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Cartografia Militar

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  • finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:19 Page 1

  • Autores

    Maria Helena Dias e Instituto Geogrfico do Exrcito

    Coordenao e texto

    Maria Helena Dias

    (Centro de Estudos Geogrficos da Universidade de Lisboa)

    Concepo, realizao e edio

    Instituto Geogrfico do Exrcito

    Tratamento documental e descrio bibliogrfica

    Maria Helena Dias e Sandra Fernandes (CEG)

    Grafismo

    Good Dog Design

    Impresso

    Security Print

    ISBN

    978-989-21-0108-8

    Depsito Legal

    302434/09

    1. Edio / 2009

    2009 INSTITUTO GEOGRFICO DO EXRCITOAvenida Dr. Alfredo Bensade1849-014 LisboaTel.: (351) 21 850 53 00Fax: (351) 21 853 21 19E-mail: [email protected]: www.igeoe.pt

    FINIS PORTUGALLI=

    NOS CONFINS DE PORTUGALCartografia militar e identidade territorial

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 16-11-2009 16:12 Page 2

  • Prefcio

    3

    Afronteira lusoespanhola estendese desde a foz do Rio Minho, a norte, at foz do Rio

    Guadiana, a sul, ao longo de mais de 1300 km, sendo definida por cursos de gua e por

    marcos. No entanto, pode considerarse que, genericamente, a raia abrange o espao geo

    grfico de ambos os lados da fronteira poltica, em que os povos partilham elementos his

    tricos, culturais e econmicos comuns. O trabalho da equipa portuguesa e espanhola consiste actual

    mente em repor o estado dos marcos que, com o tempo, vo sendo danificados ou mesmo vandaliza

    dos, de acordo com o Tratado e o Convnio em vigor.

    As Comisses de Limites surgem no momento da preparao do Tratado de Limites entre Portugale Espanha, assinado em 29 de Setembro de 1864. Inicialmente foram responsveis pela materializao, no terreno, da linha divisria e pela sua melhor definio, sempre que surgissem dvidas na de

    marcao. Com o DecretoLei n. 204/2006, a Comisso Internacional de Limites (CIL) passou a de

    signarse por Comisso Interministerial de Limites, funcionando no mbito do Ministrio dos Negcios

    Estrangeiros e tendo por misso assegurar a participao nas reunies das comisses mistas lusoespanholas previstas naquele Tratado.

    Para alm disso, sua atribuio zelar pelo cumprimento do Tratado de 1864 e do Convnio de 1926, incluindo ...a manuteno dos mar

    cos de fronteira e a fiscalizao do seu posicionamento correcto... conforme est referido na alnea d) do Art. 2 do Decreto Regulamentar

    n. 48/2007 de 27 de Abril.

    Desde 1993, o Instituto Geogrfico do Exrcito, como membro da delegao portuguesa na CIL, tem sido o organismo portugus res

    ponsvel pela constituio das equipas que realizam os trabalhos de manuteno da fronteira. Ao longo das vrias campanhas, at 2003,

    foram desmatados, pintados, cadastrados, fotografados e obtidas as coordenadas com equipamento GPS dos mais de 5200 marcos que a cons

    tituem. Entre 2003 e 2008, a fronteira continuou a ser anualmente revisitada com a finalidade de verificar a sua localizao e o estado de

    conservao. A partir de 2008, passou a ser utilizado um Sistema de Informao Geogrfica dos marcos de fronteira, para que este trabalho

    seja divulgado e seu conhecimento partilhado pelos diversos organismos envolvidos.

    No poderia terminar sem agradecer a todas as entidades intervenientes nesta publicao, com especial destaque para a Senhora Professora

    Doutora Maria Helena Dias do Centro de Estudos Geogrficos da Universidade de Lisboa, cuja colaborao tornou possvel a realizao deste

    trabalho. Com esta obra, gostaria de enaltecer a parceria de longa data entre o Instituto Geogrfico do Exrcito e o Centro de Estudos Geogrficos

    na divulgao da Cartografia nacional, como meio fundamental e imprescindvel para um melhor conhecimento geogrfico do pas.

    O Director do Instituto Geogrfico do Exrcito

    Prefcio

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  • FinisPortugalli

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    A Hispanha, essa boa amiga, que dorme deitada ao nosso lado o somno da

    indifferena, tendo por travesseiro os mesmos montes e por lavatorio os

    mesmos rios, com o mesmo pintasilgo pendurado janella do quarto, e o

    mesmo gato enroscado aos ps, sobre a roupa da cama, mandounos brindes.

    Estes brindes foram: livros de edies mal esgotadas, bocadinhos de minerios,

    fragmentos de antiguidades, pedrinhas e gravuras que esto pedindo quatro

    alfinetes e uma parede branca.

    Este presente delicado petit-cadeau damiti tem dado logar a algumasinterpretaes malevolas. Dizse que a Hispanha nos quer comprar, e que

    comea por pagar adiantado o preo da compra. Ou que nos comprou j, e que

    vae instalando em Lisboa o seu museu afim de evitar mais tarde os gastos do

    transporte. Tudo isto falso.

    No suppomos que a Hispanha queira corromper a nossa independencia, que

    ns por meio de illuminaes to terminantes, de bandeiras to incisivas, de

    festes de murta to energicos e de to convictos foguetes, temos affirmado

    uma vez por anno, no dia 1. de dezembro, ao olho da Europa. ()

    A dadiva da Hispanha foi pois meramente uma destas lembranas que se

    trocam entre pessoas intimas para avivar a amisade. A Hispanha

    aproveitou assim o ensejo de desoccupar um pouco os seus museus, as

    suas estantes e as suas galerias de coisas duplicadas ou de coisas inuteis.

    Nem por isso deve ser menor o nosso agradecimento. ()

    O presente que recebemos importa pela amisade e no pelo valor.

    Agradeamolo, pois, e aproveitando este exemplo, mandemos para Hispanha

    as coisas que nos forem c demasiadas ou inuteis. ()

    Outra coisa poderiamos tambem mandar: Uma das cabeas de Vasco da Gama.

    Temos duas. A anatomia, a archeologia, a logica, a chronologia, a historia e a boa

    vontade nacional provam que ambas ellas so egualmente do grande homem,

    ambas irrefutaveis, ambas legaes, ambas authenticas. Mandese pois uma para

    Hispanha, e para nos no darmos ares de infalliveis, ponhaselhe este letreiro:

    Cabea que Vasco da Gama faria teno de levar quando foi India.() Que de uma vez e para todo sempre fique assim atada esta coisa que

    diplomaticamente se chama O lao que prende as duas naes irms!

    Em As Farpas de Ramalho Ortigo e Ea de Queiroz, Junho de 1871

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  • Eis aqui se descobre a nobre Espanha, Como cabea ali de Europa toda, Em cujo senhorio e gloria estranha, Muitas voltas tem dado a fatal roda: Mas nunca poder, com fora, ou manha, A fortuna inquieta porlhe noda: Que lha no tire o esforo & ousadia,Dos belicosos peitos, que em si cria.

    Eis aqui, quasi cume da cabea, De Europa toda, o Reino Lusitano, Onde a Terra se acaba, e o Mar comea, E onde Febo repousa no Occeano: Este quis o Ceo justo, que florea Nas armas, contra o torpe Mauritano, Deitando o de si fora, & la na ardente Affrica estar quieto o nam consente.

    Esta he a ditosa patria minha amada (...)

    NASA/GSFC/LaRC/JPL, MISR Team

    Os Lvsiadas de Luis de Cames, Canto Terceiro, 1572

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  • FinisPortugalli

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    1 Extrado da Revista Universal Lisbonense (1846, p. 412413), onde o texto foi originalmente publicado.

    Fraco, pequeno, e pobre na origem, Portugal teve de luctar desde o bero com a sua fraqueza original. Apertado entre o

    vulto gigante da nao de que se desmembrra e as solides do mar, o instincto da vida politica o ensinou a constituirse

    fortemente. Quando se lanam os olhos para uma carta da Europa e se v esta estreita faixa de terra lanada ao occidente

    da Peninsula e se considera que ahi habita uma nao independente ha sette seculos, necessariamente occorre a

    curiosidade de indagar o segredo dessa existencia improvavel. A anatomia e physiologia deste corpo que apparentemente

    debil resistiu assim morte e dissoluo, deve ter sido admiravel.

    Que feito das republicas da Italia to brilhantes e poderosas durante a idade media? Onde existem Genova, Pisa, Veneza?

    Na historia: unicamente na historia. la onde somente vivem o imperio germanico e o do Oriente, a Escocia, a Noruega, a

    Hungria, a Polonia, e na nossa propria Hispanha a Navarra e o Arago. Fundidas noutros Estados mais poderosos, ou

    retalhadas pelas conveniencias politicas, stas nacionalidades exteriormente fortes e energicas dissolveramse e

    annularamse, e Portugal nascido apenas quando essas sociedades ja eram robustas, vive ainda, posto que em velhice

    abhorrida e decrepita. Ha nisto sem duvida seno um mysterio, ao menos um phenomeno apparentemente inexplicavel.

    Estar a razo da nossa individualidade tenaz na configurao phisica do solo? Somos ns como os Suissos um povo

    montanhez? Separamnos serranias intransitaveis do resto da Peninsula? Nada disso. As nossas fronteiras indicamnas

    commummente no meio de planicies alguns marcos de pedra, ou designamnas alguns rios so no inverno invadiaveis.

    Quem impediu a Hispanha, esse enorme collosso, de devorarnos?

    Poderseha dizer que desde o seculo XVII a rivalidade das grandes naes da Europa que nos tem salvado. Talvez. Mas

    antes disso era por certo uma fora interior que nos alimentava, e que ainda actuou em ns no meio da decadencia a que

    chegmos no seculo XVI, decadencia que virtualmente nos veiu a subjeitar ao dominio castelhano.

    Mas durante esse mesmo dominio o instincto da vida politica, o afferro individualidade, existia seno nas classes elevadas ao

    menos entre a plebe, porque a plebe a ultima que perde as tradies antigas, e o amor da sua aldeia e do seu campanario.

    A lucta do vulgacho exclusivamente do vulgacho a favor de D. Antonio prior do Crato contra a corrupo de tudo quanto

    havia nobre e ricco em Portugal, e contra o poder de Philippe II, um reflexo pallido e impotente da epocha de D. Joo I;

    mas um facto de grande significao historica. Completamno as diligencias feitas nas crtes de Thomar para que a

    linguagem official do paiz se no trocasse pela dos conquistadores. Este facto comparado com essoutro obriga a meditar.

    Philippe II foi um grande homem astuto, activo, dotado de um character ferreo; foi o representante mais notavel da unidade

    politica absoluta, e no pde ou no soube delir e incorporar este pequeno povo na vasta sociedade hispanhola sbre a qual seu

    pae e elle haviam passado uma terrivel rasoira que lhe destrura todas as asperezas e desigualdades. E todavia Philippe II tinha

    geralmente por alliados entre os vencidos os homens mais eminentes por illustrao, por linhagem, por faculdades pecuniarias.

    que as multides obscuras eram ainda portuguezas no amago posto que corrompidas no exterior pela corrupo das

    classes privilegiadas. Todas as outras explicaes so insufficientes ou falsas.

    Alexandre Herculano, em Cogitaes soltas de um homem obscuro, 18461

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:20 Page 6

  • Prembulofinis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:20 Page 7

  • 8Linha imprecisa ou claramente demarcada por acidentes naturais,

    e fixada por tratados internacionais, a fronteira portuguesa esta

    belece os limites da soberania nacional e define a configurao ter

    ritorial com a qual cada um de ns se identifica. O Pas assim de

    limitado sobretudo um espao vivido e ficcionado, onde as imagens car

    togrficas jogam um papel primordial.

