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ALEXSANDRA FERNANDES DE QUEIROZ CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS DO MUNICÍPIO DE CASA NOVA-BA PARA FINS DE USO, MANEJO E CONSERVAÇÃO MOSSORÓ - RN 2013

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ALEXSANDRA FERNANDES DE QUEIROZ

CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS DO MUNICÍPIO DE

CASA NOVA-BA PARA FINS DE USO, MANEJO E CONSERVAÇÃO

MOSSORÓ - RN

2013

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ALEXSANDRA FERNANDES DE QUEIROZ

CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS DO MUNICÍPIO DE

CASA NOVA-BA PARA FINS DE USO, MANEJO E CONSERVAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Ciência do Solo, da Universidade Federal Rural do

Semiárido (UFERSA), como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Ciência do Solo.

ORIENTADORA: D.Sc. ALESSANDRA MONTEIRO SALVIANO

MENDES

CO-ORIENTADOR: D.Sc. TONY JARBAS FERREIRA CUNHA

MOSSORÓ - RN

2013

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ALEXSANDRA FERNANDES DE QUEIROZ

CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS DO MUNICÍPIO DE

CASA NOVA-BA PARA FINS DE USO, MANEJO E CONSERVAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Ciência do Solo, da Universidade Federal Rural do

Semiárido (UFERSA), como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Ciência do Solo.

APROVADA EM: 28 de FEVEREIRO de 2013

D.Sc. Alessandra Monteiro Salviano Mendes - EMBRAPA Orientadora

D.Sc. Nelci Olszevski – UNIVASF

Membro externo

D.Sc. Davi José Silva- EMBRAPA/UFERSA Membro

D.Sc. Vanderlise Giongo- EMBRAPA Membro externo

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, pela existência da natureza em toda sua complexidade e por me conceder saúde para

concretizar meus sonhos.

À Universidade Federal Rural do Semiárido - UFERSA, através do Programa de Pós-Graduação em

Ciência do Solo, pela oportunidade de cursar e concluir o Mestrado em Ciência do Solo.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) Pela concessão da

bolsa de estudos.

À Embrapa Semiárido (CPATSA) por oportunizar a realização desse trabalho.

À Alessandra Monteiro Salviano Mendes, meus sinceros agradecimentos pela orientação,

ensinamentos, amizade e paciência ao longo de todo o trabalho.

Aos pesquisadores e pedólogos Tony Jarbas Ferreira Cunha e Manoel Batista de Oliveira Neto, por

todos os ensinamentos práticos nas coletas e caracterização dos solos, pela disponibilidade e

amizade.

À professora Nelci Olszevski, por ter cedido o Laboratório de Física do Solo na Universidade

Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) para a realização das análises, pelo acolhimento na

realização do estágio de docência e ajuda nos momentos de dúvidas.

Aos funcionários do Laboratório de Solos, Água e Planta (EMBRAPA/CPATSA), em especial a

Viviane Lima, Luciana Martins, Emanoel Siqueira, Alexandre Santos, Adalberto Silva, Hélio

Barbosa e Gilberto Silva pela ajuda e amizade.

Aos meus colegas da Pós-Graduação em Ciência do Solo, por todos os momentos de aprendizado e

alegria vividos.

A todos os meus amigos, em especial Eliene Gomes, Mara Medeiros e Iza Pereira pela amizade

sincera, companheirismo e torcida para que meus sonhos sejam alcançados.

A todas as amizades que fiz em Petrolina – PE, em especial a Daniela Siqueira, Joyce Reis,

Claudine Martins, Daianni Barbosa, Larissa Carvalho, Gilmara Pires, Tamires Santos, Sálvio

Arcoverde, Janiele Pereira, Flávia Santana, Patrícia Nascimento, Carolina Rodrigues.

A minhas sobrinhas, Ana Carolina e Anne Beatriz pelo amor e carinho a mim dedicados.

A todos os professores que contribuíram na minha formação, em especial aos do Curso de

Geografia (UERN) e aos da Pós-Graduação em Ciência do Solo (UFERSA).

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para realização deste trabalho.

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A vida me ensinou a nunca desistir, nem ganhar, nem perder, mas procurar evoluir.

Podem me tirar tudo que tenho, só não podem me tirar as coisas boas que eu fiz pra quem eu

amo (...)

Histórias, nossas histórias, dias de luta de glória (...)

(Chorão/Tiago - Charlie Brown Jr)

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RESUMO

QUEIROZ, Alexsandra Fernandes de. Caracterização e classificação de solos do município de

Casa Nova-BA para fins de uso, manejo e conservação. 2013. 75p. Dissertação (Mestrado em

Ciência do Solo) - Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), Mossoró - RN, 2013.

As alterações provocadas no meio ambiente decorrentes das intervenções antrópicas sem um

adequado planejamento, para proporcionar o crescimento econômico, ocasionam a degradação dos

recursos naturais. Para utilização mais adequada do solo, faz-se necessário conhecer seus atributos

morfológicos, físicos e químicos, que auxiliarão na proposição de técnicas de manejo mais

adequadas para as condições locais visando melhorar a qualidade do solo e consequentemente da

água do Lago de Sobradinho. Assim, esse trabalho tem como objetivo realizar a classificação e

caracterização morfológica, física e química de cinco classes de solos mais representativas no

município de Casa Nova-BA com a finalidade de avaliar suas potencialidades e limitações para o

uso agrícola. Foram selecionadas cinco áreas no município de Casa Nova-BA, área de entorno do

Lago de Sobradinho onde foram abertas trincheiras para estudos morfológicos e coleta de amostras

para realização das análises físicas e químicas. Os solos estudados foram os seguintes:

CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico – CXve, ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO

Eutrófico abrúptico – PVAe, NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico – RQo,

PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico fragipânico – SXd, ARGISSOLO AMARELO

Eutrófico típico – PAe. De maneira geral, os solos estudados apresentam boas características físicas,

representadas principalmente pelos valores encontrados de densidade de solo, grau de floculação e

porosidade total, que não oferecem sérios impedimentos para o uso agrícola. O Cambissolo Háplico

(CXve) apresenta drenagem deficiente, ocasionada principalmente pela predominância de

microporos, o que proporciona uma maior retenção de umidade. O Argissolo Vermelho-Amarelo

(PVAe) apresenta como principal limitação física a forte presença de cascalhos e calhaus, o que

pode impedir o desenvolvimento de plantas com sistema radicular profundo, bem como limitar o

uso de máquinas. O Neossolo Quartzarênico (RQo) e o Argissolo Amarelo (PAe) não apresentam

limitações relacionadas à drenagem por serem mais arenosos, facilitando nesse sentido o manejo,

sem oferecer fortes riscos de compactação. No Planossolo Háplico (SXd) ocorre limitação à

drenagem, mesmo sendo muito arenoso, devido a cimentação presente no horizonte Bt. O

Cambissolo Háplico (CXve) e o Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) são solos naturalmente

férteis pois apresentam maiores quantidades de nutrientes disponíveis para as plantas. O Neossolo

Quartzarênico (RQo), o Planossolo Háplico (SXd) e o Argissolo Amarelo (PAe) apresentam baixa

fertilidade natural, onde faz-se necessário o uso adequado de um programa de fertilização para que

o uso agrícola dos mesmos seja rentável. A quantidade de MO é baixa em todos os solos, o uso de

sistemas de manejo que visem seu acúmulo e manutenção em níveis adequados nesses solos

contribuirá para o aumento da CTC, bem como para melhoria de suas propriedades químicas.

Palavras-chave: Uso agrícola sustentável. Qualidade do solo. Atributos químicos e físicos.

Limitações de uso. Degradação do solo.

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ABSTRACT

QUEIROZ, Alexsandra Fernandes de. Characterization and classification of soils in Casa Nova-

BA for its intended use, management and conservation. 2013. 75p. Dissertation (Masters in Soil

Science) - Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), Mossoró - RN, 2013.

The alterations provoked in the environment resulting from human interventions without an

adequate planning, for providing economic growth, caused the degradation of natural resources. For

more appropriate use of the soil, it is necessary to know its attributes morphologicals, physicals and

chemicals, that will assist in the proposition of techniques of management more appropriate to local

conditions aiming to improve soil quality and consequently the water of Lake of the Sobradinho.

Thus, this study aims to perform the classification and morphological, physical and chemical

characterization of the five soil classes more representative in Casa Nova-BA with the purpose of

evaluate their potential and limitations for agricultural use. We selected five areas in the

municipality of Casa Nova-BA, the area surrounding of the Lake of Sobradinho where trenches

were opened for studies morphological and collecting of the samples to realization of the physical

and chemical analyses. The soils studied were: Haplic Cambisol, Red Yellow Argisol, Quartzarenic

Neosol, Haplic Planosol, Yellow Argisol. In general, the soils have good physical characteristics,

mainly represented by the values found in soil density, degree of flocculation and total porosity,

which do not offer serious impediments to agricultural use. The Haplic Cambisol has deficient

drainage, mainly caused to the predominance of micropores, which provides a greater humidity

retention. The Red Yellow Argisol presents the main physical limitation the strong presence of

gravel and pebbles, which can prevent the development of plants with deep root system, as well as

limiting the use of machines. The Quartzarenic Neosol and Yellow Argisol does not present

limitations related to drainage are more sandy, facilitating the management in this sense, without

offering strong risk of compaction. In the Haplic Planosol is limited the drainage, even being very

sandy, due the cementation present in the Bt horizon. The Haplic Cambisol and Red Yellow Argisol

are naturally fertiles soils because they present greater amounts of nutrients avaiables to plants. The

Quartzarenic Neosol, the Haplic Planosol and Yellow Argisol present low natural fertility, where it

is necessary to the appropriate use of a fertilization program for the agricultural use of them is

profitable. The quantity of OM (Organic Mater) is low in all soils, the use of management systems

aimed its accumulation and maintenance at appropriate levels in these soils contribute to the

increase in CEC (Cation Exchange Capacity), as well as to improve their chemical properties.

Keywords: Sustainable agricultural use. Soil quality. Chemical and physical attributes. Limitations

of use. Soil degradation.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Atributos morfológicos de cinco classes de solos representativas da

região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA............ 22

Tabela 2 Atributos físicos de cinco classes de solos representativas da região

de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-

BA........................................................................................................................ 29

Tabela 3 Atributos químicos de cinco classes de solos representativas da

região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-

BA........................................................................................................................ 56

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapa de localização dos perfis de cinco classes de solos

representativas da região de entorno do lago de Sobradinho, município de

Casa Nova-BA..................................................................................................... 15

Figura 2 Perfil e aspecto de paisagem de um CAMBISSOLO HÁPLICO Ta

Eutrófico típico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho,

município de Casa Nova-BA............................................................................... 19

Figura 3 Perfil e aspecto de paisagem de um ARGISSOLO VERMELHO-

AMARELO Eutrófico abrúptico localizado na região de entorno do lago de

Sobradinho, município de Casa Nova-BA.......................................................... 23

Figura 4 Perfil e aspecto de paisagem de um NEOSSOLO

QUARTZARÊNICO Órtico típico localizado na região de entorno do lago de

Sobradinho, município de Casa Nova-BA......................................................... 24

Figura 5 Perfil e aspecto de paisagem de um PLANOSSOLO HÁPLICO

Distrófico espessarênico fragipânico localizado na região de entorno do lago

de Sobradinho, município de Casa Nova-BA...................................................... 25

Figura 6 Perfil e aspecto de paisagem de um ARGISSOLO AMARELO

Eutrófico típico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho,

município de Casa Nova-BA............................................................................... 27

Figura 7 Percentagem de agregados (%) por classe de diâmetro, no perfil de

cinco solos localizados na região de entorno do lago de Sobradinho,

município de Casa Nova-BA............................................................................... 35

Figura 8 Curva característica de retenção de água de um CAMBISSOLO

HÁPLICO Ta Eutrófico típico localizado na região de entorno do lago de

Sobradinho, município de Casa Nova-BA.......................................................... 37

Figura 9 Curva característica de retenção de água de um ARGISSOLO

VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico localizado na região de

entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA............................ 37

Figura 10 Curva característica de retenção de água de um NEOSSOLO

QUARTZARÊNICO Órtico típico localizado na região de entorno do lago de

Sobradinho, município de Casa Nova

BA........................................................................................................................ 38

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Figura 11 Curva característica de retenção de água de um PLANOSSOLO

HÁPLICO Distrófico espessarênico fragipânico localizado na região de

entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA........................... 39

Figura 12 Curva característica de retenção de água de um ARGISSOLO

AMARELO Eutrófico típico localizado na região de entorno do lago de

Sobradinho, município de Casa Nova-BA.......................................................... 40

Figura 13 Mapa de localização dos perfis de cinco classes de solos

representativas da região de entorno do lago de Sobradinho, município de

Casa Nova-BA..................................................................................................... 49

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SUMÁRIO

1. CAPÍTULO I.................................................................................................. 12

1.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 13

1.2.MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 14

1.2.1 Localização e descrição da área de estudo............................................. 14

1.2.1.1. Seleção dos pontos de amostragem........................................................ 14

1.2.1.2. Clima...................................................................................................... 15

1.2.1.3. Vegetação............................................................................................... 16

1.2.1.4. Hidrografia.............................................................................................. 16

1.2.1.5. Geomorfologia........................................................................................ 16

1.2.1.6. Geologia.................................................................................................. 17

1.2.1.7. Solos....................................................................................................... 17

1.2.2. Metodologia de Trabalho........................................................................ 17

1.2.2.1. Trabalhos de Campo............................................................................... 17

1.2.2.2. Trabalhos de Laboratório........................................................................ 18

1.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 19

1.3.1. Atributos morfológicos............................................................................ 19

1.3.2. Atributos físicos....................................................................................... 27

1.4. CONCLUSÕES........................................................................................... 40

1.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 41

2. CAPÍTULO II................................................................................................ 46

2.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 47

2.2. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 48

2.2.1. Localização e descrição da área de estudo............................................ 48

2.2.1.1. Seleção dos pontos de amostragem........................................................ 48

2.2.1.2. Clima...................................................................................................... 49

2.2.1.3. Vegetação............................................................................................... 49

2.2.1.4. Hidrografia.............................................................................................. 50

2.2.1.5. Geomorfologia........................................................................................ 50

2.2.1.6. Geologia.................................................................................................. 50

2.2.2.7. Solos....................................................................................................... 51

2.2.2. Metodologia de Trabalho........................................................................ 51

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2.2.2.1. Trabalhos de Campo............................................................................... 51

2.2.2.2. Trabalhos de Laboratório........................................................................ 51

2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 53

2.3.1 Atributos químicos................................................................................... 53

2.4. CONCLUSÕES........................................................................................... 59

2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 60

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1. Capítulo I

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, FÍSICA E CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS DO

MUNICÍPIO DE CASA NOVA-BA

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13

1.1. INTRODUÇÃO

A região do Vale do Submédio São Francisco vem sendo alterada de forma intensa nos

últimos anos, tendo o desenvolvimento de atividades agrícolas efeito marcante na atual

configuração da paisagem. Cerca de 50 % dos municípios componentes da Bacia do São Francisco

apresentam produção agrícola ligada à fruticultura, principalmente na produção de banana, uva e

manga. Essa atividade tem crescido nos últimos anos e assume, cada vez mais, importância

econômica na região (Brasil, 2011).

Dentro desse contexto, o município de Casa Nova – BA destaca-se pelo cultivo de oleráceas,

principalmente a cebola, melancia e melão com 2.456, 585 e 167 ha de área plantada

respectivamente e de frutas como a manga, uva, com 1.340 e 868 ha de área plantada,

respectivamente (SEI, 2011). O desenvolvimento dessas atividades aumentou consideravelmente

nos últimos anos devido ao município estar inserido na área de entorno do Lago de Sobradinho, o

que possibilita o aproveitamento da água que é barrada do Rio São Francisco, para o manejo das

diversas culturas por meio de sistemas de irrigação. As características do clima Semiárido, definido

por altas temperaturas, baixas precipitações e elevados índices de evapotranspiração, aliado à baixa

capacidade de retenção de água, característica presente em grande parte dos solos utilizados na

região, tornam praticamente obrigatório o uso da irrigação para manutenção, principalmente da

agricultura, pelo aproveitamento das águas do São Francisco (Brasil, 2011).

A agricultura é muito importante para a economia local, pois além de gerar emprego, é

responsável por fixar o homem à terra. No entanto a maneira como tal atividade vem sendo

conduzida, combinada com as características físicas e climáticas da região, na maioria das vezes,

causa significativa degradação dos recursos naturais. Como destaca Lepsch (2011), o

desenvolvimento da agricultura, apesar de alterar bastante os ecossistemas, pode e deve ser efetuado

de forma sustentável, produzindo alimentos, fibras e combustíveis que atendam às crescentes

necessidades da população mundial, mas com um mínimo de prejuízos ambientais.

