14
Cantamos Pessoas Vivas Portugal e o Mundo: os Anos 60, 70 do Séc. XX 1971: Festival Vilar de Mouros jornal de exposição

Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Jornal da exposição "Cantamos Pessoas Vivas", na Faculdade de Belas-Artes

Citation preview

Page 1: Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição

Cantamos

PessoasVivas

Portugal e o Mundo: os Anos 60, 70 do Séc. XX

1971: Festival Vilar de Mouros

jornal de exposição

Page 2: Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição

Cultura e

juventude

ao serviço

de todos

Vilar de Mouros

Festival da

O festival Vilar de Mou-­

ros de 1971 demorou três

anos a ser preparado. Ou

seja, foi pensado antes

da realização de Woods-­

tock. Os Beatles, Rolling

Stones e Pink Floyd foram

as primeiras escolhas in-­

ternacionais. Os Beatles

(que iriam custar cerca de

1000 contos) acabariam

por se separar antes da

contratação. Os Rolling

Stones, Pink Floyd e ou-­

tros como Moody Blues

e Cat Stevens não tinham

datas disponíveis.

Criado em 1965 pelo médico António Augusti Barge, o

Festival de Vilar de Mouros foi inicialmente um evento

de divulgação da música popular do Alto Minho e Galiza,

destino turistico. Em 1968, o festival reuniu a Banda da

Guarda Nacional Republicana, com fado e cantores de in-

tervenção: Zeca Afonso, Carlos Parede, Luis Goes, Adriano

Correia de Oliveira, Quinteto Académico+2, Shegundo Ga-

larza e alguns grupos de folclore. Mas foi em 1971 que, e

apesar da ditadura, se produziu em Portugal a 1ª grande

edição do Festival Vilar de Mouros, e o até então maior fes-

tival de sempre no país. O clima de paz, amor e liberdade

fez com o que o Vilar de Mouros de 71 fosse considerado,

tanto para a critica nacional como para a internacional,

os dias 31 de Julho a 15 de Agosto de 71 cerca de 20 mil

-

tos da Europa, assistiram às actuações de Elton John e

-

tivo, Bridge, Beartnicks, Psico, Mini-Pop, Pop Five Music

Banda da Guarda Nacional Republicana, Coral Polifónico

de Viana do Castelo e o Grupo de Bailado Verde Gaio, abar-

cando assim o tradicional, o fado, o rock e o pop.

Tal como o Woodstock, o Vilar de Mouros acabou também

em grande prejuízo para a organização (cerca de 1000

top de vendas de singles em Portugal, recebeu 600 contos,

um valor elevadíssimo para a altura. O único subsídio que

existiu foi dado pelo Secretariado Nacional de Informação

Ao todo foram gastos cerca de 2500 contos pagos pela fa-

mília Barge.

homens da GNR do Por-

to estiveram presentes no

festival, mas numa atitude

discreta. Registou-se uma

única intervenção caricata

-

prano Elisette Bayam com

uma imigrante clandestina.

-

licias, a Igreja posicionou-se

contra o evento e pedia aos

pais que não deixassem os

ser organizado por pessoas

de “leste”. A família Barge

acabou inclusivamente por

ser “excomungada”.

No dia 7 de Agosto de 1971,

-

tival, centenas de jovens

dirigiram-se a Vilar de Mou-

ros. Com mochilas às costas

e à boleia caminhavam em

busca de musica “diferente”.

Como em Woodstock as es-

tradas encheram-se de car-

ros impedindo a circulação

e nos campos verdejantes

Liberdade

2

Page 3: Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição

de Vilar de Mouros ergueu-se uma

“aldeia de lona” onde campistas “to-

caram viola, cantaram, dançaram e

respiraram ar livre”.

A ordem de entrada em palco dos

grupos portugueses foi decidida

aleatoriamente. Os Sindicato de Ed-

mundo Falé, Jorge Palma e Rão Kyao

iniciaram o festival, mas a sua ac-

tuação, com músicas de 10 minutos,

não agradou ao público. Seguiram-

-se os Celos, Pop Five Incorporated,

Psico e os Bridge, considerados “um

Seguiram-se os muito aguardados

Quarteto 1111 - que cantaram em in-

-

gono - que iriam actuar com Paulo de

Carvalho, que desistiu de participar

quando soube que a banda iria ga-

nhar 30 contos e ele somente 6 – e os

-

dos Manfred Mann, protagonistas de

e muito pouco entusiasmante.

O 2º dia, dedicado à Música Moderna,

Quarteto 1111 apresentavam-se pela

2ª vez em palco, com uma actuação

mais convicta do que a da véspera.

Parece essa ter sido também uma

característica do festival. As bandas

portuguesas actuaram melhor no

2º dia, fruto da sua inexperiência e

“falta de rodagem”. Mas o momento

alto da noite estaria a cargo do “show-

man” Elton John. O artista mais caro

do festival, o cabeça de cartaz. O pu-

-

sim não exteriorizou o seu entusias-

mo. O que deveria ter sido um encore,

perceber o que era, o público não ma-

nisfestou vontade de “um regresso”.

