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  A Cidade Colonial

Cartilha Temática- Cidade Colonial

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Cartilha temática apresentando a formação das primeiros povoamentos, culminando nas primeiras vilas e cidades no Brasil Colonial. Material ideal para trabalhar na Educação Básica

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  • A Cidade Colonial

  • 1 A Cidade Colonial

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEAR UECE

    FACULDADE DE FILOSOFIA DOM AURELIANO MATOS FAFIDAM

    CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM HISTRIA

    A Cidade Colonial

    Jssica da Silva Simes

    Maria Janana Almeida

    Maria Ribeiro de Assis

    Limoeiro do Norte Cear

    Junho de 2012

  • 2 A Cidade Colonial

    Jssica da Silva Simes

    Maria Janana Almeida

    Maria Ribeiro de Assis

    A CIDADE COLONIAL

    Cartilha Temtica elaborada na

    Disciplina Laboratrio de Histria II, do

    Curso de Histria da Faculdade de

    Filosofia Dom Aureliano Matos

    FAFIDAM, Universidade Estadual do

    Cear UECE, ministrada pelo Prof.

    Francisco Antnio da Silva, no semestre

    2012.1.

    Limoeiro do Norte Cear

    Junho de 2012

  • 3 A Cidade Colonial

    SUMRIO

    APRESENTAO

    05

    1- FORMAO TERRITORIAL DOS SCULOS XVI, XVII, XVIII. Saiba Mais Fundao de Salvador: A primeira cidade do Brasil Fundao do Rio de Janeiro Filipia de Nossa Senhora das Neves, atual Joo Pessoa

    06 08 10 11

    2- A DESCOBERTA DO OURO Vila Rica

    13 15

    3- A SOCIEDADE DAS CIDADES COLONIAIS Novas classes sociais Estrutura familiar e religiosidade

    17 17 18

    4- AS ARTES Arte Barroca O Arcadismo 5- REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS

    19 19 20

  • 4 A Cidade Colonial

    Introduo

    A minerao trouxe

    modificaes importantes na

    estrutura da colnia.

    A formao de cidades

    modificou a mobilidade

    social e econmica da

    sociedade

  • 5 A Cidade Colonial

    1- Formao territorial dos sculos XVI, XVII, XVIII.

    O primeiro perodo, compreendido entre 1532 e 1549 foi caracterizado pelo

    sistema de administrao das capitanias hereditrias. A responsabilidade pelos

    investimentos era muito mais do prprio donatrio do que do governo central. Mesmo

    assim, apenas a Coroa podia criar cidades, estando os donatrios limitados a

    jurisdicionar sobre a criao de vilas. Nesse perodo se observou a fundao de oito

    vilas.

    O Brasil encontrava-se nas condies compreendidas na Europa, de acordo

    com os pensamentos do Velho Mundo, forma de governo, devido a ao colonial, uma

    rplica da administrao portuguesa.

    De 1550 a 1580 foi vivenciado um novo perodo. Esse caracterizado pelos

    Governos Gerais, quando so criadas as cidades de Salvador e do Rio de Janeiro, alm

    de mais quatro vilas. A produo aucareira a grande tnica desse perodo, podendo se

    afirmar que houve uma expanso urbana, ainda que limitada ao contexto rural em que se

    vivia.

    Durante a Unio Ibrica ocorreu outro perodo na urbanizao colonial. Houve

    dessa vez, um grande impulso urbanizao com interiorizao de alguns ncleos. So

    criadas mais trs

    vilas e trs cidades.

    Depois da

    restaurao da

    independncia

    portuguesa, de 1641

    a 1700, vivenciamos

    um quarto perodo.

    Nessa poca h um

    decrscimo no

  • 6 A Cidade Colonial

    desenvolvimento urbano com relao ao perodo anterior. No entanto a interiorizao da

    urbanizao marcante, sobretudo pela descoberta de ouro nas Minas Gerais, levando a

    formao de verdadeiras ilhas urbanas no interior do continente. Esse sculo foi de

    fundamental importncia para o processo de intensificao demogrfica na colnia,

    poca de grande expanso territorial em direo ao interior e litoral norte (Rio Grande

    do Norte ao Amap).