A retirada da vegetação e a adoção de práticas de cultivo impróprias comprometem a

qualidade física, química e biológica dos solos, além da qualidade da água do Lago, já que muitas

áreas agrícolas no município são instaladas na área de vazante formada pela redução da cota ao

longo do ano. Isso compromete a sustentabilidade da atividade agrícola da região, bem como põe

em risco à saúde da população que utiliza essa água, tornando urgente a tomada de decisões com

relação à gestão e manejo adequados para os solos da região.

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14

Em razão da preocupação com o depauperamento dos recursos naturais é cada vez mais

imperativa a necessidade de estabelecerem-se critérios e metodologias para a avaliação e

monitoramento do efeito da atividade antrópica sobre o ambiente, buscando, dentre outros aspectos,

reorientá-las. Assim, para contribuir no sentido de se ter um uso mais adequado do solo, é

necessário conhecer bem seus atributos químicos, físicos e morfológicos, e a partir disso propor

técnicas de manejo mais adequadas para as condições locais. O conhecimento atual do solo é um

elemento importante para gerenciar o recurso água, expressar o potencial genético das espécies,

minimizar a degradação dos recursos naturais e maximizar o potencial do fator clima, atuando como

um componente de transformação, de reorganização e de sustentação das atividades econômicas,

sociais e culturais no espaço rural (Cunha et al., 2010).

Mesmo existindo informações acerca dos solos na região semiárida, como os levantamentos

exploratórios e outros estudos feitos dentro dessa temática (Jacomine et al., 1976; Cunha et al.,

2008; Cunha et al., 2010; Dantas et al., 1998; Santos & Ribeiro, 2000; Santos et al., 2012) é sempre

válida a realização de pesquisas sobre caracterização dos diferentes solos representativos em uma

escala mais detalhada, principalmente quando submetidos ao uso agrícola, como é o caso desse

trabalho no município de Casa Nova – BA. Estudos de caracterização de solos em regiões ainda

pouco exploradas, além de disponibilizarem informações mais precisas sobre as diversas ordens de

solos ao longo do território nacional, permitem sistematizar informações sobre as propriedades dos

solos, que poderão servir de subsídio para o desenvolvimento de práticas de manejo e uso

sustentável, bem como para recuperação de áreas degradadas (Santos et al., 2012).

Assim, o objetivo desse trabalho foi realizar a caracterização morfológica e física e a

classificação de cinco classes de solos mais representativas do município de Casa Nova – BA com a

finalidade de avaliar suas potencialidades e limitações para o uso agrícola.

1.2. MATERIAL E MÉTODOS

1.2.1. Localização e descrição da área de estudo

O trabalho foi desenvolvido no município de Casa Nova – BA, situado entre as coordenadas

9° 9′ 43″ de latitude sul e 40° 58′ 15″ de longitude oeste. Com uma área de 9.647 km2, o município

conta com uma população de 64.940 habitantes (IBGE, 2010).

1.2.1.1. Seleção dos pontos de amostragem

Foram escolhidas 05 (cinco) propriedades, sendo as mesmas selecionadas juntamente com a

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15

participação de órgãos de assistência técnica e associações locais de produtores. A escolha dessas

áreas e dos pontos de amostragem se deu em função da intensidade e tempo de uso do solo com

atividades agrícolas, bem como da proximidade da margem do lago. Para realizar a avaliação dos

solos, foram abertas trincheiras em áreas de vegetação secundária do bioma caatinga, sem uso

agrícola. (Figura 1).

Figura 1. Mapa de localização dos perfis de cinco classes de solos representativas da região de

entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA.

1.2.1.2. Clima

Seguindo a classificação de Köppen o clima é do tipo Bswh’, caracterizado por ser bastante

quente, é denominado também de clima semiárido (Jacomine, 1976). Além de apresentar uma baixa

média anual de precipitação, inferior a 500 mm, há uma má distribuição desse elemento climático

no tempo e no espaço, pois as chuvas são concentradas em apenas três ou quatro meses e ocorrem

em poucos dias do ano, sendo em geral, intensas e intercaladas por períodos de veranicos (Silva et

al., 2010). As médias anuais de temperaturas variam de 23º a 27º C e de evaporação em torno de

2.000 mm ano-1

(Moura et al., 2007). A irregularidade no regime pluviométrico, acompanhada pelo

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16

intenso calor, resulta em elevadas taxas de evapotranspiração, proporcionando um balanço hídrico

negativo na região semiárida (Silva et al., 2010).

1.2.1.3. Vegetação

De acordo com o Diagnóstico do Macrozoneamento Ecológico-Econômico da Bacia

Hidrográfica do Rio São Francisco (Brasil, 2011), o tipo de vegetação predominante na região de

Casa Nova – BA é a Savana Estépica (Caatinga) e Segundo Jacomine et al. (1976), a Caatinga é do

tipo hiperxerófila. Foram observadas nas áreas espécies vegetais como: Cnidoscolus quercifolius

Pohl – Euphobiaceae (“faveleira”), Pilosocereus gounellei (A. Weber ex K. Schum.) Bly. ex Rowl

– Cactacea (“xique-xique”), Cereus jamacaru D.C. – Cactaceae (“mandacaru”), Jatropha

mollissima (Pohl) Baill – Euphorbiaceae (“pinhão-bravo”), Anadenanthera colubrina (Vell.)

Brenan – Fabaceae – Mimosoideae (“angico”), Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.Gillett –

Burseraceae (“imburana”), Croton sonderianus Müll. Arg – Euphorbiaceae (“marmeleiro”),

Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir – Fabaceae - Mimosoideae (“jurema preta”), Mimosa arenosa

(Willd.) Poir – Fabaceae - Mimosoideae (“jurema branca” ou “calumbi”), Bromelia laciniosa Mart.

ex Schult.f. (“macambira”), Poincianella bracteosa (Tul.) L.P.Queiroz - Fabaceae -

Caesalpinioideae (“catingueira”), Aspidosperma pyrifolium Mart (“pereiro”), Ziziphus joazeiro

Mart – Rhamnaceae (“juazeiro”), Spondias tuberosa Arruda – Anacardiaceae (“umbuzeiro”).

1.2.1.4. Hidrografia

O município de Casa Nova – BA está totalmente inserido na Bacia Hidrográfica do Rio São

Francisco. Além do Rio São Francisco existem outras drenagens naturais como o riacho do

Sobrado, riacho Grande e o riacho Ouricuri (CPRM, 2005). O Lago de Sobradinho, resultado do

barramento do Rio São Francisco, situado ao sul do município, é um importante corpo hídrico para

a região, sendo sustentáculo para o desenvolvimento das mais diversas atividades econômicas,

principalmente a agricultura irrigada.

1.2.1.5. Geomorfologia

A região está inserida na Depressão Sertaneja, numa superfície de pediplanação denominada

Depressão Periférica do Médio São Francisco, a qual se refere à faixa de terrenos do Pré-Cambriano

que separa as bacias do Piauí-Maranhão e do Tombador, apresentando pedimentos escalonados,

campos de dunas e planícies aluviais. Alguns “inselbergues” sobressaem na paisagem

extremamente dissecada. Tem uma altitude média em torno de 400 a 500 m (Brasil, 1973).

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1.2.1.6. Geologia

A área de estudo está inserida em uma província (Província Estrutural São Francisco) com

predomínio de rochas do Pré-Cambriano como granitos, migmatitos, xistos e quartzitos. Faz parte

do Grupo Caraíba, representado por rochas intensamente metamorfisadas, tendo como principal

componente um biotita-gnaisse de cor cinza, ao qual se associam anfibolitos, quartzitos e

micaxistos. Os quartzitos destacam-se na paisagem de superfície aplainada formando cristas e

serrotes. É possível obervar também coberturas sedimentares em áreas restritas sobre as rochas do

Pré-Cambriano (Brasil, 1973).

Além do Grupo Caraíba, há no município de Casa Nova a formação de dunas, decorrente do

Período Quaternário. A denominação dada é Formação Casa Nova, que são depósitos constituídos

de areias finas bem classificadas com nítidos traços de erosão eólica que se desenvolvem na

margem esquerda do Rio São Francisco (Jacomine et al., 1976).

1.2.1.7. Solos

Os principais solos da região, derivados das rochas que formam o embasamento geológico, e

que podem ou não sofrer influência de cobertura de material retrabalhado são: Neossolos Litólicos

Eutróficos e Distróficos associados com muitos afloramentos de rocha, Latossolos Vermelho

Amarelo Eutrófico e Distrófico, Argissolos Vermelho Amarelo Eutrófico e Luvissolos (Jacomine et

al., 1976). Mas é possível também encontrar outras classes de solos representativos da região

semiárida como: Planossolos, Neossolos Flúvicos, Neossolos Quartzarênicos, Cambissolos e

Vertissolos (Cunha et al., 2008; Cunha et al., 2010).

1.2.2. Metodologia de Trabalho

1.2.2.1. Trabalhos de Campo

Após a seleção das áreas foram feitas observações dos solos, relevo e vegetação. Em cada

área foi aberta uma trincheira na qual se realizou a descrição morfológica e a coleta de amostras de

solos para fins analíticos seguindo as recomendações do Manual de Descrição e Coleta de Solo no

Campo (Santos et al., 2005). A nomenclatura dos horizontes diagnósticos e a classificação

taxonômica dos solos foram realizadas de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de

Solos - SiBCS (EMBRAPA, 2006) e na Proposta de Atualização da segunda edição desse Sistema

(EMBRAPA, 2012).

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1.2.2.2. Trabalhos de laboratório

As amostras de solos coletadas nos perfis foram analisadas no Laboratório de Solos do

Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semiárido (CPATSA/EMBRAPA) e no Laboratório

de Física do Solo da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).

As análises físicas, realizadas de acordo com o Manual de Métodos de Análise de Solo

(EMBRAPA, 2011), incluíram: Análise granulométrica – determinada pelo método da pipeta em

que é feita a dispersão de 20 g de TFSA com hexametafosfato de sódio, tamponado com carbonato

de sódio. As areias foram separadas em peneira de malha 0,053 mm de diâmetro e em seguida

foram fracionadas em areia muito grossa, areia grossa, areia média, areia fina e areia muito fina

seguindo a classificação granulométrica do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

(USDA). A argila foi separada por sedimentação, com base na Lei de Stokes e a fração silte por

diferença; Argila dispersa em água – mesma metodologia utilizada para a análise granulométrica,

retirando apenas o dispersante químico; Grau de floculação – por meio do cálculo utilizando-se a

fórmula: GF = [(argila total – argila natural)/argila total] x 100; Densidade das partículas (Dp) –

realizada pelo método do balão volumétrico que tem como base o volume de álcool gasto para

completar a capacidade de um balão volumétrico de 25 mL, contendo 10 g de solo seco em estufa

(TFSE); Densidade do solo (Ds) – determinada pelo método da proveta que tem como base a

determinação da massa de solo compactado necessário para completar o volume de uma proveta de

25 mL; Porosidade total (PT) – calculado a partir da densidade do solo e densidade das partículas

pela fórmula: PT = (1 - Ds/Dp) x 100; Macroporosidade (Ma) e Microporosidade (Mi) – foram

estimadas utilizando um modelo matemático proposto por Stolf et al., (2011) que tem como base as

seguintes equações: Ma = 0,650 – 1,341 * Ds/Dp + 0,321 * Areia; Mi = 0,350 + 0,341 * Ds/Dp –

0,321 * Areia.

A análise de estabilidade de agregados dos solos foi realizada por meio do tamisamento

úmido utilizando o aparelho de oscilação vertical Yoder durante 15 minutos em conjunto de

peneiras com malhas de 2,0, 1,0, 0,5, 0,25 e 0,125 mm. Foi feito um pré-tratamento das amostras de

agregados por umedecimento com água utilizando um borrifador, passando os agregados do solo

em peneiras de malhas 4,0 e 2,0 mm de abertura. O material que ficou retido na peneira de 2,0 mm

foi utilizado para a tamisamento e quantificação do solo retido em cada peneira (Yoder, 1936;

Kemper, 1965; Kemper & Chepil, 1965; Castro Filho et al., 1998).

Por fim, foi feita também a curva característica de retenção de água dos solos nas tensões de

6; 10; 30; 60; 100 e 1500 kPa pelo método da centrífuga (Silva & Azevedo, 2002; Silva et al., 2006;

Nascimento et al., 2010). Os valores de retenção de água foram ajustados pelo modelo de van

Genuchten (1980) para elaboração da curva característica da água do solo.

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1.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

1.3.1. Atributos morfológicos

De maneira geral os cinco perfis dos solos estudados apresentaram variações morfológicas

ente si (Tabela 1). Como são solos que pertencem a classes distintas, os mesmo são resultantes de

fatores e processos pedogenéticos diferenciados que lhes dão características variadas. Ribeiro et al.

(2012), aponta que as características morfológicas refletem a constituição do solo e as condições

sob as quais foi formado, o que permite fazer inferências sobre os processos pedogenéticos e as

condições ambientais, bem como interpretar ou predizer o comportamento das plantas e a resposta

do solo às práticas de manejo.

O perfil P1, classificado como CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico, A ócrico,

textura média/argilosa, fase ligeiramente pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo plano, substrato

gnaisse/micaxistos (Figura 2). Apresenta sequência de horizontes A-BA-Bi1-Bi2-BC com

profundidade superior a 170 cm.

Figura 2. Perfil e aspecto de paisagem de um CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico

localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA.

As transições são planas e claras entre todos os horizontes. Há uma variação na cor ao longo

do perfil, do matiz 10YR nos horizontes A e BA para 2,5Y nos horizontes Bi1, Bi2 e BC. Há

presença de mosqueados (preto 10 YR 2/1) a partir do horizonte BA, em decorrência da drenagem

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imperfeita que esse perfil apresenta e ocorrência de pequenas manchas acinzentadas de coloração

cinzento-azulado (10B/6) a partir do horizonte Bi2, que pode ser um indicativo de ocorrer ascensão

do lençol freático nesse solo. Como destaca Ribeiro et al. (2012), a presença de mosqueados no solo

indica, geralmente, condições de drenagem restrita, sendo observados em solos que apresentam

horizonte de baixa permeabilidade e, ou, naqueles que estão localizados em posições da paisagem

que favorecem a oscilação do nível do lençol freático.

As raízes são muitas, médias e finas, comuns e grossas nos horizontes A e BA, poucas e

finas no Bi1, raras e finas nos demais horizontes, sendo observado que as mesmas tomam sentido

horizontal, o que indica um impedimento ao crescimento radicular devido ao excesso de umidade

em alguns períodos do ano e à consistência muito dura dos horizontes subjacentes. Nos horizontes

BA e Bi1 ocorrem cascalhos pouco desarestados, por outro lado, a pedregosidade superficial é

muito pouca nesse solo, não oferecendo, portanto, impedimento à mecanização.

Esse solo possui textura franco-argilo-arenosa no horizonte A e franco-argilosa nos

horizontes subjacentes. A estrutura é moderada, pequena e média em blocos subangulares no

horizonte A, fraca, média em blocos angulares no BA, maciça nos horizontes Bi1e Bi2, fraca,

pequena e média em blocos angulares no BC. A consistência seca é, na maior parte do perfil muito

dura. Apenas os horizontes A e BC diferiram, apresentando consistência seca do tipo ligeiramente

dura e macia respectivamente.

Com relação à consistência úmida, firme e muito firme predominam no solo, sendo que

apenas o BC apresenta consistência úmida friável. Já a consistência molhada, é plástica e pegajosa

ao longo de todo o perfil do solo, Segundo Resende et al., (2002), nesses casos, deve-se ter cuidado

com o conteúdo de água no solo por ocasião dos trabalhos de manejo com motomecanização

agrícola, a fim de evitar dificuldades no seu preparo. De acordo com Mota et al (2008) em termos

de consistência, é imprescindível o conhecimento das implicações de ordem prática quando não são

definidas faixas ótimas de umidade (ponto de sazão) em que os solos devem ser trabalhados, sem

que suas estruturas sejam modificadas a ponto de prejudicar o desenvolvimento das culturas. De

acordo com os mesmos pesquisadores, o emprego de máquinas e implementos agrícolas no preparo

do solo, tratos culturais e colheitas, por exemplo, ocorrem interações entre as máquinas-

implementos com o solo, caracterizadas pela aplicação de forças e reação resultante. Assim,

recomenda-se que antes da mecanização deste solo, defina-se um ponto ótimo de umidade de forma

a minimizar o impacto das máquinas e veículos sobre as mais distintas propriedades dinâmicas do

mesmo e crescimento das culturas. Outra vantagem apontada por Mota et al. (2008) é que as

operações em faixas ótimas de umidade do solo requerem potência mínima por parte dos motores

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agrícolas, aumentando, portanto, a vida útil destes. Além disso, o produtor pode reduzir custos com

combustíveis e com a manutenção desses equipamentos.