-

gues conseguiram levar uma nova

enchente a Vilar de Mouros,

mas as suas actuações fo-

ram consideradas brilhan-

-

dor da sua carreira, encan-

tou um público mais velho,

sentado em cadeiras.

A apatia do público foi a ca-

racterística dominante do

festival. Os jovens não es-

tavam habituados a terem

liberdade. Nunca uma tão

grande massa de gente se

reunira para um evento cul-

tural. A censura e a possível

repreensão estavam sempre

eminentes. O amadorismo

das bandas portuguesas e

os longos intervalos entre

as actuações também pro-

vavelmente contribuiram

para essa “apatia”. Num tex-

to para o “Mundo da Canção”,

Tito Lívio escreveu: “Vilar de

Mouros foi a constatação de

uma incultura musical, quer

pela escassez de apoio do es-

tado, quer pelo amadorismo

dos conjuntos portugueses,

quer ainda pela mentalida-

de carneiral da maioria dos

espectadores presentes”.

Em contrapartida, o bom

comportamento do públi-

co, tal como em Woodstock,

tornou-se o aspecto mais

-

comportamento de todos os

jovens presentes em Vilar

de Mouros, é tanto mais de

louvar se pensarmos que nos

campos de futebol, onde se

juntam também 20 mil dos

chamados adultos, se pas-

sam acontecimentos tristes,

comprometedores da educa-

ção e civilidade de um povo

ainda de proibir os jogos de

que os festivais de musica

para os jovens são encarados

com tanto medo? Os jovens

aqui presentes em Vilar de

Mouros deram um exemplo

tremendo de como se podem

juntar milhares de pessoas

quezílias escusadas.”

‘(...) o pessoal delirou,

cantou, dançou,

sussurrou (para evitar

ouvidos inquisidores),

excedeu-se de cabeças

recolhidas (enganando

olhares indiscretos),

dormiu espojado para

as estrelas, curou a

ressaca, lavou-se no rio

e esperou, sem saber,

por Abril.’

António Amorim

‘Cantamos Pessoas Vivas’, tema do Quarteto 1111

3

Page 4: Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição

Onde é que estava

em 1971?

-

meiro grande festival do País. Agora,

podem ser recordadas no livro Vilar

de Mouros, 35 anos de Festivais (250

-

sulta de um trabalho de pesquisa de

da terra, que embora não tenha as-

sistido à génese do festival, não tem

perdido pitada, desde 1982. O livro

começou a ser delineado durante a

edição de 2002, como o próprio con-

ta: «António Barge, o ‘inventor do

festival’, tinha morrido meses antes

-

-

-

Uma das peças-chave foi Amélia

Barge, viúva do médico e que o acom-

panhou na organização de todos os

festivais. «Cheguei a emagrecer 15

-

mar e desarmar barracas, colaborei

-

çou em 1965/67 quando Barge pro-

moveu um festival de folclore inter-

nacional. Em 1968, foi mais ousado

e, do cartaz, faziam mesmo parte al-

guns nomes incómodos: Zeca Afonso,

Carlos Paredes, a Banda da Guarda

Nacional Republicana (cem elemen-

-

Afonso era descrito como «o famoso

criador de um novo estilo de canção

portuguesa, inspirada na forma de

-

dos. Amélia Barge ainda recorda os

avisos da mulher de Zeca: «Ela dizia--

-lhe: ‘Não cantes as canções proibidas

que ainda vais preso.’ Mas o público

Elton à boleia de Isidro

Não havia managers, produtoras, ca-

tering, nem sequer hotéis. «Os músi-

cos dormiam em casa de amigos e em

Viana do Castelo. A porta de minha

casa estava aberta, os nossos

quartos eram para as visitas

e nós dormíamos a monte, no

Mas o médico queria fazer

uma coisa em grande: além

de gostar de música, preten-

dia potenciar a região para

o turismo e levar o nome

de Vilar de Mouros a todo o

País. Levou três anos a pre-

parar o festival de 1971, o tal

que trouxe a Portugal Elton

O Woodstock tinha aconteci-

do em 1969 e Barge pensou:

mulher. Além de Elton John,

o médico foi buscar o sul-

-africano Manfred Mann, e

conseguiu duas estreias de…

obras de Joly Braga Santos e

António Victorino d”Almeida.

«Centenas de jovens deman-

daram a aldeia. Foram de roupas coloridas e

-

ram-se para a estrada, contando com a boa-

jornais. Até o próprio Elton John foi à boleia de

alojado. Manfred Mann e Elton John diziam

Barge lembra-se de que, durante o concerto,

o músico inglês lhe perguntou: «Acha que

-

Muitos prejuízos

O grande problema de António Barge foi

-

dios não passaram de promessas. O único

dinheiro que recebeu foram 30 contos, ofe-

recidos pelo Secretariado Nacional de Infor-

mação. «A RTP prometeu, mas… não deu. E o

festival redundou num prejuízo, descomunal,

de mil contos. Não tivemos coragem de repe-

projectou um festival diferente no conteúdo

– incluía cinema, teatro, pintura e escultura –

mas as altas temperaturas políticas da altura

mais sete anos.