    A interiorizao do pas foi realizada pelos movimentos de Entradas e Bandeiras, nas

    regies Nordeste, Sudeste e Sul, conquistando sertes, na pecuria. Passaram a explorar

    no somente o litoral como frei Vicente do Salvador em 1627 faz uma crtica a total

    concentrao litornea, de forma desorganizada, ao descrever que arranhavam a costa

    como caranguejos Nota 1

    De 1701 at 1750 vamos conhecer a criao de 33 vilas, um reforo

    tendncia de interiorizao da urbanizao, principalmente com o subsdio s minas. O

    Brasil contava com nove cidades nesse perodo e o sul do Brasil passa a ser incorporado

    ao sistema colonial, notadamente pela necessidade de defesa em relao s fronteiras

    com os domnios espanhis.

    O sculo XVIII representou para o Brasil a consolidao colonial, com a

    explorao do Ouro e Diamantes no Centro do pas, transformando os arquiplagos de

    colnias isoladas em uma unio, o movimento da pecuria teve um importante papel

    para essa integrao.

    No ltimo perodo do lapso de tempo colonial aqui estudado, de 1751 a 1777,

    surgem as comisses para demarcao dos limites entre Portugal e Espanha. So criadas

    sessenta vilas e observa-se um grande crescimento da urbanizao.

    A

    formao

    territorial

    brasileira, nos

    primeiros tempos,

    est intimamente

    associada

    sociedade agrrio-

    comercial que se

  • 7 A Cidade Colonial

    instalou nesse espao. de se salientar o fato que a vida cotidiana nesses perodos

    continuava sendo notadamente rural. As cidades no se constituem mais do que

    apndices da vida agrria, onde os senhores proprietrios rurais possuam uma casa para

    diverso e passeio, deixando reservado fazenda, no meio rural, o carter de maior

    importncia.

    Saiba Mais

    Fundao de Salvador: A primeira cidade do Brasil

    Fundada em 29 de maro de 1549, Salvador foi a primeira capital do Brasil,

    posio que manteve durante 214 anos (1549-1763). A Baa de Todos os Santos era

    conhecida pelos navegadores portugueses desde 1501; sua localizao estratgica na

    costa brasileira propiciava as ligaes Portugal

    - Brasil - frica - sia e a equidistncia entre

    as regies Norte e Sul do Brasil, aliada s

    condies requeridas para o abrigo seguro e a

    correta manobra das embarcaes. Tudo isso

    determinou a sua escolha como local ideal

    para a construo da capital do Brasil. O

    conjunto arquitetnico colonial de Salvador

    de grande importncia para a Histria,

    possuindo inclusive o ttulo de "Patrimnio Histrico e Artstico da Humanidade"

    conferido pela O.N.U - Organizao das Naes Unidas. Ao longo dos trs primeiros

    sculos posteriores ao descobrimento do Brasil,

    Salvador - Capital entre 1549 e 1763 - serviu de

    palco dos acontecimentos mais marcantes do Pas e

    se transformou na principal localidade do Atlntico

    Sul.

    Em 1501, uma expedio de

    reconhecimento terra descoberta por Pedro

    Tom de Souza

  • 8 A Cidade Colonial

    lvares Cabral deparou-se com uma grande e bela baa - batizada de Baa de Todos os

    Santos pelo navegador Amrico Vespcio, por ter sido descoberta no dia 1 de

    novembro. O grande golfo tornou-se, ento, uma referncia para navegadores, passando

    a ser um dos pontos mais conhecidos e visitados no litoral do Novo Mundo. Alguns

    registros histricos da poca relatam ocorrncias, como a saga do portugus Diogo

    lvares, em 1510. Nufrago de uma nau francesa, ele foi acolhido pelos indgenas

    Tupinambs da regio e chamado de Caramuru. Posteriormente, tornou-se membro

    influente da comunidade, formou as primeiras roas de cana-de-acar e algodo e

    casou-se com uma ndia, batizada com o nome de Catarina Paraguau (filha de um

    cacique da tribo Tupinamb). Caramuru desempenhou importante papel na implantao

    do Governo Geral.

