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I Caracterização biofísica dos 5000 m crol Dissertação apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, no âmbito do 2º Ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Treino de Alto Rendimento Desportivo Natação, de acordo com o Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março. Orientador: Professor Doutor Ricardo Fernandes Coorientador: Professor Doutor João Paulo Vilas-Boas Vânia Soares Neves Porto, setembro de 2017

Caracterização biofísica dos 5000 m crol · Caracterização biofísica dos 5000 m crol. Dissertação de 2º ciclo em Treino de Alto Rendimento Desportivo. Faculdade de Desporto

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I

Caracterização biofísica dos 5000 m crol

Dissertação apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, no

âmbito do 2º Ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Treino de Alto

Rendimento Desportivo – Natação, de acordo com o Decreto-lei nº 74/2006 de

24 de março.

Orientador: Professor Doutor Ricardo Fernandes

Coorientador: Professor Doutor João Paulo Vilas-Boas

Vânia Soares Neves

Porto, setembro de 2017

II

Neves, V. (2017). Caracterização biofísica dos 5000 m crol. Dissertação de 2º

ciclo em Treino de Alto Rendimento Desportivo. Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto.

Palavras-Chave: NATAÇÃO, BIOENERGÉTICA, BIOMECÂNICA, TÉCNICA DE

CROL.

III

Agradecimentos

A concretização deste trabalho constitui um marco muito importante na minha

vida, que só foi possível concretizar com a preciosa contribuição, confiança e

encorajamento de várias pessoas, às quais não posso deixar de expressar os

meus sinceros e profundos agradecimentos:

- Ao Professor Doutor Ricardo Fernandes por tudo que me ensinou ao longo dos

anos, pela orientação prestada, disponibilidade e por me proporcionar uma visão

diferente de tudo que envolve a natação.

- Ao Professor Doutor João Paulo Vilas-Boas por todo o apoio e por ter

acreditado neste trabalho desde o primeiro momento.

- À Professora Doutora Susana Soares por todas as conversas sobre leituras

perdidas ou apaixonantes, por todos os momentos de desabafo e pela ajuda

prestada nas recolhas deste trabalho.

- Ao Mestre e Doutorando Rodrigo Zacca por todos os conselhos dados, pela

incansável disponibilidade, pela amizade ao longo de todo este percurso e pela

ajuda nas recolhas, tratamento de dados e estruturação do trabalho. Obrigada

por acreditar em mim, mais que eu mesma… “O Rio é seu… só tem de

acreditar!”.

- Ao Professor Doutor Luís Rama pela disponibilidade e ajuda nas recolhas feitas

em Coimbra e por me possibilitar conversar e reviver momentos do nosso

passado.

- A todos os nadadores que se disponibilizaram a participar neste trabalho, pois

sem o seu empenho e entrega nada seria possível.

- Aos meus pais, pela educação que tive, pelo apoio e acompanhamento

incansáveis e por tudo o que fizeram por mim desde o meu primeiro dia de vida.

A eles agradeço toda a amizade e amor, todas as lições de vida e chamadas de

IV

atenção, todas as conversas e conselhos, todos os momentos que vivemos e

todos aqueles que ainda estão por vir.

- Ao Tiago por todo o apoio e incentivo que sempre me deu, essenciais para esta

motivação e por querer chegar sempre mais longe. Por todas horas de mimo e

conversa e por todas as outras que perdemos, pela paciência nos momentos

mais difíceis e por todo o amor e carinho, pois já Gandhi dizia: “Onde há amor,

há vida”.

- A toda a minha família, pelo apoio constante ao longo de todo meu percurso

académico pois sem este suporte tudo seria mais complicado.

- A todos os treinadores que comigo se cruzaram ao longo de toda a minha

carreira desportiva, responsáveis por fizer nascer e crescer este “bichinho” da

natação que há dentro de mim.

- À Drequinhas, à Inesinha, ao Mi, ao Sérgio, à Cameira e ao Benny, meus

amigos de sempre (e para sempre) por todas as palavras de ânimo e

compreensão, por estarem sempre presentes e por serem quem são.

V

Índice

Índice de figuras ............................................................................................... VII

Índice de tabelas ............................................................................................... IX

Índice de equações ........................................................................................... XI

Resumo ........................................................................................................... XIII

Abstract ........................................................................................................... XV

Abreviaturas .................................................................................................. XVII

1. Introdução ................................................................................................ 1

2. Material e métodos ................................................................................. 11

2.1 Caracterização da amostra ................................................................. 11

2.2 Procedimento experimental ................................................................. 12

2.3 Análise estatística ............................................................................... 17

3. Resultados.............................................................................................. 19

3.1 Estudo 1 .............................................................................................. 19

3.2 Estudo 2 .............................................................................................. 21

3.3 Estudo 3 .............................................................................................. 24

4. Discussão ............................................................................................... 29

5. Conclusão .............................................................................................. 41

6. Sugestões para estudos futuros ............................................................. 43

7. Bibliografia .............................................................................................. 45

VI

VII

Índice de figuras

Figura 1: Diagrama síntese dos fatores determinantes do rendimento desportivo

do nadador (Fernandes & Vilas-Boas, 2006). .................................................... 6

Figura 2: Analisadores portáteis de lactato (Lactate Pro, Arkay, Inc., Quioto,

Japão) e de glicemia (One Touch Select Plus) utilizados nas avaliações. ....... 13

Figura 3: Avaliação dos parâmetros ventilatórios com o analisador portátil de

gases (K4b2, Cosmed, Roma, Itália) ................................................................ 14

Figura 4: Filmagem do teste de 5 x 1000 m com a camara HDR-CX160E, Sony,

Quioto, Japão ................................................................................................... 16

Figura 5: Cronofrequencimetro Finis (Califórnia, Estados Unidos) e utilizado para

controlo da FG dos nadadores ......................................................................... 17

Figura 6: Contribuição energética no teste 5 x 1000 m crol. ............................ 27

Figura 7: Exemplo de uma curva típica da modelagem realizada para a cinética

do VO2 à cada 1000m. .................................................................................... 33

VIII

IX

Índice de tabelas

Tabela 1: Principais resultados internacionais dos nadadores portugueses de

águas abertas entre 2012 e 2016. ...................................................................... 4

Tabela 2: Caracterização das principais características físicas e do background

do treino dos nadadores participantes no estudo 1. ......................................... 11

Tabela 3: Caracterização das principais características físicas e do background

do treino dos nadadores participantes no estudo 2. ......................................... 12

Tabela 4: Valores médios ± DP das variáveis bioenergéticas do estudo 1 e

respetiva comparação das médias dos dois géneros. ...................................... 19

Tabela 5: Média ± DP das variáveis biomecânicas do estudo 1 (n=16). .......... 20

Tabela 6: Valores médios ± DP das variáveis biomecânicas do estudo 1 e

respetiva comparação das médias dos dois géneros. ...................................... 21

Tabela 7: Média ± DP das variáveis bioenergéticas e biomecânicas avaliadas no

estudo 2............................................................................................................ 22

Tabela 8: Valores médios ± DP das variáveis bioenergéticas e biomecânicas em

cada um dos géneros no estudo 2. .................................................................. 23

Tabela 9: Fatores bioenergéticos e biomecânicos dos 5 x 1000 m crol do estudo

3 (n=2). ............................................................................................................. 25

Tabela 10: Correlação das variáveis bioenergéticas e biomecânicas com a

performance no estudo 3 ................................................................................. 26

Tabela 11: Valores de média ± DP da cinética VO2 do teste de 5 x 1000 m crol.

......................................................................................................................... 27

Tabela 12: Definição dos domínios de intensidade e zonas bioenergéticas de

treino correspondentes (Fernandes, 2013). ..................................................... 31

X

XI

Índice de equações

Equação 1 v = E ∙ (ep ∙ D-1) ........................................................................ 6

Equação 2 VO2(t) = A0 + Ap ∙ (1-e(t-TDp) τp⁄ ) .............................................. 14

Equação 3 Anala = b ∙ ⌊La-1⌋

basal ∙ M ......................................................... 15

Equação 4 C = E ∙ v-1 ................................................................................ 15

Equação 5 FG = 3 ∙ t3-1

............................................................................... 16

Equação 6 DC = v ∙ FG-1

........................................................................... 16

XII

XIII

Resumo

O futuro da natação em águas abertas, entendido como a intenção de

desenvolver a capacidade de desempenho desses nadadores específicos,

depende do aumento do conhecimento científico sobre esse tema. O nosso

objetivo passa por identificar e caracterizar as determinantes biofísicas em

5000m crol. Trinta e quatro nadadores foram avaliados numa competição e 10

num protocolo de 5 x 1000 m para a avaliação da concentração sanguínea de

lactato ([La-]), glicemia e variáveis biomecânicas. Após isso, dois nadadores

realizaram 5 x 1000 m, onde se incluiu a análise das variáveis ventilatórias e

absorção de oxigénio (cinética VO2). A velocidade média (v) para a prova de

5000 m foi de 1.31 ± 0.08 m∙s-1, com 35.0 ± 3.2 ciclos∙min-1 para a frequência

gestual (FG), 2.49 ± 0.3 m∙ciclo-1 para distância por ciclo (DC), 3.26 ± 0.5 m2∙s-

1.ciclo-1 para o índice braçada (IB), 3.0 ± 1.6 mmol∙L-1 para [La-] e 115 ± 21 mg∙dL-

1 para glicemia. No teste de 5 x 1000 m, a média da v foi de 1.29 ± 0.01 m∙s-1,

FG foi de 33.0 ± 3.4 ciclos∙min-1, DC foi de 2.62 ± 0.3 m∙ciclo-1, IB foi de 3.39 ±

0.4 m2∙s-1∙ciclo-1, [La-] foi 2.3 ± 1.1 mmol∙L-1 e a glicemia foi de 96 ± 20 mg∙dL-1.

Durante o teste de 5 x 1000 m onde se utilizou o analisador de gás portátil, os

valores variaram entre 1.30 ± 0.03 m∙s-1 para v, 34.7 ± 1.1 ciclos∙min-1 para FG,

2.47 ± 0.04 m∙ciclo-1 para DC, 3.20 ± 0.08 m2∙s-1∙ciclo-1 para IB, 2.0 ± 0.3 mmol∙L-

1 para [La-] e 92 ± 9 mg∙dL-1 para a glicemia. VO2, ventilação pulmonar e

frequência cardíaca não mudaram em função do tempo. O gasto energético e o

custo energético variaram em torno de 576 ± 70 kJ e 0.6 ± 0.07 kJ∙m-1 com a

fonte aeróbia representando ~ 99,5%. Os resultados permitem concluir que, em

exercícios de longa distância com intensidade baixa a moderada, a contribuição

energética aeróbia desempenha um papel fundamental na demanda de energia

dos nadadores e que ocorre um estado de equilíbrio fisiológico associado a

ajustes biomecânicos.

Palavras-chave: NATAÇÃO, FISIOLOGIA, BIOMECÂNICA, TÉNCICA DE CROL

XIV

XV

Abstract

The future of open water swimming, understood as the intention to develop the

performance capacity of these specific swimmers, depends on the increase of

scientific knowledge on this topic. Our purpose was to identify and characterize

the biophysical determinants in 5000 m front crawl. Thirty-four swimmers were

evaluated in a formal competition and 10 in a 5 x 1000 m protocol for the

assessment of blood lactate concentrations ([La-]), blood glucose and

biomechanical variables. Afterwards, two swimmers performed 5 x 1000 m

including the analysis of ventilatory variables and oxygen uptake (VO2) kinetics.

