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CAMILA DE FÁTIMA CARVALHO BRITO PAPEL DA CICLOOXIGENASE-1 NO CHOQUE ENDOTÓXICO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, para obtenção do Título de Mestre em Ciências. São Paulo 2017

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CAMILA DE FÁTIMA CARVALHO BRITO

PAPEL DA CICLOOXIGENASE-1 NO CHOQUE ENDOTÓXICO

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Imunologia do Instituto

de Ciências Biomédicas da Universidade de

São Paulo, para obtenção do Título de

Mestre em Ciências.

São Paulo 2017

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CAMILA DE FÁTIMA CARVALHO BRITO

PAPEL DA CICLOOXIGENASE-1 NO CHOQUE ENDOTÓXICO

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Imunologia do Instituto

de Ciências Biomédicas da Universidade de

São Paulo, para obtenção do Título de

Mestre em Ciências.

Área de concentração: Imunologia

Orientador: Prof. Dr. Alexandre A. Steiner

Versão original

São Paulo 2017

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS

___________________________________________________________________

Candidato (a): Camila de Fátima Carvalho Brito

Título da Dissertação: Papel da ciclooxigenase-1 no choque endotóxico

Orientador: Prof. Dr. Alexandre A. Steiner

A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa da Dissertação de Mestrado, em

sessão pública realizada a .............../.............../..............., considerou

( ) Aprovado (a) ( ) Reprovado (a)

Examinador (a): Assinatura: .....................................................................................

Nome: ............................................................................................

Instituição:......................................................................................

Examinador (a): Assinatura: .....................................................................................

Nome: ............................................................................................

Instituição:......................................................................................

Examinador (a): Assinatura: .....................................................................................

Nome: ............................................................................................

Instituição:......................................................................................

Presidente: Assinatura:......................................................................................

Nome: ............................................................................................

Instituição:......................................................................................

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Ao meu Deus, que se preocupa com

todos os detalhes da minha vida e

porque sem Ele eu nada seria...

Dedico este trabalho aos meus pais, Carlos e Thate, pelo amor incondicional, pela

proteção sem limites e pela doação irrestrita. À vocês que são minhas referências e

meu sustento a todo momento, meus amores, minha eterna gratidão!

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pelo dom da vida, pelo amor infinito e por ter me permitido concluir

mais essa etapa, sempre guiando meus passos, minhas escolhas e me mantendo

de pé diante das dificuldades

Minha eterna gratidão ao Professor Alexandre Steiner por todo apoio e

paciência, por ter acreditado em mim até quando eu mesma não acreditei. Por ter

me recebido de braços abertos em seu laboratório desde o primeiro contato que

fizemos, por ter me ajudado quando cheguei a São Paulo, pelas conversas nas

várias vezes que tentei desistir, por toda paciência quando cometia erros nos

experimentos e por enxergar potencial acadêmico em mim. Professor, o senhor foi

fundamental no meu crescimento pessoal e acadêmico, obrigada por ter me dado a

oportunidade e o suporte necessário para encarar e conseguir finalizar esse período

difícil, porém engrandecedor. Obrigada pelas palavras de incentivo, pelos

ensinamentos acadêmicos, pela preocupação com meu bem-estar. Muito obrigada!

Agradecer à minha família é pouco diante de tudo que fizeram por mim. Sou

grata pela família unida que tenho, pelo apoio dos meus pais, pelo amor, proteção,

dedicação e por estarem à postos sempre e a qualquer hora que eu precisar. Por

terem me ensinado que não importa o quão longe fisicamente estamos, mas sim o

quão unidos somos. Obrigada por me apoiarem a cada vez que decido sair da minha

zona de conforto e por fazerem das minhas decisões as suas, mesmo que isso seja

difícil. Obrigada por todo o suporte financeiro nestes anos, mas acima de tudo pelo

amor sem limites. Amo vocês para sempre!

Às minhas duas lindas irmãs, Alzira e Estella, por sempre fazerem de mim um

bom exemplo e por sempre serem as primeiras pessoas que torcem por mim.

Obrigada pelas conversas nos momentos de desânimo, por terem aberto mão de

qualquer conforto por mim nesse tempo em que estive em São Paulo, por serem as

amigas que sempre poderei contar. Obrigada pela confiança, amor e irmandade.

Amo vocês duas!

Ao paizinho, Francisco, e à mãezinha, Alzira (in memorian), porque mesmo

não sendo alfabetizados trabalharam duro e com dignidade pela educação dos

filhos, o que reflete também na minha educação. E obrigada também aos meus avós

paternos Olavo (in memorian) e Isabel.

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Não poderia deixar de agradecer à todas as pessoas que estiveram comigo

nesse período, em especial à Elizabeth Flatow, que foi essencial desde a minha

chegada em São Paulo, que me ajudou tanto dentro do laboratório (me ensinou a

maioria das técnicas que eu precisava) como fora do laboratório (pela acolhida na

própria casa e pela amizade). Obrigada Beth por tudo e obrigada também ao Júnior

e até à Olívia. Agradeço às meninas do laboratório: Evilin Komegae (pela

colaboração no meu trabalho) e Monique Fonseca (pela alegria que anima o

laboratório), à Bianca e aos mais novos integrantes, Jady Tamaio (pela ajuda com

os RT-PCR) e Eduardo.

Sou infinitamente grata aos amigos e amigas que também me ajudaram a

ultrapassar as dificuldades e me proporcionaram bons momentos. À minha amiga

Íris Sousa, que esteve comigo desde o início, sempre disposta a ouvir minhas

reclamações, a acalmar meu coração, a aliviar meu desespero e a me ajudar a

continuar, agradeço a Deus pela tua amizade e espero que estejamos sempre

juntas. Agradeço também à minha amiga-irmã Leana Bruna, por sempre me mostrar

que amizades podem sim ser para sempre, pelos conselhos e por sempre torcer por

mim. Agradeço ainda ao meu amigo Antônio, por sempre acreditar em mim. Ao meu

amigo Mouzarllem, pelas palavras de conforto sempre que eu ligava desesperada,

obrigada meu bem por sempre ter me ouvido e aconselhado. Sou muito grata

também por esse período aqui em São Paulo, pois me proporcionou conhecer a

Nayane, uma pessoa iluminada e que quero ter sempre por perto. Obrigada Nayane,

por tudo que compartilhamos juntas, pelo ano que moramos juntas e que aliviou a

angústia dos dias difíceis, pelos conselhos, pela ajuda nos momentos difíceis, pelas

vezes que o pânico tomou conta de mim e tu estavas por perto (ou mais ou menos

por perto, mas veio imediatamente até mim). Obrigada pela amizade, pelos consolos

e pelos sorrisos. Obrigada também ao André Carvalho por ter compartilhado o dia a

dia comigo e ajudado sempre que foi preciso.

Agradeço também à tia Neusa e ao Mauricinho, que sempre estiveram à

postos para tudo que precisei aqui em São Paulo. Obrigada pelo apoio e carinho

sempre.

Agradeço ainda à todas as pessoas que me abriram as portas pra chegar até

aqui: ao meu orientador de Iniciação Científica Jand-Venes, que foi o primeiro a me

dar oportunidade de entrar na pesquisa, aos meus amigos do meu primeiro

laboratório de pesquisa LAFFEX e à Universidade Federal do Piauí, em especial a

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todos que fizeram da Biomedicina um curso melhor e à todos os professores

responsáveis pela minha formação.

À minha banca de qualificação: Prof. Dr. Marcelo Muscará, Profa. Dra. Maria

Camila Almeida e Dr. Luciano Filgueiras, por todos os comentários e críticas que me

ajudaram a encontrar meus pontos fracos e estudar para superá-los.

Ao Prof. Dr. Norberto Lopes (FMRP-USP) pela colaboração nos experimentos

de lipidômica.

Aos professores e demais funcionários do departamento de Imunologia.

Obrigada à todos!

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À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela

bolsa concedida.

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“Que você cresça para ser justo

Que você cresça para ser verdadeiro

Que você sempre saiba a verdade

E veja as luzes ao seu redor

Que você seja sempre corajoso

Fique em pé e seja forte

Que suas mãos estejam sempre ocupadas

Que seus pés sejam sempre rápidos

Que você tenha uma base forte

Quando os ventos das mudanças voltarem

Que o seu coração seja sempre feliz

Que sua canção seja sempre cantada

Que você fique jovem para sempre”

Bob Dylan

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RESUMO

Brito CFC. Papel da ciclooxigenase-1 no choque endotóxico. [dissertação (Mestrado em Imunologia)]. São Paulo: Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, 2017.

As ciclooxigenases têm um papel fundamental na patogênese da sepse, em especial

a isoforma COX-2. No entanto, apesar de o papel da isoforma “constitutiva” COX-1

ter sido negligenciado, evidências recentes indicam que esta isoforma participa em

respostas induzidas por altas doses de lipopolissacarídeo bacterano. Este trabalho

visou elucidar os mecanismos pelos quais a COX-1 participa da inflamação

sistêmica mais grave. Propomos que a fonte principal da COX-1 nesta condição é o

baço e testaremos se os prostanoides derivados dessa isoforma medeiam

alterações termometabólicas e cardiovasculares de modo dependente de citocinas.

Essa hipótese foi testada em ratos empregando o modelo de choque endotóxico.

Para avaliar os efeitos da COX-1 durante a inflamação sistêmica, utilizamos seu

inibidor seletivo (SC-560). O SC-560 atenuou a hipotermia, o hipometabolismo,

acidose metabólica e hipotensão induzidos por LPS (1000 µg/kg i.v.). Este efeito

atenuante teve duas fases: 30-60 min e 60-100 min. Em animais esplenectomizados,

a resposta atenuante do SC-560 na hipotermia, hipotensão e acidose metabólica foi

observada somente na primeira fase da resposta. Associado a esses resultados, o

SC-560 não alterou o nível plasmático das citocinas TNF-α, IL-1β e IL-10 nas duas

fases da resposta. No entanto, diminuiu a expressão tecidual de IL-10 no baço e

observou-se uma tendência a aumento de IL-1β, mas não alterou o nível das

citocinas no fígado, diencéfalo e pulmão. Detectamos LTB4 no plasma, enquanto

PGE2, PGD2, PGF2, TXB2 e LTC4 foram detectados no baço. Nossos resultados

indicam que o mecanismo de ação da COX-1 no choque endotóxico tem duas fases

distintas: (i) na fase inicial da resposta a COX-1 envolvida não é proveniente do baço

e age de forma independente de citocinas; na fase tardia da resposta a COX-1

parece agir de forma dependente do baço e através da produção de prostanoides,

tais como PGE2 e PGD2 ou de leucotrienos, como LTC4, e esta ação pode depender

de efeitos locais de citocinas IL-10 e IL-1β.

.

Palavras-chave: COX-1. Inflamação Sistêmica. Hipotermia. Eicosanoides.

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ABSTRACT

Brito CFC. The role of cyclooxygenase-1 during endotoxic shock. [Masters thesis (Immunology)]. São Paulo: Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, 2016.

Cyclooxygenases play a key role in the pathogenesis of sepsis, especially the COX-2

isoform. However, although the role of the "constitutive" COX-1 isoform has been

neglected, recent evidence indicates that this isoform participates in responses

induced by high doses of bacterial lipopolysaccharide. This work aimed to elucidate

the mechanisms by which COX-1 participates in the most severe systemic

inflammation. We propose that the main source of COX-1 in this condition is the

spleen and we will test whether prostanoids derived from this isoform mediate

thermometabolic and cardiovascular changes in a cytokine-dependent manner. This

hypothesis was tested in rats employing the endotoxic shock model. To evaluate the

effects of COX-1 during systemic inflammation, we used its selective inhibitor (SC-

560). SC-560 attenuated hypothermia, hypometabolism, metabolic acidosis and

hypotension induced by LPS (1000 μg/kg i.v.). This attenuating effect had two

phases: 30-60 min and 60-100 min. In splenectomized animals, the attenuating

response of SC-560 to hypothermia, hypotension and metabolic acidosis was

observed only in the first phase of the response. Associated with these results, SC-

560 did not alter the plasma levels of cytokines TNF-α, IL-1β and IL-10 in the two

phases of the response. However, tissue expression of IL-10 in the spleen decreased

and IL-1β increased, but did not alter the level of cytokines in the liver, diencephalon

and lung. We detected LTB4 in plasma, while PGE2, PGD2, PGF2α, TXB2 and LTC4

were detected in the spleen. Our results indicate that the mechanism of action of

COX-1 in endotoxic shock has two distinct phases: (i) in the initial phase of the COX-

1 response involved it does not originate from the spleen and acts independently of

cytokines; (ii) in the late phase of the COX-1 response appears to act in a spleen

dependent manner and through the production of prostanoids, such as PGE2 and

PGD2 or of leukotrienes, such as LTC4, and this action may depend on local effects

of IL-10 and IL-1β cytokines.

Keywords: COX-1. Systemic Inflammation. Hypothermia. Eicosanoid

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Histórico do entendimento da patogênese da sepse. Figura 2 – Cascata de produção dos prostanoides a partir do AA e alguns efeitos principais desses prostanoides na inflamação sistêmica. Figura 3 – Contorno dos locais ativos das enzimas COX-1 e COX-2. São mostradas as superfícies acessíveis das isoformas com resíduos de aminoácidos circundantes importantes. Figura 4 – Possível envolvimento da isoforma COX-1 na promoção da hipotermia durante o choque endotóxico. Figura 5 – Representação esquemática do cronograma do experimento para avaliação dos efeitos da SC560 sobre as respostas termorregulatórias, metabólicas e cardiovaculares em animais submetidos ao modelo de inflamação sistêmica induzida por LPS. Figura 6 – Representação do modelo experimental onde o animal recebendo salina ou leptina s.c. é desafiado com LPS i.v. de maneira não estressante a uma temperatura ambiente controlada. As cubas experimentais ficam sobre um receptor de sinal telemétrico. Figura 7 – Tempo de coagulação dos grupos veículo e SC-560 como índice de inibição da COX-1. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05. Figura 8 – Efeitos do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta termometabólica em animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05. Figura 9 – Efeitos do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta de acidose metabólica em animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05. Figura 10 – Efeitos do SC-560 (5 mg/kg i.p.) sobre os parâmetros cardiovasculares pressão sistólica e pressão diastólica, em animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05. Figura 11 – Efeitos do SC-560 (5 mg/kg i.p.) sobre os parâmetros cardiovasculares frequência cardíaca e contratilidade ventricular, em animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05. Figura 12 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. em combinação com o propranolol sobre a FC e a dPdt em animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura

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ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05. Figura 13 - Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. em combinação com o propranolol sobre a Tc e o consumo de O2 em animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05. Figura 14 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. em combinação com o propranolol sobre a resposta cardiovascular em animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05. Figura 15 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta termorregulatória de animais não tratados e tratados com propranolol injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. Figura 16 – Efeitos da esplenectomia na resposta termorregulatória em animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05. Figura 17 – Efeitos da esplenectomia na pressão arterial média em animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05. Figura 18 – Efeitos do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta termometabólica em animais esplenectomizados injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05. Figura 19 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta termorregulatória de animais com e sem esplenectomia injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. Figura 20 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta cardiovascular em animais esplenectomizados injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05. Figura 21 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta cardiovascular de animais com e sem esplenectomia injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. Figura 22 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta metabólica em animais esplenectomizados injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05.

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Figura 23 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a acidose metabólica em animais com e sem esplenectomia injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. Figura 24 – Expressão do mRNA das citocinas TNF-α, IL-1β e IL-10 dosado em amostras de fígado coletados 80 min depois da administração intravenosa de LPS (1000 µg/kg) de animais pré-tratados com o SC-560 ou seu veículo a uma Ta de 22 °C. Figura 25 – Expressão do mRNA das citocinas TNF-α, IL-1β e IL-10 dosado em amostras de pulmão coletados 80 min depois da administração intravenosa de LPS (1000 µg/kg) de animais pré-tratados com o SC-560 ou seu veículo a uma Ta de 22 °C. Figura 26 – Expressão do mRNA das citocinas TNF-α, IL-1 e IL-10 dosado em amostras de diencéfalo coletadas 80 min depois da administração intravenosa de LPS (1000 µg/kg) de animais pré-tratados com o SC-560 ou seu veículo a uma Ta de 22 °C. Figura 27 – Expressão do mRNA das citocinas TNF-α, IL-1 e IL-10 dosado em amostras de baço coletados 80 min depois da administração intravenosa de LPS (1000 µg/kg) de animais pré-tratados com o SC-560 ou seu veículo a uma Ta de 22 °C.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Critérios diagnósticos para SIRS e sepse Tabela 2 – Sumário de prostanoides e seus efeitos fisiológicos nos principais sistemas e órgãos. Tabela 3 – Visão clássica das principais diferenças entre COX-1 e COX-2. Tabela 4 - Concentrações plasmáticas de TNF-α (A) e IL-1β (B) nos tempos de 30 e 80 min após a injeção de LPS. Tabela 5 - Concentrações plasmáticas (0,1 – 50 ng/mL) de eicosanoides nos tempos de 30 e 80 min após a injeção de LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. *P <0,05.

Tabela 6 - Concentrações de eicosanoides no baço (0,1 – 50 ng/mL) nos tempos de 30 e 80 min após a injeção de LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. *P <0,05. Tabela 7 - Concentrações de eicosanoides no cérebro (0,1 – 50 ng/mL) nos tempos de 30 e 80 min após a injeção de LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. *P <0,05.

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LISTA DE ABREVIATURAS

AA – Ácido Araquidônico

AINEs – Anti-inflamatório Não-Esteroidais

ANOVA – Análise de Variância

APA – Amplitude do Pulso de Pressão

bpm – batimentos por minuto

BHT – Butylated Hydroxytoluene

COXs – ciclooxigenases

COX-1 – ciclooxigenase-1

COX-2 – ciclooxigenase-2

COX-3 – ciclooxigenase-3

CYP – Citocromo p450

COXIBEs – Selective Cyclooxygenase 2 Inhibitors

DAMPs – Padrão Molecular Associado a Danos

DMH – Hipotálamo Dorsomedial

DC – Débito Cardíaco

dPdt máx – Contratilidade Ventricular máxima

E. coli – Escherichia coli

ELISA – Enzyme-Linked Immunosorbent Assay

FC – Frequência Cardíaca

H-PGDS – Hematopoietic Prostaglandin D Synthase

IL-1β – Interleucina 1 beta

IL-6 – Interleucina 6

IL-10 – Interleucina 10

i.c.v – intracerebroventricular

i.v – intravenoso

i.p – intraperitoneal

LPS – lipopolissacarídeo

LTs – Leucotrienos

LOX – Lipooxigenase

L-PGDS – Lipocalin-type prostaglandin D2 synthase

LC-MS – Cromatografia Líquida com detecção por Espectrometria de Massas

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LTB4 – Leucotrieno B4

mPGES-1 – PGE-1 sintase microssomal

mmHg – milímetro de mercúrio

NLRC4 – Ice-protease activating factor

NS-398 – inibidor da COX-2

O2 – Oxigênio

PA – Pressão Arterial

PGs – Prostaglandinas

PAMPs – Padrão Molecular Associado a Patógenos

PLA2 – Fosfolipase A2

PGG2 – Prostaglandina G2

PGH2 – Prostaglandina H2

PGE2 – Prostaglandina E2

PGD2 – Prostaglandina D2

PGF2α – Prostaglandina F2α

PGI2 – Prostaglandina I2

PGDS – Sintase PGD

PAM – Pressão Arterial Média

RRPs – Receptores de Reconhecimento de Padrões

mRNA – RNA mensageiro

RVS – Resistência Vascular Sistêmica

RER – Respiratory Exchange Ratio

SNC – Sistema Nervoso Central

SIRS – Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica

SC-560 – inibidor seletivo COX-1

SC-236 – inibidor seletivo COX-2

s.c. – subcutâneo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ................................................................ 21

2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................23

2.1 SIRS, SEPSE E CHOQUE SÉPTICO: CONCEITOS E EPIDEMIOLOGIA ................................ 23

2.2 SEPSE: PATOGÊNESE E TERAPIA ............................................................................ 25

2.3 MEDIADORES INFLAMATÓRIOS NA SEPSE: PAPEL DAS CITOCINAS E EICOSANOIDES ...... 27

2.4 BIOQUÍMICA DAS CICLOOXIGENASES .......................................................................... 32

2.5 CICLOOXIGENASES...................................................................................................33

2.6 CICLOOXIGENASES NA INFLAMAÇÃO SISTÊMICA: PARTICIPAÇÃO DA COX-1 .................... 35

2.7 HIPOTERMIA NA SEPSE: CONCEITOS E MECANISMOS.....................................................38

2.8 ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES...........................................................................42

2.9 ACIDOSE NA SEPSE..................................................................................................44

3 OBJETIVOS ................................................................................................... 47

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS………………………………………………………...……….47

4. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 48

4.1 APROVAÇÃO NO COMITÊ DE ÉTICA ........................................................................... 48

4.2 ALOJAMENTO DOS ANIMAIS E EUTANÁSIA.....................................................................48

4.3 PREPARAÇÃO CIRÚRGICA PARA INSERÇÃO DE CATETER VENOSO E SENSOR DE

TELEMETRIA PARA TEMPERATURA, PRESSÃO ARTERIAL E ATIVIDADE EM RATOS ................ 48

4.4 ESPLENECTOMIA......................................................................................................49

4.5 CUIDADOS PÓS-CIRÚRGICOS ................................................................................... 50

4.6 SISTEMA EXPERIMENTAL – INDUÇÃO DA INFLAMAÇÃO SISTÊMICA ............................... 50

4.7 FÁRMACOS ............................................................................................................ 51

4.8 MEDIDAS FISIOLÓGICAS ........................................................................................... 52

4.9 TESTE DA COAGULAÇÃO ........................................................................................... 53

4.10 COLETA DE SANGUE E ÓRGÃOS ................................................................................ 54

4.11 DOSAGEM DE CITOCINAS ........................................................................................ 54

4.12 RT-PCR ............................................................................................................. 55

4.13 DOSAGEM DE PROSTANOIDES..................................................................................57

4.14 ANÁLISE ESTATÍSTICA .......................................................................................... 57

5 RESULTADOS ................................................................................................ 59

5.1 MEDIDA DA ATIVIDADE FUNCIONAL DA COX-1 NOS EXPERIMENTOS FISIOLÓGICOS ..... 59

5.2 EFEITO DO INIBIDOR DA COX-1 NA RESPOSTA TERMOMETABÓLICA ............................ 60

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5.3 EFEITO DO INIBIDOR DA COX-1 NA RESPOSTA CARDIOVASCULAR .............................. 63

5.4 EFEITO DA ESPLENECTOMIA COM E SEM A INIBIÇÃO DA COX-1 NAS RESPOSTAS

FISIOLÓGICAS DURANTE O CHOQUE ENDOTÓXIVO............................................................ 73

5.5 EFEITO DA INIBIÇÃO DA COX-1 SOBRE O PERFIL DE CITOCINAS CIRCULANTES ............ 82

5.6 EFEITO DA INIBIÇÃO DA COX-1 SOBRE O PERFIL DE CITOCINAS ÓRGÃO-ESPECÍFICAS .. 83

5.7 EFEITO DA INIBIÇÃO DE COX-1 SOBRE O PERFIL DE MEDIADORES LIPÍDICOS ............... 86

6 DISCUSSÃO .................................................................................................. 90

7 CONCLUSÃO……………………………………………………………………...103

REFERÊNCIAS ........................................................................................ …104

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21

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

A inflamação sistêmica decorrente de infecção (sepse) é uma das principais

causas de morte em pacientes hospitalizados (1-3). Apesar dos avanços científicos

e tecnológicos da medicina atualmente, como o desenvolvimento de terapias anti-

inflamatórias e antibacteriana, a incidência de sepse continua aumentando (4),

tornando evidente que a luta contra a sepse possa ser altamente dependente dos

próprios mecanismos de defesa do organismo.

A patogênese desta síndrome envolve uma ativação aguda de células do

sistema imune, tais como neutrófilos e macrófagos. Os macrófagos, particularmente,

secretam mediadores solúveis tais como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α),

interleucina 1β (IL-1β) e interleucina 6 (IL-6) que, por sua vez, agem no sistema

nervoso central (SNC) e perifericamente culminando em alterações na fisiologia da

temperatura corporal (Tc), taxa metabólica, pressão arterial (PA) e frequência

cardíaca. A febre é a manifestação mais comum da sepse (90% dos pacientes) (5) e

é entendida como uma estratégia de defesa do organismo em resposta a infecção,

entretanto, a queda da pressão arterial e a virada de febre para hipotermia

caracterizam os casos mais graves de sepse (6).

Na patogênese da sepse, além das citocinas, os mediadores lipídicos

derivados do ácido araquidônico por ação das enzimas ciclooxigenases (COXs),

dentre eles as prostaglandinas (PGs), têm recebido atenção significativa ao longo

dos anos por seus papéis na mediação das respostas inflamatórias (7). O foco das

investigações tem estado nas prostaglandinas derivadas da isoforma induzível da

ciclooxigenase, a COX-2, por ser caracteristicamente expressa por células

envolvidas em processos inflamatórios (8). Até pouco tempo atrás, acreditava-se

que a COX-1, isoforma constitutiva, não estivesse envolvida na inflamação (9). No

entanto, dados recentes apontam que a COX-1 pode ser tão ou mais importante que

a COX-2 nos casos mais graves de inflamação sistêmica (10).

O foco deste trabalho é avançar mecanísticamente preenchendo as lacunas

do conhecimento acerca da participação da COX-1 na inflamação sistêmica grave

empregando o modelo de choque endotóxico, o qual a administração intravenosa de

preparações de lipopolissacarídeo bacteriano em animais de laboratório é

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22

comumente utilizada para induzir respostas termometabólicas e cardiovasculares

associadas com inflamação sistêmica.

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23

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 SIRS, Sepse e Choque séptico: Conceitos e epidemiologia

A Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) é um estado

inflamatório sistêmico manifestado por pelo menos dois dos seguintes critérios: (i)

temperatura corporal ˃ 38 °C ou ˂ 36 °C; frequência cardíaca ˃ 90 batimentos/min;

(iii) taxa respiratória ˃ 20 respirações/min ou PaCO2 ˃ 32 mmHg e (iv) contagem de

leucócitos ˃ 12.000 ou ˂ 4.000 células/mm3 no sangue ou ˃10% as formas imaturas

(11).

O conceito de SIRS foi introduzido em 1992 pelo “American College of Chest

Physicians” e pela “Society of Critical Care Medicine” e, rapidamente, tornou-se

referência na diagnose da sepse. Mais recentemente, tal conceito vem recebendo

críticas por ser pouco discriminativo, uma vez que os critérios da SIRS são

geralmente atendidos frente a uma gripe ou uma pneumonia mais forte. Uma nova

definição foi apresentada em 2015 no “Third International Consensus Definitions for

Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3)”. Trata-se de um novo consenso internacional

sobre critérios diagnósticos para sepse e choque séptico. Ele foi desenvolvido

pela “Society of Critical Care Medicine” e a “European Society of Intensive Care

Medicine”, justificadas pela necessidade de uma melhor definição baseada nos

avanços para melhorar os critérios diagnósticos da sepse (12). Na nova definição, o

uso da palavra sepse seria restrito aos pacientes já com disfunção orgânica. No

entanto, a Sepsis-3 apresentou problemas quanto a sua aceitação, uma vez que tal

conceito prejudica o diagnóstico precoce já que, de acordo com o consenso, a sepse

somente ocorre quando há disfunção de órgãos causada por uma resposta

desregulada do hospedeiro a uma infecção, excluindo o conceito de sepse sem

disfunção de órgão. Em virtude disso, existe risco de desvalorização dos critérios de

SIRS como parte da estratégia de triagem para suspeição precoce da presença de

infecção. Uma parte do esforço atual no combate à síndrome baseia-se no

diagnóstico precoce. Os pacientes devem ser reconhecidos em fase precoce e não

somente quando a disfunção já estiver instalada. Por conta dessa limitação, a

definição de SIRS cunhada em 1992 continua sendo amplamente utilizada, sendo a

sepse definida como uma síndrome caracterizada por sintomas e sinais da SIRS

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24

secundária a um processo infeccioso e quando ocorrem manifestações de disfunção

de órgãos resultantes de alterações na microcirculação caracteriza-se a sepse

grave (13). Por sua vez, o choque séptico foi definido como a sepse acompanhada

por hipotensão que é refratária à administração de fluidos cristaloides (11, 14, 15)

(Tabela 1).

Tabela 1 – Critérios diagnósticos para SIRS e sepse

Adaptado de Dellinger et al. e Angus e van der Poll. Abreviações: SIRS, síndrome da resposta inflamatória sistêmica; Tc, temperatura corporal; bpm, batimentos por minuto; PaO2, pressão arterial de oxigênio; FiO2, fração inspirada de oxigênio; SD, desvio padrão.

SIRS

Parâmetros gerais

Febre (Tc > 38,3 ºC) Hipotermia (Tc < 36,0 ºC) Taquicardia (> 90 bpm em adultos) Taquipnéia Confusão mental Edema (> 20 mL/kg e, 24 h) Hiperglicemia na ausência de diabetes Hemograma Leucocitose (> 12.000 leucócitos/ mm3) Leucopenia (< 4.000 leucócitos/mm3) Excesso de formas imaturas (> 10%) Marcadores inflamatórios séricos Proteína C reativa (> 2 SD acima do normal) Procalcitonina (> 2 SD acima do normal)

Sepse

SIRS associada à infecção Infecção suspeita ou documentada

Sepse grave

Sepse com um ou mais dos seguintes: Lactato sérico acima do normal Oligúria (< 0,5 mL/h por mais de 2 h) Disfunção pulmonar (PaO2/FiO2 < 250 mmHg) Creatinina sérica > 2 mg/dL Bilirrubina sérica > 2 mg/dL Trombocitopenia (> 100.00 plaquetas/µL) Parálise intestinal Coagulopatia

Choque séptico

Sepse com hipotensão refratária a cristaloides Pressão sistólica < 90 mmHg Pressão média < 70 mmHg Queda de pressão > 40 mmHg em adultos

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25

A sepse e o choque séptico têm sido reconhecidos cada vez mais como

sérios problemas clínicos responsáveis por morbidade e mortalidade substanciais

(16). Nos Estados Unidos, admissões por sepse têm ultrapassado as admissões por

infarto do miocárdio e acidente vascular encefálico. A taxa de incidência de sepse é

de até 535 casos por 100.000 pessoas/ano e está aumentando. A mortalidade intra-

hospitalar permanece alta entre 25%-30% (17). Os custos hospitalares associados à

sepse são altíssimos: mais de US$ 16 bilhões por ano nos EUA (18, 19). Esses

gastos têm íntima relação com a gravidade e o tempo de internação. Apesar disso, a

taxa de mortalidade permanece estagnada entre 30 e 40%, podendo chegar a 70%

em subpopulações com casos mais graves de sepse (18, 20).

Por sua vez, no Brasil, a sepse é a síndrome geradora de maiores custos

aos setores de saúde públicos e privados do país, e a média da incidência de sepse

nas UTIs brasileiras é de 57 por 1000 pacientes/dia, sendo a taxa de mortalidade de

pacientes com sepse, sepse grave e choque séptico de 33,9%, 46,9% e 52,2%,

respectivamente (21).

2.2 Sepse: patogênese e terapia

A resposta inflamatória é um processo fisiológico que protege o organismo

contra infecções e participa do reparo tecidual após uma injúria traumática (22). Os

mesmos mecanismos que normalmente protegem os indivíduos das infecções e que

eliminam os agentes estranhos também são capazes de provocar lesão tecidual,

especialmente quando a resposta inflamatória é prolongada e exacerbada.

A sepse tem como agentes etiológicos uma diversidade de vírus, bactérias e

fungos, porém, a grande maioria dos casos de sepse está associada a infecções

bacterianas, sendo que cerca de 60% dos casos identificaram bactérias gram-

negativas como os principais agentes, embora bactérias gram-positivas também

sejam descritas (20, 23). Correspondentemente, o agente mais empregado para a

indução de inflamação sistêmica em animais experimentais tem sido o LPS, uma

endotoxina que compõe a parede celular de bactérias Gram-negativas (24) e sua

administração intravenosa deu origem ao modelo de choque endotóxico.

É bem estabelecido que na patogênese da sepse ocorre uma ativação aguda

e sistêmica de respostas imunes devido à liberação de níveis muito elevados de

padrões moleculares associados a patógenos e a danos (PAMPs e DAMPs,

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26

respectivamente), que leva a uma ativação intensa de células imunes através da

interação dos padrões moleculares com os Receptores de Reconhecimento de

Padrões (RRPs) presentes nas células (25). Como resultado, a sepse é associada a

uma forte resposta inflamatória que é essencial para o combate da infecção, porém

a intensidade da inflamação provoca efeitos colaterais ao organismo (26).

A patogênese da sepse foi inicialmente entendida, na década de 1980, como

sendo dependente da ação direta de toxinas microbianas sobre os tecidos do

hospedeiro. No entanto, essa ideia perdeu força frente à ideia de que a grande vilã

na sepse é a resposta inflamatória do próprio hospedeiro (Figura 1). Essa mudança

de concepção provavelmente teve início quando observações do grupo de Cerami et

al. (27) foram feitas, em que foi relatado que macrófagos ativados in vitro

secretavam um fator solúvel que era capaz de matar até mesmo camundongos

resistentes ao LPS. Dentre esses fatores encontrava-se o TNF-α que foi descrito

como um potente indutor de choque circulatório em animais experimentais (28).

Essas observações levaram ao desenvolvimento de terapias com uso de anti-

inflamatórios na sepse, no entanto, os estudos clínicos em que esses agentes foram

testados nos pacientes sépticos falharam (29). Diante desses fatos, surgiu outro

conceito com relação à patogênese da sepse, no qual o agente infeccioso com suas

toxinas passou a ser visto como algo tão importante quanto à resposta inflamatória

(Figura 1). De fato, muitos trabalhos têm demonstrado que enquanto a resposta

inflamatória é responsável pela mortalidade em modelos de SIRS asséptica, o

bloqueio da resposta inflamatória em modelos de SIRS séptica compromete o

controle da infecção (30-32).

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27

Figura 1 – Histórico do entendimento da patogênese da sepse. A flexa com

ponta indica estimulação ou consequência. A “flecha” sem ponta denota eliminação. Adaptado de Steiner, AA 2015.

Em vista dessas dificuldades, a terapia moderna da sepse vai se limitando à

manutenção das funções cardiovasculares e respiratórias por meio de expansão

volêmica, administração de simpaticomiméticos e ventilação mecânica (11) (33).

Nesse contexto, se torna cada vez mais importante realizar investigações

mecanísticas acerca da patogênese da sepse, tanto do ponto de vista da resposta

inflamatória do hospedeiro ao agente infeccioso e suas toxinas, como da ação

nociva dos micro-organismos ao hospedeiro.

2.3 Mediadores inflamatórios na sepse: citocinas e eicosanoides

A descoberta de que mediadores inflamatórios - não só micro-organismos

invasores - estão envolvidos na patogênese da sepse, abriu um novo caminho para

a investigação de mecanismos patológicos da inflamação. Durante a infecção, a

detecção do micro-organismo invasor ou de produtos liberados desses patógenos,

como uma endotoxina, e a montagem de uma resposta imune vigorosa são

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28

mediadas por uma cascata de mediadores inflamatórios, incluindo uma vasta gama

de citocinas e mediadores lipídicos (26).

O agente invasor e seus componentes desencadeiam uma resposta

inflamatória através da estimulação e ativação de células imunes e células

endoteliais que liberam uma variedade de mediadores solúveis. A magnitude desse

processo é regulada por fatores pró- e anti-inflamatórios. Em uma resposta

fisiológica do organismo, os mecanismos de amplificação da inflamação, tais como a

ação das citocinas TNF-α e a IL-1β e os mediadores de origem lipídica como as

PGs, tromboxanos (TXs) e leucotrienos, que estimulam uma intensa resposta

celular, são necessários para a eliminação do micro-organismo e, uma vez que a

infecção é combatida, fatores anti-inflamatórios, tais como as Interleucina 10 (IL-10),

Fator Transformador de Crescimento β (TGF-β) e os mediadores lipídicos lipoxinas,

resolvinas e protectinas têm um papel benéfico e eficiente na contenção dessa

resposta, atuando na fase de resolução. Entretanto, em si tratando de uma condição

patológica como é o caso da sepse, os mecanismos amplificadores da resposta

inflamatória não são tão finamente regulados, causando danos ao organismo, como

instabilidade hemodinâmica e distúrbios metabólicos (34, 35).

Dentre os mediadores liberados durante uma resposta inflamatória intensa

secundária a uma infecção, os mediadores lipídicos têm um papel de destaque. Os

eicosanoides são lipídeos sinalizadores bioativos derivados a partir do AA por ação

das enzimas Ciclooxigenases (COXs), Lipoxigenase (LOX) e Citocromo P450 que

regulam um conjunto diversificado de processos homeostáticos e inflamatórios

associados a numerosas doenças (36). Esses eicosanoides constituem uma rede

complexa de eventos fisiopatológicos, ao serem derivados de diferentes vias, que

podem apresentar atividade pró ou anti-inflamatória com papel fisiológico importante

(37). Neste trabalho, a via das ciclooxigenases é o nosso foco de investigação e,

portanto, a revisão se concentrará nesta via.

As enzimas ciclooxigenases têm um papel fisiológico importante na produção

de prostanoides, que incluem as PGs e os TXs, que são uma classe de compostos

com ações fisiológicas e patológicas produzidas por todos os tecidos dos mamíferos

(36). Essas enzimas catalisam as primeiras etapas na biossíntese dos prostanoides

a partir do substrato AA.

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29

A biossíntese de prostanoides envolve a oxidação e subsequente

isomerização do AA derivado da membrana fosfolipíica via três reações enzimáticas

sequenciais. A etapa inicial desta via metabólica é a liberação do AA induzida por

estímulo (endotoxina, por exemplo) a partir da membrana fosfolipídica pela enzima

fosfolipase A2 (PLA2). O AA liberado é sequencialmente metabolizado à

prostaglandina G2 (PGG2) e então à PGH2 pelas enzimas ciclooxigenases 1 ou 2.

PGH2 é então convertida a vários prostanoides bioativos (TXA2, PGE2, PGD2, PGF2

e PGI2) pelos respectivos prostanoides sintases terminais, que têm diferentes

estruturas e exibem distribuições tecido e célula específicos (38). Ambas isoformas

da ciclooxigenase catalisam duas reações e possuem duas diferentes atividades. A

primeira reação catalisa a adição da molécula de oxigênio ao AA convertendo-o ao

endoperóxido intermediário PGG2, constituindo sua atividade “ciclooxigenase”. A

segunda reação catalisa a conversão de PGG2 em PGH2, constituindo sua atividade

“peroxidase” (39) (Figura 2).

Figura 2 – Cascata de produção dos prostanoides a partir do AA e alguns efeitos principais

desses prostanoides na inflamação sistêmica.

Existem duas isoformas de COXs bem conhecidas, a COX-1 e a COX-2, que

determinam diferentes funções fisiológicas no organismo. A COX-1 foi isolada em

1976 a partir da vesícula seminal de carneiros e é denominada isoforma constitutiva

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30

da COX por apresentar funções fisiológicas, desempenhando uma função

“housekeeping” para sintetizar prostaglandinas que regulam atividade celular normal

do organismo. Sua ativação leva, por exemplo, à produção de mediadores com

ações anti-trombogênica (40), citoprotetora da mucosa gástrica (41) e de agregação

plaquetária que evita eventos hemorrágicos (42).

A isoforma COX-2, identificada quase 20 anos depois da COX-1 (43, 44), é

conhecida como sendo uma enzima induzida que está envolvida primariamente com

processos inflamatórios. O nível de COX-2 normalmente é muito baixo nas células,

mas é fortemente controlado por um número de fatores que incluem citocinas,

mensageiros intracelulares e pela disponibilidade de substrato. Assim, a síntese

aumentada de prostaglandina é alcançada na inflamação devido à up-regulação de

COX-2 por estímulos inflamatórios (45).

Alguns cientistas especulam ao longo dos anos, a possibilidade da existência

de uma terceira isoforma de COX (46-48). A inibição de uma enzima de COX distinta

pelo acetaminofeno (fraco inibidor de COX-1 e COX-2) foi postulada pela primeira

vez em 1972 (49), e poderia representar um mecanismo central primário pelo qual

acetaminofeno e possivelmente outros analgésicos diminuem a dor e a febre, sem

apresentar propriedades anti-inflamatórias efetivas. Em 2002, foi descoberta uma

variante da enzima de COX (46), que foi denominada COX-3, apesar de derivar do

mesmo gene que a COX-1. Esta variante de COX-1 foi descoberta no cérebro de

cães quando duas formas de RNA mensageiro (mRNA) para COX-1 foram

encontradas e a forma variante foi atribuída a um clone do gene da COX-1 com

splicing alternativo. Por conta do fato de ser derivada do mesmo gene da COX-1 e

das poucas evidências científicas dos efeitos dessa variante no organismo, a “COX-

3” foi vista como uma teoria sem evidência experimental e, por isso, alguns

comentários sugerem que esta nova variante de COX é melhor descrita como uma

COX-1b, ao invés de COX-3 (48).

O perfil de síntese de eicosanoides difere de um tipo celular para outro.

