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Calibra¸ ao Espa¸ co-temporal de Previs˜ oes Num´ ericas do Modelo de Mesoescala Eta para a Velocidade do Vento em Minas Gerais Luiz Eduardo da Silva Gomes Departamento de M´ etodos Estat´ ısticos Instituto de Matem´ atica Universidade Federal do Rio de Janeiro 2018

Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

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Calibracao Espaco-temporal de Previsoes

Numericas do Modelo de Mesoescala Eta

para a Velocidade do Vento em Minas

Gerais

Luiz Eduardo da Silva Gomes

Departamento de Metodos Estatısticos

Instituto de Matematica

Universidade Federal do Rio de Janeiro

2018

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Calibracao Espaco-temporal de PrevisoesNumericas do Modelo de Mesoescala Eta

para a Velocidade do Vento em MinasGerais

Luiz Eduardo da Silva Gomes

Dissertacao de Mestrado submetida ao Programa

de Pos-Graduacao em Estatıstica do Instituto de

Matematica da Universidade Federal do Rio de

Janeiro como parte dos requisitos necessarios a

obtencao do tıtulo de Mestre em Estatıstica.

Orientadoras: Profa. Dra. Thais C. O. Fonseca

Profa. Dra. Kelly C. M. Goncalves

Rio de Janeiro, RJ – Brasil

2018

ii

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CIP - Catalogação na Publicação

Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com os dados fornecidospelo(a) autor(a), sob a responsabilidade de Miguel Romeu Amorim Neto - CRB-7/6283.

G633cGomes, Luiz Eduardo da Silva Calibração espaço-temporal de previsões numéricasdo modelo de mesoescala Eta para a velocidade dovento em Minas Gerais / Luiz Eduardo da SilvaGomes. -- Rio de Janeiro, 2018. 105 f.

Orientadora: Thais Cristina Oliveira da Fonseca. Coorientadora: Kelly Cristina Mota Gonçalves. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal doRio de Janeiro, Instituto de Matemática, Programade Pós-Graduação em Estatística, 2018.

1. Calibração. 2. Modelo de mesoescala Eta. 3.Modelos lineares dinâmicos espaço-temporais. 4.Previsão da velocidade do vento. 5. Técnica deaumento de dados. I. Fonseca, Thais CristinaOliveira da, orient. II. Gonçalves, Kelly CristinaMota, coorient. III. Título.

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Agradecimentos

A Deus.

Aos meus amados pais que sempre fizeram de tudo para que eu pudesse chegar ate aqui.

Obrigado pelo suporte, educacao e apoio que voces me proporcionam. Sem voces, grande

momentos como este, nao seriam possıveis. Eu continuarei orgulhando voces. Ate o fim. Eu

amo voces. Incondicionalmente.

A Iuna Alves, minha velha amiga que tornou-se recem companheira. Voce e incrıvel (e

engracada). Obrigado por sempre mostrar-me o lado bom da vida e me fazer sorrir em dias

chuvosos e ensolarados. Te amo.

As minhas orientadoras Thais Fonseca e Kelly Goncalves pelo auxılio e disponibilidade

oferecidos durante o desenvolvimento do trabalho. O conhecimento compartilhado por voces

foram primordiais no meu desenvolvimento academico.

Aos amigos que fiz durante o curso, em especial, Rafael Erbisti, Rebecca Souza, Renato

Gomes, Rodrigo Lassance e Victor Eduardo. Foi um prazer compartilhar aflicoes, notas de aula

e conceitos (nem tao bons assim) com voces.

Aos amigos que fiz previamente e tambem estavam la, em especial, ao Marcel, meu antigo

orientador de IC na Fiocruz, e a Raıra Marotta, uma graduacao inteira nao foi o suficiente ne?

Aos velhos amigos, Bruno Delgado, Filipe Steikofp, Patrick Martins e Romario Paiva. Nos

estaremos sempre juntos!

A Profa. Marina Paez e ao Prof. Marcos Prates por aceitarem integrar a banca.

Ao Prof. Gustavo Ferreira por, ainda, ser um exemplo profissional e pessoal para mim.

Obrigado pela oportunidade de ir alem do esperado (no passado) e ter chegado ate aqui. Como

proposto por mim no fim da graduacao, obrigado por tambem compor a atual banca.

A Ramiro Cadernas por auxiliar na coordenacao do projeto maior o qual, meu projeto esta

aninhado, e pela disponibilizacao dos dados necessarios para este trabalho.

Por fim, a parceria FAPEMIG/CEMIG pelo apoio financeiro.

v

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Resumo

Previsoes de variaveis meteorologicas provenientes de modelos numericos estao,

sistematicamente, sujeitas a erros. Tais erros devem-se a tentativa de simular

deterministicamente processos termodinamicos da atmosfera a partir de suas condicoes

correntes por meio de sistemas de equacoes diferenciais. Alem disto, estes sistemas sao

solucionados em uma grade discreta, apresentando previsoes uniformes para toda regiao

pertencente a mesma celula desta grade. Por consequencia, previsoes procedentes de

modelos numericos podem nao ser representativas em locais especıficos. Assim, tecnicas

de pos-processamento estatıstico sao apropriadas para a calibracao destas previsoes,

minimizando possıveis distorcoes.

O presente trabalho tem por objetivo minimizar os erros das previsoes do modelo

de mesoescala Eta para a velocidade do vento a 10 metros do solo no Estado de Minas

Gerais atraves do desenvolvimento de extensoes aprimoradas dos principais modelos de

pos-processamento estatıstico para campos meteorologicos. Os modelos propostos foram

estruturados atraves da tecnica de aumento de dados e dos Modelos Lineares Dinamicos.

Palavras-Chaves: Calibracao; Modelo de mesoescala Eta; Modelos lineares dinamicos

espaco-temporais; Previsao da velocidade do vento; Tecnica de aumento de dados.

vi

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Abstract

Forecasts of meteorological variables from numerical models are systematically subject

to errors. Such errors are due to the attempt to simulate deterministically thermodynamic

processes of the atmosphere from their current conditions through systems of differential

equations. Besides, these systems are solved in a discrete grid, presenting uniform

forecasts for every region belonging to the same grid cell. Consequently, forecasts

from numerical models may not be representative at specific locations. Thus, statistical

post-processing techniques are appropriate for calibration of these forecasts, minimizing

possible distortions.

This work aims to minimize the errors of the Eta mesoscale model’s forecasts for the

wind speed at 10 meters above the ground in the State of Minas Gerais through the

development of improved extensions of the main statistical post-processing models for

meteorological fields. The proposed models were structured by the data augmentation

technique and the dynamic linear models.

Keywords: Calibration; Eta mesoscale model; Data augmentation technique;

Dynamical spatio-temporal linear models; Wind speed forecast.

vii

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Sumario

Lista de Figuras xi

Lista de Tabelas xiv

Lista de Abreviaturas e Siglas xv

1 Motivacao 1

1.1 Previsao Numerica em Minas Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

2 Introducao 9

2.1 Previsao Numerica do Tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2.1.1 Historia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.1.2 Aplicacoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.1.3 Classificacao dos modelos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.1.4 Ensembles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.1.5 Fontes de incerteza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.1.6 Aperfeicoamento dos modelos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.2 Pos-Processamento Estatıstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2.3 Modelo de Mesoescala Eta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3 Modelos de Pos-Processamento Estatıstico 19

3.1 Metodos de Calibracao Univariados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

3.1.1 Model Output Statistics . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

3.1.2 Ensemble Model Output Statistics . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

viii

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3.2 Metodos de Calibracao Espaciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.2.1 Geostatistical Output Pertubation . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.2.2 Spatial Ensemble Model Output Statistics . . . . . . . . . . . . . . 22

3.3 Metodos de Calibracao Espaco-temporais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.3.1 Dynamic Geostatistical Output Pertubation . . . . . . . . . . . . . 25

3.3.2 Spatiotemporal Ensemble Model Output Statistics . . . . . . . . . 27

4 Aplicacao a Previsao da Velocidade do Vento em Minas Gerais 29

4.1 Descricao do Conjunto de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

4.2 Selecao de Covariaveis e Definicoes dos Modelos . . . . . . . . . . . . . . 32

4.3 Modelos Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.4 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

4.4.1 Aplicacao: Diaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

4.4.2 Aplicacao: Horaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

4.4.3 Aplicacao: Interpolacao Espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

4.5 Conclusoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

5 Consideracoes Finais e Trabalhos Futuros 62

Referencias Bibliograficas 65

Apendice 72

A Outros Modelos de Pos-Processamento Estatıstico 73

A.1 Bayesian Model Average . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

A.2 Spatial Bayesian Model Average . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

B Criterios de Comparacao de Modelos 76

B.1 Raiz Quadrada do Erro Quadratico Medio . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

B.2 Erro Absoluto Medio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

B.3 Indice de Concordancia de Willmott . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

B.4 Interval Score . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

ix

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C Distribuicoes Condicionais Completas 78

C.1 Vetor parametrico β . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

C.2 Parametro φ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

C.3 Parametro λ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

C.4 Processo Espacial latente Zt(s) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

C.5 Processo Espacial latente Ut(s) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

D Algoritmo Robusto-Adaptativo de Metropolis 81

E Modelos Dinamicos 83

E.1 Modelo Linear Dinamico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

E.2 Filtro de Kalman . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

E.3 Distribuicoes de Previsao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

E.4 Fatores de Desconto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

E.5 Esquema de Amostragem para MLD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

E.6 MLD com Covariancias Estocasticas e Aprendizado por Descontos . . . . 87

x

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Lista de Figuras

1.1 Localizacoes das estacoes de monitoramento meteorologico em Minas

Gerais e vizinhanca. Triangulos solidos representam as estacoes.

Linhas contınuas representam a grade discreta utilizada pelo modelo de

mesoescala Eta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1.2 Representacao da interpolacao bilinear feita na grade utilizada pelo modelo

Eta para obtencao de previsoes numericas nos locais de observacao: (a)

Grade discreta (15 km × 15 km) e (b) Interpolacao bilinear. . . . . . . . 4

1.3 Serie temporal da velocidade do vento a 10 metros de altura e de suas

respectivas previsoes numericas ao longo das estacoes do ano iniciado as

12 UTC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.4 FAC da velocidade do vento a 10 metros de altura ao longo das estacoes

do ano iniciado as 12 UTC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

1.5 Histograma da velocidade do vento a 10 metros de altura ao longo das

estacoes do ano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.1 Distribuicao espacial de previsoes da refletividade (dBZ) durante a

passagem do Furacao Gustav no Golfo do Mexico, 2008. Adaptado de

NRL (2018). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.2 Exemplos de grade horizontal com diferentes resolucoes. Adaptado de Li

et al. (2016). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.3 Representacao das trajetorias das previsoes numericas inicializadas com

distintas condicoes iniciais. Adaptado de Wilks (2006). . . . . . . . . . . 13

xi

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2.4 Organizacao dos membros do ensemble conforme sua classificacao: (a)

Defasados e (b) Tradicional. Adaptado de Warner (2010). . . . . . . . . . 13

2.5 Ensemble de previsoes para a rota do furacao Katrina. Inicializado em 26

de agosto de 2005, 00 UTC (a) e 12 UTC (b). Adaptado de Leutbecher e

Palmer (2008). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.6 Diagrama do processo de calibracao para ensemble de previsoes da

temperatura de superfıcie. Adaptado de Warner (2010). . . . . . . . . . . 17

2.7 Representacao da topografia pela coordenada vertical eta (η). Adaptado

de Mesinger et al. (1988). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

4.1 Matriz de correlacao dos membros do ensemble de previsoes numericas da

velocidade do vento a 10 m em 21 de junho de 2016, 12 UTC. . . . . . . 31

4.2 Criterios de comparacao de modelos na aplicacao diaria ao longo das

estacoes do ano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4.3 Interval Score na aplicacao diaria ao longo das estacoes do ano. . . . . . 43

4.4 Mediana a posteriori e intervalos de credibilidade de 90% para o vetor

parametrico estatico do modelo STEMOS na aplicacao diaria ao longo das

estacoes do ano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

4.5 Diagrama de dispersao com valores previstos versus observados na

aplicacao diaria para 18 a 21 de janeiro de 2016, 12 UTC. . . . . . . . . . 45

4.6 Previsao 1 a 4 dias a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura

em janeiro de 2016, 12 UTC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

4.7 Diagrama de dispersao com valores previstos versus observados na

aplicacao diaria para 18 a 21 de outubro de 2016, 12 UTC. . . . . . . . . 47

4.8 Previsao 1 a 4 dias a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura

em outubro de 2016, 12 UTC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

4.9 Criterios de comparacao de modelos na aplicacao horaria ao longo das

estacoes do ano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

4.10 Interval Score na aplicacao horaria ao longo das estacoes do ano. . . . . . 51

xii

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4.11 Mediana a posteriori e intervalos de credibilidade de 90% para o vetor

parametrico estatico do modelo STEMOS na aplicacao horaria ao longo

das estacoes do ano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

4.12 Diagrama de dispersao com valores previstos versus observados na

aplicacao horaria de 20 de julho de 2016, 13 UTC a 21 de julho de 2016,

12 UTC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

4.13 Previsao ate 24 horas a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura

de 20 de julho de 2016, 13 UTC a 21 de julho de 2016, 12 UTC. . . . . . 54

4.14 Diagrama de dispersao com valores previstos versus observados na

aplicacao horaria de 20 de agosto de 2016, 13 UTC a 21 de agosto de

2016, 12 UTC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

4.15 Previsao ate 24 horas a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura

de 20 de agosto de 2016, 13 UTC a 21 de agosto de 2016, 12 UTC. . . . . 55

4.16 Previsao ate 24 horas a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura

de 20 de julho de 2016, 13 UTC a 21 de julho de 2016, 12 UTC obtidos a

partir da interpolacao espacial. Estacoes de monitoramento A505, A517,

A550 e A560 fora da amostra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

4.17 Previsoes 6, 12, 18 e 24 horas a frente para a velocidade do vento a 10

m de altura para o Estado de Minas Gerais. PN: Previsao numerica

proveniente do modelo Eta. PP: Previsao pontual calibrada proveniente

do ajuste do modelo Dynamic Geostatistical Output Calibration (DGOP).

ME: Margem de erro, definida como metade do comprimento do intervalo

de credibilidade 90% da previsao probabilıstica. . . . . . . . . . . . . . . 59

xiii

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Lista de Tabelas

4.1 Configuracao dos membros do ensemble para previsoes 24 horas a frente

as 12 UTC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4.2 Relacao dos criterios de comparacao de modelos para diferentes blocos de

covariaveis e horizontes obtidos nas previsoes realizadas na aplicacao piloto. 35

4.3 Informacoes acerca das cadeias MCMC para os modelos propostos em

diferentes aplicacoes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

xiv

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Lista de Abreviaturas e Siglas

BMA Bayesian Model Averaging

CPTEC Centro de Previsao de Tempo e Estudos Climaticos

CRPS Continuous Ranked Probability Score

DGOP Dynamic Geostatistical Output Calibration

dBZ Decibel relativo a Z

DMA Dynamic Model Averaging

EAM Erro Absoluto Medio

EMOS Ensemble Model Output Statistics

ENIAC Computador Integrador Numerico Eletronico

FAC Funcao de autocorrelacao

FFBS Forward Filtering Backward Sampling

GOP Geostatistical Output Calibration

IC Intervalo de Credibilidade

ICW Indice de Concordancia de Willmott

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IS Interval Score

xv

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MCMC Monte Carlo via Cadeias de Markov

MEE Modelo de Espaco de Estado

MLD Modelo Linear Dinamico

MLG Modelo Linear Generalizado

MOC Model Output Calibration

MOS Model Output Statistics

NCEP U.S. National Centers for Environmental Prediction

NRL U.S. Naval Research Laboratory

RAM Robusto-Adaptativo de Metropolis

rEQM Raiz Quadrada do Erro Quadratico Medio

SBMA Spatial Bayesian Model Averaging

SEMOS Spatial Ensemble Model Output Statistics

STEMOS Spatiotemporal Ensemble Model Output Statistics

UMOS Updatable Model Output Statistics

URSS Uniao das Republicas Socialistas Sovieticas

UTC Tempo Universal Coordenado

xvi

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Capıtulo 1

Motivacao

As previsoes numericas do modelo de mesoescala Eta (Mesinger et al., 1988; Black,

1994) sao utilizadas na predicao de fenomenos climaticos. Esses sistemas sao solucionados

em uma grade discreta, i.e., apresentam previsoes uniformes para toda regiao pertencente

a mesma celula desta grade. Como cada previsao e obtida com base em dados medios

da regiao (e.g. altitude media e vegetacao predominante), a representatividade das

previsoes em locais com orografia1 complexa e vegetacao densa se torna deficiente devido

as diferencas nas caracterısticas reais da superfıcie com a homogeneizacao feita por este

modelo. Dessa forma, previsoes geradas pelo modelo Eta podem nao ser representativas

em um local especıfico (Chou et al., 2007).

Para produzir previsoes em pontos distintos, minimizando estas e outras limitacoes

que este tipo de modelo esta sistematicamente submetido, tecnicas de pos-processamento

estatıstico sao apropriadas e auxiliam na melhor acuracia das estimativas em um contexto

probabilıstico (Glahn e Lowry, 1972).

Este trabalho esta organizado em cinco capıtulos, incluindo este que consiste da

motivacao especıfica para o desenvolvimento de modelos de pos-processamento estatıstico

mais aprimorados. O capıtulo 2 faz uma breve introducao acerca da Previsao Numerica

do Tempo e seus principais conceitos. O Capıtulo 3 lista os principais modelos de pos-

processamento estatıstico univariados e espaciais. A partir destes, apresenta propostas

de extensoes espaco-temporais. O Capıtulo 4 exibe e comenta os resultados obtidos

1Orografia e a descricao das nuances do relevo de uma regiao.

1

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na aplicacao de distintos modelos de pos-processamento estatıstico, avaliando-os de

forma comparativa. Por fim, o Capıtulo 5 consolida os resultados, discute detalhes das

aplicacoes e apresenta aplicacoes futuras dos metodos propostos.

1.1 Previsao Numerica em Minas Gerais

Especificamente, a metodologia proposta neste trabalho tem como principal objetivo

corrigir potenciais diferencas verificadas entre valores medidos e previsoes numericas da

velocidade do vento no Estado de Minas Gerais de dezembro de 2015 a novembro de

2016.

O Estado de Minas Gerais situa-se na regiao Sudeste do Brasil, sendo inteiramente

formado por planaltos. O relevo acidentado confere ao Estado um recurso hıdrico

privilegiado, abrigando grandes potenciais hidreletricos. A vegetacao predominante e

a do Cerrado consistindo em grandes variacoes na paisagem entre as estacoes chuvosa

e seca, resultando uma influencia sazonal da rugosidade aerodinamica do terreno2 no

deslocamento dos ventos. Toda a porcao leste do Estado e coberta pela Mata Atlantica,

sendo a vegetacao permanentemente verde e densa (Minas Gerais, 2018).

O clima em Minas Gerais varia desde o quente semiarido ate o mesotermico umido.

De maneira geral, a distribuicao das chuvas em Minas Gerais e desigual com o norte

apresentando longos perıodos de estiagem. Nas areas de maior altitude do sul, o regime

pluviometrico e mais intenso. A sazonalizade tambem exerce influencia nas temperaturas,

onde predominantemente as maiores medias ocorrem no verao. Periodicamente, na maior

parte do territorio mineiro, predominam ventos mais intensos no inverno e na primavera

(Amarante et al., 2010).

Ao longo de Minas Gerais e seu entorno, ha 59 estacoes de monitoramento

meteorologico, onde sao recolhidas, de hora em hora, informacoes instantaneas sobre

a velocidade do vento a 10 metros de altura, umidade relativa do ar, temperatura

de superfıcie, pressao atmosferica e precipitacao, distribuıdas conforme a Figura 1.1.

2A rugosidade aerodinamica do terreno e a altitude em que a velocidade do vento cai a zero com base

na extrapolacao do perfil de vento neutro (Barry e Chorley, 2009).