Mean velocity (v) for the 5000 m event was 1.31 ± 0.08 m.s-1, with 35.0 ± 3.2

cycles.min-1 for stroke rate (SR), 2.49 ± 0.3 m.cycle-1 for stroke length (SI), 3.26

± 0.5 m2.s-1.cycle-1 for stroke index (SI), 3.0 ± 1.6 mmol.L-1 for [La-] and 115 ± 21

mg.dL-1 for blood glucose. In the 5 x 1000 m test the mean v was 1.29 ± 0.01 m.s-

1, SR was 33.0 ± 3.4 cycles.min-1, SL was 2.62 ±0.3 m.cycle-1, SI was 3.39 ± 0.4

m2.s-1.cycle-1, [La-] were 2.3 ± 1.1 mmol.L-1 and blood glucose were 96 ± 20

mg.dL-1. During the 5 x 1000 m test using the portable gas analyzer, values

ranged around 1.30 ± 0.03 m.s-1 for v, 34.7 ± 1.1 cycles.min-1 for SR, 2.47 ± 0.04

m.cycle-1 for SI, 3.20 ± 0.08 m2.s-1.cycle-1 for SI, 2.0 ± 0.3 mmol.L-1 for [La-] and

92 ± 9 mg.dL-1 for blood glucose. VO2, pulmonary ventilation and heart rate did

not change as function of time. The energy expenditure and energy cost ranged

around 576 ± 70 kJ and 0.6 ± 0.07 kJ.m-1 with the aerobic pathway accounting

for ~99.5%. Results allow us to conclude that in long distance exercises at low to

moderate intensity, the aerobic energy contribution plays a fundamental role in

the energy demand of the swimmers and that a physiological steady state occur

associated to biomechanical adjustments.

Key words: SWIMMING, PHYSIOLOGY, BIOMECHANICS, FRONT CRAWL

XVI

XVII

Abreviaturas

% FCmáx Percentagem da frequência cardíaca máxima

[La-] Concentração sanguínea de lactato

[La-]basal Concentração sanguínea de lactato em repouso

± Mais ou menos

♀ Género feminino

♂ Género masculino

A Amplitude do consumo de oxigénio

Aer Componente energética aeróbia

Anaala Componente energética anaeróbia alática

Anala Componente energética anaeróbia lática

b Equivalente energético

bpm Batimentos por minuto

C Custo energético

cm Centímetros

D Arrasto hidrodinâmico

DC Distância percorrida por ciclo

DP Desvio-padrão

Ė Dispêndio energético

ep Eficiência mecânica propulsiva

FC Frequência cardíaca

FG Frequência gestual

FINA Fédération Internationale de Natation

FPN Federação Portuguesa de Natação

IB Índice de braçada

kJ Kilojoule

km Quilómetros

XVIII

LAN Limiar Anaeróbio

LEN Ligue Européenne de Natation

M Massa corporal

min Minutos

ml Mililitros

MLSS Máxima fase estável de lactato

O2 Oxigénio

R Quociente respiratório

s Segundos

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

t Tempo

τ Constante de tempo

TD Tempo de atraso

v Velocidade

VE Ventilação pulmonar

VO2 Consumo de oxigénio

VO2basal Consumo de oxigénio em repouso

1

1. Introdução

A natação é uma modalidade desportiva individual, contínua e cíclica. Como

disciplina desportiva é uma atividade multidisciplinar, podendo ser extremamente

rica ao nível da experimentação motora e variação de práticas desportivas

aquáticas (Canossa et al., 2007). É também uma modalidade mista, uma vez

que o rendimento desportivo do nadador está intimamente dependente de

fatores bioenergéticos e biomecânicos (Fernandes & Vilas-Boas, 2006).

Tradicionalmente são associadas a esta modalidade quatro disciplinas: natação

pura, polo aquático, natação sincronizada e saltos para a água, às quais

podemos acrescentar, na atualidade, a natação de águas abertas. Para além

destas disciplinas, podemos ainda relacionar a esta modalidade, a natação de

salvamento aquático e a natação como segmento do triatlo.

Embora as origens da natação de águas abertas remontem ao século XIX,

podendo mesmo ser confundidas com as origens da natação, é uma das mais

recentes disciplinas da Fédération Internationale de Natation (FINA). Aliás, este

órgão que dirige a natação a nível internacional reconheceu oficialmente a

natação de águas abertas como disciplina em 1986 (Kruger et al., 2011), tendo

o primeiro Campeonato do Mundo sido realizado em Perth, em 1991, com a

prova de 25 km, cidade que em 1988 acolheu também a primeira prova mundial

de 5 km. A prova de 10 km teve a sua primeira edição em Fukuoka, em 2001.

Esta disciplina acabou por conquistar definitivamente o seu lugar com a

integração da prova de 10 km nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

Atualmente são disputados títulos mundiais e europeus nas provas individuais

de 5, 10 e 25 km e a prova coletiva de 4 x 1250 m.

Para além da organização de Jogos Olímpicos e de Campeonatos do Mundo, a

FINA define os regulamentos de todas as competições e promove anualmente a

10 km Marathon Swimming World Cup, constituída por várias etapas disputadas

em diversos países, e o Open Water Swimming Grand Prix, composta por

múltiplas etapas de distâncias que variam entre 15 e 88 km. Os Campeonatos

da Europa são organizados pela Ligue Européenne de Natation (LEN), que

supervisiona os desportos aquáticos na Europa e se encontra filiada à FINA. A

2

LEN também organiza uma competição de elite, a Len Cup, disputada em várias

etapas com distâncias que vão dos 5 aos 25 km.

A natação de águas abertas ocorre num ambiente distinto da natação pura, uma

vez que a dinâmica do meio que os nadadores podem encontrar é muito variada,

sendo isto, por si só, um elemento desafiador das capacidades de cada um

(Borges, 2015). A natação de águas abertas apresenta aspetos singulares que

a convertem numa disciplina com caráter próprio e com necessidades de

preparação diferentes (Swift, 2003). Existem competições disputadas em

diferentes espaços (rios, lagos, albufeiras, mar e pistas), com água salgada ou

doce, em águas paradas ou com correntes e com temperaturas que podem variar

entre os 16 e os 31ºC (Borges, 2015).

As provas de águas abertas podem apresentar diferentes tipos de partidas (com

ou sem plataforma e com ou sem ordem pré-estabelecida), diferentes

configurações e número variado de voltas e de boias, variando também as

condições de abastecimento, número de nadadores a participar, estratégias e

velocidades de nado. As estratégias pré-definidas podem fazer a diferença entre

uma prova bem conseguida ou não e, mesmo sendo discutidas e definidas com

os treinadores, as táticas bem-sucedidas requerem determinação e reajustes no

decorrer da prova.

Para além destas características, parece que outras a diferenciam da natação

pura: a distância percorrida, as referências visuais, o nado em grupo, o contacto

físico, o contorno de boias e a flutuabilidade. Devido a esta enorme variedade de

fatores, a natação de águas abertas representa a mais diversa e fisiologicamente

desafiadora disciplina da FINA (Shaw et al., 2014). Face a tudo isto, a FINA criou

um comité de natação de águas abertas, o Open Water Swimming Committee,

que administra a disciplina e colabora de perto com o comité médico para

garantir a segurança dos nadadores.

Podemos afirmar que, tendo em conta as particularidades da disciplina, os

nadadores de águas abertas parecem ter características muito específicas,

nomeadamente uma grande disponibilidade temporal e mental para o treino,

espirito de sacrifício, resiliência e uma personalidade forte, assim como ter

3

objetivos bem definidos a curto e a longo prazo, e ser inteligentes do ponto de

vista tático e estratégico, aspetos fundamentais quer em treino quer em

competição (Borges, 2015). Nadadores de águas abertas têm de ser capazes de

se adaptar e lidar com o inesperado (Munatones, 2008), e devem ter uma boa

capacidade aeróbia associada à capacidade de nadar a velocidades elevadas

durante longos períodos de tempo (VanHeest et al., 2004). Esses nadadores

parecem ser diferentes dos nadadores de natação pura em relação à

antropometria (sendo mais baixos e mais leves) e à fisiologia (VanHeest et al.,

2004; Zamparo et al., 2005).

Em Portugal, a disciplina tem vindo a desenvolver-se de forma consistente,

tentando acompanhar o que se passa a nível internacional com o aumento do

número de campeonatos organizados pela Federação Portuguesa de Natação

(FPN), bem como o número de participantes (Borges, 2015; FPN, 2017). A FPN,

em conjunto com as respetivas federações internacionais, organiza uma das

mais prestigiadas etapas da 10Km Swimming World Cup, em Setúbal, que teve

a sua primeira edição em 2007 e se tem realizado anualmente desde então, e

uma Len Cup, prova com 10 km, que teve em novembro de 2015 a sua estreia,

no Funchal. De referir que a prova de apuramento olímpico, a Marathon

Swimming Olympic Games Qualification Tournament, para os Jogos Olímpicos

Londres’ 2012 e Rio de Janeiro’ 2016, foram ambas realizadas em Portugal, mais

precisamente em Setúbal.

No que respeita às atividades das seleções nacionais, a irregularidade tem sido

uma constante, ficando muito aquém das necessidades inerentes ao alto

rendimento desportivo (Borges, 2015). Pese embora estas adversidades e a

tentativa de possibilitar maior e melhor contacto internacional a nadadores

portugueses por parte da FPN, as prestações internacionais dos nadadores

portugueses têm sido de boa qualidade, como podemos constatar na Tabela 1,

onde são apresentadas as melhores classificações obtidas nas principais

competições internacionais no decorrer do último ciclo olímpico (2012-2016),

destacando-se as duas participações olímpicas em Londres’ 2012 e Rio de

Janeiro’ 2016.

4

Tabela 1: Principais resultados internacionais dos nadadores portugueses de águas abertas entre 2012 e 2016.

Competição Local Ano Prova Classificação Nadador

Jogos Olímpicos Londres 2012 10km 19º Arseniy Lavrentyev

Rio de Janeiro 2016 10km 24º Vânia Neves

Campeonatos do

Mundo Absolutos

Barcelona 2013 5km 14º Vasco Gaspar

Barcelona 2013 5km 21º Angélica André

Barcelona 2013 10km 33º Vasco Gaspar

Kazan 2015 10km 38º Angélica André

Barcelona 2013 25km 27º Arseniy Lavrentyev

Campeonatos do

Mundo Juniores

Hoorn 2016 5km 21º Diogo Cardoso

Welland 2012 5km 9º Florbela Machado

Welland 2012 7.5km 8º Angélica André

Hoorn 2016 10km 15º Diogo Marques

Campeonatos da

Europa Absolutos

Hoorn 2016 5Km 19º Rafael Gil

Hoorn 2016 5km 13º Angélica André

Piombino 2012 10Km 20º Mário Bonança

Hoorn 2016 10Km 5º Angélica André

Piombino 2012 25Km 2º Arseniy Lavrentyev

Berlin 2014 25Km 11º Angélica André

Campeonato da

Europa de

Juniores

Tenero 2015 5Km 26º Diogo Nunes

Kocaeli 2013 5Km 19º Florbela Machado

Tenero 2015 7.5Km 17º Diogo Marques

Kocaeli 2013 7.5Km 10º Florbela Machado

10Km Swimming

World Cup

Canadá 2015 10Km 9º Hugo Ribeiro

Setúbal 2015 10Km 5º Angélica André

Len Cup Madeira 2016 10Km 3º Rafael Gil

Madeira 2016 10Km 2º Angélica André

Muito embora esta disciplina tenha uma procura crescente, dado o aumento do

número de participantes nas principais competições internacionais (Baldassarre

et al., 2017; Vogt et al., 2013), o seu conhecimento técnico-científico é ainda

escasso, levando a que os nadadores e profissionais que os acompanham

5

tenham necessidade de olhar para evidências cientificas de modalidades

semelhantes e procurar implementá-las ao ambiente competitivo das águas

abertas.

