30
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA “ELISEU MACIEL” DEPARTAMENTO DE FITOSSANIDADE DISCIPLINA DE FITOPATOLOGIA CARACTERÍSTICAS GERAIS DE FUNGOS FITOPATOGÊNICOS NLG. INTRODUÇÃO: Fungos são organismos unicelulares ou filamentosos sem capacidade de realizar fotossíntese (são heterotróficos, necessitam para a sua nutrição carbono orgânico), e que se nutrem por absorção através da parede celular. Possuem núcleo eucariótico (membrana nuclear, envolvendo material genético da célula, característica que os distinguem de bactérias) e podem apresentar ciclos haplóides, diplóides, dicarióticos e poliplóides. A energia armazenada é na forma de glicogênio. Os fungos verdadeiros apresentam estruturas somáticas revestidas de parede celular, nunca formam plasmódio ou pseudoplasmódio, nem se locomovem. Os fungos conhecidos por mixomicetos, apresentam estruturas somáticas desprovidas de parede celular, apresentam células amebóides, podendo formar plasmódio ou pseudoplasmódio. O plasmódio é caracterizado por uma formação de massa multinucleada de citoplasma acelular que se move e se alimenta de forma amebóide. Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel.

Caracteristicas de Fungos

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Caracteristicas de Fungos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASFACULDADE DE AGRONOMIA “ELISEU MACIEL”DEPARTAMENTO DE FITOSSANIDADEDISCIPLINA DE FITOPATOLOGIA

CARACTERÍSTICAS GERAIS DE FUNGOS FITOPATOGÊNICOS

NLG.

INTRODUÇÃO:

Fungos são organismos unicelulares ou filamentosos sem capacidade de

realizar fotossíntese (são heterotróficos, necessitam para a sua nutrição carbono

orgânico), e que se nutrem por absorção através da parede celular. Possuem núcleo

eucariótico (membrana nuclear, envolvendo material genético da célula, característica

que os distinguem de bactérias) e podem apresentar ciclos haplóides, diplóides,

dicarióticos e poliplóides. A energia armazenada é na forma de glicogênio.

Os fungos verdadeiros apresentam estruturas somáticas revestidas de parede

celular, nunca formam plasmódio ou pseudoplasmódio, nem se locomovem.

Os fungos conhecidos por mixomicetos, apresentam estruturas somáticas

desprovidas de parede celular, apresentam células amebóides, podendo formar

plasmódio ou pseudoplasmódio. O plasmódio é caracterizado por uma formação de

massa multinucleada de citoplasma acelular que se move e se alimenta de forma

amebóide.

Os mixomicetos não são normalmente organismos fitopatogênicos, uma vez que

se desenvolvem apenas na superfície de resíduos vegetais (fragmentos de caule e folhas

mortas caídas no solo), em ambientes úmidos, engolfando bactérias e outros

microrganismos através de seu talo, o plasmódio.

Este grupo inclui organismos tipicamente fitopatogênicos, parasitas obrigados,

envolvendo três gêneros de importância econômica: Plasmodiophora (hérnia das

crucíferas), Polymyxa (doenças de raiz em gramíneas e cereais) e Spongospora (sarna

pulverulenta da batata). Os dois últimos gêneros são também importantes por serem

agentes transmissores de vírus fitopatogênicos.

Como exemplo ilustrativo deste grupo, tem-se Plasmodiophora brassicae, agente

causal da hérnia das crucíferas. Esta doença é muito comum em todo o mundo,

afetando plantas como o repolho e a couve-flor, cujas raízes infectadas pelo patógeno

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel.

Page 2: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

tornam-se malformadas e hipertrofiadas.

