduzido são descartadas pelos consumidores.

A maior preocupação, no entanto, é o modo como as embalagens são descarta-das e se há a possibilidade de valorizá-las através de processos de reaproveitamento como a reciclagem. Ou seja, se por um lado existe a coleta seletiva, não são todos os indivíduos e comunidades que adotam este sistema, pelo menos não no Brasil. Na realidade, o intenso volume de lixo descartado incorretamente e espalhado pelas ruas não é resultado apenas da ignorância ou do descaso da população, mas tam-bém da má estruturação de nossa sociedade e de sua política de conscientização. Primeiramente, não existe uma ampla padronização dos vasilhames e contenedores domésticos no Brasil e, por motivos físicos e geográficos, o acesso dos veículos de

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coleta em favelas e demais áreas de pobreza é muito difícil e a logística para o siste-ma de recolhimento ainda é precária.

Além disto, o mérito que o nosso país possui pelos altos índices de reciclagem de materiais, principalmente de alumínio e papelão, infelizmente não se deve ao sistema de coleta seletiva das prefeituras, mas sim da ação dos catadores de rua (MACHADO, 2009).

Antes de apontarmos as embalagens como grandes vilãs do meio ambiente, po-rém, é importante fazermos algumas considerações a respeito de seu valor para nossa sociedade e seu crescimento econômico.

De certo, o peso dos resíduos das embalagens representa um índice considerável nos lixos urbanos e na problemática dos impactos ambientais. Sua grande visibilidade, entretanto, acaba criando uma visão equivocada na população que apreende apenas os aspectos negativos das embalagens. Ou seja, todas suas funções e benefícios passam despercebidos e somente a imagem de seus resíduos é apreendida pela população que, baseada em opiniões subjetivas, acaba apontando a embalagem como uma inutilidade destinada a encarecer os produtos e poluir o meio ambiente.

Esta visão preconceituosa já atinge o âmbito do próprio design, que muitas vezes é considerado apenas um acessório estético e adicional que encarece os produtos e deslumbra os consumidores. Esta percepção é fruto da falta de dados concretos ou da informação limitada, que acaba gerando opiniões não fundamentadas e contribuem para que o consumidor tenha a percepção equivocada do que é considerado ambien-talmente correto (POÇAS; FREITAS, 2003).

É necessário e fundamental, portanto, valorizar a importância econômica e so-cial de um bom design de embalagens para o desenvolvimento da sociedade e a me-lhoria da sua qualidade de vida. Se existe uma preocupação diante da problemática

Fig. 19: Catadora de rua: os bons índices de reciclagem no Brasil são resultado da ação dos catadores de rua.Fonte: www.nelsonurt.blogspot.com

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de seus resíduos, é porque naturalmente existe a necessidade de manter a embalagem, este fundamental componente para a economia, a saúde, o emprego, o bem-estar e o desenvolvimento do nosso país, presente na vida dos cidadãos sem que sua produção e consumo interfiram drasticamente na qualidade da vida social e ambiental.

Em vista disso, existem alguns métodos referentes à gestão dos resíduos de embalagens que visam a minimização de seus impactos negativos no meio ambien-te, hierarquizados de acordo com a ordem lógica de produção, consumo e descarte, que são: a redução na origem, a reutilização, a valorização - reciclagem, compostagem e incineração - e, em último caso, a deposição em aterros (POÇAS; FREITAS, 2003). Apresenta-se a seguir as particularidades de cada um destes métodos.

Redução

Reduzir não significa apenas diminuir o número de embalagens em um produto ou eliminar o uso de substâncias nocivas durante a produção, mas também minimizar o uso de recursos naturais, ou seja, a quantidade de matéria e energia consumidas durante a extração e produção de matérias-primas, a fabricação, o enchimento da embalagem e em todas as fases da logística do transporte, utilizando meios menos poluentes e encurtando distâncias (PELTIER; SAPORTA, 2009).

Quando se despende menos matéria e energia diminui-se o impacto ambiental não só pelo fato de que a produção será reduzida, mas também porque assim se evita a transformação, o transporte e o descarte desses materiais. Além disto, tal redução re-presenta uma importante fonte econômica já que materiais e energias possuem elevado custo econômico e ambiental.

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Reutilização

Na fase de eliminação de uma embalagem abrem-se diversas opções para o seu destino final. Embalagens retornáveis como garrafas de bebidas, por exemplo, voltam à fábrica de origem e, depois de passarem por um rápido processo de limpeza, são preen-chidas novamente com o mesmo produto, submetendo-se assim à mesma função a qual foi originalmente concebida. (MACHADO, 2009)

É possível, em alguns casos, que o consumidor reutilize uma embalagem para o mesmo fim preenchendo-a com novas recargas, como o processo de uso de refis (fig. 20). Empresas do ramo de cosméticos são umas das maiores referências em produção de embalagens baseadas no sistema de refis (SALÚ, 2007).

Dependendo de sua forma e praticidade, a embalagem pode ainda ser reuti-lizada para outro fim. Um exemplo comum é o reaproveitamento de embalagens rígidas para armazenagem de objetos ou alimentos, prática muito comum nas resi-dências dos consumidores (fig. 21).

Valorização

Existem caminhos que buscam a valorização de um material após o seu descarte para que este não represente uma quebra no ciclo de vida da embalagem. Para que esta valorização ocorra, os materiais podem ser reprocessados, transformando-se em maté-rias-primas secundárias, ou incinerados, recuperando assim seu conteúdo energético.

A incineração de resíduos de embalagens trata-se da queima do material em alta temperatura a fim de utilizá-lo na produção de energia. Este processo tem como

Fig. 20: Refil de cosméticos da Natura: produtos são utilizados aproveitando a embalagem rígida adquirida anteriormente.Fonte: www.naturalizandomkt2010.blogspot.com

Fig. 21: Embalagens de vidro reaproveitadas para o armazenamento de outros alimentos.Fonte: www.whatmommyneeds.com.br

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principais vantagens a redução drástica do volume a ser descartado e, como já dito, a recuperação de seu valor energético. Suas grandes desvantagens, entretanto, são o custo elevado da implantação de uma usina de incineração de resíduos e seu custo operacional, que acaba saindo caro para o dispositor (GRIPPI, 2006).

O reprocessamento dos materiais, por sua vez, pode referir-se a dois caminhos diferentes: o da compostagem ou reciclagem. Quando um material descartado é usa-do na fabricação de um novo produto, o reprocessamento é chamado de reciclagem. Mas, quando este material é um composto, ou seja, um estrume orgânico e mineral usado como fertilizante, o processo é conhecido como compostagem. Este composto é preparado misturando e umedecendo resíduos em estado de putrefação, o que comu-mente é chamado de lixo orgânico ou úmido (MANZINI; VEZZOLI, 2008). Depois de preparado, pode ser aplicado no solo para melhorar sua capacidade produtiva, sem oferecer riscos ao meio ambiente.

Ambos os sistemas de reprocessamento possuem dupla vantagem ambiental, já que não apenas evitam o despejo dos materiais no meio ambiente como também pou-pam a utilização de recursos virgens. A reciclagem, entretanto, é a prática mais conhe-cida por sua constante divulgação na mídia como o melhor caminho para o tratamento dos lixos urbanos.

Pode-se distinguir duas diferentes classes que caracterizam os materiais reci-clados: os reciclados pré-consumo e pós-consumo. Os reciclados pré-consumo são refugos originados dos processos produtivos, enquanto os reciclados pós-consumo são materiais provenientes de produtos e embalagens já eliminadas pelo consumidor final. Os materiais pré-consumo normalmente são limpos, adaptando-se facilmente a uma reciclagem de alta qualidade, ao contrário dos materiais pós-consumo, que

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geralmente possuem uma qualidade inferior por serem constantemente submetidos a diferentes processos e condições durante todo o seu ciclo de vida (MANZINI; VEZZOLI, 2008).

Com a caixa amarela - embalagem de papel cartão - o processo de reciclagem permite recuperar as fibras celulósicas do papel já gasto e descartado incorporando-as à fabricação de um novo papel. Um dos principais argumentos a seu favor é a redução dos cortes de árvores, medida utilizada para a obtenção de fibras de celulose para a fabricação de papéis virgens. Uma tonelada de aparas - papéis cortados para a recicla-gem - pode substituir o corte de 15 a 20 árvores provenientes de plantações comerciais, dependendo do tipo de papel que será produzido. Fora isto, a fabricação de papéis com uso de aparas consome menos água e energia do que o processo de produção de papéis virgens (GRIPPI, 2006).

O papel como material pós-consumo, no entanto, não pode ser reciclado inde-finidamente, já que perde após cada utilização parte de suas propriedades. Para criar papéis reciclados de boa qualidade, portanto, é necessária a utilização de fibras celu-lósicas virgens para suprir a falta de componentes de qualidade durante a reciclagem, o que pode inviabilizar o processo, já que matérias virgens possuem custos mais ele-vados. Além disto, a reciclagem de papel - assim como de todos os materiais - produz seus próprios refugos, inclusive os gerados durante a etapa de transporte dos materiais recolhidos para os locais de armazenagem. Se a reciclagem do material for intensiva, o processo também conduzirá a um alto consumo de energia e água, tornando assim inviável sua execução.

Antes de optar pela reciclagem de um material, portanto, é importante considerar seus impactos ambientais e todas as variações que determinam sua viabilidade econô-

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mica, além de analisar a facilidade de desmontagem do produto ou embalagem - para um material ser reciclado ele deve ser separado dos demais - encaminhado para o processo de reaproveitamento. Ponderando estas questões, é possível então optar ou não pela reci-clagem como o melhor caminho para o beneficiamento de um material.

Apesar de todas as opções existentes de beneficiamento dos resíduos, a maioria do volume de lixo produzido no Brasil é depositada em aterros sanitários, o que deveria ser uma opção destinada apenas a resíduos que não podem ser reaproveitados ou que sejam prejudiciais à saúde, como os lixos hospitalares.

Só no Brasil, são produzidos em média 100 mil toneladas de lixo por dia. Desta quantidade, porém, cerca de 80% é disposta em lixões a céu aberto (fig. 22), sendo a região nordeste o pior cenário. Já o sudeste, região que mais tem fomentado o processo de reciclagem no Brasil, os materiais reciclados representam em média apenas 1% de todo o lixo produzido no país (GRIPPI, 2006).

A porcentagem de materiais reaproveitados em nosso país, portanto, é muito baixa, o que nos aponta que ainda é necessário maiores investimentos nos proces-sos de reciclagem e, principalmente, na conscientização da sociedade, que conso-me e descarta uma grande quantidade de produtos sem prever suas implicações ao meio ambiente. Esse posicionamento da população, contudo, é fruto da educação e dos valores pautados pela cultura a qual descende e ainda pertence: a cultura do consumo. Para a compreensão do pensamento desta cultura, apresenta-se a seguir um breve histórico sobre a formação da sociedade moderna e como seus valores configuraram as bases das práticas econômicas, políticas e culturais que norteiam a sociedade contemporânea.

Fig. 22: Exemplo de lixão a céu aberto.Fonte: www.wolneygarcia.com.br

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A sociedade do consumo e sua relação com o meio ambiente

Muito tem se falado nos últimos tempos sobre desenvolvimento sustentável e as implicações ambientais, sociais e econômicas que os sistemas produtivos e o consumo desenfreado vem representando no panorama mundial. A sociedade do consumo, gran-de responsável por este quadro alarmante em que se encontra a qualidade da vida am-biental, passa hoje por um momento de reflexão sobre como suas ações tem comprome-tido a boa funcionalidade do meio ambiente e, consequentemente, sua sobrevivência.

Apesar de existir a consciência de que é necessária a adoção de um novo comporta-mento e estilo de vida, ainda é muito difícil fomentar o desenvolvimento de uma cultura humana que utilize os recursos do meio ambiente apenas para o suprimento de suas necessidades básicas, já que induzir a sociedade a deixar de buscar a realização de seus desejos significaria tentar convencê-la a retroceder seus conceitos, mudar paradigmas já fortemente estabelecidos. Esta realidade, porém, pode ser facilmente compreendida pelo contexto em que se formou esta seduzida e fanática cultura consumista.

A sociedade do consumo consolidou-se durante a Revolução Industrial, mas seus valores e princípios formaram-se anos antes, mais precisamente durante o Re-nascimento, um movimento que propunha a redescoberta e revalorização dos ideais da Antiguidade Clássica contrapondo-se à ordem tradicional medieval. Seus ideais implicaram na progressiva racionalização e diferenciação econômica e administrati-va do mundo social, processos estes que resultaram na formação do moderno estado capitalista-industrial. (FEATHERSTONE, 1995).

A filosofia do pensamento racionalista, que teve origem em Descartes no século XVII, vislumbrava o mundo de forma mecanicista considerando a força do homem

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transcendente à natureza, reduzindo-a um objeto de estudo científico inteiramente entregue a exploração da racionalidade humana. Francis Bacon, um dos primeiros a conceber um manifesto moderno para a organização e difusão da ciência, defendia um progresso científico baseado no total controle e domínio do homem sobre a natureza. Para ele, o homem devia “perseguir a natureza pelos seus erros e arrancar dela seus segre-dos, pela tortura, se necessário” (KAZAZIAN, apud FRITJOF CAPRA, 1995, p.12).

Esse conjunto de teorias e valores racionalistas evidenciava o progresso baseado na ciência como supridor das necessidades da sociedade moderna. Em seu manifesto, Bacon afirmava que a ciência pode e deve ser organizada e aplicada à indústria para melhorar e transformar as condições de vida da população.

Com o constante avanço do pensamento científico e do conhecimento técnico da sociedade moderna, em meados do século XVIII a Primeira Revolução Industrial eclodiu na Inglaterra trazendo um conjunto de mudanças tecnológicas aplicadas ao meio produtivo que geraram profundos impactos econômicos e sociais. Em seu sen-tido mais pragmático, a Revolução Industrial significou a substituição da ferramenta pela máquina, consolidando o capitalismo industrial como modo de produção do-minante (MILANO, 2011).

Este novo cenário mundial baseado na produção em larga escala acabou alteran-do radicalmente a postura dos cidadãos como consumidores. A noção de bem-estar pautada pelo suprimento das necessidades mais básicas deu lugar a visão do conforto e do consumo de bens supérfluos como necessidades lícitas e indispensáveis para o ser humano, visão esta que propiciou a consolidação do consumo como um sistema global e definidor dos novos padrões da sociedade.

