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~. --- ~ ROSEVALDO OLIVEIRA MENEZES

CAMINHANDO - Rosevaldo Oliveira Menezes

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~ ROSEVALDO OLIVEIRA MENEZES

A Vera.Esposa, amiga e companheira

A Leandro e LarissaFilhos queridos de nossa realização

A meus pais.que lia simplicidade transformaram osmomentos de suas viciasem lições devivência para nós filhos.

.• Sábios são os que no meio do mundodescobrem o mundo do próprio eu.

.• No caminhar, há momento de vagosespaços que traduzem a vida, reflitindona consciência a sensibilidade domundo interior e revelando o próprio eu.

Agradecimentos a:

•. Dr. JOSÉ HENRIQUE MORAIS DE OLIVEIRAAdministrador exímio que faz daPrefeitura a casa do povo .

•. IBICARA/ ..Terra sal/ta que amo desde a Infância. .. -

•. POVO DE IBICARA[Minha [ani ília e fO/1te de inspiração.

7. A vingança dos adultos, é a arma quedestrói as crianças.

Pensamentos

1. Nos caminhos 'tortuosos da vidaFaz-se reta a estrada para morte.

2. Se procurássemos ouvir o quanto falamos,entenderíamos melhor e aceitaríamos maisas verdades que não gostamos de ouvir.

3. Sábios são os que no meio do mundodescobrem o mundo do próprio eu.

4. Se a humanidade procurasse descobriro valor inerente a todo ser humano,descobriria verdadeiros homens.

5. Na reticência ... VidaPonto Final.Morte

6. No trabalho dos homens, a justiça de Deus.

8. Antes de pensar em faze~ guerra, olhe umacriança e sinta a verdadeira paz.

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~-------------*íNDICE ...

9 * pensamentos13 * apresentação15 * dados biográficos19 _dados históricos25 * P O E S I AS:27 * momento de reflexão29 *eu e meus amigos30 * julguem-me31 * i b i c a r a í32 *retirante35 *tributo ao rio

(salgado)1 1

55 * O UT R OS:57 * quantos jovens ...58 * natal com muriçocas59 * inst rucão,

63 *confissão

373839404142434445464950515253

ilO diarista-teguerra.0 velhoe a seca-tevend-edor menino.0 viciado--a morte-temeus caminhos. ..•sou mais um par..;.eterno lar.enchente.ancião.análiseilretrdto da infância<Iembr ancasildecepção

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...•APRESENTACAO

I

Carmine Carnuso

***Superando toda e qualquer dificuldade, graçasao nosso

Mecena, Dr. José Henrique Morais de Oliveira, Prefeito pela2a. vez de Ibicaraí, pudemos publicar este pequeno livreto depoesias de um filho desta terra: Rosevaldo Oliveira Menezes.

Mesmo cientes de uma literatura sem muita expressãoe com pouco valor literário, achamos conveniente tornarpúblico os sentimentos íntimos do nosso poeta expressos emversos, exemplarizando tanta juventude e inúmeros poetasnatos que, ou por falta de oportunidades ou obstados porcondições econômicas, deixam a expressão da própria arte,sua literatura, que poderá esconder uma época, uma língua,ideais e até mensagens para todos nós, escondida no baú detrastes velhos ou no esquecitório da memória.

Rosevaldo jamais teve a ufania de se arvorar a escritor oumesmo poeta profissional, mas com uma cultura mediana, /IGrauprofissionalizante, tenta expressar em versos ossentimentos do cidadão ibicaraisense, do homem

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notoriamente voltado aos interesses da comunidade, social epoliticamente. Seus versos não têm a pretensão literária, poisfogem a todos os esquemas da métrica, denotando porémsituações e sentimentos de uma vivência oprimida dentro deuma sociedade materialista, egoísta e alheia aos verdadeirosvalores, suscitando uma ira incontida em seu coração anelantede verdades entre situações adversas que o rodeiam.

Publicando estes versos, não pretendemos visar uma obraliterária ou uma obra notável para concorrer ao PrêmioNobel de Literatura, mas fazer com que o nosso poetadesenvolva o dom da poesia recebido de Deus e para que aexemplo dele outros sejam encorajados a manifestarem suaspróprias virtudes literárias, engrandecendo culturalmente acidade de lbiceret. O desenvolvimento de uma região sempredepende da capacidade cultural dos habitantes.

Toda obra literária, por mais simples que possa ser,apresenta, via de regra, em seu conteúdo, uma conceituaçãopositiva e humanitária, influenciando as pessoas a cederemem seus orgulhos e serem mais irmãos e tolerantes, com maislargueza de vista e compreensão. Isto é possível porque oescritor com sua tentesie sempre transpassaas fronteiras dafamília, dos amigos, da cidade, aportando indiferentementeno passado, no presente e no futuro.

