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Relatório de Estágio
CARACTERIZAÇÃO DE UMA ÁREA PRÓXIMA A NASCENTE DO RIO VACACAÍ PARA FUTURA IMPLATANÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NO
MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL - RS
Autora: Bruna Nascimento Vasconcellos
Orientador: Adriano Luís Schünemann
São Gabriel
Dezembro 2011
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BRUNA NASCIMENTO DE VASCONCELLOS
CARACTERIZAÇÃO DE UMA ÁREA PRÓXIMA A NASCENTE DO RIO VACACAÍ PARA FUTURA IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL - RS
Relatório de estágio apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Florestal, da Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Florestal.
São Gabriel
2011
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BRUNA NASCIMENTO DE VASCONCELLOS
CARACTERIZAÇÃO DE UMA ÁREA PRÓXIMA A NASCENTE DO RIO VACACAÍ PARA FUTURA IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL - RS
Relatório de estágio apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Florestal, da Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Florestal.
Relatório defendido e aprovado em: 08 de dezembro de 2011
Banca Examinadora
______________________________
Prof. Me. Adriano Luís Schünemann
Orientador Engenharia Florestal - UNIPAMPA
_______________________________
Prof. Msc André Carlos Cruz Copetti Engenharia Florestal - UNIPAMPA
_______________________________
Prof.ª Dr.ª Ana Caroline Paim BenedettI
Engenharia Florestal - UNIPAMPA
4
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Pampa, por me proporcionar o primeiro passo de uma longa
caminhada.
Ao meu orientador, Prof. Adriano Luís Schunemann, por todo aprendizado, e acima de tudo,
pela extrema dedicação em realizar este trabalho.
Aos professores que contribuíram para o meu conhecimento, tanto acadêmico quanto
pessoal, em especial aos professores Victor Paulo Kloeckner Pires, Ana Caroline Paim
Benedetti e Cibele Rosa Gracioli, pela amizade e auxilio em determinados momentos.
À Primeira turma de Engenharia Florestal, pela amizade, aprendizado e acima de tudo pela
união nos momentos difíceis. Em especial as minhas grandes amigas, Lilian Stringari e
Priscilla Maia Baggio.
A todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste
trabalho.
Mas sem dúvida, dedico este trabalho aos meus pais, Mariza e Amilton, meu irmão Arthur, e
meu namorado Tiago, a vocês que se dedicaram sem medir esforços, fontes inesgotáveis de
apoio, amor e compreensão; a vocês AMORES DE MINHA VIDA, muito obrigada por tudo.
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A realização de um sonho depende de dedicação. Há muita gente que espera que o sonho se realize por mágica, mas toda mágica é ilusão, e a ilusão não tira
ninguém de onde está, em verdade a ilusão é combustível dos perdedores pois... Quem quer fazer alguma coisa, encontra um MEIO.
Quem não quer fazer nada, encontra uma DESCULPA, e isso vale pra tudo na vida!!
Roberto Shinyashiki
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RESUMO
Atualmente vive-se uma problemática quanto o uso inadequado dos recursos
naturais, entretanto, tem surgido uma preocupação em como evitar tais problemas.
As unidades de conservação representam uma opção de preservação e
conscientização da população em geral. A partir disso, o presente trabalho tem como
objetivo realizar o mapeamento temático da localidade próximo a nascente do rio
Vacacaí; Quantificar a área de estudo a partir de imagens de satélite, relacionar os
principais conflitos de uso da terra, realizar um diagnóstico da área para futuramente
propor a implantação de uma unidade de conservação no local. O presente trabalho
foi desenvolvido a partir do estágio curricular obrigatório, o qual foi realizado na
Secretária de Agricultura e Meio Ambiente de São Gabriel no período de 27 de
setembro a 02 dezembro. Quanto as atividades desenvolvidas foram realizadas
visitas técnicas na área de estudo com a finalidade de conhecer o local e a
população ao entorno. A partir disso, foram demarcados os principais pontos de
estudo, utilizando o equipamento GPS de navegação. A partir dos pontos coletados,
foi possível observar que a nascente do rio Vacacaí está aproximadamente 505,74
metros no sentido sul do Marco das águas. Realizou-se o download das imagens do
satélite Landsat 5 TM, e a partir disso, foi criado um banco de dados para elaboração
de um mapa temático da área. A partir da realização do mapeamento temático foi
possível quantificar os usos e ocupação do solo, e distribuição espacial de tais
classes. Recomenda-se a implantação de uma Área de Proteção Ambiental com a
utilização e exploração de recursos naturais, mas que os mesmos sejam feitos de
maneira sustentável, e que exista a gestão ambiental dos recursos hídricos e
naturais.