Os fungos são encontrados em todos os habitats (água, solo, ar, planta, animais)

e em grandes quantidades. Atuam como saprófitas, simbiontes, parasitas ou

hiperparasitas. Das 100.000 espécies conhecidas de fungos a grande maioria é

constituída por saprófitas que atuam na decomposição de matéria orgânica. 50 espécies

de fungos produzem doenças no homem e quase o mesmo número em animais. Mais de

8000 espécies produzem doenças em vegetais. Todas as plantas são atacadas por algum

tipo de fungo, e cada um dos fungos parasita ataca uma ou mais tipos de plantas. Alguns

fungos crescem e se reproduzem somente quando estabelecem uma certa associação

com as plantas que lhes servem de hospedeiro durante todo o seu ciclo de vida

(parasitas obrigados), outros requerem a planta hospedeira apenas durante certa etapa

de seu ciclo de vida (parasitas não obrigados). Outras espécies são consideradas

benéficas, por atuarem como simbiontes, hiperparasitas ou antagonistas, produtores de

substâncias orgânicas utilizadas na indústria e farmacêutica e até mesmo por servirem

diretamente como alimentos.

1. MORFOLOGIA

Normalmente as estruturas fúngicas são divididas, para fins de estudo em

duas partes: Sistema vegetativo, composto por estruturas envolvidas no

desenvolvimento e na absorção de alimentos, e o sistema reprodutivo, composto por

estruturas que tem a função específica de reprodução.

SISTEMA VEGETATIVO: O talo somático típico dos fungos é um conjunto de

filamentos que se espalham pelo substrato. Cada um desses filamentos é chamado hifa

(Fig. 1). As hifas são constituídas por uma parede celular tubular de crescimento

contínuo, contendo protoplasma, ou seja citoplasma e núcleos. O protoplasma em

alguns fungos é interrompido a intervalos regulares por uma parede transversal,

denominado septo (Fig. 2). Em muitos fungos septados, existe um poro no septo,

permitindo a conexão entre protoplasmas diferentes e até a passagem dos núcleos.

Nos Straminipila e fungos cenocíticos, o protoplasma é contínuo em todo o sistema

vegetativo (Fig. 3).

O conjunto de hifas de um fungo constituí o micélio (Fig. 4).

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 3

Page 3: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

hifa

Figura 1. Poro Parede celular Núcleo

Figura 2

Figura 3. Micélio cenocítico Figura 4. Micélio septado

Em algumas espécies de fungos, ocorrem modificações no micélio que

apresentam funções específicas. Em alguns casos, o micélio forma enovelado mais ou

menos compacto, semelhante a tecidos, que são denominados pletênquimas. As

formações pletenquimatosas tomam nomes diferentes segundo o aspecto que

apresentam as hifas. Se as hifas, depois de soldadas, ainda conservam a sua

individualidade, isto é, o aspecto filamentoso emaranhado, esta formação se denomina

prosopletênquima ou prosênquima (Fig. 5). Se elas perderem sua individualidade, ou

melhor, mostram-se unidas um ás outras de tal forma que se assemelham ao parênquima

dos vegetais superiores, esta formação denomina-se parapletênquima ou

pseudoparênquima (Fig. 6).

Figura 5. Prosênquima

Figura 6. Pseudoparênquima

DIFERENCIAÇÃO DAS HIFAS:

Anastomose: União de hifas. No ponto de união a parede celular desaparece e as hifas

se comunicam.

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 4

Page 4: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

Ansas ou grampos de conecção - são alterações do sistema de septação encontradas

principalmente em certos estágios dos ascomicetos e no sistema hifálico de vários

basidiomicetos superiores. Estão, geralmente, associadas a um mecanismo de garantia para a

manutenção do estado dicariótico.

As principais modificações de hifas e micélio encontradas no sistema vegetativo

de alguns fungos são descritas a seguir e classificadas de acordo com suas funções:

a) FUNÇÃO DE ABSORÇÃO DE NUTRIENTES:

MICÉLIO: Todas as hifas têm capacidade de absorver nutrientes do meio,

diretamente através de suas paredes.

