44
POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS DE MATRIZ AFRICANA CARTILHA

Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

  • Upload
    lytuyen

  • View
    225

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

POVOS E COMUNIDADES

TRADICIONAIS DE

MATRIZ AFRICANA

CARTILHA

Page 2: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais
Page 3: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

Povos e Comunidades

Tradicionais de

Matriz Africa

na

CARTILHA

Page 4: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

2016-MinisteriodaJustiçaeCidadania

SecretariaEspecialdePolıticasdePromoçaodaIgualdadeRacial

SecretariadePolıticasparaComunidadesTradicionais

Tiragem:15.000milexemplares

DistribuiçãoGratuita

"Areproduçaodetodooupartedestedocumentoepermitida

somentepara�insnaolucrativosdesdequecitadaafonte".

SecretariaEspecialdePolíticasdePromoçãodaIgualdadeRacial

SecretariadePolíticasparaComunidadesTradicionais

EsplanadadosMinisterios,BlocoA,5°e9°andares

CEP:70.054-906–Brasılia-DF

+55612025-7000/7008

[email protected]

www.seppir.gov.br

www.facebook.com/igualdaderacial.br

Page 5: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

PRESIDENTEDAREPÚBLICAMichelTemer

MINISTRODAJUSTIÇAECIDADANIAAlexandredeMoraes

SECRETÁRIAESPECIALDEPOLÍTICASDEPROMOÇÃODAIGUALDADERACIAL

LuislindaValois

SECRETÁRIADEPOLÍTICASPARACOMUNIDADESTRADICIONAISRenataMeloBarbosadoNascimento

PRODUÇÃODECONTEÚDO:

JosePedrodaSilvaNeto,

consultorPRODOCPNUDBRA13/020

REVISÃO:

CarolinaCarretHofs

DesireeRamosTozzi

FernandaMartins

COLABORADORES:

AuloBarrettiFilho

BudadeBobossa

JulioSantanaBraga

MakotaValdinaOliveiraPinto

MunizSodre

PauloCesarPereiradeOliveira

ReginaNogueira

SilasNogueira

SilvanyEuclenio

TiaoSoares

VilmaPiedade

WandersonFlordoNascimento.

Page 6: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

SUMA� RIOApresentação-pg.01

Povo,Tradição,TerritórioeAçãoPolíticaDequandoosafricanosforamtrazidosparaoBrasil-pg.06OsPovosTradicionaisdeMatrizAfricana-pg.07AstradiçoesvindasdeA� fricaesuapermanencianoBrasil-pg.08OrigenseTradiçoes-pg.09AncestralidadeeOralidade-pg.11TerritoriosTradicionais-pg.12VisgoparaCombateroracismo-pg.17

INTERFACESDASCULTURASTRADICIONAISPARADIALOGARCOMOESTADO-pg.19

CULTURA:MatrizTransversal-pg.21

SAÚDEEALIMENTAÇÃO:MagiaPorSiSoNaoEncheBarriga-pg.25

Bibliogra�ia-pg.29

Page 7: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

APRESENTAÇÃO

Matukanamalevelekamalendilutantuko

"Pormaiscompridasquesejam,asorelhasnãopodemultrapassaracabeça"

ProvérbioBantu

Page 8: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

artigo3º,incisoI,doDecreto6.040/2007de�inecomoPovoseComunidades

OTradicionaisos"gruposculturalmentediferenciadosequesereconhecem

comotais,quepossuemformaspropriasdeorganizaçaosocial,queocupame

usam territorio e recursos naturais como condiçao para sua reproduçao cultural,

social, religiosa, ancestral e economica, utilizando conhecimentos, inovaçoes e

praticasgeradosetransmitidospelatradiçao".

Em todoo territorio tradicional, nos chamados "terreiros"ou "roças" sao

vivenciadosvaloresdeorganizaçaocoletivae tradiçoes, incluindoarelaçaocomo

universo sagrado oriundo de diferentes contextos culturais africanos. As praticas

tradicionaisdematrizesafricanasrea�irmamadimensaohistorica,socialecultural

dosterritoriosnegrosconstituıdosnoBrasildoqualareligiosidadeereligiao–relaçao

comosagrado–saoalgumasdesuasfacetassaotambemamparadospelosprincıpios

que regem o decreto nº 6040/2007, art. 1º, inciso I: "(I) reconhecimento das

comunidadestradicionais,levando-seemcontaosrecortesraciais,degenero,[...]e

religiosidadeeancestralidade".

Em2013,foilançadoo"PlanoNacionaldeDesenvolvimentoSustentaveldos

PovoseComunidadesTradicionaisdeMatrizAfricana",resultantedeumesforçopara

integrar e ampliar as açoes no ambito do Governo Federal para esses povos e

comunidades.OPlanofoicoordenadopelaSecretariadePolıticasdePromoçaoda

Igualdade Racial da Presidencia da Republica - SEPPIR/PR em parceria com os

seguintesorgaosdogovernofederal:MinisteriodaSaude,MinisteriodaEducaçao,

Ministerio do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Ministerio da Cultura,

Ministerio do Meio Ambiente, Ministerio do Planejamento, Orçamento e Gestao,

InstitutodoPatrimonioHistoricoeArtısticoNacional,FundaçaoCulturalPalmares,

SecretariadeDireitosHumanoseEmpresaBrasileiradePesquisaeAgropecuaria.As

iniciativas e metas estao distribuıdas por tres eixos estrategicos: (i) Garantia de

Direitos, (ii) Territorialidade e Cultura e (iii) Inclusao Social e Desenvolvimento

Sustentavel,numtotalde10(dez)objetivos,19(dezenove)iniciativase56(cinquenta

eseis)metas.

Esta cartilha temo objetivo de informar e quebrar estereotipos sobre os

povosecomunidadestradicionaisdematrizafricanaeorientaraimplementaçaode

programasepolıticaspublicas, fomentandoodebateemtornodestesegmentoda

populaçaobrasileira.OconceitodePovosTradicionaisdeMatrizAfricana,aquiposto,

baseia-senahistoricalutademovimentoseliderançastradicionaisdematrizafricana,

subsidiadoapartirdediscussoesfeitasentreasociedadecivilentre2011e2014.

OmaterialutilizadoparaaconstruçaodestaCartilhaforamosrelatoriose

transcriçoesdosseguinteseventos:

Ÿ Seminário"TerritóriosdasmatrizesafricanasnoBrasil-PovosTradicionais"

pg.02

Page 9: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

(2011);

Ÿ IVConferênciaNacionaldeSegurançaAlimentareNutricional,MDS(2011);

Ÿ O�icina de Trabalho "Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos

PovoseComunidadesTradicionaisdeMatrizAfricana"(2012);

Ÿ ReuniãodetrabalhocomLiderançasTradicionaisdeMatrizAfricana(2012);

Ÿ Plenária preparatória dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz

Africanaparaa IIIConferênciaNacionaldePromoçãoda IgualdadeRacial

(2013);

Ÿ IIIConferenciaNacionaldePromoçãodaIgualdadeRacial(2013);

Ÿ IIIConferênciaNacionaldeCultura,MinC(2013);

Ÿ Seminário Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos e Comunidades

TradicionaisdeMatrizAfricana(2014),sobreoconceitodePovosTradicionais

deMatrizAfricanaedarelaçãodessapopulaçãocomoEstadobrasileirona

perspectivadoacessoàspolíticaspúblicasedapromoçãodaigualdaderacial

paraasuperaçãodoracismoapresentamososartigosqueseguem.

Ao longo destes encontros, lideranças tradicionais de matriz africana

discutiram sobre o conceito de povo, tradiçao e territorio a luz das rupturas e

permanenciasdasculturasbanto,ewe-foneyorubanoBrasil,eaqui,pretendemos

quesuasvozes sejam lidas junto a uma vasta bibliografia (documentos do Governo Federal,

Marcos Legais e bibliografia de intelectuais que também participaram das discussões).

pg.03

Foto:FernandaProcopio/2012.[AbaçáOxumOxossi-MãeCaçulinha–SP]

Page 10: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais
Page 11: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

POVO,TRADIÇÃO,TERRITÓRIOEAÇÃOPOLÍTICA

"[...]aviolênciaéapedradetoque,onúcleocentraldoproblemaabordado.Sernegroéserviolentadodeformaconstante,contínuaecruelsempausaourepouso,porumaduplainjunção:

adeencarnarocorpoeosideaisdeEgodosujeitobrancoederecusar,negareanularapresençadocorponegro".

JurandirFreiredaCosta

Dequandoosafricanosforamtrazidos

paraoBrasil

OsPovosTradicionaisdeMatrizAfricana

AstradiçõesvindasdeÁfricaesuapermanência

noBrasil

OrigenseTradições

AncestralidadeeOralidade

TerritóriosTradicionais

VisgoparaCombateroracismo

Page 12: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

tra�ico de pessoas escravizadas de A� frica para o continenteOamericano começou em 1545, quando Martin Ferreira

estabeleceucomercionaA� frica.Em1550,osespanhois�izeram

dasterrasconquistadasnaAmericasuascolonias,oquepediuorapido

desenvolvimento do tra�ico de pessoas para atender suas demandas

economicas.Apartirde1580,mercadoriasdaEuropaeramtrocadaspor

pessoas escravizadas emA� frica, sequestradasdediferentespartesdo

continente. Entre os seculos XVI e XIX, chegaram vivos as Americas

aproximadamente 11 milhoes de negros africanos escravizados,

originarios de diversas regioes do Continente. Somente para o Brasil

foram trazidos cerca de 5 milhoes de pessoas (Alencastro,2000), de

origem bantu, ewe, fon, yoruba, ijexa, egba, egbado, save, Quicongo,

Quimbundo, Nbundo, Haussás, Mande, Fulas e de outros povos e

segmentos etnicos,oqueexplicaadiversidadedeidiomasetradiçoes

preservadasnosterritoriostradicionaisdematrizafricananonossopaıs.

1

2

3

4

DaGuine Sec.XVI-1.550A1.580

DoCongoe

AngolaSec.XVII-1.580a1.650

DaCostada

MinaSec.XVII/XVIII-1.650a1760

DoGolfodoBenin

Sec.XVIII/XIX-1.770A1.850/88

QuadroSinópticoAproduzidoapartirdeVERGER,Pierre.FluxoeRe�luxoDoTrá�icodeEscravosentreoGolfodoBenineaBahiadeTodososSantosdosséculosXVIIaXIX.EditoraCorrupio,1987.

