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Cartas para lucineide

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julho de 1997 a outubro de 2001.

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Brasília, 1º de agosto de 1997.

Estimada Lucineide, Como você está? Espero que esteja em paz, afinal, foi esta a sensação que mais me impressionou em você. Não falei que escrevia?... pois é. Tomo a iniciativa para poder continuar esta amizade tão edificante que começamos em Água Preta. Gosto, em minhas viagens, sempre tirar fotos para poder guardar de recordação. É gostoso lembrar dos bons momentos passados. Mas gosto muito mais quando surgem amizades “quase sem querer”, pois os bons momentos podem perdurar por muito mais tempo. Gostei do seu jeito, de seus ideais, de sua pessoa como um todo. Apesar da primeira impressão foi de confundi-la com uma protestante (e nisto não fui o único), vejo que temos muito em comum. Fomos vocacionados, assíduos à Igreja, uma queda pelo movimento Focolare, e estamos buscando o nosso lugar no mundo. Isto foi só o começo. Depois que nos despedimos (lágrimas não combinam com seu rosto. Prefiro o sorriso de menina) fui para Maceió, onde a natureza me preparava momentos agradáveis. Só a natureza mesmo, porque as pessoas andam muito agitadas pela falta de pagamento. Mas foi tudo tranquilo. Visitei os lugares que quis, revi os amigos de velhos tempos e principalmente, descansei. Acho que estava pressentindo o que me estava me esperando em Brasília... A viagem de volta foi ótima, com um ligeiro atraso. Encontrei, ainda, no avião, alguns amigos do seminário. Posso dizer que estas férias, para mim, foram as melhores que já tive. E, agora, já estou precisando de outras. É porque logo que cheguei, fui chamado a trabalhar, sendo que teria, ainda, mais uma semana de férias. Bela surpresa, não é?! Se eu soubesse, teria passado mais uma semana longe. Paciência. Lembra-se da fita de vídeo que assistimos na casa de Ângela. Pois é. Acabei esquecendo-a em Maceió. Sorte que uma colega minha está passando as férias lá e pedi que me trouxesse na volta. Vamo-nos conhecer melhor? Do que mais gostas de fazer (além de rezar, é claro!)? Comida preferida? Livro que mais a marcou? Pessoa (s) que mais admira? Acho legal este tipo de “bate-papo”. Se quiser me fazer perguntas, estou a disposição. Aproveite. Quero terminar esta carta lhe desejando felicidade, pois você bem que merece. Um abraço do amigo:

Danilo B. Correia

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Brasília,15 de Dezembro de 1997.

Querida Lucineide, Ao terminar de ler sua carta (e que carta !!!), disse para mim mesmo “não é preciso fazer muita coisa para se ter uma amizade tão edificante”. E em cada sentença, em cada palavra eu fui desvendando, ou melhor, imaginando o universo que estava se revelando diante de mim. Obrigado. Com tanto elogio, acabo ficando vaidoso... Já ouviu falar do Pequeno Príncipe? Com certeza já. Pois é. Ele disse uma frase que se aplica direitinho a nós: “ Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. É verdade. Primeiro, a gente se conhece. Basta um sorriso, uma brincadeirinha, um abraço e ... pronto! A porta está aberta para algo novo, nunca visto nem experimentado antes. Lucineide e Danilo começaram a história de uma bela amizade, com um casual começo, um empolgante presente e um incerto final. Estimada Lu, fico com o coração cheio de alegria por você estar assim, tão atarefada. Afinal, você conseguiu um melhor emprego, coisa que muitos estão atrás. As dificuldades surgem. São tantas mas elas nos fazem dar valor ao “presente”. É engraçado: sempre as páginas rosas de nossa vida vêm com algumas manchas da dor. Não dizem que amar é sofrer? Numa sociedade que repugna todo tipo de sofrimento é normal encontrar pessoas não amadurecidas que, por medo de sofrer, não arriscam. Perdem boas chances de viver momentos intensos. Mas esta aí. Nos desafios sempre encontramos uma mão amiga, disposta a ajudar. A gratidão é um dom precioso, exclusivo a uns poucos. Mesmo os aluninhos, que tanto precisam de ti, talvez nunca lhe retribuirão todo esforço que você está fazendo, mas no teu íntimo, lá, no mais profundo de você, haverá sempre aquela gostosa sensação de ter feito a coisa certa, no momento certo. Eu também estou numa fase de transição. A mensalidade de minha faculdade aumentou e eu já não sabia o que fazer. Sem contar que o tempo para estudar não havia (40 horas semanais). Deus neste final de ano resolveu me dar um presente de autêntico Papai Noel: me deu um emprego que, além de poder pagar facilmente a faculdade, vou trabalhar por apenas um período. Não é ótimo? Se tudo der certo, nesta semana resolvo tudo. Ah! E tem outra: vou poder tirar férias daqui a um ano, ou seja, vou poder viajar no final de 98 e, quem sabe, passar o ano novo com vocês?... Mas não espere tanto para poder ir à praia, viu?!... Até lá, vamos nos conhecer melhor? Adorei suas respostas! Nota dez especialmente quanto às perguntas sobre religião e família. Vamos a mais um interrogatório? Você vai acabar se acostumando:

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1) Você acha mesmo que uma pessoa passando pelo seminário ou pelo convento ficará para sempre marcada?

2) Como é seu relacionamento com os rapazes? Você tem vários amigos? 3) É difícil manter uma amizade? 4) As pessoas têm dificuldade em ser autênticas. Falam hoje uma coisa e amanhã

fazem o contrário. Você se considera uma pessoa autêntica? Está bom, por enquanto. Ficarei aguardando ansioso pela nossa conversa a respeito do seu passado (Mistério? Aventura? Paixão? ...)

Ângela virá mesmo para Brasília? Seria bom que ela trouxesse notícias suas. E o programa na rádio, como é que vai? Não esqueça de me contar como estão sendo os festejos de final de ano. Por aqui em Brasília, o clima é agradável. Árvores enfeitadas com luzes, os apartamentos todos adornados com pisca-pisca dão impressão que todos se preparam para o Natal. Que Cristo possa nascer de fato no coração das pessoas. Tirando o pavor que todos têm de perder o emprego (afinal, Brasília é a Capital do funcionalismo público) resta-nos torcer para que este ano de 98 seja um ano mais ameno. Bom, Lucineide. Comecei a escrever esta carta semana passada e para não acabá-la na próxima, vou ficando por aqui. Deixando um caloroso abraço e saudoso também do teu sorrisinho lindo.

