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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO-PR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA PPGA MESTRADO E DOUTORADO CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS E BROMATOLÓGICAS DA FORRAGEM E DA SILAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO SUBMETIDO Á DIFERENTES SISTEMAS DE CORTE, COM OU SEM APLICAÇÃO DE FUNGICIDA. TESE DE DOUTORADO JULIO CEZAR HEKER JUNIOR GUARAPUAVA-PR 2020

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS E BROMATOLÓGICAS DA …

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO-PR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA – PPGA

MESTRADO E DOUTORADO

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS E

BROMATOLÓGICAS DA FORRAGEM E DA

SILAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO

SUBMETIDO Á DIFERENTES SISTEMAS DE CORTE,

COM OU SEM APLICAÇÃO DE FUNGICIDA.

TESE DE DOUTORADO

JULIO CEZAR HEKER JUNIOR

GUARAPUAVA-PR

2020

JULIO CEZAR HEKER JUNIOR

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS E BROMATOLÓGICAS DA FORRAGEM E

DA SILAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO SUBMETIDO Á DIFERENTES

SISTEMAS DE CORTE, COM OU SEM APLICAÇÃO DE FUNGICIDA

Tese apresentada à Universidade Estadual do

Centro-Oeste, como parte das exigências do

Programa de Pós-Graduação em Produção

Vegetal, área de concentração em Manejo de

Grandes culturas, para a obtenção do título de

Doutor.

Prof. Dr. Mikael Neumann

Orientador

Prof. Dr. Marcelo Cruz Mendes

Co-orientador

GUARAPUAVA - PR

2020

Catalogação na Publicação

Rede de Bibliotecas da Unicentro

Heker Junior, Julio Cezar

H473c Características agronômicas e bromatológicas da forragem e da silagem do

centeio cv. Temprano submetido a diferentes sistemas de corte, com ou sem

aplicação de fungicida / Julio Cezar Heker Junior. – – Guarapuava, 2020.

xvii, 77 f. : il. ; 28 cm

Tese (doutorado) - Universidade Estadual do Centro-Oeste, Programa de Pós-

Graduação em Agronomia, área de concentração em Manejo de Grandes Culturas,

2020.

Orientador: Mikael Neumann

Coorientador: Marcelo Cruz Mendes

Banca examinadora: Leandro Rampim, Robson Kyoshi Ueno, Marlon Richard

Hilário da Silva

Bibliografia

1. Agronomia. 2. Cereal de inverno. 3. Ensilagem. 4. Grão farináceo. 5. Secale

cereale. I. Título. II. Programa de Pós-Graduação em Agronomia.

CDD 630

A minha esposa Fabiana, aos meus pais e a família NUPRAN,

DEDICO.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida e por pelas realizações até agora concedidas, sei

que nada disso seria possível sem ele.

A minha companheira de todas as horas, minha esposa Fabiana que sempre me

incentivou a buscar os meus objetivos, me auxiliou nos momentos difíceis, até mesmo em

virar o ano medindo pH e temperatura das silagens, auxílio com suas correções nos meus

erros de escrita, apoio financeiro e afetivo, que fizeram ser possível este momento.

Agradeço em especial meus pais, Julio Cezar e Vandege pelo incentivo dado desde a

minha infância, para estudar e sempre buscar mais na vida profissional.

Aos demais familiares que nunca mediaram esforços para me ajudar nos momentos de

dificuldade durante a minha formação acadêmica.

Agradeço o professor Mikael Neumann, pelo tempo dedicado a me orientar, pela

paciência, pela confiança em mim depositada, pelos ensinamentos de vida, pelas chamadas de

atenção e sempre com razão que foram essenciais para meu desenvolvimento acadêmico e

profissional. Ao meu Co-orientador Marcelo Cruz Mendes que sempre que precisei esteve no

apoio das atividades do projeto, ao seu orientado Jean que também contribuiu nas atividades

de campo. Agradeço também a todos os professores que fizeram e ainda fazem parte da minha

vida acadêmica.

Agradeço também aos funcionários desta instituição Elias, Ângelo, Lucília, sempre

com um café fresquinho para despertar nos intervalos de aula, dentre outros que sempre foram

muito importantes tanto no desenvolvimento dos trabalhos a campo, quanto das disciplinas e

compromissos com o curso.

A família NUPRAN a qual faz parte de todas as minhas conquistas acadêmicas, e sei

que sem sua ajuda nada disso seria possível, em especial aos grandes amigos que o grupo me

possibilitou conquistar: Robson, Fabiano, Rodolfo, Mailson, Murilo, Mateus, Denis, Bruno

Fianco, Guilherme, Felipe, Danubia, Cecilia sempre dispostos a ajudar e companheiros nos

trabalhos e nas pesquisas. Aos companheiros de pós-graduação Egon, Gabriela, Bruno

Venancio, Tânia, André Palmital e Fartura e aos novos integrantes da pós que também

ajudaram quando ainda estagiários, Fernando, Ângela, Giovanna, Emylli, e no demais

estagiários do NUPRAN que sempre estiveram dispostos a ajudar no desenvolvimento das

avaliações que mesmo no natal e ano novo estiveram firmes comigo nas avaliações de

estabilidade.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo

incentivo financeiro durante o desenvolvimento desta etapa.

Agradeço as empresas parceiras do trabalho, sem esta parceria o desenvolvimento não

seria possível, a Atlântica Sementes, por meio do Ederson Antunes e o Steben Crestani por

todo o auxílio durante o experimento a campo e as análises laboratoriais e a Cooperaliança

por meio do Robson e do Rodolfo, que juntos ajudaram a idealizar o projeto.

SUMÁRIO

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ........................................................................... i

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. iii

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ v

RESUMO .................................................................................................................................. vi

ABSTRACT ............................................................................................................................ viii

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

2 HIPÓTESES ........................................................................................................................ 4

3 OBJETIVOS........................................................................................................................ 4

3.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 4

3.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 4

4 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 6

4.1 O centeio ...................................................................................................................... 6

4.2 Silagem de cereais de inverno de qualidade ................................................................ 8

4.3 Sistemas de cortes ........................................................................................................ 9

4.4 Uso de fungicidas em cerais de inverno .................................................................... 10

4.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 11

5 CAPÍTULO I – PRODUÇÃO DE FORRAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO

SUBMETIDO A DIFERENTES SISTEMAS DE CORTE COM OU SEM FUNGICIDA NO

PRÉ-FLORESCIMENTO. ....................................................................................................... 16

5.1 Resumo ...................................................................................................................... 16

5.2 Abstract ...................................................................................................................... 16

5.3 Introdução .................................................................................................................. 17

5.4 Material e métodos ..................................................................................................... 18

5.5 Resultados e discussão ............................................................................................... 22

5.6 Conclusão ................................................................................................................... 30

5.7 Referências ................................................................................................................. 30

6 CAPÍTULO II – QUALIDADE NUTRICIONAL E DESAPARECIMENTO RUMINAL

DA FORRAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO SUBMETIDO A DIFERENTES

SISTEMAS DE CORTE COM OU SEM FUNGICIDA NO PRÉ-FLORESCIMENTO ........ 34

6.1 Resumo ...................................................................................................................... 34

6.2 Abstract ...................................................................................................................... 34

6.3 Introdução .................................................................................................................. 35

6.4 Material e métodos ..................................................................................................... 36

6.5 Resultados e discussão ............................................................................................... 39

6.6 Conclusão ................................................................................................................... 48

6.7 Referências ................................................................................................................. 48

7 CAPÍTULO III – PERDAS, COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ESTABILIDADE

AERÓBICA DA SILAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO SUBMETIDO A

DIFERENTES SISTEMAS DE CORTE COM OU SEM FUNGICIDA NO PRÉ-

FLORESCIMENTO ................................................................................................................. 53

7.1 Resumo ...................................................................................................................... 53

7.2 Abstract ...................................................................................................................... 53

7.3 Introdução .................................................................................................................. 54

7.4 Material e métodos ..................................................................................................... 56

7.5 Resultados e Discussão .............................................................................................. 59

7.6 Conclusão ................................................................................................................... 67

7.7 Referências Bibliográficas ......................................................................................... 67

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 73

9 ANEXOS ........................................................................................................................... 74

i

i

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

ANOVA Análise de Variância

ATP Adenosina Triose Fosfato

CEL Celulose

cm Centímetros

cmol Centimol

Cfb Classificação climática, Subtropical mesotérmico úmido

CV Coeficiente de Variação

CEUA Comitê de Ética de uso de animais em pesquisa

cv. Cultivar

dm Decímetro

DMS Desaparecimento Ruminal da Matéria Seca

DAS Dias após a Semeadura

ABij Efeito da interação entre sistema de corte e manejo de fungicida;

BL Efeito do bloco

Bj Efeito do manejo do fungicida j; j = com ou sem;

Ai Efeito do sistema de corte i; i = sem corte, um corte, dois cortes;

eij Erro aleatório associado a cada observação Yij

FDA Fibra em detergente ácido

FDN Fibra em detergente neutro

g Gramas

ºC Graus Célsius

HEM Hemicelulose

h Horas

ILP Integração Lavoura-Percuária

Ca Íon Cálcio

Cl Íon Cloro

H Íon Hidrogênio

Mg Íon Magnésio

O Íon oxigênio

K Íon Potássio

LIG Lignina

® Marca registrada

ii

ii

MM Matéria mineral

MN Matéria Natural

MO Matéria Orgânica

MS Matéria Seca

µ média dos tratamentos;

m Metro

m² Metro Quadrado

µL Microlitros

µm Micrometros

mg Miligrama

min Minutos

M Molar

NUPRAN Núcleo de Produção Animal da UNICENTRO

% Percentual

ha-1

Por Hectare

pH Potencial Hidrogeniônico

P Probabilidade

PB Proteína bruta

Kg Quilogramas

Yij Sistemas de corte no estádio vegetativo i na repetição j;

T Tratamento

UNICENTRO Universidade Estadual do Centro-Oeste

iii

iii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Produção de biomassa seca de forragem do centeio cv. Temprano, submetido à

sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida. ................................................... 22

Tabela 2. Teor de matéria seca da planta e altura de planta do centeio cv. Temprano,

submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.

.................................................................................................................................................. 25

Tabela 3. Composição física estrutural da forragem do centeio cv. Temprano, submetido a

sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. ................ 27

Tabela 4. Desaparecimento ruminal dos componentes estruturais e da planta inteira do

centeio cv. Temprano em 48 horas de exposição, submetido a diferentes sistemas de corte

com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. ............................................. 28

Tabela 5. Teores de matéria mineral, proteína bruta, fibra em detergente neutro e ácido do

centeio cv. Temprano, submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de

fungicida no pré-florescimento. ................................................................................................ 40

Tabela 6. Teores de hemicelulose, celulose e lignina do centeio cv. Temprano, submetido a

sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. ................ 43

Tabela 7. Características químicas fermentativas das silagens do centeio cv. Temprano

submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.

.................................................................................................................................................. 60

Tabela 8. Composição química bromatológica das silagens do centeio cv. Temprano

submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.

.................................................................................................................................................. 61

Tabela 9. Desaparecimento ruminal das silagens do centeio cv. Temprano em 24 e 48 horas

de exposição, submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-

florescimento. ........................................................................................................................... 63

Tabela 10. Perfil fermentativo (g kg-1

) das silagens do centeio cv. Temprano submetido a

sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. ................ 64

Tabela 11. Tempo para máxima temperatura após abertura e perda de estabilidade aeróbia

das silagens do centeio cv. Temprano submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação

foliar de fungicida no pré-florescimento. ................................................................................. 66

Tabela 12. Resumo da análise de variância para os parâmetros biomassa seca (PBSe, kg ha-1

),

produção de biomassa seca total acumulada (PBSt, kg ha-1

), altura de planta (HP, m), teor de

matéria seca da planta (MSP, %), teor de matéria seca da folha (MSf, %), teor de matéria seca

iv

iv

do colmo (MSc, %), teor de matéria seca da estruturas reprodutivas (MSe, %), participação de

colmo (Cc, % na planta), participação de folhas (Cf, % na planta), participação de estruturas

reprodutivas (Ce, % na planta), desaparecimento ruminal das folhas em 24h (DRF24,%),

desaparecimento ruminal das folhas em 48h (DRF48,%), desaparecimento ruminal dos

colmos em 24h (DRC24,%), desaparecimento ruminal dos colmos em 48h (DRC48,%),

desaparecimento ruminal das estruturas reprodutivas em 24h (DRE24,%), desaparecimento

ruminal das estruturas reprodutivas em 48h (DRE48,%) do centeio submetido a sistemas de

corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. .................................... 75

Tabela 13. Resumo da análise de variância para os parâmetros matéria mineral (MM, %),

proteína bruta (PB, %), fibra em detergente neutro (FDN, %), hemicelulose (HEM, %), fibra

em detergente acido (FDA, %), celulose (CEL, %), lignina (LIG, %), Desaparecimento

ruminal da matéria seca em 24 horas (DMS24,%) e Desaparecimento ruminal da matéria seca

em 48 horas (DMS48, %) do centeio submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação

foliar de fungicida no pré-florescimento. ................................................................................. 76

Tabela 14. Resumo da análise de variância para os parâmetros teor de matéria seca (TMS, %

na MN), perdas de matéria seca (PMS, % da MS) matéria mineral (MM, %), proteína bruta

(PB, %), fibra em detergente neutro (FDN, %), hemicelulose (HEM, %), fibra em detergente

acido (FDA, %), celulose (CEL, %), lignina (LIG, %), Desaparecimento ruminal da matéria

seca em 24 horas (DRMS24,%) e Desaparecimento ruminal da matéria seca em 48 horas

(DRMS48, %), Ácido Láctico (ALAT, g kg-1

de MS), Ácido acético (AACE, g kg-1

de MS),

Ácido Propiônico (APRO, g kg-1

de MS), Ácido butírico (ABUT, g kg-1

de MS), Etanol

(ALAT, g kg-1

de MS), das silagens de centeio submetido a sistemas de corte com ou sem

aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. ................................................................. 77

v

v

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Temperaturas mínimas e máximas e precipitação diária ocorrida no período de

avaliação do centeio cv. Temprano, submetido à sistemas de corte com ou sem aplicação

foliar de fungicida. .................................................................................................................... 19

Figura 2. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.

Temprano, submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-

florescimento. ........................................................................................................................... 44

Figura 3. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.

Temprano, submetido a diferentes sistemas de corte. .............................................................. 45

Figura 4. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.

Temprano, com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. .......................... 46

Figura 5. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.

Temprano com um e dois cortes no estádio vegetativo conforme o sistema de corte, com ou

sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento. .......................................................... 47

vi

vi

RESUMO

HEKER JUNIOR, J. C. Características agronômicas e bromatológicas da forragem e da

silagem do centeio cv. Temprano submetido á diferentes sistemas de corte, com ou sem

aplicação de fungicida. 2019. 77 p. (Tese - Doutorado em Produção Vegetal). Universidade

Estadual do centro-oeste UNICENTRO, Guarapuava, 2019.

O experimento foi conduzido no Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) da Universidade

Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). O objetivo foi avaliar a produção de biomassa

seca a qualidade nutricional da forragem e o desaparecimento ruminal da matéria seca do

centeio cv. Temprano, manejado em diferentes regimes de cortes no estádio vegetativo e

posterior confecção de silagem, com ou sem aplicação de fungicida a base de Fluxapiroxade

+ Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-florescimento. Os tratamentos constaram de

silagens resultantes da colheita no estádio de grão farináceo, sendo T1: sem corte no

vegetativo e sem aplicação de fungicida; T2: sem corte no vegetativo com aplicação de

fungicida; T3: um corte no vegetativo com aplicação de fungicida no pré-florescimento; T4:

um corte no vegetativo e sem aplicação de fungicida; T5: dois cortes no vegetativo com

aplicação de fungicida no pré-florescimento; T6: dois cortes no vegetativo sem aplicação de

fungicida. O uso de cortes no vegetativo alterou (P<0,05) as características de produção do

centeio, sendo que com um corte se teve a maior produção de biomassa acumulada 12.885 kg

ha-1

, maior teor de matéria seca, menor participação de colmo e consequentemente maior

participação de espigas, e estes componente apresentaram maiores taxa de desaparecimento

ruminal. O uso de dois cortes proporcionou a menor produção de silagem, no entanto, os dois

cortes no vegetativo mostraram-se com alto potencial de produção e digestão dos

componentes estruturais, podendo ser uma alternativa de uso quando se tem a pretensão em

deixar palhadas de cobertura para a cultura seguinte. De maneira geral, a utilização de um

corte no estádio vegetativo e posterior ensilagem no estádio de grão farináceo foi o melhor

manejo empregado no centeio cv. Temprano com base nos parâmetros de bromatologia e

degradabilidade ruminal, pois apresentou melhor composição dos carboidratos fibrosos após o

corte gerou melhores índices de degradabilidade da matéria seca a nível ruminal, ressaltando

ainda o corte do vegetativo que produziu um material de excelente qualidade nutricional. O

uso do fungicida não proporcionou grandes alterações nos parâmetros produtivos da cultura

do centeio, mostrando que uma única dose de fungicida apenas diminui o teor de matéria seca

das plantas e melhorou o desaparecimento ruminal das estruturas reprodutivas. Em relação à

qualidade bromatológica a utilização ou não de fungicida, houve melhora significativas nos

vii

vii

teores de proteína bruta e matéria mineral da planta no momento da ensilagem devido aos

efeitos fisiológicos que a Piraclostrobina causa nas plantas tratadas o que gerou

numericamente, maior desaparecimento da matéria seca no rúmen. As silagens dos

tratamentos que receberam um corte no vegetativo apresentaram-se melhor no contexto geral,

devido a melhor composição da fibra com menores valores de fibra em detergente neutro e

menor teores de lignina, no entanto devido ao seu maior teor de MS apresentou um processo

fermentativo menos eficiente em termos de concentração de ácidos orgânicos e de

estabilidade aeróbica, porém, o mesmo não alterou as perdas de MS nem degradabilidade

ruminal, atribuído a isso ainda tem-se o aproveitamento da MS colhida no estádio vegetativo

que tem certamente uma qualidade superior. A utilização de fungicida é indicada na cultura

do centeio, pois, proporcionou melhores índices de matéria seca e melhor composição da fibra

e, melhorou o processo fermentativo gerando menores perdas de MS sem alterar a

estabilidade aeróbica das silagens.

Palavras-chave: Cereal de inverno, Ensilagem, Grão farináceo, Secale cereale

viii

ABSTRACT

HEKER JUNIOR, J C. Agronomic and bromatological characteristics of forage and silage of

the rye cv. Temprano submitted to different cutting systems, with or without fungicide

application. 2019. 77 p. (Thesis - PhD in Plant Production). Universidade Estadual do Centro-

Oeste - UNICENTRO, Guarapuava, 2019.

The experiment was conducted at the Animal Production Center (NUPRAN) of the

Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). The objective was to evaluate dry

biomass production, forage nutritional quality and ruminal disappearance of dry matter of rye

cv. Temprano, managed in different cutting regimes at the vegetative stage and subsequent

silage making, with or without application of Fluxapyroxad Pyraclostrobin-based fungicide at

the pre-flowering phenological stage. The treatments consisted of silages resulting from

harvesting at the stage of floury grain, namely T1: without cut at the vegetative stage and

without fungicide application; T2: without cut at the vegetative stage and with fungicide

application; T3: a cut at the vegetative stage with fungicide application at pre-flowering; T4: a

cut at the vegetative and without fungicide application; T5: two cuts at the vegetative stage

with fungicide application at pre-flowering; T6: two vegetative cuts at the vegetative stage

without fungicide application. The use of cuts at the vegetative stage changed (P <0.05) the

characteristics of rye production, with one cut yielding the highest cumulative biomass

production 12,885 kg ha-1

, higher dry matter content, lower stem participation and

consequently greater participation of ears, and these components presented higher rumen

disappearance rate. The use of two cuts provided the lowest silage production, however, the

two cuts at the vegetative stage showed high potential for production and digestion of

structural components, and may be an alternative use when leaving cover straw to the next

crop. In general, the use of a single cut at the vegetative stage and subsequent ensiling at the

stage of floury grain was the best management used in rye cv. Temprane based on chemical

and ruminal degradability parameters, as it presented better composition of fiber

carbohydrates after cutting and generated better ruminal dry matter degradability, also

highlighting the cut at the vegetative stage that produced a material of excellent nutritional

quality. The use of fungicide did not cause major changes in the productive parameters of rye

crop, showing that a single dose of fungicide decreases only the dry matter content of the

plants and improved the ruminal disappearance of the reproductive structures. Regarding

chemical quality considering the use or not of fungicide, there was a significant improvement

in the crude protein and mineral matter contents of the plant at the ensiling time due to the

physiological effects that Pyraclostrobin causes in the treated plants, which numerically

ix

generated a greater ruminal disappearance of dry matter. The silages of the treatments cut at

the vegetative stage were better in the general context, due to the better fiber composition

with lower values of neutral detergent fiber and lower lignin contents. However, due to its

higher DM content, it presented a less efficient fermentation process in terms of organic acid

concentration and aerobic stability, but it did not alter DM losses or ruminal degradability, to

which is attributed the use of DM harvested at the vegetative stage, which certainly has a

higher quality. The use of fungicide is indicated in rye crops, as it provided better dry matter

indices and better fiber composition and improved the fermentative process generating lower

DM losses without changing the aerobic stability of the silages.

