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ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA Por: Karla Karoline Soares Dalto

Capítulo 5 aceitação e renúncia da herança

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ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA

Por: Karla Karoline Soares Dalto

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CONCEITO DE ACEITAÇÃO DA HERANÇA

• Aceitação ou adição da herança é o ato pelo qual o herdeiro anui à transmissão dos bens do de cujus, ocorrida por lei com a abertura da sucessão, confirmando-a.

• É uma mera confirmação, pois a aquisição não depende da aceitação, uma vez que decorre da lei (fase de deliberação – doutrina)

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CONCEITO DE ACEITAÇÃO DA HERANÇA

Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão.

Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança.

OBS: para o nosso direito a aceitação é indispensável.

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CARACTERÍSTICAS DA ACEITAÇÃO

• Trata-se de negócio jurídico unilateral, não receptício, só praticável por capazes, e puro, pois não admite condição, termo ou divisibilidade.

Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo.

§ 1o O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los.

§ 2o O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia.

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CARACTERÍSTICAS DA ACEITAÇÃO

• Se fosse possível a aceitação parcial, o herdeiro poderia somente aceitar o ativo, renunciando ao passivo;

• Nada impede que alguém aceite a herança na qualidade de herdeiro legítimo, e renuncie o que lhe caberia na qualidade de legatário, ou herdeiro testamentário.

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ACEITAÇÃO QUANTO À FORMA

Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.

• EXPRESSA: a forma escrita pode ser pública ou particular (a nossa lei não admite a forma oral);

• TÁCITA: resulta da conduta do próprio herdeiro,que demonstrem a intenção de adir a herança;

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ACEITAÇÃO QUANTO À FORMA

• § 1o Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória.

§ 2o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros.

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ACEITAÇÃO QUANTO À FORMA

• “Atos oficiosos” – são os atos praticados desinteressadamente, no intuito de prestar um favor;

• “Meramente conservatórios” – são os atos necessários e urgentes que tem por finalidade a conservação, a fim de impedir a perda ou deterioração, não há o animus de deter para si, mas de entregá-los.

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ACEITAÇÃO QUANTO À FORMA

• Pode-se afirmar que há a intenção tácita quando o sucessor pratica atos que ultrapassam a simples conservação e administração da herança e que implicam necessariamente a intenção de aceitar e que só poderia praticar na qualidade de herdeiro.

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ACEITAÇÃO QUANTO À FORMA

Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita. (presumida)

• PRESUMIDA: quando algum interessado em saber se o herdeiro aceita ou não a herança, requer ao juiz, depois de passados 20 dias da abertura da sucessão, que assinale ao herdeiro prazo razoável (inferior a 30 dias), para ele se pronunciar, sob pena de se haver a herança por aceita.

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ACEITAÇÃO QUANTO À FORMA

• Também será presumida quando não intimado a manifestar-se em prazo certo, o herdeiro tem faculdade de aceitar a herança até que haja a prescrição

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ACEITAÇÃO QUANTO AO AGENTE

• DIRETA: provém do próprio herdeiro;

• INDIRETA: quando alguém a faz por ele, como pode suceder em quatro hipóteses legalmente previstas:

d) Pelos sucessores;

e) Por mandatário e por gestor de negócios;

f) Por tutor ou curador;

g) Pelos credores

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ACEITAÇÃO QUANTO AO AGENTE

a) ACEITAÇÃO POR SUCESSORES: ocorre quando tendo falecido o herdeiro, antes de aceitar a herança, seus herdeiros sucedem-no naquele direito.

Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada.

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ACEITAÇÃO QUANTO AO AGENTE

• “Ainda não verificada” – caso haja condição suspensiva para aquisição do direito, não se transmitirá o direito à aceitação/renúncia – torna-se ineficaz a disposição testamentária.

OBS: Para que os sucessores do herdeiro, falecido antes da aceitação, possam aceitar ou renunciar a primeira herança (a do avô por exemplo), devem aceitar a segunda (a do pai).

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ACEITAÇÃO QUANTO AO AGENTE

b) ACEITAÇÃO POR MANDATÁRIO E POR GESTOR DE NEGÓCIOS: tanto a adição quanto a renúncia podem ser feitas por procurador; para a última se requerem poderes especiais.

Gestor de Negócios: é a pessoa que sem autorização do interessado, intervém na administração de negócio alheio, dirigindo-o segundo o interesse e a vontade presumível do seu dono (art. 861, CC), daí ser controvertida a aceitação por este.

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ACEITAÇÃO QUANTO AO AGENTE

c) ACEITAÇÃO PELO TUTOR OU CURADOR:

Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do juiz:

II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos;

Art. 1.781. As regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se ao da curatela, com a restrição do art. 1.772 e as desta Seção.

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ACEITAÇÃO QUANDO AO AGENTE

d) ACEITAÇÃO PELOS CREDORES: O herdeiros renunciante poderá ter seu quinhão aceito por credores, nos autos do inventário não encerrado, mediante autorização judicial. (não haverá necessidade da ação pauliana).