De facto, a elaboração de trabalhos científicos tem vindo a adquirir elevada

importância no que respeita à perceção do fenómeno desportivo, contribuindo

para a compreensão e otimização dos fatores que influenciam o rendimento

desportivo. A avaliação e controlo de treino tem sido apresentada como uma

tarefa primordial no processo de treino (Vilas-Boas, 1989), sendo definida como

um conjunto de tarefas que permitem a avaliação dos resultados e adequação

dos programas e exercícios de treino, bem como o desenvolvimento dos fatores

de rendimento e objetivação do processo de treino (Fernandes et al., 2009).

Na literatura foram apresentadas, ao longo dos anos, diferentes propostas de

modelos influenciadores do rendimento desportivo em natação pura. Fernandes

(1999) verificou que, embora não exista unanimidade científica relativamente à

classificação, parece existir uma tendência para uma estruturação complexa dos

fatores determinantes do rendimento, sugerindo um modelo que inter-relaciona

aspetos genéticos, biomecânicos, bioenergéticos, psicológicos e contextuais, e

que se constituem determinantes no rendimento desportivo do nadador (Figura

1). Complementarmente, é de sublinhar que os parâmetros determinantes da

performance estão interligados de forma diferente em provas de velocidade (50-

100m), meia-distância (200-400m), longa distância (800-1500m) (Aspenes &

Karlsen, 2012; di Prampero et al., 1974; Maglischo, 2003) e em águas abertas

(Aspenes & Karlsen, 2012).

6

Figura 1: Diagrama síntese dos fatores determinantes do rendimento desportivo do nadador (Fernandes &

Vilas-Boas, 2006).

Não obstante o rendimento desportivo ser um fenómeno multifatorial, assume-

se a possibilidade de o predizer a partir do perfil biofísico do desportista (Barbosa

et al., 2006). As determinantes biofísicas relacionadas à performance dos

nadadores são um dos pontos mais atrativos para a comunidade científica,

sendo consensual que uma abordagem biofísica é um elemento que enaltece a

performance e permite ao nadador atingir níveis mais elevados em competição

(Barbosa et al., 2010; Vilas-Boas, 2010). Entende-se por biofísica o domínio

cientifico onde se exercita o estudo dos fenómenos biológicos na perspetiva da

física (Vilas-Boas, 2000) e tem como objetivos primários o incremento da

economia e/ou eficiência do nadador (Barbosa et al., 2006). A performance de

um nadador pode ser expressa por:

Equação 1 v = E ∙ (ep ∙ D-1)

onde v é a velocidade de nado, Ė é o dispêndio energético, ep expressa a

eficiência mecânica propulsiva e D representa o arrasto hidrodinâmico oposto ao

deslocamento do nadador. Esta equação, tradicionalmente denominada por

“equação geral da performance do nadador”, foi proposta por di Prampero et al.

(1974) e Pendergast et al. (1977), evidenciando que o resultado final do nadador

é diretamente dependente da energia disponível total (Ė), da sua eficiência

7

técnica (ep ∙ D-1) e da análise hidrodinâmica a que se sujeita (técnica e

morfologicamente).

Vários investigadores têm avaliado o Ė dos nadadores através da quantificação

energética das fontes aeróbias e anaeróbias (Toussaint & Beek, 1992; Olbrecht,

2000; Zamparo et al., 2011), nomeadamente através da determinação do

consumo de oxigénio (VO2) como medida do metabolismo aeróbio e da

concentração sanguínea de lactato ([La-]) como indicador do metabolismo

anaeróbio lático (Fernandes, 2013). Em exercícios a intensidades moderadas, a

contribuição alática parece ser negligenciável (Vilas-Boas, 1996). A análise da

cinética do VO2 tem sido considerada uma ferramenta útil quer para o treino quer

para o diagnóstico em natação (Fernandes & Vilas-Boas, 2012; Reis et al.,

2012b), particularmente para melhorar a compreensão da tolerância ao

exercício, do efeito que parâmetros tradicionais de função fisiológica e dos

efeitos que indicadores de eficiência/economia de nado (Bentley et al., 2007) têm

na resposta do VO2 durante o nado (Reis et al., 2012a; Rodríguez et al., 2003;

Sousa et al., 2011).

Também as medições da [La-] se têm tornado uma pratica comum no diagnóstico

da performance e no controlo do treino, como já referido. Esta variável fornece

evidencias quanto ao stress fisiológico num determinado evento (Vescovi et al.,

2011) e é tido como indicador da ativação do uso de hidratos de carbono como

combustível do metabolismo aeróbio (Beneke et al., 2009). O musculo

esquelético também extrai glicose do sangue para manter a ação dos hidratos

de carbono como fonte energética durante o exercício (Sylow et al., 2016). A

intensidade e a duração do exercício são determinantes no consumo de glicose

pelo musculo esquelético (Sylow et al., 2016), logo o exercício constitui um forte

indutor de alterações glicémicas, quer devido ao aumento da captação periférica

de glicose (Hardin et al., 1995), quer devido às respostas hormonais (Robergs &

Roberts, 2000). Apesar disso a investigação cientifica que recai sobre a

concentração sanguínea de glicose (ou glicemia) em desportos competitivos é

ainda muito escassa.

8

O sucesso do nadador é também determinado pela sua capacidade de se

propulsionar enquanto reduz a resistência hidrodinâmica ao seu deslocamento

(Fernandes, 2013). Uma vez que a eficiência propulsiva e o arrasto

hidrodinâmico são de difícil e dispendiosa avaliação, a sua análise habitualmente

recai sobre os parâmetros biomecânicos gerais, frequência gestual (FG) e

distância percorrida por ciclo (DC). A relação entre a FG, a DC e a v, de acordo

com a distância percorrida, tem sido um dos maiores pontos de interesse na

investigação biomecânica (Barbosa et al., 2010; Figueiredo et al., 2013). Outro

indicador de grande utilidade para medir a habilidade técnica do nadador é o

índice de braçada (IB; Costill et al., 1985), assumindo-se que quanto mais

elevado o IB mais adequada mecanicamente será a técnica do nadador (Vilas-

Boas, 2013). Apesar de reconhecida a importância da avaliação destas variáveis

no desempenho desportivo do nadador, a sua investigação é praticamente

inexistente em águas abertas.

Como referido anteriormente, a investigação cientifica em águas abertas é

extremamente escassa, não existindo nenhum estudo que tenha feito uma

análise aprofundada em distâncias oficiais (5, 7.5 e 10 km), sendo o mais

aproximado a análise de intensidade de nado correspondente ao limiar

anaeróbio analisado através de algumas repetições de 30 min de nado contínuo

aquando da realização do teste da máxima fase estável de [La-] (Dekerle et al.,

2005; Pelarigo et al., 2016). Sendo crucial que os treinadores conheçam e

entendam as alterações que podem acontecer em exercícios prolongados, bem

como as consequências dessas alterações, na presente dissertação realizou-se

uma caracterização biofísica, i.e., uma caracterização combinada de fatores

bioenergéticos e biomecânicos, na distância de 5000 m livres, distância mais

curta em provas oficiais de águas abertas, habitualmente realizada na técnica de

crol.

Para o propósito acima descrito efetuamos três estudos: (i) avaliação em

situação competitiva numa prova de 5000 m livres, na fase de qualificação do

campeonato nacional de longa distância, onde foram analisados a [La-], a

glicemia, as variáveis biomecânicas FG, DC e IB, e a performance; (ii) avaliação

num protocolo experimental de 5x1000 m a v constante, da [La-], da glicemia e

9

da FG, DC e IB; (iii) análise da cinética do VO2, ventilação pulmonar (VE), cálculo

do Ė e do C (custo energético), quociente respiratório (R), das variáveis

biomecânicas, [La-] e glicemia em 5 x 1000 m.

Sabendo que em esforços contínuos de 30 min a uma velocidade constante o

VO2, a [La-], o Ė e o C usualmente apresentam valores estáveis durante todo o

esforço (Pelarigo et al., 2016), e que o equilíbrio ou diminuição da [La-] é

frequentemente observada em exercícios prolongados a intensidade constante

(Beneke, 2003; Beneke et al., 2011), colocou-se a hipótese que existe

estabilidade nas variáveis bioenergéticas num esforço de 5000 m crol. É também

esperado que, apesar dos fatores bioenergéticos apresentarem valores

constantes, o mesmo não se observe com os fatores biomecânicos, onde, devido

ao aparecimento da fadiga, ocorra um aumento da FG e uma diminuição da DC,

que consequentemente conduz a uma redução do IB, para que os nadadores

consigam manter uma velocidade constante. Assim, não descartamos a hipótese

de se poder observar, ao longo de um esforço prolongado superior a 1h de

duração, uma diminuição da v de nado (devido ao aparecimento de fadiga

muscular), associada a uma estabilização da FG e diminuição quer da DC quer

do IB.

10

11

2. Material e métodos

2.1 Caracterização da amostra

No estudo 1 participaram 34 nadadores filiados na FPN (17 do sexo feminino e

17 do sexo masculino), especialistas em provas de longa distância de natação

pura e de águas abertas, integrados nos escalões de júnior (n=17) e sénior

(n=17). As suas principais características físicas e o seu historial de treino estão

apresentados na Tabela 2. Observou-se que os rapazes são mais altos e com

maior massa corporal que as raparigas.

Tabela 2: Caracterização das principais características físicas e do background do treino dos nadadores participantes no estudo 1.

Feminino Masculino Total

Massa corporal (kg) 58.4 ± 4.6* 72.8 ± 8.7* 65.6 ± 10.0

Altura (cm) 165.1 ± 5.2* 179.1 ± 4.2* 172.1 ± 8.5

Idade (anos) 18.2 ± 2.9 19.9 ± 2.7 19.1 ± 2.9

Anos de prática 10.4 ± 2.4 10.3 ± 2.5 10.3 ± 2.4

Unidades de treino semanais 8.6 ± 0.7 8.2 ± 1.4 8.4 ± 1.1

Horas semanais de treino 17.0 ± 3.9 17.5 ± 4.1 17.3 ± 4.0

km semanais de treino 52.6 ± 8.7 54.1 ± 13.1 53.3 ± 11.0

*P<0.05

No estudo 2 participaram 10 nadadores (6 do sexo masculino e 4 do sexo

feminino) filiados na FPN, especialistas em provas de longa distância de natação

pura e de águas abertas. A Tabela 3 apresenta as características físicas dos

nadadores bem como o seu historial de treino. O número de sujeitos da amostra

enquadra-se com a realidade da disciplina pois os nadadores de águas abertas

representam uma reduzida população (VanHeest et al., 2004). Também neste

estudo foi possível constatar que os nadadores são mais pesados e mais altos

que as nadadoras.

12

Tabela 3: Caracterização das principais características físicas e do background do treino dos nadadores participantes no estudo 2.

Feminino Masculino Total

Massa corporal (Kg) 59.8 ± 3.8* 71.5 ± 3.0* 66.8 ± 6.8

Altura (cm) 162.0 ± 6.2* 174.7 ± 3.6* 169.6 ± 7.9

Idade (anos) 20.5 ± 5.1 20.3 ± 2.8 20.4 ± 3.6

Anos de prática 11.0 ± 3.9 9.8 ± 3.9 10.3 ± 3.7

Unidades de treino semanais 8.5 ± 1.7 7.2 ± 1.6 7.7 ± 1.7

Horas semanais de treino 19.5 ± 6.4 15.0 ± 5.1 16.8 ± 5.8

km semanais de treino 55.8 ± 16.5 45.3 ± 12.5 49.5 ± 14.4

*P<0.05

No estudo 3 fez-se uma análise da cinética do VO2 em dois nadadores (um de

cada género). Ambos são nadadores seniores filiados na FPN e internacionais

em águas abertas. Os dois nadadores são do mesmo clube, cumprindo o mesmo

planeamento de treino, i.e., executam 10 unidades de treino por semana, em

aproximadamente 25h, com uma média de 70 km percorridos no final de cada

microciclo.