Keywords: Farinaceous grain, Secale cereale, silage, winter cereal.

1

1. INTRODUÇÃO

Na produção animal é importante atender o máximo possível às exigências dos

animais utilizados, onde a alimentação em quantidade e qualidade se torna um dos fatores

determinantes para obtenção de bons resultados produtivos e elevados índices zootécnicos

(PAULA et al., 2009).

Um dos grandes entraves nos sistemas de produção pecuária são os gastos envolvidos

com a alimentação dos animais, que podem ser responsáveis por 70 a 90% dos custos

operacionais totais, dependendo da fase em que se encontram os animais e, o patamar de

produção desejado pelos produtores (VALADARES FILHO et al., 2006).

O grande desafio é a busca por alternativas nas diferentes fases de crescimento, que

levem a um maior desfrute das propriedades. O uso de alimentos conservados é uma

alternativa, a exemplo disso, cita-se as silagens, uma alternativa para reduzir os custos, devido

a grande produção por área. Dentre as principais culturas usadas para a produção de silagem,

o milho e o sorgo merecem destaque no verão. Entretanto, surge uma necessidade de

viabilizar outras culturas para períodos onde não é propício o cultivo do milho e do sorgo para

confecção da silagem, no sentido de reduzir os custos de produção (PINTO et al., 2007).

O uso de sistemas de produção que visam a integração da agricultura e da pecuária

tem se tornado uma opção para alcançar melhores índices zootécnicos, segundo Zanine et al.

(2006) o que permite, por meio dos recursos e benefícios, que uma atividade proporcione a

outra, uma maior diversificação da produção levando a maximização racional do uso da terra,

da infraestrutura, da mão de obra, diminuindo os custos, diluindo os riscos e agregando maior

valor aos produtos agropecuários.

Mello et al. (2004), destacam que áreas de lavouras são responsáveis por dar suporte à

pecuária por meio da produção, importantes componentes das dietas, seja na forma de grãos,

silagens com ou sem prévia desidratação e feno, ou até mesmo o pastejo direto, gerando

incremento na capacidade de suporte da propriedade, permitindo também a venda de animais

na entressafra, proporcionando melhor distribuição de receita durante o ano.

Segundo Neumann et al. (2019) o cultivo de cereais de inverno para alimentação

animal, seja na forma de forragem ou silagem, se mostra como uma excelente ferramenta em

determinadas regiões do país, porém pouco explorada. A região de Guarapuava se destaca no

cenário paranaense por apresentar grandes áreas de cultivo de cereais de inverno com médias

de produções superiores à outras regiões do sul do Brasil, fato que se dá pela presença de

produtores com alta tecnificação e tradição no cultivo de cereais, como o trigo e a cevada.

Com a utilização de sistemas integrados de Lavoura-pecuária, existe uma baixa oferta

2

de forragem para pastejo no verão, visto que, as áreas são destinadas ao cultivo de soja e

milho para confecção de silagem e grãos, ademais no período de inverno grandes áreas de

cultivo de pastagens que na maioria das ocasiões são subutilizadas pela falta de animais,

servindo muitas vezes somente de cobertura para o solo.

Levando em consideração a expansão dos sistemas integrados de produção lavoura-

pecuária no sul do Brasil, a utilização de cereais de inverno que apresentem duplo propósito,

surge como alternativa para a produção de silagem, com um custo reduzido, considerando que

no final do ciclo dessas culturas, geralmente tem um excedente de biomassa de forragem

(MEINERZ et al.,2011a).

Segundo Scheffer-Basso et al. (2003), as silagens de cereais de inverno podem ser de

diversas formas colhendo-se diretamente a planta inteira com máquinas ensiladeiras nos

estádios de grão farináceo ou antes, todavia necessitando de pré-secagem, sendo normalmente

colhida no elongamento. As principais características dos cereais de inverno quando

destinados a silagens é a apresentação de valores de proteína bruta superiores ao da silagem

de milho, mas com valor energético inferior.

O centeio (Secale cereale) dentre os cereais cultivados no mundo, em área, ocupa o

oitavo lugar, sendo expressiva a sua produção no centro e norte da Europa. No Brasil os

primeiros a cultivarem foram os imigrantes europeus há dois séculos e, até hoje o cultivo é

realizado em grande parte por descendentes de europeus. Seu ciclo vegetativo é o mais

precoce dentre os cereais de inverno, porém seu ciclo reprodutivo é longo. Os grãos de

centeio possuem valor energético em torno de 85% do de grãos de milho e contêm mais

proteína e nutrientes digeríveis do que os encontrados em aveia ou em cevada (BAIER, 1994).

Lehmen et al. (2014), trabalhando com diferentes cereais de inverno para silagem

mostra que o centeio cv. BRS Serrano foi o mais produtivo em relação à biomassa seca

chagando a 13.348 kg ha-1

. Quando manejado em duplo-propósito é possível obter cortes em

estádio vegetativo com teores de proteína de 22,5%, o qual também apresentou rendimentos

superiores a 9.500 kg ha-1

de biomassa seca quando manejada para a produção de silagem

mostrando ser uma boa alternativa de cultivo (FONTANELI et al., 2009).

A produção agrícola está sempre vulnerável à limitações causadas por doenças, pragas

e plantas daninhas. Visando inibir tais problemas, os técnicos e produtores utilizam

tecnologias para garantir um aumento de produção final dos alimentos e tentar suprir as

demandas da população, são os chamados agroquímicos (PARREIRA et al., 2009). A maioria

das pesquisas realizadas nos últimos anos tem demonstrado redução dos danos na

produtividade, por conta da correta aplicação de fungicidas e do manejo de doenças foliares,

principalmente as de fim de ciclo (CUNHA et al., 2010).

3

Partindo do exposto o objetivo do trabalho foi avaliar as características agronômicas,

composição botânica e bromatológicas da forragem e da silagem do Centeio cv. Temprano,

manejado em diferentes regimes de cortes no estádio fenológico vegetativo com ou sem

aplicação de fungicida no estádio de pré-florescimento.

4

2 HIPÓTESES

As hipóteses deste estudo são: (i) O uso de cortes nos estádios vegetativos pode

aumentar a produção de biomassa seca acumulada do Centeio devido às características da cv.

Temprano, porém o uso de cortes tende a diminuir a produção final de silagem; (ii) O uso de

cortes pode levar a uma renovação dos tecidos vegetais melhorando a qualidade da forragem;

(iii) O uso de fungicida no pré-florecimento pode elevara produção de silagem e melhorar a

qualidade nutricional das silagens.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

O objetivo do trabalho foi avaliar as características agronômicas, composição

morfológica e bromatológicas do Centeio cv. Temprano, em diferentes regimes de cortes e

posterior confecção de silagens, submetidas ou não ao uso de fungicida a base de

Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-florescimento, além da taxa de

desaparecimento no rúmen e estabilidade aeróbica das silagens.

3.2 Objetivos específicos

Avaliar o potencial produtivo do centeio cv. Temprano, em diferentes regimes de cortes

e posterior confecção de silagens, submetidas ou não ao uso de fungicida a base de

Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-florescimento;

Analisar a composição morfológica do centeio cv. Temprano, em diferentes regimes de

cortes e posterior confecção de silagens, submetidas ou não ao uso de fungicida a base de

Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-florescimento, e seus

respectivos teores de matéria seca;

Analisar a composição bromatológica do centeio cv. Temprano, em diferentes regimes

de cortes e posterior confecção de silagens, submetidas ou não ao uso de fungicida a base de

Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-florescimento, e das silagens

pré-secadas resultantes;

Mensurar a capacidade de recuperação de matéria seca, bem como as perdas químicas

das silagens submetidas ou não ao uso de fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina

5

no estádio fenológico de pré-florescimento, após a abertura dos silos experimentais;

Avaliar a estabilidade aeróbia das silagens submetidas ou não ao uso de fungicida a

base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-florescimento, após a

abertura dos silos experimentais;

Analisar a taxa de degradabilidade ruminal, pelo método in situ, da forragem e da

silagem do centeio cv. Temprano, em diferentes regimes de cortes e posterior confecção de

silagens, submetidas ou não ao uso de fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no

estádio fenológico de pré-florescimento.

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4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 O centeio

O centeio é segundo Baier (1994), uma gramínea anual de inverno, cespitosa, de 1,2 m

a 1,8 m de altura, destaca-se pelo crescimento na fase inicial vigoroso e pela alta rusticidade,

sendo resistente ao frio, à seca, a acidez nociva do solo, ao alumínio tóxico e as doenças no

início do ciclo, além de ter a capacidade de absorção de nutrientes indisponíveis a outras

espécies devido ao seu sistema radícula profundo e agressivo, as folhas são lineares, de

coloração verde-azuladas, com lígula membranosa e aurículas pequenas, com colmos

cilíndricos, eretos e glabros. A espiga do centeio é comprida e tem de 5 cm a 20 cm de

comprimento (FONTANELLI et al., 2016).

Schelegel (2013), ressalta que o centeio cresce melhor com umidade, porém no geral

é melhor em regiões de baixa pluviosidade do que as leguminosas e pode produzir mais que

outros cereais, produzindo a mesma biomassa do trigo com 70% de água, em solos mais

secos, arenosos e inférteis. As variedades diplóides são mais tolerantes à seca do que as que

são tetraploides.

Em relação à adaptação climática, vale ressaltar que o centeio é cultivado até mesmo

no círculo ártico, em altitudes de 4.300m acima do nível do mar, no Nepal, cresce em

condições de baixa e elevada fertilidade. Em comparação com demais forrageiras de estação

fria, apresenta maior produção de forragem durante os meses mais frios que as demais

espécies anuais de inverno (DE MORI et al., 2012).

Brunckner e Raymer (1990), concluíram que, durante o inverno, em locais sujeitos a

danos de geada, no sul dos Estados Unidos, a produção de massa verde do centeio foi superior

a do trigo, a do triticale e a da aveia, enquanto que a aveia e o trigo foram os mais produtivos

nos ambientes com maior potencial de rendimento. Os mesmos autores citam que o centeio

inicia a atividade fisiológica de crescimento a partir de 0°C, o trigo, a partir de 2,8°C a 4,4°C,

e a aveia, apenas acima de 4,4°C.

A época de semeadura com fins forrageiros é o outono. Indica-se de 250 a 350

sementes aptas por metro quadrado, cerca de 40 kg ha-1

a 60 kg ha-1

. As cultivares de centeio

indicadas para compor pastagens são: BRS Serrano, BRS Progresso e Temprano

(FONTANELI et al., 2016).

Na alimentação humana é empregado, na forma de farinha para produção de produtos

como pães, biscoitos etc., também em cereais matinais e em produtos dietéticos. Na produção

de bebidas destiladas claras como o uísque e vodca. Na elaboração de produtos não

alimentícios como em misturas adesivas e colas, fármacos, cosméticos, álcool, etc. não

7

podendo deixar de destacar o uso na alimentação animal, na forma de forragem sendo esta

pastejo, feno ou silagem, ou na forma de misturas que incluem o grão ou na composição de

ração. Também pode ser utilizado como cultura cobertura para o solo e, sua palha empregada

como cama para animais, cobertura morta em horticultura e fruticultura, material inerte para

enchimento em caixas e na fabricação de papel e aglomerado de palha (DE MORI et al.,

2012).

Experimentos realizados por Fontaneli et al. (2009) no estado do Rio grande do Sul,

com o objetivo de avaliar o rendimento e valor nutritivo da forragem precoce, da silagem e

dos grãos do rebrote de 14 genótipos de seis espécies de cereais de inverno, mostraram que o

centeio BRS Serrano foi maior para rendimento de forragem verde, silagem, total de forragem

(forragem verde + silagem) e rendimento de grãos do rebrote. Ademais, para rendimento de

grãos, o centeio não apresentou diferença das cultivares de trigo (BRS 277), de triticale (BRS

148 e BRS 203), de aveia (UPF 18) e de outra cultivar de centeio (BR 1).

O centeio é o oitavo cereal em termos de área colhida e de produção no mundo. Sua

produção representou, na média do período de 2002-2011, 0,7% da quantidade total

produzida de cereais (considerando o milho, o trigo, o arroz, a cevada, o sorgo, o milheto, a

aveia e o centeio). Na década de 1960, esta participação foi de 3,4%, quando o cereal ocupou

a sétima posição entre esse conjunto de grãos (DE MORI et al., 2012).

Os principais programas de reprodução nos Estados Unidos que contribuíram para a

melhoria do centeio sempre buscaram a melhora na qualidade da forragem, incluindo proteína

bruta, porcentagem de matéria seca, fibra em detergente neutro ou ácido, ou digestibilidade in

vitro da matéria seca (NEWELL E BUTLE, 2013).

No sul do Brasil, a área de cultivo diminuiu substancialmente nas últimas cinco

décadas, mas o centeio ainda mostra importante potencial na produção de cereais,

principalmente como pastagem, cobertura de solo e para alimentação humana (SCHLEGEL,

2013).

Segundo a CONAB (2018), a região centro-sul do Brasil é responsável por toda a

produção nacional de 3,7 mil ha, no Paraná, mesmo com pouca expressão econômica, a área

plantada foi de 2,2 mil hectares, o que significa 4,8% de aumento em relação à safra anterior.

Essa estabilidade de área plantada se deve principalmente ao incentivo que as cooperativas,

que utilizam o produto para a fabricação de farinha, dão aos cooperados com o pagamento de

bonificação. Mesmo sendo de ciclo mais longo, muitos produtores optam pela semeadura por

conta das vantagens da sua palhada farta e que se decompõe lentamente no sistema de plantio

direto, trazendo economia na aplicação de herbicidas nas lavouras seguintes. A colheita do

centeio está atrasada devido à ocorrência de chuvas em outubro.

8

Segundo os dados do IBGE (2018), Guarapuava (PR) é o município brasileiro com

maior área de semeadura do centeio com 1.270 ha, seguido de Antônio João (MS) 500 ha,

Panambi (RS) 320 ha, Santa Bárbara do Sul (RS) 300 ha, Palmeira das Missões (RS) 200 há,

Eugênio de Castro (RS) 200 ha, Carambeí (PR) 170 ha, São Luiz Gonzaga (RS)150 há e

Pinhão (PR) 150 ha.

4.2 Silagem de cereais de inverno de qualidade

A nutrição dos animais depende do planejamento forrageiro, para isso, é necessário

que o produtor atente-se à máxima produção durante o ano almejando melhor índice de

produção (FONTANELI et al., 2011).

Devido às condições climáticas do inverno no sul do Brasil, a prática de confecções

de silagens dos cereais de inverno têm sido utilizadas frequentemente, por não necessitar de

secagem a campo, no entanto, as silagens devem ser colhidas em estádio fenológico

adequado, pois fatores como: capacidade de tamponamento do pH, teor de carboidratos

solúveis e teor de matéria seca, são determinantes para a qualidade do produto final (COAN et

al., 2001). Além disso, geralmente nas fases finais do ciclo produtivo, há excedente de

biomassa de forragem, surgindo como uma alternativa para produção de alimento conservado

e incrementando na produção pecuária, fazendo parte do planejamento dietético da

propriedade durante o ano todo, mantendo a sua homogeneidade (BECKER, 2019).

Segundo Fontaneli et al. (2009), os cereais de inverno podem ser conservados na

forma de feno e silagem, para a produção de feno, os cultivares são colhidos normalmente no

início da emissão da inflorescência, estádio em que apresentam boa relação entre quantidade

de forragem e valor nutritivo. A planta pode ser colhida diretamente com ensiladeiras sem

secagem, nas fases de grão pastoso a farináceo, também pode ser colhido no elongamento,

porém com a necessidade da pré- secagem antes da ensilagem . Em relação ao valor nutritivo

da silagem dos cereais de inverno, o mesmo é inferior ao da silagem de milho na questão

energética, porém superior na porção proteica (SCHEFFER-BASSO et al., 2003).

A maior produção de biomassa citada é frequentemente encontrada em estádio tardio,

sendo isso vantajoso também na questão de custos de produção (BECK et al., 2009).

Para que se tenha um bom processo de fermentação no silo os cereais de inverno

devem ser colhidos no ponto correto para confecção, entre 28 e 40%, sendo propício para a

atividade de microrganismos no silo, visto que, teores abaixo de 28% propiciam em maior

teor de água e o no desenvolvimento de bactérias indesejáveis, como as que pertencem ao

gênero Clostridium, as quais consomem os nutrientes e os transformam em ácido butírico, por

9

meio de reações químicas. Por outro lado, a ensilagem de material acima de 40% de MS

acarreta problemas também em uma compactação inadequada (JOBIM e NUSSIO, 2013).

Para Pahlow et al. (2003), o oxigênio residual que fica dentro do silo devido a má

compactação, permite a proliferação de microrganismos indesejáveis, especialmente as

leveduras, que transformam ácidos importantes na fermentação como o ácido lático em

etanol, sem valor preservativo para a silagem, implicando em grandes perdas de matéria seca.

Os mesmos autores ainda ressaltam que fermentações por gêneros de bactérias indesejadas

como os Clostridium no processo de fermentação, tem a capacidade de gerar inúmeras perdas

na biomassa seca, pela produção de efluentes e produção de aminas biogênicas, que tem como

características depreciar o consumo dos animais. Contudo ainda existem bactérias do gênero,

como a Clostridium porogenes, que tem a capacidade de reduzir a proteína bruta do material

ensilado, por proteólise, levando uma redução no valor nutritivo final.

O centeio é utilizado de maneira estratégica, por conta de sua precocidade, visando à

composição da forragem de outono, normalmente é consorciado com aveia e Azevém. O

centeio pode ser fenado ou ensilado, é produtivo, normalmente tem rendimento de 70% maior

quando plantado sozinho, valor que cai quando associado à aveia e Azevém (FONTANELI et

al., 2011).

Devido à arquitetura da planta, com elevada relação folha/colmo permite uma melhor

colheita por parte dos animais, elevando o ganho de peso e a produção leiteira por área,

segundo Parsons e Chapman (2000), aumenta o rendimento da forragem permitindo o

consumo próximo a 3% do peso vivo.

Itavo (2002) infere que, a determinação do valor nutritivo do alimento está

diretamente principalmente relacionada com a sua digestibilidade e capacidade de consumo.

Ainda relata que de todos os nutrientes necessários às exigências nutricionais para mantença,

crescimento e/ou produção dos bovinos, a energia gerada pela degradação ruminal de celulose

e hemicelulose constitui a principal contribuição dos volumosos. No entanto, estes fatores

tendem a decrescer com o avanço na maturidade, por meio de deposição de material

lignificado, o que pode comprometer o valor alimentício da forragem no estádio adequado

para a realização da silagem (VAN SOEST, 1994).

4.3 Sistemas de cortes

Se implantadas precocemente, as forrageiras de inverno, especialmente aveia branca,

aveia preta, o trigo e o centeio, podem aumentar as chances de acamamento no fim da cultura

por possuem porte alto. Devido a estas características, despertou-se o interesse do

10

desenvolvimento de diferentes estratégias, visando explorar estas culturas. Um exemplo de

estratégia seria associar cortes no período vegetativo com posterior diferimento da área para

produção de silagem (MEINERZ et al., 2011b).

Em contraste, se a finalidade do sistema for à duplo propósito, com cortes e colheita

de grão ou silagem, a utilização de um número excessivo de pastejo pode gerar impacto

negativo sobre a produção de biomassa seca, o que implicaria em menor quantidade de grãos

para venda ou como participante no material a ser ensilado. Para que a produção final ocorra

sem danos deve haver um equilíbrio que fara com que haja a preservação de tecidos

meristemáticos em consonância com aporte de nutrientes necessários, tanto para a

recuperação de área foliar como para produção de grãos (HASTENPFLUNG et al., 2011).

