CAPITULO II, Celi[1]

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Adriana Aluchna Melgarejo Jacira Rodrigues de Souza

LUDICIDADE: RESPEITO AO DIREITO DA CRIANA

Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul UEMS

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Campo Grande, agosto de 2008 Adriana Aluchna Melgarejo Jacira Rodrigues de Souza

LUDICIDADE: RESPEITO AO DIREITO DA CRIANA

Capitulo II apresentado Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul UEMS, como requisito parcial para a obteno de avaliao, em cumprimento s normas do curso de graduao do Normal Superior, sob a orientao da professora Celi Corra Neres.

Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul UEMS

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Campo Grande, agosto de 2008

SUMRIO

PG

1. Introduo_______________________________________________________________4 2. Ludicidade e a Criana_____________________________________________________4 3. Entrevista ______________________________________________________________5-8 3.1 Observao e Anlise das Respostas__________________________________________11 4. 5. 6. 7. Analise e Observao em Sala de Bibliografia___________________________________________________________ Anexos Anexo Aula_____________________________________10-12 ___13 I______________________________________________________________14-16 II______________________________________________________________14-28

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1. INTRODUO O presente estgio tem como objetivo contribuir com as pesquisas que esto sendo realizadas sobre os direitos das crianas e o aprendizado adequado nesta idade, o intuito da nossa observao verificar como a atividade ldica est sendo desenvolvida com crianas de cinco anos de idade, que esto no 1 ano do Ensino Fundamental, veremos como esse trabalho esta sendo realizado com as mudanas no Ensino de 9 anos. O estgio foi realizado na Escola Estadual Clia Maria Nagles, situada no Bairro Moreninha III, a observao foi feita com 26 alunos da professora Cidinha, sendo que 01 aluna tem necessidades educacionais especial (NEE), o perodo de realizao do Estgio do dia 27 de agosto a 5 de setembro de 2008.

2. LUDICIDADE E A CRIANAA ludicidade apareceu na histria da criana desde a idade da pr-histria, as crianas utilizavam como brinquedo ossos de animais, j na poca Medieval as crianas brincavam com espadas em miniatura e bonecas. A ludicidade tem seus indcios em todas as fases da histria da humanidade, e em todas essas fases a atividade ldica era uma forma do mais novo aprender com o mais velho. Antes de a criana ser valorizada na idade mdia se praticavam atos ilcitos que hoje chamamos de pedofilia (jogos sexuais com adultos), contudo para a poca era uma atitude normal e honrosa para os pais das crianas por verem seus filhos participarem das brincadeiras junto aos nobres, as crianas eram vistas como um adulto em miniatura. As mes tambm no tinham o hbito de amamentar os seus filhos, porque a vida era muito difcil, geralmente elas entravam em trabalho de parto num dia e no outro voltava a trabalhar, por isso enviava os filhos as amas de leite, nessa poca a taxa de infanticdio era alta, por esse motivo e o outro era por o beb no tem mobilirios prprios, os pais dormiam

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com os filhos e acabavam por sufoc-los, muitas vezes sem querer e outras para se livrar do fardo pesado, o filho. Um acontecimento importante para a criana foi o descobrimento da microbiologia em 1870, esse avano chegou a creche no sentido da esterilizao das mamadeiras, aumentando a sobrevivncia da criana, viabilizando a amamentao artificial o que facilitou a difuso da creche e o segundo foi o surgimento da pediatria em 1872, antes disso como a criana no falava, geralmente vinha a bito, A criana somente foi valorizada a partir da Idade Mdia com a transio de Produo Feudal para o Capitalismo, houve o aparecimento da industrializao, o capitalismo demandou mais mo-de-obra, ento era necessrio fazer a criana chegar idade adulta, se via nela um prottipo de operrio, foi quando surgiram as primeiras creches no sentido de cuid-las para que seus pais pudessem trabalhar. Antes da Idade Mdia a criana no tinha um vesturio prprio, suas vestimentas eram cpias das roupas de seus pais, j na Idade Conteporrnea a viso de criana mudou, no somente nas vestimentas, mais existe a preocupao quanto educao, no seu psicolgico, e em todos os seus aspectos, quando nos reportamos ao passado, parece que tudo aquilo foi um pesadelo.