2

Page 19: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Devido a irregularidade do espacamento das estacoes meteorologicas e a grade discreta

Longitude

Latitu

de

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−22

−20

−18

−16

−14

Figura 1.1: Localizacoes das estacoes de monitoramento meteorologico em Minas Gerais

e vizinhanca. Triangulos solidos representam as estacoes. Linhas contınuas representam

a grade discreta utilizada pelo modelo de mesoescala Eta.

consideravelmente fina, as previsoes numericas para os locais de observacao sao obtidas,

usualmente, por meio de interpolacao bilinear (consulte Press et al., 2007). Metodos de

interpolacao mais complexos podem ser aplicados sendo entretanto, pouco provavel que

haja ganhos consideraveis (Gel et al., 2004). A Figura 1.2 ilustra esta interpolacao para

previsoes numericas da velocidade do vento a 10 metros de altura em Minas Gerais.

Assim, ha a possibilidade de analisar o erro pontual destas previsoes, principalmente

em locais que sao afetados por aspectos de posicionamento geografico (e.g. latitude,

longitude e altitude), de proximidade com corpos d’agua e de vegetacao regional. Pode-

se citar algumas estacoes com estas caracterısticas como a estacao meteorologica A507

– Uberlandia, pertencente a regiao do Triangulo Mineiro localizada na parte oeste do

Estado, a qual possui majoritariamente vegetacao de cerrado; A530 – Caldas, localizado

ao sul do Estado, no qual ha grande quantidade de registros de velocidade do vento

baixas; A537 – Diamantina, localizada na regiao central, possuindo a maior altitude

(1359 metros) com relacao ao nıvel do mar dentre todas as estacoes; A543 – Espinosa,

localizada no extremo norte, fazendo fronteira com o Estado da Bahia, onde registra-se

maiores medias da velocidade do vento comparado a Minas Gerais e inclusive, contem

3

Page 20: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Longitude

La

titu

de

0

2

4

6

8

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−2

2−

20

−1

8−

16

(a)Longitude

La

titu

de

0

2

4

6

8

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−2

2−

20

−1

8−

16

(b)

Figura 1.2: Representacao da interpolacao bilinear feita na grade utilizada pelo modelo

Eta para obtencao de previsoes numericas nos locais de observacao: (a) Grade discreta

(15 km × 15 km) e (b) Interpolacao bilinear.

instalacoes de parques eolicos e; A547 – Sao Romao, localizada proximo as margens do

Rio Sao Francisco, o qual forma um corredor canalizando o vento. Influencias sazonais

podem tambem afetar o desempenho das previsoes. Para elucidar esta hipotese, a Figura

1.3 ilustra a serie temporal da velocidade do vento a 10 metros e de suas respectivas

previsoes numericas ao longo da estacoes do ano.

E possıvel observar que nao ha um padrao seguido pelas diferentes localidades.

Estacoes meteorologicas como A507 e A547 apresentam medias maiores durante a

primavera. Para as mesmas estacoes durante o outono, ocorre o menor erro medio das

previsoes numericas, no entanto, para A543, a periodicidade da previsao ao longo de um

dia aparenta inversao. A Figura 1.4 ilustra a Funcao de autocorrelacao (FAC) para a

serie temporal das mesmas estacoes exibidas previamente, elucidando o padrao periodico

existente nos registros na velocidade do vento a 10 m.

Ha padroes periodicos bem definidos durante algumas estacoes do ano. As estacoes

A537, A543 e A547 nao registraram este padrao durante a primavera, diferentemente

de A507 e A530. Estes padroes periodicos sao efeitos sazonais devido ao forcamento

4

Page 21: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

Obs. Eta

(a) A507 - VeraoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(b) A507 - OutonoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(c) A507 - InvernoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(d) A507 - Primavera

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

Obs. Eta

(e) A530 - VeraoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(f) A530 - OutonoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(g) A530 - InvernoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(h) A530 - Primavera

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

Obs. Eta

(i) A537 - VeraoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(j) A537 - OutonoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(k) A537 - InvernoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(l) A537 - Primavera

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

Obs. Eta

(m) A543 - VeraoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(n) A543 - OutonoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(o) A543 - InvernoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(p) A543 - Primavera

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

Obs. Eta

(q) A547 - VeraoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(r) A547 - OutonoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(s) A547 - InvernoHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +24 +48 +72 +96 +120

03

69

(t) A547 - Primavera

Figura 1.3: Serie temporal da velocidade do vento a 10 metros de altura e de suas

respectivas previsoes numericas ao longo das estacoes do ano iniciado as 12 UTC.

5

Page 22: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Defasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(a) A507 - VeraoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(b) A507 - OutonoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(c) A507 - InvernoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(d) A507 - Primavera

Defasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(e) A530 - VeraoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(f) A530 - OutonoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(g) A530 - InvernoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(h) A530 - Primavera

Defasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(i) A537 - VeraoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(j) A537 - OutonoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(k) A537 - InvernoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(l) A537 - Primavera

Defasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(m) A543 - VeraoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(n) A543 - OutonoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(o) A543 - InvernoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(p) A543 - Primavera

Defasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(q) A547 - VeraoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(r) A547 - OutonoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(s) A547 - InvernoDefasagem (h)

FA

C

0 24 48 72 96 120−0

.50

.00

.51

.0

(t) A547 - Primavera

Figura 1.4: FAC da velocidade do vento a 10 metros de altura ao longo das estacoes do

ano iniciado as 12 UTC.

6

Page 23: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

solar3 o qual, tem influencia direta em variaveis meteorologicas, como a temperatura

de superfıcie e na velocidade do vento. Mais comentarios sobre as consequencias desta

atuacao no comportamento e nas previsoes da velocidade do vento sera dada na Secao

2.1.5.

Majoritariamente em Minas Gerais, as previsoes numericas do modelo de mesoescala

Eta superestimam a velocidade do vento a 10 metros. Uma grande limitacao destas e

a ausencia de previsoes com velocidades baixas e iguais a zero, mesmo sendo observada

uma grande proporcao destes casos, como e evidenciado na Figura 1.5 que apresenta os

histogramas da velocidade do vento a 10 metros de altura para as estacoes meteorologicas

A517 – Muriae, A549 – Aguas Vermelhas, A557 – Coronel Pacheco e F501 – Belo

Horizonte (Cercadinho). Esta ultima destoa significativamente das demais, apresentando

medias mais elevadas. De forma geral, a distribuicao da velocidade do vento a 10 metros

em Minas Gerais e assimetrica com grande variabilidade possuindo ponto de massa em

0 e atingindo velocidade maxima de 12 m/s.

Com a breve descricao dos erros e limitacoes das previsoes numericas, considera-se a

calibracao destas por meio de modelos estatısticos. A partir da motivacao de minimizar

o erro sistematico das previsoes numericas do modelo de mesoescala Eta devido as suas

limitacoes intrınsecas, o principal objetivo deste trabalho e propor modelos de pos-

processamento estatıstico considerando dinamica espaco-temporal para a distribuicao

assimetrica da velocidade do vento.

A seguir, uma visao geral de aspectos importantes no contexto da previsao numerica

de fenomenos meteorologicos como aplicacoes, pos-processamento e informacoes acerca

do modelo Eta sera fornecida.

3Forcamento solar e a diferenca entre a insolacao solar absorvida pela Terra e a energia irradiada de

volta ao espaco (Hansen et al., 1997).

7

Page 24: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Vel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(a) A517 - VeraoVel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(b) A517 - OutonoVel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(c) A517 - InvernoVel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(d) A517 - Primavera

Vel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(e) A549 - VeraoVel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(f) A549 - OutonoVel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(g) A549 - InvernoVel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(h) A549 - Primavera

Vel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(i) A557 - VeraoVel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(j) A557 - OutonoVel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(k) A557 - InvernoVel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(l) A557 - Primavera

Vel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(m) F501 - VeraoVel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(n) F501 - OutonoVel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(o) F501 - InvernoVel. do Vento (m/s)

De

nsid

ad

e

0 2 4 6 8 10 12

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

(p) F501 - Primavera

Figura 1.5: Histograma da velocidade do vento a 10 metros de altura ao longo das estacoes

do ano.

8

Page 25: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Capıtulo 2

Introducao

Uma breve introducao acerca da Previsao Numerica do Tempo e seus principais

conceitos e feita neste Capıtulo. Historicamente, a expressao “previsao numerica do

tempo” foi utilizada para descrever todas as atividades envolvendo a simulacao numerica

de processos atmosfericos.

A Secao 2.1 apresenta uma visao geral do ferramental teorico utilizado na simulacao

numerica de processos atmosfericos. Na Secao 2.2, a tecnica de pos-processamento

estatıstico de previsoes numericas e conceituada. E por fim, a Secao 2.3 comenta

brevemente sobre o modelo de mesoscala Eta.

2.1 Previsao Numerica do Tempo

Previsoes numericas de variaveis climaticas sao baseadas em modelos matematicos que

fazem previsoes determinısticas com base nas condicoes atmosfericas correntes. Baseadas

na teoria da dinamica dos fluidos, essas variaveis climaticas podem ser vistas como

um sistema de equacoes diferenciais que nao possuem solucao analıtica e utilizam-se

da integracao numerica para simular processos fısicos, dinamicos e termodinamicos da

atmosfera dependendo de suas condicoes correntes, sendo possıvel a solucao do sistema

para qualquer instante de tempo posterior (Krishnamurti, 1995). Na Figura 2.1 e

ilustrada a forma fluida como a atmosfera se comporta.

9

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Figura 2.1: Distribuicao espacial de previsoes da refletividade (dBZ) durante a passagem

do Furacao Gustav no Golfo do Mexico, 2008. Adaptado de NRL (2018).

2.1.1 Historia

No inıcio do seculo XX, o meteorologista noruegues Vilhelm Bjerknes propos que

a previsao do tempo poderia ser baseada nas leis da fısica e entao, desenvolveu um

conjunto de equacoes, conhecidas como equacoes primitivas, cuja solucao, a princıpio,

previa movimentos atmosfericos em grande escala.

Em 1922, o matematico ingles Lewis Fry Richardson desenvolveu um metodo

diferente para analisar as equacoes, simplificando-as antes de resolve-las numericamente

(Richardson, 1922), sendo este o primeiro sistema de previsao numerica de variaveis

climaticas. No entanto, somente na decada de 1950, com o advento da computacao

e pleno funcionamento do Computador Integrador Numerico Eletronico (ENIAC),

primeiro computador digital eletronico de grande escala, surgiram resultados efetivos

de previsoes meteorologicas computadorizadas sob idealizacao do matematico hungaro,

naturalizado estadunidense, John von Neummann (Charney et al., 1950). Inicialmente,

von Neummann, sob dias de pos-Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), acreditava

que essa modelagem pudesse levar ao conhecimento antecipado de fenomenos climaticos,

podendo ser usada como arma de guerra contra a, entao, Uniao das Republicas Socialistas

Sovieticas (URSS) (Kwa, 2001).

2.1.2 Aplicacoes

Alem de aplicacoes militares, ha uma gama de modelos numericos de previsao

meteorologica que possuem distintas aplicacoes ambientais, epidemiologicas, agrarias,

10

Page 27: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

na seguranca dos meios de transportes e nas industrias de geracao de energia. Pode-se

citar:

– Atividades marıtimas: A direcao e a velocidade do vento podem influenciar a altura

das ondas formadas nos oceanos e em outros corpos d’agua impactando a seguranca

das atividades marıtimas recreativas e comerciais (Bidlot et al., 2002).

– Doencas Infecciosas: A atmosfera pode influenciar a propagacao de doencas

infecciosas humanas e agrıcolas. Variaveis atmosfericas, como temperatura,

umidade relativa, intensidade da radiacao ultravioleta e precipitacao estao

relacionadas a saude dos organismos que transmitem doencas (Thomson et al.,

2000).

– Seguranca e eficiencia do transporte: Operacoes em aeroportos, roteamento de

aeronaves pelos controladores de trafego aereo e as decisoes tomadas por pilotos,

bem como o trafego rodoviario e ferroviario sao afetados pelas condicoes climaticas

(Sharman et al., 2006).

– Agricultura: Eventos climaticos podem influenciar o desempenho e vida util de

colheitas (Mera et al., 2006).

– Aplicacoes Militares: O trafego terrestre de veıculos militares e a trajetorias de

mısseis requerem a tomada de decisao antecipada com relacao a variaveis climaticas

(Liu et al., 2008).

– Industria de energia: A logıstica para abertura de comportas em usinas

hidreletricas, a venda de energia eolica no mercado energetico e a avaliacao do

potencial impacto a saude publica de lancamentos de gases na atmosfera pelas

instalacoes nucleares dependem de previsoes meteorologicas com boa acuracia

(Landberg et al., 2003).

11

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2.1.3 Classificacao dos modelos

Operacionalmente, sistemas de previsoes numericas meteorologicas sao solucionados

em uma grade discreta. A Figura 2.2 ilustra diferentes resolucoes de grade, demonstrando

as potenciais diferencas que a amplitude de suas celulas causa nas previsoes.

Figura 2.2: Exemplos de grade horizontal com diferentes resolucoes. Adaptado de Li

et al. (2016).

Conforme a extensao de seu domınio espacial de previsao, os modelos numericos

podem ser classificados como globais, quando descrevem a atmosfera em escala global,

identificando fenomenos meteorologicos de escala sinotica (e.g. trajetoria de ciclones,

tornados e furacoes) ou modelos de mesoescala, quando possuem escalas regionais,

permitindo a analise de fenomenos meteorologicos de mesoescala (e.g. brisas marıtimas

e terrestres).

Dada a natureza caotica da atmosfera, os modelos numericos podem apresentar

distorcoes em suas previsoes devido a anomalias captadas nas condicoes iniciais

necessarias para a solucao de seus sistemas de equacoes. A Figura 2.3 esquematiza a

potencial mudanca na trajetoria das previsoes numericas empregando distintas condicoes

iniciais (Wilks, 2006).

2.1.4 Ensembles

Como previsoes unicas nao descrevem completamente o fenomeno, considera-se a

producao de ensembles (ou conjuntos) de previsoes. O ensemble pode ser interpretado

12

Page 29: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Figura 2.3: Representacao das trajetorias das previsoes numericas inicializadas com

distintas condicoes iniciais. Adaptado de Wilks (2006).

como uma forma de analise de Monte Carlo, visando uma gama de possıveis estados

futuros da atmosfera, a partir de diferentes estados atmosfericos iniciais. Multiplas

simulacoes sao realizadas com objetivo de minimizar incertezas nas previsoes (Epstein,

1969). Os ensembles sao classificados como defasados, quando previsoes sao feitas ate

determinado horizonte e se sobrepoem conforme o regime de funcionamento do modelo,

ilustrado intuitivamente na Figura 2.4(a) e tradicionais, quando utilizam condicoes

iniciais ou suposicoes distintas para uma mesma solucao do sistema, ilustrado na Figura

2.4(b).

(a) (b)

Figura 2.4: Organizacao dos membros do ensemble conforme sua classificacao: (a)

Defasados e (b) Tradicional. Adaptado de Warner (2010).

13

Page 30: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Ensembles sao mais proficientes do que previsoes individuais pois a media de seus

membros e, geralmente, mais precisa do que uma previsao singular. A dispersao entre

seus membros pode indicar maior incerteza associada a previsao pontual. A distribuicao

de frequencia empırica formada fornece informacoes sobre eventos extremos (Grimit e

Mass, 2007). O realismo da dispersao dependera de quao fidedigna as fontes de incerteza

estao sendo representadas pelo modelo. Um exemplo da variabilidade da dispersao e

apresentado na Figura 2.5 que equipara dois ensembles consecutivos para a rota do

furacao Katrina. O ensemble inicializado em 26 de agosto de 2005, 00 UTC exibe uma

grande dispersao a qual, e substancialmente reduzida no ensemble inicializado doze horas

mais tarde. A verdadeira trajetoria do furacao foi proxima a media do ensemble mais

recente.

(a) (b)

Figura 2.5: Ensemble de previsoes para a rota do furacao Katrina. Inicializado em 26 de

agosto de 2005, 00 UTC (a) e 12 UTC (b). Adaptado de Leutbecher e Palmer (2008).

2.1.5 Fontes de incerteza

De acordo com Warner (2010), ha uma variedade de fontes conhecidas de erros que

acometem as previsoes dos modelos numericos. Brevemente, pode-se citar:

– Incerteza sobre as condicoes iniciais: Ma calibracao e localizacao inadequada

dos instrumentos, pouca representatividade da regiao e condicoes atmosfericas

anomalas implicam em variacoes nas previsoes.

14

Page 31: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

– Incerteza sobre a superfıcie: Depressoes e corpos d’agua sao sub-representados

devido a homogeneizacao da superfıcie feita pelo sistema.

– Incerteza nos algoritmos numericos: As equacoes diferenciais que compoem o

sistema sao solucionadas a partir de aproximacoes lineares e consequentemente,

ha erros de truncamento.

– Incerteza na parametrizacao dos processos fısicos e dinamicos: A dinamica

atmosferica possui alta complexidade e fenomenos de pequena escala

sao representados indiretamente, pois elevariam demasiadamente o custo

computacional.

A existencia de variacao diurna e sazonal do forcamento solar na superfıcie e na atmosfera

da Terra impacta diretamente o comportamento de muitas variaveis previstas por esses

sistemas. Alem das fontes de erros sistematicos, existem aspectos naturais que podem

causar variacao na qualidade das previsoes. Sao eles:

– Variabilidade regional e climatologica: O padrao climatico de uma regiao

depende de sua localizacao geografica, orografia e a proximidade com o oceano.

Previsoes para regioes com padrao climatico inconstante requerem ferramentas mais

avancadas.

– Variabilidade sazonal: Pode haver queda de desempenho nas previsoes devido as

diferencas regionais existentes entre as estacoes do ano.

– Dependencia do regime climatico: Alguns fenomenos naturais (e.g. El Nino e La

Nina) causam anomalias no padrao climatico global, podendo ocasionar distorcoes

nas previsoes.

2.1.6 Aperfeicoamento dos modelos

Novos metodos de assimilacao de dados, atualizacao dos algoritmos numericos,

reparametrizacoes de processos fısicos e o aumento da resolucao da grade horizontal

fornecem melhorias aos sistemas de previsao numerica. No entanto, e uma tarefa ardua

15

Page 32: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

representar fenomenos de pequenas escalas em modelos com carater sinotico. Aumentar

sua complexidade eleva demasiadamente os custos financeiros e computacionais para

a operacionalizacao desses sistemas e, ainda sim, com possibilidade de queda no

desempenho das previsoes devido a insercao de mais erros sistematicos (Kalnay, 2003).

Uma alternativa as melhorias diretamente feitas no modelo e o pos-processamento

estatıstico das previsoes numericas.

2.2 Pos-Processamento Estatıstico

O pos-processamento estatıstico, ou calibracao, das saıdas operacionais do modelo de

previsao numerica (i.e., ensembles) e util na remocao dos erros sistematicos presentes

e pode resultar em avancos equivalentes a melhorias elaboradas no modelo (Glahn e

Lowry, 1972). Relativamente menos dispendioso do que outras abordagens tradicionais de

melhoria (e.g. aumento da resolucao do modelo), esse refinamento deve ser implementado

como parte integrante do sistema de modelagem para aplicacoes operacionais (Warner,

2010). Historicamente, os metodos de pos-processamento estatısticos foram utilizados

para predizer variaveis que nao eram preditas explicitamente pelos modelos numericos

de baixa resolucao relacionando-as estatisticamente (Klein et al., 1959). Atualmente, com

os modelos bem desenvolvidos, o uso de algoritmos estatısticos e empregado como uma

forma de downscaling1 relacionando aspectos locais (e.g. orografia) para reduzir erros

sistematicos. Alguns dos principais bem estabelecidos metodos de pos-processamento

estatıstico serao apresentados e comentados no Capıtulo 3. A ilustracao do processo de

calibracao do ensemble de previsoes para temperatura de superfıcie se encontra na Figura

2.6, sendo esquematizada a remocao do erro sistematico (i.e., remocao do vies na media)

e o ajuste da dispersao (i.e., remocao do vies na variancia).