O uso de diferentes sistemas de corte, ou pastejo, pode ser utilizado como ferramenta

com objetivo de otimizar o uso da terra, e diluir os custos de produção pela resposta que os

animais terão com o seu uso. No entanto, nem todo cereal de inverno responde da mesma

maneira a esta estratégia, sendo necessárias pesquisas para a determinação da utilização de

cada forrageira sobre a quantidade ideal de cortes tanto por pastejo quanto para o corte

mecânico anterior à produção de silagem (LEÃO, et al., 2019).

4.4 Uso de fungicidas em cerais de inverno

As condições climáticas na região Sul do Brasil age como um controle de elementos

biológicos, sendo que a temperatura é um ponto essencial para as plantas e os patógenos que

requerem temperaturas adequadas para seu desenvolvimento. Levando em conta que algumas

doenças necessitam de diferentes temperaturas para seu desenvolvimento. A umidade

estimula o desenvolvimento de vários fungos e bactérias que poderão infectar as plantas

sendo a água da chuva um importante veículo para a disseminação de doenças (REIS, 2007).

Para Vieira et al. (2006), o bom desenvolvimento das culturas de inverno, como o

centeio, depende de muitos fatores bióticos e abióticos, com destaque principalmente para as

doenças foliares no fim do ciclo, que é um dos principais problemas enfrentados pelos

produtores e, quando não são controladas adequadamente prejudicam a estrutura da planta e

comprometem a produção de grãos, devido à redução da área fotossintética. Duas formas

eficazes para controlar as doenças são: o uso de fungicidas e de cultivares resistente; sendo o

último método o melhor para o ambiente, no entanto, há um predomínio do controle por meio

de produtos fitossanitários (VIEIRA et al.,2006). Os fungicidas também podem alterar alguns

pontos do metabolismo da planta por alterações na sua fisiologia, que podem trazer

11

benefícios na qualidade nutritiva das plantas (Venancio et al., 2009).

As estrobilurinas segundo Rodrigues (2006), são biossintetizadas a partir de um

metabólito secundário produzido por uma cepa de fungo Strobilurus tenacellus e por isso são

assim chamadas. Este grupo começou a ser comercializado como fungicida em 1996, sendo

amplamente usado de forma isolada e em mistura com os triazóis.

As estrobilurinas tem como mecanismo de ação atuarem na mitocôndria das células,

inibindo o transporte de elétrons no complexo 3 mitocondrial, portanto, inibindo a respiração

dos fungos e, consequentemente, a formação de ATP. A aplicação de estrobilurinas ativam

diferentes rotas metabólicas nos vegetais, estudos têm demonstrado que ocorre a ativação da

enzima nitrato redutase, aumento da assimilação de nitrato e sua posterior incorporação nas

moléculas vitais da planta, como a clorofila. Além disso, ocorre o aumento da eficiência de

assimilação de CO2, elevação da taxa fotossintética e redução da taxa respiratória. Outro

efeito promissor é a redução na produção de etileno, que retarda a senescência das folhas,

aumentando o período que a planta permanece com a fotossíntese ativa, também chamado de

”efeito verde” (VENANCIO et al., 1999), Elas possuem um amplo espectro de ação, que

abrange ascomicetos, fungos anamórficos, alguns basidiomicetos e alguns oomicetos

(AMORIM et al., 2011). As principais moléculas do grupo são a Azoxistrobina, a

Piraclostrobina e a Trifloxistrobina.

Segundo Carrijo (2014), semelhante às estrobilurinas, as carboxamidas atuam na

respiração mitocondrial dos fungos, com a diferença que essas atuam no complexo 2 da

cadeia de transporte de elétrons, também chamado de complexo succinato-desidrogenase..

Assim, a inibição desse processo resulta no bloqueio da produção de ATP, além da formação

de várias moléculas intermediárias prejudiciais à célula. A Carboxina tem uma alta

fungitoxicidade, porém é bastante instável no organismo do fungo, sendo rapidamente

oxidada em sulfóxido, composto não fungitóxico. Os principais princípios ativos do grupo são

a Carboxina, a Oxicarboxina e o Fluxapiroxade.

Estudos no comportamento das estrobilurinas em plantas têm demonstrado, além do

controle das doenças, aumentos significativos na produtividade de grãos, biomassa seca, no

conteúdo de clorofila e proteína e no atraso da senescência foliar (YPEMA e GOLD, 1999).

4.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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16

5 CAPÍTULO I – PRODUÇÃO DE FORRAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO

SUBMETIDO A DIFERENTES SISTEMAS DE CORTE COM OU SEM FUNGICIDA

NO PRÉ-FLORESCIMENTO.

5.1 Resumo

O experimento foi conduzido no Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) da Universidade

Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). O objetivo foi avaliar a produção de biomassa

seca e o desaparecimento ruminal da planta e seus componentes estruturais do centeio cv.

Temprano, manejado em diferentes regimes de cortes no estádio vegetativo e posterior

confecção de silagem, com ou sem aplicação de fungicida a base de Fluxapiroxade +

Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-florescimento. Os tratamentos constaram de

silagens resultantes da colheita no estádio de grão farináceo, sendo T1: sem corte no

vegetativo e sem aplicação de fungicida; T2: sem corte no vegetativo com aplicação de

fungicida; T3: um corte no vegetativo com aplicação de fungicida no pré-florescimento; T4:

um corte no vegetativo e sem aplicação de fungicida; T5: dois cortes no vegetativo com

aplicação de fungicida no pré-florescimento; T6: dois cortes no vegetativo sem aplicação de

fungicida. O uso de cortes no vegetativo alterou (P<0,05) as características de produção do

centeio, sendo que com um corte se teve a maior produção de biomassa acumulada 12.885 kg

ha-1

, maior teor de matéria seca, menor participação de colmo e consequentemente maior

participação de espigas, e estes componente apresentaram maiores taxa de desaparecimento

ruminal. O uso de dois cortes proporcionou a menor produção de silagem, no entanto, os dois

cortes no vegetativo mostraram-se com alto potencial de produção e digestão dos

componentes estruturais, podendo ser uma alternativa de uso quando se tem a pretensão em

deixar palhadas de cobertura para a cultura seguinte. O uso do fungicida não proporcionou

grandes alterações nos parâmetros produtivos da cultura do centeio, mostrando que uma única

dose de fungicida apenas diminui o teor de matéria seca das plantas e melhorou o

desaparecimento ruminal das estruturas reprodutivas.

Palavras-chave: Biomassa seca acumulada, desaparecimento ruminal, estádio vegetativo,

Secale cereale.

5.2 Abstract

The experiment was conducted at the Animal Production Center (NUPRAN) of the

Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). The objective was to evaluate dry

biomass production and ruminal disappearance of the plant and its structural components of

rye cv. Temprano, managed in different cutting regimes at the vegetative stage and

subsequent silage making, with or without application of Fluxapyroxad Pyraclostrobin-based

17

fungicide at the pre-flowering phenological stage. The treatments consisted of silages

resulting from harvesting at the stage of floury grain, namely T1: without cut at the vegetative

stage and without fungicide application; T2: without cut at the vegetative stage and with

fungicide application; T3: a cut at the vegetative stage with fungicide application at pre-

flowering; T4: a cut at the vegetative and without fungicide application; T5: two cuts at the

vegetative stage with fungicide application at pre-flowering; T6: two vegetative cuts at the

vegetative stage without fungicide application. The use of cuts at the vegetative stage changed

(P <0.05) the characteristics of rye production, with one cut yielding the highest cumulative

biomass production 12,885 kg ha-1

, higher dry matter content, lower stem participation and

consequently greater participation of ears, and these components presented higher rumen

disappearance rate. The use of two cuts provided the lowest silage production, however, the

two cuts at the vegetative stage showed high potential for production and digestion of

structural components, and may be an alternative use when leaving cover straw to the next

crop. The use of fungicide did not cause major changes in the productive parameters of rye

crop, showing that a single dose of fungicide decreases only the dry matter content of the

plants and improved the ruminal disappearance of the reproductive structures.

Key-words: Cumulated dry biomass, ruminal disappearance, Secale cereale, vegetative stage.

5.3 Introdução

A procura por produtos de origem animal cresce progressivamente com o passar dos

anos, explicado pelo aumento da população mundial e, também pela melhoria de vida

econômica das pessoas. Para atender essa demanda, melhoras nos ganhos em produtividade

nas áreas já estabelecidas se tornam essenciais à adoção de novas tecnologias (ALMEIDA et

al., 2012).

O potencial produtivo dos três estados da região sul, destacando o estado do Paraná,

são grandes para o desenvolvimento de espécies hibernais, devido as suas terras férteis e bem

drenadas, condições hídricas favoráveis e principalmente uma estação fria bem definida, a

qual permite ao produtor previamente determinar qual a melhor cultura para ser cultivada

(CLARO e OSAKI 2005).

Dentre os principais cereais utilizados na alimentação animal destacam-se a Aveia

Branca (Avena sativa), Aveia Preta (Avena strigosa), Azevém (Lolium multiflorum) e o

Centeio (Secale cereale) dentre outros. Pupo (2002) destaca que, esse cultivares tem como

objetivo a produção de grãos, que são utilizados na alimentação humana e também animal, e

estima-se que 35% das terras agrícolas cultivadas em todo o mundo tenham como finalidade o

18

cultivo de cereais de inverno.

O centeio (Secale cereale) é um cereal que desempenhou um papel importante na

alimentação das populações europeias ao longo da Idade Média, devido à sua considerável

robustez invernal. Recentemente, o centeio é cultivado em 5,4 milhões de há, e sua produção

mundial é de aproximadamente 13 milhões de toneladas. Os esforços das pesquisas nos

últimos anos têm sido na melhoria dos cultivares em relação à qualidade da forragem, haja

vista a sua grande utilização no forrageamento animal (SCHLEGEL, 2013).

Meinerz et al. (2011) relatam que devido a estas características, o interesse dos

pesquisadores em diferentes estratégias para almejar maior eficiência de alguns cereais de

inverno se tornou necessário e, ainda mencionam que um boa estratégia seria a associação

cortes no período vegetativo, com posterior utilização de material da área para produção de

silagem.

Neste contexto Leão et al., (2019), mencionam que se faz necessário pesquisas com

diferentes manejos de cortes antes da colheita para ensilagem nos cereais de inverno, pois os

mesmos não terão a mesma resposta e tal fato é indispensável para futuras recomendações no

planejamento forrageiro das propriedades, levando em conta os aspectos produtivos, de

qualidade e econômicos..

O bom desenvolvimento das culturas de inverno, como o centeio, depende de muitos

fatores bióticos e abióticos, com destaque principalmente para as doenças foliares no fim do

ciclo que são um dos principais problemas enfrentados pelos produtores e quando não são

controladas adequadamente prejudicam a estrutura da planta e comprometem a produção de

grãos, devido à redução da área fotossintética. Duas formas eficazes para controlar as doenças

são: o uso de fungicidas e de cultivares resistente; sendo o último método o melhor para o

ambiente, no entanto os controles por meio de produtos fitossanitários são os mais utilizados

(VIEIRA et al.,2006).

Partindo desse pressuposto o objetivo do trabalho foi avaliar as características

agronômicas, composição física estrutural e o desaparecimento dos componentes estruturais a

nível ruminal da forragem do centeio (Secale cereale) cv. Temprano, manejado em diferentes

regimes de cortes no estádio vegetativo e posterior confecção de silagem, com ou sem

aplicação de fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de

pré-florescimento.

5.4 Material e métodos

O experimento foi conduzido no Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) da

19

Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), localizado no município de

Guarapuava – PR, situado na zona subtropical do Paraná (MAACK, 2002), sob as

coordenadas geográficas 25º23’02” de latitude sul e 51º29’43” de longitude oeste e 1.026 m

de altitude. O clima da região segundo a classificação de Köppen é o Cfb (Subtropical

mesotérmico úmido), com verões amenos e inverno moderado, sem estação seca definida e

com geadas severas. Caracterizado por temperatura média no mês mais quente inferior a 22ºC

e temperatura média no mês mais frio inferior a 18ºC. A precipitação média anual é de 1.944

mm, temperatura média mínima anual de 12,7°C, temperatura média máxima anual de 23,5°C

e umidade relativa do ar de 77,9% (IAPAR, 2000).

O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Bruno Típico (POTT et

al., 2007). Em ocasião antecipada ao cultivo a área apresentou as seguintes características

químicas (perfil de 0 a 20 cm): pH CaCl2 0,01M: 4,8; fósforo: 1,0 mg dm-3

; K+: 0,2 cmolc dm

-

3; MO: 2,62%; Al

3+: 0,0 cmolc dm

-3; H

++Al

3+: 5,2 cmolc dm

-3; Ca

2+: 5,2 cmolc dm

-3; Mg

2+: 5,1

cmolc dm-3

e saturação de bases: 65,8%.

A Figura 1 apresenta os dados meteorológicos de precipitação, temperaturas máximas

e mínimas durante o período experimental.

Fonte: Estação experimental do SIMEPAR/UNICENTRO, Guarapuava, PR, 2017.

Figura 1. Temperaturas mínimas e máximas e precipitação diária ocorrida no período de

avaliação do centeio cv. Temprano, submetido à sistemas de corte com ou sem aplicação

foliar de fungicida.

O campo experimental foi constituído de uma área total de 540m², distribuída em 36

parcelas de 9,45m² cada (3,15m x 3m) correspondente a 54m lineares de semeadura, onde foi

utilizada área útil de 4,2 m² (2,1m x 2m) correspondente a 24m lineares de semeadura para as

20

avaliações.

Como material experimental utilizou-se o Centeio (Secale cereale), cultivar

Temprano. Os tratamentos constaram de silagens resultantes da colheita no estádio de grão

farináceo sendo T1: sem corte no vegetativo e sem aplicação de fungicida; T2: sem corte no

vegetativo com aplicação de fungicida; T3: um corte no vegetativo com aplicação de

fungicida no pré-florescimento; T4: um corte no vegetativo e sem aplicação de fungicida; T5:

dois cortes no vegetativo com aplicação de fungicida no pré-florescimento; T6: dois cortes no

vegetativo sem aplicação de fungicida.

A semeadura do campo experimental foi em sistema de plantio direto no dia

12/04/2017, de maneira uniforme para os tratamentos, o espaçamento entre linhas foi de 0,175

m, com profundidade de semeadura foi de 0,02 m com distribuição média de 220 sementes

por m², utilizou-se adubação de base de 280 kg ha-1

do fertilizante formulado 08-30-20 (N-

P2O5-K2O), respeitando recomendações, do manual de adubação e calagem para o estado do

Paraná (SBCS/NEPAR, 2017). A adubação nitrogenada de cobertura foi realizada 51 dias

após a semeadura e constou de uma aplicação única de 444 kg ha-1

de ureia (45-00-00),

garantindo a aplicação de 200 kg ha-1

de nitrogênio.

As plantas daninhas foram controladas quimicamente, com o uso de herbicidas, na

dessecação antes da semeadura, utilizando-se herbicida à base de Glifosate (produto

comercial Roundup Original®: 2,0 l ha

-1), já no manejo da cultura, 30 dias após a semeadura

foi efetuada a aplicação do herbicida a base de metsulfuron-metyl (produto comercial Ally®:

6,6 g ha-1

). O controle de pragas, de acordo com avaliações de campo, sendo utilizado o

inseticida a base de Thiamethoxam + Lambdacyhalothrin (produto comercial Engeo Pleno®:

150 ml ha-1

) um aplicação 30 e outra aplicação aos 145 dias após a semeadura.

O produto a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina (produto comercial

OrkestraTM

SC®: 0,35 l ha

-1) foi o fungicida aplicado no pré-florescimento nos tratamentos

com aplicação de fungicida.

O regime de manejo dos tratamentos submetidos a um corte (T3 e T4) ou a dois cortes

(T5 e T6) foram realizadas nas fases de pleno perfilhamento e antes do emborrachamento aos

88 dias e aos 135 dias após a semeadura. A altura de rebaixamento seguiu as recomendações

de Fontaneli et al. (2009).

As silagens foram confeccionadas em equivalência de estádios reprodutivos, sendo

definido o estádio de grão farináceo, bem como, o momento indicado para a ensilagem, de

acordo com Fontaneli et al. (2009), sendo o corte realizado nos 188 dias, 195 dias e 209 dias

após a semeadura conforme manejos de 0, 1 ou 2 cortes, respectivamente.

O corte das plantas foi de forma manual com o auxílio de uma foice serrilhada. A

21

relação entre peso do material colhido e unidade de área permitiu estimar as produções de

biomassa verde (kg ha-1

), que corrigida pelo teor de umidade, determinou-se a produção de

biomassa seca (kg ha-1

). Duas amostras representativas de plantas de cada parcela foram

coletadas, sendo a primeira direcionada ao laboratório para a segmentação dos componentes

colmos, folhas e espigas e a segunda de planta inteira para determinação dos teores de matéria

seca, utilizando estufa de ar forçado a 55°C, até a obtenção de peso constante entre pesagens

(AOAC, 1984). Tal procedimento permitiu a determinação da composição física estrutural da

planta, com base na matéria seca total.

O desaparecimento ruminal da MS dos componentes físicos colmo, folha e estruturas

reprodutivas foram estimadas pela técnica de digestibilidade in situ utilizando sacos de náilon

medindo 12 x 8 cm e com poros de 40 a 60 µm, contendo aproximadamente 5 g de cada

material, moído a 1 mm, para posterior incubação no rúmen (NOCEK, 1988). O tempo de

incubação utilizado foi de 48 horas. Este procedimento foi previamente submetido à

apreciação e aprovação pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da UNICENTRO sob ofício

nº 035/2017 CEUA/UNICENTRO. Para tal, foram utilizados dois novilhos da raça Jersey,

com 48 meses de idade, peso vivo médio de 550 kg, munidos de fístula ruminal, que estavam

alocados na unidade didática de bovinos de corte a qual foi implantada pela técnica de

ruminotomia, previamente aprovada pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da

UNICENTRO sob ofício n° 030/2014 - CEUA/UNICENTRO.

O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 3 x 2,

sendo 3 regimes de cortes (0, 1 e 2 cortes no estádio vegetativo) e 2 manejos de aplicação

(com e sem fungicida), com seis repetições, onde cada repetição é representada por uma

parcela de 9,45 m².

Os dados foram submetidos aos testes de Shapiro-Wilk e Bartlett, a fim de verificar os

pressupostos de normalidade e homogeneidade de variância, respectivamente. Uma vez

atendidos estes pressupostos, aplicou-se o teste F a 5% de significância, por meio da análise

de variância (ANOVA) e em seguida o teste Tukey de comparação de múltiplas médias a 5%

de significância, por intermédio do programa estatístico SAS (1993). O modelo matemático

utilizado para a análise de variância foi:

Yij = µ + BL + Ai + Bj + ABij + eij

Onde:

Yij = Sistemas de corte no estádio vegetativo i na repetição j;

µ = média dos tratamentos;

22

BL = efeito do bloco

Ai = efeito do sistema de corte i; i = sem corte, um corte, dois cortes;

Bj = efeito do manejo do fungicida j; j = com ou sem;

ABij = efeito da interação entre sistema de corte e manejo de fungicida;

eij = erro aleatório associado a cada observação Yij.

5.5 Resultados e discussão

De maneira geral, com base nos dados do resumo da análise da variância (Anexo I),

observa-se que não houve interação significativa entre os fatores sistema de manejo de corte e

aplicação foliar de fungicida para os parâmetros agronômicos produtivos e qualitativos do

centeio cultivado para produção de silagem.

A produção de biomassa seca (Tabela 1) apresentou diferença (P< 0,05), nos

diferentes sistemas de cortes, na forragem ensilada no estádio de grão farináceo houve uma

maior produção nos sistemas sem corte no vegetativo e com um corte no vegetativo, com

médias de 9.606 e 8.934 kg ha-1

, respectivamente, já o sistema com dois cortes no vegetativo

apresentou no momento da ensilagem média inferior ao demais com 1.538 kg ha-1

.

Tabela 1. Produção de biomassa seca de forragem do centeio cv. Temprano, submetido à

sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida.

Sistemas

de corte

Manejo de

Fungicida

Cortes Forragem Média

Biomassa

acumulada Média

88 DAS 135 DAS Ensilável

Produção de biomassa seca, kg ha-1

Sem cortes Com - - 9.595

9.606 A 9.595

9.606 B Sem - - 9.616 9.616

Um corte Com 4.012 - 9.072

8.934 A 13.084

12.885 A Sem 3.891 - 8.797 12.687

Dois cortes Com 3.946 3.059 1.657

1.538 B 8.662

8.727 B Sem 4.093 3.279 1.419 8.792

Média com fungicida - - 6.775 a - 10.447 a

Média sem fungicida - - 6.610 a - 10.366 a

Média geral 3.985 3.169 6.693 - 10.406 Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre

si pelo teste Tukey a 5% de significância.

Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem

entre si pelo teste F a 5% de significância.

DAS = Dias após semeadura

Lehmen et al. (2014), avaliaram rendimento de silagens de cereais de inverno, onde o

centeio cultivar BRS Serrano, sem sofrer cortes antes da ensilagem, apresentou média

superior à outros cultivares com produção de 13.448 kg ha-1

. Já Fontaneli et al. (2006), ao

compararem diferentes cereais de inverno, dentre eles dois cultivares de Centeio, o BR 1 e

23

BRS Serrano, os quais apresentaram valores próximos ao do presente estudo após um corte no

estádio vegetativo com produções médias de 7.397 e 10.559 kg ha-1

, respectivamente, na

confecção de silagem. Em experimento também com centeio BR 1, no mesmo estágio de

desenvolvimento Neumann et al.(2019), avaliando vários cereais de inverno também concluiu

que o centeio tem produção superior aos demais aveia branca cv. URS Taura, cevada cv. BRS

Brau e cv. BRS Cauê, trigo cv. CD 1440, triticale (X Triticosecale) cv. IPR 111 e cv. BRS

Saturno, com produção final de 7.100 kg ha-1

, não diferindo apenas ao triticale IPR 111

(6.921 kg ha-1

).

Leão et al. (2019), avaliaram os mesmos sistemas de corte em diferentes cereais de

inverno no mesmo campo experimental, observaram o mesmo comportamento no trigo,

triticale e nas aveias preta e branca, com maiores produções de biomassa para ensilagem nos

tratamento que não sofreram cortes ou que tiveram somente um corte, em relação aos com

dois cortes nos estágios vegetativos.

A biomassa acumulada foi superior (P<0,05) no tratamento que recebeu um corte e

posterior ensilagem com média de 12.885 kg ha-1

, em relação ao sem corte e com dois cortes

com médias de 9.606 e 8.727 kg ha-1

, respectivamente. Com avaliação dos mesmos sistemas

de corte antes da ensilagem Carletto et al. (2017), avaliando o trigo BRS Umbu, obtiveram

comportamento diferente do presente estudo, onde o tratamento sem corte foi o maior com

10.926 kg ha-1

, seguido do com um corte 8.761 kg ha-1

e a menor produção no que sofreu dois

cortes 6.223 kg ha-1

, evidenciando a capacidade da utilização do centeio cv. Temprano no

manejo de duplo propósito.

Com base nos dados meteorológicos do período experimental (Figura1), é possível

observar que após a semeadura houve uma boa distribuição de chuvas até por volta dos 60

dias. Posteriormente foram registrados dois períodos longos sem precipitações e registros de

baixas temperaturas, que foram coincidentes com os dois cortes do período vegetativo da

cultura, no final do ciclo houve novamente uma boa distribuição de chuva. Contudo aliado a

temperaturas maiores foi predisponente ao desenvolvimento de doenças de fim de ciclo,

principalmente as fúngicas. Para Tonato et al. (2011), variáveis que são determinantes para

um bom cultivo e estão diretamente ligadas a produtividade das forrageiras são a temperatura,

precipitação pluvial e a luminosidade tanto na questão da quantidade de luz quanto da

qualidade da luz.

Outro ponto que merece destaque é o tratamento com dois cortes no vegetativo, ele

não diferiu do tratamento sem corte na produção acumulada, porém neste tratamento os dois

cortes do vegetativo produziram em média 7.154 kg ha-1

de biomassa seca de um material

provavelmente superior em qualidade pela fase da colheita, e se considerarmos a viabilização

24

de maquinas para colheita, que no ultimo corte não é viável se tem a possibilidade de

formação de palhada para cobertura do solo, viabilizado o uso do sistema de plantio direto da

próxima cultura. Confirmado por Boller e Gamero (1997), que mencionam que o

aproveitamento para alimentação animal de parte da biomassa das culturas de inverno, leva a

um equilíbrio do balanço energético e melhora o desempenho econômico dos sistemas

conservacionistas do solo.

Na média geral, a aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento não afetou

(P>0,05) a produção de biomassa seca de forragem ensilável e a produção de biomassa

acumulada, apresentando valores de 6.693 e 10.406 kg ha-1

, respectivamente. Ao contrário do

presente estudo Mendes (2015), avaliando o efeito de diferentes fungicidas na cultura do trigo

BRS Umbu observou diferenças significativas na produção em uma das safras avaliadas em

média 19,6% a mais do que o tratamento controle, sem fungicida. Fato que pode ser

justificado pela severidade de doenças que disseminou na cultura no final do ciclo tanto para

os tratamentos com ou sem aplicação de fungicida mesmo esta não sendo mensuradas,

gerando este comportamento que segundo Adee et al, (2005) uma cultura que sofre um dano

por infecção fúngica tendem a aumentar a desfolha e diminuir a área fotossintética, o que

acarreta em diminuição do potencial produtivo da planta.

Os teores de matéria seca (MS) da planta no momento da ensilagem (Tabela 2)

apresentaram diferença (P<0,05), sendo o maior valor obtido no sistema de um corte no

vegetativo com média de 50,38% seguido do sistema de dois cortes 47,37% e o menor valor

sem corte 44,39%. Carletto et al. (2017) obtiveram diferentes comportamentos nos teores de

matéria seca, com silagens de trigo no mesmo estádio de grão farináceo, sendo o sistema sem

cortes antes da ensilagem o menor com 45,32%, seguido de um corte 54,39% e com dois

cortes o maior com 63,59%. O mesmo comportamento foi encontrado por Leão et al. (2019),

onde avaliando diferentes cereais o sistema com dois cortes foi o que obteve os maiores teores

de matéria seca.

No parâmetro altura de planta também houve diferenças (P<0,05), mostrando que o

uso de cortes diminui a mesma, tendo a maior altura de planta o sistema sem corte com 1,18

m seguido pelo um e dois cortes com 1,02 m e 0,79m, respectivamente. Fontaneli (2006),

após realizar um corte no estágio vegetativo encontrou alturas diferentes das descritas no

presente estudo para o cultivar BRS Serrano com 1,24 m já o cultivar BRS 1 apresentou

média mais próxima com 1,12m, valores ainda maiores foram encontrados por Lehmen et al.

(2014) com o BRS Serrano, sem cortes no vegetativo com 1,60m, onde os autores justificam

que além de fatores intrínsecos aos genótipos, o clima (insolação e precipitação)

influenciaram diretamente a estrutura da planta.

25

O fator altura de planta em cereais de inverno é de suma importância, haja visto a

possibilidade de acamamento em regiões com ventos fortes e consequentemente perdas de

produção e qualidade do material, buscando então plantas de porte mais baixo, neste ponto o

manejo de cortes leva a uma desfolha, favorecendo a redução ou eliminação do acamamento,

pela redução no comprimento de colmos e produção de espigas menores (BORTOLINI et al.,

2004).

Tabela 2. Teor de matéria seca da planta e altura de planta do centeio cv. Temprano,

submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.

Sistemas de

corte

Manejo de

fungicida

Cortes Forragem Média

88 DAS 135 DAS Ensilável

Teor de matéria seca da planta inteira, %

Sem corte Com - - 43,58

44,39 C Sem - - 45,21

Um corte Com 16,02 - 47,48

50,38 A Sem 16,11 - 53,28

Dois cortes Com 16,19 16,64 45,29

47,37 B Sem 16,17 17,14 49,45

Média com fungicida - - 45,45 a -

Média sem fungicida - - 49,31 b -

Média geral 16,12 16,89 47,38 -

Altura de planta, m

Sem corte Com - - 1,19

1,18 A Sem - - 1,18

Um corte Com 0,41 - 1,04

1,02 B Sem 0,39 - 1,00

Dois cortes Com 0,40 0,69 0,80

0,79 C Sem 0,41 0,66 0,77

Média com fungicida - - 1,01 a -

Média sem fungicida - - 0,98 b -

Média geral 0,40 0,67 1,00 - Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre

si pelo teste Tukey a 5% de significância.

Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem

entre si pelo teste F a 5% de significância.

DAS = Dias após semeadura

Com a utilização de fungicida, na média geral, foi possível observar no presente

estudo menor (P<0,05) teor de MS das plantas com média de 45,45% contra 49,31% quando

não se utilizou fungicida. A altura de planta também foi maior (P<0,05) na ordem de três

centímetros com a utilização de fungicida apresentando média de 1,01 m contra 0,98m

quando não se usou o produto. Mendes (2015), não observou diferenças significativas na

altura de planta do trigo BRS Umbu em relação ao controle sem fungicida com a utilização de

Triazol isolado (Ciproconazol), Estrobilurina isolado (Trifloxistrobina) e a associação de

26

(Trifloxistrobina + Ciproconazol) com média de 0,79 m em todas as safras avaliadas.

Os menores teores de MS dos tratamentos que receberam o fungicida pode ser

explicado pelo efeito que as estrobilurinas, no caso da Piraclostrobina, que segundo Xue et al,

(2006) que tem como ação nas plantas tratadas uma desaceleração da senescência foliar,

devido a inibição da síntese de etileno, leva um aumento no conteúdo de clorofila e

diminuição na perda de água.

A composição física estrutural da planta apresentada na Tabela 3 mostra que não

houve diferença significativa na participação de folhas no momento da ensilagem nos

diferentes sistemas de corte, com média de 7,43%. A participação de colmos por sua vez, nos

diferentes sistemas de corte, apresentou diferença (P<0,05), sendo que maior valor encontrado

foi no sistema de dois cortes (66,04%), seguido do sem corte (57,64%) e, o menor valor o

sistema com um corte com (51,49%). Diferenças significativas também ocorreram na

composição das estruturas reprodutivas sendo que o sistema com maior média foi o de um

corte com 41,89%, o sem corte apresentou média intermediária de 34,17%, e o com dois

cortes a menor das médias 26,46%. Horst et al. (2017), trabalhando com silagens de diferentes

cereais de inverno na fase de pré-florecimento, obtiveram com o centeio Temprano, valores

de 63,35% de colmo, 23,06% de folhas e 13,59% de estruturas reprodutivas. Neumann et al.

(2019), avaliaram o centeio BR1 chegaram a valores de 46,7 % de colmo, 11,2% de folhas e

42,1% de estruturas reprodutivas.

Quando se pensa em fatores que podem afetar o consumo voluntário dos animais, o

grau de maturidade das plantas, a relação entre as porções colmo e folha e a forma de

processamento das planta são determinantes, portanto os mesmo devem ser considerados na

formulação de dietas e nas pesquisas, para se alcançar se alcançar a maior eficiência produtiva

e desenvolver e selecionar as plantas forrageiras de maior qualidade nutritiva (LADEIRA et

al., 2001).

Garcia (1989) destaca outro fator importante, que é a remoção dos meristemas apicais

que ocorre com os cortes ou pastejo e, que em resposta a planta induz o aparecimento de

perfilhos secundários, que tendem no final do ciclo a produzir espigas menores e

consequentemente menores quantidades de grãos, o que impacta negativamente na produção

final, fato que explica a menor participação das estruturas reprodutivas na planta no

tratamento com dois cortes no vegetativo.

Taiz & Zeiger, (2013) explicam que a alteração dos componentes estruturais pelo

processo de corte tende a reduzir o índice de área foliar e esta redução implicaria diretamente

na taxa de fotossíntese, gerando aumento na necessidade da mobilização de reservas, o que

gera redução na proporção de colmos e consequentemente a altura dos cereais, reduzindo

27

também a produção final MS pela falta de fotoassimilados.

Tabela 3. Composição física estrutural da forragem do centeio cv. Temprano, submetido a

sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.

Sistemas de

corte

Manejo de

fungicida

Cortes Forragem Média

88 DAS 135 DAS Ensilável

Participação de folhas, % na planta

Sem corte Com - - 8,73

8,18 A Sem - - 7,64

Um corte Com 80,80 - 6,71

6,61 A Sem 80,40 - 7,24

Dois cortes Com 80,53 45,81 6,91

7,49 A Sem 81,86 43,98 5,82

Média com fungicida - - 7,72 a -

Média sem fungicida - - 7,14 a -

Média geral 80,90 44,89 7,43 -

Participação de colmos na planta, %

Sem corte Com - - 59,38

57,64 B Sem - - 55,91

Um corte Com 19,20 - 50,83

51,49 C Sem 19,60 - 43,33

Dois cortes Com 19,47 54,19 63,04

66,04 A Sem 18,14 56,02 68,98

Média com fungicida - - 58,04 a -

Média sem fungicida - - 58,74 a -

Média geral 19,10 55,11 58,39 -

Participação de estruturas reprodutivas, % na planta

Sem corte Com - - 31,89

34,17 B Sem - - 36,45

Um corte Com - - 42,47

41,89 A Sem - - 41,33

Dois cortes Com - - 28,36

26,46 C Sem - - 24,56

Média com fungicida - - 34,24 a -

Média sem fungicida - - 34,11 a -

Média geral - - 34,18 - Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre

si pelo teste Tukey a 5% de significância.

Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem

entre si pelo teste F a 5% de significância.

DAS = Dias após semeadura

Com relação à aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento, esta não alterou

(P>0,05) a composição física das plantas no momento da ensilagem apresentando em média

7,43% de folhas, 58,39% de colmos e 34,18% de estruturas reprodutivas.

Venancio, (2019) avaliando diferentes cereais de inverno no estádio vegetativo com

ou sem a aplicação de Piraclostrobina, não encontrou diferenças significativas no componente

28

folha, porém, menor quantidade do colmos. Como já citado anteriormente os danos por

doenças no final do ciclo afetou ambos os tratamentos, o que não foi capaz de modificar a

arquitetura da planta por pela maior preservação dos componentes folha e consequentemente

aumentado a capacidade fotossintética das plantas tratadas.

O desaparecimento ruminal das folhas em 48h (Tabela 4) foi superior (P<0,05) nos

tratamentos que não receberam corte no vegetativo e, o que recebeu apenas um corte com

medias de 61,54% e 59,44%, respectivamente, quando comparado ao tratamento com dois

cortes que apresentou média de 51,90%. Já no desaparecimento ruminal dos colmos não

foram observadas diferenças significativas com média de 34,51%. O mesmo comportamento

das folhas foi observado nas estruturas reprodutivas onde não houve diferenças significativas

entre os tratamentos sem corte e com um corte no vegetativo com médias de 72,88% e

75,29%, respectivamente, sendo superiores ao tratamento dois corte com média 56,07%.

O desaparecimento ruminal da planta inteira se comportou da mesma forma. Os

tratamentos com corte, sem corte e com um corte foram superiores (P<0,05), ao tratamento

com dois cortes com médias de 48,91% e 51,77%, respectivamente contra 41,48% após a

exposição. Horst et al. (2017), trabalhando com o mesmo cv. Temprano sem corte no

vegetativo e em fase de pré-florescimento encontrou valores próximos de desaparecimento

ruminal da foragem, 52,93% com 48 h de exposição.

Estas diferenças encontradas no desaparecimento ruminal das folhas e estruturas

reprodutivas que impactou no maior desaparecimento da planta inteira quando não se realizou

corte ou com um corte no estádio vegetativo, como já mencionado anteriormente estão

atreladas as respostas que a cultura teve depois dos cortes, principalmente na sua produção

final de grãos que é porção melhor degrada a nível ruminal, confirmada pelo tratamento com

dois cortes que apresentou os menores valores componente estrutura reprodutiva.

Tabela 4. Desaparecimento ruminal dos componentes estruturais e da planta inteira do

centeio cv. Temprano em 48 horas de exposição, submetido a diferentes sistemas de corte

com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.

Sistemas de

corte

Manejo de

fungicida

Cortes Forragem Média

88 DAS 135 DAS Ensilável

Desaparecimento ruminal das folhas em 48 horas, %

Sem corte Com - - 61,75

61,54 A Sem - - 61,33

Um corte Com 92,99 - 59,89

59,44 A Sem 92,89 - 58,99

Dois cortes Com 92,40 91,32 54,12

51,90 B Sem 91,38 90,19 49,67

Média com fungicida - - 58,59 a -

29

Média sem fungicida - - 56,66 a -

Média geral 92,42 90,75 57,62 -

Desaparecimento ruminal dos colmos em 48 horas, %

Sem corte Com - - 36,47

35,31 A Sem - - 34,15

Um corte Com 89,29 - 32,77

32,45 A Sem 89,81 - 32,14

Dois cortes Com 87,68 80,17 36,51

35,75 A Sem 90,41 78,98 35,00

Média com fungicida - - 35,25 a -

Média sem fungicida - - 33,76 a -

Média geral 89,30 79,58 34,51 -

Desaparecimento ruminal das estruturas reprodutivas em 48 horas, %

Sem corte Com - - 73,11

72,88 A Sem - - 72,66

Um corte Com - - 78,62

75,29 A Sem - - 71,96

Dois cortes Com - - 57,51

56,07 B Sem - - 54,64

Média com fungicida - - 69,74 a -

Média sem fungicida - - 66,42 b -

Média geral - - 68,08 -

Desaparecimento ruminal da planta inteira em 48 horas, %

Sem corte Com - - 46,92

48,91 A Sem - - 50,90

Um corte Com 88,99 - 54,71

51,77 A Sem 89,29 - 48,84

Dois cortes Com 89,09 70,27 43,24

41,48 B Sem 87,34 71,71 39,52

Média com fungicida - - 48,29 a

Média sem fungicida - - 46,42 a

Média geral 88,68 47,36 47,36 Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre

si pelo teste Tukey a 5% de significância.

Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem

entre si pelo teste F a 5% de significância.

DAS = Dias após semeadura

O uso de fungicida foliar no pré-florecimento não afetou (P>0,05) o desaparecimento

ruminal em 48h das folhas, colmos e da planta inteira com médias 57,62%, 34,51% e 47,36%,

respectivamente. Já nas estruturas reprodutivas uso de fungicida levou a um maior (P<0,05)

desaparecimento ruminal com média de 69,74% contra 66,42% em 48h. Fato que se deve a

ação do fungicida que neste fator de estudo mostrou ter eficiência em manter a capacidade

fotossintética e produzir maior quantidade de grão que gerou o maior desaparecimento.

30

5.6 Conclusão

O uso de cortes no estádio vegetativo antes da ensilagem é recomendado, pois,

proporcionam dois cenários interessantes, o primeiro com maior acúmulo de matéria seca

quando se realiza um corte e a ensilagem, que mostrou não alterar a produção final de silagem

bem como o desaparecimento ruminal dos componentes estruturais, sendo em alguns casos

superior e, o segundo foi a utilização de dois cortes no estádio vegetativo que possibilitou um

produto com maior qualidade, comprovada pelos valores de desaparecimento ruminal dos

componentes e, aliado a possibilidade de não realizar a ensilagem, uma sobra de material para

cobertura do solo em manejos conservacionistas como o plantio direto.

O uso do fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico

de pré-florescimento, não proporcionou grandes alterações na cultura do centeio, mostrando

que uma única dose de fungicida apenas diminui o teor de matéria seca das plantas e

melhorou o desaparecimento ruminal das estruturas reprodutivas, sendo que mais estudos

devem ser desenvolvidos neste contexto, com um maior número de aplicações, para quem

sabe expressar melhor o benefício do fungicida no controle de doenças ao final do ciclo.

5.7 Referências

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34

6 CAPÍTULO II – QUALIDADE NUTRICIONAL E DESAPARECIMENTO

RUMINAL DA FORRAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO SUBMETIDO A

DIFERENTES SISTEMAS DE CORTE COM OU SEM FUNGICIDA NO PRÉ-

FLORESCIMENTO

6.1 Resumo

O experimento foi conduzido no Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) da Universidade

Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). O objetivo foi avaliar a qualidade nutricional da

forragem e o desaparecimento ruminal da matéria seca do centeio cv. Temprano, manejado

em diferentes regimes de cortes no estádio vegetativo e posterior confecção de silagem, com

ou sem aplicação de fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio

fenológico de pré-florescimento. Os tratamentos constaram de silagens resultantes da colheita

no estádio de grão farináceo, sendo T1: sem corte no vegetativo e sem aplicação de fungicida;

T2: sem corte no vegetativo com aplicação de fungicida; T3: um corte no vegetativo com

aplicação de fungicida no pré-florescimento; T4: um corte no vegetativo e sem aplicação de

fungicida; T5: dois cortes no vegetativo com aplicação de fungicida no pré-florescimento; T6:

dois cortes no vegetativo sem aplicação de fungicida. De maneira geral, a utilização de um

corte no estádio vegetativo e posterior ensilagem no estádio de grão farináceo foi o melhor

manejo empregado no centeio cv. Temprano com base nos parâmetros de bromatologia e

degradabilidade ruminal, pois apresentou melhor composição dos carboidratos fibrosos após o

corte e gerou melhores índices de degradabilidade da matéria seca a nível ruminal, ressaltando

ainda o corte do vegetativo que produziu um material de excelente qualidade nutricional. O

uso do fungicida proporcionou melhora significativas nos teores de proteína bruta e matéria

mineral da planta no momento da ensilagem devido aos efeitos fisiológicos que a

Piraclostrobina causa nas plantas tratadas o que gerou numericamente, maior desaparecimento

da matéria seca no rúmen.