O presente livro, que com toda a sua singeleza demonstra,sob diversos aspectos, a personalidade de autor, certamenteseria descartado pela Crítica Literária, mas, visem que seráum pedestal de onde o nosso jovem poeta partirá para obrasmais promissoras.

Se hoje devêssemos esperar que um livro seja escritosomente por especialistas qualificados, jamaisconseguiríamos atingir o âmago dos sentimentos de umasociedade, a evolução literária teria pernas de tartarugas e aeducação de um povo condenada ao ostracismo.

Com a colaboração pessoal de uma miríade de pequenosescritores e pequenos poetas sempre poderemos determinaras características de um povo mais ou menos civilizado.

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,DADOS BIOGRAFICOS

Carmine Carnuso

***Em 4 de maio de 1953, a fazenda São Joaquim, em Pouso

Alegre, atual Almadina, viveu um dia festivo, pois acabara denascer um menino: Rosevaldo Oliveira Menezes, para júbilodo Sr. Raimundo Moraes Menezes e Dona Marieta CostaOliveira. O pequeno garoto, terceiro entre oito irmãos,transcorreu sua primeira infância na Fazenda Boa Vista, naregião dos Miúdos, neste municipio de lbicerei.

***Lá pelos idos de 1959, já garoto de 6 anos, acompanhouo Sr. Raimundo, montado num burrico, entre dois caçuás,chegando pela primeira vez em Palestina.

Era um dia de feira, sábado.Amarrando os animais ao pé de uma carambola, num

terreno baldio, cruzamento das ruas Padre João do Pradocom a Barão do Rio Branco, seguiram rua adentro. Tudo eraestranho e novidade para o garoto roçariano, parecendo vagarnum abismo profundo entre aquelas tuas tortas e compridas,como monstros gigantescos. A sensação de medo fez com que

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segurasse firme a mão ao pai que, seguro e com largaspassadas, seguia em frente. Toda vez que o velho parava,cumprimentando alguém, o garoto escondia-se por entre aspernas dele, como cachorrinho medroso diante de um perigoiminente.

Na feira, localizada onde hoje está constru/da a FundaçãoSESP, a imensidão das pessoas, parecendo um formigueiro,assustavam o menino que só ficou aliviado ao retomar ondetinham deixado os animais. Ali, esperando os outros afazeresdo pai, contemplava um grupo de garotos a brincar deesconde-esconde. Teve inveja da naturalidade daquelescoetâneos e medo de se aproximar e imitá-Ios.

Era diferente, retraído, era menino da roça ...

***Em 1962, deu-se o retorno à cidade, onde foi trazido paraser encaminhado nos estudos e preparado para cumprir suamissão de cidadão honrado e respeitado dentro da sociedadeem que se encaixou desde essa época.

Aprendeu as primeiras letras no Salão Paroquial da antigaIgreja Católica com a Professora Edith Castro. Daí por diantetudo transcorria normalmente. Um dia, a Profa. Castroterminou a aula mais cedo e o menino permanecendo naescola entrou por acaso na sala ao lado, onde a Profa.Belizene estava explicando a seus alunos que o nome dacidade era Ibicaraí e não mais Palestina, nome ainda usadooelos mais velhos por hábito.

***Em seu primeiro ano de vida na cidade, o garoto viviaalegre e contente, parecendo estar no paraíso. A vida pacatada fazenda aos poucos foi definhando de sua memória,entrosando-se cada vez mais com os meninos da rua eaprendendo com eles os hábitos e as brincadeiras. À medidaque o tempo ia passando o rol de amigos inseparáveisaumentava: Vicente Silva Correia, José Certos Teixeire, JoséRaimundo, Zé Durico, todos moradores, na época, á rua daAréia.

Este grupo de amigos em suas brincadeiras f~ziam doCristo, lá no alto da Bela Vista, o ponto de pertide de suasmais diversas peripécias.

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Faz pena e até vergonha olharmos o estado de abandonodesumano a que foi condenado o Cristo e arredores; umverdadeiro Cristo abandonado. Isso denota indiferençahumana e fraca fé, deturpando até a verdadeira imagem doCristo que, com seus braços abertos, ainda tenta esconder asujeira e imundície ali deixada. A cada parede que rui, a cadapé de mato que cresce é como se estivéssemos vendo morreras melhores lembrancas da infância de tanta juventude, ajuventude de inúme;os cidadãos que viram e vêem umahistória inacabada.

***Em 1966 a família Moraes Menezes mudou-sedefinitivamente da fazenda Boa Vista para a rua dooMatadouro, atual 10. de Janeiro, posteriormente para a PraçaRegis Pacheco, onde até hoje a família reside, transformandoa velha casa em santuário de encontros dos que já selibertaram pelos laços do casamento.