Fig. 23: Imagem da Primeira Revolução Industrial: as atividades fabris alteraram radicalmente as condições de trabalho e os valores da sociedade.Fonte: www.revolucaoindustrial2.hd1.com.br

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O aumento da produtividade e do consumo atrelado ao crescimento popula-cional e ao barateamento dos produtos trouxe, naturalmente, uma grande quantida-de de materiais a serem descartados. Consequentemente, o volume de lixo aumen-tou em proporções assustadoras, comprometendo seriamente a vida ambiental e a saúde da própria população.

Segundo Bernardo Souto, especialista em engenharia ambiental, não se deve tirar o mérito da Revolução Industrial e do movimento capitalista que veio com ela, afinal, foi uma fase necessária que trouxe inúmeros benefícios para a economia e para a sociedade (HERMETO, 2011). Entretanto, a população não foi preparada para re-ceber as consequências que viriam com ela, como a aglomeração urbana, o excesso de lixo, o grande volume de esgoto, a poluição, entre outras situações que contribuem para o agravamento da problemática ambiental. Para o especialista, foi a partir da Revolução Industrial que o homem passou a tratar os recursos como objetos de ga-nho patrimonial, utilizando-os de forma inadequada para seu próprio beneficiamento. Como resultado, a população mundial vê-se hoje exposta à desastres ambientais de grandes proporções, como o excesso ou a falta de chuva, deslizamentos, alagamentos, terremotos, entre outros problemas.

Quando suas emissões começaram a voltar em forma de desastres naturais, portanto, o homem passou a perceber os resultados negativos que suas atividades representavam ao meio ambiente e à sua própria segurança. Embora tardia, a consci-ência ambiental surgiu, então, como a propulsora de um novo pensamento que busca reverter o quadro instável em que se encontram hoje a disponibilidade dos recursos naturais e a qualidade da vida ambiental.

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O alerta ambiental e o conceito de sustentabilidade

As primeiras manifestações adversas à contaminação do meio ambiente surgiram em meados do século XX, quando a população dos países industrializados começou a enxergar os efeitos causados pelo consumo descontrolado e pela acelerada produção industrial. Alguns acidentes ambientais já alertavam como as atividades industriais eram nocivas à natureza, mas foi na década de 1960 que a repercussão destas catástro-fes provocadas por resíduos químicos industriais começou a atingir a consciência da população mais instruída e da comunidade científica. A questão da poluição e de seus riscos para a sociedade e para o meio ambiente começou a entrar em pauta nos debates acerca da manutenção da economia mundial, enfatizando a necessidade de medidas que tornassem menos agressivas as atividades industriais (MACHADO, 2009).

Com o passar do tempo, os debates ganharam mais consistência e maturidade e, neste contexto, o design começa a inserir-se no desafio de propor soluções para a redução dos impactos ambientais ao orientar uma nova forma de projetar produtos e serviços. Foi a partir daí que surgiu, portanto, a noção de design sustentável, uma nova proposta de projeto orientado por suas implicações ambientais, econômicas e sociais, postura hoje desejável e muitas vezes exigível no ofício de um designer.

Mas, afinal de contas, o que é ser sustentável? Sinteticamente, pode-se afirmar que ser sustentável é preocupar-se com o agora e com o futuro. Porém, como os princí-pios da sustentabilidade englobam proporções muito mais abrangentes, vale aprofun-dar e esclarecer melhor essa questão.

O conceito de sustentabilidade emergiu da simples constatação de que a sobrevivência da geração atual e das gerações futuras dependem do funcionamento a longo prazo do meio

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ambiente devido sua exclusiva capacidade de fornecer alimentos, matérias-primas e energia. Trata-se de um principio sistêmico que se baseia em três pilares fundamentais do desenvolvi-mento: a economia, o meio ambiente e a sociedade. O desenvolvimento sustentável, portanto, busca atender as necessidades da geração atual sem comprometer a gama de opções econô-micas, sociais e ambientais disponíveis para as futuras gerações (BARIA; WILKE, 2009).

É importante entender a sustentabilidade, no entanto, não como um caminho a ser seguido, mas como um objetivo a ser alcançado. O caminho para alcançá-la é, por sua vez, pautado por inúmeras diretrizes e atitudes como, por exemplo, um designer basear-se preferencialmente em recursos renováveis no projeto de um produto ou um consumidor descartar corretamente os resíduos gerados em sua residência.

Embora aparentemente simples, estas e todas as ações que visam o desenvolvi-mento sustentável são indiscutivelmente importantes e louváveis, visto que um dos princípios da sustentabilidade é o de agir localmente pensando globalmente. Ou seja, ao enxerga-se como parte de um sistema integrado e inter-relacionado, o ser humano passa a valorizar cada atitude individual como essencial para a manutenção do pro-gresso e, consequentemente, para o desenvolvimento sustentável.

A dimensão da sustentabilidade e sua aplicação no design

É comum que as pessoas associem a sustentabilidade exclusivamente a questões ambientais, já que a todo momento sãos bombardeadas com informações sobre desastres naturais e a instabilidade do meio ambiente, além de defrontarem constantemente com o apelo de instituições e campanhas a favor da preservação da natureza.

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De certo, a proteção ambiental pode ser considerada o carro chefe dos assuntos relacionados à sustentabilidade. Porém, como já visto anteriormente, o desenvolvimento sustentável é um principio sistêmico que abrange tanto a dimensão ambiental como tam-bém a econômica e social. Em outras palavras, tal desenvolvimento deve ser entendido como um processo de transformação que combina o crescimento econômico com mu-danças sociais e culturais, respeitando os limites impostos pelos ecossistemas, de forma que as implicações ambientais sejam incorporadas em todos os setores.

Para desenvolver um projeto sustentável, portanto, o designer deve atentar-se a todos estes aspectos e não apenas aos elementos funcionais e estéticos típicos dos seus projetos. Dessa forma, o desenvolvimento de produtos exige do designer um alto grau de conscientização e análise das implicações ecológicas, envolvendo conceitos econô-micos, sociais, tecnológicos e comerciais.

Na busca por modelos sustentáveis no setor de embalagens, portanto, o de-signer deve adquirir o hábito de prever métodos que promoverão uma relação dese-jável entre a produção e consumo da embalagem com o meio ambiente, o mercado e seus consumidores. Em outros termos, o designer deve propor o projeto do ciclo de vida completo da embalagem:

“O objetivo do Life Cycle Design é o de reduzir a carga ambiental associada a todo o ciclo de vida de um produto. Em outras palavras, a intenção é criar uma idéia sistêmica de produto, em que os inputs de materiais e de energia bem como o impacto de todas as emissões e refugos sejam reduzidos ao míni-mo possível, seja em termos quantitativos ou qualitativos, ponderando assim a nocividade de seus efeitos” (MANZINI; VEZZOLI, 2008, p.100).

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O Projeto do Ciclo de Vida de uma embalagem objetiva, portanto, reduzir ao mí-nimo os impactos ambientais de uma embalagem em todo o seu ciclo de vida, desde a extração das matérias-primas até a eliminação de seus refugos. A facilidade de monta-gem, os processos produtivos que serão utilizados em sua produção e o modo como será distribuída e comercializada são algumas das questões que devem ser minuciosamente levadas em consideração desde as primeiras etapas do projeto.

Trata-se, sem dúvida, de uma postura projetual desejável para o campo de atuação do design daqui para frente. A dificuldade, no entanto, encontra-se justamente no ge-renciamento de cada mínima e específica etapa do ciclo de vida da embalagem. Ou seja, nem tudo é conhecido e manipulável no início do projeto. Os percursos tecnológicos e culturais estão sempre em constante evolução, o que impede de prever com exatidão todas as condições do sistema, principalmente na fase de eliminação da embalagem. Por isso, o Projeto do Ciclo de Vida deve buscar reduzir os impactos ambientais consideran-do todas as etapas do ciclo de vida da embalagem, desde que as escolhas tomadas sejam compatíveis com a real configuração do sistema. Nem sempre é possível, portanto, inter-vir em todas as fases. Na realidade, o designer pode operar tanto na abrangência de todas as etapas do ciclo de vida quanto em seu controle parcial (MANZINI; VEZZOLI, 2008).

O capítulo a seguir apresenta a noção de ciclo de vida de uma embalagem, enfatizando e analisando as etapas do ciclo da caixa amarela, objeto e referencial de estudo deste projeto. Antes, porém, é necessário esclarecer que a análise do ciclo de vida da embalagem realizada neste trabalho não é equiparável a ACV (Avaliação do Ciclo de Vida1), uma técnica bem mais complexa e custosa de avaliação dos aspectos

1 Termo original em inglês: LCA - Life Cycle Assessment -.

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ambientais e dos potenciais impactos existentes durante todo o ciclo de vida de um produto. Isto porque, como um método de análise mais abrangente, a ACV procura definir da forma mais completa possível o quadro de interações entre uma determinada atividade e o ambiente (MANZINI; VEZZOLI, 2008). Ao invés de uma avaliação extre-mamente minuciosa que quantifica os fluxos de energia e de materiais no ciclo de vida da embalagem em resultados numéricos, este projeto opta pelo caminho menos com-plexo de análise do ciclo de vida ao avaliar criticamente os dados mais acessíveis, como as informações presentes na própria embalagem e na pesquisa com seus produtores e consumidores. Em uma comparação metodológica, pode-se dizer que a ACV trata-se de uma avaliação quantitativa - dados precisos que permitem uma análise estatística - en-quanto a análise crítica do ciclo de vida utilizada neste projeto caracteriza-se como uma avaliação qualitativa - desenvolvimento e aperfeiçoamento de novas ideias -.

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A noção de ciclo de vida

A repetição periódica de eventos naturais é algo comum e fundamental para a ma-nutenção dos ecossistemas. Tais eventos são caracterizados por um conjunto de transfor-mações as quais são submetidos cada indivíduo de uma espécie, transformações estas que constituem o chamado ciclo de vida dos seres vivos. O que popularmente chama-se de nas-cimento, crescimento, reprodução, envelhecimento e morte são os estágios que caracterizam o ciclo vital dos seres vivos, essencial para a asseguração das espécies na natureza.

Assim como os seres vivos, os produtos também possuem seu próprio ciclo de vida. Neste caso, porém, tratam-se de materiais inorgânicos, aqueles que são retirados da natu-reza em forma bruta e artificialmente processados pelo homem (MACHADO, 2009).

No campo administrativo, o ciclo de vida de um produto é associado ao conjunto de todas as fases que diferenciam o produto de sua introdução, permanência e saída do mercado (PEREIRA, 2003). Este, no entanto, não é o conceito abordado no presente estudo. Neste caso, o conceito de ciclo de vida de um produto refere-se às trocas (inputs e outputs1) realizadas entre o meio ambiente e os processos que envolvem sua produção, consumo e descarte. Ou seja, o produto é interpretado com base nos fluxos das atividades que o sustentam, entendendo como fluxos todos os fenômenos de absorção de matéria e energia e emissões de diferentes tipos (MANZINI; VEZZOLI, 2008).

Entender a vida de um produto é, portanto, compreendê-la como um con-junto de processos realizadores de transformações diversas no meio ambiente. Tais processos são agrupados em diferentes fases, conhecidas como as cinco etapas do

1 Entrada e saída de energia, respectivamente. Troca de fluxos.

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ciclo de vida de um produto: a pré-produção, produção, distribuição, uso e descarte. (MANZINI; VEZZOLI, 2008)

Todos estes conceitos são também aplicáveis ao ciclo de vida de uma emba-lagem. Apesar de possuir um ciclo considerado adicional, a embalagem não deixa de ser um produto, possuindo em sua ordem cíclica de vida todas as fases acima citadas. O que difere o seu ciclo de vida dos ciclos dos demais produtos é a conco-mitância das suas fases de distribuição e uso. Isto é, as funções de uma embalagem entram em fase de uso no exato momento que se inicia o contato com o produto que ela deve conter, logo, na fase de distribuição.

Para o melhor entendimento acerca das características do ciclo de vida da emba-lagem, o trabalho traz a seguir uma análise crítica do ciclo de vida da caixa de bombons sortidos da Garoto, considerando seus aspectos ambientais e os impactos potenciais associados ao seu ciclo. Tal análise auxiliará na definição das diretrizes do projeto no que tange as melhorias ambientais no ciclo de vida da embalagem.

As etapas do ciclo de vida da embalagem

Pré-produção

A pré-produção é a fase que engloba toda a aquisição de recursos, isto é, a extração de matérias-primas que serão utilizadas na produção dos componentes. É a fase inicial do ciclo de vida de uma embalagem, também caracterizada pelo transporte dos recursos para o local de produção além de sua transformação em materiais e energia (MANZINI; VEZZOLI, 2008).

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Os materiais e energias podem ser produzidos por dois diferentes tipos de recur-sos, os primários e os secundários. Os recursos primários são os materiais extraídos di-retamente da geosfera - a parte sólida da terra - por sua vez classificados em renováveis e não renováveis (fig. 24) . Não renováveis são os recursos naturais que, uma vez consumi-dos, não podem ser repostos pela natureza em um espaço de tempo razoável, pelo menos não compatível à escala de vida humana. São os combustíveis minerais, matérias-primas extraídas do solo, como os combustíveis fósseis - petróleo e carvão - de urânio e de outros materiais. Já os recursos renováveis possuem a capacidade de regenerarem-se em curto prazo, conhecidos pelo menor impacto ambiental gerado quando utilizados. São exem-plos de recursos naturais renováveis as biomassas - matérias orgânicas - a energia eólica – vento - a energia solar, as ondas do mar e a hidroeletricidade2.

Os recursos secundários, ora chamados de reciclados, são os recursos provenientes dos descartes, restos dos processos produtivos, bem como dos produtos pós-consumo, ou seja, que já foram utilizados e descartados pelos consumidores. Todos estes recursos, porém, devem ser devidamente tratados para que voltem a ser usados na fabricação de novos produtos e embalagens (MANZINI; VEZZOLI, 2008).

Dois principais processos caracterizam a etapa de pré-produção da caixa de bom-bons da Garoto, que são a aquisição de matérias-primas para a produção do papel e das tintas que serão utilizadas na impressão e a produção destes componentes.

A matéria-prima básica para a fabricação de papel é a celulose, substância extraída das madeiras provenientes de troncos de árvores. Na produção do papel cartão, papel utilizado na produção da caixa amarela, são utilizadas celuloses de fibra curta, fibras

2 Recursos renováveis e não renováveis. https://sites.google.com/site/grupopaineis/recursosrenov%C3%A1veis

Fig. 24: Fontes de energia renovável e não-renovável, respectivamente.Fonte: www.apagueda5.blogspot.com

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vegetais geralmente retiradas da madeira de eucalipto (fig. 25). A utilização deste tipo de fibra é a mais adequada para a fabricação de papéis revestidos, tal como o papel cartão, oferecendo uma melhor formação do papel e uma superfície mais apropriada para im-pressão e acabamentos especiais.