Palavras-chave: carboidratos fibrosos, piraclostrobina, proteína bruta, Secale cereale.

6.2 Abstract

The experiment was conducted at the Animal Production Center (NUPRAN) of the

Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). The objective was to evaluate forage

nutritional quality and ruminal disappearance of dry matter of rye cv. Temprano, managed in

different cutting regimes at the vegetative stage and subsequent silage making, with or

without application of Fluxapyroxad Pyraclostrobin-based fungicide at the pre-flowering

phenological stage. The treatments consisted of silages resulting from harvesting at the stage

of floury grain, namely T1: without cut at the vegetative stage and without fungicide

35

application; T2: without cut at the vegetative stage and with fungicide application; T3: a cut at

the vegetative stage with fungicide application at pre-flowering; T4: a cut at the vegetative

and without fungicide application; T5: two cuts at the vegetative stage with fungicide

application at pre-flowering; T6: two vegetative cuts at the vegetative stage without fungicide

application. In general, the use of a single cut at the vegetative stage and subsequent ensiling

at the stage of floury grain was the best management used in rye cv. Temprano based on

chemical and ruminal degradability parameters, as it presented better composition of fiber

carbohydrates after cutting and generated better ruminal dry matter degradability, also

highlighting the cut at the vegetative stage that produced a material of excellent nutritional

quality. The use of fungicide did cause there was a significant improvement in the crude

protein and mineral matter contents of the plant at the ensiling time due to the physiological

effects that Pyraclostrobin causes in the treated plants, which numerically generated a greater

ruminal disappearance of dry matter.

Key-words: crude protein, fibrous carbohydrates, pyraclostrobin, Secale cereale.

6.3 Introdução

A produção animal tem o seu maior retorno econômico, sem dúvidas, quando

consegue explorar de forma intensiva as pastagens. No entanto, em alguns períodos do ano,

como exemplo no inverno, a manutenção dos níveis de produção animal fica comprometida

mediante o uso de pastagens, devido à diminuição da quantidade e qualidade das forragens

disponíveis (COAN et al., 2001).

O cultivo de cereais de inverno, como a aveia (Avena spp.), o trigo (Triticum sativum

L.) e o centeio (Secale cereale L.), ocupam segundo Phillips et al. (1996), aproximadamente

35% das áreas de cultivo que são utilizadas pela agricultura mundial. E ressaltam ainda que a

utilização dessas espécies é uma alternativa para produções mais precoces nos períodos de

escassez e se levar em conta a qualidade nutricional e o potencial de produção tem-se a

capacidade de melhorar o uso de recursos como a terra, infraestrutura e mão de obra, além de

proporcionar opções de uso alternativo, como a produção de silagens, sendo esta utilizada

para prevenir riscos da falta de alimento em casos de intempéries e/ou maior padronização da

dieta dos animais durante o ano (LEHMEN et al., 2014).

O centeio, segundo Fontanelli et al. (2016), é uma gramínea anual de inverno, com

hábito de crescimento cespitoso, com altura média de 1,2 m a 1,8m, possui ampla adaptação

de cultivos, podendo ser encontrado do nível do mar até 4.300m de altitude, possui boa

36

tolerância a solos com baixas fertilidade e, em comparação as demais forrageiras de inverno,

produzem mais em meses com maior intensidade de frio.

A produção final das gramíneas de inverno, principalmente do componente grão,

auxiliará no processo fermentativo e está diretamente relacionada às doenças foliares, pois, o

excesso de chuvas, o acúmulo de dias nublados, maiores temperaturas no fim do ciclo, são

favoráveis à ocorrência e o aumento da severidade das doenças, que está entre as principais

dificuldades encontradas pelos produtores no Sul do país (REIS e CASA, 2007).

O uso de fungicidas por proporcionar maior controle nas doenças, tem segundo Pepler

el al. (2005), contribuído para maiores produções devido a capacidade de manutenção de

maior área fotossintética do dossel, principalmente no final do ciclo que acarreta em maior

enchimento nos grãos. Ainda há relatos da capacidade de alguns princípios ativos alterarem a

fisiologia das plantas tratadas e consequentemente na sua composição bromatológica

(GROSSMANN e RETZLAFF, 1997).

Devido a diversificação dos métodos das análises das frações dos alimentos para a

determinação de alguns parâmetros ruminais bem como, da composição química dos mesmos

que compõe as rações do animais, torna-se necessária uma avaliação mais precisa do valor

nutritivo dos alimentos tanto volumosos quanto concentrados além de um parâmetro que é

determinante no balanceamento de rações mais eficientes, a determinação das taxas de

degradação a nível ruminal (CARVALHO et al., 2010)

Partindo deste pressuposto o objetivo foi avaliar a qualidade nutricional da forragem e

o desaparecimento ruminal da matéria seca do centeio cv. Temprano, manejado em diferentes

regimes de cortes no estádio vegetativo e posterior confecção de silagem, com ou sem

aplicação de fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de

pré-florescimento.

6.4 Material e métodos

O experimento foi conduzido no Núcleo de Produção Animal (NUPRAN), localizado

no município de Guarapuava – PR, situado na zona subtropical do Paraná (MAACK, 2002),

sob as coordenadas geográficas 25º23’02” de latitude sul e 51º29’43” de longitude oeste e

1.026 m de altitude. O clima da região segundo a classificação de Köppen é o Cfb

(Subtropical mesotérmico úmido), com verões amenos e inverno moderado, sem estação seca

definida e com geadas severas. Caracterizado por temperatura média no mês mais quente

inferior a 22ºC e temperatura média no mês mais frio inferior a 18ºC. A precipitação média

37

anual é de 1.944 mm, temperatura média mínima anual de 12,7°C, temperatura média máxima

anual de 23,5°C e umidade relativa do ar de 77,9% (IAPAR, 2000).

O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Bruno Típico (POTT et

al., 2007). Em ocasião antecipada ao cultivo a área apresentou as seguintes características

químicas (perfil de 0 a 20 cm): pH CaCl2 0,01M: 4,8; fósforo: 1,0 mg dm-3

; K+: 0,2 cmolc dm

-

3; MO: 2,62%; Al

3+: 0,0 cmolc dm

-3; H

++Al

3+: 5,2 cmolc dm

-3; Ca

2+: 5,2 cmolc dm

-3; Mg

2+: 5,1

cmolc dm-3

e saturação de bases: 65,8%.

Como material experimental utilizou-se o Centeio (Secale cereale), cultivar

Temprano, os tratamentos constaram de silagens resultantes da colheita do material no estágio

de grão farináceo com diferentes sistemas de corte no estágio vegetativo, com ou sem

aplicação foliar de fungicida no pré k, sendo T1: sem corte no vegetativo e sem aplicação de

fungicida; T2: sem corte no vegetativo com aplicação de fungicida; T3: um corte no

vegetativo com aplicação de fungicida no pré-florescimento; T4: um corte no vegetativo e

sem aplicação de fungicida; T5: dois cortes no vegetativo com aplicação de fungicida no pré-

florescimento; T6: dois cortes no vegetativo sem aplicação de fungicida.

O campo experimental foi constituído de uma área total de 540m², distribuída em 36

parcelas de 9,45m² cada (3,15m x 3m) correspondente a 54m lineares de cultivo, onde foi

utilizada área útil de 4,2m² (2,1m x 2m) correspondente a 24m lineares para as avaliações.

A semeadura foi em sistema de plantio direto dia 12/04/2017, de maneira uniforme

para os tratamentos. Na semeadura o espaçamento entre linhas foi de 0,175m, a profundidade

de semeadura foi de 0,02m com distribuição média de 220 sementes por m².

Na implantação do centeio utilizou-se adubação de base de 280 kg ha-1

do fertilizante

formulado 08-30-20 (N-P2O5-K2O), respeitando recomendações, do manual de adubação e

calagem para o estado do Paraná (SBCS/NEPAR, 2017). A adubação nitrogenada de

cobertura foi realizada 51 dias após a semeadura e constou de uma aplicação única de 444 kg

ha-1

de ureia (45-00-00), garantindo a aplicação de 200kg ha-1

de nitrogênio.

As plantas daninhas foram controladas quimicamente, primeiramente na dessecação

antes da semeadura, utilizando-se herbicida à base de Glifosate (produto comercial Roundup

Original®: 2,0 l ha

-1), já no manejo da cultura, 30 dias após a semeadura foi efetuada a

aplicação do herbicida a base de metsulfuron-metyl (produto comercial Ally®: 6,6g ha

-1). O

controle de pragas foi realizado aos 30 dias após a semeadura, de acordo com avaliações de

campo, sendo utilizado o inseticida a base de Thiamethoxam + Lambdacyhalothrin (produto

comercial Engeo Pleno®: 150ml ha

-1) e outra aplicação aos 145 dias após a semeadura,

conforme avaliação de campo.

38

O produto a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina (produto comercial

OrkestraTM

SC®: 0,35 l.ha

-1) foi o fungicida aplicado no pré-florescimento nos tratamentos

com aplicação de fungicida.

O regime de manejo dos tratamentos submetidos a um corte (T3 e T4) ou a dois cortes

(T5 e T6) foram realizadas nas fases de pleno perfilhamento e antes do emborrachamento, aos

88 dias e aos 135 dias após a semeadura. A altura de rebaixamento seguiu as recomendações

de Fontaneli et al. (2009). As silagens foram confeccionadas em equivalência de estádios

reprodutivos, sendo definido o estádio de grão farináceo, bem como, o momento indicado

para a ensilagem, de acordo com Fontaneli et al. (2009), sendo o corte realizado nos 188 dias,

195 dias e 209 dias após a semeadura conforme manejos de 0, 1 ou 2 cortes, respectivamente.

O corte das plantas, contidas na área útil de cada parcela (4,2 m²), foi de forma manual

com o auxílio de uma foice serrilhada. Uma amostra de planta inteira para determinação dos

teores de matéria seca, utilizando estufa de ar forçado a 55°C, até a obtenção de peso

constante entre pesagens (AOAC, 1984).

Todas as amostras pré-secas do material original e das forragens foram moídas à 1mm

em moinho tipo "Willey", onde sequencialmente determinou-se a matéria seca total em estufa

a 105ºC por 16 horas, proteína bruta (PB) pelo método micro Kjeldahl, matéria mineral (MM)

por incineração a 550ºC (4 horas) (SILVA e QUEIROZ, 2009). Foram também determinados

os teores de fibra em detergente neutro (FDN), conforme Van Soest et al. (1991), utilizando-

se α amilase termoestável (Termamyl 120L, Novozymes Latin América Ltda.), fibra em

detergente ácido (FDA) e lignina (LIG) segundo Goering e Van Soest (1970) e os teores de

Hemicelulose (HEM) e Celulose (CEL), pela equação (HEM = FDN – FDA e CEL= FDA -

LIG ) seguindo metodologia proposta por Silva e Queiroz (2009).

O desaparecimento ruminal da MS das silagens foram estimadas pela técnica de

digestibilidade in situ utilizando sacos de náilon medindo 12x8cm e com poros de 40 a 60

µm, contendo aproximadamente 5g de cada material, moído a 1mm, para posterior incubação

no rúmen (NOCEK, 1988). Os tempos de incubação utilizados foram de 0, 6, 12, 24, 36 e 48

horas. Este procedimento foi previamente submetido à apreciação e aprovação pelo Comitê de

Ética no Uso de Animais da UNICENTRO, sob ofício nº 035/2017 CEUA/UNICENTRO.

Para tal, foram utilizados dois novilhos da raça Jersey, com 48 meses de idade, peso vivo

médio de 550 kg, munidos de fístula ruminal, que estavam alocados na unidade didática de

bovinos de corte a qual foi implantada pela técnica de ruminotomia, previamente aprovada

pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da UNICENTRO, sob ofício n° 030/2014 -

CEUA/UNICENTRO.

39

O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 3x2, sendo

3 regimes de cortes (0, 1 e 2 cortes) e 2 manejos de aplicação (com e sem fungicida), com seis

repetições, onde cada repetição é representada por uma parcela de 9,45m².

Os dados foram submetidos aos testes de Shapiro-Wilk e Bartlett, a fim de verificar os

pressupostos de normalidade e homogeneidade de variância, respectivamente. Uma vez

atendidos estes pressupostos, aplicou-se o teste F a 5% de significância, por meio da análise

de variância (ANOVA) e em seguida o teste Tukey de comparação de múltiplas médias a 5%

de significância e, as taxas de desaparecimento ruminal foram conduzidas à análise de

regressão pelo teste “Proc Reg” ao nível de 5% de significância por intermédio do programa

estatístico SAS (1993). O modelo matemático utilizado para a análise de variância foi:

Yij = µ + BL + Ai + Bj + ABij + eij

Onde:

Yij = Sistemas de corte no estádio vegetativo i na repetição j;

µ = média dos tratamentos;

BL = efeito do bloco

Ai = efeito do sistema de corte i; i = sem corte, um corte, dois cortes;

Bj = efeito do manejo do fungicida j; j = com ou sem;

ABij = efeito da interação entre sistema de corte e manejo de fungicida;

eij = erro aleatório associado a cada observação Yij.

6.5 Resultados e discussão

De maneira geral, com base nos dados presentes no resumo da análise da variância

(Anexo 2), observa-se que não houve interação significativa entre os fatores sistema de

manejo de corte e aplicação foliar de fungicida para os parâmetros bromatológicos e

qualitativos da forragem do centeio cultivado para produção de silagem.

Os teores de matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro

(FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) do centeio cv. Temprano, submetido à sistemas de

corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento são apresentados na

Tabela 5 e mostra que nos diferentes sistemas de cortes foram observadas diferenças (P<0,05)

para os parâmetros MM, FDN e FDA; enquanto que para os valores de PB não apresentaram

diferenças significativas com média de 7,73% no momento da ensilagem independente do

sistema de corte.

40

Tabela 5. Teores de matéria mineral, proteína bruta, fibra em detergente neutro e ácido do

centeio cv. Temprano, submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de

fungicida no pré-florescimento.

Sistemas de

corte no

vegetativo

Manejo de

fungicida

Cortes Forragem Média

88 DAS 135 DAS Ensilável

Matéria Mineral, %

Sem corte Com - - 3,04

2,90 B Sem - - 2,76

Um corte Com 7,24 - 2,69

2,59 C Sem 7,36 - 2,49

Dois cortes Com 7,42 5,45 3,32

3,27 A Sem 7,27 5,39 3,21

Média com fungicida - - 3,02 a -

Média sem fungicida - - 2,82 b -

Média geral 7,32 5,42 2,92 -

Proteína Bruta, %

Sem corte Com - - 8,02

7,62 A Sem - - 7,22

Um corte Com 20,71 - 8,83

7,95 A Sem 20,81 - 7,07

Dois cortes Com 19,72 17,08 7,87

7,63 A Sem 19,44 16,23 7,40

Média com fungicida - - 8,24 a -

Média sem fungicida - - 7,23 b -

Média geral 20,17 16,66 7,73 -

Fibra em detergente neutro, %

Sem corte Com - - 73,29

71,97 B Sem - - 70,65

Um corte Com 52,83 - 70,44

70,13 B Sem 52,55 - 69,81

Dois cortes Com 55,27 59,38 75,70

76,85 A Sem 54,32 58,76 78,00

Média com fungicida - - 73,14 a -

Média sem fungicida - - 72,82 a -

Média geral 53,74 59,07 72,98 -

Fibra em detergente ácido, %

Sem corte Com - - 49,81

46,68 A Sem - - 43,55

Um corte Com 32,59 - 41,24

41,55 B Sem 32,99 - 41,86

Dois cortes Com 28,04 38,66 46,69

47,60 A Sem 29,29 37,40 48,52

Média com fungicida - - 45,12 a -

Média sem fungicida - - 44,64 a -

Média geral 30,73 38,03 45,28 - Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre

si pelo teste Tukey a 5% de significância.

Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem

41

entre si pelo teste F a 5% de significância.

DAS = Dias após semeadura

A maior MM 3,27% foi observada no sistema de dois cortes, seguida da sem corte

com 2,90% e o menor valor no de um corte, 2,59%. Leão et al. (2019), no mesmo campo

experimental, com os mesmo sistemas de corte em diferentes cereais de inverno, observaram

comportamento diferente na cevada onde o tratamento com dois cortes teve o menor índice de

MM em relação os demais que não diferiram estatisticamente. Esta diferença é compreendida

quando se faz uma relação com os teores dos demais parâmetros avaliados, podendo

subentender que estes valores estão ligados aos carboidratos não fibrosos da planta, que

compõe esta relação estequiométrica, devido a maior participação de grãos na fase de

ensilagem.

A FDN foi superior no sistema de dois cortes no vegetativo com 76,85% , os demais

foram inferiores e não se diferiram, sem corte com 71,97% e o um corte com 70,13%. A FDA

foi menor no sistema de um corte com 41,55%, sendo os maiores e que não se diferenciaram

no sem corte com 46,68% e dois cortes 47,60%.

Neste cenário o uso de dois cortes no vegetativo não é desejável visto que aumentou

os teores de fibras podendo alterar o consumo dos animais, pois o como FDN tem relação

direta com a capacidade de consumo por parte dos ruminantes e o FDA com o aproveitamento

do alimento pelos mesmos (VAN SOEST, 1994).

Leão et al.(2019), obtiveram o mesmo comportamento dos valores de FDN na cevada,

já em relação ao FDA ele foi menor significativamente no tratamento de dois cortes no trigo,

triticale, aveia preta e na cevada, sendo maior no tratamento com um corte.

Lehmen et al. (2014) em silagens do centeio BRS Serrano encontraram valores

próximos do presente estudo com médias de 6,80% de PB, 73,70% de FDN e 40,40% de

FDA. Já Fontaneli et al., (2006), encontraram valores maiores de PB para o BRS Serrano com

9,20% e para o BRS 1 com 8,80% e, menores valores de FDN 63,60% e 66,90% e FDA

37,40% e 39,40% respectivamente. Neumann et al. (2019), em trabalho no mesmo campo

experimental, trabalhando com diferentes cereais de inverno, dentre eles o centeio BR1 no

mesmo estádio fenológico de grão farináceo, observaram valores de PB, FDN e FDA

próximos, com médias de 6,88, 77,78% e 40,34% respectivamente.

O processo de corte tende a reduzir o índice de área foliar e leva a mobilização de

reservas para mantença das taxas fotossintéticas e o desenvolvimento da planta, o que gera

alterações na sua arquitetura, levando a mudanças nos compostos da parede celular, estando

estes ligados a diferentes fatores bióticos dentro de cada espécie vegetal (Taiz e Zeiger, 2013).

42

Os maiores (P<0,05) valores de MM e PB foram observados com a aplicação de

fungicida com valores de 3,02% e 8,24% respectivamente, sem aplicação de fungicida as

médias foram inferiores com 2,82% para MM e 7,23% para PB.

O aumento dos teores de proteína, se dá pela ação fisiológica da Piraclostrobina, que

tem ação nas mitocôndrias das células vegetais e, atuam inibindo o transporte de elétrons do

citocromo-b para o citocromo-c na cadeia transportadora de elétrons, levando a uma redução

na produção de ATP (ANKE, 1995). Esta diminuição nos ATP segundo Fagan (2007),

também ocorre nas células vegetais levando a uma diminuição da respiração de manutenção

da planta, promovendo uma acidificação no citoplasma. Segundo Glaab e Kaiser (1999), esta

acidificação do citosol tem efeito sobre a enzima nitrato redutase que tem a sua atividade

significativamente aumentada. Köehle et al. (2003), avaliando o efeito da Piraclostrobina na

cultura do trigo comprovaram estes efeitos com redução de 10% de nitrato in vitro, sete dias

após a aplicação do produto, o que indica maior reassimilação para metabólitos mais

complexos, sendo o nitrato a principal forma que as plantas tem para absorver o nitrogênio.

Os valores de PB para Van Soest (1994), são mínimos necessários para que não haja

prejuízo à fermentação ruminal é de 7%, devido a diminuição da fermentação ruminal, além

de diminuir o consumo dos alimentos pelo baixo teor de proteína na dieta.