PierreVerger(1987)dividiuemquatrofaseso�luxodenegrosdaA� fricapara

aBahiaentreosseculosXVIeXIX,usandoosnomesdasregioesafricanasdasquais

procediamosescravizados.Noentanto,naopodemosfalaremdatasdeinıcioe�im

absolutosdocomerciodepessoasdedeterminadaregiaooudasviagensparaesse

�im,lembrandoquenoultimoperıodo,oCiclodoGolfodoBenin,otra�icodepessoas

jaeraconsideradoilegal.

pg.06

DequandoosafricanosforamtrazidosparaoBrasil

Page 13: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

signi�icadodoquesaoosPovosTradicionaisdeMatriz

OAfricanasesustentanahistoria.Povosem lutadesdea

diasporaeaescravizaçao;povoscomculturadeorigem

identi�icavel cronologica e geogra�icamente e, cujas trajetorias,

incluindoperdasedesaparecimentostantoquantoresistenciae

renovaçao,preservam, inventamereinventamsuatradiçao,sua

fontedesaberesuaidentidade.Povosemluta.

"Assimsendo,noprocessodeelaboraçãodo primeiro Plano de DesenvolvimentoSustentável dos Povos e ComunidadesTradicionais de Matriz Africana, nodiálogoquemantivemoscomoGovernoeoutras lideranças de Matriz Africana,desde dezembro de 2011, algumasexpressões e conce i tos f oram sematerializando e estão presentes nodocumento, segue algumas: PovosTradicionaisdeMatrizAfricanareferindoaoconjuntodospovosafricanosparacátransladadoseassuasdiversasvariaçõese denominações or ig inár ios dosprocessos históricos diferenciados emcadapartedopaísemrelaçãocomomeioambiente com os povos locais" (MakotaValdina)

pg.07

OsPovosTradicionaisdeMatrizAfricana

Page 14: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

OsPovosTradicionaisdeMatrizAfricananaoseconstituememumaunidade

homogenea, mas em uma diversidade integradora. Passamos a descrever alguns

elementosquecaracterizamostresgruposemmaiornumeronoterritoriobrasileiro–

bantu,foneyorùbá–naosoapartirdasdivisoesdosgruposlinguısticoseseusespaços

geogra�icos,mastambemapartirdemacropadroesculturais,socais,rituais,esteticose

plasticos,alimentareseperformaticos.

Bantu - "Nome dado a um conjunto dea p r o x i m a d a m e n t e 5 0 0 l í n g u a scomprovadamente aparentadas, comotambémaospovosquefalamessaslínguas.Ospovosbantosvivemnumaextensaáreadocontinente africano que vai desde aRepúblicadosCamarõesatéàÁfricadoSul.DessaregiãodaÁfricasub-equatoriana[...],entreesses,destacam-seoscongos,angolas,cabindas, benguelas e tantos outros quetiveram papel saliente na criação dareligião afro-brasileira, especialmente dos

candomblés denominados angola e congo-angola. [...] foram, na maioria, levados àsp lan tações em d i f e ren tes reg iões ,principalmente para os Estados do Rio deJaneiro, São Paulo, Espírito Santo, MinasGerais.Contudo,nãosepodesubestimarasigni�icativa contribuição desses povos naconstrução de uma religiosidade afro-brasileiraapartirdaBahia,especialmentecom o deslocamento de sacerdotes para aregiãomeridionalopartirdoséculoXX."

pg.08

Fon-"Mas,naverdade,otermo'jeje'pareceter designado originariamente um grupoé tn ico minor i tár io , provavelmentelocalizadonaáreadaatualcidadedePortoNovo, e que, aos poucos, devido ao trá�ico,passouaincluirumapluralidadedegruposétnicos localmente diferenciados. Trata-se,portanto, de uma outra denominaçãometaétnica (PARÈS, 2006: 30). O linguistaBeninense Olabyi Yai, em conversa, nos

asseverouqueaindahojeexisteumpequenogruponoBenimqueseautodenominajeje.NoBrasilotermoéusadoparadesignarosgruposreligiososquecultuamosVoduns.Arigor, a tradição religiosa, no Brasildenominada jeje e seus correlatos, jeje-mina, jeje,mahi, jeje savalu, jeje-mundobi,fazreferênciadiretaaospovosFons,osFons-gbe,istoéosfalantesdalínguafonnaatualRepúblicaPopulardoBenin."

Yorùbá - "grupo étnico que hoje, na suagrandemaioriaseconcentranaNigéria,emmenorpartenoatualBenim(antigoDaomé)eemsuaminorianoTogoeemGana,todosna África Negra. O grupo étnico yorùbá, ésubdivididoemváriossubgrupostaiscomoos:Kétu,Òyó,Ìjèsà,Ifè,Ifòn,Ègbá,Èfòn,etc.EssesderamorigemnadiásporaàreligiãodosÒrìsà."Otermoyorùbá,"aplica-seaumgrupo linguístico de vários milhões deindivíduos. Além da linguagem comum, osyorùbáestãounidosporumamesmaculturaetradiçõesdesuaorigemcomum,nacidadedeIlé-Ifè.Éduvidosoque,antesdoséculoXIX,

eles se chamassemunsaos outros porummesmonome."(S.O.Biobaku).Antesdeseterconhecimento do termo "yorùbá", livros emapas antigos, entre 1656 e 1730, são"unânimes" em chamar esses povos deUlkumy. Em 1734, o termo "Ulkumy"desaparece dosmapas e é substituído porAyoouEyo,paradesignarosdoimpériodeÒyó.Otermo"yorùbá",efetivamente,chegouao conhecimento do mundo ocidental em1826.ParecetersidoatribuídopeloshaussáexclusivamenteaopovodeÒyó".

AstradiçõesvindasdeÁfricaesuapermanêncianoBrasil

Page 15: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

.Foto:ClaúdioZeiger/2009.[FestivaldeSàngó,OyaeObàdoIléÀsePalepaMariwoSesu–SP]

tradiçaoparaosPovosdeMatrizAfricanaeentendida"nãocomoA uma�ixaçãonopassadoouaelementosanacrônicos,massimcomo

'lugarque se ritualizaaorigemeodestino,ou seja, tradiçãocomo

ritualização da origem de todos', ressaltando que 'nem todos ritualizam' origens e

destino'".

É importante a gente manter as tradições dos mais velhos, mas

entender que também nós precisamos dos mais novos para dar

continuidade na nossa luta"(Doné Kika de Becen)

A tradição está intimamente ligada ao conceito de àsèsè, origem e

passagem, contido nesse cântico usado pelo povo yorùbá nos ritos

de morte, significando o retorno à própria origem" (Paulo Cesar

Pereira de Oliveira).

Ìyámi,àsèsè!Bábàmi,àsèsè!Olódùmarèunmiàsèsèo!KiNtoobòOrìsààè.Minhamãeéminhaorigem!Meupaiéminhaorigem!Olódùmarèéminhaorigem!Portanto,adorareiasminhasorigens.

pg.09

OrigenseTradições

Page 16: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

Nessesentido,atradiçaoeumaspectovivodaculturaquenaoseprendede forma �ixaaopassadonemvivedo"apegoaopassado",masoreinventasemperderraızes,origensesemperderaperspectivadomovimentodahistorianaconstruçaodopresenteedofuturo.

ParaSodre(1988),aorigemdastradiçoesdematrizafricananaoteminıciocronologico,mas,sim,o"eternoimpulsoinauguraldaforçadecontinuidadedogrupo.

A ritualizaçao da origem e do pertencimentodos povos tradicionais de matriz africana se danaqueles lugares conhecidos no Brasil como"terreiros" ou "roças", por meio de vivencias, depraticas e construçoes simbolicas. Pensando evivenciandoopresente,essaspraticasapontamparaofuturo da existencia aomesmo tempo em que, semcortar o �io historico e condutor, remetem aancestralidadeeaorigem.

pg.10

Page 17: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

uandofoinegadoaoescravizado"falar"sualıngua,negaram-lhesuacultura.QParaospovostradicionaisdematrizafricana,apalavra eumaforçavitale

fundamental,poiseoenunciadooral,eumaexteriorizaçaodeforçasvitaiseo

resultadodaintegraçaodeforçasvitaisdaspessoas.

Pela oralidade, transmite-se a essencia do ser, o ìwà,emyoruba, que sao

caracterısticasequalidadesqueapessoapossuioupodeviraadquiriremsuavida.E�

tambemdestino,quesurgedosprocedimentosdiariosdapessoanoàiyé,asvirtudese

as peculiaridades que regem sua norma de conduta, consigo e com a sociedade,

favorecendoounaoasoportunidadesquesurgememsuavida.

Paraastradiçoesafricanas,hamomentosnoqualaunidadedeveserevocada,

natentativadeescapardasarmadilhasdodispersoedodesunidoqueempobrecem.E

hamomentosnoqual adiversidadedeve ser evocadaquandoahomogeneizaçao,

armadilhadomesmoedo unico, empobrece.Tal comoensinaumditadobanto –

originariodeCabinda:"naoha�lorestaboacomumtiposodearvore".

Ohumanoesigni�icadopeloprincıpiobantodo'ntu',noqualaexistenciado

indivıduo se da no coletivo. O pertencimento e a capacidade de entendimento e

aceitaçaodosprocessosvividosnoespaçotradicionalpassampelodomıniodalıngua

e das linguagens corporeas, rıtmicas e musicais e oferece as condiçoes para a

valorizaçao e o reconhecimento da identidade dos povos tradicionais de matriz

africana.

Língua, representações e práticas, mesmo que visceralmente

associadasà sobrevivência,não se limitamavalores econômicos, se

entendidoeconomianosentidoocidentaldapalavra.Paraaconcepção

negra,éaampliaçãodosvaloresquedarácontadeexplicarosernasua

integridade.Essamesmaampliaçãoquetornarápossívelaconstrução

dos elementos da identidade, as referências que passam

necessariamente pela ancestralidade, composta pelos mitos

fundadores, pelos arquétipos humanizados ou divinizados que

integram a história e revitalizam, com energia e conhecimento, o

presente. Essas mesmas construções se territorializam porque

prescindemdastrocaspresenciais,trocasessasquenãoserestringema

valores de troca, valoresmedidos em objetos de utilidade prática e

imediata(OLIVEIRA,2011).

pg.11

AncestralidadeeOralidade

Page 18: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

(...)Forameaindasãoquilombosascomunidadesdeterreiroqueao

longodahistóriadonegronoBrasilmostraramtersidoo lócusde

engendramentoporsuascaracterísticasespeciaisdeúteromítico,que

possibilitou a reaglutinação dos elementos fundamentais para a

manutençãodonegroenquantogrupoecultura.(SODRÉ,1988,p.56)

Osterreirosseconstituemespaçosdebuscadosentidodepertencimento.