Palavras-chave: Unidade de conservação, Landsat 5, Mapa temático, Área de Proteção Ambiental.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Principais unidades de conservação do Rio Grande do
Sul........................................................................................................16
Figura 2 – Representação da localização do município de São Gabriel –
RS........................................................................................................20
Figura 3 – Marco das águas.............................................................................21
Figura 4 – Localização do Marco das águas e nascente do rio Vacacaí........22
Figura 5 – Percentagem de uso e ocupação do solo na área de estudo..........25
Figura 6 – Mapa temático de uso e ocupação do solo em uma área de São
Gabriel – RS.........................................................................................26
Figura 7 - Nascente do Rio Vacacaí.................................................................28
8
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
APA - Área de Proteção Ambiental UC - Unidade de Conservação IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais MaxVer - Máxima Verossimilhança SIG - Sistema de Informação Geográfica SPRING - Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas PIB - Produto Interno Bruto TM - Thematic Mapper
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SUMÁRIO
1.Organização..................................................................................................10
2.Introdução......................................................................................................11
2.1. Objetivo geral............................................................................................12
2.2 Objetivos específicos.................................................................................12
3.Revisão de Literatura......................................................................................13
3.1 Unidade de conservação............................................................................13
3.2 Sensoriamento Remoto..............................................................................15
3.3 Sistema de Informações Georreferenciadas (SIG)..................................16
3.4 Landsat......................................................................................................17
4.Atividades Desenvolvidas..............................................................................18
4.1Localização e caracterização geral da área de estudo................................18
4.2 Material.......................................................................................................19
4.3 Metodologia.................................................................................................21
5. Resultados e Discussão................................................................................24
5.1 Recomendações..........................................................................................27
6. Considerações Finais....................................................................................28
7. Referências Bibliográficas.............................................................................29
10
1 ORGANIZAÇÃO
A Prefeitura Municipal de São Gabriel conta com 16 secretarias sendo
que a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente é dirigida por Erasmo
Chiappetta, com o auxilio de Relso Borges responsável pela parte destinada ao
Meio Ambiente.
A Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente é a responsável por
assuntos ligados à agricultura do Município, cabendo-lhe promover o fomento
agropecuário, incentivando as atividades rurais ou agrícolas em todos os seus
ramos, prestando orientação e assistência técnica, especialmente aos
pequenos produtores.
A Diretoria de Meio Ambiente, que está vinculada à Secretaria Municipal
da Agricultura, efetiva parcerias em busca da preservação do meio ambiente,
desenvolve ações pelo homem do campo e desenvolve alguns projetos em prol
da sustentabilidade.
11
2 INTRODUÇÃO
A cobertura florestal nativa no Brasil vem sofrendo um processo de
destruição contínua, seja por meio da retirada de madeira, de queimadas, da
expansão de fronteiras agrícolas, entre outros fatores, o que caracteriza
extremo descaso com os recursos naturais ainda existentes (KANIESKI, 2010).
Dentre as áreas florestais remanescentes, a maioria está concentrada
na forma de Unidades de Conservação e, muitas vezes, compostas de
pequenos fragmentos, tal fragmentação causa a instabilidade das populações,
comunidades e ecossistemas, acarretando a perda de biodiversidade
(CAIRNS, 1988).
