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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
CURSO DE ODONTOLOGIA
FELIPE BRUNO GOMES MEDEIROS
CALCIFICAÇÕES PULPARES - CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS,
IMAGENOLÓGICAS E MORFOLÓGICAS
REVISÃO SISTEMÁTICA
NATAL/RN
2017
FELIPE BRUNO GOMES MEDEIROS
CALCIFICAÇÕES PULPARES - CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS,
IMAGENOLÓGICAS E MORFOLÓGICAS
REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho apresentado ao Curso de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para conclusão da Disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II. Orientadora: Profa. Dra. Rejane Andrade de Carvalho.
NATAL/RN
2017
Catalogação na Fonte. UFRN / Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.
Medeiros, Felipe Bruno Gomes. Calcificações pulpares - características clínicas, imagenológicas e morfológicas / Felipe Bruno Gomes Medeiros. – Natal, RN, 2017.
39 f. Orientador: Prof. Dr. Rejane Andrade de Carvalho. Monografia (Graduação em Odontologia) – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde, Natal, 2017.
1. Calcificações da Polpa Dentária - Monografia. 2. Polpa dentária - Monografia. 3. Endodontia - Monografia. I. Carvalho, Rejane Andrade de. II. Título.
RN/UF/BSO BLACK D24
FELIPE BRUNO GOMES MEDEIROS
CALCIFICAÇÕES PULPARES - CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS,
IMAGENOLÓGICAS E MORFOLÓGICAS
REVISÃO SISTEMÁTICA
Trabalho apresentado ao Curso de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para conclusão da Disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II.
Aprovado em:__/__/__.
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________________________
Profa. Dra. Rejane Andrade de Carvalho
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Orientador
____________________________________________________________
Prof. Dr. Fábio Roberto Dametto
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Membro
_______________________________________________________________
Profa. Dra. Edna Maria da Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Membro
AGRADECIMENTOS
A Deus,
Agradeço em primeiro lugar à minha fonte de inspiração e força nos
momentos mais difíceis e que precisei ter persistência e coragem para trilhar os
caminhos árduos que surgiram durante o meu curso de graduação e que teve
participação em cada conquista alcançada até o presente momento.
Agradeço a vocês Pai e Mãe, que procuraram, dentro dos seus limites e
possibilidades, me ajudar a obter meios de contornar obstáculos e evoluir, de
maneira honesta e idônea, se mostrando sempre solícitos a conversar, me
provendo não só materialmente, mas com muito amor e motivação, princípios
éticos, formando o alicerce sólido para que eu atingisse meus objetivos e
alcançasse meus sonhos.
Aos meus irmãos e amigos, que procuraram entender que mesmo nas
dificuldades e na falta de tempo e renúncia de alguns encontros semanais, eu
sempre estive presente na alma e no apreço enorme que guardo por eles.
Ao meu primo Rodrigo Mafra, que com sua experiência no meio
acadêmico, paciência e capricho em tudo que faz, contribuiu para desatar
muitos nós encontrados no planejamento e execução deste trabalho.
À minha namorada, Mariana Vieira, por ter sido compreensiva,
amorosa, sincera, madura e que desde muito cedo me forneceu dicas valiosas
de como construir esse trabalho da melhor forma, mas sempre aproveitando o
que havia de melhor nele.
À minha orientadora, Dra. Rejane Andrade de Carvalho, que trouxe
além de sua experiência vasta na área de ensino, a ajuda na escolha do tema
relevante a ser abordado neste trabalho. Além dos conhecimentos científicos,
pré-requisitos para a execução do trabalho, trouxe também ensinamentos
valorosos também para a vida e profissão.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………………… 10 2 OBJETIVOS………………………………………………………………………… 14 3 METODOLOGIA……………………………………………………………………. 14 4 RESULTADOS……………………………………………………………………… 17 5 DISCUSSÃO…………………………………………………………………………. 27 6 CONCLUSÃO………………………………………………………………………… 32 REFERÊNCIA………………………………………………………………………… 34
LISTA DE ILUSTRAÇÃO
Quadro 01 – Estratégias de busca e operadores booleanos utilizados......... 16
Quadro 02 – Critérios de inclusão e exclusão adotados pelos autores......... 16
Quadro 03 - Características dos artigos selecionados nesta revisão
sistemática (Artigos utilizados) .......................................................................18
Figura 01 - Fluxograma das principais etapas da revisão sistemática...........18
CALCIFICAÇÕES PULPARES - CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS,
IMAGENOLÓGICAS E MORFOLÓGICAS
REVISÃO SISTEMÁTICA
RESUMO
INTRODUÇÃO: Calcificações pulpares são deposições de tecido mineralizado
na câmara pulpar ou nos canais radiculares dos dentes humanos, podendo
trazer dificuldades para a prática clínica odontológica, em virtude da obliteração
e alteração na anatomia pulpar. Elas ocorrem normalmente como resposta a
estímulos fisiológicos no processo de envelhecimento pulpar e ambientais como
verificado em traumatismos, cáries e hábitos parafuncionais. OBJETIVO: O
presente trabalho procurou identificar padrões de calcificações na polpa dentária
mais frequentemente relatados na literatura científica, destacando-se seus
aspectos clínicos, imagenológicos e morfológicos presentes na literatura
científica. MÉTODOS: Foram utilizados como fonte de pesquisa, artigos obtidos
nas bases de dados: PUBMED, MEDLINE, LILACS, SCOPUS e BVS.
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO: Foram incluídos na amostra final estudos com
desenho metodológico bem descrito e relevância científica significativa,
publicados nos últimos 40 anos, indexados as bases de dados consultadas e
trabalhos que descreveram ou apresentaram aspectos clínicos, imagenológicos
e radiológicos das calcificações pulpares, características gerais e causas mais
prevalentes. Foram excluídos da seleção, estudos com relatos de casos clínicos,
estudos in vitro e do tipo revisão sistemática. RESULTADOS: Um total de 402
estudos foram obtidos e após a aplicação dos critérios de inclusão foram
selecionados um total de 12 artigos relevantes incluídos na amostra final, sendo
que 07 eram estudos observacionais transversais, e destes, 04 eram estudos de
prevalência; 05 eram estudos experimentais, os quais avaliaram aspectos
clínicos, imagenológicos e morfológicos das calcificações pulpares. Os artigos
que compuseram a amostra final foram lidos na íntegra e avaliados criticamente
para que pudessem ser extraídos subsídios necessários à construção deste
trabalho. CONCLUSÕES: Após análise dos artigos selecionados pode-se
concluir que as calcificações pulpares são ocorrências relativamente comuns em
polpas dentárias humanas associadas ao processo fisiológico de
envelhecimento natural do órgão pulpar, fatores irritantes ou agressores da
polpa como as cáries, restaurações extensas e traumatismos dentais.
Normalmente não costumam trazer comprometimento pulpar ou sintomatologia
aos pacientes que apresentam tal condição. Apesar disto é importante a
compreensão deste tipo de ocorrência, de forma a facilitar o seu correto
diagnóstico clínico e radiográfico e na tomada de decisões de tratamento,
especialmente diante das dificuldades impostas à realização de tratamentos
endodônticos radicais.