1Downscaling e o procedimento que faz inferencia sobre informacoes em alta resolucao a partir de

dados provenientes de baixas resolucoes.

16

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Figura 2.6: Diagrama do processo de calibracao para ensemble de previsoes da

temperatura de superfıcie. Adaptado de Warner (2010).

2.3 Modelo de Mesoescala Eta

O modelo de mesoescala Eta e um modelo numerico de area limitada desenvolvido

inicialmente na decada de 1970. Apos algumas modificacoes, entrou em operacao no U.S.

National Centers for Environmental Prediction (NCEP) durante a decada de 1980 (Black,

1994). A principal caracterıstica deste modelo e a introducao da coordenada vertical

eta (η), homonima ao modelo, visando a reducao dos erros nas derivadas horizontais

sobre relevos montanhosos (Mesinger et al., 1988). Desta maneira, o terreno passa a ser

representado sob a forma de degraus discretos, onde o topo coincide com a interface do

relevo. A Figura 2.7 ilustra esta discretizacao onde T representa a variavel meteorologica

dentro de cada celula de grade, u simboliza as componentes horizontais do vento, ps

representa a pressao superficial2 e u indica pontos em que o vento e nulo constantemente

por definicao.

Operacionalmente, o modelo Eta vem sendo utilizado pelo Centro de Previsao de

Tempo e Estudos Climaticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

(INPE) desde 1996 com o intuito de fornecer previsoes do tempo de curto a longo prazo

para o Brasil. Seu domınio engloba toda a America do Sul. Suas variaveis prognosticas

sao temperatura do ar, componentes zonal e meridional do vento, umidade especıfica e

pressao na superfıcie. A partir destas, sao derivadas as demais variaveis previstas pelo

modelo. Sua atual resolucao horizontal e de 5 km. O funcionamento do modelo ocorre

2Pressao superficial e a pressao atmosferica em um local na superfıcie da Terra.

17

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Figura 2.7: Representacao da topografia pela coordenada vertical eta (η). Adaptado de

Mesinger et al. (1988).

duas vezes ao dia (00 UTC e 12 UTC) disponibilizando saıdas a cada hora para um

horizonte de previsao de ate 72 horas (INPE/CPTEC, 2018). Os resultados operacionais

sao disponibilizados em http://previsaonumerica.cptec.inpe.br/eta05.

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Capıtulo 3

Modelos de Pos-Processamento

Estatıstico

Os modelos descritos neste Capıtulo tem por objetivo comum minimizar os

erros sistematicos presentes nas previsoes numericas, como discutido no Capıtulo 2.

Basicamente, estes modelos exploram padroes estatısticos nas relacoes entre observacoes

e previsoes, buscando melhor representatividade local.

A Secao 3.1 apresenta os precursores metodos univariados. Na Secao 3.2, as extensoes

espacias sao listadas. E por fim, a Secao 3.3 propoe novas extensoes espaco-temporais.

3.1 Metodos de Calibracao Univariados

Nesta secao serao apresentados os principais modelos de pos-processamento estatıstico

que foram desenvolvidos para calibracao em localizacoes fixas. Supondo independencia

entre localizacoes, produz previsoes probabilısticas calibradas para estas em um horizonte

pre-determinado, sem possibilidade de interpolacao espacial.

3.1.1 Model Output Statistics

A abordagem precursora de pos-processamento estatıstico e conhecida como o

metodo Model Output Statistics (MOS, Glahn e Lowry, 1972). Nesta abordagem,

19

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relaciona-se estatisticamente as previsoes feitas pelo modelo numerico com as observacoes

correspondentes de uma mesma variavel, a fim de quantificar os erros sistematicos para

cada ponto de observacao e corrigir futuras previsoes atraves de um modelo de regressao

linear multipla (Montgomery e Peck, 1982), dado por:

Y = θ0 + θ1F1 + ...+ θmFm + ε. (3.1)

Este modelo supoe uma relacao linear entre a variavel climatica de interesse Y para

a qual, deseja-se minimizar o erro sistematico em sua previsao, com seu ensemble de m

membros F1, ..., Fm (consulte a Secao 2.1.4 do Capıtulo 2) adicionado de um termo de

erro aleatorio ε, para o qual assume-se:

E(ε) = 0, V ar(ε) = σ2. (3.2)

Os metodos de inferencia para estimacao dos coeficientes da regressao θ0, ..., θm e do

parametro de variancia σ2 sao baseados no metodo dos mınimos quadrados e estao

descritos em Glahn e Lowry (1972).

Com o passar dos anos, a aplicacao de ensembles se tornou usual nas operacoes e entao

o metodo MOS recebeu diversas versoes que diferem, em geral, no tamanho do perıodo

de treinamento (e.g. UMOS, Wilson e Vallee, 2002), na modelagem direta do erro de

previsao (e.g. MOC, Mao et al., 1999) e na distribuicao da variavel resposta (e.g. Piani

et al., 2010) por meio dos Modelo Linear Generalizado (MLG, Nelder e Wedderburn,

1972). Uma das extensoes mais avancadas em termos estatısticos, conforme discutido

em Gneiting (2014), e o Ensemble Model Output Statistics (EMOS), utilizado como base

para os modelos que serao propostos na Secao 3.3.

3.1.2 Ensemble Model Output Statistics

O metodo Ensemble Model Output Statistics (EMOS, Gneiting et al., 2005), tambem

conhecido como modelo de regressao nao homogenea, e uma extensao do metodo MOS

(Secao 3.1.1) aplicavel a ensembles. A diferenca para o seu antecessor se encontra

na incorporacao da dispersao dos membros do ensemble ao coeficiente de variancia,

assumindo uma relacao positiva entre a amplitude dessa dispersao com o erro absoluto de

20

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previsao. Discussoes sobre essa relacao, conhecida na literatura como relacao dispersao-

proficiencia (spread-skill relationship), podem ser encontradas em Whitaker e Loughe

(1998). Este metodo utiliza o modelo precursor MOS descrito em (3.1) com o erro

aleatorio ε seguindo as seguintes suposicoes:

E(ε) = 0, V ar(ε) = σ2∗ = β0 + β1S

2, (3.3)

com S2 representando a variancia amostral dos membros do ensemble e o vetor

β = (β0, β1)′, coeficientes lineares nao negativos. Para a estimacao dos parametros

desconhecidos do metodo EMOS calibrando a temperatura de superfıcie e a pressao ao

nıvel do mar, Gneiting et al. (2005) supoem normalidade na distribuicao do erro aleatorio

e utilizam a minimizacao do Continuous Ranked Probability Score (CRPS, Matheson e

Winkler, 1976), que neste caso pode ser obtido de forma analıtica. Mais aplicacoes deste

metodo para outros tipos de variaveis climaticas (e.g velocidade, rajada e direcao do

vento) supondo distintas distribuicoes de probabilidade para o erro aleatorio, podem ser

encontradas em Thorarinsdottir e Gneiting (2010), Thorarinsdottir e Johnson (2012) e

Schuhen et al. (2012), respectivamente.

3.2 Metodos de Calibracao Espaciais

Nesta secao serao apresentadas as principais extensoes dos modelos de pos-

processamento estatıstico univariados, as quais foram desenvolvidas de forma que haja

interacao espacial da informacao, i.e., produzem previsoes probabilısticas calibradas para

campos meteorologicos com horizonte pre-determinado.

3.2.1 Geostatistical Output Pertubation

O metodo Geostatistical Output Calibration (GOP, Gel et al., 2004) e uma extensao do

metodo MOS que considera a existencia de correlacao entre as medicoes de um fenomeno

meteorologico medido em diferentes localizacoes possibilitando previsoes para campos

meteorologicos. Foi o metodo de pos-processamento estatıstico pioneiro no contexto

espacial. Seja {Y (s), s ∈ S} um campo meteorologico aleatorio e Y = (y(s1), ..., y(sn))′

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observacoes deste em um conjunto de n localizacoes pertencentes a S. Considere

m membros do ensemble para estas mesmas localizacoes, representados por F1 =

(F1(s1), ..., F1(sn))′ , ...,Fm = (Fm(s1), ..., Fm(sn))′. A forma geral desse modelo e dada

por:

Y = θ01n + θ1Fs1 + ...+ θmFsm + ε, (3.4)

com 1n representando um n-vetor completo por 1’s, θ = (θ0, ..., θm)′, o vetor parametrico

da regressao e ε = (ε(s1), ..., ε(sn))′, observacoes de um Processo Gaussiano {ε(s), s ∈ S},

com as seguintes suposicoes:

E(ε) = 0n, Cov(ε(si), ε(sj)) = Σi,j = σ2C(si, sj), i, j = 1, ..., n. (3.5)

com 0n representando um n-vetor completo por 0’s. As entradas de C(.) dependem de

uma estrutura de correlacao valida para Processos Espaciais (veja Cressie, 1993). Para

a estimacao dos parametros desconhecidos do modelo GOP calibrando a temperatura

de superfıcie, Gel et al. (2004) propoem um metodo de estimacao em tres estagios

que se aproxima de uma abordagem de maxima verossimilhanca completa. Os autores

indicam a estimacao dos parametros por uma abordagem totalmente Bayesiana devido as

previsoes numericas serem realizadas em uma grade discreta, enquanto que as observacoes

correspondem a locais irregularmente espacados, o chamado problema de mudanca de

suporte, e esta abordagem tem a vantagem de lidar explicitamente e de forma coerente

com tal adversidade. Para mais detalhes sobre mudanca de suporte, consulte Gelfand

et al. (2001).

Uma desvantagem desse metodo e o fato de que nao foi desenvolvido para uso de

ensembles como o EMOS. Extensoes naturais combinando estes metodos com o GOP

serao apresentadas na sequencia.

3.2.2 Spatial Ensemble Model Output Statistics

O metodo Spatial Ensemble Model Output Statistics (SEMOS, Feldmann et al.,

2015), tambem conhecido como modelo de regressao espacial nao homogenea, combina os

metodos EMOS (Secao 3.1.2) e GOP (Secao 3.2.1). Este metodo utiliza o mesmo modelo

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que o metodo GOP descrito em (3.4) com {ε(s), s ∈ S} sendo um Processo Gaussiano

com ε = (ε(s1), ..., ε(sn))′ seguindo as seguintes suposicoes:

E(ε) = 0n, Cov(ε(si), ε(sj)) = Σ∗i,j = Di,iC(si, sj)Dj,j, i, j = 1, ..., n, (3.6)

onde D = diag(√β0 + β1S2

1 , ...,√β0 + β1S2

n) e uma matriz diagonal de dimensao n com

S2i representando a variancia amostral dos membros do ensemble para a i-esima localidade

e C(.) e uma matriz de correlacao espacial baseada no metodo GOP. Para a estimacao dos

parametros do SEMOS calibrando a temperatura de superfıcie, Feldmann et al. (2015)

consideraram primeiro ajustar o modelo EMOS original de forma semelhante a feita em

Gneiting et al. (2005). Dado as estimativas para os parametros do EMOS, o modelo GOP

e ajustado igualmente como feito em Gel et al. (2004). Nao ha aplicacoes disponıveis

com este modelo para a calibracao de variaveis assimetricas (e.g. velocidade do vento e

chuva) para campos meteorologicos completos na literatura.

3.3 Metodos de Calibracao Espaco-temporais

Comumente nos modelos apresentados, a estimacao dos parametros e feita atraves

de uma janela movel que consiste de um passado recente de valores observados e

previstos pelo modelo numerico, usualmente chamado de perıodo de treinamento no

contexto do pos-processamento estatıstico. Conforme discutido em Gneiting (2014), a

medida em que os perıodos de treinamento sao mais longos, estes permitem, a princıpio,

uma melhor estimativa com menor incerteza. No entanto, como abordado na Secao

2.1.5, perıodos longos podem tambem introduzir distorcoes devido aos efeitos sazonais

provindos do forcamento solar e de aspectos geograficos (e.g. localizacao geografica,

orografia e proximidade com o oceano). Gneiting et al. (2005) e Raftery et al. (2005)

analisam como o comprimento do perıodo de treinamento afeta a estimacao e incerteza

dos parametros, observando que ha ganhos (e.g. menores Raiz Quadrada do Erro

Quadratico Medio (rEQM) e Erro Absoluto Medio (EAM) obtidos em previsoes pontuais

e previsoes intervalares mais estreitas) com o aumento de ate 25 dias, especificamente em

sua aplicacao. Tambem comentam que, provavelmente, diferentes comprimentos deste

23

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perıodo sejam melhores para outros tipos de aplicacoes deste modelo (e.g. tipos de

variaveis, ciclos, regioes, horizontes, etc.) e ressaltam a importancia do desenvolvimento

de modos automaticos de decisao.

Em geral, a sazonalidade de fenomenos meteorologicos e bem definida (e.g.

forcamento solar – 24 horas, estacoes do ano – 3 meses), tornando o uso do Filtro

de Kalman (Kalman, 1960) usual para este tipo de aplicacao, contornando a limitacao

do comprimento do perıodo de treinamento e permitindo a dinamica temporal dos

parametros de tendencia.

Nesta secao serao propostas novas extensoes para os principais metodos de pos-

processamento estatıstico apresentados anteriormente. Desenvolvidas com a adicao da

componente temporal por meio dos Modelo Linear Dinamico (MLD, West e Harrison,

1997), de forma que tambem haja interacao espacial da informacao, produzem previsoes

probabilısticas calibradas para campos meteorologicos completos com possibilidade de

previsao em um horizonte intervalar. Estas extensoes foram nomeadas, respectivamente,

por Dynamic Geostatistical Output Calibration (Secao 3.3.1) e Spatiotemporal Ensemble

Model Output Statistics (Secao 3.3.2).

Um modelo que mostrou-se adequado para descricoes de fenomenos meteorologicos

com distribuicao assimetrica de forma simples (e.g. precipitacao em Bardossy e

Plate, 1992) em diferentes escalas de tempo e o modelo Normal Truncado (Stidd,

1973; Hutchinson, 1995). Seja {Yt(s), s ∈ S ⊂ R2, t = 1, ..., T} um campo meteorologico

aleatorio no tempo discreto t. Assumindo que o vetor de observacoes deste campo em n

localizacoes Yt = (yt(s1), ..., yt(sn))′ possui distribuicao Normal Truncada sobre a regiao

C ⊂ Rn, tem-se que:

Yt(s) =

BC−1 (Xt(s), λ) , se BC−1 (Xt(s), λ) ≥ c,

c, se BC−1 (Xt(s), λ) < c,(3.7)

onde C e o produto cartesiano de n intervalos [c,+∞), c e constante conhecida, λ e o

parametro desconhecido desta transformacao especıfica, Xt(s) e um Processo Gaussiano

e BC(., λ) representa a Transformacao Box-Cox (Box e Cox, 1964) definida por:

BC(y, λ) =

(yλ − 1

)/λ, se λ 6= 0 e y > 0,

log y, se λ = 0 e y > 0.

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Assim, supoe-se que Xt(s) e um Processo Gaussiano latente que e intrınseco a um

Processo Espacial assimetrico a partir de uma transformacao conhecida. Diferentes

famılias de transformacoes foram utilizadas em Glasbey e Nevison (1997), Sanso e Guenni

(1999) e Ravines et al. (2008).

A estruturacao dada em (3.7) baseia-se na tecnica de aumento de dados (Tanner

e Wong, 1987) e lida de forma natural e intuitiva com dados ausentes, eventualidade

corriqueira quando estuda-se simultaneamente um grande numero de localizacoes ao longo

do tempo, e com a suposta “censura” do Processo Espacial assimetrico quando Yt(s) < c,

com adicao de outros Processos Espaciais latentes da seguinte maneira:

Xt(s) =

Ut(s), se Yt(s) e ausente,

BC(Yt(s), λ), se Yt(s) ≥ c,

Zt(s), se Yt(s) < c.

(3.8)

3.3.1 Dynamic Geostatistical Output Pertubation

A extensao proposta para o modelo GOP (Secao 3.2.1), nomeada por DGOP,

combina-o com uma dinamica temporal de seus coeficientes lineares a partir da adaptacao

de MLDs. Assim, DGOP e um MLD com covariancias estocasticas e aprendizado por

descontos a partir de uma evolucao estocastica Beta-Gama (veja Secao E.6 do Apendice

E). Sequencialmente com (3.7), o modelo DGOP e dado por:

Xt = F′tθt + εt, εt ∼ N(0n,Σt), (3.9a)

θt = Gtθt−1 + ωt, ωt ∼ Tnt−1(0p,Wt), (3.9b)

onde Xt = (xt(s1), ..., xt(sn))′, F′tθt descreve a tendencia polinomial com a matriz F′t de

dimensao n×r (r ≥ m) composta por covariaveis explicativas (e.g. ensemble de previsoes,

latitude, longitude e altura das localizacoes) e θt representando o vetor de parametros de

estados de dimensao r, Gt e a matriz de evolucao de dimensao r, ωt e o erro de evolucao

com distribuicao t-Student com nt−1 graus de liberdade com vetor de medias nulo e matriz

de forma Wt. Os graus de liberdade nt−1 sao definidos atraves da evolucao estocastica

25

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Beta-Gama. A partir do Processo Gaussiano {εt(s), s ∈ S, t = 1, ..., T}, assume-se que

εt = (εt(s1), ..., εt(sn))′ segue as seguintes suposicoes:

E(εt) = 0n, Cov(εt(si), εt(sj)) = Σti,j = σ2tC(si, sj), i, j = 1, ..., n. (3.10)

Construiu-se C(.) com base na funcao de correlacao exponencial dada por C(si, sj) =

exp(−φ‖si − sj‖) com φ > 0 representando a taxa de decaimento exponencial e ‖si − sj‖,

a distancia euclidiana entre as localizacoes si e sj, i, j = 1, ..., n.

Para a estimacao dos parametros desconhecidos do modelo DGOP, opta-se pela

abordagem Bayesiana devido a incorporacao das incertezas nas estimativas dos

parametros serem levadas em consideracao na inferencia preditiva atraves de suas

distribuicoes a posteriori. Utiliza-se a tecnica de fatores de desconto como auxılio na

especificacao de W1:T . Mais detalhes sobre fatores de desconto podem ser encontrados na

Secao E.4 do Apendice E. Assim, seguindo o Teorema de Bayes, a distribuicao a posteriori

do vetor parametrico Θ = (θ1:T , σ21:T , φ, λ)′ e proporcional a funcao de verossimilhanca

p(Y1,s, ...,YT,s|θ1:T , σ21:T , φ, λ) multiplicada pela distribuicao a priori p(θ0, σ

20, φ, λ). Para

o modelo espaco-temporal DGOP apresentado em (3.7) a (3.9), a distribuicao a posteriori

do vetor parametrico Θ = (θ1:T , σ21:T , φ, λ)′ e dada por:

p(θ1:T , σ21:T , φ, λ|Y1:T ) ∝

T∏t=1

|Σt|−1/2

× exp

{−1

2

T∑t=1

(Xt − F′tθt)′Σt−1(Xt − F′tθt)

}

× exp

{−1

2

T∑t=1

(θt −Gtθt−1)′Wt

−1(θt −Gtθt−1)

∏{i,t:Yit>c}

Y λ−1it × p(θ0, σ2

0, φ, λ).

(3.11)

Para obter amostras aproximadas da distribuicao a posteriori do vetor parametrico

Θ = (θ1:T , σ21:T , φ, λ)′, a qual nao possui forma analıtica conhecida, metodos de Monte

Carlo via Cadeias de Markov (MCMC, Gamerman, 1997) sao aplicaveis. A partir de

(3.11), obtem-se as distribuicoes condicionais completas dos parametros de interesse.

