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CAPÍTULO 03
3- Pré-Produção
Esta é a etapa que compreende os primeiros passos de um filme, desde o
desenvolvimento do roteiro, o trabalho na decupagem, o orçamento e a escolha
da equipe.
Nesta etapa destaca-se o trabalho do Produtor Executivo, que deverá iniciar o
desenvolvimento do orçamento e buscar a captação de recursos para o filme.
3.1- Roteiro
O primeiro passo é ter-se uma história ou uma idéia de filme (no caso de
documentário).
A partir de um argumento (storyline), que é um esboço da idéia em poucas
linhas, o roteirista deve começar a desenvolver sua história.
EXEMPLO: Argumento do filme “O Menino e o Frango”“A amizade entre um menino e um frango, na luta diária pela sobrevivência. Um terno olhar sobre o mundo infantil, ainda não assombrado pela tecnologia moderna.”
O argumento pode ser original, e neste caso deve ser registrado na Fundação
Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro). Caso seja uma adaptação literária, é
necessária a autorização do autor para se desenvolver o projeto.
23
Existe uma literatura bastante rica na arte de se desenvolver roteiro (alguns
autores: Syd Field, Doc Comparato, David Howard, Edward Mabley, Roman
Bruni, entre outros). Sendo que alguns destes acabaram por se tornar referência
neste ramo. Para que cada roteiro não tenha uma apresentação (quanto à
forma) diferente, convencionou-se adotar a formatação do autor Doc Comparato.
No entanto, isto não é uma lei e pode ser modificada, adaptada.
EXEMPLO: Trecho do roteiro do filme “O Menino e o Frango”
SEQÜÊNCIA 1 FAZENDA
EXTERIOR AMANHECER
[FADE IN]
[CRÉDITOS]
[MÚSICA: Simples Canção]
Imagens da fazendo à luz do amanhecer:
Galinheiro. Luz passando pela grade do galinheiro. Pés de patos. Pés
de galinha. Penas no chão. Sombra do galo no chão.
Horta. Hortaliças. Luz do sol cobrindo as plantas cobertas por orvalho.
Árvores frutíferas.
Pés da MÃE na horta. Mãos da MÃE segurando uma cesta e
colocando-a ao lado do corpo na altura do quadril. Mãos da MÃE
colocando frutas (laranjas) na cesta.
[FADE OUT]
SEQÜÊNCIA 2 CASA DO “MININO”
INTERIOR MANHÃ
MÃE anda pela casa chamando o filho.
SEQÜÊNCIA 2A COZINHA
INTERIOR MANHÃ
Mão da MÃE colocando jarra de suco (de laranja) na mesa.
A mesa do café está posta. AVÔ está sentado.
MÃE: Minino! (enxugando a mão no avental) O café já tá na mesa!
24
SEQÜÊNCIA 2B QUARTO
INTERIOR MANHÃ
MÃE abre a porta
MÃE: Minino. Minino, levanta.
O quarto está vazio.
SEQÜÊNCIA 2C BANHEIRO
INTERIOR MANHÃ
MÃE abre a porta
MÃE: Minino?
No exemplo acima podemos notar que para cada seqüência existe um
cabeçalho. Nele estão contidas informações importantes à produção, que são a
determinação do espaço /local (cenário), o ambiente (interior /exterior) e a luz
(manhã /tarde /noite). Essas informações serão úteis na composição da agenda
de filmagem, na determinação dos equipamentos, locação ou estúdio e
orçamento.
O roteiro traz ainda para o produtor, outras informações. Segundo os
americanos, cada página de um roteiro equivale a 1 minuto de filme. Faço
questão de frisar que isto é absolutamente relativo! Além de ser apenas uma
versão estimada, varia muito da formatação do roteiro. Lá eles possuem uma
maior rigidez quanto à formatação, logo, todos os roteiros seguem o mesmo
padrão. E dentro deste padrão pode-se “estimar” o tempo de 1:1. No entanto,
não aconselho este método por não achá-lo confiável. Veremos o porquê mais
adiante no item 3.2.
Dentro da descrição de cena do roteiro, acharemos outras informações:
25
EXEMPLO: Trecho do roteiro do filme “Gafe”
Seqüência 4 – Hall da Casa de Lívia – Int/Dia
Lívia está ao lado da porta: “Entre e feche a porta.”Sandro entra e ela fecha a porta. CARRINHO (da direita pra esquerda) pegando a porta, acompanhando o movimento de Lívia e Sandro, que começam a subir as escadas.Sandro: “Tobias?! Quem deu esse nome pra ele?”
Nesta seqüência já podemos ver que será necessário o uso de carrinho,
antecipando já um trabalho para a produção. Assim como esta, podem existir
outras situações.
O Produtor deve analisar um roteiro tão a fundo quanto o diretor. Deve ver em
cada cena o que será necessário, o que pode ser inviável para aquela produção,
pois este é o primeiro momento e as alterações podem ser feitas sem gerar
prejuízos. O Produtor Executivo deve estar apto a aconselhar mudanças que
otimizem a produção em prol do filme.
Algumas situações às quais deve ficar atento o produtor: a quantidade de cenas,
as locações, condições de filmagem (dia /noite, em que local), externas com
ruídos (rua com ruído, cachoeira, serralheria, etc), número de pessoas no
elenco, etc. Lembre-se sempre de analisar o roteiro de acordo com a realidade
de produção de seu filme.
3.2- Decupagem
Decupagem vem do francês découpage (découper = recortar). A Decupagem
trata-se da planificação do roteiro, isto é, defini-se como cada cena será filmada,
qual a escala dos enquadramentos e qual tipo de movimento de câmera.
26
A decupagem é um item preciosíssimo, a partir dela o Assistente de Direção irá
realizar a Análise Técnica e junto com o Diretor, a minutagem plano a plano do
filme.
ANEXO 33: Tabela de escala de planos
Mas vamos por etapas: vou utilizar como exemplo a decupagem do curta “O
Menino e o Frango”.
SEQÜÊNCIA
1
FAZENDA– EXTERIOR - AMANHECER
CRÉDITOS. Música: “Simples Canção”
TEMPO TOTAL:
1’ 20”
P1 PG FADE IN. Região 5”
P2 PM Galinheiro 5”
P3 PD Luz passando pela grade do galinheiro 8”
P4 PD Pés de patos 5”
P5 PD Pés de galinha 5”
P6 PD Penas no chão 5”
P7 PM Sombra do galo no chão 5”
P8 PM Horta 5”
P9 PD Hortaliças 5”
P10 PD Luz do sol cobrindo as plantas cobertas por orvalho 8”
P11 PA Árvores frutíferas 5”
P12 PD Pés da MÃE na horta 5”
P13 PDMãos da MÃE segurando uma cesta e colocando-a ao lado do corpo na
altura do quadril5”
P14 PD Mãos da MÃE colocando frutas (laranjas) na cesta. FADE OUT 10”
Esta é a seqüência inicial, que servirá não apenas como abertura do filme, mas
também para inserção dos créditos. A seqüência é toda baseada sobre a música
“Simples Canção”1 e tem como objetivo transportar o expectador ao mundo rural.
1 “Simples Canção”, música original composta por Rosa de Minas para o filme “O Menino e o Frango”.
27
Neste caso, a seqüência deverá ter exatamente o mesmo tempo da música, e a
minutagem aqui deu-se de forma a determinar quanto tempo cada plano deveria
ter para somar o tempo total da música. Normalmente, preocupa-se apenas com
o tempo da ação.
SEQÜÊNCIA 4 GALINHEIRO – EXTERIOR - MANHÃ TEMPO
P22 PM MININO sentado no chão, brincando com as galinhas, entre elas está o FRANGO.MÃE (brava - off): Minino!MININO assusta-se.
24”
Tilt MÃE: Quantas vezes já não falei pra não ficar sentado no meio das galinhas?
7”
P23 PC MININO levanta-se, a MÃE vai em sua direção.Mão da MÃE na orelha do MININOMININO com cara de dor
10”
P24 PA MININO cabisbaixo. MÃE (continua segurando suas orelhas): Olha só para você, tá com a roupa toda suja de titica!
8”
P25 PC MÃE: Ah, se seu pai tivesse aqui agora. Mas te dava uma boa surra!MÃE solta a orelha: Va´, vai trocar essa roupa, que seu avô ta esperando para tomar café!MININO sai correndo. FADE OUT
15”
Nesta cena , o tempo é estipulado pela ação. O diretor, junto com o assistente,
devem “encená-la” para que se tenha uma estimativa. Lembre-se: a minutagem
sempre será uma estimativa, pois não se pode prever o tempo de atuação do
ator, o deslocamento da câmera, etc.
Quando o diretor decupa seu filme, ele deve estar preocupado em qual a melhor
maneira de transmitir a história que quer passar. Essa decupagem deverá ser
passada para toda a equipe técnica de fotografia, arte e montagem. No entanto,
apenas a descrição em palavras as vezes não é suficiente para se compreender
o que quer o diretor, é preciso uma opção visual, o storyboard. O storyboard é o
roteiro em forma de História em Quadrinhos. Ele é fundamental para as
produções de animação.
28
Storyboard do filme “O Menino e o Frango”:
Neste exemplo podemos ver a imagem seqüencial através dos desenhos.
.
Aqui podemos comparar a cena idealizada e o resultado final.
O storyboard ainda será extremamente útil para a fotografia e a arte, e o
montador poderá dizer se aquela seqüência é “montável”.
De posse da minutagem, o Produtor Executivo poderá determinar quanto
material fílmico será necessário para a realização do filme e qual será a
proporção de cenas filmadas.
Por exemplo, para um filme de 15 minutos, se fosse feito na proporção de 1:1 (1
plano roteiro = 1 take filmado) seriam necessárias 2 latas de 16 mm (+/- 22 min)
ou 4 de 35 mm (20 min). Mas isso é praticamente impossível. A média baixa que
se utiliza para curtas é de 4 a 6:1, isso num filme de 15 min daria:
29
1:1 1:4 1:615 min 60 min 90 min
16 mm 35 mm 16 mm 35 mm6 latas 12 latas 9 latas 18 latas
3.3- Análise Técnica
Já com o roteiro, a decupagem e a minutagem prontos, o Assistente de Direção
irá preparar a Análise Técnica, determinando todos os elementos necessários à
filmagem.
“A análise técnica começa a ser feita por uma leitura atenta do roteiro. Após
essa leitura, será preenchida a folha de análise técnica, procurando-se tirar a
maior quantidade de informações técnicas do roteiro. Um bom detalhamento
deve ser exato e completo, contendo absolutamente todos os elementos
necessários ao filme e as previsões de todas as dificuldades a serem resolvidas.
Ele é um controle de utilidade permanente e as informações nele contidas
devem ser claras, de fácil consulta, expostas de uma maneira racional e prática,
levando em conta todas as necessidades técnicas.”2
EXEMPLO: Análise Técnica do filme “O Menino e o Frango”.
SEQÜENCIA Nº: 04 FOLHA: 07
DESCRIÇÃO: MÃE surpreende MININO no galinheiro.