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Brasília, 16 de fevereiro de 1998. Querida Amiga LUCINEIDE, Fogos, risos, música. Tudo estaria perfeito se encontrasse Lucineide. Procurei. Procurei. Finalmente, vencido pelo cansaço, volto para casa, lamentando não me despedir da pessoa que me trouxera as mais diversas emoções naquele dia: alegria do reencontro, o conforto das palavras, a sinceridade e o bem-querer. Minha amiga, não seria exagero meu dizer que tens um lugar cativo em meu coração. E os desencontros apenas indicam que nunca extraímos tudo de nosso relacionamento: fica sempre algo para mais tarde. Na vida passamos como jardineiros. Cada pessoa, um canteiro onde jogamos as sementes de simpatia e desvelo, para que, ao sol da verdade, quem sabe?, venha brotar uma autêntica amizade. Lu, depois de Água Preta, seguimos de volta a Maceió. No caminho, meu pai torceu o pé. No dia seguinte, viajei para Aracaju, onde um grande amigo (dos tempos de seminário) me aguardava. Tudo ocorreu conforme previsto e foi excelente minha estadia na terra do caju. Meu pais me apanharam na estrada e chegamos em Brasília no dia do meu aniversário. Bom e ruim. Bom porque pude ainda receber alguns cumprimentos e ruim pois chegamos tarde, frustrando uma festinha que estavam me preparando. Apesar dos inesquecíveis momentos passados nesta viagem surpresa, havia a saudade da namorada e a curiosidade de conhecer meu novo emprego. Da namorada, nem preciso falar da ansiedade pelo reencontro. Quanto ao serviço, está indo bem. Pude realizar um grande sonho: comprar um carro. Não imagina o quanto isto me ajudou. Quem sabe eu não faça uma viagem ao Nordeste de carro? Encontrei-me com Ângela no dia do batizado de Larissa. Fomos ao clube e pudemos conversar um pouco. Falei com Lourdes. Cada vez mais moça! Depois elas voltaram. Infelizmente não ficaram para o casamento de minha irmã. Espero que um dia possamos assistir juntos a fita do casamento, como fizemos em outros tempos, se lembra? Agradeço, do fundo do coração sua preocupação, seu carinho, seu cuidado em me escrever e mandar o cartão mesmo sem saber direito para onde eu iria. São nos pequenos gestos que se revelam os grandes corações. Se houve desencontros, não importa. O que importa é a boa vontade da intenção. Valeu! Gostei de suas respostas. Bem equilibradas. Sobre a marca da vida religiosa, realmente, o simples fato de conviver com padres e freiras não é suficiente para mudar nada. O que muda é o poder da Palavra, que nos indica a vontade de Deus. Preocupo-me com você. Deve se sentir sozinha, apesar dos amigos distantes. Isto não é bom. O ideal é abraçar cada novo relacionamento como presente único. Não ache que as pessoas pensam que você é estranha. Se alguém lhe disse isto, não merecia sua amizade, pois amigo é aquele que nos acolhe apesar das diferenças. Você tem um sorriso lindo, uma boa conversa, um espírito alegre, não há de ficar sozinha. Por favor. Aceite como você é e siga em frente. É preciso muitas sementes para que alguma germine e se transforme em árvore.

Acabamos nem falando de teu passado... não pense que eu esqueci. Faltou oportunidade. Se quiser adiantar algo...

Você pediu que eu falasse algo sobre minha entrada e saída do seminário. Quanto a entrada, me decidi ser padre num momento bem conturbado da minha vida. Tinha 14

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anos, uma adolescência a pleno vapor, dezenas de atividades na Igreja, descobertas pessoais, afetivas ... Decidi entrar de cabeça nesta idéia. Deixei a namorada , o que me foi mais pesaroso, deixei o aconchego da família. Mas não me arrependi. Durante três anos vivi intensamente minha vocação. Quando comecei a Filosofia, fui perdendo o sentido do que eu queria. Quando não dava mais, pedi a orientação do meu diretor espiritual e ele me abriu as portas. Fiquei muito contente, pois tirava de minhas costas um fardo pesado e ao mesmo tempo eu fiquei apreensivo, pois não sabia o que me esperava. Lutei, corri atrás, caí muitas vezes, mas hoje posso dizer com toda certeza, que vejo como presente de Deus toda esta nova vida e que ainda estou discernindo qual a sua vontade. Para continuarmos este ritmo gostoso de conhecimento mútuo, aqui vão mais algumas perguntinhas: 1) O que você mais espera de um amigo, ou de um novo relacionamento? 2) O que pensa a respeito do seu futuro: Emprego, estudo, casamento? 3) É verdade que as mulheres sempre preferem os homens mais velhos para ter um

relacionamento mais íntimo? 4) Qual a maior dificuldade em um relacionamento familiar: o desentendimento, a falta de

carinho, ou a desunião? 5) Como você iniciou o ano? E quais os planos para 98? Bom, te deixo fazendo o dever de casa. Deixo meu abraço e fico com a saudade, que só diminui quando tenho notícias suas. Ah! Meu telefone, caso precise: 061 344 3280. Tchau!

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Brasília, 16 de fevereiro de 1998. Querida Amiga LUCINEIDE, Fogos, risos, música. Tudo estaria perfeito se encontrasse Lucineide. Procurei. Procurei. Finalmente, vencido pelo cansaço, volto para casa, lamentando não me despedir da pessoa que me trouxera as mais diversas emoções naquele dia: alegria do reencontro, o conforto das palavras, a sinceridade e o bem-querer. Minha amiga, não seria exagero meu dizer que tens um lugar cativo em meu coração. E os desencontros apenas indicam que nunca extraímos tudo de nosso relacionamento: fica sempre algo para mais tarde. Na vida passamos como jardineiros. Cada pessoa, um canteiro onde jogamos as sementes de simpatia e desvelo, para que, ao sol da verdade, quem sabe?, venha brotar uma autêntica amizade. Lu, depois de Água Preta, seguimos de volta a Maceió. No caminho, meu pai torceu o pé. No dia seguinte, viajei para Aracaju, onde um grande amigo (dos tempos de seminário) me aguardava. Tudo ocorreu conforme previsto e foi excelente minha estadia na terra do caju. Meu pais me apanharam na estrada e chegamos em Brasília no dia do meu aniversário. Bom e ruim. Bom porque pude ainda receber alguns cumprimentos e ruim pois chegamos tarde, frustrando uma festinha que estavam me preparando. Apesar dos inesquecíveis momentos passados nesta viagem surpresa, havia a saudade da namorada e a curiosidade de conhecer meu novo emprego. Da namorada, nem preciso falar da ansiedade pelo reencontro. Quanto ao serviço, está indo bem. Pude realizar um grande sonho: comprar um carro. Não imagina o quanto isto me ajudou. Quem sabe eu não faça uma viagem ao Nordeste de carro? Encontrei-me com Ângela no dia do batizado de Larissa. Fomos ao clube e pudemos conversar um pouco. Falei com Lourdes. Cada vez mais moça! Depois elas voltaram. Infelizmente não ficaram para o casamento de minha irmã. Espero que um dia possamos assistir juntos a fita do casamento, como fizemos em outros tempos, se lembra? Agradeço, do fundo do coração sua preocupação, seu carinho, seu cuidado em me escrever e mandar o cartão mesmo sem saber direito para onde eu iria. São nos pequenos gestos que se revelam os grandes corações. Se houve desencontros, não importa. O que importa é a boa vontade da intenção. Valeu! Gostei de suas respostas. Bem equilibradas. Sobre a marca da vida religiosa, realmente, o simples fato de conviver com padres e freiras não é suficiente para mudar nada. O que muda é o poder da Palavra, que nos indica a vontade de Deus. Preocupo-me com você. Deve se sentir sozinha, apesar dos amigos distantes. Isto não é bom. O ideal é abraçar cada novo relacionamento como presente único. Não ache que as pessoas pensam que você é estranha. Se alguém lhe disse isto, não merecia sua amizade, pois amigo é aquele que nos acolhe apesar das diferenças. Você tem um sorriso lindo, uma boa conversa, um espírito alegre, não há de ficar sozinha. Por favor. Aceite como você é e siga em frente. É preciso muitas sementes para que alguma germine e se transforme em árvore.

