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Têndencias do Consumidor Português a Partir da Intimidade
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“É muito difícil hoje vivermos num universo verdadeiramente conjunto e con-jugado. Cada um faz, mais ou menos, o seu universo.”
D. Manuel Clemente, Bispo do Porto
Os portugueses têm uma relação intensa com a sua casa. Nas últimas décadas, os portugueses, usando recursos próprios ou recorren-do ao crédito bancário, investiram fortemente em casa própria. A evolução do parque habitacional de residência permanente, a expansão da rede de segun-das residências e as melhores condições de habitabilidade, demonstram uma “euforia” dos portugueses para com a “casa”.
In “Portugal: os Números”, de Maria João Valente Rosas e Paulo Chitas, Fundação Francisco Manuel
dos Santos, Junho 2010
Este é um período único na história da humanidade (...) Pela primeira vez há coisas que os pais gostariam de fazer e os filhos é que sabem fazer melhor. O adulto ainda detêm maior conhecimento pois a experiência é insubstituível, mas as implicações nesta realidade são enormes.
Ronaldo Hoffmeister* in “Os novos consumidores”
*Consultor Associado da Meister Desenvolvimento Empresarial e Professor Universitário
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ÍNDICE1. Introdução
2. O núcleo vital
3. A Casa Refúgio
3.1 Marcas lá de casa
4. A Casa enquanto espaço fluído
4.1 Ecrãs em disputa
4.2 Outras ligações
5. Looping Casa-Escritório
6. O mundo a partir de casa
7. Novas janelas
Ficha técnica
Inquérito Ipsos Apeme realizado em 4 vagas, de Setembro de 2009 a Setembro de 2010
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1. INTRODUÇÃO
De acordo com Charles Leadbeater, a noção de partilha – ajuizar em conjunto - está na essência
daquilo que nós somos: we are what we share.
Esta ideia é o ponto de partida para o projecto Casa com Vista Para o Douro que se consubstanciou
na realização de 4 fóruns “think tank” em torno de um tema que nos une: a casa e a relação com o
que vai acontecendo à nossa volta, tentando identificar as tendências que prevalecerão no futuro e as
mudanças que tenderão a provocar.
Numa obra recente, Temps des Crises, Michel Serres, cientista e ensaísta francês, afirma que estamos
no seio de uma profunda crise situada a vários níveis (ou crises). Assemelha a crise financeira a um
sismo de forte intensidade. Mas depois, fala das crises e da sua ordem de grandeza que é tal que,
segundo ele, apenas as instituições sobreviverão. E conclui: Não é possível voltar atrás. É necessário inventar o novo.
Quais são as instituições vocacionadas para a invenção do novo? Essas sobreviverão.
As marcas são instituições ou, então, o principal activo das instituições que as detêm. Tal como o
mundo global, o marketing também está numa fase de transição. O desafio central do marketing
actual está na gestão complexa de um diálogo constante marca-consumidor. A construção da marca
depende menos da vontade da empresa que a detém e mais do consumidor que, com a evolução das
tecnologias de suporte à comunicação e do contexto social, económico e ambiental, está a alterar
comportamentos e vivências. Os estudos demonstram existirem cada vez mais tipificações ou classifi-
cações, novas segmentações e subsegmentações, que dificultam a existência de um padrão claro que
facilite a orientação da comunicação da marca. As tradicionais linhas de segmentação estão desade-
quadas à nova realidade.
Para onde caminha a sociedade? Como está a percorrer esse caminho? De uma forma complexa e
ainda com muitas hipóteses em aberto. O que podemos fazer? Voltamos a Serres: é preciso inventar
o novo. O princípio para a invenção do novo é a atitude crítica. O que se passa à nossa volta? Onde
nos posicionamos face à nova realidade? Como temos vindo a actuar? Faz sentido? A atitude crítica
traz mudança e só mudando se consegue inventar o novo. Donde, temos de voltar a aprender, sem aprendizagem não há mudança (Charles Handy).