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Tabela 1. Atributos morfológicos de cinco classes de solos representativas da região

de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova – BA

Hor

Prof

Cor Úmida(1)

Textura(2)

Estrutura(3)

Consistência

Transição

Seca(4) Úmida Molhada(5)

Cm Munsell P1: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico – CXve

A 0-15 10YR 4/4 br. amar. esc. franco -argilo-arenosa mod., peq. e méd., bl. sub. lig. Dura Firme plás. e peg. plana e clara

BA 15-35 10YR 5/4 br. amar. franco-argilosa fr., méd., bl. ang. muito dura Firme plás. e peg. plana e clara

Bi1 35-80 2,5Y 5/4 br. averm. franco-argilosa Maciça muito dura muito firme plás. e peg. plana e clara

Bi2 80-130 2,5Y 5/4 br. averm. franco-argilosa Maciça muito dura muito firme plás. e peg. plana e clara

BC 130-170+ 2,5Y 5/6 vermelho franco-argilosa fr., peq. e méd., bl. ang. macia

Friável plás. e peg. -

P2: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico – PVAe

A 0-10 10YR 4/4 br. amar. esc. franco-arenosa pouco casc. fr., peq. e méd., bl. ang. lig. Dura Friável nplás. e npeg. plana e clara

BA 10-33 7,5YR 4/6 br. Forte franco-arenosa pouco casc. fr., peq. e méd., bl. ang. Dura Friável lig. plás. e peg. plana e gradual

Bt1 33-55 5YR 5/6 vermelho-amar. argila muito casc. - - - plás. e mpeg. plana e clara

Bt2 55-85 5YR 4/6 vermelho-amar. argilo-arenosa muito casc. - - - mplás. e mpeg. plana e clara

Bt3 85-100+ - argilo-arenosa muito casc. - - - - -

P3: NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico – RQo

A 0-15 10YR 5/6 br. amar. Areia grãos simples Macia solta nplás. e npeg. plana e clara

C1 15-55 10YR 5/6 br. amar. areia-franca grãos simples Macia solta nplás. e npeg. plana e difusa

C2 55-110 10YR 5/8 br. amar. areia-franca grãos simples Macia solta nplás. e npeg. plana e difusa

C3 110-160 10YR 5/8 br. amar. areia-franca grãos simples Macia solta nplás. e npeg. plana e difusa

C4 160-200+ 10YR 6/8 amarelo-brunado areia-franca grãos simples Macia solta nplás. e npeg. -

P4: PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico fragipânico – SXd A 0-20 10YR 4/4 br. amar. esc. areia grãos simples Solta solta nplás. e npeg. plana e clara

E1 20-55 10YR 5/6 br. amar. areia grãos simples Solta solta nplás. e npeg. plana e difusa

E2 55-110 10YR 5/8 br. amar. areia-franca grãos simples Solta solta nplás. e npeg. plana e abrupta

Btx 110-140 10YR 6/3 br. claro acinz. franco-arenosa fr., méd. a gr., bl. ang. Dura firme plás. e lig. peg. -

C/R 140-160+ - - - - - - -

P5: ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico – PAe A 0-20 10YR 5/4 br. amar. areia fr., peq., bl. ang. lig. Dura friável nplás. e npeg. plana e clara

Bt1 20-40 7,5YR 5/6 br. Forte areia-franca fr., peq. e méd., bl. ang. lig. Dura muito friável lig. plás. e npeg. plana e difusa

Bt2 40-75 7,5YR 5/8 br. Forte franco-arenosa fr., peq. e méd., bl. ang. e sub Macia muito friável lig. plás. e lig. peg. plana e difusa

Bt3 75-100+ 7,5YR 5/8 br. Forte franco-arenosa fr., peq. e méd., bl. ang. e sub. Macia muito friável lig. plás. e lig. peg. - (1) br.: bruno; amar.: amarelado; esc.: escuro; averm.: avermelhado; acinz.: acinzentado. (2) casc.: cascalhenta.: (3)mod.:

moderada; fr.: fraca; peq.: pequena; méd.: média; gr.: grande; bl.: blocos; ang.: angulares; sub.: subangulares. (4) lig.: ligeiramente; (5) plás.: plástica; peg.: pegajosa; nplás.: não plástica; npeg.: não pegajosa; mplás.: muito plástica; mpeg.:

muito pegajosa; lig. plás.: ligeiramente plástica; lig. peg.: ligeiramente pegajosa.

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O perfil P2 classificado como ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico,

A ócrico, textura média/argilosa cascalhenta, fase extremamente pedregosa, caatinga hiperxerófila

relevo plano, substrato gnaisse (Figura 3). Apresenta sequência de horizontes A-BA-Bt1-Bt2-Bt3 e

profundidade superior a 100 cm (Tabela 1).

Figura 3. Perfil e aspecto de paisagem de um ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico

abrúptico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA.

As transições quanto à forma são planas em todos os horizontes. Quanto ao grau somente

entre os horizontes BA e Bt1 a transição é gradual e nos demais horizontes as transições são claras.

A cor apresenta uma variação ao longo do perfil, do matiz 10YR no horizonte A, 7,5YR no

horizonte BA, e 5YR nos horizontes Bt1 e Bt2. Há presença de mosqueado comum, médio e

distinto, bruno-oliváceo-claro (2,5Y 5/3) no horizonte Bt1 e mosqueado abundante, médio e

distinto, bruno-oliváceo-claro (2,5Y 5/4) o que indica oscilação do nível do lençol freático,

proporcionada, principalmente, pelo aumento na cota do Lago de Sobradinho ao longo dos anos que

provoca a redução do ferro e, consequentemente, a formação dos mosqueados nos horizontes mais

profundos do solo. A presença de raízes comuns, finas e médias nos horizontes A e BA e poucas,

finas, raras e médias nos horizontes Bt1 e Bt2 confirmam que à medida que aumenta a profundidade

desse solo, há maior impedimento ao aprofundamento do sistema radicular das plantas.

A textura é franco-arenosa e pouco cascalhenta nos horizontes A e BA, argilosa muito

cascalhenta no Bt1, argilo-arenosa muito cascalhenta nos horizontes Bt2 e Bt3. Os horizontes A e

BA apresentam estrutura fraca, pequena e média em blocos angulares. A consistência (seca, úmida

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e molhada) no horizonte A é ligeiramente dura, friável, não plástica e não pegajosa,

respectivamente. Já no horizonte BA a consistência seca é dura, quando a amostra de solo é úmida

apresenta-se friável e quando molhada é ligeiramente plástica e pegajosa. Devido ao excesso de

cascalhos não foi possível descrever a estrutura e a consistência seca e úmida dos horizontes Bt1 e

Bt2. A consistência molhada é plástica e muito pegajosa no Bt1 e muito plástica e muito pegajosa

no Bt2. O horizonte Bt3 foi coletado, porém não foi descrito devido ao excesso de cascalhos.

A forte presença de cascalhos e calhaus a partir do horizonte Bt1, juntamente com o fato

desse Argissolo Vermelho-Amarelo apresentar consistência molhada plástica e muito pegajosa no

Bt1 são características que podem dificultar a mecanização desse solo. No entanto, como essas

características aparecem a partir do horizonte Bt1, não podem representar forte limitação para o uso

desse solo com o cultivo de oleráceas, uma vez que essas culturas usam a camada mais superficial

do solo e não necessitam de uma mecanização mais profunda.

O perfil P3, um NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico, A ócrico, textura arenosa,

fase caatinga hiperxerófila, relevo plano, substrato recobrimento sedimentar detrítico-laterítico do

Terciário/Quaternário (Figura 4) apresenta sequência de horizontes A-C1-C2-C3-C4 com

profundidade superior a 200 cm.

Figura 4. Perfil e aspecto de paisagem de um NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico

localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA.

A transição entre os horizontes A e C1 é plana e clara e entre os demais horizontes

subjacentes as transições são planas e difusas (Tabela 1). O perfil é bastante uniforme com relação a

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sua cor, o matiz é 10YR em todos os horizontes. A textura varia de areia no horizonte A para areia-

franca nos demais horizontes. A estrutura é do tipo grãos simples em todos os horizontes e a

consistência (seca, úmida e molhada) é macia, solta, não plástica e não pegajosa, respectivamente,

em todos os horizontes. Visualizando as características morfológicas desse Neossolo Quartzarênico

é possível apontar que o mesmo não oferece impedimento à mecanização, pois se encontra inserido

em relevo plano, não apresenta pedregosidade, é muito profundo e fortemente drenado.

O perfil P4 corresponde a um PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico

fragipânico, A ócrico, textura arenosa/média, fase caatinga hiperxerófila, relevo plano, substrato

recobrimento sedimentar detrítico-laterítico do Terciário sobre rochas do Pré-Cambriano (gnaisses)

(Figura 5).

Figura 5. Perfil e aspecto de paisagem de um PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico

fragipânico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA.

Apresenta sequência de horizontes A-E1-E2-Btx-C/R com profundidade até 140 cm, onde

tem início o saprolito juntamente com a camada de rocha consolidada. As transições são: plana e

clara do horizonte A para o E1; plana e difusa do horizonte E1 para o E2; e plana e abrupta do

horizonte E2 para o Btx. A cor não apresentou variação no matiz, mantendo-se em 10YR em todos

os horizontes. A variação foi observada no croma e valor. A presença de mosqueado abundante,

pequeno e distinto, vermelho-amarelado (5YR 5/8) nos horizonte E1 e E2 e mosqueado comum,

médio e proeminente, vermelho (2,5YR 4/6) no horizonte Btx indicam restrição à drenagem nesse

solo. As raízes são comuns, médias e finas nos horizontes A e E1, raras no horizonte E2, e isso

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aponta um impedimento ao desenvolvimento de um sistema radicular mais profundo à medida que

aumenta a profundidade desse solo, principalmente no horizonte Btx.

A textura é areia nos horizontes A e E1, areia franca no E2 e franco-arenosa no Btx. Os

horizontes A, E1e E2 apresentam estrutura do tipo grãos simples e o Btx estrutura fraca, média a

grande em blocos angulares. Quanto à consistência (seca, úmida e molhada) é solta, solta, não

plástica e não pegajosa respectivamente, nos horizontes A, E1 e E2, enquanto o horizonte Btx

apresenta consistência dura, firme, plástica e ligeiramente pegajosa. O uso do sufixo “x” no Bt foi

utilizado para caracterizar a presença de cimentação aparente reversível nesse horizonte, uma vez

que essa condição pode ser desfeita sob umedecimento com água. A cimentação é uma

característica desfavorável à utilização agrícola, pois constitui uma barreira à percolação da água e

ao crescimento das raízes (Ribeiro et al., 2012). No entanto, vale salientar que esse solo está situado

em relevo plano e não apresenta predregosidade, com isso não oferece impedimento à mecanização,

exceto no horizonte Btx pelas características descritas anteriormente.

O perfil P5 foi classificado como ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico, A ócrico,

textura arenosa/média, cascalhenta, fase endopedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo plano,

substrato recobrimento sedimentar detrítico-laterítico do Terciário, sobre rochas cristalinas

(gnaisses e granitos) (Figura 6). Tem a sequência de horizontes A-Bt1-Bt2-Bt3 com profundidade

até 100 cm, sendo que a partir de 100 cm há ocorrência de calhaus e cascalhos desarestados. A

transição é plana e clara dos horizontes A para o Bt1, plana e difusa entre os outros horizontes

subjacentes (Tabela 1). A cor irá variar ao longo do perfil do matiz 10YR no horizonte A para

7,5YR nos Bt1, Bt2 e Bt3. A ausência de mosqueados e a distribuição das raízes, abundantes,

grossas, médias e finas nos horizontes A e Bt1, comuns, médias e finas nos horizontes Bt2 e Bt3

indicam que não há limitação à drenagem, nem impedimento físico nesse solo, facilitando assim o

seu manejo.

A textura é areia no horizonte A, areia-franca no Bt1 e franco-arenosa no Bt2 e Bt3. O

horizonte A apresenta estrutura do tipo fraca, pequena em blocos angulares. No horizonte Bt1 a

estrutura é fraca, pequena e média em blocos angulares e, nos horizonte Bt2 e Bt3 é fraca, pequena

e média em blocos angulares e subangulares. A consistência (seca, úmida e molhada) no horizonte

A é ligeiramente dura, friável e não plástica e não pegajosa, respectivamente. Nessa mesma

sequência, no horizonte Bt1 a consistência é ligeiramente dura, friável e ligeiramente plástica e não

pegajosa. Nos horizontes Bt2 e Bt3 a consistência seca, úmida e molhada respectivamente é: macia,

muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa. De modo geral, observando as

características morfológicas, esse Argissolo Amarelo não oferece impedimento à mecanização, pois

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está localizado em relevo plano, não apresenta pedregosidade até a profundidade de 100 cm e

apresenta uma boa drenagem.

Figura 6. Perfil e aspecto de paisagem de um ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico localizado

na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA.

1.3.2. Atributos físicos

O Cambissolo Háplico (CXve) apresentou pouca variação com relação à distribuição das

frações granulométricas areia, silte e argila nos seus horizontes (Tabela 2). Observa-se que os teores

de areia total decrescem à medida que aumenta a profundidade do solo, variando de 471 g kg-1

no

horizonte A até 403 g kg-1

no horizonte BC. Há predominância de areia fina e areia muito fina sobre

as demais em todos os horizontes, o que pode contribuir para um aumento na retenção e

disponibilidade de água no perfil (Santos et al., 2012). Tal fato pode ser comprovado pela alta

microporosidade apresentada pelo solo, uma vez que 77 a 89 % do espaço poroso é ocupado por

microporos. Já com relação aos teores da fração argila, ocorre o inverso da fração areia, havendo

um aumento gradual à medida que aumenta a profundidade, apresentando 300 g kg-1

no horizonte A

e 398 g kg-1

no horizonte Bi2. A pouca diferença de argila ao longo do perfil é uma das

características desse tipo de solo (Oliveira, 2005). Os teores de silte variaram entre 171 g kg-1

e 229

g kg-1

, corroborando com Souza et al. (2010) e Santos et al. (2012) que encontraram valores

parecidos para solos do semiárido. Como há pouca variação na distribuição das frações areia, silte e

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argila ao longo do perfil, o solo apresenta somente duas classes texturais, franco-argilo-arenosa no

horizonte A e franco-argilosa nos horizontes subjacentes.

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Tabela 2. Atributos físicos de cinco classes de solos representativas da região de entorno

do lago de Sobradinho, município de Casa Nova – BA

Hor

Prof

Areia (1)

Silte

Argila

Classe

Textural(2)

GF

Relação

Silte/Argila

Ds

Dp

Porosidade

MG G M F MF Total Total Água Ma Mi T Cm ------------------------------------------------------------g kg-1--------------------------------------------------------

---------- % -------g cm-3-----

- ---------------%--------------

P1: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico – CXve

A 0-15 18 39 94 163 158 471 229 300 22 fr. arg. ar. 93 0,76 1,28 2,48 11 37 48

BA 15-35 23 35 93 176 132 459 171 370 38 fr. argilosa 90 0,46 1,34 2,49 8 38 46

Bi1 35-80 18 35 79 144 152 427 181 391 108 fr. argilosa 72 0,46 1,38 2,51 5 40 45

Bi2 80-130 20 33 82 145 139 419 183 398 147 fr. argilosa 63 0,46 1,36 2,51 6 40 46

BC 130-170+ 8 24 71 146 155 403 206 391 113 fr. argilosa 71 0,53 1,32 2,58 9 40 49

P2: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico – PVAe

A 0-10 62 90 110 238 248 748 162 90 5 fr. ar. pouco casc. 95 1,80 1,52 2,49 7 32 39

BA 10-33 68 93 100 174 223 658 169 173 39 fr. ar. pouco casc. 77 0,98 1,43 2,48 9 33 42

Bt1 33-55 154 73 43 46 83 398 134 467 100 argila muito casc. 79 0,29 1,28 2,66 13 39 52

Bt2 55-85 246 117 44 33 39 479 104 418 35 arg. ar. muito casc. 92 0,25 1,44 2,65 8 38 46

Bt3 85-100+ 246 120 57 32 22 477 105 418 41 arg. ar. muito casc. 90 0,25 1,40 2,59 8 38 46

P3: NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico – RQo A 0-15 10 46 335 407 89 887 40 73 16 areia 78 0,55 1,54 2,59 14 27 41

C1 15-55 13 52 359 362 80 866 40 95 8 areia-franca 92 0,42 1,39 2,65 23 25 48

C2 55-110 14 46 346 352 89 848 49 103 8 areia-franca 92 0,48 1,33 2,52 21 26 47

C3 110-160 14 38 337 353 92 835 55 110 17 areia-franca 85 0,50 1,59 2,57 9 29 38

C4 160-200+ 18 33 276 384 95 807 63 130 6 areia-franca 95 0,48 1,57 2,57 9 30 39

P4: PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico fragipânico – SXd

A 0-20 20 88 325 400 108 942 24 34 18 areia 46 0,71 1,58 2,55 12 26 38

E1 20-55 26 88 315 354 121 905 36 60 14 areia 76 0,60 1,58 2,60 12 27 39

E2 55-110 18 76 284 348 132 857 56 87 33 areia-franca 63 0,64 1,57 2,61 12 28 40

Btx 110-140 33 57 188 346 147 772 77 151 43 franco-arenosa 71 0,51 1,30 2,56 22 27 49

C/R 140-160+ - - - - - - - - - - - - - - -

P5: ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico – PAe

A 0-20 20 75 236 404 145 880 65 55 22 areia 61 1,18 1,50 2,56 15 26 41

Bt1 20-40 23 59 249 366 134 832 74 95 27 areia-franca 72 0,78 1,50 2,57 14 28 42

Bt2 40-75 25 59 247 344 131 806 67 127 42 franco-arenosa 67 0,53 1,50 2,58 13 29 42

Bt3 75-100 28 50 241 345 127 792 69 139 21 franco-arenosa 85 0,50 1,60 2,57 7 31 38 (1) Areia MG: muito grossa; G: grossa; M: média; F: fina; MF: muito fina. (2) fr. arg. ar: franco-argilo-arenosa; fr.argilosa:

franco-argilosa; fr. ar.: franco-arenosa; arg. ar.: argilo arenosa; casc.: cascalhenta. GF: Grau de Floculação; Ds: Densidade do

solo; Dp: densidade de partícula; Ma: Macroporosidade; Mi: Microporosidade; T: Porosidade Total.

