Carcará 12

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  • 8/13/2019 Carcar 12

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    O Carcar surge, pousando perto da gente, quando menos se

    espera um gavio vistoso que gutura

    Guimaraens Rosa

    Redaktion Layout: Matias Vale Contaram com a beno de Wallace O ria n para esta edio:

    Gabriel Heitor, Isabella Reis, Luiz Renato Prico, Carolina CarvalhoMaia, Csar Carnaba, Gianluca Smanio, Bernardo Fico, Andr Ungaro,gor Moreno, Santiago Andrighetto, Lucas Gonalves, Luiz Loschiavo,Pedro Chamb & Gabriel Mantelli

    Tivemos tambm o fino trao de Rafael Viana no logo de nossaquerida revista eBernardo Fico para a bela composio de capa e a doceclepsidra (sim!ce nest pas une ampulheta) junto ao poema da Srta. Reis

    Contactus: [email protected]

    facebook.com/AcademiaDeLetras

    NMERO XI + I FEBRERO DEDOISMILLECUARTORZE

    mailto:[email protected]://www.facebook.com/AcademiaDeLetrashttps://www.facebook.com/AcademiaDeLetrasmailto:[email protected]
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    com o comeo de mais um ano letivo que novamente nos

    lembramos da j batida expresso Velha e sempre NovaAcademi a depositando nos calouros a esperana de novos ares enos veteranos a tarefa de recepo e ensinamento das tradies.

    E onde a Academia de Letras entra nessa toada?

    Poderamos nos apoiar no argumento da tradio: em umlugar como esta Facvldade, na qual tradio se torna motivo

    para tudo, a Academia de Letras poderia vir at aqui e arrogar suaimportncia em sua prpria senilidade. Somos a segunda entidademais antiga dessas Arcadas! Uma bela carteirada de WallaceOBrian.

    Mas a simples manuteno da tradio no sequer respeitasua principal funo agregadora e identitria. A Academia de Letrasno se permite simplesmente largar-se aos louros do Largo. Sabemosque a tradio irm de sua quase-homnima, a traio, no qual sela s mantm viva quando se permite estar em constantemudana.

    Uma das ambies e autocrticas da Academia buscar

    escapar do espao a que ela designada. Seria necessriodinamitar nossa sala no terceiro andar se acreditssemos, mesmoque por um timo, que nosso lugar aqui se limita somente a ela.

    Por fim, fica o convite a todas as pessoas que quiserem ajudara manter a tra(d)io artstica desta Casa. No se espantem se nonos acharem em nossa sala, porque no vamos estar somente l.

    eplogo da chegada

    gente socorro que chatice

    um monte de poema parecido

    de franciscanos querendo

    no parecer franciscanos mas que

    no final so franciscanos que

    queriam gostar de ser franciscanos

    mas no gostam porque ficaram

    com medo de fazer letras ou

    ento disfaram mas no fundo gostam

    e nos jurdicos estaro gritando

    chupa mackenzie igual voc

    calouro que acabou de chegar

    e nem deve estar entendendo

    nada nos grupos nos panfletos

    nem mesmos essas referncias

    nos poemas a coisas que voc

    nunca ouviu falar na vida e s

    entenderia se j no fosse

    calouro o que no o caso

    ento simplesmente

    bem-vindo Gabriel Mantelli * 184

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    Dselxiia

    Vco que exnrgea o mduno artvas de cnaasdas ohleiars

    Aisstsa ao cnofortno mduo

    etnre um dsilxico e suas ltreas

    Vco que cahnmia em slinico

    pleos vlaes da lteraiutraTntee ecusatr o grtio emro dqueales

    que sfroem com essa trtuora

    Vco que at auqi cgheou

    as ltreas com carnhio dvee traatr

    Ou sua mnete, ipmieodsamnete

    !eals pdoem bgaunar

    Gabriel Heitor * 186

    O espioEle admirava a bela mulher que se enrolava preguioslenis brancos de seda. Um sorriso pueril surgiu em enquanto colocava a gravata. Aos poucos, sua missointeressava mais - invadir armazns, sabotar carregamdrogas, plantar escutas...Caminhou at o espelho em frente cmoda, ajeitoucolocou seu terno. Estava um pouco amassado e emponingum iria perceber.Eram quatro horas da manh em seu Rolex e ainda havi

    fazer. Abotoou seu palet e admirou-se novamente emespelho. Percebeu, ento, uma rpida movimentao lembrou-se de seu maldito costume de deitar-se comembaixo do travesseiro. Virou-se em um nico movimapontando-lhe seu revlver. Os lenis quase transparenseu corpo nu. E ele sentiu seu corao palpitar.Sem hesitar, a mulher puxou o gatilho. Trs tiros em seEle se debateu contra a cmoda e caiu sobre os joelhosluxurioso lentamente brotou nos lbios vermelhos da m

    O espio estava morto.