De acordo com Ruschel (2000), as ultimas décadas têm possibilitado a
manifestação da preocupação da sociedade com as mudanças ambientais
globais, basicamente associadas à degradação ambiental e as práticas
ambientais não sustentáveis. Conforme o uso irracional dos recursos naturais
comprometem a sustentabilidade do planeta, a existência humana passa a
depender da conservação racional dos recursos naturais, através da
preservação da biodiversidade e equilíbrio entre os ecossistemas.
Segundo Kanieski (2010), qualquer estratégia de proteção ao meio
ambiente deve assegurar manutenção da biodiversidade. No entanto, para que
se possam exercer planos de manejo e proteção de reservas naturais, são
necessárias ferramentas confiáveis capazes de medir sua variação no espaço
e no tempo.
A utilização de Sistemas de Informações Georreferenciadas (SIG)
aplicados a análise ambiental tem sido extremamente utilizados no Plano de
Manejo de áreas protegidas, bem como a avaliação de alterações ocorridas em
áreas com vegetações naturais, pois consiste em uma técnica que possibilita
obter informações de forma contínua e atualizada de forma precisa.
Lorini et al. (1996), ressalta ainda que as geotecnologias tem se
mostrado como ferramentas de interesse para a biologia da conservação e
12
gestão da biodiversidade, integrando resultados científicos aos processos de
planejamento, implantação e monitoramento de políticas de desenvolvimento
através da análise de riscos e ameaças, bem como estudos topológicos
voltados para a formação de corredores ecológicos e mosaicos de Unidades de
Conservação da Natureza.
De acordo com Moreno (1972), a análise de uso da terra é uma
excelente ferramenta para planejamento de uma determinada área, uma vez
que a identificação de diferentes paisagens geográficas possibilita a previsão
de ampliação de áreas agrícolas, florestadas, e até mesmo em que ocorra
conflitos de uso da terra.
2.1 Objetivo geral
O presente trabalho tem como objetivo geral fazer uma análise e
mapeamento da área em que se encontra nas proximidades do denominado
“Marco das Águas” no município de São Gabriel – RS, e a partir de tal análise
sugerir alguns procedimentos para futura implantação de uma unidade de
conservação no determinado local.
2.2 Objetivos específicos
O presente trabalho apresenta os seguintes objetivos específicos:
- Realizar o mapeamento temático da área de estudo;
- Quantificar a área de estudo a partir de imagens de satélite, bem como
quantificação de florestas, recursos hídricos, campo, agricultura e solo exposto.
- Realizar um diagnóstico da área para recomendar alguns procedimentos para
futura implantação de uma unidade de conservação no local de estudo.
13
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Unidade de Conservação
De acordo com Pinho (2008) a proteção de áreas naturais através da
criação de espaços protegidos há muito tempo vem sendo realizada em
diversas nações. Os povos antigos já reservavam áreas importantes para
conservação, seja para proteção dos recursos hídricos, de espécies
importantes para caça, manutenção da estabilidade geológica, ou até mesmo
para conservação de áreas e espécies consideradas sagradas em suas
religiões.
Atualmente, proteger áreas naturais por meio da criação de Unidades de
Conservação da Natureza tem sido a principal estratégia para a conservação
da diversidade biológica e dos recursos naturais.
Para Cabral e Souza (2005), o estabelecimento de áreas protegidas tem
importante papel dentre as medidas preventivas, apresentando dois
procedimentos básicos: interromper a atuação antrópica de modo a permitir a
manutenção e a recuperação de atributos naturais, ou, em outros casos
permitir o uso desses recursos garantindo sua manutenção a longo prazo em
condições regulares, minimizando, assim, em ambos os procedimentos as
respostas negativas a atuação antrópica.
Segundo Ross (1991) no Brasil, quando se intensificou o processo de
formação de políticas públicas para proteção do meio ambiente, percebeu-se a
necessidade de um sistema de classificação de Unidades de Conservação da
Natureza, com definição clara dos objetivos e diretrizes de gestão e manejo
das mesmas, definidos a partir da promulgação da Lei Federal nº 9.985/2000
(BRASIL, 2000).