Dentre as células envolvidas na resposta imune, os macrófagos são importantes

produtores de eicosanoides (50), sendo capazes de sintetizar PGs e TXs. In vitro,

muitos estímulos, tais como cálcio ionóforo, zimozan, citocinas e endotoxinas,

aumentam a produção de eicosanoides. Os mastócitos também são capazes de

produzir eicosanoides, tais como PGD2, responsável por muitos efeitos

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31

fisiopatológicos em condições como a asma (51). As plaquetas são ótimas

produtoras de tromboxanos, bem como as células endoteliais e do músculo liso

vascular produzem prostanoides com efeitos vasodilatadores e vasoconstritores.

Esses mediadores lipídicos podem iniciar, amplificar ou atenuar respostas

inflamatórias e influenciar a magnitude, duração e a natureza da resposta imune

subsequente (36).

Em geral, durante processos inflamatórios, os eicosanoides estão presentes e

atuam como moléculas próinflamatórias, quimioatraentes, fatores agregadores de

plaquetas, agentes de contração do músculo liso e modificadores da permeabilidade

vascular. As prostaglandinas atuam como mediadores próinflamatórios e anti-

inflamatórios dependendo do contexto, que é devido em parte aos diferentes

receptores com diferentes vias de transdução de sinais. Funcionalmente, as enzimas

COX-1 e COX-2 exibem propriedades fisiopatológicas associadas com diversas

manifestações nos sistemas cardiovascular, renal, pulmonar, cutânea, reprodutor e

sobre o Sistema Nervoso Central (SNC) (36). Esses prostanoides desempenham

papéis significantes em todos os principais sistemas do corpo (Tabela 2) (39).

Tabela 2 – Sumário de prostanoides e seus efeitos fisiológicos nos principais sistemas e

órgãos.

Sistema Mediador (es) Maior sítio Efeitos Primário (s) de síntese - Cardiovascular - Renal - Gastrointestinal - Hematológico - Respiratório - Reprodutivo - Neurológico

PGI2

TXA2

PGI2

PGE2

PGE2

PGI2

TXA2

PGI2

PGE2

PGF2α

PGE2

Célula endotelial Plaquetas Córtex renal Medula renal Mucosa gástrica Célula endotelial Plaquetas Célula endotelial Vesícula seminal Membrana fetal/ útero Área pré-ótica

Vasodilatação Vasoconstrição Vasodilatação Excreção de sal e água Citoproteção Vasodilatação Agregação plaquetária Vasodilatação Ereção, ejaculação, transporte de esperma Parto/menstruação, fertilização Febre, hiperalgesia

Adaptado de Miller, S. B, 2006.

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32

2.4 Bioquímica das ciclooxigenases

A isoforma COX-1 apresenta 17 aminoácidos na porção terminal, enquanto a

COX-2 apresenta 18 aminoácidos na porção carboxi-terminal. Embora sejam muito

semelhantes na estrutura protéica, essas enzimas são codificadas por genes

diferentes. A COX-1 e a COX-2 têm aproximadamente 60% de homologia genética e

seus genes estão localizados nos cromossomos 9 e 1, respectivamente. O sítio ativo

da COX-2 é mais largo aproximadamente 27%. O sítio de ligação da COX-1

apresenta na posição 523 da cadeia protéica uma molécula de isoleucina, ao passo

que a COX-2 tem uma pequena molécula de valina (52). Essa mudança torna o sítio

de ligação da COX-2 mais largo e mais acessível (53) e esta diferença estrutural

explica a seletividade dos fármacos inibidores seletivos de COX-2 (coxibes), pois em

geral são fármacos de maior volume molecular (Figura 3).

Figura 3 – Contorno dos locais ativos das enzimas COX-1 e COX-2. São mostradas as superfícies acessíveis das isoformas com resíduos de aminoácidos circundantes

importantes. Simmons, D. L. et al.

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33

Tem sido mostrado que a COX-1 está localizada no retículo endoplasmático e

membrana perinuclear, enquanto a COX-2 reside predominantemente no envelope

perinuclear: esta diferença pode influenciar a disponibilidade do AA liberado por

diferentes enzimas PLA2 para cada COX (38). É geralmente aceito que certas

enzimas PLA2 podem acoplar mais favoravelmente com uma isoforma de COX do

que com a outra. Por exemplo, PLA2 citosólica colocaliza com a COX-1, mas não

com a COX-2, no aparelho de Golgi de células epiteliais ativadas in vitro (54).

Portanto, a ativação de PLA2 citosólica pode dirigir o AA preferencialmente para

COX-1 do que para COX-2. Os mecanismos downstream a partir das COX

determinam quais prostanoides bioativos são formados (55).

Estudos recentes (56, 57) demonstraram que PGE-1 sintase microssomal

(mPGES-1) é a enzima responsável pela conversão de PGH2 em PGE2 febrigênica.

Esta enzima é funcional e preferencialmente acoplada com a COX-2 ao invés da

COX-1, presumivelmente porque tanto a COX-2 e mPGES-1 são principalmente

compartimentalizadas no envelope perinuclear (58). A up-regulação transcricional

maciça de mPGES-1 ocorre no decurso da febre induzida por LPS (56). As sintases

terminais envolvidas na hipotermia, uma manifestação clínica observada nos casos

mais graves de inflamação sistêmica e um parâmetro avaliado neste trabalho,

continuam a ser identificadas, mas, dada a capacidade de PGD2 para causar

hipotermia, pelo menos de acordo com alguns relatos (59), é razoável suspeitar que

uma sintase PGD (PGDS) possa estar envolvida. Enquanto a produção de PGD2

induzida por LPS no tecido neural parece ser dependente de COX-2 e L-PGDS (60),

a produção inicial de PGD2 por macrófagos e mastócitos ativados parece depender

da COX-1 e H-PGDS (61).

2.5 Ciclooxigenases

Como descrito anteriormente, cada isoforma de COX é codificada por um

gene. O gene da COX-1 exibe as características de um gene expresso

constitutivamente, um gene housekeeping. O gene da COX-2, por outro lado, é

expresso principalmente em resposta a vários fatores próinflamatórios, hormônios,

fatores de crescimento e oncogenes, e é inibido por glicocorticoides (39, 62).

Baseado no padrão da expressão do gene das isoformas de COXs, uma distinção

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34

generalizada entre uma “isoforma constitutiva” e “fisiológica” (COX-1) e uma

“isoforma induzida” e “patológica” (COX-2) foi postulada, sendo a COX-1 uma

enzima expressa em muitos tecidos em condições basais e responsável pela

produção de prostanoides com funções fisiológicas e protetoras, ao passo que a

COX-2 foi considerada como sendo indetectável em muitos tecidos normais, mas

induzida durante várias condições inflamatórias, muitas delas patológicas (39)

(Tabela 3). Baseado nisto, a maioria dos estudos tem enfatizado o papel da COX-2

na patogênese de várias doenças inflamatórias e autoimunes (63).

Tabela 3 – Visão clássica das principais diferenças entre COX-1 e COX-2.

COX-1 COX-2

- Gene constitutivo localizado no cromossomo 9 humano; - RNA mensageiro estável; -Localização subcelular: retículo endoplasmático e membrana perinuclear; - Tamanho do sítio ativo: pequeno; - Enzima com propriedades fisiológicas;

- Gene induzível localizado no cromossomo 1 humano; - RNA mensageiro rapidamente degradável; - Localização subcelular: envelope perinuclear; - Tamanho do sítio ativo: largo; - Enzima com presente em processos inflamatórios/patológicos.

Essa divisão entre as funções biológicas das enzimas COX-1 e COX-2, como

isoforma fisiológica e patológica, respectivamente, acarretou em muitos estudos cujo

foco eram os prostanoides derivados da COX-2, em virtude das muitas ações

terapêuticas relacionadas a doenças inflamatórias, o que culminou no

desenvolvimento dos inibidores seletivos de COX-2, drogas disponíveis em muitos

países (63). De fato, existem inúmeras evidências da participação da COX-2 em

processos inflamatórios, demonstrado em várias condições experimentais (64), bem

como por ser uma enzima responsável pela síntese de mediadores envolvidos em

sinais de inflamação (65), por exemplo, na resposta febril, cujo PGE2 derivado da

COX-2 é o mediador chave (66), além de estar envolvida em patologias que incluem

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doenças com fundo inflamatório, como artrite reumatoide (67). Ademais, é bem

estabelecida na inflamação sistêmica, em que estudos pioneiros demonstraram a

participação da COX-2 em modelos de sepse e choque endotóxico (68), como sendo

uma enzima de importância considerável para a indução de sinais inflamatórios

relevantes durante a sepse, como respostas termorregulatórias e hemodinâmicas,

participando, por exemplo, do desenvolvimento da falência circulatória em modelo

de choque endotóxico (69).

2.6 Ciclooxigenases na inflamação sistêmica: participação da COX-1

Uma vez que o foco das investigações tinha estado, sobretudo, nas

prostaglandinas derivadas da isoforma induzível COX-2, por ser caracteristicamente

expressa por células envolvidas em processos inflamatórios (8), como citado

anteriormente, acreditava-se, até então, que a COX-1 não estivesse envolvida na

inflamação e desempenhasse apenas um papel fisiológico (9). Entretanto, mais

recentemente, estudos in vivo têm chamado atenção para esse protótipo de divisão

de funções entre COX-1 e COX-2, demonstrando participação da COX-2 na

fisiologia renal e gástrica e contribuições da COX-1 para estados inflamatórios (70,

71). Dusan Stajer et al. (72), por exemplo, questionaram a distribuição das

ciclooxigenases em tecidos saudáveis e indicaram que ambas as isoformas estão

presentes em muitos tecidos humanos normais e ambas também são up-reguladas

em várias condições patológicas. Mais recentemente, Steiner et al. (10),

demonstraram em um trabalho pioneiro que a COX-1 é a isoforma requerida para o

desenvolvimento de hipotermia e hipotensão durante o choque endotóxico.

Nessa perspectiva, investigações recentes têm destacado o papel da enzima

COX-1 em processos inflamatórios (71) (10), contrário ao seu papel de enzima

fisiológica. Essa evidência foi demonstrada em um estudo inicial de Langenbach et

al. (73), que compararam as respostas inflamatórias de camundongos deficientes

para a COX-1 e COX-2. Nesse estudo eles usaram AA para induzir o edema na

orelha de camundongos como uma medida do processo inflamatório. Nos animais

deficientes para COX-1, mas não para a COX-2, o edema induzido por AA foi 70%

menor, quando comparado ao grupo de animais controles. Estes achados indicam

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36

que a inflamação aguda em resposta ao AA resulta primariamente da síntese de

PGs via COX-1.

Na mesma linha de raciocínio, um estudo recente (74) evidenciou a

participação da COX-1 em modelo de mortalidade por endotoxemia. Eles

monitoraram a sobrevivência de camundongos tratados com o inibidor da COX-1

(SC-560) e que foram desafiados com um primer [poly (I:C)] seguido da

administração de LPS (100 ng/kg). Foi demonstrado que o inibidor da COX-1, neste

modelo, resgatou os camundongos da letalidade induzida por LPS.

Interessantemente, Moltke et al. (75) demonstraram que a ativação do

inflamassoma resulta, dentro de minutos, em uma tempestade de eicosanoides e

que camundongos deficientes em COX-1 são resistentes a estes rápidos efeitos

patológicos de ativação do inflamassoma sistêmico pelo produto resultante da fusão

da flagelina de Legionella pneumophila com um fator letal de Bacillus anthracis

(FlaTox). Demonstraram que macrófagos peritoneiais residentes são as células

produtoras de eicosanoides em resposta à ativação do inflamassoma e através de

um experimento de lipidômica por cromatografia líquida com detecção por

espectrometria de massas (LC-MS) detectaram a produção de vários eicosanoides

(TXA2, PGD2, PGE2, 12-HETE, 15-HETE, LTB4) 30 minutos após estímulo dessas

células com FlaTox. Neste modelo, eles sugerem que a ativação da caspase-1

dependente do inflamassoma NLRC4 (ICE-protease activating fator) desencadeia

produção letal de eicosanoides via COX-1.

Ainda nesse sentido de que a COX-1 participa de processos inflamatórios, um

resultado inesperado foi encontrado em um estudo do nosso grupo (10)

demonstrando que um inibidor seletivo da COX-1, o SC-560, não afetou a febre

induzida por uma dose baixa ou alta de LPS (10 e 1000 µg/kg) a uma temperatura

ambiente (Ta) de 30 ºC, mas atenuou de forma significativa a hipotermia induzida

pela dose alta de LPS a uma Ta de 22 ºC (10). O SC-560 também atenuou a

hipotensão induzida pela alta dose do LPS. O fato de que a hipotermia e a

hipotensão estão associadas aos casos mais graves de sepse juntamente com o

achado de que o inibidor seletivo da COX-1 atenuou essas duas respostas induzidas

pela alta dose de LPS, levanta uma questão em relação ao papel biológico das

isoformas de COX na sepse e, portanto, sugere a participação da COX-1 na

inflamação sistêmica.

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37

Esse mesmo estudo também (10) mostrou que, no momento mais inicial das

respostas hipotérmica e hipotensiva, a atividade da COX-1 permanece inalterada no

fígado, nos rins, nos pulmões e no cérebro, porém, está aumentada no baço. No

entanto, estes resultados são indiretos no que se refere ao envolvimento da COX-1

esplênica no desenvolvimento de hipotermia em vez de febre. Até o momento, não

há descrição do efeito da esplenectomia sobre o componente hipotérmico da

resposta inflamatória sistêmica. No entanto, um estudo (76) demonstrou que um

extrato de baço rico em mediadores lipídicos (que pode incluir os produtos da COX-

1) é capaz de atenuar a febre em ratos esplenectomizados, mas nesses estudos não

se demonstrou que o mesmo extrato seja capaz de promover hipotermia. Esta

limitação, no entanto, abre caminho para investigar se a COX-1 esplênica é a

isoforma que participa das alterações termorregulatórias e hemodinâmicas que

ocorrem no choque endotóxico e por qual mecanismo esta enzima atua para o

desenvolvimento dessas respostas, tais como qual (is) mediador (es) lipídico (s) é

produzido (s) de modo dependente de COX-1 e como este (s) mediador (es) atua

(m).

Uma visão clássica e limitante do entendimento da dinâmica de processos

inflamatórios é classificar os mediadores inflamatórios em ordem temporal e

hierárquica, como ordenar as citocinas como um dos primeiros mediadores a serem

produzidos em processos inflamatórios e, a partir delas, a síntese de outros

mediadores, classificados como secundários (por exemplo, os mediadores lipídicos),

serem estimulados. Entretanto, alguns estudos têm questionado esse conceito e

demonstrado que outros mediadores, como os mediadores lipídicos, também têm

um papel regulatório sobre a produção de citocinas e participam de respostas

inflamatórias iniciais.

A primeira evidência de que prostaglandinas participavam do controle da

produção de citocinas surgiu com estudos sobre a Síndrome de Reye, um grupo

heterogêneo de desordens causadas por agentes tóxicos, metabólicos e infecciosos,

em que o uso de aspirina é considerado potencialmente perigoso. Em um estudo

inicial foi observado que culturas de linfócitos esplênicos de ratos tratados com

aspirina apresentavam um efeito hiperproliferativo e que esse efeito foi revertido

quando adicionava-se PGE2 (77). Um estudo subsequente mostrou que o TNF-α tem

efeitos tóxicos e metabólicos nesta síndrome e que níveis aumentados de TNF-α

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são liberados por macrófagos tratados com drogas anti-inflamatórias não esteroidais

(AINES), tais como aspirina (78). Juntos, esses resultados sugerem um papel

inibitório de prostaglandinas sobre a produção de citocinas, como já demonstrado

em outros trabalhos em que PGE2 produzida via COX-2 inibe a síntese de TNF-α em

macrófagos, além de apresentar efeitos inibitórios sobre a liberação de TNF-α e IL-

12 por esplenócitos e células T (79). Alguns trabalhos também mostraram que 15-

desoxi-D12,14PGJ2 (15d-PGJ2), metabólito da PGD2, tem um efeito inibitório na

expressão de citocinas pró-inflamatórias produzidas por monócitos e macrófagos

ativados (80-82).

Apesar das evidências apresentadas sobre a participação da COX-1 em

modelos de inflamação, ainda são poucos os estudos que tratam da relação entre a

isoforma COX-1 e que estudem os mecanismos de ação de seus mediadores

derivados com o desenvolvimento de respostas fisiológicas características de

choque séptico e, portanto, este trabalho visa investigar os mecanismos pelos quais

a COX-1 atua no desenvolvimento de hipotermia e hipotensão no choque

endotóxico.

2.7 Hipotermia na sepse: conceitos e mecanismos

A capacidade do organismo em regular a temperatura corporal (Tc) é

essencial para a homeostase. A febre, por exemplo, é uma resposta de fase aguda

não-específica de defesa do hospedeiro e é um sintoma comum de infeção e

inflamação sistêmica, sendo associada com melhora da sobrevivência e redução na

duração da doença em infecções (83), além de já ser bem estabelecida a relação

entre a febre e a potencialização do sistema imune (84-87), o que faz da febre uma

resposta fisiológica benéfica e relevante à proteção do organismo. Por outro lado,

quando prolongada pode ser prejudicial à saúde do hospedeiro, uma vez que

elevada Tc pode produzir desidratação, sobrecarga cardiorrespiratória e balanço

nutritivo negativo (88, 89).

Em 1971, Vane et al. (90) encontrou que drogas anti-inflamatórias não

esteroidais bloqueiam a febre por inibir a síntese de PGs, e desde então tem sido

aceito que a febre é mediada por PGs, especificamente por PGE2. A ativação da

síntese de PGE2 envolve a up-regulação transcricional da COX-2 (55, 91). Várias

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39

linhas de evidência indicam que a COX-2, mais que a COX-1, tem um papel

importante na biossíntese de PGE2 durante a febre. Um estudo mostrou que um

inibidor específico da COX-2 (NS398) bloqueou a febre bem como a elevação da

PGE2 no cérebro em resposta a injeção intraperitoneal de LPS. Outro trabalho

demonstrou que camundongos deficientes do gene da COX-2, ao contrário de

camundongos deficientes no gene da COX-1, não desenvolveram febre à injeção

sistêmica de LPS (92).

Apesar de a febre ser um sintoma característico de sepse, estudos clínicos

iniciais reportaram que cerca de 9-21% de pacientes sépticos, principalmente

aqueles com sepse grave e choque séptico, apresentam hipotermia (Tc < 35,5 ºC),

outra alteração termorregulatória da sepse. Entretanto, essa porcentagem se referia

à observação dos pacientes no momento da admissão, enquanto um estudo do

nosso laboratório (93) reportou 31,2% de pacientes apresentando algum episódio de

hipotermia não somente no tempo de diagnóstico da sepse, mas durante toda a

internação.

O que se sabe é que a febre prevalece sobre a hipotermia quando a

inflamação sistêmica é menos grave. Por outro lado, os 31,2% dos pacientes

sépticos que desenvolvem hipotermia apresentam quadros de inflamação

sistêmica mais grave. Em vista dessas evidências e tendo em vista o papel

imunológico da febre na sepse, o argumento proposto é que a febre seria uma

resposta benéfica, enquanto a hipotermia seria maléfica e o desenvolvimento de

hipotermia em vez de febre implicaria que a hipotermia estaria piorando o quadro

séptico.

No entanto, estudos em animais experimentais mostraram que a hipotermia é

uma estratégia de conservação de energia (94), e pode ter um valor adaptativo

quando a inflamação sistêmica é grave o suficiente para comprometer a perfusão

tecidual (95) ou quando as reservas de energia são ameaçadas pelo custo

energético da febre (96).

No sentindo de quebrar o paradigma de que a hipotermia estaria piorando a

sepse, Liu et al. (97) demonstraram que o desenvolvimento de hipotermia em vez de

febre ocorre naturalmente e está associado a uma redução na taxa de mortalidade,

além de suprimir a endotoxemia em ratos injetados com E. coli, uma vez que a

infiltração neutrofílica no pulmão foi suprimida nos animais que desenvolveram

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40

hipotermia durante o choque séptico. Estes efeitos potencialmente benéficos vieram

com custos, pois nos animais do grupo hipotérmico houve aumento da carga

bacteriana no fígado. Além disso, as respostas hipotensivas ao LPS ou E. coli foram

exageradas nos ratos do grupo hipotérmico. Este exagero, no entanto, ocorreu

independentemente de alterações nas citocinas inflamatórias e prostaglandinas.

Apesar dos possíveis custos, o desenvolvimento de hipotermia diminuiu a disfunção

dos órgãos abdominais e reduziu as taxas de mortalidade global nos modelos de E.

coli e LPS, demonstrando que a virada de febre para hipotermia na sepse pode

retratar uma estratégia fisiológica para lidar com as exigências competitivas que

surgem nos casos mais graves da síndrome, portanto, questionando o real papel da

hipotermia durante a sepse.

