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1 Graduando em geografia; 2 Profª Doutª Adjunta do Departamento de Economia Doméstica (DED/UFV); 3 Graduanda em Economia Doméstica Cartografia Sociocultural – uma análise alternativa de qualidade de vida Luis Gustavo Ferreira Cabral 1 [email protected] Amélia Carla Sobrinho Bifano 2 [email protected] Jordana de Souza Moraes 3 [email protected] Maria das Dores Saraiva de Loreto² - [email protected] Resumo Esta trabalho visa contribuir com criação de um método alternativo para análise de qualidade de vida urbana, sendo ainda um piloto no bairro Santo Antônio, em Viçosa-MG. A criação de um método alternativo de qualidade de vida justifica-se devido ao fato de que a avaliação da qualidade de vida, na grande maioria dos estudos leva em conta apenas os fatores econômicos da população estudada, como por exemplo, renda per capita, posse de bens matérias, condições habitacionais e acesso a determinados equipamentos sociais, deixando de lado fatores sociais e ambientais, como a influência da quantidade de áreas verdes no micro-clima local e consequentemente na sensação térmica. Questões de acessibilidade, e de ocupação de áreas ambientalmente vulneráveis, como por exemplo, encostas íngremes e beira de rios e córregos, entre outros fatores que acabam influenciando nas condições de vida da população Introdução O presente trabalho enquadra-se dentro do projeto Cartografia Sociocultural – Possibilidades de Construção de Uma Identidade Cultural no bairro Santo Antônio em Viçosa – MG. Vinculado ao SESu/MEC, o projeto objetiva contribuir para o fortalecimento da identidade local da população periférica da cidade de Viçosa, por meio da construção de uma cartografia sociocultural acerca de um dos maiores bairros da cidade, o bairro Santo Antônio, pretendendo ser o início de um trabalho de mapeamento sociocultural para a cidade de Viçosa. Este projeto faz parte de um conjunto de ações vinculadas ao PIEPIS – Programa Interdisciplinar de Estudos para a

Cartografia Sociocultural – uma análise alternativa de ... · Faculdade de Viçosa, UniViçosa e Unopar, Viçosa vive, atualmente, um quadro de estranhamento e de desorganização

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1Graduando em geografia; 2Profª Doutª Adjunta do Departamento de Economia Doméstica (DED/UFV); 3Graduanda em Economia Doméstica

Cartografia Sociocultural – uma análise alternativa de qualidade de vida

Luis Gustavo Ferreira Cabral1 – [email protected]

Amélia Carla Sobrinho Bifano2 – [email protected]

Jordana de Souza Moraes3 – [email protected]

Maria das Dores Saraiva de Loreto² - [email protected]

Resumo

Esta trabalho visa contribuir com criação de um método alternativo para análise

de qualidade de vida urbana, sendo ainda um piloto no bairro Santo Antônio, em

Viçosa-MG. A criação de um método alternativo de qualidade de vida justifica-se

devido ao fato de que a avaliação da qualidade de vida, na grande maioria dos estudos

leva em conta apenas os fatores econômicos da população estudada, como por exemplo,

renda per capita, posse de bens matérias, condições habitacionais e acesso a

determinados equipamentos sociais, deixando de lado fatores sociais e ambientais,

como a influência da quantidade de áreas verdes no micro-clima local e

consequentemente na sensação térmica. Questões de acessibilidade, e de ocupação de

áreas ambientalmente vulneráveis, como por exemplo, encostas íngremes e beira de rios

e córregos, entre outros fatores que acabam influenciando nas condições de vida da

população

Introdução

O presente trabalho enquadra-se dentro do projeto Cartografia Sociocultural –

Possibilidades de Construção de Uma Identidade Cultural no bairro Santo Antônio em

Viçosa – MG. Vinculado ao SESu/MEC, o projeto objetiva contribuir para o

fortalecimento da identidade local da população periférica da cidade de Viçosa, por

meio da construção de uma cartografia sociocultural acerca de um dos maiores bairros

da cidade, o bairro Santo Antônio, pretendendo ser o início de um trabalho de

mapeamento sociocultural para a cidade de Viçosa. Este projeto faz parte de um

conjunto de ações vinculadas ao PIEPIS – Programa Interdisciplinar de Estudos para a

Inclusão Social, sediado na UNIEDHS - Unidade Interdisciplinar de Estudos em

Desenvolvimento Humano e Social. Esta unidade tem se constituído a partir da idéia de

consolidação de um espaço permanente de reflexão e ação para a transformação social,

no tange à problemática vivenciada no município de Viçosa, principalmente nas

temáticas relacionadas à identidade, cidadania e inclusão social.