HAUSTÓRIO: Alguns fungos cujo micélio desenvolve-se entre as células do

hospedeiro, apresentam modificações em forma esférica, alongada ou digitada, que se

localizam dentro da célula do hospedeiro sem, entretanto romper sua membrana

citoplasmática (Fig. 7). A célula hospedeira permanece viva, e os fungos retiram

nutrientes através da membrana celular da planta e da parede da hifa.

Figura 7. Formas de haustórios.

RIZOMORFO: Filamento constituído por hifas vegetativas, que perderam sua

individualidade , e que se comporta como unidade orgânica, as vezes recobertas por um

cortex, formando uma estrutura semelhante a uma raiz de vegetal (Fig.8).

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 5

Page 5: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

Figura 8. Rizomorfas

RIZÓIDES: Pequenos filamentos, semelhantes a radicelas, encontradas nas hifas dos

fungos (Fig. 9).

Figura 9

Figura 9. rizóides

b) FUNÇÃO DE RESISTÊNCIA (Sobrevivência).

MICÉLIO: O micélio muitas vezes atua como estrutura de sobrevivência durante

períodos adversos, ou na ausência do hospedeiro especialmente quando no interior de

sementes, restos de cultura ou quando sobrevive saprofíticamente no solo.

ESCLERÓCIOS: Estrutura compacta, resistente, formada por uma massa de hifas

compactas, pseudoparenquimatosas, pode permanecer latente por longos períodos e

germinar em condições favoráveis, ou quando estimulado pela presença de hospedeiro,

germina produzindo micélio (Fig. 10). Exemplo: Clavipceps purpurea

Figura 10

ESTROMA: Estrutura somática compacta semelhante a esclerócios, formada por hifas

entrelaçadas, na qual se forma algum tipo de frutificação. Exemplo: Xylaria. (Fig. 11).

Figura 11

CLAMIDOSPORO: Estrutura de resistência formada

pelo espessamento da parede das células vegetativas de hifas ou de células de conídios

(Fig. 12).

Figura 12

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 6

Page 6: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

c) FUNÇÃO DE PENETRAÇÃO NO HOSPEDEIRO

MICÉLIO: Em muitos casos o micélio de fungos fitopatogênicos penetra

diretamente a cutícula do hospedeiro ou, utiliza-se de aberturas naturais como

estômatos, hidatódios, nectartódios, lenticelas ou de ferimentos causados por insetos,

nematóides, ferramentas, etc.

APRESSÓRIO: Modificações a extremidade da hifa de certos, fungos que se

apresenta como um corpo globoso, achatado, firmemente aderido a superfície do

hospedeiro e, do qual projeta-se um pino de penetração que rompe a cutícula do

hospedeiro. Acredita-se que o rompimento da cutícula ocorre principalmente por ação

de enzimas produzidas pelo fungo no local de penetração (Fig. 13).

pino de penetração

Figura 13

SISTEMA REPRODUTIVO: Com exceção de um pequeno grupo de fungos,

agrupados em Mycelia Sterilia (micélio estéril), todos os fungos apresentam estruturas

reprodutivas, ou seja estruturas com a finalidade precípua de produzir esporos, que são

as unidades propagativas dos fungos. Os esporos não possuem embrião sendo

constituído apenas de uma ou de poucas células, e em muitos casos apresentam

dormência, capacidade de resistir a condições adversas e características físicas que

facilitam o transporte por ventos, chuvas, etc. Os esporos de fungos podem portanto ter

as seguintes funções:

a) MULTIPLICAÇÃO: Esporos são normalmente produzidos em grandes números.

