248
 PARTE V MANEJO, CRIAÇÃO E NUTRIÇÃO MANEJO, CRIAÇÃO E NUTRIÇÃO, Introdução ......................................... 1319 Neonato ................................................................................................... 1320 Hipoglic emia Neonat al ....................................................................... 1322 APETITE E CONTROLE DO CONSUMO ALIMENTAR ............................... 1323 EXAME DO VIGOR REPRODUTIVO DO MACHO ....................................... 1326 TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES EM ANIMAIS DE GRANDE PORTE .... 1334 CONTROLE HORMONAL DO ESTRO ......................................................... 1338 VENTILAÇÃO ................................................................................................ 1339 INTERAÇÃO MANEJO-DOENÇA ................................................................. 1343 Gado ..................................................................................................... 1343 Gado de Corte ................................................................................... 1343 Gado Leiteiro ..................................................................................... 1346 Caprinos ................................................................................................... 1350 Eqüinos .................................................................................................... 1354 Suínos ..................................................................................................... 1358 Ovinos ..................................................................................................... 1361 Pequenos Animais ................................................................................... 1366 MANEJO DA REPRODUÇÃO ....................................................................... 1367 Bovinos .................................................................................................... 1367 Caprinos ................................................................................................... 1378 Eqüinos .................................................................................................... 1381 Suínos ..................................................................................................... 1387 Ovinos ..................................................................................................... 1396 Pequenos Animais ................................................................................... 1401 NUTRIÇÃO: GATOS ..................................................................................... 1409 Necessidades Nutricionais ....................................................................... 1412 Doenças Nutricionais ............................................................................... 1414 Alimen tação do Gato Enfermo ................................................................. 1417 NUTRIÇÃO: BOVINOS ................................................................................. 1423 Exigên cias Nutri cionais do Gado de Cort e .............................................. 1423 Exigên cias Nutrici onais do Gado Leiteiro ................................................ 1435 Doenças Nutricionais de Bovinos e Ovinos ............................................. 1449 NUTRIÇÃO: CÃES ........................................................................................ 1458 Seleçã o/Recomendação da Dieta ........................................................... 1459 Energia e Grupos de Nutrientes .............................................................. 1461 Alimentação do Cão Saudável ................................................................. 1464 Recomendações de Alimentação para Estados Patológicos Selecio nados ..................................................................................... 1465

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PARTE V

MANEJO, CRIAÇÃO E NUTRIÇÃOMANEJO, CRIAÇÃO E NUTRIÇÃO, Introdução ......................................... 1319

Neonato ................................................................................................... 1320Hipoglicemia Neonatal ....................................................................... 1322

APETITE E CONTROLE DO CONSUMO ALIMENTAR ............................... 1323

EXAME DO VIGOR REPRODUTIVO DO MACHO ....................................... 1326

TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES EM ANIMAIS DE GRANDE PORTE .... 1334

CONTROLE HORMONAL DO ESTRO ......................................................... 1338

VENTILAÇÃO ................................................................................................ 1339

INTERAÇÃO MANEJO-DOENÇA ................................................................. 1343Gado ..................................................................................................... 1343

Gado de Corte ................................................................................... 1343

Gado Leiteiro ..................................................................................... 1346Caprinos ................................................................................................... 1350Eqüinos .................................................................................................... 1354Suínos ..................................................................................................... 1358Ovinos ..................................................................................................... 1361Pequenos Animais ................................................................................... 1366

MANEJO DA REPRODUÇÃO ....................................................................... 1367Bovinos .................................................................................................... 1367

Caprinos ................................................................................................... 1378Eqüinos .................................................................................................... 1381Suínos ..................................................................................................... 1387Ovinos ..................................................................................................... 1396Pequenos Animais ................................................................................... 1401

NUTRIÇÃO: GATOS ..................................................................................... 1409Necessidades Nutricionais ....................................................................... 1412Doenças Nutricionais ............................................................................... 1414

Alimentação do Gato Enfermo ................................................................. 1417NUTRIÇÃO: BOVINOS ................................................................................. 1423

Exigências Nutricionais do Gado de Corte .............................................. 1423Exigências Nutricionais do Gado Leiteiro ................................................ 1435Doenças Nutricionais de Bovinos e Ovinos ............................................. 1449

NUTRIÇÃO: CÃES ........................................................................................ 1458Seleção/Recomendação da Dieta ........................................................... 1459

Energia e Grupos de Nutrientes .............................................................. 1461Alimentação do Cão Saudável ................................................................. 1464Recomendações de Alimentação para Estados Patológicos

Selecionados ..................................................................................... 1465

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NUTRIÇÃO: ANIMAIS EXÓTICOS E DE ZOOLÓGICO ............................... 1469Aves ..................................................................................................... 1470

Aves Aquáticas .................................................................................. 1471Aves Galináceas ................................................................................ 1471

Beija-flores ......................................................................................... 1472Passeriformes .................................................................................... 1472Pombos e Rolas ................................................................................. 1473Psitacídeos......................................................................................... 1473Aves de Rapina .................................................................................. 1476Ratitas ................................................................................................ 1476Aves Variadas .................................................................................... 1476

Mamíferos ................................................................................................ 1477Criação Manual de Mamíferos ..................................................... 1477

Morcegos ........................................................................................... 1479Carnívoros.......................................................................................... 1480Insetívoros, Edentados e Porcos-da-terra ......................................... 1481Mamíferos Marinhos .......................................................................... 1481Marsupiais .......................................................................................... 1483Primatas ............................................................................................. 1483Roedores e Lagomorfos .................................................................... 1484Subungulados e Ungulados ............................................................... 1485

Répteis ..................................................................................................... 1486Crocodilianos ..................................................................................... 1487Lagartos ............................................................................................. 1487Cobras ................................................................................................ 1487Tartarugas e Cágados ....................................................................... 1488

NUTRIÇÃO: EQÜINOS ................................................................................. 1488Exigências Nutricionais ............................................................................ 1488Alimentos e Práticas Alimentares ............................................................ 1497

Doenças Nutricionais ............................................................................... 1501Alimentação do Eqüino Enfermo ............................................................. 1503Cuidados com o Potro Órfão ................................................................... 1505

NUTRIÇÃO: VISONS .................................................................................... 1506

NUTRIÇÃO: SUÍNOS .................................................................................... 1510Exigências Nutricionais ............................................................................ 1510

Práticas de Alimentação .................................................................... 1518Doenças Nutricionais ............................................................................... 1520

NUTRIÇÃO E MANEJO: AVES DOMÉSTICAS ........................................... 1522Exigências Nutricionais ............................................................................ 1522

Práticas de Alimentação e Manejo .................................................... 1527Doenças Nutricionais ............................................................................... 1535

NUTRIÇÃO: COELHOS ................................................................................ 1550

NUTRIÇÃO: OVINOS .................................................................................... 1551

Exigências Nutricionais ............................................................................ 1552Práticas de Alimentação .................................................................... 1558Doenças Nutricionais de Bovinos e Ovinos (ver anteriormente) ............. 1449

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MANEJO, CRIAÇÃO E NUTRIÇÃO,INTRODUÇÃO

Embora seja comumente aceito que vírus, bactérias e outros microrganismos sejamas causas básicas das doenças em animais domésticos, erros no manejo, criação enutrição constituem fatores predisponentes significativos. Muitos surtos de doençaspoderiam ser minimizados ou totalmente evitados por criação, manejo e nutriçãoapropriados.

Mesmo que a maioria dos criadores de animais esteja ciente da importânciadestes fatores, estão constantemente à procura de um cura-tudo para problemasrelacionados às enfermidades. Por um tempo, muitos acreditaram que os antibióticosfossem a resposta. Estes eram adicionados às rações começando-se logo após o

nascimento e, algumas vezes, prosseguindo-se por toda a vida do animal. Inicialmen-te foram muito eficientes. No entanto, mesmo com a adição de grandes quantidadesàs rações, doses maiores têm sido administradas parenteralmente, e administraçãode antibióticos mais novos e eficientes (tanto para cobrir um espectro maior comopara enfrentar o desenvolvimento de resistência bacteriana), não providenciaramsolução completa. As doenças nos animais de grande porte ainda causam perdasanuais de bilhões de dólares, grande parte das quais é atribuível a mortes, custos detratamentos, e eficiência alimentar e taxa de crescimento reduzidas.

Não só os antibióticos realmente apresentam limites quanto à sua eficácia,

como também há um interesse geral no que tange a resíduos de drogas nos ali-mentos de origem animal e ao desenvolvimento de bactérias super-resistentes,capazes de afetar tanto o homem como os animais de criação. Têm-se proposto leisque eliminariam a alimentação com baixo teor de antibióticos e proibiriam o usoterapêutico de alguns antibióticos em animais. O uso de alguns antibióticos já foiproibido e novas proibições são virtualmente certas. No futuro, os criadores deanimais domésticos serão forçados a confiar mais fortemente em bom manejo.

O manejo tem sido enfatizado há muito como meio de diminuição dos custos detrabalho e de aumento da eficiência alimentar e taxa de ganho de peso, mas estes

não são os seus únicos papéis. Os métodos intensivos de produção têm tornado obom manejo mais importante do que nunca. Quando muitos animais, qualquer queseja a espécie, são confinados em uma área pequena, aumenta-se tanto o contatodireto como o indireto. Isto leva a uma relação direta com a incidência de doenças;cada animal que entra em um grupo pode introduzir potencialmente uma doença aoutros animais do grupo. À medida que o tamanho do grupo aumenta, a atençãoindividual que cada animal recebe tende a diminuir e é mais provável que a doençase estabeleça antes que seja reconhecida e tratada. Como resultado, é menosprovável que o tratamento seja eficiente. Controlar um grande grupo de animais

exige bem mais que controlar um pequeno.Adicionalmente, à medida que os métodos de produção em animais de grandeporte são intensificados, diminui-se o período entre o nascimento e a comercializa-ção ou reprodução; aumenta-se a eficiência da conversão de alimento em carne,leite ou lã; e introduz-se estresse, que aumenta o potencial para doenças.

Embora o empreendimento específico deva ser considerado ao se fazer recomen-dações de manejo, alguns conselhos gerais se aplicam a todas as situações: 1. forne-cer espaço adequado; 2. fornecer ventilação adequada (ver pág. 1339); 3. evitar asexposições indevidas a alterações extremas de temperatura; 4. praticar bons proce-

dimentos sanitários em todos os momentos. Remover as fezes sempre que praticável;5. seguir o conceito “all-in/all-out” sempre que possível; 6. limpar e desinfetar comple-tamente as instalações durante o intervalo entre a remoção de um grupo e a introdu-ção do próximo; 7. fornecer água potável adequada em todos os momentos; 8. for-

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necer nutrientes totais adequados, incluindo vitaminas e minerais; 9. prevenir acontaminação fecal da água e dos alimentos; 10. assegurar-se de que os animaisrecém-nascidos mamem imediatamente após o nascimento e que recebam colostroadequado; 11. não fornecer alimentos danificados ou estragados; se tais alimentostiverem de ser oferecidos, misturá-los com alimentos de boa qualidade; 12. separar osgrupos etários tanto quanto for prático; 13. não misturar espécies; 14. esperar paraacasalar as fêmeas até que tenham tamanho apropriado; 15. fornecer assistência aoparto, se necessário; 16. imunizar os animais jovens contra as doenças que sejamendêmicas na área; 17. controlar parasitas internos e externos; 18. manter os animaissob estreita vigilância para identificar sinais precoces de doença; 19. iniciar o trata-mento dos animais doentes tão logo quanto possível; 20. fornecer cuidados médicosadequados aos animais doentes; 21. isolar animais doentes.

O manejo também se torna extremamente importante na prevenção de doençasquando novos animais são introduzidos ou quando animais removidos do grupoentram em contato com animais de outras instalações e então retornam às deorigem. O isolamento destes animais por ≥ 2 semanas após sua chegada ou retornoestabelece um período essencial para se observar sinais de doença. Se a doençase manifestar, continua-se o isolamento até que esta complete seu curso. Emboraos animais recém-chegados possam introduzir numerosas doenças, as doençasrespiratórias e a diarréia neonatal estão entre as mais dispendiosas e temidas. Asseguintes categorias de animais representam o maior risco de introduzir doençasem um grupo estabelecido: neonatos, desmamados, fêmeas naturalmenteacasaladasque não concebem e são reacasaladas, machos que tenham coberto fêmeas comestado patológico reprodutivo desconhecido, fêmeas que tenham abortado eanimais com uma história de diarréia não diagnosticada. As melhores medidas desegurança contra a introdução de doenças, em conjunto com o isolamento, con-sistem em inspeção criteriosa dos animais remanescentes no local de origem, porum vendedor de boa reputação, e (se possível) um certificado oficial de saúde,assinado por um veterinário licenciado e o vendedor, e aprovado por oficiais desaúde animal estaduais e/ou federais (ver também pág. 1164).

O manejo é sempre importante na prevenção de doenças, porém especialmenteao nascimento, quando a mãe e o feto estão em risco aumentado (ver NEONATO,adiante).

Uma nutrição defeituosa causa muitos problemas de enfermidades; a carênciade nutrientes é uma das principais razões por que muitos animais não rendem seupotencial e ficam propensos a doenças. Apesar da conhecida influência da nutrição,numerosos animais são alimentados com rações deficientes, tanto em qualidadecomo em quantidade. A superalimentação também pode ser um problema quandoos animais estão sendo alimentados para condições ou produção extremamentealtas. Têm-se que incluir quantidades adequadas de forragem na ração de umruminante para se evitar severos distúrbios gastrointestinais e doenças secundárias,tais como laminite. Muitos problemas das patas são o resultado final de indigestãoe acidose, causadas por superalimentação de concentrados e forragem limitada.

As rações devem conter todas as vitaminas e minerais essenciais e um equilíbriode proteínas, carboidratos e gorduras. Idade, gestação, lactação e atividade física deum animal têm de ser consideradas na formulação de uma ração e na determinaçãoda quantidade a ser oferecida. Deve-se tomar cuidado para que plantas tóxicas ouprodutos químicos não sejam incluídos. Os materiais tóxicos não somente afetam asaúde do animal que os ingere como também podem produzir anomalias nos fetos.

NEONATO

É essencial o cuidado apropriado do neonato, caso se pretenda que o empreen-dimento cresça e prospere. Sempre que possível, a mãe deve ser isolada no

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momento do parto em baias que sejam espaçosas, bem iluminadas, limpas edesinfetadas. Um tratador deve estar à disposição, particularmente no caso deanimais primíparos, mas deve estar ciente que o nascimento é um processofisiológico que geralmente ocorre sem intervenção externa. Muitos tratos reprodutivostêm sido permanentemente lesionados e neonatos têm sido feridos ou mortos porum atendente hiperansioso. Tem-se que permitir um período razoável de trabalhode parto para preparar e dilatar cérvix, vagina e vulva para a passagem do feto. Emcasos mais complicados, o tratador deve conseguir ajuda profissional. As cesaria-nas salvam muitos fetos que não sobreviveriam ao parto através do canal pélvico,particularmente no caso de fêmeas gordas ou imaturas.

Após o parto, o trato respiratório do neonato deve ser desobstruído imediatamen-te. Uma porção da placenta pode estar cobrindo as narinas ou bastante líquido podeter sido inalado para bloquear as vias aéreas. A respiração artificial e, em grandes

animais, a elevação das partes traseiras do neonato quase sempre ajudam nainiciação da respiração; os pequenos animais podem ser seguros com a cabeçapara baixo e enquanto cuidadosamente sustentados, balançados em um pequenoarco para favorecer a drenagem do trato respiratório. Uma rápida esfregadela comuma toalha estimula a respiração. A inserção imediata de uma sonda na traquéia ea aplicação de sucção salvam alguns animais que de outra forma morreriam.

Se o nascimento for normal, e o cordão umbilical não for rompido no processo,este deve ser mantido intacto por 5min; a contração do útero força o sangueplacentário para o neonato, aumentando assim suas chances de sobrevivência.

Após o cordão ter se rompido, deve-se aplicar tintura de iodo no coto; nas áreas ondeas bicheiras sejam um problema, deve-se aplicar repelente. Algumas fêmeas,especialmente as primíparas, podem ficar agressivas e machucar a sua ninhada aodar cabeçadas, golpear, chutar ou morder.

O neonato deve ser examinado para a detecção de anormalidades logo após onascimento. O reconhecimento precoce e a eutanásia de neonatos irremediavel-mente deformados pouparão um proprietário dos custos de um tratamento ecuidados prolongados. Embora muitos defeitos congênitos sejam hereditários, équase sempre extremamente difícil diferenciar os que são e os que não são. A

correção cirúrgica de algumas anomalias é possível, mas geralmente não é desejávelquando se considera o futuro da raça (ver também os índices das seções na PARTE

I para discussões de doenças hereditárias e congênitas específicas).Os animais devem receber o colostro tão logo seja possível, após o nascimento,

preferivelmente dentro da primeira hora. Devem ser observados intimamente parase ter certeza de que estejam mamando; pode ser necessária alguma assistência.Se o recém-nascido estiver muito fraco para mamar, deve-se administrar o colostroatravés de uma sonda gástrica. Quando a mãe não fornecer colostro, este deve sergarantido a partir de outro animal ou de um suprimento previamente congelado.

A ingestão de um colostro que contenha quantidades adequadas de IgG, IgM eIgA é essencial caso se pretenda que o neonato sobreviva em um ambiente hostil.Essas imunoglobulinas protegem o neonato contra doenças gastrointestinais esistêmicas, quando absorvidas através da parede intestinal e quando ocupam olúmen intestinal. A quantidade de colostro ingerido, a concentração de imunoglobu-linas no colostro e a capacidade absortiva da parede intestinal determinam suaefetividade na prevenção e no controle da doença.

Devem-se administrar vacinas contra enteropatias neonatais endêmicas àfêmea grávida ou ao filhote ao nascimento. Se os produtos comerciais não forem

eficazes, deve-se considerar a possibilidade de produção de bacterinas autógenasque podem ser mais eficazes. Devem-se aplicar procedimentos de imunizaçãoadicionais à medida que os problemas de doença na instalação ou na área exijam.Se um animal recém-nascido adoecer, diagnóstico e tratamento têm de ser ime-

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diatos, já que possuem poucas reservas e morrem rapidamente. Embora oscuidados de amamentação apropriados quase sempre determinem se um animaldoente vai viver ou morrer, são quase sempre negligenciados.

As gastroenteropatias correspondem aos problemas patológicos mais freqüen-temente identificados nos neonatos. A diarréia pode ser um problema durante osmeses frios de inverno, quando as temperaturas baixas podem ser um estresseadicional.

Embora a maioria dos animais domésticos recém-nascidos possa suportartemperaturas muito baixas uma vez que estejam secos (os leitões são uma exceção,ver HIPOGLICEMIA NEONATAL, adiante), suas extremidades podem congelar se nasce-rem em um ambiente frio. Nos climas em que as temperaturas invernais caem muito,deve-se providenciar proteção. Se as condições econômicas tornarem isso impra-ticável, os animais devem ser acasalados para parirem no final do inverno ou no

começo da primavera, quando as temperaturas são mais altas.Deve-se proceder todo esforço para se manter o calor corporal durante o inverno.Para os grandes animais, geralmente não é prático ou aconselhável se aquecertemperaturas ambientais para manter a temperatura durante temperaturas ambien-tais extremamente baixas. Em tais casos, é aconselhável se dividir pequenas áreasque possam ser mais economicamente aquecidas para animais severamenteestressados. Caso se utilize aquecimento artificial, este deve ser regulado paraatingir as necessidades das espécies de animais que estejam sendo criadas.Leitões requerem um ambiente mais quente que bezerros e potros. Uma lâmpada

de aquecimento, colocada fora do alcance do animal, é provavelmente o métodomais eficiente de manutenção do calor corporal em animais doentes ou neonatos(ver também INTERAÇÃO MANEJO-DOENÇA e MANEJO REPRODUTIVO para cada uma dasespécies comuns).

Hipoglicemia neonatalEmbora também seja conhecida por ocorrer em bezerros e cordeiros, é melhor

documentada em leitões < de 1 semana de idade. Complicação final antes da morteem muitas doenças, representa 15 a 35% da mortalidade total de leitões. A

discussão a seguir centra-se em leitões.Etiologia – Com uma habilidade gliconeogênica apenas parcial, reservas deenergia limitada, e essencialmente nenhuma gordura marrom, os leitões recém-nas-cidos dependem de reservas de glicogênio e, o mais importante, de aleitamentofreqüente. A predisposição à hipoglicemia dos leitões ocorre com qualquer doençada porca que diminua ou iniba a produção ou a descida do leite. Um tamanho grandede ninhada, em conjunto com o número inadequado de tetas, impossibilitam umaleitamento apropriado; a colocação inapropriada de uma barra inferior na baia deparição, o que prejudica o acesso ao úbere, pode levar a um consumo inadequado de

leite e hipoglicemia.A temperatura crítica para leitões recém-nascidos é de 35oC. Os leitõesapresentam uma resposta metabólica eficiente ao frio e uma vasoconstriçãoperiférica completamente funcional, mas sua carência de gordura subcutânea deisolação (até 1 a 2 semanas de idade) permite acentuada perda de calor. Emambientes úmidos ou com correntes de ar, em pisos frios, ou em baixas tempera-turas ambientes, a manutenção da temperatura corporal exige rápida utilização deglicose, o que esgota as reservas de glicogênio; se o consumo de leite for reduzido,podem ocorrer hipoglicemia e morte.

Achados clínicos – Um ou mais leitões de uma ninhada podem estar envolvi-dos . Inicialmente, o comportamento muda de sucção vigorosa ou brincadeiraalternando com sono, para prostração solitária. Os suínos afetados caminhamsem direção, com andadura cambaleante, choram fracamente e são muito ma-

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gros, com a pele úmida, fria e pálida; são hipotérmicos, têm tono muscular ruim enão respondem a estímulos externos. À medida que a incoordenação aumenta, osleitões podem ficar em pé com as pernas tortas, e segue-se decúbito lateral ouesternal. Terminalmente, exibem convulsões com mastigação ruidosa das mandí-bulas, salivação, opistótono, nistagmo, contração de membro anterior e posterior,coma e morte. Muitos leitões afetados são esmagados pela porca.

Os níveis séricos de glicose caem de um normal de 90 a 130mg/dL para tão baixoquanto 5 a 15mg/dL; os leitões afetados geralmente manifestam sinais clínicosquando os níveis estão < 50mg/dL.

Diagnóstico  – Qualquer afecção que prejudique o consumo alimentar dossuínos neonatos é um problema diagnóstico potencial. Geralmente, no entanto,pode-se diagnosticar hipoglicemia, pelo escame da porca e do ambiente, à procurade fatores predisponentes, e a resposta do leitão à glicoterapia.

Tratamento e profilaxia – O tratamento consiste em 15mL de glicose 5% IP. Ossuínos tratados devem ser colocados sob uma lâmpada de aquecimento ou em umambiente equivalentemente quente. A resposta se segue em 5 a 10min, comtremores e mais atividade. Os leitões severamente hipoglicêmicos e hipotérmicospodem não responder. Tem-se que providenciar um consumo de energia assegu-rado para se evitar recidiva.

Se a ocitocina não promover a descida do leite na porca, podem-se administrarintragastricamente 20mL de dextrose a 5%, colostro de vaca ou leite evaporadodiluído pela metade com água, para cada leitão através de uma pequena cânula

plástica (com cuidado, para evitar danos aos divertículos faríngeos), ou pode-serepetir glicose IP a cada 4 a 6h. Os leitões ativos aprendem rapidamente a beber emum prato. O aleitamento adotivo dos leitões é possível em grupos de unidades deparição; a maioria das porcas aceita leitões introduzidos silenciosamente durante operíodo da descida do leite. A distribuição das ninhadas de tamanho irregular podereduzir a mortalidade por inanição e hipoglicemia. Qualquer doença primária daporca deve ser tratada efetivamente e quaisquer falhas dentro do ambiente devemser corrigidas. Os leitões devem ser mantidos em uma área de trânsito livre decorrentes de ar, aquecida a 35oC durante a primeira semana de vida. Os leitões

estressados pelo frio e marginalmente hipoglicêmicos são mais suscetíveis adoenças intestinais e outras doenças neonatais.

APETITE E CONTROLE DO CONSUMOALIMENTAR

O controle fisiológico do apetite e o consumo alimentar são mediados através doSNC, que exerce um papel primário no comportamento alimentar e regulação doequilíbrio de energia. Locais específicos do hipotálamo exibem efeitos críticos. Adestruição do hipotálamo ventromedial resulta em superingestão e eventual obesi-dade. As lesões no hipotálamo lateral geralmente resultam em anorexia total por até2 semanas. Os estímulos em quaisquer desses níveis podem anular estímulos deoutros níveis. Assim, enquanto a destruição do hipotálamo ventromedial resulta emsuperingestão, a estimulação da mesma área causa cessação de alimentação.

Além do controle por parte dos centros do SNC, o apetite e o comportamentoalimentar podem ser alterados por muitas influências externas e internas. Determi-nados fatores internos podem resultar em mecanismos de “feedback” que controlamo apetite e o consumo.

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Os sinais emitidos pela boca e pelo trato gastrointestinal superior poderãoalterar a resposta alimentar. O gosto do alimento pode afetar a duração do períodoalimentar, com alimentos amargos geralmente reduzindo o período total de consumo.A maioria das espécies prefere o gosto doce. A distensão gástrica tem uma forteinfluência no comportamento alimentar. Geralmente, a distensão e preenchimentogástricos, mesmo com substâncias não nutritivas, resultam em consumo significativa-mente menor. Entretanto, o aumento da osmolaridade no duodeno também influenciaa saciedade, e os animais respondem a soluções hipertônicas introduzidas noduodeno com rápida redução no consumo alimentar. O nível de glicose plasmática éum importante fator de controle; é monitorado e mediado por receptores no hipotá-lamo ventromedial e lateral, assim como no fígado e, possivelmente, no duodeno.Certas monoaminas, como noradrenalina, dopamina e serotonina, podem influenciaro comportamento alimentar e a saciedade. Enquanto as inter-relações e efeitos

absolutos dessas monoaminas não forem completamente entendidos, estresse,nutrição, ou doenças podem influenciar sua produção e provavelmente o comporta-mento alimentar e o apetite. Os hormônios sexuais são influentes na determinação daquantidade de alimento ingerida pelos animais, assim como os hormônios pancreá-ticos e hipofisários. O papel dos peptídeos narcóticos ainda não está claro. Nenhummecanismo de “feedback” isolado é o único responsável pela indução completa desaciedade ou controle de apetite; em animais normais, vários deles estão inter-relacionados para manter o equilíbrio homeostático entre fome e consumo alimentar.

Fatores relacionados ao alimento ou à própria alimentação podem alterar a

resposta alimentar e o apetite. Palatabilidade é um termo geral que consideragosto, aroma, valor nutricional e forma física do alimento. Em alguns casos, apetitesespecíficos por nutrientes, como proteínas, aminoácidos, ou sal podem influenciara palatabilidade aparente. Entretanto, a qualidade nutricional por si só não ésuficiente para se assegurar que esses alimentos serão consumidos. Na verdade,um alimento de gosto agradável, mas deficiente pode ser consumido preferivelmen-te em relação a um alimento nutricionalmente balanceado; isso pode continuar atéque ocorra morte por deficiência nutricional. Ao contrário, os fatores dietéticos quepodem reduzir o consumo alimentar incluem: 1. aumento da energia digestível e da

densidade calórica; 2. redução acentuada da concentração alimentar de proteínase aminoácidos essenciais; 3. aumento de sal (NaCl) na dieta; e 4. desequilíbriosminerais, especialmente deficiências de cálcio e magnésio em ruminantes. Logo,torna-se duvidoso que os animais possam equilibrar adequadamente a sua própriadieta através de seleção por livre escolha. A palatabilidade pode ser afetada pelatemperatura do alimento e diminui à medida que a temperatura do alimento cai. Aforma física também pode alterar a palatabilidade. Às vezes, os alimentos peletiza-dos são preferidos em relação aos farelos, enquanto que os ruminantes podemconsumir mais feno na forma de caule longo do que na peletizada. Aumenta-se o

consumo de alguns alimentos quando se reduz o tamanho das partículas. Adigestibilidade do alimento não está fortemente associada à palatabilidade.As influências externas, incluindo práticas de manejo, fotoperíodo, variações

climáticas, temperatura ambiental, monotonia e freqüência da alimentação podemalterar o consumo alimentar. O fotoperíodo e os ritmos diurnos podem alterar ocomportamento de alimentação. Os suínos consomem mais alimento durante a luzdo dia do que na escuridão. Geralmente, isso também é verdadeiro para os bovinos,exceto durante o tempo quente, quando a ingestão aumenta na escuridão. Nasaves, um fotoperíodo mais longo aumenta o consumo alimentar e por isso, também

o crescimento; nos bovinos, fotoperíodos mais longos estimulam o crescimento, oque acarreta maior consumo alimentar. A redução de temperatura ambiental quaseinvariavelmente causa grandes aumentos no consumo de alimentos, enquanto oaumento da temperatura ambiental causa uma redução. Condições climáticas

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adversas, tais como tempestades, podem causar intensa restrição a curto prazo noconsumo alimentar. Um consumo restrito de água influencia fortemente o compor-tamento alimentar, com o consumo de alimentos sendo reduzido em proporçãodireta à limitação do consumo de água. Tem-se sugerido que a monotonia induzidapela oferta contínua de alimentos muito semelhantes afeta a palatabilidade e oconsumo. Para monogástricos, as proteínas de alta qualidade e os realçadores desabor comerciais parecem influenciar positivamente o consumo alimentar e asaceitações totais, embora poucos sabores tenham sido testados sistematica-mente. Na maioria das espécies, a socialização e a alimentação em grupo podemaumentar o consumo alimentar, enquanto para determinados animais (por exem-plo, gatos), a competição na alimentação em grupo pode ter um efeito negativo noconsumo alimentar. O estro pode causar depressão no consumo alimentar, enquan-to a prenhez aumenta as necessidades de nutrientes e o consumo voluntário de

alimentos. O consumo alimentar é geralmente baixo no dia do parto.A anorexia pode ser causada por dor, febre, estresse, aversão adquirida peloalimento disponível, distúrbios metabólicos, e outras causas desconhecidas. Arecusa de alimento ou redução do consumo alimentar são problemas essenciaiscom os quais os proprietários de animais de criação, exibição ou de estimaçãopodem se confrontar. Na ausência de enfermidades ou influências ambientaisóbvias, a recusa de alimentos pode ser afetada pela palatabilidade ou pela aversãoao gosto. A palatabilidade é uma resposta sensorial direta. A aversão ao gosto, queé atrasada pelo menos por várias horas ou mais, e depende da oferta de um alimento

ofensivo≥ 2 vezes, é tanto uma resposta sensorial como de aprendizado. É sensorialna medida em que o gosto é associado a um agente ofensor no alimento, e é umprocesso de aprendizagem quando o animal associa um gosto particular ou ingestãode um alimento com um evento desagradável, como náusea, vômito, dor ou outroestresse ambiental. Assim, quaisquer circunstâncias que associem o consumoalimentar a experiências desagradáveis podem induzir à aversão ao gosto. Nossuínos, a micotoxina desoxinivalenol, e nos cães, os compostos inorgânicos dearsênico podem causar aversão ao gosto. Por ser uma resposta por aprendizado,possui alguns efeitos residuais, e várias refeições podem ser necessárias antes

que um animal aprenda a aceitar totalmente um alimento anteriormente associa-do a um evento desagradável. Para se julgar apropriadamente se a palatabilidadee a aversão são fatores de recusa alimentar, podem ser necessários uma observa-ção cuidadosa e testes de oferecimentos de alimentos que são recusados.

Nos ruminantes, os fatores que alteram a produção ruminal de ácidos graxosvoláteis podem afetar o consumo alimentar. Por exemplo, as drogas ionóforasmonensina e lasalocid alteram o equilíbrio de ácido propiônico e reduzem ligeira-mente o consumo voluntário de alimentos.

O estímulo por apresentação freqüente de pequenas quantidades de alimentos

palatáveis e por redução de dor, febre ou estresse, quase sempre anula o “feedback”negativo gerado por um processo patológico. O estímulo químico através daadministração de derivados benzodiazepínicos (em doses extremamente baixas)ou esteróides anabolizantes pode ser benéfico em gatos.

A obesidade (ver pág. 543) geralmente resulta da interrupção do padrão dealimentação normal através da apresentação de vários alimentos palatáveis (porexemplo, sobras de refeições), inatividade, preferências adquiridas por alimentosaltamente calóricos, ou disfunção metabólica. A única maneira de se tratar aobesidade causada por dieta ou padrão alimentar consiste na redução do consumo

calórico e/ou no aumento de exercícios. Dietas hipocalóricas “emagrecedoras” paracães são comercialmente disponíveis.O ingurgitamento ocorre quando os animais obtêm acesso repentino a alimen-

tos altamente palatáveis e os ingerem até que comece a ocorrer fermentação ou

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distensão patológicas, ou ambas. A única maneira de se evitar o empanturramentoalimentar nos animais domésticos consiste em evitar o acesso a grandes quantida-des de alimentos palatáveis. Se uma grande quantidade de alimentos palatáveisestiver disponível (em pasto ou confinamento), a alimentação do animal 1h antes doacesso pode reduzir o consumo subseqüente e a chance de empanturramento. Aintrodução gradual da situação de livre escolha também é eficiente, por exemplo,com a vaca ou o eqüino recebendo acesso livre a um pasto viçoso por apenas 30minno primeiro dia e por períodos gradualmente maiores nos dias seguintes.

O animal de exibição quase sempre apresenta enormes gastos alimentares e temde consumir grandes quantidades de alimento para manter um determinado pesocorporal. A dieta pode ser “limitada pelo volume” neste caso, e eqüinos, cães ouvacas leiteiras lactantes podem ser fisicamente incapazes de consumir quantidadesadequadas para suas necessidades. As dietas comerciais hipercalóricas para

fatores “estressantes” encontram-se comercialmente disponíveis para cães. Aadição de gordura a rações para dietas em cavalos de corrida pode influenciarpositivamente os resultados.

EXAME DO VIGOR REPRODUTIVODO MACHO

Muitas técnicas de exame são aplicáveis para animais e circunstâncias eco-nômicas em particular. Essas técnicas incluem história, exame clínico (inclusive dosórgãos reprodutivos), avaliação do comportamento de cobertura, exame do sêmenno campo e em laboratórios, testes para doenças infecciosas e congênitas, eexames citogenéticos e endócrinos. Os resultados permitem uma avaliação do vigorreprodutivo; porém, a fertilidade é uma variável contínua.

Quando se encontram estrutura e função normais no que tange à eficiência

reprodutiva, garante-se a conclusão de que o animal é saudável para a reprodução,e portanto a fertilidade deve ser normal. Caso se diagnostique uma anormalidade,avaliam-se sua severidade e relação com a fertilidade. Fecha-se o prognóstico,quase sempre com base em exames seriados.

A fertilidade do macho é estimada por coberturas por prenhez, taxa de nãoretorno, taxa de prenhezes diagnosticáveis e o próprio nascimento de progênie.Porém, já que as fêmeas podem influenciar esses números, constituem-se emestimativas imperfeitas. Um touro que conseguir a prenhez de 95% de 50 vacas aolongo de 9 semanas, a maioria das quais nas primeiras 3 semanas, pode ser

considerado altamente fértil; números abaixo desses refletem graus de fertilidadereduzida.A interpretação dos resultados de exame requer a consideração dos muitos

fatores que podem influenciar a função reprodutiva. Os fatores genéticos são im-portantes; por exemplo, nos touros, o tamanho dos testículos, e portanto, a produçãode esperma, assim como a capacidade de cobertura, são altamente herdáveis. Osresultados dos exames podem ser influenciados por fatores ambientais, como altastemperaturas (todas as espécies), fotoperíodo (ovinos, caprinos e eqüinos) equeimaduras por frio no escroto (bovinos). Uma atividade de acasalamento recente,

repouso sexual, plano nutricional, estresse e doenças intercorrentes são outrosfatores que também precisam ser considerados. Os resultados também podem serinfluenciados pelas técnicas utilizadas, particularmente as características do sê-men, que podem ser influenciadas pelo método de coleta. Se a qualidade da primeira

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amostra for ruim, necessita-se de amostras adicionais para se determinar se aprimeira amostra reflete verdadeiramente a capacidade reprodutiva do animal; éimportante se coletar uma amostra representativa de sêmen.

Em todas as espécies, a capacidade fertilizante do sêmen parece depender

primariamente da morfologia, número, motilidade e viabilidade dos espermatozói-des, e secundariamente do volume e das propriedades físicas e bioquímicas doplasma seminal. Em qualquer espécie, podem-se definir padrões médios parasêmen normal sob condições estabelecidas, tais como idade do doador, freqüênciade cobertura, tempo em relação à estação de acasalamento e métodos de coleta eexame. Os desvios óbvios desses padrões podem ser reconhecidos e associadoscom redução de fertilidade. Entretanto, à medida que se estreita a distância entre ascaracterísticas normais e anormais do sêmen, aumenta a dificuldade de avaliaçãoprecisa da fertilidade e, no caso de qualquer animal individual, os achados do sêmen

têm de ser interpretados com cautela e à luz dos resultados de outros exames.Semelhantemente, a interpretação do comportamento de cobertura baseia-se nascondições prevalentes no momento do exame.

O relato do examinador deve incluir a razão para o exame, técnicas utilizadas(materiais e métodos), resultados, diagnóstico, relação do diagnóstico com afertilidade, prognóstico ou uma base possível para um prognóstico e recomenda-ções para o manejo do caso.

A extensão da avaliação varia consideravelmente. Pacotes de técnicas deexame são produzidos para propósitos e clientes particulares; porém, devem avaliar

efetivamente o custo. Os membros de um grupo de touros em um rebanho de cortepodem estar sujeitos a um exame clínico geral que se concentra em sanidadeestrutural, palpação do conteúdo escrotal e medida da circunferência escrotal,exame da genitália interna, inspeção do pênis e prepúcio, e teste de capacidade decobertura. É provável que um touro individual examinado para venda seja sujeito auma bateria completa de testes sorológicos e a um exame detalhado do sêmen.

Já que se conhece mais sobre o exame do vigor reprodutivo dos touros do que dosmachos de outras espécies, descrever-se-á especificamente o exame do touro. Ospadrões equivalentes para outras espécies ainda não foram estabelecidos definitiva-

mente (para discussões relacionadas, ver os capítulos sobre MANEJO REPRODUTIVOdas variadas espécies, a seguir, e SISTEMA REPRODUTIVO, da página 773.

As seguintes recomendações e procedimentos são úteis para a avaliação dotouro a ser utilizado para cobertura natural.

Exame físico

Pelo menos uma parte do exame físico deve ser realizada antes da coleta daamostra de sêmen. Dessa forma, podem-se identificar os touros com características

físicas indesejáveis ou anormalidades e eliminá-los antes que se procedam atentativas inúteis de coleta. Quando se utiliza uma vagina artificial, geralmente setenta a coleta de sêmen antes da contenção e do exame físico.

O touro deve ser observado sem contenção no pasto ou curral, notando-secondição geral do corpo (incluindo estado nutricional), condição do pelame, mascu-linidade e conformação. Deve-se dar atenção particular à locomoção; a andaduradeve ser desenvolta, sem sinal de claudicação. A conformação anormal dosmembros posteriores é especialmente prejudicial.

Após a observação, confina-se o touro a uma rampa adequada para o exame

físico e a coleta de sêmen. Identifica-se o touro e registra-se a informação. Exa-minam-se cabeça, boca, patas e pernas. Deve-se notar qualquer afecção doscascos ou qualquer defeito que possa produzir claudicação. Palpa-se o pênisatravés da bainha externa e então protrai-se-lhe manualmente. O protraimento

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fica mais fácil segurando-se a glande com uma gaze de algodão. A inserção deuma mão enluvada no reto também faz com que o protraimento do pênis fiquemais fácil. Devem-se coletar amostras prepuciais para cultura de Campylobacter ou Tritrichomonas   spp. Palpam-se o escroto e seu conteúdo, e notam-se aposição e a consistência. Um testículo normal é firme e elástico; desvios variamdo extremamente fibrosado ao flácido. Afecções como a degeneração testicularou a hipoplasia e a orquite afetam a consistência e o tamanho dos testículos eresultam em características anormais do sêmen.

A circunferência escrotal  é provavelmente o único e melhor indicador dahabilidade do touro em produzir espermatozóides. A mensuração é feita através doenvolvimento da base do escroto com a mão e da utilização dos dedos paraempurrar os testículos ventralmente para eliminar as pregas da pele escrotal.Coloca-se o polegar do operador em uma superfície lateral e o dedo indicador na

outra (a colocação nas superfícies cranial ou caudal do escroto força os testículoslateralmente, resultando em erros na mensuração). Passa-se uma trena metálica“colorado” sobre o escroto e aperta-se-lhe confortavelmente no ponto da maiorcincunferência, a qual é registrada em centímetros. Quando realizada apropriada-mente, essa mensuração é altamente reproduzível. Os touros de 1 ano devemapresentar uma circunferência ≥ 30cm; no entanto, Bos indicus tendem a amadu-recer em uma idade mais velha e a sua circunferência escrotal (como touros de 1ano) tende a ser menor.

TABELA 1 – Avaliação da Circunferência Escrotal de Touros(Bos Taurus   e Touros Mestiços)

Idade Circunferência escrotal* (cm) e classificação(meses)

Muito boa Boa Ruim  

12 – 14 > 34 30 – 34 < 3015 – 20 > 36 31 – 36 < 3121 – 30 > 38 32 – 38 < 32

> 31 > 39 34 – 39 < 34

* A circunferência escrotal média pode variar consideravelmente de acordo com a raça; veros dados a seguir, para um exemplo.

Medidas da Circunferência Escrotal(Touros holstein)

Circunferência escrotalIdade (meses) média (cm)

7 – 12 28,413 – 18 34,919 – 24 37,125 – 30 38,731 – 36 39,337 – 42 40,643 – 48 41,249 – 54 41,255 – 60 42

61 – 72 42,873 – 84 42,285 – 96 4297 – 168 42,9

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Tem-se demonstrado a relação positiva entre circunferência escrotal e o tama-nho dos testículos e a produção de esperma em touros leiteiros e de corte. Alémdisso, os touros com testículos menores tendem a produzir uma porcentagem maiorde espermatozóides anormais. A degeneração dos testículos, por exemplo, se forsuave e afetar apenas espermatócitos e espermátides, pode resultar em redução defertilidade por 10 a 14 dias (tempo de passagem no epidídimo) após a influênciadegeneradora. Pode então ocorrer recuperação do epitélio espermatogênico naspróximas 5 a 6 semanas. Se danificar a espermatogônia, a regeneração leva ≥ 2meses antes que a fertilidade seja restaurada.

Quando se utilizar uma vagina artificial (VA), deve-se realizar o exame retal dagenitália interna e tecidos associados do touro depois de se coletar o sêmen.Quando se utiliza massagem, realiza-se o exame durante a coleta de sêmen. Asanormalidades dos órgãos sexuais acessórios não são incomuns e estão quasesempre associadas a uma má qualidade do sêmen.

Coleta de sêmen

Nos touros, o sêmen pode ser coletado através do uso de VA, de eletroejaculadorou, menos preferivelmente, de massagem das glândulas sexuais acessórias. A VAé utilizada universalmente em centros de inseminação artificial. Os touros sãoinduzidos a montar em animais excitatórios, e o pênis ereto é conduzido para dentrode uma VA pelo indivíduo coletor. Com a prática, os touros logo se tornamacostumados a esse procedimento; os touros inexperientes podem responder mais

lentamente, mas a relutância à monta pode quase sempre ser superada através daobservação de outras vacas ou touros montados. A excitação de touros por essemétodo também aumenta o número de espermatozóides por ejaculado.

Na preparação da VA para o uso, utiliza-se lubrificante não espermicida, emantém-se a temperatura, que é um fator crítico na estimulação da ejaculação, entre40,5 e 42oC. Temperaturas de até 48oC podem ajudar as coletas em touros nãotreinados. Em cada dia de coleta, podem-se permitir até 3 coberturas, produzindo10 a 20mL (totais) de sêmen. Para a manutenção da qualidade de sêmen normal,as coletas de touros leiteiros podem ser feitas 6 vezes/semana, geralmente 2

ejaculados de sêmen diários em 3 dias/semana. Faltam dados sobre os touros decorte. A “fertilidade normal” provavelmente se mantém bem depois da concentraçãoespermática começar a cair.

A estimulação elétrica da ejaculação constitui-se em um método valioso paraa coleta de sêmen de touros que sejam incapazes de montar. É comumenteutilizada para a coleta de amostras para fins diagnósticos em grande número detouros de corte de 1 ano. A sonda retal possui uma série de elétrodos associadose está conectada a uma fonte de corrente e voltagem variáveis. O touro destinadoà ejaculação deve ser contido em um tronco, pois a estimulação resulta em

vigorosas contrações de vários grupos musculares, particularmente os do dorso.Esvazia-se o reto e insere-se a sonda inteira com os elétrodos posicionadosventralmente. Um reostato operado manualmente permite a administração depulsos intermitentes de corrente à medida que se aumenta gradualmente avoltagem. A resposta varia consideravelmente, embora seja comum a utilizaçãode pulsos de 2 a 4s repetidos a intervalos de 5 a 7s. Após um número variável detais estímulos, ocorrem ereção e protrusão do pênis, seguidas por um fluxo defluido seminal, cuja parte final apresenta-se rica em espermatozóides. O sêmenpode ser coletado através de qualquer método conveniente; alguns manipuladores

utilizam-se de uma VA modificada e outros, de frascos protegidos. Em algunstouros, a ejaculação ocorre somente após uma série final de impulsos momentâ-neos a intervalos de 1 a 2s. Os touros mais velhos geralmente exigem umavoltagem maior para a emissão de sêmen. Alguns touros ejaculam no interior do

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prepúcio. O sêmen coletado através de estimulação elétrica parece ser tão fértilquanto o coletado com uma vagina artificial.

Utiliza-se um método alternativo na América do Sul: os elétrodos do eletroejaculadorterminam em anéis para dedos em vez de terminarem em uma sonda retal sólida.Coloca-se um anel no primeiro e outro no terceiro dedos da mão enluvada, insere-se a mão no reto, e combinam-se técnicas de eletroejaculação e massagem.

A ereção raramente ocorre durante a coleta por massagem das glândulassexuais acessórias. Caso se pretenda utilizar o sêmen para inseminação artificial,deve-se lavar o revestimento com uma ducha de 500mL de solução salina estéril,que contém 1 milhão de unidades de penicilina e 1g de estreptomicina. Após oesvaziamento completo do reto, massageiam-se as vesículas seminais com movi-mentos para trás até que alguns mL de fluido seminal gotejem pelo revestimento.Massageiam-se então as ampolas, e um assistente coleta o sêmen com um funil eum frasco de vidro. O método nem sempre é bem-sucedido, e a qualidade do sêmené geralmente inferior à do sêmen coletado pelos outros 2 procedimentos. Freqüente-mente, podem-se obter amostras para fins diagnósticos, mas depende do touro emparticular e da habilidade do manipulador.

O volume do ejaculado varia de 4 a 8mL e a concentração de 1 a 1,5 bilhão deespermas/mL.

Avaliação da amostra de sêmen

A avaliação da qualidade da amostra de sêmen deve começar o mais breve

possível após a coleta. Deve-se preparar um laboratório adequado antes daobtenção da amostra de sêmen; este pode ser improvisado, mas deve ser limpo efornecer controle ambiental para assegurar que a temperatura ambiental não afeteadversamente o sêmen. Todas as superfícies com as quais o sêmen tiver contatotêm de estar aquecidas (39oC) e livres de água ou produtos químicos que possamser tóxicos aos espermatozóides. Os equipamentos laboratoriais necessáriosincluem: 1. microscópio capaz de aumentos de 100 ×, 400 × e 1.000 ×; 2. aquecedorpara lâminas e platina do microscópio; 3. aquecedor modular ou banho-maria paraa manutenção da amostra a 37oC durante a avaliação; 4. corantes para esperma,

tais como eosina-nigrosina de Hancock ou de Blom; 5. solução diluente isotônicafresca, tal como soro fisiológico salino ou citrato de sódio a 2,9% tamponado comfosfato; 6. contador de células; e 7. lâminas e lamínulas para microscópio.

Numerosos critérios têm sido empregados na avaliação do sêmen bovino; osapresentados a seguir são úteis para a avaliação clínica de touros quanto ao vigorreprodutivo.

O turbilhonamento (atividade de massa, redemoinho), uma característica dosêmen observada através da colocação de uma gota de sêmen sobre uma lâminade vidro aquecida e da observação em pequeno aumento, é uma função da atividade

dos espermatozóides e de sua concentração. A intensidade do turbilhonamentopode ser dividida em 4 categorias: 1. muito boa – ondulação intensa com rápidasondas claras e escuras; 2. boa – oscilação mais lenta, ondas não tão intensas; 3.razoável – movimento lento, ondas mais escassas; e 4. ruim – nenhuma ou muitopouca atividade de oscilação.

Observa-se um turbilhonamento muito bom em amostras de alta concentração,com alta proporção de espermatozóides movendo-se ativamente para frente. Osespermatozóides se movem caracteristicamente contra a corrente. Os redemoinhosestabelecidos na gota criam movimentos sincrônicos de grupos de células, levando

à formação de faixas claras e escuras e redemoinhos adicionais. Motilidade é aproporção de espermatozóides que se movimentam ativamente para a frente; éestimada como uma porcentagem sob um aumento de 400 × do microscópio apósa colocação de uma lamínula sobre uma pequena gota de sêmen. O turbilhonamento

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pode ser diminuído devido à redução na concentração ou na motilidade, ou emambas. Para se observar a movimentação individual, pode ser necessária a diluiçãocom solução salina isotônica fresca e aquecida. Podem-se observar movimentosanormais dos espermatozóides, tais como os movimentos em círculos e para trás.A motilidade pode ser classificada como: muito boa – 80%; boa – 60 a 80%; regular

 – 40 a 60%; ruim – 20 a 40%; e muito ruim – menos de 20%.A concentração ou densidade de uma amostra de sêmen pode ser estimada

visualmente: 1. muito boa – espessa, cremosa ou esbranquiçada, opaca e viscosa;as amostras podem apresentar um pouco de amarelo (flavinas), o que é normal paraalguns touros; a concentração varia de 1 a 2 bilhões/mL; 2. boa – branca cremosae opaca, mas menos viscosa; de 500 milhões a 1 bilhão/mL; 3. regular – leitosa, maisdiluída, próxima ao transparente flui livremente; de 250 a 400 milhões/mL; 4. ruim

 – aquosa, acinzentada, flui livremente; contém < 250 milhões/mL.

Além dos critérios anteriores, vários fatores podem influenciar a quantidade e aqualidade do sêmen. A concentração pode ser diminuída como resultado de umafunção espermatogênica reduzida, utilização intensiva recente, ou técnica de coleta.A motilidade pode ser diminuída devido a má função espermatogênica, funçãoanormal do sistema de dutos, presença de material estranho (por exemplo, leucó-citos), repouso sexual recente, técnica de coleta deficiente e fatores ambientais, taiscomo água na amostra ou choque pelo frio.

Enquanto se estiver estimando a motilidade, deve-se investigar a presença deoutras células que não sejam espermatozóides na amostra. Hemácias, leucócitos

e números excessivos de células epiteliais cilíndricas e de estágios de desenvolvi-mento dos espermatozóides indicam anormalidades do trato genital. Em um exameinicial da amostra, não se pode determinar acuradamente a origem dos elementoscelulares cilíndricos no ejaculado. Os leucócitos tendem a ser semelhantes emtamanho e possuem aproximadamente a mesma medida de diâmetro que a docomprimento de uma cabeça de espermatozóide. O exame de sêmen corado ajuda,mas ainda pode não ser conclusivo. Na maioria dos casos, um exame físicocompleto irá revelar a fonte de células estranhas no ejaculado.

Os leucócitos são encontrados no sêmen quando as glândulas vesiculares estão

inflamadas. A motilidade dos espermatozóides pode variar de boa a ruim, depen-dendo da etiologia da inflamação. A inflamação dos epidídimos ou ampolas dosdutos deferentes possui um efeito muito mais sério sobre a motilidade do que ainflamação das glândulas vesiculares. Para avaliar o seu efeito na fertilidade, éimportante se localizar o local afetado e se determinar a etiologia. Até que isso sejafeito e a inflamação seja resolvida, tem-se que ter muito cuidado, embora algunstouros com leucócitos no sêmen apresentem boa fertilidade.

De todos os critérios, uma análise cuidadosa da morfologia dos espermatozói-des apresenta a melhor correlação com a fertilidade e a mais alta taxa de repetição.

O aumento das anormalidades dos espermatozóides está associado a taxas deprenhez diminuídas. A morfologia reflete o estado funcional dos testículos, e atécerto ponto, do sistema de dutos deferentes.

As anormalidades da cabeça, da porção intermediária e da cauda auxiliam naidentificação do local da disfunção no sistema reprodutivo e sua severidade. Osêmen de um touro normal contém algumas células espermáticas anormais e oslimites aproximados são dados a seguir, juntamente com uma indicação dos pontosde formação dos defeitos.

Prepara-se um esfregaço corado através da mistura de uma pequena quantidade

de sêmen (a quantidade depende da concentração da amostra) com um coranteadequado (por exemplo, eosina-nigrosina de Hancock ou de Blom). Coloca-se umagota de corante em uma lâmina de vidro, aquecida e limpa e mergulha-se o cantode uma segunda lâmina em uma gota de sêmen. Misturam-se o corante e o sêmen

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por 7 a 10s, ao se balançar gentilmente a segunda lâmina. Usa-se então a segundalâmina para espalhar o esfregaço ao puxá-la lentamente sobre a primeira lâmina emum ângulo de 30o. Com a prática, pode-se preparar uma lâmina que não fiqueexcessivamente corada e na qual os espermatozóides fiquem espaçados parapermitir uma diferenciação precisa entre as células normais e aquelas com anorma-lidades primárias e secundárias. Permite-se que essa lâmina corada seque e sejaexaminada sob óleo de imersão (1.000 ×). Avalia-se um mínimo de 100 células apartir de 4 ou 5 áreas aleatoriamente selecionadas da lâmina. Caso se encontremuitas células anormais, deve-se avaliar ≥ 200 células.

Análise do comportamento de cobertura

Essa avaliação pode ser feita durante a cobertura natural ou durante a coleta desêmen com uma VA. Avaliam-se libido, protrusão do pênis, movimentos de procura,

penetração, investida ejaculatória e posição do corpo. Tal exame estabelece umahabilidade do touro em cobrir, ou seja, que ele é propenso e capaz de cobrir normal-mente. A redução da libido precisa ser interpretada à luz das condições de teste, porexemplo, um garanhão que tenha um bom comportamento de cobertura em umapropriedade pode desenvolver problemas comportamentais e redução da fertilidadeem resposta ao mau manejo em outra propriedade. As anormalidades do comporta-mento de cobertura incluem desvios do pênis, defeitos evidentes do corpo cavernoso,

TABELA 2 – Anormalidades do Esperma Bovino

Limite superiorAnormalidade da taxa normal (%) Local de formação

Cabeças com formas anormais 20 Testículoincluindo defeitos no acrossomo,formações duplas e formasextremamente subdesenvolvidas

Anormalidades estruturais da peça 2 Testículointermediária

Caudas firmes e duplamente 4 Testículotorcidas e dobradas

Acoplamento abaxial da peça 2 Testículointermediária

Gotículas protoplasmáticas 4 Testículo ou cabeçaproximais do epidídimo

Gotículas protoplasmáticas distais 4 Epidídimo, testículo

Cabeças sem caudas 15 Testículo, sistemade dutos

Torção única 8 Testículo, sistemade dutos ou apósa ejaculação

Caudas espiraladas 3 Testículo, sistemade dutos ou apósa ejaculação

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inabilidade de protrair devido a aderências, retenção do frênulo e procura e impulsãoruins referíveis às anormalidades das vértebras, membros, articulações ou patas.

Sob condições padronizadas, pode-se fazer uma estimativa quantitativa dacapacidade de cobertura em um teste de cercado de 40min com novilhas contidase no estro. Quando realizado apropriadamente, o número de coberturas neste testeestá altamente correlacionado com o número de coberturas obtido em uma situaçãode acasalamento em tronco.

Testes para infecções e doenças congênitas

Um neonato anormal pode ser o resultado de fatores genéticos, ambientais, oude ambos. Tem-se estimado que 0,2 a 3,5% de todos os bezerros nascidosapresentam defeitos, e > 80 doenças congênitas são conhecidas. Os defeitoscongênitos de origem genética reduzem o valor dos animais relacionados; caso

se suspeite de uma doença congênita, é prudente comunicá-la à associação daraça. Testes sorológicos são disponíveis para ajudar na detecção de doençasinfecciosas, como brucelose, leptospirose e vulvovaginite pustular infecciosa.Podem-se cultivar raspados ou lavados prepuciais à procura de Campylobacter e Tritrichomonas  spp. Uma amostra de sêmen obtida por massagem, e coletadaassepticamente através do pênis relaxado é o método de escolha para se achar acausa de infecções genitais superiores em touros.

O exame cromossômico é útil em cachaços para a revelação de translocaçõesassociadas ao pequeno tamanho de ninhada. O exame também pode ajudar a seatingir um diagnóstico em garanhões infertéis, quando os exames convencionaisfalharem em revelar uma causa.

Os exames endocrinológicos são usados para se detectar a presença de umtestículo retido, quando um comportamento semelhante ao de um garanhão ocorrerem eqüinos que pareçam ser castrados. Os mais úteis são os ensaios estrogênicose a resposta de testosterona a uma injeção de gonadotrofina coriônica humana.

Exames endocrinológicos e citogenéticos

Utilizam-se dispersões cromossômicas preparadas a partir de culturas de leu-cócitos de curto prazo para se avaliar o cariótipo nos bovinos. A técnica é usadaprincipalmente para selecionar os touros quanto à translocação do 1 ⁄ 29, que estáassociada ao aumento de mortes embrionárias em algumas populações.

Os exames endocrinológicos são raramente utilizados em touros. Em um traba-lho experimental, o hormônio luteinizante, o hormônio folículo-estimulante, os níveisde testosterona e as respostas ao hormônio liberador de gonadotrofinas estãosendo estudados para se avaliar a utilidade dessa informação.

ClassificaçãoQualquer sistema de classificação tem de estar baseado em: 1. observações e

medidas apropriadamente registradas; 2. interpretação desses dados em termos denormalidade ou anormalidade com ênfase no sistema reprodutivo; 3. uma decisãoacerca do local e da gravidade de qualquer disfunção e a extensão em que vaiinterferir na fertilidade hoje ou no futuro; 4. uma consideração acerca das implica-ções genéticas de quaisquer anormalidades; e 5. formulação de um prognóstico, ouda base na qual o prognóstico possa ser dado (por exemplo, exames adicionais).

Quando a prática impossibilitar a realização de parte do exame, as conclusõestêm de ser adequadamente modificadas.Quando não se encontra nenhuma anormalidade que possa interferir na efi-

ciência reprodutiva, o touro é classificado como um reprodutor potencial satisfatório;

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encontrem anormalidades, o touro é classificado como reprodutor potencial insa-tisfatório. Quando a classificação estiver em dúvida, podem ser necessários exa-mes ou testes adicionais.

Os princípios de exame se aplicam a todas as espécies. Alguns detalhes comrelação a cada espécie são dignos de nota: o carneiro é semelhante ao touro, excetono que tange às características do sêmen; os carneiros produzem menos volume,mas com concentração mais alta. São disponíveis testes de capacidade decobertura em carneiros, mas eles não foram adaptados para uso de campo damesma forma que os testes para touros. Nos cachaços, o tamanho do testículo émedido pelo comprimento e largura de cada testículo ou pela largura escrotal total.O sêmen é de volume relativamente alto e de baixa concentração, e contém umaabundante fração de gel. É coletado utilizando-se uma mão enluvada para seguraro pênis firmemente de maneira a simular a cérvix da porca. O comportamento de

cobertura é avaliado durante a coleta ou cobertura natural. Nos garanhões, a maiorlargura escrotal com os 2 testículos mantidos lado a lado produz uma boa estimativado tamanho testicular. O sêmen é coletado em uma grande VA, e o comportamentode cobertura pode ser avaliado ao mesmo tempo. O sêmen é de alto volume e debaixa densidade e contém uma fração de gel. A maior largura escrotal também éaplicável aos cães como registro do tamanho testicular. A presença de uma cadelano cio facilita a coleta de sêmen. O sêmen é de baixa concentração em relação aodos touros e dos carneiros.

Na maioria das espécies, utiliza-se a cultura de sêmen para pesquisa de

microrganismos, quando se constata infecção do trato genital superior. Deve-secoletar a amostra com tão pouca contaminação do prepúcio quanto possível.

TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕESEM ANIMAIS DE GRANDE PORTE

Nos mamíferos de grande porte, os embriões pré-nidados podem ser removidosde sua progenitora (a doadora) e transferidos para outras fêmeas (receptoras) parao desenvolvimento a termo. A comercialização da transferência de embriões temlevado a rápidos avanços técnicos e à simplificação de procedimentos, de modo queas transferências são agora largamente praticadas em fazendas e, em menorquantidade, em unidades de transferência de embriões em larga escala.

A proliferação de indivíduos selecionados permanece como a principal contribui-ção direta da transferência de embriões à produção animal. Outras contribuições

incluem: identificação de touros para inseminação artificial (IA) potencial através deacasalamentos combinados, controle de doenças (por exemplo, introduzir sanguenovo em rebanhos de suínos SPF), importação e exportação de gado, seleçãorápida de pais de IA para características geneticamente recessivas, tais comosindactilia, e tratamento com planejamento de alguns tipos de infertilidade. Outrasaplicações úteis incluem programas de melhoramento genético, tais como progra-mas de ovulação múltipla e transferência de embriões (OMTE) e programas deOMTE juvenis para ganho genético, e o uso de programas de OMTE para testargeneticamente novos pais de IA.

A transferência de embriões também é uma ferramenta de pesquisa útil para: 1.investigar o grau no qual mãe e feto controlam características como duração dagestação, peso ao nascimento, qualidade do velo e absorção de imunoglobina docolostro; 2. elucidar as inter-relações entre embrião, útero e ovário, as quais são

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essenciais para estabelecer e manter a prenhez; e 3. manipular embriões paraproduzir animais experimentais especializados, tais como gêmeos, quimeras e fetosde sexo conhecido. Além disso, a transferência de embriões é um componenteindispensável da nova “biotecnologia”, que inclui um esforço para melhorar osresultados da fertilização in vitro  e da transferência nuclear em espécies de grandeporte, e para competir com os impressionantes resultados obtidos em mamíferos delaboratório através da injeção de material genético em oócitos recém-fertilizados enão clivados.

Necessita-se de atenção meticulosa para detalhes, prática e destreza para sealcançar resultados consistentemente bons com transferência de embriões embovinos. As doadoras são induzidas a superovular com tratamentos de gonadotro-finas durante a fase luteal (entre o nono e o 14º dia) do ciclo. Os tratamentos degonadotrofinas podem incluir uma única injeção IM de 2.500UI de gonadotrofina

sérica da égua prenhe (PMSG, também chamada de gonadotrofina coriônica eqüina[eCG]), a qual pode ou não ser seguida de uma injeção EV de um anticorpo paraPMSG no momento da primeira inseminação, ou injeções duas vezes ao dia de umextrato hipofisário que contenha altos níveis de hormônio folículo-estimulante(FSH). Normalmente, administra-se uma dose luteolítica de prostaglandina (PG)F2α,48 a 72h após o início do tratamento de gonadotrofinas, devendo ocorrer o estro 36a 48h mais tarde. As vacas são normalmente inseminadas duas vezes com sêmende alta qualidade, 12 e 24h após a manifestação do estro. As vacas que estiveremciclando normalmente podem ser superovuladas em uma fase luteal artificial,

através da utilização de um implante progestógeno ou de um dispositivo intravaginalliberador de progesterona. O implante ou o dispositivo são geralmente removidos12h após a injeção de PGF

2α. Tem-se descrito que 60 a 90% das vacas respondem

a tratamentos superovulatórios; porém, 20 a 30% das vacas produzem embriõesnão transferíveis.Uma média de 5 a 6 embriões transferíveis pode ser separada decada vaca doadora, mas é alta a variabilidade em resposta a tratamentos supero-vulatórios. A indução de superovulação é particularmente difícil em vacas leiteiraslactantes idosas ou muito dóceis, e pode mesmo levar a perda de leite. Algunstécnicos utilizam coletas repetidas de um único embrião durante ciclos não tra-

tados sucessivos, enquanto outros superovulam e coletam embriões de vacasdoadoras justamente antes do acasalamento para manter a proximidade de umintervalo de parto de 365 dias. Pode-se superovular uma vaca com sucesso a cada50 a 60 dias.

Na prática comercial, os embriões são coletados transcervicalmente, geralmente6 a 8 dias após o estro e a inseminação. Muitos técnicos preferem utilizar um cateterdo tipo Foley ou do tipo Rusch, o qual é introduzido através da cérvix e no interiorde um dos cornos uterinos com o auxílio de um estilete removível no lúmen docateter. Outros preferem usar cateter de 3 vias, o qual é introduzido através de uma

cânula cervical. Em todos os casos, infla-se o balão do cateter para selar o cornouterino e manter o cateter no lugar. Utiliza-se um meio salino tamponado com fosfato(STF), enriquecido com antibióticos e soro inativado por calor ou albumina séricabovina (ASB), para lavar os embriões do corno uterino através de alimentação degravidade, técnica líquida contínua ou alternativamente uma técnica com seringa.Introduz-se o meio no corno uterino até que ele fique suavemente distendido (o queé confirmado por palpação retal do corno durante o procedimento de coleta), e entãoretira-se o meio do corno. Lava-se cada corno várias vezes utilizando-se o mesmocateter. Os óvulos/embriões são facilmente localizados à medida que eles se

sedimentam no fundo do vaso de coleta, ou após terem sido separados do meio decoleta através de filtros de plâncton caseiros ou comercialmente disponíveis. Osóvulos/embriões são localizados utilizando-se um microscópio de dissecção emaumento de 10 ×.

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Uma vez localizados os embriões, eles são transferidos a um volume menor demeio fresco com até 20% de soro ou 0,4% de ASB e examinados morfologicamentecom aumento de 50 a 100 × para se avaliar a sua qualidade. Os considerados viáveise de qualidade transferível são mantidos no meio à temperatura ambiente até quesejam transferidos para recipientes ou preparados para bissecção (“divisão”),congelamento, ou tratamento mais especializado, tal como determinação de sexo.Alternativamente, os embriões podem ser mantidos em cultura de STF no refrige-rador sem nenhuma perda de viabilidade.

A divisão de embriões em metades idênticas através de microcirurgia é hojepraticada por muitas equipes comerciais de transferência de embriões. O númerode embriões a ser transferido pode ser duplicado com apenas uma pequena de-pressão na taxa de prenhez. Esta técnica tem outras aplicações, por exemplo, aprodução de gêmeos idênticos, o uso na determinação de sexo, em testes genéti-

cos, etc. Porém, as técnicas de congelamento de embriões manipulados aindaprecisam ser melhoradas.A criopreservação de embriões em nitrogênio líquido é hoje de utilização comum

para todas as espécies, menos a suína. As técnicas para congelamento e desconge-lamento de embriões bovinos em ampolas ou palhetas foram simplificadas a ponto deo uso cuidadoso de procedimentos publicados para embriões de boa qualidadeproduzir taxas de prenhez que alcançam aquelas obtidas com a transferência deembriões frescos; por isso, o uso comercial de criopreservação para bovinos se tor-nou de rotina. O crioprotetor mais amplamente utilizado é o glicerol em uma concen-

tração de

1,5M em STF. Normalmente, os embriões (em palhetas) são colocadosem uma câmara de refrigeração de um freezer biológico a ou próximo a – 7°C. Apósa semeadura (indução de cristais de gelo), recomeça-se o resfriamento em 0,3 a0,5°C/min e mergulham-se as palhetas em nitrogênio líquido entre – 30°C e – 35°C.As palhetas são normalmente descongeladas em banho-maria entre 20 °C e 3 5°C,ou ao próprio ar à temperatura ambiente. O glicerol é removido antes da transferênciapor um processo de diluição de 6 fases, que leva até 60min, ou por uma exposição de10min, a um crioprotetor não impregnante, por exemplo, a sacarose, a uma concen-tração de 0,25/1M em STF. Outros técnicos têm reduzido o procedimento de diluição

de 6 fases para 3 fases, utilizando sacarose a 0,3M. Os mais novos procedimentosexperimentais de congelamento rápido utilizam combinações de crioprotetoresimpregnantes e não impregnantes. A vitrificação é um processo no qual se utilizamaltas concentrações de vários crioprotetores. O congelamento resulta mais naformação de um “vidro” do que em cristais de gelo; por isso, espera-se a redução daslesões de congelamento. Os procedimentos de congelamento rápido de embriõesbovinos podem em breve ser tão simples quanto os de congelamento de sêmen.

O progresso na determinação do sexo de embriões não tem sido rápido. A análisecromossômica de células trofoblásticas removidas de embriões bovinos maturados

em 12 a 15 dias, ou de meio embriões obtidos por divisão ao sétimo dia, produzresultados confiáveis mas inadequados para aplicação disseminada, devido à suacomplexidade e devido ao fato de que  1 ⁄ 3 dos embriões produzem seqüênciascromossômicas inadequadas. A detecção imunológica do antígeno H-Y (masculino)na superfície de embriões inteiros parece ser um processo mais promissor, masnovamente   20 a 25% dos embriões não podem ter o sexo acuradamentedeterminado devido à subjetividade do procedimento. Um processo mais recenteconsiste em uma pesquisa de DNA cromossomo-Y específico, o que também requera recuperação de células embrionárias através de micromanipulação; embora o

procedimento tenha sido descrito como possuidor de 95% de precisão

 1 ⁄ 3 dosembriões não pode ter o sexo determinado devido ao DNA insuficiente das célulasembrionárias. Entretanto, avanços recentes na técnica de amplificação de DNApodem melhorar substancialmente esta situação.

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Geralmente, os embriões são transferidos não cirurgicamente para vacas recep-toras, utilizando-se uma pistola Tipo IA Cassou introduzida na cérvix, ou menoscomumente, cirurgicamente através de uma incisão no flanco para introduzir o embriãoem um volume mínimo de meio através de uma punção do corno uterino. Nas vacas,os embriões isolados são transferidos para o corno adjacente ao ovário que apresentaro corpo lúteo.

Para se instalar a prenhez com sucesso, receptoras e doadoras têm de possuirciclos estrais intimamente sincronizados (preferivelmente ± 24h). Caso se transfi-ram embriões frescos, pode-se necessitar de um grande rebanho de bovinos paraprovidenciar receptoras apropriadamente sincronizadas. Alternativamente, os ci-clos estrais das receptoras podem ser artificialmente sincronizados com o dadoadora através da injeção de PGF2α nas receptoras  18h antes da doadora.Também podem-se utilizar embriões congelados para tornar mais eficiente o uso

das receptoras.Após a transferência direta de embriões frescos isolados ao corno uterinoadjacente ao corpo lúteo,   60% das receptoras ficam prenhes; os embriõescongelados resultam em uma taxa de prenhez de 40 a 50%. Ao se transferir 2embriões para cada receptora, a taxa de prenhez sobe para 60 a 90%, com 40 a 60%de sobrevivência dos embriões. As transferências de gêmeos são raramenteutilizadas de forma comercial, por causa dos riscos de causarem dificuldades noparto e de produzirem bezerros estéreis, quando os gêmeos não forem do mesmosexo. A clivagem de embriões superaria o último problema.

As técnicas e os resultados em ovinos e caprinos são basicamente semelhantesaos utilizados em bovinos, mas quase sempre utilizam métodos cirúrgicos oulaparoscópicos para coleta e transferência. Recentemente, descreveu-se um mé-todo não cirúrgico (transcervical) de coleta de embriões. Esse método parece fun-cionar bem em caprinos, mas é muito menos confiável em ovinos. Os ovinos foram,e continuam a ser, modelos úteis nos quais se desenvolvem procedimentos eaplicações para outros ruminantes.

Nos suínos, a transferência de embriões é feita cirurgicamente, embora se tenhadescrito recentemente uma técnica não cirúrgica. Quando as transferências são

feitas dentro de 5 dias de ovulação, as taxas de sobrevivência de embriões sãodescritas como semelhantes às que ocorrem naturalmente. Embora os suínospossam ser facilmente superovulados, doadoras não estimuladas costumam sercoletadas repetidamente. Os métodos de sincronização são mais complicados doque os dos bovinos. Embora os embriões suínos tenham sido refratários àstentativas de preservá-los através do congelamento, tem-se obtido algum sucessoem sua refrigeração.

A égua tem sido especialmente difícil de superovular, embora sua cérvix simplese facilmente dilatada facilite a coleta não cirúrgica e os métodos de transferência.

Normalmente, coleta-se não cirurgicamente um único embrião eqüino, e ocasional-mente gêmeos, 6 a 8 dias após a ovulação. A sincronização de ovulação é possívelutilizando-se progestógenos orais, combinações de progesterona e estrogênio, ouprostaglandinas com gonadotrofina coriônica humana. No entanto, a necessidadede sincronia entre doadora e receptora em éguas é aparentemente menos rígida doque em vacas. Os resultados iniciais em receptoras ovariectomizadas e tratadascom progesterona sugerem que uma receptora universal produzida desta formaseja muito mais prática e econômica. A aplicação prática da transferência deembriões em eqüinos é limitada pelas exigências de registro da maioria das

sociedades de raça.Em virtude dos procedimentos de transferência de embriões serem caros, nãosão utilizados tão largamente como a IA. Porém, o rápido e contínuo progresso nastécnicas justifica seu uso no encontro de muitas necessidades atuais e futuras nas

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pesquisas e produção de animais de grande porte. Além disso, as novas tecnolo-gias, tais como fertilização in vitro , clonagem e produção de animais transgênicos,oferecem um tremendo potencial na produção de animais exclusivamente diferen-tes, que podem ser projetados para suprir as necessidades de uma agricultura emmutação.

CONTROLE HORMONAL DO ESTROPodem-se utilizar hormônios, naturais ou sintéticos, tanto para induzir como para

retardar o aparecimento do estro. A administração de progesterona ou de progestinas

sintéticas por longos períodos mantém a concentração sérica de progesterona, oque mimetiza a ação do corpo lúteo (CL) durante a fase luteal; ao se suspender aterapia com progesterona, segue-se o estro em poucos dias. A administração deuma substância luteolítica durante a fase luteal destrói o CL (luteólise) e termina coma fase luteal, seguindo-se um estro ovulatório dentro de poucos dias.

Nas éguas que estiverem ciclando ou exibindo estro prolongado, pode-se supri-mir o estro com injeções IM diárias de progesterona em veículo oleoso, por 7 a 10dias. Após a última injeção, ocorre um estro ovulatório dentro de 7 dias. As progestinassintéticas, por exemplo, o altrenogest (0,44mg/kg, VO, diariamente por 15 dias),

apresentam um efeito similar. A injeção de prostaglandina (PG) ou de seus análogosem éguas com um CL funcional resulta na luteólise, e ocorre um estro ovulatóriodentro de 2 a 4 dias. O tratamento com prostaglandina não influencia o ciclo estral daséguas quando administrado durante os primeiros 4 dias após a ovulação ou duranteo anestro sazonal. A injeção de estrogênio ou de estrogênio sintético em éguasdurante o anestro induz a um estro comportamental, porém anovulatório, com umaduração de 24 a 96h. A administração de gonadotrofina coriônica humana (HCG) oude hormônio liberador de gonadotrofina (Gn-HR) durante o estro em éguas podeinduzir à ovulação de um folículo pré-ovulatório dentro de 48h. Quando administrada

no início do estro, acelera a ovulação e assim diminui a duração do estro.Em vacas, tanto a progesterona quanto a prostaglandina têm sido utilizadas parasincronizar o estro. Têm-se utilizado progesterona em veículo oleoso, progestinasorais e implantes ou dispositivos intravaginais impregnados com progestinas. Operíodo de administração é geralmente de 10 a 14 dias, e o estro ocorre alguns diasapós a cessação do tratamento com progesterona. A taxa de concepção no estroseguinte ao tratamento pode ser baixa; porém, o segundo estro também estásincronizado e a taxa de concepção fica normal. Tem-se utilizado um regime queassocia uma injeção IM de 5mg de valerato de estradiol, 3mg de norgestomet e

um implante auricular de 6mg de norgestomet que é deixado por 9 dias, parasincronizar o estro em vacas; seguem-se taxas normais de concepção após oacasalamento no estro sincronizado. A administração de PGF2α

 (25mg, IM) ou deanálogos de prostaglandinas (cloprostenol [500µg, IM] ou fenprostaleno [1mg, s.c.])a vacas com um CL funcional resulta em estro dentro de 2 a 7 dias. O tratamento éeficaz apenas em vacas 6 a 16 dias após a ovulação. Duas injeções de prostaglan-dina, administradas com um intervalo de 11 dias, sincronizarão o estro na maioriadas vacas.

Nos caprinos e ovinos, pessários vaginais impregnados com progestógenos têm

sido os agentes mais amplamente utilizados para controlar a ovulação. Tem-seadministrado o tratamento com progestógeno (geralmente acetato de fluorogestrona)por 10 a 14 dias em ovinos, e 21 dias em caprinos, seguido por uma injeção degonadotrofina sérica da égua prenhe (PMSG) no momento da remoção dos pessários.

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Recentemente, empregou-se na França um programa de inseminação artificial desucesso, utilizando sêmen congelado de bodes geneticamente superiores. Toda ainseminação é realizada após a sincronização de estro, começando em junho eutilizando pessários vaginais que são deixados no local por 11 dias. No nono dia,administra-se uma injeção de PMSG (400 a 600UI) e cloprostenol (100 a 200µg).Realiza-se a inseminação artificial nos dias 12 e 13. Durante a estação de reprodução,2,5mg de PGF

2α ou 175µg de cloprostenol são eficientes para induzir a leutólise emcaprinos, 5 a 16 dias após a ovulação.

Nas cadelas, utilizam-se mibolerona (um androgênio) e progestinas para suprimiro estro por períodos indefinidos; o tratamento com progesterona pode induzirhiperplasia endometrial cística e piometria. As progestinas também podem causarobesidade, diabetes melito e neoplasia no útero e nas glândulas mamárias. Amibolerona pode causar alterações na pele, vagina e clitóris. Nas gatas, pode-se

suprimir o estro por longos períodos, utilizando-se acetato de megestrol, que é umaprogestina. O período máximo de tratamento com megestrol em gatas é de 18 meses.Não se deve utilizar mibolerona em gatas. Tem-se induzido estro em cadelas e gatascom PMSG e hormônio folículo-estimulante. A dosagem e o regime de tratamentodependem do produto usado. Deve-se induzir a ovulação através da administraçãode um derivado do hormônio luteinizante, geralmente aplicado no acasalamento.

A administração de uma combinação de PMSG e HCG induz o estro em marrãscom puberdade atrasada. A PG exógena induz a luteólise do CL suíno apenas apóso 12º dia do ciclo estral, e portanto não é um agente prático para o controle do ciclo

estral.Alguns dos tratamentos anteriores necessitam atualmente de aprovação regula-mentar; devem-se verificar as especificações do rótulo.

VENTILAÇÃO(Agentes nocivos transportados pelo ar)

A inalação de uma diversidade de agentes pode causar reações alérgicas outóxicas. Historicamente, a reação geralmente era devida à exposição acidental ouera alérgica, e envolvia indivíduos ou pequenos grupos. No entanto, a criaçãoconfinada associada a práticas agrícolas intensivas tem diminuído o espaço distri-buído por animal, e portanto aumentou-se a concentração ambiental de micróbios,gases nocivos e partículas de pó irritantes. Cada um destes elementos indesejá-veis pode contribuir para enfermidades nos animais e seus tratadores. Em prédiosinapropriadamente ventilados, mais da metade do pessoal pode sustentar alguma

forma de doença pulmonar, tipicamente com uma febre noturna, congestão pulmo-nar, uma tosse cortante irritante e rouquidão com “limpeza” freqüente de garganta.Essa síndrome pode durar alguns dias ou mais, dependendo do mecanismo imunedo indivíduo e do tamanho da inoculação em exposições repetidas. Em prédiosapropriadamente ventilados, não foram evidentes processos patológicos associa-dos a gases nocivos.

Embora há muito tempo tenha sido reconhecido o valor do tratamento, ainfluência do manejo ambiental com relação à saúde do animal e do tratador temrecebido pouca atenção. Quase sempre se tenta o tratamento médico como

substituto do manejo ambiental, mas com mínimo sucesso.Uma ventilação cuidadosamente planejada, mecânica ou natural, baseada emsólidos princípios médicos e de engenharia, é uma chave importante para umaoperação rentável de gados.

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Os prédios para gados podem ser divididos em 2 largas categorias: aquelesisolados e mecanicamente ventilados, com uma temperatura mínima mantida em≥ 4°C; e aqueles com pouco ou nenhum isolamento, com a temperatura interna seaproximando da temperatura exterior, e com o movimento de ar causado por forçasnaturais.

Ventilação mecânica

Para ser de máximo benefício, um sistema de ventilação mecânico tem de sercorretamente planejado, e apropriadamente instalado, manipulado e mantido. Umestábulo pessimamente ventilado, que apresenta uma atmosfera úmida e fétida,pode levar a uma alta incidência de doenças.

As funções do sistema de ventilação são: 1. remover a umidade expirada( 15L/500kg de peso corporal/dia a 10 °C); 2. diluir os patógenos que são

eliminados pelos animais; 3. manter uma temperatura razoavelmente unifor-me no inverno (4 a 7°C); e 4. evitar que a temperatura no verão suba maisque  3°C acima da temperatura externa. Para se manter uma temperaturainterna aceitável no inverno e impedir a ocorrência de condensação mesmoem paredes e tetos bem isolados, o estábulo tem que ter a sua capacidadepreenchida. Em estábulos mecanicamente ventilados para partos de bezer-ros e leitões, geralmente tem-se que providenciar calor suplementar.

Quando a temperatura externa alcança aproximadamente –23°C, pode-seesperar alguma condensação ou congelamento nas superfícies onde o ar frio

externo e o ar quente interno se encontrem. Estas condições têm de ser toleradas;um sistema que as eliminasse poderia não ser prático.Uma ventilação de sucesso requer um isolamento apropriado. No norte dos

EUA, recomendam-se valores R  15 para paredes e 25 para tetos planos. (Ovalor R é uma medida de resistência à passagem do calor; quanto mais alto o valorR, melhor o isolamento.) Já que as janelas apresentam um valor de isolamentobaixo comparado ao das paredes, deve-se limitar sua área. Da mesma forma, aaltura da fundação exposta deve ser mantida o mais baixo possível para se evitarperda de calor.

O sistema de entrada de ar fresco e o sistema de exaustão são igualmenteimportantes.Projeto do sistema de exaustão – O cálculo da capacidade de um sistema

de ventilação para a remoção de umidade e o controle de temperatura no invernotêm sido comumente baseados no peso dos animais confinados. Seus pesosexatos são raramente conhecidos e não permanecem constantes. Um métodomais simples de se determinar a capacidade de exaustão baseia-se no númerocontínuo mínimo de trocas de ar necessárias por hora para se remover a umidadee manter-se uma pureza razoável do ar em tempo frio. Uma capacidade máxima

de exaustão prática também é necessária para se controlar a temperatura noverão. A taxa mínima de troca contínua de ar é de 4 trocas de ar por hora. Estear é removido a uma altura  38cm do solo, através de um duto construído aoredor de um ventilador (ou ventiladores) contínuo, que providencie essa capaci-dade. A capacidade mínima de ventilação (em ft3 /min) exigida é determinadaatravés da divisão do volume do compartimento de confinamento do animal por15. Em estábulos com estocagem de estrume conectada, tal volume tem de serincluído ao se calcular a capacidade de ventilação; a capacidade de exaustãocontínua total tem de ser separada da estocagem de estrume conectada. Os

estábulos mecanicamente ventilados construídos com estocagem de estrumeinferior (unidades de piso ripado) devem ser projetados para permitir que ametade da capacidade total de ventilação seja separada do buraco antes quequalquer dos ventiladores de parede comece a operar. No verão, torna-se

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necessária uma capacidade de exaustão de 40 trocas de ar por hora (10 vezesa capacidade de inverno), para se evitar que a temperatura no prédio suba maisque  3°C acima da temperatura externa.

A capacidade total de exaustão é então composta pelo ventilador ou ventiladoresem operação contínua, mais vários ventiladores termostaticamente controlados,que se ligam e desligam para regular a temperatura do estábulo. Aproximadamentemetade da capacidade total deve ser considerada como parte do sistema reservadaao inverno, primavera e outono; a metade restante torna-se de uso exclusivo parao verão ou tempo moderado.

Uma taxa de exaustão > 40 trocas de ar por hora faz pouca diferença natemperatura do estábulo no verão, e não é econômica.

Quando a temperatura interna for > 21°C, pode-se melhorar o conforto animal ehumano através do fornecimento de ventiladores de circulação de ar controlados

manualmente e estrategicamente instalados no compartimento de confinamento.Quando as temperaturas de inverno caírem a aproximadamente - 23°C, pode-se terque reduzir levemente a taxa de troca de ar contínua para períodos curtos para seevitar que a temperatura interna do estábulo caia abaixo de 4°C. Pode-se fazer issodesligando-se um ventilador quando houver mais de um em operação contínua;também se pode consegui-lo concentrando-se o fluxo de ar através do duto, emdireção a um único ventilador contínuo.

Os ventiladores utilizados para a ventilação de abrigos animais devem serprojetados especificamente para esse propósito. Deve-se certificar de que todos os

ventiladores sejam capazes de desenvolver o fluxo de ar exigido, a uma pressãoestática de 0,3cm. Esse valor é aproximadamente equivalente ao da pressão criadapor um vento de 24km/h, que sopre contra o ventilador em operação. O vento afetasubstancialmente o rendimento dos ventiladores, assim como a resistência ao fluxode ar criada por um consumo de ar insuficiente.

Os ventiladores que exaurem o ar dos poços de estocagem de estrumeconectados têm de apresentar características de desempenho pelo menos iguais àsdos ventiladores de parede; do contrário, os ventiladores de parede podem superaros ventiladores da estocagem de estrume e puxar o ar do poço de estrume para o

interior do estábulo, o que pode aumentar o odor e os riscos de saúde aos animaise tratadores.Como regra geral, devem-se utilizar ventiladores de velocidade única apropria-

damente selecionados. Não se recomendam ventiladores de velocidade variávelpor causa de sua inabilidade geral em desenvolver a pressão estática recomendadade 0,3cm a uma velocidade baixa. Por isso, se um vento de   24km/h estiversoprando contra um ventilador de velocidade variável operando à baixa capacidade,o ar pode na verdade soprar de volta em direção ao ventilador e efetivamente fazercom que a exaustão se transforme em captação de ar.

Necessidade de ar fresco – Um projeto de captação de ar fresco deficiente éuma das causas mais comuns de desempenho de ventilação insatisfatório. Torna-se essencial um sistema de captação de ar fresco que possa distribuir uniformemen-te o ar que chega, sem provocar correntes de ar indevidas no inverno. Este sistematem de possuir capacidade suficiente para evitar que a pressão estática negativa nointerior do prédio suba > de 0,3cm de água. Uma alta pressão estática indicaresistência ao fluxo de ar. Pode ser medida com um manômetro de coluna inclina-da portátil. No entanto, um guia prontamente disponível é a porta do estábulo: se aporta se fechar com uma pancada forte, ou se o ruído dos ventiladores se alterar

quando a porta se abrir, então a captação de ar fresco é inadequada.O sistema de entrada por frestas é um meio eficiente e econômico de trazer arfresco para o interior de qualquer unidade de confinamento animal ventiladamecanicamente. Devido ao seu baixo custo e simplicidade de construção, é

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algumas vezes menosprezado, mas a experiência indica que nenhum outro sistemao supera.

Durante o verão, deve-se evitar que a temperatura no interior do estábulo subasensivelmente acima da temperatura externa. Assim, torna-se uma vantagemóbvia se captar o ar mais fresco disponível. O lado norte do estábulo é menosafetado pelo sol; o segundo lado mais fresco é o leste. Devem-se construir portascontínuas ou aberturas corrediças (15cm) na face interior de barreiras de canto.

Estas são abertas no verão para permitir que o ar externo proveniente de áreassombreadas sob os beirais entre por meio do sistema de frestas. No inverno,essas aberturas dos beirais têm de estar fechadas. Por conseguinte, todo ar queentra no estábulo através da entrada das frestas é suplementado por grandesrespiradouros no sótão, construídos na cumeeira de cada extremidade doestábulo.

Ventilação natural

A ventilação natural é realizada pelas forças da natureza – vento e gravidade(efeito de empilhamento). Não se utiliza equipamento mecânico, exceto em rarasocasiões para a circulação de ar em prédios muito largos ou em dias parados equentes de verão.

Já que a força da gravidade é um agente primário de movimentação do aratravés do prédio (o ar quente sobe e o ar frio cai), os prédios com um teto comcumeeira devem ter uma abertura contínua e desobstruída no topo com 5cm de

largura para cada 3m de largura do prédio, e por toda a extensão do prédio. Taisprédios devem ser orientados em um eixo leste-oeste sempre que possível.Podem apresentar o lado sul aberto, com aberturas de ventilação ajustáveis econtínuas ou quase contínuas na parede norte, ou podem apresentar ambas asparedes inteiriças, com aberturas ajustáveis por toda a extensão de ambos oslados e nas extremidades, a menos que se providenciem portas amplas. Tambémsão desejáveis aberturas permanentemente fixas em uma ou ambas as paredes,para se permitir uma entrada de ar mínima em todos os momentos. Pode-se fazerisso deixando-se aberto o espaço entre o topo do frechal e a face interna dotelhado, ou providenciando-se uma estreita abertura por toda a extensão deambas as grandes paredes.

Quando os prédios estiverem localizados em áreas desprotegidas, sujeitas aventos fortes, pode até mesmo ser necessário o fechamento dessas aberturas nolado onde o vento sopra, sob condições extremamente adversas.

A temperatura no interior do prédio deve acompanhar rigorosamente a tempera-tura externa. A tentativa de se manter uma temperatura mais alta no inverno,geralmente para evitar o congelamento do estrume, causa umidade severa e

subseqüentes problemas respiratórios e outros problemas de saúde. Formam-seneblina, condensação ou congelamento quando os prédios não estiverem apro-priadamente ventilados.

O tempo quente, abafado e úmido do verão pode causar grande estresseambiental com conseqüente redução na produtividade. Aberturas laterais nasparedes e isolamento do telhado adequados podem ser importantes na redução doestresse animal. Durante esses períodos, o movimento de ar em meio aos animaispode ser importante. Ventiladores de circulação montados verticalmente podem serespaçados a intervalos de 6 a 9m para movimentar o ar em um padrão circular ao

redor do compartimento de confinamento de gado. Quando a estrutura do telhadopermitir, podem-se instalar ventiladores horizontalmente, a aproximadamente osmesmos intervalos para soprar o ar para baixo, sobre os animais.

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INTERAÇÃO MANEJO-DOENÇA: GADO

Ao se tentar identificar a etiologia de uma doença, os esforços iniciais estãoquase sempre direcionados à identificação de um vírus, bactéria ou outro microrga-

nismo específico. O isolamento e a identificação de agentes infecciosos sãofreqüentemente produtivos e necessários, mas se não forem considerados os errosde manejo, o controle do surto e a prevenção de surtos futuros podem ficar difíceisou mesmo impossíveis.

O manejo é especialmente importante quando os animais estão sendo adiciona-dos a, ou removidos de um rebanho, ou quando se permitem seu contato com outrosrebanhos e seu conseqüente retorno. Tais animais devem ser isolados por ≥ 2semanas, ou se aparecer doença, até que esta tenha terminado seu curso. Emboranumerosas doenças possam se espalhar através de novos animais, algumas das

mais sérias são brucelose, tuberculose, paratuberculose, doenças respiratórias ediarréia neonatal. São também importantes uma inspeção cuidadosa do animalindividual e do rebanho de origem, um vendedor confiável e um certificado assinadoe datado (ver também pág. 1164).

Os animais mais prováveis de introduzir doenças em um rebanho são neonatosou bezerros recém-desmamados, vacas naturalmente acasaladas que retornam aocio e que são naturalmente acasaladas no novo rebanho, touros que cobriram na-turalmente em rebanhos cuja situação de doenças reprodutivas seja desconhecida,vacas que tiverem abortado e os animais que apresentarem uma história de diarréianão diagnosticada.

GADO DE CORTE

As doenças continuam a representar um enorme tributo em rebanhos de corte,apesar dos avanços na medicina veterinária. As tentativas de manejo têm sidodirecionadas para o melhoramento das taxas de ganho e eficiência alimentar, maso papel do manejo tem de ser enfatizado caso se pretenda que as atividades intensi-vas de corte revertam lucro e auto-sustentação. As interações manejo-doença são

importantes em todas as atividades de corte, mas especialmente nas intensivas. Aaplicação de procedimentos de manejo efetivos eliminaria uma grande parte dasperdas por doenças. Adiante, discutem-se alguns procedimentos importantes.

Ao se confinar grandes números de animais em uma área pequena, aumenta-setanto o contato animal direto como o indireto. A adição de animais a um rebanhoaumenta geometricamente a probabilidade de doenças, já que cada animal introdu-zido possui o potencial de introdução de doenças a cada um dos animais do rebanho.Além disso, ao se aumentar o rebanho, se reduz geralmente a atenção individual quecada animal recebe, e provavelmente, a doença se torna bem-estabelecida antes de

ser reconhecida e tratada. Como resultado, o tratamento provavelmente se tornamenos eficiente, aumentando-se a mortalidade, a menos que se melhore o manejo.As práticas de acasalamento e alimentação que aceleram o crescimento dos

animais (e reduzem o período do nascimento a comercialização ou reprodução)tendem a aumentar o potencial para doenças. Embora se tenham desenvolvidomuitos medicamentos (especialmente antibacterianos) e estes estejam sendo atual-mente utilizados para tratar doenças em rebanhos bovinos, a terapia ainda nãoobteve uma resposta completa: continuam a ser grandes as perdas devidas a morte,as ineficiências de crescimentos em animais em recuperação e os custos dos

tratamentos. O manejo é importante na prevenção de desvio do estado de saúde,mas o é especialmente ao nascimento (ver também MANEJO DA REPRODUÇÃO:BOVINOS, pág. 1367). As vacas que estejam dando à luz e os bezerros que estejamnascendo em um ambiente desfavorável são propensos a desenvolver doença.

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Mais provavelmente, as vacas desenvolvem infecções do útero e do úbere, e osbezerros do trato gastrointestinal (ver DIARRÉIA NEONATAL EM RUMINANTES, pág. 217).É questionável o valor da vacinação na prevenção de salmonelose em bezerros,mas as vacinações contra colibacilose, coronavirose e rotavirose são largamenteaceitas e praticadas em rebanhos nos quais essas doenças tenham sido identifica-das. As vacinas contra rotavirose e coronavirose são geralmente administradas nosbezerros ao nascimento, mas também podem ser administradas em vacas prenhes.Os bezerros devem receber a primeira dose ao nascimento ou durante as primeiras12h. As vacas devem receber a primeira dose vários meses após a concepção, e asegunda 1 mês antes do parto. Tanto a vacinação de vacas como a de bezerros sãoeficientes, mas ambas as vacinações têm criado alguns problemas sugestivos deisoeritrólise. Em testes de campo, a vacinação reduziu a morbidade de 48% para28%, e a mortalidade de 19% para 3%. Já que a colibacilose afeta bezerros < 1

semana de idade, essa vacina é administrada na mãe antes do parto. Recomendam-se 2 doses, com 3 semanas de intervalo; sendo a primeira administrada ≥ 6 semanasantes do parto (ver também TABELAS 6 e 7, pág. 1376).

Os bezerros recém-nascidos devem receber uma quantidade adequada de colostrofresco dentro de poucas horas após o nascimento e pelos primeiros 3 dias. Devemreceber uma quantidade equivalente a 5% de seu peso corporal nas primeiras 6 a 8hapós o nascimento, e novamente nas 18 a 20h seguintes. A cada 2 e 3 dias, devemreceber uma quantidade equivalente a 8% do seu peso corporal, o que ajudará acontrolar os patógenos intestinais, mesmo que a absorção de anticorpos tenha cessado.

Se necessário, pode-se administrar colostro (50 a 80mL/kg de peso corporal) a bezerrosrecém-nascidos, através de uma sonda, com ajuda da gravidade. Uma vez ingerida eabsorvida, considera-se que a meia-vida da IgG seja de16 dias; a da IgM, 4 dias; ea da IgA, 3 dias.

Já que a quantidade de imunoglobulina no colostro é altamente variável e é difícilse determinar a quantidade ingerida, nos rebanhos-problema torna-se freqüente-mente útil se determinar a quantidade de gamaglobulinas que tenha sido passiva-mente transferida para bezerros. São disponíveis 3 testes – turbidez do sulfato dezinco, proteína total e imunodifusão radial. Os parâmetros da TABELA 3 são utilizados

para interpretar esses testes.O controle de piolhos é importante por todo o ano, mas especialmente no inverno,quando muitos animais ficam confinados em uma área pequena e desenvolvemlongos pelames. Os piolhos causam irritação e perda de sangue, e também existealguma evidência de que possam ser vetores de doenças virais. São disponíveisnumerosos pediculicidas efetivos; o momento certo e a aplicação adequada são mais

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TABELA 3 – Parâmetros para a Interpretação dos Testes de Transferência Passiva das

Imunoglobulinas ColostraisFalha deTeste transferência passiva Valor preferido

Imunodifusão radial da < 5mg/dL   ≥ 15mg/dLIgG1

Turbidez do sulfato < 10 unidades de TSZ   ≥ 30 unidades de TSZde zinco

RefratômetroSoro < 5g/dL   ≥ 6g/dLPlasma < 5,5g/dL   ≥ 6,5g/dL

Adaptado de Gay, C. e Besser T., Animal Nutrition & Health , abril, 1985, Watt Publishing Co., Mt.Morris, Illinois.

Para mais informações sobre o colostro, ver página 1348.TSZ = Turbidez do sulfato de zinco.

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importantes do que a seleção do produto, embora alguns produtos injetáveis sejammenos efetivos contra alguns piolhos mordedores do que contra piolhos sugadores.

Os parasitas internos abaixam a taxa de ganho de peso e a eficiência alimentarnos animais jovens, porém as evidências também indicam que em pelo menosalguns rebanhos, a administração de anti-helmínticos em vacas lactantes aumentasignificativamente o peso de seus bezerros ao desmame. Tanto a coccidiose comoa criptosporidiose são reconhecidas com freqüência crescente como um problemaem animais com até um ano de idade, e ocasionalmente mesmo em animais maisvelhos. Embora já se tenha pensado que os trematódeos hepáticos estivessemrestritos ao extremo oeste e sudeste dos EUA, estes têm sido encontrados em muitasáreas do país. No passado, os vermes pulmonares não eram considerados problemasério em muitas partes dos EUA, mas estão sendo diagnosticados mais freqüen-temente. Embora uma infecção pesada por vermes pulmonares seja um problema

por si só, a elevada suscetibilidade à pneumonia pode até ser mais importante. Osexames de fezes periódicos tanto para parasitas intestinais como para pulmonaressão importantes; a flotação geralmente detecta os parasitas intestinais, mas neces-sita-se de sedimentação para se detectar vermes pulmonares e trematódeoshepáticos. Alguns dos anti-helmínticos mais recentes são muito eficazes tanto paraparasitas gastrointestinais como para vermes pulmonares. O tratamento do bernebovino (Hypoderma  spp) é efetivo e seguro se for administrado antes do momentoem que as larvas estejam no esôfago ou na medula espinhal (a data antes da qualnão se deve administrar o tratamento varia entre as diferentes áreas).

A prevenção da contaminação fecal do alimento e apetrechos relacionadosconsiste em um conceito de manejo básico que minimiza os problemas com parasitasinternos e outras doenças, tais como a paratuberculose. Não se deve alimentar ogado confinado à altura do chão, e devem-se construir cochos para se minimizar acontaminação.

As doenças do sistema respiratório são responsáveis pelas principais perdasno gado de corte. Todas as raças e idades são suscetíveis, porém sem dúvida asmaiores perdas ocorrem quando se mudam os bovinos do rebanho reprodutivo parao confinamento. Estresses, vírus e bactérias são as causas básicas da febre do

transporte, que ocorre logo após a chegada dos bovinos ao confinamento. Osbezerros levam uma vida relativamente livre de estresse no rancho de criação, atéque sejam vendidos a um comprador de rebanho de engorda, época na qual suasvidas mudam drástica e repentinamente: são separados de sua mãe (um estresseimportante por si só) e castrados, descornados, colocados em uma baia poeirentae sujeitos a beber água em um tanque não familiar. Sua ração é mudada de leite egrama verde para feno seco e grãos; correm ao lado da cerca da baia à procura desuas mães, agitam-se devido à poeira que é inalada, cansam-se até o ponto deexaustão, e berram até que suas gargantas estejam irritadas. Podem ser transpor-

tados por longas distâncias em veículos abertos e lotados, e a temperatura am-biental pode variar tanto quanto 38oC entre os pontos de origem e destino.A resposta a muitos problemas respiratórios é o manejo e não a medicação. Têm-

se desenvolvido numerosos programas de pré-condicionamento para preparar osbezerros para a transição do rebanho reprodutivo para o confinamento, com resul-tados variáveis.

A claudicação (ver pág. 595) é um problema sério em criação de corte intensiva.Muitas claudicações são resultados de falha na seleção do lote reprodutivo quantoa pés e pernas sadios. Os fatores contribuintes incluem confinamento apertado,

cuidados inapropriados com os pés e alimentação com rações altamente concen-tradas para ganhos rápidos de peso a uma idade precoce, o que acarreta estresseexcessivo nas pernas e pés em desenvolvimento. Quando um animal herda umapredisposição para a hiperplasia da pele interdigital ou para uma em saca-rolhas,

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aumenta-se a probabilidade da anormalidade ser manifestada se o animal forsuperalimentado e confinado e caso se permita que seus pés cresçam muito. Asrações altamente concentradas, com pouca forragem, quase sempre produzemlaminite e fissuras verticais e horizontais. Freqüentemente se desenvolve tarsite embovinos “achinelados”, e a necrobacilose resulta da manutenção inapropriada dasuperfície do piso e de sujeira.

A aparação do casco  deve ser um procedimento de manejo básico nasempresas de criação de corte intensiva. O supercrescimento do casco ocorre tantoquando os animais estão confinados sobre superfícies que não desgastam a solado casco, como quando estão sob condições extremamente secas, em que oscascos ficam muito duros e não conseguem se desgastar. Em qualquer caso, aparede do casco e o bulbo do calcanhar se alongam, o que provoca uma deformaçãoanormal do sistema suspensório do membro.

Outras aberrações do casco, além do supercrescimento e deformidade, tambémsão encontradas em vacas leiteiras intensivamente manejadas. Essas têm muitasformas: erosões do calcanhar, solas duplas ou divididas, úlceras e anormalidades dalinha branca abaxial. Caso se institua a separação de casco como um procedimento derotina anual, é pretendido que a vida funcional do rebanho seja aumentada em≥ 1 ano.

Os bovinos e touros de corte podem requerer sedação para a contenção.Rotineiramente, utilizam-se mesas inclinadas. A aparação do casco do gado leiteiroé mais facilmente realizada com o animal permanecendo de pé. Devem-se utilizartroncos para grandes rebanhos. Também são disponíveis outros dispositivos, como

o “gancho de casco” que proporciona a vantagem mecânica da elevação do mem-bro. Os dispositivos de aparação de casco não devem ser usados na sala deordenha, para que não resultem em interferência subseqüente na descida do leite.Também se pode elevar um membro traseiro com uma corda, com uma de suasextremidades fixa por um nó corrediço ao tendão de Aquiles, e a outra passandosobre uma viga acima das ancas do animal.

Os equipamentos inadequados e/ou pessimamente mantidos tornam a aparaçãode casco extremamente trabalhosa, e podem contribuir para a inadequação disse-minada do cuidado com os cascos. Duas facas de casco de lâmina estreita de cada

tipo, canhoto e destro, constituem o equipamento básico. Deve-se utilizar uma limatriangular para afiar a face côncava da lâmina, e uma lima de serra elétrica para afiaro gancho. Também são necessários pequenos cortadores de casco de aço ino-xidável, com lâmina chata e cabo pequeno. Um esmerilhador elétrico, de ângulorotativo e com uma lâmina de aço, também é útil para aparar o casco extremamenteduro encontrado no gado de corte.

Existem 2 objetivos na separação dos cascos: restaurar o equilíbrio normal ecorrigir os defeitos dos cascos. O primeiro passo é corrigir o equilíbrio lateral. Se umcalcanhar for mais longo que o outro, deve-se remover o tecido córneo em excesso

para se igualar a altura. As pinças laterais ficam geralmente mais altas que a pinçamedial; quando esta anormalidade estiver presente, os jarretes se curvam paradentro. Em seguida, trata-se do equilíbrio longitudinal. Usando-se alicates, o cortese inicia na junção abaxial calcanhar-sola (sulco abaxial). Deve-se remover muitopouca parede neste ponto; remover mais em procedimentos de aparação emdireção ao dígito. Em seguida, apara-se a sola, e tem-se que reduzi-la a um pontoem que não suportará peso: o princípio mais importante da aparação de casco éassegurar que o peso seja sustentado pela parede abaxial. Pode-se aplicarfreqüentemente pressão digital na sola para se determinar sua espessura.

GADO LEITEIRO

Grande parte da discussão acerca do gado de corte (ver anteriormente) tambémse aplica ao gado leiteiro.

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O manejo influencia a ocorrência, intensidade e prognóstico de muitas enfermi-dades. Os bezerros recém-nascidos devem ter nascido em ambientes livres dedoenças e receber colostro tão logo quanto possível após o nascimento, preferivel-mente dentro dos primeiros 30min de vida.

