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7/24/2019 Cantar Elementos No Verbais e Estados de Humor No Processo Musicoteraputico
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Revista Brasileira de Musicoterapia. Ano XIII, n. 11, 2011.
Cantar: elementos no verbais e estados de humor no
processo musicoteraputico
Luciana Steffen3
RESUMO
O Cantar um recurso muito utilizado em Musicoterapia.
Sabe-se que a voz um importante meio de comunicao eexpresso fora do ambiente musicoteraputico. Essapesquisa atravs de trs estudos de caso, objetiva investigarse h uma relao entre estados de humor e elementos noverbais verificados na voz cantada e falada dentro de umprocesso musicoteraputico, averiguar a congruncia entre osestados de humor emitidos pela voz cantada e falada, eanalisar a contribuio dos recursos no verbais no processo
musicoteraputico. Para sua realizao o projeto de pesquisafoi aprovado pelo Comit de tica e Pesquisa/CEP -Faculdades EST, n 022/2009 e um instrumento de avaliaopara as sesses musicoterpicas foi elaborado e aplicadopela autora dessa pesquisa. Os estados de humor influenciama voz cantada e falada no processo musicoteraputico, sendoque a voz cantada carrega uma supremacia de informaessobre a voz falada. Os elementos no verbais da voz do
paciente configuram-se em subsdios de anlise, tornando-serecursos imprescindveis para os processos de avaliao e
3Graduada em Musicoterapia pela Faculdades ESTSo Leopoldoe Tcnica em Canto pela ESEP - Escola Sinodal de EducaoProfissional. Musicoterapeuta da Clnica Transdisciplinar de Infnciae Adolescncia Espao Dom Quixote de So Leopoldo. E-mail:[email protected]
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teraputico. Salienta-se que os achados desta pesquisa,embora sejam consistentes, ainda so insuficientes paraconsolidao dos resultados obtidos levando-se em
considerao a quantidade da amostra coletada.
Palavras-chave: voz falada, voz cantada, Musicoterapia,estados de humor.
Singing: nonverbal elements and mood states within the
music therapy process
ABSTRACT
Singing is a resource often used in music therapy. It is knownthat the voice is an important means of communication andexpression out of the music therapeutic environment. Thisresearch conducted through three case studies, aims to
investigate whether there is a relationship between moodstates and nonverbal elements of singing and speaking voiceinside the music therapeutic process; to evaluate thecongruence between the mood states expressed throughsinging and speaking voice, and to analyze the contribution ofnonverbal resources in the music therapeutic process. Beforebeing conducted, the research project was approved by theResearch Ethics Committee /CEP - Faculdades EST, underno. 022/2009 and an assessment tool for the music therapysessions was developed and implemented by the author ofthis research. The mood states influence the singing andspeaking voice in the music therapeutic process and thesinging voice carries supremacy of information over thespeaking voice. Nonverbal elements of the patients voicearetransformed into analysis subsidies to the processes ofassessment and therapy. It should be stressed that the
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findings of this research, although consistent, are stillinsufficient to consolidate the results obtained by taking intoaccount the amount of sample collected.
Keywords: speaking voice, singing voice, Music Therapy,mood states.
INTRODUO
A voz cantada e falada altera-se e influenciada peloestado de humor do comunicador fora de um ambiente
teraputico, como afirma Behlau (1987), Scherer (2003), entre
outros. Supe-se que estados de humor tambm influenciem
as expresses da voz cantada e falada no processo
musicoteraputico, sendo possvel sua verificao atravs da
anlise de seus elementos no verbais.
A partir da experincia e motivao da autora foram
estabelecidos os seguintes objetivos para a realizao desta
pesquisa: a) investigar se h uma relao entre estados de
humor e elementos no verbais verificados na voz cantada e
falada dentro de um processo musicoteraputico; b) averiguar
a congruncia entre os estados de humor e a emisso vocal
da voz cantada e falada; c) analisar a contribuio dos
recursos no verbais para o processo musicoteraputico.