Com o uso de fungicida os teores de FDN e FDA não apresentaram diferenças

significativas com médias gerais de 72,98% de FDN e 45,28% para FDA. Fato, que se deve

pelas pequenas diferenças, no entanto significativas entre os demais componentes das silagens

como PB e MM por apresentarem menores razões expressaram a diferença. Outro ponto foi à

severidade de doenças de final de ciclo que atingiram ambos os tratamentos não expressando

a capacidade esperada do fungicida.

Os teores de hemicelulose (HEM), celulose (CEL) e lignina (LIG) do centeio cv.

Temprano, submetido à sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-

florescimento (Tabela 6) apresentaram diferenças (P<0,05) com os diferentes sistemas de

corte. A HEM foi superior nos sistemas de um (28,58%) e dois cortes (29,24%), o menor

valor foi com o sistema sem corte (25,29%). Os teores de CEL foram superiores nos

tratamentos sem corte e com dois cortes com médias de 34,41% e 35,29% respectivamente e,

diferenciando o menor valor de celulose foi observado no sistema de um corte com 30,76%

em média. O mesmo comportamento foi observado com os teores de LIG que se apresentaram

maiores nos sistemas sem corte (12,27%) e com dois cortes (12,31%) e, o menor valor com

um corte 10,79%. Horst et al. (2017) em trabalho avaliando a forragem do mesmo cv.

Temprano em corte no pré-florescimento encontrou valores próximos ao presente estudo dos

componentes da fibra, 27,9 para HEM, 36,2 para CEL e 9,7 para LIG.

43

Nos ruminantes os componentes da fibra são determinantes para se presumir qual será

o alimento mais digestível, a grande maioria da CEL, que é aproveitada pelos ruminantes, é

digerida no rúmen, já a HEM é a porção da fibra com maior aproveitamento pelos animais,

tem como característica considerável, parte dela passar pelo microbiota ruminal e ser

fermentada somente nos intestinos (VAN SOEST, 1994).

A degradação da HEM segundo CAMPOS et al. (2003), está relacionada com a

concentração de CEL e inversamente relacionada com o teores de LIG, uma vez que parte da

HEM está mais associada a esse composto do que a qualquer a outro polissacarídeo.

Tabela 6. Teores de hemicelulose, celulose e lignina do centeio cv. Temprano, submetido a

sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.

Sistemas de

corte

Manejo de

fungicida

Cortes Forragem Média

88 DAS 135 DAS Ensilável

Hemicelulose, %

Sem corte Com - - 23,48

25,29 B Sem - - 27,11

Um corte Com 20,24 - 29,20

28,58 A Sem 19,56 - 27,95

Dois cortes Com 27,23 20,72 29,01

29,24 A Sem 25,03 21,35 29,48

Média com fungicida - - 27,23 a -

Média sem fungicida - - 28,18 a -

Média geral 23,02 21,04 27,70 -

Celulose, %

Sem corte Com - - 37,44

34,41 A Sem - - 31,37

Um corte Com 21,86 - 30,28

30,76 B Sem 22,15 - 31,24

Dois cortes Com 19,12 28,78 35,52

35,29 A Sem 20,07 27,03 35,07

Média com fungicida - - 34,42 a -

Média sem fungicida - - 32,56 a -

Média geral 20,80 27,91 33,49 -

Lignina, %

Sem corte Com - - 12,37

12,27 A Sem - - 12,17

Um corte Com 10,73 - 10,96

10,79 B Sem 10,84 - 10,62

Dois cortes Com 8,92 9,88 11,17

12,31 A Sem 9,22 10,37 13,45

Média com fungicida - - 11,50 a -

Média sem fungicida - - 12,08 a -

Média geral 9,93 10,13 11,79 - Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre

si pelo teste Tukey a 5% de significância.

Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem

44

entre si pelo teste F a 5% de significância.

DAS = Dias após o semeadura

De maneira geral, o uso de fungicida não influenciou (P>0,05) os teores de HEM,

CEL e LIG, apresentando as respectivas médias 27,70%, 33,49% e 11,79%. Venancio (2019),

avaliando o Trigo, a Aveia preta e Aveia branca em dois cortes nos estádios vegetativos e

pleno vegetativo, com e sem a aplicação de Piraclostrobina, no mesmo campo experimental,

não observou diferenças significativas nos teores de HEM com média de 26,96 % e 27,41%

respectivamente para cada estádio fenológico, por outro lado, os teores de CEL e LIG

apresentaram diferenças sendo que o uso do fungicida Piraclostrobina aumentou os índices de

celulose nos dois estádios, na ordem de 28,96% e 20,31% em cada estádio, e a LIG diminui

36,29% no estádio vegetativo e 21,56% no pleno vegetativo.

A Figura 2 apresenta a taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta

inteira nos diferentes tratamentos testados, o comportamento de degradabilidade foi linear

crescente em todos os tratamentos. O tratamento sem corte com fungicida apresentou em

média 0,41% de aumento na degradabilidade a cada hora de exposição à microbiota ruminal,

o sem fungicida 0,47%, o sistema de um corte com fungicida 0,44% e sem fungicida 0,49%, o

sistema de dois cortes com fungicida apresentou média de 0,42% e o sem fungicida 0,33%

por hora de exposição.

Figura 2. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.

Temprano, submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-

20

25

30

35

40

45

50

55

0 6 12 18 24 30 36 42 48

Des

apar

ecim

ento

rum

inal

da

MS

, %

Horas de incubação, h DMS Sem corte - Com fungicida: 28,2904 + 0,4091h (CV: 10,75%; R²: 0,7573; P: 0,0001),

onde h representa horas de incubação, variando de 0 a 48 horas.DMS Sem corte - Sem fungicida: 29,2598 + 0,4693h (CV: 14,58%; R²: 0,6650; P = 0,0001)

DMS Um corte - Com fungicida: 33,4546 + 0,4420h (CV: 10,37%; R²: 0,7447; P = 0,0001)

DMS Um corte - Sem fungicida: 27,8903 + 0,4887h (CV: 16,45%; R²: 0,6399; P = 0,0001)

DMS Dois cortes - Com fungicida: 24,4952 + 0,4154h (CV: 14,15%; R²: 0,6959; P = 0,0001)

DMS Dois cortes - Sem fungicida: 23,3350 + 0,3342h (CV: 11,84%; R²: 0,7170; P = 0,0001)

45

florescimento.

Molina et al., (2002) ressaltam a importância e a viabilidade da técnica in situ ou do

saco de náilon suspenso no rúmen para estimar a desaparecimento ruminal da matéria seca

nos diferentes tempos de avaliação de determinado alimento, principalmente em função de

simplicidade do método e da economia. Estimativas confiáveis do desaparecimento ruminal

da MS, sejam elas de forragens ou de concentrados proteicos e energéticos, são essenciais

para os técnicos e produtores na hora da aplicação dos novos sistemas de predição das

exigências nutricionais dos ruminantes. Sendo os sistemas utilizam valores fixos de

degradabilidade para cada tipo de alimento, não levando em conta a variação que cada

alimento pode ter mesmo dentro da mesma espécie ou com manejos diferentes durante o ciclo

da cultura, como mostra o presente estudo (BUMBIERIS JUNIOR et al., 2011).

Quando é avaliado o comportamento do desaparecimento ruminal médio nos

diferentes sistemas de cortes (Figura 3) observa-se que houve comportamento linear

crescente, com maior valor de degradabilidade, 0,46% por hora de exposição, no sistema de

um corte, seguido pelo sem corte 0,44% e, o menor valor 0,37% nos dois cortes.

Figura 3. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.

Temprano, submetido a diferentes sistemas de corte.

20

25

30

35

40

45

50

55

0 6 12 18 24 30 36 42 48

Des

apar

ecim

ento

rum

inal

da

MS

, %

Horas de incubação, h

DMS Sem corte: 28,7751 + 0,4392h (CV: 13,15%; R²: 0,6874; P = 0,0001) onde h

representa horas de incubação, variando de 0 a 48 horas.DMS Um corte: 30,6724 + 0,4653h (CV: 14,46%; R²: 0,6433; P = 0,0001)

DMS Dois cortes: 23,9151 + 0,3748h (CV: 13,93%; R²: 0,6712; P = 0,0001)

46

O maior desaparecimento ruminal observado no tratamento com um corte no

vegetativo é reflexo direto da composição bromatológica do mesmo em relação ao demais,

visto que, apresentou os menores valores de LIG, devido a renovação de tecidos sem

prejudicar a produção final de grãos, que compõe a parte mais digerível da planta a nível

ruminal. Já no manejo com dois cortes no estádio vegetativo, observou-se assim como o

encontrado no estudo de Carvalho e Pires (2008), maior participação da porção fibrosa, aliado

a menor produção de grãos, o que explica os menores valores de desaparecimento. Ainda

segundo os mesmo autores, o que explica a menor degradação do tratamento sem corte em

relação ao de um corte, é o fato de que, devido às plantas serem mais velhas possuem maior

espessamento e lignificação da parede celular consequentemente levando a menor

aproveitamento.

A Figura 4 mostra que o uso de fungicida pouco interferiu na degradabilidade ruminal,

sendo que por hora de exposição ao ambiente ruminal apresentou aumento linear crescente de

0,42% e a não utilização de fungicida 0,43%.

Figura 4. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.

Temprano, com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.

O uso de fungicida não gerou grandes alterações nas taxas de desaparecimento, no

entanto o fungicida teve a capacidade de preservar maiores quantidades na planta de

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Des

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rum

inal

da

MS

, %

Horas de incubação, h

DMS: Com fungicida: 28,7467 + 0,4221h (CV: 15,52%; R²: 0,5959; P: 0,0001), onde h

representa horas de incubação, variando de 0 a 48 horas.

DMS: Sem fungicida: 26,8284 + 0,4307h (CV: 18,55%; R²: 0,5419; P: 0,0001)

47

componentes solúveis, que como já mencionada se deve à capacidade de ação fisiológica do

fungicida na planta.

A Figura 5 apresenta a taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta

inteira nos diferentes tratamentos testados nos corte realizados na fase vegetativa, o

comportamento de degradabilidade foi linear crescente em todos os tratamentos. O tratamento

com um corte com fungicida apresentou em média 0,98 % de aumento na degradabilidade a

cada hora de exposição a microbiota ruminal, o sem fungicida 0,95%, o primeiro corte dos

sistema de dois cortes com fungicida 0,93% e sem fungicida 0,88%, já o segundo corte do

mesmo sistema com fungicida apresentou média de 0,95% e o sem fungicida 0,98% por hora

de exposição.

Figura 5. Taxa de desaparecimento ruminal da matéria seca da planta do centeio cv.

Temprano com um e dois cortes no estádio vegetativo conforme o sistema de corte, com ou

sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.

Os materiais colhidos no estádio vegetativo mostraram-se, mesmo no segundo corte

com uma excelente qualidade e capacidade de aproveitamento a nível ruminal, fato que se

deve segundo Nascimento Junior et al. (2013), a composição das plantas forrageiras de

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0 6 12 18 24 30 36 42 48

Des

apar

ecim

ento

rum

inal

da

MS

, %

Horas de incubação, h

DMS 1º corte – Um Corte - Com fungicida: 45,8026 + 0,9848h (CV: 7,33%; R²: 0,9228; P = 0,0001),

onde h representa horas de incubação, variando de 0 a 48 horas.

DMS 1º corte – Um Corte - Sem fungicida: 46,0648 + 0,9479h (CV: 9,21%; R²: 0,8770; P = 0,0001)

DMS 1º corte – Dois Cortes - Com fungicida: 47,7056 + 0,9315h (CV: 6,98%; R²: 0,9201; P = 0,0001)

DMS 1º corte – Dois Cortes - Sem fungicida: 48,3941 + 0,8851h (CV: 6,78%; R²: 0,9175; P = 0,0001)

DMS 2º corte – Dois Cortes - Com fungicida: 30,9469 + 0,9479h (CV: 13,33%; R²: 0,8511; P = 0,0001)

DMS 2º corte – Dois Cortes - Sem fungicida: 27,9701 + 0,9880h (CV: 11,62%; R²: 0,8991; P = 0,0001)

48

inverno, que nesta fase possuem alta proporção de contudo celular em detrimento a menores

proporções de material fibroso que leva a maior degradação. Além disto, confirma que os

teores de fibra são inversamente proporcionais a digestibilidade da matéria seca do alimento,

além de impactarem diretamente no consumo voluntário dos animais, uma vez que vão

precisar de maior tempo de ruminação e consequentemente tem um efeito de enchimento

físico mais acentuado (VAN SOEST, 1994; NUSSIO et al., 2011).

6.6 Conclusão

De maneira geral, a utilização de um corte no estádio vegetativo e posterior ensilagem

no estádio de grão farináceo foi o melhor manejo empregado no centeio cv. Temprano com

base nos parâmetros de bromatologia e degradabilidade ruminal, pois, apresentou melhor

composição dos carboidratos fibrosos após o corte, o que gerou melhores índices de

degradabilidade da matéria seca a nível ruminal, ressaltando ainda o corte do vegetativo que

produziu um material de excelente qualidade nutricional.

Em relação à utilização ou não de fungicida, houve melhoras significativas nos teores

de proteína bruta e matéria mineral da planta no momento da ensilagem, devido aos efeitos

fisiológicos que a Piraclostrobina causa nas plantas tratadas o que gerou numericamente um

maior desaparecimento da matéria seca no rúmen.

6.7 Referências

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52

53

7 CAPÍTULO III – PERDAS, COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ESTABILIDADE

AERÓBICA DA SILAGEM DO CENTEIO CV. TEMPRANO SUBMETIDO A

DIFERENTES SISTEMAS DE CORTE COM OU SEM FUNGICIDA NO PRÉ-

FLORESCIMENTO

7.1 Resumo

O experimento foi conduzido no Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) pertencente ao

setor de ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual do Centro-Oeste

(UNICENTRO). O objetivo do trabalho foi avaliar as características fermentativas,

bromatológicas e o desaparecimento ruminal da matéria seca das silagens de Centeio cv.

Temprano, manejado com ou sem corte no estádio vegetativo e com ou sem aplicação de

fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de pré-

florescimento. Os tratamentos constaram de silagens resultantes da colheita no estádio de grão

farináceo, sendo T1: sem corte no vegetativo e sem aplicação de fungicida; T2: sem corte no

vegetativo com aplicação de fungicida; T3: um corte no vegetativo com aplicação de

fungicida no pré-florescimento; T4: um corte no vegetativo e sem aplicação de fungicida; As

silagens dos tratamentos que receberam um corte no vegetativo apresentaram-se melhor no

contexto geral, devido a melhor composição da fibra com menores valores de fibra em

detergente neutro e menor teores de lignina, no entanto devido ao seu maior teor de MS

apresentou um processo fermentativo menos eficiente em termos de concentração de ácidos

orgânicos e de estabilidade aeróbica, porém, o mesmo não alterou as perdas de MS nem

degradabilidade ruminal, atribuído a isso ainda tem-se o aproveitamento da MS colhida no

estádio vegetativo que tem certamente uma qualidade superior. A utilização de fungicida é

indicada na cultura do centeio, pois, proporcionou melhores índices de matéria seca e melhor

composição da fibra e, melhorou o processo fermentativo gerando menores perdas de MS sem

alterar a estabilidade aeróbica das silagens.

Palavras–chave: Ácidos orgânicos, desaparecimento ruminal, potencial hidrogeniônico,

Secale cereale.

7.2 Abstract

The experiment was conducted at the Animal Production Center (NUPRAN) belonging to the

Agrarian and Environmental Sciences sector of the Universidade Estadual do Centro-Oeste

(UNICENTRO). The objective of this study was to evaluate the fermentative, chemical

characteristics and ruminal disappearance of dry matter of Rye cv. Temprano, managed with

or without cutting at the vegetative stage and with or without application of Fluxapyroxad

54

Pyraclostrobin-based fungicide at the pre-flowering phenological stage. The treatments

consisted of silages resulting from harvesting at the stage of floury grain, namely T1: without

cut at the vegetative stage and without fungicide application; T2: without cut at the vegetative

stage and with fungicide application; T3: a cut at the vegetative stage with fungicide

application at pre-flowering; T4: a cut at the vegetative and without fungicide application.

The silages of the treatments cut at the vegetative stage were better in the general context, due

to the better fiber composition with lower values of neutral detergent fiber and lower lignin

contents. However, due to its higher DM content, it presented a less efficient fermentation

process in terms of organic acid concentration and aerobic stability, but it did not alter DM

losses or ruminal degradability, to which is attributed the use of DM harvested at the

vegetative stage, which certainly has a higher quality. The use of fungicide is indicated in rye

crops, as it provided better dry matter indices and better fiber composition and improved the

fermentative process generating lower DM losses without changing the aerobic stability of the

silages.

Key words: Organic acids, potential of hydrogen, ruminal disappearance, Secale cereale.

7.3 Introdução

A região sul do Brasil tem se destacado no cenário nacional devido à eficiência dos

sistemas integrados de produção agropecuária, onde se realizam rotações entre culturas anuais

de grãos no verão e, no inverno, com cultivos de plantas e/ou pastagens que antes tinham

como destino somente a cobertura do solo, no entanto nos cenários atuais estão cada vez mais

sendo utilizadas para alimentação animal (FONTANELLI et al., 2016).

Segundo Fontaneli et al. (2011), as forrageiras que tem destaque no cultivo são a

Aveia Preta e o Azevém, secundadas pelos cereais que podem ser utilizados em sistemas de

duplo propósito como o trigo, Aveia Branca, Cevada, Triticale e o Centeio. Estes materiais

tem se mostrado muito versáteis, podendo ser utilizados na nutrição dos animais em diversas

fases do desenvolvimento, no estádio vegetativo usado para forrageamento direto

(NASCIMENTO JUNIOR. et al., 2013), ou segundo Bumbieris Júnior et al. (2011), o seu

excedente utilizado para a produção de feno e pré-secado e dessa forma ter-se-á alimento

estocado para outras épocas, podendo ainda a cultura ser utilizada mais vezes, uma vez que

para produção de silagem pré-secada, a mesma é colhida antes do fechamento do seu ciclo

normal e, por fim o uso no estádios reprodutivos, utilizados para a produção de grãos e a

55

participação dos mesmos nos concentrados ou para a produção de silagem da planta inteira

(BORTOLINI et al., 2004).

A silagem segundo Pereira e Reis (2001), é um processo com o objetivo de

conservação da forragem fresca, a partir de uma fermentação anaeróbica, que ocorre

basicamente devido à conversão de carboidratos solúveis das plantas ou adicionados, em

ácidos orgânicos, graças à ação de diversos microrganismos que, no ambiente adequado, se

proliferam e proporcionam condições adequadas para a conservação do valor nutritivo

original.

Segundo Calegari (2004), o centeio é uma planta pertencente à família das gramíneas,

anual de inverno que apresenta um sistema radicular fasciculado e agressivo, tem hábito de

crescimento cespitoso, apresenta colmos cilíndricos eretos e glabros com estrutura variando

entre 1,2 a 1,8 m de altura, suas folhas de coloração verde-azuladas lineares com lígulas

membranosas e com aurículas pequenas.

A ensilagem de cereais de inverno torna-se uma alternativa para fornecimento de

volumoso de qualidade em períodos onde tem baixa oferta no campo, além de possibilitar a

substituição parcial de silagens tidas como tradicionais como o milho e o sorgo, que

apresentam um custo superior de produção, e ainda não competindo com culturas tradicionais

no verão como é o caso da soja (ZAMARCHI et al., 2014)

Um dos entraves da produção de cerais de inverno no Sul do Brasil são as condições

climáticas geralmente encontradas durante o ciclo das culturas, principalmente pelo excesso de

chuvas, que é determinante para o favorecimento do aumento de doenças (REIS E CASA, 2005).

Para Goulart et al. (1998), uma ferramenta que tem a capacidade de estabilizar a

produtividade é o uso de correto das diferentes classes de fungicidas.

Para o ajuste adequado no fornecimento dos alimentos que compõe as rações dos

animais domésticos, as avaliações do comportamento digestivo tiveram nos últimos anos um

desenvolvimento considerável, os melhores resultados de produtividade dos animais estão

diretamente ligados à qualidade da alimentação fornecida. As forragens têm dentro dos

sistemas de produção pecuários papel primordial, fornecendo a fibra, que geralmente é uma

fonte de energia com um valor reduzido, e é responsável pela manutenção da função ruminal,

além da regulação do consumo e fornecimento de compostos importantes para produção de

leite e carne (CARVALHO et al., 2010).