Um indivíduo pode produzir, em poucos dias, milhares de esporos que darão origem a

milhares de indivíduos idênticos ou originais.

b) DISPERSÃO: Muitos esporos são especialmente adaptados aos diferentes meios de

dispersão. Uma adequada relação entre peso e volume, aliada a parede espessa resistente

a dessecação faz com que os esporos de alguns fungos possam ser transportados,

viáveis, por ventos, até mesmo entre continentes. Alguns fungos apresentam esporos

chamados zoósporos, dotados de flagelos, que lhes permite movimento próprio,

geralmente dirigido ás raízes do hospedeiro por atração química de exsudatos. Alguns

grupos de fungos liberam violentamente seus esporos (balitospororos) jogando-os a

alguns centímetros de altura, facilitando o seu transporte por ventos.

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 7

Page 7: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

c) SOBREVIVÊNCIA: A maioria dos esporos apresenta capacidade de resistir á

condições adversas de umidade e temperatura, podendo permanecer dormente enquanto

perdurarem ás condições adversas ou a ausência de hospedeiro.

A reprodução em fungos pode realizar-se por três processos: multiplicação

vegetativa, reprodução assexual e reprodução sexual.

1) MULTIPLICAÇÃO VEGETATIVA: São utilizadas células vegetativas ordinárias,

sem prévia diferenciação, como acontece na reprodução sexual ou assexual por esporos.

Esta pode ser por:

FRAGMENTAÇÃO DA HIFA: Cada fragmento transformando-se

em novo indivíduo.

CISSIPARIDADE: As células alongam-se e quando atingem um

certo desenvolvimento, aparece um septo transversal que as divide em duas células

filhas, de tamanho aproximadamente igual (Fig. 14).

Figura 14 –

Cissiparidade

BROTAÇÃO OU GEMAÇÃO: As células de brotação são formadas

como pequenas protuberâncias laterais da célula-mãe, que crescem e desta separam-se

pela constrição da membrana da célula no plano de origem (Fig. 15).

Figura

15 – Fases da divisão por brotação em Saccaharomyces cerevisiae

Paralelamente ao aparecimento do broto ou gema, o micélio da célula-mãe

divide-se em dois (amitose: divisão nuclear seguida ou não de divisão celular, sem que

haja formação do fuso celular e do processo mitótico) e um deles emigra para o broto ou

gema, enquanto que o outro permanece naquela. E, assim origina-se uma célula-filha de

tamanho menor que a célula-mãe, e que cresce rapidamente, até alcançar o tamanho

desta.

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 8

Page 8: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

2) REPRODUÇÃO ASSEXUADA: Realizada através de esporos mitóticos (divisão

celular na qual cada célula-filha recebe o mesmo número de cromossomos da célula-

mãe). Este processo é comumente encontrado em formas imperfeitas. Neste os esporos

se formam endogenamente.

3) REPRODUÇÃO SEXUAL: É precedida de uma fusão de núcleos, formando um

“zigoto”, diplóide que então sofre uma divisão meiótica (Fig.16).

n

FIGURA 16

Em alguns fungos os homotálicos, núcleos idênticos, do mesmo talo, podem se

fundir, dando início ao processo sexual. Em outros chamados heterotálicos, a

cariogamia somente ocorre entre talos compatíveis. Assim, em fungos homotálicos

esporos sexuados podem ocorrer em uma colônia iniciada por uma única célula

uninucleada. Em fungos heterotálicos, esporos sexuados somente podem ser formados

se dois indivíduos compatíveis (um casal) estiverem presentes na mesma colônia.

A plasmogamia pode ocorrer dos seguintes modos: Copulação planogamética

(isoplanogamia, anisoplanogamia, oogâmica), gametâgiogamia, copulação de

gametângios,espermatização e somatogamia. (Fig.17).

a) ISOPLANOGAMIA: Fusão de gametas morfologicamente idênticos e móveis.

Gameta 2 Gameta 1

Figura 17-a

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 9

Page 9: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

2) ANISOPLANOGAMIA: Fusão de gametas móveis mas, morfologicamente

diferentes.