Para extrair as fibras de celulose da madeira, contudo, é necessário desmatar flores-tas, procedimento que gera em parte da população um posicionamento altamente con-trário à fabricação de papel. Esta objeção já desencadeou diversas campanhas contra o desperdídio de papel, sendo a mais atual delas o apelo em mídias digitais pela impressão consciente. A famosa campanha “Think before print” - Pense antes de imprimir - acon-selha as pessoas a pensarem no meio ambiente antes de desperdiçarem mais papel com impressões desnecessárias3.

Naturalmente, todo tipo de campanha contra o desperdício é importante e louvá-vel, já que evitando a produção e consumo de mais um material evita-se também a pro-dução de mais lixo. Entretanto, é importante lembrar que o desmatamento de florestas para a fabricação de papel não é equiparável à destruição de florestas tropicais ou à devas-tação causada pelos cortes radicais, em que as árvores não são replantadas e toda a vege-tação é devastada. A utilização das árvores na fabricação de papel pode ser comparada a um cultivo agrícola, assim como o milho, que é sempre replantado após a colheita. Além disto, algumas quantidades de madeira usadas na produção do papel são provenientes de sobras de árvores utilizadas em móveis e construção (BANN, 2010).

Nos últimos anos surgiu uma iniciativa para o gerenciamento responsável das flo-restas por todo o mundo: o Forest Stewardship Council (FSC), uma organização que cer-

3 Think before print. http://thinkbeforeprinting.org

Fig. 25: Plantação e corte de eucalipto: matéria-prima para a produção de papel.Fonte: www.exame.abril.com.br

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tifica empresas que utilizam produtos provenientes do gerenciamento sustentável de uma floresta (fig. 26). Seu selo garante que a madeira utilizada na fabricação de determinado papel foi extraída de uma floresta replantada e bem controlada, e não de uma floresta pri-mária - floresta virgem -. A Suzano Papel & Celulose - fornecedora de papel cartão para as gráficas que realizam a impressão da caixa amarela4 - possui o selo FSC conferido pelo instituto Imaflora - Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola - órgão res-ponsável pelo fornecimento de certificações FSC para os produtos produzidos no Brasil.5

Produzindo o papel

Depois de extraídas, as toras de madeira são encaminhadas para a fábrica de ce-lulose onde são descascadas e picadas em cavacos - toras menores -. Após o descasca-mento, os cavacos são cozidos com componentes químicos como o sulfato de sódio e a soda cáustica para remover a lignina, uma substância pegajosa e resinosa contida na madeira. Este processo de cozimento, chamado de Kraft, minimiza os danos causados às fibras celulósicas, de forma a preservar sua uniformidade e resistência. Após este processo, os cavacos são reduzidos a fibras e posteriormente lavados e branqueados (BANN, 2010).

A etapa de branqueamento químico consiste em uma série de torres de branquea-mento de média densidade através das quais passam a celulose deslignificada. Cada torre possui uma quantidade diferente de agentes branqueadores.

4 Informação concedida durante entrevista disponível no Anexo 1, na página 132.

5 Suzano. http://www.suzano.com.br.

Fig. 26: Selo FSC.Fonte: www.embalagemmarca.com.br

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Na produção da celulose convencional, o branqueamento é feito através da utili-zação do cloro, o dióxido de cloro e a soda cáustica, ao passo que alguns processos de branqueamento mais modernos, como o “Elemental Chlorine Free”, ou ECF, não utiliza o cloro elementar. A isenção do cloro no processo de branqueamento químico do papel é essencial, visto que a dioxina - substância gerada durante a submissão de moléculas de cloro à altas temperaturas - dispersa no meio ambiente pode representar graves riscos, tanto ao meio ambiente quanto aos seres humanos. Se lançada no ar ou em um lençol fre-ático, mesmo em pequena quantidade, a dioxina pode causar cânceres e até teratogenias6 .

Devido ao alto grau de periculosidade da dioxina, portanto, a maioria das indús-trias de papel e celulose já adotou processos de produção isentos de cloro, inclusive a Suzano, que utiliza o processo ECF.

Ao final da etapa de branqueamento, a celulose é transferida para uma torre de ar-mazenagem ainda em forma líquida e, posteriormente, encaminhada para as máquinas de papéis. A Suzano possui três unidades de produção de papel, uma localizada na cidade de Mucuri, na Bahia, uma localizada na cidade de São Paulo, em São Paulo e uma locali-zada em Limeira, também em São Paulo. A celulose é fornecida em folhas empacotadas em fardos de 200 quilos na unidade de São Paulo e de 250 quilos nas unidades de Mucuri e Limeira (fig. 27)7.

A produção do papel inicia-se com o encaminhamento da celulose às máquinas refi-nadoras, que aumentam o nível de resistência das fibras. Após o refino, a celulose é inserida

6 Defeitos na constituição de órgãos que determina uma anomalia morfológica estrutural presente no nascimento. Ambiente Brasil. www.ambientebrasil.com.br

7 Suzano. www.suzano.com.br

Fig. 27: Fardos de celulose das unidades de Mucuri e São Paulo da Suzano Papel e Celulose. Fonte: www.suzano.com.br

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na máquina de papel, onde é misturada a outros materiais e aditivos, como a cola sintética, o carbonato de cálcio precipitado - o processo alcalino - os alvejantes óticos e outros. Du-rante o processo de produção do papel, a folha é formada, prensada e finalmente seca8.

Depois de prontas, por fim, as folhas de papel são encaminhadas - através de trans-porte rodoviário - às gráficas que realizarão a impressão da embalagem.

Produzindo a tinta

Segundo Inácio Niero, superintendente da Garoto, as gráficas responsáveis pela impressão da caixa amarela são a BrasilGráfica e a Romiti - gráficas voltadas para o mer-cado de embalagens - ambas localizadas em São Paulo. Estas gráficas utilizam o sistema de impressão offset, um dos mais utilizados atualmente e que pode ser empregado a uma ampla variedade de produtos.9

As tintas utilizadas no processo offset são tintas pastosas de alta viscosidade10, basi-camente compostas por um agente de cor - pigmento - agentes aglutinantes - resinas - e aditivos adequados para melhorar as características específicas à sua aplicação11.

De acordo com informações concedidas pela Gráfica Romiti12, as tintas utilizadas no processo de impressão da caixa amarela são tintas voltadas para o mercado de alimentos

8 Suzano. www.suzano.com.br

9 Detalhes sobre o processo de impressão offset na página 78.

10 Propriedade aglutinativa.

11 CUENCA. https://www.abtg.org.br

12 Entrevista disponível no Anexo 2, na página 139.

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- atóxicas - compostas por pigmentos, resinas, óleo mineral e vegetal e aditivos secantes.Os pigmentos são partículas cristalinas coloridas - orgânicas ou inorgânicas - que

normalmente são insolúveis, não sendo afetadas física e quimicamente pelo veículo - parte líquida da tinta - ou pelo substrato nos quais são aplicadas. Entre suas principais proprie-dades, podemos destacar sua força tintorial - capacidade de tingimento - sua opacidade, brilho e resistência física e química (fig. 28).

Por ser um processo de impressão em que se aplica uma fina camada de tinta, as tintas offset possuem uma maior concentração de pigmentos, apresentando assim caracte-rísticas específicas como viscosidade e rigidez (fig.29).

As resinas são responsáveis pela secagem, brilho, aderência e resistência química e física da tinta, além de agregar os demais componentes sólidos da composição, como os pigmentos. Podem ser naturais ou sintéticas, ou seja, podem prover do meio vegetal ou serem obtidas por reações químicas através de processos industriais que normalmente utilizam calor e catalisadores, respectivamente.

O veículo da tinta offset é formado por óleos vegetais - de madeira, soja, mamona ou linhaça - e/ou óleos minerais - obtidos do carvão ou petróleo -. Os óleos vegetais proporcionam maior brilho e plasticidade ao filme da tinta, além de possuir proprieda-des secativas por óxido polimerização, ou seja, pela absorção do oxigênio da atmosfera à temperatura ambiente, passando do estado líquido para um gel sólido, insolúvel em solventes usuais. Os óleos minerais também possuem propriedades solventes e secativas, embora sejam mais utilizados em processos de impressão offset por máquinas rotativas

O processo de fabricação da tinta inicia-se com a pesagem das matérias-pri-mas, obedecendo sua formulação. A partir daí, seguem-se as etapas sequenciais de

Fig. 28: Os pigmentos são partículas cristalinas utiliza-das na formulação da tinta.Fonte: www.triplicecor.com.br

Fig. 29: As tintas offset são tintas pastosas de alta viscosidade.Fonte: www.sellerink.com.br

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sua produção, que são13:- Pré-mistura: etapa em que ocorre a mistura de resinas, pigmentos e aditivos em

equipamentos de alta precisão;- Moagem: a pasta obtida na pré-mistura passa por um moinho para destruir os

aglomerados de pigmentos, formando assim pequenas partículas;- Completagem: O produto obtido na moagem fica armazenado em tanques e pos-

teriormente é levado para os dispersores, nos quais se completará a formulação através da adição dos aditivos que forem necessários;

- Tingimento: etapa onde se acerta a cor da tinta, conforme o padrão estabelecido;- Controle da qualidade: nesta etapa, os produtos são submetidos a rigorosas aná-

lises para observação de viscosidade, brilho, cobertura, cor e secagem. Após aprovação, são liberados para colocação nas embalagens;

- Embalagem: os produtos são filtrados e enlatados para serem enviados à expedição.Ao analisar a caixa amarela, nota-se também a aplicação de tinta dourada no con-

torno do logotipo, impresso no topo e nas laterais da embalagem. Esta cor é obtida atra-vés de uma tinta especial, que contém pós metálicos refinados para conferir o efeito de-sejado - para a cor dourada, pode ser utilizado o cobre ou o bronze-.

Produção

A produção é a etapa de fabricação do produto ou embalagem, fase que envolve a transformação dos materiais adquiridos na pré-produção em componentes que passa-

13 CUENCA. https://www.abtg.org.br

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rão pelo processo de montagem e possíveis acabamentos, resultando no produto final, aquele que será vendido e consumido (MANZZINI; VEZZOLI, 2008). As indústrias que fabricam e imprimem embalagens são chamadas de convertedores (MESTRINER, 2002). Na etapa de produção da caixa amarela, os convertedores são as indústrias grá-ficas responsáveis pela impressão das tintas no papel e pelos acabamentos realizados na caixa antes que sejam enviadas para a fábrica da Garoto, que posteriormente realiza o fechamento das embalagens.

A esta fase pode-se ainda atribuir outras atividades importantes, como a pesquisa, o projeto e a gestão de todos os processos. Dessa forma, a etapa de produção da caixa ama-rela inicia-se dentro da própria empresa e da agência de design terceirizada, quando há as primeiras pesquisas referentes ao produto e seu mercado, os primeiros esboços do projeto da embalagem ou de sua atualização e o planejamento dos custos. Como é pouco frequen-te a alteração do formato e layout da caixa amarela, as atividades que envolvem a pesquisa e a gestão dos processos não estão sempre incluídas no ciclo de vida da embalagem.

Depois que o projeto da embalagem da caixa de bombons é aprovado, os desenhistas enviam a arte final para as indústrias gráficas que executarão a impressão das caixas, no caso, a BrasilGráfica e a Romiti.

Antes de executar as impressões, as gráficas realizam a pré-impressão da embala-gem, ou seja, uma prova de alta qualidade para verificar se as cores impressas condizem com as que foram indicadas no projeto digital. Para isto, é produzida uma chapa feita a partir do filme ou via CTP - computer to plate, do computador para a chapa -. Neste sistema, em vez de uma máquina produzir um fotolito14 que será empregado na criação

14 Filme transparente usado para gravar a imagem que será impressa na matriz de impressão - chapa -.

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de uma chapa, outra copia o arquivo diretamente para a chapa, normalmente utilizando um raio laser (fig. 30). O sistema de produção CTP é ultimamente o mais utilizado nas gráficas mais modernas por garantir uma maior qualidade da imagem gravada e resulta-dos mais precisos15.

O sistema CTP também é utilizado na produção das chapas para a impressão da embalagem. Como vimos, ambas as gráficas utilizam o sistema de impressão offset para a produção da caixa amarela.

No processo offset, a imagem entintada na chapa metálica é transferida para um cilindro intermediário, conhecido como blanqueta, e, por meio desta, transfe-rida para o papel (fig. 31). Esta blanqueta evita que a delicada chapa entre em con-tato com a superfície áspera do papel, o que poderia causar desgaste ou até mesmo ruptura da chapa durante a impressão (BANN, 2010). Como existe o intermédio da blanqueta durante o processo, o sistema de impressão é considerado indireto, daí o nome offset - fora do lugar -.

Como informado pela gráfica Romiti, a alimentação no processo offset utilizado na impressão da caixa amarela é feita folha a folha, ou seja, o papel já é cortado em folhas no formato adequado antes da impressão, ao contrário do sistema de alimentação por bobina, em que um grande rolo de papel é inserido na máquina e é desenrolado à medida que passa pela impressora, sendo cortado só depois de impresso16.

Já as tintas são dispostas em recipientes, chamados de castelos de impressão. Geral-

15 Idealiza gráfica. http://www.idealizagraf.com.br/

16 Existem impressoras offset planas e rotativas. Porém, a impressão da caixa amarela é realizada em impressoras planas, ou seja, com os papéis já cortados.

Fig. 31: Impressão offset: a imagem entitada na chapa é transferida para a blanqueta que posteriormente a transfere para o papel.Fonte: BANN, 2010.

Fig. 30: Exemplo de máquina CTP.Fonte: www.ioerj.com.br

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mente, as gráficas utilizam impressoras de seis castelos, quatro reservados para as cores básicas de processo - ciano, magenta, amarelo e preto17 - e outras duas para a impressão de uma quinta cor - normalmente uma cor Pantone - e uma selagem ou revestimento em verniz para adicionar brilho ou um efeito fosco ao material.

Como visto no tópico de pré-impressão, a caixa amarela possui aplicação de cor Pantone, uma tinta especial de cor metálica - dourada -. Esta tinta, portanto, fica dis-posta no quinto castelo de impressão, sendo a última aplicação de cor no impresso. Posteriormente, as embalagens são submetidas à uma aplicação de verniz em toda a área impressa, desta vez por uma unidade de verniz e secagem ultravioleta, o sexto e último castelo disponível na impressora (fig. 32).