Em 1982, o presidente da Câmara de Cami-

nha, Pita Guerreiro, resolve reeditar a fes-

constantes alterações do programa, Vilar

de Mouros recebe, durante nove dias, os U2,

Johnny Copeland, Erika Pluhar, Tom Robin-

son, entre outros. Voltaria a dar prejuízo. Em

1985, os Trovante e Emilio Cao encabeçam

Popular. Segue-se um intervalo de dez anos.

Até que o festival regressa, em 1996, agora

produtora Música no Coração, com o patrocí-

nio da Super Bock.

-

ria certa, todos os Verões. E se, nos anos 70, o

apoio logístico era quase inexistente – o pú-

blico chegou a fugir para Caminha, à procu-

ra de comida, e os cafés da região fecharam

nada. E, se faltar, os telemóveis ou as cente-

nas de carros que se deslocam a Vilar de Mou-

ros dão uma ajuda.

Os 35 anos do festival aca-­

bam de ser registados em

livro. Tudo começou em

1968, a partir da carolice de

um médico. Estórias do mais

lendário festival português.

4

Page 5: Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição

-

rias que quase se perderam

e imagens de concertos ines-

quecíveis estão reunidas no

livro “Vilar de Mouros, 35

anos de festivais”, de Fernan-

do Zamith. É a primeira vez

que a história de um evento

de música rock é descrita e

compilada numa obra, si-

multaneamente documental

e de homenagem ao seu fun-

dador, António Barge, faleci-

do em 2002. Em declarações

à Agência Lusa, o autor e jor-

nalista explicou que o livro é

dedicado a um homem “idea-

o “festival de Vilar de Mouros

não tinha existido”.

Repartido por três grandes

capítulos, o livro apresenta

uma descrição cronológica de

todos os festivais realizados

na aldeia nortenha de Vilar

de Mouros, começando por

um festival infantil realizado

em 1937. Para Fernando Za-

mith a melhor de todas a edi-

ções foi a de 1982 que, apesar

da desorganização, conside-

ra ter sido um “verdadeiro

happening”, com nove dias

seguidos de música, vividos

com “grande intensidade”.

Nos últimos anos, com o

aparecimento de outros

festivais com cartazes ape-

lativos, como o Sudoeste

e o de Paredes de Coura,

Fernando Zamith acredita

que muita gente vai a Vilar

de Mouros por ser preci-

samente Vilar de Mouros e

não tanto pelo cartaz.

Jornalista da Agência Lusa

e professor na Universidade

do Porto, Fernando Zamith

revelou ainda que no futuro

em Vilar de Mouros, embora o

projecto esteja ainda no papel.

Agência Lusa

Memórias de

Vilar de MourosAs histórias e recordações de to-­

dos os festivais de Vilar de Mou-­

ros, pela primeira vez em livro

aproximadamente a 2.500 contos.

o conjunto Manfred Mann de In-

glaterra, mas parece que estava no

Algarve, e por isso, a despesa com

eles não foi tão grande como parecia.

Um dos cantores, Elton John, causou

os seus modos soberbos e as suas

exigências: carro de luxo para as

deslocações, quartos de luxo para os

acompanhantes e guarda-costas, etc.

O recinto do festival era uma clareira

cercada de eucaliptos, com um tai-

pal à volta e uma grade de arame do

lado do ribeiro. Na noite de 7 estavam

muitos milhares de pessoas e muita

gente dormiu ali mesmo, embrulha-

da em cobertores e na maior promis-

cuidade. Entre outros havia: crianças

de olhar parado indiferentes a tudo

grupos de homens, de mão na mão,

a dançar de roda um rapaz deitado,

Assunto: Festival de música “Pop” em

Vilar de Mouros A seguir se trans-

creve o texto de uma informação

redigida por um nosso elemento in-

formativo que assistiu ao “festival”

em questão, que teve lugar nos dias

7 e 8 do corrente, a qual se reproduz

na íntegra, para não alterar os deta-

lhes que foram alvo do seu espírito de

foram distribuídos, nas estradas do

País e nas estradas espanholas de

passagem de França para Portugal,

-

tas que dessem boleias aos indivídu-

os que iam ver o festival. No 1º dia,

anoitecer, o organizador, um tal Bar-

ge, anunciou que tinham sido vendi-

Esperavam vender 50 mil bilhetes

para cobrir as despesas, que seriam

Relatório

PIDE/

DGS[26-08-71]

com as calças abaixadas no trazeiro

um sujeito tão drogado que teve de

ser levado em braços, com rigidez

nos músculos relações sexuais entre

2 pares, todos debaixo do mesmo co-

bertor na zona mais iluminada sujei-

tos que corriam aos gritos para todos

os lados bichas enormes a comprar

laranjadas e esperando a vez nas re-

apesar disso, houve quem se aliviasse

de todo o género no chão (restos de

-

das nas proximidades Viam-se algu-

mas bandeiras. Uma vermelha com

uma mão amarela aberta no meio

(um dos símbolos usados na Améri-

com a inscrição “somos do Porto”

