Catena Aurea de S Tomas de Aquino Evangelho S Mateus Cap 1 1

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    Comentrio do Evangelho de Nosso Senhor

    Jesus Cristo segundo So MateusMt 1,1

    BJ[a] Mt 1,1 Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filhode Abrao:GNT[b] Mt 1,1 , .NV[c]Mt1,1 Liber generationis Iesu Christi filii David filii Abraham.

    JERNIMO[d] Porque So Mateus representado pela face deum homem?[e] visto que pela natureza humana comeou aescrever, dizendo Livro da origem de Jesus Cristo, etc. RABANO[f]

    Comea narrando, onde admite de forma categrica, reve-lando a gerao de Cristo segundo carne. CRISSTOMO[g] Escreveuo Evangelho para os Judeus, era desnecessrio que expu-sesse natureza divina, o qual conheciam;[h]porm foi neces-srio mostrar o mistrio da Encarnao. So Joo porm

    escreveu o Evangelho para os gentios, O apresenta comoFilho de Deus que eles no conheciam; Por essa razo foiele o primeiro a mostrar que o Filho de Deus Deus, con-sequentemente porque assumiu carne. RABANO[i] Apesar decom tudo, ser uma pequena parte do livro que cuidar da

    [a] A Bblia de Jerusalm: Nova edio, revista e ampliada. Paulus. 4impresso. 2006.

    [b] Novum Testamentum Graece, Nestle-Aland 27h Edition. Copyright 1993.Deutsch Bibelgesellschaft, Stuttgart.[c] Novam Vulgatam Bibliorum Sacrorum editionem typicam 2 ed. 1986.[d] PL 26, 19 B.[e] Ez 1,5E ao centro, distinguia-se a imagem de quatro seres viventes, todoscom aspecto humano.[f] PL 107, 731 C.[g] PG 56, 612.[h] Parece ser a testemunha geral da antiguidade que no era uma cpia em

    hebraico do Evangelho de So Mateus, quer escrito antes ou depois do grego.Esta cpia hebraica foi interpolada pelos ebionitas.[i] PL 107, 731 D.

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    gerao, diz O livro da gerao[a]. Era costume entre osHebreus, de colocarem o nome do livro com a palavra coma qual o livro comeava, com no caso de Gnesis [b],xodos

    e outros livros. Teria sido mais claro dizer que: GLOSAORDINRIA[C]este o livro das geraes, mas costume comodemonstra em muitos casos, como quando lemos:A visode Isaas, ou seja, Estas so as vises do profeta Isaas.Gerao dito no singular, apesar de sucessivas geraesso listadas porque todas elas so includas por causa dagerao de Cristo. CRISSTOMO[d] Chama a este livro: o livro dagerao, porque toda a economia [e] da graa e a raiz detodos os bens est em que, Deus se fez homem; uma vezverificado isto, o que se segue consequncia racional.RABANO[F] Disse:Livro da gerao de Jesus Cristo, porque sabiaque antes havia escrito: Livro da gerao de Ado[g], ecomeou a contrapor livro por livro, o Novo Ado (Jesus) aovelho Ado[h], por que tudo foi reparada no Novo o que ovelho (Ado) tinha destrudo. JERNIMO[i] Lemos em Isaas: Is

    53,8

    Quem relatar sua gerao?[j]

    . No concluir da que o[a] So Toms de Aquino, e outros Escritores usavam a Bblia em Latim.[b] Na realidade o nome do livro dos gnesis em hebraico tyviarEB.(Berichit =no comeo, ou no princpio).[c] PL 114, 65 A.[d] PG 57, 27.[e] Economia: arranjo ou modo de funcionar dos diversos elementos de umtodo; organizao.

    [f] PL 107, 731 D.[g] Gn 5, 1 Este o livro da gerao de Ado. Quando Deus criou o serhumano, f-lo semelhana de Deus. Em grego LXX:

    Gn 2,4 ;

    Gn 5,1 [] (biblos geneseus) = livro da gerao.[h] tm;v.nI wyP'a;B. xP;YIw: hm'd"a]h'-!mi rp'[' ~d"a'h'(-ta, ~yhil{a/ hw"hy> rc,yYIw:Gn 2,7

    `hY")x; vp,n

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    evangelista contradiz o profeta, porque Isaas fala que impossvel expressar o que comea a narrar, uma vez queele fala da gerao divina e So Mateus da Encarnao do

    Homem. CRISSTOMO[a] No olhe para a apresentao destagerao como sem importncia, pois Deus Supremo,Inefvel que se dignou a tomar o nascimento no ventre deuma mulher e de ter por progenitores Davi e Abrao. RABANO

    Mas se algum diz que o profeta (Isaas) no se refere gerao da humanidade, a resposta pergunta do profetaque nenhum, mas muito poucos, porque realmente s SoMateus e So Lucas falaram. RABANO[b] Ao dizer,de Jesus Cristo,Mateus para exprimir a dignidade tanto a rgia como asacerdotal, pois Jesus (Josu)[c], que foi o primeiro a recebereste nome, foi depois de Moiss, o primeiro lder dos filhosde Israel, e Aaro, consagrado pela uno mstica (cristo),foi o primeiro sacerdote sob a Lei. AGOSTINHO[d] Que Deusconferido pela uno para aqueles que foram ordenadossacerdotes e reis, Por isso o Esprito Santo foi enviado para

    Cristo feito homem, adicionando um carter de santidade,pois o Esprito Santo, o qual purificou a Virgem Maria parapreparar o Corpo do Salvador[b], e por est uno do corpo

    preocupou com o fato de ter sido cortado da terra dos vivos, []. Obs:contemporneos A palavra hebraica rAD (dor) significa gerao enquanto

    perodo de uma vida e, por extenso, os vivem durante esse perodo. Nuncasignifica nascimento ou origem; o sentido sugerido pelo grego e pelo latim

    Quem relatar sua gerao) e aplicado pelos Padres da Igreja gerao eternado Verbo ou concepo miraculosa de Jesus no traduo exata doHebraico. Props-se corrigir o texto, mas ele sustentado por todos ostestemunhos.[a] PG 57, 25.[b] PL 107, 731 D 732 A.[c] Em hebraico, existe apenas um nome, [;WvAhy>[Ie-ro-shu ] (Jav salvao),e outro [;veAh [ro-che-] salvao, este era o nome original de Josu (Nm13,8.16), que pode-se traduzir em portugus tanto Josu como Jesus. Em grego

    VIhsou/j [Iesous].[d] PL 35, 2249.[b] Prefcio da Imaculada Conceio de Nossa Senhora A fim de preparar

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    do Salvador recebeu o nome de Cristo [c]. CRISSTOMO[a] A falsasabedoria dos mpios[b] judeus de negar que Jesus era dadescendncia de Davi, o evangelista tem, portanto, o

    cuidado de acrescentar: filho de Davi, filho de Abrao. Maspor que no o suficiente dizer que filho s de Abrao, ous de Davi? Porque ambos tinham recebido a promessa deque Cristo viria para os seus descendentes: disse Deus aAbrao: Gn 22,18Todas as naes da terra sero abenoados pela sua raa, e a Davi: Sl 131(130),11O Senhor fez umjuramento a Davi, uma promessa a que no faltar: Hei decolocar no teu trono um descendente da tua famlia.. Almdisso, o Evangelista chama Jesus Cristo, filho de Davi eAbrao para mostrar o cumprimento das promessas queforam feitas a ambos. Outra razo que na pessoa deJesus Cristo se reuniria triplicar dignidade do Rei, doProfeta e do Sacerdote. Ora, Abrao era um sacerdote eprofeta, sacerdote como Deus disse em Gnesis: Gn15,9 Leve-me a sacrificar uma novilha de trs anos; Profeta

    como Deus disse ao rei Abimeleque: Gn 20,7

    Ele um profetae vai orar por voc. Quanto a Davi, era o rei e profeta, masno um sacerdote. Jesus Cristo chamado o filho deambos, para ns sabermos que essa tripla dignidade de

    para o vosso Filho Me que fosse digna dele, preservastes a Virgem Maria damancha do pecado original, enriquecendo-a com a plenitude de vossa graa.