    Para alm de linha, a fronteira terrestre ou a raia, como habitual

    designla entre ns ainda uma faixa marginal do territrio com caracte

    rsticas especficas. Historicamente, ela tem sido uma rea de tenses e con

    tendas entre os povos de um e do outro lado pela disputa e usufruto de espa

    os que cada um considera seus mas tem jogado tambm como palco de dis

    putas mais globais na defesa da soberania do estado, o que levou a edificar

    durante sculos, e mais ou menos prximos dela, castelos e praasfortes. Mas

    essa faixa tambm um espao nico de intercmbios e de convivncias.

    Com mais de 1300 km de comprimento, dos quais 1291 fixados in

    ternacionalmente pelos dois pases, a fronteira terrestre portuguesa com

    parvel em extenso linha de costa (1373 km). Desse limite, um pouco

    mais de 60 % raia hmida ou molhada, isto , constituda por tro

    os de cursos de gua, muitas vezes vadeveis ou facilmente transpon

    veis. Mais do que as barreiras geogrficas, sejam elas rios ou serras, foram

    os conflitos que separaram eficazmente os povos peninsulares: depois

    de finalizada a Reconquista, em finais de Quatrocentos, e expulsos os mu

    ulmanos da Pennsula, portugueses e espanhis tornaramse advers

    rios e, durante sculos, ao longo dessa faixa, despovoada e negligenciada,

    sucederseiam as guerras, as escaramuas e as pilhagens.

    Mas a fronteira esconde, sob a mesma designao, realidades bem

    distintas. Se nuns casos a linha que separa espaos, nem sempre geo

    graficamente diferenciados, e impe barreiras, noutros a porta de en

    trada e de contacto com o outro lado. Junto fronteira poltica e das con

    tendas, coexistiu uma fronteira osmtica, de encontros e oportunidades.

    Esta era a fronteira do comrcio e do contrabando tradicional, dos cou

    tos mistos e dos povos promscuos, feita de entendimentos e alianas,

    ou seja, a fronteira da vida quotidiana (E. Medina Garca, 2006, p. 719).

    A lngua constitui o elemento diferenciador por excelncia, apesar dos fe

    nmenos de hibridao que persistem nalguns locais, enquanto curiosa

    mente o portunhol parece ser mais utilizado por quem visita esta faixa

    ocasionalmente vindo de partes mais distantes.

    Considerada como a mais antiga fronteira estvel na Europa, com

    mais de sete sculos num pas de quase nove de existncia, a primeira de

    marcao que lhe impe essa antiguidade foi estabelecida pelo Tratado de

    Alcaices, assinado entre os reis de Portugal e Castela, D. Dinis e Fernando

    IV, a 12 de Setembro de 1297. Nessa altura, os contornos de Portugal apro

    ximavamse j dos actuais. Mas o conceito de fronteira era ento distinto

    daquele que hoje possumos e a palavra muito recente (Rita Costa Gomes,

    1991), designando primitivamente a frente de luta com os mouros e, a par

    tir de meados do sculo XIII, os limites dos reinos peninsulares. Mais fre

    quentes eram, entre outras, as expresses raia ou termo, na acepo

    de limite espacial. A novidade da palavra fronteira remete, sem dvida, para

    um novo conceito que se ia gizando, pela prtica da demarcao e pela con

    cepo da unidade do territrio que ela materializa.

    Os reinados de D. Dinis e D. Manuel foram momentos cruciais na

    histria da fronteira lusoespanhola: no primeiro caso, a sucesso dos cas

    telos que o rei fez reparar ou construir, entreolhandose em jeito de mar

    cos, baliza, pelos espaos que controlavam, os limites ainda em constru

    o; o segundo o perodo das longas demarcaes, conduzidas pelos fun

    cionrios rgios, descritas e debuxadas, cujos malhes ou marcos eram

    periodicamente inspeccionados e frequentemente mudados ou derruba

    dos. O aparecimento, em Quinhentos, do primeiro mapa em que o dese

    nho de uma linha ininterrupta delimita e d forma ao conjunto de Portugal

    a prova da emergncia de uma nova concepo de fronteira, ainda fr

    gil, por onde circulavam quotidianamente homens e gados.

    A estabilidade da fronteira que muitos pretendem ver desde o Tratado

    de Alcaices foi, contudo, mais aparente do que real. As fronteiras medievais

    eram fluidas e imprecisas e as frequentes disputas obrigavam interven

    o dos poderes rgios. Na realidade, ao longo da Histria, a fronteira foi palco

    de mltiplos litgios entre os moradores de um e do outro lado, como mlti

    plas foram tambm as tentativas de entendimento e de demarcao territo

    rial. Essa demarcao no s uma linha poltica, dobrada e apoiada por

    uma linha defensiva mas tambm um traado gerador de riqueza para o

    soberano que at ele estende o seu poder (Iria Gonalves, 1998, p. 65).

    No comeo dos anos 50 do sculo XIX, a nova situao poltica do

    pas e a violncia das rixas nalguns locais, sobretudo no Minho e em Trs

    osMontes, levou o governo portugus a tomar a iniciativa de pedir ao seu

    homlogo espanhol que se procedesse demarcao geral da fronteira.

    Em 1855 eram nomeados para chefiar a primeira Comisso Internacional

    de Limites, pelo lado portugus, o brigadeiro Frederico Leo Cabreira (a

    que se juntaria depois o major engenheiro Guilherme Couvreur, como se

    cretrio) e, do lado espanhol, o diplomata D. Fidencio Bourman (tendo, como

    secretrio sem voz nem voto, D. Evaristo Perez de Castro e, entre os seus

    ajudantes mas durante pouco tempo, o engenheiro D. Ramon Medina y Orbeta,

    considerado pelos portugueses hbil e muito polido, e que com pena viram

    afastarse dessa seco, sem substituto1).

    Embora a comisso tivesse acordado comear os trabalhos pela Contenda

    de Moura, eles acabaram por principiar pelo Minho, devido aos conflitos, ofi

    cialmente a 9 de Setembro desse ano (data da Acta de Instalao). Entretanto,

    as desordens desencadeadas pela demarcao, as dissidncias entre os mem

    FinisPortugalli

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:21 Page 8

  • 9bros da seco portuguesa e os conflitos com a parteespanhola levariam ao pedido de demisso deCouvreur e exonerao de ambos passados doisanos, pela maneira como estes trabalhos haviam decorrido. Quanto demarcao efectuada, entre a fozdo Minho e o comeo do concelho de Vinhais, quemuito agradou ao governo espanhol, reconhecerseia terem sido incompreensveis, e at lesivas dos interesses nacionais, as transigncias de Cabreira perante as pretenses astuciosas de Bourman, pelo queno foi ratificada pelo governo portugus. A comisso foi ento substituda por uma outra, em 1858,mais eficaz e diligente, presidida pelo tenentecoronel engenheiro Alexandre Jos Botelho de Vas concelos e S, que nos anos 40 havia j trabalhado nafronteira transmontana e beir. Tambm os representantes espanhis seriam substitudos (emboraBourman tivesse logo a seguir retomado a presidncia da sua seco2) mas recusarseiam a discutir ademarcao j efectuada. Por ordem superior, Vas concelos e S preparou ento uma carta da fronteira (1:100 000) do Mi nho e TrsosMontes, tendo porbase a triangulao de primeira ordem da DirecoGeral dos Trabalhos Geodsicos. Mas o seu colaborador mais prximo, e secretrio, Jos Ma ria De lormeColao, adoecia irremediavelmente, o que tambmtranstornou os trabalhos, acabando por ser substitudo por Augusto de Macedo e Couto.

    s comisses tcnicas, que do lado portugus foram sempre constitudas por militares,cabia, antes de tudo, rectificar a fronteira, segundo instrues precisas, e no modificla; nos locais onde existissem problemas entre os moradores ou onde a demarcao fosse duvidosa, competialhes solucionlos ou propor solues queviessem a ser dirimidas por via diplomtica. Segrande parte da linha demarcada coincidiu efectivamente com a descrita nos antigos tombos dossculos XV e XVI, alguns troos foram, no entanto, objecto de acordos entre os dois governos.

    Concludos os trabalhos, a comisso tcnica era substituda, em finais de 1863, por uma

    Uma das folhas, a n. 10, da Carta chorographica dos limites de fronteira na escala de 1:50 000, correspondente a uma parte do Douro, preparada pelaComisso Internacional de Limites entre Portugal e Espanha e impressa depois de 1906. Nas 22 folhas conhecidas, apenas algumas contm a indicao deterem sido rectificadas (1907, 1908 e 1910). O conjunto baseiase certamente nos levantamentos da carta 1:100 000 (18531892; edio: 18561904), que,tendo principiado nessa escala, rapidamente passaram para a de 1:50 000, pelo que nesta que se delinearia a fronteira.

    1 Tal situao levaria o segundo presidente portugus da comisso de limites, Vasconcelos e S, a questionar como poderia o governo espanhol entender as minudncias de muitasquestes discutidas, unicamente pelas descries das actas, sem mapas ou mesmo simples esboos que as elucidassem.2 A propsito da suspenso dos trabalhos de campo na Beira, supostamente pelo frio e pelo cansao da seco homloga, diz Vasconcelos e S: os delegados espanhis so toimprprios para o servio em que o seu Governo os colocou, quanta alta a proteco que dele tm.

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:21 Page 9

  • FinisPortugalli

    10

    outra diplomtica, para estudo e redaco do tratado, presidida pelo duque

    de Loul e pelo marqus de la Ribera, contando ainda com Jacinto da Silva

    Mengo e D. Facundo de Goi. A se acordou, finalmente, a resoluo para

    25 questes que, ao longo da fronteira lusoespanhola, se arrastaram nal

    guns casos durante sculos e que haviam motivado inmeros conflitos.

    Assim, ao longo de 10 anos, a comisso mista prepararia, tcnica e

    diplomaticamente, o Tratado de limites entre Portugal e Hespanha, assinado em Lisboa em 29 de Setembro de 1864 (com dois anexos de 1866, re

    lativos aos rios limtrofes e sobre as apreenses de gados), que apenas re

    definiu a fronteira desde o Minho at confluncia do Caia com o Guadiana.

    As ratificaes foram decretadas pelas Cortes espanholas e portuguesas,

    sancionadas pelos reis de ambos os pases, a 13 de Julho de 1865 e a 27

    de Maro de 1866, respectivamente. Finalmente, de forma a procederse

    colocao dos marcos necessrios e sua descrio geomtrica como

    estipulava aquele Tratado, eram aprovadas pelos dois governos, em 1866,

    as Instrues para se efectuar a demarcao da fronteira entre Portugal eEspanha, com 19 disposies reguladoras.

    Depois, foram necessrios ainda mais 40 anos para levar a cabo o

    estipulado: a 1 de Dezembro de 1906 era, finalmente, assinada a Acta geralde delimitao entre Portugal e Espanha, aps intensos trabalhos de campoe de gabinete. Portugal tinha, deste modo, e pela primeira vez, grande parte

    da sua linha de fronteira terrestre descrita cientfica e minuciosamente: uma

    linha poligonal que une pontos determinados do espao, materializados

    no terreno pelos marcos fronteirios, paraleleppedos numerados, com uma

    das faces voltada a Portugal, onde se encontrava inscrita a letra P, e a face

    oposta voltada a Espanha, onde se encontrava inscrita a letra E (Joo Carlos

    Garcia, 2003).