com raios a vermelho e uma estrela

preta. A população da aldeia, e de toda

a região, até Viana do Castelo, a uns

30 km de distância, estava revoltada

contra os “cabeludos” e alguns até

gritavam de longe ao passar “vai tra-

balhar”. Foram vistos alguns a comer

com as mãos e a limparem os dedos à

cabeleira. Viam-se cenas indecentes

beira da estrada. Em Viana do Castelo

dizia-se que os “hippies” tinham com-

-

-

tes de Coimbra, e outros que talvez

fossem de Lisboa ou do Porto. Alguns

passaram a noite em Viana do Cas-

telo em pensões, e viam-se alguns

de muito mau aspecto, parece que

do conjunto Manfred Mann (de que

faz parte um comunista declarado,

recinto, junto do rio e de uma capela,

havia muitas tendas montadas e gen-

muros e embrulhada em cobertores.

-

-

ras em funcionamento permanente

e muito trânsito. Toda aquela multi-

dão de famintos, sem recursos para

adquirir géneros alimenticios in-

de gafanhotos se tratasse, se lançou

sobre as hortas próximas colhendo

batatas e outros produtos hortícolas,

causando assim, grandes contrarie-

deles de débeis recursos económicos.

5

Page 6: Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição

Em 1926 foi implantada em

-

tar, quando um golpe militar

organizado derruba a 1º Re-

pública. Fez-se eleger o pre-

sidente Óscar Carmona, mas

deste regime foi o Ministro

das Finanças convidado:

António de Oliveira Salazar.

Este conseguiu equilibrar

as contas do governo e esta-

bilizar o escudo, eliminando

que lhe valeu grande prestí-

Eventualmente, Salazar foi

nomeado Presidente do Con-

selho de Ministros, corria o

ano de 1932; e em 1933 ter-

lugar ao Estado Novo.

Uma vez à frente do Gover-

no, Salazar fez vigorar uma

nova Constituição (assinada

-

dança residia na centraliza-

ção dos poderes políticos.

Apesar de na Constituição

constar isso, os direitos dos

cidadãos não eram respeita-

dos e as eleições não eram li-

vres, sendo manipuladas por

todo o tipo de ilegalidades. A

Assembleia Nacional, forma-

da por deputados, tinha um

poder muito limitado, e, ape-

sar da hierarquia estabeleci-

da pela Constituição, Salazar

teve sempre um poder muito

do Presidente da República.

As medidas seguintes con-

dentro de uma redoma pró-

pria, e controlada por Sala-

zar em todas as frentes, du-

rante trinta anos. A ideologia

-

tralismo dos poderes; a re-

pressão do pensamento con-

traditório ao do regime, que

leva à limitação da liberda-

de, à censura, e à formação

a educação “serializada” da

juventude, assente no culto

do chefe e dos valores do re-

gime; o nacionalismo econó-

mico e o fecho das ligações

comerciais; o colonianismo e

o imperialismo.

Salazar

e o Estado Novo

a base de apoio do regime, além de ser

visto como uma porta de saída para o

pesado isolamento internacional.

Logo no discurso da tomada de pos-

orientadoras do seu governo: conti-

nuar a obra de Salazar, à qual presta

homenagem, sem por isso prescindir

da necessaria renovação política.

Pretendia-se, nas palavras do novo

presidente, “evoluir na continuida-

de”, concedendo aos Portugueses a

“liberdade possivel”.

Nos primeiros meses de mandato, o

Primavera

MarcelistaEm Setembro de 1968, Antonio de Oli-

veira Salazar é operado de urgência

a um hematoma cerebral, causado

a gravidade do seu estado de saúde, o

Presidente da Republica Américo To-

-

cedimentos institucionais para a sua

substituição. A escolha recaiu sobre o

professor Marcelo Caetano, um dos no-

se permitira discordar, em mais do

que uma ocasião, da política salazaris-

ta. Apresentava-se, por isso, como um

politico mais liberal, capaz de alargar

6

Page 7: Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição

que enchem o povo e a oposição de es-

peranças: faz regressar do exílio al-

gumas personalidades, como o bispo

actuação da polícia política (que pas-

-

mento da censura; abre a União Na-

cional (rebaptizada, em 1970, Acção

-

dades políticas mais liberais.

-

cou conhecido como Primavera Mar-

celista, que se prepararam as eleições

legislativas de 1969. Procurando

-

feminino (a todas as mulheres esco-

de campanha à oposição, bem como

a consulta dos cadernos eleitorais e a

No entanto, embora se possa conside-

rar o menos manipulado de todos os

que ocarreram durante o Estado Novo,

o acto eleitoral saldou-se por uma série

-

ticos e o mesmo resultado de sempre:

100% dos lugares de deputados para

a União Nacional ; 0% para a oposição.