O aprendizado do antigo primário, époce de interessantese belas recordações, deu-se no Ana Nery e no EduardoEspinola. Em 1969, mediante exame de admissão, ingressouna Academia de Educação Montenegro, saindo diplomadoAuxiliar de Contabilidade em 1973.

A medida que os anos estudantis foram passando a mentedo jovem foi adquirindo uma visão do mundo sempre maisampla, aprimorando o caráter e burilando a personalidade.

Nessa fase a cada dia o cerco de amigos aumentava:verdadeiros seres humanos que jamais serão esquecidos,porque todos colaboraram para o crescimento do amor queaprendeu a ter por esta terra e pelas pessoas: Antonia Abreude MeIo, amiga e irmã, Dilton Teixeire, companheiroinseparável, Elizia, Nide, Domingos Sávio, Carlos Rui,Aliomar Vieira, Moreirinha, Nerivaldo, José Antendr, WilsonP.C., Gilberto Esker, Tonho Durinho.

Entre as pessoas que marcaram a pesseqem do nossojovem pelo colégio Academia destacaram-se: Prota. MariaGlória, Prof. Osvaldo Cunha, Prof. Julival e Prote. WaldirPinto Montenegro, grande e admirada mestra.

Pela ânsia de caminhar e crescer com esta cidade deIbicaraí, Rosevaldo matriculou-se no Centro Educacional elá novas experiências, novos amigos: Jorge Ceu, ReimundoRibeiro, Profa. Eleonora, Profa. Tercinbe, Prof. Dermicio,

Profa. Maria Sena, Profa. l.icie, Baby, Eliana, Zuina, TiaLila, Urânia, Cristine, Profa. Hilda, Profa. Aldaei e tantosoutros.

***Ibicerei não é mais aquele monstro: o formigueirotransformou-se em ninho de amor que acalenta seus sonhos,suas ilusões, tristezas e alegrias. Aprendeu a amar esta terraporque foi adotado por ela como filho natural e a divisar emcada morador um verdadeiro irmão.

O medo, a timidez daquele garoto vindo da roça foramdando lugar à esperteza e interesse no coração do jovem quepassou a lutar pela comunidade como Diretor de grêmiosestudantis, como suplente a Vereador eleito em 1976, comocoordenador do grupo jovem, como Diretor dos Clubes,Comerciários, dos 40, e da Liga Ibicaraiense de Futebol.Como Coordenador da Campanha Nacional "Esportes paraTodos". Escrevia para jornais de tbicsrei e Itabuna e hojecomo bom tilho desta Região dedica cada verso desta obra atodos indistintamente, inspiradores e colaboradores dasfantasias e vtvêncies ao longo dessesanos decorridos.lbicerei espera de cada jovem obras como esta e até bem maiselaboradas para o enriquecimento cultural da nossa terra.

***

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DADOS HISTÓRICOS

Carrnine Camuso

***Ibicaraí, terra santa abençoada por Deus, e uma prospera

cidade cortada pela BR-415, //héus- Vitória da Conquista.Cidade do Cacau e Pecuária, onde sua gente vive seuscostumes e sua cultura na mais refinada sutileza. Genteacolhedora e de fino trato que sempre deixa marcas desaudade nos corações dos que, vez ou outra, passam ou vêma este torrão.

Localiza-se fisiograficamente na Zona Ceceueire, paraLeste, estendendo suas terras ubertosas ao longo de vastaregião da fertil íssima bacia do Rio Colônia.

Seu clima temperado possibilita a principal atividadeeconômica: Cacau/Agropecuária, o que justifica apermanência ainda de uma boa parte da população na zonarural. A fonte principal da economia municipal continuasendo a cultura do Cacau seguida de uma pecuerie bemdesenvolvida e da implantação de inúmeras casascomerciais.

O inicio histórico de tbicere/ remonta a 1916, quandoManoel Marques adquiriu uma roça ele Cetixto Primo e paralá transferiu-se com os parentes, estobetecendo-sc A l77i1'"yem

esquerda do Rio Salgadc. O eno seguinte, 1917, nu tras

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fam//ias chegaram, formando um pequeno povoado ao qualderam o nome de Palestra, devido aos bate-papos diáriosentre os moradores no barracão Central, tratando de negóciosou simplesmente matando o tempo. Em 1920 por sugestõesdo Dr. Aurélio Caldas, um dos que mais colaboraram para odesenvolvimento do lugar, foi o topônimo primitivosubstituído pelo de Palestina, que vigorou até 31 dedezembro de 1941, quando mudava-se definitivamente onome para o atual IBICARA( que em língua Tupi significa"Terra Sagrada".