Acabamos nem falando de teu passado... não pense que eu esqueci. Faltou oportunidade. Se quiser adiantar algo...

Você pediu que eu falasse algo sobre minha entrada e saída do seminário. Quanto a entrada, me decidi ser padre num momento bem conturbado da minha vida. Tinha 14

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anos, uma adolescência a pleno vapor, dezenas de atividades na Igreja, descobertas pessoais, afetivas ... Decidi entrar de cabeça nesta idéia. Deixei a namorada , o que me foi mais pesaroso, deixei o aconchego da família. Mas não me arrependi. Durante três anos vivi intensamente minha vocação. Quando comecei a Filosofia, fui perdendo o sentido do que eu queria. Quando não dava mais, pedi a orientação do meu diretor espiritual e ele me abriu as portas. Fiquei muito contente, pois tirava de minhas costas um fardo pesado e ao mesmo tempo eu fiquei apreensivo, pois não sabia o que me esperava. Lutei, corri atrás, caí muitas vezes, mas hoje posso dizer com toda certeza, que vejo como presente de Deus toda esta nova vida e que ainda estou discernindo qual a sua vontade. Para continuarmos este ritmo gostoso de conhecimento mútuo, aqui vão mais algumas perguntinhas: 1) O que você mais espera de um amigo, ou de um novo relacionamento? 2) O que pensa a respeito do seu futuro: Emprego, estudo, casamento? 3) É verdade que as mulheres sempre preferem os homens mais velhos para ter um

relacionamento mais íntimo? 4) Qual a maior dificuldade em um relacionamento familiar: o desentendimento, a falta de

carinho, ou a desunião? 5) Como você iniciou o ano? E quais os planos para 98? Bom, te deixo fazendo o dever de casa. Deixo meu abraço e fico com a saudade, que só diminui quando tenho notícias suas. Ah! Meu telefone, caso precise: 061 344 3280. Tchau!

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Brasília, 11 de Abril de 1998. Querida Lucineide, Valeu a pena ter esperado! Sua carta não poderia chegar em melhor hora: Semana Santa! Santo Sacrifício, Santos propósitos, Santa vida que se renova. Assim como no carnaval, passarei estes dias meditando em casa, no silêncio da solidão, as coisas que Cristo fez naquele tempo e o que anda fazendo na minha história e nas dos outros.

Ah, como somos passageiros neste mundo... tantas novidades, tantas mudanças, há tanto que se pensar nos pequenos presentes que vão aparecendo no nosso dia-a-dia que vão se perdendo por não lhe darmos a devida atenção. Uma vida sem reflexão não merece ser vivida, já se dizia por aí. De fato, pensar nos acontecimentos e mais ainda no que eles significam para nós é uma tarefa vital para quem busca o sentido da própria existência. Quando chego em casa, por volta das 23 horas, mesmo cansado pela correria do dia, não vou dormir sem antes pensar em tudo que se passou. É uma dica para se ter um excelente sono! Ah, saudade... o que seria da vida sem ela... ou que seria dela sem o coração... Ela indica a permanência de bons momentos. Pessoas agradáveis também causam saudades. Nunca vi ninguém ficar com saudades do que lhe fez sofrer, ou de alguém que lhe magoou. Tênue sentimento de perda, no qual temos a vontade de reviver as coisas boas que o tempo se encarregou de afastar para longe. O tempo é o melhor aliado da saudade. Se o tempo passou e a saudade bateu, é porque algo de bom ficou. Às vezes, sou um pouco nostálgico, ao ficar relembrando o passado. Dizem até que eu vivo do passado. Mas quando saí do seminário, o que eu tinha, além dos amigos da adolescência? Voltei a cada um para tentar um recomeço. Uns estavam ocupados demais. Outros, relacionaram-me a seu passado “atrasado”, e acharam que estariam regredindo ao reviver antiga amizade. Finalmente, restaram aqueles com quem compartilhei uma das melhores fases da minha vida. Com estes não só tive a continuidade de edificantes relacionamentos como reacendemos em nossos corações os antigos ideais. Graças a saudade foi possível recuperar o que o destino e o tempo tinham-me levado para longe.

Depois de estar bem acompanhado, pude me lançar para novas amizades. A reconstrução de minha vida social e afetiva dependia do sucesso desta empreitada. Vi o exemplo de colegas que saíram do seminário: uns logo se casaram, se fixando em uma única pessoa. Outros se sentiram peixe fora d’água, e continuaram vivendo de amizades exclusivamente da Igreja. Outros ainda tomaram o sentido oposto e se desligaram totalmente de qualquer coisa que envolvesse religião. Eu não queria cair no mesmo erro. Por isto, se os relacionamentos não fossem fortes o suficiente, se eu também me sentisse peixe fora d’água, correria o risco de ter tomado uma decisão errada, e perdido a oportunidade de ser feliz. Porém Deus não nos deixa caminhar sozinhos.

Nestes momentos, o ideal é não enfrentar sozinho as incertezas. O conselho, o carinho, a paciência e a atenção de uma pessoa são fundamentais. Melhor ainda se aliasse tudo isto à constância de um relacionamento. Explico: seria melhor se alguém pudesse oferecer tudo isto a qualquer momento, gratuitamente, sem se sentir incomodado. Lú, já deves estar entendendo onde quero chegar. Alguém assim, seria tão

próximo como um irmão, ou como uma namorada.