A maioria das vacas leiteiras produz muito mais colostro do que o bezerroprecisa. As novilhas de primeira cria podem produzir 32kg de colostro nos primeiros4 dias após o parto, e as vacas adultas podem produzir 40 a 50kg. Os bezerrosconsomem, no máximo, apenas cerca de um terço do colostro disponível das vacasleiteiras. Pode haver colostro excedente suficiente para alimentar bezerros com 2a 3,5kg diariamente, dos 3 aos 16 dias de idade ou mais. Se os bezerros machosforem vendidos cedo, pode haver colostro suficiente para alimentar as bezerras por4 semanas.

O colostro obtido da primeira ordenha é o de melhor qualidade, e o colostro de

vacas adultas contém um nível mais alto de anticorpos, sendo considerado demelhor qualidade que o das novilhas de primeira cria. A concentração de imunoglo-bulinas diminui gradualmente nos 3 primeiros dias.

O colostro pode ser congelado por vários meses com quase nenhuma deterio-ração; tem que ser descongelado utilizando-se água morna (não quente). Tambémpode ser armazenado a temperaturas ambientes por longos períodos, só que nessecaso, se aplicam as seguintes recomendações: 1. o colostro deve ser manipuladode forma higiênica, para se evitar contaminação; 2. o colostro fermentado e tratadoquimicamente deve ser armazenado em recipientes revestidos de plástico e com

tampas. Ocorre corrosão dos recipientes de metal após a adição de ácido ou aprodução de ácido durante a fermentação. O revestimento de plástico permite umalimpeza fácil dos recipientes vazios; 3. não se deve fermentar o colostro extrema-mente sanguinolento; 4. a agitação diária do colostro armazenado neutraliza aseparação dos sólidos. Pode-se obter uma dieta mais uniforme para bezerrosatravés da agitação do colostro imediatamente antes da alimentação; 5. pode-seadicionar colostro não fermentado ao colostro fermentado, sem alteração apreciávelda composição; 6. o colostro que não for preservado com produtos químicos deveser armazenado em temperaturas frias. Recomenda-se o uso de aditivos químicos

para temperaturas quentes. Pode-se adicionar formaldeído a 0,05% (peso/volume).O ácido propiônico pode ser adicionado a 1% (peso/peso); 7. os aditivos químicosdevem ser incorporados ao colostro fresco, antes de ser colocado nos recipientesde armazenamento. Esperar até que todo o colostro tenha sido colocado em umrecipiente de armazenamento, pode permitir o início de uma fermentação indesejá-vel; e 8. o colostro deve ser servido dentro de poucas semanas após a coleta, já queo teor de nutrientes continua a declinar durante o armazenamento. Porém, tem-seservido colostro fermentado com sucesso após 84 a 100 dias de armazenamento.A faixa ideal de temperatura para o armazenamento do colostro fermentado é de 10

a 21°C. O colostro armazenado sob tais temperaturas tem resultado em maioresganhos de peso em bezerros do que a alimentação com sucedâneos do leite.O parâmetro geralmente recomendado para alimentação com dietas líquidas em

bezerros leiteiros, sobretudo as bezerras de reposição, é que os bezerros recebam8 a 10% de peso corporal como equivalente diário de leite completo. Pode-se serviro colostro, que possui um teor de sólidos mais alto que o leite completo, a proporçõesreduzidas ( 6% do peso corporal) para suprir aproximadamente a mesma quan-tidade de matéria seca.

O colostro pode ser diluído para se aproximar do teor de sólidos do leite completo.

Pode ser diluído com leite completo, leite com nata reconstituído e sucedâneo doleite, mas o diluente mais popular é a água. A diluição com água permite que umadada quantidade de colostro substitua mais que um peso equivalente de leitecompleto em programas de alimentação de bezerros. Para se aproximar do teor de

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TABELA 4 – Algumas Características Físicas e Composição do Colostro e Leite Integral

Colostro (nº de ordenhas pós-parto) Leite

 1 2 3 4 5  

Densidade específica 1,056 1,040 1,035 1,033 1,033 1,032Sólidos totais (%) 23,900 17,900 14,100 13,900 13,600 12,900Gordura (%) 6,700 5,400 4,900 4,400 4,300 4,000

Sólidos não gordurosos (%) 16,700 12,200 9,800 9,400 9,500 8,800Proteína total (%) 14,000 8,400 5,100 4,200 4,100 3,100Vitamina A (µg/100mL) 295000 190000 113000 76000 74000 34000

Adaptado de Foley, J.A. e Otterby, D.E., Journal of Dairy Science , 61, 1978.

sólidos do leite completo (12%), pode-se diluir em 2:1 (colostro/água) o colostro com18% de sólidos, e em 3:1 o colostro com 16% de sólidos. Ao se diluir o colostro parase aproximar de uma dieta de leite completo, este deve ser oferecido de 8 a 10% dopeso corporal. A maioria dos bezerros que rejeita inicialmente o colostro fermentadose ajusta dentro de poucos dias. Sob condições de temperatura ambiente quente,a rejeição pode ser um problema.

Nos rebanhos leiteiros em que a rotavirose e a coronavirose constituem umproblema em bezerros de 5 a 14 dias de idade, a alimentação diária com colostrofermentado ou armazenado, do terceiro dia de idade até 14 dias de idade, ajudano controle dessas doenças. Para bezerros com 3 a 14 dias de idade, o colostro podeser oferecido fermentado e diluído com água, como recomendado anteriormente, ouoferecido fresco ou fermentado e misturado (1:1) com leite completo de vaca ousucedâneo do leite.

Vitelos neonatos   –  Quase todos os vitelos são bezerros leiteiros, e sãoalimentados, confinados e manejados similarmente; porém, os problemas comdoenças são quase sempre mais severos nos vitelos devido ao fato de terem seoriginado de muitas fazendas diferentes e de poderem ser severamente estressadosantes de chegar à instalação de engorda. Um bezerro macho que se pretende paraservir como vitelo pode receber pouca atenção na fazenda de origem, devido aovalor limitado e a troca de propriedade logo após o nascimento. Ele pode nemmesmo receber colostro, o que limita severamente suas chances de sobrevivência.Além disso, é exposto a bezerros provenientes de muitas fazendas diferentes,

confinados em uma área até que se reúna uma carga de caminhão ou que seencontre um comprador, e é então transportado por longas distâncias até ainstalação de engorda de vitelos. Durante esse período, pode ser fracamentealimentado ou superalimentado, e exposto a grandes variações de temperatura.Embora a situação melhore drasticamente na instalação de engorda de vitelos, amorbidade e a mortalidade são quase sempre altas devido ao estresse anterior queleva a diarréia e a pneumonia. Higiene apropriada, atenção cuidadosa ao se misturaro alimento, suprimento de alimento de boa qualidade e em quantidade satisfatória,controle de parasitas e ventilação e controle de temperatura ambiental adequados

constituem fatores de manejo essenciais no controle das doenças dos vitelos (vertambém COMPLEXO DE DOENÇAS RESPIRATÓRIAS DOS BOVINOS, pág. 874; DIARRÉIA

NEONATAL EM RUMINANTES, pág. 217; e VENTILAÇÃO, pág. 1339).As baias individuais para bezerros se tornaram populares para a criação de

bezerros leiteiros, e as doenças mais freqüentemente observadas em bezerros(gastroenterite e pneumonia) praticamente desapareceram quando as baias foramutilizadas apropriadamente. Os bezerros devem ser colocados nas baias já noprimeiro dia de vida e mantidos ali por 2 meses. Os bezerros devem ter um lugar

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seco para descansar, ser protegidos da friagem do vento, ter acesso à água, receberfeno de boa qualidade e ser iniciados no consumo de grãos em uma idade precoce,para que possam passar facilmente pela transição do leite ou sucedâneo do leitepara o alimento seco dentro de 6 a 8 semanas de idade (ver também MANEJO DA

REPRODUÇÃO: BOVINOS, pág. 1367).Quando bezerros leiteiros forem removidos das baias de bezerros e agrupados

em cercados com bezerros de idades semelhantes, devem receber nutrientesadequados e ser vacinados contra as doenças endêmicas. Nos EUA, as bezerrasleiteiras devem ser vacinadas (mesmo nas regiões onde o risco da doença forlimitado) contra brucelose, já que muitos estados não permitirão o trânsito de fêmeasnão vacinadas no interior de seu território ou de um rebanho para outro situado emseu território. Para se evitar lesões provocadas pelos animais maiores e a exposiçãoa muitas doenças em uma idade precoce e mais suscetível, não se deve permitir que

as novilhas jovens se associem ao rebanho adulto até depois do parto, quando sãoadicionadas ao rebanho de ordenha. Higiene apropriada, agrupamento de animaisde idades semelhantes e prevenção da contaminação fecal do alimento previnema maioria dos problemas com parasitas gastrointestinais e respiratórios.

A mastite (ver pág. 831) é a doença mais onerosa do gado leiteiro e o início domanejo logo ao nascimento é importante na prevenção. Não se deve permitir queos bezerros mamem uns nos úberes dos outros, especialmente se estiverem sendoalimentados com leite proveniente de vacas com mastite. Também é nociva apermissão do aleitamento no úbere de uma novilha em desenvolvimento, a qualquer

momento após o parto. As tetas supernumerárias devem ser removidas cedo, já queos patógenos ocasionalmente conseguem entrar por elas. A superalimentação danovilha pré-parturiente não somente leva à deposição excessiva de gordura noúbere e à limitação do desenvolvimento do tecido secretório de leite, como tambémà predisposição ao colapso do tecido de sustentação do úbere e edema mamário.A ordenha pré-parto apresenta pouco efeito no edema de úbere, mas é freqüente-mente praticada como um esforço na prevenção do colapso do tecido de sustenta-ção do úbere. A higiene é importante no ambiente de parto e por toda a lactação davaca, já que praticamente todos os microrganismos causadores da mastite conse-

guem entrar através da extremidade da teta.O gado que estiver sendo alimentado para alta produção de leite fica propenso adesenvolver problemas gastrointestinais. A causa básica é a superalimentaçãocom grãos em um animal com um trato gastrointestinal que evoluiu primariamentepara a digestão de forragens. O aumento abrupto de grãos ou a alimentação comgrandes quantidades por longos períodos ocasionará a aglutinação dos vilos dorúmen e na diminuição do tono da parede do abomaso. Podem ocorrer gas-troenterite, timpanismo, úlceras abomasais e deslocamento do abomaso. O aumentogradativo de grãos, com a adição de um tampão como bicarbonato de sódio, a

alimentação com feno longo e seco (500g/100kg de peso corporal por dia) suplemen-tado com silagem de corte longo (≥ 1,25cm) e pouca ou nenhuma alimentação comgrãos durante o período de seca previnem muitos distúrbios gastrointestinais.

A paratuberculose (ver pág. 483) está se tornando cada vez mais aparente nogado leiteiro dos EUA e muitos rebanhos estão infectados. Na medida em que ainfecção quase sempre ocorre durante as primeiras semanas de vida, a separação dabezerra do rebanho de vacas imediatamente após o nascimento e o não retorno delaaté que se tenha iniciado a lactação ( 2 anos), quase sempre resultam em um rebanholivre de paratuberculose. Isso se confirma especialmente se também forem realizadas

culturas fecais a longo prazo e a remoção dos animais positivos.O manejo apropriado do pasto e um programa antiparasitário correto são auxíliosúteis no controle do parasitismo gastrointestinal (ver também PARASITAS GASTRO-INTESTINAIS DE BOVINOS, pág. 246).

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A claudicação (ver pág. 595) tornou-se um problema significativo devido aoconfinamento e à alimentação excessiva com grãos. As patas crescem aproxima-damente duas vezes mais rápido que o normal em estábulos sem baias, nos quaisestão constantemente úmidas com urina e fezes (ver também APARAÇÃO DO CASCO,pág. 1346). Além disso, a alimentação excessiva com grãos freqüentemente resultaem laminite, e as patas crescem anormalmente e exigem aparação freqüente. Ospedilúvios com sulfato de cobre ou formalina auxiliam na prevenção e controle demuitas infecções das patas.

INTERAÇÃO MANEJO-DOENÇA: CAPRINOS

Criação

O manejo dos caprinos depende do tipo (por exemplo, leiteiro, pigmeu, de corte,angorá ou casimira) e das razões para as quais são mantidos (por exemplo,companhia ou empreendimento comercial). Contudo, são todos ruminantes e sãoaplicáveis os princípios básicos de criação de gado. Os caprinos leiteiros e pigmeussão em geral criados intensivamente com a maior parte da alimentação sendotrazida aos animais. Os caprinos de corte e os angorás são criados principalmente

de forma extensiva, com a maior parte da dieta provindo do pastejo, e ocasionalmen-te de pastagem de alta qualidade nos períodos de maior exigência nutricional, taiscomo os primeiros 18 meses de vida ou as últimas 6 semanas de gestação. Umacabra angorá prenhe continuará a produzir o pêlo angorá sem energia e proteínasadequadas, mesmo se for estressada até que aborte.

Os bodes adultos desenvolvem um poderoso odor característico, que fica maisintenso na estação de acasalamento, o que leva à relutância dos tratadores emmanipulá-los. Isso quase sempre leva à negligência dos cuidados com as patas eà falha no reconhecimento de pesadas cargas parasitárias. As glândulas sebáceas

localizadas no topo da cabeça podem ser removidas cirurgicamente em qualqueridade, ou cauterizadas na época da descorna, entretanto, isto não deixa o bodetotalmente sem odor. As cabras são atraídas por esse cheiro e podem rejeitar oacasalamento com um bode desodorizado se houver um outro odorífero por perto;logo, as glândulas não devem ser removidas inadvertidamente na época da des-corna caso se pretenda manter os cabritos machos para acasalamento. O hábito demicção na face, barba e membros anteriores também contribui para o odor do machoe quase sempre leva ao surgimento de lesões ulcerativas em tempo frio. Durante aestação de acasalamento, a maioria dos bodes perde peso; porém, isso não é

necessariamente devido ao acasalamento com muitas cabras; muitos perdem pesoquando confinados perto de cabras no cio, mesmo quando não se permite o aca-salamento. A única forma de se lidar com isso consiste em manter os bodes emexcelente condição física antes da estação de acasalamento. O macho dominanteem um grupo de bodes fica em condição muito melhor do que alguns dos outros.

A cabra mocha geneticamente homozigótica é em geral anatomicamenteintersexuada, e por conseguinte, infértil. As aberrações variam de um clitórisligeiramente aumentado, visível apenas após a puberdade, até uma conformaçãosemelhante à do bode, com escroto, pênis (quase sempre reduzido), e ovotestes.

Alguns machos fenotipicamente pseudo-hermafroditas apresentam libido masculi-na com atividade reprodutiva. Já que esses animais são inférteis, recomenda-se oreconhecimento precoce e o descarte. Alguns machos mochos homozigóticospodem ser capazes de gerar cabritos, mas é provável que desenvolvam granulomas

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espermáticos quando adultos. A maioria dos proprietários reduz a incidência dosanimais mochos homozigóticos por nunca cruzar 2 animais mochos. Embora amaioria dos hermafroditas seja mocha, podem ocorrer ocasionalmente aberraçõesanatômicas semelhantes em caprinos com chifres. Essas seriam mais provavel-mente quimeras (bezerros inférteis), o resultado de anastomoses que ocorrem nointerior do útero, entre machos e fêmeas. Tais quimeras são raras em caprinos(considerando-se a alta freqüência de gêmeos em caprinos), quando se comparacom os bovinos.

De todos os animais de grande porte, os caprinos são os que apresentamhierarquia social mais forte; portanto, deve-se providenciar espaço de cochoadequado, para que os animais dominantes não tomem posse dos cochos eimpeçam os outros de se alimentarem. A quantidade de espaço de piso disponívelpor cabra afeta a intensidade de comportamento agressivo. Um caprino pode se

tornar tão subordinado aos seus companheiros de cercado, que não se alimenta eemagrece. Este componente psicológico tem que ser considerado em casos decaprinos emaciados. Os machos adultos devem ser alimentados e alojados indivi-dualmente para se alcançar o máximo de longevidade e se evitar ferimentos de luta.No entanto, também devem ser alojados próximos a outros caprinos ou ter umacompanhia no cercado, tal como uma cabra que não esteja no cio.

Os caprinos são aventurosos e escaladores naturais, e devem ser feitos esforçospara controlá-los; o controle definitivo seriam cercas elétricas de alta tensão. Oscaprinos ficam parados e avançam contra cercas, podendo ser muito destrutivos.

Devem-se remover os riscos que possam contribuir para fraturas de pernas eestrangulamentos. O acorrentamento de caprinos é potencialmente perigoso, poisficam vulneráveis a ataques de cães, e se forem acorrentados muito próximos deoutro caprino, invariavelmente um deles se estrangulará. Os caprinos mastigamsuperfícies pintadas, e o envenenamento por chumbo se torna um risco potencial emestábulos velhos. Um traçado eficiente de cercados, acesso fácil a cochos bemprojetados e controle efetivo minimizam os problemas relacionados ao manejo.

É extremamente difícil se manter patas, urina e fezes dos caprinos fora de muitostipos de cochos de grãos, grades de feno e bebedouros. Os caprinos se recusam a

comer alimento ou água sujos, feno que tiver caído no chão, e grãos contaminadoscom urina ou fezes de animais de estimação ou pestes da fazenda. O projeto dococho de feno é crítico para se reduzir o desperdício de alimento. A maioria doscaprinos leiteiros e pigmeus é alojada sobre camas de feno desperdiçado. A camaúmida contribui para o desenvolvimento de coccidiose em cabritos e de impetigoestafilocócico no úbere, comum mas erroneamente conhecido como “varíolacaprina”. Sob condições semelhantes, são prováveis infecções umbilicais e artropatiasdos recém-nascidos. Em certas áreas, os cabritos são suscetíveis à doença dosmúsculos brancos, que pode ser controlada pela injeção de vitamina E/selênio na

cabra prenhe e/ou no recém-nascido, e pela suplementação de selênio na dieta.O confinamento dos caprinos afeta os padrões de doença. Os angorás do sul eoeste dos EUA recebem acesso a abrigo apenas durante tempestades severas oupor poucas semanas após a tosquia semestral, sem o qual morrem de estresse aotempo frio. Os caprinos do norte dos EUA são confinados no inverno, talvez maispelo conforto do proprietário do que pelo estado de saúde mais favorável doscaprinos. O manejo intensivo de caprinos leiteiros adultos pode promover atransmissão horizontal do vírus da artrite e encefalite caprinas (AEC, ver pág. 475).As combinações de montes de estrume, medas de feno elevadas ou telhados não

isolados levam a umidade e formação de amônia, especialmente se o estábuloestiver firmemente fechado. Os estábulos quentes e úmidos favorecem o desenvol-vimento de infecções umbilicais dos neonatos, mastite, enterite, pneumonia ecoccidiose. A doença conhecida como “abscessos”, causada por Corynebacterium 

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pseudotuberculosis (ovis), espalha-se rapidamente em animais estreitamente con-finados (ver também pág. 77). Os abscessos não dolorosos e de crescimento lentodos linfonodos finalmente se rompem e contaminam todos os cochos, paredes eoutros animais. A infecção se espalha pelo contato com o pus, com o microrganismopenetrando na pele intacta. São importantes o isolamento dos animais afetados,preferindo-se o descarte deles, e a prevenção de contaminação ambiental. NaAustrália, dispõe-se de vacina.

Para cuidado com as patas, ver CLAUDICAÇÃO EM CAPRINOS, página 606.

Manejo perinatal

Um problema comum são as tetas supernumerárias, duplas ou bipartidas comorifícios duplos. Nos bovinos, as tetas supernumerárias podem ser removidas semqualquer conseqüência; porém, nos caprinos leiteiros, quase sempre existe uma

glândula mamária funcional associada à teta sobressalente.Os caprinos recém-nascidos têm de ser alimentados com colostro, e se a AECfor um problema, torna-se essencial a pasteurização para controle. Mais tarde,podem ser alimentados (em ordem decrescente de necessidade) com leite caprino,sucedâneo de leite caprino, sucedâneo de leite ovino ou leite bovino. Qualquer leitefresco oferecido deve ser pasteurizado ou proveniente de um rebanho reconhecidocomo livre do vírus da AEC, micoplasma e paratuberculose. Os caprinos recém-nascidos devem ser alimentados com 10 a 12% de seu peso corporal por dia. Emmédia, são alimentados com 500mL de leite duas vezes ao dia, mas quase sempre

ficam superalimentados.Os cabritos devem ter acesso a feno e a uma ração para confinamento baseadaem grãos, logo após 1 semana de idade. Podem ser desmamados quando estiveremcomendo facilmente um grande punhado de grãos por dia; isto deve ocorrer a nãomais que 8 semanas de idade em raças leiteiras, e a 6 semanas nas outras. Odesmame é retardado em muitas criações de caprinos porque não há saídacomercial para o leite de cabra além da alimentação dos cabritos.

A descorna dos caprinos leiteiros deve ser feita tão logo os cabritos apresentembom tono muscular. Para os bodes das raças suíças, é importante a descorna em

1 a 2 dias de idade para se ter uma chance melhor de inibição do crescimento dechifre ou do subseqüente desenvolvimento de recrescimento anormal (protuberân-cias). As cabritas núbias apresentam diminuição do crescimento dos chifres, e adescorna pode ser retardada por 2 a 3 semanas. O método de escolha é a descornaa ferro quente, utilizando tanto um tronco de contenção e bloqueio neural comoanestesia geral, tal como xilazina (1 a 2mg/cabrito). As aplicações excessivas decalor levam a lesão cerebral ou morte subseqüente dos cabritos. Não se recomendaa descorna de cabritos com pasta cáustica.

Os caprinos angorás não são descornados em criações extensivas, já que se

acredita que seus chifres sejam úteis contra predadores, e os proprietários manipu-lam os caprinos por meio de seus chifres. Nos lugares onde os caprinos sãoconfinados no inverno, a descorna é vantajosa; reduz o trauma e previne acidentesnos quais os animais sejam presos por seus chifres em cochos e linhas de cerca.Podem-se descornar os pigmeus de acordo com a preferência do proprietário; adescorna não é causa de desqualificação ou discriminação na pista de exposição.Os caprinos leiteiros são geralmente descornados, e os animais com chifres sãogeralmente excluídos da pista de exposição. Pode ocorrer tétano após a descorna(ou outro meio de infecção) e, como precaução, deve-se administrar antitoxina

(150u/cabrito).Realiza-se a castração de caprinos leiteiros e bodes pigmeus nas primeiraspoucas semanas; os angorás são castrados mais tarde, após terem atingido um bomcrescimento de chifres. Os machos que forem mantidos como animais de estimação

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devem ter sua castração retardada para permitir o desenvolvimento máximo dauretra, o que reduz a probabilidade de urolitíase. Para melhorar a sua conveniênciacomo animal de estimação, esses caprinos também devem ter suas glândulasodoríficas removidas junto com os chifres.

Nutrição

Os caprinos leiteiros podem e devem ser alimentados semelhantemente ao gadoleiteiro (ver pág. 1435). A base da ração deve ser um feno de boa qualidade,preferivelmente alfafa, e deve-se oferecer um concentrado com 14 a 16% deproteína, como suplemento durante a lactação. A silagem não é um constituintedietético comum, porque a maioria dos caprinos é mantida em pequenos grupos, oque não justifica o equipamento. Um problema comum é a superalimentação comgrãos em cabras em final de lactação. Os caprinos armazenam gordura preferen-

cialmente na cavidade abdominal e no momento em que a gordura fica excessiva-mente óbvia, os depósitos internos são substanciais; isto pode levar a problemas noparto e toxemia da prenhez.

Deve-se oferecer mais sal mineral grosso (SMG) do que sal em blocos; suacomposição varia com a área do país, por exemplo, no meio-oeste dos EUA, énecessária a suplementação de iodo e selênio. Os caprinos são altamente susce-tíveis à deficiência de cobre e, ao contrário dos ovinos, completamente resistentesà intoxicação por cobre. Portanto, deve-se oferecer mais SMG bovino do que salovino sem cobre.

Os animais de criação castrados, alimentados com quantidades substanciaisde grãos, são propensos ao desenvolvimento de cálculos urinários. Redução doconsumo de grãos, adição de cloreto de amônio à dieta, manutenção da proporçãocálcio: fósforo em2:1, e manutenção de baixos níveis de magnésio ajudarão. Umauretrostomia ajuda tais animais, mas as recidivas e a cicatrização uretral exigem aeutanásia em muitos casos. Para se encorajar o consumo de água, devem-seoferecer SMG limpo e água fresca duas vezes ao dia. Para se aumentar o consumode água, especialmente em cabras de alta produção, sua água deve ser fresca emorna no inverno, e fresca e fria no verão.

Doenças comuns

O rodízio de todos os cabritos em 1 ou 2 cercados é perigoso; os caprinos adultoseliminam coccídios e infectam os recém-nascidos. À medida que a infecção aumen-ta sua formação nos cercados, aumenta a morbidade nos cabritos que nascerammais tarde. Os cabritos albergam várias espécies de coccídios, mas nem todosapresentam coccidiose clínica. Os sinais incluem diarréia ou fezes pastosas,emaciação, fraqueza geral e dificuldade em crescer. Os casos superagudos morrem

sem sinais. Para ajudar na prevenção de coccidiose em caprinos leiteiros artificial-mente amamentados, devem-se colocar os cabritos em pequenos grupos separa-dos por idade em cercados portáteis externos que possam ser movidos periodica-mente para se limpar o chão. A erradicação não é possível, mas o controle atravésdo manejo é. Os coccidiostáticos acrescentados à água ou ao alimento ajudam oprograma de controle do manejo e não o substituem. A coccidiose crônica é uma dasprincipais causas de pouco crescimento em cabritos, e é responsável pela práticaantieconômica de retardamento do acasalamento por um ano, até que o caprinotenha adquirido um tamanho adequado (32kg). Nos caprinos angorás criados

extensivamente, o problema ocorre no desmame, quando os cabritos são mantidosem grupos menores e ingerem o suplemento no chão.A Clostridium perfringens  Tipo D pode ser fatal, e nem sempre está associada à

clássica “alteração na qualidade e na quantidade do alimento”. Nos rebanhos com

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problema, pode ser necessária a vacinação a cada 4 a 6 meses. A vacinação previ-ne a síndrome da morte aguda, mas ocasionalmente mesmo os animais vacinadospodem desenvolver enterite aguda. Os caprinos afetados desenvolvem diarréiasevera e depressão profunda; a produção de leite cai abruptamente e eles podemmorrer em 24h. O tratamento envolve fluidoterapia, correção da acidose e antibio-ticoterapia.

Não se indica a vacinação contra éctima contagioso (boqueira), a menos que adoença exista no rebanho. Os principais problemas nos cabritos infectados sãodificuldade em amamentação, propagação das lesões ao úbere da cabra ou nasmãos dos assistentes, e proibição em freqüentar exposições de caprinos. Utiliza-seuma vacina com vírus vivo através da escarificação da pele (por exemplo, na faceinterna das coxas ou sob a cauda) e pincelamento da vacina. Tanto as lesõesnaturais quanto as resultantes da vacinação podem durar até 4 semanas, mas após

a queda das crostas, os animais podem ir às exposições.O descarte é vital para a produtividade global do rebanho. A “emaciação” ocorremuito freqüentemente; não é uma doença simples, mas uma síndrome. Geralmente,se um caprino estiver bem alimentado, mantido em um ambiente livre de estresse,e tiver bons dentes e uma baixa carga parasitária, ele deve se desenvolver eproduzir. Se não o fizer, e começar a “emagrecer”, deve ser descartado imediata-mente. As principais causas da emaciação, além de má nutrição, parasitismo eproblemas dentários, são paratuberculose, abscessos viscerais internos devidos àCorynebacterium pseudotuberculosis  (ovis ) ou à C. pyogenes, problemas locomotores

(particularmente a artrite devida à infecção pelo retrovírus [vírus da AEC]), equaisquer infecções crônicas ocultas (por exemplo, metrite, peritonite ou pneumo-nia). Os tumores ocorrem raramente. Nenhuma destas doenças é tratável e muitassão contagiosas; esta é a base para uma rígida política de descarte. A paratuberculoseem caprinos difere da mesma em bovinos, por não haver diarréia profusa e as lesõesmacroscópicas post mortem  serem raras. Conseqüentemente, muitos casos podemnão ser diagnosticados na necropsia. O nódulo ileocecal é o tecido mais compen-sador em termos de cultura bacteriológica e histopatologia. A imunodifusão em ágargel é um exame sorológico útil, mas só pode ser utilizada com base no rebanho para

testar e descartar. A disponibilidade é limitada, e não funcionará como teste deseleção pré-compra. O programa de controle de paratuberculose em caprinos ésemelhante ao realizado em bovinos (ver também MASTITE NAS CABRAS, pág. 837).

INTERAÇÃO MANEJO-DOENÇA:EQÜINOS

O conhecimento do manejo eqüino tem aumentado tremendamente nos últi-mos anos, e muitas perdas devidas a doença e lesões são agora evitáveis. As 2principais regras de manejo em um haras, independentemente do tamanho ounúmero de eqüinos, são não superlotar e manter a limpeza. Infelizmente, muitosharas não seguem esses critérios, que freqüentemente são comprometidos emfavor da economia.

Na maioria dos casos, pede-se que o veterinário atenda um animal doente ou

traumatizado, ou administre agentes profiláticos; raramente se requisita seusconselhos com relação ao manejo. No entanto, já que o manejo exerce um papelimportante na prevenção de doenças e lesões, o veterinário tem que conhecer eestar ciente das práticas de manejo físicas e médicas.

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Nos eqüinos, o único fator contribuinte mais importante para doenças e lesõesé a superlotação. Pode-se alcançar a prevenção de doenças e lesões através demanejo nutricional, confinamento adequado, programas de vacinação, controleparasitário, limpeza e criação de eqüinos em geral.

Para a manutenção da saúde, é importante uma nutrição apropriada. As exi-gências nutricionais variam com a idade, tamanho, uso e prenhez (ver NUTRIÇÃO:EQÜINOS, pág. 1488); são geralmente preenchidas com forragens e volumosos deboa qualidade, combinados com concentrado de grãos ou suplemento de proteí-nas. Recomenda-se sal à vontade. A suplementação vitamínica geralmente não énecessária, a menos que o volumoso seja de má qualidade. A disponibilidade cons-tante de água limpa é essencial. Ao se alimentar eqüinos em grupos, devem-seespaçar quantidades adequadas de alimento, para que cada eqüino possa comerconfortavelmente.

As exigências de alojamento também são muito variáveis. Quando se utilizambaias, estas devem ser de tamanho adequado e construção apropriada paraminimizar as chances de lesões aos eqüinos. As baias que tiverem 3,7 × 3,7m sãoadequadas para a maioria dos eqüinos, embora prefiram-se baias maiores paraéguas prenhes (especialmente no parto) e garanhões reprodutivos. As paredesdevem estar livres de lingüetas proeminentes, pregos, etc. e devem ser construídaspara suportar coices. As portas devem ser largas o suficiente (≥ 1,2m) para permitirentrada e saída fáceis, sem risco de lesões, especialmente nos ombros outuberosidades coxais. Devem-se providenciar instalações para bebedouro e equi-

pamentos de alimentação com feno e grãos individuais. O piso deve proporcionarbom apoio das patas e, teoricamente, permitir a drenagem de urina e água.É importante uma ventilação apropriada: os problemas respiratórios são agrava-

dos por amônia e situações poeirentas no estábulo. O armazenamento superior defeno e palha pode contribuir para a formação de pó no ambiente e deve ser evitadose possível. Deve-se armazenar o alimento em uma área inacessível aos eqüinospara se evitar uma sobrecarga acidental de grãos, e deve-se armazenar em caixasou recipientes para se evitar a contaminação por roedores. Deve-se removerdiariamente a cama encharcada com estrume e urina, para se evitar situações como

inflamação do casco e formação de amônia. Se o estrume estiver espalhado pelopasto, deve-se primeiro permitir a sua compostagem para reduzir a contaminaçãopor ovos de parasitas. Deve-se permitir que os eqüinos estabulados, que nãoestiverem envolvidos em um programa de treinamento regular, se exercitem ade-quadamente para ajudar a evitar o desenvolvimento de vícios (ver COMPORTAMENTO,pág. 1085) e a manter a saúde geral.

As tropas de eqüinos que não estiverem sendo usadas diariamente podem serconfinadas satisfatoriamente em galpões abertos. Se forem deixados cabrestos noseqüinos enquanto estiverem pastando, estes devem ser de couro; se um cabresto

mantido em um eqüino se enganchar em um objeto, o couro é mais fácil de se romperprontamente do que o náilon, o que pode evitar um trauma auto-infligido. A cerca dopasto e do curral deve propiciar um recinto seguro e livre de objetos que possamprovocar lacerações. Cercas de madeira bem construídas e de arame fortementeentrelaçados devem estar adequadas. A madeira e o arame entrelaçado devemestar presos a postes no interior do recinto. As cercas devem ter  1,5m de alturae teoricamente 3,7m de espaço entre os currais ou pastos adjacentes. Devem-seevitar cantos estreitos para prevenir lesões em outros eqüinos por parte do indivíduodominante. Deve-se evitar a superlotação para minimizar as lesões devidas a coices

e lutas.Um método importante, mas quase sempre esquecido, de prevenção de doençasconsiste em evitar a exposição. Os eqüinos são comumente misturados duranteexposições, leilões, enduros, corridas, etc. Os animais expostos dessa forma devem

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ser isolados por ≥ 2 semanas para diminuir o risco de se espalhar uma doença aosoutros animais do estábulo ou da fazenda. Deve-se também providenciar o isola-mento dos equipamentos de bebida e alimento. Da mesma forma, os tratadores queestiverem lidando com os animais isolados devem minimizar o contato com osoutros eqüinos da fazenda. Um bom controle de insetos e uma remoção apropriadado esterco também podem ajudar a evitar a propagação da doença.

Muitos acreditam que a administração rotineira de enemas suaves nos potrosrecém-nascidos seja aconselhável para evitar a retenção de mecônio (ver tambémCÓLICAS EM POTROS, pág. 207).

Vacinação

Estão disponíveis vacinas para muitas doenças infecciosas sérias, inclusivetétano, encefalomielite, influenza, rinopneumonite, garrotilho e arterite viral. As

vacinas contra encefalomielite eqüina (oriental, ocidental e venezuelana) sãoeficazes e de longa duração; produzem altos títulos de anticorpos e persistem por> 1 ano.

As vacinas contra encefalomielite eqüina são comumente combinadas comtoxóide tetânico. Recomendam-se 2 vacinações iniciais (intervalo de 1 mês),seguidas por revacinação anual. É importante que se administre a vacina antes quea estação dos mosquitos comece.

As vacinas contra influenza e herpesvírus eqüino Tipo 1 (rinopneumonite)produzem baixos títulos de curta duração ( 2 a 3 meses). Portanto, recomenda-se

vacinação freqüente para grupos de alto risco de eqüinos jovens, caso se pretendamanter a proteção. A cada 3 meses, deve-se repetir a vacinação de animais de altorisco contra influenza, utilizando-se uma vacina bivalente (vírus da influenza TiposA

1 e A

2). Não se devem administrar vacinações imediatamente antes do cumprimen-

to dos eventos devidos às reações no local de injeção. Para os eqüinos de baixorisco, pode ser adequada a vacinação anual antes da estação de monta. Devem-sevacinar os potros com3 meses de idade, seguindo-se um reforço 2 a 3 meses maistarde.

Há 2 tipos de vacinas contra o herpesvírus eqüino Tipo 1. Embora não seja

licenciada em todos os países, pode-se administrar uma vacina viva modificada,usada para prevenir as formas respiratória e neurológica da doença, inicialmente em2 doses (intervalo de 1 mês) seguidas por reforços a intervalos de 6 meses. Pode-se reduzir o intervalo para 3 meses em eqüinos de alto risco. A vacina morta, usadaprimariamente em éguas reprodutoras para evitar aborto, é administrada aos 5, 7 e9 meses de prenhez.

Os eqüinos jovens (6 meses a 3 anos) devem ser vacinados contra doençasrespiratórias comuns, como influenza e rinopneumonite, 2 semanas antes dasdatas previstas de leilões, exposições, adestramento, etc.

Recomenda-se a vacinação contra garrotilho se for provável a exposição(estábulos públicos, fazendas de reprodução, etc). Os eqüinos exigem 3 vacina-ções (intervalos de 2 semanas) durante a série inicial. A revacinação deve seranual ou em qualquer momento em que a exposição seja provável. Nos haras emque for provável a exposição ao microrganismo, devem-se vacinar as éguas pre-nhes ≥ 1 mês antes do parto. A vacinação contra arterite viral é utilizada primaria-mente em animais reprodutores, e seu uso é restrito em alguns estados americanos.A vacinação inicial deve ser seguida por um reforço anual. Devem-se vacinar todosos eqüinos reprodutores, inclusive as éguas após o parto, ≥ 3 semanas antes do

acasalamento.A vacinação apropriada é útil, mas nenhuma vacina é eficiente em todos oscasos. Tem-se que praticar constantemente um bom manejo para se prevenir oestresse, que pode precipitar doenças mesmo em animais vacinados. A vacinação

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de éguas 1 mês antes da data prevista de parto pode aumentar a proteção dospotros recém-nascidos contra infecções bacterianas e virais através dos anticorposcolostrais passivamente transmitidos. A idade dos potros à vacinação também éuma consideração importante. A vacinação muito precoce pode não ser eficientedevido à interferência dos anticorpos maternos. A duração dos anticorpos maternosem potros recém-nascidos varia para cada entidade patológica específica; portanto,as recomendações devem ser seguidas estritamente.

Controle parasitário

O parasitismo interno é um dos mais sérios dentre os problemas de doençaseqüinas. O parasitismo está comumente associado à má qualidade do pelame eamaciação generalizada, e também pode estar associado à alta incidência decólicas. Os problemas mais graves são causados pelos grandes estrôngilos e

vermes cilíndricos em eqüinos mais jovens. Os problemas menos graves sãocausados por pequenos estrôngilos, oxiúros, vermes gástricos, bernes e vermeschatos (ver também pág. 241).

O manejo dos estábulos e pastos pode ser útil no controle parasitário. As baiasdevem ser limpas regularmente e o estrume deve ser composto antes de serespalhado no pasto onde os eqüinos pastam. Os pastos não devem ficar superlotadose devem passar por rodízios regularmente. Os eqüinos jovens devem ser separadosdos mais velhos após o desmame. Os animais novos devem passar por examesfecais e receber os anti-helmínticos apropriados antes de sua adição ao pasto.

Deve-se evitar a contaminação fecal de água e alimentos.Sob muitas situações, os potros com até 1 ano de idade devem ser tratados comum anti-helmíntico eficiente em intervalos de 2 meses. O rodízio entre os diferentesgrupos de anti-helmínticos é útil para evitar o desenvolvimento de resistência. Oexame periódico das fezes pode ser útil na avaliação da eficácia do anti-helmínticoe da adequação dos procedimentos de manejo.

Transporte

Os cavalos são freqüentemente machucados durante o transporte. Muitasdestas lesões devem-se à preparação inapropriada do animal antes do carregamen-to. Os reboques e as caminhonetes devem estar livres de objetos proeminentes eter uma altura adequada. Quando apropriado, dispositivos protetores, tais comocapacetes, faixas para as pernas, botas, cobertores e faixas para a cauda podemproteger adicionalmente o animal contra traumatismos.

O feno à disposição no reboque ajuda a evitar o tédio durante o trânsito. Emviagens longas, deve ser disponível uma forração adequada (esteiras de borracha,palha, maravalhas ou uma combinação destas). Devem-se planejar paradas dedescanso apropriadas; quando as viagens forem ≥ 24h, deve-se dar uma parada dedescanso e água fresca de madrugada; nas viagens menores, deve ser adequadauma parada de descanso para esticar as pernas e tomar água fresca. Devem-seusar tranqüilizantes com cuidado, pois podem resultar em incoordenação, estaseintestinal e paralisia peniana nos garanhões. A administração de óleo mineral podeajudar a prevenir a estase intestinal durante viagens longas.

Cuidados com os dentes

Os dentes devem ser inspecionados periodicamente e nivelados quando neces-

sário. Os eqüinos jovens devem ser examinados quanto à erupção apropriada dosdentes, o coroamento dos molares superiores e outras anormalidades. Essesproblemas devem ser corrigidos tão logo quanto possível(ver ODONTOLOGIA, GR AN,pág. 137).

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Cuidado com as patas

É essencial um cuidado apropriado com as patas para se manter a saúde normaldestas e evitar a claudicação; os cascos devem ser aparados geralmente emintervalos de 3 a 6 semanas, dependendo da utilização do cavalo e da superfície do

solo em que esteja correndo. Ao se ferrar os eqüinos, o mesmo intervalo égeralmente apropriado para ferração e ajuste.As patas devem ser limpas freqüentemente. No caso dos eqüinos estabulados,

devem-se manter camas secas e limpas para ajudar a prevenir a inflamação docasco. Deve-se evitar o ressecamento excessivo dos cascos.

INTERAÇÃO MANEJO-DOENÇA: SUÍNOSO manejo apropriado pode aumentar o desempenho reprodutivo e a utilização

de alimento, bem como reduzir a mortalidade. A doença nos animais de grandeporte é quase sempre o resultado final do manejo inadequado. Independentementedo manejo, os suínos são suscetíveis a muitas infecções devastadoras; no entanto,o controle sensível de seu contato com pessoas, e a adesão ao princípio de con-finamento de rebanho minimizarão os riscos de infecção. O manejo da interação

suíno-humano-ambiente tem o maior efeito na manifestação da doença e naprodutividade. Em muitos casos, a doença clínica é meramente o indicador da falhaem uma ou mais dessas interações. O tratamento de doenças através da quimiote-rapia consiste no primeiro passo no controle da doença, mas a eliminação doproblema de manejo ou ambiental de base é o mais importante.

Ao se alojar um grande número de suínos juntos, aumentam-se as interaçõesentre suínos e entre os suínos e o ambiente, e diminui-se a interação entre o tratadore os suínos. Essas interações correspondem à base dos problemas de doença nasfazendas intensivas de suínos, e é necessário o conhecimento de suas conseqüên-

cias para se reduzir as perdas relacionadas à saúde nas empresas suínas moder-nas. Nas unidades de produção extensiva, as perdas devidas aos fatores de manejoe ambientais podem ser mesmo maiores que as ocorridas em fazendas intensivas,mas não as discutimos neste tópico.

Nas fazendas pessimamente manejadas, 30% dos suínos não sobrevivem atéo peso de mercado: 6% são natimortos; 20% morrem antes do desmame, 2% noaleitamento e 2% durante os estágios finais de crescimento de produção. A taxa denatimortos aumenta com o tamanho da ninhada (e conseqüentemente com a parida-de das porcas) e com qualquer outro fator que prolongue o parto. Já que tanto a

distribuição da capacidade de parto como a velocidade dos problemas de nascimen-to são influenciadas pelo manejo, o seu papel nos problemas de natimortos ainda temque ser investigado completamente. Existem, logicamente, algumas infecções queaumentam a taxa de natimortos, por exemplo, leptospirose, encefalomiocardite virale parvovirose.

Uma vez nascido o leitão, sua sobrevivência após os primeiros 4 dias dependede 3 fatores principais: 1. consumo adequado de energia; 2. temperatura ambienteadequada; e 3. imunidade contra colibacilose intestinal, a principal causa infecciosade diarréia nos leitões neonatos.

Já que os leitões nascem com reservas limitadas de glicogênio, necessitam dereposição e acréscimo às suas reservas de energia durante as primeiras horasde nascimento. Se não se conseguir energia (colostro), ocorrerá morte devida àhipoglicemia. A hipoglicemia(ver pág. 1322) é provavelmente a causa mais comum

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de morte de leitões. Vários procedimentos de manejo podem reduzir essas perdaspor inanição.

Os leitões que estiverem abaixo do peso médio ao nascimento apresentam umamortalidade muito mais alta que a dos suínos mais pesados. Essas perdas sãoafetadas principalmente pela variação no peso ao nascimento e na temperaturaambiente, ambas as quais podem ser alteradas por práticas de manejo. As porcasmais velhas têm ninhadas maiores e apresentam uma variação maior no peso aonascimento dentro de cada ninhada. Também há suínos pequenos em muitasninhadas de porcas mais jovens. A competição intensa entre os leitões recém-nascidos resulta em que os suínos menores sejam relegados às glândulas mamá-rias de baixa produção ou não produtoras; isso leva a uma diminuição no consumode energia, acentuação da hipotermia e hipoglicemia, e em muitos casos, à morte.A equalização dos pesos dos leitões dentro das ninhadas, através da troca de leitões

entre ninhadas nas primeiras poucas horas de vida, elimina ou reduz acentuada-mente as perdas e pode ter um efeito drástico nas taxas globais de mortalidade. Ossuínos pequenos, que possuem uma área de superfície maior por kg de pesocorporal do que os suínos maiores, sofrem grande perda de calor, são maissensíveis a baixas temperaturas ambientais e morrem de hipoglicemia mais rápidoque os suínos maiores. Os leitões devem nascer e ser mantidos por 1 semana emtemperaturas ambientais de 30 a 34°C.

Além do seu papel vital na suplementação energética, o colostro fornece aosleitões anticorpos para protegê-los contra infecções comuns. A mais comum das

infecções fatais nos leitões é a colibacilose intestinal; esta condição pode serreduzida através da vacinação da porca, a qual fornece anticorpos aos leitõesatravés do colostro e do leite.

Qualquer doença da porca que resulte em diminuição da produção de leiteaumenta a suscetibilidade à diarréia por Escherichia coli , assim como também o fazas baixas temperaturas ambientais, que retardam a motilidade intestinal (ver tam-bém MASTITE, pág. 838 e MMA, pág. 794). A passagem mais lenta do leite e de seusanticorpos através do intestino permite a adesão mais facilitada da E. coli  à paredeintestinal; então elas produzem enterotoxinas que causam excesso de secreção

das células intestinais e diarréia. Outras infecções bacterianas, notavelmente ascausadas por Streptococcus suis , podem representar problemas no período neona-tal. A grande preocupação com a imersão do cordão umbilical em iodo logo após onascimento, e da cauda após o corte, é importante para minimizar essas afecções.

Uma quantidade significativa de leitões morre por esmagamento nos primeirospoucos dias após o nascimento. É provável que a porca se deite sobre os leitões seela for desajeitada, se o ponto mais quente do cercado de parto for próximo a ela,ou se os leitões estiverem hipoglicêmicos e sonolentos. Engradados de partoadequadamente projetados e lâmpadas de aquecimento corretamente colocadas

podem minimizar as perdas por esmagamento, embora seja improvável que aseliminem completamente.Uma atenção cuidadosa a estes fatores de manejo geralmente reduz a mortalida-

de neonatal para 5 a 10%. Mesmo nos sistemas extensivos, pelo menos uma parteda mortalidade neonatal de suínos é induzida pelo manejo, e nesse sentido, evitável.

Após o desmame, poucos suínos morrem: considera-se que uma mortalidade de1 a 2% seja aceitável numa base comercial, mas consegue-se apenas 0,5%. Aprincipal doença infecciosa é a diarréia, mas a inanição e o crescimento inadequadotambém são problemas. O desmame é um período particularmente estressante

devido à alteração na dieta e também nas redondezas, e quase sempre na ordemsocial. Geralmente, quanto mais precoce o desmame, mais importante o manejo setorna. No desmame, os leitões devem ter espaço de cocho suficiente para permitirque todos comam ao mesmo tempo. Devem ter fácil e contínuo acesso a líquidos,

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mas devem ser pouco alimentados e quase sempre com alimento altamentepalatável. Teoricamente, devem ser mantidos em seus grupos de ninhada. Cada umdesses procedimentos visa minimizar as alterações de seu ambiente pré-desmame.A temperatura ambiental é crítica, e os suínos que forem mantidos em temperaturasabaixo da ideal freqüentemente sucumbem à diarréia. Dependendo da idade dossuínos a serem desmamados, deve-se manter a temperatura ambiental em 25 a27°C. O tamanho ao desmame é tão importante quanto a idade; os suínos pequenostêm maior probabilidade de sofrer inanição ou de ter diarréia devido às suas enzimasdigestivas não estarem totalmente desenvolvidas. A diarréia pós-desmame podeestar associada à imunossensibilização aos antígenos dietéticos durante o períodoneonatal, mas deve-se confirmar isso antes de se modificar as práticas de alimen-tação dos leitões. A fluidoterapia oral é um bom auxílio aos antibióticos na prevençãoe no tratamento da diarréia pós-desmame.

Em ambientes quentes, as doenças de pele, como a “doença do porco seboso”e a sarna sarcóptica, parecem ficar mais prevalentes e devem ser tratadas imedia-tamente. A infecção por Streptococcus suis  ocorre em suínos recém-desmamadose mantidos intensivamente, em especial nas situações de superlotação. A “doençado coração de amora” está se tornando mais comum onde as condições ambientaissão boas e os suínos crescem rapidamente; isto exige maior quantidade de selênioe/ou vitamina E para as porcas e, em alguns casos, injeção de selênio no desmame.

As maiores perdas econômicas devidas ao manejo inadequado ocorrem noestágio final de crescimento da produção. Doenças respiratórias, tais como rinite

atrófica e pneumonia enzoótica, e doenças intestinais, tais como adenomatoseintestinal suína e disenteria suína, reduzem significativamente a taxa de crescimen-to e a eficiência de utilização do alimento.

Com uma boa ventilação e bom espaço, os suínos de muitas varas com infecçõesrespiratórias endêmicas, como a pneumonia enzoótica, crescem a taxas quaseidênticas às das varas livres da infecção. A maioria das varas poderia melhorar aeficiência de crescimento em ambientes que permitam que os suínos contenhameles mesmos a infecção respiratória, em detrimento de ter que confiar na profilaxiaantibiótica.

A disenteria suína é uma doença onerosa que justifica os procedimentos rígi-dos de quarentena para assegurar que o microrganismo causador, a Treponema hyodysenteriae , não consiga entrar nas varas livres da doença. A maioria dasfazendas possui instalações de quarentena e procedimentos de confinamentoinadequados. Geralmente se confia no desenvolvimento e reconhecimento desinais clínicos em animais comprados. O uso de sentinelas e de exame sorológicodos animais comprados e dos sentinelas a intervalos de 3 a 4 semanas antes dapermissão para que entrem na vara principal constitui a preocupação mínimanecessária para se evitar a introdução de determinadas infecções. A prevenção da

introdução de disenteria suína, gastroenterite transmissível, campilobacteriose,sarna, estreptococose, etc., baseia-se na compra de um lote saudável de umaunidade reprodutora de reputação.

As práticas de manejo influenciam grandemente a reprodução. A simplesmanutenção de uma média ideal de idade entre as porcas beneficia a eficiênciareprodutiva, especialmente o tamanho da ninhada. Após 6 a 8 ninhadas, o númerode suínos nascidos vivos é apenas  1 a mais do que para uma marrã. Já que ocusto de alimentação de uma porca excede o de uma marrã por aproximadamenteo valor de 1 suíno, é economicamente saudável se manter na vara as porcas com

3 a 6 partos. Isso demanda uma taxa de descarte anual de

 30%; se a taxa dedescarte for maior do que esta, o tamanho médio de ninhada pode ser reduzidodevido ao número maior de marrãs; se o descarte for < 30%, o tamanho da ninhadapode ser reduzido através de um aumento nos natimortos.

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Um consumo de energia insuficiente durante a lactação resulta na redução dastaxas de concepção e subseqüente redução do tamanho das ninhadas, especial-mente entre a primeira e segunda parições. A infertilidade, nesta época, é umacausa comum de descarte. A segunda causa mais importante de descarte de porcasé a claudicação, que é quase sempre induzida pelo manejo; pisos de concretoásperos ou escorregadios, associados à umidade excessiva, podem amolecer oscascos, assim como isso também poderá ser provocado pela deficiência de biotinano início do período de crescimento.

Além da lesão traumática direta do casco, outras claudicações estão associadasa ferimentos de luta, que ocorrem ao se misturar as porcas após o desmame. Issofica especialmente comum ao se misturar pequenas porcas primíparas com porcasmaiores.

INTERAÇÃO MANEJO-DOENÇA: OVINOS

Os principais produtos dos ovinos são carne e lã; as peles e o leite são impor-tantes em algumas partes do mundo. Os ovinos são criados nos mais diferentesambientes, com grande variação na eficiência. O tipo de sistema em qualquer áreadepende de muitos fatores, incluindo raça do ovino, tipo de programa reprodutivo,

terreno, clima, disponibilidade de nutrientes, predadores, custos da terra e daconstrução, abrigo, disponibilidade de pessoal habilitado e inter-relações com osoutros sistemas de criação ou cultura.

Na América do Norte, os 4 principais sistemas de produção são: 1. confinamentototal, no qual os ovinos são confinados em instalações com controle de luz etemperatura, e com mínimo acesso aos cercados ou pastos externos; 2. semi-confinamento, no qual são utilizados prédios de frente aberta para o parto, e osovinos têm acesso ao pasto por 6 a 8 meses ao ano; 3. criação extensiva comabrigos; e 4. criação extensiva com observação mínima. O tamanho dos rebanhos

de grande porte varia enormemente e, em muitas unidades consiste em < 100ovelhas reprodutoras. Cada sistema requer diferentes práticas e controles demanejo, e o potencial de produtividade varia enormemente sobre os sistemas. Alémdisso, a incidência de doenças pode variar drasticamente dependendo do sistemade produção.

Os papéis do manejo, nutrição e doenças nos rebanhos ovinos estão intima-mente inter-relacionados; é provável que uma abordagem multifacetada epidemio-lógica para se identificar os fatores específicos que limitam tanto a saúde como aprodução, seja mais recompensadora que uma abordagem do tipo uma doença/um

agente/uma droga (ou vacina). Por isso, é provável que se mostrem efetivas asvistorias periódicas do estado de saúde do rebanho. Quando possível, os problemasdevem ser investigados do ponto de vista do rebanho, e a resolução só deve sertentada após se ter anotado uma história completa, os animais representativosterem sido examinados e os achados de laboratório ou necropsia terem sidorevisados.

A eficiência de uma criação é auxiliada pelo registro preciso dos dados de saúdee produção, garantindo-se que os animais sejam apropriadamente identificados,pesados ou anotadas as situações em certos intervalos, e que sejam registrados os

resultados dos partos, as causas das perdas e outros eventos relacionados à saúde.Para rebanhos maiores, um sistema computadorizado apresenta vantagens acen-tuadas, particularmente na detecção do desempenho abaixo do ideal e na identifi-cação dos animais para descarte. São necessárias instalações físicas adequadas

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para o encurralamento, separação, passagem, parto, exame, imersão ou aspersãocom produtos químicos e medicação de animais individualmente.

Prenhez e parto

As perdas no pré-parto (abortos) podem ser causadas por infecções, inclusivecampilobacteriose, salmonelose, toxoplasmose, clamidiose, listeriose e leptospirose.Quando houver uma história de campilobacteriose ou clamidiose, devem-se vacinaras ovelhas antes do acasalamento. É possível que os ovinos soropositivos paratoxoplasmose abortem, logo, se o despovoamento ou a remoção dos gatos foremimpraticáveis, devem-se expor as ovelhas antes de sua primeira cobertura. Asovelhas recentemente adquiridas devem parir separadamente, e as ovelhas queabortarem devem ser isoladas. Tem-se associado a listeriose à alimentação com

silagem de milho. Pode-se indicar a vacinação de ovelhas prenhes quando houverrisco de infecção no parto (por exemplo, Clostridium septicum  ou C. chauvoei ), ouquando for desejável se proteger passivamente o cordeiro recém-nascido (porexemplo, contra enterotoxemia ou tétano).

O manejo do parto é crítico para a minimização das perdas. Recomenda-se aseleção de ovelhas que possam parir sem assistência e dentro de um período curto.Dependendo da estação do ano e do abrigo, o parto pode ocorrer tanto em ambienteexterno como interno. A boa higiene ambiental é essencial para se diminuir o riscode infecções perinatais. Quando possível, os cordeiros recém-nascidos devem ter

seus umbigos cortados e imersos em solução aquosa de iodo para reduzir o riscode infecção. Devem-se examinar cuidadosamente as ovelhas quanto a mastite edesobstrução dos dutos das tetas. A inanição é um fator importante em muitasmortes de cordeiros. Se não for disponível o colostro materno, deve estar disponívelum suprimento congelado suplementar (pode-se substituir por colostro caprino oubovino), e o cordeiro deve receber 100 a 200mL, através de uma sonda gástrica,durante as primeiras 24h.

Recomenda-se um período de ligação de no mínimo 24 a 36h em pequenoscercados ou cubículos, assim como a marcação a ferro das ovelhas e cordeiros, para

se evitar problemas subseqüentes de mau reconhecimento da mãe. Várias técnicaspromovem a adoção de cordeiros órfãos (< 3 semanas de idade) por ovelhas quetenham perdido um cordeiro. Estas incluem aplicações de descargas vaginais daovelha substituta no cordeiro ou a cobertura deste com a pele do cordeiro morto. Oscordeiros fracos ou pouco ligados podem ser fatalmente feridos por ovelhasagressivas; isto pode ser minimizado pela manutenção das ovelhas e cordeiros empequenos grupos antes de transportá-los para cercados mistos maiores.

Os cordeiros excedentes podem ser criados com dietas sucedâneas do leite quecontenham 25% de gordura bruta, 25% de proteína, 25% de lactose, 6 a 7% de cin-

zas e 0,5% de fibras. Não se recomendam os sucedâneos do leite para bezerros.Os cordeiros são geralmente castrados e caudectomizados durante os primeiros10 dias de vida. São disponíveis vários métodos: seccionamento por faca, eletro-cautério e pressão por instrumentos do tipo “emasculador” ou anéis de borracha“elastiradores”. Os últimos métodos reduzem o risco de hemorragia em cordeirosmaiores, mas os anéis de “elastiradores” apresentam um risco maior de tétano.Qualquer que seja o método utilizado, são essenciais técnicas e equipamentoslimpos.

Os cordeiros são geralmente vacinados em 10 a 14 dias contra enterotoxemia

(Clostridium perfringens Tipos C e/ou D); deve-se repetir a vacinação pelo menosuma vez (2 a 4 semanas mais tarde), e preferivelmente de novo quando os cordeirospassarem para rações concentradas. Se o éctima contagioso for endêmico norebanho, deve-se administrar essa vacina logo após o nascimento.

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Perdas perinatais

A seleção para ovinos de “fácil cuidado”, que necessitam de mínima atençãodurante ou após o parto parece oferecer a melhor solução para este problema, já quea habilidade de criação é tanto copiável como congênita. Os cordeiros mortos devem

ser necropsiados para se determinar as principais causas das mortes. Provavel-mente a causa mais importante da mortalidade perinatal é o complexo exposição-mau reconhecimento da mãe-inanição, do qual o componente principal é a lesão doSNC no momento do nascimento. O parto prolongado, quase sempre um resultadode desproporção feto-pelve, parece ser uma causa importante de lesões aonascimento.

A nutrição pré-natal afeta a sobrevivência perinatal através do seu efeito no pesodo cordeiro ao nascimento. No último trimestre, a superalimentação causa um aumen-to do peso ao nascimento, particularmente no caso de um único cordeiro, e conse-

qüente distocia; a subalimentação resulta em baixo peso ao nascimento, particular-mente no caso de cordeiros múltiplos, e aumenta o risco de hipotermia. A taxa desobrevivência é maior quando o peso do cordeiro ao nascimento for de 3 a 5kg.

A tosquia providencia uma oportunidade adequada para se tratar todas asovelhas quanto aos ecto e endoparasitas, se for necessário.

A pneumonia e a enterite podem causar morbidade e mortalidade altas, particu-larmente em rebanhos criados em confinamento. Ventilação inadequada,superlotação, deprivação do colostro e condições anti-higiênicas no local do partoaumentam significativamente o risco destas doenças. Os tratamentos imediatos

com antibióticos ou coccidiostáticos auxiliam na redução das perdas.

Nutrição

(Ver também pág. 1551.) Os custos com a alimentação (ovelhas e cordeiros)constituem 60 a 70% dos gastos de produção nos sistemas intensivos, e os custosanuais de alimentação das ovelhas representam cerca de 2 ⁄ 3 destes. A alimentaçãodeve ser ajustada para o estágio de produção em questão, bem como para se atingiras metas de peso vivo predeterminadas. Por exemplo, dependendo do tipo de

ovelha reprodutora presente no rebanho, os objetivos razoáveis são 27 a 31,5kgpara o peso em um desmame aos 70 dias, 50 a 60kg na cobertura para ovelhas jovens e 64 a 73kg na cobertura para ovelhas com 18 meses de idade (ou 2dentes).

Os programas computadorizados para a formulação de rações de baixo custoestão se tornando mais largamente utilizados nas criações intensivas. Nas criaçõesextensivas, a utilização de forragens e técnicas de pastejo apropriadas, tais comoo uso de cercas elétricas, pode aumentar significativamente a produção por área daunidade. Devem-se notar quaisquer plantas venenosas na área e tomar as precau-

ções apropriadas, particularmente quando a pressão de pastejo e as influênciassazonais puderem aumentar os riscos potenciais.No final da gestação, a cetose (toxemia da prenhez) é uma importante causa de

perdas, tanto em ovelhas como em cordeiros, particularmente nas ovelhas queestiverem demasiadamente gordas ou magras no início da prenhez, ou que estiveremportando fetos múltiplos. Deve-se introduzir as ovelhas a concentrados ou forragens dealta qualidade nas últimas 6 semanas de prenhez e alimentá-las pelo menos diariamen-te para se evitar a acidose ruminal. Deve-se providenciar espaço de cocho adequadoe pode ser conveniente a separação das ovelhas em piores condições e dos animais

“ariscos” do resto do rebanho. No entanto, é mais provável que as ovelhas gordasexperimentem distocias ou prolapsos vaginais no momento do parto.Teoricamente, os cordeiros devem ter acesso a um bom pastejo baseado em

leguminosas ou receber alimentação de confinamento desde a tenra idade. A

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alimentação de confinamento pode ser encorajada utilizando-se uma ração palatávelrica em proteínas em uma área bem iluminada com várias aberturas para cordeiros.Recomenda-se a medicação com lasalocid (15 a 70mg/cabeça/dia) para se reduziro risco de coccidiose.

Após o desmame, os cordeiros são destinados para o abate com pesos vivosvariados (até 54kg) ou para a substituição de reprodutores. Os criadores extensivosquase sempre vendem cordeiros como animais de engorda para subseqüenteterminação em propriedades de engorda. Os animais recentemente transportadosexigem adaptação cuidadosa ao seu novo ambiente; devem-se considerar estaçãodo ano, origem geográfica e distância viajada, clima e abrigo disponível. Se não sepuder terminar os cordeiros e vendê-los antes do tempo quente, é melhor tosquiá-los. Os animais devem ser gradualmente ajustados à ração concentrada, para seevitar a acidose ruminal (ver SOBRECARGA POR GRÃOS, pág. 210). Ionóforos na ração

podem ajudar nesse aspecto. Para o crescimento máximo, é desejável um supri-mento de água não tratada, acessível e de livre acesso. Os animais de engordarelutantes ou os animais doentes devem ser separados e tratados apropriadamente.

Após o desmame, as ovelhas necessitam recuperar o peso perdido durante alactação e manter o crescimento da lã. As ovelhas e carneiros mais velhos ou maismagros devem ser alimentados separadamente. Os aditivos alimentares sãoutilizados, a fim de se promover crescimento em cordeiros em terminação; estesincluem antibióticos, ionóforos e agentes anabolizantes. Devem-se observar osperíodos de repouso de medicação recomendados antes de se abater os animais.

Nos carneiros castrados e nos inteiros em terminação, e ocasionalmente nosanimais mais velhos, a urolitíase pode ser um problema significativo, especialmentese forem oferecidas rações altamente concentradas com proporções inapropriadasde cálcio: fósforo. Devem-se ajustar as últimas em 2:1 com calcário em pó, adicionarum acidificante urinário, como o cloreto de amônio, à ração (0,2 a 0,5%) e oferecerágua à vontade.

Geralmente, os ovinos são suplementados com sal mineral grosso à vontade;incorporam-se comumente selênio e iodo. O cobre também pode ser necessário,mas ovinos de todas as idades são altamente suscetíveis à intoxicação por cobre

e, como no caso do selênio, deve-se definir a necessidade antes de se fazer aadição.Pode-se minimizar a mastigação de lã em cordeiros ou ovinos adultos sob

condições de confinamento, providenciando-se mais forragens, como o feno decabo longo.

Procedimentos de controle das doenças infecciosasOs programas de vacinação devem considerar as probabilidades das doenças

ocorrerem tanto na fazenda como na área geral, os custos da vacinação e a

categoria de animais a ser protegida (adulto, feto ou recém-nascido). As seguintesvacinas, bacterinas ou toxóides, estão geralmente disponíveis, tanto isoladamentecomo em várias combinações: o toxóide contra Clostridium tetani , especialmentepara proteger cordeiros jovens após a caudectomia e a castração; os toxóides contraC. perfringens (Tipos C e D) para proteger passivamente os cordeiros recém-nascidos ou ativamente os cordeiros mais velhos; a vacina contra Bacteroides nodosus  para evitar a podridão dos cascos contagiosa em todas as faixas etárias;as bacterinas contra Campylobacter fetus para evitar aborto no final da prenhez; avacina contra Chlamydia psittaci  para evitar o aborto enzoótico ovino no final da

prenhez; a vacina contra Brucella ovis para evitar epididimite; a vacina (viva) contraéctima contagioso para evitar a doença em cordeiros e adultos; a vacina contra raiva(inativada); a vacina (viva modificada) contra língua azul para uso em áreasendêmicas; e as bacterinas contra Corynebacterium ovis.

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As vacinas com o uso pretendido para outras espécies são ocasionalmenteutilizadas nos ovinos, por exemplo, as bacterinas contra Leptospira  spp e a vacina(viva) contra parainfluenza 3. Estão disponíveis bacterinas contra Listeria monocytogenes  para uso experimental.

Cuidado com as patasA pododermatite infecciosa (ver pág. 652) é uma das doenças de ovinos mais

difíceis de se controlar ou erradicar. Um sistema regular de cuidados com as patas,incluindo aparas e inspeção de qualquer deficiência, faz-se necessário para adetecção precoce. Os rebanhos não infectados devem ser protegidos por isolamentoe inspeção cuidadosa de quaisquer animais introduzidos. Os abscessos podais,geralmente em um dígito, são relativamente comuns em alguns rebanhos, eprecisam ser diferenciados da pododermatite infecciosa.

Parasitismo

As práticas de manejo relativas ao controle tanto de endo como de ectoparasitassão componentes integrais de qualquer sistema de criação de ovinos. A prevalênciae a epidemiologia das espécies parasitárias variam grandemente, dependendo doclima, região geográfica e sistema de produção (ver também págs. 116 e 250).

Práticas de descarte e compra

Considerando-se que os registros adequados estejam disponíveis e que osanimais adultos sejam identificáveis, o descarte dos animais excedentes, geralmen-te após o desmame, torna-se uma importante prática de manejo. A habilidade deuma ovelha em parir sem assistência 2 ou mais cordeiros e em criá-los até odesmame com êxito, deve assegurar a sua permanência no rebanho. Emboraovelhas mais jovens possam produzir mais cordeiros que as mais velhas, as últimassão geralmente melhores mães e, especialmente sob sistemas de confinamento ousemiconfinamento, podem reproduzir com sucesso até os 8 a 10 anos de idade. Odescarte sistemático de ovelhas inferiores e idosas, e a permanência de ovelhas

 jovens superiores mantêm o rebanho permanentemente jovem.As indicações para descarte incluem anormalidades do úbere (por exemplo,mastite, tetas obstruídas, lesões), problemas na boca ou nos dentes (por exem-plo, perda dos incisivos, uso excessivo ou anormal dos incisivos, prognatismo ouagnatismo, doença periodontal) e problemas reprodutivos (por exemplo, distociasrepetidas, prolapsos vaginal ou uterino). As ovelhas que abortam, especialmente asmais jovens, também podem ser mantidas na suposição de que desenvolverãoalgum grau de imunidade para qualquer que seja o agente que possa ter estadoenvolvido, embora deva-se procurar a causa se os abortos forem mais que

esporádicos. É melhor descartar os carneiros com evidências de epididimiteinfecciosa, assim como os animais com problemas podais crônicos.As ovelhas ou carneiros de reposição são melhor comprados diretamente da

fazenda de origem. Se estiver comprando um grande número de animais, deve-seexaminar cuidadosamente uma amostra aleatória e ter atenção a quaisquer anor-malidades dos dentes, pés ou úberes. Recomenda-se um período de quarentena de1 mês para os recém-chegados, durante o qual os animais podem ser tratadosquanto a parasitismo, tosquiados, se necessário, e observados quanto a sinais dedoenças infecciosas.

Controle de predadores

A indústria ovina tem de enfrentar a predação tanto por parte de animaisselvagens como por parte de animais domésticos. Embora nenhum método de

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controle isolado seja universalmente efetivo, têm-se desenvolvido e avaliado váriastécnicas: as 2 mais promissoras são cercas elétricas e cães de guarda de gado. Asprimeiras, se projetadas e operadas apropriadamente, apresentam excelentepotencial para a expulsão de predadores; o uso de cães parece obter mais sucessoem rebanhos < 1.000 ovinos, e até menos quando os ovinos ficarem largamentedispersos.

INTERAÇÃO MANEJO-DOENÇA:PEQUENOS ANIMAIS

Um manejo apropriado visando a prevenção e o controle das doenças é tãoimportante em cães e gatos como em qualquer outra espécie; não é menos impor-tante para o proprietário de 1 ou 2 animais de estimação do que para o proprietáriode um canil ou gatil. No entanto, o animal de estimação mantido em casa freqüen-temente divide a residência com o proprietário, e geralmente não está sujeito àgrande variedade de fatores ambientais que podem afetar uma população mantidaem canil.

O proprietário de um animal de estimação mantido em casa deve ser instruídoquanto às responsabilidades básicas que deve ter com seu animal: 1. cuidado e

limpeza rotineiros; 2. medicina preventiva; 3. controle parasitário; 4. nutrição; 5. bomsenso na prevenção de acidentes e riscos domésticos; e 6. necessidades ambien-tais e de alojamento.

O cuidado de rotina é um auxílio à boa saúde; a atenção pessoal durante alimpeza do animal proporciona ao proprietário uma oportunidade de avaliar acondição geral, detectar lesões de pele, etc. Deve-se ter atenção com relação aopelame, ouvidos, unhas e dentes. Se as unhas não forem aparadas periodicamente,podem fazer com que as patas se desviem ou causar desconforto; as unhasexcessivamente longas podem perfurar os coxins das patas e causar claudicação.

Medicina preventiva  – A maioria dos animais de estimação corre o risco deexposição a várias doenças infecciosas. Os cães devem ser vacinados contracinomose, hepatite, leptospirose, parvovirose, coronavirose, raiva e traqueobron-quite; e os gatos devem ser vacinados contra panleucopenia, rinotraqueíte viral,calicivirose, leucemia e raiva. As doenças exatas e o esquema de imunizaçãovariam com o risco, o estado imunológico da mãe, etc.

O controle de parasitas é especialmente importante nos filhotes; as infecçõesintestinais adquiridas in utero  ou na amamentação podem ficar muito fortes com 3a 4 semanas de idade. A ativação das larvas hipobióticas na mãe torna a infecção

virtualmente certa. Os ectoparasitas podem causar doenças severas, ou servircomo vetores de outras. Recomendam-se exames fecais periódicos e um forteprograma preventivo baseado na higiene. Em áreas endêmicas, é essencialum programa preventivo contra vermes cardíacos.

A nutrição é quase sempre muito pouco entendida pelos proprietários; emboramuitos sirvam dietas comercialmente preparadas, outros servem apenas restos,outros supersuplementam a dieta e outros ainda (com boas intenções mal orienta-das) restringem a dieta a uma única categoria, por exemplo, peixes ou vísceras. Amá nutrição prolongada causa manifestações clínicas variadas, dependendo dos

nutrientes envolvidos. Os sinais são geralmente encontrados primeiro na pele epelame e no sistema ósseo.São disponíveis dietas especialmente formuladas para circunstâncias parti-

culares (crescimento, estresse, lactação, etc.). Pode-se tratar a síndrome urológica

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felina com controle dietético. Alguns cães são predispostos à dilatação gástrica edevem-se aconselhar os proprietários acerca do relacionamento espacial entreingestão, exercício e dilatação. Alterações súbitas na dieta quase sempre causamuma diarréia transitória.

A qualidade da água é quase sempre ignorada, pois muitas áreas estão sobsistemas municipais de suprimento de água cuidadosamente controlados. No en-tanto, não se deve fazer vistas grossas quanto à análise da água ao se tentar de-terminar a causa de doença em um canil ou gatil. Em alguns canis, têm-se incri-minado níveis excessivos de nitratos. Também podem ser indicados os metaispesados e os resíduos de pesticidas.

Riscos domésticos – Devem-se lembrar os proprietários dos perigos potenciaisóbvios no caso dos animais de estimação terem acesso a fios elétricos, despensadoméstica, plantas venenosas, etc. Os riscos menos óbvios podem incluir pisos e

escadas escorregadios, que podem exacerbar afecções artríticas ou dificuldadeslocomotoras.As necessidades de alojamento são mais aplicáveis em um canil ou gatil; um

projeto ou construção inapropriados podem causar uma miríade de problemas. Aboa ventilação é essencial: o complexo respiratório felino e a traqueobronquiteinfecciosa canina são comuns em populações confinadas, mas a incidência édrasticamente mais baixa quando a ventilação é adequada.

As superfícies porosas são difíceis de se limpar e podem albergar agentesinfecciosos, inclusive ovos de parasitas, assim como também urina ou agentes de

limpeza, que podem irritar a pele. As superfícies do alojamento devem providenciarboa drenagem e, teoricamente, providenciar apoio seguro para as patas, mas nãodesgastar os coxins das patas. As grandes raças de cachorros são propensas aodesenvolvimento de higromas sobre as proeminências ósseas quando não seprovidenciar cama macia. Semelhantemente, as gaiolas não têm de ser porosas etêm que ser limpas facilmente; o piso deve ser tal que as unhas e os coxins das patasnão se rasguem ou fiquem presos. Os cães confinados em piso de arame freqüen-temente desenvolvem cistos interdigitais. Algumas superfícies, gaiolas e tigelas decerâmica polidas pintadas podem conter chumbo e eventualmente resultam em

envenenamento por chumbo.

MANEJO DA REPRODUÇÃO: BOVINOS*

Pode-se melhorar o desempenho reprodutivo através da identificação adequa-da de animais; da manutenção de registros que permitam a determinação de índices

importantes do rebanho, tais como porcentagem de produção de bezerros, taxa deprenhez, extensão da estação de partos, taxas de descarte, mortalidade dos be-zerros, eficiência reprodutiva dos touros e informações sobre o desempenho daprodução; do fornecimento das exigências nutricionais das várias categorias deanimais do rebanho, enfatizando as necessidades nutricionais e o rendimento doscustos; do estabelecimento de um programa de acasalamentos para novilhas dereposição e vacas; da prática de seleção e manejo reprodutivo de touros; da adoçãode um programa de imunização para o rebanho de vacas/bezerros, touros e

* Adaptado de um esforço conjunto da “National Cattlemen's Association” e da “AmericanAssociation of Bovine Practitioners”, ambas dos EUA.

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bezerros; da avaliação de todos os abortos; da atenção cuidadosa aos partos; dofornecimento de instalações adequadas; e do asseguramento de que o bezerro sejabem cuidado ao nascimento e de que receba quantidade adequada de colostro.

A média nacional (EUA) de reprodução de bezerros é de  70%. Um objetivoimportante e realístico de todo criador de vacas/bezerros e de gado leiteiro deveser alcançar ou negociar 95 bezerros por 100 vacas, todo ano. É imperativo que osistema de manutenção de registros funcione, para que se consiga progresso nodesempenho reprodutivo. Os registros que permitem o cálculo de índices do re-banho, tais como taxa de prenhez, extensão da estação de partos, taxa de descartee mortalidade dos bezerros, são valiosos para a avaliação do desempenho e paraa determinação das alterações necessárias. A identificação individual dos animaisé igualmente importante no descarte e na seleção.

NUTRIÇÃOA nutrição é o fator de manejo mais importante na manutenção da desejada e

curta estação dos partos, todos os anos, nos rebanhos reprodutores de corte. Onutriente limitante relacionado à reprodução do gado de corte é geralmente aenergia, mas essa não é tão significativa no gado leiteiro, já que a maioria éalimentada com rações que suprem a energia adequada durante a lactação. O nívelde energia antes do parto influencia primariamente quando uma vaca retorna aoestro, enquanto o nível de energia após o parto influencia primariamente a taxa deconcepção. As necessidades alimentares variam durante o ciclo reprodutivo (verEXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DO GADO DE CORTE, TABELA 14, pág. 1432).

Período 1 (intervalo do parto ao acasalamento – 82 dias) é o período de maiordemanda nutricional. A vaca está em produção leiteira máxima, recuperando-se doestresse do parto e espera-se que no final do período esteja pronta para acasalar.

Período 2 (intervalo do acasalamento ao desmame do bezerro – 123 dias [vacasde corte]). Os períodos 2 e 3 se sobrepõem nas vacas leiteiras e não são tãofacilmente separados como no gado de corte. A vaca de corte deve ganhar pesoenquanto ainda estiver lactando. Embora algumas vacas leiteiras mantenham o

peso corporal, a maioria das grandes produtoras perde peso durante este período.Período 3 (do desmame até 50 dias antes do parto – 110 dias). A vaca de cortetem apenas que manter sua condição e desenvolver um feto. Suas necessidadessão as menores de todos os estágios do ciclo. A vaca leiteira deve ganhar pesocorporal durante os últimos meses de lactação.

Período 4 (um estágio crítico que precede o parto – 50 dias). Setenta e cinco porcento do crescimento fetal ocorre durante os últimos 50 dias de prenhez. A condiçãoda vaca ao parto é crítica para o reacasalamento; o início do estro após o parto ficaatrasado nas vacas que perdem peso ou que são magras e não ganham peso

durante o final da prenhez.A vaca leiteira (ver EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DO GADO LEITEIRO, pág. 1435) égeralmente alimentada visando-se uma produção máxima de leite por todos os seus10 meses de lactação. Admite-se que ela perderá peso durante lactação pesada ereobterá a perda durante o restante da lactação. Não se deve superalimentar a vacaleiteira durante o período de não lactação devido à síndrome da vaca obesa (verpág. 536).

A quantidade de alimento necessária à vaca por libra de bezerro desmamadoé razoavelmente constante, embora vacas maiores requeiram mais alimento que

as menores. As vacas que dão mais leite requerem mais alimento com alto nívelde proteínas. Produz-se um aumento da secreção de leite à custa da reprodu-ção, quando o alimento não for adequado para o suprimento de todas as neces-sidades.

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As necessidades de proteína do gado jovem em crescimento e das grandesprodutoras de leite são quase sempre um fator limitante, ao passo que as vacassecas adultas são quase sempre superalimentadas com proteínas. As novilhas têmde ser alimentadas adequadamente do desmame ao acasalamento caso sepretenda que pairam aos 2 anos de idade.

Para se realizar um serviço apropriado no fornecimento das exigências nutricio-nais essenciais durante vários estágios do ciclo reprodutivo, devem-se submeter asprincipais forragens e os grãos cultivados à análise para se monitorar o verdadeiroteor nutricional e o valor real em dólares. A variação na quantidade de mineraisvestigiais é comum entre e dentro de áreas geográficas diferentes, o que favorecea necessidade do uso de informações de análise alimentar específica.

Os 2 sistemas utilizados na determinação dos níveis energéticos da ração sãoo Sistema de Nutrientes Digestíveis Totais e o Sistema de Energia Líquida da

Califórnia. Ambos são comumente utilizados, e a sua utilização deve ser ajustadapara se adaptar à operação individual (para as exigências nutricionais de vacas devários pesos e por período, ver TABELA 16, pág. 1437).

Mesmo dentro das categorias de exigências nutricionais, os bovinos se benefi-ciam da alimentação e do manejo em subgrupos: as novilhas de pouco peso aodesmame precisam ganhar mais que as novilhas mais pesadas para alcançar apuberdade na estação de acasalamento; as novilhas primíparas requerem aten-ção especial tanto de um ponto de vista de energia como de competição, caso sepretenda que reacasalem. Estas novilhas ainda estão em crescimento, bem como

em lactação, e podem não ter capacidade ruminal para suprir suas necessidadesenergéticas pós-parto somente com forragem. Pode-se necessitar de alimentaçãosuplementar com alimentos ricos tanto em energia como em proteínas para asnovilhas primíparas para render um ótimo potencial reprodutivo. Muitos criadoresdesmamam os bezerros de novilhas de corte primíparas 30 a 40 dias mais cedo queos das vacas do rebanho principal, para permitir às novilhas mais tempo paracrescerem e se recuperarem das exigências associadas à lactação.

As vacas magras, velhas e pequenas podem não competir favoravelmente comvacas mais pesadas dentro do mesmo rebanho e quase sempre se beneficiam ao

serem alimentadas como um subgrupo separado.O gado leiteiro lactante é geralmente alimentado de acordo com a produção deleite. Pode ser alimentado com concentrado em uma base individual ou pode serdividido em grupos de acordo com a produção de leite e alimentado com uma raçãocomercial completa apropriada.

PROGRAMA DE ACASALAMENTO – NOVILHAS DE REPOSIÇÃO E VACAS

Caso se pretenda que uma vaca tenha partos consistentemente, ela tem de parir

precocemente seu primeiro bezerro. A puberdade é uma função da raça, idade epeso. As novilhas que são acasaladas aos 14 meses e parem aos 23 mesesapresentam 2 vantagens: 1. conseguem maior atenção ao parto antes que o re-banho principal comece a parir; e 2. apresentam um tempo extra necessário parareacasalar. No caso das novilhas que acasalam aos 14 meses, devem ser mantidasem pelo menos 65 a 75% de seu peso adulto projetado; assim sendo, a nutriçãoadequada da novilha em crescimento é de grande importância. A estação deacasalamento das novilhas de corte virgens deve começar 3 semanas antes dorebanho de vacas principal. Já que o gado leiteiro pare o ano inteiro, as considera-

ções anteriores não se aplicam a ele.Para compensar a taxa de desgaste maior geralmente experimentada pelasnovilhas virgens, deve-se acasalar um número maior que o necessário. Custosde suplementação de energia, proteínas e minerais, taxas de lucro e valor

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esperado das novilhas excedentes têm de ser considerados ao se tomar essasdecisões.

Irregularidades do estro e do anestro

Obviamente, não haverá acasalamento se a vaca estiver em anestro ou se o estronão for detectado. O anestro ou ciclos estrais irregulares na vaca podem resultar demuitos fatores, inclusive manejo ou nutrição precários, doenças, lesões ou distúr-bios nas funções endócrinas. A falha na observação do estro é um dos maisimportantes fatores de manejo em rebanhos artificialmente acasalados. A duraçãomédia do estro é de 18h, mas em muitas vacas é sensivelmente mais curta. Umprograma sistemático de observação de vacas no estro torna-se importante casoqueira que acasalem no momento certo. Um criador tem que estar familiarizado comos sinais de estro. Vacas que receberam um androgênio, bezerros ou touros alte-rados para não poderem inseminar vacas constituem excelentes detectores de estroe são utilizados em muitos rebanhos artificialmente acasalados. Os auxílios nadetecção do cio, tais como marcações com giz na ponta da cauda, um dispositivopreso à ponta da cauda da vaca que revela quando outras vacas estiverem mon-tando ou uma sonda vaginal que mede a condutividade elétrica no muco vaginal,são acessórios valiosos em um programa de detecção de cio. O acesso acidentalde touros às vacas e a falha em manter registros apropriados de acasalamentoquase sempre resultam em prenhez sem uma história de monta.

O cio silencioso se refere ao desenvolvimento folicular e ovulação normais sem ossinais comportamentais do estro; sua freqüência diminui à medida que a lactaçãoprogride, de tal forma que a incidência torna-se baixa no quarto mês pós-parto. Asvacas que tiverem cios silenciosos verdadeiros podem ser detectadas apenas pelapalpação retal dos ovários ou pelo uso de um  teste de progesterona no leite ou plasma.

As alterações clínicas de 21 dias no ovário, particularmente nos 3 a 4 dias antesda ovulação, o momento da ovulação, ou 3 a 4 dias após a ovulação podem sergeralmente reconhecidas e o momento do ciclo pode ser estimado. O corpo lúteo(CL) regride 1 a 2 dias antes do início do estro; torna-se menor em tamanho e muda

de uma consistência de diestro, semelhante ao fígado, para uma consistência maisfibrosa. O estro é determinado pela presença de um folículo palpável, um corpo lúteoinvoluído ou ausente e um tono uterino firme. A mucosa vaginal fica edemaciada, acérvix relaxada e hiperêmica, e uma quantidade variável de muco seroso límpido éfreqüentemente observada na vulva, que fica intumescida e inchada. O período pós-ovulatório imediato caracteriza-se pela descarga de muco sanguinolento e ováriocom um corpo hemorrágico, identificado à palpação como uma área macia no ová-rio (5 a 15mm de diâmetro). O CL é detectável em torno do quarto ou quinto diascomo uma estrutura pequena e um tanto mais macia do que o CL maduro, que atinge

o tamanho máximo ao redor do sétimo dia.Durante quase metade do ciclo, o examinador pode predizer o próximo estro comprecisão razoável. Portanto, a vaca pode ser observada atentamente para o próximoestro previsto. Nas vacas que estiverem atingindo a ovulação, pode-se estimar omomento apropriado e as vacas acasaladas independentemente de apresentaremsinais comportamentais ou não. Se a estimativa estiver errada e a vaca exibir sinaisalguns dias mais tarde, pode ser reacasalada. Já que essas vacas apenas nãoapresentam sinais comportamentais de estro, não se indica tratamento endócrino.

Têm-se desenvolvido regimes para a administração de prostaglandinas e seus

análogos para sincronizar o estro e reduzir a dependência na observação. Asprostaglandinas são efetivas apenas se uma vaca tiver um CL funcional. Para asincronização do estro, administra-se prostaglandina ou seu análogo a todos osanimais. Naquelas que estiverem nos dias 5 a 18 do ciclo, o CL regredirá e ocorrerá

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estro em 2 a 7 dias. As outras podem ter estado em estro recentemente ou estarãoem poucos dias. Onze dias mais tarde, todos os animais estarão entre os dias 5 e18 de seu ciclo e administra-se prostaglandina pela segunda vez. A maioria dosanimais estará no estro em 2 a 3 dias e ovulará em 4 a 5 dias. Ou se realiza oacasalamento baseado nos sinais de estro, ou as novilhas são acasaladas uma vezem 60h e as vacas lactantes uma vez em 72h após a injeção de prostaglandina.

Um CL cístico não constitui uma causa de anestro; apenas 25% das vacas comfolículos ovarianos císticos são anéstricas.

Sob determinadas circunstâncias, encontram-se ovários não funcionantes. Po-dem ser reconhecidos como estruturas lisas, pequenas e em forma de feijão em umúnico exame ou não revelam nenhuma atividade ou alteração após vários examesdentro de um período de 3 semanas. A causa mais comum é o baixo consumo deenergia total durante o fim do inverno.

O estresse de uma doença crônica ou grave, lesão ou tumores ovarianos podeinterromper a atividade ovariana e resultar em anestro. Os defeitos congênitos, taiscomo bezerros estéreis e hipoplasia ovariana, resultam em insuficiência estral. Otratamento dos ovários inativos consiste na correção da causa básica; geralmentenão respondem a um tratamento com hormônios esteróides ou gonadotróficos.

MANEJO REPRODUTIVO DO TOURO

Um objetivo desejável para os produtores de carne consiste em que 95% daprodução de bezerros se situe dentro de 45 a 65 dias, com a obtenção de peso idealao desmame e custo mais eficiente. Seleção de touros, manejo e avaliação dodesempenho são aspectos integrais do melhoramento da carne. O touro pode afetara porcentagem de partos tanto quanto a qualidade dos bezerros. Recomenda-se ouso de touros com desempenho testado (de corte e leiteiros) tanto para o acasalamentonatural como para a inseminação artificial.

Todos os touros devem estar na propriedade 2 meses antes da estação deacasalamento para permitir que se adaptem ao ambiente. Recomenda-se o isola-mento de todas as novas aquisições ao rebanho (touros ou vacas) para adaptaçãoe preparação apropriadas. Deve-se realizar um exame de vigor reprodutivo, que

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TABELA 5 – Programa de Controle de Doenças Recomendado para Touros

Doenças aserem verificadasantes da utilização Doenças contrado touro as quais se vacinar Exame de vigor reprodutivo

Brucelose, RIB, DVB, grupo da Examinar no período maistuberculose, clostridiose, Haemophilus , economicamente vantajosoparatuberculose campilobacteriose-leptospirose para o criador (geralmente(em rebanhos 1 mês antes do início dalivres desta estação de acasalamento);doença) Administrar aos 6 meses e 1 ano ver detalhes a seguir

de idade. Repetir anualmente,1 mês antes da estaçãode acasalamento

Os touros previamente usados em outros rebanhos, particularmente em rebanhos onde o

estado da doença não é conhecido, podem disseminar várias doenças, particularmentecampilobacteriose e tricomoníase. Tais animais devem ser examinados para estas doençasbem como para aquelas mencionadas anteriormente. RIB = rinotraqueíte infecciosa bovina;DVB = diarréia viral bovina.

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consista em exame físico completo, medição dos testículos e exame microscópicodo sêmen  1 mês antes da estação de acasalamento (ver também pág. 1326).

Durante a estação de acasalamento, deve-se observar atentamente o touroquanto ao comportamento de cruza. A recomendação padrão é de 25 vacas para1 touro de 1 a 2 anos de idade. Existem algumas variações nesta proporção quedependem do vigor reprodutivo e da libido individual dos touros, das diferenças noterreno e da extensão da estação de acasalamento.

A perda de peso que ocorre nos touros durante a estação de acasalamento deveser restaurada durante o período de inatividade, mas deve-se evitar o supercondi-cionamento.

ACASALAMENTO

A inseminação artificial (IA, ver adiante) tem estado disponível há algum tempo;

é amplamente utilizada no gado leiteiro e progressivamente no gado de corte.Obtêm-se resultados satisfatórios quando o programa nutricional e a detecção decio forem administrados apropriadamente. A falha na detecção do estro é a principalrazão de uma IA sem sucesso. Ao se inseminar apropriadamente as vacas comsêmen de boa qualidade em momento apropriado, 50 a 60% delas emprenham naprimeira aplicação, e a mesma porcentagem na segunda.

Utiliza-se freqüentemente a transferência de embriões (ver pág. 1334) paraaumentar o número da progênie das vacas leiteiras e de corte mais valiosas.Também estão sendo desenvolvidas a clonagem de embriões e a determinação dosexo de espermatozóides e embriões, e estas podem logo estar sendo adaptadaspara o uso no campo.

Antes do acasalamento, devem-se considerar os seguintes pontos: 1. devem-seacasalar as novilhas de acordo com o tamanho e a idade à puberdade; no primeiroacasalamento, devem ter 65 a 75% de seu peso corporal adulto projetado; 2. oprograma de acasalamento pode compreender tanto IA como monta natural. A IAoferece um limite de touros que geram bezerros que apresentam baixos pesos aonascimento. A seleção de touros de coberturas naturais deve se basear no tamanhoprovável do bezerro ao nascimento; o próprio peso ao nascimento do touro (não seupeso adulto) é um parâmetro útil; 3. a sincronização de cio de novilhas e vacas é hojepossível, mas tais programas dependem de manejo e cooperação adequados.Também torna-se essencial uma mão-de-obra suficientemente capacitada paraauxiliar durante o acasalamento e o parto.

Inseminação artificial

Nos bovinos, utiliza-se a IA primariamente para o melhoramento genético dogado, embora existam várias outras condições que justifiquem seu uso. A adoção

ao redor do mundo da IA para melhoramento genético do gado leiteiro tornou-sepossível através do desenvolvimento de um sistema de teste de progênie e asubseqüente utilização de registros de produção de leite como uma medida objetivado desempenho na qual se separam touros superiores, da técnica de congelamentode sêmen e dos refrigeradores de estocagem de nitrogênio líquido.

O desenvolvimento de sistemas objetivos de medição das características econô-micas no gado de corte, tais como taxa de crescimento, conformação e composiçãode carcaça e eficiência de conversão alimentar, e conseqüentemente uma seleçãomais precisa de pais, leva a um aumento no emprego de IA em gado de corte. À

medida que o controle do ciclo estral está se tornando prático, tem aumentadogradualmente o uso de IA no gado de corte.O processamento de sêmen congelado é uma técnica altamente especializada.

É importante atenção aos detalhes de cada passo para se manter a qualidade do

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sêmen. Existe uma variação entre os touros quanto à congelabilidade do sêmen.Porém, o sêmen de alta qualidade geralmente congela bem. Obtêm-se os melhoresresultados quando o sêmen é processado em um laboratório apropriadamenteequipado, por pessoal experiente, em um centro de IA.

Coleta e manipulação da amostra de sêmen –  (Ver pág. 1329.) A vaginaartificial é o método de escolha. A eletroejaculação e a massagem das vesículas eampolas seminais podem ser utilizadas em circunstâncias especiais. Desde que aamostra seja de alta qualidade, a congelabilidade e a fertilidade devem ser normais.Não se devem utilizar estas técnicas se o touro não for capaz de cobrir por razõesque poderiam ser genéticas.

A maior parte da IA em bovinos é hoje realizada com sêmen congelado. O sêmencongelado pode ser mantido por anos, e os diluentes permitem que mais doses deinseminação sejam processadas a partir de uma coleta de sêmen, mantêm sua

fertilidade por mais tempo, protegem os espermatozóides de alterações súbitas depH e temperatura, e prolongam sua viabilidade. Geralmente se dilui o sêmen comgema de ovo tamponada com citrato ou leite desnatado tratado pelo calor, maisglicerol, açúcares, enzimas e antibióticos. A diluição final destina-se a embalar0,5mL de sêmen que contenha 20 a 30 milhões de espermatozóides no momentode congelamento.

Os diluentes são freqüentemente divididos em fração A e fração B. A diluiçãoinicial do sêmen é feita com a fração A na mesma temperatura, por exemplo, 30°C.O sêmen diluído é então resfriado a 5°C durante 40 a 50min ou mais lentamente. A

manutenção do sêmen diluído nesta temperatura por 3 a 4h permite que osantibióticos na fração A completem sua ação antes de serem inibidos pelo glicerol,que é um crioprotetor. A fração B contém glicerol (por exemplo, a 14%) e éadicionada a 5°C em quantidade igual à do sêmen diluído. Cada centro de IA temseus próprios diluidores e procedimentos de processamento padrão. Pode-seutilizar o glicerol (11 a 13%) com diluentes baseados em leite. Recomendam-se 4a 18h de estocagem a 5°C antes do congelamento.

Para o congelamento, o sêmen de touro é geralmente embalado em palhetas deplástico (0,25 ou 0,5mL) apropriadamente identificadas. Hoje se conhecem as taxas

de congelamento ideais para muitas células, e os espermatozóides podem suportaruma ampla variedade delas. Na prática, congela-se o sêmen diluído em vapor denitrogênio líquido antes de mergulhá-lo em nitrogênio líquido a –196°C. O armaze-namento em tanques de nitrogênio líquido é seguro por ≥ 20 anos, e o sêmen étransportado em tais tanques. O nível de nitrogênio líquido nos tanques tem de sermonitorado para se evitar perdas de sêmen, que podem ocorrer se o tanque ficardefeituoso.

Já que os espermatozóides não sobrevivem muito tempo após o descongelamen-to, deve-se usar o sêmen imediatamente. É melhor se descongelar o sêmen tão

rapidamente quanto possível, sem danificá-lo por superaquecimento. Na prática,podem-se descongelar as palhetas em água morna (35 a 36,5°C) por ≥ 30s, mas não> 15min. Devem-se seguir as recomendações do laboratório que processou o sêmen.

Procedimento de inseminação – O método retovaginal é hoje quase queexclusivamente utilizado. Após uma limpeza completa da genitália externa comtoalhas descartáveis, introduz-se uma mão (com uma luva descartável) no reto esegura-se a cérvix. Introduz-se a pipeta de inseminação pela vulva e pela vagina atéo osso cervical externo. Através da manipulação da cérvix, associada a uma levepressão cranial na pipeta, avança-se pelos anéis anulares da cérvix até a junção do

osso cervical interno e o corpo do útero. Deve-se expulsar o sêmen lentamente (5s),para se evitar a perda de esperma. Evita-se o depósito de sêmen em um único cornouterino, já que ocorrem taxas de prenhez mais baixas. Se os registros de insemina-ção e a consistência do muco cervical sugerirem uma possível prenhez, deve-se

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avançar com a pipeta por menos que a metade do caminho pela cérvix e expulsaro sêmen. O momento ideal para a inseminação é entre a última metade do presenteestro e 6h depois disso.

Se surgirem problemas de fertilização enquanto se estiver utilizando a IA, osêmen é um dos fatores a serem investigados, embora muitos  outros fatores alémdo sêmen também estejam envolvidos na aquisição  de alta fertilidade. A motili-dade pós-descongelamento é um critério importante mas um fator mais crítico éa disponibilidade de um número adequado de espermatozóides móveis no mo-mento da inseminação. O exame morfológico ajuda a avaliar o papel do sêmennos casos de infertilidade, somente quando for disponível sêmen fresco. As com-parações dentro do rebanho quanto a prenhezes diagnosticáveis resultantes dosêmen suspeito e do sêmen de outros touros podem  ser úteis. Avaliar a eficiênciade um inseminador é útil. Isso inclui uma avaliação da temperatura de desconge-lamento, o momento do descongelamento em relação à inseminação vigente, asalterações de temperatura entre o descongelamento e a inseminação, local evelocidade de deposição de sêmen e procedimentos higiênicos. A detecção doestro continua a ser o fator mais importante a influenciar  a eficiência da IA. Deve-se investigar este fator primeiro e a competência do inseminador em segundolugar. Se o sêmen for comprado de um fornecedor de reputação, é raro que acausa da infertilidade seja sêmen de baixa qualidade.

DETERMINAÇÃO DA PRENHEZ

Recomenda-se a determinação da prenhez para se maximizar a eficiência emum rebanho bem manejado. Nos rebanhos de corte, a estação de acasalamento(cobertura natural ou IA) se encerra em 60 a 70 dias. Isto dá a uma vaca média,2 ou 3 coberturas para emprenhar. Devem-se identificar as vacas que não ficamprenhes ou que acasalaram tarde; se forem mantidas no rebanho, perturbarão oprograma ao parir no final da estação. Os custos de manutenção são significativos,embora variem largamente entre as fazendas e de ano para ano.

A determinação da prenhez das vacas de corte deve ser feita logo após termi-nar a estação de acasalamento; se a estação de acasalamento começar em pri-meiro de junho e terminar no começo de agosto, então pode-se fazê-la durante ofinal de setembro, quando as vacas ainda estão com bastante carne decorrente dopastejo de verão. Torna-se possível então a comercialização lucrativa dos animaisnão prenhes antes que se inicie a cara alimentação de inverno.

Devem-se examinar as vacas leiteiras dentro de 1 mês após o parto e novamente2 a 3 meses após o acasalamento.

Devem-se considerar outros exames de saúde do rebanho enquanto as vacasestão sendo examinadas quanto a prenhez. Estes incluem uma avaliação precisado trato reprodutivo, tetas e úbere, patas e pernas, dentes e lesões cancerígenas

iniciais dos olhos. Vacinações, controle de vermes e piolhos, e tratamento dosbezerros de corte também podem ser feitos nesse período.

MORTE EMBRIONÁRIA, ABORTO E DESENVOLVIMENTO FETAL

ANORMAL

A gestação pode encerrar-se prematuramente por morte precoce do embrião oupor aborto. O desenvolvimento anormal do feto também pode resultar em aborto ouem bezerros que morrem logo após o nascimento.

Etiologia – Ocorre infecção quando vírus, bactérias, fungos, rickéttsias, clamí-dias ou outros agentes infecciosos atacam a placenta ou o feto, ou ambos. Algunsdesses microrganismos alcançam o útero hematogenicamente; outros (tais como asinfecções venéreas) são contraídos durante a cobertura.

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O aborto infeccioso  pode ser esporádico ou um problema de rebanho. Osproblemas de rebanho estão geralmente associados com perdas significativas epodem ser causados por rinotraqueíte infecciosa bovina, diarréia viral bovina, bru-celose, leptospirose (vários sorotipos), campilobacteriose, tricomoníase, anaplas-mose, ureaplasmas e micoplasmas (seus papéis como agentes infecciosos capa-zes de causarem aborto e outros problemas de infertilidade ainda estão sobinvestigação) e possivelmente outros, ainda não identificados.

O aborto micótico é geralmente causado por Aspergillus  ou Mucor  spp, queatingem o útero hematogenicamente e provocam aborto no final da gestação. Emmuitos desses fetos, a pele não é afetada; em outros, observam-se lesões seme-lhantes a tinhas. A placenta é com freqüência afetada severamente com necrosedas cotilédones e espessamento das áreas intercotiledonares. O diagnóstico ébaseado na identificação do fungo através da cultura dos tecidos fetais ou placen-

tários, exame histológico desses tecidos ou exame direto das cotilédones apósclareamento com solução de hidróxido de potássio. Esses abortos são quasesempre esporádicos, e o único meio de controle é reduzir a exposição aos fungos.

As perdas esporádicas podem resultar de Listeria  sp (uma bactéria ocasional-mente presente em silagem, quando o pH for > 7), de bactérias variadas, tais comoHaemophilus  sp, Corynebacterium pyogenes, Staphylococcus aureus , Chlamydia sp e outras, ou de vírus (por exemplo, língua azul).

As causas não infecciosas de aborto são numerosas; as mais comuns são: 1.genes letais ou recessivos (ou ambos), hidrocefalia, osteopetrose (doença do “osso

marmorizado”), artrogripose (síndrome do “bezerro encurvado”) e várias outras,algumas não completamente identificadas; 2. venenos, por exemplo, nitratos emexcesso provenientes da água ou do alimento, certas folhas de pinheiro, plantasvenenosas (por exemplo, tremoceiro, astrágalo), micotoxinas (alimentos embo-lorados); 3. desequilíbrios hormonais na fêmea prenhe; 4. lesões que afetem a vacaprenhe; e 5. deficiências nutricionais, particularmente de vitamina A, vitamina E ouselênio (ou ambos), iodo e manganês.

Muitos casos de aborto bovino não podem ser diagnosticados. Além das causasespecíficas mencionadas anteriormente, numerosos outros agentes, tais como

Bacillus cereus, Pasteurella multocida, Pseudomonas aeruginosa, Corynebacterium pyogenes, Streptococcus bovis e Staphylococcus aureus, têm sido isolados de fetosesporadicamente abortados.

Diagnóstico – Deve-se utilizar o diagnóstico preciso das causas de perdareprodutiva para providenciar uma história de rebanho cumulativa, permitindoassim a execução de medidas preventivas. Na maioria dos casos, necessita-sede assistência laboratorial. Devem-se submeter os espécimes de qualidade,cuidadosamente selecionados e apropriadamente preservados, a um laboratóriode diagnóstico para análise. Mesmo com isso, pode-se não detectar a causa

exata de um aborto, especialmente se não for infeccioso. Porém, muitas causasinfecciosas podem ser excluídas, o que ajuda na formulação de uma estratégiapreventiva. O diagnóstico laboratorial do aborto requer exame do feto e daplacenta, e sorologia. Para a realização da sorologia, devem-se coletar amostrassangüíneas pareadas da fêmea abortante, sendo a primeira amostra coletada nomomento do aborto e a segunda, 10 a 14 dias mais tarde. Pode ser impossível umdiagnóstico absoluto, já que, em muitos casos, as toxinas causadoras, ingeridaspela vaca poucas semanas ou meses antes, podem não estar mais disponíveisquando ocorrer o aborto.

Os bezerros recém-nascidos defeituosos só podem ser reconhecidos através deum exame completo e muitas vezes não antes de ser tarde demais.Prevenção e controle – Vários fatores são críticos para a prevenção e o

controle do aborto bem como da produção de bezerros defeituosos. Um programa

 Manejo da Reprodução: Bovinos 1375

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nutricional balanceado ajuda a controlar perdas associadas a deficiências mine-rais ou vitamínicas e alimentos de má qualidade, incluindo grãos e forragensembolorados. A seleção genética e um sistema funcional de manutenção deregistros ajudam a detectar e eliminar as linhagens que provam ser portadoras degenes recessivos ou letais. Instalações adequadas para alojamento, manipula-ção e controle ambiental abaixam a incidência de acidentes e providenciam umambiente favorável à saúde. O criador e o veterinário precisam estabelecer umrelacionamento de trabalho positivo para avaliar o desempenho reprodutivo dorebanho, adaptar um programa de vacinação às necessidades específicasdo rebanho e auxiliar no diagnóstico e no controle dos problemas potenciais dorebanho em uma base contínua.

Imunizações regulares   – As doenças infecciosas em um rebanho podeminterromper e reduzir a eficiência reprodutiva ao causarem morte fetal ou embrioná-

ria, aborto ou enfermidade e morte dos neonatos. Um programa de vacinaçãocompleta não eliminará os problemas reprodutivos, mas evitará perdas associadasa infecções específicas. As tabelas seguintes resumem as vacinas e bacterinasdisponíveis:

TABELA 7 – Programa de Imunização para Proteção Contra Doençasdos Bezerros Neonatos

Doença Quando imunizar

Novilhas e vacas Rota e coronaviroses Como indicado na bulaBacterinas E. coli  Como indicado na bula

Bacterinas clostrídicas Como indicado na bulaBezerros Rota e coronaviroses Como indicado na bula

(se indicado)

TABELA 6 – Programa de Imunização para Proteção Contra Doenças Pré-partodo Rebanho Reprodutivo que Podem Afetar a Produção

Doença Quando imunizarNovilhas Brucelose Na fase jovem

RIB Antes do desmame eDVB do acasalamento

Campilobacteriose Antes do acasalamentoLeptospirose

Vacas RIB Pode-se dar o reforço imediatamente

DVB antes do acasalamentoCampilobacteriose Todo ano, antes do acasalamentoLeptospirose

Touros RIB Na fase jovem e reforço antesDVB do primeiro acasalamento

Campilobacteriose Todo ano, antes do acasalamentoLeptospirose

RIB = rinotraqueíte infecciosa bovina; DVB = diarréia viral bovina.