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2. O NÚCLEO VITAL
Porquê a “casa”? A “casa” é um elemento central da vida das pessoas. Ao longo de um ano,
descobrimos que muitas das vivências dos portugueses em casa estão a alterar-se. A nossa casa é cada
vez mais um espelho daquilo que nós somos: as decisões mais importantes da nossa vida são toma-
das em casa, assim como as decisões de compra de marcas. É o elemento privilegiado de aferição da evolução de comportamentos individuais e colectivos (indivíduo e sociedade).
A casa como universo de experiência e elo de ligação ao exterior:
74% do total de pessoas inquiridas afirma concordar, ou concordar totalmente, em como gosta mais
de estar hoje em casa do que há uns anos.
Descobrimos que este maior gosto não tem, necessariamente, a ver com a crise mas antes com uma
alteração das vivências na casa. Há hoje maior disponibilidade por parte dos portugueses para ouvir
propostas de valor das marcas em casa.
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3. A CASA REFÚGIO
3.1 MARCAS LÁ DE CASA
Os portugueses assumem que a sua ligação à casa tem aumentado (69%). Grandes decisões de
compra são tomadas em casa. As marcas são, nas decisões mais importantes, discutidas e escolhidas
em casa. A sala (70%) é o local onde as pessoas mais falam sobre decisões de compra que afectam
o agregado, excepto quando os produtos são alimentares, em que a cozinha assume o protagonismo.
A compra de um carro novo é decidida, em 74% das vezes, em casa; a de um novo telemóvel em 73%;
de tecnologia (computador, plasmas) em 77% e as compras do super/hipermercado em 89% das vezes.
Se mais de 50% do tempo dos portugueses é passado em casa, que atributos fundamentais devem fazer parte das marcas?
Se há uns anos a construção da marca se fazia mais num jogo de “ping-pong”, em que as principais va-
riáveis eram conhecidas pelas marcas e manipuladas por estas, actualmente o jogo ocorre “em simul-
tâneo” e o diálogo com o consumidor é permanente e dinâmico: multinível e multicanal. A construção
das marcas é cada vez mais um processo de “co-geração” que ocorre em diversos “touchpoints”
e em que a marca e os consumidores interagem. É um processo partilhado. A experiência consu-
midor-marca é uma experiência total. A comunicação é biunívoca, e tanto consumidor como
marca, têm de realizar um processo de interpretação posterior, numa lógica sistémica de avaliação
e evolução. Os “encontros” produzem um “feedback” do sistema (controlo) presente numa interpre-
tação autónoma dessa experiência. A marca tem de perceber se está ajustada ao seu intento e se
proporcionou uma experiência diferente e gratificante ao cliente; e o consumidor tem de perceber se
a escolha que fez foi a mais adequada e se vai querer repetir no futuro a experiência pela qual passou.
Os processos relacionais marca-consumidor estão em mudança, pelo que, a “maneira como a marca
costuma fazer”, também. Novos hábitos, novos processos têm de ser desenvolvidos pelo marketing
e pelas marcas em interacção com os consumidores e é essa reinvenção que nos irá trazer “o novo”.
Esta relação está envolvida numa grande complexidade presente não apenas na “rede” de meios
de contacto (on-line, off-line, above the line, bellow the line, word-of-mouth, social networks, …), mas
também na orientação do discurso da comunicação: tem que ser pessoal e ao mesmo tempo,
ter um carácter social (responsabilidade social e ambiental); assim como deve ajudar a
desenvolver uma relação emocional mas com fortes alicerces estruturais (sistema de valores
profundos); e tem que passar inovação, mas de uma forma simples, que os consumidores
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compreendam sem perder tempo. Em resumo, as instituições/marcas do séc.XXI têm que ser
completas. Devem estar presentes em todos os meios, mas numa intensidade adequada, com
um discurso próximo e coerente. Têm que ser inovadoras, mas éticas e honestas, não defraudando
expectativas.