Trata-se de uma pesquisa de trs estudos de caso, um
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estudo dos elementos no verbais da voz cantada e falada,
assim como do estado de humor e fsico das pacientes,
realizada no decorrer de dez sesses. Aps a aprovao do
projeto de pesquisa pelo Comit de tica/CEP, foram
selecionadas trs pacientes atendidas individualmente em
Musicoterapia na Clnica-Escola, em um total de dezoito
sesses. O critrio de incluso foi o cantar como principal
recurso no verbal nas sesses com pacientes adultas do
sexo feminino e, o critrio de excluso, a seleo de sujeitos
juridicamente caracterizados como incapazes. O registro dos
atendimentos se efetivou atravs da gravao sonora, pelo
preenchimento de questionrios entregues s pacientes, e
pela elaborao e preenchimento de fichas avaliativas dos
elementos no verbais da voz, denominadas Instrumentos deAvaliao da Voz Falada AVFal, e Avaliao da Voz
Cantada AVCan (Cf. Anexo 1). Os instrumentos foram
elaborados e aplicados visando a anlise das vozes cantada e
falada.
O referencial terico que subsidiou a reflexo
musicoterpica sobre os dados colhidos foi selecionado com
base no tema aqui proposto e nos resultados das ltimas
pesquisas na rea. Cabe salientar que na literatura disponvel
em Musicoterapia ainda h uma escassez de informaes
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musicais sobre o Cantar, bem como instrumentos de anlise
vocal para subsidiar o processo de avaliao em
Musicoterapia.
O CANTAR EM MUSICOTERAPIA
Pesquisas sobre o Cantar em Musicoterapia so
registradas a partir da dcada de 50, coincidindo com a
estruturao da Msica como terapia e como cincia.
Atualmente, o Cantar est relacionado expresso individual
do indivduo e subjetividade revelada atravs de seu
comportamento. Na teoria Vocal Holding Techniques, utilizada
pela Mt. Diane Austin (2001), o Cantar encontra-se alternado
entre paciente e musicoterapeuta pela improvisao vocal,oferecendo um espao de expresso e alcance de autonomia.
A Mt. europeia Sylka Uhlig (2006) estabelece diferentes nveis
de utilizao do canto em terapia. Na sua abordagem
encontram-se mtodos vocais que podem ser utilizados para
atingir cada um dos nveis: emocional, relacional, cognitivo,
fsico, esttico, espiritual e tcnico.No nvel afetivo, afirma que
emoes como raiva, tristeza, medo e satisfao e estados de
humor como amor, abalo emocional e cimes podem ser
revelados na qualidade da voz.
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O musicoterapeuta ingls Paul Newham (1999)
estabelece a modalidade Voice Movement Therapy, dividindo
a voz em dez componentes acsticos (altura, movimento
meldico, intensidade, ataque gltico, quantidade de ar,
rompimento, registro, nasalidade, qualidade vocal e
articulao). Estes so identificados quando se canta,
analisados e trabalhados para melhorar a expresso vocal
geral, refletindo na melhora de diversos aspectos
psicolgicos.
Cantar em Musicoterapia um dos procedimentos
utilizados pelo paciente e seu musicoterapeuta, arrolado como
recurso e como processo tanto para atingir objetivos
teraputicos, quanto para avaliar o modo de ser e estar do
paciente. As canes configuram um espao de expressooferecido na sesso ao paciente, recurso musical este, que
comunica questes subjetivas atravs dos modos de cantar,
como afirmam alguns autores como Uhlig (2006), Austin
(2001) e Newham (1999).
Autores como Albinati (2008), Aldridge (2008) e Uhlig
(2006) trazem o Cantar como meio expressivoe comunicativo.
O paciente revela-se como um todo atravs dele,denunciando
seu estado emocional, como trazem Behlau (1987) e Scherer
(2003), autoestima, personalidade, entre outros. Segundo
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Uhlig (2006), o Cantar permite acessar sentimentos e
pensamentos pela vibrao e ressonncia das clulas e
msculos do corpo, j que, ao cantar o instrumento passa a
ser o prprio corpo, na sua estrutura orgnica e psquica,
despertando emoes e memrias atravs do acionamento do
sistema lmbico.
As emoes influenciam diretamente as estruturas
utilizadas na voz. Seus efeitos, primeiramente controlados
pelo sistema lmbico, ativam o sistema nervoso autnomo e
somtico, alterando os msculos envolvidos na produo
vocal, de muco, de saliva e a respirao. Segundo Scherer
(2003), ao provocar mudanas fisiolgicas, as emoes e os
estados de humor so perceptveis atravs dos elementos
no verbais da voz.
