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1 CAPÍTULO 5 – Problemas resolvidos Problema 1 – A aceleração lateral máxima que um carro pode ter sem derrapar, trafegando em pista horizontal, é denominada aderência lateral, e usualmente é expressa em termos da aceleração da gravidade. Assim, se um carro tem aderência lateral igual a X L , ele pode atingir acelerações laterais de X L g. (a) Calcule a velocidade máxima com a qual um carro, cuja aderência lateral é 0,90, pode fazer uma curva de raio R = 200 m, em uma pista horizontal. (b) Qual é o valor máximo da componente lateral da força de atrito que a pista pode exercer sobre os pneus do carro? Solução : (a) A aceleração centrípeta do carro é g X a L c = R g X L 2 v = \ . Portanto, km/h 151 m/s 42 m 200 ms 8 , 9 90 , 0 2 = = · · = = - gR X L v . (b) A força de atrito dos pneus do carro tem duas componentes: 1 – componente paralela à velocidade do carro, que em movimento horizontal supera o atrito do ar quando o carro aumenta sua velocidade ou a neutraliza quando o carro anda com velocidade constante, e permite ao carro subir ladeiras; 2 – componente lateral, ortogonal à velocidade do carro, e que o obriga a realizar curvas. Nas curvas, a aceleração lateral do carro é a aceleração centrípeta mencionada anteriormente. Pela Segunda lei, podemos escrever c ma F = lateral , onde m é a massa do carro. Finalmente, L mgX F = lateral . a c

cap5_dinâmica classica

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  • 1CAPTULO 5 Problemas resolvidos

    Problema 1 A acelerao lateral mxima que um carro pode ter sem derrapar,trafegando em pista horizontal, denominada aderncia lateral, e usualmente expressaem termos da acelerao da gravidade. Assim, se um carro tem aderncia lateral igual aXL, ele pode atingir aceleraes laterais de XLg. (a) Calcule a velocidade mxima com aqual um carro, cuja aderncia lateral 0,90, pode fazer uma curva de raio R = 200 m, emuma pista horizontal. (b) Qual o valor mximo da componente lateral da fora de atritoque a pista pode exercer sobre os pneus do carro?

    Soluo :

    (a) A acelerao centrpeta do carro

    gXa Lc == RgX L

    2v==\\ .

    Portanto,

    km/h 151m/s42m200ms8,990,0 2 ======== --gRX Lv .

    (b) A fora de atrito dos pneus do carro tem duas componentes: 1 componente paralela velocidade do carro, que em movimento horizontal supera o atrito do ar quando o carroaumenta sua velocidade ou a neutraliza quando o carro anda com velocidade constante, epermite ao carro subir ladeiras; 2 componente lateral, ortogonal velocidade do carro, eque o obriga a realizar curvas. Nas curvas, a acelerao lateral do carro a aceleraocentrpeta mencionada anteriormente. Pela Segunda lei, podemos escrever

    cmaF ==lateral ,

    onde m a massa do carro. Finalmente,

    LmgXF ==lateral .

    ac

  • 2Problema 2 Um carro de trao dianteira tem massa m, e metade de seu peso se apianas rodas dianteiras. Sendo m o coeficiente de atrito esttico entre os pneus e a pista, esupondo que o motor do carro seja suficientemente possante, qual a acelerao mximaque o carro pode atingir em pista plana?

    Soluo A fora de atrito mxima que a pista pode exercer para impulsionar o carro

    2mg

    Fa m== .

    Com essa fora, o carro tem a acelerao

    2,

    2g

    amg

    Fma a mm ==\\==== .

    Problema 3 Quando um avio viaja com velocidade vetorial constante na horizontal,suas turbinas ou hlices sentem uma fora horizontal para a frente. A resistncia do ar nocorpo e asas do avio exerce uma fora com uma componente horizontal para traz e outracomponente vertical para cima, que sustenta o avio. (a) Por que o avio no conseguefazer uma curva na horizontal sem inclinar as asas? (b) De que ngulo devem as asas serinclinadas para que o avio realize uma curva na horizontal de raio R?

    Soluo

    (a) Porque nesse caso no haveria nenhuma fora lateral ao avio.