Palavras-chave: Calcificações da polpa dentária, Displasias pulpares,
Dentículos, Diagnóstico.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Pulp Calcification are deposits of hard tissue on the pulp
chamber or on root canal in the human teeth and results difficulties to the
dentistry clinical practice due to obliteration and changes in the pulp anatomy.
They occur normally as an answer to physiological stimuli of dental pulp aging
process and environment factors as seen at traumatized teeth, caries or
parafunctional habits. OBJECTIVES: The aim of present study was to identify
more reported characteristics of dental pulp calcification in scientific literature,
highlighting clinical, radiographic and morphological aspects seen at scientific
literature. For that purpose, studies were searched on the following databases:
PUBMED, MEDLINE, LILACS, SCOPUS e BVS. After applying including and
excluding criteria articles compounded final sample. A total of 402 studies were
obtained as search results in reported databases and 12 studies were used in
the final sample and selected for inclusion in the literature review. SELECTION
CRITERIA: Well described methodological design studies and significant
scientific relevance studies published at last 40 years, indexed at search
databases and relevant papers describing or showing relevant clinical,
radiographic and morphological aspects of pulp calcifications, general
characteristics e most its prevalent causes. Clinic case report studies, in vitro
studies and systematic review were excluded of final sample. RESULTS: A total
of 402 studies were obtained and after applying the inclusion criteria a total of 12
relevant articles included in the final sample were selected, of which 07 were
cross-sectional observational studies, and of these, 04 were prevalence studies;
05 were experimental studies, which evaluated clinical, imaging and
morphological aspects of pulp calcifications. The articles that composed the final
sample were read in full and evaluated critically so that the needed subsidies
could be extracted for the construction of this work. CONCLUSIONS: After
analyzing the selected articles, it can be concluded that pulp calcifications has a
relatively common in human dental pulps associated with the physiological
process of natural aging of the pulp organ, irritating factors or pulp aggressors
such as caries, extensive restorations and dental traumatisms. Usually do not
usually bring about pulp impairment or symptomatology to patients who present
such condition. In spite of this, it is important to understand this type of
occurrence, in order to help correct clinical and radiographic diagnosis and the
treatment decision, especially in face of difficulties imposed to the
accomplishment of radical endodontic treatments.
Keywords: Dental pulp calcification, Pulpal Dysplasia, Denticles, Diagnostic.
10
1 INTRODUÇÃO
As calcificações dos tecidos pulpares normalmente encontradas na câmara
pulpar ou nos canais radiculares de um dente podem ser definidas como
obliteração de espaços pulpares devido a uma resposta a agentes físicos,
químicos ou biológicos, sendo a maior ocorrência relacionada as agressões ao
tecido pulpar. Segundo Leonardi et al. (2011), a polpa, diante de um fator
agressor, apresenta reações inflamatórias ou degenerativas. Estas dependem
do tipo, da frequência e da intensidade do agente irritante, assim como da
resposta imune do paciente. Se o agente agressor não for removido, a polpa
alterada ficará calcificada ou necrosada.
Os traumatismos alvéolo-dentários também são possíveis responsáveis pela
deposição de tecidos mineralizados pulpares, pois uma ruptura mesmo parcial
no suprimento vascular e nervoso apical da polpa poderá ser comprometido ou
não provocando a formação de um coágulo e estimulando o depósito de tecido
calcificado, provavelmente por estimulação da atividade dos odontoblastos
(CHOI et al., 2010). Nestas situações é inerente a muitas respostas pulpares
serem seguidas de injúrias de luxação ou avulsão e uma redução do
suprimento sanguíneo que geralmente levam à calcificação do canal radicular.
Com o tempo, a imagem radiográfica pode dar a impressão de obliteração
pulpar, representando um efeito muito comum deste tipo de agressão
(HEITHERSAY, 2016).
Calcificações dentárias também podem se desenvolver de forma
patológica em resposta a uma agressão ao complexo dentino-pulpar como, por
exemplo, cáries, doença periodontal ou trauma (PIATTELLI, 1993). Dentes que
se apresentam com lesões de cárie extensas, traumatizados, com trauma
oclusal e que foram submetidos a capeamentos pulpares, pulpotomias e
preparos protéticos próximos da câmara pulpar apresentam maior tendência de
desenvolverem calcificações na polpa dentária (DE DEUS, 1992).
A ocorrência destes processos não é rara, mas sua frequência é difícil de
ser determinada (JESUS et al., 2014). Após a anamnese e exame clínico do
11
paciente, analisa-se os exames complementares a ele solicitados e uma vez
que são formuladas hipóteses de diagnóstico, nota-se que a coroa dental
apresenta coloração alterada e do ponto de vista clínico, é possível verificar
que o escurecimento na coloração da coroa dentária (normalmente adquire um
tom mais amarelado) é resultante da diminuição da translucidez do dente
frequentemente associada a ocorrência de traumatismos dentários (ABOTT et
al., 2009).
Dentre os exames complementares destacam-se as radiografias extra
bucais e, especialmente, as radiografias periapicais dos dentes. Entre os
principais sinais imaginológicos estão a forma da raiz, a morfologia do ápice
radicular, a proporção coroa-raiz e a morfologia da crista óssea alveolar. Estes
sinais são importantes na elaboração do planejamento do tratamento e
prognóstico dessas situações clinicas. Estes sinais estão inevitavelmente
presentes nas radiografias periapicais, mas alguns aparecem apenas
eventualmente, como um apagamento dos limites pulpares com obliteração
parcial ou completa da câmara pulpar e dos canais radiculares devido à
deposição de dentina ou minerais nos espaços pulpares. Também referida de
forma mais apropriada como Metamorfose Cálcica da Polpa (CONSOLARO;
BERNARDINI, 2007).
As calcificações podem ser localizadas mais frequentemente na porção
coronária do que na porção radicular do órgão pulpar (RAVANSHAD et al.,
2015). As incidências relatadas variam de 8% a 90%, mas diversos
pesquisadores documentaram a prevalência em quase 20% de dentes
pesquisados individualmente por meio de radiografias. A prevalência de
calcificações pulpares parece aumentar com a idade dos indivíduos em função
da inúmera quantidade de impactos físicos e químicos aos quais os dentes são
continuamente expostos ao longo da vida dos indivíduos até chegar à
senilidade (CARVALHO & LUSSI, 2016)
Estas calcificações iniciam-se como corpos livres no interior do tecido
pulpar, podendo tornar-se aderidas ou embutidas nas paredes dentinárias da
polpa e classificam-se em três tipos: dentículos, cálculos pulpares e calcificações
lineares difusas. Esta última não é detectada radiograficamente (NEVILLE et al,
2015).