Apesar de ser difundida como “berço de cultura e civismo”, por ser terra-natal

do político mineiro Arthur da Silva Bernardes e também como “cidade da cultura e do

conhecimento” devido à presença da Universidade Federal de Viçosa e de mais quatro

outras instituições de ensino superior, que se instalaram na última década: ESUV,

Faculdade de Viçosa, UniViçosa e Unopar, Viçosa vive, atualmente, um quadro de

estranhamento e de desorganização tanto em termos de sua geografia física quanto

sociocultural, conforme pode ser constatado em trabalhos como a coleção Retrato

Social de Viçosa, desenvolvido por Silva (et al.), que realiza uma análise geográfica da

distribuição física e das condições encontradas nos diferentes bairros da cidade.

O retrato dessas condições precárias encontradas em gande parte da cidade de

Viçosa se reflete nas condições de vida de seus moradores, tanto do ponto de vista

socioeconômico quanto do socioambiental, sendo perceptível ao longo da cidade a

ocupação de áreas irregulares, na maioria das vezes por habitações encontradas em

situações precárias, gerando, em alguns casos, riscos à vida dos moradores que ali

habitam.

Dentro deste cenário presenciado na cidade de Viçosa, mas que é facilmente

percebido na maioria das cidades brasileiras, uma mensuração da qualidade de vida nos

padrões normalmente utilizados nas últimas decadas, baseados em indicadores

econômicos como o PIB (Produto Interno Bruto), o IDH (Índice de Desenvolvimento

Urbano), o ICV (Índice de Condições de Vida), pode mascarar o resultado final da

análise, por não levar em consideração fators subjetivos, como por exemplo, os fatores

ambientais, que podem influenciar em grande quantidade a qualidade de vida dos

cidadãos.

Autores como Paschoal (2000) e Cebotarev (1994), julgam os indicadores como

importantes para avaliar e comparar a qualidade de vida entre regiões, cidades , países,

mas não são capazes de realizar uma avaliação precisa a partir da realidade local vivida

pelos sujeitos.

A partir deste olhar focalizado na escala local, o presente trabalho busca uma

alternativa de mensuração de qualidade de vida que englobe não apenas os indicadores

normalmente utilizados, mas também fatores subjetivos que influenciam direta ou

indiretamentamente a qualidade de vida dos habitantes da área de estudo.

Para a realiação deste trabalho buscou-se integrar tecnologias que apoiassem e

embasassem a elaboração deste, como por exemplo, os SIG’s (Sistemas de Informações

Geográficas), que se tratam de softwares utilizados na manipulação de informações

geograficas coletadas e geradas sobre a área de estudo, e técnicas como a Pesquisa-

Ação, descrita por Thiollent (1996), onde a população alvo do estudo participa

ativamente da pesquisa, criando possibilidades de ação e realizando a avaliação do

desenvolvimento destas mesmas atividades, além da pesquisa direta com geração de

fontes primárias de informação por meio da aplicação de questionários que buscaram

descrever as condições socioeconômicas do bairro.

Objetivos

Objetivo Geral

O objetivo geral deste projeto é realizar um estudo socioambiental e

socioeconômico do bairro Santo Antônio a fim de se avaliar as condições de vida dos

moradores sob diversas óticas, procurando as principais características, potencialidades

e deficièncias presentes na área de estudo, servindo como base para a criação de uma

metodologia alternativa de qualidade de vida urbana, que auxiliem nas ações dos setores

público e privado na busca por melhorias nas condições de vida de uma área estudada e

consequentemente aumente sua qualidade de vida.

Objetivos Específicos

• Realizar um estudo acerca dos fatores físicos da área estudada

• Identificar as áreas com riscos ambientais e ocupação de APP (Área de Proteção

Permanente) dentro da área de estudo

• Analisar a distribuição dos equipamentos sociais no bairro

• Analisar o uso e ocupação do solo no bairro e suas possíveis conseqüências

• Descrever as principais características das ruas que compõem o bairro

• Analisar e comparar os indicadores socioeconômicos do bairro

• Criar uma metodologia de análise da qualidade de vida aliando fatores

socioeconômicos e ambientais.