Já é bem estabelecido que a Tc é regulada tanto por meios autonômicos

quanto comportamentais. Sabe-se que o desenvolvimento da febre é dependente do

sistema nervoso central, mais especificamente da área pré-óptica (98). Quanto ao

desenvolvimento de hipotermia, Almeida et al. (6) demonstraram que a resposta

hipotérmica também pode ter um componente central. Neste estudo, a inflamação

sistêmica foi induzida por injeção intravenosa de LPS em uma dose baixa, que induz

a febre, e uma dose alta capaz de induzir choque e hipotermia, para avaliar o efeito

de lesões em estruturas hipotalâmicas no comportamento termorregulatório dos

animais. A região do núcleo dorsomedial (DMH) lesado, inibiu o comportamento de

preferência pelo frio e o desenvolvimento da hipotermia, mas não afetou a febre.

Estas evidências sugerem, portanto, que ambas as respostas termorregulatórias

evoluíram paralelamente e não uma dependendo da outra.

Em contraste com os mecanismos imune-neurais febrigênicos já bem

conhecidos, os mecanismos imunes-neurais que desencadeiam o desenvolvimento

da hipotermia ainda são pouco esclarecidos. O que se sabe até então, é que o

mediador inflamatório TNF-α parece ser relevante para o desenvolvimento dessa

resposta, tanto no modelo de endotoxemia como no modelo de sepse induzida por

ligação cecal e perfuração. Um estudo demonstrou que (89) enquanto baixas doses

de TNF-α causam febre, doses intermediárias a altas causam hipotermia. Além

disso, outro estudo (99) demonstrou que camundongos nocautes para receptor de

TNF-α desenvolviam febre e uma hipotermia mínima durante a sepse, demonstrando

um possível papel do TNF-α como um mediador criogênico ou antipirético endógeno.

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41

Diante desses fatos, pode ser que a hipotermia seja decorrente de uma amplificação

pró-inflamatória e não de uma ativação de mecanismos antipiréticos endógenos.

Como exemplo, tem-se que substâncias anti-inflamatórias como os glicocorticoides

limitam não só o desenvolvimento de febre, mas também o desenvolvimento de

hipotermia frente à inflamação sistêmica (100, 101).

Outro ponto relevante a ser mencionado é a participação de prostanoides em

respostas termorregulatórias. Como mencionado anteriormente sobre o papel chave

da PGE2 produzida via COX-2 na indução da febre, já existem algumas poucas

evidências do papel de mediadores lipídicos na promoção da hipotermia. Em um

trabalho ainda não publicado, mas apresentado em forma de resumo, foram

avaliadas as propriedades termorregulatórias dos prostanoides primários e de

alguns de seus produtos, todos administrados intravenosamente ligados à albumina.

A PGD2 e a PGI2 apresentaram atividade criogênica, porém, a hipotermia induzida

pela PGD2 foi a mais pronunciada e consistente. A propriedade criogênica da PGD2

foi inicialmente descrita por Ueno et al. (59) e, desde então, foi reproduzida algumas

vezes, inclusive em um estudo do nosso laboratório no qual a PGD2 foi administrada

intracerebroventricular (i.c.v) (102). Com base nessas evidências e no fato de que a

COX-1 participa do desenvolvimento da hipotermia em ratos enquanto encontra-se

notavelmente ativada no baço (10) durante o choque endotóxico, neste trabalho uma

das propostas é investigar se a COX-1 esplênica é a que medeia a resposta

hipotérmica e por meio de qual ou quais prostaglandinas atua no desenvolvimento

dessa resposta durante o choque endotóxico (Figura 4).

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Figura 4 – Possível envolvimento da isoforma COX-1 na promoção da hipotermia durante o

choque endotóxico. Hipotetizamos que a produção inicial de PGD2 por macrófagos e mastócitos esplênicos ativados pode depender da COX-1 e esta prostaglandina atuar no

desenvolvimento da hipotermia. A flexa sem ponta detona inibição.

2.8 Alterações cardiovasculares na sepse

Uma das principais complicações na sepse é o choque séptico, um estado de

hipotensão refratária à administração endovenosa de fluidos cristaloides (11, 15). O

choque séptico inicia-se tipicamente por uma redução na pressão venosa central

consequente ao extravasamento de fluido para os tecidos, alteração que resulta em

quedas no débito cardíaco (DC) e na pressão arterial (PA) (103-105). Porém,

mediante a reposição agressiva de volume, o choque séptico em adultos geralmente

passa para um perfil hiperdinâmico, perfil em que a hipotensão se deve a uma baixa

resistência vascular sistêmica (RVS), enquanto o DC está normalizado ou

aumentado (106) (103).

O modelo mais estudado para avaliações hemodinâmicas no choque séptico

experimental é o modelo de choque endotóxico. Como na clínica, a hipotensão

nesse modelo reflete um estado hipovolêmico e hipodinâmico (DC baixo e

aumentada RVS) (107-109), porém, mediante a suplementação agressiva de volume

com fluidos cristaloides ou coloides, passa para um estado hiperdinâmico (DC

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aumentado e RVS diminuída) (110-112). Nesse modelo, a hipotensão é derivada da

diminuição do DC e não da vasodilatação.

Vários estudos indicam a participação do TNF-α em alterações

hemodinânimas durante a sepse. O TNF-α leva a diminuição no débito cardíaco,

hipotensão e diminuída fração de ejeção como ocorre no choque séptico ou

endotóxico. Embora outras citocinas sejam implicadas no desenvolvimento da

síndrome do choque séptico, o TNF-α é um fator bem conhecido por iniciar sequelas

no complexo metabólico, hemodinâmico e patológico do choque séptico (113).

Os eicosanoides, tais como as PGs e TXs, também participam das alterações

circulatórias que ocorrem durante o choque séptico (114). Níveis elevados de PGI2

foram relatados em pacientes com choque séptico e em animais tratados com LPS.

Uma vez que a PGI2 é um potente vasodilatador, pode-se supor que este

prostanoide possa estar envolvido no desenvolvimento de choque séptico. Recentes

evidências sugerem que a isoforma COX-2 é a principal enzima responsável pelo

aumento da produção de PGI2 em células do músculo liso vascular. Com base nisto,

tem sido demonstrado que a inibição da COX-2 atenua a queda da pressão arterial

ou melhora a disfunção endotelial vascular em animais endotoxêmicos (69). Por

outro lado, um estudo demonstrou o papel de outro prostanoide com potente

atividade vasoconstritora, o TXA2, no desenvolvimento de injúria aguda renal. Sabe-

se que o tônus vascular renal tem importante papel no controle da pressão

sanguínea sistêmica e, portanto, alterações renais desencadeiam mudanças

hemodinâmicas na sepse. Foi sugerido que tal injúria renal acontece provavelmente

devido a um aumento na resistência arteriolar aferente, causado pelo efeito

vasoconstritor do TXA2 e que a formação desse mediador lipídico é dependente da

atividade da isoforma COX-1 (115). Ademais, muitos estudos já demonstraram a

participação de outros prostanoides, como PGE2 e PGI2 como potentes

vasodilatadores e, como consequência, essas prostaglandinas vasoativas

contribuem para o desenvolvimento de hipotensão durante o choque (116).

O choque circulatório também merece atenção por causa de sua associação

com hipotermia na endotoxemia experimental (97) (117, 118) bem como em casos

clínicos de sepse (118). De acordo com dados da literatura, embora a hipotermia e

hipotensão sejam temporariamente associadas e podem até ser acionados pelas

mesmas populações de células em órgãos periféricos, deve-se salientar que os seus

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44

mecanismos podem não ser idênticos. Isto é evidente a partir da observação no

estudo de Steiner et al. (10) em que, embora tenham encontrado efeitos opostos da

inibição de COX-1 e COX-2 na hipotermia induzida por LPS em ratos, ambos os

fármacos inibidores (SC-560 e SC-236) atenuaram a hipotensão induzida por LPS.

O fato da inibição de COX-2 pelo SC-236 aumentar a hipotermia enquanto bloqueia

a hipotensão é de interesse, uma vez que torna mais forte a evidência que sugere

que a hipotermia não é uma consequência da hipoperfusão associada à hipotensão.

Os resultados desse estudo são também a primeira demonstração de que ambas

isoformas de COX são necessárias para o desenvolvimento da resposta hipotensora

em resposta ao LPS, mas já havia estudos mostrando que a COX-2 é necessária

para o desenvolvimento de hipotensão induzida pelo LPS (119, 120).

2.9 Acidose metabólica na sepse

A acidose metabólica é um processo patológico caracterizado por um

aumento na concentração de ácido no líquido extracelular. Normalmente, os

produtos de dissociação e de ionização estão em equilíbrio, como mostra a reação

1.

(Reação 1) H2 + HCO3- CO2 + H2O (Reação de Hasselbalch)

O metabolismo de gorduras e carboidratos origina CO2 e H2O. Ao observar a

reação de Hasselbalch, percebe-se que se o CO2 não fosse eliminado, a reação se

dirigiria no sentido de produção do ácido carbônico (HCO3-), que se dissociaria e

aumentaria a quantidade de H+ no organismo, resultando em acidose (Reação 2)

(121).

O real significado da acidose metabólica nos pacientes com sepse grave e

choque séptico ainda é incerto (122), mas a presença da acidose metabólica é

relacionada a maior mortalidade dos pacientes (123). Embora se reconheça que a

acidose ocorre em pacientes sépticos e pode até mesmo prever um resultado clínico

(124), a patogênese da acidose em estados inflamatórios é pouco entendida. Na

sepse clínica, a acidose tem muitas causas sobrepostas, que incluem não somente

a liberação metabólica de H+, mas também a administração de soluções eletrolíticas

bem como distúrbios respiratório e renal (124) (125). Experimentalmente, a

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45

produção metabólica de H+ pode ser estudada na ausência de outros fatores

externos durante a fase inicial do choque endotóxico hipodinâmico, como é o caso

deste trabalho, em que usamos as medidas da produção de CO2 (VCO2) pelo

consumo de O2 (VO2) para obter o quociente de troca respiratória (RER), um índice

de troca respiratória utilizado como um correlato de acidose metabólica no choque

endotóxico, como indicado na fórmula abaixo:

(Reação 2) H2 + HCO3- CO2 + H2O, onde:

VCO2

VO2

É geralmente aceito que a acidose na fase inicial do choque endotóxico

resulta da produção anaeróbica de ácido láctico por tecidos hipoperfundidos (em

hipóxia), mas esta ideia tem sido contestada (126-128). Um estudo recente do nosso

laboratório propôs que a elevação na produção de H+ no choque endotóxico resulta

de alterações metabólicas não relacionadas ao metabolismo anaeróbico (129). A

partir dessa perspectiva, é importante salientar que o consumo de O2 do corpo

inteiro é conhecido por cair junto com a Tc interna no início do curso do choque

endotóxico em ratos não anestesiados. Recentemente, Corrigan et al. (108) mostrou

que, pelo menos em ratos, a resposta hipotérmica e hipometabólica ocorre quando

nem a entrega de O2 nem a função mitocondrial são prejudicadas a ponto de

comprometer o metabolismo aeróbico. Esse estudo revelou ainda que a queda no

consumo de oxigênio (VO2) ocorre preventivamente e em sincronia com a queda na

entrega de O2, assim prevenindo hipóxia tecidual. Nosso grupo investigou então, se

a produção de H+ poderia ser causada pela regulação negativa do VO2 e Tc que

ocorrem no choque endotóxico. Esta possibilidade foi rejeitada pelo fato de que a

acidose permaneceu inalterada quando a resposta hipotérmica e hipometabólica foi

permitida ou prevenida pela exposição a diferentes ambientes térmicos. Por último,

mas não menos importante, este estudo mostrou que a produção de H+ no choque

endotóxico é mais pronunciada quando a glicose, e não o lactato, é o substrato

predominante que alimenta o metabolismo aeróbio. Coletivamente, esses achados

RER (acidose metabólica)

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indicam que o excesso de produção de H+ em ratos não anestesiados com choque

endotóxico resulta de uma ativação fásica da glicólise que ocorre

independentemente das alterações fisiológicas na oxidação mitocondrial e Tc.

Tendo em vista o complexo processo fisiológico e a necessidade de estudos

pormenorizados para condições de choque endotóxico implicando na participação

da enzima COX-1, nosso trabalho se propôs averiguar a influência desta enzima na

resposta inflamatória sistêmica grave por meio de avaliações dos componentes

termorregulatório, metabólico e cardiovascular, utilizando o modelo de choque

endotóxico em ratos.

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3. OBJETIVOS

O objetivo do nosso trabalho foi investigar os mecanismos de participação da

isoforma COX-1 na inflamação sistêmica grave, como no caso de choque

endotóxico. Propomos que a fonte dessa COX-1 que participa do choque endotóxico

é o baço, e que o (s) prostanoide (s) derivado (s) dessa isoforma medeiam as

respostas termometabólicas e cardiovasculares de modo dependente de citocinas.

3.1 Objetivos Específicos

3.1.1. Estudar o efeito do inibidor seletivo da COX-1, em combinação com a

esplenectomia, sobre os seguintes parâmetros das respostas fisiológicas:

temperatura corporal (Tc), pressão arterial média (PAM), pressão sistólica (PS),

pressão diastólica (PD), frequência cardíaca (FC), contratilidade do miocárdio (dP/dt

max), consumo de O2 (VO2) e quociente de troca respiratória (RER), durante o

choque endotóxico.

3.1.2. Verificar se a inibição seletiva da enzima COX-1 reduz a produção de

citocinas na circulação de animais injetados com LPS. As citocinas de interesse

incluem TNF-α, IL-1β e IL-10.

3.1.3. Testar como a inibição da enzima COX-1 afeta a produção de prostanoides

produzidos no baço, no cérebro e na circulação de animais injetados com LPS. Além

das prostaglandinas, também investigar se a inibição da COX-1 altera o nível de

leucotrienos.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Aprovação no Comitê de Ética

A pesquisa foi realizada no âmbito do protocolo número 015, folha 029, livro

03 aprovado pelo Comité de Ética do Instituto de Ciências Biomédicas da

Universidade de São Paulo (São Paulo, Brasil). Todos os procedimentos estavam

em conformidade com as resoluções do Conselho Nacional para o Controle de

Experimentação Animal (CONCEA) e o Guia dos EUA para o Cuidado e Uso de

Animais de Laboratório (2011).

4.2 Alojamento dos animais e eutanásia

Foram utilizados ratos Wistar machos (peso médio 300 g) provenientes do

Biotério Central do Instituto de Ciências Biomédicas. Os animais foram

acondicionados em caixas com maravalha (2 ou 3 animais/caixa) com água e ração

disponível em sala com temperatura média de 26 °C e ciclo de claro/escuro

(12:12h). Após o procedimento cirúrgico até o final do experimento, cada rato ficou

em caixa individual. Todos os animais foram manuseados diariamente. Cada rato foi

sacrificado com uma superdose de tiopental sódico (100 mg/kg, i.v) imediatamente

após o fim dos experimentos.

4.3 Preparação cirúrgica para inserção de cateter venoso e sensor de telemetria para temperatura, pressão arterial e atividade em ratos

Sete dias antes do experimento (Figura 5), os ratos receberam implante de

um cateter intravenoso para administração de LPS. Os animais foram anestesiados

por sistema a gás contendo 5% de isoflurano em 1 L/min de oxigênio e mantidos em

mesa cirúrgica com temperatura controlada e anestésico (2-2,5% de isoflurano em 1

L/min de oxigênio). No início da cirurgia receberam o antibiótico Enrofloxacina (5

mg/kg s.c.) e o anti-inflamatório analgésico Cetoprofeno (5 mg/kg s.c.) ao final do

procedimento. Uma incisão longitudinal foi feita na região ventral esquerda do

pescoço. A veia jugular foi exposta para implantação de cateter de poliuretano (BPU-

T30, Instech Solomon, Plymouth, PA, EUA) até a veia cava superior. O cateter foi

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fixado por meio de suturas à veia jugular e exteriorizado pela nuca e preenchido por

solução de glicerol heparinizado 500 U/mL (lock solution) para evitar coagulação

sanguínea e entupimento.

No mesmo procedimento, foi inserido um sensor de telemetria necessário

para o monitoramento da Tc, pressão arterial e atividade locomotora (modelo

TL11M2C50-PT, Data Sciences International, St. Paul, MN, EUA). Para isso, uma

laparotomia foi realizada e os músculos da cavidade abdominal separados. A parte

abdominal da artéria aorta foi exposta, e o fluxo sanguíneo foi interrompido

temporariamente (< 90 segundos) para implantação do cateter do sensor. Após

implantação, utilizamos adesivo tissular (Histoacryl, B Braun Surgical, Rubí,

Espanha) para selar a artéria. O fluxo sanguíneo foi, então, restabelecido. A cápsula

do sensor foi suturada à porção ventral da cavidade abdominal e o abdome fechado

por sutura em camadas (músculo e pele).

Os animais ficaram em câmara com temperatura ajustada para 27 ºC para

recuperação da cirurgia por 24 horas.

Figura 5 – Representação esquemática do cronograma do experimento para avaliação dos efeitos da SC560 sobre as respostas termorregulatórias, metabólicas e cardiovaculares em animais submetidos ao modelo de

inflamação sistêmica induzida por LPS.

4.4 Esplenectomia

Para a remoção do baço, uma incisão lateral de 3 cm subcostal foi feita no

lado esquerdo. Esta abordagem facilita a remoção do omento maior do quadrante

superior esquerdo e deixa o estômago deslocado para longe do baço. O baço foi

levantado suavemente, pelo seu polo inferior com auxílio de uma pinça sem corte. O

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ligamento gastroesplênico foi deprimido, os ligamentos frenocólico e esplenocólico

foram dissecados e todos os vasos foram ligados por sutura. O baço foi, então,

removido da cavidade abdominal. No mesmo procedimento, esses animais foram

implantados com um cateter venoso e um sensor telemétrico como descrito na

sessão 3.4 (preparação cirúrgica).

4.5 Cuidados pós-cirúrgicos

Os animais receberam o antibiótico Enrofloxacina (5 mg/kg s.c.) e o anti-

inflamatório analgésico Cetoprofeno (5 mg/kg s.c.) no primeiro dia pós-cirurgia. O

cateter de poliuretano foi lavado com solução salina e preenchido novamente com

solução de glicerol heparinizado 500 U/mL nos primeiro e sexto dias pós-cirurgia.

4.6 Sistema experimental – Indução da inflamação sistêmica

Às 7 horas do dia do experimento, aos cateteres intravenosos dos animais

saindo pela nuca foram conectados a extensões de polietileno (BPE-T50, Instech

Solomon, Plymouth, PA, EUA) de 0,1 mL e 0,3 mL preenchidas de solução salina

0,9% e conectadas a uma seringa de 1 mL. Em cada animal foi vestido uma jaqueta

contendo uma mola de metal (CIH105 Covance Infusion Harness, Instech Solomon,

Plymouth, PA, EUA) para proteger o cateter de mordidas. A extensão menor do

cateter saindo pela mola foi conectada à parte inferior do swivel (Instech Solomon,

Plymouth, PA, EUA) preso a um braço móvel conectado às cubas experimentais. A

extensão maior saiu da parte superior do swivel para o exterior da câmara. Cada

cuba experimental contendo um animal foi colocada sobre um receptor de sinal de

frequência de rádio dentro da câmara climática (Environmental Growth Chambers,

Chagrin Falls, OH, EUA). A temperatura ambiente foi ajustada para 22 °C (Figura 6).

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Figura 6 – Representação do modelo experimental onde o animal recebe SC-560 ou seu veículo i.p. e é desafiado com LPS i.v. de maneira não estressante a uma

temperatura ambiente controlada. As cubas experimentais ficam sobre um receptor de sinal telemétrico.

4.7 Fármacos

Para indução da inflamação sistêmica utilizamos lipopolissacarídeo de

Escherichia coli cepa 055:B5 (Sigma Aldrich, St. Louis, MO, USA). O LPS foi diluído

em salina estéril numa concentração de 5 mg/mL e congelado a -80ºC dias antes do

experimento. No dia do experimento, foi descongelado, ressuspenso em salina

estéril até a concentração de 1000 µg/mL (dose de 1 mL/kg) e mantido a

temperatura ambiente até o momento de injeção. O LPS foi administrado pelas

extensões dos cateteres “em bolo” seguida de 0,6 mL de solução salina.