Embora tenham recebidodiferentes denominaçoes a dependerda regiao dopaıs,

prevaleceuemtodosessesterritoriostradicionaisdematrizafricana,"umconjunto

organizado de representaçoes liturgicas" que tornam esses espaços/terreiros

"territoriospolıt ico/mıtico",lugaresderesistencia,transmissaodeconhecimentose

preservaçaodeidentidades.Osterreirossetornaramaolongodasdecadaslugares

privilegiadosdemanutençao,construçaoereconstruçaotantodatradiçaoquantode

suaidentidadereligiosa,considerandoque,nocasodosPovosTradicionaisdeMatriz

Africana,ovınculoentreessasduasesferaseintrınsecoeindissoluvel.

Os territorios, terreiros ou roças, sao espaços de alta complexidade, por

serem onde se ritualizam origem e destino e onde tomam forma a cultura, as

representaçoeseosvaloresancestrais.

"Nessaquali�icaçãodosespaçosnegros,aprimeirareferênciacolocada

para o pensamento, tanto no aspecto concreto quanto na forma de

categoria analítica, é a Terra. Dela partem as noções antigas e

contemporâneasdeterritóriosedeterreirosouroças.Paraasculturas

origináriaseancestraisafricanas,sóseconcebeaterracomopartedo

cosmo.E,comotal,necessariamenteligadaaumacosmogoniaquelhe

conferevaloresesigni�icadoscompletamentedistintosdasconcepções

ocidentais mesmo aquelas que conseguem atingir a dimensão dos

estudosdoespaçosideraldeformamaisavançadaemenosortodoxa"

(OLIVEIRA,2011).

"Nosso corpoénossa terra.Umaárvore e eu somosamesma coisa"

(NOGUEIRA,2015)

Osterritoriostradicionais,ouosterreiros,nosensinamanaoseparabilidade

dadimensaodosagradodasoutrasdimensoesdavidadapessoaedacomunidade.Sao

espaçosdemediaçaoentreomaterialeoutrasmanifestaçoesdevida,entrediferentes

indivıduosediferentesnaturezas,entretodoseocosmo.

pg.12

TerritóriosTradicionais

Page 19: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

Trata-se,navisãoafricana,deumadimensãoque,sedialogacomo

sagradoeameta�ísica,nãoexcluidemaneiraalgumaosaspectos

�ísicos, quantitativos concretos e energéticos que permitem a

compreensão�ilosó�icaapartirtambém,masnãosó,daexperiência,

incluindo tanto a experiência concreta, veri�icável, quanto a

experiência sutil e etérea do sagrado ou do segredo, em uma

aproximaçãoquetornaosentidomaisacessívelaumnúmeromaior

depessoas.Akigboikúilea�ibiobaa("Nãosetemmánotíciada

terra,elanãomorre")(OLIVEIRA2011).

O conhecidoproverbioyorùbá,KosiEwé,KosiÒrìsà "sem folhanao existe

Orixa"sintetizaacomplexidadedolugardaterranavidadopovoafricano."Folha",a

despeitodetodasuaimportanciaparaasculturasafricanasnoBrasil,representaa

manifestaçaomaterialdavidaeapropriaterra.

Assim,sea�loresta,orio,amontanha,homenseanimaisintegrama

terra na sua totalidade, tanto como frutos quanto partes

inseparáveis,osvaloresancestraisunemoqueseriaobiológico,o

visívelepalpáveldaexperiência,aotranscendente,aoinvisível,mas

quesemanifestatambémnaformadeenergia(àse,ngunzu,força)

naexperiênciadosagradoque,porsuavez,nãosedesassociadoreal

concreto(Oliveira2011).

Comoespaçoexistenteaomesmotemponocampofısicoenoimaginario.A

diaspora,aescravizaçaoeasmuitasoutrasviolenciaseviolaçoesestaonabasedo

processodedesterritorializaçaoedescontruçaodereferenciaseidentidadesdesses

povosnasAmericas.

O enfrentamento das violencias, que incluıam a destruiçao das relaçoes

comunaisedeparentescoeasformasdesolidariedadeexigiudopovonegroacriaçao

de espaços para as tentativas de recriaçao e revitalizaçao do universo cultural

violentadoefragmentado,paraaretomadadocontatomıticoemısticocomamatriz,

comaorigem,comaA� frica,origemtantogeogra�icaquantosimbolica,fontedoexistir

original,tomadaentaocomoespaçoexistenteaomesmotemponocampofıs icoeno

imaginario.

Os espaços que expressam "essa forma social negro-brasileira" foram e

continuamsendofundamentalmenteosterreiros,asroças,ascasasdetradiçao,que

passamaserentao,comoa�irmaSodre (1988), "umaA� fricaqualitativaquese faz

presente, condensada, reterritorializada" em espaços construıdos em diferentes

localidades,inicialmente,duranteavigenciadaescravidao,maisafastadosdasareas

pg.13

Page 20: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

urbanasedepoisemtodolocalondefossepossıvel,tomandoascidades,vilas,bairros,

sıtios. Fala-se em "A� frica qualitativa" para expressar a dimensao tanto territorial

quantoculturaldessesterreirospois,"poucoimporta(...)apequenez(quantitativa)

doespaçotopogra�icodoterreiro,poisaliseorganiza,porintensidades,asimbologia

de um Cosmos" (idem). E por reproduzir por diferentes formas uma mesma

Cosmovisao,oespaço/terreiroetambemmetaforicoesinteticonamedidaquenelese

"realizouumfenomenodecondensaçaodorito",sınteses,recriaçoes,adaptaçoesde

umuniverso fragmentadopelarepressaoprofundaepelasdivisoesoperadaspelo

escravismo, separando pessoas de uma mesma etnia, comunidade e ate de uma

mesmafamılia.

Ao resistir em territorios especı�icos, denominados terreiros, receberam

diferentesnomes:seitas,cultose,porultimo,apenascomopraticareligiosa,eestas

nomenclaturasforamsendoabsorvidosemcadageraçao.

Paraosmeusantepassados,nãoimportavacomochamavameles.O

importante é que, como todo povo que migra, mas de forma

absoluta,nesteterritóriofoiconstituídooespaçosagrado,cultural,

deensino,decuraedemanutençãoeconômica(NDANALAKATA,

2013,comunicaçãooral).

Foto:FernandaProcópio/2013.[Preparodoacarajéeassepsiatradicional

dasfolhasdemamonanoIléÀsePalepaMariwoSesu–SP]

pg.14

Page 21: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

Desenho:Àkódì-CasaTradicional,desenhodeInatobi2016

pg.15

Negar este espaço como territorio de um povo e uma forma de nao

reconhecer as sociedades africanas comomodelos civilizatorios que contem uma

economia possıvel de sobrevivencia e tambem de desconsiderar as relaçoes

autonomasde sustentabilidade, e de impor ummodelo externode exploraçao da

naturezacomounicaviapossıvel(ALVES&CARVALHO,2008).

Os territorios negros sao essenciais para a identidade, a preservaçao da

culturaearesistenciadopovonegroaolongodahistoriaesaopeças-chavesparaa

elaboraçaodaspolıticaspublicasemambitonacional.

Nesse sentido, pode-se fazer uma referência direta ao decreto n.

6.040, de fevereiro de 2007, da Casa Civil da Presidência da

República, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento

SustentáveldosPovoseComunidadesTradicionais.Noseuartigo30,

parágrafoII,aoreferir-seaTerritóriostradicionais,noquetangeao

povonegroeasuacultura,odecretoindicaapenasosterritórios

quilombolas. Essa redução ignora a amplitude dos territórios

negros, de�inidos também a partir de valores ancestrais e não

contemplaumain�inidadedeespaços,urbanoserurais,quenãose

enquadram na de�inição corrente de quilombolas, mas que são

tradicionais na medida em que cultivam e preservam tradições,

valores culturais e ancestrais. Rede�inir o conceito de territórios

Page 22: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

pg.16

tradicionais se torna, portanto, urgente sob a pena de se excluir

parcela signi�icativa da população negra das políticas de

desenvolvimentoedemaisplanosdepolíticaspúblicasdecaráter

nacional.(Idem)

Ateapresentedata,oconjuntomateriale imaterialdaculturadeorigem

africanapreservadoerecriadonosterreiroseidenti�icadocomo"patrimoniomaterial

eimaterial"a"memoriacoletiva"deumgrupo,deumpovoecontamcomalgumas

açoesdaspolıticasdeproteçaoesalvaguardadopatrimonio.

Asreferenciasancestraisafricanas,presentesnosterritoriosquegarantemas

construçoes identitarias do "sujeito singular" como parte de uma continuidade

historica".Semfontesereferencias,aconstituiçaodo"simesmo"torna-sepordemais

difıc ileconfusa,quandonaoimpossıvel,inviabilizandoasrelaçoesdeconhecimentoe

reconhecimentodesie"dooutro".

Comprometidamente, busca-se aqui perspectivas afro-centradas e os

valoresdasculturasafricanaspresentesempraticamentetodasasculturasdospaıses

quevivenciaramaescravidaomoderna,comoocasodoBrasileque,decertaforma,

saocapazesdecomporalgumaunidadedessasculturasemquepesetodososesforços

parasuasfragmentaçoesedestruiçao.

É justamente a mediação, a ampliação do espaço para outros

aspectosesentidosdaexistênciaquedãosigni�icadoesentidopara

as diferentes manifestações da vida. Uma mediação que inclui o

cosmoeooutro,opróximo,odotadodepossibilidadesdeaçõesede

respostas.Nissoresideosigni�icadode"humano",dentu,dopovo

bantu:"Eusouporquevocêmereconhece",ousejaavalorizaçãodo

coletivo.Oentendimentoeaaceitaçãodessesprocessos,quepassam

pelo domínio da língua e das linguagens corpóreas, rítmicas e

musicais oferece as condições para a identi�icação, para o

reconhecimentodaidentidade.(OLIVEIRA,2011)

Page 23: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

As complexidades inerentes as culturas e povos tradicionais de matriz

africanaforampreservadasecontinuamentereconstruıdas,mashojecorremriscos

detodaordemdeperdas.Oracismo,aviolaçaodedireitos,adiscriminaçaoreligiosa,

incluindosistematicadifamaçaopelamídia,asdi�iculdades�inanceiras,odesenfreado

eagressivoavançoimobiliariocolocamemriscoaexistenciaeacontinuidadedeum

"patrimoniomaterialeimaterial"construıdoaolongodosseculosdahistoriadesses

povosedopropriopaıs.