Enquanto buscava mais e mais amigos verdadeiros, procurava também alguém que tivesse mais afinidade para um relacionamento mais profundo. Novamente a tática de recorrer às antigas amizades. De uma, encontrei apenas remorsos. De outra, a total desilusão no campo afetivo; de outra, até encontrei afeto, mas não havia disponibilidade: em seus planos não havia espaço para um namoro. Consegui finalmente que uma porta se abrisse, mas foi tão conturbado nosso namoro que não durou mais que quatro dias. Não. Não poderia acontecer com alguém ligado ao longínquo passado. Foi então que Ana Lúcia foi tomando maior espaço na minha vida. Nos conhecemos quando eu era ainda seminarista. Mesmo depois de ter saído, continuamos bons amigos, a ponto de passarmos longas horas conversando ao telefone. Foi preparando uma festa

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para um colega, o Amilton, que nós nos encontrávamos com maior freqüência. No começo, ela parecia a pessoa ideal: aceitava totalmente meu novo jeito de ser, tinha disponibilidade de tempo, era bonita e participava intensamente das atividades da Igreja. Até que estávamos indo bem se não fosse a última característica: a participação na Igreja. Ela se envolveu demais com um colega meu que ainda estava no seminário. Isto gerou atrito. Também, uma de suas irmãs adoeceu gravemente. Apesar de querer me fazer sempre presente, senti que estava me tornando um peso. Terminamos em quatro meses.

Tive que encurtar ainda mais o rol dos possíveis relacionamentos íntimos. Passei quase um ano voando. Até que encontrei Viviane. Não tinha nenhuma das características das anteriores, exceto a impressionante beleza. Não estava ligada ao meu passado; não era minha amiga, era bem mais nova do que eu e não tinha ligação com a Igreja. Mesmo assim, nos demos muito bem e contamos hoje com um ano e sete meses de namoro. Se você quiser saber como tudo começou, aguarde a próxima carta. A história é um pouco longa.

Lú, recebi sua mensagem de páscoa quando já tinha começado esta carta. E agora estou em pleno domingo de Páscoa. Desejo-lhe de todo coração que a luz de Cristo, que brilho ontem, na Vigília Pascal, possa te acompanhar durante todos os dias de tua vida e mesmo que os acontecimentos obscureçam seus olhos, tenha dentro do coração a certeza de que Cristo te ama muito e nunca a deixará sozinha. Feliz Páscoa para você e sua mãe e seus irmãos!

Tens notícia de Ângela? Gostaria de saber como foram as comemorações pascais por aí. Sexta-feira Santa participei da encenação da Via-Sacra no morro da Capelinha, em

Planaltina. Um espetáculo de festa. Você precisa conhecer. O cenário é semelhante ao da Nova Jerusalém. Tudo ambientalizado para se assemelhar ao máximo de Jerusalém há dois mil anos atrás. Com certeza, um ato de fé marcante.

Lembro-me de você em minhas orações. Tenho certeza que Deus lhe dará mais motivos para que seja feliz. É só ter paciência.

Vou me despedindo, com saudades e esperançoso de uma breve resposta. Um abraço:

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, 18 de junho de 1998. Querida LUCINEIDE, Agradeço de coração a sua carta. Estão ficando maiores. E mais que isto: vêm carregadas de sinceridade e de amizade. Num mundo onde as pessoas vivem cada vez mais sozinhas é sempre importante ter com quem conversar, trocar idéias. Vejo gente que vive como numa redoma. Pode até estar rodeada de “amigos” mas seu coração é fechado, ninguém tem acesso. Melhor é viver a vida que Deus nos deu, e apesar de não ser exatamente o que a gente queria, é tudo que a gente tem para conquistar a felicidade, e não é só a Felicidade Eterna de que eu falo, mas a felicidade ainda aqui neste mundo. Lu, você acha que Deus nos fez para a amargura? Acha que no momento de nos dar a vida, Ele pensou em criar pessoas tristes? Não! Ele olhou para a gente, e vibrou por ter feito algo bonito e perfeito. Deus viu toda nossa história: presente, passado e futuro. Olhou e se apaixonou. Pois de nada Ele se arrepende. “E Deus viu que tudo que havia feito era bom.” Mas existem as dificuldades, os momentos de dor, os momentos de solidão. Eu sei. E vivo assim também. Mas quando lembro que tenho amigos com quem posso contar, quando sinto a compreensão de uma pessoa, sei que tenho forças para superar. O meu maior desafio no momento está sendo o trabalho. Até que ele seria muito bom se não fosse a falta de respeito humano e de cordialidade. A convivência num ambiente assim, se torna um problema. Fico deprimido cada vez que vou trabalhar. E sabe o que me anima? É a certeza de que Deus tem algo melhor para mim. O que me dá forças para enfrentar as baixarias e desavenças é a esperança de que tudo não passa de treinamento. Um treinamento para ser cada vez melhor. Hoje somos experimentados, amanhã saberemos dar valor ao que conquistamos. Eu também às vezes olho para meu passado e vejo que muitas das minhas limitações humanas se devem ao fato de não ter sido educado adequadamente. Às vezes surgem remorços contra meus pais por não terem me dado o suficiente para ter uma vida harmoniosa. Mas vem a questão: será que eles tiveram uma infância feliz? Será que foram amados adequadamente? Ninguém pode dar aquilo que não recebeu. Sei que devo olhar para frente, enfrentar os problemas como eles são e não como eu queria que fossem. Olhar para o desafio e não ficar me lamentando por que estou vivendo isto. Olhar e buscar alguma saída. Há de existir. Confiança em Deus que Ele tudo pode. Fizeste-me uma pergunta e tanto: se amo realmente Viviane. Respondo prontamente: sim, a amo de todo coração. Não pela sua beleza, ou pela conveniência de estarmos juntos. Ela tem uma coisa que acho belíssima: sua serenidade. Nos momentos mais críticos destes dois últimos anos ela sempre foi presença e conforto. Brigamos muitas vezes, e o saldo que ficou é que nos ajudamos muito mais juntos do que separados.