Por ser formado por fibras higroscópicas - que absorvem umidade - o papel car-tão pode facilmente dilatar ou encolher de acordo com as condições climáticas. O ver-niz de máquina, portanto, confere não só mais brilho ao material como, principalmen-te, mais proteção, servindo de selante e impedindo assim a absorção de umidade. Com sua aplicação, o papel mantém sua forma original, assegurando o registro18 do impres-so19. A gráfica Romiti utiliza vernizes à base de água, uma opção que, além de eliminar a utilização de solventes derivados de recursos não-renováveis, evita o amarelamento e o odor residual do impresso.

17 Cores CMYK: abreviação de Cyan, Magenta, Yellow e blacK, cores empregadas em processos de im-pressão em quadricromia - quatro cores -.

18 Marca utilizada para o controle da sobreposição das cores impressas nos filmes, nas montagens e na impressão.

19 Sugestões para a qualidade na aplicação de verniz UV localizado. http://www.imah.com.br

Fig. 32: Exemplo de impressora offset.Fonte: www.manroland.com

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Depois de impressas e envernizadas20, as embalagens planas são encaminhadas para o setor de acabamento, onde passam pelos processos de corte e vinco e aplicação de relevo seco.

O vinco trata-se de uma linha pressionada ao longo do eixo de dobra do papel para facilitar a dobragem do impresso. No caso da caixa amarela, o processo de dobra só é realizado pela própria fábrica de chocolates. As caixas chegam à Garoto, portanto, pla-nas e vincadas, prontas para serem montadas, preenchidas e posteriormente fechadas.

Para realizar o processo de corte e vinco é produzido um molde, chamado de faca de corte e vinco - não afiada para vincar e afiada para cortar - disposta sobre uma má-quina especial de corte e vinco. O impresso é então colocado sob esta máquina que, por pressão, irá cortar as caixas e formar os vincos. Além disto, a máquina de corte e vinco também forma serrilhas em específicos vincos da embalagem para facilitar a formação da caixa na fábrica de chocolates.

O relevo seco, por sua vez, é um tipo de acabamento especial aplicado para en-riquecer a estética de um impresso (fig. 33). Na caixa amarela, o relevo seco é aplicado sobre o logotipo da Garoto e no contorno das imagens dos bombons impressos no topo da caixa. Sua aplicação na caixa, entretanto, é bem sutil, o que não confere tanto destaque aos elementos que se pretendia ressaltar.

Para realizar este tipo de relevo, são produzidos dois moldes de metal, um com a imagem em alto relevo - contra-matriz - e um com a imagem em baixo relevo - matriz -. A embalagem de bombons impressa é posicionada entre estes dois moldes – chamados de

20 Embora seja aplicado no setor de impressão, o verniz de máquina também é considerado um pro-cesso de acabamento.

Fig. 33: Exemplo de aplicação de relevo seco.Fonte: www.ingral.com.br

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clichês macho e fêmea – e, logo após a pressão, adquire um volume sobressalente em sua superfície, no caso, na área do logotipo e nas imagens dos bombons.

A vantagem da aplicação do relevo seco é o fato de não ser necessária a produção de tintas ou resinas para criar o efeito. Além disto, apesar da criação de suas matri-zes exigir outro processo de produção - envolvendo ligas metálicas e outros processos que determinam impactos ambientais - a rigidez e a resistência dos clichês de metal conferem-lhe grande durabilidade, permitindo que sejam utilizados inúmeras vezes. Entretanto, como a aplicação do relevo seco na caixa amarela é bastante sutil – só é perceptível ao toque ou a sua visão contra a luz- a utilização deste tipo de acabamen-to na embalagem pode ser questionável. Isto porque o relevo seco é considerado um processo rebuscado de acabamento, o que normalmente encarece o preço unitário do impresso. Como a caixa amarela é voltada para um público amplo e para um consumo corriqueiro – ao contrário das caixas de bombons finos - acabamentos especiais podem ser dispensáveis na embalagem.

Distribuição

De modo geral, a fase de distribuição de um produto caracteriza-se por três etapas fundamentais: a embalagem, o transporte e a armazenagem. O produto necessita ser em-balado após sua finalização para chegar intacto nas mãos dos consumidores (MANZINI & VEZZOLI, 2008).

No âmbito das embalagens, porém, considera-se como etapas desta fase do ciclo de vida os processos de envase, transporte e armazenagem.

O envase refere-se ao enchimento da embalagem com o produto que ela deve con-

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ter, ou seja, o próprio ato de embalá-lo. Depois de preenchidas, as embalagens são la-cradas e transportadas para os pontos de venda, onde são armazenadas. O transporte também pode ser feito diretamente para o consumidor final.

Na etapa de distribuição das embalagens existe ainda outro ponto que se deve con-siderar. Como as embalagens são fabricadas em convertedores, ou seja, indústrias à par-te das que fabricam o produto que deve ser embalado, o processo de transporte ganha novas proporções. Isto é, fora o transporte para os consumidores, existe antes a necessi-dade de transportar as embalagens ainda desmontadas para a indústria que embalará o produto. Dessa forma, tem-se uma nova ordem sequencial das etapas de distribuição da embalagem, que são: transporte, envase, transporte e armazenagem.

Como visto anteriormente, os convertedores - no caso, as indústrias gráficas - res-ponsáveis pela fabricação das caixas de bombons ficam localizados no estado de São Paulo. Com o parque industrial da Chocolates Garoto localizado em Vila Velha, no Espírito Santo, os convertedores necessitam dispor de veículos rodoviários de carga – caminhões - para transportar as caixas impressas e desmontadas até a fábrica de chocolates.

Depois de receberem as caixas, a Garoto encaminha-as até o setor produtivo onde ocorre o envase, ou seja, o enchimento das caixas com os bombons sortidos e o posterior fechamento da embalagens (fig. 34).

Primeiramente, os bombons são agrupados em máquinas contadoras e deposita-dos em recipientes chamados de Canecas. Estas canecas são interligadas por correntes, formando o que a empresa chama de Transportador de Canecas, que despeja os bom-bons no Indexador – ou Dosador -. É no Indexador que os bombons, já agrupados na quantidade correta - 400 gramas- ficam armazenados aguardando as caixas para que ocorra o enchimento da embalagem.

Fig. 34: Processo de envase da caixa amarela.Fonte: CHOCOLATES GAROTO, 2009.

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Simultaneamente ao processo descrito anteriormente, uma máquina deno-minada Formadora de Cartuchos recebe as embalagens planas – abertas – para transformá-las em caixas. Posteriormente, esta mesma máquina direciona as caixas até o Indexador por meio de transportadores flexíveis e este, por sua vez, abre por ação de cilindros pneumáticos duas comportas sobre as caixas, deixando fluir os bombons para dentro das mesmas.

Depois de preenchidas, as caixas são encaminhadas à máquina Fechadora de Car-tuchos, onde ocorre a aplicação de cola na tampa superior e o posterior fechamento da embalagem. Após este processo, as caixas de bombons passam por uma Balança de Che-cagem do peso e, se a caixa não possuir as 400 gramas previstas, os próprios funcionários corrigem o peso manualmente e a retornam à linha de produção. A correção do peso é o único processo manual que ocorre durante o envase da caixa de bombons sortidos.

Após a conferência do peso, as caixas são transportadas através de correias até a máquina Envolvedora de Cartuchos, onde recebem o filme plástico21. Em seguida, são encaminhadas para a Encaixotadeira de Cartuchos, uma máquina que prepara 2 pilhas de 30 caixas por vez, formando assim as caixas de expedição, ou, como mais comumente chamamos, as caixas de transporte22.

As caixas de transporte da caixa amarela são embalagens de papelão de 54,5 x 21,5 x 36 centímetros - medidas internas - possuindo capacidade de 12 quilos cada - corres-pondentes a 30 caixas de bombons de 400 gramas -. Trata-se de uma caixa exclusiva para

21 O filme plástico over wrapping aplicado à caixa evita possíveis violações do produto e a entrada de insetos na embalagem.

22 Ilustração explicativa do processo de produção da caixa amarela fornecida pela Garoto disponível no Anexo 4, na página 143.

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o acondicionamento das caixas de bombons sortidos, já que para cada tipo de produto a Garoto possui uma caixa específica de expedição, com diferentes dimensões.

O empilhamento das caixas dentro da embalagem de papelão forma cinco colu-nas com seis caixas amarelas em cada23. Depois de formadas, estas caixas de expedição são estocadas no armazém provisório da fábrica, onde permanecem por cerca de 30 minutos. Logo em seguida, são transportadas e estocadas no armazém vertical, onde geralmente permanecem por um dia (fig. 35 e 36) . Segundo Niero24, o tempo ade-quado de estocagem é de cinco dias para completar a cristalização25 dos bombons. Na prática, porém, este tempo é reduzido devido à alta demanda de venda do produto.

Tanto para a estocagem no armazém da fábrica quanto para a distribuição, as caixas de papelão são dispostas, manualmente, em pallets de madeira. Cada pallet possui 36 caixas de transporte, o que corresponde à 1080 caixas de bombons por pallet (fig.36).

Durante a distribuição, as caixas de papelão permanecem em caminhões, a tempe-ratura e umidade controlada entre 16ºC e 22ºC para garantir a conservação do produto.

Na distribuição das caixas de bombons para outros países, o transporte é realizado por via marítima através de containers, também em temperatura e umidade controlada entre 16ºC e 22ºC26.

23 Demonstração do empilhamento das caixas na unidade de expedição disponível no Anexo 5, na página 144.

24 Entrevista disponível na página 132.

25 Solidificação que garante uma maior durabilidade e consistência no produto e mais brilho ao choco-late acabado.

26 Informações concecidas durante entrevista disponível no Anexo 1, na página 132.

Fig. 35: Vista aérea da fábrica de chocolates. (01) Armazém Provisório (02) Armazém Vertical.Fonte: CHOCOLATES GAROTO, 2009.

Fig. 36: Caixas de expedição no armazém vertical da fábrica. Fonte: CHOCOLATES GAROTO, 2009.

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Uso

Em termos gerais, consumo é toda e qualquer atividade de utilização de serviços ou bens de produção. O uso, como o próprio nome sugere, é a fase do ciclo de vida de um produto referente ao seu consumo.

Como já dito anteriormente, a embalagem entra em fase de uso durante o processo de distribuição, já que suas funções, como conter, proteger, transportar e fornecer infor-mações sobre o produto emergem no mesmo instante em que ela entra em contato com o mesmo. Posteriormente, o uso da embalagem dá-se, finalmente, pelo consumo do produto.

Para auxiliar na compreensão e na análise desta etapa do ciclo de vida da caixa amarela, foi realizada uma pesquisa de consumo da embalagem com alguns consumido-res, em sua maioria da região sudeste, com idades aproximadamente entre 18 e 50 anos27.

Dos 230 consumidores pesquisados, 74% afirmaram possuir o hábito de con-sumir a caixa amarela, sendo que deste percentual, 49% consomem a caixa ao menos uma vez por mês. Estes números revelam como é habitual o consumo do produto, qualificando-o como uma importante fonte de lucros para a empresa e uma presença vigente no mercado.

O principal objetivo da pesquisa, entretanto, foi o de compreender as característi-cas desta fase do ciclo em relação à vida útil da embalagem, sua facilidade de uso e como os consumidores realizam o seu descarte, a última etapa do ciclo de vida da embalagem.

No setor alimentício, o uso da embalagem pelo consumidor final é uma das eta-pas mais breves do seu ciclo de vida, visto que o produto é geralmente consumido em

27 Pesquisa disponível no Anexo 3, na página 141.

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um curto espaço de tempo, fazendo assim com que sua embalagem seja descartada rápida ou imediatamente.

De acordo com os resultados gerados na pesquisa, 19% dos consumidores abor-dados descartam a caixa logo após aberta, colaborando assim para o rápido acúmulo de volume de seus lixos residenciais. Em contraposição, 81% dos consumidores usam a caixa para armazenar os bombons até que o último seja consumido. Embora este tempo não seja tão extenso, utilizar a caixa como recipiente de seu próprio produto não deixa de ser uma boa estratégia de otimização da vida útil da embalagem, já que a intensificação de seu uso evita a produção precoce de mais lixo.

Um problema, entretanto, foi detectado no consumo da embalagem no que diz respeito ao seu manuseio. Dos consumidores pesquisados, 67% assumem que já possu-íram dificuldades em abrir a caixa, sendo que destes, 45% afirmam sempre danificarem a embalagem no momento de abri-la. Isto ocorre pelo excesso de pontos de cola na tampa da caixa, que acaba dificultando a abertura e ocasionando estragos na embala-gem. Com a embalagem danificada, portanto, o consumidor pode não querer utilizá-la como recipiente de seus próprios bombons, descartando-a precocemente.

Descarte

O processo de eliminação de uma embalagem é a última etapa de seu ciclo de vida. O início deste processo, porém, é sempre relativo ao tempo de uso de cada produto ou embalagem, que varia de acordo com suas próprias características.

Como visto no capítulo anterior, existem algumas opções de reutilização de uma embalagem para evitar seu descarte precoce, como o seu reaproveitamento para o mes-

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mo ou diferente fim a qual foi originalmente concebida.A caixa amarela pode ser reaproveitada como refil de seu próprio produto, visto

que a Lojinha da Garoto28 e seus quiosques vendem os bombons isoladamente, fazendo assim com que a embalagem sirva de recipiente para os mesmos. Os consumidores da caixa, entretanto, raramente reaproveitam a embalagem para este fim. Na realidade, nem mesmo sua reutilização para outros fins é muito comum, já que a caixa não é tão rígida e resistente como uma embalagem de metal ou de plástico – ou até mesmo de papelão - para armazenar outros tipos de objetos. Na pesquisa realizada com seus consumidores, apenas 18% afirmam já terem reaproveitado a caixa para outro fim.

O destino mais comum da caixa, portanto, é seu descarte em lixos urbanos. Du-rante esta etapa, é importante procurar reduzir o volume de lixo compactando-o an-tes de depositá-lo nas lixeiras, ocupando assim menos espaço para armazenamento e transporte do lixo, o que consequentemente diminui a quantidade de gases poluentes emitidos já que menos viagens serão necessárias.

A dificuldade desta prática com a caixa amarela, entretanto, está na dificuldade de amassá-la ou desmontá-la. O excesso de cola em algumas partes dificulta sua desmonta-gem para dobrar, amassar ou rasgar a embalagem, fora que tentar compactá-la montada é ainda mais complicado. Na realidade, este tipo de dificuldade não deveria impedir a deposição adequada da embalagem no lixo, mas infelizmente deve-se reconhecer que o ser humano, como usuário, muitas vezes deixa de executar simples e corretas atitudes pela simples fadiga de uma ação pouco trabalhosa.