Havendo saldo, será entregue aos demais herdeiros, e não ao renunciante.

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ACEITAÇÃO QUANTO AO AGENTE

Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.

§ 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato.

§ 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros.

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ACEITAÇÃO QUANTO AO AGENTE

• Não há a necessidade que o credor comprove a má-fé do herdeiro renunciante;

• Os demais herdeiros poderão se insurgir contra a habilitação do credor do renunciante.

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IRRETRATABILIDADE E ANULAÇÃO DA ACEITAÇÃO

Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança.

A aceitação pode ser anulada se, depois de manifestada, apurar-se que o aceitante não é herdeiro. Ex: o ascendente herda, e mais tarde se verifica a existência de um descendente, ou quando se toma conhecimento da existência de um testamento que absorva a totalidade da herança, não havendo herdeiros necessários.

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IRRETRATABILIDADE E ANULAÇÃO DA ACEITAÇÃO

• Se o inventário já houver sido encerrado e homologada a partilha, só por ação de petição de herança poderá o interessado reivindicar o que lhe cabe.

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DA RENÚNCIA

• CONCEITO: é negócio jurídico unilateral, pelo qual o herdeiro declara, expressamente, a intenção de se demitir dessa qualidade. (os efeitos retroagem à abertura da sucessão);

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DA RENÚNCIA

Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial.

• A renúncia é, portanto, negócio solene, pois sua validade depende de observância da forma prescrita em lei.

• A manifestação de vontade em documento particular não é válida.

• Para a jurisprudência não é necessária a homologação judicial, para a doutrina, a homologação é pelo menos conveniente. (Silvio Venosa, Itabaiana de Oliveira)

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ESPÉCIES DE RENÚNCIA

a) ABDICATIVA: é a renúncia pura e simples, isto é, em benefício de um monte, sem indicação de qualquer favorecido.

Art. 1.804 - Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança.

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ESPÉCIES DE RENÚNCIA

b) TRANSLATIVA: há uma aceitação seguida em uma transferência.

Art. 1.805, § 2o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros.

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RESTRIÇÕES LEGAIS AO DIREITO DE RENUNCIAR

• Para que o direito de renunciar seja exercido é necessário o cumprimento de alguns pressupostos:

c) Capacidade jurídica plena do renunciante: a renúncia efetivada pelo incapaz não terá validade, ainda que manifestada por seu representante, uma vez que este reúne os poderes de administração e não de alienação. Todavia, poderá ser efetivada mediante prévia autorização judicial.

Feita a renúncia por mandatário, deve este exibir procuração com poderes especiais para renunciar (art. 1.691, CC)

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RESTRIÇÕES LEGAIS AO DIREITO DE RENUNCIAR

b) Anuência do cônjuge: se o renunciante for casado, exceto se o regime de bens for o da separação total (art. 1.647, I, CC), porque o direito à sucessão aberta, é considerado um bem imóvel (art. 80, II, CC).

OBS: Tem-se decidido que a ausência da outorga marital apenas torna o ato anulável, pois passível de ratificação.

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RESTRIÇÕES LEGAIS AO DIREITO DE RENUNCIAR

• Tem-se exigido a outorga marital também no caso de união estável com o regime de contrato de convivência não for nem o da separação total e nem o da participação final dos aquestros.

• Se o cônjuge discordar da renúncia e recusar-se a dar sua anuência por motivo injusto, poderá o juiz suprir a outorga denegada.

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RESTRIÇÕES LEGAIS AO DIREITO DE RENUNCIAR

c) Que não prejudique credores – já analisado anteriormente.

OBS: existe previsão na lei de falência e recuperação de empresas, sobre a possibilidade de credores aceitarem a herança renunciada.

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EFEITOS DA RENÚNCIA

• Exclusão, da sucessão, do herdeiro renunciante – é como se nunca tivesse existido, se porém renuncia in favorem, em benefício de outrem, já não há renúncia, senão cessão de herança. (arts. 1.784 c/c art. 1.804, parágrafo único)

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EFEITOS DA RENÚNCIA

b) Acréscimo da parte do renunciante à dos outros herdeiros da mesma classe;

Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente.

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EFEITOS DA RENÚNCIA

c) Proibição da sucessão por direito de representação

Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça.

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INEFICÁCIA E INVALIDADE DA RENÚNCIA

• A ineficácia ocorre pela suspensão temporária dos seus efeitos pelo juiz, a pedido dos credores prejudicados, que não precisam ajuizar ação revocatória, nem anulatória, a fim de se pagarem, nos termos do art. 1.813, CC.

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INEFICÁCIA E INVALIDADE DA RENÚNCIA

• Invalidade:

b)Absoluta: se não houver sido feita por escritura pública ou termo judicial, ou quando manifestada por pessoa absolutamente incapaz, não representada, e sem autorização judicial;

c)Relativa: quando proveniente de erro, dolo ou coação, ou quando realizada sem anuência do cônjuge.