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Campos do JORDÃO Ambiente acolhedor e paisagens exuberantes no topo da Mantiqueira História | Arte | Meio Ambiente | Arquitetura | Folclore | Turismo EDIÇÃO 01 www.cidadeecultura.com.br EDIÇÃO 01 Nº08 - R$ 10,00 - Brasil

Campos do Jordão/SP

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Revista Cultural da cidade de Campos do Jordão

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Campos do JORDÃO

Ambiente acolhedor epaisagens exuberantesno topo da Mantiqueira

História | Arte | Meio Ambiente | Arquitetura | Folclore | Turismo

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www.cidadeecultura.com.br

EDIçÃO 01

Nº08 - R$ 10,00 - Brasil

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3262

LINHA DO TEMPOO resumo das mais importantes datas de Campos do Jordão

MEMórIAsO resgate de um passado glorioso

ArTEsANATO Com estilo e graça, as peças encantam a todos

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HIsTórICOImpulsionada pela busca do ouro, surge uma linda história

Os HOTéIsHistórias da alegria de acolher os que por aqui passaram e marcaram suas vidas

LENDAs Tradições e mitos regionais contam um pouco do passado

1838

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TurIsMO DE CurAHumanidade e solidariedade são aptidões naturais da cidade

CErVEJArIA BADEN BADENAmor pela arte da fabricação de uma cerveja de qualidade internacional

MEIO AMBIENTEA araucária que impera transformando o ar puro de Campos do Jordão

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FErrOVIACaminhos abertos pela busca da cura

FOLCLOrE A história da cidade exposta em arte, música e as cores das flores

EsPOrTEsAventura e emoção são o ponto máximo para quem gosta de adrenalina

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96102104106110

rEVOLuçãO DE 1932A arte e a astúcia dos que lutaram pelo Estado de São Paulo

ArquITETurATodos os estilos e as belezas arquitetônicas como um atrativo turístico

GASTRONOMIA Roteiro gastronômico em uma das cidades que mais oferecem diversidade

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rELIgIOsIDADE Em Campos do Jordão a Fé realmente move montanhas

ArTEsAs cores e formas encontradas nos mais variados lugares da cidade

MALHArIATradição e uma ótima opção para compras

FUNDO DE SOLIDARIEDADE Oportunidades para os que precisam

NãO DEIxE DE VIsITArDicas especiais para sua estada

DADOs EsTATísTICOsVisão geral dos números da cidade

Índice

8 Cidade&Cultura

PARA ANUNCIAR: (11) 3021-8810CONHEÇA OS NOSSOS SITES www.cidadeecultura.com.brwww.abcdcultural.com.br

CIDADE & CULTURA é uma publicação anual da ABCD Cultural.Todos os artigos aqui publicados são de responsabilidade dos autores, não representando neces sariamente a opinião da revista. Todos os direitos reser vados. Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias e fotos aqui publicadas.

EDITORIACOnsELhO ExECUTIvO: Eduardo Hentschel, Luigi Longo, Márcio Alves, Roberto Debouch e Leila M. MachadoEDITORA: Renata Weber NeivaREpORTAgEm: Jean de Castro. e Nathália Weber AssIsTEnTE DE pRODUçãO: Evellyn AlvespRODUçãO gRáfICA: Purim Comunicação Visual (www.purimvisual.com.br)pRODUçãO DIgITAL: OnePixel (www.onepixel.com.br)pRODUçãO AUDIOvIsUAL: Leo LongofOTOgRAfIAs: Marcio Masula, Beto Maitino e Thiago AlvesfOTO CApA: Marcio MasulaImpREssãO: Gráfica Silvamarts

EditorialCharmosa e aconchegante, essas são as carac-

terísticas que definem perfeitamente Campos do Jordão. Charmosa pela arquitetura, pela estrada de ferro que corta a cidade ao meio e salpica-a de estações de trem, pelas vitrines das lojas perfeita-mente arrumadas, pelos detalhes. Aconchegante pelo clima ameno no verão e rigoroso no inverno, seus recantos, bosques, vales, o colorido das flo-res que perfumam o ar puro da cidade, as araucá-rias imponentes que olham lá de cima seus ama-dos moradores. Campos do Jordão é uma cidade inovadora, com suas diferentes etnias, diferentes sabores, mas que juntos harmonizam-se em uma atmosfera calorosa.

Campos do Jordão 9

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Linha do tempo

1703

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1940

187429 de abril de

Primeiro contato do homem branco com índios da região

Concedido o título de Estância Turística

Inaugurado o Hotel Toriba

Separação de São Bento de Sapucaí

Fundação da Vila de São Matheus do Imbiri, futuramente Campos do Jordão

Chegada do primeiro morador, Ignácio Caetano Vieira de Carvalho

Gaspar Vaz da Cunha chega a Campos do Jordão

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2013

1876 1914

1953 1970 1979

1929 1934

1° Congresso Nacional de Turismo

1° Festival de Inverno

Aberta aprimeira fábrica de chocolates na cidade

Uma das cidades turísticas mais procuradas do Brasil

Inaugurada a Estrada de Ferro de Campos do Jordão

Criação do Município de Campos do Jordão

Primeira Companhia de Transporte de Campos do Jordão

Primeiro sanatório construído: Divina Providência

Histórico

Pelas belas paisagens,

Pelas belas paisagens, cidadenasce uma

No estado de São Paulo, várias tribos indígenas eram nômades ou migrantes para o interior do país devido à chegada dos portugueses que se instalaram primeiramente no litoral. Mais tarde, com os bandeirantes em busca de ouro, muitos indígenas foram aprisionados e outros fugiram para locais de difícil acesso, como no caso da localização de Campos do Jordão. Aqui, Puris, Caetés, Guarulhos e Cataguás deixaram registros de sua existência com machadinhas, pilões etc. Existem relatos já de 1530 na narrativa de Antônio Knivet da expedição de Martin Corrêa de Sá e, em 1918, o Sr. Dino Godoy afirmou avistado no Pico do Itapeva famílias indígenas inteiras.

V. Jaguaribe Dec. 1920

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14 Cidade&Cultura

Histórico

O primeiro homem branco a reparar nas belezas das terras, que hoje fazem parte da cidade de Campos do Jor-dão, foi o sertanista Gaspar Vaz da Cunha, o Oyaguara, Jaguará ou Jaguaré – Cão Bravio na língua indígena, em 1703, motivado pelo sonho de enriquecer com o ouro das minas de Itajiba. Já em 1771, outro sertanista, Ignácio Caetano Vieira de Carvalho, mineiro de Rio das Mortes, vindo de Taubaté, seguiu a trilha dos desbravadores e, encantado com a região, estabeleceu residência com sua família, construindo a Fazenda Bom Sucesso. Ignácio, por requerimento ao governador da Capitania de São Paulo,

recebeu a posse da sesmaria, o que gerou conflito com o seu vizinho da Fazenda Campinho, João da Costa Manso, que lutava para anexar suas terras a Minas Gerais.

Cabe aqui uma explicação de como nossos territórios eram disputados pelas capitanias de São Paulo e Minas Gerais. Campos do Jordão é uma cidade limítrofe com Minas e naquela época já possuía a Fazenda da Guarda, pois, durante o Ciclo do Ouro, a região era um local fá-cil para tráfico do metal pelos seus tortuosos caminhos, por isso da instalação de um Posto Fiscal. Os paulistas, principalmente os pindamonhangabenses, subiam a ser-ra armados com seus trabucos para impedirem a invasão dos mineiros nessas terras. A disputa ficou tão feia que em 1803 o capitão-mor instalou a Guarda do Capivari a fim de defender o território e também tirar uma faixa da Mantiqueira mineira.

Com o falecimento de Ignácio em 1823, suas posses foram hipotecadas e posteriormente alienadas para o Bri-gadeiro Manoel Rodrigues Jordão, em 1825. Pela proximi-dade da data da “escritura” com o natal, as terras foram chamadas de Fazenda Natal e, mais tarde, apelidadas de Campos do Jordão, dando origem ao nome da cidade.

Em 29 de abril de 1874, data da fundação da cidade, Matheus da Costa Pinto, fazendeiro de Pindamonhangaba, arrematou alguns lotes de Jordão à beira do rio Imbiri e deu início à construção de um vilarejo. Construiu uma vendinha, uma capela chamada de São Matheus do Imbi-ri, uma pensão para “respirantes” (tísicos), uma pousada e uma escola, motivos pelo qual foi considerado fundador da cidade. O vilarejo logo se tornou Vila de São Matheus

“Era amigo do Imperador D. Pedro I e fez parte do Governo Provisório. Naquela época, foi inclu-ído entre os 10 maiores proprietários de terras da Província de São Paulo, chegando a ser di-retor do Tesouro da Província. Alguns historia-dores localizam-no no famoso quadro de Pedro Américo, alusivo ao Grito do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, quando este subia a Serra de Santos. Ademais, o local da Proclamação da Independência do Brasil, no Ipiranga, ficava na Fazenda Palmeiras, de propriedade do brigadei-ro Manoel Rodrigues Jordão. “Fonte: Livro “Campos do Jordão a Jóia da Mantiqueira” Pedro Paulo Filho

Brigadeiro Jordão

V. Abernéssia1930

do Imbiri. Por seu espírito humanitário e coletivo, Matheus é lembrado por todos os jordanenses com grande orgulho.

Domingos José Nogueira Jaguaribe, médico, político, escritor e fundador do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, interessou-se pela região, que já ganhara notoriedade e, em 1891, comprou boa parte das terras de Ma-theus da Costa Pinto. Então, dividiu em lotes para venda, nos quais foram construídos pensões e hotéis para re-ceberem doentes da tuberculose e do alcoolismo. Em 1918, a vila passou a ser chamada de Vila do Jaguaribe, em homenagem ao morador que trouxe progressos para o local.

Abernéssia, famoso bairro que hoje abriga diversas atrações turísticas, igre-jas, lojas e avenidas, teve início com a vinda de um escocês, o engenheiro Ro-bert John Reid, que, por volta de 1907, foi nomeado agrimensor na ação judi-cial de divisão da Fazenda Natal. Re-cebeu, como pagamento pelos seus serviços, uma vasta área de terras na região. Além de fazer diversas do-ações a particulares e ao poder públi-co, Reid participou da construção da Usina Hidrelétrica “Evangelina Faria

Campos do Jordão 15

“O primeiro agente de turismo de Campos do Jordão foi o sertanis-ta Gaspar Vaz da Cunha, o “Oya-guara” (cão bravio) que, vindo do Vale do Paraíba, escalou as mu-ralhas de safira da Mantiqueira, atravessou a região de Campos do Jordão e partiu em direção à região aurífera de Minas Gerais, por volta de 1703. Lá, extasiado, começou a contar aos mineiros a exuberante natureza por onde passara: o multicolorido das flo-res silvestres, o garbo elegante dos pinheirais, de braços ergui-dos para o céu, as águas cor-rentes, límpidas e salubérrimas, despencando de cascatas, o frio cortante e estimulante das epi-dermes e a impressionante abó-bada celestial, salpicada, aqui e acolá, de estrelas.”Fonte: www.pedropaulofilho.com.br

V.Capivari1960

V.Abernéssia Década 1970

De olho no futuro

Histórico

Jordão” e criou, em 1921, a Empresa Elétrica de Campos do Jordão, entre outros feitos que trouxeram progresso para o local, como as construções do Chynema Jandira, da Igreja Matriz e da Casa Paroquial. Em 1915, Vila Nova pas-sou a ser chamada de Vila Abernéssia, nome da chácara em que Reid viveu, como homenagem ao morador ilustre. O nome Abernéssia foi criado pelo próprio Reid, fazendo alusão às cidades escocesas Aberdeen e Inverness.

Com a compra da Estrada de Ferro de Campos do Jor-dão (vide matéria posterior), o Embaixador José Carlos de Macedo Soares comprou as terras de Emílio Ribas e Victor Godinho e montou a Companhia Melhoramentos de Campos do Jordão e fez um loteamento chamado de Vila Capivari, por estar localizado às margens do rio de mesmo nome. Neste local foram construídas moradias de grandes industriais e comerciantes. Pelo seu charme, a Vila rece-beu em 1953 o 1° Congresso Nacional de Turismo, “marco do turismo nacional, germe da criação da EMBRATUR – Empresa Brasileira de Turismo” (Pedro Paulo Filho).

Em 19 de junho de 1934, a vila se emancipou de São Bento do Sapucaí, tornando-se o Município de Campos do Jordão e, em 30 de novembro de 1944, foi criada a sua Comarca.

Abolicionista e republicano, contribuiu com muitos benefícios públicos com sua influência política. Além de promover inú-meros benefícios para a Vila de São Ma-theus, escreveu no Jornal do Brasil sobre as qualidades terapêuticas do clima e da água do Rio da Prata, que tem as suas nascentes mais altas no bairro Umuara-ma, em Campos do Jordão. Foi pioneiro no tratamento do alcoolismo, levantou a bandeira de “Suíça Brasileira” ao resto do Brasil e mais que isso, lançou cam-panha nacional para que a Capital da República fosse Campos do Jordão. Com esse currículo, em 1915 a população ini-ciou um movimento para mudar o nome do povoado para Vila Jaguaribe.

Dr. Domingos Jaguaribe

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As pessoas que vinham para se tratar da tuber-culose ficavam encantadas com a beleza do lugar e seu clima chamou a atenção dos empresários que entenderam o potencial turístico da cidade e começaram a investir em hotéis de grande porte. Também os corretores teriam clientela garantida para a venda de lotes para casas. As vilas Capi-vari e Inglesa foram as escolhidas para os empre-endimentos. Já na década de 1940, o Governador Adhemar de Barros, assíduo frequentador da cida-de, transformou Campos do Jordão em Estância Turística, ampliando exponencialmente a transfor-mação para o que hoje é reconhecido como um dos principais destinos turísticos do Brasil.

V. Capivari1920

V. Jaguaribe1939

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Turismo de cura

que transformou

a cidade

Santa Casa Santos - 1940

A terminologia Turismo de Cura é utilizada para entendermos mo-vimentos sociais com busca não só de lazer, mas também de cura de doenças. Assim surgiu a maio-ria das Estâncias Hidrominerais e Climáticas do mundo inteiro. Com o avanço das pesquisas médicas, principalmente por observação, determinados locais transforma-ram-se em mais um procedimento de tratamento de doenças. Portan-to, muito do turismo é devido aos médicos sanitaristas que, ao pres-

O inusitado

creverem a estada em Estâncias, ajudaram de forma significativa ao desenvolvimento turístico dessas regiões. E o mesmo aconteceu em Campos do Jordão, que no início do século XX, recebeu vários íco-nes nacionais que contraíram tu-berculose, entre eles, Rodrigues de Abreu, Ribeiro Couto, Alberto da Costa e Silva e Nelson Rodri-gues. O filme Floradas na Serra (1954), baseado no romance de Dinah Silveira de Queiroz, retrata a vida dos doentes que vinham se

Médicos Déc.1940

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Esse ilustre cidadão nasceu em Pindamonhangaba, em 1862, e estudou Medicina no Rio de Janeiro. Combateu a febre amarela, erradicando-a das cidades de Araraquara, Campinas e Jaú. Com esses feitos, foi no-meado Diretor do Serviço Sanitário do Estado de São Paulo, cargo que ocupou de 1896 a 1917. Em 1908, foi aos Estados Unidos estudar a tuberculose e, em seu retorno, junto a Victor Godinho, entendeu que Campos do Jordão era o lugar ideal para sua empreitada contra a tuber-culose. Porém, as internações não eram compulsórias e era necessária uma intensa propaganda de Campos de Jordão para que a população doente fosse para lá. Então Ribas e Godinho não mediram esforços es-tratégicos para melhorar a infraestrutura local e propagaram aos quatro ventos todo o potencial de tratamento que a cidade oferecia. A jornada deu tão certo que a quantidade de sanatórios que foram instalados por iniciativa não governamental alcançou a 15 unidades, atraindo brasilei-ros de todos os Estados do País.

Tuberculose

O estrategista e médico sanitarista Emilio Ribas

Uma doença que “não tem bandeira, uniforme ou pátria. Acompanha o homem há muito tempo, talvez até, desde a época em que ele pas-sava à condição de bípede. Existem relatos de evidências em TB em ossos humanos pré-históricos encontrados na Alemanha e datados de 8.000 anos antes de Cristo (AC). A TB de coluna vertebral e de ossos também já foi encontrada em esqueletos egípcios de 2.500 AC. Ape-sar da descrição clínica da forma pulmonar, poder ser confundida com outras doenças, documentos antigos hindus e chineses já descreviam quadros de uma doença pulmonar muito semelhante a TB... Em várias civilizações antigas, os males, entre eles a TB, eram considerados re-sultado de castigo divino. Coube a Hipócrates, na Grécia em XXX AC, o entendimento de que a TB era uma doença natural e que, pelo seu ca-ráter de esgotamento físico, passou a denominá-la de Tísica (do grego phthisikos, ou seja, que traz consumpção)”Fonte: redtb.org/a-historia-da-tuberculose

“A partir dos últimos anos do século XVIII, associou-se à tuberculose pelo menos duas representações. A primeira, a definia como uma “do-ença romântica”, idealizada nas obras literárias e artísticas ao estilo do romantismo e identificada como uma doença característica de poetas e intelectuais. A segunda, gerada em fins do século XIX, qualificava a do-ença como “mal social” e firmou-se, claramente, no decorrer do século XX, tendo convivido nas primeiras décadas com a visão romântica. Essas duas concepções apresentaram-se de forma significativa no imaginário social, expressando-se por meio de uma forte auréola estigmatizante.” Fonte: http://www.cocsite.coc.fiocruz.br/tuberculose/introducao.htm

SanatóriosO primeiro sanatório da cidade, Sanatório Divina Providência, foi edifica-do em 1929 e, devido à demanda decorrente do crescimento dos casos de tuberculose entre 1930 e 1950, logo foi necessária a construção de mais sanatórios; • Sanatório São Paulo, gratuito, para mulheres acima de 12 anos;• Sanatorinhos 1, 2 e 3, em 1931, 1934 e 1948 respectivamente, que eram construções baratas e higiênicas e com equipamentos para o com-bate à doença;• São Vicente de Paula, para crianças pobres;• Santa Cruz, dirigido pelas Irmãs Mercedárias;• São Cristóvão, fundado em 1935 para atender à Associação dos Cho-feres do estado de São Paulo; o São Francisco Xavier;• Ebenezer;• Santos, fundado em 1935 e mantido pela Santa Casa de Misericórdia de Santos;• Sírio;• Nossa Senhora das Mercês para pessoas de posse, onde os pacien-tes tinham total liberdade de ir e vir, além dos internos que estavam lá apenas para repouso;• Pavilhões do Bandeira Paulista Contra a Tuberculose, que atualmente é o Hospital Geral;• Santa Casa - Hospital “Adhemar de Barros”;• 3 de Outubro;• Casa da Criança; • Dispensário de Tuberculose.