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Menina, o tempo corre... e como corre. O dia já quase finda e eu ainda não terminei esta carta. Não que eu esteja com pressa. Pelo contrário. Adoro saborear cada carta, sentir cada palavra. Às vezes passo mais de uma semana refletindo o que vou dizer, entender a situação de vários ângulos. Olhe para as estrelas. A noite não é tão quente quanto as de verão. Sinta a brisa acariciar seu rosto. Vê. Há tantas pequenas surpresas no dia-a-dia que não percebemos. Elas estão aí, em toda parte, esperando que nós simplesmente nos demos conta de que existem. Estamos próximos a São Pedro. E como vão os festejos aí? Ainda não vi nenhuma fogueira por aqui. O pessoal daqui prefere barulho ao invés das quadrilhas. Cachorro quente no lugar da canjica. Cerveja, à quentão. Um dia quero experimentar uma festa junina de verdade... Fiquei muito contente por Ângela ter me convidado para ser padrinho de Ruthe Celeste. É uma responsabilidade que compartilho com muito orgulho. Ruthe. Ruthe do Céu. Assim que vou chamá-la. Já a tenho presente em minhas orações. E sei que Ângela está se saindo muito bem como mãe. Afinal ela já teve uma outra Ruthe... Bom. Vou ficando por aqui, minha amiga. Continuarei aqui, torcendo por você. Quando puder, me escreva. Um afetuoso abraço, do amigo:

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Brasília , 17 de agosto de 1998. Estimada Amiga Lu, Gosto, como gosto de cartas. Cartas alegres, cartas tristes. Cartas engraçadas. Cartas sérias. Cartas de simpatia, cartas de confraternização. Até de cartas de queixas (que acabam se parecendo com as cartas de desabafo). Todas trazem alguma realidade, algo que eu não conhecia e que acabo vivenciando. Quando te conheci, pensei: taí uma pessoa com boa experiência, sorriso sincero... Se eu ficasse um mês em Água Preta, não seria suficiente para conhecer tudo desta preciosidade. Portanto, ideal para troca de cartas. Hoje vejo que gradativamente vamos nos conhecendo e, mais que isto, acabamos influenciando a vida do outro, seja pelo conselho, seja pela oração. Obrigado pela mensagem. Se eu não sou nem o primeiro e nem o último, quero ser o mais leve no seu coração. Sabe por quê? Além de ser mais confortável, poderemos flutuar por sobre as asperezas da vida e encontrar as nuvens da simplicidade, dos bons ideais. Por isso, amiga, não quero que você se preocupe quando tardarem as correspondências. Deixe que a leveza de nossa amizade indique o melhor momento de partilhar nossos momentos. Querida amiga, quer dizer as coisas estão mesmo melhorando... Graças a Deus! Que bom você ter conseguido um emprego. É pouco sim, mas já alguma coisa. Como sei que você é uma menina esforçada e aplicada, estou certo que irá conseguir algo melhor. Mas a vida não é apenas trabalho. É também (e principalmente) sentimento, sonho e vontade. Encontrar alguém para partilhar um pouco de seu sorriso, de sua amizade, de seu carinho e de bondade é uma coisa que está ficando cada vez mais difícil num mundo carente de diálogo e sinceridade. Espero que vocês estejam sendo felizes. Estou para completar dois anos com “Copinho de Leite”. Além de comemorarmos dois anos de vida compartilhada e bem vivida, o sentimento cresce e quanto mais nos ajustamos um ao outro, mais exigimos presença e compreensão. Amiguinha, você não vai acreditar, mas eu e Viviane só nos vemos, em média, 2 vezes

por semana, porém é mais que suficiente para nos tornar dependentes um do outro. Você já deve estar se perguntando se já não seria hora de casamento. Mas já pensamos e falamos muito no assunto. E apesar de nos querermos imensamente a cada momento, concluímos que o melhor ainda é esperar. Afinal, não basta vontade para um passo tão importante. Enquanto isto, vamos aproveitando... Está acontecendo, nesta semana, aqui em Brasília, a MICARETA, que é um carnaval fora de época. Alegria e diversão para uns, problema e dor de cabeça para outros. Eu fico de cá, observando. Como não estou muito dispsto a curtir este tipo de manifestação, acho mais cômodo e seguro não participar. Recebi até convites, mas preferi ficar com meu “Copinho de Leite”. Lu, não se assuste. Ao mencionar a falta de harmonia que existe no meu convívio familiar, não quis dizer vivemos “em pé de guerra’, mas que, ao enfrentar um mundo lá fora tão exigente, me dei conta de quanta coisa que me faltou para lidar com as adversidades. Esta lacuna, difícil de ser preenchida, é que eu julguei trazer um pouco de atrito e desarmonia dentro de casa.

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Querida amiga, fale-me de Ângela e seus rebentos. Rute Celeste com está? Já sorri? Rezo por ela, assim com rezo por minha prima para que consiga ser uma boa mãe para as crianças. Quanto à Igreja, fizemos três homenagens aos pais no últimos final de semana. Foi muito tocante para alguns e até cansativo para mim, mas compensou, pois foi feito para Deus. Infelizmente, meu pai não esteve em nenhuma delas. Vou te contar um coisa que ninguém ainda sabe: pretendo, gradativamente, me mudar daqui. É que na casa de minha irmã, sobra um quanto. Como ninguém usa, vou ocupá-lo com meus pertences. Esta idéia me veio hoje, após uma reflexão pessoal no Parque. A vida de apartamento é meio neurótica. Aqui ao lado de casa, tem um prédio em construção. 3 anos sem sossego. Além disso, me sinto sem espaço aqui. Para ser sincero, os anos de seminário me deixaram meio individualista. Gostaria de ter meu lugar. E você? Como está sendo a experiência a dois? Tem ido à Belém? E o mês vocacional? Outro dia, arrumando minhas coisas, encontrei uma coleção de “Palavra de Vida”. Acabei me lembrando de você. Amizade é isto: apesar da distância, um detalhe ou outro nos faz lembrar dos amigos. Comecei sua carta na sexta. Termino-a agora, segunda, nesta sonolenta segunda-feira. Um abraço de urso para você e lembrança a todos. Saudades...

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P. S. : meu telefone 061 344 3280.

, 26 de Janeiro de 1999.