    (b) A figura mostra as foras que tm componentes verticais que atuam sobre o avio. Asforas sobre as turbinas, que impulsionam o avio para a frente, e a fora de atrito do ar,oposta velocidade do avio, so omitidas na figura. A fora E denominada empuxo doar sobre o avio. Sua componente vertical sustenta o avio no ar, equilibrando o seu pesomg. Podemos escrever

    qq

    coscos

    mgEmgE ==\\== . (1)

    mg

    E

    q

    ac

  • 3A componente horizontal de E gera a acelerao centrpeta do avio, que o fora arealizar uma curva.Podemos escrever

    qq

    Rsenm

    ER

    mEsen

    22 vv ==\\== (2)

    Combinando (1) e (2), gR

    senmgRsenm 22

    coscosvv ==\\==

    qq

    qq.

    Finalmente,

    ==

    gRarctg

    2vq .

    Problema 4 O operrio est seu prprio esforo braal para elevar-se juntamente comsua plataforma de trabalho, como mostra a figura. Os cabos e a roldana tm pesosdesprezveis, e a roldana roda livre de atrito. (a ) Calcule a intensidade das foras atuandosobre o operrio, a roldana e a plataforma, indicadas na figura, quando o operrio,juntamente com a plataforma, tm acelerao cuja componente vertical vale a.

    Soluo Aplicando a Segunda lei ao operrio e depois plataforma obtemos,respectivamente,

    )(1 agMNT ++==++ , (1)

    mN

    N

    M

    Mg mg

    1T

    1T1T

    1T

    T

  • 4)(1 agmNT ++==-- . (2)

    Somando as eqs. (1) e (2),

    )(2

    ),)((2 11 agmM

    TagmMT ++++==\\++++++ .

    Subtraindo a eq. (2) da eq. (1),

    )(2

    ),)((2 agmM

    NagmMN ++--==\\++--== .

    Como a roldana permanece em equilbrio, temos

    ))((2 1 agmMTT ++++====

    Deve-se notar que essa soluo somente vale se Mm .

    Problema 5 O sistema mostrado na figura est em equilbrio. Calcule as tenses T1 e T2nos cabos.

    Soluo Pela condio de equilbrio, obtemos

    .sensen

    ,0coscos

    2211

    2211

    mgTT

    TT

    ==++==--

    qqqq

    Na forma matricial, esse sistema pode ser escrito

    ==

    --mgT

    T 0

    sensen

    coscos

    2

    1

    21

    21

    qqqq

    .

    Para a soluo do sistema de equaes, calculamos

    T1 T2q1 q2

    m

  • 5)(coscossensen

    coscos212121

    21

    21 qqqqqqqqqq

    D ++==++==--

    == sensensen ,

    22

    21 cossen

    cos0q

    qq

    D mgmg

    ==--

    == ,

    11

    12 cos

    0cosq

    qq

    D mgmgsen

    ==== .

    Com esses resultados, podemos escrever

    )(sencos

    21

    211 qq

    qDD

    ++====

    mgT ,

    )(sencos

    21

    122 qq

    qD

    D++

    ====mg

    T .

    Problema 6 A roldana da figura gira livremente, sem atrito, e tem massa desprezvel. Ocabo resiste somente uma tenso de 300 N. Que faixa de valores deve ter a massa m dobloco menor para que o cabo no se rompa?

    Soluo Seja T a tenso no fio e M a massa do bloco maior. Aplicando a Segunda leiaos dois blocos, teremos,

    .

    ,

    mamgT

    MaTMg

    ==--==--

    (1)

    m

    50 kg

  • 6Somando as duas equaes, obtemos

    gmMmM

    aamMgmM++--==\\++==-- ,)()( .

    Levando esta equao segunda equao do sistema (1), obtemos

    gmM

    Mmg

    mMmM

    mmgT++

    ==++--++== 2 . (2)

    Com um pouco de manipulao algbrica, obtemos

    TMgTM

    m--

    ==2

    .

    O valor mximo de m corresponde a T = 300 N.

    Portanto,

    kg22kg680

    15000N300N8,9100

    kg50N300mx ====--

    ==m

    O grfico acima mostra o comportamento da tenso T com o valor da massa m, onde sev que T atinge o valor de ruptura (300 N) quando m = 22 kg.

    Problema 7 Dois corpos se atraem com uma fora F que independe de sua distncia(esse tipo de atrao no corresponde a nenhuma das quatro foras conhecidas naNatureza), e no instante t = 0 eles esto em repouso na configurao mostrada na figura.Desprezando os dimetros dos corpos, calcule (a) o instante e (b) o quanto cada corpo sedesloca at a o momento da coliso.

    0 10 20 30 40 500

    100

    200

    300

    400

    500

    m (kg)

    T (N)

    m M

    x0 L

  • 7Soluo Sejam x(t) e X(t) as coordenadas dos corpos de massa m e M, respectivamente.Pela Segunda lei, podemos escrever

    .