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Turismo de cura

tratar dessa moléstia em Campos do Jordão, com direção de Luciano Salce e um elenco de artistas de peso como: Cacilda Becker, Jardel Filho, Ilka Soares e John Herbert. Entretanto, de romântica a Tuber-culose nada tinha. Por via aérea, essa doença matou cerca de um bilhão de pessoas no mundo e mu-tilou tantas outras durante anos, sendo que ainda existem casos pelo Brasil. Pelas enormes fron-teiras de nosso país a TB, assim chamada, enxameou-se por todos os lados e atingiu todas as clas-ses sociais. Anna Nery foi uma das muitas abnegadas que auxi-liaram no combate e na ajuda aos tísicos. Uma doença que mudou costumes, como a colocação de escarradeiras em todos os lugares possíveis e imagináveis. Um tanto nojento, por assim dizer, mas ne-cessário. Esse artefato tinha até

Sanatório S.2Década 1950

Campos do Jordão 21

“O Sanatório São Paulo tratava não apenas de tuberculosos po-bres, mas também daqueles que podiam pagar, sendo que essa verba proveniente dessas inter-nações serviria para auxiliar na manutenção dos pobres. Desse modo, cada pavimento foi desti-nado a uma dessas classes de doentes, da seguinte maneira: o 1o. pavimento foi reservado aos pobres, o 2o. pavimento para semi-pensionistas, em salão subdividido em compartimentos de um leito, a 400$000; e em salão comum, a 300$000. O 3o. pavimento era reservado para pensionistas, divididos em quar-tos de dois leitos, variando de 500$000 a 600$000 por pessoa e em quartos de um leito, varian-do de 700$000 a 1:000$000. Estes valores não incluíam os medicamentos e as radiografias, cobrados à parte. De acordo com a Ata da sexta Assembléia Geral, de 25 de janeiro de 1934, em re-latório médico do ano anterior, a porcentagem de indigentes inter-nados no hospital durante o ano foi de 55,3%, enquanto que os pagantes representaram 44,7% das internações.”

design diferenciado, feito de vidro, faiança e metais nobres; tornou-se um objeto de decoração. Muito se lutou para conseguirmos chegar à cura e, nesse ínterim, providên-cias paliativas foram organizadas para conter o surto. E é neste con-texto que entram os famosos dis-pensários ou sanatórios (clínicas) que eram construídos em lugares arejados e distantes da vida dos cidadãos comuns. O tratamento, ainda sem as drogas curativas, dava-se pela climatologia. Os ares dos campos associados à altitude elevada, repouso e dieta rica em carboidrato eram fatores que ajudavam o doente a se curar.

No Estado de São Paulo, Emílio Ri-bas - Diretor do Serviço Sanitário – e Victor Godinho desenvolveram a infraestrutura urbana e o trans-porte para que os enfermos fos-sem encaminhados a Campos do Jordão, pois essa região era um local que atendia a todos os requi-sitos para tratamento da tubercu-lose, ou seja, o clima de altitude seco, a pureza do ar, a rarefação da atmosfera e as temperaturas moderadas no verão. Os resulta-dos foram tão positivos que toda a cidade participava do tratamento, inclusive algumas casas de parti-culares recebiam enfermos ricos do Rio de Janeiro e outras localida-

Sanatório Ebenezer Fundos - Década 1940

22 Cidade&Cultura

Turismo de cura

além de fundador da Vila Capiva-ri, Macedo doou várias porções de terras para a construção de sanatórios, uma casa para as Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, um terreno para o Centro de Saúde, participou da construção da Rodovia SP-50, em 1933 e foi considerado na-cionalmente como o Embaixador da Paz como Ministro das Rela-ções Exteriores, Ministro da Jus-tiça e Interventor Federal de São Paulo. Morreu em 1968 e deixou um legado de prosperidade, tan-to aos enfermos que ali necessi-tavam de ajuda, como o legado do turismo na cidade.

Macedo Soares

des. A vida dos internados era di-fícil, conviviam com a morte em si, presenciando caixões saindo nas frias madrugadas e ainda dividiam seus quartos com outros doentes, onde uma sinfonia de tosse fazia ecoar nos mais duros corações.

Com a vinda de enfermos e seus acompanhantes em busca de tratamento, além de outras pessoas que procuravam apenas um refúgio, a cidade revelou o seu grande potencial turístico, capaz de proporcionar repouso e lazer. Foi então que surgiram os luxuo-

sos hotéis, como o Grande Hotel e o Toriba, com infraestrutura de primeira linha. Nesta nova conjun-tura, identificamos a pedra funda-mental da mudança de personali-dade de Campos de Jordão. Com a maciça popularidade de seu cli-ma, a descoberta de drogas mais eficazes contra a “Peste Branca” e a capacidade do poder público em ter diretrizes claras para o de-senvolvimento, a cidade transfor-mou-se em destino turístico, sua vocação natural. Mas a consolida-ção disso veio a partir dos anos

de 1950, quando foi invadida por turistas de maior poder aquisitivo, como empresários e industriais que, além de desfrutarem do luxo dos hotéis, construíam suas casas de campo. Essa transição foi con-tínua, e uma gradativa infraestru-tura foi concebida para o turismo. E podemos somar a essa transfor-mação a iniciativa de trazer à ci-dade o Congresso Nacional de Tu-rismo, nos anos de 1953 e 1959, além de fundar a Colônia de Férias dos Oficiais da Força Pública em 1951, criar a Diretoria Municipal de Turismo em 1952, lançar o pri-meiro folheto turístico em 1958 e passar a jurisdição da Estrada de Ferro para a Secretaria de Turismo em 1972. Finalmente, em 1978, a cidade ganhou o título de Estância Climática. Hoje, Campos do Jordão possui impressionante capacida-de turística, com uma média de 10.000 leitos.

Sanatório S.Paulo Década 1940

campos do jordãoAs cidades de Pindamonhanga-

ba e Campos do Jordão são privile-giadas por um dos mais pitorescos meios de transporte, o trem.

A ideia deste trem surgiu dos médicos sanitaristas Emílio Ribas e Victor Godinho, em 1910, para facilitar o transporte dos doentes de tuberculose em Campos do Jor-dão, pois projetaram uma vila sani-tária na cidade. Antes da Ferrovia, “o transporte de pessoas a Cam-pos do Jordão era precaríssimo, pois, em 1877, foi criada a “Cia. De Transporte para Campos do Jor-dão”, que conduzia os passageiros, em troles, de Pindamonhangaba até a Raiz da Serra (atualmente Piracu-ama). Pernoitavam em uma pensão e no dia seguinte, os que tinham saúde subiam a serra a cavalo, e as pessoas enfermas seguiam em

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Ferrovia

estrada de Ferro de

Casa de funcionários

da EFCJ

EstaçãoFracalanza

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Campos do Jordão 25

• Renópolis • Tanaka• Gavião Gonzaga• Cacique• Toriba• São Cristóvão• Sanatórios/Abernéssia• Fracalanza• Campos do Jordão/Grande Hotel• Damas• Capivari/Emílio Ribas

estações e paradas em Campos do Jordão

liteiras e banguês” (Pedro Paulo Fi-lho). A Estrada de Ferro de Campos do Jordão – EFCJ foi inaugurada em 15 de novembro de 1914. Com a Primeira Guerra mundial, a ferrovia passou por grandes problemas fi-nanceiros e passou para as mãos de Sebastião de Oliveira Damas, que era na época o maior credor da ferrovia. Para não haver sucate-amento das peças, o Comendador e Presidente de São Paulo, Sr. Fran-cisco de Paula Rodrigues Alves, de-cretou que o Estado encampasse a ferrovia. “A primeira automotriz que chegou a Campos do Jordão foi a Catarina, movida a gasolina, que foi recebida com banda de música e grande foguetório.” (Pedro Pau-lo Filho). Em 1924, foi totalmente eletrificada pela English Electric. Como primeira função, ela teve pa-pel crucial na ajuda aos pacientes e também no escoamento de pro-

dutos agrícolas da região, mas o seu melhor momento ainda estava por chegar. Ao término da ingrata fase da doença dos românticos, começa na década de 1970, em meio à fase do turismo de lazer, um propósito mais ameno que, com as belezas naturais da Serra da Man-tiqueira, logo virou um dos maiores cartões postais da cidade. Com 47 quilômetros e uma velocidade mé-dia de 32 km/h, o passageiro tem uma visão deslumbrante da região, mas o fato mais interessante é que em trechos de serra a veloci-dade cai para 16 km/h. Dentre as estações, a mais alta é a Parada Cacique, também chamada de Alto do Lageado com 1.743 metros de altitude. Nessa altura, nem precisa-mos explicar a visão surpreendente de toda a cidade e adjacências. Ali tem uma placa: Ponto Culminante Ferroviário do Brasil.

Estação Emílio Ribas- Capivari

Bonde gasolina 1916

1º Bonde Gasolina-Dec 1920

Maq. Piracuama

Vagão de passageiros

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Vamos relatar exatamente como foi escrita a história da inusitada visita dos legalistas nas terras de Campos do Jordão, para termos a medida exata da esperteza dos sol-dados que defendiam seu território:

“Na Estrada dos Barrados, che-garam soldados da União Federal, um tenente e dezenas de praci-nhas. O tenente perguntou onde era o posto policial, já com arma em punho, e Eduardo Moreira da Cruz pediu que ele guardasse a

esperteza e sabedoriaUma história de

arma. Indagado a responder sobre as condições da cidade, Eduardo, para assustá-los, que quem não era tuberculoso era tísico. “Qual a diferença?”, perguntou o tenente, e Eduardo respondeu: “Eu mesmo já fui doente, tenente. O primeiro exala bacilo e o segundo não”.

O tenente assustou-se e pediu para tomar café e Eduardo o enca-minhou ao bar do Manoel Pereira Alves, no mercado municipal, mas advertiu: “O senhor não tome

nada em copos e xícaras! Peça copo higiênico”. O tenente assus-tou-se mais ainda. Em seguida, Eduardo reuniu na Praça de Vila Abernéssia todos os pobres da fa-vela, para distribuição de alimen-tos, mas advertiu: “Olha minha gente, quando o tenente chegar, vocês comecem a tossir e gemer. Se não fizerem assim, o tenente vai levar todos os alimentos da cidade”. Quando o tenente lega-lista chegou à praça e viu aque-

Revolução de 1932FO

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“A Revolução Constitucionalista de 1932 foi a resposta dos paulistas ao Governo Provisório varguista. Com a Revolução de 1930, o Estado de São Paulo perdeu muito de seu poder político, pois Getúlio Vargas, ao chegar à presidência, ignorou a Constituição Brasileira de 1881. Instalando uma ditadura. A autonomia paulista foi sucumbida de vez com a implantação de interventores do Governo do Estado. Uma revol-ta passou a ser planejada.Em 23 de maio de 1932, a população foi às ruas da cidade de São Paulo em manifestações contra a ditadura de Vargas. Um grupo tentou invadir a Liga Revolucionária (força paramilitar de sustentação política do governo), resultando na morte de quatro estudantes revoltosos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Foi o estopim para que paulis-tas se organizassem em um movimento constitucionalista que eclodiu alguns meses depois. No dia 9 de julho, estourou a Revolução Constitucionalista por todo o Estado. Como Vargas conseguiu reter as tropas enviadas por Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul em apoio aos paulistas, es-tes se viram então cercados e quase sem ajuda militar, nada restando a fazer além de defender seu próprio território. Sem opções, o Estado de São Paulo se rendeu em 2 de outubro de 1932. Embora os constitucionalistas tenham perdido a causa, o fim da revolta marcou um processo de democratização, que resultou na Assembléia(sic) Nacional Constituinte em maio de 1933 e, posterior-mente, na Constituição de 1934.”

Causa da Revolução

le quadro dantesco, empalideceu e colocou logo o lenço no rosto, manifestando o propósito de ir embora. Quando o tenente fede-ral quis partir, Eduardo lhe disse: “Mas, tenente, o senhor não pode partir, sem assinar um documen-to de que está tudo em ordem”. O secretário da Prefeitura, Antônio Augusto Conceição, redigiu o do-cumento e o tenente demonstrou receio de pegar na caneta que lhe fora fornecida para assinar o do-cumento, com medo de contágio. Eduardo contava a história dando gargalhadas. A perspicácia e a pre-sença de espírito afugentaram, ra-pidamente, os únicos agentes de

Getúlio Vargas que estiveram em Campos do Jordão”.

Mas nem tudo eram flores. As condições de nossos bravos guerrei-ros eram precárias e o rigoroso frio fazia um verdadeiro estrago entre as tropas. Muitos sustos e muitos alar-mes falsos faziam a população se abrigarem em refúgios, como o bairro Vila Inglesa e o Pico do Itapeva. Aqui o Batalhão ficou conhecido como “Pó de Arroz”, porque a maioria de seu contingente era formada de rapazes de escolas de ensino superior como a Faculdade de Direito de São Paulo e a Escola Politécnica.

Fonte: “Jornal das Trincheiras – Órgão da Revolução Constitucionalista”

Fonte: livro “Campos do Jordão a Joia da Mantiqueira” – Pedro Paulo Filho

Constitucionalistas de 1932 - Sopé do Morro do Elefante

com Prefeito Antonio Gavião Gonzaga

Soldado Paulo de Almeida Salles-

Const.1932Pátio Estação

E.Ribas

28 Cidade&Cultura

Religiosidade

a palavra amiga e consoladora

Interior da Igreja Matriz Santa Terezinha

Matriz Igreja Nossa Senhora Teresinha

Uma das mais importantes atu-ações das missões religiosas foi o amparo aos necessitados. Em Campos do Jordão, que por sua dádiva climática recebeu muitos doentes de tuberculose, aglome-rou uma centena de missionários de várias congregações que vie-ram em socorro aos tísicos. Por esse motivo, se formos colocar em palavras e fotografias tudo o que esses abnegados fizeram pela saúde da cidade, teríamos que escrever um livro inteiro. Mas, não poderíamos deixar em bran-cas nuvens a biografia do religioso conhecido pela benevolência e de-

Com Deus no coração,

terminação, o Frei Orestes Girardi, que foi, sem dúvida, um exemplo de amor ao próximo. Pertencente à Ordem Franciscana dos Frades Menores, Frei Orestes nasceu em Nova Prata, no Rio Grande do Sul, em 1921, com o nome batismal de Antônio Fernandes. Em 1955, chegou a Campos do Jordão, com a missão de cuidar da portaria do Convento e da Sacristia. Fez diver-sas campanhas para melhoramen-tos da Igreja Matriz e conquistou o carinho da população. Também se empenhou aos mais necessita-dos, principalmente às crianças, que costumavam bater na porta

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O Reverendo Alfredo Amaral trouxe para Campos do Jordão a Igreja Metodista, em 1932, com o objetivo de socorrer os enfer-mos da tuberculose, e também fundou o Sanatório Ebenezer.Com a morte do Reverendo, as famílias Sarmento e Randoli deram prosseguimento a suas obras até a fundação de um tem-plo definitivo, em 1942, prédio este que foi tombado em 2012 pelo Patrimônio Histórico.Onde: R. Tadeu Rangel Pestana, 211

Santa Teresinha

Igreja Metodista Livre

“Não quero ser santa pela metade, escolho tudo” A santa de hoje nasceu em Alençon (França) em 1873 e morreu no ano de 1897. Santa Teresinha não só descobriu que no coração da Igreja sua vocação era o amor, como também sabia que o seu coração - e o de todos nós - foi feito para amar. Nascida de família modesta e temente a Deus, seus pais (Luís e Zélia) tiveram oito filhos antes da caçula Teresa: quatro morreram com pouca idade, restando em vida as quatro irmãs da santa (Maria, Paulina, Leônia e Celina). Teresinha entrou com 15 anos no Mosteiro das Carmelitas em Lisieux, com a autorização do Papa Leão XIII. Sua vida se passou na humildade, simplicidade e confiança plena em Deus. Todos os gestos e sacrifícios, do menor ao maior, oferecia a Deus pela salvação das almas e na intenção da Igreja. Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face esteve como criança para o Pai, livre, igual a um brinquedo aos cuidados do Menino Jesus e, tomada pelo Espírito de amor, que a ensinou um lindo e possível caminho de santida-de: infância espiritual. O mais profundo desejo do coração de Teresinha era ter sido missionária “desde a criação do mundo até a consumação dos séculos”. Sua vida nos deixou como proposta, selada na autobio-grafia “História de uma alma” e, como intercessora dos missionários sa-cerdotes e pecadores que não conheciam a Jesus, continua ainda hoje, vivendo o Céu, fazendo o bem aos da terra. Morreu de tuberculose, com apenas 24 anos, no dia 30 de outubro de 1897 dizendo suas últimas pa-lavras: “Oh!...amo-O. Deus meu,...amo-Vos!” Após sua morte, aconteceu a publicação de seus escritos. A chuva de rosas, de milagres e de graças de todo o gênero. A beatificação em 1923, a canonização em 1925 e declarada “Patrona Universal das Missões Católicas” em 1927, atos do Papa Pio XI. E a 19 de outubro de 1997, o Papa João Paulo II proclamou Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face doutora da Igreja. Fonte: www.cancaonova.com

Com Deus no coração,

do convento para pedir assistên-cia. Diante da necessidade que sentia de ajudá-las, passou a dar catequese à sombra de uma árvo-re, o que deu origem à Sociedade de Educação e Assistência – Frei Orestes, conhecida como SEA. Em 1972, ordenou-se Diácono. Em 1988, conseguiu a aprovação para a Congregação das Irmãs Fran-ciscanas de Nossa Senhora de Fátima, pelo Bispo Dom Antônio Afonso de Miranda. Mesmo com a saúde debilitada, Frei Orestes

Interior da primeira Igreja Metodista de Campos do Jordão

Fachada da primeira Igreja Metodista de Campos do Jordão

Religiosidade

Mosteiro de São JoãoA entrada é triunfal, pois o local é cercado por um bosque que leva o visitante a um estado de paz de espírito. O silêncio é quebrado no final da tarde com o Canto Gregoriano. Espaço bem aproveitado, de um capricho impecável com imagens de santas em grutas, não lembra nem um pouco a pequena casa em que ha-bitaram próxima a Igreja da Nossa Senhora da Saúde. A fundadora do convento foi Madre Margarida Hertel, batizada como Gertrud Franzisca Felicitas, que veio a

Campos do Jordão em 1964, mas somente em 1968 é que consegui-ram comprar a atual chácara com a ajuda de muitos colaboradores. Uma tarde para contemplar, ver os artigos religiosos, os artesanatos e assistir ao coral, fazem um bom passeio. Mas quem quiser entrar nessa experiência mais a fundo, é só ficar na Casa de Retiro San-ta Scholástica e passar uma semana dedicando-se aos estudos ou mesmo “retirando-se” da vida cotidiana.Onde: Av. Dr. Adhemar de P. Barros, 300

“... A segunda igreja construída em Vila Capivari, pois a primeira foi construída em 1929 e demoli-da em 1940 e tinha como padro-eira a nossa Santa Terezinha... Até os ilustres, dedicados e ma-ravilhosos freis, a maioria com seus sotaques característicos e puxados para o germânico, pertencentes à Ordem dos Fra-des Menores, já não estão à sua frente. Ainda bem que os padres atuais, pertencentes à Ordem dos Salesianos, são igualmente impecáveis.” Fonte: http://www.camposdojordaocul-tura.com.br

Igreja de São Benedito

manteve sua rotina de assistência aos pobres e, ao final da vida, em 1988, pediu: “não deixem as crian-ças passarem fome e nem frio”. O humilde franciscano deixou para nós seu legado de amor e compai-xão e é lembrado com emoção ain-da hoje pelos jordanenses.