As suspeitas em torno da legitimida-

de dos objectivos apresentados por

-

mar-se em Abril de 1969, na cerimó-

nia de inauguração do novo edifício

de Ciências da Universidade de Coim-

bra. A recusa da palavra ao presiden-

te da Associação Académica de Coim-

bra — acto que levou o presidente da

República a ser vaiado e o presidente

da Associação Académica de Coimbra

a ser preso —, provocou uma forte cri-

se académica, resultando numa série

de greves, que se prolongariam até

Setembro desse ano. Este aconteci-

mento, juntamente com a continua-

ção da guerra colonial e a recusa da

adopção de reformas mais profundas

sugeridas pelos deputados da Ala Li-

beral — que os levou a abandonar a

-

les fundar o jornal Expresso — e, mais

tarde, a crise do petróleo de 1973 e a

consequente subida generalizada dos

preços, veio mostrar que as hipóteses

de concretização do slogan do regime

Evolução na Continuidade eram nu-

las, abrindo-se o caminho à Revolu-

ColonialAquando da escolha de

Marcelo Caetano, as altas

patentes das Forças Arma-

das puseram, como única

condição, que o novo chefe

do executivo mantivesse a

guerra em África. Caetano

anuiu, reiterando ao país a

sua intenção de continuar a

defender os nossos territó-

rios em nome dos interesses

muito, aí residia.

Paralelamente, e dando exe-

cução às suas convicções

federalistas, o chefe do Go-

verno redigiu um minucioso

projecto de revisão do estatu-

to das colónias, no sentido de

as encaminhar para a “auto-

nomia progressiva”.

O projecto contou, desde

logo, com a oposição tenaz

da maioria conservadora da

Assembleia Nacional, e aca-

bou amputado das soluções

mais inovadoras. Angola e

Moçambique passaram à ca-

-

cos”, sendo dotados de novas

instituições governativas

que, como as anteriores, con-

tinuavam fortemente depen-

dentes de Lisboa. No fundo,

nada mudou.

Em tais circunstâncias, a intensi-

dade da luta armada foi crescendo

e, embora controlada em Angola e

Moçambique, a situação militar de-

teriorou-se na Guiné, onde o PAIGC

adquiriu controlo sobre uma parte

Externamente, cresce o isolamento

português: em 1970, num geato alta-

mente desprestigiante para Portugal,

o papa Paulo VI recebe no Vaticano

os Iideres dos movimentos do MPLA,

FRELIMO e PAIGC ; na ONU, recru-

país a maior de todas as humilhações

quando, em 1973, a Assembleia Geral

reconhece a independência da Guiné-

-Bissau, à revelia do Estado portu-

de Marcelo Caetano ao Reino Unido

decorre no meio de protestos popula-

res e de uma forte segurança policial,

ao ser denunciado na imprensa um

massacre de civis em Moçambique.

Internamente, a pressão aumenta e

o regime desmorona-se. Os deputa-

dos liberais começam, em sinal de

protesto, a abandonar a Assembleia

Nacional; proliferam os grupos opo-

sicionistas de extrema-esquerda, e

cresce a contestação dos católicos

progressistas. As próprias Forças

Armadas dão sinais de uma inquie-

tação crescente.

É exactamente de um prestigiado mi-

litar que o regime recebe o maior dos

golpes: o general Antônio de Spínola,

herói da guerra da Guiné, publica, em

Futuro. Este livro, que segundo o seu

próprio relato, Marcelo Caetano leu

de um fôlego, ao serão, proclamava

abertamente, entre fortes e precisas

críticas ao funcionamento do regime,

a inexistência de uma solu-

ção militar para a guerra de

Africa. Por outras palavras,

que a guerra estava perdida.

terminou a leitura, Marcelo

Caetano percebeu “que o gol-

Guerra

7

Page 8: Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição

The Vietnam War was a Cold

-

curred in Vietnam, Laos, and

Cambodia from 1 November

1955 to the fall of Saigon on

30 April 1975. This war fol-

lowed the First Indochina

War and was fought be-

tween North Vietnam, sup-

ported by its communist al-

lies, and the government of

South Vietnam, supported

by the U.S. and other anti-

communist nations. The Viet

Cong, a lightly armed South

Vietnamese communist-

controlled common front,

largely fought a guerrilla

war against anti-commu-

nist forces in the region.

The Vietnam People’s Army

engaged in a more conven-

tional war, at times commit-

ting large units into battle.

U.S. and South Vietnamese

forces relied on air superior-

-

power to conduct search and

destroy operations, involv-

ing ground forces, artillery

and airstrikes.

The U.S. government viewed

involvement in the war as

a way to prevent a commu-

nist takeover of South Viet-

nam and part of their wider

strategy of containment.

The North Vietnamese gov-

ernment viewed the war as a

colonial war, fought initially

against France, backed by

the U.S., and later against

South Vietnam, which it re-

garded as a U.S. puppet state. U.S.

military advisors arrived beginning

in 1950. U.S. involvement escalated

in the early 1960s, with U.S. troop

levels tripling in 1961 and tripling

again in 1962.

U.S. combat units were deployed be-

ginning in 1965. Operations spanned

borders, with Laos and Cambodia

heavily bombed. Involvement peaked

in 1968 at the time of the Tet Offen-

sive, in which Communist Vietcong

forces launched major attacks on

several large cities in South Vietnam.

In response to the Tet Offensive, the

U.S. military claimed that the war

could only be won by adding several

hundred thousand more soldiers to

the American forces already in South

Vietnam. After this, U.S. ground forc-

es were withdrawn as part of a policy

called Vietnamization.