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MANEJO DO PARTO

A ocorrência esperada de distocia em novilhas primíparas é de 10 a 15%, e emvacas adultas, 3 a 5%. A distocia não pode ser eliminada de um rebanho, mas suaincidência pode ser enormemente reduzida por decisões de manejo tomadas antes

da estação de acasalamento e durante a gestação.

Nutrição

As novilhas e vacas devem estar ganhando peso antes do parto, mas osupercondicionamento provocará deposição excessiva de gordura no úbere eresultará em menor produção leiteira. Uma deposição excessiva de gordura napelve também pode resultar em distocia. As boas condições corporais ajudarão noparto e também na produção leiteira. Se uma vaca for mantida com uma ração para

manutenção ou aumento do peso após o parto, o acasalamento será mais uniformee a estação de acasalamento mais curta.

Instalações de parto

Podem ser necessárias instalações de parto em determinadas áreas. Devemestar em boas condições e funcionais antes que a estação de partos se inicie.Condições climáticas, diferenças geográficas e experiência local geralmente esta-belecem quanta atenção e cuidado individual adicionais os bezerros precisarãoimediatamente após o parto. Os abrigos de parto, pastos pequenos ou outros pre-

parativos do parto devem ser limpos, secos e protegidos do tempo. Também seprecisa de uma área limpa para se lidar com problemas de distocia. O parto em umaárea limpa, separada do resto do rebanho, ajuda a reduzir as doenças do parto,particularmente a diarréia. Nos grandes rebanhos, torna-se desejável a existênciade vários pastos pequenos de parto, para permitir rodízio semanal e evitar o desen-volvimento de microrganismos causadores de doenças. Ao se utilizar baias de partoem tempo tempestuoso, estas devem ser limpas e desinfetadas entre os partos.

Parto

É necessária uma observação cuidadosa do trabalho de parto para determinarquando se deve ajudar numa expulsão de feto. O trabalho de parto se divide em 3estágios: 1. começa com contrações uterinas e dilatação da cérvix. O Estágio 1 podedurar 1 a 24h, com o normal sendo 1 a 4h; 2. o bezerro começa a entrar no canal denascimento e a “bolsa d’água” geralmente se rompe. Deve-se esperar o nascimentodentro de 1 a 4h, no caso das novilhas. Uma vaca adulta deve parir em < 3h se aapresentação do bezerro for normal; se não se observar nenhum progresso dentrode 1h, pode-se necessitar de assistência; 3. o Estágio 3 começa com o nascimento

do bezerro e envolve o início do encolhimento uterino e a perda da placenta, quenormalmente ocorrem dentro de 12h após o parto.A alimentação das vacas pré-parturientes das 11:00 às 12:00h, e novamente das

21:30 às 22:00h, faz com que 75% das vacas pairam entre as 7:00 e as 19:00h, umperíodo em que é mais provável que os problemas sejam identificados e que aassistência esteja disponível.

O parto é freqüentemente difícil, tanto para o feto como para a mãe. Muitosfatores influenciam o grau de dificuldade: raça, idade, nutrição e área pélvica damãe; raça e genótipo do pai; extensão da gestação; e sexo, tamanho, posição e

apresentação do feto. Alguns desses fatores, porém não todos, estão diretamenteinfluenciados pelo manejo. O manejador do rebanho tem controle sobre a idade etamanho da mãe. Existem diferenças de raça a se considerar, mas a maioria dasnovilhas deve ter ≥ 14 meses de idade e pesar ≥ 300kg antes de acasalar.

 Manejo da Reprodução: Bovinos 1377 

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Um pequeno bezerro vivo é sempre preferível a um grande bezerro morto. Asraças do pai e da mãe, assim como o genótipo do pai, estão sujeitos a controle;também é prática a determinação do tamanho pélvico pré-acasalamento e odescarte de novilhas com pelve muito pequena. Quando os procedimentosanteriores são ignorados ou não obtêm sucesso na prevenção de distocia, asobrevivência tanto da mãe quanto do bezerro depende da assistência apropria-da, o que requer identificação do problema, instalações apropriadas e auxílioadequado. Quando ocorre distocia, um atraso na assistência pode significar aperda do bezerro ou lesão e mesmo morte da vaca. No entanto, deve-se tercuidado, já que é importante se dar tempo suficiente para que a mãe dilate seucanal vaginal, antes da aplicação de tração. Antes da assistência à expulsão, aposição do feto tem que ser precisamente determinada e qualquer apresentaçãoanormal tem que ser corrigida. Se o bezerro for simplesmente muito grande para

passar pelo canal de nascimento sem causar risco à vaca ou a ele mesmo, podeser necessária uma secção cesariana ou outra assistência cirúrgica. As distociastendem a se repetir individualmente em vacas, e muitos criadores descartamrotineiramente as vacas que apresentam este problema.

Manejo pós-parto

Currais lamacentos, lotação, sujeira, frio e tempo tempestuoso tornam o bezerromais vulnerável a microrganismos patogênicos e podem resultar em enfermidadee possivelmente morte tanto da mãe como do bezerro (ver também págs. 1343 e

1346).

MANEJO DA REPRODUÇÃO: CAPRINOS

PUBERDADE E ESTRO

Teoricamente, os caprinos ciclam a intervalos de 21 dias. A maioria dos caprinosleiteiros e angorás são reprodutores sazonais e entram no cio no outono. Ospigmeus e alguns indivíduos de outras raças (particularmente núbios) podem ciclarem outras épocas do ano. A detecção do cio se baseia em sinais comportamentais,balidos, embandeiramento da cauda, avermelhamento da vulva, descarga vaginal(que faz com que os pêlos da cauda se aglutinem) e “monta” ocasional por outrascabras, embora este último sinal seja muito menos comum do que nos bovinos.Podem ocorrer ciclos mais curtos no início da estação de acasalamento, quealgumas vezes podem ser provocados através de indução por prostaglandina no

estro. No final da estação, ocorrem ciclos mais longos. Os caprinos podem exibirsinais claros de estro durante a prenhez; a cobertura natural não interferirá naprenhez, mas não se devem inseminar artificialmente essas cabras. A maioria dascabras pode ser acasalada com 30kg ou 7 meses, se tiverem nascido no começodo ano. As cabritas nascidas mais tarde podem não ciclar na primeira estação. Ascabritas angorás freqüentemente não são acasaladas até que tenham 1,5 a 2,5 anosde idade. Nos bodes bem crescidos pode ocorrer a puberdade já aos 4 meses.

EXAME DO VIGOR REPRODUTIVO

A genitália externa das cabras deve ser examinada quanto a anormalidades quesugiram o intersexo, uma condição comum em fêmeas mochas homozigóticas.Essas anormalidades incluem um clitóris aumentado e uma vulva hipotrófica.

  Manejo da Reprodução: Bovinos 1378 

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Ocasionalmente, uma cabra pode não ter cérvix e apresentar uma vagina encurtada,e pode ocorrer aplasia segmentar de várias partes do trato reprodutivo.

O exame físico do bode, anterior à estação de acasalamento, deve incluir aavaliação do pênis e prepúcio. Senta-se o caprino sobre suas ancas e empurram-se seus ombros para baixo para curvar a coluna convexamente; esse procedimentotorna a protrusão do pênis mais fácil. As lesões de tosquia, especialmente emangorás, uma balanopostite anterior e antigas lesões ou cicatrizes por picadas demoscas ao redor do prepúcio podem tornar impossível a protrusão. Com base nosdados de outras espécies, pareceria sensata a eliminação de animais com testículosmenores e mais macios que os de seus companheiros sazonais de mesma idade.A amputação anterior do processo uretral, para evitar a obstrução por um cálculo,não apresenta efeito deletério aparente na capacidade de acasalamento. Ocasio-nalmente, os bodes desenvolvem úberes funcionais, mas isso não os impede de

gerar cabritos.A linfadenite caseosa (ver pág. 77), e o granuloma espermático e a calcificaçãodos testículos (que também podem ser devidos a uma infecção por Corynebacterium pseudotuberculosis [ovis ]) reduzem ou eliminam a fertilidade do bode.

Anemia devida a pesadas infecções parasitárias, doenças crônicas debilitantes(comumente pneumonia) e problemas das patas levam à perda da libido. Os bodesque sofrem de infecção pelo vírus da artrite e encefalite caprinas (ver AEC, pág. 475)podem apresentar articulações dolorosas e aumentadas; podem montar em cabrasmas a dor os torna relutantes quanto à ejaculação.

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Pratica-se inseminação artificial (IA) na indústria caprina leiteira, mas a maiorparte é realizada pelos proprietários e não por inseminadores de vacas leiteiras.Considera-se que as inseminações intra-uterina ou intracervical profundas resul-tem em melhores taxas de concepção que a inseminação imediata no primeiroanel cervical ou no osso cervical. Existem anéis múltiplos na cérvix caprina egeralmente se tem que manobrar a pipeta após a passagem por cada um deles.Geralmente se compra sêmen congelado, em palhetas de 0,5mL, diretamente dosproprietários de bodes ou de coletores comerciais. Não há legislação ou padrãoem nível industrial na América do Norte que governe coleta, processamento evenda do sêmen congelado. A monta natural é o método mais fácil de coleta e amaioria das criações mantém os bodes junto com as cabras. A maioria das criaçõesnão comerciais apresenta uma baixa proporção cabra–bode (5:1), devido às raçasmúltiplas e linhagens diferentes. Os bodes possuem uma libido forte e podem seacasalar com muito mais fêmeas que essas, embora à medida que vão ficando maisvelhos, e especialmente durante a estação de repouso sexual, fiquem menoseficientes.

Pode-se coletar o sêmen em uma vagina artificial. A maioria dos bodes montaráem uma cabra no estro e ejaculará; com treinamento, poderão ejacular por todo oano e montarão mesmo em carneiros castrados. Os bodes velhos ficam freqüente-mente relutantes a se acasalar com cabras que tenham tido um estro induzido forada estação normal de acasalamento; portanto, obtém-se mais sucesso utilizando-se bodes jovens para a coleta.

INDUÇÃO DO ESTRO

Pode-se induzir o estro de várias maneiras, dependendo da época do ano e darelação com a estação normal de acasalamento das cabras. O acasalamento forade estação é de interesse dos proprietários de caprinos leiteiros para reduzir aflutuação sazonal na produção leiteira do rebanho.

 Manejo da Reprodução: Caprinos 1379

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A introdução súbita de um bode odorífero freqüentemente adianta o início daciclagem em algumas semanas, e as cabras também podem apresentar certasincronização. Deve-se alojar o bode bem longe das cabras (fora da sua visão eolfato) por ≥ 3 semanas antes da introdução. Mesmo que o grupo inteiro não cicle,esse método pode fazer com que algumas cabras emprenhem no período teorica-mente fora de estação.

Se o corpo lúteo estiver funcional, 2,5mg de prostaglandina (PG) F2α induzirão o

estro (mas não são efetivos durante o anestro); isto também pode causar cicloscurtos, que tendem a ocorrer normalmente no começo da estação.

O fornecimento de 20h de luz/dia, em janeiro e fevereiro (norte dos EUA), comum retorno súbito à luz diária disponível em primeiro de março, induzirá os caprinosao cio várias semanas mais tarde. Nesse sistema, fica mais difícil para o proprietárioreconhecer as cabras que estão no cio; conseqüentemente, a manutenção de um

bode jovem e vigoroso com as cabras resultará na mais alta taxa de concepção.Se uma porção do rebanho for sincronizada artificialmente, algumas das cabrasremanescentes também podem entrar em cio.

O tratamento com progestógenos, combinados com o hormônio folículo-esti-mulante (FSH) ou com a gonadotrofina sérica da égua prenhe (PMSG), provocaráuma atividade estral fora de estação. Podem-se alcançar boas taxas de concepçãocom este sistema, e a inseminação em época predeterminada também é praticável,mas esses produtos não são aprovados para o uso nestas espécies. O tratamentocom progestógenos pode ser na forma de injeções com uma base oleosa a cada

3 dias, de esponjas vaginais impregnadas ou de CIDR’s – uma forma de plásticoimpregnado para uso vaginal. O implante auricular de norgestomet (projetadopara bovinos), que é um produto popular e mais facilmente disponível, mas quetambém não é aprovado, está sendo hoje largamente utilizado em conjunto com aPMSG.

EXAMES DE PRENHEZ

Com o aparelho de ultra-som retal Doppler, podem-se diagnosticar prenhezes

precocemente, sem falsos-positivos. Pode-se utilizar o Doppler externo do meio aofinal da gestação. Também se pode utilizar o aparelho de prenhez acústico; estepode resultar em falsos-positivos no meio da gestação e não é eficiente no final dagestação.

Os exploradores ultra-sônicos, tais como os usados em ovinos e eqüinos decorrida, são muito precisos quando utilizados por um operador capacitado. Sãomelhor utilizados entre os 50 e 90 dias de prenhez, e as prenhezes múltiplassão diagnosticadas com uma precisão de 95%. Tais unidades exploradoras sãocaras. Pode-se utilizar a radiografia de rotina com 100% de precisão a partir do 70º

dia, e detectar-se o número de cabritos após o 75º dia.Pode-se fazer o teste de progesterona no leite ou no soro, mas as amostras têm

de ser coletadas precisamente um ciclo após o animal ter se acasalado. O teste deprogesterona é bom na detecção de não prenhez, mas não é um teste de prenhezpositiva porque não pode diferenciar o meio do ciclo, a prenhez verdadeira ou a falsaprenhez. O teste de sulfato de estrona, realizado no leite ou na urina, podedeterminar a prenhez. Entre 40 e 50 dias após a concepção, o nível de sulfato deestrona aumenta substancialmente e permanece elevado durante a prenhez.Aborto, morte fetal ou reabsorção provocam uma queda no nível de sulfato de

estrona; por isso, o teste também é uma medida útil da viabilidade fetal.A lactação precoce é comum nas linhagens de caprinos de alta produção leiteirae pode ocorrer em uma cabra virgem ou durante sua primeira prenhez. Portanto, odesenvolvimento do úbere não é garantia de prenhez.

  Manejo da Reprodução: Caprinos 1380

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A falsa prenhez é um problema em caprinos leiteiros. Pode ser mais curta ou maislonga que a prenhez verdadeira. Geralmente, o úbere aumenta, mas não ocorreemprenhamento verdadeiro e a cabra pode exibir sinais comportamentais de partoiminente; ela pode até chamar ou procurar por um cabrito não existente. Muitasdessas cabras emprenham no ano seguinte, mas muitas não emprenham e tornam-se perdas econômicas por 1 ano.

OBSTETRÍCIA

O parto ocorre em 145 a 155 dias (em média, 150) após o acasalamento.Geralmente, os caprinos primíparos têm 1 a 2 cabritos, e nos partos subseqüentes,≥ 2. Os quádruplos não são incomuns, especialmente em grandes, pesadas ebem alimentadas produtoras de leite. Os quíntuplos e sêxtuplos são raros. A médiade rebanho para caprinos angorás em regime extensivo nos EUA e África do Sulé de 100%, mas é mais alta na Australásia; a média de desmame varia com arigidez do ambiente, incluindo a existência de predadores. A indução do parto é umatécnica útil para aumentar a sobrevivência dos cabritos leiteiros e para obter cabritossem colostro em programas de controle de AEC e micoplasmose. O cloprostenol(125mg) ou a PGF

2α (10mg) administrados no 143º dia, geralmente resultam naexpulsão dos cabritos no 144º dia, 30 a 35h após a injeção.

A retenção de placenta é incomum em caprinos e geralmente está associadaao nascimento de um feto mumificado ou apodrecido, ou com uma expulsãodifícil.

A síndrome da toxemia da prenhez é semelhante à dos ovinos. Ocorre hipocal-cemia ou febre do leite, mas não tão freqüentemente e não tão severamente comonos bovinos. Com freqüência, há apenas uma tendência à redução da produção deleite. Ocorre cetose da lactação.

Em tempo extremamente frio, devem-se secar os cabritos recém-nascidos(especialmente as orelhas) para evitar ferimentos por frio. Não são necessáriaslâmpadas aquecedoras se os cabritos estiverem secos, bem alimentados e pro-tegidos de correntes de ar. Os cabritos nascidos em sistemas intensivos devem ter

seus umbigos embebidos em tintura de iodo, para prevenir infecção. Os cabritos decorte, pigmeus e angorás são criados com as mães. Os cabritos leiteiros são fre-qüentemente removidos ao nascimento e alimentados com uma garrafa ou com umbalde com bico de mamadeira.

MANEJO DA REPRODUÇÃO: EQÜINOS

Todos os animais reprodutores devem ser regularmente vermifugados e manti-dos em um programa de vacinação rotineira para minimizar as doenças infecciosas(ver INTERAÇÃO MANEJO-DOENÇA: EQÜINOS, pág. 1354).

EXAME DO VIGOR REPRODUTIVO DA FÊMEA

A avaliação de uma égua deve começar com uma boa história de seus registrosreprodutivos. Estes devem incluir o número de potros produzidos e a data do último

parto. As informações sobre distocias, bem como retenção de membranas fetais,são importantes porque o útero ou a cérvix podem ter sido danificados. Devem-seobter informações acerca da atividade cíclica da égua, do método de acasalamentoe de quaisquer tratamentos anteriores.

 Manejo da Reprodução: Eqüinos 1381

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Deve-se realizar um exame físico geral antes da avaliação reprodutiva. O examereprodutivo deve incluir os procedimentos descritos adiante.

Detecção do estro   – A “rufiação” é o método mais comum para detecção de estroem éguas. A utilização de um macho agressivo é importante, e uma interpretaçãoacurada da reação da égua ao rufião é essencial para um programa de acasalamentobem-sucedido. A informação da rufiação pode ser útil no diagnóstico de atividadecíclica errática, como períodos prolongados de estro, que são comuns no início daestação de acasalamento ou condições tais como a atividade luteal prolongada.Pode-se também utilizar a falha no retorno ao estro após o acasalamento como umindicador de prenhez. Deve-se permitir uma exposição adequada ao rufião, para seavaliar a resposta da égua. Éguas no estro levantam sua cauda, se agacham,urinam, evertem o clitóris, etc., enquanto éguas em diestro geralmente guincham,escoiceam e mordem. Éguas em anestro sazonal podem permanecer passivas ao

rufião. Algumas éguas com potros ao lado podem não exibir estro ao rufião devidoa sua natureza protetora. Em alguns casos, a aplicação de um puxão pode ser útilna avaliação da resposta da égua ao rufião. Os resultados da rufiação sãoconfirmados por exame.

Exame visual do períneo   – Deve-se examinar a área perineal quanto aconformação da vulva, evidência de descarga vaginal, lesões, cirurgia anterior ououtros problemas aparentes.

Exame retal   – Devem-se avaliar ovários, útero e cérvix, através de palpação retal,para se determinar a correlação com a informação da rufiação. Durante a estação de

acasalamento fisiológica, as éguas no estro devem ter um ou mais folículospalpáveis, que possuem geralmente 3 a 4cm ou mais de diâmetro e, em muitos casos,amaciam-se sensivelmente antes da ovulação. Não são incomuns folículos com 8 a10cm de diâmetro; entretanto, 2 folículos adjacentes podem parecer um folículogrande em uma palpação retal. A ultra-sonografia pode ser a única maneira dedistinção entre um folículo grande e 2 folículos adjacentes. Podem-se detectar asovulações recentes como uma depressão na superfície ovariana, e algumas éguasapresentam sinais de desconforto ao se palpar estas áreas.

Pode ser difícil a diferenciação entre um corpo hemorrágico ou corpo lúteo de um

folículo; contudo, a palpação da cérvix ou a rufiação pode ajudar. Durante o estro,a cérvix se torna sensivelmente mais macia e é facilmente comprimida contra oassoalho pélvico. Após a ovulação, entretanto, a cérvix torna-se mais tubular sob ainfluência da progesterona. Também se pode palpar o útero para se determinartamanho, tubularidade, tono e um possível acúmulo de fluido ou material purulento.Os aumentos de volume uterino podem ser causados por atrofia do miométrio, cistosendometriais, tumores uterinos ou lacunas linfáticas. Podem-se detectar outrasafecções através da palpação retal, incluindo tumores e hematomas ovarianos,cistos parovarianos ou fimbriais e piometria. A ultra-sonografia pode confirmar

muitos dos achados anteriores.Exame por espéculo vaginal   – Após uma limpeza apropriada da área perineal,passa-se um espéculo pela vagina, a qual é examinada quanto a descargaspurulentas, acúmulo de urina ou fluido no assoalho vaginal, cicatrizes ou aderênciasque possam indicar uma distocia anterior. O exame da cérvix também pode auxiliarna determinação do estágio do ciclo. Durante o estro, a cérvix fica relaxada, ede-matosa e hiperêmica; no diestro, fica pálida e firmemente fechada. Também se deveexaminar a cérvix quanto a aderências e rasgos na camada muscular; o exame digitalpode determinar a sua desobstrução e confirmar os danos suspeitos. A dificuldade

na introdução de um espéculo na vagina pode ser causada por um hímen compla-cente. Em tais casos, pode-se incisar o hímen e refleti-lo contra a parede vaginal.Cultura endometrial   – Embora uma cultura “limpa” nem sempre esteja relacio-

nada ao vigor reprodutivo, a cultura pode ser uma ferramenta diagnóstica útil.

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Também pode ser enganosa, se não for interpretada apropriadamente. Os achadospositivos da cultura, sem sinais clínicos da doença e citologia positiva, são de valorquestionável. São essenciais a avaliação da quantidade e a classificação do(s)microrganismo(s) isolado(s).

Pode-se obter a cultura endometrial através de um espéculo ou da introduçãomanual de um instrumento de cultura protegido no útero. O uso de um instrumentoprotegido é importante para se evitar contaminação antes da introdução no útero. Osmicrorganismos considerados patogênicos incluem Streptococcus zooepidemicus ,Pseudomonas   spp, Klebsiella   spp, Escherichia coli   hemolítica, e a Taylorella (Haemophilus ) equigenitalis .

Biópsia endometrial   – Reforça o diagnóstico de muitas afecções patológicas doútero, o que abrange uma estimativa de fertilidade nas éguas. Na maioria dos casos,não indica se uma égua é capaz de emprenhar, mas deve indicar se é capaz de levar

uma prenhez a termo. A endometrite aguda se caracteriza por infiltração deneutrófilos, enquanto a endometrite crônica se caracteriza pela predominância delinfócitos e/ou células plasmáticas com fibrose periglandular de base. A severidadeda fibrose endometrial é um critério importante para o prognóstico do potencialreprodutivo. A fibrose periglandular severa pode estar associada à perda embrioná-ria. Também se podem utilizar biópsias endometriais para se avaliar o sucesso deum tratamento.

Citologia   – O exame citológico de um “swab” de endométrio também podeauxiliar no diagnóstico de endometrite. Na endometrite aguda observam-se neutró-

filos. A presença de leucócitos reforça o diagnóstico quando se recuperam bactériaspatogênicas de uma cultura endometrial.

EXAME DO VIGOR REPRODUTIVO DO MACHO

O exame de vigor reprodutivo deve começar com uma boa história, incluindoinformações acerca da libido, habilidade de cobertura, fertilidade (se o garanhãotiver acasalado no passado), enfermidade ou lesão anteriores e qualquer medi-cação recebida. Deve-se realizar um exame físico geral, observando-se claudica-

ção (particularmente dos membros posteriores) e afecções congênitas que pos-sam afetar a capacidade de acasalamento ou a conveniência para gerar descen-dentes.

Devem-se avaliar completamente os órgãos genitais. O pênis e o prepúciodevem estar livres de lesões. Devem-se avaliar testículos e epidídimos quanto aotamanho, forma e consistência. Os testículos devem se movimentar livrementedentro do escroto. Avalia-se a genitália interna através de um exame retal, apóscontenção adequada.

O garanhão deve conseguir ereção logo após sua exposição a uma égua no

estro. A libido pode variar de acordo com a época do ano.Coleta de sêmen   – Utiliza-se uma égua no estro para a coleta do sêmen damaioria dos garanhões. Deve-se conter adequadamente a égua com grilhões oucachimbo de acasalamento, amarrar a cauda e lavar a área perineal.

Uma vez que o garanhão consiga uma ereção, deve-se lavar completamente opênis com água ou sabão suave e não residual. Se se utilizar sabão, deve-seenxaguar completamente e secar o pênis. Então, coleta-se material para cultura dauretra quanto a bactérias patogênicas, e novamente após a ejaculação.

A vagina artificial é o método preferido para a coleta de sêmen. Ela fornece a

amostra de sêmen mais representativa. Os tipos mais comuns de vaginas artificiaisdisponíveis são os modelos Missouri, Colorado e japonês.No momento da coleta, a temperatura interna da vagina artificial deve estar entre

45 e 48°C. Deve-se lubrificar a vagina artificial com um lubrificante não espermicida

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estéril, logo antes da coleta. Permite-se que o garanhão monte a égua, direcionan-do-se seu pênis para o interior da vagina artificial. O garanhão começará a investire pode-se detectar a ejaculação através do “embandeiramento” da cauda e ao secolocar a mão na face ventral do pênis para se sentir as pulsações uretrais queacompanham a ejaculação. Após a ejaculação, o garanhão desmonta e obtém-seuma segunda cultura da uretra.

Remove-se o frasco coletor da vagina artificial e coloca-se em um banho-mariaincubador (a 37°C), para se manter a viabilidade do sêmen. Se não se utilizar umfiltro no frasco coletor no momento da coleta, aspira-se o gel da amostra com umaseringa estéril, antes de se avaliar o sêmen. Deve-se manter todo o equipamentoutilizado para avaliar o sêmen a 37°C, para se evitar um choque térmico. Deve-seregistrar o volume total de sêmen livre de gel.

Estima-se a motilidade imediatamente após a coleta, colocando-se uma gota do

sêmen em uma lâmina aquecida e examinando-a microscopicamente. Podem-sediluir as amostras concentradas com um diluidor de sêmen ou solução salina parase avaliar a motilidade. Pode-se determinar a concentração com um hemocitômetroou um espectrofotômetro; pode-se então calcular o número total de espermatozói-des ejaculados. Pode-se avaliar a morfologia através da avaliação microscópica deesfregaços corados ou preferivelmente pela microscopia de contraste de fase dosêmen fixado em solução salina formalinizada tamponada. Se se pretender mediro pH do sêmen, deve-se fazê-lo imediatamente após a coleta; o pH normal é de 7a 7,5.

A uretra e o sêmen quase sempre contêm uma flora bacteriana inerente. Noentanto, se ocorrer crescimento intenso e consistente de patógenos potenciais,como Pseudomonas  spp, Klebsiella pneumoniae  ou Streptococcus zooepidemicus ,e houver uma história de infecção repetida em éguas acasaladas, pode ser ne-cessário o acasalamento por inseminação artificial, utilizando-se um diluente desêmen tratado com antibiótico. Se se exigir cobertura natural, pode-se injetar odiluente tratado com antibiótico no útero, antes da cobertura. Se a Taylorella (Haemophilus ) equigenitalis , a causa da metrite contagiosa eqüina (ver pág. 840)estiver presente, não se deve utilizar o garanhão para acasalamento. Não se devem

utilizar garanhões com lesões de exantema coital para acasalamento, até que taislesões se curem.

IRREGULARIDADES DO ESTRO

Durante o período de transição da estação de acasalamento, as éguas tendema apresentar ciclos estrais irregulares, especialmente períodos prolongados deestro. Já que essas irregularidades diminuem à medida que a estação de acasa-lamento fisiológico chega, não se exige nenhum tratamento na maioria dos casos.

No entanto, podem-se controlar ciclos irregulares com aliltrembolona progestinaoral. Após a administração deste composto por 15 dias, a maioria das éguas exibeperíodos estrais normais. Uma combinação de progesterona e estradiol 17β-cipionatoem injeções oleosas, administradas diariamente por 10 dias, e seguidas por umadose de prostaglandina produz resultados semelhantes.

Podem-se iniciar precocemente os ciclos normais no ano, através do uso de luzartificial. Ao se providenciar 16h de luz/dia, por 60 dias, começando-se em dezem-bro, muitas éguas estabelecem ciclos normais em fevereiro. Duzentos watts de luzincandescente são eficientes para uma baia média (3,7m × 3,7m).

Podem-se utilizar prostaglandinas ou seus análogos em éguas com corposlúteos funcionais. A luteólise resulta em estro em 2 a 4 dias após o tratamento, coma ovulação ocorrendo geralmente em 7 a 9 dias após o tratamento. As prostaglan-dinas não são efetivas quando usadas dentro de 4 dias após a ovulação.

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A administração da gonadotrofina coriônica humana durante o início do estroinduz à ovulação, geralmente dentro de 24 a 48h.

MÉTODOS DE ACASALAMENTO

O método de acasalamento mais comumente utilizado é a cobertura natural. Omomento apropriado para o acasalamento é determinado por rufiação e palpa-ção retal, que detectam, respectivamente, o estro e a presença de um folículo bemdesenvolvido. As éguas devem ser acasaladas (natural ou artificialmente) a partirdo segundo ou terceiro dia de estro e em dias alternados até que ocorra ovulação.Deve-se conter adequadamente a égua, utilizando-se um cachimbo e/ou grilhõesdeacasalamento. Deve-se amarrar a cauda e limpar adequadamente a área perineal daégua. Também se deve lavar o pênis do garanhão, antes de acasalá-lo, para se re-mover o esmegma e minimizar a contaminação do trato reprodutivo da égua. Durante

o acasalamento, deve-se controlar adequadamente o garanhão para  evitar lesões àégua. Pode ser necessária uma focinheira para alguns garanhões, para se evitar oataque à égua durante o acasalamento. Após o acasalamento, deve-se enxaguar opênis para se remover a contaminação que possa ter ocorrido durante o processo.

Inseminação artificial

Coleta-se o sêmen, determinam-se motilidade e concentração (ver anteriormen-te) e calcula-se a dose da inseminação. Pode-se utilizar sêmen puro ou apropriada-

mente diluído.A égua é preparada para a inseminação ao se amarrar a cauda e lavarcompletamente a área perineal. Se se utilizar sabão, deve-se enxaguar completa-mente essa área para se remover qualquer resíduo.

Devem-se inseminar as éguas com ≥ 500 milhões de espermatozóides morfolo-gicamente normais e progressivamente móveis. Realiza-se a inseminação ao sedepositar o sêmen no interior do corpo do útero, utilizando-se uma pipeta de inse-minação plástica e estéril. Recomenda-se equipamento descartável, para se evitarcontaminação. Pode-se esperar que as células espermáticas permaneçam viáveis

no trato reprodutivo da égua por ≥ 48h.Transferência de embriões

A transferência de embriões (ver pág. 1334) tem aplicação limitada nos eqüinosdevido às restrições de registro da maioria das associações de raça. Nos últimosanos, têm-se obtido avanços na técnica; a coleta e os métodos de transferência nãocirúrgicos estão resultando em taxas de sucesso aceitáveis. A sincronização entredoadora e receptora é crítica para o sucesso e pode ser alcançada através do usode progesterona e/ou prostaglandinas para sincronizar o estro, e de gonadotrofinacoriônica humana para sincronizar a ovulação.

DETERMINAÇÃO DA PRENHEZ

Pode-se determinar a prenhez através da palpação retal tão cedo quanto aos 18dias. No início da prenhez, o diagnóstico é baseado no tono aumentado do útero eda cérvix; após 30 a 35 dias, o útero aumenta devido ao desenvolvimento da vesículacoriônica. Pode-se palpar o feto através da compressão do útero a partir do 110º diaaté o termo. A ultra-sonografia permite uma tentativa de diagnóstico de prenhez tão

cedo quanto aos 12 dias. As prenhezes são geralmente confirmadas quando sedetecta o batimento cardíaco fetal aos 24 a 25 dias. A ultra-sonografia é útil nadetecção precoce de prenhezes gemelares, assim como na determinação daviabilidade fetal.

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Os testes biológicos de prenhezes nas éguas se baseiam primariamente nadetecção de gonadotrofina sérica da égua prenhe, que é produzida pelas cotilédonesendometriais. Os testes são geralmente confiáveis, aproximadamente a partir do 40ºao 100º dia de prenhez. Porém, podem resultar em falsos-positivos se ocorrer abortoou morte embrionária após as cotilédones começarem a funcionar. Os valoresconjugados de estrona da urina ou do soro também auxiliam no diagnóstico daprenhez, aproximadamente a partir do 40º dia até o termo.

ABORTO

Ver também INDUÇÃO DO ABORTO E DO PARTO, página 786.A causa mais comum de aborto em éguas é a herpesvirose eqüina Tipo 1 (ver pág.

734). Esses abortos ocorrem predominantemente no último trimestre e geralmente nãoestão associados a uma infecção respiratória. A arterite viral eqüina (ver pág. 454)provoca abortos menos freqüentemente que a herpesvirose eqüina, mas é um proble-ma em algumas áreas dos EUA. São disponíveis vacinas para ambas as doenças.

Os abortos esporádicos podem ser causados por infecções bacterianas emicóticas da placenta. São infecções predominantemente ascendentes adquiridasatravés da cérvix. As bactérias envolvidas incluem Streptococcus zooepidemicus ,Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Staphylo- coccus aureus, Rhodococcus equi e Actinobacillus equuli. Os microrganismos micóticosincluem Mucor e Aspergillus spp. Podem-se evitar esses abortos através da boahigiene no acasalamento, do tratamento de doenças genitais antes do acasalamentoe de cirurgia corretiva (operação de Caslick) para se evitar a pneumovagina.

Muitas prenhezes gemelares resultam em aborto. Estes podem ser devidos aadesão placentária insuficiente e subseqüente má nutrição fetal. Podem-se evitar osabortos devidos à gemelaridade através do esmagamento manual do menor dos 2embriões durante os estágios iniciais de gestação (22 a 25 dias), após a confirmaçãode gêmeos por ultra-sonografia. Também se considera a torção do cordão umbilicaluma causa ocasional de aborto em éguas.

COMPLICAÇÕES PÓS-PARTOOs hematomas ou equimoses da vagina são comuns durante o parto; geralmente

não são sérios e se resolvem após vários dias. Pode ocorrer metrite pós-parto; estageralmente é acompanhada por descarga uterina e pode estar associada a febre elaminite. O tratamento inclui antibióticos intra-uterinos e/ou parenterais, drogasantiinflamatórias não esteróides e ocitocina. Pode ocorrer prolapso uterino pós-parto ou após aborto, e são necessários cuidados imediatos, que incluem limpezacompleta e recolocação. A administração intra-uterina de antibióticos pode ser útil,e a ocitocina pode ajudar na involução uterina.

Nas éguas, é comum a retenção das membranas fetais. Na maioria dos casos,pode ser tratada com sucesso com ocitocina (40 a 50UI, IM, ou adicionada a soluçãosalina e administrada na forma de gotejamento EV lento). Também tem obtidosucesso o deslocamento da placenta intacta com uma solução de povidona-iodoadministrada através de uma sonda nasogástrica no útero. Se se tentar remoçãomanual, não se deve aplicar força excessiva; tem-se que ter cuidado para se evitarlesões no endométrio e a retenção de fragmentos placentários firmemente aderidos.

MASTITE

A mastite (ver pág. 838) é incomum em éguas, mas pode envolver ocasionalmen-te uma ou ambas as glândulas. É geralmente causada por estreptococos ouestafilococos do Grupo C. O úbere fica inchado e doloroso e podem estar presentes

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febre e depressão. O tratamento pode incluir antibióticos parenterais ou infusõesintramamárias, após uma tentativa de remoção do leite das glândulas afetadas.Ao se utilizar infusões intramamárias, deve-se inserir a seringa em ambos os orifí-cios das tetas.

AGALACTIA

A agalactia é esporadicamente observada, geralmente em éguas virgens; podeser um problema sério em éguas que estejam pastando em pastos de festuca,infectados por endófitos. As éguas não devem pastar festuca durante o últimotrimestre de prenhez. Se ocorrer agalactia, deve-se administrar 10 a 20UI deocitocina, IM, para estimular a liberação inicial de leite. Caso não se obtenhasucesso, ver CUIDADOS COM O POTRO ÓRFÃO, página 1505.

MANEJO DA REPRODUÇÃO: SUÍNOS

O manejo do rebanho reprodutivo suíno envolve um entendimento completo dafisiologia reprodutiva, genética, nutrição, imunologia, controle de doenças, ambiente eoutros fatores (ver também ABORTO NOS SUÍNOS, pág. 786). O conceito de rebanhofechado, com ênfase na imunização da mãe, minimiza o risco de perdas por doenças,

se uma nutrição sadia e a seleção genética estiverem integradas. Deve ser avaliado umprograma de reprodução em intervalos específicos para assegurar que o progresso naeficiência está sendo alcançado. Os parâmetros de ninhadas/porca/ano, intervalodesmame–concepção, perdas com natimortos e no início do pós-parto e perdas no pré-desmame, podem ser avaliados, se forem mantidos bons registros acerca das porcase das ninhadas individuais, assim como do rebanho como um todo (TABELA 8). Pode-semedir o desempenho pós-desmame através da eficiência alimentar, total de dias até acomercialização e perdas por morte no pós-desmame.

EXAME DO VIGOR REPRODUTIVO DA FÊMEA

Seleção – Deve-se basear a seleção de marrãs na taxa de crescimento, estadode saúde, desenvolvimento sexual, história reprodutiva (incluindo o desempenho damãe quanto ao tamanho da ninhada, capacidade de aleitamento e suínos desma-mados), conformação e outros (inclusive o número e a disposição das tetas). Dopotencial de reposição, descarta-se  40% devido a problemas como puberdaderetardada, tetas defeituosas, problemas locomotores, anormalidades vulvares (indi-cativo de intersexualidade ou hipoplasia genital) ou falha em emprenhar. As marrãs

selecionadas podem ser alimentadas com uma ração de crescimento–terminaçãoaté alcançarem 90 a 100kg ou terem 5 a 6 meses de idade. Nesse momento, devemser separadas dos suínos em crescimento e entrar em uma dieta limitada, constituídapor uma ração com 16% de proteína, balanceada com minerais e vitaminas

As marrãs selecionadas para acasalarem não devem ter pernas ou musculaturasexcessivamente retas, a genitália externa deve estar bem desenvolvida aos 5meses de idade, seus úberes e revestimentos mamários devem estar desenvolvidos(6 pares de tetas uniformemente espaçadas) e devem alcançar a puberdade aos 6 a8 meses, quando devem estar pesando 90 a 110kg.

Precauções com doenças – Parvovirose, pseudo-raiva, enterovirose, brucelo-se, leptospirose e outras doenças podem afetar o desempenho reprodutivo. Devem-se vacinar marrãs e porcas contra leptospirose (5 cepas), parvovirose (marrãs) eerisipela. Devem-se isolar as marrãs introduzidas por 21 dias, durante os quais

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podem ser feitos testes sorológicos de exposição a brucelose e pseudo-raiva. Estestestes devem ser seguidos por ≥ 21 dias de exposição ao rebanho reprodutor e aoscachaços por contato através da cerca e retirada do estrume antes do contatosexual. Isso permite uma exposição natural aos patógenos endêmicos do rebanho,o que providencia certa proteção contra parvovírus e enterovírus, que provocam o

TABELA 8 – Parâmetros de Registro do Rebanho Reprodutivo Utilizados paraa Detecção de Problemas Reprodutivos

Nível deParâmetro-alvo Nível interferência

Inventário das porcas Partos semanais × 26 –

Inventário das marrãs Acasalamento de marrãs por semana –× 1,2 a 1,5 × semana no lote de marrãs*

Inventário dos cachaços Inventário das fêmeas ÷ 20 –

Número acasalado por Expectativa de partos ÷ taxa de partos –semana

Porcas 80 a 85% do total de acasalamentos –

Marrãs 15 a 20% do total de acasalamentos –

Porcentagem de porcas 90% 85%em estro 10 diasapós o desmame

Retornos regulares 4% 10%

Retornos atrasados 1% 2,5%

Diagnóstico de prenhez 4% Deve ser menor quenegativo a porcentagem de

retornos regulares

Aborto 1% 2,5%

Não em suínos 1% 2,5%

Taxa de partos 90% 85%

Nascidos vivos/ninhada 10,5 10

Natimortos 5% 8%

Múmias 0,5% 1%

Menos que 8 suínos/ ninhada 10% 15%

Desmame/ninhada 9,5 9

Mortalidade pré-desmame 8% 12%

Ninhadas/porca/ano 2,2 2

Suínos/porca/ano 20 18

* O fator de 1,2 a 1,5 depende da porcentagem de marrãs selecionadas que tenham sidoeventualmente cobertas.

De Thacker, B.J.: Detection and diagnosis of swine reproductive failure. In: Current Therapy in Theriogenology 2 , Morrow D.A. (ed.), W.B. Saunders Co., Philadelphia, 1986.

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surgimento de natimortos, fetos mumificados, mortes embrionárias e infertilidade(todos correspondem à sigla SMEDI, em inglês), assim como a outros agentesinfecciosos que possam causar insuficiência reprodutiva.

Puberdade – O primeiro estro ocorre entre 6 e 8 meses de idade, dependendodo genótipo, peso vivo, estado nutricional e exposição ao cachaço. O contato como macho é o gatilho final. As feromonas produzidas pelo cachaço proporcionam umpotente estímulo sensorial para as marrãs. As marrãs devem ser expostas aocachaço aos 140 a 190 dias de idade; é adequada uma exposição diária de 30min.A exposição ao cachaço é efetiva na indução do estro quando combinada a umaalteração no ambiente.

Se o primeiro estro não ocorrer aos 8 meses de idade, deve-se descartar a marrãou tratá-la com uma gonadotrofina. No último caso, não se deve manter a progêniepara reprodução. Não se cobrem as marrãs até seu segundo ou terceiro estro para

assegurar uma taxa de ovulação e um tamanho de ninhada máximos. Pode-secontrolar o momento do estro adicionando-se um progestógeno ao alimento (porexemplo, aliltrembolona em 15 a 20mg/dia por 14 a 18 dias). O estro ocorrerá em60 a 80% das marrãs, 2 a 8 dias após a última ingestão. Isso permite a sincronizaçãodo estro da marrã com o lote de porcas desmamadas, ou a formação de um grupode marrãs que parirão juntas.

EXAME DO VIGOR REPRODUTIVO DO MACHO

Freqüentemente se ignora a importância da fertilidade do macho na reproduçãode suínos nos programas de saúde do rebanho. Devem-se examinar os cachaçosantes do acasalamento e sempre que exibirem ausência de libido ou incapacidadede copular, ou ainda se um número aumentado de fêmeas cobertas retornar ao estro3 semanas mais tarde. Uma avaliação do vigor reprodutivo deve incluir história,exame físico geral, exame genital e avaliação do sêmen.

Seleção – Os cachaços para o rebanho reprodutivo são geralmente seleciona-dos   aos 6 a 8 meses, sendo que nesse momento ainda estão sexualmenteimaturos. Observa-se uma taxa de descarte de 40 a 50% nos cachaços jovens

selecionados para reprodução, devida a disfunção locomotora, baixa libido, baixaconcepção, e má qualidade do sêmen. Os antecedentes genéticos do cachaçodevem ser compatíveis com o uso pretendido. Os defeitos herdáveis, tais como hér-nias escrotais e tecido de sustentação fraco, podem ser evitados por uma análisecuidadosa dos registros. Ao se avaliar o potencial de um cachaço, devem-seconsiderar os registros de produção que documentam precisamente o ganho diário,a eficiência alimentar e a espessura do toucinho. O desenvolvimento testicular e aespermatogênese ocorrem   aos 127 dias, e o número de espermatozóidesaumenta enormemente entre os 5 e 8 meses de idade. O aumento não é afetado por

repouso sexual ou ejaculação freqüente, mas é função da idade e do crescimentotesticular. Já que a idade e o peso testicular são fatores importantes no desenvol-vimento sexual, os cachaços devem ter ≥  8 meses de idade antes de seremutilizados para reprodução.

História – Deve-se obter uma história completa de cada animal, e esta incluiidade e origem do cachaço, imunizações, problemas anteriores com doenças,exposição a outros animais e propriedades, assim como o tempo gasto emisolamento e exposição à propriedade atual e seus animais reprodutores. Estahistória também deve incluir uma descrição das características do cachaço, tais

como libido anterior, comportamento de acasalamento, taxas de concepção,tamanho da ninhada e desempenho de parentes e de outros cachaços dorebanho. Para os cachaços jovens, também são úteis observações acerca docomportamento sexual anterior. A exposição do cachaço a várias marrãs de

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mercado que estejam ciclando durante o período de isolamento pode ser usadacomo um indicador de seu potencial reprodutivo, que é baseado na libido e nodesempenho de acasalamento, no retorno em 21 dias ou não retorno das marrãsao estro e na inspeção destas ao abate para a determinação do estado deprenhez.

Exames físico e genital – Um exame físico geral deve fazer parte de todaavaliação de fertilidade. Deve-se dar atenção às condições e conformação docorpo, incluindo dorso, pernas e função locomotora. Osteomalacia, osteoartrose eartrite, que podem resultar em claudicação e relutância à monta ou a suportar o pesonas pernas traseiras, são problemas sérios.

Devem-se examinar testículos, epidídimos e escroto quanto a tamanho, simetria,consistência e alterações patológicas; devem-se também examinar o pênis e oprepúcio quanto a anormalidades, durante a coleta do sêmen. O tamanho do

testículo está diretamente relacionado à idade e ao peso dos cachaços entre 142 e282 dias de idade e 84 a 171kg de peso corporal.Os testículos são afetados por doenças como a brucelose, e são vulneráveis a

traumas por tratadores, outros animais ou instalações inapropriadamente conserva-das; não devem possuir nenhum nódulo ou massa mole. A reação inicial dostestículos a trauma ou infecção é o inchaço, enquanto que o resultado a longo prazoé redução no tamanho, aumento da firmeza e perda de elasticidade. A assimetria,como resultado de redução unilateral na elasticidade e no tamanho ou inchaço, épotencialmente nociva à fertilidade, e a avaliação do sêmen pode revelar azoosper-

mia ou número de espermatozóides reduzido e alterações morfológicas indicativasde dano testicular. A azoospermia também pode indicar hipoplasia testicularcongênita.

Coleta de sêmen – A coleta permite a avaliação da libido e da capacidade decobrir e ejacular; além disso, proporciona uma amostra do ejaculado. O comporta-mento pré-copulatório envolve estímulos visuais e olfatórios. O cachaço grunheritmicamente (“canção da corte”), saliva e se coloca tipicamente em contato cabeça-a-cabeça com a porca, seguindo-se impulsos com o focinho no flanco da fêmea etentativas de monta. Devem-se observar essas atividades, já que um comportamen-

to sexual aberrante pode resultar em infertilidade. A monta na cabeça é um problemacomum nos cachaços inexperientes.A libido pode ser afetada tanto por eventos psicológicos como por eventos físicos.

A luta e a dominação por cachaços e porcas mais velhos podem inibir a libido noscachaços jovens. Também se observam diferenças em raças e linhagens: atendência a ser tímido, nervoso e não agressivo pode ser influenciada pela seleçãoem uma raça por várias gerações, e resultar em cachaços com pouca libido. A dorpor lesões genitais ou problemas ortopédicos também pode ter um forte efeitonegativo. A libido pode ser debilitada por um ambiente não familiar, pela presença

de uma pessoa temida ou por distrações, tais como comida disponível.Uma vez conseguida a monta, a ereção e a protrusão do pênis ocorrem à medidaque o cachaço procura a vulva. É necessária uma observação atenta desseseventos para se notar ferimentos e lesões do pênis e ereção inapropriada. Osproblemas congênitos e genéticos incluem ereção incompleta, masturbação nodivertículo e frênulo persistente.

Existem 3 métodos de coleta de sêmen: método da mão enluvada, uso da vaginaartificial e eletroejaculação. Para se obter um ejaculado satisfatório, o método damão enluvada é preferível e fácil de aprender. Permite-se que o cachaço monte uma

fêmea no estro e tente copular. Os cachaços utilizados para inseminação artificialsão geralmente treinados para montar uma porca-manequim. Deve-se aproximar-se silenciosamente por trás do cachaço, sem tocá-lo ou assustá-lo, e pelo mesmolado da mão que estiver sendo usada para a coleta (ou seja, lado direito para a

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pessoa destra). Coloca-se o dorso da mão enluvada contra o abdome ventral docachaço, bem cranial ao orifício prepucial, e permite-se que o pênis invista emdireção à mão enluvada. Aplica-se pressão digital apenas nos 2 a 3cm distais dopênis, tendo-se cuidado para não fechar a mão inteira muito firmemente sobre opênis, o que faz com que a maioria dos cachaços desmonte. O cachaço estendecompletamente o pênis e fica muito quieto quando se aplica pressão adequada. Aejaculação se segue imediatamente a isso. Uma vez que a extremidade do pênisesteja firmemente contida pela mão e a ejaculação tenha começado, ela continuapor 3 a 7min. Se o cachaço desmontar ao se tentar agarrar o pênis, deve-se permitirque o cachaço proceda a várias montas falsas, até que tente agressivamente umanova penetração.

Um cachaço nervoso pode não permitir que o pênis seja contido, mesmo apósvárias tentativas. Pode-se proceder à coleta de muitos desses cachaços, permi-

tindo-se que consigam a penetração e prendam o pênis na cérvix para iniciar aejaculação, e recuperando-se então rapidamente o pênis e contendo-o na mão.O cachaço continuará a ejacular e pode-se então coletar a fração principal doejaculado.

Uma garrafa térmica pré-aquecida(37°C) consiste em um recipiente de coletaconveniente e econômico. A fração pré-espermática, que consiste de 5 a 15mLde fluido claro, é geralmente ejaculada primeiro, seguida por quantidadesvariáveis de gel espesso e pegajoso. Separa-se a fração de gel por filtração comuma camada dupla de gaze comum (colocada sobre a boca da garrafa térmica),

 já que ela coagula em uma massa semi-sólida que pode interferir na avaliação daqualidade do sêmen. Segue-se à fração de gel, a ejaculação da fração rica emespermatozóides, com coloração que varia do creme ao leitoso,  tanto de uma vezsó como interrompida por vários jatos de fluido pré-espermático ou gotas de gel.Deve-se ter cuidado em se coletar todo o ejaculado possível e em permitir que ocachaço complete a ejaculação, retire voluntariamente o pênis da mão e des-monte.

Avaliação do sêmen – Para se avaliar a qualidade do sêmen, têm-se que evitaras influências adversas das rápidas alterações de temperatura, luz solar, choque

osmótico, alterações de pH, água e desinfetantes. A garrafa térmica, luvas, lâminas,corante e vidraria devem estar limpos, secos e aquecidos (37°C). Deve-se observarmicroscopicamente a motilidade dos espermatozóides tão logo seja possível apósa coleta e avaliá-la em termos de “turbilhonamento”, um fenômeno devido à con-centração e à motilidade das células espermáticas. Utiliza-se comumente umaescala de 0 a 4. A estimativa da motilidade individual da célula espermática requera diluição do ejaculado com solução salina isotônica ou com citrato de sódio a 2,9%tamponado.

Devem-se preparar lâminas coradas de sêmen diluído e não diluído imediata-

mente após a coleta. Tem-se utilizado um corante de nigrosina-eosina a 5% para sedeterminar a porcentagem de células espermáticas vivas, mas ocorre uma largavariação entre as lâminas; a motilidade progressiva é uma indicação mais precisade viabilidade. Pode-se utilizar o novo azul de metileno ou a nigrosina-eosina paraa avaliação morfológica. A microscopia de contraste de fase após a fixação porsolução salina formalinizada tamponada proporciona uma avaliação mais precisa ereproduzível da morfologia espermática.

Podem-se obter as estimativas de concentração a partir da observação da cor,que varia de aquosa a cremosa (cremosa, 1 × 109 /mL; leitosa, 300 a 500 × 106 /mL;

aquosa, 50 a 200 × 106 /mL). O uso do “Unopette” para leucócitos para se alcançaruma diluição de 1:100 e de um hemocitômetro torna a contagem espermáticarelativamente fácil e precisa. Também se pode utilizar um espectrofotômetro paraa contagem de células (diluição 1:50).

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O volume é importante no cálculo total de células do ejaculado, e embora não setenha demonstrado que afete a fertilidade na cobertura natural, é importante em IA.O volume normal para cachaços jovens (8 a 12 meses) é de 100 a 300mL; para os> 12 meses, 100 a 500mL. O número total de células varia de 10 × 109 até tão altoquanto 40 × 109 (em cachaços adultos). O número mínimo de células espermáticas(das quais > 70% têm de ser móveis) necessário para uma fertilidade máxima emIA é de 2 a 3 × 109 por dose de inseminação. Os ejaculados com um total < 10 × 109

de células são ralos e aquosos, e indicativos de azoospermia, oligospermia ou falhaem coletar o ejaculado completo. O sêmen deve estar livre de sangue, pus e materialestranho, e não deve ter mais que 10% de anormalidades de cabeça dos esperma-tozóides, 5% de gotículas citoplasmáticas proximais, 5% de anormalidadesacrossômicas, 5% de peças médias anormais e 25% de células espermáticasencurvadas.

Interpretação de achados – Os cachaços que falham em atingir valores de sêmenaceitáveis não são necessariamente subférteis ou inférteis, já que a freqüência de uso,idade, ambiente, doenças, genótipo e método de fixação da célula espermáticapodem afetar esses valores. Os cachaços < 9 meses de idade podem mudardrasticamente em um curto período e não devem ser descartados na avaliação de umúnico ejaculado. Têm-se demonstrado diferenças raciais no início da puberdade, nalibido, na capacidade de cobertura e na taxa de concepção.

O ambiente pode afetar a fertilidade durante um curto período. As temperaturasfrias não influenciam significativamente a qualidade do sêmen ou a fertilidade, mas

altas temperaturas ambientais de 33, 4 a 37,7°C (por 4 a 7 dias afetam adversamen-te a taxa de fertilidade, sem afetar o volume de sêmen, a concentração espermáticaou a produção de esperma. A exposição prolongada a temperaturas > 31°C afetaadversamente a motilidade espermática, a porcentagem de espermatozóidesnormais e a produção total de células espermáticas, assim como a sobrevivênciaembrionária e a taxa de prenhez.

Os cachaços que ficam doentes após a exposição ao virus da pseudo-raivaapresentam números aumentados de células espermáticas imaturas e espermato-zóides com gotículas proximais. A qualidade do sêmen não foi afetada em cachaços

com pseudo-raiva subclínica. Qualquer doença que aumente a temperatura docorpo tem o potencial para causar infertilidade temporária.Pode ocorrer infertilidade logo após o estresse do cio, doença ou interferência na

espermatogênese, mas freqüentemente há um atraso de 20 a 45 dias devido àextensão do ciclo espermatogênico e ao tempo de transporte no epidídimo, que sãode  35 dias e 10 dias, respectivamente.

Parâmetros para avaliação do cachaço  – Têm-se que considerar libido,capacidade de acasalamento, qualidade do sêmen e resultados do acasalamento(taxa de concepção e tamanho da ninhada). Recomenda-se que os cachaços que

tiverem < 10 × 109

 células totais por ejaculado e > 30% de células espermáticasmorfologicamente anormais (com dano acrossômico, defeitos da cabeça e da peçamédia e gotículas citoplasmáticas proximais) sejam reexaminados ou acasaladospor teste com um número limitado de porcas. Devem-se descartar os cachaçoscom azoospermia em 2 ejaculados completos ou incapazes de alcançar ereçãocompleta. Os que apresentarem lesões penianas ou sangue no sêmen devem re-pousar sexualmente por 1 a 2 semanas e ser reavaliados. Recomenda-se correçãocirúrgica para os cachaços com frênulo persistente ou que se masturbam habitual-mente no divertículo, e não se deve manter a progênie para reprodução, pois essas

afecções podem ser hereditárias. Todos os resultados do exame de fertilidade têmde ser considerados em relação a idade, história de doença, estresse ambiental, usopara reprodução anterior, sistema de cobertura e técnicas de coleta e manipulaçãodo sêmen.

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MANEJO DO ACASALAMENTO

Estro – Nas porcas e marrãs, o ciclo estral é de 18 a 24 dias (em média, 21). Asporcas estão geralmente em anestro durante a prenhez, mas muitas exibem umestro não ovulatório 3 a 4 dias após o parto. Isto é devido aos efeitos residuais dos

estrogênios fetoplacentários na ausência de progesterona. Geralmente, não seobserva estro ovulatório durante a lactação, exceto sob condições de criação emgrupo, altos níveis alimentares e contato com o cachaço. O desmame parcial ou otratamento com gonadotrofina podem induzir ao estro durante a lactação, mas osresultados são inconsistentes e não são econômicos. Restabelece-se a fisiologiauterina normal aos 20 a 25 dias pós-parto. A maioria das porcas exibe estro 3 a 7dias após o desmame.

Têm-se utilizado gonadotrofinas para reduzir o número de porcas anéstricasapós o desmame: a gonadotrofina sérica da égua prenhe e a gonadotrofina coriônicahumana são efetivas quando usadas em combinação para induzir o estro em porcasdesmamadas.

O estro dura 1 a 5 dias (em média, 2) e é caracterizado por uma vulva vermelhainchada e pela procura pelo cachaço. As alterações vulvares são mais acentuadasnas marrãs do que nas porcas e se desenvolvem comumente 2 a 3 dias antes doestro. Em resposta à visão, audição e atenção (investidas com o focinho egrunhidos) do cachaço, a porca ou marrã assume uma postura receptiva rígida eimóvel. As alterações vulvares são freqüentemente não confiáveis, portanto ocritério definitivo de estro é tanto a postura com relação ao cachaço como umaresposta positiva ao “teste da monta” (um tratador aplica pressão com as mãos sobrea área lombar, e então se assenta suavemente sobre o dorso do suíno para provocara reação de postura). Este teste tem de ser conduzido na presença de um cachaço(por exemplo, em um chiqueiro adjacente) ou após exposição da porca a umaerossol sintético com cheiro de cachaço.

O anestro é um problema comum; tem-se que distinguir a falha na detecção doestro das causas verdadeiras de inatividade ovariana. As marrãs primíparas sãoparticularmente vulneráveis ao anestro pós-desmame como conseqüência daperda de peso excessiva durante a primeira lactação. Nesse momento, a jovemporca tem que sustentar seu próprio crescimento assim como a manutenção e alactação, enquanto sua capacidade de consumo alimentar ainda não está comple-

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TABELA 9 – Fatores que Afetam a Atividade Ovariana nos Suínos

Estágio do acasalamento afetado

Fatores provados ou suspeitos Puberdade Após o desmame Após a cobertura 

Estímulo insuficiente do macho +* + –**Alojamento/ambiente social + + –Temperatura ambiental alta + + +Estação do ano (verão/outono) + + +Fotoperíodo + ?*** –Genótipo + + –Nutrição + + +Lactação curta – + –Criação de ninhada grande – + –

* Demonstrou-se o efeito.** Não há evidências de efeito.

*** Efeito incerto.Adaptado de Meredith, M.J., Pig News and Information 5, 1984.

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tamente desenvolvida. Pode-se evitar o problema acasalando-se apenas marrãsem boas condições, não superalimentando na primeira gestação e encorajando oconsumo de energia durante a primeira lactação, através de alimentação à vontade,dietas altamente energéticas, alimentação úmida e evitação de altas temperaturasnos alojamentos de parto.

A ovulação ocorre 36 a 42h após o início do estro, e são liberados 15 a 25óvulos. A taxa de ovulação aumenta nos primeiros 3 partos até que a quarta ousexta ninhadas tendem a ser maiores. A taxa de ovulação diminui se as marrãsforem subnutridas e pode ser aumentada em2 óvulos através do “nivelamento”(“flushing”), ou seja, do aumento do consumo energético por 10 dias antes doestro.

Acasalamento – Os 3 métodos de acasalamento são cobertura (cachaçocriados com fêmeas), acasalamento manual (supervisionado) e inseminação artifi-

cial (IA). O momento ideal para a inseminação artificial é 24 a 36h após o início doestro. Na cobertura natural, acasala-se a fêmea duas vezes durante o estro, com aprimeira cobertura sendo feita no primeiro dia em que o estro fixo for detectado e asegunda 24h mais tarde. Muitos produtores comerciais acasalam a porca ou marrãuma vez por dia por tanto tempo quanto ela aceitar o cachaço. O uso de 2 cachaçosdiferentes pode aumentar em um leitão o número de suínos por ninhada, mas podemascarar a infertilidade em um dos cachaços. Ao se utilizar IA, deve-se testar afêmea quanto ao estro duas vezes ao dia. Administra-se a primeira dose de sêmen8 a 16h após a primeira detecção de estro fixo e a segunda 12 a 24h mais tarde.

Alguns usuários experientes de IA obtêm resultados satisfatórios com uma únicadose. A dose recomendada é de ≥ 2 bilhões de células espermáticas vivas (2 × 109)em um volume mínimo de 50mL.

Deve-se evitar o uso extensivo do cachaço. No acasalamento em cercado,recomendam-se 8 a 10 porcas por cachaço adulto (> 1 ano de idade) ou 4 a 6 marrãspor cachaço jovem (< 1 ano) por um período de 21 dias de acasalamento. Se asporcas forem desmamadas em grupos, recomenda-se uma proporção porca–cachaço de 4:1 para cachaços adultos e de 2:1 para cachaços jovens. Noacasalamento manual, deve-se utilizar um cachaço adulto para não mais que 2

acasalamentos por dia, não mais que 5 dias por semana. Com a IA, pode-seinseminar até 30 porcas com um ejaculado.Prenhez – As células espermáticas atingem os ovidutos dentro de 30min após

o acasalamento, e pode ocorrer fertilização dentro de 2h. As taxas de fertilizaçãoatingem 100% nas porcas, mas a mortalidade embrionária, tão alta quanto 30 a 40%,colabora para o tamanho da ninhada comum de 10 a 12 suínos. A mistura e adistribuição intra-uterinas dos embriões ocorrem por volta do nono a 11º dias. Aimplantação começa no 13º dia e se completa no 18º dia. Um mínimo de 5 embriõestem de estar presente no momento da implantação, para que a prenhez continue;

se 1 a 4 embriões estiverem presentes, é provável que a porca retorne ao estro comuma extensão do ciclo retardada de 25 a 30 dias. O período embrionário termina no35º  dia e começa a calcificação do esqueleto. Portanto, as mortes fetais queocorrerem após o 35º dia resultam na expulsão ou retenção de leitões formados. Osfetos mortos retidos se mumificam e podem ser expelidos junto com os fetos normaisno parto. A duração média da gestação é de 114 ± 2 dias e diminui de alguma formanas porcas com grandes ninhadas.

O embrião corre o maior risco durante os primeiros 30 dias, e devem-se direcionaros esforços no sentido de remover os estresses (por exemplo, superalimentação,

calor, manipulação ou movimentação e imunização) durante esse período. Aprevenção da exposição a animais externos reduz o risco de doença. Se se “nivelar”as marrãs para acasalamento, deve-se reduzir o consumo alimentar para o nível-limite de alimentação de 2kg imediatamente após o acasalamento, para se evitar

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TABELA 10 – Testes de Prenhez para Suínos

Dias após a cobertura Méritos ou

Teste Início Fim Ideal   problemas especiais

Sinais 42 Termo > 55 (marrãs) Confirmação baratafísicos externos > 84 (porcas) do final da prenhez

Não retorno Testes Testes O anestro e o retorno atrasadoao estro diários diários resultam em problemas

18 a 24 18 a 30

Palpação 18 Termo 28 ao termo As marrãs são muito pequenas.retal Pode verificar os órgãos

genitais de porcas vazias

Progesterona 17 Termo 17 a 20 Os falsos-positivos podemsangüínea ser um problema

Sulfato de estrona 18 77 ao 25 a 29 Também é útil para diagnosticartermo a morte dos embriões

Ultra-som modo-A 23 85 30 a 70 Um teste rápido e fácil. Osfalsos-positivos são um proble-

ma

Ultra-som DopplerPulso da 21 Termo 30 a 40 O uso prolongado perturbaartéria uterina os ouvidosPulso fetal 28 Termo 42 ao termo Pode confirmar a viabilidade

fetal e prever a data do parto

Ultra-som de 19 Termo 24 ao termo Pode detectar fetos mumificados.tempo real Informações sobre a saúde

e a idade fetais. Caro

Adaptado de Meredith, M.J., In Practice , 10, 1988.

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a perda embrionária devida ao alto consumo de energia. O parto de < 5 leitões éindicativo de morte embrionária após o período de implantação.

Pode ocorrer infertilidade se a ração da porca estiver contaminada com toxinasestrogênicas como resultado de infecção por bolor. Os bolores do grupo Fusarium  sãocomumente encontrados no milho (ver ESTROGENISMO E VULVOVAGINITES, pág. 2041).

Para se aumentar o número de anticorpos colostrais, pode-se imunizar a porcaou marrã durante as últimas 6 semanas de gestação. O programa de imunizaçãopode incluir gastroenterite transmissível, Escherichia coli , rinite atrófica, erisipela e

outras vacinas apropriadas para a situação de doenças na fazenda em particular.Parto – É iniciado por níveis elevados de cortisol, que também estimulam aliberação de prostaglandina (PG) F2α

 pelo útero. A PGF2α provoca a luteólise dos

corpos lúteos e a liberação de relaxina, que causa o relaxamento do canal denascimento e da cérvix. A ocitocina é liberada pela hipófise que causa contraçõesuterinas e o início do trabalho de parto. Os leitões devem ser expulsos a intervalosfreqüentes (15 a 20min). A taxa de natimortos é geralmente de 5 a 10%; as mortesintra-uterinas são devidas a infecção, posição incorreta no corno uterino durante aexpulsão ou anoxia. A anoxia ocorre quando o cordão umbilical se rompe ou fica

estrangulado devido ao extremo comprimento do corno uterino ou retardamento nocanal de nascimento. Os natimortos e leitões fracos também podem ser devidos abaixas temperaturas no alojamento de parto ou a baixos níveis de Hb (< 9g/dL) naporca. Qualquer aumento no intervalo de nascimento dos suínos (por exemplo,

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devido a exaustão e atonia do útero como resultado de um feto alojado no canal denascimento) aumenta o risco dos leitões que ainda estiverem no útero. Pode-seprovidenciar assistência na forma de injeções de ocitocina e remoção manual deleitões. Também pode ser útil se fazer com que a porca ande por alguns minutos.Pode-se aumentar o número de suínos nascidos vivos em  1 por porca se umtratador estiver presente para ajudar a expulsão e remover imediatamente os leitõespara uma área seca e aquecida.

Pode-se induzir o parto através de uma injeção IM de 10mg de PGF 2α ou doseequivalente de análogos sintéticos. Quase todas as porcas tratadas parem 12 a 36hmais tarde, e a maioria dentro de 22 a 32h. Pode-se utilizar este tratamento para quea maioria dos partos ocorra no horário de trabalho e para se evitar o parto em finsde semana ou feriados; porém, isto requer boas práticas de manejo e determinadasprecauções. São essenciais bons registros, e tem-se que conhecer a média de dias

de gestação do rebanho de porcas e as datas de acasalamento individuais de cadaanimal. A droga tem de ser utilizada dentro de 72h da data de parto esperada, parase evitar um aumento na natimortalidade. Os leitões que são um pouco prematuros,requerem boas condições ambientais, particularmente no inverno.

Podem-se concentrar os partos em um período ainda mais curto, injetando-se20UI de ocitocina 15 a 24h após a injeção de prostaglandina. Isso encurta o intervaloao parto, mas pode se acompanhar por aumento na ocorrência de distocia.

A má lactação é uma causa significativa de redução da produtividade em suínos(ver SÍNDROME DE AGALACTIA, pág. 794).

Desmame – Quanto mais rápido se desmamar os leitões, mais cedo se podemreacasalar as porcas e maior será o número de suínos criados por porca por ano.No entanto, o desmame mais precoce requer melhores dietas e alojamento egeralmente níveis mais altos de manejo. O período mais comum para o desmameé de 3 a 6 semanas após o parto. Não é necessária a privação de água ou alimentoda porca e essa privação pode reduzir o estro e a taxa de ovulação. Devem-sedesmamar e cobrir as porcas em grupos para que pairam em grupos e as ninhadaspossam ser desmamadas também em grupos. O parto em grupo facilita a adoçãocruzada de órfãos e a limpeza e desinfecção dos alojamentos de parto no sistema

“todos dentro/todos fora” (“all-in/all-out”).

MANEJO DA REPRODUÇÃO: OVINOS

Tanto os fatores genéticos como os não genéticos podem afetar acentuadamen-te o desempenho reprodutivo dos rebanhos ovinos. Têm-se registrado diferenças

raciais em períodos de anestro, taxas de concepção, qualidade do sêmen, morta-lidade embrionária, pesos ao nascimento e ao desmame, porcentagem de nasci-mentos múltiplos, resposta ovariana a hormônios e adaptação ao estresse ambien-tal. Podem-se alcançar rápidos melhoramentos através da mestiçagem, asseguran-do-se que os mestiços sejam apropriados para condições locais, por exemplo, nosEUA, a introdução de ovinos finlandeses (mestiços) resultou em aumentos signifi-cativos no número de cordeiros vivos produzidos por ovelha. Isso é particularmentevantajoso sob condições intensivas ou semi-intensivas nas quais os nascimentosmúltiplos sejam máxima vantagem.

Os fatores não genéticos que influenciam a eficiência reprodutiva incluem nu-trição, doença, técnicas de manejo e fatores ambientais, tais como clima. Obviamen-te, vários destes fatores podem operar e interagir em um rebanho para causarperdas em estágios específicos do ciclo reprodutivo. A eficiência reprodutiva dos

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ovinos é geralmente medida através da porcentagem de desmame (número decordeiros sobreviventes ao desmame, dividido pelo número de ovelhas cobertas).Os valores aceitáveis dependem do tipo de criação e variam de 80 a 85%, sobcondições extensivas com abrigo mínimo, até 170 a 200% sob sistemas de

confinamento intensivo.FISIOLOGIA REPRODUTIVA

A ovelha é poliéstrica sazonal, ciclando a cada 16 a 17 dias, durante a estaçãode acasalamento. O principal fator ambiental de controle deste ciclo reprodutivoanual é o fotoperíodo. A localização geográfica e temperaturas ambientais tambémmodificam a duração do anestro, assim como a raça do ovino. As raças lanígerassuperiores (por exemplo, rambouillet, merino) e a dorset apresentam um períodomais curto de anestro que outras raças como a suffolk, a hampshire e a columbia.

Apesar dessa variação relacionada à raça quanto à duração da estação de aca-salamento, todas as raças ficam mais férteis no outono.

A duração do estro ( 30h) também é influenciada pela raça e idade da ovelhae pela estação; os períodos estrais que ocorrem no outono são mais longos e maisintensos, e as ovelhas virgens apresentam um estro mais curto e menos intenso queas ovelhas adultas. O momento ideal para o acasalamento (natural ou artificial) nasovelhas é a primeira metade do período estral. A detecção do cio requer a presençade um carneiro, já que as ovelhas não apresentam sinais evidentes de estro. Emgeral, o desempenho reprodutivo da ovelha atinge seu máximo aos 4 a 5 anos.

A idade das ovelhas jovens à puberdade varia enormemente e é influenciada porraça, nutrição e estação de nascimento. As ovelhas jovens bem criadas, particular-mente nas raças de corte, podem ser acasaladas aos 7 a 8 meses de idade e 41 a45kg de peso corporal. Essa prática é desejável devido às ovelhas que ciclam ainda

 jovens tenderem a apresentar taxas maiores de gemelaridade quando adultas;portanto, a seleção de tais ovelhas para a reposição aumenta a prolificidade dorebanho. As ovelhas que se acasalam ainda jovens também são capazes deproduzir mais cordeiros que aquelas acasaladas aos 2 anos de idade.

A taxa de ovulação, que é um importante determinante da fertilidade, é influen-

ciada pela idade, raça, nutrição e estação. As ovelhas jovens apresentam uma taxade ovulação mais baixa que as ovelhas adultas, e raças como a finlandesaapresentam consistentemente ovulações múltiplas. As taxas de ovulação tendem aser mais altas no outono, em todas as raças. O efeito da nutrição na taxa de ovulaçãoé complexo e parece estar influenciado primariamente pelo peso real da ovelha noacasalamento e, em menor extensão, pelas alterações de peso que ocorremno acasalamento. As ovelhas mais pesadas geralmente apresentam mais ovula-ções que as ovelhas mais leves. A suplementação nutricional destinada ao aumentodo peso antes do acasalamento (“nivelamento”) pode resultar em altas taxas de

ovulação, mas fica difícil se separar seu efeito do efeito estático de ter ovelhas maispesadas no acasalamento. Os fitoestrogênios, tais como os presentes em algumaslinhagens de trevo subterrâneo, causam infertilidade ao reduzirem a taxa deovulação, diminuírem a incidência de estro e prejudicarem o transporte do esperma.

SINCRONIZAÇÃO DO ESTRO

Pode-se sincronizar o estro a um determinado grau, utilizando-se carneirosrufiões, pessários ou implantes que contenham progestógeno, ou prostaglandinas.

Carneiros rufiões   – Ao se introduzir carneiros repentinamente em um rebanhode ovelhas, justamente antes da estação de acasalamento normal, a maioria dasovelhas ovula dentro de poucos dias e apresenta um estro fértil normal em seupróximo ciclo, ou após um segundo e curto cio silencioso. A cobertura de ovelhas

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com carneiros rufiões (vasectomizados ou epididimectomizados) por 2 semanasantes da introdução de carneiros inteiros resulta em um período de parto compacto.

Progestógenos   – Têm-se utilizado progesterona, acetato de medroxiprogeste-rona e acetato de flurogestona em pessários intravaginais. Utilizam-se subcutanea-mente os implantes siliconados de progestógenos. Removem-se os pessários ouimplantes 12 a 15 dias após a inserção, devendo ocorrer estro dentro de 72h.

Prostaglandinas   – A prostaglandina F2 e seus análogos sintéticos induzem oestro em ovelhas através da interrupção da atividade funcional do corpo lúteo. Aadministração IM entre o quinto e 14º dias do ciclo estral induz ao estro dentro de 3a 4 dias.

A sincronização do estro tanto com progestógenos como com prostaglandinaspode diminuir a fertilidade ao prejudicar o transporte de esperma.

ACASALAMENTO FORA DA ESTAÇÃOTêm-se proposto programas de aceleração dos partos, tais como 3 partos em 2

anos e 2 partos por ano, como possíveis métodos de melhoramento da eficiênciareprodutiva. O método mais comum para se induzir o estro envolve uma terapia comprogestógenos a longo prazo (como para sincronização de estro, ver anteriormen-te), seguida pela administração de gonadotrofina sérica da égua prenhe (PMSG) ouhormônio folículo-estimulante (FSH) com suspensão do progestógeno. Outraspossibilidades incluem o controle artificial do fotoperíodo e o uso de melatonina.

A resposta ao tratamento varia enormemente, dependendo de fatores como araça do ovino, a época do ano em que a terapia é instituída, o estado nutricional dasovelhas e se as ovelhas estiverem lactando.

PERDAS PRÉ-NATAIS

A mortalidade embrionária corresponde à morte dos embriões até o fim daimplantação – aproximadamente no 40º dia nos ovinos. É a fonte principal de perdasdurante a prenhez; geralmente são poucas as mortes durante o período fetal. Já quea maioria das mortes ocorre suficientemente cedo na prenhez para permitir pelo

menos mais uma cobertura antes que se removam os carneiros, a mortalidadeembrionária geralmente não causa uma queda drástica nas porcentagens de parto;no entanto, atrasa o parto, aumenta sua distribuição temporal, reduz as taxas degemelaridade ou deixa algumas ovelhas estéreis. A morte de embriões antes do 12º

dia não interfere na extensão normal do ciclo, enquanto a morte de embriões apósesse período aumenta a extensão do ciclo.

Estima-se que o nível basal de mortalidade embrionária (isto é, aquela que ocorrena ausência de estresse reconhecido) seja de 20 a 30%. A(s) causa(s) dessa perdaé (são) desconhecida(s), embora fatores ambientais, como subnutrição intensa,

deficiência de selênio e altas temperaturas possam aumentar as perdas embrioná-rias acima deste nível basal. A ureaplasmose também pode contribuir para amortalidade embrionária.

A morte fetal resulta mais comumente de processos infecciosos, e os microrga-nismos responsáveis quase que invariavelmente exercem seu efeito no meio e nofinal da prenhez (ver também INTERAÇÃO MANEJO-DOENÇA: OVINOS, pág. 1361).

DIAGNÓSTICO DA PRENHEZ

Um diagnóstico de prenhez preciso pode aumentar a eficácia das criações deovinos ao permitir a separação das ovelhas prenhes para alimentação suplementare o descarte das ovelhas vazias. Os níveis plasmáticos de progesterona, alaparoscopia e a ultra-sonografia são todos precisos, mas cada um requer instala-

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ções especiais para manipulação, técnicos altamente treinados ou tempo conside-rável por ovelha. A palpação retoabdominal pode ser precisa após os 65 dias degestação, mas geralmente tem sido associada a danos à parede retal e peritonite.Conseqüentemente, o uso de um aparelho de ultra-som externo se tornou maispopular, por ser mais rápido e seguro. Os achados falsos-negativos constituem oerro mais comum; a ultra-sonografia fica mais precisa se se examinar as ovelhas50 a 110 dias após terem sido expostas aos carneiros.

Coloca-se o receptor ultra-sônico anterior e lateralmente à glândula mamária naárea sem pêlos do flanco direito, e direciona-se a haste para frente e para cima, emdireção a última costela do lado esquerdo. Deve-se considerar a ovelha prenheapenas se o sinal de prenhez puder ser mantido por 3s. Também se pode determinara prenhez precisamente utilizando-se uma unidade de ultra-som de tempo real de50MHz portátil. A exploração transabdominal das ovelhas, entre os 51 e 75 dias de

gestação, diferencia precisamente o cordeiro único dos gêmeos.MANEJO DO CARNEIRO

Para se alcançar o máximo de fertilidade, devem-se triar cuidadosamente oscarneiros quanto à aptidão, através do exame físico para detectar quaisqueranormalidades (por exemplo, claudicação) que possam limitar a cobertura. Deve-semedir a circunferência do escroto e examinar cuidadosamente seu conteúdo epênis. Devem-se considerar potencialmente contagiosas quaisquer lesões palpá-veis, particularmente dos epidídimos (por exemplo, Brucella ovis  e Actinobacillus seminis ) e devem-se realizar testes apropriados para se estabelecer um diagnósticode rebanho. O sêmen coletado por eletroejaculação e examinado quanto a motili-dade e morfologia, também pode ser vantajosamente incorporado à triagem de paispotenciais, particularmente em sistemas de coberturas com um único pai. Todos osprocedimentos de triagem devem ser feitos 2 a 3 semanas antes da cobertura parapermitir a compra de carneiros de reposição, se se encontrar alguns carneiros quesejam reprodutores potencialmente insatisfatórios.

Pode-se monitorar a atividade de cobertura utilizando-se arreios de reproduçãonos carneiros e mudando-se a cor do giz de marcação a cada 16 a 17 dias. Ao semarcar menos ovelhas que o esperado, sugere-se pouca libido do carneiro, umabaixa proporção carneiro/ovelha ou anestro. Quando as ovelhas ficam marcadascom cores diferentes, suspeita-se de falha no emprenhamento ou de morteembrionária precoce.

Sob condições de rebanho com coberturas por muitos machos, os carneirosadultos geralmente perfazem 1,5 a 3% do rebanho; utilizam-se reprodutores únicospara rebanhos reprodutores. Deve-se evitar a dispersão do rebanho na cobertura.Já que as ovelhas mais jovens apresentam um período estral menos intenso e maiscurto, é melhor que sejam cobertas separadamente por carneiros adultos.

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Coleta de sêmen – Dos 2 métodos disponíveis para a coleta de sêmen decarneiro, a vagina artificial é o mais freqüentemente utilizado. Seu preparo para acoleta envolve a introdução de água quente a uma temperatura de 42 a 45°C e ar,entre a bainha externa e a membrana interna, lubrificação com petrolato ou parafinana extremidade onde irá ocorrer a introdução do pênis, e acoplamento do frascocoletor na extremidade oposta. Os carneiros deverão ser previamente treinados

para montar uma ovelha, de preferência no estro e sofrer a contenção.O segundo método é através de eletroejaculação, para a qual o carneiro poderáser contido pela lateral. O elétrodo bipolar umedecido será introduzido no reto. Opênis exposto poderá ser retido com um pedaço de gaze para facilitar a inserção da

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glande em um tubo coletor graduado de 10 a 15cm. A ejaculação ocorrerá apóspequenos estímulos elétricos, e a “exposição” da uretra poderá ser útil quando aexpulsão do sêmen for incompleta. Em geral, a eletroejaculação é menos confiávelque a utilização da vagina artificial; as amostras variam em qualidade e podem sercontaminadas pela urina.

O volume do sêmen coletado com vagina artificial varia de 0,5 a 1,5mL e aconcentração espermática é de 2,5 a 6 ×  109 /mL. O sêmen obtido através daeletroejaculação apresenta geralmente maior volume, porém baixa concentração.

Exame, diluição e armazenamento do sêmen – Imediatamente após a coleta,o volume do sêmen, a motilidade e a concentração de espermatozóides serãoavaliados. O ejaculado deverá ser diluído em até 5 vezes, dependendo da concen-tração inicial. Os diluentes mais comumente utilizados são o leite de vaca integraldesnatado ou reconstituído, aquecido por 8 a 10min em banho-maria, e citrato-

glicose-gema de ovo (15% de gema de ovo; 0,8% de glicose anidra; 2,8% de citratode sódio, desidratado em água destilada). O número de espermatozóides móveis eo volume de uma dose de inseminação para ovelha dependem do local dainseminação. Para inseminação vaginal, é utilizado 0,3 a 0,5mL com ≥ 300 milhõesde espermatozóides móveis; para inseminação cervical, 0,05 a 0,2mL é usado com100, 150 e 180 milhões para sêmen fresco, líquido estocado e congelado estocado,respectivamente. A inseminação intra-uterina por laparoscopia requer 0,05 a 0,1mLpor corno uterino e um total de 20 milhões de espermatozóides móveis.

O sêmen poderá ser armazenado por até 24h, pelo resfriamento do sêmen diluído

a 2 a 5°C, por 90 a 120min, mantendo-se esta temperatura. Embora uma parte dosespermatozóides resfriados possa permanecer móvel por até 10 dias, a fertilidadedecairá rapidamente após 24h e, geralmente, será bem baixa em torno de 48h.

O congelamento e armazenagem do sêmen de carneiro, à temperatura donitrogênio líquido (– 196°C), revela-se um processo mais difícil que o congelamentoe armazenagem de sêmen de touros, porém consideráveis progressos estão sendoobtidos no congelamento sob as formas peletizadas ou em palhetas sintéticas. Osdiluentes utilizados são os meios tri-lactosídeos ou tri-lactose, que são ligeiramentehipertônicos. A utilização de sêmen descongelado poderá resultar em > 50% de

nascimentos.Técnicas de inseminação – O estro poderá ser controlado na ovelha utilizando-se um tratamento adequado com progestógeno, preferencialmente associado àinjeção de PMSG (400 a 600UI) quando da interrupção do tratamento. Se a PMSG forutilizada, o estro ocorrerá após 36 a 60h e as ovelhas poderão ser inseminadas numperíodo determinado, geralmente em 48h. Se a PMSG não for utilizada, aconselha-se a inseminação no próximo estro, 17 a 20 dias após a interrupção do tratamento. Asovelhas em estro serão identificadas por carneiros vasectomizados “marcados” porsímbolos indicadores em seus peitos. As ovelhas deverão ser inseminadas enquanto

o muco vaginal se apresentar abundante, fino e semitransparente.Para a inseminação cervical, a ovelha será contida para limitação de movimen-tos, de modo a posicionar os quartos traseiros numa altura conveniente para fácilacesso à vagina. Após a limpeza da região vulvar, a cérvix será localizada com oauxílio de um espéculo e iluminação adequada, e a inseminação se realizará o maisprofundamente possível no canal cervical. Será preferível para este fim a utilizaçãode uma seringa graduada de 1 a 2 mL acoplada a um tubo inseminador longo eestreito; como alternativa, poderá ser utilizado um dispositivo inseminador semi-automático. O canal cervical da ovelha relativamente longo, tortuoso e de paredes

firmes, geralmente obstruirá a penetração pelo tubo por > 1cm. Em ovelhas idosas,multíparas, haverá maior dificuldade devido à deformação dos tecidos cervicais e osêmen poderá ser depositado somente no nível das dobras posteriores da cérvix. Emovelhas não experimentadas nas quais a introdução do espéculo e a dilatação da

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vagina serão difíceis podendo causar lesões, o sêmen deverá ser depositado no nívelda vagina anterior. Todas estas dificuldades serão minimizadas com experiência.

Para inseminação laparoscópica intra-uterina, a ovelha deve ser privada decomida e água por ≥ 12h. Cochos especiais são utilizados para reter as ovelhas,primeiro em decúbito dorsal para tosquiar e preparar o abdome para cirurgia. Ococho é então elevado à extremidade posterior da ovelha; assim ela é inclinada decabeça para baixo em ≥ 45°, com o abdome exposto ao operador. A anestesia localé injetada subcutaneamente em 3 locais: 4cm de cada lado da linha média ventral 6cm anterior ao úbere, e outro local imediatamente posterior a um dos locaisanteriores. Os 2 primeiros locais anestesiados permitem a entrada dos trocartes ecânulas, enquanto o terceiro permite a canulação por insuflação para distender oabdome com dióxido de carbono. Os trocartes e cânulas são inseridos, e o sêmené depositado em cada corno uterino através de uma pipeta de vidro com ponta fina.

MANEJO DA REPRODUÇÃO:PEQUENOS ANIMAIS

EXAME DO VIGOR REPRODUTIVO DA FÊMEA

O exame se inicia com a história, que deve incluir informações anteriores, taiscomo ciclos, prenhezes, manejo de acasalamento, distocia, aborto, etc. Deve-serealizar um exame físico completo, dando-se atenção particular à genitália e àsglândulas mamárias. Devem-se identificar os defeitos congênitos da raça, quepodem exigir outras técnicas, por exemplo, radiografia e oftalmoscopia. Aconse-lham-se o exame digital e a vaginoscopia da cadela para se detectar estenoses ououtros defeitos da vulva ou da vagina que possam atrapalhar a cópula ou a expulsãodo feto. Se houver uma história de infertilidade, aconselha-se a realização de umacultura a partir da área pericervical, utilizando-se um instrumento protegido de coleta

de material para cultura que tenha comprimento apropriado. Esse procedimentorequer sedação nos gatos. As culturas vaginais de rotina são de pouco valor, já quea vagina normalmente alberga uma grande variedade de bactérias, incluindo β-estreptococos. Devem-se testar as cadelas quanto a brucelose, antes de cada estroem que se pretender o acasalamento. Devem-se testar as gatas anualmente quantoaos vírus da leucemia felina e da imunodeficiência felina.

Antes de um acasalamento previsto, devem-se vacinar as fêmeas contra asdoenças infecciosas comuns. Se se empregar uma vacina de vírus vivo modificado,esta deve ser administrada ≥ 1 mês antes do estro, de tal forma que o período de

replicação máxima do vírus vacinal não coincidirá com o início da embriogênese.Deve-se realizar a vermifugação o mais cedo possível, já que a carga parasitária émelhor controlada sem ter que se administrar medicação durante a prenhez. O usode preventivos da dirofilariose durante a prenhez parece ser seguro.

EXAME DO VIGOR REPRODUTIVO DO MACHO

O exame do vigor reprodutivo do macho começa com a história do manejo deacasalamento, do número de ninhadas gerado e da saúde geral. Realiza-se um

exame físico completo, dando-se atenção particular aos defeitos hereditários e àgenitália. Deve-se protrair completamente o pênis pelo prepúcio e examiná-lo. Esteprocedimento pode requerer sedação em gatos. Se se acumularem pêlos ao redorda base do pênis do gato, estes podem impedir a cópula e devem ser retirados.

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Devem-se avaliar o tamanho e a simetria da próstata através de palpações retal eabdominal simultâneas. Esse procedimento não é necessárionos gatos, já que nelesas prostatopatias são raras. Uma balanopostite suave é comum em cães, e nãorequer tratamento, mas devem-se tratar apropriadamente os casos severos e curara afecção antes do acasalamento (ver também DISTÚRBIOS DO MACHO, pág. 825).

A coleta de sêmen para avaliação é difícil em gatos, a menos que estes tenhamsido treinados para ejacular em uma vagina artificial, ou que esteja disponível umequipamento de eletroejaculação. A coleta de um lavado vaginal imediatamenteapós a cópula pode determinar se um gato está produzindo esperma. (O espermadesaparece da vagina dentro de 1 a 2h após a copulação.) Lava-se a vagina da gatacom solução salina morna e aspira-se o lavado, centrifuga-se a amostra e examina-se o sedimento (o novo azul de metileno ou os corantes hematológicos de rotina sãoadequados para esse fim). A aspiração dos testículos com agulha fina também podeser usada para demonstrar a espermatogênese, mas ambos os métodos forneceminformações precárias.

O sêmen é facilmente coletado da maioria dos cães através do estímulo manual;a presença de uma cadela-manequim pode ser útil. Todo o equipamento deve seraquecido e liberto de contaminantes, inclusive desinfetantes químicos. O ejaculadocanino consiste de 3 frações: a primeira é livre de espermatozóides, a segunda é ricaem espermatozóides e a terceira e maior fração corresponde ao líquido prostático.A concentração de espermatozóides depende da quantidade de líquido prostá-tico coletada. Entretanto, deve-se coletar líquido prostático suficiente para assegu-rar que toda a fração rica em espermatozóides tenha sido ejaculada e coletada.

Avalia-se então o sêmen quanto ao número de espermatozóides e às suasmotilidade e morfologia. Devido à fração rica em espermatozóides ser diluída por umaquantidade variável de líquido prostático, o número de espermatozóides é descritocomo espermatozóides por ejaculado em vez de espermatozóides por mL. Os cãesnormais apresentam relatos de 300 a 500 × 106 espermatozóides por ejaculado. Aprodução de espermatozóides está relacionada ao tamanho testicular, de tal formaque os cães maiores devem produzir mais espermatozóides que os menores.Geralmente se determina a contagem de espermatozóides (número de espermato-zóides por dL ou por mL) com um hemocitômetro ou através de espectrofotometria.Converte-se então o número obtido em espermatozóides por ejaculado através damultiplicação pelo volume de sêmen coletado. Avalia-se a motilidade logo após secoletar a amostra; no mínimo 80% dos espermatozóides devem exibir uma rápida econstante progressão para a frente. Vários corantes comercialmente disponíveis sãoadequados para o exame morfológico; a nigrosina-eosina é utilizada mais comumen-te. Os defeitos morfológicos são categorizados em anormalidades primárias esecundárias. Calculam-se as porcentagens de defeitos com base em 200 esperma-tozóides. O sêmen canino normal deve ter < 25% de espermatozóides anormais.

INFERTILIDADE

Podem-se classificar as causas da deficiência reprodutiva (ver também pág. 782)como genéticas, infecciosas, hormonais metabólicas, relacionadas ao manejo ouanatômicas. As últimas ainda podem ser congênitas ou adquiridas.

A endometrite bacteriana moderada é uma causa infecciosa comum de infertili-dade. Não há sinais externos e o hemograma é normal. O diagnóstico presuntivo deendometrite é baseado na história dos ciclos normais e de manejo de acasalamentoapropriado, bem como no exame físico normal e na recuperação de grandes

números de um tipo de bactéria, a partir de uma cultura pericervical. A flora vaginalnormal se constitui geralmente de uma população mista e produz um crescimentodiscreto. Para se confirmar o diagnóstico, torna-se necessária uma biópsia endome-trial. Se se pretende uma cobertura, deve-se coletar material de cultura no início do

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proestro, para que se possa começar a antibioticoterapia antes do estro. A terapiaparenteral com penicilinas semi-sintéticas, cefalosporinas e macrolídios é geral-mente segura para o feto. Devem-se evitar cloranfenicol, tetraciclinas, sulfonami-das, aminoglicosídios e nitrofuranos. As duchas possuem valor questionável notratamento de uteropatias e o material pode ser espermicida.

A vaginite bacteriana pode causar infertilidade, presumivelmente devido à açãoespermicida das bactérias e de seus produtos metabólicos. Deve-se tratá-lavigorosamente com antibióticos parenterais e duchas, mas devem-se parar asúltimas vários dias antes da cobertura. A vaginite em cadelas também pode sercausada por um herpesvírus para o qual não há tratamento. O diagnóstico davaginite herpética se baseia na biópsia das lesões, que correspondem a pequenasvesículas que evoluem para pústulas ou úlceras rasas.

A brucelose (causada por Brucella canis , ver pág. 810) é uma doença altamente

contagiosa que causa aborto e infertilidade em cadelas, e infertilidade nos machos.Encontra-se comercialmente disponível um kit de teste rápido de aglutinação emlâmina (TRAL) para a detecção de anticorpos séricos. Se o TRAL for negativo e nãohouver história de exposição ou aborto, presume-se que a cadela esteja livre deBrucella ; se for positivo, trata-se o soro com 2-mercaptoetanol (2ME) para eliminaros anticorpos não específicos, e repete-se o TRAL. Se o TRAL-2ME for positivo,presume-se que a cadela esteja infectada e indicam-se testes adicionais (difusão noágar gel e culturas vaginais e sangüíneas).

Nos gatos, os casos infecciosos de infertilidade incluem toxoplasmose, leucemia

viral, peritonite infecciosa e rinotraqueíte viral. Podem causar aborto, morte neona-tal, reabsorção fetal e infertilidade aparente.O hipotireoidismo (ver pág. 338) é uma causa hormonal comum de infertilidade

em algumas raças de cães. Os animais afetados podem ou não exibir quaisquer dossinais comumente associados ao hipotireoidismo. Pode causar infertilidade, ciclosde cio anormais, libido fraca, e/ou anormalidade do sêmen em machos. É incomumem gatos.

O anestro prolongado pode ser congênito ou adquirido; algumas raças grandespodem não apresentar seu primeiro estro até ≥ 2 anos de idade; alguns indivíduos

e algumas raças apresentam estro tipicamente uma vez a cada ano. As formascongênitas de anestro podem ser devidas a uma disfunção do eixo hipofisário–hipotalâmico ou a uma disgênese ovariana. O diagnóstico do anestro congênitobaseia-se na exclusão de todas as outras causas possíveis (incluindo defeitoscromossômicos, endocrinopatias e ooforectomia anterior) e na idade do animal. Aindução do estro fértil na cadela é difícil: um método descrito consiste na adminis-tração de hormônio folículo-estimulante hipofisário suíno (FSH, 0,75mg/kg, IM,diariamente por 10 dias); e na indução posterior da ovulação com uma injeção IMde hormônio luteinizante (LH [gonadotrofina coriônica humana, HCG], 500 a

1.000UI) no 10º ao 12

º dia, ou de hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH, 50a 200µg). Já que a ciclicidade nas gatas é determinada pelo fotoperíodo, deve-se

providenciar iluminação adequada por vários meses antes de o anestro congênitoser diagnosticado e administrar hormônios exógenos. Um método descrito para aindução do estro em gatos consiste na administração IM de FSH, a 2mg/gato,diariamente até que apareçam os sinais de estro, mas não > 5 dias.

O anestro adquirido pode resultar de ooforectomia anterior, tratamento comhormônios exógenos (incluindo glicocorticóides) ou ovariopatia (cistos ou neopla-sia). O diagnóstico se baseia geralmente na história, exame físico, avaliação

bioquímica e laparotomia.O estro prolongado pode ser causado por cistos ovarianos produtores deestrogênio, tumores ovarianos funcionais ou estrogênios exógenos. Deve-se desis-tir dos hormônios exógenos. Se a HCG ou o GnRH falharem em induzir a ovulação

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e em resolver o estro persistente, indica-se uma laparotomia. Devem-se removercirurgicamente os tumores.

Os defeitos anatômicos podem ser congênitos ou adquiridos. Pouco se conheceacerca da hereditariedade dos defeitos congênitos, exceto sobre o criptorquidismo.A estenose da vagina ou do vestíbulo é comum na cadela e geralmente impede acópula, mas se se seguir a uma prenhez após uma cobertura por “relação externa”ou por inseminação artificial (IA), ocorre distocia. O diagnóstico se baseia empalpação e vaginoscopia. O tratamento é cirúrgico.

Para discussão de hiperplasia vaginal, ver página 824.A fibrose dos ovidutos ou dos cornos uterinos, provavelmente um resultado de

inflamação seguida de infecção ou trauma, leva à infertilidade. O diagnóstico é feitoatravés de laparotomia com emprego de corantes. Não há tratamento confiável,embora se possa tentar a microcirurgia.

Outras causas da incapacidade em copular incluem corpos estranhos vaginais,hematomas, estados intersexos e neoplasias. O diagnóstico é baseado no examefísico e vaginoscopia. A cirurgia exploratória e biópsia são necessárias paraconfirmação do diagnóstico de intersexo.

O criptorquidismo é um defeito congênito comum em machos. O criptorquidismounilateral não resulta em infertilidade. Nos cães, parece ser hereditário e não sedevem acasalar os animais afetados. Já que os testículos retidos apresentam umaincidência maior de neoplasias, recomenda-se a castração. Se um ou ambos ostestículos não estão presentes no escroto na puberdade, o diagnóstico de criptor-

quidismo é comprovado; os testículos descem normalmente ao escroto tão cedoquanto 2 semanas de idade. As tentativas de terapia médica com gonadotrofinase/ou testosterona não têm obtido sucesso. Considera-se a orquiopexia antiética.Nos cães, pode ocorrer que um testículo falhe em se desenvolver (monorquidismoverdadeiro), mas desconhecem-se a prevalência e a hereditariedade.

O frênulo peniano persistente impede a protrusão do pênis pelo prepúcio, eportanto também impede a cópula. O tratamento é cirúrgico. O desvio do pênis éincomum. Esses animais requerem assistência no acasalamento ou podem seracasalados através de IA. As hipospadias impedem o transporte espermático

normal dos testículos para a glande peniana e são facilmente detectadas por examefísico. Os defeitos pequenos podem se fechar espontaneamente, mas em geraltorna-se necessário algum tipo de cirurgia reconstrutiva, acarretando uretrostomiae amputação peniana.

A estenose da abertura prepucial pode ser congênita ou resultar de umainflamação crônica (trauma ou dermatite bacteriana). Isso resulta em fimose (verpág. 827). Deve-se tratar qualquer causa de base e então, se necessário, aumentarcirurgicamente a abertura.

A neoplasia testicular geralmente causa infertilidade. A castração do testículo

afetado pode permitir que o testículo contralateral recupere sua capacidade deproduzir esperma, mas o prognóstico fica reservado.As altas temperaturas ambientais podem induzir a hipospermia tanto tempo-

rária como permanente. O manejo do canil ou gatil deve permitir que os machosreprodutores permaneçam em temperatura agradável durante o verão.

CONTROLE HORMONAL DO ESTRO

Os ciclos de estros de cães e gatos não são tão facilmente manipulados como

nas outras espécies. Embora se possa retardar o início de um ciclo particular, oretorno à ciclagem normal é altamente variável. A indução do estro (ver anteriormen-te) é cara, não confiável e raramente justificável; pode obter sucesso apenas emanimais anéstricos normais.

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A ovário-histerectomia é o melhor método para se evitar estro na cadela e nagata. Pode-se conseguir uma supressão a longo prazo do estro na cadela com o usode mibolerona, um androgênio sintético. A dose é de 3µg/kg/dia, exceto para ospastores alemães e seus mestiços, que requerem 6µg/kg/dia. A terapia tem quecomeçar ≥ 1 mês antes do proestro. Os efeitos colaterais comuns incluem hipertrofiaclitórica, vaginite (especialmente em cadelas pré-púberes), aumento da atividadedas glândulas sebáceas cutâneas, epífora discreta e alterações nos estudos dasfunções hepáticas. O retorno ao estro após o término da terapia é variável, mas éde 70 a 90 dias. As taxas de concepção ficam comprovadamente normais por voltado segundo ciclo após o tratamento. Se se administrar mibolerona a cadelasprenhes, o sistema urogenital dos filhotes fêmeas apresentará várias anomalias dedesenvolvimento. Não se deve administrar mibolerona a gatos.

Pode-se conseguir controle temporário do estro com acetato de megestrol,

um progestógeno sintético. Nas cadelas, o megestrol detém (evita) o estro se foradministrado na dose de 2,2mg/kg/dia por 8 a 10 dias, começando-se durante osprimeiros 3 dias de proestro. A eficácia é de 93%. O retorno ao estro é variável,mas freqüentemente ocorre  2 meses mais cedo que o esperado, presumivel-mente como resultado da prevenção da fase luteal normal. Para se adiar um estroprevisto, administra-se a droga na dose de 0,55mg/kg/dia por 32 a 40 dias,começando-se≥ 7 dias antes do início do proestro. A eficácia é de 97%. O retornoao estro é variável, mas se se calcular apropriadamente, se aproxima do próxi-mo ciclo regularmente previsto. Os efeitos colaterais incluem aumento de apetite,

ganho de peso e alterações de personalidade (ficam geralmente mais dóceis).Também pode-se desenvolver hiperplasia endometrial cística. Raramente ocorrelactação.

O megestrol não é aprovado para o uso em gatos nos EUA, mas os dadoseuropeus indicam sua eficácia na supressão do estro. Além dos efeitos colateraisdescritos anteriormente para as cadelas, os gatos podem desenvolver diabetesmelito durante o tratamento.

Pode-se induzir a ovulação em gatas no estro tanto física como, maisconfiavelmente, hormonalmente para se produzir uma fase luteal (diestro ou

metestro) de

  45 dias. Os métodos físicos incluem a cobertura por um gatovasectomizado (muito eficiente) ou a inserção de um “swab” ou um bastão de vidroesterilizado na vagina. Deve-se repetir várias vezes o último método para se obtermelhores resultados. Pode-se conseguir a ovulação hormonal com HCG a 500UI/gatoou GnRH a 25µg/gato. Ambos são administrados IM, diariamente por 2 dias.

Deve-se desencorajar o uso de progestógenos especialmente as injeções derepositol, tanto em cães como em gatos, devido ao desenvolvimento de hiperplasiaendometrial cística e subseqüentes piometria, neoplasias mamárias e diabetesmelito.

O uso de testosterona injetável, da forma como é praticado comumente emgalgos de corrida, leva freqüentemente a futuras dificuldades com fertilidade.

COBERTURA NATURAL

Deve-se levar a cadela ao reprodutor. A cobertura deve ocorrer em um lugarfamiliar a ele, sem distração excessiva. Ela deve chegar antes das suas datas ideaisde acasalamento, para se tornar familiarizada com a área. Não se deve utilizar aárea de acasalamento para propósitos de adestramento, já que o macho pode

desenvolver um comportamento negativo para com tais áreas e render pouco. Deve-se providenciar um bom piso. Algumas raças requerem apoio físico para facilitar acobertura; qualquer apetrecho deve ser construído de forma a ser tão confortávelquanto possível. Com a cadela já na área de acasalamento, deve-se introduzir o

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reprodutor e observar suas interações. Já que pode ocorrer seletividade deparceiros nos cães, podem-se não conseguir naturalmente as coberturas deseja-das. Uma agressão por parte de qualquer um dos cães exige uma intervenção.

O acasalamento da cadela em dias alternados, do primeiro ao último dia de estroassegura que os espermatozóides estejam presentes, tanto antes como após aovulação, e assegura tempo apropriado para que os óvulos liberem seus corpúscu-los polares e que os espermatozóides se capacitem. Se se permitir apenas 2coberturas, a primeira deve ocorrer no primeiro dia de estro, e a segunda ≥ 3 diasmais tarde. Pode-se empregar a citologia vaginal (ver pág. 1142) para se determinaro início do estro através da maturação/cornificação máxima das células epiteliais.Nas cadelas com ciclos “médios” ou “típicos”, o primeiro dia de estro ocorre 10 diasapós o início do proestro. A vaginoscopia para determinar a crenação ou aangulação das dobras da mucosa vaginal também pode ajudar a determinar o

estágio do ciclo do estro. A mucosa torna-se nitidamente angulada no meio e no finaldo estro; torna-se arredondada com um pregueamento pronunciado no início doestro e do diestro. Após a cópula, deve-se examinar o macho para assegurar queo pênis foi retirado completamente no prepúcio. Devem-se retornar ambos osanimais a áreas quietas.

Também se deve levar a gata ao gato. Deve-se fornecer uma área de acasalamentoquieta com um bom piso e o mínimo de interferência. Não se deve interromper a“corte”, a menos que haja interesse na segurança de qualquer um dos gatos. Sabe-se que os machos cobrem até o ponto de exaustão física, mas a gata normalmente

passará por um período de rolamento e limpeza após o acasalamento e não deixaráque o gato remonte por um período. Já que se induz a ovulação por estímulo vaginal–cervical, aconselha-se acasalamentos múltiplos por 3 dias. Os períodos de separa-ção entre as coberturas evitam a exaustão e diminuem as chances de luta.

O estresse do transporte pode afetar adversamente o estro e o início da prenhez,especialmente nos animais não acostumados a serem transportados. Não sedevem transportar animais potencialmente prenhes até que se possa determinar aprenhez.

INSEMINAÇÃO ARTIFICIALVárias organizações de registro de raça e livros de registro de “pedigree”

possuem regulamentos quanto à IA. Da mesma forma, o embarque interestadual ouinternacional de sêmen pode ser regulamentado. Deve-se realizar a IA com sêmenfresco, resfriado ou congelado. Todos os instrumentos devem estar esterilizados elivres de qualquer contaminação química. Já se descreveu anteriormente a coletade sêmen. Após a coleta e a avaliação, deve-se depositar o sêmen na vaginaanterior da cadela, utilizando-se uma pipeta de inseminação rígida de comprimento

apropriado; pode-se diluir e refrigerar o sêmen para uso posterior (dentro de 24h),ou diluir e congelar para armazenamento a longo prazo. Mais freqüentemente,utiliza-se diluente de gema de ovo tamponado com fosfato ou diluente tamponadocom TRIS. Congela-se o sêmen canino em péletes ou palhetas, armazenando-o emnitrogênio líquido. Deve-se aquecer o sêmen resfriado e congelar o sêmen descon-gelado como indicado pelo fornecedor e inseminar imediatamente. As recomenda-ções atuais são para que cada inseminado contenha ≥ 125 × 106 espermatozóidesmóveis e normais.