CENÁRIO: Galinheiro
LOCAÇÃO: Chácara Recanto Jauense
ENDEREÇO: Jacareí - SP
LUZ: Dia AMBIENTE: Exterior
DURAÇÃO: 1’ 03” TEMPO DE FILMAGEM: 2h 30 min
DATA: 8/04/04
ATORES: PERSONAGENS: FIGURINO: CONTINUIDADE:
2 ”FERNANDES, Odette “Manual de Produção de Curtas em 16 e 35 mm”, pág. 26
30
Patrícia Mãe Vestido comprido de tecido ou de malha, sandálias de couro. Adereços: Cordão discreto, brincos de argolinha, um lenço nos cabelos.
Seq. 2D
Matheus MininoRoupinha sujaShort, camiseta
—
Frango Frango Arrepiado — —
FIGURANTES: FIGURINO:
— —
CENOGRAFIA:- Galinhas, patos, pintinhos, "O frango".- Penas- Ninhos (com ovos)- Bebedouros, comedouros- Vassoura de palha com cabo comprido- Palha seca- Sacos de ração- Milho- Poleiro- Árvore dentro do galinheiro- Caixotes de madeira (algumas frutas)
OBJETOS DE CENA:
EFEITOS ESPECIAIS: MAQUIAGEM:
Mãe: Pele bronzeada
FOTOGRAFIA: SOM:
Tripé, câmera Sony PD-150 Som diretoSom ambiente de galinheiro
MAQUINÁRIA: ELÉTRICA:
Carrinho, trilho reto
PRODUÇÃO: Providenciar milho para controlar as galinhas.OBSERVAÇÕES GERAIS:Manter adestrador de animais no set.
31
Com base na Análise Técnica, o produtor poderá saber informações que lhe
serão úteis na construção da agenda de filmagem, na parte técnica
(equipamentos e efeitos especiais), etc.
A Análise também devera ser passada para a equipe técnica.
3.4- Agenda de filmagem
A Agenda de Filmagem é que determina em quantos e quais dias ocorrerão as
filmagens. Nela estão contidas as informações do cronograma de filmagem e a
ordem do dia.
A agenda pode ser preparada pelo Assistente de Direção e/ou Produtor. Para se
fazer a agenda é preciso levantar todas as locações, quais os atores por
locação, condições de filmagem (INT /EXT, DIA / NOITE), ou seja, tudo o que
posa ser relevante. De posse dessas informações, juntamente com a
decupagem, deve-se separar os planos por dias, de forma a melhor alocar
todos.
A solução mais simples seria colocar um dia para cada locação, por exemplo.
Mas nem sempre isso é possível, pois em determinados casos pode ocorrer dos
atores não poderem ir o dia inteiro. Então será necessário dividir essa locação
em 2 dias.
Algumas dicas:
1- Separe todos os planos por atores e locação.
2- Veja qual é sua prioridade, a disponibilidade dos atores ou das locações.
Sua agenda será calcada basicamente nisso.
3- Separe também as locações por LUZ e AMBIENTE.
32
4- Ao se fazer a agenda, deve-se considerar dias de stand by, para
possíveis atrasos ocasionados por chuva, atrasos na própria filmagem,
doença no elenco, imprevistos em geral.
5- Ao calcular a agenda deve-se considerar o tempo de preparação para
cada plano, o ensaio e as repetições de takes.
6- O sindicato indica ainda 1 dia de folga a cada 6 dias de trabalho.
7- “Deve-se começar as filmagens pelas cenas menos elaboradas e com
gravações exteriores. Assim a equipe terá tempo para se ajustar e
também se aproveitam as condições climáticas ou imposições da
produção.”3
8- Em média, um diretor realiza de 10 a 15 planos cinematográficos por dia.
Consulte o fotógrafo para saber das dificuldades de realização dos
planos.
9- Um dia de trabalho tem cerca de 10 horas, sendo 2 horas para
preparação e montagem dos equipamentos, 6 horas para filmagem e 2
para desprodução.
DIA 3a. 4a. 5a.
DATA 6/04 7/04 8/04LOCAL CHÁCARA – Fazenda CHÁCARA - Casa
CaseiroCHÁCARA - Galinheiro
6:30Café da manhã Café da manhã
7Café da manhã Preparação – COZINHA
CAFÉPreparação - GALINHEIRO
7:308 SEQ. 1 – P 3 SEQ. 5 – P 31, 29
8:30 P 29 P 4, 5, 6, 7 SEQ. 2 – P 15, 16 SEQ. 4 – P 25
9:30 SEQ. 7 – P 41, 42, 43, 49 SEQ 5 – P 30, 3410 P 45, 50 Geral Seq. (3 x) P 22
10:30 P 56 P 23, 24
Exemplo reduzido do Planejamento de filmagem, d’ “O Menino e o Frango”.
3 GARCIA, Edson Garcia “Como Organizar uma Produção Cinematográfica”.
33
O Planejamento contém as informações da Agenda, informando a data, o local e
as seqüências a serem filmadas; as informações da Ordem do Dia, quais os
planos das seqüências a serem filmados e em que ordem; e informações
adicionais como se o plano terá som, atores por cena, figurino, etc.
ANEXO 16: Planejamento de filmagem.
3.5 – O Orçamento
Orçamento é o cálculo de previsão de todos os custos e gastos a serem
efetuados na realização de um filme.
O orçamento é feito pelo Produtor Executivo, mas necessita de constante apoio
do Diretor e do Diretor de Produção, que irão lhe passando as informações para
os cálculos. É preciso ter a previsão de minutagem, um planejamento de
filmagem, escolha do elenco. Com o orçamento encaminhado o Produtor
Executivo poderá escrever o projeto e providenciar o pagamento do filme.
(Muitas vezes, quando chega a hora de inscrever o projeto em algum concurso,
o filme não está em fase adiantada o suficiente para ter todas as informações. É
preciso então estipular o que seriam esses itens faltantes para poder fechar um
orçamento.)
No orçamento deve constar todo o tipo de despesa. Irei a seguir listar todos os
tipos de despesa possíveis, mas como cada projeto é único, é provável que não
utilize todos sempre.
Dividiremos as despesas em 4 grupos: Pré-Produção, Produção / Execução,
Impostos / Taxas / Contribuições / Seguros e Acessória de Imprensa /
Divulgação e Mídia.
34
Solicite sempre as tabelas de preços e custos dos serviços que precisa às
empresas especializadas. Mesmo que não utilize o serviço da firma que lhe
forneceu o preço, ela pode servir de parâmetro para seu orçamento.
Calcule os valores sempre para cima, nunca arredonde para baixo. Lembre-se
sempre que é melhor sobrar do que faltar ( e este último infelizmente é o mais
comum).
Acompanhe estes itens munido da tabela de orçamento. Devem-se prever todas
as necessidades possíveis, consultar preços e escolher os melhores serviços
(não esquecendo da relação custo x benefício). Não há mistérios, mas ao fazer
um orçamento, verá o quanto é importante conhecer todas as etapas de
realização de um filme. Não hesite em perguntar e pesquisar. Não pode haver
dúvidas, pois isso poderá acarretar num mau cálculo de seu orçamento. Volte
aos itens explicativos ao longo deste trabalho para retirar as dúvidas, ou
consulte técnicos da área específica. As lojas que oferecem serviços também
podem elucidar algumas etapas. Encontrará uma relação de produtoras e
laboratórios ao final deste trabalho. Não se limite a elas. Esteja sempre à par
das novidades.
ANEXO 13: Tabela de Orçamento
GRUPO 01. DESPESAS DE PRÉ-PRODUÇAO
01- ROTEIRO
a) Argumento
b) Roteiro
Se o argumento e o roteiro pertencerem à mesma pessoa, pode-se fechar um
único pacote. O valor de um roteiro de curta-metragem gira em torno de R$ 6
35
mil, no entanto, esse valor pode decrescer (Às vezes, muito.). O valor deve ser
acertado entre as partes.
c) Segundo Tratamento
Caso haja revisões a serem feitas, e / ou adições por terceiros, isto é, caso o
roteiro precise de complementos de um outro profissional que não o roteirista,
deve-se pagar o segundo (terceiro, quarto..) tratamento(s). Ele(s) receberá(ao)
uma parcela, que também deverá ser acertada entre as partes.
d) Cópias
e) Encadernação
f) Digitação
Esses serviços referem-se à digitação e copiagem do roteiro. Calcula-se a
previsão de quantas cópias serão necessárias do roteiro. A digitação refere-se
ao trabalho de um digitador, caso haja, pois ela pode ter sido feita pelo próprio
roteirista.
02- DESENVOLVIMENTO
Refere-se ao “Projeto” do filme (item 2.6).
a) Concepção
b) Planejamento
c) Editoração do Projeto
Caso o Produtor Executivo não escreva o Projeto, ele contratará uma pessoa ou
firma especializada para isso. Neste caso, o valor do Desenvolvimento do
Projeto pode chegar à 10% do valor total dele.
GRUPO 02. DESPESAS DE PRODUÇÃO / EXECUÇÃO
36
01- EQUIPE
Como visto anteriormente, os técnicos cinematográficos são assessorados pelo
Sindicato, que possui uma tabela de preços padrão.
ANEXO 32: Tabela de preços STIC
No entanto, algumas funções não constam na tabela, são funções adicionais e
podem ser definidas pelo Produtor Executivo. Elas podem receber através de
diárias ou pode-se tomar o valor de uma função equivalente como padrão.
02- ELENCO
O Elenco pode ser dividido em:
a) Atores Principais
b) Atores Secundários
c) Elenco de Apoio
d) Figurantes
e) Números Especiais (como animais, por exemplo)
Os atores podem receber por diária ou terem um valor acordado por um
contrato, caso a participação dele seja extensa.
Os figurantes, quando agenciados, receberão de acordo com o combinado com
suas agências. Esse valor pode variar entre R$ 20 a R$ 50 por dia.
03- DESPESAS COM ELENCO E EQUIPE
Não confundir com as despesas do item 4 a seguir. Estas aqui se referem às
despesas da filmagem.
37
a) Hospedagem dos Atores
b) Hospedagem dos Técnicos
Em caso de filmagens fora da cidade, deve-se prever o custo das hospedagens.
c) Alimentação
Atenção para este item. Calcular os gastos de alimentação tanto do elenco
quanto dos técnicos. É preciso saber quantos dias de filmagem, quantas e quais
refeições por dia e quantas pessoas por refeição. Se existirem exigências
específicas quanto à alimentação, elas devem ser previstas (casos de restrição
alimentar). De posse dessas informações, calcular a quantidade e os tipos de
alimentação, assim como seus custos.
d) Transporte
Caso seja necessário transporte, especificar o veículo, o tipo (aluguel de carro,
ônibus, passagem), a quantidade de tempo e o valor a ser gasto.
04- DESPESAS DE PRODUÇÃO
Estas referem-se às despesas antes das filmagens, e podem ser divididas em
três categorias.
ADMINISTRAÇÃO
Refere-se às despesas da sede da produção.
a) Material de Expediente (normalmente, material de papelaria)
b) Correios
c) Telefones
38
d) Água, Luz e Gás
PRODUÇÃO
Gastos diretos durante a Pré e a Produção do filme.
a) Transporte Intermunicipal
b) Transporte Interestadual
c) Transporte Municipal
Aqui faz-se uma estimativa de gastos de deslocamento da equipe de produção
(ônibus, táxi, etc)
d) Combustível (litros)
Caso os produtores utilizem carros.
e) Alimentação
Gastos com alimentação durante a produção.
f) Meteorologia
A grande vilã das filmagens em externa. É importante sempre consultar a
previsão meteorológica. E, portanto, separar uma verba para este serviço, caso
o que disponha seja pago.
g) Gratificações
Caso seja necessário em retribuição a serviços.
h) Custos Adicionais (imprevistos)
É sempre bom separar uma quantia extra para imprevistos.