Opposition

Advocates of the peace movement

defended a unilateral withdrawal of

U.S. forces from Vietnam. One rea-

son given for the withdrawal is that

it would contribute to a lessening of

tensions in the region and thus less

human bloodshed. Early opposition to

U.S. involvement in Vietnam was cen-

tered around the Geneva conference

refusing elections was thought to be

thwarting the very democracy that

America claimed to be supporting.

John Kennedy, while Senator, op-

posed involvement in Vietnam.

-

nam War turned to street protests in

an effort to turn U.S. political opinion.

After explosive news reports of Amer-

ican military abuses, such as the

1968 My Lai Massacre, brought new

attention and support to the anti-war

movement, the Vietnam Moratorium

attracted millions of Americans.

‘The battle against

communism (...)

must be joined (...)

with strenght and

determination’

Lyndon Johnson

Viet

‘nam War

10

Page 9: Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição

many political successes, including

the passage of his sweeping Great

Society domestic programs (also

landmark civil rights legislation, and

the continued exploration of space.

At the same time, however, the coun-

try endured large-scale black riots in

the streets of its larger cities, along

with a generational revolt of young

people and violent debates over for-

eign policy. The emergence of the hip-

pie counterculture, the rise of New

Left activism, and the emergence of

the Black Power movement exacer-

bated social and cultural clashes be-

tween classes, generations and rac-

es. Every summer during Johnson’s

post-election administration, known

thereafter as the “long, hot sum-

mers”, major U.S. cities erupted in

massive race riots that left hundreds

dead or injured and destroyed hun-

dreds of millions of dollars in prop-

erty. Adding to the national tension,

Rev. Martin Luther King, Jr. was as-

sassinated in Memphis, Tennessee

sparking further mass rioting and

chaos, including Washington, where

rioting came within just a few blocks

A major factor in the precipitous de-

cline of President Johnson’s popu-

larity was the Vietnam War, which

he greatly escalated during his time

Vietnam and suffering thousands

of casualties every month. Johnson

was especially hurt when, despite his

repeated assurances that the war

was being “won”, the American news

media began to show just the oppo-

site. The Tet Offensive of February

1968 led to increased criticism from

antiwar activists that the war was

unwinnable. The Johnson Admin-

istration was particularly damaged

during the Tet Offensive when Viet-

cong forces managed to penetrate

the US Embassy, Saigon, the South

Vietnamese capital, before being

-

gle captured on national television.

In the months following Tet, John-

son’s approval ratings fell below 35%,

and the Secret Services refused to let

the President make public appear-

ances on the campuses of American

colleges and universities, due to his

extreme unpopularity among college

students. The Secret Services also

prevented Johnson from appear-

Convention in Chicago, because of

their fear that his appearance might

cause riots.

The Johnson

AdministrationIn the North-­American

election of 1964, and

after serving the 14 re-­

maining months after

President John F. Ken-­

nedy’s assassination, as

he was Vice President at

the time, Democrat Lyn-­

don Johnson had won

the largest popular vote

landslide in US Presiden-­

tial election history.

A major

factor in the

precipitous

decline of

President

Johnson’s

popularity

was the

Vietnam War

The ‘68

The United States presidential elec-

tion of 1968 was a wrenching national

experience, conducted against a back-

drop of revolt amongst almost ev-

ery generation, class and race in the

country, and widespread demonstra-

tions against the Vietnam War across

American university and college

campuses; this escalated beyond be-

lieve when the presidential candidate

Robert F. Kennedy was assassinated.

On November 5, 1968, the Republican nom-

inee, former Vice President Richard Nixon,

-

Nixon ran on a campaign that promised to restore “law

and order”. Some consider the election of 1968 a realigning

that had dominated presidential politics for 36 years. It was

also the last election in which two opposing candidates

were vice-presidents.

Election

11

Page 10: Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição

Turn ON,

Tune IN,

Drop OUTLeary’s audio release offers listeners

the chance to hear what the doctor

had to say on such subjects as abuse

of power, intolerance, the state of

American Society in the mid 1960s,

and the burgeoning communes and

encounter-groups, some of which

to reach higher plateaus of under-

standing. Recorded in 1966, it in-

cludes the famous sound bite: “I have

three things to say to young people

today. Turn on, tune in, drop out.”

not listen to the recording because

they will be angry, and he relates

encounters with the law and the in-

tolerance of parents who fear Leary

will lead children off like a pied piper.

Leary’s words, however, are soothing

and poetical, as when he describes

the grounds of the Castalia Foun-

dation, the institute he is speaking

from, or when he describes the ad-

ventures of his entourage in their

quest for enlightenment via the “psy-

chochemical revolution.”