Na crença de que isso melhorará o transporte de espermatozóides, alguns

recomendam que após a inseminação deve-se colocar uma luva esterilizada elubrificá-la com gelatina estéril; insere-se então o dedo indicador na vagina e alisa-se suavemente a parede dorsal, numa tentativa de induzir as contrações muscularesda genitália tubular.

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TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES

Tem-se realizado a transferência de embriões em cães, mas a coleta deembriões e a implantação em uma receptora requerem técnicas cirúrgicas invasivasque parecem não ser facilmente aplicáveis na prática.

PREVENÇÃO DA PRENHEZ

É comum a cobertura não planejada e não pretendida de cães e gatos. As duchaspós-coitais não possuem nenhum valor na prevenção de uma prenhez não preten-dida. Embora os estrogênios, quando administrados apropriadamente, possamevitar a prenhez, o seu uso envolve um grande risco de sérios efeitos colateraisincluindo piometria e supressão da medula óssea potencialmente fatal. Os estrogê-nios têm de ser administrados logo após a cópula, antes que óvulos potencialmente

fertilizados atinjam o útero. Não se deve nunca administrar estrogênios durante odiestro, devido ao risco de piometria ser muito maior; deve-se realizar citologiavaginal antes da administração para determinar se o animal ainda está em estro.Geralmente, os estrogênios não esteróides (por exemplo, dietilestilbestrol, 0,4 a0,5mg/kg, VO, uma vez ao dia, por 5 dias) são menos tóxicos que outros compostos,mas também são menos efetivos na prevenção da prenhez. O cipionato de estradiol(ECP) é o estrogênio mais comumente utilizado para a prevenção de prenhez. Adose de ECP para cadelas é de 0,02mg/kg, IM, não excedendo uma dose total de1mg. A dose de ECP para gatas é de 0,25mg/gata, IM. Aplica-se apenas uma dose.

O estro comportamental ficará prolongado. Deve-se explicar aos proprietários osriscos e os sinais de piometria e reexaminar o animal   1 mês mais tarde. Asupressão da medula óssea pode se manifestar através do sangramento devido atrombocitopenia, letargia ou fraqueza devidas a anemia, ou da septicemiadevida a neutropenia.

A ovário-histerectomia evita a prenhez. Não há risco aumentado para os animais< 4 semanas de prenhez, mas os riscos aumentam com o avanço da prenhez.Alguns autores recomendam que se realizem testes de coagulação antes dacirurgia, já que tanto o estrogênio como a progesterona podem agravar determina-

dos problemas de sangramento (por exemplo, a moléstia de von Willebrand) oucausar funcionamento anormal das plaquetas.

DIAGNÓSTICO DA PRENHEZ

A fertilização, tanto na cadela como na gata, ocorre nos ovidutos. A implantaçãodos zigotos no útero ocorre  aos 18 dias na cadela e aos 14 dias na gata. Isso seacompanha da formação de pequenos inchaços ao longo dos cornos uterinos(placenta decídua) em 21 dias. Esses inchaços são palpáveis, desde que o animal

coopere, neste período. O crescimento fetal é rápido durante o início da prenhez, eesses inchaços dobram em diâmetro a cada 7 dias. Após o 35º ao 38º dia, se tornamindiferenciados e a palpação fica difícil até o final da prenhez, quando as cabeçase os quartos traseiros do feto ficam palpáveis como estruturas firmes e nodulares noabdome posterior ventral.

Embora a calcificação do esqueleto fetal comece tão cedo quanto no 28º dia, elanão é detectável por radiografia de rotina até aproximadamente o 42º ao 45º dia etorna-se muito proeminente por volta do 47º ao 48º dia. A radiografia neste períodonão é teratogênica.

A ultra-sonografia também é útil na determinação da prenhez, especialmenteapós os 35 dias. Antes dos 21 dias, ocorrem resultados “falsos-negativos”. Osinstrumentos do tipo Doppler permitem que alguém “escute” o coração fetal, quebate 2 a 3 vezes mais rápido que o da mãe. Também se podem ouvir os sons

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placentários. A ultra-sonografia é especialmente útil na diferenciação entre prenheze piometria.

Atualmente não existem testes biológicos que determinem precisamente aprenhez, tanto na cadela como na gata. A observação externa das tetas não éconfiável, especialmente nos animais multíparos. Geralmente, o ganho de peso ea distensão abdominal não se tornam óbvios até o terço final da gestação, e podemocorrer na ausência de prenhez devido a progesterona ou pseudociese.

INDUÇÃO DO PARTO, ABORTO

A indução precisa do parto na cadela e na gata ainda não é possível atualmente.Além disso, ainda se tem de desenvolver um abortivo eficaz e rotineiramente seguro.Após o 40º dia de prenhez, tem-se induzido o aborto com prostaglandina (PG) F2αa 10µg/kg, três vezes ao dia por 2 dias, em  60% das cadelas tratadas. Podem-se abortar as gatas prenhes ≥ 40 dias com PGF2α a 0,5 a 1mg/kg, uma vez ao diapor 2 dias, assegurando-se que estejam “estressadas” ou que estejam pré-tratadascom hormônio adrenocorticotrófico. As doses mais altas apresentam muitos efeitoscolaterais indesejáveis.

A dexametasona causa morte fetal e reabsorção intra-uterinas quando adminis-trada a cadelas a 0,5mg/kg, IM, duas vezes ao dia por 10 dias. O mesmo tratamentocausa aborto após o 45º dia. Não se tem descrito o efeito da dexametasona emfelinos.

CUIDADOS PÓS-PARTO

A primeira urgência é a confirmação (por palpação e, se necessário, radiografia)da expulsão de todos os filhotes. A administração de rotina no pós-parto de ocitocinae/ou antibióticos não é necessária em mães saudáveis que estejam amamentandoneonatos. Devem-se monitorar a temperatura corporal da mãe e a constituição doslóquios e do leite. Normalmente, os lóquios são verde-escuros a negros e sãoabundantes nos primeiros poucos dias após o parto. Não é necessário que a mãeconsuma as placentas. A desinfecção do umbigo com tintura de iodo ou mertiolate

ajuda a evitar infecção bacteriana. Deve-se pesar precisamente o neonato tão logoesteja seco e diariamente na primeira semana. Deve-se considerar qualquer perdade peso durante as primeiras 24h como um sinal de um problema potencial e deve-se dar atenção imediata.

PROBLEMAS PERIPARTURIENTES

A retenção de placenta ou de seus restos geralmente leva a uma metrite. Ossinais correspondem a contrações contínuas como se ainda estivesse em trabalho

de parto, à presença de uma massa fusiforme associada ao útero, de uma descargavulvar anormal, febre e letargia à medida que a infecção se desenvolve. A ocitocinapode expulsar a placenta. Se não houver expulsão mesmo assim, deve-se retirá-lapor meio de uma histerotomia.

A principal doença metabólica associada à prenhez é a eclâmpsia ou tetaniapuerperal (ver pág. 551). É rara nos gatos e mais comum nos cães que pesem< 20kg.

Algumas distocias respondem à administração de preparados parenterais decálcio em conjunção com a administração de ocitocina. Presumivelmente, são

devidas a níveis séricos ligeiramente baixos de cálcio.As anormalidades anatômicas associadas à prenhez e ao parto incluem o pro-lapso uterino, a torção uterina e as estenoses vaginais. Com exceção das estenosesvaginais, todas são raras. Geralmente causam distocia materna (ver pág. 820).

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Pode ocorrer infecção bacteriana no útero durante o pós-parto (METRITE, verpág. 820) ou durante a fase luteal (piometria, ver pág. 822).

A hemorragia uterina pós-parto é rara. Pode-se tentar o tratamento com ergono-vina (15mg/kg, EV); se esse tratamento falhar em deter a hemorragia, tem-se queproceder a uma cirurgia.

A subinvolução uterina é mais comum nas cadelas primíparas jovens. Nosanimais afetados, os lóquios parecem normais, mas podem persistir por 8 a 10semanas ou mais. O tratamento não é necessário porque a afecção se resolveespontaneamente. Não se afeta a fertilidade no futuro.

A agalactia (menos a causada por enfermidade grave) não é comum em cães egatos. Quando ocorre, responde freqüentemente à administração parenteral ouintranasal de ocitocina. Deve-se monitorar cuidadosamente o peso corporal doneonato para se determinar se o fluxo de leite é adequado; os gatinhos e cachorri-

nhos recém-nascidos devem exibir ganhos de peso diários.A mastite é mais comum nas cadelas do que nas gatas. O diagnóstico e otratamento são semelhantes aos realizados nas outras espécies.

As cadelas e as gatas devem parir em uma área familiar, onde não serãoperturbadas. Os arredores não familiares ou estranhos podem impedir a expulsão,interferir na descida do leite ou afetar adversamente o instinto maternal. Esses fatossão especialmente verdadeiros nos animais primíparos ou jovens. A apreensão ounervosismo da mãe pode se reduzir em poucas horas, mas nesse meio-tempo osneonatos têm de receber colostro e ser mantidos aquecidos.

Uma mãe nervosa pode ignorar os neonatos ou dar-lhes atenção excessiva. Aúltima possibilidade pode resultar em lambedura e mordedura do coto umbilicalquase contínuas, que podem causar hemorragia ou danificar a parede abdominal,o que por sua vez pode levar a uma evisceração. A limpeza excessiva do neonatopode impedi-lo de mamar. Se o instinto maternal estiver bloqueado, a mãe podeassumir o decúbito esternal e não permitir a amamentação, ou pode abandonar osneonatos.

Não é incomum que a mãe pegue os filhotes e os rearranje na caixa, especial-mente após o parto de cada filhote; porém, ela deve assumir a posição normal de

amamentação.

NUTRIÇÃO: GATOSO gato é um carnívoro verdadeiro; no entanto, pode satisfazer suas necessida-

des nutricionais a partir de uma grande variedade de dietas. As necessidades de

muitos nutrientes aumentam durante o crescimento, prenhez, lactação e febre. AsTABELAS 11 e 12 enumeram algumas das necessidades nutricionais e concessõespara os gatos. A associação íntima com o homem tem levado a uma modificaçãosignificativa dos padrões de alimentação dos gatos (por exemplo, o acesso fácil aoalimento pode levar a um consumo excessivo de comida). Sua capacidade deconservar água tem criado o mito de que o gato não exige muita água. Devido aofato de poder produzir urina hipertônica, a suspensão do fornecimento de água oua limitação do consumo de água podem levar a uma urina muito mais concentradaque o normal, o que pode exacerbar problemas urinários felinos (ver UROLITÍASE,

pág. 1077).As necessidades nutricionais do início da vida estão ligadas ao crescimento.A taxa de crescimento é excepcionalmente rápida nos primeiros 3 a 4 meses,mas começa a se estabilizar com150 a 160 dias de idade. O peso adulto médio

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TABELA 11 – Estimativas das Quantidades Diárias de Ração para Gatos

Tipo seca Semi-úmida Enlatada

Peso corporal (kg) (90% de matéria seca) (70% de matéria seca) (25% de matéria seca)(aproximado) (g/kg de peso corporal) (g/gato) (g/kg de peso corporal) (g/gato) (g/kg de peso corporal) (g/gato)

Filhote10 semanas 0,9 a 1,1 78 70 a 86 83 75 a 91 227 204 a 25020 semanas 1,9 a 2,5 41 78 a103 43 82 a 108 118 224 a 29530 semanas 2,5 a 3,8 31 78 a 118 33 83 a 125 91 228 a 34640 semanas 2,9 a 3,8 25 73 a 95 27 78 a 103 73 212 a 277

Gato adulto*Inativo 2,2 a 4,5 22 48 a 90 23 51 a 99 64 141 a 288Ativo 2,2 a 4,5 25 55 a 113 27 59 a 122 73 160 a 329Gestação 2,5 a 4,0 31 78 a 124 33 83 a 132 91 228 a 364Lactação** 2,2 a 4,0 78 172 a 312 83 182 a 332 227 499 a 908

* 50 semanas de idade ou mais velho.

** Gatas amamentando 4 a 5 filhotes na sexta semana de lactação.Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Cats , 1986, National Academy of Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

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* Baseado em uma dieta com uma EM de 5kcal/g de matéria seca.Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Cats , 1986, National Academy of Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

TABELA 12 – Exigências Mínimas para Filhotes em Crescimento (u/kg de Dieta, Matéria Seca)

Nutriente Unidade Quantidade*

GorduraÁcido linoléico . .......................................... g 5Ácido araquidônico ................................. mg 200

Proteína (N × 6,25) ....................................... g 240Arginina . ....................................................g 10Histidina .................................................... g 3Isoleucina .................................................. g 5Leucina .....................................................g 12Lisina ......................................................... g 8Metionina mais cistina ............................... g 7,5

(aminoácidos sulfurados totais)Metionina .................................................. g 4Fenilalanina mais tirosina ......................... g 8,5Fenilalanina ............................................... g 4Taurina. ................................................... mg 400Treonina .................................................... g 7Triptofano .................................................. g 1,5Valina ........................................................ g 6

MineraisCálcio ........................................................ g 8Fósforo ...................................................... g 6

Magnésio ................................................ mg 400Potássio .................................................... g 4

Nutriente Unidade Quantidade*

Sódio ....................................................... mg 500Cloro ......................................................... g 1,9Ferro ....................................................... mg 80Cobre ...................................................... mg 5Iodo .......................................................... µg 350Zinco ....................................................... mg 50

Manganês ............................................... mg 5Selênio .....................................................µg 100

VitaminasVitamina A (retinol) ................................. mg 1 (3.333UI)Vitamina D (colecalciferol) ....................... µg 12,5 (500UI)Vitamina E (α-tocoferol) .......................... mg 30 (30UI)Vitamina K (filoquinona) ........................... µg 100Tiamina ................................................... mg 5Riboflavina .............................................. mg 4Vitamina B6 (piridoxina) .......................... mg 4Niacina .................................................... mg 40Ácido pantotênico ................................... mg 5Folacina (ácido fólico) .............................. µg 800Biotina ...................................................... µg 70Vitamina B12 (cianocobalamina)............... µg 20

Colina ............................................................ g 2,4

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(aos 450 dias) dos gatos domésticos é de 3,2 ± 0,9kg e o das gatas é de 2,75± 0,5kg. Em ambos os sexos, atinge-se o crescimento máximo dentro de 200 a220 dias.

Os gatos sadios ingerem vários alimentos. Embora odor, consistência, gosto ehábitos dietéticos determinem qual o alimento que um gato prefere, a quantidadeque ele irá ingerir é determinada por coisas tais como ruídos, luzes, recipientes paraalimento, presença ou ausência do homem ou outros animais (inclusive outrosgatos), estado fisiológico e doença. Os gatos que não estiverem satisfeitos com suadieta podem morrer de fome.

As modificações na dieta são exigidas por alterações no ciclo de vida, ambientee peso corporal, e por doença. O crescimento, prenhez e lactação aumentamenormemente o consumo de nutrientes (ver também pág. 1417). Os filhotes emcrescimento e as gatas prenhes e lactantes devem ser alimentados à vontade ou

várias vezes ao dia para suprir suas necessidades diárias. As variações na tem-peratura podem exigir que um gato coma mais durante o inverno, especialmente sepermanecer por quase todo o ano ou à noite em meio externo. A dieta tem que suprirum consumo de nutrientes equilibrado e um consumo de energia apropriadamentereduzido ou aumentado quando for necessário para se corrigir obesidade ou umasituação de peso abaixo do normal. Numerosas doenças podem exigir alteraçõesna dieta. As doenças não relacionadas com desequilíbrios nutricionais, tais comoproblemas parasitários, renais, pancreáticos, hepáticos, gastrointestinais e a maio-ria dos metabólicos, podem produzir uma necessidade dietética mais sutil, mas

igualmente importante.

NECESSIDADES NUTRICIONAIS

Energia – Os gatos necessitam de energia suficiente para permitir a utilização idealdas proteínas e para providenciar energia para crescimento, manutenção, atividade,prenhez e lactação. Isso corresponde a uma variação entre 75kcal/kg de pesocorporal para adultos inativos médios, até 250kcal/kg para filhotes em crescimentoe até tanto quanto 300kcal/kg para gatas lactantes. A medida mais útil de energia

é a energia metabolizável (EM), ou seja, a parte da energia componente da dieta queé retida pelo corpo. Os valores precisos de EM para muitos ingredientes alimentaresnão são conhecidos para os gatos, embora acredite-se que se possam aplicar osfatores utilizados para cães. Consistem em: carboidratos, 3,5kcal/g; gorduras,8,5kcal/g; e proteínas, 3,5kcal/g. Os valores de 4, 9 e 4 utilizados para o homem sãomuito altos para os gatos. Não se conhece bem o impacto exato da temperaturaambiental, já que se tem feito a maioria das pesquisas sob condições termoneutras(20 a 22°C); entretanto, o consumo alimentar aumenta à medida que a temperaturacai abaixo de 20°C.

Proteínas – O gato apresenta uma exigência de proteínas mais alta que a damaioria das espécies. Os adultos saudáveis necessitam de 5g de proteínas dealto valor biológico por kg de peso corporal/dia. As dietas ideais devem conter nomínimo 28 a 29% de EM como proteína para filhotes em crescimento, e ≥ 21%para gatos adultos. Filhotes em crescimento são mais sensíveis à qualidade deproteínas e equilíbrio de aminoácido na dieta que os adultos. As proteínasaproveitáveis para os gatos têm de suprir ≥ 500mg de taurina/kg de matéria secada dieta. A menos que se adicionem aminoácidos essenciais, torna-se necessá-ria alguma proteína animal na dieta para se evitar o esgotamento de taurina e o

desenvolvimento de degeneração retiniana central felina ou de miocardiopatiapor dilatação.Gorduras – Tanto quanto 60% das calorias da dieta do gato podem provir das

gorduras, e as dietas que contenham 8 a 40% de gordura com base na matéria seca

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têm obtido sucesso na alimentação; porém, os teores mais altos de gordura em umadieta palatável tendem a resultar em obesidade se o consumo não for limitado. Oconsumo de gorduras recomendado para os gatos é aproximadamente o dobro dodos cães. Se houver proteção antioxidante insuficiente para a vitamina E na dieta,muita gordura poliinsaturada pode levar à esteatite (ver pág. 664). Adicionar umaquantidade pequena de gordura geralmente melhora a aceitabilidade das dietas. Osgatos não podem converter o ácido linoléico em ácido linolênico ou ácido araquidô-nico, os quais têm de ser obtidos a partir de fontes animais; as recomendaçõesincluem tanto ácido linoléico quanto araquidonato a 5g e 0,2g/kg de dieta, respecti-vamente.

Carboidratos – Não são aparentemente essenciais na dieta quando as boasqualidades de proteína e gordura fornecem glicerol e aminoácidos glicogênicos,mas proporcionam uma fonte de energia menos dispendiosa que as gorduras ou

proteínas. Se o amido não for cozido, será fracamente digerido e pode resultar emflatulência e diarréia. Exceto para o caso eventual de intolerância a lactose ousacarose, a maioria dos carboidratos cozidos é bem tolerada.

Vitaminas – As vitaminas recomendadas para os gatos estão listadas na TABELA

12. A maioria das rações comerciais de gato é reforçada com vitaminas em níveisque satisfazem as necessidades. Os gatos requerem vitamina A em sua dieta e nãopodem usar o caroteno como precursor. A necessidade de tiamina dos gatos é 5vezes maior que a dos cães.

Minerais – Existe pouca clareza com relação às recomendações acerca das

necessidades dietéticas de minerais constantes na TABELA 12; muitas estãobaseadas no conteúdo mineral de dietas oferecidas com sucesso. Há evidênciasde que os teores de magnésio > 0,3% (com base em matéria seca) podem sernocivos se a dieta for muito alcalina. Da mesma forma, as quantidades de cálcioe fósforo muito maiores que as recomendadas podem ter um impacto negativo nometabolismo.

Rações para gatos

As rações comerciais para gatos são disponíveis em 3 formas diferentes:enlatada, seca e semi-úmida. Da mesma forma que com todos os produtos alimen-tícios, devem-se fazer comparações com base calórica ou em relação à matériaseca. As rações para cães não são satisfatórias para os gatos, já que a maioria delasé mais pobre em proteínas, freqüentemente não contém taurina e não é projetadapara produzir um pH urinário de ≤ 6,5 (que ajuda a evitar a cristalização de estruvitaou de magnésio–amônio–fostato no trato urinário [os quais podem causar obstru-ção]). Algumas rações para gatos também não são satisfatórias, especialmente asque forem derivadas de um único item alimentar.

Todas as rações comerciais para gatos são legalmente obrigadas a apresen-tar informações no rótulo, incluindo nome do produto, análise garantida, garantiade ingredientes, peso líquido, nome e endereço do fabricante ou distribuidor.Enumeram-se os ingredientes em ordem decrescente de quantidade. Nos EUA,todas as rações para animais de estimação vendidas têm de ser registradas juntoaos oficiais de controle de alimentos do estado e têm de conter ingredientesaprovados, geralmente considerados como seguros (sigla GRAS em inglês), amenos que estejam destinadas a propósitos especializados, tais como melhoraou prevenção de doenças. Essas rações projetadas para “curar” enfermidades

são consideradas pela “Food and Drug Administration (FDA)” como drogas e têmde ser aprovadas por ela.As boas rações comerciais para gatos são formuladas para fornecer quantidades

adequadas de cada nutriente exigido, sem que haja um excesso intolerável de

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qualquer nutriente. Deve-se proceder cuidadosamente à suplementação de raçõescomerciais para gatos e somente com justificação apropriada.

As rações para gatos do tipo seco contêm 90 a 94% de matéria seca, as raçõessemi-úmidas geralmente contêm   70% de matéria seca e a maioria dasrações enlatadas contêm 22% de matéria seca. Isso ajuda a explicar por que osproprietários podem ficar assustados quando gatos alimentados com ração enlata-da que passam a receber rações semi-úmidas ou secas consomem mais água queantes, ou por que gatos que ingerem rações enlatadas consomem tão pouca água.Normalmente, os gatos consomem quase duas vezes tanta água por peso quantoconsomem matéria seca. Conseqüentemente, enquanto estiverem ingerindo umaração enlatada com 78% de água, o seu consumo de umidade é geral e considera-velmente maior que o necessário. É um método caro de fornecimento de água, masútil para diluir a urina do gato e evitar a síndrome urológica felina.

DOENÇAS NUTRICIONAIS

As doenças nutricionais são raramente observadas em gatos alimentados comrações comerciais de boa qualidade ou dietas caseiras que seguem receitasnutricionalmente balanceadas. Têm-se observado alguns casos de má nutrição nosgatos alimentados com dietas “naturais” ou “orgânicas” preparadas por seusproprietários. Isso é particularmente verdadeiro com peixes de água doce crus, quepodem induzir a uma deficiência de tiamina, ou com excesso de claras de ovoscruas, que causam uma deficiência de biotina disponível. A negligência, incluindoa falha no controle de parasitas, é um fator etiológico freqüente na causa da mánutrição. Muitas doenças nutricionais podem ser resultado de alguma afecçãopatológica; a etiologia primária pode ser indefinível nos casos de doença nutricionalaparente.

Proteína e energia

Quando não houver energia suficiente proveniente da gordura ou carboidratos dadieta, convertem-se em energia algumas proteínas dietéticas que seriam ordinaria-

mente utilizadas para o crescimento ou a manutenção das funções corporais. Osingredientes alimentares que contêm quantidades insuficientes de gordura ou decarboidratos digestíveis ou que são deficientes em vitaminas hidrossolúveis podemser considerados como deficientes em energia. Uma quantidade muito pequena deproteína de alta qualidade na dieta, relativa à densidade de energia, pode causaruma deficiência proteica aparente.

Os sinais produzidos por uma deficiência proteica ou por uma proporçãoproteína–caloria inapropriada podem incluir qualquer um dos ou todos os itensseguintes: perda de peso, pelame despenteado e sem brilho, anorexia, problemas

reprodutivos, parasitismo não responsivo persistente ou infecção microbiana debaixa intensidade, “falhas” inexplicáveis na proteção vacinal, perda de peso rápidae acentuada após lesão ou durante doença, e falha em responder apropriadamentea um tratamento de lesão ou doença.

Os aminoácidos exigidos pelos gatos estão listados na TABELA 12, página 1411.

Gorduras

Os gatos exigem os ácidos linoléico e araquidônico em sua dieta. As deficiências

de ácidos graxos essenciais induzem a um ou vários sinais, tais como pelame seco,escamoso e sem brilho, inatividade ou problemas reprodutivos (tais como anestro,subdesenvolvimento testicular ou perda de libido), e se refletem na composição deácidos graxos dos tecidos e membranas.

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Vitaminas lipossolúveis

Vitamina A  – Ao contrário da maioria dos outros mamíferos, os gatos não podemconverter β-caroteno em vitamina A; eles exigem uma fonte pré-formada em suasdietas, tal qual as fornecidas por fígado, óleos de fígado de peixe ou vitamina A

sintética. Os gatos apresentam uma deficiência de vitamina A muito parecida com ade outras espécies, com a exceção de que as clássicas xeroftalmia, hiperceratosefolicular e degeneração retiniana ocorrem raramente e em geral estão associadas adeficiência proteica concomitante. No entanto, tem-se descrito que os gatos alimen-tados com dietas experimentais deficientes em vitamina A apresentam conjuntivite,xerose com ceratite e vascularização corneal, degeneração retiniana, fotofobia eretardamento da resposta pupilar à luz; algumas dessas alterações também resultamda degeneração retiniana que ocorre na carência de taurina.

A hipovitaminose A pode exaurir as reservas de vitamina A dos rins e do fígado,

e afeta a reprodução causando o surgimento de natimortos, anomalias congênitas(hidrocefalia, cegueira, ausência de pelame, surdez, ataxia, displasia cerebelar,hérnia intestinal), reabsorção dos fetos e as mesmas alterações nas célulasepiteliais observadas em outros animais. Também se tem observado metaplasiaescamosa do trato respiratório, conjuntiva, endométrio e glândulas salivares.Alterações, tais como cistos subpleurais revestidos por um epitélio escamosoceratinizante e extensas seqüelas infecciosas, são freqüentes nos pulmões, sendoocasionalmente observadas na conjuntiva e glândulas salivares. Também se têmdescrito displasia focal do tecido acinar pancreático e hipoplasia acentuada dos

túbulos seminíferos, esgotamento dos lipídios adrenais e atrofia focal da pele.A deficiência por limite é mais comum, especialmente em doenças crônicas. Osníveis dietéticos de 6.000UI (1,2mg de retinol)/kg de ração devem suprir asnecessidades de gestação e lactação, e exceder as necessidades do filhote emcrescimento.

O consumo excessivo de fígado pode levar a uma hipervitaminose A e podeproduzir lesões esqueléticas, incluindo espondilose cervical deformatória, hiper-plasia osseocartilaginosa, osteoporose, danos à lâmina epifisária e gengivite comperda de dentes.

Vitamina D   – Os sinais clássicos de raquitismo são raros nos gatos e estãogeralmente restritos aos filhotes nascidos no inverno ou nascidos de gatas alimen-tadas com rações deficientes em vitamina D, aos filhotes mantidos permanen-temente em quartos escuros ou aos filhotes alimentados com dietas caseirasinapropriadamente formuladas. Tem-se descrito o raquitismo em filhotes alimenta-dos com dietas deficientes em vitamina D, mesmo que contenham quantidadesnormais de cálcio e fósforo.

Deve-se evitar a superdosagem. Como nas outras espécies, a hipervitaminoseD causa hipercalcemia e pode resultar em ossificação prematura, calcificação dos

tecidos moles e até a morte. Os raticidas que operam através da intoxicação porvitamina D podem ser diretamente letais aos gatos, ou indiretamente por meio daingestão de um roedor envenenado.

Vitamina E   – A esteatite resulta de uma dieta rica em ácidos graxos poliinsatu-rados, particularmente os provenientes de óleos de peixes marinhos que nãoestiverem protegidos pela adição de antioxidantes. Os filhotes ou gatos adultosdesenvolvem anorexia e degeneração muscular; os depósitos de gordura se man-cham por pigmentos ceróides amarronzados ou alaranjados. As lesões ocorrem nosmúsculos esquelético e cardíaco e são semelhantes às descritas para as outras

espécies (ver pág. 664).Vitamina K   – Não se têm estabelecido as exigências de vitamina K nos gatos;no entanto, os filhotes que desenvolvem hemorragias petequiais têm sido curadoscom a adição de suplementos de vitamina K ativa.

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Vitaminas hidrossolúveis

Tiamina   – Geralmente, não ocorre deficiência nos gatos se estes foremalimentados com dietas comerciais preparadas apropriadamente. A tiaminase,que tende a ser abundante em peixes de água doce não cozidos, pode causar

uma deficiência devida a uma rápida destruição da tiamina dietética. Embora asrações comerciais enlatadas para gatos possam conter peixe, o calor associadoao enlatamento é suficiente para destruir a tiaminase. A destruição da tiaminatambém ocorre por tratamento do alimento com dióxido de enxofre ou porsuperaquecimento durante a secagem ou enlatamento, mas não se observamdeficiências com o uso de rações para gatos modernas. Os gatos com deficiên-cias de tiamina desenvolvem anorexia, um pelame despenteado, uma posiçãoencurvada, e com o tempo, convulsões que ficam mais severas, levando maistarde a prostração e morte. À necropsia, podem-se encontrar pequenas petéquias

no cérebro e no mesencéfalo. Pode-se confirmar o diagnóstico nos estágiosiniciais ao se administrar tiamina VO ou IM; a recuperação ocorre em minutos ahoras. Se não se suplementar a dieta após esse tratamento, pode-se esperar umarecidiva.

A deficiência de tiamina pode causar vários outros distúrbios neurológicos:deterioração das reações de endireitamento da labirintite, como mostrado pelaventroflexão da cabeça e pela perda da capacidade de manter o equilíbrio enquantoestiver se movimentando ou saltando, deterioração do reflexo pupilar à luz edisfunção do cerebelo (sugerida por assinergia, ataxia e dismetria). Também seobservam distúrbios cardíacos, tais como bradicardia sinusal.

Riboflavina   – A deficiência causa esteatose hepática, hipoplasia testicular,catarata e alopecia periauricular com atrofia epidérmica. A riboflavina é sensível àluz; a luz solar direta por 1h destruirá a riboflavina existente no leite.

Niacina   – Tem-se descrito sua deficiência como resultando em sinais nãoespecíficos, tais como perda de peso, anorexia e apatia. A cavidade oral pode estarulcerada, com uma borda avermelhada no palato próximo à linha média. Podem-seobservar também pelame despenteado e diarréia. Esses animais ficam sujeitos a

distúrbios respiratórios que podem ser fatais. Porém, a niacina é comum nosingredientes alimentares e deficiência é rara, se encontrada.Ácido pantotênico   – A deficiência se caracteriza principalmente pela emacia-

ção e por moderada a severa infiltração gordurosa do fígado. Observam-se vilosgrossos e gigantes no intestino, com alguns deles apresentando necrose infartante.Não se têm descrito distúrbios hematológicos e acinzentamento do pêlo emgatos.

Vitamina B 6  (piridoxina)   – A deficiência nos gatos se caracteriza por perda depeso e várias outras lesões, inclusive uma anemia hipocrômica microcítica suave,

que não responde a terapia com ferro ou cobre. Pode haver convulsões. Os rinspodem apresentar áreas de atrofia tubular e fibrose irreversíveis, assim comodepósitos intratubulares de oxalato de cálcio. A urina dos gatos deficientes emvitamina B6 contém grandes quantidades de oxalato.

Biotina – Uma grave deficiência de biotina experimental pode se caracterizar pordiarréia sanguinolenta, anorexia e emaciação. Observam-se dermatite escamosaao redor do nariz e da boca, alopecia generalizada e hipersalivação. Os filhotesapresentam depressão do crescimento após 150 dias em uma dieta deficiente embiotina.

Colina   – Uma deficiência de colina depende do nível dietético de metionina, jáque esta pode substituir a colina como doador de metil e facilitar realmente suabiossíntese. Na deficiência experimental, têm-se descrito infiltração gordurosa dofígado, depressão do crescimento e hipoalbuminemia.

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Minerais

Cálcio e fósforo   – As exigências dietéticas quanto ao cálcio e fósforo se elevamdurante o crescimento, gestação e lactação. A proporção de cálcio para fósforo éimportante. Uma suplementação pobre em cálcio ou excessiva em fósforo, diminuirá

a absorção de cálcio e poderá resultar em hiperparatireoidismo nutricional secun-dário (ver também pág. 342). Sintomas de irritabilidade, hiperestesia e perda do tonomuscular com paralisia temporária ou permanente têm sido relatados. A desmi-neralização óssea, em especial da pelve e corpos vertebrais, poderá estar associa-da à deficiência de cálcio e, se confirmada radiograficamente, a condição é severa.Freqüentemente há histórico alimentar de dieta composta quase que totalmente decarne, fígado, peixe ou aves. A condição poderá ser corrigida com uma dietaelaborada para crescimento que ofereça uma proporção de cálcio–fósforo quaseigual e quantidades apropriadas de vitamina D.

Iodo   – Pode ocorrer deficiência ao se servir dietas ricas em carne, mas raramenteocorre quando se utilizam dietas que contêm peixes de água salgada ou raçõescomerciais. O filhote deficiente exibe sinais de hipertireoidismo (ver pág. 342) nosestágios iniciais, com excitabilidade aumentada, seguida mais tarde por hipotireoi-dismo e letargia. Têm-se descrito metabolismo anormal do cálcio, alopecia ereabsorção fetal. A condição poderá ser confirmada pelo tamanho da tireóide(> 12mg/100g de peso corporal) e da histopatologia à necropsia. (Nos gatos maisvelhos que desenvolverem hipertireoidismo com tireoxina e triiodotironina séricasaumentadas, a etiologia é desconhecida).

Ferro e cobre   – O ferro e o cobre encontrados na maioria das carnes sãoutilizados eficientemente. As deficiências nutricionais são raras, exceto nos animaisalimentados com dietas compostas quase que totalmente de leite ou vegetais.Ocasionalmente, as deficiências resultam de distúrbios gastrointestinais. A deficiên-cia de ferro e/ou cobre se caracteriza por uma anemia hipocrômica microcítica e,freqüentemente, por um tingimento avermelhado dos pêlos que em outras condi-ções seriam brancos.

Zinco   – O metabolismo do zinco parece estar conectado ao do cobre e ferro. A

deficiência de zinco causa êmese, ceratite, acromotriquia, retardamento do cresci-mento e emaciação.Manganês   – A deficiência de manganês nas outras espécies resulta em discrasias

ósseas. O excesso de manganês dietético pode reduzir a fertilidade. Tem-se descritoque a intoxicação por manganês produz albinismo em alguns gatos siameses.

Água

A desidratação é um problema sério nos distúrbios dos sistemas gastrointesti-nal, respiratório e urinário. Durante a anorexia, a administração VO ou parenteral de

solução salina/glicose a 1% ou soluções semelhantes, 44 a 66mL/kg de pesocorporal/dia (66 a 88mL/kg nos filhotes) ajuda a manter o equilíbrio de fluidos e ofluxo de urina normais (ver também FLUIDOTERAPIA, pág. 1642).

ALIMENTAÇÃO DO GATO ENFERMO

As exigências nutricionais dos gatos enfermos são qualitativamente as mesmasdos gatos saudáveis; porém, diferem ou nas quantidades exigidas ou na necessi-dade de se restringir ou se eliminar determinados nutrientes. A nutrição é uma parte

importante do manejo de doenças, embora poucos distúrbios possam ser curadoscom dieta.Gestação e lactação  – Embora não sejam afecções patológicas, esses 2

períodos são momentos de estresse nutricional. Durante o último terço de gesta-

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ção, a quantidade de alimento e o nível de consumo de nutrientes aumentamnormalmente em 25%. A gata requer 2 a 3 vezes o consumo alimentar normaldurante a lactação, dependendo do tamanho da ninhada.

Para se alcançar as exigências da gestação e da lactação, a dieta deve seraltamente digestível e conter pelo menos 10% de gordura e 30% de proteína combase na matéria seca. Podem-se alcançar essas exigências ao se oferecer ao gatorações de alta qualidade. Devem-se alimentar as gatas lactantes à vontade. Não seencoraja a suplementação de uma dieta já balanceada. Algumas gatas podemdiminuir o consumo de alimento no início da gestação e de novo imediatamenteantes do parto. Esses lapsos de apetite são normais e devem despertar interesseapenas se se prolongarem.

Alergias – Sempre se deve considerar a alergia no diagnóstico diferencial dedermatopatias ou de doenças do trato gastrointestinal, e não é incomum que os

gatos sejam alérgicos a um ou mais ingredientes da dieta. A técnica para deter-minar se as alergias realmente estão presentes consiste em se servir uma dietacomposta de ingredientes não encontrados comumente nas rações comerciaispara gatos, tais como carne de carneiro e arroz (uma dieta hipoalergênica), que ébalanceada através da adição de vitaminas e minerais até alcançar os níveis demanutenção. Em alguns casos, a carne de galinha tem sido tão eficiente quanto acarne de carneiro nas dietas hipoalergênicas. Substitui-se a dieta costumeira poruma dieta hipoalergênica por 1 a 4 semanas e observa-se o gato para determi-nar se a afecção melhora. Se melhorar, podem-se restaurar outros componentes

da dieta, um por vez, até que se identifique o alérgeno, ou pode-se servir indefini-damente a dieta hipoalergênica, garantindo-se o balanceamento das vitaminas eminerais.

Anemia  – A deficiência de ferro e/ou cobre é a principal causa de anemiamicrocítica hipocrômica. Uma deficiência de ácido fólico também produz anemia. Aesteatite crônica por deficiência de vitamina E pode estar acompanhada por anemiahemolítica. As boas rações comerciais apresentam quantidades maiores que asexigidas de ferro e cobre, e logo deve-se investigar uma causa secundária, tal comouma hemorragia ou infecção parasitária pesada. A alimentação com grandes

quantidades de restos de comida ou dietas esquisitas também pode resultar emanemia.O objetivo do tratamento consiste em servir de suporte para o sistema hemato-

poiético do organismo, com um suprimento melhorado de nutrientes para assegurarque isso não se constitua em um fator limitante. Muitos aminoácidos têm que estardisponíveis para a síntese de Hb, o ferro tem que estar disponível para a síntese daheme e o cobre para a mobilização apropriada do ferro. O ácido fólico e a vitaminaB12 são necessários para manter a divisão celular normal. O fígado dietético suple-mentar é uma fonte importante de todos esses nutrientes e uma fonte excelente de

proteínas (ver também pág. 18).Anorexia – A anorexia, que acompanha muitos distúrbios ou pode ser umareação a alterações no ambiente ou na dieta, requer o estímulo do apetite e doconsumo alimentar normais; uma alternativa consiste em alimentação por sonda ouforçada – que podem ser estressantes. Antes do tratamento da anorexia, torna-seessencial se estabelecer a causa. Se se necessitar de alimentação forçada ou porsonda, a dieta deve ser altamente digestível e providenciar água, nutrientes eenergia suficientes para se alcançar as exigências normais (ver TABELAS 11 e 12,págs. 1410 e 1411), mais quaisquer exigências adicionais impostas por febre ou

outras condições especiais. Pode-se fazer uma preparação para alimentação porsonda através da homogeneização (em um liquidificador caseiro) de uma raçãoenlatada para gatos de alta qualidade com água suficiente para fazer com queescorra facilmente. Deve-se acrescentar energia adicional na forma de óleo de

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milho, na proporção de 1 colher de sopa por 185g de ração enlatada para gatos.Algumas vezes, podem-se persuadir os gatos anoréticos a comerem através daadição de substâncias altamente aromatizadas à dieta (por exemplo, gordura decarne, caldo de peixe ou determinadas preparações vitamínicas).

Já que os gatos se habituam facilmente a um alimento em particular, podemresistir a qualquer alteração dietética. Deve-se introduzir vagarosamente o novoalimento, ao se misturar quantidades crescentes do novo alimento em meio aoantigo por um período de vários dias ou semanas até que a dieta seja compostainteiramente do novo alimento. Algumas vezes, os gatos têm que ser expostos a umprograma “iniciador” várias vezes. Se o animal for sofrer uma mudança de raçãoenlatada para dieta seca, podem ser úteis o umedecimento do produto ao seadicionar água morna suficiente, e também a liberação dos componentes de odore sabor ao se aquecer brevemente o produto. Alguns gatos preferem seu alimento

seco e outros preferem o mesmo alimento úmido.Caquexia – Apresenta várias causas e parece ser uma resposta ao estresse oua exigências físicas extremas. Em muitos casos, observa-se caquexia em animaiscom “consumo alimentar normal”. Fica claro, pela deterioração da condição dessesanimais, que suas exigências nutricionais não estão sendo supridas, ou porqueessas exigências aumentaram além da capacidade normal do animal para consumi-las ou porque a dieta não contém nutrientes em equilíbrio ou densidade suficientes.A forma principal de tratamento desse distúrbio consiste na alteração da dieta ou noaumento da densidade calórica e da palatabilidade do alimento ao mesmo tempo em

que se esteja fornecendo as necessidades do animal quanto a proteínas e outrosnutrientes. Deve-se assegurar também que o animal não esteja sofrendo de algumaafecção patológica além do estresse. Nesse caso, devem-se alterar as considera-ções da dieta de acordo.

O manejo usual da caquexia consiste em se servir quantidades menores dealimento nutricionalmente mais rico mais freqüentemente (3 a 6 refeições/dia).Deve-se servir a forma de alimento (seco ou enlatado) que o gato preferir. Pode-seaumentar o conteúdo calórico da dieta ao se adicionar 1 colher de sopa (15mL) deóleo de milho por xícara (275mL) de ração para gatos seca ou 1 colher de chá (5mL)

por lata de 450g de ração para gatos enlatada (meia colher de chá/180g de raçãopara gatos enlatada “de luxo”).São disponíveis preparações ricas em calorias e reforçadas com vitaminas para

administração VO e são geralmente bem aceitas. A maioria dos gatos ingereprontamente uma pequena quantidade que seja colocada em suas patas.

Insuficiência cardíaca congestiva  – Um objetivo no controle da CHF (verpág. 13) consiste na redução da retenção de água; a restrição do consumo de sódioe a diminuição dos níveis de sódio estimulam a diurese. A restrição de sódio exigeuma dieta especial: devem-se evitar todas as carnes processadas, queijos, pão,

coração, rins, fígado, gorduras salgadas, ovos inteiros e petiscos. Os alimentos quesão razoavelmente pobres em sódio incluem carne bovina, coelho, galinha, carneeqüina, cordeiro, peixes de água doce, mingau de aveia, milho e arroz. Utilizam-se2 níveis de restrição do sódio dietético: a restrição severa consiste em 240mg desódio/100g de matéria seca da dieta; restrição suave consiste em 400mg de sódio/ 100g. As rações para gatos comerciais típicas apresentam um teor de sódio de 0,45a 0,90% (450 a 900mg de sódio/100g de matéria seca). Obviamente, as raçõescomerciais para gatos não se encaixam nem mesmo na categoria de restrição desódio suave, e têm-se que usar receitas ou rações pobres em sódio que sejam

preparadas comercialmente e que empreguem os alimentos pobres em sódiolistados anteriormente. Já que uma contratilidade insuficiente pode contribuir paraa CHF, deve-se providenciar um suplemento de taurina para se excluir um possívelesgotamento desse aminoácido no músculo cardíaco.

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A obesidade (ver a seguir) pode ser um fator contribuinte na CHF. Devem-secolocar tais animais em um programa de controle de peso em conjunto com restriçãode sódio. Em alguns casos, um edema pode dar a aparência de obesidade e ocultaruma emaciação; deve-se avaliar o peso corporal após se resolver o edema. Se oanimal estiver abaixo de seu peso, deve-se aumentar o consumo alimentar ou o teorcalórico da dieta adicionando-se 1 colher de sopa (15mL) de óleo de milho e deve-se aumentar o teor de proteínas acrescentando-se 30 a 60g de carne bovina, eqüina,de cordeiro ou de coelho à dieta. Se também existir uma insuficiência renal (verpágs. 1063 e 1064), deve-se restringir o consumo de proteínas e fósforo.

Constipação – Resulta de redução do peristaltismo e aumento da absorção deágua no intestino grosso. O objetivo em seu controle consiste no fornecimento deuma dieta balanceada que seja razoavelmente rica em fibras para aumentar ovolume intestinal, estimular o peristaltismo e manter a água no interior do cólon.

Devem-se alimentar os animais nessas condições no mínimo duas vezes ao dia. Ouso de óleo mineral não é encorajado por prejudicar a absorção das vitaminaslipossolúveis. A administração VO de 1 colher de chá (5mL) de geléia de petróleouma vez por semana ou mais freqüentemente é útil na prevenção da constipação,particularmente nos gatos propensos à produção de tricobezoares (ver tambémpág. 274).

Diabetes melito – A maioria dos casos de diabetes (ver pág. 323) nos gatos édo Tipo II (início adulto) e acredita-se que reflita uma insensibilidade à insulinaque deve responder a uma redução do peso. Conseqüentemente, o objetivo no

controle dietético do diabetes nos gatos é idêntico ao no homem: reduzir o con-sumo alimentar e balancear o consumo energético (especialmente de carboidra-tos) com dosamento de insulina, ao mesmo tempo em que se retarda a taxa deabsorção de carboidratos. Uma ração felina para regime é geralmente rica emproteínas e pobre em gorduras e carboidratos, o que ajuda no controle do dia-betes melito. Para assegurar um consumo razoavelmente constante de carboi-dratos ou nutrientes que colaborem com carboidratos disponíveis, recomenda-seque apenas um alimento seja oferecido. Já que tanto a gordura (triglicerídios)como o carboidrato (glicose) dependem da insulina para sua remoção da circu-

lação, sua concentração sangüínea afeta a quantidade de insulina requerida.Devem-se sincronizar as refeições para coincidirem com o pico de liberação deinsulina; isso pode exigir mais que 1 ou 2 refeições/dia. Muitos gatos diabéticos ficamacima do peso e se beneficiam de um programa de controle de peso (ver OBESIDADE,adiante).

Diarréia – Resulta ou da alteração da secreção ou da reabsorção de fluidosno cólon ou ainda do aumento da retenção de água nas fezes. Deve-se definir aetiologia e tratar qualquer infecção intestinal. A maioria dos animais normais devereceber uma dieta altamente digestível que contenha < 1,5% de fibra bruta e

> 15% de gordura com base na matéria seca. Se o animal estiver desidratado,deve-se reidratá-lo com fluidos orais ou parenterais e repor os eletrólitos perdi-dos. Em geral, recomendam-se rações (secas ou enlatadas) pobres em fibra eresíduos e ricas em gorduras para os animais com diarréia. Para determinadasdiarréias não infecciosas, pode-se oferecer um nível mais alto de fibra (porexemplo, 10% de um fardo de farelo de trigo misturado a uma lata de ração) parase avolumar as fezes e ajudar a controlar a diarréia, especialmente se a afecçãofor causada pela incapacidade do cólon em reabsorver a água. Nesse caso, afibra atua retendo a água. Não se aconselha a modificação prolongada (> 1 mês)

da dieta, pois isso pode alterar adversamente a disponibilidade e a absorção dosnutrientes.Síndrome urológica felina  – Caracteriza-se pelo acúmulo de cristais de

magnésio–amônio–fosfato no trato urinário, junto a um material semelhante a

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muco. De maneira nenhuma se certifica a etiologia, mas o oferecimentoao animalde uma dieta que mantenha o pH da urina a < 6,4 ajuda a limitar o desenvolvimen-to da síndrome urológica felina (SUF).

Já que a prevenção da SUF depende enormemente do controle dietético dadiluição da urina e do equilíbrio ácido-básico de todo o organismo, o manejo se tornaum auxílio importante. Devem-se limpar diariamente as tigelas de água e asbandejas de evacuação, não se utilizando quaisquer desinfetantes fenólicos ousabões baseados em fenóis, para se encorajar um consumo de água e uma micçãomáximos. Se mais de um gato utilizar a mesma bandeja de evacuação, asferomonas e outros odores podem tender a repelir um gato; dessa forma, quandose confinam muitos gatos juntos, o número multiplicado de bandejas de evacuaçãopode ser útil no controle da SUF (ver também UROLITÍASE, pág. 1072).

Febre – Aumenta as exigências energéticas devido ao aumento da atividade

metabólica; em geral, um aumento de 0,5°C causa um aumento na necessidadecalórica de 7kcal/kg de peso corporal/dia. Deve-se oferecer uma dieta altamen-te palatável em quantidades que possam ser consumidas facilmente, e aumentaro teor calórico oferecendo uma dieta rica em gorduras ou administrando-se  1colher de chá (5mL) de óleo de milho/dia/0,5°C de febre. Esse procedimentoprovidencia  45kcal e é suficiente para o gato médio. A dieta deve ser muitopalatável porque o animal pode apresentar um desejo diminuído de comer; podeser necessário se oferecer refeições menores mais freqüentemente. A atençãopessoal também pode ajudar a estimular o consumo. Se a febre for prolongada

ou houver proteinúria, pode ser útil se oferecer uma dieta “de crescimento” dequalidade ou se adicionar um ovo cozido duro/dia a fim de uma boa dieta demanutenção para aumentar o consumo de proteínas e energia.

Hepatopatia – Controlam-se os distúrbios hepáticos (ver pág. 165) através daredução da necessidade da função hepática. Em geral, a dieta deve providenciaruma fonte de proteínas de alto valor biológico, e deve estar limitada a uma quan-tidade compatível com as necessidades de manutenção do animal. A dieta deveprovidenciar energia suficiente na forma de gorduras e carboidratos e restrin-gir moderadamente o consumo de sódio. Essa propriedade minimiza a transami-

nação e a desaminação, reduzindo a produção de resíduos nitrogenados tóxicos.Devem-se restringir os alimentos que contêm purinas e ácido úrico, tais como mo-luscos, farinha de peixe, baço, timo, fígado, cérebro, etc., em um esforço adicionalpara diminuir a quantidade de precursores do ácido úrico, que requerem metabolis-mo hepático.

O fornecimento freqüente de pequenas refeições (até 6/dia) diminui a níveis maiscontroláveis a quantidade de nutrientes ou metabólitos que necessitam de trans-formação pelo fígado em um momento de sua via metabólica. Em geral, utilizam-sefontes de proteína equivalentes à proteína do ovo ou do leite, sendo fornecidas em

nível de 2 a 3g/kg de peso corporal. Se ocorrer ascite ou edema, deve-se colocar oanimal em uma dieta restrita que contenha   240mg de sódio/100g de ração(matéria seca). Se os níveis de amônia no sangue estiverem aumentados (encefa-lopatia hepática), a ingestão de proteína deve ser restrita a 1 a 1,5g de proteína/kgde peso corporal. Na prática, reduz-se o consumo de proteína e monitoram-se osníveis séricos de amônia até retornarem ao normal. O nível de arginina na dieta éimportante na conversão de amônia em uréia. As boas dietas comerciais contêmníveis adequados de arginina.

Os animais que sofrem de distúrbios hepáticos ficam freqüentemente anoréticos

(ver ANOREXIA, anteriormente).Obesidade – Estima-se que 40 a 50% dos gatos observados pelos veteriná-rios estejam acima do peso, e muitos são obesos. O manejo dietético exige aredução do consumo calórico a levemente menos que o gasto calórico do animal

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até que se alcance seu peso “ideal” ou normal. No tratamento da obesidade,deve-se estimar o peso normal ou ideal para o animal, assim como se deveestimar a necessidade de energia para manutenção do animal e a quantidade dealimento de alta qualidade necessária para atingir 60 a 70% dessa exigência.Pode-se diminuir a obrigação de se resistir ao gato que, nessas condições, ficaconstantemente pedindo comida, através do oferecimento de pequenas quanti-dades (1 colher de sopa) várias vezes ao dia e da monitoração cuidadosa dasfuturas quantidades de alimento oferecidas, uma vez se tendo alcançado o pesocorporal desejado (ver também pág. 543).

Insuficiência pancreática – O pâncreas (ver também pág. 146) produz a maioriadas enzimas intestinais necessárias à digestão alimentar. O tratamento da insufi-ciência pancreática requer que a dieta seja altamente digestível. O alimento deveconter carboidratos facilmente digestíveis, tais como glicose, amido de milho,

farinha de arroz ou outros carboidratos cozidos e disponíveis. Recomendam-seproteínas de alta qualidade, como queijo, ovos ou carne de músculo, e o alimentodeve conter pouca fibra dietética. Além disso, pode-se adicionar um extratoenzimático pancreático à dieta. Pode-se ter que servir o alimento em 5 ou 6 refeiçõesmenores diárias.

Panesteatite – Os animais que sofrem de esteatite (ver também pág. 664) devemreceber dietas restritas em ácidos graxos insaturados. A dieta de escolha é a raçãocomercial seca, à qual se adiciona vitamina E suplementar (100mg/kg). Devem-seevitar os alimentos que contêm grandes quantidades de ácidos graxos insaturados

ou peixe gordurento, tais como o atum ou a cavala (isso exclui muitas raçõescomerciais enlatadas).Insuficiência renal – O objetivo do manejo dietético na insuficiência renal (ver

pág. 1063) é minorar a “carga de trabalho” do rim e diminuir a produção dos meta-bólitos de produtos finais que não puderem ser prontamente excretados. Pode-sefazer isso através de vários meios. A primeira consideração consiste em asseguraro equilíbrio hídrico normal. Independentemente de o animal ser poliúrico, oligúricoou anúrico, a água deve estar sempre facilmente disponível. Abaixa-se o nitrogêniouréico do sangue elevado através da redução dos componentes da dieta que, no

processo de desaminação, produzem nitrogênio (uréia). Isso é feito pelo suprimentode energia, primariamente a partir de gorduras e carboidratos altamente digestíveis.A quantidade de proteínas na dieta deve ser a mínima que preencher as exigênciasimpostas pelo turnover de enzimas e de reparo de tecidos. Além disso, deve-serestringir o consumo de fósforo. A matéria seca da dieta deve conter 28% deproteínas de alto valor biológico e não mais que 0,4 a 0,6% de fósforo e 0,2 a 0,4%de sódio. Essas quantidades são menores que as comumente encontradas emmuitas rações comerciais, o que sugere a indicação de rações especiais. Se ainsuficiência renal ficar mais avançada, ou seja, se os níveis de nitrogênio uréico do

sangue não puderem mais ser mantidos no normal, deve-se adicionar 1 a 2 colheresde chá de óleo vegetal ou gordura derretida à dieta. Isso ajuda o gato a preenchersuas necessidades energéticas com menos alimento total consumido, e portantomenos proteína.

Estresse – Os gatos estão sujeitos a vários estresses, tais como extremos decalor e frio, hospitalização, outras alterações no ambiente, ou alterações na dieta,sendo que qualquer um deles pode fazer com que o consumo alimentar diminuaabruptamente. Deve-se providenciar uma dieta balanceada altamente palatável erica em gordura 2 a 3 vezes/dia ou à vontade para manter o peso corporal normal.

Deve-se aquecer o alimento para liberar os odores e encorajar o consumo.

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NUTRIÇÃO: BOVINOS

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DO GADO DE CORTE

A criação de gado de corte, seja extensiva, com pasto melhorado ou intensiva,fica mais econômica quando se utilizam efetivamente as forragens. O capim novoem crescimento ou outras culturas forrageiras geralmente fornecem muitos nu-trientes, e o gado adulto ou em crescimento pode consumir pasto misturado de boaqualidade suficiente para o crescimento e a manutenção normais. Porém, o pastomaduro ou desgastado pelo clima, os resíduos de culturas ou de outras culturasforrageiras que forem colhidos de maneira que ocorram perdas excessivas de-vidas a estrago, lixiviação ou deterioração podem ficar tão diminuídos em valor

nutritivo (particularmente proteínas, fósforo e pró-vitamina A) que se tornamaproveitáveis apenas como ração de manutenção para o gado adulto. Devem-sesuplementar tais alimentos se se pretender usá-los para outros propósitos além damanutenção.

Além disso, o teor de macro e oligoelementos minerais da pastagem e dasculturas forrageiras pode ser influenciado pelos níveis correspondentes no solo oupelo excesso de minerais que reduzem a disponibilidade dos outros minerais. Aforragem madura também pode ter um teor mineral menor, especialmente defósforo. Normalmente, fornecem-se os minerais suplementares através de uma

mistura mineral à vontade.Certos nutrientes são exigidos pelo gado de corte na ração diária; outros podemser armazenados no organismo, e é improvável que aconteça uma deficiência emcurtos períodos. Quando os estoques orgânicos de um nutriente estiverem altos (porexemplo, vitamina A), não é necessária a suplementação dietética até que essesestoques fiquem reduzidos.

Os componentes seguintes correspondem às exigências dietéticas paramanutenção e crescimento, terminação e reprodução bem-sucedidos no gadode corte.

Água

Pelo menos uma vez por dia é necessário um suprimento abundante de água deboa qualidade. As vacas em regime extensivo consomem um mínimo de 9,5L deágua/cabeça/dia no inverno e até 45L/cabeça/dia no verão. Ao se servir sal junto aum concentrado proteico para controlar o consumo de proteínas, necessita-se demais água para ajudar na excreção do excesso de sal. As vacas reprodutoras, osbezerros de 1 ano e os garrotes de 2 anos de idade precisam de 38L de água pordia e os bezerros em terminação bebem 23 a 30L. Ao se oferecer silagem oualimentos suculentos frescos, necessita-se de menos água.

Energia

Com exceção dos bezerros jovens, o gado de corte pode obter suas exigênciasenergéticas de manutenção a partir da forragem, se esta for de qualidade razoável.Ocorre uma deficiência de energia nos pastos superlotados, por acesso inadequadoao alimento ou por forragem de má qualidade ou ainda durante uma seca. Para aprodução, pode ser necessária a energia adicional de concentrados, especialmente

quando se consumir forragens de razoável ou má qualidade.Especialmente em tempo frio, as forragens de qualidade variável podem apre-sentar valores de energia de manutenção semelhantes. O calor liberado durante adigestão e a assimilação contribui para a manutenção da temperatura corporal do

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gado conservado para invernagem, quando se exige pouca energia produtiva.Entretanto, para terminação, reprodução e lactação, necessita-se de energiaprodutiva adicional, e portanto, de alimentos de boa qualidade, incluindo concen-trados.

A exigência energética para o bovino de corte prenhe, adulto e em invernagemé de 130 a 180kcal de energia digestível por 45kg de peso corporal. Para bezerrosem crescimento, vacas em lactação ou gado em terminação, a exigência é muitomaior.

Proteína

Embora seja essencial a presença de proteína digestível na ração diária,considera-se a qualidade da proteína relativamente sem importância e, exceto nosanimais jovens, o gado de corte pode se desenvolver com proteínas de uma únicafonte de alimento. As proteínas de alguns alimentos apresentam boas qualidadesde “desvio”, ou seja, “desviam-se” do rúmen e são digeridas no trato digestivoinferior, o que pode resultar em uma melhor utilização das proteínas. Exceto no casoda deficiência energética devida a um baixo consumo alimentar, a deficiênciaproteica é a mais comum a limitar crescimento, produção de leite e reprodução. Asdeficiências proteicas de longa duração eventualmente deprimem o apetite comconseqüentes perda de peso e emaciação, mesmo quando houver a disponibilidadede muita energia.

Os alimentos variam enormemente em digestibilidade proteica; por exemplo, aproteína dos grãos comuns e a maioria dos suplementos proteicos é  75 a 85%digestível, a proteína do feno de alfafa é de 70% e a proteína dos fenos de capimé geralmente de 35 a 50%. A proteína dos alimentos de baixa qualidade, tais comoo feno de capim ou o capim de pasto desgastados pelo clima ou as cascas de caroçode algodão, é pouco digerida. Dessa forma, o consumo proteico total pode ser“adequado”, mas o consumo de proteínas digestíveis pode ser insuficiente.

A deficiência proteica na ração também afeta adversamente a populaçãomicrobiana do rúmen, a qual por sua vez, reduz a utilização dos alimentos pouco

proteicos. Grande parte do valor nutritivo potencial das forragens (principalmenteenergia) pode, por conseguinte, ser perdida se os níveis proteicos forem inade-quados. Já que há pouco armazenamento de proteína disponível no organismo,esta tem que estar presente na ração diária para se conseguir melhores resul-tados.

A necessidade de proteínas digestíveis varia com o peso corporal e o estágio dedesenvolvimento (crescimento, terminação e reprodução). Os bezerros de corte emcrescimento exigem aproximadamente tanta proteína digestível quanto as vacas decorte adultas não prenhes. Os garrotes em regime de alimentação intensiva com

grãos, que obtêm ganhos de peso máximos, apresentam uma necessidade muitomais alta que os bovinos de mesma idade e peso que estiverem obtendo apenasganhos moderados. A necessidade de proteína digestível para manutenção do gadode corte é de 0,6g/kg de peso corporal/dia; para crescimento rápido e terminação,a necessidade é quase o dobro dessa quantidade. As vacas que estiveremamamentando bezerros necessitam de aproximadamente o dobro de proteínasdigestíveis que as vacas secas precisam.

A uréia é comumente utilizada em suplementos proteicos comerciais para suprirum terço ou mais do nitrogênio total. É bem utilizada nesse nível, garantindo-se que

a ração possua bastante fósforo, microelementos, enxofre e carboidratos solúveis.A quantidade de proteína bruta (N × 6,25) fornecida pelo nitrogênio não proteico temde ser especificada no rótulo do alimento. A intoxicação não é um problema sérioquando se oferece uréia dentro dos níveis recomendados e completamente mistu-

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rada ao alimento. Porém, a ingestão rápida de uréia em níveis > 20g/45kg de pesocorporal pode levar a uma intoxicação. Atualmente, alimenta-se automaticamenteo gado de corte com vários suplementos líquidos de uréia-melaço, que podemconter perto de 10% de uréia. Deve-se ter cuidado ao se iniciar o gado nessessuplementos. Devem-se servir tais suplementos em um comedouro automático dotipo “lambedor”, para se evitar a superingestão, ou misturados na ração completapara serem ingeridos de forma oculta (ver também pág. 2051).

Minerais

Qualitativamente, as exigências minerais do gado de corte são essencialmenteas mesmas do gado leiteiro; quantitativamente, porém, são geralmente muito maisbaixas que as das vacas leiteiras de alta produção. Os minerais mais prováveis dese tornarem deficientes nas rações de gado de corte são sódio (como sal), cálcio,

fósforo e magnésio (ver DOENÇAS NUTRICIONAIS DE BOVINOS E OVINOS, pág. 1449). Emalgumas áreas, inclusive no interior dos EUA, pode ocorrer deficiência de iodo emrações para vacas prenhes. Os alimentos naturais geralmente contêm quantidadesadequadas dos outros elementos minerais exigidos, a saber, potássio, magnésio,enxofre, iodo, ferro, cobre, cobalto, manganês, selênio e zinco. Sob certas condi-ções, os ingredientes alimentares podem não fornecer quantidades adequadas dealguns minerais essenciais, e torna-se necessário suplementar a dieta. Taisdeficiências são geralmente mais problemas de áreas restritas do que dissemina-dos. O método vigente de suplementação é determinado enormemente pelo tipo de

criação. Sob sistemas intensivos de criação podem-se administrar cálcio, fósforo,potássio e magnésio na forma de fertilizante do pasto; além de fornecer os mineraisnecessários ao animal, essa prática pode também aumentar o rendimento total daforragem. Também se pode adicionar cobre e cobalto à mistura fertilizante. Talvezo método mais econômico e mais largamente utilizado para suplementação nosEUA seja adicionar uma fonte de cálcio e fósforo ao sal mineral grosso, principal-mente na forma dispersa.

As exigências de sal (NaCl) do gado de corte não são bem conhecidas. Osbezerros de corte invernados em forragem seca e pequena quantidade de

suplemento proteico apresentam ganhos de peso mais lentos e mais onerosos doque os bezerros que receberam sal. Ao contrário, os bezerros alimentadosintensivamente com grãos ganham peso tão rápida e eficientemente sem salquanto outros alimentados com sal. Não se têm feito comparações semelhantesnos EUA com o gado pastejador, mas ao se fornecer sal à vontade, o gado nopasto consome mais sal do que em confinamento. O gado em sistema extensivoconsome geralmente 1kg de sal/cabeça/mês quando a forragem estiver suculen-ta e 0,5kg/mês com forragem madura e mais seca. Ao se adicionar sal a alimentosproteicos para se limitar o consumo de proteínas, as vacas de corte podem ingerir

> 0,5kg de sal/dia por longos períodos sem efeitos adversos, se estiverem bemservidas de água.Na Austrália e na Nova Zelândia, o gado que estiver pastando em bom pasto

raramente recebe sal, e há alguma dúvida se as quantidades fornecidas aosbovinos nos EUA (onde geralmente são fornecidas à vontade) são realmentenecessárias.

O cálcio é relativamente alto na maioria das forragens, mas baixo em fenos esilagens de cereais, silagem de milho, fenos e silagens de sorgo, resíduos decereais, resíduos de milho e sorgo e concentrados. O feno de leguminosas é uma

fonte mais rica do que o feno de capim, mas mesmo as forragens de não legumi-nosas freqüentemente fornecem o suficiente para a manutenção. Pode-se de-senvolver deficiência de cálcio ao se cultivar a forragem em um solo excepcio-nalmente pobre em cálcio ou ao se alimentar o gado intensivamente à base de grãos,

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com silagem de milho ou de sorgo ou com uma quantidade limitada de feno de nãoleguminosa. As rações de terminação são mais fáceis de serem deficientes emcálcio do que as rações de crescimento. Já que o gado de corte produz menos leiteque o gado leiteiro e geralmente consome mais forragem, torna-se improvável aocorrência de uma deficiência de cálcio. Porém, consiste em bom manejo ofornecimento de uma mistura mineral à vontade em todos os momentos. Essamistura pode consistir de dois terços de fosfato bicálcico e um terço de sal mineralgrosso ou iodado. Além disso, sal mineral grosso e iodado deve ser fornecido àvontade. Também se pode fornecer um suplemento mineral comercial à vontade ouincorporado na ração total. A ração total deve fornecer uma proporção cálcio-fósforode 2:1, embora pareça que se tolerem proporções maiores quando se preenchemas exigências mínimas de cada elemento e está disponível uma quantidadeadequada de vitamina D. Deve-se fornecer ao gado em regime extensivo um

suplemento mineral que tenha tanto ou mais fósforo do que cálcio.O fósforo (P) pode ser deficiente nas rações comuns para gado de corte, já queé freqüentemente baixo nas forragens. Os solos em muitas áreas produtoras degado de corte são pobres em P disponível. Além disso, quando o capim de pastonativo e desgastado pelo clima constituir a única forragem, ou quando se ofereceralimentos tais como caroços de semente de algodão, espigas ou sabugos de milho,o nível de P pode cair exageradamente. À medida que as forragens amadurecem,seu teor de P diminui, e quando estiver < 0,16%, não se atinge o desempenhomáximo. Para a melhor utilização dos alimentos, o teor de P na ração deve ser de

 0,2%. A maioria dos alimentos proteicos é relativamente boa fonte de P; portanto,quando se administram tais alimentos em quantidades necessárias para suplemen-tar as forragens deficientes em proteína, o consumo de P fica adequado. Porém,recomenda-se uma mistura mineral oferecida à vontade. Farinha de osso autoclavada,fosfato mono ou bicálcico, fosfato de rocha desfluorado, fosfato mono e bissódico,tripolifosfato de sódio e polifosfato de amônio são boas fontes de P. Já que a maioriados grãos consiste em fontes médias a boas, o gado confinado geralmente recebeP suficiente a partir dos grãos, embora a quelação de P pelo ácido fítico nos grãospossa fazer com que até metade de P fique inacessível. Considera-se que um

consumo de P de 44 a 66mg/kg de peso corporal seja suficiente para o gado emterminação.A deficiência de cobalto no gado de corte é geralmente uma conseqüência de

deficiência no solo. Tais deficiências são conhecidas em muitas partes do mundo.Quanto a alguns dos outros minerais, por exemplo, iodo, cobre, selênio e

possivelmente zinco, essa explicação não fica tão clara. Pode haver uma simplesdeficiência no solo, e portanto na planta. Além disso, seu teor no alimento pode serrazoavelmente alto, mas o animal pode ser incapaz de utilizar o elemento emparticular devido a quantidades incomuns de outros minerais ou substâncias na

dieta. Portanto, desenvolvem-se deficiências induzidas, mas que felizmente podemser superadas com o uso de suplementos apropriados. A deficiência de selêniopode ser um problema mais disseminado nos EUA do que antes se reconhecia.Essas afecções são descritas em DOENÇAS  NUTRICIONAIS  DE  BOVINOS E  OVINOS,página 1449.

Vitaminas

Embora os bovinos apresentem provavelmente uma exigência metabólica detodas as vitaminas conhecidas, não são necessárias fontes dietéticas das vitaminas

C e K e do complexo B. Em todos os indivíduos, exceto os muito jovens, a vitaminaK e o complexo B são sintetizados em quantidades suficientes pela microfloraruminal, e a vitamina C é sintetizada nos tecidos de todos os bovinos. Entretanto, sea função ruminal estiver reduzida, seja por inanição, deficiências nutricionais ou

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níveis excessivos de antibióticos ou medicamentos, a síntese dessas vitaminastambém pode estar prejudicada.

Vitamina A  – Já que a maioria do gado de corte é criada em regime extensivoe em regiões semi-áridas, sendo terminada com grandes quantidades de grãos epequenas quantidades de forragem, uma deficiência de vitamina A é sempre umperigo potencial. Muitos bovinos jovens e vacas prenhes são mantidos durante oinverno com forragens de baixa qualidade ou desprovidas de β-caroteno, o precur-sor da vitamina A. Com a exceção do milho amarelo recém-colhido, os grãos e outrosconcentrados são quase desprovidos de precursores de vitamina A. No entanto, osbovinos que pastam capim possuem a capacidade de armazenar grandes quanti-dades de vitamina A e caroteno em seu fígado; assim, dependendo da quantidadede alimento verde obtida durante a estação de pastejo anterior, os bezerros des-mamados podem apresentar estoques hepáticos suficientes para durarem 80 a 140

dias de rações pobres em caroteno antes de exibirem evidência de deficiência, osbovinos de 1 ano podem apresentar estoques para 100 a 150 dias, e os bovinosadultos para 180 a 240 dias. Os bezerros recém-nascidos, que possuem estoquesmenores de vitamina A, dependem do colostro e do leite para preencher suasnecessidades. Se se alimentar a mãe com uma ração pobre em caroteno durantea gestação e o aleitamento, sinais de deficiência severa podem se tornar aparentesno jovem bezerro lactente dentro de 2 a 4 semanas após o nascimento, embora amãe continue parecendo normal.

Uma prática saudável consiste no fornecimento de 1 a 2kg de leguminosa ou

feno de grama de boa qualidade e de corte precoce ou de 0,25 a 0,5kg de péletesde alfafa desidratada na ração diária de bovinos jovens e vacas prenhes, comosegurança contra a deficiência de vitamina A. A maioria dos suplementos mineraise proteicos comerciais é reforçada com vitamina A estabilizada e seca. Ao seadicionar determinados oligoelementos minerais, deve-se proteger a vitamina Acontra a destruição. O acesso a pastos de capim, mesmo por curtos períodos, é ométodo ideal de prevenção da deficiência. A exigência diária do gado de corteparece ser   de 5mg de caroteno ou de 2.000UI de vitamina A/45kg de pesocorporal. As vacas lactantes podem exigir o dobro dessa quantidade para manter

altos os níveis de vitamina A no leite.A deficiência de vitamina A sob condições de confinamento tem causado perdasconsideráveis aos criadores de bovinos, especialmente se oferecerem raçõesaltamente concentradas e silagem de milho, que são pobres em caroteno. Tanto adestruição do caroteno durante a estocagem do feno ou no trato gastrointestinalcomo a incapacidade em converter caroteno em vitamina A, podem aumentar anecessidade de suplementação de vitamina A. Os garrotes e novilhas em cresci-mento e terminação que forem alimentados com rações pobres em caroteno porvários meses exigem 2.200UI de vitamina A/kg de ração desidratada a frio. Os

suplementos comerciais de vitamina A não são caros e devem ser utilizados ao seoferecer tais rações e ao existir qualquer perigo de deficiência. Um métodoalternativo consiste na injeção IM; em situações de confinamento, será suficienteuma injeção de 5 milhões de UI de vitamina A uma vez por ano.

A deficiência de vitamina D é comparativamente rara no gado de corte, já quegeralmente está no meio externo em contato com a luz solar direta e é alimentado comforragem seca pelo sol. Nas latitudes mais setentrionais durante os longos invernos, ouem bezerros de exposição que são mantidos no estábulo ou postos para fora apenasà noite, é possível que ocorra deficiência. A exposição direta à luz solar, a alimentação

com forragem seca pelo sol ou vitamina D suplementar (300UI/45kg de peso corporal)protegerão contra a deficiência.As inter-relações da vitamina E e do selênio na reprodução e na etiologia de

várias miopatias são discutidas em MIOPATIAS, página 659.

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MANEJO NUTRICIONAL E ALIMENTAR

Os alimentos para gado de corte variam largamente em qualidade, palatabilidadee teor de nutrientes essenciais. A composição de alguns alimentos comuns paragado de corte é apresentada na TABELA 20, página 1446. Para ser mais eficiente,

qualquer suplemento deve ser padronizado para ajustar-se ao tipo e qualidade daforragem disponível. A análise química das forragens é muito útil para determinarsua proporcionalidade e suas deficiências nutricionais. Em determinados sistemasde manejo, o gado de corte é invernado da forma mais econômica possível, à basede forragens de baixa qualidade e conseqüentemente pode não receber osnutrientes recomendados para um desempenho ideal. Isso pode não ser indesejávelse nenhuma deficiência severa se desenvolver e o gado puder compensar os mausganhos de peso do inverno no abundante pasto de verão. Porém, quando se desejaum desempenho máximo (vacas amamentando bezerros, crescimento rápido de

bezerros, garrotes em alimentação intensiva), deve-se fazer uma tentativa de sepreencher ou exceder as exigências de nutrientes, como apresentado nas tabelasseguintes.

Os manejos nutricional e alimentar dos 3 sistemas de produção de gado de cortesão discutidos separadamente (ver também INTERAÇÃO MANEJO-DOENÇA: GADO DE

CORTE, pág. 1343).

Rebanho reprodutivo

Na maioria das áreas, os criadores seguem um programa de parto na primavera(fevereiro a maio nos EUA), dependendo do alimento disponível, do crescimento dopasto no início da primavera e do clima predominante. O parto no outono estáganhando terreno, particularmente no sul dos EUA, e a invernagem da vaca lactanterepresenta um problema nutricional muito maior do que a invernagem da vacaprenhe. Os bezerros de corte nascidos na primavera são comumente desmamadosaos 6 a 8 meses, e suas mães são acasaladas novamente durante o pasto de verão.As novilhas podem ser acasaladas para parirem pela primeira vez aos 2 anos deidade (24 a 27 meses) se se praticar uma boa alimentação de inverno para assegurar

o máximo desenvolvimento e evitar um alto número de perdas por morte no parto.As novilhas (raças britânicas) devem pesar pelo menos 275 a 300kg na época doacasalamento (os cruzamentos exóticos devem ser mais pesados) e devem seralimentadas logo após isso, para permitir a continuação do crescimento, uma boaprodução leiteira e um reacasalamento precoce. É uma boa prática se acasalar asnovilhas para parirem 2 a 4 semanas antes do rebanho de vacas; assim, podemreceber mais atenção no parto e ter um intervalo mais longo entre o parto e oacasalamento, o que melhora a taxa de concepção aos 3 anos de idade.

As vacas mais velhas apresentam reservas corporais maiores e exigências de

nutrientes menores do que as novilhas; portanto, podem ser invernadas com raçõesde pior qualidade. Geralmente, são alimentadas com todo o feno, forragem, silagemou grama seca que consumirem. Sua ração deve fornecer um mínimo de 5,9% deproteína bruta ou total na matéria seca; se não fornecer esse mínimo, deve-se entãooferecer diariamente 0,5 a 1kg de um suplemento de 20 a 30% de proteínas ou seuequivalente. Devem-se providenciar uma mistura mineral e sal.

As vacas de corte adultas podem perder ≥ 67kg de peso corporal no períodoque vai do outono até após o parto na primavera. Essa perda de peso não preju-dica o desempenho reprodutivo se os pastos de primavera e verão forem ade-

quados. Em sistemas mais rendosos de manejo, uma vaca manterá seu peso deoutono a outono. A lactação exige mais nutrientes que a gestação. No entanto, éindesejável que se alimentem vacas de corte mais do que o necessário para umaprodução satisfatória, tal como ocorre freqüentemente em rebanhos de puros-

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sangues. Os grandes acúmulos de gordura corporal podem levar a baixas taxas deconcepção, dificultar o parto, diminuir a produção de bezerros e a expectativade vida.

Freqüentemente, se pratica um sistema de “alimentação em cocho” por meio doqual os bezerros lactentes têm acesso permitido a uma mistura de grãos em umauto-alimentador em um confinamento. Uma mistura para alimentação em cochopode conter 6 partes de milho, 3 partes de aveia e 1 parte de suplemento proteico.A mistura deve ser moída tão grosseiramente quanto possível. Também se podeoferecer uma ração comercial para cocho com 12 a 14% de proteína.

Os bezerros machos em crescimento e os de 1 ano devem receber 1kg desuplemento proteico, 1,5 a 2kg de grãos e forragem de boa qualidade. Os tourosadultos são comumente invernados da mesma maneira que o rebanho de vacas,com uma maior permissão de alimentação no final do inverno. Os touros de

exposição altamente qualificados podem ter que “descansar” através da reduçãogradual na ração e de muito exercício antes que fiquem aptos para uma coberturano pasto. O rebanho reprodutivo deve ter nutrientes adequados em sua ração e estarganhando peso antes e durante o acasalamento. Várias deficiências nutricionais,especialmente de caroteno, fósforo, energia e proteína, reduzem a fertilidade. Essesnutrientes devem estar presentes em quantidades adequadas na ração e pelomenos 6 a 8 semanas antes do acasalamento.

Bovinos jovens

É uma prática comum se alimentar bezerros ou bovinos de 1 ano para obteremganhos de peso moderados no inverno, com ganhos mais rápidos e baratos no pastode verão. Tais bovinos podem ser vendidos como animais de engorda na primaveraou terminados em uma baia seca no outono seguinte. O custo do ganho de peso deinverno na base de alimentos colhidos é invariavelmente mais alto do que o custodo ganho de verão baseado em capim; por isso, é aconselhável se invernar osbovinos para se obter o maior ganho de peso possível com base em capim. Para semanter a boa saúde, os bezerros desmamados devem ganhar ≥ 0,5kg/dia. Reco-menda-se 1kg de grãos mais 0,5 a 1kg de suplemento proteico em conjunto com

forragem de não leguminosa. Caso se ofereça feno de leguminosa, não hánecessidade de suplemento proteico. Os bovinos mais velhos, particularmente seentrarem gordos no inverno, podem ter sucesso em manter seu peso de outono.Deve-se fornecer uma mistura mineral e sal mineral grosso à vontade. O ofereci-mento de quantidades limitadas de grãos aos bovinos de 1 ano no pasto durante ofinal do verão pode aumentar seu valor de mercado.

Bovinos em terminação

Esta fase da criação de gado de corte consiste em uma alimentação intensiva àbase de grãos, com quantidades limitadas de forragem até que se alcance o pesode mercado. Os bovinos mais velhos podem terminar somente em pasto, ou compoucos quilos de grãos/dia ou em 60 a 90 dias no confinamento, sob rações ricasem grãos, para melhorar a classificação de mercado. Os bezerros desmamadossão comumente enviados direto ao confinamento para um programa de prepara-ção de 120 a 150 dias, seguido por rações de terminação por 100 a 150 dias; osbovinos de 1 ano exigem 150 dias e os garrotes mais velhos 100 a 125 dias. Oconsumo de grãos de bovinos em alimentação intensiva é de  1kg/45kg de peso

corporal. O consumo de forragem está geralmente limitado a cerca de um quarto aum terço do consumo total de grãos a contar do início da alimentação intensiva. Osbovinos consomem 3% de seu peso corporal diariamente quando se alimentampor si mesmos com rações mistas. Para os bezerros, exige-se diariamente < 1kg

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TABELA 13 – Exigências Nutricionais para Bovinos de Corte* em Crescimento e Terminação(Concentração de Nutrientes na Matéria Seca Dietética)

Ganho de Consumo Proteína ProteínaPeso peso diário de matéria total total ELm ELg NDT EM Ca P

seca

lb kg kg lb kg g % Mcal/kg Mcal/kg % Mcal/kg % %

Garrotes castrados e animais de 1 ano, estrutura média a grande 

300 136 0,45 1 3,9 440 11,3 1,19 0,62 56 2,03 0,46 0,23 – – 0,68 1,5 4,1 529 12,9 1,30 0,73 59,5 2,16 0,58 0,27 – – 0,91 2 4,3 628 14,6 1,41 0,84 63,5 2,29 0,70 0,30 – – 1,13 2,5 4,4 717 16,3 1,54 0,97 67,5 2,45 0,85 0,34 – – 1,36 3 4,3 774 18 1,70 1,08 72 2,60 0,99 0,39

500 227 0,45 1 5,8 551 9,5 1,19 0,62 56 2,03 0,33 0,19 – – 0,68 1,5 6,1 634 10,4 1,30 0,73 59,5 2,16 0,39 0,21 – – 0,91 2 6,3 718 11,4 1,41 0,84 63,5 2,29 0,46 0,24 – – 1,13 2,5 6,4 794 12,4 1,54 0,97 67,5 2,45 0,55 0,25 – – 1,36 3 6,4 858 13,4 1,70 1,08 72 2,60 0,63 0,28

700 318 0,45 1 7,4 636 8,6 1,19 0,62 56 2,03 0,27 0,19 – – 0,68 1,5 7,8 718 9,2 1,30 0,73 59,5 2,16 0,31 0,19 – – 0,91 2 8,1 794 9,8 1,41 0,84 63,5 2,29 0,36 0,21

 – – 1,13 2,5 8,2 861 10,5 1,54 0,97 67,5 2,45 0,40 0,22 – – 1,36 3 8,2 910 11,1 1,70 1,08 72 2,60 0,45 0,23

900 408 0,45 1 9 720 8 1,19 0,62 56 2,03 0,23 0,18 – – 0,68 1,5 9,4 799 8,5 1,30 0,73 59,5 2,16 0,27 0,18 – – 0,91 2 9,7 863 8,9 1,41 0,84 65,5 2,29 0,29 0,20 – – 1,13 2,5 9,9 921 9,3 1,54 0,97 67,5 2,45 0,31 0,20 – – 1,36 3 9,8 960 9,8 1,70 1,08 72 2,60 0,36 0,21

 Nutrição: Bovinos 1430

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Ganho de Consumo Proteína ProteínaPeso peso diário de matéria total total ELm ELg NDT EM Ca P

seca

lb kg kg lb kg g % Mcal/kg Mcal/kg % Mcal/kg % %

1.100 500 0,45 1 10,5 809 7,7 1,19 0,62 56 2,03 0,21 0,18 – – 0,68 1,5 10,9 872 8 1,30 0,73 59,5 2,16 0,23 0,18 – – 0,91 2 11,3 938 8,3 1,41 0,84 63,5 2,29 0,25 0,18 – – 1,13 2,5 11,5 978 8,5 1,54 0,97 67,5 2,45 0,26 0,18

 – – 1,36 3 11,5 1.024 8,9 1,70 1,08 72 2,60 0,29 0,19

Novilhas e bezerras de 1 ano, estrutura média a grande 

300 136 0,45 1 3,8 429 11,3 1,28 0,71 59 2,16 0,45 0,24 – – 0,68 1,5 4 520 13 1,43 0,86 64 2,31 0,58 0,25 – – 0,91 2 4 584 14,6 1,63 1,01 69,5 2,51 0,69 0,30

500 227 0,45 1 5,6 526 9,4 1,28 0,71 59 2,16 0,30 0,20 – – 0,68 1,5 5,9 608 10,3 1,43 0,86 64 2,31 0,38 0,20 – – 0,91 2 5,9 661 11,2 1,63 1,01 69,5 2,51 0,44 0,24

700 318 0,45 1 7,2 597 8,5 1,28 0,71 59 2,16 0,25 0,18 – – 0,68 1,5 7,5 675 9 1,43 0,86 64 2,31 0,29 0,19 – – 0,91 2 7,6 730 9,6 1,63 1,01 69,5 2,51 0,33 0,20

900 408 0,45 1 8,7 687 7,9 1,28 0,71 59 2,16 0,22 0,18 – – 0,68 1,5 9,1 746 8,2 1,43 0,86 64 2,31 0,23 0,18 – – 0,91 2 9,2 791 8,6 1,63 1,01 69,5 2,51 0,26 0,18

* A concentração de vitamina A em todas as dietas para garrotes e novilhas em terminação é de 2.200UI/kg de dieta seca.Proteína total = bruta; ELm = energia líquida para manutenção; ELg = energia líquida para ganho de peso; EM = energia metabolizável; NDT = nutrientes

digestíveis totais.Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Beef Cattle , 1984, National Academy of Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington,

DC.

 Nutrição: Bovinos 1431

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TABELA 14 – Exigências Nutricionais do Rebanho Reprodutor do Gado de Corte*(Concentração de Nutrientes na Matéria Seca Dietética)

Ganho de Consumo Proteína ProteínaPeso peso diário de matéria total total ELm ELg NDT EM Ca P

seca

lb kg kg lb kg g % Mcal/kg Mcal/kg % Mcal/kg % %  

Novilhas de 1 ano prenhes, terço final da gestação 

700 318 0,64 1,4 7,2 648 9 1,32 0,75 60 2,18 0,33 0,21 – – 0,86 1,9 7,2 706 9,8 1,54 0,95 67 2,43 0,33 0,21

800 363 0,64 1,4 7,9 695 8,8 1,30 0,73 60 2,16 0,33 0,21 – – 0,86 1,9 7,9 735 9,3 1,52 0,93 66 2,38 0,35 0,21

900 408 0,64 1,4 8,6 731 8,5 1,28 0,71 59 2,14 0,30 0,21 – – 0,86 1,9 8,7 783 9 1,50 0,90 65 2,36 0,32 0,21

Vacas adultas prenhes secas, terço médio da gestação 

800 363 – – 6,9 490 7,1 0,93 NA 49 1,76 0,17 0,171.000 454 – – 8,2 574 7 0,93 NA 49 1,76 0,18 0,181.200 544 – – 9,4 649 6,9 0,93 NA 49 1,76 0,19 0,191.400 635 – – 10,6 731 6,9 0,93 NA 49 1,76 0,20 0,20

Vacas adultas prenhes secas, terço final da gestação 

800 363 0,91 2 7,6 623 8,2 1,12 NA 55 1,96 0,26 0,201.000 454 0,91 2 8,9 703 7,9 1,10 NA 54 1,94 0,26 0,201.200 544 0,91 2 10,1 788 7,8 1,08 NA 53 1,92 0,26 0,211.400 635 0,91 2 11,3 859 7,6 1,06 NA 53 1,90 0,26 0,21

 Nutrição: Bovinos 1432

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Ganho de Consumo Proteína ProteínaPeso peso diário de matéria total total ELm ELg NDT EM Ca P

seca

lb kg kg lb kg g % Mcal/kg Mcal/kg % Mcal/kg % %  

Vacas amamentando bezerros, capacidade leiteira média, primeiros 3 a 4 meses pós-parto 

0,800 363 – – 7,8 796 10,2 1,26 NA 58 2,12 0,30 0,221.000 454 – – 9,2 883 9,6 1,21 NA 57 2,05 0,28 0,221.200 544 – – 10,4 967 9,3 1,17 NA 56 2,01 0,27 0,221.400 635 – – 11,6 1.044 9,0 1,12 NA 55 1,98 0,27 0,22

Vacas amamentando bezerros, capacidade leiteira superior, primeiros 3 a 4 meses pós-parto 

0,800 363 – – 7,1 1.008 14,2 1,87 NA 77 2,80 0,48 0,311.000 454 – – 9,3 1.144 12,3 1,54 NA 67 2,43 0,39 0,271.200 544 – – 10,8 1.242 11,5 1,43 NA 64 2,31 0,36 0,261.400 635 – – 12,1 1.331 11,0 1,37 NA 62 2,23 0,35 0,26

Touros, manutenção e baixa taxa de crescimento (recuperação do estado físico) 

1.300 590 0,45 1,0 11,5 874 7,6 1,17 0,62 56 2,03 0,22 0,191.500 680 0,45 1,0 12,8 947 7,4 1,17 0,62 56 2,03 0,21 0,19

1.700 771 0,23 0,5 13,4 938 7,0 1,04 0,49 52 1,87 0,20 0,191.900 862 0,23 0,5 14,6 1.007 6,9 1,04 0,49 52 1,87 0,20 0,202.100 953 – – 14,7 1.000 6,8 0,90 NA 48 1,74 0,22 0,22

* A concentração de vitamina A em todas as dietas para novilhas e vacas prenhes é de2.800UI/kg de dieta seca; para vacas lactantes e touros reprodutoresé de3.900UI/kg. Proteína total = bruta; ELm = energia líquida para manutenção; ELg = energia líquida para ganho de peso; EM = energia metabolizável;NDT = nutrientes digestíveis totais.

Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Beef Cattle , 1984, National Academy of Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

 Nutrição: Bovinos 1433

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de suplemento com 30 a 35% de proteína para se obter melhores ganhos de pesoe classificação de mercado enquanto estiverem se alimentando de forragem de nãoleguminosa.

Deve-se aumentar gradualmente o fornecimento de grãos para os bovinos em

terminação. O oferecimento excessivo de grãos no início do período pode levar aacidose láctica, laminite, diarréia severa e animais que diminuem o consumoalimentar. Exige-se aproximadamente 3 semanas para se introduzir bezerros emalimentação intensiva com grãos; exige-se um período mais curto para os bovinosmais velhos. As rações mistas, para alimentação não controlada, devem conter≥ 50% de forragem no momento de introdução do bovino à alimentação.

As silagens de sorgo ou milho são muito palatáveis, e podem-se terminar osbovinos de classificação mais inferior principalmente com silagem suplementadacom proteína. A silagem de alfafa ou de capim é relativamente rica em proteínas,

caroteno e minerais, mas é pobre em energia disponível, especialmente quandonão se adicionam grãos ou melaço como preservativos. O feno de alfafa é uma exce-lente forragem, mas pode causar timpanismo em bezerros, se for servido comoúnica forragem. Os grãos para terminação de gado têm aproximadamente o mesmovalor relativo que é indicado pelo seu teor de NDT. As fontes vegetais de proteínasão iguais em valor e podem ser substituídas em parte por suplementos alimenta-res comerciais que contenham uréia. Esses suplementos também são reforçadoscom minerais, vitaminas e aditivos alimentares. Uma pequena quantidade de me-laço (0,5kg/cabeça/dia) pode melhorar as rações que contenham forragens de má

qualidade, tais como sabugos de milho, fenos desgastados pelo clima ou cascas decaroço de algodão.Utilizam-se vários hormônios não nutrientes ou compostos semelhantes a

hormônios para se aumentar os ganhos de peso no gado em terminação, tanto naforma de suplementos alimentares (acetato de melengesterol) como na forma deimplantes injetáveis (ver também pág. 1856). O uso dessas substâncias, por exem-plo, estradiol, zeranol, benzoato de progesterona-estradiol, propionato de testoste-rona com benzoato de estradiol ou acetato de trembolona, resulta comumente emmelhoramento apreciável nas taxas de ganho de peso e na eficiência alimentar, mas

indica-se obediência rigorosa às instruções do fabricante. Os antibióticos tambémmelhoram os ganhos de peso e a eficiência alimentar.Os bovinos alimentados com monensina e lasalocid consomem 10% a

menos de alimento, mas ganham peso de forma comparável e mais eficiente devidoao aumento da produção de ácido propiônico no rúmen. Essas substâncias tambémpodem ajudar a controlar o timpanismo.

Ainda não se provou que o uso de tranqüilizantes para reduzir o estresse e a perdade peso durante o desmame ou o transporte seja consistentemente benéfico. Váriosmeios de processamento de ração, tais como peletização, torrefação, floculação e

ensilagem com alta umidade, têm sido benéficos em algumas situações.

Condicionamento de bovinos para engorda após o transporte

Uma dose oral diária de 350mg de clortetraciclina (CTC) e de 350mg desulfametazina (SMZ) para bovinos de engorda (especialmente bezerros) por 2 a 3semanas imediatamente após o transporte diminui significativamente a incidênciada síndrome da febre do transporte e também resulta em uma reobtenção de pesomais rápida após o emagrecimento sofrido durante transporte e/ou desmame. O

tamanho do animal não é crítico com relação aos níveis de CTC e SMZ. Algunsanimais podem não responder a esse tratamento e devem ser isolados para atençãoindividual. O programa nutricional recomendado para tal bovino consiste emalimentação intensiva com uma forragem de qualidade média < 1kg/cabeça/dia de

  Nutrição: Bovinos 1434

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um suplemento com 32% de proteína, que derive pelo menos dois terços de suaproteína de fontes naturais. Dessa forma, pode-se incorporar a dose diária prescritade CTC e SMZ para um animal em cada 0,5 a 1kg de suplemento proteico.

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DO GADO LEITEIROAs necessidades dietéticas específicas do gado leiteiro são enormemente

modificadas pela atividade ruminal. Durante as primeiras 3 a 5 semanas de idadeos bezerros são animais essencialmente monogástricos, apresentam exigênciasdietéticas semelhantes às dos suínos e cães, e têm de obter esses nutrientes a partirdo leite ou de um sucedâneo do leite. Eles exigem alimentos de alta qualidade,facilmente digeridos para fornecer energia disponível, aminoácidos e mineraisessenciais bem como quase todas as vitaminas. Logo após 1 mês de idade, àmedida que o consumo de forragem e grãos aumenta, os microrganismos do rúmense tornam progressivamente ativos na síntese de aminoácidos essenciais e comple-xo B e na digestão de celulose. O gado leiteiro adulto pode, portanto, sobreviverbem, independentemente da suplementação dietética de aminoácidos essenciaisou de proteínas de alta qualidade e vitaminas do complexo B. Porém, nas vacasleiteiras de alta produção em início de lactação, deve-se considerar a degradabilidadeda proteína dietética no rúmen. A suplementação de niacina pode ser benéfica emalgumas situações. Como outros ruminantes, os bovinos adultos utilizam alimentos

grosseiros, ricos em celulose e hemicelulose, que são menos úteis aos nãoherbívoros. Os vitelos, que são alimentados unicamente com uma dieta à base deleite ou sucedâneo do leite e não recebem nenhum alimento seco, existem como nãoruminantes em termos de exigências nutricionais.

Quanto às exigências nutricionais diárias do gado leiteiro, ver a TABELA 15 parabovinos em crescimento e a TABELA 16 para vacas prenhes e lactantes. As grandesraças apresentam exigências específicas quanto a alimento total, energia, proteínatotal, cálcio, fósforo e vitaminas A e D. A TABELA 17 resume a concentração de todosos nutrientes conhecidos nas dietas recomendadas para as diferentes classes de

gado leiteiro. Também se inclui a tolerância máxima, quando esta for conhecida.Água

Já que o gado leiteiro se ressente mais rapidamente de um consumo de águainadequado do que de uma deficiência de qualquer outro nutriente, a todos osmomentos deve estar disponível água de bebida fresca e límpida. Se não se permitirlivre acesso à água, a produção de leite e o consumo alimentar ficarão diminuídos.As vacas consumirão 3 a 5kg de água para cada quilograma de matéria secaconsumida, mais a água adicional para a produção de leite. Assim sendo, as vacas

que produzem 36kg de leite podem beber > 136kg de água por dia. Com alimentossuculentos, o consumo de água é menor. No inverno, as vacas beberão mais águase esta for ligeiramente aquecida; no tempo quente, o consumo pode triplicar. Deve-se oferecer água à vontade aos bezerros durante a última parte do período dealeitamento, às novilhas e aos touros.

Energia

O principal uso do alimento pelo corpo é como fonte de energia. Todos os

nutrientes orgânicos, por exemplo, proteínas, carboidratos e gorduras, fornecemenergia; assim sendo, os valores energéticos dos componentes orgânicos de umingrediente alimentar são combinados e expressos como nutrientes digestíveistotais (NDT), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) ou energia líquida

 Nutrição: Bovinos 1435

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TABELA 15 – Exigências Nutricionais Diárias do Gado Leiteiro em Crescimento e dos Touros AdultosConsumo

Peso Ganho de matéria Energia Proteína Minerais Vitaminasvivo de peso seca

ELm  ELg  EM ED NDT PCN PCD PB Ca P A D  (kg) (g) (kg) (Mcal) (Mcal) (Mcal) (Mcal) (kg) (g) (g) (g) (g) (g) (1.000UI)

Bezerros em crescimento de raças de grande porte alimentados apenas com leite ou sucedâneo do leite 

40 200 0,48 1,37 0,41 2,54 2,73 0,62 – –0 105 7 4 1,70 0,2645 300 0,54 1,49 0,56 2,86 3,07 0,70 – –0 120 8 5 1,94 0,30

Bezerros em crescimento de raças de grande porte alimentados com leite mais mistura de iniciação 

50 500 1,30 1,62 0,72 5,90 6,42 1,46 – –0 290 9 6 2,10 0,3375 800 1,98 2,19 1,30 8,98 9,78 2,22 – –0 435 16 8 3,20 0,50

Vitelos em crescimento alimentados apenas com leite ou sucedâneo do leite 50 1.400 0,57 1,62 0,57 2,39 2,63 0,59 – –0 125 9 5 2,10 0,3375 1.900 1,36 2,19 1,47 4,82 5,39 1,21 – –0 300 16 9 3,20 0,50

100 1.250 2,00 2,72 2,26 6,22 7,06 1,58 – –0 440 20 11 4,20 0,66150 1.100 2,72 3,69 2,29 8,46 9,60 2,15 – –0 598 24 15 6,40 0,99

Fêmeas em crescimento de raças de grande porte 

100 700 02,82 02,72 1,44 07,54 08,72 1,98 346 0075 0452 18 9 04,24 0,66150 700 03,75 03,69 1,71 09,76 11,33 2,57 307 0173 0600 19 12 06,36 0,99200 700 04,68 04,57 1,95 11,87 13,84 3,14 274 0267 0686 21 14 08,48 1,32300 700 06,66 06,20 2,39 16,00 18,81 4,27 223 0452 0799 24 18 12,72 1,98400 700 08,92 07,69 2,80 20,23 24,00 5,44 190 0641 1.070 26 20 16,96 2,64500 600 10,93 09,09 2,69 23,32 27,96 6,34 175 0785 1.311 28 20 21,20 3,30600 600 14,11 10,43 3,00 28,23 34,24 7,77 193 1.007 1.694 28 20 25,44 3,96

Machos em crescimento de raças de grande porte 

100 0800 02,80 02,72 1,42 07,48 08,66 1,96 401 0065 0448 18 10 04,24 0,66300 1.000 06,73 06,20 2,80 16,70 19,53 4,43 323 0464 0884 26 20 12,72 1,98500 0900 10,48 09,09 3,25 23,76 28,19 6,39 233 0786 1.257 29 22 21,20 3,30700 0800 15,16 11,70 3,46 31,14 37,59 8,52 219 1.124 1.820 29 22 29,68 4,62

Manutenção dos touros reprodutores adultos 

0500 – 07,89 09,09 – 15,79 19,15 4,34 161 0472 0789 20 12 21,20 3,300900 – 12,27 14,13 – 24,53 29,76 6,75 135 0854 1.227 36 22 38,16 5,941.300 – 16,16 18,62 – 32,32 39,21 8,89 108 1.196 1.616 53 32 55,12 8,58

ELm = energia líquida para manutenção; EL g = energia líquida para ganho de peso; EM = energia metabolizável; ED = energia digestível; NDT = nutrientes digestíveistotais; PCN = proteína consumida não degradada; PCD = proteína consumida degradada; PB = proteína bruta.

Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Dairy Cattle , 1989, National Academy of Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

 Nutrição: Bovinos 1436 

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TABELA 16 – Exigências Nutricionais Diárias das Vacas Prenhes e Lactantes

Energia Proteína Minerais VitaminasPesobrutavivo

ELl  EM ED NDT   total Ca P A D(kg) (Mcal) (Mcal) (Mcal) (kg) (g) (g) (g) (1.000UI)

Manutenção de vacas adultas lactantes* 400 7,16 12,01 13,80 3,13 318 16 11 30 12500 8,46 14,20 16,32 3,70 364 20 14 38 15600 9,70 16,28 18,71 4,24 406 24 17 46 18

700 10,89 18,28 21,00 4,76 449 28 20 53 21800 12,03 20,20 23,21 5,26 486 32 23 61 24Manutenção mais os últimos 2 meses de gestação de vacas secas adultas** 

400 9,30 15,26 18,23 4,15 875 26 16 30 12500 11,00 18,04 21,55 4,90 978 33 20 38 15600 12,61 20,68 24,71 5,62 1.074 39 24 46 18700 14,15 23,21 27,73 6,31 1.165 46 28 53 21800 15,64 25,66 30,65 6,98 1.254 53 32 61 24

Produção de leite – nutrientes por kg de leite de diferentes porcentagens de gordura  (% de gordura)

3,0 0,64 1,07 1,23 0,280 78 2,73 1,68 – –3,5 0,69 1,15 1,33 0,301 84 2,97 1,83 – –4,0 0,74 1,24 1,42 0,322 90 3,21 1,98 – –4,5 0,78 1,32 1,51 0,343 96 3,45 2,13 – –5,0 0,83 1,40 1,61 0,364 101 3,69 2,28 – –

5,5 0,88 1,48 1,70 0,385 107 3,93 2,43 – –ELl = energia líquida para lactação; EM = energia metabolizável; ED = energia digestível; NDT = nutrientes digestíveis totais.* Para permitir o crescimento de vacas lactantes jovens, aumentar as cifras de manutenção de todos os nutrientes, exceto das vitaminas A e D, em 20% durante

a primeira lactação e em 10% durante a segunda lactação.** Os valores de cálcio pressupõem que a vaca esteja em equilíbrio de cálcio no início dos últimos 2 meses de gestação. Se a vaca não estiver em equilíbrio,

então pode-se aumentar a exigência de cálcio de 25 para 33%.Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Dairy Cattle , 1989, National Academy of Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington,

DC.

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TABELA 17 – Teores Nutricionais Recomendados para as Dietas de Gado LeiteiroPeso da Ganho devaca Gordura peso Dietas da vaca em lactação

(kg) (%) (kg/dia) Produção de leite (kg/dia)

400 5,0 0,220 17 13 20 26 33500 4,5 0,275 18 17 25 33 41 Início da Sucedâneo Mistura de Crescimento das600 4,0 0,330 10 20 30 40 50 lactação Vacas do leite iniciação bezerras e tourosa Níveis700 3,5 0,385 12 24 36 48 60 (0 – 3 prenhes para para 3 – 6 6 – 12 > 12  Touros máximos800 3,5 0,440 13 27 40 53 67 semanas) secas bezerros bezerros meses meses meses  adultos toleráveisb

EnergiaELl, Mcal/kg 1,42 1,52 1,62 1,72 1,72 1,67 1,25 – – – – – – –ELm, Mcal/kg – – – – – – – 2,40 1,90 1,70 1,58 1,40 1,15 –

ELg, Mcal/kg – – – – – – – 1,55 1,20 1,08 0,98 0,82 – –EM, Mcal/kg 2,35 2,53 2,71 2,89 2,89 2,80 2,04 3,78 3,11 2,60 2,47 2,27 2,00 –ED, Mcal/kg 2,77 2,95 3,13 3,31 3,31 3,22 2,47 4,19 3,53 3,02 2,89 2,69 2,43 –NDT, % da EM 63 67 71 75 75 73 56 95 80 69 66 61 55 –

Equivalente de proteínaProteína bruta, % 12 15 16 17 18 19 12 22 18 16 12 12 10 –PCN, % 4,4 5,2 5,7 5,9 6,2 7,0 – – – 8,2 4,4 2,1 – –PCD, % 7,8 8,7 9,6 10,3 10,4 9,7 – – – 4,6 6,4 7,2 – –

Teor de fibra (mín.)c

Fibra bruta, % 17 17 17 15 15 17 22 – – 13 15 15 15 –Fibra detergente ácida, % 21 21 21 19 19 21 27 – – 16 19 19 19 –Fibra detergente neutra, % 28 28 28 25 25 28 35 – – 23 25 25 25 –

Extrato etéreo (mín.), % 3 3 3 3 3 3 3 10 3 3 3 3 3 –MineraisCálcio, % 0,43 0,51 0,58 0,64 0,66 0,77 0,39d 0,70 0,60 0,52 0,41 0,29 0,30 2Fósforo, % 0,28 0,33 0,37 0,41 0,41 0,48 0,24 0,60 0,40 0,31 0,30 0,23 0,19 1Magnésio, %e 0,20 0,20 0,20 0,25 0,25 0,25 0,16 0,07 0,10 0,16 0,16 0,16 0,16 0,50

Potássio, %f

0,90 0,90 0,90 1 1 1 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 3Sódio, % 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,18 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 –Cloreto, % 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 –Enxofre, % 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,25 0,16 0,29 0,20 0,16 0,16 0,16 0,16 0,40Ferro, ppm 50 50 50 50 50 50 50 100 50 50 50 50 50 1.000Cobalto, ppm 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 10Cobre, ppmg 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 100Manganês, ppm 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 1.000Zinco, ppm 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 40 500

 Nutrição: Bovinos 1438 

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 Nutrição: Bovinos 1439

Peso da Ganho devaca Gordura peso Dietas da vaca em lactação

(kg) (%) (kg/dia) Produção de leite (kg/dia)

400 5,0 0,220 07 13 20 26 33500 4,5 0,275 08 17 25 33 41 Início da Sucedâneo Mistura de Crescimento das600 4,0 0,330 10 20 30 40 50 lactação Vacas do leite iniciação novilhas e tourosa Níveis700 3,5 0,385 12 24 36 48 60 (0 – 3 prenhes para para 3 – 6 6 – 12 > 12   Touros máximos800 3,5 0,440 13 27 40 53 67 semanas) secas bezerros bezerros meses meses meses   adultos toleráveisb

Iodo, ppmh 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 50i

Selênio, ppm 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 2Vitaminas jA, UI/kg 3.200 3.200 3.200 3.200 3.200 4.000 4.000 3.800 2.200 2.200 2.200 2.200 3.200 66.000D, UI/kg 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.200 600 300 300 300 300 300 10.000E, UI/kg 15 15 15 15 15 15 15 40 25 25 25 25 15 2.000

Nota – Os valores apresentados nessa tabela pretendem servir de parâmetros para o uso dos profissionais na formulação da dieta. Devido aos muitos fatores que afetamtais valores, não se pretende e não se devem usá-los como uma base legal ou reguladora.

a O peso aproximado das novilhas e touros em crescimento aos 3 a 6 meses é de 150kg; aos 6 a 12 meses, é de 250kg; e com > 12 meses, é de 400kg. O ganho de pesomédio diário aproximado é de 700g/dia.

b Os níveis seguros máximos para muitos dos elementos minerais ainda não estão bem definidos e podem ser substancialmente afetados por condições específicas dealimentação.

c Recomenda-se que 75% da FDN nas dietas para vacas em lactação seja fornecida como forragem. Se não se seguir essa recomendação, pode ocorrer uma diminuiçãono teor de gordura do leite.

d O valor do cálcio pressupõe que a vaca esteja em equilíbrio de cálcio no início do período seco. Se a vaca não estiver em equilíbrio, então deve-se aumentar a exigênciadietética de cálcio em 25 a 33%.

e Sob condições propensas à tetania do capim, deve-se aumentar o teor de magnésio em 0,25 ou 0,30%.f Sob condições de estresse por calor, deve-se aumentar o teor de potássio em 1,2%.g

A exigência de cobre da vaca é influenciada pelas quantidades de molibdênio e enxofre na dieta.h Se a dieta contiver tanto quanto 25% de alimento fortemente bociogênico, com base em matéria seca, deve-se aumentar ≥ 2 vezes a quantidade de iodo fornecida.i Embora os bovinos possam tolerar esse teor de iodo, teores mais baixos podem ser mais convenientes para reduzir o teor de iodo no leite. j As quantidades mínimas de vitaminas do complexo B seguintes são sugeridas por unidade de sucedâneo do leite: niacina = 2,6ppm; ácido pantotênico = 13ppm; riboflavina

= 6,5ppm; piridoxina = 6,5ppm; ácido fólico = 0,5ppm; biotina = 0,1ppm; vitamina B12 = 0,07ppm; tiamina = 6,5ppm; e colina = 0,26%. Parece que se suprem quantidadesadequadas dessas vitaminas quando os bezerros apresentam rúmens funcionais (geralmente com 6 semanas de idade) através de uma combinação da síntese ruminale dos ingredientes alimentares naturais.

Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Dairy Cattle , 1989, National Academy of Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

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(energia líquida – manutenção, ELm; energia líquida – ganho, ELg; energia líquida –lactação, EL l). Os NDT e a ED são responsáveis pelas perdas energéticas nasfezes; a EM é responsável pelas perdas energéticas nas fezes, urina e gasescombustíveis intestinais; e a EL se iguala à EM, excetuando-se o aumento de calorou as perdas energéticas resultantes do metabolismo de nutrientes alimentarespara propósitos específicos. A última conotação reflete um valor verdadeiro dosingredientes alimentares quanto a propósitos produtivos e compara mais precisa-mente os concentrados e as forragens. Conseqüentemente, é o método maiscomumente utilizado para o cálculo dos valores energéticos dos alimentos. Emmuitos laboratórios, os valores de EL são calculados a partir da fibra detergenteácida. Dessa forma, se se acrescentar fontes de gordura à ração, estas têm de serestimadas separadamente.

O consumo insuficiente de energia é uma causa mais freqüente de retardamento

do crescimento, atraso de puberdade ou queda da produção leiteira do que prova-velmente qualquer outra deficiência nutricional. As exigências energéticas (TABE-LAS 15 a 17) servem primariamente como guias. Os consumos inferiores aos suge-ridos reduzem as taxas de crescimento e diminuem a produção leiteira. Os consu-mos maiores aumentam as taxas de crescimento e podem aumentar a produção oudeposição de gordura, ou ambas, nas vacas leiteiras.

Sob condições experimentais rígidas, os bezerros demonstram necessitar deácidos graxos essenciais; porém, sob condições habituais de alimentação, mesmoao se utilizar sucedâneos do leite de baixo teor de gordura, a deficiência não ocor-

re. Parece não existir uma exigência dietética de gorduras específica para os bo-vinos em ruminação, ou pelo menos ela é preenchida pelos ingredientes alimenta-res normais. Freqüentemente, se adicionam gorduras na forma de sementes dealgodão inteiras, grãos de soja, etc., às rações de vacas de alta produção paramelhorar o balanceamento energético, e devem-se limitar essas gorduras a ummáximo de 0,5kg/vaca/dia.

Fibra

Embora a fibra seja a porção mais indigerível da ração de uma vaca leiteira, é

necessária como parte do programa de alimentação global. A quantidade real a serincluída depende de vários fatores, incluindo condição corporal, nível de produção,tipo de fibra oferecido e características físicas da fibra. Os animais que produzemgrandes quantidades de leite são alimentados com pouca fibra, enquanto os queproduzem menos leite, ou que estão em crescimento ou em período seco sãoalimentados com mais fibra. A quantidade e o tipo de fibra que são oferecidos podemter um grande efeito na função ruminal, o que afeta a quantidade de ruminação, aprodução de saliva, o pH ruminal e o teor de gordura no leite.

Exprime-se a quantidade de fibra em termos de fibra detergente ácida (ADF) ou

fibra detergente neutra (FDN). A ADF consiste de celulose, lignina, nitrogênioinsolúvel em detergente ácido e cinzas insolúveis em ácido; a FDN consiste dosmesmos componentes mais a hemicelulose. Geralmente, acredita-se que o teor deADF de uma ração seja um bom indicador da digestibilidade global da dieta,enquanto que se considera que o teor de FDN se correlacione bem com o consumototal de matéria seca. Porém, como tanto as propriedade químicas como físicas dosalimentos afetam a determinação da fibra, torna-se difícil a previsão completa daqualidade da fibra e do valor energético dos alimentos.

As recomendações publicadas acerca dos teores de ADF e FDN variam larga-

mente. Em geral, parece que os teores de ADF nas rações de vacas lactantes devemficar em  21% com base em matéria seca, enquanto o teor de FDN deve ficar em 28%. Além do mais, recomenda-se que  75% da FDN deva em estar presentena fração forrageira da ração total.

  Nutrição: Bovinos 1440

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Acredita-se que, em geral, as vacas consumirão   1,2% de seu pesocorporal/dia em FDN. Dessa forma, ao se administrar um teor de 28% de FDN emuma dada ração, espera-se que uma vaca de 600kg consuma 25kg de matériaseca alimentar por dia. Se seu nível de produção sugerir que é apropriado umnível mais alto ou mais baixo de consumo de matéria seca, pode-se necessitar deuma reformulação do alimento, inclusive da concentração de FDN. A TABELA 17enumera as porcentagens recomendadas de ADF e de FDN para várias classesde gado leiteiro.

Proteína

Os valores de proteína bruta total nas TABELAS 15 a 17 representam as exigênciasmínimas aproximadas. A proteína adicional pode resultar em um aumento marginalna produção de leite. No entanto, o excesso bruto de proteínas (> 19%) na ração de

vacas prenhes secas ou vacas lactantes pode prolongar os dias de recepção àmonta e às coberturas por emprenhamento após o parto. O oferecimento deproteínas em excesso às vacas secas também implica na síndrome da vaca caídanas vacas leiteiras parturientes (ver pág. 669).

O gado leiteiro, como outros animais, requer aminoácidos essenciais que têm deser absorvidos no intestino delgado. Esses aminoácidos são derivados das proteí-nas microbianas produzidas no ruminorretículo e digeridas no intestino delgado,assim como das proteínas dietéticas que escapam à degradação no rúmen mas sãodigeridas em aminoácidos pós-ruminalmente. Sob condições de alimentação nor-

mais, nas quais se preenchem as exigências de proteína bruta total, novilhas emcrescimento, vacas secas e vacas no meio ao final da lactação podem preenchersuas necessidades de aminonácidos a partir da proteína microbiana produzida norúmen. A quantidade de síntese proteica microbiana depende de fatores, tais comoteor de carboidratos não estruturais na dieta, densidade física e forma da dieta, nívele freqüência de alimentação, disponibilidade ruminal de enxofre e ácidos graxos decadeia ramificada, e especialmente de proteína consumida degradável (PCD) norúmen. As vacas de alta produção, no entanto, apresentam exigências de aminoá-cidos a mais do que pode ser fornecido pelos micróbios ruminais, mesmo com altas

taxas de síntese. Conseqüentemente, a dieta de tais vacas deve incluir proteínas dedegradabilidade relativamente baixa no rúmen, que escaparão à decomposição atéque atinjam o intestino delgado. Essa proteína de escape é conhecida comoproteína consumida não degradada (PCN). As estimativas das exigências de PCDe PCN são listadas nas TABELAS 15 e 17. Já que os ingredientes alimentares variamconsideravelmente nas proporções de proteínas degradáveis e não degradáveis, aTABELA 18 enumera alguns valores selecionados para o uso em dietas de balancea-mento.

Pode-se utilizar a uréia na ração para preencher parte da exigência de PCD das

novilhas mais velhas, vacas secas e vacas de baixa produção, contanto que haja norúmen energia adequada na forma de carboidratos não estruturais. Pode-se justificar ocasionalmente certa quantidade de uréia em dietas de vacas de altaprodução quando por outro lado suas dietas forem ricas em PCN. Deve-se introduzira uréia gradualmente à dieta por um período de 3 semanas e misturá-la completa-mente com alimentos palatáveis, preferivelmente de forma que evitará o consumoexcessivo em curtos períodos (ver também pág. 2051). As recomendações comunscorrespondem à adição de proporções de até 7,5kg/ton de silagem de milho, ou até1% do concentrado para um consumo máximo diário de 0,23kg de uréia. Se se

adicionar mais uréia a uma ração acima do adequado em proteínas degradáveis,isto não só debilita o animal como também pode afetar adversamente seu consumoalimentar, saúde e produção. Ao contrário, se as rações forem relativamente ricasem PCN e amido, a uréia ou outros nitrogênios não proteicos, tais como a amônia,

 Nutrição: Bovinos 1441

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  Nutrição: Bovinos 1442

TABELA 19 – Algumas Boas Fontes de Cálcio e Fósforo (Conforme Fornecido)Alimento Cálcio % Fósforo %

Feno de alfafa (em início de vegetação) 1,91 0,270Feno de trevo (em início de floração) 2,03 0,340Nata de leite desidratada 1,17 0,970Soro de leite desidratado 0,91 0,750Farelo de trigo 0,11 1,170Farinha de caroço de algodão 0,16 1,210Solúveis de destilaria 0,35 1,370

Farinha de osso 29,00 13,20Fosfato de rocha desfluorado 31,70 13,70Fosfato bicálcico 22,70 18,00Calcário 38,00 0,02

TABELA 18 – Estimativas de Não Degradabilidade Ruminal de Proteínasem Ingredientes Alimentares Comuns

Feno de alfafa 0,28Silagem de alfafa 0,23Cevada 0,27Grãos secos de cervejeiros 0,49Capim-cevadinha 0,44Milho 0,52Ração de glúten de milho seca 0,22Farinha de glúten de milho 0,55Silagem de milho 0,31

Grãos secos de destilaria 0,54Farinha de peixe 0,60Silagem de capim 0,29Farinha de linhaça 0,35Farinha de colza (canola) 0,28Farinha de carne e de osso 0,49Farinha de soja 0,35Soja crua 0,26Trigo 0,22Farelo de trigo 0,29

Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Dairy Cattle , 1989, National Academy ofSciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

podem ser utilizados para preencher as necessidades de nitrogênio dos microrga-nismos ruminais.

Minerais

O gado leiteiro necessita de uma fonte dietética de cálcio, fósforo, magnésio,enxofre, potássio, sódio, cloro, ferro, iodo, manganês, cobre, cobalto, zinco e

selênio. Alguns dos minerais que exigem atenção especial na alimentação práticasão discutidos a seguir.Os alimentos comuns não fornecem sal (cloreto de sódio) na quantidade

suficiente para preencher as necessidades do gado leiteiro, com a possível exceçãode um bom pasto. O método preferido de fornecimento de sal consiste em suainclusão nas misturas de concentrado ou nos alimentos completos a 0,46% damatéria seca da ração total para vacas lactantes e a 0,25% da matéria seca da raçãototal para vacas secas e outros bovinos não lactantes. A permissão para que osanimais tenham livre acesso ao sal é uma maneira prática de preenchimento da

necessidade dos animais que não recebem concentrados. Devem-se proteger dotempo tanto o sal disperso como em bloco.Devem-se adicionar cálcio e fósforo a quase todas as rações de gado leiteiro.

Os teores de cálcio e fósforo de determinados alimentos e suplementos sãoapresentados na TABELA 19. Os fenos de alfafa e trevo são ricos em cálcio, mas umpouco carentes em fósforo, como a maioria das leguminosas. As forragens nãoleguminosas são pobres em cálcio.

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Os alimentos concentrados usados para o gado leiteiro são relativamentedeficientes em cálcio. Farelo de trigo, resíduos solúveis de destilaria e farinha desemente de algodão são os alimentos comuns ricos em fósforo, mas são pobres emcálcio. Farinha de osso, fosfatos desfluorados e fosfato bicálcico são os suplemen-tos mais comuns de cálcio e fósforo. O calcário (tipo alimentar) é a mais barata fonteúnica de cálcio. Tanto a proporção do cálcio em relação ao fósforo como a presençade vitamina D afetam a utilização de cálcio e fósforo. O NRC recomenda (TABELA 17)uma proporção cálcio–fósforo de1,5:1 para crescimento, manutenção e produçãode leite. Os touros adultos que recebem 3 a 5 vezes sua necessidade de cálciodesenvolvem uma alta incidência de osteoporose, o que reduz acentuadamente suacapacidade de andar e montar. Tem-se reduzido a febre do leite através dadiminuição do consumo de cálcio para 30g/dia 2 semanas antes do parto e doaumento dele para 150 a 200g/dia após o parto. Para se garantir um consumo

satisfatório, devem-se incorporar suplementos minerais ao concentrado ou à raçãomisturada total em níveis calculados para preencher as exigências. Embora sejauma prática comum o oferecimento à vontade de minerais aos animais de 1 ano eàs vacas secas que não estejam recebendo concentrados, os bovinos não equilibra-rão suas dietas dessa forma.

Exige-se o iodo para a síntese de iodotireoglobulina e de tireoxina, através dasquais a glândula tireóide exerce um grau de controle sobre a taxa metabólica basale o crescimento, reprodução e lactação. Nos bezerros recém-nascidos, o bóciosimples (ver pág. 341)  torna-se evidente quando o consumo de iodo da mãe é

deficiente. A necessidade de iodo é aumentada por substâncias bociogênicas noalimento, tais como grãos de soja crus, linhaça, determinados trevos e colheitas decrucíferas em geral. As plantas de pasto variam enormemente em sua capacidadede absorver iodo do solo. Os únicos alimentos naturalmente ricos em iodo são asfarinhas de peixes de água salgada e as algas secas, de modo que se evita maisfacilmente a deficiência através do fornecimento de sal iodado estabilizado, quecontenha 0,01% de iodo como parte da mistura de microelementos minerais noconcentrado.

Já que a tireóide pode armazenar iodo, não se tem que preencher a exigência

diária todos os dias. Porém, o fornecimento de quantidades excessivas por curtosperíodos dão origem a sinais de iodismo. A deficiência de iodo (ver pág. 1452) ocorreem solos deficientes, tais como nos arredores dos Grandes Lagos e a oeste da costaamericana do Pacífico.

Exige-se cobalto para o metabolismo ruminal normal. Quando o consumo decobalto é inadequado, altera-se a população bacteriana no rúmen e diminui-segrandemente a síntese de vitamina B 12. Em algumas áreas, particularmente na costasudeste (EUA), o solo, e portanto as forragens, são deficientes em cobalto. Geralmen-te, as leguminosas são mais ricas que os capins. O milho parece ter um baixo teor,

enquanto a farinha de linhaça é uma fonte rica. Podem ocorrer sinais de deficiência(ver pág. 1452) quando a forragem contiver < 0,07ppm de cobalto em base seca.Pode-se alcançar uma suplementação eficiente da ração do gado leiteiro através daadição de 2g de sulfato de cobalto para cada tonelada de mistura de concentrado.

Exige-se cobre como um constituinte ou um ativador de determinados sistemasenzimáticos envolvidos na síntese de Hb, na produção de melanina, no crescimentodos pêlos e na integridade funcional dos tecidos ósseo e nervoso. Exceto em termosgerais, não é possível se fixar uma exigência de cobre uniforme para todas as áreaspelo fato de ela ser acentuadamente influenciada pelo teor de outros constituintes

dietéticos, particularmente do molibdênio, do sulfato inorgânico e do fósforo. Se osteores desses minerais estiverem normais, pode-se satisfazer a exigência diária decobre para o gado leiteiro através de uma forragem que contenha não menos que10ppm (base seca).

 Nutrição: Bovinos 1443

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Há muitas áreas nos EUA onde, ou por causa de um baixo teor de cobre napastagem ou pela presença de fatores complicantes, tais como alto teor demolibdênio, deve-se suplementar o teor de cobre da ração para se manter a saúde,crescimento, produção e reprodução normais no gado leiteiro (ver pág. 1453).

Vitaminas

Os bezerros de até 4 a 5 semanas de idade devem receber todas as vitaminasconhecidas em sua alimentação, exceto niacina e ácido ascórbico. A niacina ésintetizada a partir do triptofano dietético e a síntese de ácido ascórbico no fígadoé adequada. Leite, grãos de cereais e outros alimentos consumidos pelos jovensbezerros contêm complexo B suficiente para preencher suas necessidades antesque a síntese ruminal comece. Os sucedâneos do leite devem conter provavelmentetodas as vitaminas B adicionáveis (ver TABELA 17).

À medida que a função bacteriana se desenvolve no rúmen, sintetiza-secomplexo B em grandes quantidades, e depois disso não se necessita mais fornecê-lo na dieta. No entanto, as evidências sugerem que sob certas condições, as vacasde alta produção no início da lactação podem ficar menos propensas à cetosequando alimentadas com niacina suplementar. A suplementação de 6 a 12g deniacina/dia por 2 semanas antes do parto e continuando-se por 8 a 12 semanas apóso parto pode ser benéfica em rebanhos leiteiros que apresentem uma incidência decetose acima da média em vacas obesas. Pode-se observar alguma resposta tantona produção de leite como no teste de gordura nas rações que contêm proteína

completamente natural suplementada com niacina.Vitaminas A, D e E   – Uma deficiência de qualquer dessas vitaminas é relativa-mente rara nos bovinos que recebam misturas naturais de alimentos de altaqualidade. A doença do músculo branco (ver pág. 661), devida à deficiência devitamina E ou selênio, não é incomum nos bezerros leiteiros e de corte e noscordeiros em áreas onde o solo seja pobre em selênio.

Ao se alimentar vacas com forragem descolorida e de má qualidade por longosperíodos, elas podem apresentar insuficiência reprodutiva devida à deficiência devitamina A ou podem produzir leite pobre em vitamina A. Sob tais condições, torna-

se desejável a suplementação com vitamina A sintética. O pasto fresco de verão éuma excelente fonte de caroteno, o precursor de vitamina A. Como mesmo a silagemou feno de alta qualidade e apropriadamente secos perdem o seu valor em vitaminaA quando armazenados por algum tempo, a maioria dos concentrados comerciaiscontém agora vários milhares de UI de vitamina A por kg, como segurança contraa deficiência.

Todos os alimentos naturais, exceto o feno seco pelo sol, apresentam um baixoteor de vitamina D. Os animais que forem expostos à luz solar por tão pouco quanto1h/dia sintetizam bastante vitamina D na pele e não exigem altos níveis em seu

alimento. Pode-se observar a deficiência de vitamina D em bezerros jovens queforem confinados com luz inadequada e que não consumirem forragem seca pelosol. O leite completo e o leite desnatado são sempre pobres em vitamina D. Asmisturas concentradas também são naturalmente pobres na vitamina. Tão poucoquanto 300UI de vitamina D/kg de alimento constitui uma quantidade adequada parabezerros. A alimentação à vontade com feno seco pelo sol evita a deficiência devitamina D em bezerros jovens. Já que a vitamina D é relativamente barata e o gadopode ficar exposto a um pouco de luz solar, essa vitamina é comumente incluída nasrações de bezerros e vacas.

Tem-se adicionado vitamina E nos concentrados leiteiros, na dose de500mg/vaca/dia, para diminuir a oxidação do sabor no leite.Embora o uso das vitaminas A, D e E nos concentrados leiteiros seja dissemi-

nado, é improvável que apareça uma deficiência real no campo quando não forem

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suplementadas. As injeções de vitaminas A, D e E no período de secagem do leitenão têm nenhum valor para as vacas alimentadas com dietas normais. Devem-sereforçar os sucedâneos do leite com vitaminas A, D e E.

Tem-se sugerido que o β-caroteno tenha valor na minimização de problemasreprodutivos, especialmente quando os níveis sangüíneos estiverem baixos emvacas e novilhas. Porém, os dados de pesquisa são limitados e conflitantes.

Sintetizam-se ordinariamente grandes quantidades de vitamina K no rúmen,mas mesmo assim ver ENVENENAMENTO POR TREVO DOCE, página 2105.

MANEJO NUTRICIONAL E ALIMENTAR

O gado leiteiro requer alguns concentrados até 8 a 12 meses de idade, emboraas forragens possam suprir uma porcentagem crescente da ração após 4 meses.Além disso, os concentrados são necessários às vacas lactantes e como suplemen-to para forragens escassas, não palatáveis e de má qualidade. Contudo, osconcentrados não compensam completamente a falta de qualidade das forragensfornecidas às vacas de alta produção.

Para se determinar a quantidade e o tipo de mistura de concentrado necessários,torna-se essencial saber quais os tipos e quantidades de forragens disponíveis;pode-se então escolher um concentrado que suprirá as quantidades de nutrientesadicionais exigidos a um custo mais baixo. Como auxílio na formulação de umamistura de concentrado, as exigências de nutrientes, expressas em quantidade porkg de alimento, estão apresentadas na TABELA 17. (Nota: Esses dados valem paraalimento total, incluindo forragem e concentrados.)

As quantidades de nutrientes fornecidas por alguns alimentos bovinos comunsestão enumeradas na TABELA 20. Os fenos e as silagens de uma mesma espécievariam enormemente em composição, dependendo do estágio de maturidade nomomento do corte e da secagem e dos métodos de preservação. No entanto,embora não se possa conhecer o valor preciso de um feno ou silagem sem análisequímica (ou mesmo um experimento de alimentação), pode-se estimar seu valoraproximado a partir da TABELA 20, e pode-se elaborar ou comprar uma mistura

concentrada de composição apropriada para balancear a forragem disponível. Osserviços de teste de forragem disponíveis ou através de uma Extensão Cooperativaou de companhias de alimentos locais podem dar uma informação mais precisaacerca da composição e devem ser utilizados sempre que possível.

Os alimentos ricos em proteína, tais como farinha de soja, farinha de caroço dealgodão, farinha de linhaça e farinha de canola, geralmente são mais caros do queos grãos de cereais. Portanto, geralmente é uma boa medida econômica se utilizarmisturas de concentrado o mais pobres em proteína, mas que ainda suprirão umaquantidade adequada de proteína total. As misturas simples são tão eficientes

quanto as complexas, no que se acredita, com relação à degradabilidade ruminal daproteína. As companhias de alimentos conseguem economia significativa ao utilizarsubprodutos alimentares nas misturas complexas.

A palatabilidade e o teor de nutrientes determinam enormemente o valor dos ali-mentos para o gado leiteiro mais do que o número de ingredientes em uma mistura.

Os bezerros devem receber colostro no mínimo durante os primeiros 3 dias, edepois leite na proporção de 10% do peso corporal/dia durante as primeiras poucassemanas após o nascimento. Um sucedâneo do leite ou colostro fermentado(proporção de 2:1 com a água) também são excelentes alimentos líquidos.

O leite das vacas com mastite ou outras enfermidades também é satisfatório.Podem-se desmamar os bezerros geralmente às 4 a 6 semanas de idade ou quandoestiverem consumindo regularmente 0,5 a 1kg de ração inicial diariamente. Duran-te a primeira semana, deve-se fornecer uma ração inicial que contenha ≥ 18% de

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TABELA 20 – Teor Estimado de Nutrientes de Alguns Alimentos Utilizados para Gado de Corte e Leiteiro (com Base em Matéria Seca)

Ingrediente Proteína Fibraalimentar ED EM ELm ELg ELl NDT bruta bruta FDN ADF Ca P Vitamina A Matéria seca

Mcal/kg % % % % % % % 1.000 UI/kg %  

Forragem secaFeno de alfafabom (início de floração) 2,65 2,22 1,31 0,74 1,35 60 18 23 42 31 1,41 0,22 56 90

ruim (floração completa) 2,43 2 1,14 0,58 1,23 55 15 29 50 37 1,25 0,22 26 90Feno de capim-das-bermudas 2,21 1,78 0,97 0,42 1,11 50 12 33 76 38 0,32 0,20 – 93Feno de outras leguminosas 2,43 2 1,14 0,58 1,23 55 16 29 46 36 1,53 0,25 08 89Feno de capimcorte precoce 2,87 2,45 1,47 0,88 1,47 65 15 31 61 34 0,27 0,34 15 89corte tardio 2,38 1,96 1,11 0,55 1,20 54 08 37 72 45 0,26 0,30 08 91

Espiga de milho 2,21 1,78 0,97 0,42 1,11 50 06 34 67 39 0,57 0,10 02 85Cascas de caroço de algodão 1,98 1,55 0,78 0,25 0,98 45 04,1 47,8 90 73 0,15 0,09 – 91

SilagensMilho bem espigado 3,09 2,67 1,63 1,03 1,60 70 08,1 23,7 51 28 0,23 0,22 18 33Sorgo 2,65 2,22 1,31 0,74 1,35 60 07 28 – 38 0,35 0,21 06 30Capim 2,87 2,45 1,47 0,88 1,47 65 15 31 61 34 0,27 0,34 15 33Alfafa 2,78 2,36 1,41 0,83 1,42 63 20 20 38 28 1,80 0,35 – 38

Concentrados

Cevada 3,70 3,29 2,06 1,40 1,94 84 13,5 5,7 19 07 0,05 0,38 01 88Polpa de beterraba seca 3,44 3,02 1,88 1,24 1,79 78 09,7 19,8 54 33 0,69 0,10 – 91Grãos de cervejeiros secos 2,91 2,49 1,51 0,91 1,50 66 25,4 14,9 46 24 0,33 0,55 00 92Polpa de frutas cítricas seca 3,40 2,98 1,86 1,22 1,77 77 06,7 12,7 23 22 1,84 0,12 – 91Espigas de milho trituradas 3,66 3,25 2,03 1,37 1,91 83 09 09,4 28 11 0,07 0,27 02 87Grãos de milho 3,75 3,34 2,10 1,43 1,96 85 10 03 09 03 0,02 0,32 01 88

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Ingrediente Proteína Fibraalimentar ED EM ELm ELg ELl NDT bruta bruta FDN ADF Ca P Vitamina A Matéria seca

Mcal/kg % % % % % % % 1.000 UI/kg %  Milho com casca ealta umidade 3,88 3,47 2,18 1,50 2,04 088 10 03 09 03 0,02 0,32 1 78Ração de glúten de milho 3,66 3,25 2,03 1,37 1,91 083 25,6 09,7 45 12 0,36 0,82 3 90Farinha de caroço de algodão 3,35 2,93 1,82 1,19 1,74 076 45,6 14,1 26 19 0,22 1,21 – 91Caroço de algodão inteiro 4,23 3,82 2,41 1,69 2,23 096 25 17,2 37 26 0,12 0,54 – 90Grãos de destilaria de milho 3,88 3,47 2,18 1,50 2,04 088 25 09,9 44 18 0,15 0,71 1 92Farinha de linhaça 3,44 3,02 1,88 1,24 1,79 078 38 10 25 19 0,43 0,89 – 90Leite integral 5,69 5,29 3,34 2,16 3,04 129 26,7 – – – 0,95 0,76 – 12Melaço, cana 3,17 2,76 1,69 1,08 1,64 072 05,8 – – – 1 0,11 – 75Aveia 3,40 2,98 1,86 1,22 1,77 077 13,3 12,1 32 16 0,07 0,38 – 89Sorgo, milhete 3,53 3,12 1,94 1,30 1,84 080 09,7 02 18 09 0,04 0,34 – 87Farinha de soja 3,84 3,42 2,16 1,48 2,01 087 55,1 03,7 08 06 0,29 0,70 – 90Trigo 3,88 3,47 2,18 1,50 2,04 088 16 02,9 – 08 0,04 0,42 – 89Farelo de trigo 3,09 2,67 1,63 1,03 1,60 070 17,1 11,3 51 15 0,13 1,38 1 89

ED = energia digestível; EM = energia metabolizável; ELm = energia líquida para manutenção; ELg = energia líquida para ganho de peso; EL l = energia líquida para lactação;NDT = nutrientes digestíveis totais; FDN = fibra detergente neutra; ADF = fibra detergente ácida.

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proteína e feno aos bezerros. Deve-se permitir o acesso do bezerro a toda a raçãoinicial, para que ingira até um máximo de 2,3kg/dia. Os bezerros não gostam dealimentos em pó ou extremamente triturados. Eles consomem facilmente os alimentosou grãos esmagados ou grosseiramente despedaçados, nos quais os “melhores”são peletizados. Embora freqüentemente econômico, não se exige feno durante osprimeiros 2 meses. Com uma ração inicial grosseira, os bezerros começam aruminar dentro de 2 semanas. Se se oferecer feno, o melhor tipo para bezerros é ode talo macio, verde, de folhas largas e de corte precoce. Pode-se oferecer a elestodo o feno que conseguirem comer. Após os 4 a 6 meses de idade, pode-sesubstituir a ração inicial de bezerros por uma ração de crescimento ou uma raçãoregular de vaca leiteira mais baratas e que contenham 16% de proteína total. Pode-se oferecer feno cultivado ou silagem de milho para os bezerros jovens, embora elessó os consumam mais eficientemente após os 4 meses de idade.

As novilhas e o rebanho jovem bem crescidos normalmente não precisam deconcentrados após os 8 a 12 meses de idade, se forem alimentados com forragemde boa qualidade. Um ganho de peso mais rápido ou uma melhora de constituição,se desejados ou necessários, resultam da adição de 1 a 1,5kg de concentrados.Aconselha-se o fornecimento de 2 a 3kg diários se a forragem for de má qualidadeou insuficiente.

As vacas e as novilhas prenhes devem receber atenção tanto antes do parto comodepois. Se forem muito gordas, ficam predispostas a cetose. Se estiverem em boascondições e forem bem alimentadas após o parto, tende-se a reduzir a cetose.

Durante a maior parte do período seco, as vacas em boas condições que estiveremsendo alimentadas com feno verde ou pasto de boa qualidade não necessitam deconcentrados. Uma silagem exclusiva de milho (mais proteína e cálcio) resultafreqüentemente em vacas muito gordas ao parto e em uma incidência aumentada dedeslocamento esquerdo do abomaso. Duas semanas antes do parto, devem-seoferecer grãos às vacas e novilhas (sozinhos, em um alimento completo ou comoparte de uma silagem de milho [50% de grãos de milho]) em até 3 a 4kg/dia no períododo parto para permitir o ajustamento do rúmen. No parto, devem-se encorajar asvacas a aumentarem o consumo alimentar tão rapidamente quanto possível para

minimizar o equilíbrio energético negativo e produziro seu potencial. Devem-se evitaralterações abruptas no tipo e quantidade de alimentos oferecidos. Os problemasextra-alimentação tornam-se menos prováveis com alimentos completos (raçõesmistas integrais). Pode-se oferecer uma proporção forragem–concentrado de 1:1com alimentos completos imediatamente no parto. Se se oferecer grãos separada-mente, um aumento da taxa de 0,5 a 0,7kg/dia para um máximo de 14a 16kg é rápidoo bastante para gerar produção mas não tão rápido para produzir distúrbiosgastrointestinais ou inapetência. Para as vacas que comem pouco, consumosmaiores se tornam possíveis se se alimentá-las com concentrados mais freqüen-

temente, ou seja, 3 vezes por dia, e com forragem várias vezes no intervalo.Após o pico de lactação, deve-se ajustar gradualmente a quantidade de concen-trado e baseá-la na quantidade e no teor de gordura do leite produzido e na qualidadeda forragem consumida. Devem-se considerar o tamanho da vaca e sua capacidadede consumo alimentar assim como sua idade para se decidir acerca da admissãode concentrado. Têm-se utilizado largamente programas de computador que con-sideram todos esses fatores para fornecer níveis ideais de nutrição. Devem-seagrupar por idade e por produção as vacas alimentadas com alimentos integrais efornecer rações que variem de um máximo de 60% de concentrado, 40% de for-

ragem (base seca) para vacas novas até 20% de concentrado, 80% de forragempara o grupo de baixa produção. Quando a silagem de milho for o principal in-grediente alimentar, uma dieta com 50% de concentrado e 50% de forragem torna-se adequada para as grandes produtoras. Para se atingir um valor máximo no teste

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de gordura, a ração total deve conter pelo menos 17% de fibra bruta ou 21% de fibradetergente ácida (ADF) ou 28% de fibra detergente neutra (FDN). Entretanto, osníveis ideais de ADF ou FDN dependem do nível de produção leiteira e do tipo deforragem fornecida. Deve-se ter cautela em se seguir as recomendações para FDN(TABELA 17), já que estão disponíveis apenas informações limitadas acerca dainteração da FDN com outros fatores que afetam o teste de gordura. Os níveis deproteína dos concentrados que preenchem as exigências para diferentes qualida-des de forragem são: não leguminosas, incluindo silagem exclusiva de milho, 23%;mistura de leguminosas e não leguminosas, 16%; só leguminosas, 12 a 14%.Consultores de alimentação, representantes de companhias e o pessoal da Exten-são da Cooperativa podem ajudar na determinação dos alimentos concentrados demenor preço para se usar em uma área local. Encorajam-se todos os criadores degado leiteiro para que façam parte de algum tipo de associação de testes, como meiode avaliação de seu rebanho e de seus programas de alimentação e manejo.

DOENÇAS NUTRICIONAIS DE BOVINOS E OVINOS

Têm-se descrito deficiências nutricionais que envolvem energia, proteínas,determinados minerais e as vitaminas A, D, E e K em ruminantes sob condiçõesnaturais. Experimentalmente, têm sido possíveis a produção e o estudo dasdeficiências de tiamina, riboflavina, biotina, colina e ácido pantotênico em bezerrosleiteiros pré-ruminantes.

Raramente se observa no campo uma deficiência simples e não complicada,como a observada em experimentos cuidadosamente controlados. Mais prova-velmente, é uma deficiência de vários nutrientes que contribui para a manifesta-ção dos sinais observados. Muitos sinais de deficiências nutricionais não são es-pecíficos e freqüentemente são o resultado de um baixo nível de nutrição. Além domais, geralmente não se definem claramente as interações de um nutriente com umou mais constituintes dietéticos no desenvolvimento das deficiências. Ilustra-se bemesse fato através da inter-relação entre cobre, molibdênio, e sulfato; de vitamina Ee selênio; de zinco e cálcio; e de iodo e vários elementos bociogênicos.

Energia

Ao se administrar uma dieta balanceada altamente energética, os ruminantesconsumirão alimento até que satisfaçam algumas de suas necessidades fisiológi-cas de energia. No sentido mais estrito, a maioria dos ruminantes é deficiente emenergia (para desempenho máximo), já que não é alimentada à vontade, porexemplo, vacas secas, novilhas em crescimento, bovinos adultos ou ovinos empastejo ou em alimentação intensiva. Outros, por exemplo, vitelos, vacas de alta

produção ou garrotes em terminação, alimentam-se à vontade. A deficiência ener-gética mais comum se deve a uma distribuição inapropriada do alimento, o que reduza eficiência da produção. Geralmente, isso não é intencional, ou acredita-se que seja“econômico” ou ainda pode não haver escolha devido a seca, pastos pobres ouforragem não palatável, de má qualidade e altamente lignificada.

Uma deficiência calórica é freqüentemente subclínica e resulta em diminuição daprodução, retardamento do crescimento, atraso da puberdade e diminuição dodesempenho reprodutivo. Nos casos severos, freqüentemente se complica poroutras deficiências, particularmente de vitamina A, proteína e fósforo. Pode-se

impedir temporária ou permanentemente o crescimento dos ruminantes jovens e osanimais adultos podem emagrecer e definhar. A produção de leite diminui rapida-mente graças à deficiência e também se diminui a quantidade de sólidos nãogordurosos no leite. Os animais prenhes podem produzir filhotes fracos e uma

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quantidade inadequada de leite para sustentar o recém-nascido. Os cordeiros ebezerros sobreviventes que continuarem sendo subalimentados freqüentementenão se desenvolvem bem e estão magros na época do desmame.

É muito provável que o gado consuma plantas tóxicas se estiver pastando empastos pobres e os indivíduos que estiverem em más condições físicas são os maissuscetíveis à ação do tempo e dos parasitas.

A superalimentação do rebanho produtivo potencial no início de suas vidas produzanimais desnecessariamente gordos que com freqüência apresentam problemaspara emprenhar e lactar. É melhor se fornecer energia suficiente para fazer com queas vacas leiteiras ou de corte alcancem o estágio reprodutor aos 12 a 15 meses (vertambém PROGRAMA DE ACASALAMENTO – NOVILHAS DE REPOSIÇÃO E VACAS, pág. 1369).Mesmo que o gado seja subalimentado até os 2 anos e meio de idade, é capaz derecuperar a maioria das perdas em tamanho e produzir normalmente ao se alimen-

tar bem, embora o seu primeiro ciclo de produção possa atrasar. Sob as atuaiscondições dos bovinos nos EUA, não se justifica uma subalimentação proposital-mente drástica; os animais em crescimento devem progredir em uma proporçãoconstante mas não se deve permitir que se tornem muito gordos.

A exigência de energia para manutenção é 25 a 100% maior em regime depastejo do que em regime de alimentação estabulada.

Proteína

Uma deficiência proteica está freqüentemente associada a uma deficiência

energética e pode se tornar o primeiro fator limitante numa alimentação práticaquando bovinos ou ovinos estiverem em pasto pobre. As forragens não leguminosas,se pouco fertilizadas com nitrogênio, são freqüentemente muito pobres em proteínaspara o desempenho ideal, enquanto as forragens leguminosas geralmente contêmmuita proteína. Necessita-se de quantidades adequadas de proteína (ou nitrogênio),não apenas para o próprio animal, mas também para a microflora ruminal, podendo-se alterar acentuadamente a composição e a função da mesma com uma dieta pobreem proteína. Se os alimentos forem pobres em proteína, diminui-se o consumoalimentar e retarda-se severamente o crescimento. Os outros sinais podem ser

semelhantes aos encontrados na deficiência energética. Reduzem-se os ganhos depeso e as condições de terminação nos bovinos e ovinos e diminui-se a produção deleite; se a deficiência for severa ou prolongada, os animais ficam magros e emaciadose abaixam-se os níveis séricos de proteína e uréia. Podem ocorrer perdas de pesomesmo quando muita energia estiver disponível. Além disso, nos ovinos, restringe-se o crescimento da fibra de lã e ocorrem “falhas” no velo.

As vacas ou ovelhas prenhes, que estiverem sob dieta pobre em proteínas,podem perder peso corporal consideravelmente e ficar fracas. O estro se tornairregular e pode-se atrasar a concepção. Tais fêmeas podem apresentar dificuldadeno parto e retenção de placenta, má produção de leite e produzem descendentesque têm poucas chances de sobrevivência ou, na melhor das hipóteses, sãopequenos e magros ao desmame. Esses animais emaciados são suscetíveis aotempo adverso, às doenças e aos parasitas.

Minerais

Cloreto de sódio (sal)   – É um componente essencial do mecanismo ácido-básico do organismo, sendo necessário para a manutenção de uma pressão

osmótica apropriada. Os animais se ajustam a dietas pobres em sal através daredução da excreção urinária de sódio. A privação contínua resulta em uma ânsiaintensa por sal na qual os animais mastigam e lambem vários objetos, tais comomadeira, metal e sujeira, numa afecção conhecida como pica. O consumo alimentar

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diminui e o peso corporal e a produção de leite caem. A eficiência alimentar torna-se precária. À medida que a morte se aproxima, as vacas leiteiras apresentamtremores, incoordenação, fraqueza e arritmia cardíaca.

Um bloco de sal mineral grosso ou sal mineral a granel devem estar disponíveispor toda a vida. Após uma deficiência, deve-se oferecer sal gradualmente. Aintoxicação por sal, no entanto, torna-se improvável, se estiver disponível umaquantidade adequada de água.

Cálcio   – Os ossos e os dentes contêm  99% do cálcio (Ca) do corpo e servemcomo reservatório desse elemento. O 1% restante se encontra principalmente nolíquido extracelular e é essencial para funções nervosas, atividade cardíaca e deoutros músculos e coagulação sangüínea adequadas. Existe um equilíbrio dinâmicoentre essas 2 reservas.

A deficiência de cálcio nos jovens impede o desenvolvimento ósseo normal e pode

levar a fraturas espontâneas. Retardam-se o desenvolvimento e o crescimentogerais. Só se observa raquitismo verdadeiro na deficiência de fósforo. Se as reservasósseas forem substanciais no adulto, exige-se um longo período de depleção antesque a perda mineral nos ossos seja suficiente para resultar em fragilidade óssea.Sob essas condições, deprime-se a produção de leite, mas não o seu teor de Ca. Onível sangüíneo de Ca só irá se reduzir após um período extenso de consumodeficiente. Para um diagnóstico positivo, deve-se verificar o teor de Ca no alimento.

Sob condições práticas de alimentação, a deficiência de Ca torna-se umapossibilidade, exceto quando se utilizar extensivamente leite ou forragem legumino-

sa. Quase todos os concentrados e forragens não leguminosas, incluindo a silagemde milho, são deficientes em Ca. Os animais em lactação pesada apresentam umanecessidade maior devida à significativa secreção de Ca no leite. Durante o inícioda lactação, uma vaca de alta produção está sempre em equilíbrio de Ca negativo(que depende da reabsorção óssea para a obtenção da quantidade de Ca adequadapara sustentar a produção de leite), mas restaura suas reservas no final da lactação,se alimentada adequadamente. Os animais que são alimentados excessivamentecom concentrados e com pouca forragem necessitam de Ca suplementar. A febredo leite (ver pág. 544) se caracteriza por uma redução do nível sérico de Ca, mas

não se deve à deficiência de Ca em si.Calcário triturado, farinha de osso autoclavada e fosfato bicálcico são excelentesfontes de Ca. A adição de cal ao solo pode aumentar o potencial para o crescimentode leguminosas e portanto providenciar mais Ca alimentar.

Fósforo   – Cerca de 75% do fósforo (P) do corpo está presente nos ossos e nosdentes. Os 25% restantes estão presentes nos tecidos moles na forma de fos-foproteínas, nucleoproteínas, fosfolipídios e fosfato de hexose, que são essenciaispara a estrutura dos órgãos, o transporte de nutrientes e a utilização de energia.

A deficiência de fósforo nos jovens resulta em retardamento do crescimento,

apetite fraco e emaciação, e produz raquitismo (ver pág. 586) nos cordeiros. Reduz-se a utilização de energia. Nos adultos, a produção de leite diminui, os ossos setornam frágeis e o consumo alimentar abaixa. O animal pode ficar manco e enrijecido.Podem ocorrer anestro e baixas taxas de concepção.  O teor de P do leite não diminui.Embora se reconheça há muito tempo que ocorre pica na deficiência de P, esse sinalnão é específico. Muitos animais bem alimentados se envolvem com esse vício.

Ao contrário do cálcio (Ca), o nível sérico de P diminui mais rapidamente em umadieta deficiente em P.

As forragens produzidas em solos deficientes e não fertilizados podem apresen-

tar um baixo teor de P, e ocorrem deficiências quando essas forragens compõem aração inteira. Em grande parte da América do Norte, o pasto e especialmente aforragem do pasto apresentam um baixo teor de P. A maioria das áreas de pastagemde inverno do oeste dos EUA são deficientes em P, particularmente os pastos

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compostos predominantemente de capim lixiviado seco. Os fertilizantes à base defósforo aumentam acentuadamente a produção das culturas nessas áreas etambém aumentam a porcentagem de P na forragem. Felizmente, grãos, suplemen-tos proteicos e subprodutos alimentares são geralmente adequados em P e podemsuplementar efetivamente as forragens pobres em fósforo.

Pode-se corrigir ou evitar mais facilmente a deficiência de fósforo através dofornecimento de suplementos; por exemplo, farinha de osso, fosfato bicálcico efosfato de rocha desfluorado contêm  14, 18 e 14% de P, respectivamente. Osfosfatos coloidais de argila (os chamados fosfatos “moles”) contêm P em uma formarelativamente não disponível e também podem apresentar um teor considerável defluoreto. Farelo de trigo, farinha de caroço de algodão, farinha de linhaça e farinhade soja são ricos em P, e seu uso em misturas de concentrados assegura umconsumo adequado de P. A proporção Ca:P pode variar largamente nos alimentos

naturais, mas se toleram proporções maiores nos bezerros em crescimento; aproporção desejável é de  1,4:1. Uma proporção < 1:1 é altamente indesejável. Avitamina D é essencial para absorção e utilização tanto de Ca como de P. Nas vacaspropensas à febre do leite, recomenda-se um consumo baixo de Ca antes do parto(ver EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DO GADO LEITEIRO, pág. 1435).

Torna-se crítico que o ovino não receba P ou magnésio em excesso, já que estãoassociados aos cálculos urinários.

Iodo – Cerca de 80% do iodo do corpo se armazena na glândula tireóide. Umadeficiência simples de iodo resulta no aumento de volume da glândula tireóide (bócio,

ver pág. 341), mas com uma redução da secreção de tireoxina que leva ao cretinismonos jovens ou ao mixedema nos adultos. A deficiência de iodo ocorre nas áreas ondeo solo (portanto, plantas e água) é pobre em iodo, por exemplo, ao redor dos GrandesLagos e no noroeste dos EUA, isto é, longe da costa. Algumas plantas, por exemplo,repolho, soja e nabos amarelos podem promover o desenvolvimento de bócio porconterem substâncias (bociógenos) que inibem a produção de tireoxina. O efeitobociogênico da soja crua é apenas parcialmente destruído em seu processamento.

O sal iodado é uma fonte eficiente de iodo e é utilizado largamente. Deve-seestabilizar o iodo do sal, já que o efeito do tempo pode reduzir seu teor. O mesmo

se pode afirmar para o sal mineral grosso. Em ambos os tipos de sal, se adicionageralmente 0,007% de iodo (0,01% de iodeto de potássio). Não se devem acrescen-tar nem o sal iodado e nem o sal mineral grosso ao suplemento de concentrado comomeio de se limitar o consumo alimentar.

Cobalto   – Embora o cobalto seja considerado essencial à dieta, os tecidos naverdade requerem vitamina B12, que contém cobalto e é sintetizada pelos microrga-nismos ruminais. A vitamina B12 aliviará os sinais de deficiência de cobalto.

A deficiência de cobalto se desenvolve rapidamente já que pouco se armazena.Os animais deficientes apresentam anemia normocítica normocrômica com anore-

xia intercorrente, crescimento retardado, emaciação geral, pelame áspero e quedana produção de leite. Embora as análises hepática e da pastagem sejam úteis aodiagnóstico, a prova consiste no rápido melhoramento no consumo alimentar apóso fornecimento de cobalto.

As forragens que contêm < 0,07ppm de cobalto são geralmente consideradasdeficientes para ovinos e bovinos; as regiões onde isso pode ocorrer encontram-sena Flórida, Michigan, Wisconsin, Nova Hampshire, Nova Iorque, oeste do Canadá,Escócia, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia.

A administração de doses de  1mg de cobalto, duas vezes por semana, tem

corrigido a síndrome da deficiência nos ovinos. Nos bovinos, o fornecimento de 5 a15mg de cobalto por dia cura a deficiência, e tão pouco quanto 1mg por dia a evita.A inclusão de 15 a 30g de cloreto ou sulfato de cobalto por 45kg de sal é geralmenteadequada para a prevenção da deficiência tanto em bovinos como em ovinos. O uso

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desse tipo de sal mineral grosso é o método mais comum de suplementação decobalto aos ruminantes nos EUA. Na Nova Zelândia e em outras áreas cultivadasintensivamente, aplica-se cobalto ao solo anualmente na proporção de 371g desulfato de cobalto/hectare, tanto na forma de spray quanto como parte do fertilizanteà base de fosfato. A administração VO de uma “bala” de cobalto (90% de óxido decobalto endurecido em 10% de argila) faz com que ela se dissolva vagarosamentepor vários meses no rúmen e assim obtenha sucesso. Essa “bala” é utilizadaextensivamente em condições de campo, nas quais os outros métodos de adminis-tração oral não são práticos. Em  5% dos ovinos, regurgita-se e perde-se a “bala”e numa porcentagem ainda menor, a “bala” fica coberta por um depósito que impedea dissolução do cobalto. As injeções de cobalto não são eficientes pois ocorresíntese de vitamina B12 no rúmen. As doses extremamente altas de cobalto (300vezes a necessidade) podem ser tóxicas.

Cobre e molibdênio   – O cobre se envolve em nível funcional na formação donúcleo porfirínico da Hb e na manutenção da função dos osteoblastos ósseos aoprovidenciar o colágeno (lisiloxidase). Também é essencial na produção de mela-nina e na formação de ceratina (lã). Os sinais gerais de deficiência incluem anemia,fragilidade dos ossos, perda de pêlo ou da pigmentação da lã e crescimentoinsuficiente da lã nos ovinos caracterizado por perda de ondulação da lã (lã dura).

Nos bovinos, ocorrem crescimento insuficiente, anemia, fragilidade dos ossos,diarréia e fibrose do miocárdio. As extremidades dos ossos das pernas aumentamde tamanho, e o pêlo perde sua cor. A produção de leite e o estado de saúde do

organismo pioram, a fertilidade diminui e os bezerros podem apresentar raquitismocongênito. Anemia e diminuição do crescimento são menos comuns nos ovinos. Adesmielinização de determinados tratos do SNC fetal e neonatal resulta emincoordenação, imobilização, cegueira e morte. A doença é conhecida como“curvatura do espinhaço” (ver pág. 721) ou ataxia enzoótica. Também pode ocorrerfragilidade dos ossos.

Em muitos casos, a deficiência de cobre pode ser uma simples deficiência doelemento (primária); em outras regiões onde há um excesso de molibdênio esulfatos no alimento, estes elementos atuam reduzindo a solubilidade do cobre no

trato gastrointestinal e induzem uma deficiência de cobre secundária.Um teor normal de sulfato na dieta neutraliza os efeitos da intoxicação pormolibdênio ao aumentar sua taxa de excreção. No entanto, os teores mais altos desulfato parecem intensificar a intoxicação por molibdênio com um efeito prejudicialà utilização do cobre. Os casos claros de intoxicação por molibdênio (ver pág. 2032)ocorrem nos pastos que contêm um excesso do elemento; esses casos secaracterizam por diarréia profusa e podem ser aliviados pela suplementação de0,25g de sulfato de cobre por 45kg de peso corporal por dia.

A exigência de cobre é de  5ppm de dieta seca para os ovinos e 10ppm para

os bovinos. Pode-se conseguir um consumo adequado através do fornecimento deum alimento com esse teor ou de sulfato de cobre a 0,5% em sal mineral grosso. Nosbovinos, os níveis tóxicos são 10 vezes o mínimo exigido, mas os ovinos são muitomais suscetíveis – duas vezes a necessidade provocam intoxicação em algunscasos. Já que se utiliza extensivamente o cobre nas dietas aviárias, as raçõesovinas que forem suplementadas com cama de aves podem conter quantidadestóxicas de cobre.

Ferro   – A formação normal de Hb exige o ferro como um componente da molé-cula de heme. A maioria dos ingredientes alimentares contém quantidades adequa-

das de ferro e a deficiência no gado adulto raramente se torna um problema. Osbezerros ou cordeiros jovens sob dieta pobre em ferro (leite) e impedidos deconsumirem alimento seco desenvolvem uma anemia microcítica normocrômica. Ofornecimento de 30ppm de ferro evita a anemia nos bezerros alimentados com leite

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ou sucedâneo do leite. Nos regimes normais de alimentação, nos quais se oferecemalimentos secos a partir do nascimento, não se torna necessário nenhum suplemen-to especial de ferro.

Magnésio   – A proporção normal de cálcio–magnésio é de 55:1. Cerca de 60%do magnésio tecidual se encontra nos ossos, onde é relativamente difícil de semobilizar. Uma quantidade variável (15 a 50%) se liga a proteínas séricas. Essaquantidade exerce um papel vital como ativador de muitos sistemas enzimáticosenvolvidos na troca de energia. Também se envolve na manutenção da irritabilidadee função nervosa normais. Os sinais da deficiência de magnésio sempre seacompanham por um baixo nível sérico de magnésio (≤ 1mg/dL). No entanto, essasconcentrações sangüíneas baixas nem sempre se acompanham de sinais clínicos.

Tem-se produzido deficiência de magnésio em bezerros através do oferecimentode rações deficientes em magnésio ou da administração de leite completo como

único alimento por 8 a 10 meses (ver também TETANIA DEVIDO À HIPOMAGNESEMIA EMBEZERROS, pág. 538).Durante uma primavera fria, as vacas lactantes adultas, que estiverem em um

pasto de início de primavera fertilizado com nitrogênio ou potássio ou ambos, podemdesenvolver sinais de “tetania da pastagem” (ver pág. 536). Embora isso sejaclaramente devido a um baixo nível de magnésio sangüíneo e embora os animaisrespondam a uma dose ou infusão de magnésio, não se trata de uma deficiênciadietética simples de magnésio. A etiologia é complexa e ainda não muito bemcompreendida. A fertilização dos pastos, para que forneçam um capim que contenha

0,25% de magnésio em base de matéria seca, previne a afecção.Enxofre   – Todos os ruminantes requerem enxofre para sintetizarem os ami-noácidos que contêm enxofre, cistina e metionina. A deficiência de enxofre resultaem crescimento precário e deterioração acentuada do crescimento da lã dos ovinos.Nos bovinos, ela resulta em redução do consumo alimentar, diminuição dadigestibilidade, diminuição dos ganhos de peso e diminuição da produção leiteira.Se a dieta for adequada em proteínas naturais, o consumo de enxofre serásatisfatório. Quando se utilizar altos níveis de nitrogênio não proteico (NNP), taiscomo a uréia, devem-se acrescentar também fontes de enxofre orgânicas ou

inorgânicas. O enxofre elementar é satisfatório, mas pouco utilizado. Recomenda-se para os bovinos uma proporção NNP–enxofre de 12:1. O enxofre é um co-fatorde muitas enzimas e parte integral de outras. Ele deve perfazer  0,2% da dieta embase de matéria seca.

Manganês   – Nos bovinos, a deficiência de manganês resulta em atraso do estro,redução da fertilidade, abortos e anormalidades esqueléticas nos bezerros. Osbezerros apresentam pernas deformadas com “aboletamento” e aumento devolume das articulações e também crescem pouco. Os bezerros recém-nascidosfreqüentemente apresentam ataxia. As novilhas leiteiras deficientes são mais lentas

em apresentar estro e emprenhar.A maioria dos alimentos é adequada em manganês, mas já que o grão de milhoé relativamente pobre (5ppm), o gado de corte submetido a dietas altamenteconcentradas pode necessitar de suplementação. Um nível dietético de 40ppm éadequado.

Zinco – Muitas enzimas largamente distribuídas por todo o organismo contêmzinco, por exemplo, anidrase carbônica, muitas desidrogenases e fosfatase alcali-na. O zinco provavelmente se relaciona intimamente com os processos de divisãocelular. Têm-se produzido experimentalmente sinais de deficiência de zinco com

dietas altamente especializadas. Nos cordeiros, tais dietas produziram queda de lã,inchaço e lesões ao redor dos cascos e regiões periorbitais, excesso de salivação,anorexia, ingestão de lã, apatia geral e redução da taxa de crescimento. O gado decorte desenvolve paraceratose e inflamação bucal; o gado também fica enrijecido

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nas articulações e emaciado. Os bezerros leiteiros apresentam alopecia, dermatitegeneralizada no pescoço e cabeça, apatia, redução do crescimento testicular einchaço dos pés. Os ferimentos não cicatrizam apropriadamente. Os bezerros seajustam rapidamente aos níveis dietéticos variáveis de zinco, mas também podemficar deficientes em 3 semanas. O nível tóxico corresponde a pelo menos 10 a 30vezes a exigência diária mínima (40ppm, base de matéria seca).

Selênio   – É uma parte integrante da glutationa peroxidase, que age eliminandoo efeito dos danos causados pelos radicais livres da peroxidação dos ácidos graxos.Sua função se envolve intricadamente com a da vitamina E. A deficiência patológicapredominante nos ruminantes é a distrofia muscular nutricional ou doença domúsculo branco (ver pág. 661). A prevenção e a cura se processam sob condiçõesde campo através de suplementação tanto com vitamina E como com selênio.Reduz-se a incidência de retenção de placentas em bovinos com um tratamento àbase de selênio.

A deficiência de selênio se relaciona à geografia; encontra-se em muitas partesdo mundo onde o solo contém quantidades inadequadas, por exemplo, Nova Iorque,Ohio e o noroeste da costa do Pacífico dos EUA. Na Nova Zelândia, descrevem-serespostas formidáveis à terapia com selênio em cordeiros que sofrem de emaciação.Pode-se injetar o selênio ou incorporá-lo ao alimento a 0,3ppm ou ainda à misturasal–mineral a 90ppm em base de matéria seca.

Para os ruminantes, é adequado um nível dietético de 0,3ppm. Os níveis de3 a 5ppm são tóxicos e resultam em anorexia, perda de pêlo na cauda e necrose doscascos, e podem ser fatais. Algumas plantas tornam-se acumuladoras de selênio aocrescerem em solos ricos em selênio, tais como os encontrados em partes daDakota do Sul, do Wyoming e de Utah (ver também pág. 2097).

Vitaminas

Vitamina A  – Essa vitamina serve para manter a integridade de todos os tecidosepiteliais, inclusive o epitélio germinal, e também se conhece bem seu papel navisão. Também é necessária para o metabolismo ósseo normal. Dessa forma, alémde reduzir a eficiência do epitélio propriamente dito, sua deficiência também permite

que muito desse tecido fique exposto a uma invasão secundária por patógenosautóctones. A maioria dos sinais da deficiência pode se originar dessa função. Jáque a vitamina A se relaciona ao epitélio e não ao metabolismo, as exigênciasgeralmente se relacionam com o peso corporal.

A vitamina A tecidual pode derivar-se tanto da pró-vitamina A (caroteno), umpigmento amarelo das plantas que se converte na parede intestinal em vitamina A,como a partir da vitamina A pré-formada propriamente dita.

O caroteno se destrói quando a forragem fica seca e descolorida; assim sendo,pode ocorrer uma deficiência nos bovinos e ovinos que estiverem sob condições de

seca ou que estiverem se alimentando de forragem velha e desgastada pelo tempopor longos períodos. O caroteno é abundante no pasto em crescimento, na silageme no feno bem seco que tiver sido armazenado por < 6 meses; os grãos (exceto omilho amarelo) e os subprodutos dos cereais contêm pouco ou nenhum caroteno.

Geralmente, os primeiros sinais de deficiência são lacrimação excessiva, diarréiarala ou aquosa, descarga nasal, tosse e comprometimento pulmonar. Pode-sedesenvolver cegueira noturna nos estágios iniciais; de fato, tem-se utilizado expe-rimentalmente esse sinal para a determinação das exigências mínimas de caroteno.Os níveis sangüíneos de vitamina A descem para < 8 a 10µg/dL de plasma nos

bezerros, e < 12 a 15µg nos bovinos de 1 ano e nos bovinos mais velhos. No entanto,observa-se freqüentemente uma variação individual considerável nos níveis plas-máticos de vitamina A: nos bovinos deficientes em vitamina A, os níveis sangüíneosde caroteno ficam consistentemente baixos e são indicativos de consumo insuficien-

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te de caroteno. Os ovinos apresentam apenas traços de caroteno no sangue,mesmo quando o consumo de caroteno for alto.

Bezerros e cordeiros apresentam baixos níveis sangüíneos de vitamina A aonascimento e dependem do colostro (uma fonte rica de vitamina A) para protegê-loscontra uma deficiência até que se possa obter vitamina A ou caroteno suficientes apartir de outras fontes. Os bezerros e os cordeiros oriundos de mães com deficiênciade vitamina A podem nascer mortos ou tão fracos que morrem dentro de poucosdias; as fêmeas podem abortar durante o último estágio da prenhez. Nos animais emcrescimento, pode ocorrer lesão do nervo óptico, como resultado de estenose.Eleva-se a pressão do líquido cerebroespinhal e resulta freqüentemente emandadura cambaleante, incoordenação muscular e convulsões (“desmaios” degado de engorda). Freqüentemente se observa anasarca no gado em terminaçãoe podem ocorrer opacidade e nebulosidade da córnea e xeroftalmia com infecção

e cegueira subseqüentes.Os touros e carneiros jovens podem ficar estéreis devido a ausência deespermatogênese. Os touros adultos deficientes em vitamina A apresentam incoor-denação muscular e ficam incapazes de montar. Isso ocorre antes de se alterar aespermatogênese.

Embora os níveis plasmáticos normais de caroteno difiram pouco entre asprincipais raças de corte, eles diferem consideravelmente entre as raças leiteirasdevido à variação na capacidade de metabolismo do caroteno em vitamina A. Asraças coloridas apresentam altos níveis de caroteno. O fígado pode armazenar

grandes quantidades de vitamina A, e a maioria dos animais sem um bom pastoapresentam uma reserva de 200 dias em seu fígado.Exceto nas alterações irreparáveis nos olhos ou tecidos ósseos, podem-se

corrigir rapidamente os sinais da deficiência de vitamina A através de um altoconsumo desta vitamina. O tratamento deve consistir em uma injeção devitamina A pré-formada 2.000UI/45kg de peso vivo; não é prejudicial um valoraté 100 vezes maior que esse nível em uma única dose curativa. É imperativaa alteração para dietas adequadas em caroteno ou vitamina A. Considera-seque a taxa de conversão dos ruminantes seja de 400UI de vitamina A a partir de

1mg de β-caroteno, mas esse valor flutua larga e imprevisivelmente. É maisbaixo que nos monogástricos. Por isso, reforçam-se hoje muitas rações comer-ciais com vitamina A estabilizada seca, e utilizam-se suplementos para reforçaras rações caseiras de crescimento. Tal fonte de vitamina A pode ser maiseconômica e segura do que o caroteno de alimentos naturais. A exigência devitamina A é de 47UI/kg de peso corporal. As injeções únicas de 1 milhão de UIde vitamina A protegem aparentemente contra uma deficiência por 2 a 4 meses.

Vitamina D   – Cálcio, fósforo e vitamina D se relacionam intimamente nometabolismo. A vitamina D, que é produzida na pele como vitamina D3 ou ingerida na

dieta como vitamina D2, é essencial para a absorção adequada de cálcio e fósforo.No fígado, é convertida em 25-hidroxicolecalciferol; depois disso, é transportadapara o rim, onde é hidroxilada em 1,25-diidroxicolecalciferol (1,25[OH]2D). Isso entãoestimula a síntese de uma proteína ligadora de cálcio na mucosa intestinal, que seenvolve no aumento da absorção de cálcio. O efeito da 1,25(OH)2D na absorção defósforo acontece por um mecanismo diferente. A vitamina  D também é necessáriapara a mineralização apropriada da matriz cartilaginosa que se desenvolve nasepífises. A má mineralização resulta em supercrescimento e desorganização  car-tilaginosos, levando ao inchaço das articulações das pernas e as costelas em rosário

(raquitismo). Na ausência das formas ativas de vitamina D, o cálcio e o fósforoplasmáticos diminuem e a fosfatase sérica aumenta. Uma deficiência absoluta ourelativa de cálcio, fósforo ou vitamina D resulta em raquitismo (ver pág. 586). Não setem definido muito bem a deficiência de vitamina D no gado adulto.

  Nutrição: Bovinos 1456 

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Na prática, a deficiência de vitamina D é possível mas não provável, mesmo paraos jovens. O leite não é especialmente rico em vitamina D, mas o bezerro ou ocordeiro podem obter quantidades adequadas através da irradiação da pele, seficarem expostos à luz solar por 1 a 2h diariamente. A forragem seca pelo sol é amelhor fonte natural de vitamina D

2

. Mesmo as silagens apresentam folhas mortassuficientes (conseqüentemente secas pelo sol) para fornecer bastante vitamina D2para os bezerros que estiverem confinados. Provavelmente, no entanto, é prudentese fornecer um suplemento de vitamina D aos bezerros jovens em seu sucedâneodo leite e ração inicial até que saiam do confinamento ou consumam forragemadequada, isto é, em 6 a 8 semanas. Os ruminantes mais velhos, que estejamconsumindo forragens normais, não devem receber vitamina D. É importante senotar que a vitamina D3 é muito mais potente no gado leiteiro do que a vitamina D2.

Vitamina E   – A maioria dos alimentos naturais contém vitamina E, mas aoxidação a destrói rapidamente, de modo que o feno velho ou os grãos que caíremno chão podem se tornar fontes deficientes. Uma deficiência de vitamina E ouselênio é reconhecida como uma causa comum de distrofia muscular (ver pág. 660)nos bezerros e cordeiros. A vitamina E não parece estar associada à insuficiênciareprodutiva nos ruminantes; portanto, é de importância prática apenas para animais

 jovens. Devem-se reforçar os sucedâneos do leite.Vitamina K   – Essa vitamina é sintetizada pelas bactérias ruminais e se distribui

largamente em forragens verdes e de folhas largas. Observa-se uma deficiênciaapenas na intoxicação por trevo doce (ver pág. 2105).

Vitaminas do complexo B – As deficiências não foram observadas em ruminan-

tes de 1 a 2 meses de idade ou mais velhos, exceto quando restritos às dietas espe-ciais. As bactérias do rúmen possuem a capacidade de sintetizar todas as vitaminasdo complexo B se outros fatores necessários para sua síntese estiverem presen-tes (por exemplo, cobalto na síntese da B12). A niacina (ácido nicotínico) sintetizadaa partir do triptofano no interior dos tecidos até dos bezerros jovens, juntamente coma sintetizada no rúmen, suprem totalmente as necessidades dos ruminantes. Amaioria das outras vitaminas do complexo B mostra-se essencial na dieta de bezerrosantes que a função do rúmen esteja estabelecida. Entretanto, o leite e outros alimentosnaturais contêm as quantidades adequadas para suprir as necessidadesde bezerros

e cordeiros jovens. Os sucedâneos do leite devem ser reforçados.Têm sido identificadas duas condições em bovinos que podem ser relacionadasa uma deficiência relativa de tiamina. Aparentemente, algumas silagens de milhocontêm tiaminase, que causa uma condição conhecida como “doença circulante”.Além disso, alimentação com glúten de milho úmido pode conter íons de sulfato ousulfito residuais, que destroem a tiamina. Tais íons são o “transporte” dos primeirosestágios do processamento de milho com ácido sulfuroso fraco para ajudar aamolecer a casca da semente do milho. Polioncefalomalacia (ver pág. 743) é adoença da deficiência de tiamina que ocorre em bezerros mais velhos relacionada

ao desenvolvimento de uma tiaminase no rúmen. A causa do desenvolvimentodessa tiaminase é desconhecida.Deve-se ter em mente que o ruminante depende da síntese bacteriana para as

vitaminas do complexo B, e de fato poderá sofrer uma deficiência dessas se houversubalimentação por períodos prolongados. Além disso, dietas deficientes em pro-teína ou alimentos deficientes em minerais podem reduzir o número de bactérias eos mecanismos de síntese da microflora ruminal. A prática da administração dedeterminadas vitaminas do complexo B ou complexos de leveduras aos ruminantessubalimentados tem sido utilizada com aparente êxito sob condições de campo.

Vitamina C (ácido ascórbico)   – Uma vez que é sintetizada, mesmo pelos ru-minantes jovens, nos tecidos, não se observa a ocorrência de deficiências dessavitamina, não sendo necessária na dieta.

 Nutrição: Bovinos 1457 

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NUTRIÇÃO: CÃES

A alimentação é uma das práticas de manejo mais importantes do proprietário docão. O manejo nutricional está sendo progressivamente reconhecido como parte

integrante tanto do cuidado preventivo com a saúde como dos protocolos de trata-mento dos pacientes médicos e cirúrgicos. Os avanços na biotecnologia, ou seja, anutrição parenteral e a entérica, melhores métodos de avaliação bioquímica doestado nutricional e a “harmonia” das exigências de macro e micronutrientes, tam-bém estão dedicando mais atenção à nutrição.

A interação entre enfermidade, saúde e estado nutricional é multifatorial e comple-xa. Portanto, a avaliação nutricional inicial de um animal requer a integração dahistória, exame físico, medidas antropométricas e dados de laboratório. Em muitoscães, a terapia dietética é um componente integral do manejo da doença,

complementando ou mesmo substituindo drogas ou cirurgia em alguns casos.Os proprietários de animais de estimação se saturam com livros, artigos, cartas

comerciais e anúncios que proclamam vantagens de determinadas práticas nutricio-nais enquanto denunciam as propriedades ameaçadoras da saúde dos outrosprodutos. As 2 questões mais comuns feitas pelos proprietários são: 1. que tipo dealimento? e 2. quanto oferecer?

As recomendações diárias de alimentação geralmente se baseiam em cálculosde energia (ver TABELAS 21 e 22) ou tabelas de alimentação estabelecidas pelofabricante da ração. Deve-se considerar essa quantidade como uma estimativa ouum ponto de partida e deve-se modificá-la com base em uma avaliação contínua dopeso corporal e da situação do animal e quaisquer outras afecções patológicas oufisiológicas existentes.

Não se deve alterar a dieta abruptamente; deve-se introduzir o novo alimentogradualmente por pelo menos 7 a 10 dias. Quando se alterar as dietas, é melhor quese ofereça ligeiramente menos que a dose calculada do novo alimento. O excesso

TABELA 22 – Equações para a Estimativa da Exigência Energética de ManutençãoCanina em kcal de EM

EEM = 2 × EER = 132 (peso corporal em kg)0,75

= 144 + 62,2 (peso corporal em kg)Crescimento = 1,5 a 2   × EEMLactação = 2 a 4   × EEMSedentário = 0,8   × EEMÚltimas 3 semanas de gestação = 1,1 a 1,3   × EEMTrabalho moderado = 1,1 a 1,5   × EEMTrabalho pesado/estresse = 1,5 a 4   × EEMCirurgia/trauma = 1,25 a 1,75 × EER

Na melhor das hipóteses, essas equações são estimativas das necessidades energéticas e devemser vistas como pontos de partida. Devem-se reavaliar continuamente o peso corporal e acondição de cada animal individualmente, e também se deve ajustar o consumo de energia comonecessário.

  Nutrição: Cães 1458 

TABELA 21 – Equações para a Estimativa da Exigência Energética de RepousoCanina em kcal de EM

Alométrica: EER = 70 (peso corporal em kg)0,75

Linear (> 2kg de peso corporal): EER = 30 (peso corporal em kg) + 70

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e as alterações abruptas freqüentemente propiciam distúrbios gastrointestinais ourecusa da dieta.

Fezes escuras, firmes e pequenas sugerem uma digestão e uma absorçãosuperiores de nutrientes. Os grandes volumes de fezes pálidas indicam uma uti-lização menor que a ideal. A digestibilidade da matéria seca da ração canina variade 60 a 90% devido a qualidade do ingrediente, teor de fibra bruta, processamentoe nível de consumo. A manutenção do peso corporal, condição, pelame e atitude eatividade gerais também são meios confiáveis de avaliação.

SELEÇÃO/RECOMENDAÇÃO DA DIETA

Embora a palatabilidade seja a característica que a maioria dos proprietáriosutilizam para julgar um alimento, ela não se relaciona bem com o valor nutricional.O passo inicial na seleção da dieta consiste na determinação das necessidadesaproximadas do cão através da história e do exame físico. Deve-se considerar onível de desempenho desejado, ou seja, trabalho, apresentação ou sedentarismo.Após a determinação das necessidades, deve-se fazer a escolha do produto; estaescolha deve se basear no perfil dos nutrientes e nas características do manejoalimentar dos diferentes produtos comerciais disponíveis. Não se podem compararprecisamente as rações comerciais com base nas extensas listas dos rótulos dasrações para animais de estimação; ao invés disso, devem-se compará-las com baseem matéria seca (ver TABELA 23) ou com base em energia. Como a densidadeenergética das rações caninas varia de 2,5 a > 5kcal/g de matéria seca, não sedevem dar recomendações gerais de alimentação; deve-se avaliar individualmentecada ração.

Tipos de ração canina comercial

As rações caninas comerciais são vendidas em 5 tipos gerais – secas, enlatadas,semi-úmidas, refeições e congeladas. Vários tipos têm aparecido recentemente nomercado, os quais são misturas de rações secas e semi-úmidas. A classificaçãodepende mais do método de processamento e do teor de água do que do conteúdo

de ingredientes ou do perfil dos nutrientes.Ração canina seca – Vendem-se mais rações secas do que quaisquer outras;geralmente contêm  90% de matéria seca e 10% de umidade. Quase 95% das

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TABELA 23 – Conversão da Expressão de Nutrientes de uma Base como foi Oferecidoa uma Base de Matéria Seca

Nutrientes % como foi oferecido

Proteína ............................................... 08Gordura ............................................... 06ELN (carboidrato solúvel) .................... 13Fibra .................................................... 00,5Cinza ................................................... 01,5Umidade .............................................. 71

100%Nota – 100 – umidade = % de matéria seca

100 – 71 = 29%% de proteínas na matéria seca = % de proteínas como oferecido/% de matéria seca

27,5% = 8%/29%% de gorduras na matéria seca = % de gorduras como oferecido/% de matéria seca

20,6% = 6%/29%ELN = extrato livre de nitrogênio.

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rações caninas secas são extrudadas; ou seja, são feitas através da combinação deingredientes (grãos, carne e subprodutos da carne, gorduras, minerais e vitaminas)e do cozimento, bem como da passagem forçada da mistura através de uma fôrma.Durante o cozimento e a extrusão, uma temperatura de  150°C converte o amidoem uma forma mais facilmente digerida, destrói toxinas e substâncias inibitórias, eesteriliza rapidamente o produto. A ração é então revestida com gorduras e/oudigesto (material derivado da degradação controlada dos tecidos animais, porexemplo, o digesto de galinha) durante a secagem para aumentar a palatabilidade.As vantagens da ração seca incluem um custo mais baixo do que as raçõesenlatadas ou semi-úmidas, e não se exige a refrigeração das porções não utilizadas.A ração seca também pode proporcionar um massageamento benéfico dos dentese da gengiva para ajudar a diminuir a doença periodontal.

Ração canina enlatada – As rações caninas enlatadas contêm 68 a 78% de

água e 22 a 32% de matéria seca. Os ingredientes determinam se o alimento é dotipo ração, de tecido animal, do tipo em nacos ou se é cozida. O tipo em nacos e aração cozida também são tipos de ração, com a cozida contendo mais água que aem nacos. O tipo ração contém uma mistura de cereais, carne e subprodutos dacarne, que são combinados em diferentes formas físicas para o acondicionamento.As rações de tecidos animais não contêm cereais, mas comumente contêm carne,assim como tecidos orgânicos (pulmões, úberes e outros subprodutos animais) etecido adiposo. Todos esses tipos de ração precisam ser apropriadamentesuplementados com minerais e vitaminas para se constituírem em uma dietabalanceada. As vantagens da ração enlatada incluem uma longa vida de prateleiraem um invólucro durável e alta palatabilidade. As desvantagens incluem nenhumefeito benéfico para os dentes ou gengivas e um custo mais elevado.

Ração canina semi-úmida – As rações caninas semi-úmidas contêm 25 a 40%de água e 60 a 75% de matéria seca. Não requerem refrigeração e são preservadascom o uso de umectantes – substâncias que se ligam à água de tal forma que elanão fique disponível para o crescimento de bactérias e de mofo. Esses incluemaçúcares simples (geralmente sacarose), sorbitol, propilenoglicol e sais. Algumasdescrições recentes de um risco aumentado de anemia com corpúsculo de Heinznos gatos que consomem rações semi-úmidas preservadas com propilenoglicollevantaram algumas questões acerca do uso deste ingrediente nas rações paraanimais de estimação. Muitas rações semi-úmidas são acidificadas com ácidofosfórico, málico ou clorídrico para se retardar o estrago. As vantagens incluemconveniência, alta digestibilidade energética e palatabilidade. As desvantagensincluem um custo mais alto e nenhum efeito benéfico para os dentes e gengivas.

Rações caseiras

Podem-se manter com sucesso os cães com rações caseiras apropriadamente

formuladas. As vantagens incluem o uso de ingredientes frescos e de alta qualidade.As desvantagens incluem o comprometimento do tempo do proprietário, o customais alto e a necessidade de conhecimento nutricional para a pessoa que estiverbalanceando a dieta. Muitas rações caseiras são ricas em proteínas e densidadecalórica, embora não sejam apropriadas no que tange à proporção cálcio–fósforo enão sejam adequadas quanto aos teores de cálcio, cobre, iodo, vitaminas liposso-lúveis e várias das vitaminas do complexo B.

Rótulos das rações para animais de estimação

Os rótulos não são por si próprios de grande assistência na  seleção de uma raçãocom base nas necessidades de nutrientes do animal de estimação, embora forneçamuma análise garantida, uma lista de ingredientes e uma declaração da adequaçãonutricional.

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Análise garantida – Essa análise lista o nível mínimo de proteína e de gordurabrutas e as quantidades máximas de água e fibra bruta em uma base de como éoferecido (e não por matéria seca). Não garante que o produto contenha a quantidadedeclarada, mas que os teores de proteína e gordura não sejam menores que os

declarados e que os teores de água e fibra bruta não sejam maiores do que umdeterminado nível. Não é o mesmo que uma análise química aproximada relatada, quelista níveis reais de nutrientes na ração. Duas rações podem apresentar análisesgarantidas idênticas, mas análises aproximadas muito diferentes. Uma análisegarantida para proteínas pode listar um nível mínimo de 25%, embora o produto possaconter qualquer valor entre 25 a 50% de proteína. Se possível, não se deve utilizar umaanálise garantida de rótulo para uma avaliação de ração; em vez disso, deve-secontatar o fabricante para o conhecimento de um perfil químico médio.

Lista de ingredientes – Os ingredientes são listados em ordem decrescente de

peso, em uma base de como são oferecidos na ração. Pode-se listar um ingredientealimentar primeiro, por exemplo, galinha, mas como esse ingrediente possui 75% deumidade, pode representar apenas uma pequena porcentagem da matéria seca realda ração. Além disso, pode-se listar um ingrediente como milho através decomponentes individuais, ou seja, milho floculado, milho triturado, milho peneirado,etc., de tal forma que o milho se situe mais abaixo na lista de ingredientes. Não sepermite que se liste nenhuma referência à qualidade ou classificação de umingrediente. Portanto, torna-se difícil a avaliação de um produto apenas com basena lista de ingredientes.

Declaração de adequação nutricional – Essa declaração indica que ao seoferecer a ração como dieta única, sem qualquer outro alimento ou suplemento, oproduto preenche ou excede as exigências publicadas pelo “National ResearchCouncil” (NRC) dos EUA ou que o produto é nutricionalmente adequado para umaou mais das seguintes situações: gestação, lactação, crescimento, manutenção outodos os estágios da vida. Os produtos isentos dessa obrigação incluem aquelesdestinados para alimentação suplementar ou intermitente (suplementos, lanches,refeições) ou aqueles destinados ao uso sob orientação de um veterinário. Adeclaração “completa e balanceada para todos os cães” indica que o produto possui

um perfil de dieta do tipo de crescimento. As afirmações têm que ser comprovadasatravés da passagem com sucesso por testes de alimentação conduzidos de acordocom os protocolos aprovados pela “American Association of Feed Control Officials”(AAFCO) dos EUA ou através de pelo menos uma quantidade mínima de cadanutriente recomendado pela publicação do NRC Nutrient Requirements of Dogs , de1985, que adverte “contra o uso dessas exigências (teores) sem demonstração dadisponibilidade dos nutrientes”. Algumas dessas exigências se baseiam em estudosem que os nutrientes foram substituídos por ingredientes purificados, e não sãorepresentativas dos ingredientes existentes nas rações caninas comerciais.

A AAFCO está considerando a controversa Declaração de Política 21 (dos EUA)que “pretende assegurar ao consumidor que o produto concluído tenha sidoavaliado por testes de alimentação que tenham demonstrado que os nutrientesestejam presentes não apenas em quantidades suficientes para sustentar asnecessidades fisiológicas desejadas mas também de forma que sejam biodisponíveispara o cão”. Se se adotar essa política, a obediência a um perfil químico quepreencha ou exceda os nutrientes mínimos recomendados pelo NRC não seria maissuficiente porque não se encaixa no problema da biodisponibilidade.

ENERGIA E GRUPOS DE NUTRIENTES

Energia – A exigência energética de um único cão corresponde ao nível quesustentará o metabolismo durante os vários estados fisiológicos: crescimento,

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manutenção, gestação, lactação, idade avançada ou doença. A exigência energé-tica de repouso (EER) é o maior componente da energia gasta por um animal sobcondições de jejum, não deambulação e termoneutralidade. Está intimamenterelacionada à massa corporal sem gordura. A EER é comumente estimada porqualquer uma das várias equações de estimativa derivadas empiricamente (verTABELA 21). A exigência energética de manutenção é uma função da EER quedepende dos “tipos de vida” individuais (ver TABELA 22). É altamente variável entreindivíduos e requer ajuste contínuo com base nas condições do corpo.

Dos 6 grupos de nutrientes, apenas proteínas, gorduras e carboidratos forne-cem energia; vitaminas, minerais e água não fornecem. Para se oferecer umaquantidade apropriada de alimento a um animal por dia, deve-se estimar precisa-mente a densidade calórica do alimento. Ao se oxidar completamente um ingre-diente alimentar, considera-se que o calor desprendido seja a energia bruta (EB).

Essa medida é o ponto de partida para a determinação do valor do alimento.Nos cães, a unidade de medida mais comumente utilizada para se pesquisar aenergia alimentar é a energia metabolizável (EM). Estima-se o teor de EM de umalimento através da subtração da energia das fezes e da urina a partir da EB. Osvalores de EM para muitos ingredientes de rações caninas ainda não foramdeterminados experimentalmente e são com freqüência adotados de outras es-pécies monogástricas (quase sempre o suíno) ou calculados pelo uso dos valoresde combustível fisiológico de Atwater modificados para o uso com ingredientestípicos de rações caninas. Junto com uma suplementação de um número total

apropriado de calorias de EM/dia, a variação ideal de EM derivada das gorduras,carboidratos e proteínas varia de acordo com o estado fisiológico ou patológico.Carboidratos  – Os carboidratos adicionados às rações para animais de

estimação estão principalmente na forma de polissacarídios (amido e celulose),dissacarídios (sacarose e lactose) e monossacarídios (glicose e frutose). Oscarboidratos não fibrosos apropriadamente cozidos são bem utilizados pelos cães.Exceto no caso da cadela lactante, parece não haver exigência dietética paracarboidratos. A gliconeogênese de alanina e do lactato pode suprir qualquernecessidade de glicose.

Fibra bruta – Existem vários métodos químicos para se determinar o teor de fibrade um alimento: todos eles extraem os componentes da fibra em diferentes graus,o que resulta em diferentes estimativas do teor de fibra para o mesmo ingredientealimentar. Os rótulos da ração canina listam um teor máximo de fibra bruta em umabase de como é fornecido. A fibra bruta consiste principalmente de celulose e ligninae é uma porção do alimento que é resistente a hidrólise pelas secreções digestivasdos mamíferos. No entanto, não é um transeunte inerte pelo trato gastrointestinal.O aumento do teor de fibra bruta nas rações caninas aumenta a excreção de fezes,normaliza o tempo de trânsito, diminui a digestibilidade da matéria seca da dieta,

altera a microflora colônica, os padrões de fermentação e as cinéticas da glicose eda insulina nos animais diabéticos e afeta os metabolismos hepático e periférico daslipoproteínas.

Gorduras – A gordura dietética consiste principalmente em triglicerídios, comquantidades variáveis de esteróis e fosfolipídios, e é uma fonte concentrada deenergia, produzindo 2,25 vezes a quantidade de EM (como uma porção equiva-lente de peso seco) de carboidratos solúveis ou proteínas. Em geral, à medida queo teor de gordura da dieta aumenta, também aumentam a densidade calórica e apalatabilidade. As gorduras servem como transportadores para as vitaminas lipos-

solúveis A, D, E e K, e também como fonte de ácidos graxos essenciais (AGE), quemantêm a integridade funcional da membrana celular e são os precursores dasprostaglandinas e dos leucotrienos. Os cães possuem uma necessidade nutricionalde ácido linoléico, AGE insaturados, que se encontram em quantidades apreciáveis

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no milho e no óleo de soja. As gorduras de alta qualidade são o componente maisdigestível da dieta e os cães podem tolerar teores muito altos. No entanto, além doproblema do fornecimento de uma quantidade excessiva de energia nas dietas ricasem gordura, deve-se ter o cuidado de se evitar consumos subideais de proteínas,minerais e vitaminas.

Os triglicerídios se dividem em cadeias curtas, médias e longas, baseando-se nonúmero de átomos de carbono na cadeia de ácido graxo. Os ácidos graxos são ousaturados, indicando-se que não há ligações duplas, ou insaturados, indicando-seque existem uma ou mais ligações duplas. O óleo de coco e o óleo de semente depalmeira são fontes particularmente ricas de triglicerídios de cadeia média. Suaprincipal diferença com relação aos triglicerídios de cadeia longa é que são maissolúveis em água e relativamente independentes da lipase pancreática, dos saisbiliares e da transformação no enterócito durante os processos de digestão e

absorção.O teor de gordura das rações comerciais varia largamente com base no propósitoda dieta (ver TABELA 24); trabalho, estresse, crescimento e lactação requerem teoresmais altos do que a manutenção. Freqüentemente se recomendam suplementos degordura que contenham ácidos graxos insaturados para os animais com pelamesescamosos e secos, os quais podem ser alimentados com rações pobres nessesácidos graxos.

Proteínas – A função primária da proteína dietética é como fonte de aminoáci-dos. Os aminoácidos essenciais devem ser constituintes dietéticos porque não

podem ser sintetizados no interior do corpo do cão. Aminoácidos não essenciaissão produzidos no organismo a partir de precursores de carbono e nitrogênio. Osaminoácidos fornecem nitrogênio para a síntese de todos os outros compostosnitrogenados e fornecem uma quantidade variável de energia quando catabolizados.A proteína dietética é enzimaticamente digerida e passa para a corrente sangüíneacomo aminoácidos livres. A exigência dietética de proteínas é satisfeita ao sesatisfazer a exigência metábolica do cão para aminoácidos e nitrogênio. A qualidadeda proteína (valor biológico/biodisponibilidade) varia diretamente com o número ea quantidade de aminoácidos essenciais que ela contenha. Quanto mais alto o valor

biológico de uma proteína, menor a quantidade de proteína necessária na dieta parasuprir as exigências de aminoácidos essenciais. As exigências de aminoácidos, naforma de porcentagem da dieta, geralmente diminuem do nascimento à maturidade.

TABELA 24 – Limites do Perfil Dietético para Condições Fisiológicas Selecionadas emCães (% de Matéria Seca)

Proteína Gordura FibraCondição fisiológica bruta bruta bruta Ca* P Na

Crescimento 28 a 35 20 a 30 0 a 5 1 a 1,8 0,8 a 1,6 0,3 a 0,7Último terço de gestaçãoLactação

Manutenção (adulto) 20 a 28 10 a 20 0 a 5 0,5 a 0,9 0,4 a 0,9 0,25 a 0,5

Sedentário 20 a 25 8 a 12 5 a 15 0,5 a 1 0,4 a 0,9 0,25 a 0,5Prevenção da obesidade

Idade avançada 15 a 25 10 a 20 0 a 5 0,5 a 0,85 0,4 a 0,75 0,25 a 0,4

Trabalho/estresse 25 a 30 25 a 30 0 a 5 0,7 a 1,4 0,7 a 1,4 0,3 a 0,7Convalescença

* A proporção cálcio–fósforo deve ficar entre 1:1 e 2:1.

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As exigências de proteínas dos animais variam com a idade, nível de atividade,temperamento, taxa de crescimento, estado reprodutivo e de saúde, nível deestresse, etc. (ver TABELA 24).

A maioria das rações caninas comerciais possui uma combinação de cereais e

proteínas cárneas. A digestibilidade das proteínas nas rações caninas varia de

75a 90%. A digestibilidade é menor para os ingredientes proteicos de baixa qualidadee as rações de má qualidade. Se se utilizar calor excessivo no processamento, asproteínas podem se tornar quimicamente não disponíveis para a digestão e aabsorção.

Minerais – Na nutrição animal, podem-se classificar os minerais em 3 categoriasprincipais: os que o corpo armazena em grandes quantidades (Na, K, Ca, P, Mg),os microelementos minerais de importância conhecida (Fe, Zn, Cu, I, F, Se, Cr) e osoutros microelementos minerais importantes em animais de laboratório mas que

possuem um papel desconhecido na nutrição dos animais de companhia (Co, Mo,Cd, As, Si, V, Ni, Pb, Sn).É importante uma quantidade balanceada dos minerais dietéticos necessários em

relação à densidade energética da dieta. À medida que o consumo de um mineralexcede a exigência, pode-se absorver uma quantidade excessiva, que pode serprejudicial, ou uma grande quantidade do mineral não absorvido pode impedir aabsorção de quantidades adequadas de outro mineral. Deve-se evitar a suplementa-ção mineral indiscriminada, já que pode causar sérios desequilíbrios minerais. Osuplemento mineral mais comumente utilizado (quase sempre inapropriadamente) é

uma mistura de cálcio/fósforo com vitamina D em cães em crescimento. Isso geralmen-te não é necessário para cães que estejam recebendo uma dieta balanceada paracrescimento.

A deficiência mineral é incomum em dietas bem balanceadas. As exceçõesincluem as dietas ricas em carne, que são portanto ricas em fósforo e pobres emcálcio; as dietas ricas em fitatos ou cálcio (> 2,5%, com base em matéria seca), queinibem a absorção dos microelementos minerais; e as rações de má qualidade, combaixas digestibilidade e biodisponibilidade.

É comum a manipulação do consumo dietético de Ca, P, Na, Mg e Cu para efeito

terapêutico.Vitaminas – Dividem-se em dois grupos: lipossolúveis (A, D, E e K) e hidrosso-lúveis (C e vitaminas do complexo B). Já que as vitaminas hidrossolúveis sãogeralmente excretadas facilmente se se consumirem quantidades excessivas,acredita-se que sejam menos prováveis de causarem intoxicação ou efeitoscolaterais quando ingeridas em quantidades muito grandes. As vitaminas liposso-lúveis, exceto a vitamina K, se armazenam em quantidade apreciável no organismo,e quando ingeridas em grandes quantidades por um período, podem-se observarreações tóxicas, especialmente com as vitaminas A e D.

ALIMENTAÇÃO DO CÃO SAUDÁVEL

Crescimento, final da gestação (terço final) e lactação – Exigem-se um teormaior de proteínas, gorduras e minerais para preencher as necessidades aumen-tadas do crescimento, desenvolvimento fetal e produção de leite. Deseja-se umadieta com aumentos da densidade de nutrientes, da digestibilidade e da biodis-ponibilidade, para fornecer os nutrientes necessários em um volume pequeno dealimento. A suplementação de cálcio, fósforo e vitamina D acima dos níveis pre-

sentes em dietas de boa qualidade projetadas para essas funções geralmente nãoé necessária e pode ser contra-indicada se o teor de cálcio subir para > 2,5% combase em matéria seca. A proporção de cálcio e fósforo deve estar na faixa de 1:1 a2:1. A superalimentação durante o crescimento pode contribuir para obesidade

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assim como para o aumento da taxa de crescimento, que é incompatível com odesenvolvimento esquelético apropriado. Freqüentemente se exige uma oferta deteores energéticos 2 a 4 vezes maior que os de manutenção, para que a cadelalactante evite a perda excessiva de suas condições orgânicas.

Manutenção  – Após um animal ter alcançado   90% de seu peso adultoesperado, torna-se desejável uma dieta menos densa em nutrientes do que umadieta do tipo crescimento. Indica-se uma dieta que seja altamente digestível, pobreem resíduos e de alta disponibilidade de nutrientes. Devem-se fornecer teoresmoderados de proteínas, gorduras, cálcio, fósforo e sódio. O fornecimento decalorias excessivas quando comparadas ao gasto de energia consiste no erro maiscomum na alimentação de cães adultos e resulta em obesidade.

Idade avançada – Recomenda-se uma moderação contínua do consumo deenergia, proteína, fósforo e sódio nos cães adultos mais velhos (5 a 8 anos mais

velhos) ao mesmo tempo em que se mantêm as características de alta digestibilidade,alta biodisponibilidade e poucos resíduos. Devem-se monitorar esses animais emum programa de saúde preventivo, já que a incidência de patologias degenerativascrônicas aumenta à medida que o cão envelhece. As doenças crônicas constituemum desafio único para o manejo nutricional.

Trabalho/estresse – As necessidades nutricionais de animais estressados ouem trabalho podem exceder a capacidade de uma dieta do tipo manutenção emencontrá-las. A maioria das dietas de trabalho/estresse apresenta níveis aumenta-dos de gorduras de alta qualidade, com os outros nutrientes balanceados para o

aumento da densidade energética. Em níveis extremos de estresse, muitos autoresrecomendam não apenas o aumento da porcentagem de EM a partir da gordura,mas também o aumento da porcentagem de EM a partir da proteína, enquantominimiza a contribuição do carboidrato.

RECOMENDAÇÕES DE ALIMENTAÇÃO PARA ESTADOS PATOLÓGICOSSELECIONADOS

No manejo dietético terapêutico, alteram-se as dietas gerais para providenciar

saúde ideal em cães normais ou para ajudar no manejo de um processo patológico(ver TABELA 25). Se se alterar a dieta como parte do manejo da doença, deve-semonitorar freqüentemente o estado nutricional do cão e modificar a dieta à medidaque a condição clínica do animal se alterar. As dietas são geralmente mais bemaceitas em refeições múltiplas e pequenas.

Nefropatia crônica  – Na nefropatia crônica oligúrica, ocorrem várias anor-malidades metabólicas que modificam o estado nutricional: deterioração do “clea-rance” dos produtos nitrogenados do metabolismo proteico; deterioração da regu-lação de sódio, potássio e fósforo; deterioração do metabolismo da vitamina D; e

freqüentemente anoxeria. A dieta deve ser rica em densidade energética, com umteor moderado a restrito de proteínas de alta qualidade (13 a 16% de EM, 15 a 20%de matéria seca), fósforo, magnésio e sódio com um nível balanceado de cálcio.Devem-se aumentar os níveis de vitaminas hidrossolúveis.

Hepatopatia crônica  – Já que a anorexia é comum, deve-se selecionarinicialmente uma dieta rica em gorduras e pobre em resíduos, embora possa sernecessária uma restrição de gorduras para se manter as fezes normais. As gordurasdietéticas não são uma fonte de ácidos graxos de cadeia curta, que podem exacerbaruma encefalopatia hepática. As calorias oriundas das proteínas devem ser moderadas,

e as calorias oriundas dos carboidratos devem ser provenientes de fontes altamentedisponíveis (não de subprodutos de cereais). Devem-se evitar os ingredientes ricosem precursores do ácido úrico (por exemplo, vísceras), e também se deve restringir ocobre nos cães por causa do risco de desenvolvimento de uma hepatopatia induzida

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por cobre. Freqüentemente, podem-se controlar ascite e edema através da moderaçãodo consumo de cálcio, e deve-se aumentar o consumo de vitaminas hidrossolúveisacima dos níveis de manutenção. Devem-se evitar os agentes lipotróficos, como acolina. Não se tem demonstrado a efetividade da manipulação da cadeia ramificadae dos aminoácidos aromáticos na hepatopatia crônica.

Cardiopatia crônica – Pode-se alcançar o peso corporal ideal através do forneci-mento de uma dieta moderada a rica em fibras aos animais que requerem redução depeso, e de uma dieta densa em calorias, rica em gorduras e pobre em resíduos paraos animais com caquexia cardíaca. Deve-se oferecer uma quantidade moderada deproteínas de alta qualidade. Devem-se suplementar as vitaminas do complexo B epotássio em níveis superiores aos da manutenção para manter as reservas orgânicasdesses nutrientes. A dieta deve ser moderadamente restrita em sódio.

Diabetes melito  – Em conjunto com a terapia tradicional de reposição de

insulina, o manejo dietético é útil para melhorar o tratamento dos animais diabéticos.A dieta deve aumentar o controle glicêmico e ser rica em carboidratos complexos,pobre em carboidratos solúveis, rica em fibra bruta, pobre a moderada em gordurasdietéticas e moderada a rica em proteínas de alto valor biológico. Para se controlara hiper e a hipoglicemia, o esquema de alimentação deve ser constante, com re-feições coordenadas para se combinar com a ação da insulina.

Perda de peso/controle de peso – A obesidade (ver pág. 543) é o tipo maiscomum de má nutrição em cães. A causa comum é o consumo excessivo de caloriasem relação ao gasto de energia. Os objetivos nutricionais consistem em produzir um

déficit calórico (60 a 70% da exigência de energia de manutenção em peso corporalideal) enquanto se estiver fornecendo quantidades adequadas de proteínas, vitami-nas e minerais. Podem-se alcançar esses objetivos através do fornecimento de umadieta que contenha 15 a 25% de fibra bruta e < 10% de gordura. Uma ração rica emfibras induz à saciedade com um consumo calórico total menor. Após se alcançar

TABELA 25 – Limites do Perfil Dietético para Afecções Patológicas Selecionadasem Cães (% de Matéria Seca)

Proteína Gordura FibraAfecção patológica bruta bruta bruta Ca* P Na

Insuficiência renal oligúrica 15 – 20 20 – 30 0 – 5 0,5 – 0,85 0,2 – 0,4 0,2 – 0,4crônica

Insuficiência hepática 15 – 25 15 – 30 0 – 5 0,5 – 1,4 0,2 – 1,2 0,2 – 0,4crônica

Obesidade/perda de peso 22 – 28 8 – 12 15 – 25 0,5 – 1,4 0,3 – 1,2 0,25 – 0,5

Dissolução de urólito 7 – 8 25 – 27 0 – 5 0,2 – 0,3 0,1 – 0,2 1,2 – 1,3de estruvita

Insuficiência cardíaca 15 – 25 15 – 30 0 – 5 0,5 – 0,85 0,2 – 0,6 0,05 – 0,3congestiva crônica

Hiperlipidemia 15 – 28 8 – 12 0 – 25 0,5 – 1,4 0,3 – 1,2 0,25 – 0,5

Constipação 15 – 28 10 – 20 10 – 25 0,5 – 1,4 0,3 – 1,2 0,25 – 0,5

Colite idiopática 15 – 28 8 – 12 10 – 25 0,5 – 1,4 0,3 – 1,2 0,25 – 0,5

Enteropatia infiltrativa 20 – 28 20 – 30 0 – 3 0,7 – 0,9 0,4 – 0,85 0,25 – 0,5linfocítica-plasmocítica

* A proporção cálcio–fósforo deve ficar entre 1:1 e 2:1.

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um peso corporal desejado, controlam-se mais efetivamente os animais com umteor moderado de fibra bruta dietética (7 a 15%) e de gordura dietética (10 a 15%).Os ciclos repetitivos de ganho e redução de peso aumentam o risco de obesidadee devem ser desencorajados.

Linfangiectasia intestinal – É a causa mais comum de enteropatia de desper-dício de proteínas em cães; resulta de uma obstrução do fluxo linfático, seguida peladistensão e ruptura dos vasos quilíferos. Os sinais clínicos incluem graus variadosde diarréia e perda de peso, edema, ascite e vômitos. Para um controle de sucesso,a dieta deve ser pobre em gordura (< 10%), rica em fibra bruta (>15%) e rica emproteína (25 a 30%). Quando os animais não conseguem manter um peso corporaldesejável, tem-se utilizado com sucesso uma suplementação calórica com óleo detriglicerídios de cadeia média.

Neoplasia – Ao contrário das pessoas, não se tem descrito que as dietas ricas

em fibra possuam efeitos preventivos contra determinados tipos de câncer nos cãese gatos. A confusão se desenvolveu entre as hipóteses propostas de prevenção decâncer para as dietas ricas em fibras e o seu uso inapropriado em animaisdebilitados. Os animais debilitados geralmente requerem dietas com um mínimo defibra bruta (< 2%), uma baixa porcentagem de energia oriunda de carboidratos e umalto teor de gorduras e proteínas dietéticas.

Constipação – Geralmente envolve o intestino grosso. O aumento dos níveis defibra bruta (10 a 25%) aumenta a massa e o teor de água fecais (diminuindo adensidade fecal) e acelera o período de trânsito, ao mesmo tempo em que retira um

forte reflexo de defecação e facilita a evacuação.Colite – Muitos cães com colite idiopática respondem a rações ricas em fibrabruta (> 10%) e moderadas a pobres em gordura (10 a 15%). O aumento dos níveisde fibra retarda o período de trânsito nos animais com períodos de trânsitoanormalmente rápidos e pode diminuir a pressão intracolônica. Devem-se oferecerrefeições pequenas e freqüentes (3 a 6/dia) a esses animais. Se o animal nãoresponder dentro de 3 a 6 semanas, deve-se tentar uma dieta hipoalergênica alta-mente digestível, moderada a rica em gorduras (20 a 30%) e pobre em resíduos. Asúltimas recomendações também podem ser benéficas para os animais com enterite

linfocítica-plasmocítica histologicamente identificada.Hipersensibilidade alimentar – A alergia alimentar, que está classificada comoa terceira causa mais comum de dermatopatia alérgica em cães, pode ocorrerintercorrentemente com os outros tipos de alergia. Durante toda a vida, a maioriados cães recebe uma mistura de diferentes carnes, cereais e legumes, cada um dosquais contém muitos componentes antigênicos que são agentes sensibilizadorespotenciais. A hipersensibilidade alérgica pruriginosa a alérgenos ingeridos podeocorrer subitamente pela primeira vez em qualquer idade, mas é raramente obser-vada em cães < 4 meses de idade. Geralmente, a hipersensibilidade alimentar não

está associada a uma história de alteração recente na dieta; de fato, a maioria doscães tem ingerido a mesma dieta por > 2 anos. Ocorrem sinais gastrointestinaisintercorrentes em uma pequena porcentagem de animais.

Ao se suspeitar de uma resposta alérgica a um alérgeno ingerido, deve-se obteruma história detalhada do consumo dietético anterior, seguida do fornecimento deuma “dieta hipoalergênica” exclusivamente por 3 semanas, junto com água destila-da. Faz-se o diagnóstico através da observação de um declínio no prurido e darecidiva dos sinais clínicos ao se reintroduzir a dieta original (ou ingredientes quecompõem essa dieta). Se não se controlar as alergias intercorrentes (se estiverem

presentes), os resultados podem ser inferiores ao ideal.As dietas hipoalergênicas adequadas devem conter um número limitado decomponentes dietéticos (aditivos, fontes proteicas, etc.) que não tenham feito partepreviamente da dieta do animal, ou não são ingredientes comuns de rações comer-

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ciais para animais de estimação. Não é aceitável se alterar simplesmente a marcaou sabor; devem-se evitar todas as refeições, suplementos e medicamentosdesnecessários, já que freqüentemente contêm fontes proteicas cárneas paramelhorar a palatabilidade. As fontes proteicas comumente utilizadas incluem ascarnes de cordeiro ou de carneiro, de coelho, peixe, ricota ou ovo; as fontes decarboidratos incluem arroz, massas ou batatas. Podem-se individualizar dietascaseiras apropriadamente preparadas e balanceadas (com vitaminas, ácidos graxosessenciais e minerais) para cada animal a partir dos ingredientes anteriores. Aconcentração final de proteínas na dieta deve ser moderada (20 a 25%). As raçõeshipoalergênicas balanceadas e preparadas comercialmente são convenientes etambém podem ser utilizadas. Devem-se verificar cuidadosamente os rótulos dasrações hipoalergênicas, já que algumas contêm carne bovina, leite, galinha, trigo,etc., que podem fazer com que a dieta se torne inapropriada para esse uso.

Malabsorção/má digestão – As patologias do intestino delgado e do pâncreasfreqüentemente levam à vaga síndrome clínica de perda de peso, vômitos, diarréia(freqüentemente com esteatorréia) e alterações no apetite. A dieta recomendada épobre em fibras (0 a 5%), pobre em resíduos, altamente digestível, apresenta níveismoderados de gordura (10 a 15%) e de proteína (20 a 25%) e carboidratos oriundosde fontes de subprodutos de não cereais. Os teores de vitaminas hidrossolúveisdevem ser elevados. Na insuficiência pancreática exócrina, deve-se considerar umasuplementação com um suplemento enzimático pulverizado no alimento imediata-mente após a alimentação (ver também pág. 146).