2.2 Procedimento experimental

No estudo 1 avaliamos nadadores internacionais participantes em campeonatos

nacionais de águas abertas que competiram na fase de qualificação do

campeonato nacional de longa distância organizada pela FPN em conjunto com

as respetivas associações territoriais. A prova de 5000 m livres foi realizada por

todos os nadadores na técnica de crol e com a partida dada dentro de água. No

estudo 2 foi realizado um teste de 5x1000 m, com 1 min de intervalo entre cada

1000m, na técnica de crol e com partida dentro de água. Os testes foram

realizados à mesma hora do dia (± 2h30) com o objetivo de minimizar as

variações circadianas no desempenho. No estudo 3 dois nadadores

internacionais de águas abertas (um de cada género) realizaram o mesmo teste

de 5 x 1000 m utilizando um analisador de gases portátil (K4b2, Cosmed, Roma,

Itália) com o objetivo de analisar a cinética do VO2 e calcular os parâmetros

energéticos ao longo do teste.

13

Nos estudos 1 e 2 as variáveis bioenergéticas avaliadas foram a [La-] e a

glicemia. Já no estudo 3, para além dessas variáveis, avaliou-se a cinética do

VO2, a frequência cardíaca (FC), o Ė e o C. Para determinar a [La-] e a glicemia

foi retirada uma amostra de sangue capilar da ponta do dedo do nadador e

quantificada num analisador portátil de lactato (Lactate Pro, Arkay, Inc., Quioto,

Japão) e num analisador portátil de glicose sanguínea (One Touch Select Plus)

(Figura 2). No estudo 1 a recolha foi feita em repouso e nos 1º e 3º min após a

conclusão da prova para se obter o valor mais elevado das variáveis. Já nos

estudos 2 e 3 a recolha foi feita em repouso, durante os intervalos do teste de 5

x 1000 m e ao 3º e 5º min de recuperação. Não foram feitas quaisquer restrições

quanto ao pequeno almoço dos sujeitos ou suplementação de hidratos de

carbono durante o teste. A FC foi controlada continuamente, em intervalos de 5

s, durante todo o exercício, através de um cardiofrequencimentro (Polar NS400,

Polar Eletro Oy, Kempele, Finlândia), fornecendo um indicador mais exato do

stress a que o nadador está sujeito (Fernandes, 2013).

Figura 2: Analisadores portáteis de lactato (Lactate Pro, Arkay, Inc., Quioto, Japão) e de glicemia (One

Touch Select Plus) utilizados nas avaliações.

Os valores das trocas gasosas, particularmente do VO2, foram gravados

respiração-a-respiração através de um analisador de gás portátil (K4b2, Cosmed,

Roma, Itália), o qual se conectou ao nadador por um snorkel e uma válvula

14

respiratória de baixa resistência hidrodinâmica (Aquatrainer, Cosmed, Roma,

Itália, Figura 3, Ribeiro et al., 2016). Foram considerados apenas os valores de

VO2 compreendidos entre a média ± 4 DP, a cada 10 s e com três suavizações

(de Jesus et al., 2014). Para os parâmetros ventilatórios estudados, o valor de

cada patamar foi obtido pela média do último minuto do tempo de nado. A

cinética do VO2 foi modelada pela seguinte função exponencial:

Equação 2 VO2(t) = A0 + Ap ∙ (1 - e(t-TDp) τp⁄ )

onde VO2(t) representa o VO2 por unidade de tempo (ml·min-1), A0 é a amplitude

basal de VO2 (ml·min-1), Ap é a amplitude do VO2 (ml·min-1), TD é o tempo de

atraso do VO2 (s), e 𝜏 é a constante de tempo (s). Foi utilizada esta função uma

vez que a intensidades moderadas de exercício são descritas por modelações

monoexponenciais (Ozyener et al., 2001).

Figura 3: Avaliação dos parâmetros ventilatórios com o analisador portátil de gases (K4b2, Cosmed,

Roma, Itália)

O Ė é assumido como sendo o somatório das componentes energéticas aeróbia

(Aer) e anaeróbia lática (Anala). A contribuição Aer foi calculada através da

multiplicação do integral no tempo do VO2 de repouso (VO2basal) pela relação de

15

tempo nos intervalos de tempo apropriados (mLO2) e, em seguida, expressa em

kJ assumindo um equivalente de energia de 20.9 kJ·LO2-1 (Figueiredo et al.,

2011; Sousa et al., 2014; Zamparo et al., 2011). A contribuição Anala foi estimada

através da energia proveniente da produção de ácido lático (equação 3):

Equação 3 Anala = b ∙ [La-]basal ∙ M

onde [La-]basal é o lactato de repouso, b é o equivalente energético para a

acumulação de lactato no sangue capilar (2.7 ml O2 mM-1·kg-1) (di Prampero et

al., 1978; Thevelein et al., 1984) e M (kg) é a massa corporal do nadador. Neste

caso, a contribuição do sistema anaeróbio alático foi desconsiderada (Vilas-

Boas, 1996). As variáveis foram expressas em kJ assumindo um equivalente de

energia de 20.9 kJ·lO2-1 (Zamparo et al., 2011).

O C representa a energia despendida para se percorrer uma determinada

distância (di Prampero, 1986; Pendergast et al., 2003; Zamparo et al., 2001)

sendo considerado o declive da regressão linear obtida através da relação de Ė

com a v correspondente a cada repetição do teste (Fernandes et al., 2006).

Equação 4 C = E ∙ v-1

Nos três estudos, as variáveis biomecânicas sujeitas a avaliação foram a v, a

FG, a DC e o IB. A análise foi feita com recurso a imagens capturadas por duas

câmaras de vídeo (HDR-CX160E, Sony, Quioto, Japão, Figura 4) e a

cronómetros com cronofrequencímetros. As câmaras foram colocadas na lateral

da piscina, de modo a permitir a visualização do eixo longitudinal do nadador e

um mínimo de três ciclos de membros superiores (MS) em cada percurso de 50

m.

16

Figura 4: Filmagem do teste de 5 x 1000 m com a camara HDR-CX160E, Sony, Quioto, Japão

A FG foi calculada pelo quociente entre o número de ciclos realizados pelos

membros superiores numa determinada distância pelo tempo gasto no percurso

(Maglischo, 1999) sendo utilizada a seguinte equação:

Equação 5 FG = 3 ∙ t3-1

onde t3 é o tempo gasto para completar 3 ciclos de MS. Neste caso particular, a

FG foi determinada recorrendo-se a cronofrequencímetro de base 3 (3x100M

Stopwatch, Finis, California, Estados Unidos, Figura 5), que permite o seu calculo

automaticamente através da análise de três ciclos. A DC é considerada como

um dos fatores com maior preponderância para se alcançar o sucesso em

competição (Toussaint et al., 2006) e foi calculada através da razão entre v e FG

(Craig & Pendergast, 1979):

Equação 6 DC = v ∙ FG-1

O IB foi definido pelo produto da DC com a v (Costill et al., 1985).

Os tempos finais e parciais de cada nadador foram obtidos por cronometragem

manual (3x100M Stopwatch, Finis, Califórnia, Estados Unidos) e a v foi calcula

17

através do quociente entre a distância percorrida e o tempo gasto a percorrer

essa distância.

Figura 5: Cronofrequencimetro Finis (Califórnia, Estados Unidos) e utilizado para controlo da FG dos nadadores

2.3 Análise estatística

A análise estatística dos dados foi efetuada na versão 24.0 do programa

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) e na versão 7.0 do GraphPad

Prism. Na análise exploratória de dados foram calculados parâmetros de

tendência central (média) e dispersão (desvio padrão) para todas as variáveis.

Foram verificados os pressupostos de normalidade através do teste de Shapiro-

Wilk. Posteriormente realizou-se uma análise inferencial onde se recorreu ao

teste ANOVA para medidas repetidas, para comparar as variáveis nas repetições

de 1000 m (excluindo o efeito do género, utilizando este como covariável). O

teste Post Hoc de Bonferroni foi utilizado para identificar diferenças de pares

sempre que fosse obtido um valor de F significativo. Para a comparação entre

géneros recorremos ao Teste-T para medidas independentes. Coeficientes de

correlação parcial (0.40 pobre, 0.40 - 0.75 bom e 0.75 excelente; Fleiss, 1986)

foram utilizados para quantificar o grau de associação entre as variáveis

estudadas e a performance dos nadadores. Foi estabelecido um nível de

18

significância de α = 5% dado ser o valor mais convencionado para pesquisas na

área das ciências humanas. Utilizamos o procedimento estatístico bootstrapping

com 1000 amostras para calcular os parâmetros do modelo monoexponencial,

onde a média, o desvio padrão e o coeficiente de variação foram calculados para

estimar cada parâmetro.

19

3. Resultados

3.1 Estudo 1

No estudo 1, i.e., na prova de 5000 m livres do campeonato nacional de longa

distância, observou-se um aumento dos valores da [La-] de repouso para os

valores obtidos após a conclusão da prova, com a estabilização dos mesmos do

1º para o 3º min (2.6 ± 1.5 e 2.6 ± 1.2 mmol·L-1, respetivamente). Os valores de

glicemia mantiveram-se estáveis ao longo das diferentes avaliações.

Complementarmente, foi feita uma comparação entre géneros onde não foram

observadas quaisquer diferenças quanto à [La-]. Contudo, após a conclusão da

prova, os valores de glicemia foram mais elevados nas raparigas (Tabela 4). Não

foram encontradas correlações entre a [La-] e a glicemia com a performance dos

nadadores.

Tabela 4: Valores médios ± DP das variáveis bioenergéticas do estudo 1 e respetiva comparação das médias dos dois géneros.

Variáveis N=34 ♂

N=17

N=17

Teste-T D de Cohen Correlação Parcial

p d Efeito correlação p

[La-]repouso

(mmol·L-1)

2.0 ± 1.1 2.0 ± 1.2 2.0 ± 1.1 0.92 0.03 Insignificante 0.06 0.68

[La-]pós-prova1’

(mmol·L-1) 2.6 ± 1.1 2.7 ± 1.8 2.2 ± 1.3 0.63 0.15 Insignificante -0.22 0.15

[La-]pós-prova3’

(mmol·L-1) 2.6 ± 1.5 2.7 ± 1.4 2.6 ± 1.0 0.80 0.07 Insignificante -0.23 0.14

Glicemiarepouso

(mg·dL-1) 113 ± 18 115 ± 19 111 ± 16 0.46 0.23 Pequeno -0.21 0.17

Glicemiapós-prova1’

(mg·dL-1) 117 ± 24 109 ± 23 127 ± 22 <0.05 -0.80 Grande -0.30 0.05

Glicemiapós-prova3’

(mg·dL-1) 113 ± 20 105 ± 17 121 ± 21 <0.05 -0.84 Grande -0.23 0.13

[La-]= concentração sanguínea de lactato.

Os valores de média ± DP das variáveis biomecânicas do estudo 1 foram

avaliados a cada 1000 m da prova, com o propósito de facilitar a análise e

compreensão dos resultados, sendo apresentados na Tabela 5.

20

Tabela 5: Média ± DP das variáveis biomecânicas do estudo 1 (n=16).