    Em 1549, o rei de Portugal D. Joo III

    nomeou o militar e poltico Tom de Sousa

    para ser o governador-geral do Brasil e decidiu

    envi-lo para a misso no dia 12 de fevereiro

    do mesmo ano. A armada, capitaneada pela

    nau Conceio, trazia mais de mil pessoas em

    seis embarcaes: as naus Conceio, Salvador

    e Ajuda, duas caravelas e um bergantim. Depois de 56 dias, a esquadra aportou no porto

    de Vila Velha - fundada pelo donatrio da capitania hereditria da Bahia, Francisco

    Pereira Coutinho - e foi recebida com festa pelos Tupinambs e por Caramuru. Tom de

    Sousa ficaria no cargo at 1553, quando voltou Lisboa e foi substitudo por Duarte da

    Costa. Em 1550, a Capital viu os primeiros escravos chegarem nos navios vindos da

    Nigria, Senegal, Angola, Moambique, Congo, Benin e Etipia. Com o trabalho dos

    negros, a cidade prosperou por influncia econmica das atividades porturias e da

    produo de acar, do fumo e do gado do Recncavo. Em 1583, Salvador tinha duas

    praas, trs ruas e cerca de 1.600 habitantes.

    Histria de Salvador. Disponvel em

    Acesso em: 05 de Mai 2012

    Salvador atual

  • 9 A Cidade Colonial

    Fundao do Rio de Janeiro

    No dia 1 de janeiro de 1502, navegadores portugueses avistaram a Baa de

    Guanabara. Acreditando que se tratava da foz de um grande rio, deram-lhe o nome de

    Rio de Janeiro, dando origem ao nome da cidade. O municpio em si foi fundado em

    1565 por Estcio de

    S, com o nome de

    So Sebastio do

    Rio de Janeiro, em

    homenagem ao

    ento Rei de

    Portugal, D.

    Sebastio.

    Duzentos anos adiante, em 1763 o Rio de Janeiro tornou-se a capital do Brasil,

    ttulo que manteve at 1960, quando foi inaugurada Braslia, a atual capital do pas.

    Devido s guerras napolenicas, a famlia real portuguesa transferiu-se, em

    1808, para o Rio de Janeiro, onde em 1815 o Prncipe Regente D. Joo VI foi coroado

    Rei do Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves, um fato histrico que foi da maior

    importncia para os rumos da Nao Brasileira.

    A economia da cidade foi impulsionada a

    partir do sculo XVII pelos ciclos da cana de acar,

    do ouro e do caf. Hoje, o Estado do Rio de Janeiro ,

    aps So Paulo, o segundo plo industrial do Brasil,

    est entre os primeiros do turismo, o segundo plo

    industrial do Brasil, est entre os primeiros do turismo,

    alm de ser o principal centro cultural do pas e

    importante centro poltico.

    Povos europeus, principalmente portugueses,

    misturando-se com escravos africanos e ndios brasileiros, deram origem a um povo

    Estcio de S

  • 10 A Cidade Colonial

    gentil, alegre e bonito que compem a populao de mais de 6 milhes de CARIOCAS,

    como so chamados os habitantes da cidade.

    Situada em meio a uma paisagem

    privilegiada pela natureza, entre o mar e as

    montanhas, a cidade do Rio de Janeiro uma das

    mais belas do mundo o que lhe valeu o ttulo de

    Cidade Maravilhosa.

    Histria do Rio de Janeiro

    Acesso em : 05 de Mai 2012

    Filipia de Nossa Senhora das Neves, atual Joo Pessoa

    Fundada em 1585, Joo Pessoa j nasceu cidade. Sem nunca ter passado pela

    designao de vila, povoado ou aldeia, visto que foi fundada pela Cpula da Fazenda

    Real, uma Capitania da Coroa, considerada a terceira

    cidade mais antiga do Brasil (Mello, 1987).