    ,

    FXM

    Fxm

    --==

    ==&&

    &&

    Temos ento as expresses para x(t) e X(t):

    .2

    )(

    ,2

    )(

    2

    2

    tMF

    LtX

    tmF

    tx

    --==

    ==

    O instante tc da coliso pode ser calculado pela condio )()( cc tXtx == :

    .22

    22cc tM

    FLt

    mF --==

    (a) Calculamos facilmente

    mMMm

    FL

    tc ++==

    2.

    (b) O ponto da coliso ser 22

    )( cc tmF

    tx == e, portanto,

    LmM

    MmM

    MmFL

    mF

    txd c ++==

    ++==== 2

    2)( (deslocamento do corpo de massa m).

    O deslocamento do corpo de massa M ser

    LmM

    mL

    mMM

    LtxLD c ++==

    ++--==--== )( .

    Observe que

    mM

    Dd == .

  • 8Problema 8 Um fio de comprimento l e massa desprezvel, com uma pequena esfera demassa m preso sua extremidade, pendurado ao teto de um nibus. O nibus realizauma curva de raio r com velocidade de mdulo constante v no plano horizontal. Calcule(a) o ngulo que o fio faz com a vertical e (b) a tenso no fio.

    Soluo A figura mostra o sistema com as foras atuantes sobre a esfera. Ela estsubmetida mesma acelerao centrpeta do nibus. Podemos escrever

    .cos

    ,sen2

    mgTr

    mT

    ==

    ==

    q

    v

    Portanto,

    (a)

    ==\\==

    rgactg

    rm

    mg22

    ,tgvv qq ,

    (b)qcos

    mgT == .

    Por outro lado,

    ,cos

    cos1 22

    rgv==--

    qq

    que aps alguma manipulao algbrica d

    22

    4

    1cos

    1

    gr

    v++==q

    .

    m

    l

    mg

    ac

    q

    T

  • 9Finalmente,

    22

    4

    1gr

    mgTv++== .

    Problema 9 Uma barra homognea de massa M e comprimento L est presa a umamesa horizontal por um pino passando por uma das suas extremidades. No h atritoentre a mesa e a barra, que gira com velocidade angular w em torno do pino. Calcule atenso na barra distncia x do centro de rotao.

    Soluo A fora de tenso T atuando na parte externa ao ponto de coordenada x nabarra responsvel pela acelerao centrpeta daquela referida parte. Tal parte da barratem massa igual a )/)( LMxL -- . Podemos ento escrever

    w=L

    x

    dmxxT 2)( .

    O elemento de massa dm se exprime na forma

    xdLM

    dm = .

    Portanto,

    )1(2

    )(21

    )(2

    222222

    L

    xL

    MxL

    LM

    xdxLM

    xTL

    x

    -w=-w=w= .

    Nota: Esse problema relevante no comportamento de uma hlice de avio. O clculo datenso ao longo das ps da hlice no pode ser realizado exatamente da forma aquiapresentada porque a p no tem seo uniforme, mas levando-se em conta a variaodessa seo ao longo da p, o clculo pode ser realizado facilmente.

    Problema 10* Reconsiderando o Problema 9, suponha que a barra seja elstica, ouseja, submetida a uma tenso elongativa ela aumenta seu comprimento e submetida a umatenso compressiva ela tem seu comprimento reduzido. Sejam Lo o comprimento da barrana ausncia de tenso e L seu comprimento quando submetida a uma tenso T. Se oLL -- pequeno e a tenso na barra homognea, podemos escrever:

    0 L

    w

    x

    T

  • 10

    TAYL

    LL oo ==-- ,

    onde Y uma grandeza caracterstica do material, denominada mdulo de Young, e A area de seo transversal da barra. Calcule o comprimento L da barra considerada noProblema 9, sendo Lo seu comprimento na ausncia de rotao. Como mostra a figura ,quando sujeita tenso elongativa devida

    rotao, cada segmento da barra se alonga, de forma que o ponto de coordenada xo vaipara a posio x e o pequeno segmento dxo se transforma em dx. Podemos escrever

    oo dxAYxT

    dxdx)(++== ,

    e usando a soluo do problema 9 obtemos

    oo dxL

    xL

    MAY

    dxdx ))

    1(2

    12

    22 -w+=

    Para no termos de usar matemtica acima do nvel praticado neste curso, faremos aaproximao

    oo

    ooo dx

    L

    xL

    MAY

    dxdx )1(2

    12

    22 -w+= ,

    ou seja, no levaremos em conta as alteraes na tenso da barra devidas sua elongao.Na prtica esta uma tima aproximao. Podemos agora calcular L usando a integrao

    -w+=oo L

    oo

    oo

    L

    o dxLx

    LM

    AYdxL

    0

    22

    0

    )(2

    1.