14
Ferreira (1997), concordando com o teor da Lei diz:
[...] a maior riqueza do Brasil é sua natureza biológica representada por sua diversidade. Assim a aliança entre as unidades de conservação e geração de conhecimento, através das pesquisas, tem papel primordial para o conhecimento do seu patrimônio ambiental, representado por amostras expressivas de sua diversidade (FERREIRA, 1997, p. 167).
Segundo Cabral e Souza (2005), no Brasil, conforme a Lei n. 9.985 de
julho de 2000, as Unidades de Conservação estão distribuídas em dois grupos:
Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. As Unidades de
Proteção Integral têm como objetivo preservar a natureza, sendo admitido
apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, são elas: estação ecológica;
reserva biológica; parque nacional; monumento natural e refúgio de vida
silvestre.As Unidades de Uso Sustentável visam compatibilizar a conservação
da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais,
quais sejam: área de proteção ambiental; área de relevante interesse
ecológico; floresta nacional; reserva extrativista; reserva de fauna; reserva de
desenvolvimento sustentável e reserva particular de patrimônio natural.
De acordo com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (2005), o Rio
Grande do Sul é considerado pioneiro no trato de questões ambientais, sendo
referência desde os anos 50, tanto na organização de movimentos de defesa
do meio ambiente, como na institucionalização de políticas públicas quanto na
criação de áreas de proteção e conservação. O Estado conta atualmente com
um total de 104 unidades de conservação, incluindo áreas criadas por lei e
ainda não implementadas. Destas, doze são federais, 26 estaduais, 42
municipais (incluindo áreas de usos múltiplos e parque urbanos) e 24 RPPNs-
Reserva Particular do Patrimônio Natural, abrangendo 3,4% da área total do
Estado, o qual as mais expressivas estão distribuídas de acordo com a
FIGURA 1.
15
Fonte: IBAMA/SEMA/Fepam/FZB - 2005
FIGURA 1 – Principais unidades de conservação no Rio Grande do Sul
3.2 Sensoriamento Remoto
Novo (2008) caracteriza Sensoriamento Remoto como sendo a utilização
conjunta de modernos sensores, equipamentos para processamento de dados,
equipamentos de transmissão de dados, aeronaves, entre outros, com a
finalidade estudar o ambiente terrestre através do registro e da análise das
informações entre a radiação eletromagnética e as substâncias componentes
do planeta Terra, em suas mais diversas manifestações.
Segundo Rocha (2000), a evolução do Sensoriamento Remoto através
do desenvolvimento de sensores mais potentes veio proporcionando ao longo
do tempo imagens com resoluções cada vez melhores, associadas às técnicas
de extração de informações oriundas do processamento de imagens,
ampliando suas aplicações a diversas áreas do conhecimento: levantamento
16
de recursos ambientais, análise ambiental, geologia, agricultura, florestas,
estudos urbanos, entre outros.
Fonseca conceitua o Sensoriamento Remoto da seguinte forma (2000):
Sensoriamento Remoto é o processo de capturar informação sobre alguma coisa sem estar em contato físico com ela: aprendendo sem tocar. O tipo mais comum de Sensoriamento Remoto é o uso dos olhos para detectar a luz. Observar os objetos ao nosso redor, ouvir o barulho das ondas do mar, da buzina do carro e sentir o calor do sol é Sensoriamento Remoto. Os satélites carregam sensores que observam a superfície da terra, os oceanos, o ar, etc. Os satélites ajudam a predizer a temperatura, acompanhar o crescimento das divversas culturas agrícolas, planejar cidades, predizer fenômenos (terremoto, erupção de vulcões, inundações, furacões, etc,) encontrar ruínas arqueológicas, etc.
Outro autor, apresenta um conceito mais simplificado, colocando o
Sensoriamento Remoto como uma ferramenta usada para identificar e
quantificar a distribuição da floresta desde a escala global até a local (MYERS,
1988).