    No incio da colonizao, quando a colnia

    brasileira foi dividida em Capitanias Hereditrias,

    grande parte do atual territrio paraibano situava-se na

    ento capitania de Itamarac, sob o domnio de Pero

    Lopes de Sousa. Posteriormente esta capitania foi

    desmembrada, dando origem capitania da Paraba (Sampaio, 1980). Joo Pessoa foi

    criada durante o antigo Sistema Colonial para exercer funes administrativas e

    comerciais, tomando forma a partir de uma colina margem direita do Rio Sanhau

    (Rodriguez, 1992).

  • 11 A Cidade Colonial

    A cidade de Joo Pessoa teve vrios nomes antes da atual denominao.

    Primeiro foi chamada de Nossa Senhora das Neves, em 05 de agosto de 1585, em

    homenagem ao Santo do dia em que foi fundada. Depois foi chamada de Filipia de

    Nossa Senhora das Neves, em 29 de outubro de 1585, em ateno ao rei da Espanha D.

    Felipe II, quando Portugal passou ao domnio Espanhol. Em seguida recebeu o nome de

    Frederikstadt (Frederica), em 26 de dezembro de 1634, por ocasio da sua conquista

    pelos holandeses, em homenagem a Sua Alteza, o Prncipe Orange, Frederico Henrique.

    Novamente mudou de nome, desta vez passando a chamar-se Parahyba, a 01 de

    fevereiro de 1654, com o retorno ao domnio portugus, recebendo a mesma

    denominao que teve a capitania, depois a provncia e por ltimo o Estado. Em 04 de

    setembro de 1930, finalmente recebeu o nome de Joo Pessoa, homenagem prestada ao

    Presidente do Estado assassinado em Recife por ter negado apoio ao Dr. Jlio Prestes,

    candidato oficial Presidncia da Repblica, nas eleies de 1930 (Rodriguez, 1991).

    A primeira capela da cidade foi erguida onde hoje se situa a catedral

    metropolitana. Datando do incio da colonizao, a mesma foi construda para o culto a

    Nossa Senhora das Neves, padroeira da cidade (Nbrega, 1982).

    Os holandeses, atrados pela riqueza do acar, invadiram a cidade em 1634,

    passando ela a chamar-se Frederistadt. Assim permaneceu durante 20 anos (Sampaio,

    1980). Registros histricos afirmam que a cidade abrigava aproximadamente 1.500

    habitantes e 18 engenhos de acar na poca desta invaso (Mello, 1987).

    Em 1808, a cidade possua 3.000

    moradores, cinco ermidas, uma matriz, trs

    conventos, uma igreja misericrdia com

    seu hospital. Por sua vez, em 1859 j

    contava com cerca de 25 mil (Mello,

    1987). At o incio do sculo XIX, a

    cidade era habitada praticamente por

    militares, administradores e religiosos. No entanto, com a ampliao do comrcio

    brasileiro em geral, Joo Pessoa, bem como todo o litoral brasileiro, teve seu

    povoamento acelerado (Mello, 1987).

  • 12 A Cidade Colonial

    Na parte baixa da cidade, encontravam-se os prdios da Alfndega, os

    armazns do porto e as casas comerciais (estes prdios ainda hoje podem ser vistos,

    embora em runas). J na parte alta localizavam-se as construes administrativas,

    religiosas e os prdios residenciais de padro alto (Rodriguez, 1992)

    At a dcada de 1910, a lagoa do Parque Solon de Lucena no permitia o

    rescimento da cidade em direo ao litoral. Em 1913, no governo de Saturnino de Brito,

    foi realizado o saneamento da bacia da lagoa, permitindo, com isso, a expanso da

    cidade em direo ao leste e ao sul . Aps permanecer por mais de trs sculos restrita

    s margens do rio Sanhau e colina onde fora fundada, a cidade, agora denominada

    Joo Pessoa, avana para o leste, em direo s praias, num crescente processo de

    urbanizao que se estende at os dias atuais, com sua populao de mais de 500 mil

    habitantes (Mello, 1987).

    http://www.de.ufpb.br/~ronei/JoaoPessoa/histor.htm

    2- A DESCOBERTA DO OURO

    Nas regies do litoral e regio Nordestina, predominava a monocultura do

    acar, nos engenhos, prevalecendo zona rural como parte fundamental da estrutura

    espacial dessa parte do pas no sculo XVI e final do XVII.