Oenfraquecimentoemesmoodesaparecimentodosterritoriosimplica,alem

deviolenciacontraahumanidadeecontraapropriahistoria,naperdadeumuniverso

que epotencia, e forçaeque ecapazdecontribuirefetivamenteparaacriaçaode

alternativase condiçoesdeenfrentamentodascrisesqueameaçamassociedades

contemporaneasbaseadashegemonicamentenosparametrospolıticose�iloso�icos

ocidentais.Ascaracterısticasdosterritoriosresumidasaquiindicamobjetivamente

queesses"lugares"dasculturasdematrizafricanatemelementoserespostaspara

formas destrutivas e violentas inerentes ao tipo de desenvolvimento predador,

alienanteedesigual.

Comessascaracterısticas,osterreirossaofonteprimordialdaidentidadedo

povonegronascomplexassociedadescontemporaneas.Nasuaamplitudeeplenitude

deaçao,osterritoriossaoimportantesinstrumentosdesaudepublica,tantonoque

refereasanidadedocorpoquantodamenteedomeioambiente.

"Essacondição,pelacapacidadedeenfrentamentodanegaçãoda

existência e das referências psicossociais, confere aos terreiros a

qualidadedeagentessociaisconstrutoresdesujeitos,individuaise

coletivosquesea�irmamcomcapacidadesdeembateeresistência

aosprocessosalienantese empobrecedoresda condiçãohumana.

Sãofontesdepensamentoeaçõessaudáveisqueatuamdiretamente

nasaúdementalnoâmbitoindividualoucoletivo.Sãofontesparao

combatehumanoeinteligenteaousodesmedidodedrogas,àadesão

aosprocessosviolentosoriundosdasdesigualdades,doracismoe

dasdiferentesformasdaexclusãosocial".SilasNogueira

Arelaçaocomosagrado eumdoselementosqueconstituemacomplexa

dimensaodoconceitodepovosecomunidadestradicionaisdematrizafricana.Olhar

paraos grupos sociais contempladospor essade�iniçaopara alemde seu carater

religioso,edeextremaimportancianaconstruçaodaspolıticaspublicas.

Entenderessesdiferentesgruposcomopertencentesapovosecomunidades

tradicionais, comdiferenciadasvisoesdemundo,cultura,modosde fazer,valores,

pg.17

VisgoparaCombateroracismo

Page 24: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

cosmologias,relaçoescomancestralidade,torna-seainda,fundamentalparaoreal

enfrentamentoaoracismo,jaqueaexpressaointoleranciareligiosanaodacontado

graudeviolenciaqueincidesobreosterritoriosetradiçoesdematrizafricana.Esta

violenciaconstituiafacemaisperversadoracismo,porseranegaçaodequalquer

valoraçaopositivaastradiçoesafricanas,daıseremdemonizadase/oureduzidasem

suadimensaoreal.

Desdedezembrode2011,aSEPPIR,pormeiodesuaSecretariadePolıticas

paraComunidadesTradicionais, criouespaçose instanciasdedialogoenvolvendo

liderançastradicionaiseinstituiçoesparceiras,queculminaramnaelaboraçaodoI

Plano deDesenvolvimento Sustentavel dos Povos e Comunidades Tradicionais de

MatrizAfricana.Alemdisso,nessesespaços,foramdiscutidoseconstruıdososmuitos

conceitos identitarios, do qual o de povos e comunidades tradicionais de matriz

africana, foi sendo fortalecido como paradigma para a elaboraçao de polıticas

publicas.

PovosTradicionaisdeMatrizAfricana

Oconjuntodospovosafricanosparacatransladados,eassuasdiversas

variaçoesedenominaçoesoriginariasdosprocessoshistoricos

diferenciadosemcadapartedopaıs,narelaçaocomomeioambientee

comospovoslocais.

pg.18

ComunidadesTradicionaisdeMatrizAfricanaTerritoriosouCasasTradicionais-constituıdospelosafricanosesuadescendencianoBrasil,noprocessodeinsurgenciaeresistenciaao

escravismoeaoracismo,apartirdacosmovisaoeancestralidadeafricanas,edarelaçaodestacomaspopulaçoeslocaisecomomeioambiente.RepresentamocontınuocivilizatorioafricanonoBrasil,constituindoterritoriosproprioscaracterizadospelavivenciacomunitaria,pelo

acolhimentoepelaprestaçaodeserviçosacomunidade.

AutoridadesTradicionaisdeMatrizAfricana

Saoosmaisvelhos,investidosdaautoridadequeaancestralidadelhesconfere.

LiderançasTradicionaisdeMatrizAfricanaSaoasdemaisliderançasconstituıdas

dentrodahierarquiapropriadosterritoriosedascasastradicionais.

Desenho:EgungunporInatobi

inspiradoemfotodePierreVerger1954.

Page 25: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

INTER

FACES

DASC

ULTUR

AS

TRAD

ICION

AISPA

RADI

ALOG

AR

COMOE

STADO

Page 26: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

As culturas de matriz africana preservadas nos territorios

oferecemelementosexemplaresparaaelaboraçaodepolıticaspublicas

orientadasparaapreservaçaodomeioambiente,adifusaodacultura,a

promoçaodasaude.A�iloso�iadasculturastradicionaisdematrizafricana,

sejamelasbantu,yorubaouewe-fon,baseia-senoselementosprimordiais,

nasrelaçoesdohumanocomouniversomanifestonaformadeoceanos,

rios,matas,�lorestas,lagos.Umarelaçaoquenaoseresumeaousomasque

tambem envolve valores que vao muito alem da troca predatoria e do

domınio para usufruto. Nesse sentido, todo territorio e um centro de

preservaçaoecologica.

Sao tambem "escolas" ou centros de saberes capazes de

ultrapassaroensinotradicionaleoferecerumaprendizadoquebuscao

desenvolvimento integral, humano, completo, um desenvolvimento que

naovisaomercado,massimaplenitudedavida.Alidecomasdiferentes

formas de expressao, musica, dança, expressoes ludico-corporeas

fornecemacriançaeaoadultoascondiçoesparaodesenvolvimentotanto

dossentidos,doraciocınioedeordenamentodopensamentoquantodo

propriocorpo,instrumentodemanifestaçaodavidanasuainteireza.

Como centros de saberes, os territorios, em suas formas

tradicionaisdeensinoetransmissaodeconhecimento,sao,porexcelencia,

os lugaresdepreservaçaodasdiferentes lınguasdematrizafricanaque

aquichegaramcomadiaspora.Entendidasnosseussigni�icadosamplos,as

lınguas trazem em seus bojos a propria cultura, o universo simbolico,

imaterial,ondepassado,presenteefuturotramamaexistenciasustentada

emvaloreseprincıpios.

pg.20

Page 27: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

CULTU

RA:

MATRIZ

TRAN

SVERSA

L

Page 28: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

Foto:FelipeTorres/2012.

Page 29: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

Quaissãoasinterfacesentreospovostradicionaisdematrizafricanaeacultura

negranoBrasil?Comodebaterumaproduçãoculturaltãocomplexa,dedi�ícil

de�inição?

Aescravidao,opreconceito,oracismoeoreducionismoconstruıram,aolongo

dotempo,umaculturanegrabaseadaemduasgrandesmaximas.Umaquebuscaa

"pureza"africana, indıciosdeumpassadomıticoquedi�icilmente sera encontrado.

Outra quemistura, recon�igura e altera a cultura dos povos tradicionais dematriz

africana,apartirdoolhardadiversidade,incorporandoassim,elementosnotadamente

deoutrosgruposculturais.

Nestecontexto,haumagrandecomplexidadeemde�iniroqueeounaocultura

negra.Oquepodemosede�iniralgunspadroesperfeitamenteaplicaveisnoBrasil.Um

primeiropadrao,quandoaceitavel,eaquelequedivideospovostradicionaisdematriz

africananaschamadasnaçoes.Apartirdedivisoesdosgruposlinguısticosyorùbá,fone

bantueseusespaçosgeogra�icos,ocandomblefoidiferenciadorespectivamenteem

tresmacro-naçoes:kétu,jejeeangola.Hoje,compreendemosqueestasdivisoespodem

serestabelecidasnaosopelosaspectos linguısticosegeogra�icos,mastambempor

macro-padroesrituais,esteticoseplasticos,alimentareseperformaticos.

Podemos entao dizer que a cultura criada nos territorios dos povos

tradicionaisdematrizafricananoBrasilelevadaparaforadesseespaço–arua,apraça,

omercado,acasadeshow,oteatro–tambempodeser identi�icadaapartirdestas

divisoes,destas�iliaçoes.

Ospovostradicionaisdematrizafricanahistoricamentelevaramparaarua

indıciosdosagrado,signosrecon�iguradosdeobjetosliturgicos,vestimentas,musicas,

canticos,danças,alimentos.Osambaesuasvariasvertentes(ojongo,osambaderoda

doreconcavodaBahia,osambaruralpaulista,osambacarioca,obatuquedeumbigada,

ocarimbodoPara,entreoutros)temsuaprincipalmatriznospovostradicionaisde

matrizafricanabantu.

OsMaracatusdePernambuco,porexemplo,jaforamchamadosdecandombles

derua,edentreinumerosindıciosemsuaperformancetemosacalunga,bonecanegra

vestida com peruca e roupas europeizadas que possui no seu interior elementos

magicosdospovostradicionaisdematrizafricanarecifenses.OsBumbadoMaranhao,

dentre outros varios elementos, contam com o Cazumba, personagem mascarado

representandoafusaodosespıritosdoshomensedosanimais.Oafoxeliga-seaospovos

yorùbá. OsAfoxes de Salvador, Recife eRio de Janeiro foramdurantemuito tempo

tambemconhecidoscomocandomblesderua,quandocomseusìlù(atabaques),agogo

(agogos),sèkèrè(xequeres)percutemoritmo"sagrado"chamadoìjèsà(ijexa).

Osamba,exemploclassico,emsuasprimeiras letrasnadecadade30tinha

citaçoes de elementos das religioes afro-brasileiras, mesma epoca que marca a

constituiçaodaindustriafonogra�icaeainstalaçaoefetivadaradiodoBrasil,noRiode

pg.23

Page 30: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

Janeiro.Emboranasuaorigem,osambaesteja intimamente ligado amusicabantu,

nestes mesmos anos 30 foi elaborado um estilo mais voltado para a sociedade

abrangente,osambaurbanoemoposiçaoaosambademorro.

OhiphopquesurgiunosguetosnegrosdeNovaYorkemigrouparavarios

paıses,iniciaemSaoPauloseumovimentoculturalatrelandonitidamenteasquestoes

daculturaurbanaeosinumerosproblemassociaissofridospelamaioriadapopulaçao

eoutroexemplodainterfaceentreospovostradicionaisdematrizafricanaeacultura

negra.