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No Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) os teores de areia são mais elevados nos

horizontes A e BA (748 e 658 g kg-1

respectivamente) diminuindo à medida que aumenta a

profundidade do solo. Observa-se que nesses horizontes há o predomínio de areias fina e muito fina

proporcionando uma maior microporosidade e maior retenção de água, apesar da baixa quantidade

de argila presente. As areias dos horizontes Bt1, Bt2 e Bt3 são constituídas predominantemente por

frações do tipo muito grossa e grossa. Essa predominância de frações mais grosserias de areia,

juntamente com a marcante presença de cascalhos nesses horizontes são características indicadoras

de que os processos intempéricos atuantes nesse solo não foram capazes de promover acentuada

fragmentação dessas frações. Observa-se também pouca variação nos teores da fração silte ao longo

do perfil nesse solo, diminuindo lentamente com o aumento da profundidade, de 162 g kg-1

no

horizonte A para 105 g kg-1

no Bt3. Os teores de argila variaram de 90 e 173 g kg-1

nos horizontes

A e BA respectivamente, para 467 g kg-1

no Bt1 e 418 g kg-1

nos horizontes Bt2 e Bt3. Esse

incremento de argila no horizonte B é uma das características definidoras dos Argissolos e, à

medida que há um aumento significativo de argila em relação aos horizontes suprajacentes aumenta

ainda mais a possibilidade de ocorrência de processos erosivos. São particularmente suscetíveis à

erosão os Argissolos com presença de mudança textural abrupta, os quais no nível de subordem são

identificados pelo termo “abrúptico” (Oliveira, 2005), como é o caso desse perfil, que apresenta um

incremento muito forte de argila a partir do horizonte Bt1. O horizonte Bt sendo mais argiloso faz

com que a água tenha mais dificuldade de penetrar, portanto, sendo os horizontes A e BA arenosos

os processos erosivos são instalados.

O Neossolo Quartzarênico (RQo) apresenta pouca variação na composição granulométrica,

havendo predomínio da fração areia total que variou de 807 a 887 g kg-1, com maior

representatividade das areias média e fina (Tabela 2). A presença dessas frações mais finas da areia

no perfil desse tipo de solo é um fator importante para o seu manejo de água, possibilitando a

formação de microporosidade (Tabela 2) e podem ser responsáveis por diferenciar solos dessa

classe quanto à dificuldade de manejo de água. Os teores de silte são baixos, variando de 40 a 63 g

kg-1

. Com relação à argila, observa-se um aumento dessa fração à medida que aumenta a

profundidade do solo, de 73 g kg-1

no horizonte A, para 130 g kg-1

no horizonte C4. A maior

limitação deste solo está na sua baixa capacidade de reter água, no entanto, como destacam Faria et

al. (2007) com o avanço das tecnologias, principalmente sobre o manejo da água e da aplicação de

nutrientes (fertirrigação), os Neossolos Quartzarênicos, que também ocupam uma área expressiva

na região passaram a ser cultivados com fruteiras.

O Planossolo Háplico (SXd) é muito arenoso em todos os horizontes, sendo possível

observar uma diminuição da fração areia à medida que aumenta a profundidade do solo, de 942 g

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kg-1

no horizonte A, para 772 g kg-1

no horizonte Btx (Tabela 2). As frações de areia predominantes

são de granulometrias média e fina. Os teores de silte são muito baixos, variando de 24 a 77 g kg-1

.

Os teores de argila também são muito baixos, principalmente nos horizontes A e E1 e E2 (34 g kg-1

,

60 g kg-1

e 87 g kg-1

respectivamente) enquanto no Btx é possível obervar um incremento dessa

fração para 151 g kg-1

. Quando se encontra a pouca profundidade, o horizonte plânico pode

dificultar a prática de preparo do solo para o plantio, especialmente quando feita por tração animal,

devido sua elevada consistência (Oliveira 2005), Não é o caso desse perfil, posto que o horizonte

plânico inicia-se a uma profundidade superior a 110 cm no solo.

O Argissolo Amarelo (PAe) apesar de apresentar horizontes B textural e ser classificado

como Argissolo, possui textura muito arenosa em todos os horizontes, com teores de areia

superiores a 792 g kg-1

. Como nos perfis do Neossolo Quartzarênico e do Planossolo Háplico, as

frações predominantes de areia nesse solo são do tipo areia média e areia fina, assim como também

os teores de silte são baixos ao longo do perfil. Oliveira (2005) aponta que é muito comum os

Argissolos apresentarem textura arenosa ou média em superfície, e isso pode facilitar o preparo do

solo para o plantio. Do ponto de vista da fertilidade do solo, é válido salientar também que é

principalmente na fração grosseira, silte e areia, que se encontram os minerais capazes de fornecer,

após intemperização, nutrientes para as plantas (Resende et al., 2002). No entanto, vale observar

que nesse Argissolo Amarelo, assim como no Neossolo Quartzarênico e no Planossolo Háplico isso

não ocorre, uma vez que a areia fração predominante nesse solo, é constituída praticamente por

quartzo, sendo por isso solos desprovidos por completo de minerais alteráveis e, portanto,

virtualmente sem nenhuma reserva potencial de nutrientes para as plantas (Oliveira, 2005). Com

relação à fração argila, há um aumento gradual, de 55 g kg-1

, 95 g kg-1

, 127 g kg-1

, 139 g kg-1

nos

horizontes A, Bt1, Bt2 e Bt3 respectivamente. Observando, portanto, as características morfológicas

anteriormente mostradas e a distribuição das frações granulométricas ao longo do perfil, é possível

apontar que esse solo oferece boas condições para o manejo e mecanização por proporcionar uma

boa drenagem, não apresentar pedregosidade até 100 cm, e baixa erodibilidade.

Com relação ao grau de floculação (GF), indicador da proporção de argila que se encontra

floculada e consequentemente do grau de estabilidade dos agregados (Embrapa, 2011), observa-se

que os perfis do Cambissolo Háplico (CXve) e do Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe)

apresentaram de maneira geral valores mais elevados, o que indica pouca mobilidade das argilas

nesses solos, como também maior resistência à dispersão. Nos perfis do Planossolo Háplico (SXd) e

do Argissolo Amarelo (PAe) o GF, principalmente no horizonte A, é menor do que nos horizontes

subjacentes, o que pode ser explicado pela baixa quantidade de argila desses horizontes.

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Com relação à densidade do solo, o Cambissolo Háplico (CXve) apresentou menores

valores, se comparado aos outros perfis estudados, variando de 1,28 g cm-3

até 1,38 g cm-3

, o que

pode ser explicado pela marcante presença nos teores de argila e também na predominância das

areias fina e muito fina. Os perfis do Neossolo Quartzarênico (RQo), do Planossolo Háplico (SXd)

e do Argissolo Amarelo (PAe) são mais arenosos e apresentam, de maneira geral, maiores valores

de densidade do solo.

Ferreira (2010) aponta que os solos ou camadas mais arenosas apresentam valores mais

elevados de densidade e que isso pode ser observado nos Argissolos ou outros solos que apresentem

B textural, em que o gradiente textural verificado entre os horizontes A e B pode fazer com que o

horizonte A, possuindo textura menos argilosa que o B, apresente maior densidade. Isso pode ser

visualizado no perfil P2, principalmente comparando os valores de densidade do solo dos horizontes

A e Bt1, 1,52 g cm-3

e 1,28 g cm-3

respectivamente.

É válido salientar que os valores de densidade de todos os perfis estão acima dos limites

médios propostos por Kiehl (1979), em que para solos argilosos podem variar de 1,00 a 1,25 g cm-3

e arenosos em média de 1,25 g cm-3

a 1,40 g cm-3

. O valor de densidade do solo reflete algumas das

características do sistema poroso do solo, e como as raízes das plantas desenvolvem-se nos poros,

admite-se que qualquer alteração no sistema poroso do solo pode interferir no desenvolvimento

delas. Valores mais elevados de densidade do solo podem prejudicar o desenvolvimento radicular

das plantas como também reduzir a capacidade de armazenamento de água no solo. Portanto,

conhecimento da densidade do solo poderá auxiliar na tomada de decisão quanto ao

estabelecimento de práticas agronômicas visando a conservação do solo e água e ainda servir como

importante variável para a elaboração de projetos de engenharia nas áreas de irrigação e drenagem

(Ferreira, 2010).

Os trabalhos de Dantas et al. (1998) e Santos & Ribeiro (2000) realizados na região do Vale

do Submédio São Francisco também constataram valores altos de densidade do solo, atribuindo isso

ao cultivo intensivo e também às características pedogenéticas desses solos. Fante Junior et al.

(2002), comparando duas metodologias diferentes para obtenção da densidade do solo, a tomografia

computadorizada e a do torrão parafinado, também encontraram valores altos de densidade do solo

sob vegetação nativa, justificando que o aumento da densidade do solo em profundidade é

decorrente do adensamento existente nas camadas subsuperficiais em solos da região semiárida.

Os valores de densidades de partículas variaram de 2,48 g cm-3

até 2,66 g cm-3

. A maior

parte dos horizontes nos cinco perfis de solos estudados está abaixo da média universal que é 2,65 g

cm-3

, indicando a presença de partículas menos densas que o quartzo, uma vez que esse mineral é

considerado predominante na maioria dos solos se comparado aos outros minerais existentes. A

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densidade das partículas depende da constituição do solo e, como esta varia relativamente pouco de

solo para solo, ela não varia de modo excessivo entre diferentes solos (Reichardt & Timm, 2004).

A porosidade total nos horizontes dos solos variou de 38 % a 52 %, estando dentro dos

limites propostos por Kiehl (1979,) em que para solos de textura média a argilosa a porosidade total

varia de 40 % a 60 %, para solos mais arenosos a variação fica entre 35 % a 50 %. É válido salientar

que a porosidade depende de características como: a textura e o teor de matéria orgânica do solo

(MOS), que influenciam no tipo de estrutura; a profundidade do perfil, uma vez que a consolidação

aumenta com a mesma; e o manejo, que provoca alterações no conteúdo de MOS e desagrega ou

compacta o solo (Curi & Kämpf, 2012).

Para estudar o armazenamento e movimentação de água do solo, bem como a aeração, torna-

se importante conhecer a distribuição dos poros. Solos com textura grosseira tem maior proporção

de macroporos, sendo bem drenados e arejados enquanto solos com textura fina tem capacidade de

drenagem inferior, porém a porosidade total é maior, retendo com isso mais água (Kiehl, 1979). Os

microporos são importantes, portanto, para a retenção e armazenamento de água pelo solo, ao passo

que os macroporos pela drenagem e aeração do solo (Ferreira, 2010). Observando a distribuição de

macro e microporos nos solos é possível perceber que os perfis P1 e P2 apresentam um desbalanço

entre as proporções, uma vez que a relação macro:microporos varia de 1:3,4 até 1:8,0 no

Cambissolo Háplico (CXve), e de 1:3,0 até 1:4,7 no Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe),

havendo com isso forte predominância de microporos, indicando maior limitação à entrada e

circulação de água e ar nesse solos. Nos outros três perfis de solo estudados, a presença dos macro e

microporos apresentam distribuição parecida. No Neossolo Quartzarênico (RQo) a relação

macro:microporos varia de 1:1,1 a 1:3,3, no Planossolo Háplico (SXd) de 1:1,2 a 1:2,3 e no

Argissolo Amarelo (PAe) de 1:1,7 a 1:4,4. São os solos que mais se aproximam da proporção ideal

de macro:microporos que é de 1:2 (Kiehl, 1979). Vale observar que apesar desses solos serem mais

arenosos, a presença de areia com granulometria mais fina proporciona uma boa quantidade de

microporos, o que não ocorre de modo geral em solos arenosos com presença de frações mais

grosseiras. Tal comportamento pode contribuir para que esses solos consigam reter mais água. O

uso da irrigação por gotejamento com alta frequência e baixa intensidade, torna-se primordial

nesses tipos de solo, que além de proporcionar um melhor aproveitamento da água aplicada, evita

também a lixiviação dos nutrientes.

Na Figura 7 estão contidos os dados referentes à distribuição de agregados por classes de

diâmetro, tendo como base o peso do solo retido nas peneiras de diferentes malhas. O tamanho dos

agregados tem influência no crescimento e no sistema radicular das plantas, e cada solo tem

tendência a apresentar um tamanho determinado de agregados, dependendo principalmente da

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quantidade de argila e matéria orgânica, seus principais agentes cimentantes (Kiehl, 1979). Num

sentido mais amplo, acrescenta-se ainda que a forma, o tamanho e o arranjo dos agregados são

bastante variáveis e estão associados a um complexo conjunto de interações entre fatores

mineralógicos, químicos e biológicos (Lepsch, 2011).

Observou-se que no Cambissolo Háplico (CXve) há uma maior concentração de agregados

com diâmetro menor que 0,250 mm em todos os horizontes. Como pode ser observado na Tabela 2,

esse solo apresenta teores de argila superiores a 300 g kg-1

, que em outras condições pedológicas

poderia proporcionar a formação de agregados com diâmetros maiores, uma vez que a argila

desempenha entre tantas funções, a formação de agregados mais estáveis no solo. No entanto, este

solo apresenta alternados ciclos de umedecimento e secagem ao longo do ano, variando de

moderadamente a imperfeitamente drenado, o que lhe confere uma consistência muito dura quando

está seco, firme a muito firme quando úmido na maior parte dos horizontes, (Tabela 1). Esses

fatores podem explicar a existência de agregados de menores diâmetros em função da fragmentação

dos mesmos pela alternância do teor de água, diminuindo, portanto, a resistência desse solo em

sofrer processos erosivos. De maneira geral, aceita-se como sendo de baixa estabilidade, os solos

com índice de agregação inferior a 0,5 mm, pois tais solos podem tornar-se impermeáveis quando

irrigados (Kiehl, 1979).

No Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) a percentagem de agregados maiores que 2 mm é

maior principalmente nos horizontes BA e Bt1. À medida que aumenta a profundidade, a

distribuição de agregados de diâmetros menores aumenta também. A explicação para isso pode ser

o fato desse solo ser extremamente pedregoso, com presença de cascalhos e calhaus

semidesarestados em quantidades crescentes com o aumento da profundidade do solo, impedindo a

formação de agregados mais estáveis e resistentes ao esboroamento.

No Neossolo Quartzarênico (RQo) a distribuição de agregados com diâmetro maior que 2

mm aumenta com a profundidade, isso pode ser relacionado à textura desse solo, que mesmo se

tratando de um Neossolo Quartzarênico, há um pequeno incremento de argila nos horizontes C2, C3

e C4l, e isso pode ter proporcionado a formação de agregados maiores. Nos horizontes A e C1

predominam agregados pequenos, com diâmetro inferior a 0,250 mm prevalecendo sobre as demais

classes de diâmetros.

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Figura 7. Percentagem de agregados (%), por classe de diâmetro, no perfil de cinco solos

localizados na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA.