    Acompanhando a Acta de 1906, encontravase anexa a represen

    tao cartogrfica de uma estreita faixa de fronteira, em folhas de peque

    na escala (1:100 000), enquadrando espaos vastos, enquanto nas actas

    parciais eram muito mais pormenorizadas (1:10 000 e 1:2500). Isto sig

    nifica que as comisses levantaram com rigor a linha de fronteira e nela

    posicionaram os marcos, como se poder ver com o exemplo da folha de

    Tourm. Estes levantamentos a grande escala datam de 1896 a 19011.

    Para alm disso, foi realizada uma outra carta na escala de 1:50 000

    a Carta chorographica dos limites de fronteira , com 29 folhas e um mapade juno (embora pouqussimas bibliotecas e arquivos as possuam e s

    as 22 primeiras folhas, at ao Caia), editadas posteriormente assinatu

    ra da Acta. As ltimas folhas, da parte sul (folhas 23 a 29), foram prepa

    radas a seguir e integraram o Convnio de 1926, onde so todas referi

    das, mas provavelmente no tiveram a mesma difuso.

    O Tratado de 1864, minuciosamente preparado e definido na Acta de

    1906, deixara, no entanto, por resolver todo o troo fronteirio a Sul do Caia.

    Dois problemas adiaram a demarcao ento iniciada: a questo de

    Olivena, que permanece ainda hoje sem resoluo, e a Contenda de Moura,

    cujos limites se estabeleceriam em separado por Conveno assinada, em

    Madrid, a 27 de Maro de 1893. Finalmente, a 29 de Junho de 1926 era ce

    lebrado o Convnio de limites entre Portugal e Espanha, que definiria o restante troo em falta, desde a confluncia do rio de Cuncos at foz do Guadiana,

    integrando o que j havia sido estabelecido em 1893 quanto quela Contenda

    mas deixando de fora qualquer soluo para o territrio de Olivena, que acres

    centaria mais de 67 km ao comprimento j demarcado internacionalmente.

    Deste modo, a fronteira lusoespanhola ficou finalmente balizada no terre

    no, entre Vila Nova de Cerveira, no Minho, e a ponte internacional sobre o

    Guadiana, junto a Castro Marim e Ayamonte, onde se situam o primeiro e o

    ltimo marco (num total de 5211 marcos, dos quais 1048 principais).

    Fronteira multissecular, que no s a mais antiga da Europa mas

    a mais antiga e mais estvel do Mundo (O. Ribeiro, 1987, p. 21), cujos li

    mites visveis se alinharam em fortes ou castelos, se afirmaram em guer

    ras ou contendas e se fixaram em tratados, ela a maior e melhor garan

    tia da integridade fsica e simblica de um territrio de pertena, quer como

    espao de identidade, quer como espao de afirmao (Manuel Carlos Patrcio,

    2002, p. 260261). Diludas que esto hoje estas barreiras com a integra

    o de Portugal na Unio Europeia, os marcos que, regularmente ao longo

    dela, persistem em relembrar onde comeam ou acabam os dois pases pe

    ninsulares servem hoje sobretudo de smbolos e de memria, j que as ino

    vaes tcnicas permitem agora conservar, com rigor inigualvel, o regis

    to exacto da linha que esses pontos recordam. Ela continua a garantir a per

    sistncia colectiva do sentimento de unidade nacional, sobretudo nas suas

    dimenses geogrficas, histricas e culturais, ligando fortemente os portu

    gueses ao seu territrio, o que acontece em muito poucos pases.

    Com a recente diluio da fronteira lusoespanhola, a faixa raiana

    pobre, rural, despovoada, envelhecida e do tradicional contrabando viu ser

    eliminado o controle poltico e econmico das suas passagens mas, ao mesmo

    tempo, acentuarse o abandono de muitos lugares, cuja marginalidade os pro

    gramas europeus de desenvolvimento econmico tm pretendido inverter.

    Esbatida a fronteira terrestre, uma nova etapa da sua histria recomea.

    Hoje foi a minha vez de atravessar a fronteira sem cancelas de nenhuma ordem.Nem fiscais alfandegrios, nem polcia a carimbar o passaporte. Apenas um pai-nel de doze estrelas a mandar seguir. Mas nem por isso andei por Espanha den-tro de corao solto (). Chaves, 3 de Setembro de 1993. Miguel Torga, Dirio.

    1 O inventrio e o estudo destas cartas esto, contudo, ainda por fazer. Sobre as cartas da fronteira lusoespanhola existentes no Centro Geogrfico do Exrcito de Espanha, vejaseMagallanes Pernas, 2000.

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:21 Page 10

  • Prembulo

    Exemplo doslevantamentosdetalhados dafronteirapreparatrios da Actade 1906: esta folha deTourm integra aPlanta da linha defronteira entrePortugal e Hespanhadesde o rio Lima at oTmega (1898),constituda por 26folhas e um mapa dejuno. Notese a suasobreposio com amais rigorosa linha defronteira actual, sobreuma fotografia rea de1947; aos marcosprincipais, quetambm figuram naplanta antiga,juntaramse osauxiliares.

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:21 Page 11

  • finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:22 Page 12

  • MinhoFronteiradofinis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:22 Page 13

  • FinisPortugalli

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    Em grande parte do Minho, a fronteira nunca ofereceu dvidas:

    o rio com o mesmo nome sempre estabeleceu de forma clara eestvel a separao dos dois pases peninsulares. Ao longo da suamargem, do lado portugus (como tambm do lado galego), havia

    sido fortificado um rosrio de povoaes, desde o tempo de D. AfonsoIII e de seu filho D. Dinis, que defendia o territrio e balizava as vias decomunicao medievais entre Portugal e a Galiza. De Caminha, junto fozdo rio, at Melgao, mais a Oriente, interpunhamse, com cadncia regular, Vila Nova de Cerveira, Valena e Mono, enquanto a barra se dividiaentre os dois pases vizinhos pela nsua de Caminha e era vigiada pela fortaleza a construda pelos portugueses.

    Se era bvia, por bem marcada e incontestvel, a fronteira estabelecida ao longo dos cerca de 65 km do rio Minho, j o mesmo no acontecia a partir da confluncia do Trancoso (ou rio da Vrzea ou,ainda, Barjas), seu afluente da margem esquerda,quando a linha divisria por ele se dirige para Sul, atravessando o conjunto montanhoso das serras daPeneda Gers. Aqui, a separao,ora se faz por ribeiros de menorimportncia, ora pela cumeadadas serras ou pelas suas vertentes, at Portela do Homem,atravessando a regio de Cas troLaboreiro, do Soajo e do Lin do so, onde outrora a caa aosursos, javalis e cervos fora umre curso valioso para as populaes locais que percorriamlivremente a faixa raiana.Mais indefinido era estetro o da fronteira minhota,por fora da naturezaagres te do terreno, do reduzido n mero de habitantes e do distanciamentodas estruturas fortificadas. Melgao era ain dauma fortaleza voltadapara o rio e o castelo deCastro La bo reiro o quemais a Norte defendiaa raia seca.

    Correspondendo a linha de separao entre o Minho e a Galizaa pouco mais de 10 % de toda a fronteira terrestre portuguesa, dosquais definidos por cursos de gua, dois problemas principais se colocaram sua mais recente demarcao: a questo do Lindoso, que motivou rixas frequentes e at violentas entre os seus habitantes e os galegos prximos, e algumas volveis ilhotas do rio Minho, utilizadas pelosmoradores prximos, tanto para a criao de gado, como para a agricultura ou o contrabando.

    Neste mapa das fronteiras do Minho, oferecido em 1800 pelo engenheiro militar CustdioJos Gomes de Vilas Boas Real Sociedade Martima, acompanhado de uma longadescrio topogrfica, identificamse serras, passagens ou portelas e os postos defensivos,num quadro, fsico e humano mais geral de toda a regio. Junto ao trao contnuo dafronteira (a que se sobreps o actual, mais rigoroso), o autor acrescentou na regio doLindoso Aqui h disputas sobre os limites, tendo sido ele prprio encarregado, 3 anosdepois, do levantamento detalhado dos terrenos em contenda.

    DOM LUIZ, por graa de Deus, Rei dePortugal e dos Algarves, daquem e dalem

    mar, em Africa senhor de Guin, e daconquista, navegao e commercio da

    Ethiopia, Arabia, Persia e da India, etc.Fao saber aos que a presente carta de

    confirmao e ratificao virem, que aos29 dias do mez de setembro do anno de

    1864, se concluiu e assignou na cidade deLisboa entre mim e Sua Magestade a

    Rainha das Hespanhas, pelos respectivosplenipotenciarios munidos dos

    competentes plenos poderes, um tratadode limites dos dois reinos, desde a foz dorio Minho at confluencia do rio Caiacom o Guadiana, cujo teor o seguinte:

    Sua Magestade El-Rei de Portugal e dosAlgarves e Sua Magestade a Rainha das

    Hespanhas, tomando em considerao oestado de desassocego em que se

    encontram muitos povos situados nosconfins de ambos os reinos, por no

    existir uma demarcao bem definida doterritrio, nem tratado algum

    internacional que a designe, e desejando

    TRATADO DE LIMITES ENTRE PORTUGAL E HESPANHA

    assignado em Lisboa pelos respectivos plenipotenciarios

    aos 29 de Setembro de 1864

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:22 Page 14

  • 15

    Na foz do Minho, a nsua, tam

    bm conhecida por nsua deCaminha, divide a barra emduas partes, uma mais

    larga mas tambm mais pedregosa ede me nor profundidade, junto Galiza, e ou tra estreita e profunda aSul, entre aque la pequena ilha e oCamarido. As mars sobem at Va lenae o rio era navegvel todo o ano atao lugar de Lapela e algumas vezes atMono. Embora, no Vero, fosse possvel a passagem a vau em vrios locais, inmeras barcas operavam deCaminha a Melgao, transportandopessoas e mercadorias de um para ooutro pas, s vezes ilegalmente.

    Na nsua, onde no sculo XIV sehavia edificado um convento de franciscanos que nela procuraram o seulocal de contemplao e orao, os assaltos constantes pequena ilha le varam, 300 anos depois, construode uma nova fortaleza, apoiando a defesa da fronteira do Minho. A maioriados religiosos partira nos comeos deSeiscentos para o convento de San toAntnio de Caminha, ficando a a residir um nico franciscano a partir de1793, mas durante um longussimo pe rodo de tempo (de 1392 at extino das ordens religiosas, em 1834)mantiveramse na nsua, detendo o direito da sua posse, com o apoio daCoroa. Sob a alada destes religiosos,desenvolverase aqui, como noutraspartes do litoral prximo, a apanha de algas, nos rochedos e nas areias,que serviam para adubar as terras agrcolas, bem como de conchas paracal e de marisco, actividades com as quais compensavam os escassos donativos rgios (Joo Paulo Cabral, 2007). Mas entre os moradores vizinhosque se dedicavam a essa actividade, que aqui no era livre, os religiosos,a Cmara de Caminha e o governador da fortaleza os conflitos foram permanentes e intensos entre os sculos XV e XIX.

    O forte de Nossa Senhora da nsua, junto a Caminha,numa representao no datada, mas talvez do comeodo sculo XIX, e sem autoria. No seu interior, destacaseo convento, hoje muito arruinado, com a sua igreja ecapela, coexistindo com as edificaes militares.