12
No decorrer do tempo, os produtos do tecido pulpar necrosado tendem a
se incorporar na estrutura dentinária e, geralmente, a decomposição protéica
gera componentes escurecidos e o dente geralmente assume uma coloração
amarelada escurecida, com várias tonalidades. Radiograficamente, os limites
pulpares na câmara e no canal radicular estão mantidos e os espaços pulpares
com dimensões normais conforme relataram em seus estudos (CONSOLARO e
BERNARDINI, 2007; OGINNI et al., 2009).
Entre as formas mais comuns de deposição de tecido mineralizado,
podese destacar a produção localizada da dentina reacional, em resposta à
agressão bacteriana provocada por cárie (MOLERI et al, 2010). As
calcificações também estão associadas a causas fisiológicas oriundas da
senilidade do tecido pulpar onde estudos mostram que o aparecimento de
áreas mineralizadas em polpa madura, está relacionado ao processo de
envelhecimento deste órgão (LUUKKO et al., 2011).
Outros estudos sugerem que o envelhecimento pulpar também não
revela relação direta ou indireta com a idade do paciente, mas está diretamente
relacionado com fatores ambientais como hábitos de parafunção como atrição e
abrasão e também com erosão, abfração, traumatismos, cáries e
procedimentos restauradores e a doença periodontal, por sua vez, não tem se
apresentado como uma eficiente envelhecedora pulpar (AL-NAZHAN & AL-
SHAMMRANI, 1991; CONSOLARO & BERNARDINI, 2007).
Embora os fatores etiológicos ainda não estejam bem compreendidos,
tem sido citados como causas prováveis das calcificações: a degeneração
pulpar, a interação indutiva entre epitélio e tecido pulpar, a idade, os distúrbios
circulatórios da polpa, a movimentações no tratamento ortodôntico, causas
idiopáticas e predisposição genética (RAVANSHAD et al., 2015). Existem,
ainda, anomalias congênitas relacionadas com a formação de calcificações
pulpares, como a displasia dentinária tipo II (GOGA et al., 2008), quando todos
os dentes do paciente tiverem a câmara pulpar aumentada e contendo
calcificação, e se os cálculos estiverem localizados na porção coronária dos
canais radiculares, os quais exibem aumento e abaulamento, então a displasia
dentinária tipo I poderá ser considerada, além dessas tem as Calcinose
tumoral, Calcinose universal e as síndromes de Marfan e de Ehlers-Danlos.
(BAUSS et al., 2008). Essas condições raras estão associadas a câmaras
13
pulpares ou canais com formatos anormais; portanto, tais diagnósticos não
devem ser considerados quando cálculos pulpares são observados na ausência
de alterações pulpares. Além disso, em relação a importância clínica, a
localização de canais calcificados está condicionada ao amplo conhecimento
da anatomia interna e externa dental. Na tentativa de localização de canais,
erros de procedimento podem ocorrer como a perfuração ou desvios do trajeto
original do canal. Atualmente vários recursos clínicos podem ser utilizados
neste procedimento: radiografias, microscópio e ultrassom (WU et al., 2011).
Dessa forma, estudos que tenham como objetivo analisar a relação entre
a ocorrência de calcificações pulpares em dentes vitalizados com seus fatores
de estímulo são relevantes para a prática clínica odontológica, sobretudo para a
realização de tratamentos endodônticos bem-sucedidos, nos quais a condição
de mineralização e obliteração da luz dos canais radiculares poderá trazer
dificuldades. A fase de instrumentação dos condutos, antecedida pela
localização e exploração dos sistemas de canais radiculares, normalmente
torna mais difícil a realização de procedimentos endodônticos operatórios.
Com isso, o conhecimento sobre os tipos de calcificação, sua
prevalência, etiologias e fatores diretamente relacionados poderá contribuir de
forma estratégica para a escolha do melhor tratamento. Esta revisão de
sistemática da literatura se propõe a reunir aspectos clínicos, de imagens e
morfológicos do tecidos pulpares mineralizados, contribuindo com dados
adicionais para a literatura específica.
Portanto, o objetivo principal dessa revisão sistemática foi selecionar
estudos primários semelhantes de relevância que forneçam subsídios para a
construção de evidências científicas sobre as calcificações pulpares. A
elaboração deste trabalho foi norteada pela seguinte questão de pesquisa:
“Existem evidências na literatura científica acerca dos aspectos característicos
das calcificações pulpares?”
14
2 OBJETIVOS
Identificar os aspectos clínicos, imagenológicas e morfológicos das
calcificações pulpares mais relatados pela literatura;
Relatar os padrões de deposição de tecido mineralizado mais
frequentemente encontrados na polpa dentária (sistemas de canais
radiculares e polpa coronária);
Destacar as etiologias prováveis e fatores associados à ocorrência das
calcificações pulpares em dentes humanos.
3 METODOLOGIA
Foi realizada uma busca sistemática na literatura científica publicada em
artigos, periódicos, jornais e teses presentes em bases eletrônicas de pesquisa
para a elaboração desta revisão sistemática. Foram realizadas buscas iniciais
durante os meses de junho a agosto de 2016 no Google Acadêmico
(https://scholar.google.com.br/) e também na base de pesquisa Pubmed
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/) para se ter uma ideia de quantos
estudos seriam encontrados, entrando com os seguintes descritores nos
campos de busca: “Dental Pulp Stones” AND Clinical AND Radiographic AND
Morphological.
Após realizada a busca piloto, foi feita também uma pesquisa para saber
se já existiam revisões sistemáticas sobre o referido tema publicada no site da
Cochrane (http://www.cochranelibrary.com/). Então, somente depois procedeu-
se a metodologia de busca em outras bases de dados: PUBMED
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov.ez18.periodicos.capes.gov.br/pubmed/advanced),,
MEDLINE (http://www.nlm.nih.gov/bsd/pmresources.html), LILACS
(http://lilacs.bvsalud.org), SCOPUS (http://www.scopus.com) e BVS
(http://brasil.bvs.br).
15
A pergunta central pela qual esta revisão se norteia é: “Existem
evidências na literatura científica acerca dos aspectos característicos das
calcificações pulpares?”. Além disso, também buscará associar fatores de
influência para as calcificações na polpa dentária.
Nas buscas, os descritores utilizados foram: “Dental pulp stones”, “Dental
pulp calcification”, “Denticles, “Pulp obliteration”, “Calcificações da polpa
dentária”, “Cálculos pulpares” e “Nódulos pulpares” combinando-se os termos e
fazendo-se uso dos operadores booleanos (Quadro 01), delimitando a
estratégia de busca nas referidas bases e utilizando-se tanto termos em idioma
inglês quanto em Português (com suas traduções imediatas).