Igreja MatrizEm 25 de novembro de 1928,

a Capela de Vila Abernéssia, foi elevada à categoria de Paróquia,

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tendo como padroeira a Santa Teresinha do Menino Jesus. Foi criada pelo decreto de 21 de no-vembro de 1928, por D. Epami-nondas, Bispo de Taubaté. A es-colha da Santa Teresinha como padroeira também da cidade so-freu influência da tuberculose. A Santa faleceu aos 24 anos pela doença e Campos do Jordão, na década de 1920, viveu à sombra da terrível moléstia.Onde: R. Tadeu Rangel Pestana, 662

Igreja deSão Benedito

Interior da Igreja Nossa

Sra. da Saúde

Mosteiro de São João

Casa de Retiro Santa Scholástica

32 Cidade&Cultura

Memórias

os registros preservados

Prev. Sta ClaraDec.1960

Após ceder tantas fotografias de seu acervo angariado a duras penas, o Sr. Edmundo não nos deixou outra saída senão publicar as verdadeiras relí-quias registradas de um tempo áureo que comprova a grandeza de Campos do Jordão. Trabalhador da Estrada de Ferro de Campos do Jordão, Edmundo Ferreira da Rocha, em um ímpeto de cidadania, começou a fotografar as fotografias das famílias, tradicionais ou não, e com isso conseguiu montar um registro de milhares de histórias, não só do espaço físico, mas também das idas e vindas de seus moradores. Hoje, podemos chamá-lo de Fotógra-fo dos Fotógrafos, pois sem sua de-dicação e sem essa postura da pre-servação da memória, muito do que escrevemos até agora não passaria de vaga lembrança.

Com amor à cidade,

SanatórioPadre Vita

V.JaguaribeDec.1930

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V.JaguaribeAno 1928

V.Abernéssia Década 1970

Santa Casa Década 1950

V.JaguaribeDec.1930

Sanatório Sírio Década 1950

V.AbernéssiaDec. 1940

Bandeira Paulista 1940

Vila Inglesa Antonio Garcia Moya, espanhol,

nascido em 1891, vindo ainda criança para o Brasil, formou-se na escola Belas Artes em 1933 e, com seu colega de turma, Guilherme Malfatti, montou o escritório de en-genharia “Moya e Malfatti”, o qual foi responsável pela construção de várias residências em estilos varia-dos como o ecletismo, normando e californiano. Um dos mais conheci-dos projetos é o Hotel Vila Inglesa, que se transformou num ícone da cidade de Campos do Jordão, subs-

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Turismo

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tituindo as ornamentações exage-radas pela geometrização.

Fundado em 1947, é o marco da arquitetura de traços europeus em Campos do Jordão. Logo ao avistá-lo, temos a impressão de voltarmos a uma época de ouro. Por dentro, totalmente restaurado, a sensação é de estarmos realmente em um recanto inglês. Com uma área de quase 60 mil metros quadrados, abriga um haras, piscina e todas as instalações que um hotel de luxo possui, mas o maior charme vem das lareiras de pedras e um acon-chegante bar.

Por aqui passaram inúmeras figuras ilustres, mas acredita-mos que a concentração da Se-leção Brasileira de Futebol de 1963, foi o maior destaque, pois

após um mês trouxeram o Cane-co para o Brasil, indicando que os ares de Campos realmente é fortalecedor.Onde – Rua Marianne Baumgart, 3400 – Vila Inglesa

Sala da lareira em predras e azulejos portugueses

Hotel Vila Inglesano início

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Turismo

Orotour Garden HotelO Hotel Orotour foi fundado em

1978, apesar de sua construção datar da década de 1940, épo-ca em que foram construídos no Brasil muitos Hotéis Cassinos. Pri-meiramente se chamou Hotel dos Lagos e foi idealizado para ser um cassino também. Com a proibição do jogo no país, o Hotel dos Lagos, que pertencia a família Caravelas, ficou parado por muitos anos. Em 1955, os proprietários da Vila Natal Turismo, a qual pertencia o Hotel dos Lagos, lotearam a área

ao redor e tornou-se o bairro Vila Natal, onde sempre se localizou o hotel. Em 1979, um grupo de 4 só-cios terminaram a construção do Hotel com arquitetura normanda e pequenos detalhes de hotéis eu-ropeus como: bar estilo pub, café francês, sala de leitura, sala de la-reira tornando os ambientes acon-chegantes e acolhedores e com be-los jardins. São 61 apartamentos e mais 4 chalés equipados com lareira para até 5 pessoas. Além de tudo isso, a criançada também tem seus espaços, o que dá aos pais maior liberdade para um des-canso tranquilo, pois a meninada é monitorada por faixas etárias. Agora, se você não quiser apenas descanso, o Hotel possui quadra poliesportiva, quadra de tênis, campo de futebol, pista de cooper, além de sauna, fitness center, pis-cina aquecida e coberta e um deck de deixar qualquer um de queixo caído pela vista da Mata de Arau-cária. E depois de tudo isso, nada

Proibição dos jogos de azar no Brasil – decreto-lei nº 9.215 de 1946, baixado pelo então Presidente Eurico Gaspar Du-tra que dizia que o jogo é de-gradante para o ser humano. Fato histórico brasileiro que abalou estruturas turísticas, perdas de milhares de traba-lhadores (cerca de 40.000) e o final de um ciclo vitorioso nas muitas cidades que ti-nham o Cassino como fonte econômica. A história diz que esse decreto foi motivado pela religiosidade da Primeira Dama, Sra. Carmela Teles Lei-te Dutra, católica ferrenha.

jogos de azar

como um bom fondue completo a luz de velas para terminar o dia...

Onde: Rua Engenheiro Gustavo Kaiser, 165 – Vila Natal

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Fachada Grande Hotel Campos do Jordão

“Inaugurado no ano de 1944, o hotel mantém em sua decoração ele-mentos que remetem à atmosfera glamorosa dos anos 40, ao mesmo tempo em que procura se renovar constantemente, ampliando sua in-fraestrutura e seu leque de opções de lazer e facilidades, sempre pen-sando nos hóspedes que buscam

Hotel-escola SenacGrande Hotel Campos do Jordão

Hotel ToribaInaugurado em 1943, encimado

em um outeiro e construído por Er-nesto Diederichsen e seu genro Luiz Dumont Villares, o Hotel Toriba é um dos marcos históricos da cidade. Construíram um hotel com as mes-mas características das edificações dos Alpes Europeus, dando um char-me e também ditando a tendência arquitetônica da cidade. Sob a admi-nistração, até 1958, do proprietário do restaurante “Caverna Paulista”de São Paulo, Henrique Hillebrecht, o hotel tinha um dom para fazer das estadas dos hóspedes um grande momento de alegria e descontração. Segue depoimento do empresário Henrique GuntherTuch, colhido do li-vro “O Toriba na Cultura de Campos do Jordão” de Celia Svevo e Sandra Nedopetalski: “A cozinha, Maravi-

relaxar e nos eventos coorporativos que recebe.

Restaurantes, quadras para a práti-ca esportiva, piscinas, saunas, centro de convenções e um bosque de 400 mil metros quadrados (com araucá-rias, pinheiros, pinhos bravos, bromé-lias, orquídeas e liquens) são algumas das atrações do Grande Hotel.”

Em 1982, depois de uma déca-da fechado o Senac São Paulo e o Governo do Estado de São Paulo as-sinaram um convênio que visava à fundação de um hotel-escola, dando início a um novo capítulo na história

do Grande Hotel. A ideia era aprovei-tar as instalações daquele que havia sido na década de quarenta, um lu-xuoso hotel-cassino para promover o aprendizado de jovens profissionais e fazer renascer um dos grandes atrativos turísticos da cidade.

A retomada do Grande Hotel Cam-pos do Jordão começou em 1987, quando foi dado início a uma profunda reforma, que promoveria mudanças estruturais e recuperaria o prédio. No entanto, a orientação era manter as ca-racterísticas da arquitetura original.Fonte: Assessoria de Imprensa - Senac

lhosa (sic), era comandada por Fritz Schwenke. Junto com eles e alguns outros hóspedes, fazíamos uma farra infernal. Na época os quartos eram simples, não havia suítes. Os poucos banheiros ficavam no corredor, e uma das nossas diversões era impedir os hóspedes de ir ao toalete. Arrastáva-mos cômodas e bloqueávamos as portas dos quartos. Trocávamos os sapatos de todos. E namorávamos muito (...). No início íamos de trem, pois como alemães— e, portanto, considerados do ‘eixo’ —, precisá-vamos de salvo conduto para viajar. Não podíamos circular livremente. Chegávamos lá e éramos recepcio-nados, já na estação Toriba, por Hil-lebrecht e Tischauer, o gerente, com um panelaço, alegria e muita cerveja gelada. Na seqüência (sic) fazíamos exame de pulmão. Depois disso era só diversão”. Com a modernidade, muito foi transformado nas instala-

Sala de Cristal

ções do Toriba, porém a dedicação e o prazer de receber estão entra-nhados em suas paredes, em seus jardins maravilhosos com canteiros cultivados um a um e uma equipe altamente treinada para dar aos hós-pedes uma extensão de suas casas, no campo.

Hotel Toriba no passado

Hotel Toriba nos dias de hoje

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produto milenarDesde sua fundação, em 1999,

a Cervejaria Baden Baden tornou-se uma das mais bem sucedidas fá-bricas de cerveja gourmet do país. Com a conservação da tradição de cada tipo de cerveja, ingredientes escolhidos a dedo e amor à manufa-tura desse produto adorado pelo ser humano, hoje podemos ter o prazer de tomar uma cerveja brasileira de qualidade inigualável dentro das possibilidades do paladar. Além de todo o capricho durante o processo, um fator que torna as cervejas da Baden Baden únicas é a pureza da água das montanhas da cidade. Dos onze rótulos de cerveja, contando

38 Cidade&Cultura

Cervejaria Baden Baden

do capricho aliado a ingredientes especiais, renasce um

que três são edições limitadas, al-guns conquistaram importantes prê-mios, o que eleva e exalta mais uma vez a capacidade extraordinária do sabor destes produtos. Um exemplo é a Baden Baden Stout, que recebeu medalha de ouro no renomado Euro-pean Beer Star, na Alemanha, com o título de “A melhor cerveja Dry Stout do mundo”, em 2008.

Rótulos da Baden Baden:Celebration: Double Bock com 8,2% de teor alcoólico. Cor casta-nho escuro e aromas de maltes tor-rados que remetem a chocolate e café, com corpo intenso.

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com a abundância da cevada na Mesopotâmia, a mais ou menos 6 mil anos, os sumérios foram os precursores da arte da cervejaria. Exportada ao Egito, logo tornou-se a principal bebida entre os habitantes do Nilo, mas foi com os romanos, em suas conquistas que a cer-veja dominou o mundo. O nome atual é uma homenagem dos gauleses a ceres, deusa da agricultura e da fertilidade.

História da cerveja do capricho aliado a ingredientes especiais, renasce um

Tripel: Tripel com 14,0% de teor al-coólico. Assim como nos monasté-rios belgas, a Tripel passa por três fermentações e um longo período de maturação. De coloração ouro avermelhado, corpo denso, textura licorosa e aroma de frutas e avelã.Baden Baden 1999: Bitter Ale com 6,0% de teor alcoólico. Exemplar típico da Bitter Ale inglesa nascida no século XVII, possui aroma intenso e genuíno de lúpulos florais condimentados. Cristal: Pilsen com 5,0% de teor alcoólico. Produzida com 100% de maltes de cevada. Stout: Stout com 7,5% de teor alco-ólico. De coloração escura e forte aroma de café e chocolate, possui espuma bastante cremosa, corpo intenso e elevado amargor.

Red Ale: Double Red com 9,2% de teor alcoólico. Seu aroma reúne características tostadas e carame-ladas, além da intensa presença de lúpulo herbal.Golden: Ale com 4,5% de teor alco-ólico. com sabor levemente adoci-cado, possui aroma frutado conferi-do pela canela e frutas vermelhas.Weiss: Weiss com 5,2% de teor alco-ólico. De aroma de cravo e banana, mantém a tradição bárbara na qual não há filtragem e parte do fermen-to permanece no interior da garrafa, conferindo um aspecto turvo.Bock: Bock com 6,5% de teor al-coólico. cerveja Lager encorpada, de coloração castanho escuro, com um toque adocicado e aroma leve-mente tostado.

Christmas: Ale com 5,5% de teor al-coólico. Espumante, com trigo do tipo Ale, coloração clara e corpo leve.Chocolate: Ale com 6,0% de teor alcoólico. Possui corpo leve e aroma com notas adocicadas de cacau. Esta edição especial traz o equilíbrio perfeito entre o delicioso sabor do chocolate e o amargor ca-racterístico de maltes tostados e lúpulos especiais. Onde – Avenida Matheus Costa Pinto, 1653 – Vila Santa Cruz

40 Cidade&Cultura

Festa das Hortênsias – dezembro a janeiro

Com eleição de Rei e Rainha do Carnaval, melhor marchinha, melhor samba-enredo, torcida e bateria nota 10, o Festival de Músicas Carnava-lescas que acontece há mais de 30 anos, faz de Campos do Jordão o centro do Carnaval da região, onde os carnavalescos expõem o que há de melhor para fazer a Festa do Rei Momo e uma gratificante forma de contagiar toda a população.

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Folclore

Festival de Músicas Carnavalescas

Campos do Jordão é conhecida por sua infinidade de hortênsias, flores naturais do Japão, que enfeitam toda a cidade e parecem ter se natura-lizado. Desde 2000, a colônia japonesa de Campos do Jordão realiza a Festa da Hortênsia, que ocorre entre os meses de dezembro e janeiro (a data depende do florescimento das plantas). Na festa podemos encontrar comidas típicas japonesas, como doces e yakissoba, além de barracas de artesanato e artigos orientais e apresentações de música e dança.Fonte: Secretaria de Cultura de Campos do Jordão

Festa do Pinhão“O pinhão é a semente da Araucária, que amadurece com a chegada do outono. Seu aparecimento marca o princípio das fortes quedas de temperatura e a proximidade dos dias claros e secos de inverno, típicos da Serra da Mantiqueira.”http://www.camposdojordao.sp.gov.br

Em 1961, sob a batuta do Dr. Fausto Bueno de Arruda Camargo, pre-sidente do Lions Clube de Campos do Jordão, surge a ideia posta em prática da Festa do Pinhão. Natural, pois a região apresenta fartamen-te esse fruto que é ingrediente de vários pratos típicos. Uma alusão à prioridade da conservação dessa espécie tão importante ao ecossis-tema da região. O sucesso da Festa é proveniente das atividades que a compõem, como concursos de pratos típicos, fotografia, escolha da Rainha da Festa e muito mais.

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Exposição da Primavera - Setembro

Festa da Cerejeira (Sakura Home) – julho/agosto

Festival da Viola José Corrêa Cintra

Nossa história conta que a pri-meira muda de cerejeira chegou ao Brasil em 1936, e como se trata de árvore típica de luga-res frios, de origem asiática, só em 1937, encontrou no solo da Serra da Mantiqueira, mais es-pecificamente no município de Campos do Jordão, lugar favorá-vel para o seu cultivo. A Festa da Cerejeira em Campos do Jordão é uma versão do que acontece todo ano no Japão, o “hanani”, que é o ato de contemplar as flo-res, e que simboliza para o povo nipônico, o ciclo de renovação da vida. Para os japoneses radi-cados no Brasil, significa a opor-tunidade de reaproximação com a cultura de seu país de origem, e para os turistas, sem dúvida, chance de se deslumbrarem com a beleza de “contemplar as flores”, à moda brasileira.

Realizado em quatro dias este Festival de Viola demonstra bem as raízes da cultura jordanen-se e de fora, é um dos eventos mais populares da cidade, reune várias cidades, entre elas: São Bento do Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal, Sapucaí Mirim, Apare-cida do Norte, Santa Branca, Ca-choeira de Minas, São José dos Campos, Pindamonhangaba, Tre-membé, Taubaté etc.

Exposição Crio...Exponho...Existo Esta exposição foi criada há cerca de 40 anos por alguns artistas plásticos que sentiram a falta da união e de um espaço para mos-trarem seus trabalhos, entre eles Tubarão (Luiz Pereira Moysés) e Sylvia Strass. Esta exposição costuma ser uma das maiores reunin-do até cerca de 100 artistas.

Exposição com os artistas plásticos jordanenses e artistas que mantenham vínculo com o município, o tema é a primavera, nestas exposições além dos artistas plásticos com suas maravilhosas telas também tem a participação de artesãos com suas esculturas e traba-lhos em decoupage, bordados etc.

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Arquitetura

42 Cidade&Cultura

tem na beleza sua própria justificativa” “Quando uma forma cria beleza

Oscar Niemeyer

Acreditamos que a frase de Niemeyer justifica a arquitetura de Campos do Jordão. Percorren-do seus bairros, encontramos di-versas influências arquitetônicas, como normanda, suíça, alemã, portuguesa etc. Muitos apelida-ram a cidade de “Suíça Brasilei-ra”, mas isso foi nos idos 1920, em uma referência ao seu clima,

que realmente se assemelha em muito com os Alpes. Mas a cida-de é muito mais que isso, é uma mescla de vários povos que vie-ram para cá com a finalidade de ter um futuro melhor. E Campos do Jordão reflete essa ânsia por qualidade de vida em muitos as-pectos. Um deles é a sua arqui-tetura, linda, eclética, mesclada,

colorida, enfim, uma cidade que se destaca pelo bom gosto e aco-lhimento a todos que chegam. Diante disto, vamos explicar as muitas tendências arquitetônicas encontradas.

CHALÉ SUÍÇOÉ uma casa do campo comum

nos Alpes Suíços, erguida em ma-

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Centro atual

deira com telhado de grande cai-mento e beirais avançados. De ori-gem na Cordilheira Savoy – França divisa com a Suíça -, era o local onde os pastores moravam na primavera e verão. A palavra chalé deriva do latim medieval que significa abrigo. No inverno rigoroso dos Alpes, es-ses chalés ficavam vazios devido às temperaturas muito baixas e falta de calefação. Com o passar do tempo, essas moradias come-çaram a ser ocupadas no inverno

com a intenção de lazer e notamos sua presença arquitetônica em re-giões de prática de esqui. “Estilo arquitetônico de casa baseado de forma livre no protótipo de chalé suíço. Apresenta dois pavimentos, telhado com duas águas, sacada frontal ou pórtico com balaustrada de volutas, ornamentos de madei-ra, tabeca de tábua e mata-junta ou estuque ornamentado.”