COMUNICAÇÃO
39
Aqui prevê-se os gastos de comunicação entre a equipe, com contatos, com
operadoras de serviço, ou seja, na produção.
a) Telefone
a) Celular
b) Fax
c) Correio
d) Locomoção
05- ARTE
Para a equipe de arte, dividimos suas despesas em 2 grupos.
CENOGRAFIA
a) Cenários
b) Mobiliário
c) Objetos de Cena
d) Adereços
Através da Análise Técnica e junto com o Diretor de Arte, calcular o que será
comprado e o que será construído.
e) Locação
Discriminar, aluguel, compra, empréstimo...
f) Maquetes
g) Efeitos especiais
Caso seja necessário, além do material, será preciso também a contratação de
pessoas especializadas. Estas, acrescentar à EQUIPE.
FIGURINO E MAQUIAGEM
40
a) Figurinos Comprados
b) Figurinos Alugados
c) Figurinos Fabricados
d) Material de Maquiagem
06- EQUIPAMENTO
Além de descrever a lista de equipamentos e seus custos, é importante
discriminar a procedência de cada um.
Consulte as empresas solicitando tabelas atuais de preço.
ANEXO 30: LISTA DE EQUIPAMENTOS
07- MATERIAL SENSÍVEL
a) Negativo de Imagem Cor
b) Negativo de Imagem P&B
c) Negativo de Som
d) Negativo Still Cor
e) Negativo Still P&B
Determinar a ASA, bitola, quantidade e custo.
f) Fita de Vídeo Digital
g) Fita de Vídeo Analógico
h) Fitas DAT
i) Magnético Perfurado
j) Pontas (Start / Ponta Preta)
k) Silêncio
Esses materiais serão necessários para as filmagens ou para a montagem. Nem
todos são necessários num mesmo filme. Verificar com o fotógrafo e o
montador. Consulte o item Material Sensível no capítulo 4.0 para os contatos de
41
aquisição de material sensível, e o item 3.2 para calcular a quantidade gasta do
mesmo.
08- LABORATÓRIO DE IMAGEM
a) Revelação Negativo de Imagem Cor
b) Revelação Negativo de Imagem P&B
c) Internegativo
d) Interpositivo
e) Copião
f) 1ª. Cópia
g) Cópias
h) Perdas (5% cor, 3% P&B)
i) Transfer (para película)
j) Telecinagem (para vídeo)
k) Revelação Negativo de Som
l) Revelação fotográfica
m) Ampliações Fotográficas
n) Cópias Fotográficas
o) Montagem de Negativo
p) Serviços Adicionais
Todos esses serviços estão relacionados à película.
Para calcular seus gastos precisamos dispor da previsão de minutagem, que
deverá ser convertida para metros.
Os itens a, b, c, d, e, k, referem-se ao material total filmado, ou seja, se forem
utilizadas 4 latas de película para a filmagem, teremos cerca de 440m (para 16
mm) de material bruto. É a partir deste número que os gastos serão calculados.
42
Os itens f, g referem-se ao material editado, portanto, se a previsão do filme for
de 15 min, teremos 165 m (para 16 mm).
Para os itens h, i, dependerá do pedido do diretor e do montador. Mas para
evitar surpresas, use o número total, no caso 440 m.
As perdas referem-se a gastos que se tem no manuseio da película durante a
revelação. Deve-se calcular 5% para filmes em cor, e 3% para os Preto e
Branco. Calcule a porcentagem sobre a soma dos itens a ou b, c, d, e.
A montagem do negativo, item o, é calculada por tempo e não por metro. Existe
um tempo médio para montagem, cerca de 6h.
Serviços adicionais, item p, é uma tarifa que o laboratório cobra sobre seus
serviços, para manuseio, transporte, guarda, etc. Consulte o laboratório para
saber sua tarifa.
Os itens l, m, n, são referentes ao material de still.
09- CRÉDITOS E TRUCAGENS
Discrimine os serviços
a) Créditos – confecção de material gráfico (filmar truca)
b) Créditos do Laboratório (rotativo)
c) Efeitos (fade, fusão)
d) Outros
10- MONTAGEM
a) Moviola
43
b) Montagem AVID
c) Material de Montagem
Definida a forma de montagem, calcular os gastos referentes. Ambos (moviola,
AVID) são calculados por hora.
Consulte o montador quanto ao material necessário (lápis dermatográfico, fita
adesiva, fitas de vídeo, luvas, flanela, etc.).
10-ESTÚDIO DE SOM
a) Transcrição Ótica (calculada por metros, quantidade total material bruto)
b) Mixagem (por hora, em média são turnos de 6h)
c) Dublagem
d) Gravação de Ruídos
Caso sejam necessários, será utilizado um estúdio de som.
e) Licença Dolby (somente para 35 mm, o 16 mm funciona no sistema
mono)
f) Estúdio de Gravação Musical (caso haja trilha sonora a ser gravada. Idem
aos itens c e d, é cobrado por hora).
GRUPO 03. DESPESAS COM IMPOSTOS / TAXAS /
CONTRIBUIÇÕES / SEGUROS
01- DIREITOS AUTORAIS
a) Roteiro
Deve ser registrado na Biblioteca Nacional, mediante taxa.
b) Músicas
Devem ser registradas na Escola Nacional de Música, também mediante taxa.
44
Para tal, será preciso apresentar a música em forma de partitura.
c) Transcrição Musical
É a transferência da música em partitura (encontra-se este serviço na escola
Nacional de Música).
02- ENCARGOS SOCIAIS
a) Equipe
b) Elenco
Consulte um contador para conhecer as taxas em vigor. São taxas contratuais
aos trabalhos realizados, previstos em lei.
03- IMPOSTOS
a) CPMF
Refere-se a 0,38% do valor total do projeto.
b) Outros
Outros impostos a que tenha que pagar.
3.6 – O Projeto
É o conjunto das informações que descrevem o filme.
Através do projeto, o Produtor Executivo estará apto a “vender” o filme, seja
inscrevendo-o em concursos, buscando patrocínio em empresas ou
inscrevendo-o em leis de incentivo fiscal (veremos as principais mais adiante,
item 3.7).
45
Um projeto deve ser composto por:
1- FOLHA DE ROSTO: deve conter o nome do filme, o ano de realização, a
bitola, a duração e o autor do projeto.
2- APRESENTAÇÃO: O diretor apresenta seu filme, quais os objetivos
esperados, quais as características relevantes de seu filme, etc.
3- ARGUMENTO: a idéia geral do filme em até 5 linhas.
4- SINOPSE: um resumo da história do filme, até 1 página.
5- ROTEIRO: inserir o roteiro completo
6- DECUPAGEM: (opcional)
7- STORYBOARD: (opcional, exceto para projetos de animação)
8- EQUIPE TÉCNICA: colocar nomes e contatos
9- ORÇAMENTO: pode ser detalhado ou apenas um resumo orçamentário.
Dependerá das necessidades e exigências apresentadas. Para concursos
normalmente solicita-se o orçamento completo e detalhado.
10-CRONOGRAMA: previsão de tempo que será gasto em cada etapa de
produção. O cronograma permite se ter uma idéia de quanto tempo levará
para um filme ser concluído.
11-PLANEJAMENTO DE MÍDIA: qual o projeto de marketing previsto, a área
de alcance, público alvo, e principalmente “locais de exibição”.
12-CURRÍCULO: do diretor e/ou do produtor, aquele que for mais relevante.
Já vimos detalhadamente até o item 9 - Orçamento.
Vejamos agora os demais.
10- Cronograma
O Produtor deve estipular o tempo que será gasto para cada etapa de produção
do filme.
Pré-produção (preparar projeto, contratar equipe, agendar equipamento, ensaiar
elenco,etc).
Produção (buscar equipamento, alimentação, viagens, etc)
Filmagem (quantos dias)
46
Desprodução (devolver equipamento, objetos de cena, levantar gastos, etc)
Finalização (revelação, telecinagem, montagem, edição de som, mixagem,
cópias, etc)
ANEXO 14: Tabela de Cronograma
11- Planejamento de Mídia
Grandes filmes (longas-metragens) que entram em circuito comercial contam
com um planejamento de mídia apurado, no qual medem-se gastos com
propaganda televisiva, jornais e revistas, outdoors, promoção, material gráfico.
Para o curta-metragem a realidade é outra, e rarissimamente veremos um curta
ser anunciado na TV, com campanha publicitária, etc. O espaço do curta está
reservado à exibição em festivais e alguns programas de televisão. Logo, no
projeto deve estar incluído os festivais e programas de TV previstos em que o
filme será exibido.
Se por ventura, o filme for dispor de um site na Internet, isso deverá ser
mencionado, juntamente com o planejamento de material gráfico de divulgação
(cartazes, folders, etc).
12- Currículo
Inserir o currículo do produtor ou do diretor, aquele que for mais relevante, ou os
dois.
Devem estar contidos, além dos dados pessoais, apenas trabalhos que sejam
relevantes ao nosso tema, cinema. Não interessa para o analisador quantas
palestras assistiu, mas de quais filmes participou e o que realizou.
MODELO:
NOME DO FILME, ano, bitola, diretor.
Sua função: descrição do trabalho.
47
Pronto, agora o Produtor Executivo já está apto a escrever um projeto e poder
vendê-lo.
3.6.1 – Como captar recursos para um projeto
Você já tem um orçamento e seu projeto. Mas como fazer para captar a verba
necessária? Os caminhos normais são inscrever o projeto em uma Lei de
Incentivo Cultural (próximo item, 3.7) e buscar parceiros, patrocinadores que se
interessem por seu projeto e queiram investir.
O Sebrae distribuiu há alguns anos atrás um catálogo4 com o perfil das
principais empresas patrocinadoras brasileiras, e pode ser de grande ajuda na
hora de decidir quais serão seus possíveis colaboradores. Pesquise o perfil da
empresa, veja quais os seus interesses, qual seu público alvo. Venda seu
projeto de forma que desperte o interesse do investidor.
No entanto, essa não é a realidade do pequeno produtor. Este tem que recorrer
àquilo que lhe for viável. Nem sempre se consegue o total necessário à
produção. Vale tudo: rifas, realização de festas, até mesmo empréstimo. Não
são nem de longe as condições ideais, mas é o que tem se tornado possível na
atualidade.
O Brasil tem sérios problemas, desde ser um país pobre financeiramente, até ter
uma mentalidade cultural restrita. Todos sofremos com isso, e essa situação não
será modificada da noite para o dia. Cabe a cada um trabalhar para que isso
mude, tentando influenciar àqueles que estão próximos, amigos, parentes e sim,
pequenos empresários. Estes podem ajudar e muito às produções. O lema é
não desistir NUNCA, seja criativo, busque a melhor saída. Não tenha medo de
inovar. Faça acontecer!
4 NOVAES, Alessandro e ROCHA, Melma “Perfil de Empresas Patrocinadoras”, Instituto Cultural Cidade Viva, 2001
48
3.7 - Leis de Incentivo
As leis de incentivo fiscais foram criadas no Brasil após o término da
Embrafilme, grande produtora estatal que financiou a produção brasileira da
década de 70 até 1990, quando o ex-presidente Fernando Collor de Mello
encerrou as funções da empresa.