Quando tenho de decidir entre 2 produtos/serviços idênticos, decido por aquele que social e ambientalmente se comporta melhor.
Nunca me acontece Acontece-me com alguma frequência Acontece-me com muita frequência
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4. FLUIDEZ ESPACIAL
Personalidade atribuída às diversas divisões da casa:
Sala de Estar / Jantar – sociável e extrovertida
Quarto – extrovertido, arrojado e sofisticado
Cozinha – prática e dinâmica
Casa de banho – prática
Escritório – sério e prático (por vezes, sem local definido na casa)
Há cada vez mais perfis diferenciados de consumidores, com estilos de vida diversos. Há cada vez mais tipologias de casa, com uma multiplicidade estética. A casa como espelho de nós: um território em mudança…
Extrovertida Prática Arrojada Séria Sociável Dinâmica Sofisticada
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44.3
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3.9 9.3
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7.515.4
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8.2
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4.1 ECRÃS EM DISPUTA
A televisão é o ecrã mais frequentemente visto em casa. Há uma tendência cada vez maior de
utilização do computador em casa, com acesso à internet sobretudo, para enviar mails para amigos
(também via redes sociais) e pesquisar sites: 82% afirmam aceder em casa, várias vezes ao dia, à
Internet.
Contudo, o acesso internet na TV e a oferta on-line promovem a integração entre as duas plataformas.
O espaço na internet é, acima de tudo, um espaço “vivo com uma presença vibrante, humana e colectiva.” (Kerckhove, 1995: 252)
Televisão vs computador
Televisão: fornece um certo espírito colectivo a mentes
individuais que não interferem no processo. Fornecedor
de informação e de emoções mas com um certo efeito
anestesiante.
TV é o meio que dá acesso não só às marcas como é o
mediador com o mundo.
Alvos: públicos com resistência digital OU faixas etárias
mais avançadas, classes sociais com pouco ou nenhum
acesso às novas tecnologias.
Computador: Liga mentes individuais num espírito
colectivo não só através de sites interactivos, blogues
e microblogues, como por via das redes sociais
e fóruns de discussão.
Alvos: consumidores tecnologicamente maduros
(gerações X e Y).
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Redes Sociais: era da partilha digital
625 milhões utilizadores activos da internet em todo o mundo
2,9 milhões de utilizadores activos em Portugal
2,1 milhões criaram perfis em redes sociais (cerca de 75%)
Países europeus líderes:
23 milhões registados na Alemanha
19 milhões registados em França
fonte: Universal McCann 2009
O indivíduo produtor - consumidorEstar em rede pode significar oposição bipolar (Castells) entre estar na internet e o preservar da
individualidade, sendo que o indivíduo procura afirmar-se num mundo em constante mudança,
(Varnelis, ed, 2008: 30). Em Networking Publics, Varnelis fixa o seguinte: “a formação de identidade
ocorre nos casos em que as redes são físicas e virtuais, ocupadas por indivíduos que são, ao mesmo
tempo, produtores e consumidores, tirando partido das novas formas de produção cultural on-line”.
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“How can we be sure what is true when a free form encyclopaedia compiled by anonymous volunteers – wikipedia – gets more traffic than the expert Encyclopaedia Britannica or the BBC?” – Charles Leadbeater
As contribuições pessoais em massa – mais fáceis de encontrar nos novos media interactivos -
devem ser ignoradas ou estudadas e aproveitadas? A receita para o sucesso surge na combinação de
diversos factores. Leadbeater afirma que a chave de sucesso está no “equilíbrio de três ingredientes:
participação, reconhecimento e colaboração”. A solução está na partilha e em
saber gerir o jogo “individual-colectivo” a todo o momento. As marcas têm que ter ideias próprias, mas têm de partilhá-las colectivamente, discuti-las em comunidade e depois fazê-las crescer. Este é o grande desafio contínuo da “invenção do novo”. É uma nova
postura, mais aberta, mais dinâmica, mais crítica.