    Fronteira do Minho

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:18 Page 15

  • FinisPortugalli

    16

    pr termo, de uma vez para sempre, aosdesagradaveis conflictos que por tal

    motivo se suscitam em varios pontos daraia, estabelecer e consolidar a paz e

    harmonia entre os povos limitrophes, efinalmente, reconhecendo a necessidade

    de fazer desapparecer a situaoanomala em que, sombra de antigas

    tradies feudaes, tem permanecido athoje alguns povos immediatos linha

    divisoria de ambos os estados, comreconhecido e commum prejuizo destes,

    convieram em celebrar um tratadoespecial que determine clara e

    positivamente tanto os direitosrespectivos dos povos confinantes, como

    os limites territoriaes de ambas assoberanias, na linha de fronteira que se

    estende desde a foz do rio Minho, at confluencia do Caia com o Guadiana.

    Para este effeito nomearam seusplenipotenciarios; a saber:

    Sua Magestade El-Rei de Portugal e dosAlgarves, o sr. Nuno Jos Severo de

    Mendona Rolim de Moura Barreto,duque e marquez de Loul, conde de Valle

    de Reis, estribeiro mr, par do reino,conselheiro destado, gran-cruz da antiga

    e muito nobre ordem da Torre e Espada,do valor, lealdade e merito, commendadorda ordem de Christo, condecorado com a

    medalha n. 9 de D. Pedro e D. Maria,cavalleiro da ordem suprema da

    Santissima Annunciada e gran-cruz daordem de S. Mauricio e S. Lazaro de Italia,de Carlos III de Hespanha, da Cora Verde,

    de Ernesto o Pio de Saxonia, de Leopoldoda Belgica, do Leo Neerlandez, da Aguia

    Vermelha e da Aguia Negra de Prussia, doDanebrog da Dinamarca, de Pio IX, daLegio de Honra de Frana, e de Santo

    Olavo da Suecia, presidente do conselho deministros, ministro e secretario destado

    dos negocios estrangeiros einterinamente dos do reino, etc., etc.

    E o sr. Jacinto da Silva Mengo, do seuconselho, cavalleiro das ordens de Christo,

    Ao longo da margem esquerda do

    rio Minho, a estrada real efec tua va a comunicao entre aspraasfortes, desde Caminha a

    Melgao, fugindo s mais difceis serraniasdo interior. Mas junto a Caminha, na travessia da larga parte terminal do rio Coura,a passagem, em pequenos barcos, faziase com dificuldade e era demorada e perigosa, pelo que os naufrgios e as ausncias de ligao eram frequentes. J no ltimo quartel do sculo XVIII, os moradores reclamavam a construo de umaponte (e at para ela contriburam), ques em 1840, no momento em que foi levantada a planta que aqui se mostra, seencontrava em construo.

    No comeo de Oitocentos, a vila deCaminha contava, intramuros, com cercade 1800 habitantes; somandose os do seutermo, a populao perfazia quase 10 000pessoas. Porto e vila piscatria, a importao e o comrcio do sal para venda aosgalegos era uma actividade de grande relevncia. Enviado at aos armazns de S.Gregrio, nos confins da fronteira do Mi nho onde esta passa a ser demarcada pelorio Trancoso, a se iam abastecer os espanhis de Orense. Mas o contrabando dosal para a Galiza motivava reclamaes daCorte espanhola, que exigia a proibio dospequenos barcos que atravessavam o rioMinho e a extino dos armazns de depsito construdos por particulares ao lon go da margem portuguesa, embora idn ticas ilegalidades se fizessem em senti doinverso com trigo e outros produtos.

    A concentrao da actividadeco mercial na cidade do Porto fez entretanto decair a importncia de Caminha(e simultaneamente a de Viana), bem como a centralizao da vendados vinhos na Companhia do Alto Douro desde meados do sculo XVIIIse repercutiu tambm em toda esta regio.

    O primitivo ncleo de Caminha, intramuros, de forma ovalada e cortado por eixos virios quase ortogonais, resultou dainterveno de D. Afonso III. Dotada depois de uma segunda linhade muralhas, a fortaleza seria reformada no perodo das guerrasda Restaurao, no sculo XVII, sobretudo a Ocidente e a Sul,reforandose o seu papel na defesa fronteiria. Em 1840, quandoesta planta foi levantada pelo engenheiro militar Joo Lus Lopes,j estava em construo a ponte da estrada para Valena, sobre orio Coura, uma velha aspirao dos moradores da vila.

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:22 Page 16

  • 17

    Entre Caminha e Valena, e quase a

    igual distncia dos dois lugares,onde o rio Minho comea a alargaro seu leito em direco foz e se

    descobrem vrias nsuas que produzemjunco e palha, situase Vila Nova deCerveira. O seu castelo medieval foi reformado no sculo XVII mas a praa encontravase j muito destruda quase 200 anos depois, desacreditada que estava comoponto de apoio na defesa do Minho, poisera dominada por Gaio, como lhes chamavam os portugueses, ou Goin. Mais vantajosa era a posio do pequeno forte deLovelhe, ou de S. Francisco, construdo imediatamente a montante, no perodo daRestaurao, ao mesmo tempo que se reformavam as praas j existentes. Pela suareduzida dimenso, quando os confrontosterminavam, este forte era fechado e recolhiamse os apetrechos militares na praade Vila Nova de Cerveira.

    Antiga representao de Vila Nova de Cerveira, com o forte de Lovelhe a montante e a nsua da Boega ajusante, delineada pelo engenheiro da provncia doMinho Jos Martins da Cruz em 1759. legenda do rioMinho acrescentouse: junto ao qual e a dita praa hboas terras lavradias com muitas uveiras por entre umase outras, como tambm vinhas e pomares, e junto serra mostra um grande bosque, para alm do qualforam desenhadas as alturas prximas em perspectiva.

    Fronteira do Minho

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:23 Page 17

  • FinisPortugalli

    18

    de Nossa Senhora da Conceio de VillaViosa, e da antiga e muito nobre ordem

    da Torre e Espada, do valor, lealdade emerito, condecorado com a medalha n. 9

    de D. Pedro e D. Maria, commendador denumero extraordinario da real e distincta

    ordem de Carlos III, e da americana deIzabel a Catholica de Hespanha, de S.

    Mauricio e S. Lazaro de Italia, deLeopoldo da Belgica, do Danebrog de

    Dinamarca e da Cora de Carvalho dosPaizes Baixos, cavalleiro de segunda

    classe da ordem imperial de SantAnna daRussia, condecorado com o Nichani

    Iftihar de segunda classe, em brilhantes,da Turquia, official e chefe da primeira

    repartio da secretaria destado dosnegocios estrangeiros, etc., etc.E Sua Magestade a Rainha das

    Hespanhas, o sr. D. Joo Jimenes deSandoval, marquez de la Ribera,

    commendador de numero da real edistincta ordem de Carlos III,

    commendador da de Izabel a Catholica,cavalleiro da de S. Joo de Jerusalem,

    commendador da do Leo Neerlandez,official da Legio de Honra de Frana,cavalleiro de primeira classe da Aguia

    Vermelha de Prussia, secretario comexercicio de decretos, seu enviado

    extraordinario e ministroplenipotenciario junto de Sua Magestade

    Fidelissima, etc., etc.E o sr. D. Facundo de Goi, seu ministro

    residente, deputado que foi s crtes,etc., etc.

    Os quaes, depois de haverem communicadoos seus plenos poderes, achados em boa e

    devida frma, tendo examinado minuciosae detidamente varios e numerosos

    documentos assim antigos como modernos,adduzidos por ambas as partes em apoio de

    seus direitos e pretenses, e tendo alemdisto presentes os estudos e trabalhos da

    commisso mixta de limites que nosultimos annos percorrra a linha de

    fronteira, convieram nos artigos seguintes:

    Praa de Valena e estado em que seencontrava aps ter sido arruinadaem 1809 pelos franceses, delineadaprovavelmente por Maximiano Josda Serra por volta de 1812. Noteseas duas partes distintas do antigoncleo fortificado, a Vila, junto aorio, e a mais desimpedidaCoroada, do lado oposto.

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:23 Page 18

  • 19

    Fronteira do Minho

    Valena era, no entanto, a prin

    cipal e a mais imponen tepraa da regio, comparvela Almeida e a Elvas. Esta im

    pressionante fortificao abaluartadafora construda durante as guerras seiscentistas com Espanha, aproveitandoa forma encurvada da elevao ondese si tuou, no mesmo local onde antesj existira uma estrutura defensiva aproteger este importante ponto de passagem en tre Por tugal e a Galiza.Rodeavamna baluartes, revelins efossos, que assim a isolavam da reaenvolvente. No interior deste heptgono, o primitivo ncleo urbano ficoudividido em duas partes, separadas pelaPorta do Meio: a Vi la, mais povoada e junto ao rio, e a Coroada, a Sul.Imediatamente a Oriente, construiuseem 1776 o pequeno forte de S.Vicente. De baixo da artilharia deValena ficava a praa galega de Tui,garantindo ela aos portugueses seremabsolutamente senhores da passagemdo rio Minho e da entrada na Galiza(David Calder, 1790).

    Vista do interior da praa de Valena, j reconstruda,mostrando a poterna do Sol, voltada a Este e assinaladana planta por grandes runas: desenho de 1811, docapito do Real do Real Corpo de Engenheiros Carlos LusFerreira da Cruz Amarante, que trabalhava na suareconstruo, sob a direco de Serra.

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:23 Page 19

  • FinisPortugalli

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    ARTIGO 1.A linha de separao entre a soberania

    do reino de Portugal e a do reino deHespanha, comear na foz do rio Minho,entre o districto portuguez de Vianna do

    Castelo, e a provincia hespanhola dePontevedra, e se dirigir pela principalveia fluida do dito rio at confluencia

    do rio Barjas ou Trancoso.A ilha Canosa situada perto da foz do

    Minho, a denominada Cancella, a InsuaGrande, que se encontra no grupo das ilhasdo Verdoejo, entre o povo portuguez destemesmo nome e o povo hespanhol Caldelas,

    e o ilhote Filha Boa, situado perto deSalvatierra, pertencero a Hespanha.As ilhas chamadas Canguedo e RanhaGallega, que formam parte do mesmo

    grupo de Verdoejo, pertencero a Portugal.

    ARTIGO 2.Desde a confluencia do rio Minho com o

    Trancoso ou Barjas, a linha internacionalsubir pelo curso deste ultimo rio at ao

    Porto dos Cavalleiros, e daqui continuarpela serra do Laboreiro, passando

    successivamente pelos Altos Guntin e deLaboreiro, pelo Marco das Rossadas e

    pela Portella de Pau.O terreno comprehendido entre uma

    linha recta desde o Marco das Rossadas Portella de Pau, e outra linha que passe

    pelo Cho das Passaras e Alto da Basteira,questionado por Adufeira e Gorgoa, ser

    dividido em duas partes iguaes.

    ARTIGO 3.Desde a Portella de Pau seguir a raia

    pela serra do Laboreiro, tocando no serrochamado Outeiro de Ferro, e Cabeo da

    Mda; e passando em seguida pelo Marcode Antella, alto denominado Cto dosCravos, Penedo do Homem, e Penedo

    Redondo descer a tomar o curso dasaguas do rio de Castro, trezentos metrosmais abaixo do ponto que no dito rio se

    conhece pelo nome de Porto de Pontes.