H diversidades sobre quais elementos esto
relacionados com a expressividade do canto. Behlau (1987),
dentro da rea da fonoaudiologia traz os parmetros de leitura
vocal, que so, entre outros: respirao, altura, extenso,
registros, intensidade, ressonncia, articulao, patosiii,
maneirismo e melisma, postura, velocidade/andamento e
timbre.
Morton (2007) e Behlau (1987) afirmam que os
elementos no verbais, incluindo altura, andamento e inflexo
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vocal,so os meios mais bvios de transmitir emoes pelas
canes. Algumas pesquisas como a de Sundberg, Iwarsson,
e Hagegard (1995) relacionam tons mais graves, longas
duraes das slabas, melodia descendente, intensidade fraca
e andamento lento, com tristeza; respirao e articulao
curtas (frases entrecortadas), nfase nas consoantes,
intensidade forte e melodias ascendentes ou lineares, com o
sentimento de raiva; e Behlau e Pontes (1995) relacionam
tons agudos, trazendo junto inflexes, maior velocidade,com
alegria, junto com extenso vocal e previsibilidade na melodia,
alm de respirao curta e rpida poder indicar ansiedade.
Entoar canes existentes, improvisar ou comp-las,
com ou sem acompanhamento instrumental e/ou vocal do
musicoterapeuta, so algumas das possibilidades do Cantarcom fins teraputicos. As possibilidades so selecionadas
pelo musicoterapeuta de acordo com os objetivos teraputicos
e com a clientela.
O Cantar pode ser dirigido ou espontneo. Na
improvisao vocal, a subjetividade do paciente verificada
de modo mais intenso do que quando ele canta algo j
estruturado por Outro, sendo um cantar livre e espontneo
(AUSTIN, 1996). Atravs deste recurso musical, o
musicoterapeuta permite a verificao autntica da expresso
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das emoes e estados de humor do paciente (ALDRIDGE;
ALDRIDGE, 2008).
Por outro lado, o Cantar conduzido ocorre quando um
intrprete se utiliza dos recursos tcnicos apreendidos para
cantar, assumindo a responsabilidade de transmitir o carter
da cano e seguindo as regras sintxicas impostas pelo
autor, independente do seu estado de humor. Mas, mesmo
que o paciente atue como um intrprete, no se convocando
no processo teraputico, encobrindo suas emoes pelo canto
dirigido, estima-se que algum subsdio no verbal possa ser
extrado de seu estado emocional, pois este ser revelado
pelo seu Cantar.
A cano por si s no relevante, mas sim, o modo
como o paciente a percebe e comunica-se ao entoar essaestrutura musical. Ao Cantar, independente da estrutura
meldica, o paciente sonoriza seus elementos internos,
oportunizando ao musicoterapeuta a compreenso do seu
estado de humor.
Na Musicoterapia, os elementos no verbais do Cantar
revelam o estado de humor momentneo e evidenciam as
atitudes do paciente em relao a este estado, simulando
como este se comporta em outros contextos, denunciando
como est e como age.
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O Cantar funciona tanto como um recurso quanto um
processo para que os objetivos delineados pelo
musicoterapeuta possam ser alcanados. Os elementos no
verbais proporcionam ao paciente maneiras de se relacionar
consigo e com o Outro, permitindo que ele expresse e revele
sua autonomia, independncia e humor no momento em que
canta. O musicoterapeuta intervm e se comunica com o
paciente atravs do Cantar, alternando liderana,
possibilitando que ele cante sozinho, permitindo que faa
escolhas, seja de uma cano, tom, andamento, entre outras
tantas possibilidades.
Cantar individualmente pressupe que o indivduo entoe
uma melodia. O Cantar coletivo permite que pessoas
compartilhem o tempo e o espao da cano no mesmo tom,andamento, com a mesma articulao, conectando-os assim
em todas as dimenses, seja intra e interpessoal. A relao
interpessoal propiciada pelo Cantar revela e desenvolve
questes como liderana, autonomia, iniciativa, segurana,
cooperao, responsabilidade, comunicao, concentrao,
capacidade de fazer escolhas, autoestima, organizao,
submisso, autoritarismo, entre outros. Quanto s relaes
intrapessoais, o Cantar revela os estados de humor,
desenvolve o emocional, a autoexpresso, o
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autoconhecimento, provoca mudanas de humor, alivia as
tenses, leva a uma reflexo sobre sentimentos, emoes,
entre outros. Permite que o paciente se conscientize sobre
seu estado emocional e que as questes reveladas pelo
Cantar sejam elaboradas.