NoBrasil, o hiphop constituiu-se comelementos tipicamentenacionais.A

improvisaçaodasletrasdoMCeamaneiradoDJtocaras"bolachas"edo"breaker"

dançarestaointimamenteligadasaesteticadospovostradicionaisdematrizafricana.A

"pick-up"doDJearessigni�icaçaodostamboressagrados–run,runpíelé,ondedeum

ladohaapercussaodabasemusicaledooutroaimprovisaçao.

Todosessespequenosexemplosmateriais,super�icialmenteacimadescritos,

nosmostramain�luenciadaculturanegradospovostradicionais.Todosossımbolos

levados para a rua possuem sentido e signi�icado, nao estao ali ao acaso ou

simplesmenteporsuabeleza.

Na discussao devemos indicar a �iliaçao, para que se seja possıvel

contextualizar, descontextualizar e re-contextualizar a presença das tradiçoes de

matrizafricananaculturanegrabrasileiraeparaoqueaparentementeseriarepulsado

passeafazerpartedeligaçoeselembrançasdenossosantepassados.

Otambor,repletodesigni�icados,quandoapreendidos,trazmaissentidos,nao

so o da festividade e alegria e possibilita vencer o preconceito de umamacumba

perversa.A�inal,eleestaarraigadonoethosbrasileiro.

Fazer sentido e trazer a tonanossa �iliaçao eparao ethos, referenciar sua

memoriaedecertomodoremontarumpassadoquenaoepercebido,muitomenos

permitidoemseucotidiano.Estaaımaisumabrechaparautilizaroconceitodepovos

tradicionaisdematrizafricana.Elepermitetrazerossentidosdopassadopelosruıdos

internos, pelos olhares, pelos sabores e sons da memoria do corpo e signi�icar o

presente.

Desta maneira, o conceito de Povos Tradicionais de Matriz Africana e,

sobremaneira,maisalargadodoqueapenasarelaçaocomosagradoafro-brasileiro,

constituindo assim um importante instrumento para do dialogo com o Estado

Brasileiro.

pg.24

Page 31: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

SAÚDE

EALIM

ENTAÇ

ÃO:

MAGIA

PORS

ISÓNÃ

OENC

HE

BARR

IGA

Page 32: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

"Diferentesnaçõestêmconcepçõesdiferentesdascoisas".Emmundosdiversos,

existemdiferenteseducaçoes(BRANDA�O,1985,p.8-9).Paraviverdemocraticamente

emumasociedadeplural,eprecisorespeitarosdiferentesgruposeculturasquea

constituem(SOARES,2005).Eospovostradicionaisdematrizafricananadiaspora

aindasaovıtimasdeumprocessohistoricodemassacresehumilhaçoes.

Ainvasaoportuguesanocontinenteafricano,ainstalaçaodenovosmodelos

economicos e, principalmente, a desterritorializaçao fısica e cultural, signi�icaram

para os povos africanos de A� frica e da diaspora uma drastica alteraçao em sua

economia de subsistencia. O empobrecimento e a carencia alimentar dessas

populaçoesforamresultadosdetaiseventos(BANDEIRAETal.,2008).

O processo de resistencia e resiliencia, no Brasil, se deu de diferentes

maneiras, de acordo com a epoca, masmedido, principalmente, pela negaçao ou

aceitaçaodaculturadominante.Omodeloeconomicoafricano,reproduzidodeforma

autonomanosQuilombos,temseucernenariquezaediversidadeencontradasno

respeitoatodoservivo.Umrespeitoquelevaanaoexploraçaopelolucro,onaousoda

terradeformaadestruirdamesmaeacriaçaodeanimaisedevegetaisparasua

subsistencia."Temacadeiaalimentar,matoparaalimentaropovonestedia,amanhae

umdiaquenaonasceu.Aonascerestarei fortalecidoparabuscaroalimento,pois

ontemmealimentei"(NDANDALAKATA,2013,comunicaçaooral).

A formade resistencia dos povos africanos na diaspora, sem terra e sem

Foto:FernandaProcópio/2010.[OlubajenoIléObáKétuÀseOmiNla–SP]

pg.26

Page 33: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

direitoasuaformatradicionaldealimentar,prejudicaoprocessodesustentabilidade,

detalformaqueessaspopulaçoessaoobrigadasareverterparadoxalmenteafarturae

adiversidadealimentarnumadietamonotonaenutricionalmentepobre.

Segundo o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, ter

segurançaalimentareteracessoregularepermanenteaalimentosdequalidade,em

quantidadesu�iciente,semcomprometeroacessoaoutrasnecessidadesessenciais,

tendocomoprincıpio,praticasalimentarespromotorasdesaude,querespeitema

diversidadeculturalequesejamsocial,economicaeambientalmentesustentaveis

(CONSEA,2004).Portanto,paraoalcancedasoberaniaalimentarpelaspopulaçoes

indıgenas e os povos tradicionais de matriz africana deve-se ir muito alem da

distribuiçaodealimentos.

Paraavançarnesteobjetivo,eprecisoreestruturarecriarpolıticaspublicas

quecorrespondamasnecessidadesdesaude,educaçaoe,sobretudo,agarantiado

territorioedasterritorialidadesdospovostradicionaisdematrizafricananoBrasil.A

expansaodas cercasquehojedelimitama reproduçao cosmologicadamulher,do

homemedacriançadematrizafricanaaoespaçodoquedenominamosterreiro,eo

quepossibilitara a ampla execuçaodepraticas alimentarespromotorasde saude,

sustentaveleculturalmenteadequadas.

Umimportantedesa�ioefazerchegaramaioriadaspessoasqueaquiloqueos

ancestraisafricanostrouxeramnasuamemoriacomoprincıpioscivilizatorios,dentre

elesoalimentar, eumdireitoseu inaliavel, talcomoo eagarantiadorespeitoao

conhecimentoevaloresparaqualqueroutropovotradicional."Podemtirartudode

nos,osafricanos,enostambempodemostertudo,comoserdequalquerreligiao,mas

naopodemtirardenososafrodescendentes,anossatradiçao"(NDANLAKATA,2013,

pg.27

OQUEÉALIMENTOTRADICIONAL

DEMATRIZAFRICANA?

Alimentotradicionaletodoalimento

que pode ser compartilhado com a

divindade e a ancestralidade e que

garantaavidadetodososseresvivos

(I Plenaria permanente do Forum

Nacional de Segurança Alimentar e

NutricionaldosPovos Tradicionais de

Matriz Africana - FONSANPOTMA –

Natal 2012).

OQUEÉALIMENTAÇÃOTRADICIONAL

DEMATRIZAFRICANA?

E� aalimentaçaoconstituıdadentrode

umprocessoritualısticoque incluia

produçao, o bene�iciamento, o

preparoeoconsumodosalimentos(I

Plenaria permanente do Forum

Nacional de Segurança Alimentar e

NutricionaldosPovosTradicionaisde

Matriz Africana - FONSANPOTMA –

Natal2012).

Page 34: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

comunicaçaooral).

Outrodesa�ioesuperarabarreiradapeleedeoutraformarespeitaresta

barreiracomodivisordeaguasnaatualsociedade.Osvaloresdospovosafricanos

podemserreproduzidos,etemsido,tantoqueencontramoscotidianamentenaqueles

quenaosedeclaramafrodescendentesmanifestaçoesnitidamentedestatradiçao,por

todasaspessoas,masedepatrimoniodosqueseautodeclaramnegros.

Estaspessoasresistirametornaram-seresilientesparanegaremsuaorigeme

seus princıpios. Foram as pessoas dentro de territorios, por muitas vezes

considerados marginais, que os mantiveram oralmente e que possibilita, hoje, o

reconhecimento dos povos tradicionais de matriz africana. Reconhece-los como

responsaveispelamanutençaoe,portantopelareproduçaodestessaberesemescolas,

equipamentosdesaudeouassistenciasocialeopassoaserdadopelasinstituiçoes

paravenceroracismoinstitucional.

Atradiçaoemuitomaisquereligiao.Oalimentartradicionalcomoformade

resistencia�icamuitasvezesdelimitadoaoterreiro,masecertoqueestapresenteem

muitos outros lugares, na cozinha regional comomineira, baiana e, inclusive, em

restaurantescarosdosgrandescentrosurbanos.Oreconhecimentodaalimentaçao

tradicional africana deve ser feito para nao manter o roubo epistemologico e

principalmenterompercomospre-conceitosquealimentamoracismoeoodioentre

aspessoas.Fazercomqueosinterlocutoresapropriem-sedosreferenciaisteoricos

aquiapresentadosedeoutrasfontesparaenriquecerotrabalho.

pg.28

Page 35: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

BIBLIO

GRAF

IA

Page 36: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

OS POVOS TRADICIONAIS DE MATRIZAFRICANAŸ E l em e n t o s p a r a a D e � i n i ç a o e

ConceituaçaoProf.SilasNogueira(2012)a degravaçao das atividades e dialogospromovidos nesse sentido, inclusive doSeminario Territorios Das MatrizesAfricanasNoBrasil -PovosTradicionaisde Terreiro, Brası lia – 14 e 15 deDezembrode2011.

COSTAESILVA,Alberto.Ÿ Amanilhaea–aÁfricade1500a1700.Rio

de Janeiro: Nova Fronteira, FundaçaoBibliotecaNacional,2002.

THORNTON,John.Ÿ A África e os africanos na formação do

mundo Atlântico (1400-1800). Rio deJaneiro:Elsevier,2004.

PARÉS,LuisNicolau(org.),Ÿ PraticasreligiosasnaCostadaMina.Uma

sistematização das fontes européias pré-c o l o n i a i s , 1 6 0 0 1 7 3 0 . U R L :http://www.costadamina.u�ba.br/,acessadoem07/2011.

BERNARDO,Teresinha.Ÿ Axe:rupturasecontinuidades.SaoPaulo;

revistaMargem,1997.

BRUMANA,FernandoG.Ÿ n:"Re�lexoNegrosemOlhosBrancos:AI

a c adem i a n a a f r i c a n i z a ç a o d o scandombles".In:Afro-Ásia,nº36,pp.153-197,Salvador,2007.

BALANDIER,Georges.Ÿ Antropo-logicas.Ed. Cultrix, Sao Paulo,

1976.p.189

BORNHEIM,Gerd.Ÿ O conceito de tradiçao. In: BORNHEIM,

Gerdetal.CulturaŸ Brasileira: tradiçao/contradiçao.Riode

Janeiro:JorgeZahar/Funarte,1987.