Estimada Amiga, A esperança é a herança reservada aos fortes. Como vai, Lu?! Recebi, com contentamento, sua cartinha. Agradeço de coração a lembrança. Obrigado pela atenção e carinho. De fato, sabemos o quanto vale nossa vida, pela mesma medida de quanto semeamos paz, esperança e fraternidade. Às vezes se constrói tanto, e tão pouco significado se acrescenta à existência. Acredito que nós só levamos deste mundo, as boas lembranças e as amizades. Por isto, amiga, meu muito obrigado! O Natal passou, é verdade, mas foi tão marcante: não só pela família reunida, mas pelo seu sentido original que está sendo resgatado. Foi boa a festa, foi gostosa a ceia. Mas o que valeu mesmo foi a família ter se reunido para rezar. É interessante notar o quanto de coisas que aparece para nós fazermos. Se deixar, nos envolvemos intensamente e esquecemos do principal: o Espírito Natalino de reconciliação, de alegria, de candura. Penso no grande presente que Deus deu à humanidade: Jesus. Diante deste, não precisaríamos de outro presente. Só Jesus bastaria. Houve também surpresa neste fim-de-ano. Apesar de ter um recesso do emprego por alguns dias, não esperava viajar. Pois não é que viajei? Mas não foi para muito longe. Fui a Ilhéus e ainda levei Copinho de Leite. Acho que Viviane gostou muito, pois há longa data ela não via o mar, não andava na areia e bebia água de coco do próprio coqueiro. Mentalmente, estávamos descansados, mas fisicamente, não. Logo que cheguei, retornei ao serviço num ritmo bem mais agitado que antes, tendo folga apenas da faculdade. Quer dizer que tens vontade de cursar a faculdade? Parabéns. Não são muitos que têm este sonho. Se colocas um objetivo em tua vida, hás de consegui-lo, pois Deus ouve aquele que suplica. Acredite em sua capacidade e vá adiante. E é verdade que as portas se abrem com mais facilidade quando se tem um curso superior. No início, pode parecer difícil, mas sempre aparecem estágios. Mas se precisar de ajuda, estou aqui, não se esqueça. Seu sonho de formatura pode ser real! Acho que nunca podemos nos acomodar com aquilo que somos. O infinito é o nosso limite. Precisamos desejar as coisas elevadas para alcançarmos sucesso nesta vida. Jesus indicou este caminho quando disse: sede perfeitos como o vosso Pai do Céu é perfeito. Ele sabia que nós nunca seríamos capazes de ser tão perfeitos quanto Deus, mas a busca da virtude nos fortalece e nos engrandece. Façamos a nossa parte e Deus nos dará a recompensa. Também não me sinto realizado profissionalmente. Mas coloco nas mãos de Deus e todos os dias lhe peço que me indique sua vontade. Estou fazendo o último semestre da faculdade. Assim que terminar, buscarei outro emprego onde possa ser mais útil e me sinta mais realizado. Como está Água Preta, no início deste ano? Precisamos de bastante otimismo para poder enfrentar este ano. Promete ser desafiante para todos nós. Mas unidos, chegaremos lá. Tens conseguido descansar? É bom que estejas bem física e espiritualmente, para começar bem este ano. E sua mãe, e sua família, como estão? Gostaria que me deixasse algum telefone para contato. Talvez precise, como no ano passado. E Ângela, como está em sua lida de mãe por duas vezes? Rezo sempre por ela e pelas meninas. Não deve ser fácil fazer o que ela faz. Lourdes deve ser de grande valia neste momento. E o coraçãozinho, como tem se comportado? Uma pessoa como você é uma pedra preciosa enrustida numa rocha. Poucos têm acesso, mas quando encontram... Bom, minha amiga, antes de colocar um ponto final nesta carta, quero ainda agradecer pelas belíssimas palavras da sua carta. Refletem a nobreza e a delicadeza de sua personalidade. Obrigado! Desejo sucesso para este 99! Abençoado para ti também.

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, 21 de Abril de 1999.

Querida Lu, A verdadeira medida do tempo não é o relógio. A verdadeira medida do tempo se chama esperança. Quanto tempo, hein Lu?! Às vezes a gente precisa sentir saudades para darmos o devido valor às coisas. Andas meio agitada, eu sei disso. Eu também corro contra o tempo e sempre saio perdendo. São tantas as metas até o final deste semestre, que espero ter mais tempo depois de agosto. Acho que correria virou a marca registrada de nossa geração. Já reparou que na nossa idade é comum encontrar pessoas cansadas e estressadas? Temos tanto tempo pela frente mas parece que apenas dos 20 aos 25 é que se tem que definir tudo na vida: emprego, casamento, estudo, carro, etc, etc, etc, etc, e etc! A cobrança é muito grande. Mas, o mais importante é manter a cabeça fria, olhar para frente e pedir que Deus nos acompanhe. A vida familiar é uma pilha de taças. Basta uma tremor, e afeta a todos. Querida Lucineide, conselho para te dar não tenho. Pois também estou atrás de um. O que posso fazer é compartilhar minha experiência e juntos tentarmos encontrar uma solução. Quando terminamos o segundo grau, ficamos como numa fase de incertezas e angústias, pois acabamos de deixar a adolescência e começamos a nos preocupar com o futuro. O que vai ser de mim daqui para frente? O que fazer? Para onde ir? São tantas as questões vitais. Sem contar a pressão da família e da sociedade que não admite um jovem “dentro de casa, sem fazer nada”. Quanto a isto, não há muito o que fazer. Pressão sempre existirá. Seja na faculdade com um professor chato que te cobra trabalhos, seja no serviço, onde seu chefe estará sempre exigindo mais de você. Porém quanto às dúvidas, estas sim, podem nos trazer benefícios. Você já parou para pensar no que você quer para sua vida? Desculpe ser tão direto na pergunta. Mas tudo o que eu disser daqui para frente será baseado nesta pergunta. O que quero para mim, para meu futuro? Ser professor(a), médico, funcionário público? Tentar a vida em outro lugar? Escrever um livro? Ajudar as pessoas num hospital, num orfanato? Ser religioso? Buscar a felicidade ao lado de outra pessoa?... o mundo das possibilidades está aí, na nossa frente. E podemos e devemos sonhar com alguma possibilidade. Pode parecer bobagem, mas só andamos se tivermos um lugar para ir. Então: ter um objetivo é o primeiro passo. Depois são os planos: como chegar lá? Só estudando, só trabalhando? Ou será necessário trabalhar e estudar? Em que lugar terei mais chances de me aproximar de meu objetivo? Que pessoas, livros, filmes, contatos me ajudarão no meu objetivo? Agora, nesta fase já posso ter muitas opções. Por exemplo: queres entrar na faculdade. Este é o objetivo. Mas para alcançá-lo precisas trabalhar, pois próximo de onde moras só tens faculdades particulares. Pois bem. Dá para pensar em se realizar num emprego agora? Não, dificilmente não. Mas se trabalhar num emprego mais ou menos, mas que dê condições de pagar os estudo, perfeito! Valerá o sacrifício. Quando saí do seminário, não tinha nada, além de um comprovante de conclusão do 2º grau. Sem experiência de trabalho, corri atrás do primeiro concurso público que apareceu. Passei e fui chamado. Trabalhava oito horas por dia e ganhava tão pouco que, proporcionalmente, a passadeira daqui de casa ganhava mais do que eu. O dinheiro dava só para minha faculdade. Mas não desanimei. Eu sabia que aquele emprego não era definitivo. Eu poderia esperar até terminar a faculdade para tentar um outro emprego. Mas no momento exato, Deus permitiu que eu fosse chamado numa prova que tinha feito há mais de dois anos. Melhorou na questão do salário, mas em termos do trabalho, uma negação. Trabalhar na área de pagamento de pessoal, além de ser estafante, o ambiente também não era muito bom. Mas estou conseguindo pagar minha faculdade, e é isto que importa. Depois há de haver melhores oportunidades. Então, minha amiga, o importante é ter um objetivo na vida. E mesmo que as circunstâncias não favoreçam, lute, vá atrás, e sem perder a esperança, peça a Deus que te ilumine. Pois nos momentos mais críticos, ele estará do teu lado. Tens talento! És esforçada! Hás de conseguir! Falando, agora de assuntos corriqueiros: se depender do seus elogios, meu namoro com Viviane vai parar no céu... Espero que você encontre logo alguém à sua altura, que corresponda à imensidão de seu coração, que, enfim, te faça feliz. Pode ser um príncipe encantado, um príncipe desencantado, o que importa que o sonho pode se tornar realidade, desde que a gente sonhe, almeje e confie. As coisas boas quando aparecem na nossa vida, nunca vêm desacompanhada.