Para avaliar o efeito da isoforma COX-1 utilizamos seu inibidor seletivo, o SC-

560. O SC-560 foi dissolvido em etanol e propileno glicol (40%-60%) a uma

concentração final de 5 mg/mL. Esta solução foi dividida em alíquotas armazenadas

a -80 ºC até o dia do experimento. A dose de SC-560 administrada via

intraperitoneal foi de 5 mg/kg. A esta dose in vivo o SC-560 inibe ao máximo a COX-

1, sem afetar a COX-2 (130). Os animais do grupo controle receberam o veículo

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etanol e propileno glicol na mesma proporção. A administração do SC-560 e do

veículo foi feita uma hora e meia antes da injeção de LPS, a fim de evitar estresse

causado pela injeção intraperitoneal antes da administração de LPS.

Para verificar se o efeito do SC-560 sobre a resposta termorregulatória é

devido à simpatoexcitação cardíaca seletiva utilizamos o beta-bloqueador

Propranolol. O propranolol foi dissolvido em salina a uma concentração final de 10

mg/kg, dose de ataque que foi administrada por via intravenosa. Após a dose de

ataque (10 mg/kg), os animais foram infundidos intravenosamente com o propranolol

a uma velocidade de 0,1 mL/h em uma concentração de 5 mg/kg em um volume de

1 mL.

4.8 Medidas fisiológicas

A temperatura corporal, atividade locomotora e pressão arterial foram

monitoradas telemetricamente através do sinal emitido pelo sensor implantado na

cavidade abdominal e recebido pelo receptor de sinal sob as cubas experimentais

ligados ao software de aquisição da Data Sciences International. Os dados foram

adquiridos em modo contínuo e posteriormente processados pelo Ponemah. Às

mesmas cubas foi ligado o sistema de medição de taxa metabólica. Um índice da

produção metabólica de calor baseado na produção de dióxido de carbono e

consumo de oxigênio foi medido. A produção de CO2 (V̇CO2) e o consumo de O2

(V̇O2) foram medidos por respirometria em sistema aberto usando o equipamento da

Sable Systems (Las Vegas, NV, USA). A cuba experimental foi feita de acrílico e tem

um volume de 5 litros. O furo na tampa serviu para entrada de ar; conectores de

mangueira nas laterais da cuba servem para a saída de ar. O ar é removido pelos

conectores laterais a uma taxa de ~1,700 mL/min (111) com a ajuda de uma bomba

ajustável acoplada a um controlador de fluxo de massa (unidade SSA). O ar foi

desumidificado por uma coluna de Drierite antes de entrar na bomba. O ar de saída

da cuba contendo o rato (ar expirado) e o da caixa vazia (ar inspirado) foram

medidos sequencialmente em intervalos de 5 minutos e analisados para a fração de

O2 e CO2, com a ajuda de um canal multiplex e um analisador FOXBOX. As saídas

analógicas do controlador de fluxo de massa (dados de fluxo de ar) e do analisador

de gás foram convertidas para o digital pela interface de aquisição de dados UI-2 e

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adquirida em um computador usando o software Expedata. Nestas condições

experimentais, a fração de O2 do rato dentro da cuba não caiu abaixo de 19,5%,

enquanto a fração de CO2 não caiu abaixo de 0,4%.

Os dados da telemetria e respirometria foram coletados desde o início do

experimento até 240 minutos pós-injeção.

Parâmetros derivados

V̇CO2 e V̇O2 (em ml/kg/min) foram calculados a partir das frações de gás no

ar inspirado (FiCO2 ou FiO2) e o ar expirado (FeCO2 ou FeO2), tendo em conta o

fluxo de ar (Q, em ml/min) e a massa corporal do animal (MC, em kg ). As equações

1 e 2 foram utilizadas para contabilizar os volumes desiguais de CO2 e O2 . VCO2 foi

dividido por VO2 para obter o quociente de troca respiratória (RER), índice de troca

respiratória utilizado como um correlato de acidose metabólica no choque

endotóxico.

V̇CO2 = Q̇ [(FeCO2 FiCO2) + FiCO2 (FiO2 FeO2)] / (1 + FiCO2) / MC (eq. 1)

VO2 = Q̇ [(FiO2 FeO2) + FiO2 (FiCO2 FeCO2)] / (1 FiO2) / MC (eq. 2)

4.9 Teste da Coagulação

O Tempo de Coagulação (TC) mede o tempo necessário para que o sangue

coagule “in vitro”. Esse teste da coagulação foi pensado baseado em dados da

literatura demonstrando que a formação de TXA2 derivado de plaquetas é um

fenômeno estabelecidamente mediado por COX-1 e não por COX-2 (115). Desse

modo, esse teste foi uma medida indireta do índice de inibição da COX-1 pelo SC-

560.

Após cada experimento, os animais foram anestesiados com 20 µL de

tiopental sódico (100 mg/mL i.v) e uma gota de sangue foi coletada da cauda do

animal. A gota de sangue de aproximadamente 5 mm foi colocada em uma lâmina

de vidro e imediatamente foi marcado o tempo inicial. Com uma agulha de calibre 26

G foram feitos movimentos no sangue para observar a formação do fio do coágulo,

momento de marcação final do tempo. O TC normal pode variar de 1 a 4 minutos.

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4.10 Coleta de sangue e órgãos

Para verificar o efeito da inibição da COX-1 em resposta ao estímulo de

produção de mediadores inflamatórios induzidos por LPS, coletamos sangue para

obtenção de plasma e coletamos os seguintes órgãos: baço, fígado, pulmão e

cérebro. Trinta e oitenta minutos após injeção de LPS 1000 µg/kg i.v., os animais

foram anestesiados com 50 µL de tiopental sódico (100 mg/mL i.v) e o sangue foi

coletado pela veia cava inferior em tubos contendo heparina sódica 30 UI,

indometacina 50 µM e BHT 0,005% para cada mL de sangue. Os tubos foram

centrifugados (10 minutos, 4000 rpm, 4 °C) e o plasma congelado a -80 °C.

Após a coleta de sangue pela veia cava inferior, o coração do rato foi exposto

e o ventrículo esquerdo foi acessado com uma agulha acoplada ao cateter que foi

inserida até a artéria aorta. No átrio direito foi feito um corte. Todo o animal foi

perfundido pela artéria aorta com aproximadamente 200 mL de solução salina,

indometacina 50 µM e BHT 0,005% a 4 °C por 5 minutos. Imediatamente após

perfusão, os órgãos foram removidos, imersos em nitrogênio líquido e congelados

no freezer a -80 °C.

4.11 Dosagem de citocinas

O plasma coletado trinta e oitenta minutos após a injeção de LPS foi

descongelado a 4 °C e utilizado para a detecção das citocinas TNF-α, IL-1β e IL-10

através de ensaio imunoenzimático (ELISA sandwich) padronizado. Para isto, o

anticorpo de captura (1º Ac) foi diluído em PBS, plaqueado 100 µL/poço e incubado

overnight à temperatura ambiente. O excesso de anticorpo foi removido através de

lavagem com PBS Tween (PBST) 3 vezes. No sentido de evitar ligações

inespecíficas, o bloqueio da placa foi feito com PBS 1% BSA (300 µL/poço) e

incubação por 1 hora à temperatura ambiente. As amostras ou a curva padrão

diluída seriadamente (100 µL/poço) foi adicionada após lavagens com PBST e

incubadas por 2 horas à temperatura ambiente. O anticorpo de detecção (2º Ac) foi

adicionado e após 2 horas de incubação e lavagens com PBST a Streptoavidina –

HRP foi adicionada por 20 minutos à temperatura ambiente no escuro. A adição da

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solução substrato permite uma reação colorimétrica capaz de ser detectada em

espectrofotômetro a 450 nm.

4.12 RT- PCR

A quantificação dos níveis de mRNA das citocinas TNF-α, IL-1β e IL-10 foi

feita por PCR em tempo real. Órgãos como baço, fígado, pulmão e cérebro foram

coletados no tempo de 80 min pós-LPS (como descrito acima). Em adição às

amostras de ratos tratados com veículo e SC-560 seguidos da injeção de LPS,

amostras de ratos não tratados foram coletadas e usadas como referência para

calcular valores de expressão relativa.

Extração do RNA

O RNA total foi isolado dos tecidos usando TRIzol (Invitrogen, Carlsbad, CA).

Adiciona-se 1 mL do reagente para a homogeneização. A seguir, adiciona-se 200 μL

de clorofórmio para separação das fases, agita-se no vortex por 15 segundos e

incuba à temperatura ambiente durante 2 a 3 minutos. Os eppendorfs são então

centrifugados a 12.000 G durante 15 minutos à temperatura de 4 °C. Após este

procedimento se obtém a separação do RNA, DNA e das proteínas. Após a

centrifugação, formam-se 3 camadas, uma sedimentada, uma interfase e uma fase

aquosa superior incolor. O RNA permanece exclusivamente na fase superior

aquosa. Transferir a fase aquosa superior com cuidado, sem perturbar a interfase no

tubo fresco. O RNA é então separado em novo eppendorf adicionando 500 μL de

álcool isopropílico para precipitar o RNA. Incubar as amostras a 15 a 30 °C durante

10 minutos e centrifugar não mais do que 12.000 G durante 10 minutos a 4 °C. O

precipitado de RNA, muitas vezes invisíveis antes da centrifugação, forma um

sedimento, no lado e no fundo do tubo. Lava-se o pellet de RNA uma vez com etanol

a 75%, adicionando 1 mL de etanol 75%. Misturar as amostras no vórtex e

centrifugar não mais do que 7.500 G durante 5 minutos a 4 °C. Remover o

sobrenadante e deixar secar na bancada, por aproximadamente 15 min. Após a

secagem, dissolve-se o RNA em 100 μL de água ultrapura (RNAse/DNAse free). A

quantificação do RNA foi feita em NanoDrop 1000 (Thermo Scientific).

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56

Preparação do cDNA

Utiliza-se um volume da amostra suficiente para 2000 ng de RNA. Adiciona-se

1 μL de DNAse/RNAse free (uma endonuclease não-específica que degrada fita

simples e dupla de DNA e cromatina), 2,5 μL de DNAse buffer e completa a solução

com água ultrapura para um volume final de 25 μL. Em seguida, incubar esta

solução em termociclador a 37 °C por 10 minutos. Logo após esse passo, tirar a

amostra do termociclador e incubar no gelo por 5 minutos. Depois, adicionar 2 μL de

Oligo dT e voltar para o termociclador por 65 °C por 10 minutos. Enquanto está

incubando, fazer o MIX quantidade por amostra: 10 μL de dNTP [100mM de dATP,

dTTP, dCTP, dGTP], 10 μL de MMLV Buffer, 1 μL de BSA a 20 μg/mL e 2 μL da

enzima MMLV (Promega Corporation). Após esta incubação, retirar as amostras do

termociclador e incubar no gelo por 5 minutos. Em seguida, adicionar 23 μL do MIX

por amostra à solução e incubar por 1 hora a 37 °C e na sequência por 65 °C por 10

min e deixar a 4 °C até retirar a reação do termociclador.

PCR em tempo Real

O cDNA obtido foi quantificado por RT-PCR quantitativo. SYBR Green PCR

Master (Applied Biosystems) foi usado para quantificar a expressão dos genes de

interesse de acordo com as instruções do fabricante. Adiciona-se à 1 μL do cDNA, 5

μL do SYBR Mix, 0,5 μL do primer (500 nM) e 3,5 μL da água ultrapura, com o

volume final de 10 μL. As amostras foram feitas em duplicata para cada primer. A

partir desse momento, a reação é levada ao termociclador Applied Biosystems

7900HT Real-Time PCR System®.

Os primers usados foram: para TNF 5’-GTCTTTGAGATCCATGCCATTG-3’

(foward) e 3’-ACTAGACTCACACTCCCAGA-5’ (reverse); para IL-1β 5’-

GAAGTCAAGACCAAAGTGG- 3’ (foward) e 3’ –TGAAGTCAACTAGTCCCG- 5’

(reverse); para IL-10 5’-TAAGGGTTACTTGGGTTGCC-3’ (foward) e 3’-

TATCCAGAGGGTCTTCAGC-5’ (reverse); GAPDH (gene housekeeping) 5’-

ACCACAGTCCATGCCATCAC -3’ (foward) 3’-TCCACCACCCTGTTGCTGTA-5’

(reverse); para β-actina (gene housekeeping) 5’-CGAGTCCGCGTCCACCCGCGA-3’

(forward) e 3’-GACGACGAGCGCAGCGATATC-5’ (reverse).

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57

A expressão relativa do mRNA foi calculada pela diferença entre o cycle

threshold (Ct) do gene alvo e o Ct do gene referência: ΔCt = (Ct gene alvo – Ct gene

referência). A expressão diferencial (fold change) foi calculada pela fórmula 2 -ΔΔCT

(131).

4.13 Dosagem de prostanoides

As amostras de baço e cérebro foram homogeneizadas em solução de

metanol 50 µM indometacina e 0,005% BHT. O tecido ainda congelado foi colocado

em um tubo falcon contendo 4 mL da solução metanol-indometacina-BHT. Em

seguida, cada amostra foi sonicada individualmente e o sonicador foi lavado com

H2O milli-Q e metanol entre uma amostra e outra. Após sonicadas, as amostras

foram centrifugadas (10 min, rotação máxima, 4 ºC), o sobrenadante foi transferido

para um novo tubo e nitrogênio em gás foi usado para secar as amostras. Os tubos

foram então congelados no freezer – 80 ºC. O plasma também foi coletado trinta e

oitenta minutos após a injeção de LPS para a dosagem de prostanoides. As

concentrações de PGE2, PGI2, PGD2, e PGF2 e tromboxanos (TXB2) no plasma e

das amostras dos tecidos previamente processadas, serão determinadas por

cromatografia líquida com detecção por espectrometria de massas (LC-MS) em

colaboração com o Prof. Dr. Norberto P. Lopes, Faculdade de Ciências

Farmacêuticas de Ribeirão Preto – USP (FCFRP-USP), um método que é superior a

imunoensaios para prostaglandinas e leucotrienos (132, 133) e que tem sido

utilizado com sucesso em nossos experimentos (97, 134). Algumas prostaglandinas

e tromboxanos, entretanto, não são mensurados diretamente em detrimento de sua

instabilidade, mas por seus produtos estáveis, tais como 13,14-dihydro-15-keto

PGE2 para PGE2, 15-deoxy-12,14-PGJ2 para PGD2, 13,14-dihydro-15-keto PGF2

para PGF2 e 11-dehydro-TXB2 para TXB2, LTC4, N-acetyl-LTE4, LTB4.

4.14 Análise Estatística

A análise estatística foi feita com auxílio do programa Statistica Advanced 8.0

(StatSoft, Tulsa, EUA). ANOVA para medidas repetidas de um ou mais parâmetros

foi empregada para comparar medidas consecutivas da Tc, da pressão arterial,

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frequência cardíaca, contratilidade ventricular e respirometria. A ANOVA foi

acompanhada pelo teste post-hoc de tipo Fisher Least Significant Difference. Tc, PS,

PD, HR, dP/dtmax, VO2 e RER foram expressos como alterações (Δ) a partir dos

valores iniciais correspondentes (média durante o período de 1 h que antecedeu a

injeção de LPS). Submeteram-se os resultados dos níveis de citocinas, eicosanoides

e teste da coagulação entre os grupos à análise estatística por meio do test t e

ANOVA One-Way e os resultados são apresentados como média ± desvio padrão.

Consideram-se diferenças significativas quando P < 0,05.

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59

5. RESULTADOS

5.1 Medida da atividade funcional da COX-1 nos experimentos fisiológicos

Inicialmente, para que pudéssemos ter certeza da atividade funcional do SC-

560 (inibidor da COX-1), realizamos um teste de coagulação após cada experimento

de indução de endotoxemia destinado a estudar o efeito do SC-560 nas medidas

fisiológicas. Esse teste foi pensado baseado em dados da literatura demonstrando

que a formação de TXA2 (prostanoide responsável pela agregação plaquetária)

derivado de plaquetas é um fenômeno estabelecidamente mediado por COX-1 e não

por COX-2. Desse modo, esse teste da coagulação foi uma medida indireta do

índice de inibição da COX-1 pelo SC-560.

Ao final de cada experimento das medidas fisiológicas, fizemos coleta de

sangue da cauda dos animais do grupo veículo e do grupo SC-560 para medir o

tempo de coagulação de cada grupo. O resultado obtido mostra que o sangue dos

animais tratados com o SC-560 demorava mais a coagular quando comparado ao

grupo controle (Figura 7), confirmando a inibição da COX-1 pelo SC-560.

Figura 7 – Tempo de coagulação dos grupos veículo e SC-560

como índice de inibição da COX-1. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05.

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60

5.2 Efeito do inibidor da COX-1 na resposta termometabólica

Inicialmente, nós estudamos o efeito do inibidor da COX-1 (SC-560) ou seu

veículo na resposta termometabólica de ratos injetados com uma alta dose de LPS.

Um estudo prévio (10) demonstrou que a injeção de SC-560 seguido de salina ao

invés do LPS não causa alteração na resposta termorregulatória, da mesma forma

que a administração do SC-560 sozinha não altera a resposta térmica. Baseado

nessas evidências, utilizamos apenas dois grupos neste estudo, o grupo de animais

tratados com SC-560 e o grupo de animais tratados com seu veículo, ambos

seguidos da injeção de LPS.

A temperatura basal dos animais nos dois grupos variou entre 37,0 ºC e 37,5

ºC (Figura 8). Na Ta de 22 ºC a hipotermia foi a resposta prevalecente ao LPS nos

animais do grupo veículo. Conforme esperado, o SC-560 (5 mg/kg, i.p.) atenuou a

hipotermia significativamente (p < 0,001) nesta dose de LPS (1000 µg/kg i.v.). A

resposta hipotérmica dos animais pré-tratados com o veículo foi caracterizada por

uma queda proeminente (aproximadamente no tempo de 30 min pós-LPS) atingindo

queda máxima por volta dos 90 min pós-LPS. A resposta hipotérmica dos animais

pré-tratados com o SC-560 apresentou menor magnitude, sendo caracterizada por

uma leve queda na Tc que teve um início mais demorado (aproximadamente no

tempo de 50 min pós-LPS) comparado à queda na Tc dos animais do grupo veículo

atingindo queda máxima por volta dos 80 min pós-LPS.

Com relação ao parâmetro metabólico, a medida do basal no consumo de

oxigênio (VO2) entre os dois grupos foi em média 18,77 mL/kg/min (Figura 8). A

injeção de LPS (1000 µg/kg i.v.) nos ratos pré-tratados com o veículo provocou uma

diminuição (6 mL/kg/min) no consumo de O2 que atingiu queda máxima 70 min pós-

LPS. Essa resposta foi caracterizada por duas quedas: uma queda inicial (40-60 min

pós-LPS) e uma queda tardia (170-240 min pós- LPS). Essa queda no consumo O2

vista nos animais do grupo veículo foi estatisticamente atenuada (p < 0,001) nos

animais pré-tratados com o SC-560 e também atingiu queda máxima 70 min pós-

LPS, com o mesmo padrão de duas fases de queda, no entanto, atenuadas.

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61

Figura 8 – Efeitos do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta

termometabólica em animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada

grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05.

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62

A razão entre a produção de CO2 e o consumo de O2 (RER) tipicamente

reflete o quociente de troca respiratória (135), ou seja, a estequiometria de CO2

produzido a O2 consumido pela oxidação metabólica de glicose (quociente de 1,0)

em comparação com os ácidos graxos (quociente de 0,7), e é utilizado como um

correlato de acidose no choque endotóxico. O quociente de troca respiratória teve o

valor basal entre os grupos em média de 0,894 (Figura 9). A injeção de LPS nos

ratos pré-tratados com o veículo provocou um aumento em dois tempos da resposta:

um aumento inicial (10-40 min pós-LPS) e um aumento mais pronunciado e tardio

(80-140 min pós-LPS), atingindo o pico da resposta 90 min pós-LPS. O pré-

tratamento com SC-560 atenuou o aumento no RER com o pico da resposta aos 70

min pós-LPS.

Figura 9 – Efeitos do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta de acidose metabólica em

animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05.

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63

5.3 Efeito do inibidor da COX-1 na resposta cardiovascular

Uma vez que a resposta hipotérmica tem sido associada com a hipotensão,

nós estudamos o efeito do SC-560 sobre as alterações em parâmetros

cardiovasculares durante o choque endotóxico. Avaliamos o efeito do SC-560 sobre

as seguintes respostas fisiológicas: Pressão Sistólica (PS), Pressão Diastólica

(PD), Frequência Cardíaca (FC) e Contratilidade do miocárdio (dP/dt max).

O valor basal da pressão sistólica entre os dois grupos foi em média de 124,5

mmHg (Figura 10). A injeção de LPS (1000 µg/kg i.v.) nos ratos pré-tratados com o

veículo provocou uma diminuição (25 mmHg) na pressão sistólica. A pressão

sistólica atingiu queda máxima em 70 min após a injeção de LPS. Nos animais pré-

tratados com o SC-560, a queda na pressão sistólica também foi atenuada (p <

0,001), sendo caracterizada por um aumento (15 mmHg) 30 min pós-LPS seguida

de uma diminuição (5 mmHg comparado ao valor basal inicial) que teve sua queda

máxima aos 70 min pós-LPS assim como nos animais do grupo veículo.