    Nela, nos destes as primcias da Igreja, esposa de Cristo, sem ruga e sem

    mancha, resplandecente de beleza. Purssima, na verdade, devia ser a Virgemque nos daria o Salvador, o Cordeiro sem mancha, que tira os nossos pecados.Escolhida, entre todas as mulheres, modelo de santidade e advogada nossa, elaintervm constantemente em favor de vosso povo. Missal Dominical: Missalda Assembleia Crist. Paulus, 1995. p. 589.[c] Cristo G [Christos]; H [mchiarr]: ungido, messias; aqueleque ungido, consagrado [Designao nica e especfica para Jesus, o ungidodo Senhor.]; o Cristo pelo latim; o agnome Cristo, Christ vernaculizao dolatim Christus,i 'Cristo.

    [a] PG 57, 25.[b] mpio no sentido de aquele que no respeita os valores comumente admiti-dos pelos cristos.

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    seus dois antepassados so reconhecidas em Jesus Cristo.AMBRSIO[a] Entre os antepassados de Cristo, os escritoressagrados escolheram dois, aquele a quem Deus havia

    prometido a herana das naes (Igreja), e o outro em queele previu que Cristo nasceria de sua raa. Davi, apesar deposterior na ordem de sucesso, no entanto, nomeadoem primeiro lugar, porque as promessas destinada a Cristopara ultrapassar a Igreja, que s existe por Jesus Cristo porque o que salva claramente superior ao que salvo.JERNIMO[b] A ordem invertida, mas por alguma razonecessria porque se o nome de Abrao que haviaprecedido de Davi, ele teria sido obrigado a repetir o nomede Abrao para encadear a serie de geraes. CRISSTOMO[c]

    Outra razo que a dignidade do trono prevaleceu sobre ada natureza, e apesar de Abrao preceder no tempo, Daviprecede na dignidade (rei).

    GLOSA Como todo este livro visa a vida de Jesus Cristo, necessrio, antes de tudo para formar uma ideia exata. Ou

    mais fcil explicar tudo no decorrer deste trabalho diz res-peito sua pessoa divina. AGOSTINHO[d] Todos os erros dos herti-cos sobre Jesus Cristo pode ser reduzido para trs classes:aqueles relacionados sua divindade, sua humanidade, ouambos ao mesmo tempo. AGOSTINHO[e] Cerinto[f] e os Ebionitasdisseram que Jesus Cristo era um simples homem. Quesegundo Paulo de Samsata, Cristo no existiu sempre,mas Ele iniciou quando de Maria nasceu, achava que

    [Jesus] apenas um mero homem. Esta heresia foirenovada depois por Fotino. ATANSIO[g] O Apstolo Joo,

    [a] PL 15, 1676 A.[b] PL 26, 21 C.[c] PG 56, 613.[d] PL 35, 1332.[e] PL 42, 27.

    [f] Cerinto. Um gnstico-Ebionita herege, contemporneo de So Joo, oapstolo teria escrito o Evangelho, contra os erros sobre a divindade de Cristo.[g] PG 62, 190 A.

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    antecipando-se muito antes, com a luz do Esprito Santo, aloucura destes homens, despertando do sono profundo daignorncia com o tom de sua voz poderosa, dizendo: Jo

    1,1No princpio era o Verbo e o verbo estava com Deus e o Verboera Deus. Logo o que desde o principio estava com Deus,no poderia s no momento do nascimento comeasse aexistir. (escute isto Fotino) O prprio Jesus Cristo que disse:Jo 17,5E agora, glorifica-me, Pai, junto de Ti, com a gloria queEu tinha junto de Ti antes que o mundo existisse.

    AGOSTINHO[a] A perversidade de Nestrio[b] foi dizer que: o quefoi gerado no ventre da Virgem Maria, era simplesmente umhomem, que o Verbo de Deus no uma nica pessoa, eminseparvel Unio, doutrina que os catlicos no podem ou-vir.[c] CIRILO[d] O Apstolo (Paulo), falando do Unignito de

    [a] PL 42, 50. fonte: 27fev. 2010.

    [b] Nestrio (380-451) foi um monge, oriundo de Alexandria, que se tornoupatriarca de Constantinopla em 428. Acreditava que em Cristo h duas pessoas(ou naturezas) distintas, uma humana e outra divina, completas de tal forma queconstituem dois entes independentes. Nestrio foi condenado como herege noConclio de feso (431) por defender que Maria no era me de Deus, masapenas me de Jesus. Ele rejeitava a utilizao do termo Theotokos, uma

    palavra muito usada para referir-se a Maria e que significa literalmente Me deDeus. Esta no foi uma discusso de carter mariolgico, mas simcristolgico, visto que Nestrio ops-se ao termo no porque exaltasse a pessoa

    da Virgem Maria, mas porque abordava a divindade de Cristo de tal maneiraque poderia ofuscar sua natureza humana. Para solucionar o problema Nestriosugeriu um novo termo Cristotokos (Me de Cristo), afirmando com issoque Maria no foi progenitora da divindade mas apenas da humanidade deCristo. Fonte: Fonte: Chapman, John. Nestorius and Nestorianism. TheCatholic Encyclopedia. Vol. 10. New York: Robert Appleton Company, 1911. 7Jan. 2010 .[c] Em outras palavras: Nestrio afirmava que o Verbo habitava na humanidadede Jesus, haveria duas pessoas em Jesus, uma humana, e outra divina. Unidas

    entre si, to somente por um vinculo tnue. Erro refutado pelo conclio de fe-so.[d] PG 77, 23 A.

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    resumem tudo: O que era Deus, tendo uma linguagemcheia de humildade, faz algo bom, til e no prejudica a suanatureza imutvel, enquanto que o homem no pode de

    outra maneira se apropriaram da linguagem do divino esobrenatural, sem a presuno de soberania e de culpa.Um rei pode fazer aes comuns, um soldado no podeassumir atitudes de um rei. Se assim for, quem Deusencarnado, pode fazer as aes ordinrias humilde, maspara um simples homem, as coisas divinas soimpossveis. AGOSTINHO[a] Sablio[b] discpulo de Noetos, comoalguns citam, ensinou que Cristo foi a mesma Pessoa doPai e do Esprito Santo[c]. ATANSIO[d]A audcia deste erro maisinsano vou limitar a autoridade dos testemunhos celestial, edemonstram a personalidade distinta da substnciapropriamente dita, do Filho. No vou produzir coisas queso susceptveis de ser explicado como aceitvel para ahiptese da natureza humana, mas deve oferecerpassagens como todos permitir ser decisivo em uma prova

    de Sua natureza divina. Em Gnesis, encontramos Deusdizendo: Gn 1,26 Faamos o homem nossa imagem esemelhana. Eis aqui o plural diz: Faamos, a outronitidamente indicam a quem se fala este discurso. Se um,faa-se a sua imagem teria dito; outra e diferente imagemmostra evidente. faamos o homem a nossa imagem. GLOSA[e]

    [a] PL 42, 32.