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Ah, menina! Como eu queria estar aí, na festa de São José. Esta festa só era comemorada no seminário. Aqui em Brasília, a devoção ao Guardião do Menino Jesus fica restrita apenas às paróquias do Padroeiro. Um dia, quem sabe, eu não participe de uma procissão com vocês? E por falar no santo, como foi sua páscoa? Cheia de chocolate ou cheia de Deus? Ou ambas as coisas? Pouco a pouco estou conseguindo que não só minha namorada, mas também a sua família participe destes momentos mais importantes de nossa fé. Muita oração é de que preciso. Agradeço de coração a lembrancinha de Primeira Comunhão. Vai direto para minha coleção. Sabia que um dos meus passatempo predileto no Seminário era de ficar colecionando santinhos e cartões com mensagens cristãs? Pois é. Um dia pretendo te mostrar minha coleção. Fiquei contente por você ter ligado, mas triste por não termos conseguido nos falar. Podíamos fazer o seguinte: marcaríamos um dia (por carta ou telefone) para falarmos ao telefone. De vez em quando é bom ouvir sua voz. Sugiro no Domingo ou no feriado, quando a tarifa telefônica é mais barata. Sabe, Luluzinha, estou num corre-corre por causa do meu curso de faculdade. Este é meu último semestre e eu preciso entregar um Projeto Final. Sem ele, eu não passo. Por isso me dedico quase que diariamente a ele. Confiante em Deus hei de passar neste meio de ano e vou ficar mais livre para me dedicar aos meus amigos. Por aqui a esperança por emprego é maior que a realidade. São milhares de pessoas sem ter de onde arranjar dinheiro para comprar o mínimo. E não poucas vezes vi um pai de família chorar por não ter condições de dar o que comer a seus filhos. Deus olhe pelo Brasil! Vamos fazer um churrasco na Igreja para conseguir dinheiro para pagar o som que vai ser colocado no interior da Igreja. Se você estivesse mais perto, te convidaria. Agora, poderei apenas dizer se a comida estava gostosa. Como a perseverança é a virtude dos fortes vou torcer pela sua felicidade. Aliás, faço mais: vou rezar por você e por sua família. E se mais que oração você precisar de algo, é só pedir. Abraços e Saudades:

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, 07 de Fevereiro de 2.000. Estimada Lucineide, Onde estiveste que não te vi em Janeiro? Achei que te encontraria na Missa de Batizado das duas Ruthes, mas você não apareceu... Teria sido uma boa oportunidade para nos revermos e para que você conhecesse Viviane, minha namorada. Mas tudo bem. O tempo foi curto e quando é para acontecer, acontece. Agradeço seu cartão. Foi um dos mais bonitos. Gostei. Ângela me deu notícias suas. Disse-me que agora você está lecionando. Parabéns. Sempre chega quem caminha. O importante é nunca perder a esperança. O batizado foi marcante, para mim que me tornei padrinho de Ruthe Celeste e Ruthe Lorena, e para Ângela, que viu se realizar um sonho de longa data. Todos presentes à missa, fonte de maiores graças para quem está iniciando nos caminhos do Senhor. Ângela, que abraçou com o corpo e a alma a missão de cuidar de duas crianças marcadas pela dor do abandono, pouco a pouco restitui às duas o sentimento de carinho e de segurança, tão fundamentais para qualquer ser humano. Lourdes também foi madrinha das duas e ela compartilha com Ângela a missão de educar as afilhadas. Costumo dizer que Lourdes é madrinha em dose dupla, não só pelo fato de ter batizado as irmãs, mas por estar presente quando não estou. Aliás, minha missão é rezar por todas elas, para que Deus dê sempre forças. Espero também poder acompanhar, seja por cartas, seja por telefone. E você, minha amiga, como estás? Como esteve na virada do ano? E o Natal com a família, foi bom? Quando viajei para Caruaru, lembrei-me de você: é que passamos perto de Belém. Não estaria minha amiga junto à sua querida avó?... Bom. O ano de 99 representou um ano de muitas conquista. É meu desejo para 2000 melhorar ainda mais. Quem sabe com um novo emprego? Quem sabe com novos estudos? Sei que estas férias foram excelentes para me restabelecer as forças e começar com garra o ano. Falando em ano 2000, este é o Ano Jubilar, ano que promete derramar muitas graças para quem as busca. Você já sabe qual ou quais paróquias haverá indulgências para quem participar da Missa em estado de graça? Neste ano quero me dedicar mais à Igreja. Principalmente agora, que trocaram o Pároco. Já conseguimos um projetor para que o povo acompanhe a letra das músicas. Há ainda o piso e as paredes para melhorar. Felizmente, já temos nosso som. A comunidade vai crescendo a medida que pedimos sua colaboração. Há de ser um ano bom para todos nós. Aguardo notícias suas. Fica meu abraço e minha saudade:

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Brasília - DF, 2 de março de 2000.