Gameta 1

Gameta 2

Figura 17-b

3) OOGAMIA: Fusão entre gameta masculino móvel (anterídio) e

feminino imóvel (Oogônio).

Anterídio Oogônio

Figura 17-c 4) GAMETANGIOGAMIA: Fusão entre hifas diferenciadas em gametângios.

Gametângio masculino Gametângio feminino

Figura 17-d

Os esporos de fungos apresentam diferentes tamanhos, formas e cores de acordo

com a espécie. Constituem importantes caracteres, utilizado na identificação dos

gêneros e espécies. Saccardo em fins do século passado, idealizou uma classificação de

esporos baseada no formato, septação e coloração, que até o presente tem se mostrado

bastante útil na identificação de espécies, especialmente de formas assexuadas (Fig.

18.a e 18.b).

CLASSIFICAÇÃO ESPOROLÓGICA DE SACCARDO

Figura 18.b - A, Esporo Liso. B Verrugoso. C, Crestado. D, Reticulado. E,F, Ciliados. G, Equinulado. H, Papilado. I, Caudato.

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 10

Page 10: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

Figura 18.a - A, Esporo Liso. B Verrugoso. C, Crestado. D, Reticulado. E,F, Ciliados. G, Equinulado. H, Papilado. I, Caudato.

CLASSIFICAÇÃO DE SACCARDOHIALINOS ESCUROS HIALINOS OU

ESCUROS

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 11

Page 11: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

Esporos contínuos globosos, ovais, elípticos ou redondos.AMEROSPOROS

HIALOSPOROS

FEOSPOROS

Esporos com um septo transversal globoso, ovais ou elípticos.DIDIMÓSPOROS

HIALODÍDIMOS

FEODÍDIMOS

Esporos com X-septos transversais globosos, ovais ou elípticos.FRAGMÓSPOROS

HIALOFRAGMOS FEOFRAGMOS

Esporos com X-septos transversais e longitudinais globosos, ovais ou elípticosDICTIÓSPOROS

HIALODICTOS

FEODICTOS

Esporos contínuos curvos em forma de salsicha.ALANTÓSPOROS

Esporos filiformes septados ou não.ESCOLECÓSPOROS

Esporos em forma de espiral ou hélice.HELICÓSPOROS

Esporos em forma de estrela.ESTAURÓSPOROS

Os esporos são produzidos em estruturas denominadas esporóforos. De

acordo com a espécie do fungo, os esporóforos podem ir desde estruturas simples até

muito complexas (de uma simples hifa até estruturas multicelulares). Os esporos podem

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 12

Page 12: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

ser produzidos externamente em relação ao conidióforo ou no interior de células

especiais do mesmo.

TIPOS DE ESPORÓFOROS

Tipo de esporóforo Tipo de esporo

Conidióforo Conídio

Sinêmio Conídio

Externo Esporodóquio Conídio

Acérvulo Conídio

Picnídio Conídio

Esporos Assexuais

Esporangióforo Esporangiosporo

Interno

Zoosporangióforo Zoosporos

Oogônio Oosporo

Externo Zigósporo Zigosporo

Basídia Basidiosporo

Esporos sexuais

Ascas nuas Ascocarpo

Cleistotécio Ascosporo

Interno Peritécios Ascosporo

Ascostroma Ascosporo

Apotécio Ascosporo

2. CICLO DE VIDA

Os fungos podem reproduzir-se portanto, de forma vegetativa, forma

sexuada e ou assexuada, apresentando diferente morfologia em cada fase. Assim,

encontram-se espécies com ciclo vital composto por várias fases, cada uma

morfológicamente distinta, como Puccinia graminis f. sp. tritici, agente da ferrugem do

colmo do trigo (Fig I), ou fungos com uma fase sexuada e outra assexuada, como

Erysiphe graminis (Fig II), agente das cinzas dos cereais, ou fungos que se reproduzem

apenas sexuadamente, como Septoria glycines (Fig III), agente da septoriose da soja,

cuja fase sexuada até o presente nunca foi observadas e fungos que se reproduzem

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 13

Page 13: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

apenas sexuadamente, como Armillaria mellea (Fig IV), agente de podridões em

árvores.