Debilitação/caquexia/sepse – Muitos animais severamente doentes apresen-tam condições orgânicas subideais, o que indica esgotamento das reservas corpo-rais. Esses animais (independentemente de seu problema primário) apresentam umequilíbrio de energia líquida negativo e acumulativo, necessidades energéticasalteradas e empregam os combustíveis metabólicos diferentemente do que osanimais normais alimentados ou em jejum. Os hormônios estimulados pelo estresseaumentam o catabolismo dos lipídios, o que sugere que os lipídios sejam eficiente-mente utilizados em estados comprometidos. Ao contrário, os estudos em algumaspessoas e animais estressados por inanição documentaram um metabolismo

anormal dos carboidratos, freqüentemente referido como uma “síndrome semelhan-te ao diabetes”.Indica-se uma dieta rica em proteínas de alta qualidade e gorduras e mínima em

carboidratos. O consumo calórico e as contribuições dos nutrientes à produção deenergia (porcentagem da EM oriunda das proteínas, gorduras e carboidratos)devem se basear em resposta individual. Pode-se suplementar o consumo calóricoatravés de várias rotas (em ordem de preferência): oral voluntária, entérica forçada,entérica e parenteral mista e parenteral total.

Dilatação gástrica (timpanismo) – Até hoje, não há evidência que sugira que

determinadas práticas nutricionais (por exemplo, fornecimento de dietas quecontenham proteína de soja) levem ao desenvolvimento de dilatação gástrica emcães suscetíveis (ver também pág. 281). Curiosamente, têm-se descrito determina-das práticas para a redução da incidência e da recidiva; por exemplo, a evitação dooferecimento de alimento e água imediatamente antes e após o exercício, e ofornecimento de pequenas refeições freqüentes de uma dieta pobre em resíduos(0 a 5% de fibra bruta) e que seja abundante em densidade energética e emdigestibilidade da matéria seca.

Dissolução do urólito de estruvita  – Um tratamento médico que utilize

antibióticos e uma dieta calculolítica é uma alternativa eficiente à intervençãocirúrgica para a remoção dos urólitos de estruvita (ver também pág. 1072). O perfil dadieta inclui uma quantidade reduzida de proteínas de alta qualidade (7 a 8%), cálcio,fósforo e magnésio; aumenta-se o teor de sal. O pH urinário dos cães alimentados

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com essa dieta fica ácido (< 6). Deve-se utilizar este tipo de dieta com precaução nocrescimento, lactação, gestação, insuficiência renal primária azotêmica, insuficiên-cia cardíaca congestiva, hepatopatia e manutenção prolongada do adulto.

Hiperlipidemia – Pode ser primária ou secundária a hipotireoidismo, pancrea-tite, hepatopatia, diabetes melito, síndrome nefrótica ou hiperadrenalismo. A afec-ção ocorre quando se eleva o nível de lipídios sangüíneos com ou sem lipemiaacentuada e provavelmente resulta de anormalidades na síntese ou na degradaçãodas lipoproteínas plasmáticas. Na hiperlipidemia primária, as anormalidades podemser genéticas, como se tem sugerido nos schnauzers miniatura. Alguns animais comhiperlipidemia são assintomáticos. Os animais clinicamente afetados podem apre-sentar acessos recorrentes, depressão, flacidez abdominal, vômitos, cegueiraaguda, opacidade corneal e xantogranulomas. O objetivo do manejo dietético édiminuir a digestão e a absorção das gorduras através do fornecimento de uma dietarestrita em gorduras (< 10%).

NUTRIÇÃO: ANIMAIS EXÓTICOSE DE ZOOLÓGICO

A nutrição dos animais exóticos e de zoológico tem avançado significativamente

nos últimos 25 anos. O maior conhecimento das exigências de nutrientes e a dispo-nibilidade de dietas comercialmente preparadas reduziram substancialmente aincidência de animais inapropriadamente nutridos nos zoológicos. As informaçõessobre animais de estimação exóticos estão hoje disponíveis para ajudar a evitar,detectar e tratar tais problemas nutricionais anteriormente comuns, tais como ohiperparatireoidismo secundário e as deficiências de vitamina A, tiamina e selê-nio/vitamina E. Embora muito ainda não se conheça, há hoje informação disponívelpara o manejo nutricional adequado da maioria das espécies exóticas em cativeiro.

Todas as espécies requerem nutrientes específicos e energia mais em uma

forma metabolizável do que em alimentos específicos. Os nutrientes e a energia têmde estar apropriadamente balanceados e corretamente “embalados” para se encai-xarem no sistema digestivo e nos gostos particulares de cada espécie. As dietaspara animais exóticos e de zoológico têm se desenvolvido a partir da consideraçãodos hábitos alimentares na natureza, da morfologia oral e gastrointestinal, dasexigências nutricionais estabelecidas para os animais domésticos e de laboratórioe para o homem, da pesquisa nutricional nas espécies exóticas e da experiênciaprática. Os critérios definitivos para avaliação da adequação de uma dieta para umaespécie são o crescimento, o sucesso reprodutivo e a longevidade.

Os animais silvestres requerem os mesmos nutrientes básicos que os seuscorrespondentes domésticos. Para muitas espécies exóticas que possuem corres-pondentes domésticos intimamente relacionados (por exemplo, ungulados,mustelídeos, canídeos, felídeos, roedores, primatas, lagomorfos, galináceos, pás-saros anseriformes, peixes de água doce), as exigências nutricionais estabelecidaspelo “National Research Council” (NRC) para os animais domésticos e de laborató-rio podem servir de guia para as concentrações mínimas de nutrientes na dieta.Embora menos diretamente aplicáveis a outras espécies, as exigências do NRCpodem ainda servir como referência geral útil para a avaliação da adequação

nutricional das dietas para qualquer ave ou mamífero. A adequação nutricional dedietas para répteis e anfíbios é muito mais difícil de se avaliar, já que não há bonsmodelos animais domésticos. Além disso, por serem pecilotérmicos, suas taxasmetabólicas flutuam de acordo com alterações na temperatura ambiente.

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Embora os parâmetros do NRC possam ajudar a estabelecer as concentraçõesde nutrientes na dieta, eles fornecem pouca ou nenhuma informação acerca dostipos de alimentos e dietas que sejam adequados para os animais exóticos, e nemcomo se deve apresentar o alimento ao se levar em conta os atributos físicos oucomportamentais da espécie. A seguir, apresentam-se breves discussões acercada alimentação de diferentes tipos de animais e exemplos de dietas utilizadas paraalgumas espécies.

Todo alimento deve ser de boa qualidade. Não se devem fornecer alimentosestragados ou embolorados, ou armazenados por longos períodos (geralmente > 1ano para a maioria dos alimentos estocados e 6 a 12 meses para a maioria dosalimentos congelados). Sempre deve estar disponível água fresca e límpida para asespécies não marinhas. Geralmente, torna-se desejável a utilização de blocos,tijolos ou “carretéis” de sal mineral grosso à vontade para a maioria dos mamíferos

e psitacídeos. A alimentação do tipo “self-service” é fortemente desencorajada; aose oferecer uma grande seleção de alimentos, é improvável que os animais cativosselecionem uma dieta balanceada. A crença na “sabedoria nutricional” resulta emmuitos animais mal-nutridos. Na maioria dos casos, um produto comercial nutricio-nalmente completo ou mistura caseira que não possam ser escolhidos devem seconstituir na maior parte da dieta, com componentes como carne, frutas e sementesperfazendo apenas uma pequena porcentagem. Os músculos e as vísceras, asfrutas, a maioria dos grãos e sementes e muitos insetos são pobres em cálcio e oseu consumo excessivo pode resultar em deficiência de cálcio. A suplementaçãoexcessiva de alguns nutrientes (por exemplo, vitaminas A ou D, selênio, cobre) podeser tão prejudicial quanto as deficiências. A obesidade é um problema mais fre-qüente do que o consumo inadequado. Deve-se ter cuidado em não se superalimentarungulados, carnívoros, primatas e outras espécies que possam ficar rapidamenteacima do peso ao se oferecer quantidades excessivas de uma dieta de alta qua-lidade, particularmente quando a atividade for limitada. As rápidas taxas de cres-cimento em algumas aves aumentam a incidência de problemas nas pernas e asas.Devem-se averiguar e registrar os pesos dos animais sempre que possível. Nadapode substituir o olho atento de um criador ou de um proprietário de animal deestimação conscienciosos na monitoração da saúde de seus animais.

AVES

As deficiências nutricionais das aves quase sempre não se manifestam até quese tente o acasalamento ou durante a muda das penas. Os problemas das penasestão freqüentemente relacionados a uma nutrição inadequada. As deficiências devitamina A, proteínas em geral e aminoácidos sulfurados em particular, cálcio, zinco,ácido fólico e ácido pantotênico, assim como de outros nutrientes, podem causarempenamento imperfeito e anormal. Algumas aves (por exemplo, flamingos, íbis,

surucuás, sanhaços e pica-paus) dependem de pigmentos carotenóides dietéticospara a coloração natural das penas. As fontes adequadas de pigmentos incluemcenoura, extrato de cenoura, farinha de alfafa, farinha de camarão, camarãomarinho e pigmentos sintéticos, tais como cantaxantina. Embora a maioria das avescativas se alimente com a mesma dieta o ano inteiro, muitas aves em vida livredesenvolveram-se com dietas que variam enormemente com as estações. Poucose sabe acerca da influência das alterações dietéticas sazonais na reprodução dasaves exóticas. Devem-se sempre lavar completamente as frutas e verduras para seremover os pesticidas residuais. Devem-se descartar diariamente os alimentos

macios não ingeridos para se evitar a contaminação bacteriana. As aves nãoutilizam vitamina D2 eficientemente; deve-se usar a vitamina D3 quando se adicionarvitamina D a dietas aviárias. As espécies granívoras devem sempre ter cereais meiomoídos disponíveis para manter uma função apropriada da moela.

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Aves aquáticas

Na natureza, os pingüins se alimentam primariamente de peixes, crustáceos elulas. No cativeiro, se oferecem comumente eperlanos, arenques, cavalas epescadas. Um dos aspectos mais importantes na alimentação dos pingüins e das

outras aves piscívoras é a qualidade do peixe (ver MAMÍFEROS MARINHOS, pág. 1481).Todos os pingüins devem receber uma dieta mista que consista de ≥ 2 espécies depeixes para se assegurar uma nutrição apropriada. Os suplementos comumenteadministrados aos pingüins incluem sal, ácidos graxos poliinsaturados e vitaminas.Fornece-se sal dietético (NaCl) para as aves em exibições públicas para ajudar amanter o funcionamento apropriado das glândulas de sal; 0,5 a 1g de sal/ave/diadeve ser adequado para a maioria das espécies. Recomenda-se o fornecimento deuma fonte suplementar de ácidos graxos essenciais durante a reprodução e a muda,quando se fornecer dietas monotípicas de eperlano: 2 a 3mL de óleo de milho/ave/ 

dia são satisfatórios. Recomenda-se a suplementação de tiamina e de vitamina E(25mg de tiamina e 100UI de vitamina E/kg de peixe, como fornecido) sempre quese oferecer peixe congelado. A suplementação de vitamina D3 (250 a 500UI/kg depeixe, como fornecido) pode ser benéfica para as aves que não estiverem direta-mente expostas à luz solar. O fornecimento de carbonato de cálcio ou de fosfatobicálcico às fêmeas durante os períodos reprodutivos é uma prática comum para seassegurar uma formação de casca de ovo apropriada. Devem-se alimentar indivi-dual e manualmente os pingüins para se assegurar que cada ave receba quantida-des apropriadas de suplementos e para melhor monitorar o consumo. Geralmente,

o consumo é de 0,5 a 2kg de peixe/dia, dependendo da espécie do pingüim, do teorde gordura do peixe e do estado de muda de penas.

As recomendações para a alimentação das outras aves piscívoras (por exemplo,pelicanos, camarões, garças, gaivotas, andorinhas-do-mar, mergulhões de crista,petréis) são semelhantes àquelas para os pingüins. Algumas espécies aceitarãodietas comerciais para aves de rapina, péletes para trutas e/ou camundongos nadieta, assim como peixes.

Podem-se alimentar os flamingos com rações comerciais para flamingo ou comuma mistura de péletes para trutas (tamanho nº 4), péletes para crescimento de

patos ou faisões, ração canina seca e uma fonte de pigmento carotenóide (porexemplo, cantaxantina, extrato de óleo de cenoura). A falta de uma fonte adequadade pigmento na dieta resulta em desbotamento da coloração das penas. Devem-semisturar os ingredientes secos com água, para formar uma liga que permita aalimentação por filtragem natural.

Pode-se alimentar a maioria dos anatídeos com péletes comerciais para patosou faisões, junto com alface ou capim hidropônico picados. A ração canina seca(< de 10% de gordura, com base em matéria seca) ou os péletes para trutas sãofacilmente consumidos por muitas espécies, particularmente os patos mergulha-dores, e podem ser incluídas na dieta. Podem-se oferecer grãos farelados commoderação (< 25% da matéria seca da dieta), mas não como substitutos de umproduto peletizado nutricionalmente completo.

Aves galináceas

A maioria dos galináceos (por exemplo, codornas, perus, tetrazes, perdizes) sedá bem com rações comerciais para faisões. São disponíveis rações iniciais paracrescimento, manutenção e postura. Os grãos meio moídos devem estar sempre

disponíveis à vontade. Também se podem fornecer alface picado, capim hidropôni-co ou outras verduras verdes. Algumas espécies herbívoras de tetrazes são difíceisde se manter em cativeiro e podem exigir alimentos naturais específicos, tais comofolhas e brotos de salgueiro, urze ou vacínio. As rações artificiais que têm sido

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utilizadas com sucesso para tetrazes contêm freqüentemente níveis mais altos defibra (por exemplo, 10% de fibra bruta, base seca) do que as rações para faisões eaves domésticas. Os pintos em crescimento de algumas espécies de tetrazesparecem requerer uma fonte dietética de vitamina C. Podem-se suplementar asdietas da maioria dos galináceos jovens com grilos e tenébrios para providenciarvariedade e servir de estímulo alimentar.

Beija-flores

Os beija-flores cativos se adaptam facilmente a misturas artificiais de néctar (paraexemplos de fórmulas, ver TABELA 26, pág. 1474). O néctar deve estar sempre dispo-nível para satisfazer as exigências energéticas extremamente altas. Também sãodisponíveis misturas secas de néctar comerciais satisfatórias, reforçadas com proteí-nas, vitaminas e minerais. As misturas comerciais de néctar que se constituírem

simplesmente de açúcar e corante alimentar não são adequadas. Deve-se fornecerum néctar nutricionalmente completo no começo de cada manhã. No final de cada dia,deve-se descartar o néctar da manhã para se evitar contaminação e fermentaçãobacterianas; no tempo quente, pode ser necessário trocá-lo durante o dia. À tarde,pode-se substituir o néctar da manhã por uma mistura água–açúcar, que é menosprovável de azedar durante a noite. Pode-se administrar o néctar em bebedourospara beija-flores, em forma de tubo, comercialmente disponíveis. Os bebedouros parabeija-flores para quintais comuns não são recomendados para beija-flores cativosporque tendem a se entupir com o néctar da manhã e são difíceis de limpar. Os tubos

de alimentação devem ser coloridos (geralmente vermelhos) e têm de ter um tamanhoe uma forma apropriados para acomodar o bico do beija-flor. Devem-se limpar com-pletamente os bebedouros todos os dias. A coloração dos beija-flores não é influen-ciada por pigmentos dietéticos; portanto, não são necessários néctares pigmentados.Também se devem incluir moscas-das-frutas na dieta. Podem-se colocar recipientescobertos por tela (com telas de tamanho apropriado para permitir que as moscas-das-frutas saiam, mas que excluam os insetos nocivos) com culturas de mosca-das-frutasnos recintos de aves e substituí-los quando se esvaziarem as moscas.

PasseriformesPodem-se agrupar os passeriformes em cinco categorias, dependendo de seus

hábitos alimentares naturais primários: insetívoros, frugívoros, nectarívoros, granívorose omnívoros. Podem-se alimentar as aves insetívoras (por exemplo, toutinegras,papa-moscas, picanços) com misturas insetívoras artificiais suplementadas comgrilos, tenébrios, larvas de inseto, moscas-domésticas e/ou moscas-das-frutas. Têm-se projetado muitas misturas insetívoras; para aquelas que têm sido utilizadas comsucesso, ver TABELA 26, página 1474. Podem-se colocar insetos em cima da mistura

insetívora para se estimular a ingestão. Podem-se alimentar as aves frugívoras (porexemplo, asas-de-cera, arapongas) com misturas de frutas reforçadas com proteí-nas, vitaminas e minerais. Os exemplos de misturas de frutas que mantiveram areprodução em várias espécies de aves estão exibidos na TABELA 26. Podem-semanter os nectarívoros (por exemplo, suimangas e papa-méis) em cativeiro utili-zando-se néctares artificiais (ver BEIJA-FLORES, anteriormente, e  TABELA 26). Amaioria das espécies nectarívoras também ingerirá insetos, misturas insetívorase/ou frugívoras. Podem-se oferecer aos granívoros (por exemplo, tentilhões, pardais,cardeais) misturas de grãos (as sementes primárias incluem alpiste e painço ver-

melho, amarelo e branco; as sementes secundárias incluem flocos de aveia, linho ecardo ou semente negra). Verduras picadas, insetos, misturas insetívoras e frugívoras,manteiga de amendoim e gema de ovo cozida também são facilmente aceitos pelamaioria das espécies, e devem ser incluídos em adição a sementes para fornecer

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uma dieta equilibrada. Osso de siba e meio moído devem ser disponíveis para livreescolha para aves granívoras. As espécies omnívoras (por exemplo, tangará,estorninho, corvídeos, mainás, papafigo, aves-do-paraíso) podem se alimentar commisturas de frugívoros e insetívoros em proporções iguais. Podem ser oferecidospara a maioria das espécies insetos, vegetais verdes picados, manteiga de amen-doim, gema de ovo cozida ou ave de rapina. As rações comerciais peletizadas maciassão disponíveis para mainás. Alguns passeriformes omnívoros (por exemplo, melro,calhandra, cotovia) também irão ingerir misturas de semente e grão.

Pombos e rolas

Podem-se alimentar os pombos e rolas granívoros com péletes comerciaise grãos para pombos (trigo, sorgo, milho, ervilha-do-Canadá [ervilha-do-mato] epainço). Podem-se alimentar os pombos e rolas frugívoros com uma mistura para

grandes frugívoros (TABELA 26, pág. 1474).

Psitacídeos

As grandes espécies granívoras (por exemplo, araras, papagaios, cacatuas) sãocomumente mantidas com dietas de sementes (girassol, cânhamo, painço, alpiste,açafrôa, aveia), amendoim, biscoitos para macacos, ração canina seca, frutas (maçã,banana, uva, laranja), legumes e verduras (verduras, cenoura, espiga de milho,batata-doce) e vários suplementos (gema de ovo cozida, vitaminas, minerais, germe

de trigo). A porcentagem de cada ingrediente fornecido varia largamente; porexemplo, alguns criadores descreveram bons resultados com dietas que consistemquase que inteiramente de biscoitos para macacos, embora outros recomendassemque não mais que 10% da dieta se constituísse de biscoitos para macacos. Para umexemplo de uma dieta mista que tem obtido sucesso para grandes psitacídeos, vera TABELA 26, página 1475. Deve-se monitorar rigorosamente o consumo de cadaingrediente sempre que se fornecer dietas mistas. Muitas aves apresentam umapreferência pronunciada para determinados itens, tais como sementes de girassol eamendoim, e se tiverem oportunidade, selecionarão uma dieta inapropriada Quando

se selecionar determinados itens em quantidades excessivamente altas, devem-sediminuí-las na dieta para se forçar o consumo de outros alimentos. Podem-se adi-cionar pré-misturas de minerais e vitaminas à água de bebida e pulverizá-las sobreas frutas e verduras que tiverem sido cortadas em pedaços para facilitar a manipu-lação por parte dos grandes psitacídeos. São disponíveis várias rações comerciaispara grandes psitacídeos. Algumas são simples misturas de sementes e outrosingredientes que ainda permitem a seleção por parte das aves. Outras são produtosreforçados, extrudados ou peletizados que asseguram que as  aves consumam umaconcentração específica de nutrientes. Embora as rações peletizadas ou extrudadas

sejam freqüentemente mais completas e mais fáceis de servir que as dietas mistas,pode ser difícil se fazer com que uma ave acostumada com dietas mistas se transfirapara esses produtos. Podem-se alimentar os psitacídeos granívoros menores (porexemplo, calopsitas, periquitos australianos, agapórnis) com misturas comerciaisdesementes (alpiste; painço vermelho, amarelo e branco; farelo de aveia) junto comverduras, pão e frutas picados. Também há rações comerciais (alimentos completos)disponíveis em pequenos tamanhos para atender a esses tipos de aves; são maisprováveis de fornecerem dietas bem balanceadas. Podem-se adicionar suplementosminerais e vitamínicos da mesma forma que para as espécies maiores. Ao contrário

da maioria dos psitacídeos, os papagaios e os periquitos-asiáticos são primariamentefrugívoros. Várias misturas de frutas reforçadas têm obtido sucesso nessas espécies.Um osso de siba ou um bloco mineral devem estar disponíveis à vontade para

todos os psitacídeos. O consumo alimentar diário é geralmente de  10 a 15% do

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TABELA 26 – Dietas Aviárias

Néctar matinalProteína em pó (à base de soja) ................................................................... 25gSuplemento proteico (à base de caseína) ..................................................... 10g

Gotas multivitamínicasa

.................................................................................2,4mLSuplementos de cálcio, fósforo e vitamina D3 ...............................................6,5gCantaxantina ................................................................................................. 0,5gAçúcar ........................................................................................................... 400gÁgua .............................................................................................................. 1.920mL

Remover e descartar o néctar remanescente ao final de cada dia. A cantaxantina é opcionale não é necessária para as aves que não dependam de carotenóides para a pigmentação daspenas (por exemplo, beija-flores).

Néctar noturnoAçúcar ........................................................................................................... 400gGotas multivitamínicasa .................................................................................2,4mLÁgua .............................................................................................................. 1.440mL

Insetívoros %Ração canina triturada .................................................................................... 23Farinha de osso vaporizada .............................................................................. 5Péletes para trutas triturados ............................................................................ 4Suplemento proteico (à base de caseína) ......................................................... 2Péletes para mainá triturados ............................................................................ 8“Super Caradee” ................................................................................................ 6

Ração para aves de rapina congelada ............................................................ 52Descongelar a ração para ave de rapina e misturar completamente todos os ingredientes.

O produto final deve apresentar uma textura friável. Refrigerar ou congelar para oarmazenamento.

Pequenos frugívoros g/kg de dietaMaçã ............................................................................................................. 470Uva ............................................................................................................... 110Banana sem casca ....................................................................................... 100Groselha ......................................................................................................... 70

Tomate ........................................................................................................... 50Mamão ............................................................................................................ 50Vacínio ............................................................................................................ 50Mistura básica para frugívoros (ver adiante) ................................................ 100

Colocar as maçãs e as uvas em um processador de alimentos e misturar até obter pequenospedaços e não uma consistência liquefeita. Coar em um coador. Colocar mamão, tomate ebanana no processador de alimentos e misturá-los. Os pedaços devem ser pequenos, mas amistura não deve ter a consistência liquefeita. Combinar todos os ingredientes e misturá-loscompletamente. Pode-se refrigerar a mistura por até 3 dias. Análise calculada (base de matériaseca): 24% de matéria seca, 26% de proteína bruta, 4% de gordura, 3,6% de fibra bruta, 7,7%

de cinzas, 1,49% de Ca e 0,76% de P.Grandes frugívoros g/kg de dieta

Maçã ............................................................................................................. 480Banana sem casca ....................................................................................... 200Uva ............................................................................................................... 100Passas (sem sementes) ................................................................................. 50Vacínio ............................................................................................................ 50Mistura básica para frugívoros (ver adiante) ................................................ 120

Picar a maçã e a banana em pedaços de 15mm de largura. Combinar todos os ingredientes

e misturá-los completamente até que a mistura atinja uma consistência semelhante a ummolho de maçã fino. Análise calculada (com base em matéria seca): 31% de matéria seca,24% de proteína bruta, 3,7% de gordura, 2,6% de fibra bruta, 7,2% de cinzas, 1,4% de Ca e0,71% de P.

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TABELA 26 – Dietas Aviárias

Mistura básica para frugívoros g/kg de mistura básicaFarinha de glúten de milho (60% de PBb) .....................................................359Caseinato de cálcio ....................................................................................... 280

Concentrado de proteína de soja (70% de PB) ............................................. 100Fosfato bicálcico ............................................................................................ 075Óleo de milho ................................................................................................ 050Levedura de cerveja desidratada .................................................................. 045Carbonato de cálcio ....................................................................................... 038Sal iodado (NaCl) .......................................................................................... 013Monoidrocloreto de L-lisina ........................................................................... 005,5DL-metionina ................................................................................................. 004,5Pré-mistura vitamínica para frugívorosc ........................................................ 016Pré-mistura mineral para frugívorosd ............................................................. 014

Grandes psitacídeos %Sementes e nozes ......................................................................................... 20Frutas ............................................................................................................25Verduras ........................................................................................................ 15Legumes amarelos ........................................................................................25Biscoito para macacos ou ração canina seca ............................................... 15Osso de siba em pó ou bloco mineral ........................................................... livre escolha

Quivi (por adulto)Coração picado ............................................................................................. 200g

Aveia trilhada ................................................................................................. 20gÁgua .............................................................................................................. 160mLÓleo vegetal .................................................................................................. 2,5mLGerme de trigo ...............................................................................................2gPré-mistura vitamínico-minerale ......................................................................................................... 2g

Retirar a gordura do coração bovino e cortá-lo em tiras finas, semelhantes a vermes.Cozinhar a aveia na água e misturar todos os ingredientes para fazer um mingau. Servir omingau em um prato raso. Também se podem oferecer minhocas.

a Gotas multivitamínicas (por mL): 1.500UI de vitamina A; 400UI de vitamina D; 5UI de vitamina E;

0,5mg de vitamina B1; 0,6mg de vitamina B2; 8mg de niacina; 0,4mg de vitamina B6; 1,5µg devitamina B12 e 35mg de vitamina C.b PB = proteina bruta.c Pré-mistura vitamínica para frugívoros (g/kg de pré-mistura): 33,3g de mistura de acetato de

retinila (30.000UI/g); 0,4g de mistura de colecalciferol (500.000UI/g); 18,1g de mistura de acetatode dL-α-tocoferila (276UI/g); 576g de mistura de cloreto de colina (60% de cloreto de colina);1,38g de tiamina em HCl (87,5% de vitamina B1); 1,3g de riboflavina (96% de B2); 10,1g de niacina(99,5% de niacina); 1,55g de piridoxina em HCl (80,65% de B6); 5,43g de pantotenato de d-cálcio(92% de pantotenato); 2,5g de mistura de biotina (2% de biotina); 1,25g de mistura de ácido fólico(20% de ácido fólico); 1,89g de mistura de vitamina B12 (1.330mg/kg); 0,76g de complexo de

bissulfito de sódio/menadiona (33% de menadiona) e 346g de concentrado de proteína de soja.d Pré-mistura mineral para frugívoros (g/kg de pré-mistura): 7g de CuSO4 • 5H2O (25,2% de Cu); 42gde ZnSO4 • H2O (35,5% de Zn); 60g de MnSO4 • 5H2O (28% de Mn); 17g de FeSO4 • H2O (30%de Fe); 150g de mistura de selenito de sódio (0,02% de Se) e 724g de caseinato de cálcio.

e Pré-mistura vitamínico-mineral para quivis (por kg): 320g de cálcio; 2,7g de ferro; 2,7g de zinco;2,7g de manganês; 0,27g de cobre; 27mg de iodo; 27mg de cobalto; 16mg de selênio; 800.000UIde vitamina A; 60.000UI de vitamina D; 6.000UI de vitamina E; 0,43g de vitamina B1; 0,32g devitamina B2; 0,27g de vitamina B6; 40g de colina; 10,6g de inositol; 5,3g de ácido ascórbico; 2,13gde ácido nicotínico; 1,6g de ácido pantotênico; 0,43g de vitamina K; 0,11g de ácido fólico; 21mgde biotina; 2,7mg de vitamina B12 e 1,06g de hidroxitolueno butilado.

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peso corporal para a maioria das espécies, com consumos relativamente mais altosocorrendo nas aves menores.

Aves de rapina

Podem-se alimentar abutres, gaviões, falcões e corujas com dietas constituídas poranimais inteiros. Os itens comumente oferecidos incluem pintos com até 5 semanas deidade, codornizes, codornas, camundongos, ratos e pombos. Prefere-se o ofereci-mento de vários itens de presa, embora algumas espécies aceitem mais facilmentedeterminados tipos de presa, dependendo de seus hábitos alimentares naturais.Podem-se incluir peixes na dieta das espécies piscívoras (por exemplo, águias-pescadoras, águias-marinhas, águias-americanas) e podem-se administrar insetosreforçados para francelhos e falcões pequenos. Se se fornecer pintos de 1 dia,recomenda-se uma suplementação de tiamina (30mg/kg, na base de como é ofereci-

do) em dias alternados. Para se assegurar uma dieta nutricionalmente completa, nãose devem eviscerar os itens de presa antes da alimentação. Também se podem utilizar,com sucesso, rações comerciais para aves de rapina em muitas espécies e essasrações freqüentemente proporcionam uma alternativa mais simples e econômica paraas dietas de presas vivas. Uma ração comercial adequada para várias espécies possui55 a 60% de umidade e contém (base de matéria seca) 45 a 50% de proteína bruta,18 a 20% de extrato etéreo, 2,2 a 2,5% de fibra bruta e 1 a 1,5% de cálcio e 0,7 a 1%de fósforo. Devido à consistência amolecida dessas rações, torna-se geralmentedesejável fornecer itens de presa inteira duas vezes por semana para ajudar a evitar

a impactação do alimento e o supercrescimento do bico, assim como tambémprovidenciar uma segurança adicional de uma dieta completa. As aves de rapinapequenas podem comer tanto quanto 25% de seu peso corporal/dia; as espéciesgrandes podem comer tão pouco quanto 4%. Devem-se pesar regularmente as avesde rapina cativas para se monitorar os ganhos e perdas de peso, e deve-se ajustar oconsumo alimentar de acordo com seus resultados.

Ratitas

Podem-se alimentar todas as grandes ratitas (emus, casuares, avestruzes,emas) com rações comerciais peletizadas para ratitas. As rações adequadas paracrescimento e manutenção contêm 20 a 24% de proteína bruta, 12 a 19% de fibrabruta, 1,2 a 2% de cálcio, 0,6 a 1,1% de fósforo, 10.000 a 15.000UI/kg de vitaminaA, e 1.500 a 2.500UI/kg de vitamina D3 (base de matéria seca). As rações parareprodução são semelhantes, exceto por um teor mais alto de cálcio (por exemplo,2,8% de cálcio no pélete ou concha de ostra à vontade). Também se têm utilizadomisturas de rações peletizadas para aves domésticas ou patos, ração canina seca,péletes para coelhos e conchas de ostra. Podem-se adicionar à dieta verduras comfolhas largas e, para os casuares, maçã picada. As ratitas jovens são particularmen-te suscetíveis a anormalidades nas pernas que parecem estar nutricionalmenterelacionadas. A redução da taxa de crescimento através da alimentação com dietasmais pobres em EM e mais ricas em fibra parece reduzir a incidência da síndromeda deformação das pernas nas aves jovens. Tem-se utilizado, com sucesso, umadieta que utiliza coração bovino cortado em tiras semelhantes a vermes como itembásico para os quivis (ver TABELA 26, pág. 1475).

Aves variadas

A maioria das grandes aves frugívoras de bico liso, por exemplo, calaus, tucanos,araçaris e turacos, ingerirá uma mistura para grandes frugívoros (ver TABELA 26,pág. 1474), junto com insetos, verduras e ração canina seca ou ração para aves derapina. Também se têm utilizado, com sucesso, dietas à base de gelatina para os

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calaus e tucanos. A colocação dos ingredientes alimentares na gelatina impede aseleção alimentar, mas requer uma formulação cuidadosa para compensar o baixoteor de triptofano da gelatina. Os noitibós e os martins-caçadores-australianosingerirão camundongos e rações comerciais para aves de rapina.

MAMÍFEROS

Criação manual de mamíferos – Uma nutrição bem-sucedida de mamíferoscriados manualmente requer: 1. seleção da fórmula que sustentará um crescimentoadequado e não causará distúrbio gastrointestinal; 2. oferta do alimento a intervalosapropriados, em quantidades apropriadas e na forma apropriada para assegurarsua aceitação e impedir a super ou a subalimentação ou a aspiração pelos pulmões;e 3. manutenção de todos os utensílios de alimentação limpos e desinfetados. Sese julgar o sucesso em termos de sobrevivência e não em comparação com o

crescimento e a saúde quando o filhote for criado pela mãe, a maioria das espéciesprecoces mantidas em coleções de cativeiro tem sido criada manualmente comsucesso. A criação manual das espécies mais nidífugas (por exemplos, marsupiais,roedores, coelhos) obtém geralmente um sucesso mais limitado a menos que ofilhote tenha sido criado pela mãe até um estágio mais avançado.

Sempre que possível, devem-se consultar dados sobre a composição do leite ehistórias de casos de criação manual antes de se tentar uma criação manual em umaespécie pela primeira vez. Infelizmente, não há dados disponíveis sobre a compo-sição do leite da maioria das espécies e alguns dos dados publicados são de valor

duvidoso. O teor de lactose do leite varia largamente entre espécies diferentes. Osanimais (por exemplo, pinípedes, coelhos) que consomem normalmente um leitepobre em lactose geralmente produzem pouca lactase e freqüentemente desenvol-vem severos problemas gastrointestinais e diarréia quando alimentados com leiterico em lactose, por exemplo, o bovino. Semelhantemente, a adição de sacarose àsfórmulas de leite é freqüentemente contra-indicada porque muitos neonatos produ-zem pouca sacarose. Têm-se criado manualmente muitas espécies com a utilizaçãode leite evaporado diluído ou sucedâneos comerciais de leite para cabritos, potros,cordeiros e bezerros (por exemplo, a maioria dos ungulados), sucedâneos comer-

ciais de leite para cães (por exemplo, canídeos, procionídeos, ursos, morcegos,edentados, mustelídeos, coelhos, roedores), sucedâneos comerciais de leite paragatos (por exemplo, felídeos), fórmulas infantis humanas em geral (por exemplo, amaioria dos primatas) e sucedâneos do leite humano à base de soja em particular(por exemplo, coelhos, alguns marsupiais). Em alguns casos, podem-se modificaressas fórmulas básicas para atender melhor as necessidades de uma espécie emparticular através da adição de ingredientes tais como gema de ovo, nata e caseína.Pode-se justificar a suplementação com vitaminas e produtos minerais.

Algumas espécies (por exemplo, ungulados, marsupiais, visons) têm que rece-

ber colostro dentro de 48h após o nascimento para adquirir as imunoglobulinasnecessárias para a sobrevivência. A inclusão de um pouco de colostro na dieta deungulados por até 2 a 3 semanas após o nascimento pode proporcionar proteçãointestinal local adicional. O colostro da vaca doméstica tem se provado satisfatóriopara muitos ruminantes exóticos e pode-se congelá-lo para armazenamento. De-vem-se estimular muitos neonatos (por exemplo, artiodáctilos, roedores, carnívoros)a defecar e urinar por meio de uma fricção suave das áreas anal e genital.

A freqüência de alimentação e a quantidade de alimento dependem do compor-tamento de amamentação natural, da composição da fórmula e da taxa desejada de

ganho de peso, assim como de restrições práticas do horário de trabalho. Como regrageral, deve-se alimentar a maioria dos recém-nascidos a cada 2 a 4h e o consumodiário de EM (kcal) deve ser de  210 × peso corporal (kg)0,75. Devem-se monitorarrigorosamente apetite, condição das fezes e saúde geral. Devem-se registrar os

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TABELA 27 – Dietas de Mamíferos Selecionados

Dieta para lontra de água doce %Carne eqüina moída ......................................................................................38Coração bovino moído .................................................................................. 20

Ração felina seca moída ...............................................................................13Polpa de beterraba ........................................................................................02,9“Mirra Coat” ................................................................................................... 01,9Carbonato de cálcio ....................................................................................... 00,8Gordura de ave doméstica ............................................................................ 04,9Água .............................................................................................................. 16,9Lactose .......................................................................................................... 00,04Iogurte ........................................................................................................... 00,72Mistura vitamínico-mineral (por exemplo, “Theralin”) .................................... 00,84Combinar todos os ingredientes em um grande misturador. Dividir em porções diárias e

congelá-las. Adicionar lactose aos lactobacilos do iogurte para ajudar a manter o frescor. Alactose e o iogurte são opcionais.

Dieta líquida para morcegos %Mistura seca:Cereal misto para bebês ...............................................................................20,7Germe de trigo ...............................................................................................04Leite em pó desnatado .................................................................................. 09Caseinato de cálcio ....................................................................................... 15,8Açúcar ........................................................................................................... 45,5Suplemento proteico (à base de caseína) ..................................................... 03Mistura vitamínico-mineral (por exemplo, “Pervinal em pó”) ......................... 02

Misturar 100g da mistura seca com 540mL de suco de pêssego em lata, 260mL de água e6mL de óleo de milho. Servir junto com bananas descascadas.

Porco-da-terra %Água .............................................................................................................. 61Carne eqüina moída ......................................................................................12Coração eqüino moído .................................................................................. 06Mistura seca .................................................................................................. 21

Mistura seca:Leite em pó desnatado .............................................................................28,15Ração canina seca moída (21% de PB*) ................................................. 28,3Cereal misto para bebê ............................................................................ 05,7Concentrado de proteína de soja (7% de PB) ......................................... 11,4Farinha de alfafa desidratada (17% de PB) ............................................. 08,1Caseinato de sódio .................................................................................. 05,7Óleo de soja .............................................................................................05,9Ovo em pó integral ................................................................................... 02,6Carbonato de cálcio ................................................................................. 01,15Mistura vitamínico-mineral (por exemplo, “Theralin”) ............................... 03Misturar todos os ingredientes em um mingau.

Panda gigante (por adulto)Ricota pulverizada ......................................................................................... 100gPré-mistura mineral** ....................................................................................050gPré-mistura vitamínica*** ...............................................................................020gÓleo de soja .................................................................................................. 015mLMel ................................................................................................................. 030mLÁgua .............................................................................................................. 001LRação felina enlatada (por exemplo, “Zu/Preem”) ........................................ 210g

Misturar todos os ingredientes em um mingau. Servir junto com 430g de cenouras, 340g demaçãs e 11kg de bambu.

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TABELA 27 – Dietas de Mamíferos Selecionados

Péletes para grandes herbívoros %Trigo de segunda........................................................................................... 30Feno de alfafa seco pelo sol e triturado (16% de PB) ................................... 22

Grãos de milho triturados .............................................................................. 19,1Farinha de soja sem casca (48% de PB) ...................................................... 11,4Farinha de alfafa desidratada (17% de PB) .................................................. 10Melaço de cana-de-açúcar ............................................................................ 05Óleo de soja .................................................................................................. 01Suplemento de fósforo (por exemplo, “Biofos”) ............................................. 00,8Cloreto de sódio ............................................................................................ 00,5Pré-mistura mineral** .................................................................................... 00,1Pré-mistura vitamínica*** ...............................................................................00,1

* PB = proteína bruta.

** Pré-mistura mineral (mg/kg de pré-mistura): 75.000 de Zn; 50.000 de Fe; 30.000 de Mn; 10.000de Cu; 800 de I; 200 de Se e 100 de Co.

*** Pré-mistura vitamínica (por kg de pré-mistura): 5.000.000UI de vitamina A; 400.000UI de vitaminaD3; 200.000mg de vitamina E; 500.000mg de colina; 40.000mg de niacina; 20.000mg de ácidopantotênico; 4.000mg de riboflavina e 20mg de vitamina B12.

Composição calculada (com base em matéria seca): 89% de matéria seca; 19% de proteína bruta;4,3% de gordura; 16% de fibra detergente ácida; 12% de fibra bruta; 0,75% de Ca e 0,7% de P.

 Nutrição: Animais Exóticos e de Zoológico 1479

pesos corporais a intervalos freqüentes. Devem-se alimentar freqüentemente as

espécies mais nidífugas e menores através de uma sonda gástrica.

Morcegos

Freqüentemente se alimentam os morcegos insetívoros cativos com dietas queconsistem primariamente de tenebrionídeos; também se oferecem comumentegrilos, moscas-das-frutas, larvas de mosca-varejeira e outros insetos. Já que osinsetos são tipicamente pobres em cálcio, devem-se mantê-los em uma dietaenriquecida com cálcio de tal forma que os morcegos consumirão o conteúdo rico

em cálcio do intestino dos insetos. Pode-se formular uma dieta adequada para ostenebrionídeos utilizando-se 40% de trigo de segunda, 40% de ração canina oufelina seca moída e 20% de carbonato de cálcio triturado. Alternativamente, podem-se pulverizar suplementos vitamínicos e de cálcio nos insetos imediatamente antesda alimentação e também se podem adicionar gotas de vitamina à água de bebida.Freqüentemente, devem-se alimentar os morcegos insetívoros cativos manualmen-te quando não estiverem disponíveis insetos voadores. Podem-se treinar algunsmorcegos para aceitarem insetos em um prato de comida, colocando-os diretamen-te em cima do alimento vivo. Têm-se utilizado várias dietas artificiais para os

morcegos insetívoros, com sucesso variado.Têm-se mantido muitos morcegos frugívoros e insetívoros com sucesso emcativeiro utilizando-se dietas sólidas ou líquidas artificiais. Ver TABELA 27, anterior-mente, para exemplo de uma dieta líquida largamente utilizada. Pode-se colocar adieta líquida em bandejas plásticas rasas posicionadas perto da tela de arame oudo poleiro para que os morcegos aterrissem ou se dependurem durante a alimen-tação. Deve-se substituir diariamente a dieta líquida restante. As dietas sólidasgeralmente incluem bananas como o ingrediente principal. Os ingredientes adicio-nais freqüentemente oferecidos incluem mamão, maçã, pêra, melão, uva, e cenoura

e batata-doce cozidas. Podem-se rolar as frutas sobre uma mistura de suplementoque contenha leite em pó, proteína em pó, óleo de milho e uma mistura vitamínico-mineral. Também se têm oferecido ração canina ou felina enlatada, ovos picados etenebrionídeos junto com a fruta.

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Carnívoros

A maioria dos zoológicos nos EUA hoje usa mais rações comerciais nutricional-mente completas para a alimentação de felídeos, canídeos, mustelídeos e viverrídeosexóticos do que tenta preparar rações caseiras. A incidência de problemas nutricio-

nais nos carnívoros exóticos cativos diminuiu enormemente e os problemas ante-riormente comuns ao se oferecer dietas cárneas (por exemplo, deficiências decálcio, vitamina A e iodo) foram virtualmente eliminados. A maioria das raçõescomerciais se baseia em carne eqüina e seus subprodutos, mas também sãodisponíveis rações baseadas em carne bovina e de aves domésticas. Os ingredien-tes menos típicos incluem farinha de peixe, farinha de soja, polpa de beterraba emilho moído, assim como suplementos minerais e vitamínicos.

As rações para felinos exóticos são geralmente  mais ricas em gordura, proteína evitamina A do que as rações caninas. Uma ração adequada para a maioria das

espécies de gato contém 45 a 50% de proteína, 30 a 35% de gordura, 3 a 4% de fibrabruta, 1,2 a 1,5% de cálcio, 1 a 1,2% de fósforo e 20.000 a 40.000UI de vitamina A/kgde ração (base de matéria seca). A partir das evidências disponíveis, parece que osgatos exóticos dividem com os gatos domésticos a incapacidade de convertercaroteno em vitamina A, triptofano em niacina e ácido linoléico em ácido araquidônico.Como os gatos domésticos, também provavelmente não podem sintetizar quantida-des adequadas de taurina (descreveu-se uma deficiência de taurina em leopardos) eseriam suscetíveis à intoxicação por amônia se fossem alimentados com uma dietadeficiente em arginina. Portanto, devem-se considerar esses nutrientes como diete-

ticamente essenciais para todos os gatos. As rações felinas enlatadas e congeladassão geralmente mais palatáveis para os gatos  exóticos do que as rações secas. Muitoszoológicos preferem as dietas congeladas em relação aos produtos enlatados porquegeralmente são menos caras e porque são mais fáceis de serem fornecidas emgrandes quantidades. A consistência macia e semelhante à do hambúrguer dasrações comerciais pode resultar em excesso de depósito de cálculo e finalmente,periodontopatias se não forem providenciados itens sólidos ou não processados nadieta. Recomenda-se que todos os gatos alimentados com rações macias recebamossos com um pouco de carne intacta 2 vezes/semana. Os ossos da canela do boi ou

do cavalo são adequados para as grandes espécies de gatos; podem-se utilizar rabosde boi, ossos de costela ou roedores inteiros para os gatos menores. Freqüentementeincluem-se camundongos, ratos e pintos nas dietas dos gatos menores. Podem-seoferecer roedores, aves domésticas, peixes  e vísceras e nacos de músculo como itensocasionais da refeição para a administração de medicamentos ou o estímulo doapetite, mas geralmente não são exigidos como ingredientes dietéticos de primeiranecessidade para os grandes gatos alimentados com rações comerciais.

Podem-se alimentar os canídeos com rações caninas secas, enlatadas oucongeladas. Embora a maioria dos canídeos seja menos exigente que os gatos,

geralmente se preferem as rações enlatadas e congeladas em relação às secas.Também se devem incluir ossos na dieta ao se oferecer rações macias. Podem-seincluir pequenas quantidades de frutas e legumes nas dietas de raposas e coiotes.

A maioria dos mustelídeos e viverrídeos se dá bem com rações felinas enlatadasou congeladas. Muitas espécies aceitam facilmente pequenas quantidades defrutas, legumes e ovos cozidos. Podem-se oferecer camundongos, peixes e pintoscomo itens ocasionais de refeição e como estímulo de apetite e atividade. Podem-se dar ossos de costela 1 a 2 vezes/semana para promover a saúde dentária.Podem-se alimentar furões com ração felina seca ou com rações comerciais secas

para furões. Na TABELA 27, página 1478 apresenta-se uma dieta usada com sucessopara espécies de lontra de água doce.Podem-se alimentar os procionídeos com dietas semelhantes às oferecidas para

os pequenos canídeos. Para os guaxinins, é satisfatória a alimentação com uma

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ração canina seca de boa qualidade, junto com maçã, banana e cenoura; essa dietaajuda a minimizar os problemas de obesidade que ocorrem comumente ao seremalimentados com rações congeladas ou enlatadas. Tem-se mantido o panda peque-no ou vermelho com sucesso com uma dieta na forma de mingau, que consiste emuma mistura de cereal infantil, leite evaporado, gema de ovo, mel, molho de maçã,polpa de beterraba, água e suplementos vitamínico-minerais. Também se podemoferecer maçã, banana e bambu.

Podem-se alimentar os ursos com ração canina congelada, ração canina seca,peixe e biscoitos comerciais para omnívoros. Os ursos polares e os ursos kodiak sedão bem com uma dieta de 25% de ração canina congelada, 25% de peixe (porexemplo, eperlano), 15% de ração canina seca, 15% de biscoito para omnívoros,10% de pão e 10% de maçãs. São disponíveis rações comerciais especialmenteformuladas para ursos polares. Podem-se alimentar as outras espécies de ursos

com menos peixe e mais biscoitos para omnívoros, pão e produtos agrícolas.Também se podem incluir bananas e verduras na dieta dos ursos-pretos, ursos-de-óculos, ursos-preguiça e ursos-malaios. O consumo alimentar dos ursos cativosvaria largamente com a estação. Os consumos máximos geralmente ocorremdurante o verão e o início do outono, e os consumos mínimos durante o inverno. Oshábitos alimentares herbívoros do panda gigante requerem uma dieta mais especia-lizada (ver TABELA 27, pág. 1478).

Insetívoros, edentados e porcos-da-terra

Pode-se alimentar a maioria dos musaranhos, ouriços, terenques e toupeiras comração felina congelada suplementada com tenebrionídeos, minhoca, grilos e filhotesde camundongos. Carne moída reforçada com minerais e vitaminas, ração caninaenlatada, ovos cozidos e pequenas quantidades de frutas e legumes também sãofacilmente aceitos por muitas espécies. Os tatus ingerirão ração felina congelada,ração felina seca umedecida, ração canina enlatada ou carne moída reforçada comminerais e vitaminas. Também consomem leite, ovos picados, batata-doce cozida,banana cortada em cubos e outras frutas. Recomenda-se a suplementaçãode vitamina K para ajudar a prevenir hemorragias nos tatus: 5mg de bissulfito demenadiona sódica/kg de matéria seca devem ser adequados. As preguiças-reaisingerirão vários legumes e frutas cortados em cubos (por exemplo, alface, couve,espinafre, aipo, vagem, cenoura, batata-doce cozida, banana, maçã) em combinaçãocom ração felina congelada, ração canina seca umedecida, ração para primatasenlatada e/ou biscoitos para macacos. Devem-se colocar as tigelas de alimento emlocais nos quais o animal possa se dependurar em um poleiro enquanto se alimenta.No cativeiro, os porcos-da-terra-africanos, tamanduás-mirins e tamanduás-bandeiraaceitam facilmente dietas semilíquidas no lugar de cupins, formigas e outros alimentosnaturais. As dietas artificiais consistem basicamente de leite, água, carne moída e/ouprodutos à base de carne, tais como ração felina congelada, ração para visons ouração canina seca, ovos cozidos, proteína em pó, cereal infantil e um suplementovitamínico-mineral. Misturam-se todos os ingredientes em um liqüidificador até que seatinja a consistência de um mingau grosso. Os tamanduás-bandeira adultos podemdesenvolver fezes líquidas quando alimentados com uma dieta semilíquida. Nestecaso, podem-se retirar gradualmente o leite e a água da fórmula. Como precaução,freqüentemente se adiciona vitamina K a todas as dietas de edentados. Na TABELA 27,página 1478, lista-se um exemplo de dieta para porcos-da-terra.

Mamíferos marinhos

Os peixes são o alimento primário dos mamíferos marinhos cativos, exceto dossirênios, que são herbívoros. A compra e os subseqüentes armazenamento e ma-

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nipulação apropriados de peixes de boa qualidade (ver também pág. 1268) são osfatores mais importantes da alimentação de cetáceos e pinípedes. Na entrega,devem-se sempre inspecionar os peixes quanto à sua qualidade; os itens seguintessão úteis para uma avaliação: 1. devem-se inspecionar as caixas para se verificarse são indicadas as datas de pesca; 2. a aparência global do peixe deve ser boa; 3.as brânquias devem estar vermelhas (brânquias rosadas claras indicam quetranscorreu tempo considerável entre a pesca e o congelamento do peixe); 4. osolhos não devem estar afundados, indicando desidratação; 5. a carne do peixedescongelado deve estar firme, a pele deve estar intacta e não estar descolorida, enão deve haver mau cheiro; 6. não deve haver água em excesso e sangueempoçado no fundo dos recipientes de congelamento, o que indica que o peixe foidescongelado e congelado novamente; e 7. teoricamente, os cristalinos dos peixescongelados devem estar embaçados, o que indica que os peixes foram apropriada-

mente armazenados à temperatura de –30°C ou menos antes da compra (astemperaturas mais altas resultam freqüentemente em cristalinos limpos). Para sediminuir os danos e a destruição de nutrientes causados pela peroxidação, devem-se armazenar os peixes à temperatura de –30°C ou menos. Não se deve armazenara maioria das espécies de peixe por > 6 meses, se absolutamente possível (reco-menda-se um máximo de 3 a 4 meses para os peixes gordurosos, como a cavala;os peixes magros, como o eperlano, podem permanecer em boas condições por até9 meses). Teoricamente, devem-se descongelar os peixes à noite sob refrigeração.Se não for possível, prefere-se o descongelamento à temperatura ambiente do que

na água, que pode causar uma lixiviação significativa dos nutrientes. Muitoszoológicos preferem os peixes congelados rápida e individualmente porque podem-se descongelar quantidades apropriadas sem resíduos restantes.

Como regra geral, devem-se oferecer peixes marinhos aos mamíferos marinhos.A composição dos peixes marinhos pode variar enormemente entre as espécies emesmo dentro de uma espécie dependendo da idade, estação do ano e localizaçãode sua pesca. Os peixes que são usados com sucesso incluem o arenque-do-Atlântico e o arenque-do-Pacífico; a cavala-espanhola, a cavala-do-Atlântico e acavala-do-Pacífico; o robalo; o eperlano-de-capuz; e o eperlano-anádromo. As lulas

são facilmente consumidas por muitos pinípedes e podem-se incluir mariscos nasdietas das morsas. Não se desenvolveu nenhum substituto comercial para os peixesque fosse aceito pelos cetáceos, mas têm-se utilizado tais produtos com algumsucesso para os pinípedes. A dieta regular de qualquer mamífero marinho deveconsistir de ≥ 2 espécies de peixe para ajudar a assegurar o balanceamento da dieta.

A possibilidade de destruição da tiamina pelas tiaminases existentes em váriasespécies de peixes e bactérias associadas faz com que se recomende a adiçãodesta vitamina como parte de qualquer programa de alimentação de mamíferomarinho: 25mg/kg de peixe, duas vezes por semana é considerado adequado,

embora suplementos diários de quantidades similares sejam freqüentemente ofe-recidos. O fornecimento suplementar de vitamina E ajuda a compensar a destruiçãooxidativa da vitamina E natural no peixe durante o armazenamento e ajuda aproteger contra os efeitos deletérios de peróxidos formados no peixe estocado. Ospeixes oleosos, tais como a cavala, que são ricos em ácidos graxos insaturados sãoparticularmente suscetíveis à destruição da vitamina E e aos danos da peroxidação.A vitamina E a 100UI/kg de peixe por dia é normalmente recomendada.

Recomenda-se a suplementação de sal (NaCl) para os pinípedes mantidos emágua doce para evitar a hiponatremia; são adequados 3g de sal/kg de peixe. Embora

freqüentemente se administre vitamina C suplementar aos cetáceos cativos, não háevidência conclusiva de que seja benéfica. As evidências recentes indicam que osníveis de vitamina A no fígado de golfinhos cativos são freqüentemente muito maisbaixos do que os de seus correspondentes selvagens. Embora não se possam fazer

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recomendações específicas, pode ser desejável a suplementação de vitamina A emalgumas dietas de cetáceos cativos.

O consumo alimentar dos mamíferos marinhos pode variar consideravelmente,dependendo do teor de gordura do peixe, da temperatura da água e da atividade.Os golfinhos-nariz-de-garrafa-do-Atlântico em exibição geralmente comem 7 a 10kgde peixe/dia. As focas e os leões-marinhos adultos consomem 5 a 8% de seu pesocorporal em peixes/dia. Podem-se manter os sirênios cativos com uma dieta dealface, repolho, alfafa e plantas aquáticas (por exemplo, jacinto-d’água).

Marsupiais

Pode-se alimentar a maioria dos marsupiais didelfídeos com rações felina oucaninas secas ou enlatadas, ou com ração canina congelada. Podem-se alimentaras espécies menores com ração enlatada para primatas. Também se podem

oferecer ovos cozidos, verduras, cenoura, batata-doce, maçã e banana. Podem-sealimentar os dasiurídeos (por exemplo, “ratos” marsupiais, gatos-tigre e diabos-da-Tasmânia) e os marsupiais australianos com rações felinas enlatadas ou congela-das. Além disso, podem-se dar grilos, tenebrionídeos e filhotes de camundongo àsespécies menores; podem-se dar camundongos e ossos de costela ou canela paraas espécies maiores. Podem-se alimentar os vombates e os marsupiais macrópodesmaiores (cangurus) com uma combinação de péletes para grandes herbívoros epéletes para coelhos. Os cangurus-rato ingerirão uma combinação de péletes paracamundongos e péletes para coelhos. Além disso, podem-se oferecer verduras,

cenoura, batata-doce, maçã e banana a todos os marsupiais herbívoros e omnívo-ros. Devido aos problemas potenciais com a actinomicose, geralmente se desenco-raja a alimentação dos macrópodes com feno, a menos que o feno folhoso e de altaqualidade esteja livre de ervas daninhas e barbas de espiga e que estejam dis-poníveis caules grossos. Atualmente, podem-se alimentar os coalas cativos, comsucesso, apenas com folhas de determinadas espécies de eucalipto.

Primatas

Pode-se alimentar a maioria dos primatas com uma dieta à base de biscoitoscomerciais para macacos e/ou rações enlatadas para primatas ou sagüis. Tambémse podem oferecer quantidades moderadas de verduras variadas, cenoura, batata-doce, maçã, banana e laranja. Recomenda-se que os biscoitos para macacos e osprodutos enlatados constituam ≥ 50% do consumo de matéria seca da maioria dasespécies e que as frutas e os itens de refeição compreendam≤ 25% desse consumo.Devem-se fornecer biscoitos para macacos ricos em proteína (25% de proteínabruta) para os primatas do Novo Mundo para se assegurar que sejam preenchidassuas exigências proteicas mais altas. Podem-se fornecer biscoitos para macacos

regulares ou ricos em proteína para as espécies do Velho Mundo, dependendo deoutros componentes da dieta. Pode-se fazer com que os biscoitos para macacosfiquem mais palatáveis para algumas espécies através de seu embebimento emágua ou suco de fruta. Para se evitar a lixiviação dos alimentos, devem-se colocaros biscoitos em uma fina camada de líquido de tal forma que o líquido seja absorvidopelo biscoito. Outros itens comumente incluídos nas dietas de primatas incluemovos cozidos, iogurte, leite desnatado (deve-se introduzir gradualmente o leite parase evitar diarréia) e pão. Uvas, passas, amendoins, grilos, tenebrionídeos e filhotesde camundongo são itens de refeição bem apreciados pela maioria das espécies.

Podem-se espalhar sementes de girassol, arroz instantâneo, milho quebrado e cococortado em pedaços ao redor do recinto ou da área de contenção para promover aatividade de procura de alimentos. Deve-se providenciar feno para servir de materialde ninho, diversão e como substrato para a procura de alimentos. Muitos zoológicos

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oferecem carne aos seus grandes antropóides. Embora a carne freqüentementeapeteça aos animais, não há evidências de que seja necessária se a dieta estiverapropriadamente balanceada. Para a maioria dos primatas, devem-se oferecerrefeições pela manhã e à tarde.

Os primatas do Novo Mundo utilizam fracamente a vitamina D2. Torna-se

particularmente importante que essas espécies recebam uma fonte adequada devitamina D3 (colecalciferol) em sua dieta se não estiverem expostas diariamente àluz solar direta. Os sagüis requerem até 4 vezes a quantidade de vitamina D3 exigidapelos outros primatas do Novo Mundo. Devido à intoxicação potencial por vitaminaD, devem-se oferecer rações comerciais para sagüis apenas para sagüis.

Todos os primatas exigem uma fonte de vitamina C. Já que (exceto para umaforma mais estável, recentemente disponível) a vitamina C adicionada aos biscoitoscomerciais para macacos pode começar a sofrer destruição significativa dentro de

6 meses de fabricação, deve-se incluir uma fonte suplementar na dieta (porexemplo, verduras, laranjas, vitaminas múltiplas, suco de frutas ou suco de frutas empó com vitamina C adicional).

Os membros da subfamília Colobinae são talvez o maior desafio na alimentaçãoapropriada de primatas cativos. A fermentação pré-gástrica, semelhante à dosruminantes, ocorre no estômago complexo dessas espécies. Na natureza, as folhasconstituem a parte principal da dieta da maioria dos colobíneos (o mais frugívorocólobo vermelho é uma exceção). Portanto, as dietas naturais são em geralmoderadamente ricas em fibra e o animal gasta muito tempo procurando alimento.

O oferecimento de uma dieta rica e rapidamente consumível de biscoitos paramacacos e frutas no cativeiro representa uma situação muito diferente da que ocorretipicamente na natureza e pode ser parcialmente responsabilizado pelos freqüentesproblemas gastrointestinais descritos nessas espécies. Algumas evidências tam-bém sugerem que uma alta porcentagem dos cólobos possa ser sensível ao glúten.Recentemente se desenvolveu um biscoito para macacos rico em fibras e livre deglúten (25% de fibra detergente neutra) para a alimentação de colobíneos cativos.Recomenda-se uma dieta que consista de 50% de biscoito rico em fibra, 40% deverduras e brotos tenros frescos e 10% de frutas para a maioria dos colobíneos.

Podem-se providenciar péletes de alfafa ou feno de alfafa de boa qualidade àvontade. Se não se dispuser de biscoitos ricos em fibra, os brotos tenros frescos e/ouas verduras ricas em fibra, tais como couve, folhas de mostarda, brócolis, aipo,espinafre, vagem, alface e escarola devem perfazer≥ 50% da dieta, com os biscoitospara macacos regulares e a ração para primatas enlatada compreendendo  25%da matéria seca da dieta. Se se suspeitar de uma enteropatia sensível a glúten,deve-se remover da dieta qualquer produto que contenha trigo, cevada, centeio ouaveia. Nos colobíneos, as alterações na dieta devem sempre ser feitas gradualmen-te para permitir a adaptação de sua microflora estomacal.

Roedores e lagomorfos

A maioria das espécies de roedores e lagomorfos se dá bem com dietasbaseadas em péletes comerciais para roedores de laboratório e/ou péletes paracoelhos. Podem-se manter coelhos, lebres, picas (lebres-assobiadoras), marmotase cães-da-pradaria com péletes para coelhos, feno de alfafa ou capim e verdurasvariadas. Pode-se alimentar a maioria dos outros ciurídeos com péletes para ratose uma mistura de sementes de girassol, painço, milho e aveia trilhada. Podem-se

também oferecer verduras folhosas, cenoura e maçã para os esquilos terrestres. Amaioria dos murídeos, cricetídeos, geômis (ratos-escavadores), arganazes e gerbosse dão bem com péletes para ratos ou, no caso das espécies menores, péletes paracamundongos, uma mistura de sementes e grãos, verduras folhosas, cenoura e

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maçã. Deve estar disponível feno para os campanhóis (ratos silvestres aquáticos)e os lemingues. Os ratos-almiscarados, as cutias e as capivaras ingerirão umacombinação de péletes para ratos e péletes para coelhos junto com feno de alfafa,cenoura e maçã. Podem-se alimentar os porcos-espinhos com péletes para ratos,péletes para coelhos e ração canina seca em porções iguais junto com um poucode maçã, cenoura e pão; ramos de sempre-verde e salgueiro devem estar disponí-veis sempre que possível. Os castores ingerirão uma combinação de péletes paracoelhos, péletes para grandes herbívoros e ração canina seca, regularmentereforçada com ramos de salgueiro, choupo, álamo ou amieiro. Podem-se oferecerpéletes comerciais para cobaias junto com verduras e cenoura para as cobaias.Embora as cobaias e os porquinhos-da-índia sejam os únicos roedores conhecidosque requerem uma fonte dietética de vitamina C, esse tipo de suplementação podeser benéfico aos lagomorfos e outros roedores.

Subungulados e ungulados

O feno corresponde à parte mais volumosa da dieta para a maioria dos unguladosno cativeiro e deve estar mais disponível a maior parte do dia do que ser oferecidoa intervalos, como refeições. Como regra geral, deve-se utilizar um feno deleguminosa de folhas largas, por exemplo, alfafa, para as espécies primariamentemordiscadoras (por exemplo, Giraffidae, Cervidae, sitatunga, bongo, cefalofo,rinoceronte negro, anta, etc.), enquanto um feno verde de boa qualidade é satisfa-tório para a maioria dos pastejadores ou grandes consumidores (por exemplo,

zebra, elefante, bisão, búfalo, gnu, camelo). Os fenos de leguminosas são mais ricosem nitrogênio e cálcio e, se forem de boa qualidade, são mais digestíveis que osfenos verdes. O feno deve ser folhoso e verde, livre de bolores, sujeiras, ervasdaninhas em excesso e outros materiais estranhos e não devem estar superma-turados. A análise do feno pode ser muito útil para a avaliação da qualidade e paraa esquematização de programas apropriados de alimentação.

Além do feno, deve-se oferecer uma dieta peletizada que contenha proteínas,minerais e vitaminas em concentrações adequadas para preencher as necessida-des das espécies domésticas e das espécies silvestres para as quais estejam

disponíveis dados pertinentes (por exemplo, veado-da-Virgínia). A maioria dosprodutos manufaturados para bovinos não é apropriada para os ungulados dezoológico. Na situação freqüente em que os animais são alimentados mais comogrupo do que como indivíduos, torna-se preferível se usar uma dieta peletizada quenão seja excessivamente rica em energia digestível (sugere-se 3kcal de ED/g dematéria seca) e que contenha fibra suficiente para sustentar as funções colônicae/ou ruminal apropriadas. Essa precaução reduz a possibilidade de efeitos inconve-nientes (por exemplo, acidose ruminal, cólica, obesidade) causados pelo consumoexcessivo de concentrados. Alguns zoológicos preferem usar 2 rações peletizadas:

uma rica em fibra para os pastejadores ou grandes consumidores e uma mais pobreem fibra para os mordiscadores. Outros zoológicos preferem usar uma raçãopeletizada para todas as espécies pastejadoras e mordiscadoras. Neste últimocaso, o tipo de feno oferecido com o pélete, e a porcentagem de ração peletizadaoferecida, são usados para ajustar as diferenças entre espécies pastejadoras emordiscadoras. Uma ração peletizada que tem sido utilizada com sucesso paravários ungulados e subungulados pastejadores e mordiscadores é exibida nasdietas para mamíferos selecionados, TABELA 27, página 1478. Um tamanho depélete de 4,70mm é satisfatório para a maioria dos artiodáctilos, enquanto um pélete

ou um tamanho de pélete de  13mm ajuda a minimizar o desperdício quandooferecido a perissodáctilos e subungulados maiores. Alternativamente, podem-seutilizar freqüente e satisfatoriamente péletes comerciais para eqüinos para a maioriadas espécies não ruminantes (por exemplo, elefante, rinoceronte, hipopótamo,

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zebra), embora possa-se precisar de suplementação de vitamina E. Os biscoitoscomerciais para omnívoros são facilmente consumidos pelas antas e podem serutilizados em combinação com péletes comerciais para suínos para os catetos.

Como regra geral, a maioria dos grandes ungulados (> 250kg) consome 1,5a 2% de seu peso em matéria seca diariamente. As espécies menores (<250kg) geralmente consomem 2 a 4%. O oferecimento de uma dieta peletizadaem 25 a 50% do consumo de matéria seca é adequado para a maioria dasespécies se se fornecer feno de boa qualidade. À medida que a qualidade dofeno diminui, ou para as espécies mais delicadas, deve-se aumentar a porcen-tagem de péletes. Deve-se oferecer o feno em engradados e não no chão paraa maioria das espécies (os elefantes são uma exceção). Deve-se localizar oengradado de feno ao nível dos olhos para os mordiscadores altos, tais comoas girafas e antílopes-girafa. Podem-se oferecer os péletes em um cocho

coberto ou em comedouros de borracha. O fornecimento regular de uma dietapeletizada em uma área de contenção animal pode facilitar a observaçãoestrita e a captura. Podem ser necessários pelo menos 2 locais de alimentaçãolargamente separados para reduzir os conflitos e assegurar que os animaissubordinados consigam sua parte.

A água deve estar livremente disponível 24h/dia. Além do feno e da raçãopeletizada, freqüentemente também se oferecem frutas variadas, verduras e capimhidropônico para os ungulados exóticos. Para a maioria das espécies, esses itensgeralmente não são necessários, exceto como uma refeição ocasional. A exceção

podem ser aquelas espécies que se alimentam regularmente de frutas e legumesna natureza. Pode ser aconselhável se incluir algumas frutas e verduras( 0,5kg/100kg de peso corporal) na dieta de espécies tais como o ocapi, o cefalofo,os “dik-diks”, o bongo e as antas. Pode-se incluir pão amanhecido, se facilmentedisponível, em quantidades moderadas nas dietas da maioria das espécies. Osbrotos tenros frescos ou congelados são consumidos avidamente pela maioria dosungulados e subungulados cativos, e podem ser oferecidos para aliviar o tédio.

RÉPTEIS

A manutenção dos répteis em um ambiente apropriado é essencial para o manejoglobal, incluindo a nutrição apropriada. Devem-se controlar cuidadosamente atemperatura ambiente e a umidade para se alcançar alimentação e digestãoapropriadas. O fotoperíodo, o substrato e os suportes da gaiola também podemafetar seu comportamento alimentar. Teoricamente, devem-se projetar os recintospara que se providenciem gradientes ambientais de tal forma que os répteis possamselecionar seu próprio microambiente. Para as espécies que recebem presasvertebradas, deve-se matar ou estontear o animal que serve de alimento justamente

antes da alimentação. Esse procedimento protege os répteis de mordidas e reduza chance de lesão causada por batida na parede do recinto. Torna-se essencial afamiliaridade com os hábitos alimentares de uma espécie na natureza se sepretender oferecer alimentos apropriados. Sempre que possível, é geralmentedesejável se providenciar uma dieta diversificada aos répteis para se assegurar umequilíbrio apropriado de nutrientes e minimizar a dependência de um único alimentoou espécie de presa. A dependência de uma única presa ocorre freqüentemente nascobras e pode ser inevitável. São disponíveis rações comerciais para répteis;geralmente não têm sido largamente aceitas pelos proprietários ou, em muitos

casos, pelos próprios répteis. No entanto, as rações realmente oferecem umaalternativa mais econômica e potencialmente mais simples à alimentação compresas vivas. A aceitabilidade melhora quando se oferecem rações comerciais arépteis jovens.

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Crocodilianos

Pode-se alimentar a maioria dos jacarés e crocodilos cativos com uma combi-nação de roedores, aves domésticas, peixes e rações à base de carne. Recomen-da-se uma dieta variada. Devem-se suplementar as dietas que consistirem

primariamente de peixe com 30mg de tiamina e 50 a 100UI de vitamina E/kg depeixe, como fornecido.

Lagartos

Como grupo, os lagartos apresentam hábitos alimentares diversos. Muitos sãoprimariamente insetívoros (por exemplo, lagartos-da-noite, jacuruxis [lagartos-jaca-ré], lagartos-rabo-de-chicote, a maioria dos iguanídeos pequenos e juvenis), mas oscarnívoros (por exemplo, varanos, monstro-do-Gila, lagarto-perolado-mexicano), osherbívoros (por exemplo, iguana-marinho) e os omnívoros (por exemplo, a maioriados grandes iguanídeos adultos) estão todos representados. As espécies insetívorassão comumente alimentadas com tenebrionídeos e grilos no cativeiro. Se não forsuplementada, uma dieta à base desses alimentos pode resultar em uma deficiênciade cálcio (Ca), devida ao baixo teor de Ca e à proporção inversa de cálcio–fósforo.Pode-se aumentar o teor de Ca através da manutenção dos insetos em uma dieta ricaem Ca (por exemplo, 8% de Ca como carbonato de cálcio) e/ou da pulverização dosinsetos com uma mistura de Ca (carbonato ou gliconato de cálcio) antes daalimentação. Além disso, torna-se desejável a alimentação dos insetos como ummeio nutritivo que estará em seu intestino quando for consumido por um lagarto.Pode-se fazer uma dieta satisfatória para grilos utilizando-se 29% de trigo desegunda, 10% de farinha de milho, 40% de ração canina ou felina seca moída e 21%de carbonato de cálcio (ver MORCEGOS, pág. 1479 para ração com tenebrionídeos).Alguns lagartos insetívoros também ingerirão filhotes de camundongo, gema de ovocozida, minhocas e pequenas quantidades de misturas de verduras. Dependendo doseu tamanho, podem-se alimentar os lagartos carnívoros com filhotes de camundon-go, camundongos, ratos, pintos, galinhas e ovos. Podem-se alimentar os lagartosomnívoros com uma combinação de insetos e/ou presas vertebradas (algunsiguanas também ingerirão eperlano picado) e uma mistura de verduras picadas (verTARTARUGAS E CÁGADOS, adiante, para a fórmula da mistura de verduras). Pode-sealimentar a maioria dos lagartos diariamente ou a cada dois dias. Freqüentementese fornecem itens alimentares diferentes em dias diferentes. Podem-se alimentar asgrandes espécies carnívoras 1 a 2 vezes/semana.

Cobras

As cobras se alimentam quase que exclusivamente de presas vertebradas e/ouinvertebradas. Algumas espécies são especializadas na ingestão de ovos. Pode-se

alimentar a maioria dos boídeos, pítons, víboras, colubrídeos, crotalídeos e elapídeoscom filhotes de camundongo, camundongos, pintos, hâmsters, ratos, cobaias,galinhas, patos e coelhos. Algumas espécies (por exemplo, cobras-rei, cobras-focinho-de-porco, cobras listradas) se alimentam primariamente de outros ectotermosna natureza. Pode-se fazer com que algumas dessas espécies possam mudar, pelomenos em parte, para presas endotérmicas (que são com freqüência mais facilmen-te disponíveis e menos caras) através da fricção dos alimentos preferidos nos novositens alimentares, do recheamento dos alimentos preferidos com o novo alimento oudo atamento do novo alimento aos alimentos preferidos. Podem-se oferecer anoles,

cobras-rato amarelas, rãs e eperlanos, dependendo de seus hábitos alimentaresnaturais, quando não aceitarem endotermos. O tamanho da presa é geralmenteproporcional ao tamanho da cobra e, em geral, não deve ser muito maior emdiâmetro do que a cabeça da cobra. Podem-se alimentar as cobras que forem

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manipuladas rotineiramente em um tanque de alimentação separado para seminimizar as mordeduras. Para se reduzir a probabilidade de regurgitação, não sedevem manipular as cobras por 3 dias após a alimentação. Deve-se alimentar amaioria das espécies a cada 1 a 2 semanas. Algumas cobras grandes e menos ativaspodem avançar tipicamente por ≥ 4 semanas entre as alimentações. Deve-se usaralimentação forçada apenas como último recurso. Podem-se alimentar forçadamenteos animais com presas inteiras lubrificadas com clara de ovo, através da inserçãosuave do alimento a alguns centímetros para baixo da garganta com o uso de umfórceps. Também é possível a alimentação por sonda, utilizando-se presas trituradas.

Tartarugas e cágados

A maioria das tartarugas e cágados terrestres e de água doce se dá bem quandoalimentada com uma mistura de verduras que consista de alface ou escarola picadas,

espinafre, capim hidropônico, banana, maçã, batata-doce cozida, péletes paratrutas, uma mistura de vitaminas e microelementos minerais, um suplemento decálcio, óleo vegetal e óleo de fígado de bacalhau. Pode-se oferecer essa mistura juntocom eperlano, insetos, minhocas, filhotes de camundongo e/ou carne moída suple-mentar. As tartarugas-jacaré ingerirão várias presas, incluindo peixes, camundongose pintos. Devem-se suplementar os peixes que estiveram congelados com 30mg detiamina e 50 a 100UI de vitamina E/kg, como fornecido. Os jabutis são primariamenteherbívoros e se dão bem com misturas de verduras e feno de alfafa picado ou péletes.Também se podem oferecer eperlano picado, flores, dentes-de-leão e pequenasquantidades de ração canina seca para muitas espécies. Devem-se incluir conchasde ostra e pedriscos nas dietas dos jabutis. Os jabutis e lagartos herbívoros podemnão receber micronutrientes suficientes se se alimentarem com misturas de verdurasinadequadamente suplementadas. Os péletes para herbívoros podem ser adequa-dos como base da dieta para algumas espécies, mas tais péletes podem não contervitamina D suficiente. Uma outra alternativa consiste na combinação de ração caninaseca umedecida, como 20 a 25% da matéria seca, com verduras e alfafa picada.

NUTRIÇÃO: EQÜINOS

As recomendações de alimentação dadas adiante se baseiam tanto em expe-riência prática como em pesquisa científica. Os eqüinos são mantidos por um tempomuito mais longo que a maioria dos animais de fazenda e os programas dealimentação têm de sustentar o desenvolvimento de patas e pernas saudáveis para

manter uma vida longa e atlética.

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS

Embora os eqüinos utilizem obviamente feno e outras forragens mais eficien-temente do que outros não ruminantes, tais como aves domésticas ou suínos, aanatomia do trato gastrointestinal eqüino limita sua capacidade quando comparadaà do ruminante. Os locais de fermentação nos eqüinos são o ceco e o intestinogrosso, onde um grande número de microrganismos digere hemicelulose e celulo-

se, utiliza nitrogênio proteico e não proteico, e sintetiza determinadas vitaminas.Alguns dos produtos da fermentação, tais como os ácidos graxos voláteis e algumasdas vitaminas, são absorvidos e utilizados. As proteínas microbianas sintetizadas apartir do nitrogênio entram no ceco e no cólon e sofrem apenas uma proteólise

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TABELA 28 – Exigências Nutricionais Diárias de Eqüinos e Pôneis em Crescimento

Ganho Nutrientes diários por animalPeso Fração do de peso Ração Energia Proteína  

Idade corporal peso adulto diário diária* digestível bruta Ca P Vitamina A**  Meses kg kg kg Mcal g g g UI (milhares)

Pôneis em crescimento com 200kg do peso adulto 

3 60 0,30 0,40 2,10 6,44 404 22 12 2,76 95 0,48 0,30 2,60 7,55 488 22 11 4,3

12 140 0,70 0,20 3,50 8,71 392 12 7 6,318 170 0,85 0,10 3,80 8,34 375 10 6 7,7

24 185 0,92 0,05 3,90 7,93 337 9 5 8,3Eqüinos em crescimento com 400kg do peso adulto 

3 125 0,31 0,85 4,38 12,05 562 29 16 5,66 180 0,45 0,65 4,95 13,95 698 28 16 8,3

12 265 0,66 0,40 6,63 15,56 700 23 13 11,918 330 0,82 0,25 7,42 15,90 716 21 12 14,924 365 0,91 0,15 7,76 15,30 608 18 10 16,4

Eqüinos em crescimento com 500kg do peso adulto 3 155 0,31 0,90 5,43 13,35 668 35 19 7,06 215 0,43 0,80 5,91 16,65 883 34 21 10,4

12 325 0,65 0,55 8,13 19,70 887 31 19 14,618 400 0,80 0,35 9,00 19,85 893 27 17 18,024 450 0,90 0,20 9,56 18,83 759 23 15 20,3

Eqüinos em crescimento com 600kg do peso adulto 

3 170 0,28 1,00 5,95 14,61 711 37 21 7,76 245 0,41 0,85 6,74 18,10 905 37 21 11,912 375 0,63 0,70 9,38 23,53 989 34 19 17,318 475 0,79 0,45 10,69 23,94 995 30 17 21,424 540 0,90 0,30 11,48 23,49 915 28 1 24,3

* 90% de matéria seca.** 1mg de β-caroteno equivale a 400UI de vitamina A para o eqüino.Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Horses , 1989, National Academy of Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

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TABELA 29 – Exigências Nutricionais Diárias de Eqüinos e Pôneis Adultos

Nutrientes diários por animalProdução

Peso Ração Energia Proteína  leiteira

corporal diária* digestível bruta Ca P Vitamina A**   diáriakg kg Mcal g g g UI (milhares) kg  

Eqüinos e pôneis adultos, manutenção 

200 3,50 7,4 296 8 6 6 –400 7,00 13,4 536 16 11 12 –500 8,75 16,4 656 20 14 15 –600 10,50 19,4 776 24 17 18 –

Eqüinos e pôneis adultos, últimos 90 dias de gestação 

200 3,50 8,58 378 16 12 12 –400 7,00 15,54 684 30 22 24 –500 8,75 19,02 837 36 27 30 –600 10,50 22,50 990 43 32 36 –

Eqüinos e pôneis adultos, égua lactante, primeiros 3 meses 

200 5,0 13,74 688 27 18 12 8400 10,0 22,90 1.141 45 29 24 12500 12,50 28,28 1.427 56 36 30 15600 15,0 33,66 1.711 67 43 36 18

Eqüinos e pôneis adultos, égua lactante dos 3 meses até o desmame 

200 4,5 12,15 528 18 11 12 6400 9,0 19,74 839 29 18 24 8500 11,25 24,32 1.048 36 22 30 10600 13,50 28,90 1.258 43 27 36 12

* 90% de matéria seca.

** 1mg de β-caroteno equivale a 400UI de vitamina A para eqüinos.Adaptado, com permissão de Nutrient Requirements of Horses , 1989, National Academy of Sciences.Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

TABELA 30 – Produção Leiteira Média das Éguas

Produção leiteira diária média (kg)

Meses após parto Cavalo de tração Cavalaria ligeira Pônei shetland  

0 a 1 15,4 13,9 10,3

1 a 2 16,8 14,7 11,82 a 3 18,2 16,9 12,53 a 4 17,0 15,1 9,54 a 5 14,7 10,9 9,1

leves mostradas a seguir são dadas em uma base diária e devem ser ajustadas parase preencher necessidades individuais.

Proteínas e aminoácidos

Embora a síntese de alguns aminoácidos ocorra no ceco e no intestino grosso,ela não é suficiente para preencher as necessidades de aminoácidos dos eqüinos

 Nutrição: Eqüinos 1491

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TABELA 31 – Exigências Energéticas de Trabalho, Eqüinos(200 a 600kg de Peso Corporal)

Atividade ED (Mcal/dia)

Inativo (manutenção) 1,4 + (0,3 × peso corporal [em kg])Competição de cabresto, passeio de lazer por trilhas 1,25 (ED de manutenção)Adestramento (lazer inglês; atividade 1,50 (ED de manutenção)

de lazer jovem ocidental); instrução eqüestreTrabalho de fazenda, rodeios, prova de 1,75 (ED de manutenção)

obstáculos, enduro de 3 dias (pista de caça,pista de salto, marcha)

Pólo, treinamento de corridas e corrida competitiva 2 (ED de manutenção)

em crescimento, trabalho ou lactação; portanto, a qualidade das proteínas doalimento é importante. Os desmamados requerem 2,1g e os animais de 1 ano, 1,9gde lisina/Mcal de ED/dia. Embora ainda não se tenham determinado as exigênciasdos outros aminoácidos dietéticos, as recomendações alimentares presentes nasTABELAS 28, 29, 32 e 33 contêm uma distribuição adequada desses aminoácidosconsiderados essenciais para os não ruminantes.

As TABELAS 28 e 29 apresentam as necessidades de nitrogênio, expressas comoproteína bruta (PB). Os eqüinos em crescimento apresentam uma necessidade deproteínas consideravelmente maior do que os adultos. As exigências proteicas doseqüinos em crescimento de raças mais pesadas também são mais altas ao mesmopeso corporal que os eqüinos de raças mais leves. O crescimento fetal durante oúltimo quarto de prenhez aumenta um pouco as exigências proteicas, enquanto quea lactação aumenta ainda mais as exigências. O trabalho aparentemente nãoaumenta as exigências proteicas, contanto que a proporção de proteína bruta emrelação à energia digestível na dieta permaneça constante e que se preencham asexigências energéticas aumentadas. No entanto, se não se preencher a exigênciaenergética, são metabolizadas a gordura corporal e depois a muscular, o que resultaem uma perda líquida de nitrogênio.

Minerais

Como o esqueleto é de importância fundamental para o desempenho de umeqüino, as exigências minerais merecem uma atenção cuidadosa. O consumoexcessivo de determinados minerais pode ser tão prejudicial quanto as deficiências;portanto, devem-se basear os suplementos minerais na composição dos alimentosbásicos da dieta. Por exemplo, se o eqüino estiver consumindo principalmenteforragem com um pouco de grão, é mais provável que o fósforo esteja em menos

quantidade do que o cálcio. Porém, se se estiver consumindo pouca forragem e maisgrãos, é mais provável uma deficiência de cálcio. Devem-se considerar a contribui-ção mineral total e a disponibilidade de todas as partes da dieta (forragem, grãos,produtos comerciais e suplementos) na avaliação do consumo mineral. Com aexceção dos experimentos de alimentação genuínos, não existe hoje nenhum testeadequado para a avaliação da disponibilidade dos minerais. Necessita-se de umpouco de cautela para a interpretação das exigências minerais.

Cálcio e fósforo  (ver TABELAS 28 e 29) – A necessidade durante o crescimentoé muito maior do que a necessidade para a manutenção do animal adulto. O trabalho

não aumenta as exigências como parte da dieta. O último quarto da prenhez e alactação aumentam apreciavelmente a necessidade. Os eqüinos idosos podemrequerer 30 a 50% mais cálcio (Ca) e fósforo (P) do que se requer para a manu-tenção de eqüinos mais jovens. No entanto, um excesso de Ca dietético interfere na

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utilização de magnésio, manganês, ferro e provavelmente zinco. Deve-se manter aproporção de Ca:P não < 1:1. Uma proporção desejável é de 1,5:1 embora se sefornecer uma quantidade adequada de P, os potros tolerem uma proporção de 3:1e os eqüinos adultos uma proporção de 6:1. Devem-se avaliar cuidadosamente osníveis de fósforo devido às formas de fitato de P, que estima-se como sendo apenas45 a 50% disponíveis.

Sódio e cloro   – As exigências de sal são acentuadamente influenciadas pelasperdas de transpiração. Podem-se perder 50 a 60g de sal diariamente no suor e 35gna urina dos eqüinos em trabalho moderado. Pode-se providenciar sal suplementara 1% da ração de grãos mais sal adicional à vontade para repor as perdas durantetrabalho duro e tempo quente. Se for mais conveniente, podem-se preencher todasas necessidades de sal à vontade; o envenenamento por sal é improvável, a menosque o animal privado de sal seja exposto repentinamente a um suprimento ilimitado

de sal ou que não haja disponibilidade de água.Magnésio   – Estima-se a exigência diária de magnésio (Mg) para manutenção em15mg/kg de peso corporal. Para o potro em crescimento, deve-se adicionar Mg a1,25g/kg de ganho de peso corporal à exigência de manutenção. Os eqüinos emtrabalho requerem 10 a 25% mais Mg do que exercício leve a moderado, respecti-vamente. Têm-se descrito surtos de tetania que respondem a terapia com magnésioem áreas de pastagens úmidas. A adição de 5% de óxido de magnésio à mistura desal apresenta efeitos protetores.

Potássio   – Os potros requerem até 1% de potássio em uma dieta purificada,

enquanto eqüinos adultos requerem

 0,4% de potássio em uma dieta natural(60mg/kg de peso corporal). Já que a maioria das forragens contém ≥ 1,5% depotássio, uma dieta que contém ≥  35% de forragem fornece potássio suficiente.Os suplementos proteicos também são ricos neste elemento. Os eqüinos querecebem diuréticos precisam de mais potássio.

Enxofre   – Duvida-se que o enxofre, além do presente na metionina, seja umelemento dietético essencial. Se se preencher a exigência proteica, o consumo deenxofre dos eqüinos é geralmente de ≥ 0,15% – um nível aparentemente ade-quado.

Iodo   – A maioria dos sais iodados fornece a exigência dietética de iodo (esti-mada em 0,6ppm). O iodo deve estar em uma forma disponível, porém estável.Ortoperiodato pentacálcico, iodato de cálcio, iodeto cuproso, diidroiodeto de etile-nodiamina (EDDI) e iodeto de potássio estabilizado são geralmente satisfatórios. Oiodo é fracamente disponível a partir do ácido diiodossalicílico. Tem-se observadointoxicação por iodo em éguas prenhes que consumam tão pouco quanto 40mg deiodo/dia. Observou-se bócio devido ao excesso de iodo tanto em éguas como emseus potros e vários casos estavam associados a grandes quantidades de algassecas na dieta.

Cobalto   – A exigência dietética de cobalto é aparentemente < 0,05ppm.Incorpora-se indubitavelmente à vitamina B12 por meio dos microrganismos no cecoe no cólon. A absorção da vitamina sintetizada é provavelmente suficiente paraprevenir qualquer necessidade de vitamina B12 pré-formada.

Cobre   – A exigência dietética de cobre para eqüinos provavelmente não é> 10ppm. A presença de 1 a 3ppm de molibdênio na forragem interfere na utilizaçãoapropriada do cobre nos ruminantes, mas não causa problemas em eqüinos. Nãose provou uma relação causa–efeito inversa proposta entre a concentração decobre nas dietas de desmame e na incidência de osteopatia metabólica.

Ferro   – Estima-se a exigência dietética de ferro para manutenção em 40ppm.Para os potros em crescimento rápido e as éguas prenhes e lactantes, estima-se aexigência em 50ppm. Os trabalhos em outras espécies sugerem que o óxido férricoe o carbonato ferroso não sejam suplementos eficientes de ferro e que o sulfato

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TABELA 32 – Concentrações Nutricionais Exigidas na Dieta para Eqüinos e Pôneisa

Exemplo de proporções dietéticas

Energia Proteína Vitamina Feno que contenha Feno que contenha  digestível bruta Ca P Ab 2Mcal de ED/kg c 1,8Mcal de ED/kg d

Mcal/kg % % % Ul/kg Concentrado  e  Forragem Concentrado e  Forragem 

Eqüinos e pôneis adultos,manutenção 1,80 7,2 0,21 0,15 1.650 0 100 0 100

Éguas, últimos 90 diasde gestação 2,15 9,5 0,41 0,31 3.280 20B 80 25A 75

Éguas lactantes, primeiros3 meses 2,35 12,0 0,47 0,30 2.480 40A 60 50A 50

Éguas lactantes, 3 meses

até o desmame 2,20 10,0 0,33 0,20 2.720 30B 70 40A 60Garanhões, estação de

acasalamento 2,15 8,6 0,26 0,19 2.370 25A 75 30A 70Alimento cocho 2,80 16,0 0,65 0,35 1.800 70A 30 – –Potro (3 meses de idade) 2,70 14,0 0,65 0,35 1.500 70A 30 80A 20Desmamados (6 meses

de idade) 2,60 13,1 0,55 0,30 1.680 60A 40 70A 30Potros de 1 ano (12 meses

de idade) 2,50 11,3 0,40 0,22 1.950 40B 60 50A 50Potros com pouco mais de

1 ano (18 meses de idade) 2,35 10,4 0,32 0,18 2.050 30B 70 40B 60Potros de 2 anos de idade

(treinamento leve) 2,40 10,1 0,31 0,17 2.380 40B 60 50B 50Eqüinos adultos em trabalho

(trabalho leve)f 2,20 8,8 0,27 0,19 2.420 25B 75 35B 65(trabalho moderado)g 2,40 9,4 0,28 0,22 2.140 40B 60 50B 50(trabalho intenso)h 2,55 10,3 0,31 0,23 1.760 50B 50 60B 40

a 90% de matéria seca.b 1mg de β-caroteno equivale a 400UI de vitamina A para o eqüino.c Feno de capim-leguminosa de boa qualidade.d Feno de capim.e Concentrado que contenha 3,2Mcal ED/kg. A e B se referem a concentrados adequados (ver TABELA 33).f Lazer do oeste americano, cavalo de aluguel, equitação.g Trabalho de fazenda, rodeio, corrida de obstáculos, salto.h Treinamento de corrida, pólo.

Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Horses, 1989, National Academy of Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

 Nutrição: Eqüinos 1494

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TABELA 33 – Concentrados Satisfatórios para Utilização com Fenos,como Indicado na Tabela 32

Fórmula

Ingredientea A B 

Grãos de milhob ou sorgo trilhados ou quebrados 45 55Aveiab trilhada ou enrugada 24 24Farinha de soja (44% de PB) 20 10Melaço de canac 08 08Calcário (34% Ca) 00,5 00,5Fosfato de cálcio, monobásico (16% de Ca, 22% de P) 01,5 01,5Sal mineral grossod 01 01

100 100

AnáliseEnergia digestível, Mcal/kg 03,2 03,2Proteína bruta, % 16 12Proteína digestível, % 12 08,5Cálcio, % 00,60 00,58Fósforo, % 00,67 00,62

a Exceto para o melaço de cana, todos os números referem-se a 90% de matéria seca.b Pode-se utilizar a cevada para substituir o milho ou o sorgo e a aveia, utilizando-se pesos de

cevada equivalentes aos pesos combinados dos grãos substituídos.c

O melaço de cana não é uma parte essencial de uma mistura de concentrado, mas pode ajudara diminuir a seleção das partes “preferidas” e a reduzir o empoeiramento.d Fornecendo-se NaCI, Fe, Cu, Mn, Co, I, Zn mais Se (de selenito de sódio) para fornecer 0,2mg

de selênio por kg de concentrado.

ferroso seja o composto de escolha. Apenas os eqüinos que recebem leite sãocapazes de apresentar deficiência de ferro, já que o ferro é tão disseminado nossolos. A concentração nas forragens e nos grãos é relativamente alta.

Manganês   – Ainda não se determinaram as exigências dos eqüinos; considera-se que as quantidades encontradas nas forragens habituais (40 a 140ppm) sejamsuficientes.

Zinco   – Estima-se a exigência de zinco em 50ppm da ração. Este mineral érelativamente inócuo e considera-se seguro o consumo de várias vezes o valor daexigência, embora o consumo muito grande induza a uma deficiência de cobre.

Flúor   – Os fosfatos de rocha, quando usados como suplementos minerais paraeqüinos, devem conter ≤ 0,1% de flúor. O consumo de flúor não deve exceder os50ppm na dieta ou 1mg/kg de peso corporal. A ingestão excessiva pode resultar em

fluorose (ver pág. 2002).Molibdênio   – Embora seja um co-fator essencial para a atividade da xantino-oxidase, não se demonstrou nenhuma exigência quantitativa para eqüinos. Níveisexcessivos podem interferir na utilização de cobre.

Selênio   – A exigência de selênio se relaciona inversamente com o teor devitamina E da dieta. A exigência dietética não é provavelmente > 0,2ppm, mas háregiões no mundo (incluindo os estados inferiores aos Grandes Lagos, os estadosdo noroeste da costa do Pacífico, os estados da costa atlântica, a Flórida e parte daNova Zelândia) onde os solos são deficientes. Em outras áreas (incluindo partes das

Dakotas do Norte e do Sul), os alimentos podem conter 5 a 40ppm de selênio eproduzir intoxicação (ver pág. 2097). O selênio e a vitamina E podem ser úteis naprevenção de danos celulares provenientes de um aumento no metabolismo deoxigênio como resultado de um exercício esforçado. O exercício aumenta a

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atividade da glutationa-peroxidase (enzima que contém selênio) dentro das hemá-cias e pode indicar um aumento da necessidade de suplementação em eqüinos emexercícios pesados.

Minerais suplementares   – Talvez o método mais satisfatório de fornecimento decálcio, fósforo e sal suplementares seja o oferecimento de sal mineral grosso em um doslados de uma caixa de 2 compartimentos e de uma mistura de um terço de sal mineralgrosso e dois terços de fosfato bicálcico no outro lado. Se se desejar relativamente maisfósforo que cálcio, pode-se substituir o fosfato bicálcico por fosfato de cálcio monobásico.A caixa mineral deve estar sempre protegida da chuva.

Vitaminas

Caroteno e vitamina A  – Pode-se preencher a exigência de vitamina A doseqüinos com caroteno, um precursor de vitamina A nas plantas, ou com a própria

vitamina. As forragens verdes frescas e os fenos de boa qualidade são excelentesfontes de caroteno. No entanto, graças a uma avaria devida ao oxigênio e à luz, oteor de caroteno diminui com o armazenamento e os fenos armazenados por ≥ 1 anopodem não fornecer atividade suficiente de vitamina A. Os eqüinos convertem oβ-caroteno dietético em vitamina A, de forma que 1mg seja equivalente a 400UI.Os eqüinos que consomem forragem verde fresca apresentam geralmente reservassuficientes de vitamina A no fígado para manter níveis plasmáticos adequados por3 a 6 meses. O NRC sugere que as dietas de todos os eqüinos providenciem 30 a60UI de vitamina A/kg de peso corporal. Podem-se encontrar essas exigências

expressas por kg de alimento na TABELA 32. A alimentação prolongada com vitaminaA em excesso pode causar fragilidade óssea, hiperostose e descamação epitelial.Vitamina D   – Os eqüinos em pastejo ou os eqüinos que se exercitam regularmen-

te à luz solar ou que consomem feno seco pelo sol normalmente satisfazem suasexigências de vitamina D. Para os eqüinos privados de luz solar, as concentraçõesdietéticas sugeridas de vitamina D são 800 a 1.000UI/kg para o início do crescimentoe 500UI/kg para o final do crescimento e outros estágios da vida. A intoxicação porvitamina D se caracteriza por fraqueza geral; perda do peso corporal; calcificaçãodos vasos sangüíneos, coração e outros tecidos moles e anormalidades ósseas. Os

excessos dietéticos tão pequenos quanto 10 vezes a exigência podem ser tóxicose se agravar com o consumo excessivo de cálcio.Vitamina E   – Não se determinou nenhuma exigência mínima. O selênio e a

vitamina E trabalham juntos para evitar a distrofia muscular nutricional (doença domúsculo branco, ver pág. 661). É mais provável que as evidências de deficiência devitamina E apareçam no potro que estiver mamando em uma égua em pasto seco deinverno ou que esteja recebendo apenas feno de baixa qualidade não suplementadocom grãos. Também é provável que os eqüinos forçados a exercer esforços físicosseveros desenvolvam sinais de deficiência se forem alimentados com dietas pobres

em vitamina E e cultivados em áreas pobres em selênio. Se o consumo de selênio forde 0,15ppm da dieta, é provável que 40 a 60UI de vitamina E/kg de dieta sejamadequados para a maioria dos estágios do ciclo de vida e para atividade moderada.Os níveis de até 100UI/kg de dieta podem ajudar a evitar miopatias associadas aoexercício.

Vitamina K – Esta vitamina é sintetizada pelos microrganismos do ceco e docólon, provavelmente em quantidades suficientes para preencher as exigênciasnormais do eqüino. Entretanto, o consumo de feno de trevo doce mofado podeinduzir a uma deficiência (ver pág. 2105).

Ácido ascórbico   – Os eqüinos adultos sintetizam quantidades adequadas deácido ascórbico para sua manutenção. A despeito das sugestões de que os eqüinosestressados possam necessitar de ácido ascórbico suplementar, não se realizounenhum estudo controlado que demonstrasse tal fato.

  Nutrição: Eqüinos 1496 

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Tiamina   – Embora a tiamina seja sintetizada no ceco e no cólon pela açãobacteriana e   25% dessa quantidade possa ser absorvida, tem-se observadodeficiência de tiamina em eqüinos alimentados com feno e grãos de má qualidade.Embora não seja necessariamente um valor mínimo, 55µg de tiamina/kg de pesocorporal por dia ( 3mg/kg de dieta) mantêm consumo alimentar máximo, ganhosde peso e níveis de tiamina normais nos músculos esqueléticos. Tanto quanto5mg/kg de dieta podem ser necessários para os eqüinos que estiverem emexercícios esforçados. Ocasionalmente, os eqüinos se envenenam ao consumiremdeterminadas plantas que contenham tiaminases ou antitiaminases (ver INTOXICA-ÇÃO POR SAMAMBAIAS, pág. 1989).

Riboflavina   – Sob determinadas condições, pode-se exigir riboflavina na dieta.Alguns trabalhos iniciais implicaram a deficiência de riboflavina na uveíte eqüina (verpág. 363), mas não se comprovou esse fato. É provável que a exigência dietética de

riboflavina não seja > 2mg/kg.Vitamina B 12   – A síntese intestinal dessa vitamina é provavelmente adequadapara o preenchimento das exigências normais, contanto que haja cobalto sufi-ciente na dieta; não se descreveu a deficiência de cobalto nos eqüinos. Confir-mou-se a absorção de vitamina B12 no ceco e o fornecimento de uma dieta livrede vitamina B12 não tem efeito na hematologia normal dos adultos. A vitamina B12injetada parenteralmente em eqüinos de corrida foi excretada rápida e quasecompletamente.

Niacina – Esta vitamina é provavelmente sintetizada em quantidades adequadas

pela flora bacteriana do ceco e do cólon, e é também sintetizada nos tecidos a partirdo triptofano.Folacina, biotina, ácido pantotênico e vitamina B 

6   – Todas estas vitaminassão provavelmente sintetizadas em quantidades adequadas no intestino.

ALIMENTOS E PRÁTICAS ALIMENTARES

O eqüino é um atleta; para seu desempenho máximo, deve ser apropriadamen-te nutrido e treinado. A nutrição apropriada implica em mais do que um simples

fornecimento de nutrientes essenciais; devem-se providenciar esses nutrientesde forma apropriada no momento apropriado. Os eqüinos se dão melhor quandoalimentados regularmente e, devido à sua capacidade para aproveitamento deforragem de uma só vez ser relativamente limitada, podem precisar ser alimen-tados freqüentemente. Para os eqüinos em trabalho duro com arreios ou com sela,isso pode significar 3 ou mais alimentações por dia. Sob essas circunstâncias, o“fornecimento de um pouco de alimento por vez e freqüentemente” é um bomprincípio. Um eqüino não deve trabalhar de estômago cheio, e se forem oferecidas3 refeições por dia, deve-se dividir a ração diária de forragem entre as refeições

da manhã e da noite, e devem-se oferecê-las pelo menos 1 a 2h antes do início dotrabalho. A alimentação ao meio-dia deve ser leve e 0,5 a 1,5kg de grãos deve sersuficiente. Uma alternativa para esse procedimento seria o fornecimento deum quarto de ração de feno pela manhã, outro quarto ao meio-dia e a metaderestante à noite.

Os cavalos aquecidos devem receber somente pequenas quantidades de água,até que esfriem. Esta água deve ser fresca e limpa.

Como os eqüinos são particularmente sensíveis às toxinas encontradas nosalimentos estragados, todos os grãos e forragens devem ser de boa qualidade e

estar livres de bolores. Devem-se armazenar os grãos com um teor de umidade <13%; em áreas úmidas, os alimentos processados devem conter um inibidor de bolorpara impossibilitar o estrago. Da mesma forma, não se devem oferecer alimentospulverizados, pois tendem a iniciar ou agravar problemas respiratórios.

 Nutrição: Eqüinos 1497 

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Alimentos

Pasto   – O uso de bons pastos constitui um programa de alimentação ideal porqueprovidencia tanto nutrientes como oportunidade para exercícios. Deve-se manter opasto livre de ervas daninhas. Devem-se capinar as plantas velhas e excessivamen-

te maduras. Uma mistura de leguminosas e capim é ideal porque oferece asvantagens de um bom suprimento de nutrientes, uma longa estação de pastejo euma resistência duradoura. A alfafa e o capim-cevadinha liso constituem uma boacombinação para muitas partes do mundo, embora existam muitas alternativas. Amaioria dos capins é melhorada com a presença de leguminosas.

Nas áreas arenosas, os eqüinos devem receber forragem suplementar enquantoo pasto estiver pequeno devido ao superpastejo. Se não se fornecer forragem, aareia se acumula no trato gastrointestinal e resulta em cólica por areia. A alimenta-ção com farelo de trigo a 5 a 10% da ração de grãos resolve o problema.

Feno   – As mesmas espécies que constituem bom pasto geralmente constituemtambém um bom feno. As exceções são as plantas de crescimento baixo, tais comoo capim-do-campo e o trevo-ladino. Deve-se colher o feno ainda no estadovegetativo (antes da floração). As misturas de leguminosas e capins são em geralaltamente produtivas e contêm consideravelmente mais proteínas, minerais evitaminas do que os capins sozinhos. No entanto, podem ser mais difíceis de secarem um clima úmido, e deve-se evitar o feno embolorado.

Os concentrados  incluem os grãos e os subprodutos alimentares ricos emenergia ou proteínas. O seu processamento anterior à alimentação é freqüentemen-

te desejável para melhorar a disponibilidade de nutrientes e aumentar seu volume(volume por unidade de peso). Os concentrados mais volumosos são menoscapazes de produzir impactação intestinal e cólica. A velocidade de digestão no tratogastrointestinal superior também é importante. Se um volume grande de grãos nãodigeridos alcançar o intestino inferior, pode ocorrer fermentação excessiva e asconseqüências (por exemplo, laminite) podem ser sérias. Devem-se acostumar oseqüinos ao concentrado durante um período de 3 semanas. Pode ocorrer ruptura deestômago ou “laminite por grãos” nos eqüinos que se sobrecarregarem comconcentrados. Podem-se evitar a maioria das dificuldades se se fornecer os grãos

mais de acordo com o peso do que com o volume; esse procedimento é oresponsável pela densidade dos grãos.A aveia, talvez o grão de escolha, pode ser oferecida inteira, mas as aveias

trilhada e enrugada aumentam o volume em 20 a 30% e melhoram a digestibilidade.A aveia recém-colhida pode ser perigosa devido ao desenvolvimento de bolores seo teor de umidade for > 13%.

A cevada é um bom grão para eqüinos; é mais rica em energia do que a aveia,mas mais pobre do que o milho. Pode-se oferecê-la como o único grão para oseqüinos que apresentarem grandes necessidades energéticas. Deve ser trilhada ou

enrugada.O milho é um alimento rico em energia, útil para os eqüinos em trabalho duro ouem engorda. É menor em volume e mais propenso a produzir cólica que a aveiaou a cevada, se for usado sem cuidado. Um bom método de alimentação consisteem oferecê-lo na espiga. Esse procedimento promove a salivação e o eqüino nãopode engolir o grão sem mastigá-lo. Para aumentar a digestibilidade, pode-sequebrar ou trilhar o milho com casca, mas o teor de umidade deve ser baixo osuficiente para evitar o estrago durante o armazenamento. Os grãos quebrados outrilhados podem ficar “velhos” e devem ser processados tão logo a alimentação seja

possível.Os grãos de sorgo e de trigo devem ser fornecidos com cuidado para se evitara cólica. Esses grãos devem ser partidos ou enrugados. O farelo de trigo é umalimento volumoso e suavemente laxativo que é bem apreciado pelos eqüinos. No

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entanto, é excessivamente rico em fósforo, e deve-se manter apropriada a propor-ção cálcio–fósforo ao se adicionar farelo de trigo à dieta, especialmente de eqüinos

 jovens. O farelo de trigo é um substituto caro para o feno.A farinha de soja é um suplemento proteico palatável com um bom equilíbrio de

aminoácidos para o uso com grãos. Pode-se oferecê-la quando os pastos ou o fenoforem pobres em proteínas e forem de má qualidade ou quando as exigências deproteína forem maiores, como durante o início do crescimento ou da lactação. Nãose devem utilizar a farinha de linhaça e a farinha de caroço de algodão comosuplemento proteico para potros jovens devido ao desequilíbrio de aminoácidos. Afarinha de linhaça confere brilho ao pelame, mas não é tão eficiente quanto os óleosinsaturados. Também se pode utilizar a farinha de caroço de algodão comosuplemento proteico, mas também é pobre em lisina. Além disso, contém gossipol,que pode ser tóxico quando em excesso (ver pág. 2003), embora os eqüinos

pareçam ser menos suscetíveis que os suínos.Utiliza-se freqüentemente o melaço de cana para estimular o apetite dos mauscomedores. Também minimiza a seleção das “partes melhores” e reduz o em-poeiramento das misturas de concentrado. O açúcar aumenta o desejo por água. Ocarboidrato facilmente fermentável e a umidade que o melaço de cana contémpodem aumentar o crescimento de bolor no tempo quente.