Quadro 01 – Estratégias de busca e operadores booleanos utilizados
Estratégias de busca
#1: Dental pulp Stones / Cálculos na polpa dentária
#2: Dental pulp calcification / Calcificações da polpa
dentária
#3: Pulp Canal Obliteration / Obliteração pulpar
#4: Denticles / Nódulos Pulpares
#5: Clinical / Radiographical / Morphological
#6: (#1 or #2) and #5
#7: (#3 or #4) and #5
#8: (#1 or #2) and (#3 or #4) and 5
Os trabalhos obtidos a partir das buscas nas bases eletrônicas dados
foram selecionados independentemente por dois avaliadores, de forma cega,
estando eles previamente calibrados e usando-se dos seguintes critérios de
inclusão: estudos clínicos (in vivo) que abordem aspectos clínicos,
imagenológicos e morfológicos das calcificações pulpares, pesquisas com
delineamento metodológico bem descrito e modelo consolidado na literatura e
artigos científicos publicados em revistas, periódicos, banco de teses publicada
ou não. Estudos realizados somente com relatos de casos clínicos, revisões
sistemáticas já publicadas sobre o tema e estudos in vitro foram excluídos
(Quadro 02).
16
Quadro 02 – Critérios de inclusão e exclusão adotados pelos autores.
Critérios de inclusão Critérios de exclusão
Estudos que relatem aspectos
clínicos, imagenológicos ou
morfológicos das calcificações
pulpares, relacionando-as a suas
causas prováveis.
Estudos com relatos de casos
clínicos.
Pesquisas com delineamento
metodológico bem descrito e de
modelo consolidado na literatura
Estudos in vitro.
Trabalhos publicados em revistas,
periódicos, teses, artigos científicos.
Estudos do tipo Revisão Sistemática.
O primeiro fator a se considerar para a exclusão de uma parte dos
trabalhos foi a análise do título. Em seguida foi realizada uma leitura breve dos
resumos e foram identificados se haviam elementos que encaixavam aqueles
estudos como partes da amostra intermediária. Quando não haviam, optou-se
pela exclusão destes da amostra. Quando estes não eram esclarecedores foi
realizada a leitura do artigo na íntegra para não correr o risco de deixar estudos
importantes fora da revisão sistemática. Foram lidos integralmente 44 estudos
para que deles pudessem ser coletados evidências científicas para melhor
compreensão dos processos de calcificação pulpar e seus aspectos clínicos,
radiográficos e morfológicos. Destes estudos, para decidir quais artigos seriam
mantidos, realizou-se a leitura dos artigos na íntegra e foram selecionados para
a amostra final 12 estudos. As etapas de seleção dos estudos da revisão
sistemática estão ilustradas no Fluxograma representado pela Figura 1.
17
Figura 01. Fluxograma das principais etapas da revisão sistemática
A Cochrane Collaboration estabeleceu que, para se analisar o nível de
qualidade metodológica dos ensaios clínicos, vários critérios devem ser
considerados, tais como: tipo de estudo, cálculo do tamanho da amostra,
geração de uma sequência aleatória, alocação cega, relato de desistências,
análise de intenção de tratar, mensuração cega e risco de erro (HIGGINS
GREEN, 2011).
4 RESULTADOS
Os quadros 3 apresenta os resultados da estratégia de busca nas bases
de dados pesquisadas. Os critérios de inclusão e exclusão foram aplicados aos
115 títulos produzidos. Após a leitura dos resumos, foram selecionados 44
artigos. A partir da leitura na íntegra, chegou-se ao número amostral final de 12
(doze) artigos, os quais foram divididos em tabelas para conveniência de leitura
dos resultados.
Reunião de
consenso Buscas nas ba ses
eletrônicas
artigos 402
Exclusão com base
na leitura do texto
na íntegra - 31
Artigos
Remanescentes:
1 2
Análises dos
títulos - 115 e
resumos - 64 e
aplicação dos
critérios de
inclusão e
exclusão
Artigos
Remanescentes:
44
18
Quadro 3 – Características dos artigos selecionados nesta revisão sistemática.
Autores Objetivo Tipo de estudo
Metodologia População e amostra
Principais resultados
Conclusões
1.BAGHDADY, Virgin S.; GHOSE, Leonora J.; NAHOOM, Huda Y.
Journal of Endodontics, v. 14, n.
6, p. 309-311, 1988.
Avaliação radiográfica da prevalência de
cálculos pulpares
e correlacionar à
condição da coroa dentária (Cariada ou intacta) e a presença de cálculos pulpares em pré-molares e
molares em ambos os maxilares.
Observacional transversal (Radiográfico)
Avaliação radiográfica da prevalência de
cálculos pulpares.
6.228 pré-molares e molares
maxilares e
mandibulares.
19,2% dos dentes examinados possuíam cálculos pulpares. Encontrou-se maior prevalência de cálculos no grupo masculino em relação ao feminino. Obteve-se maior prevalência em dentes maxilares e o no primeiro molar, em relação aos segundos molares e pré-molares que apresentaram menos. Também foi encontrada uma porcentagem ligeiramente maior de cálculos em dentes cariados.
Não foi definida de forma clara pelo estudo.
2.BAUSS, Oskar; NETER,
Daniel; RAHMAN,
Alexander. Oral Surgery,
Oral Medicine, Oral
Pathology, Oral Radiology, and
Endodontology, v. 106,
n. 6, p. e56-
O propósito deste estudo foi o de examinar a prevalência de calcificações pulpares em pacientes portadores da síndrome de Marfan.
Experimental (Radiográfico)
Avaliação radiográfica em 21 pacientes portadores da síndrome de Marfan (Grupo experimental) e 100 pacientes no grupo controle.
21 indivíduos portadores da Síndrome de Marfan e 100 pacientes em grupo controle.
Indivíduos com síndrome de Marfan com mais de 30 anos de idade mostraram uma prevalência significativamente maior de cálculos pulpares (p = 0.27) ou obliteração pulpar (p < 0,01). Cálculos pulpares estiveram presentes em 20,7% e obliteração pulpar foi encontrada em 7,9% dos dentes examinados neste grupo. Indivíduos com Síndrome de Marfan também revelaram uma correlação significativa entre idade e número de dentes com cálculos pulpares e obliteração pulpar.
Os resultados obtidos pelo estudo devem ser
levados em consideração nos tratamentos endodônticos ou ortodônticos.
19
e61, 2008.
3.MOSS-SALENTIJN,
Letty; KLYVERT,
Marlene Hendricks
Journal of endodontics, v. 9, n. 12, p. 554-560, 1983.
O presente estudo tem como objetivo prover dados radiográficos e histológicos sobre a incidência, localização e morfologia de corpos calcificados em polpas de pré- molares humanos recém-
erupcionados.
Observacional transversal.
Avaliação radiográfica de todos os dentes da amostra em projeções mesio-distal e vestibular-lingual para estabelecer a presença de corpos calcificados nas polpas dentárias.
85 pré-molares maxilares e 90 mandibulares recém erupcionados, não cariados de pacientes com idade de 11 a 15 anos.
Dos pré-molares, 25.8% dos maxilares e 25.5% dos mandibulares continham calcificações pulpares. A maioria foi encontrada próxima da polpa radicular próximo do ápice. Uma porcentagem ligeiramente maior de corpos calcificado coronários e uma porcentagem significativamente menor de corpos calcificados na raiz foi encontrada.