In detailed, reasoned accounts of his

philosophy and his practice, Leary

The Andy Warhol of psychia-­

try, with a hip following ba-­

sed on a charismatic, albeit

enigmatic and controver-­

sial image, Timothy Leary

is famous as the guru of the

drug culture, at a time when

young people were looking

for answers and meaning to

an insane world in an Ameri-­

ca that was seriously questio-­

ning its values. The answers

to their questions appeared

in Leary’s teachings, which

alarmed many parents and

enraged authorities.

explains his method and his desire

to become one of the wisest spiritual

guides of his time. Through the elabo-

rations Leary delivers, we sense he is

genuinely interested in enlighten-

ment and that he believed the use of

mind-altering substances like Mari-

old means to that end. What is most

striking is the tone of Leary’s words,

as we get a clear idea of the kind of ide-

alism that drove the psychedelic age.

The recording was made just be-

fore the height of the drug-taking

counterculture madness, so we get

a glimpse at the calm center of the

storm, the eye of the hurricane.

“‘Turn on’ meant go within to activate your neural and

genetic equipment. Become sensitive to the many and

various levels of consciousness and the specific triggers

that engage them. Drugs were one way to accomplish this

end. ‘Tune in’ meant interact harmoniously with the world

around you – externalize, materialize, express your new

internal perspectives. ‘Drop out’ suggested an elective,

selective, graceful process of detachment from involuntary

or unconscious commitments. ‘Drop Out’ meant self-­

reliance, a discovery of one’s singularity, a commitment to

mobility, choice, and change. Unhappily my explanations

of this sequence of personal development were often

misinterpreted to mean

‘Get stoned and abandon all

constructive activity.’”

Timothy Leary

12

Page 11: Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição

The history

they didn’t teach

you in school

Woodstock featured some of the more

memorable acts of the Rock & Roll

Sebastian, Arlo Guthrie, Santana,

Joplin, The Who, Jefferson Airplane,

Joe Cocker, Grandpa Simpson’s favo-

rite band that day––Sha Na Na, The

CSNY, and Country Joe and the Fish

memorable version of the Star-Span-

gled Banner.

Woodstock signalled the merger and

ambivalence of the counterculture

and protest. The festival was billed

as “three days of peace and love,” in

contrast to the war and hatred in

Vietnam. Festival organizers poin-

ted out that anyone buying a ticket

On the weekend of August

15, 16 and 17, 1969, over

500,000 people from all over

the U.S. traveled to Woodsto-­

ck, in upstate New York, for

what would become the most

famous music festival ever.

Woodstock was a stridently

antiwar spectacles, but its

message was diluted by the

media. Rather than focus

on the political statements

made, mainstream cultural

commentators talked about

hippies, long hair, and nudi-­

ty. The movement, as it were,

had lost its teeth amid a co-­

-­optive and homogenizing

media culture that ignored

real politics and substituted

image and sensationalism.

was contributing to a united front

against the Vietnam War. Scores of

acts played and made antiwar spee-

ches, with Country Joe exhorting the

crowd that “if you want to stop this

fucking war, you’ll have to sing lou-

der than that.” “Movement leaders”

and other activists took their turns

at the mike and “some of the young

men destroyed their draft cards in

protest of the Vietnam War.” Yet, the

media images and memory of Woo-

dstock focus on the celebrative as-

pects of it: the rain, the music, nudity,

drugs, free love.

Obviously, the counterculture’s poli-

tical message was too dangerous and

had to be sanitized and softened for

the American public. Like the New

Left, the counterculture developed a

critique and alternative to the socie-

ty in which they were raised. Where

over campus buildings, the cultural

opposition dressed differently and

dropped acid. Often, the two move-

ments converged. Many hippies were

indeed political and counterculture

behavior was endemic in the antiwar

movement. But often, the New Left

saw hippies as apolitical, and hippies

saw the political youth as bureau-

cratic and uptight. In the end, thou-

gh, the challenge they both posed to

American society was resisted, or

channeled into acceptable avenues,

the images of protest and resistance

became ways for Madison Avenue to

sell products.

13

Page 12: Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição

The events that led up to the legendary Woodstock 1969

festival were destined to happen. The organization overca-­

me many barriers and many fateful occurrences lined up its

fruition. Here is a brief overview of the legendary Woodstock

1969 festival and the impact it had on music, American cultu-­

re, and the world.

Woodstock’69:music, art and

freedom

Woodstock was the pop cul-

ture music event of the deca-

de and arguably to this day

the single most profound

event in the history of mu-

sic. Acts from all around the

world met at Max Yasgur’s

Farm in Bethel, NY on Au-

gust 15-18, 1969 for a cele-

bration of peace and music.

What began as a paid event

drew so many viewers from

across the world that the

fences were torn down and

it became a free concert

open to the public. 500,000

youthful individuals gathe-

red peacefully at Woodstock

1969 creating the largest ga-

thering of human beings in

one place in history. Woods-

generation and its effects on

music and American culture

can still be felt today.

Woodstock ‘69 featured one

lineups in history including

Janis Joplin, Joe Cocker,

Santana, and The Who. Fans

got a taste of a variety of mu-

sic styles which came toge-

ther in perfect harmony. The

crowd at Woodstock in 1969,

which reached near a half a

million people sent a mes-

sage to the world that indi-

viduals could come together

peacefully to celebrate peace

and music.

Such an extravagant event

warranted the production of

an academy award winning

documentary of Woodstock

1969 and a number of po-

album releases. The Woods-

tock 1969 poster has come

to be one of the most famous

images in American culture

as well as a symbol of peace.

being made to celebrate the

event such as Taking Woods-

tock, the story of Elliot Tiber.