28 Ponto de venda dos produtos Garoto situado dentro da própria empresa.

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Reciclagem do papel

Se descartada corretamente, a caixa de bombons pode ser submetida à reciclagem que, como mencionado no capítulo anterior, é uma das opções de reaproveitamento de um material após sua eliminação.

A reciclagem do papel é um procedimento que permite a recuperação das fi-bras celulósicas do papel gasto e descartado para incorporá-las à fabricação de novos papéis29. Suas vantagens são a redução do envio de papel para aterros - liberando as-sim espaço para outros materiais que não são recicláveis - e a economia de consumo de recursos naturais (GRIPPI, 2006), fora a geração de renda para trabalhadores que atuam em cooperativas de catadores e recicladores de papel.

O processo para a obtenção da pasta celulósica de aparas depende do tipo de apara a ser processada e do tipo de produto que será fabricado com ela. Porém, de modo geral, todos os processos apresentam as seguintes operações30.

- Desagregação: Separação das camadas que compõem o papel através da mistura do papel velho com a água;

- Limpeza/Depuração: Lavagem do material a fim de eliminar possíveis contaminantes;- Destintamento: Remoção de partículas de tintas aderentes à superfície das fibras;- Adição de fibras;- Adição de produtos químicos. Embora seja um método de reaproveitamento, o processo de reciclagem, como já

29 A reciclagem do papel. http://www.rudzerhost.com

30 Reciclagem industrial de papel. http://www.setorreciclagem.com.br/

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visto, não é isento de resíduos e também despende água, energia e alguns materiais quí-micos tal como a produção de papéis virgens. Portanto, como já discutido no capítulo anterior, a opção pela reciclagem deve ser pautada pela viabilidade do processo e se ele é economicamente vantajoso em comparação à produção de papéis virgens.

O destino de uma embalagem, contudo, não pode ser previsto pelo designer du-rante o seu planejamento. Cabe a ele, então, apenas indicar ao consumidor - através de símbolos e textos - que a embalagem trata-se de um material reciclável e em qual categoria de recicláveis ela encaixa-se. A caixa amarela possui os símbolos de papel reciclável (01), de resíduo reciclável (02) - usado em toda embalagem que pode ser reciclada - e o green dot (03), - ponto verde - símbolo muito utilizado ultimamente nas embalagens brasileiras (fig. 37). O green dot provém de um programa privado alemão que envolve órgãos privados e estatais com o objetivo de tornar reciclável o lixo gera-dos pela disposição final de embalagens. Este símbolo, entretanto, deve ser usado apenas se o produto for comercializado na Europa. Se o produto for comercializado no Brasil e na Europa com a mesma embalagem, é recomendável que sejam usados os outros sím-bolos que identificam os materiais da embalagem31.

Análise do ciclo

Através da noção de ciclo de vida de uma embalagem, entende-se que para com-preender o ciclo de vida da caixa amarela foi necessário identificar os processos de cada uma das etapas de sua produção, distribuição e consumo, desde a extração das matérias-

31 Embalagem sustentável. http://embalagemsustentavel.com.br

Fig. 37: Símbolos de reciclagem. Fonte: da autora.

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primas até o destino final da embalagem.Analisando tais etapas, portanto, é possível apontar alguns aspectos de seu ciclo

passíveis de melhorias, tanto em caráter funcional como ambiental. É importante ressaltar, entretanto, que nenhum planejamento ou projeto é capaz de

anular todos os impactos ambientais referentes ao ciclo de vida da caixa ou de qualquer outra embalagem e produto. Isto porque toda e qualquer atividade humana representa uma alteração no meio ambiente, visto que cada ação indica uma absorção de recursos e a liberação de emissões de diferentes tipos na natureza.

Dessa forma, fomentar o desenvolvimento de um processo produtivo inde-pendente dos ciclos naturais e das influências do meio ambiente é impraticável e até mesmo inconcebível em teoria, visto que qualquer ação determina troca de energia e produção de entropia32. Um projeto de ciclo de vida de uma embalagem deve, por-tanto, procurar sempre reduzir ao mínimo os impactos ambientais gerados durante o seu ciclo.

Os impactos ambientais podem ser medidos por seus efeitos de extensão geográ-fica, sendo divididos em três diferentes níveis: o local, regional e global. Um impacto em nível local ocorre quando a ação afeta apenas o próprio lugar de produção e suas imediações. Quando os efeitos propagam-se em uma determinada área e seus arredo-res o impacto passa a ser considerado de nível regional. Já o nível global refere-se aos impactos em escalas mais abrangentes, como as mudanças climáticas da Terra (MAN-ZINI; VEZZOLI, 2008).

32 Grandeza termodinâmica geralmente associada ao grau de desordem, que mede a parte da energia que não pode ser transformada em trabalho.

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Todavia, um impacto que a primeira vista é ocorrido em escala local ou regional pode também gerar consequências em nível global. Por exemplo, a devastação de flores-tas tropicais por queimadas pode provocar desequilíbrios no ecossistema natural, como a extinção de espécies animais e vegetais, o empobrecimento do solo e o assoreamento dos rios. Entretanto, a emissão de gás carbônico como resultado da combustão das árvores pode colaborar com o aumento da concentração desse gás na atmosfera, agravando as-sim o efeito estufa, um impacto de nível global. Dessa forma, os impactos ambientais em nível local, ao se somarem, acabam também produzindo efeitos em escala global.

Como já visto, a extração de madeira para a fabricação de papel não é comparável à devastação radical de árvores, já que em florestas cultivadas para a produção deste material as árvores são constantemente replantadas - duas ou três árvores são repostas para cada árvore cortada-. Outras atividades realizadas durante o processo de produção do papel, por sua vez, podem representar alguns impactos ambientais, como o acúmulo de subprodutos tóxicos derivados de produtos químicos utilizados durante o branque-amento (BANN, 2010). Entretanto, como descrito no tópico de pré-produção, a Suzano produz seus papéis por meio de processos de branqueamento isentos de cloro. Além disto, a empresa possui algumas estratégias de reaproveitamento de seus resíduos, como a com-postagem do lodo produzido na Estação de Tratamento de Efluentes para sua utilização como adubo nas áreas de plantio e o uso dos resíduos de madeira oriundos do processo de cozimento como biomassa para a geração de energia33.

Com base nas atividades de manejo responsável dos insumos de produção da Su-zano, portanto, pode-se concluir que a etapa de pré-produção da caixa amarela referente

33 Suzano. http://www.suzano.com.br

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à fabricação de papel é bem gerenciada, não representando grandes impactos ambientais durante esta etapa do ciclo.

Na produção da tinta, contudo, existem algumas alternativas que podem otimizar a utilização deste componente na caixa amarela no que tange seus aspectos ambientais. Estas alternativas referem-se à redução de poluentes por meio da adoção de matérias-pri-mas provenientes de fontes renováveis, como o uso de óleos vegetais no lugar dos óleos minerais que compõem a tinta. Uma boa opção é a utilização de tintas feitas a partir do óleo de soja, um grão amplamente disponível na natureza e, por esta razão, com um custo relativamente baixo no mercado. Fora isto, o preço das tintas à base de soja são compatí-veis com o das tintas à base de petróleo, já que a maior parte de seu custo não provém do veículo, mas sim dos pigmentos contidos em sua composição34.

Além dos benefícios econômicos, o óleo de soja como componente das tintas gráficas também representa importantes ganhos ambientais, não apenas por prover de fontes renováveis, mas por algumas outras razões listadas a seguir35.

- Praticamente, metade de toda a soja produzida nas Américas - cujos principais produtores são Brasil, Estados Unidos e Argentina - não necessita de irrigação;

- As tintas offset à base de óleo de soja tem naturalmente baixíssima emissão de VOC - compostos orgânicos voláteis, compostos químicos que se evaporam e reagem à luz solar - e, dessa forma, seu uso reduz consideravelmente as emissões que provocam a poluição atmosférica e o efeito estufa;

- Como possuem alta concentração de pigmento e uma boa transferência em má-

34 Soy ink e o meio ambiente. http://sellerink.com.br/blog

35 Tinta de soja. http://www.tarfc.com.br

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quina, as tintas à base de óleo de soja são consideradas rentáveis, já que fazem com que o impressor possa trabalhar com baixa carga de tinta para atingir as densidades desejadas;

- Seus resíduos não são considerados perigosos e podem ser tratados mais facil-mente, completamente e de forma rentável - resíduos de tinta à de base petróleo são considerados resíduos líquidos industriais e que requerem descarte apropriado -. Natu-ralmente, a tinta à base de soja também requer a destinação correta enquanto resíduo, mas é, sem dúvida, um resíduo muito menos poluente;

- Impressos com tinta à base de soja são mais facilmente reciclados, pois de acordo com pesquisadores da Universidade de Michigan - universidade dos Estados Unidos - a tinta de soja - em comparação com as tintas à base de óleos minerais - é mais fácil de ser removida dos papéis, resultando em menos danos à fibra do papel durante a reciclagem.

Além de todos estes benefícios, as tintas à base de soja não comprometem a qualida-de da impressão, muito pelo contrário. A alta concentração de pigmentos resulta em cores mais vivas e brilhantes, garantindo assim uma melhor qualidade de impressão36

A substituição das tintas compostas por óleos minerais pelas tintas à base de óleo de soja, sem dúvida, já representa uma grande vantagem econômica e ambiental para o ciclo de vida da embalagem. Entretanto, como visto no tópico de pré-produção, as caixas amarelas também possuem impressão de tinta metálica - dourada - e, ao considerar que os pós metálicos presentes na composição desta tinta oferecem certo grau de toxidade ao insumo, observa-se a possibilidade de dispensar a utilização deste tipo de tinta na impressão da embalagem. Uma possível alternativa, portanto, seria a gráfica, em concor-dância com a Garoto, optar por uma combinação de cores do padrão CMYK que simule

36 Soy ink e o meio ambiente. http://sellerink.com.br/blog

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a tonalidade dourada desejada, uma opção em que se deve abrir mão do efeito metálico já que este só é adquirido através da utilização de tinta especial. Naturalmente, trata-se apenas de uma sugestão que visa, considerando todo o ciclo de vida da embalagem, a maior redução possível dos impactos ambientais referentes à etapa de pré-produção e produção da caixa amarela, visto que a opção da empresa pelo efeito metálico utilizado na caixa, certamente, tem um propósito.

Já na fase de produção, algumas etapas caracterizam a aplicação consciente de produtos e tecnologias para a impressão das caixas, como a utilização de verniz à base de água durante o processo de acabamento das embalagens e o sistema CTP de produ-ção das chapas.

A redução da utilização de produtos químicos na produção das chapas CTP - em comparação à produção de fotolitos - é um grande benefício ambiental, sem contar a preservação da saúde dos colaboradores da gráfica ao evitarem o contato com esses tipos de produtos. O maior benefício, entretanto, é a economia na área de impressão, já que com a utilização do processo CTP há uma redução significativa no tempo de ajuste das impressoras, além da redução do desperdício de papel durante os ajustes.

O que poderia ser repensado, como já visto anteriormente, é a aplicação de relevo seco na caixa, já que como um processo rebuscado de acabamento acaba encarecendo o preço unitário do impresso. Fora isto, dispensar a aplicação de relevo seco também representaria evitar a produção de matrizes metálicas durante a etapa de produção da caixa.

Na fase de distribuição das caixas, uma opção que auxilia a minimização dos impactos ambientais referentes a etapa de transporte é o encurtamento de distân-cias, ou seja, a escolha de fornecedores mais próximos à Garoto a fim de reduzir as

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emissões poluentes causadas pelos veículos rodoviários. Uma alternativa seria bus-car gráficas capixabas ou de municípios mais próximos da fábrica de chocolates, economizando o uso de combustível e reduzindo emissões. Contudo, a preferência pelas gráficas já contratadas em São Paulo deve-se, provavelmente, pelo fato de se-rem gráficas voltadas exclusivamente ao mercado de embalagens. Existem, sem dú-vida, excelentes gráficas capixabas com alta capacidade produtiva e ótima qualidade de impressão. Entretanto, estas gráficas são geralmente voltadas para um mercado muito amplo, abrangendo não só embalagens como diversos outros tipos de impres-sos. Dessa forma, antes de optar por uma gráfica capixaba ou de localidades mais próximas, é importante pesquisar e certificar-se que atendem a demanda produtiva da caixa amarela e de outras embalagens da Garoto para que a substituição seja van-tajosa em todos os aspectos.

Também na fase de distribuição, existe ainda a possibilidade de otimizar o apro-veitamento da caixa de transporte ao repensar o formato da caixa amarela. Ou seja, a partir de um redesign da embalagem, é possível melhorar a logística de distribuição do produto ao buscar o máximo proveito do espaço contido na caixa de transporte. Ao re-duzir as dimensões da caixa de bombons, portanto, uma maior quantidade de embala-gens caberá em uma caixa de transporte e, consequentemente, uma maior quantidade de produtos poderá ser transportada a cada viagem, economizando assim a utilização de caixas de papelão e o consumo de combustível.

Quanto às etapas de consumo e descarte da caixa amarela, alguns pontos pas-síveis de melhorias foram identificados através dos resultados obtidos durante a pes-quisa de consumo da embalagem. Tais pontos referem-se à abertura da caixa e ao seu posterior descarte, ambos dificultados pelo excesso de cola na embalagem.

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Como visto na etapa de consumo da embalagem, os pontos de cola na tampa da caixa acabam dificultando sua abertura, fazendo com que o consumidor muitas vezes danifique-a e, por esta razão, prefira descartar a embalagem precocemente em vez de utilizá-la como recipiente dos bombons.

Já durante a etapa de descarte da caixa, os pontos de cola não só dificultam a des-montagem e a compactação da embalagem como também reduz a possibilidade de re-ciclagem das tiras de papel que receberam a cola, visto que o processo de separação da cola e do papel pode ser muito complexo e custoso, o que acaba inviabilizando a recicla-gem desta porção do papel.

Em vista destes problemas, uma alternativa aparentemente eficaz seria dispensar o uso da cola na embalagem ao projetar uma caixa formada apenas por dobras e encaixes. Entretanto, dispensar a cola da caixa amarela não é uma tarefa tão simples assim. Por ser um produto de exportação mundial, a aplicação da cola tem a função de garantir a inte-gridade da embalagem até chegar às mãos dos consumidores. Ou seja, para um produto de circulação internacional, o controle de violação deve ser bem mais rigoroso e, por esta razão, a utilização do plástico que envolve a caixa não se configura suficiente para a conservação da embalagem.