Podem-se adicionar gorduras à dieta para aumentar a densidade de energia. Oseqüinos parecem preferir o óleo de milho. No entanto, as gorduras animais de nívelalimentar parecem representar uma fonte barata para os eqüinos com grandes

necessidades energéticas. Têm-se associado as dietas que contêm 5 a 10% degordura acrescentada com a melhora de desempenho em alguns tipos de exercício.A gordura deve ser fresca e não rançosa.

Pode-se utilizar calcário  de alta qualidade (38% de cálcio [Ca]) como fontesuplementar de Ca quando se necessitar apenas desse elemento, o que podeocorrer quando um pasto ou um feno de capim de má qualidade forem as únicasforragens fornecidas. Os grãos, por serem pobres em Ca, não ajudam. Quando seprecisa tanto de Ca como de fósforo (P) suplementares, recomendam-se fosfatobicálcico, farinha de osso autoclavada ou fosfato de rocha desfluorado. O

fosfato bicálcico é particularmente bom porque seu custo por unidade de P é baixo,os elementos são muito disponíveis e não há risco de carbúnculo, como poderiahaver com farinha de osso inapropriadamente processada. As misturas de fosfatosbicálcico e monocálcico fornecem relativamente mais P do que Ca, e são recomen-dadas quando a necessidade de P suplementar for muito maior que a de Ca. Pode-se necessitar de um suplemento tanto de Ca como de P quando se fornecer pastoou feno de capim de má qualidade sem grãos. Os grãos, que contêm quantidadesapreciáveis de P, tendem a corrigir qualquer deficiência desse elemento.

Deve-se fornecer sal (NaCl) em um bloco ou na forma granular dispersa à

vontade. Pode ser conveniente utilizar um sal mineral grosso que contenha iodo,ferro, cobre, cobalto, manganês, zinco e selênio adicionados. A necessidade dessesminerais adicionais varia com a localidade, mas o sal mineral grosso é facilmentedisponível e não é caro. Pode representar certa segurança nutricional em áreasonde as deficiências de microelementos sejam um problema.

Alimentos suculentos   – Esses alimentos são ricos em água, um poucolaxativos e tendem a estimular o apetite. Devem-se introduzi-los gradualmentequando oferecidos pela primeira vez. As cenouras são os mais seguros e satisfa-tórios. Uma permissão diária de 0,5 a 1,5kg consiste em uma taxa alimentar con-

veniente. Pode-se fazer um alimento suculento artificial através do embebimento depolpa de beterraba seca com água adoçada com melaço de cana. Uma silagem bempreservada, de boa qualidade e livre de bolores proporciona uma forragem suculen-ta altamente nutritiva durante o inverno. Os eqüinos alimentados com feno de boa

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qualidade e água à vontade não necessitam de forragens suculentas. Como oseqüinos são muito mais suscetíveis a bolores, botulismo e distúrbios gastrointesti-nais que bovinos e ovinos, devem-se alimentá-los apenas com silagem frescaselecionada. Os descarregadores mecânicos de silo podem misturar a silagem boae a estragada, e o estrago pode seguir despercebido até que se desenvolvamdistúrbios gastrointestinais. Podem-se utilizar vários tipos de silagem com sucesso,mas a silagem de milho e a silagem de leguminosa e capim são as mais comuns.A silagem não deve substituir mais que um terço a metade da ração de forragem,considerando-se que 2,7kg de silagem úmida sejam aproximadamente equivalen-tes a 1kg de feno. Assim, a permissão de silagem geralmente não deve exceder 4,5a 7kg diários para um animal adulto, embora em alguns casos tenham-se oferecidosatisfatoriamente quantidades muito maiores.

Taxa de alimentaçãoAs diferenças individuais na necessidade de energia e nutrientes dificultam ageneralização acerca da quantidade de alimento a ser fornecida. Os parâmetrosseguintes geralmente satisfazem as exigências; entretanto, não há substituto paraa observação e um bom julgamento.

Eqüinos em trabalho leve   – Permitir  0,25kg de concentrado e 0,6 a 0,75kgde feno por 45kg de peso corporal.

Eqüinos em trabalho moderado   – Permitir  0,5kg de concentrado e 0,45 a0,6kg de feno por 45kg de peso corporal.

Eqüinos em trabalho intenso   – Permitir 0,6 a 0,75kg de concentrado e 0,45kgde feno por 45kg de peso corporal.

A permissão total de concentrados e feno se encaixa na variação de 0,6 a 1,25kgdiários por 45kg de peso corporal. Não se deve deixar nenhum grão restante de umarefeição para outra e deve-se recolher toda a forragem comestível no final de cadadia.

A necessidade de grãos durante o pastejo depende da qualidade do pasto, masé mais importante para os eqüinos jovens e as éguas lactantes do que para oseqüinos adultos. É conveniente a alimentação de potros lactentes em cochos, e eles

freqüentemente ingerem feno de boa qualidade mesmo quando em pastejo. Podemreceber livre acesso a uma mistura concentrada se forem acostumados gradual-mente a esse regime.

Rações sugeridas

Na TABELA 32 (pág. 1494) estão listados exemplos de proporções de forragem econcentrado, com as fórmulas de concentrado listadas na TABELA 33 (pág. 1495).Embora eles geralmente preencham as necessidades dos eqüinos para as quais

foram projetados, existem muitas outras escolhas. É lógico se utilizar alimentos quesão disponíveis localmente e, em determinadas áreas do mundo, vários dosalimentos sugeridos não são cultivados ou são muito caros. Devem-se escolher asalternativas com base na composição dos nutrientes, na palatabilidade e naadequação geral para os eqüinos.

Têm-se desenvolvido rações peletizadas completas, que incorporam tanto oconcentrado como a forragem, para os eqüinos. Possuem a vantagem da uniformi-dade de qualidade, do controle completo sobre o consumo de nutrientes, daadequabilidade para os eqüinos com má dentição, de menos empoeiramento (o que

reduz os problemas respiratórios) e da redução do volume para armazenamento etransporte. Os péletes devem ter ≥ 13mm de diâmetro. Já que se pode ingerir muitorapidamente esses alimentos, os eqüinos confinados podem apresentar aumentode tédio e podem se agravar os vícios de estábulo (por exemplo, mastigação de

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madeira). Pode-se reduzir isso com o oferecimento de um pouco de feno longo.Podem-se reduzir os danos ao estábulo e às cercas através do tratamento damadeira com creosoto ou do revestimento ou substituição da madeira com/por metalnas áreas vulneráveis.

DOENÇAS NUTRICIONAIS

As descrições de deficiências nutricionais não complicadas são raras noseqüinos. Os alimentos naturais tipicamente consumidos são mais prováveis deserem deficientes em proteínas, cálcio, fósforo, sódio, cloro, iodo e selênio, depen-dendo da idade, nível produtivo do eqüino e área geográfica. As forragens secas edesgastadas pelo tempo podem ser muito pobres em caroteno, e se forem for-necidas por longos períodos, pode-se desenvolver deficiência de vitamina A.Produziu-se a deficiência de tiamina artificialmente.

Os sinais de deficiência são freqüentemente inespecíficos e o diagnóstico podese complicar por uma escassez simultânea de vários nutrientes. As conseqüênciasdo aumento de suscetibilidade ao parasitismo e às infecções bacterianas podem sesobrepor ainda sobre os outros sinais clínicos. Os sinais de deficiência observadosnos eqüinos são discutidos a seguir; quando não forem observados, descrevem-seos sinais mais prováveis, como sugerido pelas pesquisas com outras espécies.

EnergiaMuitas alterações inespecíficas encontradas nos eqüinos com deficiênciasnutricionais se relacionam com a deficiência calórica, e resultam do consumoinadequado de uma dieta bem balanceada ou de uma má utilização da dieta emseguida ao desenvolvimento de uma deficiência específica. Na inanição completaou parcial, a maioria dos órgãos internos apresenta certa atrofia. O cérebro é omenos afetado, mas o tamanho das gônadas pode se reduzir extraordinariamentee pode-se retardar o estro. A hipoplasia dos linfonodos, baço e timo leva a umaredução acentuada em seu tamanho. As glândulas adrenais geralmente aumentam

de tamanho. O esqueleto jovem é extremamente sensível, e o crescimento diminuiou pode até parar completamente. Nos adultos, pode ocorrer osteoporose. Umadiminuição na quantidade de tecido adiposo é um sinal precoce e evidente, nãoapenas no tecido subcutâneo, como também no mesentério; ao redor dos rins, úteroe testículos; e no retroperitônio. O baixo teor de gordura da medula dos ossos longosé um bom indicador de inanição prolongada. Prejudica-se a capacidade de desem-penhar trabalho e as perdas endogênicas de nitrogênio aumentam à medida que asproteínas musculares são metabolizadas para a produção de energia.

ProteínaUma deficiência de proteínas dietéticas pode representar tanto um consumo

inadequado de proteínas de alta qualidade como a deficiência de um aminoácidoessencial específico. A síntese pelos microrganismos no intestino, mais a proteólisedas proteínas microbianas, não são adequadas para o preenchimento das neces-sidades de aminoácidos essenciais dos eqüinos. Os efeitos de deficiência sãogeralmente inespecíficos, e muitos dos sinais não diferem dos efeitos de umarestrição calórica parcial ou total. Além disso, pode haver depressão do apetite e

diminuição da formação de Hb, hemácias e proteínas plasmáticas. O edema estáalgumas vezes associado à hipoproteinemia. Diminui-se a produção de leite naséguas lactantes. As seguintes enzimas hepáticas demonstraram diminuição deatividade: oxidase pirúvica, succinoxidase, desidrogenase do ácido succínico,

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D-aminoácido oxidase, DPN-citocromo C-redutase e uricase. Também se observoudegeneração do cristalino e da vascularização corneal. Prejudicou-se a formaçãode anticorpos.

Minerais

Cálcio   – Os eqüinos jovens em crescimento ou as éguas lactantes alimentadoscom feno ou pasto de capim de má qualidade tornam-se mais prováveis dedesenvolverem deficiências de cálcio. Os níveis séricos de cálcio podem diminuir,enquanto que os níveis séricos de fósforo inorgânico podem se elevar; no entanto,simples amostras de sangue geralmente não são diagnósticas. Geralmente se elevaa atividade da fosfatase alcalina sérica. O tempo de coagulação também pode ficarlevemente prolongado. O osso jovem e em crescimento está freqüentementeraquítico e quebradiço. As fraturas podem ser comuns e se curarem mal. Pode

ocorrer osteomalacia no osso adulto.Fósforo   – É mais provável que uma deficiência ocorra em eqüinos alimentadoscom pasto ou feno de capim de má qualidade e sem grãos. Os níveis séricos defósforo inorgânico podem diminuir e a atividade da fosfatase alcalina sérica podeaumentar. Ocasionalmente, os níveis séricos de cálcio podem se elevar. Pode-seobservar uma claudicação falsa e enganosa. As alterações ósseas lembram asdescritas para a deficiência de cálcio. Os eqüinos adultos podem consumir grandesquantidades de terra antes que os outros sinais fiquem visíveis.

Sódio e cloro   – É mais provável que os eqüinos desenvolvam sinais de

deficiência de cloreto de sódio (sal) quando trabalham duro em tempo quente. Asperdas urinárias e por transpiração são apreciáveis. Os eqüinos privados de sal secansam facilmente, param de suar e apresentam espasmos musculares. A anorexiae a pica podem ser evidentes. Porém, a pica não é um sinal específico de deficiênciade sal. A produção leiteira das éguas lactantes diminui seriamente. Podem-seesperar acidose e hemoconcentração.

Potássio   – A deficiência resulta em redução da taxa de crescimento, anorexiae hipocalemia.

Magnésio   – Os potros alimentados com uma dieta purificada contendo 8mg/kg

exibiram hipomagnesemia, nervosismo, tremores musculares e ataxia seguidos decolapso, com hiperpnéia, sudorese, “remar” convulsivo e morte.Ferro   – A deficiência pode ser secundária ao parasitismo e resulta em anemia

microcítica hipocrômica.Zinco   – A deficiência nos potros se acompanha de redução da taxa de cres-

cimento, anorexia, lesões cutâneas das extremidades inferiores, alopecia, diminui-ção dos níveis sangüíneos de zinco e redução da atividade da fosfatase alcalinaplasmática.

Cobre   – Um aparente relacionamento entre os baixos níveis séricos de cobre e

o sangramento em éguas parturientes idosas sugeriu redução da absorção de cobrecom a idade ou redução da capacidade de mobilização das reservas de cobre. Adeficiência pode causar aneurisma aórtico, contração de tendões e formaçãoinapropriada de cartilagens nos potros em crescimento.

Iodo   – A deficiência é um problema endêmico em muitas áreas (ver BÓCIO,pág. 341).

Cobalto   – A deficiência é aparentemente rara nos eqüinos; eles são conhecidospor prosperar em pastos tão pobres em cobalto que os ovinos e bovinos definhariame morreriam.

Selênio   – A deficiência resulta em redução do selênio sérico, aumento daatividade do AST, doença dos músculos brancos, alopecia, gordura amarelo-amarronzada e numerosas e pequenas hemorragias (ver também MIOPATIAS NUTRI-CIONAIS, pág. 660).

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VitaminasVitamina A  – Pode-se desenvolver deficiência de vitamina A se se oferecer

forragem seca e de má qualidade por um período prolongado. Se as reservascorporais forem altas, os sinais podem não aparecer por vários meses. A deficiência

se caracteriza por nictalopia, lacrimejamento, ceratinização da córnea, suscetibili-dade a pneumonia, abscessos da glândula sublingual, incoordenação, deterioraçãoda reprodução, apetite caprichoso e fraqueza progressiva. Os cascos ficam freqüen-temente deformados, a camada córnea se deposita desigualmente e fica extraordi-nariamente quebradiça. Descreveram-se metaplasia da mucosa intestinal e acloridria.Pode-se esperar metaplasia da mucosa geniturinária. A reconstrução óssea édeficiente. Os forames não aumentam apropriadamente durante o crescimento e asdeformidades esqueléticas ficam evidentes. Podem-se observar as últimas empotros oriundos de éguas deficientes.

Vitamina D   – Se se consumir feno seco pelo sol ou se um eqüino ficar expostoà luz solar, é duvidoso que se desenvolva uma deficiência de vitamina D. Oconfinamento prolongado de um eqüino jovem que tiver recebido apenas pequenasquantidades de feno seco pelo sol pode resultar em redução da calcificação óssea,enrijecimento e inchaço das articulações, rigidez da andadura, irritabilidade eredução dos níveis séricos de cálcio e fósforo.

Tiamina   – Os sinais de deficiência experimental incluem anorexia, perda depeso, incoordenação, redução da tiamina sangüínea e aumento do piruvato sangüí-neo. À necropsia, o coração se encontra dilatado. Observam-se sinais semelhantes

na intoxicação por samambaias (ver pág. 1989). Sob circunstâncias normais, a dietanatural mais a síntese por microrganismos no intestino provavelmente preenchemas necessidades de tiamina.

Riboflavina   – Embora os alimentos naturais mais a síntese no interior dointestino normalmente forneçam quantidades adequadas de riboflavina, algumaspoucas evidências indicam uma deficiência ocasional quando a dieta for de máqualidade. O primeiro sinal de deficiência aguda é a conjuntivite catarral em um ouambos os olhos, acompanhada de fotofobia e lacrimejamento. A retina, o cristalinoe os fluidos oculares podem se deteriorar gradualmente e resultar em prejuízo da

visão ou cegueira. Tem-se ligado a uveíte eqüina (ver pág. 363) à deficiência deriboflavina, mas pode ser uma seqüela de leptospirose ou oncocercíase.Vitamina B 

12   – Embora os ingredientes alimentares normais dos eqüinosgeralmente contenham muito pouca vitamina B12, o eqüino pode sintetizá-la nointestino, de onde ele a absorve.

ALIMENTAÇÃO DO EQÜINO ENFERMO

A nutrição é uma parte importante do manejo e do tratamento dos eqüinos

enfermos. O estresse, por exemplo, cirurgia, problemas ortopédicos graves ou in-fecção, pode aumentar significativamente as necessidades calóricas de um animal.Esse aumento se deve a um aumento no catabolismo. Além disso, a anorexia ou adisfagia podem levar a um consumo inadequado de nutrientes apropriados. Se nãose providenciar nutrição apropriada, as conseqüências incluem deterioração dosistema imune, retardamento da cura de ferimentos e fraturas, hipoproteinemia,debilitação muscular e fraqueza. Geralmente, deve-se considerar uma terapianutricional de suporte se o eqüino adulto se mantiver hipofágico por ≥ 3 dias. Ospotros neonatos exigem alguma fonte de energia dentro de 24h de diminuição de

consumo.A ordem de prioridade dos nutrientes é água, eletrólitos, energia e proteína.Algumas vitaminas hidrossolúveis são fracamente armazenadas no organismo edevem ser suplementadas. Pode-se calcular a exigência energética basal (BER)

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através da seguinte fórmula: BER = 70 (peso corporal [em kg])0,75 = kcal/dia. Porexemplo, a BER é de  6.800kcal diárias para um eqüino de 450kg e de 1.300kcalpara um potro de 50kg. A enfermidade aumenta significativamente essas neces-sidades.

Há vários métodos de fornecimento de suporte nutricional a um eqüino enfermo.O método mais simples consiste no encorajamento do animal para que se alimentepor conta própria. Podem-se observar preferências alimentares incomuns. Ooferecimento de vários alimentos e a permissão para que o eqüino os selecionepodem determinar melhor qual alimento é mais palatável para o animal. Muitoseqüinos ingerirão capim verde e fresco mesmo que rejeitem outros alimentos. O fenode alfafa é mais palatável que os fenos de capim. Os grãos de aveia inteiros e asmisturas de alimentos doces, de capim trilhado e melaço são os grãos maisapetitosos. As misturas de farelo possuem pouca palatabilidade, mas a adição demelaço e sal pode aumentar sua aceitação.

Quando os eqüinos passarem por dor ou febre, os analgésicos podem melhoraro consumo alimentar; podem-se utilizar também antiinflamatórios não esteróides,tais como dipirona, flunixin meglumina, ácido meclofenâmico e fenilbutazona. Deve-se evitar o uso prolongado de fenilbutazona devido aos efeitos colaterais deulceração gástrica e do intestino delgado e de necrose papilar renal.

A alimentação por sonda é o segundo método de fornecer nutrição aos eqüinosque não ingerirão (ou não poderão ingerir) alimento voluntariamente. Pode-seintroduzir uma sonda estomacal normal várias vezes por dia ou suturá-la na na-rina e deixá-la como sonda de alimentação fixa. É um método efetivo no forneci-mento de nutrientes a neonatos enfermos. Também é um método barato de re-posição de fluido e perdas de eletrólitos. Os suplementos nutricionais entéricosusados na medicina humana são particularmente úteis no fornecimento de umconsumo calórico suficiente para eqüinos adultos. Esses produtos apresentam umteor calórico conhecido, que facilita o cálculo das necessidades do animal. Pode-sefazer um mingau para alimentação por sonda com o embebimento de um alimentocompleto com água. Os problemas que surgem com o oferecimento de um mingauincluem a incapacidade de fornecimento de nutrientes suficientes e o entupimentofreqüente da sonda estomacal com os ingredientes alimentares. Devem-se alimen-tar os potros neonatos com leite de égua ou suplemento de leite de égua.

O terceiro método de fornecimento de energia e proteínas a eqüinos enfermosé através do uso de nutrição parenteral parcial ou total (NPP ou NPT). A adminis-tração EV de fluidos consiste em um meio de manutenção da hidratação em eqüinosque estão incapazes ou de beber ou de absorver fluidos. As soluções de reposiçãocomuns incluem cloreto de sódio, lactato de Ringer e dextrose a 5%. O valornutricional desses fluidos é insignificante. Os componentes da nutrição parenteralsão glicose, aminoácidos, lipídios, microelementos minerais e multivitaminas. Asolução resultante é hipertônica, sendo administrada por infusão constante atravésde um cateter jugular. Melhora-se a administração com o uso de uma bomba defluido. Deve-se monitorar a glicose urinária e sangüínea duas vezes ao dia pararegular a taxa de infusão. A NPT é cara e requer cuidados e monitoração intensivos,o que limita sua utilidade em adultos.

Nutrição para doenças específicas

Pneumopatia crônica   – Os eqüinos com pneumopatia crônica, tais como aasma (ver pág. 888), ficam freqüentemente sensíveis ao pó e aos bolores encontra-

dos no feno normal. Freqüentemente melhoram com a remoção do feno de sua dietae com a introdução de uma ração completa, que seja peletizada ou que contenhauma fonte de forragem, como a polpa de beterraba. Se dão melhor no pasto. Outrafonte de forragem livre de pó é a fenação.

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Odontopatia   – Os eqüinos mais velhos perdem peso freqüentemente devido aodesgaste dos dentes. Seus dentes perdem a superfície trituradora, o que resulta emprejuízo da mastigação do alimento. O oferecimento de uma ração peletizadacompleta e umedecida pode ajudar esses animais.

Diarréia   – A diarréia nos eqüinos é primariamente uma coloniopatia. Tradicional-mente, os eqüinos afetados são alimentados com menos grãos e mais feno. Esseaumento na fibra dietética pode acumular água e resultar em fezes melhor forma-das. Se a perda de peso for um problema intercorrente, pode ser melhor se mantero consumo de grãos. Os grãos são digeridos principalmente no intestino delgadoe o feno no intestino grosso. A menos que o intestino delgado também estejaafetado, a alimentação com mais grãos ajuda a manter a massa corporal (vertambém págs. 207 e 221).

Hepatopatia   – O papel da nutrição nos eqüinos com hepatopatia (ver pág. 165)

é o de fornecer energia adequada e assim facilitar o papel do fígado na produção deenergia e diminuir a quantidade de resíduos metabólicos aos quais o fígado estáexposto. A administração parenteral ou entérica de glicose pode ser importantecomo fonte de energia em eqüinos anoréticos. No animal que estiver se alimentan-do, os grãos de cereais devem fornecer quantidades adequadas de carboidratos.Devem-se evitar os alimentos ricos em proteína, como o feno de alfafa, devido aoseu papel na produção gastrointestinal de amônia.

CUIDADOS COM O POTRO ÓRFÃO

Independentemente da circunstância na qual um potro se torne órfão, é impor-tante determinar se ele recebeu colostro. Se não recebeu colostro de sua mãe, deverecebê-lo de outra égua ou receber colostro congelado dentro de 24h após onascimento – preferivelmente dentro das primeiras 3 a 12h, já que o potro o absorvemelhor durante esse período. Se não se dispuser de colostro, deve-se administrarplasma EV.

Uma égua lactante, preferivelmente com um bom temperamento, é a melhoropção para o cuidado global de um potro órfão. Pode-se colocar o âmnio e/ou a

placenta de uma égua que tenha perdido um potro recém-nascido sobre o potroórfão na esperança de enganar a mãe adotiva. Não se devem abandonar os 2 atéque a égua tenha aceito o órfão; pode-se exigir inicialmente contenção física ouquímica da égua e depois repeti-la várias vezes antes que ela o aceite. Pode-seexigir paciência para um esforço que consome tempo. Ocasionalmente, uma éguagrande produtora de leite, com bom temperamento e já com um potro ao seu lado,aceitará e criará um potro adicional com sucesso. Se não se dispuser de uma égua,uma cabra montada em um fardo de palha pode servir como alternativa. Esse mé-todo, entretanto, também requer monitoração constante e participação do indivíduo

na responsabilidade sobre o potro, já que se deve alimentá-lo com freqüência,particularmente nos primeiros poucos dias de vida.Têm-se utilizado com sucesso rações leiteiras artificiais para éguas, leite de cabra

e sucedâneos do leite de bezerros disponíveis comercialmente. Devem-se alimen-tar os potros a intervalos de 1 a 2h no primeiro ou segundo dia de vida e então, aintervalos de 2 a 3h nas 2 semanas seguintes na proporção de 250 a 500mL porrefeição com um recipiente de leite aquecido e um bico de mamadeira. Dos váriosbicos de mamadeira disponíveis, os projetados para uso por cordeiros são melhoradequados para os potros. Podem-se alongar gradualmente os intervalos de ali-

mentação após 2 semanas; entretanto, deve-se aumentar a quantidade por refeiçãode modo que o potro consuma 8 a 10% de seu peso corporal/dia. Deve-se encorajaro potro a beber leite recentemente preparado em um balde, à vontade, desde cedo.Se se puder conseguir isso, torna-se mais conveniente o acompanhamento tanto

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para o potro quanto para o indivíduo. Pode-se então encorajar o potro a ingerir grãosdigestíveis com ≥ 18% de proteína bruta e feno de boa qualidade. Deve estar dispo-nível água fresca para o potro em todos os momentos desde o dia em que nascer.

Deve-se dispor de uma lâmpada de aquecimento em um estábulo fechado,particularmente nas primeiras poucas semanas de vida, de forma que o potro possadescansar em um ambiente aquecido (20°C). Outra alternativa durante o tempo frioconsiste em um colete confortavelmente ajustado.

Um animal de companhia, tal como uma cabra ou um pônei de excelentetemperamento, também pode ser benéfico para o bem-estar do potro. Tão logoquanto possa se manter sozinho, deve-se colocar o potro junto a outros potrosdesmamados para completar sua socialização.

NUTRIÇÃO: VISONSUma nutrição adequada é importante para o sucesso de criações produtoras de

pele; é uma área de interesse econômico para o criador de visons, assim como umabase eficiente para a manutenção da saúde dos animais. Os princípios básicos danutrição dos visons são semelhantes aos dos outros animais, mas existem diferençasimportantes, baseadas nas características do visom. Os visons são carnívoros e

capazes de se sustentarem a partir de fontes alimentares animais. Tais alimentos,geralmente oferecidos frescos, necessitam de armazenamento e higiene cuidadosospara se evitar problemas com patógenos de origem alimentar. Também podem conterantimetabólitos, que interferem nos processos metabólicos de formas geralmente nãoapresentadas por alimentos aquecidos ou secados. Como o trato gastrointestinal dosvisons é simples e curto, e a passagem dos alimentos é rápida, a dieta deve seraltamente digestível para ser efetiva. Além dessas diferenças anatômicas, os visonsapresentam uma taxa de crescimento extremamente rápida (os filhotes recém-nascidos dobram seu peso de nascimento em 3 dias e alcançam 10 vezes seu peso

de nascimento em 3 semanas), o que aumenta o estresse nutricional das fêmeasdurante a lactação e dos filhotes durante o início do crescimento pós-natal.As rações modernas e convencionais dos visons são geralmente compostas por

80 a 90% de ingredientes frescos que são armazenados congelados, descongela-dos imediatamente antes de sua mistura e fornecidos balanceados na forma de umamistura de farinha seca; essa mistura é comumente denominada “cereal” e servecomo fonte de energia de carboidratos, uma liga dietética para melhorar a consis-tência e um meio conveniente para nutrientes suplementares e medicamentos. Osingredientes frescos incluem carne eqüina, fígado bovino e peixes inteiros, mas para

benefícios de disponibilidade e economia, hoje se usam muitos outros materiais,incluindo subprodutos domésticos empacotados, refugos da avicultura (tanto pin-tos como aves mais velhas), subprodutos avícolas (principalmente vísceras, semcabeças e pés), pedaços de peixe, ricota e ovos cozidos. O componente da farinhaseca geralmente se compõe de grãos de cereais finamente moídos, suplementa-dos com fígado, ou carne ou farinha de peixe, como apropriado. Como os carboidra-tos não são bem digeridos pelos visons, freqüentemente se procede alguma formade aquecimento dos ingredientes do cereal. Têm-se utilizado os processos deautoclavagem, extrusão e “pipocamento” com algum sucesso.

As exigências nutricionais dos visons, tanto quanto se conhece atualmente,encontram-se enumeradas na TABELA 34. As exigências proteicas são mais altasque as da maioria dos outros animais porque a necessidade sustenta tanto o rápidocrescimento corporal como a produção de pêlos. A qualidade da proteína também

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 Nutrição: Visons 1507 

é importante, já que se necessita dos aminoácidos sulfurados, cistina e metionina,

para o crescimento dos pêlos. Os teores dietéticos de proteína devem ser compatíveiscom o suprimento de energia, muito do qual geralmente provém das gorduras. Comoparâmetro comum, o teor de proteína bruta costuma ser 10% maior do que o degordura (por exemplo, um mínimo de 35% de proteína bruta em uma dieta quecontenha 25% de gordura, cada uma delas medida com base na matéria seca). Arelação do suprimento de energia com o teor de vários nutrientes essenciais éimportante, pois a concentração de energia tende a regular o consumo de ração. Asrações pobres em energia aumentam o volume de alimento que deve ser manipuladodiariamente, enquanto as rações ricas em energia podem resultar em consumo

deficiente de determinados nutrientes. Os minerais adequados ao crescimentoesquelético estão geralmente disponíveis se os ingredientes frescos da dietaincluírem tais itens como subprodutos cárneos com ossos, aves ou peixes inteirose pedaços de filé de peixe.

TABELA 34 – Exigências Nutricionais e Energéticas dos Visons: Porcentagemou Quantidade por Quilograma de Matéria Seca

Crescimento

Desmame 13 semanas a à  Manutenção

Constituinte 13 semanas maturidade  (adulto) Gestação Lactação

EnergiaMachos kcal EMa 4.080 4.080 3.600 – –Fêmeas kcal EM 3.930 3.930 3.600 3.930 4.500

Proteína bruta % 38b 32,6 – 38 21,8 – 26 38 45,7

Vitaminas lipossolúveisVitamina A UI 5.930 c c c c

Vitamina E mg 27 c c c c

Vitaminas hidrossolúveisTiamina mg 1,3 c c c c

Riboflavina mg 1,6 c c c c

Ácido pantotênico mg 8 c c c c

Vitamina B6 mg 1,6 c c c c

Niacina mg 20 c c c c

Ácido fólico mg 0,5d c c c c

Biotina mg 0,12 c c c c

Vitamina B12   µg 32,6c c c c

MineraisCálcio % 0,4 0,4 0,3 0,4 0,6Fósforo % 0,4 0,4 0,3 0,4 0,6Proporção Ca:P 1:1 a 2:1 1:1 a 2:1 1:1 a 2:1 1:1 a 2:1 1:1 a 2:1Sal % 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5

a E é energia bruta; EM é energia metabolizável. As exigências nutricionais se baseiam em um nívelenergético de 5.300kcal de E ou de 4.080kcal de EM. As exigências nutricionais aumentam comníveis mais altos de EM e diminuem com níveis mais baixos EM.

b Baseado na proteína de qualidade média com digestibilidade calculada de 83%. Proteína dequalidade mais alta e maior digestibilidade diminui a exigência; proteína de qualidade mais baixae digestibilidade menor aumentarão a necessidade.

c Exigência quantitativa ainda não determinada, mas a necessidade dietética já foi demonstrada.d Pode não ser mínimo, mas sabe-se que é adequado.

Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Mink and Foxes , 1982, National Academyof Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

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O “National Research Council” (NRC) recomenda uma exigência proteica pós-desmame de 25% em base de matéria seca; a maioria das dietas práticas fornece 35a 40% de proteína em combinação com 20 a 25% de gordura e 25 a 35% decarboidratos. Usa-se uma dieta magra e rica em proteínas, com destaque em ovoscozidos, fígado e músculo para o período de acasalamento/ reprodução, de janeiro atéo início de maio. Podem-se utilizar níveis mais altos de energia durante a lactação/iníciodo período de crescimento (maio a junho) com teores mais altos de proteína,adicionados a dietas de alta densidade calórica. No final do período de crescimento(julho a agosto), pode-se alcançar um bom crescimento e um volume alimentar mínimocom uma ração que contenha 20% de cereal reforçado em combinação com 25% degordura e 35 a 37% de proteína com base na matéria seca. No período de produçãode pêlos (setembro a dezembro), muitos criadores usam uma dieta “mais magra” (20a 22% de gordura com base em matéria seca) e fornecem mais proteínas de qualidade

de origem animal, por exemplo, ovos cozidos e músculos.As dietas que contêm 35 a 40% de subprodutos cárneos com osso devemfornecer quantidades adequadas de cálcio e fósforo. Pode-se utilizar suplementa-ção adicional de sal (NaCl a 0,5%) de 15 de maio até o final de junho para ajudar aevitar o problema da desidratação das fêmeas lactantes, conhecido como anemiado aleitamento.

Geralmente, não há necessidade de reforço vitamínico das rações para visonsformuladas com ingredientes de qualidade, especialmente se incluírem fígado fresco.Há algumas exceções. Se forem fornecidos altos níveis de gordura insaturada, como

nas dietas com grande proporção de peixes ricos em gordura, pedaços de filé de peixeou carne eqüina, deve-se aumentar o fornecimento de vitamina E. Quando se suspeitarde antagonistas metabólicos na dieta (por exemplo, tiaminase para a vitamina B

1 ou

avidina para a biotina), torna-se prudente a adição das vitaminas afetadas. Se o criadorestiver formulando seu próprio cereal, pode usar suplementos vitamínicos comerciais,com concentrações vitamínicas na dieta semelhantes às recomendadas pelo“Subcommittee on Fur Animal Production” do NRC. Deve-se fornecer vitamina A comovitamina e não como beta-caroteno, que não é utilizado eficazmente pelo visom.

A preparação e o armazenamento apropriados são extremamente importantes,

tanto para reter os valores nutricionais como para evitar a contaminação bacteriana.O congelamento era o método mais utilizado para ingredientes alimentares frescosno passado: o material é comumente congelado em blocos de 8 a 10cm de espessurae protegido em sacos de papel de parede múltipla. Podem-se adicionar antibióticosde largo espectro para evitar a contaminação bacteriana, e utilizam-se antioxidantes,por exemplo, a vitamina E, para restringir a rancificação da gordura. Os materiaisfrescos são algumas vezes preservados por meio de acidificação, geralmente comácido fosfórico, e tem-se utilizado largamente a chamada “silagem de peixe” nospaíses escandinavos. Algumas vezes se preparam hidrolisados a partir de subprodu-

tos alimentares frescos, utilizando-se enzimas inerentes ou adicionadas, seguidaspela estabilização do ácido. Tais produtos são muito líquidos, o que restringe seu usoa misturas com materiais secos que melhorem sua consistência. Alguns criadoresutilizam farinhas e outros ingredientes alimentares ressecados, geralmente parareduzir os custos do trabalho na alimentação e da refrigeração em armazenamentoprolongado. Podem-se reidratar misturas alimentares ressecadas e oferecê-las natela aramada da gaiola, de forma comum, ou podem-se peletizá-las e oferecê-las àvontade em comedouros alimentares especiais. Alguns criadores de visom usamalimentos secos nos finais de semana e alimentos frescos durante a semana; alguns

oferecem alimentos secos apenas durante os períodos de menor demanda do finaldo verão e início do outono; outros os usam o ano inteiro. Todas as vezes que seutilizar misturas de alimentos secos, é importante que haja um sistema de forneci-mento de água funcionando apropriadamente, já que os visons geralmente preen-

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chem muito de suas exigências de água a partir da mistura fresca. Pode-sefornecer água em xícaras, tigelas ou bebedouros automáticos por pressão.

Pode-se restringir a quantidade de alimento oferecida durante fevereiro, marçoe início de abril para manter os animais elegantes através da estação de acasalamento;no entanto, não se deve restringir muito a alimentação dos machos devido ao seutamanho corporal maior e à intensa atividade do acasalamento. Os períodos delactação para as fêmeas e do início do crescimento para os filhotes (meio de abrila início de julho) são nutricionalmente críticos. Uma dieta pobre durante essesperíodos afeta adversamente a saúde das fêmeas e a sobrevivência e o crescimentodos filhotes. Alguns criadores alimentam os animais duas vezes ao dia ou até trêsvezes ao dia durante esse período crítico para assegurar o preenchimento das altasdemandas nutricionais. Com  3 semanas de idade, os filhotes em aleitamentodevem começar a receber suplementação alimentar sólida. Essa suplementação

está geralmente misturada em uma consistência mais rala e semelhante a ummingau para ajudar a preencher tanto as necessidades de alimento como de água,e é geralmente oferecida em bandejas colocadas no piso da gaiola. Em outrasépocas do ano, pode-se praticar a alimentação uma vez ao dia.

Vários outros itens além do conteúdo nutricional da dieta exigem atenção paraque se consiga um programa de alimentação de visons prático e de sucesso.Esses incluem biodisponibilidade dos nutrientes, palatabilidade, digestibilidade epresença de substâncias nos ingredientes alimentares que possam interferir noe prejudicar o metabolismo normal.

A biodisponibilidade, que inclui a digestibilidade, é particularmente importantepara os visons devido ao seu sistema gastrointestinal simples e à rápida passagemdo alimento. Certos tipos de alimentos, por exemplo, as farinhas feitas de pêlos oupenas, embora se mostrem muito ricos em proteínas, são indisponíveis por causade sua baixa digestibilidade. A disponibilidade de alguns aminoácidos pode serbaixa nas farinhas de carne superaquecidas e sujeitas a métodos deficientes deprocessamento alimentar.

A palatabilidade é importante, pois as demandas do crescimento rápido e daprodução de um pelame espesso requerem uma alta taxa de consumo alimentar.

Embora os primeiros criadores pensassem que apenas os ingredientes alimentaresfrescos e de origem animal seriam aceitos, os visons também aceitarão alguns materi-ais de fontes vegetais. Podem-se induzir os visons a comerem dietas menos atrativasatravés da adição de materiais altamente palatáveis; algumas vezes se utiliza fígadofresco para esse propósito ou para se provocar o apetite de animais que tenhamreduzido sua ingestão de alimentos por alguma razão. Muitos criadores oferecem 5 a10% de fígado fresco rotineiramente, de primeiro de março até o início de junho.

A presença de fatores interferentes nos alimentos tem recebido uma boa dose deatenção. Alguns materiais frescos oferecidos aos visons podem conter enzimas

interferentes que estariam inativadas em alimentos secos dados a outros tipos deanimais domésticos. Um exemplo bem conhecido é a tiaminase, uma enzimaencontrada na carne de várias espécies de peixe (incluindo o peixe-gato-de-cabeça-de-touro, a carpa, o arenque e o eperlano-oceânico), que destrói a tiamina dietéticae causa anorexia e paralisia de Chastek nos visons. Alguns outros peixes, geralmen-te da família do bacalhau, produzem formaldeído ou óxido de trimetilamina (TMAO),que interferem no metabolismo do ferro e causam uma anemia severa e odesenvolvimento de um subpêlo esbranquiçado (“pêlo de algodão”). Os ovos crus,que por outro lado são excelente fonte proteica, contêm uma substância chamada

avidina que se liga com a biotina dietética e a inativa. A conseqüente deficiência debiotina causa acromotriquia e alopecia em casos severos. Quando as enzimascausarem esses problemas nutricionais, podem-se inativá-las por aquecimento; noentanto, esse procedimento acrescenta gastos à preparação da dieta. O cozimento

 Nutrição: Visons 1509

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a 91°C por ≥ 5min inativa a avidina. Alternativamente, podem-se suplementar asdietas conhecidas por conterem essas substâncias interferentes com o(s) nutriente(s)deficiente(s).

A contaminação dos ingredientes com hormônios ou outros estimulantes de

crescimento é uma preocupação; resíduos de alto potencial de péletes de implantepodem permanecer em porções da carcaça vendida para a alimentação de visons.Os resíduos de dietilestilbestrol foram um caso disso e interferiram na reproduçãonormal dos visons antes que se proibissem tais práticas. Os compostos tireoativosde iodo também podem ser problemáticos. A melhor defesa contra tais problemasé o controle de qualidade rigoroso, que inclui a livre troca de informações entre osvendedores e os usuários de produtos de refugo animal.

O estrago do alimento antes ou durante o armazenamento pode também serproblemático. Os restos de matadouro expostos a temperaturas > 15°C e as

condições anaeróbicas podem conter toxina produzida pela Clostridium botulinum .Os visons são extremamente sensíveis a essa toxina. Podem-se protegê-losatravés da vacinação, mas uma vez que se constate o botulismo (ver pág. 1273),pode ser tarde demais para um tratamento curativo. O resfriamento rápido dasvísceras após o abate, sua lavagem e seu armazenamento em condições higiênicasconstituem medidas preventivas.

Uma dieta com gorduras rancificadas pode levar à “gordura amarela” ou esteatite(ver pág. 1276) e freqüentemente resulta na morte dos visons que a consumirem.As gorduras altamente insaturadas, tais como os óleos de peixe, são as mais

suscetíveis à rancificação oxidativa, que pode ser evitada pela adição de vitaminaE ( 50UI/kg de alimento misturado) ou de algum outro antioxidante efetivo. Não setêm associado os teores muito altos de gordura na dieta, estragada ou não, com a“doença da barriga molhada” (ver pág. 1278), na qual a sujeira da região inguinalpode diminuir o valor da pele.

NUTRIÇÃO: SUÍNOSEXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS

A tecnologia avançada contribui nas muitas fases da criação suína moderna.Isso fica mais evidente na nutrição à medida que a formulação das dietas sintéticasse torna mais precisa e econômica.

Devem-se distinguir as exigências de manutenção das doses terapêuticas dequantidades muitas vezes superiores às necessidades normais, administradas em

dose única ou em períodos curtos para corrigir deficiências. Fatores como estresse,disponibilidade de nutrientes ou variabilidade nos animais, podem aumentar osníveis de alguns nutrientes para o desempenho ideal. As dietas naturais podemconter maior quantidade de alguns nutrientes do que a tabela recomenda, mas oefeito é mínimo, exceto em casos extremos de desequilíbrio. Deve-se modificar aconcentração de ingredientes para se evitar desequilíbrios sérios.

Os nutrientes exigidos pelos suínos se classificam em água, energia (principal-mente carboidratos e gorduras), proteínas (aminoácidos), minerais e vitaminas. NaTABELA 35, exprimem-se os valores das exigências nutricionais por kg de dieta seca

ao ar livre total; os valores na TABELA 36  estão expressos como necessidadesdiárias. Não se consideram nutrientes determinados antibióticos e agentes quimio-terapêuticos adicionados às dietas suínas para aumentar a taxa e a eficiência deganho de peso.

  Nutrição: Visons 1510

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Água

Os suínos devem ter acesso livre e conveniente à água, antes mesmo dodesmame. A quantidade exigida pode variar com a idade, tipo de alimentação,temperatura ambiental, estado de lactação, febre, alta eliminação urinária (causada

por alto consumo de sal ou proteína) ou diarréia. Normalmente os suínos consomem2 a 5kg de água/kg de alimento seco. O seu consumo total é de 7 a 20kg deágua/100kg de peso corporal diariamente ou até mesmo mais.

Energia

A quantidade de alimento consumida por suínos em crescimento alimentados àvontade é controlada principalmente pelo teor energético da dieta. Se as dietascontiverem quantidades excessivas de fibra (> 5 a 7%) sem aumentos proporcionais

nas gorduras, afeta-se adversamente a taxa e especialmente, a eficiência do ganhode peso. As exigências energéticas dos suínos se expressam em termos dequilocalorias (kcal), ou como energia digestível (ED), ou como energia metabolizável(EM), ou ainda como energia líquida (EL). A maioria dos nutricionistas de suínosutilizam valores de EM.

Níveis de alimentação

As estimativas do consumo alimentar diário para os suínos em fim de crescimen-to (ver TABELA 35) são úteis como parâmetros para a projeção das exigências

alimentares totais ou para a prescrição da medicação via alimento.Os níveis de alimentação apresentados pelo NRC proporcionam um consumo

diário de 1,9kg para marrãs e porcas prenhes. As porcas prenhes e marrãs precisamde um pouco mais de energia durante a prenhez do que o exigido para amanutenção de peso corporal e boa saúde. As dietas nas quais se baseiam essasrecomendações poderiam se classificar como dietas ricas em energia (tipo farinhade soja-milho) sem aveia, farinha de alfafa ou outro diluente de energia. As porcas,

 Nutrição: Suínos 1511

TABELA 35 – Exigências Nutricionais de Suínos Alimentados à Vontade (90% de Matéria Seca)

Níveis deconsumo e Peso vivo do suíno (kg)

desempenho 1 – 5 5 – 10 10 – 20 20 – 50 50 – 110  

Ganho de peso esperado 0200 0250 0.450 0.700 00.0820(g/dia)

Consumo alimentar esperado 0250 0460 0.950 1.900 0.3.110(g/dia)Eficiência esperada (ganho 0000,800 000.0,543 000.0,474 000.0,369 00000,264

de peso/alimento)Eficiência esperada 0001,25 000.1,84 000.2,11 000.2,71 000.03,79

(alimento/ganho de peso)Ganho de energia digestível 0.850 1.560 3.230 6.460 10.570

(kcal/dia)Consumo de energia 0.805 1.490 3.090 6.200 10.185

metabolizável (kcal/dia)

Concentração de energia 3.220 3.240 3.250 3.260 03.275(kcal de EM/kg de dieta) Proteína (%) 00024 00020 00.18 00.15 000.13

(Continua)

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TABELA 35 (Cont .) – Exigências Nutricionais de Suínos Alimentados à Vontade (90% de Matéria Seca)

Exigências (% ou quantidade/kg de dieta)*

NutrientesAminoácidos

essenciais (%)Arginina 0,60 0,50 0,40 0,25 0,10Histidina 0,36 0,31 0,25 0,22 0,18Isoleucina 0,76 0,65 0,53 0,46 0,38Leucina 1,00 0,85 0,70 0,60 0,50Lisina 1,40 1,15 0,95 0,75 0,60Metionina + cistina 0,68 0,58 0,48 0,41 0,34Fenilalanina + tirosina 1,10 0,94 0,77 0,66 0,55Treonina 0,80 0,68 0,56 0,48 0,40Triptofano 0,20 0,17 0,14 0,12 0,10Valina 0,80 0,68 0,56 0,48 0,40

Ácido linoléico (%) 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10Elementos minerais

Cálcio (%) 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50Fósforo total (%) 0,70 0,65 0,60 0,50 0,40Fósforo disponível (%) 0,55 0,40 0,32 0,23 0,15Sódio (%) 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10Cloro (%) 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08Magnésio (%) 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04Potássio (%) 0,30 0,28 0,26 0,23 0,17Cobre (mg) 6,00 6,00 5,00 4,00 3,00Iodo (mg) 0,14 0,14 0,14 0,14 1,14Ferro (mg) 10000, 10000, 8000, 6000, 400,0Manganês (mg) 4,00 4,00 3,00 2,00 2,00Selênio (mg) 0,30 0,30 0,25 0,15 0,10Zinco (mg) 10000, 10000, 8000, 60,00 500,0

Vitaminas

Vitamina A (UI) 2.20000, 2.20000, 1.75000, 1.300,00 1.300,00Vitamina D (UI) 22000, 22000, 20000, 150,00 150,00Vitamina E (UI) 1600, 1600, 1100, 11,00 11,00Vitamina K (mg) 0,50 0,50 0,5,0 0,50 0,50

(menadiona)Biotina (mg) 0,08 0,050 0,05, 0,05 0,05Colina (g) 0,60 0,500 0,40, 0,30 0,30Folacina (mg) 0,30 0,300 0,30, 0,30 0,30Niacina disponível (mg) 20,00 15,000 12,50, 10,00 7,00Ácido pantotênico (mg) 12,00 10,000 9,00, 8,00 7,00

Riboflavina (mg) 4,00 3,50, 3,0,0 2,50 2,00Tiamina (mg) 1,50 1,00, 1,0,0 1,00 1,00Vitamina B6 (mg) 2,00 1,50, 1,5,0 1,00 1,00Vitamina B12 (µg) 20,00 17,50, 15,00, 10,00 5,00

Nota – O conhecimento das restrições e limitações nutricionais é importante para o uso apropriadodesta tabela.

* Estas exigências se baseiam nos seguintes tipos de suínos e dietas: suínos de 1 a 5kg, numa dietaque inclui 25 a 75% de produtos lácteos; suínos de 5 a 10kg, numa dieta de farinha de soja-milhoque inclui 5 a 25% de produtos lácteos; suínos de 10 a 110kg, uma dieta de farinha de soja-milho.Nas dietas de farinha de soja-milho, o milho contém 8,5% de proteína e a farinha de soja

contém 44%.Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Swine, 1988,National Academy of Sciences.

Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

  Nutrição: Suínos 1512

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 Nutrição: Suínos 1513

TABELA 36 – Consumos e Exigências Nutricionais Diárias dos Suínos Reprodutoresde Peso Intermediário

Peso médio (kg) à gestação ou parto de:Marrãs, porcas 

e cachaços adultos Marrãs e porcas  acasalados lactantes  

Níveis de consumo e desempenho 162,5 165

Consumo alimentar diário (kg) 1,9 5,3Energia digestível (Mcal/dia) 6,3 17,7Energia metabolizável (Mcal/dia) 6,1 17,0Proteína bruta (g/dia) 2280. 6890.

Exigência (quantidade/dia)Nutriente

Aminoácidos essenciais (g)

Arginina 00. 21,2Histidina 2,8 13,2Isoleucina 5,7 20,7Leucina 5,7 25,4Lisina 8,2 31,8Metionina + cistina 4,4 19,1Fenilalanina + tirosina 8,6 37,1Treonina 5,7 22,8Triptofano 1,7 6,4Valina 6,1 31,8

Ácido linoléico (g) 1,9 5,3Elementos mineraisCálcio (g) 14,2 39,8Fósforo total (g) 11,4 31,8Fósforo disponível (g) 6,6 18,6Sódio (g) 2,8 10,6Cloro (g) 2,3 8,5Magnésio (g) 0,8 2,1Potássio (g) 3,8 10,6Cobre (mg) 9,5 26,5

Iodo (mg) 0,3 0,7Ferro (mg) 1520. 4240.Manganês (mg) 190. 530.Selênio (mg) 0,3 0,8Zinco (mg) 950. 2650.

VitaminasVitamina A (UI) 7.6000. 10.600.0Vitamina D (UI) 3800. 1.0600.Vitamina E (UI) 420. 1170.Vitamina K (menadiona) (mg) 1,0 2,6

Biotina (mg) 0,4 1,1Colina (g) 2,4 5,3Folacina (mg) 0,6 1,6Niacina disponível (mg) 19,0 53,0Ácido pantotênico (mg) 22,8 63,6Riboflavina (mg) 7,1 19,9Tiamina (mg) 1,9 5,3Vitamina B6 (mg) 1,9 5,3Vitamina B12 (µg) 28,5 79,5

Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Swine, 1988, National Academy of Sciences.Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

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  Nutrição: Suínos 1514

grandes produtoras de leite, podem precisar se alimentar mais (até 2,7kg/dia)durante os últimos 30 dias de gestação para evitar uma perda excessiva de pesodurante a lactação. É difícil limitar o consumo voluntário dos suínos prenhes, mesmocom níveis altos de fibras ou minerais e, invariavelmente, ocorrem tanto excesso deconsumo como de ganho de peso.

Um método de alimentação de porcas e marrãs prenhes largamente aceitoconsiste na alimentação apenas a cada três dias, mas oferecendo uma quantidadede alimento total de 3 dias (por exemplo, oferecer 5,7kg a cada três dias em vez de1,9kg diários). Separa-se o alimento para se permitir a oportunidade de ingestãoindividual simultânea. As porcas também podem se alimentar por conta própria porum tempo limitado (8h) a cada três dias.

Durante a lactação, o NRC recomenda 4,4kg, 5,3kg e 6,1kg diários de alimentopara porcas que estejam produzindo 5, 6,25 e 7,5kg diários de leite, respectivamen-te. As porcas devem se alimentar por conta própria com rações ricas em energiadurante a lactação. Se as porcas ficarem muito magras, deve-se considerar acobertura do alimento com gordura adicional. Se o problema ainda persistir, deve-se providenciar mais energia durante o último trimestre da prenhez.

Proteínas e aminoácidos

Os aminoácidos, normalmente fornecidos pelas proteínas, são necessários paramanutenção, crescimento, gestação e lactação. Muitos aminoácidos são sintetiza-dos pelo animal; no entanto, alguns têm de ser fornecidos à dieta para se conseguir

o crescimento normal. Os aminoácidos essenciais para os suínos em crescimentosão arginina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina,triptofano e valina. Os níveis alimentares para a proteína bruta sugeridos na TABELA

35 constituem-se em parâmetros que fornecerão os níveis exigidos de aminoácidosquando as dietas estiverem baseadas em milho e farinha de soja (ou para os suínos

 jovens, em milho, farinha de soja e produtos lácteos). As exigências de aminoácidosessenciais dos suínos estão apresentadas, em parte, nas tabelas. Necessita-se demais pesquisa para se esclarecer as exigências de aminoácidos, particularmentedos cachaços.

Os 3 aminoácidos de maior importância prática são a lisina, triptofano e treonina.O milho, o grão básico na maioria das dietas para suínos, é acentuadamentedeficiente em lisina e triptofano. Os outros grãos principais para os suínos (sorgo,cevada e trigo) são pobres em lisina e treonina. O aminoácido limitante na farinhade soja é a metionina, mas se fornece metionina suficiente ao se combinar a fari-nha de soja com grãos de cereais em uma dieta completa que contenha o nívelrecomendado de proteína. A proteína do leite de vaca é bem balanceada emaminoácidos essenciais, mas geralmente é muito cara para ser utilizada em dietaspara suínos, exceto para suínos muito jovens. As dietas baseadas em milho e

subprodutos de proteína animal (resíduos de matadouro, carne, farinha de carne efarinha de osso) são inferiores às dietas à base de milho-farinha de soja, e podemser melhoradas significativamente pela adição de triptofano ou de suplementos quesejam boas fontes de triptofano.

Minerais

As exigências de cálcio, fósforo, sal e outros elementos minerais essenciaisestão listadas nas TABELAS 35 e 36.

Cálcio e fósforo   – Embora utilizados primariamente no crescimento esquelético,Ca e P exercem papéis metabólicos importantes no organismo e são essenciaispara a gestação e a lactação. Os animais prenhes devem receber um mínimo de 16gde Ca e 13g de P por dia, e as porcas lactantes devem receber 50g de Ca e 40g de P

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por dia. As exigências dietéticas do NRC consistem em 0,6% de Ca e 0,5% de P parao suíno em crescimento e 0,5% de Ca e 0,4% de P para os suínos em terminação.Esses níveis foram estabelecidos com dietas semipurificadas e, embora sejamadequados para o crescimento máximo (taxa de ganho de peso), não permitem umamineralização óssea máxima. A recomendação habitual para tais dietas consiste nacontinuação do fornecimento de 0,5% de P para se alcançar o peso de mercado.Podem-se exigir mesmo níveis mais altos de P (0,6%) para se melhorar a resistênciaóssea dos cachaços em crescimento. O uso de ingredientes alimentares, tais comoresíduos de matadouro, carne, farinha de carne, farinha de osso e farinha de peixe

 – que são fontes ricas de Ca e P – pode evitar a necessidade de adição de umsuplemento de P. As fontes de Ca normalmente usadas nas dietas para suínos(calcário e concha de ostra) apresentam uma alta disponibilidade biológica. Podem-se utilizar farinha de osso autoclavada, fosfato desfluorado, fosfato fraco ou fosfato

bicálcico para aumentar tanto o Ca como o P dietéticos. Existe certa variação nadisponibilidade biológica de P nesses suplementos.Cloreto de sódio   – A permissão recomendada de sal é de 0,25% da dieta total.

Os subprodutos animais e de peixe, assim como determinados subprodutos decereais, contribuem com quantidades apreciáveis de sal.

Iodo   – É utilizado pela glândula tireóide para produzir tireoxina, que afeta aatividade celular e a taxa metabólica. A exigência de iodo das porcas prenhes éde  0,3mg diários. Os suínos em crescimento requerem 0,14mg/kg de dieta.O sal iodado estabilizado, que contém 0,007% de iodo, oferecido para o preenchi-

mento das exigências de sal, também preencherá as necessidades de iodo dossuínos.Ferro e cobre   – São necessários para a formação de Hb e, portanto, para evitar

a anemia nutricional. Nas primeiras 3 semanas após o nascimento, 15mg diários deferro por suíno manterão os níveis normais de Hb. As exigências de cobre estãolistadas pelo NRC como sendo de 3 a 6mg/kg de dieta total. Tem-se descrito que11mg/kg de peso corporal diários evitarão sinais de deficiência de cobre. Como aquantidade de ferro no leite é muito baixa, os suínos em aleitamento devem receberferro suplementar. Pode-se evitar a anemia dos leitões (ver pág. 21) com compostos

de ferro injetáveis, que são o método preferível; 100 a 200mg de ferro, na forma deferro-dextrano, ferro-dextrina ou gleptoferrona, administrados nos 3 primeiros diasde vida, serão suficientes (porém, ver INTOXICAÇÃO POR FERRO EM LEITÕES RECÉM-NASCIDOS, pág. 2028). O fornecimento de sais de ferro e cobre ou a aplicaçãoinjetável de ferro-dextrano nas porcas prenhes ou lactantes não evitam a anemia emsuínos neonatos. Também se pode fornecer ferro por VO ao suíno lactente atravésda mistura de citrato de amônio férrico com água em um bebedouro de leitões ou dacolocação periódica de uma mistura de sulfato de ferro e de um carreador, como omilho, no chão do estábulo de parto.

Cobalto   – Está presente na molécula de vitamina B12  e não precisa seradicionado às dietas para suínos na forma elementar.Manganês   – Embora seja essencial para a reprodução e o crescimento normais,

desconhece-se a exigência quantitativa de manganês. Parece que 4 a 10ppm nadieta são adequados para crescimento, gestação e lactação.

Potássio   – Ao se fornecer dietas práticas, não se encontra nenhuma deficiênciadevido aos ingredientes alimentares naturais conterem quantidades adequadas depotássio.

Magnésio   – Como um elemento dietético essencial para os suínos em cresci-

mento, sua exigência é de 400ppm na dieta completa. Devido ao teor desse mineralnos ingredientes alimentares comuns, uma deficiência torna-se improvável sobcondições práticas. Tem-se utilizado a suplementação com óxido de magnésio paraevitar o canibalismo, mas estudos controlados não sustentam essa prática.

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Zinco   – Recomenda-se zinco suplementar em 50 a 100ppm para se evitarparaceratose (ver pág. 990). Quando as dietas contiverem excesso de cálcio (ouseja, ≥ 1%), recomenda-se 80 a 130ppm de zinco.

Selênio   – O teor de selênio dos solos e, essencialmente, das culturas é muitovariável. Em geral, as áreas a oeste do rio Mississipi contêm quantidades conside-ráveis de selênio, enquanto as áreas a leste do rio tendem a produzir culturasdeficientes em selênio. Sob condições práticas, 0,1 a 0,3ppm de selênio adicionadosà dieta devem preencher as exigências mínimas, contanto que se suplemente adieta com vitamina E.

Vitaminas

As exigências de vitaminas encontram-se apresentadas nas TABELAS 35 e 36,anteriormente.

Vitamina A  – O uso de vitamina A estabilizada é comum em alimentosmanufaturados e nos suplementos ou pré-misturas vitamínicos. Podem-se utilizarconcentrados que contenham vitamina A natural (mais freqüentemente óleo depeixe) para reforçar dietas, mas tanto a vitamina A natural como o caroteno, umprecursor da vitamina A oriunda das plantas, são mais facilmente destruídos pelo ar,luz, altas temperaturas, gorduras rancificadas e determinados elementos minerais.Por essas razões, deposita-se menos confiança nos ingredientes alimentaresnaturais como fontes de atividade de vitamina A para suínos. O NRC sugere quepara os suínos, 1mg de β-caroteno seja equivalente a  200UI de vitamina A. For-

ragem verde é uma excelente fonte de caroteno, assim como os fenos de leguminosasde boa qualidade. Dispõe-se de farinha de alfafa desidratada como ingredientealimentar padrão e pode-se comprá-la com um teor de caroteno garantido. O milhonão é uma fonte confiável.

Vitamina D   – Essa vitamina lipossolúvel e anti-raquítica é necessária parauma ossificação e um crescimento ósseo apropriados. Os suínos podem usar avitamina D2 (esterol vegetal irradiado) e a vitamina D3 (esterol animal irradiado) parapreencher suas exigências de vitamina D. Podem-se preencher as necessidades devitamina D através da exposição dos suínos à luz solar direta por um curto período

todos os dias. As fontes de vitamina D incluem levedura irradiada, fenos secos pelosol, esteróis animais ou vegetais ativados, óleos de peixe e concentrados dasvitaminas A e D.

Vitamina E   (α-tocoferol) – Necessária para suínos de todas as idades, estárelacionada com o selênio e é incluída em 11 a 22UI/kg de dieta onde se tiver des-crito deficiências de selênio e vitamina E. A suplementação de vitamina E podeimpedir apenas parcialmente uma deficiência de selênio. Forragem verde, fenos efarinhas de leguminosas, grãos de cereais e especialmente germe de grãos decereal contêm quantidades apreciáveis de vitamina E. A atividade de vitamina E

parece se reduzir nos ingredientes alimentares armazenados sob condições degrande umidade. A trituração dos grãos e a indução de altos níveis de cobre (125a 250ppm) em dietas mistas reduzem grandemente a estabilidade do α-tocoferolque ocorre naturalmente.

 Vitamina K   – Essa vitamina lipossolúvel é necessária para a manutenção dotempo de coagulação sangüínea normal. Têm-se descrito hemorragias em recém-nascidos, assim como em suínos em crescimento, talvez indicando deficiências devitamina K nos suínos alimentados com dietas práticas. Deve-se adicionar vitamina Ksuplementar a 2mg/kg de dieta como medida de segurança.

Tiamina – Essa vitamina hidrossolúvel não possui importância prática nas dietashabitualmente fornecidas aos suínos, pois os grãos e outros ingredientes alimenta-res fornecem grandes quantidades que suprem as exigências de  1,1 a 1,5mg/kgda dieta total.

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Riboflavina   – A exigência do lote reprodutor e dos suínos de pouco peso é de 3 a4mg/kg de dieta. Para os suínos em crescimento com ≥ 20kg, exige-se 2 a 2,5mg/kg dedieta. A riboflavina é um constituinte de vários sistemas enzimáticos do organismo. Asdietas para suínos são normalmente deficientes nessa vitamina e adiciona-se sua forma

cristalina nas pré-misturas. As fontes naturais incluem forragem verde, subprodutoslácteos, levedura de cerveja, farinhas de leguminosas e alguns subprodutos defermentação e destilaria.

Niacina (ácido nicotínico) – A exigência de niacina disponível é de 15mg/kg dedieta para os suínos com 10kg e de 10mg/kg de dieta para os suínos com ≥ 20kg.A niacina é um componente de co-enzimas relacionadas à utilização dos carboidra-tos. Os suínos convertem ineficientemente um pouco de triptofano em niacina. Omilho contém niacina a 20 a 22mg/kg, mas a niacina do milho e de outros grãos decereais parece não ser disponível para os suínos. As dietas para suínos são

normalmente deficientes nessa vitamina e adiciona-se sua forma cristalina nas pré-misturas. As fontes naturais de niacina incluem subprodutos animais e de peixes,levedura de cerveja, farinha de amendoim e solúveis de destilaria.

Ácido pantotênico   – As exigências de ácido pantotênico são de 12mg/kg dealimento para suínos < 10kg, 9mg para suínos com ≥ 10kg e 12mg para os animaisreprodutores. O ácido pantotênico é necessário para a reprodução das porcas. Asdietas para suínos são normalmente deficientes nessa vitamina e adiciona-se suaforma cristalina nas pré-misturas. As fontes naturais de ácido pantotênico incluemforragem verde, farinhas de leguminosas, produtos lácteos, levedura de cerveja,

solúveis de peixe, farelo de trigo, farinha de amendoim e casca de arroz.Piridoxina (vitamina B6) – As exigências de piridoxina são de 1,5mg/kg de dieta

para suínos de 5 a 20kg, e de 1mg/kg de dieta para suínos mais pesados. Éimportante no metabolismo de aminoácidos e está presente em quantidadesabundantes nos ingredientes alimentares geralmente oferecidos aos suínos.

Colina   – Essencial para o funcionamento normal de todos os tecidos, os suínospodem sintetizar um pouco de colina a partir da metionina dietética. A exigência decolina está listada como sendo de 500mg/kg de alimento para suínos de 5 a 10kge de 400mg/kg para os suínos de 10 a 20kg. Evidências recentes indicam que a

exigência não é > 330mg/kg de alimento para suínos iniciantes. As dietas de milho-soja não são deficientes em colina para os suínos iniciantes, em crescimento ou emterminação. O cloreto de colina suplementar em 440 a 770mg/kg de alimentoaumenta o tamanho da ninhada em marrãs e porcas. As fontes naturais de colinaincluem solúveis de peixe, farinha de peixe, farinha de soja, farinha de fígado,levedura de cerveja, resíduos de matadouro e farinha de carne.

Vitamina B 12 

  – A exigência de vitamina B12 é de 20µg/kg de dieta para os suínosde 1a 10kg; sugere-se 15µg/kg para o lote reprodutor. A potência de vitamina B12 dasfontes alimentares naturais é muito variável. As dietas para suínos são freqüentemen-

te deficientes nessa vitamina e adiciona-se sua forma cristalina nas pré-misturas.Biotina   – É um nutriente essencial. Há evidências de que as dietas à base defarinha de sorgo-soja e farinha de cevada-soja fornecidas aos animais reprodutorespossam ser deficientes em biotina disponível. Têm-se publicado evidênciasconflitantes quanto ao nível de biotina das dietas à base de farinha de milho-soja.A suplementação de biotina dessas dietas pode aumentar o tamanho de ninhada ediminuir as lesões dos coxins plantares nos suínos adultos.

Ácido fólico e ácido ascórbico – O ácido fólico é uma vitamina dietéticaessencial para os suínos, mas o ácido ascórbico (vitamina C) é sintetizado pelo

suíno em uma taxa suficientemente rápida para suprir suas necessidades. Asevidências não indicam nenhuma necessidade de suplementação de ácido ascór-bico das dietas práticas para suínos. Pesquisas recentes indicam que o ácido fólicosuplementar nas dietas de prenhez aumenta o número de suínos nascidos.

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PRÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO

Plano de alimentação de suínos –  Um princípio fundamental de políticaeconômica na produção de carne suína é o fornecimento dos grãos de cereais maiseconômicos e a correção das deficiências através de suplementação. Também sãodisponíveis pré-misturas vitamínicas e minerais seguras ou suplementos completosmanufaturados.

O consumo de alimentos em cercados antes das 3 semanas de idade é mínimo.As ninhadas que mamarem além dessa idade devem se alimentar por conta própriacom uma dieta inicial palatável até o desmame. Necessita-se de alimento suplemen-tar para um desempenho ideal porque a produção de leite atinge seu máximo às3 a 4 semanas de idade, enquanto as necessidades nutricionais dos suínos aumen-tam rapidamente.

Preparação e fornecimento de grãos de fazenda  – Pode-se esperar umamelhora no ganho de peso e particularmente na eficiência alimentar, com o uso degrãos triturados; quanto mais velho o suíno, maior a resposta. Deve-se reduzir o grãoao tamanho de uma partícula meio fina. A redução excessiva do tamanho dapartícula pode levar a um aumento na incidência de úlceras gástricas. A peletizaçãode rações pode resultar em uma pequena melhora no ganho de peso e especialmen-te na eficiência alimentar. Em geral, obtém-se um maior benefício com raçõespeletizadas que contenham altos níveis de fibra.

Milho   – É o grão mais largamente utilizado para a alimentação de suínos na

América do Norte. É rico em energia metabolizável (EM), mas relativamente pobreem proteína bruta.Aveia   – Devido ao teor energético relativamente baixo da aveia, não deve

constituir > 20% do total de grãos de cereais da dieta. Nessa base, pode-se substituiro milho por aveia finamente triturada em uma base de quilo por quilo. Freqüentemen-te se utiliza aveia trilhada (descascada) nas dietas iniciais; possui uma densidadeenergética um pouco mais alta que a do milho.

Trigo   – Embora o trigo contenha 2 a 3% a mais de proteínas que o milho, se obtémpouco ou nenhum aumento no valor substitutivo porque o teor de lisina é apenas

levemente superior ao do milho. Os valores de EM do trigo e do milho são quaseidênticos. Deve-se triturar grosseiramente o trigo antes de seu fornecimento.Cevada   – A cevada triturada ou trilhada apresenta  90% do valor alimentar do

milho, ainda que geralmente contenha 2 a 3% a mais de proteína. As raçõespeletizadas que contêm altos níveis de cevada resultam em melhora do desempe-nho em relação a rações semelhantes oferecidas na forma de farinha. Não se deveservir cevada com casca. As rações de cevada peletizadas que contêm quantidadesadequadas de todos os nutrientes exigidos são quase iguais às dietas à base demilho amarelo triturado e dos suplementos necessários.

Sorgo   – Este grão se tornou uma fonte de energia importante para os suínos nooeste e sudoeste dos EUA. O teor proteico varia de 9 a 13%, dependendo do fatode a cultura ter sido cultivada em terra irrigada ou não irrigada e do fato de o solo tersido fertilizado. Em geral, pode-se substituir o sorgo por milho em uma base depesos iguais, mas como o valor da EM é levemente mais baixo que o do milho, deve-se esperar uma conversão alimentar mais fraca.

Manejo nutricional das porcas e ninhadas – Pode-se aumentar o lucro atravésda prevenção da morte de suínos; aproximadamente 20% de todos os suínosmorrem antes do desmame. As recomendações seguintes ajudam a reduzir essa

perda: 1. produza suínos saudáveis através do fornecimento de dietas de gestaçãoadequadas em todos os nutrientes. Quanto mais vigoroso for um suíno ao nascimen-to, melhores são suas chances de sobrevivência; 2. tenha certeza de que a porcaestá em boas condições no parto e de que não precise de um alimento laxativo, o

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que é primariamente um reflexo da alimentação durante a gestação. Os problemasde constipação tornam-se mínimos se a porca tiver um alimento limitado durante agestação. Após o parto, deve-se permitir que a porca retorne ao alimento que elaescolher; 3. certifique-se que cada suíno tenha sido amamentado. Se necessário,pode-se estimular o fluxo (ou descida) do leite em algumas porcas através daadministração de ocitocina. Se a porca tiver uma descida do leite lenta, os suínosfracos podem se beneficiar do recebimento de leite artificial, mas o sucesso dependede bons manejo e higiene; 4. previna a anemia nutricional; e 5. providencie uma dietainicial de suínos palatável desde a terceira semana de idade até o desmame (vertambém INTERAÇÃO MANEJO-DOENÇA: SUÍNOS, pág.1358 e MANEJO DA REPRODUÇÃO:SUÍNOS, pág. 1387).

Manejo nutricional dos suínos em crescimento – Os suínos desmamados emuma idade precoce (3 a 4 semanas) se desenvolvem melhor se forem alimentados

com uma dieta inicial complexa por 2 semanas. Tipicamente, essa dieta inicialcontém produtos lácteos e carboidratos refinados. Preenchem-se melhor as neces-sidades nutricionais dos suínos em fim de crescimento através de um programa dealimentação completa. A alimentação limitada reduz a taxa de ganho de peso, maspode melhorar a eficiência alimentar e a qualidade da carcaça nos suínos emterminação. O projeto e o ajuste apropriados dos comedouros automáticos sãonecessários para se evitar o desperdício alimentar ou a restrição do crescimento.

As recomendações de espaço para os suínos em crescimento apresentadas aquisão adaptadas de um relatório do “Nutrition Council of the American Feed Industry

Association”. Ao mantê-los em pisos ripados, deve-se fornecer aos suínos 0,4 a0,6m2 de espaço de piso para 22,5 a 56,5kg, e 0,7m2 para 56,5 a 90,5kg de pesocorporal (ver TABELA 37).

Estimulantes do crescimento – Adicionam-se comumente antibióticos e outrosagentes quimioterapêuticos às rações suínas para a promoção do crescimento. Emgeral, quando adicionados a rações de suínos em crescimento, os antibióticosresultam em uma resposta maior e mais consistente do que a dos arsenicais. Osníveis de antibióticos fornecidos e as exigências de repouso medicamentoso devemestar de acordo com as recomendações do fabricante e as restrições legais.

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TABELA 37 – Exigências Espaciais dos Suínos em Final de Crescimento

Do desmame até De 75 – 125lb De 25lb (> 57kg) ao75lb (< 34kg) (34 – 57kg) tamanho de mercado

Espaço para dormir ou abrigopor suíno, m2 4 5 – 6 8

Suínos por metro linear de espaço

em comedouro automático(ou por orifício)Em área seca .......................... 4 3 3Em pastagem .......................... 4 – 5 3 – 4 3 – 4

Porcentagem de espaço decomedouro para suplemento pro-téicoEm área seca .......................... 25 20 15Em pastagem .......................... 20 – 25 15 – 20 10 – 15

Metros corridos de cochopor suíno*; para fornecimentomanual de água ou alimento .... 3 ⁄ 4 1 1 1 ⁄ 4

* Acesso por um dos lados.

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A inclusão de antibióticos efetivos nas rações para suínos em iniciação (< 23kg)tende a aumentar a taxa de ganho de peso em 15% da média e a eficiênciaalimentar em  7%; para os suínos em fim de crescimento, podem-se esperaraumentos de  4% na taxa de ganho de peso e de  2% na eficiência alimentar.Os aditivos alimentares comumente utilizados são penicilina (sozinha ou emcombinação com estreptomicina), clortetraciclina, oxitetraciclina, bacitracina, tilosina,carbadox, bambermicinas e virginiamicina. Para melhores resultados, deve-seincluir o antibiótico em uma ração durante o período de fim de crescimento. Isso podeajudar a reduzir o número de suínos nanicos e magros e a fazer com que tais suínosobtenham ganhos de peso mais rápidos e eficientes. Isso ajuda também a prevenire controlar a diarréia e determinadas formas de enterite. (Pode-se perder essavantagem se se desenvolverem cepas resistentes de microrganismos causadoresde enterite.) Vários estudos indicam que o fornecimento de agentes antimicrobianosno período de acasalamento e no parto geralmente resulta em uma melhora dodesempenho reprodutivo. Geralmente se observa uma maior resposta aos aditivosalimentares nas rações iniciais. A inclusão de tais agentes nas rações iniciais parasuínos pode ter valor no controle da diarréia e na superação do estresse adicionalimposto pelo desmame. O fornecimento de antimicrobianos aos suínos não subs-tituirá um bom manejo.

Novos promotores de crescimento, comumente referidos como “agentes redis-tribuidores” podem estar disponíveis em breve; os beta-antagonistas, tais como ocimaterol e a ractopamina, e a somatotropina suína são exemplos. Esses compostosmelhoram a conversão alimentar e resultam em uma carcaça mais magra. Afetamas exigências nutricionais, particularmente aumentando as exigências de proteínase aminoácidos.

DOENÇAS NUTRICIONAIS

É difícil o diagnóstico das deficiências nutricionais através da observação desinais. Muito freqüentemente, os sinais clínicos são o resultado de um complexo demanejo deficiente e doenças infecciosas, incluindo parasitismo, assim como de mánutrição. Para a maioria das deficiências nutricionais, os sinais não são específicos,por exemplo, pouco apetite, redução do crescimento e emaciação são comuns àsdeficiências da maioria dos nutrientes. A deficiência de um único nutriente poderesultar em inanição; o agravamento subseqüente pode causar deficiências múlti-plas. Além disso, uma deficiência nutricional também pode existir sem o apareci-mento de sinais definidos. No campo, a deficiência pode ser apenas leve oumarginal, o que dificulta o diagnóstico.

O diagnóstico de uma deficiência através da observação da resposta à terapianutricional nem sempre é preciso, particularmente nas deficiências a longo prazo,cujas lesões podem ser irreversíveis. Deve-se diagnosticar positivamente umadeficiência nutricional apenas após a observação de vários dos sinais clínicosesperados e de uma revisão cuidadosa dos antecedentes de manejo, doença e dietados animais.

Proteínas

A deficiência proteica, que pode resultar de um consumo alimentar subideal oude um desequilíbrio de um ou mais aminoácidos essenciais, causa redução do

ganho de peso, engorda das carcaças e diminuição da conversão alimentar. Paraa utilização ideal das proteínas, devem-se liberar todos os aminoácidos essenciaisdurante a digestão em taxas proporcionais às necessidades. Portanto, não se devefornecer manualmente a suplementação proteica em intervalos infreqüentes, mas

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deve-se misturá-la com os grãos ou fazer com que esteja disponível a todos osmomentos junto com grãos à vontade.

Não se tem apresentado nenhuma evidência que sustente a teoria do “envenena-mento proteico”. Tem-se provado que as dietas que contêm tanto quanto 34 a 51% deproteína são laxantes, mas não prejudiciais, e não se observou nenhum efeito tóxico.

Gorduras

Uma ração semipurificada, que continha 0,06% de gordura, produziu sinais dedeficiência tais como queda de pêlos, dermatite escamosa, áreas de necrosecutânea no pescoço e ombros, e uma aparência emaciada nos suínos em cresci-mento; no entanto, um nível de 1 a 1,5% de gordura pareceu o bastante para supriros ácidos graxos essenciais. Com dietas práticas, desconhece-se a deficiência deum ácido graxo ou gordura específica.

Minerais

Os sinais clínicos das deficiências dos elementos minerais mais importantes sãodiscutidos brevemente a seguir.

C álcio e fósforo   – As deficiências de Ca e P resultam em raquitismo (ver pág.586) nos suínos em crescimento e osteomalacia nos suínos adultos. Os sinaisincluem deformidade e desvio dos ossos longos e claudicação nos suínos jovensbem como fraturas e paralisia posterior nos suínos mais velhos. As porcas deficien-

tes produzem suínos fracos e geralmente apresentam uma paralisia posterior,algumas vezes como resultado de fraturas na região lombar. As porcas com umadeficiência marginal freqüentemente parem suínos fortes e vigorosos que crescemnormalmente. No entanto, após a amamentação dos suínos por ≥ 3 semanas, taisporcas podem desenvolver paralisia posterior. Uma deficiência de vitamina Dtambém causa esses sinais, especialmente se o Ca ou o P dietéticos diferiremacentuadamente do nível alimentar recomendado.

Sódio e cloro   – Os suínos alimentados com dietas pobres em sal apresentamlentidão do crescimento, redução de apetite e más condições da pele e dos pêlos.

Iodo   – As fêmeas acasaladas alimentadas com dietas deficientes em iodoproduzem suínos pelados fracos ou natimortos. No caso de uma deficiênciamarginal, os suínos recém-nascidos podem ser apenas fracos ao nascimento, massuas tireóides estão aumentadas e possuem anormalidades histológicas (vertambém BÓCIO, pág. 341).

Ferro e cobre   – A deficiência desses 2 elementos reduz a taxa de formação deHb e produz uma anemia nutricional típica. Os sinais de anemia nutricional nossuínos lactentes incluem valores baixos de Hb e da contagem de hemácias,membranas mucosas pálidas, aumento de volume do coração, edema da pele ao

redor do pescoço e ombros, apatia e taquipnéia (palpitação).Z inco   – Uma ausência relativa desse elemento resulta em paraceratose (ver pág.

990) nos suínos em crescimento, particularmente quando as rações contiveremuma quantidade de cálcio maior do que a recomendada. Não se conhece o modode ação exato do zinco na prevenção da paraceratose.

Selênio/vitamina E   – Pode-se observar a morte súbita de suínos jovens e emcrescimento rápido devida a uma deficiência desses nutrientes (ver HEPATOSE

DIETÉTICA e DOENÇA DO CORAÇÃO DE AMORA, pág. 663).

Vitaminas

Os sinais resultantes das deficiências das vitaminas de maior importância práticaencontram-se brevemente discutidos a seguir.

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Vitamina A  – A deficiência resulta em distúrbios nos olhos e nos tecidos epiteliaisdos sistemas respiratório, reprodutor, nervoso, urinário e gastrointestinal. Debilita-sea reprodução nas porcas, e as porcas deficientes em vitamina A podem parir suínoscegos, anoftálmicos, fracos ou malformados. A herniação da medula espinhal nosfetos de suínos é descrita como um sinal raro na deficiência de vitamina A em porcasprenhes. Os suínos em crescimento, que forem deficientes em vitamina A, apresen-tam incoordenação e desenvolvem cegueira noturna e distúrbios respiratórios.

Vitamina D – Os sinais da deficiência incluem raquitismo, rigidez, ossos fracose encurvados e paralisia posterior.

Riboflavina   – Nos suínos deficientes em riboflavina, a reprodução fica debilita-da; as marrãs pós-púberes falham em ciclar, mas não apresentam nenhum outrosinal clínico. As porcas deficientes ficam anoréticas e parem prematuramentesuínos mortos 4 a 16 dias antes do previsto. Os suínos natimortos apresentam muito

pouco pêlo, com freqüência são parcialmente reabsorvidos e podem apresentarpatas dianteiras aumentadas de volume. Os suínos em crescimento alimentadoscom dietas pobres em riboflavina ganham peso lentamente e apresentam poucoapetite, pelame áspero, exsudação cutânea e possivelmente catarata.

Niacina   – Os suínos deficientes em niacina apresentam lesões inflamatórias dotrato gastrointestinal. Exibem diarréia, perda de peso, pelame e pele ásperos e umadermatite auricular. As afecções intestinais podem ser devidas a uma deficiência deniacina, uma infecção bacteriana ou ambas. Os suínos deficientes respondemfacilmente a uma terapia com niacina, e embora isso não seja uma cura para a

enterite infecciosa, uma quantidade adequada de niacina dietética provavelmentepermite ao suíno manter sua resistência a invasões bacterianas.Ácido pantotênico   – Os suínos em crescimento e as porcas prenhes desenvol-

vem uma andadura “a passo-de-ganso” típica, ataxia e uma diarréia sanguinolentanão infecciosa, quando mantidos em dietas deficientes em ácido pantotênico.Quando a deficiência fica severa, desenvolve-se anorexia.

Colina   – Os suínos deficientes em colina apresentam incoordenação e umaconformação anormal dos ombros. À necropsia, podem exibir fígados gordurosose geralmente apresentam danos renais. As porcas deficientes em colina apresen-

tam um tamanho de ninhada levemente menor (

 0,5 suíno), mas não exibemnenhum sinal clínico de deficiência.Vitamina B 

12   – Os suínos neonatos alimentados com rações sintéticas pobresem vitamina B12 apresentam hiperirritabilidade, falha de voz, e dor e incoordena-ção nos quartos traseiros. O exame histológico da medula óssea revela uma de-terioração do sistema hematopoiético. Também se observam fígados gordurosos ànecropsia. Sob condições de campo, os suínos desmamados alimentados comdietas práticas pobres em vitamina B12 não apresentam os sinais anteriores, massimplesmente ganham peso mais lentamente do que os suínos que estejam

recebendo uma quantidade adequada de vitamina B12.

NUTRIÇÃO E MANEJO: AVES DOMÉSTICAS

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS

As aves domésticas possuem grande capacidade de conversão do alimento emprodutos alimentícios, e essa eficiência tem sido grandemente aumentada nasúltimas décadas. As cifras de exigências nutricionais publicadas em “NUTRIENT

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REQUIREMENTS  OF  POULTRY” (“National Academy of Sciences”, 1984) derivam deníveis experimentalmente determinados, sob condições ideais de laboratório, parase adequarem ao crescimento, saúde, produtividade e qualidade de produto nor-mais. No entanto, sob condições práticas, genética, teor energético da dieta,temperaturas ambientais, tipo de piso, disponibilidade de nutrientes a partir de váriosingredientes alimentares, destruição ou perda de nutrientes no intestino, pró-oxidantes, os parasitas intestinais, micotoxinas, doenças e muitos outros estressespodem aumentar essas exigências nutricionais. Logo, muitas dietas práticas adicio-nam uma margem de segurança para as exigências nutricionais exibidas.

Energia, proteína e aminoácidos

Os valores de energia metabolizável (EM) utilizados pela maioria dos nutricio-nistas de aves domésticas não são corrigidos para as perdas energéticas meta-

bólicas endógenas ou fecais, e portanto representam mais a energia metabolizável“aparente” (EMA) do que a energia metabolizável “verdadeira” (EMV). Os valores deEMA servem bem como avaliação do teor energético disponível dos ingredientesalimentares.

As galinhas e outras aves comestíveis podem ajustar seu consumo alimentar auma variação considerável de níveis alimentares de energia para preencheremsuas necessidades energéticas diárias. Conseqüentemente, suas “exigências”nutricionais são dadas como variação, geralmente  2.500 a 3.400kcal/kg de dieta.Como o teor energético da dieta influencia o consumo alimentar, os níveis de

proteína e aminoácidos são geralmente fornecidos com relação ao teor energético.Já que a nutrição proteica é na verdade uma nutrição de aminoácidos, o conceito deproporção caloria–proteína também se estende aos aminoácidos. Algumas dascifras de aminoácidos contidas nas tabelas foram estabelecidas por experimenta-ção direta, enquanto outros valores foram calculados, presumindo-se que as exi-gências de aminoácidos sejam proporcionais às de proteínas. Os aminoácidosexibidos nessas tabelas são considerados essenciais para as aves domésticas.As aves domésticas podem sintetizar glicina, mas freqüentemente não em quanti-dades suficientes. A cistina e a tirosina são consideradas essenciais, mesmo que

possam ser sintetizadas a partir da metionina e da fenilalanina, respectivamente.Na formulação alimentar prática, a metionina pode poupar colina como doadorde metila e pode-se utilizar o triptofano para sintetizar niacina. Essas relações sãoimportantes, já que nas dietas podem-se fornecer mais economicamente 2 vitami-nas do que 2 aminoácidos.

O peso corporal e a constituição são fatores importantes na criação de frangasde qualquer linhagem para uma produção máxima de ovos. A maioria das linhagensdas galinhas leghorns brancas apresenta pesos corporais relativamente baixos enão tende, sob alimentação normal, a ficar obesa. Não se deve restringir o alimento

a este tipo de ave a menos que falhem em alcançar pesos corporais adequados noinício da postura. Pode haver vezes em que, por várias razões, as frangas seatrasem em iniciar a produção. Sob tais circunstâncias, a restrição alimentar torna-se necessária para restringir o ganho de peso corporal das frangas. Para aslinhagens de galinhas de ovos marrons, freqüentemente se utiliza algum grau derestrição ( 90% da alimentação à vontade). Algum tipo de programa de restriçãoalimentar se torna particularmente importante para as frangas de linhagem defrangos de corte, que tendem a ficar muito obesas se se alimentarem à vontade.Também se restringe o consumo alimentar de produtoras de frangos de corte

durante o período de postura.Nos dias de hoje, as frangas iniciam a produção e alcançam o pico de produçãosemanas mais cedo do que conseguiam vários anos atrás. Isso é verdadeiro tantopara poedeiras comerciais como para produtoras de frango de corte. Por isso, torna-

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se de máxima importância que as rações de iniciação, crescimento e desenvolvi-mento sejam completamente adequadas para o desenvolvimento de frangas fortesde peso corporal normal no início da postura.

Vitaminas

As exigências vitamínicas encontram-se apresentadas nas tabelas seguintes emtermos de mg/kg de dieta, exceto as vitaminas A, D e E, que são fornecidas emunidades internacionais (UI).

TABELA 38 – Exigências de Proteínas e Aminoácidos Importantes das Galinhas naForma de Porcentagem da Dieta

Iniciação e crescimento

Semanas  Postura eNutrientes* 0 – 6 6 – 12 12 – 20   reprodução***

Proteína 2000. 1700. 14**0 17**0Arginina 1,05 0,85 0,72 0,88Lisina 1,05 0,76 0,63 0,76Metionina 0,42 0,34 0,30 0,35Cistina 0,33 0,27 0,24 0,28Treonina 0,72 0,60 0,52 0,60

Triptofano 0,19 0,15 0,14 0,16* Presumindo-se que todas as dietas contenham 2.900kcal de EM/kg.

** Essas cifras se aplicam em um clima moderado. Para temperaturas ambientais quentes, devem-se aumentar em 10% todos os valores para as rações de desenvolvimento e para poedeirase reprodutores. Semelhantemente, nos recintos frios, podem-se reduzir os nutrientes anterio-res como uma porcentagem da dieta.

*** Essas exigências se aplicam às galinhas leghorn. As linhagens de ovos marrons podem consumir 10% mais alimento/dia, e assim suas dietas podem ser apropriadamente mais pobres nessesnutrientes.

TABELA 39 – Exigências de Proteínas e Aminoácidos Importantes dos Frangosde Corte, como Porcentagens da Dieta

Base energética em kcal de 0 – 3 semanas 3 – 6 semanas 6 – 8 semanasEM/kg de dieta* 3.200 3.200 3.200

Proteína 23.00 20.00 18.00Arginina 1,44 1,20 1,00Glicina + serina 1,50 1,00 0,70

Histidina 0,35 0,30 0,26Isoleucina 0,80 0,70 0,60Leucina 1,35 1,18 1,00Lisina 1,20 1,00 0,85Metionina + cistina 0,93 0,72 0,60Metionina 0,50 0,38 0,32Fenilalanina + tirosina 1,34 1,17 1,00Fenilalanina 0,72 0,63 0,54Treonina 0,80 0,74 0,68Triptofano 0,23 0,18 0,17

Valina 0,82 0,72 0,62* Essas são concentrações energéticas dietéticas típicas.

Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Poultry , 1984, National Academy ofSciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

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TABELA 40 – Exigências de Proteínas e Aminoácidos dos Perus, como Porcentagens da Dieta

Idade (semanas)

Base energética M: 0 – 4 4 – 8 8 – 12 12 – 16 16 – 20 20 – 24 Perus  kcal de EM/kg F: 0 – 4 4 – 8 8 – 11 11 – 14 14 – 17 17 – 20 Controle reprodutores

de dieta* → 2.800 2.900 3.000 3.100 3.200 3.300 2.900 2.900  Proteína 28000 26.00 2200. 1900. 16,5 1400. 1200. 1400.Arginina 1,60 1,50 1,25 1,10 00,95 0,80 0,60 0,60Glicina + serina 1,00 0,90 0,80 0,70 0,6 0,50 0,40 0,50Histidina 0,58 0,54 0,46 0,39 0,35 0,29 0,25 0,30Isoleucina 1,10 1,00 0,85 0,75 0,65 0,55 0,45 0,50Leucina 1,90 1,75 1,50 1,30 1,1 0,95 0,50 0,50Lisina 1,60 1,50 1,30 1,00 0,8 0,65 0,50 0,60Metionina + cistina 1,05 0,90 0,75 0,65 0,55 0,45 0,40 0,40Metionina 0,53 0,45 0,38 0,33 0,28 0,23 0,20 0,20Fenilalanina +

tirosina 1,80 1,65 1,40 1,20 1,05 0,90 0,80 1,00Fenilalanina 1,00 0,90 0,80 0,70 0,6 0,50 0,40 0,55Treonina 1,00 0,93 0,79 0,68 0,59 0,50 0,40 0,45Triptofano 0,26 0,24 0,20 0,18 0,15 0,13 0,10 0,13

Valina 1,20 1,10 0,94 0,80 0,7 0,60 0,50 0,58* Estas são concentrações típicas de EM para dietas de milho-soja. Valores diferentes de EM podem ser apropriados se outros ingredientes predominarem.Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Poultry , 1984, National Academy of Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

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TABELA 41 – Exigências Nutricionais dos Faisões* e Codornizes** como Porcentagem ou como Miligramas por Quilograma de Dieta

Base energética Faisão Codornizekcal de EM/kg de Iniciação Crescimento Reprodução Iniciação Crescimento Reprodução  dieta*** → 2.800 2.700 2.800 2.800 2.800 2.800  

Proteína % 30,00 16,00 18,00 28,00 20,0 24,00Glicina +

serina % 1,80 1,00  –00  –00  –00  –00Lisina % 1,50 0,80  –00  –00  –00  –00Metionina +cistina % 1,10 0,60 0,60  –00  –00  –00Ácido linoléico % 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00Cálcio % 1,00 0,70 2,50 0,65 0,65 2,30Fósforo,disponível % 0,55 0,45 0,40 0,55 0,45 0,50Sódio % 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15Cloro % 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11Iodo mg 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30Riboflavina mg 3,50 3,00  –00 3,80  –00 4,00Ácidopantotênico mg 10,00 10,00  –00 13,00  –00 15,00Niacina mg 60,00 40,00  –00 30,00  –00 20,00Colina mg 1.500,00 1.000,00  –00 1.500,00  –00 1.000,00

* Para os valores não listados, ver EXIGÊNCIAS PARA PERUS, como parâmetro (TABELAS 40 e 43).** Para os valores não listados, ver EXIGÊNCIAS DAS GALINHAS LEGHORN, como parâmetro (TABELAS 38 e 42).

*** Essas são concentrações energéticas dietéticas típicas.Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Poultry , 1984, National Academy of Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

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Uma UI de atividade de vitamina A equivale a 1,3µg de retinol puro (ou 0,344µgde acetato de retinila). Nas galinhas, considera-se que 0,6µg de beta-carotenoequivalha a 1UI de vitamina A. No entanto, os pintos jovens não são eficientes nautilização de beta-caroteno. As exigências de vitamina A aqui contidas se baseiamno uso de preparações estabilizadas de vitamina A e portanto são um pouco maisbaixas do que os níveis anteriormente recomendados.

As exigências de vitamina D são expressas em UI. As aves utilizam muito eficien-temente a vitamina D3 proveniente de óleos de peixe e esteróis animais irradiados,mas não podem utilizar vitamina D2. Têm-se isolado e sintetizado formas metabólicasda vitamina D; essas formas incluem a 25-hidróxi-vitamina D3, que é sintetizada nofígado, e a 1,25-diidróxi-vitamina D3, que é sintetizada nos rins. Uma UI de vitamina Drepresenta a atividade de vitamina D de 0,025µg de vitamina D3 pura.

Uma UI de vitamina E equivale a 1mg de acetato de dL-alfa-tocoferol sintético. As

exigências de vitamina E variam com o tipo e o teor de gordura  na dieta, os níveis deselênio e microelementos minerais, e a presença ou ausênciade outros antioxidantes.Exige-se colina como parte integrante dos fosfolipídios corporais, como parte da

acetilcolina e como fonte de grupos metílicos. As galinhas em crescimento podemutilizar a betaína como agente metilante, mas a betaína não pode substituir a colinana prevenção da perose. A betaína está largamente distribuída nos ingredientesalimentares práticos e pode ser importante na economia de colina. Níveis dietéticosadequados de vitamina B12  ajudam a franga a desenvolver a capacidade debiossintetizar colina. Os valores de exigência de colina apresentados são aplicáveis

às dietas que contenham níveis específicos de vitamina B12.Minerais

A exigência de cálcio das galinhas em postura é difícil de definir. O excesso decálcio dietético interfere na utilização de vários outros minerais assim como degorduras e tende a reduzir a palatabilidade. Para a postura, na maioria dos casos éadequado o nível recomendado de 3,25% para o início da produção de ovos, mas asgalinhas > 42 semanas de idade, e especialmente aquelas sujeitas a altas tempera-turas ambientais, podem requerer níveis de até e talvez > 3,75%.

Nutrientes não identificados

O pinto tem exigências de 40 nutrientes, junto com um nível adequado de EM.Podem-se exigir alguns fatores de crescimento e eclodibilidade não identificados aum desempenho máximo sob determinadas situações de estresse.

Antibióticos

Utilizam-se antibióticos a níveis baixos (5 a 25mg/kg de alimento, dependendo

do antibiótico) nas rações para aves domésticas para melhorar a taxa de crescimen-to e a eficiência alimentar. No entanto, em alguns países, os regulamentos atuaisrestringem o uso de determinados antibióticos.

PRÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO E MANEJO

O alimento e a extensão de tempo exigidos para se atingir determinados pesosnas frangas e perus estão apresentados nas tabelas de crescimento e alimentos.

Podem-se utilizar essas cifras como parâmetros na estimativa da quantidade dealimento exigido. Pode ocorrer uma variação considerável nessas cifras devido adiferenças na densidade de nutrientes do alimento, na linhagem ou raça da ave, naquantidade de alimento desperdiçado e na temperatura ambiental.

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TABELA 42 – Exigências de Vitaminas, Minerais e Ácido Linoléico das Galinhas Leghorn, como Porcentagens ou como Miligramasou Unidades por Quilograma de Dieta

Crescimento Postura Reprodução

Consumo 0 – 6 6 – 14 14 – 20 diário por  

Base energética semanas semanas semanas galinha  kcal de EM/kg de dieta* → 2.900 2.900 2.900 2.900 (mg)** 2.900  

Ácido linoléico % 1,0 1,0 1,0 1,0 1.100 1,0

Cálcio % 0,80 0,70 0,60 3,40 3.75000. 3,40Fósforo disponível % 0,40 0,35 0,30 0,32 35000. 0,32

Potássio % 0,40 0,30 0,25 0,15 165.00 0,15Sódio % 0,15 0,15 0,15 0,15 16500. 0,15Cloro % 0,15 0,12 0,12 0,15 16500. 0,15Magnésio mg 600.00 50000. 400.00 50000. 5500. 500.00Manganês mg 6000. 3000. 30.00 3000. 3,30 60.00Zinco mg 40.00 3500. 35.00 5000. 5,50 65.00Ferro mg 8000. 6000. 60.00 5000. 5,50 60.00Cobre mg 800. 600 600. 600. 0,88 8.00Iodo mg 0,35 0,35 0,35 0,30 0,03 0,30Selênio mg 0,15 0,10 0,10 0,10 0,01 0,10

Vitamina A UI 1.500.00 1.500000 1.50000. 4.00000. 44000. 4.000.00Vitamina D UI 200.00 200000 20000. 50000. 5500. 500.00Vitamina E UI 1000. 5000 500 500. 0,55 10.00Vitamina K mg 0,50 0,50 0,50 0,50 0,055 0,50Riboflavina mg 3,60 1,80 1,80 2,20 0,242 3,80Ácido pantotênico mg 10,00 10,00 10,00 2,20 0,242 10,00Niacina mg 27,00 11,00 11,00 10,00 1,10 10,00

Vitamina B12 mg 0,009 0,003 0,003 0,004 0,00044 0,004Colina mg 1.30000. 900000 500.00. ?00 ? ?Biotina mg 0,15 0,10 0,10 0,10 0,011 0,15Folacina mg 0,55 0,25 0,25 0,25 0,0275 0,35Tiamina mg 1,80 1,3 1,30 0,80 0,088 0,80Piridoxina mg 3,00 3,0 3,00 3,00 0,33 4,50

* Essas são concentrações energéticas dietéticas características.** Presume-se uma média de consumo diário de 110g de alimento/galinha.

Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Poultry , 1984, National Academy of Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

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TABELA 43 – Exigências de Vitaminas, Minerais e Ácido Linoléico dos Perus, como Porcentagens ou como Miligramas ou Unidadespor Quilograma de Dieta

Idade (semanas)

Base energética M: 0 a 4 4 a 8 8 a 12 12 a 16 16 a 20 20 a 24   Peruaskcal de EM/kg de F: 0 a 4 4 a 8 8 a 11 11 a 14 14 a 17 17 a 20   Controle reprodutorasdieta* → 2.800 2.900 3.000 3.100 3.200 3.300   2.900 2.900

Ácido linoléico % 1,0 1,0 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 1,0

Cálcio % 1,2 1,0 0,85 0,75 0,65 0,55 0,5 2,25Fósforo disponível % 0,6 0,5 0,42 0,38 0,32 0,28 0,25 0,35Potássio % 0,7 0,6 0,5 0,5 0,4 0,4 0,4 0,6

Sódio % 0,17 0,15 0,12 0,12 0,12 0,12 0,12 0,15Cloro % 0,15 0,14 0,14 0,12 0,12 0,12 0,12 0,12Magnésio mg 600 600 600 600 600 600 600 600Manganês mg 60 60 60 60 60 60 60 60Zinco mg 75 65 50 40 40 40 40 65Ferro mg 80 60 60 60 50 50 50 60Cobre mg 8 8 6 6 6 6 6 8Iodo mg 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4Selênio mg 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2

Vitamina A UI 4.000 4.000 4.000 4.000 4.000 4.000 4.000 4.000Vitamina D** UI 900 900 900 900 900 900 900 900Vitamina E UI 12 12 10 10 10 10 10 25Vitamina K mg 1,0 1,0 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 1,0Riboflavina mg 3,6 3,6 3,0 3,0 2,5 2,5 2,5 4,0Ácido pantotênico mg 11,0 11,0 9,0 9,0 9,0 9,0 9,0 16,0Niacina mg 70,0 70,0 50,0 50,0 40,0 40,0 40,0 30,0

Vitamina B12 mg 0,003 0,003 0,003 0,003 0,003 0,003 0,003 0,003Colina mg 1.900 1.600 1.300 1.100 950 800 800 1.000Biotina mg 0,2 0,2 0,15 0,125 0,100 0,100 0,100 0,15Folacina mg 1,0 1,0 0,8 0,8 0,7 0,7 0,7 1,0Tiamina mg 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0Piridoxina mg 4,5 4,5 3,5 3,5 3,0 3,0 3,0 4,0

* Essas são concentrações de EM típicas de dietas de soja-milho. Valores diferentes em EM podem ser apropriados se outros ingredientes predominarem.** Essas concentrações de vitamina D são satisfatórias quando as concentrações dietéticas de cálcio e de fósforo disponível combinarem com as desta tabela.Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Poultry , 1984, National Academy of Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

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TABELA 44 – Exigências Nutricionais de Patos Listrados, como Porcentagensou como Miligramas ou Unidades por Quilograma de Dieta*

Iniciação CrescimentoBase energética kcal de EM/kg (0 – 2 semanas) (2 – 7 semanas) Reprodução

da dieta** 

→ 2.900 2.900 2.900Proteína % 220 16 150

Arginina % 1,10 1,00  –0.Lisina % 1,10 0,90 0,70Metionina + cistina % 0,80 0,60 0,55

Cálcio % 0,65 0,60 2,75Fósforo disponível % 0,40 0,35 0,35Sódio % 0,15 0,15 0,15

Cloro % 0,12 0,12 0,12Magnésio mg 500.00 500.00 500.00Manganês mg 40,00 40,00 25,00Zinco mg 60,00 60,00 60,00Selênio mg 0,140 0,14 0,14

Vitamina A UI 4.000.000 4.000.00 4.00000.Vitamina D UI 220.000 220.00 500.00Vitamina K mg 0,400 0,40 0,40Riboflavina mg 4,000 4,00 4,00

Ácido pantotênico mg 11,000 11,00 10,00Niacina mg 55,000 55,00 40,00Piridoxina mg 2,600 2,60 3,00

* Para nutrientes não listados, ver EXIGÊNCIAS DAS GALINHAS (TABELA 42), como parâmetro.** Essas são concentrações energéticas dietéticas típicas.Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Poultry , 1984, National Academy of

Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

TABELA 45 – Exigências Nutricionais dos Gansos, como Porcentagens ou comoMiligramas ou Unidades por Quilograma de Dieta*

Iniciação CrescimentoBase energética kcal EM/kg (0 – 6 semanas) (após 6 semanas) Reproduçãoda dieta** → 2.900 2.900 2.900

Proteína % 220 150 150

Lisina % 0,9o 0,60 0,60

Metionina + cistina % 0,75 –0.  –0

Cálcio % 0,80 0,60 2,25Fósforo disponível % 0,40 0,30 0,30

Vitamina A UI 1.500.00 1.500.00 4.000.00Vitamina D UI 200.00 200.00 200.00Riboflavina mg 4,00 2,5.0 4,00Ácido pantotênico mg 15,00  –0.  –00Niacina mg 55,00 35,00 20,00

* Para nutrientes não listados, ver EXIGÊNCIAS DAS GALINHAS (TABELA 42), como parâmetro.** Essas são concentrações energéticas dietéticas típicas.Adaptado, com permissão, de Nutrient Requirements of Poultry , 1984, National Academy of

Sciences. Publicado pela National Academy Press, Washington, DC.

  Nutrição e Manejo: Aves Domésticas 1530

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A maioria das rações utilizadas na alimentação das aves domésticas é de raçõesnutricionalmente “completas” que são comercialmente misturadas, ou seja, prepa-radas por companhias manufatoras de alimentos, a maioria das quais empreganutricionistas treinados. A formulação e a mistura das rações para aves domésticasexigem conhecimento e experiência na compra de ingredientes, no teste experimen-tal das fórmulas, no controle laboratorial da qualidade do ingrediente e no uso decomputadores. Uma mistura inapropriada pode resultar em deficiências vitamínicase minerais, falta de proteção contra doenças ou intoxicação por drogas.

A forma física da ração influencia os resultados esperados. Vende-se a maioriadas rações para aves em iniciação ou crescimento como farelo ou péletes. Noprocesso de peletização, trata-se a mistura com vapor e ela depois é passada sobpressão através de uma fôrma com tamanho adequado. Resfriam-se então rapida-mente os péletes e eles são secados por meio de uma corrente de ar forçado. Ascondições sob as quais a peletização ocorre têm um efeito importante na qualidadenutricional dos péletes ou do farelo que é produzido pelo esmagamento dos péletes.