Por força de Lei Estadual nO 491, de 22 de Outubro de1952, o território de lbicere/ foi desmembrado de Itabuna eelevado à categoria de munic/pio, instalando-se a 7 de abrilde 1955. Desta data até os dias de hoje, várias administraçõessucederam-se:

Dr. Henrique Pimentel SampaioAlmir MenezesDr. Diney FariaDr. Manoel de Carvalho BatistaDr. Raimundo Cordeiro de AlmeidaDr. José Henrique Morais de OliveiraAbdias Pedro dos SantosDr. José Henrique Morais de Oliveira (2a. Gestão).Segundo o saudoso Dr. Justino Marques, "A vida pol/tice

deste municipio tem sido um verdadeiro e constantemaremoto. A conquista do curul municipal tem despertadopaixões, lutas e entrechoques altos e, por vezes, perigosos eprofundamente chocantes. Poucos têm sabido manter aserenidade e a descrição que o momento politico exigia deum politico de escola e educação, dando ao povo liçõesmarcantes de equilíbrio, de respeito e de dignidade pessoal".(Rev. 8ahia Hoje, p.3J.

Entre todos os administradores destacamos Dr. JoséHenrique Morais de Oliveira "Filho estrênuo de tbicerei,muito cedo desde a vida estudantil, engajado nas lidespolíticas, sabendo esgrimir com segurança, habilidade edestreza a espada de ouro da batalha politica". [lbidem)

Conduziu sua primeira administração com firmeza, artee sutileza. Em sua segunda gestão trouxe mais experiência,mais intuição levando seu governo com inteligência e saber,com denodo, prudência e humanidade, beneficiando toda a

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gama administrativa: Cacauicultura, indústria e comércio,ensino público e privado, comunicações, transportes,urbanização, saúde, etc.

Or. .José Henrique Morais de Oliveira é um verdadeirogovernante que já tem seu nome inscrito no livro das grandespersonalidades e grandes administradores desta comunidadede Ibicaraí.

Continue Or. Henrique a seguir a sua estrela luminosa,pois seus munícipes o estimam e lhe reconhecem o nome deGrande Governante.

***

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,.--

• I

POESIAS*-----•

1f ROSEVALDO OLIVEIRA MENEZES

...,...

MOMENTO DE REFLEXÃO

Saio do estado do Materialismo eviajo até a cidade do meu Esp íritoa procura de minha irmã Sensibilidadee meus pais, Sr. e Sra. Sentimentos.Decolamos na aeronave Fé/Pensamento eseguimos para a Capital do Coraçãopara libertar meu irmão Amorque estava preso e condenadopor tentativa de homic ídiocontra o poderoso Sr. Orgulho,esposo da Senhora Vaidade,quejuntamente com sua irmã Inveja,tentaram seduzir nosso Amor.Com muito trabalho o libertamos eà casa da irmã Consciência o levamos.Jantamos ai í à base de esperança, eseguimos pela estrada do destino,rumo ao planeta da Realidade.Não demorou muito tempo:avistando o aeroporto da Misériafomos seguidos pela nave Poluição,pilotada pelo ousado Progresso.Preparando-nos para o pouso,e com trabalho o conseguimos,quase éramos atropelados

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pela esquadrilha Menor Abandonado,tendo ao comando osenhor Desemprego,A nos esperar. o ministro da Economiaapontando uma indigesta Inflação 84.Escoltados até o palácio ela Desumanidade,a Sra. Fome, primeira Ministra,apresentou-nos Sua Excia, o Presidentedo País da Realidade, Sr. Máquina Humana.Este, juntamente com seu ministério:Desorganização, ministro do planejamento,Analfabetismo, ministro da educação,nos passaram a triste nova:o 20 Ministro Geral internado de indiretas,doença que se alastra no país da Realidade.Neste momento entra o ministro do Trabalho,Gel. Salário Mínimo, operado de unificação,que noticiou a ausência de Sr. Dinheiro.vice hospitalizado, vítima de assaltopraticado pelo soldado, vulgo Assaltante,Dona Paciência, companheira de viagem,temerosa e precavida gesticulava atodo momento como quisesse dizer:nada aqui está me agradando.Nesse vai/vem de pensamentos e temoresdona Decepção faz-se presente, convidandoa comitiva a outra sala para o Presidentemostrar, em filmes, os projetos do futuroseu governo. Apagam-se as Iuzes, aparece aRealidade:

Homens destruindo homens,máquinas destruindo máquinas,campos e florestas devastados,rios e lagos esvaziando-se,a terra transformando-se em deserto,o dia tornando-se noite.

Neste exato momento uma forte explosão, ..Assustei ... era alguém batendo a minha portapedindo esmola. Não estava sonhando,eu também fazia parte do planeta da realidadeporque neguei-lhe a esmola.