    [b] Sablio (? - 215 dC), foi um telogo cristo, provavelmente nascido na L-bia ou Egito. A sua fama iniciou-se quando foi para Roma, tornando-se lder da-queles que aceitaram a doutrina do monarquianismo (modalista). Foi excomun-gado pelo Papa Calixto I em 220 dC.[c] O Monarquismo propriamente dita (Modalistas) exagerada a unidade do Paie do Filho, de modo a torn-los, mas uma nica pessoa, assim, as distines naSantssima Trindade so energias ou modos, no as Pessoas: Deus, o Pai apa-rece na terra como Filho, da, parecia a seus adversrios do Monarquismo que oPai sofreu e morreu. No Ocidente, eles eram chamados Patripassians, enquanto

    no Oriente so geralmente chamados Sabelianismo.[d] PG 62, 185 C.[e] PL 42, 28.

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    Outros negam a verdadeira humanidade de Cristo,Valentino[a] alegou que Cristo enviado pelo Pai, estavarevestido de um corpo celeste ou espiritual e no tinha

    assumido qualquer coisa da Virgem Maria, depois de terpassado apenas por ela como um rio ou canal, mas noassumindo a sua carne. AGOSTINHO[b] A razo de nsacreditarmos que Jesus Cristo nasceu da Virgem Maria,no que Ele no poderiam ter aparecido entre os homensem um corpo de verdade, mas porque assim est escritonas Escrituras, que devemos acreditar a fim de sermoscristos, ou para sermos salvo. E se o corpo tomado deuma substncia ou lquido celeste queria tornar-severdadeira carne humana, que se negar que ele poderia terfeito? AGOSTINHO[c] Os maniqueistas dizem que Nosso SenhorJesus Cristo era um fantasma e no poderia ter nascido deuma mulher. AGOSTINHO[d] Mas se o corpo de Cristo era umfantasma, o Senhor nos enganou, e se enganar, no a

    [a] Valentino, o mais conhecido e mais influente dos hereges gnsticos, foi car-

    regada de acordo com Epifnio (Haer., XXXI), na costa do Egito. Ele foitreinado na cincia helenstica em Alexandria. Como muitos outros professoresherticos, ele foi para Roma o melhor, talvez para divulgar suas opinies. Elechegou l durante o pontificado de Hyginus e permaneceu at o pontificado deAniceto. Durante uma estada de quinze anos, talvez, se tivesse no incio aliou-se com a comunidade ortodoxa em Roma, ele era culpado de tentar estabelecero seu sistema hertico. Seus erros levaram sua excomunho, depois que eleconsertou a Chipre, onde retomou suas atividades como professor e ondemorreu provavelmente de cerca de 160 ou 161. Valentino professou ter

    derivado suas ideias de Theodas ou Theudas, um discpulo de So Paulo, masseu sistema , obviamente, uma tentativa de amalgamar especulaes grego eoriental do tipo mais fantsticas com ideias crists. Ele foi especialmente gratoa Plato. Dele derivou o paralelo entre o mundo ideal (pleroma) e o mundoinferior dos fenmenos (o Kenoma). Valentino desenhou livremente em algunslivros do Novo Testamento, mas usou um estranho sistema de interpretao queos autores sagrados foram responsabilizados por suas prprias visescosmolgicas e pantesta. Na elaborao de seu sistema era completamentedominada por dualista fantasias.

    [b] PL 42, 483.[c] PL 40, 14.[d] PL 40, 14.

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    Verdade. Mas Cristo a Verdade[a], consequentemente, seucorpo no era um fantasma. Glosa E desde o incio doEvangelho de Lucas mostra claramente que Cristo nasceu

    de uma mulher, para que se torne clara a sua verdadeirahumanidade, eles (os Hereges) nego o comeo de ambosos Evangelhos (Mateus e Lucas). AGOSTINHO[b] Fausto diz: verdade, o Evangelho comeou a ser escrito como apregao de Cristo, que em nenhum lugar se diz sobrenascer de homens. Genealogia mas no o Evangelho demodo que mesmo o escritor se atreveu a chamar tal. Qual, ento, o que ele escreveu? Livro da gerao de JesusCristo, Filho de David. No o livro do Evangelho deJesus Cristo, mas o livro de sua gerao, So Marcos,como no cuidou de escrever a gerao, mas somente apregao do Filho de Deus o Evangelho, ver como elecomeou: Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus,assim voc pode ver claramente que a genealogia no oEvangelho. No mesmo So Mateus (Mt 4), lemos que, aps

    a captura de Joo, Jesus comeou a pregar o Evangelhodo Reino. Ento, como narrado antes deste evento,sabemos que genealogia, no do Evangelho. AGOSTINHO[c]

    Fausto diz: Eu aprovo com uma boa razo do incio de SoMarcos e So Joo, pois eles no tm nada de Davi, ouMaria, ou Jos. Contra o qual Santo Agostinho diz: AGOSTINHO[d]

    Que ento, voc vai responder ao apstolo quando ele diz:2Tm 2,8Lembre-se que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, da

    descendncia de Davi, segundo o meu evangelho? Voccertamente ignorante, ou fingi ser ignorante, do que oEvangelho . Voc pode usar as palavras, no como oapstolo Paulo ensina, mas como se adapte aos seus

    [a] Jo 14,6Jesus respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ningumvai ao Pai seno por mim.

    [b] PL 42, 209.[c] PL 42, 213.[d] PL 42, 209.

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    prprios erros. O que os apstolos chamam de Evangelhoque parte, pois voc no acredita que Cristo era dadescendncia de Davi. Este foi o Evangelho de So Paulo,

    e foi tambm o Evangelho dos outros apstolos, e de todosos fiis em to grande mistrio. So Paulo diz em outrolugar: 1Cor 5,11Em resumo, isso que tanto eu como eles temospregado e essa a f que abraastes.

    AGOSTINHO[a]Os arianos no querem admitir que o Pai, Filho eEsprito Santo so uma nica e a mesma substncia,natureza ou existncia, mas dizem que o Filho umacriatura do Pai e o Esprito Santo criatura da criatura, ouseja, criado pelo Filho. E eles acreditam que Cristo assumiua carne sem alma. AGOSTINHO[b] Mas So Joo diz que o Filhono apenas Deus, mas da mesma substncia com o Pai,como tendo dito Jo 1,1e o Verbo era Deus, acrescenta: Todasas coisas foram feitas por ele[c] onde claro que o nico porquem todas as coisas foram feitas, Ele no foi feito, e seno foi feito, no foi criado ento, e, portanto, de uma

    substncia com o Pai[d]