3. Entrevista realizada com professores do 1 ano do Ensino

Fundamental

OBSERVAO E ANLISE DAS RESPOSTAS1. O que voc acha da implantao do 1 ano, no Ensino Fundamental de 9 anos?

20%

Muito bom, os alunos ganharam mais tiveram mais tempo para serem alfabetizadas Acho que no mudou muita coisa 80%

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Respostas: 20% acham que os alunos ganharam mais tempo para aprender; 80% a princpio acham que no mudou muita coisa, mesmo porque o que foi feito foi mudana da capa da cartilha que antes era usada com crianas de 7 anos e agora usam a mesma cartilha para as crianas de 5 anos. Sobre o Manual Didtico ALVES (2005,p.144) enfatiza que o Manual foi criado na Idade Medieval, quando os livros ainda eram restritos, com cpias aligeiradas e mal digeridas que campeiam, inclusive, no dito mundo da cincia. 2. Os alunos na faixa etria de 5 anos esto se adaptando bem? H algum diferencial de adaptao que voc considera significativo em comparao com os alunos da faixa etria de 6 anos?A m io sim o a ria , p b m s ro le a o a u le q e n o qe s u te m a mahmn co p n a e to e ca m sa N o te d re a m ife n 6% 0 2% 0

2% 0

F lta m tu a e a a rid d

Respostas: 60% acham que falta maturidade; 20% acreditam que no tem diferena na adaptao e; 20% disseram que a dificuldade est na falta de acompanhamento em casa.

3. A implantao do ensino fundamental de 9 anos trouxe mudanas na sua atuao com as crianas da sua sala?Agora temos que Educar brincando e aprendendo, antes davamos mais atividades No 40% 40%

20% Sim. Porque os alunos so mais imaturos, temos que usar mais o ldico

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Respostas: 40% acham que os alunos so imaturos; 40% dizem que antes tinham que dar mais atividades e agora precisam dar mais brincadeiras; 20% acham que no mudou em nada.

4. Em sua opinio, a atividade ldica ajuda no processo de ensino e aprendizagem? De que forma?

Ajuda, pois eles esto na idade de brincar e brincando se aprende muito 100%

Respostas: 100% acham os alunos esto na idade de brincar. na brincadeira que a criana se comporta alm do comportamento habitual de sua idade, alm de seu comportamento dirio. A criana vivncia uma experincia no brinquedo como se ela fosse maior do que a realidade, o brinquedo fornece estrutura bsica para mudanas das necessidades e da conscincia da criana VYGOTSKY (1992, p.117).

5. Voc utiliza a atividade ldica na sua sala de aula? Quantas vezes por semana?

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Sim, com frequncia 20% Sim, depende do contedo da semana Sim, de 3 a 4 vezes por semana

20%

60%

Respostas: Voc utiliza a atividade ldica na sua sala de aula? Quantas vezes por semana? 60% com freqncia, 20% depende da atividade e 20% de 2 a 3 vezes por semana. Para Winnicott (1975), o desenvolvimento intelectual, cognitivo, e social dependem essencialmente da relao da criana com o objeto transacional, que o ponto culminante do bom desenvolvimento do indivduo e a partir deste: a brincadeira de imitar a (me, irmos, o pai, professor...), sendo estas tambm lembranas de como os adultos o tratavam e tratam. O brincar contribui para o crescimento e a sade, conduzindo aos relacionamentos grupais e pode ser uma forma de comunicao na psicoterapia. Winnicott estudou com afinco o brincar na infncia, e interpretou este ato como uma liquidao de conflitos, e tambm como forma de comunicao.

6. Quais atividades ldicas voc desenvolve com os alunos e quais materiais so utilizados?brincadeiras jogos cantigas historinhas 6% 6% 6% 6% 6% 6% 6% 6% 14% 20% quadrinhas parlenda lendas 6% 6% 6% contos quebra-cabea caa-palavras bingo teatro poesia

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Respostas: No responderam quais os materiais utilizados, porm as atividades desenvolvidas com os alunos so variadas.