Um grande número de fungos fitopatogênicos ocorre sobre os hospedeiros

apenas na forma assexuada. Assim, alem da taxonomia baseada nas características da

forma perfeita (fase sexuada) que é correta e deveria ser preferencialmente usada, faz-se

necessária uma taxonomia baseada nas características da fase assexuada, que permita

identificar e caracterizar espécies de fungos que se apresentam na fase imperfeita

(assexuada). As formas imperfeitas foram artificialmente agrupadas em classes ordens,

famílias, gêneros e espécies na classe-forma Deuteromycetes (atualmente fungos

mitospóricos). Por isso, um mesmo indivíduo (espécie de fungo), pertence a um gênero

e uma espécie durante uma fase de sua vida e a outro gênero e espécie, na outra fase de

seu ciclo.

Ciclo de Vida

Figura I - Ciclo de vida de Puccinia graminis tritici ( Ferrugem do colmo do trigo).

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 14

Page 14: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

Figura II - Ciclo de vida de Oidium sobre pessegueiro causado por Sphaerotheca panosa.

Figura III. Ciclo de vida de Septoria glycines.

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 15

Page 15: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

Figura IV - Ciclo de vida de Armillaria mellea.

TAXONOMIA DE FUNGOS.

Modernamente os fungos foram colocados dentro de três reinos:

CARACTERÍSTICA STRAMINIPILA FUNGI PROTOZOA

Nutrição Heterotrófico (sintético

ou absortivo)

Heterotrófico (absortivo

ou osmotrófico

Heterotrófico (fagotrófico

ou autotrófico) –

fotossintético

Parede Celular Celulose frequente

Quitina e glucanos

Quitina e glucanos Ausente ou composição

variada quando presente

*Fungos Incluídos Oomycota Ascomycota

Basydiomycota

Chytridiomycota

Zygomycota

Plasmodiophoromycota

* Incluídos apenas os fungos fitopatogênicos

Cada uma das categorias taxonômicas reconhecidas de fungos, de divisão até

família, apresenta um sufixo característico. Gêneros e espécies não apresentam

terminação determinada.

REINO: ......................FUNGI STRAMINIPILA PROTOZOA

DIVISÃO: ..................MYCOTA

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 16

Page 16: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

SUBDIVISÃO: ..........MYCOTINA

CLASSE: ...................MYCETES

SUBCLASSE: ...........MYCETIDAE

ORDEM: ...................ALES

FAMÍLIA: .................ACEAE

GÊNERO: .................

ESPÉCIE: ..................

Na taxonomia de fungos os caracteres mais usados para classificação são os

seguintes:

a) MORFOLOGIA: A principal característica usada, especialmente com relação aos

esporos e esporóforos.

b) DESENVOLVIMENTO: A maneira como os esporos são produzidos (brotação,

fracionamento de hifas, etc.) ou que os corpos frutíferos se desenvolvem (ao redor de

hifas fertilizadas, no interior de estromas pré-existentes, etc.) muitas vezes deve ser

observada a correta identificação de algumas espécies.

c) ESPECIALIZAÇÃO FISIOLÓGICA: Em alguns casos a identificação só pode ser

feita observando-se a relação com hospedeiros ou substratos.

d) BIOQUÍMICA: Modernamente, métodos bioquímicos, como sorologia,

cromatografia e eletroforeses de proteínas, etc., vêm sendo utilizados na identificação de

algumas espécies.

Considerando-se apenas fungos fitopatogênicos, quatros são os grupos que

apresentam maior interesse:

1) Cenocíticos: Grupo cujo micélio vegetativo não apresenta septos. As classes

atualmente reconhecidas, em termos fitopatológicos são Chytridiomycetes,

Zygomycetes e Oomycetes (Chromistas).