Lú, Agora fiquei mais tranqüilo, ao saber do motivo do nosso desencontro. Foi mais ou menos como eu imaginei. Com certeza teremos mais uma oportunidade para que conheças Viviane, ela que, aliás, conhece todas as minhas amizades por correspondência. Quer dizer então que minha querida amiga vai se casar? Que maravilha! Só posso desejar um futuro pleno de felicitações e que vocês encontrem juntos mais e mais motivos para se amarem e que pelo conhecimento mútuo possam superar todas as adversidades. Dizeste-me que ficaste noiva mas não me revelaste o nome do felizardo. Sim, felizardo, pois tê-la ao lado é contar com uma presença feliz, carinhosa e sensível, sempre. Toda vez que se anuncia um noivado, vem imediatamente a pergunta: quando se casam? Mas não vou questioná-la sobre isto agora. A caminhada ainda é longa. Sinto também a necessidade de conversamos diretamente. Pensei no seguinte: combinamos uma data e um horário; você iria para casa de Ângela e então falaríamos. Qual seria o melhor dia da semana e o melhor horário para você? A vida me sorri. Após cinco anos de intensa correria (casa-trabalho, trabalho-casa, casa-faculdade, faculdade-casa), finalmente agora descanso. Tenho as minhas oito horas de sono e nenhuma tarefa escolar para fazer... Mas ainda não parei. Terminei o curso, porém, como não trabalho na minha área, tenho 3 opções: 1) fazer concurso para nível superior em informática; 2) buscar uma especialização; 3) montar meu próprio negócio. Vamos lá, de trás para frente: como abri uma empresa hoje em dia não é nada fácil, pois demanda tempo e dinheiro e concursos públicos estão cada vez mais difíceis de se passar, estou me aprofundando um pouco no que gosto de fazer que é computação gráfica.

Apesar de ser um mero digitador no meu serviço, gosto do ambiente, o salário é razoável, o trabalho é contínuo, mas sonho em estar naquilo para o qual me preparei.

Em relação ao namoro, este está indo de vento em popa. Ajudo Viviane a

gerenciar uma telemensagem. Não sei se você conhece uma telemensagens, mas o trabalho que dá para encontrar uma determinada mensagem é grande. Assim, utilizei um pouco do conhecimento que obtive na faculdade e adaptei tudo no computador. Todas as mensagens são passadas pelo computador. Continuando a falar de Viviane, ela está estudando para o concurso da Caixa Econômica Federal e estou lhe dando total apoio (até estou evitando de ir mais vezes à casa dela, você sabe, para não atrapalhar).

Eu dou total apoio para qualquer esforço de aprimoramento. Viviane, você estão sempre inquietas, buscando o melhor. E isto é bom, pois nunca se deve

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acomodar. Nunca dizer não sou capaz. Sempre acreditar nos talentos que Deus nos dá. A vida é uma interminável caminhada de aprimoramento.

E por falar em nisso, estarei indo, se tudo ocorrer conforme planejado, para a casa de retiro das Missionárias de Jesus Crucificado. Será no período de Carnaval. Preciso colocar minhas relações com Deus em dia.

Mando uma lembrancinha de nossa última viagem. O local lhe ser familiar.

Abraços e saudades:

P.S. 1: Você sabia que se escrever carta social pelo lado de fora do envelope, você paga apenas 1 centavo?!

P.S. 2: Não se preocupe se a carta exceda mais de uma página. Eu também, às vezes, me empolgo e acabo fazendo um

belo jornal.

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Brasília-DF, 19 de Março de 2001. Querida Lú,

"Às vezes a vida nos derruba do cavalo a fim

de que olhemos para ela com outros olhos". Minha estimada amiga, que revoluções ocorrem dentro do seu coração, neste momento? Candura e bondade são qualidades que são raras hoje em dia, mas transbordam dentro de você. Sei que tudo que fazes por tua avó que te criou o fazes de coração. Ela está precisando e não poderias abandoná-la. Porém, há outras questões igualmente importantes que merecem sua atenção. A Igreja encontramos em todo lugar. Mas família, não. Estou falando da sua mãe que deixaste em Água Preta e principalmente, teu noivo. Se você escolheu ficar com sua vó, para ajudá-la e para "dar um tempo" com o objetivo de colocar sua vida em ordem, fazes bem. Nesta veloz correnteza em que passam nossos dias, por vezes deixamos escapar momentos preciosos de crescimento. Parar, nestes casos faz bem. Eu mesmo parei para poder "digerir" melhor o que estava me acontecendo comigo. Depois, há o apelo da realidade, para o qual não podemos adiar. Os problemas estão aí e carecem de solução. Estou rezando por você, minha amiga. Que este teu sorriso meigo e a leveza de sua presença possam sempre lhe ajudar a superar todos os obstáculos. Eles virão, com certeza, mas para quem tem Deus no coração, logo, logo as portas se abrem, o sol clareia, a brisa vem e tudo se torna paz. Há um ano recebia a notícia de minha amiga de que estaria noiva. Imaginei que esta seria uma feliz fase em sua vida. Noivado é preparação. Preparação para um elo que se estenderá pela eternidade, e não só "seja eterno enquanto dure". É uma etapa delicada, de conhecimento mais profundo. Tudo dando certo, o casamento vem como coroa de rosas sobre o jardim bem cultivado. Dúvidas, incertezas, sempre teremos. O importante é estar consciente de que o compromisso se avizinha. Seja sábia, Lu, e verás que na sua vida, quem está na direção é você. E como foi a festa de São José? No Nordeste inteiro esta data é muito lembrada. E por falar em lembrança, estive este final de semana com alguns padres e seminaristas. Foi um agradável encontro. As recordações afluíam à medida que a conversa progredia. Já estava ficando familiarizado com o ambiente. Este ano, se Deus quiser vou conseguir me doar mais para a Igreja. Estou fazendo um curso que se chama "Igreja e Cidadania". É ministrado por Leigos, mas têm um bom embasamento. As aulas ocupam quase todas as noites, de modo que eu tenho que me organizar muito para poder dar conta de tudo. Sei não, acho que nasci para viver estressado (no bom sentido, é claro!) Conversei com Ângela, outro dia e falamos sobre você. A sua ausência já foi notada, Lú. Não só pelos amigos como também na Igreja. Tive a boa notícia de que minhas afilhadas estão bem. E que

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já estão até cursando a creche. Que Deus abençoe muito estas meninas. Meu coração se enche de alegria por que nada ocorre por acaso: minha saída do seminário, meu afastamento dos amigos mais achegados e até meu namoro, em tudo sinto o dedo de Deus me preparando, me ensinando. Que missão Ele guarda para mim agora? Não sei. Só sei que é disto que depende minha felicidade. Queridíssima amiga, a noite avança e os olhos pesam. Desejo ótima recuperação para tua vó, que você aproveite este tempo para pensar e, quem sabe, conversar com algum diretor espiritual. "A luz que brilha no horizonte, indica a salvação. Levantemos, vamos enfrentar o deserto para encontrarmos o repouso de nossa alma". Um forte abraço:

Feliz e Santa Páscoa!

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