    Amontante de Valena, e em frente praa espanhola de

    Salvaterra de Mio, situavase a posio fortificada de Monoe, a seguir, o ltimo lugar deste rosrio de povoaes da bordaMinho: Melgao. Aqui, o rio circula apertado entre verten

    tes abruptas, ficando o lugar no topo da vertente. Ponto estratgico importante desde os princpios da nacionalidade, na antiga estrutura defensiva, que ainda existe mas que sofreu vrias obras de remodelao, sobressai uma torre quadrangular no centro de um ptio, a que se acrescentou,no sculo XIII, uma muralha envolvendo o ncleo urbano. Quatro sculosdepois, foi transformada, como outras, numa fortaleza abaluartada, comuma frente alongada, onde se situava o Campo da Feira. Com Valena,Melgao constitura o primeiro conjunto de stios fortificados da margemdo Minho, a que acresceriam, nos reinados de D. Afonso III e D. Dinis, Mono,Caminha e Vila Nova de Cerveira, regularmente espaados. Mas, em finaisde Se te centos, perdera j interesse para a defesa da raia e, estando as instalaes militares arruinadas, tambm no se consideraram teis as despesas que a sua reconstruo implicava.

    Depois de Melgao, os lugares fortificados eram escassos e j nadatinham a ver com os da orla do rio. Castro Laboreiro, em plena serrada Peneda, f ica j um pouco afastado da raia (mais de 5 km em linharecta). De origem muito antiga, o castelo localizase a Sul da povoao,num topo que se eleva a mais de 1000 m, onde se abrigavam homense gados em caso de ameaa espanhola. Conquistado por D. AfonsoHenriques antes de meados do sculo XII e reformado 150 anos depois,devido profunda runa que o ameaava, o aspecto actual deriva emgrande parte dessa reconstruo efectuada no reinado de D. Dinis. Eletestemunha hoje a ateno que, para a defesa do territrio nacional, aCoroa dedicou ento raia seca.

    Nesses mesmos terrenos granticos, montanhosos e de difcil circulao, se situa o ltimo lugarforte da fronteira minhota, o Lindoso,que, ao contrrio de Castro Laboreiro, se implantou mesmo junto delae na margem de um rio, o Lima, que entalha o complexo da Peneda Gers. O lugar cresceu ilharga sul do castelo medieval, posicionadonum topo um pouco mais elevado, que foi reformulado em Seiscentose ento envolvido por um sistema defensivo mais complexo. til mesmoem tempo de paz, pois os seus moradores continuamente so insultados pelos da parte de Galiza, () com repetidas desordens, de quese podem recear maiores excessos, propunhase ainda nos f inais deSetecentos a sua reparao e o aumento da guarnio militar para quefosse mais respeitado aquele territrio, cujos moradores vivem oprimidos pelos ditos galegos que violentamente se tm apossado de muitas das suas fazendas em um considervel terreno, que ainda pretendem ampliar com notria usurpao (David Calder, 1790).

    Planta do castelo e vila deMelgao, sem data ouautoria, mas provavelmentedos finais do sculo XVIII ouincio do seguinte. Sobre elaalgum escreveu a lpisposteriormente m.to

    errada e fez vriasanotaes. A distoro quemostra, ao ser sobreposta auma imagem actual,compravao.

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:28 Page 20

  • 21

    Na parte do rio Minho que estabelece o limite entre Portugal e

    Espanha, depois de um troo a montante em que o seu leito estreito e contido entre vertentes bem marcadas, sucedese, apartir de Mono e particularmente de Vila Nova de Cerveira, um

    outro em que o vale se alarga, o rio perde velocidade e adquire, como consequncia, um grande nmero de pequenas ilhas ou mouches as nsuas.Elas resultam da deposio dos sedimentos que o rio transporta e que asvariaes sazonais da sua corrente, nomeadamente as azielas invernais,vo constantemente retocando. Algumas intervenes humanas ajudaramtambm a modificar o curso do rio, acelerando a eroso nalguns sectores e a deposio dos sedimentos por ele carreados noutros, como era ocaso da construo usual de pesqueiras ao longo de todo o rio numa e naoutra margem, com os seus grossos paredes de pedra mais ou menosperpendiculares em relao corrente. Feitas umas por necessidade, paraa pesca do salmo, lampreia e outros peixes, e outras para propositadamente se aumentarem essas margens, induzindo os moradores do outrolado a fazerem o mesmo, porfia, provocavam as pesqueiras grandes danos navegao, para alm da variabilidade do canal de escoamento e alteraes na eroso e deposio. Tal acabou por impedir a navegao paramontante de Mono, quando outrora o Minho fora navegvel at Orense,enquanto para jusante, at Valena, essas construes provocavam a destruio dos terrenos de cultura nas partes a elas opostas e a formao densuas que, dividindo o canal do rio em braos, lhe diminuam a fora e oforavam a depositar seixos e calhaus em ranhas, que constituam um dosmaiores perigos para a navegao. Se muitas das pequenas ilhas, por estarem mais prximas ora de uma ora de outra margem, no levantavamproblemas de pertena, outras foram motivo de enormes controvrsiasno perodo da demarcao preparatria do Tratado de Limites (1864), como

    o haviam sido tambm para os moradores das suas margens.Junto a Caminha, onde o rio se alarga, encontrase, prxima da mar

    gem espanhola, a grande ilha Canosa, entre outras mais pequenas, que outrora fora provavelmente apenas uma. Por acordo muito antigo entre os habitantes das localidades prximas, estas ilhas no eram agricultadas nemnelas era permitido pastar os gados; s o corte da erva que espontaneamente l nascia se fazia numa parte do ano, transportandose em barcos. Emborase ignore quando se estabeleceu esse acordo muito antigo, ele prova queas desavenas tambm o eram: as que se conhecem, provocadas pelos galegos (entre 1748 e 1790), foram sempre dirimidas no Tribunal de Caminha.No momento da sua demarcao, a seco portuguesa comeou por aceitar indevidamente, baseandose apenas em questes de proximidade geogrfica, que a sua posse ficasse para Espanha, como veio a acontecer, semquaisquer contrapartidas, apesar do presidente espanhol ter prometido empregar os seus bons ofcios para obter a continuao daquele antiqussimouso comum, o que tambm se veio a verificar. No entanto, as instrues dedemarcao eram claras: quando os cursos de gua estabelecem a fronteira, pelo talvegue que passa o limite quando no haja nele tendncia paravariar, o que no era o caso. Significa isto que era aos dois governos quecompetia a deciso das ilhas Canosas, e no sua comisso tcnica que adeveria apenas fundamentar, admitindose, at, que os terrenos fossem divididos igualmente entre as naes .

    Contestadas foram tambm as designadas ilhas do Verdoejo, situadas em frente a esta localidade, um pouco acima da praa de Valena. Esteconjunto, que ainda no sculo XVIII era apenas uma ilha portuguesa, fragmentarase em 3 principais (ver mapa): a nsua Grande, a montante, seguida do Conguedo (ou Canguedo), a que os espanhis diziam chamar RaaGalega na parte voltada Galiza (alis, erradamente, segundo Vasconcelose S), e depois Cancela, a jusante, esta improdutiva e cobrindose de guano Inverno. Portugal reclamavaas como suas, alegando documentalmente o seu tradicional usufruto (com consequente pagamento de impostos),primeiro pelos jesutas (o emprazamento da nica ilha ento existente forafeito em 1520 pelo abade do mosteiro de Sanfins a um morgado portugus residente em Mono), depois pelo proco da freguesia de Verdoejoe, em seguida, pelos condes de S. Martinho. Provavamse tambm as antigas ambies espanholas mas desde o tratado de paz de Utrecht de 1715,que determinara que a raia voltasse situao anterior guerra e a expressa restituio a Portugal da nsua do Verdoejo (ainda nica), que astentativas de apropriao tinham cessado, at serem renovadas pela comisso mista de demarcao em meados de Oitocentos.

    No entanto, a comisso tcnica demonstrou que o talvegue do riohavia passado junto margem direita, a Norte da nsua Grande (atravessandose a p enxuto desta para a do Conguedo, no Vero), por onde se

    A questo dademarcao dasnsuas do Minho

    Fronteira do Minho

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:24 Page 21

  • FinisPortugalli

    22

    O terreno questionado por Meijoeira ePereira, situado entre o Penedo Redondo e o

    rio de Castro, pertencer a Portugal.

    ARTIGO 4.A linha divisoria partindo do ponto

    designado no rio de Castro, continuarpela veia fluida deste rio, e depois pelo rio

    Tib ou Varzea, at sua junco com oLima, pela corrente do qual subir at

    um ponto equidistante entre aconfluencia do rio Cabril e a Pedra de

    Bousellos. Do referido ponto subir aoelevado rochedo da serra do Gerez

    chamado Cruz dos Touros.O terreno questionado entre os

    portuguezes de Lindoso, e os hespanhoesda freguezia de Manim, ser dividido pelalinha de fronteira em duas partes iguaes.

    ARTIGO 5.Da Cruz dos Touros o limite internacional,

    voltando a sua direco geral paranordeste, correr pelos cumes das serras doGerez e do Pisco, passando successivamentepela Portella do Homem, Alto da Amoreira,

    Pico da Nevosa, Portella da Cerdeirinha,Alto da Ourella do Carvalhinho, Cto de

    Fonte Fria, Pedra do Pisco, na Portella dePites, e Marco do Pisco.

    O terreno situado entre os dois ultimospontos, pretendido por Guntomil e

    Pites, ser dividido pela raia em duaspartes iguaes.

    ARTIGO 6.A partir do Marco do Pisco seguir a

    linha de fronteira pela demarcaoactual, tocando na Buraca do Fojo; e

    atravessando o rio Sallas, continuar peloMarco da Fonte Fria at ao marco

    chamado Lage da Ovelha. Daqui ir peloMarco da Calveira at capella

    portugueza de S. Loureno, e cortandosegunda vez o rio Sallas, no sitio chamado

    a Fraga, seguir pelas Penhas daRaposeira, e Fonte da Devesa, e depois

    fazia a navegao principal, eque foram os espanhis queentulharam esse brao comestacas e pedras (situao queo segundo presidente da comisso, Vasconcelos e S,testemunharia depois), enquanto o talvegue migravapara o lado portugus (quando anteriormente este era terreno seco no Ve ro). Mas a primeira comisso mis ta, presidida por Cabreira, haviaacor dado que a nsua Grandefosse considerada espanholasem sequer ouvir prticosou testemunhas de ambos oslados, como determinavam asinstrues que regiam os trabalhos. Esta questo motivouum longo relatrio dirigido directamente ao governo pelosecretrio Guilherme Cou vreur, em Ou tubro de 1856,demonstrando que a secoespanhola ce ga pela suaambio acreditou que, em virtude do bom manejo de suaslisonjeiras expresses, iludiae seduzia a portuguesa,comprometendo ve lada men te o seu responsvel, demasiado cordato. Mas a delegao diplomtica, e por consequncia o Tratado de 1864 resultante dos seustrabalhos, acabou por seccionar o conjunto, ficando na posse portuguesa apenas as ilhas de Canguedo e Ranha Galega, e, tendo em conta os danos,o tratado remeteu para um regulamento especial as construes feitas nocurso dos rios e as alteraes ao seu traado.

    Quanto ilha da Cancela, que poca da demarcao no era detida por nenhum dos dois pases, e que as partes acordaram que seria destruda, acabou na posse espanhola. Tambm aqui, na resoluo das ilhasdo Verdoejo, se reconhece que os representantes portugueses no pugnaram pelos interesses do seu pas.