Como não é adequado - no âmbito mercadológico - dispensar a aplicação da cola na embalagem, a alternativa mais sensata, como a própria Garoto já mencionou visar para o futuro, é a utilização de cola biodegradável na produção da caixa de bombons.

As colas biodegradáveis são feitas a partir de monômeros biológicos - açúcares, por exemplo - e, por possuírem estas substâncias, elas adquirem propriedade decompositiva. Além disto, as colas biodegradáveis são também mais baratas que as colas químicas, re-

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presentando assim não só vantagem ambiental como também econômica37. Com base em todas as considerações a respeito do ciclo de vida da caixa amarela

foi possível, portanto, apontar alguns pontos passíveis de melhorias em cada etapa e as respectivas sugestões para a otimização desse ciclo. No capítulo a seguir, apresenta-se o desenvolvimento do projeto relacionado ao redesign da caixa amarela, uma das orientações apontadas neste presente capítulo para o aprimoramento do ciclo de vida da embalagem. A princípio, como visto anteriormente, tal medida auxiliará na melho-ria do processo de logística de distribuição do produto. Posteriormente, entretanto, será possível perceber como o projeto de uma nova embalagem pode otimizar não apenas uma, mas várias etapas do ciclo vital da caixa amarela.

37 Vida sustentável. http://www.vidasustentavel.net/

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Diretrizes

Como visto no capítulo anterior, alguns pontos passíveis de melhorias em certas etapas do ciclo de vida da caixa de bombons sortidos Garoto apontam o redesign da em-balagem como uma das alternativas que visam a redução dos impactos ambientais re-lacionados ao ciclo. Baseando-se na embalagem original, foram desenvolvidas algumas hipóteses de novos formatos de caixa, considerando o volume de bombons que deve ser contido na embalagem e a implicância destas embalagens na logística do produto.

Para o desenvolvimento do projeto, o papel cartão foi mantido como material da embalagem por suas propriedades condizerem com as características do produto identi-ficadas durante a pesquisa, ou seja, uma caixa leve, fácil de manusear e transportar e com boa capacidade reciclável. A gramatura de 300g/m² 1 do papel utilizado na embalagem original também foi mantida. Mesmo que existam gramaturas inferiores - o que deixaria a caixa mais leve - o peso que os bombons exercem na base da caixa e o peso que as caixas exercem uma sobre as outras dentro de uma caixa de expedição exigem um papel mais resistente para a produção da embalagem.

Para cada alternativa proposta foram considerados, basicamente, o aproveita-mento de papel durante a impressão, a facilidade de manuseio – tanto o ato de manuse-ar a embalagem como o de mover os bombons dentro da caixa sem que seja necessário retirá-los dela - a facilidade de disposição nas gôndolas e a quantidade de pontos de cola presentes nas embalagens.

1 Abreviação de gramas por metro quadrado, método de indicar a gramatura do papel com base no peso, independente do tamanho da folha.

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A seguir, são apresentadas as alternativas desenvolvidas e as implicações que cada uma representa nos processos de produção e consumo do produto, implicações estas constatadas após a experimentação de cada alternativa.

Alternativas

Utilizando-a como modelo comparativo, foram levantadas as características da caixa original de bombons sortidos da Garoto.

Caixa Retangular original: 21 x 10,7 x 5,5 cm (comprimento x largura x altura)

- 7 pontos de cola (1 em cada uma das 4 abas laterais e 3 na aba da tampa);- Aproveitamento de papel: 6 caixas por folha de impressão2;- Quantidade de caixas por unidade de expedição: 30 caixas.- Área total (embalagem plana): 905,4 cm²- Volume: 1235,85 cm³

Vantagens:- Cabe todos os bombons com folga de aproximadamente 2 cm;- Espaço favorável para o consumidor visualizar todos os bombons contidos na caixa.

2 De acordo com a gráfica Romiti, o papel utilizado para a impressão das caixas possui formato de 94 x 74 cm.

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Desvantagens:- Difícil de abrir pelo excesso de pontos de cola na aba da tampa;- Difícil de compactar devido o excesso de cola das laterais.

1. Caixa Cúbica: 10,8 x 10,8 x 10,8 cm (fig.38)

- 6 pontos de cola (1 em cada uma das quatro abas laterais e 2 na aba da tampa);- Aproveitamento de papel: 4 caixas por folha de impressão;- Quantidade de caixas por unidade de expedição: 30 caixas;- Área total (embalagem plana): 901,48 cm²- Volume: 1259,712 cm³

Vantagens:- Cabe todos os bombons com folga de aproximadamente 2 cm;- Espaço razoável para o consumidor visualizar todos os bombons contidos na caixa;- Melhor sustentação devido às faces de dimensões equivalentes;- Fácil montagem nas gôndolas.

Desvantagens:- Baixo aproveitamento de papel;- Espaço limitado para a inserção de informações básicas do produto;- Difícil de compactar pelo excesso de cola nas laterais;- Nenhum ganho de número de caixas na embalagem de transporte (em relação à caixa original);

Fig. 38: Caixa cúbica. Alternativa nº 1. Desenho técnico e mais imagens da embalagem no Anexo 6, na página 146.Fonte: da autora.

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- Sobra de aproximadamente 4 cm dentro da caixa de expedição (em relação à altura), o que é inviável visto que as caixas não podem ficar soltas dentro da embalagem durante as viagens e entregas.

2. Caixa Retangular: 21x 10,7 x 5 cm (fig 39)

- 2 pontos de cola na aba da tampa;- Aproveitamento de papel: 4 caixas por folha de impressão;- Quantidade de caixas por unidade de expedição (caixa de papelão): 35 caixas;- Área total (embalagem plana): 1093,54 cm²- Volume: 1123,5 cm³

Vantagens:- Espaço favorável para o consumidor visualizar todos os bombons contidos na caixa;- Fácil de desmontar devido o reduzido número de pontos de cola;- Ganho de 5 caixas em cada embalagem de transporte (em comparação à caixa original).

Desvantagens:- Cabe todos os bombons, mas com folga reduzida;- Baixo aproveitamento de papel;- Devido à falta de cola das laterais, a caixa pode desmontar facilmente durante à esto-cagem e às viagens ou quando manipulada.

Fig. 39: Caixa retangular - Alternativa nº 2. Desenho técnico e mais imagens da embalagem no Anexo 6, na página 148.Fonte: da autora.

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3. Caixa Retangular: 21x 10,7 x 5 cm (fig. 40)

- 6 pontos de cola (1 em cada uma das quatro abas laterais e 2 na aba da tampa);- Aproveitamento de papel: 6 caixas por folha de impressão;- Quantidade de caixas por unidade de expedição (caixa de papelão): 35 caixas;- Área total (embalagem plana): 861,5 cm²- Volume: 1123,5 cm³

Vantagens:- Espaço favorável para o consumidor visualizar todos os bombons contidos na caixa;- Ganho de 5 caixas em cada embalagem de transporte (em comparação à caixa original).

Desvantagens:- Cabe todos os bombons, mas com folga reduzida;- Difícil de compactar pelo excesso de cola.

4. Caixa Retangular: 18 x 7 x 8,5cm (fig. 41)

- 6 pontos de cola (1 em cada uma das 4 abas laterais e 2 na aba da tampa);- Aproveitamento de papel: 5 caixas por folha de impressão; - Quantidade de caixas por unidade de expedição (caixa de papelão): 36 caixas- Área total (embalagem plana): 802,9 cm² - Volume: 1071 cm³

Fig. 41: Caixa retangular - Alternativa nº 4. Desenho técnico e mais imagens da embalagem no Anexo 6, na página 152.Fonte: da autora.

Fig. 40: Caixa retangular - Alternativa nº 3. Desenho técnico e mais imagens da embalagem no Anexo 6, na página 150.Fonte: da autora.

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Vantagens:- Cabe todos os bombons com folga de aproximadamente 1,5 cm;- Formato de fácil manuseio;- Ganho de 6 caixas em cada embalagem de transporte (em comparação à caixa original).

Desvantagens:- Baixo aproveitamento de papel;- Espaço limitado para o consumidor visualizar todos os bombons contidos na caixa;- Espaço limitado para a inserção de informações básicas do produto;- Difícil de compactar pelo excesso de cola.

5. Caixa Retangular: 18x 10,7 x 5,7cm (fig. 42)

- 6 pontos de cola (1 em cada uma das 4 abas laterais e 2 na aba da tampa);- Aproveitamento de papel: 6 caixas por folha de impressão;- Quantidade de caixas por unidade de expedição (caixa de papelão): 36 caixas;- Área total (embalagem plana): 845,68 cm²- Volume: 1097,82 cm³

Vantagens:- Bom aproveitamento de papel;- Cabe todos os bombons com folga de aproximadamente 1,0 cm;- Espaço favorável para o consumidor visualizar todos os bombons contidos na caixa;- Ganho de 6 caixas em cada embalagem de transporte (em comparação à caixa original).

Fig. 42: Caixa retangular - Alternativa nº 5. Desenho técnico e mais imagens da embalagem no Anexo 6, na página 154.Fonte: da autora.

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Desvantagens: - Difícil de compactar pelo excesso de cola.

6. Caixa Retangular: 18x 10,7 x 5,7cm - fundo com encaixes - (fig. 43)

- 5 pontos de cola (1 na única aba lateral, 2 na base e 2 na aba da tampa);- Aproveitamento de papel: 5 caixas por folha de impressão;- Quantidade de caixas por unidade de expedição (caixa de papelão): 36 caixas;- Área total (embalagem plana): 901,39 cm²- Volume: 1097,82 cm³

Vantagens:- Cabe todos os bombons com folga de aproximadamente 1,0 cm;- Espaço favorável para o consumidor visualizar todos os bombons contidos na caixa;- Ganho de 6 caixas em cada embalagem de transporte (em comparação à caixa original).

Desvantagens: - Baixo aproveitamento de papel;- A base sustentada por encaixes, mesmo com aplicação de cola, pode deixar a caixa sus-cetível à desmontagem ou deformações devido o peso dos bombons e das demais caixas sobrepostas durante o transporte;- Difícil de compactar pelo excesso de cola.

Fig. 43: Caixa retangular - Alternativa nº 6. Fundo com encaixes. Desenho técnico e mais imagens da embalagem no Anexo 6, na página 156.Fonte: da autora.

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Alternativa escolhida

Comparando todas as alternativas levantadas anteriormente, a opção nº5 ca-racteriza-se como a proposta mais viável para a nova caixa de bombons sortidos da Garoto por trazer significantes vantagens e poucos resultados desvantajosos, além de manter algumas características importantes da embalagem original. Uma destas carac-terísticas é a quantidade de embalagens dispostas em uma folha de impressão, ou seja, seu aproveitamento de papel. Como nenhuma hipótese representou um ganho nesse quesito - mais de 6 embalagens por folha - era fundamental que ao menos fosse man-tida a quantidade original.

Algumas características, embora já existentes anteriormente, representam uma considerável vantagem no que tange o consumo e descarte da caixa. Como vimos no capítulo 3, a caixa amarela possui baixa vida útil, visto que mesmo utilizada como recipiente dos próprios bombons até que o último seja consumido este tempo é redu-zido. Entretanto, se existe a opção de utilizar uma embalagem de alimentos até o fim do consumo dos mesmos, é sempre importante incentivar esta atitude. Uma caixa com um espaço favorável para que o consumidor manipule e verifique as opões de bombons sem que seja necessário retirá-los da caixa, torna-se, portanto, uma forma de incitá-lo a utilizar a embalagem como recipiente de seu produto. O que confere esta característica à caixa proposta é a área reservada para os bombons que, embora reduzida - em relação a original - continua favorecendo esta condição.

A redução da embalagem, por sua vez, trouxe as vantagens mais significativas no ciclo de vida da caixa ao interferir positivamente em sua produção, distribuição e descarte. Em primeiro lugar, ao produzir uma caixa com dimensões menores reduz-se,

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consequentemente, a quantidade de plástico utilizada como envoltório da embalagem, o que já é um grande ganho ambiental. Além disto, a redução da embalagem representa uma importante economia no processo de distribuição do produto, já que o formato di-ferenciado permite que sejam inseridas mais caixas na embalagem de expedição. Como visto no capítulo 3, cada pallet utilizado durante o transporte recebe 36 caixas de expedi-ção contendo 30 caixas de bombons, o que dá um total de 1080 caixas por pallet. Inserindo mais 6 caixas de bombons em cada caixa de expedição tem-se 1296 caixas por pallet, o que representa um ganho de 216 caixas de bombons. Trata-se de um número significativo ao considerar o número de pallets que são colocados em cada caminhão ou container. Em-bora este número não tenha sido informado pela Garoto, é possível fazermos um cálculo hipotético: se supormos que em um caminhão de médio porte sejam colocados 10 pallets, serão transportadas ao todo 12.960 caixas em uma viagem, o que representa um ganho de 2.160 caixas por viagem. Se esse cálculo estender-se à quantidade de caixas estocadas, de caminhões carregados e viagens realizadas por dia tem-se um número cada vez mais representativo da economia obtida pela redução da embalagem3.

Outro ponto positivo da nova proposta é o fato de não interferir no processo de envase do produto. Isto porque a máquina Formadora de Cartuchos, que forma as caixas de bombons, é controlada por um painel eletrônico que recebe a informação do formato da caixa, podendo ser ajustado caso ocorra alguma alteração no formato da caixa4. Desta

3 Demonstração do empilhamento das caixas na unidade de expedição disponível no Anexo 5, na página 145.

4 Esta informação foi concedida durante visita à fábrica da Chocolates Garoto - onde não é permitido gravações ou filmagens -. Portanto, não há meio de comprová-la para fins de validação dos dados apre-sentados neste trabalho.

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forma, a redução da embalagem não representa a necessidade de atualização do maqui-nário da fábrica, tornando-se assim uma alternativa viável.