TV, PC ou Consola? Os consumidores neste momento consideram o on-line como substituto da TV,
apesar de o consumo nos lares durante a semana se fazer muitas vezes em simultâneo, em horário
nobre e a seguir ao jantar.
O que as pessoas pretendem é que no futuro haja cada vez mais integração entre a TV, os computadores
pessoais e mesmo com os smartphones.
4.2 OUTRAS LIGAÇÕES
Ouvir música, seguida de ouvir rádio, são duas actividades extremamente frequentes em casa, logo a
seguir a ver televisão. A reunião da família à refeição surge atrás em termos de frequência revelando
que existem incompatibilidades de agenda e horários que conduzem a esta situação, sendo que o
jantar é o período em que a união é mais frequente. A leitura de revistas e jornais surge atrás em
termos de frequência indiciando perda de protagonismo com o crescente entusiasmo em torno das
novas tecnologias.
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A Liberdade entra em Casa via telemóvel e Internet e há Alegria via Rádio e Jogos.
Actividades praticadas em casa
Várias vezes por dia Uma vez por dia
Uma vez por semana 2 a 3 vezes por mês Mais esporadicamente NuncaUma vez por mês
4 a 6 vezes por semana 2 a 3 vezes por semana
Ir à internet
Ver TV
Ouvir música
Ouvir rádio
Reunir a família à refeição
Ler jornais/revistas
Ler livros
Jogar videojogos
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44 114347
12 111 24 5866
15 71 34 3562
18 3 3 31 36 4460
22 14 12 10 2 31 135
13 12 10 6 4 5 17 329
3 5 5 238 11 10 727
TV FILMES JORNAIS TELEMÓVEL RÁDIO LIVROS JOGOS NET
relax relax relax liberdade relax relax relax liberdade
liberdade alegria alegria liberdade alegria relax
relax liberdade alegria liberdade alegria
Consumos culturais em casa: sentimentos
5. LOOPING CASA - ESCRITÓRIO
TRABALHO – CASA – TRABALHO - CASA
Um trajecto natural para o consumidor urbano nómada
Vivências no meio exterior transpostas
para vivências a partir do espaço vital da casa
Exterior Interior
Fim da polaridade
A casa é sentida como um refúgio mas também como continuidade, numa óptica de vida integrada
trabalho - casa. A exploração das tecnologias de informação e comunicação transformam a casa
num local de descobertas.
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| 216. O MUNDO A PARTIR DE CASA
Numa lógica orgânica, o território “casa” pode ser visto a vários níveis:
micro: a casa como estrutura física, com a sua dimensão física e as paredes; a qualidade da nossa
vida está presente na qualidade da casa – paredes que respiram, qualidade do ar que temos em casa,
valor das novas experiências vividas no espaço.
meso: a casa e o exterior circundante; a valorização do exterior da casa como parte integrante: da
paisagem quando vamos à janela, dos jardins envolventes, da possibilidade de poder sair e caminhar
sozinho ou com a família, perto ou à volta da casa.
macro: a casa como elo de ligação à comunidade; a importância do bairro onde vivo e dos conhe-
cimentos que faço, a possibilidade de trocar opiniões; movimentos de cidadania que começam “em
casa” em ligação com amigos, vizinhos e até mesmo com a cidade em que vivemos e onde somos
“actores” participantes.
meta: a casa como elo de ligação ao mundo, quebrando fronteiras; as novas tecnologias permitem
que estejamos em casa a falar com amigos que estão noutro país ou continente; sensação de que
quando falamos da nossa casa, podemos estar a falar do nosso planeta, destacando a crescente res-
ponsabilidade que todos temos em cuidar dele.