    Primeiro mapa levantado pela seco espanhola daComisso Internacional de Limites em 1855, assinadopelo capito de engenheiros Ramon Medina y Orbetaa 20 de Setembro, segundo uma cpia portuguesafeita no Arquivo Militar (1856). Tratase do sector dorio Minho que se estende de Tui a Caldelas, na parteespanhola, e de Valena at prximo de Mono, naparte portuguesa, com as ilhas do Verdoejo,questionadas por ambos os pases. De notar que omapa foi levantado antes de se iniciarem no terrenoos trabalhos da comisso mista, cuja secoportuguesa s ficou completa com a nomeao deCouvreur, como secretrio, em Dezembro desse ano.Na margem portuguesa assinalase um grandenmero de pesqueiras, enquanto as dos espanhis sesituavam a montante.

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:25 Page 22

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    Juiz e mais Oficiais da Cmara do concelho de Lin doso,em seu nome e de todo o Povo, representam a VossaAlteza Real que no ano de 1773 os moradores dos lugares de Bao, de Compostela e Ludeiros, vizinhos

    raia do Reino da Galiza, cortaram a maior parte das vinhas que os moradores deste concelho possuem no stio de S. Maria Madalena e levaram as cepas em carros para o dito Reino (). Desde aquele tempo ato ano de 1800, tm estes pobres moradores experimentado mil runas,como foi queimaremlhe as casas que de tempo imemorial possuam naqueles montes, ou arruinaremlhas fundamentalmente da mesmasorte, queimaremlhe os colmeais, arrasaremlhe as paredes e currosem que recolhiam os seus gados, etc., de que tudo, e da falta da produo das mencionadas vinhas, tem resultado aos moradores deste concelho um considervel dano que monta uns poucos de contos de reis,alm dos insultos graves perpetrados em suas prprias pessoas. De tudoisto se tem dado a Vossa Alteza Real repetidas contas, por cuja causatm vindo aqui vrios Ministros, mas inutilmente () (trecho de um

    requerimento provavelmente de 1800).Inmeras so as exposies, requerimentos e ofcios mostrando os

    antigos e contnuos desacertos entre os moradores do Lindoso e os daGaliza prxima, tanto ocorridos no monte da Madalena como na serra doQuinjo (actualmente Quinxo, em Espanha). A contenda terseia iniciadopor volta do comeo do segundo quartel do sculo XV, quando o alcaidemor do castelo do Lindoso vendeu a vacaria que tinha e os gados deixaram de pastar, como sempre fizeram os dos seus antecessores, naquelaparte portuguesa da serra. A desocupao desses terrenos, e a abundncia de pastagens nas vizinhanas do Lindoso, deu lugar a que os galegosdas aldeias prximas os ocupassem, sem oposio portuguesa. Porm, em1538 procedeuse ao tombo do termo de Lindoso, cujos resultados se representaram cartograficamente nos comeos de Oitocentos, quando a questo se voltava a reacender, quer por Custdio Jos Gomes de Vilas Boas(1803), quer por Raimundo Valeriano da Costa Correia (1807). No entanto, no se conseguiu proceder ento demarcao, ora por falta de comparncia dos comissrios espanhis, ora pela sua dilao. No era s a serrado Quinjo que era motivo de discrdia, por pretenderem os galegos queo limite dos dois pases passasse pelo rio Tibo ou Vrzea (hoje, rio CastroLaboreiro); a questo era sobretudo nesta altura com o monte da Madalena,onde os moradores do Lindoso iam regularmente em romaria capela aexistente e onde tinham vinhas, colmeias e campos agrcolas, mas que osvizinhos do outro lado pretendiam desalojar, estendendo o limite da fronteira para o rio Cabril.

    Quando, em meados do sculo XIX, a comisso preparou a proposta de demarcao, confrontavase com a existncia de vrios limites: aquele que os espanhis pretendiam (pelos rios Cabril, Lima e CastroLaboreiro); o marcado no tombo de 1538, que os portugueses reconheciam (que partia da Cruz do Touro, na serra do Gers, descendo at Pedra do Bozelo, ou Bozelho, e atravessando o Lima, subia ao Quinjoe ia paralelamente a este rio at confluncia com o de Castro Laboreiro;e, ainda, o anterior a este, abrangendo os terrenos outrora ocupadospelos alcaides do Lindoso e que os espanhis haviam usurpado.

    Apesar das memrias ento apresentadas e das provas irrefutveis, o comissrio portugus aceitou a proposta espanhola a troco decompensaes, com muitos agradecimentos de Bourman: este era oterceiro presente que Cabreira lhe oferecia (Vasconcelos e S, 1861,transcrito por Jos Baptista Barreiros, 19611965)! A soluo final parao litigioso monte da Madalena, dirimido por via diplomtica, viria a dividir o terreno questionado em duas partes iguais (vejase o artigo 4.do Tratado de 1864), acabando a linha de fronteira por f icar posicionada a Este da capela, e no no rio Cabril, e seguir por onde pretendiamos espanhis, na restante parte.

    Os conflitosfronteirios no Lindoso e orealinhamento da fronteira

    Fronteira do Minho

    O

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    pelo ribeiro de Barjas, que corre proximo dita fonte, at ao Marco do Sapateiro,na cumeada da serra do Pisco. Daqui se

    encaminhar em direco E., e por aguasvertentes da serra da Penha, at s

    pedras Malrandin, passando pelo Cabeodo Romo, Outeiro do Borracho, Cabeo

    do Sabugueiro e Portella do Grito.O terreno situado direita do ribeiro deBarjas, j mencionado e que pretendem

    Tourem e Villarinho, pertencer aHespanha.

    O terreno de dominio duvidoso entreVillar e Sabuzedo ficar demarcado por

    aguas vertentes.

    ARTIGO 7.Desde as Pedras de Malrandin se dirigir a

    raia em direco N. pela actual linha deseparao entre o Couto Mixto e o termode Villar, at ao ponto em que a corte um

    alinhamento recto, tirado do Castello daPiconha ao Pico de Monte Agudo, e deste

    ponto de encontro voltando em direco E.,continuar por outro alinhamento recto

    at ao Porto de Banzellos.Portugal renuncia a favor de Hespanha

    todos os direitos que possa ter sobre oterreno do Couto Mixto, e sobre os povos

    nelle situados, os quaes em virtude dadireco determinada pela linha acima

    descripta ficam em territorio hespanhol.

    ARTIGO 8.Desde o Porto de Banzellos a linha de

    fronteira entre ambas as naes dirigir--se-ha pelo Penedo das Cruzes, Cabeo da

    Escusa, sitio denominado Capella de S.Fitorio, Penedo dos Bastos, ruinas docastello portuguez de Portello ou de

    Sendin, Pedra Laa e Marco da Roussia,depois subir a serra de Larouco, que

    atravessar pelas Penhas da Cascalheira,Penedo Airoso ou Fraga da Eiroca,

    Vidoeiro do Extremo, e continuar a meiadistancia entre os ribeiros do Inferno e

    das Cabanas at Cruz do Grou. Daqui

    A conflituosa fronteira junto ao Lindoso, segundo aposse dos seus habitantes e os ttulos antigos registadosnos arquivos da Torre do Tombo e do Arcebispado deBraga, num desenho de Custdio Jos Gomes de VilasBoas em 1803 (aqui destacada). Enquanto essesdocumentos estabeleciam os limites de Portugal eEspanha pelas cumeadas das serras, os galegos vizinhospretendiam que a demarcao passasse pelos rios Tiboou da Vrzea (hoje, Castro Laboreiro), Lima e Cabril.

    finis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:30 Page 24

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    A fronteira do Minho

    TrsosMontesFronteiradefinis portugalliae_Finis Portugalliae 15-11-2009 19:30 Page 25

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    seguir pelo Regueiro da Rega at umponto conveniente que deve fixar-se; e

    deste continuar em linha recta at aoOuteiro de Maria Sacra.

    Os terrenos existentes entre o Vidoeiro doExtremo e a Cruz do Grou, e entre a Cruz

    do Grou e o Outeiro de Maria Sacra,disputados pelos povos de Santo Andr e daGironda, sero divididos em partes iguaes.

    ARTIGO 9.Do Outeiro de Maria Sacra ir a raia pelo

    Madorno das Terras at Adega dosPalomares, e daqui em linha recta ao

    Penedo Grande de Madorno. Depoiscontinuar pela Fonte da Codeceira,

    Pedras da Estiveira, Porto Covil ou dasBestas, e entrando no Rio Porto de Rei,

    descer por este at um ponto que seache a cento e cincoenta metros

    approximadamente antes do Ponto dePorto de Rei. Do dito ponto ir em linha

    recta s Cruzes do Marco de Porto de Rei,entrando no rio Assureira e subindo por

    elle at Ponte de Assureira.Em consequencia da demarcao

    designada neste artigo, a estrada directade S. Milo a Videferre, ficar toda em

    territorio hespanhol.

    ARTIGO 10.Da Ponte dAssureira a linha de

    separao entre as duas monarchias seencaminhar pelos marcos ora existentes

    at s immediaes do Povo Promiscuode Soutelinho, e passando pelos pontosque se demarcaro, perto do dito povo,

    que ficar em territorio portugueztornar a encontrar o limite actual da

    fronteira, e continuar por elle tocandona Cruz da Fonte do Asno, Porto Cavallo

    de Cima, e de Baixo, Penedo dosMachados, e Marco da Fexa, seguindo

    pelo ribeiro de Cambedo at suaconfluencia com o do Valle de Ladera.

    O povo promiscuo de Soutelinhopertencer a Portugal, demarcando-se-

    Desde a Portela do Homem at confluncia no Douro do rio gue

    da, que marca o comeo das terras de Riba Ca, estendese afronteira de TrsosMontes, de todas a mais perifrica, at pelascaractersticas geogrficas da regio que delimita. Compemna

    dois sectores distintos: um, voltado a Norte, que intersecta as agrestesserranias do Gers e do Larouco, at Montalegre, e as de Montezinho, juntoa Bragana, onde as atitudes chegam a ultrapassar em muito os 1000 m;outro, a Este, definido pela profunda garganta do Douro, encaixado abaixo dos 500 m na maioria do seu percurso, de difcil passagem e outroraapenas por barcas em alguns poucos locais, em cujo rebordo se situa Mirandado Douro. Para passar este rio na altura da Guerra Peninsular, as tropasfrancesas, em nmero considervel, tentaram fazlo entre Aldeadvila eBru mas o Douro, ajudando os portugueses, levoulhes a barca carregada de homens e todos pereceram (segundo o relato de Vasconcelos eS a propsito dos trabalhos de demarcao, 1861). Em contrapartida, olargo vale do Tmega, onde se implantou a cidade de Chaves, propiciavaas condies para que por a passassem com mais facilidade os exrcitosem litgio, como aconteceu em 1801 na ofensiva portuguesa contra Monterrei.

    TrsosMontes , como define Miguel Torga, Um Mundo! Um nuncaacabar de terra grossa, fragosa, bravia, que tanto se levanta a pino num mpeto de subir ao cu, como se afunda nuns abismos de angstia, no se sabepor que telrica contrio. () Lguas e lguas de cho raivoso, contorcido,queimado por um sol de fogo ou por um frio de neve. Serras sobrepostas aserras. Montanhas paralelas a montanhas (Portugal, 1967, 3. ed., p. 30).

    Terra de povoamento e disputa, durante os primeiros sculos daMonarquia portuguesa, entre prceres locais ou delegados do rei, altos dignitrios do Clero, Ordens Militares e Conventos ou Mosteiros de um e deoutro lado da fronteira, terra de coutos de homiziados e de refgio de judeus exilados, durante todo o sculo XV, espao de excluso e desterro, desdesempre, para naturais e forasteiros, dedicados pequena agricultura, criao de gado, ao comrcio e contrabando transfronteirio e a actividades artesanais ou de pequena indstria, sobretudo para consumo interno, TrsosMontes, medida que foi aprendendo a viver e a conviver com nveisde desafogo a rondar, muitas vezes, o limiar da mera sobrevivncia, foi vincando, tambm, no carcter das suas gentes, as marcas de uma terra de origem, afeioada e tratada a pulso, ao longo de geraes e, por isso mesmo,um espao de afirmao identitria que se herda com orgulho, se preserva com convico e se deixa, finalmente, aos vindouros como leira de famlia (M. C. Patrcio, 2002, p. 329).