3.3 Sistemas de Informação Geográfica (SIG)
Rocha (2002), apresenta o SIG como um sistema com capacidade para
aquisição, armazenamento, tratamento, integração, processamento,
recuperação, transformação, manipulação, modelagem, atualização, análise e
exibição de informações digitais georreferenciadas, topologicamente
estruturadas, associadas ou não a um banco de dados alfanuméricos.
Espírito-santo (2003) descreve que os Sistemas de Informações
Geográficas (SIG), e as informações florísticas e estruturais provenientes de
inventários florestais, tem permitido o estudo da vegetação em um contexto
espacial.
Steege (1998), utilizando uma grande base de dados conseguiu realizar
uma série de análises de distribuição espacial das principais famílias e gêneros
17
arbóreos do Parque Nacional da Guyana em uma área de aproximadamente
360.000 ha.
Florenzano (2002) acrescenta que as imagens de satélite e as
fotografias aéreas são retratos fieis da superfície terrestre, os mapas são
representações do todo ou de uma parte da superfície terrestre. A realidade
nos mapas é representada de forma reduzida e selecionada. Nas imagens de
Sensoriamento Remoto, a paisagem está representada em todos os seus
aspectos: geologia, solo, água, relevo, vegetação e uso da terra.
3.4 Landsat
De acordo com Novo (2008), o Programa Landsat representou no século
XX um modelo de missão de Sensoriamento Remoto de recursos naturais,
principalmente porque permitiu incorporar, em seus sucessivos satélites,
características requeridas pelos usuários dos dados. Para o Brasil, esse
programa foi de suma importância, pois, possibilitou consolidar e capacitar uma
ampla comunidade de usuários.
De acordo com Silva (1995), citado por Benedetti (2006), os modelos 1,
2 e 3 do Landsat eram equipados com um sensor Return Beam Vidicom (RBV),
constituído de três câmaras espectrais, com uma resolução geométrica de
aproximadamente 80 metros, e com um sensor MSS (Multiespectral 35
Scanner), com quatro câmeras espectrais (duas no visível e duas no
infravermelho próximo) e uma resolução também de 80 metros. Em 1984, logo
após o lançamento do Landsat 4, o mesmo foi desativado devido ao mau
funcionamento, e a NASA lançou o Landsat 5, com um novo sistema sensor a
bordo, o Thematic Mapper (TM), que incorporou uma tecnologia mais avançada
e com resolução espacial de 30 metros.
Conforme Jensen (2009), o posicionamento e a largura das bandas do
MSS foram selecionadas com base em sua utilidade para inventários de
vegetação e estudos geológicos. De forma oposta, as bandas do TM foram
escolhidas após anos de análise quanto à sua importância na penetração na
água, discriminação de tipos e vigor de vegetação, medidas de umidade de
18
plantas e solos, diferenciação de nuvens, neve e gelo, e identificação de
alteração hidrotermal em certos tipos de rochas.
4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
No período de 27 de setembro a 02 de dezembro de 2011, efetuou-se o
estágio curricular obrigatório na Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente no
município de São Gabriel-RS, com supervisão de Relso Borges, Diretor do
conselho Municipal do Meio Ambiente, e orientação do Prof. Me. Adriano Luís
Schünemann.
O estágio desenvolvido teve como objetivo analisar e realizar o
mapeamento de uma área do município com a finalidade de propor a
implantação de uma unidade de conservação no local de estudo.
4.1 Localização e caracterização geral da área de estudo
A área de estudo encontra-se no município de São Gabriel-RS, que
situa-se a 320 km de distância de Porto Alegre, capital do estado do Rio
Grande do Sul, na fronteira oeste, situa-se próxima as coordenadas
geográficas de 54º45’ a 53º52’ de longitude oeste e 30º34’ a 29º59’ de latitude
sul conforme mostra a FIGURA 2. Segundo dados do IBGE (2010), o
município possui um total de 60.425 habitantes, área territorial de 5023,843
km², conta com PIB per capita de R$ 11 909,57. De acordo com classificação
de Köppen o clima é subtropical, com precipitações distribuídas regularmente
ao longo do ano e precipitações torrenciais nos meses de verão. A precipitação
média anual é relativamente alta com valores de 1300 mm. A temperatura
média do mês mais quente é superior a 24° e a do mês mais frio oscila entre –
19
3° e 14°. Quanto à vegetação, pode-se inferir que predominam os campos,
típicos do sul do Brasil, pela classificação do IBGE (2010), estão incluídos no
bioma Pampa, metade sul e oeste do Rio Grande do Sul.