Metodologia

A metodologia que está sendo criada para a análise da qualidade de vida no

bairro Santo Antonio baseia-se na adaptação de métodos de análise de qualidade

comumente utilizados, como por exemplo, a utilização de indicadores socioeconômicos

como renda per capita, escolaridade, acesso a equipamentos públicos, características da

habitação, entre outros, aliado a indicadores socioambientais criados pela pesquisa,

como a distribuição das áreas verdes, condições de acessibilidade, ocupação de áreas

ambientalmente vulneráveis, onde está sendo realizado um estudo integrado de fatores

socioambientais e fatores socioeconômicos, uma vez que estes dois fatores influem

(mesmo que em níveis diferentes) na qualidade de vida dos cidadãos. Para isto, todos

estes fatores estão sendo estudados separadamente, sendo que seus resultados serão

integrados em uma análise posterior.

O estudo socioambiental encontra-se em um estágio avançado e alguns

indicadores oriundos deste estudo já estão sendo analisados.

O primeiro desses indicadores é a análise das condições dos arruamentos do

local de estudo. A importância deste indicador relaciona-se com as condições de uso por

parte dos moradores de determinada área sobre as ruas em que estes circulam.

Para isto foi realizada uma descrição detalhada das ruas do bairro, onde a partir

de fotos, visitas a campo e conversas com moradores, foram descritos alguns aspectos

de considerável importância para uma análise mais abrangente, sendo eles: Importância

da rua para o bairro e para a cidade, onde foi feito uma breve descrisção sobre a rua

analisada; Variação de Elevação e Declividade, onde foram descritos os fatores físicos

relacionados às diferenças de nível da rua, sendo importante, por exemplo, no estudo

sobre áreas de risco ambiental; Condições estruturais de ruas e calçadas, onde é

realizada uma breve descrisção das condições da rua e das calçadas, relatando a

presença de buracos, ausência de calçamento, etc.; Acessibilidade, onde foi realizada

uma descrisção dos fatores que influenciam nas condições de acessibilidade da rua

analisada; Condições estruturais, de uso e de ocupação dos imóveis, onde foi feita uma

análise sobre as condções visuais das fachadas das residências, sua ocupação e sua

conservação; Apropriação do espaço público, em que foi verificada a presença de

ocupação inadequada do espaço público pelo meio privado, como por exemplo,

presença de mesas de bares sobre as calçadas, utilização das calçadas como

estacionamento particular por estabelecimentos comerciais, entre outras; Equipamentos

Sociais, onde foi verificada a presença/ausência de equipamentos sociais, como escolas,

creches, igrejas, hospitais, postos de saúde, orelhões, lixeiras fixas, entre outras;

Arborização e Meio Ambiente, em que foi analisada a distribuição da arborização ao

longo da rua e verificada a presença de riscos ambientais e ocupação irregular de

encostas e margnes de rios e corrégos.

Outro indicador analisado pelos pesquisadores foi a distribuição dos

equipamentos sociais dentro da área de estudo, tendo sua importância ligada à facilidade

e/ou dificuldade de acesso a equipamentos públicos, como hospitais, escolas, postos de

saúde, creches, pontos de ônibus, igrejas, associações e/ou ONG’s, estabelecimentos

comerciais, áreas de lazer, dentre outros.

Mais um indicador analisado pela pesquisa é o uso e a ocupação do solo. Este

indicador tem sua importância ligada principalmente à regulação do micro clima e da

sensação térmica local, influencia na sensibilidade e no conforto térmico sentido pelos

habitantes do local de estudo.

Outra importância ligada a este indicador é a possibilidade de sua relação direta

deste indicador com incidentes urbanos ligados a pluviosidade, como por exemplo,

alagamentos e enchentes, uma vez que a regulação hídrica é seriamente afetada por

diferentes usos e ocupações do solo.

A caracterização física da área de estudo é a base para a análise de outros dois

indicadores considerados pela pesquisa, sendo eles, a ocupação de áreas ilegais e a

ocupação de áreas ambientalmente vulneráveis.

A legalidade da área ocupada pauta-se no o artigo 2º da lei n. 4771 do Código

Florestal Brasileiro e na Resolução CONAMA nº 303/2, considerando como áreas de

proteção permanente (APP), bordas de 30 metros em cursos d’água com largura menor

ou igual a 10 metros e terços superiores de morro definidos a partir da elevação da base

de elevação local e do terreno com cota do topo em relação à base entre 50 m e 300m,

além das áreas com declividade superior a 45%.

Já a definição de áreas ambientalmente vulneráveis parte de um estudo sobre

áreas dentro do local de estudo que possuem características próprias, como grandes

declividade ou áreas com potencial de inundação. Esse estudo deve levar em

consideração fatores pedológicos, litológicos, climáticos e estruturais próprios da região

estudada.