    , por que tudo o que no de uma

    [a] PL 42 , 39.[b] PL 42, 825.[c] Jo 1,1No princpio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Pala-vra era Deus. 2Ela existia, no princpio, junto de Deus. 3Tudo foi feito por meiodela, e sem ela nada foi feito de tudo o que existe. 4Nela estava a vida, e a vidaera a luz dos homens.[d] Smbolo Niceno-Constantinopolitano Creio em um s Deus, Pai todo-

    poderoso, Criador do cu e da terra; de todas as coisas visveis e invisveis.Creio em um s Senhor, Jesus Cristo, Filho Unignito de Deus, nascido do Paiantes de todos os sculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deusverdadeiro, gerado, no criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisasforam feitas. E por ns, homens, e para nossa salvao, desceu dos cus: e seencarnou pelo Esprito Santo, no seio da virgem Maria, e se fez homem. Tam -

    bm por ns foi crucificado sob Pncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Res -suscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos cus, onde estsentado direita do Pai. E de novo h de vir, em sua glria, para julgar os vivos

    e os mortos; e o seu reino no ter fim. Creio no Esprito Santo, Senhor que da vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho adorado e glorifica-do: ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja, una, santa, catlica e apostli-

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    substncia com o Pai, criatura. AGOSTINHO[a] Eu no entendocomo pode nos ter ajudado a pessoa do mediador, noredimindo a parte principal de ns, e se assumiu a carne

    somente separada da alma, no podemos sentir osbenefcios da redeno. Pois, Cristo veio salvar o queestava perdido, como todo o homem estava perdido, ohomem tudo recebe o benefcio do Salvador. Assim, Cristocom a sua vinda salvou assumindo tudo o corpo e a alma.AGOSTINHO[b] O que respondem a to claros argumentos dosEvangelhos que o Senhor tantas vezes menciona contraeles? So Mateus: Mt 26,38Disse-lhes, ento: A minha almaest numa tristeza de morte; ficai aqui e vigiai comigo.[c], o deSo Joo: Jo 10,17 por isto que meu Pai me tem amor: por Euoferecer a minha vida, para a retomar depois. 18Ningum ma tira,mas sou Eu que a ofereo livremente. Tenho poder de a oferecer epoder de a retomar. Tal o encargo que recebi de meu Pai.[d], emuitos outros como estes. E embora eles dizem que Cristofalava em parbolas, temos as razes para crer que os

    evangelistas narrassem os fatos para testemunhar quetinha o corpo, e tambm que tinha alma, com sentimentos e

    ca. Professo um s batismo para remisso dos pecados. E espero a ressurreiodos mortos e a vida do mundo que h de vir. Amm.OBS: O Smbolo denominado Niceno-Constantinopolitano tem a sua grande autoridadedo fato de ter resultado dos dois primeiros Conclios ecumnicos no ano de 325 e no anode 381.

    [a] PL 42, 1168.[b] PL 40, 94-95.[c] Mt 26, 38 .

    [psyqu] = a respirao, sopro, alma, vida; Na bblia dos LXX

    muitas vezes traduo de [nefresh] por, e ocasionalmente tambmble[leiv] ebb'le[levav] corao por.[d] Jo 10,17Dia. tou/to o path,r me avgapa/|( o[ti evgw. ti,qhmi th.n yuch ,n mou( i[napa,lin la,bw auvth,n 18 Ouvdei.j ai;rei auvth.n avpV evmou/( avllV evgw. ti,qhmi auvth.n avpV

    evmautou/ VExousi,an e;cw qei/nai auvth,n( kai. evxousi,an e;cw pa,lin labei/n auvth,nTau,thn th.n evntolh.n e;labon para. tou/ patro,j mouyuch ,n [psyquen] = alma, vida.

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    atributo que implica necessariamente a existncia da alma.Assim, lemos[a]: maravilhado, admirao; irado; irritadoindignado; alegria, E tantos outros. AGOSTINHO[b] Os apolinaristas[c],

    bem como os arianos[d], sustentava que Cristo foi revestidode um corpo, mas sem a alma. Eles ento disseram isto:aquela parte que a alma racional do homem queria alma de Cristo, e que o seu lugar foi preenchido pelo Verbo

    [a] Mt 8,10 Ouvindo isto, cheio de admirao, disse Jesus aos presentes: Emverdade vos digo: no encontrei semelhante f em ningum de Israel.

    Mt 21,12Jesus entrou no templo e expulsou dali todos aqueles que se entre-

    gavam ao comrcio. Derrubou as mesas dos cambistas e os bancos dos nego-ciantes de pombas, 13e disse-lhes: Est escrito: Minha casa uma casa de ora-o (Is 56,7), mas vs fizestes dela um covil de ladres!

    Mc 11,15Chegaram a Jerusalm e Jesus entrou no templo. E comeou a ex-pulsar os que no templo vendiam e compravam; derrubou as mesas dos troca-dores de moedas e as cadeiras dos que vendiam pombas. 16No consentia queningum transportasse algum objeto pelo templo. 17E ensinava-lhes nestes ter-mos: `No est porventura escrito: A minha casa chamar-se- casa de orao

    para todas as naes? Mas vs fizestes dela um covil de ladres.Lc 19,45Em seguida, entrou no templo e comeou a expulsar os mercadores.

    46Disse ele: Est escrito: A minha casa casa de orao! Mas vs a fizestes umcovil de ladres.

    Jo 2,13Encontrou no templo os negociantes de bois, ovelhas e pombas, emesas dos trocadores de moedas. 15Fez ele um chicote de cordas, expulsou to-dos do templo, como tambm as ovelhas e os bois, espalhou pelo cho o di-nheiro dos trocadores e derrubou as mesas. 16Disse aos que vendiam as pombas:Tirai isto daqui e no faais da casa de meu Pai uma casa de negociantes.

    Mt 17,17 Jesus tomou a palavra: gerao sem f e perversa! At quando

    vou ficar convosco? At quando vou suportar-vos? Trazei aqui o menino.Mc 3,1Noutra vez, entrou ele na sinagoga e achava-se ali um homem que ti-

    nha a mo seca. 2Ora, estavam-no observando se o curaria no dia de sbado,para o acusarem. 3Ele diz ao homem da mo seca: Vem para o meio. 4Entolhes pergunta: permitido fazer o bem ou o mal no sbado? Salvar uma vidaou matar? Mas eles se calavam. 5Ento, relanceando um olhar indignadosobre eles, e contristado com a dureza de seus coraes, diz ao homem: Es-tende tua mo! Ele estendeu-a e a mo foi curada. 6Saindo os fariseus dali,deliberaram logo com os herodianos como o haviam de perder.

    Jo 11,15Alegro-me por vossa causa, por no ter estado l, para que creiais.Mas vamos a ele.[b] PL 42, 40.