No grupo, o Cantar oferece um backgroundpromotor de
energia e fora quele paciente, cuja iniciativa ainda encontra-
se minimizada. O canto do Outro se soma ao canto do
paciente. Nesse acrscimo de textura, emerge a fora e a
noo de poder. O paciente necessita seguir uma sequncia
de ajustes para manter-se na cano, sendo convocado para
estar e compartilhar com o Outro.
Quando h o domnio dos elementos da linguagem
musical e da sua sintaxe pelo musicoterapeuta, efetiva-seuma escuta analtica sobre o Cantar. Isenta de uma anlise de
natureza psquica, o nvel musical do paciente fornece
elementos que subsidiam e formam critrios de avaliao em
Musicoterapia.
Em Musicoterapia utilizam-se critrios de avaliao do
Cantar oferecidos por outras reas, a exemplo da
Fonoaudiologia e da Tcnica Vocal. Na sequncia, apresenta-
se um instrumento elaborado para promover referncia na
avaliao das questes relacionadas estrutura psquica
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revelada pelo paciente atravs dos elementos no verbais do
Cantar.
INSTRUMENTO DE AVALIAO DA VOZ FALADA(AVFAL) E INSTRUMENTO DE AVALIAO DA VOZCANTADA (AVCAN)
Aqui sero apresentadas as caractersticas da clientela
atendida identificadas por A, B e C, e os instrumentos de
avaliao propostos para a voz falada e cantada. Por no ser
o foco desse estudo, a especificidade de cada queixa no
ser aprofundada, apenas citada como informao.
Paciente A, mulher de 65 anos, casada, dona de casa,
com diagnstico de depresso, me de trs filhos adultos, um
falecido h treze anos; paciente B, mulher de 57 anos,
casada, me de trs filhos adultos, atua em dois turnos como
faxineira numa instituio de ensino superior, diagnosticada
com Sndrome do Pnico; e, paciente C, mulher de 31 anos,
casada, me de dois filhos (menores de idade), atua como
secretria nos dois turnos, apresentando queixas de estresse,
sem diagnstico mdico.
O estado de humor e fsico foi relatado pelas pacientes
atravs de questionrio elaborado pela autora, preenchido
antes de cada sesso. Foram selecionadas as produes
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vocais da voz cantada e falada de cada paciente. Dentre as
diversas tcnicas musicoterpicas considerou-se a tcnica de
Recriao pela qual o musicoterapeuta oferecia canes
conhecidas e as pacientes cantavam e\ou acompanhavam
com instrumentos de percusso. Nas atividades a liderana
era exercida tanto pelo musicoterapeuta como pelas
pacientes, onde s vezes o Musicoterapeuta determinava o
tom e o andamento e cantava junto, visando prover energia e
motivao, auxiliando e incentivando as pacientes na busca
dessa liderana e autoestima.
Suspeita-se que quando as pacientes no alcanavam
um bom desempenho musical, seja cantando fraco, com m
articulao, projeo inadequada, impreciso nas alturas,
inflexo montona e sem manter o centro tonal, a execuomusical poderia estar associada falta de conhecimento da
cano proposta, ou pelo gosto musical.
Foram considerados aqueles elementos que configuram
a qualidade vocal. Cada elemento no verbal sinaliza uma
parcela de informao sobre o estado vocal, fsico e
psicolgico das pacientes. Para classificar vozes patolgicas a
graduao de cada elemento seguiu a orientao dada pela
Fonoaudiologia, encontradas em Behlau (1995). Como
complemento, incluiu-se nos instrumentos de avaliao os
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parmetros musicais a fim de se analisar os elementos da voz
cantada.
Os parmetros que integram a avaliao da voz cantada
e falada foram sistematizados em dois instrumentos de
avaliao, denominados: Instrumento de Avaliao da Voz
Falada (AVFal) e Instrumento de Avaliao da Voz Cantada
(AVCan), ambos preenchidos a cada sesso para cada
paciente. Em cada tabela foram agrupados os elementos no
verbais da voz cantada e da voz falada. Os itens foram
preenchidos com subsdios extrados dos atendimentos
individuais. Cada atendimento foi seccionado em trs partes
(incio, desenvolvimento e fim), levando-se em considerao o
estado de humor relatado por escrito. Cada sesso teve a
durao em torno de quarenta e cinco minutos, dividida empartes iguais, respeitando-se incios e fins das canes ou
falas.