    Pedro Chamb * 183

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    nbsp;lembro-me de quando beijei teus olhos salgados de lgrimas.

    meus lbios se inundavam de respostas imperguntveis enquanto

    teus clios formigavam minha pele. o sal dos olhos era o meu

    amor por ti, que ficou insosso depois de 3 martinis e um lenol

    amassado. dizem que sempre fugimos do que queremos de verdade

    - especialmente quando falamos do amor, porque dele fugimos

    num intil desespero inconsolado. o estalo do amor como

    aquele segundo de turbulncia no qual existe o medo de morrer

    subitamente no meio de desconhecidos, sem memria. depois ele

    passa, mas ficamos alerta at o momento do pouso. mesmo assim

    os budistas alegam que encarar a inconstncia (do "eu terei

    que morrer um dia") o incio da busca pela verdadeira

    felicidade. s sei que teu choro no estalou em mim nada alm

    de um calafrio desgostoso; ento acho que no foi amor e nem

    fui feliz: ou ento racionalizar demais deixa todos os finais

    mais decepcionantes.

    Carolina Carvalho Maia * 186

    Um salve em 24 horas

    Obrigado pelo desmembrar dos teus lbiosEm plena refrao da primeira luz solar pela janelaRefletindo o sabor doce de seu hlito

    Fazendo-me navegar nas utopias do horizonteObrigado pelo olhar disfarado e profundoEnquanto envolvias teus braos delicadosNa toalha de rosto encostada na portaAps um incontrolvel desejo de te devorarObrigado pelo adeus na sadaQue ao som romntico do dia perptuoEu descobriria ser aquilo um anarquismoDe mentira, tragdia e flageloObrigado pela minha chegada ao tmuloDurante o crepsculo heterclitoE sobre a nossa arte outrem te ocupavaUm lugar que pra mim era inabitvelObrigado pela dissonncia dos rudosPudor. Repdio. nsias. No saberSe aquela dor acumulada na ausncia da verdadeFez despedaar toda Caixa de PandoraObrigado pela tentativa de disfararMas no sou Otelo nem CasmurroE daria tudo na vidaPra no estar ao lado de Mefistfeles agora

    Lucas Gonalves * 185

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    nsia

    Ai como me mataestes tempos corridos,os humores corrodos a euforia do dia a dia.

    Ai como me mataesta nsia pelo novo,

    esperana sem desgosto cheia de sua incerteza.

    Ai como me mata

    as inmeras superlotaes seus xingamentos e empurres

    com s uma certeza

    Matou esta rotina,pouco a pouco,

    o pouco de humanoque eu ainda tinha.

    Andr Ungaro * 185

    Ode Ao Marchi'Marchi' bem o que te digoPois eu no vou repetirE ser que algum amigoSabia j o que ia cair?

    Quando ento eu li "Digesto"E algarismos a seguirPensei em fazer protestoGritar, berrar e explodir!

    No tive outra alternativaChutei, mas gritarei "Viva!"Se acertada for a tal

    Findo aqui minha fala: Basta.

    E eis o nome da nefasta:Propriedade horizontal!

    Csar Carnaba * 186

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    Neva aqui fora

    Sinto sua frieza em minha espinhaCom olhar polar trouxe nevasca aos meusEnquanto congelo de forma homeopticaConsigo enxergar na tempestadeO quo tristes so os seus.

    Pode ter amado. Podia ter chorado.Tal iceberg permanece congeladoNos confins de teu passado[desconhecido]

    Nem o inferno poder descongelar tal invernoInstalado em seu corao.

    Moa com olhos geladosSafiras translcidas fincadasEm abismos de dorNascentes de enxurradas de dissabor

    Gianluca Smanio * 186

    Esquerda Livre

    Lado esquerdo livre, assim que se anda na cidade grande.

    E ento passam as pessoas,Quantas pessoas!

    a maioria vai sem hesitar,sem olhar pro lado.

    Lado esquerdo livre, assim que se ama na cidade grande.