Fonte: Dicionário Ilustrado de Arquitetura – Ernest Burden

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(1485 – 1547) evolução da ar-quitetura gótica perpendicular inglesa da Dinastia Tudor, du-rante os reinados de Henrique VII e VIII que precedeu a arqui-tetura Elisabetana e se carac-terizou pelo uso de arcos com quatro centros.” Fonte: Dicionário Ilustrado de Arquitetura – Ernest Burden

Estilo Tudor

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Arquitetura

Palácio Olivetti

Entrada do Palácio Boa Vista

PALÁCIO BOA VISTA Em 1938, Adhemar de Barros, in-

terventor federal do Estado de São Paulo, nomeado por Getúlio Var-gas, escolheu Campos do Jordão para a construção da residência oficial do governador. O arquite-to polonês Georg Przyrembel, foi incumbido da construção desta maravilha inspirada no estilo Ma-ria Tudor. O bairro escolhido foi o do Alto da Boa Vista, pelo cenário deslumbrante de toda a cidade. Porém esta obra, por motivos obs-curos, ficou morosa durante 25 anos, e somente foi terminada em 1964. Internamente, é dividida em 105 cômodos em um terreno de 95mil m² com jardins imensos e maravilhosos. Onde – Avenida Adhemar de Barro, 3001 – Alto da Boa Vista

PALÁCIO OLIVETTI“Edifício mais antigo de Cam-

pos do Jordão, teve sua constru-ção iniciada em 1919 por iniciati-va de seu proprietário, o Sr. Prós-pero Olivetti, sendo concluído em 1921. O construtor foi o Sr. Carlos Oliveira Rocha, um português na-tural de Castelo Paiva, que chegou a Campos do Jordão no ano de 1818. Até o início da década de 1930, o Palacete Olivetti” foi uti-lizado como “Pensão e Sanatório Campos do Jordão”... No térreo

Pátio interno do Palácio

havia uma leiteria e a “Pharmácia Olivetti”, de propriedade do dono do prédio Sr. Próspero Olivetti. Este prédio abrigou, também, por muitos anos, o tradicional Hotel Montanhês, de propriedade do Sr. Wolfgand Böhme. Ele, um dos tri-pulante do navio alemão Windhuk que ancorou no porto de Santos no dia 07.12.1939 fugindo das em-barcações da marinha inglesa.”Onde – Rua Brigadeiro Jordão, 646

Fonte: http://www.efcj.sp.gov.br/index.php/rotei-ros-complementares/campos-do-jordao

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“descreve os edifícios euro-peus e norte-americanos dos séculos XVI e XVII construídos com resistentes fundações, apoios e joelhos, montantes de madeira e cujas paredes se levantavam com argamas-sa ou materiais de alvenaria.”

Fonte: dicionário Ilustrado de Arquite-tura – Ernest Burden

Enxaimel

Georg PrzyrembelNascido na Polônia, em 1885, estudou arquitetura na Alemanha. Chegou ao Brasil em 1912-13. Famoso por inúmeras construções de igrejas pelo Brasil, um de seus primeiros trabalhos foi a reconstrução do Convento de São Bento, em São Paulo. Apaixonado por nossa arqui-tetura colonial, seus traba-lhos foram inspirados nela para seus projetos de igrejas e residências que realizaria nos anos 20 e 30. Participou da Semana de Arte de 1922 com trabalhos medievalis-tas. Sua obra mais conhe-cida é a Igreja do Carmo (e Convento), à Rua Martiniano de Carvalho, São Paulo, de 1928. Przyrembel faleceu em São Paulo em 1956.

“Grande casa assimétrica no estilo das casas de campo da Normandia na França constru-ída na década de 1930; os elementos típicos incluíam uma torre redonda com telha-do cônico, telhados em ver-tente muito íngreme, paredes de alvenaria mista de tijolos e pedra, estuque e anelas de ba-tentes com várias vidraças. O tabique de tijolos era frequen-temente usado.”

Fonte: dicionário Ilustrado de Arquitetura – Ernest Burden

Estilo Normando

VILA FERRAZA Vila Ferraz é um bairro que

preserva ainda muitos chalés construídos com pinho jordanense nas décadas de 1920 a 1940 e muitos moradores tem a preocu-pação de preservá-los, cada um dando seu toque especial. Aqui, podemos encontrar diversos cha-lés de madeira de pinho, extraída do próprio local. Foram constru-ídas sobre pilares de alvenaria, pedras ou até de madeira como a aroeira, assim o piso era mais alto e embaixo, o porão para melhor ventilação e armazenamento de le-nha para fogões. As paredes, após a colocação da estrutura de vigas ou caibros são revestidas de pinho com 20 ou 30 cm de largura. Se, ao término da construção apressem vãos, estes eram fechados com ri-pas de pinho também, chamadas de “mata-juntas”, porque normalmente esses vãos surgiam perto das jun-tas de madeiras. depois de tudo montado, entra o óleo de linhaça, óleo queimado de motor ou mes-mo óleo de cozinha para fechar os poros da madeira. As áreas úmidas

(banheiro e cozinha) são de alvena-ria. Em 1942, o capitão J. M. Vieira Ferraz acabou vendendo o remanes-cente – maior parte dos lotes da já tradicional “Vila Ferraz” – a Nicolau Braga e a Francisco Clementino de Oliveira e sua mulher, Adélia damas Romão Oliveira. daí em diante, as casinhas de madeira de pinho foram surgindo aos poucos e ocuparam a grande maioria dos lotes de “Vila Ferraz”, transformando-a em bairro simples, aconchegante e tranquilo, ótimo para a moradia de grande par-te da população jordanense. Fonte: www.camposdojordaocultura.com.br/categoria

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Inverno

Artes

No dia 02 de agosto de 1970, o jornal “A Cidade de Campos do Jor-dão” noticiava em primeira página a matéria:

“Tiveram grande êxito os concer-tos de inverno

Excedeu as expectativas mais otimistas o êxito alcançado pelos primeiros concertos programados para nossa estância pela comissão coordenada pelo maestro Camargo Guarnieri (...) todos os que acom-panharam o festival foram unâni-mes em aplaudir a medida gover-

A música orquestrando o coração e a sensibilidade aquecendo a alma

namental que trouxe a Campos do Jordão, um grupo de artistas de re-nome internacional, emprestando à nossa estância, com tal promoção, um prestígio que nos coloca no mais alto nível turístico, cultural e artístico (...) Afirmamos sem receio de sermos traídos pelo nosso en-tusiasmo, que os I Concertos de Inverno de Campos do Jordão cons-tituíram um marco histórico para o desenvolvimento do turismo em nosso Estado, com repercussão em todo país.”

Assim, nascia o festival conside-rado o mais importante para a músi-ca erudita do Brasil, no Palácio Boa Vista, residência oficial de inverno dos governadores do Estado, sob o governo de Roberto Costa de Abreu Sodré e preparado pelo então Se-cretário da Fazenda do Estado de São Paulo, Luís Arrobas Martins.

Das mãos da pianista Magda Tagliaferro, surgiram as primeiras notas musicais do festival.

Embora não tenha acontecido no primeiro ano, Camargo Guarnieri,

Campos do Jordão 49

Em 1976, por decisão do maestro, o concerto de encerramento foi realizado ao ar livre, na Praça Jaguaribe, no dia 31 de julho, com a Abertura 1812 de Tchaikoviski. Para os efeitos sonoros da música, foram utilizados dois canhões do exército e os sinos da igreja. Na edição seguinte em 1977, foram selecionados 200 bolsistas que receberam 152 horas-aulas e mais 54 horas de aulas-concertos, e foram executadas 120 obras de 51 compositores. Foi marcado também pelo falecimento de seu idealizador Luís Arrobas Martins. No ano seguinte, por determinação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o festival passou a se chamar “Festival de Inverno de Campos do Jordão – Dr. Luís Arrobas Martins”.

Efeitos

já considerado um dos maiores compositores brasileiros, soube enxergar naquele momento o que provaria ser a vocação de Campos do Jordão, a de conjugar concer-tos e recitais com atividades de formação e cursos paralelos mi-nistrados pelos próprios artistas convidados para apresentarem-se nos concertos.

O décimo festival contou com a inauguração do Auditório Cláudio Santoro e com cursos específicos para maestros, declarados por A. H. Cunha Bueno, então secretário de cultura do Governo do Estado de São Paulo.

Mais de trinta anos se passaram e hoje o festival tem um público direto de dezenas de milhares de pessoas. Por seus palcos, já pas-saram muitos maestros, solistas

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iFoi criada pela Secretaria de Estado da Cultura em 1989, com o intuito de resgatar as tradições das orquestras de rádio e televisão que fize-ram sucesso entre os anos de 1930 e 1970. Com formação bastante singular, a Jazz Sinfônica une a orquestra dos moldes eruditos a uma big band de jazz. O resultado é uma sonoridade exclusiva, que tem lhe conferido protagonismo na criação de uma nova estética orques-tral brasileira por meio de arranjos contemporâneos únicos. Um dos grandes nomes da orquestra, responsável por transformar as melodias populares de compositores brasileiros em arranjos sinfônicos, foi Cyro Pereira (1929-2011), maestro dos Festivais da Record dos anos 1960 e um dos fundadores do grupo, que criou o repertório fundamental e ajudou a transformá-la numa das poucas com esse formato no mundo. A Orquestra Jazz Sinfônica, desde sempre, tem participação garantida no Festival de Inverno de Campos do Jordão Luiz Arrobas Martins.

Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo

Sob o governo de Laudo Natel, no ano de 1973, o então secretá-rio de Cultura, Esportes e Turismo, Dr Pedro de Magalhães Padi-lha, convidou para dirigir o IV Festival de Inverno de Campos do Jordão o maestro com a mais bem-sucedida carreira que um re-gente brasileiro já havia atingido, Eleazar de Carvalho. Para imple-mentar em Campos do Jordão o modelo de festival que desejava, que segundo ele baseava-se no binômio “festa e aprendizado”, como no festival de Tanglewood, Eleazar precisava contar com uma orquestra de nível internacional, que fosse o esteio artísti-co e pedagógico e que pudesse ser reconhecida como sendo a Orquestra do Festival. É neste contexto que ocorre a reestrutura-ção da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – OSESP. A pianista Guiomar Novaes foi uma das principais atrações deste ano no festival. Quando Eleazar de Carvalho subiu ao palco do Auditório Frei Orestes, que passaria a ser um dos palcos centrais do evento até a construção do Auditório Claudio Santoro, ainda havia um resquício de descrença entre o público, mas logo foi desfeito. Nos primeiros compassos do Hino Nacional Brasileiro, peça que abriu oficialmente o festival de inverno de 1973, toda a plateia já estava absolutamente conquistada. A sonoridade bela e precisa era surpreendente, inédita em concertos no país, digna de teatros do exterior. Foi assim que o maestro Diogo Pacheco descreveu o impacto causado pela estreia da OSESP. Eleazar con-vidou artistas internacionais como o violista Walter Trampler, o violinista Ruggero Ricci, o regente suíço Gustav Meier e o regente do coral de Nova Iorque Hugh Ross que, entre outras atividades, ficou responsável por ensaiar o Coral do Festival, composto por bolsistas. Assim, o Festival de Campos do Jordão já se estrutura-va, do ponto de vista pedagógico, como um cenário de excelentes especializações para os estudantes brasileiros, modelo que o ca-racterizaria pela grande densidade na programação pedagógica associada aos concertos de excelência artística.

Ano de 1973

nacionais e internacionais como Kurt Masur, Dame Kiri Te Kanawa, os pianistas Nelson Freire, Cristina Ortiz, Maria João Pires e Arnaldo Cohen, os oboístas Albrecht Mayer e Alex Klein, os violoncelistas An-tonio Meneses e Marc Coppey, os violinistas Gilles Apap e Dmitri Ber-linski, entre outros.

Muitos jovens músicos se espe-cializaram com estes grandes artis-tas e alguns deles são solistas e maestros que já se apresentaram no Festival de Inverno de Campos do Jordão - Luís Arrobas Martins.

Graças ao Festival de Inverno, Campos do Jordão recebeu o título de município de turismo internacional.

Artes

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São trejeitos, sons, movimentos...

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Enfim, arte

Artes

Pintor, desenhista e professor, Camargo Freire, campineiro de nasci-mento, mas jordanense de coração veio para Campos de Jordão nos idos de 1941 para tratar da tuberculose e por aqui se apaixonou. Desde os 18 anos de idade, Camargo já trilhava pelo mundo das artes quando abandonou sua cidade natal e foi para o Rio de Janeiro para estudar no Liceu de Artes e Ofícios. Aqui, acometido pela tuber-culose e internado no Sanatório Ebenezer, em caminhadas rotinei-ras, o pintor observou Toriba, retratou-a e enviou ao Salão Nacional de Belas Artes, recebendo a medalha de bronze. Após este, muitos outros prêmios foram recebidos, na maioria das vezes retratando a paisagem jordanense. Depois de recuperado estudou em Paris, mas para cá voltou e viveu aqui até sua morte. Leia sobre sua gratidão a Campos do Jordão: “Por incrível que pareça, a tuberculose foi minha melhor amiga. Tirou-me das tabuletas e outras atividades puramen-te comerciais e deu-me Campos do Jordão, um ambiente onde pude realizar o que sempre desejei... Senti que, se tivesse tintas, pintaria alguma coisa bem diferente do que até então havia pintado e exe-cutei mentalmente o meu melhor quadro...” Fonte: livro “Camargo Freire o pintor da paisagem de Campos do Jordão” – Pedro Paulo Filho.

Camargo Freire

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Juliana Vieira CintraJordanense, neta de Joaquim Cor-rêa Cintra, nascida em 1970, tor-nou-se uma entusiasta da fotogra-fia por incentivo do pai, o renoma-do arquiteto José Roberto Damas Cintra. Declarou-nos: “para mim é um prazer fotografar a cidade, por-que a luz de Campos do Jordão tem um filtro que nenhuma outra cida-de possui, o ar puro. As melhores estações para fotografar são o ou-tono e a primavera”. Publicitária e pós-graduada em fotografia fez sua tese no Mercado Municipal Paulis-tano. Sempre gostou de imagem e diz que uma boa foto passa muita informação e sentimento que in-fluenciam o ser humano. Aos 20 anos ganhou uma Pentax 1970 com lente de rosca de seu pai, dan-do-lhe a ferramenta para colher seus frutos. Trabalhou muito com jornalismo, congressos e feiras e da publicidade foi migrando para a fotografia. Gosta de fotografar pessoas, pois fala que todo olhar tem uma história.

Nascido em São Paulo, 75 anos, mas sempre apaixonado por Campos de Jordão, onde mora há mais de 10 anos, Calles mostra toda a sua originalidade artística já no caminho de sua casa, na Rua Ó, uma rua sinalizada por placas com frases inusitadas de pessoas anônimas e fa-mosas. De família com origem espanhola, conta-nos que no passado os imigrantes espanhóis eram conhecidos como “ferros-velhos”, pois essa era a atividade feita pela maioria deles, “catavam” restos das pequenas indústrias de São Paulo. E com sua família não era diferente. Acostuma-do a acompanhar seu tio na “catação”, Calles acabava guardando alguns retalhos metálicos que fossem representativos para ele, como cobre e principalmente motores sucateados. Com isso, sua imaginação foi pos-ta em prática e o que temos hoje é um verdadeiro acervo de esculturas de arte contem-porânea. Mas nem tudo era fácil, pois ser artista em sua juventude era considerado como um vagabundo. Então formou-se em Arquitetura e foi o arquiteto pioneiro no Esta-do de São Paulo na utilização de material de demolição em suas construções, “arquite-tura contemporânea usando métodos antigos”. Durante a vida inteira trabalhou em suas obras, porém hoje tem mais tempo para dedicar-se a elas e muitas foram vendidas ao exterior em países como Inglaterra, França, Áustria e Emirados Árabes.

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Em uma área de 350 mil m², junto ao Auditório Cláudio Santoro, estão reunidas 90 peças escul-pidas em bronze e cimento branco, doadas por Felícia Leirner, nascida em Varsóvia, 1904, que imi-grou para o Brasil aos 23 anos. Junto a sua filha, Giselda Leirner, cursou desenho e pintura. Com o conhecimento adquirido, foi trabalhar com Breche-ret. Letícia o ajudou na obra Monumento às Ban-deiras do Parque Ibirapuera e ganhou notoriedade. Em 1955, participou da Bienal e recebeu o prêmio do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e, em 1963, recebeu o prêmio destinado aos melhores escultores do Brasil. Sempre participou das Bie-nais e de outras exposições. Em 1965, mudou-se para Campos do Jordão, onde faleceu em 1996.O amor de Felícia Leirner à natureza e a Cam-pos do Jordão foi concretizado em 1978 com a criação do Museu Felícia Leirner pelo Governo do Estado de São Paulo. Todas as obras de sua autoria e de sua propriedade foram doadas pela escultora ao recém criado museu. O International Sculpture Center de Washington, através de sua revista Sculpture classificou, em 1987, o parque de esculturas Felícia Leirner entre os mais impor-tantes do mundo.Um museu literalmente a céu aberto, em uma paisagem deslumbrante entre caminhos cimen-tados, proporciona ao visitante interação com as esculturas e o prazer de observá-las o tempo ne-cessário para a captação das emoções que cada peça transmite.Onde – Avenida Arrobas Martins, 1880

Museu Felícia Leirner

Auditório Cláudio Santoro O centro de convenções foi constru-ído para receber o Festival Interna-cional de Inverno. Nomes como Tom Jobim, Guiomar Novaes e Nelson Freire já se apresentaram no espa-ço. Fora da temporada de inverno, o auditório é usado para shows, con-certos, convenções e outras mani-festações culturais.Onde – Avenida Dr. Arrobas Mar-tins, 1880

Sombra 1982

Mãe e filha - 1950-1955

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“Os muitos usos que o ser humano fez da xilogravura ao longo da história são mostrados no Museu Casa da Xilo-gravura, em Campos do Jordão. Através do seu acervo, o visitante percebe que, além da beleza estética com que os artistas souberam revestir essa técnica, ela se pres-tou a funções mais utilitárias... Uma dessas funções foi a ilustração de jornais, livros e revistas. Até o fim do século 19, antes do advento dos clichês metálicos, praticamente todas as imagens publicadas na impren-sa eram produzidas por xilógrafos. “Se um editor tinha que publicar a notícia do afundamento de um navio, por exemplo, ele pedia a um xilógrafo, que imaginava a cena e fazia o desenho”, explica o professor Antonio Costella, fundador e diretor da Casa da Xilogravura... A sala mos-tra também um livro de Costella impresso inteiramente através da xilografia – algo que só fora feito no sécu-lo 15, na Europa... Cartas de tarô, figuras sacras (os “santinhos”), calendários e um ex-libris minuciosamen-te trabalhado também testemunham as várias formas como a xilogravura foi utilizada ao longo do tempo... Em outro espaço do museu, o visitante se depara com três garrafas de vinho Oracle, da vinícola Linley Schultz, da África do Sul, safra de 2002, cujo rótulo foi composto originalmente em xilogravura... uma pequena obra de Tarsila do Amaral (1886-1973)... “O Brasil é um dos pa-íses mais ricos em xilogravuras”, afirma Costella... Essa riqueza é tão grande que a xilogravura surge nas ruas. É o que ocorre com a literatura de cordel do Nordeste brasileiro, tradicionalmente ilustrada com imagens obti-das com a técnica. Em seu museu, Costella mantém um espaço cenográfico em que reproduz o interior de uma casa sertaneja, além de expor um boneco em tamanho natural de um cantador de cordel e sua viola... Estão ali raros exemplares da chamada escola Ukyio-e, que ficou em atividade entre os séculos 17 e 19 na então cidade de Edo, hoje Tóquio... as xilogravuras de Ukyio-e eram

Casa da Xilogravura

adquiridas por comerciantes e gente do povo. Eram pro-duzidas em tal quantidade que acabavam servindo para embrulhar as porcelanas exportadas para a Europa...Acontece que elas tinham uma cor que fascinou os im-pressionistas, esses artistas obcecados pela luz e os tons que ela produz nos objetos. Resultado: os europeus passaram a importar do Japão aqueles papéis coloridos que embrulhavam as porcelanas, para mostrar em seus museus. Em 1938, o imperador do Japão enviou um de seus nobres a Londres para arrematar em leilão 8 mil xilogravuras de Ukyio-e, a fim de preservar a arte antes desprezada... Ainda na sala das obras estrangeiras, há reproduções das xilogravuras que ilustraram os livros dos primeiros viajantes europeus no Brasil, como Hans Staden e Jean de Léry, no século 16. “O conhecimento do Brasil pelos europeus se deu em grande parte ba-seado nas imagens feitas por xilografia”, nota Costella, apontando para uma ilustração reproduzida do livro de Léry, História de uma viagem feita na terra do Brasil, também chamada América, de 1578. Ela mostra vários aspectos da vida dos índios brasileiros da época: a ba-talha entre tribos inimigas, a rede de dormir – então desconhecida na Europa –, a domesticação de macacos e a antropofagia. Outros países estão representados na sala. Há obras dos Estados Unidos, Itália, Hungria, Chi-na, Inglaterra, França, Hungria, Tailândia e Sudão, entre várias outras.” Cada detalhe é importante a se observar tamanha des-treza das mãos. É uma arte inusitada e colorida. Uma coleção de encher os olhos!