    Efetuando a integrao,

    3

    222

    2o

    oL

    AYM

    LAY

    MLoL

    w-w+= .

    0

    0

    L

    L

    x

    x

    oo

    odx

    dx

  • 11

    Finalmente, obtemos

    )3

    21(

    2

    oLAYM

    LoLw+= .

    Problemas propostos

    5.1P A coluna mostrada na figura repousa apoiada em um piso. Sabendo-se que apresso sobre uma superfcie a fora normal a ela dividida pela rea da mesma, calculea presso na coluna altura h do piso.

    Resposta : )( hHA

    Mgp --==

    5.2P Um garoto anda em uma roda gigante de raio R que gira a uma velocidadeangular w . A fora que a cadeira faz para sustentar o garoto varivel durante o ciclo, eseu valor mximo Fmx. (a) qual a massa do garoto? (b) Qual o valor mnimo dafora da cadeira sobre o garoto?

    Resposta : (a) Rg

    Fm

    2mx

    w++== ; (b)

    Rg

    RgFF

    2

    2

    mxmn ww

    ++--== .

    5.3P Uma pedra de massa m, amarrada a uma linha de comprimento L com umaextremidade fixa, gira em um crculo no plano vertical. Qual a velocidade mnima dapedra ao passar pelo ponto mais alto para que esse movimento seja possvel?

    Resposta : gL==mnv

    5.4 A Terra faz uma rbita aproximadamente circular em torno do Sol, cujo raio dem105,1 11 . Qual a intensidade da fora que a Terra exerce sobre o Sol?

    A

    MH

  • 12

    Resposta : N106,3 22==F

    5.5P - Ignore a atmosfera da Terra. Com que velocidade um corpo teria de ser atiradohorizontalmente do alto do monte Everest para que realizasse uma volta ao mundo echegasse ao ponto inicial

    Resposta : v = 7,92 km/s

    5.6P A Terra realiza um giro em torno de seu eixo em um dia sideral, cuja durao 86.164 s. (a) Qual a reduo percentual do peso aparente de um objeto situado na linhado Equador devido rotao da Terra? (b) Qual deveria ser a durao T do dia para que opeso aparente do objeto fosse nulo? (c) O que ocorreria se o dia fosse menor do que T?

    Resposta : (a) %345,0=DPP

    ; (b) T = 1h25min. (c) A Terra se desintegraria, ou melhor,

    no teria se formado como .

    5.7P Um bloco de massa igual a 1000 kg cai de uma altura de 100 m. De quando move-se a Terra nesse processo?

    Resposta : m1067,1 20--==d .

    5.8P Um garom empurra um copo sobre o balco para seu cliente com velocidadeinicial de 5,0 m/s. Dois metros adiante o cliente pega o copo, que nesse momento jperdera 40% de sua velocidade. (a) qual foi a acelerao do copo ao deslizar sobre obalco, suposta constante? (b) Qual o coeficiente de atrito cintico entre o balco e ocopo?

    Resposta: (a) 2m/s0,4--==a ; (b) 41,0==cm

    5.9P Um bloco desliza em uma rampa de inclinao 60o no mesmo tempo quedeslizaria em uma rampa sem atrito de mesmo comprimento e inclinao de 30o. Qual coeficiente de atrito cintico entre o bloco e a rampa?

    Resposta: 73,0==cm .

    5.10P Uma caixa de massa m arrastada sobre um piso horizontal atravs de uma cordafazendo um ngulo de 45o com a horizontal. Os coeficientes de atrito esttico e cinticoentre a caixa e o piso so respectivamente 0,70 e 0,50. (a) Estando a caixa inicialmenteem repouso, qual a fora mnima necessria para iniciar o movimento? (b) Quando afora atinge esse valor mnimo, com que acelerao inicia-se o movimento da caixa?

    Resposta : (a) mgF 58,0mn == ; (b) ga 11,0== .

  • 13

    5.11P - O atrito entre os dois blocos mostrados na figura nulo e o bloco pequeno nodesliza pela rampa. (a) qual o valor da acelerao a? (b) Sendo m a massa do blocopequeno, qual o mdulo da fora de contato entre os dois blocos?

    Resposta : (a) ga == . (b) mgF 2==

    a