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    de Deus. AGOSTINHO[a] Se assim for, devemos dizer que o VerboDivino havia tomado a natureza de um animal com umafigura de corpo humano. AGOSTINHO[b] Quanto prpria carne, os

    hereges esto se afastando da verdadeira F ao extremode dizer que a carne e o Verbo so uma e a mesmasubstncia, obstinadamente afirmando que o Verbo se fezcarne no sentido de parte do Verbo mudaram-se em carne,mas no a carne esta tinha sido tomada a partir da carnede Maria. CIRILO[c] Consideramos aquelas pessoas loucas oudelirantes, suspeitam que pode haver mudana na naturezado Verbo Divino; O que permanece para sempre e no hmutao, no capaz de mudana [d]. LEO[e] Ns ao contrriono dissemos deste modo que Cristo como algum humanolhe falta algo que permitir-se classific-lo como pertencente natureza humana, quer a alma, quer a mente racional,quer a carne, no foi tomado de nenhuma mulher, mas aocontrrio feito do Verbo mudado em carne. Trs erros sotrs diferentes partes da heresia dos Apolinaristas. LEO[f]

    utiques[g]

    tambm escolheu fora este terceira doutrina dos

    [c] Apolinaristas: Apolinrio, de Laodiceia, chefe da seita dos apolinaristas, di-zia que Jesus no assumiu o nosso corpo, mas um corpo impassvel, que des-cera do cu ao seio da santa virgem e que no nascera dela; que assim, Jesusno nascera, no sofrera e no morrera, seno em aparncia. Os apolinaristasforam anatematizados no conclio de Alexandria, em 360; no de Roma em 374;e no de Constantinopla em 381.[d] Arianismo: Uma heresia que surgiu no sculo IV, e negou a divindade de

    Jesus Cristo.[a] PL 40, 93.[b] PL 42, 40.[c] PL 77, 179 C.[d] Tg 1,17 todo dom precioso e toda ddiva perfeita vm do alto e desce doPai das luz, no qual no h mudana nem sombra de variao.[e] PL 54, 871 B 872 A.[f] PL 54, 1063 C.[g] Eutiques: foi um monge de Constantinopla, que fundamentou a heresia do

    monofisismo. Nasceu no ano de 378, provavelmente em Constantinopla.Ingressou na vida monstica em um monastrio da capital, onde teve comosuperior um abade de nome Mximo, ferrenho adversrio do nestorianismo.

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    Apolinaristas, que negar da verdade do corpo humano ealma, inteiramente nosso Senhor Jesus Cristo nico deuma mesma natureza, como se o Verbo de Deus tivesse

    modificado a se mesmo em carne e alma, e como se oconceito, nascimento, crescimento, e tal como, tinha sidosofrido por aquela Essncia Divina, que foi incapaz de qual-quer tal modificao com a carne muito e verdadeira paracomo a natureza do Unignito, tal a natureza do Pai, etal a natureza de o Esprito Santo, tanto impraticvelcomo eterno. Mas se evitar ser dirigido a concluso que aDivindade pode sentir o sofrimento e a morte, ele parte dacorrupo de Apolinaristas, e ainda deve desafiar a afirmara natureza do encarne a Palavra, que da Palavra e acarne, ser o mesmo, ele claramente derruba nas noesinsanas dos Maniqueistas e Marcionistas, que acreditamque O senhor Jesus Cristo fez todas as suas aes comuma aparncia falsa, que O seu corpo foi no um corpohumano, mas um fantasma, que imps aos olhos dos

    observadores.REMIGIo Os Evangelistas para destruir todas essas heresias,no incio de seus Evangelhos: So Mateus, argumentandoque Jesus Cristo se originou dos reis de Jud, prova queele verdadeiramente homem, e ele realmente colocar anossa carne, por isso So Lucas, que descreveu sua ori-gem sacerdotal. So Marcos, pelo contrrio, com estaspalavras: Inicio do Evangelho de Jesus Cristo e So Joo da

    outra: No princpio era o Verbo, proclamar tanto antes todosos tempos, sempre foi Deus com Deus Pai.

    Nascia assim, graas sua formao religiosa, um repdio intransigente pelas

    doutrinas que versavam sobre a existncia de duas naturezas em Cristo. Jcomo sacerdote, utiques comeou a participar ativamente ativamente dasquestes doutrinrias.

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    Alma de Cristo no Catecismo da Igreja Catlica:

    466 A heresia nestoriana via em Cristo uma pessoa humana unida pessoa divinado Filho de Deus. Diante dela, So Cirilo de Alexandria e o III Conclio Ecumnico,

    reunido em feso em 431, confessaram que o Verbo, unindo a si em sua pessoa umacarne animada por uma alma racional, se tornou homem. A humanidade de Cristo notem outro sujeito seno a pessoa divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez sua des-de sua concepo. Por isso o Conclio de feso proclamou, em 431, que Maria se tornoude verdade Me de Deus pela concepo humana do Filho de Deus em seu seio: Mede Deus no porque o Verbo de Deus tirou dela sua natureza divina, mas porque delaque ele tem o corpo sagrado dotado de uma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa,se diz que o Verbo nasceu segundo a carne.

    467 Os monofisistas afirmavam que a natureza humana tinha cessado de existircomo tal em Cristo ao ser assumida por sua pessoa divina de Filho de Deus. Con-

    frontado com esta heresia, IV Conclio Ecumnico, em Calcednia, confessou em 451:Na linha dos santos Padres, ensinamos unanimemente a confessar um s e mesmo

    Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, o mesmo perfeito em divindade e perfeito em humani-dade, o mesmo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, composto de um almaracional e de um corpo, consubstancial ao Pai segundo a divindade, consubstancial a nssegundo a humanidade, semelhante a ns em tudo, com exceo do pecado; gerado doPai antes de todos os sculos segundo a divindade, e nesses ltimos dias, para ns e paranossa salvao, nascido da Virgem Maria, Me de Deus, segundo a humanidade. Um se mesmo Cristo, Senhor, Filho nico, que devemos reconhecer em duas naturezas, semconfuso, sem mudanas, sem diviso, sem separao. A diferena das naturezas no

    de modo algum suprimida por sua unio, mas antes as propriedades de cada uma so sal-vaguardadas e reunidas em uma s pessoa e uma s hipstase. 470 Uma vez que na unio misteriosa da Encarnao a natureza humana foi assu-

    mida, no aniquilada, a Igreja tem sido levada, ao longo dos sculos, a confessar a ple-na realidade da alma humana, com suas operaes de inteligncia e vontade, e a do cor-po humano de Cristo. Mas, paralelamente, teve de lembrar toda vez que a natureza hu-mana de Cristo pertence in proprio pessoa divina do Filho de Deus que a assumiu.Tudo o que Cristo e o que faz nela depende do Um da Trindade. Por conseguinte, oFilho de Deus comunica sua humanidade seu prprio modo de existir pessoal na Trin-dade. Assim, em sua alma como em seu corpo, Cristo exprime humanamente os modos

    divinos de agir da Trindade:[O Filho de Deus] trabalhou com mos humanas, pensou com inteligncia humana,agiu com vontade humana, amou com corao humano. Nascido da Virgem Maria, to-mou-se verdadeiramente um de ns, semelhante a ns em tudo, exceto no pecado.

    471 Apolinrio de Laodiceia afirmava que em Cristo o Verbo havia substitudo aalma ou o esprito. Contra este erro a Igreja confessou que o Filho assumiu tambm umaalma racional humana.

    472 Esta alma humana que o Filho de Deus assumiu dotada de um verdadeiroconhecimento humano. Enquanto tal, este no podia ser em si ilimitado: exercia-se nascondies histricas de sua existncia no espao e no tempo. Por isso O Filho de Deus,

    ao tornar-se homem, pde aceitar crescer em sabedoria, em estatura e em graa (Lc2,52) e tambm informar-se sobre aquilo que na condio humana se deve aprender demaneira experimental. Isto correspondia realidade de seu rebaixamento voluntrio na

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    condio de escravo. 624 Pela graa de Deus, Ele provou a morte em favor de todos os homens (Hb

    2,9). Em seu projeto de salvao, Deus disps que seu Filho no somente morresse pornossos pecados (1Cor 15,3), mas tambm que provasse a morte, isto , conhecesse o

    estado de morte, o estado de separao entre sua alma e seu corpo, durante o tempocompreendido entre o momento em que expirou na cruz e o momento em que ressusci-tou. Este estado do Cristo morto o mistrio do sepulcro e da descida aos Infernos. omistrio do Sbado Santo, que o Cristo depositado no tmulo manifesta o grande des-canso sabtico de Deus depois da realizao da salvao dos homens, que confere paz aouniverso inteiro.