Fonte: http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2006/jusp778/pag1011.htmOnde – Avenida Eduardo Moreira da Cruz, 295 – Jaguaribe

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Carruagem de Ana Jansen de Airton Marinho 1987

Anônimo - Tailândia

Fachada da Casa da Xilogravura

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Tivemos o imenso prazer em conversar com Renata Cristina da Silva, 31, violoncelista for-mada há 10 anos, que nos contou sua traje-tória musical na cidade. Começou no Projeto Guri, programa social do Governo do Estado, em 2000, e queria tocar violino, porém de-vido à ausência de vaga, acabou estudando violoncelo e ficou cativada. Oriunda de uma família apaixonada por música, participava do coro da igreja desde pequena. Hoje, Renata é maestrina da Campos Filarmônica, a qual ela mesma “construiu”, em 2010, com muito empenho e perseverança. Começou com cinco crianças, to-das violinistas e hoje conta com 25 pessoas, de 10 a 50 anos de idade, e com os mais diversos instrumentos. Com a batuta na mão, levou a Filarmônica ao Anhembi, em São Paulo, para uma apre-sentação com 3 mil pessoas na plateia. Ela conta que, quando as cortinas se abriram, as crianças ficaram brancas, mas o público gostou e pediu bis. Como só tinham ensaiado cinco músicas, repetiram-nas sem nenhum problema. Renata é um exemplo de amor à arte, pois teve que sair à “caça” dos componentes para montar a Filarmônica e hoje luta por patrocínio com o ADOTE UM MÚSICO, no qual empresários pagam uma espécie de bolsa para os músicos terem condições de consertar seus instrumentos e também ajudar na alimentação. A cada ano, Renata traz para Campos do Jordão um músico de peso com os programas “Violoncelo na Montanha”, “Trompete na Montanha” e “Violino na Montanha”, nos quais os músicos acompanham o convidado, o que exige uma evolução constante. Em 2013, pela primeira vez, a Campos Filarmô-nica irá tocar no Festival de Inverno, prova do reconhecimento da luta pela arte.

Campos Filarmônica

oficina de teatro – sonho de teatroProfessora de Arte com habilitação em Teatro, Renata Coimbra Moro, 38, coordenadora do Sonho de Teatro, revelou-nos que em 2009, em parceria com as Secretarias de Cultura e Desenvolvimento Social e apoio da Asso-ciação Cultural Comunitária de Campos do Jordão, desenvolveu uma oficina gratuita de teatro cujo objetivo é a inclusão de crianças e jovens no âmbito artístico e social da cidade, na qual inclusive são ministradas aulas de fi-losofia e humanização. O sucesso não tardou a chegar e, a partir de um texto escrito por um aluno, intitulado Sonho de Teatro, montaram sua primeira peça. No início eram apenas 8 alunos e hoje contam com 40. “Mais do que técnica, é o resgate dos valores humanos.”

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Maria José Ávila, 82 anos, nasci-da em Agudos, mora em Campos de Jordão há 50 anos. Veio para cá como professora do curso nor-mal e deu aula no Teodoro Correa Cintra. Desenha com lápis de cor de uma forma tão delicada que dá ao espectador uma le-veza de sentimentos. Ela diz que escolheu o lápis porque, além de ser mais firme que o óleo, já utilizava o instrumen-to desde os tempos de aluna. Como sempre trabalhou mui-to, começou a dedicar-se à pintura somente em 1999, mas não parou por aí. De lá para cá, já escreveu quatro livros de poesia. Tivemos a oportunidade de ouvi-la declamar a sua favorita, que emocionou a todos da equipe com a verda-deira emoção transmitida pela artista. Os títulos dos livros são simples, porém extremamente significativos, são eles: “Era Uma Vez...”, “Caminhando”, “Vivendo” e “Sonhando”. Atualmente ocupa a presidência da Academia de Letras de Campos do Jordão, com a cadeira 19, um verdadeiro privilé-gio, pois foi a primeira mulher a entrar para a Academia.

Poesia preferida da Professora Zezé: “Se tenho que partir”

Se tenho que partir, que sejaenquanto minha almaresponde à beleza,desperta da letargia, e, em ânsias de viver,mergulha direto na magia.

Que eu parta, então, quando a visão da rosa é êxtase, perfume e cor, repouso da mente, fonte de calor.

Pois que eu váenquanto sofro aindacom a dor dos que sofreme rio com o riso das crianças,o prazer das mãesna atualização de esperanças.

Se tenho mesmo que ir, que seja agora quando a árvore me fala de sombra e amizade, das cores do outono, de paz e felicidade.

Se tenho que dormir,que durma deslumbradacom o nascer e o pôr-do-sol,derramando no marum esplendor de prata e ourovai e vem das ondas a brilhar.

Possa eu repousar sob um manto de estrelas e luar, ouvindo a voz do vento, os murmúrios da floresta, a melodia dos riachos e cascatas, mergulhada em plena festa.

Que durma feliz - ambos realizados –nos braços do meu amor,nos laços do seu carinhoque se revela suave,macio como arminho.

Se tenho que partir, seja, então, de regresso à casa de meu Pai, deixando o sonho pela realidade, uma realidade de sonho, o mundo perfeito da verdade.

Professora Zezé

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Há mais de 16 anos em Campos do Jordão, a Vanessa Ballet desenvolve esse projeto com bolsistas na área da dança em diversas modalidades. Já são mais de 600 prêmios conquistados em festivais nacionais e inter-nacionais. Dois dias antes de entrevistarmos Vanessa Ellias, a Companhia tinha acabado de chegar de Nova Iorque com trinta crian-ças. Uma verdadeira abertura de ideias e ideais para essas crianças. Vanessa conta que foram a museus e tiveram uma excelen-te experiência. Isso tudo, fruto do trabalho incansável dos professores e dos alunos. São inúmeros dançarinos formados profissio-nalmente aqui com carreiras internacionais. Como Vanessa mesmo diz: “Algo deve ser feito para que o jovem e a criança possam ampliar seus referenciais de mundo, ajudan-do-os na construção e na formação do ser cidadão, promovendo o futuro com os valores que foram aprendidos na dança como agente transformador em suas vidas”.

Vanessa Ballet

Associação de Arte e Cultura expressão em movimentoConversamos com Silvana Santos que traba-lha há 16 anos na Expressão em Movimento. Após seus 18 anos, Silvana viu na associação a oportunidade para colocar em prática sua vo-cação de bailarina, pois aqui ela, como outros, pode participar como bolsista da composição do balé. Como é uma organização sem fins lu-crativos, os que podem pagar cobrem as despe-sas dos que não possuem recursos financeiros. É uma verdadeira troca, na qual todos saem ganhando. Aqui são praticados balé, jazz, hip hop, sapateado e teatro. Fundada em 1996 por Flávia Centofante Guimarães, a Associação já ganhou vários prêmios e profissionalizou vários dançarinos. “O mais gratificante é poder abrir a cabeça das crianças para a arte e dá-las a oportunidade de um futuro melhor”, diz Silvana. Ao todo são 114 alunos que espalham alegria e dignidade a todos os que assistem.

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Campos do Jordão 59

Arte e cultura são ferramentas valiosas de manifestação do ser, que afirmam a identidade do homem. O acesso democrático à cultura e seus produtos deve ser um direito de todos, e o paradigma de que apenas a elite possui esse privilégio deve ser rompido. Tudo é manifestação cultural – um hábito, uma crença, a ética, a educação, a arte. O con-junto de atividades e preferências faz parte da cultura, que precisa ser compartilhada com todos para a evolução da sociedade. E é justamente por este caminho que a Funda-ção Lia Maria Aguiar trilha seus passos e guia as crianças, adolescentes e jovens que fazem parte de seus projetos.Em atividade desde 2008, a Fundação Lia Maria Aguiar é uma instituição sem fins lucrativos, que tem o objetivo de transformar e desenvolver jovens talentos da cidade de Campos do Jordão (SP) e seu entorno e Caldas (MG) por meio da arte e da cultura, promovendo o crescimen-to da sociedade de forma inclusiva e sustentável. Para concretizar tal objetivo, a cada ano fortalecemos as ações e os projetos da Fundação, que atuam diretamente com as crianças e jovens da região. São eles: o projeto MARE (Museu de Arte para Educação), a BAMFLIMA (Banda Mar-cial Fundação Lia Maria Aguiar), o CEMFLIMA (Centro de Estudos Musicais Fundação Lia Maria Aguiar) o Grupo de Dança Fundação Lia Maria Aguiar e o Grupo de Teatro Mu-sical, bem como os eventos Encontro da Cidadania, Festi-val de Música e Natal dos Sonhos. Mais do que incentivo educacional e artístico e a motivação para o progresso da sociedade, a Fundação Lia Maria Aguiar acredita no futuro desses jovens cidadãos e na melhora de suas relações e comportamento. Ao longo dessa trajetória, foi possível constatar uma melhora significativa na construção de no-vos valores para a comunidade jordanense e uma proximi-dade com a música e outras formas de arte, bem como a sua participação em atividades relacionadas ao desenvol-vimentoda sociedade civil.O verdadeiro valor de todo esse trabalho é redescobrir o potencial humano de se desenvolver com respeito e igual-dade, transformando oportunidades de aperfeiçoamento individual em ganhos para o coletivo.Fonte: Fundação Lia Maria Aguiar

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grupo de dança

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Aberto ao público desde 1970, o palácio foi de-clarado “Monumento de Visitação Pública” e se transformou em um mu-seu com vasto acervo de artistas brasileiros. Duran-te a visita, que passa pe-los principais cômodos do local, o visitante pode ver obras de nomes como Tar-sila do Amaral, Anita Mal-fatti, Di Cavalcante, Victor Brecheret, Alfredo Volpi, Ismael Nerve, Vicente do Rego Monteiro e Cândido Portinari e mobiliário, pra-taria, louçaria e tapeçarias artísticas. Além do acervo fixo, o espaço também re-cebe exposições temporá-rias de peças e obras do Acervo Artístico Cultural do

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Palácio Boa Vista - Sala de Jantar - mesa

que pertenceu ao Presidente

Rodrigues Alves

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Esmoleiro do século

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Estado. Uma verdadeira viagem ao mundo das preciosidades. É um pri-vilégio para os amantes das artes poderem ter contato com tantas obras brasileiras e outras tantas oriundas de muitos países, nor-malmente presentes de comitivas internacionais. Vale a pena passar horas observando cada sala e cada detalhe das peças expostas. Com visitas monitoradas, o espectador tem todas as informações neces-sárias para compartilhar as valoro-sas obras. Onde - Avenida Adhemar de Barros, 3001 – Alto da Boa Vista

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Artesanato

Se você quiser ver cores, formas, ta-manhos e motivos diferentes, achou o lugar certo. Campos do Jordão é uma verdadeira galeria a céu aberto. Encon-tramos todas as formas de artesanato em todos os seus pontos cardeais. Seja no Horto, na avenida central, Ca-pivari, conventos, até ao lado de uma enorme cachoeira, ou seja, as tais lem-

branças provando que realmente você esteve em Campos do Jordão, não vão faltar. Mas prepare-se, não pense que são apenas chaveiros ou casinhas de teto em “V” que você verá. Vimos es-culturas de vários tamanhos e forma-tos encantadores.

Conversamos com José Antônio Sudarinho, 57, que começou a enta-

lhar aos 15 anos junto com o pai e o avô. Foi um dos fundadores da Asso-ciação dos Artesãos e Artistas Plás-ticos da Mantiqueira, em 1978, para defender o artesanato e, em 1989, conseguiram o espaço, onde até hoje trabalham. O interessante é que, além de ver as peças prontas, você pode ob-servar a confecção também. A Asso-

Cores, mãos, formas e enfim,

ciação trabalha muito com encomen-das e os artesãos vivem bem desse trabalho. Hoje são aproximadamente 30 artesãos. A encomenda mais dife-rente foi um saci, que deu origem até a uma lenda criada por Sudarinho, a len-da do saci jordanense. “Os sacis, na década de 1940, fizeram um encontro aqui e ficaram doentes e muitos mor-reram. Então o chefe dos sacis decre-tou que era proibido os sacis andarem pelados e que todo o saci que moras-se em Campos do Jordão era obrigado a andar de moletom e cachecol.” Onde: Av. Orestes Girard, 4075 Vila Capivari

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trabalho manual ou pro-dução de um artesão. Em algumas situações o artesão tinha junto de si um ajudan-te ou aprendiz. Os primeiros objetos feitos pelo homem eram artesanais, já identi-ficados em 6.000 a.C com pedra polida, cerâmica e te-celagem. Desde o século XIX o espaço do artesão passou a chamar-se de oficina onde eram passados os conheci-mentos do mestre artesão aos seus aprendizes. Então começaram a Corporações de Ofício com o objetivo de defender a categoria. Já na Revolução Industrial, Karl Marx, entre outros, criticavam a desvalorização do artesão pelos objetos industrializa-dos. Atualmente o artesana-to faz parte do folclore com a importante função de traduzir as tradições de um povo.

Artesanato

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a lenda do boi santo de Ignácio

a lenda dos três pinheiros

Lendas

“Um belo dia, o velho sesmeiro resolveu recolher todo o ouro amoedado e em pó que amealhara, depositan-do-o em barricas que ajustou sobre o lombo de um bur-rico. Acompanhado de um escravo, em segredo, partiu para os lados do Alto da Boa Vista. No centro geomé-trico entre três pinheiros, mandou o escravo abrir uma cova, onde depositou as barricas de ouro. Sepultado o tesouro, matou o escravo para perpetuar o segre-do, retornando à sede da fazenda. Depois de morto, Ignácio Caetano costumava aparecer na Lomba Larga (hoje Alto da Boa Vista), vestido de negro, montado em um cavalo retinto, gritando moído de remorso: “Lomba Larga, Três Pinheiros, Onde estão meus dinheiros?”. Os campeiros ficavam assustados com o fantasma. Muitas décadas mais tarde, era comum ver pessoas cavoucando a terra, lá pelos lados do Alto da Boa Vis-

“O Dr. João Romeiro também foi buscar, na figura his-tórica de Ignácio Caetano, as origens dessa lenda: “O primeiro possuidor dos Campos do Jordão foi sempre considerado pouco temente a Deus e de nenhum amor ao próximo, pelo que muita gente desconfiava de sua fe-licidade na outra vida, e não faltava quem andasse a in-ventar e explicar os fatos que com ele se passaram, de modo a dever ter sido como verdadeira alma perdida.A propósito, conta-se que, de uma feita, tendo ido à sua fazenda uma Bandeira do Divino Espírito Santo pedindo esmolas para a festa que se tinha de realizar proximamente, não só negou-se a atender a esse pe-dido como tratou mal aos “foliões”, os quais, desapon-tados, se foram logo retirando. Mas um fato inexplicá-vel - ao passarem estes por junto de uma manada de gado que estava à beira da estrada, viram com os seus próprios olhos e com espanto, a mais bonita das reses, um gordo boi de araçá, de grandes chifres, abandonar seus companheiros e meter-se na estrada acompanhando a Bandeira até à Vila, onde foi humildemente se entregar ao festeiro. Este fato deu muito que falar, e as mais honradas

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ta, no centro de três pinheiros, em busca do tesouro de Ignácio Caetano, que, alguns denominaram de “Te-souro do Jordão”. Esqueceram que os três pinheiros se transformaram numa floresta ... Como a ficção e a história se entrelaçam, na Bandeira e no Brasão de Campos do Jordão foram inseridos três pinheiros.”Fonte: camposdojordaocultura.com.br/ver-lendas.asp?id_poesia=1 Pedro Paulo Filho - Jornalista

pessoas da localidade garantiam a sua autenticidade, observando que o boi deixou de ser sacrificado para o banquete aos pobres, conforme uso do tempo, por ter sido comprado por um fazendeiro que dele se enamo-rou, para fazê-lo boi de coice, passando, porém, o com-prador pelo desgosto de vê-lo morrer, daí a um mês, como se esperava. Era coisa sabida que todo animal oferecido para a Festa do Divino desaparecia em pouco tempo, se alguém o adquiria e lhe dava outro destino. A tudo isso acrescentava-se ainda que, dando pela falta da rês e sabendo o fim que tivera, Ignácio Caetano quis que o festeiro lhe pagasse o seu valor, alegando que tinha sido escandalosamente furtado pelos “foliões” e ameaçando a estes e ao festeiro de serem chamados à sala grande, como era vulgarmente chamada a casa

da polícia. Felizmente, devido à intervenção do vigário, o escândalo não se produziu, mas o povo continuou sempre a susten-tar, com toda a convicção, que o boi ha-via vindo por si próprio, e que aquilo não passava de um castigo do céu, aplicado

ao impertinente fazendeiro”.