Depois de uma estagnação absoluta, aos poucos as produções foram voltando,
com muito custo. “Carlota Joaquina, Princesa do Brasil” (1995) é considerado o
marco do momento “Retomada”, e é curiosa a forma como Carla Camurati
comandou sua produção. Mambembe e sem dinheiro, tal qual um curta-
metragem. Sem salto alto, comparecia às salas de exibição com as latas do
filme debaixo do braço para tentar exibi-los.
Em 1991, ainda no Governo Collor, foi criada a Lei Rouanet, mas somente em
1995, no Governo de Fernando Henrique Cardoso, ela foi realmente instituída.
Trata-se de uma lei de incentivo à produção cultural, pela qual o investidor abate
de seu imposto de renda o valor investido em sua produção.
Nos EUA, o financiamento parte dos estúdios cinematográficos, indústria
consolidada. O Brasil teve um relance dessa realidade com as extintas Vera
Cruz e Atlântida.
Por não ser seu cinema uma indústria, o Brasil continua dependente do sistema
e apoio Estatais. Assim, após aprovado o projeto na lei de incentivo, a Produtora
busca parcerias com empresas privadas ou públicas, que vejam no filme um
bom produto para veicular sua marca.
3.7.1 - Leis Nacionais
49
São as leis controladas pelo Governo Federal e válidas para qualquer Estado da
União.
No momento elas estão causando um total rebuliço no cenário cultural. Desde o
início deste ano Instruções Normativas vêm sendo publicadas alterando o
funcionamento das Leis Rouanet e do Audiovisual. Isso se deve à troca do
governo. Após o início do Governo Luis Inácio Lula da Silva, foi preciso
regulamentar a situação da ANCINE (Agência Nacional de Cinema), órgão
regulador do setor cinematográfico criado em 2001. A Agência estava sendo
cotada à transferência para o Ministério das Indústrias e do Comércio, mas o
Ministro da Cultura Gilberto Gil fez com que ela fosse mantida em seu ministério.
Ficará difícil definir a atuação destas leis hoje, pois essas informações podem se
tornar desatualizadas a qualquer momento. Vou estar dispondo a legislação até
o presente exercício deste trabalho, com um breve esclarecimento de como elas
estão funcionando.
3.7.1.1 – Lei Rouanet
A Lei Rouanet é a lei de incentivo fiscal aberta a toda e qualquer forma de
produção cultural (literatura, música, artes plásticas e audiovisual). No entanto,
após a criação da Lei do Audiovisual (que veremos a seguir), apenas o cinema
de curta-metragem passou a ser regido pela Rouanet. Isso deve-se ao fato do
valor financeiro exigido para a realização de um curta ser ínfimo perto dos
padrões de negociação da Lei do Audiovisual para longas.
A Lei Rouanet possui três mecanismos de incentivo:
FICART – Fundos de Investimento Cultural e Artístico (ainda não
regulamentados).
FNC – Fundo Nacional de Cultura: financia até 80% do valor de projetos de
entidades sem fins lucrativos.
50
MECENATO: incentiva projetos culturais, permitindo aos contribuintes redução
no Imposto de Renda (IR).
Como funciona o Mecenato?
Qualquer pessoa física ou jurídica pode inscrever seu projeto cultural, em
qualquer época do ano, solicitando a aprovação de captação de recursos. Após
enviado o projeto (junto com os formulários e documentação exigidos), o
Ministério tem 60 dias para aprová-lo. Caso haja aprovação, o proponente tem
30 dias para recorrer. Após aprovado no Diário Oficial, o proponente pode iniciar
a captação. O Ministério determina até quanto de isenção o investidor poderá ter
no Imposto de Renda.
Pessoa Física: ela pode deduzir até 6% do seu IR devido.
Pessoa Jurídica: até 4% do IR devido.
OBS.: Não é 4% por projeto, e sim, do total do imposto da empresa.
O proponente capta esses recursos e os coloca numa conta especialmente
aberta para o projeto. Em troca, ele está apto a emitir para o investidor um
certificado que comprova seu investimento.
Caso o produtor não consiga captar o valor total pretendido, ele pode recorrer ao
Ministério e tentar prorrogar o prazo de captação.
A Lei Rouanet possui formulário próprio de inscrição que deve ser baixado do
site do MinC.
Recentes Alterações:
No mês de Maio o Ministério alterou a cota de isenção, diminuindo para a
categoria teatral o teto de 100% para 90% de máximo de isenção.
Como fica a Lei Rouanet para o curta-metragem?
51
Até o início deste ano, qualquer pessoa (física ou jurídica) poderia inscrever seu
projeto de curta-metragem na Lei Rouanet, incluindo estudantes universitários.
No entanto, a ANCINE baixou uma norma alterando essas condições.
Agora, somente pessoas jurídicas podem apresentar projetos, e estas empresas
deverão ter cadastro pré-aprovado pela Agência. Ou seja, não bastasse a Lei do
Audiovisual ser inacessível ao curta-metragista, o mercado ser restrito, os
investidores mínimos, ganhamos mais um empecilho. As empresas produtoras
raramente investem em curtas, que são geralmente iniciativas de cineastas
estreantes, por não serem rentáveis. Recentemente, para nossa infelicidade, os
impostos sobre o pequeno produtor cultural aumentaram, dificultando ainda mais
nossa atividade.
Enfim, um mecanismo que deveria incentivar a produção, atrofia cada vez mais
a máquina, permitindo apenas que os grandes produtores já estabelecidos no
mercado continuam a produzir.
ANEXO 37: Lei Rouanet
3.7.1.2 – Lei do Audiovisual
A Lei do Audiovisual é válida para médias e longas-metragens.
O investidor físico pode abater até 5% do IR devido e o jurídico, 3%.
A Lei do Audiovisual funciona de forma diferente da Lei Rouanet. Enquanto na
segunda o investidor entrega um valor ou um serviço ao produtor, na 1ª, existem
relações financeiras mais profundas.
Após receber o Comprovante de Aprovação do Projeto pela Secretaria do
Audiovisual, o proponente está autorizado a emitir e distribuir Certificados de
Investimento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que são Títulos e
Valores Mobiliários (como ações). O investidor, ao adquirir esses títulos não está
apenas contribuindo com a produção. Ele passa a ser sócio do projeto e
detentor de parte da renda de exibição.
52
Ainda assim não é um trabalho fácil. “Eu tinha um orçamento de R$ 2 milhões, e
tudo vinha em pequenas quantias de R$ 50 ou R$ 100 mil. Aí foi de
enlouquecer, porque era um trabalho quase diário de tentar conseguir mais
verba.” (Sandra Werneck, sobre “Amores Possíveis”, 2001)5
A Lei do Audiovisual é uma grande máquina que prioriza apenas aqueles que já
estão estabelecidos. Um dos quesitos da autorização é um quociente de
pontuação exigido do diretor e do produtor do filme. Esse quociente se adquire
após somar os pontos de cada um através dos currículos apresentados. (Para o
diretor, produtor e roteirista, os trabalhos tem peso 9, para o proponente, peso 5)
Ou seja, como adquirir uma pontuação alta se não lhe é permitido produzir? “A
questão talvez seja trocar os Honda Civic por uma ‘onda cívica’, onde o cinema
não privilegie os cineastas que tem acesso à elite econômica, mas sim os que
tem talento, uma coisa bem mais rara.”6 (José Roberto Torero, “Felicidade é”,
1995). A maioria dos “grandes” realizadores defende a Lei do Audiovisual e são
contra o apoio desta aos pequenos realizadores ou iniciantes.
E ainda ficamos à mercê dos interesses dos investidores. Se nosso filme é
comercial e tem atores globais talvez tenhamos patrocínio garantido. Mas se seu
filme é um documentário, ou um filme que tenha um maior apelo social, se
encontrará na mesma situação que o cineasta Toni Venturi (“Latitude Zero”,
2000): ”A política cultural neoliberal expressa na Lei do Audiovisual revelou sua
fragilidade. Quando o Estado delegou ao mercado a escolha de que filmes fazer,
o cinema caiu numa grande cilada.(...) O filme de crítica social tem muita
dificuldade com a Lei do Audiovisual. É natural que um diretor de marketing não
queira investir sua dedução fiscal em um filme polêmico, porque obras assim
5 NAGIB, Lúcia “O Cinema da Retomada – Depoimentos de 90 Cineastas dos Anos 90”, Editora
34, 1a. Edição, São Paulo, 2002, pág 5076 idem, pág 490
53
dividem opinião, incomodam, questionam. A sociedade consumista quer
estimular as vendas, não a reflexão.” 7
ANEXO 38: Lei do Audiovisual
3.7.2 – Leis Estaduais
Alguns estados possuem Leis de Incentivo à Cultura. As únicas condições
geralmente são que a empresa financeira esteja situada no estado e que o
projeto se realize no mesmo.
Irei expor apenas 3, que são as principais da região Sudeste.
3.7.2.1 – São Paulo
Em 1994 foi criado o Programa Estadual de Incentivo à Cultura, vinculado à
Secretaria de Estado de Cultura.
A Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LINC) não é uma lei de dedução fiscal. Os
projetos selecionados podem ter até 80% de seu valor financiado pela própria
Secretaria de Cultura.
Podem se inscrever pessoas jurídicas ou físicas, desde que residentes no
Estado de São Paulo há pelo menos 2 anos.
O projeto deverá ser realizado no Estado de São Paulo e deverá passar por uma
avaliação quanto ao mérito cultural, currículo dos artistas e técnicos, caráter
inovador, importância para o patrimônio cultural, viabilidade técnica e
orçamentária, entre outros.
7 NAGIB, Lúcia “O Cinema da Retomada – Depoimentos de 90 Cineastas dos Anos 90”, Editora 34, 1a. Edição, São Paulo, 2002, pág 502
54
A inscrição depende da publicação do edital pela Secretaria de Cultura.
ANEXO 39: Lei Estadual de Incentivo à Cultura SP
3.7.2.2 – Rio de Janeiro
A Lei Estadual do Rio de Janeiro é a única que abre precedente para a produção
estrangeira.
Está baseada no desconto fiscal sobre o ICMS. As empresas podem investir até
2% do imposto total devido, dos quais serão abatidos 50%. Para produções
estrangeiras, o valor é de 1%.
Pessoas físicas e jurídicas podem inscrever seus projetos em qualquer época do
ano, bastando preencher o formulário e anexar a documentação.
OBS.: O incentivo máximo é de R$ 375 mil para longas e R$ 225 mil para curtas
e outros projetos.
ANEXO 40: Lei Estadual RJ
3.7.2.3 – Minas Gerais
A Lei Estadual de Incentivo à Cultura tem como base o Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Toda empresa que apoiar
financeiramente um ou mais projetos culturais poderá deduzir do imposto devido
até 80% do valor destinado ao projeto. A dedução dos recursos investidos será
efetuada a cada mês, não podendo exceder a 3% do valor do ICMS a ser pago
no período, até atingir o montante total dos recursos dedutíveis.
A inovação dessa legislação, comparada a outros mecanismos de incentivo, é
que ela é a única no Brasil a admitir como Incentivador aquele contribuinte
inscrito em Dívida Ativa até 31 de dezembro de 1999. Este poderá quitar a
55
dívida, parceladamente, com 25% de desconto, desde que apóie
financeiramente projeto cultural previamente aprovado.