O valor basal da pressão diastólica entre os dois grupos foi em média de

101,37 mmHg (Figura 10). A injeção de LPS (1000 µg/kg i.v.) nos ratos pré-tratados

com o veículo provocou uma diminuição (30 mmHg) na pressão diastólica. A

pressão diastólica atingiu a queda máxima em 70 min após a injeção de LPS. Nos

animais pré-tratados com o SC-560, a queda na pressão diastólica foi atenuada (p <

0,001) no tempo de 30 minutos pós-injeção de LPS, sendo caracterizada por um

aumento (20 mmHg) inicial seguido de uma diminuição (10 mmHg comparado ao

valor basal inicial) que teve sua queda máxima aos 70 min pós-LPS assim como nos

animais do grupo veículo.

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64

Figura 10 – Efeitos do SC-560 (5 mg/kg i.p.) sobre os parâmetros cardiovasculares pressão sistólica e pressão diastólica, em animais

injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P <

0,05.

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65

A FC também foi alterada após a injeção de LPS (Figura 11). Seu valor médio

basal entre os grupos foi de 387,13 bpm. A injeção de LPS causou um aumento na

FC (taquicardia) (70 bpm) dos animais pré-tratados com o veículo e teve sua queda

máxima cerca de 120 min pós-LPS. Já a taquicardia nos animais pré-tratados com o

SC-560 foi mais pronunciada (100 bpm) e mais inicial (50 min pós-LPS). Não houve

diferença estatística na resposta dos dois grupos, embora tenha sido observada uma

tendência (p = 0,07).

O valor basal da contratilidade ventricular (dPdt máx) nos dois grupos foi em

média de 1394,17 mmHg/s (Figura 11). A injeção de LPS nos ratos pré-tratados

com o veículo causou uma elevação (500 mmHg/s) na dPdt máx com a queda

máxima aproximadamente 80 min pós-LPS. Nos animais pré-tratados com o SC-

560 a dPdt máx teve um aumento maior de 1000 mmHg/s, também com queda

máxima aproximadamente aos 80 min pós-LPS.

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66

Figura 11 – Efeitos do SC-560 (5 mg/kg i.p.) sobre os parâmetros

cardiovasculares frequência cardíaca e contratilidade ventricular, em animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O

número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05.

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67

Em virtude do padrão de resposta observado nos parâmetros

cardiovasculares apresentados acima, um resultado interessante visto no aumento

da frequência cardíaca e da contratilidade ventricular dos animais pré-tratados com

SC-560 injetados com LPS nos levou a realizar um experimento para determinar se

o aumento na FC e na contratilidade ventricular (dPdt máx) podem aumentar a Tc

dos animais e, como consequência, atenuar a hipotermia, uma vez que o aumento

na FC e na contratilidade ventricular reflete trabalho cardíaco e aumento do custo

metabólico do coração, com consequente geração de calor (136). Para testar essa

hipótese, bloqueamos a simpatoexcitação cardíaca utilizando o beta-bloqueador

propranolol, a fim de testar se a resposta hipotérmica atenuada pelo SC-560

desaparece nos animais em que a COX-1 é inibida e que não desenvolvem

taquicardia.

Inicialmente, o nosso resultado mostrou que o propranolol bloqueou a

taquicardia tanto no grupo pré-tratado com veículo quanto no pré-tratado com SC-

560 (Figura 12). Ambos os grupos apresentaram uma queda inicial proeminente da

frequência cardíaca logo após a injeção de LPS. Nos animais que receberam o

veículo, a queda inicial na FC foi mais pronunciada (100 bpm) e a resposta

bradicárdica permaneceu, não retornando ao valor basal. Nos animais em que a

COX-1 foi bloqueada, o propranolol também causou uma queda inicial pronunciada

(80 bpm) e bloqueou a FC inibindo, assim, a taquicardia (Figura 12). O propranolol

também bloqueou o aumento na dPdt, sobretudo no grupo dos animais tratados com

o SC-560 (p< 0,001) (Figura 12).

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Figura 12 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. em combinação com o propranolol sobre a FC e a dPdt em animais injetados com LPS 1000

μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05.

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69

Com relação à resposta termorregulatória, os animais pré-tratados com o

veículo que receberam propranolol (5 mg/kg/h i.v) e foram desafiados com LPS

(1000 µg/kg i.v.) apresentaram uma hipotermia considerável, conforme esperado.

Esta resposta hipotérmica foi caracterizada por uma queda proeminente logo após a

injeção de LPS atingindo queda máxima por volta dos 110 min pós-LPS. O pré-

tratamento com SC-560 continuou atenuando significativamente a resposta

hipotérmica (p< 0,001) mesmo combinado ao bloqueio da taquicardia pelo

propranolol, sendo caracterizada por uma leve queda na Tc que teve um início logo

após o desafio com LPS, comparado à queda proeminente na Tc dos animais do

grupo veículo (Figura 13).

O consumo de O2, como esperado, caiu nos animais pré-tratados com o

veículo que receberam o propranolol logo após a injeção de LPS e atingiu a queda

máxima 80 min pós-LPS. A queda no VO2 vista nos animais do grupo veículo foi

estatisticamente atenuada (p < 0,035) nos animais pré-tratados com o SC-560 que

receberam o propranolol.

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70

Figura 13 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. em combinação com o propranolol sobre a Tc e o consumo de O2 em animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais

em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05.

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71

No que diz respeito à dinâmica cardiovascular, a injeção de LPS nos animais

do grupo veículo pré-tratados com propranolol provocou uma diminuição da pressão

sistólica (20 mmHg) e pressão diastólica (25 mmHg). Nos animais pré-tratados com

o SC-560 que receberam propranolol, a queda na pressão sistólica e pressão

diastólica foi atenuada significativamente (p <0,001) em resposta à injeção de LPS

quando comparada aos animais do grupo veículo (Figura 14).

Figura 14 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. em combinação com o propranolol sobre a

resposta cardiovascular em animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses.

*P < 0,05.

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72

Com o intuito de melhor visualizar se o bloqueio da simpatoexcitação cardíaca

pelo propranolol alterou o efeito atenuante do SC-560 sobre a Tc dos animais,

fizemos a seguinte análise: subtraímos valor do ΔTc dos animais pré-tratados com o

SC-560 pela média do ΔTc dos animais pré-tratados com o veículo (ΔTc SC-560 –

média ΔTc Veículo), e comparamos o resultado entre os animais que não receberam

propranolol e nos animais que receberam o propranolol. Conforme apresentado na

figura 15, na ausência do propranolol, o SC-560 apresenta uma atividade anti-

hipotérmica na fase inicial (30 – 60 min) e na fase tardia (60 – 100 min) da resposta,

da mesma forma, na presença do propranolol, a atividade anti-hipotérmica do SC-

560 persistiu e continuou presente nas duas fases da resposta.

Figura 15 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta termorregulatória de

animais não tratados e tratados com propranolol injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C.

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73

5.4 Efeito da esplenectomia com e sem inibição da COX-1 nas respostas fisiológicas durante o choque endotóxico

Nosso próximo objetivo foi avaliar se a COX-1 que participa da inflamação

sistêmica grave é a que se encontra no baço.

Primeiro avaliamos se a ausência do baço por si só, sem pré-tratamento

dos animais com o SC-560, seria capaz de atenuar a hipotermia induzida por LPS.

Como demonstrado na figura 16, a Tc basal dos animais nos dois grupos variou

entre 36,9 ºC e 37,4 ºC. Nos animais não esplenectomizados a hipotermia foi

caracterizada por uma queda proeminente (aproximadamente no tempo de 30 min

pós-LPS) atingindo queda máxima por volta dos 90 min pós-LPS, enquanto que nos

animais esplenectomizados a resposta hipotérmica apresentou uma menor

magnitude, caracterizada por uma queda atenuada na temperatura quando

comparada à resposta hipotérmica dos animais com baço, e sua queda máxima foi

aproximadamente aos 80 minutos pós-LPS. A fase final da resposta nos animais

sem o baço, entretanto, não retornou ao valor da Tc basal (p <0,001).

Figura 16 – Efeitos da esplenectomia na resposta termorregulatória em animais

injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05.

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74

Com relação à pressão arterial, a ausência do baço por si só, sem pré-

tratamento dos animais com o SC-560, foi capaz de atenuar a hipotensão induzida

por LPS (p < 0,001), como demonstrado na figura 17. O valor basal da PAM entre

os dois grupos foi em média de 112,65 mmHg. A injeção de LPS (1000 µg/kg i.v.)

nos animais não esplenectomizados provocou uma diminuição acentuada (35

mmHg) na pressão arterial média. A PAM atingiu a queda máxima em 70 min após a

injeção de LPS. Nos animais esplenectomizados, a hipotensão induzida pelo LPS

foi atenuada (p < 0,001) com sua diminuição máxima em 70 min pós-LPS.

Figura 17 – Efeitos da esplenectomia na pressão arterial média em animais injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em

cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05.

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75

Em seguida, fizemos experimento de esplenectomia combinado com o

bloqueio sistêmico da COX-1, para avaliarmos se o efeito atenuante do SC-560

persiste ou não sobre as respostas termometabólica e cardiovascular na ausência

do baço e, desse modo, investigarmos de forma mais direta se a COX-1 esplênica é

a isoforma responsável pelas alterações fisiológicas durante o choque endotóxico

previamente apresentadas.

Nossos resultados mostraram que nos animais esplenectomizados pré-

tratados com o veículo a hipotermia prevaleceu iniciando 30 min pós-LPS. Por sua

vez, os animais esplenectomizados pré-tratados com o SC-560 também

desenvolveram hipotermia, no entanto, a queda na Tc foi mais tardia com um início

mais demorado (aproximadamente no tempo de 50 min pós-LPS) quando

comparado aos animais do grupo veículo (aproximadamente 30 min pós-LPS),

indicando uma possível atenuação da COX-1 pelo SC-560 nesta fase inicial. Nesses

dois grupos de animais esplenectomizados, a magnitude da resposta hipotérmica foi

semelhante no tempo entre 80-90 min pós-LPS, sugerindo que na ausência do baço

o SC-560 não atenuou a hipotermia nessa fase mais avançada da resposta (Figura

18).

Com relação ao parâmetro metabólico, a injeção de LPS (1000 µg/kg i.v.) nos

animais pré-tratados com o veículo provocou uma diminuição (5 mL/kg/min) no

consumo de O2 que atingiu a queda máxima 70 min pós-LPS e essa diminuição no

consumo teve início logo após a injeção do LPS. Nos animais que receberam o SC-

560 também houve diminuição no consumo de O2 (5 mL/kg i.v), no entanto, essa

diminuição teve início somente 35 min após a injeção de LPS com queda máxima de

75 min pós-LPS (p < 0,001) (Figura 18).

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76

Figura 18 – Efeitos do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta

termometabólica em animais esplenectomizados injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de

animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05.

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77

Para melhor visualizar como a esplenectomia afetou a resposta atenuante do

SC-560, assim como fizemos para a figura 15, calculamos a diferença entre o valor

do ΔTc dos animais que receberam o SC-560 pela média do ΔTc dos animais pré-

tratados com o veículo (ΔTc SC-560 – média ΔTc Veículo) e comparamos o

resultado entre os animais sem esplenectomia e nos animais que sofreram

esplenectomia.

Utilizando o parâmetro de Tc, analisamos o efeito do SC-560 nos animais

sem e com esplenectomia. Notamos que na presença do baço, o SC-560

apresenta uma atividade anti-hipotérmica na fase inicial (30 – 60 min) e na fase

tardia (60 – 100 min) da resposta, sendo essa atividade mais proeminente na fase

tardia, enquanto que, na ausência do baço, a atividade anti-hipotérmica do SC-560

está presente apenas na fase inicial da resposta (30 – 60 min), desaparecendo na

fase final (60 – 100 min) (p < 0,001) (Figura 19).

Figura 19 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta termorregulatória de animais

com e sem esplenectomia injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C.

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78

O efeito atenuante do SC-560 sobre a hipotensão foi eliminado quando os

animais foram esplenectomizados, pois não houve diferença estatística entre os

animais pré-tratados com SC-560 ou seu veículo para a pressão sistólica e

diastólica. No entanto, o aumento inicial da pressão arterial logo após a injeção de

LPS persistiu nos animais que receberam o SC-560 (Figura 20).

Figura 20 – Efeitos do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta

cardiovascular em animais esplenectomizados injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre

parênteses. *P < 0,05.

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79

Quando analisamos o efeito atenuante do SC-560 na presença ou ausência

da esplenectomia avaliando a resposta hipotensiva (ΔPAM SC-560 – média ΔPAM

Veículo), com a mesma abordagem empregada nas figuras 15 e 18, notamos que

na presença do baço, o SC-560 apresenta uma atividade anti-hipotensiva na fase

inicial e tardia da resposta, sendo essa atividade mais proeminente na fase inicial

(30 min), enquanto que, na ausência do baço, a atividade anti-hipotensiva do SC-

560 está presente na fase inicial da resposta (30 min), mas logo em seguida

apresenta uma resposta pró-hipotensiva no início da fase mais tardia (60 – 120 min)

(p < 0,001), retornando no final da resposta com um padrão anti-hipotensivo (Figura

21).

Figura 11 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta cardiovascular de animais

com e sem esplenectomia injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C.

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80

Referente ao parâmetro que indica acidose metabólica (RER), a injeção de

LPS nos ratos esplenectomizados pré-tratados com o veículo provocou um aumento

no RER com queda máxima em 75 min pós-LPS (Figura 22). Nos animais tratados

com o SC-560 na ausência do baço, não houve atenuação da acidose, mas sim um

aumento no quociente respiratório, sendo esse aumento mais tardio (110 min pós-

LPS) (p<0,001).

Figura 22 – Efeitos do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a resposta metabólica em animais

esplenectomizados injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. O número de animais em cada grupo é apresentado entre parênteses. *P < 0,05.

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81

Também analisamos o efeito do SC-560 com relação à resposta de acidose

metabólica, empregando a mesma abordagem das figuras 15, 18 e 21, no qual

calculamos a diferença entre o valor do ΔRER dos animais que receberam o SC-560

e dos animais que receberam o veículo (ΔRER SC-560 – média ΔRER Veículo), e

comparamos o resultado entre os animais sem esplenectomia e nos animais que

sofreram esplenectomia. Conforme mostra a figura 23, na presença do baço (sem

esplenectomia), o SC-560 apresenta uma atividade anti-acidose na fase inicial e

tardia da resposta, enquanto que, na ausência do baço (com esplenectomia), a

atividade anti-acidose do SC-560 está presente na fase inicial da resposta (30 min),

em menor magnitude comparada ao grupo na presença do baço, mas logo em

seguida a resposta anti-acidose desaparece e o SC-560 apresenta uma resposta

pró-acidose na fase mais tardia (60 – 120 min) do choque endotóxico (p < 0,001).

Figura 23 – Efeito do SC-560 5 mg/kg i.p. sobre a acidose metabólica em animais com e

sem esplenectomia injetados com LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C.

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82

5.5 Efeito da inibição da COX-1 sobre o perfil de citocinas circulantes

Tendo demonstrado a participação da COX-1 nas alterações

termometabólicas e cardiovasculares durante o choque endotóxico, o próximo passo

foi investigar por quais mecanismos a COX-1 atua na indução das alterações

fisiológicas. Sabendo-se da importância das citocinas em condições inflamatórias, as

citocinas TNF-α, IL-1β e IL-10 foram quantificadas por ELISA em amostra de sangue

de animais pré-tratados com SC-560 ou seu veículo desafiados com LPS. Baseado

no início do tempo da fase inicial (30-60 min) de atenuação da hipotermia e da

hipotensão promovidas pelo SC-560, o período de coleta de sangue foi definido.

Trinta minutos após injeção de LPS 1000 µg/kg i.v. na Ta 22 °C, o sangue dos

animais recebendo o SC-560 ou seu veículo, foi coletado para determinação de

mediadores solúveis no plasma. O nível de citocinas pró-inflamatórias, como TNF-α

e IL-1β, e anti-inflamatória, como IL-10, na primeira fase foi indetectável, em ambos

os grupos. Decidimos então avaliar os mediadores inflamatórios no plasma baseado

no início de tempo da segunda fase da resposta (60-100 min), por isso, o sangue

dos animais foi coletado 80 minutos pós-LPS. O nível das citocinas plasmáticas

TNF-α e IL-1β foi detectável, embora não tenha sido encontrada diferença estatística

entre os grupos veículo e SC-560 (Tabela 4).

Tabela 4 – Concentrações plasmáticas de TNF-α (A) e IL-1β (B) nos tempos de 30 e 80 min

após a injeção de LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. *P <0,05.

A) TNF-α (ng/mL)

Tempo Pré-tratamento

Veículo N SC-560 N

30 min

N.D

N = 5

N.D

N = 4

80 min

2.42 ± 0.37

N = 7

1.87 ± 0.17

N = 7

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83

B) IL-1β (ng/mL)

Tempo (87) Pré-tratamento

Veículo N SC-560 N

30 min

N.D

N = 8

N.D

N = 7

80 min

0.34 ± 0.04

N = 6

0.28 ± 0.02

N = 6

5.6 Efeito da inibição da COX-1 sobre o perfil de citocinas órgão-específicas.

Uma vez que não encontramos diferença significativa nos níveis de citocinas

plasmáticas na fase mais avançada da resposta, decidimos investigar o nível de

expressão dessas citocinas nos tecidos por RT-PCR em tempo real. Os órgãos

(fígado, pulmão, diencéfalo e baço) foram coletados no tempo de 80 min pós-LPS.

A expressão do mRNA das citocinas TNF-α , IL-1β e IL-10 (relativa à média

dos genes housekeeping GAPDH e β-actina) não diferiu (P = 0,80, P = 0,97 e P =

0,90, respectivamente) no fígado dos animais pré-tratados com SC-560 ou seu

veículo injetados com LPS (Figura 23) e a expressão das citocinas foi aumentada

no fígado.

Da mesma forma, a expressão das mesmas citocinas não diferiu (P = 0,79, P

= 0,91 e P = 0,42, respectivamente) no pulmão dos animais pré-tratados com o SC-

560 ou seu veículo desafiados com LPS (Figura 24), sendo observada uma maior

expressão da citocina IL-1β.

No diencéfalo, a expressão das citocinas TNF-α, IL-1β e IL-10 também não

diferiu (P = 0,77, P = 0,11 e P = 0,39, respectivamente) entre os animais tratados

com SC-560 ou seu veículo, apesar de ter sido observada maior expressão da

citocina IL-1β quando comparada às outras citocinas (Figura 25).

No baço, a expressão da citocina TNF-α não diferiu (P = 0,19) entre os

animais do grupo SC-560 ou veículo que receberam LPS. No entanto, notamos uma

tendência para um aumento na expressão da citocina IL-1β (P = 0,06) nos animais

pré-tratados com SC-560 e a expressão da citocina IL-10 foi significativamente

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84

diminuída (P = 0,03) nos animais pré-tratados com o SC-560 (Figura 26). De modo

interessante, comparando o baço com o fígado e o pulmão, notamos que no baço a

expressão das citocinas foi menor, mas foi nele que houve alteração no nível de

expressão das citocinas entre os dois grupos.

Figura 24 – Expressão do mRNA das citocinas TNF-α, IL-1β e IL-10 dosado em amostras de fígado

coletados 80 min depois da administração intravenosa de LPS (1000 µg/kg) de animais pré-tratados com o SC-560 ou seu veículo a uma Ta de 22 °C.

Figura 25 – Expressão do mRNA das citocinas TNF-α, IL-1β e IL-10 dosado em amostras de

pulmão coletados 80 min depois da administração intravenosa de LPS (1000 µg/kg) de animais pré-tratados com o SC-560 ou seu veículo a uma Ta de 22 °C.

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85

Figura 26 – Expressão do mRNA das citocinas TNF-α, IL-1 e IL-10 dosado em amostras de

diencéfalo coletadas 80 min depois da administração intravenosa de LPS (1000 µg/kg) de animais pré-tratados com o SC-560 ou seu veículo a uma Ta de 22 °C.

Figura 27 – Expressão do mRNA das citocinas TNF-α, IL-1 e IL-10 dosado em amostras de baço

coletados 80 min depois da administração intravenosa de LPS (1000 µg/kg) de animais pré-tratados com o SC-560 ou seu veículo a uma Ta de 22 °C.