The music at Woodstock in

1969 embodied extraordi-

nary popular acts from all

over the world. Legendary

performances by such music

Baez, Joe Cocker, Santana,

Joplin are still considered

landmarks in music history.

Woodstock in 1969 was also

among the last performan-

Janis Joplin who are seen

as some of the best in their

psychedelic music vein be-

came popularized at Woods-

bands of all ages to this day.

diminished in popularity or

as a subculture to this day.

The youth of the 1960’s all

came together with similar

ideals and became the most

popular counterculture ar-

chetype. The hippie culture

shook the foundation of con-

formity to its core, reports of

attempts to disperse the half

a million individuals have

been surfacing ever since

the event. Individuals able to

organize in that magnitude

for a common interest was

something that those in po-

of and had every right to be.

turned from music to revo-

lution, the world would be an

entirely different place today.

After Woodstock 1969, the

name “Woodstock” became a

The concert was initially de-

signed as a money making

endeavor. Woodstock Ventu-

res ended up going far into

the basement monetarily

after the concert, but even-

tually recovered and became

the corporate enterprise that

it is known as today. The re-

cent installments have been

seen as corporatized disas-

ters; however, the impact

of the initial event is still so

profound to this day that

anything with the Woodsto-

ck brand tacked onto it draws

a large amount of attention.

Woodstock 1969 has since

been a household name and

integrated into mainstream

American living.

14

Page 13: Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição

The

greatest

peaceful

event in

history

I was shocked when I saw him ~ this

guy with curly hair sticking out.

Looking like a pixie, somewhere be-

tween Michael J Pollard and Jerome

Ragni, who was the lead in the Broa-

has this wonderful smile that lets you

know that he knows something you

don’t. Call it charisma or whatever,

but Mike Lang had it!

These were the days when the so-

starting to form. I had Bert Sommer

signed to me and I had just produced

called ‘The Road to Travel’. Bert was

an incredible long haired singer &

songwriter who was the second lead

at Woodstock.

Michael was almost the ‘King of the

knowledgeable, hip, adorable and

we developed an incredible bond of

friendship. Michael had a room that

he had actually rented in Woodsto-

ck, NY from Peter Goodrich who was

also very well known in the Under-

pool at 2am in the morning. It star-

ted out as a conversation about how I

was only seeing Capitol commercial

related music groups and that I nee-

ded to go out and hear other things in

the new music scene. So I had an ana-

chronism going on in my life. I wan-

ted to get more spiritual and I wanted

to learn what was really going on in

music. I had stopped going to shows,

but Michael was going to the Fillmore

and always hanging out. My change

was a comin’. The germ was planted

and the story had many twists after

that night.

I guess it went down something like

this... “Wouldn’t it be great if we had

millions of dollars and could rent a

little theater on Broadway to have a

party and invite maybe 100 of our

-

drix, The Rolling Stones, Creedence

Clearwater, Sly Stone, The Beatles

and every other act that we would

love to see perform. We won’t char-

ge anything and it will be one of the

greatest parties of all time”. Michael

thought we should take our mythi-

cal festival to Woodstock because he

lived in Woodstock and it had become

popular because it was an artist’s co-

lony. All of a sudden people like Janis

living there. It had really become the

‘in’ place. Michael wanted it to be a

studio in Woodstock. Then we would

-

ck. We talked endlessly about putting

on this show where we’d have every

act and that maybe 100,00 people

would show up, or at least 50,000. My

wife Linda thought maybe a half a

million because those love-ins were

getting 10,000 people and if we had

all those acts... I would say we dreamt

about this for months and never re-

alized that this group fantasy could

become reality. Thoughts create the

Future, the Point of No Return.

ground. Michael started missing his

midnight bus to Woodstock more &

more... he would crash on our sofa.

We would stay up late, play bumper

pool and talk, talk, talk. I began to see

his Underground point of view while

still holding down a job as an execu-

tive for a major corporation ...and he

was learning the insides of the music

business. The Capitol job scene was

becoming boring except for the acts

that I was involved in which included

Linda Ronstadt, The Band, Bob Seger,

-

mer and of course The Beatles. I was

shocked when I saw him ~ this guy

with curly hair sticking out. Looking

like a pixie, somewhere between Mi-

chael J Pollard and Jerome Ragni,

who was the lead in the Broadway

this wonderful smile that lets you

know that he knows something you

don’t. Call it charisma or whatever,

but Mike Lang had it!

The night the idea was born of Woo-

dstock, Michael was with my wife

Linda and me in our apartment. We

My secretary at Capitol Records buzzed me to say “Mike Lang is here to see you.” I said,

“Does he have an appointment?” She said “No, he doesn’t have an appointment but said to tell

you he’s from Bensonhurst, Brooklyn.” Which is where I spent the first five years of my life, and

just about every summer during my NY years. Michael was from the neighborhood, and with

guys from the neighborhood, you let them in!

15

Page 14: Cantamos Pessoas Vivas - Jornal de Exposição