2) Ascomicetos: Fungos que produzem esporos sexuados no interior de células

especiais denominadas ascas. Grupo de taxonomia complexa e que apresenta um grande

número de fitoparasitas economicamente importantes.

3) Basidiomycota: Produzem esporos sexuados em estruturas denominadas basídias.

Dos membros desse grupo destacam-se em fitopatologia as ferrugens (Telyomycetes),

carvões e cáries (Ustomycetes).

4) Mitospóricos: Classe-forma onde são incluídos as fases assexuadas de um grande

número de Ascomicetos e alguns do grupo Basidiomycotina, fungos com fase assexuada

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 17

Page 17: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

desconhecida e fungos que não apresentam esporos. Nesta classe encontram-se as

maiorias dos fungos que parasitam plantas.

ANEXOS:

Taxonomia de fungos (Para confecção do herbários)

Reino StraminipilaDivisão OomycotaSubdivisão MastigomycotinaClasse OomycetesOrdem PeronosporalesFamilias Peronosporaceae - AlbuginaceaeOrdem PythialesFamília PythyaceaeOrdem SclerosporalesFamília SclerosporaceaeGênerosEspécie

Reino FungiDivisão AscomycotaSubdivisão AscomycotinaClasse GênerosEspécie

Reino FungiDivisão BasydiomycotaSub-divisão BasydiomycotinaClasses Ustilaginomycetes - HymenomycetesClasse UredinomycetesOrdem UredinalesFamílias Melampsoraceae, Phakopsoraceae, Phragmidiaceae

Pucciniaceae - HemileiaceaeGêneros EspécieClasse UstomycetesOrdem UstilaginalesFamílias Ustilaginaceae, TilletiaceaeGênerosEspécie

Fungos MitospóricosReino FungiClasses Coelomycetes , Hyphomycetes, Agnomycetes

Classe CoelomycetesOrdens Sphaeropsidales – Melanconiales

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 18

Page 18: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

Famílias Sphaeropsidaceae - Melanconiaceae GênerosEspécieClasse HyphomycetesOrdens Hyphomycetales – Tuberculariales - StilbelalesOrdem HyphomycetalesFamílias Moniliaceae, Dematiaceae GênerosEspécieOrdem TubercularialesFamília TuberculariaceaeGênerosEspécieOrdem StilbelalesFamília StilbaceaeGênerosFamília

Dicionário de Micologia • Asca (asco): estrutura em forma de saco ou bolsa que contem

ascosporos de origem sexual nos Ascomycetes.

• Ascostroma ou Ascocarpo: corpo frutífero dos Ascomycetes.

• Ascogônio: gametângio feminino dos ascomycota, sempre presente na reprodução sexual por contato gametangial, unido a um anterídio e na espermatização, a um espermácio.

• Ascósporo: esporo sexual dos ascomycota.

• Apotécio: estrutura reproductiva de um Ascomycete en forma de disco, taça ou prato.

• Basidioma ou Basidiocarpo: corpo frutífero dos Basidiomycetes.

• Basidiosporo: esporo sexual dos Basidiomycetes

• Cenocítico: micélio não septado

• Celulose: principal composto químico da parede celular dos vegetais.

• Cleistotécio: estrutura reprodutiva de um Ascomycete com forma esférica ou semiesférica, contendo ascos com ascósporos internamente.

• Conídio: esporo assexual dos fungos mitospóricos.

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 19

Page 19: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

• Esporo: estrutura reprodutiva de fungos; estrutura de resistência de algumas bactérias.

• Esporocarpo: corpo frutífero produtor de esporos.

• Esporóforo: modificações da hifa, formando estruturas para sustentar os esporos.

• Esterigma: hifas mofificadas em forma de garrafas, comuns no gênero aspergillus e Penicillium, que sustentam os conídios.