A descricao completa das distribuicoes condicionais completas poderao ser encontradas

no Apendice C. De forma especıfica para os parametros deste modelo, amostras para

26

Page 43: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

(θ1:T , σ21:T )′ sao obtidas atraves do procedimento Forward Filtering Backward Sampling

(FFBS, Fruhwirth-Schnatter, 1994; Carter e Kohn, 1994) e para (φ, λ)′, usa-se o algoritmo

Robusto-Adaptativo de Metropolis (RAM, Vihola, 2012). Mais detalhes acerca do

procedimento FFBS podem ser encontrados na Secao E.5 do Apendice E e do algoritmo

RAM, no Apendice D. Informacoes acerca das distribuicoes a priori, fatores de desconto

utilizados e detalhes computacionais serao dados durante sua aplicacao no Capıtulo 4.

3.3.2 Spatiotemporal Ensemble Model Output Statistics

Analogo ao metodo DGOP, o metodo Spatiotemporal Ensemble Model Output

Statistics (STEMOS) combina o metodo SEMOS (Secao 3.2.2) com Modelo Linear

Dinamicos (MLDs). Desta forma, STEMOS e um MLD Normal Multivariado (veja Secao

E.1 do Apendice E).

Com a estruturacao dada em (3.8), o modelo STEMOS e, sequencialmente, dado por:

Xt = F′tθt + εt, εt ∼ N(0n,Σ∗t ), (3.12a)

θt = Gtθt−1 + ωt, ωt ∼ N(0p,Wt), (3.12b)

onde, diferentemente do modelo apresentado anteriormente, ωt e o erro de evolucao

Normalmente distribuıdo com vetor de medias nulo e matriz de covariancia Wt. A partir

do Processo Gaussiano {εt(s), s ∈ S, t = 1, ..., T}, assume-se que εt = (εt(s1), ..., εt(sn))′

segue as seguintes suposicoes:

E(εt) = 0n, Cov(εt(si), εt(sj)) = Σ∗ti,j = Dti,iC(si, sj)Dtj,j , (3.13)

onde Dt = diag(√β0 + β1S2

1,t, ...,√β0 + β1S2

n,t) e uma matriz diagonal de dimensao n

com S2i,t representando a variancia amostral dos membros do ensemble para a i-esima

localidade no tempo t e C(.) e uma matriz de correlacao espacial construıda de mesmo

modo que o modelo DGOP (Secao 3.3.1). Faz-se uso da tecnica de fatores de desconto

para a especificacao de W1:T .

27

Page 44: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

A estimacao dos parametros do STEMOS tambem e feita sobre a abordagem

Bayesiana. A distribuicao a posteriori do vetor parametrico Θ∗ = (θ1:T ,β, φ, λ)′ e dada

por:

p(θ1:T ,β, φ, λ|Y1:T ) ∝T∏t=1

|Σ∗t |−1/2

× exp

{−1

2

T∑t=1

(Xt − F′tθt)′Σ∗t−1(Xt − F′tθt)

}

× exp

{−1

2

T∑t=1

(θt −Gtθt−1)′Wt

−1(θt −Gtθt−1)

∏{i,t:Yit>c}

Y λ−1it × p(θ0,β, φ, λ).

(3.14)

De forma especıfica para os parametros deste modelo, amostras para θ1:T sao obtidas

atraves do procedimento FFBS (Fruhwirth-Schnatter, 1994; Carter e Kohn, 1994) e

para (β, φ, λ)′, atraves do algoritmo Robusto-Adaptativo de Metropolis (RAM, Vihola,

2012). Informacoes acerca das distribuicoes a priori utilizadas e detalhes computacionais

tambem serao dados durante a aplicacao no Capıtulo 4.

No capıtulo a seguir, alguns dos modelos de pos-processamento estatıstico para

calibracao de campos meteorologicos completos exibidos nas Secoes 3.2 e 3.3 serao

testados e comparados conforme o desempenho na calibracao feita nas previsoes

numericas da velocidade do vento a 10 metros em Minas Gerais providas pelo modelo

Eta.

28

Page 45: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Capıtulo 4

Aplicacao a Previsao da Velocidade

do Vento em Minas Gerais

Os resultados apresentados neste Capıtulo avaliam a capacidade de calibracao dos

modelos de pos-processamento apresentados no Capıtulo 3.

A Secao 4.1 caracteriza o banco de dados disponıvel. Na Secao 4.2, definicoes iniciais

sao contextualizadas para aplicacao dos modelos propostos. A Secao 4.3 cataloga os

modelos propostos para a aplicacao. Na Secao 4.4, sao exibidos os resultados obtidos

na pratica em distintas aplicacoes. Por fim, a Secao 4.5 resume os resultados e exibe as

conclusoes.

4.1 Descricao do Conjunto de Dados

O banco de dados utilizado e composto pelo ensemble de previsoes numericas horarias

iniciadas as 12 UTC do modelo de Mesoescala Eta para a velocidade do vento instantanea

a 10 metros de altura no Estado de Minas Gerais e seu entorno de 01 de novembro de

2015, 12 UTC a 30 de novembro de 2016, 11 UTC, totalizando mais de dez mil ensembles,

um para cada hora de previsao. A quantidade de membros do ensemble, como elucidado

pela Figura 2.4, pode variar devido a nao inicializacao do modelo Eta e do horizonte de

previsao requisitado. O horizonte maximo de previsao deste modelo e 255 horas, i.e., o

modelo Eta preve de 0 a 255 horas a frente. Assim, se o interesse e calibrar as previsoes

29

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Tabela 4.1: Configuracao dos membros do ensemble para previsoes 24 horas a frente as

12 UTC.

Previsao

Origem 02/12/2015 03/12/2015 ... 10/12/2015 11/12/2015 ...

01/12/2015 +24h +48h ... +216h +240h ...

02/12/2015 +24h ... +192h +216h ...

03/12/2015 ... +168h +192h ...

04/12/2015 ... +144h +168h ...

05/12/2015 ... +120h +144h ...

06/12/2015 ... +96h +120h ...

07/12/2015 ... +72h +96h ...

08/12/2015 ... +48h +72h ...

09/12/2015 +24h +48h ...

10/12/2015 +24h ...

no horario de iniciacao do modelo Eta (12 UTC) 24 horas a frente, o ensemble sera

composto pelas previsoes feitas 240, 216, ... , 48 e 24 horas anteriores, totalizando 10

membros. A Tabela 4.1 esquematiza o enquadramento dos membros para a construcao

de um ensemble do tipo defasado, como na Figura 2.4(a).

Para evitar a eventual indisponibilidade de algum membro, optou-se utilizar a

media dos momentaneamente disponıveis sob determinado horizonte de calibracao.

Este procedimento nao acarreta grande perda de informacao, em vista que, ha alta

correlacao linear entre os membros, implicando em uma boa estabilidade do modelo

Eta, como exibida pela Figura 4.1. Note que desta forma tambem evita-se problemas

de multicolinearidade. Mais detalhes sobre tal adversidade, consulte Montgomery e Peck

(1982). Segundo Grimit e Mass (2007), a media dos membros pode captar uma eventual

anomalia meteorologica pontual (e.g. frente fria) e assim, seu uso tambem e indicado por

aspectos teoricos.

Medicoes da variavel meteorologica em estudo nas 59 estacoes de monitoramento em

Minas Gerais e seu entorno, assim como dados georreferenciados destas (e.g. latitude,

longitude e altura do relevo) tambem integram o banco de dados utilizado. O historico de

30

Page 47: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

+96h

+1

20h

+144h

+168h

+192h

+216h

+120h

+144h

+168h

+192h

+216h

+240h

Figura 4.1: Matriz de correlacao dos membros do ensemble de previsoes numericas da

velocidade do vento a 10 m em 21 de junho de 2016, 12 UTC.

registros de previsoes numericas e variaveis meteorologicas esta disponıvel para o mesmo

perıodo de tempo. A precisao numerica dos dados e de uma casa decimal. Outras

definicoes requeridas como entrada para os modelos apresentados na Secao 3.3 como o

vetor de descontos δ, as matrizes F′t e Gt e o fator de desconto requerido na evolucao

estocastica Beta-Gama (veja Secao E.6 do Apendice E) exclusivo do modelo DGOP

(Secao 3.3.1) serao apresentados na secao a seguir.

Devido a atividade operacional que os modelos de pos-processamento exercem e a

grande quantidade de dados disponıveis, nao houve como utilizar todos de forma contınua.

Por consequencia, seguindo a logica das estacoes do ano, foram feitas 12 previsoes, 1

para cada mes, partindo de dezembro de 2015 a novembro de 2016. O horizonte de cada

aplicacao sera explicado a frente.

Projetou-se duas situacoes de aplicacoes para a calibracao da velocidade do vento a

10 metros. Sao elas:

(i) Previsao em um horario especıfico (e.g. no horario de funcionamento do modelo

Eta, 12 UTC). Assim, a unidade de tempo t sao dias.

(ii) Previsao continuamente de hora em hora. Assim, a unidade de tempo t sao horas.

31

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Tais aplicacoes foram nomeadas por (i) “diaria” e (ii) “horaria”. Os resultados obtidos

serao apresentados, respectivamente, nas Secoes 4.4.1 e 4.4.2.

4.2 Selecao de Covariaveis e Definicoes dos Modelos

Iniciando a aplicacao, decidiu-se analisar quais covariaveis seriam introduzidas na

analise final. As covariaveis dividem-se em 3 blocos, sao eles:

– Ensemble (ENS): Refere-se a uma covariavel explicativa unidimensional com a

media dos membros do ensemble para determinada localizacao. E o mınimo

requerido como entrada de modelos de pos-processamento estatıstico.

– Autorregresivo (AR): Refere-se a uma covariavel explicativa unidimensional com

valores observados no passado recente, respeitando a defasagem imposta pelo

horizonte de previsao (e.g. Para previsoes 24 horas a frente, o conjunto

autorregressivo recebe as medicoes feitas 24 horas anteriormente) para determinada

localizacao.

– Auxiliares (AUX): Refere-se a uma covariavel explicativa tridimensional com a

latitude, longitude e altitude do relevo dos locais das estacoes de monitoramento

meteorologico. Estas covariaveis nao se alteram ao longo do tempo.

Determinou-se que, em uma analise inicial de desempenho e significancia dos

parametros relacionados a cada covariavel, a combinacao do bloco de covariaveis utilizada

no modelo de calibracao espaco-temporal DGOP (Secao 3.3.1) que retornasse os melhores

resultados em suas previsoes, segundo os criterios de comparacao, em uma aplicacao

piloto, seria a utilizada de forma geral. Considerou-se na aplicacao piloto o tempo em

dias e o horizonte de previsao de 1 a 4 dias a frente, simbolizado por horas como 24 a

96 horas a frente. As previsoes foram feitas para os dias 01 a 04 de abril de 2016, 12

UTC, escolhidos arbitrariamente, com um perıodo de treinamento de 90 observacoes. Os

criterios de comparacao foram selecionados de maneira que seja praticavel a comparacao

entre as previsoes numericas provindas do modelo Eta que fornece apenas estimativas

pontuais com as calibradas provenientes do ajuste dos modelos estatısticos. Assim, os

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criterios escolhidos foram rEQM, EAM e Indice de Concordancia de Willmott (ICW,

Willmott, 1981). Quanto menores forem os valores da rEQM e do EAM, melhores

serao as previsoes. O ICW e uma medida padronizada variando entre 0 (ausencia de

concordancia) e 1 (correspondencia perfeita). Estes criterios sao os mais usuais em meio

a literatura disponıvel sobre calibracao de variaveis meteorologicas. Mais detalhes acerca

destes criterios podem ser encontrados no Apendice B.

A transformacao proposta em (3.7) auxilia na acomodacao de variaveis meteorologicas

com distribuicao assimetrica e com domınio positivo (R+) em modelos estatısticos que

dispoem intrinsecamente de Processos Gaussianos como os modelos de calibracao espacial,

apresentados na Secao 3.2, e espaco-temporal, apresentados na Secao 3.3. Estes ultimos

tem esta transformacao agregada em si, a qual depende da constante c = 0, definida

conforme a natureza da variavel meteorologica em estudo. Assim, a transformacao em

(3.7) sera dada por:

Yt(s) =

BC−1 (Xt(s), λ) , se BC−1 (Xt(s), λ) ≥ 0,

0, se BC−1 (Xt(s), λ) < 0,

O vetor de descontos δ utilizado e composto por 3 componentes divididas por δT1,

representando o desconto para os coeficientes de tendencia relativos ao intercepto do

modelo, media do ensemble e medicoes retroativas, δT2, para os coeficientes de tendencia

relativos a localizacao geografica (altitude, latitude e longitude) e δS, para a componente

sazonal – intrınseca ao MLD que embasam os modelos propostos. Assim, o vetor de

descontos δ e dado por:

δ = (δT1, δT2, δS)′,

com δT1 = δT2 = 0, 99 e δS = 0, 95 sendo atribuıdos arbitrariamente com base em

aplicacoes anteriores (e.g. Glasbey e Nevison, 1997; Sanso e Guenni, 1999; Ravines et al.,

2008).

A matriz Ft depende da escolha dos blocos de covariaveis que serao utilizados.

Conforme os criterios definidos, foi visto que o modelo com somente as previsoes

numericas (bloco ENS) nao consegue descrever bem o fenomeno e assim, fornecer boas

previsoes. A adicao de informacoes locais, tanto da variavel de estudo de maneira

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retroativa (bloco AR), quanto de aspectos regionais (bloco AUX), fornecem uma menor

propensao a erros. Dentre os resultados obtidos nesta aplicacao, exibidos na Tabela 4.2,

pode-se perceber uma relacao de complemento entre os blocos. Em particular para as

previsoes do horizonte +96h, note que a insercao do bloco AR fez com que o valor da

rEQM elevasse de 1,316 para 1,371. Adicionado o bloco AUX, regressa a 1,315. Ocorre

algo similar para o EAM neste mesmo horizonte. Assim, perceba que o uso dos 3 blocos

(ENS, AR e AUX) auxiliou na diminuicao dos criterios rEQM e EAM quando o uso de

2 blocos (ENS e AR) acarretou prejuızos no desempenho das previsoes. Para os demais

horizontes, a relacao e proporcionalmente inversa, i.e., quanto maior a quantidade de

covariaveis utilizadas, menor e o erro das previsoes calibradas em todos os criterios de

comparacao. Alem disso, utilizar somente o bloco ENS acarretou em grandes prejuızos no

ICW, obtendo resultados piores dos que os obtidos pelas previsoes numericas as quais,

estao expostas a erros sistematicos, em todos os horizontes, chegando em valores ate

2,5 vezes menores. Por consequencia, todas as covariaveis disponıveis serao utilizadas

em todas as aplicacoes. Cabe ressaltar que o bloco ENS e obrigatorio como entrada de

modelos de pos-processamento estatıstico. Desta forma, nao testou-se na aplicacao piloto

a combinacao que exclui este bloco.

Na pratica, a matriz F′t tera componentes de sua i-esima linha dados por(1, f(si), Yt−h(si), altura(si), latitude(si), longitude(si),1 {aplic} , 0

), i = 1, ..., 59, com

f(si) simbolizando a media dos membros do ensemble para a i-esima localizacao, Yt−h(si),

o registro da variavel meteorologica h unidades de tempo atras e 1 {aplic}, uma funcao

indicadora que recebe o valor 1 quando a unidade de tempo e hora e 0, caso contrario.

Esta funcao indica que quando se trabalha com os modelos espaco-temporais em

aplicacoes que consideram a unidade de tempo como horas, pode-se adicionar covariaveis

explicativas para definir a sazonalidade. O coeficiente sazonal e adaptado na matriz de

evolucao do vetor de estados dada por Gt = BD(G1, G2× 1 {aplic}) com G1 sendo uma

matriz diagonal de ordem 6 e G2, harmonicos, definido pela matriz:

G2 =

cos(2π/24) sen(2π/24)

−sen(2π/24) cos(2π/24)

.

34

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Tabela 4.2: Relacao dos criterios de comparacao de modelos para diferentes blocos de

covariaveis e horizontes obtidos nas previsoes realizadas na aplicacao piloto.

Covariaveis

Criterios Horizonte Eta ENS ENS+AR ENS+AR+AUX

rEQM

+24h 1,457 1,382 1,185 1,142

+48h 1,880 0,975 0,735 0,732

+72h 1,579 1,053 0,959 0,919

+96h 1,515 1,316 1,371 1,315

EAM

+24h 1,223 1,055 0,832 0,812

+48h 1,614 0,828 0,603 0,585

+72h 1,262 0,849 0,718 0,678

+96h 1,262 0,982 1,012 0,955

ICW

+24h 0,497 0,293 0,626 0,662

+48h 0,451 0,389 0,700 0,738

+72h 0,463 0,178 0,532 0,601

+96h 0,433 0,382 0,510 0,549

35

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Sob esta configuracao, os harmonicos foram definidos com um perıodo de 24 horas

representando o forcamento solar corroborados pela Figura 1.4. Na pratica, o fator

sazonal 1 {aplic} sera nulo na aplicacao (i) “diaria” e unitario, na (ii) “horaria”.

Optou-se fixar o fator de desconto requerido para a evolucao estocastica Beta-Gama do

modelo DGOP (Secao 3.3.1), definido na Secao E.6 do Apendice E, δ∗ = 1, de forma que

o parametro de variancia seja constante ao longo do tempo, i.e., σ2t = σ2, ∀t. Essa decisao

foi tomada em vista que, o parametro σ2t fixado no tempo, pertencente ao modelo em

questao, equivale ao parametro β0 do modelo STEMOS (Secao 3.3.2). Assim, a diferenca,

com relacao aos parametros, entre estes modelos ficara por conta da relacao dispersao-

proficiencia, comentada na Secao 3.1.2, representada pelo parametro β1 > 0. De forma

direta, este parametro infla a variancia quando ha discordancia entre os membros do

ensemble. Na pratica, quando β1 se aproxima de zero, STEMOS e proximo ao DGOP

com variancia fixa.

As distribuicoes a priori atribuıdas aos parametros dos modelos, bem como a definicao

dos modelos que serao utilizados nas aplicacoes serao elucidados na secao a seguir.

4.3 Modelos Propostos

Para a calibracao da velocidade do vento a 10 metros de altura no Estado de

Minas Gerais, comparou-se o desempenho de 3 distintos modelos de pos-processamento

propostos. Em suma, sao eles:

1. Modelo SEMOS

Este modelo possui componente espacial, transformacao Box-Cox na variavel

resposta e censura a esquerda.

Apesar de homonimo, este nao e o proposto por Feldmann et al. (2015) devido

a restricao de acomodar apenas variaveis meteorologicas assumindo distribuicao

simetrica (e.g. temperatura e pressao atmosferica). Assim, o modelo SEMOS

proposto e uma extensao do existente, estruturado como a combinacao da

transformacao definida em (3.7) e o modelo da literatura definido na Secao 3.2.2.

36

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Este modelo e um caso particular do modelo STEMOS e ocorre quando o vetor de

estados e fixado ao longo do tempo, i.e., θt = θ, ∀t.

Para os parametros deste modelo, supos-se, inicialmente, independencia entre

seus parametros, i.e., p(θ,β, φ, λ) = p(θ)p(β)p(φ)p(λ) com θ ∼ N(08, I8), β ∼

NT(0,∞)(02, 10I2), φ ∼ G(

2, max(d)6

)e λ ∼ N(1, 10) onde I8 representa uma

matriz identidade de dimensao 8 e max(d), a distancia maxima observada entre

as localizacoes. Como, no contexto da calibracao, θ representa os coeficiente de

uma combinacao linear de covariaveis com a mesma escala (excluındo o bloco

AUX), proximo a uma media ponderada, espera-se que∑8

i=1 θi seja proximo a

1. Entao, a distribuicao a priori atribuıda a θ, assim como para β e λ, e

considerada nao informativa. O vetor de parametros β representa os coeficientes

(estritamente positivos) da combinacao linear da variancia amostral dos membros

do ensemble. Sendo assim, adicionou-se tal restricao na distribuicao a priori

comumente atribuıda para parametros com esta finalidade. Os hiper-parametros

para a distribuicao a priori atribuıda a φ foram selecionados de acordo com a

premissa de que a correlacao espacial e quase nula na metade da distancia maxima

entre as localizacoes observadas (Banerjee et al., 2014) e a λ, de forma que o valor

esperado seja 1, representando o efeito nulo da tranformacao Box-Cox.