Partindo deste pressuposto trabalho teve o objetivo avaliar as características

fermentativas, bromatológicas e o desaparecimento ruminal da matéria seca das silagens de

Centeio cv. Temprano, manejado com ou sem corte no estádio vegetativo e com ou sem

56

aplicação de fungicida a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina no estádio fenológico de

pré-florescimento.

7.4 Material e métodos

O experimento foi conduzido no Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) pertencente

ao setor de ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual do Centro-Oeste

(UNICENTRO), localizado no município de Guarapuava – PR, situado na zona subtropical do

Paraná (MAACK, 2002), sob as coordenadas geográficas 25º23’02” de latitude sul e

51º29’43” de longitude oeste e 1.026 m de altitude.

O clima da região segundo a classificação de Köppen é o Cfb (Subtropical

mesotérmico úmido), com verões amenos e inverno moderado, sem estação seca definida e

com geadas severas. Caracterizado por temperatura média no mês mais quente inferior a 22ºC

e temperatura média no mês mais frio inferior a 18ºC. A precipitação média anual é de 1.944

mm, temperatura média mínima anual de 12,7°C, temperatura média máxima anual de 23,5°C

e umidade relativa do ar de 77,9% (IAPAR, 2000).

O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Bruno Típico (POTT et

al., 2007). Em ocasião antecipada ao cultivo a área apresentou as seguintes características

químicas (perfil de 0 a 20 cm): pH CaCl2 0,01M: 4,8; fósforo: 1,0 mg dm-3

; K+: 0,2 cmolc dm

-

3; MO: 2,62%; Al

3+: 0,0 cmolc dm

-3; H

++Al

3+: 5,2 cmolc dm

-3; Ca

2+: 5,2 cmolc dm

-3; Mg

2+: 5,1

cmolc dm-3

e saturação de bases: 65,8%.

Como material experimental utilizou-se o Centeio (Secale cereale), cultivar

Temprano. Os tratamentos constaram de silagens resultantes da colheita no estádio de grão

farináceo, sendo T1: sem corte e sem aplicação de fungicida; T2: sem corte com aplicação de

fungicida; T3: um corte com aplicação de fungicida no pré-florescimento; T4: um corte sem

aplicação de fungicida.

O campo experimental foi constituído de uma área total de 540 m², distribuída em 24

parcelas de 9,45 m² cada (3,15m x 3m) correspondente a 54 m lineares de semeadura, onde

será utilizada área útil de 4,2 m² (2,1m x 2m) correspondente a 24 m lineares de semeadura

para as avaliações.

A semeadura do experimento foi em sistema de plantio direto no dia 12/04/2017, de

maneira uniforme para os tratamentos. No plantio o espaçamento entre linhas foi de 0,175 m,

a profundidade de semeadura foi de 0,02 m com distribuição média de 220 sementes por m².

Na implantação do centeio utilizou-se adubação de base de 280 kg ha-1

do fertilizante

formulado 08-30-20 (N-P2O5-K2O), respeitando recomendações, do manual de adubação e

57

calagem para o estado do Paraná (SBCS/NEPAR, 2017). A adubação nitrogenada de

cobertura foi realizada 51 dias após a semeadura e constou de uma aplicação única de 444 kg

ha-1

de ureia (45-00-00), garantindo a aplicação de 200 kg ha-1

de nitrogênio.

As plantas daninhas foram controladas quimicamente, com o uso de herbicidas,

primeiramente na dessecação da área experimental antes da semeadura, utilizando-se

herbicida à base de Glifosate (produto comercial Roundup Original®: 2,0 l ha

-1), já no manejo

da cultura, 30 dias após a semeadura foi efetuada a aplicação do herbicida a base de

metsulfuron-metyl (produto comercial Ally®: 6,6 g ha

-1).

O controle de pragas foi realizado aos 30 dias após a semeadura, de acordo com

avaliações de campo, sendo utilizado o inseticida a base de Thiamethoxam +

Lambdacyhalothrin (produto comercial Engeo Pleno®: 150 ml ha

-1) e outra aplicação aos 145

dias após a semeadura, conforme avaliação de campo.

O produto a base de Fluxapiroxade + Piraclostrobina (produto comercial

OrkestraTM

SC®: 0,35 l.ha

-1) foi o fungicida aplicado no pré-florescimento nos tratamentos

com aplicação de fungicida.

O regime de manejo dos tratamentos submetidos a um corte (T3 e T4) foram

realizadas nas fazes de pleno perfilhamento. A altura de rebaixamento seguiu as

recomendações de Fontaneli et al. (2009), ou seja, a 0,07 m da superfície do solo.

As silagens foram confeccionadas em equivalência de estádios reprodutivos, sendo

definido o estádio de grão farináceo, bem como, o momento indicado para a ensilagem, de

acordo com Fontaneli et al. (2009), sendo o corte realizado nos 188 dias, 195 dias após a

semeadura conforme manejos de 0 ou 1 corte, respectivamente.

O corte das plantas, contidas na área útil de cada parcela (4,2 m²), foi de forma manual

com o auxílio de uma foice serrilhada. No momento da ensilagem as plantas de cada parcela

foram processadas em picador de forragem estacionário, modelo EM 6400 da marca

Nogueira® e ensiladas em silos experimentais. Após o processamento, foi observado um

tamanho médio de partícula de 3,7cm, determinado segundo metodologia proposta por Jobim

et al. (2007). Os silos foram tubos de PVC, com 10cm de diâmetro X 50cm de altura (Volume

de 0,003m³) e capacidade para cerca de 3kg, compactados de forma manual e devidamente

identificados com etiquetas. Para vedação dos silos, foi utilizada lona preta e fita adesiva.

Após a abertura do silo duas amostras representativas das silagens de cada silo foram

coletadas, sendo a primeira direcionada as avaliações de estabilidade aeróbia e a segunda para

determinação dos teores de matéria seca, utilizando estufa de ar forçado a 55°C, até a

obtenção de peso constante entre pesagens (AOAC, 1984).

58

As avaliações da estabilidade aeróbica foram realizadas por meio de mensuração de

temperatura e do pH. De cada silo experimental foi retirado uma amostra de 400g do material

que foi alocada em baldes com capacidade para 1kg. Os baldes foram acondicionados em

ambiente controlado, com temperatura programada para permanecer estável a 25°C, durante

todo o tempo de avaliação. Para determinar a estabilidade aeróbica, diariamente (às 7h, às

15:00h e as 23:00h.) foram realizadas leituras de temperatura e pH e o tempo de avaliação foi

mantido até a perda da estabilidade aeróbica do material.

A leitura da temperatura das silagens foi realizada utilizando um termômetro de haste

longa modelo Gulterm 1001 digital inserido no centro da massa da forragem, as leituras de pH

foram feitas por meio do uso de potenciômetro digital, de acordo com a metodologia

estabelecida por Cherney & Cherney (2003).

O critério para definição de quebra de estabilidade aeróbia foi considerada quando o

pH aumentasse em níveis acima de 0,5 unidades, conforme citado por Weinberg et al. (2007).

Todas as amostras pré-secas das silagens foram moídas a 1mm em moinho tipo

"Willey", onde sequencialmente determinou-se a matéria seca total em estufa a 105ºC por

16h, proteína bruta (PB) pelo método micro Kjeldahl, matéria mineral (MM) por incineração

a 550ºC (4 horas) (SILVA e QUEIROZ, 2009). Foram também determinados os teores de

fibra em detergente neutro (FDN), conforme Van Soest et al. (1991), utilizando-se α amilase

termoestável (Termamyl 120L, Novozymes Latin América Ltda.), fibra em detergente ácido

(FDA) e lignina (LIG) segundo Goering e Van Soest (1970) e os teores de Hemicelulose

(HEM) e Celulose (CEL), pela equação (HEM = FDN – FDA e CEL= FDA - LIG ) seguindo

metodologia proposta por Silva e Queiroz (2009).

O desaparecimento ruminal da MS das silagens foram estimadas pela técnica de

digestibilidade in situ utilizando sacos de náilon medindo 12x8cm e com poros de 40 a 60

µm, contendo aproximadamente 5g de cada material, moído a 1mm, para posterior incubação

no rúmen (NOCEK, 1988). Os tempos de incubação utilizados foram de 24 e 48 horas. Este

procedimento foi previamente submetido à apreciação e aprovação pelo Comitê de Ética no

Uso de Animais da UNICENTRO, sob ofício nº 035/2017 CEUA/UNICENTRO. Para tal,

foram utilizados dois novilhos da raça Jersey, com 48 meses de idade, peso vivo médio de

550 kg, munidos de fístula ruminal, que estavam alocados na unidade didática de bovinos de

corte a qual foi implantada pela técnica de ruminotomia, previamente aprovada pelo Comitê

de Ética no Uso de Animais da UNICENTRO, sob ofício n° 030/2014 -

CEUA/UNICENTRO.

A concentração do ácido lático foi realizada conforme metodologia descrita por Price

(1969). As concentrações de etanol e dos ácidos acético, propiônico e butírico nas amostras

59

foram determinadas por cromatografia gasosa utilizando um cromatógrafo Shimadzu®

GC-

2010 Plus equipado com injetor automático AOC-20i, coluna capilar Stabilwax-DA™ (30 m,

0,25 mm ID, 0,25µm df, Restek®) e detector de ionização de chama (FID).

O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 2x2, sendo

2 regimes de cortes (0 e 1 corte) e 2 manejos de aplicação (com e sem fungicida), com seis

repetições, onde cada repetição é representada por uma parcela de 9,45m².

Os dados foram submetidos aos testes de Shapiro-Wilk e Bartlett, a fim de verificar os

pressupostos de normalidade e homogeneidade de variância, respectivamente. Uma vez

atendidos estes pressupostos, aplicou-se o teste F a 5% de probabilidade de confiança, por

meio da análise de variância (ANOVA) ao nível de 5% de significância por intermédio do

programa estatístico SAS (1993). O modelo matemático utilizado para a análise de variância

foi:

Yij = µ + BL + Ai + Bj + ABij + eij

Onde:

Yij = Sistemas de corte no estádio vegetativo i na repetição j;

µ = média dos tratamentos;

BL = efeito do bloco

Ai = efeito do sistema de corte i; i = sem corte ou com um corte no vegetativo;

Bj = efeito do manejo do fungicida j; j = com ou sem;

ABij = efeito da interação entre sistema de corte e manejo de fungicida;

7.5 Resultados e Discussão

De maneira geral (Anexo 3), observa-se que houve interação significativa (P<0,05)

para os parâmetros, ácido acético e ácido butírico, entre os fatores sistema de manejo de corte

e aplicação foliar de fungicida, os demais parâmetros qualitativos das silagens do centeio não

apresentaram interação entre os fatores do estudo.

O teor de matéria seca (Tabela 7) foi superior (P<0,05) no tratamento que recebeu um

corte no vegetativo e depois ensilagem com média de 49,12% de MS, quando comparado ao

tratamento que não recebeu corte no vegetativo, com 45,04% de MS. Em relação às perdas de

MS, não foi possível constatar diferenças significativas entre os sistemas de corte, com média

de 4,63%. O pH por sua vez foi superior (P<0,05) nas silagens que receberam um corte no

vegetativo, com média de 4,33, em relação ao tratamento sem cortes com 4,12. Lehmen et al.

(2014), trabalhando com diferentes cerais de inverno sem corte no vegetativo, dentre eles o

60

Centeio cv. BRS Serrano com teor de matéria seca de 33,69%, encontrou valores de pH que

corroboram com o presente estudo 4,26 e perdas de matéria seca durante a ensilagem de

3,3%.

Tabela 7. Características químicas fermentativas das silagens do centeio cv. Temprano

submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.

Sistemas de corte Manejo de Fungicida

Média Com Sem

Matéria seca, % da MN

Sem corte 44,78 45,30 45,04 B

Um corte 46,94 51,31 49,12 A

Média 45,86 a 48,30 b 47,08

Perdas de MS, % da MS

Sem corte 2,48 5,13 3,81 A

Um corte 4,60 6,32 5,46 A

Média 3,54 a 5,73 b 4,63

pH

Sem corte 4,14 4,10 4,12 B

Um corte 4,30 4,35 4,33 A

Média 4,22 a 4,23 a 4,22 Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre

si pelo teste F a 5% de significância

Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem

entre si pelo teste F a 5% de significância.

Van Soest (1994), menciona que a ensilagem de materiais com teores de MS elevados,

o pH deixa de ser um parâmetro eficiente para determinação da qualidade da silagem, visto

que a baixa umidade e alta pressão osmótica tem como características a inibição da

acidificação do meio. Fato que leva a uma relação inversa entre o pH e umidade, onde o pH

passa a não mais indicar necessariamente uma silagem de menor qualidade.

O uso de fungicida no pré-florescimento determinou menor (P<0,05) teor de matéria

seca nas silagens com médias de 45,86% comparada a sem o uso de fungicida com média de

48,30%, o mesmo comportamento foi observado nas perdas de MS durante o processo

fermentativo, com médias de 3,54% contra 5,73% quando não se usou fungicida o que

corresponde a um aumento de 61,78% nas perdas de matéria seca. Fato que se deve as ação

fisiológica da Piraclostrobina em atuar na da planta levando segundo Fagan et al. (2010), a

redução na produção de etileno, com isso retardo na senescência das folhas, aumentando com

isso capacidade fotossintética das plantas, também chamado de “efeito verde”, justificando o

menor teor de MS. Fato que gerou um melhor processo de fermentação e gerou menores

perdas de MS, no entanto o pH não sofreu diferenças significativas com o uso de fungicida

apresentando em média 4,22.

61

Este teor de MS mais baixo por sua vez, tem segundo MUCK (1988), valores mais

próximos do ideal para o processo fermentativo, que é de 30% a 35%, pois a atividade de

água é importante para os microrganismos presentes nas plantas transformarem os

carboidratos solúveis em ácidos orgânicos, levando há uma queda esperada do pH para

valores inferiores a cinco, com isso evitando fermentações indesejáveis, além da redução da

proteólise que é inevitável dentro do processo, o que justifica as menores perdas com o uso do

fungicida.

O teor de PB das silagens (Tabela 8) não apresentou diferenças (P>0,05) nos sistemas

de cortes avaliados, com média de 6,99%, o mesmo comportamento foi observado com a

HEM com média de 15,49%. Já os valores dos demais parâmetros avaliados foram superiores

significativamente no tratamento que não recebeu cortes no vegetativo, antes da ensilagem,

em relação ao que recebeu um corte e então ensilagem, dentre eles MM (3,95% versus

3,53%), FDN (67,18% versus 62,64%), FDA (51,93% versus 46,92%), CEL (40,95% versus

37,82%) e LIG (10,98% versus 9,10%).

Tabela 8. Composição química bromatológica das silagens do centeio cv. Temprano

submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.

Sistemas de corte Manejo de Fungicida

Média Com Sem

Proteína Bruta, % da MS

Sem corte 7,15 6,92 7,04 A

Um corte 6,92 6,97 6,94 A

Média 7,04 a 6,94 a 6,99

Matéria mineral, % da MS

Sem corte 3,97 3,93 3,95 A

Um corte 3,65 3,40 3,53 B

Média 3,81 a 3,67 a 3,74

Fibra em detergente neutro, % da MS

Sem corte 66,80 67,57 67,18 A

Um corte 60,27 65,01 62,64 B

Média 63,53 b 66,29 a 64,91

Fibra em detergente ácido, % da MS

Sem corte 51,75 52,11 51,93 A

Um corte 44,80 49,03 46,92 B

Média 48,28 a 50,57 a 49,42

Hemicelulose, % da MS

Sem corte 15,05 15,46 15,25 A

Um corte 15,47 15,98 15,72 A

Média 15,26 a 15,72 a 15,49

Celulose, % da MS

Sem corte 41,00 40,91 40,95 A

Um corte 36,76 38,88 37,82 B

Média 38,88 a 39,89 a 39,39

62

Lignina, % da MS

Sem corte 10,75 11,20 10,98 A

Um corte 8,04 10,15 9,10 B

Média 9,39 b 10,68 a 10,04 Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre

si pelo teste F a 5% de significância

Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem

entre si pelo teste F a 5% de significância.

Fontaneli et al. (2009), avaliaram diferentes silagens de cerais de inverno dentre elas a

do Centeio, que apresentou valores de PB próximos ao do presente estudo com médias de

8,30% para PB, já as porções da fibra foram inferiores 59,80% de FDN, 36,90% de FDA. No

caso da PB Rotz e Muck (1994), também obtiveram valores próximos quando as silagens

foram realizadas no mesmo estádio fenológico 7,20%.

Horst et al. (2018), em trabalho avaliando a silagem diferentes cereais de inverno na

fase de pré-florescimento , avaliando o centeio cv. Temprano e cv. BRS Serrano, encontrou

valores de PB e MM superiores ao presente estudo 9,09% e 9,14% respectivamente de PB

para cada material e 5,19% e 5,46% respectivamente de MM. No mesmo estudo porém os

valores de FDN e FDA já foram mais semelhantes ao encontrado com 73,93% e 45,95%

respectivamente para o cv. Temprano e 71,99% e 46,98% para o cv. BRS Serrano. Neumann

et al. (2019), em trabalho com o centeio BR1 no mesmo campo experimenta e no mesmo

estádio de confecção da silagem observaram nas silagem valores de MM, PB, FDN e FDA

semelhantes com médias de 3,56%, 7,05% a 57,07% e 38,02%, respectivamente.

O uso de fungicida no pré-florecimento, levou a uma diminuição significativa nos

parâmetros FDN, com médias de 63,53% contra 66,29% do tratamento controle, o mesmo foi

observado com a LIG que apresentou 9,39% contra 10,68%, como já mencionado o FDN está

diretamente relacionado com a capacidade de ingestão, permitindo um maior consumo com o

uso de fungicidas e a diminuição da lignina permitindo maior aproveitamento do alimento. Os

demais parâmetros avaliados não apresentaram diferenças (P>0,05) com o uso de fungicida

apresentado médias de 6,99% PB, 3,74% de MM, 49,42% de FDA, 15,49% de HEM e

39,39% de CEL.

Venancio (2019), em trabalho avaliando o trigo e a aveia preta em silagens no mesmo

estádio fenológico e no mesmo campo experimental, porem com duas aplicações também

observou o mesmo comportamento com valores de FDN inferiores com a aplicação de

fungicida. Neumann et al, (2019) sugerem que estas diferenças no FDN e não encontradas no

FDA se da pela a ação do ácido presentes durante o processo fermentativo da silagem, tenha

ocorrido hidrólise da fração hemicelulose.

63

O desaparecimento ruminal da matéria seca das silagens de centeio cv. Temprano em

24 e 48 horas (Tabela 9), não foi afetado (P>0,05) pelos diferentes sistemas corte nem pelo

uso ou não de fungicida no pré-florecimento, apresentando médias de 41,44% e 51,07%

respectivamente nos horário avaliados.

Tabela 9. Desaparecimento ruminal das silagens do centeio cv. Temprano em 24 e 48 horas

de exposição, submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-

florescimento.

Sistemas de corte Manejo de Fungicida

Média Com Sem

Taxa desaparecimento ruminal da MS em 24 horas, %

Sem corte 40,36 40,99 40,68 A

Um corte 42,53 41,86 42,20 A

Média 41,45 a 41,43 a 41,44

Taxa desaparecimento ruminal da MS em 48 horas, %

Sem corte 49,89 51,86 50,87 A

Um corte 52,76 49,78 51,27 A

Média 51,32 a 50,82 a 51,07 Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre

si pelo teste F a 5% de significância

Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem

entre si pelo teste F a 5% de significância.

Rotz e Muck (1994), em experimento com silagens de centeio em mesma fase,

encontraram valores de digestibilidade in vitro de 54,2%, mostrando a melhora que os

materiais tiveram na questão genética quanto a qualidade na digestão. Horst et al. (2017),

trabalhando com silagens pré-secadas na fase de pré florescimento do cv. Temprano e BRS

Sereno encontrou valores de desaparecimento ruminal superiores o do presente estudo,

49,59% e 51,77% respectivamente em 24 h e 69,36% e 71,20% em 48h respectivamente cada

cultivar.

O comportamento dos principais ácidos orgânicos e o etanol gerados durante o

processo fermentativo (Tabela 10) foi diferente, houve interação significativa (Anexo 3.)

entre os fatores sistema de corte e uso de fungicida para os parâmetros ácido acético e ácido

butírico. O ácido láctico foi superior (P<0,05) no tratamento que não recebeu corte no estádio

vegetativo (32,08g kg-1

de MS) em relação ao tratamento com corte (20,93g kg-1

de MS). Já o

ácido propiônico e o etanol não apresentaram diferenças significativas nos diferentes sistemas

de corte com médias de 0,81g kg-1

de MS e 1,73g kg-1

de MS, respectivamente.