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EU E MEUS AMIGOS

Eu sou Católico e oHenrique Batista.Eu leio Lucas e oArlindo Mateus.Eu corro do Diabo e oManoel da Cruz.Eu vivo anos e oJosé Dias.Eu sou filho e oJoão Neto.Eu apaixono-me e oOrdival Gama.Eu sou da roça e oJúlio da Mata.Eu sou cabeludo e oJoão Careca.Eu vendo flores e oRafael Ramos.Eu lavo pratos e oLauro Pires.Eu como carne e oAntonio Pimenta.

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Eu tiro pedaço e oVicente Corràa.

Eu crio galinha e oJoão Pinto.Eu sou a rosa e oVirgílio Lyrio.Eu sou Cruzeiro e oAbel Lira.Eu vivo a dirigir e oAloizio Aguiar.Eu sou frango e oRui Galo.

Moral da História:

A todos sujo e oNivaldo Meiodepois jogo fora e oAlpias Guarda.Se eu não o fizesse oDinev Faria.

JULGUEM-ME

Nasci no leito de uma quimera,Na estrutura um projeto de nobreza,Pelos olhos venerados, ciência mera,Jardim, esperança, irnaqern decerteza.

De alicerces profundos, és-me agora:No obl ívio ca Ido, de imund ície flagelado,Pelos arquitetos da nobreza jogado fora,Pelos donos da certeza abandonado.

Vivo apenas como engalhada ruina,Um retrato que o passado revelou,Mostro aos homens de hoje uma sina:A realidade em sonhos se acabou.

De braços abertos vivo a esperarPelas verdades deste ingrato sono:Tantos pobres que clamam por um lar,A meu redor construções ao abandono.

Minha paz vive dos seus atritos,Minha luz são as suas escuridões,Julguem-me mesmo em seus conflitosE dêem-me um pouco de suas atenções.

Cristo abandonado de [bicara í.

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IBICARAf

Cantando a tua históriauma lembrança inesquecidaRevivida e bem notóriana memória sempre vivida.

No além do ano passadoUm vasto roçado surgiuàs margens do Ria SalgadoUma vida fértil ressurgiu.

Primeiro nome, era a vezDe Palestra, após Palestina.Seu encanto belo') e fezInsigne corpo de menina.

o teu seio é leito querido,O cacau é teu fruto a nos darAlegria de termos nascidoNa terra que hei de amar.

A linhagem no tempo formada,Saudosa e jovial, vi ram crescer.Deram o nome de Terra SagradaOnde nós aprendemos a viver.

Tu és Iuz que se propagaentre todas as gerações,Éso símbolo que se afagaNo reino de nossos corações.

Hoje bela como lindo diaPortentosa, célebre e virilEncanto desta meiga BahiaPedaço deste querido Brasil.

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RETIRANTE

Na viagem ao alento a natureza reanimaDos momentos esquece, envolvido na pureza,O calor do dia o corpo aquece e animaGota de suor desliza e mostra a nobreza.

Passos incertos na estrada da vidaSegue o caminho num rumo sem porvir,Recorda os tempos da saudade vividaNa mente pasma a vontade de seguir.

Obnubilante cansaço segue caminhando,Companheira, a idade mostra o passadoNo rosto uma esperança de vida brilhandoRevela o dia nos passos desordenados.

Mas a verdade é a vontade de vencer,De um dia encontrar a certeza sim.Os tempos passam em cada dia sonhadoe cada vez mais chega o seu fim.

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RETIRANTE

TRIBUTO AO RIO (SALGADO)

Numa tarde ...deparei por acaso em tuas margens ...pareceu-me por ti reconhecido equisesse me dizer alguma coisa.Não entend i. ..Parei alguns instantes ...fiquei a te olhar ...Agachando-me, catava umas pedras eas atirava em teu corpo despido.Tais pedrinhas deslizavam,ferindo tuas águas emansamente se alojando em teu leito.Refletindo, aflorou-me um pensamento:inúmeras pedras são atiradasem teu leito,como sendo alimento diário, etudo ingeres sem nada dizer.Entre as recordações assomaramas do tempo de criança ...de minha convivência contigo,quando tuas águas eram meu deleitenas manhãs de domingo.Amigo inseparável dos meus verdes anos... E hoje, aí tu estás maltrapilho P. suio.