Fonte: Adaptado de ARRUDA, 2011.
FIGURA 2 – Representação da localização município de São Gabriel – RS.
O Marco das águas está localizado no município de São Gabriel e foi
inaugurado em outubro de 2003 com a finalidade de determinar o encontro das
três regiões hidrográficas do Estado do Rio Grande do Sul.
Segundo a SEMA (2011) as regiões hidrográficas do Rio Grande do Sul
são Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai, Bacia Hidrográfica do Rio Guaíba e
Bacia Hidrográfica Litorânea, o qual tais informações podem ser visualizadas
no próprio marco, onde cada face da estrutura representa uma bacia e está
voltada no sentido de sua localização, além do que o marco contém
informações sobre a localização do mesmo e informações sobre a data de
inauguração e o governo vigente na época.
O Marco das águas está localizado nas coordenadas 30º 20’ 1,5’’ de
latitude sul e 54º 21’ 48,9’’ de longitude oeste e está próximo das nascentes
dos rios Vacacaí, Santa Maria e Jaguari. Na FIGURA 3 pode-se visualizar tal
monumento.
20
FIGURA 3 – Marco das águas, 2011
4.2 Material
- GPS Garmin 76 csx, que possui precisão posicional na faixa de 3
metros, para marcar a posição global do Marco das águas e da nascente do rio
Vacacaí.
- Imagens do satélite LANDSAT 5, sensor TM, resolução espacial 30
metros, sendo considerado de média resolução, o qual pode ser recomendado
21
para utilização de aplicações diretas até a escala de 1:25000, da data de 10 de
dezembro de 2010, órbita 223 e ponto 081.
- Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas
(SPRING) versão 5.1.8. para elaboração do banco de dados.
4.3 Metodologia
Inicialmente foram realizadas visitas técnicas na área de estudo com a
finalidade de conhecer o local e a população ao entorno. A partir disso, foram
demarcados os principais pontos de estudo, utilizando o GPS Garmin 76 csx.
Tais pontos foram transportados de forma automatizada, utilizando-se o
programa Track Maker, para a visualização em 3D no Google Earth, onde foi
possível ter uma visão mais abrangente de toda a área, conforme é possível
visualizar na FIGURA 4.
Fonte: Google earth, 2011 FIGURA 4 – Localização do Marco das Águas e nascente do rio Vacacaí
22
A partir dos pontos coletados, foi possível observar que a nascente do
rio Vacacaí está posicionado a aproximadamente 505,74 metros no sentido sul
do Marco das águas.
Após, foi realizado o download de imagens do satélite LANDSAT 5, TM.
Após o download criou-se um banco de dados espaciais, que tem como
finalidade armazenar as informações processadas, utilizando-se para isso o
aplicativo SPRING, o qual é um programa SIG com funções de processamento
de imagens, análise espacial, modelagem numérica de terreno e consulta a
bancos de dados espaciais (INPE, 2011). O SPRING é um projeto do INPE /
DPI (Divisão de Processamento de Imagens).
As imagens do satélite Landsat são disponibilizadas originalmente no
formato GeoTiff, passível de ser importado diretamente no banco de dados
geográficos do SPRING.
Inicialmente criou-se um projeto com objetivo de determinar a projeção
geográfica a ser utilizada (Latitude e Longitude) e sistema de referência WGS
84 para delimitar a área de estudo através de um retângulo envolvente
contendo as coordenadas geográficas da região de interesse.
Após foi realizado o processamento digital da imagem, que objetiva
melhorar a qualidade dos dados para futura interpretação de imagens.