Fonte: camposdojordaocultura.com.br/ver-lendas.asp?id_poesia=1 Pedro Paulo Filho - Jornalista

a lenda da gruta dos crioulos“A nove quilômetros de Vila Jaguaribe, na estrada que demanda a Itajubá, há um caminho rústico, aberto na mata, onde se atinge a Gruta dos Crioulos. Trata-se de enorme pedra, meio côncava, chata e arredonda-da, com um diâmetro de 20 a 30 metros de profun-didade, podendo abrigar inúmeras pessoas em seu interior. Localiza-se no centro de exuberante arvore-do tropical, constituindo-se interessante capricho da natureza. Certa feita, Eduardo Moreira da Cruz, que prestava serviços ao Dr. Domingos Jaguaribe, para atender o desejo de seu hóspede ilustre, o político Assis Brasil, que queria comer jacus, saiu a caçar. Ao aproximar-se da gruta, Eduardo viu um punhado de negros ali homiziados. Avisou ao patrão, e eles foram presos pelos soldados de São Bento do Sapucaí. Segundo a lenda, a velha gruta adquiriu essa deno-minação porque os escravos evadidos das fazendas do Vale do Sapucaí nela se refugiavam para escapar à fúria dos capitães do mato que iam a seu encal-ço. Entretanto, há mais de cem anos, no tempo da escravidão, a gruta era um lugar inacessível, e fora descoberto por acaso por um viandante escravo que

Lenda da cachoeira da Água Santa“Há quase 200 anos, seis homens deixaram as Minas Gerais com seus cavalos, em direção a São Paulo. Algu-mas horas após terem atravessado a fronteira, do alto de uma montanha avistaram um vale repleto de luz e beleza. No vale, havia fontes de água cristalina. Elas brotavam das pedras, emergindo no meio da mata virgem. Ao se aproximarem de uma das fontes, no desejo de saciar a sede, como que por encanto, a água borbulhou. Pasmados, eles começaram a observar a fonte e o lu-gar, e notaram que cada vez que falavam, cantavam ou batiam palmas perto da fonte, a água respon-dia borbulhante. Entusiasmados com o ar e a beleza do lugar, resolveram interromper viagem e ficar naquelas terras para sempre, cultivan-do os mistérios da fonte miraculosa. Mas, em meio aos viajantes havia um descrente. Talvez o mais jovem ou o mais valente, que na ânsia de provar que nada temia e desabusar os po-

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revelou a sua existência aos companheiros de infortúnio. Para atingi-Ia naquele tempo era uma ver-dadeira odisséia. Caminhavam léguas e léguas em meio ao emaranhado cortante da ramaria rasteira. O latido de cães, que os faziam correr, colocados para farejar suas pegadas, dilaceravam as suas car-nes.Muitos atingiam o esconderijo da liberdade, já tão exangues, que acabavam morrendo, fustigados pelo frio e torturados pela fome. A Gruta dos Crioulos foi tornando-se um local sagrado para os escravos: para muitos era a liberação para a morte, para outros, um santo repouso para empreender novas fugas. Contam os moradores antigos que, nas noites de lua cheia, quem andasse pelos lados da gruta, ouvia, noite alta, gemidos e o bater de correntes: eram os espíritos dos crioulos fugidos que ainda vagavam pela escuridão da gruta, como almas penadas, fugitivos do cativeiro das fazendas do Sapucaí do início do século XIX.”

Fonte: camposdojordaocultura.com.br/ver-lendas.asp?id_poesia=1 Pe-dro Paulo Filho - Jornalista

deres da fonte ajaezou o seu melhor cavalo e se dispôs a realizar a façanha de entrar com cavalo e tudo dentro da fonte santa. No entanto, quando dela se aproximou foi atirado ao chão pelo cavalo, espantado com alguma estranha força. Nesse momento aconteceu o milagre. A água ferveu, agitando-se tumultuosamente; ao mesmo tempo, surgia na ribanceira a imagem de uma santa. E aquele rapaz tornou-se o mais crente e fiel dos viajan-tes, erguendo com suas próprias mãos uma capela

no local. A notícia da fonte e sua santa correram Campos do Jordão. A região ficou conhecida como

o Vale da Água Santa, mais tarde, a Fazenda da Água Santa. Desde então, em determinado dia do ano, os habitantes das redondezas passa-ram a reunir-se no local, prestando o devido culto à santa que está na fonte”.

Fonte: camposdojordaocultura.com.br/ver-lendas.asp?id_poesia=1 Pedro Paulo Filho - Jornalista

A elegância do frio com a beleza natural

dA se rrAMeio Ambiente

da se rraCampos do Jordão é a cidade mais alta do Brasil com altitude média de 1.640 metros. Situa-se no

topo da Serra da Mantiqueira, que é um maciço montanhoso na região onde divisam os estados

de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, com altitudes acima de 2.500 metros. A Mantiqueira, com 500 km de extensão, tem como seu ponto

culminante a Pedra da Mina com atitude de 2.798 metros, na divisa entre Minas Gerais e São Paulo,

sendo o quinto pico mais alto do Brasil.

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“Conta a lenda que havia uma princesa encantada da Brava Tribo Guerreira do Povo Tupi. Seu nome o tempo esqueceu, seu rosto a lembrança perdeu, só se sabe que era linda. Era tão linda que todos a queriam, mas ela não queria ninguém. Vira homens se matarem por vê-la. Tacapes velozes triturando ossos, setas certeiras cortando carnes. Como poderiam amá-la se não ama-vam a si próprios? A Bela Princesa se apaixonou pelo Sol, o guerreiro de cocar de fogo e carcás de ouro, que vivia lá em cima, no céu, caçando para Tupã. Mas o sol, ao contrário de tantos príncipes, não queria saber dela.

Meio Ambiente

Lenda do Amantikir Não via sua beleza, não escutava suas palavras nem se detinha para tê-la. Mal passava, cálido, por sua pele mo-rena, sua tez cheirando a flor, mal acariciava seus pelos negros, suas pernas esguias, e, fugaz, seguia impávido a senda das horas e das sombras. Mas ela era tão boni-ta que senti-la nua, seus pequenos túrgidos seios, seus lábios de mel e seiva, sua virginal lascívia, acabaram também encantando o Sol. E o Guerreiro de Cocar de Fogo fazia horas de meio-dia sobre o Itaguaré... A Lua mal surgia sobre a serra, já sumia acolá. Logo não havia noite. O sol não se punha mais e não havia sono, não havia sonho, e tão perto vinha o Sol beijar a amada que os pastos se incendiavam, a capoeira secava e ferviam

A denominação Mantiqueira, surgiu da cor-ruptela ou aportuguesamento do termo indígena amantikir. Em tupi amana significa chuva e tykyra significa gota. Esse nome faz referência à enorme quantidade de nascentes de águas que brotam no topo da serra, formando valorosos rios que entre-cortam suas vertentes. Por esse motivo hoje defi-ne-se Mantiqueira como “onde nascem as águas” ou “berço das águas”.

A vegetação que recobre essas terras é com-posta de Mata Atlântica Subtropical de Altitude nos fundos de vale, Mata de Araucária e Podo-carpus (nas altitudes entre1.400 e 1.800 metros -Behling & Pillar, 2007) e, nos pontos mais altos, os campos de altitude. Portanto sua biodiversi-dade é enorme e magnífica, com sua flora extre-mamente delicada com as bromélias, orquídeas, ipês, manacás-da-serra, pinhos-bravos e araucá-rias, entre outras.

os lamaçais... De tênues penugens de prata, plumas alvas de cegonhaçú, a Lua viu que estava ameaçada por uma simples mulher. O Sol, que na Oca do Infinito já lhe dera tantas madrugadas de prazer, tantas auroras de puro gosto, se apaixonara por uma mulher... E foi contar tudo para Tupã. E tanto, de tanto que Tupã quis saber o que era, que a Lua, cheia de ódio, crescente de ciúme, minguando de dor, se fez um novo ser de noite sem lua. Como uma simples mulher ousou amar o Sol? Como o Sol ousou deter o tempo para amar alguém? Que ele nunca mais a visse! Mas o Sol tudo vê!... Tupã ergueu a maior montanha que existia lá e dentro dela encerrou a Princesinha Encantada da Bra-

va Tribo Guerreira do Povo Tupi. O Sol, de dor, sangrou poentes e quis se afogar no mar. A Lua, com a dor de seu amado, chorou miríades de estrelas, constelados e prantos de luz. Mas nenhum choro foi tão chorado como o da Princesinha, tão bela, que nunca mais pôde ver o dia, que nunca mais sentiria o Sol... Ela chorou rios de lágrimas, Rio Verde, Rio Passa-Quatro, Rio Qui-lombo, rios de águas límpidas, minas, fontes, grotas, enchentes, corredeiras, bicas, mananciais. Seu povo esqueceu seu nome, mas chamou de Amantikir, a “Ser-ra que chora”, Mantiqueira, a montanha que a cobriu... Conta a lenda que foi assim...(Trecho da peça “A Fantástica Lenda de Algures”)

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Para ilustrar melhor a importância da Araucária em Campos do Jordão, extraímos informações do livro “Pi-nha Pinhão Pinheiro – Araucária angustifolia” de Celso Marcondes Ferreira. “Em Campos do Jordão, temos as matas de Araucária, associadas ao Pinho-Bravo em seu sub-bosque, e outras espécies como orquídeas, brome-liáceas, musgos, liquens”. Extremamente importante foi o resultado de pesquisas em relação a Araucária no meio ambiente, informando que “um pinheiro com 100 anos, processou o gás carbônico contido em 18 mi-lhões de metros cúbicos de ar, e colocou à disposição dos seres humanos e dos ani-mais, 6.600kg de puro oxigênio. Durante sua vida eleva de suas raízes até a copa, deixando transpirar para a atmosfera pelo menos 2.500 toneladas de água. No verão o pinheiro chega a transpirar cerca de 400 litros de água por dia, o que equivale ao efeito de 4 aparelhos de ar-condicionado funcionando durante 24 horas”.

Existe a araucária macho e a araucária fêmea. São duas árvores distintas: o macho produz pendões ou bananas onde se formam os grãos de pólen em novembro e dezembro. Quando estão pron-tos, as escamas se abrem, o pólen fica livre e o vento transporta-o fertilizando as árvores fêmeas que estão em volta. Já na árvore fêmea, no mês de abril, nascem as pinhas (estróbilos), na época da polinização, elas se abrem deixando o pólen penetrar e depois se fecham. As pinhas precisam de dois anos para completar seu

Meio Ambiente

Mata de Araucáriaciclo, chegando a pesar até 2,5 kg, vão enchendo suas sementes até estourar e jogar seus pinhões. Cada pi-nha tem em média de 50 a 60 pinhões. O pinhão, ao se soltar da pinha, desce com velocidade e penetra no berço entre as garras espinhosas e folhas macias. A cada 100.000 pinhões caídos, somente 1% germinam e apenas uma árvore (0,001%) deve atingir a idade adulta, todos os demais deverão ter servido de alimen-to para a fauna ou tem seu desenvolvimento interrom-pido enquanto plantas jovens. O pinhão tem somente

30 dias de germinação no mês de abril, se passar desse tempo só serve para comer. “Essa é a época certa para a co-lheita do pinhão, que deverá ser catado e nunca derrubado... Seu fruto alimenta uma grande quantidade de animais, pás-saros, insetos etc. Temos nessa cadeia alimentar, ouriços, veados, capivaras, pacas, macacos, preás, esquilos, porcos, cavalos, coelhos, bois, perdizes, gralhas, todos os pássaros, os insetos e até mes-

mo cobras, que se alimentam do pinhão... O Decreto Estadual n° 20.956/83, reiterado pela Lei Estadual n° 4.105/84, decreta Campos do Jordão área de prote-ção ambiental.” Fonte: livro “Pinha Pinhão Pinheiro – Araucária angustifólia” – Celso Marcondes Ferreira.

Falar apenas da germinação da araucária seria um grave erro, pois por mais exuberante que essa árvore seja também encontramos espécies maravilhosas na flora e fauna, entre outros, em Campos do Jordão.

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conhecido como agário das moscas, esse fungo é originário de locais de temperaturas amenas. Não é comestível por possuir propriedades aluci-nógenas para o ser humano, porém há relatos que indicam que esse fungo era um componente do Soma, bebida sagrada dos Vedas, pois é citada nos hinos dos Rigveda escrito em 1.700 a.c. Uma curiosidade interessante é que no livro “Alice no País das Maravilhas” de Lewis carrol, o autor faz o cenário da lagarta que fuma um narguilé, sobre um Amanita muscaria, dando a entender a psico-delia do assunto entre a Alice e a lagarta.

árvore da família das bignoniáceas, a mesma que a da peroba-do-campo e outras madeiras de lei. Pertence ao gênero Tabebuia, palavra tupi que significa “o que boia o que flutua”. cresce devagar e começa a florir antes dos cinco anos, ainda com pouca altura.

Amanita muscaria

Ipê

conhecido também por pinheiro do mato ocorre em altas altitudes, cujo formato do tronco é, em sua maioria, tortuoso, podendo atingir 25 metros de altura. “Por suas características físicas e mecâ-nicas, a madeira do pinheiro-bravo é indicada na pro-dução de embalagens, molduras, ripas, guarnições, carpintaria comum, tábuas para forros, caixaria, lá-pis e palitos de fósforos, brinquedos, marcenaria e caixas de ressonância; compensados, laminados, aglomerados e instrumentos musicais.”Fonte:www.cnpf.embrapa.br

Pinheiro – bravo

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graças a Olof Bromelius, morto em 1705, cientista botânico sueco, é que essas lindas plantas receberam o nome de bromélias, em sua homenagem. São mais de 1.400 espécies espalhadas ao longo das Américas. Um exemplo típico é o abacaxi, considerado, pela sua coroa, o rei dos frutos.

Bromélia

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árvore ornamental, nativa da América do Norte e típica dos climas subtropical e temperado, pode atingir 30 metros de altura. Comumente confun-dida com a árvore símbolo do Canadá (Bordo), chegou ao Brasil por meio da imigração italiana que, instalados na Região Sul do país, encontrou as condições necessárias ao seu desenvolvi-mento. E em Campos de Jordão, cujo clima é extremamente favorável ao seu cultivo, tornou-se uma das principais árvores ornamentais de suas principais avenidas, dando um colorido amarelo avermelhado no outono, transformando o asfal-to em um tapete de folhas. Uma vista linda que acompanha a margem da ferrovia que corta a avenida central.

Plátano

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suas flores de duas cores são decorrentes do amadurecimento diferencial das partes masculina e femini-na, sendo as brancas, femininas e as lilases, masculinas, que liberam o pólen. Um verdadeiro espetáculo da natureza e amplamente utilizada em paisagismo e na arborização urbana, devido ao seu pequeno porte e baixa interferência em fios e calçadas. “O manacá diferencia-se das quaresmeiras principalmente pela colo-ração das flores, que ao abrirem são brancas, no dia seguinte ficam de cor lilás e no terceiro dia tornam-se roxo-violáceas. Já as quaresmeiras tem o centro da flor branco e este fica avermelhado depois de visitada pelo inseto que a poliniza. A quaresmeira rosa foi conseguida através de mutações.” Fonte: http://www.petropolis.rj.gov.br

Quaresmeira e manacá

de origem asiática, adaptou-se no Brasil nas regiões mais frias. Um bu-quê de flores de cair o queixo, faz de Campos do Jordão um lindo jardim, pois há muitas delas espalhadas pela cidade, formando corredores em tons brancos, rosas e azuis, colorindo os ca-minhos por onde passamos.

Hortênsia

plantas semiaquáticas perenes que vivem em rios calmos e lagos com flores fenomenais solitárias, visto-sas com pétalas de cores vibrantes. suas raízes sem prendem ao lodo e suas folhas são arredondadas, ver-des. Como são hermafroditas, se autopolinizam.

Ninfeia

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o nome deste animal já se autodenomina, com apenas 30 cm de altura, é o canídeo selvagem mais baixo da América do Sul. Seus dedos são ligados por uma mem-brana, fazendo-os nadarem com imensa facilidade. Mui-to arredio e com hábitos praticamente desconhecidos pela Ciência, o cachorro-vinagre (Speothos venaticus) é apontado por pesquisadores como um “fantasma”. A espécie foi descrita em 1842 pelo dinamarquês Peter Lund, considerado o pai da paleontologia brasileira.

Meio Ambiente

Fauna

Pertencente à família do salmão, pode chegar até 2 kg e medir cerca de 60 cm. Seu corpo é alongado e seu dorso vai da cor esverdeada ao castanho, nas laterais é cinza e a parte inferior, branca. oriunda do Hemisfério Norte, Estados Uni-dos e Canadá, foi introduzida no Brasil em 1949 com ovos vindos da Dinamarca em nossos rios de planalto das regiões Sul e Sudeste. A truta, para sua reprodução, necessita de águas cristalinas, límpidas, frias, puras e com muito oxigênio, daí a importância dos rios de montanha. Alimenta-se de insetos e peixes. Na Serra da Mantiqueira se adaptou muito bem devido a qualidade das águas de seus rios, transformando-se em muitas regiões, um dos peixes principal para a alimentação dos seus habitantes. Mas essa excelente adaptação da truta em nossas terras, acabou em problemas sérios, pois como são predadores vorazes, trouxe desequilíbrio em nossa fauna aquática, por isso, foram formados vários criadouros dessa espécie para consumo humano.

Truta“Características: animal muito hábil, capaz de abrir frutas de casca dura; para tal usa pedras e pedaços de pau”. É muito inteligente e facilmente aprende truques. Tem hábi-tos estritamente diurnos e arborícolas. A cauda, que pode medir o mesmo tamanho do corpo, não é preênsil, e quan-do o animal se movimenta ela fica enrolada para cima. Às vezes pode ser agressivo. Social, vive em grupos de 5 a 40 indivíduos, comandados pelo macho maior e mais velho. Manifestam também variadas expressões faciais.Habitat: todos os tipos de florestas úmidas, podendo tam-bém ser encontrado em matas secundárias ou campos.Distribuição Geográfica: norte da América do Sul, em grande parte do Brasil e até o norte da Argentina.Alimentação: frutos, sementes, flores, ovos, pequenos vertebrados e insetos.Reprodução: 1 filhote, que nasce após seis meses de gestação.”Fonte: http://www.ucs.br

Vive na maior parte da América do Sul, mede de 53 a 58 cm de altura e possui um bico bem longo. o bico é seu maior instrumento, tanto na sua defesa e na sua alimentação, como para o ritual de acasalamento. Nas costas, sua plumagem é negra e nas asas o laranja-avermelhado. Na Mantiqueira é comum ouvir seus cha-mados no fim da tarde, que se assemelham a uma voz de “marreco” como dizem as crianças. Come frutos, lagartos, ovos, crias de outros pássaros e insetos.