Fora os benefícios adquiridos nas fases de produção e distribuição da caixa de bombons, a redução da embalagem também otimiza a etapa referente ao seu descarte. Isto porque, ao reduzir as dimensões de uma embalagem, também reduz-se o espaço que ela ocupa nas lixeiras. Porém, ao considerar que quanto menos espaço ocupa-se no lixo mais proveitoso é o seu transporte, o ideal é que a caixa seja compactada ao máximo antes de ser descartada. Para isto, seria necessário dispensar o uso de cola na embalagem baseando sua montagem apenas em dobras e encaixes. Analisando as alter-nativas levantadas anteriormente, entretanto, percebe-se que a única opção - nº 2 - que utiliza o mínimo de cola possui, em contraposição, desvantagens que inviabilizam sua produção, como o baixo aproveitamento de papel e sua suscetibilidade à violações e desmontagens. Estas desvantagens, por sua vez, são justamente adquiridas pela falta de aplicação de cola na embalagem já que, como visto no capítulo 3, a cola cumpre melhor o papel de garantir a integridade de um produto até chegar às mãos dos consumidores, principalmente de um produto de exportação mundial, que inspira mais cuidados e um controle de violação mais rigoroso.

Configurando-se como um mal necessário, portanto, a aplicação de cola per-manece no novo projeto da caixa de bombons sortidos da Garoto, porém com apenas 2 pontos de cola na aba tampa - ao invés de 3, como na embalagem original -. Esta medida não só busca a redução da aplicação da cola como também uma melhor ex-periência dos usuários com o produto, que em sua maioria possui dificuldades em abrir a caixa sem danificá-la.

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Desenvolvimento da nova embalagem

Novo layout

Como parte do projeto da nova caixa de bombons sortidos Garoto, uma reformu-lação no layout da embalagem também foi elaborada. É importante frisar, entretanto, que o novo layout não é o foco deste trabalho, mas sim uma consequência.

Como visto ainda há pouco, o novo formato da caixa é resultado de uma redução no comprimento da caixa original e um pequeno acréscimo em sua altura, ajustes estes que otimizam algumas etapas do ciclo de vida da embalagem. Este novo formato, portan-to, é o que dita as principais mudanças alcançadas com o projeto do novo ciclo de vida da caixa. O novo layout, por sua vez, foi necessário apenas para apresentar ao público e à própria Garoto o resultado final da embalagem, visto que a sua aparência gráfica não interfere diretamente no ciclo de vida da embalagem.

Por não constar uma análise completa de marketing do produto nesta pesquisa e pelo projeto não se concentrar neste propósito, o desenvolvimento do layout da nova caixa amarela seguiu, portanto, um percurso único e simples, adaptando várias caracte-rísticas da embalagem original sem a elaboração de mais de uma alternativa.

Criação do layout

Analisando as embalagens dos principais produtos concorrentes da caixa amarela - caixas de bombons sortidos da Nestlé, Lacta, Arcor, etc. -, nota-se que a composição gráfica de todas elas é muito semelhante. Além do formato retangular e das medidas

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praticamente equivalentes, todas as caixas possuem o logotipo em destaque no topo da embalagem e as imagens dos principais bombons contidos na caixa em uma disposição aleatória. As laterais e a base das embalagens são reservadas para a inserção de informa-ções do produto e da empresa (fig. 44).

As cores que compõem o layout das caixas são, normalmente, baseadas na iden-tidade da marca fabricante dos bombons. Atribuindo o logotipo à escolha do padrão cromático da embalagem, portanto, o novo layout da caixa de bombons sortidos Garoto mantém as cores amarela e vermelha em sua composição. Dessa forma, as cores perma-necem na embalagem como elemento de diferenciação e associação da marca e do pro-duto no mercado nacional e internacional.

A face superior da caixa de bombons sortidos é a parte de maior destaque da em-balagem. Como possui uma área maior e é para onde o consumidor direciona primeira-mente sua atenção, é nesta face que se deve colocar os elementos mais atrativos da emba-lagem. No topo da caixa, portanto, foram agrupadas as imagens dos principais bombons dispostas logo abaixo do logotipo da Garoto, que foi centralizado na parte superior. Além destes elementos, nesta face da caixa ainda há a dosagem do produto e um box5 contendo uma frase promocional- Mais serenata para você - frase retirada da embalagem original. Como as caixas atuais ainda são comercializadas com uma quantidade maior de bom-bons “Serenata de Amor”, julgou-se oportuno manter esta informação até que a empresa altere a distribuição de bombons da caixa ou até esta informação tornar-se irrelevante. Nesta frase, o “Mais” foi substituído pelo símbolo “+”, assim como na embalagem origi-

5 Em uma composição gráfica, trata-se de uma caixa, em qualquer formato e dimensão, contendo algum tipo de conteúdo referente à peça gráfica em que está contido.

Fig. 44: Caixas de bombons sortidos da Nestlé e da Lacta, respectivamente: principais concorrentes da caixa amarela.Fonte: www.americanas.com.br

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nal. A utilização de um símbolo gráfico equilibra a composição da embalagem, deixan-do-a mais atrativa (fig. 45).

As faces frontal e lateral esquerda da nova caixa mantêm o layout da emba-lagem original, ambas contendo o logotipo da Garoto e a imagem de um bombom serenata de amor na face frontal (fig. 46). É importante manter o logotipo da em-presa nas três faces principais - superior, frontal e lateral esquerda - para que os supermercados e demais lojas tenham mais opções de montagem do produto nas gôndolas. Apesar da cor ser um forte elemento de associação, o logotipo ainda é a principal identidade de uma marca.

A face lateral direita foi reservada para informações promocionais do produto. Nova-mente, foi utilizada uma frase da caixa original para enfatizar a dosagem extra do bombom serenata de amor (fig. 47). Tal frase encaixa-se em um box - também vermelho para equili-brar a composição com a da face superior - levemente inclinado. Esta pequena inclinação, assim como a do box da face superior, foi usada para conferir mais dinamismo ao layout.

Já a face inferior da embalagem foi reservada para a inserção dos ingredientes e a informação nutricional de cada bombom (fig. 48). Ao compará-la com a face inferior da embalagem original, percebe-se que esta possui as imagens dos bombons ao lado de suas respectivas informações. Como a nova embalagem sofreu uma pequena redução em seu formato, foi necessário dispensar estas imagens para economizar espaço e inserir um texto em corpo6 legível. Fora isto, a dispensa destas imagens também representa uma economia do uso de tinta durante a impressão.

6 Em termos gráficos, trata-se da altura da face de um tipo. Em termos populares, entende-se como o tamanho de uma fonte.

Fig. 46: Faces frontal e lateral esquerda da nova caixa amarela, respectivamente.Fonte: da autora.

Fig. 45: Face superior da nova caixa amarela.Fonte: da autora.

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Na face traseira da nova embalagem encontram-se as informações da empresa e do seu serviço de atendimento ao consumidor, o código de barras, a área reservada para as datas de fabricação e validade do produto e informações sobre a descartabilida-de da caixa e do filme plástico que a envolve (fig. 49). São ao todo quatro símbolos di-ferentes: o green dot, que como já visto é um símbolo europeu de descarte apropriado e reciclagem de materiais; o símbolo de reciclagem do plástico, para o filme que envolve a embalagem7; o símbolo de reciclagem do papel, para a caixa de papel cartão e o sím-bolo de resíduo reciclável. Ao lado destes símbolos ainda existe um box com uma frase persuasiva, chamada de “Dica Sustentável”. Como mencionado anteriormente, o layout de uma embalagem não interfere diretamente no ciclo de vida da mesma. Entretanto, se utilizá-lo como meio de conscientização através de sugestões para seu descarte, por exemplo, o layout passa a interferir indiretamente no ciclo de vida da embalagem, o que já é um diferencial. Para o desenvolvimento do layout da nova proposta, foi ela-borada uma única frase - sobre a compactação da embalagem - para ser utilizada em todas as embalagens. Contudo, se for do interesse da empresa adotar o novo formato da caixa com e seu respectivo layout, seria uma opção criar diferentes frases com su-gestões sobre a etapa de consumo e descarte da embalagem.

A seguir, apresenta-se a embalagem plana com as marcações de dobras e, em se-guida, as imagens em terceira 3D8 - terceira dimensão - das vistas da embalagem (fig. 50, 51, 52, 53 e 54).

7 Foi utilizado o símbolo de descarte do plástico PEBD - polietileno de baixa densidade - apenas como exemplo, já que a Garoto não informou o tipo de plástico utilizado como envoltório da embalagem.

8 Todos os protótipos digitais em 3D apresentados neste trabalho foram modelados pelo ilustrador 3D Luan Pestana.

Fig. 47: Face lateral direita da nova caixa amarela.Fonte: da autora.

Fig. 48: Face inferior da nova caixa amarela.Fonte: da autora.

Fig. 49: Face traseira da nova caixa amarela.Fonte: da autora.

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Inclinações para facilitar a dobra e o encaixe e economizar papel.

Os textos contidos na embalagem foram compostos com a fonte

Dax Compact Regular.

Fig. 50: Embalagem plana da nova caixa amarela com marcações das dobras (as marcações tem como pro-pósito demonstrar os locais de dobra, visto que elas não podem aparecer no layout na versão impressa).Fonte: da autora.

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Fig. 51 Fig. 52

Fig. 53 Fig. 54

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Protótipo Final

Além do protótipo virtual da embalagem, foi construído também o seu protótipo físico para fins de apresentação e comprovação de resultados (fig. 55).

A embalagem foi impressa na Alpha Graphics, um birô9 de impressão localiza-do na Avenida Desembargador Santos Neves, no bairro Praia do Canto, no municí-pio de Vitória - ES. Por tratar-se de um birô, o estabelecimento não possui variedades de formatos e gramatura de papéis cartão como gráficas de grande porte10. Dessa forma, não foi possível imprimir a embalagem diretamente no papel com o formato e a gramatura proposta - 300g/m² - já que o formato máximo de papel cartão forne-cido pelo birô era de 31 x 45 centímetros com gramatura de 250 g/m² 11. Para montar o protótipo da embalagem, portanto, foi necessário utilizar um segundo material: o vinil12 branco auto-adesivo. Como o vinil é fornecido em bobinas, sua impressão é realizada em equipamentos voltados para impressões de grande porte, o que per-mitiu a impressão do protótipo da caixa amarela, cujo formato excede os padrões utilizados nos birôs.

A embalagem, então, foi impressa em vinil e posteriormente colada sobre a super-

9 Estabelecimento comercial de impressão digital para pequenas e médias tiragens.

10 A impressão de um único exemplar em uma gráfica de grande porte seria muito custosa, visto que a impressão offset exige a fabricação de uma matriz metálica.

11 De acordo com o projeto da nova caixa, a embalagem plana possui formato de 34,6 x 32, 4 centímetros e gramatura de 300g/m².

12 Policloreto de vinila: material plástico com diversas utilizações, obtido pela polimerização do cloreto de vinila.

Fig. 55: Protótipo final da nova caixa amarela.Fonte: da autora.

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fície de uma papel cartão de 220g/m², destes de uso comum encontrados em papelarias. Posteriormente, a embalagem foi cortada e as dobras foram realizadas após a execução de vincos na embalagem. A montagem foi realizada utilizando-se fita adesiva, simulando assim a aplicação de pontos de cola.

Os textos contidos no protótipo não ficaram perfeitamente legíveis pelo fato de ser impresso em adesivo - ao invés de papel - e não possuir a qualidade de uma impressão offset. Esta condição, portanto, não tem nenhuma relação com o corpo da fonte utilizada, que já foi previamente testada antes da impressão do protótipo da caixa através da im-pressão de um recorte da embalagem em papel semelhante ao utilizado na impressão da embalagem original - papel cartão - porém em menor gramatura - 220g/m² -. Fig. 56. Recorte em tamanho real da embalagem para

verificação da legibilidade das informações.Fonte: da autora.

Fig. 57. Imagem do teste de verificação da legibilidade dos textos contidos na embalagem para comprova-ção da realização do mesmo antes da montagem do protótipo.Fonte: da autora.

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Este trabalho realizou um estudo abrangente sobre a relação entre o desenvolvi-mento sustentável e o design de embalagens, relação esta estabelecida pelo projeto de ciclo de vida da embalagem que, como visto, prevê todas as etapas referentes a este ciclo visando sempre reduzir ao mínimo seus impactos ambientais.

O primeiro passo foi o levantamento de dados sobre o setor de embalagens a fim de compreender sua importância para a economia mundial e para o próprio bem estar dos consumidores. Foi importante introduzir o trabalho tratando deste assunto, visto que grande parte da população aponta os resíduos de embalagens como os únicos responsá-veis pelo acúmulo excessivo de lixos dispersos no meio ambiente. Somente compreen-dendo a importância econômica e social da embalagem é que se é capaz de reconhecer o seu valor para o desenvolvimento da sociedade e perceber o quão necessário e urgente é a adoção de atitudes conscientes em sua produção e consumo para que estes não interfi-ram na qualidade da vida social e ambiental.

Além de seu valor social, a pesquisa também apontou a importância da embalagem como elemento de diferenciação e consolidação de uma marca. Para melhor esclarecer esta função, o trabalho tomou como exemplo a caixa de bombons sortidos da Chocolates Garoto e sua contribuição para a consolidação da marca Garoto no Brasil e no exterior.

Depois de traçados os assuntos introdutórios da pesquisa referentes às suas quali-dades funcionais, o projeto seguiu a pesquisa teórica abordando os aspectos ambientais das embalagens, como os caminhos possíveis de gestão de seus resíduos e a importância do projeto de seu ciclo de vida para o equilíbrio entre sua produção e o que o meio am-biente é capaz de oferecer.

Novamente tomando a caixa de bombons sortidos da Garoto como referencial, o trabalho apontou as especificidades de cada etapa do ciclo de vida de uma embalagem

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através de uma análise crítica do ciclo de vida da caixa amarela. Através desta análise, foi possível identificar os pontos positivos e negativos das etapas de pré-produção, pro-dução, distribuição, uso e descarte da embalagem e apontar possíveis medidas para o aperfeiçoamento deste ciclo, configurando assim a etapa mais importante do trabalho: o novo projeto do ciclo de vida da caixa amarela.

O novo projeto do ciclo de vida da caixa de bombons sortidos Garoto, além de manter medidas já adotadas na produção da embalagem original, propôs algumas modi-ficações para a otimização das etapas do ciclo, relembradas a seguir:

- Utilizar tintas à base de óleo de soja;- Dispensar o uso de tintas especiais contendo pós metálicos;- Dispensar a aplicação de relevo seco;- Analisar a possibilidade de contratar fornecedores mais próximos à fábrica para

o encurtamento de distâncias e a consequente redução de emissões poluentes causadas por veículos rodoviários;

- Repensar o formato da embalagem para otimizar a etapa de distribuição do produto;

- Reduzir o número de pontos de cola da embalagem;- Investir em pesquisas sobre a utilização de colas biodegradáveis na embalagem.Para por em prática a quinta alternativa proposta, foi necessário projetar uma

nova embalagem a fim de aperfeiçoar o aproveitamento do espaço da caixa de expedi-ção da Garoto, utilizada para a estocagem e transporte do produto. A pequena redução da embalagem, contudo, otimizou não apenas a etapa de distribuição das caixas, como também representou uma economia de materiais - uma caixa com dimensões reduzidas economiza papel, tinta e plástico - e a redução do espaço que a caixa ocupa nas lixeiras.