    Com a formao das regies mineradoras e com isso a urbanizao, a

    economia transformou-se em outro estgio, com a formao de novas classes sociais, e

    a disponibilidade de novos empregos. E um aumento significativo da populao.

    No sculo XVIII, com a minerao a presena do trabalho livre foi mais

    evidente. A prpria concentrao urbana, provocada pela minerao, gerou novas

    atividades profissionais diferentes, trabalho

    livre. Ofcios de multiplicaram, mantendo

    um fluxo regular de encomendas, facilitando

    a mobilidade social dos libertos.

  • 13 A Cidade Colonial

    O ciclo da minerao pode ser caracterizado, como uma expanso das

    oportunidades de trabalho e de enriquecimento, para homens livres, libertos e escravos,

    em virtude da relativa diversificao econmica ocorrida.

    Intensificou- se a urbanizao, com a ampliao das funes urbanas, no s da

    prpria minerao, nas trs capitanias do ouro, mas nas das cidades e vilas que beiravam

    as rotas comerciais.

    O passo fundamental para a urbanizao do Brasil foi sem dvida a descoberta

    do ouro na regio central do pas atravs dos movimentos de entradas e bandeiras,

    principalmente na regio de Minas Gerais. A descoberta de metais mais preciosos no

    Brasil ocorreu nos ltimos anos do sculo XVII.

    Em poucos anos foram formados

    povoados e vilas, como de Ribeiro do Carmo,

    Vila Rica, So Joo dEl Rei, So Jos dEl Rei,

    Triau, Sabar, Serro do Frio e Paracatu. Em

    1729 acrescentaram-se descobertas de diamantes

    no arraial do Tijuco.

    Diferente da colonizao litornea

    vivenciada at ento no Brasil, a interiorizao modificou a formao territorial das

    vilas coloniais. Como descrito por WEHLING:

    Ocorrem transformaes significativas na vida poltico-administrativa da

    Colnia com este segundo deslocamento para o interior, produzido pela descoberta do

    ouro e dos diamantes. Ao contrrio do primeiro, com a pecuria, que provocou escasso

    povoamento, a interiorizao nas regies mineradoras caracterizou-se pelo

    adensamento da populao. A Ocupao, alm de rural com a agricultura e pecuria

    de subsistncia, foi sobretudo urbana, concentrando-se a populaes em vilas prximas

    s regies aurferas, que surgiram rapidamente.1

    A minerao provocou uma alterao importante no panorama colonial do

    sculo XVIII, a comear pela incorporao total de territrios as Capitanias de Minas

    1 WEHLING, Arno. WEHLING, Maria Jos C. de M. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994, Pg. 158

  • 14 A Cidade Colonial

    Gerais e Gois. Bem diferente da ocupao pecuarista e reas litorneas, deu incio a

    urbanizao do interior.

    A concentrao nas vilas mineradoras melhorou a distribuio da populao

    colonial, at ento concentrada no litoral e principalmente no Nordeste. Assim gerando

    novas estratificaes sociais, com o desenvolvimento de novas atividades profissionais,

    como comerciantes, mineradores, pedreiros, entre outros. No que no existissem nas

    cidades e vilas do litoral, porm eram mais escassos, j que a vida nessa regio se

    vinculava, sobretudo nos engenhos e fazendas, na zona rural, onde a rea urbana era

    secundria.