As respostas dos tecidos que cercam o tecido pulpar a estímulos indutivos parece ser dependentes da idade. É um achado comum que calcificações pulpares se desenvolvam em dentes mais velhos. Elas consistem inteiramente em dentina atubular. Corpos calcificados (dentículos e cálculos pulpares), os quais são inicialmente compostos por dentina tubular, tendem a se tornar cercados por dentina atubular com a idade.
4.GULSAHI, A.; CEBECI, A. I.; ÖZDEN, S. . International endodontic journal, v. 42, n. 8, p. 735739, 2009.
Determinar a prevalência de cálculos pulpares em um grupo de pacientes usando radiografias para avaliar qualquer associação com idade, gênero, doenças sistêmicas, tipo de dente, cáries, restaurações, terceiros molares impactados e anomalias dentais, incluindo dens
Observacional transversal.
Um total de 519 indivíduos escolhidos aleatoriamente entre pacientes referenciados para o departamento de diagnóstico oral e radiologia, faculdade de Odontologia da Universidade de
519 indivíduos escolhidos de forma aleatória, onde destes, 313 (60%) eram mulheres e 206 (40%) eram homens.
Dentre os 13.474 dentes examinados radiograficamente, 627 (5%) possuíam cálculos pulpares. À medida que a idade dos pacientes aumentava, a prevalência de cálculos pulpares também aumentava (p <0,01). Neste estudo, não houve associação estatística entre cálculos pulpares e terceiros molares impactados, cáries, restaurações ou anormalidades dentais.
Concluiu-se com o estudo que a prevalência dos cálculos pulpares aumentou com a idade dos participantes da pesquisa e foi significativamente
maior em dentes molares do que em pré-molares e incisivos.
20
invaginatus, taurodontismo, dens evaginatus e
microdontia.
Ankara (Turquia).
5.SELAYARAN, Maicon et al. RFO UPF, v. 18, n. 1, p. 07-11, 2013.
Avaliar a prevalência de nódulos pulpares em acadêmicos de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas, procurando estabelecer associações entre nódulos pulpares e fatores como cárie
dentária, restaurações, tratamento ortodôntico prévio e bruxismo.
Observacional analítico e transversal (Clínico)
Avaliar a prevalência de nódulos pulpares em acadêmicos de
Odontologia da
Universidade Federal de Pelotas, procurando estabelecer associações entre nódulos pulpares e fatores como cárie
dentária, restaurações, tratamento ortodôntico prévio e bruxismo.Os
participantes foram
Submetidos a exame clínico e radiográfico,
sendo realizadas duas radiografias
interproximais na região dos molares, onde foi calculada a
101 indivíduos. Do total, 69,3% apresentaram nódulos pulpares. Dentre os 762 dentes avaliados, 29,5% apresentaram nódulos pulpares. As calcificações foram mais frequentes nos primeiros molares. Um total de 45,5% dos alunos recebeu diagnóstico compatível com bruxismo. Fatores como bruxismo, tratamento ortodôntico prévio e cárie dentária não tiveram associação com a ocorrência de nódulos pulpares (p > 0,05). Os resultados demonstraram haver associação dos nódulos pulpares apenas com a presença de restaurações (p = 0,009). Os resultados demonstraram haver associação entre a presença de restaurações e o aparecimento de nódulos pulpares (p = 0,009), porém, não foi observada associação entre a presença de lesões de cárie (p = 0,757) e a ocorrência de nódulos.
Os resultados demonstraram haver associação entre a presença de restaurações e o aparecimento de nódulos pulpares (p = 0,009), porém, não foi observada associação entre a presença de lesões de cárie (p = 0,757) e a ocorrência de nódulos.
21
frequência de cálculos pulpares nos
indivíduos.
6.OGINNI, Adeleke O.; ADEKOYASOFOWORA, Comfort A.; KOLAWOLE, Kikelomo A. Dental Traumatology, v. 25, n. 6, p. 620-625, 2009
O objetivo deste estudo foi avaliar sinais clínicos e sintomas associados a dentes com obliteração da câmara pulpar e relatar o status dos tecidos periapicais usando o índice periapical como uma maneira de realizar a decisão de tratamento.
Observacionaltransversal (Clínico)
Avaliou sinais clínicos e
sintomas associados a dentes com
obliteração da
câmara pulpar e
relatar o status dos
tecidos periapicais.
276 dentes diagnosticados com obliteração da
câmara pulpar associados a
traumatismos dentários.
276 dentes foram diagnosticados com
PCO (Obliteração da câmara pulpar) em pacientes com histórico de trauma nos dentes envolvidos. 157 dentes (56,9%)
demonstraram obliteração parcial da câmara pulpar (TPCO) e 119 (43,1%) exibiram obliteração total da câmara pulpar. Colorações normais foram observadas em 56 dentes; Coloração amarelada em 186 dentes e acinzentada em 34 dentes.
A obliteração da câmara pulpar (PCO), também chamada calcificação metamórfica é uma sequela do trauma dentário. Ela foi relatada se desenvolvendo mais
em dentes com injúrias por concussão de
subluxação. Esta resposta pulpar ao trauma é
caracterizada pela deposição de tecidos duros no espaço do canal radicular. Embora a obliteração pulpar possa ser reconhecida
clinicamente pelo menos 3 meses após a injúria, na maioria dos casos, ela permanece indetectável por volta de 1 ano. A coroa do dente afetado tem coloração mais escurecida quando comparada com dentes normais adjacentes, em função do decréscimo na translucidez devido à uma maior espessura de
22
dentina. A coroa pode apresentar
coloração amarelada ou cinza. Estes dentes são
frequentemente assintomáticos e
radiograficamente normais. Como conclusão, enquanto a incidência de
necrose pulpar no estudo é mais alta do que anteriormente
relatada, a maioria dos dentes com obliteração da câmara pulpar foi considerada saudável e funcional baseado na avaliação radiográfica, exame clínico e sinais e sintomas.
7.KUMAR, Suresh; CHANDRA, Satish;
JAISWAL, Jagdish Narain, Journal of endodontics, v. 16, n. 5, p. 218-220, 1990.
Este estudo foi realizado com o objetivo de determinar a ocorrência
radiográfica de calcificações pulpares.
Experimental (Clínico e radiográfico).
A ocorrência de calcificações
pulpares em 120
dentes decíduos maxilares e
mandibulares
extraídos foi avaliada radiograficamente.
120 dentes decíduos extraídos e avaliados radiograficamente.
25% dos 2o molares apresentaram evidências de calcificações pulpares; Aproximadamente 3% dos incisivos mostraram calcificações; Nenhuma outra categoria de dente demonstrou envolvimento pulpar; Dos 120 dentes estudados, somente 7 mostraram a presença de corpos radiopacos considerados cálculos pulpares no interior das câmaras pulpares. Um cálculo pulpar estava presente no incisivo central e seis cálculos estavam presentes nos segundos molares; O segundo molar decíduo exibiu um número significativamente maior de cálculos do que nos outros dentes.