Experiências de decisão a partir de casa
estar em casa é estar em todo o lado
hiperconectado com o mundo
A PARTIR DAS ‘REGIÕES AUTÓNOMAS’:
Tv no iPod, notícias na internet, vida organizada no pda, sms paraconversar, flickr para partilhar, telemóvel na cozinha,
Ipad em qualquer lugar…
Internet: um lar dentro do lar?A internet pode alimentar-se de informação que circula noutros media, contudo, apresenta-se como
aquele que melhor acompanha os fragmentos de tempo livre. Acolhe-nos a qualquer hora, proporcio-
nando, inclusive, o acesso a dependências afectivas que podem ou não ser de carácter familiar.
Neste contexto, podemos referir-nos ao computador como um lugar de afectos, onde nos senti-
mos em casa, mesmo estando longe (sobretudo quando ligados a uma webcam, ao msn ou a uma rede
social). Ou, estando em casa, quando procuramos o nosso espaço vital.A interactividade e a ubiquidade serão o garante destes possíveis efeitos, sobretudo para
públicos urbanos que estejam sós na multidão, e para a geração digital que se organiza em tribos
reais e comunidades virtuais.
O mundo a partir de casa – a internet pode ser factor de aumento do tempo de permanência.
Ver/enviar e-mails
Informar-se sobre produtos/serviços
Ler notícias
Distracção
Ligar-se a redes sociais
Jogar no computador
Ouvir música/ver clips
Comprar produtos online
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Principais finalidades de utilização da internet:
Jogar no computador
Distracção
Pesquisas para a escola
Ver/enviar e-mails
Ouvir música/ver clips
Ligar-se a redes sociais
Informar-se sobre produtos/serviços
Ler notícias
Comprar produtos online
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Principais finalidades da utilização da internet pelos filhos:
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Micro, meso, macro, meta: estes níveis estão interligados. As pessoas racionalizam “a casa”
do individual para o colectivo, do micro para o macro ou meta, do tangível para o intangível, de uma forma natural (sem barreiras), considerando que todos os níveis são
importantes e contribuem para o seu bem-estar. Em termos de insights para a gestão, podemos
concluir que as marcas que nos ajudarem a cuidar da casa, a melhorar o ambiente dentro de casa
e mesmo o ambiente externo à casa com o qual contactamos (bairro, cidade, planeta), que sejam
capazes de nos proporcionar experiências gratificantes neste território ou de criar ambientes
mais agradáveis onde possamos desfrutar em pleno estas novas experiências em casa, e, finalmente,
que nos consigam colocar em ligação com o exterior – conectividade; estarão a contribuir para o bem-
estar das pessoas e logo serão recompensadas por estas.
A instabilidade no trabalho é uma preocupação actual, assim como a necessidade de poupar, pelo
que marcas que transmitam os valores – segurança, confiança – marcam pontos na época de
crise em que vivemos. O estudo revelou ainda que as decisões de consumo são polarizadas entre o
hiper-racional (bom, barato, funcional) e a procura de pequenos prazeres, pequenos luxos e novas
experiências. A busca de informação sobre os produtos e as marcas é um processo contínuo, havendo
predisposição para “cortar” naquilo que não acrescenta valor e privilegiar marcas que proporcionem
experiências valorizadas pelas pessoas – lembramos que a experiência da marca começa na procura
de informação (ex.: navegar na internet).
A “casa” é um sistema: a casa é pensada e vivida como um ser vivo, que interage connosco,
que podemos mudar e que nos pode identificar ou valorizar em termos sociais. Não é algo estático e,
mais do que “refúgio”, a casa funciona como elo de ligação ao exterior: à comunidade de amigos, aos
convidados, aos vizinhos, ao bairro e até mesmo à cidade. Serão valorizadas as marcas que também
sejam vivas, que saibam respirar connosco e sejam nossas cúmplices. Um ser vivo sobre quem apete-
ce falar e imaginar, um território de ampliação dos possíveis, da expansão da nossa vida. Marcas bem
apresentadas, com coisas para contar e histórias para propor, precisam-se!