1000 2000 3000 4000 5000 Total

FG

(ciclos·min-1)

34.9 ± 3.3 34.9 ± 3.3 34.9 ± 3.2 35.0 ± 3.3 35.4 ± 3.5 35.0 ± 3.2

DC

(m·ciclo-1)

2.54 ± 0.32,3,4,5 2.51 ± 0.31,4,5 2.49 ± 0.31,4,5 2.46 ± 0.31,2,3 2.43 ± 0.31,2,3 2.49 ± 0.3

IB

(m2·s-1·ciclo-1)

3.42 ± 0.52,3,4,5 3.33 ± 0.51,4,5 3.26 ± 0.51,2,4 3.19 ± 0.51,2,3,5 3.11 ± 0.51,2,3,4 3.26 ± 0.5

v

(m·s-1)

1.34 ± 0.082,3,4,5 1.32 ± 0.081,3,4,5 1.31 ± 0.081,2,4 1.29 ± 0.081,2,3 1.28 ± 0.091,2 1.31 ± 0.08

1,2,3,4,5 diferença entre os diferentes patamares dos 5000 (p≤0.05). FG= frequência gestual; DC= distância por ciclo; IB= índice de braçada; v= velocidade.

Observou-se que ao longo da prova ocorreu uma diminuição progressiva da v

(F=1.25, p>0.05, ƞp2=0.06), uma estabilização dos valores de FG (F=0.24,

p>0.05, ƞp2=0.01) e uma diminuição da DC e do IB (F=2.17, p>0.05, ƞ

p2=0.10 e

F=4.58, p<0.05, ƞp2=0.74, respetivamente). O IB apresentou uma correlação

moderada com a performance, enquanto a FG e a DC não tiveram correlação

com o tempo final dos nadadores (fraca e muito fraca, respetivamente). Estas

alterações podem ser explicadas pelo aparecimento de fadiga muscular

associado ao exercício prolongado. Quando comparados os géneros, foi

observado que os rapazes apresentaram valores superiores de DC e IB

enquanto as raparigas apresentaram uma FG mais elevada (Tabela 6).

21

Tabela 6: Valores médios ± DP das variáveis biomecânicas do estudo 1 e respetiva comparação das médias dos dois géneros.

Variáveis ♂

N=9

N=7

Teste-T D de Cohen Correlação Parcial

p d Efeito Correlação P

FG1000 32.6 ± 1.9 37.6 ± 2.3 <0.01 -2.41 Enorme -0.19 0.42

FG2000 32.7 ± 2.0 37.5 ± 2.4 <0.01 -2.17 Enorme -0.21 0.35

FG3000 32.7 ± 2.0 37.5 ± 2.4 <0.01 -2.17 Enorme -0.22 0.33

FG4000 32.9 ± 2.4 37.6 ± 2.3 <0.01 -1.99 Enorme -0.31 0.17

FG5000 33.3 ± 3.1 37.9 ± 1.9 <0.01 -1.77 Enorme -0.43 0.05

DC1000 2.77 ± 0.1 2.27 ± 0.2 <0.01 3.49 Enorme -0.07 0.76

DC2000 2.73 ± 0.1 2.25 ± 0.2 <0.01 3.09 Enorme -0.10 0.67

DC3000 2.71 ± 0.1 2.24 ± 0.2 <0.01 3.15 Enorme -0.13 0.58

DC4000 2.67 ± 0.1 2.22 ± 0.2 <0.01 2.87 Enorme -0.08 0.75

DC5000 2.62 ± 0.2 2.20 ± 0.2 <0.01 2.63 Enorme 0.02 0.93

IB1000 3.85 ± 0.2 2.91 ± 0.3 <0.01 3.81 Enorme -0.52 0.02

IB2000 3.75 ± 0.2 2.84 ± 0.3 <0.01 3.64 Enorme -0.58 0.01

IB3000 3.63 ± 0.2 2.80 ± 0.3 <0.01 3.18 Enorme -0.76 <0.01

IB4000 3.55 ± 0.2 2.76 ± 0.3 <0.01 3.01 Enorme -0.72 <0.01

IB5000 3.44 ± 0.2 2.71 ± 0.3 <0.01 2.55 Enorme -0.65 <0.01

FG= frequência gestual; DC= distância por ciclo; IB= índice de braçada.

3.2 Estudo 2

No estudo 2, i.e., no teste de 5 x 1000 m crol, foram analisadas, em 10

nadadores, os valores de média ± DP da [La-] e da glicemia, bem como a FG, a

DC, o IB e a v (Tabela 7). Os valores da [La-] e glicemia foram constantes ao

longo de todo o teste (F=0.93, p>0.05, ƞp2=0.10 e F=1.24, p>0.05, ƞ

p2=0.13,

respetivamente). Foi possível observar que a v se manteve constante (F=0.74,

p>0.05, ƞp2=0.08) e, para que esta estabilização fosse possível, ocorreram

ajustes biomecânicos como aumento da FG (F=0.15, p>0.05, ƞp2=0.02) e

diminuição da DC (F=0.78, p>0.05, ƞp2=0.09) e do IB (F=0.85, p>0.05, ƞ

p2=0.10).

22

Tabela 7: Média ± DP das variáveis bioenergéticas e biomecânicas avaliadas no estudo 2.

[La-]

(mmol·L-1)

Glicemia

(mg·dL-1)

FG

(ciclos·min-1)

DC

(m·ciclo-1)

IB

(m2·s-1·ciclo-1)

v

(m·s-1)

Repouso 1.3 ± 0.3 85 ± 11 --- --- --- ---

1000 2.1 ± 0.8 91 ± 20 32.2 ± 3.3 2.68 ± 0.3 3.46 ± 0.4 1.29 ± 0.1

2000 2.4 ± 1.0 89 ± 33 32.8 ± 3.6 2.65 ± 0.3 3.46 ± 0.4 1.30 ± 0.1

3000 2.1 ± 0.9 103 ± 11 33.1 ± 3.5 2.62 ± 0.3 3.41 ± 0.4 1.30 ± 0.1

4000 2.4 ± 1.3 98 ± 12 33.2 ± 3.6 2.60 ± 0.3 3.34 ± 0.4 1.29 ± 0.1

5000 2.7 ± 1.6 100 ± 19 33.6 ± 3.6 2.55 ± 0.2 3.29 ± 0.4 1.29 ± 0.1

Recuperação 3 min 2.3 ± 1.0 106 ± 16 --- --- --- ---

Recuperação 5 min 2.2 ± 0.8 101 ± 8 --- --- --- ---

[La-]= concentração sanguínea de lactato; FG= frequência gestual; DC= distância por ciclo; IB= índice de braçada.

Adicionalmente, verificou-se que nenhuma das variáveis fisiológicas apresentou

diferenças entre géneros (p>0.05). No que diz respeito às variáveis

biomecânicas, não foram encontradas diferenças na FG e na DC, contudo

constatou-se que na segunda e terceira repetições de 1000 m, a v foi superior

nos rapazes, verificando-se o mesmo nas últimas quatro repetições no que diz

respeito ao IB (p≤0.05). Estas diferenças podem existir devido às diferenças

antropométricas e fisiológicas que lhes são conhecidas. A Tabela 8 apresenta

os valores médios ± DP das variáveis bioenergéticas e biomecânicas dos dois

géneros, bem como a correlação que existe entre as respetivas variáveis e a

performance dos nadadores. Na correlação parcial, onde foi excluído o efeito do

género, nenhuma das variáveis apresentou correlação com a performance.

23

Tabela 8: Valores médios ± DP das variáveis bioenergéticas e biomecânicas em cada um dos géneros no estudo 2.

Variáveis ♂ ♀ Teste-T D de Cohen Correlação Parcial

p d Efeito Correlação p

[La-]1000 2.4 ± 0.8 1.6 ± 0.5 0.13 1.13 Grande 0.05 0.89

[La-]2000 2.9 ± 1.0 1.7 ± 0.5 0.07 1.42 Enorme 0.00 1.00

[La-]3000 2.5 ± 0.9 1.5 ± 0.5 0.08 1.37 Enorme 0.08 0.83

[La-]4000 2.9 ± 1.5 1.7 ± 0.5 0.14 0.99 Grande -0.48 0.19

[La-]5000 3.0 ± 1.1 2.2 ± 1.1 0.48 0.49 Médio -0.32 0.40

Glicemia1000 82 ± 14 104 ± 22 0.08 -1.19 Grande 0.12 0.76

Glicemia2000 77 ± 39 107 ± 1 0.18 -1.09 Grande 0.10 0.80

Glicemia3000 99 ± 11 108 ± 8 0.19 -0.94 Grande -0.05 0.90

Glicemia4000 93 ± 12 106 ± 5 0.07 -1.41 Enorme 0.01 0.98

Glicemia5000 94 ± 17 109 ± 19 0.25 -0.83 Grande 0.03 0.93

FG1000 31.5 ± 1.8 33.4 ± 4.9 0.50 -0.52 Médio -0.32 0.40

FG2000 32.0 ± 2.0 34.1 ±5.4 0.51 -0.50 Médio -0.31 0.42

FG3000 32.2 ± 1.5 34.4 ± 5.5 0.49 -0.54 Médio -0.31 0.41

FG4000 32.4 ± 2.3 34.3 ± 5.2 0.54 -0.47 Pequeno -0.33 0.39

FG5000 32.9 ± 2.1 34.7 ± 5.4 0.48 -0.43 Pequeno -0.48 0.19

DC1000 2.79 ± 0.1 2.53 ± 0.3 0.23 1.02 Grande 0.11 0.77

DC2000 2.76 ± 0.1 2.49 ± 0.4 0.14 0.92 Grande 0.12 0.77

DC3000 2.73 ± 0.1 2.47 ± 0.4 0.25 0.97 Grande 0.07 0.85

DC4000 2.69 ± 0.2 2.45 ± 0.3 0.17 0.88 Grande 0.04 0.91

DC5000 2.63 ± 0.1 2.43 ± 0.3 0.34 0.76 Médio 0.25 0.52

IB1000 3.68 ± 0.1 3.15 ± 0.5 0.11 1.54 Enorme -0.45 0.22

IB2000 3.71 ± 0.2 3.10 ± 0.5 0.02 1.68 Enorme -0.37 0.33

IB3000 3.65 ± 0.2 3.05 + 0.5 0.02 1.66 Enorme -0.45 0.23

IB4000 3.56 ± 0.3 3.01 ± 0.5 0.04 1.47 Enorme -0.49 0.18

IB5000 3.49 ± 0.2 2.99 ± 0.4 0.04 1.45 Enorme -0.48 0.19

[La-]= concentração sanguínea de lactato; FG= frequência gestual; DC= distância por ciclo; IB= índice de braçada.

24

3.3 Estudo 3

Como já referido anteriormente, neste estudo avaliou-se a cinética do VO2,

juntamente com as variáveis ventilatórias (VE e R), a [La-], a glicemia e as

variáveis biomecânicas (Tabela 9). Foram também calculados o Ė e o C, bem

como a contribuição energética em cada 1000 m do teste. Os valores basais das

variáveis bioenergéticas, i.e., os valores encontrados em repouso, foram

semelhantes entre os dois casos estudados.