Para o item Estados de Humor, constatou-se que
aqueles assinalados pelas pacientes variavam
individualmente a cada sesso, sendo para paciente A)
Angustiada, Tensa, Alegre e Insegura; B) Tranquila, Insegura,
Tensa, Triste e Cansada, e, C) Tensa, Triste e Tranquila. Com
relao Qualidade Vocal, foi identificado o Tipo de Voz,
sendo encontrado o tipo de voz Neutra para todas as
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pacientes.
O quesito Extenso inclui espectro de alturas, alturas
prevalentes e tessitura. Para a voz cantada foram
acrescentados: manuteno do centro tonal e determinao
do tom.
O espectro de alturas da voz falada da paciente A foi
C1 a G#3, B, F2 a G3 e C, F2 a E3 e da voz cantada, A,
A1 a A3, B, D2 a B3 e C, D2 a A3. As alturas prevalentes
da voz falada da paciente A foi D2 a E3, B, G2 a D3 e C,
G2 a D3, e da voz cantada: A, D2 a F#3, B, G2 a A3 e C,
D2 a F#3. A tessitura da voz falada da paciente A foi E2 a
C#3, B, A2 a D3 e C, G2 a D3, e da voz cantada: A, E2 a
E3, B, A2 a G3 e C, A2 a F#3. Em relao ao centro tonal,
a paciente A manteve o tom na maior parte das sesses,B, manteve, mas sem alcanar as alturas mais agudas e
mais graves e C, manteve. A determinao do tom das
pacientes A e B foi dada pela/o terapeuta na maior parte
das sesses, e da paciente C, pela terapeuta e paciente.
A Intensidade foi analisada com as seguintes
graduaes: adequada, aumentada ou reduzida, tendo como
referncia a prpria paciente. Na voz cantada encontrou-se
para a paciente A e B intensidade adequada e reduzida e
Cadequada. Na voz falada a intensidade foi adequada para
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todas as pacientes.
Com base na referncia da velocidade da prpria
paciente, a voz falada foi analisada como aumentada,
reduzida, adequada ou com muita variao entre as
graduaes. Na voz cantada considerou-se para o
andamento: o carter de acordo com o aferimento do
Metrnomo de Maelzel (M.M.). Considerou-se a manuteno
do andamento (mantiveram, aceleraram ou diminuram) e sua
determinao (pela paciente ou pela/o musicoterapeuta). A
velocidade da voz falada da paciente A foi normal, com 84
palavras por minuto, B, aumentada, com 86 palavras por
minuto e C, normal, com 73 palavras por minuto. O carter
da paciente A foi andante e larghetto, B, andante, e C,
adgio. O M.M. indicou para A, 40 a 115bpm, B, de 45 a
118bpm e C, 49 a 140bpm. A paciente A manteve e
diminuiu o andamento, B e C, mantiveram o andamento. A
determinao do andamento observada foi A e B, pela/o
terapeuta e C, pela terapeuta e paciente.
Para a voz cantada analisou-se a textura. Observou-se
se a paciente cantava sozinha ou acompanhada pelo
musicoterapeuta (monofonia), com acompanhamento
harmnico (homofonia) ou se o musicoterapeuta e paciente
cantavam linhas meldicas diferentes (polifonia). A textura foi
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homofnica para todas as pacientes.
A Capacidade Articulatria foi analisada como normal,
precisa, indiferenciada, travada ou exagerada. Para a voz
cantada, a articulao de todas as pacientes foi normal, para
a voz falada, encontrou-se na paciente A articulao normal
e precisa e nas pacientes B e C, normal.
As Inflexes da voz cantada foram consideradas como
montona ou modulante, assim como sua determinao (pela
paciente ou pela/o musicoterapeuta). Para todas as pacientes
as inflexes foram modulantes e a determinao das inflexes
pela paciente.
A voz falada foi classificada de acordo com o contorno
meldico produzido, delineada pelas formas ascendente ou
descendente, arco, arco invertido, senoidal ou linear, para apaciente A e B arco e C, senoidal. O ltimo elemento
considerado foi a Projeo vocal descrita como adequada ou
inadequada, onde para todas as pacientes na voz cantada e
falada encontrou-se projeo adequada.