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86

5.7 Efeito da inibição da COX-1 sobre o perfil de mediadores lipídicos.

A fim de avaliarmos o perfil de mediadores lipídicos produzido durante a

inflamação sistêmica grave em condições de bloqueio sistêmico da COX-1, dosamos

as concentrações dos mediadores lipídicos por cromatografia líquida com detecção

por espectrometria de massas (LC-MS), baseado no início do tempo da fase inicial

(30-60 min) e da fase final (60-100 min) de atenuação da hipotermia e da hipotensão

mediadas pelo SC-560, o período de coleta dos órgãos foi definido. Esses

resultados de lipidômica são preliminares, pois o método ainda precisa de

otimização, no entanto, dos analitos detectados obtivemos resultados que parecem

promissores para guiar análises futuras até que o método esteja aperfeiçoado.

Nossos resultados preliminares mostram que houve detecção do metabólito

da PGD2 Tetranor-PGDM (TPGDM) no plasma nos dois tempos após a injeção de

LPS. Esse metabólito teve sua concentração diminuída no tempo de 80 min pós-LPS

quando comparado ao tempo de 30 min pós-LPS. Além disso, nos animais pré-

tratados com o SC-560 a concentração desse metabólito foi significativamente

reduzida nos tempos de 30 e 80 min pós-LPS (Tabela 5). O metabólito da

prostaciclina, 6-ceto prostaglandin F1 (KPGF1), foi detectado apenas nos animais

do grupo SC-560 no tempo de 30 min pós-LPS, mas no tempo de 80 min pós-LPS.

Interessantemente, o mediador lipídico LTB4 foi detectado em altas concentrações

que estoraram o limite máximo da dosagem, nos dois tempos pós-LPS e no plasma

de animais tratados com SC-560 ou seu veículo. Os outros metabólitos e

mediadores não foram detectados no plasma nos dois tempos, como apresentado

na tabela 5.

Tabela 5 – Concentrações plasmáticas (0,1 – 50 ng/mL) de eicosanoides nos tempos de 30 e

80 min após a injeção de LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. *P <0,05.

Eicosanoides 30 min pós-LPS 80 min pós-LPS

Veículo SC-560 Veículo SC-560

TPGDM

8.23 ± 1.44

(8)

0.94 ± 0.26*

(6)

5.21 ± 1.22

(6)

0.85 ± 0.29*

(8)

PGJ2

nd (8)

nd (7)

nd (8)

nd (7)

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87

PGD2

nd (8)

nd (7)

nd (6)

nd (8)

KPGF1

nd (8)

3.96 ± 0.73

(4)

nd (6)

nd (8)

DKPGF2

nd (8)

nd (7)

nd (6)

nd (8)

PGF2

nd (8)

nd (7)

nd (6)

nd (8)

DKPGE2

nd (8)

nd (7)

nd (6)

nd (8)

PGE2

nd (8)

nd (7)

nd (6)

nd (8)

DTXB2

nd (8)

nd (7)

nd (6)

nd (8)

TXB2

nd (8)

nd (7)

nd (6)

nd (8)

LTB4

>50 ng/mL (8)

>50 ng/mL (7)

>50 ng/mL

(6)

>50 ng/mL (8)

LTC4

nd (8)

nd (7)

nd (6)

nd (8)

No baço, nossos resultados mostram que houve detecção do metabólito

estável da PGD2, o 15-deoxi-delta12,14-prostaglandina J2 ( PGJ2), nos animais

do grupo veículo nos dois tempos de 30 e 80 min pós-LPS, com aumento na sua

concentração no tempo de 80 min. Por sua vez, nos animais do grupo SC-560 esse

metabólito não foi detectado. A PGD2 foi detectada em concentrações altas que

ultrapassaram o limite de detecção do método, nos dois grupos e nos dois tempos.

O metabólito da prostaciclina, 6-ceto prostaglandin F1 (KPGF1), foi detectado

apenas no baço dos animais do grupo veículo nos dois tempos, mas não foi

detectado no baço dos animais do grupo SC-560. O metabólito da PGF2α, 13,14-

dihidro-15-ceto prostaglandina F2 (DKPGF2), e a própria PGF2α foram detectadas

apenas no baço dos animais pré-tratados com veículo, mas não no baço dos

animais do grupo SC-560, com uma diminuição nas suas concentrações no tempo

de 80 min pós-LPS quando comparado ao veículo. A PGE2 também foi detectada em

concentrações altas que ultrapasaram o limite de detecção, nos dois grupos e nos

dois tempos. O TXB2 foi detectado apenas no baço dos animais do grupo veículo

nos dois tempos e sua concentração foi diminuída no tempo de 80 min pós-LPS.

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88

Inesperadamente, o LTC4 foi detectado nos animais pré-tratados com veículo 30 min

pós-LPS e teve sua concentração reduzida significativamente (p = 0,048) no baço de

animais do grupo SC-560. Já no tempo de 80 min, o LTC4 foi detectado em uma

menor concentração no baço dos animais do grupo veículo comparado ao tempo de

30 min pós-LPS e não foi detectado nos animais do grupo SC-560 nessa fase mais

tardia da resposta (Tabela 6).

Tabela 6 – Concentrações de eicosanoides no baço (0,1 – 50 ng/mL) nos tempos de 30 e

80 min após a injeção de LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. *P <0,05.

Eicosanoides 30 min pós-LPS 80 min pós-LPS

Veículo SC-560 Veículo SC-560

TPGDM

nd (8)

nd (8)

nd (8)

nd (8)

PGJ2

119.96 ± 31.10

(6)

nd (7)

167.81 ± 79.18

(6)

nd (8)

PGD2

>50 ng/mL (8)

>50 ng/mL (8)

>50 ng/mL (8)

>50 ng/mL (8)

KPGF1

18.6 ± 5.34 (7)

nd (8)

23.72 ± 4.83 (7)

nd (8)

DKPGF2

3.05 ± 1.15 (4)

nd (8)

2.2 ± 1.59 (4)

nd (8)

PGF2

26.38 ± 9.80 (5)

nd (8)

14.91 ± 4.46 (6)

nd (8)

DKPGE2

nd (8)

nd (8)

nd (8)

nd (8)

PGE2

>50 ng/mL (8)

>50 ng/mL (8)

>50 ng/mL (8)

>50 ng/mL (8)

DTXB2

nd (8)

nd (8)

nd (8)

nd (8)

TXB2

383.03 ± 115.43

(8)

nd (8)

189.55 ± 51.49

(8)

nd (8)

LTB4

nd (8)

nd (8)

nd (8)

nd (8)

LTC4

107,65 ± 38,91

(6)

25.88 ± 8.64*

(6)

18.08 ± 6.28 (5)

nd (8)

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89

No cérebro, os resultados mostram que apenas o metabólito da PGD2,

Tetranor-PGDM (TPGDM), a PGF2α e o LTC4 foram detectados nos dois tempos e

no cérebro dos animais pré-tratados com o SC-560 e seu veículo, sem diferença

estatística entre os grupos na concentração desses mediadores (Tabela 7).

Tabela 7 – Concentrações de eicosanoides no cérebro (0,1 – 50 ng/mL) nos tempos de 30 e

80 min após a injeção de LPS 1000 μg/kg i.v. na temperatura ambiente de 22 °C. *P <0,05.

Eicosanoides 30 min pós-LPS 80 min pós-LPS

Veículo SC-560 Veículo SC-560

TPGDM

2.55 ± 0.42 (8)

2.37 ± 0.40

(8)

2.02 ± 0.27

(8)

1.8 ± 0.42 (8)

PGJ2

nd (8)

nd (8)

nd (8)

nd (8)

PGD2

nd (8)

nd (8)

nd (8)

nd (8)

KPGF1

nd (8)

nd (8)

nd (8)

nd (8)

DKPGF2

nd (8)

nd (8)

nd (8)

nd (8)

PGF2

6.35 ± 0.91 (6)

nd (8)

3.77 ± 2.63

(4)

1.23 ± 0.41 (28)

DKPGE2

nd (8)

nd (8)

nd (8)

nd (8)

PGE2

nd (8)

nd (8)

nd (8)

nd (8)

DTXB2

nd (8)

nd (8)

nd (8)

nd (8)

TXB2

nd (8)

nd (8)

nd (8)

nd (8)

LTB2

nd (8)

nd (8)

nd (8)

nd (8)

LTC

11.97 ± 1.83

(8)

11.21 ± 2.69

(7)

12.4 ± 3.68

(8)

12.88 ± 2.48 (8)

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90

6. DISCUSSÃO

O presente estudo foi realizado para desvendar os mecanismos de ação da

enzima COX-1 durante a inflamação sistêmica grave.

A dose do SC-560 usada neste trabalho foi selecionada a partir de estudos

prévios demonstrando que o mesmo apresenta potencial de inibição de

prostaglandinas constitutivas (74, 137, 138). A seletividade para o SC-560 tem sido

previamente estabelecida (139-141) e, de acordo com esses estudos, parece

improvável que o SC-560 esteja inibindo ambas as isoformas da COX na dose

utilizada em nosso trabalho (5 mg/kg).

Para ter certeza da atividade funcional do SC-560, nós realizamos um teste

de coagulação após cada experimento de indução de endotoxemia destinado a

estudar o efeito do SC-560 nas medidas fisiológicas. A COX-1 é considerada uma

enzima chave para a geração de prostanoides envolvidos na agregação plaquetária

(142, 143). Esse teste foi embasado em um estudo (115) que demonstrou que a

formação de TXA2 derivado de plaquetas é dependente da COX-1, mas não de

COX-2. Uma vez que o TXA2 é um prostanoide responsável, dentre outras funções,

pela agregação plaquetária (115), o teste da coagulação foi uma medida indireta do

índice de inibição da COX-1 pelo SC-560. Nossos resultados confirmam que o SC-

560 bloqueou a COX-1 sistemicamente e foi eficaz durante o período pós-LPS, pois

a inibição foi até o final do experimento (7 horas pós-injeção de LPS), uma vez que

nos animais que receberam o SC-560 o sangue demorou mais a coagular. Este

resultado reafirma o bloqueio farmacológico da COX-1 na dose empregada no

presente estudo.

Resultados relacionados ao objetivo 3.1.1.:

Primeiro, nós avaliamos o efeito do SC-560, inibidor da COX-1, na resposta

termometabólica ao LPS. Com relação à Tc dos animais, o SC-560

consistentemente bloqueou a hipotermia em resposta ao LPS, assim indicando que

a COX-1 é requerida para o desenvolvimento dessa resposta.

Dados consistentes demonstram que a COX-2 desempenha um papel crítico

na gênese da febre por catalisar a conversão de ácido araquidônico em

prostaglandina PGH2, o precursor imediato de PGE2 febrigênica (144) (55). Tanto a

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febre clínica (145) como todas as fases da febre experimental induzida por LPS (66)

(146, 147) são pensados ser mediadas pela COX-2, a isoforma induzível, e não pela

COX-1, isoforma predominantemente constitutiva. Um envolvimento da COX na

hipotermia induzida por LPS também foi sugerido (59, 148, 149). No entanto,

estudos das isoformas da COX envolvidos na hipotermia induzida por LPS tiveram

resultados contraditórios. Dogan et al. (150) e Akarsu et al. (151) relataram uma

supressão da hipotermia induzida por LPS usando um inibidor preferencial (valeril-

salicilato) ou seletivo (SC-560) da COX-1 em ratos, sugerindo, portanto, que esta

resposta é mediada por COX-1. Entretanto, Zhang et al. (147) relataram o efeito

oposto, que o SC-560 aumenta a hipotermia em ratos, sugerindo, assim, que os

produtos da COX-1 inibem a hipotermia induzida por LPS na mesma espécie. Zhang

et al. (147) também relataram uma outra observação que aparentemente contradiz

os presentes resultados, isto é, que o SC-560 além de aumentar pode ter

prolongado a hipotermia induzida por LPS. Deve-se considerar, no entanto, que

Zhang et al. (147) utilizou uma dose baixa de LPS, o que resultou em apenas uma

diminuição mínima na Tc (0,5 °C) em ambos os ratos tratados e não tratados com o

SC-560. No presente estudo, usamos uma dose mais elevada de LPS e os

experimentos foram executados num ambiente térmico rigorosamente controlado

que nos permitiu produzir uma resposta hipotérmica mais forte (1,5 °C) facilitando

estudar os efeitos sobre a resposta hipotérmica com mais qualidade.

Este efeito atenuante do SC-560 na hipotermia observado no presente

trabalho, já tinha sido demonstrado previamente em um estudo do nosso laboratório

no qual o SC-560 não afetou a febre induzida por uma dose baixa ou alta de LPS

(10 e 1000ug/kg) a uma temperatura ambiente (Ta) de 30 ºC, mas atenuou de forma

significativa a hipotermia induzida pela dose alta de LPS a uma Ta de 22 ºC (10),

assegurando, portanto, confiabilidade aos nossos resultados.

Nosso estudo foi pioneiro em investigar a relação entre a isoforma COX-1 e

alterações em respostas metabólicas durante o choque endotóxico, demonstrando

que o SC-560 atenuou o hipometabolismo e a acidose metabólica assim como

atenuou a hipotermia, uma vez que a atenuação da queda no consumo de O2 e a

atenuação no RER foi condizente com a atenuação na queda da temperatura

corporal. Como o hipometabolismo precede a hipotermia, ele pode ser o mecanismo

efetor que causa a diminuição da temperatura corporal durante a endotoxemia.

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92

Nesse sentido, um estudo do nosso laboratório (108) investigou se a inibição da

termogênese vista durante o choque endotóxico é uma resposta regulada. O estudo

revelou que um agonista adrenérgico beta 3 (CL316,243) conhecido por ativar a

produção metabólica de calor foi efetivo em aumentar a utilização de oxigênio em

ratos desafiados com LPS, bem como nos animais saudáveis, assim indicando que

nem a entrega de oxigênio nem a função mitocondrial foram prejudicadas a ponto de

comprometer diretamente o metabolismo aeróbico, evidenciando, portanto, que a

capacidade termogênica é mantida e a termogênese é regulada durante a

endotoxemia. No mesmo estudo também foi demonstrado que a hipotermia não é

consequência da hipóxia, mas pode ser resultado de propriedades intrínsecas do

sistema imune-neural. Diante disso, a inibição da hipotermia, hipometabolismo e

acidose metabólica pelo SC-560 é um resultado relevante, uma vez que mediadores

dependentes da COX-1 possam estar por trás dessas alterações vistas na resposta

termometabólica durante a inflamação sistêmica grave.

O SC-560, além de atenuar a hipotermia e o hipometabolismo induzidos por

LPS, também atenuou a hipotensão, demonstrando que os produtos da COX-1 são

necessários para o desenvolvimento da hipotensão durante o choque endotóxico,

como também já havia sido demonstrado por nosso grupo (10). Apenas um estudo

(119) foi contraditório aos nossos resultados, uma vez que demonstrou que a COX-1

não estava envolvida com a resposta hipotensiva ao LPS. Entretanto, uma limitação

desse estudo que deve ser considerada é o fato de que os experimentos foram

realizados em ratos anestesiados que receberam ressuscitação fluídica. Sob estas

condições, os ratos respondem a doses elevadas de LPS com um desenvolvimento

lento e progressivo na queda da pressão sanguínea (119, 120). O presente estudo

foi realizado em ratos não anestesiados que não receberam ressuscitação com

fluidos, condição em que os animais respondem a altas doses de LPS com uma

queda rápida da pressão arterial que corresponde ao tempo de desenvolvimento da

hipotermia (80-90 min pós-LPS).

Os nossos resultados do efeito do SC-560 na dinâmica cardiovascular não

foram os primeiros a demonstrar que a isoforma COX-1 é requerida para o

desenvolvimento da hipotensão ao LPS, contudo, foi o primeiro a dissecar

componentes cardiovasculares importantes que interferem com a pressão arterial,

como pressão diastólica (PD), pressão sistólica (PS), frequência cardíaca (FC) e

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93

contratilidade ventricular (dPdt máx) durante o choque endotóxico enquanto

estudando o papel da COX-1 nestas respostas. Interessantemente, nas respostas

cardiovasculares, o SC-560 causou um aumento considerável na pressão arterial

antes da queda induzida por LPS e no tempo correspondente ao início de atenuação

da hipotermia (30 min pós-LPS). Embora a hipotermia e a hipotensão sejam

temporariamente associadas deve-se salientar que os seus mecanismos podem não

ser idênticos (10).

O resultado no painel cardiovascular chamou nossa atenção devido ao

aumento na pressão arterial logo após 30 min da injeção do LPS dos ratos que

receberam o SC-560. Este aumento foi associado ao aumento na frequência

cardíaca e aumento na contratilidade ventricular (dP/dt máx). O pico de aumento da

FC correspondeu à atenuação da hipotensão nos animais pré-tratados com o SC-

560. Em virtude do padrão de resposta cardiovascular visto nos nossos resultados e

sabendo-se que prostanoides derivados da COX-1 podem atuar no sistema nervoso

simpático que controla algumas atividades cardíacas (152) como a frequência

cardíaca, pensamos em um mecanismo de ação da COX-1 sobre parâmetros

cardiovasculares que pode alterar a resposta termorregulatória durante o

choque. Supomos que o inibidor da COX-1, o SC-560, atuando diretamente sobre a

COX-1 envolvida na regulação simpática do coração poderia aumentar a FC e,

consequentemente, atenuar a hipotensão e indiretamente a hipotermia, uma vez que

o trabalho cardíaco sabidamente contribui para a produção de calor (136) e este

calor poderia então amenizar a queda na temperatura corporal. O objetivo desta

hipótese foi determinar se a resposta hipotérmica atenuada pelo SC-560 desaparece

nos animais tratados com SC-560 e que não desenvolvem taquicardia pelo bloqueio

da simpatoexcitação cardíaca causado pelo propranolol.

O propranolol, primeiro antagonista de receptores beta-adrenérgicos usado

clinicamente, foi descoberto em 1964 e introduzido na prática clínica para tratamento

de doenças cardiovasculares, como na hipertensão (153). Neste trabalho, a dose

utilizada foi escolhida com base em estudos mostrando que o propranolol tem uma

afinidade 100 vezes menor para os receptores adrenérgicos β3 presentes em

adipócitos do que para receptores adrenérgicos presentes no coração (154), o que

nos confere mais segurança de que a dose utilizada não estaria estimulando

aumento no VO2. Como já bem estabelecido na literatura, vimos que o propranolol

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causa diminuição na FC (155), e este efeito foi observado tanto nos ratos pré-

tratados com SC-560 ou seu veículo. No entanto, a administração de propranolol

não apresentou efeitos significativos sobre a pressão sistólica, diastólica e VO2

nesses animais, isto é, a dose de propranolol usada não causou queda considerável

na pressão arterial ou no VO2, e o efeito atenuante do SC-560 sobre a hipotensão e

hipometabolismo persistiu. Além do mais, o pré-tratamento com o propranolol

bloqueou completamente a resposta taquicárdica ao SC-560, evitando o aumento da

FC visto nos animais em que a COX-1 é inibida, no entanto, o efeito atenuante do

SC-560 sobre a hipotermia persistiu mesmo com o bloqueio da taquicardia durante o

choque endotóxico. Com este resultado, refutamos a hipótese de que o aumento da

FC causado pelo bloqueio da COX-1 seria o responsável pela produção de calor que

estaria levando à atenuação da resposta hipotérmica.

Como um dos nossos objetivos era investigar se a COX-1 que participa da

inflamação sistêmica grave é proveniente do baço, realizamos experimentos de

esplenectomia para ver se o efeito atenuante do SC-560 sobre a hipotermia,

hipometabolismo, hipotensão e acidose metabólica persistia ou não na ausência do

baço. Inicialmente, nos questionamos se somente a ausência do baço, sem o

bloqueio da COX-1 pelo SC-560, seria suficiente para atenuar a hipotermia e

hipotensão durante o choque endotóxico. Notamos que somente a ausência do

baço, sem pré-tratamento com SC-560, é suficiente para atenuar a hipotermia

sem, no entanto, eliminá-la, sugerindo que a COX-1 esplênica é requerida, pelo

menos em parte, para o desenvolvimento dessa resposta. Da mesma forma,

somente a ausência do baço é suficiente para atenuar a hipotensão induzida pelo

LPS, o que também sugere que a COX-1 esplênica tem um papel importante no

desenvolvimento da hipotensão durante o choque endotóxico.

Sabendo-se então da contribuição do baço para o desenvolvimento das

alterações fisiológicas estudadas, fomos avaliar de forma mais direta se a COX-1

envolvida na inflamação sistêmica é a esplênica. Um importante achado do presente

estudo foi que na ausência do baço o efeito atenuante do SC-560 na hipotermia

causada pelo desafio com LPS é eliminado, mas somente na fase avançada da

resposta (60-100 min pós-LPS). Já havia sido demonstrado pelo nosso laboratório

(10) que durante as respostas hipotérmica e hipotensiva induzidas por LPS, a

atividade da COX-1 não estava alterada no fígado, nos rins, nos pulmões e no

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cérebro, porém, estava aumentada no baço e esse resultado prévio nos levou a

investigar a participação do da COX-1 esplênica nessa resposta. O aumento da

atividade dessa isoforma no baço corrobora com nossos resultados, uma vez que,

no momento em que a COX-1 presente no baço é eliminada pela esplenectomia, o

efeito atenuante do SC-560 sobre a resposta termorregulatória deixa de existir, mas

isso ocorre somente na fase final da resposta.