O Planossolo Háplico (SXd) apresentou comportamento diferente dos outros perfis com

relação à distribuição de agregados com diferentes classes de diâmetro (Figura 7). Os agregados

com diâmetro maior que 2 mm vão diminuindo proporcionalmente à medida que aumenta a

profundidade solo. Em um solo que apresenta horizonte B textural (Bt), com teor de argila maior

que os horizontes sobrejacentes, o esperado é que haja a formação de agregados maiores nesse

horizonte, pela condição da argila funcionar como agente agregador das partículas constituintes do

solo. No entanto esse solo morfologicamente apresenta um horizonte Bt com característica

0

10

20

30

40

50

60

70

> 2 2 - 1 1 - 0,50 0,50 - 0,250 < 0,250

AG

REG

AD

OS

(%

)

CLASSE (mm)

P1: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico - CXve

A (0 - 15 cm)

BA (15 - 35 cm)

Bi (35 - 80 cm)

Bi2 (80 - 130 cm)

BC (130 - 170+ cm)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

> 2 2 - 1 1 - 0,50 0,50 - 0,250 < 0,250

AG

REG

AD

OS

(%)

CLASSE (mm)

P2: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico - PVAe

A (0 - 10 cm)

BA (10 - 33 cm)

Bt1 (33 - 55 cm)

Bt2 (55 - 85 cm)

Bt3 (85 - 100+ cm)

0

10

20

30

40

50

60

70

> 2 2 - 1 1 - 0,50 0,50 - 0,250 < 0,250

AG

REG

AD

OS

(%)

CLASSE (mm)

P3: NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico - RQo

A (0 - 15 cm)

C1 (15 - 55 cm)

C2 (55 - 110 cm)

C3 (110 - 160 cm)

C4 (160 - 200+ cm)

0

20

40

60

80

100

> 2 2 - 1 1 - 0,50 0,50 - 0,250 < 0,250

AG

REG

AD

OS

(%)

CLASSE (mm)

P4: PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico fragipânico - SXd

A (0 - 20 cm)

E1 (20 - 55 cm)

E2 (55 - 110 cm)

Btx (110 - 140 cm)

0

10

20

30

40

50

60

> 2 2 - 1 1 - 0,50 0,50 - 0,250 < 0,250

AG

REG

AD

OS

(%)

CLASSE (mm)

P5: ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico - PAe

A (0 - 20 cm)

Bt1 (20 - 40 cm)

Bt2 (40 - 75 cm)

Bt3 (75 - 100 cm)

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aparentemente cimentada, o que pode explicar a predominância de agregados com diâmetros

menores que 0,250 mm. A qualidade do material coloidal, segundo Ferreira (2010), é responsável

também pelo grau de estabilidade dos agregados das camadas subsuperficiais, para isso a

caracterização mineralógica principalmente da fração argila é necessária para poder compreender

melhor a formação dos agregados nesse solo.

No Argissolo Amarelo (PAe) há uma concentração mais elevada de agregados menores que

2 mm na maioria dos horizontes do solo, sendo possível verificar que somente no horizonte Bt1 a

proporção de agregados maiores que 2 mm é mais elevada (Figura 7). A proporção de agregados

pequenos pode ser associada à constituição granulométrica desse solo, que mesmo sendo

classificado como um Argissolo apresenta teores de areia superiores a 792 g kg-1

ao longo do perfil

(Tabela 2).

No que se refere à curva característica de retenção de água dos solos, que expressa a relação

entre o potencial mátrico e a umidade do solo (Nascimento et al., 2010), constatou-se que os solos

apresentam comportamentos distintos (Figuras 8, 9, 10, 11 e 12), uma vez que são pertencentes a

classes de solos diferentes, apresentando consequentemente, diferentes atributos que influenciam no

formato delineado das curvas. A textura é posta como sendo uma das principais características do

solo que influencia a retenção de água no solo. Reichardt & Timm (2004) destacam que para altos

teores de água, onde os fenômenos de capilaridade são primordiais na determinação do potencial

mátrico, a curva característica de umidade depende da geometria da amostra, em que atributos como

densidade do solo e porosidade irão influenciar o comportamento da mesma. Já para baixos teores

de água, o potencial mátrico praticamente independe da geometria das amostras.

Observou-se que o Cambissolo Háplico (CXve) retém maiores conteúdos de água nos

diferentes pontos de tensão se comparado aos outros perfis estudados (Figura 8). Essa condição está

relacionada com a textura desse solo, que apresenta uma boa distribuição de argila em todos os

horizontes, bem como de outras frações de granulometria mais fina como o silte e a areia muito

fina. O manejo desse solo deve levar em conta tais características para que não tenha problemas

com o encharcamento devido ao excesso de água no perfil. Os horizontes BC, A e BA em ordem

decrescente, apresentam conteúdos de água superiores aos demais horizontes do solo em todas as

tensões (Figura 8). A curva do horizonte Bi2 é a que mais se distancia das demais em termos de

retenção de água nas mesmas tensões. O decréscimo nos conteúdos de água retida em tensões

maiores pode ser visto em todos os horizontes.

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Figura 8. Curva característica de retenção de água de um CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico

típico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA

As curvas que representam o Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) tem comportamento

parecido com o Cambissolo Háplico no formato delineado, referente às diferenças nas quantidades

de água retida entre seus horizontes (Figura 9). No entanto, observa-se que o conteúdo de água

retido, de maneira geral, ao longo de todo o perfil é inferior ao perfil Cambissolo e superior aos

outros solos nas mesmas tensões. A maior retenção de água nesse perfil pode ser relacionada com

sua textura, onde os teores de argila também são elevados assim como no Cambissolo (Tabela 2),

proporcionando maior retenção de água. Porém, observando o delineamento das curvas, não é

possível apontar que o aumento na retenção de água está associado somente com teores mais altos

de argila à medida que aumenta a profundidade do perfil. A proporção de areia fina e areia muito

fina nos horizontes A e BA pode ter influência no comportamento apresentado pelas curvas, uma

vez que frações mais finas, além da argila podem proporcionar ao solo maior retenção de água.

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são

(kP

a)

Umidade (m3 m-3)

P1: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico - CXve

A (0-15 cm)

BA (15-35 cm)

Bi1 (35-80 cm)

Bi2 (80-130 cm)

BC (130-170+ cm)

1

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100

1000

10000

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45

Ten

são

(kP

a)

Umidade (m3 m-3)

P2: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico - PVAe

A (0-10 cm)

BA (10-33 cm)

Bt1 (33-55 cm)

Bt2 (55-85 cm)

Bt3 (85-100+ cm)

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Figura 9. Curva característica de retenção de água de um ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO

Eutrófico abrúptico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa

Nova-BA

O Neossolo Quartzarênico (RQo) representa bem a relação existente entre a classe textural

do solo e sua capacidade de reter mais ou menos água. Como é um solo muito arenoso, com teores

superiores a 807 g kg-1

de areia nos seus horizontes, apresenta baixa capacidade de retenção de

água, consequentemente de nutrientes também. Observa-se que as curvas de todos os horizontes são

muito semelhantes e praticamente se sobrepõem principalmente os horizontes A, C1 e C2 (Figura

10). Por serem muito arenosos, os Neossolos Quartzarênicos apresentam sérias limitações com

respeito ao armazenamento de água disponível para as plantas, no entanto a granulometria da fração

areia é bastante importante na capacidade de retenção de água por esses solos, quando predominam

a areia fina sobre a grossa, há maior disponibilidade de água (Oliveira, 2005), como é o caso desse

perfil. De maneira geral, é importante que o manejo da água nesse solo seja bem planejado a fim de

evitar o desperdício desse recurso, bem como a lixiviação dos nutrientes do solo.

Figura 10. Curva característica de retenção de água de um NEOSSOLO QUARTZARÊNICO

Órtico típico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA.

No Planossolo Háplico (SXd) é possível verificar que nos horizontes A, E1 e E2 o

comportamento das curvas é muito parecido com o Neossolo Quartzarênico (Figura 11), o que é

justificado pela composição granulométrica desses horizontes, com forte predomínio da fração

areia, a retenção de água também é reduzida. No entanto, o horizonte Btx apresenta uma situação

atípica, pois se observa que o solo consegue reter quantidade de água bem superior aos outros

horizontes nas baixas tensões, havendo um decréscimo nítido para tensões mais altas. A ocorrência

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0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45

Ten

são

(kP

a)

Umidade (m3 m-3)

P3: NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico - RQo

A (0-15 cm)

C1 (15-55 cm)

C2(55-110 cm)

C3 (110-160 cm)

C4 (160-200+ cm)

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de uma cimentação aparente reversível nesse solo (Btx) pode explicar tal situação, uma vez que essa

camada com uma consistência dura pode ser um impedimento para que o solo retenha conteúdos

mais elevados de água em tensões maiores como ocorre nas baixas tensões. Em solos de textura

binária, especialmente nos que apresentam textura contrastante ou mudança textural abrupta, o

comportamento hídrico apresenta importantes variações ao longo do perfil, especialmente entre os

horizontes A, E e B (Oliveira, 2005). Portanto, é recomendado levar em consideração suas

características morfológicas e físicas para um adequado manejo da água e conservação do solo, pois

como já foi discutido, esse perfil é muito arenoso, o que proporciona maior infiltração da água,

principalmente nos horizontes A, E1 e E2. No entanto, o horizonte Btx não oferece a mesma

condição, há restrição à drenagem, o que é comprovado pela presença de mosqueados.

Figura 11. Curva característica de retenção de água de um PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico

espessarênico fragipânico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de

Casa Nova-BA.

As curvas que representam o Argissolo Amarelo (PAe) mostram uma distinção entre seus

horizontes no que se refere à retenção de água nas baixas tensões (Figura 12). Observa-se que nesse

solo com o aumento da profundidade, a quantidade de água retida é maior, e isso pode estar

relacionado ao aumento de argila ao longo do perfil (Tabela 2). Já em tensões mais altas as curvas

praticamente se sobrepõem, não apresentando diferenças significativas entre os horizontes desse

solo. Lepsch (2011) relata que além da quantidade, a qualidade da argila tem influência no

montante de água que um solo pode reter, assim como também a quantidade de húmus presente no

solo, pois a energia que retém água está diretamente relacionada com a superfície específica das

partículas. No entanto, como esse solo apresenta pouca quantidade de argila, o predomínio da areia

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0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45

Ten

são

(kP

a)

Umidade (m3 m-3)

P4: PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico fragipânico - SXd

A (0-20 cm)

E1 (20-55 cm)

E2 (55-110 cm)

Btx (110-140 cm)

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fina, nessas condições, torna-se um fator muito importante para aumentar a capacidade de retenção

de água.

Assim, para todos os solos estudados, a adoção de práticas de manejo e uso que contribuam

para um acréscimo no conteúdo de matéria orgânica podem melhorar suas qualidades físicas,

aumentando, por exemplo, a capacidade de retenção de água, tornando-se, portanto, uma estratégia

importante para o manejo sustentável dos sistemas agrícolas na região. Como propõem Silva et al.

(2007), a produção “in situ” de material orgânico de origem vegetal para a melhoria de

características químicas, físicas e biológicas do solo via cobertura de solo, constitui uma alternativa

potencial no manejo de áreas agricultáveis do Submédio São Francisco, não só por evitar o impacto

direto das gotas de chuva, mas principalmente, por reduzir a taxa de evaporação e elevar os teores

de matéria orgânica do solo.

Figura 12. Curva característica de retenção de água de um ARGISSOLO AMARELO Eutrófico

típico localizado na região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA.

1.4. CONCLUSÕES

Os solos estudados de modo geral, apresentam boas características físicas, representadas

principalmente pelos valores encontrados de densidade de solo, grau de floculação e porosidade

total, que não oferecem sérios impedimentos para o uso agrícola.

Algumas limitações foram encontradas para o uso agrícola desses solos e devem ser

consideradas no momento de definir o manejo adequado para cada condição. O Cambissolo Háplico

(CXve) apresenta drenagem deficiente, ocasionada principalmente pela predominância de

microporos, o que proporciona uma maior retenção de umidade. O manejo da irrigação e o uso de

máquinas devem ser bem planejados para não provocar encharcamento, compactação e degradação

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0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45

Ten

são

(kP

a)

Umidade (m3 m-3)

P5: ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico - PAe

A (0-20 cm)

Bt1 (20-40 cm)

Bt2 (40-75 cm)

Bt3 (75-100 cm)

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desse solo. O Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) apresenta como principal limitação física a

forte presença de cascalhos e calhaus, o que pode impedir o desenvolvimento de plantas com

sistema radicular profundo, bem como limitar o uso de máquinas.

O Neossolo Quartzarênico (RQo) e o Argissolo Amarelo (PAe) não apresentam limitações

relacionadas à drenagem por serem mais arenosos, facilitando nesse sentido o manejo, sem oferecer

fortes riscos de compactação. No entanto tem como limitação a baixa capacidade de reter umidade.

Já o Planossolo Háplico (SXd) ocorre limitação à drenagem, mesmo sendo muito arenoso, devido a

cimentação presente no horizonte Bt.

1.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2. Capítulo II

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46

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE SOLOS DO MUNICÍPIO DE CASA NOVA-BA

2.1. INTRODUÇÃO

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47

A região de entorno do Lago de Sobradinho caracteriza-se pelo aumento intensivo de

atividades agropecuárias, tendo como destaque a agricultura irrigada. Os municípios baianos que

circundam esse corpo hídrico exploram com mais intensidade seus solos para o uso agrícola, uma

vez que a disponibilidade de água é fator determinante para o desenvolvimento da agricultura

irrigada no semiárido. O município de Casa Nova-BA está inserido nessa dinâmica, com destaque

na produção de oleráceas, principalmente cebola, melão e melancia e na fruticultura irrigada, com

produção de manga, uva, banana, limão e goiaba (SEI, 2011).

A importância da agricultura para a comunidade local é inquestionável, no entanto as

práticas de manejo adotadas na maioria das vezes provocam a degradação do recurso naturais,

principalmente do solo e da água. O uso indiscriminado de pesticidas e fertilizantes químicos na

região é também motivo constante de preocupação com o meio ambiente, principalmente quando as

áreas utilizadas estão bem próximas das fontes hídricas, que também são utilizadas para consumo

humano e animal. O uso abundante e irracional de fertilizantes e agrotóxicos, além de desajustarem

os limites aceitos de fertilidade para as diferentes culturas, podem contribuir para desequilíbrios

ambientais de baixa reversibilidade (Melloni, 2008).

As alterações provocadas pelos diferentes usos do solo na região semiárida, que apresenta

características de solos e clima peculiares, devem ser estudadas para a proposição de modelos

sustentáveis maximizando a produção e evitando degradação dos recursos naturais (Corrêa et al.,

2009). Como destaca Melloni (2008) alguns usos do solo exigem determinadas condições de

qualidade, para que a sustentabilidade seja mantida.

Do ponto de vista agrícola, a qualidade do solo pode ser conceituada como a capacidade de

tal recurso exercer várias funções, dentro dos limites do uso da terra e do ecossistema, para

sustentar a produtividade biológica, manter ou melhorar a qualidade ambiental e contribuir para a

saúde das plantas, dos animais e humana (Goedert & Oliveira, 2007). Uma boa qualidade do solo

além de garantir a capacidade produtiva dos agroecossistemas, é importante também para a

preservação de outros serviços ambientais essenciais, incluindo o fluxo e a qualidade da água, a

biodiversidade e o equilíbrio de gases atmosféricos (Lopes & Guilherme, 2007).

Alguns trabalhos como os de Jacomine et al. (1976); Dantas et al. (1998); Cunha et al.

(2008), Cunha (2010); Santos et al. (2012); entre outros, mostram diferentes resultados acerca da

caracterização química dos solos do semiárido brasileiro, no entanto há sempre a necessidade do

desenvolvimento de pesquisas mais detalhadas, abrangendo um maior número de áreas, como é o

caso do município de Casa Nova-BA.

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48

Assim, o objetivo desse trabalho foi realizar a caracterização química de cinco classes de

solos mais representativas do município de Casa Nova – BA com a finalidade de avaliar suas

potencialidades e limitações para o uso agrícola.

2.2. MATERIAL E MÉTODOS

2.2.1. Localização e descrição da área de estudo

O trabalho foi desenvolvido no município de Casa Nova – BA, situado entre as coordenadas

9° 9′ 43″ de latitude sul e 40° 58′ 15″ de longitude oeste. Com uma área de 9.647 km2, o município

conta com uma população de 64.940 habitantes (IBGE, 2010).

2.2.1.1. Seleção dos pontos de amostragem

Foram escolhidas 5 (cinco) propriedades, sendo as mesmas selecionadas juntamente com a

participação de órgãos de assistência técnica e associações locais de produtores. A escolha dessas

áreas e dos pontos de amostragem se deu em função da intensidade e tempo de uso do solo com

atividades agrícolas, bem como da proximidade da margem do lago. Para realizar a avaliação dos

solos, foram abertas trincheiras em áreas de vegetação secundária do bioma caatinga, sem uso

agrícola. (Figura 1).

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49

Figura 13. Mapas de localização dos perfis de cinco classes de solos representativas da região de

entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA.

2.2.1.2. Clima

Seguindo a classificação de Köppen o clima é do tipo Bswh’, caracterizado por ser bastante

quente, é denominado também de clima semiárido (Jacomine, 1976). Além de apresentar uma baixa

média anual de precipitação, inferior a 500 mm, há uma má distribuição desse elemento climático

no tempo e no espaço, pois as chuvas são concentradas em apenas três ou quatro meses e ocorrem

em poucos dias do ano, sendo em geral, intensas e intercaladas por períodos de veranicos (Silva et

al., 2010). As médias anuais de temperaturas variam de 23º a 27º C e de evaporação em torno de

2.000 mm ano-1

(Moura et al., 2007). A irregularidade no regime pluviométrico, acompanhada pelo

intenso calor, resulta em elevadas taxas de evapotranspiração, proporcionando um balanço hídrico

negativo na região semiárida (Silva et al., 2010).