BAUMAN,Zygmunt.Ÿ Modernidade Líquida. 1ª ed. Rio de

Janeiro:J.ZaharEd.,2001.

BURKE,P.Ÿ "Bricolagem de tradições". Folha de

S.Paulo,Cad.Mais,18/03/2001.

DOMINGUES,P.Ÿ Umahistórianãocontada:negro,racismo

e branqueamento em São Paulo. SaoPaulo:SenacNacional,2004.

HOBSBAWN, Eric; RANGER, Terence.(orgs.).Ÿ AinvençaodasTradiçoes:RiodeJaneiro:

PazeTerra.1997

MUNANGA,Kabengele.Ÿ Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil –

Identidade Nacional versus IdentidadeNegra.Petropolis:Vozes,1999.

SODRÉ,Muniz:Ÿ O Terreiro e a Cidade. Petropolis-RJ:

Vozes,1988.

SODRÉ,Muniz:Ÿ A Verdade Seduzida. Rio de Janeiro-RJ,

DP&A,2005.

SHILS,E.Ÿ Tradition, Chicago: The University of

ChicagoPress,1981.

VERGER,Pierre.Ÿ Fluxoere�luxodotrá�icodeescravosentre

o Golfo do Benin e a Bahia de Todos osSantos:dosséculosXVIIaXIX.3.ed.SaoPaulo:Corrupio,1987.

ALENCASTRO,L.,Ÿ Otratodosviventes.FormaçãodoBrasilno

AtlânticoSul.Ÿ CompanhiadasLetras,SãoPaulo,2000.

OLIVEIRA,PauloCésarPereira.Ÿ Povos Tradicionais de Matriz Africana.

Texto apresentado no Seminar io"Territorios das Matrizes Africanas noBrasil",Brasılia,14e15/12/2011.

Ÿ Degravaçao da reuniao organizada pelaSEPPIR,nosdias25e26dejulhode2011,Rio de Janeiro, com as seguintesparticipaçoes: Muniz Sodre, ValdinaPinto, Paulo Cesar Pereira de Oliveira,Sergio Ferretti, Silas Nogueira, SilvanyEuclenioeNiloNogueira.

ABIMBOLA,WandeŸ I�jınleOhunEnuIfa-ApaKıını.Oyo,Aim

Press&Publishers.1968.Ÿ Ìjìnlè Ohùn Enu Ifá - Apá Kejì. Ibadan,

OxfordUniPress,1969.Ÿ SixteenGreatPoemsofIfá.Lagos,Unesco,

1975a.468pp.Ÿ YorubaOral Tradition.WandeAbimbola

(org.) Selections from the paperspresented at seminar on Yoruba oraltradition: poetry in music, dance anddrama.Ile-Ife,Univ.ofIfe,1975b.1093pp.

Ÿ "I�wapele:TheConceptofGoodCharacterin Ifa Literary Corpus". In: WandeAbimbola(org.)YorubaOralTradition,pp.389-420,Ife,Univ.ofIfe,1975c.

Ÿ Ifá, an exposition of Ifá Literary Corpus.Ibadan,OxfordUniPress,1976.256pp.

Ÿ AwonOjúOdùMérèèrìndínlógún.Ibadan,OxfordUniPress,1977a.260pp.

Ÿ The Study of Yoruba Literature. Ile-Ife,UniversityofIfePress,1977b.15pp.

Ÿ "The Yoruba Concep t o f HumanPersonality".In:LaNotiondePersonneenAfrique Noire. Colloques Internationauxnº 544, 1971, pp. 73-89, Paris, CNRS,1981.

ABRAHAN,R.C.Ÿ Dictionary of Modern Yoruba. Londres,

Hodder&Soughton,1962[1946].776pp.

ADEMAKINWA,J.A.Ÿ I fe , Crad le o f Yoruba . Lagos , Ed .

Ademakinwa,1956.

pg.30

Page 37: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

AFOLAYAN,Adebisi(org.).Ÿ Yoruba Language and Literature. Ile-Ife,

Nigeria, University of Ife Press, 1982.315pp.

ADEOYE,C.L.Ÿ Àsà àti Ìse Yorùbá. Ibadan. Oxford Univ.

Press,1979.348pp.

AJUWOM,Bade.Ÿ FuneralDirgesofYorubaHunters.Lagos,

NokPub.Int.,1982.134pp.

ASIWAJU,I.A.Ÿ "TheAlaketuofKetuandTheOnimekoof

Meko". In:West African Chiefs, MichaelCrowder&Obaro Ikime (org.),pp.134-160, Ile-Ife, Nigeria, University of IfePress,1970.

AWOLALU,J.Omosade.Ÿ Yoruba Beliefs and Sacr�icial Rites .

London,LogmanGroup,1979.203pp.

BASCOM,William.Ÿ The sociological role of the Yoruba cult

group. American Anthropological. A.,Memoirnº63,1944.75pp.

Ÿ "Yoruba Concepts of the Soul". In: VInternationalCongressofAnthropological.A. F. C. Wallace (Org.), pp. 169-179.Philadelphia, Uni. of Philadelphia Press,1960.

Ÿ Ifa Divination. Indiana, Indiana Univ.Press,1969.575pp.

Ÿ Sixteen Cowries. Indiana, Indiana Univ.Press,1980.790pp.

BASTIDE,Roger.Ÿ "ACadeiradeOgaeoPosteCentral".In:

EstudosAfro-Brasileiros,ColeçaoEstudos,V 18, Sao Paulo, Editora Perspectiva,1973.

BARBER,Karin.Ÿ "How Man Makes God In West Africa:

YorubaAttitudesTowardsTheOrisa.In:Africa51(3)pp.724-745,1981.

BARNES,SandraT.(org.).Ÿ Africa's Ogun – Old World and New.

IndianaUni.Press,1997.

BARRETTIFILHO,Ÿ Aulo."Òrúnmìlà:umdosDeusesdo

PanteaoReligiosoYoruba".In:RevistaÉbano,n.º7/8maio,p.17,SaoPaulo,1981.

Ÿ "Egum, os espıritos ancestrais". In:RevistaPlaneta,n.º162:43-49,SaoPaulo,1986.

Ÿ "Òrúnmìlà e aTrajetoriadoOraculo:doikin aos buzios, as perdas e o poder dep r e s e r va ç a o n o C a ndomb l e " . –ComunicaçaoapresentadanoVCongressoAfro-Brasileiro, Salvador, 1997. 44 pp.(mimeo–inedito)

Ÿ E g ú n g ú n . U R L :http://aulobarretti.sites.uol.com.br,2003.

Ÿ I Iê- I fé - O Berço do Mundo . URL:

http://aulobarretti.sites.uol.com.br,2003.Ÿ "Òsóòsì: OÒrìsà Provedor do Homem e

dosÒrìsà".ConferenciadeaberturadoVIIAlaiandê Xirê – Seminário e FestivalInternacional do Ilê Axé Opô Afonjá.Salvador,Bahia,2004.

Ÿ "AImortalidadeYorubanosCandomblesKetu".ComunicaçaoapresentadanoXXIIIMoitará–EncontrodaSBPA -SociedadeBrasileiradePsicologiaAnalítica.Camposd e J o r d a o , S P , 2 0 0 9 . 2 5 p p .(mimeo–inedito)

Ÿ "Da l l ' o ra l i t a a l l a s c r i t t u ra - L aRiafricanizzazione".In:LaVoceDegliDei,In: Bruno Barba (org.), pp. 118-135.Genova,Cisu,2010a.

Ÿ DosYorùbáaoCandombléKétu-Origens,Tradições e Continuidade. Aulo BarrettiFilho(org.),SaoPaulo,Edusp,2010b.302pp.

Ÿ "Òsóòsì eÈsù, osÒrìsàAlákétu". In:DosYorùbáaoCandombléKétu.AuloBarrettiFilho(Org.),pp.75-139.SaoPaulo,Edusp,2010c.

Ÿ "Oferenda ao Orí , Borí , um rito decomunhao".(RevistaÉbano,AnoIVnº21,pp.4,SaoPaulo,1984.Revistoeampliadopara ediçao online.) In: 04º Edição doMagaz i n e On _L i n e O l ó run , URL :http://www.olorun.com.br/,2011

EIER,Ulli.Ÿ Yoruba Poetry – An Anthology o f

Traditional Poems. London, CambridgeUniversityPress,1970.126pp.

Ÿ TheReturnoftheGoods–ThesacredArtofSusanne Wenger. London, CambridgeUniversityPress,1975.120pp.

Ÿ Yoruba Myths . London, CambridgeUniversityPress,1980.82pp.

BEIER,Ulli&BERNOLLES,Jacques.Ÿ L e s M a s q u e s G u e l e d e . E t u d e s

Dahomeennes, Nouvelle Serie, 1966Numero Special. Porto Novo, Dahomey,Imprimerie du Gouvernement, 1966.35pp.

BIOBAKU,S.O.Ÿ SourcesofYorubaHistory.Oxford,1958.BOGUMBE,I.A.Ÿ ÌwéOdù Ifá:OgbèÒyèkú-OgbèOfún. San

B e r n a r d i n o , I l e O� r u n m ı l aCommunications.1995.134pp.

BRAGA,JulioSantana.Ÿ Le Jeude"Búzios"dans leCandombléde

Bahia.Lubumbashi,Uni.Nac.duZaire–Te s e d e D o u t o r a d o , ( m i m e o -inedito)1977.

BRUMANA,FernandoG.Ÿ "Re�lexos negros em olhos brancos: A

a c adem i a n a a f r i c a n i z a ç a o d o scandombles" In: Revista Áfro-Ásia, nº36:153-197,2007.

CABRERA,Lydia.Ÿ Anagó - Vocabulario Lucumi. Havana,

ColecciondelChichereku,EdicionesC.&

pg.31

Page 38: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

R.,1957.Ÿ YemayáyOchún.NewYork,EdicionesC.&

R.,1980.Ÿ ElMonte.Miami,EdicionesC.&R.,1983.

CAPINAM,M.B.&RIBEIRO,O.A.Ÿ "ACoroadeXangonoTerreirodaCasa

Grande", In: Revista do PatrimônioHistóricoeArtísticoNacional,n.º21,RiodeJaneiro,1986.

CARYBÉ&VERGER,Pierre.Ÿ Orixás . Coleçao Reconcavo nº 10,

ImpressaVitoria.Salvador,Bahia,1955.

CASTRO,YedaPessoade.Ÿ "Antropologia e Linguıstica nos Estudos

Afro-Brasileiros." In: Afro-Asia, n.º 12:201-227,Salvador,CEAO,1976.