Macaco Prego

Tucano de Bico Vermelho

Cachorro Vinagre

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em Tupi significa jararaca = o que tem bote venenoso e uçú (guaçú) = grande, ou seja, se você topar com uma dessas, corre, porque a coisa vai ficar feia. Brincadeiras a parte, a “espécie tem dimorfismo sexual, sendo as fêmeas maiores que os machos e diferentes na coloração: ele é cinza e ela, amarelada. São muito temidas pela quantidade de veneno que podem injetar. Localizar uma jararacuçu no meio da flo-resta não é fácil porque ela possui uma camuflagem qua-se perfeita e, mesmo para olhos treinados, quase sempre passa despercebida. As jararacuçus costumam tomar sol para se aquecerem durante o dia e preferem caçar à noite.Os adultos alimentam-se de pequenos roedores e aves e os juvenis se alimentam de pequenos anfíbios, minhocas e até de alguns insetos. A reprodução é vivípara, nascendo entre 16 e 20 filhotes no início da estação chuvosa.”Fonte: http://pt.wikipedia.org

nativo do Brasil – regiões Sul e Sudeste, Argentina e Pa-raguai, facilmente encontrado nas serras em bandos. Comem frutos e atacam ninhos de outras aves. Procura os buracos feitos pelos pica-paus nos troncos de árvores para a construção de seu ninho. Mede 50 cm de compri-mento, bico esverdeado, garganta e peito amarelos e barri-ga vermelha. Interessante observar o amor do macho pela fêmea, pois este alimenta-a na época da reprodução.

Jaracuçu

Tucano do Bico Verde

Sussuarana, puma ou onça parda“é um animal solitário e prefere viver em lugar de difícil aces-so como florestas e montanhas. Geralmente caça ao entar-decer. O carneiro, o veado e o caititu constituem suas presas habituais. Os adultos se comunicam por meio de uma espé-cie de silvo estridente. A fêmea tem a cria em cavernas ou em cepos ocos. Os filhotes abrem os olhos com dez dias e ficam com a mãe até os 20 meses.” Vivem 12 anos. Suas crias são de 01 a 04 filhotes e nascem pintados com manchas escuras no corpo. De hábitos noturnos, arborícola e terres-tre. Os campos, florestas e montanhas são seus locais de moradia. A sussuarana está à vontade em cima das árvores; equilibra-se com a cauda felpuda ao saltar de galho em galho. Tem 63 cm, pesa até 100 kg. Ocorre nas Américas do norte, do Sul e América Central. no Brasil, é encontrada em todos os Biomas. está na lista oficial do IBAMA como espécie ame-açada de extinção.Fonte:http://ambientes.ambientebrasil.com.br

Os jacus são aves de grande porte, que podem atingir 85 cm de comprimento. A cauda é longa e arredon-dada, bem como as asas. Os jacus têm um papo vermelho e saliente na zona da garganta. A pluma-gem é uniforme e escura, em geral preta (ou uma cor ‘chumbo’) e com um aspecto escamado. este efeito é produzido pelas penas do dorso e peito, que são debruadas a branco. essas aves são encontradas em matas altas. São monogâmicas e o macho alimenta sua fêmea igualmente como alimenta sua cria. é co-mum presenciar as famílias de até 5 indivíduos (pai, mãe e até 3 filhotes) pastando nos gramados logo após o alvorecer. Apesar do porte avantajado (podem pesar até 2 kg) essas aves voam muito bem a curtas distâncias, de até 500 metros.

Também chamado de coandu e cuim, possui uma desenvol-tura inigualável nos troncos de árvores, porém não se pode dizer o mesmo em relação ao solo. Com o corpo coberto por espinhos, forma um verdadeiro batalhão de arqueiros, atacando sua vítima sem pesar. A velocidade do disparo de seus espinhos torna este animal um grande problema ao cachorro doméstico, que paga alto preço por sua curiosida-de. Considerado um mamífero roedor, de hábitos noturnos, comem principalmente folhas, brotos e ramos tenros.

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Ouriço Caixeiro

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A 13 km da Vila Capivari está localizado o mais antigo Parque Estadual do Brasil o “Parque Estadual de Campos do Jordão - PECJ, conhecido regionalmente como Horto Florestal. Foi criado em 27 de março de 1941, compondo, atualmente uma área de 8.341 hectares, e ocupando um terço da área do município.

O Parque abriga importante remanescente da Mata Atlântica, num mosaico com três fisionomias básicas: a mata de Araucária e Podocarpus, os Campos de Altitude e a Mata Nebular. Estes ambientes contam com uma riquíssi-ma fauna, com mais de 186 espécies de aves catalogadas e animais ameaçados de extinção, como a onça parda, a jaguatirica e o papagaio-de-peito-roxo. As maiores extensões contíguas de pinheiros de todo o sudeste brasileiro se dis-tribuem em vales profundos e morros com altitudes entre 1.030 e 2.007 metros, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, na área de Proteção Ambiental da Serra da Manti-

As terras da parte inicial do Parque pertenciam a Fazenda da Guarda, das terras de Ignácio Caeta-no Vieira de Carvalho, cujos filhos venderam para Manoel Rodrigues Jordão. Um dos herdeiros de Jordão vendeu sua parte a Antonio de Godoy Morei-ra e Costa. Mais tarde, em 1941, as terras foram desapropriadas das mãos da família Kok e foram transformadas no Parque.

Terras do Horto

Meio Ambiente

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Parque Estadual de Campos do Jordão – Horto Florestalqueira. O Parque Estadual de Campos do Jordão, em função da política de incentivo e fomento do reflorestamento com espécies vegetais exóticas, na época de sua criação, teve uma grande área reflorestada com coníferas introduzidas. Os 2000 hectares que se encontravam degradados rece-beram plantio principalmente de coníferas do gênero Pinus (elliotti e taeda) as quais vem sendo suprimidas através de manejo florestal adequado, possibilitando a regeneração da vegetação natural do local.”http://www.fflorestal.sp.gov.brOnde – Acesso pela Avenida Pedro Paulo

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Meio Ambiente

HidrografiaRio Capivari

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“A 1.825 metros de altitude, no Bairro de Umuara-ma, em Campos do Jordão, encontram-se as nascen-tes mais altas do Rio da Prata. As águas descem para o Ribeirão Abernéssia até atingir o ribeirão Capivari, qua-se na divisa entre a Vila Abernéssia e vila Jaguaribe. O ribeirão Capivari, após receber as águas dos córregos Imbiri e Matogrosso, recebe finalmente as águas do ribeirão das Perdizes e passa a chamar-se Rio Sapucai-Guacú . Na sequencia juntam-se o córrego do Homem Morto, os ribeirões Canhambora, Marmelos, Coxim e, no encontro das águas do Ribeirão Paiol, formam a encantadora Cachoeira dos Diamantes. Segue com Sapucai-Guaçú até o Rio das Bicas, perto de Venceslau Brás. O médio Sapucaí, que daí começa, vai encontrar o Rio Sapucaí-Mirim em Pouso Alegre. No Baixo Sapu-caí, as águas vão até a represa de Furnas, em território mineiro. Após a barragem, passa a denominar-se Rio Grande e depois Rio Paraná, desembocando no Rio da Prata, e percorrendo, assim, os territórios brasileiro, paraguaio, argentino e uruguaio. Foi confeccionado pe-las autoridades municipais um monumento denomina-do “Marco das Quatro Nações”, para ser fixado nas nascentes mais altas do Rio da Prata.”

Em 1993, o Governo Estadual criou o Parque Es-tadual dos Mananciais de Campos do Jordão, com o objetivo de preservar as nascentes que forneciam, na-quela época, metade do volume de água consumido pela cidade.

Bosques

um dos mais antigos cartões-postais de Campos do Jordão, essa cachoeira é formada pelas águas do Ri-beirão das Perdizes, no bairro Vila Inglesa. Antigamen-te, era tradição banhar-se nas duchas formadas por tubos que captavam as águas. Hoje em virtude da in-tensa urbanização da vizinhança, o local tornou-se im-portante polo turístico com rico comércio de souvenirs e prática de arborismo.Onde – Avenida Roberto Simonsen

“é uma denominação para certas formações florestais com árvores, arbustos e outras plantas, menor do que uma flo-resta. Diferencia-se da floresta pelo fato de as copas das árvores não formarem uma cobertura contínua - isto é, as árvores encontram-se mais afastadas. Aliás, os franceses chamam-lhe Forêt claire, logo uma floresta esparsa.”Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bosque.

E em Campos do Jordão o que não falta é bosque. Há uma variedade deles como o do Silêncio, Vermelho e Floresta En-cantada. Todos, sem sombra de dúvida dão uma ótima visita-ção em belos lugares para a eco diversão com a garotada.

Toda cadeia montanhosa possui seus pontos mais altos, chamados de cumes ou picos. Em Campos do Jordão, a Serra da Mantiqueira proporciona o Pico do Imbiri, com 1.862 metros de altitude. Não há neces-sidade de relatar a visão maravilhosa que se tem do mirante ali instalado.

Cachoeira Ducha de Prata

Pico do Imbiri

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Meio Ambiente

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Dr. Garden, título recebido pelo conhecimento adquirido em mais de 25 anos curando jardins e nas inúmeras visitas feitas a parques botânicos de 40 países, o Eng. Agrônomo Walter Vasconcellos teve em 2007 a brilhante ideia de criar o Parque Amantikir, com o intuito de homenagear, com algumas referências, os mais de 2.000 jardins nos quais trabalhou ou teve a felicidade de conhecer. Ao todo são 22 espaços repre-sentados caprichosamente. Não dá para escolher o mais bonito, cada qual com suas

Parque Amantikir

Jardim em Patamares

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características, e acabamos nos perdendo com tanta beleza. Nunca vimos um trabalho tão interessan-te e ao mesmo tempo baseado em tanto conhecimento. Além da beleza encontrada durante a visitação, que é aberta ao público em todos os dias do ano, os guias transmitem valiosas informações históricas e curiosida-des aos turistas e alunos, já que o parque é muito visitado por escolas. Ao contrário do costume dos turistas de Campos do Jordão, as melhores estações para o passeio são a prima-vera e o verão, pois com o calor e as chuvas, a maioria das espécies está em floração, o que causa um impacto maravilhoso pela diversidade de co-res e seus matizes nas mais de 800 espécies plantadas aqui.

Onde - Rodovia Campos do Jordão/Eugênio Lefevre, 215 – no Bairro Gavião Gonzaga

Vista do Deck

O contraste das cores

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“Borboleta parece flor que o vento tirou para dançar” - Fernando Anitelli

Não há como visitar este borboletário e sair indi-ferente. São emoções únicas que nos acometem, ta-manha pureza do lugar. É uma viagem ímpar em meio à natureza delicada desses insetos maravilhosos. O som relaxante ao fundo e o simples ato de observar o belo são elementos que dão profunda paz interior. Experiência gratificante e recomendada a todos. Logo na entrada, penetramos no mundo lúdico da perspec-tiva, com fotografias de paisagem interativa. Sandra Gatta teve a magnífica inspiração em Porto Rico, ao visitar um borboletário, e conseguiu seu intento que era comungar educação ambiental, lazer e conscienti-zação ambiental em um único lugar. Acredito que ela tenha conseguido mais do que isso. Não só esses três

Borboletário “Flores que voam”

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Nome popular: Borboleta do manacá

Caminhos do Borboletário

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Borboletário “Flores que voam”

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as asas das borboletas são feitas de várias camadas de quitina, e cada uma dessas camadas tem uma função específica, como a proteção das cores, o ar-mazenamento de calor para o funcionamento de seus organismos e, principalmente a geração de energia para o voo. Com o passar dos dias, essas camadas vão se desintegrando e perdendo o aspecto viçoso, é a morte chegando.

“as Borboletas tem exercido um grande fascínio em di-versas culturas antigas ao longo dos séculos como símbolo de transformação e renascimento, a metamorfose da Bor-boleta sempre foi considerada um dos grandes mistérios da natureza. a alma, celebração, leveza, ressurreição e a transição são alguns exemplos de palavras que são asso-ciadas às Borboletas.

Na mitologia grega, Psiquê (que significa “alma”) foi re-presentada na forma de uma Borboleta. Outras culturas também associam as Borboletas com a alma, na Nova Ze-lândia, os maoris acreditam que a alma retorna à Terra após a morte como uma Borboleta, na mitologia asteca e maia as Borboletas também são associadas com a alma. No cristia-nismo a Borboleta representa e simboliza a ressurreição. No antigo Egito os egípcios viram semelhança entre as embala-gens de tecido de suas múmias e da crisálida de uma Borbo-leta, tanto os egípcios e os gregos, que colocavam Borboletas douradas em seus túmulos, associavam a Borboleta como um símbolo de ressurreição e de imortalidade”.Fonte: http://www.borboleta.org

Curiosidades das borboletas

fatores são perceptíveis no local, mas também a comu-nhão do ser humano com a natureza.

Foi inaugurado em 2007, com 500 m². O local cul-tiva 35 espécies de borboletas em laboratório, onde vivem livres, sem a presença de predadores. Durante o passeio monitorado, podemos ver a evolução de cada indivíduo - nascimento, acasalamento e morte -, tudo explicado em vídeo de 6 minutos que o visitante as-siste antes de entrar. Interessante também é que 20% das borboletas ficam no local, o restante é solto na natureza para a manutenção do meio ambiente, equili-brando fauna e flora ao redor.

Onde: Av. Pedro Paulo, 7997 (na Estrada do Horto Florestal).

Espécie Drias julia

Ovos Lagarta Lagarta

Aventura escondida

nas matas

Esportes

A Serra da Mantiqueira apresenta uma topografia acidentada, com várias nascentes de rios, pedras grandes, picos e trilhas em meio à mata, proporcionando assim várias modalidades esportivas radicais. Dessa forma, curtir um friozinho em Campos do Jordão até que é bom, mas poder desfrutar da natureza com sabor de aventura é bem melhor. Desde sempre, o ser humano é um animal curioso, saiu da África, foi para a Ásia e dali se espalhou pelo mundo. Mais tarde, com novas tecnologias foi ao Norte e ao Sul conquistando os polos, não satisfeito, saiu do planeta Terra. Talvez, não tenhamos mais tantas odisseias a serem feitas, mas ainda cultivamos dentro de nós um espírito desbravador e aventureiro, uma adrenalina contida, que, em nosso cotidiano cheio de facilidades, não conseguimos expô-la. Porém, graças a pessoas que possuem no DNA a necessidade de “explodir” em emoções é que temos muitos locais para praticarmos a aventura. Em Campos do Jordão, seja no norte ou no sul, temos toda infraestrutura para o esporte radical. Vamos à lista:

Atravessar as copas das árvores em pontes móveis, com pedacinhos de madeiras para apoiar os pés, ou mesmo andar de lado apenas com uma corda nas mãos, é bom demais. Vale a pena, pois o visual lá de cima é simplesmente maravilhoso.

Arborismo

nas matasM

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Esportes

começou no exército, em operações táticas e agora é um dos esportes radicais mais praticados no mundo. A técnica de descer rochas verticais é muito interessante e temos que ter total confiança nos equipamentos.

“considerada uma das artes mais antigas da hu-manidade, a prática do Arco e Flecha sofreu mudan-ças ao longo dos anos. As primeiras evidências da utilização datam dos primórdios da civilização para propósitos de caça e guerra. Arcos antigos foram achados ao longo do mundo. Atualmente, o Arco e Flecha é um Esporte Olímpico, além de ser uma óti-ma opção de atividade para quem deseja trabalhar, principalmente, a postura e concentração.” Fonte: http://www.clubedosingleses.com.br/

Arco e Flecha

Rapel

só de observar já dá um frio enorme na barriga. Lembra o globo da morte que vemos em circo. Precisa ter estômago e muita vontade para ficar dando loopings de bicicleta.

Bike Looping

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Chamado também de alpinismo, a prática desse esporte se originou nos Alpes Fran-ceses. Primeiro, em 1492, Antoine de Ville escalou o Monte Aiguille a 2.087 metros de altitude e em 1953, o neozelandês, Edmund Hillary chegou ao topo mais alto, o Everest. Mas não precisamos ter 8.000 metros para termos a sensação da conquista, pois essa é a palavra-chave dessa modalidade espor-tiva: conquista. Competir com você mesmo, talvez seja a mais saudável oportunidade que podemos ter.

“também chamado de High Jump, Big Jump, Euro Bungy...trata-se de uma cama elástica mais divertida e segura, pois seus saltos são monitorados por anéis de cabos elásticos presos na cintura do participante, que por sua vez, pode desenvolver acrobacia (como camba-lhotas e performances) sem risco algum. Os elásticos suportam de cargas mínimas até extremas, de acordo com o peso do participante pode-se chegar numa altura de até 10 metros.Fonte: http://www.adrena.com.br/equipos/bungee_trampolim.htm

Bunggy Trampolim Montanhismo

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Como o próprio nome já diz, esse esporte surgiu no tirol, Áustria, onde a pessoa é colocada em um arreio preso a uma corda e simplesmente se joga rumo ao calafrio. Simples assim.

Tirolesa

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Esportes

esporte radical? Para uns não, mas para outros, muito! As trilhas onde as cavalga-das são feitas não são apenas caminhos abertos entrecortados por lindas araucá-rias, são trilhas mesmo. Haja comunicação e sinergia com o cavalo!

Cavalgada

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“é um esporte de combate, individual ou em equipes, usando marcador de ar comprimido, nitrogênio ou CO2 que atira bolas com tinta colorida. O objetivo é atingir o oponente, marcando suas roupas com tinta, sem causar dano. Cada lado da disputa costuma usar uma cor diferente, tornando fácil identificar a origem do tiro. A partir daí podem encenar vários tipos de disputa: um contra um, grupo contra grupo, contagem de pontos, captura de líder, defesa de território, captura de bandeira, como em qualquer outro jogo de simulação de combate. O paintball é o esporte de aventura que mais cresce no mundo tendo, inclusive, mais praticantes do que o milenar surf, nos Estados Unidos. O paintball, por suas características, permite que não apenas homens joguem, mas também mulheres com qualquer idade. Os jogadores podem estar com qualquer condicionamento físico, mas, óbvio, isso vai influenciar significativamente na experiência de jogo.”Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Paintball

Paint Ball

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deixei essa modalidade para o final, pois podemos pra-ticá-lo em todos os cantos de Campos do Jordão, sem restrições. é só escolher a trilha certa para cada faixa etária e pedalar, pedalar e só voltar à noitinha com muitas histórias para contar no jantar.

Ciclismo

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Esportes

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quer brincar, se divertir, curtir a natureza, passar por um montão de obstáculos e se sujar de lama? Então essa modalidade vai te conquistar.

Como sempre, é na necessidade que surgem as gran-des ideias, como é o caso dos veículos para Off Road. Na Segunda Guerra Mundial, eles foram desenvolvidos devido às investidas em terrenos completamente vir-gens. Hoje também é praticado por civis com o intuito de penetrar em terrenos onde antes víamos apenas à distância das rodovias asfaltadas.