A baixa ocorrência de calcificações pulpares na dentição primária suporta a evidência de que a ocorrência de que as calcificações pulpares aumentam com a idade.
23
8.JAEGER, Márcia Martins Marques, 1989. Tese de
Doutorado. Universidade de São Paulo. Faculdade de Odontologia.
Teve como objetivo a análise clínica, morfológica, microanatô mica e subcelular das
calcificações pulpares em 216
polpas dentárias.
Experimental, (clínico e morfológico).
Foram estudadas 216 polpas dentárias humanas, removidas por pulpectomia; 203 foram analisados sob seus aspectos clínicos e histopatológicos à
nível de microscopia de luz; 8 foram observados em microscopia eletrônica de varredura e as outras 5 polpas estudadas em microscopia eletrônica de transmissão.
216 Polpas dentárias removidas por pulpectomia.
Os resultados mostraram que 78,32
por cento das polpas apresentaram calcificações pulpares, no vasto grupo etário, sem preferência por sexo. Sintomatologia dolorosa foi observada
em 52 por cento das polpas que apresentavam como alteração patológica apenas calcificação pulpar. Em 45,28 por cento dos casos, as calcificações pulpares apareceram associadas à pulpite crônica. As calcificações pulpares apresentaram-se na forma difusa ou nodular e, dentículos verdadeiros não foram observados. Nas 8 polpas estudadas em MEV encontramos material cristalóide depositado sobre fibras colágenas, que coalesciam formando massas maiores e nódulos. O estudo subcelular mostrou a presença de material eletrondenso no citoplasma de células em degeneração, em geral próximos de mitocôndrias e sobre fibrilas colágenas. As calcificações pulpares seriam mineralizações distróficas que ocorreriam em resposta aos estímulos físicos, químicos e biológicos aos quais o dente está exposto.
As calcificações pulpares seriam mineralizações distróficas que ocorreriam em resposta aos estímulos físicos, químicos e biológicos aos quais o dente está exposto. As células do tecido pulpar, desta forma, sofreriam alterações regressivas facilitando a deposição de sais de cálcio na membrana de mitocôndrias, alterando a homeostase do cálcio, que precipitaria sobre as fibrilas colágenas (AU).
9.DA SILVA, Emmanuel João Nogueira Leal et al. Clinical Oral Investigations, p. 17, 2016.
O objetivo deste estudo foi o de avaliar a ocorrência de cálculos pulpares pela tomografia computadorizada cone-beam (CBCT) e correlacionar sua
Observacional e transversal
Imagens por
Tomografia
Computadorizada
Cone Beam de 382 pacientes escolhidos ao acaso da base de dados do
departamento de
382 pacientes escolhidos de forma aleatória.2833
imagens de dentes obtidas foram avaliadas.
A prevalência de cálculos pulpares foi similar entre os gêneros dos pacientes e localizações dentárias. Cálculos pulpares foram detectados em 31,9% dos pacientes e em 9,5% dos dentes. Molares maxilares e mandibulares foram os grupos com maior frequência de cálculos pulpares. A presença de restaurações aumentou a chance de ocorrência destes cálculos em 2,1 vezes mais em todos os dentes examinados (p<0.0001) e em 4,7 vezes em dentes maxilares (p<0.0001).
Cálculos pulpares apresentaram uma
alta prevalência com dentes molares exibindo a maior prevalência. A presença de restaurações aumentou a chance
de ocorrência das calcificações pulpares,
especialmente em
24
prevalência com gênero do paciente, localização do dente (Arco maxilar ou mandibular direito ou
esquerdo, grupo dos dentes e restaurações.
radiologia oral da
Universidade foram retrospectivamente
examinadas.
dentes maxilares.
10.ŞENER, Sevgi; COBANKARA, Funda Kont; AKGÜNLÜ, Faruk. Clinical oral investigations, v. 13, n. 2, p. 209, 2009.
O objetivo deste estudo foi de descrever a prevalência de
calcificações da
câmara pulpar em uma amostra de pacientes odontológicos turcos e relatar a associação entre a presença de
calcificações na
câmara pulpar e status dental, gênero, idade e doenças cardiovasculares (CVDs).
Observacional e transversal (Prevalência)
Dados foram coletados através de exames de radiografias periapicais e interproximais. Focos radiopacos no interior da câmara pulpar radiolúcida foram definidos como calcificações na câmara pulpar. O status do dente foi definido como intacto, cariado, restaurado ou restaurado e cariado.
15,326 dentes de
536 pacientes de serviço odontológico, compreendidos em 270 homens e 266 com idade variando entre 13 e 65 anos.
Calcificações na câmara pulpar foram identificadas em 204 (38%) dos pacientes examinados. Dos 15.326 dentes, 747 (4,8%) apresentaram calcificações na câmara pulpar. Encontrou-se que gênero e status dental estão correlacionados à presença de calcificações na câmara pulpar.
A alta prevalência de calcificações
na câmara pulpar em dentes
cariados, restaurados e restaurados
e dá suporte a aceitar que a ocorrência
de calcificações na câmara pulpar
podem ser uma resposta a fatores
irritantes de longa duração.
No entanto, para relatar quaisquer associações entre a ocorrência de calcificações pulpares e diferentes
status para os dentes, mais estudos
ainda são necessários.
11.Gomes et al (1998) Dissertação
O presente estudo teve como objetivo
Experimental (Clínico e morfológico)
Foram selecionados pacientes,
Após triagem e exame dos pacientes,
No que diz respeito às calcificações pulpares, notou-se ao longo de toda extensão do canal radicular, áreas de depósitos mineralizados sob a
.
25
de Mestrado. analisar os aspectos
clínicos, radiográficos
e morfológicos, dos tecidos pulpar e periodontal de dentes humanos hígidos, isentos de cárie e restaurações,
portadores de doença periodon tal avançada.
das clínicas de Periodontia e Cirurgia do Departamento de
Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde os mesmos já haviam
sido indicados para exodontia por apresentarem doença periodontal avançada.
selecionou-se 32 dentes dos quais foram descartados 4 dentes, ficando 28 dentes com indicação para exodontia, que compuseram a amostra final.
forma de estruturas irregulares e alongadas ou em configuração lamelar concêntrica dispostas ao longo de espessa trama de fibras colágenas, próximas as paredes vasculares do tecido conjuntivo pulpar, exibindo reação tintorial homogênea ou com áreas mais basofílicas. Em 42% dos casos, estava presente tanto fibrose quanto calcificação no terços médio e apical pulpar. A lesão periodontal avançada não causa uma resposta
inflamatória pulpar, mas sim, acelera as alterações pulpares degenerativas tais como, fibrose e calcificação distrófica.
12.WU, Daming et al. International dental journal, v. 61, n. 5, p. 261-266, 2011.
Avaliar a aplicação clínica do microscópio operatório dental
(DOM) no manejo em terapias complicadas em canais radiculares.
Experimental 345 dentes com 546 canais que não poderiam ser resolvidos pelos métodos convencionais receberam terapia através do DOM com instrumentos ultrassônicos pelos mesmos endodontistas. A etiologia dos canais
345 dentes com 546 canais radiculares.