Pode apresentar projeto o Empreendedor Cultural (pessoa física ou jurídica)
comprovadamente estabelecida em Minas Gerais há pelo menos um ano, com
objetivo e atuação efetiva na área cultural e diretamente responsável pela
promoção e execução do projeto cultural apresentado.
Também podem apresentar projetos as entidades da Administração Pública
Indireta Estadual que desenvolvam atividade artística ou cultural.
Os projetos são analisados pela Comissão Técnica de Análise de Projetos
(CTAP), que considera desde os critérios técnicos - pré-requisitos quanto ao
Empreendedor e enquadramento de seu projeto, viabilidade técnica e
exeqüibilidade, detalhamento orçamentário, efeito multiplicador e benefício
social - até o fato de possuírem caráter estritamente artístico-cultural e interesse
público.
ANEXO 41: Lei Estadual de Incentivo à Cultura MG
3.7.3 – Leis Municipais
São as leis de incentivo válidas apenas para o município. O projeto e o
investidor deverão ser da cidade. Além do Rio de Janeiro, outras cidades que
possuem lei de incentivo cultural: Aracaju, Belo Horizonte, Sete Lagoas (MG),
Curitiba, Porto Alegre, São Paulo, entre outras.
3.7.3.1 – Rio de Janeiro
56
A Lei Municipal carioca é válida apenas para pessoas jurídicas domiciliadas na
cidade.
As empresas investidoras podem abater até 20% do ISS devido quando
investido em projetos culturais.
Existem duas categorias:
ESPECIAL – que tratam de temas inéditos ou contribuam para a imagem do Rio
de Janeiro. O incentivo é de até 180.576 UFIRS.
NORMAL – demais projetos, até 120.382 UFIRS.
ANEXO 42: Lei Municipal de Incentivo à Cultura RJ
3.8 – Equipe Técnica
Neste item vamos conhecer cada função e as suas relações de dependência.
Um filme não é feito de uma única pessoa, mas de várias delas, trabalhando em
conjunto. É fundamental que todos conheçam seu papel dentro da equipe para
que o filme ocorra sem problemas, ou atropelos. Principalmente o diretor e o
produtor, que devem estar a par de todas (só assim ele poderá saber o que e de
quem cobrar as realizações).
O bom conhecimento de sua função evita problemas como, por exemplo, deixar
de cumprir algo por desconhecer a função ou até mesmo fazer a ação por outra
pessoa. Este ato que pode ser visto como amigável, ás vezes pode trazer
problemas, não só por invadir o espaço do outro, como realizar o trabalho mal
feito e prejudicar o serviço de quem está substituindo e do resto da equipe.
É imprescindível que haja respeito e responsabilidade para que cada um cumpra
seu papel e coletivamente realizem um bom trabalho.
57
Neste gráfico, podemos ver as categorias de trabalho e como elas se inter-
relacionam.
1a. ETAPA 2a. ETAPA 3a. ETAPA 4a. ETAPA 5a. ETAPA
PRODUÇÃO EXECUTIVA
DIREÇÃO
CRIAÇÃO PRODUÇÃO
ATUAÇÃO ARMAZENAGEM
FOTOGRAFIA
ARTE
SOM MÚSICA
ANIMAÇÃO
MONTAGEM
Se sobrepusermos o gráfico de estrutura da equipe com o das etaps de
realização,veremos onde e quando cada equipe deverá atuar.
58
PRODUÇÃO EXECUTIVA
PRODUÇÃO DIREÇÃO CRIAÇÃO ARMAZENAGEM
FOTOGRAFIA ARTE SOM MÚSICA ATUAÇÃO
ANIMAÇÃO MONTAGEM
A equipe cinematográfica pode ser enquadrada em duas categorias previstas
pela Constituição Federal, segundo a Lei nº 6.533, de 24 de Maio de 1978:
ARTISTA: o profissional que cria, interpreta ou executa obra de caráter cultural
de qualquer natureza, para efeito de exibição ou divulgação pública, através de
meios de comunicação de massa ou em locais onde se realizam espetáculos de
diversão pública.
TÉCNICO EM ESPETÁCULOS DE DIVERSÃO: o profissional que, mesmo em
caráter auxiliar, participa, individualmente ou em grupo, de atividade profissional
ligada diretamente à elaboração, registro, apresentação ou conservação de
programas, espetáculos e produções.
A Constituição8 ainda define as categorias de trabalho. No entanto, por ser um
decreto de 26 anos atrás, e tendo o cinema, como arte e indústria, evoluído,
absorvendo novas tecnologias e novas linguagens, algumas funções foram
acrescentadas.
A seguir, estarão expostas todas as categorias separadas por grupos de
trabalho, (de acordo com o gráfico anterior) acrescidas de outras funções.
Explicarei cada uma delas, com ênfase naquelas as quais acredito gerar mais
dificuldade de compreensão. Assim, em seguida à definição constitucional (em
itálico), haverá um adendo.
Algumas dessas funções hoje estão quase extintas, enquanto outras só se
adequam a grandes produções. No entanto, faço questão de listas todas, pois
mesmo que não se apliquem aos filmes de escola, serão úteis para futuros
trabalhos e para enriquecimento cultural do produtor. Vejamos então:
PRODUÇÃO
Produtor Executivo
8 Decreto Nº 82.385, de 05 de Outubro de 1978
59
É difícil chegar num acordo comum quanto a esta função, pois vários autores a definem de forma diferente. Como não temos a definição constitucional, colocarei aqui os diversos pontos de vista, incluindo o meu.
No site CINESCOPE, encontramos a definição de Produtor Executivo como: “quem levanta o dinheiro previsto para a realização do filme. Normalmente trabalha no escritório em uma estrutura fixa que conta com a parte financeira e jurídica, além de secretária, assessoria de imprensa e divulgação”.9
MNEMOCINE: “O Produtor Executivo é o administrador do dinheiro, e que sabe exatamente todos os custos do filme para direcionar melhor a produção durante as filmagens.”10
DOC COMPARATO: “é o encarregado de executar o organograma traçado pelo diretor e pelo produtor real, dentro do tempo fixado, administrando, controlando os gastos, controlando profissionais.”11
EMBRAFILME: “Produtor Executivo é aquele que detém a função de concretizar um organograma traçado pelo produtor, dentro dos limites financeiros e de tempo fixados por este, administrando a produção, controlando gastos, etc. Desde o início do trabalho até a estréia da peça ou filme.” 12
ODETTE FERNANDES: “O Produtor Executivo faz parte da direção do projeto, sendo ele o responsável pela produção do filme. Ele inicia o projeto junto ou mesmo antes do diretor e durante esta primeira fase coordena o projeto até a efetivação do roteiro. No caso de co-produções (internacionais e/ou nacionais) será o responsável pelas relações exteriores que o filme implica. Nas fases seguintes, terá como atribuição o supervisionamento de todos os planos de produção e planificação e fará cumprir o cronograma de desembolso. É o produtor executivo que contrata o diretor de produção. Atravessa todo o processo de produção do filme.”13
O Produtor Executivo, junto com o Diretor, são os dois profissionais que iniciam o projeto e o levam até o fim, acompanhando todas as suas fases de realização.Cabe ao Produtor Executivo planejar o orçamento do filme e torna-lo conhecido por cada equipe de realização, além de controlar os gastos, para que estes não fujam ao valor devido.O Diretor de Produção, ciente do orçamento fílmico, deve respeitá-lo e providenciar sua produção dentro desta realidade, repassando para o Produtor Executivo todos os gastos realizados.
9 www.cinescope.com.br (site atualmente fora do ar, foi consultado em Novembro de 2002.10 http://www.mnemocine.com.br/cinema/cinetecindex.htm11 FERNANDES, Odette - ”Manual de Produção de Curtas em 16 e 35 mm”, pág. 20.12 idem13” FERNANDES, Odette - ”Manual de Produção de Curtas em 16 e 35 mm”, pág. 20.
60
Cabe também ao Produtor Executivo, o controle de gastos do material fílmico,acompanhando-o ao final de cada dia de filmagem. Um aumento no consumo de película acarretará maiores gastos com laboratório, um dos itens mais dispendiosos dentro do orçamento.
Após a filmagem, o Produtor Executivo deve encarregar-se dos acertos das folhas de pagamento dos funcionários, das locadoras de equipamento e serviços e iniciar a finalização do filme, enviando-o para o laboratório.
O Produtor Executivo ainda supervisiona a fase de montagem e mixagem e prepara a distribuição e exibição, além de providenciar uma campanha de marketing quando necessário.
Seu trabalho não termina aí, pois não pode se descuidar do armazenamento e preservação do filme.
O Produtor Executivo é como um pai, que deve zelar e olhar por cada etapa de crescimento e realização do filme, seu filho.
Diretor de Produção
Diretor de Produção Cinematográfica - Mobiliza e administra recursos humanos, técnicos, artísticos e materiais para a realização do filme; racionaliza e viabiliza a execução do projeto, mediante análise técnica do roteiro, em conjunto com Diretor Cinematográfico ou seu Assistente; administra financeiramente a produção.
Delega funções e organiza a produção no antes, durante e depois das filmagens, cuida para que o trabalho não caia de ritmo e mantém os ânimos da equipe.
É o Diretor de Produção quem organiza toda a estrutura de produção do filme, determinando quantos e quais produtores e assistentes farão o quê e onde. É o responsável pelo encaminhamento do filme. Enquanto o Diretor está trabalhando seus atores e decupagem, o Produtor não pode perder tempo e estar providenciando tudo para que esteja pronto no dia planejado para a filmagem. Tentar manter a agenda a todo custo, passando por cima de imprevistos é fundamental. Qualquer alteração pode acarretar um estouro no orçamento.
Precisa manter todas as equipes técnicas coordenadas e trabalhando também para o tempo previsto, isso inclui equipamentos de câmera, maquinário e iluminação com a equipe de fotografia; cenários e figurinos com a de arte e até mesmo cobrar as funções do Diretor Cinematográfico.
61
É necessário ter um pulso firme, pois as decisões cabem a ele, e algumas vezes terá que dispensar um amigo por não estar trabalhando bem. Sua finalidade é fazer com que tudo corra dentro do planejado e que seja o melhor para o filme.
Um produtor, além de bom conhecedor de todas as funções, deve ser responsável e pontual. Deve ter jogo de cintura e ser hábil no trato com as pessoas, além de atento àquilo que ocorre à sua volta.
Produtor de Set
Ou também, como já foi chamado no Brasil, “Produtor de Platô” (no francês, plateau = set), e hoje usa-se apenas a redução “Platô”. É um desdobramento do Produtor, encarregado de tudo o que compõe o set de filmagem.De posse do planejamento de filmagem, incluindo locações, equipe, etc., deve providenciar para que tudo funcione dento do set. Equipe técnica e atores lá estejam no horário, equipamentos, transporte (quando necessário), alimentação, objetos de cena, enfim, tudo!
O Produtor de Set ou seu assistente, deve fazer um checklist antes e depois das filmagens para que tudo esteja em seu lugar e preparado para a realização do dia seguinte.