2. Modelo STEMOS

Este modelo e o MLD Normal Multivariado com o vetor de erros observacionais εt

restrito as suposicoes indicadas em (3.13) apresentado na Secao 3.3.2. De forma

geral, o STEMOS possui componente espacial, temporal, transformacao Box-Cox

na variavel resposta e censura a esquerda.

As definicoes de entrada utilizadas, como o vetor de descontos δ, as matrizes F′t e

Gt, foram as mesmas utilizadas na aplicacao piloto, definidas na Secao 4.2.

Para os parametros deste modelo, supos-se, inicialmente, independencia entre seus

parametros, i.e., p(θ0,β, φ, λ) = p(θ0)p(β)p(φ)p(λ) com θ0 ∼ N(08, I8). As

distribuicoes a priori atribuıdas ao vetor parametrico (β, φ, λ)’ sao similares ao

37

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modelo anterior. De maneira analoga ao parametro θ do modelo SEMOS, a

distribuicao a priori atribuıda a θ0 e tambem considerada nao informativa.

3. Modelo DGOP

Este modelo e o MLD com covariancias estocasticas e aprendizado por descontos a

partir de uma evolucao estocastica Beta-Gama com o vetor de erros observacionais

εt restrito as suposicoes indicadas em (3.10) apresentado na Secao 3.3.1. De forma

geral, o DGOP possui componente espacial, temporal, transformacao Box-Cox na

variavel resposta e censura a esquerda. Foi o modelo utilizado inicialmente na

aplicacao piloto. Sob certas condicoes, e tambem um caso particular do STEMOS.

Para os parametros deste modelo, supos-se, inicialmente, independencia entre seus

parametros, i.e., p(θ0, σ2, φ, λ) = p(θ0)p(σ

2)p(φ)p(λ) com θ0 ∼ T1(0, I8) e ϕ =

1/σ2 ∼ G(1; 0, 1). As distribuicoes a priori atribuıdas ao vetor parametrico (φ, λ)’

sao similares aos modelos anteriores. Os hiper-parametros da distribuicao a priori

atribuıda a ϕ = 1/σ2 foram determinados de forma que haja semelhanca com os

atribuıdos ao vetor de parametros β dos modelos SEMOS e STEMOS, o qual possui

finalidade parecida com a de σ2. As distribuicoes a priori designadas a θ0 e ϕ =

1/σ2 podem ser consideradas nao informativas conforme elucidado previamente.

Modelos de pos-processamento estatıstico que nao possuem componente espacial,

descritos na Secao 3.1, nao foram empregados no presente trabalho pelo fato de nao

considerarem a calibracao de campos meteorologicos. Estes corrigem cada localizacao

de forma independente, sem a possibilidade de interpolacao espacial corrigida e assim,

nao sao uteis para a calibracao da velocidade do vento a 10 m no Estado de Minas

Gerais. Alem disso, os modelos de pos-processamento existentes na literatura que detem

da componente espacial assumem que a variavel meteorologica tem distribuicao simetrica,

o que nao e o caso do presente estudo. Sendo assim, tambem nao foram aplicados em

sua forma canonica.

Para medir o desempenho da calibracao feita pelos modelos propostos e compara-los

com as previsoes numericas determinısticas, empregou-se os mesmos criterios utilizados

na aplicacao piloto, descritos na Secao 4.2. A avaliacao das previsoes probabilısticas

38

Page 55: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

dos modelos de pos-processamento propostos e feita tambem atraves do Interval Score

(IS, Gneiting e Raftery, 2007) o qual, leva em consideracao a amplitude e cobertura

dos intervalos de predicao, de forma parcimoniosa. Quando nao ocorre a cobertura, o

modelo e penalizado. Caso todos os valores verdadeiros estejam contidos no intervalo de

predicao, esta medida se resume a amplitude do intervalo. Quanto menores os valores

para IS, mais eficientes sao as previsoes probabilısticas. Para mais detalhes sobre este

criterio, consulte o Apendice B.

Todos os modelos utilizados no presente trabalho foram implementados em linguagem

de programacao R (R Core Team, 2018) no software estatıstico homonimo e visando

a minimizacao do tempo computacional, algumas funcoes do algoritmo MCMC foram

implementadas em linguagem C++ (ISO, 2017) utilizando a biblioteca Armadillo

(Sanderson e Curtin, 2016) por meio do pacote Rcpp (Eddelbuettel e Francois, 2011).

4.4 Resultados

Para a obtencao de amostras da distribuicao a posteriori dos parametros dos modelos

por meio do algoritmo MCMC, monitorou-se a trajetoria de duas cadeias partindo

de valores iniciais distintos. Para minimizar problemas provindos da autocorrelacao

existente entre os valores gerados que compoem a cadeia, apos um determinado perıodo

de aquecimento (burn-in), valores sao incluıdos na amostra da distribuicao a posteriori

com certo espacamento (thinning). Esses valores variam entre os modelos e aplicacoes. A

Tabela 4.3 contem estas informacoes das cadeias MCMC obtidas para todos os modelos

empregados em diferentes aplicacoes juntamente com o tempo medio consumido (em

minutos) a partir de um desktop com configuracoes domesticas medianas1. Devido ao

carater operacional do tipo de correcao a qual os modelos propostos foram desenvolvidos,

o custo computacional e tambem um criterio de comparacao. Como a inferencia foi feita

com o auxılio de metodos computacionais intensivos, a quantidade de parametros e de

iteracoes necessarias do algoritmo influenciam diretamente no tempo de processamento.

1Processador: Intel(R) Core(TM) i5-4590 CPU @ 3.30GHZ; Memoria RAM: 8 GB

39

Page 56: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Tabela 4.3: Informacoes acerca das cadeias MCMC para os modelos propostos em

diferentes aplicacoes.

Cadeias MCMC

Modelo Aplicacao Burn-in Thinning Iteracoes Amostra Tempo medio (min)

DGOPDiaria 15.000 30 75.000 2.000 34,78

Horaria 3.000 30 63.000 2.000 72,33

SEMOSDiaria 2.000 30 63.000 2.000 34,43

Horaria 6.000 30 66.000 2.000 103,36

STEMOSDiaria 15.000 30 75.000 2.000 42,74

Horaria 30.000 50 130.000 2.000 169,83

Com o auxılio do algoritmo Robusto Adaptativo de Metropolis (RAM, Vihola, 2012),

o tuning e feito de maneira sequencial e adaptativa, de forma que, fixa-se a taxa de

aceitacao de interesse (23,4%), resultando em taxas observadas entre 22 a 25%.

A atualizacao dos parametros de estado dos modelos com dinamica espaco-temporal

e feita de acordo como descrito na Secao E.2 do Apendice E. Apos a estimacao do vetor

parametrico Θ particular de cada modelo via MCMC, assume-se a existencia de amostras

Θ(i)

, i = 1, ..., Q da distribuicao a posteriori p(Θ|Y1:T ) com Q representando o tamanho

da amostra gerada. A distribuicao preditiva p(Y1:T ) e aproximada por meio de Integracao

de Monte Carlo (Robert, 2004) da seguinte maneira:

p(Y1:T ) ≈ 1

Q

Q∑i=1

p(Y1:T |Θ

(i)). (4.1)

E por fim, a distribuicao de previsao h unidade de tempo a frente p(YT+h|Y1:T ) dos

modelos com dinamica espaco-temporal e obtida como descrito na Secao E.3 do Apendice

E. Assim, obtem-se, de cada modelo, previsoes pontuais e intervalares para a velocidade

do vento a 10 m.

40

Page 57: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

4.4.1 Aplicacao: Diaria

Nesta aplicacao, considera-se o tempo em dias e o horizonte de previsao de 1 a 4 dias

a frente, simbolizado por horas como 24 a 96 horas a frente. As previsoes sao feitas para

o dia 18 a 21 de cada mes, 12 UTC. O perıodo de treinamento possui 90 dias.

Em uma visao geral do desempenho das previsoes do modelo Eta e dos modelos

propostos ao longo das estacoes do ano apresentada na Figura 4.2, por meio dos criterios

rEQM, EAM e ICW, observa-se que as previsoes numericas provenientes do modelo

Eta foram mais erraticas, no perıodo disponıvel desta aplicacao (dia 18 a 21 de cada

mes, 12 UTC), durante os meses do verao e da primavera. Isso pode se dar ao fato

de que estas estacoes do ano apresentaram extremos da velocidade do vento a 10 m,

respectivamente, como menores e maiores medias observadas. A rEQM para estas

previsoes varia, aproximadamente, no intervalo (1; 3, 5), o EAM, em (0, 9; 3) e o ICW,

em (0, 4; 0, 6).

A rEQM para estas previsoes varia, aproximadamente, no intervalo (0, 9; 2, 5), o EAM,

em (0, 7; 2) e o ICW, em (0, 4; 0, 8). Em geral, todos os modelos propostos obtiveram

criterios de comparacao melhores que o modelo Eta, implicando que, de fato, o pos-

processamento foi relevante na qualidade das previsoes. Os resultados destacam-se mais

no verao e na primavera, respectivamente, estacoes do ano que registraram medias

mınimas e maximas da velocidade do vento a 10 m. No entanto, em determinados

momentos nos meses de abril, maio (outono) e julho (inverno), o pos-processamento

produziu resultados ligeiramente piores. E difıcil elucidar com precisao o porque destes

casos pontuais. Uma possibilidade e a ocorrencia de uma anomalia em muitos locais

de observacao, implicando em registros incomuns. Alem disto, perceba a mudanca de

nıvel da rEQM e do EAM iniciada na sucessao do inverno para a primavera durante o

mes de agosto. Possivelmente, indica uma mudanca de regime climatico a qual, pode ser

pretexto para o uso de covariaveis dummies para as estacoes do ano ou a introducao de

harmonicos com perıodo que represente as estacoes do ano exclusivamente nos modelos

com componente temporal. Ambos devem ser aplicados conjuntamente com um perıodo

41

Page 58: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

rEQ

M (

m/s

)

De

z

Ja

n

Fev

Ma

r

Ab

r

Ma

i

Ju

n

Ju

l

Ag

o

Se

t

Ou

t

Nov

1.0

2.0

3.0

Verão Outono Inverno Primavera

EtaSEMOSSTEMOSDGOP

(a) rEQM

EA

M (

m/s

)

De

z

Ja

n

Fev

Ma

r

Ab

r

Ma

i

Ju

n

Ju

l

Ag

o

Se

t

Ou

t

Nov

1.0

2.0

3.0

Verão Outono Inverno Primavera

EtaSEMOSSTEMOSDGOP

(b) EAM

ICW

De

z

Ja

n

Fev

Ma

r

Ab

r

Ma

i

Ju

n

Ju

l

Ag

o

Se

t

Ou

t

Nov

0.3

0.5

0.7

Verão Outono Inverno Primavera

EtaSEMOSSTEMOSDGOP

(c) ICW

Figura 4.2: Criterios de comparacao de modelos na aplicacao diaria ao longo das estacoes

do ano.

42

Page 59: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

IS

De

z

Ja

n

Fev

Ma

r

Ab

r

Ma

i

Ju

n

Ju

l

Ag

o

Se

t

Ou

t

Nov

46

81

01

4Verão Outono Inverno Primavera

SEMOSSTEMOSDGOP

Figura 4.3: Interval Score na aplicacao diaria ao longo das estacoes do ano.

de treinamento mais longo (� 90 dias2). Em contrapartida, perıodos de treinamentos

muito longos acarretam altos custos computacionais para estes modelos.

Sobre o desempenho das previsoes pontuais calibradas provenientes do ajuste dos

modelos propostos, pode-se afirmar que houve um empate tecnico. Nao ha diferencas

significativas no desempenho destas previsoes pontuais nesta aplicacao. Todavia, os

modelos estatısticos fornecem previsoes intervalares, no contexto da inferencia Bayesiana,

nomeados por Intervalo de Credibilidade (IC). Sao obtidos a partir da distribuicao

preditiva, demonstrada em (4.1). Assim, a Figura 4.3 apresenta o IS, criterio que engloba

a amplitude do IC90% e penaliza valores observados que nao estao contidos nestes,

elucidado na Secao 4.3, ao longo das estacoes do ano. Como nos criterios anteriores, ha

pouca divergencia. Contudo, pode-se enfatizar 2 picos: um ocorrido em abril (outono)

pelas previsoes provenientes do modelo SEMOS e o outro, em agosto (inverno) a partir

do ajuste do modelo DGOP. As previsoes fornecidas pelo ajuste do modelo STEMOS

mostraram-se superficialmente mais parcimoniosas, equilibrando o comprimento medio

do IC90% com a cobertura dos valores observados. No entanto, isto nao o caracteriza

como melhor modelo.

Na tentativa de compreender melhor o processo estatıstico subentendido no

procedimento da calibracao das previsoes numericas da velocidade do vento a 10

m, a Figura 4.4 ilustra um resumo da distribuicao a posteriori para o vetor de

parametros estaticos Θ = (β0, β1, φ, λ)′ ao longo das estacoes do ano. Os parametros

2Duracao media das estacoes do ano.

43

Page 60: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

β0

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

0.6

0.8

1.0

1.2

Ver Out Inv Pri

(a) β0β

1

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov0

.00

0.1

00.2

0

Ver Out Inv Pri

(b) β1

φ

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov1

.02.0

3.0

Ver Out Inv Pri

(c) φ

λ

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

0.4

50.5

5

Ver Out Inv Pri

(d) λ

Figura 4.4: Mediana a posteriori e intervalos de credibilidade de 90% para o vetor

parametrico estatico do modelo STEMOS na aplicacao diaria ao longo das estacoes do

ano.

em questao pertencem ao modelo STEMOS o qual, foi selecionado pelo fato de conter

mais parametros, independente dos resultados exibidos ate entao. Observou-se que os

parametros que compoem o vetor parametrico estatico de outros modelos e sao comuns

a Θ = (β0, β1, φ, λ)′, resultaram em valores semelhantes. De fato, estes parametros

nao se alteram significativamente ao longo do tempo. Nota-se leves movimentos na

media a posteriori dos 4 parametros ao longo das estacoes. A variancia do processo,

representada pelo parametro β0, tem um leve decrescimo durante os meses do outono e

se eleva durante a sucessao do inverno para a primavera. A relacao dispersao-proficiencia

(Secao 3.1.2), representada pelo parametro β1, esta distribuıda muito proxima a zero,

indicando uma possıvel nao significancia. Para a taxa de decaimento exponencial da

correlacao espacial, representada pelo parametro φ, mantem-se praticamente constante

em 2. Este parametro caracteriza o inverso do alcance espacial. Especificamente, quanto

menor seu valor, mais significativa sera a correlacao espacial. E por fim, o parametro de

potencia da transformacao Box-Cox, representado pelo parametro λ, evolui em torno de

0,5, indicando uma transformacao raiz quadrada a qual, e bastante usual em variaveis

com distribuicao com assimetria positiva.

Com o objetivo de investigar minuciosamente o comportamento local das previsoes

numericas e calibradas a partir do ajuste dos modelos propostos, selecionou-se os meses

de janeiro (verao) e outubro (primavera), devido a melhor performance dos modelos

propostos, para a exibicao das series observadas e previsoes numericas, calibradas

44

Page 61: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

0 2 4 6 8

02

46

8

Previsto

Obse

rva

do

(a) Eta

0 2 4 6 8

02

46

8

PrevistoO

bse

rva

do

(b) SEMOS

0 2 4 6 8

02

46

8

Previsto

Obse

rva

do

(c) STEMOS

0 2 4 6 8

02

46

8

Previsto

Obse

rva

do

(d) DGOP

Figura 4.5: Diagrama de dispersao com valores previstos versus observados na aplicacao

diaria para 18 a 21 de janeiro de 2016, 12 UTC.

pontuais e intervalares. De 18 a 21 de janeiro de 2016, 12 UTC, registraram-se velocidades

do vento a 10 m de ate 8 m/s. No entanto, conforme exibido na Figura 4.5, perceba

que velocidades acima de 5 m/s sao pontuais. Em geral, grande parte das velocidades

registradas acomodam-se ate 5 m/s nesta aplicacao. Note que o diagrama de dispersao

dos modelos propostos sao praticamente identicos e demonstram baixa habilidade dos

modelos para calibrar as previsoes numericas. O melhor ajuste se da pelo modelo que

apresenta um diagrama de dispersao que retorna uma relacao mais proxima de linear entre

valores observados e previstos. Casos isolados de velocidade acima de 6 m/s podem nao

ser previstos devido a um possıvel comportamento atıpico (e.g. passagem de um frente

fria). Pelo diagrama de dispersao, constata-se que as previsoes numericas do modelo Eta

apresentam uma grande sobrestimacao da realidade.

O comportamento local das previsoes em questao e exibido na Figura 4.6.

Arbitrariamente, selecionou-se as estacoes de monitoramento A533 – Ganhaes, A535

– Florestal, A557 – Coronel Pacheco e A561 – Sao Sebastiao do Paraıso. Note que

a velocidade do vento a 10 m as 12 UTC evoluiu suavemente ao longo dos dias nos

locais citados. Diferentemente das previsoes calibradas pontuais, as previsoes numericas

evoluem no tempo, em certos momentos, de forma brusca. Esta distincao indica uma

maior relevancia de outras covariaveis, como a do bloco AR. De forma informativa, com

diferencas sutis, a menor amplitude do IC90% para as previsoes da velocidade do vento

45

Page 62: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

Eta Prev. Obs.

(a) A533 – SEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(b) A535 – SEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(c) A557 – SEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(d) A561 – SEMOS

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

Eta Prev. Obs.

(e) A533 – STEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(f) A535 – STEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(g) A557 – STEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(h) A561 – STEMOS

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

Eta Prev. Obs.

(i) A533 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(j) A535 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(k) A557 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(l) A561 – DGOP

Figura 4.6: Previsao 1 a 4 dias a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura em

janeiro de 2016, 12 UTC.

a 10 m e dada pelo modelo DGOP e a maior, pelo modelo STEMOS. Esta informacao

ja fora contemplada de maneira eficiente no criterio IS, exibido na Figura 4.3.

De 18 a 21 de outubro de 2016, 12 UTC, registraram-se velocidades do vento a 10

m de ate 6 m/s. Repare que a estacao do ano corrente e a primavera, a qual retorna

maiores medias de velocidade do vento. No entanto, nestes dias de previsao nao registrou-

se velocidades acima de 6 m/s. Em contraponto, o cenario apresentado na Figura 4.5

durante o verao o qual, apresenta menores medias de velocidade do vento em geral,

observou-se velocidade ate 8 m/s. Apesar de haver a influencia das estacoes do ano,

a velocidade do vento a 10 m mostra-se volatil. De forma semelhante ao apresentado

anteriormente, as previsoes numericas tambem sobrestimam a velocidade do vento neste

46

Page 63: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

0 1 2 3 4 5 6

01

23

45

6

Previsto

Obse

rva

do

(a) Eta

0 1 2 3 4 5 6

01

23

45

6

PrevistoO

bse

rva

do

(b) SEMOS

0 1 2 3 4 5 6

01

23

45

6

Previsto

Obse

rva

do

(c) STEMOS

0 1 2 3 4 5 6

01

23

45

6

Previsto

Obse

rva

do

(d) DGOP

Figura 4.7: Diagrama de dispersao com valores previstos versus observados na aplicacao

diaria para 18 a 21 de outubro de 2016, 12 UTC.

mes. Em vista da nao ocorrencia de velocidades que fogem do padrao, os modelos

apresentaram resultados satisfatorios neste mes.

O comportamento local das previsoes em questao e exibido na Figura 4.8 nas

mesmas estacoes de monitoramento selecionadas previamente nesta aplicacao. De forma

semelhante, a velocidade do vento a 10 m as 12 UTC evoluiu suavemente ao longo dos dias

nos locais citados. Note que, para este mes, as previsoes numericas evoluıram de maneira

mais suave com seus erros dados, aproximadamente, por um incremento constante para

cada localizacao.