406 canais foram resolvidos com uma taxa de sucesso de 74.4%; 246 dentes foram resolvidos com uma taxa de sucesso de 71,3%. A taxa em cada categoria de canais radiculares complicados foi: 74% para canais calcificados, 72,3% para canais bloqueados por instrumentos fraturados, 82,5% para canais perdidos e 72,7% para canais perfurados.
A aplicação clínica do microscópio operatório (DOM) é uma forma eficiente de lidar com terapias complicadas em canais radiculares.
26
incluiu calcificações, instrumentos fraturados, canais perdidos e perfurações radiculares. Os dentes e os canais resolvidos com sucesso foram então calculados.
27
5 DISCUSSÃO
A calcificação pulpar pode mostrar muitas evidências clínicas que
contribuem para o seu correto diagnóstico, favorecendo a tomada de decisões
de tratamento e resolução dos efeitos adversos desta patologia relativamente
comum nos dentes humanos. Informações obtidas em estudos acerca da
prevalência de calcificações pulpares na dentição primária ainda são poucas, o
que demonstra que ela tende a aumentar com o a idade dos indivíduos
(KUMAR et al., 1990). Uma ideia semelhante também foi reiterada pelos
estudos de CARVALHO & LUSSI (2016) que afirmam que a histogênese das
calcificações pulpares ainda é desconhecida, embora o número presente e o
tamanho seja diretamente proporcional à idade dos indivíduos.
Os resultados obtidos no estudo de KUMAR et al., 1990) apontam que a
alta prevalência de calcificações na câmara pulpar em dentes cariados,
restaurados e restaurados e cariados também fornece evidências de que a
ocorrência de calcificações na câmara pulpar podem ser uma resposta a
fatores irritantes de longa duração.
Radiograficamente os sinais desta patologia envolvem a diminuição da
luz da cavidade pulpar, trazendo estreitamento visível do espaço
correspondente à polpa dentária e chegando a um estágio onde não será mais
possível (nos exames de imagem) distinguir esta estrutura dentária das demais
circunvizinhas (ANDREANSEN et al., 1998).
GULSASHI et al. (2009) conduziram um estudo radiográfico com 515
pacientes, onde destes, 313 (60%) eram mulheres e 206 (40%) eram homens.
60 (12%) possuía um ou mais dentes contendo cálculos pulpares. Dentre os
13.474 dentes examinados radiograficamente, 627 (5%) possuíam cálculos
pulpares. À medida que a idade dos pacientes aumentava, a prevalência de
cálculos pulpares também aumentava (P<0,01). Neste estudo, não houve
associação estatística entre cálculos pulpares e terceiros molares impactados,
cáries restaurações ou anormalidades dentais. Estes autores também
28
concluíram que a prevalência dos cálculos pulpares aumentou com a idade dos
participantes da pesquisa e foi significativamente maior em dentes molares do
que em pré-molares e incisivos. DA SILVA et al., (2011) também realizou um
estudo radiográfico para avaliar a ocorrência de cálculos pulpares pela
tomografia computadorizada cone-beam (CBCT) e correlacionar sua
prevalência com gênero do paciente, localização do dente (Arco maxilar ou
mandibular direito ou esquerdo, grupo dos dentes e restaurações), e ao obter
os seus resultados concluiu que os cálculos apresentavam maior prevalência
em dentes molares. A presença de restaurações, ao contrário do estudo
anteriormente mencionado, aumentou a chance de ocorrência destas
calcificações, especialmente em dentes maxilares. A pesquisa concluiu que não
houve associação significativa entre o gênero ou localização do dente nos
arcos.
MOSS-SALENTIJN et al. (1983) realizaram um estudo radiográfico e
morfológico em 85 dentes pré-molares maxilares e 90 mandibulares
recentemente erupcionados e isentos de cárie de pacientes com idade de 11 a
15 anos e verificaram que a prevalência de cálculos pulpares foi similar entre
os gêneros dos pacientes e localizações dentárias. Cálculos pulpares foram
detectados em 31,9% dos pacientes e em 9,5% dos dentes. Molares maxilares
e mandibulares foram os grupos com maior frequência de cálculos pulpares. A
presença de restaurações aumentou a chance de ocorrência destes cálculos
em 2,1 vezes mais em todos os dentes examinados (p<0.0001) e em 4,7 vezes
em dentes maxilares (p<0.0001), resultado que está em concordância ao que
foi encontrado por DA SILVA et al.(2011). Os resultados obtidos por
SELAYARAN et al. (2013) demonstraram haver associação entre a presença
de restaurações e o aparecimento de nódulos pulpares (p = 0,009), porém, não
foi observada associação entre a presença de lesões de cárie (p = 0,757) e a
ocorrência de nódulos.
De acordo com JAEGER et al. (1989), as calcificações pulpares seriam
mineralizações distróficas que ocorreriam em resposta aos estímulos físicos,
químicos e biológicos aos quais o dente está exposto ao longo do seu ciclo de
vida. As células do tecido pulpar, desta forma, sofreriam alterações regressivas,
facilitando a deposição de sais de cálcio em estruturas celulares, afetando a
29
homeostase do cálcio. Este estudo foi de alta relevância clínica, onde foram
feitas análises clínica, morfológica, microanatômica e subcelular das
calcificações pulpares em 216 polpas dentárias. Os resultados mostraram que
78,32 por cento das polpas apresentaram calcificações pulpares, no vasto
grupo etário, sem preferência por gênero, ao contrário do que foi observado no
estudo de BAGHDADY et al. (1988) onde cálculos pulpares foram encontrados
em 19,2% dos dentes examinados e foram observados mais no grupo
masculino que no feminino.
A sintomatologia dolorosa, ainda, segundo JAEGER et al. (1989) foi
observada em 52 por cento das polpas que apresentavam como alteração
patológica apenas calcificação pulpar. Em 45,28 por cento dos casos as
calcificações pulpares apareceram associadas à pulpite crônica. As
calcificações pulpares apresentaram-se na forma difusa ou nodular e,
dentículos verdadeiros não foram observados. Estes resultados são
importantes, porém mais estudos realizando-se análises deste tipo são
necessários para que entenda-se melhor a relação dos sinais clínicos com a
natureza microscópica das calcificações pulpares.
BAGHDADY et al (1988) analisou um total de 6.228 dentes, divididos em
pré-molares e molares maxilares e mandibulares (2.880 em estudantes homens
e 3.348 em estudantes mulheres) de participantes que foram selecionados para
uma avaliação radiográfica por meio de radiografias Bite Wing. De forma geral,
o estudo relatou como resultados que cálculos pulpares foram
significativamente mais encontrados em dentes mandibulares do que em
maxilares, enquanto que o primeiro molar mostrou estatisticamente mais
cálculos pulpares do que os segundos molares e pré-molares em ambos os
maxilares e em ambos os sexos, o que reforça a associação dos cálculos
pulpares com dentes molares e distancia a relação com o gênero e localização
do dente no arco como foi relatado pelo estudo de MOSSSALENTIJN et al.