O Produtor de Set é quem controla o tempo, é quem determina não só a hora de entrada-saída e almoço-jantar, como é também quem dita o ritmo da filmagem de forma que o trabalho da equipe não esmoreça. É preciso estar o tempo todo checando o cronograma de trabalho diário para que não se perca tempo, a Ordem do Dia. Ela deve ser cumprida à risca, para se evitar atrasos, aumento no orçamento e futuros problemas.
O Produtor de Set deve atuar junto a cada equipe, verificando o andamento dos trabalhos e acelerando-o, quando for necessário, para se iniciar a filmagem. É o grande organizador do set.
Assistentes de Produção
Assistente de Produtor Cinematográfico - Assiste o Diretor de Produção Cinematográfica no desempenho de suas funções.
O que a cima está definido em 1 simples linhas, torna-se extremamente complexo e trabalhoso. Em se tratando de curta, muitas vezes 1 ou até nenhum assistente de produção é necessário. No entanto, alguns projetos requerem maior demanda de trabalho, e o papel deles será fundamental.
Os Assistentes de Produção precisam estar prontos para tudo, pois desde o mais simples até o mais inusitado será solicitado à eles, e é preciso cumprir dentro do prazo.
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Não é uma função muito apreciada pela maioria, pois é uma das mais “dolorosas”. No entanto, é justamente nela que se aprende como fazer um filme. Talvez todos devessem começar como Assistente de Produção, não por serem “calouros” e por isso devem sofrer, mas para conhecerem uma produção do cerne, estruturar e construir um filme.
O Assistente deve estar pronto a ouvir um “não” quando pedir apoio à filmagem, saber erguer a cabeça e bater na porta seguinte com o mesmo sorriso. Uma brincadeira recorrente é dizer que um Assistente de Produção (vale também para o Produtor) deve usar muito “óleo de peroba”, para lustrar a “cara de pau”. É fundamental ter jogo de cintura e manter a auto-estima elevada, pois os Assistentes de Produção Universitários são ,muitas vezes, pedintes. Sua função é providenciar alimentação, transporte, etc, para sua equipe; mas como a verba geralmente é de curta para nula, eles precisam bater de porta em porta das empresas solicitando “apoio cultural”.
No Set, sua função é auxiliar o Produtor de Set e providenciar para que tudo esteja à disposição, ao alcance das mãos quando necessário, desde água para equipe, até providenciar que o ator da cena seguinte já esteja preparado no Set.
Não existe no Brasil literatura especialmente voltada para o Assistente de Produção, como nos Estados Unidos14. Por seu sistema de produção industrial ser diferente, eles possuem prioridades diferentes. No entanto, as funções básicas são as mesmas, e o livro apresenta dicas interessantes aos assistentes iniciantes. Outros livros que podem enriquecer bastante são “O Assistente de Direção Cinematográfica” de Pierre Malfille e “O Cinema e a Produção” de Cris Rodrigues.Apenas leitura não basta, é preciso que depois tente-se botar em prática esses conhecimentos, e não há melhor professor que um set de filmagem.
Produtor de Elenco
É outra subdivisão do Produtor. Ele é o encarregado por providenciar o elenco do filme. Deve contatar os atores pretendidos pelo Diretor e/ou Produtor Executivo. Nem sempre consegue-se o ator/atriz esperado e é necessário buscar outro. Um dos principais lugares é nas agências de atores, mas pode-se procurar também nas escolas de interpretação e por ventura, até mesmo caminhando pela rua.Quando necessário, deve-se fazer testes de elenco, e esses contatos serão fundamentais.
14 ALVES, Jeff “The Production Assistants’ Handbook: How To Break Into The Film Business”,
William-Alan Landes & Players Press, 1a. Edição, USA, 1991
63
O Produtor de Elenco é ainda responsável pela Figuração, que pode ser composta por atores iniciantes ou pessoas comuns, dependendo da exigência do roteiro e do orçamento do filme.
Produtor de Arte
Trabalha diretamente ligado ao Departamento de Arte, servindo ao Diretor de Arte, Cenógrafo e ao Figurinista.É o encarregado de providenciar todos os materiais solicitados pelos profissionais acima citados, desde objetos de arte à mobiliário.
Lugares interessantes pelos quais um Produtor de Arte deve sempre passar são as feiras antigas, de artesanato ou até de usados, incluindo brechós e lojas de antiguidade. Esses lugares sempre apresentam itens de interesse, e podem ser providenciados muitas vezes por uma pechincha. Mas o Produtor de Arte deve ainda estar ligado á tudo, mostras de design, casas de decoração, etc.
Essa função pode ser realizada algumas vezes pelo Assistente de Arte.
Produtor de Locação
Desdobramento do Produtor de Arte, é responsável por encontrar as locações (cenários) desejados pelos Diretores (Cinematográfico e /ou Arte) para o filme.
O Produtor deve fazer um levantamento de todos os lugares compatíveis (sejam ele casas, lojas, hotéis, apartamentos, praças, praias, etc.). Ver a disponibilidade de uso, aluguel/empréstimo, e apresentar aos diretores. Eles farão uma visita e escolherão pelo que lhes for melhor.
Em pequenas produções, essa função pode ser realizada pelo próprio Diretor de Arte ou seu assistente.
Contra-Regra
Contra-Regra de Cena - Encarrega-se da guarda, conservação e colocação dos objetos de cena sob orientação do Cenógrafo.
Estagiário
Estudantes e pessoas interessadas em ingressar no mercado cinematográfico. Auxiliam nas funções necessárias, geralmente assistem ao produtor.
Motorista
Encarregado de transportar equipe e equipamentos para as locações.
64
Segurança
Responsável pela segurança dos equipamentos, equipe técnica e atores.
DIREÇÃO
Diretor Cinematográfico
Diretor Cinematográfico - Cria a obra cinematográfica, supervisionando e dirigindo sua execução, utilizando recursos humanos, técnicos e artísticos; dirige artisticamente e tecnicamente a equipe e elenco; analisa e interpreta o roteiro do filme, adequando-o à realização cinematográfica sob o ponto de vista técnico e artístico; escolhe a equipe técnica e o elenco; supervisiona a preparação da produção; escolhe locações, cenários, figurinos, cenografias e equipamentos; dirige ou supervisiona montagem, dublagem, confecção da trilha musical e sonora, e todo o processamento do filme até a cópia final; acompanha a confecção do trailer, do avant-trailer.
O Diretor é o grande criador do filme. Existe uma literatura bastante vasta a esse respeito, inclusive outra monografia desta escola sobre o tema, “Direção Cinematográfica” de Marcela Amaral.
Muitos entram na escola de cinema querendo ser diretores, mas poucos param para refletir o que realmente é a direção cinematográfica como um todo. E ela não é apenas ficar ao lado de uma câmera gritando “ação” e “corta”.
Em “A Noite Americana”, Truffaut diz: “O que é um diretor? Um diretor é alguém a quem são feitas continuamente perguntas, perguntas de todos os tipos.” O diretor concentra em si muitas responsabilidades, e para a equipe, ele é a fonte de todas as respostas para suas dúvidas. É fundamental que o diretor tenha para si total domínio do projeto que rege. Ele poderá não ter respostas para todas as perguntas, mas deverá respondê-las sempre com firmeza, de modo a passar segurança para sua equipe.
1o. Assistente de Direção
Assistente de Diretor Cinematográfico - Assiste o Diretor Cinematográfico em suas atividades, desde a preparação da produção até o término das filmagens; coordena as comunicações entre o Diretor de Produção Cinematográfico e o conjunto da equipe e do elenco; colabora na análise técnica do roteiro, do plano e da programação diária de filmagens ou ordem do dia; supervisiona o recebimento e distribuição dos elementos requisitados na ordem do dia; coordena e dinamiza as atividades, visando o cumprimento da programação estabelecida.
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Durante a Pré-produção, o Assistente auxilia na revisão (ou na criação) da decupagem e no trabalho de direção de atores durante os ensaios.
O entanto, não são todos os assistentes que chegam ao ponto de discutir uma decupagem. Isso depende muito da relação de confiança entre diretor e assistente.
No Set, ele é definitivamente a versão “produtora” do Diretor. Característica pouco explorada dentro desta escola. É ele quem deve cobrar do Produtor de Set o funcionamento das equipes, checar se os cenários estão montados corretamente, evitar, junto ao produtor, possíveis falhas que acarretem atrasos à filmagem.Rever e preparar a ordem de filmagem do dia seguinte é outra importante função. Pois todos sabemos que até mesmo o melhor planejamento de filmagem não é perfeito e está sujeito a mudanças no Set.O Assistente é também um grande diplomata. Tem que estar pronto a acalmar os ânimos que eventualmente fujam do controle.
O Assistente deve concentrar essas informações do andamento do filme a fim de que chegue apenas ao Diretor o necessário para que se dê o andamento à filmagem. Se o Diretor estiver preocupado com problemas externos à direção (como por exemplo, se um carregamento está atrasado, ou está faltando algum técnico, etc), ele não poderá se dedicar à criação fílmica, à decupagem e à direção dos atores.
“Assistência de Direção” é uma função extremamente complexa e mal trabalhada dentro da escola. Talvez pela falta de conhecimentos que a cerca. No entanto, é fundamental conhecê-la, principalmente o Produtor. Pois eles trabalharão juntos, complementando as funções.Aconselho a leitura do manual “O Assistente de Direção Cinematográfica” de Pierre Malfille. Considero-o uma peça fundamental no crescimento tanto de assistentes quanto de produtores.
Diretor de Atores
Auxilia o Diretor Cinematográfico no trabalho com os atores.
O Diretor de Atores pode ser solicitado para suprir uma deficiência do Diretor Cinematográfico, e então poderão trabalhar juntos, ensaiando o elenco, ou para dirigir atores secundários, quando o elenco é muito grande.A função de Diretor de Atores pode ser exercida pelo 1º Assistente de Direção, mas no caso de grandes produções, um Diretor realmente se faz necessário.
O Diretor de Atores trabalha no sentido de fazer com que o elenco descubra cada um sua personagem. São vários os métodos ou “escolas” de interpretação, e isso poderá variar de profissional para profissional.
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Embora “gravado”, o cinema não apresenta a praticidade de custos da televisão, nem do tempo de preparação do teatro. Mas é uma síntese dos sois sistemas, pois é preciso ensaiar muito para se errar o mínimo possível durante a filmagem. (Essa opinião não é compartilhada por alguns grandes nomes do cinema mundial, mas o sistema de produção e as condições financeiras deles são bem díspares das nossas.)O Diretor trabalhará com esse elenco durante cerca de 2 meses (esse tempo varia para cada produção, mas é uma média razoável), desde a descoberta da personagem até as falas, chegando algumas vezes, ao ensaio com a câmera.
Continuísta
Continuísta de Cinema - Assiste o Diretor Cinematográfico no que se refere ao encadeamento e continuidade da narrativa, cenários, figurinos, adereços, maquilagem, penteados, luz, ambiente, profundidade de campo, altura e distância da câmera; elabora boletins de continuidade e controla os de som e de câmera; anota diálogos, ações, minutagens, dados de câmera e horário das tomadas; prepara a claquete; informa a produção dos gastos diários de negativo e fita magnética. “Sua tarefa é manter uma espécie de diário de bordo que não tem funções históricas mas sim estritamente operacionais. É graças ao seu trabalho que se pode saber em que fase da elaboração se está em relação ao roteiro, os tempos cronometrados pelas filmagens realizadas, as características exatas das cenas rodadas, a quantidade de película já impressa: todas as informações que são indispensáveis ao diretor, ao montador a aos atores.”15
CRIAÇÃO
Roteirista
Roteirista Cinematográfico - Cria, a partir de uma idéia, texto ou obra literária, sob a forma de argumento ou roteiro cinematográfico, narrativa com seqüências de ação, com ou sem diálogos, a partir da qual se realiza o filme.