    625 A permanncia de Cristo no tmulo constitui o vnculo real entre o estado pas-svel de Cristo antes da Pscoa e seu atual estado glorioso de Ressuscitado. E a mesmapessoa do Vivente que pode dizer: Estive morto, mas eis que estou vivo pelos sculosdos sculos (Ap 1,18).

    Deus [o Filho] no impediu a morte de separar a alma do corpo segundo a ordem ne-cessria natureza, mas os reuniu novamente um ao outro pela Ressurreio, a fim deser ele mesmo em sua pessoa o ponto de encontro da morte e da vida, sustando nele adecomposio da natureza, produzida pela morte, e tomando-se ele mesmo princpio dereunio para as partes separadas.

    626 Visto que o Prncipe da vida que mataram o mesmo Vivente que res-suscitou preciso que a Pessoa Divina do Filho de Deus tenha continuado a assumirsua alma e seu corpo separados entre si pela morte:

    Pelo fato de que na morte de Cristo a alma tenha sido separada da carne, a nica pes-soa no foi dividida em duas pessoas, pois o corpo e a alma de Cristo existiram da mes-

    ma forma desde o incio na pessoa do Verbo; e na Morte, embora separados um do outro,ficaram cada um com a mesma e nica pessoa do Verbo. 630 Durante a permanncia de Cristo no tmulo, sua Pessoa Divina continuou a

    assumir tanto a sua alma como o seu corpo, embora separados entre si pela morte. Porisso o corpo Cristo morto no viu a corrupo (At 2,27).

    632 As frequentes afirmaes do Novo Testamento segundo as quais Jesus ressus-citou dentre os mortos (1Cor 15,20) pressupem, anteriormente ressurreio, que estetenha ficado na Morada dos Mortos. Este o sentido primeiro que a pregao apostlicadeu descida de Jesus aos Infernos: Jesus conheceu a morte como todos os seres huma-nos e com sua alma esteve com eles na Morada dos Mortos. Mas para l foi como Salva-dor, proclamando a boa notcia aos espritos que ali estavam aprisionados.

    637 O Cristo morto, em sua alma unida sua pessoa divina, desceu Morada dosMortos. Abriu as portas do Cu aos justos que o haviam precedido.

    650 Os Padres da Igreja contemplam a Ressurreio a partir da Pessoa Divina deCristo que ficou unida sua alma e a seu corpo separados entre si pela morte: Pela uni-dade da natureza divina, que permanece presente em cada uma das duas partes do ho-mem, estas se unem novamente. Assim, a Morte se produz pela separao do compostohumano, e a Ressurreio, pela unio das duas partes separadas.

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    Notas de Rodap das Bblias

    BJ[a] Mt 1,1 A genealogia de Mt, embora sublinhe influncias estrangeiras do ladofeminino (vv. 3.5.6)[b] limita-se ascendncia israelita de Cristo. Ela tem por objetivo

    relacion-lo com os principais depositrios das promessas messinicas, Abrao e Davi, ecom os descendentes reais deste ltimo (2Sm 7,1+; Is 7,14+)[c]. A genealogia de Lc, maisuniversalista, remonta a Ado, cabea de toda humanidade. De Davi a Jos, as duaslistas s tm dois nomes em comum. Essa divergncia pode explicar-se, seja pelo fato deMt ter preferido a sucesso dinstica descendncia natural, seja por admitir-se aequivalncia entre a descendncia legal (lei do levirato, Dt 25, 5 +) e a descendncianatural. Por outro lado, o carter sistemtico da genealogia de Mt realado peladistribuio dos antepassados de Cristo em trs sries de duas vezes sete nomes (cf. Mt6,9+), o que leva omisso de trs nomes entre Joro e Ozias e contagem de Jeconias(vv. 11-12), como dois (esse nome grego pode traduzir os dois nomes hebraicos

    Iehoiaquim eIehoiakin, muito semelhantes entre si). As duas listas terminam com Jos,que apenas o pai legal de Jesus: a razo est em que, aos olhos dos antigos, apaternidade legal (por adoo, levirato etc.) bastaria para conferir todos os direitoshereditrios, aqui os da linhagem davdica. Naturalmente no se est excluindo apossibilidade de Maria tambm ter pertencido a essa linhagem, embora os evangelistasno o afirmem.

    [a] A Bblia de Jerusalm: Nova edio, revista e ampliada. Paulus. 4

    impresso. 2006.[b] Mt 1,3 Jud gerou Fars e Zara, de Tamar, [] ||{Gn 38,29s; 1Cr 2,4}; Mt1,5 Salmon gerou Booz, de Raab, Booz gerou Jobed, de Rute, [] ||{Js 2,1+ }; Mt 1,6 []. Davi gerou Salomo, daquela que foi mulher de Urias(Betsabia), [...] || {2Sm 12,24}.[c] BJ 2Sm 7,1 nota d A profecia est construda sobre uma oposio; no serDavi que far uma casa (um templo) a Iahweh (2Sm 7, 5), ser Iahweh que faruma casa (uma dinastia) a Davi (2Sm 7, 11). A promessa concerneessencialmente permanncia de linhagem davdica sobre o trono de Israel

    (2Sm 7, 12-16). assim que ela compreendida por Davi (2Sm 7, 19.25.27.29; cf.2Sm 23,5) e pelos Sl 89(88),30-38; Sl 132(131),11-12. o texto da aliana deIahweh com Davi e sua dinastia. O orculo ultrapassa, pois a pessoa do

    primeiro sucessor de Davi, Salomo, a quem aplicado pelo 2Sm 7, 13, por 1Cr17,11-14; 1Cr 22,10; 1Cr 28,6 e por 1Rs 5,19; 1Rs 8,16-19. Mas o claro-escuro da

    profecia deixa entrever um descendente privilegiado em quem Deus se compra-zer. o primeiro elo das profecias relativas ao Messias filho de Davi (Is 7, 14+;Mq 4,14+; Ag 2,23+); At 2,30 Mas, ele era profeta, e sabia que Deus lhe havia

    jurado solenemente fazer com que um descendente seu lhe sucedesse no trono.31 Por isso, previu a ressurreio de Cristo e falou: ele no foi abandonado naregio dos mortos, e a sua carne no conheceu a corrupo. aplicar o texto aCristo.

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    APARECIDA[a] Mt 1,1 Esta genealogia tem por finalidade inserir Jesus na histria de seupovo, apresentando-O como O Messias esperado, herdeiro das promessas feitas a Abra-o e Davi. || Lc 2,23-38 / Gl 3,16.