7. Quais atividades os alunos gostam mais?

Historinhas 13% 13% 13% 24% 37% Quebra-cabea Domin do nome com figura Bingo com alfabeto Jogos

Respostas: Quais atividades os alunos gostam mais? A maioria gosta de ouvir historias e outros gostam de brincadeiras variadas.

8. Tem facilidade para desenvolver a atividade ldica?

20%

Sim Alguns alunos sim, outros no Preciso de mais idias

20%

60%

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Respostas: 60% responderam sim; 20% responderam que algum aluno tem facilidade em fazer a atividade ldica e outros no; 20% dos professores precisam de mais idias para desenvolver a atividade ldica. 9. O desempenho obtido o esperado?

20%

Nem sempre, as vezes preciso retomar para alcanar objetivos Razoavelmente gostaria de ter mais jogos (diversidade maior) Sim

20%

60%

Respostas: 60% disseram que nem sempre, s vezes temos que retomar para alcanar os objetivos. 20% responderam que gostariam de mais jogos. FALTA DE EXPERINCIA 20% escreveram que sim.

4. ANALISE E OBSERVAO EM SALA DE AULANa observao em sala de aula, verificamos que a professora est cumprindo uma meta estipulada pelo Governo do Estado, de acordo com o Plano de Aula, cpia apresentada no final. Verificamos que os alunos fazem atividades ldicas como caa-palavra, palavracruzada, porm a maior parte do tempo os alunos copiam da lousa, assim como ns copiamos ao observar, o que sentimos foi cansao, muitos alunos ficam perdidos, sem entender as letras, alguns escrevem bem: os de 6 anos de idade, os de 5 anos sentem muita dificuldade, a falta de maturidade ficou muito evidenciada ao observarmos que alguns alunos se distraem muito, so crianas, elas querem correr, brincar, querem sair da sala o tempo todo.

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A professora extremamente carinhosa e paciente, porm encontra algumas dificuldades em sala de aula, muitos no acompanham a matria na lousa e ela tem sempre que estar retomando o contedo, e muitas vezes passa para outro contedo sem o aluno entender, por que ela tem que cumprir as metas.Sabe-se ainda que os estmulos oferecidos pelo meio ambiente so fundamentais para que a aprendizagem ocorra, no entanto preciso dosar, estimular demais pode desgastar e desmotivar as crianas, causando at mesmo rebeldia, como diz a psicopedagoga Slvia Amaral de Mello Pinto, (veja 19-04-2000). preciso tomar cuidado para no transformar a criana numa cobaia de laboratrio .

5. MUDANA DO ENSINO DE 9 ANOSNas bases legais, a Constituio Federal no art. 208 inciso IV estabelece o atendimento em creche e pr-escola s crianas de zero a seis anos. O que mudou com a Lei n. 11.114 foi que a mesma tornou obrigatria escolaridade a partir dos seis anos ltima etapa da educao infantil, que foi inserida no 1 ano do Ensino Fundamental. Em Campo Grande/MS, foi aprovada a Deliberao do Conselho Municipal de Educao - CME/MS N. 685, que altera os dispositivos das deliberaes CME/MS N. 559/2006, 596/2006, 620/2007 e 627/2007, que dispem sobre a ampliao do Ensino Fundamental para nove anos no sistema Municipal de Ensino, onde no Art. 2 foi alterado a redao II, "A criana que completar seis anos at dezembro, poder ser matriculada no 1 ano do Ensino Fundamental", o que significa que a criana com 5 anos completos at o dia da data da matricula poder ser inserida no 1 ano do Ensino Fundamental. Conforme preconiza a LDB Art.29 e 30 A educao infantil, primeira etapa da educao bsica tem como finalidade o desenvolvimento integral da criana at seis anos de idade, em seus aspectos fsico, psicolgico, intelectual e social... a educao infantil ser oferecida em creches, ou entidades equivalentes, para crianas de at trs anos de idade; pr-escolas, para crianas de quatro a seis anos de idade. A mudana do Ensino de 9 anos em Campo Grande MS foi ocasionada por um processo oriundo de um pai que queria inserir seu filho de 5 (cinco) anos de idade no