Roteirista de animação
Roteirista de Animação - Cria, a partir de uma idéia, texto, ou obra literária, sob a forma de argumento ou roteiro de animação, narrativa com seqüências de ação, com ou sem diálogos, a partir do qual se realiza o filme de animação.
Pesquisador
15 COSTA, Antonio “Compreender o Cinema” pág 159.
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Pesquisador Cinematográfico - Coleta e organiza dados e materiais, desenvolve pesquisas no sentido de preservação da memória cinematográfica, sob qualquer forma, quer fílmica, bibliográfica, fotográfica e outras.
Dialoguista
Trabalha no roteiro desenvolvendo e inserindo diálogos.
Fazer diálogos é uma tarefa aparentemente simples, mas torna-se muito complicada, pois é muito difícil chegar-se ao tom natural da fala. Os roteiristas que não dominam a arte de fazer diálogos recorrem a um dialoguista.
Nos estados Unidos, trabalha-se até com cinco profissionais para se fazer um roteiro, cada um cobrindo uma “deficiência”: diálogos, ação, desenvolvimento, plot point, etc.
FOTOGRAFIA
Diretor de Fotografia
Diretor de Fotografia - Interpreta com imagens o roteiro cinematográfico, sob a orientação do Diretor Cinematográfico; mantém o padrão técnico e artístico da imagem; durante a preparação do filme, seleciona e aprova o equipamento adequado ao trabalho, indicando e/ou aprovando os técnicos sob sua orientação, o tipo de negativo a ser adotado, os testes de equipamento, examina e aprova locações interiores e exteriores, cenários e vestuários; nas filmagens orienta o Operador de Câmera, Assistente de Câmera, Eletricistas, Maquinistas e supervisiona o trabalho do Continuísta e do Maquiador, sob o ponto de vista fotográfico; no acabamento do filme, quando conveniente ou necessário, acompanha a cópia final, em laboratório, durante a marcação de luz. Operador de Câmera
Operador de Câmera - Opera a câmera cinematográfica a partir das instruções do Diretor Cinematográfico e do Diretor de Fotografia; enquadra as cenas do filme; indica os focos e os movimentos de zoom e câmera.
É muito comum o Operador de Câmera e o Diretor de Fotografia serem a mesma pessoa.
Foquista
Trabalha junto ao Operador de Câmera. É responsável por medir a distância focal e ajustar o foco da lente.
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Situação interessante é ver o Fotógrafo/Operador de Câmera e o Foquista trabalhando simultaneamente numa mesma câmera, por exemplo, em uma cena que requer movimento de câmera, o Operador a movimenta (fazendo uma panorâmica ou um tilt por exemplo) e o Foquista precisa ajustar o foco, tudo ao mesmo tempo.
O Foquista é geralmente substituído pelo 1º Assistente de Fotografia.
Assistente de Fotografia
Assistente de Câmera de Cinema - Assiste o Operador de Câmera e o Diretor de Fotografia; monta e desmonta a câmera de cinema e seus acessórios; zela pelo bom estado deste equipamento, carrega e descarrega chassis, opera o foco, a zoom e o diafragma, redige os boletins de câmera, prepara o material a ser encaminhado ao laboratório, realiza os testes de verificação de equipamento. Still
Fotógrafo de Cena - Fotógrafa, durante as filmagens, cenas do filme para efeito de divulgação e confecção de material publicitário; indica o material adequado ao seu trabalho; trabalha em conjunto com o Diretor Cinematográfico e o Diretor de Fotografia.
Operador de Vídeo Assist
Operador de Vídeo - Responsável pela qualidade de imagem no vídeo, operando os controles aumentando ou diminuindo o vídeo e pedestal, alinhando as câmeras, colocando os filtros adequados e corrigindo as aberturas de diafragma.
Iluminador
Técnico responsável por preparar a iluminação da cena de acordo com as instruções do Diretor de Fotografia.
Assistente de Iluminador
Auxiliar de Iluminador - Presta auxílio direto ao Iluminador na operação dos sistemas de luz, transporte e montagem dos equipamentos. Cuida da limpeza e conservação dos equipamentos, materiais e instrumentos indispensáveis ao desempenho da função. Operador de Truca
Operador de Câmera de Animação - Filma os desenhos em equipamento especial responsabilizando-se pela qualidade fotográfica do filme.
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Trucador Cinematográfico - Executa trucagens óticas, realizando efeitos de imagem desejados pelo Diretor Cinematográfico; opera o equipamento denominado truca.
Assistente de Operador de Truca
Assistente de Operador de Câmera de Animação - Assiste o Operador de Câmera no processo de filmagens de animação.
Assistente de Trucador - Assiste o Trucador Cinematográfico em suas atribuições.
Eletricista Eletricista de Cinema - Encarrega-se da guarda, manutenção e adequada instalação do equipamento elétrico e de iluminação do filme, distribuindo de acordo com as indicações do Diretor de Fotografia; determina as especificações dos geradores a serem utilizados. Maquinista
Maquinista de Cinema - Encarrega-se do apoio direto ao Operador de Câmera, Assistente de Câmera e Eletricista no que se refere ao material maquinária; instala e opera equipamentos destinados à fixação e/ou movimentação de câmera.
Operador de Gerador
Operador de Gerador - Encarrega-se da manipulação e operação do gerador e corrente elétrica durante as filmagens.
Técnico de Manutenção Eletrônica
Técnico de Manutenção Eletrônica - Encarrega-se da conservação, manutenção e reparo do equipamento eletrônico de um estúdio de som.
Técnico Manutenção Equipamento CinematográficoTécnico de Manutenção de Equipamento Cinematográfico - Responsável pelo bom andamento das máquinas, com profundo conhecimento de mecânica e/ou eletrônica cinematográfica.
ARTE
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Diretor de Arte
Diretor de Arte - Cria, conceitua, planeja e supervisiona a produção de todos os componentes visuais de um filme ou espetáculo; traduz em formas concretas as relações dramáticas imaginadas pelo Diretor Cinematográfico e sugeridas pelo roteiro; define a construção plástico-emocional de cada cena e de cada personagem dentro do contexto geral do espetáculo; verifica e elege as locações; as texturas, a cor e os efeitos visuais desejados, junto ao Diretor Cinematográfico e ao Diretor de Fotografia; define e conceitua o espetáculo estabelecendo as bases sob as quais trabalharão o Cenógrafo, o Figurinista, o Maquiador, o Técnico em Efeitos Especiais Cênicos, os gráficos e os demais profissionais necessários supervisionando-os durante as diversas fases de desenvolvimento do projeto.
Cenógrafo
Cenógrafo - Cria, projeta e supervisiona, de acordo com o espírito da obra, a realização, e montagem da todas as ambientações e espaços necessários à cena; determina os materiais necessários; dirige a preparação, montagem e remontagem das diversas unidades de trabalho. Nos filmes de longa metragem exerce, ainda, as funções de Diretor de Arte.
Assistente de Cenografia
Assistente de Cenografia - Assiste o Cenógrafo em suas atribuições; coleta dados e realiza pesquisas relacionadas com o projeto cenográfico. Cenotécnico
Cenotécnico - Planeja, coordena, constrói, adapta e executa todos os detalhes de material, serviços e montagens dos cenários, segundo maquetes, croquis e plantas fornecidas pelo Cenógrafo. Figurinista
Figurinista - Cria e projeta os trajes e complementos usados pelo elenco e figuração, executando o projeto gráfico dos mesmos; indica os materiais a serem utilizados; acompanha, supervisiona e detalha a execução do projeto.
Maquiador
Maquiador de Cinema - Encarrega-se da maquilagem ou caracterização do elenco e figuração de um filme, sob orientação do Diretor Cinematográfico, em comum acordo com o Diretor de Fotografia; indica os produtos a serem utilizados em seu trabalho.
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Costureira
Prepara figurino de acordo com as instruções do figurinista. Mantém-se no Set para possíveis consertos.
Cabeleireiro
Responsável pela preparação e caracterização dos penteados dos cabelos e/ou perucas dos atores.
Camareiro ou Guarda-Roupeiro
Guarda-Roupeiro - Encarrega-se da conservação das peças de vestuário utilizadas no espetáculo ou produção, auxilia o elenco e a figuração a vestir as indumentárias, organiza a guarda e embalagem dos figurinos, em caso de viagem.
Existe apenas em grandes produções. Pode ser substituído por um assistente de arte.
Aderecista
Aderecista - Monta, transforma ou duplica, utilizando-se de técnicas artesanais, objetos cinematográficos e de indumentária, segundo orientação do cenógrafo e/ou figurinista. Pintor
Pintor Artístico - Executa o trabalho de pintura dos cenários; prepara cartazes para utilização nos cenários; amplia quadros e telas; zela pela guarda e conservação dos materiais e instrumentos de trabalho, indispensáveis à execução de sua tarefa. Carpinteiro
Carpinteiro - Prepara material em madeira para cenografia e outras destinações.
SOM
Técnica de Som Técnico de Som - Realiza a interpretação e registro durante as filmagens, dos sons requeridos pelo Diretor Cinematográfico, indica o material adequado ao seu
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trabalho e à equipe que o assiste; examina e aprova, do ponto de vista sonoro, as locações internas e externas, cenários e figurinos, orienta o microfonista, acompanha o acabamento do filme, a transcrição do material gravado para magnético perfurado, a miragem e a transcrição e a transcrição ótica.
Assistente de Som
Auxilia o Técnico de Som no que for necessário. Pode exercer a função de microfonista, registrar boleto de som, etc.
Microfonista Microfonista - Assiste o Técnico de Som; monta e desmonta o equipamento zelando, pelo seu bom estado; posiciona os microfones; confecciona os boletins de som. Técnico Tomada de Som
Técnico de Tomada de Som - Realiza a gravação de vozes, ruídos e músicas, em estúdio de som; opera a mesa de gravação; executa equalizações sonoras. Editor de Som
Editor de Áudio - Encarrega-se da revisão e sincronização dos diálogos dublados; sincroniza as bandas internacionais e marca as correções a serem feitas na mixagem.
Ou seja, assim como o montador prepara as imagens, o Editor de Áudio monta o som. Seu trabalho vai além do simples sincronismo labial. É preciso adicionar ruídos, música e ás vezes até “corrigir” um som. Hoje dispomos de programas de edição que operam milagres e facilitaram bastante a finalização sonora dos filmes.
Assistente de Edição de Som
Assiste ao editor de Som naquilo que for necessário.
Mixagem
Técnico Operador de Mixagens - Encarrega-se de reunir, em uma única pista, todas as pistas sonoras de um filme, após submetê-las a vários processos de equalização sonora. Técnico Transferência Sonora
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Técnico em Transferência Sonora - Realiza a transferência de sons gravados em discos, fitas magnéticas ou negativo ótico; realiza testes de ajuste do equipamento e da qualidade do negativo ótico revelado.