Nessa mesma linha de raciocínio, vimos que a resposta hipotensiva foi

atenuada nos animais esplenectomizados apenas na fase inicial, mas não na fase

mais avançada da resposta, assim sugerindo que o desenvolvimento da hipotensão

na fase mais avançada da resposta também parece depender da COX-1 esplênica,

uma vez que o efeito atenuante do SC-560 some quando o baço é removido.

Para melhor visualizarmos como a esplenectomia influencia o efeito

atenuante do SC-560, analisamos o padrão de resposta do efeito do SC-560 em

três alterações características de choque: hipotermia, hipotensão e acidose

metabólica, comparando tais respostas na ausência e na presença do baço. Nos

animais que não foram esplenectomizados, ou seja, na presença do baço, o efeito

atenuante do SC-560 foi observado em duas fases: uma fase inicial que ocorreu no

tempo de 30 a 60 min pós-LPS e uma fase final no tempo de 60 a 100 min pós-LPS.

Quando os animais são submetidos à esplenectomia, ou seja, na ausência do

baço, a hipotermia induzida por LPS foi atenuada, mas apenas na fase inicial da

resposta (30-60 min), indicando que o desenvolvimento da hipotermia parece ser

independente da COX-1 esplênica nessa fase, já que o efeito anti-hipotérmico do

SC-560 não foi eliminado mesmo com a remoção do baço. Entretanto, na fase mais

tardia da resposta (60-100 min pós-LPS), a hipotermia não foi atenuada pelo SC-560

e, portanto, a resposta de atenuação parece ser dependente da COX-1 presente no

baço.

Da mesma forma, o efeito atenuante do SC-560 sobre a resposta

hipotensiva ocorre na presença do baço nas duas fases da resposta, sendo mais

pronunciado na fase inicial. Por outro lado, na ausência do baço o efeito anti-

hipotensivo do SC-560 durante o choque endotóxico é eliminado na fase mais

avançada da resposta (60-100 min), mas permanece na fase mais inicial.

Também analisamos o efeito do SC-560 sobre a acidose metabólica e o

padrão de resposta foi semelhante ao visto para a Tc e PAM, no qual na presença

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do baço, o efeito anti-acidose do SC-560 está presente nas duas fases da resposta,

enquanto na ausência do baço o efeito anti-acidose do SC-560 é eliminado na fase

mais avançada dando lugar ao efeito pró-acidose, mas permanece na fase mais

inicial.

Com isso, concluímos que, assim como para a hipotermia, a COX-1 esplênica

é requerida para o desenvolvimento da hipotensão e da acidose metabólica em

resposta ao LPS, uma vez que quando a COX-1 presente no baço é eliminada o

efeito atenuante do SC-560 sobre essas três respostas fisiológicas desaparece, pelo

menos na fase mais avançada da resposta. Desse modo, este resultado é, até o

momento, o único que demonstra de forma direta o efeito da esplenectomia sobre os

componentes hipotérmico, metabólico e hipotensivo na resposta inflamatória

sistêmica grave.

Até aqui, mostramos que a COX-1 é a isoforma requerida para o

desenvolvimento de hipotermia, hipometabolismo, hipotensão e acidose metabólica

durante o choque endotóxico. Além disso, nossos resultados mostraram que essas

alterações fisiológicas induzidas pelo LPS ocorrem com a participação da COX-1

esplênica, mas somente na fase mais avançada da resposta. Entretanto, nossos

dados mostraram que o desenvolvimento das alterações termometabólica e

cardiovascular na fase mais inicial também envolve a participação da COX-1,

embora esta não seja a isoforma proveniente do baço. Várias hipóteses podem ser

levantadas e uma delas é que a COX-1 atuante no tempo de 30-60 min pós-LPS

possa ser a isoforma presente nas plaquetas. Isso porque as plaquetas são

componentes críticos do sistema imune e são ativadas na inflamação sistêmica e

sepse, resultando em trombocitopenia (156-159). Estudos mostram que as

plaquetas regulam a inflamação e a sepse através de vários mecanismos, uma vez

que expressam o receptor TLR4, o qual o LPS reconhece. As plaquetas contribuem

para a inflamação por meio da liberação de citocinas e mediadores lipídicos quando

estimuladas. Ademais, a COX-1 é a isoforma dominante nas plaquetas (115). Com

isso, uma possibilidade é de que a COX-1 produzida no início da resposta

hipotérmica e hipotensiva durante o choque endotóxico seja proveniente das

plaquetas.

Outra suposição é que a fonte da COX-1 que participa das alterações mais

iniciais durante o choque endotóxico possa ser os mastócitos. Os mastócitos são

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células importantes para a resposta inflamatória induzida por LPS. Uma vez

ativados, os mastócitos sintetizam e liberam mediadores incluindo aminas, citocinas

e mediadores lipídicos, muitos dos quais estão implicados na resposta

termorregulatória ao LPS e sabidamente pode ser uma importante fonte de citocinas

(160). Além do mais, sabe-se da contribuição dos mastócitos no desenvolvimento de

respostas alérgicas através da produção de PGD2, o principal metabólito da via das

ciclooxigenases liberado por mastócitos ativados que tem efeitos pró-inflamatórios

sendo relevante na fisiopatologia de doenças alérgicas tendo, portanto, um papel

demonstrado na produção de prostanoides (161). Os macrófagos também são um

tipo celular de interesse, uma vez que há relatos de que a hipotermia induzida por

LPS seja atenuada em ratos cujos macrófagos foram eliminados por lipossomas

carregados com diclorometileno (149) e os mastócitos são células

reconhecidamente produtoras de PGD2 (162). Uma perspectiva futura é o estudo in

vitro de macrófagos e mastócitos desafiados com LPS para identificar o possível

mediador derivado da isoforma COX-1 que participa da primeira fase da resposta

que ocorre de modo independente do baço no choque endotóxico.

Resultados relacionados ao Objetivo 3.1.2:

Dentre os possíveis mecanismos pelos quais a COX-1 esplênica poderia

participar no choque endotóxico, encontra-se a modulação da produção de citocinas.

Nossa proposta inicial é que os prostanoides derivados da COX-1 esplênica

medeiam as respostas termometabólica e cardiovascular durante o choque

endotóxico de modo dependente de citocinas, uma vez que tais mediadores são

essenciais para o desenvolvimento das alterações observadas em casos de

inflamação sistêmica (99). Para verificarmos esta hipótese, dosamos citocinas

próinflamatórias envolvidas na inflamação sistêmica, como TNF-α e IL-1β, além da

citocina anti-inflamatória IL-10, no plasma de animais que receberam SC-560 ou seu

veículo e induzimos o choque com LPS. Sabe-se que o TNF-α é uma citocina

essencial para o desenvolvimento das respostas hipotérmica e hipotensiva. O TNF-α

em altas concentrações medeia a hipotermia, enquanto que em baixas

concentrações medeia a febre (89, 163, 164). A IL-10, por sua vez, modula a síntese

de TNF-α e previne a letalidade no modelo de endotoxemia (165). No entanto,

nossos resultados demonstraram que a indução de hipotermia e hipotensão não

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parece depender de prostanoides derivados da COX-1 modulando a produção de

citocinas, uma vez que na fase inicial da resposta hipotérmica e hipotensiva tais

citocinas não foram detectadas e, desse modo, a COX-1 que, na fase inicial não é

proveniente do baço, age independentemente de citocinas. Além disso, na fase mais

avançada da resposta, onde a COX-1 que participa da hipotermia e hipotensão é a

esplênica, os níveis de citocinas encontrados nessa fase não foram estatisticamente

diferentes entre os animais que receberam o SC-560 ou o veículo e, nesse caso, a

COX-1 esplênica estaria atuando de modo independente de citocinas.

Para ter certeza de que as citocinas não estariam atuando no choque

endotóxico através da modulação via COX-1, nós realizamos RT-PCR em tempo

real para verificar o nível de expressão de mRNA de tais citocinas nos tecidos 80

min pós-LPS, uma vez que é possível que as mesmas não estivessem presentes no

plasma, mas poderiam estar sendo sintetizadas nos tecidos. Neste experimento, nós

optamos por testar a expressão relativa do mRNA das citocinas usando dois genes

housekeeping (GAPDH e β-actina) e a análise da expressão do mRNA das citocinas

nos tecidos foi feita com base na média dos valores dos Ct dos dois genes

housekeeping.

Nossos resultados mostraram que o nível de expressão das citocinas TNF-α,

IL-1 e IL-10 aumentou consideravelmente nos órgãos dos animais desafiados com

LPS quando comparado aos animais não tratados com LPS, sobretudo no fígado e

pulmão, o que já é bem estabelecido na literatura o desafio com LPS estimular a

síntese de citocinas (166). No entanto, apesar do aumento na expressão dessas

citocinas ter sido observado durante o choque endotóxico, nossos resultados

mostraram que no tempo de 80 min pós-LPS não houve diferença estatística na

expressão dessas citocinas nos animais pré-tratados com SC-560 ou seu veículo

nos órgãos como fígado, pulmão e diencéfalo, no entanto, no baço houve uma

diminuição significativa na expressão do mRNA da citocina IL-10 nos animais em

que a COX-1 foi inibida sistemicamente pelo SC-560. Esse resultado é interessante

visto que de acordo com um estudo de Harden et al. (167), a IL-10 participa do

desenvolvimento de hipotermia e, dessa forma, neste trabalho, a atenuação da

hipotermia pela inibição da COX-1 possa ser explicada pela diminuída síntese de IL-

10 com potencial criogênico. Além do mais, notamos uma tendência à expressão

aumentada de IL-1β no baço dos animais em que a COX-1 foi bloqueada, o que

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poderia indicar um aumento na sinalização febrigênica que, por sua vez, poderia

levar à atenuação da hipotermia.

Nossos resultados ainda não nos permitem saber com certeza se essa

modulação de citocinas no baço é relevante, no entanto, algumas especulações

podem ser feitas. Primeiro, a COX-1 esplênica poderia estar agindo unicamente

através da produção de eicosanoides e estes, por sua vez, atuando diretamente em

tecidos distantes, não necessariamente no baço, sem participação direta das

citocinas. Segundo, o efeito das citocinas encontradas na fase mais avançada da

resposta poderia ser seletivo (no próprio baço, por exemplo) levando às alterações

fisiológicas da inflamação sistêmica sem mudar os níveis circulantes das citocinas.

Mas como essa alteração seletiva poderia desencadear as alterações fisiológicas

sem que as citocinas caíssem na circulação? Uma possibilidade, pelo menos para

as alterações na Tc, seria através da comunicação neuroimune do baço com o

Sistema Nervoso Central. Sabe-se que alterações na Tc são reguladas pelo sistema

nervoso central. A existência de inervação aferente do baço foi questionada por um

tempo, embora os autores de um estudo usando traçado retrógrado fluorescente

tenham reconhecido que pode haver um pequeno número de fibras aferentes

inervando a região hilar do baço e/ou a vasculatura associada (168).

Funcionalmente, vários estudos demonstraram claramente que as fibras aferentes

transmitem informações sensoriais do baço (169-171). Além disso, a evidência para

a inervação aferente do baço foi agora demonstrada histologicamente (169) e por

medição eletrofisiológica direta (172). Sendo assim, uma hipótese seria que a COX-

1 esplênica module a produção de citocinas via prostanoides e estas citocinas,

através dos nervos aferentes esplênicos, são transportadas para a área preóptica

(área que regula a Tc) e desencadeie as alterações termorregulatórias observadas

durante o choque endotóxico.

Nossos resultados, portanto, indicam que os prostanoides derivados da COX-

1 esplênica podem agir na fase mais avançada da resposta através da estimulação

da citocina IL-10 (com potencial criogênico) e diminuição da síntese de IL-1β

(inibindo sinalização febrigênica) no baço que pode ter um papel na indução da

hipotermia, mas os prostanoides derivados da COX-1 não parecem agir através da

modulação das citocinas TNF-α, IL-1β e IL-10 para indução de hipotermia,

hipometabolismo e hipotensão durante o choque na fase mais inicial, pois essas

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100

alterações ocorreram independentemente de mudanças nos níveis circulantes

dessas citocinas. Este trabalho, no entanto, suscita uma mudança de paradigma no

que diz respeito à produção inicial de citocinas inflamatórias, tais como o TNF-α,

como sendo a liberação incipiente dessa citocina a responsável pelas alterações na

temperatura e nos componentes cardiovasculares (173) (164), uma vez que este

estudo mostrou que a atuação da COX-1 precede citocinas inflamatórias na primeira

fase da resposta hipotérmica, hipometabólica e hipotensiva durante o choque

endotóxico.

Resultados relacionados ao Objetivo 3.1.3:

O nosso foco é desvendar o mecanismo pelo qual a COX-1 leva ao

desenvolvimento de hipotermia, hipometabolismo, hipotensão e acidose metabólica

que estão associadas aos casos mais graves de inflamação sistêmica.

Na literatura, muitos estudos mostraram o papel do TNF-α na sepse como

sendo um mediador importante para o desenvolvimento de hipotermia e hipotensão,

no entanto, uma limitação de alguns desses trabalhos é a falta de uma investigação

mais detalhada do que acontece nas fases mais iniciais do desenvolvimento dessas

respostas na sepse, além do mais o modelo experimental utilizado pode interferir

com as alterações fisiológicas observadas. Alguns estudos mostraram que a injeção

de LPS aumenta a produção inicial de citocinas pró-inflamatórias com um pico entre

4 a 6 horas pós-LPS (174-176). No entanto, alguns modelos de endotoxemia

utilizados apresentam interferências tais como a indução de estresse por meio da

injeção intraperitoneal de LPS. Além do mais, esses estudos não mostram o que

acontece no momento mais inicial do desenvolvimento da inflamação. No nosso

modelo, a administração não estressante de LPS juntamente com a aquisição de

medidas fisiológicas basais e após o desenvolvimento da inflamação sistêmica, nos

permite obter dados mais detalhados e confiáveis, além de permitir observar o que

acontece nos primórdios da inicialização da inflamação sistêmica grave, como a

produção e participação de eicosanoides antes mesmo da produção e atuação das

citocinas no modelo de choque endotóxico.

Uma vez que no nosso trabalho a COX-1 parece não depender de citocinas,

pelo menos na fase mais inicial da resposta, uma possibilidade para explicar o

envolvimento da COX-1 no choque endotóxico é que o efeito do próprio prostanoide

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derivado desta isoforma, sem a modulação da produção de citocinas, ocorra

possivelmente em tecidos distantes, não necessariamente no baço. No sangue, os

mediadores lipídicos, tais como as prostaglandinas, circulam predominantemente na

forma de complexos com seu carreador principal, a albumina. A ligação à albumina

normalmente aumenta a atividade biológica do mediador anfipático e também o

protege da rápida degradação enzimática (177). Tendo em vista o envolvimento

potencial de mediadores inflamatórios locais e sistêmicos no choque em resposta ao

LPS, uma hipótese é que as prostaglandinas derivadas da COX-1 ativada no baço

caem na circulação e, transportadas pela albumina, atuam em tecidos distantes de

modo independente de citocinas, podendo agir tanto ao nível dos vasos sanguíneos

(capilares, arteríolas ou vênulas), do coração e do Sistema Nervoso Central,

causando alterações termormetabólicas e cardiovasculares.

Os nossos resultados de lipidômica são preliminares, uma vez que muitos

analitos não foram detectados, pois o método ainda precisa de otimização,

entretanto, ainda assim, nos nossos resultados preliminares alguns dados são

interessantes, o que justificou a inclusão dos mesmos nesta dissertação. Notamos

no plasma que o LTB4 foi detectado em altas concentrações nos dois tempos da

resposta após injeção de LPS e já é bem estabelecido na literatura seus efeitos na

indução de processos inflamatórios por participar principalmente como um agente

quimiotáxico (178-180) e, assim, sua produção elevada pode contribuir para a

intensa resposta inflamatória. No baço, uma variedade maior de eicosanoides foi

detectada. PGE2 foi detectada em concentrações acima do limite de detecção, o que

se torna um interessante metabólito na indução das alterações fisiológicas que

ocorrem no choque endotóxico, uma vez que se sabe do seu papel como um

prostanoide vasodilatador (181) que em altas concentrações é capaz de agir nos

vasos sanguíneos contribuindo para o desenvolvimento da hipotensão. Além desse

prostanoide, o TXB2 que reconhecidamente participa da indução de alterações

cardiovasculares, como vasoconstrição e agregação plaquetária que, por sua vez,

contribuem com o desenvolvimento de trombose, coagulação intravascular

disseminada (CIVD), além de comprometimento renal (115), efeitos colaterais vistos

em casos de sepse, de forma interessante, foi significativamente reduzido no baço

dos animais tratados com o SC-560 nos dois tempos da resposta, mostrando que o

TXB2 é produzido via COX-1.

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102

De modo interessante, a PGD2 não foi detectada no plasma, mas o seu

metabólito sim, enquanto que no baço a PGD2 foi detectada em altas concentrações

nos dois tempos da resposta e, embora essa alta concentração não nos tenha

permitido observar se houve diferença entre os grupos SC-560 ou seu veículo, a

detecção desse prostanoide nos permite inferir sua possível participação no

desenvolvimento de alterações vistas no choque endotóxico. Um mecanismo

sugerido é que a PGD2 derivada da COX-1 é um candidato potencial para a

indução da hipotermia pelo LPS, uma vez que induz a hipotermia quando injetada

em ratos tanto por via intracerebroventricular (59) ou por via intravenosa: como um

complexo de albumina ou como uma solução hidroalcoólica. Deve notar-se, no

entanto, que Krueger et al. (182) relataram que doses elevadas de PGD2 causam

febre em vez de hipotermia em coelhos; os mesmos autores sugeriram que os

efeitos da PGD2 na termorregulação (e o sono) podem ser espécies específicas.

Gao et al. (183) relataram que a PGD2 intracisternal não causa hipotermia em ratos

e, de fato, causou febre, possivelmente através da interferência com o transporte da

PGE2 febrigênica no cérebro. Nossos resultados preliminares não confirmam a

participação da PGD2 como sendo o prostanoide que leva ao desenvolvimento de

hipotermia, pois o método ainda precisa ser otimizado, no entanto, a elevada

concentração de PGD2 não descarta seu papel nessa resposta como tendo potencial

criogênico.

Outro resultado que nos chamou atenção foi a detecção do LTC4 no baço.

Sua concentração foi maior no tempo de 30 min pós-LPS nos animais do grupo

veículo e foi significativamente reduzido no baço dos animais em que a COX-1 foi

inibida nessa fase da resposta em que as alterações ocorrem de modo

independente da COX-1 esplênica. Já foi reportado que o LTC4 pode atuar como um

agente criogênico endógeno (184) e, portanto, pode também ser um candidato

importante para induzir hipotermia. O que não esperávamos era que a concentração

desse leucotrieno fosse ser diminuída com o tratamento pelo SC-560, uma vez que

a literatura mostra ser um inibidor seletivo para COX-1 (140), mas não existem

trabalhos que testem sua seletividade para outras vias do AA. Esse resultado

inesperado pode abrir caminhos para investigar se o SC-560, além de inibir a COX-

1, pode também interferir com outras vias como a do leucotrieno.

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103

7. CONCLUSÃO

Nossos resultados identificaram um papel essencial da COX-1 na fase mais

inicial da inflamação sistêmica grave, uma vez que é a isoforma requerida para o

desenvolvimento da hipotermia, além de também participar da indução de

hipometabolismo, hipotensão e acidose metabólica durante o choque endotóxico.

Nossos resultados ainda indicam que o mecanismo de ação da COX-1 no

choque endotóxico apresenta duas fases distintas:

(i) na fase inicial da resposta a COX-1 envolvida não é proveniente do

baço e age de forma independente de citocinas;

(ii) na fase avançada da resposta a COX-1 parece agir de forma

dependente do baço e através da produção de prostanoides, tais

como PGE2 e PGD2 (consistentemente produzidas no baço), ou

redução de leucotrienos, como LTC4 (produzido no baço), e esta

ação pode depender de efeitos locais de citocinas IL-10 e IL-1β, mas

sem que haja alterações sistêmicas nos níveis dessas citocinas.

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104

De acordo com: International Comittee of Medical Journal Editors. [Internet]. Uniform requirements for manuscript

submitted to biomedical journals. [2011 Jul 15]. Available from:

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