Ÿ "Das Lınguas Africanas ao PortuguesBrasileiro." In:Afro-Asia,n.º14:81-106,Salvador,CEAO,1983.

CLARKE,J.D.Ÿ "IfaDivination".In:JournalofRAI,Vol.69,

pp.235-56,Londres,1939.

CMS.Ÿ A Dictionary of the Yoruba language.

Ibadan, CMS, Oxford Universit Press,1980[1950-1913].460pp.

COURLANDER,Harold.Ÿ TalesofYorubaGods&Heroes.NewYork,

OriginalPublications,1973.243pp.

COSTALIMA,Vivaldoda.Ÿ AFamíliadeSantonosCandomblés Jeje-

NagôsdaBahia:UmEstudodeRelaçõesdeRelações Intra-Grupos. Salvador, UFBA,Pos-Graduaçao(mimeo-),1977.210pp.

Ÿ "Ainda Sobre a Naçao de Queto", In:Faraimará: o caçador traz alegria, CleoMartins&RaulLody(org.),pp.67-80.RiodeJaneiro,Pallas,1999.

CROWDER,Michael&IKIME,Obaro(org.).Ÿ WestAfricanChiefs,Selectionofthepaper

present of International Seminar Ile-Ife,UniversityofIfePress,1970.453pp.

DARAMOLA,Olu.&JEJE.Adebayo.Ÿ Awon Àsà ati Òrìsà Ile Yoruba. Ibadan,

Onıbon-O� jePress,[1967]1975.300pp.

DOSSANTOS,DeoscóredesM.Ÿ História de um Terreiro Nagô. Salvador,

Carthago&Forte,1994[1962].174pp.Ÿ ELBEINDOSSANTOS,Juana.OsNàgóea

Morte,Petropolis,Ed.Vozes,1976.Ÿ "PierreVergereosresıduoscoloniais:o

outrofragmentado."In:RevistaReligiãoeSociedade, nº 8, pp.11-20, Sao Paulo,1982.

&DOSSANTOS,DeoscóredesM.Ÿ "Ancestor Worship in Bahia: The Egun

Cult".In:J.SociétédesAméricanistes,Vol.52 , pp . 79 -108 , Pa r i s . Mus e e deL'Homme,1969.

Ÿ "Èsù Bara Láróyè, a comparative study"

Ibadan,InstituteofAfricanStudies,Univ.ofIbadan,(mimeo-inedito),1975.

Ÿ "E� su Bara, principle of individual life inthe Nago System". In: La Notion dePersonne en Afrique Noire. ColloquesInternationaux nº544, 1971, pp. 45-60,Paris,CNRS,1981.

ELUYEMI,Omotoso.Ÿ The Living Art & Crafts of Ile-Ife. Ile-Ife,

AdesanmiPrintingWorks,1978.Ÿ This is Ile-Ife. Ile-Ife, Adesanmi Printing

Works,1986.62pp.

EPEGA,Afolabi.Ÿ Ifá-Theancientwisdom.Londres,Imole

OluwaInst.Pub.,1983.100pp.Ÿ Obì-TheMysticalOracleofIfáDivination.

Londres, Imole Oluwa Inst Publ., 1985.36pp.

NEIMARK,P.J.Ÿ The Sacred Ifá Oracle. San Francisco,

HarperSanFrancisco,1995.550pp.

EPEGA,DanielOlarimiwa.Ÿ Obì-Akim'oran.ImoleOluwaInst.Publ.,

Londres,1965.53pp.

EPEGA,DavidOnadele.Ÿ The Mistery of the Yoruba Gods. Lagos,

1931.

FABUNMI,C.M.A.Ÿ Ifeshrines.Ile-Ife,UniversityofIfePress,

1969.30pp.Ÿ AtraditionalhistoryofIle-Ife.Ile-Ife,King

Press,1976.25pp.

FADIPE,N.A.Ÿ The Sociology of the Yoruba. Ibadan,

IbadanUniv.Press,1970.353pp.RDFAGG,William&PEMBERTON3 ,John.

Ÿ Yoruba–SculptureofWestAfrica.BryceHolcombe (org.) New York, Alfred A.Knopf,Inc.1982.210pp.

FÁLÀDÉ,Fásínà.Ÿ Ifa : the key to its understanding.

Lynwood, A� ra Ifa Publishing, 1998.750pp.

FÁLOKUN,A.F.Ÿ E� s u - E l egba . New York , O r i g ina l

Publications,1992a.Ÿ Awo: Ifa and the Theology of Orisha

D iv i n a t i on . N ew Yo rk , O r i g i n a lPublications,1992b.215pp.

Ÿ FAMA , A� ı n a A d ew a l e S omadh i .Fundamentals of the Yoruba Religion(O� rısa Worship). San Bernadino, IleO� runmılaComm.,1993.244pp.

Ÿ Sixteen Mythological Stories of Ifa. SanBernadino, Ile O� runmıla Comm., 1994.158pp.

Ÿ Fama' s E� d e Awo - O� r ı s a Yor ub aDictionary. SanBernadino, Ile O� runmılaComm.,1999.143pp.

FASOGBON,M.O.Ÿ TheancientconstitutionalhistoryofIle-

pg.32

Page 39: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

Ife Ooyelagbo. Ile Ife, Unity Comm.Printers,1985.46pp.

FOLAYAN,Kola.Ÿ "YorubaOralHistory:someProblemsand

Prospects". In: Yoruba Oral Tradition.WandeAbimbola (org.),pp.89-114, Ile-Ife,Uni.ofIfe,1975.

GLEASON,Judith.Ÿ ARecitationofIfa,OracleoftheYoruba.

N.York,GrosmanPubl.,1973.

GONÇALVESDASILVA,Vagner.Ÿ OrixasdaMetropole,Petropolis,Editora

Vozes,1995.Ÿ O antropologo e sua magia. Sao Paulo,

Edusp,2000.

IDOWU,E.Ÿ Bolajı.Olodumare,God inYorubabelief,

Ibadan,LongmanGroup,1977.

JOHNSON,James.Ÿ "YorubaHeathenism", In:At theBackof

theMan'sMind, Dennet, R. E., Londres,FrankCass&Co.Ltda,1968[1921].

JOHNSON,Samuel.Ÿ The History of the Yorubas, Londres,

Routledge&KeganPaulLtda.,1973.

KUMUYI,Ebun-Oluwa.Ÿ "WhatisreallyE� su?",Internet:

ww.awostudycenter.com,2003.

LAWAL,Babatunde.Ÿ "Orilonise:thehermeneuticsofthehead

andhairstylesamongtheYoruba",In:TribalArts,Internet:www.tribalarts.com/feature/lawal/,2002.

LEITE,FabioR.R.,Ÿ AQuestaoAncestral, SaoPaulo, FFLCH-

USP,TesedeDoutorado,(mimeo),1982.

LEPINE,Claude.Ÿ Contribuiçao ao estudo do sistema de

classi�icaçao dos tipos psicologicos noCandombleKetudeSalvador.SaoPaulo,FFLCH-USP,TesedeDoutorado(mimeo),1977.

LIJADU,E.M.Ÿ Ifa:ImoleRetiIseIpileIsinniIleYoruba.

Ado-Ekiti (1898), Omolayo S. Press ofNigeria,1972.

LUCAS,J.Olumide.Ÿ The Religion of the Yorubas. New York,

AtheliaH.Press,(1948)2001.

MAUPOIL,Bernad.Ÿ La Geomancie a l'ancienne Cote des

Esclaves. Paris,MTIE, n.º 42, 1943. 700pp.

MARINS,LuizL.Ÿ "E� su ota O� rısa: um orıkı polemico". In:

JornalTambor,ano3,n.º23,Guararema,SP,2001.

Ÿ Ifa - Historia Sagrada dos Orixas -Pesquisa,versaoecomposiçaodemitosetextos sacros. Em andamento, inedito.2002/2011

Ÿ "E� su ota O� rısa". In: Dos Yoruba aoCandomble Ketu. Aulo Barretti Filho(org.), pp. 20-74. Edusp, Sao Paulo, SP.2010.

HAZOUMÉ,Paul.Ÿ LePactedeSangauDahomey.TMIE,n.º

XXV, Paris, Inst. D'Ethonologie, 1916.167pp.

HERSKOVITS,J.Melville&HERSKOVITS,F.S.Ÿ AnOutlineofDahomeanReligiousBelief.

(MAAA, n.º 41, 1933) New York, KrausReprintCo.,1976.77pp.

HUET,Michel.Ÿ TheDance,ArtandRitualofAfrica.New

York,PantheonBooks,1978.241pp.

NEIMARK,PhilipJohn.Ÿ The Way of the Orisa. San Francisco,

HarperSanFrancisco,1993.

OBAYEMI,Ade.Ÿ "History, Culture, Yoruba and Northern

Factors".In:StudiesinYorubaHistoryandCulture. G. O. Olusanya (org.), Cap. 5:72:87,Ibadan,Uni.PressLimited,1983.

ODUYOYE,Modupe.Ÿ YorubaNames-TheirStructureandtheir

Meanings. Ibadan, Karnak House, 1987[1972].108pp.

ÒGÚNBÒWÁLÉ,P.O.Ÿ Àsà Ìb í lè Yoruba . Ibadan , Oxford

UniversityPress,1979[1966].88pp.Ÿ ÀwonIrúnmalèIlèYorùbá.Ibadan,Evans

BrothersLimited,1980[1962].80pp.Ÿ The Essentials of the Yoruba Languege.

London, Hodder and Stoughton, 1970.206pp.

OKEMUYIWA,Gbolaha.Ÿ "Irunmole and their relationship with

Man."In:OrunmilaMagazine,n.º2,Lagos,1986.

OLÁJUBÙ,Olúdáre.Ÿ Akojopo Iwì Egungun. Ibadan, Longman

NigeriaLtd,1972.142pp.Ÿ "Compos i t i on and Pe r fo rmance

Techniques of Iwı Egungun". In:WandeAbimbola(org,)YorubaOralTradition,pp.877-933,Ife,Univ.ofIfe,1975.

Ÿ Iwé Àsà Ìbílè Yorùbá. Ibadan, LongmanNigeriaLtd,1981[1978].201pp.

OLINTO,Antonio.Ÿ A Casa da Água. Rio de Janeiro, Editora

Bloch,1969.451pp.Ÿ O Rei de Keto. Rio de Janeiro, Editora

Nordica,1980.295pp.

PARÉS,LuisNicolau(org.).Ÿ PraticasreligiosasnaCostadaMina.Uma

pg.33

Page 40: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

sistematizaçaodasfonteseuropeiaspre-coloniais,1600-1730.

