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CARIOTIPAGEM EM BOVINOS Os estudos cromoss~micos em bovinos foram ini- ciados por Bardelebem em 1892 e o núme~o_ diplóide de cromo~ somos descrito por esse autor e por outros autores, até 1920, variou entre 16 e 38. O número diplóide de 60 foi referido por Krallinger (1927), o que foi confirmado por Makino, em 1944. Estes estudos, no entanto, foram realizados em medula óssea e g~nada, ~or método direto sem hipotonização, o que dificultava muito a contagem e a análise morfológica dos cromossomos. O pré-tratamento de células cultivadas, por col chicina e solução hipot~nica, realizado por Tjio e Levan (1956), abriu novas perspectivas para o estudo dos cromosso mos, pois permitia a dispersão dos cromossomos na célula mm aparente manutenção da forma e do tamanho. Os estudos foram mais facilitados ainda, após a descoberta de Nowell (1960), da fito-hemaglutinina como estimulador de divisão celular em cultura de linfócitos de sangue perifériCO. O estudo cariotípico em bovinos, utilizando-se a cultura de células, foi feito por Melander (1959), que des- creveu a morfologia dos cromossomos da subespécie 80S tau - ~ taurus. Os 29 pares autossômicos foram descritos como possuindo centr~mero quase terminal e os sexuais, como sen- do submetacêntricos. Nichols e colaboradores (1962), usa- r~m pela primeira vez, a cultura de sangue periférico em bo vinos. Por esse método, Jorge (1970) estudando várias raças de bovinos, identificou suas origens através do cromossomoY BUbmetacêntrico da subespécie 8.taurus taurus e do Y acro -

CARIOTIPAGEM EM BOVINOS - ainfo.cnptia.embrapa.brainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/121699/1/digitaliz... · mesmo ano foram relacionadas aberrações cromossômicas

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CARIOTIPAGEM EM BOVINOS

Os estudos cromoss~micos em bovinos foram ini-ciados por Bardelebem em 1892 e o núme~o_ diplóide de cromo~somos descrito por esse autor e por outros autores, até 1920,variou entre 16 e 38. O número diplóide de 60 foi referidopor Krallinger (1927), o que foi confirmado por Makino, em1944. Estes estudos, no entanto, foram realizados em medulaóssea e g~nada, ~or método direto sem hipotonização, o quedificultava muito a contagem e a análise morfológica doscromossomos.

O pré-tratamento de células cultivadas, por colchicina e solução hipot~nica, realizado por Tjio e Levan(1956), abriu novas perspectivas para o estudo dos cromossomos, pois permitia a dispersão dos cromossomos na célula mmaparente manutenção da forma e do tamanho. Os estudos forammais facilitados ainda, após a descoberta de Nowell (1960),da fito-hemaglutinina como estimulador de divisão celularem cultura de linfócitos de sangue perifériCO.

O estudo cariotípico em bovinos, utilizando-se acultura de células, foi feito por Melander (1959), que des-creveu a morfologia dos cromossomos da subespécie 80S tau -~ taurus. Os 29 pares autossômicos foram descritos comopossuindo centr~mero quase terminal e os sexuais, como sen-do submetacêntricos. Nichols e colaboradores (1962), usa-r~m pela primeira vez, a cultura de sangue periférico em bovinos. Por esse método, Jorge (1970) estudando várias raçasde bovinos, identificou suas origens através do cromossomoYBUbmetacêntrico da subespécie 8.taurus taurus e do Y acro -

-2-cêntrico de subespecie B. taurus indicus.

Com a introduçao por Casperson e colaboradores,(1968} da técnica de formação de bandas cromossômicas pelouso da quinacrina mustarda, os estudos foram facilitadosmnda mais, pois esta técnica permitiu a identificação dos pa-,res cromossômicos, através de regiões fluorescentes. Hansen(1971) j~ descreveu os pares cromossômicos da subespécie B.taurus taurus, através do padrão de formação de bandas Q(bandas-pela quina~rina mustarda).