As variáveis ventilatórias e bioenergéticas não sofreram alterações no decorrer

dos 5 x 1000 m crol. O VO2 (absoluto e relativo) não sofreu mudanças em função

do tempo (F=1.37, p>0.05, ƞp2=0.58) e o mesmo sucedeu com os valores de VE

(F=1.90, p>0.05, ƞp2=0.66), R (F=1.96, p>0.05, ƞ

p2=0.66) e FC (F=0.24, p>0.05,

ƞp2=0.19). Constatou-se que, tanto o C, como o Ė, apresentaram um

comportamento idêntico, i.e., mantiveram-se contantes ao longo de todo o teste

(F=0.52, p>0.05, ƞp2=0.34 e F=0.49, p>0.05, ƞ

p2=0.33, respetivamente). Quanto

às variáveis biomecânicas, o comportamento foi semelhante, com todas a

variáveis a apresentarem valores constantes ao longo das 5 x 1000 m (F=2.14,

p>0.05, ƞp2=0.68 para a v, F=0.15, p>0.05, ƞ

p2=0.13 para a FG, F=0.13, p>0.05,

ƞp2=0.12 para a DC e F=0.31, p>0.05, ƞ

p2=0.23 para o IB).

25

Tabela 9: Fatores bioenergéticos e biomecânicos dos 5 x 1000 m crol do estudo 3 (n=2).

Repouso 1000 2000 3000 4000 5000

v

(m·s-1)

♀ --- 1.27 ± 0.02 1.27 ± 0.03 1.27 ± 0.03 1.26 ± 0.03 1.25 ± 0.03

♂ --- 1.32 ± 0.04 1.33 ± 0.03 1.33 ± 0.02 1.33 ± 0.02 1.32 ± 0.03

VO2absoluto

(L·min-1)

♀ 0.45 ± 0.3 2.78 ± 0.4 2.61 ± 0.3 2.69 ± 0.6 2.48 ± 0.7 2.53 ± 0.7

♂ 0.49 ± 0.4 2.40 ± 0.5 2.33 ± 0.7 2.40 ± 0.8 2.03 ± 0.5 2.72 ± 0.5

VO2relativo

(ml·min-1·kg-1)

♀ 7.3 ± 5.3 45.5 ± 6.0 42.8 ± 5.2 44.2 ± 9.0 39.8 ± 10.9 41.8 ± 11.4

♂ 6.5 ± 5.1 32.0 ± 6.1 31.1 ± 9.2 31.9 ± 10.5 27.1 ± 6.8 36.6 ± 6.8

VE

(L·min-1)

♀ 18.1 ± 12.7 88.0 ± 13.6 89.6 ± 13.3 89.0 ± 15.2 84.5 ± 12.6 82.4 ± 16.5

♂ 19.3 ± 16.0 87.6 ± 6.2 87.1 ± 14.2 80.6 ± 12.8 76.7 ± 5.4 84.6 ± 10.1

R ♀ 0.9 ± 0.4 0.95 ± 0.1 0.96 ± 0.1 0.94 ± 0.1 1.03 ± 0.2 0.94 ± 0.2

♂ 1.1 ± 0.3 1.27 ± 0.2 1.31 ± 0.4 1.16 ± 0.3 1.35 ± 0.4 0.99 ± 0.1

Ė

(kJ)

♀ --- 683.6 638.3 663.9 592.0 627.6

♂ --- 510.2 545.4 454.4 524.0 630.2

C

(kJ·m-1)

♀ --- 0.68 0.64 0.66 0.59 0.63

♂ --- 0.51 0.55 0.46 0.53 0.63

FC

(bpm)

♀ 69.0 ± 3.4 168.1 ± 1.7 168.2 ± 1.1 170.7 ± 1.1 170.2 ± 1.7 167.8 ± 1.1

♂ 86.7 ± 9.5 166.1 ± 1.1 162.3 ± 0.8 157.7 ± 1.4 158.8 ± 1.2 162.9 ± 0.6

%FCmáx

♀ 36.4% 88.6% 88.6% 89.9% 89.7% 88.4%

♂ 45.0% 86.2% 84.3% 81.9% 82.5% 84.6%

[La-]

(mmol·L-1)

♀ 1.7 2.0 2.6 1.9 2.0 2.1

♂ 0.9 1.6 1.9 1.9 1.8 1.8

Glicemia

(mg·dL-1)

♀ 99 99 114 94 84 100

♂ 85 90 85 88 92 85

FG

(ciclos·min-1)

♀ --- 33.9 ± 0.6 34.5 ± 0.6 34.5 ± 0.6 35.2 ± 0.3 35.4 ± 0.9

♂ --- 34.7 ± 1.9 34.7 ± 0.9 34.7 ± 0.7 34.3 ± 0.5 34.0 ± 0.6

DC

(m·ciclo-1)

♀ --- 2.49 ± 0.03 2.45 ± 0.02 2.44 ± 0.04 2.38 ± 0.04 2.35 ± 0.04

♂ --- 2.50 ± 0.1 2.51 ± 0.05 2.51 ± 0.04 2.55 ± 0.02 2.56 ± 0.03

IB

(m2·s-1·ciclo-1)

♀ --- 3.16 ± 0.06 3.12 ± 0.08 3.08 ± 0.1 3.00 ± 0.11 2.94 ± 0.05

♂ --- 3.30 ± 0.1 3.35 ± 0.09 3.33 ± 0.09 3.38 ± 0.06 3.37 ± 0.06

VO2= consumo de oxigénio; VE= ventilação pulmonar; R= quociente respiratório; Ė= dispêndio energético; C= custo energético; FC=

frequência cardíaca; [La-]= concentração sanguínea de lactato; v= velocidade; FG= frequência gestual; DC= distância por ciclo; IB= índice

de braçada.

26

Constatou-se também que nenhuma das variáveis bioenergéticas teve

correlação com a performance dos nadadores (Tabela 10). No entanto, nas

variáveis biomecânicas verificou-se uma correlação entre o IB e o tempo final.

Tabela 10: Correlação das variáveis bioenergéticas e biomecânicas com a performance no estudo 3

Performance

Correlação p

VO2absoluto (L.min-1) 0.40 0.50

VO2relativo (ml·min-1·kg-1) 0.37 0.54

VE (L.min-1) -0.47 0.42

R -0.70 0.19

C (kJ.m-1) 0.48 0.41

Ė (kJ) 0.56 0.32

FC (bpm) 0.15 0.82

[La-] (mmol.L-1) -0.49 0.41

Glicemia (mg.dL-1) -0.45 0.45

FG (ciclos.min-1) 0.15 0.81

DC (m.ciclo-1) -0.47 0.43

IB (m2.s-1.ciclo-1) -0.86 0.05 VO2= consumo de oxigénio; VE= ventilação pulmonar; R= quociente respiratório; Ė= dispêndio energético; C= custo energético; FC=

frequência cardíaca; [La-]= concentração sanguínea de lactato; v= velocidade; FG= frequência gestual; DC= distância por ciclo; IB= índice

de braçada.

A Tabela 11 mostra os valores médios ± DP das variáveis da cinética do VO2,

não tendo sido encontradas diferenças ao longo dos 5 x 1000 m crol (p>0.05).

27

Tabela 11: Valores de média ± DP da cinética VO2 do teste de 5 x 1000 m crol.

Ap= amplitude do consumo de oxigénio da fase primária; TD= tempo de atraso da fase primária; 𝜏= constante de tempo da fase primária.

A contribuição energética relativa para cada uma das repetições de 1000 m do

teste é apresentada na Figura 9, sendo possível constatar que a contribuição foi

maioritariamente (~99.5%) aeróbia. Neste caso, a contribuição anaeróbia alática

considerou-se desprezível.

Figura 6: Contribuição energética no teste 5 x 1000 m crol.

99,3

99,4

99,5

99,6

1 x1000

2 x1000

3 x1000

4 x1000

5 x1000

%

Aeróbia

0

0,2

0,4

0,6

1 x1000

2 x1000

3 x1000

4 x1000

5 x1000

%

Anaeróbia

Cinética VO2 1000 2000 3000 4000 5000

A0 (mL.kg-1.min-1) ♀ 10.1 10.5 12.6 4.1 13.6

♂ 8.0 2.8 4.4 10.7 6.1

Ap (mL.min-1)

♀ 34.5 ± 0.23

CV % 0.66

32.8 ± 0.28

CV % 0.86

30.9 ± 0.24

CV % 0.77

32.9 ± 0.30

CV % 0.93

23.1 ± 0.91

CV % 3.96

♂ 27.3 ± 0.3

CV % 1.2

26.6 ± 0.4

CV % 1.53

26.4 ± 0.3

CV % 1.3

19.6 ± 0.3

CV % 1.7

27.0 ± 0.2

CV % 0.8

TDp (s)

♀ 4.5 ± 1.94

CV % 46.63

5.7 ± 1.94

CV % 52.60

1.8 ± 1.53

CV % 85.29

5.6 ± 1.68

CV % 30.25

1.8 ± 4.76

CV % 261.4

♂ 13.8 ± 3.3

CV % 24.1

7.2 ± 3.8

CV % 53.2

5.7 ± 3.2

CV % 56.4

13.0 ± 4.3

CV % 32.9

8.0 ± 2.2

CV % 27.2

𝜏p (s)

♀ 13.9 ± 2.29

CV % 16.57

10.1 ± 3.02

CV % 29.79

14.5 ± 1.81

CV % 12.49

7.7 ± 1.85

CV % 24.22

10.2 ± 5.53

CV % 54.40

♂ 8.5 ± 3.4

CV % 40.5

10.9 ± 3.9

CV 35.3%

20.2 ± 4.0

CV % 20.0

10.5 ± 4.7

CV % 44.1

13.7 ± 2.8

CV % 20.6

Contribuição Energética

28

29

4. Discussão

A rendimento desportivo na natação é influenciada por diversos fatores, tendo

os bioenergéticos e os biomecânicos elevada importância (Fernandes et al.,

2008). Assim, tratando-se de uma modalidade técnica, é prudente fazer uma

avaliação das características biomecânicas em paralelo com as respostas

fisiológicas (Pyne et al., 2000). O propósito desta dissertação foi apresentar uma

análise global das alterações fisiológicas e biomecânicas na prova de 5000 m e

num teste experimental de 5 x 1000 m, ambas na técnica de crol, a uma

intensidade correspondente à máxima fase estável de lactato (MLSS). O MLSS

é definido como a maior [La-] e maior carga de trabalho que pode ser mantida ao

longo do tempo sem acumulação continua de lactato, sendo considero o padrão

de ouro para prever o desempenho aeróbio e o limiar anaeróbio (Beneke &

Duvillard, 1996; Beneke, 2003; Faude et al., 2009; Pelarigo et al. 2011). É medida

em exercícios prolongados a intensidade constante e define uma intensidade de

exercício suportável pelo tempo acima referido (Baron et al., 2008), tal como

acontece nos estudos desta dissertação.

Ao analisarmos globalmente os valores por nós obtidos é possível constatar que

todas as variáveis bioenergéticas avaliadas nos três estudos apresentaram

valores estáveis durante as avaliações, algo que pode ser explicado pela

intensidade constante e moderada a que quer a prova de 5000 m quer o teste

de 5 x 1000 m foram realizados. Já os valores biomecânicos apresentaram um

comportamento diferente, observando-se no estudo 1 uma diminuição da v, DC

e IB e uma estabilização da FG ao longo dos 5000 m, enquanto que a v foi

constate e aconteceu um aumento da FG e uma diminuição da DC e do IB no

teste de 5 x 1000 m dos estudos 2 e 3. Sabemos que a intensidade e duração

do exercício provocam alterações quer fisiológicas quer biomecânicas nos

nadadores, levando a adaptações fisiológicas e reajustes biomecânicos devido

ao aparecimento de fadiga (Pelarigo et al., 2016).