    Diferentemente das regies agrrias presente principalmente no Nordeste, onde

    a predominncia do trabalho escravo, nas regies mineradoras a presena do trabalho

    livre foi mais evidente, com a concentrao urbana como consequncia da atividade

    mineradora, foi inevitvel o aparecimento de atividades profissionais diferentes, ligada

    ao trabalho livre. Surgiram novos

    ofcios, com a grande demanda de

    encomendas nos mais diversos setores.

    Em relao ao comrcio, predominou o

    trabalho livre dos comerciantes,

    escriturrios e caixeiros. Grande

    oportunidade de emprego e

    empreendimentos, tanto para homens

    livres como pra escravos e libertos em detrimento da diversificao econmica.

    Com a intensificao urbana, aumentaram as funes urbanas nas cidades

    mineradoras, como tambm as que participavam da rota comercial, formando um

    emaranhado de fatores econmicos que unificaram a Colnia.

    As transformaes foram grandes em relao estrutura aucareira do litoral,

    principalmente na estruturao social e territorial do Brasil, apesar da economia

    aucareira ainda ser a mais rendvel como afirma WEHLING:

    A descoberta do ouro em Minas Gerais, Mato Grosso, Gois e sul da Bahia

    provocaram transformaes radicais na vida, at ento agropastoril, da Colnia. Muito

    embora, no balano do sculo XVIII, as rendas do acar tenham superado as do ouro,

  • 15 A Cidade Colonial

    as modificaes trazidas pela minerao mudaram irreversivelmente a face da Colnia

    note 3

    Vila Rica

    A amostra chegou ao Rio de Janeiro, aos olhos do governador, que j havia

    recebido outras anteriores das minas de Itaverava. Constatado seu valor deu-se incio

    corrida. A fbula povoou a imaginao de aventureiros, que se introduziram nas matas

    num sobe e desce em busca de uma referncia para a glria, um pico chamado Ita-

    corumi (pedra-menino), hoje Itacolomi. Aos seus

    ps estavam as to sonhadas minas.

    Bandeira de Antnio Dias em 1698: a

    primeira a chegar. A fundao de um primitivo

    arraial se deu no morro de So Joo, onde

    tambm foi celebrada a primeira missa pelo

    padre Joo de Faria Fialho. Um grupo

    relativamente pequeno, que depois se

    multiplicaria aos milhares. Trinta anos depois a cidade contaria perto de 40 mil pessoas,

    a maior aglomerao de toda a Amrica Latina. Quarenta mil interesses diferentes... E o

    ouro, apesar de muito, no era suficiente para alimentar a ambio. Comeam os

    confrontos.

    Entre 1707 e 1709

    ocorreu o primeiro grande

    conflito, envolvendo

    essencialmente paulistas e

    portugueses: a Guerra dos

    Emboabas. Ambos defendiam

    terem direitos legtimos sobre o

    eldorado, reivindicavam a

    concesso de terras e minas. Vila Rica sc. XVIII-- Vila Rica. Thomas Ender (sc.XIX).

  • 16 A Cidade Colonial

    Ainda em 1709 seria criada a Capitania de So Paulo e Minas de Ouro, tendo Mariana

    como capital. Dois anos mais tarde os ncleos de Ouro Preto, Antnio Dias, Ouro Podre

    e Padre Fariam foram elevados categoria de vila. Nascia a Vila Rica de Albuquerque.

    Enquanto no litoral a sociedade colonial permanecia engessada em sua estrutura

    fechada, em Minas nascia um caos social que se movimentava efervescentemente.

    Ambio era a locomotiva, o ouro o combustvel. Ascenso social, embora difcil, era

    possvel: bastava uma bateada feliz e muita astcia. Mercadores, artesos, engenheiros,

    advogados, clero, nobres, mdicos, poetas, serviais... O ecletismo se firmava, gerando

    uma nova conscincia, um esprito libertino, capaz de caminhar com os prprios ps.

    No foi uma tarefa fcil. Que o digam Felipe dos Santos e os Inconfidentes.