A nível emocional, a “casa” está repleta de momentos, sentimentos e significados…
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| 257. NOVAS JANELAS
Em resumo, recorremos a Daniel Innerarity, um dos pensadores mais relevantes da sociedade
moderna, quanto à questão do território, ou melhor, do espaço, cada vez mais público e partilhado.
O autor refere que a noção de “espaço” é específica de cada sociedade e a actual tornou-o
fluído, plural, dinâmico e simbólico. Donde, as configurações deste “espaço público”
(ou espaços interdependentes – real, virtual, …) são flexíveis requerendo uma nova maneira de
pensar
a sua governamentalidade.
Acabaram-se os monopólios. O governo das marcas também tem de sofrer transformações com
o objectivo de se adaptar a esta nova realidade, a estes novos espaços. Segundo o autor, este novo
governo deverá basear-se em quatro operações: representação (liderança num território),
aproximação (serem próximas dos destinatários), mistura (“mixing” – saber conviver com es-
tranhos) e co-operação (trabalhar em conjunto com parceiros, com clientes, …). As marcas devem
ser multifacetadas, actuando nos diversos espaços; sendo o seu maior desafio obter diferenciação
baseada na coerência da sua actuação.
No marketing e nas marcas, a Estratégia e Operacionalização nunca estiveram tão próximas: têm de
estar ligadas, ser coerentes, funcionar em conjunto. Conceitos como IMC (integrated marketing com-
munication) e ERM (experience relationship management) fazem sentido, constituindo um desafio para
as marcas desenvolverem um Dispositivo Estratégico e de Acção. A estratégia das marcas
tenderá cada vez mais a ser emergente… emergirá do contacto consumidor-marca. Mas, o mais im-
portante continuará a ser alcançar um posicionamento diferenciador, único. Melhor exemplo actual
de uma marca que o está a conseguir: Apple…
O que as marcas estão a fazer para entrar nesta casa em mudança?
A guerra pelo território casa…
As marcas estão a concorrer em 3 frentes fundamentais:
1 – Share of Time+ de 50% do tempo dos portugueses é passado em casa
2 – Share of Wallet+ 50% do gasto dos portugueses tem a ver com a casa ou com bens e serviços consumidos dentro de casa
3 – Conhecimento do Novo ConsumidorA casa é um elemento de caracterização relevante do novo consumidor, de detecção de novas vivên-
cias e de novas tendências. Para as marcas, estar em casa do consumidor é um factor-chave para
conhecer as suas preferências e estar no topo delas.
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FICHA TÉCNICAInquérito Ipsos Apeme realizado em 4 vagas, de Setembro de 2009 a Setembro de 2010
Universo:População: Indivíduos de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 26 e os 55 anos, residentes em zonas urbanas e semi-urbanas de Portugal, que habitam em casa própria, recebem visitas frequentemente e valorizam os momentos em casa.
Trend Setters: Indivíduos que falam frequentemente sobre decoração das suas casas com amigos e/ou familiares, para quem criar é divertido e têm capacidade para influenciar as pessoas à sua volta no que respeita à decoração.
Amostra:Realização 4 vagas, num total de 1120 questionários e uma sub-amostra de 120 trend setters.
Método de recolha:Inquérito online, a partir do Painel Online da Apeme.Recurso a um questionário com perguntas abertas e fechadas, com uma duração média de preenchimento de 15 minutos.
Fontes:Handy, C. (1992) A Era da Irracionalidade, Lisboa: Edições CETOPInnerarity, D. (2006) El Nuevo Espacio Público, Madrid: Espasa-CalpeLeadbeater, C. (2009) We-Think: Mass Innovation not Mass Production, London: Profile Books, Ltd.Kerckhove, D. (1995) A Pele da Cultura, Lisboa: Relógio D’ÁguaSerres, M. (2009) Temps des Crises, Paris: Editions Le PommierVarnelis, K. (ed) (2008) Networked Publics, Cambrigde, Massachussets: The MIT Press
Casa com Vista para o Douro é uma iniciativa Cin, Ipsos Apeme e b+ Comunicação