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O que se conclui com este trabalho é que, com pesquisas bem estruturadas e análises pertinentes do que está disponível no meio ambiente e dos custos econômicos, sociais e ambientais que a produção de uma embalagem representa, é possível chegar a soluções simples e eficazes para o aprimoramento do ciclo de vida de um produto ou embalagem. Cabe ao designer, portanto, prever todos os impactos ambientais gerados durante o ciclo de vida da embalagem e prover soluções compatíveis com nosso siste-ma, abordando não apenas o planejamento técnico, como também orientando novas posturas para os consumidores.

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Anexo 1

Entrevista Chocolates Garoto

Segue abaixo a entrevista realizada com Inácio Niero e Antônio Amorim, superintendes dos setores de desenvolvimento de produtos da Garoto e manutenção e montagem de embalagens, respectivamente.

A entrevista foi realizada através de mídia digital, com perguntas previamente elaboradas e enviadas para os endereços eletrônicos dos entrevistados, que posteriormente enviaram as respostas requeridas.

Para seguir uma ordem lógica de compreensão do processo de produção e distribuição da caixa amarela, as duas entrevistas foram uni-das, formando assim uma única sequência de perguntas e respostas.

Em que ano surgiu a caixa de bombons sortidos Garoto, a popular caixa amarela? Inácio Niero: Foi lançada em 1959

O que a caixa amarela representa para a Chocolates Garoto? Qual seu diferencial para a empresa?Inácio: A caixa amarela é a imagem da Garoto e é onde o consumidor pode adquirir todos os bombons que fabricamos. A caixa sozinha repre-senta de 30 a 35% de nossas vendas.

Onde são produzidas (impressas) as embalagens da caixa de bombom?Inácio: Nas gráficas Romiti e BrasilGráfica, ambas localizadas em São Paulo.

A Garoto tem conhecimento do tipo e proveniência do papel e das tintas utilizadas na impressão das caixas? Inácio: Trata-se de um papel cartão triplex (três camadas de papel branco) fornecido pela Suzano Papel e Celulose. As tintas são tintas atóxi-cas, tintas voltadas para o mercado alimentício.

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As embalagens possuem o selo FSC?Inácio: Sim, pois são provenientes de papéis certificados.

As embalagens abertas chegam à fábrica através de que tipo de transporte?Inácio: Rodoviário

As embalagens chegam à fábrica já vincadas?Inácio: Sim.

Considerando o envase da caixa, quais processos são manuais? Antônio Amorim: Na produção da caixa de bombons sortidos o processo é totalmente automático, sendo apenas realizada manualmente a reposição de bombons de caixas descartadas durante o processo.

Quantas máquinas diferentes são usadas nas etapas de fabricação da caixa de bombons?Antônio: Várias máquinas são empregadas na produção da caixa, desde a produção dos bombons até sua colocação na caixa de embarque.Considerando a produção a partir da etapa de envase, são utilizadas 20 Contadoras, 01 Transportador de Canecas, 01 Indexador ( dosa-dor ), 01 Formadora de Cartuchos, 01 Fechadora de Cartuchos, 01 Balança, 01 Envolvedora de Cartuchos, 01 Encaixotadeira de Car-tuchos, 01 Transportadores de Rolos e 02 Transportadores de Correias.Os bombons são contados nas máquinas Contadoras e, após isto, são depositados em canecas interligadas por correntes, que vem a for-mar o que chamamos de Transportador de Canecas. Este despeja os bombons no Indexador, o que também chamamos de Dosador. Em paralelo e em sincronismo com o que foi descrito anteriormente, existe uma máquina denominada Formadora de Cartuchos que recebe o cartucho plano e forma as caixinhas amarelas - cartuchos - e as direciona, por intermédio de Transportadores Flexíveis, até o Indexa-dor. Este, por sua vez, abre por ação de cilindros pneumáticos duas comportas sob o mesmo, deixando fluir os bombons para dentro das

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caixas amarelas. Estas são transportadas por correntes com arrastadores até a Fechadora de Cartuchos, onde os cartuchos recebem apli-cação de cola nas abas da tampa superior. Após este processo, as caixas passam por guias direcionais até chegarem máquina Fechadora de Cartuchos, onde são fechadas. Os cartuchos então são direcionados à uma Balança de Checagem do Peso, que descarta os cartuchos com o peso desconforme. Estes cartuchos são corrigidos manualmente e retornam para a linha. Após isto, os cartuchos são transportados por correias até a Envolvedora de Cartuchos, onde recebe o filme plástico. Logo em seguida, as caixas continuam seu caminho, também transportadas por correias, até chegarem ao agrupador de cartuchos, já dentro da Encaixotadeira de Cartuchos, que por sua vez formará pilhas com 60 cartuchos separando-as em 2 pilhas de 30 cartuchos, formando assim a caixa de expedição - papelão -. A Encaixotadeira de Cartuchos introduz 1 pilha de 30 caixas por vez nas caixas de expedição. A partir daí, as caixas de expedição deslizam por Transporta-dores de Rolos até outro Transportador de Correias que encaminham para o armazém, onde ocorre, finalmente, a paletização manual.

Que tipo de energia é utilizada para mover as máquinas?Antônio: Toda energia usada é elétrica, fornecida pela Escelsa - empresa capixaba distribuidora de energia elétrica para quase a totalidade de do estado do Espírito Santo -.

Existe uma política de controle de emissões de poluentes?Antônio: Sim

Que tipo de cola usa-se no fechamento das caixas?Inácio: Atualmente, a empresa utiliza a hot melt - térmica -, entre 120° e 125°C. Entretanto, estudamos para futuramente implantar a utilização de colas biodegradáveis com resina térmica para secagem rápida.

O plástico que envolve a caixa é embalado a vácuo?Inácio: Não, nenhuma embalagem é feita a vácuo na fabrica, utiliza-se over wrapping.

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Quantas caixas são produzidas por dia (pode ser uma estimativa, quantidade por dia ou por mês)?Inácio: Produzimos de 10000 a 12000 caixas de transporte por dia, o que representa a necessidade de pelo menos 300000 caixas de bombons fabricadas por dia.

Logo após a produção, as caixas permanecem estocadas na fábrica por quanto tempo?Inácio: O aconselhável é cinco dias para completar a cristalização dos bombons, mas na prática esse tempo muda em função do mercado. Na maioria das vezes as caixas ficam estocadas apenas por um dia.

Para quantos países a Garoto exporta a caixa de bombons sortidos?Inácio: Cerca de 60 países. Ex: Japão, Oriente Médio etc. Possuímos certificação Nível A, ou seja, nossa aceitação é mundial.

Quais meios de transporte são utilizados para a distribuição das caixas já prontas para o consumo - considerando a distribuição local, para outros estados e outros países -.Inácio: Local e interestadual: Rodoviário - caminhões de carga -, com temperatura e umidade controlada entre 16°C e 22°C com 40% – 60% de umidade relativa.Internacional: Marítimo - container - com temperatura e umidade controlada, entre 16°C e 22°C com 40% – 60% de umidade relativa.

No transporte local e interestadual, que tipo de embalagem é usada?Inácio: Caixa de papelão para cargas fracionadas destinadas a varejo e pallets de madeira para cargas maiores destinadas a Supermercados.

Quantas caixas de bombom cabem em cada embalagem de transporte?Inácio: 30 caixas de 400g que corresponde a 12 kg.

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Quantas embalagens de transporte cabem em cada veículo de carga?Inácio: Depende do tamanho do veículo e do tipo de produto. Por exemplo, um container padrão de 20 pés pode transportar 18 toneladas, o que corresponde a 900 caixas de produto pesados com 20kg por caixa. Para produtos leves como ovos, o mesmo container pode levar 900 caixas, porém o peso é de 5 toneladas.

A Garoto tem alguma política de reaproveitamento das embalagens que são descartadas ainda no processo de produção?Inácio: São destinadas a catadores por meio de coleta seletiva.

A empresa possui conhecimento do destino das caixas após o consumo? - se são recicladas -.Inácio: Não.

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Reprodução dos emails encaminhados pela Garoto para fins de comprovação dos dados anteriormente apresentados:

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Reprodução dos emails encaminhados pela Garoto para fins de comprovação dos dados anteriormente apresentados:

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Anexo 2

Entrevista Gráfica Romiti (São Paulo)

Qual o tipo e formato de papel utilizado na impressão da caixa de bombons sortidos da Garoto?Gráfica Romiti: Cartão triplex, 94 x 74 cm, cabendo 6 caixas em cada folha.

Qual é a composição da tinta utilizada na impressão das caixas?Gráfica Romiti: Tinta offset (pastosa), composta por óleo mineral e vegetal, pigmentos, secante para formar a película. Trata-se de uma tinta atóxica, já que é voltada para o mercado alimentício.

Quais processos de impressão e acabamento são utilizado na produção das caixas?Gráfica Romiti: Impressão Offset - Aplicação de verniz (verniz à base de água) - Operação de corte e vinco (a mesma máquina que realiza o corte e o vinco também realiza serrilhas na caixa para facilitar a montagem na fábrica) - Aplicação de relevo seco

Como é realizada a distribuição da caixa para a fábrica da Chocolates Garoto?Gráfica Romiti: Depois de prontas, as embalagens são colocadas em pallets de madeira (tamanho padrão 1x1,20m) e enviadas à empresa através de transporte rodoviário.

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Reprodução do email encaminhado pela Gráfica Romiti para fins de comprovação dos dados anteriormente apresentados:

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Anexo 3

Pesquisa de Consumo da caixa de bombons Sortidos Garoto

Idade: entre 18 e 50 anos

Você possui o hábito de consumir a caixa de bombons sortidos da Garoto - caixa amarela -?

Sim 74%Não 26%

Com que frequência você compra/consome uma caixa de bombons sortidos Garoto?

Uma vez por semana 9% Mais de uma vez por semana 0% Uma vez por mês 40% Raramente 52%

Possui alguma dificuldade em abrir a caixa?

Às vezes 22%Sim, acabo danificando a caixa 45%Não 32%

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Após aberta, os bombons permanecem na caixa?

Sim, depois que o último bombom é consumido descarto a embalagem 81%Não, após aberta a caixa é descartada imediatamente e os bombons são colocados em outros recipientes (potes, bombonieres, etc.) 19%

Em sua residência, como é feito o descarte da caixa no lixo?

Dobra /Amassa e/ou rasga: 60%Apenas joga no lixo: 40%

Pesquisa disponível em: <https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dEVMSHVmOS1vd3FtQjZtdjAyUDZENVE6MQ>. Esta pesquisa foi realizada atra-vés de um questionário virtual e este foi distribuído aleatoriamente, ou seja, a escolha do público pesquisado não seguiu nenhum critério.

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Anexo 4

Ilustração explicativa do processo de produção da caixa de bombons sortidos Garoto:

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Anexo 5

Demonstração do empilhamento das caixas na Unidade de Expedição

As dimensões da nova caixa amarela - embalagem proposta neste projeto - permitem que sejam acrescentadas mais 6 caixas em cada unidade de expedição - caixa de papelão -. Para isto, a disposição das caixas dentro de cada unidade foi alterada, como demonstrado a seguir.

Disposição das caixas originais de bombons sortidos Garoto na unidade de expedição:5 colunas verticais com 6 caixas cada

Fig. 58: Empilhamento da caixa original.Fonte: da autora.

Fig. 59: Vista de topo do empilhamento da caixa original.Fonte: da autora.

Projeção da caixa de expedição

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34,2

36,0

54,5

21,5

Disposição das nova caixas de bombons sortidos Garoto na unidade de expedição:6 colunas horizontais com 6 caixas cada

Assim como a máquina que forma as caixas, a máquina Encaixotadeira de Cartuchos - que forma as pilhas de caixas para a unidade de expedição - também é ajustável por um painel de controle digital1.

1 Esta informação foi concedida durante visita à fábrica da Chocolates Garoto - onde não é permitido gravações ou filmagens -. Portanto, não há meio de comprová-la para fins de validação dos dados apresentados neste trabalho.

Fig. 60: Empilhamento da nova caixa.Fonte: da autora.

Fig. 61: Vista de topo do empilhamento da nova caixa.Fonte: da autora.

Projeção da caixa de expedição

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Anexo 6

Desenhos Técnicos das embalagens

Alternativa 1: Caixa cúbica (10,8 x 10,8 x 10,8 cm)

Escala em centímetros (cm)Escala 1:1

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Aproveitamento de papel: 4 caixas por folha de impressão.

Fig. 62: Caixa fechada.Fonte: da autora.

Fig. 63: Caixa aberta.Fonte: da autora.

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Alternativa 2: Caixa retangular (21 x 10,7 x 5 cm)

Escala em centímetros (cm)Escala 1:1

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Aproveitamento de papel: 4 caixas por folha de impressão.

Fig. 64: Caixa fechada.Fonte: da autora.

Fig. 65: Caixa aberta.Fonte: da autora.

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Alternativa 3:

Caixa retangular (21 x 10,7 x 5 cm)

Escala em centímetros (cm)Escala 1:1

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Aproveitamento de papel: 6 caixas por folha de impressão.

Fig. 66: Caixa fechada.Fonte: da autora.

Fig. 67: Caixa aberta.Fonte: da autora.

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Alternativa 4:

Caixa retangular (18 x 7 x 8,5cm)

Escala em centímetros (cm)Escala 1:1

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Aproveitamento de papel: 4 caixas por folha de impressão.

Fig. 68: Caixa fechada.Fonte: da autora.

Fig. 69: Caixa aberta. Fonte: da autora.

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Alternativa 5:

Caixa retangular (18 x 10,7 x 5,7 cm)

Escala em centímetros (cm)Escala 1:1

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Aproveitamento de papel: 6 caixas por folha de impressão.

Fig.70: Caixa fechada.Fonte: da autora.

Fig. 71: Caixa aberta.Fonte: da autora.

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Alternativa 6:

Caixa retangular (18 x 10,7 x 5,7 cm)

Escala em centímetros (cm)Escala 1:1

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Aproveitamento de papel: 5 caixas por folha de impressão.

Fig. 72: Fundo da caixa: sistema de encaixes.Fonte: da autora.

Fig. 73: Caixa aberta.Fonte: da autora.

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