    AVE-MARIA[b] no tem nota.PEREGRINO[c]

    Mt 1,1-17

    Mateus comea sua histria imitando genealogias do Gnesis (5; 10;36) e Crnicas. Mas troca o tradicional plural geraes pelo singular (que o grego usaem Gn 2,4 e 5,1), porque vai concentrar-se numa gerao especial e culminante, a deJesus, apresentando com o seu ttulo de Messias. A bno genesaca, que era expansiva,crescei e multiplicai-vos, aqui se torna linear, em progresso ininterrupta at aplenitude histrica do Messias. est claro e explcito o seu desejo de estilizar a srie,pela diviso em trs segmentos e pelo nmero de dois setenrios para cada etapa. Comtal artifcio, o nascimento de Jesus fica inserido e enquadrado na histria dahumanidade, na histria de um povo. Abrao o pai dos crentes, Davi o fundador deuma dinastia real; ambos, beneficirios de promessa divina. Jesus filho da histria

    humana e da promessa divina. Mencionam-se quatro mes, Tamar, nora de Jud que oengana e seduz (Gn 38), Raab, a prostituta que escondeu os espies (Js 2), Rute, aestrangeira moabita, e Betsabia, a adltera me de Salomo (2Sm 11); a quinta Maria.No chama Maria esposa de Jos, mas sim o contrrio, Jos esposo de Maria (Gl 4, 4 diznascido de Mulher). Pode-se comparar esta genealogia com a de Lucas 3,23-38, que ascendente e chega a Ado. || Gn 11; 1Cr 13.

    CNBB[d] Mt 1,1-17 Atravs de Jos, Jesus juridicamente descendente de Abrao e dacasa de Davi (da qual devia nascer o Messias). Os vv. 18-25 mostraro sua origem divina.>Lc 3,23-38. Mt 1,1 Livro da origem: outras trds.: genealogia / lista dos antepassados /das origens (>Gn 5,1). o termo origem volta no v 18. Os termos genealogia, gerar, nascer,

    origem so aparentados no grego.DIFUSORA[e] Mt 1,1-16 Depois da genealogia de Jesus, o prlogo de Mt compreende cincocenas onde se alternam os sonhos de Jos e as intervenes de Herodes, segundo duastradies diferentes. Para apresentar a origem do homem Jesus Cristo, Mt recorre aognero literrio das genealogias, mostrando, assim, que Jesus, considerado comoMessias pela comunidade crist, enraizava no povo eleito. Referindo a histria daascendncia de Jesus e estabelecendo conexo entre Ele e os principais depositrios daspromessas messinicas (Abrao e David), o evangelista evidencia que nele encontrasentido toda a Histria de Israel. Por outro lado, decalcando o ttulo de abertura Genealogia de Jesus Cristo sobre o da narrao da descendncia do primeiro casalhumano (Gn 5,1-32), Mt sugere que Jesus ocupa o lugar de Ado, relativamente a umanova gerao, a dos seus discpulos. A ideia de remontar a Ado, cabea da humanidade, prpria da genealogia de Lc 3,23-38, mais universalista. Ambas as listas de nomesterminam com Jos, que era apenas pai legal de Jesus; esse ttulo bastava para conferir

    [a] Bblia Sagrada de Aparecida. Santurio. 2 edio. 2006.[b] Bblia Sagrada Pastoral Catequtica Mdia. Ave-Maria, 128 edio. 1999.[c] Bblia do Peregrino. Paulus, 2002.[d] Bblia Sagrada Traduo da CNBB: com introdues e notas. 8 edio.Editora Cao Nova, 2006.

    [e] Bblia Sagrada: Difusora Bblica. Texto da 3. edio revista sob a direode Herculano Alves, 2001. Centro Bblico dos Capuchinhos. verso online:

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    os direitos de herana, neste caso da linhagem davdica (Gn 49,1-33 nota; Ex 6,14-27 nota; 2Sm7,1 nota). Mencionando os nomes de quatro mulheres, Tamar, Raab, Rute e a mulher deUrias, que geraram em condies irregulares e das quais trs eram estrangeiras, Mtreala o dom da graa e a universalidade como prerrogativas evanglicas.

    MENSAGEM[a]

    Mt 1,1-17

    Apenas os Evangelhos de Mt e Lc trazem a ascendncia de Jesus, eassim mesmo, com notveis diferenas. Mt simtrico: divide a lista em trs grupos de14 nomes cada, o que obriga a omitir muitos nomes. A inteno provar que Jesus oMessias, inserindo na humanidade.

    PASTORAL[b] Mt 1,1-17: Em Jesus, continua e chega ao pice toda a histria de Israel. Suarvore genealgica apresenta-o como descendente direto de Davi e Abrao. Como filhode Davi, Jesus o Rei-Messias que vai instaurar o Reino prometido. Como filho de Ab-rao, ele estender o Reino a todos os homens, atravs da presena e ao da Igreja.

    VOZES[c] Mt 1,1-17 A meno de quatro mulheres (Tamar, Raab, Rute e uma hitita), todasestrangeiras, d uma nota universalista descendncia davdica de Jesus, demonstrada

    pela genealogia de Jos, sem que este o tenha gerado. Com a trplice repetio de qua-torze geraes indica-se a plenitude dos tempos em que devia chegar o Messias, filho deDavi, filho de Abrao (cf. Mt 9,27; Gl 3,16).

    TEB[d]Mt 1,1 nota a O Prlogo ao evangelho compreende, depois da genealogia de Jesus(Mt 1,1-17), cinco cenas, em que se alteram os sonhos de Jos (Mt 1,18-25; 2,13-15; 2,19-23) e asintervenes de Herodes (Mt 2,1-12.16-18). Duas tradies, uma referente a Herodes e aoutra a Jos, parecem mutuamente independente quanto ao estilo, estrutura e aocontedo. Mt 1,1 nota b Lit.Livro da gnese de Jesus Cristo. Decalcando este ttulo sobre oque inicia a narrativa da descendncia do primeiro homem (Eis lista da famlia de Ado,Gn 5,1). Mt sugere que Jesus, iniciando o livro de uma nova gnese, toma o lugar de

    Ado (cf. Lc 3,

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    ). Contudo, aqui a histria relatada no a da sua descendncia: emJesus a histria passada encontra o seu sentido. quanto relao da genealogia de Mtcom a de Lc, cf. Lc 3,23 nota f Jesus parece ter sido reconhecido como filho de David poralguns dos seus contemporneos (Mc 10,47-48; 11,10 e par.). Ele proclamado assim pelapregao apostlica (At 2,29-32; 13,22-23) e por uma antiqussima profisso de f (Rm 1,3-4).Mt 1,1-17 e a presente lista de Lc exibem essa descendncia davdica de Jesus,fundamentando a sua legitimidade messinica. Embora Mt e Lc relatem o nascimentovirginal de Jesus, ambos deixam a sua genealogia passar por Jos, porque o AT sestabelece a descendncia pelos homens. As duas genealogias so diferentes e bastanteartificiais, como o so muitas vezes as genealogias a poca. Elas se identificam nosantepassados de Abrao e David, em Salatiel e Zorobabel na volta do exlio, e em Jos.pai de Jesus. Mt conta 3 x 14 (= 42) geraes de Abrao a Jesus, passando pelos reis deJud; Lucas conta 11 x 7 (= 77) de Jesus a Ado, sem mencionar outros rei, a no serDavid. Ao contrrio de Mt, que coloca a genealogia de Jesus no comeo do seu livro, Lcno quer indicar a descendncia humana de Jesu seno depois de ter relatado a suafiliao divina (1,35; 3,22). Ele faz questo de ligar Jesus a Ado, e no a Abrao, paramarcar sua ligao com toda a humanidade (cf. At 17, 26.31). No menciona rei algumentre David e Salatiel, mas, de preferncia, nomes de profetas, sem dvida por reao

    [a] Bblia Mensagem de Deus. Loyola, 2003.