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Sinto vergonha de mim mesmo ...Não posso entender como otempo me fez mudar eporque em todos estes anosnada fiz para te ajudar ...Saí cabisbaixo ...fugi mais uma vez da realidade,como sempre fazemos, epela estrada foi entendendo oteu orgulho ...A tua beleza dantestransformada em ódio.Enfurecido, às vezes, destróitudo que encontras em teu caminho.I: neste momento que te sentes aliviado,porque vomitas toda sujeiraque .diariam~nte j.ogamos em ti:E tnste, rnurto triste,ouvir as pessoas definiro sabor de tuas águaspelo nome que levas esentir nojo em tocá-Ias.Rio Salgado,se um dia trilhar teu caminho efor devorado por tua fúria,entenderei, pois fui cúmplice a te enfurecer

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o DIARISTA

o amanhã despontaacorda a almalevanta o corporemexe a pança.Corre ao canto,apanha o facãoe no tempo se vaiganhar o diado seu patrão,que de ordem na línguavive a mandare o igual a escravizar.Para o diaristasó resta a esperae nela apega-secom unhas e dentes.Volta de novopega no batenteLá vão-sé os diasLá vão-se os anosde esperançase desenganos.

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GUERRA

Vai-te em chamas como lava cadenteDe um funesto e sempre atravido vulcão.Destruindo flores que vegetam na vertenteE causando aos homens profunda aflição.

~s a desgraça que entristece o mundo,~s o túmulo de uma verdadeira paz,Deixas dores e suspiros profundos,Não deixas crenças em amores, jamais.

Nos campos onde pastas a fome te segue,Como peste no mundo, no ódio descansas.Há homens na terra que não te renegam,Buscam em ti seus poderes como vingança.

~s cega e guiada por olhos doentes,Que não vêem sua própria estupidez.Nasces de homens fracos e dementesQue não sentem sua própria insensatez.

Nas gerações como infame te revelas,A mentira e à desgraça tu conduz,~s a febre que os povos aniquilasOnde só a ignorância te traduz.

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o VELHO E A SECA

A manhã desponta prenunciando mais um dia,Nuvens lindas no clarão do sol nascenteSalpicando as paisagens do horizonte em agoniaOnde se cruza~ as rajadas dos ventos incoerentes.

Sobrepujam folhas secas pelo espaço enfermoExaltando o clarão dos raios do sol ardenteQue no sobrevir da noite revive o medoDa agonia do sono dos dias descrentes.

Trepida o corpo, acolhendo o sonoReanima a alma, recupera forças perdidasAquece o rosto pálido quase sem donoNos olhos revê as paisagens aborrecidas.

Inclina-se a Deus, a fé o reanimaA esperança volta e de joelho se curva,Ao criador entrega os dias de ru ínae dorme na lembrança de um dia de chuvas.

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VENDEDOR MEf\lINf'

Pés despidos, rua inquietaCerteza, coragem, precisão:

Vendedor Menino.Mundo na cabeça. olhar tímido,Na certeza batendo às portasNão cruel, resposta certa.Tristeza, mau pensamentoIncerteza, mau momento.Lá se vai oprimidoPelos olhares desprezadoMenino envergonhado,Envolvido na timidezCoagido pela estupidez.Oh! Vendedor sem freguêsA vida é um destino.Nesta estrada eu passeiHoje vejo na sua jornadaUma esperança acalentadaDe quem pensa em crescer.

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o VICIADO

Num andar remexenteCom gestos diferentesDizendo que é prá frenteLá se vai todo contenteDe olhos reluzentesDos momentos enlouquecentes.

o mundo em sua menteVai todo contenteCaricatura de genteCarrega inconscienteNo corpo todo dormenteDrogas e aguardentes.

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A MORTE

Vou a seu encontroNesta vida desordenadaEm meus caminhos tortuososSe faz reta a sua estrada.

A minha é ufania, a sua coerênciaSigo como tosco a sua nobrezaO meu tédio obstina a sua verdadeMas minha vida é sua certeza.

VIVENDO A VIDA

Sem nada no tempo, sem medoDo nada me faço indiferenteNo tempo faço meu segredoE na vida me faço inocente.

Na paz, na fé ou na dorVivo e cresço de repente.A sorte que a vida me doouDeixo como própria semente.

Seguindo pela estrada da vidaSem nada no tempo vivo a correrCanto ao mundo as horas vividasMorro no tempo e volto a viver.

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MEUS CAMINHOS

Caminhos que sigo, de uma estradaCaminhos que caminho, ae vida marcadaCaminhos que ando sem rumo e sem nadaCaminhos das idas e das chegadas.

Caminhos que desmereço por não irCaminhos que me perco por os seguirCaminhos que vou só para conseguirCaminhos que vivo querendo fugir.

Caminho certo onde caminho erradoCaminho com o mundo lado a ladoCaminho nos caminhos do pecadoCaminhos dos tempos fracassados

Caminho no caminho da esperançaCaminho onde deixo minha vingançaCaminho das minhas andançasCaminho da vida que não me cansa.

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SOU MAIS UM PAI. ..

Oh filho! por Que aqui tu viestes,Neste desabrido mundo sem "fim?Oh filho! por que aqui tu viésres,Neste mundo escravizado por mim?