RESULTADOS
Apresentam-se a seguir os elementos prevalentes
encontrados no AVCan e no AVFal para o estado de humor
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prevalente relatado, mostrando a relao entre estado de
humor e elementos no verbais da voz, alm de outros
resultados relevantes para a Musicoterapia.
PACIENTE A
A paciente nem sempre cantava e, quando chorava,
cantava com intensidade reduzida, sem adequao de
projeo e com inflexo e articulao indiferenciada. Em
determinadas canes ela referia-se ao filho falecido.
Salienta-se que na quarta sesso, a paciente revelou que sua
semana tinha sido boa, usando alturas entre C2 e D2, sem
projeo vocal e com a voz em intensidade fraca. No decorrer
da sesso relatou sua tristeza devido data de aniversrio dofilho falecido. A partir desse momento cantou as alturas mais
graves de todas as sesses. Sua fala tambm foi emitida em
alturas graves e intensidade fraca, articulando mal as
palavras, impossibilitando o entendimento do contedo
verbalizado.
O estado de humor Angustiado foi prevalente nas sete
sesses. Nessas ocasies foram entoadas tanto alturas
graves como agudas. O centro tonal foi mantido e
determinado pelo musicoterapeuta, variando a intensidade de
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adequada reduzida. O andamento apresentou-se como o
mais lento, semelhante ao humor Tenso. A velocidade foi
mantida e s vezes era diminuda. Apresentou articulao
normal, precisa e indiferenciada, com inflexo montona e
modulante. O modelo vocal foi determinado pela paciente e
pelo musicoterapeuta. Cantou com textura homofnica, em
projeo que alternava entre adequada e inadequada.
Na voz falada os elementos vocais so semelhantes.
Emitiu palavras com alturas graves. A velocidade variou de
normal reduzida, mantendo um dos menores nmeros de
palavras por minuto. A articulao manteve-se entre o normal
e indiferenciada. Os contornos meldicos entoados seguiram
a forma de arco e descendente.
PACIENTE B
O estado de humor Tranquilo foi prevalente em trs
sesses. Quando cantou com a musicoterapeuta alcanou as
alturas mais agudas, o que sozinha no conseguiu,
independente do acompanhamento do violo. Afinou e
manteve o andamento quando a musicoterapeuta entoava
junto. Nestas situaes, a paciente ou atrasava ou adiantava
o andamento, havendo necessidade de que fosse modificada
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a velocidade da cano para que a musicoterapeuta estivesse
com a paciente.
Quando tranquila alcanou as alturas mais agudas
semelhantemente ao estado no qual se declarava insegura.
Na maioria das vezes, acompanhada pelo musicoterapeuta,
manteve o centro tonal, entoando as melodias tanto em
regies graves como na regio aguda. Verificou-se que a
intensidade variava entre adequada, aumentada e reduzida. O
andamento foi mantido, fixando-se entre o acelerado e
diminudo, observando-se que foi o mais rpido e o mais lento
entre os demais estados de humor. A velocidade das canes
foi determinada preponderantemente pela musicoterapeuta.
Articulava de forma normal, precisa e indiferenciada.
Realizava modulaes na inflexo e ao final das sesses porvezes modulava ou vocalizava de forma montona.
Determinao da inflexo foi dada pela paciente. A projeo
vocal foi sempre adequada. A determinao do tom foi
estabelecida pela musicoterapeuta e a tessitura se manteve
em todos os estados de humor.
Os resultados obtidos para a voz falada foram similares.
As alturas entoadas foram as mais agudas, em intensidade
adequada. A velocidade variava entre aumentada e normal,
verbalizando um nmero de palavras Intermedirio. O
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contorno meldico para a fala apresentou as formas de arco,
arco invertido, ascendente, senoidal. A projeo vocal
manteve-se adequada.
A maior diferena de alturas ocorreu quando o humor
modificou-se de Tranquila para Insegura. As alturas
prevalentes configuram uma escala ascendente deslocando-
se do grave quando Cansada, passando pela regio mdia
quando Triste, alcanando o pice quando Tensa e Tranquila.
PACIENTE C
O acompanhamento das canes ou era executado
harmonicamente ao teclado ou pelo playback do karaok,
situaes nas quais o tom e o andamento eram impostos eno dependiam de escolhas.
No houve diferenas significativas no espectro de
alturas. O estado de humor Tenso foi prevalente nas sesses.