    Terra agreste, de serranias e vales encaixados, com extremos climticos e comunicaes difceis, na defesa tradicional de TrsosMontes aplicavamse duas mximas: Na guerra dos pases montanhosos a vantagem

    pertence ao primeiro ocupante e Os Exrcitos fracos procuram semprepases montanhosos: os obstculos naturais combatem por eles (A. J. B.de Vasconcellos e S, 1840). Contudo, isto no impediu de aqui se edificarem fortificaes e de as adaptarem e reforarem ao longo do tempo, comoMontalegre, Chaves, Monforte, Vinhais, Bragana, Outeiro, Vimioso, Algoso,Miranda do Douro, Freixo de Espada Cinta e Torre de Moncorvo1.

    Um dos traos mais originais desta fronteira, a que o Tratado de Limitesde 1864 ps termo, era a existncia dos Povos Promscuos, isto , de localidades situadas sobre a prpria linha de separao dos dois pases, fazendo com que chegasse a haver casas com uma parte voltada para Espanha eoutra para Portugal. Destes trs lugares Soutelinho, Cambedo e Lama deArcos , localizados prximo de Chaves, apenas um tinha mais espanhis doque portugueses, razo por que, quando aqui se reuniu a primeira comissomista de limites, em Agosto de 1856, a seco portuguesa props, para resolver esta questo j antiga, que o maior nmero de casas de um ou de outrolado ditaria a sua pertena futura. Mas Cambedo acabaria por ser trocadonas negociaes diplomticas pelo Couto Misto. O contrabando era aqui, comode forma generalizada ao longo da fronteira, um motivo particular de preocupao de ambas as naes, dado que os seus habitantes no desfrutavamde prerrogativas especiais, como os daquele Couto.

    1 Entre os vrios documentos apresentados em apndice no aprofundado estudo do gegrafo transmontano Manuel Carlos Patrcio (2002), encontrase um quadro sintetizando, em maisde 13 pginas, as guerras e guerrilhas com Leo e Castela, entre 1198 e 1772.

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  • Reconhecimento da fronteira transmontana feito, em 1840, peloento capito engenheiro Alexandre de Vasconcelos e S, paraavaliao do estado e importncia das fortificaes. Na memria oautor refere ter utilizado neste mapa um sistema novo em quepor meio de combinaes de cores se conhece primeira vista onmero de fogos de qualquer povoao, dentro de certos limites:os pequenos crculos dos lugares encontramse distintamentepreenchidos, perfazendo 4 categorias (de menos de 30 a mais de200 fogos). A dupla linha colorida da fronteira desdobrase, aNorte de Montalegre, para indicar o Couto Misto, envolvendo oslugares de Meaus (Mios), Rubis (Rubies) e Santiago (S. Tiago),bem como se sobrepe aos Povos Promscuos.

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    Fronteira de Trsos Montes

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    -lhe, em territorio de Hespanha, umazona de noventa a cem metros de largo

    contigua povoao.

    ARTIGO 11.A raia partindo do ribeiro de Valle de

    Ladera seguir o leito deste, e continuarpelo limite do termo municipal hespanhol

    de Cambedo at Portella de Vamba,para dirigir-se Penha ou Fraga da Raia.

    Deste ponto ir atravessando o valle doRio Tamega pelos marcos que hojedeterminam a fronteira, tocar no

    Ponto de Lama, e logo passandoproxima dos povos portuguezes de

    Villarelho e Villarinho, entrar no rioTamega pela Fraga do Bigode ou Porto de

    Villarinho. Daqui seguir pela veiaprincipal do Tamega at confluencia dorio Pequeno ou de Feces, por onde subirat Fraga de Maria Alves, proseguindo

    depois pelo limite do termo municipalhespanhol de Lama de Arcos at ao

    Oiteiro de Castello Ancho.Os dois povos promiscuos Cambedo e Lama

    de Arcos, com seus actuaes termosmunicipaes ficam pertencendo a Portugal.

    ARTIGO 12.Desde o Oiteiro de Castello Ancho ir a

    raia atravessando a serra de Mairos ou dePenhas Livres, pelo Oiteiro da Teixogueira,

    Pedra Lastra e Fonte Fria, e descer peloribeiro de Palheiros at a Fraga da

    Maceira e Laga do Frade. Continuardepois pela demarcao praticada em

    1857 at Fonte de Gamoal ou deTalhavalles, da qual ir ao Marco de Vallede Gargalo; e dirigindo-se por um ribeiroque tem sua origem perto do dito Marco

    at sua unio com o rio Valle deMadeiros, descer por este at a um ponto

    proximo do primeiro regato que se lhejunta pela esquerda, e continuar daqui

    em linhas rectas immediatas ao caminhode S. Vicente a Segirei, o qual dever ficar

    todo em territorio portuguez, at ao

    FinisPortugalli

    Estas plantas, que hoje se encontram separadas umas das outras, foram tambm levantadas por Vasconcelos e S em 1840, a par com o mapa do conjunto da fronteira transmontana, parailustrar o seu relatrio. Em detalhe foram figuradas a praa de Bragana, cuja importncia era mais poltica do que militar mas relevante para proteger a populao e fazer o servio daraia, a de Chaves, cujo nome deveria ser riscado do vocabulrio militar portugus, e ainda a de Miranda do Douro, cuja decadncia era patente com um comando e um corpo de meiadzia de veteranos por custar a encontrar capacidades em postos maiores.

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    ANorte de Montalegre e para Oriente do local onde a fron

    teira se torce e a terra portuguesa avana pela regies espanholas como um dedo, que contm a aldeia de Tourm,() o Couto Misto constitua outro dedo maior, paralelo ao

    anterior (Carlos Alberto Medeiros, 1985, p. 20). Entre os cerca de 1200habitantes (1857), que detinham privilgios especiais, uns eram espanhise outros portugueses, escolhendo eles livremente a nacionalidade: no momento da boda, colocavam um P (Portugal) ou G (Galiza) junto porta decasa e bebiam sade de um dos reis (o que parece s ter sido verdadeat dcada de 40 do sculo XIX, altura em que, receando serem inco

    modados pelas respectivas autoridades, fizeram desaparecer as letras eas substituram por vrios outros smbolos). Nos 2650 hectares por ondeo Couto se entendia (segundo Vasconcelos e S, 1861, que levantou a planta dessa rea, conjuntamente com D. Jos de Castro), eles viviam em trsaldeias, comportando 250 fogos no conjunto, separadas pelo rio Salas: Meaus,a Norte, e Rubis e Santiago, a Sul. A unilas entre si e a Tourm existiauma vereda privilegiada ou caminho neutro, por onde circulava o comrcio que se fazia livremente.

    Esta situao, muito antiga, foi unanimemente reconhecida, tantopor parte de Portugal como de Espanha, que no se poderia manter, porser particularmente propcia ao contrabando e nesses terrenos se acoitarem tambm bandos de malfeitores, embora o prprio presidente da segunda comisso mista reconhecesse que altura j no era assim e queas duas autoridades ali intervinham. Alm disso, os seus moradores nopagavam impostos, nem topouco os tributos de sangue, havendo, noentanto, desde h muito alcavalas dadas a um e outro pas e Casa deBragana, seu senhorio e donatrio. At 1834, o juiz ou alcaide, eleito peloshabitantes do Couto, era ratificado pelo juiz de Montalegre. Vrias autoridades de ambos os lados, a reunidas em 1819, haviam confirmado a suapertena portuguesa em virtude do foral que possua a Casa de Braganapelo stio chamado Castelo da Piconha, pelo que ao nosso pas pagariamtambm as multas por cultivarem tabaco que no fosse para uso exclusivo dos moradores. Do ponto de vista da jurisdio eclesistica, dependiamde Espanha, tal como Tourm.

    A resoluo da questo do Couto Misto, em cuja partilha o governo de Madrid nunca transigiu durante a demarcao preparatria do Tratadode 1864, foi talvez a que mais embaraos causou comisso mista: nema mais justa proposta portuguesa de diviso pelo rio Salas que fora apresentada desde o incio, nem outras, demoveram a seco espanhola, apesar dos direitos provados, incluindo tambm o usufruto j muito antigodas pastagens do Couto por parte de trs localidades junto a Montalegre(Padroso, Dones e Sabuzedo) ou, topouco, o desejo de muitos habitantes serem portugueses. Mas, nos acertos diplomticos, Portugal acabaria por renunciar a favor de Espanha, como esta sempre pretendeu, atodos os direitos que possa ter sobre o terreno do Couto Misto, e sobreos povos nele situados, os quais () ficam em territrio espanhol (Tratadode Limites, 1864, art. 7.).

    Tendose ainda acordado (art. 22. do mesmo Tratado) que os habitantes do Couto Misto que fossem sbditos nacionais pudessem, se lhesconviesse, conservar a sua nacionalidade, pelo que tinham de o declararno prazo de um ano perante as autoridades locais, a expresso popularprovou que, afinal, a proposta portuguesa de demarcao havia sido a maisajuizada.

    O Couto Misto e asua demarcao

    Fronteira de Trsos Montes

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    Marco do caminho de Souto Cho. Desdeeste Marco seguir a raia invariavelmente

    a demarcao feita em 1857 at a PedraNegra, donde se encaminhar a um ponto

    equidistante entre o Marco da Cabea dePeixe e o sitio designado pelos portuguezes

    com igual nome.

    ARTIGO 13.Desde o ponto de Cabea de Peixe a linha

    divisoria ir pela demarcao existente,passando pela Igrejinha de Mosteir confluencia dos rios Aro e Mente, e

    subindo pelo curso deste ao ribeiro dosCabres, seguir pelo dito ribeiro at perto

    de sua origem, deixando-o para ir passarentre os dois sitios que os portuguezes e oshespanhoes chamam Cruz do Carapainho,

    e chegar confluencia do ribeiro Valle deSouto com o rio Diabredo ou Mos. Daqui

    seguir pelo dito rio um curto espaosubindo logo pelo Cavanco de Diabredo,depois dirigir-se-ha ao Penedo de P de

    Mda, e atravessando as Antas do Pinheiro,correr por aguas vertentes at ao Portello

    do Cerro da Esculqueira.Os terrenos de dominio duvidoso entreBarja e Cisterna, e entre Esculqueira ePinheiro Novo e Pinheiro Velho sero

    divididos segundo determina a linha defronteira descripta no presente artigo.