30

Na presente dissertação, os valores de VO2 foram medidos diretamente

respiração-a-respiração em função do tempo para uma intensidade de nado

constante e moderada. O comportamento das trocas gasosas (especialmente o

VO2) e o estado de acidez do sangue (monitorizado através da medição da

[La-]), em exercícios de carga constante, são utilizados para definir quatro

domínios de intensidade: baixa-moderada, pesada, severa (Burnley & Jones,

2007) e extrema (Hill et al., 2002). A Tabela 12 apresenta um resumo dos quatro

domínios de intensidade do exercício, os parâmetros que delimitam os seus

limites, as respostas fisiológicas e biomecânicas e respetivo espectro de tempo

e as zonas bioenergéticas de treino (Fernandes, 2013).

Nadar a uma intensidade continua e baixa a moderada depende da capacidade

de extrair, distribuir e utilizar O2, da capacidade em manter a exercício dentro do

limiar anaeróbio (LAN) e da capacidade em realizar o exercício eficientemente

com o menor C possível (Fernandes, 2013). O estudo da cinética do VO2 incide

nos mecanismos fisiológicos responsáveis pela resposta dinâmica do VO2 ao

exercício e subsequente recuperação (Sousa et al., 2014), sendo descrita como

um processo com três fases (Poole & Erickson, 2011; Whipp & Ward, 1990): (i)

fase I ou cardiodinâmica, está associada a um aumento abrupto do VO2 como

resultado do aumento do débito cardíaco e, consequentemente, do fluxo

sanguíneo pulmonar e tem uma duração ~15-20 s (Whipp, 1987); (ii) fase II ou

fase fundamental, primária ou componente rápida, reflete a cinética do VO2 do

músculo e tem uma constante de tempo de 30-45 s (Burnley & Jones, 2007); (iii)

fase III ou fase de estabilização, corresponde ao estado de equilíbrio do VO2 que

é atingido ao fim de 2-3 min (Xu & Rhodes, 1999). A analise da cinética do VO2

é uma ferramenta útil para o processo de treino e para a avaliação dos

nadadores (Fernandes & Vilas-Boas, 2012; Reis et al., 2012b) especialmente

para uma melhor compreensão da tolerância ao exercício e do efeito que

variáveis fisiológicas têm na resposta do VO2 ao exercício (Rodriguez et al., 2003;

Reis et al., 2012a; Sousa et al., 2011).

31

T

ab

ela

12:

Defin

içã

o d

os d

om

ínio

s d

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sid

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Ae

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Po

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Espectr

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De T

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≥ 3

0 m

in

10

-20

min

3-6

min

< 1

20

s

FG

(cic

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∙min

-1)

< 3

5

35

-40

40

-45

>4

5

FC

(bp

m)

<150/1

60

160-1

70

170-1

90

>190

[La

- ]

(mm

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-1)

< 3

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4/5

-7

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VO

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O2

x

Dom

ínio

(Baix

a)

/

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da

Pesad

a

Severa

Extr

em

a

32

No estudo 3, os valores de VO2 foram constantes, tal como esperado, sendo

corroborados por estudos anteriores que referem que em intensidades baixas a

moderadas é esperado um estado de equilíbrio fisiológico do VO2 (Baron et al.,

2005; Pelarigo et al., 2016; Whipp & Ward, 1990). Os valores de VO2 por nós

encontrados são inferiores aos obtidos por Dekerle et al. (2005) e Pelarigo et al.

(2016), num protocolo de 30 min na técnica de crol a carga constante, o que

pode ser justificado por: (i) elevado treino aeróbio a que os nadadores da nossa

amostra são sujeitos no seu dia-a-dia e ao seu nível de especialização, uma vez

que se tratam de nadadores internacionais de águas abertas; (ii) a uma amostra

reduzida (n=2), a diferenças antropométricas entre os nadadores e à duração do

teste (≈ 1h10).

Verificou-se também que, para a intensidade a que o teste de 5x1000 m crol foi

executado, a cinética do VO2 pôde ser descrita considerando-se a existência de

uma componente rápida, que reflete um processo de controlo fisiológico

subjacente até se atingir um estado de equilíbrio (Burnley & Jones, 2007),

levando-nos a utilizar um ajuste monoexponencial (Figura 7).

Consequentemente, a utilização de um ajuste biexponencial tornou-se

desnecessária, sendo usual a sua utilização em exercícios de intensidade

superior (pesada e severa) onde ocorre uma fase denominada de componente

lenta. Ao analisarmos estes resultados surgiu uma questão importante: será que

o facto deste teste ser intermitente diferencia os valores de VO2 e da sua cinética

de uma prova de 5000 m (nado continuo) dentro da mesma intensidade?

Contudo, ao fazermos uma revisão da literatura constatamos que estudos

anteriores encontraram valores similares de VO2 em exercícios intermitentes

(testes de limiar anaeróbio, limiar ventilatório e limiar de FC) e contínuos (testes

de MLSS) (Pelarigo et al., 2017), contudo é claramente necessária uma maior

investigação neste domínio.

33

Figura 7: Exemplo de uma curva típica da modelagem realizada para a cinética do VO2 à cada 1000m.

No que concerne às variáveis decorrentes da cinética do VO2, verificamos que

não sofrem alterações ao longo das cinco repetições de 1000 m do teste. Os

valores de amplitude da fase primária (Ap) estão de acordo com valores

apresentados na literatura para intensidades baixas a moderadas (de Jesus et

al., 2014; Sousa et al., 2013; Pelarigo et al., 2017). Os valores foram reduzidos

e isso pode ser explicado pela intensidade moderada (abaixo do LAN) e

correspondente às zonas de treino de capacidade aeróbia 1 e 2 (A1 e A2,

respetivamente) e, consequentemente, a uma demanda de oxigénio inferior. Os

valores de TDp e 𝜏p do nosso estudo são inferiores aos reportados na literatura

(Pelarigo et al. 2017; Reis et al., 2012a, 2012b). Quando o TDp é reduzido, isso

significa que o estado de equilíbrio foi atingindo em menos tempo e usualmente

encontra-se associado a um melhor estado de preparação do nadador e,

consequentemente, a um estado de fadiga retardado (Burnley & Jones, 2007;

Jones & Burnley, 2009). Nadadores bem treinados e que apresentem estas

características são capazes de nadar para uma mesma velocidade com menor

utilização do metabolismo anaeróbio durante a transição de repouso para o

exercício (Burnley & Jones, 2007). Tendo em conta os nossos resultados, é

possível afirmar que os nadadores da nossa amostra se encontram bem

treinados, como já mencionado, conseguindo ser mais económicos que

indivíduos menos treinados e, consequentemente, conseguem retardar o

aparecimento da fadiga.

Tempo (s)

34

A VE, sendo o volume de ar que entra e sai dos pulmões, mantive-se estável ao

longo dos 5 x 1000 m crol. Estes dados estão em concordância com estudos

anteriores (Baron et al., 2005; Pelarigo et al., 2016) que reportam valores

similares em ciclismo e natação (respetivamente). Esta estabilidade aconteceu,

pois a variação da VE ocorre em simultâneo com a variação do VO2 e este

manteve-se constante. Já o R, é o quociente entre o volume de CO2 expirado e

de O2 consumido, indicando o tipo de substrato que está a ser utilizado em

determinado esforço (Wilmore et al., 2008). De acordo com a literatura,

aproximadamente 75% do O2 consumido é convertido em CO2, portanto, em

repouso, o R varia entre os 0.78 e os 0.80 (Neto et al., 2001), valores ligeiramente

inferiores aos obtidos no nosso estudo. Essa diferença pode ser explicada pelo

facto de os nossos valores de repouso serem considerados os valores

imediatamente antes do inicio do teste (pré-exercício). Após o inicio do exercício

os valores de R aumentaram e estabilizaram próximos da unidade. Estes valores

sugerem uma maior utilização de CHO, facto diretamente associado a uma maior

solicitação de fibras musculares tipo II (Robergs & Roberts, 2000; Wilmore &

Costill, 2001), fibras altamente recrutadas em exercícios de endurance, como o

caso do nosso teste de 5 x 1000 m crol. As diferenças de valores que foram

observadas também podem ser justificada pela razão sinal-ruído, que foi

diminuindo ao longo do teste.

A [La-] manteve-se constante, tal como esperado em exercícios de intensidades

moderadas, onde ocorre um estado de equilíbrio fisiológico na [La-] (Baron et al.,

2005; Whipp & Ward, 1990), ou seja, o lactato é produzido e removido em

proporções iguais (Beneke et al., 2011; Billat et al., 2003). Os valores

encontrados (2.6 mmol·L-1 no estudo 1, 2.4 mmol·L-1 no estudo 2 e 2.0 mmol·L-

1 no estudo 3) são similares aos encontrados na literatura, que descrevem uma

variação de 1.9 a 3.3 mmol·L-1, em nado a intensidades moderadas (Baron et

al., 2005; Dekerle et al., 2005; Fernandes et al., 2011; Pelarigo et al., 2011). Já

Olbrecht (2000) considera que, dependendo do tipo de nadador, os valores

lácticos esperados para a capacidade aeróbia devem rondar 1-2.5 mmol·L-1.

Distâncias mais longas são caracterizadas por velocidades mais reduzidas e isso

pode explicar os valores mais baixos de [La-] encontrados. Isto pode acontecer

35

devido a uma maior percentagem de fibras musculares de contração lenta, que

aumentam a remoção de lactato sanguíneo após o exercício (Avlonitov, 1996).

Complementarmente, constatámos que as raparigas da nossa amostra

apresentaram (nos estudos 1 e 2) valores inferiores de [La-], quando comparadas

aos rapazes. Esta diferença corrobora estudos recentes (Crewther et al., 2006;

Greco et al., 2007) e pode ser explicada por uma menor massa muscular das

raparigas (Crewther et al., 2006) e uma maior concentração de testosterona nos

rapazes (di Prampero et al., 2011). Os valores mais elevados da rapariga no

estudo 3, podem ser explicados por uma maior intensidade na realização do

teste de 5 x 1000 m, corroborado pelo valores de %FCmáx.

Também os valores de glicemia foram estáveis e são corroborados pela literatura

onde se afirma que a manutenção da glicemia é importante para evitar a

glicogenólise e atenuar distúrbios homeostáticos, como a hipoglicemia. O

comportamento glicémico é, em grande parte, determinado pela intensidade do

exercício (Silva & Azevedo, 2010), i.e., a variação dos valores de glicemia é

influenciada pela intensidade do exercício, pelo nível físico dos sujeitos, pela

capilarização, concentração e dimensões das mitocôndrias (McArdle et al.,

2011). A ingestão de CHO durante exercício prolongado retarda a fadiga

(Murray, 2007); em exercícios prolongados o glicogénio muscular esgota-se e é

necessário a ingestão de CHO exógeno (Kumstat et al., 2016). O aumento da

glicemia indica melhor performance e nadadores com maior declínio têm,

usualmente, prestações inferiores (Hara & Muraora, 2015), tal como verificamos

com os nadadores que estudámos. A monitorização e compreensão do

comportamento glicémico pode ser uma ferramenta extremamente útil para os

treinadores, fornecendo informações sobre as respostas orgânicas dos seus

nadadores ao exercício. Apesar disso, é necessário ter em consideração que o

comportamento glicémico é muito individual (Hara & Muraora, 2015).

A FC foi controlada continuamente em intervalos de 5s e, após um aumento

substancial no início do exercício, manteve-se estável ao longo de todo o

protocolo. A FC pré-exercício eleva-se a níveis mais altos do que os de repouso

(70-80bpm), conhecido como a resposta antecipatória ao estímulo (McArdle et

36

al., 2011), que explica os dados obtidos no momento por nós designado de

repouso e que nada mais é do que um momento pré-exercício. Nos estudos

pioneiros que avaliaram a FC em natação, foi afirmado que é alcançado um

plateau de FC para nadadores bem treinados 90s após o inicio do exercício

(Treffene et al., 1980), tal como acontece no nosso estudo. Segundo Fernandes

(2013), os valores da FC em intensidades moderadas são, habitualmente,

inferiores a 160bpm, valor inferior à média do nosso estudo (165bpm). Contudo,

a literatura mostra-nos que, em exercícios prolongados, a FC pode aumentar,

atingindo valores de 150-178bpm (Dekerle et al., 2005; Fernandes et al., 2011;

Pelarigo et al., 2016).