Nessa etapa, foram elaboradas as seguintes composições falsa-cor
RGB (Red, Green e Blue), a partir das bandas espectrais, conforme recomenda
o INPE (2011):
Bandas 3, 2 e 1: imagens em cor natural, com boa penetração de água,
realçando as correntes, a turbidez e os sedimentos; a vegetação aparece em
tonalidades esverdeadas.
Bandas 4, 3 e 2: definem melhor os limites entre solo e água, ainda
mantendo algum detalhe em águas profundas e mostrando as diferenças na
vegetação, que aparece em tonalidades de vermelho.
Bandas 5, 4 e 3: mostram mais claramente os limites entre solo e água,
com vegetação mais discriminada, aparecendo em tonalidades verde-rosa.
23
Após a realização das composições, foi aplicada a técnica de contraste
linear para realce das feições de interesse, onde são testadas várias
combinações de bandas, cores e contrastes, para se extrair o máximo de
informações das imagens.
Logo foi realizado o recorte da área de interesse,o qual foi determinado
a partir da nascente do rio Vacacaí, acompanhando o trecho de ocupação do
rio próximo a parte urbanizada do município.Após foi realizada a classificação
digital de tal área, onde foram adotadas 5 classes de interesse, sendo elas,
floresta, agricultura, água, campo e solo exposto, e a técnica escolhida foi a de
MaxVer, que agrupa os pixels que pertençam a uma mesma classe de
interesse. Após, foi realizada a quantificação de todas as classes e o tamanho
da área de estudo.
24
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da realização do mapeamento temático foi possível quantificar
os usos e ocupação do solo, e distribuição espacial de tais classes.
De acordo com o mapeamento realizado a área de estudo, delimitada
por um polígono, apresentou um total de 101.923,11 hectares, sendo a maior
parte composta por campo, possuindo uma área de 69.059,70ha, seguido por
florestas com área de 15.305,31ha, agricultura com área 9.543,87ha, solo
exposto com área de 5.975,91 a e água possuindo uma área total de
2.038,32ha.
A classe denominada de campo possui uma área relativamente maior
em relação às demais, possuindo 68 % em relação a área total estudada, como
pode ser visualizado na FIGURA 5. O que demonstra que esse valor está
correlacionado com o tipo de vegetação que possui o bioma pampa, onde há
um predomínio de espécies gramíneas.
Fonte: Autora. FIGURA 5 – Percentagem de uso e ocupação do solo na área de estudo
2%
15%9%
6%68%
PERCENTAGEM DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA DE ESTUDO
RECURSOS HIDRICOS FLORESTA AGRICULTURA
SOLO EXPOSTO CAMPO
25
A partir do mapeamento temático foi possível verificar que em alguns
trechos existe pouca presença de mata ciliar, o que caracteriza que
possivelmente tal lugar possua alguns conflitos de acordo com a legislação
vigente, portanto, existe a possibilidade de que a Área de Preservação
Permanente pode não estar sendo observada à luz da legislação vigente.
Pôde-se também verificar a distribuição espacial dos tipos de uso do solo,
sendo a mesma apresentada na FIGURA 6.
Outros detalhes que puderam ser observados, a partir da classificação
automática realizada, foram a existência de alguns conflitos referentes aos
cultivos agrícolas em áreas muito próximas aos cursos d’água, fator que
poderá acarretar vários prejuízos ao meio ambiente, bem como lixiviação,
erosão, contaminação de cursos d’água, entre outros.
Fonte: Autora. FIGURA 6 – Mapa temático de uso e ocupação do solo em uma área de São Gabriel – RS
A área escolhida para realizar o mapa temático foi determinada
principalmente pela nascente do rio Vacacaí, seguida por um trecho do mesmo
26
próximo a área urbana do município, pois o mesmo, é considerado um dos
mais importantes do município, pois além de abastecer a zona urbana ele
alimenta áreas de culturas orizícolas, sendo uma cultura com grande influência
econômica no município.
Com a demarcação das coordenadas utilizando o GPS foi possível
perceber que as coordenadas que estão escritas no Marco das águas não
correspondem as demarcadas pelo GPS.