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Ensino Fundamental, porm a Constituio Federal estabelece que a criana freqente o Ensino Fundamental a partir de 6 (seis) anos de idade. Vale lembrar que quem julgou o processo foi um juiz e o governo aderiu ao processo, porm sem escutar os estudiosos sobre o assunto e os psiclogos no puderam se posicionar sobre a maturidade da criana. Em paises que a criana vai para o Ensino Fundamental com 5 anos de idade, como Portugal, por exemplo, necessrio que um psiclogo d o seu parecer a respeito da maturidade da criana. O que est acontecendo aqui um desrespeito total a criana, esperamos que os interessados em preservar a criana se manifeste que tenha coragem de se opor as leis do colonialismo.[...] Brincar com a criana no perder tempo, ganh-lo; se triste ver menino sem escola, mais triste ainda v-los sentados, tolidos e enfileirados em uma sala de aula sem ar, com atividades mecanizadas, exerccios estreis, sem valor para a formao de homens crticos e transformadores de uma sociedade. (CARLOS DRUMOND DE ANDRADE)

CONSIDERAES FINAIS Quanto s crianas de cinco anos que esto na Educao Infantil e no Ensino Fundamental, podemos afirmar que h uma dicotomia e um distanciamento entre os dois ensinos, na Educao Infantil o desenvolvimento da criana baseado no brincar, e no Ensino Fundamental a sua base a alfabetizao, h uma fuga do ldico e a maturao da criana no considerada e talvez desconhecida por governantes e autoridades do Estado de Mato Grosso do Sul. Para Fonseca (1995, p.1), a criana com dificuldade de aprendizagem no deve ser classificada como deficiente. Trata-se de uma criana normal que aprende de uma forma diferente, a qual apresenta uma discrepncia entre o potencial atual e o potencial esperado. No pertence a nenhuma categoria de deficincia, no sendo sequer uma deficincia mental, pois possui um potencial cognitivo que no realizado em termos de aproveitamento

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educacional. O risco est em no se detectar esses casos, no se proporcionando no momento propcio s intervenes pedaggicas preventivas nos perodos de maturao mais plsticos. Se no se detectarem esses casos, a escola com o seu critrio seletivo de rendimento pode influenciar e reforar a inadaptao, culminando, muitas vezes, mais tarde, no atraso mental, na delinqncia ou em sociopatias. Na mesma linha de raciocnio, Soares (2005, p.2) refere que, exigir de todos os alunos a mesma atuao, um caminho improdutivo; cada um diferente, com o seu prprio tempo lgico e psicolgico, e cada um tem uma maneira especfica de lidar com o conhecimento. Respeitar essa veia, este ritmo para o ato de aprender preservar o crebro de uma possvel sobrecarga que contribuiria para uma desintegrao total do processo ensino- aprendizagem. Os professores foram pegos de surpresa, e os que antes davam aulas para crianas de sete anos, agora tm que desenvolver esse trabalho com as crianas de cinco anos, o que faltou foi planejamento, treinamento e experincia tanto dos professores quanto de quem autorizou a freqncia das crianas de cinco anos no Ensino Fundamental. Sabe-se historicamente que o desenvolvimento global da criana acontece por meio do ldico, ela precisa brincar e jogar para se desenvolver de maneira sadia e equilibrada em relao ao mundo. O jogo na escola, portanto por aquisio de hbitos, valores e atitudes, desempenha um papel fundamental na humanizao do indivduo. na relao interpessoal que se aprende a colaborar, repartir, ceder, compartilhar experincias, expor e organizar idias, o jogo contribui significamente no processo ensino-aprendizagem e faz uma ponte entre a infncia e a idade adulta, com o intuito de favorecer na criana, o domnio de si mesma, a criatividade e a afirmao da personalidade. uma atividade prazerosa, porm torna-se sria no sentido da aprendizagem.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

PINTO, Silvia. Pgina que discute a maturidade e aprendizagem de crianas e adolescentes na escola Acesso em 20 de outubro de 2008-as 09h13min. SOARES, D. C. R. O Crebro X Aprendizagem. 2005. http://www.profala.com/arttf103.htm>. Acessado em: 20 out. 2008. Disponvel em