    Minas crescia e em 1720 tornou-se uma capitania autnoma, sendo a capital

    transferida para Vila Rica. Encontrava-se ouro como em nenhum outro lugar, fazendo as

    lendas do Rei Salomo parecerem ingnuos contos infantis. A festa para celebrar o

    translado do Santssimo Sacramento (1733), da igreja do Rosrio para a matriz do Pilar,

    marcou esta poca. Cronistas relatam a pompa das vestimentas e artefatos, repletos de

    ouro e pedras preciosas.

    O fausto durou at 1750. A partir da o metal amarelo comeou a escassear. A

    Coroa intensifica a fiscalizao, combatendo o contrabando (muito grande), e fora os

    mineradores a garantirem as cotas estabelecidas de impostos. A opresso culminou com

    a Inconfidncia Mineira, movimento rechaado duramente por Portugal. Minas e o

    Brasil no seriam mais os mesmos.

    Vila Rica virou Imperial Cidade de Ouro Preto em 1823 e permaneceu como

    capital da Provncia de Minas Gerais at 1897, ano da inaugurao de Belo Horizonte.

    Os anos setecentos se foram, mas legaram um futuro que hoje nos presenteia com uma

    das histrias mais interessantes da saga humana.

    http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/ouropreto/port/historia.asp

    Acesso em 06-05-2012

  • 17 A Cidade Colonial

    4- A Sociedade das Cidades Coloniais

    Novas Classes Sociais

    Na sociedade aucareira, predominantemente rural, a estrutura social era baseada na

    Nobreza, caracterizado pelos senhores de engenhos e sua famlia, alm dos

    denominados homens bons que governavam as cmaras municipais das pequenas vilas e aldeias que existiam at ento. Outra classe presente consistia nos escravos, que

    pode no ser considerada uma classe em si, j os direitos que inexistentes para essa

    categoria, uma vez que direitos no possuam.

    No havia a possibilidade de mobilidade social, uma vez que no havia trabalhos

    remunerados, sendo que a economia girava entorno da produo do acar e a mesma

    estava no foque da escravido, economia lucrativa para os grandes senhores dos

    engenhos.

    Essa perspectiva mudou consideravelmente com a descoberta e explorao do

    ouro nas regies centrais do pas, surgimento de novas classes sociais, como exemplo os

    abastados mineradores, que foram responsveis pela construo das cidades barrocas do

    interior mineiro. Como base da estrutura estava os homens livres pobres (brancos),

    libertos e indgenas e os escravos. A mobilidade social foi mais evidente, sendo que os

    ex-escravos libertos tinham oportunidade de emprego, tanto nas cidades mineradoras

  • 18 A Cidade Colonial

    como tambm nas cidades vizinhas, as zonas comerciais, porturias, concluindo com o

    surgimento dos comerciantes, com grande influencia nas cidades mineiras.

    A vida urbana mais intensa viabilizou tambm, melhores oportunidades no

    mercado interno e uma sociedade mais flexvel, principalmente se contrastada com o

    imobilismo da sociedade aucareira.

    Embora mantivesse a base escravista, a sociedade mineradora diferenciava-se da

    aucareira, por seu comportamento urbano, menos aristocrtico e intelectualmente mais

    evoludo.

    Era comum no sculo XVIII, ser grande minerador e latifundirio ao mesmo tempo.

    Portanto, a camada socialmente dominante era mais heterognea, representada pelos

    grandes proprietrios de escravos, grandes comerciantes e burocratas.

    Estrutura familiar

    O padro nuclear no variou das

    regies rurais para a urbana, e muito menos

    para a famlia nobre para a escrava.

    Nas reas urbanas a relao de

    escravos foi mais escassa devida a pouca

    quantidade de escravos por famlia, no

    mximo dois por casa, os relacionamentos

    sempre eram de ex- escravos (libertos).

    A famlia patriarcal manteve-se

    presente na estrutura rural, que mantinha o

    pensamento medieval de primogenitura e

    domnio total sobre a regio, que caiu com a

    formao urbana.