A performance em natação é definida como emergindo da conversão do Ė em

trabalho propulsivo a uma determinada eficiência energética. O C é definido

como a energia despendida para percorrer uma determinada distância (Barbosa

et al., 2010; diPrampero et al., 1974, 2011; Pendergast et al., 2003; Zamparo et

al., 2011). O calculo de C permite determinar a participação energética aeróbia

e anaeróbia e avaliar quantitativamente o nível de adequação mecânica global

do gesto técnico (Silva et al., 2006). Assim sendo, tanto o Ė como o C diferem

com a intensidade do exercício e, consequentemente, com a sua duração

(diPrampero et al., 2011). O Ė, calculado utilizando o C, é muito importante uma

vez que a um C inferior os nadadores mais económicos conseguem nadar a uma

menor percentagem da sua potência aeróbia máxima e poupar substratos

energéticos (Zamparo et al., 2005). Para o calculo do Ė e, consequentemente,

do C, foram utilizados os valores de VO2 e [La-]. Os valores encontrados foram

constantes ao longo do teste de 5 x 1000 m, o que pode acontecer devido à

qualidade técnica dos nadadores da amostra, i.e., quanto mais proficientes

tecnicamente menor será o custo energético (Wakayoshi et al., 1993; Silva et al.,

2006), e à estabilidade de velocidade que se verificou no teste, quanto maior a

variação de velocidade, maior o Ė e o C (Barbosa et al., 2006; Toussaint &

Hollander, 1994).

Grande parte, se não mesmo quase a totalidade, da contribuição energética nos

5000 m estudados foi proveniente do metabolismo aeróbio, contribuindo com

37

mais de 99% do Ė total. Aliás, nadar a intensidades definidas dentro da

capacidade aeróbia 1 e 2, a contribuição energética parece depender quase

exclusivamente do sistema energético aeróbio, sendo a depleção de substrato,

alterações de hidratação ou problemas de termorregulação, a razão da

finalização do exercício em longas distâncias (Fernandes, 2013). Do nosso

conhecimento apenas Pelarigo et al. (2017) estudaram as contribuições

anaeróbia e aeróbia num exercício a intensidades próximas do MLSS, tendo

obtido resultados que vêm consolidar os nossos. Os restantes estudos

estudaram essa contribuição energética durante esforços máximos (Ogita et al.,

1996, 1999; Sousa et al., 2014). Estas evidências realçam que a contribuição

energética em intensidades na e próximas da MLSS são principalmente e quase

exclusivamente controladas pelo sistema oxidativo (Pelarigo et al., 2017).

A avaliação de fatores biomecânicos tem sido considerada bastante relevante

para o treino e para a descrição do desempenho (Figueiredo et al., 2011;

Keskinen & Komi, 1993; Termin & Pendergast, 2000), sendo a DC aceite como

um elemento fundamental para o sucesso do nadador (Costill et al., 1985;

Figueiredo et al., 2011) e o IB a expressão da capacidade do nadador se

deslocar a uma determinada v com o menor número possível de braçadas

(Costill et al., 1985). O comportamento das variáveis biomecânicas na prova de

5000 m no campeonato nacional de longa distância, onde a v, a DC e o IB

diminuíram ao longo da prova, enquanto a FG se manteve estável, está de

acordo com o que se encontra descrito na literatura (Alberty et al., 2009; Craig &

Pendergast, 1979; Craig et al., 1985). A diminuição de v, DC e IB pode estar

associada ao desenvolvimento da fadiga muscular (Chollet et al., 1997; Keskinen

& Komi, 1993; Pendergast et al., 1979), que conduz a uma diminuição do output

de energia mecânica e, consequentemente, leva a uma redução da v e da DC

(Toussaint et al., 2006), isto é, um nadador fatigado perde, gradualmente, a

capacidade de produzir força para combater a resistência oposta ao seu

deslocamento (Alberty et al., 2009). Durante uma prova, há uma diminuição da

v e da DC enquanto a FG se mantém estável, aumentando no final da prova

devido ao aparecimento de cansaço (Alberty et al., 2009; Baron et al., 2005;

38

Craig & Pendergast, 1979; Craig et al., 1985; Invernizzi et al., 2014), tal como

observamos no campeonato nacional de longa distância.

Os estudos 2 e 3 mostram que para haver uma manutenção da v nos 5 x 1000

m há um aumento da FG e uma diminuição da DC e do IB, resultados que são

justificados pelos trabalhos de nado continuo de 30 min (Alberty et al., 2009;

Dekerle et al., 2005; Pelarigo et al., 2016). Aliás, em águas abertas, as

estratégias utilizadas para se manter uma v constante passam por manter um

equilíbrio metabólico (Pelayo et al., 2007), o que se verificou, e já foi

anteriormente discutido, sendo necessárias adaptações biomecânicas uma vez

que exercícios de longa duração têm uma fadiga periférica associada

(Figueiredo et al., 2014). Os parâmetros FG e DC representam o estado técnico

de um nadador e sofrem alterações com o aparecimento de fadiga (Mujika et al.,

2000). A FG nos 5 x 1000 m aumentou progressivamente ao longo das

repetições de 1000 m ao mesmo tempo que a DC e o IB foram diminuindo

continuamente. Os nossos resultados nos estudos 2 e 3 estão em concordância

com dados anteriores, que descrevem uma diminuição da DC e do IB e um

aumento da FG com o passar do tempo, quando o exercício é realizado a uma v

constante (Dekerle et al., 2005; Figueiredo et al., 2014; Pelarigo et al., 2011).

Vários investigadores demonstraram que a intensidade de nado e a fadiga

podem interferir com os parâmetros da braçada adotados pelos nadadores, com

o passar do tempo (Dekerle et al., 2005; Oliveira et al., 2012a, 2012b; Pelarigo

et al., 2011). Maior FG esta associada a um maior C, independentemente da

massa corporal e da v (Barbosa et al., 2007). Estes dados vêm reforçar os

nossos resultados, uma vez que os nadadores da nossa amostra, para

conseguirem manter a v, apresentaram uma adaptação biomecânica que

aconteceu sobretudo devido ao aparecimento da fadiga devido ao exercício

prolongado.

Como curiosidade, a prova de 5000 m teve uma v média de 1.31 ± 0.08 m.s-1 e

o teste de 5 x 1000 m de 1.30 ± 0.07 m.s-1. Estes valores são ligeiramente

inferiores aqueles encontrados por Zingg et al., (2014) que ao analisarem provas

de 5 km verificaram uma v média de 1.47 ± 0.20 m.s-1. Em provas internacionais

de 10 km a v média apresentada foi 1.35 ± 0.09 m.s-1 para mulheres e 1.45 ± 0.10

39

m.s-1 para homens (Vogt et al., 2013). Esta diferença nos valores pode ser

explicada pela disparidade do nível competitivo dos nadadores em causa, mas

também pela desigualdade da importância das competições, uma vez que o

nosso estudo analisou nadadores portugueses na fase de qualificação do

campeonato nacional de longa distância, enquanto Zingg et al., (2014) e Vogt et

al., (2013) estudaram nadadores internacionais em provas da FINA World Cup.

Os fatores biomecânicos são muito influenciados pelo género (Barbosa et al.,

2006, 2008) onde as mulheres apresentam valores mais elevados de FG e os

homens de DC, IB e v, tal como aconteceu nos nossos resultados. Estas

diferenças entre géneros podem ser explicadas por diferenças antropométricas

e fisiológicas. O sexo masculino apresentar valores mais elevados de IB e DC,

indo de acordo com o que estudos anteriores revelam (Chollet et al., 2000; Greco

et al., 2007; Pelayo et al., 1996; Seifert et al., 2007). Isto pode ser devido a uma

maior capacidade dos rapazes em aplicar mais potência na braçada, em superar

um maior arrasto, causado por uma maior altura e maior área de secção

transversa (Toussaint et al., 2006) e pelas dimensões superiores dos MS

(Barbosa et al., 2008). Outras justificações podem ser a sua maior capacidade

aeróbia, maior massa muscular e maior concentração de androgénio (VanHeest

et al., 2004).

40

41

5. Conclusão

As conclusões que podemos retirar desta dissertação enaltecem a importância

do estudo de fatores biofísicos na avaliação da performance dos nadadores em

longa distância, visando a capacidade aeróbia do nadador. Assim, as conclusões

desta dissertação são:

i) Existe uma relação entre o perfil bioenergético e biomecânico dos nadadores;

ii) Um esforço de 5000 m na técnica de crol é realizado no domínio de

intensidade baixa-moderada e é caracterizado por uma cinética do VO2 com

três fases, existindo um equilíbrio metabólico, com o nadador rearranjando a

sua técnica (combinações entre FG e DC) para manter a sua homeostase e

ritmo de nado no final do esforço;

iii) Em exercícios prolongados há um aumento da FG e diminuição da DC e do

IB associados ao aparecimento da fadiga muscular, sendo necessário o treino

técnico para otimizar estes ajustes biomecânicos tornando o nadador mais

eficiente e, consequentemente, mais económico;

iv) Os nadadores de águas abertas realizam as suas provas em intensidades

próximas do LAN ou até mesmo ao LAN. Esta informação torna-se uma boa

ferramenta para a prescrição do treino destes nadadores, i.e., os treinadores

devem potencializar a base aeróbia dos nadadores sem descurar as restantes

zonas de treino;

v) A ingestão de CHO em exercícios prolongados, como é o caso das provas de

águas abertas, é fundamental para retardar o aparecimento de fadiga e

possibilitar uma melhor resposta às variações de intensidade que existem no

desenrolar de uma prova. Tendo em consideração que o comportamento

glicémico é muito individual cada nadador deverá pensar, estudar e idealizar

o seu abastecimento com base nas suas características específicas;

42

43

6. Sugestões para estudos futuros

Esta dissertação fornece aos treinadores de natação algumas evidencias iniciais

e objetivas para a compreensão do comportamento biomecânico e bioenergético

de um teste de 5 x 1000 m. Estudos com foco na disciplina de águas abertas são

muito escassos e, apesar do primeiro passo já ter sido dado neste trabalho com

a caracterização biofísica, continuam a existir ainda muitas falhas e lacunas,

sendo propósito do nosso grupo reduzi-las em estudos futuros, nomeadamente:

i) Realizando um teste de 5 x 1000 m em meio natural (nomeadamente

uma pista) para caraterização biofísica dos nadadores em situação

real de águas abertas;

ii) Replicar o teste anterior tendo como foco a prova de 10 km, ou seja,

fazendo um teste de 10 x 1000 m. Sendo esta a prova do calendário

olímpico, é a distância com mais enfase em competições nacionais e

internacionais;

iii) Estudo em situação de competição de águas abertas, com controlo da

velocidade e das estratégias de nado mais utilizadas. Em seguida,

reproduzir essas estratégias em protocolos experimentais, com

caracterização biofísica do esforço, com o objetivo de perceber qual a

mais económica dentro daquelas que são mais utilizadas pelos

principais nadadores nacionais e internacionais;

iv) Procurar perceber de que forma o fator psicológico tem influencia no

resultado final, estudando o seu peso no controlo emocional ao longo

da prova, nas tomadas de decisão e nas estratégias utilizadas.

44

45

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