O rio Vacacaí é o principal afluente do baixo rio Jacuí, nasce no
município de São Gabriel, na Serra granítica do Babaraquá, quase na divisa
com Lavras do Sul, em um lugar denominado “Pedra do Bixo”, que em função
da vasta quantidade de pedras graníticas empilhadas, forma a aparência de um
lagarto, daí surge o nome Pedra do Bicho, neste local estão as vertentes que
originam o rio (ARRUDA, 2011).
Inicialmente a determinação da nascente do rio foi identificada a
partir de informações dos moradores próximos ao Marco das águas. Após
foram coletadas as coordenadas e altitude do suposto local utilizando o
receptor GPS de navegação.
A partir disso, foi possível verificar que o local determinado era a
nascente, pois o mesmo estava localizado na parte mais alta da região.
A amplitude altimétrica de São Gabriel é em torno de 400 m, o seu ponto
mais elevado situa-se a aproximadamente 450 m na área ao sul, quase na
divisa com o município de Lavras do Sul (ARRUDA,2011).
Ao analisar-se o trabalho desenvolvido por Stringari (2011), que realizou
a caracterização fisiográfica da bacia hidrográfica do rio Vacacaí na montante
do ponto de captação de água de abastecimento de São Gabriel, foi possível
identificar a nascente a partir da cota mais alta identificada na região.
O estudo dos recursos hídricos é de suma importância, pois a partir
disso é possível realizar um projeto de manejo e proteção a tais recursos,
principalmente quanto a utilização adequada dos recursos hídricos pela
orizicultura no município de São Gabriel.
Os deslocamentos a campo possibilitaram ter uma visão mais
abrangente da área, bem como o conhecimento da população do entorno. Foi
possível verificar que a nascente do rio Vacacaí está a aproximadamente 25
metros de uma residência, e que os moradores utilizam a água para consumo e
27
abastecimento próprio. Além disso, foi possível verificar que a nascente está
localizada em um ponto onde ocorre o predomínio de gramíneas, e presença
de espécies arbustivas, o qual pode ser visualizado na FIGURA 7.
Fonte: Autora. FIGURA 7 – Nascente do Rio Vacacaí
5.1 Recomendações
Segundo Côrte (1997) afirma que as Áreas de Proteção Ambiental (APA)
tem sido utilizadas em função da correção e degradação ambiental, e enfatiza
que o fato de transformar uma área em APA não é suficiente para controlar o
processo de degradação iniciado, necessitando exercer sobre esse espaço
ações de planejamento e gestão ambiental.
Sugere-se que seja implantada uma Área de Proteção Ambiental no
local de estudo, com intuito de conservar a natureza do local. A mesma poderá
ser explorada pelo homem, porém deve-se criar um plano de gestão ambiental,
para que as atividades exploratórias sejam realizadas de forma adequada.
Além disso, é de suma importância a criação de um programa de
educação ambiental a todos os visitantes e principalmente para a população do
entorno. Sugere-se também criação de programas de visitas para escolas da
região, e um programa de pesquisa na área, onde irá identificar as principais
espécies ameaçadas de extinção.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As unidades de conservação tem se revelado uma forma eficiente de
preservar os recursos naturais, possibilitando assim, melhores condições de
qualidade de vida a todos.
A análise do trecho do Rio Vacacaí foi de suma importância, para que
possa ser elaborado um projeto para a implantada de uma unidade de
conservação de acordo com as características locais e as possíveis formas de
exploração.
Durante o estágio foi possível colocar em prática muito dos
conhecimentos adquiridos durante a graduação, além disso, foi importante o
contato com a população da zona rural, e aprender com a sabedoria popular.
Foram encontradas algumas dificuldades, bem como a pouca disponibilidade
de transporte até a área de estudo, o que impossibilitou fazer alguns
levantamentos, como topográfico e floristico.
Espera-se que as informações geradas por meio deste trabalho sejam
úteis, em uma futura implantação de uma unidade de conservação no local, de
modo que sejam preservados e recuperados os recursos naturais do local.
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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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