Nesta aplicacao, os modelos demonstraram razoavel habilidade para a calibracao das

previsoes numericas, como demonstrado pelos criterios exibidos na Figura 4.2. Houve

certa dificuldade na previsao de velocidades mais altas (acima de 6 m/s). No entanto,

este pode ser um caso atıpico. A componente sazonal dos modelos de calibracao espaco-

temporais nao fora aplicada devido a incompatibilidade com o tipo de aplicacao. A

adicao desta componente pode beneficiar os modelos espaco-temporais propostos. A

secao a seguir desenvolve uma aplicacao a qual, a implementacao da componente sazonal

sera admitida.

4.4.2 Aplicacao: Horaria

Nesta aplicacao, considera-se o tempo em horas e assim, o fator sazonal unitario e

aplicado. As previsoes sao feitas para o dia 20, 13 UTC ao dia 21, 12 UTC de cada mes,

47

Page 64: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

Eta Prev. Obs.

(a) A533 – SEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(b) A535 – SEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(c) A557 – SEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(d) A561 – SEMOS

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

Eta Prev. Obs.

(e) A533 – STEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(f) A535 – STEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(g) A557 – STEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(h) A561 – STEMOS

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

Eta Prev. Obs.

(i) A533 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(j) A535 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(k) A557 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

−24 0 +24 +48 +72 +96

02

46

(l) A561 – DGOP

Figura 4.8: Previsao 1 a 4 dias a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura em

outubro de 2016, 12 UTC.

48

Page 65: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

representando um horizonte de 1 a 24 horas a frente. O perıodo de treinamento possui

240 horas.

O desempenho global das previsoes do modelo Eta e dos modelos propostos ao longo

das estacoes do ano, apresentado na Figura 4.9, por meio dos criterios rEQM, EAM e

ICW, demonstra que as previsoes numericas provenientes do modelo Eta aparentam certa

periodicidade em seus erros, corroborando com a premissa de que estas previsoes possuem

erros sistematicos caracterısticos. A rEQM para estas previsoes varia, aproximadamente,

no intervalo (1, 2; 3, 8), o EAM, em (0, 8; 3, 4) e o ICW, em (0, 2; 0, 7).

Com objetivo de comparar o desempenho dos modelos de pos-processamento

propostos com o modelo numerico Eta, obteve-se a previsao pontual a partir da mediana

da distribuicao preditiva, definida em (4.1), em vista que, esta estatıstica retornou

melhores valores para os criterios utilizados. A rEQM para estas previsoes varia,

aproximadamente, no intervalo (0, 5; 2), o EAM, em (0, 4; 1, 7) e o ICW, em (0, 4; 0, 9).

Em geral, todos os modelos propostos obtiveram criterios de comparacao melhores que o

modelo Eta, implicando que, de fato, o pos-processamento aprimorou as previsoes. Atente

ao fato de que, todos os modelos propostos conseguem suavizar a notoria periodicidade

dos erros. Os resultados sao moderadamente prejudicados durante a primavera, estacao

a qual, os erros (rEQM e EAM) maximos observados sao maiores. Apenas em um

momento no mes de maio (outono), o pos-processamento realizado pelos modelos espacos-

temporais produziu resultados vagamente piores. Ja o modelo SEMOS resultou em um

erro relativamente maior, destoando de forma excessiva dos modelos mais robustos. Como

e um caso particular, possivelmente, uma anormalidade meteorologica ocorreu. Assim

como na aplicacao da Secao 4.4.1, observou-se uma mudanca de regime durante a sucessao

do inverno para a primavera.

Sobre o desempenho das previsoes pontuais calibradas provenientes do ajuste dos

modelos propostos, percebe-se que os modelos espaco-temporais apresentam resultados

de rEQM, EAM e ICW suavemente melhores. Ja para as previsoes intervalares, a Figura

4.10 apresenta o IS ao longo das estacoes do ano. Note-que neste criterio, potenciais

disparidades foram realcadas. O modelo proposto SEMOS possui uma longa sequencia

de picos, enquanto os modelos propostos espaco-temporais permanecem mais estaveis.

49

Page 66: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

rEQ

M (

m/s

)

De

z

Ja

n

Fev

Ma

r

Ab

r

Ma

i

Ju

n

Ju

l

Ag

o

Se

t

Ou

t

Nov

0.5

1.5

2.5

3.5

Verão Outono Inverno Primavera

EtaSEMOSSTEMOSDGOP

(a) rEQM

EA

M (

m/s

)

De

z

Ja

n

Fev

Ma

r

Ab

r

Ma

i

Ju

n

Ju

l

Ag

o

Se

t

Ou

t

Nov

0.5

1.5

2.5

3.5

Verão Outono Inverno Primavera

EtaSEMOSSTEMOSDGOP

(b) EAM

ICW

De

z

Ja

n

Fev

Ma

r

Ab

r

Ma

i

Ju

n

Ju

l

Ag

o

Se

t

Ou

t

Nov

0.2

0.4

0.6

0.8

Verão Outono Inverno Primavera

EtaSEMOSSTEMOSDGOP

(c) ICW

Figura 4.9: Criterios de comparacao de modelos na aplicacao horaria ao longo das estacoes

do ano.

50

Page 67: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

IS

De

z

Ja

n

Fev

Ma

r

Ab

r

Ma

i

Ju

n

Ju

l

Ag

o

Se

t

Ou

t

Nov

46

81

01

2Verão Outono Inverno Primavera

SEMOSSTEMOSDGOP

Figura 4.10: Interval Score na aplicacao horaria ao longo das estacoes do ano.

Sendo assim, salienta-se que as previsoes fornecidas pelos ajustes dos modelos espaco-

temporais foram mais parcimoniosas.

De forma analoga a que fora apresentado na Figura 4.4, um resumo da distribuicao

a posteriori do vetor de parametros estaticos do modelo STEMOS Θ = (β0, β1, φ, λ)′ ao

longo das estacoes do ano e apresentado na Figura 4.11. Comparando com o obtido

na aplicacao da Secao 4.4.1, apesar da transicao estar desajeitada, o parametro β0,

representando a variancia do processo, permanece tendo um leve decrescimo durante

os meses do outono e se eleva durante a sucessao do inverno para a primavera. O

parametro λ, representando a potencia da transformacao BC, evolui tambem em torno

de 0,5, indicando, igualmente, uma transformacao raiz quadrada. O parametro β1,

representando a relacao dispersao-proficiencia (Secao 3.1.2), esta distribuıdo muito

proximo a zero, sendo, igualmente nesta aplicacao, pouco representativo. O parametro

φ e o unico que destoa completamente da aplicacao feita anteriormente como pode-

se comparar as diferentes trajetorias entres as Figuras 4.4 e 4.11. Atente ao fato de

que com a introducao dos campos meteorologicos de forma horaria, muitos instantes

com velocidades do vento reduzidas por todo o territorio (e.g. durante a madrugada)

podem ser adicionados ao perıodo de treinamento, principalmente durante as estacoes

do ano de ventos mais fracos como o outono e parte do inverno. Assim, a velocidade

do vento e aproximadamente uniforme por todo o territorio, implicando na baixa

representatividade da correlacao espacial. Em contrapartida, repare que o cenario muda

51

Page 68: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

β0

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

0.7

0.8

0.9

1.0

Ver Out Inv Pri

(a) β0β

1

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov0

.00

0.0

40.0

8

Ver Out Inv Pri

(b) β1

φ

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

46

810

Ver Out Inv Pri

(c) φ

λ

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

0.4

50.5

50.6

5

Ver Out Inv Pri

(d) λ

Figura 4.11: Mediana a posteriori e intervalos de credibilidade de 90% para o vetor

parametrico estatico do modelo STEMOS na aplicacao horaria ao longo das estacoes do

ano.

durante a primavera, estacao do ano a qual, observou-se maiores medias de velocidade

do vento a 10 m.

Com o proposito de apurar o comportamento local das previsoes numericas e

calibradas a partir do ajuste dos modelos propostos, selecionou-se os meses de julho

e agosto (inverno) conforme o bom desempenho demonstrado nestes meses. Apesar de

pertencerem a mesma estacao do ano, o erro (rEQM e EAM) de agosto se assimila mais ao

padrao da estacao seguinte, aparentando ser um perıodo de mudanca de regime climatico.

De 20 de julho, 13 UTC a 21 de julho de 2016, 12 UTC, registraram-se velocidades do

vento a 10 m de ate 8 m/s, como apresentado na Figura 4.12. Na presente aplicacao,

velocidades mais altas (> 5 m/s) aparecem com mais frequencia. Porem, grande parte

das velocidades registradas ainda acomodam-se ate 5 m/s. Repare que o diagrama de

dispersao dos modelos propostos retornam uma relacao bem proxima de linear entre

valores observados e previstos. Inclusive, para velocidades acima de 5 m/s. Contudo, o

diagrama de dispersao do modelo SEMOS evidencia uma sobrestimacao da velocidade

do vento a 10 m. Em contraste, o diagrama de dispersao das previsoes do modelo Eta

demonstra baixa representatividade.

O comportamento local das previsoes em questao sao exibidos na Figura 4.13.

Arbitrariamente, selecionou-se as estacoes de monitoramento A512 – Ituiutaba, A549

– Aguas Vermelhas, A555 – Ibirite (Rola Moca) e F501 – Belo Horizonte (Cercadinho).

Atente ao fato de que as estacoes A555 e F501 distanciam-se 8 km e sao as estacoes com

52

Page 69: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

0 2 4 6 8

02

46

8

Previsto

Obse

rva

do

(a) Eta

0 2 4 6 8

02

46

8

PrevistoO

bse

rva

do

(b) SEMOS

0 2 4 6 8

02

46

8

Previsto

Obse

rva

do

(c) STEMOS

0 2 4 6 8

02

46

8

Previsto

Obse

rva

do

(d) DGOP

Figura 4.12: Diagrama de dispersao com valores previstos versus observados na aplicacao

horaria de 20 de julho de 2016, 13 UTC a 21 de julho de 2016, 12 UTC.

maior proximidade. Assim, estao localizadas dentro da mesma celula da grade discreta

do modelo Eta e portanto, possuem igual previsao (numerica). Entretanto, perceba a

diferenca no nıvel das previsoes calibradas. Isto corrobora com o fato de que aspectos

locais em microescala, i.e., caracterısticas do local da estacao e seu entorno em um curto

raio, influenciam diretamente na velocidade do vento a 10 m. Semelhante ao que ocorre

na aplicacao da Secao 4.4.1, ha uma grande distincao entre as trajetorias das previsoes

numericas e calibradas, prenunciando uma maior relevancia de outras covariaveis. A

maior amplitude do IC90% para as previsoes da velocidade do vento a 10 m e dada pelo

modelo SEMOS. Esta larga amplitude pode ter sido consequencia do uso de um longo

perıodo de treinamento o qual, pode introduzir distorcoes na estimacao dos parametros

devido a sazonalidade provinda do efeito do forcamento solar na velocidade do vento

a 10 m. Em contrapartida, os modelos espaco-temporais proposto se beneficiam desta

particularidade, absorvendo este efeito, sem custo extra.

De 20 de agosto, 13 UTC a 21 de agosto de 2016, 12 UTC, registraram-se velocidades

do vento a 10 m de ate 9 m/s, como apresentado na Figura 4.14. Velocidades acima de 6

m/s nao foram previstas. Note que as previsoes numericas apresentaram sobrestimacao

excessiva. Como ocorrido no cenario anterior, o diagrama de dispersao do modelo SEMOS

evidencia uma sobrestimacao da velocidade do vento a 10 m.

O comportamento local das previsoes em questao sao exibidos na Figura 4.15 nas

mesmas estacoes de monitoramento selecionadas previamente nesta aplicacao. Repare

53

Page 70: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

02

46

12h 18h 0h 6h 12h

Eta Prev. Obs.

(a) A512 – SEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

02

46

12h 18h 0h 6h 12h

(b) A549 – SEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12h 18h 0h 6h 12h

(c) A555 – SEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12

12h 18h 0h 6h 12h

(d) F501 – SEMOS

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

02

46

12h 18h 0h 6h 12h

Eta Prev. Obs.

(e) A512 – STEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

02

46

12h 18h 0h 6h 12h

(f) A549 – STEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12h 18h 0h 6h 12h

(g) A555 – STEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12

12h 18h 0h 6h 12h

(h) F501 – STEMOS

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

02

46

12h 18h 0h 6h 12h

Eta Prev. Obs.

(i) A512 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

02

46

12h 18h 0h 6h 12h

(j) A549 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12h 18h 0h 6h 12h

(k) A555 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12

12h 18h 0h 6h 12h

(l) F501 – DGOP

Figura 4.13: Previsao ate 24 horas a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura

de 20 de julho de 2016, 13 UTC a 21 de julho de 2016, 12 UTC.

0 2 4 6 8

02

46

8

Previsto

Ob

serv

ad

o

(a) Eta

0 2 4 6 8

02

46

8

Previsto

Ob

serv

ad

o

(b) SEMOS

0 2 4 6 8

02

46

8

Previsto

Ob

serv

ad

o

(c) STEMOS

0 2 4 6 8

02

46

8

Previsto

Ob

serv

ad

o

(d) DGOP

Figura 4.14: Diagrama de dispersao com valores previstos versus observados na aplicacao

horaria de 20 de agosto de 2016, 13 UTC a 21 de agosto de 2016, 12 UTC.

54

Page 71: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12h 18h 0h 6h 12h

Eta Prev. Obs.

(a) A512 – SEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12h 18h 0h 6h 12h

(b) A549 – SEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12

12h 18h 0h 6h 12h

(c) A555 – SEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12

15

12h 18h 0h 6h 12h

(d) F501 – SEMOS

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12h 18h 0h 6h 12h

Eta Prev. Obs.

(e) A512 – STEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12h 18h 0h 6h 12h

(f) A549 – STEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12

12h 18h 0h 6h 12h

(g) A555 – STEMOSHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12

15

12h 18h 0h 6h 12h

(h) F501 – STEMOS

Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12h 18h 0h 6h 12h

Eta Prev. Obs.

(i) A512 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12h 18h 0h 6h 12h

(j) A549 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12

12h 18h 0h 6h 12h

(k) A555 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

03

69

12

15

12h 18h 0h 6h 12h

(l) F501 – DGOP

Figura 4.15: Previsao ate 24 horas a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura

de 20 de agosto de 2016, 13 UTC a 21 de agosto de 2016, 12 UTC.

como os intervalos de predicao de todos os modelos sao bem mais extensos dos que

foram ajustados no mes anterior. Enfase nos intervalos provenientes do ajuste do modelo

SEMOS os quais, mostram-se pouco informativos devido a sua vasta amplitude. Note o

ocorrido durante a madrugada do dia 21 de outubro de 2016 na estacao de monitoramento

A512. A velocidade do vento a 10 m permaneceu 8 horas seguidas sendo registrada abaixo

de 1 m/s e repentinamente, a velocidade se eleva em ate 6 m/s. Perceba que a previsao

do modelo numerico Eta consegue, embora tardiamente, captar esta mudanca abrupta.

Devido ao historico de erros, tais previsoes tem pouco peso nos modelos de calibracao

propostos e nao faz com que a previsao calibrada realize este movimento inesperado.

O modelo DGOP e um dos modelos espaco-temporais propostos. Os resultados

obtidos por este modelo foram muito proximos aos obtidos pelo outro modelo espaco-

55

Page 72: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

temporal proposto, STEMOS, o qual, apresentou os melhores criterios na presente

aplicacao. A principal vantagem do modelo DGOP e possuir menos parametros que

necessitam de metodos computacionais intensivos para serem estimados, requerendo

menos iteracoes do algoritmo MCMC durante o processo de inferencia para alcancar

a convergencia, como apresentado na Tabela 4.3. Alem disso, tambem demonstra que,

dependendo do tipo de aplicacao, o modelo DGOP pode chegar a ser mais de 2 vezes

mais rapido quando comparado ao STEMOS. Por consequencia, foi o escolhido para

demonstrar a calibracao da velocidade do vento a 10 m para todo o Estado de Minas

Gerais.

4.4.3 Aplicacao: Interpolacao Espacial

A interpolacao espacial (Krigagem, Cressie, 1993) e feita a partir da distribuicao

preditiva do Processo Gaussiano latente Xt que fora adaptado aos modelos propostos

atraves da estruturacao dada em (3.8). Esta estruturacao permite lidar com variaveis

com distribuicao assimetrica com domınio positivo conjuntamente com a utilidade da

interpolacao espacial de forma simples e direta, no contexto da inferencia Bayesiana.

Seguindo o que foi apresentado em (4.1), para a predicao da velocidade do vento a 10

m em um novo conjunto de localizacoes Y+t = (y(s+1 ), ..., y(s+m))′, faz-se necessario a

distribuicao preditiva dada por:

p(X+t |Xt) =

∫p(X+

t |Xt, Θ)p(Θ|X+t )dΘ,

sendo aproximada, utilizando Integracao de Monte Carlo, da seguinte maneira:

p(X+t |Xt) ≈

1

Q

Q∑i=1

p(X+t |Xt, Θ

(i)),

de forma que, sob um PG, tem-se:X+t

Xt

|Θ ∼ N

µs+µs

,

Σs+ Σs+,s

Σ′s+,s Σs

.

Conforme as propriedades da distribuicao Normal, chega-se a:

X+t |Xt, Θ ∼ N(µs+ + Σ′s+,sΣ

−1s (Xt − µs),Σs+ − Σ′s+,sΣ

−1s Σs+,s).

56

Page 73: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Por fim, a velocidade do vento a 10 m em um novo conjunto de localizacoes

Y+t = (y(s+1 ), ..., y(s+m))′ e obtida atraves da relacao em (3.7) e a distribuicao de previsao

h unidade de tempo a frente p(YT+h|Y1:T ) do modelo espaco-temporal selecionado e

obtida como descrito na Secao E.3 do Apendice E. Assim, obtem-se, previsoes pontuais

e intervalares para a velocidade do vento a 10 m para todo o Estado de Minas Gerais.

Uma limitacao especıfica da presente aplicacao e o uso do bloco AR. Para a

interpolacao espacial, isto se torna um fator ainda mais adverso pois, nao ha medicoes

disponıveis para o novo conjunto de localizacoes s+1 , ..., s+m. Assim, apesar da possıvel

inclusao de erros, a inputacao destes dados atraves de uma interpolacao bilinear (consulte

Press et al., 2007), como feito com as previsoes numericas regularmente espacadas

(consulte a Figura 1.2), e a opcao mais eficiente do ponto de vista operacional. Espera-se

que as previsoes numericas calibradas serao mais representativas em regioes localizadas

proximas as estacoes de monitoramento meteorologico.

Em busca de garantias de que os resultados obtidos a partir da interpolacao espacial

sao coesos, aplicou-se uma validacao cruzada. Assim, retirou-se 4 estacoes do banco de

dados utilizado. Foram elas: A505 – Araxa, A517 – Muriae, A550 – Itaobim e A560

– Pompeu. Tomou-se a cautela de selecionar estacoes de monitoramento que nao sao,

relativamente, isoladas. Portanto, utilizou-se o modelo DGOP para calibrar a previsao

numerica da velocidade do vento a 10 m para todo o Estado de Minas Gerais para julho

de 2016 utilizando 55 das 59 estacoes de monitoramento. A Figura 4.16 exibe as previsoes

numericas brutas, pontuais e intervalares calibradas para as estacoes de monitoramento

removidas da amostra.

Note que o ajuste feito na interpolacao espacial tem semelhanca em ordem de que

as previsoes calibradas tem trajeto completamente distinto das previsoes numericas

brutas, implicando, novamente, que a previsao numerica tem peso pequeno dentre as

covariaveis. Visualmente, as previsoes intervalares permanecem parcimoniosas. Nao sao

demasiadamente amplas, resultando pouca incerteza em tomadas de decisao, ao mesmo

tempo que, estritamente para estas previsoes nestas estacoes, obtiveram uma proporcao

de mais de 80% de cobertura.