  • 19 A Cidade Colonial

    O desenvolvimento do comrcio e a acentuao da vida urbana trouxe tambm

    mudanas culturais e intelectuais, destacando-se a chamada escola mineira, que se

    transformou no principal centro do Arcadismo no Brasil. So expoentes as obras

    esculturais e arquitetnicas de Antnio Francisco Lisboa, o "Aleijadinho", em Minas

    Gerais ( imagem esquerda de um dos doze profetas - Igreja do Senhor Jesus de

    Matosinhos, municpio de Congonhas), e do Mestre Valentin no Rio de janeiro.

    Na msica destaca-se o estilo sacro barroco do mineiro Jos Joaquim Emrico Lobo de

    Mesquita, alm da msica popular representada pela modinha e pela cantiga de ninar de

    origem lusitana e pelo lundu de origem africana.

    A religio teve grande peso na formao colonial brasileira, com

    influencia direta na construo mental da sociedade, como tambm na fsica, com

    interferncia direta na construo barroca das cidades mineradoras.

    5- Artes

    Aleijadinho

    Antnio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, nasceu em Vila Rica,

    hoje Ouro Preto MG, por volta de 1730. Era filho natural de

    um mestre-de-obras portugus, Manuel Francisco Lisboa, um

    dos primeiros a atuar como arquiteto em Minas Gerais, e de

    uma escrava africana ou mestia que se chamava Isabel.

    A formao profissional e artstica do Aleijadinho atribuda a

    seus contatos com a atividade do pai e a oficina de um tio,

    Antnio Francisco Pombal, afamado entalhador de Vila Rica.

    Sua aprendizagem, alm disso, ter sido facilitada por eventuais

    relaes com o abridor de cunhos Joo Gomes Batista e o

    escultor e entalhador Jos Coelho de Noronha, autor de muitas obras em igrejas da

    regio. Na educao formal, nunca cursou seno a escola primria.

    O apelido que o celebrizou veio de enfermidade que contraiu por

    volta de 1777, que o foi aos poucos deformando e cuja exata

    natureza objeto de controvrsias. Uns a apontam como sfilis,

    outros como lepra, outros ainda como tromboangete obliterante ou

    ulcerao gangrenosa das mos e dos ps. De concreto se sabe que

    ao perder os dedos dos ps ele passou a andar de joelhos,

    protegendo-os com dispositivos de couro, ou a se fazer carregar. Ao

  • 20 A Cidade Colonial

    perder os dedos das mos, passou a esculpir com o cinzel e o martelo amarrados aos

    punhos pelos ajudantes.

    Arcadismo

    O arcadismo brasileiro originou-se e teve expresso principalmente em Vila Rica ( hoje Ouro

    Preto), Minas Gerais, e seu aparecimento teve relao direta com o grande crescimento

    urbano verificado no sculo XVIII nas cidades mineiras, cuja

    vida econmica girava em torno da extrao do ouro.

    O enorme crescimento dessas cidades favorecia tanto a

    divulgao de ideias polticas quanto o florescimento da

    literatura. Os jovens brasileiros das camadas privilegiadas da

    sociedade costumavam ser mandados a Coimbra para

    estudar, uma vez que a colnia no lhes oferecia cursos

    superiores. E, ao retornarem de Portugal, traziam consigo

    ideias iluministas. Participaram diretamente da Inconfidncia

    Mineira.

    CEREJA, Willian Roberto. MAGALHES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira: ensino mdio. So

    Paulo. Editora Atual. 2005.

    Tomas Antnio Gonzaga

  • 21 A Cidade Colonial

    Referencias

    WEHLING, Arno. WEHLING, Maria Jos C. de M. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994

    CEREJA, Willian Roberto. MAGALHES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira: ensino mdio. So Paulo. Editora Atual. 2005.

    Vierno. Lvia . SEMEADAS E LADRILHADAS. Vilas e Cidades no Brasil Colnia. Universidade de Taubat: I Simpsio Luso-Brasileiro de Cartografia Histrica.

    Ricardo Paiva .Arquitetura e Cidade no Brasil: sculos XVII e XVIII

  • 22 A Cidade Colonial