2.2.1.3. Vegetação

De acordo com o Diagnóstico do Macrozoneamento Ecológico-Econômico da Bacia

Hidrográfica do Rio São Francisco (Brasil, 2011), o tipo de vegetação predominante na região de

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50

Casa Nova – BA é a Savana Estépica (Caatinga) e Segundo Jacomine et al. (1976), a Caatinga é do

tipo hiperxerófila. Foram observadas nas áreas espécies vegetais como: Cnidoscolus quercifolius

Pohl – Euphobiaceae (“faveleira”), Pilosocereus gounellei (A. Weber ex K. Schum.) Bly. ex Rowl

– Cactacea (“xique-xique”), Cereus jamacaru D.C. – Cactaceae (“mandacaru”), Jatropha

mollissima (Pohl) Baill – Euphorbiaceae (“pinhão-bravo”), Anadenanthera colubrina (Vell.)

Brenan – Fabaceae – Mimosoideae (“angico”), Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.Gillett –

Burseraceae (“imburana”), Croton sonderianus Müll. Arg – Euphorbiaceae (“marmeleiro”),

Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir – Fabaceae - Mimosoideae (“jurema preta”), Mimosa arenosa

(Willd.) Poir – Fabaceae - Mimosoideae (“jurema branca” ou “calumbi”), Bromelia laciniosa Mart.

ex Schult.f. (“macambira”), Poincianella bracteosa (Tul.) L.P.Queiroz - Fabaceae -

Caesalpinioideae (“catingueira”), Aspidosperma pyrifolium Mart (“pereiro”), Ziziphus joazeiro

Mart – Rhamnaceae (“juazeiro”), Spondias tuberosa Arruda – Anacardiaceae (“umbuzeiro”).

2.2.1.4. Hidrografia

O município de Casa Nova – BA está totalmente inserido na Bacia Hidrográfica do Rio São

Francisco. Além do Rio São Francisco existem outras drenagens naturais como o riacho do

Sobrado, riacho Grande e o riacho Ouricuri (CPRM, 2005). O Lago de Sobradinho, resultado do

barramento do Rio São Francisco, situado ao sul do município, é um importante corpo hídrico para

a região, sendo sustentáculo para o desenvolvimento das mais diversas atividades econômicas,

principalmente a agricultura irrigada.

2.2.1.5. Geomorfologia

A região está inserida na Depressão Sertaneja, numa superfície de pediplanação denominada

Depressão Periférica do Médio São Francisco, a qual se refere à faixa de terrenos do Pré-Cambriano

que separa as bacias do Piauí-Maranhão e do Tombador, apresentando pedimentos escalonados,

campos de dunas e planícies aluviais. Alguns “inselbergues” sobressaem na paisagem

extremamente dissecada. Tem uma altitude média em torno de 400 a 500 m (Brasil, 1973).

2.2.1.6. Geologia

A área de estudo está inserida em uma província (Província Estrutural São Francisco) com

predomínio de rochas do Pré-Cambriano como granitos, migmatitos, xistos e quartzitos. Faz parte

do Grupo Caraíba, representado por rochas intensamente metamorfisadas, tendo como principal

componente um biotita-gnaisse de cor cinza, ao qual se associam anfibolitos, quartzitos e

micaxistos. Os quartzitos destacam-se na paisagem de superfície aplainada formando cristas e

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51

serrotes. É possível obervar também coberturas sedimentares em áreas restritas sobre as rochas do

Pré-Cambriano (Brasil, 1973).

Além do Grupo Caraíba, há no município de Casa Nova a formação de dunas, decorrente do

Período Quaternário. A denominação dada é Formação Casa Nova, que são depósitos constituídos

de areias finas bem classificadas com nítidos traços de erosão eólica que se desenvolvem na

margem esquerda do Rio São Francisco (Jacomine et al., 1976).

2.2.1.7. Solos

Os principais solos da região, derivados das rochas que formam o embasamento geológico, e

que podem ou não sofrer influência de cobertura de material retrabalhado são: Neossolos Litólicos

Eutróficos e Distróficos associados com muitos afloramentos de rocha, Latossolos Vermelho

Amarelo Eutrófico e Distrófico, Argissolos Vermelho Amarelo Eutrófico e Luvissolos (Jacomine et

al., 1976). Mas é possível também encontrar outras classes de solos representativos da região

semiárida como: Planossolos, Neossolos Flúvicos, Neossolos Quartzarênicos, Cambissolos e

Vertissolos (Cunha et al., 2008; Cunha et al., 2010).

2.2.2. Metodologia de Trabalho

2.2.2.1. Trabalhos de Campo

Após a seleção das áreas foram feitas observações dos solos, relevo e vegetação. Em cada

área foi aberta uma trincheira na qual se realizou a descrição morfológica e a coleta de amostras de

solos para fins analíticos seguindo as recomendações do Manual de Descrição e Coleta de Solo no

Campo (Santos et al., 2005). A nomenclatura dos horizontes diagnósticos e a classificação

taxonômica dos solos foram realizadas de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de

Solos (EMBRAPA, 2006) e na Proposta de Atualização da Segunda Edição do Sistema Brasileiro

de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2012). Em cada perfil foram coletadas amostras de todos os

horizontes para a realização das análises químicas.

2.2.2.2. Trabalhos de laboratório

As amostras de solos coletadas foram analisadas no Laboratório de Solos do Centro de

Pesquisa Agropecuária do Trópico Semiárido (CPATSA/EMBRAPA), seguindo as recomendações

do Manual de Métodos de Análise de Solo (EMBRAPA, 2011). As análises químicas incluíram: pH

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52

em água e KCl mol L-1

na proporção de 1:2,5, teores de fósforo, cálcio, magnésio, sódio, potássio,

alumínio, , carbono orgânico, cobre, ferro, manganês e zinco; acidez potencial (H+Al) e

condutividade elétrica (CE) no extrato da pasta de saturação. As análises químicas foram realizadas

conforme metodologias descritas abaixo:

pH em água e KCl – medido por eletrodo de vidro, em pHmetro, na proporção 1:2,5 de

solo:solução.

Fósforo disponível – extraído por Mehlich-1 (HCl 0,05 mol L-1

e H2SO4 0,0125 mol L-1

) e

determinado em fotocolorímetro na presença de ácido ascórbico.

Cátions trocáveis (Ca2+

, Mg2+

, Na+, e K

+) – Ca

2+ + Mg

2+ foi extraído com KCl mol L

-1 e

determinados por titulação com EDTA 0,0125 mol L-1

em presença do indicadores negro de

eriocromo; no mesmo extrato o Ca2+

foi determinado por titulação também com EDTA 0,0125

mol L-1

usando a murexida como indicador. O Mg2+

foi obtido por diferença [Mg2+

= (Ca2+

+

Mg2+

) - Ca2+

]. O Na+ e K

+ foram extraídos por Mehlich-1 (HCl 0,05 mol L

-1 e H2SO4 0,0125 mol

L-1

) e determinados em fotômetro de chama.

Alumínio – extração com solução KCl 1 mol L-1

e determinação volumétrica com solução

diluída de NaOH 0,025 mol L-1

na presença de azul de bromotimol como indicador.

Acidez potencial (H+Al) – extraída com acetato de cálcio tamponado a pH 7,0 e determinado

volumetricamente com solução de NaOH em presença de fenolftaleína como indicador.

Carbono Orgânico – oxidação da matéria orgânica via úmida com dicromato de potássio em

presença de ácido sulfúrico e titulação do excesso de dicromato de potássio com solução padrão

de sulfato ferroso amoniacal.

Condutividade elétrica – determinada no extrato da pasta de saturação com auxílio de

condutivímetro. O extrato é retirado a partir da preparação de uma pasta de solo saturado, com a

adição de água, até atingir uma condição pré-estabelecida (100 g de solo adiciona-se água

contida em proveta de 50 mL, em quantidade inicial de 25 mL para solos arenosos e 50 mL para

os demais). Um filtro de sucção é utilizado para obter uma quantidade suficiente do extrato, para

realizar a leitura da condutividade elétrica.

Teores de cobre, ferro, manganês e zinco – Extraídos com Mehlich-1 (HCl 0,05 mol L-1

e H2SO4

0,0125 mol L-1

) na relação solo:solução de 1:5 e determinados por Espectofotometria de

Absorção Atômica.

A partir dos resultados obtidos foram calculados: ΔpH: ΔpH = pH(KCl) – pH(H2O); Teor de

Matéria Orgânica: MO = CO * 1,724; Soma de Bases: SB = Ca2+

+ Mg2+

+ Na+

+ K+ Capacidade de

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53

Troca de Cátions: CTC = SB + (H+Al); Saturação por bases: V = (SB/CTC) * 100; Saturação por

Alumínio: m = (Al3+

/t) * 100 e Porcentagem de Saturação por Sódio: PST = (Na+/CTC) * 100.

2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.3.1 Atributos químicos

Os atributos químicos apresentados na Tabela 3 mostram que os solos apresentaram reação

variando de extremamente ácida a pouco ácida, com valores de pH em água entre 4,9 e 6,5. No

entanto cabe observar que apenas o Cambissolo Háplico (CXve) nos horizontes A e BA, e o

Planossolo Háplico (SXd), nos horizontes A, E1 e E2, apresentaram pH abaixo da faixa ideal para a

maioria das culturas (Meurer, 2007). De maneira geral, o pH do solo na faixa de 5,5 a 6,5 é

favorável ao crescimento da maioria das plantas, abaixo de 5,5 pode afetar a disponibilidade de

nutrientes, provocando danos ao crescimento das plantas devido elevadas concentrações de

elementos tóxicos, como Al e Mn (Meurer, 2007). Observa-se uma relação inversa do pH com o Al

nos perfis do Neossolo Quartzarênico (RQo) e do Planossolo Háplico (SXd), pois à medida que

diminui o pH aumentam os valores de Al. O ΔpH é negativo em todos os horizontes dos solos

estudados, indicando com isso, o predomínio de cargas negativas em relação às cargas positivas no

complexo de troca. Essas cargas negativas, que estão na superfície dos minerais de argila e da

matéria orgânica, são capazes de adsorver íons com cargas opostas (cátions): Ca2+

, Mg2+

, K+, H

+

(Resende et al, 2002).

Todos os perfis de solos estudados apresentaram baixa condutividade elétrica (CE), com

valores variando entre 0,06 a 0,77 dS m-1

, característica que indica não ocorrer problemas

relacionados a concentração excessiva de sais nesses solos. A condutividade elétrica acima de 4 dS

m-1

é um elemento indicativo de solo salino, qualidade que interfere no desenvolvimento da maioria

das culturas (Embrapa, 2006).

Os teores de Carbono Orgânico (CO) e de Matéria Orgânica (MO), de maneira geral são

baixos, e diminuem com o aumento da profundidade dos solos, o que é característico dos solos da

região semiárida (Faria et al., 2007), uma vez que as condições físicas e climáticas (baixas

precipitações e elevadas temperaturas) não proporcionam uma alta produção de resíduos orgânicos

pelas plantas, e o que é produzido rapidamente é decomposto. Apesar de ser encontrada em pequena

quantidade em comparação com a fração mineral, a MO é importante para os sistemas de produção

agrícola devido aos efeitos que produz nas propriedades químicas, físicas e biológicas do solo

(Silva et al, 2006). Os perfis do Cambissolo Háplico (CXve), do Argissolo Vermelho-Amarelo

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54

(PVAe) e do Argissolo Amarelo (PAe) apresentam teores mais elevados de MO no horizonte A, de

9,93 g kg-1

, 17,48 g kg-1

e 7,45 g kg-1

respectivamente.

Outros trabalhos que classificam e caracterizam diferentes classes de solos do semiárido

como os de Corrêa et al., (2009), Oliveira et al. (2009), Cunha et al., (2010), apontam resultados

que corroboram os que foram encontrados nessa pesquisa. Os teores de matéria orgânica nos solos

da região semiárida são baixos, como consequência das condições físicas e climáticas que não

favorecem uma maior produção e acúmulo de materiais orgânicos no solo. Daí a importância de

serem adotadas práticas de manejo que contribuam com o aumento da matéria orgânica dos solos

dessa região. Menezes & Silva (2008) estudando os efeitos de seis anos de adubação orgânica sobre

as características químicas de um Neossolo Regolítico cultivado com batata no semiárido

nordestino concluíram que a aplicação anual de esterco, combinado ou não com a crotalária, elevou

os teores de CO, N e P totais, e Zn na camada de 0-20 cm de profundidade, e os teores de P e K

extraíveis, Mg e B nas duas camadas avaliadas. Apesar do cultivo e a incorporação anual da

crotalária não exercerem efeito significativo nos teores de nutrientes do solo, os resultados sugerem

que a utilização de doses menores de esterco, combinadas com a incorporação de adubos verdes

pode garantir a manutenção da fertilidade do solo em longo prazo. Giongo et al., (2011) sugerem

que a utilização de culturas de cobertura que objetiva gerar quantidades de matéria seca (MS)

suficientes para manter o solo coberto durante todo o ano, aumentar o teor de matéria orgânica do

solo, diminuir a evapotranspiracão e consequentemente o processo de salinização é essencial para a

sustentabilidade dos sistemas agrícolas em ambiente semiárido.

A disponibilidade de P foi sempre maior nos horizontes superficiais de todos os solos,

decrescendo com a profundidade, o que é um comportamento típico do elemento, considerando sua

baixa mobilidade, como também pela maior quantidade de matéria orgânica presente nesses

horizontes. Tiessen et al. (2001) afirmam que o P orgânico é importante em solos tropicais pobres

em P. Caracterizando a distribuição de P em diferentes ordens de solos do semiárido de PE e PB,

Silveira et al. (2006) observaram que a fração orgânica representa até 33% da fração total em solos

como os Neossolos Quartzarênicos, com baixos teores totais de P. O horizonte A de cada perfil (P1,

P2, P3 P4 e P5) apresentou teores de fósforo 3,99 dm-3

, 6,96 dm-3

, 8,33 dm-3

, 6,16 dm-3

e 12,55 mg

dm-3

, respectivamente. Corrêa et al., (2009) também observaram baixos teores de P em solos

arenosos de vegetação nativa do semiárido, variando de 7,4 mg dm-3

na camada de 0 – 10 cm, até

4,1 mg dm-3

na camada de 30 – 60 cm de profundidade, observando que os teores mais altos nas

áreas sob diferentes usos agrícolas são devido o fornecimento de fontes externas desse nutriente.

Souza et al., (2010) e Araújo et al., (2004) também encontraram valores de P baixos em solos do

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55

sertão pernambucano e Oliveira et al., (1998) no norte de Minas Gerais, região também de clima

semiárido.

Com relação aos valores de cálcio (Ca2+

) e magnésio (Mg2+

) trocáveis observou-se muita

variação entre os solos estudados, sendo que os teores de cálcio são sempre superiores aos de

magnésio em todos os solos. Os perfis do Cambissolo Háplico (CXve) e do Argissolo Vermelho

Amarelo (PVAe) concentram maiores teores de cálcio e magnésio, podendo ser observado que esses

teores aumentam com a profundidade dos solos. No Cambissolo Háplico (CXve) os valores de

cálcio e magnésio variam de 5,5 a 8,6 cmolc dm-3

e de 2,0 a 6,4 cmolc dm-3

, respectivamente,

enquanto no Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) o cálcio varia de 3,1 a 11,1 cmolc dm

-3 e

magnésio de 0,8 a 5,4 cmolc dm-3

. Valores aproximados de cálcio e magnésio foram encontrados

por Oliveira et al., (2009) estudando solos do semiárido. As concentrações de Ca2+

e Mg2+

são,

portanto, adequadas a manutenção de plantas cultivadas nesses solos.