• Fíbula ou grampo de conexão: gancho unindo duas hifas, comum no micélio secundário de Basidiomyceto.

• Heterotrofismo: referido aos organismos que não são capazes de producir seu próprio alimento.

• Hifas: filamentos tubulares que constituem os “talos” fúngicos.

• Micélio: conjunto de hifas que constituem o corpo ou talo dos fungos.

• Parasito: organismo caracterizado por obsorver as susbtâncias orgânicas que necesitam para viver de um hospedeiro.

• Peritécio: tipo de ascostroma em forma de pêra, livres ou imerso em estroma.

• Plasmódio: massa protoplasmática nucleada, com deslocamento de forma amebóide.

• Quitina: composto químico que forma parte da parede celular dos fungos.

• Sapróbio: organismo que se nutre absorvendo as substâncias orgânicas que decompõe.

• Simbioses: união de dois organismos com benefício mútuo.

• Simbiótico: relativo a simbioses.

• Zigósporo: esporo sexual de Zygomycota.

LITERATURA CONSULTADA

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 20

Page 20: Caracteristicas de Fungos

Características Gerais de fungos Fitopatogênicos

AGRIOS, G. N. Plant pathology. Second Edition. Academic Press, New York. 1978.

703 p.

AINSWORTH, G. C. e G. R. BISBY. Dictionary of Fungi. (eds.). Commonwealth

Mycology Institute, Kew Surrey. U.K. 1971. 631 p.

AINSWORTH, G. C. e A. S. SUSSMAN. The Fungal Cell. Vol. I, Academic Press.

New York. 1965. 748 p.

AINSWORTH, G. C. e A. S. SUSSMAN. The Fungal Organism. Vol. II,

Academic Press. New York. 1966. 805 p.

AINSWORTH, G. C. e A. S. SUSSMAN. The Fungal Population. Vol. III,

Academic Press. New York. 1968. 738 p.

AINSWORTH, G. C. e A. S. SUSSMAN. A Taxonomic Rewiew with Keys

Ascomycetes and Fungi Imperfecti. Vol. IVA, Academic Press. New York. 1973. 621 p.

AINSWORTH, G. C. e A. S. SUSSMAN. A Taxonomic Rewiew with Keys. Vol.

IVB, Academic Press. New York. 1973. 504 p.

ALEXOPOULOS, C. J. e C. W. MIMS. Introductory Mycology. (eds.), Ed. John

Wiley & Sons, New York. 1979. 632 p.

BARNETT, H. L. Illustrated Genera of Imperfect Fungi. Burgess Publ. Co.

Minneapolis, 1962. 241 p.

CAIO, O. N. C. Fungos. In: Manual de Fitopatologia – Princípios e Aplicações.

(eds.).

Vol. I. Editôra Agronômica Ceres Ltda, S.P. p. 58-123. 1978.

PUTZKE, J. e M. T. L. PUTZKE. Os Reinos dos Fungos. Vol. 1. Editora da Unisc,

Santa Cruz do Sul, R.S. 1998. 606 p.

GUERRREIRO, R. T. e SILVEIRA, B.M.R. Glossário Ilustrado de Fungos: Termos

aplicados à micologia. Porto Alegre RS. Ed. Universidade/UFRGS, 1996. 93P.

SARASOLA, A. A. e M. A. R. SARASOLA. Fitopatologia, Curso Moderno. Tomo II.

Editorial Hemisfério Sur, Buenos Aires. 1975. 374 p.

SILVEIRA, V. D. Lições de Micologia. José Olympio Editora. Rio de Janeiro. 1968.

301 p.

TALBOT, P. H. B. Principles of Fungal Taxonomy. The Macmillan Press,

London. 1971. 274 p.

RAD 03/2008.

Professor Adjunto, Mestre em Fitopatologia, Departamento de Fitossanidade, FAEM-UFPel. 21