    Bernardo Fico * 185

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    ma arcada um vazio. No encontro de dois pilares que crescem e seencontram em um arco, deixando abaixo um espao vago. Vazio deuma outra histria, velhos presidentes, bafo de outrora. Minha

    contribuio para o vazio ESTES 150 ANOS DE ENSINO JURDICO, amarvoc. Escancarar os dentes, mostrar minha arcada. Minha cara feliz para oseguinte nada. Esse banco absurdo em que agora me sento sozinho, e agora? OPtio preenchido pelo vazio das horas, e rola o tempo como sempre rolou. Ele omesmo diante de ns, ns que somos sempre outro diante dele. A pedra to duraTRADIO DESTA CASA, LUTANDO PELA LIBERDADE DURANTE ASTREVAS, a vista umedece. Esse mrmore todo no meu. No perteno aqui.datas datas datas: esculpidas eternas no mrmore, talhadas perenes no ferro nodizem nada. A visita do Imperador. A jornada dos pracinhas. A resistncia dosinconformados. Uma arcada um grande vazio, e no final esse prdio, MORTOS

    E DESAPARECIDOS cercado de contrastes por todos os lados. De nossa histria com ag minsculo para eles, mas to maiscula para mim (e para ti?) eutenho orgulho. Do riso que se fez farto e solto certa vez, parece ter sido h tanto,vivamos na Repblica Velha? ramos filhos do Caf? Da alegria que foi togenuna LUMIAR E GLRIA da exposio de nossas prprias arcadas, doceleste de nossos cus de boca e do intercmbio incessante de nossas lnguas esalivas. Eis que o Todo se faz nada, e o que preenchia se faz vazio, o que era norte

    perde o rumo e o sentido. Amputao sentimental, preciso reaprender novospassos sem os mesmos membros DIAS INCERTOS AQUI VIVIDOS mas diantedo mesmo espao. Reaprendizados so mais duros que aprendizados. Apreendera essncia do passado e seguir em frente, nem que para isso se d diversas voltas

    em crculo. Uma Arcada um grande vazio. *P Ti- * Santiago

    Andrighetto * 186

    biolivro da faculdade de direito me dei.tudei, estudei.passei na fuva y entrey no largo premeditando veredictos e plasmando o dito de ser maisum o tal que j por l possa ter andado, grafado ou cagado nas priva semipblica.de eito me dei ~com efeito~ pras arte: y si poema palco ou prosa do ptio no o queacabar importando, sendo posto tudo quase de mesma ciencial essncia: DE PALAVRA.ios palavro palavreta palavrorioso que no final da reta acabam formando um corpodiscernido de lllinguagem.foi bem por a, dizia outro velho desconhecido meu.pois ainda na categrica e imperativa categoria das arte me infindei de recheio.a poltica e suas simpleza faz de uso de simiesca linguagem com similares similitudespalavrais alusivas --bem vezes abusivas-- de poesia e palco, adequando valor&honrarias prosa no pteo.(com o pesar do defaso dos militanteses termos usufrudos erroneamente em repeteco, ,de ego.)me dando pra liberdade lingual acabei por no ir praticando tanta tcnica por a.(mesmo esta guardando tanto quanto do hermetismo improbo das lingua dazarte, mas

    mais enquanto ferramenta pra fins de poder.)assim como este texto.desse tanto foi meu dar que no mais me formo num lustro de tempo.mas sim algo a mais que isso.[sempre prefiro o algo a mais, no especial espao quando entre os dente de uma bocaquente e um ouvido recepcionador.{y entusiasta, por que no?}]a agorinha mesmo olho pros meus gatos pros regalados olho verdabobrado e penso sobformas de finalsticas.y vejo assim o poder mais vindo e de drento dos linguajar das arte de eras y hmanas erasque ante seu contraposto e complexo passo tcnico nomenclado de cincia.(que deve e pode ser distribuda a todas.)

    HISTRICA E MEMORVEL OBSERVAO! A EPOPIA DA SIMPLICIDADE!vendo a cincia poltica arte, nos olho dos meu gato vejo o paradocho do poder temporal.sem ironias, minha velha:como nos limitamos s metforas, ainda? e, nos esquecemos das metafsicas.a bem dizer das verdades, poesia esteio confortvel pra maquilar nossas verdadesinconfortveis, com estrambolices dependuradas.ORNAR serve dalgo?

    gor Moreno * 183

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