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56

Tabela 3: Atributos químicos de cinco classes de solos representativas da

região de entorno do lago de Sobradinho, município de Casa Nova-BA. pH

(1:2,5)

Complexo Sortivo

H

or

Pr

of

H2

O

K

Cl

Δp

H

C

E

C

O

M

O

P C

a2+

M

g2+

K+

N

a+

SB Al3+

CT

C

V m PS

T

Fe M

n

C

u

Z

n

c

m

dS

m-

1

------g kg-

1------

mg

dm-3

---------------------------------cmolc dm-3----

----------------------------

----------%--

-------

--------------mg dm-3-

--------------

P1: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico – CXve

A 0-

15

5,

2

4,

7

-

0,5

0,

26

5,7

6

9,9

3

3,9

9

5,

5 2,0

0,

37

0,

15

8,0

2

0,

00

11,

81

6

8 1 1

34

1,0

12

0,0

4,

2

4,

4

B

A

15

-

35

5,2

4,6

-

0,6

0,15

1,6

2

2,7

9 1,94

6,7

2,8 0,18

0,16

9,84

0,00

12,97

76

1 1

14

9,0

49,

1

2,

4

2,

3

Bi

1

35

-

80

5,7

4,5

-

1,2

0,13

0,6

6

1,1

4 1,02

7,8

5,4 0,09

0,28

13,57

0,00

15,88

85

0 2

12

8,0

32,

8

1,

4

1,

6

Bi

2

80

-

130

6,

2

5,

2 -1,0

0,

11 0,54

0,9

3 2,1

7

7,

7 5,8

0,

07

0,

80

14,

37

0,

00

16,

19

8

9 0 5

12

1,0

53,

3

1,

3

2,

3

B

C

13

0-17

0+

6,5

5,5 -

1,0

0,18 0,0

6

0,1

0 2,28

8,6

6,4 0,08

1,10

16,18

0,00

17,34

93

0 6

81,

2

39,

0

1,

0

1,

4

P2: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico – PVAe

A 0-

10

6,

2

5,

2

-

1,0

0,

20

10,

14

17,

48

6,9

6

3,

1 0,8

0,

44

0,

06

4,4

0

0,

00

9,0

2

4

9 1 1

17

5,0

82,

2

1,

4

2,

8

B

A

10-

33

6,

0

5,

1 -

0,9

0,

41 4,3

2

7,45

3,0

8

3,

7 1,7

0,

57

0,

12

6,0

9

0,

00

9,2

3

6

6 1 1

136,0

62,5

1,3

2,7

Bt

1

33

-

55

6,1

5,2

-

0,9

0,64

2,4

6

4,2

4 2,39

8,0

2,1 0,49

0,42

11,01

0,00

12,99

85

0 3

60,

1

38,

9

1,

1

2,

3

Bt

2

55

-

85

6,4

5,2

-

1,2

0,77

1,7

4

3,0

0 2,28

9,5

3,0 0,37

0,36

13,23

0,00

15,38

86

0 2

56,

1

15,

1

0,

7

1,

3

Bt

3

85

-

100+

6,

4

4,

7 -1,7

0,

38 2,52

4,3

4 2,0

5

11

,1 5,4

0,

24

0,

47

17,

21

0,

00

19,

69

8

7 0 2

55,

0

4,1 0,

6

4,

6

P3: NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico – RQo

A 0-15

6,0

5,0

-1,0

0,14

2,82

4,86

8,33

1,20

0,40

0,17

0,02

1,79

0,00

7,40

24 3 0

22,9

56,6

1,0

1,1

C

1

15

-55

6,

0

5,

0 -

1,0

0,

11 1,26

2,1

7 2,4

0

0,

49

0,3

6

0,

15

0,

02

1,0

2

0,

00

5,6

4

1

8 5 0

31,

0

8,5 1,

4

0,

1

C

2

55

-11

0

5,8

4,3 -

1,5

0,07 1,1

4

1,9

7 1,83

0,84

0,26

0,13

0,02

1,25

0,15

5,71

22 1

1 0

20,

9

2,7 1,

5

0,

1

C

3

110-

16

0

5,

5

4,

1 -

1,4

0,

06 0,8

4

1,45 1,7

1

0,

52

0,4

3

0,

11

0,

01

1,0

7

0,

35

5,0

3

2

1 2

5 0

11,7

3,0 1,1

0,4

C

4

16

0-

200+

5,

2

4,

1 -1,1

0,

06 0,72

1,2

4 1,7

1

0,

47

0,2

3

0,

10

0,

01

0,8

1

0,

40

4,1

1

2

0 33 0

14,

4

1,8 1,

0

0,

1

P4: PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico fragipânico – SXd

A 0-20

5,2

4,1

-1,1

0,20

2,76

4,76

6,16

0,70

0,12

0,14

0,02

0,96

0,35

4,92

20

27 0

289,0

5,2 1,1

0,6

E

1

20

-55

5,

3

3,

8 -

1,5

0,

11 1,02

1,7

6 1,8

3

0,

50

0,0

9

0,

12

0,

02

0,7

5

1,

25

5,0

4

1

5 63 0

53

5,0

0,1 0,

5

0,

1

E

2

55

-11

0

4,9

3,6 -

1,3

0,06 1,2

6

2,1

7 1,03

0,65

0,21

0,07

0,02

0,95

2,15

5,74

17 6

9 0

49

7,0

0,1 0,

5

0,

1

Bt

x

110-

14

0

5,

6

3,

4 -

2,2

0,

07 1,2

0

2,07 0,8

0

1,

70

1,3

0

0,

05

0,

28

3,3

3

1,

50

7,9

4

4

2 3

1 4

113,2

0,1 1,4

0,5

C/

R

14

0-

16

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

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57

0+

P5: ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico – PAe

A 0-20

5,8

5,0

-0,8

0,08

4,32

7,45

12,55

2,00

0,70

0,28

0,03

3,01

0,00

4,99

60 2 1

12,0

74,5

0,4

1,5

Bt

1

20

-40

5,

9

5,

3 -

0,6

0,

16 2,22

3,8

3 4,4

5

1,

60

0,4

0

0,

19

0,

03

2,2

2

0,

00

3,0

5

7

3 2 1

17,

1

37,

8

1,

6

0,

5

Bt

2

40-

75

6,

2

5,

3 -

0,9

0,

17 1,4

4

2,48

3,0

8

1,

30

0,5

0

0,

22

0,

03

2,0

5

0,

00

3,3

7

6

1 2 1

25,8

13,2

1,7

0,1

Bt

3

75-

10

0+

6,

4

4,

9 -

1,5

0,

08 1,1

4

1,97 2,8

5

0,

91

0,2

9

0,

14

0,

03

1,3

7

0,

00

3,0

2

4

5

4 1

23,1

3,5 1,2

0,1

CE: Condutividade Elétrica; CO: Carbono Orgânico; MO: Matéria Orgânica; SB: Soma de Bases; CTC: Capacidade de Troca Catiônica; V: Saturação por Bases; m: Saturação por Alumínio; PST: Percentagem de

Saturação por Sódio Trocável

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58

Nos perfis do Neossolo Quartzarênico (RQo), do Planossolo Háplico (SXd) e do

Argissolo Amarelo (PAe) os teores de cálcio variaram de baixo a médio, enquanto que

os valores de magnésio observou-se uma variação de muito baixa a alta, sendo,

portanto, quimicamente mais pobres que os perfis do Cambissolo Háplico (CXve) e do

Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe), fato que pode ser justificado pela textura arenosa

que esses solos apresentam. Como a areia é constituída praticamente por quartzo os

solos muito arenosos são praticamente desprovidos de reservas de nutrientes, e por

apresentarem acentuada permeabilidade e baixa capacidade de retenção de água, são

mais potencialmente susceptíveis a perder seus nutrientes por lixiviação (Oliveira,

2005). Nestes solos, torna-se necessária a correção dos teores de Ca2+

e Mg2+

para que

sejam obtidas produções economicamente viáveis, de espécies vegetais mais exigentes

(com maior demanda) nesses nutrientes. Corrêa et al., (2009) estudando solos arenosos

no semiárido também encontraram baixos valores de cálcio e magnésio em vegetação

nativa de caatinga, que variaram de 1,33 a 0,86 cmolc dm-3

e de 0,12 a 0,07 cmolc dm-3

até a profundidade de 60 cm no solo, observando que os teores desses cátions tiveram

considerável aumento nas áreas com diferentes usos (ciclo curto, área descartada,

fruticultura e pastagem), uma vez que a fertilidade do solo foi melhorada com o manejo

adotado.

Os teores de potássio trocável (K+), nutriente móvel e bastante importante no

solo que costuma apresentar-se em quantidades quase sempre menores que as de cálcio

e magnésio (Lepsch, 2011) variaram de baixo (0,05 cmolc dm-3

) a muito alto (0,57

cmolc dm-3

) (Alvarez et al., 1999), sendo que os maiores valores são observados nos

horizontes mais próximos da superfície.

De modo geral, os solos têm baixos teores de sódio trocável, o que resulta

consequentemente em baixa percentagem de saturação por sódio (PST). Nota-se que a

distribuição do íon Na+ nos perfis do Cambissolo Háplico (CXve) e do Argissolo

Vermelho-Amarelo (PVAe) são mais elevados, variando respectivamente de 0,15 a 1,1

cmolc dm-3

, e de 0,06 a 0,47 cmolc dm-3

. Na maioria dos horizontes dos perfis do

Neossolo Quartzarênico (RQo), do Planossolo Háplico (SXd) e do Argissolo Amarelo

(PAe), os teores de Na+

são inferiores a 0,03 cmolc dm-3

, com exceção do horizonte Btx

do Planossolo Háplico (SXd) que apresenta 0,28 cmolc dm-3

. Portanto, a baixa

concentração de Na+ não oferece limitação para o uso agrícola destes solos, o que é uma

condição muito importante e benéfica para o manejo, pois como é sabido o Na+ , assim

como outros sais em excesso, pode comprometer o crescimento das plantas, além de

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59

afetar algumas propriedades físicas do solo como a condutividade hidráulica, infiltração

e aeração (Freire & Freire, 2007).

A acidez trocável (Al3+

) foi nula nos perfis do Cambissolo Háplico (CXve), do

Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) e no Argissolo Amarelo (PAe). Já os perfis do

Neossolo Quartzarênico (RQo) e do Planossolo Háplico (SXd), nos horizontes

subsuperficiais principalmente, apresentaram valores mais elevados em relação aos

demais, o que não é comum para solos nas condições do semiárido (Souza et al, 2010).

A capacidade de troca de cátions (CTC) variou de alta a muito alta (Alvarez et

al., 1999) nos perfis do Cambissolo Háplico (CXve) e do Argissolo Vermelho-Amarelo

(PVAe), apresentando valores entre 11,81 e 17,34 cmolc dm-3

e 9,02 a 19,69 cmolc dm-3

respectivamente, acompanhando a mesma tendência da soma de bases (SB), que

aumentou com a profundidade dos perfis. Enquanto que nos perfis do Neossolo

Quartzarênico (RQo), do Planossolo Háplico (SXd) e do Argissolo Amarelo (PAe) os

valores de CTC são bem inferiores aos outros solos citados anteriormente, justificada

principalmente pela baixa quantidade de argila, uma vez que a quantidade de MO nestes

solos é baixa. A MO apresenta cargas elétricas de superfície e contribui para o aumento

da CTC, assim como também o tipo e a quantidade de argilominerais, sendo que solos

com predomínio de argilominerais do tipo 2:1 apresentam alta CTC (Meurer et al,

2006). Nas condições do estudo, para que haja um aumento da CTC dos solos torna-se

de fundamental importância o desenvolvimento de sistemas agrícolas sustentáveis, com

práticas de manejo que contribuam com o aumento e manutenção da MO como a

adubação verde, plantio direto, cobertura do solo e rotação de culturas.

A saturação por bases (V) na maioria dos horizontes dos perfis do Cambissolo

Háplico (CXve), do Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) e do Argissolo Amarelo

(PAe) ultrapassa 50 %, conferindo a esses solos o caráter eutrófico (EMBRAPA, 2006).

No entanto, vale destacar que mesmo sendo classificado como eutrófico, o Argissolo

Amarelo (PAe) apresentou baixa CTC, o que indica sua baixa capacidade de ceder

nutrientes para as plantas, apresentando portanto, baixa fertilidade natural. No Neossolo

Quartzarênico (RQo), como é típico dos solos muito arenosos, a disponibilidade de

cátions é baixa, o que lhe confere uma saturação por bases variando de 18 a 24 %. Já o

Planossolo Háplico (SXd) apresenta características distróficas, com saturação por bases

variando de 15 a 42 % nos horizontes do solo, devido a pouca contribuição dos cátions

básicos na CTC.

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60

No que se refere à saturação por alumínio (m), observou-se que o Planossolo

Háplico (SXd) apresentou nos horizontes E1 e E2 valores de 63 e 69 %

respectivamente, o que é considerada alta, enquanto que nos demais horizontes os

valores são mais baixos. Nos horizontes mais profundos do perfil do Neossolo

Quartzarênico (RQo) os valores de saturação por alumínio indicam riscos de atingirem

níveis mais críticos de m (50 %) apresentando 25 e 33 % nos horizontes C3 e C4

respectivamente, valores variando, portanto, de baixo a médio, segundo Alvarez et al.

(1999), representando caráter endoálico (acidez subsuperficial).

Com relação aos teores de micronutrientes, foi observado que os valores de ferro

(Fe) encontrados nos perfis do Cambissolo Háplico (CXve), do Argissolo Vermelho-

Amarelo e Planossolo Háplico (SXd) são altos, variando de 55,0 a 535,0 mg dm-3

nos

diferentes horizontes desses solos enquanto que nos perfis do Neossolo Quartzarênico

(RQo) e do Argissolo Amarelo (PAe) os valores variam de baixo a médio.

Os teores de manganês (Mn) são altos na maioria dos horizontes do Cambissolo

Háplico (CXve), do Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) e do Argissolo Amarelo

(PAe), observando que os valores decrescem com a profundidade dos solos. No

horizonte A desses solos, há uma variação do Mn entre 74,5 e 120,0 mg dm-3

. Nos

perfis do Neossolo Quartzarênico (RQo0 e do Planossolo Háplico (SXd) a presença

desse micronutriente é menor, sendo que apenas no horizonte A do Neossolo

Quartzarênico (RQo) é alta, nos demais horizontes desses solos os valores variam de

baixo a médio.

Com relação à presença do cobre (Cu), observou-se que os teores variam de

baixo a alto, com valores entre 0,4 e 4,2 mg dm-3

. O perfil do Cambissolo Háplico

(CXve) apresenta maiores concentrações desse micronutriente, com valores variando

entre 1,0 a 4,2 mg dm-3

. E por fim, os teores de zinco (Zn) variaram muito entre os

solos, apresentando valores que vão de muito baixo, 0,1 mg dm-3

a alto, 4,4 mg dm-3

.

Os perfis do Cambissolo Háplico (CXve) e do Argissolo Vermelho-Amarelo (PAe) de

modo geral, concentram teores mais elevados desses nutrientes em todos os horizontes

(Alvarez et al., 1999).

A importância da avaliação dos micronutrientes no solo como Fe, Mn, Cu e Zn

não se restringe somente em conhecer a capacidade destes solos em suprir esses

elementos para as plantas a curto e longo prazo, mas também a potencialidade desses

solos em responder à adição destes elementos via adubação ou, ainda, prever

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61

deficiências e, ou, toxidez e efeito de manejo sobre os teores de micronutrientes

(Oliveira et al., 2006).

2.4. CONCLUSÕES

O Cambissolo Háplico (CXve) e o Argissolo Vermelho-Amarelo (PVAe) são

solos naturalmente férteis pois apresentam maiores quantidades de nutrientes

disponíveis para as plantas. Estes solos não apresentam limitação química referente ao

excesso de sódio e alumínio.

O Neossolo Quartzarênico (RQo), o Planossolo Háplico (SXd) e o Argissolo

Amarelo (PAe) apresentam baixa fertilidade natural, onde faz-se necessário o uso

adequado de um programa de fertilização para que o uso agrícola dos mesmos seja

rentável.

A quantidade de MO é baixa em todos os solos, o uso de sistemas de manejo que

visem seu acúmulo e manutenção em níveis adequados nesses solos contribuirá para o

aumento da CTC, bem como para melhoria de suas propriedades químicas.

2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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65

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66

SOUZA, R. V. C. C.; RIBEIRO, M. R.; SOUZA JUNIOR, V. S.; CORRÊA, M. M.;

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67

ANEXO

DESCRIÇÃO GERAL PERFIL: P1-CN

DATA: 13.03.2012

PROJETO: Indicadores de qualidade do solo e da água para avaliação do uso sustentável na região de

entorno do Lago de Sobradinho-BA (Embrapa/Chesf).

CLASSIFICAÇÃO ATUAL: CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico, A ócrico, textura

média/argilosa, fase ligeiramente pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo plano.

LOCALIZAÇÃO/REFERÊNCIA: Margem do lago de Sobradinho, Fazenda Angical, município de

Casa Nova – BA.

COORDENADAS (UTM): 24 L 0277831 S e 8977046 W.

ALTITUDE (GPS): 380 m.

SITUAÇÃO E DECLIVIDADE: Trincheira aberta em área plana ligeiramente abaciada.

LITOLOGIA E CRONOLOGIA: Rochas cristalinas do complexo gnaisse/micaxistos.

MATERIAL ORIGINÁRIO: Alteração do material supracitado.

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PEDREGOSIDADE: ligeiramente pedregosa.

ROCHOSIDADE: Não rochosa.

RELEVO LOCAL: Plano.

RELEVO REGIONAL: Plano e suave ondulado.

EROSÃO: Laminar ligeira.

DRENAGEM: Moderadamente drenado a imperfeitamente drenado.

VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Caatinga hiperxerófila arbóreo-arbustiva pouco densa, com catingueira,

faveleira, umburana, pereiro, umbuzeiro, malva, jurema preta, pinhão, xique-xique, macambira.

USO ATUAL: Capoeira com presença de jurema preta, jurema branca, baraúna, umburuçu, malva,

marmeleiro, mandacaru.