Outra técnica introduzida por Dretz e Shaw (19TI)foi a da formação de bandas C, bandas pelo Ciemsa, semelhantes às bandas Q, mas com a vantagem de serem permanentes ede serem observadas ô microscopia comum. V~rios autores usaram esta técnica em estudos cromossômicos de bovinos.

O estudo cariotipico passou a ter grande impor-tância, a partir do trabalho de Lejeune (1959), que mostrou,no homem, que a anormalidade cromossômica conhecida comotrissomia 21, estava relacionada com a Sindrome de Down. Nomesmo ano foram relacionadas aberrações cromossômicas comas sindromes de Klinefelter (47,XXV) e de Turner (45,XO).E~tava, portanto, estabelecida no homem, a relação cariótipo-fenótipo.

Nos animais domésticos também foram relacionadas anomalias cromossômicas com condições anormais.

Nos bovinos, Custavsson (1966) encontrou em umrebanho sueco, uma translocação com a participação dos cro- -mossomos 1 e 29. Este autor, em 1969, estudando 1173 anima-is desse rebanho, encontrou 14% de heterozigotos e 0,34% de

! -homozigotos para essa translocaçao, que foi relacionada commorte embrionária. Esta mesma translocação foi descrita poroutros autores em v~rias raças bovinas e nem sempre foi re-lacionada com anormalidade. Também foram descfitas translo-cações com participação de outros cromossomos. Além detranslocações com essa participação foram descritos casos de in-versão pericêntrica e trissomia autossômica em animais nor-mais. Quanto aos cromossomos sexuais, v~rios casos foram dffi

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critos, como por exemplo, 61,XXX( 6C,XY,/ 60,XV/ 61,XXV/ 60,xxi 90,XXY/ 90,XXX, e todos os animais apresentaram anorma-lidades.

dromeDe especial atenção, te~ sido o estudo da Sin

de Freemartin quimera XX/XV. Sabe-se que, entre gême-bovinos, há troca de células do sangue intra útero B-os em

través de anastomoses coriovasculares, e que essa troca pr~vaca um mosaicismo cromossômico em ambos os animais. A fêmea ~e um par heterosexual de gêmeos, ~apresBnta-se estéril ecom malformaç~es. várias hip6t~ses foram for~uladas para explicar essa esterilidade e malformaç~es da fêmea.

Tambasco (1976), estudando os cariótipos de bo-vinos normais e bovinos anormais, estabeleceu os padr~es deformação de bandas cromoss~micas G em animais normais dassubespécies 8.taurus taurus e 8. taurus indicus e sugeriuque a diferença na morfologia dos cromossomos Y destas duassUbespécies, foi causada por uma inversão pericêntrica ocorrida no Y submetacêntrico da 8.taurus taurus resultando o Yacrocêntrico ~a ~.taurus indicus. Neste trabalho, o autorencontrou, em 35 animais fenotipicamente normais, 2 com a-berraç~es cromoss~micas (mosaicos 61,XV + 10/ 60,XY e 61,XY+ mar/ 60,XY). Dos 23 animais ~normais estudados, 5 aprese~taram cariótipos anormais. De 3 fêmeas estéreis, com diagnóstico de Freemartin, 2 apresentaram quimerismo XX/XV euma apresentou quimerismo ou moiaicismo XX/XXV. Os animaiscom baixa fertilidade (13), apre&entaram os cari~tipos e ~padrão de bandas normais, o que reforça a hipótese da açaop01igênica e/ou ambiental como causadores de baixos indicesde fertilidade nos rebanhos. Foram estudadas 3 fêmeas esté-reis e uma apresentou cari'tipo mosaico 60,XX/61,XX+13. Asoutras duas apresentaram cariótipo normal, ou seja, 60,XYForam estudados 4 machos com anormalidades testiculares eumap,esentou cariótipo anormal (60,XY t (?/16)).

Para a escolha de um reprodutor, tem sido utilizados vários métodos dentre os quais o da apreciação exter-na, observação de descendentes, etc. Justificam-se portanto,

-4-al~m de estudos clinicos detalhados, estudos citogen~~icos,para a eliminação de individuos portadores de anomalias cromossômicas.

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