    ARTIGO 14.Do Portello do Cerro da Esculqueira ir a

    raia pela cumeada deste at ao penedomais elevado dos do dito cerro, situado

    quasi a meia distancia da descida domesmo, defronte do monte do Castro,

    donde se dirigir, seguindo umalinhamento recto, a tocar no primeiroribeiro que conflue com o rio Assureira,mais abaixo do Porto do Vinho, e em umponto distante quatrocentos e cincoenta

    metros do dito rio. Daqui ir a raiaseguindo em linha recta at terminar no

    ponto em que o rio Assureira muda dedireco de S. para O., pouco mais acima

    FinisPortugalli

    Junto linha da fronteira do concelho de Chaves, de um e do outro

    lado do vale do Tmega, existem trs lugares Soutelinho, Cambedoe Lama de Arcos onde, durante muito tempo, promiscuamenteviveram os povos de ambos os pases. Nestas aldeias, em tudo semelhantes a outras, os habitantes falavam uns o portugus e ou

    tros o espanhol porque os sinais que designam a raia e que todos sabemmuito bem onde ficam, esto nas ruas, nas paredes das casas, e alguns

    dentro delas. Disto nasce a falta de respeito s leis e s autoridades ().Em Soutelinho, ns mesmos vimos num pequeno largo em que h casassituadas em terreno portugus, estarem os contrabandistas a comprarcereais para introduzir neste reino, quando isto no era permitido, eestarem os empregados fiscais, mesmo ao p deles, sem poderem dizera mais insignif icante palavra (Vasconcelos e S, 1861, publicado por J.B. Barreiros, 19611965). Aqui, era sobretudo o contrabando a grandepreocupao de ambos os governos.

    Tendo sido rectif icada a linha de fronteira pelos membros da comisso mista em 1856, que a encontrou tal qual aparecia descrita nosantigos tombos, a proposta portuguesa, j que ambos os pases estavam de acordo em pr f im a esta situao que consideravam anmalae lesiva, era de que a linha de demarcao deveria passar, em cada umdestes lugares, por fora das ltimas casas e a uma certa distncia delas;quanto sua pertena a um ou outro pas, ela seria determinada pelomaior nmero de fogos se situarem de um ou de outro lado. A ser assim,Lama de Arcos (52 e 25 fogos, portugueses e espanhis, respectivamente) e Soutelinho (80 e 12) passariam a pertencer a Portugal, enquantoCambedo (13 e 25), a nica que no tombo do sculo XVI era s portuguesa, passaria para Espanha. Mas, nas negociaes diplomticas,Cambedo seria trocado pelas pretenses portuguesas a Santiago e Rubisdo Couto Misto e os trs Povos Promscuos integrados em territrionacional.

    Diferente era a situao de Rio de Onor, um lugar muito antigo(provavelmente at anterior independncia de Portugal), situado aNordeste de Bragana, com dois ncleos separados pela fronteira. Juntoao rio Racha (entretanto tambm apelidado da mesma forma que o lugarpor onde passa) e sombra das serranias que formam as suas margenstortuosas, a parte portuguesa, a de Baixo e maior, dispese a jusante da espanhola ou de Arriba (hoje, Rihonor de Castilla), que uns 150metros separam. No momento da demarcao, chegou a considerarseque deveria ser tratado este lugar como o haviam sido os PovosPromscuos, j que, por um lado, as difceis comunicaes obrigavama passar nos dois pases e, por outro, os seus habitantes, vivendo demodo diferente, quando lhes convinha mudavam de bairro e de nao.Mas o Tratado manteria a situao anterior, com a demarcao feitanuma margem por um pequeno ribeiro e na outra pelas cumeadas dasserras.

    Se, em muitos locais da fronteira transmontana, os conflitos entremoradores vizinhos atrasaram a demarcao preparatria do Tratadode Limites, o mesmo no se passou depois de Rio de Onor, onde grande parte da delimitao se apoiou no encaixado vale do Douro.

    Os Povos Promscuos

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  • No curto e desastrado conflito da Guerra das Laranjas (1801), as acesmilitares desenvolveramse nas reas de fronteira. Nesta regio, a acoofensiva de Monterrei (8 a 18 de Junho), ordenada pelo marqus deRosire ao marechal de campo Gomes Freire de Andrade, seu quartelmestre, contou, entre os ajudantes, com o baro de Wiederhold, queento esboou o vale do Tmega, organizando e desenhando o mapa em1804, j em Lisboa. Quando o 2. baro de Wiederhold, destacado oficialsuperior do Exrcito portugus, ofereceu a coleco de documentos deseu pai Biblioteca do EstadoMaior, fizeramse nessa altura duas cpiasdo mapa onde se relatavam os acontecimentos nesta parte da fronteira,uma em papel vegetal e esta mais embelezada mas sem o texto que aoutra apresenta. No documento, ntida a passagem da linha da raiapelo interior de Lama de Arcos, um dos trs Povos Promscuos.

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    do Ponto de Cerdedo. Desde o dito ponto,ou antes desde a volta do Assureira, subir

    a raia por este rio at a um pontoequidistante entre a unio do ribeiro das

    Carvalhas e o sitio chamado Cova deAssureira, indo daqui em linha recta

    terminar na Cavanca dos Ferreiros, juntodo caminho de Manzalvos a Tiozelo.

    Continuar pelo Marco das Carvalhas ouPedra da Vista e pela vereda chamada

    Verea Velha, at ao Penedo dos Tres Reinos,onde termina a provincia de Orense.

    Os terrenos questionados respectivamenteentre Pinheiro Velho, Villarinho das

    Touas, Cerdedo e Chaguaoso, e entreCazares, Carvalhas e Manzalvos, ficaro

    divididos segundo determina a linha defronteira descripta no presente artigo.

    ARTIGO 15.Desde o Penedo dos Tres Reinos ir a raia Pedra Carvalhosa, atravessar depois orio Tuella no Porto da Barreira, e subindo

    at proximo ao Forno de Cal voltar emdireco E., passando pelos sitios

    chamados Escusenha, Valle de Carvalhas,Marco de Rol, e Pedra Estante ou Pedrasdos Tres Bispos, na serra de Gamoeda, e

    continuar pela Fonte Grande, PedraNegra e Penha da Formiga.

    O terreno questionado por Moimenta eCastromil, situado entre o Penedo dos

    Tres Reinos, Penedo do Moo, e Fraga ouPedra Carvalhosa, ser dividido em duas

    partes iguaes.

    ARTIGO 16.Da Penha da Formiga continuar a linha

    internacional pelo Valle das Porfias atatravessar o rio Calabor. Daqui seguir

    pelo Marco da Campia, e emalinhamentos rectos pelo cabeo ou serro

    da Pedra Pousadeira, Marco da Trapilhaou de Ervancede, e Marco de Rio-de-

    -Honor, subindo pelo ribeiro que correentre Rio-de-Honor de Baixo e Rio-de--Honor de Cima. Passar depois pelos

    Alongandose entre o Douro e o Tejo, com traado aproximada

    mente NorteSul em grande parte da sua extenso, a fronteirada Beira Interior pode ser subdividida em trs sectores: em doisdeles, no mais setentrional e no mais meridional, so os cursos

    de gua que estabelecem a linha divisria, entre os quais esta, mais irregular, passa a ser imposta por cumeadas de serras e por muros e caminhos ou outras separaes, menos naturais. No seu conjunto, a raia hmida representa quase dos cerca de 270 km desta parte da fronteiraterrestre portuguesa (correspondente a 20 % do total).

    O rio gueda e a ribeira de Toures, seu afluente da margem esquerda, delimitam o troo setentrional, entre o Douro e S. Pedro de RioSeco, nas imediaes de Almeida. A regio entre a fronteira e o Ca, estendendose at nascente deste rio (prximo do Sabugal), era tradicionalmente designada por Riba Ca ou Cima Ca, tendo sido integrada noterritrio nacional pelo Tratado de Alcaices. Esta rea, especialmente aparte a Sul de Castelo Rodrigo, que foi cenrio de guerras sangrentas, teveenorme importncia na defesa do territrio nacional at ao sculo XVII,altura em que a mudana dos instrumentos e das tcticas de guerra fezdecair o valor defensivo e ofensivo de muitos castelos aqui regularmente implantados. Ainda em 1810, na derradeira invaso napolenica de Portugal,os exrcitos franceses voltavam a utilizar este percurso e a regio assistiu, mais uma vez, a ferozes batalhas.

    No sector meridional da fronteira, so os rios Torto, Bazgueda eErges, a Sul, e o sector internacional do Tejo, at confluncia do Sever,a seguir, que delimitam a parte inferior da Beira, mais plana e aberta a Espanha.Prximo desta linha divisria entre os dois pases situamse Monfortinho,Salvaterra do Extremo e Segura.

    A Sul do Vale da Mula e do forte da Conceio, que outrora lhe ficava ilharga, e prximo do lugar de S. Pedro de Rio Seco, a ribeira deToures deixa de constituir limite fronteirio, entranhandose em Portugal.Ento, neste sector intermdio da fronteira, a linha segue quase paralelamente ao curso de gua e encostado ao caminho que da Aldea del Obisposegue para Fuentes de Ooro, do lado espanhol. Em Vilar Formoso encosta estrada portuguesa que daqui segue para Sul at Poo Velho e Navede Haver e depois vai, mais ou menos irregularmente, por Aldeia do Bispo,atravessa a Serra da Malcata e unese ao rio Torto.

    Obliquamente posicionada em relao fronteira, a serra da Estrela,o principal acidente orogrfico portugus, dividiaa tambm em termos dasua defesa, pois qualquer invaso militar a abordaria ou para contornar peloNorte aquela serra, dirigindose a Coimbra ou ao Porto, ou pelo Sul, em direco a Lisboa. Ao longo do Ca, numa e noutra margem, mais de uma vintena de castelos ou atalaias vigiavam desde a Idade Mdia esta parte da fronteira mas muitos destes postos perderam importncia militar e progressi

    vamente se foram arruinando. Foi o desenvolvimento das comunicaes,quando as sadas no martimas de Portugal para o exterior dependiam exclusivamente da fronteira terrestre, que levaram ao crescimento de VilarFormoso, ligando Ciudad Rodrigo Guarda, enquanto secundariamente sepassava de Alcntara para Castelo Branco, atravs de Segura.

    Nesta vasta rea entre o Douro e o Tejo, consideravase tradicionalmente existirem duas regies distintas a Beira Alta e a Beira Baixa ,correspondentes grosso modo s bacias hidrogrficas comandadas porum e outro rio. Menos povoada a primeira ora por lavrarse menos cultura, ora por serem os seus filhos mais inclinados a irem para Espanha,ou ajustaremse por moos de servio no interior e outras provncias dePortugal, tambm os povos raianos se distinguiam por serem alguns valentssimos e de muito nimo por natureza, como os de Escalho e os deNave de Haver, e outros so mais moles, e observase que na Espanha correspondem povoaes as mais rijas e fortes s nossas moles e as mais moless nossas valentes, e desta hiptese creio que no hde acharse a soluo fora da inclinao natural das povoaes e exemplo dos pais para comos filhos (Augusto du Fay, 1804, publicado por Antnio Pedro Vicente,vol. II, 1971, p. 268269).

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  • Carta geral da regio da Beira, entre o rio Tejo e o Mondego,compilada no Arquivo Militar em 1829, a partir de levantamentosdos oficiais ingleses e portugueses e de outros documentos. Paral da fronteira, colorida a vermelho e bem destacada,representaramse ainda, pela sua importncia militar, algumaspores do territrio espanhol adjacente at ao rio gueda.

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    Marcos do Seixo e de Ripas, na serra deBarreiras Brancas, e ir encontrar

    proximo do povo hespanhol de SantaCruz, o rio Mas, cujo curso seguir atao marco situado mais abaixo do Moinho

    da Ribeira Grande. Daqui seencaminhar ao Marco de Candena ou de

    Pico, e voltando para E. ir encontraroutra vez o rio Mas na Penha Furada, acorrente do qual marcar a fronteira at

    Pedra ou Poo do Olha.

    ARTIGO 17.Desde o Poo do Olha subir a linha de

    fronteira para o castello de Mau Vizinho, ecorrendo pelo cume da serra de Rompe

    Barcas, s