Quando se identificava assim, as alturas entoadas foram as
mais graves de todos os estados de humor, embora a
variao entre as frequncias emitidas entre o grave e o
agudo alcanou o intervalo de um tom e meio. O centro tonal
foi mantido apenas no final da sesso, determinado
principalmente pela musicoterapeuta. A intensidade vocal
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revelada foi adequada e reduzida, no andamento mais rpido,
e mantido. s vezes articulava de forma indiferenciada,
dificultando o entendimento das palavras. Em outras ocasies
articulava normalmente.
Sua inflexo vocal variava entre a monotonia e
pequenas modulaes. Ao final das sesses a projeo vocal
inicialmente inadequada, tornava-se mais adequada ao
ambiente.
Para a voz falada entoava alturas mais graves, em uma
intensidade adequada, considerando-se que a paciente falava
pouco durante as sesses. A velocidade das palavras
pronunciadas por minuto s puderam ser quantificadas em
uma situao. Nesta ocasio, a articulao manteve-se
normal e precisa, delineada em um contorno meldico nasformas de arco, descendente, e ascendente, com projeo
vocal adequada.
DISCUSSO DE RESULTADOS
Diante dos resultados descritos na seo anterior, pode-
se observar que no decorrer de cada sesso os elementos da
voz cantada e falada se modificaram, sinalizando que houve
uma modulao nos estados de humor. Salienta-se que o
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desconhecimento de canes gerou inflexes vocais
montonas e intensidade fraca. Questiona-se aqui se os
parmetros conhecimento prvio e gosto musical
configuram-se em um vis determinante para a interpretao
de dados referentes intensidade e realizao de inflexes
vocais. Verificou-se que o gosto musical revelado pelas
interpretaes de canes influenciou na emisso da
intensidade e das inflexes vocais. Observa-se que as
pacientes cantavam mais forte, realizando inflexes
modulantes quando entoavam canes conhecidas e
integrantes de seu repertrio predileto.
Quanto s variveis observadas na discusso nos
resultados surgem questes que podem alterar ou mascarar
os resultados, como: a) quando o tom e o andamento dacano so propostos, qual o espao que o paciente possui
para revelar-se? b) em que medida as escolhas musicais
acolhidas ou refutadas influenciam nos resultados da emisso
vocal? c) quando o tom da cano imposto e est
inadequado, quais elementos podem ser colhidos? d) h
diferena entre Cantar individualmente, em grupo, e com
acompanhamento harmnico? e) quando o paciente est
acometido por alguma patologia ou alguma alterao fsica
momentnea, o estado de humor pode estar revelado pela
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emisso vocal?
CONCLUSO
Para alcanar os objetivos de analisar os elementos no
verbais da voz, pela inexistncia de outro instrumento
avaliativo em Musicoterapia, foi necessrio elaborar um
instrumento especfico formado por parmetros que
descrevem as caractersticas vocais. Considerando-se que o
mesmo foi aplicado pela primeira vez, sugere-se que este seja
testado com outros pacientes e focado como objeto de nova
pesquisa.
Os elementos prevalentes foram analisados e formaram
o corpo de dados que evidenciaram a confirmao de umarelao entre os estados de humor e os elementos no
verbais da produo vocalfalada e cantada.
Os resultados demonstram que a modulao dos
estados de humor no decorrer das sesses, bem como a
influncia do gosto esttico e o conhecimento musical, entre
outras questes podem alterar ou mascarar a obteno de
dados. Porm, a voz cantada apresenta diversos parmetros
a serem analisados. Conclui-se que os estados de humor so
detectados principalmente atravs do Cantar trazendo mais
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informaes atravs dos elementos no verbais do que pela
voz falada. Sublinha-se que os principais elementos
verificados no Cantar so intensidade, andamento e inflexo.
Pesquisas sobre o tema ainda esquivam-se de
discorrer sobre a complexidade das informaes musicais
presentes no Cantar, tanto do Musicoterapeuta como do
paciente. Necessita-se de mais pesquisas na rea e embora
os dados deste estudo sejam consistentes, ainda so
insuficientes para consolidao dos resultados obtidos,
levando-se em considerao a quantidade da amostra
coletada. H de se considerar as variantes que acompanham
o Cantar no processo musicoteraputico espontneo ou
dirigido.
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ANEXO 1 - INSTRUMENTO DE AVALIAO DA VOZCANTADA AVCan