Esporte praticado com motocicleta off road. Existem três modalidades: arenacross, trial e enduro. O interes-sante nessa prática é a comunhão entre piloto e máqui-na, pois o esforço físico é intenso e exige do praticante um condicionamento físico muito acima da média.

“é uma caminhada radical percorrendo o curso de um riacho, superando obstáculos naturais como pedras, cachoeiras e poços, possibilitando ótimos banhos em piscinas naturais. Esta atividade requer um certo preparo físico devido a quantidade de pe-dras existentes nos rios.”Fonte: http://www.planetatrilha.com.br

Water Trekking

Quadriciclo

Off Road

Motocross

Esporte radical que começou na Califórnia na dé-cada de 1960, quando alguns surfistas adequa-ram pequeninas pranchas sobre quatro rodas e a chamaram de sidewalk surf. Em 1973, Frank Nasworthy criou as rodas de uretano e deu ao sha-pe, uma nova cara, deixando o skate mais leve e também mais manobrável. Hoje uma cidade sem pista de skate é uma cidade triste, pois a garota-da entrou de cabeça nesse esporte.

Skate

“Essa atividade foi importada da Nova Zelândia e seu for-mato é exclusividade nossa: você desafia os seus limites ao descer 120 m pelo campo, dentro de uma bola inflável de 3m de diâmetro. é uma de nossas atividades que gera muita adrenalina.”Fonte: http://www.tarundu.com.br/atividades-tarundu/orbit-ball

Orbit Ball

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Esportes

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• Pico do Imbiri;• Gruta do Crioulo;• Hortênsias;• Serrote e Serrotinha;• Zig Zag;• Trilha da Cachoeira do Galharada; • Canhambora; • Sapucaí; • Quatro Pontes; • Campos do Timoni;• Encosta;• Cachoeira Celestina;• Bosque Vermelho;• Trilha da Pedreira

Dica de algumas trilhas bem interessantes que o esportista não pode deixar de fazer:

Nada se tira além de fotos;Nada se deixa além de pegadas;Nada se mata a não ser o tempo;Nada se queima a não ser calorias;Nada se leva a não ser saudades.

LEMA DO ECOTURISTA

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Gastronomia

Difícil, tarefa bem difícil escrever sobre a gastronomia jordanense. É complicado porque, a cada restau-rante visitado, o que escutamos é: esse é o melhor prato que já comi! Como avaliar? Então o melhor é

A perfeição do estilo montanhês

em cada pratofalar do conjunto gastronômico de Campos do Jordão, que fez uma fa-çanha, a de reunir na cidade todos os amantes da boa mesa e deixar o visitante se deliciar numa imen-sidão de sabores novos com ingre-

dientes antigos. Do javali ao pinhão, tudo é feito com tanto esmero, que, antes da primeira garfada, a apre-sentação do prato exige alguns se-gundos de contemplação e depois um coro ao fundo: óóó! No come-

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“Filetto di Gigante”(Villa Gourmet Bar & Restaurante)

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ço, dá até pena de desmanchar a escultura comestível e, ao final, dá pena de ter acabado com ela, mes-mo que você já tenha se fartado de tantas coisas boas. Desculpe-nos, mas essa matéria vai te deixar com água na boca. Coma antes de ler, recomendamos.

Com a proposta “Aprecie na montanha o que é da montanha”, grande parte dos melhores restau-rantes de Campos do Jordão se reuniu para oferecer ao cliente o

“Truta Mediterrânea com Arroz Selvagem e Pure de Batata Doce”(Restaurante Tarundu)

“Faisão Assado ao Molho de Frutas Vermelhas e Arroz com Castanhas Portuguesas”(La Gália Restaurante)

“Magret de Canard com Molho de Frutas Vermelhas” Acompanhamento purê de maçã e arroz com castanhas e nozes(Maison Du Champ)

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Gastronomia

melhor de cada um, com pratos de ingredientes que se encontram na região. Além de inovarem no atendi-mento, suas cozinhas foram reorga-nizadas em alto padrão e com mão de obra extremamente qualificada. Essa receita deu muito certo, por isso resolveram fazer, em cada es-tação do ano, pratos típicos dos in-gredientes da época, com um toque especial de cada chef. Não importa o mês em que você estiver na cida-de, pois em cada um deles, a gas-tronomia está em pleno vapor para lhe servir pratos de alta temporada.

Para os doces contamos com uma variedade grande de ingre-dientes locais, como as frutas ver-melhas que são o morango, amora, cereja e mirtilo.Usadas desde a an-tiguidade com fins medicinais, hoje, são uma ótima fonte para evitar o envelhecimento celular e reforça a prevenção de doenças, possuem concentração de vitaminas C, E e cálcio. São geleias, bolos, tortas e recheios de chocolate.

“é um fruto silvestre excepcional e é co-lhido na natureza pelo homem desde há séculos. As bagas de mirtilo, ricas em substâncias com um grande poder an-tioxidante, fazem desta fruta a “fruta da longevidade”. Este fruto tem-se verifica-do eficaz na prevenção contra doenças degenerativas, evitando o desenvolvi-mento de cancro nas células e também no tratamento de alterações da visão, problemas linfáticos e no fortalecimento dos vasos capilares. é também eficaz contra estados inflamatórios no geral.”Fonte: www.plantarportugal.org

Mirtilo

“Salsicha Weisswurst com Spatzle e Salada de Batata Baden” (Resturante Baden Baden)

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Gastronomia

Como estamos nas montanhas, é fundamental falarmos do cho-colate, afinal nada combina mais com esse cenário do que um bom

chocolate nas mais variadas for-mas. Cultivado há mais de 3 mil anos, o cacaueiro é origi-nário das Américas Central e Sul e foi levado para a Europa por Hernán Cortés, em 1526.

No Brasil, a produção cacauei-

Chocolate

“Os doces e geléias (sic) de frutas estão pre-sentes em todos os estados e fazem parte do dia-a-dia dos brasileiros. A tradição nasceu com o co-lonizador português que, junto com as primeiras

mudas de cana-de-açúcar, também trouxe o hábito de comer doce. Nas cozinhas das casas grandes das fazendas produtoras de açúcar, as senhoras iam ensinando as escravas a mistu-rar corretamente os ingredientes. Com a fartura do açúcar e a variedade de frutas existentes, as culturas foram se misturando e novos doces foram surgindo dos tachos. A estrutura culiná-ria foi mantida, mas os ingredientes, trocados, pois as frutas existentes em Portugal eram substituídas pelas disponíveis na colônia. João Luís Almeida Machado, professor de História de Gastronomia, do Serviço Nacional do Comércio (Senac) de São Paulo, e mestre em Educação, Arte e História da Cultura, relata que com o crescimento da comercialização do açúcar no mercado interno, incrementado com a chegada de Dom João VI ao Brasil, as receitas portuguesas foram se espalhando por toda a colônia e passan-do a fazer parte do cardápio alimentar. “Os doces integraram-se de tal forma à cultura brasileira que passaram a representar nossos mais íntimos sentimentos em relação aos amores de nossas vidas, carinhosamente chamados por alcunhas como ‘doce de coco’, ‘manjar’, ‘docinho’ ou a referências como ‘ela é um doce de pessoa”, pontua.” Fonte: portal.mec.gov.br

ra começou no século XVII com os portugueses, mas somente no século XIX, no sul da Bahia, é que tomou proporções maiores. Atual-mente, somos o quarto maior pro-dutor mundial de cacau. E Cam-pos de Jordão possui inúmeras fábricas de chocolates, para seu currículo gastronômico .Algumas já levam seu sabor para diversas partes do Brasil, outras são ver-dadeiros paraísos aos chocólatras com suas barrinhas, bombons re-cheados e outras tantas formas.

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Malharia

esse trabalho pode ter surgido no egito, sendo produzido com agu-lhas de osso ou madeira, mas foram os belgas que levaram a técnica para a Inglaterra, onde as mulheres começaram a confec-cionar meias e cachecóis.

História do tricô

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Uma cidade que cresceu curando as pessoas dos males pulmonares graças ao seu ar puro não poderia ter em seu currículo indústrias fu-marentas e poluidoras. Muito mais conveniente é ter, como um dos principais atrativos, a “indústria sem fumaça”. Pois é, a malharia veio com força nos anos de 1960 e to-mou conta do comércio, atraindo pessoas do país inteiro pela sua qualidade e preço atraentes. A pri-

meira malharia instalada na cidade foi a “La Bottega Italiana”. A família visionária dos Zoffoli ajudou muito no crescimento da cidade, que já estava com um volume enorme de turistas, e viu neste gancho uma oportunidade ímpar para vender roupas que agasalhassem os mais desprevenidos, pois realmente o frio de Campos do Jordão merece roupas bem mais quentes que as de São Paulo, capital.

o aconchego e o bom gostoEntre as tramas,

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para abrir portas

Fundo Social de Solidariedade

O Fundo Social de Solidariedade é um órgão do Governo, vinculado à Casa Civil, presidido pela Pri-meira Dama do Estado. Seu obje-tivo é desenvolver projetos sociais para melhorar a qualidade de vida dos segmentos mais carentes da população. A atual administração exercita a solidariedade educativa, criando programas e ações visando o resgate da dignidade humana, a capacitação profissional, a geração de renda e emprego. Para tanto, são articuladas ações e a ampliação de parcerias com a iniciativa privada, ór-gãos do governo e com a sociedade civil. São políticas governamentais apoiadas por empresas que tem a consciência da responsabilidade so-cial na contribuição para a redução

das desigualdades sociais. O Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo atua na capital, em 2.500 entidades cadastradas e no interior, por meio dos Fundos Muni-cipais de Solidariedade.

O Fundo Social do Governo do Estado de São Paulo sempre pro-curou no indivíduo seu potencial de inserção na sociedade e para isso criou e inovou em várias áreas

oferecendo aos interessados capa-citação em diversos cursos onde o aluno sai plenamente capacitado na função que ele mesmo optou. Como é o caso da Escola de Beleza que foi lançada em 2011 na Beau-ty Fair. Depois de estruturada pes-quisa, chegou-se a conclusão que havia um déficit de mão de obra na área da beleza. Isso oportunizou muitos jovens e também mulheres acima de 40 anos de idade a se empregarem. O curso não é ape-nas em uma área, ele abrange to-dos os universos da beleza dando diretrizes objetivas aos alunos que, ao concluírem o curso, terão toda a base estrutural para conseguir se encaixar na malha produtiva. Foram portas abertas para 1.571 pesso-

Estendo a mão

as até hoje. Os alunos ganham ma-terial didático, uniforme, alimentação e auxílio transporte. Os que estão desempregados (e não possuem ne-nhum benefício social) recebem uma bolsa-auxílio durante o período do curso. Com tudo isso o sucesso não tardou a chegar, hoje, o Go-verno do Estado está investindo R$ 26 milhões de reais que serão repassados por meio dos Fundos Municipais. O Fundo Social ofe-recerá a transferência de know-how, o pagamento do professor, os equipamentos (de acordo com o curso escolhido), comunicação visual, uniforme dos alunos e re-passe de verba para compra de insumos. O convênio tem duração de 18 meses.

E na Escola de Moda não foi diferente, com 28 municípios par-ticipando os resultados chegaram logo, os Polos Regionais recebe-ram do Fundo Social de Solidarie-dade um Kit Costura, composto de 10 máquinas de costura, sendo 7 retas, 1 overloque, 1 galoneira e 1 caseadeira, 20 cadeiras, 4 mesas de corte e mais um repasse para a aquisição de insumos como fita mé-trica, tesoura, tecidos, ferro e tábua de passar. Cada Polo se respon-sabilizou, entre outras atribuições, pela contratação dos instrutores, disponibilização e custeio do espa-ço e manutenção do maquinário. Os Polos capacitaram moradores de sua própria cidade e representantes de cidades vizinhas, que receberam a qualificação para levar a arte do Corte e Costura para a sua região, por meio da Escola de Moda. Até o momento, 242 municípios entraram com pedido junto ao FUSSESP para receber uma Escola de Moda. Como Escola de Moda, o município rece-be 3 máquinas industriais retas, 1

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overloque e 300 metros de tecido para a realização do projeto.

Outra ideia excelente é a Padaria Artesanal que foi implantada pela primeira-dama Lu Alckmin em junho de 2001. O objetivo do programa é formar agentes multiplicadores por meio da capacitação de duas pes-soas por entidade social ou Fundos Municipais que, ao voltarem para suas comunidades, terão o com-promisso de transmitir os conheci-mentos e habilidades adquiridas a outras pessoas. De 2001 a 2006, foram doados mais de nove mil kits a entidades assistenciais, Fundos

Municipais e escolas que integra-vam o programa “Escola da Famí-lia”. Neste período, foram capacita-dos mais de 20 mil agentes multi-plicadores no Estado de São Paulo, além de pessoas vindas de 17 estados brasileiros e outros países como Paraguai e Angola. De 2011 até o momento, foram capacitadas nas unidades do Fundo Social de Solidariedade 7.544 pessoas e en-tregues 507 kits às prefeituras e entidades assistenciais da capital.

O FUSSESP está preparando uma Escola de Beleza para Cam-pos do Jordão.

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TeleféricoPasseio gostoso e divertido com vista da cidade. Subida do Morro do Elefante.

Passear de pelo parque e conhecer mais seus encantos

Trenzinho no Horto Florestal

não deixe de visitar

Centro de comprasCentro de compras no Bairro Capivari e curtir cada vitrine especialmente decorada só com mercadorias de primeira linha.

Andar de charretes com as crianças

Charretes

Entre tantos boxes existentes, a tradição.

Mercado Municipal

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Gruta dos CrioulosA Gruta dos Crioulos é uma verdadeira volta ao passado em uma atmosfera de extrema beleza natural.

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Parque da Floresta EncantadaUm verdadeiro encontro com o mundo dos con-tos infantis, com as casas da bruxa, dos anjos, da Branca de Neve e muito mais. A garotada vai ter diversão e emoção na certa.

não deixe de visitar

Morro do ElefanteA 1.800 metros de altitude, você pode visitá-lo de carro ou pelo teleférico e se fartar de uma vista mara-vilhosa de Capivari.

Cartão postal da cidade, uma representação típica da arquitetura jordanense.

Portal

Espaço Cultural Dr. AlémVer a programação de eventos no Centro Cultu-ral Dr. Além e poder assistir algum espetáculo.

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BondinhoEstar em um Bondinho já é pitoresco, mas fazer o trajeto em meio a Serra da Mantiqueira é deslumbrante.

Nada como uma boa pescaria para acalmar os ânimos. Aqui você se diverte com a família inteira e depois saboreia um dos peixes mais cobiçados.

Truticultura Cachoeirinha

Levar a criançada no trenzinho exposto em frente à Secretaria de Turismo da cidade e tirar umas belas fotografias.

Trem do Turismo

Noites em Campos do JordãoSaborear um bom prato acompanhado de uma excelente bebida é a melhor pedida para as noites nos bares e restaurantes da cidade.

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Dados estatísticos

Data de Fundação 29 de abril de 1874

Gentílico jordanense

Localização Geográfica região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte do Estado de São Paulo

Cidades Limites Guaratinguetá (SP), Pindamonhangaba (SP), Santo Antônio do Pinhal (SP), São Bento do Sapucaí (SP), Piranguçu (MG) e Wenceslau Braz (MG)

Localização GeográficaLongitude: 22º 44’ 20” SulLatitude: 45º 25’ 37” OesteAltitude: 1.628metros

Área Total290,05km²

Pessoas Residentes47.789 habitantes

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ClimaTropical de Altitude

Rodovias de AcessoSP 50 – rodovia Monteiro LobatoSP 70 – rodovia Ayrton SennaBr 116 – rodovia Presidente DutraSP 123 – rodovia Floriano rodrigues Pinheiro

Estabelecimentos empresariais2.472

Densidade Demográfica(habitantes/Km²)164,49/km²

Infraestrutura turísticaHotéis: 69, sendo cinco com 5 Estrelas, onze com 4 Estrelas e quinze com 3 EstrelasPousadas: 145Restaurantes: 71 Parques: 6 parques particulares e 1 estadualHospitais: 04

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Gente da Terra

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jordanenses

Uma cidade melhor a cada estação

A renovação da alma

Campos do Jordão é um dos mais procurados desti-nos turísticos de inverno no Brasil.

Mas se engana quem pensa que o charme e a magia de Campos só são perceptíveis neste período. Mesmo no verão a temperatura média fica em torno dos 17 graus centígrados, com direito à brisa suave e refrescante, mas sempre com aquele friozinho aconchegante à noite.

O outono muda a paisagem e a cor das folhas dos plátanos que caem anuncia o inverno, que chega com temperaturas abaixo de zero, manhãs brancas de geada e o céu mais límpido do mundo.

Já a primavera é anunciada com uma imensidão de flores que desabrocham com as primeiras chuvas, colo-rindo a paisagem naturalmente verde...

Durante todo o mês de julho, o agito da cidade fica por conta do maior e mais importante evento de música clássica da América Latina: O Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão.

Para dar conta dos mais de 2 milhões de visitantes que recebe durante o ano, a cidade possui excelente in-fraestrutura que satisfaz os mais exigentes. São diver-sas opções de hospedagem, diversão, compras, gastro-nomia, esporte, lazer, eventos culturais e entretenimento que, somadas à tranquilidade e segurança, contribuem decisivamente para uma estada perfeita.

Temos ainda diversos atrativos naturais, esportivos, de aventura e muita paz, o que a torna um lugar espe-cial para o descanso em qualquer estação. Sem contar a sua rede de restaurantes que com comidas típicas e chefes estrelados são motivo de visita a qualquer tempo e as diversas operadoras de turismo de aventura que apresentam opções de trilhas, escaladas, arvorismo, ci-clismo, motociclismo, boiacross em muitos outros.

E Campos do Jordão tem ainda mais. Conta com uma população que com paixão e trabalho constrói cotidiana-mente as suas histórias e com elas escrevem, a cada dia, uma nova página para esta cidade.

É o que estamos fazendo agora, onde somos todos protagonistas, na construção desta nova Campos do Jordão. Somos os atores e os autores que produzem e interpretam os dramas e as comédias da vida cotidiana, para sanar os problemas e caminhar à frente.

E você, caro visitante é parte disso. Seja muito bem vindo. Aproveite as delícias que a montanha oferece e volte sempre. Porque Campos do Jordão está sempre melhor, a cada estação.

Fred GuidoniPrefeito de Campos do Jordão

Pelos abraços calorosos de todos os que nos rece-beram, deixamos a cidade com a forte impressão de que voltaremos em breve. Nascida do renasci-mento das pessoas que aqui procuraram se curar, Campos do Jordão é a representação clássica da solidariedade humana. Muitos jordanenses são fru-tos dos que aqui vieram e conseguiram curar seu corpo e seu coração. Reaprumaram suas vidas e construíram, no meio dos vales, uma próspera e saudável cidade.

Renata Weber Neiva

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Campos do JORDÃO

Ambiente acolhedor epaisagens exuberantesno topo da Mantiqueira

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