Oh filho! veja o nosso espelho:guerras, fome, peste a refletir!Oh fílhol por que aqui tu.viestesNeste mundo de homens sem sornrr

Oh filho! este mundo é um desertoonde os irmãos vivem a mendigarBatendo à porta com respeitoPedindo um pão para fome mitigar.

Aqui as mentiras são verdadesE as injustiças vivemos a ensinar.Há filhos que só conhecem maldadesCultivando as sementes do matar.

Oh filho! como ensinar-te a viverSe eu mesmo construo o mundo assim?Oh filho! Sem nome tu viestesonde trabalha-se muito e o ganho é pouco.Oh filho! sou apenas mais um par!E tu? uma vida a crescer nesta escuridão.Oh filho! tu cheqastes!Apenas posso darA força destas trêmulas mãos ...

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ETERNO LAR

Aqui estou, casa multicoresEm mim reina toda naturezaVivem tipos afanados em dores,Outros em esplendores de beleza.

Tudo e todos que em mim habitamDou-Ihes o meio de subir na vidaHá uns que riem e outros se irritam,A cada um dou força na subida.

Sempre acolhendo os que vivem,Os que morrem tem o seu lugar,Vidas que vão, vidas que vem,Serei de cada um o seu altar.

Todos em mim nascem e crescem,De mim tornam-se eternos donos,Onde suas vidas sempre constroemVivendo seus sonhos em meu sono.

Por mim há muitas estradas asequirE cada qual seguindo seus caminhos,Os sustentarei por onde quiserem irEm multidões, ou mesmo sozinhos.

A servi-tos sempre estareiMinha bondade não se encerra,Aqui sempre vivereisendo o seu planeta terra.

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ENCHENTE

No espaço inflamado, revoltoNúvens carregadas revestem o arEmudecido o sol sem brilhoO vento depravado a soprar.

As chuvas no espaço desgarradasDecorrem dos montes aos leitosTransbordando os níveis de costumesNum destroço da agonia eleito.

Crescem os níveis, inundando,A cada segundo desbandandoAvanças nas encostas salpicadasE das núvens o veu desl izando.

Estranhos movi mentos, assustadosMoradores das margens em afliçãoSeus pobres barracos desmoronandoNo desenrolar, homens em confusão.

E cada momento suspeitoO desespero vemos aumentarInvasão das águas fu riosasHeranças tendem a se acabar.

Aviso de ruínas, uma certezaChoros, gritos pelos aresE a cada momento aumentandoAs águas em nossos lares.

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ENCHENTE

ANCIÃO

Nos olhos o brilho sem luzDo verde apagado na corOs passos lentos produzA insônia que o tempo deixou.

Cansado carrega sua cruzNa jornada longínqua da dorNo semblante amargo reluzA mancha que o passado marcou

Na realidade vive a solidãoOs sonhos faz sempre reviverO pensamento da sua decepçãoNa mente a vontade de viver

Querendo iludir a escuridãoApegado à existência do serFerido vive seu pobre coraçãoFazendo os outros padecer.

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ANÃLlSE

E preciso sermos amigos.Amigos verdadeiros.Será que somos?Será que temos?Somos ou temos apenas companheiros?Será que para o amigo nós vivemos,O quanto queremos que ele viva para nós?O que já fizemos para sermos presença nele,O quanto queremos que ele seja presença em nós?E preciso sermos amigosE não apenas companheiros.Fazer do am,igo a nossa imagemE não o nosso mensageiro.Será que estamos sendo amigosOu apenas vivemos a iludir?Para sermos amigosSejamos antes amigos de nós mesmos.

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RETRATO DA INFÃNCIA

Dos momentos resta a lembrançaComo moldura a saudade que ficouPensamentos, retrato da infânciaQue os dias ainda não amarrotou.

Gravado na parede da recordação'}ue o tempo apressado o faz mudar-= só revela no meu imenso coraçãoA foto que jamais posso ampliar.

o meu ser suspira a distânciaPelas lembranças ainda posso reverO negativo da minha meiga infânciaQue a realidade, não me deixa viver.

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LEMBRANÇAS

Do fundo de minha alma ressaeA sombra esquecida da madrugadaNo silêncio triste a noite vaiEm lembranças da mulher amada.

Meu coração bate sempre apressadoEm dores e saudades, recosto ao leitoMeus pensamentos saem embaralhadosA dor dilacera e fere o meu peito

Sinto em mim uma vontade forteDe novamente poder te abraçarAh, querida! Se eu tivesse a sorteE a liberdade de sempre te amar!

Lembranças dos seus lábios ardentesSua face rosada, cheia de calorLembranças dos teus beijos quentesAdormeço neste supl ício de Amor.

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DECEPÇÃO

Dor ...Ironiaforça estranhaLúgubreInsônia sem pudorIncerteza irrealidadeVergonhaPasmam os sonhosHoras sem credorAngústia estranha sem corSofrerFere a almaa ufania desses momentosIntimidaCoage o presenteAté o serEntristece a alegriados momentos.