    [b] Bblia Sagrada: Edio Pastoral. Paulus, 17 impresso, 1996.[c] Bblia Sagrada: Edio da Famlia. Vozes, 50 edio, 2005.[d] Bblia Traduo Ecumnica. Loyola, 1994.

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    contra o messianismo temporal (cf. 4,6).TEB[a]Mt 1,1 nota b LiteralmenteLivro da gnese de Jesus Cristo. Decalcando este ttulo

    sobre o que inicia a narrativa da descendncia do primeiro homem (Eis a lista da famliade Ado, Gn 5,1). Mt sugere que Jesus, iniciando o livro de uma nova gnese, toma o

    lugar de Ado (cf. Lc 3,38

    ). Contudo, aqui a histria relatada no a da suadescendncia, mas a da sua ascendncia: em Jesus a histria passada encontra o seusentido. Quanto relao da genealogia de Mt com a de Lc. cf. Lc 3,21 nota.

    FILLION[b] PRELDIO. A genealogia de Jesus. Mt 1,1-17. Paralela Lc. 3, 23-38. Enquanto oAntigo Testamento est cheio de genealogias, ns encontramos uma no Novo, que a denosso Senhor Jesus Cristo. Mas o tempo e as coisas tinham sofrido alteraes profundas.Qual era o propsito da genealogia antiga? era para marcar a separao de tribos efamlias, para perpetuar a propriedade da terra, para indicar os verdadeiros descendentesde Levi; foi principalmente para distinguir, para o Messias, os membros da famlia real,uma vez que era, de acordo com os profetas, para fazer parte desta nobre raa. Mas,

    quando Israel deixou de ser exclusivamente o povo de Deus quando a terra judaicaestava em poder dos gentios, quando o sacerdcio levtico foi revogada, todas as rvoresgenealgicas em uma perda, a de Cristo, tornou-se intil. Esta interessa apenas a Igreja,razo pela qual os escritos do Novo Testamento no contm outra. Mt 1,1 Livro daGerao. Contm o ttulo, obviamente; mas como ele encabeou a totalidade doEvangelho de So Mateus, ou deveria ser restrito aos dois primeiros captulos, oumesmo apenas para a genealogia do Salvador? A resposta depende do significadoatribudo s palavras Livro da Gerao. Pode de fato trazer de trs formas diferentes:A histria de vida. (Commentarius de vita Jesu, Liber de Vita Christi, Maldonatus); Ahistria do nascimento (volumen de originibus Fritzsche); rvore genealgica.

    Acreditamos que, com a maioria dos intrpretes, o ltimo significado verdadeiro. suficiente para prov-lo, uma simples aproximao. S. Mateus, escrito em hebraico(Prefcio, v), certamente d expresso Livro da gerao significa que ele teveneste idioma: ou frmula tdol.AT rp,se , frequentemente encontrada na Bblia hebraica,ver Gn 5,4; 6,9; 11,40; o que corresponde muito precisamente a Liber generationumrepresenta sempre o catlogo, a srie dum certo nmero de geraes. Isto tambm

    coerente com o significado original da palavra rp,se Sepher cuja raiz rp:s' Saphar[c].Agenealogia de Ado primeira contada por Moiss, Gn. 5,4; S. Mateus, portanto,contrape a genealogia do segundo Ado, porque com Jesus comea uma nova criao,um novo tempo futuro (Pensamento de S. Remigio). O historiador do Messias nopoderia atuar de outro modo. Tem sido por vezes perguntou se S. Mateus comps olivro da genealogia do Salvador, ou se, depois de ter descoberto tudo isso feito, bastou

    [a] Bblia Traduo Ecumnica. Loyola, 1994.[b] Sainte Bible. Texte de la Vulgate, Traduction Franaise en Regard, AvecCommentaires Thologiques, Moraux, Philologiques, Historiques, etc., Rdigsdaprs les Meilleurs travaux Anciens et Contemporains. Et AtlasGographique et Archologique. vangile Selon S. Matthieu; IntroductionCritique et Commentaires Par M. labb L. Cl. Fillion. Paris, P. Lethielleux,

    1895.[c] Saphar: contar, recontar, relaciona; numerar, prestar ateno a, calculam;relatar.

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    inserir a frente do seu Evangelho. A segunda hiptese parece mais provvel. Esta pginatem um selo oficial para sabermos que foi extrado diretamente a partir do registogenealgico. Como referido por Lightfoot: , por isso, fcil de saber de onde Mateustomou catorze ltimas geraes desta genealogia, e Lucas quarenta primeiros nomes da

    sua; a saber, dos rolos de papel genealgico que so bastante conhecidos, e armazenadosnos repositrios pblicos, e nos privados tambm. E foi necessrio, de fato, em umobjetivo to nobre e elevado, e uma coisa que seria tanto investigada pelo povo judaicocomo a linhagem do Messias seria, que os evangelistas deve mostrar a verdade, no spara no ser negado, mas tambm porque poderia ser comprovado e estabelecido comcerto nos indubitveis rolos dos antepassados.[a] S. Mateus, pode, portanto, provavelmente tem documentos autnticos. Estes documentos existiam em grandenmero, nas famlias, e nos arquivos do templo que o Talmud cita repetidamente. Asopinies dos racionalistas, a partir da qual o escritor sagrado teria feito um genealogiafantasista, para enganar os seus leitores, de que Jesus era realmente o Messias,

    dificilmente merece ser mencionado. Jesus Cristo: ver vv.16 e 24

    . filho de Davi, filho deAbrao. O segundo filho refere-se a Davi e no Jesus Cristo; como se tivessefilho de Davi que (Davi) era filho de Abrao. Conforme exigido pela analogia doestilo da genealogias dos orientais. Em seu ttulo, S. Mateus resumiu em duas palavras atoda a genealogia de nosso Senhor Jesus Cristo. Qual , na verdade, dois nomesfundamentais dos v.v. 2-16? Sem dvida, os de Davi e Abrao. Abrao, o pai do povojudeu, Davi maior dos seus reis, estes eram na verdade, os principais herdeiros das promessas messinicas, Cf. Gn 22,18; 2Rg 7,12; etc. Ningum podia reivindicar adignidade do Messias, no mnimo, demonstrar, com a prova na mo, ele desceu aotempo de Abrao e Davi. filho de Davi designa a famlia, filho de Abrao a raa a

    qual pertencia a Cristo: so dois crculos concntricos, um menor e outro maior, queJesus Cristo o centro, mas o mais perto o mais importante, pois mostra quase todas asetapas da histria do Evangelho. Naquela poca, chamado de filho de Davi, na bocado povo como nos escritos de estudiosos, era sinnimo de Cristo, ou Messias, dasdenominaes gloriosas de (theoptor: de descendncia Divina, de (antepassado de Cristo na carne). Padres gregos que seaplicam a Davi. Ser filho de Abrao, era simplesmente ser judeu (israelita). Ento Jesustransfigura simultaneamente na humilde tenda de Abrao e no trono glorioso de Davi.Aqui, neste primeiro verso, todo o Antigo Testamento anexo ao novo. S. Mateus prova,com estas poucas palavras, que a histria de Israel atingiu seu pice, sua plenitude noMessias. Os versos seguintes desenvolver esta grande ideia.

    [a] Hor Hebraic et Talmudic: Hebrew and Talmudical Exercitations uponThe Gospels of St. Matthew. John Lightfoot. a new edition: Robert Gandell, InFour Volumes, Vol II, Oxford, 1859. pg 9.