57

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Horizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

02

46

12h 18h 0h 6h 12h

Eta Prev. Obs.

(a) A505 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

02

46

12h 18h 0h 6h 12h

(b) A517 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

02

46

12h 18h 0h 6h 12h

(c) A550 – DGOPHorizonte (h)

Ve

l. d

o V

en

to (

m/s

)

0 +6 +12 +18 +24

02

46

12h 18h 0h 6h 12h

(d) A560 – DGOP

Figura 4.16: Previsao ate 24 horas a frente para a velocidade do vento a 10 m de altura

de 20 de julho de 2016, 13 UTC a 21 de julho de 2016, 12 UTC obtidos a partir da

interpolacao espacial. Estacoes de monitoramento A505, A517, A550 e A560 fora da

amostra.

Os mapas com as previsoes calibradas pelo modelo DGOP juntamente com as

previsoes do modelo numerico Eta para 6, 12, 18 e 24 horas a frente no Estado de

Minas Gerais sao apresentados na Figura 4.17. Superficialmente, pode-se comentar sobre

alguns padroes regionais observados. Previu-se velocidades levemente superiores ao longo

do tempo na porcao leste da mesorregiao do Triangulo Mineiro e Alto Paranaıba, no

municıpio de Belo Horizonte e em uma area de terreno acidentado que vai do centro ao

extremo norte do Estado. Em contraponto, observou-se previsoes de velocidade levemente

inferiores na regiao mais ao sul do Estado e na regiao que fica as margens do Rio Paraıba

do Sul em torno de Alem Paraıba.

4.5 Conclusoes

Para calibrar as previsoes da velocidade do vento a 10 m providas pelo modelo

numerico Eta, propos-se 3 modelos de pos-processamentos estatıstico: SEMOS, STEMOS

e DGOP.

Inicialmente, decidiu-se que seria necessario o uso de todas as covariaveis disponıveis,

em vista que, apenas os membros do ensemble nao explicavam razoavelmente o fenomeno.

O restante das covariaveis disponıveis sao compostas pelos valores observados passados

(bloco AR) e pela latitude, longitude e altura do relevo dos locais das estacoes de

58

Page 75: Calibra˘c~ao Espa˘co-temporal de Previs~oes Num ericas do … · 2020. 7. 23. · 4.1 Matriz de correla˘c~ao dos membros do ensemble de previs~oes num ericas da velocidade do vento

Longitude

La

titu

de

0

2

4

6

8

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−22

−2

0−

18

−16

20/07/2016, 18 UTC – PN

Longitude

La

titu

de

0

2

4

6

8

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−22

−2

0−

18

−16

20/07/2016, 18 UTC – PP

Longitude

La

titu

de

0

1

2

3

4

5

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−22

−2

0−

18

−16

20/07/2016, 18 UTC – ME

Longitude

La

titu

de

0

2

4

6

8

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−22

−2

0−

18

−16

21/07/2016, 00 UTC – PN

Longitude

La

titu

de

0

2

4

6

8

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−22

−2

0−

18

−16

21/07/2016, 00 UTC – PP

Longitude

La

titu

de

0

1

2

3

4

5

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−22

−2

0−

18

−16

21/07/2016, 00 UTC – ME

Longitude

Latitu

de

0

2

4

6

8

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−22

−20

−18

−1

6

21/07/2016, 06 UTC – PN

Longitude

Latitu

de

0

2

4

6

8

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−22

−20

−18

−1

6

21/07/2016, 06 UTC – PP

Longitude

Latitu

de

0

1

2

3

4

5

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−22

−20

−18

−1

6

21/07/2016, 06 UTC – ME

Longitude

Latitu

de

0

2

4

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8

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−22

−20

−18

−1

6

21/07/2016, 12 UTC – PN

Longitude

Latitu

de

0

2

4

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8

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−22

−20

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−1

6

21/07/2016, 12 UTC – PP

Longitude

Latitu

de

0

1

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5

−50 −48 −46 −44 −42 −40

−22

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−1

6

21/07/2016, 12 UTC – ME

Figura 4.17: Previsoes 6, 12, 18 e 24 horas a frente para a velocidade do vento a 10 m

de altura para o Estado de Minas Gerais. PN: Previsao numerica proveniente do modelo

Eta. PP: Previsao pontual calibrada proveniente do ajuste do modelo DGOP. ME:

Margem de erro, definida como metade do comprimento do intervalo de credibilidade

90% da previsao probabilıstica.

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monitoramento meteorologico (bloco AUX). Em geral, modelos de calibracao corrigem

variaveis meteorologicas em um horizonte de previsao distante. No entanto, utilizar

valores observados passados restringiu demasiadamente o horizonte maximo de previsao

e assim, as aplicacoes foram restritas a horizontes curtos.

Projetou-se dois distintos modos de aplicacao para avaliar a capacidade de refino

que os modelos propostos possuem. Um deles, considerou a calibracao em um horario

especıfico (12 UTC) e foi nomeado por aplicacao “diaria” e o outro, concentrou-se em

calibrar sequencialmente ao longos das horas, nomeado por aplicacao “horaria”.

Na aplicacao “diaria”, os modelos propostos conseguiram refinar as previsoes

numericas de modo que os criterios de erro (rEQM e EAM), reduzissem. Os resultados

mais significativos com relacao ao EAM, por exemplo, ocorreram nos meses de janeiro

(verao), reduzindo de 2,2 para 0,75 (reducao de 66%), e outubro (primavera), de 2,6

para 1,2 (reducao de 53%) a partir do ajuste do modelo DGOP. As previsoes pontuais e

intervalares foram muito semelhantes entre os modelos propostos. Nenhum dos modelos

se sobressaiu. Foi visto que, em geral, os modelos propostos conseguem diminuir medidas

de erro. Contudo, de forma especıfica, tiveram dificuldades em prever velocidade do

vento ligeiramente mais altas (> 5 m/s). Isto pode ser justificado devido a haver poucos

registros nesta faixa de velocidade. Assim, ate 5 m/s, os modelos propostos tiveram

desempenho razoavel.

Na aplicacao “horaria”, observou-se que o rEQM e o EAM das previsoes do modelo

numerico Eta possuem certa periodicidade. Mesmo assim, os modelos propostos

obtiveram resultados significativamente melhores do que o modelo Eta e conseguiram

suavizar este efeito periodico. Pode-se citar como resultados relevantes a diminuicao

do EAM em janeiro (verao), de 3,4 para 0,75 (reducao de 78%), e em agosto (inverno)

de 3,4 para 0,8 (reducao de 76%) a partir do ajuste do modelo DGOP. Comparando

o desempenho das previsoes probabilısticas entre os modelos propostos a partir do IS,

os modelos espaco-temporais tem vantagem. Isto pode se dar ao fato de que o modelo

espacial nao e habil para lidar com os efeitos sazonais que este tipo de variavel contem

implıcito, mencionados na Secao 2.1.5 e ilustrados na Figura 1.4. Outro ponto importante

e o fato de que o aumento do comprimento do perıodo de treinamento nao prejudica

60

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a estimacao dos parametros. Esta e uma discussao recorrente na literatura de pos-

processamento estatıstico (consulte Raftery et al., 2005; Gneiting et al., 2005; Gneiting,

2014). Alem disto, estes modelos conseguem lidar com efeitos sazonais de maneira

intuitiva, sem custos adicionais. Nesta aplicacao, nenhum dos modelos propostos teve

dificuldade para prever velocidades mais altas (> 5 m/s).

Por fim, comparou-se o custo computacional de aplicacao dos modelos. O modelo

STEMOS, apesar de bons criterios, e demasiadamente custoso computacionalmente para

este tipo de aplicacao. Isto ocorre devido a grande quantidade de parametros que

necessitam de metodos computacionais intensivos para serem estimados, requerendo uma

maior quantidade de iteracoes do algoritmo MCMC, como apresentado na Tabela 4.3.

Alem disto, como apontado pelas Figuras 4.4 e 4.11, a distribuicao a posteriori de β1,

parametro que representa a relacao dispersao-proficiencia (Secao 3.1.2) e e exclusivo da

classe de modelos EMOS em geral, esta distribuıda muito proxima a zero, implicando em

uma nao significancia. Uma possıvel justifica a essa irrelevancia pode ser dar dada pelo

fato de que os membros do ensemble de previsoes numericas do modelo Eta mostram-se

estaveis, oscilando pouco, como apresentado na Figura 4.1, e consequentemente, retornam

uma variancia amostral reduzida. Em contraponto, o modelo DGOP chega a ser 2

vezes mais computacionalmente eficiente. Estruturado sob um MLD com covariancias

estocasticas e aprendizado por descontos a partir de uma evolucao estocastica Beta-

Gama, este modelo proposto conseguiu combinar qualidade de previsoes, conforme os

criterios rEQM, EAM, ICW e IS, com um tempo computacional viavel para o tipo de

aplicacao operacional o qual, fora idealizado. Alem disso, a possibilidade da variacao

do parametro de variancia ao longo do tempo σ2t e uma faceta exclusiva deste modelo,

embora nao testada na presente aplicacao por questoes de comparabilidade entre modelos,

elucidadas na Secao 4.2, pode auxiliar em um melhor desempenho sem acarretar prejuızos

no tempo de processamento devido a sua estimacao ser feita de forma sequencial. Assim,

conclui-se que dentre os modelos propostos, o modelo DGOP e o mais aconselhavel para

o pos-processamento estatıstico operacional das previsoes do modelo numerico Eta para

a velocidade do vento a 10 m.

61

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Capıtulo 5

Consideracoes Finais e Trabalhos

Futuros

O presente estudo teve a finalidade de calibrar previsoes numericas fornecidas pelo

modelo de mesoescala Eta para a velocidade do vento a 10 metros de altura em Minas

Gerais. Devido a escala em que o modelo Eta trabalha, suas previsoes podem apresentar

erros sistematicos quando deseja-se prever em locais especıficos, como apontado pela

Figura 1.3. Assim, propos-se modelos estatısticos que facam o pos-processamento para

campos meteorologicos completos. Como inovacao, adicionou-se a dinamica temporal

aos modelos de pos-processamento, em vista que, muitos fenomenos meteorologicos

evoluem ao longo do tempo com certa sazonalidade devido ao forcamento solar e/ou

estacoes do ano. Alem disso, utilizou-se a tecnica de aumento de dados (Tanner e Wong,

1987), para definir Processos Gaussianos latentes capazes de acomodar a “censura”

da variavel meteorologica de estudo. Desta forma, contornou-se a limitacao do uso

exclusivo de variaveis meteorologicas com distribuicao simetrica e com domınio em R nos

modelos de calibracao espacial, comentados na Secao 3.2. A insercao deste procedimento,

determinado por (3.7) e (3.8), na literatura do pos-processamento estatıstico trara o

advento de novas aplicacoes deste tipo (e.g. calibracao espacial da velocidade do vento e

precipitacao).

Os modelos de pos-processamento propostos, nomeados por, DGOP (Secao 3.3.1) e

STEMOS (Secao 3.3.2) foram estruturados atraves dos Modelo Linear Dinamico (MLD,

62

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West e Harrison, 1997). Ambos tem como base o modelo MOS (Secao 3.1.1; Glahn

e Lowry, 1972) o qual, foi primordial para o desenvolvimento das sucessoras versoes.

Outros metodos de pos-processamento usuais nao foram utilizados no presente trabalho

devido a questoes tecnicas e praticas especıficas como, por exemplo, o modelo Model

Output Calibration (MOC, Mao et al., 1999), o qual supoe que os erros sistematicos

sao Normalmente distribuıdos, quando, na pratica, nao sao, principalmente em variaveis

com distribuicao assimetrica, como discute Lange (2005), e, ocasionalmente, este modelo

pode resultar valores negativos para a previsao da velocidade do vento, sendo necessario

a anexacao de um truncamento determinıstico nas previsoes. O modelo Bayesian Model

Averaging (BMA, Raftery et al., 2005), detalhado no Apendice A, juntamente com sua

extensao temporal Dynamic Model Averaging (DMA, Raftery et al., 2010) nao foram

utilizados porem, sao de interesse para investigacoes futuras. Embora o DMA nao tenha

sido aplicado no contexto do pos-processamento estatıstico de previsoes numericas de

variaveis meteorologicas, e um modelo de mesma natureza dos que foram propostos

neste trabalho. No entanto, encaixar as devidas adaptacoes para variaveis assimetricas

seria computacionalmente custoso para a estimacao dos parametros desta classe de

modelos. Alem disso, o BMA e seus derivados sao indicados para quando se possui um

superensemble, i.e., um ensemble composto por ensembles de distintos modelos numericos,

em vista que, os membros de um mesmo ensemble podem ser altamente correlacionados,

diferindo pouco entre si, como ocorreu na aplicacao especıfica deste trabalho, elucidado

na Figura 4.1. Ainda sobre os modelos propostos, foram desenvolvidos com o princıpio de

genericidade, aplicavel em diferentes tipos de variaveis numericas contınuas positivas ou

com domınio definido em R. As excecoes sao fenomenos meteorologicos que sao medidos

em graus (e.g. direcao do vento) e que estao definidos em um intervalo fechado (e.g.

umidade relativa do ar), requerendo transformacoes especıficas. Ademais, contemplam

covariaveis auxiliares e permitem a calibracao para locais especıficos ou para todo o

campo meteorologico de estudo.

Com respeito aos resultados obtidos, os modelos espaco-temporais propostos

apresentaram vantagem na aplicacao que dispunha de um efeito sazonal definido, com

os resultados exibidos na Secao 4.4.2, em comparacao com o modelo espacial proposto.

63

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Quando este efeito nao esta presente, como na aplicacao apresentada na Secao 4.4.1,

nao ha diferencas significativas de resultados entre os modelos mais robustos com o

que possui somente a componente espacial. Indicando que, de fato, os modelos espaco-

temporais beneficiaram-se da sazonalidade intrınseca da variavel de estudo. Os modelos

propostos mostraram-se habeis na aplicacao que considera o tempo em horas com relacao

ao fornecimento de previsoes de velocidades mais altas (> 5 m/s) em vista que, ocorrem

com pouca frequencia.

Um grande limitador de desempenho dos modelos de pos-processamento propostos

foi a ausencia de informacoes locais mais detalhadas (e.g. relevo, orografia e rugosidade),

fazendo com que fosse necessario o uso de uma componente autorregressiva, limitando

largamente o horizonte de previsao. Em geral, os modelos de calibracao trabalham em

previsoes de longo prazo diferentemente de como fora empregado neste trabalho devido as

restricoes de desempenho demonstradas na Tabela 4.2. A velocidade do vento a 10 metros

de altura do solo mostrou-se demasiadamente instavel, sendo fortemente influenciada

por aspectos de microescala (e.g. proximidade com corpos d’agua e com areas urbanas;

Warner, 2010) os quais, se levados em consideracao, presumivelmente, beneficiarao a

qualidade da calibracao. Em vista que o Estado de Minas Gerais possui relevo bastante

acidentado (Amarante et al., 2010) ao longo de sua longa extensao territorial1, restringir a

regiao de aplicacao para locais com caracterısticas topograficas semelhantes pode auxiliar

em uma estimacao mais fidedigna dos efeitos espaciais.

Por fim, pretende-se estender a aplicacao dos modelos de pos-processamento propostos

no presente trabalho para outras variaveis meteorologicas, independente da simetria da

distribuicao (e.g. precipitacao, temperatura de superfıcie (2 m), pressao atmosferica e

velocidade do vento em outras altitudes), e compara-los com os existentes na literatura

em contextos admitidos por estes.

1Minas Gerais possui um territorio com area de 586.852,35 km2 (Minas Gerais, 2018).

64

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Apendice A

Outros Modelos de

Pos-Processamento Estatıstico

A.1 Bayesian Model Average

O metodo Bayesian Model Averaging (BMA, Raftery et al., 1997) e uma abordagem

Bayesiana para combinar modelos estatısticos concorrentes e possui uma ampla aplicacao

nas ciencias sociais e da saude. Sua vantagem em relacao a outras tecnicas, como a analise

de regressao convencional, e a ponderacao de multiplos modelos, nao considerando um

unico modelo como o melhor. SuponhaM = {M1, ...,Mm} um conjunto discreto e finito

de modelos disponıveis, entao, a distribuicao a posteriori da variavel de interesse Y dado

o conjunto de dados D e:

p(Y |D) =m∑k=1

p(Y |Mk, D)P (Mk|D). (A.1)

Em suma, o BMA e a distribuicao de mistura resultante da media das distribuicoes

a posteriori de Y dado cada modelo Mk ponderada pela probabilidade a posteriori dos

modelos.

O metodo BMA foi aplicado como procedimento de pos-processamento estatıstico

inicialmente por Raftery et al. (2005). Neste contexto, cada membro do ensemble Fk

e individualmente associado a uma distribuicao de probabilidade g (i.e, aplicacao do

metodo MOS (secao 3.1.1) individualmente para cada membro do ensemble Fk) sendo

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compreendido como um modelo unico Mk e a probabilidade a posteriori dos modelos

p(Mk|D), vista como peso ωk, e interpretada como a probabilidade a posteriori do

membro Fk, apos calibracao, ser o que melhor preve o fenomeno meteorologico de interesse

Y . A distribuicao preditiva do metodo BMA e dada pela distribuicao de mistura:

p(Y |F1, ..., Fm) =m∑k=1

ωkgk(Y |Fk), (A.2)

com os pesos ωk sendo nao negativos e∑m

k=1 ωk = 1. Para a estimacao dos parametros

desconhecidos do metodo BMA calibrando a temperatura de superfıcie e a pressao

ao nıvel do mar, Raftery et al. (2005) supoem normalidade na distribuicao do erro

aleatorio e utilizam a estimativa de maxima verossimilhanca a partir do algoritmo

iterativo EM (Dempster et al., 1977). Mais aplicacoes deste metodo para outros tipos de

variaveis climaticas (e.g. precipitacao, velocidade e direcao do vento) supondo distintas

distribuicoes de probabilidade para o erro aleatorio, podem ser encontradas em Sloughter

et al. (2007), Sloughter et al. (2010) e Bao et al. (2010), respectivamente.

A.2 Spatial Bayesian Model Average

O metodo Spatial Bayesian Model Averaging (SBMA, Berrocal et al., 2007) combina

os metodos BMA (secao A.1) e GOP (secao 3.2.1), aproveitando os benefıcios de ambos os

metodos. Este metodo se assemelha a tecnica original, tendo sua funcao preditiva como

uma media ponderada das densidades de previsao individuais com pesos que refletem a

habilidade dos membros da previsao. A distribuicao preditiva do metodo SBMA e dada

pela distribuicao de mistura:

p(Ys|Fs1 , ...,Fsm) =m∑k=1

ωkgk(Ys|Fsk). (A.3)

Analogamente a sua versao univariada, os pesos ωk sao nao negativos e∑m

k=1 ωk = 1.

Para a estimacao dos parametros do SBMA calibrando a temperatura de superfıcie,

Berrocal et al. (2007) consideraram primeiro ajustar o modelo BMA. Dado as estimativas

para os parametros do BMA, o modelo GOP e ajustado para cada membro do

ensemble Fsk , k = 1, ...,m, separadamente. Combinando as estimativas de ambos

74

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os procedimentos, os parametros do SBMA sao obtidos. O metodo descrito em

Berrocal et al. (2007) foi projetado para variaveis meteorologicas com distribuicao

simetrica e com domınio em R. Em Berrocal et al. (2008), um procedimento de pos-

processamento espacial foi desenvolvido para precipitacao, onde os autores adaptaram a

versao univariada do BMA para precipitacao proposto por Sloughter et al. (2007).

75

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Apendice B

Criterios de Comparacao de Modelos

B.1 Raiz Quadrada do Erro Quadratico Medio

A rEQM e definida por:

rEQM(y1, ..., yn) =

√√√√ 1

n

n∑i=1

(yi − yi)2,

com yi representando o i-esimo valor observado e yi, o valor previsto para yi.