O ácido acético foi menor (P<0,05) dentro da interação dos fatores no tratamento de

um corte sem fungicida com média de 2,76 g kg-1

de MS, em relação aos tratamentos um

64

corte com fungicida 7,33 g kg-1

de MS e os tratamentos sem cortes que apresentaram 6,80 g

kg-1

de MS e 8,07 g kg-1

de MS respectivamente com e sem fungicida.

O ácido butírico foi superior (P<0,05) na interação no tratamento um corte com

fungicida com média de 3,69 g kg-1

de MS em relação aos demais, sem fungicida 1,41 g kg-1

de MS e, os tratamentos sem corte com médias de 2,04 g kg-1

de MS e 1,68 g kg-1

de MS

respectivamente com e sem fungicida.

Oliveira et al. (2010), trabalhando com silagens de Triticale em diferentes datas de

colheita, observou valores de Ácido acético variando entre 19,3 a 70,5 g kg-1

de MS, o Ácido

propiônico de 0,0 a 6,3 g kg-1

de MS, o Ácido butírico 0,8 a 4,5 g kg-1

de MS e por fim o

Ácido láctico variando de 9,7 a 120,5 g kg-1

de MS, mostrando assim como no presente

trabalho uma grande variação nos resultados.

Oliveira et al. (2018), em trabalho realizado com silagem do Trigo BRS Umbu sem

cortes, apresentaram valores no geral superiores ao do presente estudo, Ácido acético 19,1 g

kg-1

de MS, Ácido propiônico 5,2 g kg-1

de MS, o Ácido butírico 5,6 g kg-1

de MS, o Ácido

láctico 17,6 g kg-1

de MS e, Etanol 7,7 g kg-1

de MS, fato compreendido pela maior

participação de grãos no momento da ensilagem do trigo.

Tabela 10. Perfil fermentativo (g kg-1

) das silagens do centeio cv. Temprano submetido a

sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.

Sistemas de corte Manejo de Fungicida

Média Com Sem

Ácido Láctico, g kg-1

de MS

Sem corte 32,06 32,10 32,08 A

Um corte 23,30 18,56 20,93 B

Média 27,68 a 25,33 a 26,50

Ácido Acético, g kg-1

de MS*

Sem corte 6,80 A 8,07 A 7,43

Um corte 7,33 A 2,76 B 5,04

Média 7,06 5,42 6,24

Ácido Propiônico, g kg-1

de MS

Sem corte 0,21 1,09 0,65 A

Um corte 0,41 1,52 0,97 A

Média 0,31 b 1,31 a 0,81

Ácido Butírico, g kg-1

de MS*

Sem corte 2,04 B 1,68 B 1,86

Um corte 3,69 A 1,41 B 2,55

Média 2,87 1,55 2,21

Etanol, g kg-1

de MS

Sem corte 1,76 1,44 1,60 A

Um corte 2,37 1,35 1,86 A

Média 2,07 a 1,39 a 1,73 Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre

65

si pelo teste F a 5% de significância

Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem

entre si pelo teste F a 5% de significância.

* Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na colunas e linhas, diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de

significância na interação dos fatores manejo de corte e de fungicida.

O comportamento esperado durante o processo de conservação das forragens na forma

de silagem é que na ausência de oxigênio ocorra rápida queda e estabilização do pH, e

consequentemente melhor conservação do material ensilado. Esta queda depende diretamente

da quantidade de açucares prontamente fermentáveis presentes no material ensilado e

convertidos em ácidos orgânicos. Se a mesma for adequada, as condições são mais favoráveis

para o desenvolvimento das espécies de bactérias ácido láticas presente no meio, no entanto e

o tipo de fermentação atingido pode ser diferente e, variar principalmente pelas distintas

concentrações dos ácidos acético e lático (TABACCO et al., 2011).

Altas concentrações de oxigênio, caso haja atrasos no fechamento do silo ou baixa

compactação da massa ensilada, levará há um prolongamento da respiração da planta e

predominância de bactérias do gênero Clostridium, além de fungos e leveduras, com isso

diminuição das bactérias ácido lática o que diminui a quantidade de ácido levando a menor

queda do pH e, causando a elevação da temperatura (McDONALD et al., 1991).

Sá Neto et al. (2013), relatam que altas concentrações de ácido butírico indicam que

houve ação de enterobactérias durante o processo fermentativo e o risco deste ocorrem, caso o

processo seja mal feito, é maior em silagens com maior disponibilidade de nutrientes para

desenvolvimentos desses microrganismos deteriorantes.

Segundo Cherney & Cherney (2003), produtos neutros podem ser gerados durante o

processo fermentativo podem dentre eles o etanol, propanol, e 2,3 propanodiol dentre outros,

a concentração de etanol pode variar entre valores de 10 a 50 g kg-1

de MS e, desde que se

permita um período de adaptação dos animais o mesmo não traz complicações e pode ser

convertido em acetato no ambiente ruminal.

O uso de fungicida não alterou significativamente a concentrações de ácido lático e

etanol nas silagens com média de 26,50 g kg-1

de MS e 1,73 g kg-1

de MS respectivamente. O

ácido propiônico por sua vez foi menor (P<0,05) com o uso de fungicida com média de 0,31 g

kg-1

de MS com 1,31 g kg-1

de MS quando se usou, indicando que possa ter ocorrido uma

alteração no processo fermentativo, neste ácido orgânico em especifico com o fungicida.

A máxima temperatura após a abertura dos silos nas silagens (Tabela 11) foi superior

(P<0,05) no tratamento sem corte no vegetativo com 216 h, em relação ao tratamento com um

corte com 176h. A quebra da estabilidade aeróbia também apresentou o mesmo

66

comportamento sendo superior (P<0,05) em horas no tratamento sem corte 240h em relação

ao com um corte 216h após a abertura do silo.

Oliveira et al. (2018) em trabalho já mencionado apresentou a quebra de estabilidade

com 141,3h após a abertura do silo. Neumann et al, (2019), por sua vez obtiveram valores de

160h para quebra de estabilidade nas silagens do centeio - BR1 não diferindo de outros cerais

como a cevada - BRS Cauê e o trigo - CD 1440 com as mesmas 160h.

A estabilidade aeróbia esta diretamente relacionada ao pH e a temperatura do material

a partir do contato com o oxigênio. As bactérias produtoras de ácido butírico e as leveduras

são suscetíveis ao ambiente ácido gerado na fermentação, por tanto níveis baixos de pH

tendem a gerar maior conservação do material (RODRIGUES et al., 2015). Já a temperatura

do material está diretamente relacionada a atividade das leveduras que em ambiente aeróbios

se desenvolvem consumindo os compostos formados na fermentação, levando a deterioração

e consequentemente aumento do pH. Neste ponto vale ressaltar o ácido acético que tem papel

importante na preservação do material agindo diretamente nas leveduras e inibindo sua ação

(KUNG JR, et al., 2003).

Tabela 11. Tempo para máxima temperatura após abertura e perda de estabilidade aeróbia

das silagens do centeio cv. Temprano submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação

foliar de fungicida no pré-florescimento.

Sistemas de corte Manejo de Fungicida

Média Com Sem

Tempo para máxima temperatura, horas

Sem corte 216 216 216 A

Um corte 176 176 176 B

Média 196 196 a

Tempo para quebra da estabilidade, horas

Sem corte 240 240 240 A

Um corte 216 216 216 B

Média 228 a 228 a Médias, seguidas de letras maiúsculas diferentes na coluna na comparação entre sistemas de corte, diferem entre

si pelo teste Tukey a 5% de significância.

Médias, seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna, na comparação entre manejo de fungicida diferem

entre si pelo teste F a 5% de significância.

Muck (2010) cita em seu trabalho que a flora epifítica, de alguns cereais de inverno,

composta por agentes heterofermentativos provoca maiores concentrações de ácido acético

1,2 propanodiol, sendo este transformado em ácido propiônico. Enquanto, Leão et al. (2017)

supõem que a maior estabilidade atribuída a algumas silagens de cereais de inverno pode estar

relacionada a esta maior produção de ácidos orgânicos com potencial antifúngico, evitando,

assim, o acréscimo de temperatura.

67

O uso de fungicida não afetou significativamente os parâmetro tempo para máxima

temperatura atingida (196 h) e, tempo para quebra da estabilidade (228h).

A estabilidade aeróbia da silagem de milho pode ser alterada com a aplicação da

piraclostrobina, Haerr et al. (2015) encontraram maior estabilidade aeróbia da silagem quando

se utilizou três aplicação de piraclostrobina. Os mesmos autores apresentaram dados de

concentrações de etanol, após a fermentação, maiores para o tratamento com piraclostrobina,

esta provavelmente pela maior concentração de açúcares no momento da colheita.

A quebra da estabilidade aeróbica da silagem é o indicativo de início de deterioração

por microrganismos (Bernardes et al., 2009). Esta proliferação de microrganismo

principalmente fungos podem vir a produzir micotoxinas, quem quando presentes geram

perdas nutricionais e redução de consumo voluntário pelos animais. Para evitar tal situação

McDonald et al. (1991), recomendam a remoção de uma camada média diária de 20 cm do

silo.

7.6 Conclusão

As silagens dos tratamentos que receberam um corte no vegetativo, apresentaram-se

melhor no contexto geral, devido a melhor composição da fibra, menor lignificação, no

entanto, devido ao seu maior teor de MS acabou apresentando um processo fermentativo

menos eficiente em termos de concentração de ácidos orgânicos e de estabilidade aeróbica,

porém, o mesmo não alterou as perdas de MS nem degradabilidade ruminal, atribuído a isso

ainda tem-se o aproveitamento da MS colhida no estádio vegetativo que tem certamente uma

qualidade superior.

A utilização de fungicida é indicada na cultura do centeio, pois, proporcionou

melhores índices de matéria seca e melhor composição da fibra e, melhorou o processo

fermentativo gerando menores perdas de MS sem alterar a estabilidade aeróbica das silagens,

porém, estudos com um maior número de aplicações devem ser realizados a fim de talvez

melhorar ainda mais estes índices.

7.7 Referências Bibliográficas

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73

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Centeio Cv. Temprano nas condições encontradas no ano agrícola de 2017 para

região de Guarapuava-PR, mostrou excelente potencial para a produção de biomassa seca de

forragem para pastajo ou pré-secado nos cortes realizados nos estádios vegetativos, o corte

para silagem no entanto mostrou menor qualidade nutricional devido a alta pressão de

doenças no fim do ciclo, que não foram controladas com uma apenas um aplicação de

fungicida, não sendo apropriado para confecção de silagem, com tudo a quantidade de matéria

seca produzida foi satisfatória podendo ser mais explorado em futuras pesquisas este controle

das doenças de final de ciclo desta cultivar, para que a mesma consiga expressar o maior

potencial produtivo e então ser viável qualitativamente a confecção de silagem de planta

inteira.

74

9 ANEXOS

75

75

Anexo 1.

Tabela 12. Resumo da análise de variância para os parâmetros biomassa seca (PBSe, kg ha-1

), produção de biomassa seca total acumulada (PBSt, kg

ha-1

), altura de planta (HP, m), teor de matéria seca da planta (MSP, %), teor de matéria seca da folha (MSf, %), teor de matéria seca do colmo (MSc,

%), teor de matéria seca da estruturas reprodutivas (MSe, %), participação de colmo (Cc, % na planta), participação de folhas (Cf, % na planta),

participação de estruturas reprodutivas (Ce, % na planta), desaparecimento ruminal das folhas em 24h (DRF24,%), desaparecimento ruminal das folhas

em 48h (DRF48,%), desaparecimento ruminal dos colmos em 24h (DRC24,%), desaparecimento ruminal dos colmos em 48h (DRC48,%),

desaparecimento ruminal das estruturas reprodutivas em 24h (DRE24,%), desaparecimento ruminal das estruturas reprodutivas em 48h (DRE48,%) do

centeio submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.

Fonte de Quadrado médio do erro R

2 CV, % Média

Probabilidade (P<0,05)

Variação Sistema (S) Fungicida (F) (S*F) Bloco (B) Erro S F (S*F) B

GL* 2 1 2 5 25 - - - - - - -

PBSe 240496772,3 242720,4 78311,4 2767804,0 843035,1 0,9592 13,71 6.693 0,0001 0,5961 0,9115 0,0204

PBSt 57649284,2 60598,0 230954,7 2433912,2 1069180,7 0,8272 9,93 10.406 0,0001 0,8138 0,8072 0,0777

HP 0,4810 0,0087 0,0013 0,0005 0,0012 0,9706 3,44 0,99 0,0001 0,0118 0,3383 0,8395

MSP 107,7112 134,2122 13,2777 7,3719 7,0978 0,6995 5,62 47,38 0,0001 0,0002 0,1749 0,4170

MSf 23,7415 296,2414 50,5624 14,2302 72,8096 0,2209 10,56 80,80 0,7248 0,0545 0,5087 0,9614

MSc 30,7680 188,6960 15,8127 26,3510 30,9407 0,3484 10,90 50,01 0,3841 0,0207 0,6060 0,5266

MSe 159,9928 117,8310 23,8203 9,9567 15,5013 0,5800 6,80 57,90 0,0005 0,0107 0,2347 0,6697

Cc 640,8603 4,2711 45,6926 9,1318 9,6615 0,8549 5,32 58,28 0,0001 0,5122 0,0581 0,4694

Cf 7,5608 2,8336 0,6102 5,6505 4,8198 0,2825 29,55 7,42 0,2279 0,4503 0,8816 0,3500

Ce 713,0211 0,1003 54,8011 7,5976 11,3249 0,8475 9,84 34,18 0,0001 0,9258 0,0567 0,6492

DRF24 157,4218 45,6075 9,6624 39,9479 25,6694 0,4745 11,06 45,77 0,0068 0,1946 0,6901 0,2088

DRF48 308,4788 33,3313 14,5372 57,8740 36,1474 0,5173 10,43 57,62 0,0015 0,3461 0,6731 0,1954

DRC24 58,7797 57,6587 4,7694 2,8481 9,2880 0,4620 11,02 27,61 0,0059 0,196 0,6039 0,9039

DRC48 38,4201 19,8767 2,1222 5,8106 11,8845 0,3043 9,99 34,50 0,0564 0,2077 0,8375 0,7813

DRE24 1200,2953 155,2100 15,9979 10,4632 5,5755 0,9498 3,70 63,68 0,0001 0,0001 0,0755 0,1345

DRE48 1315,5369 99,6004 29,3491 25,1098 15,2991 0,8840 5,75 68,08 0,0001 0,0172 0,1679 0,1858

* GL: graus de liberdade.

76

76

Anexo 2.

Tabela 13. Resumo da análise de variância para os parâmetros matéria mineral (MM, %), proteína bruta (PB, %), fibra em detergente neutro (FDN,

%), hemicelulose (HEM, %), fibra em detergente acido (FDA, %), celulose (CEL, %), lignina (LIG, %), Desaparecimento ruminal da matéria seca em

24 horas (DMS24,%) e Desaparecimento ruminal da matéria seca em 48 horas (DMS48, %) do centeio submetido a sistemas de corte com ou sem

aplicação foliar de fungicida no pré-florescimento.

Fonte de Quadrado médio do erro R

2 CV, % Média

Probabilidade (P<0,05)

Variação Sistema (S) Fungicida (F) (S*F) Bloco (B) Erro S F (S*F) B

GL* 2 1 2 5 25 - - - - - - -

MM 1,3892 0,3422 0,0222 0,0903 0,0311 0,8228 6,04 2,91 0,0001 0,0028 0,5606 0,0337

PB 0,4187 9,1809 1,3666 0,9919 0,9497 0,4227 12,60 7,73 0,6484 0,0046 0,2561 0,4139

FDN 194,1371 2,4076 22,5572 39,7328 12,7971 0,6647 4,93 72,98 0,0001 0,6682 0,1922 0,0258

HEM 53,0222 8,9500 17,4959 0,9062 2,1228 0,7443 5,26 27,70 0,0001 0,0506 0,0618 0,8255

FDA 186,8110 2,0592 76,4618 41,5463 12,3379 0,7048 7,83 45,28 0,0001 0,6864 0,0665 0,0184

CEL 114,0218 10,1124 67,2581 24,4993 9,4577 0,6768 9,29 33,49 0,0002 0,3110 0,0636 0,0509

LIG 9,0637 3,0450 6,5558i 2,7170 2,5244 0,4313 13,47 11,79 0,0426 0,2825 0,0945 0,3972

DMS24 353,8238 43,1868 68,3061 20,6000 10,2186 0,7949 8,33 38,36 0,0001 0,0504 0,0547 0,1110

DMS48 345,6808 31,3973 80,3768 94,5694 12,2782 0,8155 7,40 47,36 0,0001 0,1224 0,0552 0,0002

* GL: graus de liberdade.

77

77

Anexo 3.

Tabela 14. Resumo da análise de variância para os parâmetros teor de matéria seca (TMS, % na MN), perdas de matéria seca (PMS, % da MS) matéria

mineral (MM, %), proteína bruta (PB, %), fibra em detergente neutro (FDN, %), hemicelulose (HEM, %), fibra em detergente acido (FDA, %),

celulose (CEL, %), lignina (LIG, %), Desaparecimento ruminal da matéria seca em 24 horas (DRMS24,%) e Desaparecimento ruminal da matéria seca

em 48 horas (DRMS48, %), Ácido Láctico (ALAT, g kg-1

de MS), Ácido acético (AACE, g kg-1

de MS), Ácido Propiônico (APRO, g kg-1

de MS),

Ácido butírico (ABUT, g kg-1

de MS), Etanol (ALAT, g kg-1

de MS), das silagens de centeio submetido a sistemas de corte com ou sem aplicação

foliar de fungicida no pré-florescimento.

Fonte de Quadrado médio do erro R

2 CV, % Média

Probabilidade (P<0,05)

Variação Sistema (S) Fungicida (F) (S*F) Bloco (B) Erro S F (S*F) B

GL* 1 1 3 5 9 - - - - - - -

TMS 100,0417 35,8681 22,1567 5,3602 1,9266 0,8648 2,95 47,08 0,0001 0,0006 0,0640 0,0548

PMS 16,4011 28,7766 1,2788 5,1598 3,7198 0,5642 41,62 4,63 0,0531 0,0140 0,5664 0,2842

PH 0,2688 0,0003 0,0113 0,0598 0,0139 0,7358 2,79 4,22 0,0005 0,8916 0,3817 0,0124

MM 1,0668 0,1176 0,0704 0,3294 0,0606 0,6354 6,59 3,74 0,0008 0,1839 0,2981 0,4070

PB 0,0513 0,0513 0,1162 0,6088 0,3092 0,4130 7,95 6,99 0,6894 0,6894 0,5490 0,1421

FDN 123,8513 45,5952 23,6413 24,4730 8,2679 0,7178 4,43 64,91 0,0015 0,0330 0,1115 0,0470

FDA 150,7509 31,6251 22,5234 22,5143 7,8675 0,7290 5,67 49,42 0,0005 0,0634 0,1113 0,0522

HEM 1,3820 1,2742 0,0145 0,3345 1,3281 0,1763 7,44 15,49 0,3378 0,3429 0,9182 0,9323

CEL 58,8440 6,1408 7,3704 16,7807 5,4554 0,6563 5,93 39,38 0,0050 0,3055 0,2633 0,0416

LIG 21,2064 9,8817 4,1168 1,6052 0,6919 0,8064 8,29 10,03 0,0001 0,0018 0,0976 0,0948

DRMS24 13,8168 0,0026 2,5415 5,4638 5,1568 0,3608 5,48 41,44 0,1225 0,9825 0,4934 0,4204

DRMS48 0,9600 1,5100 36,8032 11,2182 18,2895 0,2579 8,37 51,07 0,8219 0,7778 0,1765 0,6915

ALAT 497,1785 22,1605 22,9201 10,2604 10,5798 0,8575 12,27 26,50 0,0001 0,1817 0,1751 0,4485

AACE 22,8627 10,8735 34,1173 2,8742 2,5823 0,7669 25,75 6,24 0,0156 0,0704 0,0054 0,3937

APRO 0,3972 3,9651 0,0498 0,3681 0,5100 0,5458 88,13 0,81 0,4005 0,0211 0,7616 0,5639

ABUT 1,9009 6,9682 3,7278 0,8727 0,3420 0,8371 26,51 2,20 0,0428 0,0015 0,0092 0,1208

ETA 0,2864 1,8016 0,4868 0,4444 0,3601 0,5466 34,68 1,73 0,3957 0,0521 0,2749 0,3532

* GL: graus de liberdade.