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. -~OUTROS:

* •*ernesto gonçal ves moreira

*arlindo ma teus

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"QUANTOS JOVENS ... "

Ernesto Gonçalves Moreira

Ouantos jovens vi na praçaMostrando o fraco da raçaNas espumas de mil taças!

Ouantos risos e chalaçasProvocados das cachaçasQue destróem mais que as traças!

Ouantos jovens já sem graçaTodos chorando a desgraçaDisfarçados na fumaça!

Ouantos jovens já carcaçasMetidos em arruaçasE nas piores trapaças!

E a voz do mal diz sempre: faça !E o jovem tal qual a caça,Na rede suja se enlaça.

E a voz de Deus, suave qual vôo da garçaClama em socorro dizendo: filho, renasça!Buscai em mim toda glória, é de graça!

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E. Moreira

NATAL COM MURIÇOCAS

Era Natal!As muriçocas infestavamUma cidade em festaE aquela orquestraEstranho hiato em coroTinha como palco o pobre couroDos nossos bons irmãos

E ainda que nos déssemos as mãosNum pacto, declarando guerra,O gesto solidário cairia por terraTal era a ingente epidemiaMas ao meio àquela correriaEm busca de defesaTraça lá do Céu a NaturezaUrgente solução:Abre as eclusas sideraisVarrendo com torrentes marciaisA grande infernação

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INSTRUÇAO LEONfSTICA

Meus prezados Companheiros,Não nego o meu compromisso,Uma Instrução Leon ística,E mesmo um grande serviço;Mas não sendo de improvisoPor que me fazer omisso?

Ainda mais que há muito tempo,Logo cêdo descobrí,Que não se julga os LeõesPelo valor do Q.I.;Mas pelo valor de seus atosNem demais pelo statusSe o objetivo é SERVIR

Por isso, caros confrades,Nosso assunto é leonismo.Movimento mundialDe profundo realismo.Fundado por Melvin Jones ...Que eternamente ressoneExemplos de altruismo.

Sabemos que este universoDe grandes transformações,Vem se alterando estruturasImpongindo coraçõesAviltando a consciênciaMinando a condescendênciaCausando mil mutações.

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Poristo e por muito maisNeste mundo de conflitos,Legionários do BemPela paz lutam contritos.Amenizando o tormentoDos nossos irmãos aflitos.

São muitos os voluntáriosQue pelo amor de Jesus,Põem de lado o egoismoQue só ao mal nos conduzE clamando ao Criador,São tocados pela Luz.

Se a Educação Moral e CívicaNão imperar com bravura,Os problemas sociaisCrescem ganhando estrutura,E mais difícil se tornaMelhorar nossa cultura .

Ah, minha pobre geraçãoQual seria minha alegriaSe eu pudesse ainda verPor processo de eugeniaOu por outra invervençãoSua formação sad ia!.

Nem o crescer demográficoNem hecatombes em massa,Vão resolver os problemasExistentes numa raçaComo nem sempre é amigoAquele que nos abraça.

Mas viva a Deus nas alturasE nossas convicçõesPara cerrar mais fileirasFormando congregaçõesEmpenhadas pela pazNo contexto das nações.

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Nesta batalha sem lógicaGanha o bem que não descançaPorque a voz do Senhor,E raio que parte a lançaE faz ferir toda a terraRestaurando-lhe a bonança.

Levantemos nosso olharRogando paz ao SenhorEm concentração de féComo extrato de amorPara que nosso serviçoPossa amenizar a dor.

Parabéns ao LIONS CLUBEDe minha IBICARAI~Que há doze anos vemServindo, sem se servirAtravés de seus LeõesQue marcham para o porvir.

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Arlindo Mateus

CONFISSAO

Recebes mulher bela, delicadaEsta confissão que vinha guardadaDo pobre trovador no coraçãoRecebes pois mas não zombes tantoDa pobreza dos meus pobres cantosPorque deles foste tu a inspiração.

Da minha insônia és tu a razãoPorisso escutas o que meu coraçãoEstá sentindo e que tê quer dizerQue te desejo bela, boa e santaQue tua boca pequenina encantaA minha vida, o meu próprio ser.

Eu sinto no íntimo desejo infindoDe sentir, de beijar os seios lindosAté sentir desse beijar o prazer,Sentir dos róseos e pequenos botõesO estremecer de mil palpitaçõesQue seduz e me faz de amor morrer

Ter do teu corpo delgado santo,O cheiro, o tato, o calor, o encanto,Que despertam e descontrolam os nervos meusMirar-te oh mulher bela semi nua!Sentir minha face roçar à face tuaSentir o sabor de mel dos lábios teus!

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