Ÿ URL: http://www.costadamina.u�ba.br/,acessadoem06/2011.

PARRINDER,E.Geoffrey.Ÿ The Story of Ketu, an ancient Yoruba

kingdom. Ibadan, Ibadan Univ. Press,1956.106pp.

PESSOADEBARROS,JoséFlávio.Ÿ EweO� sanyın:SistemadeClassi�icaçaode

VegetaisnasCasasdeSantoJeje-NagodeSalvador, Bahia. Tese de Doutoramento,SaoPaulo,FFFCHdaUsp,1983.(mimeo)200pp.

Ÿ AFogueiradeXangô,oOrixádoFogo.RiodeJaneiro,Intercon,UERJ,1997.

VOGUEL,Arno&SILVAMELLO,M.A.Ÿ AGalinhaD'Angola.RiodeJaneiro,Pallas,

1998[1993].

PRANDI,Reginaldo.Ÿ OsCandomblésdeSãoPaulo.SaoPaulo,

Hucitec-Edusp,1991.Ÿ HerdeirasdoAxé.SaoPaulo,Ed.Hucitec,

1996.

&GONÇALVESDASILVA,Vagner.Ÿ "Reafricanizaçao do Candomble em Sao

Paulo".In:XIEncontroAnualdaANPOCS,SaoPaulo,1987(mimeo-inedito).

Ÿ "AxeSaoPaulo".In:Meusinalestanoteucorpo.CarlosEugenioMarcondesMoura(Org.),SaoPaulo,Edicon/Edusp,1989a.

Ÿ "DeusestribaisdeSaoPaulo".In:CiênciaHoje,CBPC,RiodeJaneiro,10(57):34-44,1989b.

REGO,Waldeloir.Ÿ "Mitos e Ritos Africanos da Bahia". In:

Iconogra�ia dos Deuses Africanos noCandomblé da Bahia, Salvador, Raızes,1980.

RYDER,Alan.Ÿ Benin and Europeans. Ibadan, Longman

Group,1977.

SÀLÁMÌ,Síkírù.Ÿ PoemasdeIfáevaloresdecondutasocial

entre os Yorùbá da Nigéria. Sao Paulo,FFLCH-USP,TesedeDoutorado,1999.

SANTOS,MariaStelladeAzevedo.Ÿ Meu Tempo é Agora. Salvador, Centrhu,

1995[1993].124pp.

SIMPSON,GeorgeE.Ÿ Yoruba Religion & Medicine in Ibadan.

Ibadan,OxfordUniPress,1980.

TAVARES,Ildásio.Ÿ "Oriki Oye Oruko". In: Faraimará: o

caçadortrazalegria,CleoMartins&RaulLody(org.),pp.209-229.RiodeJaneiro,Pallas,1999.

VERGER,Pierre.Ÿ "L'in�luenceduBresilauGolfedeBenin".

In: Les Afro-Américains, Memoires do

IFAN,nº27,pp.11-110,1953.Ÿ Dieux D'Afrique. Paris, Paul Hartmann

Editeur,1954.Ÿ FluxetRe�lux.Paris,Mouton,1968.Ÿ "GrandeuretdecadenceducultdeIyami

O� soronga". In: Journal de la Sociéte desAfricanises,Vol.35(1):141-243,1965.

Ÿ "NotiondePersonneetLigneeFamilialechez les Yoruba". In: La Notion dePersonne en Afrique Noire. ColloquesInternationauxnº544,1971,pp.61-71,Paris,CNRS,1981.

Ÿ "A SociedadeEgbeO� run dosA� bıku". In:Afro-Asia, n.º 14:138-160, Salvador,CEAO,1983.

Ÿ "ODeusSupremoIoruba,umarevisaodasfontes". In: Afro-Asia, n.º 15:18-35,Salvador,CEAO,1992.

Ÿ Notas sobreo cultoaosOrixás eVoduns.SaoPaulo,EDUSP,1998[1957].

&BASTIDE,Roger.Ÿ "ContribuiçaoaoestudodaAdivinhaçao

noSalvador(Bahia)".In:RevistadoMuseuPaulista, Sao Paulo, Vol. VII: 357-380,1953.

VERGER,PierreFatumbí.Ÿ AwonEwéOsanyin.Ile-Ife,Inst.ofAfrican

Studies-Uni.ofIfe,1967.70pp.Ÿ Orixás,deusesiorubasnaÁfricaenoNovo

Mundo. Salvador, Ed. Corrupio / CirculodoLivro,1981.

Ÿ Lendas dos Orixás. Ilustraçoes de EneasGuerra Sampaio. Salvador, EditoraCorrupio, 1982. [Ediçao exclusiva einedita].

Ÿ 50 anos de Fotogra�ia. Salvador, Ed.Corrupio,1982.

Ÿ Lendas africanas dos Orixás, Salvador.EditoraCorrupio,1985.

Ÿ "Etnogra�iaReligiosaIorubaeProbidadeCientı � ica ." In: Revista Rel igião eSociedade,nº8,pp.3-10,SaoPaulo,1982.

Ÿ Ewé - O uso das plantas na sociedadeIoruba.Salvador,Comp.dasLetras,1995.

WILLIETT,Frank&EYO,Ekpo.Ÿ Treasures of Ancient Nigeria. New York,

BorzoiBook/Alfred.A.KnopfInc.,1980.162pp.

ZIEGLER,Jean.Ÿ OsVivoseaMorte.RiodeJaneiro,Zahar

Editores,1977.

pg.34

Page 41: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

Atividadesdediálogocomasociedadecivilparaconstruçãoevalidaçãodoconceitodematrizafricana,coordenadaspelaSEPPIR/PR

Ÿ Seminario"TerritoriosdasmatrizesafricanasnoBrasil-PovosTradicionais"(2011)Ÿ O�icinadeTrabalho:"PontosdeLeitura–AncestralidadeAfricananoBrasil"(2012)Ÿ O�icinadeTrabalho"PlanoNacionaldeDesenvolvimentoSustentaveldosPovose

ComunidadesTradicionaisdeMatrizAfricana"(2012)Ÿ Dialogos"Governo–SociedadeCivilNoMesdaConscienciaNegra"(2012)Ÿ ReuniaodetrabalhocomLiderançasTradicionaisdeMatrizAfricana(2012)Ÿ O�icinadeTrabalho:"FormaçaoemelaboraçaoeexecuçaodeProjetosnoPortaldos

ConveniosdoGovernoFederal–Siconv"(2013)Ÿ Lançamentodo"IPlanoNacionaldeDesenvolvimentoSustentaveldosPovose

ComunidadesTradicionaisdeMatrizAfricana"(2013)Ÿ O�icinadeTrabalho:"FormaçaoemelaboraçaoeexecuçaodeProjetosnoPortaldos

ConveniosdoGovernoFederal–Siconv"(2013)Ÿ PlenariapreparatoriadosPovoseComunidadesTradicionaisdeMatrizAfricanaparaAIII

ConferenciaNacionaldePromoçaodaIgualdadeRacial"(2013)Ÿ IIIConferenciaNacionaldePromoçaodaIgualdadeRacial"(2013)Ÿ Seminario:"SegurançaAlimentareNutricionaldosPovoseComunidadesTradicionaisde

MatrizAfricana"(2014)Ÿ O�icinadeTrabalhocomLiderançasTradicionaisdeMatrizAfricanadoRiodeJaneiro"

(2014)

InstrumentosdegestãodoGovernoFederal

Ÿ PolıticaNacionaldePromoçaodaIgualdadeRacial(PNPIR)Ÿ PolıticaNacionaldeSaudeIntegraldaPopulaçaoNegra(PNSIPN)Ÿ ProgramaNacionaldePatrimonioImaterial(PNPI)Ÿ PlanoPlurianual(PPA)(2012-2015)Ÿ IPlanoNacionaldeDesenvolvimentoSustentaveldosPovoseComunidadesTradicionais

deMatrizAfricana(2012-2015)Ÿ PlanoNacionaldeCultura(2012)Ÿ IIIProgramaNacionaldeDireitosHumanos(PNDH3)(2010)Ÿ IPlanoNacionaldeSegurançaAlimentareNutricional(2012-2015)Ÿ DiretrizesCurricularesparaEducaçaodasrelaçoesetnico-raciaiseparaoensinode

historiaeculturaafro-brasileiraeafricana(2004);

MarcosLegais

Ÿ ConstituiçaoFederalde1988–artigos3°,4°,5°;215e216;Ÿ Lein°9.459de13demaiode1997sobreainjuriaracial;Ÿ Leinº10.639de9dejaneiro2003,dequeincluinocurrıc uloo�icialdaRededeEnsinoa

obrigatoriedadedatematica"HistoriaeCulturaAfro-Brasileira";Ÿ Leinº10.678de23demaiode2003,quecriaaSEPPIR;Ÿ DecretoNº4.886de20denovembrode2003,queinstituiaPolıticaNacionalde

PromoçaodaIgualdadeRacial;Ÿ Decreto5.051,de19deabrilde2004,quepromulgaaConvençaon°169daOrganizaçao

InternacionaldoTrabalho;Ÿ Decreton°6.040de07defevereirode2007,queinstituiaPolıticaNacionalde

DesenvolvimentoSustentaveldosPovoseComunidadesTradicionais;Ÿ Decretonº6.177de01deagostode2007,quepromulgaaConvençaosobreaProteçaoe

PromoçaodaDiversidadedasExpressoesCulturaisdaOrganizaçaodasNaçoesUnidasparaaEducaçao,aCienciaeaCultura-UNESCO;

pg.35

Page 42: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

pg.36

Ÿ Portarian°992de13demaiode2009,queinstituiaPolıticaNacionaldeSaudeIntegraldaPopulaçaoNegra;

Ÿ Decretonº6.872de04dejunho2009,queinstituioPlanoNacionaldePromoçaodaIgualdadeRacial;

Ÿ Lein°12.288,de20dejulhode2010queinstituioEstatutodaigualdadeRacial;Ÿ Decreto7.272,de25deagostode2010,quede�ineasdiretrizeseobjetivosdaPolıtica

NacionaldeSegurançaAlimentareNutricional.

Page 43: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais
Page 44: Cartilha – Povos e Comunidades Tradicionais

SecretariaEspecialdePolíticasdePromoçãodaIgualdadeRacial

SecretariadePolíticasparaComunidadesTradicionais

EsplanadadosMinisterios,BlocoA,5°e9°andares

CEP:70.054-906–Brasılia-DF

+55612025-7000/7008

[email protected]

www.seppir.gov.br

www.facebook.com/igualdaderacial.br