O último indicador até agora analisado é a acessibilidade. Acessibilidade que é

garantida pelo do Decreto-lei 5296 de 2 de dezembro de 2004 que regulamenta as Leis

nºs 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que

especifíca, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e

critérios básicos para a promoção da acessibilidade.1

Principalmente o Capítulo III: Das Condições Gerais da Acessibilidade Art. 8º Para

os fins de acessibilidade, considera-se: I - acessibilidade: condição para utilização, com

segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos

urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios

de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade

reduzida1; e o Art. 10º A concepção e a implantação dos projetos arquitetônicos e

urbanísticos devem atender aos princípios do desenho universal, tendo como referências

básicas as normas técnicas de acessibilidade da ABNT, a legislação específica e as

regras contidas neste Decreto.

Nestes capítulos, fica garantida a utilização com segurança e autonomia¹ dos

espaços, mobiliários e equipamentos urbanos por qualquer pessoa, inclusive aquelas

portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, como é o caso de idosos e

gestantes, considerados na classificação das ruas do bairro, sendo a garantia feita pelo

poder público.

A classificação final possui nove variações tipológicas, entre o cumprimento total

da lei, sendo a rua classificada como ÓTIMA, e o total descumprimento da lei, sendo

então sua classificação como PÉSSIMA. Os tipos de classificações estão descritas na

tabela 1.

Tabela 1: Tipologias de classificação das ruas

Tipologia

Condição da Rua

Ótima Oferece total acessibilidade à todo tipo de deficientes (físicos, visuais, auditivos), idosos, gestantes e quaisquer pessoas, em toda a sua

1Grifos nosso

extensão

Boa Oferece grande acessibilidade à todo tipo de deficientes (físicos, visuais, auditivos), idoso, gestantes e quaisquer pessoas, na maior parte de sua extensão.

Regular Oferece parcial acessibilidade à todo tipo de deficientes (físicos, visuais, auditivos), idosos, gestantes, e quaisquer pessoas, na maior parte de sua extensão

Ruim Oferece pouca acessibilidade à todo tipo de deficientes (físicos, visuais, auditivos), idosos, gestantes, e quaisquer pessoas, na maior parte de sua extensão.

Péssima Não oferece acessibilidade à todo tipo de deficientes (físicos, visuais, auditivos), idosos, gestantes, e quaisquer pessoas, na maior parte de sua extensão

Fonte: Dados do Autor

As variações entre tipos (Péssima – Ruim; Ruim – Regular; Regular – Boa; Boa –

Ótima) também foram consideradas na elaboração do mapa.

Para a elaboração do mapa, foi realizada uma classificação em escala likert, onde

foram levados em considerações fatores como calçamento/pavimentação de ruas e

calçadas (caso elas existam), declividade das ruas (sua influência na dificuldade de

transitar naquela rua), presença/ausência de degraus e rampas de acesso (e tamanho dos

degraus, caso esses existam), apropriação do espaço público (presença de algum tipo de

impedimento físico para o trânsito de pessoas) presença/ausência de facilitadores de

circulação como faixas de pedestres e semáforos (levando em conta o fluxo de veículos

de cada rua). Cada rua foi avaliada segundo estes fatores e receberam nota de 1 a 5 para

cada um deles. Realizou-se posteriormente uma média ponderada dessas notas, uma vez

que alguns fatores foram considerados mais importantes que outros para a

acessibilidade, como mostra a tabela 2.

Tabela 2: Fatores e pesos utilizados na classificação das ruas

Fator

Descrição

Peso

Presença/Ausência de Calçadas

existência ou não de calçadas 2,5

Condições estruturais de ruas e calçadas

tipo de pavimentação das ruas e das calçadas (caso estas existam) e presença/ausência de degraus (tamanho desses, caso existam) e rampas de acesso

2,5

Apropriação do espaço público

presença ou não de qualquer tipo de estrutura física, como postes de iluminação, árvores, mesas de bar, anúncios ou propagadas etc., que dificultem o trânsito de pedestres pelas vias públicas e calçadas

1,5

Presença/Ausência de facilitadores de trânsito

existência ou não de recursos que facilitem o trafego de pessoas como faixas de pedestres e semáforos, de acordo com o tráfego de veículos nas ruas.

1,5

Fator físico Influência de fatores físicos, como a declividade, no trânsito de pedestres.

1

. A importância deste fator está relacionado às condições de mobilidade

encontradas na área de estudo, influenciando principalmente a vida dos deficientes

físicos que ali residem.