B.2 Erro Absoluto Medio

O EAM e definido por:

EAM(y1, ..., yn) =1

n

n∑i=1

|yi − yi|,

com yi representando o i-esimo valor observado e yi, o valor previsto para yi.

B.3 Indice de Concordancia de Willmott

O ICW (Willmott, 1981) e uma medida padronizada do grau de erro de predicao.

Variando entre 0 (ausencia de concordancia) e 1 (correspondencia perfeita), e dado por:

ICW(y1, ..., yn) = 1−∑n

i=1 (yi − yi)2∑ni=1 (|yi − y|+ |yi − y|)2

,

76

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com yi representando o i-esimo valor observado, yi, o valor previsto para yi e y =

1n

∑ni=1 yi.

B.4 Interval Score

O IS (Gneiting e Raftery, 2007) e uma regra de pontuacao intuitiva para previsoes

intervalares considerando o intervalo de predicao central com nıvel (1−α)×100% o qual,

tem extremidades definidas pelos quantis preditivos nos nıveis α2

e 1 − α2. O previsor

e recompensado por intervalos estreitos e penalizado quando nao ha a cobertura da

previsao. O IS medio e dado por:

IS(y1, ..., yn) =1

n

n∑i=1

(ui − li) +2

α(li − xi)1 {xi < li}+

2

α(xi − ui)1 {xi > ui}

com yi representando o i-esimo valor observado e li e ui, respectivamente, os limites

inferior, obtido pelo quantil α2, e superior, obtido pelo quantil 1− α

2, de previsao para yi.

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Apendice C

Distribuicoes Condicionais

Completas

C.1 Vetor parametrico β

A distribuicao condicional completa de β, vetor de parametros relacionado com a

relacao dispersao-proficiencia no modelo STEMOS, e dada por:

p(β|θ1:T , φ, λ,Y1:T ) ∝T∏t=1

|Σ∗t (β)|−1/2

× exp

{−1

2

T∑t=1

(Xt − F′tθt)′Σ∗t (β)−1(Xt − F′tθt)

}.

(C.1)

Assim, p(β|θ1:T , φ, λ,Y1:T ) nao possui forma analıtica conhecida. A distribuicao

condicional completa de β no modelo SEMOS e obtida de forma analoga.

C.2 Parametro φ

A distribuicao condicional completa de φ, parametro que representa a taxa de

decaimento exponencial no modelo STEMOS, e dada por:

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p(φ|θ1:T ,β, λ,Y1:T ) ∝T∏t=1

|Σ∗t (φ)|−1/2

× exp

{−1

2

T∑t=1

(Xt − F′tθt)′Σ∗t (φ)−1(Xt − F′tθt)

}.

(C.2)

Assim, p(φ|θ1:T ,β, λ,Y1:T ) nao possui forma analıtica conhecida. A distribuicao

condicional completa de φ nos modelos SEMOS e DGOP e obtida de forma analoga.

C.3 Parametro λ

A distribuicao condicional completa de λ, parametro da transformacao potencia no

modelo STEMOS, e dada por:

p(λ|θ1:T ,β, φ,Y1:T ) ∝ exp

{−1

2

T∑t=1

(Xt(λ)− F′tθt)′Σ∗t−1(Xt(λ)− F′tθt)

}×∏Yit>c

Y λ−1it .

(C.3)

Assim, p(λ|θ1:T ,β, φ,Y1:T ) nao possui forma analıtica conhecida. A distribuicao

condicional completa de λ nos modelos SEMOS e DGOP e obtida de forma analoga.

C.4 Processo Espacial latente Zt(s)

Para o modelo Normal Truncado (Stidd, 1973; Hutchinson, 1995), supoe-se que Xt(s)

e um Processo Gaussiano latente que coordena um outro Processo Espacial assimetrico a

partir de uma transformacao conhecida f . Simplificando a construcao em (3.8), tem-se:

Xt(s) =

f(Yt(s)), se f(Yt(s)) ≥ c,

Zt(s), se f(Yt(s)) < c.

Note que o Processo Espacial Zt(s) e acrescentado para lidar com a censura do

Processo de estudo quando f(Yt(s)) < c com f(Yt(s)) e Zt(s) ocorrendo de forma

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complementar. Defina como Xt = (xt(s1), ..., xt(sn))′, f(Yt) =(f(yt(s1)), ..., f(yt(sn))

)′e Zt = (zt(s1), ..., zt(sn))′. Assim, o PG Xt e particionado da seguinte maneira:

Xt =

f(Yt)

Zt

|Θ ∼ N

µf(Yt)µZt

,

Σf(Yt) Σf(Yt),Zt

Σ′f(Yt),ZtΣZt

.

Conforme as propriedades da distribuicao Normal e Normal Truncada e a restricao

imposta pela censura supondo distribuicao Normal Truncada para Yt(s), chega-se a

distribuicao condicional completa de Zt dada por:

Zt|f(Yt), Θ ∼ NT(−∞,BC(c;λ))

(µZ∗

t,ΣZ∗

t

),

com µZ∗t

= µZt+ Σ′f(Yt),Zt

Σ−1f(Yt)(f(Yt)− µf(Yt)

)e ΣZ∗

t= Σ′f(Yt),Zt

Σ−1f(Yt)Σf(Yt),Zt .

C.5 Processo Espacial latente Ut(s)

A prosseguir com o desenvolvimento anterior, Ut(s) e introduzido para contornar

possıveis dados faltantes. Assim como no caso anterior, ocorre de forma complementar

aos outros Processos latentes. Baseando-se na estrutura completa apresentada em

(3.8), Ut(s) nao possui restricao com relacao a domınio. Seja Y∗t = (f(Yt),Zt)′ e

Ut = (ut(s1), ..., ut(sn))′. O PG Xt e particionado da seguinte maneira:

Xt =

Y∗t

Ut

|Θ ∼ N

µY ∗t

µUt

,

ΣY ∗t

ΣY ∗t ,Ut

Σ′Y ∗t ,Ut

ΣUt

.

Conforme as propriedades da distribuicao Normal, chega-se a distribuicao condicional

completa de Ut dada por:

Ut|Y∗t , Θ ∼ N(µU∗t,ΣU∗

t),

com µU∗t

= µUt+ Σ′Y ∗

t ,UtΣ−1Y ∗

t

(Y∗t − µY ∗

t

)e ΣU∗

t= Σ′Y ∗

t ,UtΣ−1Yt ΣYt,Ut .

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Apendice D

Algoritmo Robusto-Adaptativo de

Metropolis

O algoritmo Robusto-Adaptativo de Metropolis (RAM) foi proposto por Vihola (2012)

e e uma extensao do algoritmo de Metropolis (Metropolis et al., 1953). De forma analoga

ao precursor, este metodo e utilizado quando amostras das distribuicoes condicionais

completas sao difıceis de serem geradas. Possui a vantagem de obter a convergencia

de forma mais eficiente quando ha grande quantidade de parametros sendo amostrados

dessa forma. Alem de gerar valores dos parametros de interesse θ = (θ1, ...θp)′, lida

simultaneamente com a probabilidade de aceitacao media α, ou taxa de aceitacao,

pre-fixando uma meta α∗ ∈ (0, 1) e definindo a distribuicao proposta q(.), de modo

independente, requerendo apenas que esta seja esfericamente simetrica e centrada em 0p.

Determine{ζ(k)}k≥1 como uma sequencia que decai para zero. O esquema de amostragem

e dado por:

1. Inicialize θ(0) = (θ(0)1 , ..., θ

(0)p )′, S(0) = s0Ip e k = 1;

2. Obtenha um novo valor para θ(k) a partir de θ(k−1) da seguinte forma:

(a) Gere um valor para θ(k) a partir de:

θ(k) = θ(k−1) + S(k−1)V (k), V (k) ∼ q(.);

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(b) Aceite o valor proposto em (a) com probabilidade de aceitacao α:

α(k) = min

{1,p(θ(k)|θ(k−1), y)q(θ(k−1)|θ(k))p(θ(k−1)|θ(k), y)q(θ(k)|θ(k−1))

};

(c) Calcule a matriz triangular inferior S(k) com os elementos da diagonal principal

positivos de forma que satisfaca:

S(k)S ′(k)

= S(k−1)

(Ip + ζ(k)(α(k) − α∗)V

(k)V ′(k)

‖V (k)‖2

)S ′

(k−1)

3. Atribua k = k+ 1 e volte para 2, repetindo o procedimento ate que a convergencia

seja alcancada.

Nomeia-se de passeio aleatorio quando amostra-se de θ(k) a partir de θ(k−1) sendo a

taxa de aceitacao otima para este de ≈ 23, 4%. Assim, α∗ = 0, 234. De forma interligada,

ha a indicacao de que s0 = 2.4√p

para que o algoritmo atinja a convergencia de forma mais

agil.

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Apendice E

Modelos Dinamicos

O MLD e um caso particular do Modelo de Espaco de Estado (MEE).

E.1 Modelo Linear Dinamico

Considerando uma serie temporal n-dimensional Yt, t = 1, 2, ..., o MLD e definido

por:

Equacao de Observacao: Yt = F′tθt + εt, εt ∼ N(0n,Vt), (E.1a)

Equacao de Evolucao: θt = Gtθt−1 + ωt, ωt ∼ N(0p,Wt), (E.1b)

Informacao Inicial: θ0|D0 ∼ N(m0,C0). (E.1c)

Assume-se que as sequencias de erros observacionais εt e de evolucao ωt sao

independentes ao longo do tempo, entre si e da informacao inicial θ0|D0. Para t = 1, 2, ...:

– θt e um vetor p-dimensional denominado vetor de estados;

– F′t e uma matriz n × p conhecida denominada matriz de design com variaveis

independentes;

– Gt e uma matriz p× p conhecida denominada matriz de evolucao dos estados;

– Vt e a matriz de covariancia associada ao erro observacional εt;

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– Wt e a matriz de covariancia associada ao erro de evolucao ωt.

A equacao de observacao em (E.1a) relaciona o vetor de observacoes Yt ao parametro

de estado θt onde assume-se independencia entre si condicional a θt, dependendo somente

deste. A equacao de evolucao em (E.1b) e responsavel pela evolucao dos parametros de

estado atraves do tempo.

Denota-se por Dt = {Yt,Dt−1} o conjunto de informacoes disponıveis ate o instante

de tempo t em que D0 denota o conjunto de informacoes no instante inicial t = 0.

O modelo descrito em (E.1) e completamente especificado pela quadrupla

{F,G,V,W}t e pela distribuicao a priori Normal assumida para os parametros de estado

em (E.1c), onde m0 e C0 sao, respectivamente, a media e a matriz de covariancia dadas

para θ0 refletindo a incerteza do processo no instante inicial.

O erro εt e uma pertubacao aleatoria no processo de medida das observacoes Yt. Em

contraste, o erro de evolucao ωt influencia no desenvolvimento do sistema ao longo do

tempo. A suposicao de que estes erros sao independentes dentre e entre si, reforca a

distincao destas fontes de variacao estocastica.

E.2 Filtro de Kalman

Para a inferencia sobre a estrutura dos dados e previsao de observacoes futuras da

serie, emprega-se o filtro de Kalman (Kalman, 1960) que e um procedimento recursivo que

baseia-se nas informacoes disponıveis. Especificamente, no contexto do MLD, o processo

do Filtro de Kalman e resumido por:

– Distribuicao a posteriori no tempo t− 1:

θt−1|Dt−1 ∼ N(mt−1,Ct−1);

– Distribuicao a priori no tempo t:

θt|Dt−1 ∼ N(at,Rt),

onde at = Gtmt−1 e Rt = GtCt−1G′t + Wt;

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– Previsao um passo a frente:

Yt|Dt−1 ∼ N(ft,Qt),

onde ft = F′tat e Qt = F′tRtFt + Vt;

– Distribuicao a posteriori no tempo t:

θt|Dt ∼ N(mt,Ct),

onde mt = at + Atet e Ct = Rt −AtQtA′t com At = RtFtQ

−1t e et = yt − ft.

A demonstracao e feita por inducao utilizando propriedades da distribuicao Normal

e pode ser encontrada na ıntegra em West e Harrison (1997).

E.3 Distribuicoes de Previsao

Para se fazer inferencia sobre Yt+k, para k ≥ 1, condicionado ao conhecimento

corrente Dt, sao necessarias as distribuicoes de θt+k|Dt e Yt+k|Dt. Estas, sao dadas

por:

– Distribuicao de estado k passos a frente:

θt+k|Dt ∼ N(at(k),Rt(k))

sendo definido recursivamente por:

at(k) = Gt+kat(k − 1) e Rt(k) = Gt+kRt(k − 1)G′t+k + Wt+k

com valores iniciais at(0) = mt e Rt(0) = Ct;

– Distribuicao de previsao k passos a frente:

Yt+k|Dt ∼ N(ft(k),Qt(k)),

onde ft = F′t+kat(k) e Qt(k) = F′t+kRt(k)Ft+k + Vt+k.

A demonstracao pode ser encontrada em West e Harrison (1997) e Petris et al. (2009).

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E.4 Fatores de Desconto

A especificacao da magnitude de Wt e importante pois, controla a extensao da

variacao estocastica na evolucao do modelo e assim, determinam a estabilidade ao longo

do tempo. Na equacao de evolucao em (E.1b), Wt leva a um aumento da incerteza

ou a uma perda de informacao sobre o vetor de estado antecessor. Considerando um

MLD, a especificacao de Wt pode ser feita indiretamente atraves do uso de descontos.

Considerando o filtro para o MLD (secao E.2) onde Rt = V ar(θt|Dt−1) = Pt + Wt

e Pt = GtCt−1G′t. Sendo assim, Wt = Rt − Pt e Pt seria a covariancia caso nao

houvesse incerteza sobre a evolucao dos estados, i.e., Wt = 0p. Definindo δ de forma que

Rt = Pt/δ, pode-se interpretar δ como a percentagem de informacao que se atualiza de

t− 1 para t e entao:

Wt =1− δδ

Pt,

com δ ∈ (0, 1] denominado fator de desconto. Se δ = 1 entao, Wt = 0p e nao ha perda

de informacao na evolucao do estado θt−1 para θt, de forma que Cov(θt|Dt−1) = Pt. Ha

a possibilidade de utilizar multiplos fatores de desconto por meio da matriz de desconto

p× p definida por:

∆ = diag(δ−1/21 , ..., δ−1/2p ).

Assim, Rt = ∆GtCt−1G′t∆.

Na pratica, o valor do fator de desconto e frequentemente fixado, variando entre 0,8

e 0,99.

E.5 Esquema de Amostragem para MLD

Para lidar com Modelos Dinamicos em que a distribuicao a posteriori nao esteja

disponıvel analiticamente, e usual que se utilize metodos MCMC (secao D) decompondo

o esquema em 2 blocos:

(i) Amostragem dos estados condicionados aos parametros estaticos;

(ii) Amostragem dos parametros estaticos condicionados ao vetor de estados.

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Em particular, nos MLD, o vetor de estados pode ser amostrado utilizando-se um

tipo de amostrador de Gibbs chamado Forward Filtering Backward Sampling (FFBS).

Proposto por Fruhwirth-Schnatter (1994) e Carter e Kohn (1994), o esquema FFBS

tem por objetivo amostrar, de forma eficiente, o vetor de estados de um MLD como

o apresentado em (E.1). O algoritmo consiste em amostrar o vetor de estados

conjuntamente utilizando as distribuicoes filtradas e suavizadas destes parametros. A

amostragem pode ser decomposta em 2 passos da seguinte maneira:

1. Forward Filtering:

Este passo consiste na inferencia dos parametros utilizando o filtro de Kalman

(Kalman, 1960) a partir das definicoes apresentadas na secao E.2.

2. Backward Sampling:

Este passo baseia-se na analise retrospectiva, a partir da decomposicao da

distribuicao a posteriori conjunta dos parametros de estado da seguinte forma:

p(θ0, ...,θT |DT ) = p(θT |DT )T∏t=0

p(θt|θt+1,Dt).

Pelo Teorema de Bayes, obtem-se para t = T − 1, ..., 0:

p(θt|θt+1,DT ) ∝ (θt+1|θt,DT )p(θt|DT ).

Especificamente no contexto do MLD, tem-se:

θt|DT ∼ N(ht,Ht),

onde ht = mt + CtG′t+1R

−1t+1(θt+1 − at+1) e Ht = Ct − CtG

′t+1R

−1t+1Gt+1Ct com

valores iniciais hT = mT e HT = CT .

E.6 MLD com Covariancias Estocasticas e

Aprendizado por Descontos

Na pratica, dificilmente se conhece a covariancia observacional Vt ao longo do tempo.

O MLD com covariancias estocasticas e aprendizado por descontos contorna esta situacao

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utilizando um passeio aleatorio por meio de uma evolucao estocastica Beta-Gama para

a sequencia de precisao observacional V−1t . Neste contexto, suponha um MLD com a

restricao Vt = σ2t In e ϕt = 1/σ2

t sendo definido por:

Equacao de Observacao: Yt = F′tθt + εt, εt ∼ N(0n, σ2t In), (E.2a)

Equacao de Evolucao: θt = Gtθt−1 + ωt, ωt ∼ Tnt−1(0p,Wt), (E.2b)

Equacao de Precisao: ϕt = γtϕt−1/δ∗, γt ∼ Beta(κt, κt), (E.2c)

Informacao Inicial: θ0|D0 ∼ Tn0(m0,C0),

ϕ0|D0 ∼ G(n0/2, d0/2). (E.2d)

com κt = δ∗nt−1/2 e κt = (1 − δ∗)nt−1/2. O parametro δ∗ ∈ [0, 1] atua como um fator

de desconto, i.e., quanto maior seu valor, menor o choque aleatorio para a covariancia

observacional. Quando δ∗ = 1, a covariancia se torna constante, i.e., Vt = V, ∀t.

As hipoteses usuais de independencia definidas na secao E.1 permanecem, no entanto,

condicionais a Vt. Especificado o modelo, determina-se as equacoes de atualizacao por:

– Distribuicao a posteriori no tempo t− 1:

θt−1|Dt−1 ∼ Tnt−1(mt−1,Ct−1) e ϕt−1|Dt−1 ∼ G(nt−1/2, dt−1/2);

– Distribuicao a priori no tempo t:

θt|Dt−1 ∼ Tnt−1(at,Rt) e ϕt|Dt−1 ∼ G(δ∗nt−1/2, δ∗dt−1/2),

onde at = Gtmt−1 e Rt = GtCt−1G′t + Wt;

– Previsao um passo a frente:

Yt|Dt−1 ∼ Tδ∗nt−1(ft,Qt),

onde ft = F′tat e Qt = F′tRtFt + St−1In com St−1 = dt−1/nt−1;

– Distribuicao a posteriori no tempo t:

θt|Dt ∼ N(mt,Ct) e ϕt|Dt ∼ G(nt/2, dt/2),

onde mt = at+Atet e Ct = (St/St−1)Rt−AtQtA′t com At = RtFtQ

−1t , et = yt−ft,

nt = δ∗nt−1 + 1, dt = δ∗dt−1 + St−1e′tQtet e St = dt/nt.

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O algoritmo FFBS pode ser aplicado de forma analoga a demonstrada na secao E.5.

O passo Backward Sampling para os parametros ϕt com t = T − 1, ..., 0 e dado por:

ϕt|DT ∼ G(n∗t/2, d∗t/2),

onde n∗t = (1− δ∗)nt + δ∗nt+1 e d∗t = n∗tS∗t com S∗t = ((1− δ∗)/St + δ∗/S∗t+1)

−1 e valores

iniciais n∗T = nT e d∗T = dT .

Para demonstracoes e mais informacoes acerca desta configuracao de MLD, consulte

West e Harrison (1997) e Prado e West (2010). Aplicacoes podem ser encontradas em

Liu et al. (2009). Para a estimacao sequencial da covariancia observacional Vt ao longo

do tempo sem a restricao apresentada em (E.2), veja Triantafyllopoulos (2002).

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