Métodos de alimentação

Para as aves recém-eclodidas de qualquer espécie, uma ração “completa” naforma de farelo é o programa de escolha, independentemente de outras considera-ções. Também se recomenda altamente um programa de alimento “completo” parao plantel em crescimento, particularmente para o plantel reprodutivo e o de postura.As vantagens do programa de alimento “completo” sobre o sistema de “mistura e

grãos” incluem a simplicidade da alimentação, a precisão da medicação, o melhorbalanceamento dos nutrientes dietéticos e a eficiência de conversão alimentarsuperior.

Independentemente do sistema de alimentação, devem-se seguir as recomenda-ções do fabricante da ração no que diz respeito ao fornecimento de cálcio adicional,cereais meio moídos ou grãos inteiros. Também deve-se dispor de água fresca elimpa à vontade.

TABELA 46 – Programa de Vacinação para Frangos de Corte*Idade Vacina Rota Tipo

1 dia Doença de Marek Subcutânea Herpesvírus do peru (HVT)1 dia Doença de Newcastle Spray comum B1ou 14 – 21 dias Doença de Newcastle Água ou spray comum B1 ou LaSota1 dia Bronquite infecciosa Spray comum Massachusettsou 14 – 21 dias Bronquite infecciosa Água ou spray comum Massachusetts14 – 21 dias Doença bursal infecciosa Água Intermediário

* Esse é um programa de vacinação típico. Os programas individuais são altamente variáveis e

refletem situações locais, intensidade do desafio e preferências individuais.Notas – Mistura-se a SB-1 (uma cepa avirulenta do vírus que causa a doença de Marek) com o

herpesvírus do peru (um vírus avirulento e intimamente relacionado) em algumas áreas.Mistura-se uma cepa atenuada do vírus da tenossinovite com o HVT em algumas áreas.

Essa vacina pode interferir na imunidade contra a doença de Marek.Mistura-se uma cepa atenuada de vacina contra varicela das galinhas com o HVT em

algumas áreas. Essa vacina pode interferir na imunidade contra a doença de Marek.Pode-se combinar a vacina contra a doença bursal infecciosa com o HVT.Freqüentemente se combina a cepa Connecticut com a Massachusetts. Geralmente se

combina a vacina contra bronquite com a contra doença de Newcastle.

Em algumas áreas, incluem-se outras cepas de bronquite, tais como a Arkansas 99 e aFlórida 88.

As vacinações aos 14 a 21 dias são opcionais. Também é comum uma única aplicação naágua de bebida da vacina contra doença de Newcastle/bronquite.

 Nutrição e Manejo: Aves Domésticas 1531

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Manejo de galinhas em crescimento

Cercam-se as incubadoras aquecidas para pintos com um anteparo para manteras aves perto da fonte de calor. À medida que as aves ficam mais velhas, diminui-se a temperatura da incubadora e afasta-se o anteparo até que as aves possam

finalmente dispor de toda a extensão do cercado. Deve-se fornecer espaço abun-dante para os comedouros e bebedouros, que devem ser bem distribuídos pelocercado.

Deve-se fornecer no início pelo menos 7,5cm de cama disponível, limpa paracada leva de aves e espalhada por uma profundidade constante. A cama deve estarlivre de mofo; deve absorver a umidade sem se emplastrar, não deve ser tóxica e otamanho de suas partículas deve ser grande o bastante para desencorajar oconsumo. Os pintos começam com 24h de luz por vários dias; depois disso, reduz-se a luz. Tanto a duração do dia como a intensidade da luz são importantes. Os

TABELA 47 – Programa de Vacinação para Frangos de Corte Reprodutores*

Idade Vacina Rota Tipo

1 dia Doença de Marek Subcutânea Herpesvírus do peru (HVT)6 – 7 dias Tenossinovite Subcutânea Vivo (atenuado)14 – 21 dias Doença de Newcastle/  

bronquite infecciosa Água B1/massa

14 – 28 dias Doença bursal infecciosa Água Intermediária4 semanas Doença de Newcastle/  bronquite infecciosa Água ou spray B1/massa

comum6 – 8 semanas Tenossinovite Subcutânea Vivo (atenuado)8 – 10 semanas Doença bursal infecciosa Água ou spray Vivo

comum8 – 10 semanas Doença de Newcastle/  

bronquite infecciosa Água ou spray B1 ou LaSota/massacomum

10 – 12 semanas Encefalomielite Plexo alar Vivo, originário de embriãode pinto

10 – 12 semanas Varicela das galinhas Plexo alar Vivo modificado10 – 12 semanas Laringotraqueíte Intra-ocular Vivo modificado10 – 12 semanas Tenossinovite Parenteral Inativado10 – 12 semanas Cólera das galinhas Parenteral Inativadoou Cólera das galinhas Plexo alar Vivo (CU ou M9)12 – 14 semanas Doença de Newcastle/ 

bronquite infecciosa Água ou aerossol B1 ou LaSota/massa14 – 18 semanas Cólera das galinhas Parenteral Inativadoou Cólera das galinhas Plexo alar Vivo (CU ou M9)16 – 18 semanas Doença bursal infecciosa Parenteral Inativado16 – 18 semanas Tenossinovite Parenteral Inativado16 –18 semanas Doença de Newcastle/ 

bronquite infecciosa Água ou aerossol B1 ou LaSota/massae a cada60 – 90 dias Doença de Newcastle/  

bronquite infecciosa Água ou aerossol B1 ou LaSota/massaou 18 semanas Doença de Newcastle/  

bronquite infecciosa Parenteral Inativado

* Esse é um programa de vacinação típico. Os programas individuais são altamente variáveis erefletem situações locais, severidade do desafio e preferências individuais.

Notas – Pode-se combinar o SB-1 com o HVT em algumas áreas (ver TABELA 46).A vacinação contra varicela das galinhas e laringotraqueíte depende das exigências locais.Em algumas áreas, incluem-se outras cepas de vírus da bronquite infecciosa (Connecticut,

Arkansas 99, Flórida 88, etc.).

  Nutrição e Manejo: Aves Domésticas 1532

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TABELA 48 – Programa de Vacinação para Poedeiras Comerciais*

Idade Vacina Rota Tipo

1 dia Doença de Marek Subcutânea Herpesvírus do peru(HVT)

14 – 21 dias Doença de Newcastle/  bronquite infecciosa Água B1/massa

14 – 21 dias Doença bursal infecciosa Água Intermediário4 semanas Doença de Newcastle/  

bronquite infecciosa Água ou spray B1/massacomum

8 – 10 semanas Doença de Newcastle/ bronquite infecciosa Água ou spray B1 ou LaSota/  

comum massa10 – 12 semanas Encefalomielite Plexo alar Vivo, originário de

embrião de pinto10 – 12 semanas Varicela das galinhas Plexo alar Vivo modificado10 – 12 semanas Laringotraqueíte Intra-ocular Vivo modificado10 – 14 semanas Mycoplasma gallisepticum  Intra-ocular ou Cepa F

sprayou 18 semanas M. gallisepticum  Parenteral Inativado12 – 14 semanas Doença de Newcastle/ 

bronquite infecciosa Água ou aerossol B1 ou LaSota/  massa

16 – 18 semanas Doença de Newcastle/ bronquite infecciosa Água ou aerossol B1 ou LaSota/  massa

e a cada60 – 90 dias Doença de Newcastle/  

bronquite infecciosa Água ou aerossol B1 ou LaSota/  massa

ou 18 semanas Doença de Newcastle/ bronquite infecciosa Parenteral Inativado

* Esse é um programa de vacinação típico. Os programas individuais são altamente variáveis erefletem situações locais, intensidade do desafio e preferências individuais.

Notas – Pode-se combinar o SB-1 com o HVT em algumas áreas (ver TABELA 46).A vacinação contra doença bursal infecciosa, laringotraqueíte e varicela das galinhas

depende das exigências locais.Em algumas áreas, incluem-se outras cepas da bronquite infecciosa (Connecticut, Arkansas

99, Flórida 88, etc.).As vacinas contra Mycoplasma gallisepticum   e contra Haemophilus gallinarum   (coriza

aviária) são utilizadas apenas em instalações multietárias infectadas.

programas de iluminação variam largamente dependendo de o fato do alojamentonão ter janelas ou ter os lados abertos e devem obedecer às recomendações dosprincipais criadores em situações semelhantes.

Os sistemas de alimentação estão freqüentemente combinados com o controleda duração do dia durante a criação para influenciar a proporção na qual as avesficam adultas. Sob determinadas condições, podem-se debicar as frangas aos 4 a7 dias de idade. Em um alojamento com ambiente controlado, a duração do dia écontrolada mais precisamente, e com luzes pouco claras, pode-se atrasar o

debicamento até mais tarde no período de crescimento.Devem-se tratar as frangas quanto a parasitas externos e internos à medida quefor necessário. Deve-se utilizar a vacinação para controlar as doenças-problema daárea (ver a seção AVES DOMÉSTICAS, pág. 1867 e seguintes e as TABELAS 46, 47 e 48).

 Nutrição e Manejo: Aves Domésticas 1533

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Criam-se muitas frangas em gaiolas. O fabricante das gaiolas geralmentefornece instruções específicas acerca do aquecimento, da densidade de aves, doespaço de alimentação, etc. Reforça-se a maioria das rações comerciais comnutrientes suficientes para preencher as exigências das aves criadas em gaiola.

Manejo de galinhas poedeiras

Aloja-se a maioria das frangas poedeiras em gaiolas e devem-se transportá-laspara essas instalações ≥ 1 semana antes do começo da produção de ovos. Asreprodutoras transportadas de um alojamento de crescimento para um alojamento deadultos também devem receber ≥ 1 semana para se ajustarem a seu novo ambienteantes do começo do estresse da produção de ovos. Devem-se reaparar os bicosquando necessário e devem-se remover os refugos no momento do alojamento.

Os comedouros e bebedouros devem ser de tipo, tamanho e altura apropriados

para o plantel e o sistema de manejo. Os comedouros muito rasos, muito estreitosou sem um rebordo ou aba na borda superior podem permitir um excesso dedesperdício alimentar. Uma distribuição irregular de bebedouros ou a falta deespaço nos bebedouros resultam em uma redução do consumo e portanto, em umaredução do desempenho.

Luzes artificiais – Deve-se aumentar gradualmente a duração do dia à medidaque as frangas entram na produção de ovos, e deve-se atingir um período de ilu-minação de 14 a 16h diárias no pico de produção, tanto das poedeiras de ovos paramercado como das poedeiras de ovos para incubadora. Deve-se fornecer uma

intensidade de pelo menos 10lux de luz no comedouro; isso é aproximadamente iguala uma lâmpada de 60W a  cada 9m2, pendurada a 2,1m acima das aves. A produçãopode diminuir se se reduzir a duração do dia ou a intensidade da luz durante o períodode postura. No caso de sistemas de gaiolas de todos os tipos, a iluminação fica maisuniforme se se utilizar mais lâmpadas de menos watts juntas do que lâmpadasgrandes suspensas sobre o centro de cada corredor. No caso de 2 ou 3 gaiolasenfileiradas, suspendem-se as lâmpadas 15 a 18cm acima do nível do topo da gaiola.

Manutenção de registros  – Uma criação intensiva de aves domésticas desucesso requer bons registros de todas as atividades do plantel, incluindo data de

eclosão, pesos corporais regulares (para assegurar que as frangas atingirão o pesocorporal ideal quando forem trazidas para a produção de ovos), programa deiluminação, temperatura do alojamento, história de doenças, datas de medicação evacinação, quantidade e tipo de alimento dado (importante no cálculo da eficiênciada utilização alimentar) e mortalidade.

Exigências de espaço de piso, alimentação e ingestão de água – As aves dotipo de produção de ovos geralmente passam suas vidas inteiras em gaiolas.Embora se alojem semelhantemente algumas produtoras de frango de corte, cria-se a maioria em pisos de cama ou em cercados com até dois terços do piso ripados.

No caso das frangas de linhagens poedeiras que são criadas em gaiolas, há umapequena chance de alteração do espaço disponível para alimentação e ingestão deágua, mas são necessárias vistorias periódicas para assegurar que a ração e a águaestejam sendo continuamente fornecidas. Com o sucesso dos bebedouros automá-ticos com bicos e taças, e dos vários tipos de sistemas automáticos de alimentação,torna-se mais difícil o estabelecimento de recomendações específicas quanto aoespaço para alimentação e ingestão de água. Deve-se decidir acerca do espaço depiso ideal e das exigências de alimentação e ingestão de água com base narecomendação dos fabricantes do equipamento, na observação cuidadosa e na

experiência anterior quanto à produtividade. As exigências espaciais para as avesde linhagens poedeiras e de corte presentes nas TABELAS 52 e 53 servem simples-mente como parâmetro. O alojamento ambientalizado e vários tipos de ventilaçãopodem alterar essas especificações.

  Nutrição e Manejo: Aves Domésticas 1534

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TABELA 49 – Programas de Vacinação para Perusa

Idade Perus de mercado Peruas Perus(semanas)b reprodutoras reprodutores

2 – 3 Doença de Newcastle DN, B1-B1 DN, B1-B1(DN), B1-B1c ou LaSota, ou LaSota, ou LaSotaABd ou spray AB ou spray AB ou spray

4 Enterite hemorrágica, Enterite hemor- Enterite hemor-AB rágica, AB rágica, AB

6 Cólera das galinhase, Cólera das galinhas, Cólera das galinhas,AB (vivo) ou sub- AB (vivo) ou sub- AB (vivo) ou sub-cutânea (inativado) cutânea (inativado) cutânea (inativado)

9 – 10 DN, LaSota, AB DN, LaSota, AB DN, LaSota, ABou spray ou spray ou spray

12 Cólera das galinhas, Cólera das galinhas, Cólera das galinhas,

AB (vivo) ou sub- AB (vivo) ou sub- AB (vivo) ou sub-cutânea (inativado) cutânea (inativado) cutânea (inativado)

15 DN, LaSota, DN, LaSota, DN, LaSota, AB ou spray AB ou spray AB ou spray

18 – Cólera das galinhas, Cólera das galinhas,AB (vivo) ou sub- AB (vivo) ou sub-cutânea (inativado) cutânea (inativado)

21 – DN, LaSota, DN, LaSota,AB ou spray AB ou spray

24 – Cólera das galinhas, Cólera das galinhas,

AB (vivo) ou sub- AB (vivo) ou sub-cutânea (inativado) cutânea (inativado)26 – Erisipela, AB (vivo) Erisipela, AB (vivo)

ou subcutânea ou subcutânea(inativado); varicela, PAd (inativado); varicela, PA

28 – DN, subcutânea DN, subcutânea(inativado); (inativado);Cólera das galinhas, Cólera das galinhas,AB (vivo) ou sub- AB (vivo) ou sub-cutânea (inativado) cutânea (inativado)

Encefalomielite, AB Encefalomielite, ABa As recomendações são para as áreas produtoras onde as doenças listadas são comuns. Além

disso, podem ser aconselháveis outras vacinações, se a experiência prévia indicar prevalênciade determinadas doenças na área. Essas vacinações podem incluir: a vacina por gota ocularcontra a bordetelose do peru a 1 dia de idade e na água ou spray aos 14 dias de idade ou umabacterina; a vacina contra a paramixovirose 3 e a influenza A (hemaglutinina prevalente) às 26a 28 e às 40 semanas de idade; a vacina contra a erisipela – podem se exigir produtos vivos oumortos para perus de mercado e vacinações repetidas para os reprodutores; e as bacterinascontra salmonelose às 24 e 28 semanas de idade.

b A idade recomendada para a vacinação é uma aproximação.c Não se devem utilizar vacinas contra DN em spray em aves que sofram de doença respiratória;

em tais casos e em tal idade, poderia-se utilizar uma vacina de cepa B1-B1 atenuada na água.O momento da vacinação depende dos níveis de anticorpos maternos.

d AB = água de bebida; PA = punção do plexo alar.e Devem-se utilizar as vacinas vivas contra a cólera das galinhas em plantéis saudáveis.

DOENÇAS NUTRICIONAIS

Uma deficiência nutricional pode ser simples ou múltipla, ou seja, o alimento totalconsumido pode conter uma quantidade inadequada de um ou mais nutrientesessenciais. Uma dada deficiência pode ser marginal, acentuada ou absoluta. Quase

 Nutrição e Manejo: Aves Domésticas 1535

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TABELA 50 – Programa de Vacinação para Patos Reprodutores

Número estimado desemanas antes doinício da produção

de ovos*

Vacina

Hepatite viral dos patos (HVP) Enterite viral dos pa- tos (peste dos patos) 

Tipo I** (Clássico)

Tipo III*** Cepa viva atenuada,originada de embrião 

de pinto 

12

84

Após o início daprodução de ovos

A cada 3 mesesA cada 6 meses

Anualmente

X

X

X

X

X

X

X

X

X

* Os patos listrados brancos reprodutores normalmente iniciam a produção de ovos às 28 semanasde idade. Pode-se acelerar ou retardar a produção de ovos. A vacinação dos reprodutores devecomeçar antes do início da produção de ovos para otimizar a imunidade parenteral. Adminis-tram-se as vacinas subcutaneamente no pescoço.

** Uma vacina de vírus vivo modificado de embrião de pinto, fornecida como um concentradocongelado e um diluente estéril, que são misturados em conjunto imediatamente antes do uso.Usada principalmente para a vacinação de patos reprodutores para a obtenção de filhotesimunes; pode-se também utilizá-la para a vacinação precoce dos patinhos suscetíveis à HVP.

*** Uma vacina de vírus vivo modificado de origem em embrião de pato, fornecida como concentradocongelado e um diluente estéril, que são misturados em conjunto imediatamente antes do uso.Usada principalmente para a vacinação de patos reprodutores para a obtenção de filhotesimunes.

TABELA 51 – Programa de Vacinação para Patinhos Domésticos

Bacterina Vacina

Pasteurella** Vacina viva contra  Idade Pasteurella* anatipestifer e Pasteurella***  

anatipestifer Escherichia coli anatipestifer  1 dia de idade

2 semanas

3 semanas* Uma suspensão de culturas inteiras de formalina destruída de 3 principais sorotipos de P.

anatipestifer.  É recomendada para evitar a imunização nas fazendas onde a doença éendêmica ou epidêmica; duas injeções são necessárias.

** Uma suspensão de culturas inteiras de formalina destruída de 3 sorotipos de P. anatipestifer  e1 de E. coli . Devem-se agitar ambos antes de usar, e armazená-los a 2 a 7°C, semcongelamento. Os patinhos não devem ser vacinados dentro de 21 dias do abate.

*** Uma vacina viva e avirulenta que consiste de 3 principais sorotipos de P. anatipestifer .Administrada por aerossol a patinhos com 1 dia.

X

X

X

X

X

  Nutrição e Manejo: Aves Domésticas 1536 

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TABELA 52 – Exigências Espaciais das Aves PoedeirasGaiolas 

Comedouro reto espacial

por ave não inferior a

Aves por bico de bebedouro 

Espaço de bebedouro por ave 

in  cm 

0 – 6 25 161 1 2,5 15 25 1 2,57 – 18 43 277 2 5,0 8 12 1 2,5

19 em diante 60 387 3 7,5 8 12 2 5,0Cama e pisos ripados 

Idade emsemanas

Área do piso – somente camacombinada com ripas Bebedouros

Idade emsemanas ft 2  /ave Aves/m 2  in cm  

Alimentação completa 

Restrita  Aves por fonte 

Espaço de bebedouro por ave 

in cm  

0 – 6 0,5 20 1 2,5 3 – 100 1 2,57 – 13 1,0 10 2 5,0 4 5 50 1 2,519 em diante 1 – 1,5 7 – 10 3 7,5 4 – 30 2 5,0

Comedouro retoespacial por ave

Fôrmas (38cm de diâme-tro) por 100 aves

 Nutrição e Manejo: Aves Domésticas 1537 

in 2  cm 2  in cm Aves por taças  

Área de piso por ave Bebedouros

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que o único resultado observável em uma deficiência marginal é a pior utilização doalimento ou uma ligeira diminuição do crescimento, produção de ovos oueclodibilidade. Uma deficiência absoluta de qualquer nutriente essencial poderesultar na cessação da produção ou do crescimento, e eventualmente, em morte.Uma deficiência acentuada de um ou mais nutrientes leva à doença clara.

Já que muitas doenças por deficiência resultam nos mesmos sinais clínicos (porexemplo, retardamento do crescimento, empenamento deficiente e fraqueza), na

maioria dos casos, só se pode chegar a um diagnóstico correto através da obtençãode informações completas acerca da dieta e do manejo das aves, dos sinais clínicosnas aves vivas afetadas e das necropsias de pelo menos algumas aves logo apóssua morte. Por serem difíceis de diagnosticar, as deficiências crônicas podem sermais onerosas que as agudas.

A composição dos ingredientes individuais em uma dieta é variável, e algunsnutrientes são comparativamente instáveis, enquanto outros não são disponíveis naforma como ocorrem naturalmente nos alimentos. Uma dieta que, por análise,pareça conter justamente o suficiente de um ou mais nutrientes pode na verdade ser

deficiente em algum grau nesses nutrientes. O estresse (infecções bacterianas,parasitárias e virais; temperaturas altas ou baixas; baixa umidade; drogas) podetanto interferir na absorção de um nutriente como diminuir a quantidade exigida. Porisso, uma toxina, um microrganismo, etc., podem destruir, ou deixar não disponívelpara a ave, um nutriente em particular que esteja presente na dieta em níveisnormalmente adequados.

Discutem-se a seguir apenas as deficiências que ocorrem nas dietas práticas nocampo.

DEFICIÊNCIAS DE PROTEÍNAS E AMINOÁCIDOS

O nível ideal do consumo balanceado de proteínas para os pintos jovens emcrescimento é de  18 a 23% da dieta; para os peruzinhos jovens em crescimento

TABELA 53 – Exigências Espaciais das Aves de Corte

Taças ouIdade Espaço de piso Espaço de comedouro* fontes* (por

1.000 aves)

A partir do 1º dia Área aquecida de 10 bandejas por 80,46m2 de incubadeira 1.000 aves (alimentarpor 100 pintos pouco e freqüentemente)

A partir da 1ª sem. 10 a 11 aves por m2 5cm por ave 20

A partir da 8ª sem. 5 a 6 aves por m2 10cm por ave 30

Adultos acasalados Todos com cama: 10cm por ave 303,6 aves por m2 (60 em clima

quente)

1 ⁄ 2 – 2 ⁄ 3 de piso ripado:4,3 aves por m2

* Para o espaço de comedouro e bebedouro, contar ambos os lados do cocho. O espaço debebedouro (todas as idades) é de 2,5cm por ave, exceto no tempo quente, quando se dobra essevalor para os adultos.

Tamanho do galinheiro: Quanto menor a população do galinheiro, melhor o desempenho médio doplantel. O tamanho ideal do plantel depende de vários fatores, incluindo trabalho e custo, e só podeser determinado individualmente pelo criador.

  Nutrição e Manejo: Aves Domésticas 1538 

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e galináceos silvestres de montanha é de  26 a 30%; e para patinhos e gansinhos jovens em crescimento é de  20 a 22%. Se o teor proteico da dieta estiver abaixodesses níveis, as aves tendem a crescer mais lentamente. Mesmo quando umadieta contém as quantidades de proteína especificadas anteriormente, um cresci-mento satisfatório requer quantidades suficientes e balanceamento apropriado detodos os aminoácidos essenciais. Com o abaixamento da disponibilidade deproteínas na dieta, a proporção caloria–proteína geralmente aumenta, o que podereduzir a produção de ovos ou o crescimento, e aumentar a deposição de gordurasna ave.

Alguns sinais específicos se associam à deficiência de vários aminoácidos,exceto quanto à aparência peculiar em forma de taça das penas nas galinhasdeficientes em arginina, e quanto à perda de pigmento em algumas das penas dasasas de perus cor de bronze com deficiência de lisina. Todas as deficiências de

aminoácidos essenciais resultam em retardamento do crescimento ou redução dotamanho dos ovos ou da produção de ovos.

DEFICIÊNCIAS MINERAIS

Desequilíbrios de cálcio e fósforo

Uma deficiência tanto de cálcio (Ca) como de fósforo (P) na dieta de aves jovensem crescimento resulta no desenvolvimento anormal dos ossos mesmo que a dietacontenha níveis adequados de vitamina D. Essa afecção, o raquitismo, pode

também ser causada por uma deficiência dietética de vitamina D (ver pág. 1522),pois a vitamina D é necessária para a absorção do Ca. Uma deficiência tanto de Cacomo de P resulta na ausência de calcificação esquelética normal. Observa-se oraquitismo principalmente nas aves jovens em crescimento; a deficiência de Ca nasgalinhas poedeiras adultas geralmente resulta em osteoporose. Esse desperdícioda estrutura óssea causa uma doença comumente referida como “fadiga dapoedeira engaiolada”. Ao se mobilizar Ca dos ossos para superar uma deficiênciadietética, o córtex ósseo torna-se muito fino para sustentar o peso da galinha.

Etiologia – Os ossos de um pinto ou de outra ave doméstica recém-saídos do

ovo apresentam uma proporção Ca:P muito mais baixa que a dos adultos. Por isso,a ave recém-saída do ovo exige um suprimento imediato de Ca dietético. Se a dietafor acentuadamente deficiente tanto em Ca como em vitamina D, a osteoporose setorna mais pronunciada. No entanto, a osteoporose não é comum em pintos jovens.O raquitismo é de longe o mais comum dos problemas esqueléticos observados nospintos. Além das causas mencionadas anteriormente, um alto teor de Ca dietéticoobstrui o P e o torna indisponível para a ave, também resultando em raquitismo.

Achados clínicos e laboratoriais – Os primeiros sinais de uma deficiência deCa ou P, ou de ambos, nas aves jovens em crescimento, são semelhantes aos da

deficiência de vitamina D. Todas as 3 deficiências causam tipicamente um enrijeci-mento da andadura, um retardamento do crescimento e um arrepiamento daspenas. Os bicos e os ossos da perna ficam flexíveis e as articulações tendem aaumentar de volume. Na deficiência de Ca, algumas aves podem ficar paralisadas.

Se uma galinha em produção pesada de ovos não obtiver Ca suficiente a partirde seu alimento, ocorre “fadiga da poedeira engaiolada”; produzem-se alguns ovosde casca fina e também ovos com baixa eclodibilidade, e depois cessa-se aprodução. Se não se fornecer Ca em seguida à paralisia, segue-se morte dentro de1 a 3 dias.

Tanto no raquitismo como na osteoporose, diminui-se o teor de resíduos mineraisdos ossos. Se a dieta for pobre em Ca, o nível sangüíneo de Ca pode seraproximadamente normal, mas o nível de P pode estar aumentado devido àdecomposição do osso instável.

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Profilaxia e tratamento – As rações devem fornecer quantidades adequadas deCa e P para evitar as deficiências. No entanto, o fornecimento de rações que contêm> 2,5% de Ca durante o período de crescimento produz uma alta incidência denefrose, gota visceral, depósitos de urato de cálcio nos ureteres e, às vezes, altamortalidade.

Pode-se aumentar a resistência da casca do ovo através do fornecimento de 50% do suplemento de Ca dietético na forma de fragmentos de concha de ostraou de calcário grosso, com a metade restante como calcário de solo. A concha deostra ou qualquer outra forma de suplemento de Ca não deve nunca ser adicionadasem uma redução equivalente na quantidade de calcário; o fornecimento excessivode Ca reduz o consumo alimentar e a produção de ovos. A oferta de um suplementocomum permite que as aves satisfaçam suas exigências quando mais precisarem,ou permite que o material grosseiro fique retido na moela e que se consuma Ca

continuamente.Um suplemento de Ca facilmente assimilável é eficiente se seu uso tiver sidoiniciado logo após o desenvolvimento da paralisia decorrente de uma deficiência deCa.

Deficiência de manganês

Uma deficiência de manganês na dieta de galinhas jovens em crescimento é umadas causas de perose e de ovos com casca fina e baixa eclodibilidade (ver tambémDESEQUILÍBRIOS DE CÁLCIO E FÓSFORO, anteriormente, e DEFICIÊNCIA DE VITAMINA D,pág. 1522). Pode também causar condrodistrofia.

Etiologia – A maioria dos ingredientes alimentares para aves domésticas seconstitui em fontes pobres de manganês. A perose causada pela deficiência demanganês se exacerba com o excesso de cálcio (Ca) e fósforo (P) na dieta. As avescriadas em pisos aramados ou ripados são mais suscetíveis à perose do queas criadas em cama. Todas as rações comerciais de aves domésticas são hojesuplementadas com uma fonte de manganês disponível, por exemplo, o sulfato demanganês. Já que a deficiência de manganês é hoje rara, devem-se considerar

outras causas possíveis quando se encontrar perose (ver DESVIO DA PERNA, pág.1947, DEFICIÊNCIA DE COLINA, pág. 1547 e DEFICIÊNCIA DE NIACINA, pág. 1547).Achados clínicos – A perose é uma malformação da articulação do jarrete;

geralmente a articulação encontra-se inchada e achatada, e algumas vezes otendão de Aquiles escapa de seus côndilos. A tíbia e o tarsometatarso de uma ouambas as pernas podem se encurvar perto da articulação e rotacionar lateralmente.Um encurtamento e um espessamento dos ossos longos das pernas e das asaspodem se tornar aparentes. Os sinais nos peruzinhos, patinhos e gansinhos sãosemelhantes aos dos pintos. Tem-se observado perose em várias aves silvestres,

incluindo faisões, tetrazes, codornas e pardais.As galinhas adultas alimentadas com uma dieta deficiente em manganês nãoapresentam alterações observáveis em suas articulações das pernas, mas ascascas de seus ovos tendem a se tornar mais finas e menos resistentes à quebra.Se a deficiência for suficientemente acentuada, reduzem-se tanto a produção deovos como a eclodibilidade. A redução da eclodibilidade resulta de um aumento namortalidade embrionária que ocorre após o 10º  dia de incubação e atinge seumáximo por volta do 20º ao 21º dia. Os embriões que morrerem após o 10º dia sãogeralmente condrodistróficos; apresentam espessamento discreto das pernas,

encurtamento das asas, “bicos de papagaio”, arredondamento do perfil da cabeça,protrusão do abdome e, na maioria dos casos severos, retardamento do desenvol-vimento da penugem. Os poucos pintos que saem do ovo geralmente apresentamossos das pernas muito curtos (micromelia), e podem-se deformar os ossos como

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nos pintos em que a perose se desenvolve após a saída do ovo. Não é provável queocorra deficiência de manganês nas aves adultas criadas por métodos convencio-nais com rações comerciais de iniciação, crescimento e desenvolvimento; essasrações são reforçadas com sais de manganês e as aves podem estocar manganês

suficiente para suprir a pequena necessidade desse elemento para a produção deovos por um longo período.Profilaxia e tratamento – A prevenção da perose requer uma dieta adequada

em todos os nutrientes necessários, especialmente em manganês, colina, niacina,biotina e ácido fólico. Não se podem corrigir as deformidades através da alimenta-ção. Corrigem-se completamente os efeitos da deficiência de manganês na produ-ção de ovos através de uma dieta adequada que contenha 30 a 40mg/kg demanganês, contanto que a dieta não contenha um excesso de Ca e P. O consumode Ca pode ser excessivo se se fornecer suplementos de Ca à vontade. Quando se

utiliza farinha de carne ou farinha de carne e osso como fonte principal de proteína,o alimento pode conter excesso de P.

Deficiências de ferro e cobre

Uma deficiência de ferro ou cobre pode produzir uma anemia microcítica hipocrô-mica sem nenhuma alteração no número de hemácias. Uma deficiência de ferro,devida ao seu papel na síntese de hemácias, possui um efeito causativo direto naanemia. A anemia da deficiência de cobre é mais indireta. Uma deficiência de cobrepode causar despigmentação das penas. Já que o cobre é essencial para a síntese

da elastina tecidual, uma deficiência pode resultar em vasos sangüíneos fracos oufinos e, por isso, é sugerida como a causa do aneurisma dissecante nas aves domés-ticas, especialmente nos perus (ver pág. 1876). Porém, os experimentos nãodemonstraram nenhum benefício na adição de cobre para a prevenção de rupturaaórtica em perus. A maioria das rações práticas para aves domésticas contém quan-tidades adequadas de ferro e cobre. Portanto, a maioria dos fabricantes de alimentosadiciona pequenas quantidades desses minerais como medida de segurança.

Deficiência de iodo

Têm-se observado poucos casos de bócio ou aumento de volume da tireóide nasaves domésticas, provavelmente porque as rações comerciais para aves domésti-cas são reforçadas quase que universalmente com iodo, tanto como sal iodadocomo na pré-mistura mineral. Tem-se produzido bócio experimentalmente nasgalinhas poedeiras através do fornecimento de uma dieta excessivamente pobre emiodo ( 0,025ppm). Algumas das variedades mais antigas de farinha de colza, queeram ricas em fatores bociogênicos, invariavelmente resultavam em aves comtireóides aumentadas se fossem fornecidas quantidades significativas. A deficiênciade iodo nas aves domésticas é impedida facilmente pela suplementação do alimentocom tão pouco quanto 0,35mg de iodo/kg.

Deficiência de magnésio

A deficiência de magnésio raramente ocorre em aves domésticas alimentadascom dietas práticas. Pode-se produzi-la experimentalmente fornecendo-se umadieta com ingredientes alimentares altamente purificados. Nos pintos jovens,tal dieta provoca crescimento e empenamento deficientes, diminuição do tonomuscular, ataxia, incoordenação progressiva e convulsões seguidas de morte.

Deficiência de potássio

A maioria dos ingredientes alimentares e muitos dos subprodutos alimentaresutilizados em rações comerciais para aves domésticas contêm mais potássio que o

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necessário; portanto, não se observam comumente deficiências. Uma exceçãoaconteceu na Austrália quando se forneceu farinha de carne, pobre em potássio,como fonte principal de proteína suplementar.

Deficiência de sal

A exigência de sal (NaCl) das galinhas, e presumivelmente de outros tipos deaves domésticas, é baixa. Exige-se sódio em quantidade apreciavelmente maiorque o cloro, e as dietas < 0,13% de sódio retardam o crescimento dos pintos jovens.Deprimem-se a produção de ovos e a eclodibilidade nas galinhas poedeiras quandoo nível de sódio for < 0,1%. Um nível alto de potássio parece aumentar a exigênciade sódio e vice-versa. As rações para aves domésticas mais práticas requerem aadição de 0,25 a 0,35% de sal para evitar uma deficiência.

Visto que quase todos os ingredientes alimentares contêm um pouco de sal e

alguns contêm 1 a 4,5% ou mais (por exemplo, soro de leite, farinha de peixe, farinhade carne, solúveis condensados de peixe), é possível que ocorra um excesso de sal.Um excesso de sal faz com que as fezes fiquem liquefeitas e aquosas. Podem-secriar galinhas em dietas que contenham tanto quanto 3% de sal se se dispuser deágua de bebida limpa, mas retarda-se o crescimento e reduz-se a eficiência ali-mentar. A ave pode tolerar muito menos sal na água de bebida já que, quando o teorsobe a 0,9%, a ave não pode se livrar do excesso de sal bebendo mais água.

Deficiência de zinco

Quando uma dieta for deficiente em zinco, retarda-se o crescimento e enfraque-ce-se o desenvolvimento das penas. As articulações dos jarretes podem aumentarde volume e os ossos longos podem se encurtar e espessar. Não ocorre desvio dostendões. De vez em quando, a pele dos coxins plantares fica seca, espessada efendida, e desenvolve-se hiperceratose.

Nas aves adultas, a deficiência de zinco reduz a produção de ovos e aeclodibilidade. Os embriões exibem uma vasta gama de anormalidades esqueléti-cas, incluindo micromelia, curvatura da coluna e encurtamento e fusão de vértebras

torácicas e lombares. É uma prática comum a inclusão de um suplemento de zincoem todas as rações práticas para aves domésticas.

Deficiência de selênio

Uma deficiência de selênio nas galinhas em crescimento causa diáteseexsudativa. Os primeiros sinais (emaciação, arrepiamento das penas) ocorremgeralmente às 5 a 11 semanas de idade. O edema resulta na exsudação da pele,que é freqüentemente observada na face interna das coxas e asas. As aves se

ferem facilmente; com freqüência se formam grandes crostas em ferimentosantigos. Nas galinhas poedeiras, a danificação tecidual é incomum, mas aprodução de ovos, a eclodibilidade e a conversão alimentar ficam afetadasadversamente.

Na maioria dos países, a adição de selênio às rações de iniciação e crescimentoé hoje legal. Na maioria dos casos, permite-se 0,1ppm para as rações de galinhase 0,2ppm para as rações de perus. As formas comumente usadas são o selenato desódio e o selenito de sódio. Podem-se utilizar alimentos cultivados em solos ricos emselênio nas rações para aves domésticas, e esses alimentos constituem boas fontes

de selênio. A farinha de peixe e a levedura de cerveja seca também são boas fontes.A disponibilidade de selênio varia consideravelmente com os diferentes ingredien-tes alimentares. Mesmo com quantidades adequadas de vitamina E, as raçõesdevem conter selênio a 0,15 a 0,2mg/kg de alimento. Oito a 10mg/kg são tóxicos.

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DEFICIÊNCIAS DE VITAMINAS

Deficiência de vitamina A

Exige-se vitamina A para o desenvolvimento e o reparo normais das estruturas

epiteliais e para o desenvolvimento normal dos ossos. Isso ajuda a combater asdoenças através da manutenção de uma “primeira linha de defesa”, as estruturasepiteliais.

A vitamina A e seus vários precursores (α, β e γ -caroteno e criptoxantina) sãorelativamente instáveis. Os alimentos armazenados por um longo período podemperder grande parte de sua atividade de vitamina A, especialmente se contiveremfontes de gorduras poliinsaturadas não estabilizadas.

Achados clínicos – Quando se alimentam pintos jovens com uma dieta acen-tuadamente deficiente em vitamina A, sua taxa de crescimento se torna subnormal

após

  3 semanas e então declina rapidamente. Outros sinais característicosprecoces incluem apatia, ataxia e arrepiamento das penas. Se os pintos sobrevive-rem por mais uma semana, os olhos podem ficar inflamados e pode haver umadescarga a partir das narinas; em alguns pintos, desenvolve-se inchaço ao redor dosolhos e acumula-se um exsudato pegajoso por baixo das pálpebras. Quando a dietanão for acentuadamente deficiente em vitamina A, os primeiros sinais podem nãoaparecer até que os pintos alcancem 4 a 6 semanas de idade, e nesse caso, umagrande proporção dos pintos eventualmente desenvolve lesões oculares e nervosis-mo acentuado.

Os sinais da deficiência de vitamina A nos peruzinhos são semelhantes aos dospintos, mas tendem a ser mais agudos. Nas galinhas adultas e outras avesdomésticas, os sinais se desenvolvem mais lentamente do que em aves jovens, masa inflamação do nariz e olhos é muito mais pronunciada. Uma deficiência marginalresulta na diminuição da produção de ovos e da eclodibilidade.

Lesões  – Nas aves adultas, a deficiência de vitamina A produz lesões quelembram pústulas na boca, faringe e esôfago; nas aves jovens em crescimento,essas lesões são menos freqüentes. Freqüentemente, há deposição de uratosbrancos ou branco-acinzentados nos rins e ureteres; esses depósitos ocorrem mais

freqüentemente nas galinhas jovens do que nos peruzinhos. Algumas vezes,aparecem depósitos de urato nas superfícies do coração, fígado e baço. Geralmen-te, encontram-se depósitos de urato ou semelhantes a urato nas dobras espessadasda bolsa de Fabricius.

Em geral, ocorre ceratinização das células epiteliais dos tratos olfativo, respira-tório, digestivo superior e urinário. Nos casos severos, especialmente nas avesadultas, podem-se afetar virtualmente todos os órgãos. Também ocorrem altera-ções degenerativas tanto no sistema nervoso central como no periférico.

Na deficiência acentuada de vitamina A nas galinhas, o teor de ácido úrico do

sangue pode aumentar em 8 a 9 vezes. O acúmulo de ácido úrico no sangue e osdepósitos nos ureteres, rins e em qualquer outra parte são provavelmente devidosa uma falha no reparo das estruturas epiteliais, especialmente as dos rins.

Podem-se utilizar as estruturas nasais no diagnóstico das deficiências marginais.Em todos os graus de deficiência de vitamina A, ocorrem metaplasia escamosaverdadeira nos epitélios glandular e secretório, e alterações obstrutivas ou inflama-tórias secundárias. Na deficiência absoluta, ocorrem atrofia, metaplasia escamosae hiperceratinização.

Profilaxia e tratamento – Embora os precursores da vitamina A que ocorrem

naturalmente tendam a ficar instáveis (oxidar) no alimento estocado, a maioria dosfabricantes de rações incluem um antioxidante para evitar isso. Além disso, já quehoje se utilizam quase universalmente suplementos de vitamina A secos e estabi-lizados, tornar-se-á improvável o encontro de uma deficiência.

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No entanto, se uma deficiência se desenvolver devido a uma omissão involun-tária dos suplementos de vitamina A ou devido a uma mistura imprópria, deve-sefornecer 3 a 4 vezes o nível normalmente recomendado por 2 semanas. As formasestabilizadas e secas de vitamina A são os suplementos alimentares de escolha.São disponíveis formas que podem ser administradas através da água de bebida eque geralmente resultam em uma recuperação mais rápida do que através damedicação no alimento.

Deficiência de vitamina D

Discute-se o desenvolvimento anormal dos ossos nas deficiências de cálcio efósforo e de manganês (ver anteriormente). Exige-se vitamina D para a absorção eo metabolismo normais de cálcio e fósforo. Conseqüentemente, uma deficiênciapode resultar em raquitismo nos pintos jovens em crescimento e osteoporose e má

qualidade da casca do ovo nas galinhas poedeiras, mesmo que as rações sejambem supridas de cálcio e fósforo.

Etiologia – O raquitismo e a osteoporose encontrados na criação prática de avesdomésticas ocorrem mais freqüentemente devido a uma deficiência de vitamina D.A maioria das aves domésticas criadas em confinamento rigoroso precisam de umnível dietético de vitamina D mais alto do que as que têm acesso à luz solar.

As micotoxinas no alimento ou cama podem causar uma deficiência de vitaminaD, aparentemente por interferirem na absorção da vitamina (assim como da gordurae das outras vitaminas lipossolúveis).

Achados clínicos – Os primeiros sinais nas galinhas e perus jovens são umatendência a repousar freqüentemente em uma posição de agachamento, umaindisposição para andar e um enrijecimento da andadura. Distinguem-se essessinais dos sinais clínicos da deficiência de vitamina A porque as aves deficientes emvitamina D ficam mais alertas do que apáticas e andam mais mancando do quecambaleando. Outros sinais, na ordem comum de ocorrência, são o retardamentodo crescimento, o aumento de volume das articulações do jarrete, rosários nasextremidades das costelas e um amolecimento acentuado do bico. Como em muitasoutras doenças nutricionais, as penas ficam logo arrepiadas.

Nas raças de cor vermelha ou amarelo-clara de galinhas, uma deficiência devitamina D causa uma pigmentação negra anormal de algumas penas, especial-mente as das asas. Se a deficiência for acentuada, o enegrecimento fica pronuncia-do e podem-se afetar quase todas as penas. Ao se fornecer quantidade adequadade vitamina D, as penas novas e as partes mais novas das penas mais antigas ficamnormais em coloração; a porção descolorida permanece negra.

Quando as galinhas poedeiras ficam deficientes em vitamina D, o primeiro sinalé o afinamento de suas cascas de ovo. Se a deficiência for acentuada, ocorre uma

redução imediata da produção de ovos e da eclodibilidade. Os embriões morremfreqüentemente aos 18 a 19 dias de idade. Depois de um tempo, os ossos do tóraxficam sensivelmente menos rígidos e pode haver formação de rosário na extremi-dade das costelas.

Lesões   – Nas galinhas e perus jovens, ocorrem alterações acentuadas nosossos e glândulas paratireóides, e alterações variáveis no nível sangüíneo de cálcioe fósforo. Os ossos podem ficar moderadamente a muito amolecidos. As epífisesdos ossos longos geralmente aumentam de tamanho. As paratireóides aumentamde tamanho, algumas vezes até  8 vezes o seu tamanho normal, como resultado

de hipertrofia e hiperplasia.Nas galinhas adultas, uma deficiência de vitamina D eventualmente produzalterações nas paratireóides semelhantes às produzidas nos pintos jovens. Osossos tendem a ficar mais rarefeitos (osteoporóticos) do que amolecidos.

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Tratamento  – Adiciona-se vitamina D suficiente às rações comerciais parafornecer 3 vezes o nível normalmente recomendado para um período de   3semanas. Recomendam-se as formas secas estabilizadas de vitamina D 3.

Nos casos graves de micotoxicose, administra-se uma forma miscível em águade vitamina D na água de bebida para providenciar   3 vezes a quantidadenormalmente fornecida na dieta.

Deficiência de vitamina E

Os pintos deficientes em vitamina E podem exibir um ou mais dos 3 distúrbiosclássicos, a saber, encefalomalacia, diátese exsudativa e distrofia muscular. Váriasalterações dietéticas não relacionadas ao teor de vitamina E da dieta podem evitarcompletamente qualquer uma dessas doenças sem afetar o curso das outras duas.Conseqüentemente, os antioxidantes sintéticos podem evitar a encefalomalacia, o

selênio inorgânico pode evitar a diátese exsudativa e a cistina pode evitar a distrofiamuscular. Parece que nenhum defeito metabólico comum pode ser responsávelpelos 3 distúrbios. Exige-se vitamina E para o desempenho reprodutivo normal nagalinha e para a fertilidade normal do macho adulto.

Etiologia – Embora tanto o selênio como os antioxidantes possam economizaras exigências de vitamina E para determinadas funções, as rações práticas paraaves domésticas ainda devem conter vitamina E. Ocorre encefalomalacia quandoas rações marginais em vitamina E também contêm gorduras poliinsaturadas, taiscomo os óleos de peixe ou os óleos vegetais, que se oxidam e ficam rançosos. Como

a deficiência de vitamina E está relacionada com a peroxidação das gorduras, podeser evitada pela própria vitamina ou por um antioxidante adequado, por exemplo, aetoxiquina. A diátese exsudativa é comum quando se alimentam aves com dietas àbase de farinha de soja e de milho que tenham sido cultivados em solos deficientesem selênio; tanto a vitamina E como o selênio são necessários para evitá-la. Adistrofia muscular nutricional, que não é geralmente um problema comercial, éencontrada apenas quando a dieta for deficiente tanto em vitamina E como emaminoácidos sulfurados. Devido à importância dos aminoácidos sulfurados para ocrescimento e a eficiência alimentar, eles estão geralmente presentes em níveis

adequados nas rações práticas.Achados clínicos – Os sinais da encefalomalacia são prostração súbita, compernas estendidas e dedos flexionados, e retração da cabeça. Nos estágios iniciais,a andadura pode ficar descoordenada. À necropsia, encontram-se lesões nocerebelo e algumas vezes no cérebro. Em algumas aves, há áreas necróticasavermelhadas ou amarronzadas na superfície do cerebelo.

A diátese exsudativa é um edema grave produzido por um aumento acentuadona permeabilidade capilar (ver DEFICIÊNCIA DE SELÊNIO, pág. 1542). Os frangos decorte são desclassificados freqüente e severamente devido à coloração amare-

lada na face interna das coxas, causada pelo derrame de plasma nos tecidossubcutâneos.A distrofia muscular nutricional nos pintos se caracteriza pela degeneração das

fibras musculares, especialmente do peito, mas também ocasionalmente da perna.Ocorre uma infiltração perivascular, com acúmulo acentuado de eosinófilos, linfóci-tos e histiócitos. Um grande número de núcleos soltos fica evidente.

Nas galinhas adultas, nenhum sinal externo de deficiência de vitamina E ficaaparente, mesmo após um período prolongado. No entanto, podem ocorrer alte-rações degenerativas nos testículos, que levam à perda da fertilidade. A produção

de ovos parece não ser afetada, mas a eclodibilidade fica acentuadamente redu-zida. Durante a incubação, o crescimento e a diferenciação ficam lentos e muitosembriões morrem durante os primeiros poucos dias de incubação, devido a insu-ficiência circulatória.

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Profilaxia e tratamento – Deve-se utilizar apenas gordura estabilizada na ração.Quando a ração for armazenada por > 2 semanas, deve-se utilizar um antioxidantequímico. As altas temperaturas ambientais e a alta umidade acentuam a destruiçãode vitamina E.

Podem-se reverter os sinais de diátese exsudativa e distrofia muscular devidosa deficiência de vitamina E, contanto que se inicie cedo o tratamento através daadministração de vitamina E por dosagem oral ou por meio do alimento.A administração oral de uma dose única de 300UI de vitamina E por ave geralmentecausa a remissão do problema. Deve-se substituir a ração antiga por uma raçãofresca que seja fortificada o bastante com vitamina E.

Deficiência de vitamina K

A deficiência de vitamina K reduz o nível de protrombina no sangue. Por algum

tempo houve uma tendência a se reduzir a quantidade de farinha de alfafa, que éuma rica fonte natural das vitaminas K e E, nas rações para aves domésticas. Houvetambém uma corrente favorável ao uso de farinha de soja ou de outras sementesextraídas por solvente e de farinhas de peixe de melhor qualidade mas menosputrefeitas, que são mais pobres em vitamina K do que as farinhas originais porprensagem e as farinhas de peixe pútrido. Conseqüentemente, a adição de vitaminaK sintética a todas as rações comerciais é hoje uma prática comum.

Achados clínicos – Nos pintos jovens deficientes em vitamina K, o tempo decoagulação sangüínea começa a aumentar após  5 a 10 dias de idade e fica

enormemente prolongado em 7 a 12 dias. Após   1 semana, freqüentementeocorrem hemorragias em qualquer parte do corpo, tanto espontaneamente quantocomo resultado de uma lesão ou ferimento. Os únicos sinais externos são oshematomas subcutâneos resultantes. A necropsia geralmente revela acúmulos desangue em várias partes do corpo; algumas vezes aparecem petéquias no fígado,e quase invariavelmente, há erosão na camada de revestimento da moela. Quandose constata uma doença hemorrágica sob situações práticas, geralmente seobservam os sinais após as 3 semanas de idade.

Profilaxia e tratamento – A inclusão de menadiona a 1mg/ton de alimento é hoje

uma prática comum e eficiente. Se se encontrarem sinais de deficiência de vitaminaK, deve-se dobrar seu teor. Vários fatores estressantes aumentam as exigências devitamina K, por exemplo, a coccidiose e outras doenças parasitárias intestinais.Dicumarol, sulfaquinoxalina e varfarim são antimetabólitos da vitamina K.

Deficiência de vitamina B12

A exigência de vitamina B12 das aves domésticas é excessivamente baixa; umacifra adequada é de apenas alguns µg/kg de alimento. A vitamina B12 é produzida

por muitas bactérias e, em geral, está presente nos ingredientes alimentares deorigem animal e nas fezes. Hoje se inclui a vitamina B12 na maioria das raçõescomerciais para aves domésticas, conseqüentemente tornando improvável umadeficiência. É exigida para o crescimento e a eclodibilidade dos ovos.

Uma deficiência acentuada de vitamina B12 é difícil, se não impossível, de serproduzida em aves que tenham livre acesso a seus excrementos. No entanto, taisaves podem não receber níveis ideais de vitamina B12 e podem falhar em crescer auma taxa máxima. Embora tenham-se descrito poucos sinais verdadeiramentecaracterísticos da deficiência de vitamina B12, ela é uma das várias causas de

retardamento do crescimento, diminuição da eficiência alimentar e redução daeclodibilidade. É facilmente evitada e curada através do fornecimento de uma dietaque contenha ingredientes alimentares de origem animal ou um suplementocomercial de cobalamina.

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Deficiência de colina

A colina possui várias funções fisiológicas nas aves domésticas. Além de sernecessária para prevenção da perose, desempenha um papel no crescimento, nametilação e na regulação da síntese e do transporte de lipídios. Uma deficiência de

colina na dieta, mesmo quando houver quantidades adequadas de manganês,biotina, ácido fólico e niacina, resulta em perose (ver DEFICIÊNCIA DE MANGANÊS, pág.1540) e atraso do crescimento. Há alguma evidência de que a colina seja necessá-ria para a produção máxima de ovos, alta eclodibilidade e prevenção de fígadosgordurosos. No entanto, as galinhas poedeiras apresentam uma capacidadeconsiderável de síntese de colina, e as rações práticas podem fornecer o suficientepara suas necessidades.

É improvável que as rações que contêm quantidades apreciáveis de farinha desoja, farelo de trigo e trigo de segunda sejam deficientes em colina, pois a farinha

de soja é uma boa fonte de colina, e o farelo de trigo e o trigo de segunda são boasfontes de betaína, que pode realizar a função de doador de metila da colina. Outrasboas fontes de colina são os grãos de destilaria, a farinha de peixe, a farinha defígado, as farinhas de carne, os solúveis de destilaria e as leveduras. São disponí-veis vários suplementos comerciais de colina, e adiciona-se rotineiramente colina avárias rações para aves domésticas, especialmente nas rações iniciais para perus,nas quais a exigência é muito alta.

Deficiência de niacina (ácido nicotínico)

Há boas evidências de que as aves domésticas – mesmo os embriões de pintose perus – possam sintetizar niacina, mas a uma taxa muito lenta para o crescimentoideal. Tem-se afirmado que não possa ocorrer uma deficiência acentuada de niacinanas galinhas, a menos que haja uma deficiência de triptofano, um precursor daniacina.

Tem-se observado deficiência de niacina em pintos, patos, gansos e perus ao sefornecer determinadas rações do tipo prático. As rações ricas em milho e farinha desoja são particularmente receptivas ao melhoramento por inclusão de niacina

suplementar. Os patos, perus e gansos apresentam exigências de niacina conside-ravelmente mais altas do que os pintos. A maior parte da niacina presente nosingredientes alimentares práticos, tais como o milho, não está disponível para as avesdomésticas. As aves adultas são mais capazes de sintetizar niacina que as jovens.

Achados clínicos – Numa deficiência marginal em pintos, o único sinal é oretardamento do crescimento. Os pintos e os perus alimentados com uma dietadeficiente desenvolvem um distúrbio no jarrete semelhante em aparência à perose,com inchaço dos jarretes e arqueamento das pernas. Os gansinhos e os patinhosdesenvolvem anormalidades das pernas, que têm sido denominadas como perose

e arqueamento das pernas, respectivamente. As galinhas poedeiras alimentadascom uma dieta deficiente em niacina exibem perda de peso e redução da produçãode ovos e da eclodibilidade (ver também DEFICIÊNCIA DE MANGANÊS, pág. 1540).

Profilaxia e tratamento – Pode-se prevenir a deficiência de niacina nas galinhasatravés do fornecimento de uma dieta que contenha  27mg de niacina/kg, masmuitos nutricionistas recomendam 2 a 2,5 vezes esse valor. Uma cifra de 55 a70mg/kg de dieta parece ser satisfatória para patos, gansos e perus. Deve-sefornecer bastante niacina nas rações para aves domésticas para que as aves nãotenham que sintetizá-la a partir do triptofano, que pode ser difícil de fornecer.

Deficiência de ácido pantotênico

Embora a maioria dos ingredientes alimentares para aves domésticas seja defontes razoavelmente boas de ácido pantotênico, as dietas compostas enormemen-

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te de grãos de cereal e que contêm um pouco de farinha de carne, farinha de peixeou de ambas, podem não conter o suficiente dessa vitamina. O milho seco em fornotende a ter quantidades mais baixas, e em geral, o calor seco destrói o ácidopantotênico dos ingredientes alimentares.

Achados clínicos – Quando os pintos forem deficientes, retarda-se o cresci-mento e as penas parecem esfarrapadas. Dentro de 12 a 14 dias, as margens daspálpebras ficam granuladas e, freqüentemente, um exsudato viscoso faz com queas pálpebras se colem. Aparecem crostas ásperas nos cantos da boca; a pele dasola dos pés fica freqüentemente espessada e cornificada. Após 4 a 5 meses dedeficiência crônica, perdem-se as penas da cabeça e do pescoço. Descreveu-setambém despigmentação das penas.

Os sinais nos perus jovens são semelhantes aos das galinhas jovens e incluemfraqueza geral, ceratite, e colagem palpebral. Os patos jovens não apresentam os

sintomas comuns observados nas galinhas e perus, com exceção do retardamentodo crescimento; entretanto, a mortalidade é alta.Quando a dieta das galinhas poedeiras for deficiente em ácido pantotênico, a

eclodibilidade fica grandemente reduzida. Os poucos pintos que saírem do ovocrescem lentamente, e sua mortalidade é alta.

Lesões   – Nos pintos, as lesões da medula espinhal se caracterizam peladegeneração mielínica das fibras medulares. Podem-se encontrar fibras degenera-das em todos os segmentos da medula espinhal abaixo da região lombar. Tambémse têm descrito involução do timo, fígado gorduroso e nefrite aguda.

Profilaxia e tratamento – Embora seja fácil a formulação de misturas alimen-tares que sejam completamente adequadas em ácido pantotênico, a adição depantotenato de cálcio (  5 a 5,5mg/kg de alimento) é freqüentemente maiseconômica. Algumas vezes, as galinhas no meio do crescimento alimentadas comrações práticas desenvolvem uma afecção escamosa da pele, cuja causa exatanão se conhece, mas o tratamento, tanto com pantotenato de cálcio (2g) como comriboflavina (0,5g) na água de bebida (190L) por poucos dias, tem obtido sucesso emalguns casos.

Deficiência de riboflavinaApenas alguns ingredientes alimentares para aves domésticas contêm ribofla-vina suficiente para preencher as exigências dos pintos, patinhos ou peruzinhos

 jovens em crescimento. Por isso, se os ingredientes de uma ração para aves do-mésticas não forem cuidadosamente selecionados, ou se não se incluir um suple-mento especial, pode ocorrer uma deficiência. Como geralmente se adicionariboflavina às rações práticas, sua deficiência é hoje relativamente incomum.

O sinal característico no pinto é a paralisia do “dígito encurvado”; porém, quandoa deficiência é absoluta ou acentuada, os pintos morrem antes que ela apareça.

Têm-se descrito 3 graus de intensidade da paralisia do “dígito encurvado”: o primei-ro se caracteriza por uma tendência dos pintos a repousarem sobre seus jarretese encurvarem apenas discretamente seus dígitos; o segundo se caracteriza porfraqueza acentuada das pernas e por um encurvamento nítido de seus dígitos emuma ou ambas os patas; e o terceiro se caracteriza pelos dígitos que ficam comple-tamente encurvados para dentro ou para baixo e por uma condição enfraquecidadas pernas que força os pintos a andarem sobre seus jarretes.

Outros sinais incluem parada no crescimento, diarréia após 8 a 10 dias e altamortalidade após 3 semanas. Aparentemente não se prejudica o crescimento das

penas; ao contrário, as penas principais das asas freqüentemente parecem despro-porcionalmente longas.Os sinais de deficiência de riboflavina nos peruzinhos e patinhos diferem dos

pintos. Nos peruzinhos, a dermatite aparece em  8 dias; o ânus fica emplastrado,

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inflamado e esfolado; o crescimento fica retardado ou cessa completamente porvolta do 17º dia e começam a ocorrer mortes por volta do 21º dia. Os patinhosgeralmente apresentam diarréia e cessação do crescimento.

Ao se alimentar galinhas poedeiras com uma dieta deficiente em riboflavina,reduzem-se a produção de ovos e a eclodibilidade, mais ou menos em proporção aograu de deficiência. A mortalidade embrionária atinge tipicamente seu máximo noquarto e no 20º dias de incubação, e freqüentemente no 14º dia. A maioria dosembriões fica anã e apresenta micromelia acentuada; alguns ficam edematosos. Apenugem falha em se desenvolver apropriadamente, o que resulta em uma anorma-lidade típica, chamada “agrupamento” da penugem, que é mais comum ao redor dopescoço e do ânus.

A deficiência de riboflavina nos peruzinhos jovens produz alterações específicasnos principais troncos nervosos periféricos. Nos casos agudos, os troncos nervosos

hipertrofiam e exibem alterações facilmente observáveis. Também aparecemalterações degenerativas na mielina dos nervos. Também se podem observarcongestão e atrofia prematura dos lobos do timo.

Deficiências de tiamina e piridoxina(Deficiências de vitamina B

1 e B6)

Embora a quantidade de tiamina e piridoxina na maioria dos ingredientesalimentares para aves domésticas seja mais do que adequada, tem-se descritodeficiência de tiamina em peruzinhos e pintos devida à sua destruição no papo ou

proventrículo. O peixe cru contém uma tiaminase capaz de decompor a tiamina em2 formas inativas. Uma decomposição semelhante ocorre na presença de sulfito. Sese observarem sinais sugestivos de deficiência de tiamina, deve-se examinar aração quanto à presença de peixe cru e testar a água de bebida quanto a sulfitos.

Deficiência de ácido fólico (folacina)

Até recentemente acreditava-se que seria impossível que uma deficiência deácido fólico ocorresse em pintos ou perus em situações de campo. Hoje, no entanto,

muitas rações não contêm alfafa. A farinha de peixe e a farinha de carne tambémsão fontes pobres. Embora a maior parte do ácido fólico nos ingredientes alimenta-res esteja presente na forma conjugada, os pintos jovens podem utilizá-la bem.

Achados clínicos – Nos pintos jovens, os sinais principais são o retardamentodo crescimento, malformação das penas, despigmentação das penas em raçascoloridas e mortalidade. Os sinais externos são acompanhados de uma anemiamacrocítica hipocrômica. Nos peruzinhos, reduz-se a taxa de crescimento edesenvolve-se uma paralisia cervical característica, na qual as aves estendem seuspescoços e parecem olhar fixamente para baixo. Como os casos de campo têm

geralmente ocorrido em peruzinhos jovens, é possível que as peruas reprodutorastenham sido alimentadas com dietas deficientes. Nas galinhas reprodutoras, adeficiência de ácido fólico reduz a produção de ovos e a eclodibilidade. Os embriõesdeficientes exibem encurvamento do tibiotarso, defeitos mandibulares, sindactilia ehemorragias.

Profilaxia e tratamento – Quando se utilizam a farinha de peixe e a farinha decarne como fontes principais de proteína ou quando a ração for peletizada, podeser aconselhável a suplementação das rações de reprodução com ácido fólicosintético. Muitos fabricantes de alimentos também suplementam as rações iniciais

para perus com ácido fólico a

 0,5 a 1g/ton. Quando ocorrerem sinais nos perus jovens, podem-se adicionar vitaminas na água de bebida a 40 a 50mg/L. Nas avesprostradas, uma injeção de 150mg de ácido fólico por ave geralmente resulta narecuperação dentro de poucos dias.

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Deficiência de biotina

Essa vitamina é necessária para evitar a perose nos pintos e peruzinhos e umasíndrome de fígado e rins gordurosos nas galinhas. Têm-se descrito deficiências emperuzinhos e pintos jovens. Embora ainda não se tenha elucidado a causa exata de

tal deficiência, há algumas evidências de que determinadas afecções patológicasnos peruzinhos possam aumentar a exigência de biotina. É mais provável que ocorrauma deficiência em dietas ricas em trigo ou cevada do que se se fornecer milho. Adisponibilidade da biotina proveniente desses e de vários outros cereais é muitobaixa. As boas fontes de biotina incluem fígado, levedura de cerveja seca, melaçoe plantas folhosas verdes. Cereais, farinha de carne e farinha de peixe são fontespobres. Uma parte da biotina dos alimentos naturais ocorre na forma conjugada, queé fracamente disponível para a ave. Uma flora intestinal anormal pode aumentar aexigência da ave.

Achados clínicos – Nos peruzinhos, os sinais típicos incluem quebra das penasde vôo, encurvamento do metatarso e uma dermatite que afeta a sola das patas, oscantos da boca e as margens das pálpebras. Reduz-se a eclodibilidade dos ovos nosperus e galinhas. Os sinais nos embriões incluem “bico de papagaio”, condrodistrofia,micromelia e sindactilia. Não se tem descrito nas aves adultas uma dermatite queseja semelhante à dos pintos e peruzinhos.

Profilaxia e tratamento – Vários fatores aumentam as exigências de biotina,incluindo a rancificação oxidativa da gordura alimentar, a competição dos microrga-nismos intestinais e a falta de um carreador no peruzinho recém-saído do ovo. Como

as melhores fontes alimentares de biotina são freqüentemente caras ou difíceis dese obter e não são completamente disponíveis para a ave, considera-se uma boaprática a adição de 150 a 200mg de biotina sintética às rações de iniciação ereprodução para perus. Certos antibióticos adicionados à ração diminuem a neces-sidade de biotina, presumivelmente por criarem uma flora intestinal menos compe-titiva. A melhora do nível dos materiais da ração com levedura de cerveja seca, porexemplo, ou a adição de biotina sintética ao alimento ou água constituem meiosefetivos de neutralizar os casos existentes de deficiência de biotina.

NUTRIÇÃO: COELHOS

O coelho é um herbívoro não ruminante. Seu grande ceco sustenta umapopulação de microrganismos que usam nutrientes que não são digeridos nointestino delgado. A separação do material digerido na forma básica de partículas

ocorre no intestino posterior. A ação peristáltica move rapidamente as partículasgrandes, primariamente lignocelulose, através do cólon e as excreta como péletesfecais duros. A ação antiperistáltica move as partículas pequenas e solúveis para oceco, onde sofrem fermentação. De tempo em tempo, o conteúdo cecal é expelidocomo “fezes moles” e consumido pelo coelho diretamente do ânus. Esse materialreingerido fornece proteína microbiana, vitaminas (incluindo todo o complexo Bnecessário) e pequenas quantidades de ácidos graxos voláteis. No entanto, comoos aminoácidos obtidos dessa maneira correspondem apenas a uma contribuiçãomenor às necessidades proteicas dos coelhos, particularmente para os animais

 jovens em crescimento, a dieta tem que fornecer aminoácidos adicionais, emboraainda não se tenham definido as exigências de aminoácidos essenciais.Os coelhos digerem mal as fibras por causa da separação seletiva e da rápida

excreção das partículas grandes no intestino posterior. Os coelhos precisam real-

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mente de uma quantidade generosa de fibra na dieta (  15% de fibra bruta) parapromover a motilidade intestinal e minimizar enteropatias. A fibra também podeabsorver toxinas de bactérias patogênicas e eliminá-las através das “fezes duras”.As dietas pobres em fibra promovem um aumento da incidência de problemasintestinais, por exemplo, enterotoxemia. Isto pode ser um resultado de um teor maisalto de amido das dietas pobres em fibra. O amido é um substrato para a proliferaçãode bactérias patogênicas, tais como a Clostridium spiroforme , que produz umatoxina potente. As dietas ricas em fibra (> 20% de fibra bruta) podem resultar em umaumento da incidência de impactação cecal e enterite mucóide. Os ácidos graxosvoláteis produzidos no ceco são metabólitos importantes, uma vez que auxiliamno controle de microrganismos patogênicos, por ajudarem a manter um pH baixo noceco.

É necessário um fornecimento dietético das vitaminas A, D e E. As bactérias

intestinais sintetizam vitamina K e complexo B em quantidades adequadas; por isso,os suplementos dietéticos são desnecessários. A doença e o estresse podemaumentar as exigências vitamínicas diárias. A oxidação destrói as vitaminas A e Emais facilmente do que as outras vitaminas. A preparação do alimento e seuarmazenamento devem ser feitos de maneira que reduzam as perdas pela oxidação.As dietas que contiverem ≥ 30% de farinha de alfafa geralmente fornecem vitaminaA suficiente. O teor de vitamina A da dieta deve ser > 5.000UI/kg e < 75.000UI/kg.Os níveis que estiverem fora dessa variação podem causar aborto, reabsorção deninhadas e hidrocefalia fetal. Os coelhos ajustam voluntariamente seu consumo

alimentar para preencher suas necessidades energéticas quando estiver disponívelalimento apropriado. As rações peletizadas para coelhos suplantam enormementeas rações caseiras e providenciam boa nutrição a um custo razoável. A TABELA 54fornece um resumo de exigências sugeridas. Deve-se dispor sempre de água limpae fresca. Deve-se fornecer um bloco de sal mineral grosso para os coelhosalimentados com feno (alfafa ou trevo) e grãos (milho, aveia, cevada).

NUTRIÇÃO: OVINOSA produção econômica e eficiente de cordeiros e lã depende da produção

máxima por ovelha. A manutenção econômica de animais reprodutores, uma altaporcentagem e produção de cordeiros desmamados, o crescimento rápido e con-tínuo dos cordeiros, pesos elevados ao desmame e um peso elevado da lã sãoimportantes para a eficiência. Todos estes fatores são influenciados pela nutrição.

 Nutrição: Ovinos 1551

TABELA 54 – Exigências de Alguns Nutrientes para Coelhos

Proteína Carboidratos NutrientesTotal Digestível  Gordura Fibra digestíveis digeríveis

% %  % % (ELN, %) totais, %

Manutenção 12 9 1,5 a 2 14 a 20 40 a 45 50 a 60Crescimento e

terminação 16 12 2 a 4 14 a 16 45 a 50 60 a 70Prenhez 15 11 2 a 3 14 a 16 45 a 50 55 a 65

Lactação(com ninhadasde 7 ou 8) 17 13 2,5 a 3,5 12 a 14 45 a 50 65 a 75

ELN = extrato livre de nitrogênio.

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A quantificação das exigências nutricionais para manutenção, reprodução,crescimento, terminação e produção de lã é complexa porque os ovinos sãomantidos em uma larga variedade de condições ambientais.

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAISUma dieta adequada tem que incluir água, energia (carboidratos e gorduras),

proteínas, minerais e vitaminas (ver TABELA 55). Essas quantidades são geralmentesuficientes para promover crescimento e produção ideais. Sob situações de campode estresse particular, pode-se necessitar de nutrientes adicionais.

Água

As recomendações gerais são de  3,8L de água/dia para ovelhas sob raçãoseca no inverno, 5,7L/dia para ovelhas amamentando cordeiros e 1,9L/dia paracordeiros em terminação. Em muitas áreas de pasto, a água é o nutriente limitante;mesmo quando presente, pode não ser potável devido a sujeira ou a um alto teormineral. Para melhor produção, deve-se fornecer água diariamente ao ovino nopasto durante o tempo quente. No entanto, o custo do fornecimento de água fre-qüentemente faz com que seja econômico o fornecimento de água em dias alter-nados para o ovino no pasto. Quando se dispuser de neve macia, o ovino em pastonão necessita de água adicional, exceto quando se servir alimentos secos, tais como

feno de alfafa e péletes. Se a neve estiver sob uma crosta de gelo, deve-se quebraro gelo para se permitir o acesso.

Energia

Devido ao fato de que grande parte da dieta pode depender de capim e forragemque são ou ralos ou de má qualidade, torna-se importante o fornecimento de energiaadequada. A forragem de má qualidade, mesmo em abundância, pode não fornecerenergia disponível suficiente para manter a produção. A exigência de energia das

ovelhas é maior durante as primeiras 8 a 10 semanas de lactação. Como a produçãode leite diminui após esse período e os cordeiros começam a ingerir forragem, reduz-se a exigência da ovelha para um nível equivalente ao que as ovelhas exibiam 1 mêsantes do parto. Esse fato é de considerável importância econômica.

Proteína

A forragem e o pasto de boa qualidade geralmente fornecerão uma quantidadeadequada de proteína para o ovino adulto. No entanto, os ovinos não digerem asproteínas de má qualidade tão eficientemente quanto os bovinos, e há casos em que sedeve fornecer um suplemento proteico com feno de capim maduro e pasto de inverno.

Os ovinos podem converter nitrogênio não proteico, tal como uréia, fosfato deamônio e biureto, em proteína no rúmen, mas possivelmente não tão eficientementequanto o gado de corte. Essa fonte de nitrogênio pode fornecer pelo menos umaparte do nitrogênio suplementar necessário em dietas ricas em energia, com umaproporção nitrogênio–enxofre de 10:1. Nas dietas para terminação de cordeiros, ainclusão de alfafa e a utilização de estimulantes de crescimento aprovados aumen-tam a utilização de nitrogênio.

Minerais

Os ovinos exigem os minerais principais: sódio, cloro, cálcio, fósforo, magnésio,enxofre e potássio; e os microelementos minerais: cobalto, cobre, iodo, ferro,

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 Nutrição: Ovinos 1553

TABELA 55 – Exigências Nutricionais Diárias dos Ovinos

Pesocorporal Matéria seca por animala

Nutrientes por animalProteína 

bruta Ca P  Atividade de vitamina A

Atividade de vitamina E 

(kg) (lb) (g) (lb) (kg) (lb)(% de peso 

corporal)

Energia bED 

(Mcal)NDT 

(kg) (lb)EM 

(Mcal) (lb)(g) (g) (g) (UI) (UI)

50 110 30 0,07 1,2 2,6 2,4 0,67 1,5 3,0 2,4 112 0,25 2,9 2,1 2.350 1860 132 30 0,07 1,3 2,9 2,2 0,72 1,6 3,2 2,6 121 0,27 3,2 2,5 2.820 2070 154 30 0,07 1,4 3,1 2,0 0,77 1,7 3,4 2,8 130 0,29 3,5 2,9 3.290 2180 176 30 0,07 1,5 3,3 1,9 0,82 1,8 3,6 3,0 139 0,31 3,8 3,3 3.760 2290 198 30 0,07 1,6 3,5 1,8 0,87 1,9 3,8 3,2 148 0,33 4,1 3,6 4.230 24

Manutenção de ovelhas c 

50 110 10 0,02 1,0 2,2 2,0 0,55 1,2 2,4 2,0 95 0,21 2,0 1,8 2.350 1560 132 10 0,02 1,1 2,4 1,8 0,61 1,3 2,7 2,2 104 0,23 2,3 2,1 2.820 1670 154 10 0,02 1,2 2,6 1,7 0,66 1,5 2,9 2,4 113 0,25 2,5 2,4 3.290 1880 176 10 0,02 1,3 2,9 1,6 0,72 1,6 3,2 2,6 122 0,27 2,7 2,8 3.760 2090 198 10 0,02 1,4 3,1 1,5 0,78 1,7 3,4 2,8 131 0,29 2,9 3,1 4.230 21

Não lactante – primeiras 15 semanas de gestação 

Últimas 4 semanas de gestação (taxa de cordeiros esperada, 130 a 150%) ou últimas 4 a 6 semanas de lactação para crias únicas d 

50 110 180 (45) 0,40 (0,10) 1,6 3,5 3,2 0,94 2,1 4,1 3,4 175 0,38 5,9 4,8 4.250 2460 132 180 (45) 0,40 (0,10) 1,7 3,7 2,8 1,00 2,2 4,4 3,6 184 0,40 6,0 5,2 5.100 2670 154 180 (45) 0,40 (0,10) 1,8 4,0 2,6 1,06 2,3 4,7 3,8 193 0,42 6,2 5,6 5.950 2780 176 180 (45) 0,40 (0,10) 1,9 4,2 2,4 1,12 2,4 4,9 4,0 202 0,44 6,3 6,1 6.800 2890 198 180 (45) 0,40 (0,10) 2,0 4,4 2,2 1,18 2,5 5,1 4,2 212 0,47 6,4 6,5 7.650 30

Últimas 4 semanas de gestação (taxa de cordeiros esperada, 180 a 225%) 

50 110 225 0,50 1,7 3,7 3,4 1,10 2,4 4,8 4,0 196 0,43 6,2 3,4 4.250 2660 132 225 0,50 1,8 40, 3,0 1,17 2,6 5,1 4,2 205 0,45 6,9 4,0 5.100 2770 154 225 0,50 1,9 4,2 2,7 1,24 2,8 5,4 4,4 214 0,47 7,6 4,5 5.950 2880 176 225 0,50 20, 4,4 2,5 1,30 2,9 5,7 4,7 223 0,49 8,3 5,1 6.800 3090 198 225 0,50 2,1 4,6 2,3 1,37 3,0 6,0 5,0 232 0,51 8,9 5,7 7.650 32

(Continua)

Alteração depeso/dia

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Primeiras 6 a 8 semanas de lactação para crias únicas ou últimas 4 a 6 semanas de lactação de gêmeos em fase de amamentação d

50 110 – 25 (90) – 0,06 (0,20) 2,1 4,6 4,2 1,36 3,0 6,0 4,9 304 0,67 8,9 6,1 4.250 32

60 132 – 25 (90) – 0,06 (0,20) 2,3 5,1 3,8 1,50 3,3 6,6 5,4 319 0,70 9,1 6,6 5.100 3470 154 – 25 (90) – 0,06 (0,20) 2,5 5,5 3,6 1,63 3,6 7,2 5,9 334 0,73 9,3 7,0 5.950 3880 176 – 25 (90) – 0,06 (0,20) 2,6 5,7 3,2 1,69 3,7 7,4 6,1 344 0,76 9,5 7,4 6.800 3990 198 – 25 (90) – 0,06 (0,20) 2,7 5,9 3,0 1,75 3,8 7,6 6,3 353 0,78 9,6 7,8 7.650 40

Primeiras 6 a 8 semanas da lactação dos gêmeos em fase de amamentação 

50 110 – 60 – 0,13 2,4 5,3 4,8 1,56 3,4 6,9 5,6 389 0,86 10,5 7,3 5.000 3660 132 – 60 – 0,13 2,6 5,7 4,3 1,69 3,7 7,4 6,1 405 0,89 10,7 7,7 6.000 3970 154 – 60 – 0,13 2,8 6,2 4,0 1,82 4,0 8,0 6,6 420 0,92 11,0 8,1 7.000 4280 176 – 60 – 0,13 3,0 6,6 3,8 1,95 4,3 8,6 7,0 435 0,96 11,2 8,6 8.000 4590 198 – 60 – 0,13 3,2 7,0 3,6 2,08 4,6 9,2 7,5 450 0,99 11,4 9,0 9.000 48

30 66 227 0,50 1,2 2,6 4,0 0,78 1,7 3,4 2,8 185 0,41 6,4 2,6 1.410 1840 88 182 0,40 1,4 3,1 3,5 0,91 2,0 4,0 3,3 176 0,39 5,9 2,6 1.880 2150 110 120 0,26 1,5 3,3 3,0 0,88 1,9 3,9 3,2 136 0,30 4,8 2,4 2.350 2260 132 100 0,22 1,5 3,3 2,5 0,88 1,9 3,9 3,2 134 0,30 4,5 2,5 2.820 2270 154 100 0,22 1,5 3,3 2,1 0,88 1,9 3,9 3,2 132 0,29 4,6 2,8 3.290 22

Carneiros jovens de reposição e 

Ovelhas jovens de reposição e 

40 88 330 0,73 1,8 4,0 4,5 1,1 2,5 5,0 4,1 243 0,54 7,8 3,7 1.880 2460 132 320 0,70 2,4 5,3 4,0 1,5 3,4 6,7 5,5 263 0,58 8,4 4,2 2.820 2680 176 290 0,64 2,8 6,2 3,5 1,8 3,9 7,8 6,4 268 0,59 8,5 4,6 3.760 28

100 220 250 0,55 3,0 6,6 3,0 1,9 4,2 8,4 6,9 264 0,58 8,2 4,8 4.700 30

TABELA 55 (Cont.) – Exigências Nutricionais Diárias dos Ovinos

Pesocorporal Matéria seca por animala

Nutrientes por animalProteína 

bruta Ca P  Atividade de vitamina A

Atividade de vitamina E 

(kg) (lb) (g) (lb) (kg) (lb)(% de peso 

corporal)

Energia bED 

(Mcal)NDT 

(kg) (lb)EM 

(Mcal) (lb)(g) (g) (g) (UI)

Alteração depeso/dia

(UI)

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manganês, molibdênio, zinco e selênio. O sal mineral grosso consiste em ummétodo econômico de prevenção das deficiências de sódio, cloro, iodo, manganês,cobalto, cobre, ferro e zinco. O selênio é aprovado pela “Food and Drug Administration

 – FDA” dos EUA para a inclusão em misturas de sal. Como as dietas para ovinosgeralmente contêm quantidades suficientes de potássio, ferro, magnésio, enxofre emanganês, não se discute sobre esses minerais a seguir.

Sal   – Nos EUA, fornece-se sal (cloreto de sódio) aos ovinos, exceto emdeterminadas áreas alcalinas do oeste do país e ao longo do litoral, onde asforragens e o solo são ricos em sal. Os criadores de ovinos nos EUA e Canadáacreditam que os ovinos precisam de sal para permanecerem viáveis economica-mente e darem lucro. No entanto, raramente se fornecem suplementos de sal aosovinos em bom pasto na Australásia. Os ovinos adultos consumirão  9g diários desal e os cordeiros metade dessa quantidade. Os criadores extensivos comumente

fornecem 225 a 350g de sal/ovelha/mês. Uma pesquisa recente indica que éadequado que 0,2% da matéria seca da dieta do ovino se constitua de sal.Cálcio e fósforo   – Nas plantas, geralmente as partes folhosas são relativamente

ricas em cálcio (Ca) e pobres em fósforo (P), enquanto que vale o contrário para assementes. As leguminosas, em geral, possuem um teor mais alto de Ca do que oscapins. À medida que o capim amadurece, o P se transfere para a semente (grão).Além disso, o teor de P da planta é influenciado acentuadamente pela disponibilida-de do P no solo. Logo, o pasto de má qualidade desprovido de leguminosas e plantaspara pastejo tende a ser naturalmente pobre em P, particularmente à medida que

a forragem amadurece e a semente cai; caracteristicamente, o solo do pastotambém fica deficiente em P. Conseqüentemente, os ovinos que subsistirem comforragem de verão, castanha e madura, e pasto de inverno algumas vezes desen-volvem uma deficiência de P (ver pág. 1451). Deve-se fornecer um suplemento deP aos ovinos mantidos com tais forragens ou alimentados com feno de má qualidadee sem grãos.

Como a maioria das forragens apresenta um teor relativamente alto de Ca,particularmente se houver uma mistura de leguminosas, os alimentos naturaisgeralmente fornecem quantidades adequadas desse elemento. Porém, ao se

fornecer exclusivamente silagem de milho ou outros alimentos derivados de grãosde cereais, deve-se oferecer calcário triturado diariamente na quantidade de 9 a 14g.Os ovinos parecem ser capazes de tolerar largas proporções de Ca:P contanto

que sua dieta contenha mais Ca que P. No entanto, um excesso de P pode levar aodesenvolvimento de cálculos urinários ou osteodistrofia; uma proporção Ca:P de1,5:1 é apropriada para os cordeiros em engorda. Para as ovelhas prenhes, a dietadeve conter ≥ 0,18% de P e, para as ovelhas lactantes, ≥ 0,27%. Considera-seadequado um teor de 0,2 a 0,4% de Ca.

Iodo   – Algumas vezes, tanto por conseqüência da baixa disponibilidade de iodo

no solo, como por conseqüência de substâncias bociogênicas no alimento (queinterferem na utilização do iodo pela tireóide), não se preenchem as necessidadesde iodo do ovino na dieta natural e devem-se, portanto, fornecer suplementos deiodo. Conhecem-se regiões naturalmente deficientes por todo o oeste dos EUA, naárea dos Grandes Lagos e em muitas outras partes do mundo. Pode-se evitar umadeficiência de iodo (ver pág. 1452)  através do fornecimento de sal iodadoestabilizado às ovelhas prenhes. Uma deficiência de iodo se manifesta como bóciono adulto e como ausência de pêlos no filhote. O filhote de ovelhas deficientes emiodo freqüentemente nasce morto.

Cobalto   – Os ovinos requerem

 0,1ppm de cobalto em sua dieta. Normalmente,as leguminosas apresentam um teor mais alto do que os capins. Como raramentese conhecem os teores de cobalto nos ingredientes alimentares, o fornecimento deum sal mineral grosso que contenha cobalto constitui uma boa prática.

  Nutrição: Ovinos 1556 

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Cobre   – As ovelhas prenhes requerem  5mg diários de cobre; normalmente,fornece-se essa quantidade quando a forragem contiver ≥ 5ppm. No entanto, aquantidade de cobre necessária na dieta para evitar uma deficiência de cobre (verpág. 1453) é influenciada pelo consumo de outros constituintes dietéticos, notavel-

mente do molibdênio e do sulfato inorgânico. O alto consumo de molibdênio napresença de uma quantidade adequada de sulfato aumenta a exigência de cobre.Já que os ovinos são mais suscetíveis aos efeitos tóxicos do cobre que os bovinos,deve-se ter cuidado em se evitar a toxicose por cobre. Pode-se produzir intoxicaçãoem cordeiros através do fornecimento contínuo de dietas com 10 a 20ppm de cobre.Isso é particularmente verdadeiro nos locais onde são baixos os teores de molibdênioe sulfato no solo e no alimento.

Selênio   – É eficiente em controlar pelo menos parcialmente a distrofia muscularnutricional (ver pág. 661). As áreas a leste do rio Mississipi e no noroeste dos EUA

parecem ser pobres em selênio. Pode-se fornecer selênio por meio de injeçõesIM ou de alimentação oral. A exigência dietética é de  0,3ppm. Os níveis de 7a 10ppm ou mais altos podem ser tóxicos.

Zinco   – Os cordeiros em crescimento exigem  30ppm de zinco na dieta, combase em matéria seca. A exigência para o desenvolvimento testicular normal é umpouco mais alta. Como muitos alimentos não contêm essa quantidade de zinco, apossibilidade de uma deficiência é real. Além disso, o alto consumo de cálciotambém aumenta a necessidade de zinco.

VitaminasAs dietas para ovinos geralmente contêm um suprimento abundante de vitami-

nas A (provitamina A), D e E. Sob certas circunstâncias, no entanto, pode-senecessitar de suplementos. O complexo B e a vitamina K são sintetizados pelosmicrorganismos ruminais e, sob condições práticas, não são necessários suplemen-tos. Entretanto, algumas vezes ocorre polioencefalomalacia; aparentemente esseproblema se deve à destruição da tiamina no rúmen, e os animais respondem bemaos suplementos. A vitamina C é sintetizada nos tecidos do ovino.

Em dietas ricas em caroteno, tais como pastagens de boa qualidade ou fenosverdes, os ovinos podem armazenar grandes quantidades de vitamina A no fígado,freqüentemente suficientes para preencherem suas necessidades por 6 a 12meses. São desnecessários suplementos diários e as deficiências (ver pág. 1455)raramente constituem um problema.

A vitamina D2 origina-se da forragem seca pelo sol e a vitamina D

3 da exposição

da pele à luz ultravioleta. Quando a exposição da pele à luz solar for reduzida porum tempo nublado prolongado ou por criação em confinamento, e quando o teor devitamina D

2 na dieta for baixo, a quantidade fornecida pode ser inadequada. A

exigência de vitamina D aumenta quando as quantidades tanto de cálcio como defósforo na dieta forem baixas ou quando a proporção entre eles for larga. Os cor-deiros de crescimento rápido mantidos em confinamento fora da luz solar intensaou mantidos com alimentos verdes (ricos em caroteno) durante os meses deinverno (pobres em irradiação solar) podem sofrer deterioração da formação dosossos e apresentar outros sinais de deficiência de vitamina D (ver pág. 1456). Nor-malmente, os ovinos em pastejo raramente necessitam de suplementos de vi-tamina D, devido à exposição ao sol.

As principais fontes de vitamina E na dieta natural dos ovinos são os alimentos

verdes e o germe de sementes. Uma deficiência desta vitamina, portanto, éincomum em ovinos adultos. A deficiência de vitamina E nos cordeiros jovens podecontribuir para a distrofia muscular nutricional (ver pág. 661) se o consumo deselênio for baixo.

 Nutrição: Ovinos 1557 

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PRÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO

Alimentação dos ovinos de fazenda

Ver a TABELA  55 (pág. 1553)  para as exigências nutricionais dos ovinos.

Utilizando dados e resultados de experiências práticas, encontram-se a seguirsugestões resumidas para a alimentação de ovinos.Criação de ovinos especializada   – Têm-se compilado muitas informações

acerca de unidades maiores de criação de ovinos sob um sistema de manejo deconfinamento. Têm-se utilizado inovações tais como desmame precoce doscordeiros amamentados artificialmente, pisos ripados, aceleração dos partos,sincronização do acasalamento e testes de produção. É questionável se o usoextensivo do pastejo para cordeiros no meio-oeste e no leste dos EUA seexpandirá.

Utilização de forragem   – O feno bom é um alimento altamente produtivo; o fenopobre, não importando o quanto for disponível, é adequado somente para amanutenção, a menos que seja melhorado por algum método de processamento. Aqualidade do feno é determinada primariamente por: 1. sua composição botânica,por exemplo, uma mistura de capins e leguminosas palatáveis – capim-cevadi-nha/alfafa ou capim-do-campo/trevo; 2. o estágio de maturação quando cortado, porexemplo, o capim antes da floração e alfafa antes de 1/10 da floração; 3. o métodoe a velocidade de colheita, já que afetam a perda de folhas, a descoloração causadapelo sol, e a lixiviação pela chuva; e 4. o estrago e a perda durante o armazenamento

e alimentação. Em geral, os mesmos fatores influenciam a qualidade da silagem. Osovinos apresentam um uso excelente da forragem de boa qualidade armazenadatanto como feno quanto como silagem de capim-leguminosa com baixo teor deumidade, ou ainda ocasionalmente como alimento verde picado.

Alimentação das ovelhas

O período entre o desmame e o acasalamento da ovelha é crítico se se desejaruma alta taxa de gemelaridade. Não se deve permitir que as ovelhas fiquem

excessivamente gordas, mas deve-se obter um ganho de peso diário suave entreo desmame e o acasalamento. A taxa de ganho de peso depende do ganho depeso desejado. Se a produção de pasto for inadequada, podem-se confinar asovelhas e alimentá-las com feno de boa qualidade e, se necessário para seconseguir o ganho de peso desejado, com uma pequena quantidade de grãos. Jáque há evidências de que o acasalamento enquanto houver o pastejo de pastosde leguminosas, particularmente de trevo vermelho, tende a reduzir o número decordeiros nascidos, prefere-se um pastejo misto 2 semanas antes e durante oacasalamento.

Após a cobertura, podem-se manter as ovelhas em pastejo, permitindo assim quese conserve o alimento, se necessário, para outras épocas do ano. O bom pastejonesse período permitirá que as ovelhas entrem em boas condições no período dealimentação de inverno. Quando não se dispuser de pasto, pode-se utilizar uma dasrações resumidas na TABELA 56.

Durante as últimas 6 a 8 semanas de prenhez, o crescimento do cordeiro torna-se rápido; de um ponto de vista nutricional, é um período crítico, particularmente paraas ovelhas que estiverem carregando mais de um feto. Começando 6 a 8 semanasantes do parto, deve-se aumentar gradualmente o plano de nutrição e continuá-lo

sem interrupções através da adição de suplementos, tais como os descritos naTABELA 57. A quantidade oferecida depende das condições das ovelhas. Se asovelhas estiverem em condições razoáveis a boas, 225 a 350g diários são geral-mente suficientes. A forragem da ração deve fornecer todas as proteínas exigidas

  Nutrição: Ovinos 1558 

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pelas ovelhas para uma alimentação mais eficiente do rebanho da fazenda. Senecessário, podem-se classificar as ovelhas de acordo com a idade e a condição,e dividi-las em grupos para tratamento diferencial.

Ovelhas lactantes  – O pasto suculento fornece quantidades adequadas deenergia, proteínas, vitaminas e minerais para as ovelhas e os cordeiros; não senecessita de nenhuma adição de grãos. Quando não se dispuser de pasto ouquando não se utilizá-lo devido a uma criação sob confinamento, deve-se forneceràs ovelhas uma das rações resumidas para ovelhas prenhes na TABELA 56 e 450 a675g de uma das misturas de grãos da TABELA 57. As ovelhas devem ter acesso asal mineral grosso e fosfato bicálcico. Devem-se separar as ovelhas com cordeirosgêmeos das ovelhas com cordeiros únicos e alimentá-las com mais grãos. Asovelhas que amamentam cordeiros gêmeos produzem 20 a 40% mais leite que asque amamentam cordeiros únicos. Numa criação em confinamento ou com partosacelerados, desmamam-se os cordeiros comumente aos 2 meses de idade. Aprodução de leite da ovelha diminui rapidamente após esse período e, como oscordeiros estão consumindo alimento a partir de um cocho, isso resulta em um usomais eficiente do alimento.

Alimentação dos cordeiros

A partir de 2 semanas de idade, os cordeiros devem ter livre acesso ao alimento

no cocho, a menos que tenham nascido em pasto suculento. Se se utilizar o pastejomais tarde, devem-se alimentá-los no cocho por 1 a 2 meses até que o pasto esteja

TABELA 56 – Rações para Ovelhas Prenhes até 6 Semanas Antes do Parto

Ração nº

lb (kg) lb (kg) lb (kg) lb (kg)

Feno de leguminosas, tais como 3 a 4,5 1,5 a 2 – –a alfafa, o trevo ou o (1,36 a 2,04) (0,68 a 0,91) – –trevo-do-japão

Silagem de milho ou sorgo – 4 a 5 – –(1,81 a 2,27) – –

Silagem de capim-leguminosa, –baixa em umidade (50%) – – 6 a 8 –

(2,72 a 3,63)90% de farinhas de caroço de – –

algodão, soja, linhaça e amen-doim;10% de calcário – – – 0,25 (0,112)

Minerais* à vontade à vontade à vontade à vontade

* Mistura mineral: 2 partes de fosfato bicálcico para 1 parte de sal mineral grosso.

Alimento 1 2 3 4

 Nutrição: Ovinos 1559

TABELA 57 – Mistura de Grãos para Ovelhas Prenhes

Mistura nºAlimento 1 2 3 4

% % % %

Cevada, milho ou trigo integrais 60 75 75 50Aveia integral 30 – 25 50Polpa de beterraba, seca – 25 – –Farelo de trigo 10 – – –

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disponível. Se não ficar disponível até que os cordeiros atinjam 3 a 4 meses de idade,devem-se terminá-los em local seco. Podem-se triturar grosseiramente ou trilhar osgrãos primeiro, mas mais tarde podem-se servi-los inteiros. Primeiro, fornecem-sepequenas quantidades e mantém-se o alimento limpo e fresco. Aumenta-se a

quantidade gradualmente até que os cordeiros entrem na alimentação completa.A alimentação dos cordeiros do nascimento ao mercado com alimento seco,

 junto com o desmame precoce aos 2 a 3 meses de idade, tornou-se mais popularnos EUA. Tritura-se e mistura-se uma dieta completa com feno, grãos e suple-mento e/ou se serve dessa forma ou na forma de péletes de 5 ou 10mm. Taiscordeiros geralmente atingem o peso de mercado em 3,5 a 4 meses. Algunsexemplos de ração de cocho usados na alimentação com alimentos secosencontram-se na TABELA 58.

Criação de cordeiros com sucedâneos do leite – Em uma criação intensiva de

ovinos, devem-se criar os cordeiros órfãos, adicionais ou oriundos de ovelhas másprodutoras de leite com sucedâneos do leite. Devem receber primeiro colostro, senão proveniente de uma ovelha, então proveniente de um suprimento congelado decolostro de vaca. São disponíveis sucedâneos do leite projetados especificamentepara cordeiros. Eles contêm  30% de gordura, 25% de proteína e um alto teor deantibióticos. É aconselhável a administração injetável de vitaminas A, D e E em taiscordeiros; também se recomenda a administração de uma combinação de penicilinae estreptomicina e de selênio.

Utilizam-se recipientes ou baldes com bicos múltiplos, e deve-se oferecer o leitefrio após a primeira semana. Pode-se utilizar um sucedâneo do leite frio para oscordeiros mais velhos, que mamarão com mais freqüência, e o leite não azedará tãofacilmente. Deve-se oferecer água aos cordeiros além do leite quando se fornecerração de cocho aos 9 a 10 dias de idade. Podem ser desmamados abruptamenteàs 4 a 5 semanas de idade se o consumo de alimento no cocho e água atingir umnível razoável.

Terminação dos cordeiros em engorda

Deve-se encorajar o pré-condicionamento dos cordeiros antes que deixem apropriedade do criador. Isso inclui iniciação no alimento, vacinação, vermifugação,e sob certas condições, tosquia. Se não se fizer isso, os cordeiros devem descansarpor vários dias e se alimentar com feno seco, de qualidade média, após a chegada

TABELA 58 – Ração de Cocho para Cordeiros Lactentes Precocemente Desmamados

Mistura nºAlimento 1 2 3 4

% % % %

Feno de alfafa folhoso triturado 25,0 30,0 40,0  –Farinha de folha de alfafa desidratada 53,5 – 20,0 48Milho descascado – – – 35Milho ou trigo – 55,0  – –Aveia ou cevada – – 20,0  –Farinha de soja, caroço de algodão

ou linhaça 19,0 10,0 10,0 10Melaço – 03,5 08,5 00,5,5Farinha de osso ou fosfato bicálcico 1 1 1 01

Calcário 1 – – –Sal mineral grosso 00,5 00,5 0,0,5 000,5Antibiótico – – 0000,002 00000,002

  Nutrição: Ovinos 1560

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à engorda. Após esse descanso, devem-se realizar as práticas anteriormentemencionadas (ver também INTERAÇÃO MANEJO-DOENÇA: OVINOS, pág. 1361).

Método de alimentação – Não há método ou dieta melhor para os cordeiros emterminação. Podem-se terminá-los com pastejo de trigo ou alfafa, sem grãos.Podem-se iniciá-los no pastejo ou tosquiá-los em seguida e alimentá-los com grãosmais tarde. Quando alimentados com alimentos secos, geralmente se alimentampor si mesmos. Essas rações podem ser completamente peletizadas, trituradas emisturadas, uma mistura de péletes de alfafa e grãos ou um tipo de alto concentrado.

A alimentação por si mesmos significa um uso mais eficiente da mão-de-obra epermite que se aumente o porte da criação. A alimentação por si mesmos geralmen-te resulta em consumo alimentar e ganho de peso máximos. Pode-se mecanizar aalimentação manual através de um sistema de brocas ou de um vagão de autodes-carregamento. Isso envolve a alimentação a intervalos regulares de modo que oscordeiros possam esgotar o alimento antes de serem alimentados de novo. Podem-se controlar o consumo alimentar e o ganho de peso. Deve-se fornecer silagem demilho manualmente.

Iniciação da alimentação – Os criadores que alimentam cordeiros com cerca de

um ano ou cordeiros pesados geralmente preferem colocar os cordeiros emalimentação completa tão logo quanto possível. Isso significa a alimentaçãocompleta dentro de 10 a 14 dias. Podem-se iniciar os cordeiros na auto-alimentaçãoseguramente em rações peletizadas ou trituradas e que contenham 60 a 70% defeno. Dentro de 2 semanas, pode-se reduzir o feno a 30 a 40% quando a ração nãofor peletizada. Podem-se usar outras forragens, tais como cascas ou silagem decaroço de algodão, de maneira semelhante. Podem-se iniciar e terminar cordeiroscom rações peletizadas que contenham menos grãos do que o necessário pararações não peletizadas. Geralmente também se reduzem os distúrbios digestivos.

O custo do alimento pode ser mais alto, dependendo dos custos do processamento.A vacinação contra enterotoxemia e a alimentação com tetraciclinas em 25 a30mg/cordeiro/dia são úteis para iniciar cordeiros mais rapidamente à alimentaçãoe para fornecer dietas que consistam inteiramente de concentrados.

TABELA 59 – Fórmulas Recomendadas para Cordeiros em Terminação*(lb/ton ou kg/ton métrica)

Período inicialde 10 dias Rica em forragem Alto Silagem

Granel Peletizado Granel Peletizado  concentrado de milho

Milho em grão,cevada ou milhete** 500 200 780 400 1.500 540

Feno de alfafa 1.280 1.700 1.000 1.400 200 –Melaço 100 100 100 – – –Farinha de sementes

oleosas 100 – 100 – – 100Uréia – – – 45 –Polpa de beterraba – – 200 200 – –Silagem – – – – 1.350Calcário 10 – – – 35 10Sal mineral grosso 10 – 20 20 35 –Antibiótico (g) 50 20 20 10 20 10Vitamina A (UI/ton) – – – – – 1.000.000

* Os cordeiros em engorda devem ter  14% de proteína bruta nas rações (base seca).** Pode-se substituir o trigo por outros grãos, mas deve-se permitir um período para a adaptação.

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Alimentos  – As silagens de milho, sorgo ou alfafa podem substituir quasemetade do feno com fornecimento manual, mas a terminação e a produção de leitediminuirão um pouco. As rações que podem ser utilizadas na auto-alimentaçãoestão apresentadas na TABELA 60. Utilizam-se milho, cevada, milhete, trigo ou uma

TABELA 60 – Padrão para Suplementos de Pasto para Ovinos

Proporção de alimentos individuaisQuantidade de proteína 

recomendada Grupos Sub- Ingredientes Máximo 

principais grupos alimentares sugerido  Alta Média Baixa  

% % % %

Alimentos Grãos Cevada 75 – 33,0 57,5energéticos Milho 60 05,0 10,0 15,0

Trigo 60 – – –Milhete 60 – – –Aveia 15 – – –Peneirado nº 1 10 – – –

Produtos Alimento misturado

de de trigo 10 – – –moinho Resíduos 10 – – –

Melaço 15 05,0 05,0 10,0Polpa de beterraba 10 – – 10,0

Suplementos Alimentos Farinha de caroço deproteicos com 30 algodão 75 62,5 32,5 05,0

a 40% Farinha de linhaça 25 – – –de pro- Farinha de soja 75 10,0 10,0  –teína Farinha de amendoim 25 – – –

Alimentos Alimento de glúten de milho 15 – – –com 20 Grãos secosa 30% de destilaria de milho 10 – – –de pro- Grãos de destilaria de trigo 10 – – –teína Grãos secos de cervejaria 05 – – –

Farinha de açafrão 25 – – –Feijões selecionados 15 – – –

Suplementos Farinha de osso ou fosfatominerais desfluorado – 04,0 03,0 02,0

Fosfato bicálcico – 1,0   0,5 0,5Fosfato bissódico – – – –Fosfato monocálcico – – – –Fosfato monossódico – – – –Sal ou sal mineral grosso – – – –

Suplementos Farinha de alfafa desidratada 20 12,5 06,0  –vitamínicos Farinha de alfafa seca ao sol 20 – – –

Concentrados de vitamina Ae caroteno – – – –

  Total 100,00 100,00 100,00

Composição sugeridaProteína bruta total, % 36,0 24,0 12,0Fósforo, % 01,5 01,0 00,5Caroteno, mg/kg 35,0 17,0  –

Taxa de alimentação, g/dia – ovelhas 115,00 150,00 90,0a a

255,00 450,00

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mistura deles; devem-se adicionar 0,5% de sal e 0,5% de farinha de osso ouequivalente aos grãos. A peletização das rações para os cordeiros em terminaçãoé benéfica quando se utilizam forragens de má qualidade ou rações ricas emforragem. Deve-se ter cuidado quando se fornecer grandes quantidades de trigo; oscordeiros não adaptados ao trigo são mais capazes de desenvolverem indigestãoaguda do que se forem alimentados com grãos, tais como milho, sorgo ou cevada.

Devem-se oferecer separadamente os suplementos minerais, incluindo o sal,tenham ou não sido incluídos na mistura de grãos. Os estimulantes de cresci-mento aprovados geralmente aumentam a taxa de crescimento em 10 a 15% ea eficiência alimentar em 8 a 10%, mas podem diminuir a qualidade da carcaça.

Alimentação dos carneiros reprodutores adultos

Devem-se apascentar os carneiros reprodutores adultos no pasto, quando

estiver disponível, ou alimentá-los com as rações 1, 2 ou 3 resumidas na TABELA 56.Se os carneiros estiverem em boas condições na época do acasalamento e asovelhas estiverem em um bom pasto nivelado, o fornecimento de grãos não deve sernecessário aos carneiros enquanto estes estiverem com as ovelhas. Quando astemperaturas diurnas forem > 32°C, devem-se tosquiar os carneiros antes dacobertura e pô-los para fora com as ovelhas apenas à noite.

Alimentação dos ovinos no pasto

A condição dos ovinos, a quantidade e tipo de forragem no pasto e as condiçõesclimáticas determinam o tipo e a quantidade de suplemento a ser fornecido. Ossuplementos geralmente consistem de péletes ricos em proteínas ou farinha decaroço de algodão e sal, péletes com teor mediano de proteínas, péletes pobres emproteínas ou milho, feno de alfafa e minerais.

Quando as dietas de ovinos no pasto de inverno do oeste dos EUA sãosuplementadas apropriadamente, pode-se aumentar a produção de cordeiros em10 a 15% e a produção de lã em  400 a 500g por ovelha. Cada criador precisadeterminar se o aumento da produção cobrirá mais do que o custo da suplementa-

ção. Uma prática recomendada consiste no fornecimento de

  115g de umsuplemento rico em proteínas (36%) ou de 150 a 225g de péletes com teor medianode proteínas (24%),  3 semanas antes e durante a estação de acasalamento,durante o tempo extremamente frio e por  1 mês antes que comece o fornecimentode alimento verde na primavera (TABELA 56). Além disso, devem-se separar dorebanho principal cordeiros pequenos, ovelhas pequenas de 1 ano, ovelhas idosascom má dentição e ovelhas magras e alimentá-los com um dos suplementosanteriores de mais ou menos primeiro de dezembro até a época da tosquia. Emmuitos casos, podem-se arrebanhar juntos ovelhas idosas, cordeiros e ovelhas com

1 ano de mais de um rebanho em um rebanho especial.

 Nutrição: Ovinos 1563

TABELA 61 – Misturas Minerais Sugeridas para Ovinos

Mistura nº

Ingrediente 1 2 3 

% % % 

Sal 50 – –Sal iodado – 50 –Sal mineral grosso – – 50Farinha de osso ou suplemento de fósforo 50 50 50

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Quando os ovinos ficarem incapazes de obter uma ração completa de forragemdevido à neve espessa, podem-se fornecer 450 a 1.350g de feno de alfafa e 90 a150g de uma mistura de péletes pobres em proteínas ou milho (TABELA 60). Se o fenode alfafa não estiver disponível, pode-se fornecer diariamente 225 a 450g porcabeça de uma mistura de péletes pobre em proteínas nos períodos de alimentaçãode emergência.

Deficiências das forragens do pasto – As deficiências mais capazes de ocorrerentre as forragens do pasto são as proteicas, as energéticas e as de fósforo. Essassão as mais prevalentes à medida que as forragens amadurecem ou ficamd t d i h bi ã O i i ã

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