O estudo socioeconômico encontra-se em fase inicial e visa realizar uma análise

e comparação de indicadores socioeconômicos presentes na PNAD (Pesquisa Nacional

de Amostras por Domicílio) e no CENSO realizado pelo IBGE, além do Retrato Social

de Viçosa (op cit.), com os questionários aplicados pelos pesquisadores na área de

estudos. Foram aplicados um total de 256 questionários, sendo um questionário por

domicílio (que correspondem a aproximadamente 10% do total de domicílios),

divididos proporcionalmente entre as ruas do bairro Santo Antonio, a fim de se

encontrar dados que representem sem grandes distorções a realidade de cada parte do

bairro. Os questionários foram elaborados tendo como base o próprio CENSO e a

própria PNAD e abarca as informações necessárias para a proposta do projeto de análise

e comparação de indicadores de qualidade de vida, como por exemplo, distribuição de

renda, acesso à educação, condições dos domicílios, entre outros.

A análise final também será realizada sob a forma de uma classificação em

escala Likert, onde cada indicador utilizado na pesquisa (tanto socioeconômico como

socioambiental) receberá um peso e uma nota, sendo o resultado final uma média

ponderada entre as notas recebidas pra cada indicador.

Resultados e Discussões

Alguns produtos resultantes e constituintes desta metodologia já foram

elaborados.

O primeiro deles foi o mapa da distribuição dos equipamentos públicos do bairro

Santo Antonio, sendo este realizado com base no conhecimento prévio do local,

fotografias e uma imagem orbital. Este produto facilita a observação acerca da

localização dos equipamentos e uma análise sobre sua área de abrangência.

Imagem 1: mapa da distribuição dos equipamentos sociais FONTE: Dados do autor

Um segundo produto gerado é o mapa de uso e ocupação do solo, que foi

realizado baseado na imagem orbital do sensor IKONOS do ano de 2005 e possibilita

uma visão geral sobre o uso do solo no bairro Santo Antonio, servindo de apoio a

estudos sobre o micro clima local e se aliado a um modelo do terreno pode apontar área

propensas ao alagamento em casos de intensos episódios pluviométricos.

Imagem 2: Mapa de uso do solo. FONTE: Dados do autor

O mapa de declividade e o modelo digital de elevação irão auxiliar na análise da

parte física do bairro, sendo de suma importância principalmente na localização de áreas

ambientalmente vulneráveis.

Imagem 3: MDE (modelo digital de elevação) FONTE: Dados do autor

Imagem 4: Modelo de declividade FONTE: Dados do autor

O mapa de APP (Áreas de Proteção Permanente) possibilita a definição das

áreas com ocupação irregular dentro do bairro Santo Antonio, ocupação essa que pode

trazer prejuízos ambientais, influenciando na regulação hídrica, como também prejuízos

econômicos, uma vez que essas residencias, de acordo com a lei, são passíveis de

desapropriação.

Imagem 5: Mapa das APP’s FONTE: Dados do Autor

O último produto gerado até o momento é o mapa de acessibilidade do bairro

Santo Antonio, que através da classificação descrita anteriormente mostra a ditribuição

da tipologia das ruas dentro do bairro, podendo servir como importante ferramenta para

ações de melhorias por parte do poder público.

Imagem 6: Mapa de Acessibilidade FONTE: Dados do Autor

Os produtos até o momento elaborados servirão de apoio para a realização das

análises necessárias para a mensuração da qualidade de vida descritas na metodologia

do presente trabalho, assim como possível ferramenta auxiliar na implementação de

políticas públicas direcionadas a melhoria da qualidade de vida dentro da área de

estudo.

Considerações Finais

O presente trabalho trata de um projeto piloto, passível de modificações no

decorrer de sua implementação, que visa contribuir com um olhar diferenciado sobre a

mensuração da qualidade de vida.

A quantidade de indicadores estudados pela pesquisa, assim como a forma de

avaliação sobre cada um deles pode causar algumas dificuldades em uma análise

conjunta, o que pode gerar distorções indesejadas nos resultados.

Mesmo que os resultados não tenham um nível de exatidão procurado pelos

pesquisadores, somente o fato de aguçar a visão para o lado da interferência de fatores

ambientais na qualidade de vida é suficiente para a justificativa e sucesso da pesquisa.

Referências Bibliográficas

CEBOTAREV, E. A. Apuntes sobre Aspectos Básico em la Calidad de Vida. In:

Mujer, Família y Desarrolo. Manizales: Universidade de Caldas. p. 109-138. 1994.

PASCHOAL, S. M. P. Qualidade de vida do idoso: elaboração de um instrumento

que privilegia sua opinião. 2000. 263p. Dissertação (Mestrado em Medicina) –

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2000.

SILVA, Ananias Ribeiro da. Retrato Social de Viçosa III – Viçosa, MG: CENSUS,

2010.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 7ª ed. São Paulo: Cortez, 1996.