(1983).
ŞENER et al. (2009) verificou que calcificações na câmara pulpar foram
identificadas em 204 (38%) dos pacientes examinados. De 15.326 dentes, 747
(4,8%) apresentaram calcificações na câmara pulpar. Encontrou-se que gênero
30
e status dental estão correlacionados à presença de calcificações na câmara
pulpar.
BAUSS et al. (2008) encontrou resultados muito interessantes em seu
estudo onde verifica a prevalência de cálculos pulpares em pacientes
portadores da síndrome de Marfan. Após examinar 21 indivíduos com síndrome
de Marfan e em 100 pacientes no grupo controle, os pesquisadores deduziram
que Indivíduos portadores da síndrome com mais de 30 anos de idade
mostraram uma prevalência significativamente maior de cálculos pulpares (P =
0.27) ou obliteração pulpar (P< 0,01). Cálculos pulpares estiveram presentes
em 20,7% e obliteração pulpar foi encontrada em 7,9% dos dentes examinados
neste grupo. Indivíduos com Síndrome de Marfan também revelaram uma
correlação significativa entre idade e número de dentes com cálculos pulpares
e obliteração pulpar. Estes resultados apresentam especial relevância para a
determinação de condutas adequadas quando é necessário realizar
tratamentos endodônticos ou tratamentos ortodônticos em pacientes portadores
desta condição, que traz normalmente dificuldades e requer o emprego de
tecnologias apropriadas para a localização e exploração dos canais radiculares
calcificados, além dos métodos tradicionais empregados.
WU et al (2011) afirmam em seus estudos que a calcificação dos canais
é a causa mais comum para a necessidade de terapias complicadas nos canais
radiculares. Neste estudo, 231 dentes com 419 canais radiculares estavam
calcificados. A maioria, 344 (82,1%) dos canais calcificados apresentavam
calcificação nos terços coronal e médio. Destes, 79,4% (273/344) foi resolvida
com sucesso. No entanto, em comparação, somente 49,3% (37/75) de tais
canais com calcificação no terço apical foram resolvidos, indicando que quanto
mais próximas do ápice estas calcificações se encontram, mais complicada
será sua resolução. Este estudo ressalta a necessidade de uso do microscópio
operatório para a resolução de casos onde ocorrem calcificações dificultem a
realização dos tratamentos endodônticos.
Segundo OGINNI et al. (2009), a obliteração da câmara pulpar (PCO),
também chamada metamorfose cálcica é uma sequela do trauma dentário. Ela
foi relatada em seus resultados com maior frequência em tentes com injúrias
por concussão de subluxação. Esta resposta pulpar ao trauma é caracterizada
31
pela deposição de tecidos duros no espaço do canal radicular, o que rápida
diminuição da luz da cavidade pulpar onde são depositados os tecidos
mineralizados, resultando em uma diminuição no volume da câmara pulpar e
dos canais radiculares. CONSOLARO & BERNARDINI (2007) também fazem
menção ao fenômeno da obliteração da polpa, onde normalmente ocorre o
fechamento ou obliteração dos espaços pulpares que pode se completar com o
apagamento dos espaços pulpares entre 6 meses e 1 ano após um
traumatismo. Este fenômeno, muito conhecido e frequente é mais
apropriadamente identificado como Metamorfose Cálcica da Polpa.
GOMES et al. (1998) realizaram um estudo que teve como objetivo
analisar os aspectos clínicos, radiográficos e morfológicos, dos tecidos pulpar e
periodontal de dentes humanos hígidos, isentos de cárie e restaurações,
portadores de doença periodontal avançada. Observou-se que em 42% dos
casos analisados, estava presente tanto fibrose quanto calcificação no terços
médio e apical pulpar. A lesão periodontal avançada não causa uma resposta
inflamatória pulpar, mas sim, acelera as alterações pulpares degenerativas tais
como, fibrose e calcificação distrófica, mostrando que alterações periodontais
por fatores de agressão a estes tecidos guardam inter-relação com a
integridade do tecido pulpar, que tende a apresentar alterações na sua
anatomia normal.
Em relação as limitações desse estudo, existem limitações
principalmente em função do pequeno número de artigos que envolvam
pesquisas clínicas que se encaixem dentro dos critérios de seleção e qualidade
exigidos para compor amostras mais representativas das populações.
32
6 CONCLUSÃO
As calcificações pulpares são ocorrências relativamente comuns em polpas
dentárias humanas, apesar de sua prevalência variar amplamente entre os
estudos pesquisados.
Do ponto de vista clínico normalmente há ausência de comprometimento
pulpar e de sintomatologia. Devido à deposição aumentada de tecido
mineralizado no interior da câmara pulpar e ou nos canais radiculares, pode ser
considerada um desafio para a realização de tratamentos endodônticos
radicais. Sua associação com o processo de envelhecimento pulpar tem sido
bastante estudado e trazido por estudos que se propõem a avaliar alterações
regressivas da polpa e sua relação com a idade dos indivíduos. Esta
associação tem sido cada vez mais sustentada por evidências que podem ser
construídas por estudos de prevalência, que ressaltam com muita frequência
esta ocorrência aumentada nas amostras de idosos nas populações estudadas.
Fatores adicionais em resposta a agressões como lesões de cárie,
traumatismos dentários e restaurações profundas também ajudam na
construção de evidências clínicas de que eles possam influenciar fortemente na
ocorrência das calcificações pulpares, uma vez que têm sido cada vez mais
abordados literatura existente na atualidade, sugerindo que mesmo com os
fatores de natureza fisiológica atuando sobre os dentes humanos, as
calcificações possuem forte tendência a surgir de forma reacional, podendo
assim produzir alterações importantes na anatomia do órgão pulpar.
Observou-se nos estudos apresentados que os dentes mais afetados por
calcificações pulpares são os dentes molares, com sua prevalência estando
consideravelmente aumentada em relação aos pré-molares e incisivos. Esta
associação recorrente dos dentes molares com calcificações pulpares pode
estar sugerindo a maior predisposição destes dentes a fatores de agressão.
Em relação aos traumatismos dentários, nota-se que seus efeitos sobre o
tecido pulpar apresentam grande relevância clínica, uma vez que os resultados
dos estudos têm mostrado que um efeito muito comum no pós-trauma é o da
rápida obliteração pulpar, levando a necessidade dos cirurgiões-dentistas
buscar formas mais completas de diagnóstico precoce e alternativas modernas
33
de tratamento que visem solucionar situações de difícil acesso as regiões
calcificadas da polpa dentária, melhorando, em grande parte dos casos, o
prognóstico para os dentes em que tenha ocorrido tal situação.
Mais estudos clínicos serão necessários para se obter resultados mais
conclusivos sobre os aspectos das calcificações pulpares, bem como na
construção de evidências científicas mais completas sobre o tema em questão.
34
REFERÊNCIAS
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