MÚSICA
Diretor Musical
Responsável pela criação musical de todo o filme. Seleciona ou define qual tipo de música deve compor a trilha, sob o aval do Diretor Cinematográfico. Quando necessário coordena as gravações e supervisiona a mixagem.
Compositor
Compõe as músicas que farão parte do filme, seguindo instruções dos Diretores Musical e Cinematográfico.
Cantor
Interpreta as canções que serão gravadas para o filme.
Letrista
Coloca letra na melodia feita pelo compositor.
Operador de Áudio
Operador de Áudio - Opera a mesa de áudio durante gravações, respondendo por sua qualidade. Sonoplasta
Responsável pelos efeitos sonoros.Normalmente ele os produz através de elementos que imitem sons reais. Exemplo: casca de coco simulam o som de cascos de cavalo.
Hoje, a maioria dos Editores não recorre a sonoplastas e sim a bibliotecas de som. Existem várias coleções de cds que possuem uma variedade infinita de sons.
ATUAÇÃO
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Ator
Ator - Cria, interpreta e representa uma ação dramática baseando-se em textos, estímulos visuais, sonoros e outros, previamente concebidos por um autor ou criados através de improvisações individuais ou coletivas; utiliza-se de recursos vocais, corporais e emocionais, apreendidos ou intuídos, com o objetivo de transmitir ao espectador o conjunto de idéias e ações dramáticas propostas; pode utilizar-se de recursos técnicos para manipular bonecos, títeres e congêneres; pode interpretar sobre a imagem ou a voz de outrem; ensaia buscando aliar a sua criatividade à do Diretor; atua em locais onde apresentam espetáculos de diversões públicas e/ou nos demais veículos de comunicação. Figurante
Compõe a cena, preenchendo o fundo ou realizando ações menores.
Dublê
Substitui o ator em cenas, geralmente de risco. No entanto hoje temos dublês para todas as situações, de pé, de mão, de corpo, etc.
Diretor de Dublagem Diretor de Dublagem - Assiste ao filme e sugere a escalação do elenco para a dublagem do filme; esquematiza a produção, programa nos horários de trabalho, orienta a interpretação e o sincronismo do Ator sobre sua imagem ou de outrem.
Esta foi uma função muito em voga até a década de 70, quando muitos filmes eram dublados por terem problemas na captação de som durante a filmagem. Hoje em dia é pouco explorado esse recurso, cabendo mais à área de animação.
ANIMAÇÃO
Diretor de Animação
Diretor de Animação - Cria o planejamento de animação do filme, os lay-outs de cena, guias de animação, movimentos de câmera; supervisiona o processo de produção, inclusive trilha sonora; é o responsável pela qualidade do filme. Assistente de Animação
Assistente de Animação - Transfere para o acetato os lay-outs do Animador e do Assistente de Animador.
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Conferente de Animação Conferente de Animação - Confere o trabalho dos Coloristas; auxilia na filmagem; cuida do mapa de animação e dá ordem dos desenhos e cenários, separando-os por planos e cenas.
Animador
Animador - Executa a visualização do roteiro, modelos dos personagens e os lay-outs de cena, conforme orientação do Diretor de Animação.
Assistente de Animador Assistente de Animador - Completa o planejamento de Animador intercalando os desenhos; faz pequenas animações. Desenhista
Responsável pelos desenhos principais da animação, isto é, aqueles que irão demarcar o movimento.
Arte-Finalista
Ele finaliza o desenho feito à lápis pelo desenhista ou animador, utilizando a técnica vigente no projeto, pode ser a caneta, nanquim, tinta, etc.
Colorista
Colorista de Animação - Colore os desenhos impressos no acetato sob a supervisão do Chefe de Arte. Técnico em Efeitos Especiais Técnico em Efeitos Especiais Óticos - Realiza e elabora trucagens, durante as filmagens, com acessórios complementares à câmera, sem a utilização de laboratório de imagens ou truca. Técnico em Efeitos Especiais Cênicos - Realiza e/ou opera, durante as filmagens, mecanismos que permitem a realização de cenas exigidas pelo roteiro cinematográfico, cujo efeito dá ao espectador convencimento da ação pretendida pelo Diretor Cinematográfico.
Cenarista
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Cenarista de Animação - Executa os cenários necessários para cada plano, cena e seqüência da animação conforme os lay-outs de cena e orientação do Chefe de Arte e do Diretor de Animação. Chefe de Arte
Chefe de Arte de Animação - Coordena o trabalho dos Coloristas e da copiadora eletrostática. Diretor de Arte Animação Diretor de Arte de Animação - Responsável pelo visual gráfico dos filmes de animação; cria os personagens e os cenários do filme.
Letrista de Animação
Letrista de Animação - Executa os letreiros ou créditos para produções cinematográficas. Técnico Operador de Caracteres - Opera os caracteres nos programas gravados, filmes, vinhetas, chamadas, conforme roteiro da produção. Hoje feito por Designers Gráficos ou até pelos próprios animadores.
MONTAGEM
Editor
Hoje o editor ganha duas funções, ele pode simplesmente antecipar o trabalho da montagem (película) do filme em vídeo, podendo testar efeitos e diversas combinações de cena, sem estragar o material original, ou, como já se tornou comum, fazer a própria montagem no computador.Programas como o AVID permitem que você monte seu filme no sistema digital e no final do trabalho ele fornece uma relação de montagem no número de borda do negativo. Essa relação vai para o laboratório onde será feita a montagem do negativo.
Montador
Responsável por colocar as cenas do filme na ordem estabelecida no roteiro. Ele dá o ritmo ao filme com sua montagem. O Montador hoje pode ou não recorrer aos serviços de um computador de edição, preferindo trabalhar com a moviola. Mas isso tem se tornado cada vez mais raro.
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Assistente de Montagem
Assistente de Montador Cinematográfico - Encarrega-se da coordenação, classificação e sincronização do som e imagem do copião; executa os cortes indicados pelo Montador Cinematográfico; classifica e ordena as sobras de som e imagem; sincroniza as diversas pistas componentes da trilha sonora do filme. Montador de Negativo
Montador de Negativo - Monta negativos de filmes cinematográficos a partir do copião montado, respeitando os cortes e a marcação do Montador de Filme Cinematográfico. Assistente de Montador de Negativo
Assistente de Montador de Negativo - Assiste o Montador de Negativo em suas atribuições; prepara o material e equipamento a ser utilizado; acondiciona as sobras de material. Contador-Colador de Anéis
Cortador-Colador de Anéis - Corta os trechos marcados do copião ou cópia do trabalho seguindo a numeração feita pelo Marcador de Anéis. Colador-Marcador Sincronismo
Colador-Marcador de Sincronismo - Tira as pontas de sincronismo, ao mesmo tempo em que faz a marca do ponto sincrônico do anel anterior, colocando, por meio de emendas, o rolo de filme e de magnético em seu estado original. Marcador de Anéis
Marcador de Anéis - Executa a marcação dos anéis de dublagem, no copião ou cópia de trabalho. Montador de Filme Cinematográfico - Monta e estrutura do filme em sua forma definitiva, sob a orientação do Diretor Cinematográfico, a partir do material de imagem e som, usando seus recursos artísticos, técnicos e equipamentos específicos; zela pelo bom estado e conservação das pistas sonoras, faz o plano de mixagem, participando da mesma; orienta o Assistente de Montagem.
ARMAZENAGEM
Arquivista de Filme
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Arquivista de Filmes - Organiza, controla e mantém sob sua guarda filmes e material publicitário em arquivos apropriados; avalia e relata o estado do material publicitário em arquivos apropriados; avalia e relata o estado do material, coordenando os trabalhos de revisão e reparos das cópias, quando possível ou necessário, com o auxílio do Revisor. Auxiliar de Tráfego
Auxiliar de Tráfego - Encarrega-se do encaminhamento dos filmes aos seus devidos setores. Assistente de Revisor e Limpador
Assistente de Revisor e Limpador - Encarrega-se da revisão e limpeza de películas e fitas magnéticas.
Revisor de Filme Revisor de Filme - Executa a revisão e reparo das cópias de filmes, verificando as condições materiais das mesmas, sob coordenação dos Arquivistas de Filmes.
Técnico de Finalização Cinematográfica
Técnico de Finalização Cinematográfica - Acompanha as trucagens e faz o tráfego de laboratórios, supervisionando a qualidade do material trabalhado, na área do filme publicitário. LABORATÓRIO
Operador de Telecine
Operador de Telecine - Opera projetores de telecine, comunicando-os de acordo com as necessidades de utilização; efetua ajustes operacionais nos projetores (foco, filamento e enquadramento). Projecionista de Laboratório
Projecionista de Laboratório - Opera projetor cinematográfico especialmente preparado para os trabalhos de estúdio de som.
3.8.1 - A Escolha da Equipe
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Agora que já conhece todas as funções técnicas, o roteiro já foi analisado,
decupado, e o orçamento teve seu primeiro tratamento, a equipe deve ser
escolhida.
Essa escolha deve respeitar a qualidade técnica do profissional, seu bom
relacionamento e entrosamento com o restante dos membros da equipe e a
disponibilidade de verba para contratá-lo prevista no orçamento. (OBS.: Não se
trata apenas de salário, mas alimentação, transporte, hospedagem, etc)
Uma equipe de curta-metragem tem em média de 13 a 16 elementos.
Dificilmente vemos a figura do Produtor Executivo num curta universitário. Suas
funções acabam sendo suprimidas pelo Diretor e pelo Produtor, o que é um erro.
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DIRETOR
ASSISTENTE
CONTINUÍSTA
PRODUTOR EXECUTIVO
ASSISTENTE
PRODUTOR
PRODUTOR DE SET
FOTÓGRAFO
ASSISTENTE
STILL
ELÉTRICA
O Still em alguns casos pode ser feito pelo Assistente de Fotografia, não
necessitando de uma 3a pessoa para isso.
Quando a Arte não é muito destacada num filme, o Diretor e seu Assistente
podem suprir as funções do Figurinista e Maquiador.
Mas então, porque aquela quantidade toda de funções que vimos no ítem 3.8, se
apenas 13 pessoas podem fazer um curta? É simples, justamente pela estrutura
do curta-metragem ser simplificada, muitas vezes, uma equipe reduzida é
suficiente. Muitas funções, além de serem suprimidas, podem ser realizadas por
uma mesma pessoa. A quantidade de trabalho é menor de que um longa, e o
acúmulo de funções acaba sendo maior.
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DIRETOR DE ARTE
ASSISTENTE
FIGURINISTA
MAQUIADOR
TÉCNICO DE SOM
ASSISTENTE
MONTADOR
Essas não são as condições ideais. Mas apenas a base. Amplia-se de acordo
com as necessidades. Uma equipe pode chegar a ter 30 pessoas. No caso de
documentários, esse número pode cair para 4 membros (Diretor, Produtor,
Fotógrafo-Câmera e Técnico de Som). Analise as necessidades de seu projeto e
veja quantos e quais técnicos serão necessários.
Para gerenciar os direitos dos técnicos existem os Sindicatos. Em São Paulo é o
Sindcine (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica do Estado
de São Paulo) e no Rio de Janeiro, o STIC (Sindicato dos Técnicos da Indústria
Cinematográfica). O sindicato define além de carga horária, a tabela de piso
salarial de cada função. O STIC possui um anuário com alistagem e o contato de
todos os técnicos filiados a ele. Ambos os sindicatos disponibilizam o catálogo
pela Internet.
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