CLIMA: BSwh’ de Köeppen.

DESCRITO E COLETADO POR: Tony Jarbas Ferreira Cunha, Manoel Batista de Oliveira Neto

Alexsandra Fernandes de Queiroz.

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69

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA Nº. DE CAMPO: P1-CN

A 0 - 15 cm, bruno-amarelado-escuro (10YR 4/4, úmida) e bruno-amarelado (10YR 5/6, seca); franco-

argilo-arenosa; moderada pequena e média em blocos subangulares; ligeiramente dura, firme,

plástica e pegajosa; transição plana e clara.

BA 15 – 35 cm, bruno-amarelado (10YR 5/4, úmida); mosqueado comum, pequeno e distinto, preto (10

YR 2/1), franco-argilosa; fraca e média em blocos angulares; muito dura, firme, plástica e

pegajosa; transição plana e clara.

Bi1 35 - 80 cm, bruno-avermelhado (2,5Y 5/4, úmida); mosqueado abundante, pequeno e distinto, preto

(10 YR 2/1), franco-argilosa; maciça; muito dura, muito firme, plástica e pegajosa; transição plana

e clara.

Bi2 80 – 130 cm, bruno-avermelhado (2,5Y 5/4, úmida); mosqueado comum, pequeno e distinto, preto

(10 YR 2/1); franco-argilosa; maciça; muito dura, muito firme, plástica e pegajosa; transição plana

e clara.

BC 130-170+

cm, vermelho (2,5Y 5/6, úmida); mosqueado comum, pequeno e distinto, preto (10 YR

2/1); franco-argilosa; fraca pequena e média em blocos angulares; macia, friável, plástica e

pegajosa.

RAÍZES

- Muitas médias e finas, comuns e grossas no A e BA, poucas finas no Bi1, raras e finas nos

demais horizontes.

POROSIDADE: Poros comuns, pequenos e muito pequenos ao longo de todo perfil.

OBSERVAÇÕES

- Ocorrência de manganês ao longo de todo o perfil;

- Atividade biológica fraca no horizonte A;

- A partir do horizonte Bi2 ocorrem pequenas manchas acinzentadas de coloração cinzento-azulado

(10B/6);

- No horizonte BC também ocorre cores de redução;

- As raízes tomam sentido horizontal devido provavelmente ao excesso de umidade em alguns

períodos do ano e à consistência muito dura dos horizontes subjacentes;

- Na massa do solo em BA e Bi1 ocorrem cascalhos pouco desarestados;

- A pedregosidade superficial é muito pouco, não oferecendo impedimento ao uso do solo;

- Perfil um pouco úmido a partir de 80 cm.

DESCRIÇÃO GERAL

PERFIL: P2-CN

DATA: 13.03.2012

PROJETO: Indicadores de qualidade do solo e da água para avaliação do uso sustentável na região de

entorno do Lago de Sobradinho-BA (Embrapa/Chesf).

CLASSIFICAÇÃO ATUAL: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico abrúptico, A ócrico,

textura média/argilosa cascalhenta, fase extremamente pedregosa, caatinga hiperxerófila relevo plano.

LOCALIZAÇÃO/REFERÊNCIA: Margem do lago de Sobradinho, Sítio São Vitor, município de Casa

Nova – BA.

COORDENADAS (UTM): 24 L 0273599 S e 8989071 W.

ALTITUDE (GPS): 396 m.

SITUAÇÃO E DECLIVIDADE: Trincheira aberta em terço inferior de suave ondulação próximo a um

serrote.

LITOLOGIA E CRONOLOGIA: Rochas do Pré-Cambriano, gnaisse.

MATERIAL ORIGINÁRIO: Material retrabalhado e alteração do material supracitado.

PEDREGOSIDADE: Extremamente pedregosa.

ROCHOSIDADE: Não rochosa.

RELEVO LOCAL: Plano.

RELEVO REGIONAL: Suave ondulado e ondulado.

EROSÃO: Laminar moderada.

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70

DRENAGEM: Bem drenado.

VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Caatinga hiperxerófila arbóreo-arbustiva pouco densa, com catingueira,

faveleira, umburana, pereiro, umbuzeiro, malva, jurema preta, pinhão, xique-xique, macambira.

USO ATUAL: Capoeira com presença de faxeiro, mandacaru, faveleira, umbuzeiro, marmeleiro,

juazeiro, baraúna, angico de caroço.

CLIMA: BSwh’ de Köeppen.

DESCRITO E COLETADO POR: Manoel Batista de Oliveira Neto, Tony Jarbas Ferreira Cunha,

Alexsandra Fernandes de Queiroz.

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DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA Nº. DE CAMPO: P2-CN

A 0 – 10 cm, bruno-amarelado-escuro (10YR 4/4, úmida) e bruno-amarelado (10YR 5/4, seca); franco-

arenosa pouco cascalhenta; fraca, pequena e média em blocos angulares; ligeiramente dura, friável,

não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.

BA 10 – 33 cm, bruno-forte (7,5YR 4/6, úmida); franco-arenosa pouco cascalhenta; fraca pequena e

média em blocos angulares; dura, friável, ligeiramente plástica e pegajosa; transição plana e

gradual.

Bt1 33 – 55 cm, vermelho-amarelado (5YR 5/6, úmida); mosqueado comum, médio e distinto, bruno-

oliváceo-claro (2,5Y 5/3); argila muito cascalhenta; plástica e muito pegajosa; transição plana e

clara.

Bt2 55 – 85 cm, vermelho-amarelado (5YR 4/6, úmida); mosqueado abundante, médio e distinto, bruno-

oliváceo-claro (2,5Y 5/4); argilo-arenosa muito cascalhenta; muito plástica e muito pegajosa; plana

e clara.

Bt3 85 – 100+ cm.

RAÍZES

- Comuns, finas e médias nos horizontes A e BA. Poucas, finas, raras e médias nos horizontes Bt1

e Bt2.

POROSIDADE: Muitos poros pequenos, comuns, médios e grandes nos horizontes A e BA, muitos

poros pequenos e médios nos horizontes Bt1, Bt2 e Bt3.

OBSERVAÇÕES

- Devido o excesso de pedras e cascalhos não foi possível descrever a estrutura e a consistência

seca e úmida dos horizontes Bt1 e Bt2;

- Solo extremamente pedregoso com cascalhos e calhaus semidesarestados;

- Presença de canais de pequenos animais (aranhas, formigas) nos horizontes A e BA;

- A partir dos 100 cm inicia-se rochosidade bastante compacta com muitos calhaus arestados,

evidenciando a rocha local. O material suprajacente provavelmente foi retrabalhado, sendo oriundo

de elevações (serrotes) de rochas cristalinas próximas ao local da coleta;

- Horizonte Bt3 coletado e não descrito devido ao excesso de cascalhos ao longo do perfil.

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72

DESCRIÇÃO GERAL PERFIL: P3-CN

DATA: 14.03.2012

PROJETO: Indicadores de qualidade do solo e da água para avaliação do uso sustentável na região de

entorno do Lago de Sobradinho-BA (Embrapa/Chesf).

CLASSIFICAÇÃO ATUAL: NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico típico, A ócrico, textura

arenosa, fase caatinga hiperxerófila, relevo plano.

LOCALIZAÇÃO/REFERÊNCIA: Margem do lago de Sobradinho, Sítio Caroá, próximo ao povoado

Bem Bom, município de Casa Nova – BA.

COORDENADAS (UTM): 24 L 0194314 S e 8935964 W.

ALTITUDE (GPS): 395 m.

SITUAÇÃO E DECLIVIDADE: Trincheira aberta em baixo platô.

LITOLOGIA E CRONOLOGIA: Recobrimento sedimentar detrítico-laterítico do Terciário/

Quaternário.

MATERIAL ORIGINÁRIO: Alteração do sedimento supracitado.

PEDREGOSIDADE: Não pedregosa.

ROCHOSIDADE: Não rochosa.

RELEVO LOCAL: Plano.

RELEVO REGIONAL: Plano e suave ondulado.

EROSÃO: Laminar ligeira.

DRENAGEM: Fortemente drenado.

VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Caatinga hiperxerófila arbóreo-arbustiva pouco densa, com catingueira,

faveleira, umburana, pereiro, umbuzeiro, malva, jurema preta, pinhão, xique-xique, macambira.

USO ATUAL: Capoeira sem uso com presença de catingueirinha, faveleira, umburana, juazeiro, angico

de caroço, angico branco (de manjolo), jurema branca, jurema preta, mororó, mandacaru, pau ferro, pau

de rato, ipê amarelo, pau de casca, pau pilão, triadinho, umbuzeiro .

CLIMA: BSwh’ de Köeppen.

DESCRITO E COLETADO POR: Manoel Batista de Oliveira Neto, Tony Jarbas Ferreira Cunha,

Alexsandra Fernandes de Queiroz.

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73

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

Nº. DE CAMPO: P3-CN

A 0 – 15 cm, bruno-amarelado (10YR 5/6, úmida) e amarelo (10YR 7/6, seca); areia; grãos simples;

macia, solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.

C1 15 – 55 cm, amarelo-brunado (10YR 5/6, úmida); areia-franca; grãos simples; macia, solta, não

plástica e não pegajosa; transição plana e difusa.

C2 55 – 110 cm, bruno-amarelado (10YR 5/8, úmida); areia-franca; grãos simples; macia, solta, não

plástica e não pegajosa; transição plana e difusa.

C3 110 – 160 cm, bruno-amarelado (10YR 5/8, úmida); areia-franca; grãos simples; macia, solta, não

plástica e não pegajosa; transição plana e difusa.

C4 160 – 200+ cm, amarelo-brunado (10YR 6/8, úmida); areia-franca; grão simples; macia, solta, não

plástica e não pegajosa.

RAÍZES

- Poucas, médias e finas no horizonte A, raras, médias e finas nos demais horizontes.

POROSIDADE: Poros comuns, médios e pequenos em todos os horizontes.

OBSERVAÇÕES

- Fraca atividade biológica no horizonte A;

- Solo bastante uniforme em todo o perfil.

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74

DESCRIÇÃO GERAL

PERFIL: P4-CN

DATA: 14.03.2012

PROJETO: Indicadores de qualidade do solo e da água para avaliação do uso sustentável na região de

entorno do Lago de Sobradinho-BA (Embrapa/Chesf).

CLASSIFICAÇÃO ATUAL: PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico espessarênico fragipânico, A

ócrico, textura arenosa/média, fase caatinga hiperxerófila, relevo plano.

LOCALIZAÇÃO/REFERÊNCIA: Margem do lago de Sobradinho, Sítio Santa Rita, Distrito Pau a

Pique, município de Casa Nova – BA.

COORDENADAS (UTM): 24 L 0208653 S e 8935453 W.

ALTITUDE (GPS): 414 m.

SITUAÇÃO E DECLIVIDADE: Trincheira aberta em área plana rebaixada.

LITOLOGIA E CRONOLOGIA: Recobrimento sedimentar detrítico-laterítico do Terciário sobre

rochas do Pré-Cambriano (gnaisses).

MATERIAL ORIGINÁRIO: Alteração do material supracitado.

PEDREGOSIDADE: Não pedregosa.

ROCHOSIDADE: Não rochosa.

RELEVO LOCAL: Plano.

RELEVO REGIONAL: Plano e suave ondulado.

EROSÃO: Laminar ligeira.

DRENAGEM: Imperfeitamente drenado.

VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Caatinga hiperxerófila arbóreo-arbustiva pouco densa, com catingueira,

faveleira, umburana, pereiro, umbuzeiro, malva, jurema preta, pinhão, xique-xique, macambira.

USO ATUAL: Capoeira com presença de faveleira, jurema preta, jurema branca, mandacaru,

marmeleiro, umbuzeiro.

CLIMA: BSwh’ de Köeppen.

DESCRITO E COLETADO POR: Tony Jarbas Ferreira Cunha, Manoel Batista de Oliveira Neto

Alexsandra Fernandes de Queiroz.

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75

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

Nº. DE CAMPO: P4-CN

A 0 – 20 cm, bruno-amarelado-escuro (10YR 4/4, úmida) e bruno-amarelado-claro (10YR 6/4, seca);

areia; grãos simples; solta, solta, não plástica e não pegajosa; transição plana e clara.

E1 20 – 55 cm, bruno-amarelado (10YR 5/6, úmida); mosqueado abundante, pequeno e distinto,

vermelho-amarelado (5YR 5/8) areia; grãos simples; solta, solta, não plástica e não pegajosa;

transição plana e difusa.

E2 55 – 110 cm, bruno-amarelado (10YR 5/8, úmida); mosqueado abundante, pequeno e distinto,

vermelho-amarelado (5YR 5/8) areia-franca; grãos simples; solta, solta, não plástica e não

pegajosa; transição plana e abrupta.

Btx 110 – 140 cm, bruno-claro-acinzentado (10YR 6/3, úmida); mosqueado comum, médio e

proeminente, vermelho (2,5YR 4/6); franco-arenosa; fraca, média a grande em blocos angulares;

dura, firme, plástica e ligeiramente pegajosa.

C/R 140 – 160+cm.

RAÍZES

- Comuns, médias e finas nos horizontes A e E1, raras no horizonte E2.

OBSERVAÇÕES

- Presença de crotovinas no horizonte E2;

- Forte atividade biológica nos horizonte A, E1, E2;

- A estrutura do Btx não foi bem avaliada, não sendo identificadas colunas;

- Perfil próximo a mais ou menos 200 m do Lago de Sobradinho;

- Área plana rebaixada próxima a serrotes arredondados constituídos por rochas cristalinas com

cristas de quartzitos.

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76

DESCRIÇÃO GERAL

PERFIL: P5-CN

DATA: 14.03.2012

PROJETO: Indicadores de qualidade do solo e da água para avaliação do uso sustentável na região de

entorno do Lago de Sobradinho-BA (Embrapa/Chesf).

CLASSIFICAÇÃO ATUAL: ARGISSOLO AMARELO Eutrófico típico, A ócrico, textura

arenosa/média cascalhenta, fase endopedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo plano.

LOCALIZAÇÃO/REFERÊNCIA: Margem do lago de Sobradinho, comunidade Pau a Pique,

município de Casa Nova – BA.

COORDENADAS (UTM): 24 L 0211311 S e 8936607 W.

ALTITUDE (GPS): 415 m.

SITUAÇÃO E DECLIVIDADE: Trincheira aberta em área plana de baixos tabuleiros com ocorrência

de incelbergs e morros isolados.

LITOLOGIA E CRONOLOGIA: Recobrimento sedimentar detrítico-laterítico do Terciário, sobre

rochas cristalinas (gnaisses e granitos).

MATERIAL ORIGINÁRIO: Alteração do material supracitado.

PEDREGOSIDADE: Não pedregosa.

ROCHOSIDADE: Não rochosa.

RELEVO LOCAL: Plano.

RELEVO REGIONAL: Plano.

EROSÃO: Laminar ligeira.

DRENAGEM: Bem drenado.

VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Caatinga hiperxerófila arbóreo-arbustiva pouco densa, com catingueira,

faveleira, umburana, pereiro, umbuzeiro, malva, jurema preta, pinhão, xique-xique, macambira.

USO ATUAL: Capoeira com pecuária extensiva, próximo ao cultivo de banana, com presença de jurema,

faveleira, pinhão brabo, mororó, jurema, umburana, lã de seda, angico de caroço, algaroba,

catingueirinha.

CLIMA: BSwh’ de Köeppen.

DESCRITO E COLETADO POR: Manoel Batista de Oliveira Neto, Tony Jarbas Ferreira Cunha,

Alexsandra Fernandes de Queiroz.

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77

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

Nº. DE CAMPO: P5-CN

A 0 – 20 cm, bruno-amarelado (10YR 5/4, úmida) e bruno muito claro-acinzentado (10YR 7/4, seca);

areia; fraca, pequena em blocos angulares; ligeiramente dura, friável, não plástica e não pegajosa;

transição plana e clara.

Bt1 20 – 40 cm, bruno-forte (7,5YR 5/6, úmida); areia-franca; fraca, pequena e média em blocos

angulares; ligeiramente dura, muito friável, ligeiramente plástica e não pegajosa; transição plana e

difusa.

Bt2 40 - 75 cm, bruno-forte (7,5YR 5/8, úmida); franco-arenosa; fraca, pequena e média em blocos

angulares e subangulares; macia, muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa;

transição plana e difusa.

Bt3 75 – 100 cm, bruno-forte (7,5YR 5/8, úmida); franco-arenosa; fraca, pequena e média em blocos

angulares e subangulares; macia, muito friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa.

RAÍZES

- Abundantes, grossas, médias e finas nos horizontes A e Bt1, comuns, médias e finas nos

horizontes Bt2 e Bt3.

POROSIDADE: Poros comuns, médios e pequenos nos horizontes A, Bt1 e Bt2, poucos poros pequenos

no Bt3.

OBSERVAÇÕES

- A partir de 100 cm há ocorrência de calhaus e cascalhos desarestados.